Notícias do Mar n.º 414

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Náutica

Apresentação Jeanneau Cap Camarat 10.5 WA Série 2

Novo Cap Camarat

Texto Antero dos Santos Fotografia Jeanneau

Jeanneau Cap Camarat 10.5 WA Série 2

Para Férias e Fins-de-semana Entre os novos modelos apresentados como novidades de 2021, o estaleiro francês Jeanneau, representado em Portugal pela Nautiser - Centro Náutico, importador exclusivo para Portugal de barcos a motor, lançou também o Cap Camarat 10.5 WA Série 2.

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Posto de comando 2

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ertencendo à famosa e prestigiada linha Cap Camarat da Jeanneau, para os clientes de embarcações marinheiras, para navegar no mar e para jornadas de pesca em segurança, o novo Cap Camarat 10.5 WA Série 2, da linha walkaround, com 9,95 metros de comprimento, é uma proposta para quem quer um requintado barco para finsde-semana e férias com a família. Os Cap Camarat distinguem-se pelos seus cascos, construídos com


Náutica

Bem preparado para Férias e Fins-de-semanas

grande robustez e com um desing especial, com um V profundo e as proas bastante deflectoras. Desde o início, o estaleiro desenvolveu para o seu exigente consumidor francês, bastante conhecedor do mar do norte o que é necessário um barco possuir para ter um desempenho seguro e eficiente. Estas embarcações destinaram-se aos aficionados da pesca lúdica e foram sempre desenhadas e construídas de forma a serem robustas, para navegarem nas águas mexidas e duras do Atlântico Norte. A Jeanneau procura conseguir, através da inovação, o design e utilizando as mais modernas tecnologias de PRFV com

os melhores materiais, uma produção de qualidade e os barcos com os melhores acabamentos

na fibra. O estaleiro Jeannerau nunca pára de procurar inovações. Todos os anos

apresenta modelos com novas características e novos e diferentes equipamentos são instalados.

O Jeanneau Cap Camarat 10.5 WA Série 2 pode incorporar 3 Yamaha 300 HP 2021 Junho 414

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Náutica

O Cap Camarat 10.5 WA Série 2 faz excelentes performances

A gama Cap Camarat de 2021 é constituída por doze modelos, desde o 5.5 CC com 5,48 metros até o 12.5 WA com 11,90 metros de comprimento.

A cabina acomoda quatro pessoas 4

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Náutica

Plataforma de apoio aos banhos

Cap Camarat 10.5 WA Série 2 O Cap Camarat 10.5 WA Série 2 apresenta um design desportivo e elegante, incorporando per-

Dinnete na cabina 2021 Junho 414

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Náutica

Cap Camarat 10.5 WA Série 2 tem muito espaço no poço

feitamente todas as características da gama e com o casco desenhado pelo famoso designer americano Michel Peters, para

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garantir mais facilidade de condução e oferecer um elevado desempenho a navegar no mar. Um grande Hard-Top

em fibra de vidro cobre o posto de pilotagem e parte do poço, oferecendo uma ampla sombra. A característica Walka-

round amplia a facilidade de urtilização muito polivalente, com a consola de comando ao meio, o poço atrás, zona de solá-

Amplos solários à proa

Refeições no poço

O poço

Cama na cabina


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Náutica

O casco garante muito conforto e segurança a navegar

rio à frente e uma cabina no interior. Este é bem um barco para os passeios náuticos com os amigos e

a família, com mergulhos, piqueniques e banhos de sol, este é o modelo ideal, com duas áreas de estar

exteriores distintas. O vasto espaço dianteiro, seguro na passagem para a proa, para as ma-

nobras de fundear, oferece três amplos solários com encostos, muito confortáveis ​​para os momen-

Novo Motor V6 de 300 HP A

inovação na gama Premium V6 da Yamaha, resultou em novos motores V6 300 - 250 HP com 4,2 litros de cilindrada. Graças à combinação de uma grande potência com uma performance dinâmica, é um motor fora de borda da Yamaha para muitos barcos. A gama Premium de 425 – 225 HP: é o ponto mais elevado da Yamaha em design de engenharia, que oferece uma performance e uma potência sem paralelo. A nova gama Yamaha V6 partilha o ADN do emblemático XTO, com um design elegante e leve que resulta numa tecnologia de ponta e na excelência da engenharia da Yamaha, ao oferecer uma potência fantástica e emocionante. Ao aliar a potência à ciência e à paixão, o design inovador da Yamaha estabelece o novo padrão do desempenho dos foras de borda V6 e capitaliza os vários detalhes do seu “irmão mais velho”, o XTO, e é o V6 Premium com mais funcionalidades que a Yamaha já produziu.

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O novo Yamaha V6 300 HP incorpora: - Direção Elétrica Digital (DES) que oferece condução mais suave e mais intuitiva ao leme, sem sistemas hidráulicos para purgar ou cabos de direção As vantagens prolongam-se para a popa, com um acabamento perfeito, sem bombas ou mangueiras. - TotalTilt permite uma inclinação total para cima ou para baixo, até o ariete de equilíbrio fazer contacto. - Marcha-à-ré que melhora a propulsão, com melhoria das manobras de marcha-à-ré e a baixa velocidade. - Suportes de motor excelentes, herdados do XTO, os suportes de motor inferior, são maiores e mais suaves, o que resulta em menos vibração. - Unidade inferior nova e melhorada, com novos componentes e caraterísticas de desempenho aumentadas.


Náutica

Cap Camarat 10.5 WA Série 2 está equipado para férias perfeitas

tos de relaxamento. O poço é um verdadeiro salão, com uma gran-

de mesa com assentos generosos e envolventes, fica de frente para

Quarto de banho 2021 Junho 414

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Náutica

O Cap Camarat 10.5 WA Série 2 é também excelente para desportos aquáticos

uma bela cozinha exterior totalmente equipada. Inovador é o novo terraço lateral, com escada de banhos, que abre ainda mais o poço para o mar e amplia um novo espaço, para além das plataformas à ré. A cabina, bastante banhado pela luz devido às grandes janelas no casco tem sofás com mesa ao meio para refeições que se converte em cama. A cabina oferece duas áreas de dormir para acomodar quatro pessoas, cada uma em perfeita privacidade. Tem um armário cozinha e um quarto de banho com chuveiro separado. 10

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Especificações Comprimento total

9,32 m

Peso

4.280 kg

Calado

0,73 m

Depósito combustível

2 x 400 L

Depósito água doce

160 L

Cabinas

1

Camas

4

Categoria CE

B8 / C10

Potência máxima

2 X 425 HP

Motor recomendado

Yamaha F300

Preço do barco com motor

2 x Yamaha F300 é a partir de 228.000,00 €

Importador Exclusivo Nautiser Centro Náutico Estrada Nacional 252 – 2950-402 Palmela Tel.: 21 22 36 820 - Mail: comercial@nautiser.com www.nautisercentronautico.pt


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Notícias do Mar

Notícias do Ministério das Infraestruturas e da Habitação

Grupo ETE Apresenta um Novo Navio para CV Interilhas

“Dona Tututa” Na cerimónia de apresentação, no passado dia 7 de Junho, Pedro Nuno Santos, Ministro das Infra-estruturas e da Habitação,destacou que o Grupo ETE é um dos grandes exemplos de empresas lusas com êxito.

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Pedro Nuno Santos 12

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evento da apresentação do novo navio da CV Interilhas de Cabo Verde, o “Dona Tututa”, com este nome em homenagem à pianista cabo-verdiana “Dona Tututa”, ocorreu nos estaleiros da Navaltagus, no Seixal. Pedro Nuno Santos deixou rasgados elogios ao Grupo ETE, que considera um caso de sucesso» nacional e internacional, sustentado ao longo de muitas décadas. O Ministro enfatizou o percurso e o trabalho do Grupo ETE “como um dos exemplos de empre-


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sas portuguesas «de sucesso» que «produzem, acrescentam va-lor em Portugal e nos representam lá fora». Para o governante “as actividades ligadas ao Mar deveriam ser sempre uma prioridade do país, os esforços do Grupo ETE têm, neste contexto, feito toda a diferença”. “Esta é uma actividade onde podíamos e devíamos ser maiores do que somos, dominada por grandes empresas internacionais, mas temos uma empresa em Portugal que se tem batido ao longo de muitas décadas”, salientou Pedro Nuno Santos, dando também destaque à parceria entre Portugal e Cabo Verde. “A nova ligação a Cabo Verde e do nosso

Grupo ETE está em expansão para o Norte da Europa

povo ao povo cabo-verdiano é enorme. Temos um enorme orgulho no país e em ver empresas portuguesas a colaborar e a servir a população

de Cabo Verde”, afirmou o Ministro A CV Interilhas, concessionária do transporte marítimo em Cabo Verde, liderada pelo gru-

po português ETE, tem vindo a reforçar a frota, e este ano será com dois navios novos, num investimento de quatro milhões de euros.

A frota vai ser reforçada entre as ilhas 2021 Junho 414

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Portugal Presidiu ao Conselho Informal dos Ministros das Pescas da União O Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, presidiu no dia 15 de junho, no Centro Cultural de Belém, a um Conselho Informal de Ministros das Pescas da União Europeia, cujo tema se centrou no futuro da Política Comum das Pescas (PCP).

Visão geral do Conselho Informal de Ministros das Pescas da União Europeia

N

o evento a área das Pescas foi representada pela Secretaria de Estado das Pescas, Teresa Coelho, tendo a DGRM integrado também a comitiva portuguesa. Neste encontro ministerial foram identificados os resultados positivos alcançados,

desde a entrada em vigor da atual Política Comum das Pescas, a 1 de janeiro de 2014, e os aspetos que carecem de ser melhorados no futuro próximo. De forma genérica, as delegações identificaram progressos significativos ao nível da gestão sustentável dos

recursos marinhos, mas defenderam que a componente económica e social da pesca deve ser melhor equacionada, bem como deve ser aprofundado o modelo de recolha de informação das pescas, instrumento essencial para a boa gestão das pescarias. Os Ministros defenderam,

Ter em conta as especificidades da pequena pesca 14

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também, a importância de haver um maior envolvimento dos Conselhos Consultivos e das Organizações representativas da pesca no processo de decisão, e, acreditam que uma revisão da atual Política Comum das Pescas irá ter em conta, nomeadamente, o Pacto Ecológico Europeu e o BREXIT. Por último, todos reconheceram a importância de serem encontradas soluções flexíveis no quadro da gestão das pescarias, que tenham em conta as especificidades da pequena pesca costeira, da pesca que se desenvolve no Mediterrâneo e no Báltico, bem como das pescarias que foram fortemente afetadas pelo BREXIT. Com esta reunião, iniciouse um ciclo de debates a nível ministerial, com vista a delinear as linhas orientadoras que presidirão á revisão da atual Política Comum das Pescas, que ocorrerá na sequência do balanço apresentado pela Comissão, até 31 de dezembro de 2022.


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Notícias do Mar

Notícias da Fundação Mirpuri

Garrafa Biodegradável à Base de Algas

A Fundação Mirpuri e a Universidade do Minho, avançaram com um projecto para criarem uma garrafa biodegradável à base de algas que arrancou com a água de Monchique.

É

um projeto pioneiro da Fundação Mirpuri em colaboração com a Interface Fibrenamics da Universidade do Minho e com a Água de Monchique. O material para embalagens 100% biodegradáveis e de degradação rápida. Aposta no desenvolvimento de uma solução alternativa ao plástico de uso único, que pretende revolucionar a indústria. Com algas na sua composição, as quais renovam os oceanos e ajudam à conservação da vida marinha. Material nascido em Portugal e que promete ser um exemplo para o mundo. Todos os anos são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico no mundo, contribuindo para a ação humana na destruição de habitats, a extinção de espécies e a deterioração da saúde. O que pode ser feito para mudar esse cenário? Foi com esse propósito que a Fundação Mirpuri, em conjunto com a Interface Fibrenamics da Universidade do Minho, desenvolveu a The Good Bottle, uma embalagem inovadora, 100% biodegradável. O novo material, apresentado sob a forma de 16

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Garrafa biodegradável à base de algas

garrafa de água mineral, em parceria com a Sociedade da Água de Monchique, parceiro industrial, promete abrir caminho a uma profunda transformação na indústria mundial. Um marco histórico em prol da sustentabilidade, para proteger não apenas o que está dentro, mas sobretudo para preservar a vida e os ecossistemas. O projeto surge no âmbito de um protocolo estabelecido entre a Mirpuri Foundation e a Universidade do Minho em 2018, para a construção de um programa de investigação e desenvolvimento, e que veio criar uma alternativa que altera o rumo da produção em massa de embalagens de plástico, substituindo, por exemplo, as garrafas de água. Uma opção competitiva, igualmente leve, biodegradável e sem efeitos nocivos para a saúde e ambiente. Através do investimento da Fundação, o grupo de cientistas elaborou um protótipo que se pretende venha a revolucionar a indústria dos bens de consumo: Embalagens 100% biodegradáveis e compostáveis, substituindo assim as opções descartáveis e com longos períodos de decomposição. À Sociedade da Água de Monchique


Notícias do Mar

O material para embalagens 100% biodegradável e de degradação rápida

cabe a responsabilidade de contribuir na solução industrial com este material inovador num produto que possa ser disponibilizado em massa ao mercado. Nasce assim a The Good Bottle, um produto composto por uma base polimérica compostável em ambiente doméstico, que na sua composição contém algas, as quais durante a degradação servem de alimento para espécies marinhas. Também a tampa é produzida a partir da mesma compo-

sição, por isso contando com as mesmas caraterísticas de biodegradação. A The Good Bottle apresenta uma taxa de biodegradabilidade de 74%, ao final de 45 dias, e em condições de compostagem controlada de acordo com a norma ISO 148551:2012, e de 90% até 12 meses, dependendo das condições a que está exposta, de acordo com a norma ISO 13432. Entre as vantagens da The Good Bottle para a conservação dos Ocea-

nos destaca-se os resultados do estudo de avaliação da toxicidade aguda realizado em ambiente marinho deste material, usando peixes-zebra, o qual registou efeitos excelentes em comparação com o registado com polímeros convencionais. Por outro lado, e uma vez que na sua composição a garrafa possui algas, as mesmas podem servir de alimento para espécies marinhas, durante o seu rápido processo de desintegração.

A composição de base do material e o seu contacto permanente com a água originam a sua hidrólise, num horizonte temporal curto. O material também é biodegradável em contacto com lixo orgânico. “Esta é uma iniciativa pioneira e inovadora, que pretende liderar a mudança necessária, inspirando os mais diversos setores a oferecerem ao consumidor escolhas cada vez mais responsáveis e que não ameacem a sobrevivên-

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Notícias do Mar

Com algas na sua composição ajudam à conservação da vida marinha

cia das gerações futuras”, refere Paulo Mirpuri, Presidente da Fundação Mirpuri.

Para João Bessa, Technology Manager da Interface Fibrenamics da Universidade do Minho,

este “foi sem dúvida um projeto bastante ambicioso, cujo desafio desde logo nos atraiu pela

Material nascido em Portugal e que promete ser um exemplo para o mundo 18

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necessidade emergente de desenvolvimento de novas soluções sustentáveis para o futuro. Não apenas para as pessoas, mas também para a mãe natureza”. Por fim, Vítor Hugo Gonçalves, CEO da Sociedade da Água de Monchique, explica que “esta parceria estava destinada a acontecer. Ficamos muito honrados com o convite para integrarmos este projeto que irá mudar o paradigma da embalagem e ajudar a tornar o mundo um pouco melhor. É um orgulho vermos a nossa Água Monchique ser o primeiro produto no mundo a ser embalado na The Good Bottle”, e acrescenta que “a Água Monchique tem direcionado muito da sua I&D na busca de soluções de embalagens mais sustentáveis que reduzam de forma significativa o impacto ambiental da nossa atividade. Partilhamos com a Fundação Mirpuri valores e sobretudo uma visão comum na forma de olhar para o futuro do planeta pelo que o projeto The Good Bottle foi desde logo recebido e trabalhado pelas nossas equipas com elevado espírito de missão, acreditando que estamos a construir algo bem maior que nós e que poderá revolucionar a indústria mundial. A nossa integração neste projeto deve-se sobretudo a uma genuína partilha de valores e a uma visão comum com a Fundação Mirpuri”.


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Notícias do Mar

Notícias do Politécnico de Leiria

Curso Avançado de Produção de Microalgas

Cultivo de microalgas em laboratório no Cetemares O Politécnico de Leiria dinamiza curso avançado sobre a produção e aplicações de microalgas que decorre entre 28 de junho e 2 de julho.

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Cultivo de microalgas em laboratório no Cetemares 20

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ar a conhecer as espécies de microalgas que são cultivadas em laboratório, métodos de cultivo, potencialidades como recursos marinhos e sistemas de produção é o propósito do curso avançado de Produção de Microalgas, que o MARE - Politécnico de Leiria e a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) do Politécnico de Leiria vão promover entre os dias 28 de junho e 2 de julho. O curso destina-se a investigadores, candidatos a doutoramento e estudantes de mestrado com interesse neste grupo de espécies e nas suas utilizações como recurso biológico.


Notícias do Mar

Microalgas O curso, organizado pela primeira vez no Politécnico de Leiria, vai combinar seminários, aulas teóricas e práticas de isolamento celular, preparação de meios de cultura e boas práticas de manutenção de espécies isoladas de algas. A aplicação de microalgas em diferentes setores industriais tem vindo a aumentar, sendo a aplicação na indústria alimentar, aquacultura e bioenergia as mais conhecidas. As microalgas são um mundo de grande biodiversidade cujo potencial como recurso biológico é motivo de crescente interesse. Tradicionalmente usadas como cultura auxiliar na produção aquícola, as microalgas constituem atualmente, espécies de interesse aquícola per se, devido às suas aplicações na

indústria alimentar, cosmética, nutracêutica, química, bioenergética, biofertilizante e sequestro de CO2. “Principais grupos taxo-

nómicos e características diagnosticantes”, “Sistemas de cultivo de microalgas”, “Técnicas de trabalho com microalgas em laboratório”

e “Aplicações industriais e de mercado das microalgas” são algumas das temáticas que vão estar em destaque no curso.

Microalgas 2021 Junho 414

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Electrónica

Notícias Nautel

Novas Sondas Tipo Broadband “CHIRP”

Seguindo as tendências atuais da pesca profissional e pesca desportiva de águas profundas, a HONDEX concebeu a sua própria tecnologia a que chamou de “Wideband”, banda larga de frequências, a que outros também chamam de “Broaband”.

T

rata-se de conceito baseado nos princípios do CHIRP e onde a HONDEX não só concebe as suas próprias sondas como os seus próprios transdutores, ao contrário da generalidade dos concorrentes que só concebe a sonda e a faz usar com transdutores CHIRP do fabricante AIRMAR.

A solução usa a dupla banda de frequências onde a sonda faz a sua transmissão. Uma baixa (38 a 70KHz) para maiores profundidades e outra alta (130 a 220 KHz) para na menor profundidade a discriminação ser maior. A gama começa por duas versões, uma com ecrã próprio, outra no conceito de “Black Box” com comando mas

sem display (para se usar o tipo de display convencional do tamanho que se quiser: HE-1511-WB-Bo, Wide-Band Echosounder Sonda de Banda Larga e CHIRP Ecrã de 15” tipo XGA, 1024x480 pixels. Potência e frequências selecionáveis.

Potência: de 1 a 5Kw, dependendo do transdutor que se seleccione. Frequências: livremente escolhidas entre, 28, 32, 40, 50, 55, 75, 100, 220KHz Escalas até 2000 m/braças. Deslocamento de imagem (shift) 2000 a 4000 m/braças. Possibilidade de fixação embutida, através de estrutura própria do display. Opção de orientação do ecrã em posição vertical ou horizontal. Dimensões : 371x316x140,5 cm. Expansão do fundo. Off/ Auto/Manual/Expansão de fundo. Saída NMEA0183 da profundidade e temperatura. Alarme de peixe, profundidade e temperatura da água (temperatura via sensor opcional). Pode usar os transdutores convencionais HONDEX : TD88, TD70, TD67T, TD47T, TD87, TD 97 etc. HE-2900B Wide-Band Echosounder, Sonda tipo “black box” de Banda Larga e CHIRP Mesmas caraterísticas que HE-1511-Wb-bo, mas só o transceptor e comando (sem transdutor) Transdutores Wideband disponíveis são os seguintes : TD360 - 2Kw (38~70KHz) + 1Kw (130~220KHZ) TD380 - 3Kw (38~70KHz) + 1Kw (130~220KHZ) TD390 - 5Kw (38~70KHz) + 1Kw (130~220KHZ)

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Electrónica

www.nautel.pt

NAVA F91 - O GPS Portátil Todo-o-Terreno Água Incluída

A novidade é o NAVA F91 - O GPS Portátil Todo-o-Terreno, água incluída…. e também um tudo-em-um!

A

BHC Nav marca de Portáteis mercado português

é uma GPS’s já no desde

há quase 10 anos, introduzida no nosso mercado pela Nautel. Este ano o grande desenvolvimento desde fabricante de Taiwan é o NAVA91. Destaca-se pelo acumular dum sem numero de valências : GPS, Câmara fotográfica de 5MPcom autofocus, Altímetro, Barómetro, bussola eletrónica de 3 eixos, tudo num robusto e estanque aparelho de mão.

Detalhe das caraterísticas Ecrã de 2,8 “QGVA, de comando tátil e com teclas também. resolução 240x320 pixels e 65.536 cores, com retroiluminação. Bluetooth 4.0 para partilha de ficheiros com outro NAVA91. Memória interna de 16GB. Ranhura para cartão micro USD de 64MB. Altímetro, barómetro e bússola eletrónica de 3 eixos. Câmara de 5MP com autofocus e georeferenciação das fotos. Antena Quad Helix de alta sensibilidade, garantindo cobertura e densas florestas, gargantas etc. Recetor de 72 canais paralelos. Funciona com 2 pilhas (não incluídas). Autonomia com pilhas : 15H. Compatível com USB e NMEA 0183. Dimensões: 17,2x6,2x3,6 cm. Pesa 215g. É resistente e à prova de água (IPX7).

Precisão de 3-7m em modo GPS e GLONASS. Pode usar grelhas de coordenadas militares. Precisão menor que 3 m se receber correções de satélite SBAS (WAAS, EGNOS, MSAS e GAGAN). Calcula áreas. Tem lanterna. Calendário Caça/Pesca. Dados compatíveis com Google. Tabela solar/lunar. Calculadora. 3000 waypoints / 200 rotas / 400 rastos/trajetos feitos. Mapa base mundial. Suporta formatos GPX, CSV, SHP, GPX, MIF, KML, DXF e TXT. O utilizador pode descarregar mapas de tipo “raster” da Googlemaps, ou outras fontes. Lê também mapa vectoriais DIY. E, maps tipo DEM. Inclui: Manual do utilizador, Guia de iniciação rápida, Cordão de pulso, software de aplicações (solicitar-nos) e Cabo USB.

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Porto de Sines a Desenvolver-se no Sector Energético

O Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, disse na sextafeira, 18 de Junho, que o Porto de Sines “vai ser parte da mudança de paradigma em Portugal e na Europa” no sector energético, assim como foi capaz de “se desenvolver” ao longo dos anos, atraindo “outro tipo de actividades”.

Porto de Sines

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edro Nuno Santos falava na sessão de encerramento da conferência “Imagine Sines: Sustentabilidade e inovação conectando o futuro”, no âmbito do 50.º aniversário do Porto de Sines, que se assinalou nesse dia. “O Porto de Sines foi sendo capaz de, ao longo dos anos, se desenvolver, atrair outro tipo de atividades e, também em matéria energética, vai ser parte da mudança de paradigma em Portugal e a Europa estão já a viver. São novos tempos, novos desafios para o porto de Sines e para o país”, realçou o governante. Apontando esta infraestrutura portuária como “um exemplo de integração” na 24

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comunidade e na região, o ministro, que tem a tutela dos portos portugueses, destacou a capacidade de, após “várias décadas”, continuar a “desenvolver-se”. “Ainda em plena pandemia temos um terminal XXI num processo de expansão e a ambição de, agora com os ajustes que vamos fazer em relação ao concurso do Terminal Vasco da Gama, conseguirmos atrair interessados”, acrescentou. Pedro Nuno Santos sublinhou ainda o contínuo crescimento do porto alentejano, realçando o contributo da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS) na “fixação de uma grande diversidade de atividades económicas e

industriais”. “Há um conjunto de investimentos que são da responsabilidade do Ministério da Infraestruturas e que contribuirão também para o desenvolvimento e expansão do porto de Sines”, como a “ligação à A2, o investimento ferroviário que está a ser feito no Corredor Sul, contribuirão também para suportar o desenvolvimento do Porto de Sines, o alargamento do seu hinterland”, notou. Trata-se de investimentos “importantes para potenciar ainda mais o desenvolvimento do Porto de Sines”, defendeu o governante, acrescentando que o país deposita “esperança” que o Porto de Sines

continue “a crescer e a desenvolver-se, a servir o país e a região do Baixo Alentejo”, frisou. “Precisamos de infraestruturas e de investimento estratégico como o que temos em Sines para que o país se possa desenvolver, possa transformar o seu paradigma económico e industrial do nosso país”, concluiu. O evento enquadra-se nas comemorações do Dia do Porto de Sines, que este ano assinala o 50.º aniversário da publicação do decretolei que definiu a criação do Gabinete da Área de Sines, entidade promotora do desenvolvimento do complexo portuário, industrial e logístico de Sines.


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Notícias do Mar

Tagus Vivan

Crónica Carlos Salgado

O Tejo é Sem Dúvida uma Infraestrutura Nacional!

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ara fazer face à mais profunda crise desde a II Guerra Mundial, a União Europeia (UE) dotou-se de um novo “Plano Marshall”, um pacote de recuperação de 1,8 biliões de euros, cabendo a Portugal mais de 45 mil milhões de euros. Este pacote conjuga o orçamento plurianual para 2021-2027 de 1,07 biliões de euros, e o Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros.

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A adoção desta “bazuca” financeira ganha ainda mais significado dado o Fundo de Recuperação ser financiado como dívida comum contraída pela Comissão Europeia nos mercados em nome dos 27, e mais de metade da verba (390 mil milhões) ser destinada a Estadosmembros a fundo perdido, incluindo Portugal. Mas o nosso atual governo já veio anunciar que vai voltar a investir na rede

ferroviária mas também que continuará a investir na rede rodoviária do país, e relativamente ao rio Tejo, sabico “disse nada”. Na realidade, o que é bem evidente é que para os nossos governantes o rio Tejo continua a ser o parente pobre, enquanto a vizinha Espanha está cada vez mais a utilizar a água deste rio lusoespanhol para o seu crescimento económico, como se ela fosse exclusivamente sua, e nós por cá serena-

mente vamos tolerando esta desigualdade diariamente, na partilha dessa água que por direito também é nossa. Mas é estranho que as nossas cabeças ainda não tenham compreendido que a vizinha Espanha, como nunca conseguiu fazer deste rio uma estrada navegável, não obstante o sonho de Filipe II quando reinou também em Portugal, de querer ligar Madrid a Lisboa por via fluvial, com o objetivo de viabilizar a sua expansão marítima através deste rio, e até também porque este monarca já tinha nesse tempo a noção de que os transportes por via fluvial eram mais vantajosos do que por via terrestre, mas como esse projeto quimérico falhou, restou à nossa vizinha Espanha obviamente, stão a ver?, a solução de basear o seu crescimento económico sustentável, ex-


Notícias do Mar

plorando até à exaustão a água da bacia do Tejo do seu território, aproveitando a vantagem dele ter nascido lá, água essa que também é nossa por direito, enquanto os nossos políticos e governantes serenamente, vão continuando de costas voltadas para o Tejo, recusando a compreender, em boa consciência que, nós por cá sempre tivemos a vantagem de ter neste rio grande, um filão para criar riqueza e progresso, à imagem do passado, graças à sua navegabilidade que é possível e exigível, porque ele quer queiram quer não, não deixa de continuar a ser uma infraestrutura natural e viva, um verdadeiro filão que volta a ser mais uma vez ignorado e desperdiçado, devido ao governo, para além de aplicar os fundos da Bazuca na via ferroviária, e ainda bem, só peca por tardia, continuar teimosamente a desviar parte desses fundos para a rede viária, quando deviam ter melhor aproveitamento para resolver outras insuficiências estruturais do país, mas não pense que os cidadãos portugueses, não deixam de legitimamente desconfiar de que “Aqui há gato”, por terem a memória bem viva dos crimes sob suspeita que essas grandes obras viárias foram as grandes geradoras do enriquecimento indevido de alguns, senão de muitos, caso que veio recentemente a lume, e que vai continuar a arder ainda por mais alguns tempos. Notícia Escaldante: A Espanha está prestes a não cumprir caudais no rio tejo Segundo o Jornal de Notícias, Devido aos níveis de precipitação verificados atualmente no seu território, estarem abaixo dos níveis

O Tejo em Vila velha de Ródão, próximo da fronteira de Cedillo previstos e desta forma, a nossa vinha tem o direito de ficar liberta para não cumprir os caudais mínimos semanais na bacia do Tejo (que já não tem vindo a cumprir como nós sabemos, o que até já foi admitido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA)…O nosso ministro do Ambiente negou que existe um problema relativamente a esta notícia da “ Espanha está mais perto de ver declarada a condição de exceção prevista na convenção de Albufeira, invocando que tem falta de água no Tejo, ponto”, mas entretanto, João Matos Fernandes já anunciou que quer reunir-se com o governo espanhol de forma a renegociar os valores de descarga conforme acordados na Convenção de Albufeira, e anunciou que no verão de 2020 vai estar concluído o estudo prévio para uma nova barragem no lado português do rio Tejo. Segundo o ministro, esta albufeira, vai dar um contributo para reduzir a escassez do caudal pelo incumprimento das autoridades espanholas, (afinal sempre admite que há

incumprimento). Não foi por acaso... Nós cidadãos portugueses amigos do Tejo, não foi por acaso que já desde alguns anos temos vindo a sugerir com insistência, por meio de imagens, exemplos e argumentos bem fundamentados, neste jornal, que provam que o Tejo português deve ser navegável como acontece nos países mais desenvolvidas da Europa e do mundo, e que é cada

vez de mais inadiável que ele passe, prevenidamente, a ser autossuficiente, devido a poder vir a estar em causa a Independência Nacional, porque esta situação decorrente da falta do cumprimento dos caudais suficientes do Tejo por parte da Espanha, torna-se até exigível que o nosso governo passe a encarar com carater de urgência, investir alguns trocos da “Bazuca” que aí vem, para avançar com um programa e projeto de uma obra hidráulica a

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Notícias do Mar

valer, usando tecnologias mais avançadas, hoje disponíveis, para revitalizar e aproveitar devidamente o nosso maior rio, assumindo e reconhecendo que ele não pode deixar de ser também considerado e tratado como uma “Infraestrutura” nacional, cuja importância

para o futuro desenvolvimento do nosso país não é inferior à das rodovias e das ferrovias, tomando o exemplo da preferência que a EU tem dado aos transportes fluviais dos Estados-membros, ao apoiar a incrementação do transporte fluvial, com fundos específicos.

Partindo dos projetos de navegabilidade no tejo, já existentes e adaptando-os à actualidade... Como é sabido existem projetos quer do passado quer mais recentes, sobre

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a navegabilidade do nosso rio Tejo, com um âmbito de multiusos, que adaptados à realidade atual, sobre os quais temos vindo a falar neste jornal, e até por isso surgiu-nos entretanto a ideia de criar uma Plataforma Cívica em Rede, a NAVTEJO, para incentivar ao debate cívico, sobre as vantagens de uma obra hidráulica capaz de transformar o nosso rio Tejo, quer como autossuficiente quer numa verdadeira Infraestrutura viária, comprovadamente mais económica e menos poluente relativamente às outras, com a vantagem também, quer de criar mais vida natural e riqueza, quer como meio de transporte que contribui para descongestionar os portos de mar, as estradas e as ruas das cidades e as aldeias portuguesas… Projetos de navegabilidade do rio tejo Retomando as conversas que tivemos com os dois amigos que entrevistámos para este jornal, especialistas dos mais qualificados em hidráulica e em gestão de recursos hídricos, o Eng.º Américo Nunes dos Santos, que foi o último diretor da Hidráulica do Tejo e que depois participou na formação e até como quadro técnico da primeira ARH do Tejo, de boa memória, e o Eng.º Miguel Azevedo Coutinho, doutorado (PHD) em Hidráulica Fluvial e Recursos Hídricos, tendo o primeiro destes especialistas numa entrevista que nos deu em 2012, e na continuação dos seus considerandos do número anterior deste Notícias do Mar, para além de fazer referência genericamente ao projeto da navegabilidade no Tejo apresentado pelo Grupo Mendes Godinho nos anos 80 do século passado,


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comentou mais o seguinte: “Devemos estudar cuidadosamente as necessidades atuais do país (*) em relação à economia e contabiliza-las com as melhores condições técnicas e ambientais, sendo preciso também acautelar que a obra não seja capturada por interesses que, à semelhança do que aconteceu anteriormente, a transformem, não numa fonte de progresso mas numa sobrecarga para a economia. (*) “ e nós cidadãos portugueses amigos do Tejo não podemos deixar de alertar mais uma vez os portugueses e o governo para, quer o que na realidade temos vindo a constatar de que a Espanha não tem cumprido os caudais regulares, quer diários quer semanais sequer, para além do recente anúncio, supracitado, saído nos jornais, sobre a tentativa anunciada da Espanha estar prestes a não cumprir os caudais no rio Tejo, para futuro, o que tudo leva a crer que o nosso Tejo tem de estar preparado para ser autossuficiente” Mas prosseguindo, o segundo especialista entrevistado, Miguel Azevedo Coutinho, em 2016, respondeu o seguinte: A navegação no rio Tejo é tecnicamente viável, a minha experiência como projetista da navegabilidade do rio Douro, e em outros projetos em que a Hidrotécnica Portuguesa esteve envolvida, levou-me a visitar alguns dos principais sistemas fluviais e canais da Europa e dos Estados Unidos da América, mas a primeira questão que se coloca é a da definição do tipo de navegação que se pretende estabelecer, e isso requer um conjunto de estudos aprofundados. Como já referi, considero que a navegação no Tejo é

tecnicamente viável e que é possível alcançar escalas semelhantes às dos principais sistemas de navegação interior, fluvial e interfluvial do mundo e, particularmente, inseri-la no contexto da política europeia para os transportes, que considero altamente vantajoso, tanto do ponto de vista económico como ambiental, o transporte aquático face aos modos rodoviários e ferroviários, sabendo-se que todos os cursos água que na pré-revolução industrial foram navegáveis, mantiveram essa navegação na época, mesmo com as autoestradas de comunicação de pessoas e bens, e que, prosperaram, modernizaram-se para que esses cursos de água navegáveis continuem a ser atualmente a espinha dorsal dos sistemas de transportes pesados na Europa, porque esses rios continuaram a evoluir muito e fazem hoje parte da principal estrutura verde ambiental (Green Infraestructures). Mas acresce que, tendo o

rio Tejo condições morfológicas adequadas para o estabelecimento da navegação, enquanto que o ordenamento do território e o usufruto dos seus principais recursos tem estado, em certa medida em Portugal, de costas voltadas para as nossas linhas de água, em particular para o rio Tejo, é fundamental potenciar as capacidades deste rio e enobrecê-lo como recurso, ao retorná-lo navegável. Deveria fazer parte do conjunto de políticas para o território, devolver a navegabilidade ao Tejo e ordená-lo como estrutura da maior valia ambiental e como suporte primordial de infraestrutura do sistema de transporte que deve ser desenvolvido um projeto de estabelecimento

da navegabilidade, baseado em diferentes hipóteses e ambições para o alcance e desenvolvimento da navegação. Uma navegabilidade circunscrita apenas ao lazer e ao turismo seria redutora no alcance das capacidades e potencialidades do rio. Mas nós cidadãos amigos do Tejo não deixamos de considerar que esta complementaridade constitui também uma mais valia, para além da pesca e da aquacultura, da água para a rega e do consumo humano e também para outros beneficiários e para as comunidades ribeirinhas, contribuindo também para travar a subida da língua salina, que está a contaminar a água naturalmente doce do rio.

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Voo do Guarda-rios

Tejo, Rio de Tradições, Memórias e Recordações Eternas

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nosso belo Tejo, amplo e azul, tão abundante de águas como de tradições, por igual brilhantes,

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tão cheio de luz como de memórias, tão povoado de velas brancas como de recordações eternas (…) Nada lhe falta ao belo rio

azul do extremo ocidente para ser famoso entre os famosos, notável entre os notáveis. Grande pelo seu curso, pelo seu porto, pe-

las suas tradições históricas; Pitoresco pelas suas margens e pelos seus castelos, que ou ressaltam do seio das águas, como Almourol, ou as dominam do alto, como Santarém; Belo pela cor, que tem o brilho e a pureza de uma safira, onde o famoso céu meridional espelha numa eterna apoteose de luz ... Alberto Pimentel (1849-1925) A partir de agora o Guada Rios (GR) vai passar a dedicar esta rubrica a divulgar, recordar, atualizar e até mostrar as imagens de todas as mais valias que o nosso rio Tejo possui e oferece, quer como criador de vida natural, quer como um ativo importante para a criação de riqueza e do crescimento económico do país, quer ainda como gerador ancestral dos valiosos patri-


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mónios culturais, materiais e imateriais, do território que atravessa em Portugal, que em boa verdade têm sido ignorados, não pelas comunidades ribeirinhas, mas pelo nosso Estado, desde há muito. Relativamente a outras formas e meios que o Tejo tem, para além da navegação e da pesca para criar riqueza, já no I Congresso do Tejo, de 1987, realizado em Lisboa no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a Dr.ª Maria José de Valêra, subdiretora geral do Turismo, defendeu na sua comunicação submetida ao título “O Tejo e o Turismo no Espaço Rural”, o seguinte: A sociedade rural portuguesa criou, de facto, através dos tempos, um património natural sócio-cultural importante que merece ser preservado e até aumentado de acordo com os recursos naturais e sócio-culturais disponíveis…O mundo rural considerou durante muito tempo o turismo como um fenómeno estranho, isto porque a cultura rural e a citadina, até à democratização da televisão eram profundamente diferentes e, por vezes, chocavam-se. Mas neste momento estão reunidas as condições psicológicas, sociais e políticas para um desenvolvimento turístico no espaço rural e os próprios rurais estão dispostos a servirem-se do turismo em benefcio próprio. O turismo rural é um aspecto de procura de um novo meio de comunicação entre o homem e o ambiente natural.

imaturidade ou por incompetência do governo da tróka, de subalternizar a primeira e a original ARH do TEJO à APA – Agência Portuguesa do Ambiente, que por falta de vocação, constituiu na

prática um verdadeiro e rude travão aos Planos de Gestão desta Região Hidrográfica, em curso, porque aquela ARH do Tejo, a original e autónoma, no desempenho do seu papel, elegeu como

principal desígnio implementar os Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo que constituíam uma visão sustentada na gestão dos recursos hídricos, cujo procedimento concursal e

A administração da região hidrográfica do tejo Muitos dos cidadãos e até dos políticos não perceberam o que causou aquela decisão inqualificável, por 2021 Junho 414

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a respetiva adjudicação se encontravam já concluídos, bem assim como o Plano de Ordenamento do Estuário do Tejo, estava já adjudicado. A partir daí foi o descalabro que se verificou, com o consequente retrocesso que foi o principal responsável pela desvalorização de tudo aquilo que tinha sido conseguido avançar em prol da valorização do estado quer ambiental do rio, quer como ativo impotante para o crescimento económico da região e do bem estar das populações ribeirinhas, bem assim como dos beneficiários da água do Tejo, o que não deixou outra alternativa ao ministro do ambiente do governo seguinte, que herdou esta situação caótica, senão a de decretar o des32

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pacho n.º 11/MAMB de 19 de Janeiro de 2016, que criou uma “Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição do rio Tejo”, pobre rio, que após o trabalho sério de valorização empreendido pela ARH do Tejo, a competente, foi deixado chegar entretanto a um estado tal, cuja Comissão de Acompanhamento, liderado pela APA, juiz em causa própria, demorou o triplo do tempo que lhe foi atribuído, quase um ano para conseguir chegar a uma conclusão, veja-se bem, que nós na prática já conhecíamos, porque já era de esperar. Deve reconhecer-se que a ARH do Tejo, por ter tomado a iniciativa de ir informando e esclarecendo os portugueses da evolução da

sua gestão, por meio de um conjunto de boletins mensais, o INFOTEJO, num dos quais, o n.º 4 de maio 2010, do qual como exemplo, passamos a destacar alguns excertos interessantes: Produzir alimentação protejendo os recursos hídricos Segundo o entrevistado António Serrano, Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas: “No espaço geográfico de intervenção da ARH do Tejo encontra-se uma das principais regiões produtivas agrícolas do país, cujo contributo para a produção nacional é muito importante e na qual as culturas regadas representam

um segmento chave para o seu desenvolvimento, modernização e competitividade, constituindo o suporte de uma atividade empresarial, exemplo de dinamismo e profissionalismo, que importa potenciar. Considera-se o regadio como um instrumento de desenvolvimento e não um fim em si mesmo, que tem que ser encarado como um sistema e exploração sustentável do ponto de vista económico, ambiental e social”. A navegação do tejo Segundo outro entrevistado deste Infotejo, António Carmona Rodrigues, Engenheiro Civil e Doutorado em Engenharia do Ambiente, dada a sua experiência em


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recursos hídricos, esteve envolvido em diversos projetos importantes em Portugal e no estrangeiro, incluindo o planeamento de recursos hídricos: “Desde tempos remotos que o Tejo assumiu um papel principal como via navegável, face à importância que as trocas comerciais sempre tiveram. As suas condições naturais permitiram ter em Santarém o porto então chamado do mar interior, no qual se iniciava a rota mediterrânica, que se despertou com a civilização fenícia”. Se se pretender olhar para o potencial de valorização do Tejo, faz sentido incluir, hoje, a componente da navegabilidade? “Não tenho dúvidas que a navegabilidade do rio Tejo tem de fazer parte de qual-

quer estratégia que vise a valorização e o aproveitamento sustentável da sua bacia hidrográfica. O rio sempre foi, como via navegável, um fator de desenvolvimento das regiões que atravessa e das respetivas populações ribeirinhas”. No sentido de integrar a componente navegação na valorização do rio Tejo, que tipo de intervenção considera ser a mais indicada? “Existem diversos estudos e planos ao longo dos anos que foram realizados para a bacia hidrográfica do rio Tejo, alguns já com muitos anos (…) Creio que neste momento faz sentido desenvolver um estudo integrado de aproveitamento e valorização do Tejo, que comtemple o potencial

de navegação fluvial a par de muitas valências, como por exemplo a qualificação ambiental, o controlo das cheias, a rega e o enxugo dos terrenos agrícolas, a produção hidroelétrica, as captações de água ou ainda o recreio. As características do rio e da respetiva bacia hidrográfica parecem, à partida, sugerir que se justifique analisar a criação de uma via navegável que se poderá estender até Abrantes, ou mesmo

até à barragem de Belver. Não nos podemos esquecer que se tem vivido um tempo em que os custos dos combustíveis pesam muito nos transportes, especialmente no transporte rodoviário de mercadorias. Cada vez mais se buscam alternativas energéticas, a par de exigências ambientais cada vez mais assumidas pela sociedade, a economia de recursos e a optimização de custos”. CONTINUA NO PRÓXIMO JORNAL

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Texto Manuela Martins Fotografia Frias Reis

O Tejo a Pé

Caminhando Juntos Fui apanhada em rede pelo grupo “Tejo a pé “. Não conhecia nenhum dos caminheiros, mas, por alguma razão que ainda hoje desconheço, chegavam, com frequência, à minha caixa de correio electrónico notícias de caminhadas e Conversas da Cesta inspiradoras que, naturalmente, foram aguçando a minha curiosidade.

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m domingo, decidi aceitar o convite para uma caminhada pelo Parque Florestal de Monsanto. Es-

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cusado será dizer que não me arrependi e que, a esta, muitas outras caminhadas se seguiram, marcadas pelo lema do mentor Car-

los Cupeto: cada um toma conta de si e todos tomam conta de todos. E assim fomos caminhando juntos, até ao dia

em que um vírus, vindo sabe-se lá, ao certo, de onde e porquê, chegou para nos travar o caminho, abrandar o passo, confinando-nos às nossas casas, aos nossos bairros e localidades, de olhos fixos nos ecrãs, presos numa rede noticiosa inimaginável (ou não), em movimento ora emergente, ora calamitoso. Permanecemos assim mais de um ano, afastados uns dos outros, à espera do dia em que voltaríamos aos caminhos livremente para partilhar olhares, sensações, sentimentos, perplexidades, medos, alegrias, saberes. E o reencontro deu-se a 23 de maio em Cheleiros (Mafra),ponto de partida para realizarmos um percurso circular de 13 Km, num sobe e desce, como num carrossel.


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Há muito tempo que o “Tejo a pé” não reunia um número tão grande de amigos, setenta e cinco! Gente de todas as idades e dois fiéis “cãopanheiros”, o Spok e a Becky. As boas vindas uns aos outros foram dadas com o brilho do olhar, com um gesto de mão ou com uma cotovelada afectuosa, porque as máscaras de protecção e o distanciamento físico recomendados exigiam contenção. E, sem disfarçar alguma estranheza, reflexo da pandemia, reunimos, em pequenos grupos, junto à secular ponte romana sobre o rio Lizandro e deixamo-nos guiar pelo Hugo, sem pressa, por caminhos de roseiras bravas em flor, campos de cevada e de trigo, floridos de papoilas, camomilas, margaridas e alcachofras a reluzir de múltiplas cores, uma verdadeira tela impressionista viva. Mas não foram só os campos que nos encheram os olhos de sensações, também a cascata de Anços, o vulcão extinto do Penedo de Lexim, a aldeia da Mata Pequena, com as suas acolhedoras casas coloridas, alimentaram o desejo de proximidade com a Natureza que nos une uns aos outros. Talvez não tenhamos estado tão próximos como nas outras caminhadas que já fizemos juntos. Talvez, por medo ou receio de contágio, tenhamos conversado menos e, na pausa da merenda, nos tenhamos reunido em círculos. Talvez, tenhamos de repensar “como viveremos juntos” . Talvez… mas, como José Tolentino Mendonça escreve numa crónica recente (Revista Expresso,28-05-

2021) : “Temos de imaginar espaços nos quais possamos viver generosamente juntos. Juntos como seres humanos e como planeta, numa dramática época histórica que nos mostra quanto a nossa sobrevivência depende de uma concertação que potencie uma ação global.” Como consegui-lo? Caminhando juntos!

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Economia do mar

Turismo de Cruzeiros de Enorme Importância

Cruzeiro no Porto de Lisboa

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presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, garantiu na segunda-feira, 7 de junho, que “o turismo de cruzeiros tem uma importância enorme para Portugal, quer ao nível da conectividade, mas principalmente para posicionar o país“ num patamar diferente ao nível da experiência, mas também da promoção. “É muito importante que entendamos que se trata de um setor que tem a capacidade de posicionar o país num patamar diferente em termos de promoção, em termos da

experiência dos viajantes e em termos de viajantes repetidos”, afirmou o presidente do Turismo de Portugal, durante a conferência virtual “Turismo de cruzeiros em Portugal: os desafios que a pandemia trouxe e o qual o futuro do setor”, promovida pela CLIA – Cruise Lines International Association. De acordo com o responsável, que sublinhou que, em 2019, os portos nacionais receberam 1,4 milhões de passageiros de cruzeiros, 40% dos quais na Madeira e outros 40% em Lisboa, Portugal tem uma estratégia bem definida para o setor

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dos cruzeiros, que é apontado como um dos pilares para aumentar a conetividade do país, nomeadamente através das operações de turnaround, na Estratégia Turismo 2027, No entanto, considera Luís Araújo, isso não significa que esteja tudo feito, uma vez que Portugal precisa de “crescer mais” também neste setor e ultrapassar os desafios que tem pela frente e que passam pela reabertura da atividade de cruzeiros o mais rapidamente possível, de forma a enfrentar a concorrência de outros países. “É claro que há muito para fazer. Neste momento, enfrentamos um desafio, que é um desafio muito crítico, à medida que vemos que outros destinos estão a reabrir cada vez mais para outras atividades”, alertou o responsável, considerando, por isso, que este é um “momento crucial” para Portugal. Por isso, acrescentou ainda Luís Araújo, também o

setor dos cruzeiros está incluído no plano de seis mil milhões de euros que prevê a reativação da atividade turística nos próximos seis anos. Fundamental para o crescimento da atividade, será ainda a eliminação das restrições às viagens e a recuperação da mobilidade na Europa e para países terceiros, como frisou a secretária de estado do Turismo, Rita Marques, que recordou vários dos projetos europeus que têm vindo a ser lançados com esse objetivo, muitos dos quais impulsionados por Portugal, que detém a presidência do Conselho da União Europeia, a exemplo do Certificado Digital Europeu COVID-19, assim como as recentes recomendações da Comissão Europeia. Apesar disso, referiu a governante, alguns estadosmembros, como é o caso de Portugal, ainda não estão completamente alinhados com as recomendações europeias, motivo pelo qual, afirmou, o trabalho do setor privado tem sido fundamental para mostrar aos governos que existem protocolos de saúde e segurança, que ajudam a garantir uma retoma em segurança. “Este tipo de atitude também ajuda a que os governos decidam mais confortavelmente seguir as recomendações da Comissão Europeia. Portanto, saúdo todos os esforços que têm sido feitos, porque acredito que isso certamente facilitará a livre circulação dentro da União Europeia”, acrescentou Luís Araújo


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Notícias do Mar

Economia Azul

Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar

Do Mar à Sociedade Realizou-se no passado dia 25 de maio a conferência internacional promovida pelo Politécnico de Leiria com o mote “Do Mar à Sociedade”, destacando que a economia azul deve assumir um papel predominante na educação, investigação e inovação durante a próxima década.

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Rui Pedrosa 38

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ui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, durante a abertura da conferência afirmou «A economia azul deve assumir um papel predominante na educação, investigação e inovação durante a próxima década. Essa é uma estratégia e compromisso do Politécnico de Leiria, incluídos no plano estratégico 2020/2030 da nossa instituição, e que encaixa perfeitamente na Estratégia Nacional para o Mar para o período 2021/2030. Esta estratégia sublinha a importância da economia azul, associada à segurança alimentar, à valorização da sustentabilidade dos


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recursos marítimos, com a aquacultura, a biotecnologia marinha, entre outras atividades com impacto em vários setores». Promovida em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Ministério do Mar, a conferência internacional foi organizada sob a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, e reuniu diversos especialistas, investigadores e atores da economia azul, para uma partilha e valorização de conhecimento e tecnologia para a sustentabilidade, valorização dos recursos marinhos e para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades costeiras. «Quero destacar o grande investimento que o Politécnico de Leiria fez nos últimos 20 anos, como a construção da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), com mais de 1.600 estudantes em vários cursos das áreas do Turismo, Sustentabilidade, Hospitalidade, Gastronomia, Biologia Marinha, Biotecnologia Marinha, Engenharia dos Alimentos e Aquacultura. E este ano vamos ter um novo e pioneiro mestrado em Economia Azul e Circular», realçou o presidente, destacando ainda a criação da estrutura científica Cetemares e a cocriação do Smart Ocean, um parque de Ciência e Tecnologia, em parceria com o município de Peniche. Rui Pedrosa sublinhou o trabalho que tem vindo a

Helena Vieira ser desenvolvido na Universidade Europeia RUN-EU, liderada pelo Politécnico de Leiria, onde, além das estratégias principais associadas à criação de programas conjuntos de licenciaturas, mestrados e doutoramentos a nível europeu, programas avançados de curta duração, e o programa RUN-EU Discovery, foi proposta a cocriação de três hubs de inovação europeus, incluindo o hub de bioeconomia. A representar o Ministério do Mar esteve a diretorageral da Política do Mar, Helena Vieira, que começou por citar o primeiro-ministro António Costa, ao afirmar: «Outros deram prioridade à lua e a Marte, mas a Europa tem que abraçar os oceanos como uma causa e uma missão». «Uma bioeconomia sustentável, circular e inclusiva vai beneficiar os oceanos. Mas apenas é possível se for

baseada nos fundamentos de um oceano saudável. Precisamos de mudar o nosso comportamento e as nossas políticas para travar a degradação do ecossistema marinho e desenvolver um ecossistema económico que seja simultaneamente sustentável e competitivo», defendeu Helena Vieira, focando-se na Estratégia Nacional para o Mar para o período 2021/2030.

Apontando a criação do “Hub Azul”, Helena Vieira disse «Este hub vai permitir uma economia tecnológica, verde e azul, com um claro foco na proteção da biodiversidade. No polo de Peniche do Hub Azul, por exemplo, o investimento vai focar-se em desenvolver o Smart Ocean, para reforçar a sua capacidade para suportar e apoiar start-ups, mas também projetos para melhorar

Biotecnologia Marinha

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Notícias do Mar

Biotecnologia Marinha instalações locais de realização de testes no oceano e ainda reforçar a relação com a comunidade local, que está fortemente ligada ao mar nesta região. Vai ser uma boa representação de como o oceano, ciência e tecnologia podem impulsionar o desenvolvimento local, regional e nacional».” Por sua vez, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior começou por alertar que «a deposição de plástico no fundo do oceano tornou-se num dos assuntos mais críticos associados com as alterações climáticas». «Precisamos

de cuidar dos oceanos. Não há mais tempo para nos esquecermos disso. Os oceanos tornaram-se um elemento crítico no nosso desenvolvimento sustentável e no nosso futuro comum», reforçou Manuel Heitor. «O que sabemos é que há três grandes assuntos a ter em atenção. O primeiro é conhecimento novo. Precisamos de fazer mais pesquisa sobre como atingir a sustentabilidade da economia azul, sobretudo em termos de conhecimento transdisciplinar para melhor compreender a relação entre os oceanos

e a ciência climática, mas também como podemos aumentar a sustentabilidade dos oceanos. Em segundo lugar, é necessário olhar para novas formas de colaboração entre os setores público e privado, entre investigação e instituições académicas, tudo isto numa ação coletiva. Por fim, sabemos que precisamos de mais métodos de observação e de usar as oportunidades da digitalização da nossa sociedade, através da utilização de sensores e satélites», frisou Manuel Heitor. Dois painéis de discussão online Após a sessão de abertura seguiu-se a realização de dois painéis de discussão online, o primeiro sobre a sustentabilidade apoiada no conhecimento e na importância das redes colaborativas europeias para a bioeconomia azul, onde foi unânime que a cooporação é a chave para identificar soluções para os desafios globais. O debate contou com as intervenções de Fidel Echevarría, coordenador da Universidade Europeia dos Mares (SEA-EU),

Pão d´algas desenvolvido pelo Cetemares 40

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Nicolas Pade, diretor executivo do Centro Europeu de Recursos Biológicos Marinhos (EMBRC-ERIC), Matt Frost, presidente da Rede Europeia de Estações Marítimas (MARS); Patrizio Mariani, coordenador da Rede EuroMarine, Ana Rotter, presidente da COST Action Ocean4Biotech, e Miguel Belló, CEO do Atlantic International Research Centre (AIR). A valorização das identidades costeiras na Europa associadas à sustentabilidade dos recursos e à resiliência social das comunidades piscatórias foi a temática do segundo painel, com destaque para a importância de envolver as comunidades e os stakeholders na proteção dos oceanos. No painel participaram Han Brezet, da AAU Aalborg University (Dinamarca), Robin Teigland, da Chalmers University (Suécia) e do Peniche Ocean Watch, Francisco Spínola, diretor-geral da Liga Mundial de Surf (WSL) para a Europa, África e Médio Oriente, Francisco Saraiva Gomes, CEO do Pontos Aqua, António José Correia, do FORUM Oceano – Cluster do Mar Português, Jorge Abrantes, da FLAG OESTE (Portugal), e Susanne Wedin-Schildt, do Ocean Community Challenge. No âmbito da conferência internacional “Do Mar à Sociedade”, a ESTM acolheu ainda algumas iniciativas culturais durante toda a tarde, nomeadamente um show cooking que ilustrou a gastronomia europeia com base nos recursos do mar, uma visita guiada à exposição fotográfica sobre os oceanos, intitulada “Mãe Nossa”, o relançamento do livro “Do Mar ao Prato”, editado em 2016 e que agora apresenta uma versão bilingue, e a inauguração da exposição “Ilha”.


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Notícias do Mar

Economia do Mar

Transporte de Contentores Cresceu 10 % Contentores atingem 742 mil TEU até Março e sobem +10% face ao primeiro trimestre de 2020.

Terminal XXI de Sines

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os primeiros três meses de 2021, a movimentação de contentores nos portos do Continente cresceu +10% face ao mesmo período de 2020: um total de 742 mil TEU foram movimentados, traduzindo esse valor um aumento homólogo de +67,2 mil TEU. Sines foi crucial nesta evolução. Sines cresceu 15,8% e liderou ganhos; Lisboa e Se-

túbal também ganharam De acordo com os dados divulgados pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), os portos do Continente fizeram progressos face ao primeiro trimestre de 2020 no que toca aos contentores movimentados. O crescimento de +10% em relação ao primeiro trimestre de 2020 (ponto temporal que deu o tiro de partida para a pandemia em solo

Porto de Leixões 42

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português), sustentou-se na subida de +15,8% operada pelo Porto de Sines. O porto alentejano consolidou, assim, a sua quota nacional em termos de TEU em 59,4%, retendo, de forma expectável, a maioria absoluta sem contestação. Nas posições seguintes seguem o Porto deLeixões, com uma quota de 22,7% do total movimentado nos portos do Continente, o Porto de Lisboa no terceiro lugar do ranking com 11,1% e o Porto de Setúbal em quarto, com 6,1%, após variações respectivas de –8,6%, +16,9% e +31,6%. O porto nortenho destoou dos restantes, ao apresentar uma variação homóloga negativa, enquanto o porto da capital regressou às variações positivas, crescendo significativamente; o porto sadino vincou, mais uma vez, a sua tendência

de recuperação de tráfegos, que tem vindo a ser uma constante desde 2019. Destaque-se ainda que o movimento de contentores em Sines foi fortemente alavancado nasoperações de transhipment, que no primeiro trimestre representaram 72,2% do total de TEU movimentados no porto, após registo de um acréscimo de+62,25 mil TEU, correspondente a +24,3%. Esta situação não tem paralelo em mais nenhum porto, uma vez que o peso do volume de TEU nesta tipologia de operações é de 8,1% em Leixões e de 1,8% em Lisboa, após registo respectivo de uma diminuição de –6,9% e de um assinalável acréscimo percentual de +74,3% (que em valor absoluto representa apenas 623 TEU)», apontou a AMT no seu relatório sobre a movimentação portuária entre Janeiro e Março. Globalmente o volume de TEU movimentado neste segmento de mercado registou um acréscimo de +22,8%, acrescentou a entidade. No segmento de tráfego de contentores com o hinterland observa–se igualmente um «comportamentopositivo mas de menor expressão», situando–se em +1,3%, em resultado de variações positivas registadas apenas em Lisboa e Setúbal, respectivamente de +16,2% e de +31,6%, sendo que em Leixões é observada a diminuição mais expressiva, de –8,7%, e na Figueira da Foz um ligeiro recuo de–0,2%.


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Pesca Desportiva

Histórias de Pesca

A Importância do Verde na Nossa Vida

O verde impera em cotas mais baixas, desde que zonas abrigadas, sem agitação marítima, onde a luz solar penetra bem A minha mulher é do Sporting. Isso não a torna menos boa esposa e mãe, embora eu ache que com um pouco mais paciência poderia ter encontrado melhor. Certamente haverá a versão dela mas na cor certa, em tons de vermelho. Clubismos à parte, cumpre-nos assumir que sem o verde nem viveríamos. Hoje vamos falar daqueles minúsculos seres que nos oferecem gratuitamente o oxigénio que respiramos.

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Pequeno polvo encostado a uma alga ágar, na sua retaguarda 44

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alamos de algas, de plantas, e da importância vital que têm para todos nós, pescadores ou não. Esqueçam lá essa coisa da Amazónia ser o pulmão do mundo. Em termos relativos, as plantas terrestres comparticipam com menos de 50% do oxigénio produzido. As algas marinhas são as campeãs, com um valor de 54% do total. O oxigénio produzido em excesso através da fotossíntese é libertado na água, e daí para a nossa atmosfera. As algas verdes são


Pesca Desportiva

Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com/

seres vivos que podem produzir o seu próprio alimento através da fotossíntese, sejam elas uni ou pluricelulares. Designamse estas algas de seres autotróficas. Não confundir com plantas, que são sempre multicelulares, e normalmente portadoras da celulose que as estrutura. O pigmento que lhes dá essa característica cor verde é a clorofila, responsável pelo fenómeno da fotossíntese. Conhecemo-las de as vermos em ambientes húmidos, aquáticos. Na verdade não poderíamos viver sem elas. Estão em todo o lado, à nossa volta e tanto

Aquilo que tem de acontecer para que as plantas não morram no período entre marés, é resultado de uma assombrosa adaptação da natureza

as encontramos como uma folha lisa a enrolar um rolo de arroz num restaurante japonês de sushi, como recorremos a elas quando preten-

demos tratar de águas residuais nas ETAR`s, ou produzimos medicamentos a partir do ágarágar, a nossa alga mais comum.

Águas carregadas de fitoplâncton têm uma cor verde As plantas oferecem re-

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Pesca Desportiva

Em terra, as exigências serão outras, mas a verdade é que a vida prolifera

fúgio a uma série de espécies que no seu estado juvenil muito delas necessitam. Num breve resumo, temos que as algas, através da combinação da clorofila

e da energia solar, transformam alguns ingredientes em glicose. Esta substância é o alimento da alga, que dela precisa para viver e produzir crescimento. O res-

tante é armazenado sob a forma de amido. Das substâncias que temos em suspensão no nosso mar, grande parte é este fitoplâncton. A parte animal desta suspen-

À direita, as saudosas laminárias, responsáveis pela fixação de peixe junto a costa 46

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são é o zooplâncton, que se alimenta destas algas microscópicas. As águas carregadas de fitoplâncton têm uma cor verde. Não deixa de ser ingrato dar preferência a um mar azul-turquesa, transparente, que na realidade é um mar estéril, pouco produtivo de vida. Pelo contrário, estas nossas microalgas são responsáveis por purificar o ar, através da fotossíntese, fixando e retirando gás carbónico da atmosfera, o famoso CO2, que libertamos através da nossa respiração, ou que sai dos tubos de escape dos nossos carros. Temos algas em tudo o que é mar, estão sempre à nossa volta e felizmente que assim é. Algumas


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Pesca Desportiva

Os cardumes de peixes aproveitam para comer, não as algas, mas aquilo que se esconde entre as algas

espécies suportam as altas temperaturas do sol directo, e podem estar sem água durante as horas de maré vazia. Também em terra é produzido oxigénio, mas contrariamente ao que muita gente pensa, é uma fatia menos importante do que

a oferecida pelas algas marinhas. Nas zonas de águas mais paradas, a vida vegetal cresce mais esplendorosa. Dado que a agitação marítima não afecta de igual forma as baías e os cabos, as pontas de rocha, estes locais aca-

Muitas das plantas marinhas apenas podem resistir em zonas protegidas das correntes

bam por favorecer imenso a criação de pequenas formas de vida. Se é verdade que os cabos de rocha “atraem” ondas e são normalmente zonas agrestes, muito batidas e com pouca vegetação, pelo contrário, as baías abrigadas têm pouca di-

nâmica de águas e permitem a implantação e crescimento destes vegetais. Em Portugal temos uma diversidade de algas enorme A permanência de asiáticos entre nós veio levantar

Aqui, uma estrela do mar passa muito próximo de uma anémona 48

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Pesca Desportiva

questões que se prendem com a sua apanha, consumo e exportação para os mercados da China, Japão Malásia, etc. Não só faz parte da cozinha oriental, como por azar dos nossos pepinos, são também utilizados na medicina tradicional destes países. Em termos culinários, o seu consumo combinado com arroz, resolve problemas de fadiga, dores nas articulações e até de impotência sexual. É o que eles dizem! Os portugueses não consomem pepinos do mar, e não se queixam de problemas desse tipo. Ao que parece, a razão desta utilização tem a ver com propriedades que passam por carbo-hidratos, e sobretudo com a presença de uma

Este pequeno caboz estacionou em cima das algas e espera a passagem de qualquer presa que lhe faça o dia

taxa alta de condoitrina, uma componente da cartilagem óssea. A ausência deste elemento é associada a dores reumáticas, artrites,

etc. Para além disso, sãolhe reconhecidas propriedades anti-inflamatórias. É o suficiente para ser considerado importante, e por isso, está a desapa-

recer da nossa costa. No Algarve, e com excepção da Armona e Tavira, sabemos que o Parque Natural da Ria Formosa permite a apanha até 2 kgs / pes-

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Pesca Desportiva

Reparem na exuberância de verde deste local. O excesso de oxigénio produzido é libertado para a atmosfera

soa deste equinoderme, um prolífero limpador de fundos.

Na verdade apanhamse muitos mais. Existem redes ilegais que pagam,

e bem, por estes pepinos. A zona de Olhão é conhecida por ser um polo

de apanha e comércio da máfia oriental, sendo cada unidade paga entre 1 e 1,50 euros. Os apanhadores de perceves, que arriscam a sua vida raspando pinhocas em zonas de rebentação, ganham um valor irrisório quando comparado com o rendimento que pode advir da apanha destes pepinos. Estima-se em 80 euros/ hora o rendimento conseguido. Os receptadores acabam por conseguir vender estes pepinos-do-mar por valores astronómicos na China, depois de secos. Falamos de valores de 300/ 400 euros/ kg, e os de melhor qualidade podem chegar aos 5000 US Dólares/ kg. Um pepino depois de seco pode pesar cerca de 0.5 kg, por isso imaginem qual a mar-

Um pepino-do-mar, espécie que entre nós foi durante muitos anos ignorada, mas que agora passou a ter uma importância crucial 50

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Pesca Desportiva

Muitos seres vivos dependem destes extratos vegetais para encontrar a usa alimentação

gem de lucro obtida… O verde das algas está em todo o lado, e delas

dependem muitos seres. Basta pegar numa camara e ir fotografar os fun-

dos, para ficarmos com essa certeza. Em Portugal temos

uma diversidade de algas enorme, e acredito que muito daquilo que existe

Há muitos produtos químicos interessantes, a serem descobertos a cada dia, em plantas marinhas 52

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Pesca Desportiva

Extraordinária foto! Reparem nas cores, e na exuberância destes verdes!

com potencial para ser explorado, ainda nem é considerado. Os anos vindouros irão trazer isso. Para esta santola, a cobertura de verde dálhe a possibilidade de se esconder. Sem isso, será sempre uma presa fácil,

quer para humanos, quer para os grandes comedores de santolas das nossas águas, os …pampos! Espero que tenham gostado desta viagem sobre os nossos fundos, os nossos “verdes”.

Alguns animais não poderiam sobreviver sem a protecção das algas, nomeadamente por razões que se prendem com a sua camuflagem 2021 Junho 414

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Vela

Mirpuri Foundation Sailing Trophy

Vitória Histórica para Mirpuri Foundation Sailing Team

Mirpuri Foundation Sailing Team A Mirpuri Foundation Racing Team venceu a Regata Costeira da The Ocean Race Europe, integrada no segundo dia do Mirpuri Foundation Sailing Trophy, que no passado sábado dia 5 de junho chegou ao final em Cascais.

A

O Mirpuri Foundation Sailing Team é da classe VO65 54

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prova foi um enorme sucesso, tendo contado com a participação de 68 barcos. O Green Eyes, de Paulo Mirpuri, inscreveu o seu nome no Troféu Perpétuo Mirpuri Foundation, sendo o mais rápido em tempo real no somatório das duas regatas realizadas. A organização foi do Clube Naval de Cascais com o patrocínio da Mirpuri Foundation. O segundo dia do Mirpuri Foundation Sailing Trophy, simultaneamente Regata Costeira da The Ocean Race Europe para os VO65 e os IMOCA 60, foi espectacular. As duas frotas cumpriram um per-


Vela

Largada em Cascais

curso de 42 milhas com o vento a soprar do quadrante Norte com cerca de 20 nós de intensidade. A Mirpuri Foundation Sailing Team, com o francês Yoann Richomme como skipper, e o AkzoNobel Ocean Racing, do australiano Chris Nicholson, disputaram uma batalha épica pela vitória. Os dois VO65 discutiram o triunfo e os preciosos pontos bónus na classificação geral, mas no final a Mirpuri Foundation Sailing Team superiorizouse, somou a pontuação máxima e subiu ao 6º lugar da geral. O Sailing Poland, com o experiente velejador holandês Bouwe Bekking como skipper, acabou no terceiro lugar. Nos IMOCA 60, o Offshore Team Germany,

do alemão Robert Stanjek, foi o vencedor, o 11th Hour Racing, do norteamericano Charlie Enright, terminou na segunda posição e o LinkedOut, do francês Thomas Ruyant, foi terceiro. A largada para a segunda etapa da The Oce-

an Race Europe, que liga Cascais a Alicante (Espanha) foi no dia 6. Nas restantes classes, realce para o triunfo do Green Eyes, de Paulo Mirpuri, em NHC em tempo real (somatório de tempo das duas regatas realizadas no Mirpuri Founda-

tion Sailing Trophy). Com esta vitória, o Green Eyes inscreve o seu nome no Troféu Perpétuo Mirpuri Foundation. O Green Dragon, de Johannes Schwarz e o Giulietta 2, de Alex Kossack foram segundo e terceiro. Em NHC, em tem-

Akzo Nobel Ocean Racing terminou em 2º 2021 Junho 414

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Vela

Optimist no Mirpuri Foundation Sailing Trophy

po corrigido, o Rational – German Kitchens, de Miguel Graça superou o Syone, de Nuno Neves e o Bamak, de Rodrigo Vargas-Zuniga. Em ORC A, o Syone, de Nuno Neves foi primei-

ro, seguido do Rational – German Kitchens, de Miguel Graça e do Cristina A, de Francisco Brito e Abreu. O 2Hot 2Handle, de António Tânger Correia, foi o vencedor em ORC B. O

Django One, de Jorge Alves e o Vicky, de Augusto Castelo Branco, foram segundo e terceiro classificados. Em APIC, o Barquinho, de Didier Thomas, alcançou o triunfo.

A prova teve a participação de 68 barcos 56

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Mirpuri Foundation Junior Sailing Trophy Augusto Castelo Branco foi o grande vencedor do Mirpuri Foundation Junior Sailing Trophy, disputado na classe Optimist Juvenil. Os jovens velejadores realizaram seis regatas, ao longo dos três dias de competição. O Clube Naval de Cascais foi o grande dominador, ocupando a totalidade do pódio. Matilde Bandeira e Tiago Santos, foram segundo e terceiro, respectivamente. Em Under12, o primeiro foi Bernardo Calheiros Neto, do CNCascais, seguido de Lourenço Teixeira e de Afonso Pires, ambos da Associação Náutica do Seixal.


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Notícias do Mar

Navegação

Bandeira Portuguesa Melhora Posição no Port State Control

Graças ao bom cumprimento das Convenções Internacionais pelos navios que arvoram a Bandeira Portuguesa, Portugal, em 2020, subiu dois lugares e acaba de progredir nas estatísticas do Memorando de Entendimento (MoU) de Paris sobre desempenho dos Estados de Bandeira, dentro desta importante região de Port State Control (PSC).

A

Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), enquanto Administração Marítima Nacional, congratula-se por este resultado e agradece o esforço de todas as partes envolvidas, desde logo, os próprios Inspetores de Bandeira da DGRM, a Comissão Técnica do RIN-MAR, as Organizações Reconhecidas com protocolo assinado com Portugal e os próprios Armadores. Portugal consta na White List do MoU de Paris, que contempla as bandeiras de

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melhor performance, tendo em 2020 subido para a 24ª posição, seguindo, desta forma, a rota de crescimento dos últimos anos, ou seja, 26.º, 27.º e 30.º classificado, nos rankings dos anos 2019, 2018 e 2017, respetivamente. No ranking que vai vigorar a partir do próximo 1 de julho, num total de 70 bandeiras consideradas, 39 estão na White List (eram 41, há um ano), 22 na Grey List (16 em 2019) e nove na Black List (13 em 2019). As duas últimas listas são as que apresentam uma pior performance, sendo que as Ban-

deiras constantes na Grey List são consideradas de risco e as constantes na Black List de risco muito alto. Este posicionamento nacional decorre dos resultados das inspeções realizadas pelo PSC aos navios que arvoram Bandeira Portuguesa, quando estes demandam portos dos 27 Estados Membros subscritores do referido MoU de Paris, que cobre uma região que engloba as águas dos Estados costeiros europeus e a bacia do Atlântico Norte, desde a América do Norte até à Europa, incluindo a Federação Russa. A avaliação baseia-se no número total de inspeções e de detenções, nos últimos três anos, considerando as bandeiras com pelo menos 30 inspeções anuais. No caso português, contabilizaram-se 1.152 inspeções e 30 detenções realizadas por

inspetores de PSC em portos estrangeiros aos navios de Bandeira Portuguesa. A manutenção da posição portuguesa neste Ranking deve-se ao bom cumprimento das Convenções Internacionais pelos navios que arvoram a Bandeira Portuguesa, quer ao nível do próprio navio quer das suas tripulações. Assim, é da maior importância que os navios de Bandeira Portuguesa continuem, no mínimo, com este nível de cumprimento, sendo importante que todas as partes envolvidas continuem a trabalhar para uma constante melhoria e maior rigor nesta matéria, no sentido de Portugal continuar a progredir nesta classificação. No âmbito do PSC, são realizadas pelos inspetores dos países subscritores do MoU de Paris mais de 17.000 inspeções por ano a navios estrangeiros. O objetivo é eliminar os navios a operar abaixo dos standards de qualidade, através da implementação de um sistema harmonizado de PSC, para assegurar que todos cumprem as normas internacionais de segurança e proteção ambiental, e que os membros das tripulações tenham condições de vida, saúde, proteção social e de trabalho adequadas. Em Portugal, as inspeções de PSC aos navios SOLAS que arvoram bandeira estrangeira são realizadas pelos inspetores da DGRM nos portos nacionais.


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Surf

Mundial ISA de El Salvador

Final Histórico com Portugal no Pódio

Yolanda Sequeira

O Mundial ISA de El Salvador terminoui com Yolanda Sequeira vice-campeã do Mundo, Teresa Bonvalot medalha de bronze e Portugal terceira nação de surf do Mundo.

O

”Histórico” foi o adjetivo usado mais vezes

Yolanda Sequeira 60

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ao longo dos últimos dias pela comitiva portuguesa para caracterizar o Mun-


Surf

dial de El Salvador (ISA World Surfing Games) que terminou no Domingo dia 6 de Junho, com Yolanda Sequeira a sagrarse vice-campeã mundial, Teresa Bonvalot a conseguir a medalha de bronze, e Portugal em terceiro lugar, atrás de Japão e da campeã França na classificação geral por países. Mais que isso, Portugal sai de El Salvador com três lugares olímpicos para Tóquio, com Frederico Morais a ser confirmado pelos resultados de Vasco Ribeiro e Miguel Blanco. Quanto ao último dia de competição, Yolanda e Teresa fizeram um percurso impecável até à finalíssima, começando a jornada a passar mais uma bateria em conjunto, desta vez, na final de qualificação, com Yolanda em primeiro e Teresa em segundo, deixando para trás Leilani McGonagle, da Costa Rica, e Daniella Rosas, do Peru.

Mas na derradeira bateria desta maratona de sete dias, as portuguesas não conseguiram bater a veterana do World Tour Sally Fitzgibbons. Uma das mais experientes e conceituadas surfistas profissionais do Mundo, a australiana atacou cedo com uma onda de 7.60 para depois juntar uma boa segunda onda de 6.50 que deixou Teresa e Yolanda sem resposta à altura. Yolanda Sequeira dá a sua perspetiva do que aconteceu: “A Sally surfou muito bem, como é habitual, mas a bateria foi muito lenta, com poucas ondas e não tivemos muitas hipóteses para responder. Mas ela não facilitou, esteve sempre em cima de mim o tempo

Teresa Bonvalot

Teresa Bonvalot

Frederico Morais 2021 Junho 414

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Surf

Vasco Ribeiro

todo, a marcar-me. No final, deu-me os parabéns, disse que viu a minha

onda de 9.6 na bateria com a Stephanie Gilmore e que foi ‘incrível’.”

Quanto às emoções deste fim de festa, Yolanda acusou o momento e

teve mais dificuldade em exprimir-se: “Estou muito feliz. É incrível estar-

Seleção Nacional 62

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Surf

mos nesta situação, eu e a Teresa, e era difícil pedir melhor. E agora... agora vamos aos olímpicos!” Teresa Bonvalot, por seu turno, viu o campeonato de forma mais global: “Foi um campeonato super-positivo. O objetivo principal foi conseguir o lugar olímpico, algo que era um sonho que perseguia há quatro anos, desde que foi anunciado o surf para Tóquio. É a estreia do surf nos Jogos Olímpicos e Portugal vai representado com três surfistas, sendo eu um deles. Mal posso esperar.” O Selecionador Nacional David Raimundo fez o derradeiro balanço deste campeonato tão marcante: “É mais um dia histórico para Portugal e para o surf. Saímos de El Salvador com uma vice-campeã do Mundo, mais uma terceira classificada, as únicas que não perderam um heat até à final. E terminarmos no terceiro lugar do campeonato do Mundo, antes dos Jogos Olímpicos. Isto traduz a qualidade do surf nacional. Não podia estar mais orgulhoso e só tenho de dar os parabéns a todos os elementos da nossa equipa e ‘staff’ da Federação envolvido. Foi uma semana memorável.” Também o presidente da Federação Portuguesa de Surf, João Aranha, sublinhou o momento: “Terminamos uma participação fabulosa neste campeonato do Mundo

A praia em S. Salvador

com uma medalha de bronze coletiva e duas medalhas individuais. Fomos muitas vezes prejudicados por erros

de julgamento mas chegámos à final feminina com duas atletas, um feito inédito para Portugal. E, com isto, vamos

aos Jogos Olímpicos com três das quatro vagas possíveis preenchidas. É fabuloso, é histórico.”

A equipa de Portugal na praia a ver as ondas 2021 Junho 414

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Motonáutica

69º Raid Pavia-Veneza

Gianluca Jr Carli Surpreende e Vence com um Formula 2

Gianluca Carli (90) Vencedor Geral com um DAC/Mercury Optimax de F2 O 69º Raid Pavia-Vene za reuniu um surpreendente número de 90 barcos inscritos para participar da mais longa prova de Motonáutica, após dez anos da 68ª Edição.

A

Em 1934 era um barco ou um hidro? Dupla Theo Rossi e Guido Cattaneo com um SIAI com motor IF Asso 200 64

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mais tradicional prova da Motonáutica Italiana é bastante complicada em vários aspectos, a começar pela participação aberta a todas as Classes, nessa edição contou com 12 Classes diferentes de embarcações. Mesmo para o público italiano isso gera alguma confusão. No início dos anos 90 a participação de barcos com motores de avião eram uma atração espetacular. Organizada pela Associação de Motonáutica de


Motonáutica

Texto Gustavo Bahia Fotografia do Raid foram por cortesia da: Associazione Motonautica Venezia, Associazione Motonautica Pavia e dos pilotos Giampaolo Montavoci e Gianluca Carli

O Vencedor do Raid Gianluca Carli com o Prefeito de Veneza Luigi Brugnaro

1939 outro modelo revolucionário de Venturi Fernando e Mora Paolo com um Saimon-FIAT, foram 3º colocado no 11º Raid Pavia-Venezia 2021 Junho 414

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Motonáutica

Pavia em conjunto com a Associação de Motonáutica de Veneza e da Federação Italiana de Motonáutica, obteve excelente resultado com participação de nomes famosos como Guido Cappellini – 10 vezes Campeão Mundial de Formula 1 e Recordista Mundial de Velocidade Inshore, Giampaolo Montavoci ex-piloto de Class 1 Offshore e muitos outros.

O barco 34 da dupla Gianluca Coltro e Giampaolo Montavoci

Nível muito baixo das águas do Rio Po alteram a partida Uma prova com 414Km de extensão é bastante com-

Guido Cappellini (74) traído pelo novo motor Mercury 360APX, abandonou a prova 66

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Motonáutica

Paolo Romagnoli (77) segundo colocado na Geral com um Clássico

plexa de ser organizada e depende de vários fatores que podem interferir na organização e contrôle. Esse ano o nível muito baixo das águas no Rio Po em Pavia obrigaram os Organizadores a transferir a partida para S. Nazarro d’Ongina as 8,30hs do dia 6 de Junho. Mas tudo correu bem sem nenhuma indicação de acidente com pilotos, apenas quebras mecânicas.

A surpreendente alegria de Gianluca Carli, o Vencedor! 68

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Vitória surpreendente de um Formula 2 Com tantos barcos velozes participando em várias Classes, apenas 2 barcos participaram em Classe Inshore: Guido Cappellini com F1 e Gianluca Carli com F2. Cappellini preparou e testou com afinco o seu DAC com o novo motor Mercury 360APX, mas mesmo tendo atingido velocidade de 225Km/h durante o Raid, acabou por abandonar por falha no motor Mercury.


Motonáutica

Com o objetivo de bater o Record do Raid, Guido Cappellini e o Abu Dhabi Team tiveram uma grande decepção. Mas para Gianluca Carli e o seu DAC/Mercury Optimax de F2 o sucesso sorriu e com uma média de 168,09Km/h foi o vencedor geral do Raid. Além de Vencedor do

Raid, ganhou a “Copa Teo Rossi di Montelera” que é obtida pelo barco mais rápido no trecho cronometrado de 55km “Revere-Pontelagoscuro”. Em segundo um barco com charme e estilo Paolo Romagnoli foi o

segundo colocado na Classificação Total com um barco LUCINI e motor Alfa Romeo 2000cc, na Classe Racers, reservada a barcos históricos, construídos antes da década de 90. Uma preciosidade! Foi também ganhador do “Troféu Raid Classic”. A Premiação teve lu-

gar no histórico Arsenal de Veneza com a presença do Prefeito Luigi Brugnaro que ressaltou a importância do retorno do Raid Pavia-Venezia e o sucesso do Salão Náutico de Veneza, prometendo dar apoio ainda maior, para a 70ª Edição do Raid em 2022.

Com o Troféu de Vencedor Gianluca Carli sob os aplausos de Giampaolo Montavoci (um dos Organizadores do Raid) e do Prefeito de Veneza Luigi Brugnaro 2021 Junho 414

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Motonáutica

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Motonáutica

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Motonáutica

E1 Series Apresenta o seu Novo Barco e Apostam numa Revolução na Motonáutica

O

Grupo Empresarial liderado pelo espanhol Alexandro Agad (CEO da Formula E), revelou a poucas semanas o que deverá ser o RACEBIRD, o barco totalmente elétrico para um novo Campeonato Mundial da UIM. Com previsão para início em 2023, vamos aguardar os primeiros testes reais desse barco, para podermos ter uma noção da potencial força desse projeto que já vem consumindo alguns milhares de euros, na esperança de um futuro brilhante. Por Gustavo Bahia 72

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Notícias do Mar

Última

Aumentou o Limite de Captura Diária de Sardinha

Pesca da Sardinha

N

ovos limites diários sobre captura diária de sardinha entraram em vigor com um aumento do limite de captura diária por embarcação. Através de Despacho do Diretor-geral da DireçãoGeral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), foram divulgadas as novas medidas de gestão da pesca da sardinha, que permitem um aumento diário de captura por tipo de embarcação. O parecer do ICES (International Council for the Exploration of the Sea) emitido no passado dia 18 de junho veio confirmar as boas expectativas do estado do recurso, e a quota total para o ano de 2021 irá agora ser acordada entre Portugal e Espanha, que tem gerido,

a pescaria em conjunto, com base num Plano de Recuperação e Gestão da Sardinha. Nesta sequência e conforme já anunciado pelo Ministro do Mar, poder-se-á fixar uma quota global para Portugal próxima das 30 mil toneladas, o que permitirá prorrogar esta pescaria até novembro, o que

representa um crescimento muito importante (em 2020 foi fixada uma quota total de 12.700 toneladas). Neste contexto favorável, o referido despacho determina que, a partir da 00H00 horas do dia 21 de junho os limites diários de descarga e/ou colocação à venda de sardinha,

Mais sardinhas para comer assadas

previstos nas alíneas a), b) e c) do nº 3 do Despacho nº 4626/2021, passaram a ser os seguintes: a) Embarcações com comprimento de fora a fora inferior ou igual a 9 m, 1.327,5 quilos (59 cabazes, quando aplicável). b) Embarcações com comprimento de fora a fora superior a 9 m e inferior ou igual a 16m, 2.655 quilos (118 cabazes, quando aplicável). c) Embarcações com comprimento de fora a fora superior a 16 m, 3.982,5 quilos (177 cabazes, quando aplicável). Refira-se que a pesca da sardinha reabriu no passado dia 17 de maio, após quase sete meses de interdição, com um limite provisório de dez mil toneladas até final de julho.

Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com Paginação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Carlos Cupeto, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00

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