Farrazine #27 - Agosto Pra Tudo

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Agosto de 2012 - Ano IV

A04- 01082012- 27A

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Entrevistas Leonardo Santana Beto Potyguara Fábio Biondo Deuslir Cabral Wanderline Freitas Antoni Wroblewski Paloma Diniz Marcos Garcia Enéas Ribeiro Wanderley Felipe Nina Hellena Felipe Assumpção E Ainda: Lendas do Piauí por Joaquim Monteiro


PARA TUDO!!

Pois esse mês é especial pra quem produz e curte quadrinho nacional. Nós mais uma vez decidimos apoiar a iniciativa. Nas próximas páginas vocês encontrarão amostras dos envolvidos no projeto deste ano. Preparamos entrevistas, onde cada envolvido dá o seu ponto de vista sobre o mercado nacional de quadrinhos, falam de seus projetos. Convidamos vocês a nos acompanhar nessa aventura!

ÍNDICE 27 pocket

Entrevistas Leonardo Santana Beto Potyguara Fábio Biondo Deuslir Cabral Wanderline Freitas Antoni Wroblewski Paloma Diniz

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Lendas do Piauí por Joaquim Monteiro

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Entrevista com Felipe Assumpção 46 Entrevistas Marcos Garcia CALENDÁRIO LANÇAMENTOS Enéas Ribeiro Wanderley Felipe Nina Hellena

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Você, desenha? Escreve? Diagrama? É palpiteiro? Junte-se à nós!!!! Estamos procurando colaboradores, envie um email para farrazine@farrazine.com | contato@farrazine.com

Editoria

É já é agosto, então...

Agradecimentos especiais à Leonardo Santana, Fábio Biondo, Deuslir Cabral, Wanderline Freitas, Antoni Wroblewski, Paloma Diniz, Joaquim Monteiro, Felipe Assumpção, Marcos Garcia, Enéas Ribeiro, Wanderley Felipe e Nina Hellena, por cederem seu tempo a responder às perguntas que enviamos por e-mail. Agradecemos à Beto Potyguara, pelo convite estendido à nós e toda ajuda prestada. Edição idealizada e diagramada por Bruno Romero, que também fez todas as caricaturas.


E já é agosto novamente, e não poderíamos deixar de prestigiar novamente esse evento magnífico, agora com uma edição especialmente dedicada ao "agosto pra tudo". Evento esse que colabora com o artista nacional, cedendo o espaço tão desejado para expor o seu trabalho, seja o artista um neófito ou veterano, aqui ele tem a oportunidade e espaço pra divulgar seu trabalho. Acreditamos no potencial dos nossos artistas, desde nossa primeira edição nos esforçamos pra publicar pelo menos uma HQ nacional. Seria de grande valor para todos se houvesse mais espaço para divulgação, para a variedade de estilos, para que o próprio leitor possa formar sua identidade e não simplesmente ter que comprar o que lhe vendem. Isso também seria de ajuda ao artista brasileiro, pois lhe daria a oportunidade para amadurecer, buscar seu estilo, seu público!

quadrinho europeus, nossas páginas são prova de nossa admiração pelos quadrinhos, e embora venha sendo difícil manter essa paixão acesa, devido a tempo e dinheiro, não pretendemos desistir. Nas páginas seguintes, o leitor encontrará entrevistas com vários autores que estão participando do "agosto pra tudo", informe-se mais sobre eles, adicione eles no facebook, procure seus outros trabalhos, você, sim você, caro leitor pode contribuir para que o quadrinho nacional prospere. Não estamos pedindo pra queimar suas revistas do Batman, estamos pedindo para que dê espaço em sua estante para o artista nacional. Bruno Romero co-editor do Farrazine

Não vamos negar que gostamos de quadrinhos de heróis, de Graphic Novels,

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Entrevista

com:

Leonardo Santana 01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? LS: Sim. 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional?

LS: Eu acho que é mais uma vitrine, uma forma do artista mostrar seu trabalho numa prateleira virtual junto com outros tantos e permitir ao leitor escolher conhecê-lo. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? LS: Eu espero que mais pessoas possam conhece o trabalho que A P.A.D.A. (Produtora fazemos aqui em Pernambuco e que Artística de Desenhistas possamos reverter esse conhecimento Associados) vai em mais leitores e colaboradores. participar lançando a 04 - Que outras iniciativas poderiam versão digital de sua ocorrer para incentivar a divulgação do revista mais famosa. A PRISMARTE DIGITAL quadrinho nacional? Nº 1.0 vai apresentar aos LS: Espaço aberto em jornais e até mesmo nas mídias virtuais novos leitores as especializadas. melhores histórias 05 - Na sua opinião, o que falta no produzidas pelos quadrinho nacional? membros da P.A.D.A. recentemente. LS: Artisticamente falando, não falta São 5 histórias e 7 nada. Temos excelentes roteiristas, autores num total de 48 desenhistas, arte-finalista e coloristas. páginas. Em breve lhes O que falta são mais editores. E quando daremos mais falo editores, quero dizer que informações sobre as precisamos de gente interessada em histórias. procurar e apostar em coisas novas ou

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em produzir coisas novas. Com artistas novos. Também sou a favor de cotas para os quadrinhos nacionais. Mas acho que um dos pontos mais importantes a serem vencidos é a distribuição. Apenas através de editoras é que os quadrinhos nacionais irão conseguir quebrar essa barreira. 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? LS: Eu acho que isto vem com o tempo. Com a prática e com o tempo. Não penso que os aspirantes precisam ter seu próprio estilo. Pelo menos não inicialmente. Mas é importante ter um estilo próprio para se destacar dentre os demais.

E, para dar um gostinho do que vem por aí, apresentamos-lhes a capa dessa edição superespecial. Cortesia de Luciano Félix (Desenhos), Téo Pinheiro(Arte-final e cores) e Milson Marins (Diagramação). E aí? O que vocês acharam?

07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? LS: É engraçado. Quanto mais a gente produz, menos a gente consume. Não tenho lido muita coisa em quadrinhos ultimamente. Recentemente peguei uns scans do reboot da DC e tem algumas coisas interessantes, porém a maioria é lixo. E nada que te dê aquele tesão alucinado de acompanhar. Acho que 100 Balas é uma das séries que venho acompanhando que me dá esse tipo de tesão. 08 - Quais seus personagens favoritos? LS: Homem-Justo de Oscar Kern, Chico Spencer de José Salles, Janaína de Marcelo Marat, Penitente de Lorde Lobo, Velta de Emir Ribeiro, Crânio de Francinildo Sena, Cometa de Samicler Gonçalves. Tem tantos que fica difícil colocar tudo aqui. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? LS: o F.D.P.

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10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? LS: É uma forma de conhecer trabalhos que você não teria acesso normal se fosse esperar pelas editoras ou que não teria condições financeiras para tanto. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? LS: Sim. Gosto muito. Acho muito importante um veículo como esse falar e divulgar sobre quadrinhos e cultura pop em geral. O Farrazine já divulgou minha loja virtual de quadrinhos nacionais independentes, a Bodega do Leo (www.bodegadoleo.com) e já publicou trabalhos de alguns amigos meus como o Wendell Cavalcanti. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? LS: Conheçam o nosso trabalho. Estamos publicando uma edição da PRISMARTE DIGITAL 1.0 no AGOSTO PARA TUDO e eu, particularmente, tenho diversos trabalhos publicados na Prismarte impressa e em outras edições como F.D.P. e SPACE OPERA. meu blog: http://roteiristaleo.wordpress.com/ blog da PADA: http://www.pada.prismarte.com.br/ Bodega do Leo: http://www.bodegadoleo.com

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Beto Potyguara Entrevista

com:

01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Não. Desde que esse projeto era um espermatozóide que estou envolvido. 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? É uma oportunidade singular de intercâmbio para os autores de diversas áreas geográficas e artísticas do país. É sua segunda edição, e, portanto, ainda está engatinhando, tentando se firmar como evento um evento fixo dentro do calendário da nona arte nacional. Promover mais de 30 lançamentos num único mês, ainda que seja no universo virtual, já é algo bastante expressivo ao meu ver. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? Como editor e promotor espero que os prazos de envio sejam cumpridos para que esse ano, eu possa vir a "curtir" o evento e não ficar trabalhando durante o processo. Haverá bem mais autores envolvidos do que em 2011, isso demonstra que já houve um certo "impacto" em sua primeira versão. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? A República dos Quadrinhos já produziu premiações, exposições, palestras e oficinas visando a criação de um público consumidor e a divulgação dos artistas

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do coletivo. Parcerias com outros núcleos de produção como o Made in PB, Farrazine e a P.A.D.A, são importantissímos para que a chama continue acesa. Hoje o nordeste já possui um circuito de eventos sobre HQs que abrange quase todos os estados. Esse tipo de iniciativa é imprescindível para que as publicações (virtuais ou impressas) e os artistas se tornem conhecidos pelas outras mídias. 05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Sasom... e talvez um pouquinho de Leite Moça N... 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Para ser conhecido pelo "SEU" trabalho e não como um clone ou copista. Criar uma identidade visual própria é indispensável pra quem desejar seguir em frente nessa carreira. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Encadernados, material alternativo e europeu. Algo que fuja dos gêneros mangá e super-heróis. Primo pelo roteiro, pela busca pelo novo e pelo enquadramento do meu bolso.

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08 - Quais seus personagens favoritos? Além dos meus? Heheeeheheheh! Curto mais as séries que personagens em si: Liga Extraordinária, Authority, Palnetary, Preacher, Sin City, 100 Balas e coisas diferentes que pintarem. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? O Forte Poty pelo conteúdo crítico. Dei um tempo na produção de tiras e estou


numa fase experimentalistas: Carcará (quadrinho cordelizado), Os Meninhos e a Gênese da criação (100% vetorizados) e a série Minimal's que estreia no AGOSTO PRA TUDO, são um exemplo disso. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Parecem ser legais, principalmente, quando você não é o autor que esta sendo lesado. Tá, permite que se tenha acesso há muita coisa que jamais chegaria por aqui, mas se fosse o inverso, qual seria sua postura? Nunca baixei nem música, nem quadrinhos na net. Tive péssimas experiêncis virais ao baixar programas frees. Talvez venha daí, essa minha posição. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? Conheço e contribuo desde o ano passado. É super importante, já que as publicações impressas dedicadas ao gênero, tendem a serem efêmeras e raramente abordam o quadrinho nacional. O Farrazine consegue preencher essa lacuna. Uma versão impressa seria o ápice. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? Acessem o AGOSTO PRA TUDO e conheçam e baixem todas as edições. E pra quem ainda não conhecia o FARRA, visite agora mesmo o site deles ou o da República dos Quadrinhos pra ter acesso as edições anteriores e ver que eu não estou exagerando.

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Entrevista

com:

Fábio Biondo 01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Sim, é a primeira vez. 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? Olha, eu estou meio por fora do mercado de como anda os quadrinhos nacionais. Eu sempre gostei de comprar quadrinhos nas bancas e pegar o troco em paçoca. Depois da invasão das comic shops eu acabei por eternamente reler meus quadrinhos de sempre. Sempre que passo por perto de uma comic shop sinto que não estou com a roupa adequada para entrar. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? O Beto me convidou e eu sempre gosto de mostrar meu trabalho. sou ilustrador desde o fim dos anos 90. Os quadrinhos ainda são um terreno novo para mim. A expectativa é fazer um trabalho com o qual as pessoas consigam se indentificr e se divertir lendo. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? Acho que existe muita coisa acontecendo quando aparece algo realmente bom. Para o Mutarelli, Laerte, Mauricio de Souza e outros

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mestreasas coisas vão bem. Para os que ainda não tem esse nível tem muito de melhorar. Não vejo o que é realmente de qualidade (quando digo isso conta texto, desenho , impressão) ser execrado. Se não tem uam boa receptividade é por que ficou devendo em algum ponto. 05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Acho que falta uma peneira, autocrítica e dedicação. 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Sempre existe uma ponte de comunicação entre autor e público e o autor muitas vezes não quer pisar essa ponte. Tem de serlegal para o autor e pra o leitor. Acredito que dá para fazer isso sem ser clientelista, além de ser autoral e ainda ter pé e cabeça. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Acho que parei de consumir. Geralmente ganho edições especiais em aniversários e datas especiais. Acho tudo muito caro. Tenho encadernações que estão comigo há mais de 20 anos quase intactas. Não gosto de pagar R$ 40 à mais por que o papel é tal papel e não vejo sentido nisso. Pra mim sendo bem impresso já está bom demais. Resumindo: acho caro. 08 - Quais seus personagens favoritos? Acho que gosto de fases de personagens. Gosto do HomemAranha do SteveDitko. Dos

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Vingadores de Stan Lee e jack Kirby. Gosto do Batman menos fatalista do Bruce Timm. Gosto muito de tudo que o Seth Macfarlane faz: American Dad, Family Guy, Cleveland Show. Acho legal o jeito que ele consegue intercalar piadas bobas e inteligentes, o lance de usar um peido pra salvar a piada se for necessário. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? Eu acho que não tive um filho ainda, só um monte de alerta de gravidez. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Eu acho legal. Geralmente quem reclama é quem perde com isso. Mas quem conhece o dia a dia de muitas editoras sab que muita coisa vai pra recicalgem. Não vejo onde isso desmonte uma indústria. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? Eu conhecia de nome. Visitava bastante o Rapadura Açucarada, mas não tive muito contato com o FARRAZINE. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? Leiam e admirem ou desçam a lenha. Acho que não devem aliviar o senso crítico por sermos iniciantes. O Machado de Assis escreveu muita coisa ruim antes do Memórias Póstumas de Brás Cubas .

http://www.handjabstudio.com/

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Poster Dinner & a Movie

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Entrevista

com:

Deuslir Cabral 01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Sim 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? No nordeste, assim como em todo o Brasil, há artistas excelentes na área de quadrinhos. O “Agosto para tudo” tem um papel crucial na divulgação do potencial dos mesmos. Pois, conseguindo um publico em uma quantidade significativa chamaremos a atenção dos nossos líderes, que por sua vez podem incentivar essa cultura a crescer no mercado. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? Espero propostas interessantes no sentido editora-artistas. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? Feiras de maior abrangência. Atitudes menos tímidas quanto à produção, e quanto a forma de divulgar. Lotar o mercado com trabalhos regionais. Mostrar aos nossos conterrâneos nossa própria cultura sob a ótica dos quadrinhos.

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05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Produção em larga escala. Conceitos novos e diferentes da massa


dominante dos quadrinhos estrangeiros. 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Porque estilo, personalidade, e conceito artísticos são sinônimos de sucesso. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Quadrinhos Americanos, e Mangá. Quando tenho a oportunidade de comprar uma HQ brasileira me sinto “O cara” 08 - Quais seus personagens favoritos? Homem-aranha, Hulk, Thor, Batman, Garfield, Calvin e Harold... A lista continua. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? Hum... Eu tenho um, e sonho em publicá-lo, mas ainda não é a hora. Por isso direi o segundo da minha lista: O Herege (inventei agora). 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Creio que a releitura do velho deixa o novo mais novo. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? Não vou mentir pra agradar; eu não conhecia o Farrazine até agora. Mas acho a atitude de vocês digna de admiração. Parabéns pelo trabalho.

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12 - Tem algum recado para nossos leitores? Quando entrarem numa banca de revistas, e encontrarem o mais novo exemplar do Lanterna verde ao lado de uma publicação local, compre a publicação local, por favor.

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Entrevista

com:

Wanderline Freitas

01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? É a segunda vez. 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? Acredito que para nós, artistas que trabalhamos com o quadrinho autoral, é fantástico, pois nos permite fazer e publicar nossa ideia, nosso estilo, o nosso personagem, nossa arte sem ter que imitar ou seguir um padrão (sei lá definido onde), e projeta novos artista e novas idéias para o publico. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? Eu sempre digo que todo artista tem seu publico basta que ele tenha onde mostra seu trabalho, e isso a RQ com esse e vários outros eventos (como tb o farrazine) vem fazendo muito bem. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? Acho que o quadrinho nacional esta tendo uma boa divulgação (tem GHQ, universoHQ, zinebrasil, farrazine, Republica e tantos outros que divulgam e apóia) , agora pouca gente acredita no potencial, ainda existe a ideia de que quadrinho é para criança ou ate mesmo não é considerado uma boa leitura e esse pensamento é que tem que ser mudado.

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05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? constância de propósito, vejo muita coisa começar e os envolvidos desistirem na primeira dificuldade, não existe nada fácil, mas muitos querem que as coisas aconteçam e não faz nada para esse fim, ai fica difícil.

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06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Vejo muita gente imitar outros artistas achando que seu trabalho não é bom e isso, muitas vezes, é o próprio artista que não acredita em si mesmo ou não gosta do que faz, eu costumo fazer um quadrinho que agrade primeiro a mim, (se eu faço algo que nem eu goste como fica?) se outros gostarem do meu trabalho ótimo, significa que temos mais ou menos gosto parecido. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Moro no interior, para comprar revista só quando vou a capital ai recorro aos amigos que indique algo, gostei muito da hq daytriper dos gêmeos ba e mon, ultimamente tem duas hqs que acompanho "as aventuras de uma criminologa" de geancarlo berard pois gosto de estorias policias e os albuns de tiras de calvin e haroldo. 08 - Quais seus personagens favoritos? Eu tenho em formatinho homem aranha, x-men, wolverine e batman mas hoje em dia as estórias mudaram tanto que deixei de comprar (mas as que tenho são o Maximo) então acho que esses personagens são meus favoritos.


09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? Hum... não diria que seria os que mais amo, mas Urubu Man e Eni Guimá é os que mais curto fazer, acredito por serem cômicas. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? não curto, gosto do papel, de pegar e colecionar, mas as web comics (feitas diretamente p esse formato) tem me agradado, venho vendo muito coisa legal nesse formato (principalmente depois do agosto pra tudo do ano passado). 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? já, conheci através de beto potyguara gostei muito. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? Aqueles que querem ingressar na carreira de desenhista, arte finalista, colorista etc... de HQ, pratiquem muito, pois hoje para aqueles que gostam e fazem um bom trabalho tem espaço e aqueles que gostam de ler que abram os olhos afinal tem muito coisa boa (e artistas) surgindo no mercado de HQ.

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Antoni Wroblewski

Entrevista

com:

01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Não, já participei anteriormente do Agosto para Tudo, e de diversas outras publicações do República dos Quadrinhos e do Tirando Uma. As publicações foram no compêndio de histórias em quadrinhos, curtas e sem continuidade, intitulado Atirando na WEB. Também houve a publicação da minha monografia de conclusão de curso na Universidade Federal do Paraná, que teve layout reelaborado pelo Beto Potyguara para ser divulgado no RQ, e se chamou de Humor Gráfico – Algo para ser levado a sério. Neste trabalho busquei fontes para vincular o desenho de humor com origens nas belas artes, batendo de frente com pesquisadores em artes plásticas de ideologias arcaicas e elitistas, que tendem a desmerecer o universo do humor gráfico. No mais participei durante um bom tempo com as tiras em quadrinhos Mané e 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? É fato que o quadrinho nacional nunca teve força no nosso país, e ultimamente vive tempos de trevas. Aspoucas editoras nacionais tendem apenas a investir na tradução de material dos Estados Unidos, desprezando qualquer outra forma de

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arte gráfica do mundo, e especialmente do Brasil. O Agosto Para Tudo vem a dar espaço para uma vasta gama de artistas nacionais mostrarem sua arte. São materiais realmente inovadores e de altíssima qualidade, as quais as grandes editoras não percebem por estaremvoltadas apenas a estética oriunda do mercado gráfico dos Estados Unidos, ao qual tomam como padrão a ser copiado. Em face desta terrível constatação o autor realmente inovador e críticonão encontra lugar para prosperar, assim surge à concepção que o Brasil não tem bons representantes das artes gráficas sendo que a verdade é o oposto, o que não se tem é um bom mercado editorial no Brasil que valorize os artistas intelectuais da nossa terra. Enquanto o padrão de qualidade para ilustração e quadrinhos for à cópia dos nossos compadres americanos do norte, o Brasil não será e nem deve ser respeitado no mercado e nas artes 03 - Quais são suas expectativas O ultimo Agosto Para Tudo reuniu uma ampla diversidade de autores de cada canto do país, mostrando a cara do quadrinho verdadeiramente nacional e de qualidade. Com o amadurecimento do projeto e a experiência que o evento acarretou até aqui, creio que não será surpresa um sucesso maior ainda, tanto pela dedicação de cada participante quanto pela organização e o respeito pelo trabalho de qualidade que apenas aumentaram. Já sobre questões capitalistas a fim de aquisição de reconhecimento através de investimento monetário por parte das grandes editoras, não

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tenho expectativa alguma. Isso se deve apenas a mente imatura e engessada que o mercado editorial no Brasil tem, onde não investe na produção nacional e busca apenas comercializar o produto intelectual dos Estados Unidos. Se por um lado os artistas tem que se desdobrar, e custear do próprio bolso o seu trabalho – a palavra trabalho nesta frase tida pelo seu mais alto grau de significação, o trabalho transformador e não o capitalista-, tenho certeza que cada participante estará tranquilamente ciente que contribuiu significativamente para a cultura e valorização do Brasil. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional?

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Creio que eventos e feiras temáticas, publicações independentes, projetos em escolas e concursos com participação e divulgação no exterior seriam caminhos bem proveitosos. No entanto não faltam boas almas dispostas a executar tais ideias, mas sempre batem de frente com legislações muito traiçoeiras que dificultam ao extremo a realização destes intentos. O governo, tanto na esfera municipal, quanto estadual ou federal, não tem vontade em investir na produção cultural Brasileira, sendo que as poucas leis e verbas que se destinam para este fim acabam repousando na mão dos ricos empresários que fazem a 'ótima' mídia que temos. Gostaria de lembrar os fenômenos 'artísticos', como Michel Teló, Luan Santana, e tantas coisas do gênero. A Xuxa, tão decadente como está,em um grito por atenção com depoimentos extremamente


panfletários conseguiu abocanhar alguns milhões do dinheiro público para realizar shows, com a única finalidade de se reposicionar na mídia. Gostaria de deixar aqui a pergunta, se é esta a cara da cultura Brasileira que temos orgulho de ostentar? Eu mesmo, no tempo de Universidade, tentei durante vários anos implantar um salão de humor gráfico na UFPR, mas bati de frente com o preconceito e boicote do coordenador do curso de Educação Artística da época e legislações que beneficiam apenas que tem capital para investir – um conhecido curador aqui do Sul ao qual tem a fama entre os menos simpáticos a ele, de apenas beneficiar amigos em juris de salões e concursos de artes que faz parte da banda examinadora -.Sei que hoje o curso da UFPR possui outro c oor de na dor, m uito m a is complacente as ideias dos discentes, mas as legislações da Universidade continuam as mesmas, dificultando qualquer projeto cultural do corpo 05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Como já mencionado nas outras perguntas, falta principalmente investimento de capital e valorização do artista pelas editoras. Não há publicações no mercado, não se tem investimento em materiais nacionais, e os poucos autores que se destacam acabam se destacando por serem excelentes reprodutores da estética e do traço presente nos Estados Unidos, e não por possuírem um traço original e pesquisas em novas representações plásticas e visuais- salvo algumas exceções bem pontuais-. Ha ai uma

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grande carga no leitor de quadrinhos, que busca apenas consumir o que esta na mídi, e tende a desprezar propostas novas com constantes comparações com o mercado Estadunidense. Mesmo assim o maior problema vem, com certeza, da falta de estimulo do produto nacional por parte dos detentores do capital.

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06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Este é um problema que vem de séculos no campo das Belas Artes, e que o mercado editorial parece ter ressuscitado há um bom tempo. A arte, tanto a belas artes como as gráficas, o humor gráfico, ou qualquer outra forma seja, deve buscar a vida, a constante inovação, pois é um processo intelectual que deve estar em constante movimento. Quando se cria ou se impõe um padrão estético engessado, ao qual é elevado ao grau de único padrão aceitável e verdadeiro para um bom trabalho, temos a morte da arte e o surgimento de um material simplesmente técnico e estéril. Não se vê interesse e elogios á um engenheiro que desenhe uma planta de um prédio tão igual quanto qualquer colega da área, sem inovação alguma. Pense em você traçando um comentário do tipo ' nossa, como seu trabalho é bom, ele é tão igual a qualquer outro colega da área, realmente não consigo ver originalidade alguma. Esplêndido, lembrarei-me do seu trabalho por ser tão igual a qualquer outro no mundo!'. Não buscar ter um estilo próprio é bater de frente com a essência da arte, é ser simplesmente um mero copista desprovido de processo intelectual. É a morte!


07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Já faz algum bom tempo que não consumo quadrinhos, e me veredeipara outros caminhos. No entanto não posso negar que minha produção bebe de referenciais dos quadrinhos, pois é um mundo ao qual nunca deixei de me interessar. Iniciei, quando criança, com gibis da Disney e da Turma da Monica partindo para os tradicionais comics da Marvel, quando estes se apresentavam nos clássicos formatinhos. Com o passar do tempo, e o amadurecimento, abandonei a leitura dos periódicos que nunca tem fim, e de continuidade bem duvidosa por mutarem dependendo do que se esta na moda, para apreciar as minisséries produzidas por grandes autores – os graficsnovels-, e mantenho especial carinho pela produção Europeia. A produção Europeia me encanta pela despreocupação em se gerar um trabalho extremamente autoral, com estilo, ao qual se bata o olho e reconheça o mestre por traz da criação. Este aspecto esta presente em diversos outros lugares, mas é nos países da Europa que se encontra um mercado editorial mais sério e culto, maduro o suficiente para injetar capital em boas produções para 08 - Quais seus personagens favoritos? No universo infantil, quando criança, gostava muito das historinhas do Louco da Turma da Monica, das tiras em quadrinhos do Haggar o Horrível e a turma do Charlie Brown. Já minha experiência com os comics se deu na leitura de Wolverine, este qual abandonei pelo extremo

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trabalho de descaracterização do personagem que a Marvel executou a fim de transforma-lo em uma figura mais vendável a todos os públicos. Connam também é uma figura que sou fã, mas assim como o Woilverine, e anteriormente, sofre muitas descaracterizações, sendo que no inicio de sua jornada ele era um bárbaro ladrão ao qual agarrava uma donzela a força, para em muitas aventuras fazer discursos sobre preservar a honra de uma mulher. Agora guardo como referências fortes para a vida a personagem Morte, do selo Vertigo; A grafic novel V for Vendetta, que deveria ser leitura obrigatória nas escolas do mundo todo; as fantásticas tramas de Druuna, que Paolo EleuteriSerpieri pode conceder como presente para o mundo. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? Não criei tantos personagens em quadrinhos assim, mas com certeza o que tive mais satisfação em fazer, e que possui um volume de trabalho maior, é sem duvida as tiras em quadrinhos Mané e Ninguém. Estes dois personagens surgiram ao acaso há bastante tempo atrás, sendo que são personagens parodiados de mim mesmo e um primo meu ao qual fazia a colorização das tiras e era coautor das histórias. O foto das histórias era crítica a questões políticas e convenções sociais, e um bom tanto de humor negro. O criar os personagens busquei um traço simples, como é de convenção das tiras em quadrinhos, mas que, no entanto não se parecesse

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com nada no mercado, que fosse um traço próprio. Hoje eles estão parados por falta de tempo de ambas as autorias, mas ainda quero voltar com o material. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Desculpe, mas não estou familiarizado com esta polemica. Os SCANS seriam a digitalização é disponibilização de materiais na internet? Caso seja, creio que é uma ótima iniciativa para trabalhos que foram lançados há bastante tempo e não se tem mais acesso nas bancas, uma vez que ao se comprar os lançamentos estamos dando apoio e força as pessoas envolvidas naquela produção que desperta o nosso interesse. Com a digitalização de material antigo damos a oportunidade a novas gerações a entrarem em contato com aquele conhecimento, e não ficarem presas as tendências impostas pelas editoras e a mídia. Formando assim indivíduos críticos que contribuam de forma mais inteligente para futuras demandas de trabalho. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? Eu ainda não conhecia o FARRAZINE, tomei conhecimento do espaço após o contato da equipe para esta entrevista. Não ando por dentro das noticias na Internet, pois nos últimos tempos apenas a uso para postar meus trabalhos na rede e me comunicar nos breves intervalos do meu trabalho remunerado. O que percebi das publicações foi que é um material de extrema qualidade, que como o Agosto Para Tudo e o republica dos Quadrinhos,

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deveria ter seu espaço reconhecido e valorizado por editoras interessadas em comercializar e imprimir estes periódicos. A equipe do FARRAZINE esta de parabéns, e é certo que começarei a acompanhar as publicações sempre que possível. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? Gostaria de direcionar meu recado a quem esta começando no campo do desenho/ ilustração e das artes em geral. Procurem fazer seu trabalho não com o fim de ganhar dinheiro, pois acabarão se frustrando e podendo abandoná-lo por toda a vida, façam sim por amor e sempre buscando o melhor. Estudar é o mais importante, fazer exercícios de copias faz parte do processo, no entanto é fundamental buscarem um estilo próprio, inovador,pesquisar novas formas representacionais e expressivas as quais o observador possa bater o olho e afirmar que aquela obra é sua, sem conferir assinaturas ou nomes nos créditos. Esta é a diferença entre os verdadeiros mestres, e de um plagiador. Este percurso não é fácil, muitos vão avaliar o trabalho que você realizou e que considera o mais genial como fraco por ser divergente do padrão estipulado pelo mercado editorial vigente. Reflita bem se as criticas são consistentes, procure estudar mais, mas apenas você pode dizer se o trabalho te satisfaz e cumpriu suas expectativas. O que encontramos pelo caminho é uma verdadeira enxurrada de comentários negativistas sobre o que produzimos,oriundos de pessoas que tem para si como padrão comparativo os modismos do mercado.


Vamos relembrar a sabia frase do grande mestre da pintura Pablo Picasso, ao qual disse: 'Aos doze anos eu já pintava como Rafael, mas levei uma vida inteira para aprender a pintar como uma criança'.Muitos dos comentários negativistas que recebemos na vida provem de pessoas que estão em um processo, ou tem um estudo, mais diminuto que o percurso que você já traçou. Como podemos pegar com o exemplo de Pablo Picasso, e tantos outros, para se fazer uma boa estilização, um traço simplificado, antes se é necessário o estudo da anatomia e de representações visuais mais clássicas, mas estas formas mais clássicas não são o ápice de obra alguma e nem parâmetro de certo ou errado, e sim uma característica que pode estar incorporada a uma representação e/ou uma pequena porção do percurso de estudo a ser ampliado. Estudar a história da arte é mais enriquecedor que apenas fitar o recém-nascido mundo dos quadrinhos. Com ela vivenciamos experiências que os gibis, estes como desdobramentos das belas artes, estão apenas revivendo por falta de experiência, se comparados com os séculos de processos intelectuais que os artistas trabalharam.Se é para considerar as artes gráficas como artes, temos que inseri-los e reconhece-los na história da arte, não apenas afirmar que são sem fundamentação teórica alguma. Aos leitores, pensem nisso: A grande parcela dos mais significativos mestres da arte tiveram seu trabalho reconhecido no fim da vida, ou após a morte. A arte só rende capital para quem já tem capital e status nos

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meios burgueses para comprar reconhecimento. Faça por amor a pesquisa na linguagem que você se identifica, pois os trabalhos feitos apenas visando lucro são fracos e agradam só as mentes mais incultas.

Trabalho de Antoni em andamento, Ainda tem muito grafite e esboços para serem preenchidos pelo nankin, mas o resultado esta me agradando. Pretendo trabalhar as tramas das linhas, hachuras, a fim que fique quase uma massa pictórica, e menos linear. Vamos ver como fica quando estiver pronto.

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Entrevista

Paloma Diniz

com:

01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Não. É minha segunda participação no Agosto Para tudo. A primeira foi ano passado com uma revista informativa com assuntos diversos sobre quadrinhos e outras atividades daqui de João Pessoa e do Studio Made in PB que faço parte. 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? É uma proposta ousada e estimulante. Uma revista digital por dia durante todo o mês de agosto, é muita ousadia. O Agosto Para Tudo é uma oportunidade de você apresentar seu trabalho de forma livre dos padrões gráficos que limitam e às vezes inviabilizam a publicação. Vejo também como uma vitrine pública e acessível para todos os que estão começando a produzir e/ou queiram publicar de forma autônoma. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? Espero ler produções que ousem na linguagem dos quadrinhos, na estética e narrativa. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? As redes sociais, os sites e blogs que abordam o tema. As publicações impressas não tem o alcance que os veículos virtuais possuem.

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05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Faltam leitores para consumir. Com um público que tenha o hábito da leitura, estimula a produção e o consumo gera renda para que produz e publica, e poderia assim, estabelecer um ciclo de sustentabilidade para o quadrinho nacional. 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Depende. Da meta que você quer atingir e da proposta de quadrinhos visando o público alvo que você quer atingir. É importante desenvolver o próprio estilo para criar uma identidade visual que destaque e acrescente algo. Porém, tem muito artista que usa a desculpa de "meu estilo" pra fazer o que quer pecando na qualidade do trabalho. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Uma mídia em desenvolvimento que tem me agradado são as web comics. Há um interação do leitor com o quadrinhos e a narrativa está num desenvolvimento e interação que o suporte papel nunca fará. Você dita o ritmo da leitura e a apreciação da arte é maior. 08 - Quais seus personagens favoritos?

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Sou apaixonada pela série Love and Rockets dos irmãos Hernandez e meu herói preferido é Hal Jordan (Lanterna Verde) 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho?


Eu criei uma personagem porém ela nunca virou quadrinho por inúmeros motivos que tenho um carinho por ela. Chama-se Iandra, é uma guerreira de um conto de magia tipo AD&D, Caverna do Dragão... Espero poder produzir essa HQ e publicar em breve. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Só vejo um vantagem nos SCANS: você ter acesso à materiais que NUNCA vão ser publicados no Brasil. Não gosto de SCANS porque é muito desagradável ler no monitor. Sinto dores de cabeça terríveis. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? KKK... Essa pergunta foi divertida! Claro que conheço o FARRAZINE! Somos da mesma família. Tô um pouco afasta por estar envolvida em inúmeros projetos que em breve será tudo de bom. Mas Falando sério. O FARRAZINE, como o Agosto Para Tudo, trouxe essa possibilidade de liberdade e autonomia aos quadrinhos em forma de revista eletrônica. Já conhecia e é uma vitrine e possibilidade de você aparecer em longo alcance pela rede mundial. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? Leiam tudo, busquem mais de uma fonte de informação em todos e quaisquer temas e formem sua opinião. Nunca digam "amém" pra tudo que um fulaninho qualquer diga sem avaliar e questionar. Porém, respeite a opinião dos outros como gostariam que respeite a sua. Se você não gosta de algo ou alguém, não deprecie, e argumente com uma opinião plausível. Ter atitude não significa vulgaridade. Não briguem por isso! Não vale a pena. Leiam muito e sempre.

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Lendas do Piauí

por:

Joaquim Monteiro "Zabelê» Uma espécie de "Romeu e Julieta" piauiense. Muitos antes que nossos índios fossem exterminados, habitavam nas terras próximas ao rio Canindé (sul do estado) duas tribos que viviam guerreando entre si: Montecchios e Capuletos... quer dizer, Amanajós e os Pimenteiras. Zabelê, a filha do chefe dos Amanajós achou de apaixonar-se por Metara, guerreiro da tribo dos Pimenteiras. É óbvio que este romance não ia terminar bem (assim como o conto cheiquispiriano), entretanto, os pombinhos encontravam-se às escondidas no meio da mata. Zabelê todas as tardes saia da aldeia para encontrar seu namorado, mas dizia para seu pai que estava indo colher mel próximo ao encontro dos rios Itaim e Canindé. Para piorar, a jovem estava prometida em casamento ao velho Mandaú, feiticeiro pimenteira. Mandau começou desconfiar das "fugidinhas" da sua noiva, ia buscar mel e voltava com "uma mão na frente e outra atrás". Certo dia o feiticeiro seguiu a jovem e flagrou o encontro amoroso.

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Cabeça de Cuia Esta é a lenda mais difundida em Teresina e remonta as origens da capital piauiense. Eu arriscaria dizer que se Remo e Rómulo, fundadores de Roma, foram amamentados por uma loba, os teresinenses são descendentes de uma besta: O CABEÇA DE CUIA! Contam que há muito tempo, antes mesmo da fundação da cidade de Teresina, vivia na vila do Poti, uma vila de pescadores localizada próxima ao encontro dos rios Poti e Parnaíba, um pescador chamado de Crispim. Crispim morava com sua mãe, todas as madrugadas saia para pescar voltando de manhãzinha com seu cesto cheio de peixes, para comer e vender. Em um período de vacas magras, ou de "peixes magros", o jovem pescador saiu em sua rotina matutina inutilmente, passou a madrugada inteira e nenhum peixe, entrou manhã a dentro e nada. Ao final da tarde voltou Crispim para sua casa com o cesto e a barriga vazios e a cabeça cheia.

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NUM SE PODE "Num-se-pode" é uma lenda do tempo em que Teresina era iluminada por lampiões a gás. Naquele tempo os boêmios que buscavam diversão na noite teresinense davam de cara com uma bela moça que, encostada em um poste de luz, dava o maior mole pra rapaziada. A bela moça pedia ao cavalheiro que lhe acendesse o seu cigarro e eis que antes que rapaz lhe prestasse o favor, a bela moça transformava-se num monstro esticando-se até poder ela mesma encostar seu cigarro no fogo do lampião a gás que ficava no topo do poste. O jovem boemio saia correndo assustado gritando: "Num-se-pode! Num-se-pode!" Um amigo diz que esta lenda era contada pelas mães aos seus filhos, para que eles evitassem sair à noite em busca de aventuras nos "ambientes" e assim evitar que adiquirissem doenças venéreas.

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A PORCA DO DENTE DE OURO A história da “Porca-do-dente-de-ouro” É uma lenda urbana de Teresina e fala de uma visagem que, de primeiro, assombrava nos bairros mais antigos da capital do Piauí como o Porenquanto, o Marquês, a Matinha, o Matadouro, a Piçarra e a Vermelha, mas já foi vista recentemente nos bairros mais novos nas regiões da Vila Maria (zona leste de Teresina), da Santa Maria da Codipi (zona norte), do Dirceu (zona leste) e da Vila Irmã Dulce (zona sul). Dizem que há muito tempo existia uma moça pigoita e desobediente que morava no bairro Porenquanto, ela vivia brigando com sua cuidadosa mãe. Certa noite, a menina saiu para o forró sem avisar à velha, esta, após perceber a falta da filha, passou a noite andando de um lado para ou outro da casa a espera da filha. Lá pelas tantas da madrugada a moça chegou e mãe e filha iniciaram uma terrível discussão, chegando as duas a se atracar e rolar na sala travando luta corporal. A moça, completamente fora de si, fincou os dentes afiados na face da velha arrancando-lhe um naco do rosto com uma mordida feroz. Ao perceber o ato insano que cometeu, a filha desnaturada correu para o seu quarto de onde, contam, nunca mais saiu. Dizem, que ainda hoje, a infeliz vive trancada no seu aposento saindo apenas à meia-noite na forma bizarra de uma porca enorme e feia. A besta possui as tetas moles que se arrastam pelo chão enquanto caminha, assim como suas pelancas. A fera deixa escapar de sua boca um enorme dente de ouro que brilha ao refletir a luz da lua cheia, sua aparência dantesca assombra os boêmios que habitam a noite da periferia teresinense, não havendo registros de sua presença no centro da cidade.

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BETONANDO GERAL O

FELIPE ASSUMPÇÃO

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Felipe Assunção veio ao mundo em novembro de 1986, em 21 de junho daquele mesmo ano, Zico mandaria pra fora um pênalti no jogo contra a França e a Copa do Mundo pra cucuía. O “Baby Lipe” não presenciou a cena, mas curtiu as emoções de todo aquele mundial pelas ondas sonoras do cordão umbilical, com toda a comodidade que seu kit net uterino poderia oferecer. Coincidência ou não, algumas paixões fluíram na vida do jovem no percurso de sua vida que nos remetem aquele episódio: o futebol (torce pelo Galo Mineiro que historica-mente tantas vezes peitou o todo poderoso Flamengo do Zico), o Rádio (UFMG) e a admiração pelo quadrinho europeu e o estilo francobelga (Giraud e Hergé). Excluindo essas minhas idiossincrasias, o “Sunça”, cresceu como todo menino normal, e como tal, teve sua fase de sonhar em ser um super-herói. E com doze anos, quando chegou a triste conclusão que não havia vindo de outro planeta, que não conseguia subir pelas paredes (pelo menos não literalmente), nem havia uma Bat-Caverna no fundo

fe seu quintal, tratou de criar ele próprio o seu superherói. Com papel e lápis na mão deu a luz a sua primeira criação: o Botamem. O menino virou homem (hominho) e continuou a investir nesse seu sonho infantil que atualmente passou a ser uma grata realidade. Assunção é um artista mineiro emergente e seu personagem já conquistou um importante espaço na mídia e no coração de seus conterrâneos. De fato, o Assunção carrega consigo características de um verdadeiro herói: perseverança, coragem, honestidade e bondade. Por isso não me espantarei se um dia o Jornal Nacional divulgar uma manchete sobre um paladino que percorre as ruas de BH, uniformizado com as cores do pavilhão nacional e usando um estranho adorno como capacete: um coturno! É, a vida é cheia de surpresas e coisas inexplicáveis, o Zico perdeu aquele pênalti, mas o Felipe veio ao mundo pra marcar um golaço! Com vocês, Felipe “Botamem” Assunção. ENTREVISTA Por Beto Potyguara

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FARRAZINE: “Nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que balança cai”, por quê é que o mineiro termina as frase com “uai”? FELIPE ASSUMPÇÃO: Ué... Sei não uai! F: Agora é sério. A pergunta que não quer calar! Aquela que lhe acompanhará ao longo de toda a sua carreira artística: de onde veio à inspiração pra criar o “Botamem”? E por que uma Bota, man? E não, um “Congamem”, um “Nikemem”, um “Chuteiramem”ui um ”Aslegítimasmem? FA: Quando criei o Botamem em 1999, tinha apenas 12 anos. O design do Bota era bem diferente, inclusive ele nem tinha uma bota na cabeça. Inicialmente a ideia do nome era fazer uma paródia com os nomes de super-herói e criar um herói com uma origem baseada em uma bota. A partir daí o personagem foi se de-senvolvendo em 2003 já ganhou a bota na cabeça e em 2004 se tornou o impoluto herói que hoje conhecemos. A ideia do nome continua a mesma, fazer uma brincadeira com os nomes de super-herói, criando um personagem com objetivos cotidianos, um

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DADOS VITAIS DO ARTISTA N O M E : F e l i p e Assumpção Soares (Sunça) NATURALIDADE: Brasileiro N A S C I M E N T O : 01\11\1986 PRIMEIRA REVISTA QUE LEU OU QUE C0MPROU: Turma da Mônica e/ou Quadrinhos da Disney R E F E R Ê N C I A S GRÁFICAS/ARTÍSTICAS: Jean Giraud, Ivo Milazzo, Hergé, Benoit Sokal, Flávio Luiz, Marcatti e Gustavo Duarte ÚLTIMA BOA COISA QUE LEU (OU ASSISTIU): “Ken Parker – Onde Morrem os Titãs”, “Blueberry 03 – Dust” e “Rastros de Ódio” O QUE ANDA LENDO NO MOMENTO: “Tex Willer – A história da minha vida”, “A guerra dos tronos” e “Faces do Humor – Uma aproximação entre piadas e tiras”


H I S T Ó R I C O PROFISSIONAL (RESUMO): Felipe Assumpção Soares é um garoto mineiro cheio de ideias mirabolantes e planos fantasiosos. Desenha o Botamem desde 1999, é formado em p u b l i c i d a d e e propaganda e rádio e t e l e v i s ã o p e l a Universidade Federal de Minas Gerais. Fez vários cursos de desenho, ilustração digital, animação e 3D. Se c o n s i d e r a u m publicitário, rtv, cartunista, animador, ilustrador e modelador 3D. Mas é considerado pela maioria das pessoas apenas como um mongólico garoto. Saiba mais: fantasticomundodesunc a.org PERSONAGENS E PUBLICAÇÕES AUTORAIS: - Personagem: Botamem - botamem.com Publico tiras semanais no blog do personagem e aos domingos na sessão supimpa do jornal Super Notícia. Recentemente foi lançada um revista do

personagem baseado com um símbolo simples e comum, que tenta ajudar seus conterrâneos da melhor maneira possível. O Botamem é um brasileiro que se deu mal na vida mais que apesar de tudo tenta ajudar o próximo. Por isso suas vestimentas são nas cores da bandeira brasileira e seu nome a junção de Bota + Homem. F: O Botamem é na verdade um anti-herói, né? Bem no estilo clássico de um Morcego- Verde (Zé Carioca), sendo que aditivado com a manguaça. A possibilidade de batizá-lo como o “Homemítilico” não passou por sua cabeça? FA: Não chamaria o Botamem de anti-herói. O personagem sempre têm boas intenções e sempre quer ajudar o próximo. Ele é um cara que se deu mal na vida, não é rico, não é famoso, não têm fãs, alguns diriam que é apenas um sujeito de fantasia e mesmo assim ele quer um mundo melhor. Eu diria que ele tem o espírito heróico de todo brasileiro. A bebida é algo que o herói realmente gosta, faz parte de sua personalidade, mas o herói não surge da junção de homem e cachaça. Não é porque o Tony

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Stark gosta de tomar uns goles que o chamamos de Homem de Álcool, não é mesmo? F: Apesar dessa notória característica alcoólica, eu pude perceber in loco a grande popularidade do personagem com a garotada mineira. A que você atribui essa identificação junto ao público infantil? Afinal, ele toma birita e não todynho? FA: Creio que a identificação do público infantil é a mesma que o leitor de qualquer idade tem. Não é relacionada à bebida, e sim ao fato do Botamem ser um sujeito ferrado na vida, que tenta ajudar as pessoas, mas sempre acaba ferrando ainda mais a situção. A identificação do público é com um personagem que em uma situação cotidiana ao se relacionar com as pessoas ao seu redor acaba criando situações fora do comum e normalmente, terríveis. F: Botamem debutou no universo impresso recentemente, durante o último FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), e logo de cara numa HQ silenciosa. Algo que fugiu por completo das características de suas tiras. HQs mudas e regionais (em especial o cangaço) foi uma ten-

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personagem no FIQ 2011, uma história única, sem falas, de 36 páginas em preto e branco. - Publico também tiras, charges, cartuns e ilustrações em geral no meu site/portifólio: fantasticomundodesunc a.org - Também produzo tiras para o site do podcast Falando com a Bunda: falandocomabunda.com. br - Produzo semanalmente charges sonoras para o programa esportivo de rádio, Óbvio Ululante. Últimas Charges: http://fantasticomundode sunca.org/?tag=chargesonora Todas as sonoras:

charges

http://fantasticomundode sunca.org/?page_id=118 6


RITMO DE PRODUÇÃO DIÁRIO: Duas tiras do Botamem por semana, terça e quinta-feira. Duas charges sonoras por semana, quarta-feira. As segundas-feiras dedico para ilustrações voltadas para parceiros e as sextas-feiras para projetos pessoais de longo prazo. TÉCNICAS QUE DOMINA: Ilustração tradicional, Cartum, Animação, Modelagem 3D e Composição Digital, Ilustração Digital, Edição de vídeo e de áudio HQS, LIVROS E FILMES DE CABECEIRA: Filmes:”Por um punhado de Dólares”, “Por um punhado de Dólares a mais”, “O Bom o Mau e o Feio”, “Era uma vez no O e s t e ” , “ O s Imperdoáveis”, “O Homem que matou o Facínora”, “No tempo das diligências”, “Rastros de ódio”, “Debi e Loide”, “Se beber não case”, “Quanto mais quente melhor”, “Os Caça-Fantasmas”, “Pork´s”, “Curtindo a vida adoidado” e

dência no Festival. O que lhe impulsionou a assumir um projeto exclusivamente visual, logo em seu trabalho de estreia? E como está sendo a receptividade do público até o momento? FA: A receptividade foi muito boa. Estou tendo um retorno bacana e percebo o personagem crescendo cada vez mais. Quando fui planejar a primeira publicação do personagem, decidi seguir com o Botamem para um “novo” rumo. Quando criei o personagem, ele estrelava revistas em quadrinhos com histórias mais longas que eu fazia cópias e distribuía para os a m igos . E m 2 0 0 6 o personagem passou a estrelar tiras, e desde então eu só produzia tiras com o herói. Com exceção é claro de uma animação em 2009. Então em 2010 o Bota ganha seu blog e a partir disso a produção de tiras começou a aumentar. Então quando fui produzir a revista Botamem decidi que seria uma história longa e única, como no início da vida do personagem, e optei por uma narrativa apenas visual. Já tinha produzido várias tiras mudas para o blog e sempre achei um desafio muito bacana, vinha também de uma influência muito grande dos

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trabalhos mudos de Gustavo Duarte, então topei o desafio e parti para a produção. F: Seu lançamento bombou no último dia e zerou o estoque no estande da República dos Quadrinhos. Você compartilha da máxima que diz, “que não se deve se mexer em time que está ganhando” ou tem lugar para novas apostas criativas (personagens) num futuro próximo? FA: Estou sempre produzindo cartuns/charges/tiras/ilustraç ões em geral em projetos paralelos. Creio que a produção de um material mais diverso só tem a agregar para minha qualidade como cartunista. Pretendo sim encarar novos projetos e já até estou planejando uma publicação, a longo prazo, com outro tema e outros personagens. Porém em um futuro mais próximo o foco é o Botamem e a continuidade dos projetos do personagem. F: Outro lance curioso com respeito ao FIQ. Você nos confidenciou que esteve em sua primeira edição em 1999 e comprou a edição #1 da Jayne Mastodonte. Em 2011, treze anos depois, lá estava o “Assunça” dividindo o estande ao lado do autor daquela

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“Apertem os cintos o piloto sumiu!” Livros – ”Série – Guia do Mochileiro das Galáxias”, Série – ”Guerra dos tronos”,”Mad Men – Comunicados do Front publicitário” Quadrinhos – ”Ken Parker”, “Tex”,”HomemAranha”,”O Cabra” e “Revista Botamem” Mais links com o trabalho do artista: botamem.com fantasticomundodesunc a.org oesteselvagem.fantastic omundodesunca.org www.falandocomabunda. com.br


obra, o Flávio Luiz (ganhou até poster do Yoda-se). Qual foi a sensação de viajar no tempo e relembrar o “moleque Lipe” de 1999 com o agora autorexpositor de 2011, realizando um sonho de infância? E aí, pintou um clima? Ou você é um icebergue? Um verdadeiro “coração gelado”? Maneiro, lembrei dos Ursinhos Carinhosos! Por que eu me lembrei daquele desenho b... Enfim...

feliz, sorridente e cordial. Foi um prazer conhecê-lo e uma felicidade muito grande de 13 anos depois de adquirir meu exemplar da Jayne autografálo. E, é claro, foi sensacional expor meu trabalho ao lado do Flávio. Resumo: O FIQ foi F@D%!

F: Fora da nona arte quais são os projetos do polivalente Felipe Assumpção? Rádio, Animação, Publicidade, Dominação do mundo? Tem FA: Poxa! Isso foi f@d# que ter prioridades, né não? mesmo! Para mim foi uma e x p e r i ê n c i a s e n s a c i o n a l FA: Atualmente trabalho no participar do FIQ 2011 como setor de publicidade da Rádio expositor. Estive presente em UFMG Educativa, e gosto todas as outras edições do m u i t a d a e x p e r i ê n c i a . evento como fã de quadri- P r e t e n d o c o n t i n u a r nhos, sempre tietando um ou trabalhando com publicidade outro autor. Nesta edição a na área de rádio e também de tietagem não mudou, as televisão. Também estou compras não diminuiram, mas dando aulas de ilustração pude lançar de forma indepen- d i g i t a l . D o m i n a ç ã o d o dente minha primeira revista mundo? Me parece uma boa em quadrinhos, putz, F@d#! ideia... A prioridade é o Espero que seja a primeira de Botamem, mas pode ter muitas. Conhecer o Flávio c e r t e z a q u e s e m p r e Luiz também foi sensacional! continuarei com vários e Entrei em contato com o d i v e r s i f i c a d o s p r o j e t o s trabalho dele no FIQ de 1999 paralelos, atualmente um quando comprei um exemplar desses projetos é na área de de da primeira edição da Jay- games... ne Mastodonte. Desde então acompanho o autor que tem F: Voltando para a prancheta, sido uma influência constante existe alguma previsão para em meu trabalho. E pessoal- vermos as tiras do Botamem mente o cara é foda! Sempre publicadas numa coletânea

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ou em alguma uma série inédita? Ou você, como bom marketeiro que é, já está estudando a possibilidade do personagem migrar para outras mídias? FA: Esse ano não tenho planos para uma coletânea não. Mas já esta em desenvolvimento mais uma aventura do Botamem para ser lançada, ainda este ano, impressa. A publicação vai seguir a linha da anterior, história única e sem falas. Fora isso pretendo lançar digital duas histórias, longas, porém menores que as impressas criando assim um selo de publicação digital para o personagem a primeira história se chama Pula Pirata e vai ser lançada gratuitamente. Além da produção de tiras que continua normalmente. F: Para finalizar (pois não curto nocaute), quais são os seus próximos projetos autorais ligados aos quadrinhos e o que esperar da dupla Assumpção-Botamem daqui por diante? FA: A ideia é lançar uma revista Botamem impressa por ano e lançar pelo menos duas histórias por ano no selo

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digital e fazer a segunda animação do personagem. Ah! E tem um projeto ligado a área dos games... F: Bem gente, é isso aí! Valeu Assumpção pelo bate-papo e espero que o público tenha curtido tanto quanto eu. Quase tive um orgasmo! Fica aí a dica pra quem não conhecia o Botamem nem o trabalho do Assumpção, vá lá nos “Dados Vitais” do cara e pega a porrada de links que ele disponibilizou, valeu? Felipe, um forte abraço republicano e sucesso meu caro, que é algo que você merece e muito! FA: Pô Beto, eu que agradeço a oportunidade! Valeu demais! Mais uma vez agradeço o espaço de divulgação de meu trabalho. Brigadão! E podem contar comigo no que precisar. Abraço grande.


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Entrevista

Marcos Garcia

com:

01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Não . já participei do primeiro 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? Surgimento de novos talentos e a divulgação do trabalho. sem falar que é nos eventos e nos fanzines que surgem novos artistas... principalmente porque é ai que se escolhe. O caminho de seguir o não com essa profissão de quadrinista. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? Excelente. sempre é válido como divulgação e incentivo a produção. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional?

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Criação de cooperativa de artista para publicação de mais quadrinhos nacional Talvez mais eventos como: exposições, workshops, seminários, concursos... o quadrinho nacional tem que aparecer, só é lembrado quem aparece. 05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Acabar com a colonização do quadrinho U.S.A. os super herois mandam no mercado. até nossos melhores artistas trabalham para eles. Se publica ainda muito pouco


quadrinho nacional , e a divulgação é pouca. mais valorização do artista nacional pelas editoras. 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Para que tenha personalidade de estilo. não copiar outros artistas. mesmo sabendo que no inicio a maioria copia. depois é que seu estilo se firma. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Atualmente compro pouco quadrinho de super-herois. consumo mais quadrinho europeu. e compro bastante quadrinho de artistas nacionais. 08 - Quais seus personagens favoritos? Tem que ser super-herois né : Demolidor, homem-aranha e Thor. Esses foram os primeiros que conheci...gosto de tudo que é bom e bem feito. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? Não tenho um personagem em destaque. sempre desenho Hqs sem personagem fixos...Ficções OneShot. estou atualmente desenvolvendo a criação de um personagem. e pretendo fazer varias hqs dele. uma série. para breve...2013. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Rapaz, uma vez ou outra faço downs de alguns...encarro como um preview para se conhecer o trabalho...

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normalmente adquiro o quadrinho original apos ver o scan, se gostar compro... não tenho opinião formada contra os scans... mesmo sabendo que é uma forma de pirataria... acho legitimo... quadrinho ainda é caro. e mensalmente nas bancas tem uma centena de novos quadrinhos...é complicado comprar tudo. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? Excelente. não parem. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? Produzam e continue valorizando o quadrinho nacional. pois só com esses tipos de iniciativa e apoio dos brasileiros é que a HQ nacional poderá ter futuro. vejo que nos ultimos anos o quadrinho nacional teve um boom bem satisfatorio...esta acontecendo diversos eventos, encontros... se continuar assim o quadrinho nacional conseguira seu devido espaço. O QUADRINHO NACIONAL É MUITO BOM ! TEMOS OS MELHORES ARTISTAS ! TEMOS QUE PRODUZIR MAIS E MAIS... TEMOS QUE APARECER...O PÚBLICO TEM CONHECER MAIS O ARTISTA NACIONAL !

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Use o calendário para não perder nenhum lançamento!

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PRIMEIRA SEMANA: 1 - FARRAZINE - VÁRIOS AUTORES 2- TCHÊ - DENILSON REIS (RS) 3 -WANDERLAND - WANDERLINE FREITAS (RN) 4 - CONTOS DA MADRUGADA - VANDERFEL (SP) 5 - UM MUNDO PRETO E BRANCO - ANTONI WROBLEWSKI (PR) SEGUNDA SEMANA: 6 - PRISMARTE - P.A.D.A (PE) 7 - BLUE HAIR - PALOMA DINIZ, ALBERTO

PESSOA E ISAAC BRITO (PB) 8 - LUPUS - RICARDO GOULART (RJ) 9 - DÃO MAIOR - DÃO (RJ) 10 -DEUSLIR QUADRINHOS (RN) 11 - SEU MININO - JOAQUIM MONTEIRO (PI) 12 - LO CUCARACHA - GIORGIO CAPPELLI (SP) TERCEIRA SEMANA: 13 - RIBEIROS RABISCOS - ENEAS RIBEIRO (MT) 14 - MATTIAS - MATTIAS (RJ) 15 - DIMENOR - FRANCISCO FERRETH (RN)


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16 - PONTO ZERO - REPÚBLICA DOS QUADRINHOS (VÁRIOS AUTORES) 17 - ACUNHA - MARCOS GARCIA (RN) 18 - RIR & ARTE - SÉRGIO ILIARTE (PR) 19 - ZÉ B - WARLEY (MG) QUARTA SEMANA 20 - TIRAS DO BOTA - FELIPE ASSUMPÇÃO (MG) 21 - PUPPY LUV - FABIO BIONDO (PR) 22 - LÓG - VILSON (PR) 23 - ALMANAQUE RQ - REPÚBLICA DOS QUADRINHOS (VÁRIOS AUTORES)

24 - JOTTA CARTUNS - JOTTA MELO (SP) 25 - PIÁ - GIBITECA DE QUATRO BARRAS (PR) 26 - RAY MAN - RAY COSTA (RJ) QUINTA SEMANA 27 - A FELINA COMÉDIA - NINA HELLENA (PR) 28 - AUTOBRUMOGRAFIA - RODRIGO BRUM (RJ) 29 - TATUÍ - FLAVIO CALAZANS (SP) 30 - MINIMAL'S - BETO POTYGUARA (RN) 31 - SOQ! SÓ QUADRINHOS - REPÚBLICA DOS QUADRINHOS

www.farrazine.com

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Entrevista

Enéas Ribeiro

com:

01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Segunda vez. No ano passado participei com meu material “ Ribeiros Rabiscos''. 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? Como artista creio que a difusão de trabalhos e intercâmbio já é o grande motivo, quanto ao cenário nacional, sem dúvida mostrar a quantidade de quadrinhos de qualidade que se produz no país é um fator de incentivo inclusive para novos autores. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? As melhores possíveis, inclusive além da Ribeiros Rabiscos 2 estarei lançando uma edição especial da revista PIÁ QUADRINHOS no evento. Essa revistajá teve dois numeros, são trabalhos de meus alunso do curso de HQs da Gibiteca de Quatro Barras.

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04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? Posso citar o que acontece em emu município, onde a prefeitura patrocina o curso de HQs, além da implantação da nossa Gibiteca Municipal. Com isso, tenho como descobrir novos talentos em nossa cidade, além de ter intercâmbio com outros quadrinistas que já deram oficinas e palestras em nossa Gibiteca.


05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Mecanismos mais acessíveis de retorno financeiro. Fiz quadrinhos por amor a causa por muito tempo, porém só pude realmente fazer a diferença de maneira mais significativa quando a iniciativa pública comprou o projeto. Quantos artistas já tiveram que abandonar a prancheta por falta de opção, buscando retorno financeiro... 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? Identidade de trabalho é fundamental. Quando olhamos o trabalho de autores como Angeli, Laerte, Fernando Gonzales, etc, sabemos que o desenho é deles mesmo sem a assinatura. A assinatura visual é a primeira identidade. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Sou um leitor devorador... Gosto de tudo um pouco. Quadrinhos nacionais, humor, ficção, quadrinhos europeus, alternativos super herois. Bom, acho que seria mais fácil dizer do que NÃO gosto né? 08 - Quais seus personagens favoritos? Acredito muito que um bom autor salva qualquer personagem, então creio que autores aqui são mais importantes que personagens, mas... Brasil: Piratas do tietê, Níquel Náusea, hqs do Watson Portela . Americanos: Hell Boy, Miracleman (Allan Moore), super heróis em geral, desde que a hQ tenha um roteiro e artes que me agradem. Europeus: Torpedo, Burton & Cyb, Asterix e Ken Parker. Japones; Lobo Solitário e Akira.

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09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? Não sou de fazer séries longas com meus personagens, são quase que histórias únicas. Mas escolheria dentro desse critério o Chafurda, um brutamontes sacana, sarcástico e violento. Foi meu primeiro trabalho publicado. Saiu no jornal Estado de Mato Grosso em 1993, como uma série de tiras. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Sou a fovor. Já li materiais em scans, que após a leitura fui a loja especializada e comprei o material. Gosto de colecionar, ter o gibi na minha estante, ler na cama, no banheiro, no ônibus. Porém não acho justo querer ler tal história e ter que comprar um MIX na mesma edição onde seis páginas me interessam e o restante é totalmente dispensável. O bom autor não deve temer o scan, é uma ferramenta de divulgação. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação?

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Sim. No ano passado quando tive o primeiro contato com a República dos Quadrinhos, vi a divulgação do farrazine e baixei para conferir. Não tem como não elogiar, sempre gostei desse tipo de material nacional, tenho muitos materiais dessa linha que saiam nos anos 80 e 90 no Brasil. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? A luta continua companheiros! Se você está lendo tudo isso é porque se interessa por quadrinhos nacionais, e isso é fundamental para fortalecermos nosso mercado.


Entrevista

Wanderley Felipe

com:

01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Não, participei ano passado com duas webcomix: 'Ninfas maníacas' e 'Ariovaldo'. 02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? A divulgação é essencial, e nisso o Agosto pra Tudo é perfeito. Imagine quantos downloads são feitos. O artista que não teve chance de mostrar seu trabalho, saindo com ele debaixo do braço e visitando editoras, agora pode ser visto por muita gente e sem por o pé na rua. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? As melhores possíveis. O evento anterior abriu caminho pra que cada um consiga seu espaço sem concorrência, não é um concurso com finalistas. Todos tem chance de expor. Acho que isso só tende a crescer. 05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Acho que o incentivo está de bom tamanho. As Secretarias de Cultura promoveram concursos, umas poucas editoras também, tem o debate da Lei de incentivo para produção de Hqs. Talvez, periodicidade na produção. O artista as vezes precisa fazer algo que

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fuja do quadrinho, pra sobreviver e acaba deixando de lado seu personagem, com isso sua evolução é comprometida. 06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? O estilo é sua identidade, se você não tiver um, vai ser inevitavelmente comparado. É chato ouvir que seu trabalho parece com o do Fulano de Tal. Brigue com seu lápis e procure um formato seu. Isso com o tempo vem. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Religiosamente os sites: República dos Quadrinhos, Universohq, AQC e Omelete. 08 - Quais seus personagens favoritos? Peneirando bem, os que nunca deixei de lado foram: Peanuts, Calvin e Hellboy. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho? Vou me sentir um pai ingrato, mas é o meu mais recente personagem, o "Ariovaldo". Ele é largado, não se estressa e ainda toma "umas". 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? No caso de publicações mais recentes, não acho legal, mas eu achei muito material antigo que eu já tinha perdido de vista e me deleitei. Quem sou eu pra julgar o Scan? 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação?

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Gostei das matérias, da revista. Conheço há pouco tempo. Achei a tira do Abelardo muito boa. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? Nunca abandone um site. Nessas voltas e reviravoltas da indústria do quadrinho, sempre aparecerão coisas boas. É só ficar de olho.

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Entrevista

com:

Nina Hellena 01 - É a primeira vez que participa do "agosto pra tudo" ? Sim.

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02 - Qual é a importância que tem um evento como o "agosto pra tudo" tem para o artista nacional, bem como seu impacto no cenário de quadrinho nacional? Acredito que funcione como uma vitrine para novos autores mostrarem seu trabalho. 03 - Quais são suas expectativas quanto aos resultados do evento esse ano? Estou retomando meu trabalho depois de alguns anos sem me dedicar a ele. Minha expectativa é que seja visto por mais pessoas além de mim mesma e também conhecer o que o pessoal anda produzindo pelo Brasil afora. 04 - Que outras iniciativas poderiam ocorrer para incentivar a divulgação do quadrinho nacional? Acho que a internet deixou a coisa toda democrática. Cada um mostra seu trabalho sem depender de muita coisa além da própria vontade. Cabe ao público gostar ou não do que vê. 05 - Na sua opinião, o que falta no quadrinho nacional? Criticar a mim mesma e o meu trabalho já me leva bastante tempo. Não sei dizer o que falta. Criticar um nicho, pessoas, editores, exaltar outros não é a minha. Acho que cada na sua correndo atrás do que lhe compete. Espaço para quem produz nunca vai faltar.


06 - Porque é importante o autor de quadrinhos, ou aspirante a autor de quadrinhos, buscar seu próprio estilo? É claro que sempre teremos referências de um pouco de tudo aquilo que gostamos em nosso tabalho, mas com a prática vamos abandonando e encontrando o próprio caminho, traço e maneira de expressão. Tudo que não é autêntico vira mera reprodução e cai no esquecimento. 07 - O que você costuma consumir no que diz respeito à mídia de quadrinhos? Uso a internet como ferramenta de pesquisa, empresto de amigos, de gibitecas, compro muito pouca coisa. Não sou colecionadora nem frequento as ditas “comic shops”. Acho que não tenho roupa adequada para ir e não sei lidar bem com os talheres. Não posso me considerar uma consumidora. 08 - Quais seus personagens favoritos? Acho que vou mais por autores, não necessariamente pelo tema mas pelo traço mesmo..., Neil Gailman, Quino, Schulz, Jim Davis, Joe Sacco etc...também aqui no Brasil gosto muito do Rafael Grampa, Lourenço M u t a r e l l i , A l a n S i e b e r, J o ã o Montanaro, aquele mocinho que desenha para a Folha acho que tem um trabalho intrigante ao meu ver. Mas é só uma opinião, amanhã pode ser que eu descubra algo novo e isso que escrevi possa ser completamente diferente. 09 - Eu sei que é como pedir pra um pai dizer qual filho mais ama, mas qual é o personagem que você criou, por qual nutre mais carinho?

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Estes dias brinquei com uma amiga que debocho do mundo através dos gatos. Por enquanto tenho 3 personagens irmãs gatas com personalidades distintas. Me perguntam volta e meia se são autobiográficas. Não creio, mas arrisco dizer que nutro mais ternura por Amélie, a minha eterna gatacriança. A cada tirinha tento aprimorar seu deboche dentro da pureza e da sinceridade infantil. Te n h o trabalhado mais nela para torná-la mais expressiva inclusive no próprio traço. Meu sonho de adulta é ser como ela. 10 - Embora o assunto pareça não estar mais tanto em voga, o que acha sobre SCANS? Eu costumo apreciar muito quando uma boa alma disponibiliza alguma edição rara, antiga ou que não será reeditada. 11 - Já conheciam o FARAZZINE, o que acham da publicação? Não conhecia. 12 - Tem algum recado para nossos leitores? “Agradecemos pela atenção.” ;-)

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O AGOSTO PRA TUDO visa divulgar a HQB independente do país e inclusive, o nome de artistas de outras áreas das artes gráficas (ilustradores, chargistas, cartunistas, etc). Ano passado foram 36 webcomics vinculadas.


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