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Jacques Maritain e a Igreja

Charles Péguy, Henri Bergson e, principalmente, de Léon Bloy, levaram os dois esposos a um novo percurso espiritual até tomarem a decisão de se converterem ao catolicismo. Ao mesmo tempo que assistia às lições de Bergson sobre Plotino mostrando-lhes que fé e razão não se opõem na procura do Absoluto, vão iniciar encontros para pôr em diálogo a filosofia e a teologia de São Tomás de Aquino. Maritain leu a Somma Theologica de São Tomás.

Durante a Segunda Guerra Mundial Maritain e Raissa emigram para os Estados Unidos e dedicam-se a programas de rádio encorajando a resistência no pós-guerra e aceita o cargo de Embaixador da República junto da Santa Sé.

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Depois reentra nos Estados Unidos, ensinando na Princeton University e na Notre Dame até à morte de Raissa.

O pensamento de Maritain exerceu forte influência na Igreja, influenciando muitos católicos, mesmo na Madeira com um dos professores de filosofia, o meu caro Pe. Joaquim da Mata, que estudou filosofia em Roma e França.

Um dos personagens mais importantes que sofreu esta influência foi o Cardeal de Milão, mais tarde Papa Paulo VI. O Cardeal Journet, francês, trocou muita correspondência com Maritain, ele influenciou nalguns documentos do Concílio Vaticano II, como nas relações entre a Igreja e o Judaísmo, a autonomia das realidades terrenas e o apostolado dos leigos.

Maritain dedicou à educação apenas um ensaio num conjunto de 60 obras, mas a sua doutrina filosófica e política teve multas edições. A função do Estado, escreve, consiste em organizar a vida da sociedade, promovendo o bem comum e garantindo a cada pessoa o direito à instrução, à liberdade e à justiça, que são as colunas da saúde de uma sociedade. Mas a soberania tem a sua raiz no povo, na lei natural e o seu fundamento em Deus, origem de toda a autoridade... Falando em sentido absoluto, a pessoa humana não pode existir. A lei natural é um sinal da voz de Deus presente em cada consciência, (confira: Os direitos do homem e a lei natural).

A democracia encontra a sua autêntica razão de ser nos valores transmitidos pelo cristianismo: igualdade de todos os homens, dignidade do trabalho, atenção prioritária aos pobres e aos marginalizados, tornando possível o anúncio do evangelho, liberdade de consciência, participação na casa comum, são os fundamentos da atual democracia.

Sem isto, a democracia, enquanto tutela da dignidade da pessoa e do bem comum, fica doente até desaparecer.

Um dos momentos mais importantes para o filósofo Maritain, aconteceu no encerramento do Concílio Vaticano II, quando o Papa Paulo VI entregou, ele próprio, a Maritain, a Mensagem que a Igreja dirigia aos homens da ciência e do pensamento, vendo nele uma figura que era capaz de unir fé cristã e reflexão intelectual. Na véspera da sua morte, o Papa São Paulo VI, recorda-o como um Mestre na arte de pensar, de viver e de orar.