Intestino Saudável – Orientações e Receitas

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Lucia Camara Castro Oliveira Doutora em Cirurgia pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-Graduação em Coloproctologia (Fellowship) pela Cleveland Clinic – Flórida, EUA.

Titular da Sociedade Brasileria de Coloproctologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Flávia de Alvarenga Netto Médica Especialista em Nutrologia.

função de absorção e eliminação dos alimentos sob a forma de

Bases da Nutrição Clínica, 3a ed. Lubos Sobotka (ESPEN) Bizu de Nutrição – 3.000 Questões para Concursos, 2a ed. Cláudia dos Santos Cople Rodrigues Marina da Silva T. Naegeli Alexandra G. da Silva Rodrigues

ceptores localizados nas células intestinais e, ainda, o reconhecimento da microbiota (bactérias intestinais) como um verdadeiro ecossistema,

Coloproctologia – Clínica e Cirurgia Videolaparoscópica Cesar Guerreiro de Carvalho Fábio Guilherme C. M. de Campos Univaldo Etsuo Sagae Afonso H. da Silva e Sousa Jr.

este órgão passou a ser visto como nosso “segundo cérebro”. A saúde deste complexo órgão depende de uma série de fatores, a maioria deles relacionados com os nossos hábitos de vida, principalmente a nossa alimentação.

Intestino Saudável: Orientações e Receitas aborda de maneira simples e objetiva as informações essenciais sobre o funcionamento do intes-

Especialista em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE).

tino, apresentando, ainda, deliciosas receitas compostas por alimentos

Professora do Instituto de Nutrição da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.

aprimoramento da qualidade de vida.

Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos Neuza Maria Brunoro Costa Carla de Oliveira Barbosa Rosa

um bolo fecal. Com o avanço da medicina e a descoberta de vários re-

ricos em fibras, vitaminas e minerais indispensáveis a uma alimentação

Intestino Saudável

Chefe do Setor de Fisiologia Anorretal da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.

O

intestino, durante muitos anos, foi considerado apenas por sua

Oliveira | Alvarenga Netto

Sobre as autoras

Outros títulos de interesse

Contagem de Carboidratos no Diabetes Melito Eliane Lopes Rosado Débora Lopes Solto

Intestino Saudável

balanceada. Assim, torna-se uma ferramenta essencial tanto para a compreensão do organismo, como para a prevenção de doenças e o

Orientações e Receitas

Lucia Camara Castro Oliveira Flávia de Alvarenga Netto

Fisiologia Anorretal Lucia Camara Castro Oliveira Nutrição – da Gestação ao Envelhecimento Márcia Regina Vitolo Nutrição Clínica – Interações Nelzir Trindade Reis Nutrição Clínica – Sistema Digestório Nelzir Trindade Reis Nutrição Contemporânea – Saúde com Sabor Marcela Knibel Dora Cardoso Obstrução Intestinal Renato Rocha Passos Paulo Villar do Valle Augusto Paulino Netto Tabela de Composição Química dos Alimentos e Medidas Caseiras – Guia de Bolso Manuela Pacheco Tabela de Equivalentes, Medidas Caseiras e Composição Química dos Alimentos Manuela Pacheco Saiba mais sobre estes e outros títulos em nosso site: www.rubio.com.br

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Intestino Saudável Orientações e Receitas



Intestino Saudável Orientações e Receitas

Lucia Camara Castro Oliveira Doutora em Cirurgia pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-Graduação em Coloproctologia (Fellowship) pela Cleveland Clinic – Flórida, EUA. Chefe do Setor de Fisiologia Anorretal da Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Titular da Sociedade Brasileria de Coloproctologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

Flávia de Alvarenga Netto Médica Especialista em Nutrologia. Especialista em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE). Professora do Instituto de Nutrição da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).


Intestino Saudável – Orientações e Receitas Copyright © 2011 Editora Rubio Ltda. ISBN 978-85-7771-081-2 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em partes, sem a autorização por escrito da Editora. Produção e Capa Equipe Rubio Editoração Eletrônica Trio Studio

Intestino Saudável – Orientações e Receitas / [editores] Lucia Camara Castro Oliveira, Flávia de Alvarenga Netto. – Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2011. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7771-081-2 1. Intestino – Prevenção e Cuidados. 2. Nutrição – Recomendações Dietéticas. I. Oliveira, Lucia Camara Castro. II. Alvarenga Netto, Flávia de. III. Título. CDD 616.35

Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefax: 55 (21) 2262-3779 2262-1783 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br

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Impresso no Brasil Printed in Brazil


PREFÁCIO

A

titudes saudáveis ao longo da vida têm mostrado um grande benefício na prevenção de doenças e na atenuação de sintomas decorrentes de distúrbios adquiridos. Entre as atitudes

consideradas saudáveis, destacamos uma alimentação balanceada, rica em fibras, vitaminas, minerais e pobre em gorduras saturadas e gorduras trans. Atitudes extremas, como a abolição completa da carne animal, não são necessárias, e acreditamos que o grande segredo para uma boa saúde seja o equilíbrio desenvolvido em todos os aspectos. O equilíbrio na alimentação trará para o organismo alimentos saudáveis, com alto poder antioxidante, promovendo assim sua “proteção”. Pode-se, com isso, “compensar” a ingestão ou o contato com outros fatores mais nocivos com que involuntariamente nos deparamos ao longo da vida. A ingestão de alimentos saudáveis constitui também uma atitude preventiva: dietas ricas em vitaminas e nutrientes encontrados nas verduras, nos legumes e nas frutas podem prevenir o câncer do intestino. Um dos órgãos fundamentais no processo da alimentação é o nosso intestino. Há quem acredite haver uma estreita relação entre o cérebro e o intestino humano, sendo este até mesmo chamado de “segundo cérebro”. Essa relação se faz por meio da liberação de substâncias neuroendócrinas que atuam em diferentes setores do organismo e que, com muita frequência, influenciam as funções intestinais. Ao considerarmos esta hipótese, podemos explicar em parte os mecanismos que provocam sintomas intestinais característicos da síndrome do intestino irritável, entre eles a diarreia e a “prisão de ventre”.


Procuramos, com este livro, trazer aos leitores noções básicas do funcionamento intestinal, mostrando a importância de uma alimentação balanceada e oferecendo elementos para uma alimentação saudável. E ainda apresentamos deliciosas receitas, preparadas com produtos ricos em fibras, soja e vitaminas, que poderão contribuir para uma atitude alimentar mais saudável! Boa mesa! As autoras


INTRODUÇÃO

O

papel do intestino no processo digestivo foi considerado, durante muitos anos, como sendo apenas o de absorção e eliminação dos alimentos sob a forma de um bolo fecal. Com o avanço da medici-

na e a descoberta de vários receptores localizados nas células intestinais e, ainda, o reconhecimento da microbiota (bactérias intestinais) como um verdadeiro ecossistema, este órgão passou a ser visto como nosso “segundo cérebro”. A saúde deste complexo órgão depende de uma série de fatores, a maioria destes relacionados com os nossos hábitos de vida, principalmente a nossa alimentação. O desenvolvimento de determinadas doenças pode ter início e, ainda, se perpetuar no próprio intestino. A obesidade, as doenças inflamatórias intestinais, a prisão de ventre, a diarreia, a síndrome do intestino irritável e o câncer do intestino associam-se diretamente com erros na alimentação. Hábitos alimentares saudáveis são capazes de prevenir doenças intestinais, como o câncer de intestino. A ingestão de uma dieta rica em fibras, cereais integrais, legumes, verduras e frutas é essencial para a saúde intestinal. Em contrapartida, dietas com alto teor de embutidos, carne vermelha, enlatados, corantes e gorduras saturadas são extremamente prejudiciais. Consumindo uma dieta rica em frutas, legumes e verduras, atingimos, na maioria das vezes, nossas necessidades diárias de vitaminas, minerais e antioxidantes. Juntos, esses elementos protegem nossas células intestinais contra danos maiores e, portanto, auxiliam na prevenção de doenças, principalmente o câncer de intestino. Pesquisas recentes vêm demonstrando também que o equilíbrio das bactérias intestinais – conhecidas como lactobacilos e bifidobactérias, ou seja,


bactérias “boas” – permite o desenvolvimento de defesas contra infecções, alergias e, mesmo, inflamação deste órgão e do organismo como um todo. Essas bactérias podem apresentar desequilíbrio em várias situações, como em infecções, com o uso de antibióticos e em vigência de uma dieta inadequada. Hoje, sabe-se que determinados alimentos podem estimular o crescimento e a manutenção de bactérias benéficas para o nosso intestino. Muitos distúrbios do aparelho digestivo podem ser tratados com mudanças nos hábitos de vida, mediante alimentação correta, realização de atividade física e medidas de relaxamento como meditação ou ioga. Evidências mais recentes comprovam a existência de uma relação direta entre o cérebro e o intestino. A produção e liberação de substâncias neurotransmissoras pelo cérebro, que agem diretamente nos receptores localizados nas células intestinais, têm sido capazes de explicar várias alterações funcionais deste órgão. A descoberta do eixo cérebro-intestino permitiu o advento de novas opções terapêuticas para o tratamento de alguns distúrbios intestinais, como a síndrome do intestino irritável, muito frequente nos dias atuais. Ao longo deste livro, tentaremos esclarecer alguns mitos relacionados com o funcionamento do intestino e as doenças que o acometem. Imaginando que a doença mais grave e temida seja o câncer do intestino, esperamos, com esta leitura, contribuir para que as mudanças nos hábitos de vida aqui sugeridos possam ajudá-los a iniciar a prevenção desta terrível doença.


SUMÁRIO

PARTE 1 – INTESTINO: FUNCIONAMENTO, DISTÚRBIOS E PREVENÇÃO DE DOENÇAS, 1 Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9

– – – – – – – – –

Noções Básicas do Funcionamento Intestinal, 3 O Papel das Fibras na Saúde do Intestino, 9 Outras Dicas para um Intestino Saudável, 15 Constipação Intestinal e suas Consequências, 21 Diarreia, 25 Doença Diverticular, 31 Intestino Irritável, 33 Doenças Inflamatórias Intestinais, 37 Alimentação Saudável como Prevenção do Câncer de Intestino, 43

PARTE 2 – RECEITAS, 49 SALGADOS, 51 Pão de Queijo com Soja, 53 Capponata de Berinjela Edel Wegbrayt, 54 Grissinis de Soja, 56 Creme de Tomate e Manjericão, 57 Suflê de Couve-Flor, 58 Estrogonofe Vegetariano, 59 Biju de Tapioca Recheado, 60 Sopa de Lentilhas, 61 Trigo com Cogumelos, 62 Peixe no Sal Grosso, 63


Sopa de Abóbora, 64 Cuscuz Paulista, 65 Berinjela Mediterrânea, 66 Lasanha Light, 67 Sopa de Feijão Frade com Brotos, 68 Berinjela Calabresa, 69

DOCES, 71 Muffin de Chocolate, 73 Biscoito de Aveia, 74 Pão de Banana, 75 Torta Doce de Ricota, 76 Creme de Papaia, 77

BEBIDAS, 79 Coquetel de Frutas, 81 Coquetel de Abacaxi, 82 Suco de Limão, 83 Suco Bomba, 84

RECEITAS PARA PORTADORES DE DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS, 85 Tomates Recheados, 87 Purê de Abóbora, 88 Sopa de Tomate com Manjericão, 89 Legumes ao Forno, 90 Linguado ao Molho de Cottage, 92 Flã de Goiaba, 93 Creme de Manga, 94 Refresco de Uva com Modulen®, 95 Modulen® com Nescafé®, Gengibre e Canela, 96 Modulen® com Melão e Maçã, 97


Intestino: Funcionamento, Distúrbios e Prevenção de Doenças

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.

Noções Básicas do Funcionamento Intestinal, 3 O Papel das Fibras na Saúde do Intestino, 9 Outras Dicas para um Intestino Saudável, 15 Constipação Intestinal e suas Consequências, 21 Diarreia, 25 Doença Diverticular, 31 Intestino Irritável, 33 Doenças Inflamatórias Intestinais, 37 Alimentação Saudável como Prevenção do Câncer de Intestino, 43



NOÇÕES BÁSICAS DO FUNCIONAMENTO INTESTINAL

O

intestino é dividido em duas partes: o intestino delgado, onde ocorre a absorção da maioria dos nutrientes; e o intestino grosso, responsável pela absorção de água e alguns eletrólitos, como só-

dio e potássio. O intestino grosso é conhecido como cólon. Nosso tubo digestivo inicia-se na boca, prolonga-se pela faringe, esôfago, estômago e intestino delgado, e sua parte final é constituída pelo intestino grosso. Por ser a parte final de um sistema responsável pelos processos de digestão e absorção de alimentos, é a porção destinada a “tratar” dos resíduos alimentares que restaram desse processo. O intestino delgado tem em média 6 a 9m de comprimento e o intestino grosso, cerca de 1 a 1,5m. O intestino grosso (Figura 1.1) compõe-se de: ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide e reto.

Figura 1.1 Representação esquemática do intestino grosso


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A parte inicial ou proximal do intestino grosso é conhecida como ceco, que recebe o conteúdo líquido do intestino, chamado quimo. A partir do ceco, o quimo vai sendo deslocado para os outros segmentos do intestino grosso, ocorrendo a absorção da água e a formação das fezes (Figura 1.2). A propulsão desse conteúdo fecal é possível pela atividade de três feixes musculares ao longo do intestino, conhecidas como tênias (Figura 1.3). Em alguns indivíduos, a diminuição da atividade dessa musculatura leva ao aumento do tempo de trânsito colônico e, em consequência, à constipação intestinal, a chamada “prisão de ventre”. Medicamentos que aumentam as contrações dessa musculatura, como alguns laxantes irritantes, aceleram o trânsito intestinal e podem causar diarreia. O intestino grosso tem, então, como função a absorção final de água, além de vitaminas (p. ex., a vitamina K) e minerais. Além disso, absorve alguns eletrólitos como sódio, potássio, magnésio e cloro. E ainda elimina

Figura 1.2 Trajeto e formação das fezes

4


DOENÇA DIVERTICULAR

D

ivertículos são formações saculares na parede intestinal que ocorrem em virtude do enfraquecimento das camadas dessa parede e estão associadas a esforço peristáltico crônico e aumento

da pressão na luz intestinal. São adquiridos e podem ser encontrados em todo o intestino grosso, particularmente no cólon sigmoide, e em indivíduos com mais de 80 anos. Nos últimos anos, o aparecimento de divertículos em indivíduos jovens tem aumentado; e este fato provavelmente está relacionado com maus hábitos alimentares, principalmente em países ocidentais. Fatores genéticos também podem estar envolvidos no surgimento de divertículos. A única forma de prevenção dessa doença é o consumo de uma dieta rica em fibras – ou seja, consumo elevado de legumes, verduras, frutas e grãos integrais. A quantidade ideal de fibra para tal prevenção corresponde a 30 a 35g de fibras solúveis e insolúveis por dia. Os divertículos podem inflamar a parede intestinal, o que chamamos de diverticulite. A diverticulite é uma complicação da doença que deve sempre ser avaliada por um médico e que se caracteriza, na maioria das vezes, por quadro de dor abdominal, alteração do ritmo intestinal, enjoo e febre. É possível a ocorrência de inflamação do divertículo sem febre, mas dor abdominal está sempre presente. O tratamento da diverticulite na fase inicial da doença pode evitar complicações mais graves como ruptura do intestino e peritonite, que impõe tratamento cirúrgico de urgência. A recomendação de que os portadores de divertículos evitem o uso de alimentos com sementes, como morango, tomate, gergelim, entre outros, não tem, em princípio, comprovação científica. Até hoje não há na


Intestino Saudável – Orientações e Receitas

literatura evidência de que a inflamação dos divertículos seja secundária à impactação desses alimentos no interior desses orifícios. Parece, sim, que a inflamação do divertículo tem relação com desequilíbrio da microbiota intestinal que desencadearia a proliferação de bactérias patogênicas e o aparecimento de processo inflamatório da parede do divertículo. Na verdade existem teorias, mas não conseguimos determinar qual é o fator causador da inflamação. Portanto, até o momento não há por que proibir o consumo dessas sementes, que na verdade são fontes de fibras e, por isso, devem ter seu consumo estimulado. Durante o processo inflamatório de uma crise de diverticulite, deve-se recomendar modificação da dieta; nesse caso, deve-se evitar o uso de fibras, pelo risco aumentado de ruptura da parede do intestino. Após a resolução do quadro inflamatório, pode-se estimular novamente o consumo aumentado de fibras e sementes integrais.

REFERÊNCIAS Commane DM, Arasaradnam RP, Mills S, Mathers JC, Bradburn M. Diet, ageing and genetic factors in the pathogenesis of diverticular disease. World J Gastroenterol 2009; 15(20):2479-88. Marcason W. What is the latest research regarding the avoidance of nuts, seeds, corn, and popcorn in diverticular disease? J Am Diet Assoc 2008; 108(11):1956. Mueller MH, Glatzle J, Kasparek MS, Becker HD, Jehle EC, Zittel TT, Kreis ME. Long-term outcome of conservative treatment in patients with diverticulitis of the sigmoid colon. Eur J Gastroenterol Hepatol 2005; 17(6):649–54. Rocco A, Compare D, Caruso F, Nardone G. Treatment options for uncomplicated diverticular disease of the colon. J Clin Gastroenterol 2009; 43(9):803-8. Trivedi CD, Das KM; NDSG. Emerging therapies for diverticular disease of the colon. J Clin Gastroenterol 2008; 42(10):1145-51. Weisberger L, Jamieson B. Clinical inquiries: how can you help prevent a recurrence of diverticulitis? J Fam Pract 2009; 58(7):381-2.

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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL COMO PREVENÇÃO DO CÂNCER DE INTESTINO

O

desenvolvimento da maioria dos tumores malignos mais frequentes tem relação com o meio ambiente, particularmente com os hábitos de vida. Hábitos alimentares inadequados têm sido

responsáveis por cerca de 35% dos casos de câncer, principalmente de mama, estômago e intestino. Particularmente, o aparecimento do maior número de casos de câncer do intestino relaciona-se com uma variedade de fatores externos que influenciam o nosso organismo, a maioria dos quais é de origem alimentar e relacionada com o sedentarismo. O consumo de alimentos gordurosos por longos períodos e em grande quantidade parece proporcionar um ambiente ideal para a alteração das células intestinais e o desenvolvimento de câncer. Além disso, o alto consumo de alimentos industrializados ricos em substâncias sabidamente cancerígenas, como os nitritos e nitratos presentes nos embutidos e enlatados, ou alimentos ricos em alcatrão, como os defumados e as carnes assadas de churrasco, também estão diretamente relacionados com o desenvolvimento de câncer. Além do tipo de alimento e do método de conservação, o modo de preparo também parece aumentar o risco de câncer. Deve-se evitar fritar ou preparar carnes na brasa a temperaturas muito elevadas. Alimentos fritos e carnes muito queimadas liberam no organismo, no momento do processo digestivo, substâncias altamente tóxicas para as nossas células, conhecidas como radicais livres. Esses radicais livres são tóxicos, pois alteram o funcionamento normal das células e, dito de maneira simplificada, estimulam alterações na estrutura normal dessas células que podem iniciar em algum momento uma multiplicação acelerada – processo que origina o câncer propriamente dito.


Intestino Saudável – Orientações e Receitas

Há anos, pesquisas apontam a hipótese de correlação entre obesidade e risco aumentado de câncer. A produção aumentada do hormônio estrogênio pelo tecido gorduroso parece ser um dos fatores responsáveis por esse risco. Outros fatores seriam o aumento da insulina e a própria resistência à insulina. A incidência elevada de câncer do intestino no Ocidente tem sido relacionada à obesidade por ser esta condição cada vez mais frequente em nosso meio e nos diferentes países industrializados. Na verdade, todos esses fatores se inter-relacionam: a obesidade é consequência de erro alimentar e de sedentarismo, que geram o câncer e diversas outras alterações que comprometem a qualidade de vida desses indivíduos. Estudos mostraram estreita relação entre peso elevado (índice de massa corporal [IMC] acima de 30kg/m2) e câncer do intestino, principalmente em homens. Mais positiva ainda é a correlação de circunferência abdominal aumentada com maior risco de câncer. A relação entre dieta à base de carne e gordura e o risco de câncer do intestino é a hipótese mais antiga e mais investigada. Foram feitas várias tentativas de se explicar essa correlação, como o aumento da produção de bile e o aumento da lesão das células do intestino pela elevada produção de radicais livres induzida pela ingestão exagerada de gordura saturada. Portanto, uma dieta com consumo aumentado de carne vermelha e alimentos processados, ricos em gordura saturada, está relacionada com câncer do intestino. Em contrapartida, o consumo de uma dieta à base de peixe e carne branca sem pele, além de grande quantidade de fibras solúveis e insolúveis, que podem ser encontradas nas frutas, nos vegetais e nos cereais integrais, está relacionado com a prevenção do câncer do intestino e de outros órgãos. O consumo de uma dieta rica em fibras vem sendo, ao longo de muitos anos, associado a baixo risco de desenvolvimento de câncer do intestino. O consumo de vegetais tem sido associado de modo mais consistente à redução desse risco. Os grãos integrais também vêm se mostrando fatores protetores contra este risco, e os produtos fabricados com grãos refinados têm sido relacionados com aumento desse risco.

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Alimentação Saudável como Prevenção do Câncer de Intestino

O consumo de vinho e de chocolate deve ser estimulado, porém de maneira moderada, visto que o consumo abusivo de álcool e o risco de obesidade pelo consumo de chocolate podem inibir os efeitos benéficos de seus componentes e aumentar o risco para algumas doenças, entre elas o câncer. Hábitos alimentares saudáveis, que cumpram seu papel de prevenção contra doenças crônicas, particularmente o câncer do intestino, devem ser iniciados na infância e seguidos ao longo da vida, ou então adotados em uma determinada etapa da vida e mantidos por longo tempo. É importante que a população saiba que hábitos de vida saudáveis, que incluam uma dieta pobre em gordura saturada e rica em fibras, além da prática de atividade física regular e redução do estresse, são fundamentais para a prevenção de determinadas doenças, principalmente o câncer do intestino. Além dos fatores dietéticos a que nos referimos anteriormente e que estão resumidos na Tabela 9.1, outros fatores que integram o conceito de qualidade de vida devem ser adotados para que os riscos de desenvolvimento de câncer sejam reduzidos – portanto, a interrupção do tabagismo e a prática regular de atividade física também integram a estratégia para a prevenção. Tabela 9.1 Elementos protetores e nocivos para o câncer do intestino Nutrientes protetores

Alimentos protetores

Elementos potencialmente nocivos

Vitaminas A, E, C, D

Soja

Carne vermelha

Cálcio

Couve-flor

Gorduras

Selênio

Uvas*

Enlatados

Fibras

Tomate**

Embutidos

Alho***

Álcool

Açafrão ****

Corantes

* Contêm substâncias protetoras: resveratrol, catequinas. ** Contém licopeno. *** Contém duas substâncias protetoras: dialil sulfeto e dialil dissulfeto. **** Contém curcumina.

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Intestino Saudável – Orientações e Receitas

REFERÊNCIAS Dahm CC, Keogh RH, Spencer EA, Greenwood DC, Key TJ, Fentiman IS, Shipley MJ, Brunner EJ, Cade JE, Burley VJ, Mishra G, Stephen AM, Kuh D, White IR, Luben R, Lentjes MA, Khaw KT, Rodwell Bingham SA. Dietary fiber and colorectal cancer risk: a nested casecontrol study using food diaries. J Natl Cancer Inst 2010; 102(9):614-26. Kim YI. Nutritional epigenetics: impact of folate deficiency on DNA methylation and colon cancer susceptibility. J Nutr 2005;135(11):2703-9. Novotny L, Rauko P, Kombian SB, Edafiogho IO. Selenium as a chemoprotective anti-cancer agent: reality or wishful thinking? Neoplasma 2010; 57(5):383-91. Nystrom M, Mutanen M. Diet and epigenetics in colon cancer. World J Gastroenterol 2009; 15(3):257-63. Pan SY, DesMeules M. Energy intake, physical activity, energy balance, and cancer: epidemiologic evidence. Methods Mol Biol 2009; 472:191-215. Romagnolo DF, Papoutsis AJ, Selmin O. Nutritional targeting of cyclooxygenase-2 for colon cancer prevention. Inflamm Allergy Drug Targets 2010; 9(3):181-91. Tsugane S, Inoue M. Insulin resistance and cancer: epidemiological evidence. Cancer Sci 2010; 101(5):1073-9.

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1. 2. 3. 4.

Salgados, 51 Doces, 71 Bebidas, 79 Receitas para Portadores de Doen莽as Inflamat贸rias Intestinais, 85



Salgados

1



Salgados

PÃO DE QUEIJO COM SOJA INGREDIENTES ■ 1 xícara (de chá) de leite desnatado frio. ■ 1 xícara (de chá) de óleo de canola. ■ 3 ovos batidos. ■ 2 xícaras (de chá) de polvilho doce. ■ 1 xícara (de chá) de farinha de soja. ■ 100g de queijo minas ralado. ■ 50g de queijo parmesão ralado. ■ Sal a gosto.

PREPARO 1. Bata no liquidificador o leite, o óleo, os ovos, o polvilho, a farinha de soja, o sal, o queijo minas e o parmesão ralado. 2. Coloque a preparação em forminhas de papel no 4. 3. Coloque em assadeira e leve ao forno preaquecido a 170ºC por 40 minutos ou até a massa crescer e dourar ligeiramente. 4. Sirva quente.

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CAPPONATA DE BERINJELA EDEL WEGBRAYT INGREDIENTES ■ 1 berinjela grande. ■ 3 tomates médios sem sementes. ■ 1 pimentão amarelo pequeno. ■ ½ maço pequeno de manjericão. ■ 3 talos médios de salsão sem as folhas. ■ ½ xícara (de chá) de azeite de oliva próprio para fritura. ■ 1 cebola pequena picada. ■ 2 dentes de alho amassados. ■ 250g de uva-passa preta. ■ 1 colher (de chá) de açúcar. ■ ½ xícara (de chá) de vinagre de maçã. ■ 10g (2 envelopes) de FiberMais®. ■ Sal a gosto.

PREPARO 1. Picar a berinjela em cubos de 1cm e colocar em um escorredor. 2. Salpicar sal a gosto e deixar por 20 minutos. 3. Lavar a berinjela e secar com toalha de papel. 4. Picar os tomates em pedaços pequenos. 5. Picar em cubinhos pequenos o pimentão, sem as sementes e os filamentos internos. 6. Separar as folhas do manjericão. 7. Picar os talos de salsão em pedaços pequenos. 8. Refogar a berinjela bem seca no azeite previamente aquecido até dourar.

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Doces

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Doces

MUFFIN DE CHOCOLATE INGREDIENTES ■ 1 ½ xícara (de chá) de farinha de trigo. ■ 1 xícara (de chá) de farinha de soja. ■ 1 xícara (de chá) de açúcar. ■ ½ xícara (de chá) de chocolate em pó. ■ ½ xícara (de chá) de água quente. ■ ½ xícara (de chá) de óleo. ■ 2 ovos. ■ 2 colheres (de chá) de fermento em pó.

PREPARO 1. Peneirar juntos os ingredientes secos. 2. Acrescentar a água, o óleo e os ovos, misturando todos os ingredientes até formar uma massa homogênea. 3. Por último, incorporar o fermento em pó, mexendo levemente. 4. Colocar a massa em fôrmas individuais para muffin. 5. Levar ao forno preaquecido à temperatura de 180ºC por 10 minutos.

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BISCOITO DE AVEIA INGREDIENTES ■ 1 xícara (de chá) de farinha de trigo integral. ■ ½ xícara (de chá) de aveia de cozimento rápido. ■ 1 colher (de sopa) de fermento em pó. ■ 1 colher (de chá) de açúcar granulado. ■ ½ colher (de chá) de sal. ■ ¹/³ xícara (de chá) de margarina. ■ ¹/³ xícara (de chá) de leite.

PREPARO 1. Em uma tigela, misture os ingredientes secos. 2. Corte a margarina até desintegrar-se. 3. Adicione o leite e misture bem. 4. Distribua a massa em uma camada fina de 2cm de espessura, corte em 9 círculos. 5. Asse em forno preaquecido a 220ºC, por 12 a 15 minutos ou até dourar.

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Bebidas

3



Bebidas

COQUETEL DE FRUTAS INGREDIENTES ■ 1 xícara (de chá) de suco de laranja. ■ Suco de 1 limão. ■ 1 xícara (de chá) de água. ■ 4 morangos. ■ 1 colher (de sobremesa) rasa de adoçante. ■ 1 colher (de sopa) de FiberMais®. ■ 1 folha de hortelã para decorar.

PREPARO 1. Misture todos os ingredientes no liquidificador. 2. Peneire em seguida. 3. Coloque o coquetel em taças. 4. Decore com folha de hortelã. 5. Sirva gelado ou com 1 pedra de gelo.

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Intestino Saudável – Orientações e Receitas

COQUETEL DE ABACAXI INGREDIENTES ■ 3 xícaras (de chá) de abacaxi picado. ■ 1 colher (de sopa) de hortelã picada. ■ ½ colher (de chá) de gengibre picado. ■ 1 xícara (de chá) de água. ■ 1 colher (de sopa) de açúcar. ■ 5g (1 sachê/colher de sopa) de FiberMais®.

PREPARO 1. Corte todos os ingredientes, elimine as cascas. 2. 1 colher (de sopa) de FiberMais®. 3. Misture tudo no liquidificador. 4. Peneire em seguida. 5. Coloque o coquetel em taças. 6. Decore com folha de hortelã. 7. Sirva gelado ou com 1 pedra de gelo.

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Receitas 4 para Portadores de Doen莽as Inflamat贸rias Intestinais



Receitas para Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais

TOMATES RECHEADOS INGREDIENTES ■ 2 tomates grandes. ■ 1 colher (de chá) de azeite. ■ 1 colher (de chá) de sal. ■ ½ xícara (de chá) de queijo minas fresco ralado. ■ 1 colher (de sopa) de cebolinha verde picada. ■ 2 medidas de Modulen®* IBD.

PREPARO 1. Corte uma tampa dos tomates e retire as sementes com o auxílio de uma colher. Reserve. 2. Em uma tigela, misture o azeite com o sal, o queijo, a cebolinha, o Modulen® e 3 colheres (de sopa) de água. 3. Recheie os tomates e sirva.

*

Modulen® – dieta enteral especializada para portadores de doenças inflamatórias

intestinais.

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Intestino Saudável – Orientações e Receitas

PURÊ DE ABÓBORA INGREDIENTES ■ 300g de abóbora descascada. ■ 1 colher (de chá) de sal. ■ ½ colher (de sopa) de margarina light. ■ 1 colher (de sopa) de salsa picada. ■ 12 medidas de Modulen® IBD.

PREPARO 1. Corte a abóbora em cubos e cozinhe em ½ xícara (de chá) de água com o sal, por cerca de 15 minutos ou até secar a água. 2. Retire os cubos de abóbora da panela e amasse-os com um garfo. 3. Misture a margarina, a salsa e o Modulen® até ficar homogêneo. 4. Sirva em seguida.

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