O Hospital de Todos-os-Santos

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Quanto ao primeiro aspecto, não podemos de modo algum omitir as iniciativas levadas a cabo pela Rainha D. Leonor, cujo impacto se sentiu não só em Portugal como nas diversas partes do mundo a que os portugueses chegaram, tal como será mais adiante referido. Convirá no entanto realçar que já antes da fundação da Nacionalidade a acção das mulheres se fazia sentir no âmbito da Assistência em geral, intimamente relacionada com uma assistência em sentido mais restrito: a prestação de cuidados de saúde. É o caso, por exemplo das albergarias, onde temos a destacar as iniciativas de D. Teresa, a quem se devem as Albergarias de Mesão Frio, Moledo, Amarante, Marco de Canaveses e Albergaria-a-Velha. Esta última, fundada em 1120, situava-se num ponto de intercepção de onde partiam vias para Lisboa, Porto, Aveiro e Viseu, sendo destinada aos viajantes pobres que aí eram tratados se estivessem doentes. As albergarias acumulavam, pois, as funções de abrigo e de prestação de cuidados de saúde. Daí que Maximiano de Lemos (LEMOS, 1991) afirme mesmo que os primeiros hospitais que possuímos foram as albergarias. Outro exemplo caritativo é o da mulher de D. Afonso Henriques, D. Mafalda: por todo o território já conquistado pelo marido, que ia até ao rio Tejo, nas localidades e sítios ermos onde os viandantes mais carecessem de socorro e descanso nas suas peregrinações, fundou albergarias e também gafarias. A albergaria mais antiga fundada por D. Mafalda teria sido a de Canaveses no Douro. Ali havia camas para nove peregrinos com lume, água e sal. A Rainha teria mesmo deixado alguns bens pessoais a esta albergaria para que ela pudesse sobreviver, como, por exemplo, uma quinta, rendas, moinhos e foros. Teria igualmente fundado em Penacova outra albergaria de pobres, um pequeno hospital e uma gafaria para doentes leprosos. Também em Eregos, na Beira Alta, D. Mafalda fundou uma gafaria. Na Ameixoeira, próximo de Lisboa, teria instituído outra albergaria para romeiros. As Princesas Santa Teresa e Santa Sancha (filhas de D. Sancho I) teriam dedicado a sua vida a tratar dos pobres e doentes, sobretudo leprosos. A elas se deve a fundação da gafaria de Coimbra. – 27 –


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