5 - Surge a maior empresa brasileira de telecomunicações

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Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo

EM REVISTA www.sintetel.org sintetel@sintetel.org.br

MAIO 2009 - 5ª edição - ANO III QUADRIMESTRAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA

Manutenção dos empregos, terceirização e qualidade de serviços são algumas das preocupações que o movimento sindical levanta sobre a fusão da Oi com a BrT

PREJAL

GRAMÁTICA

DINHEIRO

MEDULA ÓSSEA

Projeto P rojeto ddemocratiza emocratiza a educação educação

Saiba S aiba o que que muda muda com com o nnovo ovo acordo acordo

Plano Real Plano Real completa completa 15 anos 15 anos

É simples simples ser ser um doador um doador


Nos últimos dois anos, 6.960 pessoas procuraram os serviços do Centro de Formação, como cursos profissionalizantes e recolocação no mercado de trabalho. Por meio da parceria firmada com o Grupo Apse, 580 interessados conseguiram ocupar vagas no mercado de trabalho em um único mês.

Elevação da escolaridade para portadores de deficiência física e visual Informática básica para portadores de deficiência física

Turma do curso de teleatendimento

O Sintetel estima que, em 2009, haverá um crescimento de 80% na procura e oferta dos serviços prestados pelo Centro. Para os interessados, haverá novos cursos e treinamentos, como o de IRLA e Programa Motivacional de AutoConhecimento.

Veja os demais serviços disponibilizados: OVP - Orientação Vocacional e Profissional Curso de Liderança Transacional para Executivos Curso de Comunicação Persuasiva Curso de Rotina Administrativa Informações e inscrições: Rua Santa Isabel, 36 Vila Buarque - São Paulo/SP Próximo ao Metrô República.

Tel.: (11) 3331-3110


SUMÁRIO

EM REVISTA

Entrevista - Toninho do Diap ..................................................... 5 Jornalista fala sobre o cenário político para as eleições de 2010

Novas Tecnologias - Cinema em grandes proporções ........ 10 O IMAX traz melhoras significativas para as telonas

Nova Gramá ca - As mudanças da língua

........................

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Brasil é o pioneiro na implementação das novas regras

Debate - Fórum Social Mundial ganha 9ª edição .................. 16

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Encontro busca alternativas ao atual modelo econômico

1º de Maio - Trabalhadores em festa .................................. 18 Brasil tem a maior comemoração do mundo

Capa - Uma operadora 100% brasileira ................................ 20 Nova empresa surge no campo das telecomunicações

Espaço Feminino - Dia Internacional da Mulher ................ 24

18

Conheça os bastidores desse grandioso evento do Sintetel

Organização Sindical - Fenattel é sinônimo de pluralidade .. 26 Federação amplia representatividade e traz unidade à classe

Economia - Plano Real completa 15 anos ........................... 28 Especialistas comentam trajetória da moeda no Brasil

Saúde - Doação de Medula Óssea ......................................... 32

24

Ser um doador é simples e ajuda a salvar vidas

Artigos

Editorias 4 Editorial

36 Cidadania

8 Aposentados

38 Cultura

12 Subsedes

40 Música

34 Notícias

41 Passatempo

31 Transição com avanço João Guilherme Vargas Netto 42 Zanganor e o meio ambiente Paulo Rodrigues

32 LINHA DIRETA em revista

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EDITORIAL

Fenattel, Oi e acordo das prestadoras Chegamos à quinta edição da nossa revista. Para a felicidade dos associados, posso afirmar que se trata de mais um veículo de comunicação consolidado no Sintetel. A publicação, que surgiu em 2006 com periodicidade semestral, traz em 2009 uma edição extra em virtude da nova freqüência quadrimestral. E as novidades não param por aí! A partir do ano que vem, objetivamos que Linha Direta em Revista seja trimestral.

DIRETORIA DO SINTETEL Presidente: Almir Munhoz

Almir Munhoz *

Fechamos mais um acordo para as prestadoras, na verdade é uma convenção coletiva, pois vale para todo Estado de São Paulo. Sabemos que os trabalhadores dessas empresas merecem mais respeito e melhores salários. Por isso, companheiros, vamos à luta. A divisão da categoria em torno da proposta nos mostra que iremos buscar o que merecemos. Podem ficar preparados, pois as batalhas virão e iremos lutar juntos como sempre fizemos.

Vice-Presidente: José Carlos Guicho Diretoria Executiva: Gilberto Rodrigues Dourado, Alcides Marin Salles, Elísio Rodrigues de Sousa, Mauro Cava de Britto e Joseval Barbosa da Silva. Diretores Secretários: Cenise Monteiro de Moraes, Reynaldo Cardarelli Filho, José Clarismunde de Oliveira Aguiar, Eudes José Marques, Amândio Bispo Cruz, Bráulio Moura da Silva e Germar Pereira da Silva. Diretores Regionais: Jorge Luiz Xavier, Welton José de Araújo, José Roberto da Silva, Ismar José Antonio e Genivaldo Aparecido Barrichello. Jurídico: Humberto Viviani juridico@sintetel.org.br OSLT: Paulo Rodrigues oslt@sintetel.org.br

Quero comentar dois assuntos que trataremos nas páginas a seguir e merecem relevante destaque.

Recursos Humanos: Sergio Roberto rh@sintetel.org.br

O primeiro está estritamente ligado à categoria de telecomunicações. Surge um novo paradigma de organização dos trabalhadores com a refiliação à Fenattel de dez sindicatos filiados à CUT. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações passa agora a congregar em suas bases sindicatos das três principais centrais sindicais: Força, CUT e UGT; e passa a representar cerca de 630 mil trabalhadores em todo o Brasil. Ou seja: mais de 90% da categoria profissional reunida em 19 sindicatos. Isso também significa mais força para reivindicar, lutar e melhorar as condições dos trabalhadores em todo o território nacional.

Diretor Responsável: Almir Munhoz

O segundo assunto que abordaremos diz respeito à aquisição da Brasil Telecom pela Oi. A nova empresa nasce com quase 56 milhões de clientes em 92% do território e já é chamada de supertele. Se por um lado vemos com bons olhos a criação de uma empresa 100% nacional, por outro temos a preocupação com a manutenção dos postos de trabalho e com a busca de alternativas para a realocação dos trabalhadores. Vamos fiscalizar, ficar de olho e trabalhar. Boa leitura. * Almir Munhoz é presidente do Sintetel.

COORDENAÇÃO EDITORIAL Jornalista Responsável: Marco Tirelli MTb 23.187 Revisão Geral: Amanda Santoro MTb 53.062 Redação: Amanda Santoro, Emilio Franco Jr., Larissa Armani e Marco Tirelli Diagramação: Gráfica Unisind Ltda. (www.unisind.com.br) Fotos: J. Amaro Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto, Paulo Rodrigues e Theodora Venckus Impressão: Gráfica Unisind Ltda. (www.unisind.com.br) Distribuição: Sintetel Tiragem: 25.000 exemplares Periodicidade: Quadrimestral Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo | Rua Bento Freitas, 64 Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899 www.sintetel.org | sintetel@sintetel.org.br SUBSEDES ABC: (11) 4123-8975 sintetel_abc@uol.com.br

Cartas “Lendo a reportagem “Humanização no Atendimento” (pág. 22 da quarta edição de Linha Direta em Revista) relembrei uma história de meus tempos de telefonista, quando as empresas não tinham nenhum respeito na hora de atender-nos. O Sintetel está de parabéns, as revistas estão muito boas”. Minerva Piovesan, associada aposentada do Sintetel.

Você também pode enviar as suas sugestões, opiniões e comentários para a redação de Linha Direta em Revista. Basta encaminhar um e-mail para sintetel@sintetel.org.br, ligar para (11) 3351-8892 ou mandar uma carta para o seguinte endereço: R. Bento Freitas, 64 - V. Buarque, CEP: 01220-000, São Paulo - SP

4 LINHA DIRETA em revista

Bauru: (14) 3231-1616 sintetel_bru@uol.com.br Campinas: (19) 3236-1080 subtel.cas@terra.com.br R.Preto: (16) 3610-3015 subribeirao@sintetel.org.br Santos: (13) 3225-2422 subsede.santos@terra.com.br S.J.Rio Preto: (17) 3232-5560 sindicato.sp@terra.com.br V. Paraíba: (12) 3939-1620 sintetel_sjc@uol.com.br O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sindical Internacional) e à Força Sindical. Os artigos publicados nesta revista expressam exclusivamente a opinião de seus autores.


ENTREVISTA

Apesar de não possuir quadros para ganhar a presidência da República, o PMDB, através de sua influência, é o f iel da balança. Participa do Governo e indica cargos de relevante importância Amanda Santoro e Marco Tirelli Fotos: André Luis dos Santos

Em tempos de corrida presidencial, a política brasileira começa a se preparar para receber um substituto à altura do Palácio do Planalto. Poucos dos possíveis presidenciáveis adotam o discurso aberto, mas os rumos tomados pelas principais tendências e partidos políticos revelam que a largada já foi dada. Qual partido saiu na frente? O que acontecerá em 2010? Para esclarecer esses e alguns outros questionamentos, Linha Direta em Revista entrevistou Antônio Augusto de Queiroz, jornalista, analista político e diretor de documentação do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Toninho, como é chamado no meio sindical, tem conhecimento de sobra para falar sobre o assunto. Aos 48 anos de idade, ele é coordenador e co-autor da famosa publicação “Os Cabeças do Congresso Nacional”, uma pesquisa sobre os 100 parlamentares mais influentes no Poder Legislativo. Antônio também é professor dos cursos de “Assessoria Parlamentar” e “Marketing Político” da Universidade de Brasília (UnB).

“O PMDB prioriza e potencializa os dois primeiros recursos de poder: orçamento e cargos”

Veja abaixo os principais trechos da entrevista concedida à nossa redação.

Linha Direta em Revista: Como fica a correlação de forças no Congresso após o PMDB assumir o Senado e a Câmara? LINHA DIRETA em revista

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ENTREVISTA Antônio Augusto de Queiroz: O PMDB, que já detinha as duas maiores bancadas do Congresso, ganhou um poder extraordinário com a presidência da Câmara e do Senado. Esse fato lhe dá uma condição privilegiada no relacionamento com o Governo Federal e, principalmente, na aliança política com vistas à sucessão do Presidente Lula. O equilíbrio de forças existentes entre PT e PMDB no Congresso foi rompido em favor do PMDB, que passa a hegemonizar a definição da agenda legislativa. O primeiro teste entre os dois partidos foi a disputa pela presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado. O PT lançou sua ex-líder, a senadora Ideli Salvatti (PT/SC), enquanto o PMDB apoiou o ex-presidente Fernando Collor (PTB/AL), que venceu a disputa por 13 votos a 10. LDR: A postura do PMDB de aliar-se aos partidos que estão no Governo corrobora com as declarações do senador Jarbas Vasconcelos ? AAQ: O PMDB é um partido pragmático. Sua vocação é o exercício do poder. O partido não dispõe de quadros para ganhar a presidência, mas participa do Governo, sempre indicando ministros, diretores e presidentes de empresas. O problema é que os governos, de modo geral, compõem suas bases de apoio distribuindo cargos, recursos do orçamento e negociando o conteúdo da política pública. O PMDB prioriza e potencializa os dois primeiros recursos de poder: orçamento e cargos. O fato de aliar-se aos partidos governistas não corrobora necessariamente com a tese de Jarbas Vasconcelos de que boa parte do partido quer apenas tirar proveito pessoal. Existem vá rias correntes no PMDB, mas a que rejeita uma relação em base fisiológica é pequena. O grupo a que Jarbas 6 LINHA DIRETA em revista

Vasconcelos pertence está completamente isolado, daí a justa indignação do senador. LDR: Por que o comando do PMDB não fez uma defesa pública do partido? AAQ: Os grupos majoritários do partido estão no Governo e, para eles, seria um enorme desgaste debater publicamente as acusações do senador. Por isso optaram por desconsiderar as declarações, que são feitas de forma genérica sem citar nomes. Segundo o presidente da Câmara e do partido, o deputado

sual sem pesquisas de opinião? AAQ: O PSDB não terá como fugir das prévias sob pena de grande cisão no partido. A não-realização delas pode, inclusive, precipitar a saída de Aécio Neves do partido. O governador de Minas Gerais até já convenceu o outro pré-candidato, o governador de São Paulo, José Serra, sobre a importância das prévias para a unificação do partido na sucessão do presidente Lula. Aécio tem pressa – até para decidir o que fazer caso não seja o candidato. Já Serra, que está bem nas pesquisas, pretende retardar ao máximo a consulta, diante da impos-

“O PSDB não terá como fugir das prévias, sob pena de grande cisão no partido” Michel Temer, o fato de não especificar situações incorre em um debate inútil. Sarney, presidente do Senado e também do PMDB, declarou que não responderia para não rebaixar o debate político. Ou seja, a direção do partido, em geral, e os senadores e deputados com posto de mando, em particular, atribuíram a manifestação do senador como uma espécie de desabafo. LDR: O PSDB fará prévias para a escolha de um candidato à presidência ou indicará um nome consen-

sibilidade de suprimi-la da agenda. A candidatura de consenso, sem prévia, está fora do horizonte. LDR: A realização de prévias no PSDB pode desgatar o partido? AAQ: Depende do modo como for organizada. De qualquer maneira, os dois grupos (serrista e aecista) estão em guerra. Se vencer Serra, ele terá que agradar muito Aécio e seu grupo para garantir o apoio do mineiro. Se vencer Aécio, Serra disputará a reeleição em São Paulo e apoiará Aécio sem reservas.


ENTREVISTA LDR: Existe a possibilidade de Aécio Neves deixar o PSDB para lançar-se à presidência pelo PMDB? AAQ: Acho muito difícil. O PMDB não sustenta candidatura presidencial de ninguém. Nem o Doutor Ulisses Guimarães resistiu às traições do partido. Aécio sabe disso e jamais entrará nessa aventura. Sua chance como candidato fora do PSDB seria mais realista no PSB. A população não sente saudades do PSDB nem está plenamente satisfeita com o PT, existindo real espaço para a terceira via. LDR: Por que o PMDB não emplaca uma candidatura própria à presidência? AAQ: Existem muitos PMDBs que disputam entre si: o PMDB ideológico; o PMDB fisiológico, o PMDB empresarial; os PMDBs regionais; o PMDB da Câmara; o PMDB do Senado.Ou seja, não existe unidade política. Mesmo quando havia verticalização, o partido se dividia entre as candidaturas à presidência da República, casos das eleições de 1998 e 2006. Nas duas vezes em que disputou a presidência com candidato próprio, o partido abandonou-os: Ulisses, em 1989, e Quércia, em 1994. Em 2002 lançou a então deputada Rita Camata (PMDB/ES) como vice de José Serra e parcela do partido apoiou Lula, do PT. LDR: Abertamente, Dilma Rousseff é a candidata à presidência pelo PT. O partido, que optou pela abertura do nome muito antes que os demais pensassem em fazê-lo, tende a ganhar ou perder com esta estratégia? AAQ: Perde e ganha. Perde quando expõe muito cedo uma candidatura oficial, fato que poderá ofuscar o restante do mandato do presidente Lula, especialmente se a crise se aprofundar. Ganha ao tornar o nome conhecido e politizar o debate em torno da crise econômica, além de forçar os adversários a uma complexa tomada de decisão. Estrategicamente, o lança-

mento cedo foi acertado, tanto pela popularidade do presidente, quanto pela incerteza do resultado da crise. LDR: Mas então como fica o cenário para a sucessão presidencial? Qual partido larga na frente? AAQ: A disputa, caso o bloquinho PSB/PCdoB não consiga uma boa aliança em torno do nome de Ciro Gomes (ou Aécio saia do PSDB e seja candidato por outro partido), tenderá a ser polarizada mais uma vez entre PT e PSDB. O PSDB, com unidade política, sairia na frente por contar com os dois principais colégios eleitorais: São Paulo e Minas. LDR: No governo Lula houve um enfraquecimento do papel dos chamados partidos de oposição? AAQ: A verdade é que a oposição no Brasil é inexistente. Os tucanos têm uma agenda muito parecida com a do PT, tanto que optaram por acusar o Governo de incompetente e corrupto em lugar de propor um programa alternativo. O DEM, apesar de ter eleito (com o apoio do PSDB) o prefeito de São Paulo, a maior cidade do País, passa por um processo de esvaziamento e depende, para sua sobrevivência política, da aliança com os tucanos. LDR: Como se comporta a bancada sindical no Congresso? AAQ: A bancada sindical atua de forma unitária e sua atuação, apesar da correlação de forças desfavorável no Congresso, impediu retrocessos importantes, como o projeto de flexibilização, a Emenda 3 e a emenda Augusto Carvalho, que tornava facultativa a contribuição sindical. Entre as conquistas podemos mencionar o aumento da licença-maternidade, o aumento de folga dos empregados no comércio, os aumentos reais do salário mínimo, a correção da tabela do im-

posto de renda, entre outras. A bancada sindical possui nomes de grande peso. Na Câmara, além do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), o mais atuante deles, nós podemos mencionar os deputados Roberto Santiago (PV/SP), Daniel Almeida (PCdoB/BA), Paulo Rocha (PT/PA), Magrão (PPS/SP) e Vicentinho (PT/SP). No Senado, os senadores Paulo Paim (PT/RS) e José Nery (Psol/PA). LDR: Quais são os principais projetos que deverão ser votados em 2009? AAQ: A agenda do Congresso para 2009 é das mais ambiciosas, a começar pelas reformas política e tributária, dois temas que dificilmente serão aprovados sem generosas regras de transição. No mundo do trabalho, com exceção do projeto de terceirização, dificilmente haverá mu-

“A verdade é que a oposição no Brasil é inexistente” danças significativas, como a redução da jornada. Até a questão das fontes de custeio das entidades sindicais depende do envio de projeto pelo Poder Executivo. Na área dos servidores públicos, deverá ser votada a Convenção 151 da OIT, sobre negociação coletiva e o direito de greve. A entrevista na íntegra pode ser lida no http://www.sintetel.org/2006/site/ entrevistas. LINHA DIRETA em revista

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APOSENTADOS

Quase um século de histórias e aprendizado Larissa Armani

Para quem vê a disposição e facilidade em relembrar fatos esquecidos há décadas pela memória, fica difícil de acreditar, mas basta pedir-lhe o RG e lá constará: Ângelo Forte nasceu oficialmente em 1º de abril de 1917. A curiosidade fica por conta de suas duas comemorações de aniversários, já que a data em que foi registrado não é a mesma de seu nascimento, 13 de novembro de 1916. Esse senhor que passou por duas guerras mundiais coleciona números impressionantes. Além dos 92 anos comemorados, o Sr. Forte, como sempre foi chamado pelos amigos e por aqueles não tão íntimos, exibe orgulhoso sua carteira de sócio do Sintetel; é o associado número 16, um dos mais antigos, e que ainda continua na ativa em uma pequena sala dentro do Centro de Convívio dos Aposentados. Nascido no coração de São Paulo, no encontro das ruas Treze de Maio e Santo Antônio, na Bela Vista, Sr. Forte viu a cidade crescer. Porém, em 1924, a infância no grande centro foi interrompida por conta da Revolta Paulista de 1924 - que exigia a renúncia do então presidente Artur Bernardes. Com a violência dos ataques e rebeliões que se instalaram na capital, a família decidiu refugiar-se no interior, parando primeiro em Bauru e depois em Botucatu. Em 1929, após tempos de diversão e diversas cicatrizes adquiridas durante as brincadeiras com os dois irmãos, Ângelo retorna à sua cidade natal. 8 LINHA DIRETA em revista

Então com 14 anos começa a trabalhar como mensageiro no Hotel Esplanada, um dos ícones em luxo e elegância da época. Do tempo em que vestia o uniforme do hotel, lembra-se de ter visto muita gente importante pelos corredores. Como a maior parte dos rapazes da época, aos 20 anos ingressou no serviço militar, onde ficou menos de um ano para já sair empregado na antiga CTB (Cia. Telefônica Brasileira), através da intervenção de um tio de sua noiva. Foi a partir daí que toda sua carreira e envolvimento com o ramo de telecomunicações começaram. “No começo eu trabalhava aonde precisassem de mim. Estava sempre nos escritórios, ia até os canteiros, não tinha problema algum em me envolver com o que quer que fosse”. E é assim, sem nenhuma dificuldade,

Nos tempos de mensageiro do Hotel Esplanada e como empregado da an ga CTB.

que Ângelo Forte relembra fatos do cotidiano de trabalho, quando ia quase diariamente às estações para

Com boa disposição, Ângelo Forte é a história viva e lúcida do Sindicato avaliar e gerenciar o serviço dos colegas de empresa. Ao falar de seu casamento, lembra com precisão o ano em que selou “seu primeiro e único matrimônio”: 1938. A tentativa de ter o primeiro filho veio no ano seguinte, porém o bebê adoeceu aos cinco meses e não sobreviveu. O envolvimento com a área sindical começou em 1940, quando se filiou à organização que hoje em dia se transformou na ABET (Associação Beneficente dos Empregados em Telecomunicações). Essa filiação serviu também para que o senhor Forte fosse sindicalizado em 1942 a uma


APOSENTADOS

associação do ramo dos telefônicos, o embrião do que viria a formar o Sintetel, que em abril de 2009 completou 67 anos de existência. Junto com toda a demanda de trabalho e atuação em outras entidades, Forte ganha em janeiro de 1941 outra grande responsabilidade em sua vida: cuidar do filho Luis. A vida quase que totalmente dedicada e voltada ao trabalho pareceu ter um fim certo, quando em 1971 a CTB foi incorporada pela Telesp, empresa estatal do sistema Telebrás e Embratel que queria trazer para esta esfera todos os serviços públicos. Porém, Forte teve uma grande surpresa ao saber que poderia entrar com a aposentadoria em seu antigo cargo, para então ser contratado pela nova empresa de telecomunicações que havia sido criada. O novo momento em muito se assemelhou com a rotina antiga. Além dos dois salários que passou a receber, um como pensionista do INSS e outro como novo empregado da Telesp, nosso companheiro ajudou a construir a Associação dos Aposentados Complementados (ASASETESP) da antiga CTB, serviço pelo qual

Sr. Forte, em destaque, com alguns companheiros da an ga CTB.

até hoje é reconhecido e procurado pelos antigos amigos. Como personagem constante da evolução das telecomunicações e do que era o serviço no século XX, Ângelo lembra prontamente que prestou algum tempo de serviço na plataforma 30, dentro de seu novo emprego. “Era no Paraíso, onde hoje está um dos maiores prédios da Telefônica”. Apesar do serviço sério que desempenhava, relembra uma pequena confusão que lhe fez perder a chance de ter um cargo mais elevado e com mais prestígio. Ganhou do presidente da empresa um carro para cumprir uma tarefa nada fácil: vigiar os companheiros que trabalhavam no turno da noite e acabavam, sem querer, pegando no sono. “Certa vez eu encontrei um amigo durante um cochilo, eu o acordei e pedi para que se concentrasse no serviço, mas não fiz nenhum comentário a meus superiores. Uma semana depois, o chefe pediu para que eu devolvesse o carro com o qual trabalhava, pois eu não servia para aquela vaga”. Por conta desse e de outros acontecimentos, Forte afirma que o amparo do sindicato sempre foi muito importante para seu desenvolvimento e o da Associação dos Aposentados, que chegou a ocupar salas oferecidas pelo Sintetel para o uso dos associados. A devoção e empenho em tudo que faz também sempre se refletiram em sua vida pessoal e na relação familiar. Viúvo, avô de três adultos e com quatro bisnetos, Sr. Forte agradece a Deus todo o instante por poder contar com os parentes: “Todos são muito bons comigo, meu filho me

Em sen do horário, Augusto Rosis, Germar Pereira da Silva, José Evanildo, Forte, Ba s nha e Marina Mostacci em um momento de descontração da ASASETESP.

liga diariamente, tenho muito orgulho dos meus netos e sou muito grato à Regiane, minha neta mais nova, que cuida de mim”. Atualmente, concentrado em seu pequeno escritório dentro do Centro de Convívio, nosso amigo continua na ativa, e diz que não se imagina com outra vida: “o sindicato sempre me deu tudo que precisei, aqui tenho meus melhores amigos e meus melhores momentos, não há palavras para agradecer o quanto sempre fizeram por mim”.

Comemorando os 92 anos com os amigos do Centro de Convívio

A resposta para tanta dedicação e sensibilidade está no dia-a-dia de Sr. Forte, que por onde passa recebe o carinho e atenção daqueles que reconhecem sua personalidade serena e a importância de ter um pedaço da história viva, e bem vivida, da nossa instituição circulando pelos corredores. LINHA DIRETA em revista

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NOVAS TECNOLOGIAS

Alta Definição

O cinema como você nunca viu Emilio Franco Jr.

O filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe, muito aguardado pelos fãs da série, será lançado em IMAX. A estréia acontecerá no dia 15 de julho.

O IMAX é uma das tecnologias mais fascinantes do cinema. Seu formato tem capacidade de projetar imagens em tamanho muito maior e com definição bastante superior em comparação às salas com telas em tamanhos convencionais. A telona IMAX mede, normalmente, 16 metros de altura por 22 metros de largura, contra os 12 por 20 dos cinemas comuns. Mesmo com essa grande diferença, ainda assim existem telas maiores, como é o caso da sala IMAX Dome (em que as poltronas são inclinadas) na Índia, em que a área da tela é de 1.180m2, e o IMAX Theatre de Sydney, na Austrália, com tela retangular de 1.051m2. Essa experiência cinematográfica revolucionária era, até pouco tempo, exclusiva de outros países. Mas, para alegria dos cinéfilos brasileiros, a tecnologia chega agora à cidade de São Paulo. No início do ano, o Espaço Unibanco inaugurou a primeira sala IMAX do país, no Shop-

ping Bourbon Pompéia, com capacidade para 334 pessoas, tela de 14 metros de altura por 21 de largura, com um custo estimado de R$ 2,7 milhões. O espaço também é compatível com a tecnologia de projeção 3D. Já está programada a inauguração da segunda sala IMAX brasileira, ainda em 2009, na cidade de Curitiba. Uma das particularidades da tela IMAX é o fato de ela ser grande o suficiente para preencher todo o campo de visão, o que resulta em uma sensação de total imersão no filme. No IMAX, a impressão, em muitos momentos, é de estar dentro da tela. “É a experiência do cinema na sua mais ampla realidade, a de transportar o espectador para dentro da história”, afirma o estudante Lucas Rossi, de 20 anos, que já esteve em duas salas com a tecnologia nos Estados Unidos e também na recém-inaugurada sala de São Paulo. “Um ponto negativo é

A tecnologia IMAX aumenta em muito a qualidade de som e imagem 10 LINHA DIRETA em revista


NOVAS TECNOLOGIAS O Brasil só conta com uma sala IMAX em seu território: na cidade de São Paulo, na rede Espaço Unibanco do Shopping Bourbon Pompéia. Outra sala está em desenvolvimento em Curitiba.

em relação à legenda, pois em uma tela convencional estamos acostumados com ela, mas, em IMAX, a legenda parece estranha nos minutos iniciais”, aponta o estudante. O maior problema da sala inaugurada na capital paulista é a disposição das cadeiras, que não têm quebra de altura e espaçamento suficiente para impedir que o espec-tador seja incomodado por quem senta nas fileiras à frente. Isso atrapalha um pouco a experiência de se sentir parte do filme. “Em uma das salas em que estive nos EUA meus pés ficavam na altura das cabeças dos vizinhos de baixo o que resulta em uma experiência ainda mais impressionante. Além da tela gigante, não há nada em frente. Outra coisa que senti diferença foi em relação ao som: lá as caixas ficam no teto, não nas laterais. Ou seja, a sensação de estar no filme é quase absoluta”, conta Lucas. Os projetores IMAX possuem uma tecnologia chamada “Rolling Loop”, que garante um movimento sequencial de transição dos slides sem nenhuma trepidação, eliminando assim o contato do rolo com partes que causam desgaste ao filme. Também chama atenção, além da alta definição da imagem, a excelente qualidade de som. O sistema IMAX acaba com as pequenas variações no áudio e volume que podem ocorrer no ambiente. Junta-se a esse diferencial, o rigoroso isolamento acústico e um sistema de som de 12 mil watts, o que gera efeitos sonoros de alta potência em todos os cantos do ambiente. A primeira sala IMAX surgiu há quarenta anos na América do Norte. Atualmente

existem por volta de 300 cinemas com essa tecnologia no mundo, mais da metade concentrados nos Estados Unidos e Canadá, países que curiosamente não possuem as salas com maior tamanho de tela, que ficam na Índia e Austrália. O Brasil deve encerrar o ano com duas salas que disponibilizam a tecnologia, além disso, a modernização dos cinemas nacionais vem se acelerando, com ambientes mais confortáveis, projeções 3D e serviço VIP. Mesmo com a readequação no padrão de qualidade, o país está longe de resolver o problema do acesso a esse tipo de cultura, já que apenas 10% das cidades brasileiras possuem cinemas. Deixando a realidade sofrível do acesso à cultura em segundo plano, pode-se afirmar que os cinemas IMAX propiciam uma experiência cinematográfica inigualável. Nos próximos anos, muitos brasileiros ainda terão a oportunidade de descobrir o que é o IMAX. Se a exibição em uma sala dessas já é incrível, a experiência pode ser ainda mais impressionante se o filme também for produzido com a tecnologia. As salas IMAX conseguem projetar obras que não foram filmadas por esse padrão desde que adaptadas para essa finalidade, mas tem se tornado comum em filmes de grande apelo popular a gravação de pelo menos algumas cenas com a tecnologia, como é o caso dos filmes Batman – O Cavaleiro das Trevas e o ainda inédito Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

PRODUÇÃO EM IMAX Produzir um filme em IMAX é muito mais complexo do que os filmes comuns. Não só a tela de projeção é imensa, mas a câmera necessária para captar imagens nessa tecno-

Os espectadores de salas IMAX têm a sensação de participarem do filme. logia também é bem maior se comparada à original, com 109 kg, o que atrela seu uso à necessidade de suportes especiais e ajustes para movimentá-la. Uma câmara para filme convencional pesa 18 kg. O tamanho de filme necessário para a câmera IMAX também difere do usual. A câmera suporta apenas um cilindro de três minutos que leva 20 minutos para ser recarregado. Para que não haja distorção das imagens na tela gigante, as gravações são impressas em filmes de 70mm, enquanto os longa-metragens convencionais são impressos em 35mm. Nos projetos rodados de maneira comum gravam-se, sem problema, dez cenas por dia, enquanto em IMAX o número não passa de quatro cenas diárias. Por tudo isso, o custo de produção é enorme. O detalhamento minucioso da imagem exige um esforço dobrado no processo de gravação para que tudo saia perfeito, já que cada cena precisa ser impressionante, pois o público consegue enxergar até as pequenas falhas. Imagens sem brilho, por exemplo, desperdiçam o efeito que o IMAX poderia causar. A preocupação com o som também é grande e exige um trabalho de limpeza para eliminação de ruídos e dos barulhos que a própria câmera produz. Em função do gigantismo da tela e detalhamento da imagem, os efeitos especiais computadorizados precisam ser perfeitos, o que exige muito mais energia do computador. Tanto trabalho e custo são recompensados pelo resultado final estonteante. A sensação é inigualável e torna o filme muito mais recompensador, mesmo com o preço da entrada um pouco superior ao já caro valor do mercado brasileiro. O IMAX Pompéia cobra R$30 o ingresso, mas para ir de vez em quando é um investimento que vale a pena. LINHA DIRETA em revista 11


SUBSEDES

Foto: André Manhani

Capital da Alta Araraquarense

São José do Rio Preto se destaca em longevidade e educação Marco Tirelli

Dados fazem parte da terceira edição do Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), que foi divulgada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo nesta região de clima quente, composta por 96 municípios, que se localiza a regional do Sintetel sediada em São José do Rio Preto. Exclusivamente, o município classificou-se na pesquisa do IPRS no mesmo grupo de localidades com bons níveis de riqueza, longevidade e escolaridade.

É

O comércio e serviços representam mais de 40% do valor adicionado da economia local.

A agropecuária é a principal atividade econômica local, com destaque para a criação do gado de corte e leiteiro. Avicultura e cultivos de cana-de-açúcar, laranja, café, algodão, milho e seringueiras também são fortes na região. Quanto à industrialização, cerca de 50% do total é gerado pelo segmento de alimentos e bebidas. São também atividades relevantes a preparação e confecção de artigos de couro; a fabricação de móveis, artefatos de borracha e de plástico; produtos de metal e jóias.

A história da cidade tem início com o desbravamento e a ocupação do solo do sertão paulista em meados do século XIX. A partir de 1840, mineiros fixaram-se na região e deram início à exploração agrícola e à criação de animais domésticos.

12 LINHA DIRETA em revista

A origem g de

Em 1852, Luiz Antônio da Silveira doou parte de suas terras ao seu santo protetor, São José, para que o patrimônio originasse uma vila. Em 19 de março daquele ano, dia que hoje se come-


SUBSEDES mora a fundação da cidade, João Bernardino de Seixas Ribeiro, que já havia construído uma casa nas terras do patrimônio, liderou os moradores da vizinhança para erguer um cruzeiro de madeira e edificar uma pequena capela. Em 1894, São José do Rio Preto foi desmembrado de Jaboticabal e se transformou em município. Era um imenso território, limitado pelos rios Paraná, Grande, Tietê e Turvo, com mais de 26 mil km² de superfície. A origem do nome do município vem da junção das nomenclaturas do padroeiro da cidade, São José, e do rio que corta o município, Rio Preto. A partir de 1906, a cidade teve seu nome reduzido para Rio Preto. Somente em 1945, foi retomado o nome original de São José do Rio Preto.

Equipe Sintetel: As secretárias Andréa e Vanda, o advogado Júnior, o assessor Osvaldo e o diretor regional Ismar.

Com a chegada da Estrada de Ferro Araraquarense (EFA), em 1912, a cidade assumiu uma importante posição de pólo comercial de concentração e distribuição de mercadorias produzidas no então conhecido “Sertão de Avanhandava”, como também de materiais vindos da capital. Por isso, São José do Rio Preto ficou conhecida nacionalmente como a Capital da Alta Araraquarense. Tantos anos após sua fundação, a cidade está hoje entre as dez melhores localidades do Brasil em matéria de qualidade de vida, com infra-estrutura superior a várias capitais (99% da população recebe água tratada e energia elétrica, 98% tem acesso a rede de esgoto e 95% é alfabetizada). Ismar visita call center da TEL para conversar com os trabalhadores.

Situada no centro de Rio Preto, a regional do Sintetel fica em um lugar de fácil acesso aos trabalhadores. O dia-a-dia da subsede transcorre com atendimento aos associados, distribuição de jornais e boletins, visitas aos trabalhadores na base e reunião com empresas para solucionar problemas. “Aqui o trabalho está bem dividido. O Osvaldo visita diariamente as bases e eu, quando não estou prestando atendimento na subsede, também estou lá na empresa ouvindo os trabalhadores”, conta Ismar José Antonio, diretor da regional. “O suporte fica por conta das secretárias Andréa e Vanda, que também cuidam do atendimento aos aposentados”, destaca. Esclarecer as dúvidas do trabalhador faz parte do dia-a-dia.

Dados e características do município de São José do Rio Preto Aniversário - 19 de março Fundação - 1852 Estado - São Paulo Municípios limítrofes - Ipiguá, Onda Verde, Guapiaçu, Cedral, Bady Bassitt e Mirassol Distância até a capital - 450 quilômetros Área - 434,10 km² População - 424.114 hab. est. 2007 Densidade - 963,4 hab./km² Altitude - 489 metros Clima - tropical de altitude com inverno seco e chuvas de verão Fontes: Seade e Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto

O vereador Pedro Roberto Gomes (à direita), um velho aliado dos trabalhadores, recebe o diretor do Sintetel em seu gabinete. LINHA DIRETA em revista 13


SUBSEDES A subsede também tem uma Comissão de Conciliação Prévia (CCP). “Nosso advogado, o doutor Júnior, é também o conciliador na CCP. A coordenação cabe ao companheiro Osvaldo. Contamos com um excelente índice, pois 95% dos casos terminam em conciliação. Isso desafoga a Justiça do Trabalho, além de atender aos anseios do trabalhador com maior rapidez”, destaca Ismar. A eleição da nova chapa para conduzir o Sindicato nos próximos anos trouxe esperança para a região. “As perspectivas para o novo mandato são as melhores possíveis. O time que foi montado está bem mesclado com experiência e renovação. Sempre se aprende com os mais jovens e com os mais velhos. Dos mais velhos tiro a experiência e, dos mais jovens, as idéias. Tenho certeza que faremos um excelente trabalho unidos com toda a família Sintetel”, conclui Ismar. Elydio Pacco foi o primeiro representante sindical de São José do Rio Preto, em 1956. Ele trabalhou durante 43 anos na empresa que foi seu primeiro e único emprego. “A empresa foi minha vida, foi um tempo muito bom para todos nós”, conta.

é o cartão de visita para quem chega pelo alto O Parque da Represa (foto que abre esta matéria) é considerado o cartão-postal de São José do Rio Preto. Trata-se de um ambiente bonito, saudável e que proporciona uma melhor qualidade de vida à população. O local também é a opção favorita para caminhadas, pois dispõe de uma pista de 2,7 mil metros de comprimento. Outra atração é a passarela de 220 metros, que une o bem-estar físico ao visual, e permite um contato direto com a natureza. As dezenas de capivaras e pássaros, que fazem do Parque da Represa seu habitat, alegram a paisagem e atraem turistas. Na orla, existem restaurantes, lanchonetes e quiosques com diversos tipos de petiscos. Outro motivo de orgulho da cidade é o estádio Teixeirão, cujo dono é o América Futebol Clube. Ele é o maior estádio do Interior Paulista, o segundo do Estado de São Paulo e o sexto maior estádio particular do Brasil. Em pesquisas realizadas

Quem é o responsável pela subsede? Ismar José Antonio está casado há 35 anos, é pai de quatro filhos e avô de dois netos. Este corinthiano sempre bem humorado ingressou na categoria em 1970, na antiga Companhia Telefônica Rio Preto. Iniciou sua carreira na empresa como IRLA e, atualmente, ocupa o cargo de examinador de linhas na Telefônica. Em 1996 assumiu a diretoria regional de São José do Rio Preto no lugar de Sérgio Morello, que havia se desligado da empresa. Ismar comanda a subsede com o auxílio de quatro funcionários e oito representantes sindicais. 14 LINHA DIRETA em revista

pela Revista Placar, o Estádio Benedito Teixeira foi considerado o sexto melhor estádio em infra-estrutura do Brasil.

abriga pólo científico-cultural O CICC (Centro Integrado de Ciência e Cultura) nasceu a partir de uma parceria entre UNESP, Prefeitura e FAPERP (Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de São José do Rio Preto). Como o próprio nome diz, ele tem a finalidade de proporcionar à sociedade o acesso à ciência e à cultura. O CICC, localizado no Distrito Industrial, conta com uma área de 2.346 m2 na qual estão instalados um anfiteatro, cinco espaços científico-culturais, um planetário e dois observatórios. Fontes: Prefeitura de São José do Rio Preto e Unesp

SUBESEDE DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Atendimento: das 8h30 às 18h Endereço: Rua Voluntários de São Paulo, 3066 3º andar – sala 407 – Centro Telefones: (17) 3232-5560 e (17) 3234-5571 E-mail: sindicato.sp@terra.com.br A regional abrange: • 96 municípios • 11 empresas • 2.500 trabalhadores


NOVA GRAMÁTICA

Larissa Armani

Nova ortografia surge como ferramenta para expandir e unificar o português À primeira vista pode parecer inviável e praticamente impossível aderir às novidades, mas o novo acordo ortográfico da língua portuguesa mostra que não é um quebracabeça tão complicado assim. Em vigor desde o dia 1º de janeiro, a nova regra tem por objetivos unificar os falantes da língua portuguesa, que hoje somam quase 230 milhões, além de tornar o português um idioma mais forte e solidificado. Todos os países lusófonos, aqueles que têm como língua materna o português, terão até 2013 para adotar completamente os novos padrões. No caso do Brasil, o primeiro a implementar a nova escrita, as mudanças não são tão drásticas quanto se imagina; apenas 0,5% da nossa grafia sofreu alterações. Para o professor Pasquale Cipro Neto, a decisão de implementar o acordo “foi precipitada e ainda está tudo muito confuso e atrapalhado”. Confusão que parece generalizada, já que em Portugal, por exemplo, ainda não há uma data limite para ratificar o uso da nova escrita. A realidade é que as mudanças serão sentidas no cotidiano, já que em um simples email, por exemplo, a palavra “idéia” deverá ser escrita sem acento agudo e “lingüiça” não terá mais o trema (os dois pontinhos sobre o “u”). Já a bagagem cultural e as particularidades do português brasileiro não serão perdidas. Língua é sinônimo de identidade, e essa não falta ao nosso povo.

Para se adequar aos novos padrões e ajudar os leitores a absorverem as regras, o Sintetel usará a nova ortografia a partir do mês de agosto em todas as suas publicações. Confira as principais alterações da ortografia:

O QUE MUDA? Alfabeto - Será formado por 26 letras, com acréscimo do “k”, “w” e “y”. Trema - Só será mantido em nomes estrangeiros, como “Müller”. No restante das palavras, ele não será mais necessário. Exemplos: Agüentar (Aguentar) e conseqüência (consequencia).

Acentuação – ditongos “ei” e “oi” - Estes ditongos abertos não serão mais acentuados em palavras paroxítonas. Exemplos: Assembléia (assembleia), platéia (plateia) e idéia (ideia). Acentuação – “i” e “u” formando hiato - Não se acentuarão mais "i" e "u" tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo. Exemplos: baiúca (baiuca) e boiúna (boiuna).

Hiato - Os hiatos "oo" e "ee" não serão mais acentuados, casos de enjôo (enjoo), vôo (voo) e perdôo (perdoo), por exemplo.

Palavras homônimas (grafia igual com som e sentido diferentes) - Não existirá mais o acento diferencial. Exemplos: pára (para), péla (pela) e pêlo (pelo).

Hífen – “r” e “s” - O hífen não será mais utilizado em prefixos terminados em vogal seguida de palavras iniciadas com "r" ou "s". Nesse caso, essas letras deverão ser duplicadas. Exemplos: Ante-sala (antessala), auto-retrato (autorretrato) e anti-social (antissocial).

Hífen – mesma vogal - Será utilizado quando o prefixo terminar com uma vogal e a segunda palavra começar com a mesma vogal. Exemplos: antiibérico (anti-ibérico) e antiinflamatório (anti-inflamatório).

Hífen – vogais diferentes - Não será utilizado quando o prefixo terminar em vogal diferente da que inicia a segunda palavra. Exemplos: auto-afirmação (autoafirmação), auto-ajuda (autoajuda), auto-aprendizagem (autoaprendizagem) e auto-escola (autoescola). LINHA DIRETA em revista 15


DEBATE

Sociedade

Por um mundo menos capitalista

Críticos do neoliberalismo e organizações debatem alternativas para o mundo Emilio Franco Jr.

Belém do Pará abrigou, entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro, milhares de pessoas dispostas a aprofundar seus conhecimentos por meio do debate democrático de novas idéias e perspectivas para o mundo globalizado. Isso porque a cidade foi palco da 9ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), evento dedicado a discussões sobre múltiplos assuntos e a troca de experiência entre diversas organizações da sociedade civil.

exclusivamente à discussão de problemas sociais e composto por grupos que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital, explica-se o fato de apenas presidentes de esquerda - ao menos em teoria - terem comparecido à cidade de Belém. As autoridades ficaram concentradas em um centro de debates fechado para o grande público.

Em seu discurso, o presidente Lula falou sobre a atual crise econômica mundial. “A crise Segundo estimativas dos organasceu durante os anos 80 O FSM de Belém reuniu diversas autoridades. Na foto, o ex-governanizadores, o Fórum Social e 90 porque os países ricos dor do Maranhão Jackson Lago; os presidentes Evo Morales, Fernandeste ano reuniu mais de 120 defenderam a lógica de que o do Lugo, Rafel Correa e Hugo Chávez; e o líder do MST João Pedro. mil pessoas, incluindo autoriEstado não poderia interferir dades de países da América do na economia e que o ‘deus Sul como o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da mercado’ ia desenvolver o país e fazer justiça social. Esse ‘deus Bolívia, Evo Morales; da Venezuela, Hugo Chávez; e do Paramercado’ quebrou por falta de controle, por irresponsabiliguai, Fernando Lugo. Por se tratar de um evento dedicado dade”, comentou Lula antes de deixar seu recado final. “O 16 LINHA DIRETA em revista


Estado deve ser o responsável por construir o país e não o mercado”, concluiu. O movimento sindical compareceu em peso ao evento e também possuía um núcleo próprio de discussões. O Sintetel esteve representado por Mauro Cava de Britto e Fábio Oliveira, integrantes também de diretorias da Força Sindical.

Fábio Oliveira e Mauro Cava de Britto, diretores do Sintetel, participaram do núcleo sindicalista. Na foto, eles caminham ao lado do deputado federal e presidente da Força Sindical , Paulo Pereira da Silva; do presidente da UGT, Ricardo Patah; e do presidente da CUT, Artur Henrique.

Eles participaram dos debates realizados no núcleo sindicalista e marcaram presença na manifestação dos trabalhadores por um mundo mais igualitário. A Prefeitura de Belém e o Governo do Estado fizeram um balanço animador do evento que, segundo a governadora Ana Júlia Carepa, trouxe reflexos positivos para a economia. A Região Metropolitana de Belém recebeu um incremento de R$ 40 milhões, sendo R$ 18 milhões em hospedagem, R$ 16 milhões em gastos com alimentação e R$ 6 milhões para o setor de transporte.

DEBATE O chanceler brasileiro Celso Amorim e o presidente do Banco Central Henrique Meirelles participaram em nome do governo federal. A tônica dos debates de 2009 foi a crise financeira que assola o mundo e formas de sair dela rapidamente com o menor número possível de cicatrizes. Retrospectiva O Fórum Social Mundial nasceu em 2001 - trinta anos depois de Davos - como espaço para debates de idéias e formulação de propostas capazes de encontrar alternativas para um mundo gerido pelo dinheiro e pelo mercado com a mínima interferência estatal possível. A primeira edição foi realizada na cidade de Porto Alegre e contou com a participação de aproximadamente 20 mil pessoas de 117 países diferentes. A imprensa também esteve bastante presente com 1.870 credenciados. Nos dois anos seguintes, o FSM também foi realizado na capital do Rio Grande do Sul, atingindo a marca de 50 mil participantes em 2002 e 100 mil no ano seguinte. Já em 2004, o Fórum Social Mundial foi realizado pela primeira vez fora do Brasil com o intuito de consolidar sua internacionalização. O local escolhido foi Mumbai, na Índia, e reuniu cerca de 75 mil pessoas. Após a experiência por terras estrangeiras, o Fórum voltou ao seu berço, sendo mais uma vez sediado em Porto Alegre. Em 2006 optou-se por testar um novo formato e, assim, o evento foi realizado em três cidades de diferentes países: Bamako, em Mali; Caracas, na Venezuela; e Karachi, no Paquistão. Com isso o evento conquistou o mundo e foi realizado na sequência em Nairóbi, no Quênia. Em 2008 não houve uma edição com sede fixa, apenas uma série de diretrizes emitidas pelo comitê que organiza o evento. Após a edição de Belém, o Fórum não deve ter sede específica no próximo ano. Já em 2011, os prováveis candidatos são os Estados Unidos, um país africano e outro do Oriente Médio.

Para garantir a ampla divulgação de correntes de pensamentos destoantes, o Comitê Organizador do FSM propôs o estabelecimento de uma Carta de Princípios de maneira a garantir os encontros como um espaço permanente para a construção de alternativas aos princípios que permeiam a lógica atual de mercado no mundo. Davos x FSM O FSM foi idealizado como um contraponto ao Fórum de Davos, que reúne políticos e empresários para discutir os rumos da economia mundial. Durante anos, o evento suíço foi palco de discussões acaloradas dos defensores do atual modelo de organização comercial, ignorando as poucas vozes destoantes que apontavam riscos na auto-regulamentação do mercado. Desde 1971, Davos tem realizado um papel estratégico na formulação de políticas neoliberais pelo mundo. A fundação organizadora do evento é financiada por mais de mil empresas multinacionais. Apesar de o presidente Lula comparecer ao “irmão pobre” do evento suíço, o Brasil, que se destaca economicamente no cenário mundial, enviou representantes também para Davos.

O chanceler brasileiro Celso Amorim representou o Brasil no Fórum de Davos. Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, também participou da comitiva. LINHA DIRETA em revista 17


1º de maio

Amanda Santoro

Há alguns anos, a celebração do dia 1º de Maio era estritamente política e reivindicatória. Hoje o evento traz grandes nomes da música e sorteio de prêmios aos participantes. O trabalhador também merece! A dimensão dos números é uma das poucas ferramentas que nos permitem imaginar a grandiosidade das coisas. Neste ano a comemoração da Força Sindical ao Dia Mundial do Trabalho, realizada na zona norte de São Paulo, conseguiu reunir mais de 1 milhão de participantes. Mesmo se tratando da quarta maior cidade do mundo é possível ter uma breve idéia do que significa esta estrondosa marca. Se a reflexão afunilar, os números ficam ainda mais expressivos: 1 milhão de pessoas é o mesmo que a soma de todos os habitantes de Florianópolis e Cuiabá, respectivas capitais de Santa Catarina e Mato Grosso, que possuem 420 mil e 550 mil habitantes cada.

Um dos principais atrativos do evento foi o tradicional sorteio de prêmios, que nesta edição distribuiu 18 LINHA DIRETA em revista

vinte carros Celta 0Km. No entanto, a premiação nem de longe é a meta pretendida pelos idealizadores da celebração. Para o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, outros pontos merecem a atenção e pressão das centrais sindicais perante a opinião pública. “A principal mensagem foi de emprego, emprego e emprego.

Vamos bater muito na questão da taxa de juros. As reduções recentes têm ajudado e geram reflexo positivo. Mas precisamos de uma taxa de 7% ao ano”, afirmou. Quanto à adoção do lema Toda Força Pelo Trabalho Decente, o presidente do Sintetel Almir Munhoz foi incisivo: “muitas empresas têm

Da esquerda para a direita: o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o senador Eduardo Suplicy, e os deputados federais Aldo Rebelo e Ciro Gomes.


1º de maio

Mauro Cava de Britto, diretor social do Sindicato. Um fato inusitado para o setor das telecomunicações foi a participação de Júnior Gouveia, trabalhador da Telemax, no palco da festa. Com um repertório pop romântico, o cantor se apresentou bem cedo, por volta das 8 da manhã. “O show foi maravilhoso e, cada vez mais, vejo que vale a pena investir na carreira de artista. Estamos gratos ao Sintetel pela oportunidade proporcionada”, declarou. Carlos Lupi, ministro do Trabalho e Emprego, também compareceu à comemoração. Políticos e sindicalistas mostraram que, além de festiva, a data também estimula a conscientização do público.

endurecido nas negociações por conta da crise econômica, que foi criada por elas próprias e não pelos trabalhadores. Continuaremos firmes nas reivindicações necessárias a nossa categoria”. Em ano de baixo crescimento econômico, a crise também foi o assunto preferido pelos políticos presentes no 1º de Maio da Força Sindical. “Todos vivem o mesmo desejo de que os efeitos da crise financeira passem o quanto antes, mas só com investimentos conseguiremos isso. São Paulo foi bastante afetada e desde o começo do ano estamos cautelo-

O cantor Daniel foi uma das atrações mais esperadas pelo público. Milhares de pessoas cantaram em uníssono os principais sucessos de sua carreira.

sos quanto ao orçamento. Tivemos que congelá-lo para que áreas sociais básicas, como saúde e educação, não fossem afetadas”, afirmou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. “A conseqüência mais séria da crise econômica é que o Brasil perde o patamar de crescimento de 6% ao ano, que permite às pessoas não serem trocadas por máquinas e garante a absorção de dois milhões de jovens no mercado de trabalho”, complementou o deputado federal Ciro Gomes. “Isso se refletirá diretamente na taxa de desemprego, na redução da massa salarial na renda e na diminuição do crédito. No entanto, o Brasil possui ferramentas para minimizar estes efeitos”, finalizou. A comemoração ao Dia do Trabalho, que mesclou festividade e conscientização, contou com cerca de 30 shows de artistas renomados, além de sindicalistas responsáveis pelo conteúdo ideológico e reivindicatório. “Somos protagonistas neste 1º de maio, pois o Sintetel ajudou a Força Sindical a criar o evento. Devemos nos orgulhar por conseguirmos proporcionar uma festa deste porte ao trabalhador paulistano”, afirmou

Junior Gouveia, trabalhador da Telemax, se apresentou por volta das 8h no palco da Força Sindical. O incentivo do Sintetel deu forças para ele seguir na carreira artística, apesar da dupla jornada.

Pelo Estado de São Paulo Não foi só a capital paulista que contou com eventos comemorativos à data. A Força Sindical descentralizou o evento e o interior também foi palco de diversos shows e discursos de conscientização política. As celebrações ocorreram em mais de 15 cidades, entre as quais se destacam Jundiaí e Embu Guaçu, que contaram com a participação dos diretores do Sintetel Marcos Milanez e Fábio Oliveira. “A idéia de realizar o 1º de maio descentralizado cumpre o papel de abranger um número cada vez maior de trabalhadores, pois nem todos podem vir a São Paulo. A nossa intenção é fazer com que o evento fique mais atrativo nessas outras localidades, possibilitando que passemos nossa mensagem para mais pessoas”, afirmou Fábio Oliveira. LINHA DIRETA em revista 19


CAPA

Supertele

A empresa nasce da fusão da Brasil Telecom com a Oi e supera o desafio da implantação Emilio Franco Jr. e Marco Tirelli

dio prazo, a ampliação das opções de serviços e tamEm janeiro de 2009 a Oi concluiu a aquisição do bém a melhoria de qualidade. controle da Brasil Telecom (BrT) e, em função disso, desembolsou cerca de R$ 8 bilhões. Como parte Após ter adquirido o controle da Brasil Telecom, a da operação, a companhia também assumiu uma Oi dará início aos procedimentos para dívida de aproximadamente R$ 1 bilhão realizar a oferta pública de compra da Invitel, antiga detentora das ações Oi e BrT de ações (OPA) dos minoritários da de controle da BrT. Com a compra, terminaram 2008 Brasil Telecom Participações e da a Oi adotou uma meta ambiciosa: Brasil Telecom, conforme estabeleser a maior e a melhor empresa de com cerca de 55,9 cido em lei. Nos próximos dias, a comserviços do Brasil. milhões de panhia vai requerer à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o registro das OPAs. A companhia assumiu a gestão clientes da BrT e deu origem à plataforma brasileira de telecomunicações, com fortes perspectivas de crescimento e de estrutura para competir de forma mais equilibrada com os grupos da solidificação no mercado estrangeiros que atuam no país. Lançado em outubro, o serviço de telefonia móvel A aquisição deverá auda empresa em São Paulo terminou 2008 com 2 mimentar a lhões de clientes, marca recorde para uma operação concorrência com dois meses de vida. Em sua área original de e beneficiar atuação (Região I, formada por 16 estados das regiões os consumiSudeste, Nordeste e Norte), a Oi consolidou sua dores, possiliderança, com participação de mercado de 30,3% bilitando, en-

Em busca

tre outros efeitos positivos, a redução de tarifas e preços a mé20 LINHA DIRETA em revista

em dezembro (ante 26,9% do fim de 2007). Após um ano de crescimento recorde e movimen-


CAPA

tos estratégicos relevantes, como o lançamento do serviço de telefonia móvel em São Paulo, a aquisição da Amazônia Celular e a anuência prévia para a compra da Brasil Telecom, a Oi planeja repetir a estratégia na conquista de mercado e ampliação de serviços, com investimentos operacionais entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões em 2009. Os recursos, que representam a operação integrada da Oi com a BrT, serão destinados principalmente à expansão nacional dos serviços de banda larga, mobilidade e TV por assinatura, além da manutenção e melhoria de qualidade. O valor não inclui o montante desembolsado na aquisição da BrT, que é contabilizado separadamente.

por causar possíveis danos à concorrência. A discussão se alongou e três dias antes do vencimento do prazo estabelecido no contrato de compra a Anatel aprovou o novo PGO. Mesmo com a demora, a análise ocorreu em tempo recorde em comparação com o usual em pedidos de anuência prévia. Por isso, o Ministério Público ainda analisa se a agência seguiu todas as etapas previstas para aprovar a operação entre as empresas. A Oi tinha pressa, pois caso não fossem aprovadas as novas regras teria que pagar R$ 490 milhões em multas para os acionistas da BrT.

Em meados de dezembro de 2008, quase oito meses após o anúncio da formalização do acordo de compra entre O objetivo é chegar a 110 mi- as empresas, a Oi recebeu autorização definitiva para concluir a lhões de clientes, transação. Ainda assim, o negócio de compra sendo 30 precisava ser avaliado pelo CADE, pelo começou em 2008 milhões no Ministério Público e TCU (Tribunal de exterior Contas da União). O valor total ficou em Foi um processo demorado. A compra R$ 8,2 bilhões - sendo R$ 4,8 bilhões a da Brasil Telecom pela Oi começou a apareserem pagos aos acionistas da BrT e R$ 3,5 cer no noticiário logo no começo do ano passado, bilhões oferecidos aos acionistas minoritários. quando ambas as empresas confirmaram ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, a intenção de Logo no início de 2009, as empresas anunciaram unirem suas operações. Para que isso fosse viável, a conclusão do processo de compra. Entretanto, o processo de integração entre Brasil Telecom e Oi era necessária uma série de medidas governamenpode durar mais um ano. Serão mantidos os investais como a alteração do Plano Geral de Outorgas timentos de R$ 30 bilhões previstos para os próxi(PGO) que, até então, proibia a fusão de emmos cinco anos. O objetivo é chegar a 110 milhões presas que atuassem em diferentes regiões do país de clientes, sendo 30 milhões no exterior – o foco como forma de inibir a concentração de mercado. são os países vizinhos e de língua portuguesa. Para As alterações no PGO foram enviadas pelo miesse ano, a intenção é somar 9 milhões de novos nistro para a Anatel, que deveria analisar o docuclientes à atual base da operadora, sendo 3 milhões mento e decidir a aprovação das mudanças. Além só em São Paulo. Do total a ser investido, 60% serão disso, o negócio deveria ser avalizado pelo CADE nos setores de telefonia fixa e banda larga e 40% em telefonia móvel. (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)

Processo

LINHA DIRETA em revista 21


CAPA

pouco mais de 105 mil postos de trabalho.

Nova companhia adotou o nome Oi Desde o dia 17 de maio, a nova companhia adotou oficialmente o nome Oi. O logotipo da Brasil Telecom irá desaparecer das lojas da operadora e das campanhas publicitárias, dando lugar ao logo de sua compradora.

O presidente do Sintetel, Almir Munhoz, evidenciou a luta do sindicato quanto às demissões da Oi para readequação do quadro de funcionários após a aquisição da Brasil Telecom. Almir comparou as atuais negociações com aquelas acontecidas com a Telefônica na época da privatização. “Em São Paulo, na privatização, houve respeito ao sindicato. Eles cumpriram o plano que apresentaram. Já na compra da Brasil Telecom pela Oi não foi bem assim. Esperamos ter a mesma condição de participar dessa discussão e vamos trabalhar para isso”, diz ele.

Maior empresa brasileira de telecomunicações, a Oi é pioneira na prestação de serviços convergentes no país. Oferece transmissão de voz local e de longa distância, telefonia móvel, comunicação de dados, internet e entretenimento. Com a compra da Brasil Telecom, a companhia passa a A empresa atuar em todo o território nacional.

Perguntado se a empresa poderia estar desrespeitando o acordo com a Anatel e se com as centrais sindicais de manter comprometeu a o mesmo número de funcionários Juntas, Oi e BrT terminaram 2008 manter o número das duas empresas após a fusão, com cerca de 55,9 milhões de clide postos de traAlmir Munhoz afirmou que essas entes, sendo 22 milhões em telebalho por um demissões representam um percentual fonia fixa, 30 milhões em telefonia período de pequeno do número total de trabalhadores. móvel, 3,8 milhões em banda larga três anos “Adequações administrativas sempre e 61 mil em TV por assinatura. existem nos escritórios”, completou. Em sua opinião, mesmo que momentaneamente a Oi possa ter menos funcionários do que o exigido pela Anatel, essa situação é transitória, o que não deverá gerar punições pela agência. A Oi informou que busca no mercado cerca de 200 profissionais. A nova empresa fechou o ano com saldo positivo de contratações; as 400 demissões de postos de gerência realizadas em 2008 foram em função da dupliO Sintetel também manifesta a sua preocucidade de cargos. Isso também ocorreu em 2009, pação com a qualidade de serviços prestados. quando a Oi demitiu 500 funcionários sob a mesEm matéria publicada no Portal Exame, um ma alegação. A empresa se comprometeu a manter ponto que conta negativamente para a operao número de postos de trabalho por um período dora é o alto índice de reclamações. Segundo de três anos, até abril de 2011, o que a mantém a Anatel, a Oi/BrT liderou o ranking no úlcomo a maior empregadora privada do país, com timo mês de março.

Sintetel cobra

participação no processo de unificação

22 LINHA DIRETA em revista


CAPA

dos na sua renovação. A empresa informou que ainda não há um resultado oficial para o processo de contratação das terceirizadas. Todas as informações envolvendo esta ou aquela empresa são apenas boatos, lobby, ou algo do tipo. A Oi se compromete a comunicar para as lideranças sindicais, em primeira mão, o resultado do processo de contratação, que deverá ter fornecedores diferenciados por região, produto ou serviço. O movimento sindical tem se reunido com a direção da Oi. Nas reuniões, os sindicatos de telecomunicações semmpre demonstram a preocupação pela manutenção dos os postos de trabalho e pela busca de alternativas de realoocação em outras funções e departamentos.

Fenattel pede garantias aos trabalhadores

“Em São Paulo, na privatização, houve respeito ao sindicato. Eles cumpriram o plano que apresentaram. Já na compra da Brasil Telecom pela Oi não foi bem assim. Esperamos ter a mesma condição de participar dessa discussão e vamos trabalhar para isso” – Almir Munhoz,

A direção da Oi, ao responder a consulta feita pelas lideranças sindicais sobre o modelo de gestão de terceiros que sairá do resultado da licitação em andamento, garante: “Não vamos optar pelo mesmo modelo praticado na BrT”.

Além de assegurar respeito aos Acordos e Convenções, a Oi aceitou o princípio defendido pelas lideranças sindicais da Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações). “As prestadoras de serviço deverão respeitar compromissos, cláusulas sociais e pacotes de benefícios que garantam a isonomia entre empregados da mesma empresa”, afirma Gilberto Dourado, presidente da entidade. Para a empresa, os contratos em vigor e com vigência até 2010 serão cumpridos nos termos em que se encontram e serão adequa-

Presidente do Sintetel

A Fenattel deixou claro princípios e parâmetros que defende para o tratamento deste tema vital para os trabalhadores. Confira alguns deles: a) respeito aos ACTs e Convenções em vigor; b) garantia da isonomia salarial por função e de benefícios; c) garantia de representação sindical do pessoal das prestadoras pelos SINTTÉIS em todo país; d) não demissão e recontratação do pessoal atual em caso de troca das empresas nas regiões. LINHA DIRETA em revista 23


ESPAÇO FEMININO

Nos bastidores do Dia Internacional da Mulher A sindicalista norte-americana Joyce Robinson prestigiou a homenagem ao Dia Internacional da Mulher promovida pelo Sintetel em 2009

Linha Direta em Revista explica como o evento realizado pelo Sintetel tornou-se o maior da categoria Amanda Santoro Muito utilizado para designar situações realizadas com êxito, o termo sucesso carrega consigo um conceito bastante vago e incalculável. Porém, ao se pensar na comemoração anual do Sintetel ao Dia Internacional da Mulher, não há palavra que melhor ilustre os ótimos resultados obtidos. Somente no ano de 2009 a celebração acumulou dois índices impressionantes: foram contabilizados 1.100 participantes de diversas regiões do Estado de São Paulo e, por conta disso, 50 representantes da Secretaria da Mulher foram encarregadas de organizá-los. Jogados aleatoriamente em relatórios e planilhas, estes números nada dizem, mas fazendo uma análise comparativa são capazes de mostrar

por que a Força Sindical credita ao evento o rótulo de “maior do ramo”.

peça teatral sobre a Lei Maria da Penha e conflitos femininos.

Realizada há 21 anos pelo Sintetel, a festividade do Dia Internacional da Mulher dispensa explicações mais detalhadas graças à forte solidificação entre as trabalhadoras da categoria. Mesmo que a fórmula de sucesso já tenha sido descoberta, a organização do evento tem a preocupação constante em transformá-lo e atualizá-lo de acordo com o seu público. Com esta idéia fixa, o Sintetel inaugurou neste ano um formato totalmente reformulado: trouxe apenas uma palestra informativa com a Delegada Rosemary Corrêa. Em contrapartida, o grupo Mal Amadas apresentou sua

“Nós percebemos que duas palestras seguidas de certa forma cansavam as trabalhadoras. Para aparar estas arestas, resolvemos trabalhar com uma forma de conscientização mais dinâmica e interativa”, afirmou Maria Edna Medeiros, coordenadora da Secretaria da Mulher do Sintetel.

Dra. Albertina Duarte, médica renomada no ramo da ginecologia, já palestrou diversas vezes no palco do evento

O Espaço Criança conta com monitores, recreadores e brinquedos para animar a garotada

A apresentação do grupo teatral Mal Amadas ilustra o processo de atualização idealizado pela Secretaria da Mulher

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A quantidade de elogios à edição de 2009 gratifica as organizadoras do evento, mas também traz implícita uma grande preocupação. “No próximo ano o desafio será grande. Temos que pensar desde agora em algo que supere as expectativas do nosso


ESPAÇO FEMININO

público”, revelou Cristiane do Nascimento, que no mês de agosto assume o cargo de diretora-secretária da entidade. José Carlos Guicho, vice-presidente do Sintetel, ainda completa: “precisaremos procurar um local maior, pois o Palácio do Trabalhador ficou totalmente lotado”.

Cristiane: A maior dificuldade é a questão financeira. Neste ano queríamos fazer uma decoração profissional no palco, mas o orçamento ficou inviável. Temos que priorizar as nossas necessidades. Não fazemos um evento super grandioso, mas estamos inovando pouco a pouco, e é isso que importa.

Com a palavra, as mulheres...

Maria Edna: Nós sempre nos baseamos no último orçamento. Não podemos simplesmente duplicar os gastos na edição seguinte! Não há uma regra para isso, mas sim uma preocupação real em evitarmos custos desnecessários. Devemos trabalhar dentro da nossa realidade, focando sempre as reais necessidades do público. Outra prática que adotamos é a de não pagar pelas palestrantes. Nomes conceituados já passaram pelas nossas comemorações, como a Dra. Albertina Duarte, a deputada federal Luiza Erundina, a ex-prefeita Marta Suplicy, a jornalista Eliane Catanhêde e a delegada Rose, mas a participação sempre acontece de forma voluntária. Todos já conhecem a grandiosidade do evento, e por isso não há a necessidade de pagarmos para que as pessoas se interessem em estar nele.

Para saber mais detalhes sobre o evento, Linha Direta em Revista teve uma conversa rápida com Maria Edna Medeiros e Cristiane do Nascimento. As principais organizadoras da comemoração falam sobre perspectivas, desafios, erros e acertos. Confira:

Linha Direta em Revista: Quando começa a preparação do Dia Internacional da Mulher? Cristiane do Nascimento: As idéias começam a ser desenhadas em novembro do ano anterior. Depois disso discutimos tudo em reuniões, inclusive com as diretoras liberadas, para haver a democratização do processo. Dois assuntos que nos preocupam bastante se referem ao local do evento e às palestrantes, que devem ser reservadas com antecedência. Maria Edna Medeiros: O tema também deve ser pensado com calma e tempo, pois só assim podemos definir as estratégias que adotaremos. LDR: Quais são os maiores entraves do processo?

LDR: Quais são os novos desafios para 2010? Cristiane: Devemos procurar um local maior, pois o publico só aumenta e a divulgação continuará maciça. Também queremos trazer atrações que quebrem as expectativas dos participantes. Maria Edna: Nossa equipe também deverá aumentar para conseguirmos dar conta de tudo. Em agosto tomo posse do meu primeiro mandato e, apesar de estar muito feliz, fico preocupada porque quero superar as expectativas. Podem esperar: gastarei todos os meus neurônios nisso! LDR: Quais foram os pontos positivos e negativos desta 21ª edição? Cristiane: Sem sombra de dúvida o ponto alto da comemoração foi a inovação do formato. Maria Edna: O negativo, por sua vez, refere-se ao Espaço Criança, que nos pegou desprevenidas. Esperávamos cerca de 80 crianças, mas apareceram 210. Foi algo inacreditável e que pediu medidas que não estavam programadas. Acima de tudo, tivemos muito jogo de cintura.

LDR: Quais foram os principais desafios superados em 2009?

LDR: Os homens podem participar do evento?

Maria Edna: Conseguimos trazer a sindicalista Joyce Robinson, representante norte-americana da Uni Américas. Nunca havíamos contado com presenças internacionais, e essa conquista significou muito para nós.

Cristiane: Podem e devem. Nós, da Secretaria da Mulher, somos favoráveis à causa feminina. Lutamos pelos direitos das mulheres, mas somos avessas às questões que se focam em desmoralizar os homens. Temos que lutar junto com eles, estar lado a lado. A sociedade deve atuar de forma conjunta.

Cristiane: Outro desafio que temos anualmente é aumentar o número de participantes. Para conseguirmos isso, bolamos em conjunto com o Departamento de Comunicação um plano de divulgação tripartite: foram contemplados trabalhadores, empresas e profissionais do ramo midiático.

Maria Edna: As pessoas devem entender que não é uma questão do poder feminino, da mulher contra o homem, porque o mundo do trabalho é feito por todos nós. LINHA DIRETA em revista 25


ORGANIZAÇÃO SINDICAL

Unidade, democracia e pluralidade. Sustentada por esse tripé, a Federação amplia a representatividade e foca sua luta na defesa dos trabalhadores brasileiros em telecomunicações Marco Tirelli A Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações mostra que é capaz de atender às necessidades da categoria que passou por profundas transformações nos últimos dez anos. Para compreender melhor esta realidade é preciso retroceder no tempo. “O divisor de águas foi o processo de privatização ocorrido em 1998. Tudo começou a ser preparado um pouco antes e, através do Sintetel, concebemos um conjunto de mudanças para adequar a entidade à nova forma de organização do capital. Toda vez que este fenômeno ocorre, os trabalhadores se reorganizam”, explica José Luiz Passos Jorge, jornalista e assessor da Fenattel. Quando houve a privatização, o sindicato de São Paulo adaptou seus estatutos para se tornar uma entidade da cadeia produtiva de Telecom. A luta passava a ser contra a precarização dos contratos por meio de terceirizadas, além de haver a nova necessidade de recepcionar os jovens que viriam a trabalhar com teleatendimento. O perfil da categoria se altera Atualmente a categoria é diferente daquela que existia no período da ditadura militar e da telefonia estatal. Naquela época o

Osvaldo Rossato foi presidente da Fenattel durante dois mandatos. Deixou a presidência em 1997. Foi durante o seu mandato que o Sintetel filiou-se à Federação.

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setor era menor e a categoria muito atenta à questão da qualidade. Entretanto, era carente de investimentos, qualificação e tecnologia de ponta. O trabalhador da estatal era um cidadão na faixa dos 40 anos com escolaridade média (5% eram analfabetos e apenas 12% universitários). “O ambiente produtivo era familiar, com parentes exercendo funções juntos. Trabalhar nas estatais da Telebrás era constituir uma carreira. A pessoa era admitida e tinha um horizonte de 18 a 20 anos de profissão”, conta José Luiz. Onze anos após a privatização, 53% da categoria têm idade média de 25 anos. Ou seja: são jovens universitários que passaram de um ambiente de trabalho estável para um instável. Mudança de atuação começa a partir de São Paulo A Federação começou a redirecionar sua atuação a partir das mudanças paulistas. O Sintetel, ao identificar o processo de transformação, aceitou o desafio de organizar novos trabalhadores com características e motivações completamente diferentes dos antigos empregados da estatal. Muitos sindicatos ligados a outras organizações, como a CUT, não compreenderam a profundidade da transição e demoraram a reagir. “Aquelas entidades não estabeleceram uma única negociação nos três anos posteriores à privatização. Em contrapartida, ainda no final de 1998, o sindicato de São Paulo já recepcionava uma reunião com a direção mundial da Telefônica”, destaca José Luiz. Aquelas entidades – que ficaram envolvidas no movimento de cercar a Bolsa de Valores, chutar os acionistas, e brigar contra o processo sem oferecer alternativas – assistiram à redução de suas bases. “A representatividade diminuiu porque o emprego se deslocou das operadoras para as prestadoras. Eles perderam bases,

dinheiro e a capacidade de dar resposta político-sindical aos milhares de trabalhadores precarizados”, destaca José Luiz. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o sindicato é atualmente sustentado por 3.700 aposentados. Isso porque os trabalhadores da ativa estão dispersos, oprimidos e enfrentando sérias dificuldades. Sindicalismo com propostas Com a precarização decorrente da privatização, o sindicalismo da área de telecomunicação regrediu quase 50 anos. Voltou-se a lutar pelo respeito à jornada de trabalho, pelo pagamento de horas extras e pelo fornecimento de equipamentos de proteção. Por este motivo, havia a necessidade de uma entidade nacional forte que reunisse os sindicatos e suas diferenças regionais. “Enquanto em São Paulo se lutava por um piso de R$ 650 nas prestadoras de serviços, no Nordeste se pagava R$ 340”, analisa Gilberto Dourado, presidente da Fenattel. Ao se comparar o primeiro acordo coletivo das prestadoras de serviço com as garantias fornecidas pelas atuais convenções, pode-se ver que ainda há distância

“Agora vamos remar para o mesmo lado em defesa dos trabalhadores em telecomunicações”, Gilberto Dourado, atual presidente da Fenattel


ORGANIZAÇÃO SINDICAL existia uma decisão sobre o caso, o documento solicitava que a organização reclamante fosse proibida de realizar atos sindicais. E foi exatamente isso que aconteceu em dezembro de 2008. A partir de 2001, os sindicatos filiados à Fenattel, em especial o de São Paulo, iniciaram um processo de entendimento, troca de experiências e negociações unificadas com os sindicatos filiados à CUT. A realidade das operado“A unificação da categoria era um caminho natural a ras e prestadoras de serviço preser seguido, pois a Fenattel é a única federação de fato sentes em diferentes estados exie de direito. Agora estamos juntos e mais fortes” giu a unidade pela base. Durante Almir Munhoz, atual presidente do Sintetel-SP, foi vários anos, as negociações unifipresidente da Fenattel de 1998 a 2005. cadas foram importantes para os trabalhadores, e o Sinttel-RJ asem relação ao acordo da operadora-mãe sumiu o desafio de trabalhar pela integração (tomadora de serviço). No entanto, a orgânica da categoria, ainda que isso viesse questão da periculosidade, da assistência a se materializar na Federação. A decisão do médica, do respeito às normas da CIPA, e Rio de Janeiro de aliar-se a São Paulo, em uma série de questões sumariamente zera2008, foi decisiva para a construção de um das com a privatização, foram reconquisnovo cenário sindical no setor. tadas nos últimos 10 anos. “Os sindicatos da Fenattel, capitaneados por São Paulo, se A Fenattel fez um movimento transpamostraram mais competentes e eficientes na rente e deixou claro que nunca foi filiada a defesa e na promoção dos direitos trabalhisqualquer central sindical. Ela é uma entidade tas”, completa Gilberto Dourado. da categoria dos trabalhadores em telecomuFenattel consolida-se como única federação no Brasil A Fenattel detém há mais de oito anos uma decisão transitada em julgado em última instância. Ela garante à entidade o título de única federação representativa dos trabalhadores em telecomunicações no Brasil, não cabendo mais recurso. A Federação nunca usou esta sentença judicial para coibir a diversidade de opiniões e métodos. Porém, quando sua representatividade foi equivocadamente questionada na Justiça, a Fenattel não só se defendeu como fez um pedido contraposto. Uma vez que já

nicações com caráter unitário, pluralista e classista. “Não condicionamos a entrada de um sindicato à entidade por estar vinculado ou não a um determinado modelo político, e foi assim que agrupamos sindicatos da Força, CUT e UGT. Conseguimos apresentar um programa de reivindicações unitário, em favor dos direitos dos trabalhadores, e respeitamos a autonomia de cada entidade”, complementa GilRR berto Dourado. Os sindicatos cutistas ligados à FenatAM tel continuam alinhados à política da central, senAC do este o último obstáculo transposto rumo ao processo de unificação. Hoje a federação abrange 92% da categoria, com 19 sindicatos que representam cerca de 630 mil trabalhadores em todo o Brasil.

Um pouco de história A Fenattel foi fundada em 7 de janeiro de 1958, data em que foi concedida sua carta sindical. Nesta época a instituição tinha sede no Rio de Janeiro e congregava todos os sindicatos em telecomunicações do Brasil, menos São Paulo, que era filiado à Fetcop - Federação dos Trabalhadores dos Correios e Publicidade. “Em São Paulo existia a Fetcop – que também representava os trabalhadores dos Correios, Telégrafos, jornalistas, publicitários e o pessoal das bancas de revistas”, conta Osvaldo Rossato, ex-presidente da Fenattel. “Existiam duas federações: a nacional, que ficava no Rio, e a estadual, aqui em São Paulo. Como atuávamos no ramo das telecomunicações, achei melhor sairmos da federação estadual para nos filiarmos à Fenattel. Era o caminho natural das coisas”, conclui. AP

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SINDICATOS NO BRASIL

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O presidente do Sinttel-RJ, o companheiro Luiz Antonio, oficializa sua adesão à Fenattel

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ECONOMIA

Plano Real

A moeda brasileira completa 15 anos e seu sucesso é praticamente uma unanimidade Emilio Franco Jr. e Larissa Armani

Faz 15 anos que o brasileiro ganhou um companheiro inseparável: o Real. Em 1994, o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso idealizou, com o apoio de sua equipe econômica (que mais tarde viria a compor seu governo), o Plano Real com o intuito de trazer estabilidade ao Brasil, expurgando de vez o mal da superinflação. Para traçar um panorama do Brasil depois da implementação do novo plano econômico, a Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) promoveu o debate intitulado “15 anos do Plano Real: antecedentes, resultados e perspectivas”. Diversos nomes de destaque compareceram à sede da entidade em São Paulo, incluindo o ex-presidente da República FHC.

ano

Pedro Malan, ministro da Fazenda nos dois mandatos de FHC, explicou que o Brasil foi recordista mundial de inflação entre os anos 60 e 90, atingindo números absurdos como 1000% no final da década de 80 e 5000% pouco antes do lançamento do Plano Real. A idealização da nova moeda começou em maio de 1993, quando o então ministro de Relações 28 LINHA DIRETA em revista

Exteriores FHC assumiu o ministério da Fazenda a convite do presidente Itamar Franco, tornando-se assim a quarta pessoa a ocupar o cargo em menos de dois anos de mandato de Itamar. A primeira medida, considerada pela equipe econômica da época como o embrião da nova moeda, foi o lançamento em 1º de julho de 1994 da chamada URV (Unidade Real de Valor). Esse mecanismo funcionava como conversor dos valores da então moeda vigente, o Cruzeiro, em valores corrigidos para o Cruzeiro Real antes da emissão do novo papel moeda que, quando oficialmente implementado, chamou-se apenas Real. Existiram várias tentativas e desencontros até o lançamento do Plano Real. O economista Paulo Rabello de Castro explica que o processo para estabilização econômica começou na década de 70, mas que as autoridades da época acreditavam que não era necessário estabilizar, pois a inflação, argumentavam, era benéfica. Buscava-se um regime cambial (variação do dólar) menos ofensivo para os exportadores brasileiros. Com isso, demorou para se chegar a um con-


ECONOMIA

senso sobre a taxa flutuante (sistema em que a moeda estrangeira pode se valorizar ou desvalorizar livremente). O embate sobre o sistema fiscal, o câmbio e a inflação eram os causadores das seguidas derrocadas dos sistemas monetários nacionais.

problema de todas as economias, não apenas da brasileira.

O controle da inflação traz consigo um mal: a taxa de juros elevada como ferramenta para controlar os preços. Para Andrea Calabi, ex-presidente do Banco do Brasil, esse mecanismo “O Plano Real foi iniciativa de Ita- se intensificou com o Plano Real. mar Franco, que me deu suporte As taxas de juros no Brasil chegaram a bater na e apoio irrestricasa dos 20% e to”, afirmou Ferforam, durante nando Henrique. muito tempo, as De acordo com maiores do muno ex-presidente, do. Fernando primeiro foi traHenrique afirçado um plano tradicional de a- A mesa de debate composta para o evento da Feco- mou que a taxa ção imediata pa- mercio contou com representantes de diversas insti- de juros podera controle dos tuições e os envolvidos com a criação do Plano Real ria ter sido mais gastos, com respeito aos contratos baixa em seu governo, mas que previamente estabelecidos e, poste- medidas como essa não são simples. riormente, colocada em ação a idéia da Para ele, o atual governo também nova moeda, tendo como inspiração o pode reduzir drasticamente as taxas. modelo anterior, mas com mudanças O problema é que não se sabe a qual na maneira de implementá-la. patamar de risco o Banco Central (BC) pode expor a economia. Para João Sayad, ministro do Planejamento entre 1985 e 1987, são Gustavo Franco, presidente do dois os aspectos que diferenciam os Banco Central no governo FHC, planos Cruzado e Real. “A primei- acredita que o Real foi mais do que ra diferença é a monetização, os um plano de estabilização monejuros nominais mais baixos, o tária. O Brasil tinha a pior inflaque trouxe uma ção mundial do grande demanda pós-guerra (após por dinheiro. A 1945), muito outra diferença parecida com a é a âncora (proda Europa nos teção), pois não anos 20, e por existe moeda naisso, ele afirma que a equipe do cional que não tenha um preço Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda do governo Real fez história. que segure os de- FHC, discursa sobre os desafios e entraves na “Nosso diagnósépoca de implantação do Real mais preços”. A tico no começo âncora da época eram os salários, era de que lidaríamos com uma corrigidos pela inflação projetada e crise estrutural complexa, entre não pela real – muito superior ao economia de massa e moeda sadia”, que era estimado. Para Sayad, o afirma Gustavo. Na visão dele, o degrande problema do capitalismo é senvolvimento econômico precisa o confronto entre inflação e cresci- ser feito com uma moeda sadia. “O mento. Ele aponta como falha do Brasil nunca viveu uma taxa de juPlano Real a valorização do câm- ros abaixo de um dígito e isso deve bio. Já a inflação, afirma ele, é um acontecer agora, por conta da crise LINHA DIRETA em revista 29


ECONOMIA

financeira mundial”. E ele emenda: “ficaríamos felizes de ver tudo o que planejamos ser cumprido, e pouco importa que tenha sido feito pelas mãos de outro governo”.

preservação do controle da inflação deve ser um compromisso do governo, pois isso é fundamental para as decisões de investimento. Trocar baixa inflação por crescimento e emprego já se mostrou uma ilusão.

Apesar da controvérsia sobre a taxa de juros desde a criação da atual moe- Apesar das semelhanças, para Rida, o ex-ministro da Fazenda Pedro cardo Berzoini, ex-ministro do TraMalan disse que são 15 anos de au- balho e Previdência do governo Lula tonomia, de expressivos ingressos de e deputado federal por São Paulo, a investimento com um bem sucedido administração praticada pelo atual regime de metas de inflação. “São presidente não pode ser comparada heranças de avanem nada com a de ços institucionais”, seu antecessor. “A afirmou. Ainda na política econômica opinião de Maadotada por FHC lan, o mundo viu foi equivocada em recentemente o sua totalidade. A maior crescimendiferença é evito da economia dente. Hoje o Esglobal e o Brasil Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente da Repú- tado tem muito teve condições de blica, confirma a importância do plano econômico mais força, muito mostrar que era na conjuntura sócio-econômica em que foi criado. mais poder de atuBerzoini possível uma tranação”. sição política, como aconteceu em afirma ainda que o sistema de 2002 (de FHC para Lula), de forma privatizações enfraqueceu drastipositiva, respeitando os compromis- camente o país, principalmente no quesito social. sos básicos do governo anterior. O ex-ministro da Fazenda continua “Ninguém comete erros sabendo seu panorama da economia pós-real ao que os está cometendo. Todo e argumentar que hoje existe mais con- qualquer governo constrói seus gafiança interna e externa no país. Foi nhos pela continuidade de acertos de assim que se alcançou o grau de in- governos que o antecederam”, afirvestimento e outras conquistas. “Nós mou Pedro Malan em defesa de um estamos vivendo o fim do cenário de possível conservadorismo da política econômica nacional expansão econômica tanto no período FHC mundial. Ficou claro que vivemos em um como no de Lula. Somundo integrado, bre a acusação concom economia globatra o governo petista, lizada”. Malan arguBerzoini rebate e diz menta que a resposta que cabe aos gestores a para essa crise não é formação de diretrizes o aumento do gasto para o país, e não uma público, mas o estímumoeda ou um plano lo ao gasto privado. “A para determinar essas grande resposta do ações. Brasil é procurar usar essa crise como oporRicardo Berzoini, presidente do PT e deputado federal, admite a eficácia tunidade, incentivando Real, mas aponta muitas falhas no do o gasto privado âmbito social do governo anterior em infraestrutura”. A 30 LINHA DIRETA em revista


EM PAUTA

João Guilherme*

Tenho dito e repetido que o movimento sindical brasileiro atravessa uma fase de transição com o fortalecimento das entidades dos trabalhadores, o reforço do papel das centrais e o proativismo do ministério do Trabalho e Emprego. Algumas características dessa fase são marcantes: a unidade de ação e o agrupamento nas lutas de resistência contra a crise em busca de alternativas produtivistas e o crescimento orgânico de algumas das centrais, em disputas entre si, mas orientadas estrategicamente para objetivos comuns. Houve, por exemplo, várias comemorações do 1º de Maio das diferentes centrais em diversos lugares, mas em todas elas predominaram palavras de ordem e lemas muito semelhantes. Em algumas situações, a própria unidade de ação já é superada pela busca da unidade orgânica que garante conquistas novas e avanços mais acelerados. A Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações) anunciou no dia 14 de abril a refiliação à entidade de dez sindicatos do setor ligados à CUT. A Fenattel, hoje com 19 sindicatos, passa a representar cerca de 630 mil trabalhadores de todo o Brasil, mais de 90% da categoria (ligados à Força Sindical, à UGT, à CUT e independentes). Com esse passo, os trabalhadores em telecomunicações assumem bandeiras de luta como a queda expressiva da taxa de juros e menores spreads bancários, a aprovação da convenção 158 da OIT (que proíbe demissões arbitrárias e imotivadas), a formalização de comissões setoriais para enfrentamento da crise e medidas que impulsionem a produção. Dirigem-se especialmente aos jovens nos muitos locais de trabalho de teleatendimento e reagem com força contra a precarização dos contratos de trabalho dos terceirizados e contra as demissões. O adensamento orgânico da Fenattel, em cuja direção o Sintetel de São Paulo tem grande peso, é uma demonstração forte da transição para melhor pela qual passa nosso movimento. * João Guilherme Vargas Netto é assessor sindical do Sintetel e de outras entidades de trabalhadores. LINHA DIRETA em revista 31


SAÚDE

Solidariedade

Conheça melhor como funciona o transplante de medula óssea Já parou para pensar que você pode salvar uma vida? Esse gesto de fraternidade e amor ao próximo não é exclusividade de médicos e profissionais da saúde. Muitas pessoas diagnosticadas com doenças como a leucemia (tipo de câncer sanguíneo) precisam da compaixão alheia para dar continuidade à vida, e qualquer um pode ajudar ao se inscrever para ser um doador de medula óssea.

Não fique de fora, seja um DOADOR.

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Emilio Franco Jr. Muitos se assustam quando ouvem a palavra doação. ‘Vou tirar minha medula e ficar sem? E se um dia eu precisar?’ Calma, não é nada disso. Ninguém vai tirar nada do que é seu, você não ficará debilitado, e nem há necessidade de passar por cirurgia. Quando você se inscreve para ser um doador de medula óssea, seus dados ficam registrados em um banco de dados chamado REDOME e, em caso de compatibilidade com algum paciente necessitado, você será convidado, nunca obrigado, a realizar o procedimento para coleta da medula. É tudo muito simples. Basta comparecer ao hemocentro de sua cidade. Em São Paulo, por exemplo, o local para realizar a inscrição é a Santa Casa de Misericórdia. O primeiro procedimento é rápido. São coletados 5mL de sangue para análise. As características sanguíneas do voluntário são confrontadas com as de quem necessita de um transplante e, caso haja compatibilidade inicial, o doador será convidado para novos exames a fim de garantir a compatibilidade. Caso

o resultado positivo se confirme, um novo convite é feito ao doador, que a qualquer momento pode desistir do procedimento. Mas, imagine saber que alguém pode salvar a sua vida e desistiu de fazer isso? Deve ser muito triste, já que as chances de se encontrar alguém com medula compatível são de 1 em 100 mil. Para quem doa são retirados apenas 10% da medula, que volta ao estado normal em pouco tempo. Já para quem recebe, é uma nova vida. O procedimento para retirada da medula é muito mais simples do que parece. Existem duas opções. Na primeira, o doador toma, antes do procedimento, um remédio por cinco dias consecutivos para fazer as células da medula migrarem para a superfície do sangue. Depois disso, realiza-se um processo semelhante ao de doação de sangue e uma máquina especial fará a separação da medula. O segundo método é realizado por meio de punção direta nos ossos da bacia (a medula é um líquido que fica dentro dos ossos, e os

Campanha de doação realizada em março na Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo


SAÚDE ossos da bacia são os maiores do corpo humano). Após tomar anestesia, local ou geral – conforme combinado com o médico –, são introduzidas três ou quatro agulhas que realizam o processo de coleta. O doador permanece em observação por um dia, e depois já está liberado para retomar suas atividades normalmente. Os riscos de lesão para o doador são inexistentes. Todas as despesas oriundas do procedimento são pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao doador cabe apenas disponibilizar seu tempo para salvar uma vida.

Campanhas de doação A AMEO (Associação da Medula Óssea), organizadora de grandes campanhas de doação, é uma entidade composta por pacientes, familiares de pacientes, voluntários e profissionais da área de saúde com apoio técnico do Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Foi fundada em 2002, devido à dificuldade de pacientes e familiares para encontrar um doador de medula óssea compatível. No início, havia somente 12 mil doadores no Registro Nacional, o que tornava praticamente nula a chance de encontrar alguém. O banco de doadores conta hoje com quase 1 milhão de pessoas cadastradas, o que representa apenas 0,5% da população. Segundo a AMEO, a

quantidade de cadastrados não é satisfatória e a chance de encontrar um doador compatível é pequena. Atualmente, existem cerca de 1.600 pessoas à espera de um doador. No Japão, por exemplo, 80% da população é cadastrada no Banco de Medula Óssea, o que facilita o processo. A primeira campanha de doação de 2009 foi realizada na Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, por meio de iniciativa da Ordem Demolay do Estado, com o objetivo inicial de encontrar um doador compatível para o jovem de 18 anos Augusto Abou Jokh Gomes. A campanha conseguiu cadastrar 1.400 novos doadores. “Ver toda aquela multidão de doadores e voluntários foi extraordinário. Saber que todos estão ali para tentar te ajudar de alguma forma, traz a mim e a toda minha família e amigos um sentimento de eterna gratidão, além de esperança e garra para vencer esta fase que, apesar de não estar sendo fácil, não me derrubará”, afirma Guto, como é carinhosamente conhecido o jovem. À espera de um doador compatível é um momento de grande angústia. “A cada dia que passa e não recebemos a ligação nos comunicando que encontraram um doador para realizar o transplante ficamos mais inseguros, porque apesar de agora minha doença estar controlada, ela pode voltar a qualquer momento com conseqüências mais graves”, conta

Guto. O garoto revela como foi o momento em que recebeu o diagnóstico da doença. “Fiquei surpreso com a notícia, tendo em vista que eu me sentia super bem, e só fui descobrir a gravidade da minha situação após um simples exame de rotina. Depois veio o susto, afinal sempre ouvi falar de leucemia e o que é mostrado nos meios de comunicação é trágico e nunca há um final feliz”.

Como ajudar? Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com bom estado de saúde pode se inscrever no banco nacional de doadores de medula óssea, à exceção de quem já teve hepatite ou submeteu-se a tratamento quimioterápico. Depois de inscrito é simples: quando aparecer um paciente com a medula compatível com a sua, você será chamado; novos testes sanguíneos serão necessários para a confirmação da compatibilidade. Se a compatibilidade existir, você será consultado para optar pela doação. Geralmente, ao ouvirem a frase “Transplante de Medula Óssea”, as pessoas acreditam se tratar de medula espinhal, coisa que não existe, pois a medula óssea é o conjunto de Células Mãe produtoras de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e da imunidade. A doação é feita sem cirurgia, sem cortes, sem riscos, como uma doação de sangue. O doador sai do hospital totalmente consciente e livre para suas atividades rotineiras, e esse gesto tão simples poderá salvar a vida de muitas pessoas. O jovem Guto deixa seu recado para quem pensa em se tornar um doador. “Essa é a atitude mais nobre que alguém pode ter. Salvar uma vida, como a minha, por um simples gesto de amor ao ser humano”. Se você pode ser um doador aproveite a oportunidade. No caso do Guto, apenas um no meio de tantos outros, a busca familiar não encontrou nenhum doador 100% compatível. No banco de dados nenhuma pessoa cadastrada apresentou compatibilidade. Os médicos do Guto estudam, atualmente, a idéia de que o doador seja um primo, mesmo que não apresente compatibilidade total. Às vezes, pode caber a você salvar a vida de quem precisa.

Novos doadores em campanha para o Guto e para tantos outros

Saiba mais sobre a AMEO, como ser um doador, e quais serão as próximas campanhas de doação pelo site www.ameo.org.br LINHA DIRETA em revista 33


NOTÍCIAS

Acordo Coletivo das prestadoras é aprovado por pequena margem

Eleição do conselho Sistel

O Sintetel, comprometido com a democracia e com a transparência, ouviu os trabalhadores nos locais de trabalho. As assembléias tiveram a participação de mais de 6 mil trabalhadores que assinaram a lista de presença.

O Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal da Sistel passou por eleições no final de abril. A Chapa 1 foi eleita com um total de 4.409 votos, obtendo, assim, a aprovação de 56,61% dos votantes. Dentre os mais novos eleitos que irão defender os direitos dos aposentados e pensionistas está o diretor do Centro de Convívio dos Aposentados do Sintetel, Germar Pereira da Silva, que ocupará uma das cadeiras no Conselho Fiscal.

Diante do cenário de crise, prevaleceu a defesa do emprego e a manutenção de conquistas. A aprovação da Convenção Coletiva não encerra nossa luta! Vamos continuar a enfrentar com firmeza os problemas em cada local de trabalho. O próximo passo será montar as comissões para discutir a cláusula de assistência social e a unificação do PLR. Vamos trabalhar a unidade da categoria para buscar melhores resultados daqui para frente. Confira o resultado final das assembléias: A Favor – 3.147 Contra – 3.044 Abstenções – 48

“Na política os homens só lembram das mulheres na hora de preencher cotas eleitorais. Precisamos trabalhar na sensibilização do eleitorado feminino para fazê-lo entender a importância de votar em mulheres para as casas legislativas”. Delegada Rose, diretora do Conselho Estadual da Condição Feminina

Balanço das negociações salariais

Novas sindicalizações

Em 2008, de acordo com o DIEESE, 88% das 706 negociações salariais registradas no Sistema de Acompanhamento do Salário (SAS) repuseram a inflação do ano anterior à data-base. Segundo o estudo, os meses de agosto e novembro foram os melhores para negociação. Os dados apontam que 98% dos salários reajustados conseguiram ficar acima do índice mínimo para reposição das perdas salariais.

O trabalho realizado pela subsede do ABC junto aos trabalhadores de teleatendimento da região apresentou bons resultados. Mais de mil novos empregados do setor, em sua grande maioria jovens, associaram-se ao Sintetel desde dezembro de 2008. Os números são consequência do trabalho de divulgação realizado pela subsede do ABC dentro das empresas.

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NOTÍCIAS

Programa de Debate Político-Sindical

Seminário da OSLT

No mês de março, o Sintetel deu início ao Programa de Debate PolíticoSindical para alinhamento da nova diretoria, que sofreu uma renovação de quase 60%. O seminário é ministrado pelo assessor da Fenattel, José Luiz Passos Jorge, que diagnosticou a necessidade de os novos dirigentes sindicais estarem mais bem informados para defender os interesses de toda a categoria. As palestras são realizadas por região e os diretores debatem temas políticos, econômicos e como melhorar a atuação sindical dentro das empresas.

“A participação na última palestra foi motivadora. Muitos companheiros estavam presentes, e todos participaram ativamente do debate e solução de dúvidas. Muitas questões sobre temas jurídicos, previdenciários e trabalhistas puderam ser esclarecidas. Os assuntos foram tantos, que não houve tempo suficiente para elucidarmos todos os questionamentos. Por isso, alguns pontos vão ser abordados no site do Sintetel”.

Nova edição do Guia de Convênios Pensando na comodidade e melhor atendimento aos sócios, o Sintetel lançou a 5ª edição do Guia de Convênios. A publicação, que foi totalmente atualizada, mostra todas as parcerias firmadas entre o Sindicato e academias, escolas, hotéis, cursos de línguas, consultórios médicos, etc. A distribuição já começou! Para garantir seu exemplar entre em contato com o Sintetel ou fale com o seu representante sindical.

Sindicalismo na América Em março aconteceu em São Paulo a 10ª Reunião do Comitê Regional e Executivo da Uni-Américas. O evento, que reuniu sindicalistas de todo o continente americano, teve como objetivo definir os próximos passos e ações que serão adotados pelas instituições sindicais. Almir Munhoz, presidente do Sintetel, participou do evento; ele discutiu temas importantíssimos para o rumo que vem tomando a área trabalhista, como a questão das terceirizações que afeta o campo das telecomunicações.

Elísio Rodrigues de Souza, diretor do Sintetel sobre a segunda parte dos seminários da OSLT de “Tire suas Dúvidas”. Para ter maior acesso ao conteúdo abordado, basta entrar no site do Sintetel: www.sintetel.org

Sintetel conquista reivindicação histórica Depois de um longo tempo de reivindicação, o Sintetel conquistou o PCS (Plano de Cargos e Salários) para os companheiros da Atento Sera (LP / DDR / VOX FÁCIL / INTRAGOV / SAIDA NACIONAL). Após diversas reuniões, os trabalhadores conseguiram uma reavaliação dos cargos, além de novos salários, que sofrerão nova alteração após as negociações da data-base. Para o diretor do Sintetel Fábio Oliveira “tratava-se de uma antiga reivindicação dos trabalhadores. O Sintetel encampou esta briga e obteve uma grande conquista. É importante ressaltar que conseguimos negociar um modelo de processo contínuo de PCS, ou seja, os trabalhadores dos demais setores do SERA poderão ser contemplados futuramente”. LINHA DIRETA em revista 35


CIDADANIA

A primeira turma de alunos da Prejal iniciou dia 22 de abril. Outros três grupos serão formados no decorrer do segundo semestre de 2009.

Amanda Santoro

O Sintetel, em parceria com a Fundação Telefônica, Atento e Instituto Apse, investe em programa internacional para formação de jovens de baixa renda A empregabilidade dos jovens ainda é uma das questões mais inquietantes para as entidades trabalhistas dispostas ao redor do mundo. De acordo com dados divulgados em outubro de 2008 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1986 a 2006 foram gerados 14,7 milhões de empregos formais no Brasil, mas apenas 7,8% deles foram ocupados por pessoas com idade entre 16 e 24 anos. Com sustentação ideológica nestes números, a Prejal (Promoção do Emprego de Jovens na América Latina) surge com o objetivo de atrair a atenção dos governantes latino-americanos para a problemática. O Sintetel, 36 LINHA DIRETA em revista

que participa da iniciativa em parceria com a Fundação Telefônica, com a Atento Brasil e com o Instituto Apse, apresenta à capital paulista a segunda etapa do projeto voltada para jovens de baixa renda que pretendem ingressar no mercado de teleatendimento. O diferencial do curso é que, após sua conclusão, os participantes já saem com empregos garantidos na área. O que é Prejal? Lançada oficialmente pela OIT em 2005, a Promoção do Emprego de Jovens na América Latina é uma ferramenta que visa sensibilizar e fomentar a inclusão do emprego juvenil nas políticas e programas públicos, co-

laborando na elaboração de eficientes planos de ação. A estratégia do projeto é utilizar recursos públicos e privados para melhorar as oportunidades nacionais de criação de empregos, com participação direta de organizações internacionais, governos, empresas privadas, sindicatos e organizações de empregadores. “O diferencial (do projeto) é a parceria da OIT com o setor privado, apoiando iniciativas de formação dos jovens nas próprias empresas para aumentar a sua empregabilidade”, afirma Karina Andrade, antiga coordenadora nacional da Prejal, em declaração oficial no site do Programa.


CIDADANIA Durante seus quatro anos de existência, a Prejal tem atuado em oito países da América Latina: Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Honduras, México, Peru e República Dominicana. O financiamento do projeto provém do Governo espanhol e de um grupo de empresas oriundas do país, entre as quais se destaca a Fundação Telefônica. Parceria brasileira No dia 15 de abril, o Sintetel teve a honra de realizar em seu Centro de Formação Profissionalizante a inauguração oficial da segunda etapa do projeto. “A Prejal já nasce completa em sua concepção. Não adianta capacitar o jovem e jogá-lo sozinho no mercado de trabalho”, afirmou Almir Munhoz, presidente do Sindicato. “Por este motivo, o projeto conta com pessoas responsáveis pela capacitação técnica, pela ideologia e, principalmente, pela garantia do emprego”, finalizou. No Brasil, a fase piloto foi realizada durante o segundo semestre do ano passado e teve a participação de 110 jovens. Para essa edição, são oferecidas 130 vagas que serão distribuídas em quatro turmas. Os participantes do projeto devem ter entre 17 e 24 anos, ter concluído ou cursar o ensino médio (com previsão de término para o meio do ano) e morar na capital ou na Grande São Paulo. O treinamento tem dois meses de duração, com aulas diárias das 8h às 12h ou das 13h às 17h. O conteúdo de ensino foi aprovado pela Atento Brasil, empresa do Grupo Telefônica com mais de 72 mil trabalhadores diretos no País. “A Atento é a maior empregadora privada do País. Aqueles que participarem do projeto terão a oportunidade de desenvolver uma carreira no setor de telesserviços, ou em qualquer outro, tendo o atendimento como porta de entrada”, decla-

rou Márcia Fontes, superintendente de RH da empresa. As aulas de capacitação serão ministradas no Centro de Formação Profissionalizante Sintetel pelo Instituto Apse, organização sem fins lucrativos especializada na formação de jovens. “No final do curso os alunos receberão o perfil profissional, que será esclarecido por especialistas”, afirmou Joel Ricci, presidente do Instituto Apse.

Da esquerda para a direita: Sérgio Mindlin, presidente da Fundação Telefônica; Márcia Fontes, superintendente de RH da Atento; Almir Munhoz, presidente do Sintetel; e Joel Ricci, presidente do Instituto Apse, durante inauguração oficial do programa.

Além da qualificação para o telesserviço, outro diferencial do programa é a ênfase na recuperação de conteúdos de português e matemática. “Cada vez mais o mercado de trabalho está em busca de pessoas que tenham estudado

Gilberto Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística, palestrou sobre a importância da comunicação em aula inaugural.

e, principalmente, que tenham qualificação técnica. Este curso pretende reforçar os conhecimentos de matérias já aprendidas na escola, além de garantir conhecimento adicional para um tipo de serviço com demanda elevada no País”, afirmou Ségio Mindlin, presidente da Fundação Telefônica.

Um mundo de oportunidades Estimativas publicadas pela OIT mostram a existência de 3,8 milhões de jovens brasileiros fora do mercado de trabalho. Nessa faixa etária, a taxa de desemprego fica na casa dos 17,7%, o que representa um percentual três vezes maior do que na idade adulta (25 anos ou mais). Outro dado preocupante refere-se à informalidade: 10,3 milhões de jovens trabalhadores exercem ocupações precárias não registradas. Na faixa dos 16 aos 24 anos, a informalidade alcança a marca dos 59%, contra 51% para os adultos. Na contramão dos dados citados, o setor de contact center – que tem 75% dos trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos – cresce cada vez mais no Brasil e no mundo. O segmento é um dos únicos que ainda não foi afetado pela crise e, surpreendentemente, contrata pessoas para novos postos de trabalho. O resultado preliminar da pesquisa Global Call Center Industry Project, comandada no Brasil pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pela Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), segue a tendência. O estudo aponta que 64% dos telecentros brasileiros obtiveram resultados positivos nos últimos anos, o que permite um maior investimento na área com contratação de mão-de-obra. “Hoje o Sintetel representa mais de 150 mil trabalhadores, sendo que, desse total, 120 mil trabalham na área de teleatendimento. Isso mostra como o segmento é importante para nós. A Prejal vai ao encontro das necessidades do País, que tem uma alta demanda na área e um número ainda maior de jovens que procuram uma chance de se enquadrar no mercado de trabalho”, finaliza o presidente do Sindicato, Almir Munhoz. LINHA DIRETA em revista 37


CULTURA

Panorama Dica de música Emilio Franco Jr. e Amanda Santoro

Moinho da Bahia Foi em fevereiro de 2008 que a banda da atriz e cantora Emanuelle Araújo lançou seu primeiro álbum de trabalho. Intitulado “Hoje de Noite”, o disco traz 13 faixas com muita ginga, suingue e samba, apresentando composições de Dorival Caymmi, Ana Carolina, Nando Reis e Carlinhos Brown. Entre as músicas do trabalho, destaca-se o hit “Esnoba”, tema de Rakelli na novela Beleza Pura. O Moinho da Bahia, ou simplesmente “Moinho” – como ficou conhecido pelo público – conta ainda com a percussionista Lan Lan e com o violonista Toni Costa. Com naturalidade baiana, o trio começou a se apresentar na noite carioca, principalmente em barzinhos da Lapa, abandonando as micaretas a que Emanuelle estava acostumada nos seus tempos de Banda Eva. A partir daí, o trabalho da banda decolou: os músicos se apresentaram em diversas casas de shows e programas consagrados da televisão. Emamuelle ainda ganhou notoriedade com a interpretação da prostituta Manu na novela A Favorita, e a banda foi indicada à última edição do troféu Melhores do Ano da Rede Globo.Vale a pena conferir! 38 LINHA DIRETA em revista

Recordes de bilheterias, premiações e festivais alavancam a produção nacional. Veja ainda o que rola no meio musical e na literatura O cinema nacional começa a ser redescoberto pelo público, pela crítica e pelos próprios profissionais da área. O envolvimento com a sétima arte é cada vez maior e a organização industrial cinematográfica, a fim de aumentar sua produção, conta agora com mais verba e boas receitas de bilheterias. Com diversas obras estreladas por atores globais, os filmes chamam a atenção do público. Iniciativas como a da Academia Brasileira de Cinema, que criou o Grande Prêmio Brasil, colaboram para aumentar a visibilidade das produções. A premiação reúne os artistas em um grande jantar para escolher os melhores do ano, uma ótima oportunidade para os fãs descobrirem filmes que não contam com grande apelo comercial. Em 2009, a premiação coroou tanto longa-metragens menores - pouco vistos pelo público - como de maior apelo popular, caso de “Meu Nome Não é Johnny”, protagonizado por Selton Mello, escolhido melhor ator do ano. O prêmio evidenciou a existência de grandes produções e coproduções nacionais que, muitas vezes, são mais prestigiadas no exterior do que no Brasil. “Ensaio Sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles, “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas e “O Banheiro


CULTURA

Dica de leitura do Papa”, de César Charlone e Enrique Fernández são prova disso. O grande vencedor da edição que coroa os melhores de 2008 é praticamente um desconhecido do grande público: “Estômago”, de Marcos Jorge. A real importância dessa espécie de Oscar brasileiro é premiar com um olhar mais crítico os melhores filmes produzidos no país, além de divulgar produções menos comerciais estimulando o interesse do público em acompanhá-las. Com o passar dos anos, começam a ser produzidos longas nacionais em maior quantidade e de melhor qualidade e, assim, abre-se espaço também para franquias de sucesso que, sem nenhum comprometimento artístico, têm a intenção apenas de levar divertimento ao público. Se por um lado “Meu Nome Não é Johnny” levou mais de três milhões de pessoas aos cinemas no ano passado, “Se Eu Fosse Você 2”, protagonizado por Tony Ramos e Glória Pires, atraiu mais de 6 milhões de espectadores em 2009, batendo os recordes de público e de arrecadação da ‘retomada do cinema nacional’ (como é conhecido o período posterior ao governo Collor). Outro braço do cinema brasileiro, considerado por muitos como o melhor, são os documentários. Produzido em larga escala no país, o gênero ganha cada vez mais respeito da crítica especializada, atraindo, consequentemente, mais público. “O Mistério do Samba”, que aborda a velha-guarda da Portela, atingiu marca superior a 30 mil espectadores, sagrando-se o documentário mais visto no país. Dedicado exclusivamente ao gênero, o Festival É Tudo Verdade exibe gratuitamente os melhores longas documentais do mundo. Em março, aconteceu a edição de São Paulo e Rio de Janeiro, que consagrou “VJs de Mianmar – Notícias de um País Fechado” como o melhor internacional, e “Cidadão Boilesen” como o melhor brasileiro. O Festival volta a acontecer em agosto, com sessões sem custo algum. Redescobrir a cinematografia nacional e a qualidade artística e de entretenimento de suas obras é uma ótima saída para as populares produções norte-americanas. O incentivo volta a aumentar, os filmes melhoram. Falta apenas o público se render ao cinema brasileiro como forma de ajudá-lo a crescer ainda mais.

LEITE DERRAMADO Como já era de se esperar, o quarto romance de Chico Buarque chega com grande expectativa para o público e, principalmente, para a crítica. Após o sucesso alcançado por Budapeste (2003), o cantor, compositor e autor carioca firma-se como um dos principais mestres estilísticos da literatura brasileira contemporânea. A obra narra a trajetória dos Assumpção, uma família de elite comandada por Eulálio Montenegro que, em seu leito de morte, recorda de forma não linear as últimas gerações da linhagem. Leite Derramado é um romance fortemente marcado pela pesquisa histórica, e Chico utiliza este diferencial para contar os magníficos rumos adotados pelo nosso País nos últimos dois séculos. O pano de fundo, obviamente, fixa-se na saga de sucessão dos membros da família, que chegaram ao Brasil nos tempos da corte portuguesa e sempre ganharam a vida graças a trabalhos de procedência duvidosa. A crítica especializada afirma que esta última obra não consegue rivalizar em inovações estilísticas com Budapeste, mas este também não é seu intuito. O romance vem para solidificar tudo o que o autor começou a construir lá atrás e, aí sim, o seu objetivo é alcançado com maestria. LINHA DIRETA em revista 39


MÚSICA

Bolachões ainda animam bailes pela cidade

Os já esquecidos LPs são realidade para um grupo de pessoas que investe na discotecagem tradicional Larissa Armani

O dj Lula revela que a paixão pelos discos é antiga, e que os verdadeiros amantes não abrem mão do produto

Há cerca de nove anos, Marcio Pequeno, o DJ Lula Super Flash, visitava o Rio de Janeiro. Foi lá que conheceu um fã-clube de James Brown, responsável por organizar festas entre amigos que compartilhavam um mesmo gosto: a música negra. Satisfeito com o que tinha visto, DJ Lula resolveu trazer a fórmula de sucesso para a capital paulista. Estava criado o Projeto Vinil, uma compilação de amantes da música e fanáticos pelos antigos bolachões que embalavam as festas nos anos 70. A trajetória do Projeto é o resumo, muito pequeno, da vida de milhares de pessoas que amaram a música integralmente, além de levar um pouco de diversão para o público da periferia há vinte anos. Para Marcio, a grande referência dos bailes organizados é homenagear e valorizar as pessoas que deram os primeiros passos desse movimento. “O Projeto Vinil é totalmente gratuito, a idéia principal é trazer reconhecimento para as pessoas que fazem parte de um panorama mu-

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sical quase esquecido pelo roteiro cultural”, afirma.

Municipal de São Paulo para tentar angariar um cantinho para os músicos.

De lojistas de vinis ao público que simplesmente quer curtir uma boa noite de dança, a iniciativa é garantia de sucesso.“Nós lutamos muito, tiramos dinheiro do nosso bolso para pagar a divulgação, mas não tem preço ver aquelas pessoas tão especiais, aqueles pedacinhos da nossa história, recebendo a atenção de quem está lá”.

Outro ponto levantado é a falta de reconhecimento desse tipo de iniciativa no roteiro cultural da cidade. “Nós tivemos a Virada Cultural agora, que foi um evento enorme, e não chamaram sequer um de nossos djs, que ajudaram a construir esse tipo de evento na cidade”. Estilos como o samba rock, extremamente difundido no meio universitário, surgiram nas discotecas pelas mãos de homens como Osvaldo Pereira - o primeiro disquei-jóquei brasileiro - e que hoje simplesmente não são lembrados por seus grandes feitos pela música.

Realizados durante todas as terças-feiras do mês, os bailes já passaram por muitos endereços. “Como não cobramos ingresso, temos sempre que mudar de espaço”, afirma João Aparecido, o DJ Cidão. Atualmente as apresentações, que contam com dois convidados por noite, acontecem no Hotel Cambridge e misturam públicos extremamente variados. Para honrar ainda mais o compromisso, os organizadores tiveram a idéia de em toda segunda semana do mês pedir para que os freqüentadores levassem um quilo de alimento não-perecível para ser doado a instituições que necessitam de ajuda. “Como tudo no baile, essa é uma possibilidade muito democrática, as pessoas levam a comida se quiserem”. Além da dificuldade financeira, que tanto Lula como Cidão insistem em afugentar para não atrapalhar os planos do Projeto, outras pedras ficam no caminho dos empreendedores. “É muito difícil não ter um espaço próprio, só nosso”, aponta Lula, que já teve uma reunião na Câmara

Quando perguntado sobre qual seria o grande combustível do projeto, a resposta sai rápido: “nosso salário são os aplausos ao final de cada apresentação”. Com pretensões de trazer um tom mais profissional ao Projeto, que já influenciou outras seis idéias em São Paulo, o coro garante: “a música e o vinil nunca vão morrer para pessoas que, como nós, acreditam neles”.

Sr. Osvaldo, primeiro dj do país, e dj Cidão; partes da história do movimento


PASSATEMPO

Curiosidades Orelhas e nariz nunca param de crescer Isso acontece porque o tecido cartilaginoso que forma nossas orelhas e nariz continua crescendo mesmo quando somos adultos. Por isso que idosos costumam ter essas partes maiores do que quando eram jovens.

São Vicente é a cidade mais antiga do Brasil Localizada no litoral de São Paulo, a cidade foi fundada em 1532, quando os portugueses começaram efetivamente a colonizar o nosso país.

A roupa das noivas Soluções

A tradição de usar uma roupa especial no dia do casamento vem da Roma Antiga, já a escolha da cor branca ficou famosa após o casamento da Rainha Vitória da Inglaterra com o príncipe Albert. O uso do véu é uma herança dos gregos, que queriam proteger suas noivas dos outros homens e do mau-olhado. Fonte: www.terra.com.br/curiosidades LINHA DIRETA em revista 41


OLHO DA RUA

Zanganor e o meio ambiente

Paulo Rodrigues *

Encontrar meu amigo Zanganor é certeza de novidade exemplar. No decorrer desta semana, enquanto aproveitava minha hora de almoço para caminhar, esbarrei com ele degustando um salgadinho na porta de uma lanchonete da Aurora. Depois do abraço e das perguntas convencionais, convidei-o a sentar num banco do largo do Arouche para matar saudade e colocar a conversa em dia. Sua resposta me surpreendeu: - Fica para outra hora, parceirinho. Minha “caranga” está estacionada na Santa Isabel e eu tenho que ficar de olho. Vem comigo apreciar o conversível! Ingênuo, eu já o imaginava ocupando enfim um cargo estável e decente, e quis saber das novidades do seu novo trabalho. - Agora estou no ramo da reciclagem de materiais fora de uso, estou ambientalista. Digo estou porque, sendo um profissional liberal, diversifico muito minhas ocupações. Neste caso, há quem me chame depreciativamente de “Catador”; eu prefiro ambientalista – me explicou apontando a “caranga” de pesados varais, cheia de sacos pretos e outra bugigangas –. Tração animal, parceirinho! - É, meu caro – continuou – ainda compro um diploma por correspondência e me dedico à lingüística. Abomino as palavras pejorativas usadas para rotular ocupações de gente simples. Por exemplo: não 42 LINHA DIRETA em revista

gosto de ser chamado de biscateiro, sou polivalente. Já fui agente de saúde (entregador de água potável), publicitário (homem-placa), lustrador (engraxate), cambista (apontador de pule no jogo do bicho), e assim por diante. Enquanto falava, tirou o calço da alta roda de madeira e se pendurou nos varais para levantar a caçamba. Para não quebrar o clima alto-astral que o Zanganor sempre imprime à sua vida, corri à bomboneria em frente e comprei um gatorade. Brinquei: - Toma lá, Zanga, bota um aditivo no combustível. Bebendo uma boa golada, ele abriu um riso largo e engatou a primeira.

* Paulo Rodrigues é assessor do Sintetel e autor do livro À margem da Linha, que ganhou prêmio da APCA.


Uma das principais metas do Departamento de Comunicação da entidade é a melhora constante do site. Quase dois anos após as primeiras mudanças, o que se pode ver é uma ferramenta totalmente reformulada, que objetiva auxiliar a vida do trabalhador. Conheça as mudanças já feitas e o que ainda vem por aí: Destaque e entrevistas Dentro da seção “Notícias” foi inserido o tópico “Entrevistas”. Quem acessar o botão terá acesso ao material completo coletado pela equipe de redação do Sintetel. Desde o final de março, o site também possui espaço para três notícias em destaque. Vale lembrar que as informações são inseridas diariamente, não deixe de conferir! Layout O design está em permanente mudança e o site já conta com um novo topo, mais limpo e despojado. Mas não é só isso: muitas novidades ainda estão por vir. Nos próximos meses os internautas poderão navegar em um ambiente totalmente reformulado. Está ansioso? Aguarde e dê a sua opinião! Tire suas dúvidas O que é dissídio coletivo? Até quando o trabalhador pode apresentar o atestado médico? Qual é o percentual de adicional noturno? Para esclarecer esses e outros questionamentos, o Sintetel criou o botão “Tire suas dúvidas”. Lá, o internauta poderá esclarecer pontos conflituosos da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), além de eventuais questões complexas do cotidiano. Vagas de Emprego Se você está descontente com o seu serviço ou procura uma nova chance de entrar no mercado de trabalho, essa é a sua oportunidade. Acesse nosso banco de oportunidades (Serviços – Vagas de Emprego) e boa sorte! Vídeoteca O nosso site tem espaço reservado para os vídeos de eventos e reportagens realizadas pelo Departamento de Comunicação da entidade. Fique de olho e sugira pautas para nós! Acesse agora mesmo: www.sintetel.org Veja ainda: Arquivos de som Colônias de Férias Enquetes Guia de Convênios e muito mais!


ABET completa

100 anos e lança selo especial como primeira de uma série de ações comemorativas ao longo de 2009

Com os tons do ouro, a ABET – Associação Beneficente dos Empregados em Telecomunicações acaba de lançar o selo de 100 anos. A ação é o marco inicial para as comemorações de um século de história da empresa. A ABET traça sua história de compromisso com os seus associados, revertendo suas receitas em benefícios prioritários para a área da saúde, a todos os empregados, ex-empregados, aposentados e dirigentes das empresas de Telecomunicações no país. Ao longo do ano, eventos, campanhas e atividades especiais para os associados também seguirão a mesma temática. A história da ABET será resgatada por meio de fatos e personagens que fizeram e fazem a diferença para a associação e que serão contados num livro, resgatando e ressaltando sua evolução nas áreas de Saúde, Medicamentos, Telecomunicações e Tecnologia. A ABET investe permanentemente em benefícios e na ampliação contínua de suas atividades promovendo a milhares de pessoas uma melhor qualidade de vida.

ABET, 100 anos valorizando o ser humano. www.abet.com.br/100anos

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