Revista do Varejo 48

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Maio 2008

R$ 9,90

ISSN 1806 7500

Ano V




carta ao leitor Longe dos por tos e per to das vitrines do mercado local. Esta

A Revista do Varejo é editada e comercializada pela Editora Empreendedor Diretor-Editor Acari Amorim

acari@empreendedor.com.br

é a atual situação da produção brasileira de itens têxteis e de vestuário. O dólar desvalorizado e a concorrência agressiva dos fabricantes internacionais – em especial das indústrias chinesas – têm tornado cada vez mais difícil a tarefa de exportar a produção nacional. Dados da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (Abit) indicam um déficit de cerca de US$ 600 milhões na balança comercial do setor em 2007. Se por um lado essa realidade reduziu o faturamento com as expor tações, por outro obrigou as indústrias a prestarem mais atenção ao mercado interno e criar estratégias mais eficazes para conquistar o guarda-roupa do consumidor brasileiro. Melhor para o nosso comércio varejista, que passou a ser mais valorizado pelos fabricantes e estreitou sua relação com eles por meio de ações conjuntas no Nº 48

ponto-de-venda.

Redação revistadovarejo@empreendedor.com.br Edição Executiva: Diógenes Fischer Reportagem: Andréa da Luz, Camila Stähelin, Cléia Schmitz, Marco Britto e Paula Arend Edição de Arte: Fernanda Pereira Fotografia: Casa da Photo, Gabriel Schmidt e PurestockX Revisão: Lu Coelho Ilustrações: Édio Wilson Cardoso Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba fernandoborba@empreendedor.com.br Executivos de Contas: Gesner C. Vieira, Érika Kaiser, Nassara Kedman Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis 01239-010 – São Paulo – SP Fone: (11) 3214-1020 empreendedorsp@empreendedor.com.br Florianópolis Executivo de Contas: Vitor Hugo de Carvalho vitorhugo@empreendedor.com.br Executivo de Atendimento: Ronaldo César Pacheco ronaldo@empreendedor.com.br Av. Osmar Cunha, 183 – Ceisa Center – bloco C – 9° andar – Centro 88015-900 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666

Outro reflexo do investiAno V

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mento no comércio local pode

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ser obser vado na mudança de per fil de alguns eventos impor tantes para o mercado de moda brasileiro. Muitos deles deixaram em segundo plano o

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estilismo e a apresentação de tendências fashion para direcionar seu foco nos negócios, buscando fomentar parcerias e contatos entre a indústria e o varejo. Exemplos disso são feiras como a Texfair, em Blumenau (SC); a Fashion Business, no Rio de Janeiro; e a FIT 0/16, em São Paulo. Na matéria de capa desta edição a repór ter Andréa da Luz conversou com especialistas em varejo de moda e diretores das mais impor tantes fabricantes do setor para saber deles que estratégias estão sendo usadas para disputar os pontosde-venda do mercado interno. Além disso, ouvimos também representantes de entidades de classe da indústria e do comércio, que comentam as atuais dificuldades para ganhar o mercado externo e ao mesmo tempo reduzir a dependência dos impor tados chineses, principalmente quando se fala em roupas de náilon e outras fibras sintéticas. Boa leitura e boas vendas!

Escritórios regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenv. Empresarial Ltda / Milla de Souza Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 3231-9017 triunvirato@triunvirato.com.br Brasília Ulysses C. B. Cava Fone: (61) 9975-6660 / 3963-3208 ulyssescava@gmail.com ulysses@agenciamidiax.com.br Rio Grande do Sul / Alberto Gomes Camargo Rua Arnaldo Balvê, 210 – Jardim Itu 91380-010 – Porto Alegre – RS Fone: (51) 3340-9116 ag_camargo@terra.com.br Paraná Merconet Representação de Veículos Comunicação Ltda / Ricardo Takiguti Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista 82560-460 – Curitiba – PR Fone: (41) 3079-4666 comercial@merconet.srv.br Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda / Hamilton Marcondes Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 hmconsultoria@hmconsultoria.com.br Minas Gerais SBF Representações / Sérgio Bernardes Faria Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900 comercial@sbfpublicidade.com.br

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Índice

Matéria de Capa

A moda mais perto da loja Conheça os planos das principais indústrias de confecção brasileiras para aquecer o mercado interno de moda e se aproximar do varejo

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Perfil

Franquia

Tradição familiar e intimidade com as clientes são os trunfos de Maria do Carmo Caringi na gestão da loja de moda feminina Maison Carinci

Com cautela para expandir, a Camiceria Romanato escolhe a dedo os franqueados e dá apoio constante na gestão do negócio

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Banho de Loja

Fazendo Melhor

A arquiteta Kátia Bello fala sobre a mudança de hábitos dos clientes e como a loja deve se organizar para acompanhá-los

O consultor Moacir Moura fala da importância de freqüentar eventos e feiras de negócios para renovar as idéias na administração da loja

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aNO iV

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ENTREVISTA

Tendência

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As lojas de moda encontraram no fast fashion uma forma de se manter constantemente atrativas para o cliente renovando coleções no PDV em ritmo acelerado

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Projeto de Loja

Clarice Martins Costa, diretora de RH da Lojas Renner, conta como implantou uma estratégia bem-sucedida de gestão de funcionários baseada em competências e no encantamento do cliente

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Tipicamente carioca, a Blue Man trouxe a praia para as ruas de São Paulo em um ambiente onde o cliente pode escolher sua roupa entre palmeiras e água de coco

E MAIS: Carta ao Leitor Movimento

Feiras

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Pequenas Notáveis

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Empreendedor na internet 66 Jogo Friedman

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os r a

REVISTA DO VAREJO

A partir desta edição começamos a publicar uma série de jogos de treinamento elaborados pelo Grupo Friedman para capacitar e motivar os funcionários da sua loja 2008 Maio

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MOVIMENTO

Honeywell lança leitor de código de barras para aplicações básicas A Honeywell Imaging and Mobility anuncia o lançamento no Brasil do seu novo leitor Linear Ima­ge 3200, um scanner projetado para uma ampla variedade de aplicações. Par te de um conjunto que inclui recursos lineares 2D e soluções de digitalização de imagens, o 3200 foi projetado para aplicações básicas de leitura de códigos de barra, incluindo ponto-de-venda, fabricação, processos de trabalho e documentação. O 3200 foi concebido em estilo pistola, modelo de fácil manuseio e preferido pelos operadores. Não apresenta par tes móveis inter nas e a garantia de fábrica é de dois anos. Baseado na tecnologia linear, destaca-se também pela ampla profundidade de campo e rápida leitura de códigos de barra. “É uma novidade ideal para os clientes que precisam de um equipamento com tecnologia confiável e mais adequada ao seu orçamento”, ressalta John Izzo, gerente de produtos da Honeywell Imaging and Mobility. “Quem escolher o 3200 poderá perceber que nós não sacrificamos a ergonomia e a facilidade de utilização, fundamentais para a Honeywell”, afirma.

Fgv abre inscrições para prêmio de responsabilidade social no varejo

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O Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV) abriu as inscrições para o 4º Prêmio de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo. O prêmio visa reconhecer e incentivar iniciativas de responsabilidade social e susten­ tabilidade desenvolvidas por empresas e entidades varejistas de todo o Brasil. As inscrições devem ser realizadas até o dia 11 de julho. Podem participar empresas e entidades varejistas que estejam desenvolvendo iniciativas de responsabilidade social e sustentabilidade iniciadas em 2007. O prêmio é dividido em seis categorias: Microempresa, Pequena Empresa, Média Empresa, Grande Empresa, Shopping Center e Entidade Varejista. Um comitê técnico ficará responsável pela escolha dos finalistas e uma comissão de premiação escolherá o vencedor de cada categoria. Os finalistas receberão certificados, exemplares do livro Varejo

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Socialmente Responsável (Editora Bookman, 2007) e terão sua iniciativa publicada no Banco de Práticas de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo. Os vencedores receberão troféu de mérito e cortesias para participar de seminários do Centro de Excelência em Varejo, além de apresentar suas iniciativas no 6º Seminário de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo. No dia 8 de setembro serão divulgados os 18 finalistas, três em cada categoria. Os seis vencedores serão conhecidos no dia 6 de outubro de 2008. A cerimônia de premiação ocorrerá no dia 29 de outubro de 2008, durante o 6º Seminário de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo, no auditório da FGV-Eaesp, em São Paulo. Confira o regulamento no site www.fgv.br/cev/premio ou entre em contato pelo telefone (11) 3281-3276.


Carrinho ecológico será apresentado na Apas 2008

A indústria de shopping centers prevê a construção de 32 novos empreendimentos até o fim de 2009, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Com as construções, o total de shoppings no País chegará a 399 no fim do próximo ano. Impulsionado pelo aumento do poder de compra das classes C e D, o setor ganhou espaço para o desenho de projetos voltados para “a nova classe média”, com maior apelo popular e também para a classe A, em que o fluxo de clientes é menor, mas o tíquete médio das compras é mais elevado. Cerca de 40% das novas unidades serão construídas no estado de São Paulo. Atualmente, 55% dos shoppings no País estão concentrados na Região Sudeste. São Paulo lidera, com 122 unidades. Em termos percentuais, no entanto, a Região Centro-Oeste foi a que apresentou a maior expansão no ano passado: 17,86%. Em 2007, o faturamento do setor cresceu 16% e somou R$ 58 bilhões, segundo a Abrasce. O dado inclui receitas de aluguéis de lojas, de estacionamento e de propaganda.

Oferecer mais comodidade para os consumidores, contribuir para a preservação do meio ambiente evitando a utilização de sacolas plásticas e ainda gerar fundos de arrecadação para ações ambientais e sociais. Estes são os diferenciais do Transvoll, um novo conceito em carrinho de compras, inédito no mundo, que será apresentado pela fabricante Cromo Steel (www.cromosteel.com) sob licença da Fields Inovatec, na Apas 2008, realizada entre os dias 26 e 29 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo. Ao invés da cesta fixa dos modelos tradicionais, o Transvoll (que significa transportador de volumes) permite a acomodação de caixas de papelão biodegradáveis e recicláveis que o cliente recebe ao entrar na loja. Além de dispensar o uso das sacolas plásticas, a compra fica muito mais prática, possibilitando a organização das compras de maneira correta, evitando a contaminação cruzada dos alimentos. “Elas podem ser empilhadas para melhor acomodação e organização dos produtos, seja na loja ou em casa”, destaca Acyr Campos, consultor industrial e inventor do Transvoll. Os supermercados podem incentivar a reciclagem com a Campanha Consumidor Consciente, disponibilizando posto de coleta. Ao participar da campanha, o consumidor recebe um cartão, e a cada dez caixas ou embalagens entregues, recebe uma nova caixa para o carrinho. O novo carrinho permite a veiculação de mídia ecologicamente correta de fornecedores de produtos para o varejo, atendendo à crescente preocupação em preservar o meio ambiente. “Apoiamos o projeto do Transvoll por vir de encontro ao compromisso da nossa empresa com o crescimento sustentável”, afirma Edson Manzano, diretor da Cromo Steel. Maior fabricante de carrinhos e equipamentos de supermercado do Brasil, a empresa foi a primeira em seu segmento a obter a certificação ISO 9000 e está em processo de certificação da ISO 14000 (preservação ambiental), que deve ser obtida até o final do primeiro semestre de 2008. Entre as iniciativas da empresa na área de sustentabilidade destacam-se a campanha para coleta seletiva de lixo e de óleo de cozinha em Itaquaquecetuba/SP (onde está instalada a fábrica) e adoção de processos industriais que não agridam a natureza.

Addmark traz para o Brasil sistema Retail Pro para lojas Com a compra da softhouse Pró Varejo no início do ano, a Addmark passou a ser a distribuidora exclusiva do software americano Retail Pro no Brasil. O programa para gerenciamento de lojas, controle de estoque, processos de pagamentos e inteligência de negócios é um dos aplicativos para varejo mais utilizados no mundo, com mais de 45 mil usuários distribuídos por 73 países. Para agilizar o atendimento aos usuários, a Addmark iniciou este mês o processo de centralização do seu suporte técnico interno para hardware e software. Entre os benefícios e recursos da nova estrutura de suporte destacam-se: solicitação de suporte on-line; integração de recursos realtime como: mensagem instantânea, acesso e diagnóstico remoto, transferência de arquivos, VoIP, videoconferência; recebimento de relatórios por e-mail com os históricos dos suportes realizados; agilidade na solução de dúvidas e/ou problemas técnicos; divisão da equipe de atendimento em níveis de qualificação técnica.

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Setor de shoppings prevê mais 32 unidades até 2009


Produtos mais Vendidos no 1° trimestre de 2008 (em volume de pedidos) 1º 2º 3º 4º 5º

Livros, revistas e jornais Informática Saúde e beleza Eletrônicos Eletrodomésticos

21% 12% 9% 7% 6%

Fonte: e-bit Informação (www.ebitempresa.com.br) Período: janeiro a março de 2008

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Comércio eletrônico tem faturamento recorde no primeiro trimestre Há aproximadamente cinco anos o comércio eletrônico vem dando saltos em crescimento logo nos primeiros meses do ano. Para se ter uma idéia, de acordo com acompanhamento que a e-bit faz do setor, no primeiro trimestre de 2004 houve um crescimento de 46% no faturamento do período de janeiro a março em relação a 2003. Este ano o crescimento foi de 49% a mais do que nos três primeiros meses de 2007, o que significa um faturamento de R$ 1,84 bilhão, contra R$ 1,23 bilhão no ano passado. Apesar de o varejo considerar esse período como sendo de meses mais fracos, principalmente por ser logo após as festas de final de ano, quando as pessoas ainda estão cheias de dívidas, o que percebemos é que os consumidores continuam comprando e os números da e-bit mostram que 2008 promete ser um ano de importantes resultados para o comércio eletrônico. “Os números realmente impressionam. O início do ano é, geralmente, uma época pouco produtiva para o varejo. A maioria dos consumidores ainda tem dívidas feitas durante as festas de final de ano e reduz seu volume de compras. Mas as fortes promoções no começo deste ano, somadas à diminuição

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dos juros e à facilidade de parcelamento no cartão de crédito, parecem fazer sucesso junto aos adeptos das lojas virtuais”, revela Pedro Guasti, diretor-geral da e-bit. Quando comparamos o valor gasto pelos e-consumidores em suas compras pela internet, ou seja, o tíquete médio, constata-se um aumento de pouco mais de oito pontos percentuais em relação a 2007, resultando em uma média de R$ 319 por compra, sendo que no ano passado esse valor foi de R$ 295. Na lista de produtos mais vendidos no primeiro trimestre de 2008, a categoria de Livros ficou mais uma vez em primeiro lugar, a mesma posição do ano passado quando teve 19% de representatividade, com a diferença de que neste ano ficou com 21%. O segundo lugar ficou com produtos de Informática com 12%, e o terceiro lugar com a categoria Saúde e Beleza com 9%, um crescimento admirável em relação ao ano anterior, quando essa categoria teve 5% de participação. Os produtos Eletrônicos ficaram em quarto lugar com 7% e, surpreendentemente, a categoria de Eletrodomésticos ocupou o quinto lugar, com 6% de participação, sendo que não chegava aos primeiros lugares no ranking de produtos mais vendidos no primeiro trimestre desde 2005.



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Entrevista

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Gestora do

encantamento

Há 16 anos liderando o departamento de Recursos Humanos da Lojas Renner, Clarice Martins Costa conta como a rede encara o desafio de manter funcionários motivados e clientes satisfeitos usando ferramentas capazes de encantar na mesma medida os públicos interno e externo

H

á 15 anos, a Lojas Renner, uma das três maiores redes brasileiras de vestuário e ar tigos de beleza, implantou a Avaliação 360º, ferramenta de gestão que permite acompanhar o desenvolvimento profissional por competências dos seus mais de 9 mil funcionários em 95 unidades espalhadas pelo País. A empresa também investe na consolidação da filosofia do encantamento do cliente e chegou a reunir em um livro as 100 melhores histórias de atendimento escritas pelos próprios colaboradores. Ações como estas, que demonstram a preocupação da rede em superar as expectativas do consumidor e manter a motivação dos funcionários, são destacadas pela diretora de RH da empresa, Clarice Mar tins Costa, na entrevista a seguir. A psicóloga pós-graduada em Gestão de RH pela FGV tem 28 anos de experiência na área e está na Renner desde 1992, liderando a implantação desses programas, da gestão com foco na qualidade e do plano de sucessão que está sendo preparado para este ano.

fotos mathias cr amer

Revista do Varejo – Como funciona o programa de avaliação de desempenho implantado na empresa? Clarice Mar tins Costa – A Avaliação 360º consiste em um questionário on-line respondido por todos os colaboradores em nossa intranet e que serve para medir suas competências. Depois do questionário ser preenchido, o sistema emite resultados que serão posteriormente avaliados pelas lideranças. O feedback para o funcionário é feito de forma individual e permite identificar suas falhas ou necessidades de aprimoramento. Dos quatro níveis possíveis, se os profissionais se enquadrarem nos níveis 1 e 2, terão um plano de desenvolvimento individual dentro da Universidade Corporativa da organização, a Academia Renner. Os que atingirem os níveis 3 e 4, por sua vez, serão preparados para assumir cargos mais elevados, com chances de ascensão na carreira. Por outro lado, se mesmo com investimento maciço em treinamento o funcionário tiver duas avaliações negativas consecutivas, ele é desligado da empresa. 2008 Maio

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por andréa da luz


Entrevista RV – De que forma a Lojas Renner promove a motivação entre seus funcionários? Clarice – A nossa filosofia é “encantar todos é a nossa realização”. Mas como é que se encanta o cliente externo se você não encanta o colaborador? Impossível, porque para encantar o consumidor o vendedor deve perceber quais são suas necessidades, se colocar no lugar dele, ser sorridente e ter um bom astral, tratar o cliente como gostaria de ser tratado. Para que isso aconteça é preciso estar motivado e é aí que entram as ferramentas de Gestão de Pessoas que alimentam essa filosofia empresarial.

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RV – As campanhas motivacionais fazem parte dessas ferramentas? Clarice – Sim. Temos uma campanha motivacional chamada “Histórias de Encantamento”, em que os

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funcionários contam os casos de atendimento que superaram as expectativas do consumidor. Para estimular essa participação, anualmente é realizada uma campanha de endomarketing com duração de dez meses nas 95 unidades da rede no Brasil, em diversas etapas. Assim, todo mês, cada gerente de loja escolhe a melhor história que é encaminhada ao gerente regional. Este, juntamente com a equipe regional de RH, indica a melhor por região. Os colaboradores da Administração e dos Centros de Distribuição também participam, encaminhando suas histórias para avaliação da Diretoria e da área de Comunicação Interna/RH. As finalistas são publicadas no informativo interno da empresa – o Planeta Renner – e cada autor recebe um reconhecimento. Na etapa final da campanha, são escolhidas as melhores histórias do ano de cada regional e da Administração/Centros de


RV – Você acha que se não houvesse premiação as pessoas continuariam participando? Clarice – Os prêmios são um reforço, mas o mais importante é o reconhecimento. Todo mundo quer ser publicamente reconhecido, seja no jornal interno ou participando de encontros promovidos pela empresa. O autor da melhor história regional, por exemplo, é convidado para um almoço com os diretores. As pessoas dão muito mais valor para isso do que ao

Com o tempo, fomos

percebendo que os

clientes que receberam um bom atendimento costumam retornar à loja para agradecer ao colaborador com uma palavra de carinho ou um presente simbólico. Foi assim que surgiu o conceito ‘quem encanta é encantado’

prêmio em si. Não se trata apenas de uma questão de premiação ou obrigações profissionais. Cada caso relatado revela também uma história de realização pessoal do narrador. RV – Como foi que surgiu o livro Histórias de Encantamento? Clarice – As 100 melhores histórias, das mais de 100 mil narrativas escritas por colaboradores catalogadas desde 1996, foram publicadas no livro Histórias de Encantamento – A nossa razão de ser, lançado no ano passado. A obra registra relatos como o caso em que uma cliente foi à loja com uma jaqueta recémcomprada e ainda não totalmente paga, queimada na altura da manga, e teve a roupa consertada, podendo retirá-la alguns dias depois. Ou de um vendedor que achou na rua carnês da loja com dinheiro e, mesmo estando em férias, conseguiu localizar a cliente por telefone e ainda se ofereceu para realizar os pagamentos para ela. A coletânea foi idealizada e organizada pelo departamento de RH, com o objetivo de disseminar a filosofia do encantamento adotada pela empresa. Mas com o tempo, fomos percebendo que os clientes que receberam esse atendimento costumam retornar à loja para agradecer ao colaborador com uma palavra de carinho ou um presente simbólico. Foi assim que surgiu o conceito “quem encanta é encantado”. RV – Que outras ações servem para motivar os colaboradores? Clarice – Temos várias ações. Posso citar o PPR (Plano de Participação nos Resultados) e o reconhecimento do colaborador que presta o melhor atendimento no mês, cuja foto é divulgada na loja. Ele é identificado através de um profissional que faz o papel de “cliente oculto” e visita periodicamente as unidades da empresa. RV – A Lojas Renner usa um aparelho, o “encantômetro”, para medir a satisfação dos clientes. Como ele funciona? Clarice – Esses aparelhos fazem parte da Política de Qualidade e começaram a ser instalados em 1995, e hoje as novas lojas já são inauguradas com eles. 2008 Maio

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Distribuição. Desses oito textos, a melhor história de toda a companhia recebe uma premiação especial, que pode ser em dinheiro ou uma viagem. Todos os textos recebidos são arquivados no departamento de RH, que organiza o ranking anual. Quanto mais histórias, maior a pontuação para a loja, que também é premiada.


Entrevista

Nosso objetivo com

o ‘encantômetro’ é que ninguém saia da loja com um problema. Na medida do possível, procuramos resolvê-los ali mesmo no ponto-de-venda. Por isso não temos SAC, são os colaboradores que têm que solucionar as eventuais reclamações do cliente

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São instrumentos de medição da qualidade do atendimento e o objetivo é que ninguém saia da loja com um problema. Há três possibilidades de respostas: muito satisfeito, satisfeito ou insatisfeito. Se o cliente escolhe a última opção, é questionado o motivo daquela decisão. O executivo da área relacionada à reclamação recebe esse resultado e deve ligar para o consumidor para resolver a questão. Na medida do possível, procuramos resolver ali mesmo no ponto-de-venda. Por isso não temos SAC, são os colaboradores que têm que solucionar as eventuais reclamações do cliente. RV – Na sua avaliação, o atendimento se diferencia da concorrência? Em quais aspectos? Clarice – Posso dizer que sim, mas quem responde melhor a essa pergunta é o cliente. No ano passado foram 17,5 milhões de toques nos encantômetros. Desses, 96% correspondem à soma das opiniões

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“muito satisfeito” e “satisfeito”. Além disso, o departamento de marketing conduz pesquisas e estudos mais aprofundados sobre o comportamento e desejos dos clientes da empresa. RV – Que novos programas o RH pretende implantar em 2008? Clarice – Estamos trabalhando desde o ano passado em um programa inovador e que poucas empresas utilizam que é o Plano de Sucessão. Com ele, o RH consegue acompanhar o plano de expansão da empresa, identificando com antecedência quem são as pessoas que podem assumir cargos no caso da abertura de novas unidades ou de aposentadoria de algum executivo, por exemplo. Isso envolve desde a busca dos profissionais dentro da própria empresa ou até no mercado se for necessário, além de treinamento para a função.



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MatĂŠria de capa

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A moda mais

perto da loja

Diante do fraco desempenho nas exportações de artigos de vestuário, a indústria têxtil brasileira investe como nunca em ações estratégicas para ganhar mais espaço no mercado interno através de uma relação mais próxima com as redes varejistas por andréa da luz

PDVs têm papel fundamental nisso devido ao forte apelo ao consumo. Por isso, precisam estar sempre com coleções novas, o que diminui e acelera o ciclo de vida dos produtos”, explica.

disputa pelo cliente Alcançar e satisfazer os desejos desse tipo de cliente é uma missão espinhosa. Mas o varejista não está sozinho. De acordo com Luciane, a indústria mudou sua estratégia de comunicação, anteriormente focada apenas no consumidor final. “Hoje, a atenção está voltada para o varejista de qualquer tipo de produto, mas principalmente de moda. O serviço diferenciado oferecido pelos fabricantes inclui arrumação de vitrines, treinamento de vendedores, eventos locais personalizados de acordo com a cidade ou região e estabelecimento de parcerias”, afirma. Nessa briga, ganha quem oferecer melhor estrutura de suporte ao varejo, com superviso-

res regionais mais presentes no PDV ajudando as lojas a gerenciar seu mix e sua comunicação com o cliente. É o que faz a Dudalina, que atua há mais de 50 anos no mercado de moda masculina. A empresa adota critérios de distribuição rigorosos para evitar conflitos de concorrência que possam prejudicar o desempenho de suas marcas (Dudalina, Base e Individual). Como não tem lojas próprias (a exceção é a marca Base, comercializada também por seis franquias nacionais), a relação com os mais de 2 mil PDVs no varejo leva em conta a localização da loja (shopping ou rua), perfil da clientela e do estabelecimento. “Temos uma equipe para cada marca, num total de 50 representantes comerciais, e um investimento significativo para o marketing no PDV que inclui catálogos, displays, banners, outdoors, workshops com vendedores e equipes próprias que fazem o visual merchandising (confecção de 2008 Maio

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a

quecido com o aumento real da renda dos brasileiros e o acesso facilitado ao crédito, o mercado interno representa hoje o maior filão das vendas para muitas das 30 mil empresas do setor têxtil e de confecção. As grandes indústrias buscam ações conjuntas com lojistas para aumentar a visibilidade de seus produtos e manter suas marcas no topo da lista de preferências do consumidor. Tarefa nada fácil, dada a quantidade de lojas, franquias e redes multimarcas espalhadas pelo País e a vertiginosa mudança no mundo da moda que exige rapidez no lançamento das coleções. Para a diretora de Marketing do Instituto Brasileiro de Moda (IBModa), Luciane Robic, essa mudança acelerada resulta da combinação de três fatores: comportamento do consumidor, acesso fácil ao produto e apelo do ponto-de-venda. “Os consumidores estão cada vez mais ávidos por atualização e os

foto casa da phot o

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vitrines) nas lojas”, afirma o gestor comercial Ilton Tarnowski. Alguns lojistas são escolhidos para abrigar o Ponto D, projeto que usa até 40% do espaço das lojas para a exposição dos produtos da Dudalina. “Nesse caso o projeto é feito por nós, incluindo o mobiliário e a disposição dos artigos. Isso aumenta a visibilidade para os consumidores e, como conseqüência, nossa participação no resultado das vendas e no mercado”, diz o gestor. Aumentar a circulação de pessoas nos pontos-de-venda através

Arquivo Empreendedor

ROBIC: “Os consumidores estão cada vez mais ávidos por atualização e os PDVs têm papel fundamental nisso devido ao forte apelo ao consumo”

de um minucioso estudo de posicionamento de preços e um incremento no número de lançamentos tem sido a estratégia da Hering para se manter competitiva em território nacional. A empresa ataca em várias frentes: agrega informação de moda à marca, investe na qualidade dos produtos e na ampliação do crédito ao consumidor (a empresa lançou recentemente o cartão Hering Store) e adere ao conceito de fast fashion. Lança seis coleções anuais, cada uma com dois ciclos que duram em média quatro sema-

nas cada. “Isso garante novidades constantes nas araras e vitrines de todo o País”, explica o diretor de Marketing da empresa, Marcio Ribeiro Gomes. O resultado foi um crescimento nas vendas de 29% no último trimestre de 2007, em relação ao ano anterior. E até o final de 2008, a previsão é inaugurar mais 43 lojas, totalizando 224 unidades Hering Store no Brasil. Já a fabricante de vestuário e calçados infanto-juvenis, Marisol, adota outra estratégia: antecipar o lançamento de coleções para fazêlas chegar o mais rápido possível às lojas. O diretor comercial Robson Amorim revela que a coleção de inverno, lançada em janeiro na Feira Nacional da Moda Inverno (Fenin), chegou às lojas em fevereiro e as vendas da coleção Verão 2008/2009 será iniciada este mês. Os produtos das marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, voltadas ao público classe A, são vendidos em 140 franqueadas e em mais de 3 mil lojas multimarcas. A Marisol e a Pakalolo, focadas no público B e C, alcançam mais de 10 mil PDVs no País. Na Malwee, as ações mais recentes incluem a troca das sacolas plásticas comuns pelas oxi-biodegradáveis e a distribuição da revista Abraçar Malwee para as vendedoras dos mais de 17 mil PDVs no

jan-mar 2007

jan-mar 2008

Exportação

2.364

533,3

569,7

Importação

3.008

698,1

933

Balança

-644

-164,8

-363,3

20 Maio 2008

Valores em US$ milhões

US$ 33 bilhões

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Fonte: Abit

US$ 34,6 bilhões

Balança comercial do setor têxtil e de confecção brasileiro Evolução no faturamento

Crescimento de

4,85% 2006

2007


projeto Liz Fit Sense, demonstração dos produtos em quiosques montados em shopping centers. Iniciado no final de 2007, o projeto deve percorrer as principais capitais do País este ano.

palco de negócios A indústria também não perde de vista as oportunidades de ampliar os contatos com o comércio em eventos que permitam ampliar a base de distribuição e demonstrar

produtos: as feiras de negócios (ver box na pág. 25). A diretora de Marketing do IBModa, Luciane Robic, diz que a maioria dos eventos desse tipo deixou de focar apenas a mostra de produtos e tendências e se voltou mais para a geração de negócios, com exceção da Fashion Business (RJ) e SP Fashion Week, que ainda são bastante focadas na apresentação de tendências. Com isso, criam-se ambientes propícios para a aproximação efetiva entre lojistas e fabricantes, que se traduz

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ALIAR informação de moda à marca e lançar coleções em ciclos de quatro semanas é a estratégia da Hering para o mercado interno

Divulgação

território nacional. A publicação veicula informações sobre moda com dicas que ajudam no processo de venda. “É um investimento na relação com nosso cliente lojista, com as vendedoras dos nossos produtos e com o consumidor final através da veiculação de informação de qualidade”, diz o gerente de Marketing, Wilmar Raboch. A produção anual chega a 36 milhões de peças que compõem as coleções de suas quatro marcas: a Zig Zig Zaa, a M.Collection, a Sport Schock Fitness e a Malwee. Outro exemplo é o do Grupo CMR, fabricante das marcas de underwear Liz e In.Joy. Sua atuação em um nicho tão específico como o de moda íntima faz com que precise estar próximo tanto de distribuidores quanto dos consumidores finais. Tanto cuidado se justifica pelo fato de a comercialização ser feita por grandes magazines multimarcas, inclusive no exterior, e pela estratégia de não abrir lojas próprias. Pensando nisso, a indústria faz treinamento intensivo no PDV e promove demonstrações dos produtos em locais estratégicos. “Treinamos todas as vendedoras e permanecemos nas lojas até sedimentar a cultura dos bojos de sutiãs A, B, C, D e DD (que leva em conta não só o tamanho do busto, mas a largura das costas)”, afirma a diretora de Marketing e Produto, Ligia Buonamici Costa. “Curiosamente, dos quase 60 países para os quais vendemos, o Brasil ainda é o único que não adota essa padronização, mas nós garantimos o tamanho dessas medidas, que obedecem a padrões internacionais”, acrescenta. A comunicação direta com as clientes ocorre através do

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Revista do Varejo

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RABOCH: uma revista para os vendedores do varejo distribuída em mais de 17 mil PDVs aproxima a Malwee dos clientes lojistas

em fechamento de pedidos e a concretização de novas parcerias. Para Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex) – entidade que promove a Feira Internacional da Indústria Têxtil (Texfair) –, as razões do sucesso de eventos como este são o formato, o número de expositores e o direcionamento para os negócios. “Levamos muito a sério o fato de sermos focados em negócios e somos rígidos quanto à padronização dos estandes e à entrada restrita a compradores”, afirma. Atendendo aos segmentos de vestuário e de cama, mesa e banho, a Texfair atrai cerca de 50 expositores e 27 mil visitantes e ainda promove o Texfashion, um desfile “para trazer glamour ao

evento”, conforme o presidente do Sintex. O sucesso também se deve ao apelo turístico da cidade, à descentralização da feira (foge do eixo Rio-São Paulo) e ao fato de Blumenau (SC) ser um pólo produtor que abriga grandes marcas do segmento – o que reduz custos de operação, de hospedagem e do metro quadrado dos estandes. Este ano, o evento acontece de 27 a 30 de maio, no Parque Vila Germânica, e contará com a presença de empresas de grande representatividade no mercado têxtil, como Hering e Teka. A primeira também participa da Fenin, em Gramado (RS), de olho na possibilidade de manter contato direto com lojistas de todo o País e oportunidades de aumentar suas vendas para lojas multimarcas.

Com o mesmo pensamento, a Teka marca presença nos maiores eventos de seu segmento, como a própria Texfair, a Equipotel e a internacional Heimtextil, na Alemanha. O Grupo CMR aproveita esses espaços para o lançamento de coleções. “A maior parte dos nossos itens é lançada no Brasil no início de agosto, no Salão da Lingerie. Depois, os produtos são levados para Paris, em janeiro, e em seguida para Nova York”, diz Ligia Costa. A Malwee Malhas participa somente da Texfair, por considerá-la a mais importante feira têxtil do País e leva os clientes até sua sede, em Jaraguá do Sul (SC), para que conheçam o processo produtivo. “É um bom momento para prospectar novos clientes e intensificar

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A atenção especial que o mercado interno vem recebendo das indústrias têxteis tem sido uma forma de compensar uma queda nas exportações, que já se estende por quase três anos. O crescimento de 4,85% (de 2006 para 2007) no faturamento da área têxtil e de confecção não foi o suficiente para que o setor superasse o déficit na balança comercial, que fechou 2007 com saldo negativo de US$ 60 milhões, segundo a

A Abit está na linha de frente na busca por maior aproximação com o mercado mundial de forma planejada e estratégica, com vistas a melhorar essas relações comerciais. “Trabalhamos pela abertura de acordos de acesso preferencial a grandes mercados (União Européia e EUA, principalmente), pela desoneração de investimentos e da pro-

PIMENTEL: Boa parte do abastecimento das lojas de vestuário ainda é feita com produtos importados, principalmente os artigos de náilon e outras fibras sintéticas

Resultados da balança comercial no setor de confecção brasileiro por segmento Segmento

2007

jan-mar 2007

Fonte: Abit

jan-mar 2008

Exportação

Importação

Exportação

Importação

Exportação

Importação

Moda Íntima

39.320.466

9.653.748

8.316.033

4.699.479

7.711.958

2.405.916

Confecções – Vestuário

268.902.170

486.212.300

70.414.160

113.806.550

61.683.830

157.027.270

Cama, mesa e banho

326.862.790

44.021.480

79.794.710

10.730.090

69.808.760

20.441.720

* Valores em US$ milhões

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balança negativa

Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Mesmo ocupando o sexto lugar na lista dos maiores produtores têxteis do mundo, o Brasil é responsável por menos de 1% da exportação mundial de artigos do vestuário, enquanto a China responde por 32%. “Isso é muito pouco frente às expectativas e potenciais internos do Brasil”, acredita Luciane Robic. Para ela, é preciso resolver questões legais, políticas e de estrutura de gestão, definindo um posicionamento para a marca Brasil no setor têxtil. Conforme o diretor-superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel, o mercado mundial está em crescimento e deverá saltar dos atuais US$ 480 bilhões para algo em torno dos US$ 800 bilhões nos próximos sete anos, o que representaria uma grande chance para o Brasil aumentar sua participação. As vendas para os EUA, por exemplo, geram US$ 500 milhões anuais ao País, enquanto as compras externas de têxteis e itens confeccionados do mercado estadunidense totalizam US$ 100 bilhões por ano. “Se exportássemos apenas 1% do que eles compram, dobraríamos nossas vendas, com grande impacto na geração de emprego”, avalia Pimentel.

Ricardo Keuchguerian

o relacionamento com aqueles já cadastrados. Como nesse evento os produtos não são comercializados, podemos trabalhar com maior profundidade o conceito, a imagem e as coleções, oferecendo uma espécie de show com os lançamentos”, afirma Raboch. Mais cautelosa, a Dudalina avalia a vantagem de participar das feiras, já que ainda há poucos eventos de moda masculina no Brasil. Não vai a eventos no exterior e, no País, esteve presente apenas na Fenin, em janeiro passado. “Privilegiamos eventos específicos do segmento em que a empresa atua. Como não são muitos, nossas ações se concentram em showrooms dentro da empresa”, afirma Ilton Tarnowski.


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Matéria de capa

dução, na busca de financiamentos a custos competitivos para a cadeia produtiva e pelo fortalecimento da indústria da confecção”, afirma o diretor. A associação também tenta combater as importações ilegais em um trabalho contínuo junto à Receita Federal. Com o processo de abertura das fronteiras comerciais brasileiras na década de 90, uma enxurrada de produtos asiáticos (em especial os chineses) com baixos preços invadiu o País. “Naquela época a imagem dos produtos chineses era muito negativa, mas entendo isso como uma degustação que eles fizeram pelo mundo. Foi uma forma de obter

KUHN: o sucesso da Texfair se deve ao fato de ser um evento focado nos negócios e na aproximação entre indústria e varejo

informação sobre o que o mercado estava querendo e promover uma inteligência em cima dessa informação”, diz Luciane, do IBModa. Hoje, os chineses se tornaram fornecedores competitivos com produtos de qualidade, em que

pesem questões sociais, éticas e ecológicas. “Houve forte investimento do governo para isso. Eles só não cresceram muito em design porque têm uma cultura fechada e fortemente controlada, mas evoluíram bastante, o que não ocorreu no cenário têxtil brasileiro”, analisa Luciane. Apesar das tentativas de regulação das importações, o Brasil enfrenta forte (e desleal, segundo a indústria) disputa com as mercadorias chinesas. Mas não é o medo

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CERCA DE 50 expositores e 27 mil visitantes fazem da Texfair, em Blumenau (SC), um dos principais eventos do setor

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Desfile de bons negócios: feiras e eventos pelo Brasil Texfair do Brasil

www.texfair.com.br

nem o desejo de evitar a concorrência que permeia a atmosfera do setor. O que todo mundo quer é uma competição justa, em condições igualitárias. Para Pimentel, os exportadores têxteis brasileiros não têm nem as vantagens macroeconômicas dos asiáticos (câmbio depreciado, juros baixos, subsídio às exportações, pouco cumprimento de regras ambientais e trabalhistas), nem acordos internacionais de acesso aos grandes mercados mundiais como ocorre na Ásia, Turquia e Colômbia. Por isso, a reversão dos resultados negativos na balança comercial depende de várias ações de retomada de competitividade, abertura de acordos com grandes compradores, redução do Custo Brasil, melhoria da infraestrutura, etc.

Realizado pela quarta vez em agosto do ano passado em São Paulo, o evento sulamericano de moda íntima teve 20% mais compradores do que no ano anterior, chegando a 12 mil visitantes. Em média, os negócios realizados durante a feira respondem por 5% a 10% do faturamento anual dos confeccionistas. Este ano, a quinta edição da feira acontece de 11 a 13 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes, na capital paulista.

empecilhos cambiais

Fenin

Salão da Moda Masculina

www.salaodamodamasculina.com.br

Único evento específico para o segmento, com artigos e acessórios que incluem camisaria, pólos, t-shirts, costumes, blazers, malhas, jeans, underwear, jaquetas, ternos, gravatas, cintos, carteiras e artigos para viagem. Tem duas edições anuais, promovendo os lançamentos para a primavera/verão em uma área exclusiva da Texfair Brasil, em Blumenau (SC), e os de outono/inverno na Fenin, em Gramado (RS). A média é de 30 expositores e 60 marcas.

Salão Lingerie Brasil

www.salaolingeriebrasil.com

www.fenin.com

A Feira Nacional da Moda Inverno acontece no Centro de Eventos do Serra Park, em Gramado (RS). Em comparação com 2007, a 12ª edição realizada em janeiro deste ano apresentou aumento médio de 20% nos negócios para grande parte dos expositores. O evento é focado no lojista e conta com cerca de 700 expositores, mostrando as tendências da moda outono/inverno de mais de 1,2 mil marcas dos segmentos feminino, masculino e infanto-juvenil, além de lingeries, underwear, acessórios e tecelagens.

FIT 0/16

www.fit016.com.br

Feira Internacional do Setor Infantil, Juvenil/Teen e Bebê traz produtos e serviços destinados a lojistas e profissionais da área, e reúne compradores, fabricantes e importadores de artigos voltados à moda infanto-juvenil. A 31ª edição reunirá pelo menos 200 expositores que mostrarão as novidades primavera-verão, de 24 a 27 de junho próximo, no Expo Center Norte, em São Paulo. O último evento ocorreu em janeiro e fechou com volume de vendas de R$ 110 milhões, um aumento de 10% em relação ao inverno anterior.

Fashion Business Rio

www.fashionbusiness.com.br

Bolsa de negócios paralela à semana de moda carioca Fashion Rio que atua sobre diversos segmentos, como moda feminina, masculina, casual, streetwear, festa, praia, lingerie e acessórios. Em janeiro, apresentou crescimento de quase 12% sobre a edição outono-inverno 2007, resultando em volume de vendas para o mercado interno de R$ 370 milhões. Em junho, haverá dois espaços para a mostra Primavera-Verão 2008/2009, dando maior visibilidade às coleções dos novos talentos e às grifes de menor porte, ampliando a integração em toda a cadeia de moda.

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“Nos últimos três anos a moeda brasileira valorizou 50% enquanto a chinesa, principal produtor mundial, apreciou 14%”, diz Pimentel. As empresas reduziram drasticamente suas exportações devido à desvalorização cambial. Na Dudalina, por exemplo, onde o comércio exterior representa 15% da receita total da empresa, a queda nas exportações beirou os 20%, mas a idéia é continuar exportando. “Há outro lado além da margem de contribuição financeira que é a busca da inovação, de novos fornecedores e o aprendizado que vem da atuação em outros mercados”, afirma Tarnowski. A queda foi ainda maior na Teka, segunda maior empresa da América Latina no ramo de roupas de cama, mesa e banho (a primeira é a Coteminas).

Feira Internacional da Indústria Têxtil que acontece todos os anos no Parque ViIa Germânica, em Blumenau (SC). É um centro de referência que dita moda e tendências, apresentando os lançamentos e coleções das principais marcas e maiores indústrias têxteis e de confecções nos segmentos de cama, mesa, banho, vestuário, malharia e decoração do País. Durante o evento acontecem rodadas de negócios promovidas pela Abit e Apex-Brasil, e o Texfashion – desfile/show que reúne criações, tendências e lançamentos de grandes marcas nacionais. Em 2008, a Texfair acontece entre os dias 27 e 29 de maio.

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A redução foi de 50% em importações é de jaquetas e 2007, comparada a 2006. ­suéteres em náilon e outras Em valores, as exportações fibras sintéticas, pois a procaíram de R$ 52,5 milhões dução interna não supre a em 2006 para R$ 44,1 midemanda. “Se essas condilhões no ano passado. A ções se repetirem este ano, estratégia foi manter apenas novamente o crescimento a produção necessária para da indústria ficará muito honrar contratos comerciaaquém da sua capacidalizados anteriormente. “O de de abastecer não só o problema não é de falta de mercado doméstico como mercado, mas cambial, por o internacional”, analisa isso reduzimos a produção Pimentel. Nessa batalha para o exterior”, esclarece entra também o varejo. O o diretor de Relações com o presidente da Associação Mercado, Marcelo Stewers. Brasileira do Varejo Têxtil A empresa se concentra no (Abeim), Sylvio Mandel, portfólio com maior rentaafirma que a instituição vai MANDEL: Os representantes do varejo querem ter bilidade e se volta para o atuar nas negociações com maior participação nas negociações que definirão as mercado doméstico, com novas regras para a importação de têxteis da China o governo federal a respeito previsão de crescimento das novas regras do acordo acima do PIB em 2008. Brasil-China que termina Mesmo com o cenário pouco O problema da pouca quanti- em 31 de dezembro. Mandel promissor, a Marisol quer elevar dade de mercadoria manufaturada lembra que a China não é o único as exportações que representam que enviamos ao exterior não se concorrente asiático, pois há cotas de 5% a 6% de seu faturamento. resume ao câmbio e à concorrência. de importação determinadas pelo “Queremos intensificar a presença Resulta de um processo histórico governo brasileiro. “Essa medida das marcas com distribuição em de desenvolvimento baseado no acaba abrindo mercado para oulojas próprias ou franqueadas fora modelo de substituição de impor- tros países asiáticos como Banglado País, em especial as grifes Lilica tações e abastecimento do merca- desh, Índia e Vietnã”, alerta. Ripilica e Rosa Chá”, afirma o di- do local. “Nossa economia sempre Contato retor comercial Robson Amorim. foi mais introvertida se comparada Abeim A Lilica Ripilica já tem loja própria às asiáticas, e isso se reflete não (11) 3641-0369 na Itália e dois franqueados em só no setor têxtil e de confecção Abit Portugal e na Espanha, cuja in- como em outros setores”, diz (11) 3823-6100 Hering cumbência é desenvolver a rede na Pimentel. A atitude de encarar o 0800 473114 Europa. Também há 13 franquias mercado mundial como fator de Dudalina espalhadas pelo Oriente Médio desenvolvimento e investimento (47) 3331-9001 Grupo CMR/LIZ (seis) e América do Sul (sete) e é algo recente no Brasil, que não (11) 4589-3500 dois escritórios internacionais na ultrapassa uma década. IBModa Itália e no México. A Rosa Chá, De acordo com a Abit, enquan- (11) 3086-3521 marca de moda praia de projeção to o setor industrial cresceu em Malwee (47) 3372-7200 internacional, deve inaugurar torno de 3,5% em 2007, o con- Marisol uma franquia em Nova York nos sumo no varejo aumentou 10%. 0800 8882600 próximos meses, somando-se às Logo, boa parte do abastecimento Sintex (47) 3326-9662 que já existem em Portugal e EUA das lojas foi feita com produtos Teka (Miami). importados. O maior número de (47) 3321-5000

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TFendência ranquia

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Coleções 28 Maio 2008

aceleradas


u

por c lé ia s c hmitz

fotos eliana vieir a

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Para atender um consumidor que tem acesso quase imediato às tendências do mercado, o varejo de moda adota a estratégia do fast fashion e corre para renovar suas coleções diversas vezes em um mesmo mês

m ritmo alucinante tomou conta do varejo de vestuário nos últimos anos. A tendência é encur tar ao máximo a periodicidade de uma coleção e apresentar novidades pelo menos uma vez por semana para o consumidor final. A tradicional divisão das coleções em primavera/verão e outono/inverno continua existindo, mas é entremeada por minicoleções rotuladas como “fast fashion”, uma moda ainda mais rápida em seu processo de renovação. A lógica para tanta correria é a seguinte: o consumidor está antenado com as tendências internacionais e, quando vai para a loja, quer comprar o que já viu na revista, na internet ou na novela. A responsável por trazer o conceito do fast fashion para o Brasil foi a rede espanhola Zara, que o executa com uma destreza incrível. Os clientes encontram peças novas nas lojas da rede pelo menos uma vez por semana. “A Zara tem mais de 200 estilistas, que já criam em contato com o pessoal de vendas e de mercado. O desenvolvimento de uma peça é feito em poucas horas”, afirma André Robic, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Moda (IBModa). Por desenvolvimento entenda-se desenhar, cortar, costurar a peça piloto, fazer ajustes, falar com o pessoal de venda e mandar para a produção. Por trás de todo esse processo há uma série de exigências como controle de estoque, linha de produção flexível e acesso rápido a insumos e mão-de-obra especializada. Segundo Robic, a estrutura desverticalizada da Zara, que conta até mesmo com uma

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Os passos do fast fashion 1) Pesquisadores viajam para feiras e desfiles de moda no exterior em busca de tendências. Revistas estrangeiras e peças usadas por celebridades em programas televisivos também servem de referência.

2) No Brasil, as informações são rapidamente repassadas para a área de suprimentos, que corre atrás de tecidos, cores, tramas, estampas e acessórios para a produção da peça.

3) Costureiras fazem pilotos que, após passarem por ajustes, seguem para a produção. O processo é acompanhado por profissionais de diversas áreas da empresa, do estilista ao gerente de mercado. 4) Na loja, a equipe de vendas corre para expor os novos modelos que, em alguns casos, chegam diariamente. Ao mesmo tempo, as peças não vendidas nas semanas anteriores entram em promoção.

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5) Nas ruas, consumidores, em especial as mulheres, exibem modelitos semelhantes aos que viram na semana anterior em novelas ou sites, revistas e desfiles de moda. 30 Maio 2008

tinturaria, é perfeita para executar o conceito de fast fashion. Dessa forma, a empresa fica menos refém da capacidade dos fornecedores. “Quando você passa a depender dos outros, o processo fica muito mais difícil”, conta Robic.

lançamentos diários Difícil, mas não impossível. Prova disso é o trabalho dos atacadistas do Bom Retiro, bairro paulistano que se transformou na terra do fast fashion no Brasil. Pesquisador das atividades da região, Robic afirma que há novidades todos os dias à disposição dos compradores, a maioria donos de butiques de outras regiões e estados, que vão ao Bom Retiro em média duas vezes por semana para abastecer suas lojas. “Se um comerciante apresentar cinco produtos novos por dia e nós multiplicarmos por 200 lojas do bairro, serão mil lançamentos diários para a escolha do comprador”, calcula Robic. O fast fashion impulsionou os negócios no Bom Retiro e transformou a rotina dos comerciantes da região. Antes, os estilistas das lojas viajavam duas vezes por ano ao exterior para fazer pesquisas, hoje a freqüência é mensal. “São pelo menos três viagens por estação. Enquanto a coleção de verão está nas lojas, os pesquisadores checam tudo para preparar a coleção de inverno, mas não deixam de incorporar tendências de inverno em novas peças para o verão”, explica Robic. Tudo é avaliado por olhares bastante atentos, desde cor e tecido até forma e acabamento. No Brasil, costureiras fazem as peças piloto sob orientação de um modelista e o apoio de uma modelo de prova. Depois do desenvolvimento


A ADOÇÃO do fast fashion exige dos lojistas mais agilidade na gestão dos processos, da logística à exposição no PDV

atrás de novidades No grande varejo, a Lojas Renner é uma das redes que tem assimilado bem o conceito de fast fashion. A rede trabalha com seis minicoleções, que são renovadas a cada seis meses.

Nas lojas, a rotação de cores e a disposição de peças ocorre a cada 15 dias com as peças-chave da coleção. “O fast fashion tem uma participação expressiva no mix de produtos”, afirma Haroldo Rodrigues, diretor de compras da Renner. Segundo o executivo, o sistema aumentou a freqüência dos clientes na loja e ajudou a empresa a aumentar as vendas em 8,5% no ano passado. “A principal vantagem desse modelo é a maior agilidade para atender os mercados. O desafio é obter a mesma agilidade dos fornecedores para responder às demandas da moda”, explica Rodrigues. É por isso que o fast fashion reforça a necessidade de uma logística

mais eficiente. Para auxiliar empresas que praticam o fast fashion, o Grupo Linx criou no ano passado um operador logístico exclusivo para os ramos têxtil e vestuário. A Linx Fast Fashion faz todos os processos de logística como recebimento, manipulação e armazenagem de produtos, separação e expedição de pedidos para lojas próprias, franquias e multimarca, além da gestão de fretes. A proposta é centralizar as operações num único fornecedor – o operador logístico. O resultado esperado é redução de custo com entregas mais freqüentes e em lotes menores. Afinal, produto parado não agrega nada de valor. “O ciclo de venda é muito 2008 Maio

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das peças, o trabalho segue para uma confecção terceirizada. Ao mesmo tempo, outra equipe corre atrás dos fornecedores de tecidos e outros insumos requisitados pela tendência. Esse ritmo é imposto às indústrias têxteis, muitas acostumadas a trabalhar com um planejamento de dois anos para frente. “O fast fashion foi uma injeção de velocidade na cadeia inteira. Isso é perto de uma loucura”, brinca Robic.

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curto dentro do conceito mais agilidade. de fast fashion. Por isso, “O Brasil é muito grande, os o grande objetivo é ter lojistas aceitaram o fast fashion estoque menor e entrega no início, mas alguns estão um mais veloz”, afirma Daniel pouco receosos, argumentam Mayo, diretor da Linx Fast que não venderam ainda a Fashion. Muitas vezes, coleção principal e já estão administrar todo esse prorecebendo novos produtos”, cesso é complicado para afirma Thai. Para o empresário, o lojista, especialmente é só uma questão de tempo àqueles que não dispõem para os lojistas se adaptarem de tecnologia e infraao novo sistema. É claro que estrutura para controle para isso os comerciantes de estoque. precisam estar predispostos. Agilidade é mesmo Segundo Thai, donos de buimprescindível para quem tiques exigem mais agilidade decidir investir no fast no lançamento de produtos, fashion. Mas tanto esforço enquanto as sapatarias são pode trazer muitas commais resistentes. pensações. A maior oferta ROBIC, do IBModa: “Se o varejista não estiver disposto A questão é: será que o de novidades por par te a ter a agilidade que o fast fashion exige, é melhor não fast fashion é para todos? dos atacadistas possibilita aderir porque o conceito pode se voltar contra ele” Na opinião de André Robic, o ao dono da butique dispor conceito deve ser adotado por de peças praticamente exclusivas na espaço para as tendências que estão comerciantes que têm condições de região e focar ainda mais num tipo de chegando. A exceção fica por conta aproveitá-lo. “É aquela história: se do consumidor. É a chance de buscar a tão da coleção mais básica, importante na lado do meu escritório tem um terreno sonhada diferenciação. “Mas para isso composição do mix. que vale R$ 100 milhões e o dono está ele precisa conhecer muito bem o seu vendendo pela metade do preço, para cliente e saber coordenar coleções”, execução cuidadosa mim não se trata de uma oportunidaavisa Robic. Oferecer novidades a Para a Goóc, marca de calçados, de porque eu não tenho condições todo instante também é um estímulo financeiras de aproveitá-la”, compara. bolsas e acessórios, as minicoleções para que o cliente vá à loja com mais “Da mesma forma, o lojista que não que “recheiam” as duas coleções freqüência. estiver disposto a ter a agilidade que principais já representam 30% das o fast fashion exige, melhor não aderir Outra vantagem é que o lojista vendas. “Decidimos aderir ao sistenão precisa mais comprar uma grade ma fast fashion porque percebemos porque pode se voltar contra ele.” No inteira e ficar pensando no que fará que precisávamos ser mais ágeis, as entanto, é sempre bom lembrar: o com aquela cor ou tamanho que nunca informações estavam chegando antes concorrente pode ter aderido. vende. Conseqüentemente, o estoque do produto em si”, conta o vietnamita Contato também tende a ser menor. É claro Thai Quang Nhia, proprietário da Lojas Renner que isso só acontecerá se houver um marca. O empresário reconhece que www.lojasrenner.com.br Goóc bom giro dos produtos. As promoções não é fácil executar o sistema. De um (11) 6194-2081 passam a ser mais freqüentes porque modo geral, produz mais estoques e IBModa (11) 3086-3521 as peças de moda precisam girar sobras na indústria, mas por outro Linx Fast Fashion com mais velocidade e, assim, abrir lado reduz a pirataria porque exige (11) 2103-2400

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Perfil

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Intimista 34 Maio 2008

e pessoal


MARIA DO CARMO: “As clientes vêm aqui solteiras, casam, separam, trazem os filhos, e continuam me visitando”

a

mpliar o negócio é praticamente um imperativo no mundo do varejo. É uma seqüência natural: se prospera, se investe, se cresce. A empresária Maria do Carmo Caringi seguiu também esta regra, mas com uma rígida diretriz: não abrir mão de continuar atendendo pessoalmente cada uma de suas clientes na Maison Carinci, loja focada em moda feminina, de Porto Alegre. Para ela, trata-se de uma questão de honra. Afinal, foi assim que tudo começou há 20 anos, quando a comerciante despretensiosamente deu início a uma carreira no varejo de moda para mulheres. A loja de “Neneca”, como é conhecida pelas clientes, foi ambientada num casarão antigo. As peças da casa foram mantidas – copa, cozinha, quartos –, tudo para deixar um clima familiar desde a decoração até o atendimento. A empresária pratica um método todo pessoal de vendas, atendendo as clientes sempre com hora marcada, fugindo do tradicional comércio de portas abertas. Num esquema tão intimista, soa natural quando Maria do Carmo diz que não pretende investir em qualquer tipo de mídia. “Se começar a entrar muita gente aqui não vou conseguir atender todo mundo”, justifica.

toque familiar

por ma r co brit t o

fotos g a b r ie l sc hmidt

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Inspirada pela tradição da família no varejo, Maria do Carmo Caringi faz questão de atender pessoalmente e manter uma relação de proximidade com as clientes da Maison Carinci

A trajetória bem-sucedida da empresária gaúcha sempre se baseou no bom relacionamento com clientes e fornecedoras, muitas vezes amigas pessoais. Hoje, em sua loja, Maria do Carmo divide o atendimento com mais três funcionárias, uma delas sua “comadre”. Ambiente familiar é algo intrínseco ao projeto em torno da Maison Carinci. Desde o atendimento exclusivo ao ambiente aconchegante e reservado, e finalmente na equipe, há sempre um toque familiar. “Tenho uma alma cheia de amor com as minhas clientes. Quero vê-las vestidas exatamente como elas desejam estar, é o ápice do meu trabalho”, comenta. Para a empresária, trabalhar em loja se trata de muito mais do que compra e venda. Maria do Carmo utiliza-se de uma sensibilidade muito especial que acaba aproximando-a da vida das clientes. “Elas vêm aqui solteiras, casam, separam,

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Perfil trazem os filhos, e continuam me visitando.” Esse compromisso exige de Maria do Carmo uma posição centralizadora. Como a maioria da clientela procura por ela, como que esperando seus conselhos para uma boa compra, sua presença é o alicerce da loja. E não é para menos: é uma mistura muito grande entre amizade e moda, e muitas das clientes encaram uma passada na Maison como uma visita à amiga. Essa é sua estratégia diferencial – mesmo depois de operar numa loja maior, o atendimento continua muito próximo entre ela e as clientes.

tradição em atender A importância desta recepção atenciosa nos negócios é tanta que Maria do Carmo resolveu diminuir o espaço da loja, contrariando o instinto de expansão dos empreendedores. Espaços temáticos, que ofereciam bijuterias e vinhos

finos, foram encerrados. Hoje, a Maison tem três espaços apenas – um dedicado à moda mulher, outro para crianças e um de decoração especial para mesas, além do spa, com uma massoterapeuta disponível. Segundo a empresária, foi uma atitude consciente de focar no melhor atendimento, mantendo uma espécie de tradição. “Elas vêm aqui atrás disso, do meu jeito de atender e compreender o que as mulheres querem. Trago isso no sangue. Meu avô já tinha esse costume de manter os clientes como amigos.” Outra característica que reforça o clima familiar é a presença de diversas imagens e objetos que remetem ao passado da família Caringi no Rio Grande do Sul. Uma verdadeira linhagem de comerciantes, sempre apegados à elegância, se iniciou em 1896. Nesse ano o bisavô de Maria do Carmo, um imigrante italiano chamado Nicola Caringi, abriu na cidade de Pelotas a Casa Caringi Chapelaria. Na

época, a pequena butique vendia produtos masculinos – acessórios como bengalas, polainas e luvas, em alta na moda para os homens da época. Após 25 anos, Caringi Filho assumiu os negócios da família e expandiu o negócio para uma pequena rede de lojas de departamentos, batizado de Magazine Casa Caringi, que teve filiais nos municípios de Rio Grande, no litoral sul; Bagé, cidade próxima à fronteira com o Uruguai; e a capital Porto Alegre. O negócio não suportou o crescimento e se encerrou no início da década de 60, após meio século de história no varejo regional. Em 1988, Maria do Carmo viu que continuaria o histórico familiar de grandes comerciantes. Começou meio sem querer, pegando roupas de amigas com confecções, e aproveitando um grupo de bons relacionamentos, ela mostrava algumas peças para outras amigas e isso rapidamente se transformou

Nicola Caringi inaugura a Casa Caringi Chapelaria, em Pelotas (RS), especializada em moda masculina. O bisavô de Maria do Carmo era, como ela, apegado à moda de bom gosto e elegância.

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1921

Com a morte do patriarca, Caringi Filho assume os negócios da família e expande o negócio para uma rede de lojas de departamentos, o Magazine Casa Caringi. O empreendimento contava com filiais nos municípios de Rio Grande, Bagé e Porto Alegre.


Maison Carinci 2005 Sede: Porto Alegre Área de atuação: moda feminina e decoração Número de lojas: 1 Número de funcionários: 3 Fundação:

numa profissão. A bisneta do pioneiro Nicola Caringi então se descobriu uma comerciante nata – manifestou-se a herança genética. Começou a procurar cursos ligados à moda, algo incomum no Brasil da década de 80. “Assim eu me identifiquei com a venda e com a moda, algo pelo qual sou apaixonada. Aos poucos fui aumentando as minhas vendas, e

1963

A rede não consegue se manter, e após quase 70 anos de experiência no varejo, a família Caringi encerra oficialmente seu negócio.

2005

A Maison Carinci é inaugurada. Utilizando o espaço de um casarão antigo em Porto Alegre, a gama de produtos é ampliada, porém o atendimento continua centralizado em Maria do Carmo, que recebe a maioria de suas clientes com hora marcada.

1988

Revista do Varejo

Maria do Carmo Caringi começa a vender roupas de amigas ligadas à confecção. O bom resultado das vendas revela a empatia da bisneta do patriarca da família de comerciantes. Logo ela busca um apartamento que serve de espaço exclusivo para a venda de moda feminina para um círculo próximo de clientes. 2008 Maio

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Perfil

COM APENAS três funcionárias, Maria do Carmo optou por um atendimento intimista, diminuindo o espaço da loja e atendendo clientes com hora marcada

também busquei um espaço maior.” Depois do bom começo vendendo em casa, um apartamento foi alugado para servir como loja, no Bairro Moinhos de Vento, e se firmou o estilo de vender que permanece até hoje, apenas em outro endereço. A grafia escolhida para o nome da loja é uma referência à maneira original que o sobrenome italiano era escrito, alterado na chegada de Nicola Caringi ao Brasil.

Revista do Varejo

moda com liberdade Maria do Carmo se descreve como uma pessoa que se emociona olhando vitrines. A dificuldade em se atualizar era driblada pela força de vontade, acompanhando o mer-

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cado em viagens para a Europa e Estados Unidos, costume mantido até os dias de hoje, bem como visitas regulares a São Paulo. Sobre as tendências atuais, a empresária celebra a variedade com qualidade. “A moda dá hoje a oportunidade de ser você mesmo, de optar por uma boca-de-sino ou uma calça skinny. Isso é bárbaro, dar a liberdade das pessoas de serem elas mesmas dentro das tendências.” Em seu trabalho com as clientes, Maria do Carmo procura empregar essa liberdade fazendo uma leitura dos diferentes tipos e as possibilidades de modelos que a moda atual oferece. “Uma das principais características da minha loja é a

confiança do cliente em mim. Não se trata de vender R$ 1 mil ou R$ 100. Eu sempre busco suprir o desejo da cliente.” Segundo a lojista, em sua atividade é necessário um exercício diário de interpretar as personalidades das pessoas, para buscar o que elas desejam, e então realizar suas vontades. Para formar o time de profissionais, a exigência não poderia ser outra senão muito jeito para lidar com as clientes. Um exemplo dado por Maria do Carmo é a massoterapeuta Silvana, que com muito carisma e profissionalismo se efetuou no quadro de funcionários da loja, e de quebra provocou o surgimento do espaço spa. Inicialmente as massagens eram dadas de presente para freqüentadoras especiais. Hoje o espaço está com a agenda concorrida todas as tardes e nas três manhãs semanais que Silvana atende. De acordo com Maria do Carmo, sua grande preocupação na hora de contratar é encontrar pessoas que falem a mesma língua do cliente, que tenham realmente uma boa percepção disso. Para a empresária, a venda é uma conseqüência do atendimento. E na hora de escolher os funcionários ela recorre ao sentido aguçado de comerciante, nada mais. “Bons currículos, com qualificação, na hora da prática podem não significar nada. É preciso sensibilidade, bom gosto, dar o retorno que o cliente espera.” Com experiência secular adquirida com uma série de exemplos, a empresária sabe do que está falando. Com menos, ela busca oferecer mais. Contato Maison Carinci (51) 3346-3680



Franquia

Revista do Varejo

Moda sem 40 Maio 2008

exageros


a

por c a m ila s t ä he lin

fotos casa da photo

2008 Maio

Revista do Varejo

A rede de roupas e acessórios masculinos Camiceria Romanato reformulou seu sistema de franquias com foco nas lojas de rua e muita cautela para expandir o negócio

franquia de moda masculina Camiceria Romanato tem uma raiz no setor têxtil que vem de gerações. “Meu avô era alfaiate e todos os seus filhos herdaram, de alguma forma, o ofício”, conta o proprietário da rede paulista, Gigio Romanato. Tanto que acabaram fundando uma empresa familiar de engomagem de fios e tinturaria de tecidos. “Meu pai era um grande visionário do segmento, inovou em diversos aspectos os empreendimentos da família. A estamparia dele era o lugar onde eu brincava de bicicleta quando criança”, lembra. Antes de enveredar para a carreira solo no varejo e abrir a franquia, o dono da rede de lojas seguiu uma trajetória nas empresas da família e chegou a dirigir por 14 anos a tecelagem do pai. Mas sua vontade sempre foi de ter algo no comércio relacionado ao setor têxtil, para aproveitar a experiência que tinha com moda. Foi assim que, em 1990, fundou a Camiceria Romanato. A opção pela moda masculina foi para não competir diretamente com os próprios clientes do negócio da família, que focavam na moda feminina. A proposta da primeira loja era trabalhar só com atacado e vender apenas camisas. Mas as pessoas do bairro acharam interessante e iam comprar uma peça ou outra. “Tínhamos o ponto fazia uns cinco meses, e uma jornalista de uma revista famosa entrou, por acaso, gostou do que viu e pediu para produzir fotos para uma matéria. Resultado: em fevereiro vendemos mais do que no Natal”, conta o empresário.

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Franquia

ROMANATO: “Todo franqueador deve ter suas lojas próprias para ter noção dos problemas enfrentados pelos franqueados”

Aos poucos, a loja foi crescendo e o mix de produtos também, e Romanato viu que era necessária uma loja para vestir o homem de cima a baixo. Assim foram entrando outros itens no catálogo de mercadorias, como cuecas, bermudas, calças, camisetas, pólos, gravatas, sapatos, cintos e até perfume da marca.

Revista do Varejo

barriga no balcão Cinco anos após abrir a primeira loja e ter sua marca com uma identidade bem definida, Gigio Romanato inaugurou seu sistema de franquia. Era chegada a hora da expansão e não havia dúvidas de que o franchising era a maneira mais segura para fazer isso. “Todo franqueador deve ter suas lojas próprias para ter noção dos problemas enfrentados pelos fran-

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queados. É preciso colocar a barriga no balcão e saber o que vende, o que não vende e por que”, ressalta. A primeira loja franqueada da rede foi em São José dos Campos (SP) e o empresário decidiu mais uma vez ser cauteloso. Por alguns anos ficou apenas com essa unidade, para saber se a franquia funcionaria ou não. Deu certo e as unidades franqueadas foram se espalhando. A cautela de Romanato não é apenas com os negócios, ele se reflete também no estilo da marca. “O propósito inicial, que é o mesmo ainda hoje, foi fazer uma moda masculina on the rocks. Ou seja, acompanhar sempre as tendências, porém, de uma maneira diluída, sem os exageros da moda brasileira. Os estilistas daqui têm uma tendência a exagerar demais. É preciso cuidado.” Essa precaução toda faz com

que o empresário monitore e readapte constantemente seus negócios. A rede já chegou a ter 16 lojas franqueadas – atualmente conta com cinco. A diminuição no número de pontos se deu quando Romanato percebeu que os shopping centers estavam lucrando mais do que os donos de loja. Foi preciso uma reestruturação. O foco, atualmente, por exemplo, são as lojas de rua. Além disso, o contrato de franquia foi reformulado e está mais flexível. “Procuramos dar o máximo de liberdade e autonomia aos nossos franqueados. Tudo o que é obrigado, não, obrigado!”, afirma o executivo. O projeto da loja, por exemplo, não chega a ser único e fechado, apesar de haver uma linha de arquitetura predefinida. O franqueado escolhe se usa ou não o arquiteto sugerido pelo franqueador, ou opta


prudência para crescer Romanato afirma que não adianta simplesmente capitanear franqueados, é preciso muito mais do que atraí-los. É necessário mantê-los. “As pessoas, às vezes, se enganam com o sonho de ter o seu próprio negócio. Há quem chegue aqui dizendo que quer comprar uma franquia para o filho tocar. Minha primeira resposta é: mande ele aqui. Não se pode, por exemplo, correr o risco de colocar um vegetariano para tocar uma franquia de um açougue.” É por isso que o varejista destaca que é preciso ter afinidade e comprometimento com o negócio. “O franqueado não tem que ser o gerente da loja, mas tem que passar, pelo menos, uma hora por dia dentro do estabelecimento para sentir como estão indo as coisas.” Para o varejista, a prudência é indispensável na administração dos negócios e tem que ser incorporada a todos os projetos. Atualmente, está contatando algumas empresas que prestam consultoria para franquias, para melhor organizar e expandir sua rede. Além disso, está abrindo quatro lojas próprias da marca, buscando um interior próximo à capital paulista. E, também, investe no crescimento da

perfil do negócio Fundação:

1990

1995 Negócio: moda masculina Responsável pela franquia: Gigio Romanato Unidades próprias: 2 Franquias: 5 Número de funcionários: 8 próprios Funcionários por unidade: 4 2 Tamanho médio das lojas: 40 m Investimento médio inicial: R$ 140 mil Retorno dos investimentos: cerca de 36 meses Royalties: não cobram Fundo de promoção: 2% Prazo de contrato: 5 anos Faturamento médio mensal: R$ 35 mil Faturamento anual da franquia: R$ 400 mil Criação de franquia:

Revista do Varejo

por um de sua preferência, com a supervisão da marca. O mesmo acontece com o recrutamento de pessoal. A Romanato escolhe os funcionários ou o processo é feito junto com o franqueado. “Tentamos fazer tudo, sempre, a quatro mãos”, destaca o varejista. Para ele, atitudes como essa refletem positivamente na sua relação com os franqueados.

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Franquia

A FRANQUEADA Ruth Rochel destaca a facilidade de comunicação com o proprietário como um dos pontos fortes do negócio

linha de cosméticos masculina, já que o perfume da marca é o unitário mais vendido.

Revista do Varejo

orientação direta A franqueada da unidade do shopping SP Market, Ruth Rochel, assim como Gigio Romanato, veio da indústria para o varejo. “Trabalhei no financeiro de uma multinacional durante quase 25 anos, estava chegando perto da aposentadoria e não tinha como parar de trabalhar”, afirma a lojista. Pela experiência que tinha em sua vida profissional, sabia que uma franquia seria a opção mais segura na tentativa de montar um negócio seu. “A indústria é muito diferente do comércio e precisava de um bom suporte, de uma marca que me orientasse de verdade, já que experiência com varejo eu não tinha,

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só boa vontade para aprender.” Depois de conversas com parentes que trabalhavam em shoppings, gerentes comerciais, pesquisas na internet, diferentes fontes lhe indicaram a Camiceria Romanato. A empresária conta que se identificou logo com a marca, principalmente pelo contato ter sido muito fácil e acessível. “Falar diretamente com Gigio foi ótimo. Em outras franquias onde fiz entrevistas, normalmente era um intermediário que conversava comigo, e não o dono da empresa”, diz. Três meses depois dessa primeira conversa inaugurava a sua loja. Ruth preferiu que a Romanato recrutasse sua primeira equipe de pessoal e participou, juntamente com eles, do treinamento. Faz três anos que abriu as portas de

sua franquia e a lojista afirma que consegue administrar o negócio tranqüilamente. Aos poucos está tendo o retorno de tudo o que investiu e pretende, assim que tiver condições materiais, quem sabe, abrir outros pontos-de-venda. “Tocar uma loja não é tão simples quanto parece. Lógico que tem os seus segredos. Mas é muito bom esse contato diário com pessoas diferentes e esse aprendizado de respeitar a individualidade de cada um. Há aqueles clientes, por exemplo, que se limitam a entrar, comprar e sair. Outros fazem amizade mesmo, conversam sobre tudo e, às vezes, passam aqui só para cumprimentar ou tomar um cafezinho”, destaca. Contato (11) 3085-1240 www.camiceriaromanato.com.br



Revista do Varejo

Projeto de loja

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Charme carioca

longe do mar

Em pleno coração do comércio paulistano, a principal unidade da grife carioca Blue Man transporta os clientes para o litoral em uma loja onde é possível escolher a roupa de praia entre palmeiras e elementos náuticos, com direito até mesmo a uma água de coco

Inaugurada há pouco mais de um ano na capital paulista, a grife carioca de moda praia trouxe para a alameda Lorena, na badalada região de compras dos Jardins, um pouco da atmosfera do charmoso bairro do Rio de Janeiro. O projeto é assinado pelo arquiteto Beto Marques, com

fotos casa da phot o

a colaboração de Paulo Carneiro e Luciana Grisolli. “A idéia foi criar uma praia na selva de pedras que é São Paulo”, conta Marques, que tem uma relação de mais de 30 anos com a marca, que ultrapassa o campo profissional, uma vez que começou 2008 Maio

Revista do Varejo

n

ão tem como não lembrar da “moça do corpo dourado, do sol de Ipanema”, do clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, ao entrar na flagship store da Blue Man, embora o público feminino não seja o único foco da marca.

por paula ar end

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Projeto de loja

PLACAS de vidro temperado emolduradas por madeira cumaru deixam entrar a luz do exterior e compõem uma fachada que destaca o espaço interno da loja, e chama a atenção de quem passa pela rua

Blue MAN São Paulo Data do projeto: fevereiro de 2007 Tempo de execução: seis meses (obra, 50 dias) Piso: concreto – liso e textura etrusca – e madeira Paredes: concreto, madeira, vidro, fórmica líquida, MDF, porcelanato Iluminação: lâmpadas de vapor de sódio, lâmpadas brancas, dicróicas Fachada: vidro, madeira e ferro

Revista do Varejo

Local:

A ILUMINAÇÃO natural é reforçada por uma grande clarabóia no teto do hall de entrada e cria belos efeitos entre as folhas das palmeiras

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como cliente. A proposta agradou e hoje a loja tornou-se a menina dos olhos do coordenador de estilo e proprietário da grife, David Azulay – um carioca de estado de espírito que não consegue passar mais de um dia em São Paulo. A loja também se transformou na principal vitrine da Blue Man. “São Paulo é a capital da moda”, argumenta, contando que sempre quis ter uma loja na região em razão das oportunidades que ela proporciona. “É mais ou menos como o Carnaval. Não tem como bater o do Rio de Janeiro. Já quando o negócio é moda, São Paulo lidera”, compara David Azulay, paraense, mas que há mais de 40 anos vive no Rio e reconhece que é no território paulistano que as coisas nesse setor acontecem. E não é só a instalação da “melhor e maior loja da rede” – nas palavras do próprio dono – na capital paulista que referenda essa percepção. Em abril, a marca anunciou que deixaria de participar do Fashion Rio para apresentar sua coleção no São Paulo Fashion Week. Tudo isso justifica o investimento de quase R$ 1 milhão no empreendimento, inaugurado no início de 2007.

natural, palmeiras e cactos lembrando o cenário tropical agreste do litoral brasileiro, materiais rústicos, elementos náuticos e amplitude nos ambientes são algumas das características que refletem isso, em pouco mais de 200 m². A fachada com seus mais de seis metros de altura, acompanhando o pé-direito total da loja, é composta por uma estrutura em madeira maciça cumaru, com perfis metálicos e panos de vidro temperado. Ela é responsável por grande parte da iluminação do ambiente interno, cujo acesso se dá por uma porta à direita, sobre a qual está o logotipo da marca. O piso de placas de concreto em textura etrusca da calçada serve

como um direcionamento para o interior, uma vez que continua no hall de entrada da flagship, tanto no revestimento do piso como nas paredes. No caso do piso, ele é entrecortado por cruzetas de demolição, que formam uma ilha onde fica a vitrine. A exposição dos oito manequins, contudo, não tem outra delimitação além da diferenciação do piso, fazendo com que o espaço interaja com o público. “É o point da galera. Dá para tomar uma água de coco, sentado embaixo de uma palmeira. A moda é essa”, observa Beto Marques. E ali, no caso, são três palmeiras, que recebem luz ainda da cobertura do átrio-clarabóia de vi-

A rusticidade do revestimento é completada pelos cactos e as cordas náuticas usados como elementos de decoração

identidade praiana

Revista do Varejo

Beto Marques destaca que buscou uma identidade arquitetônica própria para o projeto, visando atender o varejo. “É um projeto para vender”, enfatiza o profissional, que se pauta pela cenografia como meio de alcançar a identidade entre o consumidor e os produtos. Assim, se é moda praia, então nada mais natural do que criar um ambiente que remeta o consumidor a esse ambiente. Forte incidência de luz 2008 Maio

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Revista do Varejo

Projeto de loja

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O Sal茫o de vendas ganhou um p贸rtico revestido por chapas de ferro enferrujado e com uma floreira de cactos na parte superior


dro temperado que fica sob esse hall com pé-direito duplo. Uma espécie de colméia complementa o teto e dá suporte para a iluminação. Nas laterais desse espaço, o mesmo material do chão “subindo” pelas paredes buscou criar uma dimensão de caixa, com a textura etrusca lembrando as falésias no litoral brasileiro. E com a utilização de chapas de ferro enferrujado (que serviram como um box e ajudaram inclusive a disfarçar a caixa de luz MADEIRA descascada reveste parte das paredes e dos móveis de exposição, que da loja) forma-se uma espécie de contam ainda com um sistema de cremalheiras, araras e prateleiras embutidas pórtico. Tal elemento junto com as cordas brancas de náilon usadas no design das “araras” são uma referência náutica – que faz parte da identidade comercial da Blue Man. Na direita, o ferro enferrujado e os cactos e, na esquerda, as cordas “preenchem” o concreto. O projeto de luminotécnica apresenta um mix de luzes para maior destaque do produto e dramatização do que Beto Marques chama de “cenário comercial”. Nesse sentido, além da clarabóia para a entrada da luz do dia foram usadas lâmpadas de vapor de sódio como uma referência, criando um ambiente de sol da meia-noite.

ambientes diferenciados

Revista do Varejo

A passagem para o que pode ser chamado de um segundo espaço da loja ou, mais propriamente, salão de vendas, se dá por um pórtico formado pelos pilares estruturais na lateral revestidos pelas mesmas chapas enferrujadas, seguindo a composição de materiais. Nessa área, contudo, o teto é rebaixado por um mezanino, o piso é revestido em placas de concreto liso e a iluminação por meio de spots embutidos é reforçada. O parapeito do mezanino, além 2008 Maio

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Projeto de loja

UM TUBO de acrílico liga o salão de vendas diretamente à área de estoque na parte superior do mezanino, conferindo mais agilidade ao atendimento

foi uma solução que evitou a perda da amplitude do salão de vendas – que já perde em relação ao demais ambientes pelo pé-direito menor. A disposição dos produtos não segue um padrão rígido, mas de modo geral as peças femininas estão nas laterais e as masculinas nos expositores/ilhas centrais. As placas de ferro que revestem os pilares também ajudam, uma vez que buracos nas chapas permitem a colocação de ganchos que dão suporte aos acessórios da marca, como bolsas. E se o tamanho ou a cor não estão em exposição, o produto do estoque que fica na parte superior do mezanino é enviado ao salão de vendas por meio de um ducto transparente que fica entre os expositores – outra característica das lojas da grife.

espaço para relaxar

Revista do Varejo

Nos fundos da loja, um lounge com bar serve para deixar os clientes mais à vontade e faz uso da iluminação natural para criar um clima de final de tarde

de contar com uma chapa de ferro que fecha o pórtico, sustenta uma floreira com cactos – que, aliás, são um capítulo à parte e tiveram uma atenção especial no projeto. Nas laterais da área sob o mezanino, madeira descascada exposta ao tempo reveste boa parte das paredes e embute um sistema de cremalheiras, araras e prateleiras.

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Sobre elas, uma sanca de luz, além de iluminação nas próprias prateleiras. Os dois expositores centrais resultam de uma composição com essa madeira e as cordas, em forma de curvas, remetendo aos corpos femininos e às ondas do mar. A outra “ilha” com produtos da marca complementa o ambiente. Para David Azulay, o uso desse sistema

Na parte posterior da loja, o pé-direito volta a ser duplo e novamente o projeto de arquitetura faz uso de uma clarabóia para a entrada de luz natural. “Quando podemos utilizar a altura total do espaço, ganhamos um conforto visual e físico, que torna a permanência no local agradável”, explica Beto Marques. Esse terceiro espaço é uma espécie de lounge, servindo tanto para eventos que a marca venha a promover como simplesmente para deixar mais confortável às pessoas que acompanham os clientes. O ambiente é composto por um balcão/bar com tampo de granito verde Ubatuba, que também é usado no mezanino que leva ao pavimento superior. A parede de fundo – que também é a parede de fundo da loja – é revestida em porcelanato branco. “Para a melhor reflexão


o frio do concreto no piso, estão presentes as já tradicionais toalhas de papel em provadores de lojas de roupa de banho. A iluminação é feita com luz anti-age, difusa, na parte posterior do espelho. A clarabóia do lounge reforça a claridade do local, permitindo uma luz mais natural, próxima do que o cliente vai encontrar no ambiente propício para os produtos que está provando. Por ser um espaço decisivo para o fechamento da compra, os provadores recebem um detalhamento mais elaborado,

com cuidados com a luz e o dimensionamento, para criar um conforto maior físico e visual, destaca Beto Marques. Mais ou menos parecido com o trecho final da famosa música de Tom e Vinicius. Ou seja, toda a atenção é para que a/o cliente tenha a sensação de que quando ela/ele passa “o mundo inteirinho se enche de graça e fica mais lindo”. Contato Blue Man (11) 3085-0475 Beto Marques (21) 3322-5223

o arquiteto Beto Marques largou a faculdade no terceiro ano do curso para abrir a sua própria loja, onde comercializava moda e design. A identificação com a arquitetura e a percepção sobre a importância dela no comércio acabou definindo o seu futuro profissional, passando a integrar a equipe dos primeiros projetos no varejo que considerou o projeto arquitetônico como mais um dos itens fundamentais no desenvolvimento de uma loja – que teve como marco inicial a loja da Yes Brasil, no Rio. “Aprendi na escola da vida”, diz o profissional, que defende uma arquitetura cenográfica, mas que ajude a vender. 2008 Maio

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Revista do Varejo

da luz natural, proporcionada pela clarabóia, e artificial, resultante da iluminação azulada, compondo um clima de ‘fim de tarde’”, justifica o responsável pelo desenvolvimento do projeto. Sobre a parede, o logotipo da Blue Man em aço inox, acrílico e neon branco. E nos “pés” mais um jardim de cactos. A planta, aliás, está presente por toda a loja e é marca única da flagship. Conforme conta Azulay, no início houve a intenção de vender também arranjos com as plantas na loja. “Mas, no fim, não deu certo”, desabafa. É nesse espaço posterior que fica o caixa da loja. Em MDF com acabamento em fórmica líquida, o fundo branco do balcão do caixa fecha parcialmente a escada que dá acesso ao mezanino na lateral esquerda e tem uma televisão de plasma. A parede que acompanha a escada até o segundo pavimento é revestida de massa rústica Terracor – revestimento que continua no mezanino, que além do estoque tem instaladas a cozinha e a área administrativa. Também faz as vezes de showroom, ou camarim ou local para eventos que a grife venha a rea­ lizar. Nessa área, o uso da madeira lascada também está presente. É por meio desse terceiro ambiente térreo, à direita, que os consumidores têm acesso aos seis provadores – com portas de ripas de madeira lascada e batentes idem, que lembram vestiários de clubes. A divisória entre os dois ambientes é feita por vidro temperado rayban jateado, que acompanha o pé-direito até o mezanino. Na área específica dos provadores, o pé-direito não é duplo, sendo rebaixado por uma extensão do mezanino. Internamente, além do tapete para amenizar


Banho de loja

A quem você quer

agradar?

Imagine a cena: uma adolescente quer comprar um vestido para ir a uma festa. Ela vai à loja com sua mãe e experimenta alguns modelos. Fotografa a si mesma com o celular, vestida com os modelos que mais gosta, mas declara que não levará nenhum. A mãe dá alguns palpites e identifica várias peças que vestiram bem, têm qualidade e preço justo. Mesmo com os atributos que a mãe julga importante (beleza, qualidade e preço), a menina não se convence. Ela tem outros planos. Ao chegar em casa, publica as fotos na internet e pede para as amigas votarem na opção de sua preferência. Paralelamente, entra em sites para pesquisar preços e ver opções similares para só depois decidir a compra, que não necessariamente será feita na loja onde tudo começou. Este case real serve para ilustrar novos hábitos de consumo que vêm sendo identificados no processo de compra. Se analisarmos um pouco mais, veremos que não se trata apenas de uma história sobre mãe e filha. Trata-se de uma história de varejo, de como a mudança de hábitos pode refletir no fechamento de uma venda. Nesse caso, a loja tinha variedade de mix, com qualidade e preço que agradaram à mãe. Porém, nada disso contribuiu para o fechamento, pelo simples motivo de que os decisores da compra não estavam presentes: as amigas que dariam o veredicto final sobre o vestido. Interessante neste exemplo é observar como o grupo interfere na decisão do indivíduo para determinados públicos-alvo. Certamente, se estivéssemos descrevendo o processo de compra de uma executiva de meia-idade, ela

não teria o mesmo tempo da adolescente, talvez nem as mesmas habilidades com tecnologia ou mesmo a necessidade de aprovação do grupo para tomar decisões. Na história descrita, a loja não perderia esta venda se tivesse conseguido atrair as decisoras de compra ou de alguma maneira (quem sabe eletrônica) as fizesse presentes. A essa altura você pode pensar: mas não dá para agradar a todos. É exatamente por isso que as lojas precisam ter foco. De forma natural, quando você se posiciona agradará a alguns e desagradará a outros, obviamente. Isso me faz lembrar de uma loja que visitei

“Não dá para agradar a

Kátia Bello

Arquiteta e sócia-diretora da Opus Design

Revista do Varejo

katia@opusdesign.com.br

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todos. É exatamente por isso que as lojas precisam ter um foco bem definido” em janeiro passado em Nova York. O ambiente é uma danceteria perfeita, com som alto e mobiliário de bar. Mas nele não se vendem bebidas, e sim jeans. Só há focos de luz nas roupas e mesmo assim é difícil definir as diferenças de cor entre elas. O que está em jogo não são as características técnicas do produto, e sim a experiência de compra. A loja tem foco claro nos jovens e seu estilo de vida, o que naturalmente desagrada a pessoas com mais idade. Porém, tem o poder de atrair “a galera” e fazer da compra uma “balada”. Ao definir o foco do seu negócio, pense a quem você quer agradar. Novos tempos trazem novos hábitos que exigirão das lojas novas atitudes!


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Revista do Varejo


Revista do Varejo

P EQUENAS NOTĂ VEIS

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Fazendo melhor

É hora de

sair da toca Empresários localizados próximos a uma cidade pólo do seu estado passavam por dificuldades financeiras. Os clientes tinham por hábito organizar caravanas para comprar em lojas fora da região. Um diagnóstico feito por uma empresa de consultoria apontou que as empresas locais precisavam se atualizar. Preços não competitivos, falta de variedade de produtos, condições de pagamento inadequadas, pouco empenho do pessoal de venda e mau atendimento eram algumas das coisas que precisavam ser mudadas. Problemas constatados, uma comissão organizadora deu início a um pacote de providências. Um treinamento do pessoal foi organizado, incluindo os próprios donos que também se dispuseram a fazer a lição de casa. Uma grande promoção conjunta foi detonada, com prêmios, cartazes e um verdadeiro plano de marketing para região. As vendas tiveram até um bom incremento mas, para surpresa geral, as caravanas continuaram a se deslocar para o município localizado a 100 quilômetros dali. “Esses clientes não sabem mais o que querem! A gente dá tudo, mas eles não reconhecem o nosso esforço”, queixavam-se os empresários. Fica fácil culpar os outros. A solução veio com a realização de uma outra caravana, desta vez de comerciantes, que foram até a cidade misteriosa constatar o que de tão extraordinário havia ali. Descobriram que o problema estava na apresentação das lojas, no alto astral

dos empresários que se movimentavam e conversavam com as pessoas, cativando clientes e funcionários o tempo todo. Trabalhavam no chão de loja. Sair do local de trabalho, ler, viajar, participar de eventos e conhecer novas realidades são algumas das melhores formas de aprendizado. Além de atividades imensamente prazerosas, abrem novos horizontes para a empresa e oxigenam o seu empreendimento. Vale a pena investir nessa área para se inteirar das mudanças, se renovar, recarregar as baterias e descobrir novas alternativas para o seu negócio.

“Viajar, participar de eventos

Palestrante, consultor de varejo, especialista em gestão e motivação de pessoas moacirmoura@terra.com.br

e conhecer novas realidades são algumas das melhores formas de aprendizado”

Sair da toca! Eis a grande sacada para quem tem o hábito de ficar plantado atrás do balcão à espera de dias melhores. Inove, procure oportunidades para se atualizar, se inspirar, buscar informações úteis e trocar idéias a respeito do melhor negócio do mundo: o seu! Porque se você não participar das atividades de cultura empresarial que acontecem na sua entidade de classe, seu concorrente aproveita e ficará sabendo tudo o que você ainda não sabe. Mas caso você não possa se ausentar por um ou dois dias para cuidar do seu futuro, então é possível que não haja mais futuro para você! 2008 Maio

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Revista do Varejo

Moacir Moura


Jogo Friedman

Estoura balão! Neste jogo todos os vendedores têm uma chance igual de vencer. Eles ganham o direito de estourar um balão ao atingirem as metas de vendas. Cada balão contém um pedaço de papel com um prêmio escrito nele. O jogo ficará mais emocionante se forem utilizados fitas e balões coloridos, além de uma variedade de prêmios.


esc de

Tip Co

Du Um Tipo de Jogo Competição individual. Duração sugerida Um dia ou um fim de semana. Como Jogar Uma variedade de prêmios e de conseqüências é escrita em pequenos pedaços de papel dobrados firmemente e colocados dentro dos balões. O vendedor que alcançar os pontos desejados terá o direito de estourar um balão e de ganhar o prêmio que está escrito no papel. Regras Básicas

Promovendo o Jogo

Co Um me de

• Invista tempo para criar um quadro colorido para o jogo que servirá para prender os balões. Cubra o quadro de avisos com papel colorido e o decore com fitas. Utilize balões multicoloridos.

Re

• Programe o jogo de forma a coincidir com o aniversário de alguém. Faça com que nos balões e fitas constem temas relativos à comemoração.

-D equ

-T

Premiações Utilize prêmios de pequenos e médios valores, podendo incluir algumas conseqüências, tais como tarefas de limpeza do dia, se desejar.

Ex

C

• Divulgue uma lista das metas de venda específicas que você deseja que sejam alcançadas pela sua equipe.

Materiais e Recursos Necessários

• Toda vez que um vendedor alcançar uma meta ele lançará um dardo num balão e ganhará o prêmio.

• Balões multicoloridos e fitas para decoração

Flo Sã

• Um grande quadro de cortiça ou de avisos para prender muitos balões e suportar o impacto de um dardo

PS

• Dardos

Rio

• Cornetas, sinos ou apitos para soarem durante a leitura dos prêmios

PA

• Caso o balão não estoure, não haverá segunda chance. • Ao estourar o balão, o vencedor deve ler seu prêmio em voz alta.

• Pequenos pedaços de papel para escrever os prêmios

Calendário de Seminários do Grupo Friedman PTG – Programa de Treinamento de Gerentes BELO HORIZONTE – 3 a 5 de junho brasília – 24 a 26 de junho RIO DE JANEIRO – 7 a 9 de julho são paulo – 22 a 24 de julho PSL – Programa de Supervisão de Lojas SÃO PAULO – 17 a 19 de junho TVV – Treinamento de Vendas para o Varejo RIO DE JANEIRO – 10 a 11 de julho

Sã Rio

Extraído do Manual de Jogos & Competições para o Varejo, do Grupo Friedman

Ins

MATERIAL PRODUZIDO PELO

www.friedman.com.br

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Revista do Varejo

• Ao estourar o balão, o vendedor ganhará o prêmio escrito no papel no interior do balão. O balão precisa estourar para que a pessoa ganhe o prêmio.

PT

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Pequenas notáveis

brasil competitivo

Revista do Varejo

Empresas conquistam novos mercados com apoio de agentes do Sebrae na ampliação da cartela de fornecedores e clientes responsáveis Diminuir custos e aumentar as vendas. Essas são algumas das várias vantagens que o empresário Antonio Martoneto conquistou para a sua empresa Ki-Fruit em Brasília. A partir de uma parceria firmada com o Sebrae, por meio do Projeto Comércio Brasil, o empresário teve a oportunidade de conhecer novos fornecedores e conquistar novos clientes. A empresa Ki-Fruit fica na Centrais de Abastecimento do Distrito Federal S/A (Ceasa) de Brasília, local que recebe diariamente caminhões abarrotados de frutas e verduras vindas de todo o Brasil. Existente no mercado há cinco anos, a Ki-Fruit é considerada uma das maiores empresas do atacado e comercializa 570 toneladas de frutas por mês. O empresário Antonio Martoneto lembra que no início seus únicos fornecedores de frutas eram do interior de São Paulo. Após algum tempo, ele passou a aumentar seu mix de produtos, ampliando sua

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cartela de fornecedores. Frutas como maçã, melão e laranja passaram a chegar também do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Argentina. Mas era preciso oferecer mais variedades e um melhor preço. Por intermédio de um dos seus clientes que, na época, era consultor do Sebrae, Antonio conheceu o Projeto Comércio Brasil. A ação desenvolvida pelo Sebrae tem por objetivo buscar novos clientes e fornecedores para empresas que estão aptas a competir no mercado. Na época, a Ki-Fruit se submeteu à avaliação do projeto, a Matriz de Diagnóstico. Após passar por essa fase como apta, a empresa recebeu um reforço na sua cartela de clientes e fornecedores. O Sebrae contratou agentes de mercado, como Márcio Fabris, para interligar os negócios, unir quem produz e quem vende. O agente encontrou na Bahia um novo fornecedor de frutas. Hoje, com o apoio do projeto, Antonio negocia a compra de uva e manga

diretamente com fruticultores de Petrolina e Juazeiro, na Bahia. Ao todo são 30 toneladas por mês. “O Comércio Brasil abriu as portas para novos mercados. O setor em que atuamos tem muita gente não confiável, aventureira. O Sebrae nos colocou em contato com empresas sérias, das quais adquirimos produtos com bom preço e qualidade”, afirma Antonio. Ainda segundo o empresário, os antigos fornecedores levavam seis dias para entregar as uvas em Brasília. Já os novos gastam a metade desse tempo. O resultado são frutas mais frescas e saborosas na mesa do consumidor. “O produto chega aqui com seu frescor natural e com mais durabilidade”, diz o agente Márcio. Antonio distribui a uva para mais de 100 mercados, quitandas e restaurantes do Distrito Federal. As encomendas triplicaram. Toda segunda-feira chegam da Bahia 30 toneladas de uva Itália. A fruta era vendida em Brasília por


R$ 5,99. Mas, com os novos fornecedores, o empresário reduziu o preço para R$ 2,99. As vendas dispararam. O preço caiu porque o custo foi reduzido em 40%. “Optamos por mudar a estratégia da empresa. Trabalhar com mais volume e com menor preço”, conta o empresário Antonio Martoneto. Comércio Brasil Criado em 2006 pelo Sebrae Nacional, o Comércio Brasil busca criar oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas, associações, cooperativas de produtores e artesãos. Inicialmente as empresas selecionadas pelo Sebrae recebem a visita de um agente de mercado, consultor que aplica questionários denominados Matrizes de Diagnóstico, com os quais avalia se a empresa está apta a participar do projeto. Depois dessa etapa, o agente de mercado levanta as oportunidades de negócios e intermedia as relações entre as empresas participantes do projeto e os canais diretos e indiretos de vendas (representantes, distribuidores, revendedores), para inserção dos produtos no mercado. O agente identifica também as deficiências e necessidades

das empresas e orienta os seus proprietários a participar de capacitações, consultorias e buscar informações técnicas em Gestão de Negócio, Gerência Básica, Planejamento Estratégico, Finanças, Atendimento ao Cliente, Marketing, Vendas, Gestão de Pessoas, Design, entre outros. Hoje, o projeto atua nos segmentos da agricultura orgânica, alimentos, apicultura, artesanato, cachaça, calçados, confecções, equipamentos de proteção individual, estrutiocultura, fitoterápicos, flores e plantas, fruticultura, guaraná, mandiocultura, material esportivo, metalurgia, móveis, plásticos, piscicultura e tecelagem. O projeto está presente no Distrito Federal, Amazonas, Bahia, Acre, Pará, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Maranhão, Rio de Janeiro, Piauí, Rio Grande do Norte e São Paulo. Segundo a gestora nacional do projeto, Hannah França Salem, “a expectativa é que, até o fim deste ano, estejam incluídas no projeto as 27 unidades da Federação. Outra tendência é que o projeto seja o suporte comercial de todos os projetos do Sebrae”.

Um relatório recente registra, entre outras informações, o faturamento das 127 empresas ativas participantes do projeto. O balanço apresenta dados referentes ao período do segundo semestre de 2007 e ainda, quando pertinentes, os resultados de avaliações anteriores (1º e 2º semestres de 2006 e 1º semestre de 2007). O primeiro dado relevante referese à evolução mensal do reforço gerido no faturamento das empresas com apoio do Projeto Comércio Brasil. Observou-se que o faturamento total apurado em 2007 foi R$ 13.145.360 superior. Vale ressaltar que a meta inicial do Comércio Brasil era incrementar dentro de três anos o faturamento das empresas participantes em R$ 1,2 milhão. Porém, de acordo com os números apresentados, percebe-se que a meta foi ultrapassada logo no ano seguinte do seu início. Outra análise importante é com relação ao custo-benefício. O investimento total do projeto feito pelo Sebrae é da ordem de R$ 3.888.000. Hoje, o incremento de faturamento proporcionado às empresas participantes é no valor de R$ 18.516.562, sendo R$ 5.371.202 em 2006 e R$ 13.145.360 em 2007. Ou seja, o projeto já deu um retorno para as empresas quase cinco vezes mais que o valor investido.

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Revista do Varejo

Números do sucesso


Feiras A terceira edição da Eletrolar Show, feira de negócios para a indústria e o varejo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que acontece de 24 a 27 de junho deste ano, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, se consolida como ponto de encontro entre a indústria e os compradores de grandes, pequenos e médios varejos de todo o Brasil. Este ano os organizadores esperam receber um público superior a 10 mil visitantes, com a presença de presidentes e diretores de indústrias e de lojas do varejo, gerentes de compras, marketing e vendas, compradores, vendedores e representantes comerciais. Paralelo à feira de negócios, o evento promove também workshops e seminários com cases da indústria e do varejo.

ELETROLAR SHOW

3ª Feira de Negócios para a Indústria e Varejo de Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos 24 a 27/06/2008 Transamérica Expo Center São Paulo – SP Azul Empreendimentos e Produções Ltda  (11) 3034-4100

w w w. e l e t r o l a r s h o w. c o m . b r FASHION BUSINESS – PRIMAVERA/ VERÃO

12ª Bolsa de Negócios do Segmento de Moda 10 a 13/06/2008 Marina da Glória Rio de Janeiro – RJ Escala Eventos  (21) 2178-2315 www.fashionbusiness.com.br

SICC

17º Salão Internacional do Couro e do Calçado 3 a 5/06/2008 Serra Park Gramado – RS Merkator Feiras e Eventos  (51) 3593-7889

www.merkatorfeira.com.br

Revista do Varejo

UNILAR

25ª Feira Nacional de Decoração, Móveis, Paisagismo e Equipamentos para o Lar 17 a 22/06/2008 Expominas Belo Horizonte – MG Tecnitur Feiras, Congressos e Eventos  (31) 2103-8700

www.tecnitur.com.br 62 Maio 2008

TOP MÓVEL

10ª Feira de Móveis do Norte e Nordeste 11 a 14/06/2008 Centro de Convenções do Ceará Fortaleza – CE Dinâmica Eventos  (85) 3433-6959

www.dinamicaeventos.com.br FENIT 2008

60ª Feira Internacional da Indústria Têxtil – Primavera/Verão 17 a 20/06/2008 Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SP Alcântara Machado Feiras e Negócios Ltda  (11) 3291-9111

www.fenit.com.br FIT 0/16

31ª Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil & Bebê 24 a 27/06/2008 Expo Center Norte São Paulo – SP Interfeiras Eventos Ltda  (11) 3966-3022

wwww.fit016.com.br

ABF FRANCHISING EXPO

17ª Feira Internacional de Negócios de Franquias 25 a 28/06/2008 Expo Center Norte São Paulo – SP Messe Frankfurt Feiras  (11) 5103-9500 www.abfexpo.com.br

BRASILSHOP 2008

8º Congresso Internacional de Varejo de Shopping & Expo 25 a 28/06/2008 Expo Center Norte São Paulo – SP Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop)  (11) 5080-0505

www.brasilshop08.com.br ENCONTRO DA MODA FEMININA

35º Encontro da Moda Feminina 1º a 4/07/2008 Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo – SP SV Eventos, Congressos e Promoções  (31) 3296-5694

www.encontrodamoda.com.br





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EPmpreendedor equenas notáveis na internet

por alexandre gonçalves alexandre @empreendedor.com.br

Interatividade

O conteúdo que faz toda a diferença

Confira, abaixo, os últimos comentários postados no site sobre a reportagem “Empresas contratam mais pessoas acima dos 40 anos”:

Mercado de trabalho após os 40 anos Confira no site Empreendedor matéria exclusiva sobre as últimas pesquisas realizadas pelo IBGE e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). As duas instituições apontam crescimento de profissionais seniores empregados, inclusive com o auxílio da internet. Ainda nesta reportagem, escute um trecho da entrevista realizada com o secretário de Políticas Públicas do MTE, Ezequiel Nascimen-

Resultado

60,45% Preconceito das Revista do Varejo

empresas

25,75% Falta de

atualização

13,81% Exigem salários

maiores

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to. Ele fala sobre a demanda das empresas brasileiras em contratar profissionais mais experientes, o que, conseqüentemente, tem empregado pessoas com mais de 40 anos de idade. Para ter acesso à matéria, basta clicar na seção “Reportagens”, no menu à esquerda do site, e selecionar a matéria “Empresas contratam mais pessoas acima dos 40 anos”.

3 Enquete

Preconceito ainda persiste

Para embasar a matéria sobre o mercado de trabalho após os 40 anos, a última enquete do site Empreendedor questionou os internautas sobre o porquê das pessoas desta faixa etária sentirem dificuldades para reingressar no mercado de trabalho. A opção mais votada foi “preconceito das empresas”. O resultado prova que as instituições ainda têm a visão de que as pessoas, mesmo com mais experiência profissional, não estão aptas a ocupar cargos importantes devido a vários fatores, como falta de atualização e custo elevado de mão-deobra, por exemplo. Confira o percentual das opções no gráfico.

“É bom saber que as pessoas acima de 40 anos estão sendo ‘recrutadas’ para voltar ao trabalho. As mulheres que largaram a profissão para cuidar do lar, nessa idade têm maior disponibilidade de horários e um amadurecimento muito maior. Sabe o que o cliente quer, passa confiança para o consumidor, sendo ela responsável por um volume significativo de aumento de vendas no comércio.” Jaci Helena Mafei “A reportagem é interessante, e eu me enquadro nesta situação. Tenho 48 anos, com formação profissional excelente, cursos no exterior, mas quase a maioria dos anúncios de emprego pede pessoas com menos idade. Já fui excluído de processo seletivo por causa da idade, mesmo depois de passar muito bem pelas qualificações para o trabalho. Tenho conhecimento de que é contra a lei discriminar pela idade, mas é o que o mercado pratica.” Enio Dorabiallo “É muito bom saber disso, pois aos 50 anos está difícil conseguir trabalho. Falo por experiência própria.” Roberto Wobeto

Chefe ideal A nova enquete do site Empreendedor quer saber o que um chefe deve ter ou fazer para ser considerado bom: ter experiência profissional, saber delegar funções ou valorizar seus funcionários? Para participar, basta clicar na seção “Enquete”, no menu à esquerda do site Empreendedor, e escolher a opção que mais se aproxima da sua opinião.


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