Correio de Venezuela 868

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Edição Especial #868 - 1 de Julho de 2021


QUINTA-FEIRA 1 DE JULHO DE 2021 CORREIO DA VENEZUELA /# 868

2 | DIA DA MADEIRA

FRASE DESTACADA MIGUEL ALBUQUERQUE

PRESIDENTE DO GOVERNO DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA “O desafio é continuar a alargar os poderes autonómicos, colocando as decisões da República, que nos dizem respeito, nas mãos do povo madeirense através da Assembleia Legislativa da Madeira. Alargando os poderes do parlamento, a Madeira terá ao seu dispor maiores possibilidades e maiores escolhas quanto aos caminhos a trilhar no futuro. Não sou empregado do estado portugueses e não admito como cidadão inteligente e no uso da minha razão que o Estado português venha dizer o que é que eu posso ou não posso no contexto político. É triste e vergonhoso o facto de não ser assegurado, se por preconceito ou tontice, o princípio da continuidade territorial. É lamentável que fique mais caro a um português fazer deslocações no seu próprio país do que para o estrangeiro, o mesmo acontecendo com a circulação de mercadorias”.

FOTOFLASH

PALAVRAS DESTACADAS José Manuel Rodrigues: Madeira tem de convencer a República a suportar custos da insularidade A Madeira tem de lutar contra “o centralismo jacobino e o complexo do império” da República e “convencer” o poder político nacional de que os custos da insularidade devem ser suportados pelo Estado, disse hoje o presidente do parlamento regional. “Temos de saber convencer os políticos do continente de que os custos de insularidade são custos de soberania e por isso devem, obrigatoriamente, ser suportados pelo Estado”, declarou José Manuel Rodrigues no discurso da sessão solene do Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses, que hoje se assinala, no salão nobre da Assembleia Legislativa do arquipélago, no Funchal. Depois de realçar que neste dia “passam mais de 600 anos de História e 45 anos da Autonomia”, o responsável salientou que a Madeira conseguiu a sua “emancipação política e, de ilhas adjacentes esquecidas e ostracizadas pelo Terreiro do Paço”, passou a uma terra onde os habitantes “são donos dos seus próprios destinos”. Os madeirenses, vincou, querem ser “portugueses de primeira” e têm “o direito de ter mais autonomia” para conseguir mais crescimento e desenvolvimento. José Manuel Rodrigues elogiou a convergência das forças políticas representadas na assembleia para conseguir um melhor financiamento das autonomias com a revisão da Lei das Finanças das Regiões Autónomas, uma proposta que foi aprovada na região por unanimidade. Mas, alertou, pela frente há “a mais dura de todas as batalhas: a de convencer o poder central, e cada um dos partidos da Assembleia da República, da bondade e da justiça das pretensões”. Esta, considerou, “não é uma tarefa fácil, pois do

outro lado mantêm-se ainda, em muitas mentes, o centralismo jacobino e o complexo do império”. O presidente da assembleia defendeu também ser “absolutamente decisivo aproveitar a oportunidade histórica que representam o Programa de Recuperação e Resiliência e o novo Quadro Financeiro Plurianual 202-2027 da União Europeia”. O objetivo do executivo regional (PSD/CDS-PP) não é o de voltar aos tempos de pré-pandemia, mas conseguir “dar um salto qualitativo no desenvolvimento, não alterando apenas as conjunturas, mas mudando as estruturas da economia e da sociedade” da Madeira. José Manuel Rodrigues reforçou que a atual geração “tem a possibilidade de cumprir o desígnio de lançar os alicerces da Madeira do futuro”. O desígnio agora é, no seu entender, “aplicar muito bem os dinheiros para resolver os problemas estruturais que condicionam o crescimento económico e impedem uma maior justiça social”. “As verbas que vamos receber da União Europeia até 2030, que podem chegar aos dois mil milhões de euros, podem e devem contribuir decisivamente para minimizar os problemas da natalidade, do envelhecimento da população, do emprego e da pobreza, e para lançar as bases de um novo ciclo económico e social na região”, declarou. No seu entender, “o principal problema, estrutural e difícil, que a Madeira tem pela frente é o da demografia”, além do das desigualdades sociais. José Manuel Rodrigues também elogiou a resiliência dos trabalhadores e empresários que estão a contribuir para manter em funcionamento a economia regional.

MADEIRA EM NÚMEROS Feliz Dia da Madeira! Hoje, 1 de Julho, a nossa bela ilha da Ma-

Rif.: J-40058840-5

deira celebra o seu dia. Uma data propícia para recordar um povo corajoso e lutador que, onde quer que esteja, leva sempre um pequeno pedaço da “Pérola do Atlântico” nos seus corações. Desde 1999, o Correio da Venezuela carrega orgulhosamente as cores da Madeira no nosso logotipo, sendo os valores e histórias do povo madeirense na Venezuela o que nos move dia após dia, sempre hasteando a bandeira da ilha e de Portugal neste canto do planeta. Por isso, hoje queremos felicitar todos os Madeirenses por este dia especial. Uma ocasião apropriada para lhes agradecer pelo seu trabalho, pelos seus valores, pelo seu espírito e por preservar de forma tão bela este sentimento de orgulho por terem nascido na mais bela ilha do planeta: a nossa Ilha da Madeira.

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Diretor Aleixo Vieira Sub Diretor: Sergio Ferreira Soares Endereço: Av. Veracruz. Edif. La Hacienda. Piso 5, ofic. 35F. Las Mercedes, Caracas. Telefones: (0212) 9932026 / 9571 E-mail: editorial@correiodevenezuela.com

253.923

cidadãos residiam na Madeira no ano 2020 segundo dados da Direção Regional de Estatística

-80,8%

diminui o movimento de passegeiros nos aeroportos da RAM face ao primeiro trimestre do ano 2020

9,6%

foit a Taxa de desemprego registada no primeiro Trimestre do ano 2021

-0,1%

foi a variação do Índice de preços no consumidor durante o mês de Abril de2021

-1,3%

foi a taxa de inflação média dos 12 meses anteriores ao mes de março de 2021

+225

foi o saldo entre sociedades constituidas e dissolvidas no primeiro trimestre

Chefe de redação Sergio Ferreira |Jornalistas Oscar Sayago, Ommyra Moreno, Delia Meneses, Julio Materano, Andreína Mendes, Antonio Da Silva |Correspondentes Edgar Barreto (Falcón), José Manuel De Oliveira (Falcón), Carlos Balaguera (Carabobo), Trinidad Macedo (Lara), Silvia Gonçalves (Bolívar), Mariana Santos (Nueva Esparta), Luis Canha (Mérida), Carlos Marques (Mérida), Antonio Dos Santos (Zulia) |Colaborações Catanho Fernandes, Sónia Gonçalves, Cristina Da Silba Bettencourt, Arelys Gonçalves, Serafim Marques, António Delgado, Daniel Bastos, Ana Cristina Monteiro |Paginação Franklin Lares |Fotografia Agostinho Perregil |Administração Jesús Quijada, M. Liliana Batista |Distribuição Luis Alvarado, Carlos A. Perregil R. |Tiragem 15.000 exemplares |Fontes de Informação Lusa, Diário de Notícias, DN Madeira, Portuguese News Network e outras publicações.


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4 | DIA DA MADEIRA

Uma região rica em cenários majestosos e de rara beleza O arquipélago é formado pela Ilha da Madeira, Porto Santo, Ilhas Desertas e Ilhas Selvagens O arquipélago da Madeira encontra-se situado no Oceano Atlântico, distância que, traduzida em minutos, representa 90 minutos de voo a partir da cidade de Lisboa. Encontra-se entre 30° e 33° de latitude norte, quase à mesma latitude de Casablanca, a 978 km a sudoeste de Lisboa, cerca de 700 km a oeste da costa africana, e 450 km a norte das Ilhas Canárias. Este arquipélago é formado pela Ilha da Madeira com uma área de 740,7 km², pelo Porto Santo com 42,5 km², pelas Ilhas Desertas com um total de 14,2 km², no conjunto das suas 3 ilhas desabitadas e ainda pelas Ilhas Selvagens cujo conjunto de 3 ilhas e dezasseis ilhéus desabitados detêm uma área de 3,6 km². Das oito ilhas, apenas as duas maiores (Madeira e Porto Santo) são habitadas, tendo, como principais acessos, o Aeroporto da Madeira no Funchal e o Aeroporto do Porto Santo. Apesar de apresentar uma superfície pequena, a Madeira é rica em cenários majestosos e de rara beleza. A Região apresenta as suas localidades divididas pelo Funchal, a capital de todo o arquipélago, a Costa Leste (Santa Cruz e Machico), a Costa Oeste (Câmara de Lobos; Ribeira Brava; Ponta do Sol e Calheta), a Costa Norte (Porto Moniz; São Vicente e Santana) e o Porto Santo. Saindo do Funchal em direcção a oeste, encontrará a cidade de Câmara de Lobos, típica vila piscatória e o Cabo Girão, o mais alto promontório da Europa e o segundo mais alto do mundo (580 m). Encontrará ainda neste concelho a peculiar freguesia do Curral das Freiras. Situada num vale profundo, o Curral das Freiras apresenta uma das paisagens mais impressionantes da ilha que, com as suas vistas vertiginosas (mais de 500 metros de altura, do miradouro - Eira do Serrado), causam admiração a qualquer visitante. Continuando para oeste, visite a agradável cidade da Ribeira Brava antes de subir até à Encumeada num percurso recheado de miradouros que permitem observar os cumes das montanhas circundantes. Se preferir, siga em direção às costas solarengas da Ponta do Sol e da Calheta, onde não faltam áreas balneares que convidam a banhos e muitos mergulhos. Os desportistas encontrarão nas praias das pitorescas vilas do Jardim e do Paul do Mar as melhores ondas da Europa para surfar. Se subir em direção ao Paul da Serra, o maior planalto da Madeira, faça uma pausa para apreciar a bela vista sobre as encostas norte e sul. Siga depois em direção ao Porto Moniz e retempere energias com um mergulho revigorante nas piscinas naturais da

ida ao Caniçal e à Ponta de São Lourenço, o ponto mais oriental desta ilha, de onde pode avistar o Porto Santo. Já de volta ao Funchal, na Ponta do Garajau, freguesia do Caniço, Santa Cruz, não perca a vista para as Ilhas Desertas e, na antiga estrada que segue até ao Funchal, no miradouro de São Gonçalo, uma panorâmica fabulosa sobre a baía do Funchal.

localidade, formadas naturalmente por restos de lava sobre o Oceano. A viagem continua agora rumo a São Vicente, numa estrada salpicada de quedas de água, de onde ressalta à vista o contraste do verde majestoso com o azul cristalino das águas do mar. Em São Vicente poderá visitar as Grutas e o Centro do Vulcanismo, o Núcleo Museológico - Rota da Cal, ou simplesmente passear nas ruelas da simpática vila. Aqui o visitante poderá optar por subir novamente até à Encumeada, exaltando os sentidos com a luxuriante vegetação da floresta Laurissilva, ou continuar em frente até Santana, descobrindo pequenos miradouros ao longo do percurso.

Em Santana é obrigatória a visita às casas típicas, ao Parque Temático e à zona das Queimadas, que constitui o local de partida para belíssimos passeios a pé como o Caldeirão Verde. A descida para o Faial surpreende uma vez mais pela beleza e imponência das montanhas. Chegando ao Faial terá de optar por seguir para Machico ou continuar a visitar o interior da ilha, seguindo a estrada para as localidades do Ribeiro Frio, Poiso e Pico do Areeiro. Este pico constitui o terceiro ponto mais alto da ilha (1818 m), nele se encontrando belas formações rochosas que se projectam no céu como estátuas sem tempo. Se seguir para Machico, não perca uma

Floresta Laurissilva É na exuberância da paisagem que se encontra um dos maiores atrativos turísticos da ilha da Madeira. A sua luxuriante vegetação, cuja floresta indígena foi reconhecida pela UNESCO, em 1999, como Património Mundial Natural da Humanidade, certamente o irá fascinar. Esta floresta remonta ao Período Terciário da Terra e, nas últimas glaciações, viu a sua existência reduzida à área geográfica da Macaronésia, ou seja, nos Arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde. Compõe-se de árvores como o til (Ocotea foetens), o loureiro (Laurus novo canariensis), o vinhático (Persea indica), o folhado (Clethra arbórea) e o pau branco (Picconia excelsa), bem como de musgos e muitos outros arbustos como as urzes (Erica scoparia ssp maderensis e Erica aborea), a uveira da serra (Vaccinium padifolium) e o azevinho (Ilex perado ssp perado). Entre as plantas herbáceas há a destacar as leitugas (Sonchus pinnatus), o piorno (Genista tenera), o goivo da serra (Erysimum bicolor), a ameixieira de espinho (Berberis maderensis) e a raríssima orquídea da serra (Dactylorhiza foliosa), única no Mundo. Ao nível da avifauna destacam-se raras espécies como o pombo trocaz (Columba trocaz), espécie endémica exclusiva da Ilha da Madeira, a freira da Madeira (Pterodroma madeira), o francelho (Falco tinnunculus canariensis), o tentilhão (Fringila coelebs maderensis) e o bisbis (Regulus ignicapillus maderensis). Sendo considerada uma relíquia viva, a quase totalidade da sua área de ocorrência está incluída no Parque Natural da Madeira com o estatuto máximo de Reserva Integral. Parque natural da Madeira Visando a salvaguarda dum vasto património natural, que constitui uma raridade a nível mundial, foi criado em 1982, o Parque Natural da Madeira, Parque classificado como Reserva Biogenética, na qual se encontram uma flora e fauna únicas. O parque engloba cerca de 2/3 do território da ilha e nele estão definidas reservas naturais integrais e parciais, paisagens protegidas e zonas para recreio. Inclui o maciço montanhoso oriental, no qual se destaca o Pico Ruivo e o maciço montanhoso ocidental, com o extenso planalto do Paul da Serra.


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6 | DIA DA MADEIRA

Um arquipélago com seis séculos de história Os primeiros povoadores foram os três capitãesdonatários, um pequeno grupo de pessoas da pequena nobreza e alguns antigos presos do Reino Os navegadores portugueses Tristão Vaz Teixeira, Bartolomeu Perestrelo e João Gonçalves Zarco descobriram a ilha do Porto Santo em 1418, após uma tempestade ocorrida em alto-mar, a embarcação foi afastada da sua rota, e desviada para a costa africana. Depois de muitos dias à deriva no alto mar, avistaram uma pequena ilha a que chamaram de Porto Seguro, Porto Santo, pois a salvou a tripulação. Um ano após a descoberta da ilha de Porto Santo chegam à ilha da Madeira (1419). Julga-se que o seu nome foi atribuído por este último navegador, que apelidou a ilha de ‘Madeira’ devido à abundância desta matéria-prima. Por volta de 1425, iniciou-se o povoamento das ilhas por ordem do rei D. João I. A partir de 1440 estabelece-se o regime das capitanias sendo nomeado Tristão Vaz Teixeira como capitão-donatário da capitania de Machico; seis anos mais tarde, Bartolomeu Perestrelo torna-se capitão-donatário de Porto Santo e, em 1450, Zarco é nomeado capitão-donatário do Funchal. Os primeiros povoadores foram os três capitães-donatários e as respetivas famílias, um pequeno grupo de pessoas da pequena nobreza, gente de condições modestas e alguns antigos presos. Para auferirem de condições mínimas para o desenvolvimento da agricultura na ilha, os povoadores tiveram que desbastar uma parte da densa floresta e construir um grande número de canais de água, denominados por levadas, para transportar as águas que abundavam na costa norte para a costa sul da ilha. Nos primeiros tempos, o peixe e os produtos hortícolas eram os principais meios de subsistência dos povoadores. Época do ouro branco No século XV, a Madeira inicia o cultivo da cana-de-açúcar, importada da Sicília pelo Infante D. Henrique. Com a expansão da indústria da cana sacarina, o Funchal torna-se um centro comercial de excelência, frequentado por comerciantes de várias nacionalidades, o que muda a sua dimensão financeira. Em 1472, o açúcar da Madeira começa a ser directamente exportado para a Flan-

dres, passando esta a ser o seu principal centro redistribuidor. Reconhece-se assim à Madeira uma particular importância no eixo destas relações Flandres-Portugal. Com a produção da cana-de-açúcar, a Madeira atraiu e fixou aventureiros e comerciantes das mais recônditas origens, tendo esta exploração sido considerada, na altura, como o principal motor da economia madeirense. Muitos foram os estrangeiros que se deslocaram à Região para o negócio do açúcar, sobretudo italianos, bascos, catalães e flamengos. Ciclo do vinho Com o declínio da produção açucareira, em finais do século XVI, substituíram-se os canaviais por vinhedos, dando origem ao Ciclo do Vinho que adquiriu fama e proporcionou a ascensão da Burguesia. Com o recrudescimento dos tratados comerciais com a Inglaterra, instalam-se na Ilha importantes mercadores ingleses que, paulatinamente, acabam por controlar o cada vez mais importante comércio vinícola insular. Os comerciantes ingleses instalam-se na praça Funchalense a partir do século XVII, consolidando-se nos mercados da América do Norte, das Antilhas e da própria Inglaterra. Nos séculos XVII e XVIII, a estrutura da “cidade do vinho sobrepôs-se à cidade do açúcar”. Os vários governadores da Madeira e até os conventos do Funchal acabaram por entrar no comércio. Turismo terapêutico e científico Nos séculos XVIII e XIX, a Madeira desta-

cou-se pelas suas qualidades climatéricas e pelos efeitos terapêuticos, revelando-se, a partir da segunda metade do século XVIII, como estância para este fim, em função das então consideradas qualidades profiláticas do seu clima na cura da tuberculose. O clima ameno, manifestado pelas temperaturas constantes entre o dia e a noite e, ainda, a existência de fracas amplitudes térmicas diurnas e anuais, fizeram com que a Madeira fosse recomendada e altamente procurada. A fama da Madeira neste campo espalha-se rapidamente por toda a Europa e a ilha beneficia da conjuntura da instabilidade europeia, em que as guerras liberais bloquearam as vias de acesso às estâncias de cura do sul da Itália e de França. Primórdios do turismo No século XIX, os visitantes da ilha resumiam-se a quatro grandes grupos distintos: doentes, viajantes, turistas e cientistas. A maioria dos visitantes pertencia à aristocracia endinheirada. Ainda durante o século XVII, o incremento das rotas marítimas e o interesse pela botânica conduziram à introdução de novas plantas que, aclimatizadas à ilha, vieram enriquecer os jardins das residências e, em especial, das quintas nascidas à volta da cidade. Na Madeira, o principal porto e cidade deixaram de monopolizar a atenção dos viajantes: os passeios a pé, a cavalo e de rede, permitiram outras incursões no interior verdejante da ilha. Em finais da década de quarenta do século XIX, lançaram-se as

bases para a criação de um conjunto de infra-estruturas de apoio no interior. Todavia, só a partir de 1887, é que se apresenta uma rede adequada de estalagens fora do Funchal. Rede de transportes Na primeira metade do século XX as atenções concentram-se no transporte aéreo. A abertura ao mundo, por esta via, iniciou-se através dos hidroaviões, que começaram a operar a 15 de Maio de 1949, com “Aquila Airways”. Em 1960, é inaugurado o Aeroporto da ilha do Porto Santo e o Arquipélago da Madeira passa a beneficiar, pela primeira vez, de carreiras aéreas regulares entre as duas ilhas, cuja ligação já era assegurada pelo transporte marítimo. Em 1964, o turismo da Madeira ganha uma outra projecção, com a construção do Aeroporto de Santa Catarina, com uma pista de 1600 metros de extensão. A pista deste aeroporto foi ampliada, no ano de 2000, para 2781 metros, construída parcialmente em laje sobre o mar, ficando assente em 180 pilares. Autonomia da Madeira A Madeira ganha a sua autonomia política administrativa em 1976, tornando-se numa Região Autónoma da República Portuguesa dotada de Estatuto Político-Administrativo e de órgãos de governo próprio. Este facto resulta da Revolução de 25 de Abril de 1974, que marcou o início de uma nova era.


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8 | DIA DA MADEIRA

Madeira: no Mito e na Lenda Existem várias lendas que juntam factos reais a uma narrativa fictícia

conseguia agasalhar muitas pessoas. Quando a tempestade acalmou, repararam que o mar revolto tinha-lhes levado o barco. A dama atormentada, cujo estado de saúde estava já debilitado, viria a falecer passados poucos dias. Machim ergueu uma enorme cruz em madeira na sepultura da sua amada, junto da frondosa árvore onde haviam encontrado abrigo. Machim foi afetado por uma enorme melancolia e, em menos de uma semana, juntou-se à sua amada na morte.

Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. De caráter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação humana. As lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Como diz o dito popular “Quem conta um conto aumenta um ponto”, as lendas, pelo fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida em que vão sendo recontadas. Na Região Autónoma da Madeira existem várias lendas que juntam fatos reais a uma narrativa fictícia e que são passadas de geração em geração pela tradição oral. Lenda de Arguim No dia em que a Madeira emergiu dos mares, uma outra ilha atlântica, conhecida como Arguim, que se situava ligeiramente a Norte da primeira, submergiu. D. Sebastião não teria perecido na batalha de Alcácer-Quibir, teria sido derrotado pelos mouros e fugira para uma ilha no oceano que seria Arguim. Todavia, na rota para esse local lendário, ele passara pela Ilha da Madeira, tocando o cabo do Garajau. Na rocha mais saliente para o mar, espetou com todas as suas forças a sua enorme espada que aí ficou cravada e encantada. A espada do rei ali ficou a aguardar que um dia ele a retomasse para a reconquista da terra portuguesa, que em pouco tempo foi submetida aos Filipes de Castela. Dom Sebastião passara a viver em Arguim, em castelos de ouro e marfim, guardado à porta por um leão. Este estilo de vida pacato entediava-o e este adormecia no doce regaço de ninfas e fadas. Posto isto, há muitos anos, uma caravela ida do continente em demanda da ilha da Madeira, teve à proa a ilha de Arguim, que emergiu subitamente. A caravela, que transportava alguns jesuítas com destino ao Brasil, atracou no seu ancoradouro. Os mais afoitos saíram de bordo numa chalupa que rumou em direção à praia, e qual não foi o seu espanto quando descobriram que os calhaus da praia eram compostos de ouro puro e a areia era constituída por pedrarias e marfins. Os navegadores subiram então uma encosta onde esperavam encontrar novos deslumbramentos, quando a ilha submergiu arrastando-os para as águas do Atlântico. No fundo do mar existia outro mundo com flores de uma beleza exótica e peixes

Lenda de São Silvestre Reza a lenda que na última noite do ano, estando a Virgem Maria debruçada dos céus sobre o oceano, São Silvestre veio-lhe falar. Nossa Senhora confiou-lhe a razão da sua tristeza: lembrava-se da bela Atlântida, afundada por Deus como castigo aos seus habitantes. Enquanto falava, Nossa Senhora deixava cair lágrimas de tristeza e de misericórdia. São Silvestre reparou então que as suas lágrimas não eram lágrimas mas pérolas autênticas. Uma dessas lágrimas foi cair no local originário da extraordinária Atlântida, dando origem à ilha da Madeira que ficou conhecida como a Pérola do Atlântico. Dizem os antigos que, durante muito tempo, na noite de S. Silvestre, quando batiam as doze badaladas, surgia nos céus uma visão de luz e cores fantásticas que deixavam no ar um perfume estonteante. Com o passar dos anos essa visão desapareceu, mas o povo arranjou forma de a manter, através do fogo-de-artifício das famosas Festas de Fim de Ano que enaltece as celebrações da Noite de S. Silvestre. belíssimos. Os navegadores assistiram a uma audiência da nova corte de D. Sebastião, numa cerimónia que lhes foi dedicada e com todos os detalhes das festas do paço real. Quando a recepção terminou, a ilha emergiu e todos puderam regressar à praia, com promessas de regresso. A embarcação foi aportar na ilha da Madeira, onde os navegadores contaram aquilo que viram e anunciaram que, quando Arguim voltasse para sempre à superfície, a Madeira desceria aos abismos marinhos, desaparecendo para sempre do mapa. O dia do regresso de Arguim dar-se-ia quando o moço rei quisesse voltar a recolher a sua espada ao cabo do Garajau para guerrear os ocupantes filipinos. Lenda de Machim Segundo a lenda, entre o final do século XIV e o início do século XV existia em Inglaterra um jovem chamado Roberto Machim, cavaleiro lendário da corte do rei Eduardo III de Inglaterra. Estava apaixonado por uma dama inglesa, Ana de Arfert, que correspondia ao seu amor mas, por vontade dos seus familiares,deveria casar com um nobre. Machim e os seus amigos engendra-

ram um plano para resgatar a noiva na véspera do dia do casamento e levá-la de barco para França, que se encontrava em guerra contra os ingleses na Guerra dos Cem Anos. Ao fugir para longe da costa inglesa, os amantes foram surpreendidos por uma tempestade que os fez perder o rumo ambicionado. Sofrendo contrariedades devido à tempestade, e não tendo a bordo um piloto experiente que os voltasse a colocar no rumo certo, o casal apaixonado andou à deriva durante dias até que viram ao longe uma “grande mancha verde”. Estavam em frente à ilha da Madeira. Apesar do medo perante o desconhecido, o desespero levou-os a acercarem-se e, uma vez que a dama se encontrava doente por passar tanto tempo no mar, desembarcaram na baía de Machico. A sua ansiedade por pisar terra firme era tanta que desembarcaram sem tomarem as devidas providências em relação à ancoragem do barco. Depois de explorarem aquele pedaço da ilha e de terem saciado a sua sede, aperceberam-se que nova tempestade se aproximava. Procuraram refúgio por entre as raízes de uma frondosa árvore que lá se encontrava, que na sua base havia uma cavidade que

Lenda de Nossa Senhora do Monte Conta-se que no final do século XV, a cerca de 1 quilómetro acima da igreja de Nossa Senhora do Monte, na localidade do Terreiro da Luta, uma pastorinha brincava durante a tarde com uma menina. A pastorinha ofereceu a sua merenda a esta menina. A pastorinha, muito satisfeita, contou o sucedido à sua família, que não acreditou na sua história, por ser improvável que naquela mata deserta e tão afastada da povoação aparecesse uma menina. Na tarde do outro dia, a menina voltou a brincar com a pastorinha que voltou a dar-lhe merenda, e a pastorinha contou novamente à família. No dia seguinte, à hora indicada pela pastorinha, o seu pai foi de modo oculto observar a cena. Foi quando viu sobre uma pedra uma pequena imagem de Maria Santíssima e, à sua frente, a inocente pastorinha que se apressou a dizer-lhe que era aquela imagem a menina de quem lhe falava. O pai, perplexo, não ousou tocar a imagem e comunicou o facto à autoridade, que mandou colocar a imagem na Capela da Encarnação, próxima da atual igreja de Nossa Senhora do Monte. Desde então, passou-se a chamar este nome a essa imagem de Nossa Senhora do Monte.


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Curiosidades do melhor destino insular do mundo A maior ilha do arquipélago da Madeira está cheia de histórias para contar O que chamamos de Ilha da Madeira é, na verdade, um conjunto de diversas ilhas. Apenas duas delas são habitadas: a Ilha da Madeira, que é a maior de todas, e Porto Santo, que possui belíssimas praias. As demais ilhas e ilhotas são divididas em dois grupos, as Desertas e as Selvagens, e são áreas protegidas, com muitas belezas naturais. Embora a Ilha da Madeira seja parte de Portugal, ela fica a sudoeste do país, em meio ao Atlântico. Com isso, ao olhar no mapa, você verá que ela está mais próxima da África do que do continente europeu. Mas a diferença é pouca: o litoral marroquino fica a cerca de 725 quilômetros do madeirense, enquanto o sul de Portugal está a pouco mais de 850 quilômetros da ilha. A distância, no entanto, parece maior do que é na realidade. Um voo de Lisboa a Funchal, a capital da Madeira, tem duração de uma hora e meia. A maior ilha do arquipélago da Madeira está cheia de histórias para contar. Conheça algumas curiosidades sobre o ‘jardim do Atlântico’. Tradição do fogo-de-artifício A tradição do fogo-de-artifício na Ilha da Madeira remonta ao século XVII. Já nesta altura, a passagem de ano era assinalada com fogueiras que se acendiam, iluminando e preenchendo de cor e de brilho os lares madeirenses. Mais tarde, no século XVIII, a comunidade inglesa residente na ilha introduziu o lançamento dos foguetes para marcar o início do Ano Novo. Um século depois, o banqueiro madeirense João José Rodrigues Leitão optou por recriar esta tradição e a verdade é que, a partir daqui, as famílias abastadas da ilha começaram a competir umas com as outras, no lançamento dos foguetes, promovendo assim um espetáculo de fogo-de-artifício que se alastrava até às zonas mais altas da cidade. O espetáculo pirotécnico servia para prolongar, pela noite dentro, as comemorações nos salões de baile. Este espetáculo foi crescendo ao longo dos anos até alcançar, em 2006, o reconhecimento internacional de “Maior Espetáculo de Fogo-de-Artifício do Mundo” pelo Recordes do Guinness. Varrer dos armários No dia 15 de janeiro, os madeirenses cele-

bram o Santo Amaro e dedicam esta altura ao “varrer dos armários”. Trata-se de uma tradição popular que dita o fim das festas natalícias na Madeira, data em que as famílias desmontam os presépios e todas as decorações natalícias, partilhando e saboreando as últimas iguarias. O concelho de Santa Cruz assinala esta efeméride, em homenagem ao seu padroeiro, através da realização de uma animada festa popular madeirense – “arraial” – naquela cidade. O Entrudo O Entrudo constituía uma brincadeira de loucas correrias, incluindo batalhas de água, de farinha e ovos, antes de surgirem as batalhas de serpentinas. No Funchal existia uma área particularmente animada na Terça-Feira Gorda, onde decorria este alvoroço: situava-se bem no centro da cidade, num troço da Rua da Carreira, entre o Largo da Igrejinha e a Rua de São Francisco, alongando-se, por vezes, até à Travessa do Freitas. A folia durava três horas e quem se atrevia a atravessar esta área sujeitavase às regras do Carnaval, sendo que nem os polícias escapavam a estes “ataques”. Todo este ambiente era vivido intensamente e o desfile, que começava às 14 horas, era sempre aguardado com ansiedade. As “partidas” de Carnaval, o cortejo de mascarados e de calhambeques sem capota e a multidão nos passeios, nas varandas e janelas, davam cor, alegria e animação a esta moldura de folia carnavalesca. Uma tradição que foi extinta no final da década de 40 do século XX. Baile da Rosa As origens da Festa da Flor remontam ao “Baile da Rosa”, festa organizada pela primeira vez em 1954 pelo Ateneu Comercial do Funchal. Essa festa caracterizava-se por um baile que marcava o início da primavera e incluía uma exposição-concurso de flores. Foi em 1979 que se realizou a primeira Festa da Flor, forma encontrada para potenciar o valor da flor como fator de dinamização turística. Este tornou-se num belíssimo evento ao ar livre, onde se realçam as manifestações criativas do povo madeirense. Nesse ano comemorava-se o Ano Internacional da Criança e a Direção Regional do Turismo, para dinamizar um pouco mais o evento, concebeu a tradição do passeio infantil até à Praça do Município para as crianças aí construírem o “Muro da Esperança”. Esta atividade uniu-se ao Cortejo da Flor e à exposição de flores, manifestações artísticas que se mantêm até aos dias de hoje.

Esta é uma data perfeita para desfrutar de uma Madeira ainda mais bela, já conhecida pela sua espetacular natureza, pela sua rica cultura e pela sincera hospitalidade do seu povo. Cristovão Colombo Cristóvão Colombo se deslocou pela primeira vez à ilha da Madeira em 1478, incumbido de comprar 2.400 arrobas de açúcar. Desde a descoberta do arquipélago que ocorreram diversos ciclos económicos na Madeira, sendo o “Ciclo do Açúcar” talvez um dos mais emblemáticos pelo número de comerciantes atraídos pelo então muito cobiçado “ouro branco”. Mercadoria muito apetecida e apreciada nas grandes metrópoles europeias, a sua produção captou a atenção de inúmeros comerciantes europeus, incluindo o patrão do jovem Colombo. O porto comercial do Funchal era na época uma capital cosmopolita de um Mundo em expansão, onde comerciantes e aventureiros das mais diversas nacionalidades

partilhavam conhecimentos e curiosidades. Carlos de Habsburgo Foi a 1 de abril de 1922 que faleceu na Madeira, o imperador Carlos de Habsburgo, I de Áustria e IV da Hungria, que aqui viveu exilado entre 19 de novembro de 1921 e 1 de abril de 1922. Durante o tempo em que permaneceu na Madeira, residiu na Quinta do Monte, atualmente denominada Quinta Jardins do Imperador. Na Casa dos Romeiros, junto à Igreja de Nossa Senhora do Monte, onde o seu corpo se encontra sepultado, está patente ao público uma exposição permanente sobre a vida do ex-imperador da Áustria e ex-rei da Hungria. Churchill na Madeira Winston Churchill, o célebre primeiroministro britânico da 2.ª Guerra Mundial, passou 12 dias de férias na Madeira, em janeiro de 1950, e deixou marcas profundas no turismo da região.


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Os produtos que passam de geração em geração Falar da Madeira é referir, não apenas as paisagens fabulosas e a natureza fascinante, mas também a diversidade de produtos que constituem uma das imagens de marca da região e traduzem os hábitos, tradições e a cultura do povo madeirense. Bordado As origens do Bordado Madeira remontam aos primórdios do povoamento do Arquipélago da Madeira, e julga-se que começaram desde logo a ser elaborados pelas fidalgas, como necessidade de decoração de artigos do lar bem como, do vestuário, e ainda por influência dos trabalhos conventuais. No entanto, foi somente a partir da segunda metade do século XIX que este produto passou a ser reconhecido não só a nível regional e nacional, mas também a nível internacional, já que alguns negociantes ingleses estabelecidos no Funchal exportavam bordados para a Inglaterra. Com a nova dinâmica que o negócio adquiriu, apareceram as casas de bordado e um interesse cada vez maior por parte de estrangeiros, nomeadamente ingleses, alemães e norte-americanos, fato que contribuiu para uma mudança radical no sector produtivo, na evolução do processo artesanal para o industrial. O Bordado Madeira oferece uma variada gama de peças, que inclui peças de Mesa, Cama, Banho, Roupa de Criança entre outras. Com cerca de 150 anos de história o processo de produção do Bordado Madeira continua com a mesma autenticidade desde o seu início e calcula-se que atualmente existam na região cerca de 30 empresas produtoras de Bordado Madeira e cerca de 3000 bordadeiras que se dedicam diariamente à arte de Bordar.

vada através do Atlântico para o Brasil, África e Caraíbas. .A «Poncha» tornou-se um produto emblemático na ilha tanto que é agora, segundo o Regulamento (CE) n.º 110/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de janeiro, confirma ser um produto de ‘’estatuto de Indicação Geográfica Protegida’’, ou seja, é uma bebida reconhecida nacionalmente como sendo típica de Portugal, de modo a proteger o produto regional e, sobretudo, a produção local de «Rum».

a Índia, e pela presença dos ingleses na ilha, que fizeram com que o vinho fosse conhecido em toda a Europa e América, tornandose o vinho preferido em banquetes e mesas requintadas das cortes europeias e nas respectivas colónias. Presentemente a Ilha da Madeira produz e exporta cerca de 4 000 000 de litros de vinho de alta qualidade, mundialmente reconhecida, que representavam, em 1999, 43% das exportações e saídas, das principais mercadorias madeirenses.

Poncha da Madeira A origem da «Poncha da Madeira» remonta ao século XIX como a adaptação da bebida conhecida por «panche» trazida da Índia pelos viajantes ingleses no século XVIII. Esta revolução não tem autor conhecido, nem data. Mas tudo indica que a primeira «Poncha» a surgir na ilha foi a mesma que ainda hoje em dia é conhecida como «à pescador» em que, inicialmente, terá sido criada pelos pescadores para se aquecerem nas noites frias da vida marinha, em Câmara de Lobos, a vila conhecida pela «vila dos pescadores», presumindo-se ainda que fora neste sitio que começaram a surgir as primeiras propostas recorrendo à tangerina, ou à laranja. Apesar de ser típica do concelho de Câmara de Lobos, a poncha é conhecida e apreciada por toda a ilha, e a oferta multiplica-se, pela zona velha do Funchal, na Serra de Água, na Encumeada, e que há muito tempo ultrapassou também as fronteiras desta. Esta é uma técnica que depois foi le-

Vinho da Madeira O vinho da Madeira, ou simplesmente vinho Madeira, é um vinho fortificado, com elevado teor alcoólico, produzido nas encostas e adegas da Região Demarcada da Ilha da Madeira. É o produto principal da economia da Região Autônoma da Madeira e um símbolo da Madeira em todo o mundo. Segundo fabricantes portugueses desde 1808, que “o segredo é da uva local de excelente qualidade e os tonéis em que são envelhecidos, madeira com sabor de mar”. As primeiras castas foram introduzidas sob ordens do Infante D. Henrique, e foram importadas de Cândia (capital de Creta, na Grécia). Mais tarde foram introduzidas outras castas, como a Tinta Negra, a Sercial, a Boal, a Verdelho e a Malvasia. Estas últimas quatro produzem vinhos de qualidade superior, em função das condições climatéricas e da composição dos solos. A produção de vinho foi estimulada pela necessidade de abastecer os navios nas rotas do Atlântico para o Novo Mundo e para

Bolo do Caco Uma das entradas mais comuns numa refeição típica madeirense é o bolo do caco; um alimento que estabelece uma ligação entre o pão madeirense e o pão madeirense e o pão de influência árabe. Inicialmente foi criado na Ilha do Porto Santo com o principal intuito de reaproveitar os restos de massa do pão de casa, mas, com o passar do tempo, tornou-se uma das entradas mais frequentes e conhecidas pela população madeirense e portosantense e atualmente a nível internacional. Confecionado com farinha de trigo, fermento caseiro, água e sal, é amassado e depois de levedar, a massa é cortada em pedaços arredondados e achatados. O bolo do caco é tradicionalmente acompanhado por uma mistura de manteiga com alho e salsa e possui um formato redondo e achatado. Antigamente, era cozido em cima de uma pedra de basalto sobre brasas escaldantes, esta pedra denominava-se de “caco”, daí o nome “bolo do caco”. Atualmente é

cozida numa chapa metálica aquecida com uma chama de gás. Em tempos, este pão fora muito conhecido devido ao seu modo de preparação, ao contrário da maioria dos pães feitos na altura, o bolo do caco não necessitava do uso de forno para a sua elaboração, o que era bastante útil e favorável, visto que nesta época o povo não tinha muito poder de compra para investir num forno particular. Bolo de Mel O Bolo de Mel é uma das tradicionais iguarias da gastronomia da Madeira. É confecionado com mel de cana-de-açúcar e está tradicionalmente ligado ao Natal. É hábito prepará-lo no inicio de dezembro, de modo a adquirir as características que o tornam único, remontando as suas origens à época áurea de produção de açúcar no arquipélago. O Bolo de Mel caracteriza-se por uma cor escura devido ao mel-de-cana, é decorado com amêndoas e nozes e é um bolo denso, com frutos secos e especiarias, tendo uma forma cilíndrica e rasa. Este bolo pode ser conservado naturalmente por vários meses, mantendo sempre o seu paladar como se tivesse sido acabado de fazer Foi criado na Madeira, inicialmente devido à produção de açúcar no arquipélago. A sua confeção começou a meados dos séculos XV-XVI, evoluindo e modificando-se nos séculos XVII-XVIII, onde para além das especiarias europeias, começou-se a utilizar também as especiarias vindas da Índia e a soda.


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Um “cantinho” para comer bem A vasta escolha permite que todos os dias possa experimentar algo de novo na Madeira A Madeira é o destino ideal, não só pelo amenidade do seu clima e exuberância da sua flora, mas também pela grande variedade de pratos regionais. Os menus apetitosos contribuirão para fazer da sua estadia nesta ilha uma inesquecível expedição culinária, pois vai encontrar muitas especialidades típicas, de peixe ou de carne, preparadas deliciosamente de maneira variada, sem falar dos vinhos excelentes para acompanhar a sua refeição. O mar é extensão natural da Madeira e os pescadores sabem bem tirar partido dele. Peixe fresco chega aos mercados do Funchal e das outras cidades costeiras todos os dias. Os melhores pratos são o atum fresco, os chicharros fritos e o peixe-espada acompanhado com maracujá, banana ou em caldeirada. O verdadeiro gourmet saberá apreciar o famoso “Bife de Atum” ou o paladar exótico da “Cavala com Molho de Vilão”. Receitas simples mas com ingredientes frescos são o segredo da cozinha madeirense. A maior especialidade é a Espetada, feita com cubos de carne de vaca num espeto de louro e grelhada em lenha ou em carvão. Muitos restaurantes dispõem de mesas com estruturas de ferro aplicadas no centro, para pendurar os longos espetos de louro nos quais se grelham os bocados de carne. Como acompanhamento os madeirenses sugerem o milho frito e bolo do caco, tradicionalmente cozido num bocado de telha sobre o fogo. A outra especialidade da ilha é a Carne em vinha d’alhos, normalmente comida no Dia de Natal e preparada com carne de porco condimentada com alho. Há também o “Cozido Madeirense”, composto por vários tipos de hortaliça, carne e enchidos. Para quem quer mesmo apreciar algo original, há que experimentar a “Açorda à moda da Madeira”, ou mesmo o “bacalhau de S. Martinho”, uma especialidade da freguesia situada a oeste do Funchal. Para finalizar, não irá resistir à tentação de uma sobremesa divina. Os frutos tropicais que crescem na ilha, como as bananas, mangas, papaias, romãs, uvas e abacates são, sem dúvida, uma delícia sem fim. Por que não experimentar os tabaibos, também chamados de “figos do diabo”? Estes frutos, prove-

nientes de uma espécie de cactos, são apreciados pela sua frescura suculenta. Muitas destas frutas são aproveitadas para fazer pudins e gelados ou sorvetes. Na doçaria sobressaem a queijada local, que é sublime e o famoso bolo de mel. O bolo de mel remonta à época em que a ilha desempenhava um papel im-

portante no comércio do açúcar. Este doce regional é tradicionalmente associado ao Natal e é um acompanhamento perfeito para saborear o vinho da Madeira e licores caseiros, como o de tangerina e maracujá. No Porto Santo não há uma grande escolha de pratos regionais, mas os que

existem são deliciosos. A lagosta local chama-se cavaco. Extremamente saborosa mas difícil de encontrar. As melhores especialidades incluem diversos pratos de polvo, frango assado e espetada. Quanto à fruta, toda ela é fresca e doce, desde as uvas até às melancias, melões e figos.


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Direção Regional das Comunidades

e Cooperação Externa

A Direção Regional das Comunidades e Cooperação Externa (DRCCE) foi criada em janeiro de 2020. Tem por missão executar a política de migrações, apoiar as comunidades madeirenses dispersas pelo mundo e as Casas da Madeira em território nacional, e ainda potenciar a cooperação externa ao nível económico. Dando continuidade ao Centro das Comunidades Madeirenses e Migrações, fundado em 1977, a criação desta nova Direção Regional representa um alargamento das suas competências e simultaneamente um maior compromisso do Governo Regional da Madeira com a Diáspora. A DRCCE acautela a defesa dos interesses dos emigrantes e dos imigrantes através de aconselhamento, acompanhamento, apoio e orientação a todos os que contactam este serviço. Promove a internacionalização de empresas madeirenses e o investimento da Diáspora na Região.

COVID-19: Desde o início da pandemia, a DRCCE tem sido contactada para dar informações e intervir nas mais variadas situações. Desde pessoas que ficaram retidas em países onde estudavam ou passavam férias que queriam regressar à Região. Outras que ficaram retidas na Madeira e precisavam de regressar aos seus países. Algumas que necessitavam de regressar a Portugal por motivos de saúde, de emprego e de reunificações familiares. A pandemia trouxe consigo novos desafios para todos, devido ao condicionamento das viagens, ao encerramento de espaços aéreos e à inconstância das normas nos vários países. Atualmente viajar implica ponderação e planificação. Por isso, antes de viajar, seja para o estrangeiro, seja para Portugal Continental ou para a Madeira, informese acerca das medidas sanitárias, da necessidade de realização de testes e quarentenas, quer no país de origem, quer nos países de trânsito e de chegada.

Nós apoiamos, aconselhamos, orientamos! É Emigrante ou quer emigrar? A DRCCE apoia-o em: • Aconselhamento a quem quer emigrar e preparação formal; • Pedidos de nacionalidade; • Análise de contratos laborais, principalmente oriundos da Internet; • Equivalência de estudos; • Ensino Superior – contingente para emigrantes; • Bolsas de Estudo no estrangeiro – informação; • Assuntos de segurança social; • Preenchimento de formulários e requerimentos diversos para o estrangeiro e para Portugal; • Pedidos diversos às entidades consulares portuguesas ou a organismos públicos dos países de acolhimento; • Instrução de processos de pedidos de pensões; • Informação de e sobre Consulados e Embaixadas; • Procura de familiares residentes na RAM; • Pedido de procura e/ou contacto com familiares residentes no estrangeiro; • Declarações várias; • Pensões, reclamações e atrasos; • Dissuasão da emigração irregular; • Repatriações, Evacuações; • Deportações; • Óbitos no estrangeiro.

Subscreva a nossa Newsletter através do site: comunidades.madeira.gov.pt

É Imigrante ou quer viver/trabalhar na Madeira? A DRCCE apoia-o em: • Pedido de nacionalidade; • Marcações e outros assuntos relacionados com o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras); • Inscrição consular; • Passaporte; • Cartão de Cidadão; • Assento do registo civil; • Registos Criminais • Apoio Social; • Declarações Diversas.

É empresário e quer expandir o seu negócio? É empresário madeirense e quer internacionalizar o seu negócio para mercados onde se encontram as comunidades madeirenses? Ou é empresário madeirense a residir no estrangeiro e quer investir na Região? A DRCCE dálhe todo o apoio necessário no Palácio do Governo.

Encontre-nos em: Direção Regional das Comunidades e Cooperação Externa Edifício do Governo Regional, Avenida Zarco, R/C, Funchal Ou na Loja do Cidadão da Madeira, Av. Arriaga, nº 42 T: 291 203 805 E-mail: comunidadesecooperacaoexterna@madeira.gov.pt Site: comunidades.madeira.gov.pt


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Dia da Madeira e das Comunidades Madeirenses Hoje celebra-se o Dia da Região e das Comunidades Madeirenses. Um dia de grande importância, o qual não podemos deixar cair na rotina. Há que aproveitá-lo, e com ele enaltecer o nosso maior ativo, enquanto Região e enquanto povo, para afirmar a nossa identidade, e o nosso contributo na formação do mundo. Hoje celebramos a Região, celebramos as Comunidades Madeirenses. Celebramos a ‘Madeirensidade’ que só é possível graças aos nossos emigrantes e aos seus descendentes espalhados pelo mundo. Hoje celebramos o nosso maior ativo. Somos 265 mil na Madeira e no Porto Santo, mas somos muitos mais espalhados pelo mundo. Somos mais de 1 milhão de madeirenses e descendentes de madeirenses que vivem nas mais variadas latitudes, nos cinco continentes, em comunidades que ge-

ram riqueza e negócios, que promovem cultura e que modificam civilizações. “Somos a imensa pátria”, como escreveu o poeta (Fernando Pessoa), constituída pelos muitos concidadãos os que aqui estão e os que saíram da Madeira e do Porto Santo, para dar mais mundo ao nosso mundo. Ao contrário de outras epopeias, cujos heróis são míticos, mágicos e lendários, os madeirenses não são heróis inventados. São homens de carne e osso. Saíram da Madeira em busca de melhores condições de vida, deixando muitas vezes para trás a família. Ao desbravarem novos caminhos e novos mundos, uma descoberta que implica sempre uma dose de sofrimento, levaram a alma madeirense para onde foram. Quando partiram levaram também a saudade e a incerteza.

Santa Cruz - Fotografia: Visit Madeira

Funchal - Fotografia: Hugo Reis

Calheta - Fotografia: Carlos Gouveia

Mas, chegando aos países de acolhimento lutaram com grande sacrifício, com bravura, coragem e temeridade, e dignificaram a Madeira e o Porto Santo, sem nunca esquecer as raízes que os ligam aos seus ancestrais. É por isso que as comunidades continuam a projetar a Madeira, continuam a moldar a história da

São Vicente - Fotografia: Paulo David

humanidade, e continuam a ecoar as nossas tradições, a nossa cultura, os nossos valores pelo mundo. Os madeirenses são comunidades exemplares. Onde quer que vão, integram-se e são reconhecidas pela sua a grande capacidade de trabalho, ajudando as economias dos países de acolhimento a crescer, a prosperar.

Porto Moniz - Fotografia: Joana Carvalho

Santana - Fotografia: Francisco Correia

Machico - Fotografia: Nuno Dias

Por isso, quer aqui, quer alémmar os emigrantes merecem o nosso maior respeito. É também, por vós, e por vós, que celebramos este grande dia: o Dia da Madeira e das Comunidades Madeirenses.

Rui Abreu Diretor Regional das Comunidades e Cooperação Externa

Porto Santo - Fotografia: Judith Betak

Ponta do Sol - Fotografia: Hugo Reis

Câmara de Lobos - Foto: Carlos Gouveia Ribeira Brava - Fotografia: Visit Madeira


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As tradições que fazem da Madeira um lugar único no mundo O Arquipélago da Madeira é rico em tradições culturais, que resultam da vivência e dos usos e costumes do povo madeirense. Existem muitas tradições de cariz religioso, fortemente entranhadas na cultura dos madeirenses, mas também tradições ligadas ao artesanato, à música, e até mesmo à evolução da economia da ilha.

Delgada”, realiza-se no primeiro domingo de setembro, na freguesia com o mesmo nome no concelho de São Vicente. Antigamente a festividade, com forte carácter religioso, recebia a visita de milhares de peregrinos que percorriam a pé os caminhos que ligavam o sul ao norte da ilha, podendo demorar 2 ou 3 dias na viagem. Hoje em dia, as romagens já não se fazem da mesma forma, e os romeiros levam a viatura própria ou então seguem até à Ponta Delgada nos transportes públicos. Este é ainda hoje um dos maiores arraiais da ilha da Madeira.

Missas do Parto De 16 a 24 de Dezembro, a Madeira celebra uma das suas principais tradições de Natal: as Missas do Parto. Um pouco por toda a Região, estas nove Missas , representam os nove meses de gravidez da virgem Maria, anunciam o Nascimento de Jesus e primam pelos seus cânticos católicos, nomeadamente a “ladainha” entoada por coros afinados. No final das Missas, a animação faz-se sentir nos adros das igrejas, onde a população se reúne após a missa, no adro das igrejas há uma animação com comes e bebes nas tradicionais barracas.

Festa do Senhor dos Milagres Um dos grandes arraiais madeirenses, acontece no mês de Outubro, no Concelho de Machico, a leste da Madeira. A Festa do Senhor dos Milagres evoca a aluvião ocorrida no dia 9 de Outubro de 1803, que destruiu a capela onde se encontrava a preciosa imagem dos Senhor dos Milagres, que foi arrastada para o mar. Reza a história que três dias depois a imagem apareceu e foi posteriormente entregue na Sé do Funchal. Em 1813 a imagem regressou à capela do Senhor dos Milagres, em Machico.

Missa do Galo A Missa do Galo realiza-se à meia-noite de 24 para 25 de dezembro e anuncia o nascimento do Menino Jesus. É chamada Missa do Galo, devido à lenda de um galo, que se acredita ter sido o primeiro animal a presenciar o nascimento do menino Jesus, o que fez com que este galo passasse a anunciar todos os natais, o nascimento de Cristo. Traje Regional O traje tradicional da Madeira é objeto de muitas especulações no que diz respeito à sua origem e evolução. Calcula-se que sofreu várias influências nacionais e estrangeiras, sobretudo minhotas, mouriscas, africanas e da Flandres. É comum encontrar-se vendedoras de flores e funcionários de restaurantes vestidos com o traje típico madeirense. No traje feminino predomina a cor vermelha. As mulheres casadas e solteiras, na Ponta do Sol, usavam capas de cor vermelha enquanto as viúvas usavam capas azuis. O tipo de vestuário no Funchal, Machico e Santa Cruz era composto por saia de lã, de cor ou listada, um colete e um corpete vermelhos e uma carapuça azul. O traje masculino não foi alvo de muitas transformações. É composto por um calção branco com franzido sobre o joelho, uma camisa com pregas que podia ser bordada ou não. As botas, chamadas “botachã”, feitas de pele de vaca curtida, eram usadas tanto por homens como por mulheres. O cano da bota é virado para fora e desce até ao tornozelo. Colar de Rebuçados Os tradicionais colares de rebuçados típicos encontramos à venda em qualquer arraial na Madeira. Antigamente, quando o dinheiro não dava para grandes despesas,

o colar de rebuçados era a alegria dos mais novos. Hoje, os tempos são outros e o número de vendedores e as variedades de guloseimas aumentaram. Bonecas de Massa A boneca de massa é tradicionalmente encontrada nos arraiais, e esteve em vias de desaparecimento por durante muito tempo a atividade não ter sido continuada pelos mais novos. Esta tradição foi recentemente retomada pela Casa do Povo do Curral das Freiras que convidou alguns habitantes da freguesia para aprenderem a moldar estas figuras. É feita à base de farinha, água, fermento, corante de ovo ou de tangerina e um pouco de sal. Os ingredientes são todos misturados e a massa resultante é trabalhada manualmente de modo a dar vida à boneca tradicional. São usadas sementes para os “olhos” e fitas coloridas para fazer os cabelos e roupa. Depois vai ao forno durante 20 minutos. Arraiais Na Madeira os meses de Verão são mar-

cados pelas tradicionais Festas e Romarias, tradicionalmente apelidadas de “arraiais”. Estas festas são na sua maioria de cariz religioso, no entanto existem outras que não o são. No Arquipélago da Madeira, celebram-se em todas as paróquias festas religiosas ou romarias a maior parte das quais organizadas pelo “festeiro” - pessoa que custeia as despesas do arraial e das celebrações. Nestes arraiais não pode faltar a animação, a cargo das bandas filarmónicas e de bandas de ritmos modernos. As barracas, feitas com madeira e ornamentadas com louro e outra vegetação, são ponto obrigatório de passagem para a maioria dos forasteiros. Nestes pequenos espaços de venda podemos encontrar um pouco de tudo desde guloseimas, brinquedos, bebidas, variedades gastronómicas, entre outros. As barracas de comes e bebes são das mais procuradas: não podem faltar a espetada, o bolo do caco com manteiga de alho, o vinho da região ou a “laranjada”. Festa do Senhor do Bom Jesus A Festa do Senhor Bom Jesus, mais conhecida pelo arraial do “Bom Jesus de Ponta

Festa da Senhora da Piedade - Caniçal A tradição da Festa da Senhora da Piedade repete-se todos os anos na freguesia do Caniçal. Milhares de pessoas participam na festa em honra da Senhora da Piedade que se realiza no terceiro fim-de-semana de Setembro. Trata-se de uma festa em muito semelhante às restantes festas religiosas madeirenses. A particularidade desta festa reside no facto de a procissão ser feita por mar até à pequena capela de Nossa Senhora da Piedade localizada no cimo da encosta, com o mesmo nome. O ritual é o seguinte: no sábado à tarde, há uma procissão que se dirige à capela da Piedade a fim de ir buscar a imagem que permanece na igreja paroquial do Caniçal até ao dia seguinte. No domingo, o povo junta-se numa nova procissão e vai recolocar a imagem no local de origem, terminando assim a festa. Arraial do Monte No dia 15 de agosto, celebra-se a padroeira do Funchal e de toda a Diocese. Mais do que uma tradição, é uma manifestação de fé que atrai milhares de pessoas ao centro da freguesia. A festa estende-se do Largo da Fonte às Babosas, conhecida pela Capela destruída durante o temporal de fevereiro de 2010. Um dos “momentos” mais importantes desta festa acontece na véspera, a 14 de agosto. Antigamente os romeiros vinham a pé, em romagem. Hoje em dia chegam de todos os lados pessoas com viatura particular, de autocarro e mais recentemente há quem opte por se deslocar ao arraial através do Teleférico que liga o Funchal ao Monte.


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Funchal: uma capital de muitos encantos O concelho do Funchal alonga-se por uma encosta de grande extensão, desde o nível do mar até ao Pico do Areeiro Situado numa baía banhada pelo oceano Atlântico, na costa sul da ilha da Madeira, o Funchal é a capital do arquipélago. Cidade com cerca de 600 anos, desde 21 de agosto de 1508, o Funchal deve o seu nome a uma erva bravia com cheiro adocicado, o “Foeniculum Vulgare”, tradicionalmente conhecida por funcho, que existia abundantemente na altura do seu povoamento. O Funchal constitui o maior centro turístico, comercial e cultural de todo o arquipélago da Madeira. A cidade oferece um vasto leque de atividades de lazer, desde visitas aos seus museus, igrejas e outros monumentos, passeios nos seus fantásticos jardins, na Marina do Funchal com o colorido das suas embarcações, compras e saídas à noite para bares e discotecas. Em forma de anfiteatro, o concelho do Funchal alonga-se por uma encosta de grande extensão, desde o nível do mar até ao Pico do Areeiro, a 1818 m de altitude. Segundo os censos de 2011, o Concelho do Funchal tem 111 892 habitantes repartidos por 10 freguesias: Imaculado Coração de Maria, Monte, Santa Luzia, Santa Maria Maior, Santo António, São Gonçalo, São Martinho, Sâo Pedro, São Roque e Sé. Freguesia da Sé Inicialmente conhecida por Santa Maria Maior, a freguesia da Sé foi a sucessora da primeira freguesia do Funchal, instalada com a chegada dos primeiros povoadores. A construção da igreja desta freguesia começou em 1500 e estava quase pronta em 1508, quando foram benzidas as paredes. Em 1508, a vila do Funchal foi elevada a cidade. Em breve, a igreja grande era acabada para sé, sede do bispado dos descobrimentos portugueses. Nesta freguesia encontramos a Igreja do Colégio dos Jesuítas, o edifício da Câmara Municipal, o Palácio do Governo Regional, a Assembleia Regional, o Palácio de São Lourenço, o Teatro Baltazar Dias, as Adegas de São Francisco, o Jardim Municipal, o Parque de Santa Catarina e a Quinta Vigia Imaculado Coração de Maria O Imaculado Coração de Maria foi elevado à categoria de freguesia, a 26 de novembro de 1954, devido ao seu aumento demográfico. O Funchal foi sujeito a uma profunda renovação, na década de 40 do século XX, que o transformou numa cidade mais moderna com capacidade para corresponder às expetativas do turismo internacional em que havia apostado. A parte da população, que encontrou emprego na cons-

trução civil, alojou-se ao longo das encostas do Funchal. Esta conjuntura originou a criação de novas freguesias, como foi o caso do Imaculado Coração de Maria. Monte A freguesia do Monte foi criada a 9 de fevereiro de 1565 com base na devoção á Nossa Senhora do Monte, que remonta do século XV. Com a aluvião de 1803, a Senhora do Monte passou a ser evocada como padroeira da ilha da Madeira e, em 1818, foi inaugurada a igreja em sua homenagem. Alojada no alto de uma majestosa escadaria, a igreja do Monte tem duas torres e dispõe de um amplo adro com uma vista esplêndida sobre o Funchal. Na escadaria está a estátua do beato Carlos de Habsburgo, que faleceu na Quinta do Monte em fevereiro de 1922, cujo esquife repousa numa das capelas da igreja. No Monte encontram-se o Parque Municipal do Monte, o Jardim Monte Palace, os jardins da Quinta do Monte. A partir do Monte pode desfrutar de um passeio nos típicos carros de cesto. Santa Luzia A freguesia de Santa Luzia foi criada pelo alvará de D. Pedro II de 28 de dezembro de 1676. No início instalou-se uma pequena capela, que foi progressivamente ampliada. Posteriormente fez-se uma nova construção, entre 1719 e 1741. Nesta freguesia situa-se o Jardim Público de Santa Luzia, com uma área de cerca de 17 000 m2 de espaço verde. Este jardim foi construído no local da antiga Fábrica do Hinton, uma fábrica de aguardente e açúcar com um papel muito relevante na indústria sacarina da Madeira, tendo, por isso, sido conservada a

enorme chaminé da velha fábrica. Santa Maria Maior A freguesia de Santa Maria Maior, inicialmente conhecida por Santa Maria do Calhau, foi instituída pelos primeiros povoadores da capitania do Funchal e, embora sem instituição oficial e canónica, já era uma realidade entre 1425 e 1430. No Núcleo Histórico de Santa Maria pode conhecer várias atrações turísticas e monumentos de uma relevante importância cultural. Aqui vale a pena visitar o Forte de São Tiago, a Igreja de Santa Maria, a Capela do Corpo Santo, a Zona Velha e o Teleférico. Santo António Santo António é elevado a paróquia a partir de 1566 e, tal como a freguesia do Monte, orgulha-se de possuir uma igreja de duas torres, que tem um impacto na paisagem onde está inserido. A freguesia é a mais populosa do Funchal, englobando uma vasta área. Na noite de 12 e 13 de junho as ruas do centro da freguesia de Santo António enchem-se para receber as Marchas Populares. Nesta freguesia, local de nascimento do Cristiano Ronaldo, está situado o Miradouro do Pico dos Barcelos, São Gonçalo A freguesia de São Gonçalo foi criada em 1558. Em meados do século XX iniciou-se a construção da atual igreja, feita ao gosto do Estado Novo. Nesta igreja existe uma imagem de Nossa Senhora, da autoria de Francisco Franco, esculpida em 1914 e oferecida à freguesia por Henrique Vieira de Castro, em 1921. Quase no extremo leste desta freguesia fica localizado o Miradouro das Ne-

ves, mais conhecido por Miradouro do Pináculo. Situado a 283 metros do nível do mar, este miradouro proporciona uma das mais belas vistas da baía do Funchal. São Martinho Os terrenos da freguesia de São Martinho foram desmembrados dos da freguesia de São Pedro no final do século XVI. Foi erguida uma igreja no final do século XIX, cuja primeira pedra foi lançada a 8 de julho de 1883, mas os trabalhos só arrancariam no século XX. Com a transferência do cemitério para os terrenos anexos à velha igreja, esta passou a capela funerária. São Pedro Entre o final do século XV e o século XVI, as classes mais abastadas afastaram-se da parte baixa do Funchal e começaram a ser construídas as residências das famílias dos capitães do Funchal na encosta da cidade, ao longo da então Ribeira Grande, também denominada Ribeira de São Francisco. A importância da população aí residente fez com que fosse solicitada a criação de uma nova freguesia a 1566. Em 1595 concluiu-se a construção da sua igreja e em pouco tempo São Pedro passou a ser a freguesia mais populosa do Funchal. São Roque São Roque é uma freguesia desde março de 1579 e foi instituída na antiga capela de São Roque, construída no início do século XVI pelos moradores com a ajuda de fundos camarários, uma vez que São Roque era um dos padroeiros do Funchal. A capela deu lugar a uma igreja em 1704 perto daquele local, que acabou por ruir em 1790.


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Câmara de Lobos: Terra de pescadores Câmara de Lobos é uma cidade sede de concelho e freguesia, situada na costa sul da ilha da Madeira. O concelho de Câmara de Lobos tem cerca de 35 000 habitantes distribuídos por uma área de 51,82 km². O nome desta freguesia provém do facto de ter sido avistada grande quantidade de lobos-marinhos naquela enseada que ainda hoje mantém a mesma configuração. Atualmente, estes animais surgem ocasionalmente apenas na costa sul da ilha. As principais atividades económicas da freguesia são a pesca, a agricultura - com destaque para a cultura do vinho -, o comércio, os serviços e a indústria. Câmara de Lobos foi o primeiro local onde habitou João Gonçalves Zarco, o navegador que descobriu a ilha, entre 1420 e 1424. Esta foi a primeira povoação criada na Madeira pelo próprio João Gonçalves Zarco, sendo elevada a freguesia em 1430. Esta terra de pescadores, que têm como principal especialização a pesca do peixeespada preto, deve a sua fama aos pescadores que pintam a baía com os seus barcos pitorescos e bem caraterísticos - os “Xavelhas”. O antigo primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, pintou este retrato excecional quando visitou a ilha a 8 de janeiro de 1950.

Além da freguesia de Câmara de Lobos, fazem parte deste concelho quatro outras freguesias: Curral das Freiras, Estreito de Câmara de Lobos, Jardim da Serra e Quinta Grande. O património histórico da freguesia de Câmara de Lobos passa pela igreja de São Sebastião, edificada no século XVI; pela capela de Nossa Senhora da Conceição, fundada no século XV e reedificada no século XVIII; pelo antigo convento de São Bernardino, construído em 1425; e pelo Forno da Cal, integrado no projeto turístico da zona das Salinas. Aqui pode subir ao Ilhéu de Câmara de Lobos, um rochedo sobranceiro ao mar que se assemelha a uma ilha. Este espaço foi recentemente remodelado e adaptado a atividades culturais, com um bonito jardim, proporcionando magníficas vistas sobre a cidade, o mar e os arredores, incluindo o Cabo Girão. Além de um passeio pela baixa da cidade, aconselha-se subir ao Pico da Torre de forma a ver a configuração peculiar da baía. No centro de Câmara de Lobos existem bares e restaurantes conhecidos onde se podem apreciar bebidas típicas, como a poncha, e saborear a gata, um peixe apanhado nos mares da Madeira e posto a secar na-

quele mesmo local. Por isso mesmo, algumas vezes, numa determinada zona à entrada da cidade, surge no ar um cheiro intenso derivado ao processo de secagem. O Curral das freiras é a freguesia mais extensa do concelho de Câmara de Lobos, com 25,07 km², por onde estão distribuídos cerca de 2000 habitantes. Esta freguesia tem uma localização única na ilha da Ma-

deira, pois situa-se num vale profundo que se assemelha à cratera de um vulcão, mas que deve o seu aspeto apenas à forte erosão. O Estreito de Câmara de Lobos é uma freguesia com cerca de 10 300 habitantes dispersos numa área de 8,14 km². A origem do seu nome deve-se á sua caraterística geográfica, por ser um desfiladeiro em vale estreito.

Calheta: Casa de nobres e cavaleiros O concelho da Calheta localiza-se entre o sul e o extremo oeste da ilha da Madeira e a sua área, de aproximadamente 116 km², torna-o o mais extenso da Região Autónoma da Madeira. Aqui vivem cerca de 12 mil pessoas. Duas circunstâncias diferentes estão ligadas à origem do nome Calheta: a primeira relata a existência de uma pequena baía que lhe serve de porto e que assistiu a João Gonçalves Zarco quando este pretendia ir para terra; a segunda deve-se ao facto de a vila ter sido um local onde os impostos sobre o açúcar e madeiras eram recolhidos. O município da Calheta é o maior da Madeira em extensão. Foi a área escolhida por João Gonçalves Zarco, o descobridor da Madeira para fazer uma grande doação de terras ao seu filho João Gonçalves da Câmara e D. Beatriz Gonçalves. A Calheta tornou-se vila 72 anos após a sua fundação, em 1 de julho de 1502, através de foral assinado pelo Rei D. Manuel I. Casa de nobres e cavaleiros, a região perpetua os seus nomes na toponímia local: Lombo do Doutor e Lombo do Atouguia. Nesta localidade se situa o Centro das Artes “Casa das Mudas”, um projeto concebido em completa harmonia com a paisagem envolvente, que apresenta uma vasta ofer-

ta cultural. Aqui se realizam exposições de natureza diversa, peças de teatro, espetáculos musicais, conferências e muitos outros eventos. São oito as freguesias que compõem o município da Calheta: Arco da Calheta, Calheta, Estreito da Calheta, Fajã da Ovelha, Jardim do Mar, Paul do Mar, Ponta do Pargo e Prazeres. A Sociedade de Engenhos da Calheta fica situada na vila da Calheta. Ali pode observar-se a maquinaria usada no fabrico da aguardente e do mel de cana-de-açúcar e saborear o tradicional bolo de mel, acompanhado de poncha. O nome de Arco da Calheta deve-se à especial forma semicircular da sua paisagem e da sua proximidade à freguesia da Calheta. Foi um dos primeiros lugares da ilha sujeitos ao povoamento e exploração agrícola após o descobrimento e é uma das freguesias mais ricas a nível patrimonial. Aqui pode visitar a Capela de Nossa Senhora do Loreto, que apresenta um conjunto de elementos arquitetónicos manuelinos, e a Igreja Paroquial de São Brás, onde pode conhecer obras de arte portuguesa. O aspeto caraterístico do Estreito da Calheta com semelhanças a um desfiladeiro ou vale profundo, e a sua proximidade à

Calheta levaram a que os primeiros povoadores apelidassem aquela região de Estreito da Calheta. Crê-se que a população local seja atualmente de cerca de 2.000 habitantes. Como atividade económica, destaca-se a agricultura, principalmente a vinha e a cana-de-açúcar. O nome da freguesia de Prazeres advém de uma pequena igreja dedicada à Nossa

Senhora das Neves, edificada na localidade muito antes da criação da paróquia. Esta freguesia, junto ao hotel Jardim do Atlântico existe o Miradouro do Assomadouro (535m) sobranceiro às freguesias do jardim do mar e Paúl do Mar. Em Fajã da Ovelha podemos admirar a parte da rocha que, segundo a lenda, Santo Amaro protege a localidade, para que “não caia ao mar”.


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Machico: O lugar da descoberta Localizado na costa leste da ilha da Madeira, a aproximadamente 22 km do Funchal, este município tem um grande significado histórico. Foi aqui que desembarcaram Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, em 1419, quando descobriram a Madeira. Machico foi elevado a cidade a 2 de agosto de 1996 e conta com cerca de 20 mil habitantes distribuídos pelos seus 68 km2 de área. Reza a lenda que, já há um século antes desta descoberta, Robert Machim e Ana d’Arfet tinham aqui encontrado refúgio. É da deturpação com o nome Machim que resulta o nome desta cidade. Machico A baía de Machico convida a uma caminhada envolta numa agradável paisagem de mar e terra. A leste do vale de Machico encontra-se o miradouro do Pico de Facho, a partir de onde pode contemplar a vista panorâmica desde os picos da zona central da ilha até à Ponta de São Lourenço. A Praia da Banda Além, na baía de Machico, tem cerca de 125 metros de extensão e 70 metros de largura. Esta praia destaca-se por possuir areia amarela importada de Marrocos. Água de Pena A freguesia de Água de Pena pertence ao

concelho de Machico e dista cerca de 20 km do Funchal. Disposta em declive desde a serra até ao mar, esta localidade liberta-se das abas do planalto, onde os poios sustentam as culturas verdejantes, e procura serenidade nas ravinas que enlaçam o oceano. Nesta localidade encontra-se o miradouro Francisco Álvares Nóbrega, a partir de onde se pode vislumbrar uma incrível paisagem sobre o vale e baía de Machico, o Caniçal e a Ponta de São Lourenço. Caniçal Diz-se que a origem do topónimo deve-se à existência de uma planta, cujo nome é caniço ou carriço. Situado na zona mais larga de uma península do extremo leste da ilha da Madeira, entre Machico e a Ponta de São Lourenço, o Caniçal foi elevado à categoria de vila em 1994. É a freguesia da Madeira com maior linha de costa, com inúmeras arribas e rochedos que dão para o mar, bem como muitos calhaus, tanto na costa norte como na costa sul. Aqui encontra-se a única praia de areia dourada natural da ilha. Porto da Cruz A freguesia do Porto da Cruz situa-se a 36 km do Funchal, em plena costa norte da ilha. O Porto da Cruz é uma freguesia desde

1677 e em 1996 foi elevado à categoria de vila. As montanhas que envolvem a localidade moldam um anfiteatro virado para o mar. Do ponto de vista geológico, o Porto da Cruz é uma verdadeira exposição de esplêndidas formações como as consecutivas camadas de cinzas vulcânicas ou as formações basálticas. O Porto da Cruz tem uma paisagem altamente rural e agrícola.

Santo António da Serra A freguesia de Santo António da Serra tem cerca de 1.000 habitantes e desenvolvese por uma área muito pitoresca de 1.477 hectares. É a única freguesia da Madeira que se apresenta dividida em duas, sendo que uma parte pertence ao concelho de Santa Cruz e a outra ao de Machico. Nesta freguesia situa-se o Club de Golf.

Ponta do Sol: O concelho mais quente Situada na costa sul da ilha, a Ponta do Sol é atualmente sede de concelho e tem cerca de 8.200 habitantes na sua área de 43,3 Km². Este é considerado o concelho mais quente da ilha e onde o sol brilha durante maior número de horas. A atividade económica assenta no sector primário, onde se destaca a agricultura, com predominância da produção de canade-açúcar e banana; a horticultura e a floricultura. Destaca-se ainda o comércio tradicional e a hotelaria. No concelho existe uma empresa de exportação de plantas. Neste concelho situa-se o Paul da Serra, que se distingue por ser o único planalto existente na ilha da Madeira e por estar a uma altitude de 1500 m. Este local tem caraterísticas naturais únicas devido à sua extensão e localização, como núcleos de vegetação indígena, espécies faunísticas e aves migradoras. No Paul da Serra existem turbinas eólicas que produzem energia elétrica de forma não poluente. Nesta localidade pode ainda visitar o cais da Ponta do Sol, a Lagoa do Lugar de Baixo e o Centro de Floricultura Subtropical. Ponta do Sol A Ponta do Sol deve o seu nome à presença de uma ponta de rocha que entra pe-

lo mar e na qual se refletem os raios solares. A nível histórico-cultural aqui se encontra a igreja de Nossa Senhora da Luz, valiosa pela talha e pelas imagens, e o Palacete do Lugar de Baixo, que apresenta um estilo romântico. A vila da Ponta do Sol tem sido alvo de um grande desenvolvimento nos últimos anos, tendo-se construido unidades hoteleiras de grande qualidade que refletem a aposta do município no turismo. Canhas A freguesia dos Canhas deve o seu nome a um dos seus primeiros povoadores, João de Canha, que era escudeiro de D. Diogo, Duque de Viseu. A atividade económica dos Canhas assenta na agricultura. Existem ainda algumas indústrias como a de blocos, cimento e serração de madeiras. A freguesia é conhecida pelos seus interessantes monumentos a Santa Teresa do Menino Jesus, a Via Sacra e, na estrada que leva ao Paul da Serra, o Senhor da Montanha e Nossa Senhora da Serra. Nesta mesma freguesia, no sitio da Levada do Poiso situase o Relógio de Água, construído em 1890, que servia para regular a repartição das águas. Destaca-se também por ser uma das portas de acesso ao Paul da Serra, o grande e único planalto da ilha da Madeira. Um lo-

cal que se caracteriza por ser o principal recurso hídrico que alimenta as ribeiras e que dá origem aos mais ricos caudais de água, utilizados na irrigação dos campos. Madalena do Mar Com 700 habitantes, Madalena do Mar é conhecida pelo seu caraterístico bairro de pescadores, situado na zona mais perto da

Ponta do Sol. Diz-se que a freguesia deve o seu nome a uma fazenda povoada que havia no local, desde os primeiros tempos da colonização, com uma capela dedicada a Santa Maria Madalena. Durante muito tempo cultivou-se a cana sacarina em grande escala e criou-se um engenho para o fabrico de açúcar, que tornou o lugar num importante centro produtor de açúcar.


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Porto Moniz: Uma terra que cativa Situado na zona norte da ilha da Madeira, o município do Porto Moniz tem cerca de 3000 habitantes distribuídos por uma área geográfica de 80,40 km². O Porto Moniz só passou a estar ligado ao resto da ilha depois da 2.ª Guerra Mundial, quando foi construída a emblemática estrada que liga o Porto Moniz ao concelho de São Vicente. Esta estrada foi literalmente escavada na encosta e é ocasionalmente atravessada por quedas de água que vão de encontro ao mar. Esta é considerada uma das mais bonitas estradas da Madeira. Por questões de segurança, devido à queda de pedras, existem hoje túneis que encurtam a distância, mas que ainda permitem a passagem pelos locais mais emblemáticos da estrada. Porto Moniz O Porto Moniz deve o seu nome a Francisco Moniz, casado com uma neta de Gonçalves Zarco, que deu apelido ao porto e mais tarde este se estendeu aos terrenos próximos à localidade portuária. As piscinas naturais do Porto Moniz são o ex-libris do concelho, que constitui uma grande atração turística. Este complexo balnear é constituído por piscinas formadas a partir de rochas vulcânicas com formas muito singulares, onde o mar entra

naturalmente, proporcionando sempre águas frescas e límpidas. No Porto Moniz pode visitar o Centro de Ciência Viva e o Aquário da Madeira. Na Santa do Porto Moniz realiza-se a tradicional Feira do Gado. Achadas da Cruz A freguesia localiza-se no extremo noroeste da ilha da Madeira. O povoamento das Achadas da Cruz foi bastante lento devido à sua altitude. Hoje, estima-se que esta freguesia tenha cerca de 220 habitantes. Ao visitar esta freguesia pode fazer uma agradável viagem no teleférico das Achadas da Cruz, um confortável e seguro meio de transporte que liga a freguesia ao mar. Esta viagem proporciona vistas magníficas sobre o manto verde do Porto Moniz e das costas sobranceiras ao oceano Atlântico. Ribeira da Janela O seu nome deve-se a um ilhéu que se ergue a cerca de 100 metros da foz da ribeira e que apresenta uma abertura que parece uma janela aberta. Esta freguesia tem cerca de 750 habitantes distribuídos nas suas terras, que apresentam uma construção cuidada e tradicional, num ambiente de grande calma e sossego. Na Ribeira da Janela situa-se o Miradouro da Eira da Acha-

da, que permite uma maravilhosa vista sobre a zona norte da ilha e onde existem mesas e bancos para piqueniques. Seixal A freguesia foi criada em 1553 e tem atualmente cerca de 1200 habitantes. Pensa-se que o seu nome descende de seixo, que significa pedra ou calhau. No entanto,

há também quem diga que a sua origem pode advir de seixo, que designa uma espécie vegetal. É uma terra com condições que cativam os que ali passam, com uma forte aposta nos recursos naturais. Na restauração, o prato forte é a truta, um peixe de água doce criado na freguesia, e predominam unidades de turismo de habitação rural e pequenas unidades.

Porto Santo: Sossego e encanto O Porto Santo é a segunda maior ilha da Região Autónoma da Madeira, com uma área de 42,48 km² habitada por 5 483 pessoas. É uma ilha que tem dupla insularidade a sua capital é a Vila Baleira e constitui um Município de Portugal. Esta ilha fica situada no Oceano Atlântico, no sudoeste do continente europeu, a apenas 500 km da costa africana, a 1000 Km da Europa e a uma hora e meia de voo da cidade de Lisboa. O início da história do Porto Santo está envolto em mistério. A mais conhecida versão aponta para uma tempestade, em 1418, da qual fazem parte os marinheiros do Infante D. Henrique, João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz e Bartolomeu Perestrelo, que iam com outro destino quando foram surpreendidos por uma tempestade que os fez desviar do rumo inicial. Depois de horas e dias mal passados chegam a uma ilha que deram o nome de Porto Santo. Uma outra versão, historicamente argumentada, aponta para tempos anteriores em que uma embarcação teria encontrado porto seguro na ilha, depois de uma violenta tormenta. Segundo esta versão, antes dos portugueses terem iniciado o seu povoamento já a ilha era denominada de Porto Santo. Este facto é constatado no chamado “Atlas Medicis”, de cerca de 1370.

A ilha evidencia-se pela extensa praia de areia, com cerca de nove quilómetros. É uma linda praia de areia amarela e fina que contorna todo o litoral sul da ilha, entre o porto e a Calheta. Oferece sobretudo sossego e um encanto contagiante que não deixa indiferente quem a visita. Uma chamada de atenção para a temperatura da água do mar: é verdadeiramente temperada ao longo de todo o ano. O clima é seco e estável, com pouca variação entre as estações, pelo que é normal fazer praia todo o ano. A nível das atividades económicas o Porto Santo tem uma agricultura pobre devido às suas características naturais, e por isso assenta a sua economia no comércio e serviços. Nos últimos anos tem havido um incremento do turismo, que se deve muito ao novo navio que liga a Madeira ao Porto Santo, o Lobo Marinho. Este progresso deve-se também a novas unidades hoteleiras foram construídas e novos restaurantes cada vez com mais qualidade. O maior ícone cultural do Porto Santo é a Casa Museu Cristóvão Colombo, que assinala a presença do descobridor da América na ilha. Aqui procura-se recriar o ambiente primitivo onde o explorador viveu. A Casa de Colombo apresenta-se num conjunto de dois edifícios, o mais antigo deles remonta

à época em que o navegador esteve na ilha. Em exposição, além de retratos de Colombo, do século XVI ao século XX, encontramse mapas com as diferentes rotas por ele percorridas. Rodeado por uma paisagem serena e envolto na brisa do mar, o campo de golfe do Porto Santo tem as melhores condições para praticar golfe o ano inteiro.

A Vila Baleira, única cidade do Porto Santo e foi elevada a esta categoria a 6 de Agosto de 1996. O Porto Santo, por sua vez, também dá o nome ao município e à sua, também única, freguesia. Podemos encontrar alguns locais de interesse sob o ponto de vista geomorfológico, natural e paisagístico. Óptimos cenários para uma sessão fotográfica.


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Ribeira Brava: Um localidad antiga Localizado na costa sul, o concelho da Ribeira Brava tem uma área de cerca de 65,10 km2, onde estão distribuídos cerca de 13 375 habitantes. Localizado na costa sul, o concelho da Ribeira Brava tem uma área de cerca de 65,10 km2, onde estão distribuídos cerca de 13 375 habitantes. A Ribeira Brava foi elevada à categoria de vila a 26 de maio de 1928. A sua principal atividade económica é a agricultura. Do cultivo das terras retira-se batata-doce, feijão, hortaliças, algum cereal, fruta e vinho. A igreja de São Bento, construída no século XV e situada na vila da Ribeira Brava, expõe magníficos painéis de influência flamenga, representando a Virgem e o Menino, São Bento e São Bernardo. São Bento é o orago da Ribeira Brava, por quem os habitantes expressam especial devoção. Ribeira Brava O nome da Ribeira Brava deriva de uma corrente de água que a atravessa e que quase sempre se manifesta num caudal rebelde. Nesta freguesia encontra-se o Museu Etnográfico da Madeira, que expõe coleções de objetos etnográficos ligados a diferentes aspetos sociais, económicos e culturais do arquipélago da Madeira. Na vila da Ribeira Brava podemos encon-

trar o Forte de São Bento, que funciona como posto de turismo, e o farolin para onde pode subir e avistar o centro da vila, a Ponta do Sol e as serras do Campanário. Campanário Com uma área de 11,8 km2, a freguesia do Campanário é habitada por cerca de 4 200 pessoas. O nome desta localidade tem origem num ilhéu localizado no mar junto à costa, cuja forma se assemelha a um campanário de uma igreja, situado junto à costa desta freguesia. A sua economia assenta na agricultura, de onde se retira batata, vinha, banana, laranja e frutas tropicais. Integrada na freguesia do Campanário está a Fajã dos Padres, onde residem cerca de 50 pessoas. Esta é uma pequena estância turística com excelentes condições para fazer praia e pesca. Serra d’Água A Serra d’Água tem cerca de 1300 habitantes distribuídos por uma área de 24,70 km². Esta freguesia é rodeada de um denso arvoredo e de altos montes, entre os quais sobressaem os picos da Cruz, do Cedro e do Pico Grande. É ainda irrigada por várias ribeiras, que juntas formam a ribeira da Ribeira Brava. O nome desta freguesia deriva

da construção de um engenho destinado à serração das madeiras com o nome de “serra de água”, nome esse que posteriormente se estendeu a toda a freguesia. Foi nesta freguesia que, em 1953, surgiu a primeira Central Hidroelétrica da ilha. Tabúa Situada à beira-mar na costa sudoeste da

Madeira, é a freguesia mais pequena da Ribeira Brava com 11,10 km2 e 1 105 habitantes. O nome desta freguesia deriva de uma planta denominada tabua que abundava por aquela região e era utilizada no fabrico de esteiras e fundos de cadeiras. Esta freguesia é atravessada por uma ribeira de 7 km, a 1510 metros de altitude, e que desemboca na sua pequena orla marítima.

Santa Cruz: O lar do folclore madeirense É neste concelho da costa leste, situado a cerca de 18 km da capital, que se localiza o Aeroporto Internacional da Madeira Cristiano Ronaldo. Durante todo o ano são apresentadas, na Casa da Cultura de Santa Cruz , várias exposições culturais que mostram obras de artistas regionais. Santa Cruz A origem do nome desta freguesia, que é hoje sede de concelho e de cidade, resultou de um tronco seco com duas braçadas em forma de cruz, encontrado na mata de loureiros no litoral sul. Esta freguesia tem cerca de 7224 habitantes (censos 2011). A igreja matriz de Santa Cruz foi mandada construir pelo rei D. Manuel I no inicio do século XVI, em estilo manuelino com planta de 3 naves, semelhante à Sé do Funchal. Para além da conhecida Praia das Palmeiras, pode encontrar nesta cidade um novo complexo balnear, situado junto da Ribeira da Boaventura, que compreende piscinas, solários, balneários e zona de restauração. Camacha A freguesia da Camacha foi tornada paróquia em 1676 e elevada à categoria de vila a 10 de setembro de 1994. Estima-se que

atualmente habitem nesta freguesia cerca de 7.449 habitantes distribuídos pelos seus 1.958 hectares. É uma das freguesias mais emblemáticas da Madeira e é dos locais mais visitados pelos turistas. A freguesia é internacionalmente conhecida pelo “Bailinho da Madeira” e obras de vime. Foi nesta freguesia, no Largo da Achada, que se jogou futebol pela primeira vez em Portugal. Caniço A freguesia do Caniço, com um área total de 12km2 e cerca de 23.368 mil habitantes (censos 2011), deve o seu nome a umas plantas que abundavam naquela zona nos tempos da descoberta, que são canas compridas e delgadas. O Caniço é uma pequena cidade banhada pelo mar e com algum desenvolvimento urbano.Das atividades económicas da freguesia destaca-se a plantação da cebola, a hotelaria e a restauração. O sítio do Garajau, localizado entre o Funchal e o Caniço, deve o seu nome à grande quantidade de garajaus (aves marinhas) que fazem ninho naquela zona. Aqui encontra-se a Ponta do Garajau, onde está erguida a estátua do Cristo Rei. Gaula Gaula é uma freguesia desde 1558 e tem

hoje cerca de 4028 mil habitantes (censos 2011) numa área de 707 hectares. Diz-se que o seu nome surgiu, ao que rezam as crónicas, de influências dos romanos de cavalaria, principalmente do romance Amadis de Gaula. A freguesia tem uma posição privilegiada a meio caminho entre o mar e a serra e conta com duas paróquias: a de Nossa Senhora da Luz e a da Achada de Gaula.

Santo António da Serra A freguesia de Santo António da Serra tem cerca de 936 habitantes (censos 2011) e desenvolve-se por uma área muito pitoresca e própria de 1.477 hectares. Santo António da Serra é a única freguesia da Madeira que se apresenta dividida em duas, sendo que uma parte pertence ao concelho de Santa Cruz e a outra ao de Machico.


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30 | DIA DA MADEIRA

Santana: Reserva da Biosfera O concelho de Santana, situado na costa norte da ilha da Madeira, tem uma área de 96,2 km², onde habitam cerca de 8 800 pessoas. Devido ao facto do concelho ter estado muito tempo inacessível por mar e terra, os seus habitantes preservaram caraterísticas que não sofreram influências exteriores. Um exemplo que advém deste isolamento é o estilo arquitetónico das suas casas típicas com teto coberto de colmo, mais conhecidas por “casinhas de Santana”. O setor turístico é atualmente o principal recurso económico deste concelho. Aqui pode visitar o Parque Temático da Madeira e a Reserva Natural da Rocha do Navio. O concelho de Santana recebeu em junho de 2011 a distinção de “Reserva da Biosfera” pela UNESCO, reconhecendo a riqueza de um ecossistema onde se procura conciliar a conservação da biodiversidade e o seu uso sustentável. Esta reserva integra uma componente terrestre, correspondente a toda a superfície emersa do município e ainda uma componente marinha, que apresenta uma grande diversidade de valores naturais e humanos, paisagísticos, ambientais e culturais singulares de interesse local, regional, nacional e internacional. Em Santana encontra os Percursos pedestres da Biosfera que se estendem por

mais de 120 km e possibilitam apreciar o vastíssimo património natural, contemplar o entorno paisagístico, desfrutar da natureza, conhecer a riqueza cultural dos lugares e envolver-se com a população local. Aqui encontra os percursos pedestres da Vereda do Pico Ruivo, Levada do Rei e Levada do Caldeirão Verde. São seis as freguesias que fazem parte deste município: Arco de São Jorge, Faial, Ilha, Santana, São Jorge e São Roque do Faial. O nome da localidade de Santana deve-se a uma primitiva capela dedicada a Santa Ana, que deu lugar à atual igreja. Nesta freguesia encontram-se os pontos mais altos da ilha da Madeira, nomeadamente o Pico Ruivo e o Pico das Torres. Faial Esta freguesia, criada 1550, deve o seu nome a uma concentração relativa de faias (Myrica faya)que abunda nestas bandas e tem cerca de 1600 habitantes distribuídos por uma área de 22,6 km². A freguesia do Faial, juntamente com a de São Jorge, terá sido uma das primeiras freguesias a ser povoada na costa norte da ilha da Madeira. São Jorge Esta freguesia, com cerca de 18.3 km² de

aérea e 1432 habitantes, desenvolveu-se a partir da zona do Calhau de São Jorge, junto ao mar, no início do século XVI. Em São Jorge pode visitar o Miradouro das Cabanas, um miradouro que proporciona uma excelente vista sobre o Arco de São Jorge e a ilha do Porto Santo. Nesta localidade se situa a Levada do Rei, um trilho linear em que o regresso é feito pela mesma rota.

Existem túneis neste percurso, pelo que é essencial levar lanterna. São Roque do Faial Criada em 1848, a freguesia de São Roque do Faial tem cerca de 700 habitantes dispersos por uma área de 15,9 km², que se estende desde o Chão da Ribeira ao Pico do Areeiro.

São Vicente: Natureza e floresta abundante O concelho de São Vicente situa-se na costa norte da ilha da Madeira e conta com cerca de 6000 habitantes distribuídos por uma área de 78,70 km². É uma região caraterizada pela natureza verde e floresta abundante, decalcada pelas forças vulcânicas e pela erosão nas suas bonitas encostas. Um dos símbolos mais representativos da pitoresca freguesia é a pequena capela construída dentro de uma rocha de basalto, na foz da ribeira que atravessa a vila. As suas atividades económicas predominantes assentam nos setores primários e terciário, concretamente na agricultura e nos serviços, com realce para a atividade turística. Tirando partido das caraterísticas geográficas do terreno, foi também construído um jardim com predominância das plantas endémicas. Este concelho apresenta ainda uma série de percursos pedonais, conjugados harmoniosamente com cursos de água. O Núcleo Museológico Rota da Cal, situado nesta freguesia, é composto por um trajeto pedestre que leva cerca de 30 minutos, desde as pedreiras de extração calcária até ao museu. A partir do Miradouro da Encumeada, na Ribeira Brava, temos magníficas vistas panorâmicas da cordilheira que atravessa a Madeira e de várias zonas de São Vicente,

Na freguesia encontramos uma extensa área da Floresta Laurissilva. A importância da Laurissilva deve-se tanto pela sua representação em termos de diversidade de espécies de flora e fauna como do respetivo estado de conservação. A Floresta Laurissilva foi classificada como Património Natural da UNESCO em 1999. São Vicente A freguesia deve o seu nome possivelmente pelo facto de que os primeiros povoadores desta zona norte, ao descerem pela Encumeada e em direção ao vale de São Vicente, terem encontrado numerosos corvos a sobrevoar o vale e lembraram-se do mártir espanhol, chamado São Vicente, cujos restos mortais foram defendidos por uma daquelas aves. Nesta freguesia se situam as grutas e o centro de vulcanismo. As grutas e o Centro de Vulcanismo permitem conhecer o interior da ilha e o processo de convulsão vulcânica que a originou. Boaventura A freguesia da Boaventura foi desmembrada da freguesia da Ponta Delgada no ano de 1836. Não se sabe ao certo a origem do seu nome, mas já desde meados do século XVI a Boaventura conserva este nome.

Esta freguesia situa-se num terreno montanhoso, considerado por muitos como um autêntico santuário da natureza. É conhecida por surpreendentes vales, rasgados por vários cursos de água, e tem sido procurada pelo sossego que proporciona. Ponta Delgada A Ponta Delgada é freguesia desde o ano

1552. Tem uma área de 8,8 km², A origem do seu nome deve-se a ser uma «ponta de terra esguia, esvaindo-se mar dentro, que, pelo contraste ao lado, com desabidas penhas, ficou sendo a Ponta Delgada», segundo refere Gaspar Frutuoso no livro “Saudades da Terra”. A sua economia baseia-se na agricultura, no pequeno comércio e serviços e ainda no turismo.


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