Revista Linha Direta edição 23

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2016 ● 23ª edição ● Ano X Distribuição gratuita ● Venda Proibida

Linha Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo www.sintetel.org

Nova diretoria do Sintetel

Experiência e renovação Na executiva, continuidade. Nas secretarias, novas apostas. Veja nesta edição as propostas da chapa eleita para o novo mandato.

TECNOLOGIA Aplicativos prometem revolucionar a mobilidade nas grandes cidades.

SAÚDE Profissionais indicam as melhores atividades físicas para a terceira idade

MARIA DA PENHA Lei completa dez anos com importantes avanços Linha direta em revista 1


i n s t i t u c i o n a l

Sucesso nas redes

O

Sintetel cresce no Facebook

Departamento de Imprensa do Sintetel dedicou boa parte deste ano à modernização da nossa comunicação. Um dos principais focos, baseado em pesquisas realizadas junto à base, passou a ser nossa página no Facebook. Investimentos em análises e estudo de público, passamos a fazer uma gestão de mídias sociais baseadas no que há de referência atualmente no mercado. O resultado não podia ser outro: em três meses, dobramos o número de seguidores. Já somos uma comunidade de 12 mil pessoas atentas às nossas novidades: notícias recentes das empresas e do Brasil, memes, gifs, dicas de cultura e interação total com a categoria. O resultado? Só elogios!

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Algumas curiosidades desse período de investimento em mídias sociais • Crescimento de 100% no número de seguidores em apenas três meses • Nossa página ganhou o selo de reconhecimento do Facebook • 100% de taxa de resposta ao trabalhador • Alcance de até 25 mil pessoas em um único dia • Crescimento nas mensagens de apoio ao Sintetel Obrigado pelo reconhecimento! Ficamos felizes em saber que vocês estão gostando da nossa comunicação e acompanhando mais de perto o trabalho de todos nós do Sindicato.

Ainda não curte nossa página? Vamos resolver isso! Vai lá, é só digitar Facebook.com/SintetelSP. Esperamos que gostem! Será um prazer interagir com vocês!


saúde

Experiência e renovação Saiba mais sobre os planos da diretoria que assume o comando da entidade para o mandato de agosto de 2017 a julho de 2021.

Xô, sedentarismo! Pequenas mudanças no cotidiano possibilitam um envelhecimento saudável.

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O que pensam os novos dirigentes? O secretariado do Sintetel contou com uma renovação de 85% de seus integrantes. Essa entrevista especial traz um bate-papo com os cinco novos rostos da chapa eleita, Unidade Na Luta.

editoria

Mês Dezembro • ano 2016 • Edição 23ª • Ano X

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20 capa

entrevista

Linha

sumário

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cultura Boicote à brasileira?

Aquarius causa polêmica fora da tela e ganha força como peça de resistência

opinião 4 Editorial 8 Tecnologia 12 Aposentado 15 Mulher 25 Aconteceu

32 Sintetel forte Artigo de João Guilherme Vargas Netto

24 Frente de batalha Artigo de Paulo Rodrigues

11 Desemprego tecnológico 34 Telefonista, socorro Artigo de Ricardo Martins

Artigo do Leitor

33 Passatempo Linha direta em revista

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editorial DIRETORIA DO SINTETEL Presidente: Almir Munhoz

Novas perspectivas tamos preparando o próximo mandato com diversas atividades planejadas. Sabemos que é uma responsabilidade muito grande administrar uma entidade quase centenária como o Sintetel. Estamos preparados!

Vice-Presidente: Cristiane do Nascimento Diretoria Executiva:Aurea Barrence, Fábio Oliveira da Silva, Gilberto Rodrigues Dourado, José Carlos Guicho, José Clarismunde de O. Aguiar. Diretoria Secretário: Alcides Marin Salles, Cenise Monteiro de Moraes, Leonardo Alves Ribeiro, Marcos Milanez Rodrigues, Maria Edna de Medeiros, Paulo dos Santos e Welton José Araújo. Diretor de Aposentados: Osvaldo Rossato Diretores Regionais: Elísio Rodrigues de Sousa, Eudes José Marques, Jorge Luiz Xavier, José Roberto da Silva, Ismar José Antonio, Genivaldo Aparecido Barrichello e Mauro Cava de Britto. COORDENAÇÃO EDITORIAL Diretor Responsável: Almir Munhoz Jornalista Responsável: Marco Tirelli (MTb 23.187) Redação: Emilio Franco Jr. (MTb 63.311), Marco Tirelli e Cindy Alvares (MTb 82.337) Diagramação: Francisca Ferreira www.agenciauni.com Fotos: Marry Scarabello, Yago Perez e Priscila Villariño Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto, Paulo Rodrigues, Ricardo Martins e Niviane Estavarengo Capa: DIZ Comunicação Impressão: Gráfica Unisind Ltda. www.unisind.com.br Distribuição: Sintetel Tiragem: 10.000 exemplares Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo | Rua Bento Freitas, 64 | Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899 www.sintetel.org sintetel@sintetel.org.br SUBSEDES: ABC (11) 4123-8975 Bauru (14) 3103-2200 Campinas (19) 3236-1080 Ribeirão Preto (16) 3610-3015 Santos (13) 3225-2422 São José do Rio Preto (17) 3232-5560 Vale do Paraíba (12) 3939-1620 O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sindical Internacional) e à UGT (União Geral dos Trabalhadores). Os artigos publicados nesta revista expressam exclusivamente a opinião de seus autores.

Almir Munhoz

Presidente do Sindicato

O

Sintetel saiu dessa eleição sindical mais forte, unido, coeso e com uma diretoria renovada. Conseguimos unir a experiência com sangue novo na composição de uma nova diretoria que comandará o Sindicato no quadriênio 2017/2021. Trouxemos novos dirigentes comprometidos com o ideal da Chapa 1 - Unidade na Luta. Continuaremos a trabalhar sem descanso em defesa dos direitos dos trabalhadores e na ampliação das conquistas para a categoria. Teremos um período árduo de trabalho, já que o futuro econômico do País foi abalado pela crise. É um orgulho para nós manter o Sintetel no patamar de maior sindicato de telecomunicações das Américas e reconhecido no mundo inteiro. O trabalho só está começando. Já es-

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Também implantaremos novos projetos e retomaremos outros que, por motivos de contenção de despesas, tivemos que adiar temporariamente. O próximo quadriênio será marcado por inovações e investimentos. Existem várias mudanças que teremos que enfrentar no decorrer do nosso próximo mandato e, por isso, elaboramos um plano de trabalho atual, coerente, moderno e empreendedor. Estamos muito felizes pelo trabalhador ter confiado a nós mais um mandato. Levaremos nosso trabalho a sério e corresponderemos ao anseio daqueles que nos depositaram a sua confiança. Aproveito para anunciar que nossa revista, a partir de agora, será anual e de distribuição gratuita a todos os aposentados da nossa categoria. Estamos sempre preocupados em mantê-los informados de nossas ações e das novidades de nossa sociedade em geral. Queremos vocês sempre por perto. Aguardem pelas novidades e muito obrigado a todos!


Entrevista

O que pensam os novos dirigentes O secretariado do Sintetel contou com uma taxa de renovação de 85% de seus integrantes Marco Tirelli

A

nova gestão do Sindicato apostou na união da experiência com a renovação. Tanto é que uma das áreas da diretoria da entidade que teve o mais alto índice

de renovação foi a das secretarias. "Convidamos cinco novos dirigentes para compor nossas secretarias que se juntam à experiência dos diretores Elísio Rodrigues de Souza e Marcos Mi-

lanez", explica Almir Munhoz, presidente reeleito do Sintetel. Almir acrescenta que a intenção da renovação foi a de oxigenar a diretoria da entidade com Linha direta em revista

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Entrevista pessoas que trazem novas ideias. “Para os próximos quatro anos queremos melhorar ainda mais o funcionamento do Sintetel. Queremos estar mais perto do trabalhador e de sua família. Vamos ouvir mais e agir mais, esse é o nosso compromisso”. Para saber o que pensam os novos dirigentes sindicais, fomos conversar com cada um deles para conhecer seus planos e perspectivas para o mandato que terá início na metade do próximo ano. Os novos dirigentes chegam com novo ânimo trazendo em suas bagagens boas iniciativas e muita vontade de trabalhar. "Estou muito animado e grato pela oportunidade que me foi dada. Pretendo trabalhar muito, buscando ouvir e ajudar os trabalhadores, com base nas lições que aprendi e aprendo diariamente com o Sintetel”, declara Ricardo Martins da Silva, secretário eleito de Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho. Idealista, a nova secretária da Mulher deixa clara sua vontade de contribuir muito com a entidade sindical. "Ser sindicalista é um ideal de vida na busca por um amanhã melhor, lutar pelos direitos de igualdade e equidades sociais, além de ampliar a participação e conscientização da mulher da nossa categoria", afirma 6

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Com a palavra... Trabalhador da ICOMON

Sendo o trabalho em equipe o meu forte, minha expectativa para esse novo desafio é a melhor possível. Juntos vamos lutar para conquistar melhorias para o trabalhador”. Gilson Carvalho da Silva – Secretário de Assuntos Assistenciais

Aprendi com o Sindicato que as injustiças não devem ser ignoradas, que o assédio, o preconceito e a discriminação não devem ser aceitos. Todos os trabalhadores e trabalhadoras merecem uma condição de trabalho justa e nós do Sintetel estaremos sempre na luta por isso.” Ricardo Martins da Silva – Secretário de Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho

Mariângela Pires do Nascimento. Na categoria desde 2003, o técnico de telecomunicação Gilson Carvalho da Silva assumirá a se-

Trabalhador da VIVO

cretaria de Assuntos Assistenciais. Ele aposta na sua experiência sindical e na prática de trabalhar em equipe para desenvolver


Trabalhadora da Atento

Tenho muitos planos para serem implementados, mas prezo principalmente pelo atendimento, priorizando sempre o trabalhador.” Angélica Fortunato da Silva – Secretária de Esporte, Turismo e Lazer

seu projeto na direção do Sindicato. "Acredito no trabalho sério que o Sintetel desenvolve. Com minha experiência sindical, julgo estar preparado para encarar a missão de ajudar a fortalecer ainda mais nossa entidade”, declara. Especialista em Recursos Humanos e preocupada em desenvolver um trabalho em conjunto com os demais dirigentes do Sintetel, Angélica Fortunato ficará à frente da secretaria de Esporte, Turismo e Lazer. “Creio que nossa principal estratégia é o trabalho em equipe. Os projetos que planejarmos implementar certamente estarão vincula-

Trabalhadora da TEL

Quero participar, trabalhar e conquistar os espaços que pertencem às mulheres para que sejam criadas mais oportunidades. O Sintetel é nossa casa, porto seguro e apoiador das atividades e mudanças que poderemos juntos conquistar.” Mariângela Pires do Nascimento – Secretária da Mulher

dos às demais secretarias. Esta articulação será favorável para que todo projeto ganhe força e atinja o maior número possível de trabalhadores”, pontua. Preocupado com os novos rumos do movimento sindical, Paulo Mori assumirá a secretaria de Formação com objetivos bem claros. Ele analisa que o perfil do sindicalista e dos trabalhadores mudou nos últimos anos trazendo uma nova dinâmica para

Trabalhador da lIDER

A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. Essa frase de Karl Marx me inspirou, em 1986, a entrar no movimento sindical.” Paulo Mori – Secretário de Formação Sindical

o mundo sindical. “Hoje, grande parte dos trabalhadores e dos sindicalistas tem curso superior e por isso creio que temos que investir em formação. Vivemos a era da informação, mas deixamos de lado a formação. Acredito que um bom trabalho de formação agregado a boas informações trará um avanço na qualidade do trabalho sindical”, conclui. É com essa vontade de trabalhar pela categoria que os cinco novos secretários se juntam aos demais dirigentes eleitos para comandar o Sindicato. Linha direta em revista

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Tecnologia

Revolu

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ção na mobilidade Aplicativos de celular ajudam a melhorar os deslocamentos de pessoas pelas cidades Emilio Franco Jr.

O

tema da mobilidade urbana tem sido recorrente nas grandes e médias cidades brasileiras. Nos últimos anos, diversas medidas foram tomadas para melhorar a locomoção das pessoas pelas ruas dos milhares de municípios brasileiros. Deixou de ser raro encontrar ciclovias, por exemplo. Nos grandes centros, investiu-se também no aumento das faixas e corredores exclusivos de ônibus e na ampliação do transporte sobre trilhos, seja metrô, trem ou monotrilho. Entretanto, uma das principais revoluções recentes no transporte passa pelo uso cada vez mais intensificado da tecnologia. E é o usuário de aplicativos para celulares que está à frente do processo.

Os aplicativos

São vários os tipos de aplicativos que auxiliam no transporte de passageiros em diversas cidades brasileiras. Aliado ao investimento em ciclovias, alguns bancos desenvolveram uma rede de aluguel de bicicletas feita inteiramente pelo celular. O usuário só precisa escolher uma

das estações de bicicletas espalhadas em diversos locais da cidade e, com o aparelho de telefone nas mãos, alugar uma bike sem muita dificuldade. E é essa a tendência futura, mobilidade aliada à alta tecnologia. O usuário não precisa ser dono do meio de transporte, só necessita de um smartphone.

cluindo bicicletas. Testamos o aplicativo no caso dos ônibus, na cidade de São Paulo, e as informações foram precisas. Os ônibus chegaram ao ponto no tempo previsto. Após o embarque, o aplicativo ainda informa quantas paradas faltam até a o destino e emite um sinal sonoro no ponto anterior ao da descida do passageiro.

O mesmo processo se repete com o transporte público. Existem alguns aplicativos, como o Cittymapper e o Moovit, pelos quais o usuário pode consultar o melhor itinerário de ônibus para o seu trajeto e verificar o horário aproximado no qual o veículo desejado passará pelo ponto. Isso também vale para a rede sobre trilhos, com informações sobre distâncias até as estações e informações sobre como está determinada linha naquele momento exato.

Apesar dos avanços dos aplicativos destinados aos transportes públicos e de bicicletas, atualmente as opções mais populares de tecnologia voltadas à mobilidade urbana ainda são os aplicativos destinados ao transporte individual ou compartilhado de passageiros.

No caso do primeiro aplicativo, ainda é possível traçar rotas completas, saber onde estão as estações ou pontos, além de estimar o tempo de percurso a pé e pelos diversos meios de transporte, públicos ou privados, in-

Táxi, Uber e afins

Os primeiros aplicativos do gênero a ganharem espaço foram o Easy Táxi e o 99 Táxi. Por meio deles, o cliente pode chamar um táxi pela tela do celular, receber as informações do veículo que irá buscá-lo, saber o tempo de espera e ter uma estimativa do custo final da corrida. Isso é possível porque na hora de chamar um táxi, o passageiro Linha direta em revista

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já insere seu destino. Outras vantagens que conquistaram os clientes foram a possibilidade de pagar tudo pelo próprio aplicativo e de avaliar o serviço prestado pelos motoristas. Entretanto, apesar de melhorar a eficiência desse serviço considerado público, já que é uma concessão regulada pelo munícipio, os aplicativos de táxi pouco impactaram na questão da melhora da mobilidade urbana. É justamente neste aspecto que entram em cena os aplicativos de transporte privado de passageiros, como Uber e Cabify. A chegada destes serviços gerou muita controvérsia principalmente entre os taxistas, que reclamam de uma diminuição da demanda por táxis. As explicações são diversas, desde o custo menor cobrado por essas empresas privadas para percorrer o mesmo trajeto dos táxis até a qualidade do serviço prestado. Uma corrida na cidade de São Paulo, por exemplo, entre a famosa Avenida Paulista e o Aeroporto de Guarulhos costuma sair R$ 60 de Uber/Cabify e entre R$ 80 e R$ 100 de táxi. Isso porque a metodologia de cobrança é diferente. Os táxis, por exemplo, cobram um preço de partida, o que não existe nos aplicativos particulares, que calculam o preço final via GPS, ou seja, medem a distância que será percorrida e definem o valor independente do tempo. A questão da mobilidade Mas, a principal contribuição desses aplicativos, independente da controvérsia que possam ter gerado, é na questão da revolução que prometem ocasionar na mobilidade urbana das cidades. Os criadores do serviço de10

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fendem que essa modalidade de transporte pode melhorar o fluxo de pessoas e reduzir significativamente o trânsito. Os estudos do Uber, por exemplo, apontam que um único veículo prestador de serviço da empresa pode retirar de cinco a 20 carros das ruas, todos os dias. Isso porque, ao prestar serviço de baixo custo e ser mais vantajoso para o cliente do que os gastos diários com seu veículo próprio, o Uber altera a lógica de locomoção na cidade e, como um primeiro estágio, libera vagas de estacionamento, o que propicia repensar a lógica de ocupação dos espaços de estacionamento. Em um segundo momento, reduz o fluxo de automóveis pelas ruas. Mas é um novo modelo presente nesses aplicativos que promete melhorar o trânsito e alterar a ocupação do espaço público: o compartilhamento de viagens. Por meio dele, o usuário chama um carro do serviço e o divide com um desconhecido que fará rota semelhante. Com isso, o custo da viagem fica ainda mais barata para os passageiros e o motorista aumenta seu lucro, pois ganha por dois. Com essa tendência consolidada, a diminuição do fluxo de carros esperada é ainda maior. “Esses aplicativos mudaram minha rotina de transporte porque acabam sendo mais baratos e, por vezes, substitui de uma maneira positiva o transporte público”, conta Pedro de Gouveia, de 28 anos. A lógica é simples. Um carro de aplicativo privado ocupado por quatro amigos em uma corrida privada custaria R$ 4 para cada integrante em um trajeto de R$ 16, por exemplo. Praticamente o mesmo preço de uma passagem de ônibus e mais barato do que se houver necessidade de fazer integração com outro modal de transporte. É por isso que as novas tecnologias são vistas como capazes de alterar não só o fluxo de trânsito, mas como a qualidade do transporte público, inclusive. Mas, Pedro acredita que essas novas tecnologias não são suficientes para mudar a mobilidade nas cidades por completo. “Falta o governo enfrentar a lógica do transporte motorizado por outras alternativas, como o metrô”. Os pesquisadores portugueses José Viegas e Luiz Martinez publicaram um estudo em um Fórum Internacional de Transporte (ITF, na sigla em inglês) no qual alertam que sem um sistema de transporte público eficiente de alta capacidade, as novas tecnologias podem ter pouco impacto na melhora do trânsito. Portanto, a revolução completa na mobilidade urbana só acontecerá se o poder público fizer a sua parte.


Artigo

Por Ricardo Martins

Desemprego tecnológico

O

conflito entre tecnologia e trabalho é algo muito antigo, que sempre gerou desemprego a curto prazo, mas que também criou outras vagas que não existiam devido ao aumento de produtividade e novas oportunidades de negócios. Muitas destas vagas eram melhores do que as anteriores, mas exigiam maior aptidão, e geravam salários melhores. O progresso tecnológico no século XX criou um período próspero, principalmente nas duas décadas após a segunda guerra mundial, e quanto maior a evolução das máquinas, maior era o aumento da produtividade. Mas na década de 1970, a produtividade foi aumentando cada vez mais e os salários diminuindo. Essa situação foi se agravando e a maior evidência dessa crise é que na primeira década do século XXI não se criou nenhum posto de trabalho, mesmo havendo um aumento exponencial da população nas últimas décadas. Estimava-se para este período, nos Estados Unidos, a criação de 10 milhões de postos de trabalho, o que não aconteceu. Este é um tema que tem sido falado ao longo dos últimos anos e ganhou ainda mais destaque recentemente depois de ter se tornado um

pessoas por máquinas, terá como consequência, nos próximos anos, cerca de 5 milhões de desempregos.

Os empregos da indústria americana, por exemplo, perdidos pela saída das fábricas, não estão voltando com elas. Quem está ocupando as funções são os robôs".

dos principais pontos de discussão no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que ocorreu em janeiro deste ano. Recebendo o nome de “a Quarta revolução industrial”, a substituição crescente do trabalho pela automação, graças a um custo com automação cada vez mais baixo e que torna cada vez mais atrativo economicamente a substituição de

Um exemplo disso é o processo de reindustrialização que ocorre atualmente, com as fábricas que tinham mudado para países com mão de obra barata voltando para seus países de origem, mas de forma totalmente automatizadas. Os empregos da indústria americana, por exemplo, perdidos pela saída das fábricas, não estão voltando com elas. Quem está ocupando as funções são os robôs. Este processo também está ocorrendo na China, onde já existem diversas fábricas totalmente automatizada, cada uma delas empregando dez vezes menos pessoas que as fábricas tradicionais. Estima-se que cerca de 47% dos atuais empregos nos EUA estarão em risco. Várias atividades como de motoristas de caminhões, motoristas de táxis, estagiários de advocacia, jornalistas, auditores, caixa de supermercado, frentistas entre outros, poderão desaparecer nos próximos anos. Isto é um desafio que precisamos enfrentar. O risco potencial é bem real. Ricardo Martins da Silva Professor universitário e representante sindical na Vivo

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aposentados

O pioneiro d 12

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N

ascido em 14 de novembro de 1940, em Cabrália Paulista, Wilson Therezan tornou-se o primeiro dirigente sindical a comandar a subsede de Bauru. Wilson mudou-se aos oito anos para a cidade e não saiu mais. Lá, casou-se e constituiu uma grande família. Ele é pai de quatro filhos, avô de três netos e ainda tem dois bisnetinhos. Aos 14 anos, conseguiu seu primeiro emprego registrado em carteira, na antiga CTB (Companhia Telefônica Brasileira), em julho de 1954. “Entrei como aprendiz para estudar no SENAI e trabalhar na empresa. Eu estudava seis meses, trabalhava cinco e tinha um mês de férias", conta. Depois de três anos, ele concluiu o curso, que serviu também como estágio probatório, e acabou efetivado. O primeiro cargo ocupado por Wilson foi o de técnico de comutação. Depois foi promovido a encarregado da Central e, em seguida, coordena-

Wilson Therezan e Jorge Luiz Xavier, atual diretor Regional de Bauru

dor da equipe de Inspeção da região de Bauru. Wilson conta que antigamente o sistema de telecomunicações era bem arcaico. “Para se ter uma ideia, de Bauru a São Paulo existiam apenas 8 canais de voz. Então para falar com a capital, o assinante tinha que entrar em contato com a telefonista e fazer um agendamento para o dia seguinte, com hora marcada”. De acordo com Therezan, naquela época já era comum ocorrer roubo

e Bauru Foram 42 anos dedicados ao setor de telecom e muitos deles à vida sindical Marco Tirelli

de fios. “No circuito de São Paulo a Bauru a linha era física, ou seja, saíam dois fios de São Paulo e a fiação vinha através de poste até chegar em Bauru. No meio do caminho, se alguém cortasse o fio, acabava o circuito e não se falava com ninguém", relembra. Em paralelo ao trabalho na empresa, Therezan cursou a universidade. Com formação técnica em contabilidade e superior em Economia e Direito, Wilson nunca exerceu as três profissões, pois optou por seguir carreira profissional na Telesp. “A empresa exigia muito da gente. Viajava muito, às vezes por longos períodos. Depois de concluídos os cursos, a minha faixa etária também estava um pouco avançada e eu preferi continuar trabalhando na Telesp", conta. Em 1994, se aposentou, mas continuou trabalhando na empresa até 1996. Linha direta em revista

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aposentados

Vida de sindicalista

Wilson Therezan conta que conheceu o Sintetel por meio de um amigo que era representante sindical, chamado Arsino Perez. “Sempre fui muito interessado por assuntos sindicais e acompanhava o amigo Arsino nas suas atividades. Quando ele se aposentou, diante do meu interesse, me convidou para substituí-lo e eu aceitei", recorda.A direção do Sindicato, em São Paulo, aceitou a indicação do Arsino e foi assim que Wilson se tornou representante sindical na região de Bauru. Wilson Therezan fez parte da criação da vitoriosa corrente UNIDADE NA LUTA, que acaba de reconduzir o companheiro Almir Munhoz à presidência da entidade. "Ainda quando era representante sindical, o pessoal da Unidade na Luta veio até Bauru para conversar comigo. Tínhamos o mesmo ideal para fazer oposição à diretoria daquela época e mudar os rumos do Sindicato”, relata.

“Participar do grupo Unidade na Luta foi muito bom, pois de alguma forma conseguimos mudar o rumo do Sintetel. Eu deixo a todos, indistintamente, um abraço de saudade. Aos companheiros que lutaram juntos e que nos ajudaram, eu desejo que permaneçam com aquele norte de fazer sempre o melhor”

Wilson relembra com carinho dos tempos em que atuava diretamente pelo Sindicato tanto em São Paulo quanto em Bauru e região. Ele destaca dois acontecimentos marcantes: as greves de 85 e de 88, na cidade de Presidente Prudente. "Em Prudente havia uma greve que já estava praticamente desmobilizada e, passando por lá, ficamos sabendo do ocorrido e marcamos uma assembleia de última hora. No final, conseApós longa negociação, em 1987, guimos reverter o quadro, fazer a greve e sair vitoriosos”, comemora. houve uma composição entre a situação e a oposição. Wilson foi elei- Wilson Therezan se orgulha e leva como lembrança boas recordações e to para a diretoria Executiva no car- amizades construídas ao longo de mais de quatro décadas dedicadas à go de diretor de Relações Sindicais categoria. “Participar do grupo Unidade na Luta foi muito bom, pois e veio para São Paulo. “Foi na pri- de alguma forma conseguimos mudar o rumo do Sintetel. Eu deixo a meira gestão do companheiro Os- todos, indistintamente, um abraço de saudade. Aos companheiros que valdo Rossato”, relembra. Em 1990, lutaram juntos e que nos ajudaram, eu desejo que permaneçam com na eleição seguinte, foi designado aquele norte de fazer sempre o melhor”, conclui. como o primeiro diretor da subsede regional de Bauru, inaugurada Hoje em dia, Wilson Therezan é diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical em Bauru. naquela gestão. 14

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Mulher

Uma lei, vรกrios recomeรงos Prestigiada mundialmente, Lei Maria da Penha completa 10 anos e traz mais seguranรงa para a mulher brasileira Cindy Alvares

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Mulher

“M

eu pai nos batia por nada. Descontava a raiva do mundo na gente”, lembra a jovem Mariana ao contar a história da mãe, Dona Rita*. A família morou por duas décadas em Marília, interior de São Paulo. Um tempo que transformou a costureira, hoje com 45 anos, em uma mulher tímida e de poucas palavras que veste roupas de mangas compridas para esconder as marcas deixadas pelo ex-marido. Atualmente, ela mora na capital paulista, onde recomeça a vida com as duas filhas. Dona Rita tinha medo de denunciar o marido. Ela, assim como tantas outras mulheres, viveu anos com a esperança de que tudo não passava de uma fase e que ele mudaria. Mas, Mariana e a irmã cresceram e perceberam que aquela violência precisava de um basta. “Em 2012, eu contei para uma tia o que a gente passava e ela nos apoiou. Na semana seguinte, convencemos minha mãe e, junto com a minha irmã, nos mudamos para São Paulo sem avisar o meu pai”, conta Mariana. “Foi um estalo, como um despertar.” Inconformado, o pai de Mariana foi à casa onde as três estavam acolhidas e, pela última 16

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vez, agrediu Dona Rita. Desta vez, o homem foi mais violento. Os tapas e socos se transformaram em facadas. Dois golpes no braço esquerdo. “Ele viu minha mãe sangrando e fugiu. Meu tio foi atrás, mas voltou quando percebeu que a gente precisava de socorro. Quando chegamos ao hospital, a policial disse que ela teria que depor na delegacia.” Com isso, a costureira se viu obrigada a fazer o que evitou por anos: a denúncia. Ato que resultou na possibilidade de um recomeço. Com a denúncia, os graves ferimentos de Dona Rita, o laudo fornecido pelo hospital e os testemunhos da família, a policia prendeu o homem em flagrante algumas horas depois. Após um ano e meio do ocorrido, em 2014, ele foi condenado a 10 anos de prisão por tentativa de homicídio. “Por culpa dele minha mãe ficou quase um ano sem conseguir mexer direito o braço, sem trabalhar”, relata a filha. “É triste saber que nosso pai está preso. Mas, o importante é que na gente ele não toca mais.”

"Violência contra a mulher é qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher”

A força de uma lei

O pai de Mariana foi enquadrado na lei nº 11.340/2006, conhecida por Maria da Penha. Ela mudou a forma de punição de crimes contra a mulher. Até 2006, ocorria um massivo arquivamento de processos de violência doméstica. Era comum casos de agressões físicas serem punidos apenas com o pagamento de cestas básicas. “Em algumas situações fatais, o marido que matava a mulher acabava sendo absolvido na Justiça por estar ‘defendendo a sua honra’ ou por ter cometido ‘um homicídio passional’ por ciúmes”, recorda Carmem Dora, presidente da Comissão de Igualdade Social da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Há dez anos, a lei foi criada no País e não só endureceu como agilizou a punição aos autores deste tipo de violência. Com ela, após a denúncia, a Justiça tem até 48 horas para analisar qual medida de proteção a vítima poderá ter. Ela varia caso a caso. O juiz pode proibir o agressor de se aproximar, falar, ir a lugares onde a mulher frequenta e até mesmo determinar a sua prisão. Batizada de Maria da Penha em homenagem a uma emblemática vítima de agressão, ela é considerada uma das três melhores legislações do mundo no combate à violência contra as mulheres pela ONU (Organização das Nações Unidas). O reconhecimento dos resultados ob-


tidos pela lei pode render à Maria da Penha, que de vítima se transformou em símbolo de luta, o prêmio Nobel da Paz, em 2017. Segundo dados de 2015 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a lei contribuiu para uma diminuição de cerca de 10% na taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro das residência das vítimas. A lei é muito conhecida no Brasil. Cerca de 98% da população já ouviu falar dela. Apesar disso, ainda há muito desconhecimento sobre de que forma ela pode ajudar. Mariana, por exemplo, atribuiu a resistência da família em denunciar à falta de informação. “A gente achava que nada ia acontecer e que ele só ia ficar mais furioso”, argumenta. Apesar dos casos de agressão chamarem mais a atenção, a Lei Maria da Penha vai muito além disso. Segundo a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, a

violência contra a mulher é “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher”. É exatamente disto que essa lei trata. Portanto, qualquer mulher que sofra algum desses tipos de violência pode recorrer à Lei Maria da Penha. Um aspecto importante e pouco falado é que a aplicação desta lei independe da orientação sexual ou identidade de gênero da vítima. Isso porque ela garante o mesmo atendimento para mulheres hetero e homossexuais. Além disso, as travestis e transexuais também estão contempladas. Com a vigência da lei, o governo passou a investir mais na criação de serviços públicos de apoio à questão. Foram fortalecidas as Delegacias de Atendimento à Mulher, criados novos juizados especializados de violência doméstica e familiar e fornecidos serviços de assistência, como a Central de Atendimento à Mu-

lher (Ligue 180). Para Claudia Luna, presidente da ONG Elas por Elas, os serviços ainda precisam ser reforçados, mas isso não tira o mérito da efetividade da lei. “Se a mulher procura um desses lugares ela encontra assistência, orientação, alguma medida de proteção, etc.”, explica. “Só precisamos que esse atendimento especializado esteja disponível para todas em todos municípios. Isso vem evoluindo.” Os números de denúncia por agressão doméstica são maiores a cada ano. De 2006 a 2013 o crescimento foi de 5.000%. O que não necessariamente significa que a violência aumentou. Para especialistas o que acontece é que hoje as vítimas se sentem mais respaldadas e estão mais encorajadas a denunciar. São mulheres que, assim como Dona Rita, encontram nessa lei um refúgio e sinalizam para outras vítimas de que o recomeço é possível. * Nome fictício, pois a vítima não quis se identificar Linha direta em revista

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saúde

Xô, sedentarismo! Pequenas mudanças no cotidiano possibilitam um envelhecimento saudável Niviane Estavarengo

“O

médico foi direto no diagnóstico, disse que meus problemas na coluna são sérios, em uma área de risco, mas não aconselhou cirurgia. Eu fiquei apavorada”. Quando a aposentada Dolores Fernandes tinha 52 anos, se chocou ao ouvir a sentença. Após realizar alguns exames, o médico diagnosticou hérnia de disco, bicos de papagaio e um cisto. Esses eram os motivos de tantas dores nas costas. O ofício de costureira de calçados forçou a má postura de Dolores, atualmente com 70 anos. Com o passar do tempo, vieram os problemas na coluna. O caso dela não era de cirurgia, mas foram necessárias mudanças na rotina: remédios, sessões de fisioterapia e hidroginástica como aliada no combate às dores e na melhora da qualidade de vida. A prática de exercícios físicos, boa alimentação e vida social ativa na terceira idade têm muito a contribuir para um envelhecimento saudável. Uma das atividades mais recomendadas aos idosos é justamente a hidroginás18

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tica. Na água os exercícios fornecem flutuabilidade e, desse modo, evitam a possibilidade de lesões sobre músculos, ossos e articulações. Os benefícios da ginástica feita na água são muitos. A educadora física Suzana Soares conta que a hidro aumenta a frequência cardiorrespiratória, trabalha o equilíbrio, a coordenação motora, a flexibilidade e a tonificação muscular, além de oferecer relaxamento, promover interação social, melhorar o humor e trazer sensação de bem estar e disposição para fazer as atividades diárias. Desde que começou a fazer os exercícios na água, Dolores se sente mais animada para as tarefas do cotidiano. Para ela, as três aulas por semana são sagradas. “Fazem muito bem para mim e boa parte da melhora dos meus problemas foram graças à hidro. Sinto menos dores e consegui reduzir a quantidade de remédios que eu tomava”, conta. A companhia do neto Renan, de 21 anos, portador de síndrome de Down, tem motivado, ainda mais, a frequência nas aulas.

“As atividades físicas devem ser praticadas, no mínimo, três vezes por semana para aliviar as dores e alcançar os diversos benefícios de uma vida ativa”, orienta Suzana Soares, que ainda recomenda associar duas ou mais atividades durante a semana. Maria Eliza Nicolletti, de 81 anos, leva uma vida ativa e encontrou na hidroginástica uma forma de amenizar as dores no braço. “Antes eu não conseguia alcançar, sozinha,


A caminhada ao ar livre é recomendada, também, como uma boa opção de atividade para idosos. Mas os especialistas alertam que só trará resultados efetivos se a pessoa tomar alguns cuidados como se concentrar, não ter pressa, não carregar pesos e usar tênis adequado e roupas leves.

meu pé para enxugar após o banho e hoje eu consigo. Esse ganho veio depois que comecei a hidroginástica”, afirma. Há seis meses, quando iniciou as aulas, Maria Eliza tinha medo da água, mas venceu o desespero e tem colhido as vantagens de se exercitar. Atualmente, ela pratica hidro duas vezes por semana e faz caminhada durante uma hora por dia, quatro vezes semanalmente.

“A caminhada leve é uma atividade necessária na terceira idade para evitar a perda de densidade óssea e, consequentemente, prevenir doenças como a osteoporose. Além disso, melhora a frequência cardiorrespiratória, o equilíbrio, a coordenação motora e diminui o risco de quedas e fraturas”, ressalta a fisioterapeuta, Roseli Pereira. Existem, ainda, outras atividades importantes para a manutenção de uma visa saudável. As atividades de convivência em grupo, por

exemplo, são necessárias para o equilíbrio da vida social do idoso e para evitar o isolamento. “As pessoas com mais de 60 anos que dançam são consideradas ativas, mas, diferentemente do que se acredita, a dança tem mais um benefício social do que efetivamente na saúde física”, afirma Suzana Soares. A prática de um esporte demora algumas semanas para se tornar um hábito e é nessa fase que muitas pessoas desistem. “Durante as primeiras semanas, o idoso costuma sentir dor. É comum, pois as articulações se acostumaram com o sedentarismo e precisam sair da zona de conforto. Nesses casos, é preciso diminuir o ritmo dos exercícios, mas não abandonar. Quando se tornar um hábito, se transformará em prazer e motivação”, afirma Roseli. Linha direta em revista

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capa

Por um Sind Diretoria Executiva : Da esquerda para a direita: Diretor de Relações Sindicais: José do Paraíso Secretário Geral: José Carlos Guicho | Diretora Secretária: Aurea Barrence | Presidente: Almir Munhoz Diretora Social: Cristiane do Nascimento | Vice-presidente: Mauro Cava de Britto | Diretor Financeiro: Gilberto Dourado

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icato de luta Com esse objetivo, a categoria escolheu de forma expressiva o projeto apresentado pela Chapa 1 – Unidade na Luta Redação

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capa

O

s trabalhadores em telecomunicações em todo o Estado de São Paulo foram às urnas entre 26 e 28 de outubro. O objetivo era nobre: eleger os novos representantes de toda a categoria. Entre os associados aptos a votar, 61,83% registraram voto. Desse total, 96,55% escolheram a Chapa 1 – Unidade na Luta para representar os interesses dos trabalhadores. Com o lema “Nenhum Direito a Menos”, a Chapa Unidade na Luta seguirá no comando da entidade. O presidente Almir Munhoz agradeceu mais uma vez a confiança de todo o setor de telecomunicações. São representados pelo Sindicato os trabalhadores em teleatendimento, prestadoras de serviço em telecom, operadoras e também os aposentados oriundos dessas empresas. "O resultado nos dá força para brigar por mais direitos. Quando uma chapa é eleita com uma porcentagem tão significativa dos votos, isso mostra que a categoria está unida e confia em seu Sindicato", acredita Almir Munhoz. A nova diretoria, que assumirá em agosto de 2017 e ficará à frente do Sintetel até o mês de julho de 2021, procurou aliar experiência e renovação. Para isso, alterou 85% da composição de seu secretariado. "É sempre importante trazer gente nova, que vem com ideias diferentes para ajudar no nosso trabalho, assim 22

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como é imprescindível a experiência para auxiliar e guiar aqueles que chegam", analisa Almir. E boas ideias não faltam para essa nova diretoria. Durante o processo eleitoral, a Chapa 1 lançou uma série de propostas para serem executadas nos próximos quatro anos. A ideia é estar mais próximo ainda dos trabalhadores da categoria e também de seus familiares. "Fizemos um programa inovador e fiz questão que ficassem registrados as nossas propostas para que todos possam saber de forma transparente quais são os nossos compromissos", explica Almir. A promessa é de que a próxima diretoria modernize ainda mais o Sindicato por meio de uma gestão modelo.

Diretores Regionais: Jorge (Bauru), Welton (Campinas), Eudes (Vale do Paraíba), Barrichello (Santos), Ismar (São José do Rio Preto), Paulo (ABCDM), José Roberto (Ribeirão Preto)

Veja os principais compromissos assumidos pela nova diretoria do Sintetel MAIS ATIVIDADES PARA OS APOSENTADOS

Já há algum tempo lutamos e defendemos com toda força as conquistas para todos os aposentados. O nosso Centro de Convívio voltará a ter atividades semanais. Vamos fortalecer nossa Coordenação dos Aposentados com um novo modelo de gestão. As excursões voltarão a acontecer. E o principal: resgataremos os Seminários dos Aposentados. A Chapa 1 considera esse evento um momento de confraternização imprescindível para a categoria. Queremos escutar mais a opinião de todos os aposentados. Sua voz será ouvida. CENTRO CULTURAL

Vamos resgatar o Centro de Cultura do Sintetel. Com ele, forneceremos para a categoria e seus familiares diversas atividades: aulas de


violão, dança, cursos de computação, culinária, biblioteca e aulas de idiomas. Levar qualidade de vida e ajudar na formação profissional do trabalhador e de sua família é o nosso compromisso!

seminários, eventos de conscientização e de comemoração de datas especiais como o Dia Internacional da Mulher, Dia do Trabalhador, Dia da Telefonista e o Dia do Teleoperador.

SELO DE QUALIDADE MAIS MOBILIZAÇÕES

NOVOS CONVÊNIOS

O Sintetel tem centenas de convênios que beneficiam milhares de trabalhadores associados. Faremos uma pesquisa com a categoria e com os associados sobre quais convênios são mais desejados, além de ampliar nossa rede para garantir descontos em faculdades, médicos e cursos. COLÔNIA E CLUBES DE CAMPO

O Sintetel conta com três colônias de férias. São duas em Caraguá e uma em Praia Grande. Vamos mantê-las e melhorar ainda mais nosso serviço. Investiremos também em dois novos clubes de campo: o de Campinas, que já está sendo reformado, e um novo em Bauru. São amplos espaços com piscinas, quadras, churrasqueira e uma grande infraestrutura para todos os trabalhadores e aposentados da categoria. Vamos investir cada vez mais em espaço de lazer de qualidade! ATIVIDADES EM TODO O ESTADO

Vamos fortalecer e equipar ainda mais todas as subsedes do Sintetel. Organizaremos para todo o Estado de São Paulo campeonatos esportivos masculinos e femininos,

regulamentação definirá obrigações mínimas das empresas em áreas como salário, jornada e pausas. Uma profissão regulamentada tem muito mais direitos.

Uma conjuntura dura que pede um Sindicato mais combativo, mais organizado e com capacidade de mobilizar para defender as conquistas econômicas e sociais da categoria. A CHAPA 1 vem com sangue novo e com espírito de luta renovado. NEGOCIAÇÕES COLETIVAS NACIONAIS

O Sintetel é o maior Sindicato de trabalhadores em telecom do País, mas nossa luta é a mesma dos trabalhadores de todos os estados. Vamos fortalecer as comissões nacionais de negociação em parceria com nossa Federação, a Fenattel. Isso faz com que as empresas não possam mais precarizar salários e benefícios em São Paulo sob o argumento de que sairão daqui. Elas encontrarão condições idênticas em todos os Estados. Isso é defender o emprego e a qualidade de vida do trabalhador em telecom! REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE TELEOPERADOR

Vamos seguir firmes na luta pela regulamentação da profissão de teleoperador. Essa é uma conquista importante para todos os trabalhadores do segmento. A

Investiremos na criação de um selo de qualidade para as empresas de telecomunicações. Esse selo só será concedido para as empresas que cumprirem obrigações mínimas: quem fugir da Lei, desrespeitar acordos/convenções e não garantir boas condições de trabalho passará a ser visto com maus olhos por toda a nossa sociedade! CURSO PROFISSIONALIZANTE

Aproveitaremos o Clube de Campo de Campinas para criar uma Escola da Rede. Será um espaço para formar mão de obra para os trabalhadores de rede externa. Mão de obra mais qualificada significa também melhores salários. Também investiremos no Centro de Formação Profissionalizante Sintetel, o conhecido Casarão. SAÚDE: COMBATE AO ASSÉDIO E ACIDENTES

Intensificaremos por meio de campanhas e atos o combate ao assédio moral e sexual dentro das empresas. Coações e ameaças dentro das empresas não serão toleradas de jeito nenhum. Vamos dar um basta nisso! Também intensificaremos ações de prevenção de acidentes e melhoria dos equipamentos de trabalho. Linha direta em revista

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crônica

A

Por Paulo Rodrigues

Frente de batalha

ntes mesmo de degustar seu café da manhã o guerrilheiro virtual já se prepara para a luta. Lê algumas notícias veiculadas por agentes progressistas e reacionários (é preciso conhecer a opinião de todos os lados); passa os olhos pelos comentários dos companheiros (guerreiros de prol, como ele) e de adversários (pulhas, burgueses, inocentes, comodistas, etc.). Agora, sim, termina seu café enquanto traça estratégias de ataque — o ataque é a melhor defesa, reza o corretíssimo chavão, mas não se pode desperdiçar munição, nada de tiro n’água. Difícil conter a ansiedade, a vontade de sair metralhando todos os disparates que rolam pela tela. Talvez o melhor fosse meditar um pouco durante o banho e só então disparar uma bomba fatal. Não, não há tempo. A guerra é longa, mas as batalhas são ágeis e logo fogem da pauta. O míssil tem que ser rápido e preciso, caso contrário corre o risco de se perder num hiato entre duas ou mais frentes de combate. Enquanto pensa e degusta outra xícara de café, seus dedos correm céleres pelo teclado preparando a ogiva. O dedo trêmulo de emoção pressiona o enter. A bomba foi lançada! 24

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rená-la para enfrentar as infinitas batalhas que virão. Tem consciência de que, para salvar a pátria, um guerrilheiro não pode vacilar, descuidar da vigília. Um verdadeiro guerrilheiro tem que estar sempre de prontidão. Frente de Batalha – Parte II

Só então, em paz com sua consciência, permite-se descansar. Não foi omisso, não deixou o barco correr empurrado por maus ventos sem tentar corrigir sua rota".

Exausto, o guerrilheiro virtual se serve de uma bebida qualquer e passa a medir — pelo número de curtidas e pelos comentários de apoio —o estrago que seu projétil causou. Só então, em paz com sua consciência, permite-se descansar. Não foi omisso, não deixou o barco correr empurrado por maus ventos sem tentar corrigir sua rota. Agora é aquietar um pouco a mente, se-

A isso que se reduziu a ação daqueles que se definem como a esquerda brasileira só resta juntar os cacos e, quem sabe, fazer enfim uma autocrítica; deixar a retórica mofada, arregaçar as mangas e ir para as ruas. Não apenas ir para as ruas como quem vai à virada cultural ou simplesmente à farra de sexta-feira; ir para as ruas “ensinar e aprender uma nova lição”; pregar e ouvir, informar e formar, mas, sobretudo, fazer. Não temos mais líderes e não há como construí-los, mas é possível não abafar com nossa arrogância o surgimento de outros; é factível, com muita ação e um discurso arejado e sintético, estimular essa possibilidade. Por hora, nos restam a esperança e a saudade dos Carlos...

Paulo Rodrigues é escritor e assessor sindical


Os fatos que marcaram a categoria em

Protesto – Em fevereiro, grande ato em frente a porta da VIVO por conta dos trabalhadores desligados da Líder. Eles não haviam recebido as verbas rescisórias, rescisão complementar e FGTS. No final, com muita luta, tudo se resolveu.

Dia do Trabalhador – Como acontece todos os anos, em maio, a UGT (União Geral dos Trabalhadores), central sindical a qual o Sintetel é filiado, comemorou a data com um ciclo de palestras. O Sintetel marcou presença.

aconteceu

2016

Posse da Fenattel – A Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecom empossou sua nova diretoria no mês de fevereiro. Almir Munhoz foi eleito o presidente da Federação.

PPR TIM - Em ato histórico no mês de maio, trabalhadores da TIM paralisam atividades contra calote no PPR. O Sintetel foi à porta da TIM, em Santo André, para comandar uma paralisação dos trabalhadores.

No Ministério – O presidente do Sintetel, Almir Munhoz, integrou a delegação da União Geral dos Trabalhadores (UGT) que se reuniu em maio com o ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab.

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aconteceu

"Independente de qual seja o governo, nossa missão é defender o trabalhador sob qualquer circunstância e impedir a retirada de direitos". Almir Munhoz, presidente do Sintetel, em julho, durante evento internacional.

Transparência – em junho tradicionalmente acontece a assembleia para votar o parecer do Conselho Fiscal sobre o balanço do exercício do ano. Contas aprovadas!

Arraiá em Bauru – O evento aconteceu no TelespClube, em julho, com a participação de aproximadamente 200 pessoas.

100 mil assinaturas! - A mobilização foi grande e começou em junho. 100 mil teleoperadores de todo o Brasil deram seu recado: regulamentação da profissão já! O Sintetel foi responsável por 30 mil assinaturas.

Futebol – A Copa Sintetel de Futebol Society ocorreu em julho no Clube de Campo do Sintetel, em Campinas. O Tigres levantou a taça de campeão e o Macaé ficou com o segundo lugar.

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Panorama – Seminário Internacional discutiu em julho, na cidade de São Paulo, a situação do teleatendimento nas Américas e definiu as prioridades para os próximos anos.

Paralisação – Os trabalhadores da Atento da área do suporte técnico de dados/DDR dos prédios da Brigadeiro Galvão, Brigadeiro Tobias, Martins Fontes e Martiniano de Carvalho cruzaram os braços em agosto. Eles protestavam contra as condições financeiras oferecidas pela Atento no processo de transição de uma terceirizada em telecomunicações. Após muita luta, o Sindicato conquistou as reivindicações.

Recuou – após mobilizações em agosto e muita luta do Sintetel, a Contax voltou atrás na decisão de parcelar o VA/VR dos trabalhadores em 2 vezes. Conseguimos: o pagamento segue sendo em 1vez.

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cultura

Boicote 28

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à brasileira? Aquarius causa polêmica fora da tela e ganha força como peça de resistência Emilio Franco Jr.

N

enhum filme brasileiro recente atraiu tantos holofotes quanto Aquarius. Os motivos são dois: a qualidade da obra que arrancou críticas elogiosas desde sua primeira exibição pública e a conotação política que, ape-

sar de pouco presente na história, grudou na obra como cola. Aquarius estreou no prestigiado Festival de Cannes, na França, considerado vitrine de gala do cinema no mundo todo. Após a exibição, só elogios. A protagonista, Sônia Braga, foi considerada pela

crítica como a melhor atriz do Festival – apesar de não ter levado o prêmio do Júri. O próprio filme, que acabou saindo de mãos vazias do Festival, foi muito bem recebido, a ponto de a ausência de prêmios ter sido sentida pela imprensa especializada.

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Mas festivais são assim mesmo, vitrine. E Aquarius apresentou-se como produto cobiçado. Saiu de Cannes comprado por distribuidores de mais de 60 países. Vai rodar o mundo. Poderia ter sido apenas o início de uma carreira internacional de sucesso, como acontece com tantos outros filmes que saem do Festival anualmente. Mas um fator contribuiu para o aumento da repercussão da obra: aos olhos de muitos, o filme sofre uma tentativa de boicote por parte do novo governo brasileiro. Para entender a polêmica é necessário voltar no tempo. Mais precisamente para o tapete vermelho de Cannes, minutos antes da exibição do longa-metragem. Ainda do lado de fora da sala, o diretor pernambucano Kléber Mendonça Filho e sua equipe protestaram contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Naquela época, em maio, o processo ainda estava em andamento. Com cartazes nas mãos, diretor e atores diziam que um golpe estava em curso no País e que milhões de votos haviam sido jogados fora. Aquele gesto político, que deveria ter sido considerado normal em um ambiente democrático, parece ter sido muito mal digerido pelo governo do presidente Michel Temer. A resposta, proposital ou não, veio. O Oscar

Considerada a maior festa do cinema, o Oscar é um prêmio cobiçado pela relevância que as pessoas atribuem a ele e, também, pela visi30

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Foram mais de oito comentários depreciativos. O motivo foi a discordância política com o diretor.

bilidade incomparável que proporciona aos filmes indicados. Os concorrentes à famosa estatueta dourada são selecionados pela Academia de Artes e Ciência Cinematográfica de Hollywood. Para ser indicado nas categorias mais prestigiadas, um filme precisa ter estreado e ter ficado em cartaz por pelo menos uma semana em determinadas cidades dos Estados Unidos. Porém, há uma categoria de exceção: a de melhor filme estrangeiro. Nesse caso, cada país é responsável por selecionar apenas um filme e enviá-lo para os membros da Academia como representante oficial do país. Em média, o Oscar recebe a cada edição cerca de 70 filmes estrangeiros para concorrer às cinco vagas.

Teria sido de bom tom retirar Petrucelli da comissão. O juízo de valor sobre o diretor colocava sob suspeita o processo. Entretanto, o Ministério da Cultura não fez isso. Uma sinalização negativa para toda a classe artística. Em solidariedade à Aquarius, alguns diretores retiraram seus filmes da competição. Entre eles Gabriel Mascaro, de “Boi Neon”, e Anna Muylaert, de “Mãe Só Há Uma”. Anna, por sinal, entende bem do processo. Em 2015, seu filme, “Que Horas Ela Volta?” chegou perto do Oscar. Passou com grande sucesso pelos Estados Unidos, onde ganhou prêmios em festivais. Foi indicado ao principal prêmio da crítica norte-americana, o Critic’s Choice, na categoria de melhor filme estrangeiro. Era considerado um dos favoritos ao Oscar, mas acabou não recebendo a nomeação.

O processo de escolha varia de país para país. No Brasil, o governo delega essa função ao Ministério da Cultura que, por sua vez, indica anualmente nove nomes para integrarem uma Comissão Especial. Os jurados assistem a todos os filmes brasileiros inscritos para concorrer à vaga nacional. Foi justamente nesse processo que o governo deu margem às críticas de que havia intenção de prejudicar Aquarius. Isso porque um dos integrantes escolhidos, o crítico de cinema Marco Petrucelli, usou suas redes sociais para criticar o diretor e a equipe do filme.

Com a experiência recente, Anna declarou total apoio a Aquarius. Ser indicado ao Oscar de filme estrangeiro é um longo processo, que leva em conta não só a qualidade do filme, mas também a visibilidade conquistada por ele e o interesse que gera em ser visto. Por esses motivos, Aquarius preenchia todas as credenciais. Em uma escolha muito contestada, entretanto, a comissão brasileira preferiu indicar “O Pequeno Segredo”, que precisou fazer malabarismo para preencher as regras de elegibilidade. O filme permanece uma incógnita. As chances do Bra-


sil sem dúvida diminuem. Mas sabe aquele ditado “a esperança é a última que morre”? Aquarius ainda pode se apegar a ele.

ocasião do lançamento de Aquarius por lá. A produtora organizou um jantar em Los Angeles no qual Sônia Braga recebeu pessoas que podem influenciar no processo.

Ainda há esperança

O fato de não ter sido escolhido pelo governo brasileiro impede que o filme concorra na categoria de melhor filme estrangeiro. Mas Aquarius ainda tem chance de aparecer no Oscar. Como? Basta relembrar dois fatos contados no início deste texto. Para concorrer nas demais categorias um filme precisa ter estreado nos Estados Unidos. Para que isso ocorra, Aquarius precisaria ter sido comprado por um distribuidor local. E foi. A distribuidora norte-americana Vitagraph Films foi uma das 60 que compraram os direitos de exibir o filme. Os planos do executivo da empresa, David Shultz, são grandes: colocar Aquarius na disputa pelo prêmio de melhor atriz. E ele ainda sonha mais. “Vamos vender a Sônia como potencial candidata ao Oscar de melhor atriz e, no processo chamar a atenção dos votantes da Academia para outros aspectos do filme, como direção e roteiro”, afirmou o executivo em entrevista ao portal UOL. A estratégia está traçada: Sônia Braga, que vive nos Estados Unidos e é pessoalmente amiga de muitos integrantes da Academia, rodará o país divulgando o filme. Tudo começou em outubro, na

considerada como possível concorrente ao prêmio. O azar é que, neste ano, a concorrência está pesada, com muitas atuações femininas fortes. A história

Retrospecto favorável

Chances existem. A história está aí para manter a esperança bem acesa. Em 2002, o espanhol Pedro Almodóvar viu seu filme “Fale com Ela” ser ignorado pela comissão espanhola na escolha para o Oscar de filme estrangeiro. À época, isso gerou muita controvérsia no país. Almodóvar foi boicotado porque diversos filmes seus já haviam sido escolhidos anteriormente. A comissão espanhola estava preocupada com a imagem da produção cinematográfica do país, que estava ficando muito associada com a linguagem e estética peculiar das obras de Almodóvar. Por isso, selecionaram outro filme. O tiro saiu pela culatra. O filme escolhido pela comissão espanhola foi completamente ignorado pelo Oscar. Já “Fale Com Ela” foi indicado aos prêmios de melhor direção e melhor roteiro original. No fim, a resposta veio à altura: “Fale com Ela” levou para casa o Oscar de roteiro. A história pode se repetir agora? É difícil, mas pode. Sites especializados norte-americanos apontam que o boicote a Aquarius aumentou o interesse pelo filme e Sônia Braga já começa a ser

Antes que seja tarde: Aquarius conta a história de Clara, uma mulher de classe média que se recusa a vender seu apartamento onde morou desde jovem e criou os três filhos em frente à praia de Boa Viagem, no Recife. Última moradora a residir no prédio, ela luta contra o avanço de uma imobiliária, que pretende demolir o edifício e, por tabela, todas as memórias de Clara. Tudo para construir um prédio mais moderno. Aquarius é um filme de resistência, sobre uma mulher que dá valor a cada espaço e objeto que a formaram como ser humano. Ela se recusa a deixar suas memórias vivas irem embora por conta da ganância de empresários. Com essa trama principal, o filme ainda encontra espaço para falar sobre velhice e sobre a mulher. A conotação política até está lá, mas isso ganhou mais importância fora das telas do que dentro. Em tempo: seria engano achar que contar o enredo do filme apenas no final do texto significa privilegiar a polêmica em detrimento da história. Aquarius é grande justamente por isso. Seu poder como arte transcende a tela. Linha direta em revista

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Artigo

Por João Guilherme Vargas Netto

Sintetel forte

N

a lógica há um encadeamento de raciocínios que se chama sorites e funciona mais ou menos assim: uma grande categoria de trabalhadores exige um sindicato grande; um grande sindicato pressupõe uma grande diretoria; esta, por sua vez, é condição para uma liderança forte, reconhecida e respeitada. O Sintetel, que realizou a eleição de sua nova diretoria cumpre todas as etapas deste sorites. Com sua base estadual de 280 mil trabalhadores englobando telefônicos, prestadores de serviços e teleatendimento, a categoria é grande e desempenha na economia atual um papel estratégico. Depois da privatização (contra qual o sindicato lutou até onde foi possível) a escolha de uma representação ampla dos trabalhadores exigida pelos novos processos de telefonia fez do Sintetel um dos maiores sindicatos de telefônicos do mundo e um dos poucos que, ao invés de definhar, cresceu consumada a privatização. Apesar da enorme rotativida32

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A liderança que emerge deste processo orgânico e unitário é forte e se afirma em cada episódio da vida do sindicato".

de dos empregos, da oligopolização das empresas e relativa confusão das direções sindicais empresariais, as sucessivas diretorias do Sintetel vêm se afirmando como um conjunto permanente de representantes dos trabalhadores que realiza, provavelmente, o maior número de assembleias sindicais nos locais de trabalho e isto de forma permanente, porque suas datas-bases escalonam-se em todos os meses durante o ano. Foram eleitos e reeleitos 104 diretores sob a presidência de Almir Munhoz. A liderança que emerge deste processo orgânico e unitário é forte e se afirma em cada episódio da vida do sindicato. A eleição, com chapa única ampliada, renovada e representativa foi ocasião para aumentar a representatividade e a mobilização, confirmar a unidade na luta e referendar a história recente de resistência e avanços dos trabalhadores em telefonia no estado de São Paulo. João Guilherme Vargas Netto é assessor sindical


Passatempo Fatos poucos conhecidos sobre o Brasil

CAÇA-PALAVRAS

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A Ilha de Marajó, no Pará, é maior do que a Suíça. O Pantanal é a maior planície alagável do mundo. A primeira sinagoga das Américas foi construída na cidade de Recife. A primeira escola de medicina do Brasil foi fundada em Salvador. O primeiro desfile de carnaval no Brasil ocorreu por volta de 1 855. Quem nasce em Salvador é soteropolitano. Sotero significa Salvador, em grego. A Pedra da Gávea, na cidade do Rio de Janeiro, é o maior bloco de pedra à beira-mar do mundo. São Paulo é a sexta cidade mais populosa e quarta maior aglomeração urbana do planeta. Teresina é a única capital do Nordeste situada no interior. É também a única capital brasileira na divisa de outro estado. Natal, capital do Rio Grande do Norte, foi batizada com esse nome por ter sido fundada em 25 de dezembro.

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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

A boneca Emília Sem risco de errar, Emília é a boneca mais famosa do Brasil. Criada por Monteiro Lobato, ela é um dos personagens mais queridos e importantes da literatura brasileira. Aqui algumas das suas principais características: • EMÍLIA nasceu em 1920, criada por MONTEIRO Lobato, no livro “A Menina do Narizinho Arrebitado”. • É uma BONECA feita de PANO e recheada de MACELA, que é uma PLANTA muito usada para confeccionar travesseiros. Tem 40 centímetros de altura, pesa 5 quilos e não tem CORAÇÃO. • O time de FUTEBOL pelo qual a Emília torce é o PALMEIRAS. • “Que gosto HORRÍVEL de SAPO na BOCA”, foi a primeira frase dita por ela. • Emília trabalhou como REPÓRTER do jornal “O Grito do Pica-pau AMARELO”, que nunca foi publicado. • Algumas de suas preferências: Planeta: SATURNO Pássaro: Pombinha BRANCA Árvore: PITANGUEIRA Palavras: Meu e MINHA • Emília ficou em PERIGO de perder a VIDA quando quase se sufocou com uma JACA e quando caiu no ribeirão durante uma PESCARIA, mas só ficou doente uma vez: teve uma ANEMIA macelar no pernil barrigoide esquerdo. C N E M O E B L E M I L I A

L O G I R E P C N E N N E L

C N M I H M F A C N A R B N

O R S A C A J Y A T N A L P

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O L E R C A E R B I R I G C

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F Y M T S N I P T M Ç R F O

H E A R T D R E U T Ã T T N

L N T L E H R R F G O Y A E

L H I S A P O G M T A T N C

A T Y C H H H F M A C E L A 33

Solução E M I L I A A N C A J M O N T E I R O

A T N A L P

O N R U T G I R E P

A C N A R B

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E M I A I A S R M A A A R C R I S A E E E H L M P N O L I A M P

Eram faladas mais de 1 000 línguas no Brasil da época do descobrimento. Destas, apenas 180 sobreviveram.

P I T A N G U E I R A A

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P A C O B N L O R E T L O

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S A P E V I R R O H R O P E R B E T U F M A R A Ç Ã O C E L C A B O N E

Os primeiros negros escravos foram trazidos para o Brasil no ano de 1 538. Até a Lei Áurea, entraram no país algo em torno de 15 milhões de escravos. Fonte: www.maisquecuriosidades.com.br

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Artigo

Por Odete Amélia da Conceição*

Telefonista, socorro!

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oi no decorrer de 1980, certo dia, já bem tarde da noite, quando atendi um usuário que jamais esqueci; ele estava nervoso e falava ofegante:

A Telefonista Monitor veio auxiliar-me e, diante da situação, anotou o número e chamou a polícia que logo se dirigiu para lá".

- Telefonista, socorro! Você precisa me ajudar, minha família viajou, estou só aqui, trancado no quarto, e estou ouvindo muito barulho na cozinha, são ladrões! Tentei acalmá-lo, mas antes que pudesse dizer algo ele continuou: - Telefonista, são ladrões! Não posso falar alto, eles podem ouvir e virão aqui me pegar, chame a polícia rápido! Pelo amor de Deus! A Telefonista Monitor veio auxiliar-me e, diante da situação, anotou o número e chamou a polícia que logo se dirigiu para lá. Mais tarde o mesmo assinante ligou e nos contou o final da história:

Placa em homenagem ao 2º lugar conquistado no concurso

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- Telefonista, obrigado! Você me ajudou muito! Quando a polícia chegou me senti mais calmo, e quando disseram que eu poderia

Reprodução do artigo publicado no "Entrelinhas" em 1991

sair do quarto, fiquei mais feliz ainda, porque eles me disseram que os ladrões nada mais eram que os azulejos da cozinha que estavam caindo.

* Odete Amélia da Conceição trabalhou na Telesp durante 25 anos. Foi admitida em 1975 e se aposentou em 1996. Sempre trabalhou no prédio da Rua Sete de Abril. Sua crônica ficou em segundo lugar no concurso de crônicas da revista Entrelinhas, em agosto de 1991.


i n s t i t u c i o n a l

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Novidade: site do Sintetel ganha versão para celular

anter o trabalhador bem informado é a nossa maior preocupação. Por isso, tem novidade no ar: a partir de agora, contamos com uma versão do nosso site exclusiva para celulares. O desenho dessa versão para telefones móveis foi toda pensada para facilitar a navegação. Por isso, existem diferenças importantes em relação ao site que você acessa pelo seu computador. As seções e o conteúdo são os mesmos, mas a forma como são apresentados é completamente diferente. Sabemos que é muito chato navegar pelo celular em páginas que não cabem na tela e com informações bagunçadas. E graças ao interesse do trabalhador pelas nossas notícias, não poderíamos esperar mais para melhorar nossa versão para celulares: atualmente contamos com 15 mil acessos mensais exclusivos pelos smartphones. Além disso, nossa pesquisa mostrou que 77,7% dos trabalhadores da nossa categoria se informam pelo celular.

versão mais simples e fácil de encontrar o conteúdo desejado. A nossa página principal lista as notícias mais recentes de forma bastante limpa e organizada e destaca o caminho necessário para procurar informações em nosso acervo. Tudo o que você mais gosta está lá: notícias, vídeos e um menu com nossas colônias de férias, clube de campo, atendimento jurídico, entre outros serviços. Navegar pelo nosso site no celular ficou muito mais fácil. Esse é nosso compromisso: trabalhar para melhorar sempre o serviço que prestamos a toda a categoria. Um site totalmente pensado para o celular é mais uma novidade que a equipe de comunicação do Sindicato desenvolveu pensando no trabalhador.

Então, nada mais justo do que criar uma

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NOVA OPÇÃO DE LAZER: Sintetel disponibiliza Clube de Campo para os trabalhadores

Venha conhecer e aproveitar toda a estrutura de mais um benefício que o Sindicato oferece para a categoria. O Clube de Campo do Sintetel tem uma ampla área de lazer para toda a família! O Clube está localizado na cidade de Campinas e pode ser usados por todos os trabalhadores da categoria de telecomunicações. Os preços são baixíssimos e incluem toda a família! Mais informações ligue para a Regional de Campinas (19) 3236-1080 36

Linha direta em revista

CLUBE DE CAMPO SINTETEL Telefone do Clube (19) 3269-8222 Próximo à Rua Antônio Afonso de Lima s/n – Bairro Saltinho


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