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FLOW/AM - VINICIUS VILÉLA

Como surgiu o interesse de ser skatista?

Me interessei pelo esporte bem pequeno, mas nessa época eu não nem o que era. Depois vi na tv e na internet um cara andando de skate e fui tentar, meus pais compraram um skate que vendia em um mercado e foi ali que começou. Não me importei muito com as quedas e machucados. O skate surgiu em uma época que eu não tinha muita facilidade de fazer amigos e gostava porque gastava as energias daquele moleque hiperativo. Dos 5 aos 12 andando sem nenhum compromisso. Dos 13 aos 22 treinando para evoluir e estudando para ser um ótimo personal skater futuramente!

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Seus treinos e preparos físicos?

Treino todos os dias, não treino skate quando estou em semanas de provas aí fico uns dias sem andar. Meu preparo físico é exercícios de flexibilidade e mobilidade e treinos de fortalecimento feitos em casa.

Você está trabalhando em alguma vídeo parte?

Ainda não! No momento só criando conteúdos no meu perfil.

Uma trip que marcou sua caminhada no skate?

Goiânia crew ataque 2020 e 2022.

Sua caminhada para se profissionalizar?

Está sendo difícil, mas sempre penso positivo. Estou me graduando em educação física e meu tcc vai ser voltado para o skate e espero que isso ajude.

Trabalho em Competições?

Participei de uma e organizei algumas na minha cidade juntamente com meu parceiro da Ventura gym.

Seus patrocinadores que fortalecem seu skate no dia a dia?

Não tenho patrocínio!

Oque é patrocínio e apoio de skate para você?

É alguém que te apoia, que te ajuda e te fortalece nos momentos que você mais precisa. Que te manda umas peças quando você mais precisa que te leva para competir. É uma família para mim.

Se você tivesse o poder de mudar o cenário do skate para melhor, o que você mudaria?

“Para mim, o cenário ideal seria aquele em que

VINICIUS VILÉLA

22 ANOS, 6 ANOS DE SKATE, BRASÍLIA-DF / @_VINI.20

Fotógrafo: Niklas - @nstephanfotografia Manobra: Heelflip

tivéssemos uma infestação de pistas de skate, e de valores que o skate transmite para nossa sociedade. Trazer uma pista de skate para um bairro que não tem nada é trazer um pedaço de vida para aquela comunidade” (Pedro Barros) É dessa forma que eu vejo e muitos também veem, muito mais simples do que pensar que o skate tem que ser uma indústria, que tem que fazer muito dinheiro. Se vivêssemos em uma sociedade que a gente pudesse viver em paz, não precisaríamos de muito dinheiro.

Influências no skate?

Rodney Mullen , Tiago Lemos , Cris Joslin , Tony Hawk e Lua de Oliveira.

Viagem dos sonhos?

Para fora do Brasil.

Mensagem e Agradecimento...

Skate é uma arte , vamos desenha nossos caminhos , a caminhada é longa então nunca desista! Obrigado a todos que sempre estão comigo!

Quando você decidiu que gostaria de ser skatista e embarcou na jornada, como foi esse início?

Eu gostaria de poder dizer que o skate sempre foi algo mágico para mim, que eu sempre quis ter um porque via uma galera andando e coisas do tipo, mas esse não é o meu caso. Quando pequeno nunca via pessoas com skate por onde moro, muito menos pistas. Mas tenho uma lembrança de sempre ver um menino passar na frente da minha casa com o skate na mão, indo para algum lugar, mas nunca remando, pois as ruas na região onde moro são de paralelepido e as que são asfaltadas geralmente possuem um número maior de buracos que de moradores. Sempre que eu o via não entendia muito bem do porquê do skate na mão, já que nunca via ele andando, então achava meio sem utilidade. A minha visão sobre o skate começou a mudar anos depois, quando um amigo levou o skate dele na última semana de aulas da escola e eu pedi para ele deixar eu remar no pátio. Aquele dia foi muito engraçado e legal ao mesmo tempo, porque eu tentava e caia, tentava novamente e tropeçava, até que uma hora eu consegui e a sensação de ficar em cima do skate andando foi muito boa, algo inesquecível. Depois daquele dia passamos a ir aos finais de semana no Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo, para ficarmos remando por lá junto a outros amigos. Certo dia reencontrei um antigo colega com quem costumava dançar breakdance na época da escola quando eu tinha por volta de 15 anos. Eu havia praticado Break por mais ou menos 1 ano e meio, mas acabei deixando de lado por não me adaptar bem à cultura e por não me sentir 100% conectado à dança, por mais que eu admirasse a galera, a cultura e treinasse quase todos os dias. Esse colega também havia parado com o Break, e quando nos reencontramos, foi o momento em que tudo mudou, porque ele tinha começado a andar de skate e começou a me mostrar algumas manobras que misturavam elementos do Break com as manobras de skate, principalmente as manobras de Handstand (paradas de mão), comentando que nós poderíamos usar ‘coisas’ do breakdance no skate. Sempre admirei coisas que poucas pessoas conseguissem fazer, que tivessem um toque delas em fazer coisas únicas/pouco comuns, e ao ver aquelas manobras, além de confuso, senti que era possível eu também aprender aquelas coisas e poder usar a minha criatividade para criar ainda mais. Depois daquele dia, a minha mente não parou mais de pensar nas possibilidades e coisas que eu poderia criar usando o skate. Foi como se um mundo de possibilidades de repente se abrisse para mim. Isso tudo aconteceu muito rápido, desde a minha primeira vez remando até aquele momento de ver essas manobras inusitadas desse meu colega foi um mês ou menos, e com 18 anos, tendo acabado de sair da escola, sem ter a mínima noção do que fazer em relação a uma carreira e futuros estudos, eu sabia que andar de skate seria algo que eu gostaria de continuar, mesmo que aos finais de semana, para poder me

MARCIO TORRES

27 ANOS, 9 ANOS DE SKATE, SÃO PAULO/SP PRO SKATEBOARDS

@marciotorressb

Fotográfo: Kleber Harnebach - @sk8nofront Manobra: Tail Stall Finger 360 Flip

expressar através das manobras e poder compartilhar momentos com pessoas que também estavam no rolê pelo o amor ao skate. Desde então, o skate se tornou presente na minha vida, mas de outra forma. O skate no começo para mim era UMA COISA dentre outras que eu gostava, e hoje, o skate se tornou A COISA para mim, como nenhuma outra coisa ou alguém jamais se tornou ou é até hoje na minha vida.

Ser capa de revista de skate é uma grande conquista, como está sendo essa realização para sua carreira no skate?

Essa realização é algo imenso para mim, pois não esperava que tal oportunidade um dia surgiria. Em poucas palavras, é uma honra.

Porque você escolheu o Freestyle?

A princípio eu fazia manobras de Freestyle sem saber o que era o Freestyle. Assim como hoje em dia, eu gostava de andar de skate e aprender manobras independente da modalidade. No começo eu tinha uma grande facilidade em aprender as manobras de Freestyle provavelmente por conta do breakdance, que me proporcionou uma boa base de handstands por exemplo. Um outro motivo é que eu não conhecia pistas de skate, então andava somente em chão planos que eu encontrava, fazendo manobras de solo. Comecei a conhecer o que era o Freestyle depois de ver um vídeo do Rodney Mullen, mas era um Freestyle ainda mais criativo por misturar as manobras de Free com o Street, o que me fascinava ainda mais. Por ter uma certa facilidade e um repertório considerável de manobras de Freestyle, comecei a participar de competições da modalidade e de certa forma ficar cada vez mais preso a ela.

Hoje como é o seu dia a dia no skate?

O meu dia a dia no skate hoje é um tanto quanto corrido, pois concilio academia, fisioterapia esportiva, afazeres com o meu canal no Youtube e um descanso apropriado com as minhas sessões de skate. Tento seguir uma rotina para que eu possa andar por volta de 7 vezes na semana e ainda ter tempo de fazer todas as outras coisas. Sou o criador do canal WOW SKATEBOARD, que comecei no início deste ano. É um canal onde não quero ter uma exclusividade só para o meu skate, mas sim poder abranger diversos rolês, o skate dos meus amigos e de outros skatistas também. Poder ensinar manobras, dar dicas para o pessoal, divulgar pistas e picos para que a galera conheça e muito mais. O canal ainda não tem uma equipe, sendo assim, sou eu quem faz praticamente 100% de tudo o que está lá, roteiros, gravações, edições e postagens. Mas claro, boa parte das vezes tem um amigo ou outro que me ajuda com as filmagens e ideias.

Conte sobre uma trip que marcou sua caminhada no skate?

A trip que marcou a minha caminhada no skate foi a viagem que fiz para o Canadá em 2017, que foi o ano em que me tornei o primeiro brasileiro campeão mundial de Freestyle no campeonato The World Round Up (TWRU) que ocorre anualmente. Essa trip não foi especial apenas por conta desse título, mas sim porque foi o ano em que fui para lá e consegui me comunicar com todo mundo por eu ter aprendido inglês, estudando sozinho em casa durante 10 meses.

No ano anterior (2016) eu havia ido competir lá também, mas eu não sabia falar e não conseguia entender nada em inglês, e voltarem 2017 e poder conversar com todos foi a melhor parte dessa trip.

Fale um pouco dos patrocinadores que fortalecem seu skate no dia a dia?

Infelizmente não tenho e nunca tive nenhum patrocinador formalizado através de um contrato, que ofereça remuneração para bancar as minhas despesas e coisas do tipo. Em relação a parcerias, tenho como parceiro um dos melhores centros fisioterapêuticos do Brasil, a Ultra Sport Science, onde faço treinos preventivos e que estão sempre à disposição caso eu venha precisar de cuidados com alguma lesão. O CDC Arena Radical também é um parceiro que Fotográfo: Kleber Harnebach - @sk8nofront Manobra: No Hands

disponibiliza total acesso para treinos, para fazer gravações para o canal WOW SKATEBOARD e também descontos em produtos da skateshop. Em relação a peças de skate, alimentação, urgências médicas e contas a pagar, me mantenho através de trabalhos relacionados ao skate, como monitoria de pista, apresentações esportivas (que já somam mais de 70 pelo mundo), eventos, gravações para propagandas e figurações, redes sociais e coisas relacionadas.

Conte um pouco sobre suas correrias em competições?

Comecei a participar de competições em 2014, um ano depois de ter começado a andar de skate. Participei de várias etapas brasileiras e 3 etapas mundiais. 2015 fui classificado 1º campeão brasileiro de Freestyle (Iniciante) 2016 ganhei um título mundial de melhor manobra no TWRU que ocorre no Canadá 2017 me tornei o primeiro brasileiro campeão mundial de Freestyle no TWRU como amador 2018 outro título mundial de melhor manobra no TWRU 2020 e 2021 vice campeão brasileiro de Freestyle 2022 atual campeão brasileiro de Freestyle

Conte como estão os projetos para 2023?

Tenho como foco para o próximo ano trabalhar ainda mais no canal WOW SKATEBOARD para que venha ganhar ainda mais visibilidade e trazer diversas outras oportunidades de divulgação, tanto em relação ao meu skate como ao skate de outras pessoas que não estão no famoso ‘GAME’ do skate. Também tenho em mente focar na minha Video Part e poder levar a visão do skate criativo e sem regras através das minhas apresentações esportivas ao redor do mundo.

O que o skate proporciona para sua vida?

O skate na minha vida, me proporciona sentido.

Como foi se tornar profissional no skate?

Sinceramente, não foi algo que eu tinha como objetivo, pois eu apenas queria andar de skate. Mas como eu queria poder viver do skate para que eu pudesse continuar andando e não ter que arrumar um trabalho formal, vi o profissionalismo como algo útil para a minha carreira.

Por mais que eu já soubesse que o Freestyle era e ainda é uma modalidade pequena ao redor do mundo, principalmente no Brasil e que eu talvez nunca conseguisse um patrocínio de uma marca que acreditasse e apoiasse a forma com que eu andava, decidi seguir em frente com a profissionalização para que eu pudesse me beneficiar de outras formas para conseguir manter o meu skate.

Como você enxerga a cena do Freestyle hoje?

Ando um pouco afastado da cena do Freestyle ultimamente, mas creio que não tenha mudado muito. Por eu acabar misturando o Freestyle com outras modalidades, acabo sendo excluído de certa forma por alguns da modalidade, tendo vídeos banidos em grupos de Freestyle por alegarem que o Freestyle é somente manobras de solo e coisas do tipo e até mesmo tendo manobras censuradas em uma competição online de nível mundial. Por conta de alguns ocorridos do tipo acabei preferindo me distanciar um pouco mais da modalidade e focar mais na forma em que gosto de andar de skate, fazendo o que eu quero, onde eu quero, independente de rótulos de modalidades e regras. Não deixo de participar das competições, pois tenho amigos e é sempre bom rever o pessoal, ver as manobras novas de cada um e curtir o momento, e por mais que eu seja um profissional através da modalidade, não me prendo somente ao Freestyle, porque gosto de ser livre para andar de forma que eu me divirta, seja usando uma rampa, borda, corrimão ou um bowl.

Infelizmente, através das minhas experiências, uma boa parte da comunidade do Freestyle mostrou que a modalidade não é tão ‘Free’ assim.

Quais são suas influências?

Tenho muitas influências, fica até difícil citar todo mundo, mas os que me vem em mente agora são: Rodney Mullen, Daewon Song, Andy Anderson, Ben Koppl, Sergio Santoro, Marbie e muitos outros.

Como funcionam as suas apresentações esportivas?

As apresentações esportivas são um mini show, geralmente de Freestyle, que faço principalmente para crianças em escolas, clubes, parques e eventos. Ao todo já realizei mais de 70 apresentações pelo o mundo, para pessoas de todas as idades e em diversos locais como no Faustão na Band, Rede Vida, no maior evento da América Latina da Shimano Fest e em muitos outros lugares.

Você tem um canal no youtube? Como é ser um criador de conteúdos?

Sim, sou o criador do canal WOW SKATEBOARD, quel comecei no início deste ano. É um canal onde não quero ter uma exclusividade só para o meu skate, mas sim para poder abranger diversos rolês, o skate dos meus amigos e de outros skatistas também. Poder ensinar manobras, dar dicas para o pessoal, divulgar pistas e picos para que a galera conheça e muito mais. O canal ainda não tem uma equipe, sendo assim, sou eu quem faz praticamente 100% de tudo o que está lá, roteiros, gravações, edições e postagens.

Fotográfo: Fernando Alves - @fernando4lves Manobra: Fakie BS No Comply Big Spin

Mas claro, boa parte das vezes tem um amigo ou outro que me ajuda com as filmagens e ideias. Ser um criador de conteúdo não é uma tarefa muito fácil, especialmente no começo que fazemos praticamente tudo sozinhos, mas é uma aventura.

Sempre quis poder fazer vídeos longos para postar com frequência, mas quem trabalha com o Instagram, Facebook e TikTok sabe como é difícil produzir vídeos com mais de 10 segundos e conseguir atingir um público grande, já o Youtube proporciona essa liberdade. O canal tem vários quadros, ensinando manobras em português e em inglês, desafios, missões para acertar uma manobra nova ou 100 manobras de uma categoria e muito mais.

Defina, pra você, o que é ser um skatista! E fica aberto o espaço para agradecimentos...

Ser skatista para mim é ser livre, livre para poder andar e me expressar através das manobras, ser criativo e único. Poder se conectar com outros skatistas ao redor do mundo, compartilharmos nossas vivências e modos como vemos e vivemos o nosso skate.

E claro, ser um skatista está muito além de acertar manobras. As manobras são apenas uma parte do todo, e o todo, só quem é e vive, sabe.

Eu gostaria de agradecer a todos que me apoiam nesse corre do skateboard, são muitos os nomes para lembrar neste momento, mas quero que todos vocês todos saibam que hoje cheguei até aqui graças a vocês. que vivemos, onde são pouquíssimos os que conseguem patrocinadores e apoiadores nesse corre do skate. Mas quem quer dá um jeito, e eu sempre darei o meu jeito de poder continuar andando de skate, levando alegria para as crianças através das minhas apresentações, ajudando outros através dos meus vídeos do canal e me sentindo completo ao andar de com o meu skate onde quer que eu esteja, independente de modalidade ou regras.

Um agradecimento especial a Ultra Sport Science e Arena Radical pela parceria que temos e aos fotógrafos Kleber Rodrigues, Fernando Alves e Anthony Kunze que me ajudaram com a missão das fotos e a Deccs Magazine por essa oportunidade. Bora andar de skate e se divertir.

Fotográfo: Fernando Alves - @fernando4lves Manobra: Low Fly to Fakie

Fotográfo: Fernando Alves - @fernando4lves Manobra: Switch Five-O

Fotográfo: Fernando Alves - @fernando4lves Manobra: Switch 180 Handstand Flip

MARCIO TORRES

Fotográfo: Kleber Harnebach - @sk8nofront