Nutrição em Saúde Coletiva

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Organizadoras Edina Araújo Rodrigues Oliveira Enfermeira pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Professora Adjunta II do Curso de Enfermagem do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Piauí/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Gpesc/UFPI/CNPq, área de Saúde da Criança e do Adolescente). Mestre em Enfermagem pela UFPI.

Flávia Mori Sarti Economista pela Universidade de São Paulo (USP). Nutricionista pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Professora-associada II da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (Each-USP), área de concentração de Economia e Políticas Públicas. Doutorado Direto pelo Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada (Pronut) pela USP. Bacharel em Nutrição pela FSP da USP.

Artemizia Francisca de Sousa Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora Adjunta III do Curso de Bacharelado em Nutrição do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros da UFPI. Doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da UFPI/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (GPESC/UFPI/CNPq, área de Saúde da Criança e do Adolescente). Mestre em Ciências e Saúde pela UFPI.

Laura Maria Feitosa Formiga Enfermeira pelo Centro Universitário Uninovafapi – Teresina, PI. Professora Adjunta II do Curso de Enfermagem do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da UFPI/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (GPESC/UFPI/CNPq, área da Saúde do Adulto e do Idoso). Mestre em Farmacologia Clínica pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

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Nutrição em Saúde Coletiva: Ações para a Promoção da Saúde Copyright © 2021 Editora Rubio Ltda. ISBN 978-65-88340-06-6 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora. Produção Equipe Rubio Editoração Eletrônica Edel Capa Bruno Sales Imagens de capa ©iStock.com/aelitta CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ N97 Nutrição em saúde coletiva: ações para a promoção da saúde/organização Edina Araújo Rodrigues Oliveira ... [et al.]. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Rubio, 2021. 176 p.; 24cm Inclui bibliografia e índice ISBN 978-65-88340-06-6 1. Saúde pública – Pesquisa – Brasil. 2. Nutrição – Pesquisa – Brasil. 3. Promoção da saúde – Brasil. I. Oliveira, Edina Araújo Rodrigues. 21-69602

CDD: 363.80981 CDU: 612.39:614(81)

Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l. 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefone: 55(21) 2262-3779 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil

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Colaboradores

Adriana de Azevedo Paiva

Andrea Nunes Mendes de Brito

Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Nutricionista pela Universidade Federal

Coordenadora Local do Dinter – Nutrição em Saúde Pública UFPI e da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

Professora da Faculdade Estácio – Teresina, PI.

Professora Adjunta II do Departamento de Nutrição da UFPI, do Programa de Pósgraduação em Alimentos e Nutrição – PPGAN (Mestrado Acadêmico e Doutorado) e do Mestrado Profissional em Saúde da Família Renasf/Fiocruz/UFPI.

Coletiva (GPeSC/UFPI/CNPq, área de Saúde da

do Piauí (UFPI). Mestre em Saúde e Comunidade pela UFPI. Membro do Grupo de Estudos em Saúde Criança e do Adolescente). Especialista em Nutrição Clínica pelo Ibpex e em Saúde da Família e Comunidade pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi).

Pós-doutorado pela FSP/USP.

Betzabeth Slater Villar

Doutora e Mestre em Saúde Pública pela USP.

Nutricionista pela Universidad Nacional Mayor

Ana Paula Santos Moura e Silva Enfermeira pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

de San Marcos, Lima – Peru. Professora-associada da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

Enfermeira da Unidade Mista Jandira Nunes Martins, PI.

Doutora em Saúde Pública pela USP.

Professora do Estado do Piauí.

Nutricionista pelo Centro de Ensino Unificado

Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Piauí (GPESC/UFPI). Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi).

Carlos Henrique Ribeiro Lima de Teresina (CEUT). Professor da Faculdade Estácio – Teresina, PI. Doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em

Especialista em Saúde Pública e Saúde da Família pelo Cefor.

Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade

Licenciatura em Biologia pela Faculdade de Filosofia do Recife.

Mestre em Saúde da Família pelo Centro

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Federal do Piauí (UFPI). Universitário Uninovafapi – Teresina, PI.

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Carmen Viana Ramos

Denise Maria Nunes Lopes

Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Mestre no Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) pela UFPI. Especialização Aplicada ao Treino de Força, Nutrição e Medicina Esportiva pela Faculdade Maranhense São José dos Cocais (SJC), MA.

Professora Titular no Centro Universitário Uninovafapi, PI. Doutora em Saúde da Criança e da Mulher pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), RJ. Mestre em Saúde da Criança e da Mulher (Fiocruz).

Cecília Maria Resende Gonçalves de Carvalho Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora Titular do Curso de Nutrição e do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Tutora do Programa de Educação Tutorial (PET) (Integração/UFPI). Pós-doutorado em Nutrição e Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Doutora em Ciência da Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), SP. Mestre em Tecnologia de Alimentos pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), SP. Especialização em Gerontologia Social pela UFPI. Bacharelado em Direito pelo Centro Universitário UniFacid/Widen – Teresina, PI.

Danilla Michelle Costa e Silva Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora Adjunta I do Curso de Nutrição do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutora em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Ciências e Saúde pela UFPI. Especialista em Gestão em Saúde pela UFPI. Especialista em Docência na Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Gilvo de Farias Júnior Nutricionista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professor-assistente do Curso de Nutrição do Campus Ministro Petrônio Portela da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutorado em andamento em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Isabele Frazão Mascarenhas Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Mestrado em andamento em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da UFPI.

Jany de Moura Crisóstomo Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Mestre em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Especialista em Saúde Pública com ênfase na Estratégia de Saúde da Família pelo Instituto de Educação Superior Raimundo Sá (IERSA).

Jéssica Alves Gomes Enfermeira pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Enfermeira da Atenção Primária na Secretaria Municipal de Saúde de Picos, PI. Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Piauí (Gpesc/UFPI). Especialista em Enfermagem do Trabalho e Saúde Pública pelo Instituto de Ensino Superior Múltiplo (IESM), MA.

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Karoline de Macêdo Gonçalves Frota Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora do Departamento de Nutrição da UFPI. Professora do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) e do Programa de Pós-graduação em Saúde e Comunidade (PPGSC) e subcoordenadora do Doutorado Interinstitucional em Nutrição e Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e UFPI. Doutora em Nutrição em Saúde Pública pela USP.

Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Piauí (Gpesc/UFPI). Mestre em Ensino na Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Especialista em Urgência e Emergência pelo Instituto de Ensino Superior Múltiplo (IESM). Especialista em Nefrologia pelo Centro Universitário Internacional (Uninter).

Mestre em Nutrição Humana pela USP.

Lorena Mayara Hipólito Feitosa

Larisse Monteles Nascimento

Enfermeira pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutorado em andamento pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da UFPI. Mestre em Saúde e Comunidade pela UFPI. Especialista em Nutrição Clínica pelo Instituto de Pesquisas Ensino e Gestão em Saúde (IPGS).

Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva (Gpesc) da UFPI. Especialista em Urgência e Emergência pela Faculdades Integradas do Rio Grande do Norte (Fanortes).

Luciana Melo de Farias

Layanne Cristina de Carvalho Lavôr

Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Professora Adjunta do Curso de Nutrição do Centro Universitário Uninovafapi – Teresina, PI.

Mestre em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da UFPI.

Doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição da Universidade Federal do Piauí (PPGAN) da UFPI.

Doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pelo PPGAN da UFPI.

Lays Arnaud Rosal Lopes Rodrigues Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Mestre em Alimentos e Nutrição pelo PPGAN da UFPI. Especialista em Distúrbio Metabólico e Nutrição pela UFPI.

Doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da UFPI.

Luís Eduardo Soares dos Santos

Mestre em Alimentos e Nutrição pelo PPGAN da UFPI.

Doutorado em andamento em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Loisláyne Barros Leal

Mestre em Ciências e Saúde pela UFPI.

Enfermeira pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Enfermeira da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (Sesapi). Enfermeira da Secretaria Estadual de Saúde do Pernambuco (SES).

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Enfermeiro pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da UFPI (Gpesc/UFPI/CNPq área de Saúde da Criança e do Adolescente).

Luisa Helena de Oliveira Lima Enfermeira pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).

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Professora-associada I do Curso de Graduação em Enfermagem do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros e dos Programas de Pós-graduação em Ciências e Saúde, Pós-graduação em Saúde e Comunidade e Mestrado Profissional em Saúde da Família da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva (Gpesc/UFPI/CNPq, área de Saúde da Criança e do Adolescente). Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutora em Enfermagem pela UFC.

Maísa de Lima Claro Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Nutricionista do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf ) da Prefeitura de São João do Piauí -PI. Mestre em Ciências e Saúde pela UFPI. Especialista em Nutrição Clínica e Práticas Esportivas pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso). Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva (Gpesc/UFPI/CNPq, área de Saúde da Criança e do Adolescente).

Mestre em Alimentos e Nutrição pelo PPGAN da UFPI. Especialização em Obesidade e Emagrecimento pela Universidade Estácio.

Solane Alves da Silva Moura Enfermeira pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Integrante do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Piauí (Gpesc/UFPI). Especialização em Saúde do Escolar pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI). Especialização em Saúde Pública e Saúde da Família pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Cefor), ES. Licenciatura em Química pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI).

Thanise Sabrina Souza Santos Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG. Doutor em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

Nayara Vieira do Nascimento Monteiro

Mestre em Ciência da Nutrição pela (UFV), MG.

Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da UFPI. Mestre em Alimentos e Nutrição pelo PPGAN da UFPI.

Thiana Magalhães Vilar

Patrícia Helen de Carvalho Rondó Médica pediatra e sanitarista. Professora Titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). PhD em Saúde Pública pela Faculty of Medicine, University of London, Inglaterra.

Rosana Rodrigues de Sousa Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Técnica em Nutrição e Dietética do Colégio Técnico de Teresina (CTT) da UFPI. Doutorado em andamento em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da UFPI.

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Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutora em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da UFPI. Mestre em Alimentos e Nutrição pelo Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Wolney Lisboa Conde Nutricionista pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor do Curso de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP). Professor do Programa de Pós-graduação em Nutrição em Saúde Pública da FSP/USP. Coordenador do Laboratório de Avaliação Nutricional de Populações da USP (Lanpop/USP). Doutor em Saúde Pública pela USP.

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Dedicatória

Aos nossos alunos e mestres que, pela troca diária de experiências, nos desafiam e inspiram a sermos nossa melhor versão e, assim, em constante metamorfose, seguimos na arte/ciência de construir conhecimento e transformar vidas.

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Agradecimentos

À Universidade Federal do Piauí (UFPI). À Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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Apresentação

O papel da nutrição na promoção da saúde em coletividades tem sido alvo de investigação em diversas vertentes, particularmente na identificação de padrões de saúde e doenças em diferentes grupos etários em nível populacional. O interesse pela associação entre dimensões físicas, bioquímicas e fisiológicas da nutrição humana tem resultado em variados instrumentos de mensuração, assim como tipologias para classificação das características nutricionais dos indivíduos no contexto do sistema de saúde. A presente obra busca sintetizar um conjunto de evidências derivadas de pesquisas científicas de interesse ao público em geral, especialmente quem esteja interessado nas conexões entre nutrição e saúde no contexto de coletividades. A aplicabilidade dos indicadores descritos nos capítulos ultrapassa a atuação específica em Nutrição, provendo apoio na seleção de estratégias terapêuticas aos profissionais de saúde no tratamento de seus pacientes, assim como propondo medidas de interesse em estudos populacionais a pesquisadores com interesse na área. No contexto profissional, indicadores relacionados com os aspectos nutricionais do indivíduo apresentam ampla aplicação no diagnóstico e no prognóstico de saúde de pacientes (no âmbito de serviços de saúde) e comunidades (no âmbito da vigilância epidemiológica para promoção da saúde). No contexto da formação de recursos humanos, espera-se que o conteúdo apresentado no livro contribua para uma atuação holística em ambiente clínico, em saúde pública, na pesquisa e na gestão de sistemas de saúde. O primeiro capítulo, intitulado Instrumentos de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil: Conhecer para Intervir, conduz a um levantamento de indicadores disponíveis para avaliação do desenvolvimento infantil, assim como sua aplicabilidade nos serviços de saúde relacionados com a atenção básica no Brasil. O segundo capítulo, Avaliação do Estado de Saúde Nutricional dos Adolescentes, busca descrever dimensões para a análise das condições nutricionais de adolescentes no contexto da atenção básica, destacando repercussões do estado nutricional sobre os demais aspectos de sua saúde. Em seguida, o terceiro capítulo, denominado Consumo Alimentar e Estado Nutricional de Adolescentes, conduz a um levantamento da literatura sobre padrões alimentares de adolescentes brasileiros, buscando identificar repercussões das práticas de alimentação sobre estado nutricional e, consequentemente, constituindo um fator de risco adicional para o desenvolvimento precoce de doenças crônicas não transmissíveis.

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O quarto capítulo, denominado Dimensão da Autonomia para a Qualidade de Vida no Envelhecimento: Autocuidado e Independência, traz elementos associados a um processo de envelhecimento saudável em contraposição aos padrões de deterioração da capacidade funcional observados entre indivíduos idosos. Indicadores de capacidade funcional para avaliação da saúde de idosos são apresentados para o diagnóstico de problemas associados ao processo de envelhecimento em nível de atenção básica. O quinto capítulo trata da Capacidade Funcional do Idoso Relacionada com a Alimentação, buscando apresentar uma análise em profundidade do papel da alimentação e da nutrição na promoção da saúde e da manutenção da autonomia dos indivíduos em período de envelhecimento, como base de políticas públicas de saúde para uma população em processo de transição demográfica. O sexto capítulo é intitulado Síndrome Metabólica: Enfoque nos Critérios do Diagnóstico e Prevalência na Pessoa Idosa, apresentando fundamentos da definição, evolução do conceito e do diagnóstico da condição clínica denominada síndrome metabólica. A descrição dos critérios de caracterização da morbidade propostos por diferentes instituições no Brasil e no exterior busca elucidar controvérsias e apresentar aplicabilidade no âmbito dos serviços de atenção básica, principalmente na identificação de risco entre pacientes idosos. O sétimo capítulo refere-se à conexão entre Sarcopenia e Envelhecimento: Avaliação e Influências Nutricionais com Foco na Vitamina E, demonstrando o efeito de antioxidantes presentes na dieta como elementos promotores de efeito protetor contra perda progressiva de massa muscular, particularmente vitamina E, em decorrência da redução de radicais livres. O oitavo capítulo Vitamina A: Deficiência, Funcionalidade do Programa Nacional de Suplementação e a Formação de Recursos Humanos na Estratégia Saúde da Família traça um perfil de características de saúde associadas à vitamina A, assim como problemas decorrentes de sua deficiência. Por fim, destaca importância dos programas governamentais de suplementação de nutrientes, especialmente no que tange ao papel dos profissionais engajados na atenção básica como agentes promotores do sucesso de políticas de saúde no país. O nono capítulo refere-se à Fortificação com Ácido Fólico no Brasil: Abordagem Histórica, Impactos e Novas Perspectivas, apresentando uma ampla abordagem das políticas de fortificação de alimentos com ácido fólico no país e no mundo, incluindo desde histórico da descoberta do ácido fólico até efeitos dos programas governamentais em termos de saúde populacional. O décimo capítulo, Propriedade Hipocolesterolemizante de Leguminosas, apresenta vinculação da alimentação no processo de promoção da saúde por meio do controle do perfil lipídico, destacando o padrão alimentar tradicional brasileiro como fonte de componentes relevantes para redução do colesterol de indivíduos com hipercolesterolemia na população. O décimo primeiro capítulo, intitulado Instrumentos para Avaliação da Qualidade da Dieta: Novas Abordagens e Perspectivas, enumera índices elaborados para análise qualitativa da alimentação no mundo, destacando a conexão entre os indicadores e os desfechos em saúde coletiva relacionados às doenças crônicas não transmissíveis, sobretudo no que tange ao potencial dos instrumentos validados no Brasil. O décimo segundo capítulo do livro é intitulado Estimativa de Carga Global de Doenças: Instrumento para Decisão nas Políticas de Nutrição em Saúde Coletiva, apresentando conceito de carga de doença estimada por meio das perdas sociais decorrentes de mortalidade precoce ou incapacidade geradas por diversas morbidades. Destaca-se o incremento da representatividade de doenças crônicas não transmissíveis na carga de doença global e em nível nacional,

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especialmente no que tange aos fatores de risco preveníveis por intervenções na atenção básica, relacionados ao estilo de vida e à nutrição. Por fim, o décimo terceiro capítulo, referente ao Consumo de Alimentos Ultraprocessados e os Efeitos para a Saúde, sintetiza evidências quanto aos efeitos da ingestão alimentar caracterizada por alta contribuição de itens industrializados com significativo teor de gorduras, sódio e açúcar adicionado em relação às doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes melito, dislipidemias e obesidade. Flávia Mori Sarti Economista pela Universidade de São Paulo (USP). Nutricionista pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Professora-associada II da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (Each-USP), área de concentração de Economia e Políticas Públicas. Doutorado Direto pelo Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada (Pronut) pela USP. Bacharel em Nutrição pela FSP da USP.

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Prefácio

Receber o convite de Edina Araújo Rodrigues Oliveira e Flávia Mori Sarti para escrever o prefácio do livro Nutrição e Saúde Coletiva: Ações para Promoção da Saúde foi uma honra e um privilégio por poder avaliar a produção global de um curso de pós-graduação realizado localmente e fora dos grandes centros científicos tradicionais do país. Fica evidente a enorme possibilidade de formação docente a distância, em locais onde não existe a imediata capacidade de organização de cursos. O livro é resultado dos trabalhos de revisão dos projetos de pesquisa de alunos e docentes, representando fruto de parceria entre programas de pós-graduação em Nutrição e Saúde Pública da Universidade de São Paulo e Universidade Federal do Piauí. Os programas interinstitucionais permitem a consolidação de aprendizado, a troca de experiências e a inserção no contexto acadêmico e social. Possibilitam, ainda, que o aluno siga em seu local original, mantendo a atuação docente e, ao mesmo tempo, capacitando-o para formação de novos pesquisadores e líderes regionais. Esta obra aborda os temas desenvolvidos pelos alunos envolvidos no Doutorado Interinstitucional (Dinter), a partir de pesquisas nas faixas etárias da criança, do adolescente, do adulto e do idoso, abarcando diferentes problemas de nutrição e saúde pública que os acometem. O conteúdo apresenta instrumentos de avaliação, técnicas e métodos, parâmetros para diagnóstico nutricional, sua frequência e distribuição na população estudada. Esta publicação tem a validade de apresentar, em apenas um compilado, uma gama de projetos regionais, sem prejuízo para possível divulgação individualizada de seus resultados em revistas científicas de monta. Sem dúvida, será uma excelente fonte de informações para profissionais da saúde que atuam na área de nutrição, enfermagem e campos correlatos. Mais ainda, poderá incentivar novos interessados a ingressarem nessa área. Representa o esforço individual e coletivo de professores do curso de Nutrição em Saúde Pública e de novos titulados como investigadores de ponta no nordeste brasileiro. Regina Mara Fisberg Professora-associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

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Lista de Siglas e Abreviaturas

proteína transportadora de alfatocoferol

DFTN

defeito de fechamento do tubo neural

DM

diabetes melito

5-MTHF

5-metiltetra-hidrofolato

DM2

diabetes melito tipo 2

ABVD

atividades básicas de vida diária

DNT

doenças não transmissíveis

ACS

agentes comunitários de saúde

DQI

AHEI-P

índice de alimentação saudável adaptado para gestantes (do inglês Alternate Healthy Eating Index for Pregnancy)

índice de qualidade da dieta (do inglês diet quality index)

DRI

ingestão dietética de referência (do inglês, dietary reference intakes)

DVA

deficiência de vitamina A

AIDPI

atenção integrada às doenças prevalentes na infância

DXA

absortometria radiológica de dupla energia

AIMS

Alberta Infant Motor Scale

EAR

necessidade média estimada

AIVD

atividades instrumentais de vida diária

ECA

Estatuto da Criança e do Adolescente

ALIm

massa esquelética appendicular

EDC

Anvisa

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ASM

massa muscular esquelética apendicular

escala de desenvolvimento do comportamento da criança no primeiro ano de vida

ASQ-3

Ages & Stages Questionnaires

EEDP

AVD

atividades de vida diária

Escala de Avaliação do Desenvolvimento Psicomotor Infantil

AVE

acidente vascular encefálico

EFD

equivalente de folato dietético

BIA

impedância bioelétrica

ER

espécies reativas

CC

circunferência da cintura

ERICA

Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes

CGAN

Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição

ERN

espécies reativas de nitrogênio

ERO

espécies reativas de oxigênio

ESCEO

European Society for Clinical and Economic Aspects of Osteoporosis and Osteoarthritis

α-TTP

CP

circunferência da panturrilha

CT

colesterol total

DBSM

Diretriz Brasileira de Síndrome Metabólica

ESF

Estratégia Saúde da Família

DCNT

doenças crônicas não transmissíveis

EWGSOP

DCV

doenças cardiovasculares

Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Pessoas Idosas

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FAO

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

NHANES

National Health and Nutrition Examination Survey

FAP

fatores de risco atribuíveis a tal população

OMS

Organização Mundial da Saúde

Opas

Organização Pan-americana da Saúde

FFI

iniciativa de fortificação de alimentos

PDMS

Peabody Developmental Motor Scale

FP

força de preensão

Pense

Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

HBI

índice de qualidade das bebidas (do inglês Healthy Beverage Index)

PNAD

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

Hcy

homocisteína plasmática

PNAN

HDI

indicador de dieta saudável (do inglês Healthy Diet Indicator)

Política Nacional de Alimentação e Nutrição

Pnasi

HDL-c

colesterol da lipoproteína de lata densidade (do inglês, high density lipoprotein cholesterol)

Política Nacional de Atenção à Saúde dos Idosos

POF

Pesquisa de Orçamentos Familiares

POSI

perguntas de observações dos pais sobre interação social

HEIP-B

Índice de Alimentação Saudável para Gestantes Brasileiras

QFA

questionários de frequência alimentar

HIV

vírus da imunodeficiência humana

QV

qualidade de vida

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

RCE

razão da medida de cintura pela estatura

IDADI

Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil

RDA

ingestão dietética recomendada

RDC

resolução da diretoria colegiada

Primeira Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica

RM

ressonância magnética

SM

síndrome metabólica

SMI

Índice Músculoesquelético

SMM

massa muscular esquelética

SUS

Sistema Único de Saúde

SWYC

Survey of Wellbeing of Young Children

I-DBSM

IDF

International Diabetes Federation

IMC

Índice de Massa Corporal

IQDAG

Qualidade da Dieta Adaptado para Gestantes

LDL

lipoproteína de baixa densidade (do inglês, low density lipoprotein cholesterol)

TEA

transtorno do espectro do autismo

TG

triglicerídeos

colesterol da lipoproteína de baixa densidade

TIMP

Test of Infant Motor Performance

TRI

teoria da resposta ao item

MAI

Movement Assessment Infant

TUG

Timed Up and Go

MDS

Escore da Dieta Mediterrânea (do inglês Mediterranean Diet Score)

Unicef

Fundo das Nações Unidas para Infância

NCEP

National Cholesterol Education Program

Vigitel

NCEPATP III

National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III

Sistema Nacional de Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

LDL-c

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Sumário

1

Instrumentos de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil: Conhecer para Intervir, 1 Artemizia Francisca de Sousa | Patrícia Helen de Carvalho Rondó

2

Avaliação do Estado de Saúde Nutricional dos Adolescentes, 17 Edina Araújo Rodrigues Oliveira | Wolney Lisboa Conde

3

Consumo Alimentar e Estado Nutricional de Adolescentes, 25 Maísa de Lima Claro | Luisa Helena de Oliveira Lima | Luís Eduardo Soares dos Santos | Andrea Nunes Mendes de Brito

4

Dimensão da Autonomia para Qualidade de Vida no Envelhecimento: Autocuidado e Independência, 35 Laura Maria Feitosa Formiga

5

Capacidade Funcional do Idoso Relacionada com a Alimentação, 45 Loisláyne Barros Leal | Solane Alves da Silva Moura | Jéssica Alves Gomes | Lorena Mayara Hipólito Feitosa | Ana Paula Santos Moura e Silva | Laura Maria Feitosa Formiga

6

Síndrome Metabólica: Enfoque nos Critérios do Diagnóstico e Prevalência na Pessoa Idosa, 51 Nayara Vieira do Nascimento Monteiro | Thiana Magalhães Vilar | Isabele Frazão Mascarenhas | Cecília Maria Resende Gonçalves de Carvalho

7

Sarcopenia e Envelhecimento: Avaliação e Influências Nutricionais com Foco na Vitamina E, 63 Luciana Melo de Farias | Cecília Maria Resende Gonçalves de Carvalho

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8

Vitamina A: Deficiência, Funcionalidade do Programa Nacional de Suplementação e a Formação de Recursos Humanos na Estratégia Saúde da Família, 79 Carlos Henrique Ribeiro Lima | Rosana Rodrigues de Sousa | Carmen Viana Ramos | Adriana de Azevedo Paiva

9

Fortificação com Ácido Fólico no Brasil: Abordagem Histórica, Impactos e Novas Perspectivas, 89 Danilla Michelle Costa e Silva | Artemizia Francisca de Sousa | Edina Araújo Rodrigues Oliveira

10

Propriedade Hipocolesterolemizante de Leguminosas, 103 Lays Arnaud Rosal Lopes Rodrigues | Layanne Cristina de Carvalho Lavôr | Jany de Moura Crisóstomo | Karoline de Macêdo Gonçalves Frota

11

Instrumentos para Avaliação da Qualidade da Dieta: Novas Abordagens e Perspectivas, 111 Danilla Michelle Costa e Silva | Thanise Sabrina Souza Santos | Betzabeth Slater Villar

12

Estimativa de Carga Global de Doenças: Instrumento para Decisão nas Políticas de Nutrição em Saúde Coletiva, 125 Gilvo de Farias Júnior | Flávia Mori Sarti

13

Consumo de Alimentos Ultraprocessados e os Efeitos para a Saúde, 139 Larisse Monteles Nascimento | Denise Maria Nunes Lopes | Karoline de Macêdo Gonçalves Frota

Índice, 149

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1 Instrumentos de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil: Conhecer para Intervir Artemizia Francisca de Sousa • Patrícia Helen de Carvalho Rondó

Introdução O desenvolvimento infantil é um processo contínuo, sequenciado e complexo, que tem início no período intrauterino com repercussões na adolescência, na fase adulta e na velhice (ou “melhor idade”), sendo mais intenso entre o sexto mês de gestação até, mais ou menos, os dois anos de vida, etapa conhecida como “janela de oportunidades”, na qual as intervenções realizadas apresentam maior impacto na saúde.1 Assim, o desenvolvimento envolve os aspectos biológico, afetivo, psíquico e social, com seu acompanhamento apresentando-se como uma das linhas do cuidado integral à saúde da criança, a ser avaliado pelos serviços de atenção primária.2 Os atendimentos de puericultura, realizados pelos profissionais de enfermagem, traduzem-se em momento oportuno para a avaliação do desenvolvimento infantil, pois acontecem desde o início da vida e são mais frequentes nos dois primeiros anos de idade. Isso possibilita a identificação precoce de alterações neurocognitivas e comportamentais, levando a intervenções e reabilitações oportunas, o que evita prejuízos irreversíveis.3 Embora a avaliação do desenvolvimento humano seja realizada por áreas distintas (motricidade grossa, motricidade fina-adaptativa, comportamento pessoal-social e linguagem), todas estão relacionadas e influenciam-se mutualmente, além de apresentarem padrões indivi­ duais.3,4 Para além dos benefícios individuais, garantir o desenvolvimento infantil é uma questão de “construção coletiva de um futuro sustentável”. Para Maldaner et al. (2017):4 Na caminhada rumo ao Desenvolvimento Sustentável, a capacidade individual para manejar com maior autonomia as questões vivenciadas estão diretamente relacionadas às experiências adquiridas nos momentos iniciais da vida, quando são definidos os padrões pessoais do viver e do conviver.

Tanto que os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas” contemplam, em suas metas, a necessidade de que até 2030, todas as crianças com menos de 5 anos de idade estejam com o desenvolvimento adequado em saúde, aprendizado e bem-estar psicossocial, garantindo uma evolução de qualidade na primeira infância.5 Tais preocupações se dão pelo elevado número de crianças, uma a cada três no mundo (200 milhões), que não atingem seu pleno potencial físico, cognitivo, psicológico e/ou socioemocional. No documento “Estratégia

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• Nutrição em Saúde Coletiva – Ações para a Promoção da Saúde

Global para a Saúde das Mulheres, das Crianças e dos Adolescentes”, cujos objetivos e metas estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, aponta-se um alto retorno financeiro para os investimentos na saúde necessários à superação desse quadro.6 Permitir que as crianças desenvolvam seu potencial físico, cognitivo, linguístico e socioemocional, particularmente nos três primeiros anos de vida, resulta em taxas de retorno de 7% a 10% ao longo do curso de vida, por meio de melhor educação, saúde e sociabilidade, melhores resultados econômicos e redução da criminalidade.7

Portanto, ressalta-se a importância do acompanhamento do desenvolvimento infantil, com a utilização de instrumentos capazes de realizar a detecção precoce de alterações, além de serem adaptados às condições de trabalho dos profissionais da atenção primária à saúde, isto é, que sejam simples, de aplicação rápida, tenham baixo custo, sejam eficazes e que apresentem referenciais aplicáveis à nacionalidade das crianças avaliadas.

Desenvolvimento infantil: determinantes A aquisição de habilidades humanas para atender às necessidades de adaptação ao meio está relacionada com a maturação neurológica e é determinada por fatores intrínsecos (genéticos, metabólicos, malformações) e extrínsecos (alimentação, saúde, habitação, cuidados gerais com a criança), que ditam o ritmo de desenvolvimento.8 Outrora, a genética era tida como responsável pela determinação de toda a expansão do indivíduo. Entretanto, a evolução do conhecimento humano levou ao aprimoramento da neurociência e da epigenética, a partir das quais se refutou o conceito de que os genes e sua influência são imutáveis. Os fatores ambientais, sobretudo em períodos críticos do desenvolvimento, a exemplo dos mil primeiros dias de vida, alteram a expressão gênica, o que traduz, em parte, a influência das experiências precoces na evolução cerebral.9 Dessa maneira, admite-se o modelo de saúde ecobiodesenvolvimental como norteador dos estudos focados no desenvolvimento, tendo como base os conhecimentos da epigenética e da neurociência.10 Torna-se necessário enfatizar a importância da interação do indivíduo com um ambiente estimulador para que este alcance o pleno desenvolvimento de suas habilidades. Além de seu papel na expressão gênica, as experiências vivenciadas modulam igualmente a plasticidade neuronal, que se refere à formação de neurônios novos, pós-natais.11 O cérebro apresenta uma base biológica de programação inata (componente genético), mas sua expressão plena depende de estímulos adequados (componente ambiental), disponíveis em fases específicas e sequenciadas, o que faz necessário o equilíbrio dinâmico entre os componentes envolvidos.12 Nesse aspecto, destaca-se a teoria bioecológica de Urie Bronfenbrenner, um sistema teórico no estudo do desenvolvimento humano ao longo do tempo, segundo o qual a evolução é resultante da influência mútua entre quatro elementos:13 1. Processo: interação do indivíduo com os outros elementos do ambiente que o cerca. 2. Pessoa: características biopsicobiológicas do indivíduo. 3. Contexto: todos os fatores ambientais que atuam no desenvolvimento, uma construção multidimensional. 4. Tempo: ciclo de vida e momento histórico.

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Instrumentos de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil: Conhecer para Intervir •

5

TABELA 1.1 Instrumentos de acompanhamento do desenvolvimento infantil utilizados no Brasil Instrumento Teste de Denver II

Autor (ano) Frankenburg et al. (1992)27

Caracterização País

de origem: EUA

Objetivo:

direcionar o cuidado dos adultos para as crianças com riscos de atrasos no desenvolvimento

Público: Tempo

crianças de 0 a 6 anos de idade

de aplicação: 20min

Traduzida

e adaptada culturalmente para uso clínico no

Brasil É

necessário o uso de materiais para aplicação do teste, bem como treinamento

125

itens divididos em quatro áreas: pessoal-social, motor fino, linguagem e motor grosseiro

Classificação:

normal, cuidado e atraso

Recomendado

pela Sociedade Brasileira de Pediatria para o acompanhamento do desenvolvimento infantil

Alberta Infant Motor Scale (AIMS)

Piper & Darrah (1994)28

País

de origem: Canadá

Objetivo: Público: Tempo

quantificar a atividade motora ampla

crianças de 0 a 18 meses de vida

de aplicação: 20 a 30min

Validada

no Brasil

Aplicada

por profissionais da área de saúde da criança com conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, cuja intervenção do examinador é mínima

58

itens, que observam o desempenho motor

Classificação:

desempenho motor anormal (abaixo de 5%), desempenho motor suspeito (entre 5% e 25%) e desempenho motor normal (acima de 25%)

É

útil na avaliação de prematuros

Utilizada

na pesquisa, prática clínica e ação interventiva

curvas de referência da AIMS para a população infantil brasileira

Ages & Stages Questionnaires 3 (ASQ-3)

Squires et al. (2009)29

País

de origem: EUA

Objetivo:

realizar o eficaz rastreamento e monitorização de crianças

Público: Tempo

crianças de 2 a 66 meses de vida

de aplicação: 30min

Validada

no Brasil (ASQ-BR)

Nem

o manual do ASQ-3, tampouco os questionários estão atualmente disponíveis para compra no idioma “português brasileiro”, o que inviabiliza seu uso clínico

Administração

é feita por profissionais envolvidos no cuidado à criança ou cuidador primário, mediante o uso de um conjunto-padrão de brinquedos (continua)

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Instrumentos de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil: Conhecer para Intervir •

9

TABELA 1.1 Instrumentos de acompanhamento do desenvolvimento infantil utilizados no Brasil (continuação) Instrumento

Autor (ano)

Caracterização

Escala de Avaliação do Desenvolvimento Psicomotor Infantil (EEDP)

Rodriguez et al. (1992)36

Inicia-se

Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil (IDADI)

Silva (2017)37

País

a avaliação pelos itens referentes aos do mês anterior à idade cronológica da criança (idade inicial). A aplicação dos itens é concluída quando a criança falha na realização de cinco itens consecutivos Alguns itens podem ser respondidos pelos pais, caso a criança não os faça Classificação do desempenho: normalidade, risco ou com atraso no desenvolvimento de origem: Brasil avaliar crianças com base no relato parental Público: crianças de 0 a 72 meses de idade Considera as especificidades e hábitos das crianças brasileiras, além de diferenças regionais de linguagem Dado o desenvolvimento recente deste instrumento, ainda há poucas informações disponíveis Objetivo:

PPSC: Preschool Pediatric Symptom Checklist; BPSC: Baby Pediatric Symptom Checklist.

Diante disso, Silva et al. (2011)38 realizaram o levantamento dos principais instrumentos de avaliação do desenvolvimento infantil aplicáveis a pré-termos, disponíveis na literatura científica. A revisão dos autores levou à identificação de 11 ferramentas de avaliação, desenvolvidas entre os anos de 1947 e 1994, a saber:   1. Teste de Gesell (1947): para avaliação de crianças de 4 semanas a 36 meses de vida.   2. Escala de Desenvolvimento Infantil de Bayley (1969): para avaliação de crianças de 1 a 42 meses de vida.   3. Teste de Denver (1967): para avaliação de crianças de 1 semana a 6½ anos de idade.   4. Teste de Triagem sobre o Desenvolvimento de Milani-Comparetti (1967): para avaliação de crianças de 0 a 2 anos de idade.   5. Gráfico do Desenvolvimento Motor de Zdanska-Brincken (1969): para avaliação de crianças de 4 semanas a 1 ano de idade.   6. Escala de Avaliação do Comportamento do Neonato (1973): para avaliação de crianças pré-termo com 37 a 48 semanas pós-concepção.   7. Avaliação dos Movimentos da Criança (1980): para avaliação de crianças de 0 a 12 meses de vida.   8. Avaliação Neurológica de Bebês Prematuros e a Termo (1981): para avaliação de crianças de termo com até 3 dias de vida e pré-termo estáveis.  9. Escala Peabody Developmental Motor Scale (PDMS) (1982): para avaliação de crianças de 1 a 72 meses de vida. 10. Test of Infant Motor Performance (TIMP) (1993): para avaliação de crianças pré-termo nascidas com 34 semanas pós-concepção a 4 meses após o nascimento.

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2 Avaliação do Estado de Saúde Nutricional dos Adolescentes Edina Araújo Rodrigues Oliveira • Wolney Lisboa Conde

Introdução O presente capítulo tem como objetivo descrever os principais aspectos na avaliação do estado de saúde nutricional dos adolescentes, bem como refletir a importância de conhecer e avaliar as repercussões que emergem do estado nutricional desse público no cenário de saúde de uma população. Para isso, o tema está organizado em tópicos que irão conceituar a fase da adolescência, abordar as principais alterações do estado nutricional do adolescente e seus aspectos epidemiológicos.

Adolescência: mudanças decisivas na avaliação nutricional A adolescência consiste numa fase de mudanças corporais, comportamentais, sociais e psicológicas de transição do universo infantil para a formação adulta do indivíduo. Destaca-se como evento central desse período a puberdade, com as alterações hormonais, aparecimento dos carac­ teres sexuais secundários e suas influências no crescimento linear e nutricional do adolescente.1,2 Dentre as nuances da adolescência, a puberdade é um período marcado por transformações no corpo da criança, sendo um processo que pode ser dividido em três estágios:3 1. Pré-puberdade: que se constitui em torno de dois anos imediatamente anteriores à puberdade, quando a criança está desenvolvendo mudanças físicas preliminares que prenunciam a maturidade sexual. 2. Puberdade: o momento em que a maturidade sexual é atingida, marcado pela primeira menstruação nas meninas, mas com indicações menos óbvias nos meninos. 3. Pós-puberdade: etapa que dura de um a dois anos após a puberdade, na qual o crescimento esquelético é concluído e as funções reprodutoras tornam-se razoavelmente bem estabelecidas. Na puberdade, as transformações corporais e orgânicas são dinâmicas e sofrem alterações diferenciadas, de acordo com o seu início e término, além do gênero, etnia e condições ambientais em que vive o adolescente. Também nesse período ocorrem intensas mudanças na dimensão, na forma e na composição do corpo, na distribuição regional da gordura corporal,

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Avaliação do Estado de Saúde Nutricional dos Adolescentes   •

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Tanto a circunferência da cintura quanto a razão da medida de cintura pela estatura (RCE) são medidas úteis para identificar risco metabólico e cardiovascular em adolescentes com sobrepeso, caso haja uma quantidade aceitável de gordura na região do tronco para cada estatura estudada.14 Dentre as medidas antropométricas utilizadas na avaliação nutricional de indivíduos, destaca-se o Índice de Massa Corporal (IMC), que avalia a massa corporal total de maneira prática e com alta reprodutibilidade, sendo considerado o índice eleito na avaliação do estado nutricional em estudos populacionais.15 Os padrões de referência sugeridos pela OMS classificam o estado nutricional de adolescentes por meio do indicador IMC-I, ou seja, o IMC ajustado por idade, calculado a partir dos valores de peso e altura16 conforme descrito na Tabela 2.1. No entanto, a utilização do IMC-I desconsidera a associação com o estágio de maturação sexual, que é o que melhor caracteriza a fase de desenvolvimento dos adolescentes. Podemos ressaltar que as mudanças ocorridas durante a puberdade ocasionam alterações antropométricas e na composição corporal dos adolescentes, com impacto importante no estado nutricional.9 Portanto, os fatores não antropométricos também devem ser considerados, a exemplo da maturação sexual que está relacionada ao crescimento estatual e à composição corporal dos jovens, podendo interferir na identificação e classificação dessas condições nutricionais.12 No que diz respeito à classificação nutricional, o sobrepeso e a obesidade merecem, em especial, ser investigados, sobretudo pelos quadros preocupantes que desencadeiam essas inadequações nutricionais,12 pois existe a probabilidade de adolescentes com sobrepeso se tornarem adultos obesos.17 Observa-se que o aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade vem acontecendo nos países de forma indiscriminada, ou seja, tanto nos países desenvolvidos, nos emergentes, e também nos considerados mais pobres que apresentam dificuldades com a política de insegurança alimentar.18 A obesidade é considerada um fator de risco para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis e tem se tornado prioridade para a implementação de medidas de redução da TABELA 2.1 Classificação da Organização Mundial da Saúde das condições de nutrição em crianças e adolescentes baseada no Índice de Massa Corporal (IMC) para idade (escore Z do IMC) Idade

Estado nutricional

De 5 a 19 anos

Magreza grave

< Escore z -3

Magreza

≥Escore z -3 e <Escore -2

Eutrofia

≥Escore z -2 e <Escore +1

Risco de sobrepeso

Sobrepeso

Escore Z ≥+1 (equivalente ao IMC 25kg/m2 aos 19 anos) e ≤+2

Obesidade

Escore Z >+2 (equivalente ao IMC 30kg/m2 aos 19 anos) e ≤+3

Obesidade grave

Escore Z >+3

Fonte: adaptada de Abeso, 2016.19

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6 Síndrome Metabólica: Enfoque nos Critérios do Diagnóstico e Prevalência na Pessoa Idosa Nayara Vieira do Nascimento Monteiro • Thiana Magalhães Vilar • Isabele Frazão Mascarenhas • Cecília Maria Resende Gonçalves de Carvalho

Introdução A síndrome metabólica (SM) foi originalmente reconhecida por Reaven (1998)1 como uma condição clínica que inclui um grupo de fatores de risco de origem metabólica (obesidade abdominal, dislipidemia, resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose e pressão arterial elevada), correlacionada com o aumento do risco de doença cardiovascular, diabetes e mortalidade por todas as causas.2 Ela está presente na população adulta, crianças, adolescentes e idosos. Sua prevalência varia de 6% a 39%, dependendo dos critérios de definição aplicados.3 Com o envelhecimento da população, a crescente prevalência da SM é um grande problema de saúde, considerando-se que na pessoa idosa em particular, as consequências podem ser ainda mais acentuadas, em função das alterações na composição corporal, redução da funcionalidade e aumento da prevalência de doenças. O assunto é de grande relevância, o que torna importante conhecer no âmbito do processo de envelhecimento os seus diversos componentes e os aspectos concernentes às alterações que propiciam seu desenvolvimento e seu agravo. Visto que há um elenco de critérios de diagnóstico da SM sem uma validade ou adaptação mais específica para a idade geriátrica, é de vital importância compreender as diferentes classificações no que diz respeito aos seus aspectos positivos e negativos, vantagens e desvantagens. O objetivo deste capítulo é discutir algumas questões importantes do desenvolvimento da SM, com ênfase na utilização dos critérios de diagnósticos e dados de sua aplicação na população idosa.

Síndrome metabólica: aspectos gerais e conceito O agrupamento de distúrbios metabólicos como hipertensão arterial, hiperglicemia e hiperuricemia foi primeiramente relatado em 1923 por E. Kylin como fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV). Posteriormente, em 1947, J. Vague observou que a obesidade androide estava associada a anormalidades metabólicas, diabetes melito tipo 2 (DM2) e DCV. Em 1967, Avogaro e Crepaldi deram a este agrupamento de distúrbios metabólicos o nome de síndrome plurimetabólica. No fim da década de 1980, com a “síndrome X” e posteriormente com a síndrome metabólica, diversas concepções para defini-la foram propostas,4 entre elas a

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Síndrome Metabólica: Enfoque nos Critérios do Diagnóstico e Prevalência na Pessoa Idosa •

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TABELA 6.1 Definição de síndrome metabólica pela Organização Mundial da Saúde Indivíduos com diabetes melito tipo 2, resistência à insulina (>100mg/dL), redução na tolerância à glicose e pelos menos dois dos fatores a seguir Componentes

Níveis

Obesidade l por meio da relação cintura × quadril Homens Mulheres

>0,90cm >0,85cm IMC

>30kg/m² Triacilgliceróis >150mg/dL HDL colesterol Homens

<40mg/dL

Mulheres

<50mg/dL Pressão arterial

Sistólica

>140mmHg

Diastólica

>90mmHg Microalbuminúria

>20μg/min IMC: índice de massa corporal; HDL: lipoproteína de alta densidade. Fonte: adaptada de OMS, 1988.10

Os critérios definidos pela OMS diferem dos restantes, principalmente por preconizarem como ponto de partida a avaliação da resistência à insulina ou do distúrbio do metabolismo da glicose, o que, de acordo com a Primeira Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM), dificulta sua utilização. A classificação da SM pela OMS apresentou uma complexidade muito grande para ser realizada em um país como o Brasil, com diferentes níveis de desenvolvimento socioeconômico e cultural, havendo a necessidade da criação de outros critérios de definições.

Critérios propostos pelo National Cholesterol Education Program: Adult Treatment Panel III (NCEP ATP III) Em 2001, o National Institute of Health, por meio do National Cholesterol Education Program (NCEP), sugeriu outro critério de definição para a síndrome metabólica, diferente da OMS. A definição norte-americana ficou mais simples e prática que a do organismo internacional, pois não usava o peso e a microalbuminúria; entretanto, exigia que houvesse, pelo menos, três componentes anormais. O terceiro relatório do “Painel de Especialistas sobre Detecção, Evolução e Tratamento do Colesterol Sanguíneo em Adultos” constituiu as diretrizes clínicas atualizadas do Programa Nacional de Educação sobre Colesterol (National Cholesterol Education Program – NCEP) para o

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• Nutrição em Saúde Coletiva – Ações para a Promoção da Saúde

uma medida da função muscular, foi validada em um estudo conduzido por Visvanathan et al. (2012)37 e idealizada para uso em cuidados primários em idosos, mas é específica para grupos populacionais caucasianos. Ishii et al. (2014)38 desenvolveram um teste de triagem simples para estimar a probabilidade de sarcopenia considerando três variáveis: 1. Idade. 2. Força de pressão manual. 3. Circunferência da panturrilha. Com base no modelo, os autores construíram um gráfico de pontuação específico para cada sexo. A fórmula para cálculo das pontuações de acordo com o sexo consiste em: Homens: 0,62 × (idade – 64) – 3,09 × (força de preensão – 50) – 4,64 × (circunferência da panturrilha – 42). Mulheres: 0,80 × (idade – 64) – 5,09 (força de preensão – 34) – 3,28 × (circunferência da panturrilha – 42). As probabilidades correspondentes de sarcopenia foram calculadas como: Probabilidade em homens: 1/[1 + e- (soma da pontuação/10-11,9)]. Probabilidade em mulheres: 1/[1 + e - (soma da pontuação/10 a 12,5)]. Tal modelo ainda necessita de validação adicional em outros estudos antes que seja adotado na prática clínica.33 É necessário ressaltar que, na avaliação da sarcopenia, os métodos mais sofisticados e precisos são caros e inacessíveis à população de menor renda, se comparados a outros métodos de avaliação da massa muscular adotados em situações de alerta e que apontem a doença identificada pela triagem.

Avaliação da força muscular Vários métodos são recomendados para avaliar a força muscular esquelética. No entanto, sugeriu-se que o uso da força de preensão (FP), por si só, pode ser suficiente para rastrear a fragilidade e a sarcopenia, sendo especialmente vantajosa em indivíduos com dificuldade de locomoção.39 A força de preensão correlaciona-se moderadamente com a de outros compartimentos do corpo, de modo a servir como um substituto confiável para medidas mais complicadas de força do braço e da perna. Devido à sua facilidade de uso, ela é recomendada para uso rotineiro nos âmbitos clínico e hospitalar. O dinamômetro Jamar é validado e utilizado amplamente para medir a força de preensão manual, embora o uso de outras marcas esteja sendo explorado. Quando a medição não é possível devido à incapacidade da mão (p. ex., com artrite avançada ou sequelas de acidente vascular encefálico [AVE]), os métodos de torque isométrico podem ser usados para medir a força dos membros inferiores.23,35,40

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9 Fortificação com Ácido Fólico no Brasil: Abordagem Histórica, Impactos e Novas Perspectivas Danilla Michelle Costa e Silva • Artemizia Francisca de Sousa • Edina Araújo Rodrigues Oliveira

Introdução A descoberta dos folatos e sua importância na saúde são um capítulo recente na história da humanidade. O folato natural foi descoberto por Lucy Wills na década de 1930, e a produção de sua forma sintética ocorreu 14 anos depois pelos Lederle Laboratories. Inicialmente, seu estudo esteve associado ao tratamento de anemia megaloblástica. Somente na década de 1990, os estudos que relacionavam a deficiência deste composto com defeitos no fechamento do tubo neural se consolidaram, fazendo com que, no ano de 1993, os EUA passassem a recomendar a ingestão diária e adequada da vitamina a todas as mulheres em idade fértil.1 O termo “ácido fólico” é uma designação comum para a fórmula farmacêutica do ácido pteroilglutâmico, forma mais estável e biodisponível da vitamina, que inclui qualquer membro da família dos pteroilglutamatos, cuja fórmula estrutural possui uma conjugação do ácido pteroico e pelo menos um resíduo de ácido L-glutâmico, com fórmula molecular C19H19N7O6. O folato plasmático encontra-se, principalmente, sob a forma ativa de tetra-hidrofolato, típica da vitamina.1 O folato é uma vitamina hidrossolúvel essencial e, consequentemente, de consumo necessário diário. Esse termo é atribuído à forma natural da vitamina, cujas principais fontes alimentares são os vegetais verdes e as vísceras, podendo, também, ser encontrada no feijão, abacate, abóbora, batata, carne de vaca, carne de porco, cenoura, laranja, leite, maçã, milho, ovo e queijo.2 O folato natural (pteroilpoliglutamato), encontrado nos alimentos, apresenta índice de absorção em torno de 50%, considerado baixo. Por sua vez, sua forma sintética, o ácido fólico, apresenta uma biodisponibilidade que se aproxima dos 100%. No entanto, ela é reduzida quando presente em alimentos e dependendo do método de cocção empregado na preparação dos mesmos.3 Alves (2018)4 mostrou, em seu trabalho de dissertação, que a retenção do con­ teúdo de ácido fólico é maior quando o método utilizado é a cocção por calor seco. Os valores de ingestão dietética de referência (DRI) estão apresentados na Tabela 9.1. A necessidade média estimada (EAR) e a ingestão dietética recomendada (RDA) são iguais para homens e mulheres, conforme o estágio de vida, sendo diferentes apenas para mulheres durante

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• Nutrição em Saúde Coletiva – Ações para a Promoção da Saúde

TABELA 9.1 Valores de ingestão dietética de referência (DRI) para o folato, segundo o estágio de vida DRI (µg/dia)

Estágio de vida

EAR

RDA

UL**

0 a 6 meses

65 (AI)

7 a 12 meses

80 (AI)

1 a 3 anos

120

150

300

4 a 8 anos

160

200

400

9 a 13 anos

250

300

600

14 a 18 anos

330

400

800

19 a >70 anos

320

400

1.000

Gestantes*

520

600

1.000

Lactantes*

450

500

1.000

*Para gestantes e lactantes de 14 a 18 anos de idade, o UL é de 800µg. **Os valores de UL para folato somente se aplicam às formas sintéticas obtidas a partir de suplementos, alimentos fortificados ou da combinação de ambos. DRI: ingestão dietética de referência; EAR: necessidade média estimada; RDA: ingestão dietética recomendada; AI: ingestão adequada, UL: limite superior tolerável. Fonte: adaptada de Institute of Medicine, 1998.5

a gravidez e lactação, quando as recomendações aumentam nos percentuais de 50% e 25%, respectivamente. Ademais, considerando as evidências da redução de defeitos do tubo neural no feto, associada à adequada ingestão de folato, o Instituto de Medicina dos Estados Unidos recomenda que todas as mulheres que pretendem engravidar consumam 400μg de suplementos ou alimentos enriquecidos com ácido fólico, além da ingestão de folato alimentar a partir de dieta variada. Os folatos têm dois efeitos fisiológicos principais: doar e capturar fragmentos de carbono simples, em reações químicas que fazem parte do metabolismo de nucleotídeos e aminoácidos. Assim, suas funções mais conhecidas estão relacionadas com a prevenção e o controle da anemia macrocítica, pela formação de eritrócitos e leucócitos na medula óssea, e a prevenção de defeitos no tubo neural durante o período embrionário. No entanto, hoje se reconhece que a deficiência deste nutriente no organismo e as alterações no metabolismo do mesmo estão associadas a outras patologias frequentes, identificando-se como funções relacionadas com a saúde cardiovascular e o desenvolvimento de doença tumoral humana.6 Diante de sua essencialidade, sobretudo durante a idade fértil e início da gestação, e da baixa biodisponibilidade das fontes naturais de folato, uma das estratégias adotadas para garantia da adequada oferta desse nutriente é a fortificação de alimentos amplamente utilizados pela população, a exemplo dos cereais. É notório que esta atitude constitui uma estratégia significativa na política de saúde pública para controlar a desnutrição, o que contribui sobremaneira para a erradicação das deficiências de micronutrientes.7 Atualmente, 82 países possuem legislação que exige a fortificação de ao menos um grão de cereal moído industrialmente com micronutrientes. Deste montante, apenas em Papua-Nova

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12 Estimativa de Carga Global de Doenças: Instrumento para Decisão nas Políticas de Nutrição em Saúde Coletiva Gilvo de Farias Júnior • Flávia Mori Sarti

Introdução Qual o impacto de uma vida sedentária e de uma alimentação não saudável nos anos de vida dos adolescentes? Quantos anos podem ser perdidos, ao continuarem com este estilo de vida? Qual o prognóstico? Em quanto tempo um indivíduo hoje adolescente poderá desenvolver alguma doença crônica não transmissível (DCNT) se continuar com este tipo de prática? Estes questionamentos poderão ser respondidos a partir das informações de DALYs, em relação a carga de doença e identificação de fatores de risco. Quantificando o impacto de diferentes condições de saúde combinando com informações de morbidade e mortalidade prematura. Portanto, considerando que há uma diferença entre o que seria uma vida saudável ideal e o que de fato é, ou seja, vida real, esta diferença poderá ser medida por dois componentes da GBD: 1. Anos de vida perdidos por mortes prematura (YLL; do inglês years of life lost due to premature death). 2. Anos vividos com incapacidade (YLD; do inglês years lived with disability). O DALY é o somatório dos anos de vida com incapacidade (YLD) com anos de vida perdidos (YLL). Então: YLD = número de casos × duração até a remissão ou morte × peso de incapacidade + YLL = número de óbitos × expectativa de vida para esta faixa etária estudada Por conseguinte, YLD é estimado para uma causa em particular em um determinado período de tempo, ou seja, o número de casos incidentes naquele período multiplicado pela duração média da doença e pelo fator peso ou peso por incapacidade. Este peso de incapacidade varia de 0 (zero), que representa saúde perfeita, até 1 (um), que significa pior estado de saúde possível; para este estudo, será considerada a lista de peso de incapacidade, mais especificamente das doenças cardiovasculares (DCV), publicada por Salomon et al., (2015).1 Tais pesos foram estabelecidos em um ranque com diferentes tipos de severidade ou deficiência, criando-se pesos de incapacidade. Com base na percepção dos indivíduos sobre o impacto de tais deficiências em sua vida, estes pesos representam o peso desde uma cárie dentária até uma esquizofrenia.

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13 Consumo de Alimentos Ultraprocessados e os Efeitos para a Saúde Larisse Monteles Nascimento • Denise Maria Nunes Lopes • Karoline de Macêdo Gonçalves Frota

Introdução A Revolução Industrial do século XXI impulsionou alterações no padrão da alimentação da população, caracterizada pela alta tecnologia incorporada à produção de alimentos. Assim, disseminou a venda de alimentos com alto grau de processamento nos EUA. A substituição da alimentação tradicional pôde ser observada pela diminuição do tempo dedicado ao preparo de alimentos, pelo aumento na proporção do consumo fora de casa e pela maior participação de alimentos prontos para o consumo na dieta, como snacks, refrigerantes e pizzas.1 Inovações na manufatura de alimentos aumentaram sua produção e incluíram uma grande variedade de produtos no mercado. Os avanços tecnológicos incorporados ao processamento dos alimentos possibilitaram que a comida fosse produzida em um local e consumida posteriormente em outro de maneira rápida, ou seja, com um menor tempo de dedicação no processo de preparo.2 O setor industrial agroalimentar brasileiro verificou a necessidade de maior produção de comidas mais rápidas, frente a mudanças do crescimento das despesas com alimentação fora do domicílio como em restaurante tipo fast-food, alimentação no ambiente de trabalho e locais de venda de alimentos com utilização de vale-refeição. Esses itens, ao mesmo tempo, facilitavam o consumo, proporcionavam alimentos prazerosos, menos perecíveis, que poderiam ser consumidos em qualquer ambiente. A indústria também passou a produzir em larga escala, barateando os custos desses alimentos.3 No decorrer dos anos, houve um crescimento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados e, de acordo com Monteiro et al. (2010),3 esse aumento foi de mais de 200% entre os anos de 1974 até 2003 na população brasileira. Recentemente, o estudo de Louzada et al. (2015)4 mostrou que os alimentos processados contribuem com 9% do consumo diário de energia, enquanto os alimentos ultraprocessados colaboram com 21,5%. Os alimentos prontos para o consumo resultam de várias modificações com adição de ingredientes culinários (corantes e aromatizantes) sintetizados nas indústrias, como os biscoitos recheados. Eles são produzidos por meio de diversas técnicas de processamento, o que, na maioria das vezes, proporciona maior durabilidade do produto. Têm em sua composição pouca quantidade de alimentos in natura ou minimamente processados.5

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