Notícias do Mar n.º 446

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Boot Düsseldorf 2024

Texto e Fotografia

Boot em Velocidade de Cruzeiro

Com 16 pavilhões de exposição a boot é o maior evento náutico do mundo

Com uma área de 220.000 metros quadrados em 16 pavilhões de exposição a boot 2024 é o maior evento náutico do mundo e contou com várias estreias mundiais de lanchas, tenders, iates, veleiros e superiates. Um total de quase 1.100 barcos ancoraram em Düsseldorf com actividades práticas para mergulho, surf, vela e remo nos pavilhões de exposição.

OHall 5 dos Superboats tem seguido um curso de sucesso desde a boot 2020.

Tudo o que se destaca em tenders de luxo está ali. Os Superiates estiveram mais uma vez no Hall 6 com todo

o seu fulgor. A oferta de vela nos pavilhões 15 e 16, com os líderes de mercado internacionais na indústria da

vela e com muitas estreias, quase 100 fabricantes ofereceram uma visão completa da indústria. Os entusiastas da vela encontraram-se no Sailing Center e no palco no Hall 15. Lendas como o veterano da vela Burghard Pieske, assim como estrelas em ascensão como Rosalin Kuipper, da Holanda. Os outros pavilhões náuticos 1, 3, 4, 7a e 9 também estiveram repletos de barcos, iates e tenders.

Economia do Mar e o Turismo Náutico Portugueses

A presença portuguesa na boot Düsseldorf 2024, destacou a importância da Eco-

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Notícias do Mar
João Carlos Reis A boot contou com várias estreias mundiais de lanchas, tenders, iates, veleiros e superiates

nomia do Mar e do Turismo Náutico para Portugal. Com 97% do território nacional composto por mar, o país reforçou o seu compromisso com o setor náutico através de uma participação coletiva diversificada.

Várias associações marcaram presença, desde os Portos de Recreio até à Associação Visit Azores, acompanhadas por empresas ligadas a acessórios, matérias-primas e serviços náuticos, como a Air Head Europe, a Navicork e a Nautisys. A Media 4U organizou pela sétima vez consecutiva uma participação colectiva Portuguesa, que foi impulsionada com o importante apoio ao sector náutico no âmbito do Projeto BOW (Portugal – Business On the Way), da AEP – Associação Empresarial de Portugal, que é potenciado por fundos Portugal 2030 e Compete 2030.

A representação Portuguesa na boot teve a visita da Secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, que esteve mais uma vez presente na feira.

A presença

Portuguesa

Portugal esteve representado por cerca de 30 expositores a ocuparem algumas centenas de m2 em vários Pavilhões, acompanhando a temática dos mesmos e refletindo a diversidade do sector. Empresas como a Navicork by Amorim Cork (Pavilhão 10), a Nautisys e a Air Head Europe (Pavilhão 11), a Portugal Dive (Pavilhão 12), com o Pavilhão 13 a ter a maior participação e a contar com a presença da AEP (Associação Empresarial de Portugal), APP (Associação dos Portos de Portugal), APPR (Associação Portuguesa de Portos de Recreio), Estação Náutica de Vilamoura e a Marina de Vilamoura, Limatla, Marina de Cascais, Obe & Carmen,

OESTE CIM (Comunidade Intermunicipal do Oeste, Estação Náutica do Oeste) e o Sea of Portugal/Media 4U, a marcarem mais uma vez presença. A FeelViana esteve no Pavilhão 17. Os Açores (Pavilhão 12 e 13), contaram com Azores Fishing (Lopes e Paiva), Azores Sub – Diving Center, Haliotis, Mantamaria, Pico Island, Portos dos Açores, Pure Sail – Yacht Charter Azores, Sail Along e a Sailing Azores – Pete Keeping. Fechando a representação Portuguesa com a Manta Diving Madeira (Pavilhão 12), que exibiram os seus produtos, oferta e inovações.

A Docapesca lançou a app “Alagem Digital”, no Espaço “Portuguese Marinas”, durante a boot e na presença da Secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho. A apresentação esteve a cargo de Sérgio Faias e contou ainda com a intervenção de Isolete Correia. Este lançamento da App “Alagem Digital” reforça o papel da Docapesca na inovação e no apoio à náutica de recreio, estaleiros navais, e na promoção de práticas sustentáveis e eficientes no setor marítimo e pesqueiro português.

A APP (Associação dos Portos de Portugal) e a APPR

(Associação Portuguesa de Portos de Recreio) apresentaram pela primeira vez as “Portuguese Marinas” e fizeram uma apresentação extensiva do melhor que as Marinas Portuguesas têm para oferecer ao público que visita a boot. A APPR presença habitual, conseguiu com a APP, que se juntou pela primeira vez ao certame, reforçar a posição das Marinas neste evento internacional de tão grande importância.

A OESTE CIM esteve mais uma vez presente a promover os atrativos da região, com destaque para a Estação Náutica do Oes-

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Representação Portuguesa Pavilhão dos Superboats

te. O potencial da Região vai muito além do surf. Os desportos náuticos também são populares, aproveitando as condições favoráveis do vento e do mar. As escolas e centros de desportos náuticos oferecem a oportunidade de aprender e praticar estas atividades num ambiente seguro e controlado.

A Câmara Municipal de Loulé levou mais uma vez a sua região à feira e esteve presente a promover a oferta da Estação Náutica de Vilamoura, com destaque claro está para a Marina de Vilamoura, que em breve contará com uma série de posições

para embarcações até 40m.

A Marina de Cascais é a Marina mais ocidental de Portugal e tem um papel impulsionador do mercado da náutica, competindo de uma forma positiva, com o que de melhor a Riviera Portuguesa tem para oferecer. Com quase 25 anos, a Marina impõese como um dos pontos de passagem obrigatória para quem visita o Atlântico.

A AEP (Associação Empresarial de Portugal), em parceria com o Sea of Portugal, esteve pela primeira vez na feira juntamente com empresas da indústria náutica. A economia do Mar engloba

um conjunto de fileiras, setores e subsetores de atividade económica de grande relevância, onde se encontram áreas como a construção naval (construção e reparação); engenharia e design; equipamentos, envolvendo transversalmente setores como a eletrónica para navegação e comunicação, mobiliário e decoração, software e novas tecnologias.

A participação coletiva da missão da AEP reflectiu isso mesmo e foi composta por quatro empresas: Air Head Europe, Nautisys/ Arestalfer, LIMATLA e OBE&CARMEN.

Para o presidente do Con-

selho de Administração da AEP, Luís Miguel Ribeiro, “a indústria náutica de recreio desempenha um papel de extrema relevância, sendo essencial para fomentar um ecossistema económico abrangente, ao compreender uma ampla variedade de atividades e setores interligados. É neste sentido que estreamos a nossa presença neste importante evento internacional, o ponto de encontro certo para as empresas verificarem estratégias, investimentos, fornecedores e parceiros. É o espaço de excelência para a indústria portuguesa mostrar as suas mais recentes novidades.”

Alguns Destaques e Novidades

Princess X95

A Princess apresentou um dos line-ups mais fortes de sempre e tinha mais uma vez um stand impressionante no Hall 6. A quantidade de embarcações enquadrava o Stand quase como uma marina dentro de portas. Apresentado uma diversidade grande, com quatro dos maiores modelos da marca expostos, onde destacamos a maior embarcação em exposição na feira, a Princess X95 com os seus 29m de comprimento e 6,70m de boca. Com uma capacidade de até 12 convidados e até 6 tripulantes, tem a Velocidade máxima de 1922 nós.

Sunseeker Ocean 182

A Sunseeker propôs um novo layout de convés com seu Ocean 182 de 27m. O comando foi transferido para o flybridge fechado, criando um espaçoso salão de convés que rivaliza com outros Superiates. Alimentado por dois motores de 2.000 cv, o Ocean 182 atinge uma confortável velocidade máxima

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Stand da Princess no Hall 6 Sessão de Abertura

de 27 nós e uma velocidade de cruzeiro de 12 nós, tem um alcance máximo de 1.800 milhas náuticas.

Azimut Magellano 60

O Magellano 60 de três decks, o estaleiro italiano Azimut conseguiu uma ousada elegância italiana sem comprometer o espaço. Para melhorar a experiência de abertura sem fronteiras, foi dada especial ênfase às janelas panorâmicas e às vistas desobstruídas. A Azimut chama o cockpit de “Infinity Terrace” – com vistas espetaculares do mar graças ao vidro traseiro sem parapeito.

Dois motores de 760 cv garantem uma velocidade máxima de 26 nós.

Frauscher x Porsche eFantom

A Frauscher e a Porsche encontraram-se no campo de jogo do “nível de luxo”. Juntos, desenvolveram um barco desportivo que é tão requintado quanto voltado para o futuro. O eFantom funde a expertise de ambas as marcas no design e surpreende o mundo com um verdadeiro golpe técnico: é impulsionado pelo motor elétrico do Porsche Macan, que estará na estrada em

2024. No modo Sport-Plus dispara até aos 45 nós.

Prestige F4

A F-Line da Prestige é um sucesso há mais de 30 anos. Apresentando o F4, o estaleiro francês leva esta linha para o próximo nível. Um novo casco em V mais nítido, design interior modernizado e muito espaço para os hóspedes que se adaptam às necessidades de uma nova geração. A nova linha é orientada para atender à procura para as férias, desde o solário no flybridge até à plataforma de natação rebatível. Os espaços sociais desem-

penham um papel de destaque. O sofá na popa fica de frente para o mar aberto e para a cabine do piloto.

Destination Seaside e Dive Center

Os sonhos de férias realizamse aqui. Para todos os fãs de férias na água, uma visita à boot é como uma viagem a climas onde é sempre Verão.

O Destination Seaside nos Pavilhões 13 e 14 atraiu visitantes, com fornecedores das regiões de desportos aquáticos mais fantásticas do mundo. Apresentações de países como Egito, Indonésia, Croácia, Maurícia, Trinidad e Tobago ou Portugal, por exemplo, convidaram os visitantes a sonhar com a próxima época de férias. Conhecidos fornecedores de Charters mostraram a singularidade de férias na água com barcos a motor e à vela. Navegar suavemente pelos rios e lagos da Europa numa casa flutuante também se tornou mais popular nos últimos anos, e a visita a uma casa flutuante foi uma das atrações centrais no Hall 13.

O Dive Center permitiu mergulhar e imergir em mundos subaquáticos fascinantes e foi uma atração nos pavilhões de mergulho 11, 12 e no topo norte do pavilhão 13. Os fabricantes e retalhistas trouxeram a Düsseldorf, as suas ideias inovadoras e os equipamentos mais recentes para os desportos de mergulho e convidaram os entusiastas dos desportos a comprar na feira. O negócio é parte importante do salão. Além disso, todos os iniciantes e profissionais puderam mergulhar na piscina e na torre de mergulho futurista no Hall 12. As sessões de mergulho, como mergulho para iniciantes, “mermaiding”, workshops de mergulho para mergulhadores avançados

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Teresa Coelho, Secretária de Estado das Pescas, faz intervenção em mais uma presença na boot A maior embarcação da boot foi o Princess X95 de 29m

ou mergulho em apneia com apenas uma respiração, fizeram sucesso.

Ação pura no festival de trend sports no Hall 17 e atividades para famílias

Ação pura no Hall 17 no festival de trend sports da boot. É aqui que a cena do surf se realiza em todas as suas facetas. 40 fabricantes e retalhistas apresentaram as últimas tendências em wingsurfing e foiling, wakeboarding, pump foiling, SUP e windsurf clássico. Numerosas atividades práticas, atraíram pessoas ativas para o pavilhão de surf da boot e para a piscina de ação com 60x20 metros. Emocionantes competições nos finsde-semana da boot, os profissionais mostraram o que podem fazer numa prancha.

As famílias com crianças menores, por outro lado, puderam desfrutar de um tempo tranquilo num passeio de canoa por uma floresta no estilo canadiano na World of Paddling ou ver os tesouros clássicos de barcos no Classic Forum no Hall 14.

Mais de 1.500 expositores

Com mais de 1.500 expositores de 65 países, a feira proporcionou um palco internacional para os setores náuticos e dos desportos aquáticos. A boot Düsseldorf 2024 consolidou a sua posição como a principal feira náutica do mundo, mas também se mostrou resiliente em tempos desafiadores. Com 214.000 visitantes de 120 países, a feira conseguiu aumentar tanto a sua proporção de visitantes profissionais de 18% (ca. 42.700) para mais de 21% (ca. 45.000) como a internacionalidade dos seus clientes de 23,7% (ca. 56.200) para

Stand APP e APPR, que apresentaram pela primeira vez as “Portuguese Marinas”

34,3% (ca. 73.500), conseguindo atrair entusiastas de todos os continentes.

Os iates à vela (42%) foram o principal foco de interesse, seguidos pelos barcos a motor (38,2%), mergulhadores (27%), charters (11,7%) e surfistas (9,8%). Além destes, o turismo náutico (19,4%) também foi amplamente procurado.

Com 94% dos visitantes a avaliar o programa da feira

como muito positivo, a boot Düsseldorf 2024 solidificou a sua posição como plataforma internacional de inovação para o setor náutico, evidenciando o potencial e a vitalidade da indústria marítima portuguesa.

A proteção marinha e tecnologias inovadoras e sustentáveis também estiveram em foco. Em cooperação com a European Boating Industry (EBI), o Blue Innovation Dock

forneceu um formato de diálogo único. Além disso, a proteção dos oceanos esteve em destaque com o prestigiado prémio “Ocean Tribute”, apresentado em parceria pela Fundação Príncipe Alberto II de Mónaco e pela Fundação Oceano Alemã, bem como com a campanha “Love your Ocean.

A próxima boot Düsseldorf será de 18 a 26 de janeiro de 2025.

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CIM
Oeste a promover o que a região tem de especial

Voz aos Protagonistas da Boot

Segunda presença da Air Head Europe na Feira Náutica de Düsseldorf

AAir Head Europe Lda., sediada em Portugal, fabrica os sanitários de compostagem e separação da empresa Norte Americana Eos Design LLC. Reconhecidos pela sua compacidade

e alta capacidade, os sanitários Air Head foram especialmente concebidos e desenvolvidos para utilização na náutica.

A participação na Feira de Düsseldorf é de extrema importância para a introdução do nosso produto no mercado náutico alemão. Dada a

prevalência da navegação em zonas fluviais, lagos e canais na região, é crucial evitar a presença de sanitários de despejo direto a bordo das embarcações. A legislação alemã também proíbe expressamente tal prática em águas interiores. Apesar da existência de centros de des-

pejo de águas negras, têmse verificado diversos problemas, como a inoperância de várias unidades e longas filas de espera durante a estação alta do verão. Diante da crescente rigidez das regulamentações sobre despejos de águas negras no norte da Europa, a introdução de um produto opcional que aborde essas questões é oportuna e necessária.

Na Alemanha, já somos líderes de mercado no setor de auto caravanismo, graças à atuação proativa do nosso revendedor neste segmento. Essa liderança motivou a Air Head Europe a expandir a sua atuação para o mercado náutico alemão, onde ainda não estamos plenamente estabelecidos.

Na Escandinávia, a nossa presença constante nas maiores feiras náuticas da região tem-nos consolidado como uma opção fiável para os tradicionais sanitários náuticos. Devido à preocupação

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Convívio no Stand de Portugal Demonstração na piscina de ação com 60x20 metros

com a oxigenação e à sobre fertilização das águas do Báltico, as regulamentações em muitos países nórdicos são rigorosas, proibindo qualquer tipo de despejo.

O segundo ano de apresentação na BOOT foi um sucesso, com um aumento significativo no interesse geral. Muitos visitantes ainda desconhecem a existência da nossa solução. O nosso desafio é divulgar amplamente os nossos produtos, de modo que a sua existência seja cada vez mais difundida entre os consumidores. As reações positivas do público ao entender o funcionamento dos nossos produtos, geralmente resultam em vendas no início da estação náutica.

No próximo ano lá estaremos representados novamente.

Nuno Antunes, Air Head Europe

AEP pela primeira vez na boot Dusseldorf: empresas fazem balanço positivo

AAEP – Associação Empresarial de Portugal, em parceria com o Sea of Portugal, esteve na Alemanha com empresas da indústria náutica para participar, entre 20 e 28 de janeiro, na feira boot Düsseldorf, um dos maiores eventos à escala mundial para a fileira náutica.

As empresas que integraram a comitiva da AEP - Air Head Europe (artigos de plástico), Arestalfer (estruturas de construções metálicas), LIMATLA – Sociedade Comercial de Veículos e Equipamentos (artigos de desporto, campismo e lazer), Obe&Carmen (construção de embarcações de recreio e de desporto) - fazem um balanço positivo da participação na boot Düsseldorf e apontam como mais valias os contactos estabelecidos e as potenciais parcerias.

A indústria náutica de re-

Estação Náutica de Vilamoura com a Marina de Vilamoura em destaque

creio desempenha um papel de extrema relevância, sendo essencial para fomentar um ecossistema económico abrangente, ao compreender uma ampla variedade de atividades e setores interligados. É neste sentido que a AEP estreou presença na boot Düsseldorf, o ponto de encontro para as empresas verificarem estratégias, investimentos, fornecedores e parceiros e o espaço para as empresas portuguesas mostrarem as suas novidades.

Para a indústria náutica a

AEP também organiza (em setembro do ano passado participou pela terceira vez consecutiva) a presença nacional na feira Yachting Festival, que acontece em Cannes, estando já prevista a participação na edição de 2024.

A economia do Mar engloba um conjunto de fileiras, setores e subsetores de atividade económica de grande relevância, onde se encontram áreas como a construção naval (construção e reparação); engenharia e design; equipamentos, envolvendo trans-

versalmente setores como a eletrónica para navegação e comunicação, mobiliário e decoração, software e novas tecnologias.

Há 54 anos que a boot Düsseldorf é o porto de origem e o motor dos desportos aquáticos internacionais com as melhores marcas a bordo. Nos últimos anos, a boot Düsseldorf cresceu 20 mil m2 em área útil ocupada, com mais de 1500 expositores que preenchem os 16 pavilhões da feira.

Em termos de mercado,

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Tanque de mergulho

a Alemanha é um importante parceiro económico para Portugal ao oferecer oportunidades de negócio em diversos setores de atividade. As indústrias navais (construção e reparação), náutica de recreio e de turismo náutico são fundamentais para a promoção de setores geradores de valor e de criação de emprego. Com um elevado poder de compra, a Alemanha é a quarta economia mundial, o maior mercado da União Europeia e um dos principais exportadores e importadores a nível mun-

dial, em ambos os fluxos. Com o objetivo de apoiar as empresas no seu processo de diversificação de mercados e conquista de quotas internacionais, desde 1990, ano em que deu início, de uma forma sistemática, à realização de ações de internacionalização, a AEP já organizou, individualmente ou através de parcerias com outras entidades, largas centenas de ações em mercados externos.

Em 2023, o projeto BOW - Business on the Way promoveu a participação de mais de 200 empresas em

27 ações, entre feiras internacionais, missões empresariais, em 23 mercados distintos.

Associação Empresarial de Portugal

Mar adentro: à descoberta do potencial da Região Oeste

Na Região Oeste de Portugal encontra-se um paraíso para os amantes do surf e dos desportos náuticos. As praias e os cenários deslumbrantes oferecem não apenas ondas perfeitas, mas também uma variedade

de atividades para os entusiastas do mar. Com um compromisso crescente com a sustentabilidade, a transição digital e a inclusão social, esta região assume-se como lugar de eleição para os que procuram um destino que valoriza o bem-estar social, ambiental e económico.

As praias da Região Oeste são mundialmente famosas pela qualidade das suas ondas, atraindo surfistas de todo o mundo. Com uma cultura de surf vibrante e uma comunidade acolhedora, a Região Oeste tornouse ponto de encontro para aqueles que procuram uma experiência autêntica e emocionante nas ondas.

No entanto, o potencial da Região vai muito além do surf. Os desportos náuticos também são populares, aproveitando as condições favoráveis do vento e do mar. As escolas e centros de desportos náuticos oferecem a oportunidade de aprender e praticar estas atividades num ambiente seguro e controlado.

Além de ser um paraíso para os desportos náuticos, a Região Oeste destaca-se pelo seu compromisso com o turismo sustentável e com a proteção e preservação do ambiente, garantindo que as gerações futuras possam desfrutar das maravilhas naturais que esta região tem para oferecer. Iniciativas como a promoção de práticas de turismo responsáveis e a promoção de práticas de economia circular estão a contribuir para um futuro mais verde para o Oeste.

Recentemente, a Comunidade Intermunicipal do Oeste teve a oportunidade de destacar os atrativos da região na Feira Boot Düsseldorf, na Alemanha. Este evento é um dos maiores do mundo dedicado ao turismo náutico e desportos aquáticos, pro-

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Isolete Correia durante a apresentação da Alagem Nautisys a promover o dry stack de barcos (integrou a missão AEP BOW)

porcionando uma plataforma internacional para promover destinos costeiros e marítimos. A participação da Região Oeste na feira destacou não apenas as suas praias e ondas de classe mundial, mas também o seu compromisso com o turismo sustentável, atraindo a atenção de entusiastas e profissionais do setor de todo o mundo.

Recorde-se que a OesteCIM é responsável pela Estação Náutica do Oeste, integrando a rede nacional que foi estabelecida com base na valorização dos recursos náuticos presentes em cada território, os quais incluem a oferta de alojamento, restauração, atividades náuticas e outras atividades e serviços relevantes para a atração de visitantes. Ao estarem certificadas, asseguram aos visitantes a qualidade do produto turístico e dos serviços prestados, bem como apoio informativo e a reserva de

alojamento e serviços.

Entre o azul infinito do mar e o verde vibrante da natureza, desvenda-se, assim, um paraíso de experiências para os amantes do mar e da natureza em todo o mundo. Praias de tirar o fôlego, vinhos com alma, fruta e hortícolas saborosos, um património natural e cultural rico e vibrante, e a participação ativa em eventos internacionais consolidam a posição da região como um destino de excelência.

Comunidade Intermunicipal do Oeste

Docapesca Inova com Lançamento da Aplicação “Alagem Digital”

Olançamento durante a boot da inovadora aplicação móvel “Alagem Digital”, que consolida o compromisso de Portugal com a inovação no setor marítimo e náutico, contou com a presença da Secretária de Estado das Pescas, Te-

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Marina de Cascais a promover a sua oferta

resa Coelho. O anúncio foi feito no espaço “Portuguese Marinas” do pavilhão 13, por Sérgio Faias, Presidente CA da Docapesca e contou ainda com a intervenção de Isolete Correia.

A aplicação móvel “Alagem Digital” vem contribuir para simplificar e uniformizar os processos de gestão de reservas do serviço público de alagem de embarcações - subida e descida da águanos estaleiros sob jurisdição

da Docapesca.

A aplicação permite aos proprietários de embarcações, estaleiros de reparação naval e outros utilizadores portuários efetuarem todos os procedimentos necessários à reserva dos serviços de alagem nas diferentes localizações geográficas, sem necessidade de deslocação ao local. Numa primeira fase, a app está disponível para os estaleiros da Azurara (Vila do Conde), porto da Nazaré, Setúbal e Rio Ara-

de (Lagoa).

Futuramente, a aplicação desenvolvida pela Docapesca poderá também ser licenciada a outras administrações portuárias ou concessionários destes serviços fora das áreas de jurisdição da Docapesca.

Com uma navegação amiga do utilizador, a nova ferramenta que é uma medida do programa Simplex, já se encontra disponível para sistema Android e para iOS nas

respetivas stores.

A Docapesca – Portos e Lotas, S.A. é uma empresa do Setor Empresarial do Estado, sob a tutela do Ministério da Agricultura e Alimentação e do Ministério das Finanças, que tem a seu cargo, em Portugal continental, a gestão dos portos de pesca e a organização do serviço público de primeira venda de pescado, assim como atribuições de autoridade portuária nas áreas sob sua jurisdição, onde se incluem infraestruturas de apoio à náutica de recreio, estaleiros navais e outras atividades conexas ao Setor da Pesca Profissional e da Aquicultura.

Docapesca

Marina de Cascais – A experiência de fazer parte da Boot

Oque nos move? A paixão pelo mar e pelas pessoas!

Presente na Boot Düsseldorf pela 3.ª vez, a Marina de Cascais leva a um dos maiores boat shows da Europa, o que de melhor a Riviera Portuguesa tem para oferecer.

Com quase 25 anos, a Marina impõe-se como um dos pontos de passagem obrigatória para quem visita o Atlântico e, leva Portugal até Düsseldorf – até aos velejadores mais ambiciosos.

Reconhecida pelas condições climatéricas ideais que proporciona, é desde o século XIX palco das mais famosas regatas internacionais (como os RC44 e Rolex TP52) e, simultaneamente um porto seguro para os que procuram dias calmos, no seio de um conjunto de serviços de luxo.

Como resultado do compromisso de bem receber, sustentabilidade e segurança que aqui se espelham, recebemos em 2023 as 5 âncoras de ouro.

Valores representados dia-

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Navicork a divulgar novas aplicações da nossa cortiça Sérgio Faias da Docapesca faz a apresentação da App Alagem

riamente e, em eventos importantes como a feira em questão, em que se procura não só apresentar a Marina de Cascais como produto de excelência, bem como parte integrante de um projeto, que promove as relações interpessoais de equipas de todas as partes do país.

Assumindo a posição de Marina mais ocidental de Portugal, revela hoje em dia um papel muito importante e impulsionador do mercado da náutica, competindo de uma forma positiva, com diversos nomes representados na Boot.

Participação esta que, proporciona a cada ano, o delinear de novos objetivos enquanto empresa e, uma partilha de experiências enriquecedora entre expositores e visitantes, que trabalham com uma motivação comum – usufruir do mar da melhor maneira possível.

Marina de Cascais

Uma escolha estratégica para a Nautisys

Aparticipação na Feira BOOT em Düsseldorf foi uma escolha estratégica para a Nautisys, uma vez que se trata de uma das maiores e mais influentes feiras náuticas do mundo.

Sendo a Nautisys uma empresa recente, a participação nesta feira representava uma oportunidade muito valiosa para aumentar a visibilidade da marca a nível internacional, tornando possível a divulgação e exposição do nosso recente equipamento para movimentação e parqueamento de embarcações em seco.

A presença na BOOT Düsseldorf permitiu-nos apresentar ao mercado, um produto recém desenvolvido com inúmeras vantagens face ás soluções atualmente disponíveis, sendo a principal, a capacidade elevação de embarcações até 10 metros, diretamente da

água, e o seu armazenamento em estantes verticais, com uma única operação e em poucos minutos.

Por outro lado, foi possível também demonstrar a nossa capacidade técnica de projetar uma solução de armazenamento modular, totalmente adaptada ao espaço do cliente, permitindo armazenar um maior número de embarcações em comparação com o armazenamento convencional.

A nossa participação superou todas as expectativas, contribuindo fortemente para a uma maior projeção da empresa no mercado. Obtivemos uma resposta extremamente positiva dos visitantes, demonstrando não só um grande interesse pelas nossas soluções de armazenamento bem como pela inovação e funcionalidade do equipamento.

Conseguimos estabelecer contatos com potenciais clientes e parceiros em todo o mundo, o que nos deixa confiantes sobre o futuro crescimento e expansão da Nautisys.

Beatriz Martins, Nautisys

OBE & CARMEN na boot

Oestaleiro OBE & CARMEN, LDA, sediado

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Superiates no Pavilhão 6
Air Head Europe apresenta sanitários de compostagem e separação (integrou a missão AEP BOW)

Lista de Expositores

Portugueses

Boot 2024

Pavilhão 10 e 11 (Motores, Acessórios e Equipamentos)

Air Head Europe

Nautisys

Navicork by Amorim Cork

Pavilhão 12 (Mergulho)

Portugal Dive

Pavilhão 17 (Trend Sports)

FeelViana

Pavilhão 13 (Turismo Náutico e Marinas)

AEP (Associação Empresarial de Portugal)

APP (Associação dos Portos de Portugal)

APPR (Associação Portuguesa de Portos de Recreio)

em Águeda desde 1972, nasceu pelo gosto e “mão” do seu sócio fundador Obe da Silva.

O seu capital social é 100% nacional e mantem-se na família onde já trabalham três gerações.

A empresa é criadora e proprietária das marcas OBE e SIRIUS, tem uma importante quota de mercado a nível nacional e uma taxa de exportação a rondar os 50% do volume de negócios.

Com um portefólio interessante que resulta da capacidade de adaptação às exigências do mercado, conta com 5 cascos que derivam para 12 versões na marca OBE e 6 cascos que derivam para 10 versões na SIRIUS.

Parceira oficial YAMAHA há 20 anos; fornecedor do Metro do Porto com peças específicas para as composições; fornecedor de capacetes homologados para as Forças de Segurança; fornecedor do Grupo SANITANA com painéis para banheira topo de gama; fornecedor de cascos por subcontratação para a Zodiac e muito mais.

Estação Náutica de Vilamoura - Marina de Vilamoura LIMATLA

Marina de Cascais

OBE & Carmen

OESTE CIM - Comunidade Intermunicipal do Oeste / Estação Náutica do Oeste

Sea of Portugal / Media4U

Açores (Pavilhão 12 e 13)

Azores Fishing (Lopes e Paiva)

Azores Sub – Diving Center

Haliotis

Mantamaria

Pico Island

Portos dos Açores

Pure Sail – Yacht Charter Azores

Sail Along

Sailing Azores – Pete Keeping

Madeira (Pavilhão 12)

Manta Diving Madeira

14 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
Pavilhão dos desportos aquáticos Piscina de demonstrações dos Trend Sports

Notícias Yamaha

O Novo Motor Yamaha V6 de 350 cv

A Yamaha apresenta o novo e empolgante V6 de 350 cv da Yamaha para dar resposta à procura dos clientes, atendendo à demanda por diversidade de potência.

AYamaha Motor Europe anunciou uma série de inovações para deleitar os clientes de veículos de navegação, incluindo aquela que é a atração principal: um novo motor V6 de 350 cv, além de mais atualizações ao sistema Helm Master® EX.

Um novo e empolgante V6 de 350 cavalos de potência junta-se à família Yamaha fora de bordo para satisfazer a procura dos clientes por diversidade no âmbito de cavalos de potência, desempenho premium e fiabilidade.

O Helm Master® EX com

16 2024 Fevereiro 446 Náutica
Texto e Fotografia Yamaha Motor Europe
Yamaha V6 de 350 cv é a maior potência de um V6 Novo Motor Yamaha V6 de 350 cv

hélice de proa integrada expande-se para aplicações com um só motor, quatro e cinco motores, passando agora a suportar Vetus e Sleipner.

Amesterdão, Países Baixos: A Yamaha Motor Europe, líder de renome mundial na inovação de motores fora de borda e sistemas de navegação, tem o prazer de anunciar o lançamento altamente antecipado do seu novo motor e melhorias ao sistema de controlo de embarcação.

As duas tendências-chave que moldaram as prioridades da Yamaha para as suas inovações de motores e sistemas de navegação em 2024. A primeira é a crescente consciencialização dos construtores de barcos de que os motores fora de borda representam uma escolha genuinamente centrada no cliente, versátil para impulsionar embarcações maiores. O segundo é a progressiva sofisticação dos proprietários de barcos, que estão exigindo mais escolha, melhor tecnologia e integração de sistemas mais extensa para suas embarcações. Enquanto marca verdadeiramente centrada no cliente, a prioridade da Yamaha é responder às necessidades em

contínua mutação dos proprietários de embarcações.

“Nos últimos anos, a Yamaha fez grandes progressos, passando de um fornecedor líder de motores fora de borda para um verdadeiro fornecedor de sistemas para barcos. Lançámos muitas inovações líderes da indústria durante este período, mas não ficámos por aqui”, afirma Fabrice Lacoume, Marine Diretor da Yamaha Motor Europe. “A nossa linha deste ano apresenta um novo motor empolgante e poderoso que realmente reflete a diversidade exigida pelo proprietário do barco de hoje, além de uma gama de melhorias técnicas mais detalhadas que atendem e, esperamos, excedem as expectativas avançadas de nossos clientes.”

Apresentamos

o V6 de 350 cv

O emocionante V6 de 350 cv é uma adição de valor à linha V6 de motores V6 de 225 cv, 250 cv e 300 cv, preenchendo a lacuna de potência entre o V6 e o V8 (XTO V8 de 400 cv e V8 de 450 cv). Os clientes vão adorar a

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Os clientes vão adorar a maior potência de um V6 Yamaha V6 de 350 cv

maior potência de um V6 e o aumento do binário a velocidades mais baixas, permitindo uma experiência mais ágil e emocionante ao pilotar o barco.

O novo V6 de 350 cv foi projetado com válvulas de admissão e escape maiores do que o V6 de 300 cv e usa a mesma válvula de aceleração eletrónica de diâmetro que o V8 XTO de 450 cv para maximizar o movimento do ar. Um melhor fluxo de ar equivale a mais potência, uma vez que o combustível rigorosamente mapeado e o sincronismo de ignição correspondem à procura do operador por um desempenho reativo, enquanto uma cambota nova e robusta oferece um curso mais longo, permitindo mais binário em velocidades mais baixas.

Das cabeças dos cilindros ao cárter, o novo V6 de 350 cv da Yamaha caracteriza-se por um design técnico meticuloso. Com uma impressionante taxa de compressão de 11:1, o novo V6 de 350 cv gere habilmente o deslocamento de ar, utilizando coletores de admissão personalizados equipados com reservatórios de sobretensão 40% maiores para maximizar a quantidade e o tempo de entrada de ar para as portas de admissão, ao mesmo

tempo que garante uma distribuição uniforme do ar em cada cilindro. Os coletores de admissão idênticos de bordo e estibordo permitem o posicionamento ideal da válvula do acelerador eletrónica de 81 mm, que é 8% maior do que a válvula do acelerador V6 de 300 cv, estando montada ao centro para gerar um fluxo de ar mais suave e maior capacidade de resposta.

As válvulas de admissão e escape maiores e a temporização variável da árvore de cames (VCT) oferecem uma vantagem distinta em termos de fluxo de ar para o novo V6 de 350 CV da Yamaha. O perfil melhorado da árvore de cames estabelece uma maior elevação das válvulas para uma duração de funcionamento mais longa, tanto para a admissão como para o escape, enquanto os touches de válvulas recentemente concebidos, feitos do mesmo material duradouro utilizado para os touches do XTO de 450 CV, criam uma folga precisa das válvulas para obter uma combustão reforçada.

Para tirar partido do aumento do fluxo de ar, uma cambota nova e robustamente concebida cria um curso mais longo para obter mais binário em todas as gamas de RPM. O V6 de 350 cv da Yamaha também incorpora o uso de velas de ignição de irídio – valorizadas pela sua robustez e faísca concentrada e eficiente, combinadas com a primeira vez do novo mapeamento de controlo de injeção de combustível da Yamaha, que produz uma duração de injeção mais longa do que a do V6 de 300 cv, gerando mais potência.

Melhorias no Helm Master® EX

O exclusivo sistema de rigging de controlo Helm Master EX® da Yamaha, que

18 2024 Fevereiro 446 Náutica
Uma experiência mais ágil e emocionante ao pilotar o barco Yamaha V6 de 350 cv

define a categoria, torna as operações do barco fáceis e agradáveis. O Helm Master EX® utiliza tecnologia sofisticada para ajudar profissionais, entusiastas e utilizadores de lazer a navegar com confiança, maximizando a diversão na água em configurações de motor fora de borda simples e múltiplas.

Para 2024, a Yamaha expande o sistema de hélie de

proa de velocidade variável integrado com joystick com a adição de aplicações de motor de popa individual, quádruplo e quíntuplo para embarcações maiores que podem exigir controlo adicional. Além disso, a Sleipner junta-se à Vetus para esta próxima geração de hélices de proa integrados, sendo ambas marcas de fornecedores que suportam esta tecnologia.

Novidade para 2024, a Caixa de Controlo Mecânico 704 da Yamaha está agora disponível com uma funcionalidade de bloqueio neutro que permite ao fora de borda manter uma posição neutra enquanto o motor está em funcionamento. Esta funcionalidade é perfeita para

ficar ao ralenti na água ou esperar nas docas. A caixa de controlo de montagem superior permite um controlo fácil do acelerador com uma mão e um ajuste do trim sem esforço através de um interruptor de alavanca operado pelo polegar na pega. Navegar nunca foi tão simples!

19 2024 Fevereiro 446 Náutica
Yamaha V6 de 350 cv é uma adição de valor à linha V6 Yamaha V6 de 350 cv tem um design técnico meticuloso Unidade inferior ultra-durável

Acerca da Yamaha Motor

A Yamaha Motor é líder global em motores marítimos e sistemas náuticos, conhecida pela sua busca incessante por inovação, engenharia excecional e produtos de qualidade premium. Com um legado de mais de 60 anos, a Yamaha Motor continua a inspirar e encantar clientes em todo o mundo, fornecendo motores e sistemas de navegação emocionantes e fiáveis que amplificam a alegria do tempo passado na água.

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Escape de marcha-à-ré que melhora a propulsão (TERE) Função TotalTiltTM com limitador de inclinação integrado Melhorias no Helm Master® EX Aumento do
binário a velocidades mais baixas

A Yamaha Motor Adquire o Fabricante de Propulsão Marítima Elétrica Torqeedo

Reforçar a competitividade e acelerar os esforços de neutralidade de carbono no sector elétrico da estratégia CASE marítima da Yamaha.

22 2024 Fevereiro 446 Náutica Notícias Yamaha Texto e Fotografia Yamaha Motor Europe

AYamaha Motor anunciou que concluiu recentemente um acordo de compra de ações com a DEUTZ AG da Alemanha, que detém o fabricante de propulsão elétrica marítima Torqeedo, para adquirir todas as ações da Torqeedo. Esta aquisição de ações está dependente da obtenção das autorizações, licenças, etc., exigidas pela legislação em matéria de concorrência e outros regulamentos.

A Torqeedo, pioneira no domínio da propulsão marítima elétrica, oferece uma vasta gama de produtos, desde motores marítimos elétricos fora de borda e dentro de borda a baterias e vários outros acessórios. Com o aumento das vendas no mercado dos pequenos motores marítimos elétricos, principalmente na Europa, a Torqeedo continua a crescer como empresa. Detém também muitas patentes relacionadas com motores marítimos elétricos, hélices e sistemas elétricos, bem como capacidades de I&D, equipamento de produção em massa e recursos de desenvolvimento para tecnologias ambientais da próxima geração.

O objetivo da Yamaha ao adquirir a Torqeedo é reforçar as suas capacidades de desenvolvimento no campo elétrico da sua estratégia CASE marine, que delineia a direção geral para o negócio de produtos marítimos no atual Plano de Gestão a Médio Prazo. Esta aquisição destina-se também a apoiar e acelerar os esforços da Yamaha para alcançar a neutralidade de carbono na indústria marítima, bem como ajudar a acelerar o estabelecimento de uma pequena linha de propulsão elétrica.

Além disso, a combinação dos ativos da Torqeedo com as décadas de experiência técnica e know-how da Yamaha em design de cascos, motores marítimos, entre outros, irá gerar sinergias para a criação de motores marítimos fora de borda elétricos de gama média, uma vez que a Yamaha pretende tornar-se líder no crescente mercado de propulsão elétrica para barcos.

Ao implementar a sua estratégia CASE Marine, a Yamaha fornecerá produtos e serviços atrativos com elevado valor acrescentado para os seus clientes e esforçarse-á por alcançar a sua visão a longo prazo Marine de ser uma empresa que aumenta ainda mais o valor do oceano, proporcionando aos clientes uma vida marinha fiável e rica.

Visão Geral da Torqeedo

Fundação: 2005

Localização: Munique, Bavaria, Alemanha

Representantes CEO: Fabian Bez

Trabalhadores: Aprox. 230 Negócio: O fabrico e a venda de motores marítimos elétricos fora de borda e dentro de borda, unidades de pod, sistemas híbridos, baterias e outros acessórios

23 2024 Fevereiro 446 Náutica

O Robalo Alguns Dados Relativos à Sua Morfologia e Deslocação

Sabemos que eles são grandes nadadores.

Sabemos que são eles que estão perto da rebentação quando o mar sobe.

Experiências em tanques revelaram que robalos com comprimentos entre 24 e 37 centímetros podem suportar correntes com velocidade de 80 centímetros por segundo (Pickett, 1994).

Se considerarmos que a sua potência e velocidade de natação aumentam com o tamanho e peso, fica bem claro que os robalos não se incomodam em passar alguns momentos em marés fortes e águas turbulentas.

Mas já aqui vos mostrei qual a sua tática para enfrentar estas forças da natureza: ficar num remanso, junto à corrente, e entrar para comer apenas quando vale a pena.

Eles, como qualquer outro peixe, não desperdiçam energia e são mestres em evitar

as correntes mais fortes.

É nas águas turbulentas e bem oxigenadas que o robalo se sente em casa

Mas quando entram à corrente e às ondas, fazem-no melhor que a maior parte dos outros peixes. Porquê?! Que têm os robalos a mais que muitos outros?

São de tal forma bem sucedidos a caçar na espuma, na turbulência, nas águas fortemente oxigenadas, que estão sempre desejando que venha mar forte!

Trata-se de um peixe concebido para se movimentar em águas onde outros evitam entrar.

Todo o seu corpo é praticamente construído para desenvolver velocidade, para nadar rapidamente. De formato esguio, comprido e estreito, estes torpedos do mar entram à corrente cheios de certezas de que ali podem

superiorizar-se às suas presas.

Têm tudo o que faz falta para isso: força, pujança física e coragem. Os robalos entram em zonas batidas pelas ondas confiando que o seu corpo fusiforme saberá sempre encontrar forma de sair dos problemas.

A par do seu corpo aerodinâmico, o robalo possui uma barbatana caudal muito eficaz, não demasiado bifurcada, (essas sim próprias de peixes do largo, pelágicos, peixes que nadam incessantemente) mas sim própria para grandes arranques em potência e velocidade. Para quem caça peixes miúdos na turbulência das águas, ser capaz de passar de velocidade zero para um pico de velocidade máxima em frações

de segundos, vale-lhe muita comida na boca.

O robalo, quando em correntes fortes, movimenta-se por movimentos oscilatórios de corpo mas sobretudo através da sua barbatana caudal.

Impulsiona-se para a frente através de sequências de três a quatro movimentos da cauda, colando ao corpo todas as outras barbatanas, para reduzir o atrito.

No momento do ataque, quando necessita de toda a sua potência e a velocidade de natação, então sim, descola todos os apêndices para conseguir estabilidade e precisão máximas e no derradeiro instante executa a sua fatal sucção.

Na verdade, é difícil a um pequeno peixe conseguir escapar a um predador como o

24 2024 Fevereiro 446 Pesca Desportiva Pesca Lúdica Embarcada

A velocidade que imprime (sentimo-lo quando ataca as nossas amostras, certo?!) e a potência com que desfere esse ataque são notáveis.

Desde juvenis, aprendem a executar esses movimentos, primeiro treinando a pequenos seres minúsculos, mais lentos, e a seguir chegando ao ponto de conseguir capturar peixes tão rápidos como as cavalas, os carapaus, as galeotas, biqueirão, etc.

A velocidade é desde cedo essencial no ciclo de vida do robalo. Os juvenis viajam muito, entre lagoas ou estuários rasos e águas mais profundas à medida que crescem, muitas vezes, nadando contra correntes de maré muito fortes.

Nunca esqueçam que se estamos habituados a ver o robalo como um predador que ataca as nossas amostras, essa é a segunda fase da sua

vida. Para chegar aí, o nosso peixe já teve de superar a primeira fase, a de defender, a de escapar a uma miríade.

O desempenho da corrida, da velocidade, pode ser crítico para a sobrevivência dos juvenis de robalo, uma vez que estão sujeitos à predação por peixes pelágicos e vários tipos de aves.

Quando atinge a maturidade, o robalo faz grandes migrações em águas abertas, vagueando entre áreas de alimentação costeiras e as áreas de desova. O desempenho sustentado e eficaz da sua natação é essencial para realizar as viagens com sucesso.

Viaja indistintamente de noite ou dia, o que significa que tem forma de se movimentar que dispensa visibilidade. Muitos peixes têm sensores que lhes permitem detetar o campo magnético da Terra.

A oxigenação das águas é algo que os favorece imenso.

Grosso modo, é a diferença de um ser humano estar entre ar puro do mar e ar poluído de uma grande cidade

Será isso?

A verdade é que capturamos robalos com mais facilidade durante o período crepuscular, manhã ou noite, ou mesmo noturno.

De dados recolhidos, sobretudo em países onde se fazem marcações e seguimento

de peixes por via electrónica, ficou a saber-se que os robalos podem aguentar uma velocidade média de natação durante muito tempo.

Deslocações de longa distância podem ser realizadas relativamente rápido. Em alguns casos, foram registadas

25 2024 Fevereiro 446 Pesca Desportiva
Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com robalo.

Com mar parado e água muito lusa, a meio do dia, não é natural que o robalo esteja encostado a terra. Em termos de caça tem poucas vantagens nisso.

Devemos procurá-lo a momentos do dia em que as condições de luz sejam mínimas

viagens superiores a 1000 km, em poucos meses.

Fico com pena de não ter conseguido recolher dados deste tipo para robalos portugueses, ou que balancem entre Portugal e Espanha, mas não me foi possível descobrir nada. Estou certo de que iria enriquecer este trabalho.

É muito importante, para tentar obter uma melhor compreensão do comportamento do nosso Dicentrarchus labrax e das suas rotas de mi-

gração, dos locais para onde se dirige neste ou naquele mês, que se criem programas de marcação.

Não é difícil, basta capturar, tomar nota dos dados do animal, marcar e voltar a soltar.

Com a ajuda de pescadores lúdicos ou profissionais que entendam a importância do processo, que relatem as capturas destes robalos marcados, torna-se possível mapear os seus padrões de movimento.

Vários estudos europeus mostram que grande parte das populações de robalos permanecem mais ou menos na mesma área, deslocamse apenas algumas dezenas de quilómetros, mas também existem robalos que o fazem de forma mais decidida e fazem centenas de km para sul ou para norte do ponto de captura.

Um bom exemplo deste último é um robalo que foi marcado em Jersey, no Canal da

De Jersey à Biscaia do Sul, o robalo marcado percorreu uma distância de 1200 quilómetros!

Mancha, a norte de França, ao largo da Normandia, em Setembro de 2000.

Dois meses depois, o mesmo peixe foi capturado na costa francesa perto de Arcachon, uma pequena cidade a cerca de 70 quilómetros a sudoeste de Bordéus.

Já visitei este lugar com um amigo francês, André Compte, e é lindíssimo. Faz-me lembrar o Estuário do Sado. Vejam no mapa, o robalo em dois meses fez do norte de França, (English Chanel), até Bordéus, ao sul (Bay of Biscay): Certamente haverá quem já tenha deixado amostras na boca de robalos, e passados dias, semanas ou meses, acaba por voltar a capturar esses peixes. Ou sabe que alguém que o fez.

Caso exista algum leitor que tenha elementos deste tipo, penso que seria importante partilhar com todos nós.

O meu amigo Luís Ramos envia-me regularmente de Angola filmes e fotos que mostram garoupas que rompem linhas, e são por ele de novo capturadas dias depois, com o jig na boca...

Venha daí informação, se existe.

É com algum lamento da minha parte que vejo a indiferença generalizada com que os pescadores nacionais encaram a sua participação em debates sobre pesca.

Será seguramente a posição mais fácil, a de nada fazer.

26 2024 Fevereiro 446
Pesca Desportiva
Em França, tal como em Portugal, os estuários são pontos quentes na presença de robalos, zonas obrigatórias de visita

Robalos O Difícil Momento do Pós Desova

Há um momento do ano em que as capturas de robalos adultos, por mais aficionados que sejamos da sua pesca, não nos trazem boas sensações.

Ofinal de Janeiro, Fevereiro e início de Março são penosos para o nosso peixe. Estão amorfos, gelados, não lutam, não têm força.

Nesses meses, tudo se conjuga para que a sua figura e o seu desempenho não estejam no seu melhor. Os peixes disponíveis não são muitos, nem se defendem bem.

Há boas razões para isso.

As águas de Inverno arrefecem, passam dos aprazíveis 19 a 20º de Verão para uns arrepiantes 12 a 13ºC, exigindo deles um consumo extra de energia.

A água fria força-os a uma deslocação para fundos que podem chegar bem abaixo de 100 metros, para onde baixam à procura das termoclinas, as faixas de água mais quente que lhe garantem um

pouco mais de conforto.

Por estarem muito mais fundos, é natural que não estejam acessíveis aos pescadores de spinning, que não os encontram nos pesqueiros habituais à superfície, e os julgam para outras paragens.

Não estão longe, apenas estão mais fundos.

Nesta fase, os picos de actividade são curtos, por vezes de poucos minutos, e centram-se sobretudo em presas de mais fácil captura.

Este é um tempo em que as lulas de meio tamanho encaixam na perfeição, mas também os jovens chocos, fáceis de capturar.

Porque o número de presas disponíveis não é significativo, a aposta passa a ser feita em comedia de maior tamanho, sobretudo cavala, carapau,

sardinha se a houver, e os inevitáveis caranguejos pilados.

Longe vão os tempos de abundância, os dias fáceis de muito peixe miúdo, biqueirão, galeotas, camarões, etc.

Durante o Verão, e porque o robalo não é de forma alguma muito exigente, os peixes estão sempre bem alimentados e em ótimas condições físicas.

Mas durante o período invernoso emagrecem a olhos vistos, o teor de gordura do peixe pode diminuir do nível padrão, mais de 10% do peso corporal, para quase 0%.

Dias mais curtos, noites mais longas, frio, permanência longe da costa onde há menos possibilidades de obtenção de alimento, …estes são ingredientes que pouco ajudam ao nosso robalo.

Em cima disso, a pesca

profissional lança-lhes redes, persegue-os numa fase em que eles pouco podem fazer para escapar. Estão debilitados.

Quando nós ferramos um robalo, ao contacto da mão sentimo-lo frio, e isso diz bem das suas possibilidades físicas ao momento.

Lembro que os peixes são animais de sangue frio, ou seja, a sua temperatura corporal interna corresponde à temperatura da água que os envolve.

Os nossos peixes passam de um momento áureo, de pujança física, de força, aquando da sua migração anual para os locais de desova, (onde cada fêmea madura pode produzir entre um quarto e meio milhão de ovos por quilograma do seu próprio peso corporal), para um estado depauperado

28 2024 Fevereiro 446 Pesca Desportiva Pesca Lúdica Embarcada

de energia, de enorme fraqueza e que nos decepciona a cada lance.

São vários os acontecimentos que se conjugam para este estado de debilidade, e podemos enumerar alguns: stress reprodutivo, abstinência de alimentação, maior exigência física por tentativa de compensação do arrefecimento das águas.

Com efeito, ao início de Dezembro temos do robalo o melhor que há em si: peixes sexualmente maduros a concorrer por fêmeas carregadas de óvulos, gordos.

A seguir, e por acção desta fase reprodutiva em que pouco ou nada se alimenta, somada ao abaixamento da temperatura da água e à forçada migração para zonas menos produtivas em comida, passamos a ter o pior que eles podem apresentar.

Os robalos baixam o seu

metabolismo, recolhem a locais abrigados que lhes proporcionem segurança e esperam.

Os meses após desova revelam-nos robalos já bem fundos, em busca das temperaturas consistentes encontradas em águas longe dos gelos da superfície.

Não é pois surpresa nenhuma que os peixes que regressam das zonas fundas, e que serão os primeiros que iremos capturar com jigs em pedras a 50/ 60/70 metros, sejam geralmente muito magros e, em geral, não tão poderosos e fortes em comparação com aqueles que pescamos agora, em pleno Outono.

Devemos ter muito cuidado em devolver estes peixes cansados, desgastados, para que possam alimentar-se bem e vir a desovar novamente no futuro. Não é o momento de os trazermos para casa, por-

que de pouco nos servem na cozinha.

Aqueles que os pescam de terra, irão tê-los em força a partir da Primavera. Isso acontece quando as águas aquecem ligeiramente, e é chegado o tempo de arribar à costa, para comer desenfreadamente.

Toda a pesca que fazemos ao robalo em Portugal é efectuada neste recanto do

Atlântico Nordeste, (aquilo que está escrito nas placas de informação de preço nos mercados, com a designação “capturado”), já que nas nossas ilhas este peixe não existe, pelo menos por enquanto. Pode acontecer que, por força da existência de unidades de produção industrial de robalos e douradas, de aquacultura, venham a escapar efectivos

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Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com
Texto e Fotografia Vitor

e possa haver alguma colonização. Mas de momento isso não tem expressão. Há robalos no continente, e hoje em dia não são muitos.

Acresce a preocupação de termos as populações de robalos em vertiginoso declínio. A diminuição da biomassa das unidades populacionais reprodutoras, (os robalos de muito grande tamanho), coincidiu com o aumento da mortalidade por pesca, à conta da grande eficácia das redes de emalhar. Este fenómeno agravou-se sobretudo a partir do ano 2000, há vinte e poucos anos atrás.

Pior que isso, os stocks de peixe ainda existentes não têm tamanho nem idade para podermos alimentar grandes expectativas. Eles precisam de tempo!

Há muita gente preocupada e a estudar afincadamente este assunto. Decorrem estu-

dos genéticos, fazem-se marcações de peixes, analisamse dados relativos a capturas profissionais, lúdicas, a sua distribuição por toda a Europa, e estimam-se tendências.

E aquilo que vos posso dizer analisando esses dados é que a situação não está muito longe de negra.

Temos muita informação, sabemos onde andam os robalos o ano todo, conseguimos ter alguma certeza quanto à sua distribuição no plano de água, profundidades, distância à costa, e sabemos até quais as perspectivas de recrutamento de novos robalos, a iniciar a sua vida adulta de peixes maturos.

Mas também sabemos, recolhendo todos os contributos de informação existentes a nível europeu, tendências de deslocação de biomassa, mortalidade por pesca causada pelas redes, aparelhos, an-

zóis da pesca lúdica, etc, que o robalo tem o seu futuro particularmente ameaçado. Há nuvens negras no horizonte….

Houve um período, o qual conseguimos situar entre 1990 e o ano 2000, em que foi registado um ligeiro aumento de efectivos, impulsionado pelo recrutamento de uma grande quantidade de novas populações reprodutoras.

O ano de 1989 foi bombástico para a reprodução, vingaram milhões de robalos juvenis por toda a Europa. O aquecimento das águas não foi alheio a esse facto.

Mas infelizmente, a isso respondemos com mais redes, mais capturas, e o efeito de recuperação perdeu-se. Pescámos demasiado.

A seguir, e por grande azar, tivemos longos invernos com temperaturas da água muito baixas, em 2005, 2006 e 2008 a 2011. Isto afectou a criação

Se não houver um movimento colectivo no sentido de poupar os peixes que ainda existem, vamos ficar sem eles. Que se libertem pelo menos os juvenis… os pescadores desportivos podem fazê-lo, está nas suas mãos decidir isso

e crescimento do robalo das desovas dos anos anteriores, resultando numa criação muito baixa de robalos juvenis nesses anos.

Poucos vingaram e chegaram a adultos. E os stocks disponíveis imediatamente baixaram.

A tendência decrescente das unidades populacionais de robalo no Atlântico Nordeste deixa bem claro que não há tempo a perder para salvaguardar o futuro do nosso querido Dicentrarchus labrax

Em termos profissionais, em alguns países europeus a pesca do robalo é vista como fundamental, já que ela mobiliza frotas que o fazem em exclusivo. Em Portugal isso também acontece.

Mas há que abrandar, deixar crescer, deixar reproduzir.

Já aqui vos trouxe a informação de que a pesca desportiva movimenta valores mais elevados que a pesca comercial, no que a dinheiro vivo concerne.

Nós pescadores lúdicos gastamos uma barbaridade de euros por cada quilo de robalo capturado. Licenças, canas, linhas carretos, amostras, etc…

E não é de hoje, sempre foi assim, desde há muito tempo. Em Inglaterra, já se pescava o robalo em moldes desportivos, em 1820.

Em Portugal não sei, não consegui obter dados, há poucos registos disponíveis, mas se nós sabemos pescar robalos, e sabemos mesmo, isso significa que a houve muito tempo de aprendizagem, muitas gerações sucessivas a passar informação às seguintes.

Não sabemos é preservar. Se soltarmos os robalos magros do pós desova, e os juvenis que batem nas nossas amostras, nós pescadores desportivos responsáveis, já estamos a ajudar.

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O Realizador James Cameron faz Mergulho Recorde na Fossa das Marianas

Apaixonado também pelo mergulho profundo, o realizador do “Titanic”, do “Abismo” e do “Avatar”, desceu pela segunda vez sozinho no “Deepsea Challenger” durante quatro horas, descendo ao longo das paredes da Fossa das Marianas 10.935 metros até ao fundo, no mergulho mais profundo de todos os tempos.

Quando o “Deepsea Challenger” desceu quase 11 quilómetros até ao Challenger Deep na Fossa das Marianas, a sua missão era de exploração e descoberta ci-entífica, parte de uma expedição concebida para ajudar os cientistas a estudar alguns dos locais menos explorados do nosso planeta. A imensa pressão da água e a completa ausência de luz solar tornam este ambiente quase tão hostil como o espaço exterior, mas os cientistas esperavam que a expedição trouxesse pistas

para nos ajudar a compreender melhor o nosso mundo.

O “Deepsea Challenger” de James Cameron é um submersível de mergulho profundo com 7,30 metros de comprimento, projetado para atingir o fundo do Challenger Deep, o ponto mais profundo conhecido na Terra. Foi construído em Sydney na Austrália, por uma empresa especializada em pesquisa subaquática a Acheron Project Ltd.

O Deepsea Challenger inclui equipamento para recolha de amostras científicas e câmaras 3D de alta definição.

A construção do submersível foi liderada pelo engenheiro australiano Ron Allum, com muitos anos de experiência em mergulho em cavernas e no mar.

Allum criou também novos materiais, incluindo uma espuma sintética estrutural, capaz de suportar as enormes forças de compressão na profundidade de 11 quilômetros- A nova espuma é única por ser mais homogênea e possuir maior resistência uniforme do que as outras espumas.

A resistência da espuma permitiu que os projetistas

do Deepsea Challenger incorporassem motores de propulsão como parte da infraestrutura montada dentro da espuma. A espuma substitui os tanques cheios de gasolina para flutuação usados no batiscafo histórico de Trieste.

O submersível contém dois braços com 2,50 metros de comprimento, com garras robóticas e pistola de sucção, dispõe também mais de 180 sistemas a bordo. Esses sistemas são monitorizados e controlados. Durante o mergulho, o sistema de controle foi regis-

32 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar Mergulho Profundo

“Deepsea Challenger” desceu quase 11 quilómetros

tando dados fundamentais como profundidade, direção, temperatura, salinidade, se-

dimentos, pressão, bateria e outras informações. Toda a informação foi enviada ao

A Fossa das Marianas

navio de apoio em intervalos de três minutos.

O submersível tem múlti-

O realizador James Cameron

33 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar

O “Deepsea Challenger” é um submersível de mergulho profundo com 7,30 metros de comprimento

plas câmaras para capturar imagens da paisagem e das formas de vida em algumas das zonas mais profundas do mundo. Funcionou em conjunto com um módulo do tipo embarcação não tripula-

da, do tamanho de uma cabine telefônica que também foi enviada às profundezas.

James Cameron passou os últimos anos a trabalhar em segredo com a sua equipa de engenheiros, para pro-

Com luz LED, consegue imagens espantosas

jetar e construir um submersível que pesa 11 toneladas e tem mais de 7 metros de comprimento. Ele descreve-o como um “torpedo vertical” que corta a água, permitindo-lhe uma descida rápida. O pequeno compartimento onde o cineasta se sentou é feito de um aço especial, capaz de resistir às 1.000 atmosferas de pressão.

James Cameron desceu e chegou ao fundo que registou a profundidade de 10.935 metros, com a missão de recolher o maior número possível de amostras e dados científicos, espécies marinhas e imagens de vídeo, para posterior estudo na superfície.

Depois de estar no fundo, levou 70 minutos a subir e fi-

34 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
Foi construído em Sydney na Austrália, por uma empresa especializada em pesquisa subaquática

O submersível está equipado dois braços com 2,50 metros de comprimento, com garras robóticas e pistola de sucção

cou flutuando em mar aberto. Foi avistado por um helicóptero e em seguida retirado do mar pelo navio de pesquisa e apoio. Uma equipa de cientistas no barco iniciou imediatamente a preparação das

amostras recolhidas.

O mergulho de James Cameron no seu “Deepsea Challenger”, funcionou igualmente como um “Teste final” do submersível pelo facto de toda a operação ter sido executada

35 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
“Deepsea Challenger” desceu quase 11 quilómetros

O submersível tem múltiplas câmaras para capturar imagens

e finalizada com segurança.

Durante todo o mergulho na Fossa das Marianas, as câmeras de vídeo 3-D sempre a funcionar, foi considerado a ciência em três dimensões, para um público futuro, devido aos documentários planeados pelo cineasta, em virtude do elevado valor científico das imagens estéreo obtidas.

Mas não foi apenas o vídeo. A iluminação das cenas, em águas profundas do submarino, pelas torres com luz LED, conseguiu imagens espantosas e lindas. É diferente de tudo o que já se viu produzido por outros submarinos ou veículos operados remotamente.

Os resultados não dececionaram. Cientistas estão agora debruçados sobre imagens, cuidando de culturas e a examinar o ADN do fundo do mar, enquanto tentam aprender mais sobre as ciências biológicas e físicas se parecem e

funcionam nas profundezas do oceano. A pesquisa vai desde a busca de novas espécies e o estudo de compostos que ajudam os animais a resistir a pressões esmagadoras até o exame de leituras de temperatura e pressão a quilômetros de profundidade.

Embora o mergulho recorde de Cameron no Challenger Deep tenha sido a parte mais importante da expedição, os cientistas estão a trabalhar avidamente com as imagens e amostras que ele trouxe noutros mergulhos, de outras partes do oceano profundo. A Fossa da Nova Grã-Bretanha, na costa da Papua Nova Guiné, forneceu um tesouro de amostras e imagens que podem representar novas espécies marinhas. Os cientistas reuniram também dados recolhidos no Sirena Deep, outro desfiladeiro subaquático na Fossa das Marianas.

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Notícias do Mar Os resultados não dececionaram e James Cameron diz tudo OK

Novas Âncoras Olimpic

A Nautel traz até si as novas âncoras Olimpic da Quick Spa, com suporte giratório, haste compacta, robustez e formato um único.

Estas âncoras foram desenvolvidas através de um extenso processo de engenharia de produto e processo de produção interno. Os dois primeiros modelos criados, com pesos de 16 kg e 20 kg, são ideais para barcos de 10 a 13 metros com deslocamento de 6 a 10 toneladas.

Estes dois modelos iniciais são apenas os precursores de toda uma gama de âncoras que, graças à sua haste compacta, se adaptarão à maioria dos rolos de proa atualmente no mercado.

O formato e o tamanho da âncora foram proporcionados para ter uma maior quantidade de chumbo na parte frontal da pata, conseguindo as-

38 2024 Fevereiro 446 Electrónica Notícias Nautel

sim um centro de gravidade projetado mais para a ponta. O resultado? Um aumento na capacidade de penetração através do material durante a penetração no fundo do

mar. O formato traseiro das âncoras olímpicas apresenta redução, graças a um design que favorece o deslizamento do material impactado durante o processo de penetração no fundo do mar.

Abas estabilizadoras foram incorporadas na seção externa da pata, permitindo que a âncora mantenha uma posição perpendicular ao fundo do mar durante a fase de penetração. Tanto a haste quanto a parte traseira da pata foram projetadas para ter mais peso na frente, conseguido através da união

de placas estampadas, permitindo a redução de peso e mantendo a posição correta da âncora no fundo do mar. Além disso, o ilhó, com a sua robustez e formato único, permite uma recuperação fácil e segura da âncora, garantindo sempre a posição correta graças à sua combinação com o suporte giratório. Na verdade, a âncora olímpica e seu giro correspondente estão no estágio patenteado com sistema de tombamento automático.

Este sistema permite tombar a âncora, posicionando-a do lado correto no rolo de proa e funciona graças à combinação entre o formato do ilhó soldado na extremidade da haste e seus elementos. Todos os giros OLIMPIC são feitos de Duplex, um material extremamente resistente à corrosão marítima e que possui uma resistência mecânica incomparável.

39 2024 Fevereiro 446 Electrónica www.nautel.pt

Notícias do

Investigadores Estudam Organismos Marinhos para a Indústria

Uma equipa de investigadores do Politécnico de Leiria está a estudar organismos marinhos pouco explorados para criar novos produtos para diferentes indústrias num projeto que reúne parceiros de Portugal, Espanha, França e Irlanda.

Aequipa de investigadores é do MARECentro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria integra o BEAP-MAR, um projeto europeu que tem como objetivo abordar desafios importantes no setor da Bioeconomia Azul no espaço Atlântico, e valorizar grupos de organismos marinhos que não são explorados comercialmente (microalgas, macroalgas, fungos marinhos, bactérias marinhas e esponjas), mediante o desenvolvimento de novos e inovadores compostos (principalmente biomoléculas) e

produtos sustentáveis de elevado valor acrescentado.

O BEAP-MAR, que reúne parceiros de Portugal, Espanha, França e Irlanda com elevada experiência na bioprospeção de produtos naturais marinhos para diferentes aplicações, incluindo para a área alimentar, biotecnológica e farmacológica, prevê a realização de testes a processos piloto de produção à escala industrial, em parceria com empresas do espaço Atlântico, para melhorar a sua capacidade de projetar novos modelos de negócios e explorar recursos não utili-

zados.

“A partilha de conhecimento e melhores práticas entre as diferentes regiões serão fatores-chave para o sucesso do projeto, que impulsionará a competitividade da Bioeconomia Azul do espaço Atlântico e das suas cadeias de valor, bem como a inovação e capacidades dos seus stakeholders. A compreensão destes organismos marinhos pouco explorados e o seu potencial biotecnológico, contribuirão para tornar o espaço Atlântico mais competitivo. Novos produtos e processos serão desenvolvidos e introduzidos, desenvolvendo potenciais novos modelos de negócios, aproveitando conhecimento científico e tecnológico associado à exploração sustentável de recursos marinhos anteriormente não explorados”, explica Rui Pedrosa, coordenador do projeto no MAREPolitécnico de Leiria.

O investigador destaca a parceria da NERLEI - Associação Empresarial da Região de Leiria, “cujos associados

poderão absorver e validar o conhecimento desenvolvido ao longo do projeto, através de candidatura de empresas para realizarem os ensaios piloto, contribuindo para alavancar a Bioeconomia Azul com impacto económico-social a nível local e regional, mas também internacional”

A estrutura do projeto está assente em diferentes etapas, das quais se destaca o levantamento das espécies de organismos pouco exploradas a nível comercial na costa Atlântica, como fonte de biomoléculas com elevado potencial biotecnológico e farmacológico. O conhecimento sobre estes organismos não explorados e as suas biomoléculas levará ao desenvolvimento de novas metodologias para sua exploração a nível industrial, através de testes de produtos, concebidos como processos de partilha e transferência de conhecimento para empresas para o desenvolvimento de novos produtos rentáveis e sustentáveis de elevado valor económico, a partir de novos compostos.

40 2024 Fevereiro 446
Mar
Notícias do
de Leiria
Politécnico

O Tejo, Se Não Fosse Tão Persistente…

O responsável da plataforma espanhola Red del Tajo, Alessandro Cano, disse que o problema da poluição no Tejo começa em Espanha e vem “essencialmente de Madrid”, que exerce “enorme pressão” no rio!

Alessandro Cano, disse: “O problema [poluição] começa em Espanha. A poluição vem essencialmente de Madrid, cuja população e as suas indústrias exercem uma pressão muito grande sobre o rio Tejo”, afirmou o ambientalista, durante uma manifestação em Vila Velha de Ródão contra a poluição no Tejo que juntou 500 pessoas, segundo a organização. Os manifestantes marcharam desde o cais fluvial de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, até à entrada

42 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar O Voo do Guarda-Rios

do acesso privado para a empresa Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri. “Viemos solidarizar-nos com o protesto português que é também um protesto espanhol, porque partilhamos um mesmo rio, problemas de contaminação de uma península”, explicou Alessandro Cano, enquanto segurava um cartaz com a frase “Por un Tajo vivo, Tranvases no” (“por um Tejo vivo, descargas (desvios) não”). Já Paulo Constantino, porta-voz do movimento ambientalista proTEJO, que organizou este protesto, leu um manifesto, durante a manifestação, que pede ao ministro do Ambiente de Portugal, que intervenha no sentido de serem tomadas medidas para a contenção das descargas poluentes no

rio Tejo! Com o qual Os Amigos do Tejo estão totalmente de acordo e solidários!

“Os cidadãos e as populações ribeirinhas, reunidos em defesa do Tejo, requerem que o senhor ministro do Ambiente intervenha para garantir que as emissões de efluentes da Celtejo para o rio Tejo estejam dentro dos parâmetros que garantam o objetivo de alcançar o bom estado ecológico das suas massas de água ao longo de todo o seu curso em território português”, defende o manifesto. O texto pede “maior fiscalização” e alerta que, desde o final do ano passado, “a poluição visível no rio Tejo tem vindo novamente a aumentar, constatando-se um aumento do número das ocorrências

e um significativo nível de poluição cuja principal origem na zona de Vila Velha de Ródão foi recentemente reconhecida no relatório da Comissão de Acompanha-

mento sobre a Poluição no rio Tejo”

O rio tejo, se não fosse tão persistente, já estava morto!

43 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
Fotografia: Paulo Cunha/LUSA

O Tejo a Pé

90 Anos de Monsanto

Antes de mais, o numeroso e simpático grupo, ouve as informações necessárias e a primeira explicação do Técnico/Guia Nuno Luz

Pela mão de Nuno Luz, técnico no Parque Florestal, no fim de janeiro voltámos a Monsanto na primeira caminhada do ano.

Assim é há uns bons anos no Tejo a pé, janeiro em Monsanto. Desta vez, no ano em que se comemoram 90 anos

do magnífico Parque Florestal da capital, o ponto de encontro foi o Parque de Campismo de Lisboa e o percurso, escolhido pelo excelente guia, pi-

sou trilhos e caminhos da vertente sul da geodiversa serra de Monsanto. Algumas vezes ainda conseguimos espreitar o Tejo mas a neblina não

possibilitou grandes vistas. Todavia, os cerca de 80 participantes perceberam a excelência do planeamento do Arqtº Keil do Amaral, também

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Notícias do Mar
Texto Carlos A Cupeto, geólogo, Universidade de Évora

Depois de todos estes anos a receber e a guiar o Tejo a pé em Monsanto o Nuno já merecia uma fotografia a si dedicada

em matéria de miradouros. De resto, todos os presentes deram por bem empregue a manhã de domingo neste maravilhoso parque florestal de Lisboa que estranhamente se mantém pouco conhecido e vivido. Que o 90º aniversário constitua um tempo de celebração, mas também de valorização de tão signi-

ficativa joia. Em fevereiro, provavelmente, andamos na margem do Tejo.

O Tejo a pé é um grupo informal de amigos que se junta, desde há 16 anos, uma vez por mês, para caminhar no campo, cada vez mais um passeio tertuliante. Para participar basta enviar um email: cupeto@uevora.pt

Isto é Monsanto, todo o país devia ser assim, depois viessem cá falar em alterações climáticas…

O Tejo a pé é um grupo de amigos/conhecidos que se junta para caminhar/passear no campo; cada um toma conta de si, todos tomam conta de todos

De quando em vez magníficas janelas convidaram a pausa para observar a paisagem. Por alguma razão (segurança) estes montes foram importantes assentamentos dos nossos antepassados

45 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
Quem diria, isto é Lisboa Fotografia: Inês Guimarães

Notícias

Ausência de Humanos Provoca Alterações no Comportamento dos Tubarões

A investigação mostra que a ausência de humanos provoca alterações no comportamento dos tubarões.

Aausência de humanos mostrou que tubarões mudam o seu comportamento, é o que diz o estudo publicado na revista Ocean & Coastal Management.

Um estudo realizado por André S. Afonso, investigador do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), durante o confinamento provocado pela pandemia de covid19, concluiu que a espécie tubarão-limão mudou o seu comportamento devido à exclusão da componente humana. Os pormenores da investigação estão publicados

na revista científica Ocean & Coastal Management.

Como principais predadores, muitos tubarões desempenham um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas marinhos. No entanto, estes animais têm experienciado graves declínios populacionais. A sobrepesca é, indiscutivelmente, a principal ameaça às populações de tubarões, mas pouco se sabe sobre o impacto da pressão humana não extrativa.

Assim, o artigo científico “Humans influence shark behavior: Evidence from the COVID-19 lockdown” mostra o efeito da presença humana variada no comportamento dos tubarões numa

46 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar
da Universidade de Coimbra

reserva marinha insular.

«Em 2020, os humanos estiveram praticamente ausentes de Fernando de Noronha (FEN), no Brasil, durante um período de confinamento de 211 dias provocado pela pandemia. Um programa local de rastreamento de tubarões produziu quase 280 mil deteções acústicas em águas costeiras de 2016 a 2021 e foi possível verificar que o tubarão-limão, um nativo

da zona em análise, mostrou uma resposta clara à ausência dos humanos», revela André Afonso, autor do estudo.

Estes animais realmente começaram a utilizar as áreas costeiras com mais frequência e a adotar regimes coincidentes com os regimes humanos com mais período, a espécie recuperou os padrões anteriores devido ao regresso das pessoas.

De acordo com o investiga-

dor da FCTUC, esta espécie tem, naturalmente, comportamentos mais noturnos. Porém, com o confinamento e a não

presença humana diurna, os tubarões-limão começaram a circular nos espaços mais utilizados pelas pessoas durante

47 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
André Afonso a colocar dispositivo de monitorização no tubarão Tubarão Tigre com dispositivo de monitorização

o dia. «O que observámos com esta tendência é que talvez o período diurno também seja importante para estes animais, mas provavelmente sentem-se mais inibidos pela presença humana», acredita o cientista.

O investigador do DCV considera ainda que este «estudo demonstra que a perturbação humana não extrativa pode induzir a mudanças significativas na forma como os predadores marinhos exploram habitats cruciais para realizar funções tróficas, reprodutivas e ontogenéticas. A determinação dos impactos ecológicos do desenvolvimento humano sobre o meio marinho deve, portanto, considerar as respostas latentes da megafauna à paisagem antropogénica produzida por uma população costeira sempre crescente»

«A designação de áreas marinhas de exclusão humana poderá revelar-se como a única solução para dotar as populações de tubarões de habitats adequados para otimizar a sua resiliência à pressão humana», conclui.

48 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar O artigo científico está disponível para consulta online neste endereço: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0964569123004908
Tubarão tigre, Galeocerdo cuvier Tubarão limão, a ausência de humanos mostrou que tubarões mudam o seu comportamento Tubarão limão, Negaprion brevirostris

OceanLED Explore E6

OceanLED apresenta novas versões monocromáticas da popular luz subaquática Explore E6. É a escolha definitiva, luz LED subaquática de montagem embutida para quem quer ser visto.

AOceanLED apresenta a nova Explore E6 Branco Ultra e Azul Midnight, versões monocromáticas do vastamente popular e bem sucedido modelo Explore E6. A E6 monocromática torna a

substituição e atualização de outras luzes na série Explore tão simples como remover o cartucho de luz, por uma fração apenas do custo típico de atualização. A OceanLED define novas expectativas para upgrade

de luzes subaquáticas com o lançamento da E6 Branco Ultra e E6 Azul Midnight. Ao utilizar o mesmo invólucro em diferentes luzes da gama, os clientes com luzes Explore mais pequenas, como a Explore E3, podem mudar facilmente os cartuchos de

luz pela mais poderosa E6. O resultado é um aumento enorme de desempenho, passando de 5.000 lumens

50 2024 Fevereiro 446 Electrónica Notícias nautiradar

para 11.000. Não há qualquer necessidade de novos cabos ou de colocar o barco a seco, o que torna toda a instalação extremamente rápida e plugand-play.

Com um índice de proteção IP69K, a mais alta possível para proteção estanque, a série Explore inclui tecnologia avançada de estanquidade que melhora praticamente tudo numa experiência de iluminação subaquática.

Um verdadeiro feixe focalizado e grande angular ilumina uma grande área de água, inundando-a de luz.

Está comprovado que o efeito estroboscópico aleatório e excepcionalmente brilhante da luz atrai mais iscas e cap-

tura mais peixes.

O tamanho compacto e o driver integrado significam que é necessário menos espaço dentro da embarcação, permitindo a instalação em áreas apertadas.

Tempo de instalação reduzido, todos os aspectos do design, incluindo o kit de fixação, tornam a instalação mais rápida e simples. O tamanho compacto e o driver integrado significam que é

necessário menos espaço dentro da embarcação, permitindo a instalação em áreas apertadas.

Para mais informações visite www.nautiradar.pt

51 2024 Fevereiro 446 Electrónica

Notícias do Mar

Notícias do Instituto Português do Mar e da Atmosfera

Comité Década do Oceano

Comité Nacional para a Década do Oceano

A Gare Marítima de Alcântara recebeu a 24 de janeiro, a sessão de apresentação pública do Comité Nacional para a Década do Oceano (CNDO), com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

ADécada das Nações Unidas das Ciências do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030, proclamada pelas Nações Unidas, iniciouse em 2021 sob o lema “A Ciência que precisamos para o Oceano que queremos” e encontra-se atualmente na sua fase de implementação, sob coordenação internacional da Nações Unidas através da Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI/ UNESCO).

Esta Década tem como objetivo geral procurar soluções nas ciências e tecnologias do mar que sejam inovadoras e transformadoras, como suporte a um desenvolvimento sustentável, que ligue equitativamente as pessoas e o

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Texto Susana Freitas Fotografia IPMA Maria João Bebiano, José Maria Costa Secretário de Estado do Mar, Luís Menezes Pinheiro e Telmo Carvalho

nosso oceano.

Com a missão de “promover e coordenar a ação de Portugal de forma que consiga dar resposta ao compromisso como Estado-membro da ONU, foi constituído, e ontem apresentado, o Comité Nacional, que, além de Luís Menezes Pinheiro (Professor Associado da Universidade de Aveiro), é coordenado por Maria João Bebiano (Professora Catedrática da Universidade do Algarve) e Telmo Carvalho (Vogal do Conselho Diretivo do IPMA) e integra

uma comissão de aconselhamento e promoção de ações através de grupos temáticos.

Esta sessão contou com as presenças dos Ministros da Economia e Mar, da Defesa, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Educação, e dos Negócios Estrangeiros, bem como com intervenções do Secretário-Executivo da COI/UNESCO e de Sua Excelência o Presidente da República de Portugal.

Portugal, dada a sua História, vocação para o Mar, vastíssima área Atlântica sob

a sua jurisdição e o seu papel de relevo e pioneirismo dentro da COI e Nações Unidas no que respeita à governação oceânica e proteção da biodiversidade, quer manter e exponenciar essa posição, assumindo destacável relevância no que respeita à in-

vestigação e governação dos oceanos, em particular para o Atlântico.

A representação formal do Instituto Português do Mar e da Atmosfera neste Comité é assegurada pela Doutora Fátima Abrantes, sendo ainda o Vogal do Conselho Diretivo do

53 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
Intervenção remota do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho Ministro da Economia, António Costa e Silva

IPMA um dos Coordenadores Adjuntos, do Comité Nacional para a Década do Oceano.

IPMA na Década do Oceano

O IPMA está fortemente en-

volvido na Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (UNDOS). Recentemente foi reconhecido, pelo Secretariado Executivo da Comissão Oceanográfica

Intergovernamental (IOC) da UNESCO, a acção “No.46.5. Fishing Vessel ocean Observing Network” (FVON), como um projecto da UNDOS, proposta de que o IPMA faz parte. O FVON é uma rede

de observação a partir de embarcações de pesca (Fig. 1), de que o IPMA é um dos fundadores.

O IPMA também participa no programa da UNDOS “Sustainability of Marine Ecosystems throughglobal knowledge networks” (SmartNet), que pretende estabelecer uma rede global de conhecimento para a ciência do oceano, fortalecendo e expandindo a colaboração do ICES/PICES e organizações parceiras. A SmartNet apoia e alavanca as atividades dos países membros do ICES/PICES relacionadas com a UNDOS, enfatizando áreas de interesse mútuo de investigação, incluindo alterações climáticas, pescas e gestão ecossistémica, dinâmica social, ecológica e ambiental dos sistemas marinhos, comunidades costeiras e dimensões humanas, e comunicação e desenvolvimento de capacidades.

54 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar
Figura 1- Projeto FVON - Fishing Vessel Ocean Observing Network A Gare Marítima de Alcântara recebeu a sessão de apresentação pública do Comité Nacional para a Década do Oceano (CNDO)

Notícias do Mar

Notícias do Instituto Português do Mar e da Atmosfera

Rastreio Produtos Aquacultura

No âmbito do projeto FishEUTrust o IPMA organizou a recolha de amostras biológicas de diferentes tecidos de dourada e mexilhão, em condições de cultivo e selvagem.

Estas amostras irão ser analisadas e estudadas pelo próprio IPMA e por outros parceiros do projeto, através de análises avançadas (microbioma, biomarcadores genéticos, isótopos estáveis), bem como caracterização da qualidade nutricional. Esta investigação ambiciosa e inovadora abrirá caminho para o desenvolvimento de um conjunto completo de ferramentas que integram abordagens metagenómicas e genéticas e de isótopos estáveis para avaliar a qualidade, garantir a segurança alimentar e progredir em direção à ras-

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Texto Susana Freitas Fotografia IPMA Garantir a segurança alimentar para incutir níveis mais elevados de confiança aos consumidores

treabilidade e autenticidade do produto pescado em toda a cadeia de valor até chegar ao consumidor, ajudando assim a incutir níveis mais elevados de confiança nos consumidores. As douradas de aquacultura foram da Estação Piloto de Piscicultura de Olhão (EPPO), a dourada selvagem foi pescada ao largo do Algarve, tendo sido adquirida através da DOCAPESCA. As amostras de mexilhão foram disponibilizadas pela Finisterra SA, tendo a empresa Sagremarisco Lda, procedido à sua recolha.

O projeto europeu FishEUTrust (HORIZON- Ref 101060712) intitulado “European integration of new technologies and social-economic solutions for increasing consumer trust and engagement in seafood products”, envolve um consórcio de 22 parceiros internacionais, cujo principal objetivo é garantir uma cadeia de abastecimento sustentável do produto pescado, desenvolvendo soluções que proporcionem a transparência e a rastreabilidade. Em particular, são visados produtos de aquacultura a uma escala europeia, abordando

a dieta, a saúde e os comportamentos/preocupações dos consumidores, bem como a aquacultura sustentável/eco-

nomia azul. O IPMA participa neste projeto com a Divisão de Aquicultura, Valorização e Bioprospeção (Algés) e da

57 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
Amostragem tecidos de dourada Amostragem tecidos de mexilhão Douradas de aquacultura nos tanques EPPO

EPPO (Olhão).

Mexilhões cordas, empresa Finisterra SA

O IPMA tem um papel fundamental neste projeto, participando em múltiplas ativida-

des que abrangem diversos Work-Packages (WP), nomeadamente WP1, WP4-6, WP8 e WP9. Estas WPs abrangem

Douradas selvagens na DOCAPESCA

vários assuntos para os quais a experiência e conhecimento do IPMA são cruciais:

(i) ciência e tecnologia da aquacultura (incluindo testes de inovação à escala piloto);

(ii) saúde e bem-estar dos organismos cultivados;

(iii) estudo da qualidade nutricional do produto pescado;

(iv) comunicação e disseminação de conhecimento nestas áreas junto de atores do setor, estudantes e públi-

co em geral.

O IPMA irá também construir um ‘Living Lab’ dedicado a quebrar mitos e equívocos nas mentes dos consumidores em relação aos produtos de aquacultura. Além disso, no WP4, espera-se que o IPMA contribua para o desenvolvimento de ferramentas avançadas para desmascarar tais mitos, alcançando níveis mais elevados de rastreabilidade e fiabilidade.

58 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar
Jaula instalada em ambiente offshore na Estação Piloto de Piscicultura em Olhão, EPPO

Urgente Combate ao Lixo Marinho

Lixo que dá a costa em praias, trazido por correntes marinhas

Organizações ambientalistas realçam o longo caminho que o governo português tem pela frente no combate ao lixo marinho, no período póseleições, e lançam apelo ao Presidente da República para promulgar com urgência legislação chave sobre resíduos.

No dia 19 de janeiro, dez organizações e movimentos ambientalistas reuniram-se na Casa do Impacto para consolidar os próximos passos do movimento Há Mar e Mar, Há Usar e Recuperar. O movimento, criado em 2020 em torno da petição pela implementação de um sistema de depósito em Portugal, conta atualmente com mais de 40 organizações e movimentos pela luta contra o lixo marinho.

Entre as preocupações das organizações presentes encontra-se o aumento do lixo marinho encontrado nas praias e no Oceano, destacando as embalagens de bebidas, embalagens de produ-

60 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar Lixo Marinho
Lixo no mar

tos de limpeza e produtos de higiene pessoal, embalagens de take away, beatas e redes de pesca.

As soluções para a eliminação destes resíduos têm de passar pela aposta em sistemas de reutilização com infraestruturas partilhadas entre operadores, e redução clara dos itens de uso único nos setores do retalho e do Horeca. Dado o crescimento da produção das embalagens colocadas no mercado, apostar apenas na reciclagem já não é suficiente para garantir que estas não chegam ao Oceano. É necessário um decréscimo na produção ligado a estratégias eficazes que valorizem estas embalagens permitindo ao consumidor encará-las não como lixo, mas como um recurso.

Os microplásticos são também uma fonte de inquietação para estas organizações dada a elevada proliferação dos mesmos, relembrando o

desastre ambiental que teve lugar ao largo da costa portuguesa no passado dia 8 de dezembro.

Os oceanos estão cheios de plástico

Um novo foco

O movimento, até ao momento focado, essencialmente, na implementação do Siste-

ma de Depósito com Retorno (SDR) em Portugal, irá a partir de agora alargar o seu âmbito e abranger várias estratégias

61 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
Praia poluída com lixo marinho

de prevenção de resíduos. As organizações presentes, assim como os restantes signatários do movimento, concordam que é fundamental acelerar o passo, com um foco claro em políticas de redução e reutilização que permitam alterar a tendência de crescimento na produção de resíduos urbanos.

No que toca ao SDR, cuja estrutura de funcionamento foi aprovada recentemente em Conselho de Ministros, aguarda agora promulgação pelo Presidente da Repúbli-

ca. Foi no sentido de agilizar a sua publicação em Diário da República que várias ONG dirigiram uma carta ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa no dia 12 de janeiro, visto que o SDR já leva dois anos de atraso face à data prevista de entrada em funcionamento pleno (1 de janeiro de 2022) e ainda será necessário mais de um ano para o colocar a funcionar em pleno.

Esta legislação que aguarda publicação, será também um elemento chave para pro-

mover estratégias de prevenção da produção de resíduos, visto incluir medidas nesse sentido. Contudo, enquanto não for publicada, mantémse a indefinição nesta área, deixando todos os interessados numa situação de desconhecimento e incerteza.

O Enquadramento Europeu

A nível europeu, a ambição da proposta da Comissão Europeia para o Regulamento de Embalagens e Resíduos de Embalagens viu-se ameaçada pelo voto no Parlamento Europeu em novembro de 2023. Contudo, o Conselho Europeu manteve a ambi-

ção, incluindo uma provisão que permite aos países ir mais além das obrigações do regulamento, abrindo porta a que países como Portugal e França proponham nacionalmente metas superiores às estabelecidas nesta legislação.

Ainda que se aguarde os resultados dos trílogos a nível Europeu, o facto é que os sinais estão a ir todos na mesma direção: é fundamental implementar novas estratégias se queremos resultados diferentes. Para travar o contínuo crescimento na produção de resíduos é essencial implementar políticas e direcionar investimentos para medidas de prevenção.

Olhos Postos no Futuro

A coligação Há Mar e Mar espera que um contexto mais favorável à prevenção de resíduos esteja brevemente em marcha e irá dar os seus contributos para ajudar Portugal a definir um novo rumo nesse sentido. As organizações signatárias do movimento apelam a que os partidos candidatos às eleições legislativas, que irão ter lugar no próximo dia 10 de março, incluam nos seus programas eleitorais medidas efetivas de redução e prevenção de resíduos, nomeadamente a implementação do SDR em Portugal, e o investimento e promoção de sistemas integrados de reutilização e reenchimento.

62 2024 Fevereiro 446 Notícias do Mar
São várias as fontes de poluição por plástico O plástico decompõe-se e dá origem ao microplático É urgente lidar com este grande problema que afeta toda a cadeia alimentar

Notícias

Conservação e Gestão Sustentável de Praias e Zonas Húmidas com Borrelho-de-coleira-interrompida

Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus)

O Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) apresentou no dia 1 de fevereiro, um projeto europeu que aposta na monitorização do Borrelho-de-coleira-interrompida para conservação de habitats e outras espécies salvagens que dependem das praias e zonas húmidas.

Aapresentação do projeto “Iberalex - Gestão sustentável de praias e zonas húmidas ibéricas: conservação do Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) como ferramenta para compatibilizar os usos humanos e a biodiversidade” teve lugar no auditório do DCV, no Colégio de S. Bento, entre as 9h30 e as 12h45.

«Este projeto pretende utilizar o Borrelho-de-coleira-interrompida como uma espécie guarda-chuva, e propõe um conjunto ações que servirão para melhorar o seu estado de conserva-

64 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar
da Universidade de Coimbra
O projeto Iberalex reconhece a importância da conservação desta espécie

ção no espaço transfronteiriço Espanha-Portugal. Pretende ainda compatibilizar ações de conservação com atividades recreativas e extrativas humanas num cenário de alterações climáticas, evidenciado pelo aumento contínuo do nível do mar e pela erosão costeira», revela Jaime Ramos, professor e investigador no DCV.

Um espécie guarda-chuva é uma espécie cuja conservação implica necessariamente a conservação de outras espécies. «Geralmente, são espécies como predadores

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O Iberalex é um projeto financiado pelo Programa Interreg V Espanha-Portugal (POCTEP) 2023-2027 O projeto europeu Iberalex pretende a gestão sustentável de praias e zonas húmidas ibéricas atravéz desta ave Compatibilizar ações de conservação com atividades recreativas e extrativas humanas num cenário de alterações climáticas

de topo que necessitam de grandes áreas de habitat ou de condições ecológicas particulares, pelo que a sua conservação implica que essas condições sejam salvaguardadas», explica o coordenador do projeto na FCTUC.

Segundo o investigador do DCV, esta ave necessita de praias arenosas e de zonas húmidas em boas condições ecológicas para se reproduzir, dado ser muito sensível a perturbação humana e a

predadores. Portanto, a perturbação humana excessiva nas praias, por exemplo na época balnear, implica que esta espécie deixe de se reproduzir em tais áreas. Também as mudanças de habitat, devido às alterações climáticas, implicam que a mesma fique com menos área disponível de praia para nidificar.

«Assim, a conservação desta espécie implica que outras espécies no mesmo habitat tenham também condições adequadas para a sua sobrevivência. De igual forma, o aumento da predação muitas vezes está associado a atividades antropogénicas que provocaram alteração dos habitats e que devem ser controladas», conclui.

O Iberalex é um projeto financiado pelo Programa Interreg V Espanha-Portugal (POCTEP) 2023-2027 e inclui como participantes além da Universidade de Coimbra, a Direção Geral do Património Natural (Xunta de Galicia), as Universidades de Santiago de Compostela, Extremadura, Cádiz, Aveiro e a Associação para a conservação da natureza portuguesa, Vita Nativa.

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Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) Esta ave necessita de praias arenosas e de zonas húmidas em boas condições ecológicas para se reproduzir Um conjunto ações que servirão para melhorar o seu estado de conservação no espaço transfronteiriço Espanha-Portugal

Notícias da Marinha

Texto e Fotografia Marinha Portuguesa

Marinha Faz História com a Criação de uma Nova Unidade!

Os militares da nova unidade X31, uma unidade semelhante a uma esquadrilha que opera sistemas não tripulados (SNT) aéreos, superfície, subsuperfície e terrestres

Realizou-se no dia 9 de Fevereiro, na Base Naval de Lisboa, a cerimónia de inauguração e da tomada de posse do capitão-de-fragata Ricardo Faias Martins como Comandante da primeira unidade X31.

Acerimónia foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo, e contou com a presença do Comandante Naval, Vice-almirante Nuno Chaves Ferreira, entre outras entidades.

No discurso, durante a cerimónia, o Almirante Gouveia e Melo enalteceu o marco que assinala esta nova unidade e a importância de uma Marinha útil e focada para, no futuro, possuir este tipo de sistemas na sua esquadra.

A X31 é uma unidade semelhante a uma esquadrilha que opera sistemas não tripulados (SNT) aéreos, superfície, subsuperfície e terrestres, tendo como principal missão garantir o aprontamento des-

68 2024 Fevereiro 446
Notícias do Mar
Cerimónia presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo

tes sistemas, assim como coordenar o desenvolvimento de doutrina, padrões de prontidão e o treino dos sistemas não tripulados para o seu emprego operacional.

Biografia

do Comandante

Ricardo

Faias Martins

O Comandante Ricardo Faias Martins ingressou na Escola Naval em 2000, tendo concluído a licenciatura em Ciências Militares Navais, classe de Marinha, em 2005.

Ao longo da sua carreira militar desempenhou diversas funções, nomeadamente como Gunnery Officer (GUNO) a bordo da fragata D. Francisco de Almeida entre 2012 e 2016, Chefe de Departamento de Operações da Escola de Tecnologias Navais (ETNA) entre 2018 e 2019, e em 2019 destacou para a fragata Vasco da

Gama como Chefe do Departamento de Operações. Mais recentemente, desde junho de 2020 até fevereiro de 2024 desempenhou

funções no Estado-Maior da Armada, nomeadamente pela Divisão de Operações na área da Experimentação, Conceitos e Requisitos e

pela Divisão de Inovação e Transformação.

O Capitão-de-fragata Ricardo Faias Martins nasceu em 1980 e é natural do Porto.

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Cerimónia contou com a presença do Comandante Naval, Vice-almirante Nuno Chaves Ferreira, entre outras entidades Comandante Ricardo Faias Martins O emblema da nova unidade X31 da Marinha Portuguesa

2ª Edição do Aveiro Bodyboard Invitational – São Jacinto

Num Sucesso Histórico

Ricardo Rosmaninho e Filipa Broeiro Foram Campeões

Ricardo Rosmaninho e Filipa Broeiro foram os vencedores do 2º Aveiro Bodyboard Invitational que teve no dia 4 de fevereiro o segundo e último dia na praia de São Jacinto, Aveiro, com bodyboard espetacular que culminou com uma nota 10 de Rosmaninho na final frente a Daniel Fonseca.

Por sua vez, Filipa Broeiro, vice-campeã nacional, levou de vencida a figueirense Mariana Silva, com dois ARS, um deles premiado com 8,5, numa demonstração de bodyboard progressivo raras vezes visto em provas tradicionais.

Na competição masculina, o espanhol das Canárias Armide Soliveres e o carcavelense Rodrigo Lopes partilharam o terceiro lugar tendo ambos assinado excelentes momentos de bodyboard ao longo da prova, enquanto na competição feminina, Filipa Freitas e o prodígio de 14 anos Luana Dourado também ocuparam o terceiro lugar.

Ricardo Rosmaninho, que marcou o evento com o único

10 da prova, logo na primeira onda da final, confessou que teve um misto de alegria e desapontamento quando viu o monstruoso ARS com que abriu a final ser premiado com a nota mais alta da escala: “Não estava à espera porque não tive noção do tamanho da manobra e fiquei contente, mas também triste porque senti que tinha estragado a final. Mas depois pensei que se havia alguém que podia fazer um 10 ou dois naquela onda era o Daniel Fonseca.”

Tal não aconteceu e apesar de ter feito duas boas manobras (um backflip e um invert), Daniel não foi além de um 8,5.

Na final feminina, Mariana Silva começou a ganhar com

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Filipa Broeiro

uma onda de 5 pontos, mas Filipa Broeiro “abriu o livro” e sacou dois ARS. O primeiro valeu 6 pontos e o segundo 8,5 pontos, selando o triunfo.

“É muito especial ganhar aqui. Na primeira edição fiquei logo apaixonada por este evento e foi incrível estar aqui com todas as atletas a tentar fazer um bodyboard mais progressivo, a tentar fazer ARSs. Foi uma final ex-

celente para mim, o mar estava a chamar-me para a esquerda e sabia que tinha de tentar fazer ARSs e consegui. Isto é muito importante para o futuro do bodyboard feminino e é um ‘boost’ de confiança para mim e para todas as competidoras aqui presentes.”

Também para a Câmara Municipal de Aveiro, coorganizador deste evento, houve

motivos para sorrir e falar de uma próxima edição do Aveiro Bodyboard Invitational, conforme diz o seu vice-presidente Rogério Carlos: “Foi um grande sucesso e estamos muito satisfeitos com este evento que, como esperávamos, deu palco aos excelentes bodyboarders nacionais e mostrou, como esperávamos, o enorme potencial da Praia de São Jacinto e

do seu Centro de Alto Rendimento. E cremos que há todas as condições para pensar na próxima edição já para o ano, ou temporada, tendo em conta que o 2023 se arrastou para 2024.”

O Aveiro Bodyboard Invitational 2023 é organizado pela BBoard TV e Câmara Municipal de Aveiro, com o apoio da Estação Náutica e CAR Surf de São Jacinto.

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Ricardo Rosmaninho e Filipa Broeiro Ricardo Rosmaninho Luana Rodrigo Lopes

Notícias da DGRM

Cabo Submarino 2AFRICA

Reconhecido como Projecto de Interesse Público

OCabo Submarino de telecomunicações 2AFRICA que vai amarrar em Carcavelos, foi reconhecido como projecto de interesse público.

A Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) assinala o reconhecimento do projeto de instalação e amarração de um cabo submarino de telecomunicações intercontinental, em fibra ótica, integrado no sistema 2AFRICA, na praia de Carcavelos», no concelho de Cascais, como ação de relevante interesse público.

José Carlos Simão, Diretor Geral da DGRM, sublinha que «o projeto 2AFRICA consiste num sistema de cabos submarinos que liga a Europa e circunda-

rá todo o continente africano, com aproximadamente 45.000Km de comprimento, ligando um total de 33 países, dos quais cinco na Europa, 19 em África, sete no Médio Oriente e dois na Ásia, permitindo com isto a interligação da economia portuguesa a um dos principais backbones de transmissão de dados do mundo»

O 2AFRICA, reconhecido

na publicação em Diário da República do Despacho n.º 1653/2024, de 12 de fevereiro de 2024 como Interesse Público, é um projeto promovido por um consórcio internacional de oito parceiros, baseado um sistema internacional de cabos submarinos de telecomunicações de acesso aberto e de última geração que estará totalmente operacional em 2024, permitindo o acesso em banda ultra larga

Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com

Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt

Paginação e Redação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com

Editor de Motonáutica: Gustavo Bahia

em grande parte do globo, através de uma capacidade total de 180 TB/s.

Recorde-se que para viabilizar a instalação e exploração do cabo submarino de telecomunicações 2AFRICA em Portugal, foi celebrado um contrato de utilização privativa do espaço marítimo nacional entre a DGRM e a Vodafone, incluindo a Direção Regional do Mar da Região Autónoma da Madeira, para concessão da utilização privativa do espaço marítimo nacional (TUPEM) numa área com um metro de largura e aproximadamente de 2.000 km de extensão, correspondente à rota do cabo nas subdivisões do Continente, da Plataforma Continental Estendida e da Madeira.

Colaboração: Carlos Salgado, Carlos Cupeto, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00

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