Informativo Casa Saudável - Ano 3 - nº 8

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INFORMATIVO CPCD

Projeto Casa Saudável

ANO 3 . NÚM 08

2016

Onde mora uma vida melhor.

out | dez

Projeto realizado em Vila Pindaré, 1º Cocal, Tucumã, Roça Grande e Agroplanalto

Editorial Amigos leitores, O ano de 2016 foi muito produtivo! Iniciamos o trabalho nas comunidades Roça Grande e Tucumã – Alto Alegre do Pindaré e no Acampamento Agroplanalto – Açailândia. A participação das famílias têm sido fundamental para o desenvolvimento das ações e geração de novas oportunidades. Esperamos contribuir com as comunidades, transformando os locais atendidos em exemplos de trabalho comunitário, investindo sempre na saúde das pessoas e gerando o bem-estar a todos os envolvidos.

Maranhão

DESTAQUES Oficina de cisterneiro. pág 2 Mais uma etapa vencida . pág 3 Oficina qualidade da água . pág 4 Encontros comunitários . pág 5 Amigos da rua . pág 6 Exames bacteriológicos . pág 6 Intercâmbio . pág 7 O que vem por aí? . pág 8 Vozes da comunidade. pág 9

Amigos da Rua – boas ações geram bons resultados Casa Saudável – onde mora uma vida melhor. Essa afirmação transformou-se para nós, educadores, em uma pergunta. Como o nosso projeto pode melhorar a vida das pessoas? Como as pessoas aprendem a cuidar de sua saúde? Assim surgiram os “Amigos da Rua”. Semanalmente, mobilizamos todas as pessoas de uma rua para que se dediquem ao cuidado do local – vale varrer, limpar, pintar, plantar, molhar as plantas... Em um segundo momento, convidamos a equipe do Posto de Saúde para fazer alguns exames nos moradores e conversar com eles sobre alguns cuidados. Realizamos também oficinas comunitárias, sessões de cinema, concurso do jardim mais bonito e roda de histórias.

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cisternas construídas em Roça Grande

“Conseguimos mobilizar as pessoas para pequenas causas individuais! Ao final, tudo se transformou em uma causa

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cisternas construídas em Tucumã

coletiva. O que antes era uma competição transformou-se em colaboração. Acho que isso foi o nosso sucesso!”Ezequias Lima, de 18 anos

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famílias atendidas em Tucumã e Roça Grande


Acampamento Agroplanalto – AÇAILÂNDIA Oficina de cisterneiro Para muitos, aprender um novo ofício é um grande desafio. Em Agroplanalto, as pessoas tiveram a oportunidade de construir, passo a passo, uma cisterna de captação de água de chuva. A oficina contou com a participação de mulheres e homens que, juntos, trabalharam para que tudo ficasse pronto. A cisterna foi construída na casa de Dona Paula, local onde moram sete pessoas. Com esse novo reservatório, os moradores terão água por muito tempo! Assim, outras famílias também desejaram receber o projeto em casa.

Pintura com tinta de terra Ao conhecer a pintura com tinta de terra, várias pessoas sentiram-se empolgadas. A primeira cisterna pintada foi a de Dona Paula. Os participantes ficaram impressionados com a beleza da construção. A partir daí, novos desenhos foram apresentados aos moradores, para que fossem escolhidos. Agora, todos caminham pelas ruas, escolhendo as terras com tons diferentes. Fomos a um local distante, chamado Três Lagoas, para buscar a terra branca. O pessoal está muito animado e deseja mostrar a todos que lindas pinturas podem ser feitas com materiais alternativos da própria comunidade.

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Construção das cisternas Os cisterneiros pegaram o jeito de fazer as cisternas! O trabalho está sendo feito com cuidado, sempre respeitando as etapas para um resultado eficiente.


Roça Grande e Tucumã – ALTO ALEGRE DO PINDARÉ

“Quando o ajudante não pode ir, o cisterneiro não pára. Eles compreendem a situação e esclarecem as dúvidas das famílias sobre os cuidados com a cisterna. Os construtores são nossos pontos luminosos!” Iara Castro, educadora

Mais uma etapa vencida A fase de construções acabou! Construímos 77 cisternas – 30 em Roça Grande e 47 em Tucumã. Nossa equipe de cisterneiros é formada por 12 pessoas, em destaque duas mulheres. Os construtores são pessoas que se identificaram com o projeto. No início, muitos desejavam apenas um emprego. Depois, foram percebendo “nossas verdadeiras intenções”. Todos os participantes buscam melhorias para a comunidade e desejam contribuir com o desenvolvimento das famílias.

Cisterna de placas – nova tecnologia empregada na EC

Cores e formas transformam uma comunidade

Entre os dias 03 e 08 de outubro, Antônio Ribeiro, morador e cisterneiro de Roça Grande, esteve no Centro de Permacultura Estação Conhecimento de Arari, coordenando uma Oficina de Cisterneiro para 24 moradores das comunidades atendidas pelos educadores da Estação.

Pode parecer mentira, mas é verdade! Cada cisterna pintada tem a “mão” das famílias. Somente assim, o trabalho sai bonito e bem feito. Mais do que pegar no pincel, queremos que as famílias fiquem encantadas e passem a enxergar seu quintal com outro olhar, vendo o lado luminoso, bonito e colorido. Para isso, começamos pintando as cisternas; cada uma do jeito de sua família. Depois, trabalhamos na horta e no jardim. Logo em seguida, estamos dentro de casa. E assim, de pintura em pintura, colorimos Tucumã e transformamos essa pequena vila do município de Alto Alegre do Pindaré.

“Me sinto orgulhoso e feliz em poder contribuir com um projeto de tanta grandeza! Não de grandeza material, mas de conhecimento. Nesses dias, eu vi tanta coisa boa que posso fazer em minha casa! Vim para ensinar e aprendi muito mais!” Antônio Ribeiro – Cisterneiro

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Quintais que são nosso xodó

Hortas

No mês de outubro, com o consentimento dos proprietários, escolhemos um quintal em cada comunidade, para ser o nosso “Quintal Referência”. Neles, realizaremos diversas ações, transformando-os em nosso laboratório de experiências. Os locais serão acolhedores, produtivos, floridos, repletos de vida e saúde.

Depois de finalizada a construção das cisternas, em novembro, iniciamos a construção das hortas nos quintais de cada família. Essa será uma grande oportunidade para que os moradores diversifiquem sua alimentação, cuidando da saúde e gerando bem-estar e novas oportunidades.

Nesses espaços, receberemos nossas visitas para uma roda de conversa. Também serão realizadas oficinas e viveiro de mudas. Tudo praticado aqui poderá ser replicado nas 77 casas da comunidade.

Oficina qualidade da água Com a finalização da construção das cisternas, os educadores de Roça Grande e Tucumã iniciaram em novembro, a mobilização para as Oficinas de Qualidade da Água. É importante que as famílias cuidem bem da cisterna para ter água limpa o ano todo! Acontecerão duas oficinas em Roça Grande e três em Tucumã. Cada oficina acontecerá em dois dias de atividades práticas de cuidados. O primeiro dia será no Quintal Referência de cada comunidade; o segundo dia será na casa dos moradores, para que os mesmos pratiquem o que foi aprendido. Confira nossas dicas: - Não coloque objetos em cima da cisterna ou do telhado. - Mantenha o terreno, as calhas e o telhado sempre limpos. - Mantenha a cisterna bem fechada. - Não crie galinhas ou outros animais em volta da cisterna. - Tire a água apenas quando for usar. - Quando a cisterna estiver quase vazia, uma vez por ano, aproveite para limpar.

A horta também ajudará no trabalho educativo e de monitoramento das Moedas Ambientais e Sociais, favorecendo os pilares da permacultura – cuidado com a vida, cuidado com solo e compartilhamento dos excedentes. Não cuidamos somente da horta e sim de todo o quintal! Nele, aplicamos as mandalas, o espiral de ervas, o círculo de bananeiras, o composto orgânico, o buraco de lixo e a horta vertical. Sem falar do jardim na porta da casa! Mandalas – Canteiro em forma circular. Assim, a pessoa fica no Como centro e cuida mais facilmente utilizar cada das mudas; as bordas desses tecnologia? canteiros, feitas com sobras de materiais (pedaços de madeira, bambu, garrafas), protegem as mudas e ajudam a reter a água.

Espiral de ervas – Canteiro em forma de espiral. As plantas que precisam de pouca água ficam em cima e aquelas que precisam de mais água ficam embaixo; assim, ao molhar as mudas menores, as outras são regadas simultaneamente. Esse canteiro também é feito com as sobras encontradas nos quintais. Círculo de bananeiras – Aproveitamos a água do jirau e do banheiro para produção de alimentos, no caso banana. A bananeira precisa de muita água para produzir frutos. Ela não é muito

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exigente com a água, que pode conter sabão e outras matérias orgânicas. Então, é feito um buraco com o fundo ovalado; a água é canalizada para este buraco e, ao seu redor, plantamos pés de banana. Em pouco tempo, a família já estará colhendo novas espécies. Composto orgânico – As folhas que caem no quintal não são lixo! Elas podem se transformar em adubo! Em cada casa é feita uma pilha com toda a matéria orgânica que há no quintal. Assim, diminuímos um pouco o hábito de colocar fogo. Sempre a primeira camada, a que fica em contato com o solo, tem que ser de matéria orgânica seca, para que ela absorva a umidade do composto. A segunda camada é formada de cascas, frutas velhas e sobras de podas; depois, é depositada mais matéria seca, mais frutas e cascas.

Comunidade 1º Cocal – SÃO PEDRO DA ÁGUA BRANCA Acompanhamento das famílias As famílias de 1º Cocal contam com o acompanhamento de duas educadoras locais. Durante as visitas, elas ajudam, conversam sobre os cuidados e procuram incentivar as famílias a desenvolverem tecnologias, como banheiro e cisternas, em seus quintais. As educadoras auxiliam todos os moradores em suas dificuldades.

Ao final, a matéria orgânica seca serve para proteger o local de moscas e outros animais. Buraco de lixo – O lixo é a “nossa” pedra no sapato! O buraco não deve ficar cheio dele. Nosso objetivo é fazer com que as famílias repensem sobre o que fazer com o lixo, incentivando o reaproveitamento de matéria saudável. A princípio, o buraco é feito no quintal para que nenhuma sujeira fique espalhada. Depois, separamos os produtos, favorecendo o reaproveitamento de materiais. Horta vertical e jardins – Os jardins suspensos são feitos com garrafas PET. Desejamos colorir os quintais, deixá-los mais cheirosos e aconchegantes. Dessa forma, estimulamos as famílias a serem cuidadosas e caprichosas com o local em que moram.

Encontros comunitários Os encontros comunitários acontecem todas as semanas. A ideia é tornar os encontros um pretexto para conversar com as famílias, fortalecendo vínculos e discutindo sobre os cuidados com as tecnologias dentro de casa. Durante os encontros, já fizemos sabão caseiro, pasta brilho e amaciante de roupas. Nesses momentos, aproveitamos para conversar, trocar experiências, falar do que estamos fazendo em cada casa. Também aproveitamos para organizar a limpeza das cisternas, preparando-as para o período chuvoso que se inicia em janeiro. A cada encontro, as pessoas ficam mais próximas. Percebemos que os planejamentos são concretizados e novas ideias surgem com mais facilidade.

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Cinema

Exames Bacteriológicos

Através do Cinema, podemos nos aproximar da comunidade. Com ele, envolvemos as pessoas e conversamos sobre temas como saúde e educação. Durante nossos encontros, aproveitamos para marcar novas sessões.

Uma das ações do monitoramento das famílias é fazer a análise da qualidade da água consumida. Sempre foi o nosso desafio estar acima da média nos resultados. No último exame realizado em outubro, das amostras de água dos filtros, 90% não apresentaram coliformes. Isso nos deixa alegres, mas não satisfeitos. É importante que todas as famílias passem a cuidar melhor da água consumida

Amigos da Rua A partir de uma ação simples, podemos mudar uma comunidade inteira! Levamos as pessoas a repensarem sobre um lugar ideal para o convívio em comunidade. Juntos, planejamos e buscamos soluções, trazendo sempre novas oportunidades para as pessoas. Pensando no cuidado com a rua, fizemos uma pintura no muro da casa de Dona Cícera. A partir dele, já marcamos outra pintura na casa de Dona Joana. E assim, conquistamos as pessoas e fazemos a diferença na comunidade!

Vila Pindaré – BURITICUPU Qualidade da água Foram realizadas no mês de outubro, duas oficinas com as famílias de Vila Pindaré direcionadas aos cuidados com as cisternas, calhas e filtros. Neste segundo ano de captação de água, as famílias já estão mais independentes e cientes dos cuidados que devem manter. Realizamos encontros nos quintais das famílias com atividades práticas de cuidados. Na oportunidade, 90 pessoas estiveram presentes.

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“As pessoas envolvidas no projeto sabem dos cuidados que devem ter com a água que consomem em suas casas. Todas as tecnologias cisterna, banheiro – devem ser usadas corretamente. Por isso, durante as rodas, mostramos aos moradores como gerar o conforto e bem estar para as famílias.” Washington Alves Rodrigues Educador do CPCD


INTERCÂMBIO Recebemos no mês de novembro, a visita de Igor Goulart – Fundação Vale, para monitoramento das atividades do projeto. Foram feitas rodas de conversas com as famílias, cisterneiros e educadores e visitas aos Quintais Referência e às casas de famílias participantes do projeto. Recebemos também a visita de Andreia Rabetini – Fundação Vale – e quatro representantes do BNDS. Durante a tarde que estiveram conosco, eles conheceram o processo de construção das cisternas, conversaram com as famílias e fizeram visitas aos quintais.

Feira de troca gera novas oportunidades A feira de troca tem o objetivo de reunir as pessoas para compartilhar, a princípio, as mercadorias trazidas para o encontro. Com o andamento da atividade, os moradores desenvolvem uma convivência mais agradável, alegre e pacífica. Assim, as mercadorias não têm PREÇO e sim VALOR. A Moeda Social, o PINDARÉ, representa nosso sucesso. Durante as feiras, surgem amizades e risadas! A ação transforma-se em uma prática sem competição. A feira estimula a convivência entre as pessoas. Tudo o que é comercializado é plantado, confeccionado ou produzido pelos participantes. Momentos assim servem para criar situações de bem-estar coletivo, sensibilizando os moradores para as “pequenas causas” – o cuidado com as Tecnologias Sociais do Projeto Casa Saudável. Nas duas feiras de troca realizadas em outubro, 33 pessoas estiveram presentes e 48 trocas foram realizadas. A cada feira, novas pessoas vão aparecendo e o mercado vai crescendo.

Reunião com as famílias No mês de novembro, aconteceram reuniões com as 116 famílias participantes do Projeto Casa Saudável, na comunidade Vila Pindaré. Assim, aproveitamos para sanar todas as dúvidas sobre os cuidados com as tecnologias do projeto. A partir do ano de 2017, o monitoramento passa a ser feito única e exclusivamente pelas famílias. Os encontros aconteceram na Unidade Integrada Fernando Castro, sempre à noite, que é o melhor horário para todos comparecerem. As reuniões foram valiosas para todos, pois, dúvidas e incompreensões foram resolvidas. “Nesses três anos, melhoramos muito! Hoje, compreendemos que nós somos os responsáveis por nossa casa, principalmente nossa saúde.”

“Para mim, o projeto trouxe muito conhecimento... Aprendi muito e coloco tudo em prática. E ainda saio divulgando para que outras pessoas também aprendam. São atitudes simples que podem trazer bem-estar para a minha família. Toda ideia boa vale a pena passar para frente!” Emília Soares, de 33 anos Vila Pindaré

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O QUE VEM POR AI? Agroplanalto –AÇAILÂNDIA Pintura com tinta de terra Data: 21, 23, 28 e 30 de dezembro Horário: 8 horas às 17 horas

Comunidade Tucumã – AlTO ALEGRE DO PINDARÉ Construção de horta Data: 19, 20, 21 e 22 de dezembro Horário: 8 horas

Monitoramento das famílias

Comunidade Roça Grande – ALTO ALEGRE DO PINDARÉ

Data: 23, 26, 27, 28, 29 e 30 de dezembro Horário: 8 horas

Construção de horta Data: 19, 20, 21 e 22 de dezembro Horário: 8 horas

Vila Pindaré – BURITICUPU Monitoramento dos banheiros Data: 19 a 23 e 26 a 30 de dezembro Horário: 8 horas

Comunidade 1º Cocal – SÃO PEDRO DA ÁGUA BRANCA Acompanhamento das famílias Data: 19, 26 e 28 de dezembro Horário: 8 horas às 17 horas

Encontro comunitário Data: 20 e 29 de dezembro Horário: 8 horas às 17 horas

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VOZES DA COMUNIDADE

“Para mim, não houve coisa melhor do que a cisterna. Aqui, sempre foi muito difícil! Hoje, eu tenho água na porta da minha cozinha!” Maria Valdirene Ribeiro, de 38 anos Tucumã - Alto Alegre do Pindaré|MA

“Aprendi a fazer a pomada em um encontro com as mulheres. Ela é muito boa para rachadura nos pés, ferimento e coceira. Desde que aprendi a fazer, não fico mais sem ela.” Maria Eliete Ferreira, de 45 anos Vila Pindaré - Buriticupu|MA

“Nossa! Eu sempre quis ter água filtrada em casa, mas nunca tinha comprado um filtro. O projeto me ajudou... Cuido de tudo para não perder e também ficar limpo!” Edilma Costa da Silva - 1º Cocal São Pedro da Água Branca|MA

“Está sendo maravilhoso! O projeto para nós é bom demais! Não é tão difícil de fazer uma cisterna... Essa tecnologia de aproveitamento da água é boa demais. Pretendo construir até o fim!” Manoel Messias da Silva – Lavrador Povoado Agroplanalto - Açailândia|MA

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EXPEDIENTE Este informativo contou com a contribuição de Jorge Luiz Pereira Pinto, Washington Alves Rodrigues, Diana Ribeiro Toledo, Matheus Antúrio, Doralice Barbosa Mota e Simone Cecília Menezes da Mata.

Leia também Conheça os informativos de outros projetos desenvolvidos pelo CPCD. Acesse o link: http://www.scribd.com/cpcdbh/documents

Os programas Nos Trilhos do Desenvolvimento, Casa Saudável e Centro de Permacultura da Estação Conhecimento de Arari são iniciativas da Fundação Vale em parceria com o CPCD.

Realização

Coordenação

Parceria

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