Jornal Lampião - Edição 31

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

LAMPIÃO DESDE 2011

LEIA E REPASSE

Jornal-laboratório | Jornalismo UFOP | Ano 8 | Edição Nº 31 | Maio de 2018

S P D O MG

www.lampiaodigital.ufop.br

BRENER MOUROLI

POPULAÇÃO DE OURO PRETO SOFRE COM RAIO-X QUEBRADO N A UPA RAMON VINNY

Com aparelho da Unidade de Pronto Atendimento quebrado, pacientes reclamam da necessidade de se deslocarem a outras unidades médicas para a realização do exame, além de precisar levar um CD para a gravação dos resultados. O entrave burocrático envolve o contrato entre a Secretaria Municipal de Saúde e a LM Biotecnologia, empresa responsável pela manutenção e reparos na máquina. PÁGINA 5

CIDADES

CULTURA

CHECAGEM DE FATOS

CONHEÇA O ÔNIBUS QUE TRANSPORTA CULTURA E CONHECIMENTO

Amarildo Júnior divulgou nota com dados sobre investimentos, distribuição e consumo de água em Mariana. O LAMPIÃO conferiu. PÁGINA 4

FÁBIO AUGUSTO CARVALHO

MEIO AMBIENTE RAMON VINNY

Só 4% do lixo produzido é reaproveitado em Mariana. A falta de lixeiras nos bairros gera o descarte indevido nas ruas. PÁGINA 4

Carro Biblioteca, projeto de extensão da Ufop, leva semanalmente mais de 2.500 livros a bairros periféricos de Ouro Preto. Além do incentivo à leitura para jovens e adultos, são oferecidas oficinas artísticas e culturais para crianças. PÁGINA 6


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LAMPIÃO

OPINIÃO

MAIO DE 2018

EDITORIAL

ao

Rumo futuro

sem

esquecer o passado

Em 2018, o LAMPIÃO passou por uma reformulação em seu conceito editorial e se tornou multimídia. Isso significa que, agora, além de acompanhar as notícias sobre Mariana, Ouro Preto e seus distritos no jornal impresso, o leitor poderá ter acesso às informações no portal do veículo. Com isso, o site busca se adequar ao conceito de um jornalismo mais dinâmico e moderno, com interatividade, vídeos e áudios para que haja a maior imersão possível em todo o nosso conteúdo. Essa adaptação nos possibilitou a criação de ciclos produtivos com uma continuidade maior. Passamos a produzir matérias de cobertura dos principais acontecimentos que ocorrem nos municípios de Mariana e Ouro Preto, como a crise de conjuntivite em Mariana e a tradicional Festa Cultural da Goiaba, que ocorre no pequeno distrito de São Bartolomeu, localizado a 15 quilômetros da sede de Ouro Preto. O nosso site possui uma capacidade de atualização mais rápida do que a edição impressa do jornal. Contudo, não abrimos mão da qualidade de nossas reportagens. Nesta edição, poderemos acompanhar os transtornos e os desdobramentos causados pela quebra de uma peça da máquina de Raio-X da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada no bairro de São Cristóvão, em Ouro Preto. Mostraremos uma personagem diferente para explicar o projeto de extensão da Universidade Federal de Ouro Preto, o próprio ônibus que transporta os livros para as crianças, além de um infográfico com informações sobre o lixo produzido em Mariana. Abordaremos de forma direta a segurança pública, explicando para os leitores como é feita a Ronda do Bairro realizada pela Guarda Municipal de Mariana, e a estreia do nosso programa de checagem de fatos. Para finalizar e não deixar

CRÔNICA

Um cafezinho, um Dorflex, por favor... TEXTO: VH GONZAGA ARTE: BRENER MOUROLI

Quando eu era mais jovem, adorava reparar os velhinhos da praça jogando dominó. Geralmente, eles chegavam cedo e passavam o dia todo lá, conversando e, entre uma frase e outra, colocavam suas peças estrategicamente completando o jogo do adversário. Há tempos não vejo pessoas jogando na praça. Não sei se pela correria do dia a dia, ou por ser uma tradição que está se acabando. Talvez fosse uma coisa que me impressionava apenas quando eu era garoto. Com o passar dos anos, parece que o sabor das coisas simples admiradas por uma criança vai passando. Por exemplo, eu gostava de correr atrás do carro do moço que entregava leite na rua. Hoje, quase não há pessoas que entregam leite nas casas, mas, caso existissem, se fosse correr atrás, além de uma dor no joelho absurda, as pessoas da rua iriam estranhar. Ser jovem, para mim, significa não se importar muito com o que vão pensar sobre nossas ações. Tínhamos licença poética para praticamente tudo. Passei a juventude com o sonho de poder chegar em casa um pouco depois das dez da noite. Era a rebeldia incrustada no relógio. Hoje, o sonho é apenas chegar cedo em casa.

de lado a nossa tradição, apresentaremos um ensaio fotográfico sobre os esportes urbanos praticados no município. Mas 2018 não é marcado somente pela adequação do jornal laboratorial ao uso de tecnologias contemporâneas. Também é uma época para meditarmos sobre o passado. Passaram-se 50 anos de um dos momentos mais tristes da história republicana brasileira. No ano de 1968, o Ato Institucional número 5 (AI-5) foi decretado, o momento mais sombrio da Ditadura Civil-Militar instaurada em terras tupiniquins. O Congresso Nacional foi fechado, direitos civis foram cassados, brasileiros foram perseguidos, torturados e mortos pelo regime. Recentemente, nossa jovem democracia passou por outro golpe. Dessa vez, parlamentar e, como o golpe de 1964, com fortes interesses da elite nacional. O mesmo Congresso destituído durante o AI-5 impediu de forma arbitrária a continuidade do governo de uma presidenta legítima, eleita democraticamente. O impedimento da presidenta foi contra o povo e a nação, foi a imposição da intolerância e do preconceito, a volta do conservadorismo, das reformas cruéis, dos sucateamentos, da fome. Em outubro deste ano, passaremos novamente pelo exercício máximo da democracia: iremos escolher os futuros representantes da República. Todavia, como “em um grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo”, o principal candidato a assumir o cargo máximo do Poder Executivo foi obrigado a se entregar à Polícia Federal e fez isso carregado pelos braços do povo. Como em 13 de dezembro de 1968, nosso direito de escolha está sendo cerceado.

ENTRE OLHARES TUILA DIAS

Com o tempo, as ambições vão mudando. Quer coisa melhor do que chegar em casa e se deitar em um lençol bem esticado na cama e um edredom com cheiro de amaciante? A emoção é maior do que a de tocar a campainha do vizinho que não devolvia a bola e sair correndo. Confesso que, às vezes, acho chato envelhecer. Tem horas em que sinto falta daquela criança cheia de saúde que dormia pouco e, ainda assim, no outro dia, levantava cheia de energia para atazanar os mais velhos. Se passar 24 horas acordado hoje, seriam necessários dois dias de atestado médico - assinado justamente. O tempo nos faz naturalmente chatos, ranzinzas. Daqueles que pensam em não devolver a bola da criança ou que cogita reclamar do vizinho com som alto às dez da noite. O que pensar de uma festa sem um banquinho para ficar estrategicamente sentado? Não proporcionar esta regalia seria um crime para o bom andamento da noite. A vida passa como se, em um determinado momento, um sensor fosse ativado e determinadas coisas não coubessem mais no nosso cotidiano. Sinto falta das histórias que eu criava quando brincava com meus bonecos e carrinhos. Quantas histórias. Criança, ficava imaginando como eu seria dali a dez anos. Hoje, penso em como era há dez anos, e quem serei daqui a mais dez. A vivência nos traz muitas possibilidades e, hoje, começo a refletir sobre o que devem pensar os velhinhos do dominó. Será possível ser, ao mesmo tempo, a criança que toca a campainha do vizinho e, ainda assim, ser a pessoa que joga dominó na praça?

- laboratório produzido por estudantes do curso de Jornalismo | Instituto de Ciências LAMPIÃOJornal Sociais Aplicadas (ICSA) / Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) | Reitora: Profa. Cláudia

Aparecida Marliére de Lima | Diretor do ICSA: Prof. José Benedito Donadon Leal | Chefe de Departamento: Profa. Karina Gomes Barbosa | Presidenta do Colegiado: Profa. Michele da Silva Tavares | Docentes responsáveis: Adriano Medeiros da Rocha (Audiovisual), Ana Carolina Lima Santos (Fotografia), Jan Alyne Prado (Interface), Kamilla Morando Avelar (Sonoro), Karina Gomes Barbosa (Texto), Michele da Silva Tavares (Visual) | Editora de Interface: Larissa Venâncio | Editor de Impresso: Carlos Romano | Gerente de mídias sociais: Maic Costa | Revisora: Patrícia Consciente | Fact Checker: Patrick de Araújo | Editor de Visual: Brener Mouroli | Sub-Editora de Visual: Juliana Folhadella | Editora de Sonora: Luana Maciel | Editora de Fotografia: Tuila Dias | Editora de Texto: Juliana Carvalho | Sub-Editora de Texto: Suzane Pinheiro | Editor de Audiovisual: Igor Oliveira | Equipe Visual: Júlia Militão, Larissa Maiane, Mariana Storto, Tânia Scher | Equipe de Sonora: Domingos Gonzaga, Guilherme Frutani, Raphaela Cyrne | Equipe de Fotografia: Bruno Campos, Deivid Oliveira, Fábio Augusto Carvalho, Felipe Cunha, Ramon Vinny | Equipe de Texto: Elis Cristina, Georgyanne Sena, Karina Peres, Lucas Mantovani, Rafaela Queiroz, Renato Rinco, Túlio Garilio, VH Gonzaga | Equipe de Audiovisual: Amanda Egídio, Celso Peixoto, Laryssa Gabellini | Monitoria: Francielle de Souza, Matheus Iglesias, Mayron Brito | Colaboração: Roberta Bragança | Tiragem: 3000 exemplares | Endereço: Rua do Catete, nº 166, Centro, Mariana - MG - CEP: 35420-000

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LAMPIÃO

MAIO DE 2018

POLÍTICA

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Revelações dos Anos de Chumbo

Relatório da Comissão da Verdade em Minas Gerais expõe perseguições sofridas pelo movimento estudantil durante a ditadura militar

13/12/1968

1971

Decreto do Ato Institucional nº5

Judith Malina é presa pelo Dops

O Ato mais duro imposto pela 14/12/1968 ditadura concedia poder absoluto ao executivo, suspendia direitos políticos, A repercussão em Ouro Preto proibia manifestações públicas, entre outras determinações. No dia seguinte ao anúncio do AI-5, o então presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto, Theódulo Pereira, discursou sobre o novo ato, recomendando que os vereadores fossem coniventes com as decisões do governo.

Em 30 de junho, os integrantes do The Living Theatre, que estavam em Ouro Preto, foram presos pelo Dops, acusados de uso e tráfico de maconha, e liberados no dia seguinte. Em 5 de julho, eles voltam a ser presos, e, desta vez, levados à sede do Departamento, em Belo Horizonte. O caso ganhou repercussão internacional, e, em 27 de agosto, o presidente Médici assinou o decreto de expulsão dos atores estrangeiros do país.

Texto: Rafaela Queiroz Arte: Mariana Storto

A ditadura militar brasileira teve início após o ex-presidente da república João Goulart (1961-1964) ser deposto e as forças militares assumirem o poder. O golpe militar teve apoio do Congresso Nacional, que decretou em 9 de abril de 1964 o Ato Institucional nº 1 e permitiu ao congresso eleger de forma indireta o novo presidente, o general Humberto de Alencar Castello Branco (1964-1967). Em 1967, Castello Branco deixa a presidência e o general Artur da Costa e Silva (1967-1969), através de eleições indiretas, assume o cargo. O general procurou institucionalizar a ditadura, intensificando a repressão militar para controlar a “ameaça comunista” através do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que suspendeu a concessão de habeas corpus e permitiu a tortura por parte de militares àqueles que, de alguma forma, fossem considerados “inimigos”. Em 2011, no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, foi criada a Comissão Nacional da Verdade, a partir da Lei nº 12.528, de 18 de novembro de 2011, que busca exami-

nar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticados nos 21 anos em que perdurou a ditadura. A partir da lei nacional, a ex-deputada estadual pelo PSB Liza Prado apresentou um projeto de lei para a criação do relatório da Comissão da Verdade em Minas Gerais (Covemg). O relatório final da Covemg, publicado em dezembro de 2017, tem como principal função esclarecer à população mineira os terríveis acontecimentos que se deram em Minas Gerais durante a época da ditadura militar. Um dos importantes depoimentos contidos no relatório é o da ex-presa política, psicóloga e membro da Covemg, Emely Vieira Salazar, que define o que era a tortura: “(...) É um sofrimento físico, mental e psicológico que recrudesce até a morte. É constituído por chutes (em todas as partes do corpo), socos, e ainda com auxílio de instrumentos: choque elétrico, pau de arara, telefone, palmatória, geladeira, afogamento, esmagamento, queimadura e todo tipo de sevícia. Todo espancamento é acompanhado de xingamento: palavras de baixo calão, ofensas morais, ameaças aos parentes, humilhações e ofensas sexuais. (...) Na verdade, a tortura tenta destruir o

sujeito no íntimo do seu ser: suas convicções, valores, sua autoestima. Tentam aniquilar o corpo e a alma do preso.” MOVIMENTO ESTUDANTIL EM OURO PRETO

O relatório busca abranger temas como: a posição das igrejas cristãs durante o governo militar, a tortura, a extrema direita, a censura aos meios de comunicação de massa, a repressão ao movimento estudantil e às universidades de Minas Gerais, entre outros. No capítulo que trata sobre as universidades, a Escola de Minas e a Escola de Farmácia são citadas devido a alguns estudantes e servidores, tidos como possíveis “inimigos” do Estado. Eles foram enquadrados em Ouro Preto e Mariana e levados para o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de Belo Horizonte. Em 27/04/1964, uma Comissão de Inquérito foi instaurada pelo diretor da Escola de Minas, professor Joaquim Maia, devido ao Ato Institucional nº 1, que permitia perseguir os opositores ao regime militar. Composta pelos professores Antônio Pinheiro Filho e Moacyr do Amaral Lisbôa e pelo

07/1974 Números de prisões durante o Festival de Inverno são ocultados Segundo o relatório oficial, Weber Americano, delegado responsável pelo policiamento em Ouro Preto na época, registrou sete prisões por uso de drogas. O Estado de Minas noticiou 250 detenções por entorpecentes, informação dada pelo próprio delegado.

Nome: Elba Goulart Depoimento: Teve aquela anistia, mas os que cometeram crimes não foram responsabilizados. Eles fizeram o que quiseram, mataram, prenderam, torturaram e não responderam por isso. No Chile o pessoal respondeu por isso, lá na Argentina até hoje respondem, mas aqui no Brasil, não. Aqui no Brasil foi uma anistia meio de conversa fiada.

04/1977 Congresso entra em recesso O então presidente Geisel encontravase em dificuldade para conseguir firmar as tomadas de decisões. Ele não possuía toda a autonomia que desejava, devido ao grande número de senadores e deputados do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido da oposição. Por isso, em 1977, o presidente fecha o Congresso.

Nome: Arnaldo Fortes Drumond Depoimento: A nossa reivindica- ção na época era anistia ampla, geral e irrestrita. Irrestrita porque ela deixou de fora alguns casos no primeiro momento, não teve essa amplitude e a anistia implicaria também em rever a responsabilização histórica que não foi revista oficialmente até hoje.

1973 Discurso cívico em homenagem à “Revolução” de 1964 O discurso proferido comparava o golpe de 31 de março de 1964 à Inconfidência Mineira. A intervenção era denominada pelos militares de “revolução”, e era celebrada em Ouro Preto.

Nome: Gélcio Fortes Depoimento: Eu acho que o Brasil é o país mais atrasado ainda em rever esse momento tenebroso. Acho que a Argentina, Chile estão muito mais evoluídos nesse sentido, de abrir processos reais porque são pessoas que foram criminosas. Porque essas pessoas (presos políticos) podiam ser presas e ter cumprido, ainda que dentro de uma visão deles (militares) de considerar como crime, mas elas (presos políticos) poderiam ter sido presas, ter cumprido pena e estarem aí vivas até hoje, mas elas foram assassinadas. E isso ainda não foi resolvido aqui no Brasil. Enquanto em outros países já colocaram generais na cadeia, aqui no Brasil foi uma anistia mais ou menos em que se anistiou tudo e se anistiou terroristas, torturadores e generais.

1977 Estudantes da Ufop pela Anistia Assim como no resto do país, os estudantes da Ufop estavam participando ativamente das mobilizações. Em entrevista dada em 2003, Nilmário Miranda, na época deputado federal, relatou que eles “se organizaram rapidamente, participando bastante da retomada do movimento estudantil e dos grandes movimentos como a luta pela democracia e as Diretas”.

servidor Roque dos Santos Paiva, a comissão foi uma das responsáveis por delatar docentes, discentes e servidores que teriam caráter subversivo. No entanto, também havia colaborações espontâneas aos trabalhos da Comissão de Inquérito, como a do pároco da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, José Feliciano da Costa Simões. Ao final das investigações, como forma de manter a imagem que a Escola de Minas tinha a zelar, mesmo reconhecendo o perigo dos adeptos à “doutrina vermelha”, decidiu-se não condenar ou absolver completamente aqueles que foram denunciados pela Comissão. A justificativa foi que os estudantes eram jovens manipulados, “vítimas de verdadeiros abutres”, “estranhos à classe estudantil”. Os únicos estudantes que foram desligados

17/10/1978 Revogação do AI-5 O Congresso Nacional publica a Emenda Constitucional nº 11, aprovada pela maioria governista, que revoga os atos institucionais da ditadura.

da Escola e ficaram proibidos de se matricular em qualquer outro estabelecimento de ensino por um período de três anos foram os estudantes Lincoln Ramos e Pedro Garcia. Os desligamentos se deram após a instauração do processo disciplinar, em 1969, presidido pelo diretor e reitor da Ufop Antônio Pinheiro, em consequência do Decreto-Lei 477, que define infrações disciplinares nas instituições de ensino público ou privado. Após a revogação do AI-5, o Brasil teve o seu último general como presidente, João Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985), que acelerou o processo de liberalização política e criou a Lei da Anistia. Esta lei permitiu que exilados políticos pudessem regressar ao país, concedeu perdão aos condenados por crimes políticos e impediu a investigação sobre os militares.

Estudantes arrolados na "Relação nominal dos elementos residentes no município de Ouro Preto, que foram presos e enviados ao Departamento de Vigilância Social"

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Estudantes de Engenharia

Antônio Carlos Moraes Sarmento; Márcio Antônio Pereira; Eduardo Teles de Barros; Nuri Andraus Gassani; José Paulo Vasconcelos Gomes; Osamu Takanohashi; Frank Ulrich Helmut; Paulo Roberto Hanan Barcelos; Wagner Geraldo da Silva; Haroldo Pereira da Silva; Jacques Herskovic; Nelson Maculan Filho e Sérgio Antônio Pretti Maculan

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Ney de Almeida

Secundarista

Ilustração: Roberta Bragança


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LAMPIÃO

MEIO AMBIENTE

MAIO DE 2018

O tamanho do problema Distribuição inadequada das lixeiras é apenas um dos impasses em relação aos resíduos da cidade TEXTO E ARTE: JÚLIA MILITÃO

Você já parou para reparar no número de lixeiras dispostas no caminho que realiza diariamente? Já teve que guardar o seu lixo no bolso por não ter encontrado nenhuma na rua? Quando nos afastamos do centro de Mariana, é possível perceber que a quantidade de lixeiras fica cada vez menor. A assessora técnica da Secretaria de Obras, Denise Almeida, afirmou que “normalmente as lixeiras são instaladas próximas aos pontos de ônibus e nas praças”. Ela informou também que a prefeitura recebe muitos pedidos de novas lixeiras por parte dos moradores e elas são colocadas apenas em pontos críticos de acúmulo. Por isso, não existem regulamentos ou critérios específicos a respeito de como deve ser feita essa distribuição. De acordo com o Plano Municipal de Saneamento Básico de 2014, Mariana produz cerca de 42 toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) por dia, o que resulta em 1.260 toneladas por mês ou 257 quilos por habitante ao ano. Para além do número de lixeiras, existe a dificuldade em relação ao descarte do lixo: a falta de campanhas de conscientização a respeito do uso dessas lixeiras e da importância da separação correta dos resíduos para a coleta. Para a presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável de Mariana (Camar),

instituição que realiza a coleta seletiva, Maria da Conceição, a responsabilidade do descarte dos resíduos começa em casa. A coleta e a varrição do lixo são realizadas de segunda a sábado (no Centro, também aos domingos) pela prefeitura juntamente com a empresa terceirizada, Império, e a Camar. Apesar dos serviços de limpeza urbana e coleta, a cidade está longe de ser um exemplo de reaproveitamento dos resíduos, aproveitando apenas cerca de 4% do lixo. Com o intuito de promover melhorias nesta área, a Prefeitura de Mariana está produzindo um material com informações da coleta por toda a cidade e realizará esta campanha juntamente com as associações de bairro. Um dos objetivos desta iniciativa é instruir sobre o melhor horário para depositar o lixo no local de retirada

O descarte ideal dos resíduos sólidos já é uma preocupação nacional. A lei 12.305/10 estabelece que a responsabilidade do lixo é compartilhada, ou seja, produtores, consumidores e o poder público devem se atentar ao aproveitamento e ao destino dos resíduos. Por isso, não basta apenas atentar-se ao número de lixeiras ou ao serviço público ofertado pela cidade. O primeiro passo começa com a separação correta do lixo e a responsabilidade com o seu destino final.

ROSÁRIO SÃO GONÇALO

SANTANA

SÃO PEDRO

CENTRO

CIDADES

Ronda atua na prevenção de crimes TEXTO: GEORGYANNE SENA ARTE: JÚLIA MILITÃO FOTO: FÁBIO AUGUSTO CARVALHO

O projeto Ronda do Bairro surgiu há quatro anos e é uma das medidas que o município adotou para aumentar a segurança pública em Mariana. De acordo com o secretário de Defesa Social, Braz Azevedo, com a implementação da Lei Federal nº 13.022, de 8 de agosto de 2014, que dispõe sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais, ampliou-se ainda mais o trabalho de ocorrências da Guarda Municipal na cidade. O patrulhamento ocorre em toda a cidade 24 horas por dia, garante o secretário. A Guarda Municipal conta com 120 agentes. Desses, 20 trabalham diretamente no projeto e ficam divididos em quatro turnos: manhã, tarde, noite e madrugada. A ronda é feita a pé na área central próxima aos bancos, no Jardim e no Centro Histórico, e também em viaturas e motocicletas em todos os bairros, que estão divididos geograficamente por setores. A estratégia de reforço do patrulhamento é feita de acordo com os índices de ocorrências no local. Os agentes trabalham com restrições em determinadas naturezas de ocorrências, como crimes com disparo de armas, porque os próprios guardas não possuem ainda arma de fogo. Sendo assim, os casos mais graves são encaminhados para a Polícia Militar (PM).

A Guarda Municipal tem uma atuação de zelar pelos bens da comunidade, e reforçar o patrulhamento é uma das soluções para dar à população uma segurança efetiva e de qualidade. Conforme a coordenadora da campanha Instinto de Vida do Instituto Igarapé, Dandara Tinoco, “é fundamental fortalecer o papel preventivo das Guardas Municipais, orientando sua atuação para a mediação de conflitos e resolução de problemas, o que inclui, por exemplo, a orientação da população sobre qual serviço público deve ser procurado a partir da identificação de demandas". “A grande maioria, mais de 80% dos roubos hoje são de celulares. Podem até levar a carteira, o relógio, mas o celular está lá", afirma o capitão da PM Wagner Souza. Segundo os dados da Secretaria de Defesa Social, o total de ocorrências atendidas pela Guarda Municipal em 2017 foi de 699. Os registros de ocorrências mais frequentes em 2017 são de naturezas assistencial (quando algum cidadão passa mal na rua, por exemplo), acidente de trânsito, furto e perturbação de sossego. Diferentemente dos cidadãos marianenses, ou dos que moram na cidade há muito tempo, estudantes da Ufop relataram uma constante sensação de insegurança devido a recorrentes assaltos, roubos, agressões e arrombamentos nas repúblicas estudantis. Uma possível hipótese para esse contraste é a sensação

FÁBIO AUGUSTO CARVALHO

Rotina. Diariamente, agentes de segurança realizam patrulhamento no centro de Mariana

de não pertencimento dos universitários ao local, pois “são cidadãos não definitivos da comunidade”, aponta a conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Marlene Inês Spaniol. De acordo com o capitão Wagner Souza, “o fenômeno da criminalidade tem um referencial com relação ao nível social do bairro”. A maioria dos crimes contra o patrimônio (como roubo, furto, dano) acontece nos bairros nobres, como Cruzeiro do Sul. Na área central, é frequente o registro de furtos e roubos,

enquanto na área periférica, os mais comuns são tráfico e homicídios. A Polícia Militar aconselha a vítima a registrar o boletim de ocorrência para qualquer crime, pois os registros geram estatísticas e o governo vai se basear nesses índices para futuros investimentos nas ações preventivas de segurança pública na cidade. Até o fechamento da reportagem, não recebemos os dados sobre os registros da criminalidade na cidade de Mariana solicitados à PM e à Polícia Civil.

CHECAGEM

Contradição marca nota do Saae TEXTO: PATRICK DE ARAÚJO ARTE: JÚLIA MILITÃO

No dia 26 de março de 2018, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Mariana (Saae) publicou uma nota em sua página no Facebook, assinada por Amarildo Júnior, atual diretor executivo da autarquia. Na ocasião da publicação, Amarildo completava pouco mais de 100 dias à frente do Saae. Pensando no interesse público, no jornalismo local, nos princípios da checagem de fatos e em como os serviços do Saae afetam toda a cidade de Mariana, o LAMPIÃO checou:

“O atual governo é o único, nos últimos anos, que tem buscado investimentos em âmbitos estaduais e federais para mudar a realidade da distribuição de água e do tratamento do esgoto da nossa cidade”.

É VERDADE, MAS...

O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), vinculado ao Ministério das Cidades, é o maior banco de dados sobre saneamento no país. O sistema disponibiliza uma série histórica desde o ano de 1995 em que é possível consultar todas as informações sobre os sistemas de água e esgotamento sanitário dos municípios brasileiros. Há somente dados disponíveis sobre o Saae a partir de 2006, já que a autarquia foi criada em 2005. Os dados são fornecidos pelos prestadores de serviços como o Saae e as prefeituras municipais. Os últimos dados disponíveis são de 2016. O prefeito Duarte Júnior (PPS) assumiu a prefeitura em meados de 2015, depois que o titular do cargo, o ex-prefeito Celso Cota (PSDB), teve o mandato cassado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ou seja, os dados fornecidos ao SNIS nos anos de 2015 e 2016 já se referem à gestão

do atual prefeito. Neles, não constam informações sobre investimentos realizados em saneamento ou abastecimento de água pelo estado ou governo federal no município de Mariana. Apenas há investimentos realizados pelo próprio Saae. Em 2006, não há dados sobre investimentos em água e esgoto. Entre 2007 e 2010, há pequenos investimentos que não ficam claros se são em água ou esgotamento sanitário e somam um total de R$ 798.630,12. Em 2011, só há dados sobre resíduos sólidos. A partir de 2012, há aumento no investimento em abastecimento de água em Mariana. De 2012 a 2016, o Saae investiu R$ 3.913.559,02 em abastecimento de água. Já em esgotamento sanitário, nesse mesmo período de tempo, o Saae investiu R$ 504.937,86. Em 2014 e 2015, não há dados sobre investimento em esgoto. Estes investimentos podem ser de melhorias no sistema ou manutenção no sistema que já existe.

Outra questão é que o diretor do Saae não contextualizou a informação com as sucessivas crises vividas pela cidade de Mariana. De 2009 a 2015, foram nove trocas de prefeitos. Há também o rompimento da Barragem de Fundão, da Samarco (Vale/BHP Billiton), em novembro de 2015. Desde a tragédia, a Prefeitura de Mariana busca investimentos para a cidade, mas não necessariamente em saneamento básico. Essas crises podem ter comprometido a busca por recursos e também a prestação de serviços da autarquia. Segundo a assessoria de comunicação do Saae, “o último grande investimento no sistema de abastecimento de água do município foi no começo dos anos 2000 (construção da ETA Sul, localizada em Passagem de Mariana). Desde então, o sistema de distribuição continua o mesmo, sem grandes modificações. O que tem sido buscado agora é um investimento satisfatório, que possa mudar a realidade de muitos marianenses.”


LAMPIÃO

MAIO DE 2018

SAÚDE

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Raio-x da UPA de Ouro Preto está parado há cinco meses Contrato vencido com empresa que presta serviços de manutenção impede o conserto da máquina e causa transtornos à população RAMON VINNY

Comércio. Secretaria encaminha pacientes para outras unidades; em algumas, é necessário comprar CDs para gravar radiografias

está pagando pelos serviços de radiografia da Santa Casa. A Secretaria de Saúde não informou ao LAMPIÃO quanto paga ao hospital pela realização dos exames. A demora na realização do exame, o O aparelho de raio-x da Unidade de deslocamento até a UPA para depois ser Pronto Atendimento (UPA) no bairro encaminhado para a Santa Casa e a necesSão Cristóvão, em Ouro Preto, está pa- sidade do CD para a gravação do raio-x rado há cerca de cinco meses, prejudi- na Ufop são as maiores reclamações. Tal cando a qualidade dos serviços públicos situação é evidenciada, por exemplo, por de saúde. Desde o dia 26 de dezembro, o José Fernandes da Silva, 61 anos, que leaparelho não opera raios-x por causa de vou a irmã, Márcia de Fátima Fernandes dois componentes queimados na placa. A da Silva, 52, para fazer o exame. expectativa do coordenador de urgências da UPA, Leandro Leonardo de Assis Moreira, era de que a máquina voltasse a funcionar até 14 de maio, o que não ocorreu. Dados obtidos junto ao coordenador mostram que o aparelho atendia de mil a 1.200 pacientes por mês. Com a falta do equipamento, os usuários são encaminhados para o atendimento de duas formas. As urgências são encaminhadas para a Santa José Fernandes da Silva Casa de Misericórdia, hospital privado que presta serviços ao Sistema Único de Saúde José e Márcia foram encaminhados da (SUS). Os exames eletivos são encaminhados para o Centro de Saúde da Ufop. UPA para o Centro de Saúde da Ufop, mesSegundo o Centro de Saúde da Univer- mo a paciente apresentando sintomas de sidade, no último trimestre de 2017, foram pneumonia. “Minha irmã passou mal a noiregistrados apenas quatro exames. Após a te inteira, estava com muito catarro. Viemos quebra do aparelho da UPA, os registros au- em consulta na UPA e a médica disse que mentaram para 422 só no primeiro trimestre poderia ser pneumonia. Fomos mandados de 2018, representando alta de 105,5 vezes para a Ufop, mas ninguém avisou que eu nos atendimentos. Segundo a coordenadora precisaria comprar um CD, tive que sair pra Deisyane Bouzada, o aumento não é preju- comprar. Demoramos, pelo menos, umas dicial para o Centro de Saúde. “A máquina três horas a mais”, afirmou José. de raio-x antes precisava de constantes reO mesmo aconteceu com Amélia Anparos por conta da ociosidade”, afirma. tônia da Silva, 90 anos, que estava senOs pacientes que utilizam o serviço da tindo dores na cabeça e com pedido de universidade ainda precisam comprar um raio-x para o tórax. Foi, junto ao filho, CD, pois o aparelho da unidade não revela João Batista da Silva, encaminhada de chapas. De acordo com Leandro Moreira, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para o exame na Santa Casa é liberado para os a UPA, para realizar o exame. “Me dissepacientes que obtiverem um carimbo de ram para ir até a UPA, só quando eu che“urgência” no pedido, o que obriga os guei aqui me disseram que eu tinha que ir usuários a se deslocarem primeiramente pra Ufop”, declarou Amélia. até a UPA para só então seguirem para a Santa Casa. A distância entre os locais é ENTENDA A DEMORA de cerca de 6,5 quilômetros e há ônibus e táxis-lotação disponíveis. Uma placa de policarbonato e a memóO coordenador de urgências da UPA ria do aparelho de raio-x queimaram por explica que esse procedimento é para que conta de uma oscilação elétrica ocorrida a Secretaria de Saúde saiba o número de no dia 26 de dezembro, segundo o coorpessoas atendidas e possa liberar os raios- denador de urgências, Leandro Moreira. x, visto que a Prefeitura de Ouro Preto “Existe um transformador que manda TEXTO: LUCAS MANTOVANI RENATO RINCO ARTE: JULIANA FOLHADELLA FOTO: RAMON VINNY

Só quando eu cheguei aqui [na UPA] me disseram que eu tinha que ir pra Ufop”

energia para a UPA e para o restante do bairro. Já acionamos a Cemig mais de uma vez, mas eles olharam e não fizeram nada, falaram que naquele momento estava tudo certo no transformador.” A Cemig negou qualquer problema com o equipamento. “Não temos relatos e nem histórico de ocorrências de falta de energia ou oscilação na UPA de Ouro Preto. A Cemig entrou em contato com a UPA e foi verificado defeito interno no local”, afirmou a assessoria da empresa. Existem dois transformadores em frente à UPA. O primeiro fica fora do local e o segundo está em um poste dentro da unidade. Os dois são de responsabilidade da Cemig, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo de Ouro Preto. De acordo com o superintendente da secretaria, Nilson Gomes, o município compra energia bruta de média tensão da Cemig e transforma em baixa tensão, função desempenhada pelo segundo transformador. Ainda segundo Nilson, não chegou à secretaria nenhuma reclamação de queima de aparelhos na UPA. Isso deveria ter sido feito pela Secretaria de Saúde ou pela empresa responsável pelas manutenções dos equipamentos, LM Biotecnologia, para que eles pudessem averiguar junto à Cemig se o motivo está no transformador. A UPA conta com um gerador, abaixo do segundo transformador, porém, segundo o que uma fonte informou ao LAMPIÃO,

o encarregado de ligá-lo é “quebra-galho, não tendo habilitação para manutenção”. No fim de 2017, a LM Biotecnologia, empresa que detinha o contrato de prestação de serviços para aquisição de peças, assistência técnica e manutenção mensal em todos os equipamentos e aparelhos médicos do SUS de Ouro Preto, foi avisada da quebra e levou a placa com os componentes queimados para Belo Horizonte. Somente no dia 11 de janeiro, a empresa retornou com uma proposta no valor de R$ 3.400 — R$ 1.900 pelo painel de policarbonato e R$ 1.500 pela memória —, com prazo de 30 dias para resolução. A justificativa da empresa sobre a demora se deu pela dificuldade de localizar os componentes que haviam queimado. Segundo Leandro, a proposta foi aceita no mesmo dia, e o pagamento foi efetuado à vista. Para agravar a situação, o contrato da prefeitura com a LM Biotecnologia venceu no dia 6 de março e a peça, já paga pelo governo, estava em posse da empresa, que não efetuou a instalação dos componentes. Até o dia 18 de abril, a secretária de saúde de Ouro Preto, Eliane Cristina Damasceno Coleta, não conseguiu reaver as peças. Ao mesmo tempo, a Prefeitura estava em processo de cotação de preços para realizar a mão de obra no raiox, com expectativa de que até 14 de maio o equipamento voltasse a funcionar. Segundo o coordenador de urgências, Leandro Moreira, existe a hipótese de que, mesmo sem contrato vigente, a LM Biotecnologia preste a manutenção no aparelho de raio-x, visto que o contrato era válido no momento da quebra e o prazo de 30 dias para resolução não foi cumprido. A empresa negocia com o setor jurídico da Prefeitura. A administração decidiu não renovar o contrato com a LM Biotecnologia, pois não havia mais verba em contrato destinada à compra de equipamentos. A empresa foi contratada em 2014 e, até março de 2018, recebeu R$ 226.789,00. “Existia a opção de renovação, mas não fizemos isso porque este contrato cobre manutenção preventiva e corretiva, mas não consegue renovar saldo de peças. Renovamos (o contrato) no início da gestão (2017), quando havia uma verba para peças, cerca de R$ 15 mil.”, afirmou Leandro. Procurada há mais de um mês, a secretária municipal de saúde, Eliane Coleta, não deu retorno ao LAMPIÃO até o fechamento deste jornal. Procurada há mais de duas semanas, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Ouro Preto se limitou, em nota, a dizer que “A Secretaria Municipal de Saúde informa que a manutenção do equipamento de Raio X está em andamento, sem previsão para entrega. Toda demanda por Raio X é direcionada à Santa Casa, assim o atendimento a esse procedimento está garantido”. Até o encerramento desta matéria o problema, não foi solucionado. RAMON VINNY

Espera. Sem poder realizar exames, unidade não tem previsão de regularizar situação


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LAMPIÃO

CULTURA

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Ônibus que transporta histórias

Além de conhecimento e diversão, o Carro Biblioteca da Ufop tem como objetivo estimular a leitura nas periferias de Ouro Preto

FÁBIO AUGUSTO CARVALHO

TEXTO: ELIS CRISTINA ARTE: JULIANA FOLHADELLA FOTO: FÁBIO AUGUSTO CARVALHO

No início, ele era igual a qualquer outro entre os irmãos, exercia a função que lhe foi destinada antes mesmo de sair da fábrica: transportar pessoas. Viajou quilômetros, conheceu algumas cidades, acomodou inúmeras pessoas, compartilhou e viveu muitas histórias, até que em 2009, algo aconteceu. Prestes a ser aniquilado pela universidade, ele adquiriu uma nova função. O Carolina IV da Mercedes-Benz, um dos primeiros ônibus da instituição, que transportava pessoas e servia a Ufop em suas excursões, passou a transportar livros e se tornou o “Carro Biblioteca da Ufop”, ou melhor, a Biblioteca Itinerante. O carro foi pensado por meio de um projeto, e por muito tempo houve vários esforços para buscar recursos financeiros e viabilizar a concretização da ideia. Ele passou por grandes transformações. As poltronas, que acomodavam estudantes e que eram um local de descanso e conforto, foram substituídas por armários e prateleiras. As janelas, que traziam luz e frescor, foram pintadas, lacradas e trocadas por pequenos ventiladores (barulhentos). A lataria original de fábrica foi substituída por um grande adesivo de GOOD WARE livros coloridos. Por onde passava, poderíamos perceber que aquele não era um ônibus convencional. Hoje, porém, boa parte da ilustração já não existe mais: apagou-se ao longo do tempo, levando consigo parte do encanto. Toda semana, ele deixa o cantinho escuro na garagem onde passa a maior parte de sua vida para realizar as visitas semanais. Em seu interior, há um misto de conhecimento e alegria que é compartilhado com moradores, principalmente crianças, dos bairros Alto da Cruz, Morro Santana e Piedade, todos pertencentes à cidade histórica de Ouro Preto. Dentro do carro há pouco espaço para se movimentar, brincar e fazer coisas como o teatro de fantoches, menos para a contação de histórias. Esta é a única prática realizada dentro dele e acontece ali mesmo no assoalho, local por onde muitos passam, mas que se tornou um cenário em que parte da mágica da literatura se revela. Carrega também três conjuntos de mesas e algumas cadeiras que, montadas na área externa, dão suporte para as atividades artísticas culturais. Nas janelas, lembranças daqueles que puderam demonstrar em pequenos desenhos PIXEL BUDDHA sua forma de contar um livro. Na porta de um de seus armários, é possível ler, ao adentrar, o “Nosso Combinar”: são as regrinhas que regem o ônibus. As prateleiras inclinadas, para que com seu movimento nada saia do lugar, acomodam cerca de 2.500 exemplares. O acervo é composto em grande parte por obras de literatura infanto-juvenil, entre eles livros interativos, como é o caso do livro Ninoca vai Brincar no Parque. O “carro do livrinho”, como é conhecido nas comunidades, leva também vários jogos educativos e o teatro de fantoches, que muitas vezes são usados para interpretações de histórias contadas pelas crianças. Mas ele não leva apenas literatura para os pequenos. O carro possui também alguns livros de conhecimentos gerais como os dicionários, livros de psicologia, história, literatura nacional e estrangeira, biografias, romances, culinária, e autoajuda, que são disponibilizados também para os adultos que acompanham seus filhos a cada semana. Os livros podem ser levados para casa, mas CREATICCA CREATIVE AGENCY devem ser entregues na semana seguinte pois, sem eles, o “carro do livrinho” não saberia sobreviver. O trajeto nem sempre é o mesmo, depende de qual motorista estará disponível no pátio da garagem naquele dia, mas ele percorre grande parte da cidade. O Carlinhos, motorista que mais o acompanha, fica grato a cada dia que o leva às comunidades. Dá pra ver a alegria em seu rosto. “Ver as crianças pegando os livros do carro e tendo um interesse pela leitura. Ah! Eu gosto muito, é gratificante”, revela o condutor.

Incentivo. Crianças do bairro Piedade, um dos atendidos pelo projeto, realizam atividades artísticas e culturais FÁBIO AUGUSTO CARVALHO

Ver as crianças pegando os livros do carro e tendo um interesse pela leitura. Ah! Eu gosto muito, é gratificante”. Carlinhos

Desenhos. Imaginação, lembranças, cores e afetos enfeitam o interior do ônibus

Hoje, a imagem do ônibus, trinta anos após a sua fabricação, não está alegre e vibrante. O sábio, agora velhinho, que divulga a cultura por onde passa, precisa de um socorro. A carroceria, antes viçosa e chamativa, está desbotada e tristonha, marcas da dedicação à população. Há mais de oito anos, ele recebe apenas algumas manutenções, as básicas, trocas de óleo, água, uma soldada ali e uma lá, uma checagem em seu fluido de freio, e o banho? Apenas quando necessário! Além disso, só é abastecido quando o tanque está pela metade, como falou o Serginho, outro motorista que tem a oportunidade de guiá-lo até os pequenos SAMLLLIKEART grandes leitores. Em torno de si, marcas de sua jornada, como uma cicatriz ganhada há cinco anos, quando, em um dia de visitas, o motorista que

lhe conduzia o esbarrou em um corrimão que estava na calçada da rua. As rodas evidenciam sua longa trajetória, o câmbio expõe as estradas que são percorridas diariamente, por ter um enorme buraco em que conseguimos enxergar a rua. O toldo, que proporciona atividades externas com maior conforto para as crianças, leitores e visitantes, precisa de uma enorme força para ser armado. Por esses motivos, talvez alguns nem o notem, passam por ele como se fosse um ônibus qualquer, não o conhecem e nem ao menos têm curiosidade, e ele se torna apenas mais um igual aos irmãos. Contudo, há aqueles que, mesmo com sua velhice e precariedade, não deixam de visitá-lo toda semana, sabem que LUCY COUSINS ele já passou por muitas FÁBIO AUGUSTO

situações e é feito de histórias. Suas particularidades e defeitos são deixados de lado para dar lugar ao deslumbre da literatura. Alguns anos atrás, DINOSOFTLABS ele visitava outros lugares, como os bairros Santa Cruz e Padre Faria e o distrito de Santo Antônio do Leite, mas com a idade avançada, fica difícil percorrer longas estradas: a estrutura não aguenta e é preciso até um calço para segurá-lo quando ele é estacionado. Levar essa biblioteca, com esse acervo literário e outros tipos de informação que as pessoas gostariam de ler, é tão importante que, em 2017, ele ganhou o segundo lugar no concurso de Melhores Programas de Incentivo à Leitura pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). É assim que ele vai vivendo cada dia de sua existência, levando conhecimento, alegria, diversão, afeto e muitas histórias até que um dia, quando finalmente se aposentar, muitos irão saber quem ele era, ou melhor, o que ele foi.

O Carro Biblioteca é um projeto de extensão da Ufop que tem como objetivo proporcionar de forma recreativa o incentivo à literatura nas periferias da Cidade de Ouro Preto. Quer saber mais sobre a história do Projeto Carro Biblioteca da Ufop? Entre no site lampiaodigital.ufop.br e fique por dentro. MYNAMEPONG

Encanto. Rikelme de Jesus, que não perde as visitas do Carro, se diverte com os livros


LAMPIÃO

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CULTURA

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Doce legado feito com goiaba Evento que acontece anualmente mostra que não há fronteiras entre renda, história e tradição no Distrito de São Bartolomeu TEXTO: KARINA PERES TÚLIO GARIGLIO ARTE: JULIANA FOLHADELLA FOTO: DEIVID OLIVEIRA DEIVID OLIVEIRA

Oficina. Fabricação de goiabada é atração

As curvas no caminho e a estrada de terra anunciam a chegada a São Bartolomeu. O pequeno distrito fica a 15 km da sede, Ouro Preto, e tem cerca de 300 habitantes. Entre os encantos do lugar, a Festa Cultural da Goiaba se destaca. Ela acontece desde 1993 e celebra a produção do doce mais famoso da região: a goiabada cascão. Em 2018, são comemorados os dez anos do registro da produção dos doces como Patrimônio Imaterial de Ouro Preto no Livro

dos Saberes e das Celebrações do município. O registro ocorreu após a Secretaria de Patrimônio de Ouro Preto realizar um dossiê de tombamento, que é composto por pesquisa histórica, depoimentos e fotografias. Segundo a produtora executiva da festa, Katia Luvi, 35 anos, o registro é de extrema importância para os produtores. “Resgatou vários produtores que estavam desanimados e trouxe mais visibilidade ao doce. Além disso, elevou a autoestima dos produtores e aproximou algumas pessoas mais jovens, que não viam o doce como possível sustento para as famílias.” Chamada de “doce pedaço de Ouro Preto”, a história de São Bartolomeu se mistura à de seu povo. A doçura está nas delícias produzidas e presente em cada morador que traz em si o jeitinho acolhedor típico do interior das Gerais. Dona Pia, 58, aprendeu a arte de fazer doces com Dona Maria da Costa, e se tornou uma das maiores produtoras da região. Além disso, ela é presidente da Associação de Doceiros e Agricultores Familiares do local. Dona Pia tenta levar o amor pela produção dos doces às crianças de São Bartolomeu, pois há uma apreensão que o legado acabe. Para isso, ela oferece oficinas durante o festejo em que o principal objetivo, além de ensinar, é manter os laços dos pequenos com a tradição. Neste ano, produziram biscoitos casadinhos de goiabada. Com paciência e dedicação, ela ensinou todo o processo, da fabricação até a hora mais gostosa: a degustação.

organizando uma exposição na “casa da festa”, local de eventos do distrito. Pode-se dizer que a festa continua celebrando a arte, agora a arte de produzir doces de goiaba. A concentração de pessoas durante as festividades era perceptível, com as ruas cheias de turistas e moradores de todas as idades. Com diversas opções de lazer, o clima era de sossego e alegria. Em um gramado próximo à Igreja Matriz de São Bartolomeu, uma das mais antigas do estado, datando de meados do século XVIII, um palco aguardava para receber as atrações musicais da noite. São Bartolomeu é uma união única de belezas naturais, como o Rio das Velhas e a Cachoeira do Macaco Doido, além de receptividade, tradição e amor ao trabalho. A Festa da Goiaba, com certeza, é um evento

memorável, que toca o coração não só dos turistas, mas também de todo o povo que vive ali. A arte de produzir doces do distrito comemora mais um ano de contínuo trabalho e dedicação. No que depender dos produtores e moradores, ainda irá comemorar muitos outros, pois esse trabalho é muito mais do que uma renda, como diz dona Pia, emocionada, ao citar os versos de um antigo doceiro: “Doceirinhas está chegando a hora, Os patrões estão chamando Precisamos ir embora Companheiros vamos bem ligeiro Que trabalho dá saúde Dá alegria Dá dinheiro.” DEIVID OLIVEIRA

ARTES E OFÍCIOS Curiosamente, a festa da goiaba nasceu a partir de uma oficina de arte que era realizada antigamente, chamada Oficina de Artes e Ofícios, ministrada por Gerson Fortes. O artista também participou este ano,

Celebração. Em sua 22ª edição, festividade reúne visitantes na rua principal

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QUEM SAO OS DONOS DAS PAREDES? TEXTO: TÚLIO GARIGLIO ARTE: JULIANA FOLHADELLA FOTO: DEIVID OLIVEIRA

O primeiro registro de uma pichação no Brasil foi feito durante a ditadura militar (19641985). Durante todo o regime, o picho se difundiu no país como uma forma de protesto contra os abusos cometidos à população e foi fortemente reprimido. O momento em que o país estava deu margem para que algumas pessoas usassem o picho para exporem suas opiniões no anonimato, já que quase nenhuma pichação vinha assinada. Com o passar do tempo, o picho se difundiu mais na cultura das ruas e, mesmo com o fim do governo militar, espalhou-se em grande escala nas cidades brasileiras, principalmente nos centros urbanos. Propriedades particulares como casas, prédios e estabelecimentos comerciais são alvos constantes das pichações, que continuam trazendo frases de protesto, além de assinaturas próprias dos pichadores, as chamadas tags, e frases com assuntos variados. O assunto é polêmico e divide opiniões. Em Mariana, cidade pequena de Minas Gerais, os

muros pichados podem dizer muita coisa sobre os problemas sociais e econômicos do município. Pode ser um grito de protesto dos pichadores que sentem esses problemas e também uma forma de ocupação do espaço urbano, ao mesmo tempo em que não agrada parte da população, que considera parte das apenas poluição visual. No Brasil, a pichação é crime ambiental, passível de detenção, de acordo com artigo 65 da Lei 9.605/98 (Lei dos crimes ambientais), que prevê pena de reclusão de três meses a um ano, além de multa para quem pichar, grafitar, ou, por qualquer meio, danificar uma edificação ou monumento urbano, sem permissão do proprietário ou do órgão público competente. No entanto, isso não impede a manifestação dos pichadores, que se arriscam ao desafiar a lei para se expressar. O pichador João*, que prefere não se identificar, picha nas ruas de Mariana e conta que se inseriu nesse universo cedo, desde os dez anos, principalmente sob a influência do Hip-Hop. Para ele, o picho é uma forma forte de expressão. “Picho foi feito pra incomodar, principalmente o setor público, a polícia, alguns setores que acabam se tornando inimigos de uma par-

cela da população. Acho que é nesse sentido, de estar ali incomodando as pessoas certas”. O picho em Mariana pode ser observado em várias localidades, como nas periferias, no Centro Histórico e em bairros como a Chácara. De acordo com dois pichadores entrevistados, os lugares mais visados para pichações de protesto são os que possuem casas melhores e maior infraestrutura. Com pichações que variam de formas e letras incompreensíveis para os leigos a mensagens com forte crítica social, como “a cidade é da humanidade, mas não da comunidade”, os muros abrigam questões que vão além de apenas rabiscos, em alguns casos. Para o pichador Rafael*, que também prefere não se identificar, a cidade é um prato cheio para os protestos do picho, e a ideia principal é fazer as pessoas olharem para esses problemas. “No Centro Histórico, que é uma das maiores críticas que eu faço no meu trabalho, tem muitos locais que não têm nada a ver com a história”. Ele também cita que o picho é um modo de ocupar outros espaços na cidade. “É uma forma de se

botar na cidade, por exemplo, um picho no centro feito por alguém que não é do centro. É uma forma daquela pessoa mostrar que está ali também”. Mesmo que o picho apresente suas motivações ideológicas e artísticas, ele não agrada a todos. Os pichadores e os entusiastas do movimento defendem seus motivos mas, da mesma forma, muitos que são atingidos diretamente se veem prejudicados. O restaurante Bistrô, localizado no centro de Mariana, é um exemplo que foi afetado pelo picho. O local, bastante conhecido por quem frequenta o centro, foi pichado três vezes seguidas com os dizeres “bistrô é caro”. A gerente Catharina Rolim, 22 anos, diz que entende a função do picho de dar voz àqueles que não são ouvidos de outra forma, mas não concorda com o fato de muitas vezes o picho atingir pessoas que não têm nada a ver com aquilo. “Uma coisa que acho complicada na pichação é o fato de ela geralmente ser feita em propriedade privada. Você vai gerar o gasto de consertar para uma pessoa que não tem nada a ver com o protesto deles”.

DEIVID OLIVEIRA

Poético. Mensagens de arte e protesto evidenciam um dos muitos sentidos do picho

DEIVID OLIVEIRA

Marcas. Símbolos são utilizados para legitimar a identidade de cada pichador


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ENSAIO

LAMPIÃO

MAIO DE 2018

Esporte de rua no espaço público FELIPE CUNHA

FOTO: FELIPE CUNHA BRUNO CAMPOS TEXTO: VH GONZAGA ARTE: LARISSA MAIANE

Os esportes radicais, há muitos anos, vêm ganhando a simpatia de muitos atletas, não só no Brasil, mas no mundo. A adrenalina e o desafio da superação das limitações são fatores que impulsionam as pessoas a desejarem, cada vez mais, praticar alguma das modalidades. Em Mariana, esportes como patins, BMX (modelo modificado de bicicleta), skate e o slackline reúnem um número considerável de simpatizantes, mas, infelizmente, os praticantes não possuem um lugar próprio e adequado para recebê-los. O jeito, então, é improvisar. Um banco de praça, um corrimão, uma rampa para carros, meios fios e até uma escada; tudo isso serve de obstáculo para os atletas. Os espaços públicos são ocupados pelos esportes alternativos. É bonito de ver. Diversas manobras, aplausos, e gritos de surpresa acontecem frequentemente quando uma manobra sai certa ou quando alguém quase consegue realizar um salto inusitado. O fato é que, embora estejam se divertindo, essas pessoas estão expostas a um perigo que não deveriam correr. Mariana, há aproximadamente dez anos, possuía um espaço próprio para estes tipos de atividades. No entanto, o local foi demolido, deixando os esportistas sem espaço e sem o ambiente que tanto aproveitavam. Durante este ensaio, algumas vezes os fotógrafos e atletas foram interrompidos pelo cotidiano. Ora um carro passava, outras vezes tinham de esperar os pedestres passarem pelos locais em que estavam. Os pisos são repletos de buracos, um perigo para quem pratica o skate, por exemplo. No patins, o corrimão da Pista de Caminhada que vai para Passagem acaba sendo um perigo tanto para o atleta quanto para os que praticam a caminhada. A BMX pode atingir altas velocidades e uma manobra equivocada em um local inadequado, pode causar um acidente grave. A necessidade da construção de um espaço próprio para essas pessoas vai além de uma questão de lazer. Trata-se do cuidado com a segurança. Em meados do mês de abril, após reunião com membros representantes Coletivo Mariana na Rua, foi garantido que uma nova pista seria entregue à população até janeiro de 2019. O edital de licitação foi publicado, oficialmente, na segunda-feira, 14 de maio. Se essa galera dá show nas ruas, imagina o que farão em um espaço feito exclusivamente para ela.

BRUNO CAMPOS

FELIPE CUNHA

BRUNO CAMPOS

BRUNO CAMPOS


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