O Saquá 198 Especial

Page 1

Manoel Gomes, o administrador da Santa Luiza  PÁGINA 3

Ano XVI • nº 198 • 1 a 31 de maio de 2016 • Saquarema • Rio de Janeiro

www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

A Usina Santa Luiza mudou definitivamente a história de Saquarema ARQUIVO HERIVELTO B. PINHEIRO

A usina em Sampaio Corrêa trouxe progresso para toda região até a década de 70, hoje é a lembrança viva pelas duas torres que permanecem de pé no local

I

nstalada em Sampaio Corrêa na década de 30, a maior usina de cana-de-açúcar da região chegou a ser a segunda mais produtiva do Estado do Rio de Janeiro e transformou significativamente a realidade do município de Saquarema e dos municípios adjacentes. A historia da Usina Santa Luiza marca o seu auge no início dos anos 70, quando chegou a promover uma festa com duração de 2 dias, com a participação das escolas de samEDIMILSON SOARES

ba Imperatriz Leopoldinense, Salgueiro e Mangueira. Atualmente, Sampaio Corrêa ainda expõe as duas torres da usina, lembrança viva daquela época em que o 3° Distrito foi a mola propulsora da economia do município. Essa magnífica história também permanece viva na memória daqueles que mantiveram elos com a usina, pessoas que tiveram a vida para sempre marcada por esses fatos e relatam as passagens interessantes daquela época. Páginas 8 e 9

Sonia Gouveia relembra os áureos tempos da usina

mansão do ex-prefeito Antonio Peres, em Itaúna, foi cercada pela polícia no dia 5 de maio, em cumprimento a um mandato judicial de busca e apreensão, decorrente da CPI da Doação de Terrenos efetuada pela Câmara Municipal. A chamada operação “Afilhados da Sorte” alcançou 8 denunciados em Saquarema, Araruama e Niterói. Pela manhã, o vereador Chico Peres, irmão de Peres, permaneceu na 124ª Delegacia atendendo as testemunhas. Página 4

Inaugurada em 1913, a Estação Mato Grosso se chamou Maranguá e depois Sampaio Corrêa

EDIMILSON SOARES

Páginas 12 e 13 ACERVO CLAUDIO MARINHO FALCÃO

Sonia vivenciou a ascensão e queda da usina ao lado do marido

A Estrada A de Ferro Maricá ARQUIVO PESSOAL

S

onia Gouveia foi casada com Durvalzinho, filho do senador Durval Cruz. Ela viveu os áureos tempos da Usina Santa Luiza e relembra a ascensão e a queda inimaginável do maior império da região, que encerrou abruptamente suas atividades em 1973. Apaixonada por Saquarema desde o primeiro dia, hoje a bela senhora vive em sua casa em Itaúna, é devota de Nossa Senhora de Nazareth e relembra saudosa a trajetória da usina e da família que esteve à frente da indústria da cana-de-açúcar, atividade que alavancou o progresso no município e mudou definitivamente a história de Saquarema. Página 11

Peres no foco da polícia

Peres no olho do furacão


2 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

Maio/2016

O SAQUÁ A trajetória vitoriosa de um vigoroso Totonho

Dulce Tupy

Silênio Vignoli

P

orque fazer uma edição histórica? Nos últimos 3 anos, a Tupy Comunicações produziu edições históricas no aniversário do município, Dia 8 de Maio, quando se comemora a emancipação político-administrativa de Saquarema. Agora, em maio de 2016, nos 175 anos de Saquarema, estamos entregando nossa quarta edição especial histórica do jornal O Saquá. Produzida por uma pequena equipe, empenhada em fazer o melhor possível, esta edição encantadora serve a todos, mas principalmente às escolas para ser utilizada no ensino fundamental. Alunos e professores já se acostumaram a ler o jornal O Saquá, com histórias e novidades sobre a vida, o passado e o presente de Saquarema. Por ser um município pequeno, onde faltam livros e a pequena Biblioteca José Bandeira funciona parcialmente, a pesquisa escolar se resume praticamente à internet. Os poucos livros de referência histórica publicados no município, tiveram edições reduzidas e poucos leitores tiveram acesso aos originais, ficando os demais limitados às cópias que circulam de mão em mão. Assim, o jornal O Saquá investe uma vez por ano na divulgação da história do município, abrindo espaço para uma reflexão construtiva sobre o nosso passado, presente e futuro. Este ano, a pesquisa enfocou o terceiro distrito, Sampaio Corrêa, mas ultrapassou nossas expectativas e verificamos que, mesmo numa edição de 16 páginas, maior do que as habituais 12 páginas que publicamos mensalmente, não coube tudo que gostaríamos de publicar. A edição ficou pequena! Fizemos entrevistas maravi-

lhosas com várias personalidades que não entraram nesta edição, mas que estarão nas nossas páginas na próxima edição, na segunda quinzena de maio, ainda dentro do mês do aniversário do município. Portanto, aguardem; muita informação relevante e matérias boas serão publicadas, junto com a cobertura do Aniversário dos 175 anos de Saquarema, uma data por si só merecedora do nosso trabalho. Junto com a cobertura dos eventos, as inaugurações, a sessão solene da Câmara, o desfile cívico-escolar, vamos publicar as entrevistas já feitas e que não pudemos publicar agora. Agradecemos aos nossos patrocinadores, parceiros e anunciantes, que nos acompanham nesta aventura histórica, em busca das raízes de Saquarema, esta linda terra onde vivemos. Sem eles, esta edição não existiria, porque são eles que possibilitam os custos de impressão do jornal, assim como nossos profissionais, especialmente a jornalista Alessandra Calazans, o fotógrafo Agnelo Quintela e o diagramador Ronan Vasconcelos. Temos que agradecer também, ao repórter fotográfico Edimilson Soares, ao editor adjunto Silênio Vignoli e à designer Lia Caldas que juntos dão estilo ao nosso coletivo. Finalmente, agradecer aos nossos colaboradores Gilson Gomes e Paulo Lulo, sempre atentos aos fatos do presente e do passado da cidade. O jornalismo é uma atividade que tem compromisso não só com a informação, mas também com a formação dos leitores, tendo como foco a transformação dos indivíduos e da sociedade.

A história é a base onde se sustenta o nosso futuro

O SAQUÁ

O jornal de Saquarema

www.osaqua.com.br jornal@osaqua.com.br

twitter.com/osaqua facebook.com/osaqua

ACERVO DA FAMÍLIA

Uma edição histórica para alicerçar o rumo do futuro

N

Totonho e Clélia, um casamento de 50 anos e 3 filhos: Paulo César, Sônia e Sandra

ascido em Saquarema, no dia 27 de maio de 1931, Antônio Pereira de Mello, mais conhecido como Totonho desde a infância, começou a trabalhar na Usina Santa Luiza, em Sampaio Corrêa, no início da década de 60, como escriturário “pagador”. Logo em seguida, em 1963, casou-se com Clélia Azeredo, de tradicional família conhecida pelo apelido de “Pindóba” (nome de um tipo de coqueiro que – como bambu – enverga, mas não quebra) com quem teve 3 filhos: Paulo César, Sônia e Sandra. Em 1967, Totonho encerrou suas atividades na Usina para abrir seu próprio negócio, a loja Santos Mello Materiais de Construção, onde trabalhou por praticamente 50 anos, 30 deles ao lado de seu filho mais velho, Paulo César Azeredo de Mello. Totonho foi um dos comerciantes pioneiros em seu ramo no município, trabalhando de domingo a domingo por muitos anos, construindo seu patrimônio com bastante esforço, trabalho, honestidade e seriedade, ao lado de sua família, sentindo-se muito compensado pelo orgulho de ter formado suas filhas Sônia em fonoaudiologia e Sandra em odontologia. Ao aposentar-se, Totonho transferiu para

Editora: Dulce Tupy – dulcetupy@osaqua.com.br Editor adjunto: Silênio Vignoli Diretor comercial: Edimilson Soares Diretora de Arte: Lia Caldas Colaboradores autônomos: Alessandra Calazans (redação e revisão), Paulo Lulo e Pedro Stabile (fotografia), Ronan Conde (diagramação)

Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro:18940/87/62)

seu filho Paulo César a administração do patrimônio imobiliário da família. Com notório vigor e uma saúde invejável Totonho tem um destino longevo, carimbado por dois jubileus: 50 anos de trabalho e 50 de casado com Clélia. Prestes a comemorar 85 anos, no próximo 27 de maio, Totonho é avô de 4 netos (Virgínia, Vitória, Neston e Gabriel) e vive a expectativa de ser promovido a bisavô ainda este ano. Religiosamente, toda manhã de domingo é dedicada por Totonho a sua fé católica, frequentador assíduo da missa das 9, na igreja de Bacaxá, cujo padroeiro é seu xará, Santo Antônio. Essa longa e admirável trajetória Totonho percorreu em passadas sempre cadenciadas, ao melhor estilo de um ser humano cordato, prudente, sensato, simples, solidário, sério, honesto, bem humorado e empreendedor, com uma disposição de trabalho energizada e contagiante, fruto de uma personalidade que começou a ser lapidada já no trabalho inicial, desenvolvido em Sampaio Corrêa, entre os limites daquele amplo território da Usina Santa Luiza, reconhecida como um celeiro de tantos profissionais bem sucedidos que cresceram na história de Saquarema.

Gráfica: Editora Esquema Tiragem: 4.000 exemplares Circulação: Saquarema, Araruama, Silva Jardim e demais municípios da Região dos Lagos As matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião do jornal.

COMUNICAÇÕES

www.tupycomunica.com

CNPJ: 04.272.558/0001-87 Insc. Munic.: 0883

Av. Ministro Salgado Filho, 6661 Barra Nova – Saquarema – RJ Tel.: (22) 2651-7441 (22) 9 9913 7441 (Vivo) Fax.: (22) 2651-8337


Maio/2016

O SAQUÁ

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA –

3

Manoel Gomes, da Usina ao Lions

E

ncontrar o empresário Manoel Gomes e sua esposa Margarida Catarino em sua casa em Bacaxá é um honra muito grande. Ambos com mais de 90 anos, com problemas de saúde que sempre ocorrem nas pessoas que atingem essa idade, os dois vivem tranquilos na casa da Rua Francisco Fonseca, principal via de Bacaxá, onde recebem a visita constante de filhos e netos. São um casal feliz, amoroso, divertido. Talvez este seja o segredo desta longevidade. De origem rural, demonstram uma pura alegria de viver. Um exemplo de vida para todos que os conhecem, com suas histórias, conquistas e simplicidade. Manoel Gomes saiu da Bahia quando era pouco mais que um adolescente, para tentar a vida na grande cidade. Morou em São Paulo e Rio de Janeiro, antes de vir para Saquarema, onde se empregou numa fazenda do complexo da Usina Santa Luíza, do senador Durval Cruz, em Sampaio Corrêa, no dia 16

Manoel Gomes com o diploma do Lions Clube

de agosto de 1943, com menos de 20 anos de idade. “Fui recebido pelo Tenente, apelido do administrador da fazenda, que me apresentou a usina onde comecei a trabalhar com apontador”, lembra Seu Manoel, com sua memória prodigiosa. A partir daí, o jovem Manoel passou então por todas as fazendas do senador Durval Cruz, desde a São Lourenço, hoje propriedade do cantor Ney Matogrosso, até tornar-se apontador no escritório da usina. Mais tarde, foi balanceiro, balconista e caixeiro de armazém, entre outras funções que exerceu nas fazendas da família Cruz, até chegar a gerente da Fazenda Nazareth, hoje a Quarto de Milha, sempre dando conta do recado “com honestidade e sobretudo amor à profissão”, confessa ele.

Fazendas de cana

Há uma controvérsia quanto ao número de fazendas que o Dr. Durval possuía; uns dizem que eram 17, mas Manoel afirma que foram 13, sendo 3 fora de Saquarema, situada nos municípios vizinhos de Maricá, Rio Bonito e Araruama. Em Maricá, a fazenda Bom Jardim, em Rio Bonito, a Marimbondo e, em Araruama, a Prodígio. As demais fazendas no município de Saquarema eram: São Lourenço, Mato Grosso, Sacada, Ubá, Boa Vista, Nazareth, Tinguí, Jundiá, Manitiba e Conceição. “Só tinha plantação de cana e tinha os fornecedores de cana, que eu fiscalizava também, porque a usina emprestava dinheiro aos particulares; eles plantavam cana e cortavam a lenha porque não existia eletricidade e a usina era tocada à lenha; o motor era a diesel, enorme, uma coisa monstruosa, do tamanho desta casa”, conta Manoel abrindo os braços... “Era uma família muito poderosa

FOTOS: EDIMILSON SOARES

economicamente, financeiramente ”, recorda Manoel destacando entre os bens da família Cruz uma refinaria no Rio de Janeiro, na Rua do Matoso, e uma estância no Estado de Sergipe.

Namoro no trem

Na usina, Manoel trabalhou 25 anos. Foi trabalhando nas fazendas que conheceu e se casou, há 65 anos, com a bela Margarida, filha caçula do poderoso coronel Catarino. “Eu conheci Margarida acidentalmente. Eu cheguei em Sampaio Corrêa em plena ditadura; mas na primeira eleição para presidente, eu estava vendo o pessoal votar, olhei na direção de onde vinha o trem e vi uma moça de cabelos cacheados, cabelos bonitos, ao lado de um homem. Não sei porque, estremeci todo por dentro. Falei comigo mesmo: uma moça tão bonita com um sujeito tão mal arrumado! Era o irmão dela, que levava ela para votar”, conta Manoel ainda emocionado com este primeiro encontro. Um dia, o trem estava na Parada Nazareth e ele viu novamente a moça. Segundo um colega de trabalho, ela era professora e vinha aplicar provas para as crianças. Outro dia, 12 de junho, Manoel viu a moça de novo, no trem, provavelmente indo à festa de Santo Antônio, em Bacaxá. Até que um uma ladainha, na casa de Ioiô, Manoel encontrou a moça. Depois da ladainha tinha o baile. Manoel tomou coragem e tirou a moça para dançar. Usava bigodinho, perfume cheiroso e cabelo brilhante. “Fiquei encantado. Nos domingos, pegava um cavalo emprestado, passava pela casa dela e ela estava na janela. Namoramos um ano; depois casamos. O casamento foi em 7 de abril de 1951, há 65 anos”, conta ele. Sen-

Margarida Catarino e Manoel Gomes, 65 anos de casamento com alegria, amor e simplicidade tada em uma poltrona, na sala, Margarida confirma. Deste amor profundo, o casal gerou 2 filhos, Ney Robson e Cil Farney, e 3 netos: Renan, Rodrigo e Junior. E Margarida aponta a galeria de fotos, com os filhos, netos e agora também bisnetos. “Meus irmãos e irmãs já não tenho mais; eu era a caçula de 12 filhos, 6 homens e 6 mulheres”, fala Margarida. “Meu pai era coronel de patente, João Catarino de Souza. Meu pai dizia que foi criado em Bacaxá; tinha muitos amigos, governador, presidente da República, era um homem muito querido. O meu irmão mais velho Belino Catarino de Souza foi prefeito; lá na prefeitura tem o retrato dele”, explica, antes de oferecer um cafezinho.

Quando Manoel saiu da usina, já era agricultor, no Morro dos Pregos, nas terras herdadas dos Catarino. Mais tarde viria a ser conhecido como o “Rei do Limão”, tornando Saquarema o maior produtor de limão do país. Mas aí já é outra história que fica para outro momento, pois é chegada a hora de irmos embora, para deixar o casal receber outra visita. Antes, porém, Manoel fala do Lions, o Clube que ajudou a fundar em 1971 e que hoje tem um espaço com o seu nome: Centro Social Comunitário Manoel Gomes de Sá, na Rua Pereira. E faz questão de mostrar o diploma que recebeu das mãos do presidente do Lions Clube, Ronaldo Figueiredo, em 18 de novembro de 2015.


4 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

O SAQUÁ

Polícia na casa de Peres busca provas da doação de terrenos

A

Dulce Tupy

operação policial “Afilhados da Sorte” foi desencadeada no dia 5 de maio, na casa do ex-prefeito Antonio Peres, entre outros 7 investigados. Policiais da 124ª Delegacia, Saquarema, cumpriram o mandato de busca e apreensão decorrente da CPI da Doação de Terrenos, encaminhada pela Câmara Municipal ao Ministério Público e à Delegacia. A decisão do juiz da 2ª Vara (Criminal) da Comarca de Saquarema, Dr. Ricardo Pinheiro Machado, que autorizou o mandato de busca e apreensão, caiu como uma bomba na cidade, gerando uma série de boatos. Na porta da 124ª Delegacia, um advogado e uma vizinha descrentes diziam: “aqui sempre teve doação de terrenos, todo mundo sabe! Será que desta vez eles serão punidos?” Por volta das 6 horas da manhã, viaturas da polícia civil cercaram a mansão do ex-prefeito em Itaúna, mas ações policiais também foram feitas em Araruama e Niterói. Nesta primeira fase da operação “Afilhados da Sorte”, os agentes cumpriram 8 mandatos, para dar continuidade às

investigações sobre a fraude da doação de terrenos promovida por Peres, entre 2001 e 2008, em seus 2 mandatos como prefeito. Na casa de Peres foram encontrados termos de doação dos terrenos, que deveriam estar com a prefeitura ou com os próprios beneficiários. Segundo as investigações, o ex-prefeito desapropriava terrenos e doava em troca de votos para parentes, amigos e pessoas de sua confiança, que construíam casas que valorizavam os terrenos e depois os vendiam. A polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão na Prefeitura de Saquarema. Algumas testemunhas foram conduzidas coercitivamente à delegacia, para prestar depoimentos. Durante toda a manhã foi um entra e sai na delegacia, enquanto o vereador Chico Peres, irmão do ex-prefeito, e seu sócio e advogado Claudius Valerius permaneciam no recinto, atendendo as testemunhas e falando com o delegado. Muitas pessoas, por curiosidade, passavam na porta da delegacia, a pé ou de carro. O próprio ex-prefeito Peres passou no seu “carrão” com motorista e ironizou em voz alta o trabalho da imprensa, que se concentrava na calçada dizendo: “o circo está armado”! Só se ele mesmo for o palhaço... EDIMILSON SOARES

O vereador Chico Peres, seguido de perto pelo advogado Claudius Valerius, deixando rapidamente a delegacia onde as testemunhas foram depor

Maio/2016


Maio/2016

O SAQUÁ

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA –

5


6 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

O SAQUÁ

Maio/2016


Maio/2016

Jornal O SAQUÁ na internet: www.osaqua.com.br

O SAQUÁ

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA –

7


8 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

O SAQUÁ

Maio/2016

Santa Luiza: a usina de Sa verdadeiro motor para Saq

A

pequena estação de trem Sampaio Corrêa, da antiga Estrada de Ferro Maricá (EFM), não existe mais e o campo hoje ocupado por extensas plantações de grama, entre outras culturas, além dos populosos bairros da Basiléia e Nova Califórnia, não refletem a pujança da antiga Usina Santa Luiza, que ocupava cerca de 17 fazendas, no Terceiro Distrito. Criada em 1936, no governo Getúlio Vargas, a S/A Agrícola Santa Luiza chegou a produzir e exportar 1 milhão de sacas de 60 kg de açúcar em seus tempos áureos, perdendo em produção apenas para uma usina em Campos de Goytacazes, maior produtor do Estado do Rio de Janeiro. Fechada em 1973, a Santa Luiza é lembrada atualmente pelas ruínas de suas duas torres e outras edificações que ainda restam do seu tempo de glória, quando Sampaio Corrêa era a mola propulsora do desenvolvimento do município de Saquarema, que chegou a empregar cerca de 4 mil trabalhadores, em Sampaio Corrêa, movimentando toda a economia da região. Segundo um antigo funcionário, que trabalhava no escritório da usina e posteriormente se tornou vereador e vice-prefeito de Saquarema, a Usina Santa Luiza foi durante 4 décadas o maior sustentáculo financeiro do município, em recolhimento de impostos. Segundo Gervásio Oliveira, que até hoje mora na Serra do Matogrosso, em Sampaio Corrêa, a usina fabricava açúcar, álcool e melaço. Foi fundada pelo médico e senador alagoano Dr. Durval Rodrigues da Cruz, que adquiriu as fazendas do também senador Sampaio Corrêa. Santa Luiza tinha seu escritório central na rua 1° de Março, 16, no centro do Rio; mais tarde, a usina tornou-se cooperada, através da Cooperçucar,

em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. “Em 1972, a supersafra da usina foi comemorada com um show de escolas de samba do 1° grupo que veio do Rio: a Imperatriz Leopoldinense, o Salgueiro e a Mangueira”, conta Gervásio, hoje o funcionário mais antigo da Prefeitura Municipal. Ele também se recorda, mas sem muita certeza, que a Imperatriz chegou a fazer um enredo falando da usina, inclusive do time de futebol da fábrica que era o Santa Luiza Futebol Clube. “O Santa Luiza foi uma agremiação que realizou grandes acontecimentos e fez história no futebol de Saquarema, revelando jogadores para o cenário nacional e até internacional, conquistando vários títulos. Em 1958, a equipe do Santa Luiza realizou um jogo treino com a seleção brasileira campeã do mundo”, afirma o ex-funcionário da usina que começou trabalhando em pequenas funções e acabou sendo um dos mais importantes técnicos da área administrativa da Santa Luiza, na área de recursos humanos. Gervásio conta que, além do bom gramado do clube, a usina também possuía quadra de basquete, um cinema e uma casa de show, onde se realizavam bailes e se apresentavam artistas consagrados que vinham do Rio. Cerca de 30% das terra de Saquarema pertenciam à Usina Santa Luiza que abastecia os supermercados com açúcar cristal, bem como as refinarias do Rio. A usina possuía também uma frota de 55 tratores para transportar as carretas com cana, matéria-prima do açúcar fabricado, e tinha um gerador de energia próprio, para a produção, mas que servia ainda aos moradores que residiam próximo da fábrica. Depois do falecimento do senador Durval Cruz, a usina foi administrada pelo seu filho mais velho, Carlos Durval Cruz. Casado com a neta do famoso industrial nordestino Delmiro Gouveia, pioneiro da indústria

ARQUIVO HERIVELTO B. PINHEIRO

A Usina Santa Luiza foi uma das maiores do Rio de Janeiro, perdendo apenas para uma do município de Campos dos Goytacazes

Nos tempos áureos, a Usina chegou a promover festas com as escolas de samba que vinham do Rio: Imperatriz Leopoldinense, Salgueiro e Mangueira. Para comemorar a grande safra, realizou-se uma festa de dois dias de duração, com muito churrasco e cerveja


Maio/2016

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA –

O SAQUÁ

9

ampaio Corrêa que foi um quarema dos anos 30 a 70 EDIMILSON SOARES

O que restou da Usina são duas torres e algumas edificações no meio do pasto

Senador Durval Cruz, o criador da usina

U cionais famílias saquaremenses têm uma história para contar sobre a usina. Pessoas notáveis do município começaram a construir suas carreiras, hoje bem-sucedidas, nos campos de Sampaio Corrêa; políticos se projetaram, tendo como cenário a usina de açúcar. Basta lembrar o ex-prefeito Jurandir Melo, eleito três vezes prefeito, três vezes vice-prefeito e até hoje na ativa, como presidente do IBASS (Instituto de Benefícios e Assistência Social de Saquarema). Também o ex-prefeito Dalton Borges, que tem hoje um sobrinho vereador: Rodrigo Borges. Recentemente faleceu Hélio Mattos, o ex-prefeito oriundo do Terceiro Distrito, que sendo do antigo PTB amargou as perseguições do regime militar, mas sempre se manteve altivo. Também fazem parte desta tradição política local os ex-vereadores Zostinha, Gildo Leonel e outros, todos filhos de Sampaio Corrêa, ou agregados ao distrito que hoje vive uma transformação social, como sede do Polo Industrial, que aponta um novo futuro para o local.

ARQUIVO SONIA GOUVEIA

Senador Durval Cruz

EDIMILSON SOARES

de algodão em Pernambuco, Durvalzinho, como era conhecido, teve 4 filhos com a bela Sônia Gouveia, que até hoje mora um pouco no Rio e um pouco em Saquarema. “Durval sempre trabalhou muito”, fala Sônia. “Dona Carmen (mãe de Durvalzinho) e o senador (Durval Cruz) foram pessoas maravilhosas. Vieram para Sampaio Corrêa há muitos anos e fundaram a usina. Dona Carmen era uma senhora muito caridosa, fazia doce de banana para vender e ajudar os pobres; ajudava as obras da igreja e é venerada até hoje pelos moradores. O senador era um homem finíssimo, cuja família é praticamente dona de Sergipe. O ex-senador Albano Franco é sobrinho dele; foi criado no mesmo quarto que Durval no Rio”, revela a elegante Sônia, que trocou o conforto e a badalação dos anos dourados da Zona Sul carioca pela tranquilidade de Saquarema, onde criou seus filhos. Cenário de muitas histórias, a Usina Santa Luiza, acabou nos anos 70, mas a sua lenda nunca se acabou. A maioria das tradi-

O ex-vereador e ex-vice-prefeito Gervásio

m senador sergipano, proprietário de terras, industrial, usineiro e médico viveu no Rio de Janeiro mas encontrou em Sampaio Corrêa, Saquarema, o motivo de viver seus últimos anos, ao lado da esposa, Dona Carmen e seus dois filhos. Dono de 17 fazendas e da Usina Santa Luiza, Durval Cruz deixou um legado para a família, cujos membros vivem até hoje no município, que chegou a ser o maior produtor de açúcar do estado, perdendo apenas para Campos. Durval Rodrigues da Cruz nasceu na cidade de Capela, no Estado de Sergipe, no dia 6 de julho de 1902. Filho de Clara e Tomás Rodrigues da Cruz, diplomou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1924. Eleito senador em 1945, participou da Assembléia Nacional Constituinte, em 1946, após a destituição do presidente Getúlio Vargas. Membro da coligação UDN (União Democrática Nacional) e PR (Partido Republicano), assinou a promulgação da nova Carta, em 18 de setembro de 46, tendo exercido o mandato de senador até janeiro de 1955. Sócio da firma Cruz Irmão & Cia e da Fábrica de Tecidos Sergipe Industrial, fundou nos anos 30 a Companhia Usinas de Sergipe com sede no Rio de Janeiro. A autorização para funcionar foi em 24 de junho de 1931, através de um decreto assinado pelo próprio presidente Getúlio Vargas e pelo ministro Lindolpho Collor, pai do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Melo. Posteriormente, Durval Cruz criou a S/A Agrícola Santa Luiza, uma usina de cana de açúcar, em Saquarema. Ocupando uma cadeira de senador no luxuoso Palácio Monroe, no centro do Rio, onde funcionava o antigo senado, na capital federal do país, Rio de Janeiro, o senador Durval Cruz foi membro da Comissão de Finanças e da Comissão Especial de Inquérito para a Indústria Têxtil, tendo atuado na lei de distribuição de renda igual para os municípios e em aspectos da regulação da lei fiscal dos Estados. Casado com Dona Carmen, teve dois filhos. Morando no Rio com a família, frequentava assiduamente Saquarema, em especial o distrito de Sampaio Corrêa, onde funcionava a Usina Santa Luiza. Uma usina tão próspera que chegou a ter uma pequena linha de trem própria, vinculada à Estrada de Ferro Maricá, para escoar a produção. O senador foi também um homem de cultura, bem informado e que gostava muito de ler. Faleceu no dia 12 de julho de 1971, quando a usina já começava a apresentar problemas. Para seu sucessor na administração das fazendas, o senador escolheu seu filho mais velho Carlos Durval Cruz, casado com Sonia Gouveia, neta do industrial alagoano Delmiro Gouveia. A lembrança do senador Durval Cruz ficou inscrita em uma sala no Horto Florestal, ao lado da sede da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Pesca, na Rodovia Amaral Peixoto. A sala construída com apoio da Emater-Rio hoje se encontra em ruínas. Porém, segundo o atual secretário Jorge Soares, um dos projetos prioritários de sua gestão é reconstruir a Sala Durval Cruz, para abrigar cursos e palestras. Recentemente, a Casa de Cultura Walmir Ayala promoveu um evento de resgate da memória de Saquarema, quando homenageou figuras notáveis da cidade, entre elas o senador Durval Cruz.


10 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

Maio/2016

O SAQUÁ

Senador Sampaio Corrêa, o engenheiro que deu nome ao terceiro distrito de Saquarema

S

ampaio Corrêa nasceu em Niterói, em 1875, mas fez seus primeiros estudos em Campos-RJ, e o ginásio em Barbacena-MG. Radicado na antiga capital federal, Rio de Janeiro, diplomou-se como engenheiro civil, na Escola Politécnica, em 1898, tornando-se professor da cadeira de estradas de ferro, pontes e viadutos dessa escola. Inspetor geral de Obras Públicas durante o governo de Afonso Pena (1906-1909), exerceu o cargo de engenheiro-chefe da Comissão de Abastecimento de Água do Distrito Federal de 1907 a 1910 e chefiou, em 1908, as obras da célebre Exposição Nacional realizada entre e os bairros da Urca e Praia Vermelha, no Rio, em comemoração aos 100 anos da Abertura dos Portos, proclamada por D. João VI, quando chegou ao Brasil junto com a família Real, em 1808. Engenheiro-chefe das Obras Contra as Secas, no Rio Grande do Norte, em 1912, participou da construção de diversas ferrovias, entre as quais a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a Estrada de Ferro Maricá (EFM), no Rio de Janei-

ro, que ligou Niterói à Região dos Lagos. Foi também diretor da Companhia do Porto do Rio de Janeiro, da Companhia Aero-Postal Brasileira, da Companhia Radiotelegráfica Brasileira e da Companhia de Luz e Força de Campos, onde foi autor do projeto de iluminação elétrica. Foi ainda revisor do serviço de bondes, força e luz de Belo Horizonte, engenheiro-chefe da Companhia City Improvements, no Rio, diretor da Compagnie Générale de Chemins de Fer du Brésil (que assumiu a Estrada de Ferro Maricá), chefe da firma Sampaio Corrêa e proprietário da Usina Santa Luiza, no Rio de Janeiro, com fazendas em Saquarema.

Engenheiro, senador e jornalista

Sampaio Corrêa iniciou sua vida política em 1918, ao eleger-se deputado federal pelo Distrito Federal, na legenda da Aliança Republicana. Integrou a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados e colaborou, em 1919, com o prefeito do Distrito Federal, Paulo de Frontin, no plano de abastecimento de água da cidade. Em 1920 elegeu-se senador, iniciando o mandato no ano seguinte. Na sucessão

do presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), apoiou, como líder da Aliança Republicana, a candidatura de Artur Bernardes, eleito em março de 1922. Deputado Federal pelo Distrito Federal de 1918 a 1920, foi senador de 1921 a 1926, tendo participado da visita ao Parlamento Mexicano e da VI Conferência Pan-Americana, realizada em Havana, Cuba, durante o governo do presidente Washington Luís (1926-1930). Após a Revolução de 1930, à qual se opôs, elegeu-se em maio de 1933 deputado pelo Distrito Federal à Assembleia Nacional Constituinte como candidato avulso. Empossado em novembro, passou a integrar a Comissão Constitucional, que propôs o anteprojeto da Constituição. Com a promulgação da nova Carta, em 1934, e a eleição de Getúlio Vargas, teve seu mandato estendido até maio de 1935, permanecendo como deputado federal até 1937, quando foi promulgado o Estado Novo e foram interrompidos todos os trabalhos parlamentares no país. Mesmo fora do parlamento, Sampaio Corrêa continuou fazendo oposição ao governo, no

ESTADO DO RIO DE JANEIRO - PODER JUDICIÁRIO - TRIBUNAL DE JUSTIÇA COMARCA DE SAQUAREMA - CARTÓRIO DA 1ª VARA ROBERTO SILVEIRA S/N CEP 28990-000 - CENTRO - SAQUAREMA -M RJ E-MAIL: SAQ01VARA@TJRJ.JUS.BR

EDITAL DE CITAÇÃO COM O PRAZO DE VINTE DIAS O MM Juiz de Direito, Dr. Bruno Monteiro Ruliere - Juiz Titular do Cartório da 1ª Vara da Comarca de Saquarema, RJ, FAZ SABER aos que o presente edital com o prazo de vinte dias virem ou dele conhecimento tiverem e interessar possa, que por este Juízo, que funciona a Roberto Silveira, s/n CEP 28990000 - Centro - Saquarema - RJ e-mail:saq01vara@tjrj.jus.br, tramitam os autos da Classe/Assunto Desapropriação - Patrimônio Histórico / Tombamento / Domínio Público, de n° 0001189-82.2010.8.19.0058, movida por MUNICÍPIO DE SAQUAREMA em face de SUELI OSÓRIO FERREIRA DE ALBUQUERQUE e LUIZ CARLOS ROQUE DE CARVALHO, objetivando a convocação de terceiros interessados, com prazo de 20 dias. Assim, pelo presente edital CONVOCA para ciência de terceiro interessados acerca da presente demanda, sobretudo aqueles que realizaram negócio jurídico com a Construtora Nova Tijuca Ltda, envolvendo o imóvel em questão, para que se habilitem no feito. Dado e passado nesta cidade de Saquarema, aos vinte e quatro dias do mês de julho do ano de dois mil e quinze. Eu, Ana Paula Rodrigues Souza - Técnico de Atividade Judiciária - Matr. 01/24053, digitei. E eu, Elzineia Maria dos Santos Pinheiro - Responsável pelo Expediente - Matr. 10/9206, o subscrevo.

REPRODUÇÃO

Político, engenheiro, professor, jornalista e escritor, o senador Sampaio Corrêa conquistou em 1911 o direito de construir o prolongamento da Estrada de Ferro Maricá até Iguaba Grande, o que viabilizou a construção da estação Mato Grosso, inaugurada em 2013, depois chamada Maranguá e mais tarde Sampaio Corrêa jornalismo. Fundador do jornal A Tarde, era membro da Associação Comercial do Rio de Janeiro, da Federação das Associações Comerciais do Brasil, do Instituto Politécnico, do Clube de Engenharia, do qual foi presidente, e do Aeroclube Brasileiro. Publicou estudos políticos, econômicos e técnicos - “O tenentismo e

a política” (com J. Bernoville Pequeno), “Motores elétricos”, “O abastecimento de água no Rio de Janeiro”, “A tração elétrica da Estrada de Ferro Central do Brasil”, “Parecer sobre as obras contra a seca do Nordeste” - além do livro “Rumos de tropeiro”. Faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de novembro de 1942.


Maio/2016

O SAQUÁ

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA –

11

Sonia Gouveia, a primeira-dama da Usina

E

la é uma bela senhora de olhos claros, com uma postura imponente. Durante muitos anos, foi a primeira dama da Usina Santa Luiza, um complexo industrial em Sampaio Corrêa. Casada com o filho do senador Durval Cruz, o herdeiro Carlos Durval Cruz, mais conhecido como Durvalzinho, Sonia Gouveia Cruz viveu um sonho de amor com o marido e seus 4 filhos, tendo como cenário o canavial da usina e as praias de Saquarema, até a separação advinda após o fechamento da usina, em 1973. “Eu me apaixonei por Saquarema; fiquei encantada com a cidade. Casei com Durval e optei por morar aqui, pela beleza do lugar”, diz Sonia, neta de Delmiro Gouveia, pioneiro da indústria de algodão e exportador de pele de cabras em Alagoas, nas margens do Rio São Francisco. Poliglota, Sonia fala 5 línguas, além do português e inglês, a língua de seu pai Noé, criado na Inglaterra, depois do assassinato até hoje pouco esclarecido de Delmiro Gouveia. Sonia também fala alemão, foi criada com uma governanta alemã até os 10 anos; e fala espanhol e francês, porque foi educada no Colégio Sion, de origem francesa, da alta sociedade do Rio. Em Saquarema, Sonia deu aulas de inglês. Em 1958, quando chegou a Saquarema, a cidade não tinha nada, “só pescadores”, lembra Sonia. “Eu vi construir a Ponte Rio Niterói. Eu vinha de carro com meus filhos, atravessava a Baía da Guanabara de balsa. Um dia eu perguntei ao ministro e ele disse: eu vou fazer a ponte! E eu disse: ótimo! Eu sempre vinha para cá, porque Durval trabalhava aqui, tinha os negócios aqui e eu gostava daqui. Fiz campanha contra a malária; eu mesma tive malária; vacinei muita gente! Agora temos que tomar cuidado com a dengue, a chikungunya e a zika”, avisa ela. Em todo esse tempo, Sonia acompanhou o crescimento da cidade. “As ruas praticamente não existiam, as avenidas, nada de casas bonitas, a maioria era casinhas pequenas... Só a nossa grande matriz é que estava lá, de pé”, explica Sonia em sua casa em Itaúna, ao lado do Colégio SEI que funciona onde antes era a sua mansão, nos tempos áure-

ARQUIVO PESSOAL EDIMILSON SOARES

Sônia em sua casa em Itaúna e, na foto ao lado, brindando com champanhe o seu casamento com Carlos Durval Cruz

os da Usina. “A vida era maravilhosa, calma. Eventualmente tinha umas serestas que Durval promovia. Vinham uns artistas, intelectuais que se mesclavam com os pescadores; eles ficavam na varanda da nossa casa e tocavam músicas locais”.

Socialite no Rio, devota de Nazareth

Decorada com luxo, para receber personalidades da alta sociedade, a mansão foi inaugurada em 1962, com um banquete espetacular. Segundo Sonia, a casa estava deslumbrante. “Tenho fotos até hoje!”, relembra Sônia. “A casa abrigou também o deputado Paulo Melo quando criança; ele foi criado aqui, nos meus jardins; vendia cocadas no meu portão. Paulo Melo é um fenômeno! Um homem que toma conta de Saquarema até hoje; um empreendedor, ele e a esposa Franciane. Minha irmã, Marisa, criou o irmão dele, o Jaiminho. O marido dela, o procurador Milton Seabra, levou o Jaiminho para o Rio e o educou”, conta Sonia. Herdeira por lado da mãe, Alba Marina, de uma tradicional família de São Paulo, os Martin Fontes, Sonia viveu histórias fantásticas nos anos dourados da República brasileira, quan-

do o Rio ainda era a capital do país. “Durval gostava muito de sair, de frequentar a sociedade. Era um casamento perfeito”, conta Sonia que passou a lua de mel em Montevideo, no Uruguai. Amigo do colunista social Ibrahim Sued, que também frequentava Saquarema, Durval começou um novo empreendimento quando a usina já enfrentava dificuldades. “Eles combinaram de fazer a ‘cidade do boi’. “Ibrahim era muito amigo nosso; esteve aqui várias vezes e chegou a ser relações públicas da fazenda. O ator Grande Otelo também esteve aqui, em festas da escola de samba Imperatriz Leopoldinense e do Salgueiro, que duraram

2 dias na fazenda. Foram festas comemorativas das grandes safras”, explica a socialite, fundadora da obra social do Sol, entidade filantrópica muito conhecida no Rio, com sede no Jardim Botânico. “Trabalhei com a presidente Maria Tereza Camargo, museóloga. Ela é esposa do Mauro Camargo, ex-secretário de Justiça. Construímos aquela obra social que era uma choupana e virou um edifício de 4 andares”, fala a empreendedora Sonia. “Quando fui festeira de São Pedro, fizemos um almoço maravilhoso na nossa mansão. Desfilamos pela cidade. É uma tradição linda! Eu também sou devotíssima de Nossa Senhora

de Nazareth. Estas são as grandes raízes que tenho aqui”, confessa sem esconder a emoção. Mãe do Frederico, o filho mais velho, bombeiro aposentado, que também mora em Saquarema, Sonia fica triste quando lembra do saudoso filho Durvalzinho, falecido precocemente. Mas ainda tem Delmiro, salva-vidas em Saquarema, e o Marcelo, que trabalha com moda masculina no Rio, além de 3 netos, todos com saúde e bem-sucedidos. “Só posso agradecer por ter vindo para Saquarema, essa cidade com pessoas maravilhosas que me acolheram muito bem, além do ar puro e o sossego. É muita tranquilidade. Espero que continue assim”.


12 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

Maio/2016

O SAQUÁ

Estrada de Ferro Maricá A FERROVIA QUE DESENVOLVEU A REGIÃO DOS LAGOS

A

Região dos Lagos, hoje também chamada Costa do Sol, abrange vários municípios das Baixadas Litorâneas. Situada no Leste Fluminense, tem forte vocação turística, com seus atrativos naturais. Mas nem sempre foi assim. Em meados do século 18, a sua principal vocação era agrícola. Na época, as ferrovias começaram a ser construídas no Rio de Janeiro e, no século 19, a Estrada de Ferro Maricá (EFM) teve seu primeiro trecho inaugurado em 1887, ligando os municípios de São Gonçalo a Maricá, para escoar a produção. Desde então, a ferrovia se tornou o principal meio de transporte da região, proporcionando grande desenvolvimento aos municípios integrados pela estrada de ferro. A demanda por alimentos fez com que o município de Maricá, um dos responsáveis por parte do abastecimento de Niterói e Rio de Janeiro, abandonasse o transporte de mercadorias por tropas de mulas pelas restingas e serras. É como registra o geógrafo Eduardo Margarit, em sua monografia para a Universidade Federal Fluminense (UFF), “O resgate da história de uma ferrovia nas escolas da Região dos Lagos Fluminense”: somente em 1894 foi inaugurado o trecho que faltava até o centro de Maricá; em 1900, foi inaugurado outro prolongamento até Neves (São Gonçalo), e mais um de Maricá até Manuel Ribeiro, concluído em 1901.

Um transporte eficiente

“Em 19 de junho de 1911, foi fundada em Paris a “Compagnie Generale de Chemins de Fer dês Etats Unis du Brèsil” com o objetivo de investir cerca de um milhão de francos nas estradas de ferro brasileiras. A partir de 1913, a companhia Francesa recebeu a concessão da Estrada de Ferro Maricá bem como se tornou responsável pela construção do prolongamento até Araruama. Esta companhia foi responsável por inúmeras melhorias na ferrovia e conseguiu em pouco mais de um ano com-

ARQUIVO RAÍZES DE MINHA TERRA SAQUAREMA - HERIVELTO BRAVO PINHEIRO

A estação de Bacaxá foi inaugurada em 1913, quando do prolongamento da ferrovia até Araruama

pletar o prolongamento da estrada de ferro”, sintetiza ele. O trem se tornara o meio de transporte mais eficiente da região. Em volta das estações o comércio se expandia; surgiam novas ruas e casas. Em Saquarema, a indústria açucareira impulsionou a economia durante todo o período em que a Estrada de Ferro Maricá existiu. “Isso porque, em Sampaio Corrêa, distrito de Saquarema, estava instalada a usina Santa Luiza, a maior usina de cana-de-açúcar da Região dos Lagos”, explica Eduardo. Segundo ele, a estação de Sampaio Corrêa foi inaugurada em 1° de maio de 1913, mas antes, em 1912 já havia sido inaugurada a estação Tingui, cujo nome foi mudado para Mato Grosso. Além desta, o jornalista e historiador Célio Pimentel, no livro “Estrada de Ferro Maricá”, descreve as demais estações criadas naquele ano: a estação Nilo Peçanha (que se chamava Ponta Negra) e a estação Quintino Bocayuva, que teve o nome

alterado para Bacaxá. Célio é filho do ferroviário Sotero Pimentel, que foi chefe da estação Sampaio Corrêa e foi entrevistado por Célio no jornal Hora Certa, de Araruama. Segundo Sotero, Sampaio Corrêa era uma estação próspera, devido à Usina Santa Luiza que, durante as décadas de 30, 40 e 50, sob a administração do senador Durval Cruz, industrializava açúcar para exportação. “A Usina possuía um trem de sua propriedade composto por uma locomotiva a vapor e oito vagões plataforma que atendia sua produção. A utilização era feita por um maquinista e um foguista da Usina e um supervisor da Estrada de Ferro Maricá. O trajeto era feito diariamente da estação ferroviária de Sampaio Corrêa até o posto telefônico de Jundiar (em direção a Bacaxá) em uma distância de 4 km. Este percurso era feito na linha da Estrada de Ferro Maricá (EFM) que ali existia um entroncamento para Tingui com 3 km de distância. Este percurso

era realizado em linha de trem de propriedade da Usina Santa Luiza”, explicou Sotero, acrescentando que durante a safra, a Usina Santa Luiza solicitava ainda 24 vagões, divididos entre 20 e 30 toneladas cada, para transportar sua produção de açúcar com destino a Niterói.

De Niterói a Cabo Frio

A estação de trem de Bacaxá foi o principal indutor do desenvolvimento do centro comercial de Saquarema. Ali eram embarcados limão, galinhas, bois e porcos, trazidos das fazendas. Segundo Eduardo, “os moradores de Saquarema utilizavam o trem para ir a Niterói ou então de lá, chegar ao Rio de Janeiro através das barcas; os que moravam próximo à estação aproveitavam a parada do trem para vender doces”. Finalmente, em 1913, a ferrovia chegaria a Araruama, para escoamento da produção de sal e, em 1914, a Iguaba Grande. Porém, o último trecho, entre Iguaba Grande e Cabo Frio, pas-

sando por São Pedro da Aldeia, somente foi inaugurado em 1937, depois da Revolução de 30, no governo Getúlio Vargas, quando a EFM foi encampada e passou a ser administrada pelo governo federal. A partir de 1943, a EFM foi incorporada à Estrada de Ferro Central do Brasil, também federal, gerando outras melhorias. Porém, um golpe fatal na evolução das ferrovias viria a seguir, na década de 50, quando várias rodovias começaram a ser construídas e asfaltadas em todo o país. “O Governo Federal deu início a uma política de priorização do transporte rodoviário em detrimento do ferroviário, para incentivar as novas indústrias ligadas ao setor automotivo que estavam se instalando no Brasil. Foi assim que nos anos 1950 foi dado inicio às obras de asfaltamento da Rodovia Amaral Peixoto, ligando Niterói à Macaé. A pavimentação da rodovia permitiu o acesso mais fácil e rápido aos municípios da Região dos Lagos e se tornou uma alter-


Maio/2016

Privilegiando a rodovia

“Em janeiro de 1962, um forte temporal causou inúmeros danos à via, destruiu pontes e deixou a linha intrafegável. Esse foi o pretexto perfeito para promover a desativação da fer-

rovia, os reparos não foram efetuados e o tráfego foi suspenso (...) A erradicação da Estrada de Ferro Maricá causou inúmeros prejuízos aos municípios e principalmente à população. O transporte ferroviário era barato e amplamente utilizado para o transporte de cargas e passageiros; sem ele, a única opção era o transporte rodoviário que possuía valores mais altos do frete e das passagens de ônibus”. Para o professor, o resgate da história da Estrada de Ferro Maricá, que proporcionou no passado grande desenvolvimento para os municípios da Região dos Lagos, é necessário, para não se apagar com o tempo. “O resgate da memória da ferrovia que foi de tamanha importância para a configuração atual dos municípios da Região dos Lagos é importante para que as crianças e jovens possam entender o processo de urbanização, os

A estação Sampaio Corrêa

aspectos históricos, econômicos, sociais e culturais, deixados pela ferrovia”. Apesar do desaparecimento das estações de trem de Saquarema - Sampaio Corrêa e Bacaxá - terem sido demolidas, o autor destaca a forma como estas imagens permanecem no inconsciente coletivo e na vida dos cidadãos. “Em Saquarema uma pintura no muro de um bar, além de um quadro na Câmara Municipal demonstram o que restou de lembrança da Estrada de Ferro Maricá”. Para ele, a EFM foi determinante para o desenvolvimento local. “O resgate da memória da ferrovia é muito mais do que apenas um trabalho histórico direcionado aos interessados pelo assunto. É um processo de reconstrução da memória coletiva dos antigos e novos moradores da Região dos Lagos”, considera o mestre.

A estação Sampaio Corrêa, provavelmente nos anos 30

DULCE TUPY

O livro do jornalista e historiador Célio Pimentel é uma grande fonte de informação sobre a ferrovia que trouxe desenvolvimento para a região

13

ACERVO CLAUDIO MARINHO FALCÃO

nativa mais competitiva em relação ao transporte ferroviário”, relata o geógrafo. Assim, a velha Estrada de Ferro Maricá deixou de ser a única forma de transporte da região, enfrentando a “feroz concorrência” das empresas de transporte rodoviário. “Apesar de ter um custo maior, o transporte rodoviário era mais rápido e dinâmico, podendo oferecer novos trajetos aos usuários e ao transporte de carga. Com isso, a ferrovia foi considerada pelo governo como ‘antieconômica’ e deveria ser desativada”, descreve assim Eduardo a agonia da estrada de ferro.

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA –

O SAQUÁ

A

estação Sampaio Corrêa foi inaugurada em 1913, quando do prolongamento da Estrada de Ferro Maricá até Araruama. Segundo o site estacoesferroviarias.com.br, em página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht, há indicações de que a estação foi inaugurada com o nome de Mato Grosso, sendo que mais tarde tanto a estação como o próprio povoado passaram a se chamar Maranguá, um nome antigo conhecido desde o tempo dos tupinambás. Porém, em 1946, o então terceiro distrito de Saquarema - Maranguá - passou a se chamar Sampaio Corrêa, nome dado em homenagem ao senador, proprietário de terras e da Usina Sergipe, uma usina que antecedeu a Usina Santa Luiza, no início do século 20. Aliás, foi o senador Sampaio Corrêa que vendeu as terras ao também senador Durval Cruz que tornou a Usina Santa Luiza a maior produtora de açúcar da região e a segunda maior do Estado do Rio de Janeiro, perdendo apenas para uma usina de Campos. Em 1973, a Usina Santa Luiza - que tinha sua própria ferrovia conectada à Estrada de Ferro Maricá - foi fechada, encerrando a atividade açucareira na região, ampliando a atividade pecuária. Posteriormente, a estação de Sampaio Corrêa foi demolida. O que resta hoje de mais relevante no terceiro distrito de Sampaio Corrêa são as ruínas das duas torres da antiga usina de cana de açúcar Santa Luiza, que era servida por ramal da Estrada de Ferro Maricá.

Fontes: Claudio Marinho Falcão; Cleiton Pieruccini; Roteiro Rodoviário Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, 1953, p. 69; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht


14 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

Maio/2016

O SAQUÁ

Santa Luiza, uma potência também no futebol REPRODUÇÃO ARQUIVO JOÃO CARLOS

João Carlos, zagueiro do Santa Luiza

E

le mora em São Gonçalo, mas durante muitos anos fez parte da equipe do Santa Luiza, antes de jogar pelo Clube Saquarema, inclusive na Seleção de Saquarema que competia com outros municípios da Região dos Lagos e no time veterano do Saquarema. Em 1977, quando a usina já não estava mais funcionando, o Santa Luiza Futebol Clube ainda resistia, tanto que conquistou a Taça Mário Castanho, que congregava os clubes da região, tendo como zagueiro o então cabeludo João Carlos. Hoje, casado com Marli, uma das sobrinhas do Dr. Tatagiba, pioneiro da medicina local, João Carlos frequenta Saquarema apenas como veranista, mas não esquece seu tempo de glória no Santa Luiza e no Saquarema.

O Santa Luíza Futebol Clube foi campeão da Taça Mário Castanho, da Região dos Lagos

fo, Boquinha, Vavá e Luiz Carlos foram contratados pelo Santa Luiza a outros clubes do nosso próprio município. O terceiro distrito também teve grandes diretores como José de Azevedo Pinto (Zéquito), Lucio Couto, Arí Fonseca, Chiquinho Batista, Divaldo e Mertodinho. E não podemos deixar de mencionar os torcedores fervorosos como o Matinada, Dona Ana e Seu Pedro Delfino que chamavam atenção no campo, torcendo, e pelas nas laranjas e pão com mortadela que vendiam no estádio. Em 1966, surgiu o Esporte Clube Sampaio Corrêa e a rivalidade foi grande com o Santa Luiza, já que alguns atletas insatisfeitos no tricolor se transferiram para o novo clube que também formou grandes elencos e diretorias, sendo Roberto Marques Ferreira (Sargento) e Ricardo Reis 2 baluartes. Mas, assim como ocorreu com o Santa Luiza, o Sampaio também encerrou suas atividades, entre outros locais como o Fundo de Quintal e o Esperança, restando hoje apenas o Baziléia, o Tropa de Elite e o Gelobol, no futebol amador e o Sampaio Corrêa no profissional. Já o velho estádio Durval Cruz, palco de grandes recordações de jogos memoráveis, hoje está totalmente abandonado. Dá pena de ver...

O terceiro distrito, além do forte futebol local, ainda revelou atletas para o profissional como Canidé, Rômulo e Zú que representaram o futebol saquaremense na Holanda. Romerito disputou o último Campeonato Brasileiro pela Ponte Preta e Fábio Neves, que já atuou no Fluminense, hoje se encontra no futebol internacional, jogando na Coreia do Sul. O distrito de Sampaio Corrêa revelou também grandes árbitros que fizeram parte do quadro da Liga Saquaremense: Fernando Goiaba, Brandão, Jorge Pezão, Bazilêu, Carlinho Alicate, Rubens, Carlos Conceição, Ricardo Gazoni e a grande revelação Carlos Cordeiro. EDIMILSON SOARES

undado pouco depois da usina de açúçar, o Santa Luiza Futebol Clube teve seus primeiros times formados por funcionários da indústria, cujo proprietário e patrono do clube, Dr. Durval Cruz, tinha inicialmente a intenção de dar aos trabalhadores, em sua maioria vindos de Campos e Espírito Santo, um domingo de lazer, já que no decorrer da semana o trabalho na plantação e corte da cana era muito duro. Mas a paixão pelo futebol logo foi crescendo. Foi formada uma diretoria, que filiou o clube à Liga Saquaremense de Desportos e à Federação Fluminense de Desportos que, com a fusão do estado da Guanabara e ao antigo Rio de Janeiro, passou a se chamar Federação do Estado do Rio de Janeiro (FERJ). Assim, o Santa Luiza virou, como a usina, uma potência também no futebol, formando grandes equipes com atletas locais onde podemos destacar Dode, Jorginho Barbosa, Pituta, Roló, Elias, Euclides, Jorge Luiz, Geneci e Jorge Luiz Cardoso. Esses 3 últimos são um capítulo a parte; Canidé elevou o nome do clube e do terceiro distrito, chegando ao futebol profissional do Clube Atlético Mineiro. Delmir, com sua garra e dedicação, iniciou e encerrou sua carreira no Santa Luiza e Pintinho, também conhecido como “Pai Velho”, além de grande atleta, dedicou sua vida como auxiliar técnico, massagista, zelador e técnico da escolinha, sem dúvida um verdadeiro mito, respeitado e amado por todos. Além destes, Balzinho foi outro grande jogador do terceiro distrito, que brilhou no clube, tendo sido considerado na época o melhor atacante em atividade no município. Mais tarde, o clube resolveu investir no mercado de fora e trouxe atletas de excelente qualidade, entre eles Arthur, João Carlos, Didi, Pelezinho, Carrete, Cleber, Paulinho, Josué, Chicão, Mamão e Gabriel. Já Rodol-

EDIMILSON SOARES

Delmir, zagueiro central do Santa Luiza

Jorge, lateral direito

PAULO LULO

F

Gilson Gomes

O zagueiro João Carlos, do Santa Luiza e do Saquarema


Maio/2016

O SAQUÁ

EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA –

15


16 – EDIÇÃO ESPECIAL HISTÓRICA

O SAQUÁ

Maio/2016


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.