Poiesis 250

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As ousadias do poeta Vinícius de Moraes

Sebrae-RJ inscreve para prêmio Mulher de Negócios

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Ano XXIV- nº 250 - Saquarema, Araruama e Região dos Lagos - abril de 2017

Saúde Marcia Jeovani cria projeto para saúde preventiva da mulher A deputada estadual Marcia Jeovani é autora de projeto que institui ações preventivas à saúde cardíaca de mulheres em todo o Estado do Rio. Página 3.

Saquarema oferece aulas gratuitas de artes Regina Mota

Eleições Eleitor que não votou nas últimas eleições tem prazo para se regularizar Termina no dia 2 de maio o prazo de regularização para os eleitores que não justificaram ausência nas últimas três eleições. Página 2.

Psicanálise A obra de Jacques Lacan ganha releitura em livro Wilson Castello de Almeida lançou recentemente o livro “Elogio a Jacques Lacan” no qual aborda aspectos de filosofia, retórica e clínica na obra do psicanalista francês. Página 2.

José Domingos ensina artesanato para adultos e crianças na Casa de Cultura Walmir Ayala

Teatro, música, dança, artesanato. A cultura está presente nas diversas oficinas que estão sendo oferecidas gratuitamente pela Pre-

feitura de Saquarema. As aulas acontecem no Teatro Municipal e na Casa de Cultura Walmir Ayala, de segunda a sexta-feira. Página 3.

Tradição da Paixão de Cristo é destaque na programação da Semana Santa Camilo Mota

Educação Casa do Futuro volta a funcionar A Prefeitura de Araruama reabre no próximo dia 12 de abril a Casa do Futuro, que estava fechada desde a enchente ocorrida no ano passado. Página 3.

Em Araruama, a tradicional encenação da Paixão de Cristo no Parque Hotel acontece no dia 14, às 19h30. Em Bacaxá, a Paróquia de Santo Antônio também organizou programação a partir do dia 9, com missas, confissões e a encenação da Paixão na Sexta-Feira Santa. Página 6.

História A música brega no contexto da história do Brasil A professora Lourdes Belchior apresenta um breve panorama da MPB, em sua vertente brega, relacionando-a a história do Brasil contemporâneo. Página 4.

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nº 250 - abril de 2017

Elogio a Jacques Lacan

Tudo isso, ou quase nada

Camilo Mota

Dinovaldo Gilioli

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esde a formulação da hipótese sobre a existência do Inconsciente e todo um conjunto teórico para descrever o funcionamento psíquico do homem, a Psicanálise criada por Sigmund Freud (1856-1939) causou uma revolução no pensamento humano. Na virada do século XIX para o século XX, temas como angústia, complexo de Édipo, ego, superego, recalque, passaram a fazer parte do vocabulário cotidiano. Se, por um lado, ganhou defensores, abriu campos para novas investigações inclusive no da sexualidade humana, por outro, foi alvo de críticas e subversões de sentido. O impacto causado pelas ideias de Freud insuflou novos modelos de abordagem psicológica. Alguns de seus principais alunos, como Carl Jung (1875-1961) e mesmo Wilhelm Reich (1897-1957), romperam com o mestre e criaram caminhos novos para entender o Inconsciente. Outros mantiveram uma ligação mais ortodoxa, mas mesmo assim inovadora para o sucesso da técnica, como Sandór Ferenczi (1873-1933), Melanie Klein (1882-1960) e Donald Winnicot (1896-1971). De certa forma, cada um deles traz uma contribuição para a perpetuação da luz de racionalidade sobre o espírito humano lançada por Freud e que percorre todo o século XX. Mas é somente na segunda metade do século passado que se começa a desenhar uma nova psicanálise, que terá repercussões no século XXI, com a retomada da obra freudiana pelo psiquiatra e psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981).

Um vislumbre da obra do psicanalista francês pode agora ser encontrado no livro “Elogio a Jacques Lacan”, de Wilson Castello de Almeida (São Paulo, Summus Editorial, 2017, 264p.). O livro resulta das pesquisar que Almeida fez durante a produção de sua dissertação de pós graduação no Instituto de Psicologia da USP, mas vai além disso. Não é uma obra técnica, no sentido acadêmico do termo (apesar de incursões bem a esse gosto, principalmente quando aborda aspectos conceituais), mas, como o próprio título sugere, um elogio. Nesse passeio cultural, o autor identifica três aspectos de Lacan: o filósofo, o retórico e o clínico. E ao abordar o aspecto terapêutico propriamente dito, revela um traço que distingue Lacan no contexto da psicanálise: “Se Freud falava em psicoses, no plural, ao modo das velhas escolas, Lacan identificou no texto freudiano um mecanismo estruturante específico da psicose, posta no singular: elegeu a paranoia como paradigma” (p. 16). Jacques Lacan foi um erudito e, ao mesmo tempo, um arauto do Inconsciente. Seu jeito de lecionar, a produção de seus seminários, seu controverso

modo de atendimento clínico, tudo nele indica um desafio a qualquer pessoa que eleja a psicanálise como um caminho terapêutico. Ele aproximou a teoria psicanalítica da psiquiatria, mas também garantiu com sua abordagem uma ampliação do campo de percepções dos psicanalistas não médicos. Ao apropriar-se de teorias desenvolvidas pela antropologia e linguística, ao reler a filosofia de Descartes, Hegel e Heidegger, além de mergulhar em aspectos referenciados de diversas obras de arte (como o famoso texto sobre “A carta roubada”, de Edgar Allan Poe), Lacan coloca a Psicanálise num outro patamar, num novo tempo. Um tempo lacaniano. Um salto além. Como bem afirma Almeida: “A psicanálise em Lacan é sempre um ‘ir além’, marca de sua passagem pela fenomenologia, que tem como um dos postulados o ‘vir a ser’. Assim, a proposta é ir alem de Freud e Melanie Klein, ir além da linguística, ir além do estruturalismo, ir além da psiquiatria e da psicologia e, afinal, ir além da própria fenomenologia” (p. 16). O livro de Almeida é especialmente interessante para estudantes, psicólogos e psicanalistas, médicos interessados em psicoterapia e psiquiatria. Ao mesmo tempo, é um convite a qualquer pessoa que se interesse pela alma humana e suas interfaces de construção psíquica, envolvendo aspectos ligados à saúde mental, antropologia, filosofia e linguagem. Camilo Mota é psicanalista, escritor, membro da Academia Araruamense de Letras, editor do Jornal Poiésis.

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alar de poesia numa sociedade que costuma questionar a serventia das coisas é, no mínimo, um exercício de ousadia. Vinicius de Moraes foi um desses poetas que ousou falar de amor que consome as vísceras do peito, ousou ousar o canto do operário em construção. Ousou não ser simplesmente o rótulo dos amantes, dos bêbados inveterados. Ousou, isto sim, se aproximar da vida; essa senhora recatada. Mais de 35 anos sem Vinicius (1913-1980). De fato,

tar para que nos ouçam. Ele fez isso e se transformou no cantor-poeta, “ah, se todos fossem iguais a você”. O poeta desejou que assim fosse: o sublime encontro da poesia com a música. A música completa, a música desnuda o efêmero da vida. Diante de tudo isso ou quase nada, confesso: “e por falar em saudades, onde anda você”? Dinovaldo Gilioli mora em Florianópolis/SC, é autor do livro Cem poemas (editora da UFSC), entre outros.

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s eleitores que não votaram nem justificaram a ausência nas três últimas eleições têm até 2 de maio para comparecer ao cartório eleitoral e regularizar sua situação, portando documento oficial com foto. O eleitor pode verificar se o seu título está passível de cancelamento em www. tse.jus.br/eleitor/servicos/ situacao-eleitoral. Também é possível fazer a consulta diretamente nas zonas eleitorais, onde está disponível a relação com os títulos que serão cancelados. Para a Justiça Eleitoral, cada turno é considerado uma eleição. Se o eleitor precisar apenas regularizar sua situação eleitoral, com o pagamento das multas relativas às faltas,

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é muito difícil esquecer de um poeta que ousou, antes de tudo, ser gente. No sentido de sua caminhada se via a necessidade de partir para a altura, dada a sua impossibilidade de aceitar a miséria da natureza humana. Por razões de amor e também por circunstâncias da vida, Vinícius foi se aproximando da canção popular. Escreveu esplêndidas letras de músicas e saiu por aí em companhia de ótimos parceiros (Toquinho, Tom Jobim...), cantando, cantando... Na verdade, cantar; can-

Eleitor que se ausentou nas eleições deve regularizar situação até 2 de maio

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não é necessário agendar. Porém, caso necessite realizar outras operações, como transferência ou mudança de nome, por exemplo, deve marcar o atendimento pelo site do TRE-RJ ou pelo telefone (21) 3436-9000. Além de ficar impedido de votar, quem não regularizar a situação não poderá

obter passaporte, ser empossado em cargo público ou renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo. A irregularidade também pode gerar dificuldades para obter empréstimos em bancos oficiais e participar de concorrência pública ou administrativa.

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descendente do pó! Não te contentes com o ócio de um dia passageiro, privando-te do repouso eterno. Não troques o jardim de infindável deleite pelo monte de pó que é o mundo mortal. De tua prisão, ascende aos gloriosos prados do além e, de tua gaiola mortal, alça teu voo até o paraíso do Infinito. (Bahá’u’lláh)

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EXPEDIENTE O Jornal Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda, CNPJ 07.546.414/0001-60. Editor: Camilo Mota. Diretora Comercial: Regina Mota. Conselho Editorial: Camilo Mota, Regina Mota, Fernando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Charles O. Soares. Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Reg. Prof. 18.152 MTb.

Rua das Bougainvilleas, 4 - Rio do Limão - Araruama-RJ CEP 28970-000 ( (22) 98818-6164 ( (22) 99982-4039 E-mail: jornalpoiesis@gmail.com Site: www.jornalpoiesis.com.br. Facebook: www.facebook.com/jornalpoiesis. Edição digital: www.issuu.com/jornalpoiesis Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Petrópolis. Fotolito e Impressão: Tribuna de Petrópolis.

Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, corpo 12, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão devolvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo .doc ou .docx. Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.


nº 250 - abril de 2017

Saquarema oferece oficinas gratuitas de artes

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Aulas de dança, música e teatro acontecem na Casa de Cultura e no Teatro Munjicipal Regina Mota A Prefeitura de Saquarema iniciou em março algumas oficinas envolvendo música, dança e artes realizadas na Casa de Cultura Walmir Ayala e no Teatro Municipal, todas abertas à população em geral. De acordo com a subsecretária de Cultura, Raquel de Oliveira Santos Amorim, o objetivo das oficinas é de uma maior integração entre os jovens e adultos com a arte, seja ela em qual área ele se sentir mais identificado. — As oficinas serão gratuitas e visam a socialização dos integrantes como um todo. Pretendemos trabalhar desde os mais jovens até a terceira idade — disse.

As oficinas oferecidas são as seguintes: No Teatro Municipal - Circo, com Maria Julia Raboni, às terças, de 9h às 11h (vagas esgotadas) e sextas-feiras, das 14h às 16h; Dança, com Sérgio Coelho, às segundas e quartas-feiras, de 13:30h às 15h; Violão, com Tobhé de Castro, às segundas, das 9:30h às 11:30h e às terças-feiras, das 14:30h às 16:30h (vagas esgotadas); Teatro, com Raphael Tavares, às terças e quintas-feiras, para iniciantes, de 16h às 18h, para os que já possuem alguma experiência, das 18h às 20h, e infantil das 14h às 16h, vale ressaltar que todas as vagas para as oficinas com o ator Raphael já estão com vagas esgotadas; Teatro, com Felipe Damiani, às segundas, quartas e sextas-

-feiras, das 16h às 18h (vagas esgotadas), para os antigos, das 18h às 20h, e infantil às quintas-feiras, das 9h às 11h. Na Casa de Cultura Walmir Ayala – Artesanato, com José Domingos Mattos, às segundas-feiras, das 14h às 15:30h e às terças-feiras, das 9h às 11h; Pintura em Tecido, com Léa Alves, às terças e quintas-feiras, das 13h às 16h (vagas esgotadas); Pintura e Desenho em Tela, com Nelson Santos, às quartas, das 14h às 17h e às sextas-feiras, das 9h às 11h; Coral Infantil, com Marylaine Pinheiro, às segundas, das 9h às 11h e às quintas-feiras, das 15h às 17h, para adultos as aulas são às quintas, das 17h às 19h e às sextas-feiras, das 17h às 19h, com vagas para homens.

Tobhé di Castro e Raphael Tavares são alguns dos professores

Projeto de Lei na Alerj favorece saúde preventiva da mulher

Notícias do Legislativo Violência contra a mulher – Foi publicada no Diário Oficial a Lei 7538/17, de autoria da deputada Martha Rocha (PDT), que determina aplicação de medida coercitiva administrativa ao agressor, para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher no estado do Rio de Janeiro. O valor arrecadado será direcionado ao ressarcimento dos serviços públicos de emergência utilizados no atendimento à vítima. Concessão das Barcas - A falta de transparência e de garantias para o Estado no modelo da nova concessão que será feita para o transporte aquaviário foram criticados pela Comissão de Transporte da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) no dia 30/03. A CCR Barcas, atual responsável pelo serviço, não tem interesse em manter o seu contrato com o Governo do Estado, que iria até 2023. No entanto, novo modelo de edital não obriga a nova concessionária crie linhas que liguem a Baixada Fluminense e São

Gonçalo ao município do Rio de Janeiro, uma das principais sugestões dos parlamentares. O projeto exige apenas que a empresa elabore um estudo sobre o tema após um ano do início do contrato. O uso dos horários e tarifas atuais como referência para a elaboração do novo edital também não foi bem visto pela comissão. Medicamento proibido - Foi sancionada no dia 30/03 pelo Governador do Rio, Luiz Fernando Pezão e publicada no Diário Oficial do Executivo, a Lei 7545/17, de autoria do deputado André Ceciliano (PT), que proíbe a propaganda, venda e uso de medicamentos que contenham a substância chamada 2,4 Dinitrofenol ou DNP, utilizada para acelerar o metabolismo e provocar o emagrecimento. O uso da substância é proibido em diversos países e já foi alvo, inclusive, de alerta global da Interpol, que classifica a droga como “ilícita e potencialmente letal”. Médicos especialistas - Um cadastro de médicos especia-

listas que atuam em hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser criado. É o que determina o projeto de lei 1.028/15, da deputada Márcia Jeovani (DEM) que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta terça-feira (28/03), em segunda discussão. A proposta seguirá para o governador Luiz Fernando Pezão, que terá 15 dias para decidir pela sanção ou veto. Exploração sexual - A Lei 7.546/17, de autoria da deputada Martha Rocha (PDT), aumenta a punição para estabelecimentos que facilitarem ou realizarem a prática da exploração sexual, pedofilia e tráfico de pessoas. As sanções administrativas poderão ser a suspensão da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS por dois anos, podendo ser cassado por até quatro anos em caso de reincidência. Além disso, ainda poderá ser aplicada uma multa em valores que vão de 20 mil a 40 mil UFIRs-RJ (R$ 3,1999, em 2017).

As leis da Alerj servem para quem tem sede de justiça. Ou só sede, mesmo. Chegou o aplicativo Carteirada do Bem. Lei Estadual 2424/95: “Bares e restaurantes estão obrigados a oferecer água filtrada de graça quando solicitada pelo cliente.”

É

de autoria da deputada estadual Marcia Jeovani (DEM-RJ) o projeto de lei n° 2.419/2017 que institui a criação do Programa de Prevenção da Saúde Cardiovascular da Mulher no Estado do Rio de Janeiro, com o intuito de precaver mulheres acima de 40 anos sobre os sérios riscos que as doenças do coração podem trazer para suas vidas. Através do Sistema Único de Saúde (SUS), o Programa de Prevenção da Saúde Cardiovascular da Mulher oferece às mulheres com histórico familiar de doenças cardiovasculares e que apresentam fatores de risco como tabagismo, hipertensão, colesterol alto, sobrepeso e diabetes, avaliações médicas periódicas, realização de exames cardiológicos clínicos e laboratoriais, acompanhamento nutricional, assim como campanhas anuais de orientação, prevenção e tratamento. Segundo dados de um artigo publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, mulheres morrem mais de doenças isquêmicas do coração do que os homens. São 29,5% de morte de mulheres comparados com 23,35% de homens, na faixa etária dos

André Barbosa

A deputada Marcia Jeovani é autora do Projeto que institui o Programa de Prevenção da Saúde Cardiovascular da Mulher

30 anos. Em 2016, a presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da Socerj e médica do Instituto Nacional de Cardiologia, Dra. Ana Patrícia Oliveira, já havia alertado sobre isso: “As mulheres têm maior mortalidade quando comparadas aos homens, mas não significa maior prevalência da doença. O homem tem mais doença cardíaca e a mulher morre mais”.

“Mesmo com o aumento da expectativa de vida da população, doenças cardiovasculares ainda são uma preocupação para nós mulheres, pois na maioria das vezes são silenciosas e nos atacam sem muitos sintomas. Fico feliz em poder fazer mais um projeto de lei para garantir e prevenir futuros problemas de saúde da mulher” disse a deputada estadual Marcia Jeovani.

Casa do Futuro será reaberta em abril

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Prefeitura de Araruama anunciou a reabertura da Casa do Futuro, que estava fechada desde a enchente ocorrida no município em 2015. A unidade conta com dois salões estruturados com o equipamento audiovisual (sala com lousa digital e computadores individuais) necessário para todos os tipos de eventos provenientes da Secretaria Municipal de Educação e Núcleo de Tecnologia Municipal (NTM). O Núcleo de Tecnologia Municipal (NTM) é dotado de infraestrutura de informática e comunicação, com equipes

Marcelo Figueiredo

de educadores e especialistas em tecnologia de hardware e software, para auxiliar as escolas e apoiar a Secretaria na gestão da informação do

campo. A reabertura acontece na quarta-feira, dia 12 de abril, às 9h, na Rua Gomes de Matos, 61, no Centro.

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nº 250 - abril de 2017

Amigo Walmir pede mais policiamento para Araruama

Café com História Lourdes Belchior

A música considerada brega enfrentou o moralismo e a desigualdade social durante a ditadura militar

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odos os períodos da História do Brasil vieram acompanhados de estilos musicais que marcavam o momento. Como exemplo podemos citar as músicas de Chiquinha Gonzaga nos primeiros anos da República, a Bossa Nova durante o governo de Juscelino Kubistchek e a volta da democracia que trouxe consigo nomes como o de Cazuza e Renato Russo. Durante a ditadura militar não foi diferente. Nesse período foram produzidas músicas que contestavam o autoritarismo e também o moralismo da época. Enquanto Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso contestavam questões políticas, os chamados cantores bregas contestavam a moral e os bons costumes da época. Neste contexto, Nelson Ned, Odair José, Waldick Soriano, entre outros, lançaram músicas que fariam parte da memória coletiva do brasileiro. Quem não se lembra do refrão: “Eu não sou cachorro não”? Na letra Waldick Soriano sinalizava que muitos homens também eram humilhados. Odair José contestada a exclusão vivenciada por muitas empregadas domésticas cantando: “Eu já sei que o seu quarto fica lá no fundo/ e se pudesse você fugiria desse mundo e nunca mais voltava”. O mesmo cantor sinalizava em suas letras:

“Pare de tomar a pílula”, em uma época que o regime militar lançava campanha para o controle de natalidade com a mensagem: “Tome a pílula com muito amor”. Alguns estudos da Sociologia apontam que quando a repressão política aumenta, aumenta também a repressão moral. Assim, Wando falava da sexualidade e mordia uma maçã em seus shows para lembrar a origem do pecado, em um momento histórico marcado pelo início da democracia, e cantava: “Quando tão louca/ Me beija na boca/Me ama no chão”. A música como fonte histórica traz elementos de reflexão sobre a sociedade, revelando singularidades da cultura e da mentalidade de cada época. Lourdes Belchior é Historiadora e Professora de História, especialista em Ensino de Sociologia, Brasil Monárquico e Imperial. Mestranda em História Geral do Brasil.

Eleito novo Conselho da Mulher em Saquarema

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reocupado com o número alarmante do crescimento da violência na Região dos Lagos, o vereador Amigo Walmir elaborou requerimento para a Secretaria de Segurança Pública do Estado pedindo reforços no policiamento para Araruama, com maior número de viaturas e de policiais. Dentro da justificativa ele relatou: “A cada dia que passa a população de Araruama cresce mais e mais, e, com isso, a criminalidade também, por meio desses acontecimentos vem crescendo o índice de mortalidade e assaltos em nosso município. Não obstante a rede de proteção legal acima exposta, o número de denúncias de homicídios, roubos, assaltos e tráfico de drogas aumenta a cada dia em nossa cidade e com isso o extremo pedido de urgência. A partir dessas informações sugerimos o aumento de viatu-

Regina Mota

ras e contingente de policiais em nosso município para que se possa efetivamente fazer cumprir os ditames constitucionais e infraconstitucionais que determinam a sua máxima proteção.” “Tenho recebido muitas demandas e reclamações sobre a segurança do 5° distrito e de Araruama como um todo, e essa é uma preocupação que também é do meu interesse

pessoal, uma vez que além de agente político, também resido em Iguabinha com a minha família. Muitas vezes chegamos tarde em casa e esse medo também nos atinge, mas, uma coisa que muitos não sabem é que a Polícia Militar e a organização do policiamento ostensivo é de competência do Governo do Estado”, disse o vereador Amigo Walmir.

O vereador destacou ainda que tem encaminhado diversas reclamações para a Ouvidoria municipal, com pedidos de iluminação e implantação de câmeras em vias públicas. Amigo Walmir também ressalta que o Poder Legislativo tem atuação limitada na segurança pública, mas conta com a sensibilidade do Executivo para atender a esta importante demanda da população.

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2017 está com inscrições abertas

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ncerra-se no dia 14 de maio o prazo de inscrições para a edição 2017 do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. O Prêmio tem como objetivo identificar, selecionar e premiar os relatos de vida de mulheres empreendedoras de todo o país, as quais transformaram seus sonhos em realidade e cuja história de vida hoje é exemplo para outras que possuem o mesmo sonho. A cada edição, as candidatas concorrem a um troféu, ao selo de vencedora e a uma capacitação em qualquer lugar do Brasil. São três categorias de premiação: Pequenos Negócios, MEI e Produtora Rural. Nas três últimas edições, 1.306 empresárias concorreram em todo o estado e 52 foram para a final. “Temos grandes empreendedoras na Região. Mas muitas vezes a timidez ou a falta de tempo prejudicam a

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inscrição no prêmio. Queremos mostrar ao Brasil essas mulheres que nos orgulham na nossa região e por isso estamos com as portas abertas para ajudá-las a demonstrar sua trajetória de sucesso. Esse prêmio é um reconhe-

cimento da garra e da capacidade do empreendedorismo feminino”, explicou Ana Claudia Vieira, coordenadora do Sebrae na Região dos Lagos. . As empresárias da Região interessadas em participar do

Prêmio podem se inscrever diretamente no site http:// www.mulherdenegocios.sebrae.com.br/ ou procurar orientação no Sebrae (regiaobaixadalitoranea@sebraerj.com.br / (22) 26430805).

Feira do Peixe acontece em Araruama de 10 a 15 de abril

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conteceu no dia 21/03, na Secretaria da Mulher de Saquarema, a eleição para eleger o novo Conselho Municipal da Mulher, com a presença da secretária municipal da Mulher, Yara Santos Souza, e representantes de cinco entidades, além de funcionárias da Secretaria. Os votos foram feitos em aberto, ou seja, não foram secretos. Após ficar exposto um cartaz com os nomes das instituições participantes, os que tinham direito de votar puderam indicar os seus escolhidos. Vale ressaltar que além das cinco entidades que se fizeram

representar, a Pastoral da Criança e o Conselho de Saúde também enviaram representantes. As entidades que concorreram e venceram foram: Movimento Articulado de Mulheres e Amigas de Saquarema – MAMAS, representado pela presidente Terezinha Ruade, Anos Dourados, por Márcia Vidigal e Ama Jaconé, pelo Bispo Gutierres. Estiveram presentes também o Círculo Artístico e Cultural de Saquarema – CACS, onde Telma Cavalcante participou somente como eleitora e não quis concorrer, e Denise Fortino, da AMEAS, retirou a candidatura no dia da eleição.

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A Semana Santa é o período que, tradicionalmente, o brasileiro consome mais peixe. A Prefeitura de Araruama, através da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca realiza de 10 a 15 de abril, o Feirão do Peixe da Semana Santa, que acontecerá em cinco pontos do município oferecendo a venda de peixes como Perumbeba, Carapeba, Tainha e Corvina, que são pescados na Lagoa de Araruama. O Feirão do Peixe acontece das 7 às 14h e contemplará pescadores das comunidades da Pontinha, Bananeiras, Iguabinha, Areal e Ponte dos Leites.

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CONTO: O HOMEM QUE ENGRAXOU O SAPATO DE GETÚLIO VARGAS Gerson Valle Ao amigo escritor Antônio Torres

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uita gente, olhando o ruço na cidade serrana de Petrópolis, costumava usar de um tom crítico-debochado: “Isto aqui é uma Londres”... Dom Pedro II, nos veraneios de seu palácio petropolitano, fugindo do calorão do Rio de Janeiro, registrava em diários o tempo que fazia. Quase sempre, chuva, o que o impedia de passear à vontade no meio de seus súditos, tanto de seu gosto. Por isto também se costumava dizer que “Petrópolis é o pinico do mundo”. Bem depois do imperador, o presidente da República Getúlio Vargas repetia o veraneio em palácio na serra, e, nas folgas das chuvas, também gostava de andar pelas ruas, acompanhado apenas por um guarda costas. Tempos anteriores às mudanças climáticas decorrentes de desmatamentos e de muita poluição pelo mundo afora. O frio, o ruço e a chuva insistem ainda, mas com menos constância e intensidade. Tempos também em que a população era confiável para seus governantes, na certeza de que todos sentiam-se honrados somente em cumprimentar os “pais da pátria” de tão perto, quando a só figura do “pai” era sinônimo de respeito, dedicação, submissão mesmo, ainda que se tivessem opiniões divergentes. Este era o feitio por excelência do brasileiro de então em sua cordialidade - costumes que priorizavam o coração. Simone Galileo era filho de italianos. Desde garoto teve de trabalhar, começando na lavoura num sítio de São José do Vale do Rio Preto, onde ganhava dois mil réis por dia, uma miserinha da qual nunca protestou. Seu pai imigrante lhe ensinara que não cabia protestar nem se lhes chamavam carcamano. Aqui os outros é que dispõem as regras, são donos da terra, o que eles têm é de traba-

lhar. E Simone, além de agricultor, foi trocador de ônibus, empregado de uma loja de sapatos, operário de fábrica de tecidos, e quantas mais coisas lhe apareceram. Juntando um dinheirinho, comprou uma banca de engraxate, no centro de Petrópolis, e assim “se estabelecia”. Quando o Brasil declarou guerra ao Eixo, alguns petropolitanos, levados pelo entusiasmo propagado pelos jornais, depredaram covardemente estabelecimentos de origem alemã ou italiana, as duas maiores colônias tradicionais da cidade. Simone passou a dizer que seu nome era Simão, com este “ão” bem português, não guardando resquício do italiano para não perder a clientela. Porém, como sua freguesia se tornara grande pela forma dedicada com que engraxava os sapatos, ninguém querendo perder um engraxate eficiente numa cidade em que os sapatos são sempre danificados pelas chuvas, simplesmente fizeram, sorrindo, a piada, chamando-o Simone Simão. Excluíam-no da guerra, criando-lhe dupla nacionalidade. Finda a guerra, chegou no Brasil o fim também da ditadura de Vargas, por incompatível com a vitória da democracia contra as tiranias nazi-fascistas. O povo, entretanto, que durante quinze anos submetera-se e habituara-se à figura do gaúcho baixinho, gordo e sorridente, não suportou mais que cinco anos sem este “pai”, e o elegeu presidente da República em 1950. Nas caminhadas por Petrópolis apontaram ao presidente, quando sentia seus sapatos um pouco sujos de lama, o engraxate agora conhecido apenas como Galileu, já longe da guerra, sem mais haver implicâncias com a origem italiana. Em sua barriga satisfeita, o baixinho de chapéu e charuto riu-se da ideia de ter um serviço humilde prestado por um xará do

POESIA CONSTATAÇÃO Hugo Pontes Banqueiro não rima com poeta. Aquele Conta dinheiro, Este canta É esteta. Hugo Pontes é poeta, natural de Três Corações-MG (1945). Reside em Poços de Caldas-MG

célebre cientista da Renascença, ao mesmo tempo que não poderia desprezar a oportunidade de se aproximar de um tipo popular. Sentou-se na cadeira alta do engraxate, ficando seu guarda costas, o negro parrudo Gregório Fortunato, de olho, ao lado. Ambos papearam à vontade com Simone, que não sabia se conter da atenção daquela gente graúda, tanto de Getúlio quanto de Gregório, tão simples no trato, parecendo seus familiares... Na verdade, no entanto, a situação do governo não era tão simples e pacífica, e encontrava uma oposição ferrenha, sobretudo por parte do jornalista e deputado Carlos Lacerda, que diariamente massacrava os atos e a moral de Getúlio em seu jornal “Tribuna da Imprensa”. Criou a expressão “mar de lama” para definir o momento político, acusando o presidente e seus familiares de se chafurdarem na corrupção. O deputado sofre um atentado em que morre seu companheiro do carro em que estava, um major. Tudo indica ter sido obra do Gregório. As forças armadas se indignam. Há uma pressão para Getúlio renunciar. Ele responde que do palácio do Catete só sai morto. E se dá um tiro no coração

em 24 de agosto de 1954, deixando uma carta-testamento que joga para o futuro a compreensão de seus atos, mostrando os interesses contrários ao progresso da Nação como o tendo enlameado. O estilo da carta é até mesmo literário, terminando com o que os poetas parnasianos chamavam de uma “chave de ouro”, e da melhor qualidade (curiosamente um decassílabo): “saio da vida para entrar na História”. - Mas Getúlio nunca foi literato. Muito menos poeta... - comenta com um amigo de pé ao lado da cadeirona onde está sentado um cliente de Galileo, que passa a escova no sapato. - Dizem que seus discursos, inclusive, eram escritos por outra pessoa. Já ouvi dizer ser um poeta. - Tudo muito contraditório, igual ao Brasil de hoje... Se o tal poeta escreveu a carta-testamento é porque já sabia do suicídio. Como é que pode? Um cara normal, mesmo que poeta, bicho estranho, alienadão, pode receber a incumbência de escrever as últimas palavras de um suicida? Quem aceitaria missão tão cruel? Para mim houve um complô. O poeta escreveu a carta sim, mas convenente com o assassino. Mataram o baixinho, isto sim!

Napoleão Valadares Nonada. A enormidade do sertão não é no imo do peito que se sente, não é nos campos do Tamanduá-tão, não é em tudo o que se vê na frente dessas veredas que trilhamos, não é no meu Urucuia, no valente jagunço dos gerais, na inclinação para rasgar o mundo, dessa gente. Não é na dor, no pranto nem no riso. Não é nos verdes vales nem no Liso do Sussuarão. Não é naquele dia

Gerson Valle é escritor, atual presidente da Academia Petropolitana de Letras.

PAVIO NEGREIRO

A EXPERIÊNCIA DE (NÃO) DIZER

Jorge Antunes

Leandro Garcia Rodrigues

Eu vi a foto grotesca. Ó, cena forte, dantesca! Barras, ferros, frestas, vãos. Da cela saiam mãos. Mãos sofridas, mãos abertas. Mãos abertas, bem libertas. Libertas quae sera tamem. Tamem, temam, tomem, clamem! Foram-se os aneis e os dedos. Dedos, medos e degredos.

E essa voz que rouca rompe em silêncio de dentro de mim, que precisa gritar e tem medo da opinião-faca que decepa qualquer possibilidade de diálogo, de compreensão, de recepção. E essa experiência rouca e torpe que mexe com os meus órgãos, que vem na ponta da garganta gritando silenciosamente e precisa vomitar, cuspir toda sorte de verdade que essa voz rouca insiste em manter [quieta, num silêncio sintomático, anárquico, de ebulição, de mal. E a palavra resultou inútil. E a frase que não quis ser feita. E o canto que se manteve surdo. E a linguagem que não comunicou. Nesses dias de poesia-lâmina que corte e grita no silêncio de cada um, nesses dias de solidão-presença que maltrata e às vezes mata, nesses tempos de um sino que toca e não se faz símbolo... É nesses dias que se apaga uma esperança ilusão de quem ama.

Muitas vidas por um fio. Já foi aceso o pavio. Pavio curto, rasteiro. Triste pavio negreiro. Reajo! Encorajo!

SERTÃO DE ROSA

Simone Simão Galileo suspende a escova no ar e fica olhando sem ver seu cliente sentado na cadeirona, cabeça em plano mais alto, como se uma luz vinda do alto ofuscasse-lhe a visão, algo muito incômodo. - Que foi, Galileo? Acabou de engraxar? E o outro pé? Não merece uma escovada também não? Repentinamente seu trabalho, dedicado com tanto afinco, mais nada existindo tão importante, o ganha pão lhe dando a cidadania como todo brasileiro, parecia-lhe mesquinho ante uma nova missão que lhe surgia. Mataram seu grande patrão, o comandante supremo do Brasil, aquele que descera do alto posto para lhe dar atenção como trabalhador - e vinha-lhe sua voz em todo início de discurso ouvido no rádio: “Trabalhadores do Brasil!”, com o “l” final bem gaúcho. Sim, ele, Simone Simão Galileo, era um “trabalhador do Brasil”, exaltado por seu grande benfeitor, o presidente, o manda-chuva, aquele que garantia seu emprego, a normalidade da vida a todo lado, o bonde que chegava e saía pelas ruas, o comércio aberto no centro da cidade, as casas espalhadas pelos bairros com as crianças cantando hinos nas escolas, o arroz e feijão de todo dia!

Algum desalmado teve a coragem de se voltar contra tudo isto, contra a normalidade de nossas vidas, por uma maldade suprema, um diabo a querer por osso na cabeça de pulga, tirar o pão de quem tem fome, dar um chute na bunda das mães de todo mundo! Um animal perverso, um sem nome! Mas ele havia de descobrir-lhe o nome, sim, ele, o ítalo-brasileiro Galileo acabara de ganhar esta missão. Em todos os seus empregos, nunca se sentira tão nobre, tão útil, tão cidadão! Torna-se, de uma hora para outra, detetive. No mais alto grau que se possa ter numa delegacia. O pesquisador do infortúnio da Nação, de seu assassino, estuprador! Sim, só a um criminoso-mor pode passar pela cabeça tirar nosso “paizinho” de seu palácio, nos dar a orfandade desprotegida, a garantia do salário-mínimo, os ônibus funcionando a nos levar e trazer de casa todo dia, a mulher no quarto atenuando todos os suores, a regularidade da família Brasil com Getúlio Vargas a comandar os cordéis que tudo movimenta! Esta, a missão mais alta de sua vida! Descobrir o nome do assassino traidor da pátria e de tudo que há de mais sagrado, e denunciá-lo publicamente. Se o encontrasse cara a cara, iria atracar-se com ele, ah!, que lhe batia! Iria entregá-lo à Justiça! Se se defendesse, tentando lutar com ele, e não tivesse outro jeito de agarrá-lo, poderia matá-lo! Iria tranquilo para a prisão, se condenado! Sua enorme missão herdada da alta consciência apreendida de seu pai Giuseppe, estaria cumprida! Largava tudo para trás, seu trabalho agora, noite e dia, era perseguir possíveis pistas que o levassem a quem matou Getúlio Vargas!!!

Andrajo! Arranca a cruz de teus lares! Quilombo! Fecha a porta dos teus ares! Jorge Antunes é maestro e compositor, professor de música da Universidade de Brasília (UnB)

Leandro Garcia Rodrigues é membro da Academia Brasileira de Poesia, professor da Faculdade de Letras da UFMG.

NO JARDIM DOS MITOS Camilo Mota

nefasto, em que se deu a tempestade do Paredão, fatal. A enormidade do sertão é a vida. Travessia.

Pijamas têm bolsos onde dormem borboletas azuis. No meio da noite, elas despertam e afugentam dragões. Como as frágeis asas podem afastar mitos de tempos ancestrais? Voam suaves para atrair o sol: dispersam o pólen da vida no ar remanescente das horas. Borboletas nem sequer cantam, nem bicos têm: apenas o voo azul sobre campos de sonho, jardim dos mitos. Os dragões silenciam ante o silêncio do herói. À beira do dia, ele sorve a fragilidade do tempo. Sopra o vento sobre as águas o movimento da vida. No tempo de contemplar borboletas é que se dá sentido à força das lagartas.

Napoleão Valadares é romancista, contista e poeta. Reside em Brasília-DF.

Camilo Mota é poeta, psicanalista e terapeuta holístico. Editor do Jornal Poiésis, é membro da Academia Araruamense de Letras e da Academia Brasileira de Poesia.


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nº 250 - abril de 2017

Em Foco

com Regina Mota

Divulgação

Confira a programação religiosa da Semana Santa em Araruama e Saquarema Camilo Mota

Júlia Garrido dança no Rio - Aluna da Daumas Academia desde os 2 anos e meio, hoje ela brilha no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ana Botafogo visitou a turma preliminar da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, onde Júlia tem participado assiduamente das aulas. É maravilhoso poder ver o crescimento profissional de uma bailarina tão jovem, mas com uma garra muito grande de vencer. Parabéns!!! Regina Mota

Luiza Nazareth faz apresentações em Araruama - A musicista é um exemplo de persistência e dedicação. Após ter ficado por muitos anos distante do piano, ela dá palavras de conselho aos mais jovens para que não desistam dos seus sonhos de um dia poder tocar um instrumento. Luiza tem feito apresentações em uma escola de música de Araruama e na Casa de Cultura. Sua especialidade são os clássicos como Bethoven e Chopin.

A tradicional encenação da Paixão de Cristo na Sexta-Feira Santa no Parque Hotel é o destaque da programação em Araruama

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Igreja de Santo Antônio, de Bacaxá, Saquarema, preparou uma programação bastante dinâmica para a Semana Santa deste ano, com início no dia 9, domingo, prosseguindo até 16/04, com missas, confissões e encenação da Paixão de Cristo. No dia 9 haverá missa na Igreja Matriz Santo Antônio às 8h e 10h, às 18h haverá a concentração e benção dos ramos, com saída da Capela de Santo Expedito, saindo em procissão à missa campal na escadaria da Igreja de Santo Antônio. A programação segue concentrada na Igreja Matriz de Santo Antônio: dia 10, segunda-feira, haverá missa às 8h e às 19h, a confissão será às 18h; dia 11, missa às 8h, com confissão, já às 19h acontecerá a Solene Celebração Eucarística em Bananeiras, presidida pelo Arcebispo Dom José Francisco, quando haverá a benção dos Santos Óleos, às 19:15h, será a Celebração da Palavra. No dia 12, quarta-feira acontecerá missa às 8h e às 19h, com confissão às 18h; no dia 13, missa às 20h, com lava-pés, sendo seguida pela missa em adoração ao Santíssimo até as 23h. Na sexta-feira, dia 14, dia de jejum e de abstinên-

cia, acontecerá a procissão da Penitência, às 6h, com saída da Igreja Matriz Santo Antônio até a cruz, no morro da rádio, de 9h às 14h haverá a adoração ao Santíssimo Sacramento, com a participação dos Movimentos Pastorais, às 15h será a vez da Liturgia da Palavra e Adoração à Santa Cruz, para encerra o dia, às 20h acontecerá a encenação da Paixão de Cristo, pelo Grupo Aviva Jovem. Já no penúltimo dia, 15/04, às 20h haverá missa de Vigília Pascal, com celebração da Luz, benção do Fogo e Círio Pascal, além de batismo dos Catecúmenos e procissão da Ressurreição, quando se pede aos religiosos para levarem velas. E encerrando a Semana Santa, no Domingo de Páscoa, em 16/04, haverá missa às 8h, 10h, 18h e 20h. ARARUAMA Dia 9/4, Domingo de Ramos, missa às 7h e 8:30h, às 17h benção dos Ramos e procissão até a Igreja Auxiliar, seguido de missa de Ramos e da Paixão do Senhor. Dia 10/4, 19h, Ofício de Trevas. Dia 11/4, 19:30h, missa de Crisma com o Arcebispo Dom José Francisco, na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida,

em Bananeiras. Dia 12/4, 19h, missa e via sacra na praça da matriz. Dia 13/4, quinta-feira Santa, Tríduo Pascal na Matriz, 15h Terço da Divina Misericórdia, 20h missa da Instituição Eucarística e às 22h Vigília Eucarística; às 19h Instituição da Eucaristia nas comunidades de Nossa Senhora de Nazareth, no Japão, Irmãs Clarissas, no Rio do Limão e em Nossa Senhora de Imaculada Conceição, em Morro Grande. Já no dia 14/4, Sexta-Feira Santa, haverá Procissão Penitencial na praça da Matriz, às 4h da manhã, às 15h terá a Ação Litúrgica da Paixão e Morte de Cristo, já às 19:30h será a vez da encenação teatral da “Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo”, na Colinas Parque hotel. No Sábado de Aleluia, 15/4, às 19h, Vigília Pascal na Matriz. No Domingo de Páscoa haverá missa na Matriz às 7h, 9h e 10:30h, e às 19h na Igreja Auxiliar Nossa Senhora de Guadalupe. A Semana da Misericórdia acontecerá de 17 a 23/4, com missas e rezas do Teço da Misericórdia, sendo encerrada no dia 23/4 com missa às 7h, 8:30h e 10h, o Terço da Divina Misericórdia será rezado às 1h, na Paróquia São Sebastião de Araruama.

Páscoa é tempo de renovação e de transformação. Desejo uma Feliz Páscoa a todos! Vereador Abraão da Melgil

Desejamos uma Feliz Páscoa a todos os amigos e colaboradores! Apoio Cultural: Jornal Poiésis

MAMAS - Movimento Articulado de Mulheres e Amigas de Saquarema

Curta uma vida alegre e saudável!!! Wanny Louzada A partir dos 2 anos e meio, até onde sua mente comandar seu corpo. Homens e mulheres, sintam-se vivos! Baby Class * Pré-Ballet * Ballet Clássico Jazz Dance * Dança Moderna * Sapateado Capoeira * Alongamento Av. Vilamar, 276 B - Itaúna - Saquarema - (22)2655-3654 www.grupodaumas.wix.com/daed

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