ENTRE PEDRAS E URZES, ENTRE TREVAS E LUZES, Daniel Pinheiro e Paulo Fernandes

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DANIEL PINHEIRO & PAULO FERNANDES



DANIEL PINHEIRO & PAULO FERNANDES

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TÍTULO ENTRE PEDRAS E URZES, ENTRE TREVAS E LUZES AUTORES Daniel Pinheiro e Paulo Fernandes EDITORA Almalusa, Portugal https://issuu.com/almalusa.org DIRECTOR GERAL Jorge Pinto Guedes DESIGN & PRODUÇÃO SYNC Cultural para Almalusa CRIAÇÃO DA CAPA Ana Margarida Pinheiro FOTO DA CAPA Daniel Pinheiro FOTO DA CONTRACAPA Paulo Fernandes DATA DE PUBLICAÇÃO Julho de 2022 administracao@almalusa.org © Copyright do livro: Almalusa, S. Cristovão de Lafões, Viseu, Portugal


Prefácio

Dois Amigos da juventude. Amigos do coração, desde 1988. Um do Minho, outro da Beira Alta. Conheceram-se na então longínqua Ilha de São Miguel, quando Paulo entra na casa de estudantes e vê Daniel a escrever uma carta a sua mãe. Também Paulo as escrevia amiúde, oprimido pelas saudades da família, dos amigos e da sua terra, que deixara pela primeira vez aos 18 anos, para estudar na Universidade dos Açores. Assinava como “O Desterrado”, tal era a tristeza e solidão que sentia. Daniel e Paulo foram sempre mantendo a ligação, os contactos e a forte amizade ao longo da vida. Dois Homens diferentes, mas ambos amadurecidos pelos revezes da vida e donos de uma enorme sensibilidade humana e sentido estético ao escrever. Foi recentemente que sentiram uma forte necessidade de se expressar, vertendo para o papel sentimentos, medos, revoltas e emoções. Ambos amantes da fotografia, cada um quis ilustrar com uma foto sua original o poema do outro. E é nestes versos, que lhes saem espontaneamente e 3


ao correr da pena, que encontram forma de aliviar a alma. Daniel, tímido e reservado, tem poemas belíssimos, nascidos e torneados pelas incertezas, medos e dores de alma com que a vida o tem surpreendido. Paulo, mais comunicativo e frontal, derrama versos de forma incontida e compulsiva, como vulcão que não consegue deixar de verter a sua lava, umas vezes explosiva, outras, a derreter de calor e de paixão. Quantas vezes me sinto, ao lê-los, profundamente compreendida e reconfortada, pois que espelham sentimentos e desejos íntimos de todo o ser humano... escritos de forma muito bela e autêntica... Sublime! Deixe-se o leitor levar por esta torrente quente e fresca... suave e forte... e verá quanto prazer consegue saborear!

Ana Leal

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Ecos de um abraço Em nave viajando o Cosmos imenso, Seres insignificantes no espaço-tempo, Fundem energias, preenchem os espaços, Juntam corpos no enlace dos braços Suspendem tudo num ardor profundo, Quais deuses a criar seu pequeno mundo Concedem a um momento íntimo e terno Uma aura única de infinito e eterno. Daniel Pinheiro

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De encontro a Morfeu Nas profundezas, no abismo do Ser, diluem-se egos sem salivas cáusticas num nada querer. Num multiverso interior vagueiam criaturas, onde realidades sem limite se fundem na encruzilhada da semi-vigilia e do sono. Isentas de julgamento afloram apenas escapando à dimensão consciente, rasgando novos mundos sem futuro, passado ou presente. Daniel Pinheiro

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Gazelas a Panteras Quando na idade dos sonhos, Admirava a natureza daqueles seres inocentes, Com olhares meigos, fugidios e carentes Entre instintos hormonais libidinosos, Habitando corpos belos e graciosos, Desfilando em vales, fendas, Redondos e saliências imponentes, Não compreendia ainda esses Que o ritmo do tempo vai mudando, Leitos de rios que aos poucos vão secando, Não sem interesse, não que não causem Ou que não tragam Ímpetos… Mas agora tomados pelo propósito da caçada, Já longe da natural inocência dos instintos. Daniel Pinheiro

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A Felicidade do Ser e do Estar Caiu do Universo por entre as pernas de sua mãe. Seria menina ou menino? Aos pais nada lhes dava um género, somente o fruto de quem amou A criatividade na fertilidade e uma energia sob todas as formas de empatia. Depois do berço veio o terço. Chegou já a escola, a sacola e a cola, Na paragem do autocarro a aragem colava ao cabelo comprido o escarro. Era feliz como qualquer rapaz do exterior no seu próprio interior. Nada era superior à sua existência repleta de essência. E no experimentar a existência Ser ou não ser, ter ou não ter O respeito desta sociedade sem pertinência e nenhuma complacência.

Paulo Fernandes

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Artistas de Rua Queres ver a Lua refletida na calçada da rua Caminha descalça com a guitarra às costas. Agarra a ida e a vinda nessa viagem de seres Uma alminha que amadurece numa vagem. Quando estalar a casca apresenta o teu brilho Mostra andando nesse trilho a arte de quem não faz parte da gente rasca. Afina as cordas vocais com vinho do Dão Pois também faz tremer o paredão. Toca o Paraíso na Terra com a garra da tua guitarra Ninguém agarra o teu piso dessa caminhada empedrada. Faz o caminho até ao ninho perfeito E dá mais paz ao Homem imperfeito. E entra nessa viagem lunar com os pés descalços Sem medos dos percalços. Bebe vinho durante o caminho Transforma o imperfeito em perfeito! (Dedicado a todas(os) Artistas de Rua, especialmente à grande amiga Sara Moita de S. Pedro do Sul)

Paulo Fernandes

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