Relatório Técnico - Sementinha - abr a jun 2016

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RELATÓRIO TÉCNICO

PROJETO SEMENTINHA: COMUNIDADE EDUCATIVA

SÃO PAULO|SP ABR A JUN|2016

Coordenação:

Parceria:


RELATÓRIO TÉCNICO PROJETO SEMENTINHA: COMUNIDADE EDUCATIVA SÃO PAULO|SP - ABRIL A JUNHO|2016

1. INTRODUÇÃO O Sementinha: Comunidade Educativa apresenta-se em desenvolvimento e, aos poucos, conquista seu espaço, tornando-se mais conhecido em toda a comunidade. Nesta caminhada, a ajuda dos parceiros é fundamental. As ações continuam em três pontos estratégicos no bairro: Parada Obrigatória, Vila da Paz e uma nova localidade - Vendinha do Sr. Milton. Além disso, não desanimamos em buscar novos postos para o trabalho. Várias alterações foram necessárias neste período, inclusive a mudança de coordenação. Elaboramos diferentes maneiras de abordar a comunidade, ampliamos as atuações das parcerias, identificamos os Pontos Luminosos e planejamos momentos de formação e envolvimento da equipe do CPCD.

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2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 2.1 - Formação de equipe A formação da equipe acontece contínua e diariamente, visando o acompanhamento das atividades dos agentes nas rodas de avaliação e planejamentos semanais – Ação x Reflexão x Ação. Neste período, durante essas formações, discutimos temas como brincadeiras, jogos, experiências vivenciadas e oficinas de culinária saudável e brinquedo. Desejamos envolver cada vez mais a comunidade na elaboração de MDI’s - Maneiras Diferentes e Inovadoras. As práticas também se tornaram comuns e técnicas permaculturais aconteceram diretamente nos Pontos Luminosos identificados juntamente com a equipe, crianças e comunidade. Paralelo a isso, uma vez por mês, a equipe desloca-se até Vargem Grande, bairro próximo onde se localiza a sede de mais um projeto do CPCD, para participar da formação com Cida Jurado, com o objetivo de desenvolver os conceitos: “o que é ler?”, “o planejamento e registro - a sistematização para a aprendizagem” e “o papel do educador como mediador de leitura em sua perspectiva teórico reflexiva”. 2.2 - Mobilização das crianças e moradores da comunidade para participarem do projeto Várias maneiras são pensadas e articuladas a fim de envolver a comunidade e o projeto. As oficinas para adultos aproximam os moradores e atraem também as crianças, principalmente na região da Vila da Paz, local onde existem cerca de 20 (vinte) meninos e meninas, possíveis integrantes do Sementinha. Essa região, em especial, é bastante “fechada” e a conquista dos moradores acontece paulatinamente, embora os primeiros avanços sejam notados. Um indicador dessa conquista é o aumento da participação nas oficinas. Assim, começa-se a formar um pequeno grupo de mulheres atuantes; e, enquanto as oficinas acontecem, as crianças são envolvidas com brincadeiras por outro educador. Felizmente, já foram concluídas as oficinas de sabonete líquido, tinta de terra e jardim em pneus e xampu contra piolho. Nosso próximo encontro já está agendado. Próximo ao Mercadinho do Sr. Milton, o número de crianças é maior e mais frequente. Dona Nice, um Ponto Luminoso, abriu as portas de sua residência para receber as crianças todos os dias. A casa então tornou-se referência das famílias e o resultado disso é o quintal transformado, repleto de práticas permaculturais: horta em mandala e tinta de terra na parede. Outros espaços nessa região já recebem o projeto cedendo o quintal para a criançada brincar. Vários

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moradores interessam-se pela tinta de terra. No Parada Obrigatória, outro ponto estratégico do bairro, a mobilização e aceitação de atividades acontece também através de oficinas comunitárias, envolvendo adultos, crianças e jovens. Outro Ponto Luminoso importante identificado recentemente foi D. Dida, que mora bem próximo ao ponto de ônibus. Depois de ter sua casa transformada com a tinta de terra, ela incentivou sua vizinha a pintar a viela. A ideia foi tomando porte e, em parceria com a UBS e APA, todas as quartas-feiras os moradores se reúnem para planejar uma ação comunitária maior, envolvendo várias famílias, objetivando a mudança do espaço. O primeiro passo para concretizar essa mobilização foi discutir com os moradores de que forma eles poderiam modificar a área onde moravam. Depois, foram listados saberes locais, favorecendo a socialização. A ação final está marcada para julho e contará com a ajuda de toda a comunidade e seus parceiros. Um educador do CPCD visitou outra localidade para reconhecer o território e analisar as possibilidades de ações com as crianças locais. O mesmo aproveitou para ver algumas casas do Vila da Paz, acompanhado de uma Agente de Saúde, e buscar novos possíveis participantes de formação pedagógica para atuarem em mais localidades. 2.3 - Atividades com as crianças As atividades com as crianças têm como objetivo maior valorizar a comunidade, ampliando a visão de mundo. Assim, por meio das brincadeiras e oficinas realizadas, discutimos a importância da preservação do meio ambiente, a consciência do uso de objetos e diminuição da produção do lixo no cotidiano. A riqueza da natureza e o que ela nos oferece – cores e plantas, a manutenção da água e novos conceitos de preservação do Meio Ambiente também foram analisados. 2.3.1 - Brincadeiras Utilizando as brincadeiras, os Agentes trabalham com as crianças a coordenação motora, o respeito pelo próximo e as limitações de cada um. Além disso, os participantes aprendem um pouco mais sobre as cores e as formas, concentração, autoestima, raciocínio lógico e criatividade. 2.3.2 - Cantigas de roda Com as cantigas de roda, podemos resgatar brincadeiras antigas, que envolvem os adultos da

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comunidade, com a finalidade de valorizar a cultura local e aproximar passado e presente. 2.3.3 - Captação e preparo de terras para as oficinas Essa atividade vem sendo realizada pelas crianças e Educadores das localidades. De maneira lúdica, a partir de um passeio, as crianças identificam as cores, discutem como fazer a captação de água preservando o ambiente e preparam a terra acondicionando-a em recipientes de plástico para serem usadas depois nas oficinas. A tinta de terra é uma tecnologia que encanta os moradores, tanto pela diversidade de cores encontradas, quanto pelas possibilidades de uso e baixo custo para preparo. Além disso, leva os moradores a se interessarem por outras tecnologias desenvolvidas pelo projeto. 2.3.4 - Práticas permaculturais Aos poucos, as práticas de permacultura ganham novos espaços no bairro. Através dessa tecnologia, é possível reunir alguns pais e moradores para realizarem, juntamente com as crianças, as hortas em mandala e pinturas de tinta de terra na parede de uma das casas do local. Depois dessa ação, outras famílias já se interessaram pela tecnologia e demonstram interesse em realizar oficinas em seus quintais. Partindo do cuidado de pequenos canteiros, podemos produzir e colher alimentos naturais, mais saudáveis, produzidos pelas próprias famílias, sem o uso de agrotóxico. Outra tecnologia bem aceita pelos moradores são os jardins em pneus. Eles são bem viáveis para o bairro,

uma

vez

que,

ao

caminhar

pelas

ruas,

visualizamos

vários

pneus

descartados

inadequadamente ao longo do caminho. 2.3.5 - Oficinas comunitárias Foram realizadas algumas oficinas comunitárias na Vila da Paz. Em destaque, tem-se: a oficina de sabonete líquido e a de xampu contra piolho. A cada oficina, já agendamos a realização de outras. Essa estratégia é bastante viável, visto que podemos tornar essas práticas comuns no dia a dia da comunidade. Além disso, formamos um grupo fixo de mulheres atuantes. Em todas as oportunidades, aproveitamos para discutir assuntos variados, valorizando sempre os saberes e a cultura locais. Em um desses momentos, identificamos nas mulheres a habilidade de tecer tapetes de retalho e fazer crochê. A próxima oficina marcada para esse grupo é de artesanato e pintura de tinta de terra.

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3. GERENCIAMENTO DO PROJETO Diariamente, pensamos novas alternativas para melhor executar o projeto. Em rodas de conversas com a equipe do CPCD e Agentes de Desenvolvimento, planejamos estratégias e ações diferenciadas, consolidando parcerias e transformando a Comunidade Educativa.

4. DESENVOLVIMENTO DOS ADCS’S O projeto preocupa-se em garantir uma formação continuada para os Agentes. Por isso, são elaboradas muitas rodas de conversas. O acompanhamento do trabalho é diário e sempre avaliamos as estratégias para vencer as dificuldades. Desenvolvemos as tecnologias do CPCD, com formações dentro e fora da Cooperativa. Atualmente, a participação da formação de leitura com Cida Jurado e algumas atividades em conjunto com UBS e APA engrandecem ainda mais o projeto.

5. INDICADORES DE ÊXITO - AVANÇOS OBTIDOS NO DESENVOLVIMENTO DOS OBJETIVOS DO PROJETO

5.1 - Indicadores qualitativos

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Nítido prazer das crianças em participar das atividades

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Crianças alegres e criativas

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Interesse de moradores pelas tecnologias

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Participação de crianças e moradores nas oficinas

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Formação de grupo de mulheres para oficinas

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Frequência de mulheres nas oficinas

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Constância de oficinas para as mulheres

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Novos moradores envolvendo-se nas ações

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Rodas semanais com moradores para reflexão e modificação do espaço

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Boa receptividade de alguns moradores que abriram suas portas

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Ponto fixo na localidade do Sr. Milton, para o encontro das crianças

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Parceiros efetivamente atuantes nas ações do projeto

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5.2 - Indicadores quantitativos

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02 oficinas de tinta de terra

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01 quintal com horta em mandala

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03 oficinas comunitárias

-

08 cantigas de roda resgatadas

-

09 tipos de ervas medicinais encontradas, com propriedades divulgadas e usadas durante as oficinas

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5l de xampu contra piolho

-

3l de sabonete líquido

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05 novas cores de terra captadas

-

10 fantoches produzidos

-

05 dobraduras produzidas

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15 mediações de leitura

6. DIFICULDADES ENCONTRADAS A comunidade no geral é bastante desconfiada, principalmente na Vila da Paz; e, apesar das crianças quererem participar das atividades todos os dias, nem sempre as famílias permitem. Condições climáticas, tais como frio, garoa e chuva, inibem que os pais permitam a participação dos filhos. Contudo, esses acontecimentos são vistos como desafios para a equipe do CPCD e os Agentes elaboram ferramentas, como MDI, para conquistar realmente a comunidade.

7. BREVE SÍNTESE DAS REFLEXÕES SISTEMATIZADAS A PARTIR DOS RESULTADOS A comunidade de Chácara Santo Amaro é bastante desconfiada e, neste período, vários acontecimentos ocorreram, inibindo o trabalho dos Agentes. Contudo, a equipe sempre busca alternativas para as atividades, agindo a partir da Ação x Reflexão x Ação. As ferramentas e tecnologias do CPCD são utilizadas, tornando o bairro uma verdadeira Comunidade Educativa.

Onésima Gomes Ferreira Mourthé Projeto Sementinha: Comunidade Educativa

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8. ANEXOS 8.1 - MPRA - Monitoramento de Processos e Resultados de Aprendizagem As questões apresentadas a seguir são sugestões oferecidas aos coordenadores e educadores dos projetos para utilizá-las durante as avaliações parciais (dos processos) e anuais (dos produtos).

PERGUNTAS

RESPOSTAS

1. Quantos iniciaram a atividade e/ou o projeto? Quantos concluíram?

O projeto ainda está em fase de conquista da comunidade, mas, a cada dia, mais moradores são envolvidos.

2. Quanto tempo gastamos ou necessitamos para realizar a atividade e/ou módulo? O tempo determinado foi suficiente?

O funcionamento do projeto com as crianças é de 8h às 11h, de segunda à sexta. As oficinas são marcadas de acordo com a demanda e disponibilidade da comunidade. Essas oficinas comunitárias têm duração média de uma hora e meia. Durante as atividades, sempre vislumbramos novas ações a serem trabalhadas nos próximos encontros.

3. Quantos produtos e/ou materiais de apoio e/ou instrução foram feitos? Eles atendem aos objetivos do projeto?

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-

4. O que foi feito que evidencia ou garante que atingimos os objetivos propostos? As oficinas e tecnologias listadas no relatório buscam e contribuem para o alcance dos objetivos do projeto?

02 oficinas de tinta de terra 01 quintal com horta em mandala 03 oficinas comunitárias 08 cantigas de roda resgatadas 09 tipos de ervas medicinais encontradas, com propriedades divulgadas e usadas durante as oficinas 5l de xampu contra piolho 3l de sabonete líquido 05 novas cores de terra captadas 10 fantoches produzidos 05 dobraduras produzidas 15 mediações de leitura Todas as oficinas na comunidade têm o mesmo objetivo – tornar Chácara Santo Amaro uma Comunidade Educativa.

O prazer das crianças ao participarem das atividades e a aceitação ainda pequena da comunidade para com as tecnologias mostram que as conquistas já começam a acontecer. Aos poucos, o projeto ganha a confiança dos moradores.

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PERGUNTAS

RESPOSTAS

5. Como as atividades foram realizadas? Elas foram lúdicas? Inovadoras? Educativas?

Em sua grande maioria, as oficinas são realizadas de forma simples e descontraída. O grande objetivo é alcançar o aprendizado significativo e a confiança da comunidade.

6. O que pode ser sistematizado? Já é possível construir uma “teoria do conhecimento”?

Ainda não é possível, porém as oficinas comunitárias apontam um caminho para chegar ao trabalho direto com as crianças.

7. O que necessita ainda ser praticado para alcançarmos os objetivos do projeto?

Ainda é necessário desarmar a comunidade e desenvolver a mentalidade do “coletivo”, aonde todos são responsáveis por tudo e por todos. Ou seja, boas e prósperas ações acontecem fora da caixa.

8. Se o projeto terminasse hoje, ele estaria longe ou perto de seus objetivos?

O caminho começa a despontar, porém longe do fim. Aos poucos, a comunidade se abre, mas ainda com restrições.

9. Há necessidade de “correções de rumo” nas atividades? E na metodologia?

Adaptações e correções nas atividades estão sempre acontecendo visando o envolvimento da comunidade. Assim, alteramos os horários das rodas, os dias de oficinas ou o jeito de se realizar algumas delas.

10. Nosso prazer, alegria e vontade em relação ao projeto aumentaram ou diminuíram? Por quê?

As dificuldades são vistas como novos desafios para alcançarmos os objetivos propostos.

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8.2 - MDI - Maneiras Diferentes e Inovadoras Instrumento de planejamento que estimula a criatividade e a inovação. Elaborado mensalmente para diversificar as estratégias de pesquisa, interação, superação de dificuldades e desafios, entre outras coisas.

PERGUNTA 1. De Quantas Maneiras Diferentes e Inovadoras podemos transformar nosso bairro?

PERGUNTA 2. De Quantas Maneiras Diferente e Inovadoras podemos conquistar a comunidade?

AÇÃO 1.1 - Oficina de atividade para a Terceira Idade

TEMPO 1.1 - Uma vez por semana

RESPONSÁVEL Domênica e Coordenação

1.2 - Estimular o plantio de alimentos saudáveis

1.2 - Diário

Toda a equipe do projeto

1.3 - Transformar espaços, criando praças e jardins

1.3 - Julho

Toda a equipe do projeto e colaboração de parceiros

AÇÃO 2.1 - Fortalecer parcerias com UBS, APA, Pontos luminosos 2.2 - Oficinas comunitárias nas casas

TEMPO 2.1 - Diário

RESPONSÁVEL Equipe do projeto

2.2 - Uma vez por semana em cada ponto estratégico

Coordenação e Educador da localidade

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PERGUNTA 3. De Quantas Maneiras Diferentes e Inovadoras podemos fortalecer o projeto na localidade Parada Obrigatória?

PERGUNTA 4. De Quantas Maneiras Diferentes e Inovadoras podemos conquistar a localidade Vila da Paz?

AÇÃO 3.1 - Realizar práticas de permacultura nos quintais

TEMPO 3.1 - Diário

RESPONSÁVEL Coordenação e Domênica

3.2 - Realizar oficinas diversificadas nas casas da localidade

3.2 - Diário

Coordenação e Domênica

3.3 - Transformar o ponto de ônibus perto da casa de Dona Dida

3.3 - Roda semanal e ação em julho

Equipe do projeto

AÇÃO 4.1 - Iniciar e terminar o dia na casa de D. Maria

TEMPO 4.1 - Diário

4.2 - Oficinas comunitárias

4.2 - Semanal

4.3 - Roda com as crianças durante as oficinas comunitárias

4.3 - Semanal

RESPONSÁVEL Educador e Coordenação

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