Revista Viração - Edição 95 - Abril/2013

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O Governo Federal leva Educação e Saúde às escolas públicas, promovendo a atenção e os cuidados com a visão, prevenindo a obesidade, estimulando a prática de atividades físicas e alertando sobre os riscos e danos do uso de drogas; entre outras doenças.


Turma do Centro Educacional de Sobradinho - DF

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s o r i e c r a p s o s Nos

Sexo e Saúde

pelo Brasil

Auçuba - Comunicação e Educação Recife (PE) aucuba.org.br

Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR) grupomakunaimarr.blogspot.com

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE) www.catavento.org.br

Universidade Popular – Belém (PA) www.unipop.org.br

Agência Fotec – Natal (RN)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC) ujsacre.blogspot.com

Idesca - Manaus (AM) www.idesca.org.br

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) www.casadajuventude.org.br

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) ocidadaonline.blogspot.com

Lunos - Boituva (SP) www.lunos.com.br

Cipó Comunicação Interativa Salvador (BA) www.cipo.org.br

Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa Maceió (AL)

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA) www.soudeatitude.org.br

Gira Solidário Campo Grande (MS) www.girasolidario.org.br

Avalanche Missões Urbanas Underground Vitória (ES) www.avalanchemissoes.org

Oi Kabum - Rio de Janeiro (RJ) www.oikabumrio.org.br

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Amadora – Portugal www.buefixe.org

Mídia Periférica - Salvador (BA) www.midiaperiferica.blogspot.com.br

Grupo Conectados de Comunicação Alternativa GCCA - Fortaleza (CE) www.taconectados.blogspot.com

Casa Pequeno Davi João Pessoa (PB)

Coletivo Jovem - Movimento Nossa São Luís São Luís (MA)

Brava Gente - Porto Alegre (RS) www.bravagente.org.br

União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre - (RS) www.umespa.org.br


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. . . í a r o p é o ã

N

o sa noticia TV de impren n ra g alistas na a n , io s c ia as sensa m odos os d ra e g d ro o P tráfic violência. angue, o crime e a tude ento de s m a m a s. A juven rr e n od os urba o tr n e c discurso enfatizam s o e forma, s grand o a n s s o e d D . tu s e rim s, sobre a esses c os que se os assalto associada ldo entre , a s drogas e p e s z e re v r s a da contr . boa parte parece en lescentes está, em lguns ado ade penal a d ri e scente, d io a to m d n e do a ole ção da ortame a p ç m n o a c s ri c o pela redu s com itos da razões. A indignado s em dire inúmeras m ta r a s o n li p io ia , c o ic e s ã uç po e esp eia da red a e do to, juízes da Crianç futam a id re No entan to de , tu is ta ia s c E s so la o arte, além ovimento ilidade vio rasil faz p ib B s s o que o , is p o a a ã além de m u s lizaç dos q ue es acionais a ressocia delas é q r rn e is v te a o in ip c m s n o ro ri p de p e tratad a, em vez nte (ECA) em mass to Adolesce n e. e m m ri e ara o c encarcera opinião d ucação p d e reforçar o a ir o, traz a e ã d iç a d e rd enal não e p v ta s e a um ioridad apa, de a c m e d a promove d m e o uçã portag e que a red A nossa re política d onstram m e d agrava a e u e q s s o você ta it , s e o li ir ã d ia iç espec sta ed e viola os N s . a a m d a , s e pas rim ão do uito ultra reduz o c de do sert nto, há m tu e n m e v ra ju e a rc d enca stia e busca re a angú s à seca a fe v n ti o a c rn a e d ain vê alt urbano. que não s no meio nordeste e d a id n u ort novas op ra! Boa leitu

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Quem somos a

Viração é um uma organização não governamental (ONG), de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da ANDI Comunicação e Direitos. Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 20 Estados e no Distrito Federal, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses dez anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Paulo Pereira Lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conheça os Virajovens em 20 Estados brasileiros e no Distrito Federal Belém (PA) Boa Vista (RR) Boituva (SP) Brasília (DF) Campo Grande (MS) Curitiba (PR) Fortaleza (CE) Goiânia (GO) Lagarto (SE) Lavras (MG) Lima Duarte (MG) Maceió (AL) Manaus (AM) Natal (RN) Picuí (PB) Porto Alegre (RS) Recife (PE) Rio Branco (AC) Rio de Janeiro (RJ) Salvador (BA) S. Gabriel da Cachoeira (AM) São Luís (MA) São Mateus (ES) São Paulo (SP) Vitória (ES)

Conteúdo

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Asso

ciazione Jangada

Quem faz a Vira Gutierrez de Jesus Silva

Reynaldo Gosmão, o Dinho, virajovem de Lavras (MG), aproveita a visita que fez à sede da Vira em São Paulo para fechar seu texto para a seção E eu com isso?! desta edição

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 05


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11 TV Universitária

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Estudantes de Comunicação têm oportunidade de exercer a criatividade na produção de programas televisivos

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Polêmica 2.0

Equipe e fundador do Wikileaks falam sobre as polêmic as que envolvem o site e as represálias que tem sofrido

Reduzir não resolve

redução da Cresce a adesão da sociedade brasileira pela alertam que s ialista espec e s jurista maioridade penal, mas e do adolescente essa medida viola os direitos da criança

24 Cadê a chuva?

Jovens do sertão do Nordeste se vêem obrigados a mudar para a cidade, pois a seca não permite uma vida plena nas comunidades rurais

Mês da mentira

data em que Entenda a origem das brincadeiras do 1º de abril, amigos nos peça aquela pregar muitos se aproveitam para

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No começo era sonho... E hoje uma realidade consolidada há dez anos. Juliana Barroso escreve sobre quando a Vira não passava de uma ideia

Sempre na Vira

Manda Vê . . . . . . . . . . . . . 08 Quadrim . . . . . . . . . . . . . . 10 Como se Faz . . . . . . . . . . 12 Imagens que Viram . . . . . 14 No Escurinho . . . . . . . . . . 30 Que Figura . . . . . . . . . . . . 31 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32 Rango da Terrinha . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

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Bonecos em cena

cos ainda A riqueza artística do teatro de bone vivo na tradição encontra resistência para se manter cultural da Paraíba

Escola comunicativa

Mais de cem escolas estaduais de Minas Gerais têm atividades extracurriculares voltadas para a Comunicação

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Revista Viração - ISSN 2236-6806

Primeiro-Secretário

Conselho Editorial

Eduardo Peterle Nascimento

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Diretoria Executiva

Conselho Fiscal

Bruno Ferreira, Elisangela Nunes, Evelyn Araripe, Gutierrez de Jesus Silva, Ingrid Evangelista, Manuela Ribeiro, Marcos Vinícius Oliveira, Rafael Silva, Sonia Regina e Vânia Correia

Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Pedagógico Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente Cristina Paloschi Uchôa

Paulo Lima e Lilian Romão

Equipe

Administração/Assinaturas Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da Vira Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amazonas (Jhony Abreu e Claudia Maria Ferraz), Bahia (Everton Nova e Enderson Araújo), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel),

Distrito Federal (Webert da Cruz), Espírito Santo (Filipe Borges), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Nikolas Martins e Maria do Socorro Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Emília Merlini, Reynaldo Gosmão e Silmara Aparecida dos Santos), Pará (Diego Souza Teofilo), Paraíba (Manassés de Oliveira), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon), Pernambuco (Edneusa Lopes), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rio Grande do Sul (Evelin Haslinger e Joaquim Moura), Roraima (Graciele Oliveira dos Santos), Sergipe (Grace Carvalho) e São Paulo (Luciano Frontelle, Verônica Mendonça e Vinícius Balduíno).

Voluntárias Julia Dávila e Mariana Rosário

Colaboradores Anais Quiroga, Antônio Martins, Heloísa Sato, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes e Sérgio Rizzo.

Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Revisão Izabel Leão

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação redacao@viracao.org


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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá Via E-mail Graças à Viração, hoje tenho grandes amizades e uma grande experiência, que está me ajudando muito profissionalmente. Amei tudo e a todos! E é com muito orgulho que hoje estou fazendo faculdade de jornalismo e vou me especializar em educomunicação! Obrigada a todos da Vira.

Fale com a gente! Via E-mail Eu me chamo Lucas e estou cursando Publicidade e Propaganda. Meus colegas de classe e eu estamos pensando em criar um blog com conteúdo diverso, porém, queríamos participar, primeiramente, de algo que já estivesse funcionando para termos feedback do que escrevemos. Como eu já conheço a Viração há algum tempo, e o conteúdo de vocês se encaixa bastante no que estávamos pensando em fazer, resolvi entrar em contato para saber como podemos participar da Agência Jovem. Lucas Galdino

Thalita Moreira

Que ótima notícia, Thalita! Parabéns pela conquista e boa sorte nessa nova etapa da sua vida! E continue participando da Vira!

Perdeu alguma edição da Vira? Não esquenta! Agora você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao

A Viração Educomunicação recuperou o seu perfil original no Twitter. Volte a nos seguir pelo @viracao.

Lucas, será ótimo contar com a sua colaboração e dos seus colegas! Mande os conteúdos que vocês produzirem para redacao@agenciajovem.org. Esperamos a colaboração de vocês!

E também confira a página da Viração Educomunicação no Facebok.

Ponto G Ops! Erramos!

Na edição nº 92, de fevereiro deste ano, publicamos um infográfico sobre o número de adolescentes dos Estados Unidos adeptos do sexting. Informamos que 15% conhecem alguém que já aderiu a essa prática. No entanto, o número correto é 85%. Pedimos desculpas pelo engano. E na edição de março creditamos uma das fotos em preto e branco da página 27, publicadas no contexto da reportagem Por um legado positivo como sendo de Webert Cruz, mas ambas são de Carolina Lima. Pedimos desculpas pelos equívocos!

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo

Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.


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Manda Vê Reynaldo Azevedo Gosmão e Maria de Fátima Ribeiro, do Virajovem Lavras (MG)*

Refrigerantes, salgadinhos e muito tempo diante do computador e da TV. Cada vez mais, crianças e adolescentes adotam hábitos alimentares e estilos de vida pouco saudáveis. Muitos são os fatores que contribuem para que isso aconteça. Alguns atribuem a culpa aos apelos midiáticos, sobretudo da publicidade dirigida ao público infanto-juvenil. No entanto, governos, organizações, escolas, pesquisadores já demonstram preocupação com este fato e estão se mexendo, criando oportunidades para o debate da questão. Em março, por exemplo, aconteceu em Brasília (DF) o Seminário Internacional Infância e Comunicação, em que jornalistas, pesquisadores, representantes de ONGs, da UNESCO, da Rede Andi e de outras entidades compareceram para discutir alternativas para a publicidade dirigida à criança. Além da opinião de especialistas, quisemos ouvir o que a juventude pensa sobre o assunto. Por isso, perguntamos pra galera:

A publicidade infantil incentiva o consumismo sem regras?

Helena Patto Oliveira, 20 anos, Ribeirão Vermelho (MG)

Gustavo Góis, 14 anos, Maringá (PR) “Acredito que incentiva muito. Criança gosta de coisa diferente, gosta do que está na moda e se vê alguém com uma coisa diferente vai querer também. E elas vão insistir com os pais para comprarem e enquanto não tiverem o que está na moda não vão ficar felizes.”

08 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

“A publicidade influencia sim, porque são colocados desenhos e nomes de personagens em alimentos. Isso chama muito a atenção das crianças, que preferem algumas marcas, muitas vezes devido ao brinquedo que é vinculado a um determinado produto.”

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal


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Israel Victor de Melo, 18 anos, Brasília (DF) “A publicidade infantil direciona ao consumismo precoce. A criança já quer um tablet, um computador, e isso leva a consequências como o consumo compulsivo que hoje é tratado, infelizmente, como algo normal.”

André William Costa, 21 anos, Luminárias (MG) “As crianças não estão interessadas em saber quantas calorias um produto tem, se faz mal ou não, mas estão interessadas em saber qual brinde vão ganhar e a publicidade influencia diretamente ao consumo sem regras.”

Evandro de Andrade Furtado, 19 anos, Lavras (MG)

“É muito relativo, porque quando eu era criança eu nunca fui influenciado a comprar uma bolacha, para ganhar um adesivo. Mas é interessante que a publicidade seja fiscalizada, para não ser abusiva e fazer com que se incentive o consumismo infantil.”

Laissa Ferreira, 21 anos, Volta Redonda (RJ) “Sim, a publicidade estimula consumismo. As crianças geralmente são levadas ao consumo sem consciência, e futuramente vão continuar consumindo devido ao reflexo que causa.”

Faz Parte

A preocupação com o aumento de casos de obesidade infantil é tema de discussão entre juristas, escolas, entidades não governamentais, empresas e mesmo em alguns lares que já cultivam hábitos saudáveis. Lançado recentemente, o documentário Muito Além do Peso discute a obesidade infantil, mostrando diferentes realidades no Brasil e nos Estados Unidos com histórias que confirmam a influência da propaganda na vida de meninos e meninas. A produção, dos mesmos autores de Criança, a Alma do Negócio, tem duração de 84 minutos e direção de Estela Renner e produção executiva de Marcos Nisti. Recebe patrocínio do Instituto Alana, organização não governamental que discute e atua encontrando caminhos para a transformação de formas de viver das crianças. Para saber mais, acesse: www.muitoalemdopeso.com.br e www.alana.org.br.

Valéria Afonso 20 anos, Lavras (MG) “Incentiva pelo fato de a publicidade colocar em destaque os brindes e não a qualidade e benefícios que o produto oferece ou não.”

Josimar Luiz da Silva, 23 anos, Macuco (MG) “Geralmente a publicidade tem influência, porque a criança vê um produto na televisão ou com amigos e ela sente interesse em ter também.”

Uma publicação do Instituto Alana disponível para download, aborda a questão dos malefícios da publicidade na vida da Criança. Por que a publicidade faz mal para as crianças? elenca as consequências das mensagens comerciais dirigidas a esse público, como erotização precoce, transtornos alimentares e obesidade, e estresse familiar; além de expor o que a legislação brasileira prevê com relação à publicidade voltada ao público infantil. A publicação está disponível para download no site: http://migre.me/dJH7T


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Quadrim

O toque de Midas de Mauricio de Sousa Nobu Chinen, crítico de quadrinhos

M

talentos internos de uma empresa, para valorizar essa turma o título escolhido foi Ouro da Casa. No final do volume, há uma pequena biografia de cada autor e sua respectiva foto. Uma bela homenagem a uma equipe que ao longo dos anos, anonimamente, tem ajudado a transformar Mauricio de Sousa, em um verdadeiro Midas, o mitológico rei que transformava em ouro tudo o que tocava.

10 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

lgação

Para ler e refletir

Por que é legal ler? É interessante apreciar os personagens de Mauricio de Sousa em estilos e técnicas totalmente diferentes do que estamos acostumados a ver nos gibis.

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Imagens: Divu

auricio de Sousa é o mais bem sucedido autor de histórias em quadrinhos do Brasil. Não há quem não conheça seus gibis com a Turma da Mônica e tantos personagens como Chico Bento, Astronauta, Horácio e muitos outros. Desde que estreou, há mais de 50 anos com a tirinha do cachorro Bidu, Mauricio foi ampliando sua produção e hoje conta com uma grande equipe de colaboradores que compõe o maior estúdio de quadrinhos do Brasil. Em 2009, ele começou a convidar quadrinhistas para fazerem histórias com seus personagens. Cada artista podia reinterpretar aquele que quisesse, no seu próprio estilo, do jeito que achasse melhor, desde que, obviamente, respeitasse as características básicas. Esse projeto, denominado MSP já gerou três álbuns de muito sucesso. Com a mesma proposta foi lançado o livro Ouro da Casa. A diferença é que, dessa vez, os convidados são os próprios funcionários do estúdio, ou seja, profissionais que passam o dia escrevendo roteiros, esboçando cenas, passando a tinta, letreirando e colorindo as histórias dos personagens do Mauricio. Com liberdade para criar, eles puderam experimentar de tudo: de traços mais simples a efeitos de computação e até bonecos modelados em massinha, técnica utilizada em animação. O resultado é uma coletânea rica e com estilos diversificados que oferece uma visão alternativa dos personagens, mas de pessoas que os conhecem íntima e profundamente. Entre os autores há pessoas com 20, 30 e até 40 anos de estúdio. Por isso, em vez do termo “prata da casa”, usado para designar os

Por que é importante ler? Muitos dos autores vêm trabalhando há décadas no estúdio de Mauricio de Sousa. Curtir suas histórias é uma maneira de prestigiar o trabalho desses profissionais anônimos.

Esse álbum é importante para pensar sobre o conceito de autoria e para entender que por trás da assinatura de um autor famoso, muitas vezes há toda uma equipe de profissionais, cada um com sua individualidade e seu estilo.


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Mídias Livres

Experimentar na TV alunos de comunicação TV universitária permite que ntes dos grandes meios criem novos formatos, difere

Izabela Silva, do Virajovem Vitória (ES)*

U

m local onde o jovem tem liberdade pra criar, um espaço legal pra fazer suas ideias saírem do papel, um lugar onde cria-se laços que vão além dos acadêmicos e ainda adquire-se experiência para o mercado de trabalho. Essa é a TV Faesa, que tem 15 anos e é um projeto da Faculdade Faesa, localizada em Vitória (ES). Marcelo Castanheira, que já foi aluno da faculdade, teve a ideia de criar um dos programas que hoje é uma das principais atrações da TV Universitária. Trata-se do programa Na Garagem, sobre música, feito por jovens e para jovens. O programa é reproduzido por uma das emissoras do Espírito Santo e já contou com a participação de nomes reconhecidos da música, como Gilberto Gil, Zeca Pagodinho e a banda Matanza. Com ideia de fazer um som de ensaio, o programa gira em torno dos músicos convidados. Além do programa Na Garagem, a TV tem mais duas novas ideias: Bitola e Drops, e o melhor de tudo é que todo feito por alunos da faculdade, desde as pautas, a produção até a edição. O único profissional da equipe é o professor Marcelo Castanheira, que trabalha como orientador de um grupo que varia de dez a 15 alunos. Pra participar do projeto TV Faesa deve-se primeiro ser aluno da Faculdade Faesa, dos cursos de Publicidade e Jornalismo, depois passar pelo processo de seleção que avalia o nível de criatividade dos alunos. Em caso de ser aprovado, o aluno vira voluntário do projeto por um determinado tempo e depois se torna estagiário. O objetivo da TV é trazer para o meio acadêmico a prática da profissão sem que o aluno precise ter experiência na área, “os alunos não precisam ser experts em edição, mas precisam de criatividade, o resto se aprende na prática”, diz o professor Marcelo. Alguns ditos populares afirmam que é na prática que se aprende. O aluno do 5º período do curso de Comunicação Wing Costa, de 22 anos, afirma que aprendeu muito mais na TV do que com o conteúdo teórico dado em sala de aula. Hoje Wing foi chamado para trabalhar em um meio de comunicação do Estado, o que comprova que experiências práticas na TV funcionam como espaços de divulgação do trabalho realizado por jovens que precisam de um lugar no mercado de trabalho. V

Você pode encontrar novidades sobre os programas no Facebook: www.facebook.com/nagaragem www.facebook.com/programabitola *Uma das virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 11


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Como se faz

Stop-Motion Com uma câmera fotográfica, você pode fazer uma das animações mais antigas do cinema Anais Quiroga e Ingrid Evangelista, da Redação

O

Anais Quiroga

stop-motion é uma das técnicas mais antigas da história do cinema. Ele foi criado em 1908 pelo desenhista Emil Cohl. O desenhista introduziu o stop-motion na América, técnica que na verdade surgiu na França. O primeiro stop-motion do qual temos conhecimento chamava-se The Humpty-Dumty Circus (1898), um curta-metragem feito por Albert Smith e Stuart Blacktone. Na época eles utilizavam brinquedos dos seus filhos para fazerem as animações. O maior desafio de um stop-motion é colocar vida em objetos. Muitos dos filmes que conhecemos ou que vimos quando crianças, por exemplo, A fuga das galinhas foi construído com base nessa técnica. Um dos filmes mais famosos que utilizou o efeito stop-motion foi King Kong (1933), dirigido por Willis O ‘Brian. Este diretor é considerado o criador dos efeitos especiais do cinema. A forma criativa de uso da técnica de O ‘Brian inspirou muitas gerações e pessoas, que hoje em dia são consideradas ídolos do cinema, como Ray Harryhausen, Steven Spielberg, George Lucas, Peter Jackson e Tim Burton. A pequena diferença de uma filmagem e de um stop-motion é que a filmagem consegue capturar vários quadros de uma vez, enquanto a fotografia captura um único movimento simulado quadro por quadro. Hoje em dia a técnica de animação stop-motion se tornou muito popular na produção de vídeos, clipes e programas, e é muito usada para fazer desenhos infantis. Lamentavelmente, essa técnica tão antiga está sendo menos usada e substituída por animações. Porém, continua sendo uma forma muito divertida e criativa de efeitos especiais. V

Passo a passo 1. Um objeto, uma pessoa ou um desenho é posicionado em um determinado ângulo e é tirada uma foto. 2. Depois deverá ser feita uma pequena alteração de milímetros no objeto e tirada novamente outra foto. Para conseguir o efeito de stop-motion é preciso fazer alterações mínimas. A câmera não deverá ser movida do lugar, nem deverá ser mudado o zoom dela. 3. Após ter repetido esses primeiros dois passos, várias e várias fotos deverão ser colocadas e reproduzidas em sequência. A troca acelerada de uma foto a outra causará a ilusão de que o objeto está se mexendo. Dependendo da velocidade de reprodução dos quadros que você escolher, as imagens passarão a impressão de movimento. Para isso, o recomendado são aproximadamente 24 a 26 quadros por segundo. Quer dizer que serão reproduzidas 24 a 26 imagens em um só segundo.



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IMAGENS QUE VIRAM

s o t n e m g a r F a z e r u t a N a d Ingrid Evangelista, da Redação

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alavra tupi que significa Pedra Chata, Itapeva tem uma população de mais de 87 mil habitantes, e fica a 460 km de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Num território em que o cerrado prevalece, a agricultura, a pastagem, a criação de gado e a plantação de eucalipto são as principais atividades econômicas de boa parte da região. Composta por paisagens belas e ao mesmo tempo assustadoras, por conta do desmatamento, a zona rural da cidade encanta pela presença de moradores simples e muito receptivos. Itapeva é um excelente lugar para quem procura tranquilidade e paz que as grandes cidades não fornecem, principalmente por causa da piscina natural formada em cima de uma rocha, da qual brota água corrente de uma mina próxima da região. Além da piscina, localizada no Sítio da Pedra Chata, é possível apreciar as montanhas da cidade, ponto turístico de Itapeva. Natureza é o que não falta nessa cidade interiorana, onde foi possível fotografar alguns fragmentos que compõem a paisagem local. Confira algumas imagens! V


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Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 15


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a r e l a G

Ameaça ao poder

r e t r ó Rep

, membros do Wikileaks e Em um encontro em Londres, capital da Inglaterra micas que envolvem o site seu idealizador, Julian Assange, falam sobre as polê José Ankalao (Chile), Tinja Zerzer (Áustria) e Luciano Frontelle (Brasil)

O

que acontece quando se começa a publicar o que alguém não gostaria que fosse publicado? Basta olhar a trajetória do Wikileaks, organização internacional de mídia que não visa o lucro, para se ter uma noção. Bloqueios bancários, apoiadores presos sem julgamento, perseguições e conspirações... Tudo isso vem acontecendo com o Wikileaks, fundado por Julian Assange, que começou a funcionar oficialmente em 2007. A organização é conhecida por publicar suas notícias e informações juntamente com suas fontes, normalmente documentos oficiais, que foram classificados como confidenciais. No dia 21 de setembro de 2012 estivemos dentro da embaixada do Equador em Londres (onde Assange é asilado político até hoje) e conversamos com Julian e sua equipe sobre o que eles fazem e a relação entre as acusações ao fundador do Wikileaks e o trabalho feito pela organização. As perguntas a seguir foram respondidas por membros da equipe do Wikileaks e por Julian Assenge. Confira! Qual o objetivo do Wikileaks? Equipe: Trazer notícias e informações importantes para o

público. Uma de nossas atividades mais importantes é publicar o material de forma original, junto com a notícia, para que assim os leitores possam ver a evidência de verdade. O trabalho de vocês tem sofrido represálias? Equipe: Sim. O que mais tem chamado nossa atenção ultimamente é o bloqueio que sofremos dos bancos. Visa, Mastercard e Paypal congelaram nossas contas, isso sem nenhum processo jurídico, oficial ou transparente. Ficamos sem poder receber doações. Se não há razões oficiais, o que pode ser então? Equipe: Esses bloqueios aconteceram dez dias depois da publicação de mais de 250 mil documentos confidenciais dos Estados Unidos, conhecida como Cablegate. Além disso, à época, senadores, políticos de outras esferas e até o vicepresidente do país declararam publicamente que o Wikileaks e Julian Assange deveriam ser considerados terroristas. O soldado Bradley Manning é acusado por cooperar com o Wikileaks na época que esses documenos vazaram?

Linha do Tempo O Wikileaks começa suas atividades oficialmente com o objetivo de publicar notícias e informações que acompanhem suas fontes para manter a autenticidade e neutralidade da informação

2007 16 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95

Em abril o vídeo Collateral Murder é publicado, revelando o assassinato de civis no Iraque por parte do exército americano. Em novembro, mais de 250 mil documentos confidenciais dos Estados Unidos são publicados

2010

No dia 7 de dezembro, dez dias depois dos documentos confidenciais serem publicados, os bancos congelam as contas do Wikileaks, e 95% da renda da organização é perdida

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Equipe: Sim. É acusado e já se passaram 855 dias (21/09/2012) que ele está preso sem julgamento. Durante os primeiros nove meses ele passou por condições subumanas e o governo americano tem tentado coagi-lo para ser uma testemunha contra Assange. Os documentos possuíam muitas informações sobre a guerra no Iraque, entre elas o vídeo (Collateral Murder), no qual soldados americanos matam a sangue-frio mais de uma dúzia de civis iraquianos, incluindo dois jornalistas trabalhando para a Reuters. E quanto às acusações de estupro feitas contra Julian Assange, na Suécia? Equipe: Assange não foi acusado de crime algum. Seu estado é de um suspeito que ainda não foi ouvido em relação a uma alegação de “estupro menor”. As duas mulheres haviam ido até a delegacia para conseguir informações sobre Assange, mas a polícia acabou transformando o assunto em uma acusação. Julian ficou sabendo pelos jornais que estava sendo acusado e, depois de ouvido, foi liberado pela promotoria para sair do país. Um tempo depois a promotoria voltou atrás e ordenou que ele voltasse, após um mandado de procurado internacional com seu nome. O governo da Suécia permitiu que a Interpol colocasse um aviso de alerta vermelho no seu estado de procurado e que deveria ser extraditado. Depois de perder a apelação no supremo tribunal do Reino Unido para evitar sua extradição, Julian pediu asilo político na embaixada do Equador. O que você tem feito aqui dentro, nesses meses, Julian? Julian Assenge: Há muito a ser feito. Nós publicamos milhares de documentos todos os dias, temos apoiadores e jornalistas espalhados pelo mundo que fazem contato diariamente, além daqueles que nós temos que garantir a segurança, por também estarem sendo perseguidos politicamente. O governo do Equador tem sido muito solícito desde o inicio, garantindo que consigamos continuar trabalhando mesmo daqui de dentro. Há uma perseguição política, o governo do Equador reconheceu isso. O que os apoiadores do Wikileaks têm feito a favor da organização? Equipe: Estamos recebendo ataques de todos os lados, a organização não pode com isso. Por isso, os apoiadores são essenciais, conscientizando as pessoas sobre o direito à liberdade de expressão e que o Wikileaks é um rival da grande impressa e compartilhando informações sobre os fatos para confrontar manchetes. V

Depois de perder a última apelação no supremo tribunal do Reino Unido, Assange pede asilo político na embaixada do Equador, em Londres. Se deportado para a Suíça, há o risco de ser enviado para os Estados Unidos, onde sua vida foi ameaçada publicamente

“Somos uma organização que tem usado a internet para passar a informação sem censura e como ela vem, de forma neutra.”

Saiba mais sobre o Wikileaks e sobre o Collateral Murder nos links: www.wikileaks.org e http://bradleymanning.org

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Capa

apelo à

r azão direitos destaque na mídia, mas especialistas em A redução da maioridade penal ganha ela não diminui os índices de violência da criança e do adolescente afirmam que

Evelin Haslinger, Joaquim Moura e Letícia Moreira, do Virajovem Porto Alegre (RS); Emilae Sena, do Virajovem Salvador (BA)*; Elisangela Nunes Cordeiro e Bruno Ferreira, da Redação; colaboração do Movimento 18 Razões* Ilustrações: Anais Quiroga

“T

á com dó? Leva pra casa”. Essa foi a frase que circulou pelo Facebook em uma peça de comunicação que defendia a redução da maioridade penal e obteve milhares de curtidas. Movida pela sensação de impunidade, parte da sociedade brasileira se revolta a partir das notícias diariamente veiculadas pelos meios de comunicação de massa que envolvem juventude, crime e violência. Por isso, acredita que a redução da maioridade penal é uma alternativa adequada. Além disso, outras frases como: “Se pode votar, pode responder pelos crimes” também fazem parte do repertório de quem defende a redução. Muitos afirmam que adolescentes em conflito com a lei não sofrem as consequências de seus atos. No entanto, a partir dos 12 anos, qualquer adolescente é responsabilizado pelo ato cometido contra a lei, por meio de medidas socioeducativas. Medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem o objetivo de “ajudá-lo a recomeçar e a prepará-lo para uma vida adulta de acordo com o socialmente estabelecido”. Juízes e especialistas em direitos da criança e do adolescente argumentam que a redução da idade penal não é adequada. “De um lado, a prisão não atinge nenhum dos objetivos declarados: não evita crimes – pelo contrário, aumenta os ciclos de violência a que as pessoas que superlotam os cárceres já estão submetidas. Também não ressocializa – pelo contrário, há consenso, e a própria Lei de Execução Penal o admite em sua exposição de motivos, de

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Boa parte das pessoas que defendem a redução da maioridade penal enxerga o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) de forma generalizada, acreditando que muitas instituições são prisões disfarçadas de escolas. Muitos adolescentes que são privados da sua liberdade, de fato, não ficam em instituições preparadas para sua reeducação, reproduzindo o ambiente de uma prisão comum. Mas se nem tudo são flores, é importante destacar que nem tudo são espinhos. Instituições como a Fundação Fé & Alegria, ligada à Prefeitura Municipal de Vitória (ES), envolvem seus adolescentes em atividades culturais e profissionalizantes e a eles oferece acompanhamento psicossocial. Hieverson Caser, mais conhecido como Leto, foi coordenador de acolhimento institucional da Fundação. Ele conta que os adolescentes que cumprem medida socioeducativa no local são, geralmente, pobres, sem muita instrução, revoltados com a sociedade por não terem tido oportunidades de estudo e trabalho. Esse também é o perfil de adolescentes que chegam à Fundação da Criança e do Adolescente da Bahia (Fundac/BA), que oferece medidas socioeducativas em regime de internação e semiliberdade. A diretora Ariselma Pereira afirma que os adolescentes da Fundação estudam em um turno e, no outro, participam de atividades artísticas e cursos profissionalizantes, como o de padeiro, costura, gráfica e informática. “Eles adoram participar das oficinas, dos cursos profissionalizantes, até porque a maioria entra no mundo do crime por falta de oportunidade. Setenta por cento dos nossos adolescentes afirmam que não frequentam a escola, e os que frequentam possuem um nível bem baixo de escolaridade”, diz Ariselma. De acordo com os dados do Censo de 2010, o Brasil tem 21 milhões de adolescentes de 12 a 18 anos, que representam 11% da população brasileira. O número de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas não chega à margem de um por cento da população adolescente do País. GBA, hoje com 18 anos, fazia parte dessa estatística há três meses. Ele cumpriu medida socioeducativa em algumas instituições do Espírito Santo. Aos 16 anos, participou de um assalto à mão armada e ficou quase dois anos em regime de

Medidas socioeducativas

Jovens em medida socieducativa durante atividade cultural em unidade de atendimento

Divulgação

que a prisão é criminógena, ou seja, suas condições são propícias para incentivar novas condutas criminosas. Por último, não supera o conflito expresso na conduta criminalizada”, argumenta Rodolfo Valente, coordenador do Instituto Práxis de Direitos Humanos.

internação. O jovem passou por entidades que, segundo ele, eram como hospícios, onde ele e outros adolescentes ficavam trancafiados “como bichos”. O adolescente afirma que esse tratamento alimentou sua revolta. “Sentia como se cada passo fosse o último. Ninguém sabe o que se passa na cabeça de ninguém lá dentro. A gente não demonstrava sentimento, a não ser ódio”, desabafa. No entanto, sua realidade muda quando começa a participar de oficinas de cidadania e cursos profissionalizantes na última das instituições por onde passou. “Pensava que, roubando, eu ia bater de frente com essa sociedade capitalista que só nos faz querer mais. Mas, hoje, luto de uma forma diferente. Só tem três meses que saí de tudo, estou trabalhando como técnico de panificação e confeitaria, tirando a minha carteira [profissional] e vou voltar a estudar no ano que vem”, afirma. Leto, que hoje é assistente social de um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) em Vitória, posiciona-se contra a redução da maioridade penal, pois percebe que a juventude precisa ser tratada com dignidade. Ele conta o caso de um adolescente arredio e revoltado com o qual trabalhou e que o processo educativo das oficinas e cursos o sensibilizou. “Fez com que ele retornasse para a sua vida anterior com mais qualidade.” Atualmente, esse jovem tem 19 anos e “sempre que me vê, vem ao meu encontro para conversar e falar com orgulho sobre suas novas conquistas”, emociona-se o educador. GBA também não acredita que a redução da maioridade penal seja positiva. “É uma forma de varrer a sujeira para debaixo do tapete. O governo tem milhões para investir em um monte de coisa, mas não dá pra investir em educação, né? É mais fácil criar bichos e, depois, quando não dá mais conta de controlar, isola todos do resto do mundo e deixa pra lá.” “Os adultos relatam que os adolescentes não são devidamente punidos por seus delitos, mas eu pergunto: quantos assassinos e traficantes adultos estão soltos mesmo depois de julgados e condenados? O que temos que melhorar é a educação e a rede de proteção social para promover cidadania e equidade social”, diz Leto. A diretora da Fundac/BA afirma que os adolescentes egressos do sistema socioeducativo do Estado saem com esperança em um futuro melhor. No entanto, a porta das

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Capa oportunidades permanece fechada para muitos deles. “O empresário não dá emprego por medo do jovem que cumpriu medidas, a sociedade o discrimina. Nós percebemos que a saída não é tratar a juventude como caso de polícia, e sim, de políticas públicas. Colocar mais cedo crianças e jovens nas cadeias, não é o caminho para que a gente tenha uma sociedade menos violenta”, conclui Ariselma. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) também não aprova a proposta de redução da maioridade penal, pois isso "reforça o descompromisso do Estado em encarar a situação da violação de direitos das crianças e dos adolescentes de forma responsável e inteligente. Inquestionável é a essência higienista e reacionária [da proposta]. É lamentável perceber que o Estado que se omite da garantia dos direitos pretende ser o mesmo que, covardemente, busca a punição", afirma Diego Vale de Medeiros, conselheiro do Conanda.

Um olhar positivo

sobre as medidas

No final do ano passado, durante a 2ª Semana de Arte e Cultura da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (Fase/RS), manifestações artísticas de dança e música, grafite, artesanato e capoeira fizeram parte da programação do evento. As apresentações foram criadas e produzidas por adolescentes que cumprem medida socioeducativa privados de liberdade nas unidades da Fase da capital e de cidades do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Iniciativas como essa deveriam fazer parte do dia a dia das instituições de atendimento socioeducativo do nosso País. Mas, na maioria das vezes, não é essa a realidade. O mais marcante foi poder dialogar, dançar e participar do lanche coletivo com os adolescentes. A troca entre visitantes e os adolescentes possibilitou Virajovens de Porto Alegre posam com banner sentir as dificuldades que de divulgação da Semana de Arte da Fase/RS passam dentro e fora da unidade da Fase. Os internos são jovens como outros quaisquer, que têm seus talentos, sonhos, problemas, necessidades. Por falta de políticas públicas, desigualdade social e desestrutura familiar, em boa parte dos casos, se deparam com situações de violência.

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Virajovem Porto Alegre

socioeducativas


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O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê seis tipos de medidas socioeducativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. Recomenda-se que a medida seja aplicada de acordo com a capacidade de cumpri-la, as circunstâncias do fato e a gravidade da infração. No entanto, de acordo com o relatório O Direito de Ser Adolescente – A situação da Adolescência no Brasil, publicado em 2011 pelo UNICEF, 92% das unidades existentes no País não estão adequadas aos padrões arquitetônicos e de capacidade fixados pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). O juiz de direito da infância e juventude Sérgio Mazina afirma que há dificuldades orçamentárias e operacionais, além de uma desintegração de vários órgãos responsáveis por compor o sistema de atendimento, o que muitas vezes distancia o formato da medida socioeducativa do seu modelo ideal. “Os técnicos comumente estão desorientados e não dispõem de redes de atendimento adequadas para compor estratégias mais amplas de atuação em favor das crianças que recebem. O sistema educacional público sucateou-se definitivamente e mal está aparelhado para propiciar ensino e, quanto mais, educação em um sentido mais amplo”, afirma Sérgio, que também é membro da Associação de Juízes para a Democracia e professor de Direito Penal da Unifieo, de São Paulo. Ele acredita que as medidas socioeducativas não devam ser substituídas pelo encarceramento, para ele um sistema inadequado. “É preciso repensar o Estado brasileiro a partir da perspectiva de educador dessa infância. Quando se trata de lidar com os segmentos mais populares da sociedade, nosso Estado exercita apenas os verbos cobrar, expulsar e prender, mas não executa o mais reclamado de todos os verbos e aquele que haveria de ser o mais cotidiano, ou seja, conversar”, diz. Apesar da precariedade e de uma série de irregularidades no Sinase, a taxa de reincidência de adolescentes egressos de medidas socioeducativas está abaixo de 20%, enquanto sob o Sistema Penitenciário, voltado para o adulto, é de 70%.

Atividade cultural reúne adolescentes em medida socioeducativa da Fundac da Bahia

Divulgação

o que prevê o ECa

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Capa

Quando crimes hediondos ganham destaque nos meios de comunicação de massa, é natural que parentes das vítimas exijam justiça. Frases como: “O que eu espero é justiça, que ele vá pra cadeia” são comuns em todas essas situações. Familiares sentem-se um pouco mais aliviados quando o algoz de seus entes queridos é condenado a muitos anos de prisão. Justiça e punição possuem a mesma conotação nos dias de hoje. A Proposta de Emenda Constitucional 33 (PEC), por exemplo, de autoria do Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), defende a redução em casos de crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo. A PEC está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Se aprovada, será inconstitucional no entendimento de vários juristas brasileiros, pois os artigos de defesa dos direitos da criança e do adolescente são considerados cláusulas pétreas, ou seja, que não podem ser modificadas. O Estado que deveria garantir direitos converte-se em um tipo de Estado Penal, que administra a panela de pressão de uma sociedade desigual. Deve-se mencionar ainda a ineficiência do Estado para emplacar programas de prevenção da criminalidade e de assistência social eficazes, junto às comunidades mais pobres, além da deficiência generalizada em nosso sistema educacional. Dessa forma, opta-se pelo encarceramento, medida própria do contexto sócio-político do capitalismo. De acordo com Rodolfo Valente, com o neoliberalismo das décadas de 1970 e 1980, a prisão passa a ser a principal forma de punir as pessoas que infringem a Lei. No Brasil, a partir dos anos 1990, a política de encarceramento em massa é desencadeada, a exemplo do que acontecia no restante do mundo. “Hoje, a função do cárcere é menos disciplinar e mais a de gerir a pobreza que se reproduz e se aprofunda com as inúmeras desigualdades geradas pelo capitalismo neoliberal, marcado pelo desmonte dos serviços sociais e pela ascensão dos aparatos de segurança pública”, afirma. Para a antropóloga e advogada Bruna Angotti, a redução da maioridade penal reforça a política de encarceramento em massa, numa tentativa de lidar com a criminalidade com uma resposta punitiva em vez de alternativas de composição social. “A política de encarceramento atual é extremamente ineficaz: investe na abertura de vagas como forma de lidar com a questão criminal, enquanto deveria fazer exatamente o contrário, ou seja, encarcerar menos, reduzir a população prisional e investir em formas realmente eficazes de resolução de conflitos”, declara Bruna.

Prisão que deseduca

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Rodolfo Valente vai na mesma linha: “As tentativas de reduzir a maioridade penal andam de mãos dadas com a política de encarceramento em massa e, mais recentemente, com a política de privatização de presídios. Também no sistema infantojuvenil, prevalece a lógica da seletividade: são os jovens negros, pobres e periféricos que são usualmente processados e julgados pela Justiça da Infância e da Juventude.” Algumas pessoas contrárias à redução da maioridade penal ficam balançadas quando o tema é crime hediondo praticado por adolescentes. Há os que defendam a redução para esse caso. No entanto, o juiz Sérgio Mazina adverte: “o que se está em debate não é o crime cometido, mas a idade de quem o praticou”. “Não podemos nos esquecer de que a própria ideia de hediondez é, em si, bastante equivocada, inclusive no que toca ao tratamento penal do adulto. Hediondo não é o tipo de crime, mas, comumente, o modo como um dado tipo de crime pode ser ou não cometido. Estender esse equívoco para o tratamento das crianças em adolescência é aumentar, e não diminuir, esse erro da lei brasileira aplicável aos adultos.”

Cenário internacional

Em 1990, o Brasil assinou a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescente da Organização das Nações Unidas (ONU), assumindo tratamento diferente em relação aos adultos, em atos infracionais envolvendo crianças e adolescentes. “Se tomarmos o direito internacional como base, veremos que a maioria dos países que ratificaram a convenção mantém a idade penal nos 18 anos”, afirma Propercio Rezende, consultor em direitos da Criança e do Adolescente. De uma lista de 54 países analisados, a maioria deles adota a idade de responsabilidade penal absoluta aos 18 anos de idade, como é o caso brasileiro. Alguns países que adotam a maioridade penal aos 18 anos são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria e Inglaterra. Esta fixação majoritária decorre das recomendações internacionais que sugerem a existência de um sistema de justiça especializado para julgar, processar e responsabilizar autores de delitos abaixo dos 18 anos. V


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articulados contra

a redução Depois da movimentação a favor, no Senado e na sociedade civil, de que adolescentes em ato infracional a partir dos 16 sejam presos em celas comuns, militantes preparam reação em todos os Estados, por meio do Movimento 18 Razões para a não redução da maioridade penal. Ele foi articulado inicialmente por 16 entidades defensoras dos direitos da criança, do adolescente e da juventude, inclusive a Viração Educomunicação. O 18 Razões entende que a redução da maioridade penal não vai diminuir a violência e acredita que somente as ações realizadas com a sociedade civil organizada e governos nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas serão capazes de reduzir a criminalidade. O movimento elencou e divulgou ao longo de março, em sua página do Facebook 18 razões que entendeu necessárias para qualificar o debate sobre a redução da maioridade penal, até então marcado por um discurso agressivo. A proposta da redução também tem o repúdio de diversas organizações como recentemente se manifestaram a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Fundação Abrinq. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente também é contrário à redução. As 18 Razões publicadas no Facebook foram construídas a partir de estudos das entidades que compõem o movimento, além do UNICEF (Porque dizer não à redução da idade penal / 2007); Campanha 10 Motivos Não à Redução, do Conselho Regional de Psicologia; Manifesto Projeto Não-Violência (10 Razões porque somos contra a redução da MP – Sobre a Cultura de Paz); Campanha em Defesa da Vida, a Juventude quer Viver (10 das 1000 razões para dizer não a redução da MP – Casa da Juventude Pe. Burnier); Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil, da Flacso-Brasil. Esta reportagem foi construída com muitas das informações publicadas pelo 18 Razões.

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

Saiba mais sobre o 18 Razões: www.facebook.com/18razoes e www.twitter.com/18razoes

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Sertao a espera de chuva

Jovens são ‘forçados’ a deixarem suas comunidades em busca de outras oportunidades nos centros urbanos

Rones Maciel, Virajovem de Fortaleza (CE)*

T

om Jobim cantou os versos: “São as águas de março fechando o verão/ É a promessa de vida no teu coração” (Águas de Março). Março chegou e com ele a chuva não caiu ainda na comunidade de São João Velho, que fica no sertão central do Ceará, no município de Quixeramobim, a 240 km de Fortaleza. Assim como em muitos municípios do Estado que estão com seus níveis dos reservatórios de água abaixo do esperado para esta época, a comunidade sofre com a

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Fotos: Rones Maciel

estiagem. Por isso, tem sido abastecida por carro-pipa. Dos 184 municípios cearenses, 174 declararam no ano passado estado de Reservatório de água em Quixeramobim emergência V quase seco por causa da falta de está devido à seca chuva no último mês de março que afeta tanto a produção de alimentos na agricultura familiar quanto à criação de animais, que sofrem, e em alguns casos, estão morrendo por falta de água. Se a chuva não vem, muitos agricultores se agarram à fé e esperam, segunda a crença religiosa, que chova até 19 de março, data em que se celebra o dia de São José, santo padroeiro do Ceará. Segundo a tradição, se não chover até esse dia, não se terá um inverno chuvoso. Mito ou religiosidade, o certo é que choveu em mais de cem municípios do Estado. Com isso, se renova a esperança que a chuva venha a cair com mais vontade nos próximos meses. Não são apenas os adultos que sentem os efeitos da seca, os jovens também começam a sentir a ausência de água e de políticas públicas de combate aos problemas causados pela estiagem, que faça com que a juventude permaneça no campo. A falta de expectativa faz com que os jovens deixem a sua comunidade, provocando um intenso êxodo rural. Para muitos jovens da comunidade de São João Velho, assim como muitas outras, o êxodo rural sazonal “forçado”, acaba sendo uma forma de ter alimento na mesa durante o período de estiagem. O jovem Everilton Saraiva, de 20 anos, está indo morar na cidade de Quixeramobim para trabalhar em uma cooperativa de calçados – a única opção para muitos jovens da região. Deixar família, amigos e a comunidade onde cresceu não é fácil, mas não tem opção. “Por falta de trabalho, e melhores oportunidades, tive que ir embora. A falta de chuva prejudica o único meio de sobrevivência do campo, que é a plantação”, ressalta o jovem. A presença de meninas é bem maior que a de meninos em São João Velho. Elas também estão deixando o campo em busca de renda na zona


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urbana. A jovem Gerliane Neres, de 18 anos, deixou as raízes de onde nasceu e correu para buscar outras oportunidades na cidade. “Por falta de um ganho, estou indo morar na cidade em busca de trabalho. O que sinto mais falta é dos amigos, da liberdade de sair à noite, e principalmente, do sossego do campo”, diz ela, já sentindo as dificuldades da vida urbana. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a previsão climática para os meses de março a abril no Ceará aponta para a probabilidade de 40% das precipitações de chuva ficarem abaixo do normal. O Ceará, assim como outros Estados que fazem parte do bioma da Caatinga, na região semiárida, atravessam a pior seca dos últimos 40 anos, segundo especialistas e registros históricos. A canção Súplica Cearense, interpretada por Luiz Gonzaga, que tão bem cantou nas suas diversas músicas a riqueza, a beleza e também o sofrimento do homem e da mulher sertaneja, traduz a angústia que a seca ainda promove no sertão do nordeste.

“Oh! Senhor, Pedi pro sol se esconder um pouquinho, Pedi pra chover, Mas chover de mansinho, Pra ver se nascia uma planta no chao, Planta no chao.”” As cisternas da cidade V à espera de chuva estão

Eu não deixo o meu Sertão O “tempo bonito pra chover”, como se fala no sertão, faz com que a esperança na chuva venha, molhe a terra, que há meses não vê água, vai movendo os sonhos dos sertanejos. A chuva pode até não vir, mas a luta continua e nem todo mundo está disposto a deixar suas raízes e convivências para se arriscar na cidade. Confira dois depoimentos que atestam o desejo da juventude de permanecer no sertão. “Estou cursando Pedagogia e trabalho na sede do distrito de Lacerda, com o projeto Mais Educação, na única escola de nível fundamental II do distrito. Acho que a seca faz com que muitos jovens que trabalham na roça com seus pais, para poder no fim do mês ter uma renda mensal, procurarem trabalho na cidade. Uma forma de ter uma vida digna no campo seria cursar uma faculdade de agronegócio ou de veterinária, mas o governo também teria que investir, criando projetos para manter os jovens no campo”. Raiane Maciel, 21 anos “Continuo morando na minha comunidade, porque onde eu moro tenho um emprego digno, que dá para ajudar a minha família e não preciso ir morar em outro lugar. A seca pode sim ser um dos motivos que faz com que jovens como eu possam deixar a comunidade. Muitos vivem da agricultura, ajudando os pais, e com a falta de chuva precisam procurar outros meios de sobrevivência. O estudo seria a melhor forma de nos manter aqui, fazendo uma faculdade que nos ensine a trabalhar com o campo e ter os mesmos prazeres que a cidade oferece”. Karliane Alves, 21 anos. V

A seca fez com que o jovem Everilton V Saraiva deixasse sua comunidade à procura de oportunidades de emprego


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É verdade ou mentira? da mentira”. Há várias versões sobre o 1º de abril ter se transformado no “dia 16 A informação mais difundida é que começou na França, no século

Emilae Sena, Andressa Salles, Evelyn Karine Silva, Thalysson Vinicius, do Virajovem Salvador (BA)*, e Alan Passos, historiador

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ia dos tolos, dos bobos ou Dia da Mentira. O 1º de abril ainda é lembrado por muitos dessa forma. E muita gente não perde a oportunidade de fazer uma pegadinha, de contar uma mentirinha para os amigos nesse dia. A informação mais difundida sobre a origem das brincadeiras do 1º de abril surgiu na França, no século 16. Naquela época, na Europa, o calendário mais adotado era o Juliano, criado no ano 45 antes de Cristo, pelo general romano Caio Júlio César (101 – 44 a.C). Mas esse calendário não era seguido por todos e muitas aldeias e paróquias celebravam o ano novo na festa da Anunciação (celebração cristã lembrando quando o Arcanjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria mãe de Jesus Cristo), em 25 de março. Alguns esticavam o ano velho até 31 de março e só comemoravam o réveillon em 1º de abril, data que aconteciam trocas de presentes e animados bailes noites adentro. O calendário Juliano apresentava alguns erros na contagem dos dias. Por isso, em 24 de fevereiro de 1582 foi promulgado pelo Papa Gregório 13 um novo calendário que, por sua iniciativa, passou a ser conhecido como calendário Gregoriano, que instituiu que o ano novo se iniciaria em 1º de janeiro. A França foi um dos primeiros países a adotarem o calendário Gregoriano, mas com resistência (ou confusão) da população, que continuou a comemoração do ano novo na antiga data, em 1º de abril. É nesse ponto que

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está a questão do surgimento do chamado “Dia da Mentira”. Alguns gozadores começaram a ridicularizar esse apego, enviando aos adeptos do antigo calendário Juliano, apelidados de “bobos de abril”, presentes estranhos e convites para festas inexistentes. Com o tempo a galhofa difundiuse por todo o país a ponto de hoje estar espalhada por todo o mundo ocidental. Entretanto, há outra hipótese para explicar o “Dia da Mentira”. Segundo o historiador Joseph Boskin, professor da Universidade de Boston, a data seria reminiscência de uma antiga festa romana, em que era costume os trotes durante o equinócio de primavera. Nessa perspectiva, os trotes do 1º de abril seriam anteriores às mudanças realizadas pelo calendário Gregoriano. Dia da mentira no Brasil Não há consenso sobre a origem da brincadeira do Dia da Mentira no Brasil. Mas ao que parece, começou a ser difundida em Pernambuco, onde circulou o periódico chamado A mentira, lançado em 1º de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A última edição do periódico saiu em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.

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Vale

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Quando tudo ainda não passava de uma ideia Juliana Rocha Barroso*

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omo toda boa ideia, a Viração nasceu como resposta a um espaço vazio, a uma conexão solta, a uma vontade coletiva que já ressoava e pulsava em mentes e corações. Uma ideia pode ser entendida como a soma de tudo isso, elaborada e materializada por um alguém que conseguiu captar e expressar o que os outros não conseguiram. O espaço vazio da voz e da força da juventude, a conexão solta entre o direito humano à comunicação e o seu efetivo exercício, o desejo coletivo de expressão e acesso aos meios de se expressar deixaram o mundo abstrato para se materializar num projeto social impresso. Ao longo dos seus dez anos, a ideia, viva, somou-se a outras vontades, lugares e conexões e ganhou novas formas, de projeto a movimento de ação sociopolítica e educacional. Criou e promoveu espaços de diálogo e construção coletiva, colaborativa e participativa e se descobriu rica pelo processo, pela caminhada e não pelo que se espera encontrar no destino. Afinal, entendeu que a comunicação é mesmo um meio e não um fim. E para contar essa importante parte da história da Viração, a parte de quando tudo não passava de uma ideia, aproveito o gancho do meu próprio desafio: fazer isso em apenas 2.500 caracteres com espaços, agora já 2.000. Logo eu, que olho pro papel virgem, pro novo arquivo, com a caneta inclinada a 45 graus ou o cursor piscando na tela e os dedos ansiosos pela largada... Mas por um instante sequer tive em mente que esses 2.500 caracteres seriam limitantes pro que estaria prestes a escoar da mente, pro que ia deixar o tal campo das ideias e se materializar na tela, no papel, ou em quaisquer outras mídias. Sempre acreditei que o meio não é limitador, ainda que apresente em si algumas restrições. A princípio temos o impulso de traduzir qualquer restrição como limite ou barreira. Mas a ideia Viração, uma ideia de mudança, atitude e ousadia, germinou em campo onde não se conhece limites pra criar, ver além. A semente brotou e em seu crescimento fez de cada restrição uma oportunidade, de cada desafio, motivação. Ganhou forma, se expandiu e multiplicou num ecossistema educomunicativo. Ressoa, se modifica e só faz crescer em mim essa ideia, que ilumina e transforma mentes de forma real no presente de cada pessoa que se conecta e a reconstrói, desde quando tudo ainda não passava de uma ideia. V

*Juliana Rocha Barroso é co-fundadora da Viração, jornalista e educomunicadora


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Faz Cultura

Bonequeiros fazem arte

José Carlos Santos Lima e Joelma Oliveira, do Virajovem João Pessoa (PB)*

A riqueza cultural do teatro de bonecos ainda encontra dificuldade para se manter na tradição cultural da Paraíba Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco são alguns nomes dados ao teatro de bonecos, uma manifestação artística tipicamente brasileira, com maior presença na Região Nordeste do Brasil. Apesar de significativa, essa forma de expressão cultural ainda é muito desvalorizada pelas políticas públicas de cultura do País. No entanto, grupos e entidades nordestinas procuram resgatar e difundir a arte do teatro de bonecos em todas as suas técnicas e linguagens. Esse é o caso da Cia. Boca de Cena, de João Pessoa (PB). De acordo com Amanda Viana, coordenadora da organização, o grupo não tem parcerias financeiras, mas tem um diálogo com vários outros grupos, principalmente de outras regiões do Brasil, presentes em Brasília, Paraná e São Paulo, por exemplo. A Cia. Boca de Cena surgiu no ano de 1996, inicialmente como uma proposta de grupo artístico, mas anos depois, com a ampliação de suas atividades, passou a ser uma ONG com propósito educativo e cultural.

Atualmente, a Boca de Cena desenvolve dois projetos: o Iê Malungo, que propõe o trabalho com jovens que já foram alunos da entidade, a fim de estimular o surgimento de mais atores manipuladores, que manuseiam os bonecos, na capital paraibana; e o Benedito e João Redondo pelas ruas da cidade, projeto ganhador do Prêmio Artes Cênicas na Rua, concedido pela Funarte em 2012, que tem como principal objetivo proporcionar um diálogo cultural, entre o teatro de bonecos tradicional e o contemporâneo. O projeto está sendo desenvolvido em oito municípios da Paraíba, com a participação de mestres bonequeiros das cidades participantes.

A principal dificuldade é a falta de interesse das gestões pública em relação à criação e implantação de políticas públicas de cultura, que visem à sustentabilidade dessa arte popular em nosso Estado. “Nosso projeto está sendo divulgado e conhecido através de nossa assessoria de comunicação e redes sociais, recebendo votos de aplausos pela iniciativa. E a nossa mídia local não faz qualquer referência ao trabalho que está sendo desenvolvido”, explica Amanda.

A Cia. Boa de Cena acredita que o reconhecimento do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste como patrimônio Imaterial do Brasil, pelo Iphan, representa um avanço na política de cultura em âmbito nacional, além da ampliação de vários festivais específicos de teatro de bonecos. “A realização do projeto Benedito e João Redondo pelas ruas da cidade, proposto por nós, está contribuindo com as discussões em torno de um plano de salvaguarda para esse bem cultural”, afirma Amanda Viana.

Na Paraíba, outros grupos de bonequeiros populares se destacam. Um deles é o Babau da Paraíba, composto por pessoas simples e humildes, algumas analfabetas, mas detentores de uma sabedoria única. V


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E eu com isso?!

Reinventar com Comunicação

como rais adotam a Comunicação Ge s na Mi de s ca bli pú las Esco dio ra estudantes do ensino mé atividade extracurricular pa

E

mpreendedorismo e Gestão, Meio Ambiente e Recursos Naturais, Estudos Avançados em Ciências, Estudos Avançados em Linguagens, Comunicação, Tecnologia e Turismo são alguns dos temas que fazem parte do projeto Reinventado a Escola, determinado pela Resolução Estadual nº 2252/2013, que considera a Lei de Diretrizes e Bases de 1996. O projeto tem como objetivo reformular o currículo escolar convencional, com a inclusão e a integração de áreas de empregabilidade ao Currículo Básico Comum (CBC) do estudante. Atualmente, o projeto atinge 122 escolas da rede estadual de ensino de Minas Gerais, com a perspectiva de universalizar e ampliar para todas as escolas do Estado. Em Lavras (MG), a Secretaria Regional de Ensino implementou o projeto nas temáticas do eixo de Comunicação, Tecnologia e Meio Ambiente na escola Estadual Firmino Costa. Os estudantes do primeiro ano do ensino médio recebem formação e participam de atividades do projeto em um horário extra-classe. Josélia Teixeira, vice-diretora da escola e professora do eixo de Comunicação, fala sobre a importância da comunicação para o senso crítico do aluno. “O projeto vai acrescentar muito para eles. Quando há essas disciplinas dinâmicas, os alunos têm mais interesse e começam a rever o mundo, desconstruindo estereótipos de adolescências que a própria mídia impõe e se sentem mais autônomos.” Para os estudantes do primeiro ano, o trabalho com comunicação é uma grande novidade. A temática foge ao currículo básico tradicional, o que fascina os estudantes. “É muito interessante porque saímos da mesmice, e nos conectamos a outras disciplinas e temáticas. Somos muito instigados a conhecer o novo e a repensar o mundo a nossa volta”, disse a aluna Saori Vargas Rezende, de 15 anos, que participa do projeto. O Reinventando a Escola é uma iniciativa de reverter o tradicionalismo na educação, pois representa, mesmo que ainda de modo tímido, a desconstrução do formato verticalizado de ensino, avançando para aulas mais dinâmicas, com espaços para troca de conhecimentos, reflexões e com os alunos e as alunas adquirindo senso crítico.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. A primeira LDB foi criada em 1961, seguida por uma versão em 1971, que vigorou até a promulgação da mais recente em 1996. (Informações da Wikipedia. Veja o texto na íntegra em: http://migre.me/dMB60)

*Um dos virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

V

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 29


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No Escurinho

Humanismo cristão na Argentina do papa A produção argentina Elefante Branco trata da luta de padres e comunidade para a conclusão de uma obra pública inacabada pelo Estado

Sérgio Rizzo, crítico de cinema*

N

Divulgação

a produção argentina Elefante Branco, a história é ambientada na periferia de Buenos Aires. Não faria muita diferença, contudo, se fosse em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador ou Recife. No Brasil e também na Argentina, a expressão usada no título refere-se a algo que (infelizmente) conhecemos bem: uma obra pública que queimou dinheiro do Estado e continua inacabada, ou então ficou pronta, mas sem funcionar direito. O tal "elefante branco" do filme é o "esqueleto" de um hospital no coração de um assentamento popular semelhante às favelas brasileiras. Com o descaso do Estado, boa parte do amparo aos moradores vem de padres católicos cuja presença é apenas tolerada pelas milícias locais – que, por sua vez, estão em permanente conflito. Nos bastidores da política, os padres se esforçam para obter a liberação dos recursos necessários à conclusão do hospital, mas o problema é complicado. O papel de Julián, o padre que lidera a ação social no assentamento, é interpretado por Ricardo Darín, que se tornou o rosto mais conhecido do cinema argentino contemporâneo no exterior por sua presença em filmes como Nove Rainhas (2000) e O Segredo dos seus Olhos (2009). O belga Jérémie Renier (A Criança, O Silêncio de Lorna) faz o padre estrangeiro que Julián quer ver como o seu sucessor. Desnecessário observar que muita gente lembrará do Papa Francisco ao ver Julián e seus colegas. O diretor e corroteirista Pablo Trapero (Do Outro Lado da Lei, Leonera) costuma se dedicar a temas sociais. Desta vez, ele mantém a preocupação política, ao expor os fatores que afetam a população do assentamento, e acrescenta ao pacote uma dose de humanismo de fundo cristão. Por causa disso, Elefante Branco quase transforma alguns personagens em heróis. Mas o tamanho de suas angústias e dúvidas os caracteriza como homens, apenas. V * www.sergiorizzo.com.br

30 Revista Viração • Ano 11 • Edição 95


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Que Figura!

El comandante

Hugo Chávez fez história ao enfrentar o imperialismo dos Estados Unidos e ao governar para os mais pobres na Venezuela

H

ugo Chávez em toda sua história dividiu opiniões. De um lado, os Hugo Chávez morre, deixando o legado de uma Venezuela que acreditavam ser ele um carrasco irremediável, um vilão à renovada. Nesta data, diversos seguidores desolados saíram às ruas liberdade venezuelana. De outro, os que o tinham como um herói em sua homenagem, tristes pela perda de seu grande herói. V defensor da igualdade e independência do seu país. Julgamentos a parte, Chávez entrou para história por suas medidas que priorizavam os venezuelanos e pela busca por um país melhor e também por sua postura, compreendida muitas vezes como polêmica, que foi pauta para diversas discussões. O aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e do nível de escolaridade no país justificam toda a adoração que o presidente recebia de eleitores fervorosos. Chávez foi responsável por uma renovação na Venezuela, que conseguiu melhorar os indicadores de pobreza e de saneamento básico, tornando-se um grande destaque em toda a América Latina. O presidente venezuelano nasceu em Sabanete, no Estado venezuelano de Barinas, em 28 de julho de 1954. Filho de professores, cresceu em um ambiente humilde. Aos 17 anos, ingressa na Academia Militar da Venezuela, pela qual forma-se em engenharia. Foi casado por duas vezes e teve quatro filhos, três do primeiro casamento; e uma filha do segundo. Durante seu governo, “el comandante”, como era conhecido, enfrentou diversas polêmicas, inclusive um golpe de Estado que o tirou do poder por um dia. Mas, a importância do seu governo não apenas está relacionada com relações problemáticas e problemas de Estado. Em 2002, mudanças administrativas feitas por Chávez na Companhia Estatal de Petróleos provocaram grandes desconfortos e muitas críticas à medida tomada. Seu jeito polêmico desagradou ao Bolivarianos são os seguidores governo dos Estados Unidos, que de Simón Bolívar, militar e líder desaprovavam as atitudes de Chávez. político da Venezuela, que Mas ele não poupava críticas à política lutou pela independência de externa norte-americana e negou-se a vários países latinoaceitar o seu imperialismo. Bolivariano, americanos, onde estabeleceu era um crítico do neoliberalismo. as bases para a democracia. Assim que assumiu a presidência, (Informações da Wikipédia) tomou medidas para mudar a Constituição Venezuelana. Chávez conseguiu aprovar uma emenda de reeleição ilimitada para o cargo de presidente que duraria, no máximo, 12 anos, além de outros cargos públicos. Isso acabou reforçando a ideia de que a democracia, com seu mandato, não era legitima. Em 2011, Chávez foi diagnosticado com um tumor cancerígeno. O presidente lutou contra a doença por dois anos, passando por várias cirurgias e temporadas de tratamento em Cuba. Em 5 de março de 2013,

"O neoliberalismo é o caminho que conduz ao inferno."

Hugo Chávez

Revista Viração • Ano 11 • Edição 95 31


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Sexo e Saúde

N

o Brasil, 7,5 milhões de pessoas são diagnosticadas com a diabetes, doença que apresenta dois tipos: DM1, predominante na infância e na adolescência; e DM2, que ocorre quando o nível de glicose (açúcar) no sangue fica muito alto, quando não há produção suficiente de insulina pelo pâncreas ou porque o corpo se torna menos sensível à insulina que é produzida. Mas a diabetes pode influenciar a vida sexual de alguma forma? Para tratar desse tema, conversamos com a nutricionista Sandra Maria Ribeiro. V Reynaldo de Azevedo Gosmão, do Virajovem Lavras (MG)*

Em média, 25% das mulheres e 50% dos homens apresentam algum tipo de problema sexual decorrente da diabetes. No homem, pode causar impotência sexual parcial ou total, não conseguindo ereção ou não podendo mantê-la por muito tempo. Em longo prazo pode comprometer o sistema de vasos sanguíneos e o sistema neurológico periférico. Na mulher, podem ocorrer infecções na vagina que causam dor, ardência e muitas vezes coceira. O sexo torna-se desconfortável, diminuindo o desejo sexual. Quais transtornos e disfunções a diabetes pode provocar? Quando o índice glicêmico está acima do esperado, para cada paciente pode ocorrer complicações que dividem-se em dois grupos. O primeiro refere-se à elevação brusca da glicose no sangue (hiperglicemia), em que o paciente pode urinar excessivamente, sentir muita sede, emagrecer, desidratar e até perder a consciência, chegando ao coma diabético. O segundo grupo de complicações é o decorrente da glicemia aumentada e mantida durante meses ou anos, o que pode causar alterações vasculares no

coração, nos olhos, rins e nos nervos. Há tratamentos para que a pessoa com diabetes possa ter uma vida sexual ativa e saudável?

Natália Forcat

Como a diabetes pode afetar a vida sexual do paciente? Existe alguma restrição?

Manter um estilo de vida saudável é essencial para se conseguir qualidade de vida, ter cuidado com a dieta, práticas de atividade física, não ter o hábito de fumar nem consumir bebidas alcoólicas, perder peso se houver necessidade e utilizar-se dos medicamentos corretamente, seguindo orientação médica. A crença e o amor à vida e certas potencialidades, que a pessoa certamente possui, devem ser sempre estimulados, pois é da sua atitude positiva que dependerá, fundamentalmente, a qualidade de vida.

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org

*Um dos Virajovens presentes em 20 Estados do País e no DF

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Rango da terrinha

MISTURA BOA DE PERNAMBUCO mais Prato à base de frutos do mar é um dos as ucan amb pern s pedidos por turistas nas praia

CUPOM DE ASSINATURA

Luiz Felipe Bessa, do Virajovem Recife (PE)*

A

caldeirada é um prato típico das praias de Pernambuco. A sua procura nos bares é constante pela deliciosa mistura de frutos do mar, cozidos com temperos variados e leite de coco. É imperdível experimentar este prato nos bares e restaurantes especializados da cidade, que cai super bem com arroz branco. Não dispense um refrigerante ou suco bem gelado para acompanhar.

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1,5 quilo de frutos do mar diversos, como camarão, mexilhões e linguado; Sal e limão pra temperar; 3 colheres de sopa de azeite de oliva; 3 colheres de sopa de azeite de dendê; 3 dentes de alho; 2 cebolas picadas; 1/2 lata de tomate pelado, picados; 1 pimentão vermelho picado; 200 ml de leite de coco; 1 colher de chá de páprica; 1 colher de chá de açafrão-da-terra (cúrcuma); Sal e pimenta a gosto; 1/2 xícara do coentro picado.

Primeiro, tempere os frutos do mar com sal e limão. Depois, numa panela grande, doure os frutos do mar no azeite de oliva, que devem ser retirados da panela e reservados num refratário. Na mesma panela onde os frutos do mar foram dourados, acrescente o azeite de dendê e refogue a cebola, o alho, o tomate pelado e o pimentão. Adicione o leite de coco, a páprica e o açafrão. Prove e tempere com sal e pimenta a gosto. Depois disso, junte os frutos do mar à panela, tampe e cozinhe por cerca de dez minutos. Acrescente o coentro antes de servir. Coma com arroz. Deu água na boca, né? V

Conheça o site Na Biroskinha: www.nabiroskinha.com

*Um dos virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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FONE(COM.) E-MAIL

EST. CIVIL BAIRRO SEXO

Jovens de João Pessoa promovem um dia de lazer para a sociedade paraibana

Karolyne Canuto, Virajovem de João Pessoa (PB)*

REVISTA VIRAÇÃO Rua Augusta, 1239 – Cj. 11 Consolação – 01305-100 São Paulo (SP) Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687

NOME ENDEREÇO CEP CIDADE

E

m 2008 foi criado o grupo Extremer Action, grupo missionário de João Pessoa que, desde seu surgimento, vem fazendo um importante trabalho no Estado com crianças e adolescentes. A ideia de criar o grupo veio de um casal de jovens que participaram de um encontro de artes na cidade do Conde, interior da Paraíba, que durou por volta de cinco anos, e mostrou um novo jeito de atrair a atenção da comunidade para uma sociedade melhor. Atualmente, o grupo é formado por mais de 40 jovens que dedicam o seu tempo para exercer a cidadania, promovendo apresentações culturais e oficinas como: percussão, teatro, street dance, artes circenses, skate, culinária, corte de cabelo e biscuit para darem um dia diferente a milhares de adolescentes. As apresentações são adaptadas para locais públicos, tendo como palco as ruas, praças, escolas e até mesmo hospitais da capital paraibana, onde envolvem crianças em diversas atividades. O grupo já passou por várias cidades paraibanas, entre elas Juripiranga, Conde, Cubati, além de Mangabeira VII e a comunidade Timbó, no bairro Bancários, ambos na capital. “Queremos promover uma ação extrema sob nossa atual sociedade, onde as drogas e a violência se tornaram um caos. Assim tivemos a iniciativa de atrair a atenção de jovens adolescentes para um mundo melhor por meio de estratégias artísticas com as quais eles

podem se identificar”, afirma Adelson Azevedo, coordenador do Extremer Action. “A melhor coisa na vida de um cristão é saber que está fazendo as pessoas felizes, podendo dar o melhor de si mesmo, além de atuar nas áreas em que os outros mais precisam. Nós procuramos oferecer o melhor que verdadeiramente vai fazer toda a diferença”, acredita José Bruno, de 23 anos, voluntário do Exetermer Action.

V Divulgação

FONE(RES.) ESTADO

DATA DE NASC.

/ em Cheque nominal Depósito bancário no banco Vale Postal Boleto Bancário Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

FORMA DE PAGAMENTO: TIPO DE ASSINATURA:

Estremecendo comunidades

Projeto realiza atendimento de saúde em João Pessoa

Divulgação

Assinatura nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 65,00 R$ 55,00 R$ 80,00 US$103,00

Parada Social

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PREÇO DA ASSINATURA

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Integrantes do Extremer Action posam para foto durante ação *Uma das virajovem presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal


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DIA DA TERRA 2013

A FACE DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS WWW.EARTHDAY.ORG


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