Poiesis264

Page 1

25

anos Ano XXV- nº 264 - Saquarema, Araruama e Região dos Lagos - junho de 2018

Bailarinos de Saquarema são premiados em festival no Amazonas

Camilo Mota

A Daumas Academia comemora este mês seu 14º aniversário com uma apresentação no Teatro Mário Lago. Ao longo dos anos vem acumulando prêmios em todos os festivais em que participa. Dessa vez conquistou 3 primeiros lugares no Amazonas. Página 5 Regina Mota

Regina Mota

Pré candidatos do PDT realizam caminhada e conversam com moradores em Bacaxá

Os pré candidatos ao governo, Pedro Fernandes, e a Alerj, Elisia Rangel, caminharam por Bacaxá e ouviram demandas da população. Página 4.

17º Saquá Moto Rock vem aí

O rock e os motores estão de volta a Saquarema. O Pecadores Motoclube realiza mais uma edição do Saquá Moto Rock de 22 a 24 de junho. Página 3.


2

nº 264 - junho/2018

CAT STEVENS REVISITADO O JOVEM E O VELHO NO MERCADO DE TRABALHO

A Legenda dos Dias ACADEMIA BRASILEIRA DE POESIA sucessora da Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni,

fundada em 1985 – Boletim nº 07 – Junho, 2018

COMENTÁRIO, de J. Roberto Gullino

Judas Isgorogota ( 1898-1979) foi o nome adotado por Agnelo R. Melo que, saindo de Alagoas para São Paulo, conseguiu se projetar no mundo mas esquecido no Brasil. A DESCIDA

EU ERREI MUITAS VEZES...

Desço, abençoando o esforço da subida, ainda sentindo a sensação da altura e os azares da estrada percorrida.

Eu errei muitas vezes... muitas vezes... E muitas vezes, na ânsia de acertar, suportei tempestades e reveses, como uma nau desarvorada, ao mar...

Desço, porém, com esta impressão segura: é no fundo dos vales, esquecida, sofrendo, assim, perseguições soezes, que corre a linfa, cristalina e pura... golpes cruéis e humilhações sem par, eu errei muitas vezes... muitas vezes... Subi sozinho e vou descer sozinho como uma nau desarvorada, ao mar... à paz do ermo, à solidão, ao pó, Mas, se tateando no horizonte escuro, feliz por ver que este áspero caminho muitas vezes errei, na luta infinda foi feito apenas por um homem só... ainda pude, assim mesmo, conservar, A PARTILHA Quando vier minha felicidade, está bem visto, se um dia ela vier, façam vocês minha única vontade: beijem-lhe as mãos divinas de mulher e desfrutem com toda intensidade todo o bem que ela acaso me trouxer... Porém, na mágoa – minha [companheira que ninguém ponha a mão, mesmo [por dó, porque essa mágoa, em minha vida [inteira, há-de ser sempre minha e minha só!

bem alto, o coração sereno e puro, esta suave esperança e, mais ainda, este doido desejo de acertar! SAUDADE Mudos, olhando o embalo das [maretas, os dois homens pararam; junto ao cais, balouçantes enormes silhuetas de velhos barcos setentrionais faziam retinir, como grilhetas, os elos das correntes colossais... Foi olhando essas naus, à Ave Maria, na hora em que tudo em solidão se vê, que aqueles homens rústicos, um dia, choraram muito sem saber porquê...

DUAS TROVAS A mentira, a hipocrisia, por um silêncio arranjado, domina o mundo, hoje em dia, pondo a virtude de lado.. Aristheu Buhões, AL

Saudade, espelho doirado que reflete em nossa mente, a ternura de um passado que vive em nosso presente. Aristheu Bulhões, AL

Marcio Paschoal

C

omo bem diria, ou cantaria, o velho gato Stevens, hoje Iussuf Islan, na canção “Father and Son”, do álbum “Tea for the Tillerman”, de 1970: It’s not time to make a change, Just relax, take it easy You’re still young, that’s your fault, There’s so much you have to know Find a girl, settle down, If you want you can marry Look at me, I am old, but I’m happy... Em livre tradução, o aconselhamento a não se preocupar tanto com as mudanças, pois ainda se está jovem, não há erro, ainda haverá muito a se aprender. Melhor namorar, achar uma garota e, se quiser, casar. O fato é que o filho deve ver no pai a real felicidade, apesar de velhice… De Cat Stevens, direto para o dia dia de meninos e velhos. Podemos tomar como paradigma o atual mercado de trabalho. Dos jovens brasileiros, aqueles que podem ser considerados economicamente ativos atravessam um período de turbulências e riscos. O mercado de trabalho se retrai e um contingente cada vez maior de pessoas em grave situação de risco social fica sem perspectivas de presente e de futuro. O jovem hoje sabe da ilusão do diploma. Muitos o querem apenas para currículo ou para poder prestar concursos. É fato. Como a formação profissional também não é valorizada, faltam técnicos capacitados para o mercado, o que resulta no engrossamento das estatísticas de desemprego ou de subemprego. Nelson Rodrigues, do alto de sua genial dramaticidade e eloquência, alertava: “jovens, por favor, envelheçam!” Atualmente deve-se tomar o cuidado para não envelhecer tão rápido, pois o mercado de trabalho também trata mal os idosos. Na minha idade, vejo, consternado, as portas (e janelas) do mercado de trabalho

teimosamente se fecharem. Só se aceitam jovens. Contraditório? Pode ser. Velhos e jovens na mesma corda bamba, no mesmo barco furado. Ponho-me em elucubrações baratas: jovens usam piercings nas orelhas, velhos têm-nas cheias de pelos; tesão nos idosos é substituído pouco a pouco pela paciência; físico pelo tísico; os maiores incômodos com jovens são de natureza existencial; já os velhos, apresentam problemas renais, quando não, hormonais; jovens pagam um caro preço pela prepotência, enquanto os mais velhos fogem do fantasma da impotência, pois os quadris que antes eram furacões, agora se escondem atrás dos pneus. Eufemismos à parte, jovens têm o rompante da aventura, e quando quebram a cara aprendem lições. Já velhos costumam deter toda a experiência. Teoricamente, toda experiência deve ser experimentada. Achou redundante? Pois é, nada melhor que redundâncias para explicar experiências. A vida é feita delas, redundantes experimentos. No final, sempre se quebra a cara, sempre sobram as lições. Acho que Nelson Rodrigues estava blefando com sua frase. Jovens, por favor, permaneçam o quanto puderem jovens. Mais jovens, cada vez mais, direto ao útero, se possível. Novo ou velho, ambos têm em comum o temor à morte. Os primeiros pela ameaça de precoce rompimento dos sonhos, e os últimos por tê-la, incômoda, bem de pertinho. Na juventude os olhos brilham, na velhice a vista é cansada. Embora, o curioso seja que esse cansaço faça enxergar mais. No final, um conselho de pai para filho, à la Cat Stevens: independentemente da idade, melhor relaxar e ser feliz o quanto antes.

Marcio Paschoal nasceu no Rio de Janeiro e se formou em Economia. É escritor, redator e autor com mais de dez livros publicados. Autor da biografia de João do Vale “Pisa na fulô mas não maltrata o carcará.”

EXPEDIENTE O Jornal Poiésis - Literatura, Pensamento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda, CNPJ 07.546.414/0001-60. Editor: Camilo Mota. Diretora Comercial: Regina Mota. Conselho Editorial: Camilo Mota, Regina Mota, Fernando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Charles O. Soares. Jornalista Responsável: Francisco Pontes de Miranda Ferreira, Reg. Prof. 18.152 MTb. Av. John Kennedy, 121 sala 13 - Centro - Araruama-RJ CEP 28970-000 ( (22) 99982-4039 E-mail: jornalpoiesis@gmail.com Site: www.jornalpoiesis. com.br. Facebook: www.facebook.com/jornalpoiesis. Edição digital: www.

issuu.com/jornalpoiesis Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Petrópolis. Fotolito e Impressão: Editora Esquema Ltda. Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, corpo 12, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão devolvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo .doc ou .docx. Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.


3

nº 264 - junho/2018

Simpósio sobre violência doméstica movimenta Araruama

O

1º Simpósio Sobre Violência Doméstica em Araruama – Discutindo Ações em Prol do Empoderamento Feminino, aconteceu no dia 30/05, no Teatro Municipal Prefeito Graciano Torres Quintanilha, sob a coordenação da psicóloga e comissária de polícia civil, Yeda Portela. Pela manhã o evento contou com palestras proferidas pelas delegadas Gabriela Von Beauvais da Silva (diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher) e Sandra Ornellas (da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher – DEAM), além de Yeda Portela, coordenadora do Projeto SAP – Mulher (Sala de Acolhimento Psicológico Para Mulheres em Situação de Violência Doméstica). A mesa foi coordenada pela perita legista e diretora do Posto Regional de Polícia Técnico Científica em Araruama, e subsecretária municipal de Saúde, Kesley Couto de Castro.

Gabriela Von Beauvais da Silva relatou que apesar da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM existir há mais de 30 anos, poucas são as cidades contempladas com alguma unidade, por esse motivo surgiu o NUAM – Núcleo de Atendimento à Mulher, para melhor atender as que sofrem violência doméstica. A delegada Sandra Ornellas lembrou que a Lei Maria da Penha começa com um grito. “Muitos não entendem como violência o que acontece dentro de casa. Como ter testemunho de estupro do marido contra a própria esposa? É complicado isso. A maioria das mulheres morre em casa, vítimas de seus próprios parceiros. A ideia de que em briga de marido e mulher não se mete a colher, tem que mudar”, disse Sandra. Yeda Portela falou sobre o trabalho realizado pela SAP – Mulher, em Araruama, que realizou em seu primeiro ano de atividades 102 atendimentos “O SAP

O

Regina Mota

– Mulher existe desde junho de 2017 com sala para exames clínicos e acolhimento a mulheres vítimas de violência. Após o atendimento fazemos encaminhamento ao CRAM de Araruama ou de Saquarema, caso ela resida naquela cidade. É essa a necessidade do pleno funcionamento da Rede, que faz a ligação dos primeiros atendimentos aos órgãos que estão preparados para atender a vítima de violência”, disse Yeda.

17º Saquá Moto Rock acontece de 22 a 24 de junho

s motociclistas da Região dos Lagos, das cidades vizinhas e de outros estados têm encontro marcado nos dias 22, 23 e 24 de junho em Saquarema, quando acontecerá o 17º Saquá Moto Rock, na Praça do Coração, em frente à igreja Nossa Senhora de Nazareth, numa realização do Pecadores Moto Clube, com apoio da Prefeitura municipal. A programação conta com a participação das bandas Arton Arraes Blues Band, Amax e Road

Rock, para a sexta-feira, 22/06. Sábado, 23/06, será o dia de Titânia, Filhos do Pecado, Drenna e Sanctuarium. Já no domingo, 24/06, subirão no palco as bandas Richard Wood Zé, Eterno Kaxorrão e Mad Fuel. Além das bandas de rock, o público contará com praça de alimentação e tendas com produtos voltados aos motociclistas. A locução ficará por conta de Itamar Cavalera, do Jaguar MC de Rio das Ostras.

Dê plantas a quem você ama!

À tarde os trabalhos foram retomados, dessa vez com a presença da vereadora Valéria Amaral, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, da inspetora da Polícia Civil, Rosemary Bitencourt, do NUAM, da diretora do CRAM, Ana Maria Amaral, de Lydiane Marinho Vieira, da OAB e de Ana Cláudia dos Santos Pessoa, da Guarda Civil, que possui viatura que atende casos da Lei Maria da Penha. (Regina Mota)

ERRAMOS

Pedro Junior

Ao contrário do afirmado na edição 263 do Jornal Poiésis, a Lagoa de Jacarepiá, em Saquarema, não é a única de água doce na região, uma vez que a Lagoa de Juturnaíba também o é. ENTREGA GRÁTIS EM DOMICÍLIO

SHOW DAS PLANTAS

A maior variedade com beleza e qualidade você encontra aqui! Av. Saquarema, 5442 - Bacaxá ( (22) 2653-2744

Aceitamos cartões de crédito

( (22) 2655-3115 ( (22) 2655-3220

Medicamentos, Perfumaria e Variedades

Av. Saquarema, 3663 Loja D - Porto da Roça

Aberta de 2ª a sábado de 8 às 20h e domingo de 8h às 13h


4

nº 264 - junho/2018

N

Elisia realiza caminhada em Bacaxá com a presença de Pedro Fernandes

a manhã do dia 20/05 a presidente do PDT em Saquarema e pré-candidata a deputada estadual, Elisia Rangel realizou uma caminhada no centro de Bacaxá com a participação do pré-candidato ao governo do estado do Rio, o deputado estadual Pedro Fernandes, também do PDT. A caminhada teve concentração na praça central, em frente à igreja Santo Antônio, com a presença de vários militantes e amigos e percorreu a Rua Professor Francisco Fonseca, indo até o diretório recém inaugurado, ao lado da Caixa Econômica, onde todos puderam conhecer o local e tomar um delicioso café da manhã. Os pré-candidatos participaram ainda de um bate-papo com moradores de Saquarema e de cidades vizinhas como Araruama, Maricá e Rio Bonito. Durante seu discurso, Elisia pleiteou antecipadamente um melhor olhar para Saquarema no que tange a Educação, para que as crianças tenham tempo integral nas escolas. “Muitas mulheres, mães, que trabalham fora, muitas vezes não tem com quem deixarem seus filhos. Sei que é

Camilo Mota

Regina Mota

Psicanalista Terapeuta Holístico

Psicanálise e Terapias Naturais difícil, pois também sou mãe e tenho três filhos. Meu primeiro emprego foi em um supermercado, então sei bem o que é isso, ter que trabalhar o dia inteiro em pé e ao chegar a casa ter que fazer comida, arrumar as roupas e ainda ter que ajudar as crianças com dever da escola. Essas crianças em tempo integral já chegariam em casa com as tarefas prontas, amenizando assim a preocupação da mãe”, disse Elisia.

Destake Escola Técnica

Já o pré-candidato a governador, Pedro Fernandes, preocupado com o número alarmante de desemprego no país e no estado do Rio, exclamou: “Sem emprego não adianta a gente ter outras coisas, porque não conseguimos proporcionar o mínimo de dignidade para nossa família. Pedro se demonstrou disposto a ajudar a cidade, através da parceria com a pré-candidata a deputada estadual Elisia Rangel.

CURSOS TÉCNICOS Enfermagem - Massoterapia - Radiologia Médica CURSOS DE QUALIFICAÇÃO Imobilização Ortopédica - Hemodiálise Cuidador de Idosos - Socorrista Pré Hospitalar Primeiros Socorros Pediátrico Segurança do Paciente - Secretária para Consultório Médico

O seu futuro começa aqui!

ARARUAMA: Av. Nilo Peçanha, 318 - Centro - ( (22) 2665-0421 destake-araruama@hotmail.com

Dr. Cid José C. Magioli Clínica Geral - Homeopatia CRM 52-44061-6

Dra. Eulenir M. A. Magioli Ginecologia - Homeopatia CRM 52-42685-2

Atendimento particular e convênios

Dr. André Luis de A. Magioli Cardiologia - Clínica Médica CRM 52-94985-0

Consultas médicas - Avaliação para atividades físicas - Risco cirúrgico - Eletrocardiograma - M.A.P.A.

Av. Brasil, 10 SL 709 - Araruama - ( 2665-6320

Psicoterapia - Terapia de Casal Reiki - Florais de Bach Acupuntura Auricular - EFT

Araruama: Av. John Kennedy, 121 sala 13 - Centro Saquarema: Espaço Elaboração, Trav. Sigmund Freud, 01 Porto da Roça Marque sua consulta:

( (22) 99770-7322

www.camilomota.com.br Curta uma vida alegre e saudável!!!

A partir dos 2 anos e meio, até onde sua mente comandar seu corpo. Homens e mulheres, sintam-se vivos!

*Baby Class * Pré-Ballet * Ballet Clássico Jazz Dance * Dança Moderna * Sapateado Dança de Salão * Alongamento * Dança Flamenca Av. Vilamar, 276 B - Itaúna Saquarema - (22)2655-3654 Alongamento e Ballet em Araruama terça e quinta: Av. Nilo Peçanha, 352 (Espaço Equilíbrio do Corpo) www.grupodaumas.wix.com/daed


5

nº 264 - junho/2018

Bailarinos da Daumas recebem premiações em festival no Amazonas

Camilo Mota

O

s bailarinos da Daumas Academia, de Itaúna, Saquarema, receberam várias premiações no último festival de danças que participaram em terras amazônicas, onde apresentaram números de sapateado, ballet clássico, dança contemporânea e popular. No III Festival de Danças de Manaus, que aconteceu em maio no Teatro La Salle, a Daumas Academia recebeu 26 premiações, sendo três primeiros lugares: Família, Treteiras e Carnaval em Veneza. A coreografia

Família já venceu em outros festivais, com música que envolve o público e traz a poesia de Camilo Mota, editor do Jornal Poiésis. O grupo Daumas já está ensaiando as apresentações que fará no dia 14 de julho, às 19h, no Teatro Mario Lago, em Saquarema, quando irão comemorar os 14 anos da academia. “Ouvir o nome da nossa cidade em terras longínquas foi muito emocionante a todos e também gratificante”, completou Rita Daumas.

Em Foco

Regina Mota

Amigo Walmir homenageia grêmio estudantil - A Escola Municipal Celina Mesquita Pedrosa recebeu moções de aplausos pela formação do grêmio que deverá fazer um trabalho em conjunto com a escola, buscando melhorias para a mesma. Parabéns ao grupo! Sucesso!

Divulgação

Academia de Letras na escola Nair Valadares - A AARALETRAS participou do Sarau realizado na escola, onde houve grande participação de alunos, seus familiares e professores. Poesia, música e peças teatrais fizeram parte do dia que ficará na memória de todos.

Rod. Amaral Peixoto, 1095 - Lojas A e B - Praia do Popeye Iguaba Grande - RJ - E-mail: iguatintas@gmail.com

Sarau em homenagem a Alberto de Oliveira - Aconteceu no Teatro Mario Lago, em Saquarema, e reuniu diversos artistas. A AARALETRAS foi representada pelo presidente doutor Cid Magioli, os poetas Camilo Mota, Manoel de Santa Maria, Chico Peres e Quintanilha, e também pela jornalista Regina Mota. Alberto de Oliveira foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e era natural de Saquarema, fato comemorado pela subsecretaria de Cultura, a anfitriã do evento.


6

nº 264 - junho/2018

TRECHO DE UM ROMANCE EM TORNO DO AMOR Gerson Valle

O

rei medieval dom Pedro I de Portugal não teria assediado a aia de sua mulher, a linda Inês de Castro, que ficara indefesa ante a vontade de um príncipe, passando a ter filhos com ele? Há outra forma de se assumir uma relação amorosa, sem uma das partes assediar a outra? E na formação do macho não há sempre um abuso prestes a se fazer mais presente para que o devaneio levado pelo desejo não o prostre, impotente, não o leve ao suicídio de Werther? Um dom Pedro I no Brasil, amando a Marquesa de Santos, fazendo-a morar bem defronte ao palácio, numa afronta à dócil imperatriz Leopoldina, não é uma variante do famoso caso português? Nosso primeiro imperador, sem dúvida, assediava todas as mulheres! Mas, não foi sempre assim o comportamento do macho, quando pode, como os reis mandavam e podiam? A rainha portuguesa dona Maria I encontrava-se impedida de governar, num estado mental afetado pelas loucuras preconceituosas do catolicismo, ainda ao tempo em que a “santa” Inquisição instigava o medo na ameaça do inferno e demônios. Uma civilização mudou, fazendo nascer o Brasil, em 1808, quando o príncipe regente dom João resolveu afrontar o bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte contra a Inglaterra, nação “amiga” de Portugal. Simplesmente transferiu a corte de Lisboa para o Rio de Janeiro, do outro lado do Atlântico. Aí passou seu filho Pedro a juventude na devassidão de uma sociedade primitiva, dependente do trabalho de escravos negros que

andavam seminus pelas ruas ou sofrendo à vista de todos torturas nos pelourinhos, num urbanismo precário, livre entre os abusos dos poderosos e seus muitos talentos, músico, boêmio, mulherengo, produzindo bastardos por toda parte. Generoso, entretanto, pagando pensão às ex-amantes, mães dos meninos batizados como Pedro de Alcântara, um de seus muitos nomes. E, de repente, o poderoso Império Austríaco ambiciona colocar sua mão além da Europa, neste território-continente que é o Brasil, de uma sabida riqueza só usufruída por Portugal (e Inglaterra, indiretamente, como “amiga”...). A princesa Leopoldina, de educação esmerada nos palácios dos Habsburgo, “é casada” com o moleque largado pelos recantos sujos do Rio de Janeiro. Na obediência da política necessária, no entanto, encanta-se com a beleza latina do marido e seus talentos contraditórios. Acaba sofrendo com suas infidelidades, mas ajuda-o na administração da independência do país, depois do agora dom João VI (primeiro rei europeu coroado nas Américas, dentre as mazelas e belezas naturais da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro) se ver forçado a retornar a Portugal. E o filho se tor-

Vidraçaria Recanto do Sol Box - Vidro Temperado - Espelho Fechamento - Vidro Importado Vidros coloridos, lisos e canelados BOX PRONTA ENTREGA Aceitamos

Av. Saquarema, 5170 Bacaxá - Saquarema ( (22) 2653-4190 / 99262-6507

na no Pedro I aqui, sendo Pedro IV lá. Abdica do trono português para sua filha, que vai se tornar na dona Maria II. Abdica alguns anos depois do trono do Brasil para seu filho (então com seis anos) que se tornará em nosso Pedro II. Guerreia seu irmão Miguel, absolutista, dando uma Constituição para Portugal. E morre em consequência de uma vida turbulenta com 36 parcos anos e muitas doenças. Viveu, porém, o amor que tanto magoou a imperatriz Leopoldina, com a aproveitadora que ele intitulou marquesa, numa fixação física, tanto dela quanto dele, que suscita o dito popular da sublimação sexual, “amor de pica, quando bate fica”. Voltas, variantes do amor! De forma contrária, dom Pedro II viveu o amor tolhido, sem pica à mostra nem penetração sem culpa! Os governantes provisórios, seus preceptores, durante 9 anos preocuparam-se em formar nele a consciência da moral pequeno-burguesa portuguesa, apesar dele ser um nobre, o que fizeram questão de apagar de seu comportamento para não assediar o povo, tiranicamente, e as mulheres, como seu pai! Amou os livros, as ciências, os estudos em seu tempo e mores do auge do Romantismo. Por infelicidade,

AGRIJAR BACAXÁ Rações nacionais e importadas Medicamentos e Sementes

agrijar@hotmail.com Av. Saquarema, 5320 Bacaxá - Saquarema

( (22) 2653-3114

politicamente foi obrigado a se casar com uma Bourbon do reino das Duas Sicílias, baixinha (ele era altão, louro de olhos azuis, um Bragança Habsburgo!), feiosa, coxa, e sem grandes interesses intelectuais como ele. Casaram-se por procuração, quando ela chegando no navio, ele chorou por esperar o retrato que lhe deram retocado... Mas tiveram duas filhas, educadas pela Condessa de Barral, uma baiana crescida na França, que vivera a intelectualidade de Paris na corte de Luís Filipe. Logo se apaixonou por ela, com quem conversava largando de lado os assuntos de Estado. Quando as filhas se casaram e a Barral retornou para a França, passaram a se corresponder quase que diariamente. Não se sabe se algum dia se beijaram. Parece nunca terem se deitado na mesma cama. Platonicamente, sem história real por descendência. Amor só, compromisso com nada. Puro e bom de dormir e se queixar da vida não vivida, idealizada. Amor sonhando amar... Meu personagem, um Pedro sem número (nem primeiro nem último) entre variantes, vê escorrer seu tempo entre valores que lhe confundem. Pergunta-se quantas vezes seu egoísmo hedonista confundiu o amor com o machismo de sua formação no resquício do Rio de Janeiro primitivo de Pedro I, e quantas não idealizou um amor utópico da sua família pequeno burguesa inoperante, meio Pedro II... (Mas isto é apenas um trecho de um longo romance. Quem quiser saber se de fato é o mordomo o assassino, terá de esperar sua publicação)

Gerson Valle é escritor, atual presidente da Academia Petropolitana de Letras.

VIOLÊNCIA CONTRA MULHER Denuncie! Disque: 180


7

nº 264 - junho/2018

POESIA

Elevação

NÁUFRAGO

Luciana Cunha

Marcelo Mourão

Se pesadas nuvens a nossa alma cansa, castigando um corpo já demais dorido Se é austera a terra e tão pungente a lança, e se o solo agora jaz apodrecido Vem a tempestade, mas não vem bonança e num mar revolto, sem luar, perdido, se percebe o homem já sem esperança de um devir sonhado, mas não merecido O que resta ao homem? Se lançar ao mar? Ou por seu devir, a anjo retornar? Então alça voo além das montoeiras e na altura enxerga límpidas clareiras E purificado em éter precioso Vê-se livre o homem e vitorioso! Luciana Cunha mora em Petrópolis-RJ, é membro titular da Academia Brasileira de Poesia Casa de Raul de Leoni.

Não basta a solidez do castelo Se o rei está em ruína poema de Dinovaldo Gilioli do livro inédito, Inventário de Auroras.

Hoje o verso não conta nem canta é talvez certo que seja seta ou espinha presa aqui na garganta Hoje a palavra não corre nem cansa talvez algum garrote pôs minha voz na tranca impedindo-a de vir cá fora silenciada até segunda ordem Hoje o poema não almoça nem janta sequer fala de amor fé ou qualquer outra esperança Hoje o poeta só bebe a secura de suas lembranças O poema paira perdido no vento às vezes morno às vezes forte às vezes porto às vezes morte às vezes renascido deste corte Só que hoje meu silêncio é bote e estou isolado no mar levado pela própria sorte Marcelo Mourão é poeta, formado em Letras e História, é mestrando em Literatura Brasileira (UERJ).

Legalização de Empresas (22) 2653-3164 (22) 2653-3357

CRC RJ 001040/0-0

Ricardo Alfaya

para Ferreira Gullar

Assessoria Contábil

www.transitcontabilidade.com.br

Rua Alfredo Menezes, 200 - Sobrado - Bacaxá Saquarema-RJ

Liquidação total A solidão do oprimido bate no peito, tal ponta aguda de uma pedra. Entra pelos ossos, tenta transformar o sujeito em massa, pronta para moldagem, pelos vários tipos de jornal e tevê. A solidão do oprimido é o exílio dentro de sua própria cidade. A saudade grande de um futuro que não teve. O liga-desliga sem freio, o solavanco no ônibus, o não trem na hora central do jantar. Gol e cólera, cachaça e punhal. A cabeça rodando no meio de tudo que o empareda e reduz a mercadoria de primeira página, assalto seguido de morte com desconto. Liquidação total de todas as tolas esperanças acompanhadas de rugas e cicatrizes no rosto, a combinar com a falta de dentes. Ricardo Alfaya é natural do Rio de Janeiro (1953), autor de “Fronteiras em Liquidação” (Dowslley, 2016), de onde extraímos o poema acima.

PETRÓPOLIS Camilo Mota

O horizonte brinca de carrossel entre as montanhas. Camilo Mota é editor do Jornal Poiésis, vice-presidente da Academia Araruamense de Letras, membro titular da Academia Brasileira de Poesia


8

nยบ 264 - junho/2018


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.