Notícias do Mar n.º 356

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Notícias do Mar

Seminário A Pequena Pesca Potencial para a Sustentabilidade

Fotografia PONG Pesca

Organização com Êxito

das ONGA Portuguesas

Decorreu nos dias 29 e 30 de Junho em Sesimbra com bastante êxito, o Seminário “A Pequena Pesca: potencial para a sustentabilidade”, que juntou mais de 150 participantes de diferentes partes interessadas para discutir a sustentabilidade da pequena pesca e as possibilidades que existem nos novos fundos comunitários para a por em prática, a nível ambiental, social e económico.

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evento foi organizado pela PONGPesca (Plataforma de Organizações Não Governamentais portuguesas sobre a pesca), plataforma da qual fazem parte oito ONG de ambiente a trabalhar em Portugali, e contou com a coorganização da Câmara Municipal de 2

No Cineteatro Municipal João Mota

Sesimbra e da Mútua dos Pescadores. Foram ainda parceiros do evento a Docapesca – Portos e Lotas, SA, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a Rede Europeia das Zonas de Pesca (FARNET) e a Low Impact Fishers of Europe (LIFE). “A pequena pesca foi desde o início uma das

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principais preocupações da PONG-Pesca, pois para além de ser muito representativa da realidade da pesca nacional, possui um enorme potencial de sustentabilidade, tanto a nível ambiental, como económico e social. Num momento em que o novo Programa Operacional para o Mar – PO Mar 2020 – está a ser

lançado, quisemos organizar um evento que permitisse informar todas as partes interessadas das oportunidades de financiamento disponíveis e iniciar o desenvolvimento de ideias e candidaturas”, disse Gonçalo Carvalho, coordenador da PONG-Pesca. Foram abordados de forma detalhada e efectiva


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vários temas importantes, como a comercialização e valorização dos produtos da pesca, a diversificação de actividades, a colaboração de pescadores e cientistas na investigação ligada à pequena pesca, o associativismo e a higiene e segurança no trabalho. Participaram nos dois dias de trabalhos mais de 150 pessoas, de vários grupos interessados na pequena pesca e na conservação do meio marinho, desde os pescadores e os seus representantes, responsáveis pela tutela, investigadores, empresários, autarcas, gabinetes de ação local, entre outros. Os objectivos principais do evento foram: i) Apresentar casos de sucesso nacionais e internacionais em diversas áreas, tais como projetos de valorização e inovação dos produtos da pesca, diversificação de atividades e parcerias entre

pescadores e cientistas, entre outros. ii) Dar a conhecer o Fundo Europeu dos Assuntos Marinhos e das Pescas, PO Mar 2020 e outras ferramentas de financiamento, sobretudo no que toca às rubricas dedicados e disponíveis à pequena pesca. iii) Identificar e analisar os principais desafios de gestão sustentável da pequena pesca, delinear projetos passíveis de financiamento e contribuir para a criação de sinergias e parcerias entre os stakeholders da pequena pesca. Durante o seminário os participantes foram convidados a identificar os principais desafios relativos ao futuro da Pequena Pesca em Portugal, tendo sido selecionados os seguintes: i) Sustentabilidade dos recursos; ii) Sustentabilidade social das comunidades piscatórias; iii) Valorização; iv) Desburocratização e

Gonçalo Carvalho, coordenador da PONG-Pesca.

No Cineteatro Municipal João Mota 2016 Agosto 356

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No Auditório Conde Ferreira

No Auditório Conde Ferreira 4

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legislação adequada; v) Monitorização e recolha de dados; vi) Ordenamento do espaço marítimo; vii) Contribuição dos Grupos de Ação Local Pesca (GAL-Pesca); viii) Quotas pesqueiras. No último painel foram criados grupos de trabalho que tiveram como objetivo discutir e gerar ideias para lidar com cada um dos principais desafios. A PONGPesca pretende agora dar continuidade a estes grupos, num formato ainda a definir. “Para a PONG-Pesca, constituída por organizações de conservação do meio ambiente, a prioridade será sempre a sustentabilidade ambiental, pois para nós se essa não es-


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Grupo de participantes

tiver garantida, nunca será possível assegurar a sustentabilidade económica e a social. A Política Comum de Pesca atualmente em vigor tem metas ambientais ambiciosas, e estamos certos que a pequena pesca pode claramente ajudar a atingi-las.”, disse Gonçalo Carvalho na abertura do Seminário. “No entanto, temos consciência que há grande necessidade de trabalhar efetivamente todos os pilares da sustentabilidade, pois se forem superadas determinadas questões económicas e sociais, mais facilmente será possível avançar em termos de conservação dos ecossistemas e das espécies. E portanto, por termos convicções mas também uma grande capacidade de diálogo e de cooperação, sabemos que podemos ser um ator construtivo nas discussões e na gestão da pesca em Portugal. Assim, esperamos que com este seminário mais uma vez provar que a PONG-Pesca não quer apenas alertar para os problemas da pesca, mas também participar na sua resolução, em colaboração com os restantes intervenientes no sector.”, completou o mesmo responsável. 2016 Agosto 356

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Pesca Portuguesa

Texto Antero dos Santos

Pequena Pesca Deve Ser a Aposta de Portugal O Seminário Pequena Pesca Potencial para a Sustentabilidade organizado pela PONG-Pesca em Sesimbra, mostrou qual é a realidade da pesca em Portugal, porquê importamos 2/3 do peixe que comemos e qual a solução para o Governo.

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um excelente estudo, Pequena Pesca na Costa Continental Portuguesa, editado em 2014 pelo IPMA, Instituto Português do Mar e da Atmosfera, elaborado por catorze cientistas e coordenado por Miguel Gaspar, está definido o que é a pequena pesca. A pequena pesca é a que 6

utiliza embarcações até 9,00 metros de comprimento, opera dentro das 3 milhas ao longo do litoral, está registada como pesca local e corresponde a cerca de 80% das 5.056 embarcações da frota de pesca artesanal local/ costeira, em actividade em 2014. Este estudo começou em 2009 com entrevistas aos mestres das embarcações.

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Para isso, foram efectuadas um total de 1.014 entrevistas em 75 portos de pesca. O alcance deste trabalho, está bem explicado na sua introdução: “Num contexto nacional, a pequena pesca assume crescente importância em virtude da sua forte implantação ao longo de toda a costa portuguesa, da grande diversidade de

artes de pesca e espécies capturadas, do elevado valor comercial dos produtos desta actividade, do grande número de pescadores e outros agentes envolvidos, da importância ambiental, sócio-económica e cultural a nÍvel local, regional e nacional. A diminuição da importância dos pesqueiros tradicionais explorados pela frota longínqua. Acres-


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Pescador local de Sagres com palangre a descarregar pargos

para a sua resolução, tendo em conta as zonas de pesca, o tipo de artes utilizados, as espécies, o esforço de pesca e a inserção na estrutura sócio-economica da região. O estudo revela que só agora em Portugal é dada importância à pequena pesca, pois esta actividade tem merecido reduzida atenção ao nível dos Governos nacio-

nais, o mesmo se passando ao nível da União Europeia, mais interessada em apoiar os interesses das frotas industriais ou semi-industriais que exploram intensamente os grandes recursos. A própria comunidade científica internacional, tem desenvolvido estudos em desfavor da pesca artesanal, que no seu entender não tem

rentabilidade, devia reduzir a actividade, reconverter-se e deixar de pescar. Felizmente a comunidade científica portuguesa não é da mesma opinião e no Seminário que decorreu em Sesimbra apresentou muitas soluções. O manifesto desinteresse dos Governos pelo sector e a implementação de políticas

ce o facto de nalgumas regiões a pequena pesca constituir, no conjunto das estruturas produtivas, uma das componentes com maior relevância”. O estudo mostra que a pequena pesca está completamente vinculada às pequenas comunidades piscatórias que se distribuem ao longo de toda a costa portuguesa. Por isso, devido a sua actividade, os problemas que surgem e são sempre urgentes resolver para os pescadores, exigem uma abordagem local

Fotografia: JJCM

Pequena pesca de Sesimbra

Barco de pesca local de Paço d’Arcos 2016 Agosto 356

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Barco de Monte Gordo de pesca local

Fotografia: JJCM

que têm comprometido a sustentabilidade da sua actividade a curto e a médio prazo, tem provocado nos pescadores uma desconfiança total de tudo o que lhes possa ser dito que é para seu benefício. A recusa de muitos a responderem aos inquéritos, é a prova que já não acreditam em nada. “Estes estão aqui com perguntas é para me lixarem”.

Barco de pesca local de Peniche 8

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O estudo mostrou os principais problemas que afectam a frota da pequena pesca O principal dos quais são o aumento dos custos de produção com o combustível, cujos motores são fora de borda a gasolina. Com o mesmo peso, o problema da comercialização


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Iscar anzóis para o palangre

com o baixo preço da pesca em 1ª venda. A legislação desajustada para a pequena pesca e para promover actividades de diversificação.

Melhores condições de trabalho nos locais de desembarque e nas lotas. Controlo e inspecção a incidir sobre a pesca recreativa e a ilegal.

Alteração da legislação do regime de licença de pesca. Conflitos entre artes de pesca. Estado de conservação dos recursos.

Pesca ao polvo 10

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Assoreamento das barras. Alterar o regime da segurança social. Para além destes dez problemas, existem mais dezassete que foram descritos pelos mestres das embarcações. No que respeita à investigação científica, queixaramse que o conhecimento dos recursos e ecosssistemas que exploram é escasso e que a investigação é dirigida para o sector da pesca costeira e para a pesca industrial. No entanto, mostraram vontade de colaborar com os cientistas. Outra reclamação incide sobre a legislação que regula as áreas marinhas protegidas, impedindo a pesca local do uso dessas áreas, obrigando-os a irem pescar cada vez mais longe dos portos de origem e a maior profundiodade. Outra queixa é sobre a pesca costeira que cada vez


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mais se aproxima da costa, principalmente comredes de emalhar de fundo, impedindo o uso da pesca de palangre nessas zonas. Propostas para o Governo resolver os problemas da pequena pesca Em virtude da tradicional pouca vontade dos pescadores se associarem, a criação de associações deve ser incentivada, para promover a co-gestão anível local e regional. Promover a participação activa e envolvimento do sector no processo de decisão. Assegurar à frota de pequena pesca direitos de acesso e de uso aos pesqueiros tradicionalmente por ela explorada e reduzir a pesca costeira com redes nessas zonas. Adequar a legislação à pesca local e atribuir uma licença única que engloba as

Alcatruzes para pesca ao polvo

diversas artes de pesca para toda a frota da pequena pesca. Também deve ser feita nova legislação para permitir a diversificação de actividades, como por exemplo a pesca-turística.

Aumentar a informação sobre a pequena pesca, utilizando as novas tecnologias de informação e comunicação no seguimento das embarcações. Criar base de dados nacionais conjuntas de de-

sembarques, frota, tripulantes, incluindo dados biográficos, acções de fiscalização, equipamento das embarcações, gastos de combustível e dados ambientais. Mais fiscalização para im-

Barco de pesca local de Sagres 2016 Agosto 356

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pedir a pesca ilegal e a falsa pesca recreativa, praticada por pescadores profissionais que se dizem amadores. Devido às baixas reformas, muitos pescadores tiram a licença de pesca lúdica e pescam todos os dias para abastecerem os restaurantes. É assim, principalmente, na Nazaré, Peniche, Sesimbra e Setúbal. Só a ASAE e a Polícia Marítima em conjunto poderão acabar com esta prática. Atribuir um subsídio diário às embarcações com motores fora de borda a gasolina, por cada dia de descarga em lota e um subsídio para a aquisição de motores mais modernos, eficientes e de menor consumo. Aumentar o rendimento da actividade, para reduzir o esforço de pesca, para compensar os baixos ganhos com as vendas do pescado. Contrariar os lobbys dos compradores. Alterar os me-

canismos da venda do pescado em lota e adoptar medidas de comercialização comuns a toda a União Europeia. Reduzir a importação de pescado de paises extracomunitários e exigir que este deve ir ao encontro dos requisitos de qualidade exigidos pela União Europeia. Para contrariar o baixo preço do peixe em lota, fazer certificação/etiquetagem do pescado e promover o da pequena pesca. Permitir ao pescador da pequena pesca vender directamente o pescado ao consumidor final, mantendose obrigatório a pesagem do pescado em lota. Impor preços de retirada para todo o pescado proveniente da pequena pesca. Sabendo-se que o tresmalho de fundo provoca cerca de 50% de rejeições deve-se Incentivar o uso de artes mais amigas do ambiente, como o palangre, e que aumentem a

qualidade do pescado. Governo conhece os problemas da pequena pesca e pretende resolve-los Desde 2014 que o Ministério do Mar tem o conhecimento perfeito deste sector, mas nada fez. Em 2015, durante a Semana Azul decorreu na FIL no dia 4 de Junho uma conferência “O Futuro da Pesca”, mas não foi convidado ninguém da pesca artesanal, apenas Pedro Jorge Silva, presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais, lá estava. Quando perguntámos a Miguel Sequeira, director-geral da DGRM, que coordenmava a conferência, porque não convidaram nenhum representante da pesca artesanal, respondeu que ”isso é muito complicado”. Agora o Secretário de Estado das Pescas, José Apoli-

nário, esteve no encerramento do Seminário Pequena Pesca Potencial para a Sustentabilidade, demonstrando o interesse deste Governo por um sector, que poderá ser uma das soluções da economia azul de Portugal. No final, José Apolinário disse: “É necessária mais transmissão de conhecimento sobre a actividade da pequena pesca e principalmente conseguir organizá-la. O papel dos cientistas na evolução do sector é extremamente importante e é excelente se os pescadores aceitarem participar. Só com as associações de pescadores, a pequena pesca poderá desenvolverse. Pretendemos que o consumidor seja informado que o pescado tem origem na pesca local e da sua qualidade, nem que para isso se tenham de fazer campanhas de promoção e publicidade.”

Em Sesimbra descarga de polvos capturados nos covos 12

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Electrónica

Notícias Nautel

Humminbird conquista o seu sexto prémio consecutivo, na maior feira dos Estados Unidos, a ICAST A Humminbird recebeu mais um 1º prémio na maior feita de pesca dos Estados Unidos, para profissionais do sector da pesca, com o Humminbird HELIX 10 SI GPS que foi eleita na ICAST 2016 a “Best of Electronics” pelos revendedores e pela imprensa especializada

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ais um ano de recorde para a ICAST, como mostram as mais recentes estatísticas da American Sportfishing Association (ASA) que dão conta da presença de cerca de 15.000 profissionais no evento que decorreu em Orlando, na Flórida, entre os dias 13 e 15 de Julho. 14

Este ano fica também assinalado por um novo marco para a empresa de Eufala, no Alabama, especialista na produção de electrónicos para a pesca, Humminbird. Pelo sexto ano consecutivo, a empresa foi galardoada com o prémio “Best of Electronics” pelos revendedores e pela imprensa especializada que votaram na Humminbird HELIX 10 SI

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GPS. “Nós sentimo-nos agradecidos pela indústria ter considerado todo o nosso árduo trabalho desde o departamento de pesquisa e desenvolvimento até aos trabalhadores da fábrica, sendo todos fundamentais para a concretização deste produto. De igual modo, estendemos todos os

nossos agradecimentos aos concessionários, distribuidores e consumidores que desde cedo apoiaram este produto”, diz Ray Schaffart, Brand Manager da Humminbird. Ele continuou: “A série HELIX 10 começou com o feedback dos clientes. Desde os pescadores de fim de semana até aos pescadores profissionais, todos


Electrónica

os utilizadores pediram características basicamente comuns como um ecrã ultra-brilhante e com um menu fácil de utilizar, incluindo tecnologias como a Side Imaging, a Down Imaging, o AutoChart™ Live e a cartografia, juntamente com a conectividade Ethernet, para multi-estação.” Ao longo destas linhas, os pescadores podem escolher de entre três sistemas HELIX 10 que vão de encontro com as suas necessidades de pesca, mesmo que isso signifique que tenha de existir uma combinação entre o SONAR e o GPS até ao complemento do Side Imaging, Down Imaging, ou então dos dois. Todos os sistemas têm o mais recente AutoChart Live

que permite de imediato a utilização-geração de mapas; não é necessário um Servidor, ou a “cloud” ou PC, como noutras marcas. Os mapas literalmente aparecem à frente dos seus olhos. Da mesma forma, todos os sistemas HELIX 10 têm uma conec-

tividade Ethernet de forma a serem compatíveis com o 360 Imaging™ e o Minn Kota® i-Pilot® Link™. Os Melhores Electrónicos, ICAST 2011-2016 2011: Humminbird 1158c DI Combo

2012: Humminbird 360 Imaging 2013: Humminbird Bow-mount 360 2014: Humminbird ONIX Series 2015: Humminbird HELIX 7 SI GPS 2016: Humminbird HELIX 10 SI GPS

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Pesca Desportiva

Histórias de Pesca

Texto Vitor Ganchinho

Adeus fortuna dos sogros. Só bogas!....Parte I Voltei a escrever. Eu, que estava enclausurado, proibido pela junta médica de pegar numa caneta, a bem dizer arrecadado em regime de pulseira electrónica de textos, voltei a escrever. Bem sei que preferiam que eu tivesse partido uma perna em quatro sítios, com fracturas expostas, mas acredito no destino, e se tem de ser, pois aí vai. Leiam lá isto. Não apanham cataratas na vista, e podem ler, mesmo que seja como a minha mulher: em diagonal, a despachar, e pelo canto do olho.

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aí cedo para a pesca, como eu gosto. Estava um daqueles dias em que mais valia ter ficado na cama. Um temporal medonho, o vento a soprar forte, mesmo muito forte, a água a entrar no barco, a molhar tudo, a espirrar por cima dos anzóis empatados, da mochila da comida, do alicate chinês em aço inox da tanga, daqueles que ganha ferrugem um dia antes de levar com água salgada. Mas o meu barco de borracha não treme, e lá foi, aos tombos, tão a direito quanto podia. Com vagas do meu tamanho, um céu cinza chumbo, perguntei-me: “o que é que tu estás aqui a fazer”?... A razão era uma e só uma: conseguir um bom peixe para o jantar desse dia. Tinha convidado os meus sogros para jantar, e queria fazer boa figura. Para além de tudo, estava com uma secreta esperança de ser incluído no testamento deles. É rapaziada com dinheiro, roupas de marca, bons carros, …um laranjal, plantações de cebolas, duas nespereiras, … acho até que devem ter iates e aviões escondidos em qualquer lado. O mar estava a piorar a olhos vistos. Muito vento sim, mas é a fé que nos move. Pensei na fortuna 16

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Pesca Desportiva

que podia herdar, firmei as mãos no volante e dei gás ao motor. Olhei novamente para o céu carregado. Estava negro! Se esta é a maneira fácil de enriquecer, imagino a difícil. Lá chegámos! Acreditei no pesqueiro. Gostei da pinta dele. Isto já me aconteceu antes, não é nada de novo. De resto, também acredito fortemente nos 3 pastorinhos. Olhei para a água, mexida, mas com boa cor, bem azul. Fiz rapidamente uma triangulação perfeita entre o campanário da Igreja da Serra de S. Luís, a porta da taberna do Zé Pedro, o decote generoso da morena que ia a passar na rua, e a Estrela Polar. Com a triangulação destes quatro pontos bem definida, lancei. A chumbada desceu rapidamente, até desaparecer lá em baixo. Igualzinho ao meu saldo do multibanco. Benzi-me três vezes, como um toureiro que vai à praça enfrentar o bicho, e esperei o desenrolar das últimas espiras de fio. Subitamente, parou. Sinal de chumbada no fundo. As minhas mãos habilidosas, de pianista, baixaram a alça do carreto, numa manivelada rápida e decidida, como um corte de um cirurgião na pele de um gajo desconhecido. Eis-me preparado para ferrar ao mínimo toque. Os meus olhos experimentados, focados na ponteira, aguardavam a mais pequena vibração. E foi num instante. Ao fim de 20 minutos, ei-la. Um carapau. Mas um carapau grande, enorme, uma fera. Olhando ao tamanho dos dentes afiados, hesitei em passar da proa para a popa. Que se lixe a sandes de torresmos, é melhor esperar. De quando em quando, o animal mexia o rabo, e pregava saltos. Achei prudente

fazer estalar um chicote a cada 20 segundos, enquanto senti vida. Os domadores fazem isto…. A partir daí, as picadas fraquejaram. Cada vez menos sinais. Apenas uns toques espaçados, suaves, diria até maricas. Ali estava eu, esmorecido, a ver a vida andar para trás, a fortuna dos sogros a esfumar-se. Queria sair daquele infortúnio, daquele estado lacrimejante, mas sem um toque, uma pequena picada que fosse, era difícil. Olhava a ponteira, e via-a estática. Longa e parada como uma fila da 25 de Abril num domingo à tarde. Completamente hipnotizado continuei a olhar para aqueles milímetros de carbono, do especial, de alto módulo. Como se dependesse da minha vista eles vibrarem, mexerem mais ou menos. Mas tudo parado. Como se os peixes estivessem petrificados, embalsamados como múmias, embebidos em formol. Gostava de fazer aqui uma ressalva: eu nem sou de me queixar com o facto de ter mais ou menos picadas. Tudo é melhor que um pontapé nas costas. Mas aquilo estava mesmo fraco. Não podia ser da minha técnica. De resto até sou conhecido pela perfeição com que pesco. Isto são coisas que já têm décadas. Já vem de miúdo, quando uma cigana me leu a mão e me disse que o meu futuro era a pesca. Eventualmente estaria a referir-se a uma brilhante carreira de ajudante numa traineira da pesca de arrasto, mas quando pedi para me lançarem as cartas, pareceu-me claro, voltou a dar sinal positivo: saiu o valete de copas, logo, …pesca. Pescador, sem dúvida. Se o signo, os astros, o verdete

das torneiras, o rabo bronzeado da vizinha de baixo, se tudo aponta para que eu seja pescador, então há que assumir, e ser pescador. Estava eu em perfeito estado de meditação, à volta de algo tão profundo como…. “porque é que existe algo mais do que nada?”…, quando nisto, sou chamado à terra por um esticão bem mais mundano: um toque na ponteira. Estava lá em baixo qualquer coisa. Abri bem os olhos e preparei o braço direito para reagir com energia. Um novo toque. Era agora! Com alma até Almeida, ferrei com genica. Uma reles boga. Felizmente ainda há gaivotas. Estavam todas à minha frente, à espera de qualquer coisa. Piavam uns sons graves não entendíveis. Estão roucas, mal da garganta, pensei. Mas comeram o estupor da boga. Para que é que eu queria as bogas?! Fiquei atento a todos os sinais. Todos os sentidos estavam focados no que estava a fazer. Na corrente, nas gaivotas, nos gansos patolas, no vento, no canal 16 do VHF. Deste último, ouvi música sevilhana, de castanholas. Nem sombra de peixe. Pensei para comigo: calma Vitor, bem mais difícil é arranjar um canalizador ao fim-de-semana. Os peixes só podem é estar a fazer-se finos, como as meninas da avenida de Roma. Ou então não havia mesmo peixe. O que atirava com a questão da herança para trás do sol posto. Lembrei-me de engodar. Atirei-me ao trabalho com a convicção de que apenas isso poderia valer-me. É certo e sabido que são sempre os mais pobres e aflitos os que tomam a dianteira dos sonhos, das quimeras,

pois são aqueles que mais necessitam. Já estava ganindo por um toque. Uma pequena picada que fosse. Após 2 horas de esforço febril de engodagem, estava convencido de que estaria perto do êxito. Atirei lá para baixo com tudo o que veio à cabeça, desde filetes de cavala fininhos, sardinhas de conserva em tomate, jaquinzinhos fritos de um dia para o outro, ovos cozidos biológicos, camarão ao alhinho, um panfleto com convocatória da CGTP intersindical, relógios de pulso da Kalvin Klein. Aquilo tinha de resultar. Olhei lá para baixo e pareceume ver sombras debaixo do barco. Muito bom sinal. Caranguejo pilado não era. A Catarina Furtado também não. Pressentia a eminência de algo grandioso. Voltei ao trabalho de engodagem com coragem redobrada, mais três quartos de hora. Já não tinha mais nada para deitar para baixo. Lembreime que tinha comido em casa um pacote com meia dúzia de pastéis de nata, dos bons, do Restelo, com muita canela. Meti dois dedos nas goelas, e lá foram. Dei aquilo por findo, por engodado. Ali estávamos, eu e o meu companheiro, o Zé Roque, aproados ao vento, esperando o momento certo. Decidi dar-lhes uns minutos, para ganharem confiança. Fui comer uma sandocha de queijo de Azeitão. Estava empapada em água salgada. Dei por mim a prometer que, se me picasse uma faneca gorda, iria a Fátima de joelhos, de costas, em marcha atrás. Provavelmente muitos dos peregrinos que vemos nas estradas, têm a ver com promessas feitas à conta de fanecas gordas. Já aceita-

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Pesca Desportiva

va qualquer coisa. Mesmo até um besugo. Acho os besugos parecidos com os gatos. São interesseiros, só aparecem quando têm interesse na comida. O Roque olhava a água pensativo. É verdade que ele tem um equipamento de 1864, e uma técnica de pesca ainda mais antiga, do tempo do Viriato. Mas devia ser suficiente para ter um toque. De resto, ele tem uma relação com os piços de longa data: amam-se! É como o fósforo e o rastilho, não vivem um sem o outro. Mas não abria a boca, e estava a vê-lo a meditar muito. O vento continuava a aumentar. Não queria acreditar que estava arrependido de ter vindo comigo. Ele adora pesca. E não se vai para a pesca sem querer. Não é como um cão vadio que vai à bola, preso pelo pescoço com uma corda de nylon! Ou se gosta ou não se gosta! O que eu gostava mesmo era de cravar um pargo grande, um bom sargo veado de 3 kgs, uma corvina de 20 kgs, ou uma dourada matulona, do tamanho daquela que fugiu ao Cristo Rei de Almada. É por demais evidente que todos os pescadores são mentirosos, e o Cristo Rei sabe bem que há muito poucas douradas daquele comprimento. Mas isso já é inerente à função. Sem a vontade de esticar o peixe metros e metros, que motivação poderíamos ter para nos levantarmos da cama noite cerrada, pegar num lanche, …e irmos para o meio das vagas, enfrentar o frio, o vento, a possibilidade de sermos gozados pelos amigos? Voltei a olhar para o GPS. Estávamos no sítio. De resto, tinha as marcas de terra. Em termos de localização 18

de pontos, não há que saber: o sistema bom é o da triangulação de pontos, com marcas em terra. Nunca falha. Permite afinar o ponto de pesca ao milímetro. E quantas vezes um milímetro faz a diferença entre uma boa ou péssima pescaria. Mas com o dia assim, estava tudo lixado. Começou mesmo a chover. Uma gotinha aqui, outra ali, e ao fim de minutos, era uma borrasca enorme. Quando a sorte não penetra, chapéu…. Estava a correr mal. Meditei sobre a possibilidade de fazer uma viagem. Por exemplo, viajar até à falésia do Cabo Espichel e destravar o travão do carro. E é nesse momento de angústia que, de súbito, …surge um ligeiro toque. A ponteira da cana vibrou. Nos instantes seguintes, subiu e desceu como os peitos grandes de uma loira de 32 anos, debaixo de uma camisola preta molhada. Movimentos ritmados, sedutores, e para mim, que estava naquele estado de anorexia piscatória agravado, particularmente interessantes. Ferrei com ganas, e senti imediatamente fazer força e resistência do outro lado. Se puxava em sentido contrário, não era uma loira. Eu sou muito rápido a deduzir estas coisas. Só podia ser um pargo enorme. Ou então a comissão de trabalhadores da estiva do porto de Lisboa, porque aquilo era força do contra, a valer. Espero que a linha aguente, pensei. Ó coisa linda! Ali vinha ele do fundo, a dar ao rabinho, a escaminha a brilhar, para as mãos do dono. Vai na volta, …uma boga. E presa pela barriga. Pelo sim pelo não, guardei-a. Enchi o peito de ar, tomei dois Xanax, e decidi lançar

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uma vez mais. Se elas estão a comer navalha, talvez não queiram berbigão. Lá vai berbigão para baixo. Passados segundos, outra boga. Mandei-lhes com mais meia dose de filete de sardinha. Iscada grande! A fé era muita. Vai na volta, outra boga! O Roque entretanto, subiu a sua primeira. Ele é muito compadecido com os peixes. Tem imensa pena deles. Esperou algum tempo, tentou ainda assim colocá-la no recobro, mas não havia nada a fazer. Olhava para o peixe dentro do balde, arrependido, como quem está num velório. Finada que foi, passou-lhe o óbito. Via-o apreensivo, estranho. Na verdade, o mar estava tenebroso. Colocavam-se no momento várias opções. Sair do sítio, para fugir às bogas que ali estavam. Fugir daquele martírio. Ou aproveitar o facto de cada vez haver menos bicharocos daqueles lá em baixo, …porque nada é infinito. Pensava eu. Porque estava a dar conta delas, a bom ritmo, decidi ficar. Nem que seja até ao fim do ano, até Dezembro, mas eu acabo com as bogas! E estivemos a pescar a última boga antes da última, durante mais três horas. E nunca mais acabava, era sempre a penúltima. Pensei para mim, isto vai bem é com mais uma sandes de queijo. Já não havia. Não havia sandes, não havia sol, não havia peixe. Nem tão pouco havia um charro de folhas e casca de eucalipto, bem moídas e trituradas. Embora não seja coisa que dê uma pancada por aí além, sempre dá para desentupir os brônquios. Estava a ver que não ganhava a vida com a pes-

caria. A isca é caríssima. Meditei um pouco sobre salário. O verdadeiro significado da palavra “salário” é exactamente o pagamento de um serviço em sal. Era assim nos tempos dos romanos. Hoje tenho dúvidas de que um qualquer futebolista famoso aceitasse jogar em troca de dois camions de sal….embora na altura isso significasse a independência do atleta. Também tenho dúvidas de que algum romano da época aceitasse fazer os ridículos cortes de cabelos e tatuagens parvas que por aí andam. Eu, a fazer uma tatuagem, seria sempre a dizer “Leninha”, em letras grandes. Como sou muito forte e musculoso, e tenho um peitoral enorme, daria até para escrever “Maria Helena Carvalheira Neves, best wife in the world”. Tudo seguido, em letras garrafais. Uma mulher impagável! Quando vou para a pesca, descongela frango. Estava preocupado com o Roque. Tinha o olhar fixo na ponteira, e achei que estava em apneia. Vi-o a ficar roxo. Seguramente estavam a passar-lhe coisas estranhas pela cabeça. Tinha uma cara crispada que não era dele. Daquelas caras crispadas de pessoas que nunca conseguirão obter um cartão de crédito. Estaria enjoado? Realmente, o dia mostrava-se tão ruim e incómodo, que mais valia estarmos no Algarve, em Agosto. Concentrei-me novamente na minha cana. E eis que chega um leve tremor, e de repente um esticão decidido, forte e continuo como o comboio de Sintra. Os músculos do meu braço contraíram-se rapidamente, e aí estava o artigo, a peça genuína, o peixe na


Pesca Desportiva

ponta do anzol. Pela forma como cabeceava, só podia ser o Slimani. O Rui Águas já não joga. Imaginei-me a fazer uma tatuagem com a latitude, a longitude, a data e o peso do bicho. Eram escamas a esvoaçar por todo o lado! Puxei como um culturista possesso durante um minuto. Era uma luta de galos. Para mim era muito grande! Não me parece evidente que um peixe magro puxe pouco. Afinal de contas, passamos a vida a dizer que os gordos são menos aptos fisicamente. Mas aquilo tinha peso, era um pargo grande, a cana estava toda tensa e dobrada! Estava a ficar com os tintins apertadinhos, a linha parecia-me cada vez mais fininha. Aquilo era mesmo de

palavra de honra. Afinal, … vai na volta, mais uma boga pela barriga. Esta era seguramente uma boga aditivada, cheia de força. Quando chegou cá acima achei-a longa, em forma de baguete de pão francesa. Comprida e roliça! Ó coisa boa!…melhor que aquilo só espetar um anzol no dedo, até ao osso, com a barbela bem presa. Já me disseram que isto das bogas aparecerem a certas pessoas, pode ser efeito da rinite alérgica. Os mosquitos também escolhem pessoas com o sangue mais doce. Na verdade, não é que eu seja supersticioso, ou ligue a coisas esotéricas, mas acho que se eu meter gasolina no barco num valor em euros par, tiro menos bogas. Quando termina em

ímpar, é uma chatice. Muitas vezes os condutores que estão na fila de abastecimento, não entendem estas subtilezas da pesca, e o tempo que leva a preparar uma pescaria. Já estava a acusar alguma desidratação. Não gosto de beber demasiado a bordo. Muita água faz-me vomitar. De resto, a mim o que vai bem é a aguardente de figo queimado. Aclara-me a voz quando canto. Dizem que cantar chama o peixe. No meu caso, chama pouco peixe. Em dez quilómetros em redor, estou certo de que, peixe de qualidade, nem uma escama. Não havia nada. Pensei para mim: tenho de manter a cadência. A este ritmo, até Dezembro, acabo

as bogas. A minha mulher, sempre compadecida com as minhas tentativas de agradar à minha sogra, sua querida mãe, e perfeitamente convicta de que casou muito bem, com a pessoa certa, estragame com mimos: mandou-me uma omelete de ovos com cogumelos. Daqueles vermelhos com pintas brancas. Durante horas, senti o veneno a trabalhar no estomago. Ainda assim, não podia desistir. Com a minha habitual calma, arrojo e desprezo pela vida, montei mais um anzol na linha madre. Estava agora com dois anzóis com ganso coreano, e um com batata frita com sabor a alheira de Mirandela. Não podia falhar. (continua, no próximo número, talvez com mais bogas)

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Náutica

Teste Go Fishing III – Rodman 890 Ventura com 2 x Honda BF200

Texto e Fotografia Antero dos Santos

Um Pesqueiro

à Medida dos Pescadores Testámos no passado dia 23 de Julho em Sesimbra o “Go Fishing III”, um novo Rodman, modelo 890 Ventura equipado com dois motores Honda BF200, que juntamente com dois outros barcos iguais, vão operar na organização Go Fishing em pesca turística.

C

onvidados pela Go Fishing, esta primeira saída em Sesimbra foi apenas para testar o desempenho do conjunto. A Rodman, o maior esta20

leiro espanhol de embarcações de recreio, com sede em Vigo, desde o seu início desenvolveu projectos de embarcações em PRFV para a pesca recreativa, com acentuadas características

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marinheiras, para se baterem com o mar duro do Norte. Para cumprir com estes objectivos, a linha Rodman Pesca foi assim projectada com um design especial dos cascos e os barcos desen-

volvidos com uma construção robusta. Todos os modelos foram equipados com motorização interior diesel de linha de veio, mesmo os barcos mais pequenos, como o Rodman 620.


Náutica

a estudar e fabricar modelos com elevadas potências e neste momento já se atingiram os 400 HP. Então os estaleiros, para irem ao encontro do interesse dos clientes, passaram a projectar e construir barcos para suportarem diversos motores fora de borda instalados na popa. A partir do momento que começou a ser possível instalar motores fora de borda, com rentabilidade no desempenho, em embarcações acima dos 6 metros de comprimento, deu-se a explosão de polivalência neste tipo de embarcações. Para além das performances que desenvolvem, os motores fora de borda são incomparavelmente mais simples e económicos na manutenção e permitem ser subidos quando os barcos estão parados, até ficarem com a coluna fora de água. Esta é a principal vantagem, quando as embarcações estão dentro de água salgada, com os motores protegidos e secos. Principalmente devido a estas características dos motores, hoje podemos dis-

Entrada da cabina

Go Fishing III é um Rodman 890 Aventura Entretanto, com os bons pesqueiros cada vez mais longe de terra, os pescadores passaram a necessitar de barcos mais rápidos para lá chegar, o que não conseguiam com motores interior a diesel. Para satisfazer esta exigência os fabricantes dos motores fora de borda, começaram

A porta lateral da cabina é um excelente apoio para o piloto 2016 Agosto 356

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Náutica

O Go Fishing III está equipado com dois motores Honda BF200

por de barcos em PRFV, para pesca ou cruzeiro com 12 metros de comprimento, com motores fora de borda.

Rodman 890 Ventura um Pesqueiro Polivalente

No Rodman 890 Ventura evidencia-se bem o estilo pesqueiro, com o pára-brisas da cabina vertical em

O piloto tem grande visibilidade 22

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vez de lançado para a frente e acompanhando as janelas laterais. Devido a esta característica, a visibilidade de


Náutica

dentro da cabina para fora é perfeita. Para complementar o estilo pesqueiro, a cabina tem uma porta a estibordo para um dos corredores laterais, junto ao posto do comando, para facilitar as saídas do piloto nas manobras e no acesso ao poço ou à proa. A cabina tem um enorme e desafogado salão, com dois bancos e uma mesa a bombordo para quatro pessoas e um armário com lavatório, frigorífico e microondas a estibordo, instalado atrás do banco do piloto. Numa coberta inferior encontra-se uma cabina com uma cama para duas pessoas dormirem e um quarto de banho, com sanitário marítimo e um lavatório. O poço é amplo e com bastante espaço para quatro pescadores se instalarem à pesca ao fundo ou ao corrico. Para colocar as canas, existem dois porta canas em cada borda e outras três à popa. Para os pescadores, na popa existem dois compartimentos, um com lavatório

para lavar as mãos e o outro para se montar um viveiro de isco vivo. Importante neste barco é o enorme porão que se encontra no piso, com a tampa de abrir com amortecedores hidráulicos, para colocar açafates para o peixe e guardar a palamenta e outros equipamentos. Para fundear, o ferro encontra-se num descanso à proa. Junto fica o porão para guardar a corrente e o cabo, e um molinete eléctrico. Para o proteger do sol, o poço tem um toldo a cobri-lo todo que pode estar perfeitamente aberto mesmo com o barco em andamento. Excelentes performances e velocidade de cruzeiro no teste Com dois motores de 200 HP instalados na popa, interessava ver qual o desempenho do Rodman 890 Ventura no arranque. De facto o barco tem um casco que descola bem da água e por isso no arranque, o sistema BLAST

Armário om lavatório, frigorífico e microondas

Bancos e mesa no salão 2016 Agosto 356

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Náutica

Motor Honda BF200

O

Honda BF200 tem um bloco V6, 24 válvulas, 3.471 cm3 de cilindrada, 200 HP de potência e actualmente incorpora todas as novas tecnologias desenvolvidas pelos engenheiros da Honda. O motor tem o sistema PGM-FI, a injecção sequencial de combustível, que oferece um arranque fácil e seguro, respostas instantâneas ao acelerador, superior eficiência no consumo de combustível e aumenta a performance no arranque. O Honda BF200 Incorpora o sistema BLAST, binário aumentado a baixa rotação. O ponto de ignição controlado aumenta o binário do motor durante as acelerações rápidas, reduzindo o tempo necessário para a embarcação planar. Esta tecnologia, exclusiva da Honda, obtém arranques explosivos para as embarcações planarem de imediato. Com o sistema ECOmo, motor de economia controlada, foi introduzida uma tecnologia de combustão pobre de segunda geração, para obter óptima economia de combustível, com um consumo especialmente reduzido em velocidades constantes numa gama específica de cruzeiro. Em modo ECOmo, o motor funciona numa relação ar/combustível pobre (18/1). A relação ar/combustível é controlada pela ECU, com base em informações recebidas do sensor O2. Assim consegue baixos consumos em velocidades de cruzeiro em rotações entre as 3.000 rpm e 4.500 rpm. Este motor está em conformidade com a norma NMEA 2000 para ligação aos equipamentos electrónicos de bordo como chart plotters, GPSs e sondas, permitindo apresentar e visualizar os dados de gestão do motor pelo piloto. No desempenho, o BF200 apresenta-se como um motor muito silencioso e com um consumo muito reduzido. O Honda BF200 tem 3 anos de garantia

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Lavatório no poço à popa

dos motores funcionou bem e o barco em apenas 2,15 segundos já planava. Confirmámos a característica do casco, quando no teste da mínima velocidade a planar, nuns reduzidos 10,8 nós ainda planávamos. Uma embarcação que se destina a fazer grandes viagens a navegar para os pes-

queiros, é importante conseguir velocidades de cruzeiro económicas. Testámos então qual a melhor velocidade para irmos até um pesqueiro. Nas condições do mar que estava, com uma tripulação de quatro pessoas, navegámos até atingir um pesqueiro a cerca de 18 milhas da costa. Graças ao sistema

O peixe guardado numa rede dentro de água


Náutica

O Rodman 890 Aventura é um barco robusto com estilo pesqueiro

ECOmo dos motores Honda BF200, a velocidade de cruzeiro que fizemos foi de 20 nós às 3.500 rpm. Quando o mar deixa, esta é uma velocidade excelente para umas horas de navegação, poupando no consumo do combustível. Como o mar tinha uma ligeira agitação, medimos a velocidade até às 5.000 rpm e atingimos 34,7 nos. Com o mar chão o barco atingiu 42 nós às 5.800 rpm. O piloto usufrui de excelente posição de condução num confortável banco, com possibilidade de conduzir em pé ou sentado com os pés apoiados. A porta aberta é uma grande vantagem para o piloto, pois assim é rápido a sair, para qualquer manobra à proa ou à popa, ou para encostar por estibordo, mantendo-se com a mão no volante. No ensaio de pesca que

fizemos, quatro pescadores estão perfeitamente à-vontade no poço a pescar ao fundo. A altura de 0,70 m da

borda no poço é bastante segura para os pescadores apoiarem as pernas para os lançamentos ou para se encostarem para pescar ao

fundo. O toldo a cobrir todo o poço permite um abrigo que não se dispensa nos dias muito soalheiros.

Na popa existem três porta canas 2016 Agosto 356

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Náutica

Em cada borda pescam dois pescadores

Devemos salientar o amplo e confortável salão do Rodman 890 Ventura, que oferece excepcional visibilidade e está arejado por uma janela lateral, um albóio no tecto e a porta lateral. com um mobilario funcional e de qualidade, bem como a cabina á frente com cama para pernoitar e um quarto de banho com sanitário marítimo, que funciona como um óptimo apoio. Ao largo de Sesimbra, fundeámos o barco em cima do pesqueiro com 396 metros de profundidade. Era só para ensaiar uma pescaria. Com canas com carretos

eléctricos largámos os iscos para o fundo e não demorou nada começaram a subir uns peixes. Com um Rodman 890 Ventura com 2 X Honda BF200, bem equipado para a pesca lúdica e a conhecer bem os segredos dos bons pesqueiros, não temos dúvida que a Go Fishing vai agitar muito o mercado da pesca turística. Go Fishing: Rua Marcos de Assunção nº 7 E Almada Business Center 2805-290 Pragal - Almada Tlm: 91 98 40 572 - Tel: 212 742 292 www.gofishing.pt

O ferro para pescar ao fundo preso na proa 26

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Características Técnicas Comprimento

8,90 m

Comprimento do casco

7,99 m

Peso s/motor

2.900 Kg

Depósito combustível

400 L

Depósito água doce

100 L

Lotação

8/10

Classificação CE

C/B

Potência máxima

1 X 300 HP – 2 X 200 HP

Motores

2 X BF200

Performances Tempo para planar

2,15 seg.

Velocidade máxima

42 nós às 5.800 rpm

Velocidade de cruzeiro

20 nós às 3.500 rpm

Velocidade mínima a planar

10,8 nós às 2.900 rpm

3.000 rpm

13,20 nós

3.500 rpm

19,4 nos

4.000 rpm

23,2 nós

4.500 rpm

27,2 nós

5.000 rpm

34,7 nós

5.800 rpm

42 nós

Importadores: Limatla Centro Empresarial de Braga Travessa Manuel Silva Gomes, nº 13 - 4705-294 Braga Tel: 253 616 275 Tlm: 965 801 857 geral@limatla.com GROW Produtos de Força Portugal Rua Fontes Pereira de Melo, 16 Abrunheira, 2714 – 506 Sintra Telefone: 219 155 300 geral@grow.com.pt www.honda.pt


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Náutica

Notícias Touron

Mercury Apresenta Novos Monitores VesselView 502, 702 e VesselView Link Com o monitor multifunções VesselView, a Mercury Marine colocou nas pontas dos dedos uma enorme quantidade de informação sobre o motor, a embarcação e a navegação em tempo real. A Mercury lança, agora, a nova geração de monitores VesselView 502, 702 e o VesselView Link para partilha de dados com monitores externos.

Monitores VesselView 502 e 702 O novo VesselView 502 tem um monitor de 5 polegadas e uma relação 16x9HD. É completamente táctil, sem botões. O utilizador poderá, no entanto, optar por um monitor com controlo remoto, com selector giratório e com botões. Este monitor tem interface para sonar com CHRIP que inclui quadro de navegação com todas as funções. Tem também entradas para micro-cartão SD e é fornecido com alta velocidade interna, GPS 10 Hz, Bluetooth e com compatibilidade com GoFree cloud. O novo VesselView 702 dispõe dum monitor de 7 polegadas e uma relação de 16x9HD. É táctil 28

e incorpora um selector giratório e botões. Tem capacidade para mostrar a informação em instala-

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ções até 4 motores. A unidade tem duas entradas para vídeo e uma entrada para Micro

VesselView Link

SD. Possui uma ligação Ethernet que permite interagir com radar, sonar e impressora (um cartão e múltiplos dispositivos). O Vessel View 702 tm também GPS interno e quadro de navegação com todas as funções (o utilizador deve adquirir os mapas do seu país). O módulo GoFree WiFi faz parte do kit. Qualuqer um dos monitores é compatível com a certificaçãoNMEA2000 e pode interagir com o Sistema de identificação Automática (AIS), com o interruptor digital C-Zona e com os sistemas de áudio Fusion Link ou Sonic Hub. As actualizações periódicas gratuitas estão disponíveis na loja GoFree e podem ser descarregadas na rede Wi-Fi.


Náutica

VesselView Link Para elevar o seu monitor digital multifunções VesselView a outro nível, a Mercury Marine lança o VesselView Link. Tratase dum sistema situado debaixo do painel de instrumentos que integra a informação SmartCrafte e os sistemas de controlo com instrumentação Simrad e Lowrance, proporcionando um funcional interface VesselView essas unidades. Com esta ferramenta, os amantes da pesca poderão emparelhar o seu motor fora de borda Mercury com uma sonda Lowrance HDS Gen2 Touch ou HDS Gen3 com o sistema VesselView integrado, quando, até agora, só tinham possibilidade de indicadores analógicos. Disponível como interface para um ou vários motores (máximo de 4 unidades), o Mercury VesselView Link instalase facilmente debaixo do painel de comando da embarcação. Foi desenvolvido para trabalhar com os seguintes instrumentos: processadores marítimos Simrad (NSS evo2 e NSO evo2) e impressora/sonda Lowrance (HDS Gen 2 Touch e HDS Gen 3). O novo VesselView Link oferece acesso instantâneo ao sistema Mercury SmartCraft, incluindo: Modo ECO Troll control (marcha lenta) com incrementos de 10 RPM Cruise Control (de RPM ou de velocidade) Sistema de controlo de aceleração SmartTow (de

RPM ou de velocidade) com perfis personalizados e novo interface para o cursor Launch Target Descrição de falhas,

disponível em 16 idiomas, para qualquer problema de propulsão. Os sistemas Mercury VesselView 502, Vessel-

VesselView 502

View 702 e VesselView Link estarão disponíveis no mercado europeu a partir do presente mês de Julho de 2016.

VesselView 702 2016 Agosto 356

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Náutica

Notícias Yamaha

30º Aniversário da WaveRunner

2016-Yamaha-FZS Desde 1986, a Yamaha foi a pioneira no desenvolvimento e crescimento do mercado dos veículos aquáticos em todo o mundo.

A

través de um contínuo programa de design de ponta e inovação de engenharia, a par com a exploração das mais recentes tecnologias eletrónicas e de potência, a Yamaha criou uma linha fantástica de motos de água – que são certamente uma das formas mais excitantes e emocionantes de nos divertirmos na água We are very proud to be celebrating 30 years of achievement in this unique market – and of course, our research and development effort will continue to be as forceful as ever. Because we are never satisfied. É com um orgulho enorme que comemoramos 30 anos de realização neste mercado único - e, claro, o nosso esforço na pesqui30

sa e desenvolvimento continuará a ser sempre cada vez mais forte. Porque nós nunca estamos satisfeitos. Apresentamos o “pai das Waverunners” Um homem que nunca está satisfeito - nem mesmo agora - estava lá no início da história de sucesso das motos de água. Como principal designer de barcos e veículos aquáticos, ele não só inventou o primeiro modelo no mundo com assento, como também com os motores do Jet Boat. Este homem chama-se Neil Kobayashi. A história WaveRunner é fascinante, especialmente vista através dos olhos do homem que, em 1986, era Diretor de Desenvolvimento, e quem, graças

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ao seu profundo envolvimento e dedicação apaixonada ao desenvolvimento destes produtos, tornou-se conhecido como o “WaveRunner Papa”. Vamos então ouvir esta história pelas suas próprias palavras.... Pessoas, água e meio ambiente em harmonia Os primeiros veículos aquáticos PWCs (motos de água) foram produzidos na década de 1970 nos EUA e foram projetados para serem utilizados por uma pessoa apenas. Eram também muito difíceis de controlar e nem todos os conseguiam manusear. Em 1986, e com o objetivo de alterar esta situação a Yamaha introdu-

ziu pela primeira vez o primeiro PWC do mundo com banco - um veículo em que a fiabilidade, a diversão e a funcionalidade eram os principais atributos. É desta forma que Neil Kobayashi recorda o caminho percorrido para o lançamento desse primeiro veículo revolucionário – a WaveRunner. “Para mim, tudo começou no início dos anos 1970 em Shonan” Eu estava nessa época em Shonan, que era na década de 70, o centro da indústria náutica do Japão. Nessa altura, uma vez que não era necessário qualquer licença ou certificação para pequenas embarcações, as pessoas podiam utilizar estes veículos em qualquer lado sob sua própria


Náutica

de criar uma “WaveRunner”. Desenvolvimento em tempos difíceis e fracasso na América Depois disto, o desenvolvimento de pequenas embarcações tornou-se muito popular no exterior, mas com apenas um pequeno número de empresas a produzirem embarcações tipo W / V-tipo - e, em 1979, foi trazido para o Japão um número limitado. No entanto, até aqui não era obrigatório, mesmo para pequenas embarcações, haver licenças e certificados. Sendo assim era necessário definir normas técnicas legais de modo que o Ministério dos Transportes (Agora, o Ministério da Terra, Infraestruturas, Transportes e Turismo) solicitou a colaboração da Associação da Indústria Marítima do Japão. Nesta altura, enquanto eu estava no comitê técnico da Associação da Indústria Marítma do Japão, e tinha algum conhecimento e experiência, pediramme para fazer alguma pesquisa na marina da empresa e realizar testes consecutivos de confirmação do desempenho no nível de segurança em Shonan. Como resultado, no ano seguinte (1980) lançámos um manual de normas especificas para estes veículos “Water-bike Special Standards” para as pessoas poderem usar e usufruir estes veículos com segurança. No entanto, no que se referia ao desenvolvimento de motos de

água da empresa, nessa altura havia a ideia de que a “Yamaha só faz lanchas” e assim, uma vez que eu ajudava na elaboração de planos a nível de legalidade, não tinha qualquer autorização para interferir no desenvolvimento. Depois, em 1983 a empresa não teve capacidade para desenvolver o negócio, ao concentrar-se exclusivamente nos seus principais produtos, e aí surgiu uma oportunidade para criar novos produtos de uma forma mais competitiva. Eu era então responsável pela experimentação e consegui completar o trabalho atual utilizando apenas 80% da nossa capacidade libertando 20% que nos permitia continuar com o desenvolvimento das motos como um produto totalmente novo. Depois de muitas tentativas e erros, conseguimos acabar o nosso protótipo daquilo que chamamos “Power-Ski”. Foi por volta desta altura que recebemos um pedido da YMUS (YAMAHA MOTOR CORPORATION, USA), onde manifestavam o desejo de verem uma apresentação – um pedido que partiu de um amigo e superior com quem eu tinha trabalhado nos meus dias de Shonan, e que estava agora na YMUS. Em Setembro de 1984, tendo em conta modelos de outras companhias que utilizavam bombas de 15HP, a Yamaha adaptou o barco para o mercado americano, mudando o motor para

responsabilidade. Shonan, sendo perto de Yokohama e Yokosuka, era um lugar fácil para por os barcos e outras embarcações na água e havia muitos tipos diferentes de embarcações, tais como versões reduzidas de barcos, pranchas de surf equipadas com dispositivos de propulsão e asas subaquáticas etc. Na época, atividades de lazer deste tipo não eram acessíveis a todos - e os produtos foram realmente pensados para uma elite. Lembro-me de pensar sobre as possibilidades de fornecer esse tipo de prazer de maneira mais fácil, e de torná-lo acessível a mais pessoas. No entanto, como eu tinha acabado de entrar na empresa, a nível técnico, eu não estava em posição de exercer qualquer autoridade. Mesmo assim, senti que um dia gostaria de fazer um veículo desse tipo. Pensei que essa era a oportunidade

Yamaha VXR 2016 Agosto 356

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Náutica

Yamaha-FX-SHO 25hp. No entanto, os resultados não foram os que se esperavam. O “Power-ski” - sendo um modelo pequeno, leve, com um pequeno motor – não era o desejado pelos Americanos que normalmente pesam mais de 100 kg! A bomba de 25hp simplesmente não tinha potência suficiente, fazendo com que a maioria dos aspirantes a pilotos desistissem pouco de depois de tentarem entrar na embarcação - e muito menos usá-lo. Nas reuniões pós-testes, foi muito difícil manter as boas relações

com os americanos, tentando focar-nos e falar dos pontos positivos! O nosso “Power-ski” era um peso leve de 65 kg. Ao falarmos com os locais a opinião geral era que a embarcação não precisava de ser leve ao ponto de ser possível levantar com uma mão e, que podia muito bem ser rebocada num atrelado e portanto ter 130 kg não haveria qualquer problema. Além disso, lembrei-me dos meus tempos em Shonan e senti-me confiante em lidar com

o pedido dos americanos. Então, em fevereiro de 1985, e com o apoio da YMUS, demos início ao projeto MMV (Mini Veículo Marítimo) e o desenvolvimento começou de acordo com as solicitações da YMUS. “Vamos ter que conseguir com 30hp!” Nesta altura o desenvolvimento tinha que se focar simultaneamente na produção dos motores e os dispositivos de propulsão inerentes por essa razão , man-

Yamaha TR1 32

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tivemos as conversações com a Sanshin Industries que (nessa altura ) estava concentrada no desenvolvimento de motores fora de borda. Achámos que se conseguíssemos chegar aos 50 hp , poderíamos criar uma embarcação muito agradável. No entanto, de todos os motores de popa que poderíamos ter escolhido para funcionar como o nosso motor de base, o limite superior era de apenas 30hp, então começamos o desenvolvimento de motores com esta ideia em mente - “vamos ter que nos contentar com apenas 30hp”. Uma vez que só podíamos oferecer uma potência de 30 hp surgiu-nos uma opção que foi a combinação do casco em V com duas quinas. Para podermos atingir maior velocidade com menos potência, utilizamos o casco com quilhas duplas com a largura ideal entre ambas de forma a cortar a água. Dessa forma, criámos um casco que por um lado era extremamente estável (através da instalação das quilhas laterais exteriores) e proporcionar emoção do curvar a alta velocidade mas com controlo, em marcha avante ou em inclinação. Depois desta fase, surgiram uma série de ajustes consecutivos – quase diários – que resultaram num novo tipo de movimento e agilidade que rapidamente cati-


Náutica

vou pessoas por todo o mundo. Todos eles levantaram os polegares e disseram “Excelente” Em Julho de 1985, fizemos uma apresentação à YMUS e sabíamos que não podíamos falhar. Os pilotos de testes eram especialistas em motociclos e motos de neve e também tinham participado nos primeiros testes. Desta vez, os pilotos de teste que experimentaram os modelos anteriores , não queriam sair – quando finalmente saíram todos eles ergueram os polegares e disseram “Excelente!” Estavam todos super animados e todos eles quiseram esperar e testar os diferentes produtos. Quase não havia tempo para obter qualquer outro tipo de feedback, a resposta foi tão fantástica. Mas uma coisa que ficou claramente na minha mente, foi quando um motociclista que nos tinha feito uma crítica mordaz no nosso primeiro teste em YMUS - dizendo que o que queríamos fazer era impossível com a nossa tecnologia - desta vez deu-nos o maior elogio que eu podia ouvir “Isto é o que eu sempre quis - é ideal”, disse. Com isto, o modelo tornou-se um projeto de produção experimental e “WaveRunner” foi o nome escolhido. Ao mesmo tempo tínhamos as apresentações para a YMUS do

Yamaha V1 Range protótipo “WaveJammer”, com a mesma construção em forma de barco, mas projetado para mas monolugar. A partir daqui e com a necessidade de melhorar a comercialização e fiabilidade, coordenando com outros departamentos responsáveis pelo design, testes, garantia de qualidade, serviço – e quase todos os dias tínhamos testes e inspeções. Após grandes esforços de toda a empresa como um todo, a produção do modelo 2 lugares, começou em outubro de 1986, a WaveRunner 500 (Marine Jet 500T) e em Fevereiro de 1987, veio a WaveJammer 500 (Marine Jet 500S).

Na sequência destes dois lançamentos, surgiram interessados de muitos países diferentes, e, de repente, era já normal vê-los por todas as praias. Na verdade, sinto que estas embarcações só poderiam ter sido construídas pela Yamaha, uma empresa com uma combinação única de muitos anos de experiência em motores pequenos, em motociclos e motores de popa e experiência igualmente grande e know-how em design de barcos e sua construção. Desde então, a Yamaha tem continuado a desenvolver e a aperfeiçoar as suas tecnologias para conseguir atingir a harmonia entre o que nossos clientes querem numa

embarcação moderna – e o que é bom para as comunidades locais e o meio ambiente. O que esperamos da nova geração de engenheiros? Passaram já 30 anos desde que comecei no desenvolvimento deste produto e a coisa que mais lamento é que o conceito fundamental não mudou. O meu desejo é que a Yamaha mantenha a sua tradicional atitude “Spirit of Challenge” olhando mais para este conceito usado ate aqui e pensar em criar algo novo e mais divertido para todos….tenho grandes esperanças para que isto aconteça!

Yamaha-VXS 2016 Agosto 356

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Notícias do Mar

Crónica: Carlos Salgado

Tagus Vivan

Àgua Mole em Pedra Dura… Nós sabemos que o rio Tejo tem vida para além das maldades que lhe têm feito e que lhe causaram algumas insuficiências. Mas para um país que sobrevive com dificuldade à custa das exportações, e que possui no seu território as mais variadas valências para um Turismo de referência, nomeadamente na Bacia Hidrográfica do Tejo, não entendemos porque razão o poder central não procura potenciar este activo valioso.

J

á abordámos mais do que uma vez neste jornal a falta do encontro do Tejo com o Turismo, mas como “água mole em pedra dura…” nunca é de mais, voltamos à carga. Contudo, não deixamos de alertar para o perigo de se verificarem algumas tentativas no rio Tejo de vender “gato por lebre” como um produto turístico, apoiadas por dinheiros públicos, o que, por desonestidade ou por incompetência, só contribui para desprestigiar o Turismo nacional, o Tejo e o País. O Tejo tem de, definitivamente, afirmar o seu lado turístico porque tem imensas potencialidades para criar riqueza através de um conjunto de va34

lências que geridas com saber são ofertas turísticas bastante interessantes, porque o Tejo é único e diferenciador, mas tem de passar a ser sinónimo de uma visita com conteúdo de um serviço, um serviço que seja real, visível e fácil de obter e que não seja um serviço difícil, desordenado e obscuro, e só quando pode ser, quando calha, quando há disponibilidade e bom tempo. O Tejo tem de deixar de ser uma possibilidade para passar a ser uma realidade, um destino turístico de referência, e diferenciado, quer associado a produtos, quer a serviços e equipamentos turísticos de qualidade, para que crie riqueza, constituição de empresas, criação de emprego e fixação de

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pessoas. A Bacia Hidrográfica do Tejo possui características e atributos muito peculiares, particularmente propícios para um destino turístico especial, onde podem coexistir e interagir diversas modalidades turísticas como o turismo da Natureza, o turismo Rural e o Agro-turismo, bem como o turismo Cultural, o Científico e o Náutico, porque esta região, formada por regiões com geografias, climas e culturas diferentes distinguese pela paisagem muito diversificada, biodiversidade fora do comum, e por patrimónios materiais e imateriais de valor elevado, como a gastronomia variada e deliciosa, o folclore, o artesanato e a simpatia e afabilidade natural dos residentes, com a particularidade de dispor

de um amplo espelho de água que é muito atractivo e salutar. Uma das diferenças que distinguem esta modalidade de turismo interactivo está na particularidade do Tejo ser vivido a partir de dentro para fora, vista de onde os campos, as cidades e as serras têm mais encanto, e contribui particularmente para que o rio volte a ser vivo e vivido, fazendo dele um destino turístico de libertação através de uma actividade lúdica, ecológica, de evasão, de aventura e de descoberta. A propósito, a Tagus Vivan tem vindo a defender a navegabilidade no rio Tejo mas reconhece que, para que o Tejo seja navegável desde a foz até à fronteira, continuadamente como acontece nos rios dos pa-


Notícias do Mar

íses desenvolvidos do norte da Europa, há que avaliar bem e previamente se o investimento justifica o benefício. Porém, o rio tem ao longo do seu extenso curso alguns planos de água navegáveis com uma extensão interessante, onde o transporte ligeiro de mercadorias, pessoas e bens é possível, bem como o turismo embarcado e os desportos náuticos podem ser praticados, com benefício para as comunidades ribeirinhas, como por exemplo desde a foz até Valada ou Santarém, de Tancos até Constância, o Açude de Abrantes, a Albufeira de Belver, a Albufeira do Fratel e a Albufeira do Tejo Internacional. Deve ser seguido o exemplo do que acontece na região do Douro, com imenso sucesso, em que o rio é o eixo identitário assumido por toda a região, e é ele a estrada que está a incrementar o turismo de referência de toda essa região vinhateira e arredores. UMA ÚLTIMA NOTA A Tagus Vivan ao seguir a estratégia de optar por um Ciclo de Cinco Conferências Regionais preparatórias do próximo Congresso do Tejo, o terceiro, com o objectivo de fazer o diagnóstico dos pontos fracos e dos pontos fortes do Rio em cada região da sua Bacia Hidrográfica, conseguiu obter resultados muito interessantes nas três conferências já realizadas, a da Navegabilidade no Tejo, em Novembro de 2015, em Vila Franca de Xira, a da Lezíria do Tejo, em Maio de 2016. em Samora Correia (Benavente) e a do Médio Tejo – Sustentabilidade do Rio, em Julho de 2016, em Vila Nova da Barquinha. Dos trabalhos realizados nessas conferências, da avaliação das vulnerabilidades e das potencialidades do rio Tejo nessas regiões foram tiradas conclusões, com validade actual, que permitem e incentivam à preparação de um programa temático para abordar e debater no Congresso composto pelas matérias mais substantivas e pertinentes, criteriosamente seleccionadas, e com oradores compatíveis. A estratégia seguida também permitiu e levou a que o

rio Tejo tenha sido lembrado e falado durante mais de um ano, e tenha despertado o interesse de entidades públicas e privadas, com responsabilidades na salubridade do rio ou no aproveitamento das suas potencialidades para alavancar o crescimento económico da sua Bacia Hidrográfica e do País. Com o objectivo de valorizar ainda mais os programas

das duas conferências do Ciclo, que faltam realizar, a do Alto Tejo Português e do Tejo Internacional, em Vila Velha de Ródão e a do Estuário, na Grande Lisboa, elas foram adiadas para o próximo mês de Outubro, e o Congresso para o mês de Novembro, em datas a designar oportunamente. A Tagus Vivan, que vem pugnando por um Tejo Vivo e Vivido

considera que os trabalhos que têm sido realizados na prossecução do programa do préCongresso que desenhou, têm correspondido plenamente ao objectivo, não obstante haver sempre alguém que, porque a iniciativa não é sua ou por falta de inteligência ou despeito, recorre a um tipo de crítica inferior, mas a caravana continua a passar.

Para que o rio Tejo volte a ser um rio Vivo e Vivido 2016 Agosto 356

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Voo do Guarda-rios

Texto Carlos Salgado

Ninguém Olha Pelo Que Desconhece - 2

Conforme foi prometido pelo Guarda-Rios no número anterior deste jornal, ele vai dar continuação ao relato daquilo que verificou quando há uns anos idos sobrevoou o rio Tejo, as suas valas e caniçais, e outras coisas mais.

rias para jovens, das quais se destacaram as “ Tagíadas da Juventude ”, com matérias de formação em educação ambiental, marinharia e desportos náuticos.

C

omo se recordam o relato do Guarda-Rios do NM 355 termi-

nou assim: Sempre com o intuito de envolver a juventude na sua estratégia de dinamização através

de programas de divulgação e conhecimento do nosso Tejo, a AAT foi pondo em prática actividades de tempos livres e fé-

As “ DESCOBERTAS D´ AQUEM “ Com o objectivo de atrair cada vez mais jovens para o Tejo, as Descobertas d´ Aquém decorreram durante uma viagem aventura num barco típico do Tejo, o varino Boa Viagem à vela, que ainda não tinha motor, cedido pela Câmara Municipal da Moita, tendo por tripulação trinta jovens oriundos de toda a Bacia Hidrográfica do Tejo, com uma rendição semanal, que fez uma derrota de cabotagem para tocar os portos das sedes dos municípios ribeirinhos desde a Ponte D. Amélia (Porto de Muge) até Oeiras, levando uma exposição temática a bordo e promovendo reuniões e convívios em cada porto com professores, jovens locais e os respectivos autarcas, com os quais foi debatido o tema “ O Tejo que temos e o Tejo que Queremos ”. Nessa viagem memorável, navegando de dia e algumas vezes de noite, aproveitando a hora mais favorável da maré, foram visitados os portos de Valada do Ribatejo, Salvaterra de Magos, Azambuja, Benavente, Vila Franca de Xira, Alhandra, Alcochete, Montijo, Moita, Barreiro, Seixal, Almada, Oeiras e Lisboa. OS VIGILANTES DO TEJO Foi outra actividade de grande impacto da AAT que consistiu na formação de jovens estudantes pré-universitários e universitários, de “ Vigilantes do Tejo “, no terreno. Este programa formativo, aos fins de semana e férias, com uma componente forte de educação ambiental destinada à observação e vigi-

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lância do rio Tejo e dos seus bens naturais, da fauna e da flora, e para a detecção das agressões que estavam a ser cometidas ao rio, e das vulnerabilidades que causavam e cometidas por quem, formava também esses jovens em navegação, marinharia, e nadadores salvadores, os quais ficaram aptos para quando regressaram às suas comunidades, transmitirem os conhecimentos adquiridos aos outros jovens do seu Núcleo, e também para sensibilizarem os pais, os avós e a comunidade local para os bens naturais do “rio da sua aldeia”, para a sua defesa e conservação permanente. Outras Actividades de Animação e Formação da Juventude, a Associação dos Amigos do Tejo foi realizando com a colaboração das autarquias ribeirinhas através de acções de esclarecimento e animação social, apelativas ao convívio das populações com o seu rio, o Tejo, e para fruírem-no mais, bem como

despertar nos residentes o interesse em atraírem e aco-

lherem visitantes para participarem nas suas festas tradi-

cionais, muitas delas ligadas ao Rio.

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Conferência Médio Tejo – Sustentabilidade do Rio

Texto João Soromenho Rocha

Relato da Abertura e dos Painéis da Manhã Vila Nova da Barquinha

No dia 7 de Julho de 2016, realizou-se no Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha, em a Médio Tejo, a terceira de um Ciclo de Conferências preparatórias do III Congresso do Tejo.

A

Mesa 2 da Conferência do Médio Tejo e da Sustentabilidade do Rio, em V.N. da Barquinha. Da esq.» dir. - Eng.º Carlos Rosário (EDP), Dr. Luis Santos (moderador) e Eng.ª Elsa Costa (ANPC)

conferência foi realizada em parceria da Tagus Vivan com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha e a proTejo, Movimento Pelo Tejo. No auditório, com cerca de 90

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lugares, estiveram presentes cerca de 70 pessoas. Na sessão da manhã da Conferência, além da sessão de abertura, houve dois painéis temáticos. Abertura A abertura da Conferência foi

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efectuada por Carlos Salgado, o presidente da Tagus Vivan, promotora da série de Conferências do rio Tejo, e Fernando Freire, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, anfitriã da Conferência. A Importância do Tejo O painel A Importância do Tejo, foi apresentada por três Presidentes de Câmara, Júlia Amorim, Presidente da Câmara Municipal de Constância, Vasco Estrela, Presidente da Câmara Municipal de Mação e Fernando Freire. A moderação deste painel foi efectuada por António Marques, Ex-Gestor do Programa Valtejo. Foi feito um enquadramento circunstanciado, por quem conhece bem o rio Tejo, onde houve investimentos significativos naquele Programa. As apresentações dos três Presidentes de Câmara focaram com maior ênfase as questões

que dizem respeito mais directamente com as responsabilidades autárquicas, com os munícipes, com o que depende do licenciamento autárquico, com as intervenções nos espaços ribeirinhos, com o abastecimento da água e sequente saneamento básico, com a drenagem pluvial, com os Planos de Desenvolvimento Municipal, com as inundações, em conjunto com a Protecção Civil Local, isto é, com todos os aspectos importantes directamente para os munícipes e para os serviços aos munícipes. Embora o rio propriamente dito seja tutelado por um organismo nacional, as margens e os terrenos inundáveis, são tutelados pelas autarquias. Actualmente, essa tutela autárquica é ampliada também para uma entidade regional, as Comunidades Intermunicipais, sem esquecer as Comissões de Coordenação do Desenvolvimento Regional. Nas apresentações, os aspec-


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tos comuns aos três municípios foram, no entanto, os que dizem respeito à tutela de outras entidades, e dizem respeito à garantia da água no rio Tejo, à qualidade da água, à existência de caudais ecológicos e à poluição. Também foi referida a necessidade de investimentos, para os quais é necessário a elaboração de projectos. Foram ainda referidos alguns casos pontuais, como o açude de Abrantes, o travessão do Pego, a poluição gerada por alguns estabelecimentos fabris, as regras de exploração de albufeiras, portuguesas e espanholas e a Central Nuclear de Almaraz. A descrição dos aspectos comuns e dos casos pontuais permite verificar que, na sua maioria, as questões dominantes não são da tutela directa das autarquias. Gestão dos Centros Produtores e a Protecção Civil O Painel Gestão dos Centros Produtores e a Protecção Civil foi apresentado por Carlos Rosário, Director de Centro, na Direcção de Produção Douro, e ex-Director do Centro de Produção Tejo - Mondego, da EDP – Gestão da Produção de Energia, S.A. e por Elsa Costa, Técnica Superior da Divisão de Riscos e Ordenamento, da Direcção de Serviços de Riscos e Planeamento, da Direcção Nacional de Planeamento de Emergência, da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). A moderação deste painel foi feita por Luís Santos, Biólogo, do Instituto Politécnico de Tomar. A apresentação de Carlos Rosário, da EDP Produção Hídrica, mostrou a presença da EDP no Mundo, em 14 países, em que a produção em Portugal com capacidade instalada de 8911 MW, corresponde a apenas 44% do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a que se segue a Energia Eólica e Solar (nos EUA, EU e Brasil), com 25%, Brasil, 17% e Espanha, 14%. Em Portugal, a produção hídrica, 9613 GWh, é apenas cerca de 20%, do total de energia produzida, 48167 GWh, embora deva ser tido em conta que a produção hídrica seja essencial para garantir a produção eólica de 11334 GWh, o que implica que a importância da produção hídrica suba para 44%, além de que é também es-

sencial para adequar a produção à variação do consumo durante todo o dia. A produção em Portugal está dividida em três centros, sendo o do Tejo – Mondego, com 20 %, o segundo em importância, a seguir ao Douro, com 56%, de um total de 11410 GWh. No sistema Tejo e afluentes, em Portugal, destaca-se a barragem de Castelo de Bode, no rio Zêzere, com um volume de armazenamento de 900 hm3, muito maior do que a do Fratel, 21 hm3, e de Belver, 7 hm3. Estes dois últimos aproveitamentos hidroeléctricos, a fio de água, são totalmente dependentes dos aproveitamentos espanhóis, Alcântara, 3100 hm3 e Cedillo, 260 hm3. Além da produção da energia hidroeléctrica, as barragens têm uma função muito importante no controlo de cheias, havendo uma gestão do sistema produtor específica em períodos de cheias, em permanente articulação com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que preside ao Comité permanente de Gestão de Albufeiras, visando minorar tanto quanto possível os efeitos das cheias, e com a ANPC, dar dados para o sistema de aviso e alerta das populações em risco. Em tempo real, toda a informação obtida em Portugal, necessária à produção de energia e ao controlo de descargas de

caudais nas albufeiras, é complementada com a informação obtida nos aproveitamentos espanhóis de Alcântara e Cedillo. A apresentação de Elsa Costa, da ANPC, foi dedicada à gestão do Risco Hidrológico em Protecção Civil, incluindo a definição de Protecção Civil, a gestão do risco hidrológico e a segurança de barragens. A protecção civil tem como finalidade prevenir os riscos colectivos, atenuar os seus efeitos e proteger e socorrer as pessoas e bens. A sua aplicação aos rios é mais marcante na ocorrência das cheias, que originam as inundações, em que a APA é instituição central, em articulação com as entidades gestoras das barragens, como

referido na apresentação da EDP, e os agentes de protecção civil, divididos em municipais, distritais e nacional. É essencial, nas ocorrência de eventos extremos, ter uma vigilância permanente, realização de reuniões conjuntas e tomadas de decisão, que incluem os avisos e alertas à população. Por último foi apresentado o Planeamento de Emergência (PE) de rotura de barragens, que se divide em interno (PEI), a cargo do dono da barragem, e externo (PEE) a cargo da ANPC. Nota-se que o risco da rotura de barragem pode ser muito elevado junto à barragem, mas vai-se aproximando do risco natural de cheias, à medida que se afasta da barragem.

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Notícias do Mar

O Tejo a Pé

Texto e Fotografia Carlos A. Cupeto

Tejo a pé no verão

Num domingo de verão até o Guincho está lotado. Mesmo ao lado andámos praticamente sem vivalma. An dar é u ma das m e lh o r es fo r mas de descansar do ano de trabalho e das rotinas

J

á aqui o escrevemos muitas vezes, andar é terapêutico. Todos nos sentimos bem quando andamos, sobretudo no campo, e esta é a principal razão porque o Tejo a pé é um sucesso há quase dez anos.

Nas férias de verão não paramos. Juntamos a Ciência Viva no Verão e fazemos caminhadas com mais conteúdo que o habitual; ciência para todos. Assim foi mais uma vez, em meados de julho andámos na clássica do Guincho - um trilho tantas

A meio da praia fizemos a primeira paragem significativa, em honra da antiga chaminé vulcânica. 40

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vezes já feito -, onde lemos nas pedras alguma da história da Terra. Para trinta bem dispostas pessoas, foram cerca de oito quilómetros entre o extremo sul da praia do Guincho e as abas da serra de Sintra, onde o ir e voltar que é sempre diferente. A história das pedras, passo a passo, do Guincho à Serra de Sintra; o passado fantástico da Terra que as pedras nos contam. As pedras têm escrita a

história da Terra. Num pequeno trajeto, do Guincho à Serra de Sintra, é possível ler um capítulo dessa magnífica história. Neste percurso é tudo tão belo, singular, que tal escrita merece ser contemplada por todos. As fotografias que acompanham este texto são o testemunho disso mesmo e traduzem uma iniciativa da Geologia no Verão onde um grupo de pessoas é convidado a fazer um passeio,

Estas são as páginas que vamos lendo ao logo do dia - camadas ligeiramente arrepiadas devido ao movimento de uma falha que todos vimos.


Notícias do Mar

Bem preparados para sol, que nunca nos incomodou muito, fomos pisando os estratos de calcário. num cenário paradisíaco e a tomar contacto com alguns acontecimentos geológicos que nestas paragens têm uma expressão e um registo únicos, de nível mundial. Um país que tem o Ciência Viva (no Verão) e a sua melhor expressão, todos os dias do ano, no Centro de Ciência Viva de Estremoz só pode ser muito bom. Na verdade as iniciativas gratuitas, por todo o país preenchem muitos temas de interesse e decorrem até 15 de setembro, basta procurar o que lhe interessa e inscrever-se

em www.cienciaviva.pt – mesmo que fique em lista de espera arrisque a comparecer no local, dia e hora marcados, quase certo que há faltas de última hora que possibilitarão a sua participação. Em setembro voltamos a andar, dia 3 na Parede - Avencas (Zona de Interesse Biofísico das Avencas) com o tema geobiodiversidade, ecossistemas passados e presentes, e no dia 4 voltamos ao Guincho. Esperamos por vós, inscrição no sítio do Ciência Viva.

O espetacular recife fóssil, na zona do Abano, quase a chegar ao Jurássico, diz-nos que nesta época da Terra o clima por aqui foi tropical.

Às vezes o grupo alongava-se para logo se juntar em volta de mais uma geohistória. 2016 Agosto 356

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Notícias do Mar

Ciências do Mar

Cientistas Polares definem novas áreas de intervenção urgente na Antártida É urgente identificar quais os principais processos físicos que afetam o Oceano Antártico, aumento da temperatura, acidificação, degelo, etc.

grandes problemas que afetam a Antártida, uma das regiões do planeta que tem mostrado sinais de mudanças ambientais muito rápidas e profundas. Partindo inúmeras de questões e problemáticas, os cientistas e decisores políticos têm vindo a definir áreas prioritárias de intervenção no continente gelado, que já produziram dois artigos científicos anteriores, na Nature (Kennicutt II et al. 2014) e Antarctic Science (Kennicutt II et al.

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eve-se investigar quanto antes a estrutura e funcionamento da cadeia alimentar marinha, nomeadamente a necessidade de obter informação básica de grupos de animais, bem como desenvolver tecnologias e métodos amigos do ambiente, como, por exemplo, programas de monitorização internacionais e de longa duração e submarinos autónomos que cheguem a áreas ainda por explorar debaixo do gelo. O alerta é do Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR), que reuniu 75 cientistas e decisores políticos de 22 países, entre os quais José Xavier, da Faculdade de Ciências e Tec42

2015). O cientista polar da Universidade de Coimbra, José Xavier, diz que este Comité Científico ainda tem muito trabalho pela frente porque “muitas questões científicas importantes continuam por responder, tais como, por exemplo, quais as espécies que nos podem levar a compreender o funcionamento do Oceano Antártico e que espécies poderão extinguir-se no futuro próximo”.

José Xavier nologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). No artigo publicado no jornal científico Frontiers in Marine Science, os especialistas defendem ainda a necessidade de direcionar resultados científicos para desenvolvimentos de políticas para a gestão e proteção do meio ambiente marinho e estabelecer esforços para um melhor conhecimento sobre a região Antártida através de iniciativas educacionais. Este grupo de cientistas centrou-se em estudar os

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Artigo: Xavier, J. C., Brandt, A., Ropert-Coudert, Y., Badhe, R., Gutt, J., Havermans, C., Jones, C., Costa, E. S., Lochte, K., Schloss, I. R., Kennicutt II, M. C. and Sutherland, W. J. (in press online). Future challenges in Southern Ocean ecology research. Fronteirs in Marine Science 3. http://dx.doi.org/10.3389/fmars.2016.00094


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Pesca Desportiva

Pesca Embarcada

Texto e Fotografia: Redação/Mundo da Pesca

Dicas práticas para Escolher o peixe no verão

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Pesca Desportiva

Durante as jornadas de verão, na pesca do “pica-pica”, o peixe abunda e as capturas são muito regulares. A verdade é que nem sempre é do peixe que mais se deseja. Nas próximas linhas deixamos algumas dicas para escolher o peixe e ter desta forma a capacidade de ter uma geleira ainda mais variada.

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as edições anteriores mostrámos como iscar a amêijoa e o camarão, provavelmente os iscos mais usados na pesca do “pica-pica” e que nos dão garantia de quase todo o tipo de capturas. No entanto, há formas de tirar mais partido destas iscadas – tal como se referiu nos respetivos artigos – para selecionar o peixe, assim como também há estratégias para fugir a peixes menos bem-vindos, caso das bogas, agulhas, cava-

las… não quer dizer que não abrilhantem uma pescaria, mas simplesmente porque, quando entram, não deixam as outras espécies comer. Chumbadas: pesadas e discretas Opte por uma chumbada mais pesada do que aquilo que as condições exigirem e privilegie a cor preta, sem brilho de espécie alguma. Até mesmo as chumbadas sem cor ou revestimento, apenas em chumbo e especialmente se forem novas, brilham um bocado e isso

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Pesca Desportiva

Chumbadas: pesadas e discretas

vai chamar a atenção dos peixes, quer positiva querem negativamente. A razão para esta opção de cor e aumento de peso da chumbada é simplesmente porque temos de combater os maiores inimigos da pesca nesta altura, inimigos que se chamam cavalas e bogas! O objetivo é fazer com que a pesca desça o mais rapidamente possível pelos densos cardumes destes peixes e, sobretudo, numa cor que não desperte a sua atenção. Se tiver chumbadas para estrear no dia da pesca coloque-as de véspera em água com sal para irem escurecendo devido à oxidação. Saber negaçar 46

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Pesque mais fora Uma opção esquecida por


Pesca Desportiva

muitos pescadores quando na vertical, por baixo do barco, as cavalas e bogas se vão sucedendo, não deixando entrar as safias, choupas e outros peixes mais nobres. A quem é que já não aconteceu apanhar na primeira descida da pesca uma bandeira com duas choupas nos anzóis de baixo e uma cavala no anzol de cima? E logo de seguida, no segundo lançamento por baixo do barco vir apenas uma choupa ou safia no anzol do meio, uma boga no anzol rente à chumbada e uma cavala em cima, por exemplo? Regra geral, mesmo baixando a espessura da linha e dos anzóis, o mesmo vai repetir-se, sobretudo se a pesca se mexer. À mínima negaça esta “rapaziada” atira-se aos anzóis. A solução passa então por aquilo que se chama pescar “fora do barco”. Isto acontece pois o peixe de melhor qualidade não se consegue instalar por causa das cavalas e bogas mas também porque – sobretudo se as águas forem limpas ou em pesqueiros baixos – a sombra do casco assusta os peixes e deixa-os mais desconfiados. Esta medida pode ser acompanhada por pescar mais fino e com iscada mais pequenas. Por vezes até não se estica muito a pesca e não se isca o anzol de cima. Como “não há bela sem senão”, o risco de prisões é maior, sobretudo se o fundo for áspero, com rochas mais complicadas e nos fundos de ramagem. Um risco que tem de se correr…

estão mais arredados é importante negaçar para “produzir”, provocar os toques, naqueles dias em que o peixe está mais difícil e colado ao fundo. O que há a fazer é umas pequenas estiradas laterais com a cana de modo a arrastar a pesca mas sem a levantar. Desta forma evitamos colocar as iscadas ao nível desses peixes, que não hesitarão em atacá-las. Nestas ocasiões é também importante abdicar do anzol que fica mais por cima e em

Saber negaçar Negaçar é quase proibitivo quando temos “toneladas” de bogas e cavalas debaixo do barco. No entanto, quando se consegue estar num pesqueiro onde estes peixes 2016 Agosto 356

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Pesca Desportiva

Usar a cabeça

algumas das vezes até se costuma encurtar os estralhos para as iscas não provocarem tanto as bogas e as cavalas. Para além disso, e caso os toques fossem mais “manhosos” há que recorrer a iscada mais próprias para pesca difícil, que no caso da amêijoa implica retirar a unha e usar apenas a parte da tripa, sem salgar e atar, de forma a oferecer ao peixe uma iscada pequena e natural. Não esquecer que a unha é clara e convém não chamar muito a atenção de cavalas e bogas, estas últimas também agarradas ao fundo. Usar a cabeça Se já vimos que há que 48

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usar a cabeça para fugir às cavalas e bogas, também podemos usar a cabeça do camarão para selecionar peixes mais nobres e de cor mais rosada, leia-se bicas e pargos, sem esquecer os sargos-legítimos, sargosveados e as douradas. De facto, iscar apenas com a cabeça do camarão ou gamba pode dar resultados muito interessantes, já para não falar de uma iscada inteira deste isco, com cabeça e casca, uma verdadeira iguaria que seleciona sem dúvida nenhuma os peixes com que todos sonhamos. Se o mestre da embarcação disser que é uma pedra boa desses peixes e se a “arraia-miúda” incomodar não hesite… use a cabeça ou tudo!


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Vela

Campeonato do Mundo de 420

Diogo Costa/Pedro Costa Campeões Mundiais

Fotografia: GerolamoAcquaroneFotograf

Diogo Costa/Pedro Costa sagraram-se Campeões do Mundo de 420, em prova realizada em San Remo, Itália.

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iogo Costa/Pedro Costa assinaram mais uma página de ouro para o desporto português e para vela nacional ao conquistarem o título de Campeões do Mundo de 420. Pedro Costa estava naturalmente feliz com o resultado: “Cumprimos o nosso sonho. Viemos para o mundial com expectativas menos elevadas mas conseguimos superar-nos. Foi complicado, tivemos altos e baixos durante esta competição mas hoje tivemos opções acertadas e chegámos ao título”, sublinha. Os norte-americanos Wiley Rogers/ Jack Parkin foram segundos e os gregos Vasilios Gourgiotis/Orestis Batsis ficaram com o bronze. Ainda no Grupo de Ouro da frota Open, Tomás Barreto/João Prieto foram 23º, Rita Lopes/Pedro Cruz ficaram no 35º lugar e João Bolina/ Francisco Rodrigues acabaram em 45º. Em Sub-17, Afonso Albuquerque/Gonçalo Cruz terminam na 46ª posição. Mafalda Gonçalves/ Maria Pereira no 64º lugar. Afonso 52

Marques/Francisco Ferreira em 66º e Nuno Azevedo/Miguel Campos como 67º classificados. Os gre-

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gos Telis Athanasopoulos Yogo/ Dimitris Tassios venceram, com os espanhóis Eduard Ferrer/Carlos De

Maqua e os franceses Enzo Balanger/Gaultier Tallieu, a serem 2º e 3º, respectivamente.


Vela

Campeonato do Mundo de Vaurien

Mafalda Pires de Lima/Teresa Fonseca

Vice-Campeãs do Mundo

Mafalda Pires de Lima/Teresa Fonseca sagraram-se hoje Vice-Campeãs do Mundo femininas na classe Vaurien. Na prova, que decorreu em Viana do Castelo, as jovens velejadoras sobem também ao pódio Júnior conquistando a medalha de bronze. Joaquim Fornelos/Pedro Ferreira foram os portugueses mais bem classificados terminando na 5ª posição da geral.

rinho/Ricardo Cardoso foram 21º. Paulo Lima/Simão Coruche 22º. Filipe Neto/Jorge Paula 24º, Alexandre Paulino/ José Lages 39º, Paulo Prazeres/Manuel Matos 41º, Artur Giesteira/Filipe Giesteira 44º, Rodrigo Machado/Pedro Fornelos em 47º, Nuno Miguel Teixeira/Tiago Miguel Santos 61º, Serafim Gonçalves/João Praia 63º, António Silva/Maria Rita Costa Mendes 68º, Carlos Neto/Maria José Sousa 69º, Alexandre Gonçalves/Vítor Alvarez 72º, Rui Queirós/João Mariz em 78º, Inês Cruz/Filipe Cruz em 79º, Gonçalo Varela/ Bernardo Marques em 85º e Pedro Micael Silva/Diogo Sequeira no 86º posto foram os

restantes lusos presentes. O título foi para os holandeses Michiel Sickler/Kristy de Leeuw seguidos dos espa-

nhóis António Perez/Santiago Moreno e dos compatriotas Roelof Kuipers/Jelmer Kuipers.

Fotografia: Luís Fráguas

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pós 12 regatas, o grande destaque vai para a dupla Mafalda Pires de Lima/Teresa Fonseca que conquista a prata no sector feminino, atrás das espanholas Alejandra Suarez Gonzalez/ Patrícia Suarez Gonzalez, e o bronze nos Juniores, em que foi superada apenas pelos também espanhóis Tirso Cerqueira Atares/Gonzalo Martinez Rodriguez e Miguel Torres/David Bouza, primeiro e segundo, respectivamente. Na geral absoluta, a tripulação nacional foi 20ª. Joaquim Fornelos/Pedro Ferreira acabaram na 5ª posição da geral e melhores entre os portugueses. Duarte Loga-

Mafalda Pires de Lima e Teresa Fonseca

Joaquim Fornelos e Pedro Ferreira 2016 Agosto 356

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Vela

Bayona Atlantic Race

Vitória do XeKmatt O Xekmatt, de José Carlos Prista, foi o vencedor da Bayona Angra Atlantic Race. O barco português venceu a etapa que ligou a cidade açoriana de Angra do Heroísmo à espanhola Bayona, depois de ser segundo classificado na regata entre a Galiza e a ilha Terceira.

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Xekmatt percorreu as 865 milhas náuticas que ligam as duas cidades em 148 horas, tando como tripulação Hugo Henrique, João Prista, André Oliveira, João Henriques, André Martins, Filipe Alves, Carlos Assunção e João Guerra. A primeira etapa teve como vencedor o Saint Maxime, de Miguel Lago. A cerimónia de distribuição de prémios teve lugar na sede do Monte Real Club de Yates de Bayona que organizou a prova em parceria com o Angra Iate Clube. Campeonato da Europa de Optimist

Prestação Discreta O s velejadores nacionais encerraram a sua participação no Campeonato da Europa de Optimist, que decorreu em Crotone, Itália. No Grupo de Prata do sector masculino, Alex Baptista foi 11º na geral e o melhor entre os portugueses. Manuel Fortunato ficou na 51ª posição e Martim Mastbaum quedou-se pelo 56º posto. No Grupo de Bronze, Pedro Coelho alcançou a 9ª posição e Vasco Soares fechou no 12º lugar. O alemão Mewes Wieduwild sagrouse Campeão da Europa. O maltês Richard Schultheis foi segundo e o italiano Paolo Peracca ficou com o bronze. No sector feminino, no Grupo de Prata, Catarina Coelho foi 24ª classificada. Beatriz Cintra terminou no 26º posto e Carolina Campos ficou em 37ª da tabela classificativa. A italiana Gaia Bergonzini conquistou o título seguida da maltesa Antonia Schultheis e da grega Melina Pappa.

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Vela

Campeonato da Europa de RS:X

João Rodrigues Despede-se na 13ª Posição

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Fotografia: Jesus Renedo/SailingEnergy

oão Rodrigues terminou na 13ª posição o Campeonato da Europa de RS:X, que decorreu em Helsínquia, Finlândia. O francês Thomas Goyard conquistou o título. João Rodrigues terminou o Europeu de RS:X com uma vitória. Na única regata disputada no último dia, em que não estiveram os dez primeiros classificados porque realizaram a Medal Race, o veterano madeirense superiorizou-se ao restante da frota o que permitiu subir ao 13º lugar final. O francês Thomas Goyard, o britânico Kieran Holmes-Martin e o polaco Pawel Tarnowski ocuparam os lugares de pódio.

29ª Semana Internacional de Vela do Rio de Janeiro

Bom Ensaio Geral ara Carmo terminou na 4ª posição da classe Laser Radial a 29ª Semana Internacional de Vela do Rio de Janeiro, que decorreu na Baía de Guanabara, Brasil. Jorge Lima/José Costa foram 16º em 49er. Terminou a derradeira prova de preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. Sara Carmo alcançou um excelente 4º lugar na classe Laser Radial, depois de disputadas 8 regatas e vai permanecer no Brasil até ao final da maior competição desportiva do planeta. A irlandesa Annalise Murphy foi a vencedora, seguida da húngara Maria Erdi e da neozelandesa Sara Winther. Na classe 49er, Jorge Lima/ José Costa foram 16º classificados, depois de realizadas 6 regatas. Os australianos Nathan Outteridge/Iain Jensen foram primeiros. Os polacos Lukasz Przybytek/ Pawel Kolodzinski acabaram no segundo posto e os neozelandeses Peter Burling/Blair Tuke quedaram-se na terceira posição.

Fotografia: Pedro Martinez

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A estreia dos velejadores nacionais nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro aconteceu dia 08 de Agosto,

com João Rodrigues (RS:X), Gustavo Lima (Laser Standard) e Sara Carmo (Laser Radial) a entrarem em

acção. Jorge Lima/José Costa estarão em competição no dia 12 de Agosto.

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Notícias do Mar

Últimas Prémios XXL EDP Mar Sem Fim

Alex Botelho

Melhores Surfistas Portugueses

Candidatos aos Prémios de Ondas Grandes

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lexandre Botelho, João Guedes, Joana Andrade, António Silva, João de Macedo, António Rodrigues e Tomás Valente são alguns dos Surfistas que estiveram em destaque no Inverno passado e já submeteram ondas para uma ou mais categorias. As submissões decorrem até dia 1 de Setembro. Os Surfistas de Ondas Grandes vão ver o seu trabalho reconhecido na segunda edição dos Prémios XXL EDP Mar Sem Fim. No total são 5 as categorias que vão premiar os destemidos surfistas portugueses: “Maior Wipeout”, “Melhor Tubo”, “Maior Onda (Remada)”, “Maior Onda (Tow in)” e o prémio máximo, a “Onda da Temporada”. O objectivo é reconhecer e honrar os surfistas Portugueses que mais se tenham destacado ao longo da última temporada de ondas grandes, que decorreu entre 15 Setembro 2015 e 15 de Abril 2016. Com apenas 1 mês de submissões, as categorias mais concorridas até ao momento são “Maior Wipeout” e “Melhor Tubo” e algumas das ondas já submetidas são também candidatas a prémios internacionais. Os locais mais emblemáticos do Surf de Ondas Grandes estão bem representa-

dos nas primeiras submissões: Peniche, Ericeira, Nazaré e Arquipélago dos Açores entre outros. 5 Prémios em destaque (prize money total: 4.500 euros) MAR SEM FIM Maior “wipeout” da temporada (queda) Será atribuído um prémio de 500 euros ao surfista que tenha a queda com a imagem mais espectacular aos olhos dos Juízes. VisitAzores Maior Onda de town-in da temporada Vai distinguir o surfista vencedor com um prémio de 750 euros. Go Pro Melhor Tubo da Temporada Que poderá ser em remada ou towin, sendo nesta categoria atribuído um prémio no valor de 1000 euros e uma câmara Go Pro ao surfista vencedor G-Shock Maior Onda de remada da temporada Prémio para o Surfista que apanhe “a braços” a maior onda do inverno passado, que para além do prémio de 1000 euros recebe ainda um relógio G-Shock Limited Edition. EDP Onda da Temporada XXL Será o prémio máximo, atribuído

ao Surfista mais votado pelo painel de juízes entre todos os Surfistas nomeados para qualquer uma das categorias e vai oferecer um prémio no valor de 1250 euros. A Organização lança assim mais uma vez o desafio a todos os Surfistas para enviarem as suas melhores imagens até ao dia 1 de Setembro e poderem candidatarem-se para os prémios em disputa. O painel de juízes que irá analisar as candidaturas e nomeações será apresentado brevemente e composto por entidades da área do Surf: Media, Juízes e Surfistas.

Processo de Candidatura: Enviar o video para info@thesummit.pt via WeTransfer em formato MP4. Cada filmagem deve vir acompanhada do seguinte descritivo: Nome do surfista; Nome do camera man / fotografo; Data da filmagem; Local da filmagem; Categoria da Submissão. Toda a informação sobre as condições de participação nos Prémios XXL by EDP Mar Sem Fim e critérios de avaliação das candidaturas pode ser encontrada no Facebook https://www.facebook.com/marsemfim2014.

João Macedo

Director: Antero dos Santos – mar.antero@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Zamith, Mundo da Pesca, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Jet Ski, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00 - noticias.mar@gmail.com

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