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Camilo Mota
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Elízia Rangel e a presença da mulher na política
Tratamento de água e esgoto será ampliado em Saquarema
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Ano XXV- nº 261 - Saquarema, Araruama e Região dos Lagos - março de 2018
Palestras sobre a mulher na literatura marcam comemoração dos 3 anos da AARALETRAS
William Brasil
A Academia Araruamense de Letras comemora seu terceiro aniversário de fun- Brasileira de Médicos Escritores, que farão pequenas palestras sobre a presença dação no dia 17 de março no auditório da UCAM em Araruama. O evento conta- feminina na literatura. O evento contará ainda com sarau poético. A entrada é rá com a presença de membros da União Brasileira de Escritores e da Academia franca. Página 3. Setur/AL
Gastronomia será tema de debate em Cabo Frio Página 3
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Alerj faz homenagem a mulheres cidadãs A presidente do Movimento Articulado de Mulheres Amigas de Saquarema MAMAS, Terezinha Ruade,
foi uma das homenageadas pela Alerj com o prêmio “Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro”. O even-
to foi realizado no dia 8 de março em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Página 3.
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nº 261 - março de 2018
Literatura e Ocultismo
A Legenda dos Dias ACADEMIA BRASILEIRA DE POESIA, sucessora da Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni,
fundada em 1985 – Boletim nº 04 – Março, 2018
COMENTÁRIO, de J. Roberto Gullino Muitos modernistas argumentam que a poesia atual tem que ser mais realista e objetiva, fugindo do estilo, digamos, “rococó” do passado, com muita fantasia e palavras rebuscadas. Obviamente, quem assim avalia pouco conhece do peso dos trabalhos de todas as épocas como quando nosso poeta maior, Raul de Leoni, disse num poema – “Escuta, de todo o bem que tu fizeres, espera todo o mal que não farias” – uma sentença profunda e sempre atual. Assim, transcrevo a seguir dois exemplos antigos de épocas distintas e sempre abordando temas mais que atuais e um terceiro, humorístico – também um estilo que se perdeu no tempo e, como usual, em forma de sonetos:
A RESPOSTA DO HOMEM Ronald de Carvalho, 1893-1935
“Homem ! que queres mais ? Dei-te a alegria que move os mundos harmoniosamente; e o céu cheio de estrelas, e a poesia da aurora casta, e a lágrima do poente. Dei-te a floresta espessa, e a pedraria límpida, a água das fontes, transparente, e o vinho de ouro, a flor trêmula e fria, e o silêncio mais sábio que a serpente... Dize, que queres mais ? O amor, a glória, a força, ainda mais bela que a Beleza, a eternidade na hora transitória ? Que queres mais, se as tuas mãos têm tudo, se é toda tua a imensa Natureza? E o homem olhou a terra, e ficou mudo...”
LIVRE ARBÍTRIO
Eugênio de Freitas, MA - 1921-2008 “Cada pessoa traz no nascimento pendores próprios, dons peculiares, que desenvolve, num compasso lento, durante sucessivos avatares. Este prefere um leito pestilento onde pululam vícios milenares, enquanto aquele, nem por um momento sequer, planeja expor-se em tais lugares. Por livre arbítrio, cada qual procura seguir, ou não, os rumos naturais e Deus prescreve a toda criatura. Uns sobem menos, outros, muito mais. Os bons escolhem fontes de água pura; os maus, só podridão nos lamaçais.”
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m fato curioso dentro do universo literário, nem sempre compreensível para outras pessoas, é o fato de que muitos dos grandes poetas e escritores da literatura, em maior ou menor grau, se envolveram com as mais diversas correntes do esoterismo ou foram, de algum modo, estudiosos do Ocultismo, nos seus mais diferentes aspectos. Ocultismo no sentido de estudo daquilo que está oculto, dos fenômenos e das práticas que não podem ser explicados pela ciência (magia, artes divinatórias, paranormalidade, espiritismo, etc.). Isso, de certo modo, é um problema para os leitores que, por falta de conhecimento, poderão não ser capazes de identificar as conexões existentes entre o texto e determinado saber; ou não serão capazes de fazer, por conta própria, conexões que poderão enriquecer a leitura do texto. O que não quer dizer que o fato de se dispor de algum conhecimento também não seja um problema. É possível se cair no outro extremo, numa leitura redutora, e ver símbolos e conexões onde não existem. De qualquer forma, como o envolvimento desses escritores como o assunto é algo notório, biógrafos e críticos literários tem se dedicado a estudar o assunto. Dentro da literatura de língua portuguesa, por exemplo, temos o caso do poeta português Fernando Pessoa. Temos várias coletâneas desses textos e estudos sobre a questão. Além de ter confeccionado vários mapas astrais, traduziu algumas obras, abordou a questão em algumas cartas, deixou muitas anotações e escreveu poemas. Provavelmente, nenhum outro escritor de língua portuguesa se envolveu tanto
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com o ocultismo. O que não pode ser ignorado pelos leitores. No que diz respeito à astrologia, possivelmente nenhum outro escritor moderno teve um envolvimento tão grande quanto ele. Que, em alguns momentos, chegou a pensar em trabalhar como astrólogo. Além de ter lido muito sobre a astrologia, deixou na sua arca por volta de 2000 documentos sobre o assunto. Alguns pesquisadores dizem que chegou a fazer o mapa astral de mais de 1500 pessoas, personagens históricas e contemporâneas. Seu interesse foi tão grande que, em 1915, chegou a criar um heterônimo astrólogo, Raphael Baldaya para o qual elaborou uma tabela de preços para as consultas. Já dentro da literatura de língua inglesa, um dos muitos escritores que se destacaram por seu envolvimento é o poeta e dramaturgo irlandês William Butler Yeats, vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 1923. Ele se envolveu com várias sociedades secretas, dentre elas podemos citar o ter sido membro da “Ordem Hermética da Golden Dawn”, um dos fundadores da “Dublin Hermetic Order” e ter participado de reuniões da “Dublin Theosophical Society”. O casamento com a médium e estudiosa da teosofia Georgie Hyde-
-Lees, em 1917, foi um acontecimento importante para o aprofundamento do seu envolvimento. Muitos livros sobre Yeats tratam especificamente da questão: “Yeats, Philosophy, and the Occult” de Matthew Gibson e Neil Mann; “W. B. Yeats and Occultism” de Harbans Rai Bachchan; “Yeats and the occult” e “W.B.Yeats and W.T.Horton: Record of an Occult Friendship”, ambos, de George Mills Harper; “Yeats, Folklore and Occultism: Contexts of the Early Work and Thought” de Frank Kinahan; “Yeats The Initiate : Essays On Certain Themes In The Works Of W. B. Yeats” de Kathleen Raine; e “Esoteric Symbols: The Tarot in Yeats, Eliot, and Kafka” de June Leavitt. Por outro lado, alguns tiveram um envolvimento um pouco mais restrito. Um caso muito conhecido é o do escritor escocês Arthur Conan Doyle, famoso por ter criado o detetive Sherlock Holmes, que foi um grande seguidor e divulgador do espiritismo. Ele escreveu vários livros sobre o assunto como o “A Nova Revelação”, no qual conta sobre sua conversão ao espiritismo, e o “A História do Espiritualismo” (ou “História do Espiritismo, em outra tradução”), que é considerado por alguns uma das mais completas narrativas so-
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bre a sua origem e sobre o seu desenvolvimento. “Conan Doyle And The Spirits: The Spiritualist Career of Arthur Conan Doyle” de Kelvin I. Jones é um importante estudo sobre a questão. Outros casos menos conhecidos são o envolvimento da poeta chilena Gabriela Mistral com a teosofia, estudada no livro “Sensibilidad religiosa de Gabriela Mistral” de Martín C. Taylor. O envolvimento de Rudyard Kipling e a maçonaria, estudado em livros como “Man And Mason-Rudyard Kipling” Man And Mason-Rudyard Kipling de Richard Jaffa. Ambos escreveram textos nos quais vemos a presença dessa influência. No que diz respeito ao caso de Kipling, Thomas Leroy Wendelmoot escreveu uma importante dissertação sobre a questão intitulada “Masonic Allusions and Themes in the Works of Rudyard Kipling”. Assim, por tudo o que foi dito, podemos dizer que esse é um assunto que foi levado muito a sério por diferentes escritores e que esse interessa marcou, de algum modo, a sua obra. Se quisermos realmente conhecer melhor o trabalho desses autores isso não pode ser negligenciado.
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Av. John Kennedy, 121 sala 13 - Centro - Araruama-RJ CEP 28970-000 ( (22) 98818-6164 ( (22) 99982-4039 E-mail: jornalpoiesis@gmail.com Site: www.jornalpoiesis.com.br. Facebook: www.facebook.com/jornalpoiesis. Edição digital: www.issuu.com/jornalpoiesis Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Petrópolis. Fotolito e Impressão: Editora Esquema Ltda.
Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, corpo 12, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão devolvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo .doc ou .docx. Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.
nº 261 - março de 2018
AARALETRAS comemora 3 anos de fundação
3 William Brasil
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Academia Araruamense de Letras – AARALETRAS comemora este mês seu terceiro aniversário de fundação. A celebração acontece no dia 17 de março, com a presença de convidados de diversas academias e entidades culturais do Estado, além de palestras que terão como foco a presença da mulher na literatura. Fundada em 17 de março de 2015, a AARALETRAS
conta atualmente com 16 membros efetivos, além de sócios beneméritos. Ao longo dos últimos 3 anos, a entidade tem se firmado no cenário cultural do município de Araruama com a realização de diversos saraus literários. “A Academia é ainda jovem, mas a união de seus membros tem proporcionado um fortalecimento muito grande da entidade. Além dos saraus que realizamos,
em breve a AARALETRAS promoverá outros eventos literários, como o encontro regional de academias literárias e o lançamento de uma antologia”, disse o presidente do sodalício, Dr. Cid José Carvalho Magioli. Para celebrar os 3 anos de fundação, a AARALETRAS realizará uma série de palestras e uma tertúlia poética com poetas convidados. O evento acontece no dia 17/03, a partir das 16 horas,
Chefs realizam workshop gratuito em Cabo Frio
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dealizadores do desfile “Brasil bom de boca”, enredo da União da Ilha do Governador este ano, as chefs Flávia Quaresma, Katia Barbosa, Cica Roxo e Rô Gouvea e o carnavalesco Severo Luzardo desembarcam em Cabo Frio, dia 21 de março, para debater os desafios da gastronomia. Juntos, eles promoveram a culinária brasileira na avenida e agora vão dividir, a convite do Sebrae-RJ, o aprendizado com os empresários da Região dos Lagos. A iniciativa faz parte do fórum Sebrae na Mesa. Segundo Ana Cláudia Vieira, coordenadora do Sebrae na Região dos Lagos, a ideia foi aproveitar a experiência para debater cenários e tendências com os empresários locais. “Cada vez mais, a gastronomia tem sido um indutor do turismo da região. Queremos ajudar os empresários a estarem atualizados com o que está acontecendo na culinária brasileira e mundial. Nosso Festival de Sabores já é um sucesso, movimentando a
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região. Turismo e gastronomia trazem impacto em toda a economia local”, explicou. O fórum também trará uma palestra sobre cervejas especiais e harmonização, com o somellier Ronaldo Rossi. Cervejeiro, Ronaldo é proprietário da Cervejoteca, loja de cervejas especiais em São Paulo, com mais de 750 rótulos. Haverá ainda uma palestra sobre a valorização da gastronomia na região, com a participação da secretária de turismo Fabíola Bleicker; uma aula so-
bre elaboração de cardápios criativos e rentáveis com a chefe Rô Gouvea e quatro oficinas gastronômicas com os chefs Claudio Peters, do Appetito Bistrô; Denise Linhares, do Picolino; Carolina Pacheco, do Farol do Forte; e Lucia Mendes, do escritório do Chef. O evento será realizado no hotel Paradiso Corporate, das 14h às 20h. O fórum é gratuito mas as vagas são limitadas. Inscrições pelo telefone 22-2643-0805 ou pelo e-mail regiaobaixadalitoranea@sebraerj.com.br
Projeto beneficia trabalhadoras rurais
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de autoria da deputada estadual Marcia Jeovani (DEM), o projeto de lei nº 2.170/2016, que institui o programa “Feira das Mulheres Trabalhadoras Rurais” no Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de promover um cronograma de circuitos de feiras, visando promover a inclusão e a valorização da mulher trabalhadora rural, através da comercialização e divulgação dos produtos oriundos da agricultura familiar de suas comunidades. Aprovada em primeira discussão na quinta-feira (08/03), quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, a proposição é uma forma de fomentar e valorizar essas profissionais, que representam 43% da mão de obra
André Barbosa
agrícola nos países em desenvolvimento e mais de 70% da força de trabalho em algumas economias baseadas fundamentalmente na agricultura. “Para participarem das feiras as expositoras precisarão ser pré-cadastradas e caracterizadas como participantes da Agricultura Familiar. Entre os produtos a serem vendidos estão os produtos da agricul-
tura familiar, agricultura orgânica, artesanato, variedades de comidas e bebidas típicas da região, de plantas e flores naturais. As entidades de agricultores e cooperativas do Estado poderão pleitear uma barraca por entidade, desde que estas representem grupos de produtoras familiares”, destacou a deputada estadual Marcia Jeovani. (Júlia Ximenes)
no auditório da Universidade Candido Mendes – Campus Araruama. Confira a programação. Palestra: Mulheres na literatura no século XIX (Juçara Viegas Valverde, presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RJ, membro benemérito da AARALETRAS, vice-presidente da Academia Brasileira de Médicos Escritores - ABRAMES) Palestra: A personagem feminina na literatura: Capi-
tu e Luíza (Luiz Gondim de Araújo Lins, presidente da Academia Eça de Queiróz, membro da UBE-RJ e orador oficial da ABRAMES) Palestra: O sexo feminino na literatura (Leslie Albuquerque Aloan, presidente da Academia Brasileira de Médicos Escritores, diretor geral do Hospital de Servidores do Estado do Rio de Janeiro) Tertúlia: poetas da Região dos Lagos e convidados.
SERVIÇO • Comemoração dos 3 anos de fundação da AARALETRAS • Dia 17 de março de 2018, às 16 horas • Local: Auditório da Universidade Candido Mendes – UCAM (Rodovia RJ-124 Km 34 - Itatiquara - Araruama – RJ) • Entrada franca
Presidente do MAMAS recebe homenagem no Dia Internacional da Mulher pela ALERJ
A
Comissão dos Direitos da Defesa da Mulher da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro homenageou dez mulheres no dia 8 de março. Entre elas a presidente do Movimento Articulado de Mulheres e Amigas de Saquarema – MAMAS, Terezinha Ruade. Foi a 15ª edição do prêmio “Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro”, onde cerca de cem mulheres de todo o estado concorreram, mas somente dez foram escolhidas pelos seus trabalhos desenvolvidos e trajetórias de lutas em defesa das causas femininas. O evento aconteceu no plenário Barbosa Lima Sobrinho, no Palácio Tiradentes, sede da Alerj. “Apesar de sermos maioria na sociedade, não ocupamos
Regina Mota
Terezinha Ruade foi uma das homenageadas
espaços de poder. O nosso objetivo não é só entregar um diploma e um buquê de flores, mas chamar a atenção para essas lutas, porque as mulheres continuam a morrer simplesmente por serem mulheres”, afirmou a deputada
Enfermeira Rejane (PCdoB), presidente da comissão. Seis participantes do MAMAS estiveram presentes na solenidade: Regina Mota, Flaviana Reis, Fabiane Ruade, Rita Daumas, Lúcia Cristina e Elenita Lopes Vasel.
Saquarema ganhará ampliação de rede de tratamento de água
A
Prefeitura de Saquarema, juntamente com a concessionária Águas de Juturnaíba, está buscando melhorias para sanar o crônico problema no abastecimento de água e coleta de esgoto do município. No dia 20/03, a Prefeita Manoela Peres recebeu o superintendente da concessionária, Carlos Gontijo, para tratar do assunto. A concessionária Águas de Juturnaíba se comprometeu a fazer grandes investimentos nos próximos 5 anos na cidade. Para isso, será realizada a ampliação das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) em Itaúna e Bacaxá, além da construção e ampliação do Sistema de abastecimento de água de Raia, Condado e Retiro e a construção da Estação de Tratamento de Esgoto Jacarepiá; Com a ampliação da ETE de Bacaxá, a estação será capaz de tratar 80 litros de esgoto por segundo. Atualmente, a capacidade de tratamento é de 50 litros por segundo. Já a ETE de Itaúna passará de 15 para 30 litros por segundo de esgoto tratado. A nova ETE de Jacarepiá
Divulgação
conseguirá tratar 16 litros de esgoto por segundo, retirando o esgoto que é despejado sem tratamento na lagoa de Jacarepiá. Outro ponto importante será a construção de uma nova adutora de 19 quilômetros que trará água de Araruama para o sistema de Saquarema. Com isso, haverá a implantação de 21 quilômetros de extensão de rede de água no município, gerando 12.045 novas ligações e mais 38 mil habitantes beneficiados na cidade. Um reservatório com capacidade de 3 milhões de litros será construído no Morro da Cruz, garantindo o abastecimento do Boqueirão e Barra Nova. Após a parceria da Prefeitura de Saquarema com a conces-
sionária, toda a área de concessão terá cobertura de 100% no abastecimento de água, conforme explicitado pela concessionária, e tratamento de 100% do esgoto despejado nas lagoas. Todas as intervenções realizadas pela concessionária serão fiscalizadas pelas equipes da Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo. As obras seguirão um cronograma para minimizar os transtornos a moradores e motoristas que utilizam as vias por onde passarão as novas redes de água. Uma comissão de servidores públicos, secretários municipais e representantes da concessionária Águas de Juturnaíba será formada para avaliar o andamento das obras e planejar os novos investimentos na cidade.
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nº 261 - março de 2018
Conquistas da mulher na política
Em Dia com a Saúde
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Dr. Cid José Carvalho Magioli*
Sobre a vacina da febre amarela Rodrigo Nunes / MS
Estou recebendo algumas indagações sobre as indicações e contraindicações da vacina FA (Febre Amarela). Contra indicações absolutas 1- HIV POSITIVO 2- IMUNODEFICIÊNCIA DEVIDO USO CORTICOIDES ALTOS ( doenças reumáticas, miastenia Gravis etc..) 3- PACIENTES SUBMETIDOS A QUIMIO e RADIOTERAPIA RECENTE. 4- HISTÓRIA DE ANAFILAXIA POR USO DE VACINAS ANTERIORES (alergia a clara de ovo....) 5- TRANSPLANTES DE ÓRGÃO - Pacientes que foram submetidos.
Os outros casos estão liberados segundo a situação local. Foi liberado: Gestantes e Maior 60 anos. Os demais casos precisam ser avaliados o CUSTO / BENEFÍCIO para cada indivíduo. O vírus da vacina contra a
FA é VIVO E ATENUADO, podendo provocar efeitos colaterais diversos. CONCLUSÃO:” Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”! *Médico homeopata, poeta e presidente da Academia Araruamense de Letras.
Em Foco
com Regina Mota
arço não é apenas para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8, nem mesmo para somente distribuir flores e fazer elogios. Representa a oportunidade para se pensar o papel de cidadania que o gênero feminino precisa desempenhar em suas comunidades, cidades e países. De figura passiva e sem voz no passado, a mulher vem alcançando espaços cada vez maiores na sociedade ao longo dos anos. Bom exemplo disso é sua presença cada vez maior na representação política. Em termos de Brasil, essa abertura para sua participação no campo social é muito recente, mas não menos importante. A conquista do direito ao voto aconteceu somente em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas. De lá para cá, a representatividade vem aumentando, seja através da eleição de vereadoras, deputadas, senadoras, e até de uma presidente da república. O grau de importância dessa presença está na possibilidade das causas femininas serem discutidas, debatidas e legisladas de maneira séria e com o mesmo comprometimento que se tem com outras questões. Claro exemplo disso é a Lei Maria da Penha, bem como a tipificação do feminicídio, e a cota de mulheres que cada partido político deve ter em seus quadros nos proces-
Camilo Mota
Vereadora Elísia Rangel
sos eleitorais. Eleita para seu primeiro mandato em 2016, a vereadora de Saquarema Elisia Rangel destaca o diferencial da mulher na participação política: “A mulher representa uma nova possibilidade de se fazer política. Não somente pela sensibilidade e intuição, mas também porque através dessa presença podemos pleitear melhores condições de cidadania para as mulheres, além de termos a chance de mudar o jeito de fazer política, sem corrupção, sem interesses mesquinhos, voltando nossos olhos para a população e não para os benefícios pessoais que os cargos oferecem”, disse.
Elisia se destaca na política de Saquarema, trabalhando como primeira secretária na Câmara dos Vereadores, cargo esse ocupado até então somente por homens. A assistente social já ocupou a pasta de Secretária de Desenvolvimento Social do município, onde desenvolveu um trabalho de grande relevância para a população mais carente. Casada com o oftalmologista Saint Clair, a vereadora consegue distribuir seu tempo entre a casa, ao cuidar dos três filhos, e os trabalhos de vereança, onde faz as pautas das sessões, quando são votadas as emendas e as indicações dos vereadores, além dos projetos enviados pela Prefeitura.
“A mulher deve então esforçar-se para atingir a maior perfeição, para ser igual ao homem em todos os aspectos, para progredir naquilo tudo em que esteve atrasada, de maneira que o homem seja compelido a reconhecer sua igualdade de capacidade e realização” Palestras de ‘Abdul-Bahá em Paris, 1911, pg 130
Hilton Nascimento
Homenagem ao Colégio Destake - Os alunos do Colégio Destake compareceram em peso na Câmara dos Vereadores de Araruama no dia 8/3, ocasião em que Amigo Walmir homenageou a proprietária Sueli Silveira pelo Dia Internacional da Mulher. Homenagem mais que merecida.
Daumas Academia se apresenta em Copacabana - O evento aconteceu no dia 10/3 no Forte de Copacabana, sob a direção de Denise Acquarone, com a participação especial de Jefferson Oliveira. Rita Daumas já está preparando seus alunos para o próximo espetáculo internacional, com isso o livro de ouro já está à disposição dos colaboradores.
Bahá’í homenageada em Niterói - Pelo Dia Internacional da Mulher, Flávia Paiva, da ONG Viver Bem, foi homenageada pelo vereador Paulo Bagueira, presidente da Câmara dos Vereadores de Niterói. A ONG trabalha no setor de segurança pública e presta relevantes trabalhos em prol da comunidade.
Homenagem do vereador Amigo Walmir - Pelo Dia Internacional da Mulher foram homenageadas a contadora Kátia Mônaco (Revista La Femme), a empresária Sueli Silveira (Colégio Destake) e a médica Eulenir Magioli. Pelo meu aniversário fui agraciada com Moção de Congratulações.
Simpósio Municipal de Educação - Aconteceu em Araruama nos dias 6, 7 e 8 de março, organizado pela Secretaria de Educação. A Primeira Igreja Batista ficou completamente lotada durante o evento. As merendeiras se reuniram no Centro Evangelístico Internacional, antigo Clube Xadrez.
Homenagem da vereadora Elisia Rangel - Também pelo Dia Internacional da Mulher a empresária Nurimar Mendonça recebeu homenagem das mãos de Elisia na Câmara dos Vereadores de Saquarema, no dia 8/3. Nurimar é conhecida na cidade pelos seus trabalhos desenvolvidos em prol da comunidade; ela também pertence ao CEDIM/Rio.
ENAARTE - O evento que acontece mensalmente no palco do Gene Insanno tem revelado muitos talentos em Araruama. Na foto a musicista responsável pelo movimento, Jane Pessanha, acompanhada pelos médicos Cid Magioli e Afonso Celso de Carvalho. Música, poesia e outras artes são bem vindas!
Café da manhã na OAB - O Conselho Comunitário de Segurança realizou o tradicional café da manhã na sede da OAB de Araruama. Dentre as autoridades estiveram presentes a vereadora Valéria Amaral, a presidente da OAB, Rosâna Jardim e Sueli de Souza Lima.
Reiki na rádio - O psicanalista Camilo Mota deu entrevista sobre os benefícios do Reiki para jornalista Ane de Figueiredo, na Rádio Aldeia FM 87,9, em São Pedro da Aldeia. O programa Sala de Visita vai ao ar todo sábado de 10 às 13 horas e pode ser ouvido online no site www.aldeiafmspa.com.br.
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nº 261 - março de 2018
Conto Gerson Valle*
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inha cidade mineira guarda uns rechonchudos anjinhos barrocos em igrejas históricas, atraindo um lucrativo movimento turístico. A população local pode até se orgulhar das simpáticas bochechas dos anjinhos, mas frequenta as igrejas bem mais pelo amor à tradição de família, como parte dos costumes arraigados na mineiridade da couve com tutu, bom senso nas conversas quase caladas para despistar tolices, e leves uais expressando conhecimentos, espantos, exageros... Já eu procuro escapar da continuidade óbvia que me cerca, instruindo-me, para começar, em literatura e música clássica, o que me levou a negociar com livros para sobreviver, e estudar fagote para cumprir uma ligação mais objetiva na frequência à missa de domingo. Toco-o numa orquestra centenária da cidade, presente nas comemorações religiosas. Minha livraria, cujo movimento incerto me obriga a procurar volta e meia outra ocupação, mantém, no entanto, o hábito de fechar por uns tempos reabrindo com festa esperançosa, mudando até de sede, se bem que sempre em casa antiga, acentuando grande parte de minha mercadoria, que é de sebo, apesar de também negociar livros novos. É mais acentuada a parte do sebo devido à facilidade de comprar os livros que todos querem se descartar de casa, achando que aquelas coisas sebentas e espaçosas são inutilidades deixadas por outros tempos de parentes anteriores à era da eletrônica. Por brincadeira dei à loja o nome de “Seborreia das letras”. Nas minhas atividades de músico cumpro ensaios numa
PECADOS DE SACRISTIA de nossas igrejas, onde se juntam orquestra e coro regidos pelo maestro Antônio Lima. Tornou-se glória local desde que fez mestrado e doutorado no Rio de Janeiro e ganhou um prêmio com uma composição religiosa. Ao retornar com os diplomas e emprego num conservatório em Belo Horizonte, para onde vai e volta de ônibus algumas vezes por semana, casou-se com moça de família local conhecida, cujo pai é farmacêutico. O maestro Antônio é tido como alguém, moral e intelectualmente, acima da mediocridade da terra. Encurtando a conversa, num dia em que cheguei adiantado para o ensaio, e fui ver se encontrava o padre Dalmácio na sacristia para uma consulta de que me incumbira minha sogra, só mais tarde vindo a saber que nunca o padre está naquela hora, ouvi, por trás de um grande móvel de madeira trabalhada, do século XVIII, um rangido que poderia ter sido feito pelos ratos. Será que tem ratos aí? Fui, curioso, verificar. E dei de cara com nosso maestro, com as calças abaixadas, tendo seu pênis dentro da boca de sua assistente no coral, a exuberante e por muitos na cidade desejada Vilma Caballero. Antônio Lima sorriu, piscando um olho para mim, orgulhoso, na conivência machista dos semideuses, podendo mentir, trair, estrategicamente, em nosso domínio masculino: — Oi, Sérgio, chegou cedo para o ensaio... Enquanto a Vilma pareceu engolir muita saliva e/ou tentar pigarrear, convicta de estar sendo a nova mulher, conivente também no comando do sexo no mundo, ou, sei lá, nos ajustes de novas conveniências. Para mim, a relação dos dois não foi novidade. Já tinha
POEMAS Troca-troca Leila Míccolis Não adianta a mudança dos bobs pelos xampus alisantes, dos maridos pelos amantes, do sexo comedido pelo colo dos patrões. Não adianta apenas mudar o nome dos velhos padrões, nem ter direitos que só geram deveres, sem prazeres, nem conseguir para a mulher o que continua servindo para oprimir o homem. Leila Míccolis é poeta, ensaísta, romancista, roteirista, mestre em teoria literária (UFRJ). O poema acima faz parte da obra “Desfamiliares - Poesia completa 1965 2012” (Ed. Annablume/SP, 2013).
Reinvenção Dinovaldo Gilioli me reinvento no vento que sou grão de ar eia alicerce do nada Dinovaldo Gilioli reside em Florianópolis/ SC, tem seis obras publicadas. Os textos acima são do livro Cem poemas, editora da UFSC.
surpreendido, inclusive, num jantar do coral comemorativo de fim de ano, numa churrascaria, a mão direita do maestro regendo a perna esquerda da coralista por baixo da toalha de mesa. E, depois, a questão começava a ser falada em alguns cantos da cidade, sobretudo dentre os músicos. Parecia ter nascido aí uma paixão incomum, mais forte que o ajuste do casamento com a mocinha
sobre sua boa estratégia em batalhas vencidas. Soltava seu currículo de mestre numa arte que parecia considerar mais que a música. E eu que, fiel à minha mulher, incluía a relação sexual como parte de um afeto pessoal, cheguei a justificá-lo como se o caso dele com a Vilma se tratasse de uma sentimentalidade superior. Somente esta, parecia-me, poderia suplantar a promessa de fidelidade do
As pessoas se materializam muito facilmente. Os espíritos concebidos para ordenarem os convívios, se dissolvem como modas dos outros tempos, de uma barroquice mineira de fachada, para turismo, exploração comercial. Não há mais espírito nem fé verdadeira. Só há mudanças rumo à satisfação das aparências. acanhada, de família respeitada, professora de inglês em um curso particular muito concorrido, condizente com sua carreira em ascensão, mas não, talvez, com o temperamento artístico do maestro... Novidade foi ele me ter cumprimentado tão naturalmente com o sexo colocado num local pouco convencional. Então, ele não se importava em ser flagrado? Parecia, ao contrário, ter orgulho da posição em que estava literalmente metido? Outros encontros com o maestro Antônio veio confirmar isto. Sentindo-se meu íntimo, como se fosse um velho amigo, por eu ter presenciado aquele seu momento pré-orgástico emotivo, cada vez que me encontrava a partir dali aproveitava para relatar confidências, falando de outros casos que tivera ou tinha. Alunas, coralistas e até amigas de sua mulher... Falava como um general que discorresse
casamento católico. Afinal, ele não escrevia e regia obras católicas aparentemente com tanto fervor? Para começar, toda colocação sentimental a que eu sempre ligara qualquer empreendimento amoroso cai por terra ao constatar a frieza com que as conquistas são narradas. E as expressões, meu Deus, que expressões! A mulher, qualquer mulher torna-se simplesmente uma palavra: buceta. E como enche a boca para dizer tal palavra. “Hoje é dia de buceta!” “Ontem tive uma buceta perfeita! Ela sabia tudo de tudo! Me deixou de pau caidaço!” Ele, o pau e a “oponente” a buceta!... Nem mais são pessoas. Ora, ora, tanta tradição em nossa mineiridade de hábitos de família antiga, respeito aos padrecos e à Igreja Católica, ares circunspetos, discrição na mesa, nas conversas, até nos bares e relações com vizinhos, comportamento con-
tido... Onde estava tudo isto? Talvez, me passou pela cabeça, o maestro se queira fazer de revolucionário, amante das artes de hoje em dia, e, considerando-me letrado por ser livreiro, ache que eu também despreze os convencionalismos, admire modernismos nas artes e na sociedade, e assim possa admirá-lo na postura da vaidade de um artista. Como quem diz: “Eu não sou bobo como os caras daqui. Acho essa sociedade uma grande farsa. Veja como eu desprezo toda sentimentalidade caipira! A vida é para quem pode gozar. A mulher não é uma sonata ao luar idealizada. É buceta para meu gozo e só! E quantas mais, melhor para não criar afeição, pieguismos!” Um tiro no bom mocismo em que anda disfarçado para lhe dar a hipócrita posição de doutor, professor, maestro, “pater famílias”, maridão! Mas, a Vilma “boazuda”, qualitativo que os músicos sempre empregam ao lado de seu nome, também não pareceu querer esconder-se do ato em que os surpreendi na sacristia. Depois daquele instante, durante o ensaio, e sempre, trata-me como se nada tivesse havido, talvez orgulhosa de agarrar o seu pau, ou quantos mais, na conquista da igualdade de direitos, modernamente, materialmente, sem espiritualismos, sentimentalismos e moralismos relacionados com antigas, injustas e sofridas subordinações de gêneros. E eu me sinto perdido no tempo de transformações e espaço da imensidão brasileira. Quantos costumes diferenciados se cruzam nesses tempo e espaço de valores desiguais!, de sociedades de desequilíbrios sociais, regiões diversas, moradias, níveis de
educação... tudo se confundindo... Será só isto, ou na verdade há mais a considerar dos temperamentos desviando-se dos compromissos assumidos, as insatisfações continuadas ante a impossibilidade da materialização da música inefável, do paraíso prometido, da candura da família copiada da idealização sagrada? As pessoas se materializam muito facilmente. Os espíritos concebidos para ordenarem os convívios, se dissolvem como modas dos outros tempos, de uma barroquice mineira de fachada, para turismo, exploração comercial. Não há mais espírito nem fé verdadeira. Só há mudanças rumo à satisfação das aparências. Os desejos simplificam-se na insaciabilidade do toque do sexo dos outros, seu nunca atingimento da posse definitiva, incrementando fugas perenes, sempre em novas buscas, para se dizer potente, triunfante do jogo eternamente adolescente, carente do conforto parado no tempo das Minas Gerais que se quiseram pão de queijo, imagem de igreja, linguicinha com uais e boca fechada para não se trair com alguma transitoriedade, tudo mutante. E assim se fazer não sendo a respeitabilidade pequeno-burguesa sem afirmações categóricas, somente passagens que se cumprimentam educadamente no cruzamento talvez só existente no toque dos sexos, olhos fechados, desconhecendo de fato os parceiros, para não se comprometer, a nunca poder abrir o ar para o voo julgado impossível. *Escritor e poeta, presidente da Academia Petropolitana de Letras e membro da Academia Brasileira de Poesia - Casa de Raul de Leoni.
recorte Marcelo J. Fernandes meu filho pequeno me indaga, de golpe, em quantas casas vivi. “dezoito”, hesito. remonto os ambientes fora de qualquer ordem remoo antigos cromos reúno laudas de memória, algumas já desfeitas, puídas de mágoas que não expiram. faço contas. guardo relíquias preservo restos, rastros, lustro estojos que jamais retomarei nem darei conta. dezoito casas. meu filho não as concebe em seus números ainda pequenos. apuro o passo o mais que posso. então, uma dor oblíqua me assalta, amplia, dilata. Na velha gare, busco o futuro, em vão. “ passou há pouco” , aponta, sobre o ombro, o chefe da estação. Marcelo J. Fernandes é poeta, membro da Academia Petropolitana de Letras.
Tia Ritinha, à espera
Mesa
Fernando Fábio Fiorese Furtado
Mara Senna
Por quantas cidades se arrasta uma dor até encontrar a Cidade?
Da mesa posta da memória, andei recolhendo os pratos, os fatos, as histórias. Recolhi os talheres, os prazeres e os desprazeres, os bem e os mal-quereres. Recolhi os copos, os corpos, os estorvos, os lapsos. Só deixei a toalha limpa, pronta para a surpresa. A vida, muitas vezes, é quem serve a melhor sobremesa.
De quanta distância preciso para o amor que me assombra? Quando sabem, os mortos são súbitos. A vida não. Como o grisalho demora em longas noites. Os ruídos incomodam. Não porque ele se aproxima — porque ainda distante. Fernando Fiorese é poeta, reside em Juiz Fora, professor da Faculdade de Comunicação da UFJF. O poema acima faz parte de seu livro “Corpo portátil” (São Paulo, Escrituras, 2002)
Mara Senna é natural de Araxá-MG, mora em Ribeirão Preto-SP. Possui vários prêmios literários, entre os quais o Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody (2010).
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