Instruções para um encontro fotográfico

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INSTRUÇÕES PARA UM ENCONTRO FOTOGRÁFICO


UEMG | Escola de Design Belo Horizonte | Praça da Liberdade

Fotografias Ana Clara Chaer, Bárbara Lima, Barbara Vieira, Emellyn Maria, Gustavo Silveira, Julia Correia, Luísa Alves, Luisa Magalhães, Nádia Moura, Sofia Augusto, Sofia Martino, Thaís Almeida

Proposição e organização Anna Stolf e Tatiana Pontes

Projeto gráfico Anna Stolf


INSTRUÇÕES PARA UM ENCONTRO FOTOGRÁFICO



UMA BREVE EXPERIÊNCIA FOTOGRÁFICA: A PRAÇA, A CÂMERA, A CONVERSA, A FOTOGRAFIA

Instruções para um encontro fotográfico teve como ponto de partida a mudança da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais que, ao ocupar seu novo espaço, passa a integrar o circuito da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. A proposta se iniciou com uma oficina que aconteceu em duas tardes de março de 2020, sendo uma tarde para cada turma, com encontros que começaram com a apresentação da ideia e a entrega de quatro pequenos cartões impressos contendo instruções. Cada estudante participante escolheu o cartão com o passo-a-passo que teve mais afinidade ou que achou mais interessante. Na sequência, equipados com suas câmeras, com seus cartões e com seus pensamentos, saíram todos observando a Praça.


Os cartões com as instruções organizam também os capítulos desta publicação, apresentando essas espécies de receitas, utilizadas na oficina, para fotografar a Praça. Cada cartão teve como objetivo não apenas motivar os registros, mas também fazer considerar a escuta, a observação e o diálogo com os acontecimentos já existentes no espaço. Assim, as instruções funcionaram como provocações para fotografar de modo não automático, como receitas que podem ser subvertidas e que servem de estímulos para os sentidos, para a criação de imagens e invenção de outras realidades. Assim, a intenção desta breve experiência fotográfica não foi somente a de chegar na Praça, mas antes, a de se entregar, deixar-se atravessar por seus fluxos. Observar quem está nela além da comunidade da Escola que chega, quem constrói o cotidiano do lugar. Reparar nos detalhes da arquitetura para além dos pontos já inscritos na memória coletiva pelos cartões postais.


Ouvir, sentir o cheiro, o vento, a brisa e o calor. Deixar que a Praça oferecesse as possibilidades para fotografar. Desse modo, os estudantes se dispuseram a olhar e pensar junto com a Praça, a fotografar e criar conexões entre o que estavam vendo, o que estavam ouvindo, o que conversaram e o que mais a Praça lhes mostrou. Interessa-nos, aqui, a ideia de que a fotografia se apresenta, não apenas representa, que ela de fato é, compõe-se tanto visualmente quanto do processo do qual fez parte. Portanto, entendemos que cada fotografia desse exercício traz em si desde a Praça e a conversa até a câmera fotográfica e sua própria composição visual. Assim, interessa-nos cada possibilidade, afinal: O que pode uma praça da liberdade? O que pode uma câmera fotográfica? O que pode um ser humano? Ou outro ser vivo? O que pode uma conversa?

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COMO RECONHECER A PRAÇA ATRAVÉS DA CÂMERA


1 Escolha uma parte da praça e observe seus detalhes pelo visor da câmera 2 Fixe seu olhar em um detalhe e ouça atentamente a sua volta 3 Imagine que a praça está contando para você: • Quem ela foi no passado • Quem ela é no presente • Quem ela será no futuro 4 Fotografe até conseguir registrar, no detalhe, quem é a praça 5 Pense sobre: Fotografia é imagem, e imagens pertencem ao mundo da ficção. [Luiz Carlos Felizardo]



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COMO RECONHECER A CÂMERA ATRAVÉS DA PRAÇA


1 Escolha um percurso na praça e caminhe por ele, olhando pela câmera 2 Mude a posição da câmera a cada minuto de sua caminhada 3 Descubra como sua câmera se enquadra neste caminho e fotografe 4 Pare, respire e pense sobre sua foto, considerando: • O modo como você posicionou a câmera • As (im)possíveis sombras do caminho • A brisa, o vento ou o mormaço 5 Pense sobre: Toda fotografia é, antes de espelho, especulação, já que é essencialmente uma manipulação mais ou menos inconsciente. [Joan Fontcuberta]



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COMO FOTOGRAFAR UMA CONVERSA


1 Escolha um ponto da praça e observe quem está por ali 2 Identifique alguém com disponibilidade para uma conversa 3 Aproxime-se e inicie uma conversa com uma das três perguntas: • Você tem horas? • Você sabe onde fica a Escola de Design da UEMG? • Qual é a cor da praça pra você? 4 Defina o que seria fotografar essa conversa e fotografe 5 Pense sobre: As fotos são indícios não só do que existe, mas daquilo que um indivíduo vê; não apenas um registro, mas uma avaliação do mundo. [Susan Sontag]



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COMO CONVERSAR UMA FOTOGRAFIA


1 Escolha alguém que está na praça e tente observar seu ponto de vista 2 Identifique, deste ponto, algo a ser fotografado 3 Fotografe até fazer uma foto que possa iniciar uma conversa 4 Mostre sua foto para quem está ao seu lado e converse a partir de uma das três perguntas: • O que você acha desta foto? • Você também viu isto que eu fotografei? • Que som você ouve quando vê esta foto? 5 Pense sobre: Uma fotografia, ao registrar o que foi visto, sempre e por sua própria natureza se refere ao que não é visto. [John Berger]



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Ana Clara Chaer Bárbara Lima Barbara Vieira Emellyn Maria Gustavo Silveira Julia Correia Luísa Alves Luisa Magalhães Nádia Moura Sofia Augusto Sofia Martino Thaís Almeida

AS Anna Stolf TP Tatiana Pontes


Esta publicação é composta por Ubuntu Mono, em preto R=0 G=0 B=0 e amarelo R=232 G=186 B=32, idealizada e desenvolvida no início de 2020.



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