Uma viagem de circum-navegação

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Agrupamentos de Escolas de Silves Sul e Silves Rede de Bibliotecas do Concelho de Silves

Uma viagem de

circum-navegação

Autores e ilustradores:

Alunos do 4º ano do concelho de Silves 2019/2020


Com a publicação deste livro digital encerramos o ano letivo de 2019/2020. Os textos e ilustrações foram realizados por alunos do 4º ano de escolaridade, de todas as escolas do Concelho de Silves.

O livro foi realizado no âmbito do projeto Navegar com a Biblioteca Escolar que assinala a comemoração dos quinhentos anos da primeira viagem de circum-navegação.

Muito obrigado a todos os professores pela parceria na realização desta atividade.

Parabéns a todos os alunos por esta história fantástica.

Rede de Bibliotecas do Concelho de Silves


Astrolábio é um cão muito aventureiro, gosta do mar e já deu muitas voltas com o seu dono, o Fernando, no pequeno barco de pesca do pai. O Fernando também gosta do mar e de navegar, estuda em Lisboa e é um dos cadetes selecionados para participar na viagem de circumnavegação do navio-escola Sagres. Pela primeira vez, o Astrolábio terá de ficar em casa à espera do seu mestre durante um ano, ou talvez não… Vamos imaginar.


o dia da partida, os familiares e os amigos estavam reunidos a abraçar os jovens marinheiros. Estavam todos felizes, pois, hoje em dia com as novas tecnologias a viagem iria ser muito segura e seria uma grande aventura. O Fernando despediu-se da mãe, do pai, da avó, do avô e do Joaquim, o irmão mais novo. O Joaquim estava a chorar, mas o Fernando explicou-lhe que voltaria em breve e que, graças à Internet, poderiam ver-se quase todos os dias. O Fernando sabia que não ia nesta viagem para descansar, ele queria ser marinheiro e ia aprender a navegar, num grande veleiro, com uma tripulação que não conhecia.


O navio saiu do porto, a bordo os marinheiros acenavam para os familiares. Fernando pensou no Astrolábio, o seu cão, que desaparecera e de quem não se tinha despedido. Onde estaria o Astrolábio? O Astrolábio era um cão inteligente, aproveitando a emoção da despedida, subiu a bordo e escondeu-se dentro de um bote de salvamento. O Fernando foi arrumar o seu saco no camarote e subiu ao convés para cumprimentar o capitão e os companheiros de viagem. O Fernando era responsável pelo manuseamento das velas e começou logo o seu turno. Um bando de golfinhos acompanhou o navio.

A viagem até

Espanha durou dois dias. Choveu durante a noite, Astrolábio lambeu as gotas para saciar a sede. Em Tenerife, durante a escala, receberam a visita de muitos turistas curiosos que queriam conhecer o navio por dentro.

Alunos da escola EB1 de São Marcos da Serra


Enquanto os turistas visitavam o barco, Astrolábio permanecia quieto e calado dentro do bote de salvamento. Os dois dias findaram e seguiram viagem rumo a Cabo Verde. Durante a viagem começaram a ouvir ruídos estranhos e persistentes. Procuraram pelo navio, verificaram o funcionamento das máquinas, os níveis de combustível. Certificaram-se que toda a tripulação estava bem. E começaram a ficar preocupados e intrigados. Ao fim de algumas horas, o barulho

intensificou-se

e

foi

possível perceber que vinha do exterior do barco. O comandante decidiu que o melhor seria fazer uma paragem forçada na ilha de El Hierro e verificar o que se passava. Algumas milhas mais tarde, guinaram a embarcação, largaram a âncora e pararam na linda ilha de Valverde em El Hierro. Toda a tripulação iniciou a busca para descobrir o mistério dos barulhos esquisitos. Mas, curiosamente, o barulho deixou de se ouvir. - Que estranho! - disseram todos em uníssono. Era de facto muito bizarro tudo o que se estava a passar. Como poderiam desvendar o mistério se já não se ouvia nada? Astrolábio, que era um cão muito esperto, manteve-se calado e quieto, pois sabia que podia ser descoberto e ele não queria isso. Mas por outro lado tinha muita fome e já não aguentava a sede. Na popa do barco, o comandante reuniu com toda a tripulação e decidiram continuar a viagem pois acreditavam que se tratava de um falso alarme.


Enquanto essa reunião decorria, Astrolábio saiu do bote de salvamento e com o seu faro apurado correu até ao porão, onde guardavam alguns mantimentos. Com as suas unhas afiadas, abanou a prateleira e de lá caíram dois frascos de salsichas que se partiram no chão. No meio daquela confusão, Astrolábio comeu as salsichas todas, quase sem respirar, e por fim rompeu um garrafão de água e bebeu como se não houvesse amanhã. Depois escondeu-se por trás de umas caixas de conserva de atum, e ali permaneceu quieto e calado. Entretanto, divertida e animada, mas um pouco cansada, a tripulação regressou aos seus lugares e preparou-se para retomar a viagem. Naquele barco não se falava noutra coisa... O que teria sido aquele barulho? Será que ouviram mal?... Puxaram a âncora, ergueram o mastro, o comandante assumiu o leme e seguiram viagem. No dia 19 de janeiro chegaram a Cabo Verde, onde iriam permanecer três dias.

Alunos da escola EB1 de Portela


Na primeira noite em Cabo Verde, Astrolábio, de barriga cheia, deixouse dormir. Sonhou e, durante o sonho, empurrou as latas que caíram num grande estrondo. Os marinheiros de vigilância naquela noite correram até a despensa dos mantimentos e espantados descobriram o cão todo atrapalhado no meio das latas. Chamaram o capitão que decidiu deixar o animal na despensa até encontrar onde o deixar. No dia seguinte, durante as visitas dos turistas, uma menina viu uma gaivotinha e foi atrás dela, afastando-se dos pais. Quando deram pela falta da filha, os pais avisaram a tripulação e todos procuraram a criança. Entretanto, Astrolábio estava preocupado. O que iria acontecer? O melhor era procurar o Fernando. Astrolábio mexeu no puxador com a pata, a porta não estava trancada e abriu-se. Astrolábio correu à procura de Fernando, viu muita gente a bordo, as pessoas pareciam estar todas aborrecidas ou preocupadas e não repararam nele. Ao descer para os camarotes, reparou numa menina que estava a chorar. Aproximou-se dela, a menina acariciou-o e contou que estava perdida. Astrolábio percebeu a situação e ladrou para chamar a atenção de todos. Os pais da menina agradeceram ao capitão, aos marinheiros e ao Astrolábio. Pensavam que o cão fazia parte de tripulação. Perante o entusiasmo dos turistas que tiravam selfies com Astrolábio, o capitão decidiu que o animal iria permanecer a bordo. Deixaram Cabo Verde a 22 de janeiro rumo ao Brasil. O Fernando ficara muito surpreendido com a presença de Astrolábio, mas gostou de saber que iriam continuar a viagem juntos. Logo no primeiro dia de viagem, o barulho estranho fez-se ouvir novamente. Os marinheiros, intrigados,

olharam

uns

para

os

outros.

Astrolábio

percebeu

imediatamente de onde vinha esse som esquisito e ladrou para o grupo de tartarugas que batia no casco do navio com as carapaças. Alunos da turma 4ºA da escola EB2,3 João de Deus de São Bartolomeu de Messines


As tartarugas estavam a chamar a atenção porque o seu habitat natural estava poluído. O Fernando espreitou do convés e viu cinco tartarugas. Uma delas parecia estar extremamente aflita, algo colorido flutuava à volta dela, parecia um saco de plástico. Outros marinheiros aproximaram-se para ver o que se passava. Com o Fernando, pegaram numa rede e levaram a pobre tartaruga a bordo. O Davi e o Kayo, dois marinheiros de origem brasileira, ajudaram o Fernando a libertar o pobre animal. Cortaram cuidadosamente os plásticos que estavam enrolados na tartaruga, certificaram-se que ela não estava magoada e devolveram-na ao mar. As tartarugas nadaram em roda, parecia uma dança de agradecimento e mergulharam. A travessia do oceano Atlântico correu bem e, no dia 10 de fevereiro, chegaram ao Brasil. Atracaram no Rio de Janeiro. O Davi e o Kayo estavam extremamente felizes porque chegavam à sua pátria. O Fernando, o Pedro e o Miguel tinham cinco dias de descanso tal como o Davi e o Kayo que estavam ansiosos por dar a conhecer um pouco do seu país aos seus companheiros.

No primeiro dia, os amigos resolveram visitar a cidade de Rio de Janeiro. O primeiro monumento que quiseram ver de perto foi o Cristo Redentor. Ficaram encantados com a paisagem que podiam avistar daquele ponto tão alto.


O Fernando lembrou-se do seu país porque associou o Cristo Redentor ao Cristo Rei, ambos de braços abertos, virados para a cidade, e sentiu saudades de casa. Eram quase duas da tarde, começaram a sentir fome. O Kayo e o Davi lembraram-se que podiam levar os seus amigos a provar algumas iguarias típicas do Brasil. Resolveram ir almoçar ao bairro de Santa Teresa e optaram por subir ao bairro através das suas escadas ladrilhadas de belos azulejos. Provaram pão de queijo, feijoada brasileira com farofa, e para terminar a sua refeição provaram açaí com leite em pó, bolo de fubá, brigadeiros e beijinhos. Beberam água de coco, suco de acerola e de pitaya.

No dia seguinte, foram visitar familiares e amigos que viviam em Minas Gerais. Fizeram a viagem de ônibus e puderam observar vários lugares belíssimos que surgiram ao longo do caminho. Viram o lago da Pampulha onde vivem um jacaré e capivaras.


Chegados a Minas Gerais, os marinheiros conheceram a Bianca, a Iasmin, a Clara e a Nathália, amigas de Kayo e Davi. Juntos foram ao parque Guarabara, assistiram a um jogo de futebol, visitaram a cidade de bicicleta e mergulharam nas belas cachoeiras naturais. No momento da despedida, depois de cinco dias maravilhosos, a D. Maria Francisca, avó da Nathália, ofereceu um suco de cupuaço aos marinheiros para continuarem a sua viagem fortes e saudáveis.

Alunos da turma 4ºB da escola EB2,3 João de Deus de São Bartolomeu de Messines



Enquanto trabalhava, o Fernando podia admirar a costa da América do Sul, as praias maravilhosas e as cidades que à noite brilhavam como estrelas. Fizeram uma escala em Montevideu no Uruguai. Havia muitas tarefas a bordo e os dias passavam muito rapidamente. Ao fim do dia Fernando ligava o computador para enviar mensagens e fotografias à família e falar com o Joaquim pelo Skype.

No dia 28 de fevereiro, o navio chegou a Buenos Aires, era o dia de aniversário do Davi. O Fernando e os companheiros solicitaram uma autorização especial ao capitão para irem almoçar no bairro La Boca. O Astrolábio também seguiu com o grupo para um restaurante onde provaram empanadas mendocinas, beberam um sumo que sabia a doce de leite e terminaram com um sorvete no qual colocaram uma vela para o Davi. Cantaram os parabéns em português. Os clientes do restaurante cantaram em espanhol e todos juntos aplaudiram muito. O grupo dirigiu-se a seguir para o campo de futebol La Bombonera onde assistiu a um jogo amigável entre duas seleções: Argentina VS Portugal. Nas bancadas do estádio, o Astrolábio separou-se do grupo para ver de perto uma ave muito colorida que não parava de gritar ”Golo! Golo! Golo!”. Intrigado, o Astrolábio perguntou: - Quem és tu? Porque é que gritas como os humanos? - Chamo-me Matias, sou um papagaio da espécie guacamayo rojo, e tu quem és? - O meu nome é Astrolábio faço parte da tripulação do navio escola Sagres. - O belo navio amarrado no porto com os grandes mastros? - Sim, saímos de Portugal e estamos a dar a volta ao mundo. O Matias estava impressionado e, de repente, perguntou: - Gosta de música?


- Sim porquê. - Queres conhecer o Tango? - O que é o Tango? - Uma música e uma dança tradicionais da Argentina. - Não sei dançar, mas gostava de conhecer. - Então vem comigo, o meu dono treina numa escola não muito longe daqui. Astrolábio olhou para os marinheiros entretidos com o jogo e seguiu o papagaio pelas ruas de Buenos Aires até uma casa colorida com o nome de “Escuela de Tango”. Da rua, o Astrolábio já conseguia ouvir a música e gostou do ritmo. Quando entrou, ficou encantado com os vestidos coloridos e os fatos dos bailarinos que dançavam a par. O Matias abanava a cabeça ao ritmo da música. O Matias e o Fernando conversaram e até experimentaram um passo de dança, na brincadeira. No campo de futebol o árbitro apitava o fim do jogo. O empate entre as equipas gerou boa disposição e um ambiente amigável entre os espectadores. O Matias indicou o caminho de volta ao Astrolábio, nas ruas, as pessoas riam ao ver passar um cão com um papagaio pousado no dorso. O Fernando também não conteve a gargalhada quando viu chegar o Astrolábio com o seu novo companheiro, mas já era tarde, tinham de regressar ao navio. Nos três dias seguintes o Fernando e os seus companheiros organizaram as visitas dos turistas a bordo do navio, o Matias brincava no convés com o Astrolábio. Na manhã de 03 de março soltaram as amarras para uma longa viagem rumo ao continente africano. Alunos do 4º ano da Escola EB1 de Amorosa


Após vinte e quatro dias de viagem o navio-escola Sagres aproximouse do porto natural da Cidade do Cabo, na África do Sul. No dia 27 de março, conseguiram avistar uma montanha alta não muito longe da costa, uma grande baía e uma cidade muito grande. Nos primeiros três dias de permanência nesta cidade, a tripulação dedicou-se à receção de turistas que pretendiam visitar a embarcação. Os últimos dois dias foram de descanso para os marinheiros. O Fernando tinha pesquisado na Internet informação sobre a Cidade do Cabo. Então, no primeiro dia saiu de madrugada, fez uma caminhada, com dois companheiros e o Astrolábio, até ao topo de um monte chamado Lions Head (Cabeça de Leão), para vislumbrar o nascer do sol, muito conhecido pela sua beleza. Foi realmente lindo ver a cidade e o mar ao nascer do sol!

Desceram e depois, de teleférico, subiram até ao topo da Table Mountain (uma montanha em forma de mesa) e admiraram, uma vez mais a beleza da cidade. O Astrolábio achava-se um cão corajoso, mas naquelas alturas estava cheio de medo, pelo que tapou os seus olhos com as suas patas para não olhar lá para baixo. Decidiram descer e ir de autocarro ao famoso bairro Bo-Kaap degustar pratos com paladares exóticos e provar o famoso vinho da Cidade do Cabo. A seguir ao almoço percorreram este bairro tradicional e multicultural com as suas casas muito coloridas e dezenas de mesquitas. No último dia de estadia, resolveram visitar a praia Boulders Beach, onde havia uma colónia dos únicos pinguins africanos – os pinguins do


cabo. Quando chegaram, conheceram uma bióloga que trabalhava para a proteção daqueles animais em perigo de extinção. Ela explicou que devido às alterações climáticas e à pesca excessiva o número de pinguins tem reduzido drasticamente. O Astrolábio ficou intrigado ao ver aqueles animais com um andar desengonçado e penas brancas e pretas a lembrar um fraque. Já tinha visto muitas aves mas nenhuma se assemelhava a esta. Caminhou ao longo da praia para vê-los melhor e dirigiu-se a um casal. Muito curioso, perguntou: - Como se chamam? - Eu sou o Pingu e a minha companheira é a Pingui. Nós somos pinguins – respondeu o pinguim. - Vocês conseguem voar como as outras aves? – questionou o Astrolábio - Não, mas conseguimos nadar muito bem – esclareceu a Pingui. - Ah… E porque estás aí deitada, tão quieta? – quis saber o Astrolábio. - Eu estou a incubar os dois ovos por mais umas semanas para depois nascerem os nossos filhotes, que se vão chamar Pinpin e Guigui - Olha, cãozinho, eu estou com fome. Vou ao mar pescar sardinhas, anchovas e lulas para o meu almoço – disse o Pingu.


Entretanto o Fernando apercebeu-se de que o Astrolábio tinha desaparecido. E agora, no meio de tantos pinguins na praia, como descobri-lo? O rapaz chamou diversas vezes pelo seu cão mas este não aparecia. O Fernando percorreu a praia até que o viu a nadar no mar. O Astrolábio tinha ido ao mar com o Pingu conhecer os seus irmãos e primos. Somente quando o seu dono se aproximou é que se apercebeu de que ele estava a chamar por si. O cãozinho despediu-se dos pinguins e foi, radiante, com o seu dono. No dia seguinte, dia 1 de abril, partiram rumo a Moçambique.


urante a viagem para Moçambique, Fernando ficou a saber que o seu colega Joaquim tinha um avô a viver em Maputo e que era pescador. Fernando confessou-lhe que sentia saudades dos tempos em que ia à pesca com o seu pai e o Astrolábio. No dia 9 de abril, de manhã, chegaram a Maputo. O capitão informou-os de que teriam três dias livres para ocuparem como quisessem. A tripulação ficou radiante. O Joaquim convidou o Fernando para irem visitar o seu avô. O Fernando não hesitou e aceitou imediatamente, assim como Astrolábio que começou a abanar a sua cauda de satisfação. Caminharam sempre pela marginal, atravessaram a ponte da Costa do Sol, em frente à ilha Xefina, e chegaram à praia dos pescadores onde encontraram o senhor Chissano, o avô do Joaquim. Ambos deram um longo e apertado abraço, pois já não se viam há oito anos, e o Joaquim apresentou o seu amigo. Entretanto o Astrolábio deu uma corrida ao mar e aproveitou para nadar, relembrando os tempos antigos. O senhor Chissano fez-lhes uma surpresa: perguntou se queriam ir à pesca com ele. O Fernando não pôde ficar mais feliz! Que surpresa maravilhosa! Claro que aceitou imediatamente. Partiram, então, no barco. O senhor Chissano explicou que iriam pescar em zonas que não têm espécies protegidas e ameaçadas. O Fernando foi o campeão: apanhou um peixe grande enquanto os outros não pescaram nada. Quando regressaram, o senhor Chissano ofereceu-se para preparar o peixe para o almoço, em sua casa. Quando lá chegaram que grande surpresa! Os primos e os tios de Joaquim tinham vindo para o ver e almoçar juntos! A senhora Josina, a avó de Joaquim, cozinhou-lhes outras iguarias para o almoço: mucapata, (feito de arroz, coco e feijão oloco), mucuane (preparado com matapa e coco) e cajus torrados. Só o


Astrolábio é que não gostou do almoço porque detestava peixe e ficou com fome. Depois Joaquim

e

do os

almoço, seus

o

primos

Eduardo e Isaura decidiram dar um passeio por Maputo para o Fernando

conhecer

a

cidade.

Foram visitar a casa construída de ferro e depois o Bazar Central. Aqui o Astrolábio sentiu um cheiro delicioso e, farejando, chegou a um local onde encontrou uma linda cadela a comer. Ao ver um cão a olhar tão intensamente para o seu prato, perguntou se ele também queria almoçar. Como é óbvio, ele respondeu afirmativamente e ela partilhou a sua refeição. Ele ficou a saber que ela se chamava Quica e o seu dono era vendedor de carne no Bazar Central. O Joaquim e os seus novos amigos continuaram o passeio e, depois de visitarem o lindo edifício da estação, aperceberam-se de que o Astrolábio tinha desaparecido. Percorreram a estação, mas não o encontraram. Decidiram, então, voltar para trás. Ao chegarem ao Bazar Central, chamaram pelo Astrolábio, mas ele não apareceu. Avistaram-no, ao fim de algum tempo, junto a um café, muito animado com uma cadela. Desta vez, quando o chamaram ele veio todo radiante para junto do dono. No final do dia, o Eduardo, perguntou se o Fernando e o Joaquim queriam ir fazer um safari pelo Parque Nacional do Limpopo, no dia seguinte, porque ele tinha um jipe próprio e organizava essas viagens. Eles aceitaram sem hesitação. Partiram muito cedo porque a viagem iria demorar quatro horas. Antes de entrarem na reserva natural pararam para lanchar. Ao ver um


animal muito estranho ao longe, o Astrolábio afastou-se do seu dono, deu uma corrida e aproximou-se dele. Ele perguntou: - Como te chamas? - Eu chamo-me Gifa e sou uma girafa. - Ah! Eu nunca tinha visto uma girafa! E porque tens um pescoço tão grande? - Tenho um pescoço alto para comer as folhas das árvores onde os outros animais não alcançam. E tu como te chamas? - Eu sou o Astrolábio. - Olha Astrolábio, é muito perigoso andares aqui porque podem aparecer leões ou outros animais carnívoros. Tens que fugir já! Seguindo o conselho da girafa, o Astrolábio fugiu a sete pés para junto do jipe que estava prestes a sair. Durante o safari o Astrolábio viu animais ainda mais esquisitos. Ele ouviu as pessoas falarem em zebras, hipopótamos, crocodilos, leões, elefantes, avestruzes, e muito mais. Realmente o mundo tinha animais fantásticos! Depois de regressarem, o senhor Chissano propôs-lhes um programa para o dia seguinte. Convidou-os para irem, no seu barco, visitar as ilhas de Maputo, os lindíssimos recifes de corais e fazer mergulho. O Fernando não sabia como agradecer a esta família tão simpática e hospitaleira. Então no último dia livre dos marinheiros, os rapazes foram visitar as ilhas perto de Maputo – a ilha da Inhaca, a ilha Xefina e a ilha dos Portugueses. Era uma paisagem de cortar a respiração, tal como nos postais. Pararam nesta última ilha, banharam-se na água azul-turquesa e quente e almoçaram a merenda que o senhor Chissano tinha preparado para eles.


Na parte da tarde, após uma hora de viagem chegaram ao destino pretendido. Puseram o equipamento e foram fazer mergulho. Ficaram deslumbrados: a água era cristalina e conseguiam ver uma grande biodiversidade de espécies marinhas, de cores e formas muito variadas. A determinada altura, quando os mergulhadores já se encontravam à superfície o Astrolábio começou a ladrar. O senhor Chissano, que ficara no barco, olhou à sua volta e viu ao longe um tubarão. Muito aflito, chamou pelos rapazes mas estes não o ouviram. O Astrolábio ladrava muito alto mas não resultava. O tubarão aproximava-se cada vez mais. O avô do Joaquim decidiu ligar o motor do barco e aproximá-lo dos mergulhadores. Por sorte, estes já se encontravam à superfície e, com uma cana de pesca, tocou neles. Estes sentiram o toque, viram os gestos aflitivos do senhor Chissano e entraram no barco à pressa. Então, a toda a velocidade saíram do local e afastaram-se do tubarão. Tinha sido um susto valente. O senhor Chissano disse que se tratava de um tubarãotigre. Graças ao Astrolábio estavam são e salvos! No final do dia, o Fernando despediu-se dos familiares do Joaquim, mas estes disseram que iriam visitá-los no dia seguinte ao navio-escola Sagres, quando este estivesse aberto a visitas. E assim sucedeu. Os marinheiros organizaram as visitas dos turistas a bordo do navio por mais um dia e, no dia 13 de abril, soltaram as amarras para uma curta viagem rumo às Ilhas Maurícias.

Alunos da turma 4ºA da Escola E.B. 2,3 Dr. Garcia Domingues


epois de uma viagem de catorze dias, chegaram, no final do dia 24 de abril, a Port Louis, na Ilha Maurícia. O comandante informou-os que haveria uma surpresa neste local. Quando a tripulação saiu do barco tiveram direito a uma receção oficial, com uma orquestra a tocar para eles. O primeiro-ministro recebeu-os e deu-lhes as boas-vindas. Depois convidou-os para irem acampar na floresta de bambu para terem uma experiência inesquecível. Um grupo de marinheiros aceitou o convite, incluindo o Fernando, alguns dos seus amigos e o Astrolábio. Os guias e os guardas florestais informaram que os visitantes iriam dormir lá para terem a possibilidade de ver raposas-voadoras, morcegos grandes em perigo de extinção, durante a noite. Depois de anoitecer, conseguiram realmente ver os morcegos gigantes com o focinho de raposa. O Astrolábio ficou maravilhado com este animal! Tinha umas asas enormes! Como estavam com sono, foramse deitar nas suas tendas. Duas horas depois, o Astrolábio ouviu barulho, saiu da tenda e viu um morcego que parecia aflito, encalhado nas canas de bambu. Escutou novamente e ouviu passos a aproximarem-se. Como ele era um cão inteligente, foi à tenda dos guias e dos


guardas florestais e ladrou bem alto para ouvirem. Eles levantaram-se e aperceberam-se do que se passava. Correram atrás dos homens, conseguiram apanhá-los e prenderam-nos. Eram produtores de frutas que queriam abater os morcegos por estes comerem os frutos dos seus pomares. Foram levados num jipe dos guardas florestais para a prisão. Entretanto o Fernando e os seus companheiros acordaram e viram um bando de raposas-voadoras às voltas por cima do acampamento. Os rapazes foram ver o que se passava e viram a raposa-voadora presa no bambu. Felizmente eles conseguiram libertá-la. No dia seguinte voltaram à cidade. Durante a manhã deram um passeio, foram ao mercado ver o belíssimo artesanato, sentaram-se numa esplanada à beira-mar e deliciaram-se com as bebidas tradicionais: iassi e alouda. Ao meio dia encontraram-se de novo frente ao navio-escola Sagres, conforme o comandante tinha combinado. Então o primeiroministro apareceu de novo e fez-lhes outra surpresa. Convidou-os para irem à sua residência oficial porque tinham preparado um almoço especial para eles. A tripulação teve a possibilidade de provar as iguarias mais saborosas daquele país, como por exemplo paratha (pão feito à mão), samoussa (uma entrada de carne e legumes) e biryani (arroz basmati cozido com temperos e carne ou peixe). O Astrolábio não foi esquecido, também teve direito a um rico almoço com o Maurício e a Maurícia, os cães do primeiro-ministro. O primeiro-ministro ofereceu-lhes bilhetes para irem visitar o Museu de História Natural na parte da tarde. Então, depois do almoço, o Fernando, o Davi, o Kayo, o Joaquim e o Astrolábio foram ao museu. Durante a visita o cãozinho viu uma ave grande com um bico estranho em cima de um cubo e perguntou-lhe: - Quem és tu?


Mas a ave manteve-se estática e não respondeu. O Astrolábio voltou a perguntar: - Quem és tu? Porque não respondes? O cão aproximou-se, farejou o animal e apercebeu-se de que não cheirava a carne, tal como as outras aves. Nesse momento apareceu o guia que explicou ao Fernando que este era um modelo do dodó, uma ave única, apenas encontrada nas Ilhas Maurícias, mas que foi extinta em 1668. Continuaram a visita, o Astrolábio viu uns ossos expostos e cobiçou-se deles pois há muito tempo que não tinha um ossinho para roer. Preparou-se para dar um salto e apanhá-los, mas bateu com a cabeça num vidro que os protegia, caiu e magoou-se. O Fernando sentiu falta do Astrolábio, procurou-o, encontrou-o muito quieto a um canto e reparou que tinha um galo na cabeça. Com as carícias do dono, o cãozinho sentiu-se melhor. No dia seguinte, o mesmo grupo de amigos foi ao Jardim Botânico, aproveitando os bilhetes que o primeiro-ministro lhes tinha oferecido. Viram muitas espécies de plantas. O Astrolábio, ao ver os nenúfares gigantes saltou para cima deles, pois pensava que eram barcos redondos. Só que… catrapus! Caiu na água! Felizmente ele sabia nadar. O banho até soube bem, serviu para refrescar porque estava um dia muito quente. Ao longe o Astrolábio viu algo a mexer-se muito devagar e muito grande. Curioso, correu e aproximou-se. Mas que criatura tão esquisita! O que seria? Então perguntou:


- Que animal és tu? - Olá, eu sou a tartaruga-gigante Teresa. O tu quem és? – quis saber a tartaruga. - Eu sou o Astrolábio, sou de muito longe, de Portugal – respondeu o Astrolábio. - Ah… Olha, como eu sou grande, queres vir dar uma volta pelo parque em cima da minha carapaça? – convidou a Teresa. - Oh, claro…. muito obrigado! – exclamou o cão. Assim, partiram os dois. O Astrolábio ia em cima da enorme carapaça, mas como esta era redonda, de vez em quando o cão escorregava, o que o divertiu imenso. Foram visitar os papagaios e, então, Astrolábio lembrou-se do seu amigo Matias, que conheceu em Buenos Aires. Entretanto o Fernando apercebeu-se da falta do Astrolábio. Chamou por ele mas o cão não aparecia. Só depois de uma hora a procura-lo é que os rapazes o viram muito divertido em cima de uma tartaruga-gigante, a escorregar pela carapaça abaixo, como se fosse um escorrega. A tartaruga também parecia gostar da brincadeira, uma vez que o cão fazia cócegas na sua carapaça. Fizeram todos um belo piquenique e regressaram ao navio-escola Sagres no final do dia. No último dia, estiveram ocupados a receber visitantes que queriam conhecer o navio-escola Sagres por dentro, incluindo o primeiro-ministro. Partiram, no dia 27 de abril à tarde, rumo a Singapura.

Alunos da turma 4ºB da escola E.B. 2,3 Dr. Garcia Domingues


viagem entre Port Louis e Singapura correu dentro da normalidade. No dia 20 de maio, de manhã, chegaram a esta cidade. Os primeiros dois dias de estadia foram dedicados à receção de visitantes que queriam conhecer o navio-escola Sagres por dentro. O comandante deu-lhes autorização para ocuparem os dois últimos dias da forma como quisessem. O Fernando, o Joaquim, o Davi e o Kayo tinham pesquisado informação na Internet sobre esta cidade espetacular, ultramoderna, e já tinham um plano. No primeiro dia livre, começaram por percorrer a ponte Henderson, às ondas, para ver o panorama da cidade. Ficaram maravilhados! À

hora

do

almoço

foram a um dos famosos “hawkers”, ou seja grandes centros com muitas lojinhas que

servem

comidas

e

bebidas cercadas por mesas com cadeiras de todos os tipos. Eles escolheram o Tiong Bahru Market Hawker Center, porque lhes tinha sido recomendado, e comeram tostas Kaya, laksa (sopa de caril com leite de coco, massa de arroz e carne) e espetadas satay. A comida estava deliciosa! O Astrolábio é que estava cheio de fome porque o seu dono esqueceu-se de lhe dar comida. Então, afastou-se à procura de comida. Ao ver uma bancada livre, sem o vendedor, o cãozinho saltou para cima dela. Quando se preparava para comer, apareceu o vendedor que o apanhou e começou a gritar com ele. Depois pegou no telefone e fez uma chamada. Entretanto o Fernando apercebeu-se de que o Astrolábio tinha desaparecido, chamou por ele e procurou-o. Ao ouvir o chamamento do dono, o Astrolábio, que ainda se encontrava no colo do


vendedor, começou a ladrar. O Fernando aproximou-se e informou que era o dono do cão. O vendedor, muito irritado, explicou o que se tinha passado e disse que o cão iria para o canil. O Fernando rogou para que ele o libertasse. Somente depois de muitas súplicas é que o vendedor devolveu o Astrolábio ao seu dono. O Fernando lembrou-se, então, que não tinha dado comida ao Astrolábio e comprou-lhe um rico almoço.

Na continuaram

parte

da

o

passeio

tarde, pela

cidade. Caminharam no calçadão à beira mar e viram muitos edifícios

com

formas

muito

irregulares, mas espetaculares. Eles adoram os prédios chamados “Interlace” pelo seu design. Pareciam tijolos empilhados irregularmente uns sobre os outros. Subiram ao terraço mais alto e viram a cidade ao seu redor. Que paisagem magnífica! Como gostaram tanto deste local, decidiram passar lá a noite.

Os rapazes foram dormir para os seus quartos, mas o Astrolábio decidiu ficar a dormir junto da vidraça da sala. Duas horas depois de se deitarem, através vidraça, o Astrolábio apercebeu-se de que a luz do apartamento da frente se tinha acendido. Viu um homem encapuçado, com uma pistola na mão, entrar no apartamento. Então começou a ladrar, acordou os rapazes e estes viram o que se passava. Procuraram imediatamente o contacto da polícia no Google e ligaram para lá. Pouco depois, chegou a polícia que ainda conseguiu prender o assaltante.


No outro dia de manhã, acordaram tarde devido ao que sucedera

durante

a

noite.

Decidiram ir visitar a Escola de Arte, Design e Media, com uma arquitetura bonita.

muito

moderna

Contemplaram

e as

exposições de obras de arte, tanto no interior como no exterior do edifício, e viram filmes premiados de vários géneros. Os preferidos do Astrolábio foram os de animação, em que a personagem principal era uma linda cadelinha.

Conforme um singapurense lhes tinha sugerido, no final do dia foram aos jardins muito extensos, frente

à

costa,

com

vista

maravilhosa, chamados Gardens by the Bay. Mas o que mais os fascinou nos jardins foi ver, já de noite, umas estruturas grandes em forma de árvores todas iluminadas. Subiram ao passeio aéreo circular, à volta destas “árvores” e a experiência ainda foi mais deslumbrante! Após uma estadia encantadora em Singapura, no dia 24 de maio o navio-escola Sagres partiu rumo a Jacarta.

Alunos da turma 4ºC da Escola E.B. 2,3 Dr. Garcia Domingues


A

viagem

Jacarta longa

estava e

até a

ser

secante.

Os

marinheiros não tinham nada que fazer, pois tudo corria

dentro

da

normalidade. Astrolábio pensava em todos os animais que tinha visto e conhecido e o Fernando andava a pesquisar informações sobre Jacarta. Enfim, toda a gente estava aborrecida, até que no dia 28, rompeu uma tremenda tempestade. Os marinheiros abrigaram-se nas cabines e, Astrolábio saltou para o colo do dono, pois tinha medo de trovões. Quando a tempestade parou, os marinheiros foram ver se tudo estava bem, mas infelizmente os motores estavam danificados e o barco não trabalhava. O capitão mandou metade da tripulação nos botes de salvamento para a ilha mais próxima, incluindo o Fernando e os seus amigos. Passado algum tempo, o Davi e o Kayo tiveram fome e juntamente com o Joaquim e o Fernando foram à procura de mantimentos. Algum tempo depois, já carregados de fruta, os rapazes encontraram vestígios de uma construção. Aproximaram-se curiosos e depararam-se com um templo no meio da selva. O Fernando, que já tinha informação sobre a Indonésia, reconheceu-o imediatamente como o Templo de Borubudur, considerado o maior templo budista. Astrolábio, ao ver um pequeno macaco, desatou a correr atrás dele, chamando a atenção de Fernando e dos seus amigos, com os seus fortes latidos. Estes seguiram-no por um percurso labiríntico, observando várias estátuas de Buda e o magnífico trabalho esculpido na rocha vulcânica.


Ao longe ouviu-se um sinal sonoro vindo do navio e os cadetes, reconhecendo-o

imediatamente,

deslocaram-se

para

os

botes.

Entretanto, Astrolábio perdera o rasto do macaco e, desiludido, voltara para junto do dono. Chegados ao barco e, já com os motores a funcionar, o capitão deu ordem de partida, pois já estavam atrasados. O resto da viagem decorreu tranquilamente e, na tarde de 29 de maio, o navio escola Sagres atracou em Jacarta. Esta cidade, capital da Indonésia, tem cerca de dez milhões de habitantes e o tráfego e a poluição atingem números preocupantes, e as inundações são frequentes. Durante o dia 30, o navio esteve aberto às pessoas que quiseram conhecê-lo. Ao final do dia, foram autorizados pelo capitão a conhecer livremente a região. Como Fernando e alguns dos seus colegas adoram vulcões, decidiram ir visitar o Monte Bromo.

De manhã bem cedinho, mal

os

raios

de

sol

despontaram no horizonte, os nossos amigos seguiram para a região do vulcão. Alugaram um jipe e partiram. Durante a viagem, observaram paisagens diferentes das que conheciam, tanto florestas com animais selvagens, aves exóticas e flores coloridas, bem como zonas áridas pespontadas de rocha vulcânica e cobertas de cinza. Próximo do vulcão, estacionaram o jipe e meteram máscaras protetoras das vias respiratórias e óculos para protegerem os olhos das


poeiras existentes no ar. Chegados ao sopé do Monte Bromo, subiram mais de 200 degraus para atingirem o cume do vulcão e observar a cratera. A vista lá de cima era arrepiante e de tirar o fôlego. O cheiro a enxofre incomodava as narinas de Astrolábio, que o Fernando levava ao colo, por ter medo que ele se metesse em sarilhos. No regresso, pararam num restaurante típico, onde puderam saborear uma seleção de comidas tradicionais: peixe assado, nasi timbel (arroz enrolado em folha de bananeira), sambal, tempeh frito, tofu e sayur asem (sopa de legumes). O cansaço já se abatia sobre todos e o regresso ao navio fez-se em silêncio. Ao jantar, conversaram sobre a aventura maravilhosa que tinham tido nesse dia. Ao raiar do dia, o Navio Escola Sagres, com as suas lindas velas içadas e a tripulação no convés, subiu a âncora e afastou-se de Jacarta.

Alunos da turma Pêra 4 da Escola E.B. 1 de Pêra


Continuando esta viagem maravilhosa, que sabiam iria durar oito dias até à próxima paragem e, navegando pelo mar de Java, todos se sentiam felizes com tudo já vivido até agora, mas esperavam encontrar novas e belas surpresas. Assim, navegaram pelo sul do Oceano Pacífico, sabendo, que iriam passar perto de muitas ilhas, mas que só parariam quando chegassem a Díli. O Fernando, o Joaquim, o Davi e o Kayo, sentiam-se muito entusiasmados e iam, constantemente, à proa do navio para verem as águas límpidas e calmas, que tinham à sua frente. O seu entusiasmo era muito, porque conseguiam ver algumas das muitas espécies marinhas que havia naquele mar. Ainda pensaram em fazer mergulho, porque imaginavam que houvesse muito ouro lá no fundo e queriam recolher algum para distribuir pelos pobres quando chegassem a Díli, mas o melhor era não parar o barco para não atrasar a viagem. Como levavam as suas máquinas fotográficas, não paravam de fotografar, porque, por vezes, a água era tão transparente, que conseguiam ver alguns corais muito coloridos, ou até mesmo esponjas. Faziam comentários divertidos imaginando as cavernas submarinas, que existiam por ali. Sabiam que milhares de peixes lá habitavam, que tinham belas cores e eram de diferentes espécies. Todos os dias, cumpriam as regras que havia no barco e aprendiam coisas novas tais como: arrumação, cumprir horários e trabalhar em equipa. Diariamente, à hora do almoço e do jantar, o Astrolábio desaparecia e ia farejar à procura de coisas novas. Um dia, desapareceu e todos ficaram preocupados. Chamaram-no, chamaram-no, até que o encontraram na cozinha do barco, com um frango na boca. Tinha-lhe cheirado a comida, viu um frango numa mesa e pegou nele como se de um brinquedo se tratasse. Levou um raspanete e ficou de castigo, mas todos se riram. Todas as noites, quando se deitavam nos seus beliches, pensavam na sorte que tinham ao fazer parte da tripulação do barco mais bonito do mundo. Era mágico perceber o significado desta viagem!


No dia 9 de junho, chegaram ao porto de Díli, que é não só o maior, como também o principal centro comercial de Timor-Leste. Que maravilha! Toda a tripulação se pôs de imediato a atracar o navio e, a prepará-lo para o dia seguinte, porque, certamente, muita gente iria visitálo, já, que o 10 de Junho é o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o qual, não sendo feriado em Díli, era em Portugal e, muito importante para os portugueses, que iriam cumprir ali as suas comemorações através da sua presença e do Navio Escola Sagres. Ainda no dia 9, embarcaram os cadetes do 2.º ano da Escola Naval (EN) que iniciaram a sua Viagem de Instrução. O resto do dia foi para descansar. No dia 10, o Kayo acordou muito cedo e viu a parte do convés cheio de guardanapos de papel esfarelados. Ficou aflito, chamou o Davi para tentarem perceber o que acontecera e, chegaram à conclusão, que o Astrolábio tinha andado a fazer asneiras outra vez. Foram a correr chamar o Fernando e o Joaquim e, entre eles, limparam tudo aquilo. Ficaram de rastos, mas quando o resto da tripulação apareceu, estava tudo limpo e pronto para os visitantes que já esperavam para entrar no barco. A tripulação estava toda alinhada e deram início às visitas. As pessoas ficaram maravilhadas com as respostas às suas perguntas. Também ouviram o Hino Nacional português, que os deixou encantados. Os visitantes falavam português, porque Timor Leste faz parte dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Ao cair da noite, todos estavam felizes por terem comemorado esta data tão importante, mesmo longe do seu país, mas dando a conhecer tanto de Portugal. No dia seguinte, a tripulação resolveu conhecer Díli e, em grupos, lá foram à descoberta. Passaram por diversos palácios, pelo Centro Cultural Uma Fukun onde se fazem exposições, pela Universidade Nacional Timor Lorosa'e, por muitas igrejas e alguns monumentos, entre


eles o Monumento ao Infante D. Henrique, construído como parte das comemorações do quinto centenário da morte do Infante Dom Henrique. Do lado do mar, viram um padrão com o escudo das cinco quinas e a cruz de Cristo, um astrolábio, uma rosa-dos-ventos e a inscrição «Por Mares Nunca Dantes Navegados». Isto comoveu os rapazes, porque perceberam ainda mais como os portugueses tinham tanta importância no mundo. Ficaram admirados por também ali existir uma estátua do Cristo Rei. Já cansados e com o Astrolábio ao colo, foram ao mercado onde ficaram maravilhados com as cores. O mercado era simples, com muitas barraquinhas, vendendo de tudo um pouco, mas muito atrativo. Compraram pequenas lembranças e resolveram almoçar, porque o estômago já estava a dar horas. Comeram Singa de Camarão e “Doces Mano Tem” como sobremesa, pratos típicos do país. Após o almoço, os rapazes e o cão serviram-se de uma bússola, para saber em que direção estava o cais, pois perderam a noção do sítio onde estavam. Embora, à vez, levassem o cão ao colo, estavam cansados e perceberam, que tinham andado bastante, mas lá encontraram o navio e sentiram-se em casa. O Comandante do barco até se riu quando os viu chegar. Nessa noite, pouco dormiram só de pensarem que iriam mergulhar no dia seguinte. Amanheceu, e lá foram visitar o ilhéu de Jaco, que os deixou de boca aberta pela vegetação, pela praia de areia tão branca e pelos lindos corais que o rodeiam. Resolveram fazer mergulho e ainda ficaram mais encantados com toda a beleza que surgia aos seus olhos. Quando voltaram à superfície, sentaram-se na areia e sentiram-se felizes por estar ali. Ouviram alguns pássaros raros cantar. Olharam uns para os outros e disseram, que não esqueceriam aquele mundo novo que tinham descoberto. Ainda viram o pôr-do-sol, mas apressaram-se para voltar ao Navio Escola Sagres. Tranquilamente, a noite e o silêncio desceram sobre o navio e tudo adormeceu.


Na madrugada seguinte, o navio saiu do porto de Díli com todas as suas maravilhosas velas mostrando a cruz da Ordem de Cristo e a tripulação alinhada, numa despedida a todos aqueles que acenavam e dançavam as suas maravilhosas danças tradicionais, rumando ao próximo destino. Seguiu-se uma navegação para norte, rumo às Filipinas.

Alunos da turma AP 10 da Escola E.B. 1 de Armação de Pêra


Durante a viagem, a tripulação dedicou-se às suas tarefas. Alguns cadetes estavam ocupados com a manutenção do navio, outros a apoiar a preparação das refeições, a ajudar o comandante na navegação e na sala de máquinas, entre outras tarefas. Depois da realização das suas tarefas diárias, que o Fernando e os seus amigos mais gostavam, era observar a fauna marinha, encostados à amurada do navio. Os golfinhos seguiam o navio alegremente, acompanhando-o com as suas acrobacias. No terceiro dia encontraram uma tartaruga marinha enorme, que seguia na sua viagem até à praia onde nasceu para ir desovar. Também viram muitos tubarões martelo rodeando um cardume de peixes. No dia 17 de junho fundearam à vista de Ternate e Tidore, duas ilhas próximas uma da outra. O comandante fundeou o navio no canal entre as duas. A vista era deslumbrante, mas o Astrolábio estava cansado de não ir a terra, pois já estavam a navegar há seis dias. Para se distraírem, os cadetes organizaram uma espécie de jogo de futebol e o cão divertiu-se a correr e a apanhar as bolas, porque de vez em quando, a bola ia parar ao mar. Nessa tarde, o navio levantou a âncora e remou a Cebu, nas Filipinas. Todas as noites, o Fernando ligava o seu computador, falava com a família e mandava imensas fotografias. A 24 de junho, avistaram a cidade de Cebu e atracaram antes do almoço. A seguir à refeição todos realizaram a limpeza e a preparação do navio para as visitas no dia seguinte. De manhãzinha já havia uma enorme fila de pessoas para visitar o navio. O dia decorreu normalmente e a noite chegou. Os tripulantes do navio estavam cansadíssimos, mas entusiasmados com o dia seguinte,


pois o comandante tinha dispensado a maioria da tripulação e eles decidiram ir mergulhar com os tubarões-baleia. O Astrolábio estava entusiasmado e, mal viu o sol nascer, lambeu a cara do Fernando. Este acordou e chamou os amigos, pois queriam aproveitar bem o dia. Após uma viagem de autocarro chegaram e, acompanhados por pescadores locais, foram nadar com os tubarõesbaleia. Os pescadores levaram pequenos peixes para os alimentar. Todos ficaram maravilhados ao observar estes enormes animais com cerca de 30 toneladas e um tamanho que varia entre os 5 e os 15 metros de comprimento. Apesar de estarem habituados à presença humana e de serem pacíficos, não é aconselhável nadar muito perto deles. As suas bocas enormes, com 2 metros e os seus três mil dentes, engoliam e filtravam tudo ao seu redor. Durante a tarde, de volta à cidade, aproveitaram para visitar a Catedral de Santo Menino, local de adoração de muitos filipinos. A imagem do Santo Menino foi levada por Fernão de Magalhães, na viagem de circum-navegação para a ilha e ainda lá se mantém. Depois jantaram no Mercado Sogbu, onde saborearam diferentes pratos típicos. Com as velas içadas, inundadas pelos primeiros raios de sol, o navio Escola Sagres rumou a Xangai no dia seguinte, a 27 de junho.

Alunos da turma AP 11 da Escola E.B. 1 de Armação de Pêra


Xangai, 6 de julho Hoje, vou deitar-me muito cansado. Estive todo o dia a ler sobre a chegada a Xangai, por Fernão de Magalhães.

7 de julho Acordei com o barulho de passos de pessoas a correr sobre a madeira. Um homem que eu não conhecia, gordo, sujo e malcheiroso, com calções e uma camisola suja e rota gritava comigo para me levantar. Não estava no meu beliche, mas numa rede. Dei comigo no convés a olhar para Fernão de Magalhães. Não estava no “Sagres”, mas sim na caravela “Vera Cruz”. De repente estava num escaler (pequena embarcação) a empurrar com força um remo que não se mexia. No entanto, o barco movia-se rapidamente. Não sei como saí do escaler, mas dei comigo no meio de muita gente, com roupas estranhas, quimonos, paos, pien fu (roupas chinesas). O cheiro de comida chinesa enchia o ar: chop suy, yakissola… Olhei em redor e não sabia como voltar. Não entendia a língua, o mandarim, por isso não podia comunicar com as pessoas que me rodeavam, mas que pareciam não me ver. Caí num buraco muito fundo e escuro. Gritei!


Quando abri os olhos estava no meu beliche com o Astrolábio a lamber-me a cara. Os meus companheiros de viagem disseram-me para acordar e ir até ao convés para ver os belíssimos edifícios de Xangai. Não poderíamos desembarcar por causa do Coronavírus. Mais uma vez o Astrolábio salvou-me de uma aventura assustadora!

Tóquio, 17 de julho Esta noite mal dormi por causa da excitação de chegar a Tóquio. Finalmente vamos poder pisar terra firme! Ao colocar os pés em terra tive dificuldade em manter o equilíbrio. A primeira coisa que pensei foi em ir comer um hambúrguer ou uma piza, mas os meus amigos levaram-me para um restaurante japonês. A empregada de mesa, vestida com um quimono, trouxe-nos a ementa que estava traduzida em inglês, mas ninguém compreendeu. Então resolvemos apontar para a imagem. Comemos sushi. Era muito bom!!! O Astrolábio tinha desaparecido logo à chegada. Fiquei assustado com este desaparecimento, mas pensei que ele era muito esperto e rapidamente apareceria. Não me enganei. Debaixo da mesa o Astrolábio deliciava-se com uma perna de frango. Depois corremos até ao estádio Kokuritsu Kasumigaoka Rikujō Kyogijō na esperança de ver alguns dos participantes nos Jogos Olímpicos. Devido à suspensão dos Jogos Olímpicos, não conseguimos ver nenhum dos atletas, no entanto, ficámos maravilhados com a construção das estradas. Estavam por todo o lado, pareciam suspensas no ar.

Alunos do 4.º ano da Escola E.B. 1 de Alcantarilha


No dia vinte e dois de agosto, após quase um mês de viagem, o navio chegou, finalmente, a Honolulu, nos Estados Unidos da América. A viagem, apesar de longa, decorreu sem sobressaltos e estavam todos muito contentes por conhecer este novo destino. Depois de cumpridas as suas obrigações como cadetes, Fernando, Kayo e Joaquim partiram à descoberta das praias paradisíacas do Havai. O Astrolábio também quis ir, estava ansioso por esticar as suas patas em terra firme. Já todos tinham ouvido falar das belíssimas praias deste arquipélago e a praia de Waikiki parecia o lugar ideal para relaxar e aproveitar a temperatura amena que se fazia sentir naquele dia. Kayo desafiou os amigos: - Vou alugar uma prancha de surf! Quem quer vir comigo? O Joaquim mostrou logo interesse: - Espera por mim, também vou! O Fernando sentia-se um pouco cansado e queria ficar a relaxar no areal, mas o Astrolábio começou a puxar pela toalha de praia do dono. O Astrolábio estava cheio de vontade de ir para o mar, também queria surfar! Está bem, já me convenceste, vamos lá! - disse o Fernando, sorrindo

para o

seu

fiel

amigo. As

brincadeiras

em

cima das pranchas duraram longas horas e os quatro amigos nem se aperceberam do quanto se tinham afastado da praia.


Astrolábio demonstrou ser um grande surfista, conseguia aguentarse em cima da prancha mais tempo do que os seus companheiros: - Assim não vale Astrolábio, tens quatro patas! - disse o Kayo a sorrir mesmo antes de uma pequena onda o derrubar. Todos se riram mas o Astrolábio, em cima da prancha de Fernando, mostrou-se nervoso e começou a ladrar insistentemente na direção de Kayo. Parecia que o Astrolábio queria alertar o amigo. Fernando foi o único que se apercebeu que algo estava errado e gritou: -Tubarão! Tubarão! Nadem para a praia! O

pânico

instalou-se

e,

na

tentativa de regressarem a terra o mais rápido possível, os amigos acabaram por se separar. Astrolábio caiu na água e uma onda acabou por afastá-lo para sul. Nadou até terra e encontrou uma cadela chamada Moana. - Olá, eu sou a Moana! Como te chamas?- perguntou a Moana ao Astrolábio. - Chamo-me Astrolábio, estava a surfar com os meus amigos quando apareceu um tubarão e ao tentarmos escapar acabei por ser enrolado por uma onda que me trouxe até aqui. - Eu conheço muito bem a ilha e vou ajudar-te a encontrar os teus amigos. - Obrigado, Moana.- agradeceu o Astrolábio. Enquanto isso, Fernando e os seus amigos procuravam Astrolábio por todo o lado, na praia de Waikiki, nas praias mais próximas e até subiram a “Diamond Head” pois, da cratera deste vulcão extinto é possível observar toda a ilha. A Moana também teve a mesma ideia, levou o Astrolábio até ao vulcão para ele ver se conseguia encontrar os seus amigos.


Quando chegaram ao topo do vulcão, o Astrolábio viu os seus amigos e correu muito feliz ao seu encontro. Para comemorarem o reencontro, Astrolábio e os seus amigos foram presenteados com um Luau: ao fim da tarde o dono da Moana, o senhor Kalani, organizou a festa na praia. Uma grande fogueira iluminava o areal enquanto todos dançavam ao som de música típica havaiana. Quando chegou o dia de partirem de Honolulu, Astrolábio e os seus amigos despediram-se dos amigos que tinham feito naquela ilha e prometeram manter contacto. O porto seguinte foi em Papeete, uma ilha do Taitit, onde chegaram a 13 de setembro.

Nos quatro dias que estiveram na ilha, Astrolábio e os seus amigos aproveitaram para conhecer a ilha e provar as especialidades culinárias. No mercado central de Papeete o Fernando, o Kayo e o Joaquim deliciaram-se com um prato tradicional da ilha composto por atum cru marinado em sumo de limão e acompanhado de vegetais frescos e de molho de coco. Para acompanhar, beberam uma água de coco fresquíssima e à sobremesa provaram fruta-pão. O Astrolábio é que não gostou muito deste almoço no mercado central de Papeete, mas o Fernando recompensou-o mais tarde deixando-o comer umas belas salsichas no navio. Alunos do 4.º ano da Escola E.B. 1 de Tunes


Os navegadores chegam a Punta Arenas no dia 18 de outubro para descansar e recolher alimentos. Eles estavam com fome e muito cansados, pois há muitos dias que navegavam. Após o desembarque, procuraram um restaurante para almoçar e apreciar os sabores locais. O Astrolábio tinha fugido dos navegadores e encontraram a Fluffy, com quem tinha feito amizade. Procuraram pelo seu cão e encontraram-no com uma menina que se fazia acompanhar por uma cadelinha.

- Olá, eu sou o Fernando. E tu, como te chamas? -

Eu

chamo-me

Diana e esta é a minha cadelinha, a Fluffy. - Esse é o meu cão, o Astrolábio. Os dois cães tinham feito uma grande amizade e brincavam um com outro, ignorando os seus donos. O Fernando perguntou à Diana qual era o melhor restaurante para saborear a gastronomia local e convidou-a para almoçar com eles. A Diana levou-os ao melhor restaurante, Ratatulle, onde saborearam tortilla espanhola e centolla mayo. Depois do repasto, foram conhecer a cidade. Visitaram o Museu Nau Victoria, a Plaza Muñoz Gamero e a Catedral de Punta Arenas. Ficaram maravilhados com a visita. No dia seguinte, foram comprar roupas tradicionais com a ajuda da Diana. O Fernando estava agora vestido como um homem tradicional e muito bonito, aos olhos da Diana.


Nos restantes dias, os navegadores estabeleceram contactos com os habitantes de Punta Arenas, para lhes ajudarem a recolher alimentos para a viagem. No dia 22 de outubro, abasteceram o barco durante todo o dia. No final do dia foram surpreendidos com uma festa de despedida bué de fixe, organizada pela Diana. Cantaram Fli -fli - fliflá - fliflá - flifláfló - fliflafló sabesta!… O Fernando e a Diana dançaram a noite toda, fazendo promessas de se voltarem a contactar no futuro. O Fernando prometeu enviar-lhe a história da sua viagem, assim que chegasse a Portugal. No dia 23 de outubro, o barco estava preparado para continuar a viagem. Os navegadores tinham feito muitas amizades e muitas pessoas estavam no cais para se despedirem deles. A Diana despediu-se do Fernando com um beijo e um forte abraço. O barco lá seguiu a sua viagem pelo estreito de Magalhães, entrando no oceano pacífico. O Astrolábio não sossegava desde o dia da partida. Talvez estivesse com saudades da sua amiga Fluffly. Uma onda maior fez balançar o barco e o Astrolábio caiu ao mar. O papagaio Matias viu o Astrolábio em apuros e deu o alerta! O Fernando e o Davi atiraram-se ao mar para salvar o Astrolábio. O Kayo lançou uma escada para eles puderem subir. O Miguel, desta vez, tinha manuseado as velas para o barco parar. O Capitão deu ordem para que todos voltassem aos seus postos de trabalho e o barco lá seguiu viagem, rumo a norte, ao largo da costa chilena.

O clima melhorava de dia para dia, cada vez estava mais calor, até que avistaram uma localidade muito colorida. Havia casas pintadas de várias cores, dispersas desde o cimo da colina até ao mar. Tinham chegado a Valparaíso no dia 4 de novembro, uma cidade conhecida pelas suas casas muito coloridas.


Assim que chegaram à cidade, antes de a visitar, foram comer. Havia várias frutas, muito marisco e sumos deliciosos. Para o Astrolábio, havia perninhas de frango com arroz, e para o Matias deliciosas sementes de girassol. A conta foi de 53 pesos, que á a moeda local. Nesse dia, dormiram numa Pousada da Juventude, pintada com as cores do arco-íris, onde conheceram além de chilenos, jovens venezuelanos,

peruanos,

brasileiros,

bolivianos,

argentinos

e

colombianos. Nessa mesma noite, trocaram endereços de e-mail com todos eles. Nos dias seguintes, visitaram o museu “La Sebastiana”, desfrutando da magnífica paisagem sobre o Pacífico. O guia, um senhor muito simpático, vestindo um traje tradicional, informou-os de que aquele museu tinha sido, em tempos, a casa do poeta Pablo Neruda. Visitaram também a principal praça da cidade, a Plaza Sotomayor. Aí, verificaram que parecia estar na Europa. O capitão explicoulhes que isso era o resultado de uma forte imigração europeia que tinha havido no século XIX. Depois

da

interessante

visita a Valparaíso, no dia 08 de novembro, soltaram as amarras, com destino à cidade de Callao, num país chamado Perú.

Alunos da turma Algoz 5, da Escola E.B. 1 de Algoz


Passados onze dias de uma viagem bastante agradável, chegaram finalmente ao seu destino, Callao, uma cidade no Peru. O capitão do navio deu-lhes dois dias para fazerem o que quisessem. À saída do navio, esperava-os o Sr. Lorenzo, um pescador muito simpático. As grandes rochas existentes no porto, e em seu redor, captaram a atenção de Fernando e, por isso, perguntou ao Sr. Lorenzo porque razão a cidade tinha aquele nome. - Quando os espanhóis chegaram a esta cidade, encontraram muitas rochas grandes espalhadas por uma enorme extensão, pelo que lhe atribuíram o nome Callao que, em português, significa “calhau”. explicou o pescador. O Sr. Lorenzo, como bom anfitrião que era, convidou os marinheiros para almoçar em sua casa. Tinha pescado muito peixe na noite anterior e resolveu fazer uma assada para todos. A sua esposa, Sra. Carmen, era uma excelente cozinheira e presenteou-os também com um belo “cebiche de pulpo”. Durante o almoço, o Sr. Lorenzo falou-lhes das maravilhas naturais que os marinheiros podiam ver, nomeadamente, as ilhas San Lorenzo e Palomino, onde podiam avistar pelicanos e corvos da Guiana e até nadar com os leões-marinhos. Todos eles acharam uma ótima ideia para ocuparem o dia seguinte. Nessa tarde, depois do almoço, a Sra. Carmen, cuja profissão era organizar visitas guiadas pela cidade, levou-os a conhecer algumas atrações turísticas: a Fortaleza Real Felipe, a Plaza Independencia e a Catedral. Enquanto desfrutavam daquela tarde espetacular, cruzaram-se com o filho da Sra. Carmen, o Carlos, que seguia apressado para mais uma excursão às Ilhas San Lorenzo e Palomino. Rapidamente foram apresentados e combinaram que, no dia seguinte, iriam visitar essas ilhas. A noite caiu e, antes de regressarem ao navio para descansar, provaram


uma especialidade peruana chamada Tacu Tacu, com a qual o Astrolábio se deliciou! Às sete da manhã do dia seguinte, o Astrolábio anunciou a alvorada, ladrando fortemente. Todos se prepararam para mais um dia que se adivinhava memorável. No porto, Carlos aguardava-os e quando chegaram iniciaram então a sua viagem de barco. Quando chegaram à ilha de San Lorenzo, ao ver os leões-marinhos, o Astrolábio, que era um belíssimo nadador e que era também muito curioso, resolveu saltar do barco e juntar-se a eles. - Quem são vocês? Gosto muito das vossas patas. São tão diferentes das minhas! - Isto não são patas! - respondeu indignado o Bigodaças, que era o chefe do grupo. Isto são BARBATANAS! Depois destes esclarecimentos, o Bigodaças convidou o Astrolábio a explorar a ilha e explicou-lhe que a mesma era conhecida como a “ilha dos Mistérios” e que por lá tinham passado muitos piratas e contavam-se muitas histórias de tesouros perdidos. Ao saber disto, Astrolábio começou logo a farejar, enquanto o Bigodaças apanhava banhos de sol juntamente com os seus companheiros. Depois de saltitar de rocha em rocha, o focinho do Astrolábio deu o alerta: tinha encontrado uma moeda de ouro! Feliz com a sua descoberta, mordeu a moeda e levou-a até ao seu dono que também explorava as belezas daquela ilha. Incrédulo, Fernando agarrou na moeda, observou-a e perguntou ao Carlos o que fazer com ela. Resolveram ambos que o melhor seria entregá-la ao museu naval da cidade, uma vez que poderia fazer parte de um tesouro perdido e valer uma fortuna! E assim o fizeram. No dia seguinte, Fernando e a restante tripulação, acompanhados por Carlos, e, claro, pelo Astrolábio, foram informados de que a moeda pertencia, de facto, a um tesouro há muito procurado e que iriam ser recompensados com algumas centenas de sois peruanos (a moeda do


Peru). A notícia foi recebida com bastante agrado, por todos. Aquela aventura iria, certamente, ficar para sempre na memória daqueles tripulantes! No dia 23 de novembro, soltaram as amarras rumo a Cartagena das Índias, na Colômbia. Alunos da turma Algoz 6, da Escola E.B. 1 de Algoz


Quando chegaram à Colômbia, foram recebidos por um grupo de colombianos que prepararam uma deliciosa refeição com ajiaco, patacones e arroz de coco. Quando estavam a acabar de comer, serviram uma deliciosa sobremesa chamada natilla, acompanhada de uma bebida tradicional, Lulada. O Fernando queria conhecer as maravilhas naturais da Colômbia. Dois dos seus novos amigos ofereceram-se para o levar a conhecer um pouco do ambiente natural que os cercava. Astrolábio estava deslumbrado. Numa vira florestas tão ricas! Não conhecia nenhuma daquelas árvores e nunca vira tantos animais exóticos. De súbito, Astrolábio viu com espanto, num pequeno rio, perto de belas cascatas, um grande grupo de lontras. As maiores que ele já vira! Ladrando, chamou Fernando. Os amigos, Luna e Juan, explicaram-lhes que aquela era a espécie de lontra que vivia na América do Sul. A Colômbia é uma das maiores reservas deste animal ameaçado pela poluição dos rios, explicou a Luna que era bióloga. Explicara ao Astrolábio que aquela espécie era a lontra-gigante, diferente da que ele conhecera em Portugal.


Depois foram visitar a cidade de Bogotá que é a capital de Colômbia. Viram as casas típicas feitas de tijolo e madeira. Depois de verem todas as maravilhas voltaram para o barco e despediram-se. Os colombianos ofereceram-lhes uma moeda nacional da Colômbia, o peso. Passados vinte e três dias de viagem, o Navio Escola Sagres chegou a Ponta Delgada no dia a 30 de dezembro de 2020, pelas 8.30 da manhã. O dia estava a nascer eles saíram logo do navio para fazer umas compras. Estavam tão excitados com as compras que o Fernando se esqueceu do Astrolábio no navio. Compraram muita coisa pois no dia a seguir era passagem de ano e estaria tudo fechado. Compraram os mantimentos necessários ao navio, e ainda compraram arroz doce, a moda de São Miguel, e o cozido das furnas. Voltaram ao navio muito carregados. Quando ali chegaram é que viram o Astrolábio a abanar a cauda, já esperava para ganhar um osso. Foram arrumar todas as coisas no navio, fizeram o jantar e foram-se deitar já pensando no dia seguinte. No outro dia, a alvorada foi bem cedo, às 6 da manhã. Levantaram-se logo a correr, às 6.30 já estavam a tomar o pequeno-almoço. Depois foram fazer os afazeres do navio até à tarde. Quando acabaram, foram despachar-se para vestir a melhor roupa que tinham, até o Astrolábio tomou banho. Jantaram, brincaram, conversaram, cantaram, o tempo passou sem que eles dessem por isso. Faltavam 5 minutos para a meia noite de 31 de dezembro de 2020.


O Davi tocou o sino do navio para chamar os marinheiros para a proa para verem os fogos de artificio. Todos olhavam para o céu, cheio de luzes como se fosse de dia. O Astrolábio é que não gostou nada, andava de lado para lado com a cauda entre as pernas até que o Fernando o agarrou ao colo e ele acalmou nos seus braços. Depois, quando tudo acabou, foram dormir juntos. No dia seguinte, após aquela passagem de ano inesquecível, Fernando, Astrolábio e os restantes companheiros quiseram visitar alguns dos mais belos locais de Ponta Delgada. Começaram pelo “Mercado da Graça” e até compraram alguns produtos regionais. Este mercado teve origem no séc. XIX. Visitaram também a famosa “Gruta do Carvão”, de origem vulcânica, e ficaram maravilhados ao ver o maior túnel de lava onde se formavam lindas estalactites e estalagmites, as mais espantosas alguma vez vistas. Também tiveram o privilégio de desfrutar de lindos jardins como por exemplo o “Jardim Botânico José do Canto”, onde existe um solar que remota ao séc. XVlll, uma antiga estufa, uma capela e uma linda escadaria. Entretanto, o dia ia avançando em direção a mais uma noite e Astrolábio estava eufórico … Ainda houve tempo para conhecer e tirar algumas fotos no ex-libris de Ponta Delgada, “As Portas da Cidade”. Edificadas em 1783 com um estilo barroco, compostas por três arcos construídos em mármore e basalto de cores branco e preto, onde se pode ver o brasão das armas reais e da cidade. Com o cair da noite, o cansaço era evidente. O dia tinha decorrido a um ritmo muito acelerado por isso decidiram regressar aos seus


aposentos e descansar para no dia seguinte continuarem a aventura naquela ilha maravilhosa. O dia 2 de janeiro era o quarto dia desta viagem encantada que continuava na ilha de Ponta Delgada. Nesse dia abriram o Navio Escola Sagres à população onde o Fernando encontrou um tio que já não via há 10 anos. Aproveitaram para colocar a conversa em dia. O tempo passou tão depressa que logo se fez noite e tiveram de se despedir.

Depois de uma longa viagem, o Navio-Escola Sagres chegou finalmente aos Açores, mais precisamente à ilha de São Miguel. A tripulação estava cheia de fome, pois já eram quase horas de almoçar. O Comandante dispensou o Fernando e os seus companheiros de viagem para desfrutarem do resto do dia nesta famosa ilha; pois teriam de seguir viagem para Lisboa… esta longa aventura estava quase a chegar ao fim… em breve toda a tripulação estaria de volta a casa. Sem perder tempo o Fernando, o Davi, o Kayo e o Astrolábio foram almoçar às Furnas para provar o famoso Cozido… comeram até quase arrebentar… até o Astrolábio repetiu 5 vezes. O Cozido era uma delícia... pois é enterrado no solo e é cozinhado com o calor natural que é libertado pela atividade vulcânica que vem do interior da terra. Cansados de tanto comer, os nossos amigos foram passear um pouco por Ponta Delgada e regressam ao barco para descansar.


Às 6 horas da manhã e o barco levantou a âncora rumo a Lisboa. O Fernando já estava no seu posto quando o Astrolábio começou a ladrar compulsivamente... O Fernando ficou espantado ao ver que estavam a ser alvo de um ataque “Pirata”. Como é possível em pleno século XXI ainda existir piratas! Os piratas fecharam o Comandante no seu camarim e tomaram posse do navio. Eles eram pelo menos uns vinte homens armados e queriam roubar o Sagres para irem à caça de tesouros em alto mar. Como o Astrolábio não parava de ladrar, os piratas começaram a correr atrás dele para o apanhar e o jogar ao mar… mas o cãozinho era muito esperto e ao desviar a atenção toda dos piratas para ele, fez com que o Fernando e os seus amigos conseguissem libertar o Comandante e recuperar o navio de volta.

Durante a semana estiveram todos tão ocupados que chegou depressa o dia da partida para Lisboa a 4 de janeiro de 2021. Quando iam a entrar no mar alto avistaram uma baleia com as suas crias. O Astrolábio não parava de ladrar e chamou a atenção do Fernando que foi ver o que passava com ele e os colegas. - São baleias Astrolábio não faças barulho que elas fogem. Um dia quando voltarmos noutra viagem gostava de poder ir visitar à Fábrica da Baleia numa outra ilha do arquipélago dos Açores, fica na Ilha das Flores. E assim partiram na última etapa até Lisboa.


Quando navegavam, avistaram golfinhos presos num plástico. Era um golfinho e as suas crias. O Fernando e os companheiros não hesitaram e mergulharam para tentar soltar os animais. O Astrolábio também quis ajudar. Mergulhou e, como era um excelente nadador, conseguiu encontrar um cordão e puxá-lo até libertar os golfinhos. Fernando reparou que havia muito lixo naquele monte de plástico. Astrolábio teve uma ideia. Nadou em círculos e enrolou todo o lixo no plástico. Assim, puderam

içá-lo

para o

depositarem

posteriormente num local seguro onde fosse reciclado. Astrolábio, radiante e orgulhoso, nadava com os seus novos amigos. Sobre o dorso do maior, conseguiu saltar e mergulhar como eles. Todos se riam. Depois de verem os golfinhos iniciarem o seu regresso para as ilhas, todos regressaram para o navio. - Estamos quase a chegar a Lisboa. A nossa viagem chegará ao fim. Teremos muitas aventuras para contar, não acham? Agora vamos descansar. Amanhã avistaremos o Algarve. O que não sabiam era que as aventuras ainda não tinham terminado. No dia seguinte, finalmente avistaram a costa de Portugal. Todos estavam alegres. O Zeca era algarvio. Nascera em Silves e gostava muito de passear pelos lugares que o Infante D. Henrique conheceu, Silves, Lagos, Sagres, Foi ele quem teve a ideia de se aproximarem um pouco da costa para matarem saudades. Queria ver as suas praias preferidas. Mas tiveram uma surpresa desagradável. Uma orca fora empurrada pelas marés de levante e debatia-se já perigosamente perto de terra, sem espaço para nadar. Desceram no bote até à praia e, todos juntos, empurraram a orca até uma zona mais profunda onde ela já pudesse


nadar. Maravilhados, viram um dos mais belos animais do planeta recuperar a sua vida e afastar-se. Já era noite quando chegaram a Lisboa. No porto, uma enorme multidão aguardava-os. Fernando e Astrolábio viram as suas famílias. - Vamos, Astrolábio! Estamos em casa! E, enquanto os jornalistas rodeavam o capitão, Fernando e Astrolábio correram com alegria ao encontro dos seus familiares através do cais todo iluminado pelo fogo de artifício.

Alunos da turma 4º/3º A-E da EB/JI nº2 de Silves (Enxerim)


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