Escritores Brasileiros Contemporâneos - n. 28 - Setembro/2021

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ESCRITORES BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS

Foto: Eli K. Hayasaka

EDIÇÃO 28

Nº. 28

Setembro/2021

Homenagem à bibliotecária Norma Haru Reabertura das bibliotecas municipais


EXPEDIENTE Revista pertencente à Editora Matarazzo. Email: versejandocomimagens@gmail. com Telefone: (11) 3991-9506. CNPJ: 22.081.489/0001-06. Distribuição: São Paulo - SP. Diretora responsável: Thais Matarazzo - MTB 65.363/SP. Depto. Marketing: Ana Jalloul (11) 98025-7850 Depto. Jurídico: Tatiane Matarazzo C. Campos. Periodicidade: mensal. Formato: digital.

Capa: Thais Matarazzo. Foto: Eli K. Hayasaka. Edição 28 - Nº 28 Ano III - Setembro/2021. A opinião e conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista Escritores Brasileiros Contemporâneos. Contatos www.editoramatarazzo.com.br www.editoramatarazzo.com Facebook: @editoramatarazzosp Instagram: @editoramatarazzo

Sala da 1a. Infância na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, inaugurada em 23/6/2021, junto com a reabertura da biblioteca para o público paulistano

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S umário Programação Biblioteca Infantil Hans Christian Andersen, 7 Cinco personalidades negras ganharão estátuas na cidade de São Paulo, 9 Geraldo Nunes Reabertura das bibliotecas paulistanas: uma visita à Biblioteca infantojuvenil Monteiro Lobato, 14 O pessegueiro da biblioteca: homenagem à Norma Haru, 52 Thais Matarazzo Sentímetro, a unidade de medir sentimento, 20 Glafira Menezes Corti Poemas, 22 Fernanda Luiza O vento que sopra em mim, 23 Marcinha Costa Poema, 23 Atilio Ciraudo Poemas, 26 Luiz Negrão O voo das palavras pretas, 27 Mari Vieira Nem tudo está perdido, 31 Sandra Regina Alves


Assaltos Corriqueiros, 32 Ricardo Hidemi Baba Se essa rua fosse minha, 33 Regina Brito O palco é nosso lar, 34 Newton Nazareth Grupo “Escritores de Taubaté”, 35 Amor não é brincadeira, 39 Cris Arantes Uma porta no caminho, 40 Nazareth Ferrari Dicas da Ana Meira: ISBN, 41 LETRAS ESCOLHIDAS V - publicação da Academia Taubateana de Letras, 44 O paciente tem direito a tudo? O que é direito e o que é dever? Como a instituição e o paciente devem se portar?, 45 Cátia Albuquerque Vão-se os dedos e ficam os anéis! Como minimizar um momento de fragilidade?, 49 Dra. Gisele Luccas


lançamento* Um dia por vez, crônicas de uma paciente oncológica

Sábado, 16 de Outubro de 2021* das 14h às 16h Jardim da Biblioteca Hans Christian Andersen Av. Celso Garcia, 4142 Tatuapé - São Paulo - SP Próximo à estação Tatuapé do Metrô (Linha Vermelha)

* programação sujeita à alteração. Verifique antes de sair de casa.


PROGRAMAÇÃO - SETEMBRO / 2021 *a partir de 11/09 abriremos também aos sábados * 15/09 (quarta-feira) Fechada para Dedetização

PRESENCIAL 18/09 (Sábado), 10h - Ocupação Brincante - Brincando de Canto em Canto. 25/09 (Sábado), 15h - Lançamento do livro: “A princesa que preferia Morcegos” da autora Viviane Paiva - com surpresas e brincadeiras.

ONLINE NAS NUVENS... SEGUNDAS E QUARTAS, manhã e tarde - PIÁ (Programa de Iniciação Artística) - Inscrições: https://forms.gle/o4FDYuSzEsuC78y87 SEGUNDAS (06 e 13/09), 19h (LIVE) - Sarau de Histórias do Curso de Formação de Narradores de História * Turma do Avançado * será incrível! TERÇA (14/09), 15h - Cia. Lado B apresenta Bolsa de Histórias (LIVE) - Uma sessão narrativa e interativa que muda a cada apresentação dependendo dos objetos escolhidos e das histórias narradas. São crônicas, contos, histórias variadas de autores brasileiros e estrangeiros. QUARTAS (01, 08, 15 e 22 e 29/09), 18h COM HANS E PAGU: (LIVE) - Paula Pagu apresenta histórias e um pouco da vida de Hans Christian Andersen. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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QUINTAS de 09/09 a 18/11, das 19h30 às 21h: OFICINA DE CRIATIVIDADE TERAPÊUTICA - 08 vagas (pela plataforma Zoom) - Inscrições: https://bityli.com/6nBrh QUINTA, 30/09, 16h Lendistórias: Os encantados da natureza - Naipi e Tarobá (LIVE) - Você já ouviu falar da Mãe d’Água? E das Noites da Caipora? Também tem a deusa e feiticeira Ticê que o governa o submundo ao lado do poderoso Anhagá, tem o amor de Naipi e Tarobá, sem falar nos encantados de assustar, a Cabra-Cabriola, a Pisadeira, o Papa Figo entre outros. Esses são os Encantados da Natureza que nos livros são apresentados como lendas e folclores do Brasil, mas para os povos antigos e originários são histórias verdadeiras. Vamos conhecer? QUINTA, 30/09, 20h - CLUBE DE LEITURA SECRETO DOS BIBLIOTECÁRIOS (pela plataforma GoogleMeet) Vamos falar sobre “Insubmissas Lágrimas de Mulheres” da maravilhosa autora Conceição Evaristo * disponível para empréstimo nas Bibliotecas Públicas Municipais * 10 vagas * Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScA3VLt8Al_WYFlyRsvpfmiBT41FXLxpdf96dxDB6pXF2nppQ/viewform Ação das Bibliotecas Hans, Menotti del Picchia e Raul Bopp SÁBADOS NAS NUVENS DO FACE DA HANS 11/09, 17h - (LIVE Contação de Histórias) - SARAU DE HISTÓRIAS: O CONTO QUE ME CONTA - encontro de contadoras de histórias participantes da inesquecível oficina ministrada por Tininha Calazans nas Bibliotecas Públicas Municipais.

25/09, 11h (LIVE Contação de Histórias) - Contos Mouriscos com Factima El Samra e participação de Pedro Rebello. Horário de funcionamento: | 2ª a 6ª feira, 10h às 19h | | sábado (a partir de 11/09), 10h às 17h (próx. ao metrô) Av. Celso Garcia, 4142 | Tatuapé | CEP 03064-000 | tel.: 11 2295-3447 bibliotecahans@gmail.com / www.facebook.com/bibliotecahans.christianandersen Instagram @bibliotecahansc / www.bibliotecas.sp.gov.br Escritores Brasileiros Contemporâneos

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LANÇAMENTO

F aça seu pedido: reginafb@yahoo.com.br Instagram: @reginamfbrito Escritores Brasileiros Contemporâneos

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São Paulo

de todos os tempos

Geraldo Nunes Jornalista, escritor e blogueiro, participa das publicações da Editora Matarazzo desde 2016.

C inco

personalidades negras ganharão

estátuas na cidade de

S ão Paulo

Após a polêmica com a estátua do Borba Gato incendiada por manifestantes contrários aos bandeirantes, por escravizar índios e negros, a Prefeitura de São Paulo anunciou que irá erguer cinco estátuas para homenagear personalidades afrodescendentes que fazem parte da história recente da cidade.

Estão na lista, a escritora Carolina Maria de Jesus, que aparece na foto acima e, além dela, o atleta olímpico Adhemar Ferreira da Silva, a sambista Deolinda Madre e os compositores Geraldo Filme e Itamar Assumpção. Geraldo Filme, também era chamado de Geraldão da Barra Funda. Meu xará frequentava assiduamente a Rádio Eldorado. Compositor de Escritores Brasileiros Contemporâneos

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sambas refinados com muita poesia nas letras, gravou seu único long-play pela Gravadora Eldorado e ficou amigo da casa. Dele, ficou para mim a lembrança das aulas informais que me deu sobre desfiles carnavalescos. Ele me ensinou como verificar quando uma escola está indo bem ou mal em um desfile e como funciona a decisão dos jurados.

Durante essas conversas informais, Geraldo Filme explicou que o principal quesito é a evolução, depois a harmonia e o samba-enredo. Todas as alegorias e fantasias devem estar de acordo com a letra da música e os componentes da escola, além de sambar, precisam também cantar o samba. “Escola calada perde pontos”, me explicou Geraldão, acrescentando que, “esses são alguns dos detalhes que os jurados levam em consideração antes de dar suas notas”. Na época dessas conversas o meu programa de rádio, São Paulo de Todos os Tempos, estava no ar há poucos meses. Aproveitei para marcar uma entrevista em estúdio com ele e combinamos para depois dos festejos do ano novo, só que não deu tempo. Geraldo Filme morreu de repente, em 5 de janeiro de 1995, aos 67 anos. Lembro desta data com muita tristeza até hoje. Fiz questão de apresentar no programa o samba, “Silêncio no Bexiga”, composto por ele em homenagem ao Pato N’ Água, outro sambista da que partiu cedo e deixou saudades. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Sobre Deolinda Madre, outra figura do samba paulista que foi embora em 1995, pesquisei sua biografia para o meu primeiro livro, “São Paulo de Todos os Tempos”, lançado pela RG Editores, em 2001. Chamada carinhosamente de Madrinha Eunice, fundou em 1937, a Escola de Samba Lavapés, a mais antiga de São Paulo e a maior vencedora dos carnavais entre as décadas de 1940 e 1950. Foram dez títulos consecutivos, mas depois a escola declinou por teimosias entre os sambistas e a Lavapés foi caindo, mas sobrevive desfilando nos bairros embora nunca tenha colocados os pés no sambódromo do Anhembi.

A respeito de Carolina Maria de Jesus, autora do best-seller “Quarto de Despejo”, obtive informações com o próprio Audálio Dantas, jornalista que a entrevistou em maio de 1958 e me deixou um depoimento gravado. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Em uma reportagem para a Folha da Noite a respeito da Favela do Canindé, surgida nas margens do Rio Tietê, Audálio encontrou no barraco onde ela vivia, dezenas de cadernos com anotações e percebeu de imediato a força daqueles escritos para a matéria que iria redigir. A repercussão de seu texto ajudou a transformar em livro as anotações da autora e, após estrondoso sucesso de vendas, acabou traduzido para 13 idiomas, além de adaptações para o teatro e a televisão. Audálio Dantas apenas suprimiu do livro alguns trechos considerados repetitivos e alterou a ortografia de algumas palavras para tornar a leitura mais palatável. “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, está sendo relançado pela Editora Ática e já se encontra em todas as boas livrarias.

Quanto a Itamar Assumpção, só posso dizer que fui fã desse artista e compareci a alguns de seus shows no extinto Teatro Lira Paulistana, que funcionava em um porão na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros. O lugar hoje é considerado o berço da cena alternativa musical que dominou São Paulo entre 1979 e 1985. Em setembro de 2014, um dos fundadores do Lira, Riba de Castro, lançou o livro “Lira Paulistana - Um delírio de porão”, onde é contada a trajetória do teatro e de seu artista maior, o cantor e compositor, Itamar Assunção que também morreu cedo, vítima de câncer. Este livro se encontra fora de catálogo e só se consegue adquiri-lo nos sebos. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Do bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva, me lembro tê-lo entrevistado quando trabalhei na Rádio Capital. Na ocasião ele se recusou a responder uma pergunta que fiz. Se era verdade que havia competido mesmo doente de tuberculose. Sua trajetória de atleta está contada no livro: “Heroi por Nós: Adhemar Ferreira da Silva, o Ouro Negro Brasileiro”, assinado por Tânia Maria Siviero e a venda no Mercado Livre. Confira os possíveis endereços das novas cinco estátuas 1 – Carolina Maria de Jesus: Parque Linear Parelheiros. 2 – Geraldo Filme: Praça David Raw, próximo ao antigo Largo da Banana – Barra Funda. 3 – Adhemar Ferreira da Silva: Canteiro central da Avenida Braz Leme – Casa Verde. 4 – Deolinda Madre (Madrinha Eunice): Praça da Liberdade. 5 – Itamar Assumpção: Local ainda não definido. Sugiro que seja na Praça Benedito Calixto, importante espaço cultural da cidade próximo ao antigo Teatro Lira Paulistana. Podem ainda acontecer outras alterações de endereços, pois ainda não há uma data definida para a inauguração dessas estátuas. Fontes

https://guianegro.com.br/qual-sera-o-tamanho-das-cinco-novas-estatuas-negrasde-sao-paulo/ https://jornal.usp.br/cultura/carolina-maria-de-jesus-e-referencia-para-quem-contesta-o-poder/ https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/08/17/carolina-de-jesus-geraldofilme-e-outras-personalidades-negras-irao-ganhar-estatuas-na-cidade-de-sp.ghtml Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Reabertura das bibliotecas paulistanas U ma visita à B iblioteca infantojuvenil Monteiro Lobato Por Thais Matarazzo Fotos: Gilberto Cantero

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Foto: Gilberto Cantero

Thais Matarazzo mostra seu novo livro na Praça Rotary

Com o avanço da cidade de São Paulo para a fase de transição do Plano SP de enfrentamento da pandemia do Covid-19, algumas bibliotecas começaram a reabrir para o público a partir de 26 de abril de 2021. Gradualmente, desde então, outras unidades foram voltando às suas atividades normais. A maior parte da programação continua online, poucas são as ações presenciais para evitar aglomerações. O empréstimo de livros acontece normalmente. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Para frequentar as bibliotecas é obrigatório o uso de máscara e a higienização das mãos. Depois de um ano e meio fechada, a Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, na Vila Buarque, reabriu em 23 de agosto, com um presente para as crianças: a inauguração da sala de primeira infância, no térreo. Anteriormente, a sala chamavase “Júlio Gouvêa”, nome do diretor de teatro e de televisão, ator, apresentador e educador. Um dos precursores da televisão no Brasil. Esposo da escritora e “trança-riSetembro/2021

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mas” Tatiana Belinky, juntos levaram para a TV Tupi, em 1951, a primeira adaptação do Sítio do Picapau Amarelo.

Nossa visita Foi uma alegria imensa poder fazer uma visita a “Monteiro Lobato”! Um lugar do qual guardo as melhores lembranças de eventos que realizamos em parceria com a biblioteca: saraus, lançamentos de livros e outras ações culturais e poéticas, com a Editora Matarazzo e com o Coletivo São Paulo de Literatura. Estivemos lá no dia 24 de agosto, levamos a minha sobrinha Gigi Matarazzo Campos, de dois anos e sete meses. Foi sua primeira visita à uma biblioteca. A Gigi, como todas as crianças, ficou encantadíssima com o espaço. Na sala dedicada à primeira infância, ela se divertiu com os bichinhos de pelúcia e com os livros. Pega um e corria para que contássemos uma historinha. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Fotos: Gilberto Cantero

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Tatiane e Gigi Matarazzo na sala da 1a. infância

Thais Matarazzo mostra um de seus livros

Aproveitando a oportunidade, fiz a doação de meus livros infantojuvenis escritos durante o período da pandemia e isolamento social. Tive o prazer de rever e conversar rapidamento com a Marta, diretora da biblioteca, a Micheli e o Antônio. Sempre tão simpáticos. Fiquei contente em revê-los e grata pela calorosa recepção. Para minha alegria, os livros es-

tão em exposição no hall da “Monteiro”. Torço para que a vacinação contra a covid-19 avance rapidamente, para que assim possamos voltar a realizar nossos eventos literários presenciais. Dos quais todos morrem de saudades. As atividades virtuais são uma realidade e alcançam um público maior, mas nada substitui os encontros presenciais!

Fotos: Gilberto Cantero

Gigi Matarazzo gostou da onça pintada e do Pedrinho

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Fotos: Gilberto Cantero

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lançamento Um dia por vez, crônicas de uma paciente oncológica

Sábado, 16 de Outubro de 2021* das 14h às 16h Jardim da Biblioteca Hans Christian Andersen Av. Celso Garcia, 4142 Tatuapé - São Paulo - SP Próximo à estação Tatuapé do Metrô (Linha Vermelha)

* programação sujeita à alteração. Verifique antes de sair de casa.

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S entímetro ,

a unidade de medir sentimento

G lafira M enezes C orti Na vida, nos momentos difíceis, desses que a fé nos coloca à prova e fuxica a nossa dor desequilibrando a balança da esperança, na qual a medula da dor estremece a nossa paz e serenidade, chega o sofrimento sorrateiramente, sobre o oceano gigante da desconfiança diante da janela, que aberta sopra o ar da saudade do tempo, onde o tempo temperava as aventuras e elas se completavam na misteriosa e fiel atração do universo. Mantemo-nos à mercê da oração, que nos liberta ao restaurar a esperança de que somos caroneados pelos sonhos e desejos da aliança de Deus conosco. Nessa contenda olho para você, que aqui está pertinho de mim. Estupefato com a emoção, concluo que a roda gravita a vida rapidamente, nos deixa ofegantes e faz com que a gente inobserve a beleza do entorno. Olho Escritores Brasileiros Contemporâneos

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para você, que está pertinho de mim e sinto a vida melhor. Você veio para nós através de seus pais, para completar a nossa felicidade. Relembro os palpites antes de você chegar quanto ao nome, com quem iria parecer no rosto, no gosto e no gênio. Quem pegaria você em primeiro lugar, seria o mesmo que daria o primeiro banho? Eu apostava que falaria pá, de pai e com certeza repetiria esse chamamento várias vezes até ser atendido. Isso criava uma enorme confusão, com dois pais querendo sentir a mesma emoção. Recebê-lo no colo, no coração, em nossas vidas, foi do Pai Criador um grande presentão. Meu maior desejo, todos os dias é para que seja alegre, de bem com a vida, sem nada que o impeça de conquistar seus sonhos como nós, seus papais. Vencendo o desequilíbrio da baSetembro/2021

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lança da esperança faço a minha prece para que os anjos da guarda grudem em você e o proteja em tudo que quiser, que sonhar,

que realizar. A vida por si só é fascinante, reciclei o sentímetro!

Glafira Menezes C orti Sou paulistana, professora, geminiana. Gosto de dar novos significados às palavras, que me seduzem a revelar o meu jeito de pensar a comunicação social. Sou a palhaça Pitanga para as crianças e para os idosos, durante o meu trabalho voluntário. Como contadora de história minha imaginação viaja, sempre que fizio e quizio a narrativa contagiar. Escrevi em várias antologias, jornais e revistas. Tenho publicados os livros: “Tamborilando com letras”, “Pra Você”, também em e-book na Amazon , “ Versos Verdes” e o livro infantil “Eu fizio porque quizio”. Contatos @glafiramenezescorti Facebook: @glafira.menezesdeoliveiracorti E-books - www.amazon.com

C onheça

os livros de

G lafira M enezes C orti Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Poemas F ernanda L uiza

Despir-me Abrir o coração para sangrar o peito e a casa para despir-me da dor Afastar os ventos transmutados em ventanias responsáveis por remover as alegrias Transgredir as leis disfarçadas de amor que insistentemente aprisionam nas entrelinhas

B eijo Refém de seu desejo O olhar lança gracejos Para se perder em beijos E alimentar desfechos Escritores Brasileiros Contemporâneos

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O

vento que sopra em mim

M arcinha C osta

O vento que sopra em mim é vendaval de alegrias é força que gira e rodopia é furacão de energia

É vento que vem da ancestralidade vento que sacode intenso anunciando bons presságios

O vento que sopra em mim limpa as impurezas levando para longe fraquezas e tristezas

Vento que abre os caminhos trazendo riqueza e sorte É esse o vento que sopra e me acolhe.

O vento que sopra em mim é ventania que balança num movimento de proteção cura e bonança O vento que sopra em mim é a natureza mãe cumprindo seu papel de abençoar e afastar o mal

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Marcinha Costa

Professora da Ed. Básica do Município de Feira de Santana, atriz e mestra em Estudos literários com ênfase em literatura africana de língua portuguesa (UEFS). marcianeide@gmail.com Instagram: @marcinha1407

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Chegou manso, caindo, surgindo do nada. Deu tudo, ficou e logo partiu. Deixou rastros de cica que não grudou, mas colava no pensamento um momento, grande, de amor. Afinal, como entrastes e ainda me corroi

se o momento,

foi belo e

findo?

atilio ciraudo, vive a poesia como uma bagunça em seu coração. Em sonhos, em devaneios, em fantasias. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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P oemas L uiz N egrão

PASSO A PASSO

MULHERES

Os pés cansados, Pôr do sol, corpo em torpor, Fome, frio, silêncio, pobreza, a corda se retesa Passo a passo. Não há mais chão, senão... Levanta a cabeça. Esqueça! Ó céus! Fel, não. Amarelo belo A vida merece ser vivida Passo a passo.

Mais do que a mãe, a esposa, a filha, a irmã, São pessoas que escrevem, leem, opinam, São atletas, escritoras, leitoras, Não são sombra. São luzes. Tecidos, regras e histórias tentam, Apenas tentam ocultá-las, Não há mais espaço nem tempo. A Humanidade visa à dignidade.

Luiz Negrão

Especialista em Direito Público pela Escola Paulista de Direito (EPD), publicou os textos históricos: “125 do Café Jardim”, “Homenagem do Dia do Patrono do Fórum de Artur Nogueira e “A atuação do Ministério Público no Caso Emeric Levai”. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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As autoras do livro “Palavras Pretas”


VOZ-LEVANTE Mari Vieira Instagram: @amarivieira Facebook: Mari Vieira

O voo das palavras pretas Escrevo para festejar o voo do livro que traz em suas páginas a potência da escrita de vinte e três escritoras negras de diversas regiões do Brasil cujas vozes ecoará em breve nas bibliotecas públicas da cidade de São Paulo. Eu sou uma das autoras e a prefaciadora. Início citando um trecho do prefácio: “As palavras pretas desta antologia foram escritas por vinte e três escritoras. Vinte e três mulheres que, plenas de sua singularidade, multiplicam as possibilidades da palavra escrita, expandem a voz e a literatura das mulheres negras. Mulheres exercendo a liberdade de ser quem são, de escrever como desejam e o que desejam. A liberdade pode ser vista como ponto relevante desta antologia onde a leitora ou o leitor encontrará estilos de escrita diferentes, gêneros diferentes e assuntos diferentes. Ela apresenta de modo significativo a quão diversa é Escritores Brasileiros Contemporâneos

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a escrita da mulher negra, um contraponto ao imaginário racista que muito vagarosamente rompe com a ideia de vozes únicas na autoria negra.” Faço essa menção para afirmar que uma obra com essa característica é revolucionária. E todo o processo do livro foi feito por mulheres. A organizadora é a poeta Jullie Veiga, a supervisão é da escritora Joice Aziza de Mendonça. O livro saiu pela editora Femina, uma editora voltada para a publicação de obras de mulheres. Em síntese é a força feminina expandindo as fronteiras de um mercado ainda pautado pelo machismo e racismo, questionado o perfil típico do escritor brasileiro: homem branco, heterossexual, vivendo entre Rio de Janeiro e São Paulo criadores de personagens que normalmente é quase uma cópia deles mesmos. A literatura produzida por esses homens alimenta constantes pontos cegos na sociedade ao invés de abrir portas para a multiplicidade Setembro/2021

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vão cego que a literatura tradiciodo mundo em que vivemos. É nal alimenta há décadas. A escrita inadmissível que em meio a da mulher negra nos ensina a ver tanta heterogeneidade em que outras nuances do mundo, oferece vivemos somente um grupo esteja outros alimentos para a nossa submajoritariamente no topo da jetividade, lança luz nas sombras produção literária participando de produzidas pelos velhos padrões e modo tão incisivo da construção do cicatriza as feridas abertas pelo raimaginário social. A literatura tem cismo e pelo machismo. importância profícua na elaboração Eu sempre digo que é urgente do imaginário do país, pois ler mulheres. E essa urgência se faz colabora com o modo como toda cada vez mais necessária em um a população se vê. A literatura que momento em que parece existir por não se diversifica sustenta o padrão parte de alguns hetero/branco membros da soretroalimentando “A escrita da mulher negra ciedade o desejo o racismo e o nos ensina a ver outras de retroceder ao machismo. nuances do mundo, oferece um tempo em Em uma fanoutros alimentos para a nossa que as mulheres tástica pesquisa subjetividade, lança luz nas não eram vistas da professora e sombras produzidas pelos como seres plepesquisadora Renos de direitos e gina Dalcastagnè velhos padrões e cicatriza as lança luz sobre a feridas abertas pelo racismo e capacidades. Não faço referências autoria e as perpelo machismo”. aqui (somente) sonagens da litea retomada do ratura brasileira. poder pelo Talibã no Afeganistão Em uma entrevista à revista Cult a cujo risco para a vida das mulheestudiosa menciona que “são esses res naquele país é notório. Falo do livros que estão nas livrarias, são Brasil e dos absurdos que rondam resenhados em jornais são essas a política e a internet em todo o obras que dizem o que é literatura e nosso país. Veja: neste momento quem pode ser chamado de escritor existe pessoas (homens até onde no Brasil”. Ter um livro com vinte sei), fazendo campanha virtual e três autoras negras questiona essa para pôr fim a Lei Maria da Penha, regra, amplia as possibilidades do uma conquista histórica, mas até o imaginário social da população momento não protege plenamente brasileira e diminui o gigantesco Escritores Brasileiros Contemporâneos

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todas as mulheres, pois na prática encontra entraves no machismo estrutural. Um livro como o Palavras Pretas é semente e pólen para germinar novas possibilidades para o país questionar o modo como se vê, abrindo espaço para elaboração de pensamentos e ações cada vez menos racistas e machistas. É resistência a barbáries do cotidiano, por isso comemoro a sua aquisição

pela Secretaria Municipal de Cultura para habitar as bibliotecas da cidade. Vá até uma das bibliotecas da cidade e desfrute da multiplicidade de pensar, narrar e poetizar de todas as autoras do livro. Nos encontramos em alguma estante. Até breve!

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Para adquirir seu exemplar acesse o site da editora Feminas.

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Nem tudo está perdido Sandra Regina Alves Poeta, cantora e compositora @sandraamoura5@gmail.com Instagram:@sandrareginaalvessamba

A poesia me toca A sensibilidade me sufoca Tento descrever O que ela vem me dizer. Os versos vão me soprando Deixo-me envolver Sinto meu coração estremecer Vejo o amor verdadeiro A amizade transcendendo Nem tudo está perdido Nesse mundo que se faz sujo Devido aos absurdos Que se desprendem de alguns Eu vi o que o mundo precisa ver Mas como não dá pra ser Escrevo pra lhes dizer Que nem tudo está perdido

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É só deixar florescer O amor e o respeito Como a flor se deixa nascer Entre as pedras No meio de um caminho Gerada pela ação Em comunhão com água da chuva E um pedacinho de terra É o florir da pureza De um sentimento maior Vive lá no coração E despretensiosamente Se deixa transparecer Através do Amor Divino Que todos recebemos ao nascer Nem tudo está perdido Nesse mundo de total ilusão Nem tudo está perdido

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Assaltos Corriqueiros Ricardo Hidemi Baba

Roubaram nossos direitos Destituíram o valor do respeito Deficiente atrapalha Mulher só faz serviço caseiro O racismo se espalha E estes assaltos se tornam corriqueiros! E assim, vão nos dividindo O conflito e a dor vão nos consumindo O belo, eles insistem em destruir Quantas lágrimas ainda precisam cair?

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Se

essa rua fosse minha

R egina B rito Aqui tudo é beleza Gatos, cachorros, bicicletas E a molecada correndo e mãe chamando: olha o jantar Nada de comer cocada! Ao fundo da rua o colorido se mistura É céu e mar Tudinho azul E a garça a voar. Que dia é hoje? O tempo se perde Olhe no calendário É domingo. Por que? Tem festa no Seu Olegário É assim mesmo esta rua Parece o interior Que nunca modifiquem Pois tudo lá é AMOR.

Se essa rua fosse minha Não mandava ladrilhar Aqui é terra batida Para o meu amor passar. Todos se conhecem Bom dia Boa tarde Boa noite Fom fom fom Padeiro quero pão doce Acabou freguesa Amanhã trago mais Escritores Brasileiros Contemporâneos

R egina B rito

É professora de: Línguas (Português e Espanhol), Literatura (Brasileira, Portuguesa, Hispano-Americana e Espanhola) e escritora de Literatura Brasileira.

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O palco é nosso lar* N ewton N azareth “Lar, doce lar, O palco é o nosso lar. Hoje saímos de casa. Acordamos bem cedo, Que o melhor da festa É ensaiar! Hoje não tem zap, Não tem face, Não tem live! O show vai continuar! Estamos no palco, O palco é nosso lar!” * Poema livre escrito para o evento presencial de comemoração do 40º. Aniversário da Academia Pan-Americana de Letras e Artes - APALA, no Teatro Imperator, no Rio de Jameiro. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Grupo

EscritorEs

Aldo Carpinetti

dE

Alessandro Bertholli

Felipe Silva Vitor

Leandro Monteiro

taubaté

Andreia A. Santos

J. Robson J.

Marli Santos

Silvinha Simões


capital Paulista, e participação, também, de escritores de diversos estados do País. A Bienal que começou pequena, tomou corpo e culminou em um dos maiores eventos literários de Taubaté e região. Logo após a I Bienal, mais um projeto realizado com sucesso, o “Bate papo com o Leitor”, onde havia exposição e venda de livros, café com os autores, acompanhado de autógrafos e palestras dos escritores. E, na sequência, o grupo mais uma vez mostra a sua força, organização, união e amor à literatura com uma fantástica antologia, reunião de contos, crônicas e poesias dos membros do grupo, cujo lançamento se deu em um dos shoppings da cidade. E assim segue o grupo “Escritores de Taubaté”, continuamente desenvolvendo projetos de literatura e aguardando o fim da pandemia para organizar e realizar a II Bienal Literária de Taubaté.

O grupo Escritores de Taubaté surgiu em agosto de 2016 quando o escritor J. Robson J. convidou o amigo, também escritor, Alessandro Bertholi a formarem um grupo com a finalidade de trocas de ideias sobre Literatura. A ideia era se reunir uma vez por mês. O convite foi prontamente aceito e no dia 20/08/2016 deu-se a primeira reunião do grupo, com a presença de apenas 3 escritores. Essa primeira reunião aconteceu na casa do escritor J. Robson J. Alguns dias depois, no começo de setembro, deu-se a segunda reunião, com 4 escritores. O grupo começava a tomar corpo e foram chegando mais e mais escritores, alguns saíam, outros entravam e o grupo mostrava o seu dinamismo e resiliência e projetos foram surgindo com o objetivo de alavancar a literatura na cidade de Taubaté e reunir escritores. O grupo teve um programa de rádio, organizou saraus, churrascos de confraternização, passeios culturais pela cidade, participou e apoiou oficinas culturais, criou um canal no Youtube com palestras dos membros do grupo. Participou de eventos culturais e feiras literárias em Taubaté e cidades vizinhas. Os projetos culturais continuavam e o ápice veio com a organização e realização da I Bienal Literária de Taubaté, com participação de escritores e artistas diversos, de Taubaté, Vale do Paraíba, cidades diversas do Estado de São Paulo, incluindo aí a

Nascido no ano de 1972 na cidade de Nova Iguaçu, RJ. Aos oito anos foi agraciado com o segundo lugar em um concurso de poesia escolar. No ano de 1992 encontrou-se com as artes cênicas, sendo uns dos fundadores de umas das mais antigas Cia. de Teatro ainda em atividade, a Cia. Teatral Orelha do Mundo, onde participou de mais de quatorze peças, e recebeu o prêmio de ator revelação no ano de 2005 no projeto Mapa

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Alessandro B ertholli

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Cultural Paulista. Participou do filme Tapete Vermelho ao lado de grande elenco como os atores Paulo Bete, Paulo Goulart, Matheus Naschtergaele, Cássia Kiss, Gorete Milagres no ano de 2004. Foi com o teatro que desenvolveu a escrita, escrevendo até nesta data doze peças é em 2007 escreveu seu primeiro livro Histórias que Ouvi, logo após livros De Volta a Escola e Cápsula do Tempo. Atualmente é acadêmico vice presidente da Academia Vale Paraibana de Letras e Artes e também acadêmico da Academia Rotariana de Letras e Artes.

Aldo C arpinetti

Criado em Guaratinguetá Formado em medicina. Atualmente morando e trabalhando no litoral Já participou com contos e crônicas em 20 livros de Antologias e Coletâneas nestes últimos anos. Membro da ATL (Academia Taubateana de Letras) desde novembro 2019.

F elipe S ilva Vitor

Nasceu em julho de 1997. Sempre teve interesse no gênero de fantasia nos mais diversos tipos de mídia. A primeira obra foi o romance Alteria: A Profecia do Eterno Abismo e seus projetos posteriores são baseados no mesmo universo de ficção.

J. Robson J.

Natural de Taubaté-SP Engenheiro Químico e Escritor. 3 livros publicados. 2 e-books. Participação em 10 antologias. Membro fundador do grupo Escritores de Taubaté. Presidente da Academia Valeparaibana de Letras e Artes (Biênio 2020/2021). Colunista do Jornal Diário de Taubaté.

Leandro Monteiro

Nasceu e reside na cidade de Taubaté, interior de São Paulo. Sempre adorou escrever contos, poesias e trovas. Pedagoga e licenciada em Letras, trabalha na área da Educação, escreve e desenvolve oficinas pedagógicas de incentivo à leitura em museus, praças e comunidades.

Nascido em Taubaté, em 7 de novembro de 1983, teve contato com a Literatura desde a infância. Teve contato com obras de poetas de diversas épocas e lugares, prevalecendo na leitura Fernando Pessoa, Carlos Drummond, Castro Alves, Tomás Antônio Gonzaga como fundamentos estéticos e artísticos dentro da poética criada pelo autor. É graduado em Letras (Português/Inglês) e Pós-graduado em Literatura.

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Andréia Maria de A ndrade S antos

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Em 2017, se graduou em Psicologia. O livro Ninho de Borboletas foi seu primeiro trabalho traduzido (para o inglês), seguido da tradução (também em inglês) de Versejando com Olga e de Eu Fizio porque Quizio (em, espanhol e inglês), 2020. Além desses trabalhos, o autor disponibiliza, mediante a própria página no site RECANTO DAS LETRAS, livretos (em português, espanhol, inglês e italiano) e livros em pdf de forma gratuita para baixar. Tem participado desde 2020 de grupos literários e saraus on-line com escritores de todos os cantos do Brasil: Sarau Corujão da Poesia (sediado no Rio de Janeiro), Sarau das Ratas di Versos (também sediado no Rio de Janeiro) e Sarau do Invencionática (feito a partir do Rio Grande do Sul). Ademais, deste o segundo semestre de 2020, tem produzido e divulgado poemas próprios e de outros poemas nacionais e internacionais por meio do canal MUNDO DA POESIA, no qual os textos são passados em forma de vídeo poemas. Por fim, desde 2017, está na cadeira de Literatura Leitura, Biblioteca e Livros do Conselho de Cultura do Município de Taubaté, na qual tem contribuído para a avaliação e aprovação de editais (em conjunto com a secretaria de Taubaté) para ajuda de custo e auxílio para os artistas das diversas áreas da arte na cidade assim como auxiliar na estru-

turação de normas e regras cada vez mais democráticas dentro do conselho.

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Marli Aparecida S antos

Nascida em Taubaté no dia 09/6/71971. Filha de Rubens Santos e Benedita Aparecida dos Santos. Membro da Academia Valeparaibana de Letras e Artes e membro do Grupo de Escritores de Taubaté.

S ilvia S imões C ara

Silvinha Simões como é conhecida no mundo da literatura, aos onze anos, iniciou sua vida poética, quando rabiscou seus primeiros versos, incentivada pelas obras Espumas Flutuantes de Castro Alves e uma outra de Casimiro de Abreu, presentes trazidos por seu pai de uma viagem feita a São Paulo. Hoje, é membro da Academia Taubateana de Letras (ATL) e da Academia Vale paraibana de Letras e Artes (AVLA), e Grupo de Escritores de Taubaté. Professora e pós-graduada em Letras, Língua Portuguesa e Linguística, TB cursou Pedagogia. Nunca parou de dar vazão á sua veia poética e literária. Já escreveu: A menina da Vila das Graças (contos com tradução para o Frances), O Aplauso das Gaivotas (poesias, publicado pela Equação Editora) e um livro de crônicas Cartas da França, conjunto de artigos publicados no jornal Matéria Prima de Taubaté. 38


Amor não é brincadeira Cris Arantes @crisarantesvaraldepoesias João programou a sua vida Estudou, namorou e casou Planejou comprar a casa própria Ter filhos para dar continuidade da família Fez um lindo casamento Viajou em lua de mel Tudo estava indo às mil maravilhas Depois de algum tempo Sua esposa não o procurava mais Tornou-se fria com ele Ele pensava no que estava acontecendo Ela sentou com ele e confessou Que não o amava mais

Queria o divórcio Seu mundo desabou E os filhos? E a felicidade? Não se pode colocar a nossa felicidade Na responsabilidade só do outro Quando acontece o desamor Ninguém tem culpa Se não houve traição Não havia mais amor suficiente Só um amar não dá liga Amor é uma troca Amores se completam Ou se separam.

Cris Arantes Professora, poeta, musicista, compositora. Participou de dezoito Antologias nacionais, leva seus poemas a vários Saraus Literários, escreve e posta áudios e vídeos de poemas nas suas redes sociais, possui um CD com poemas musicados, possui um Canal no YouTube: CRIS ARANTES VARAL DE POESIAS. Faz parte do Coletivo São Paulo de Literatura, pertence à Academia Contemporânea de Letras, ACL. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Nazareth Ferrari Natural de Taubaté, SP. É pintora, escultora, escritora, professora, Pós-Graduada em História da Arte, Engenheira Civil e Membro Titular da Academia Valeparaibana de Letras e Artes. Conquistou inúmeros prêmios em literatura e artes visuais, possuindo obras na Alemanha e na França. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Dicas da Ana Meira ISBN Nota informativa sobre temas que surgem no momento da publicação de um livro. Em pauta o ISBN (International Standard Book Number/ Padrão Internacional de Numeração de Livro) informações por meio de perguntas e respostas. O que é ISBN? O ISBN - International Standard Book Number é um sistema internacional padronizado que identifica numericamente livros. Cada livro publicado é uma obra única por esta razão o livro precisa de um número que o individualiza dentre outros títulos publicados.

Quando foi criado o ISBN? O ISBN foi criado pelos editores ingleses em 1967, porém oficializado em 1972 pela Internacional Standard Organization (ISO 2108). O sistema padronizado passou a ser empregados pelos comerciantes de livros e pelas bibliotecas.

O uso do ISBN é obrigatório? Sim. Conforme estabelecido pela Lei Federal Nº 10.753 de 30 de

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outubro de 2003, mais conhecida como lei do livro, aponta no Capítulo III, artigo 6º sobre a editoração do livro. Art. 6o “Na editoração do livro, é obrigatória a adoção do Número Internacional Padronizado...”. Parágrafo único. O número referido no caput deste artigo constará da quarta capa do livro impresso. Quais são as normas para o uso do ISBN. Quando se aplica? As normas técnicas que definem o padrão, aplicações e regras do ISBN são: ISO 2108 (Internacional Standard Organization) ABNT 6029 (Associação Brasileira de Normas Técnicas) Atribuição do ISBN se aplica: A cada edição de uma publicação; A cada edição em idioma diferente de uma publicação; A cada um dos volumes que integram uma obra em mais de um volume e também ao conjunto completo da obra (coleção); A toda reedição com mudança no conteúdo (texto) da obra; ►

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A cada tipo de suporte, tipo de formato, tipo de acabamento e tipo de capa; As reimpressões fac-similares; As separatas (desde que apresentem títulos e paginação próprios). ► Quem controla o ISBN no âmbito internacional? O sistema ISBN é controlado por uma agência internacional sediada em Berlim, na Alemanha. A agência orienta, coordena e delega poderes às agências nacionais designadas em cada país.

composto de dez dígitos, porém a partir de 2007 o ISBN passou a ter treze dígitos. A estrutura é dividida em cinco partes de comprimento variável, cada parte é separada por um hífen.

No Brasil qual é agência responsável pelo ISBN? Em 2020 a Câmara Brasileira do Livro-CBL passou a ser a agência responsável pela emissão e controle. Durante mais de quarenta anos as atividades pertinentes ao ISBN estavam sobre a responsabilidade da Fundação Biblioteca Nacional que havia iniciado a atividade em 1978.

978 / é o identificador do livro como produto comercialização e negócios (código GTIN); 65 / Identificador de grupo geográfico (país) 86348 / Identificador de editor; 14/ Identificador de um título ou edição particular de um título; 9/ Dígito de verificação que valida o ISBN.

► O ISBN tem algum significado embutido nos números? Sim. No grupo das cinco partes separadas por hífen, cada grupo representa um significado. Para ilustrar confira o exemplo a seguir ISBN 978-65-86348-14-9

Um livro para ser publicado em formato físico e formato eletrônico deve solicitar o ISBN para cada formato? Sim . Em 2005 o comitê da Internacional Standard Organization reuniu para atualizar a regra, portanto a norma que já era aplicada ao livro impresso foi estendida aos livros eletrônicos também. Segundo ►

Qual é a finalidade do ISBN? O objetivo do ISBN é estabelecer e identificar um título ou edição de uma obra de uma editora específica, e exclusivo para essa edição. ►

Quantos números compõe um ISBN? Cabe informar que o ISBN era ►

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a Isso 2108:2005 “Cada formato diferente de uma publicação eletrônica “por exemplo (e.g. ‘.lit’, ‘.pdf’, ‘.html’, ‘.pdb) publicado e disponibilizado separadamente deve receber um ISBN separado. Ao publicar uma nova edição de uma obra precisa solicitar outro ISBN? Sim. Qualquer atualização, revisão e ampliação de uma obra deve solicitar um novo ISBN. ►

Quem pode solicitar o ISBN? Editores e autores independentes, ou seja, qualquer pessoa física e pessoa jurídica pode solicitar o ISBN. ►

Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (Rio de Janeiro). Informação e documentação: livros e folhetos, apresentação. 2002. Disponível em: http:// www.cct.udesc.br/arquivos/id_submenu/203/nbr_6029.pdf. Acesso em: 05 jul. 2021. BIBLIOTECA NACIONAL. Fundação Nacional esclarece operação do ISBN. Disponível em: https://www.bn.gov.br/acontece/ noticias/2020/03/biblioteca-nacional-esclarece-operacao-isbn. Acesso em: 10 ago. 202 Escritores Brasileiros Contemporâneos

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BOWKER. E-Books and ISBNs: a position paper and action points from the international isbn agency. 2010. Disponível em: https://www. isbn.org/. Acesso em: 17 ago. 2021. CÂMARA BRASILEIRA NACIONAL. Agência Brasileira do ISBN. Disponível em: https://www. cblservicos.org.br/isbn/. Acesso em: 06 jul. 2021. LEGISLAÇÃO SOBRE LIVRO E LEITURA. 2. ed. Brasília: Centro de Documentação, Edições Câmara, 2013. (Série Legislação). Disponível em: file:///C:/Users/Paulo/ Downloads/legislacao_livro_2ed. pdf. Acesso em: 05 jul. 2021. SCORTECCI, João; PERFETTI, Maria Esther Mendes. Informações importantes para quem quer publicar um livro. São Paulo: Scortecci, 2004. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. International Standart Book Number. Disponível em: https://www.portal.ufpr.br/isbn. html. Acesso em: 20 jul. 2021.

Ana L.L. Meira Graduada na Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Pós-Graduação em Gestão de Patrimônio e Cultura UNIFAI/PUC. Setembro/2021

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LETRAS ESCOLHIDAS V É uma publicação da Academia Taubateana de Letras que reúne contos, crônicas e poesias dos escritores e poetas brasileiros contemplados nos concursos literários “Acadêmica Maria Morgado de Abreu” e “Acadêmica Judith Mazella Moura”, promovidos pela ATL: Alfredo Barbieri, Ana Maria Favali de Camargo, Argemira FerEscritores Brasileiros Contemporâneos

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nandes Marcondes, Beatriz de Oliveira Costa Cruz, Camões Ribeiro do Couto Filho, Célia Aparecida Marques da Silva (Celinha), Celso José de Brum, Darcy Bandeirante Azevedo Costa, Joel Hirenaldo Barbieri, José Paulo Peireira, Judite de Oliveira, Luiz Eduardo Corrêa Lima, Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto, Mércia de Souza, Roque Aloisio Wechenfelder, Salvador Cabrera Santiago, Thais Matarazzo. Setembro/2021

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O

paciente tem direito a tudo ?

direito e o que é dever ?

Como

O

que é

a instituição

e o paciente devem se portar ?

Por Cátia Albuquerque Sabemos e temos que cobrar de nossas instituições de saúde que o foco do atendimento seja sempre o paciente. Que é preciso acolher e envolver também a família. Que a empatia, a segurança do paciente, o atendimento humanizado, o atendimento personalizado e a técnica eficaz estejam implícitos a todo paciente e familiares que procurarem um hospital, clínica, laboratório ou ambulatório. Mas o paciente tem direito a tudo? O que é direito e o que é dever? Como a instituição e o paciente devem se portar? Vou apresentar alguns dos principais direitos do paciente: 1. O paciente tem direito de ser identificado de modo seguro, normalmente pelo nome completo e data de nascimento. Durante a realização de procedimentos, exames, cirurgias, internações, entrega de dietas, administração de medicamentos, tem direito a ter seu nome e data de nascimento confirmados Escritores Brasileiros Contemporâneos

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pelos profissionais. 2. O paciente tem direito a informações claras, simples, compreensivas e com comunicação que contemple a educação e a empatia, a respeito das ações diagnósticas e terapêuticas, e o que pode decorrer delas, bem como previsão de duração do tratamento, criticidade ou gravidade. 3. O paciente tem direito, a qualquer instante, de consentir ou recusar procedimentos diagnósticos ou terapêuticos a serem realizados como parte do tratamento proposto. Todo procedimento invasivo ou crítico deve contemplar um termo de consentimento livre e informado onde o profissional explica os riscos, por menores que sejam e o paciente tem o direito de recusar o procedimento, caso nãos e sinta seguro. 4. O paciente tem direito de receber, toda informação sobre os medicamentos que lhe serão administrados. Setembro/2021

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5. O paciente tem direito de ser informado sobre a procedência do sangue ou hemoderivados para a transfusão, bem como a comprovação das sorologias efetuadas e a sua validade. 6. O paciente tem direito a manter a sua privacidade, com atendimento em lugar adequado e conduta profissional que resguarde essa privacidade. O paciente tem o direito de um atendimento com dignidade, respeitando suas crenças, diferenças, limitações e necessidades. 7. O paciente acima de 60 anos e/ou com dependência física e/ou psíquica tem o direito à permanência, em tempo integral, de um acompanhante durante tratamento em regime de internação. 8. O paciente tem direito a ser ouvido, por meio de um canal direto de comunicação (ouvidoria), sendo suas queixas, críticas e/ou elogios encaminhados aos setores responsáveis. Quando apresentar alguma reclamação, esta deverá ser averiguada, com retorno ao paciente/acompanhante. 9. O paciente tem o direito de ser atendido conforme horário agendado e caso haja alguma intercorrência que ocasionará atraso no atendimento deve ser comunicaEscritores Brasileiros Contemporâneos

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do de forma clara, com educação, com justificativa plausível e com a opção de reagendar a consulta ou procedimento, caso não possa aguardar. 10. O paciente tem o direito de receber seus laudos ou resultados de exames com a qualidade esperada e tempo acordado. 11. O paciente tem o direito de ter acesso ao seu prontuário. O prontuário deve estar completo, correto e com todas as ações aplicadas ao paciente durante a sua permanência na instituição de saúde. 12. O paciente tem o direito da privacidade dos seus dados e resultados. 13. O paciente tem o direito a ter acesso às contas detalhadas referentes às despesas de seu tratamento, incluindo exames, medicações, taxas hospitalares e outros procedimentos. 14. Se o paciente for menor de 18 anos de idade, tem o direito de ter como defensores de seus interesses a mãe, o pai ou o responsável legal, que poderá participar ativamente das decisões acerca dos procedimentos diagnósticos, sendo diretamente orientado e esclarecido, exceto quando existir Setembro/2021

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determinação judicial que diga ao contrário. 15. Se o paciente for idoso, tem o direito de obter o cumprimento do disposto nos artigos 16 a 18, do “Estatuto do Idoso” - direito a acompanhante, opção por tratamento que lhe seja mais favorável, bem como o de ser atendido por profissionais treinados e capacitados para o atendimento de suas necessidades. Mas como em toda sociedade, da mesma forma que temos direitos também temos deveres a cumprir. Seguem alguns deveres do paciente perante à instituição de saúde: 1. O paciente ou o seu responsável legal têm o dever de dar informações precisas, completas e acuradas sobre o histórico de saúde, doenças prévias, medicamentos em uso, procedimentos médicos anteriores e outros problemas relacionados à sua saúde. 2. O paciente tem o dever de informar as mudanças inesperadas do seu estado de saúde atual aos profissionais responsáveis pelo seu tratamento.

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3. O paciente tem o dever de chegar em tempo hábil para seu atendimento, portanto os documentos necessários (com foto) e com os preparos previamente explicados e solicitados. Se o paciente for menor de idade tem o dever de vir acompanhado com responsável legal, munidos das documentações que comprovem a legalidade. 4. O paciente tem o dever de seguir as instruções recomendadas pela equipe multiprofissional que o assiste, sendo responsável pelas consequências da sua recusa. 5. O paciente tem o dever de responder corretamente e de forma fidedigna aos questionários e anamneses que podem impactar diretamente no resultado do seu cuidado. 6. O paciente e/ou acompanhante têm o dever de respeitar os direitos dos demais pacientes, acompanhantes, profissionais e prestadores de serviços da instituição. 7. O paciente e/ou acompanhante não devem manusear qualquer equipamento utilizado no auxílio à assistência nem administrar medicamentos. 8. O paciente e/ou acompanhante têm o dever de zelar pelos Setembro/2021

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mobiliários e itens pertencentes à instituição de saúde. 9. O paciente tem o dever de atender e respeitar a proibição de fumo nas dependências da instituição, extensivo aos seus acompanhantes, conforme a legislação vigente. 10. O paciente e/ou acompanhante têm o dever de zelar pelos seus pertences de valor durante sua permanência na instituição.

cada paciente e esses direitos devam ser cobrados pelos pacientes e/ou familiares ou responsáveis para que a cultura de segurança do paciente aconteça, o paciente também deve cumprir com seus deveres para não onerar no seu tratamento, no resultado de seus exames e na sustentabilidade financeira da instituição. É uma interação que precisa ser saudável para ambos os lados. Portanto quando for utilizar os serviços de saúde, solicite os direitos e deveres do paciente. Deve estar de fácil acesso nas recepções ou site. Cumpra sua parte e cobre a atenção nos cuidados que você tem direito.

11. O paciente e/ou acompanhante têm o dever de conhecer e respeitar todas as normas vigentes da Instituição. Por mais que a instituição de saúde deva zelar pelos direitos de

“A CQ Consultoria trabalha incansavelmente para que esses direitos e deveres sejam cumpridos à risca com consultoria e mentoria focada na segurança do paciente, atendimento humanizado e satisfação do paciente.” Cátia Albuquerque Fundadora da CQ Consultoria Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Vão-se Como

os dedos e ficam os anéis !

minimizar um momento de fragilidade ?

M Dra. Gisele Luccas

Quando se fala em falecimento de um ente querido que deixa bens e herdeiros, imediatamente vem à tona o desgastante Processo de Inventário, interposto em Juízo. Procedimento este que possui muitos requisitos, fases e juntada de documentos.

Via de regra, moroso, até a conclusão da Expedição do Formal de Partilha. No entanto, muitas pessoas desconhecem a existência do Inventário Extra Judicial. Trata-se de um procedimento elaborado em Cartório visando regularizar os bens

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deixados pelo falecido, conhecido juridicamente como “de cujus ”. Importante ressaltar, que todas as suas fases são realizadas pelo próprio Cartório, sem a necessidade de ingressar com Ação Judicial. O procedimento do Inventário Extra Judicial tem previsão no artigo 610, parágrafos 1º e 2º do Código de Processo Civil. Seus requisitos de admissibilidade são: 1) Inexistência de herdeiros menores ou incapazes, salvo se o menor for emancipado, 2) Todos os herdeiros devem concordar com a Partilha dos Bens, 3) Ausência de Testamento, 4) Inexistência de bens no exterior, 5) Acompanhamento por um Advogado O Inventário Extra Judicial pode ser elaborado em qualquer Cartório de Notas, sendo irrelevante o local do óbito, domicílio do falecido e a localização dos bens Escritores Brasileiros Contemporâneos

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para fixação da competência. Para sua confecção imprescindível os seguintes documentos: a) RG e CPF, b) Certidão de Casamento, Nascimento, de União Estável (Sentença ou Escritura), c) Comprovante de endereço, d) Certidão Negativa de Débitos da União, e) Certidão de Inexistência de Testamento, f) Certidão Negativa de Débito Trabalhista, g) Documentos dos bens deixados pelo “de cujus”, h) Certidão de Matrícula atualizada i) Certidão Negativa de Débitos Imobiliários, j) Certidão de Valor Venal. SIMPLIFICANDO: I) Contratar um advogado, II) Reunir toda documentação, III) Recolher o Imposto ITCMD, IV) Lavrar a Minuta de Partilha, Setembro/2021

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V) Protocolar o requerimento no Cartório de Notas. O Tabelião fará a verificação da documentação, e, estando tudo correto, Lavrará a Escritura Pública de Inventário, agendando o comparecimento de todos os herdeiros para sua assinatura, acompanhados por advogado. O Inventário Extra Judicial, geralmente, finda em 30 dias, podendo variar essa periodicidade. Devem ser recolhidos os emolumentos cartorários, o recolhimento do ITCMD e honorários advocatícios. De posse da Escritura Pública de Inventário, cada herdeiro poderá efetivar a transferência dos bens herdados. Simplicidade, segurança e rapidez é o que mais necessita-se no momento da perda de um ente querido, minimizando, assim, a fragilidade de sua partida.

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Dra. Gisele Luccas É Advogada, Especialista em Direito Médico, Pós Graduada em Perícia Criminal e Ciências Forenses, Capacitação em Psicopatologia Forense, Mediadora Judicial e Privada cadastrada no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Palestrante, Colunista, Mestranda em Psicologia Criminal / Especialização Psicologia Forense (Universidad Europeia Del Atlântico - Espanha).

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Foto: Thais Matarazzo

Plantio do pessegueiro em homenagem à Norma Haru. Foto: Thais Matarazzo

O

pessegueiro da biblioteca homenagem à Norma Haru Por Thais Matarazzo

Na segunda quinzena de agosto último foi a vez da gradual abertura das bibliotecas na cidade de São Paulo. Ao saber da notícia meu coração bateu mais forte! Tenho preferência por fazer lançamento de livros e saraus em bibliotecas, espaços que sempre me fascinam. A “Mário de Andrade” tem um espaço especial na minha vida. Foi lá que em 1999 iniciei minhas investigações históricas sobre a “era Escritores Brasileiros Contemporâneos

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de ouro do rádio”. Foi um momento rico da minha vida, era mágico folhear periódicos antigos, conhecer “um mundo” de livros diversos, ter contato com pesquisadores, historiadores, outros consulentes e com bibliotecários nota 10, como a Tamiko, a Fátima Tamartugo, a D. Eugênia, a Carminho, a Mariúsa e a Norma Haru — a saudosa Norminha. Os amigos da Caminhada Noturna pelo Centro desejavam prestar uma homenagem à saudosa Setembro/2021

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Foto: Thais Matarazzo

Norminha. Reunindo disposição e solidariedade, trabalharam no projeto, acredito que liderado pela Cecília Oka e o Carlos Beutel, e conseguiram o apoio da direção da “Mário de Andrade”. Ficou decidido que seria plantada uma muda de cerejeira no jardim da biblioteca em tributo à memória da Norma, uma bibliotecária de referência para leitores, estudantes e pesquisadores nacionais e internacionais. O Laercio Cardoso de Carvalho a apelidou de “Norma Google”, pois ela sempre indicava bibliografia e outras fontes de informação para todo tipo de assunto. Além do trabalho profissional, Norminha foi uma pessoa cheia de virtudes. Praticava boas ações e colocava em prática o amor ao próximo, sem fazer alarde. Auxiliava às pessoas sem distinção. A homenagem aconteceu na manhã de 14 de agosto, um sábado frio, no jardim da Biblioteca Mário de Andrade. ◄ Cecília Oka e Laercio Cardoso de Carvalho. Foto: Thais Matarazzo. Escritores Brasileiros Contemporâneos

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Foto: Thais Matarazzo

Thais Matarazzo

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Carlos Beutel e Cecília Oka 54


da pele. Como comentou a Cecília Oka, foi um ritual. A programação definida pela biblioteca começou com a fala da diretora, seguida por Beutel, Cecília e outros amigos. Todos choraram, os depoimentos dos colegas a quem a Norma ajudou, em momentos de aflição, foram lindos. Enfim, que nobre legado ela nos deixou! Segundo os colegas, ela esteve envolvida com seu trabalho até onde suas forças permitiram. Um exemplo de funcionária! Em seguida aconteceu o plantio do pessegueiro no jardim da frente da biblioteca, defronte a Rua da Consolação.

Foto: Vera Lúcia Dias

Foto: Thais Matarazzo

Devido às restrições da pandemia, somente um pequeno e selecionado grupo pode participar do evento. Fui uma das contempladas. Que alegria! Como a cerejeira exige muitos cuidados e não se adapta ao clima da cidade, a muda escolhida foi um pessegueiro, uma espécie nativa do oriente, representando a ancestralidade da homenageada. Os amigos se mobilizaram e compraram a muda. E o grupo todo desdobrou-se em várias ações para “fazer o evento acontecer”. Foi uma “operação amizade.” Aquela manhã foi intensa e todos estavam emocionados à flor

Josélia Aguiar, ex-diretora da “Mário de Andrade”

Carlos Malungo

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Foto: Eli K. Hayasaka

Norminha (ao centro) cercada por seus amigos e com os mil tsurus

O Carlos me chamou para colocar a muda no local cavucado pelos jardineiros. Fiquei emocionada, talvez porque eu tenha a mesma doença que acometeu a Norminha! Serei sempre grata a ele por este gesto expressivo de carinho. Não fiz o serviço sozinha. Como tenho metástase óssea, não consigo pegar objetos pesados, então, o gentil Ednei ajudou a carregar a muda. Em seguida, começamos a jogar terra com as mãos, sem luvas. A seguir demos espaço para outros amigos fazerem o mesmo. Um momento especial foi quando a Cecília convidou as crianças, Gabriel e Helena, filhinhos de Gisele e Luís, casal que se conheceu na Caminhada Noturna. Tomada pela emoção, permaneEscritores Brasileiros Contemporâneos

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ci assistindo o término do plantio e, ao final, colocamos alguns origamis de pássaro. A árvore é o símbolo sagrado da vida, cujo significado perpassa pela fecundidade e imortalidade. Está associada à criação do universo, representando a ligação entre vários planos, como a terra, o céu e também o submundo. Com certeza deixei escapar muitos detalhes daquela mágica manhã de sábado. Foi tudo tão sublime, intenso e cheio de ternura que sinto aquela energia positiva toda vez que me recordo. E para fechar com chave de ouro, o mineiro Carlos Mahlungo tocou e cantou a sua música Borboletar, da qual a Norminha gostava tanto. Setembro/2021

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Foto: Eli K. Hayasaka



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