O Bazófias - Número 35

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Cinema

O entrevistado contará as duas versões da história, facto que deixa o jornalista deveras confuso. Depois, seguindo simultaneamente estes dois rumos, Nemo recordará os seus tempos de adolescente e contará o que foi apaixonar-se (algo, que podemos perceber pelas entrelinhas que não acontecerá no futuro) e o que um “sim” ou um “não” podem mudar uma vida... Uma história a 2 ou uma distância descomunal... Mais uma vez, o repórter não acompanha a narrativa... E para finalizar, Mr. Nobody, com 34 anos vivendo o resultado das suas escolhas que podem passar por um grande amor reencontrado passados vários anos, um casamento com uma rapariga desequilibrada, temperamental, que acaba por colocar entraves à felicidade tendo que lidar com os filhos sendo um pai dedicado e derretido (que sem dúvida era), apoiando sempre a mulher e assim por vezes sujeitando-se a duros e injustos insultos que magoam mas que acaba por perdoar, dado que apenas quer a família feliz, ou ainda, uma vida de sonho, com tudo o que pudesse alguma vez ter imaginado, mas terá de partilhá-la com alguém que não era propriamente o seu grande amor... Num misto de teorias científicas que englobam desde o Big-bang até à mais pequena partícula, com dimensões de diferentes naturezas, universos paralelos... “Porque é que um cigarro já fumado não pode voltar a ser um

cigarro?” “O que leva o tempo a correr sempre na mesma direcção” até à mais elementar mas que nem por isso menos curiosa “será que nós realmente existimos?” Uma narrativa subjectiva rodeada de ficção científica e que demonstra que há sempre uma alternativa forte e completamente oposta à vida que temos mas, mais uma vez, não há escolhas certas ou erradas... há decisões que têm que ser tomadas em instantes e que mudam a nossa vida para sempre. Para melhor ou pior...? Talvez até nos conduzam para o mesmo fim... ou então não. Falando agora a um nível pessoal, gostei bastante deste filme dado que faz pensar e analisar a vida sob diferentes perspectivas. Um filme pouco falado mas que merecia um maior reconhecimento do público em geral. É pena que não tenha estreado em Portugal. Daqueles que não queremos que acabem pois não são previsíveis e em que, aliás, só percebemos qual foi a real vida do protagonista praticamente no final. É algo que hoje em dia é

raro e talvez por isso, tão bom. Um guião original, uma história fora do comum e com performances igualmente boas. Saliento o desempenho de, Thomas Byrne que interpreta o Mr. Nobody com apenas 9 anos de idade e que, sendo um actor ainda jovem, revelou grandes capacidades, Toby Regbo, a mesma personagem, agora com 1 5 anos, Juno Temple, que interpreta Anna com 1 5 anos, Natasha Little, e por último, mas de todo o pior, Jared Leto, que interpreta Nemo com 34 e também com 11 7 anos. Este mais conhecido no mundo do cinema pelo filme “Requiem for a dream” (2000), conseguiu prender-me à história durante todo o filme graças a uma interpretação fiel e realista, tal como já é seu hábito. Um filme que recomendo vivamente a todos que gostem de ficção científica, mas não só. Vale a pena. ● Ana Laura Martins

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