942 Edição 02.03.2018

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Braganรงa Paulista

Sexta 2 Marรงo 2018

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Jornal do Meio 942 Sexta 2 • Março • 2018

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Bateu saudade! por Mons. Giovanni Baresse

Nestes dias folheava al-

escolhe onde vai exercer o mi-

formação interna e dos estudos

Bragança. Também lá a presen-

guns álbuns: o da minha

nistério sacerdotal. A promessa

teológicos deram-me a possibi-

ça de tantos que deram do seu

ordenação presbiteral,

de obediência ao Bispo traz no

lidade de estabelecer laços com

melhor para que a Igreja fosse

do jubileu de prata, de tem-

seu bojo a disponibilidade de

os bispos de nossa província

presença ativa e importante

pos de trabalho em Socorro,

assumir missão onde for ne-

eclesiástica, muitos sacerdotes

na busca de vida digna para

Campinas, Catedral, Atibaia.

cessário. Recém ordenado fui

e seminaristas. Também meu

todos. Agora na paróquia de

Fui recordando tantas pessoas

enviado a Socorro, que eu não

trabalho na área da Saúde da

Santa Terezinha, onde cresci.

com quem convivi. Muitos que

conhecia. Chegado de Roma,

universidade criou espaço impor-

Encontro ainda pessoas que

já estão na Eternidade. Outros

nunca imaginei que iria para

tante com professores, alunos e

fizeram parte da minha infância

de quem não tenho mais notí-

uma comunidade eminentemente

funcionários. Mais de 30 anos se

e juventude. Já não são tantos!

cias. Não sei nem onde e nem

rural. Lá, nos quatro anos que

passaram. E não esqueço tanta

E vou encontrando aqueles que,

como estão. Muitos com quem

fiquei, fui muito feliz. Fiz um re-

gente que deu dimensão mais

herdeiros da história iniciada

vou me encontrando. Estes e

torno imaginário para constatar

larga para a compreensão do

com os padres Aldo e Dona-

eu, graças a Deus, com anos a

que as pessoas a quem batizei,

direito fundamental à vida e à

to e tantos outros que aqui

mais! E, aceitando um conselho

à época, têm hoje acima de 40

saúde. Em Bragança, 26 anos

exerceram sua missão, tornam

do Papa Francisco, fiz questão

anos. Seus pais deverão estar

na Catedral. Uma vida marcada

a paróquia um sinal de Espe-

de parar e pensar sobre a im-

por volta dos 70. Os adultos,

pela presença forte de leigos e

rança. O ministério sacerdotal

portância dos encontros que a

com quem trabalhei e me aju-

leigas que ajudaram a dar base

exige sempre a disponibilidade

Vida nos proporciona. Pensei nas

daram tanto, na sua maioria, já

a uma comunidade consciente

em fazer as malas! E pode dar

limitações que as circunstâncias

estão em Deus! Ao longo des-

e ativa. Em especial, revendo as

a impressão que quando se vai

vão colocando em nossas vidas.

tes anos não foram muitos os

fotos, tantos que fizeram parte

de uma comunidade para outra,

De modo especial numa que o

contatos que consegui manter,

do forte movimento de jovens

todos os relacionamentos são

ministério sacerdotal impõe ao

mas sou profundamente grato

(TLC) e do Cursilho, liderados

cortados e o que se viveu é como

padre: a dificuldade em dizer a

e saudoso pelos momentos da

pelo sempre lembrado e amigo

se fosse apagado. Não é assim! A

todos com quem se convive que

convivência. Em Campinas, no

Padre Zecchin. A ida para Ati-

gente carrega no coração todos

são amados. Já disse, em outra

seminário e na PUCCAMP, os

baia, cidade tão próxima que eu

os que fizeram parte do pedaço

circunstância, que o padre não

trabalhos da estruturação da

desconhecia, e bem diferente de

da vida! Há uma renúncia que

Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

exige do padre amar sem a presença física e sem o apego que impeça de seguir caminho! É um pouco a razão da disciplina da Igreja que é o celibato. Não constituir família para servir a Deus e a seu povo com coração não dividido, como lembra São Paulo. Se o padre não aprende a amar as pessoas, a começar de sua família, com desapego, não se torna disponível para partir. Quando o seu desejo seria ficar! O padre tem sempre no coração lugares e pessoas onde viveu seu serviço sacerdotal. E se há um lugar privilegiado onde a memória se torna luz é diante Daquele que, amando a todos, não teve nenhum apego e é tudo em todos (Efésios 1,23)!


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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

Copia de forma fraudulenta Armadilha

Antigo Testamento (abrev.)

Mancada (bras.) Museu de Niterói

Diz-se do bife muito passado (pop.)

Cada peça artística do acervo de um museu

Nocivo Título nobiliárquico inglês Não funda (bras.) Lavrada (a terra)

Unidade de alocação do espaço em disco (Inform.)

Exercer as prerrogativas de dono

O rei traído por Guinevere (Lit.) Subornar (p. ext.) Arco, em francês

Cabo (?), acessório de câmera digital

Estágio da vida do inseto Resida

Região italiana nos Alpes Caráter do oxigênio, para o ser humano Catinga (bras.)

Delcídio do (?), senador brasileiro Brado do flamenco Edição (abrev.)

Topo (de serra)

Pele endurecida Disparo de revólver

19

Solução

F A R T U R A

S L VA

U B A RO

A I ME M IN O NA T Q A U E

BANCO

Erva do tereré Prazer do intelectual

IV RO

Local de prática do "rafting" (pl.)

54, em romanos Taxa de juros

A U S T R A L I A

(?)-fé: caracteriza o sofisma (Filos.)

Esperto; sagaz Conversa (pop.)

E C A C L R M S A I C R U O S L A A R C T I R

Peça circular do chaveiro Traje de (?), informação de convites

País cuja capital é Canberra

P O D I M N T A E R R A P T U R C E A L A M O E R D E

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Idi (?) Dada, ditador ugandense

F O R R F A A S T O L A A R A E D T A A M O L R E

violência, o número de assaltos e que não serve como meio efetivo de ação contra bandidos ou assaltantes. O uso das armas de fogo não fornece nem mesmo segurança para aqueles que possuem e tem tal instrumento em casa. Há, portanto, uma falsa sensação de segurança com relação a posse e uso das armas de fogo. Caso pensemos no Brasil, é claro que tais atentados são raríssimos por aqui. Nos últimos anos, assistimos com tristeza dois atentados contra escolas, um com arma de fogo e o outro com um incêndio que matou várias pessoas e feriu outras tantas, mas, por outro lado, somos o país que responde com 38% dos homicídios, com armas de fogo, no mundo, ou seja, nossa violência com armas de fogo esta dispersa. Curioso é lembrar que a posse de armas de fogo, salvo uma série de restrições e de exceções, é proibida por aqui. Tristemente, somos rota do tráfico internacional de drogas e temos aqui um intenso e incontrolável tráfico de armas também. Propor, como disse o presidente Trump, armar os professores é tão absurdo quanto dizer que os alunos devem levar suas armas de fogo para as escolas e salas de aula, é tão criminoso quanto a covardia de tal presidente em não tomar partido na discussão sobre a proibição do uso de armas de fogo nos EUA, é tão desrespeitoso e cruel quanto pensar e executar um ato de tamanha crueldade contra jovens que tinha toda a vida pela frente ou tirar a vida de quem se dedica ao trabalho na educação, como os professores mortos. Um quadro social global que assiste a escalada insana e inconsequente da violência, seja por questões religiosas, econômicas, políticas ou egoístas, não deve abraçar a falsa e mentirosa ilusão de que as armas de fogo irão, em qualquer momento, nos ajudar. Os atentados nos EUA, o centro da economia mundial, são a prova da falácia de tal pensamento e a razão maior para defesa de uma posição contrária a posse irresponsável das armas de fogo.

Historiador grego do século IV a.C. Material trabalhado pelo eborário

A L I C I A R

O atentado na Flórida, que resultou na morte de 17 pessoas, foi mais um incidente com armas este ano nos EUA que, incrivelmente, já contabilizaram mais de 18 casos nas suas escolas. Parte de seu mito fundador e reco nhecido na Constituição dos EUA , o direito de portar armas é uma das questões mais controversas naquele país. O direito ao porte de armas era uma garantia dos EUA, logo após a sua independência, de permitir que os cidadãos pudessem formar milícias armadas para defender o país contra inimigos internos e externos, além de fazer parte da cultura dos primeiros colonos americanos que só poderiam contar com suas próprias armas para se defenderem de inimigos e animais que habitavam a região, ou seja, havia um contexto histórico para o uso e o direito à posse de armas de fogo. No entanto, os anos se passaram, mas o culto quase messiânico do uso das armas continua por lá, expresso na venda de fuzis com versículos da Bíblia escritos no corpo das armas. Em alguns Estados dos EUA, a posse é festejada e os jovens com idade mínima são presenteados e estimulados a usarem seus novos presentes. Não é surpresa que os estadunidenses são, tristemente, reconhecidos como responsáveis pelo abate de grandes animais nas savanas africanas, nas estepes asiáticas e nas florestas sul-americanas. O presidente Theodor Roosevelt visitou o Brasil entre o final do século XIX e o início do século XX e abateu mais de vinte onças em sua passagem. O ato bárbaro e inaceitável de um jovem de 19 anos, que a tempos indicava o que pretendia fazer nas redes sociais, moveu a sociedade civil estadunidense, notadamente os mais jovens, contra o direito insano e incoerente do porte de armas de fogo. No meio da discussão, o péssimo presidente Trump disse que as leis dos EUA não podem ser mudadas por terem sido escritas por Deus. Argumento frágil, mas esperado no que diz respeito ao pior presidente da História dos EUA. Além disso, a despeito das bravatas e das bobagens dos defensores de tal direito, lá e cá, dados provam que a posse de armas de fogo não reduz a

© Revistas COQUETEL

Raça de cães de Romance de Markus caça de pelo curto Zusak (Lit.) Decímetro Nome vulgar do Parada (símbolo) hidróxido de cálcio

Ronaldo Fraga, estilista mineiro

E M O B A C L A G E M V A V A C U C O

por pedro marcelo galasso

Dito que revela grosseria Método de acondicio- Marca da namento de produtos vida do alimentícios milionário

3/arc. 5/imota. 6/pícaro. 7/cluster — pointer. 11/éforo de cime — vale de aosta.

EUA, Brasil, armas de fogo

www.coquetel.com.br


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por Shel Almeida

Matheus Canteri é um jovem guitarrista que ainda nem chegou perto dos 30 anos, mas que já pode contabilizar diversas conquistas profissionais. Com uma carreira que começou bem cedo, o rapaz passou por experiências que poucos esperariam. Quando descobriu a musica country, ainda na adolescência, não imaginava que hoje tocaria na banda norte-americana The Royal Hounds. Mas, mais do que o feito, a história de como chegou até aqui - e do que ainda está por vir - é o que interessa. Suas influências musicais começaram no rock, com Zakk Wylde, que tocou com Ozzy Osbourne, e Steve Morse, do Deep Purple. Ambos os guitarristas, por sua vez, têm influência do country, o que o fez Matheus se interessar por quem os havia influenciado e, dessa forma, uma coisa foi levando a outra. Desde seu primeiro EP lançado, em 2009, o country é a marca de sua música. “Foi um EP instrumental, de country rock, com quatro músicas, que foi lançado no Cardápio Underground. A partir disso, eu resolvi fazer umas músicas menos rock, com mais influência do country. Em um dia fiz três, bem rápido, mas sem pretensão nenhuma. Na mesma época, estava acontecendo um concurso, e minha mãe falou para fazermos um vídeo. Fizemos e ele chegou até o Flávio Gutok, que é um guitarrista que escreve a coluna sobre country na Guitar Player. Ele gostou, me mandou um e-mail convidando para uma matéria, que saiu em 2011, na coluna Oficina de Guitarra. Se eu já gostava de country, isso me deu mais certeza de que eu estava no caminho certo. A partir daí as pessoas começaram a relacionar o meu nome à guitarra country”, conta. Na época, mesmo muito jovem, o músico começou a perceber que tinha uma facilidade que outros guitarristas não tinham para tocar determinadas músicas e começou a explorar isso. Ele já tinha o talento, perceptível para qualquer pessoa, mesmo não conhecedora de música que pode acompanhar seus shows em começo de carreira. O que ele fez foi aliar isso à muito estudo e dedicação. Segunda conta, sempre foi um “nerd da guitarra” e continua sendo até hoje. YouTube Matheus escolheu esse estilo por influência, por aptidão musical e também por ser onde conseguiu se destacar e deixar sua marca. “Eu poderia ser bom, mas precisava ter um diferencial entre os bons”, comenta. Ele soube, também, usar os meios que tinha disponível para começar a se fazer conhecer. Foi, a partir de outro vídeo para a internet, que se tornou endorser de uma marca de equipamentos musicais e, com isso, conseguiu mais exposição em seu canal no Youtube, onde posta vídeos tocando músicas autorais, versões próprias de covers ou videoaulas. E assim, conseguiu chegar a circuitos musicais no exterior, mesmo sem ter tido a mesma experiência nacionalmente. “Todo mundo me dizia que eu tinha que ir para Nashville, berço do country americano. Mas, se eu iria para lá, mesmo sendo só mais um turista, tinha que ter uma estratégia. Lá existe uma banda local, a Don Kelly Band, que é muito famosa pelos guitarristas. É uma banda tradicional, desde os anos 80 toca no mesmo bar. E todos os guitarristas que passaram pela banda, depois de tocarem com o Don Kelley, acabaram sendo contratados por artistas maiores. Antes de ir conhecer, fiz um vídeo tributo tocando o clássico do estilo “Truck Driving Man” em seis formas diferentes, cada uma homenageando o estilo de um guitarrista que tocou nessa banda. O guitarrista que estava tocando na banda naquela época viu o vídeo e compartilhou no facebook dele. Então, quando eu cheguei em Nashville, as pessoas já tinham, pelo menos, já ouvido falar de mim. Eu entrava nos bares e me diziam ‘você é o cara do vídeo’. Outra coisa que

fiz, já que estaria lá, foi marcar aula com alguns guitarristas locais, para aprender e também para fazer contato. Um deles foi o Johnny Hiland. Ele já tinha visto o vídeo, elogiou meu trabalho e ligou pessoalmente para o Don Kelley, dizendo que tinha que me colocar no palco. Me avisou antes que o cara era durão, que talvez não me desse uma canja, mas que mesmo assim valeria muito a pena ir para assistir o show. No primeiro dia ele só conversou comigo, também disse que gostou do vídeo e me convidou para voltar. Aí sim, quando voltei, tive a honra de tocar com ele no palco. O Johnny Hiland também me convidou para tocar com ele, em outro bar, e também tem um vídeo disso no youtube. Além disso, o pianista da banda dele, Tim McDonald, me convidou para participar de uma gravação do Instituto de Arte local. Passei 15 dias em Nashville e foi surreal”, lembra. Talento O mais interessante (e gratificante) ao ouvir Matheus contanto sobre sua - ainda - recente carreira, é perceber que tudo aconteceu por reconhecimento ao seu trabalho. Ele não chegou tão longe por indicação de alguém influente, mas sim porque é bom no que faz, sabe e acredita nisso, e é empenhado em se aperfeiçoar tanto quanto em ir atrás do que quer. A The Royal Hounds também chegou até ele por conta dos vídeos que tem no Youtube. A princípio precisavam de alguém para substituir temporariamente o guitarrista ausente. Com o desligamento oficial dele da banda, Matheus se tornou integrante e, inclusive, já participou da turnê que fizeram pelo Brasil. No meio do ano tocam juntos na Bélgica e nos Países Baixos e preparam o lançamento de um novo CD, já com o bragantino como guitarrista. Agora, a meta é conseguir o visto de trabalho nos E.U.A para seguir a carreira em solo americano. A história de Matheus só está começando. Para conhecer e acompanhar o trabalho de Matheus Canteri, acesse: www.youtube.com/user/mathwylde www.facebook.com/matheus.canteri/ www.instagram.com/matheuscanteri/

Foto:Murilo Destro

Matheus Canteri começou a carreira em terras bragantinas, mas talento ganha o mundo Foto:Cadu Fernandes

Guitarrista foi convidado a tocar com a dupla Fernando e Sorocaba, durante show no Posto de Monta - Matheus & Fernando - Festa do Peão Bragança Foto:Antonio Carlos Veras Paes

Foto:Dayanne Michelato

Na turnê brasileira com o The Royal Hounds Big River Festival - Sapucaia do Sul, RS

alento aliado a empenho e foco. Matheus se destaca pelo estilo country

Em Nashville. Aula e canja no show de Johnny Hiland


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Home office é saída

para ganhar tempo

Sem ficar horas no trânsito, profissionais que trabalham em casa dizem que a vida melhorou, mas reclamam do isolamento por Ana Luiza Tiegh / Fernanda Reis/FOLHAPRESS

Trabalhar em casa não é só ficar de pijama e chinelo o dia todo. Para muitos adeptos do home office, o dia a dia profissional lembra a rotina de um escritório, mas com roupas mais confortáveis. Para manter a produtividade, é essencial ter disciplina. Seja por meio de horários regrados para começar e terminar as atividades ou por um plano de metas, é preciso ter controle para não se distrair. “Determino objetivos para completar no dia, mas é flexível. Muitas vezes tiro um tempo para alguma tarefa pessoal e trabalho até mais tarde depois”, afirma o desenvolvedor web Luciano Baldicerotti, 26, que trabalha em casa há três anos. Horários flexíveis e fuga do trânsito das cidades grandes resultam em mais qualidade de vida, vantagem exaltada por quem aderiu ao home office, trabalhando como autônomo ou em regime de teletrabalho (veja abaixo). “Eu me desgastava demais, levava uma hora e meia para chegar ao trabalho todos os dias”, diz a publicitária Fabiana Guilherme, 30, que há sete meses deixou uma agência para prestar serviço a uma empresa na qual os seis funcionários trabalham remotamente. “É tudo por Skype.” O estresse também levou a farmacêutica Lívia Teixeira, 28, a deixar há dois anos seu trabalho em uma indústria e a trabalhar em casa como coach, com foco no atendimento a pessoas com fibromialgia. “Agora sou outra pessoa, antes eu chorava todos os dias, chegava às 7h30 no trabalho e ficava até as 20h, e o ambiente era horrível.” Seu pai, empresário, e sua mãe, professora de inglês, também trabalham em casa, o que a ajuda a não se sentir sozinha. “Às vezes fico solitária, aí converso com eles.” O isolamento é a principal reclamação de Fabiana sobre o home office. Ela divide uma casa em São Paulo com mais duas pessoas e trabalha em seu quarto. “Chega uma hora que cansa ficar o tempo todo lá. Se você tem uma sala em casa só para trabalhar, é mais tranquilo.” Por parte dos empregadores, o corte de custos com espaço físico é justificativa para adotar o teletrabalho. Foi o que motivou a empresa de TI em que a analista de marketing Melissa Sliominas, 39, trabalha a adotar o home office. Ela deve cumprir uma carga horária semanal de trabalho, como se estivesse no escritório, mas tem flexibilidade para definir seus horários. Todos os dias, marca o começo e o término do expediente num aplicativo. Sua dica é não se esquecer de que haverá cobranças por resultados. “Se não tiver disciplina, você se perde, porque tem a geladeira, o cachorro, a televisão”, afirma. Ela vai ao escritório às sextas, quando encontra seus colegas. “O pouco contato visual é um ponto negativo de ficar em casa para quem é mais olho no olho, como eu.” A empresa forneceu o computador e paga R$ 100 por mês para ajudar na conta da internet. Esse auxílio não é obrigatório em lei e depende de acordo entre empregado e empregador. Atendente remota de call center da Gol, Cristina Mariano, 44, procurou o emprego já pensando em ficar em casa. “Perdia quatro horas no trânsito”, afirma. Agora ela trabalha em um escritório montado na residência, com horário fixo. Equipamentos, internet e telefone necessários para a função são de sua responsabilidade. “É como se eu saísse pra trabalhar, mas fico

perto dos meus filhos.” prática é vantajosa para empresa Permitir que funcionários trabalhem em casa diminui os custos e aumenta a produtividade Para empresas que oferecem programas de home office aos funcionários, as vantagens de ter equipes trabalhando de casa superam os problemas. “A prática permite a otimização das atividades e a redução de custos”, afirma Eduardo Almeida, presidente da empresa de tecnologia Unisys para a América Latina, que tem uma política de teletrabalho desde 2016. Sem a necessidade de manter escritórios, empresas conseguem economizar ao alocar partes da equipe em casa. Com a regulamentação do teletrabalho após a reforma trabalhista de 2017, deve constar no contrato quem vai arcar com os custos de infraestrutura e equipamentos necessários para a atividade, como internet e computador. “A lei não fixa que a empresa pague esse custo, mas que as partes negociem”, diz Paulo Lee, advogado trabalhista sócio do escritório Crivelli Advogados Associados. “Se o trabalhador não conseguir colocar no contrato de trabalho, por escrito, que a empresa vai arcar com esse custo, ele vai ter que pagar.” Segundo o Banco do Brasil, que fez um projeto piloto de teletrabalho com mais de cem funcionários, houve um aumento de produtividade. De acordo com Jean Carlos Nogueira, diretor de recursos humanos da Gol, que tem cerca de 900 funcionários de call center trabalhando de casa, a prática diminui o absenteísmo, já que não há dificuldades de deslocamento. Por lei, quem faz home office hoje não está sujeito a controle de jornada. Ou seja, o trabalho deve ser mensurado por produtividade, não por horas de expediente. “O empregador não tem como verificar que horas o funcionário começou a trabalhar, quando parou para almoçar”, diz Daniela Yuassa, advogada trabalhista do escritório Stocche Forbes. Em teoria, desde que se entregue tudo dentro do prazo, é possível administrar o tempo como quiser. Na prática, pode não ser tão vantajoso para o empregado. “Na empresa você sabe que vai entrar às 9h e sair às 18h. O resto você tem para seu lazer. Isso não acontece quando você trabalha em casa, porque o local de descanso também é de trabalho. Dependendo da situação, é mais prejudicial do que benéfico”, diz Paulo Lee. E, como não há jornada, quem trabalhar mais não recebe hora extra. Para as empresas, fica difícil disseminar sua cultura empresarial, tarefa mais fácil com a proximidade. Também não funciona bem em equipes em que os gestores não confiam nos funcionários. Para Josué Bressane, sócio-diretor da consultoria Falconi Gente, porém, isso não deveria ser um entrave para implementação do teletrabalho. “As pessoas acham que têm controle sobre o funcionário pelo fato de ele estar ali, mas não têm. Não sei se ele está falando com nosso cliente ou se está no WhatsApp com alguém de fora”, afirma. “Ou você entende que é uma mudança de hábito ou não vai dar certo.”

Foto: Gabriel Cabral// Folhapress

A publicitária Fabiana Guilherme, 30, em seu apartamento, em SP Foto: Rafael Hupsel/ Folhapress

A analista de marketing Melissa Sliominas, 39, no quarto onde trabalha de forma remota há dois anos, em são Paulo


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Jornal do Meio 942 Sexta 2 • Março • 2018

WhatsApp

WhatsApp para negócios é liberado para usuários brasileiros

por DE SÃO PAULO

A versão do WhatsApp para micro e pequenas empresas foi liberada para usuários brasileiros. O WhatsApp já estava em funcionamento para celulares Android na Indonésia, Itália, México, Reino Unido e Estados Unidos. O aplicativo, gratuito, permite destacar a conta como um “perfil empresarial” e colher estatísticas para entender se as estratégias de comunicação das empresas estão funcionando. Entre as funcionalidades disponíveis, estão responder dúvidas de consumidores e atender reclamações de forma automática, bem como a personalização de um perfil específico para empresas, com dados sobre horário de atendimento, endereço e descrição do negócio, por exemplo. O app pode ser baixado gratuitamente. É necessário a realização de um cadastro da empresa -que não exige CNPJ. “Mais de 80% dos pequenos negócios na Índia e no Brasil dizem que o WhatsApp os ajuda a se comunicar com clientes”, diz um comunicado do WhatsApp. É a primeira grande mudança no uso do app desde que a empresa foi comprada pelo Facebook, em 2014. Na época, não estava claro como a companhia de Zuckerberg iria lucrar com o aplicativo de mensagens.


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Puberdade precoce Criança pode ficar mais baixa se não tratar a puberdade precoce, estudos apontam que paciente pode ficar cerca de 8 cm menor do que a estatura média de sua família por EMERSON VICENTE /FOLHAPRESS Foto: Divulgação

Uma criança começa a entrar na puberdade a partir dos 12 anos. Se começar aos 10, ainda é considerado normal pelos médicos. Mas, se ela começa a apresentar sinais antes disso, já é apontada uma puberdade precoce, que exige atenção e acompanhamento médico. “A puberdade precoce é o desenvolvimento dos caracteres secundários do ponto de vista biológico antes do momento em que deveria acontecer. É considerada uma patologia, não é normal”, diz o ginecologista Alessandro Scapinelli, membro da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo). A demora no tratamento pode afetar diretamente a estatura da criança. Um dos sinais da puberdade precoce é a aceleração do crescimento. Porém, esse crescimento termina antes do que deveria. Segundo estudo do Ministério da Saúde, a criança pode ficar mais ou menos 8 cm abaixo da estatura que seria padrão na sua família. Nas meninas, já se pode considerar uma puberdade precoce quando ela apresenta os primeiros sinais aos 8 anos. Em alguns casos até aos 6. O primeiro sinal é o aparecimento das mamas. Vão ocorrendo outros processos, até que a criança acaba tendo a sua primeira menstruação nessa idade, quando o normal seria aos 12 anos. “Imatura, ela começa a apresentar o corpo de uma mulher. Isso acaba trazendo consequências do ponto de vista social”, diz Scapinelli. Entre os meninos, o primeiro sinal é o aumento dos testículos. Em seguida vem a mudança na voz e surgimento de pelos. “Pode acarretar problemas psicológicos na criança, pois acaba não se adequando àquela fase em que deveria estar”, afirma Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês. Tumores e hormônios são causas Na maioria das vezes, a causa da puberdade precoce é desconhecida. Ocorre por um desequilíbrio hormonal. Em outros casos, pode ser causada por algum tumor. “A puberdade precoce pode ser desencadeada por algum estímulo”, diz o o endocrinologista Renato Zilli. “É preciso procurar o médico logo que aparecerem os primeiros sintomas para descobrir qual a causa dessa puberdade precoce. Se procurar tardiamente, já haverá uma situação mais difícil de reverter”, completa.


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