Ação urbana lugar: Paraná

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tom lisboa

1ª edição Pulp Edições Curitiba - 2013


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária responsável: Maria Inês Meinberg Perecin – CRB 8/5598

L 769a

Lisboa, Tom

ação urbana lugar: paraná / location urban action in paraná Tom Lisboa. Curitiba: Pulp Edições, 2013. 64p: il : color

ISBN 978-85-63144-27-0

Texto em português e inglês 1. Paraná – obras ilustradas I Título

CDD 918.162


Para Tânia Bloomfield Ronaldo Entler Chris Beardsmore


ação urbana: criatividade e conectividade (Denize Correa Araujo)

TOM LISBOA novamente nos surpreende com seu projeto Ação Urbana LUGAR, sempre buscando o inusitado, o incomum, desconstruindo o esperado. Em seus projetos anteriores, como nas Polaroides (In)visíveis, por exemplo, a criatividade ocupa o lugar central, seguida da conectividade. Confeccionadas em papel sulfite amarelo, as falsas polaroides que o artista espalha pela cidade trazem, no lugar da imagem, um texto que dá instruções para o espectador encontrar no espaço que o circunda o que devia ter sido fotografado. Através deste simples mecanismo, Lisboa transforma o público de mero observador em coautor de suas obras, estabelecendo assim uma relação de cumplicidade e troca. Fayga Ostrower, em Criatividades e Processos Criativos (1991:5), observou que “no indivíduo confrontam-se dois polos de uma mesma relação: a sua criatividade, que representa as potencialidades de um ser único, e a sua criação, que será a realização destas potencialidades já dentro do quadro de determinada cultura”. Na arte, a criatividade e a criação são binômio de uma maturidade que se reflete em trabalhos que estimulam ações socioculturais onde a fantasia e a realidade concreta se harmonizam. A Ação Urbana LUGAR objetiva a criação de um espaço designado de “L” (de Lugar) para que os participantes possam fotografar, processo seguido pela transferência de fotos a um site interativo, onde ficam disponíveis para a comunidade. O projeto, iniciado em 2008, já mapeou lugares internacionais e nacionais. Essa hibridação de lugares, com características díspares, faz parte da proposta de encontrar especificidades em qualquer espaço, e de exibir certas idiossincrasias relativas a mapas não hierárquicos, revelando um posicionamento democrático e interativo por parte do autor do projeto. Lugar foi parte de meu projeto para o Congresso da IAMCR – International Association of Media and Communication Research – em julho de 2011, na cidade de Istambul. O tema do Congresso foi “Cidades, Criatividade, Conectividade” e o trabalho que Tom Lisboa vem desenvolvendo se inseriu perfeitamente no foco do encontro, assim como os trabalhos de Giselle Beiguelman e de Vik Muniz que, com três enfoques diversos, compartilham dos conceitos de criatividade e conectividade selecionados para o referencial teórico de meu projeto de análise. A produção do conhecimento em termos artísticos está relacionada às propostas que visam à participação da comunidade. Para Ostrower, em Criatividade e Processos Criativos (1996: 9), o criar só pode ser visto num sentido global, como um agir integrado em um viver humano. De fato, criar e viver se interligam. A natureza criativa do homem se elabora no contexto cultural. Todo indivíduo se desenvolve em uma realidade social, em cujas necessidades e valorações culturais se moldam os próprios valores da vida... o ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar. Além do elemento de criatividade, as obras de Lisboa são interativas, conectando participantes na rede virtual. A virtualidade permite o compartilhamento, a visualidade e a transparência que, especialmente no século XXI, fica evidenciada pela intensificação do uso das novas mídias. Como Frank Popper cita, em seu livro From Technology to Virtual Art (2007: 4-5), o que é novo em virtualidade é precisamente sua virtualização, sua potencialidade e sobretudo sua abertura. Para a Arte Virtual, essa abertura está sendo exercida tanto do ponto de vista dos artistas e suas criatividades como de seus usuários-seguidores em suas ações recíprocas. Essa abertura implica certo grau de libertação e liberdade de ação e criação ... uma virtualidade abrangente em arte não é realmente uma revolução contra o modernismo ou o pós-modernismo; ao contrário, ela alarga consideravelmente o espectro de investigação disponível ao artista criador (tradução da autora). A disponibilização de imagens no site permite o compartilhamento ilimitado e sem ônus, incentivando a descoberta de novos espaços e oportunizando a interação de participantes. A conectividade, no caso do projeto Ação Urbana LUGAR, pode ser considerada híbrida, ou seja, tecnológica na primeira fase, a da foto, e virtual na 2.ª fase, a da disponibilização no site. A primeira fase envolveu viagens a 20 cidades, onde o encontro com fotógrafos e com a comunidade reuniu aproximadamente um total de 40 participantes.


O projeto não é para espectadores passivos, que vão a uma exposição de fotografias. O espectador passa a ser ativo, a ser interator, a criar suas imagens e depois acompanhar sua trajetória virtual. Essa é a conectividade do projeto que, além de conectar a cidade, exercita o olhar diferenciado sobre cada foto, cada registro. A desconstrução do conceito de arte de elite, para poucos selecionados, permite que a comunidade participe do projeto ativamente, seja na 1.ª fase, seja na diversidade de enfoques no site, onde a polifonia de vozes, conceito de Bakhtin transposto ao cenário da proposta, certamente pode explicitar a interação coletiva. Segundo Bakhtin (2002: 4), textos dialógicos apresentam uma “multiplicidade de vozes e consciências independentes e imiscíveis e a autêntica polifonia de vozes plenivalentes”. Como em Polaroides (In)visiveis, quando são dadas “instruções” para o participante-interator criar sua própria foto, em Ação Urbana LUGAR Lisboa permite que as vozes dos participantes se manifestem, sem que a sua seja monológica ou dominante. Criatividade e conectividade são sem dúvida, características marcantes da obra de Tom Lisboa, além do seu espírito contemporâneo de apropriar-se de do tempo/espaço inexplorado e enfatizar suas potencialidades, conectando imagens polifônicas.

referências

Denize Correa Araujo é Master of Arts em Cinema pela Arizona State University (ASU) e ph.D. em Literatura Comparada, Cinema e Artes pela University of California, Riverside (UCR), tendo estudado e lecionado nos Estados Unidos por dez anos. Atualmente, é Coordenadora da Pós Lato Sensu em Cinema da Universidade Tuiuti do Paraná, onde desenvolve pesquisa sobre comunicação visual, cinema e tecnologias digitais. BAKHTIN, Mikhail. Problemas da Poética de Dostoiévski. 3. ed. Traduzido por Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos criativos. 11 ed., Petrópolis,RJ: Editora Vozes, 1996. POPPER, Frank. From Technological to Virtual Art. Cambridge, Massachussetts: The MIT Press, 2007. Sites LISBOA, Tom. Polaroides (in)visíveis <www.sinTOMnizado.com. br/polaroides> Ação urbana: lugar <www.sinTOMnizado.com.br/lugar> Denize Correa Araujo é PhD. em Literatura Comparada, Cinema e Artes pela Universidade da California, Riverside (EUA) e Mestrado em Cinema pela Universidade do Estado do Arizona (EUA), tendo estudado e lecionado nos Estados Unidos por dez anos. Atualmente, é Coordenadora da Pós Lato Sensu em Cinema e Docente do Mestrado e Doutorado Linha de Estudos de Cinema e Audiovisual da Universidade Tuiuti do Paraná. É também Diretora do Clipagem - Centro de Cultura Contemporânea e Membro do Conselho Internacional da IAMCR - Associação Internacional de Pesquisa em Mídia e Comunicação.


os sentidos de lugar (Tânia Bittencourt Bloomfield)

No registro científico tomado como uma categoria geográfica, lugar pode assumir diferentes feições. Como um dos possíveis recortes analíticos do real, o lugar pode revelar o espaço em que formas, funções, processos, ordenações e relações entre o mundo material e a esfera social, ganham concretude e são objetivados. Em visadas que levem em conta análises de macroestruturas e seus desdobramentos, o lugar pode ser revelador quanto às relações entre o global e o local. Definido pela ótica das relações entre os âmbitos da política e da economia, em um neologismo contemporâneo, ele pode ser uma glocalidade (BENKO, 1990, p. 65, apud SANTOS, 2006, p. 314). Usando-se outra chave de compreensão, cuja tônica é interpretativa, o lugar pode ser tomado a partir das subjetividades, da fenomenologia, das percepções e sensações, do mundo vivido. Nessa chave, o lugar assume valores e significados especiais, para aqueles que o vivem. É um espaço carregado de emotividade, no qual as relações sociais, as representações de universos singulares e as experiências se articulam, de forma a transformar meras localizações em sítios especiais, guardados com cuidado na memória. Aqui, o lugar pode se referir a espaços de diferentes escalas, eleitos pela consciência, pelas intencionalidades, que vão de uma poltrona até a um país inteiro... e além. Poderia ser, inclusive, utópico, imaginário, oriundo das geografias literárias ou sugerido pelas paisagens sonoras da música. Aquela sensação que acompanha um estrangeiro, em uma cidade ainda não conhecida, aquela primeira impressão, põe em destaque determinados elementos do espaço que um habitante provavelmente já não mais perceberá ou que vivenciará de outra forma. Contudo, o estrangeiro provavelmente não conhecerá certas passagens da memória que, como fantasmagorias, habitam os lugares. Alguma perda sempre acontece quando se conhece e se percorre um lugar: aqueles primeiros mapeamentos que o corpo construiu se desvanecem, dando lugar a outras cartografias subjetivas. Assim, o lugar nunca mais será o mesmo. Os lugares podem ser topofóbicos ou topofílicos. Espaços de negatividade ou de positividade. (TUAN, 1983, p. 155). Eles podem se transfigurar em paisagens ou em espaços que se desprendem de significados anteriormente instituídos, para aderir a outros. (RELPH, 1979). Nas metrópoles, a vida permeada pelos avanços tecnológicos intercambia, constantemente, os valores dos lugares. Diferentemente da concepção de não-lugar (AUGÉ, 1994), pode-se verificar que espaços aparentemente áridos e inóspitos às sociabilidades são apropriados e vividos por diferentes grupos socioculturais, o que, muitas vezes, surpreende um observador atento e qualificado. Em concepções pós-estruturalistas, o espaço não é entendido como algo já dado, um a priori (MASSEY, 2008). De fato, não é possível se falar, deste ponto de vista, em espaço, como uma instância separada, mas em condensados de espaçotempo. Esses condensados caracterizam-se por serem encontros de elementos idealistas e materialistas em fluxos de convergência, graças aos agenciamentos que o produzem. Os agenciamentos, por sua própria constituição, são flexíveis, mutáveis, relacionais, transitórios, territorializantes e desterritorializantes, ao mesmo tempo, e resultam em muitas e possíveis linhas de fuga (DELEUZE, 1995). Nessa perspectiva, o espaço, o lugar, é algo que está em construção permanente. Quando se estabiliza em alguma imanência, em seguida, pode ser interpretado e percebido em estado de dissolução. Assim concebido, ele pode propiciar a emergência de políticas de conectividade, ideia que se opõe aos sectarismos e xenofobias de forças conservadoras e desejosas da manutenção de identidades feitas por relações de semelhança, e pelo apego extremado aos lugares. Para tentar mapeá-lo, ainda que precariamente, é necessário que o lugar também seja compreendido, a partir das instâncias discursivas e enunciados que o permeiam. No campo das artes visuais, desde as proposições de visitas a espaços urbanos dos dadaístas, passando pelas excursões de caráter territorialista dos surrealistas, algumas práticas artísticas contemporâneas vêm explorando o espaço urbano, no entrelaçamento de materialidades, subjetividades e sociabilidades, como seu principal objeto de interesse. De fato, o caminhar como prática estética e a eleição de um objeto existente no espaço urbano, tomado pela intencionalidade do artista como um objeto artístico, já havia sido apresentado por Marcel Duchamp, em um dos seus primeiros ready-mades, em 1917: o Woolworth Building, em Nova Iorque, EUA. (CARERI, 2007).


Atuando nas décadas de 1960 e 1970, na Europa, o grupo de artistas conhecido por Internacional Situacionista (IS) preocupouse com questões relativas à produção do espaço e às injunções do capitalismo. Durante os incríveis e turbulentos anos em que esteve atuante, a Internacional Situacionista relacionou poéticas, teorias urbanísticas, e ativismo político, tendo tido, inclusive, um importante papel nos acontecimentos de maio de 1968, em Paris, França. (JACQUES, 2003). Para todos esses movimentos e artistas, o passeio, o deambular, a deriva pelo urbano, desde o início do século XX, se tornaram os objetos propriamente ditos da produção estética e, também, ferramentas teórico-metodológicas para a crítica da sociedade e das paisagens de consumo. Em muitas destas práticas, os artistas utilizaram-se do jogo, do caráter lúdico, das profundezas do inconsciente, de desvirtuamentos de instrumentos do universo técnico-científico - por exemplo, os mapas e a cartografia oficial -, para descobrirem novas cidades, dentro da cidade. Os situs, designação dos artistas da IS, buscaram realizar o comportamento de se deixar abandonar às rédeas dos afetos e de psicogeografias, em espaços em que novas situações foram criadas, na contramão das hierarquias e determinações da divisão do trabalho e das ideologias de grupos hegemônicos. Convidando as pessoas a tomarem a cidade, a partir de novos usos, relações e descondicionamentos das imposições da sociedade capitalista, os situs resgataram, de Marx, a ideia de que, no futuro, todos serão artistas. A intervenção urbana Lugar, de Tom Lisboa, com várias edições e iniciada, em 2008, aproxima-se, parcialmente, desses precursores. Não se trata, aqui, de uma abordagem estética do urbano, cujas questões sejam de natureza sociológica ou revolucionária. Em seu escopo, a ênfase de Lugar é essencialmente fenomenológica: “[...] jogo perceptivo, de transformar espaços “vazios” em lugares fundados por um artista. Neste jogo, a participação é livre e as regras, claras. O objetivo da ação é “desenhar”, caminhando, a letra L (de lugar) na planta de determinado espaço urbano e, ao mesmo tempo, desenvolver um ensaio fotográfico nesse trajeto”. (LISBOA, 2013, a). Este jogo já foi executado em mais de trinta cidades, em quatro continentes, por diferentes pessoas e está em exibição permanente no portal virtual do artista. Como outros projetos do artista, Lugar caracteriza-se por ser um work in progress. Ainda que haja certa vontade de controlar o jogo, observando-se as regras que foram estipuladas por Lisboa aos participantes, parece correto aventar a possibilidade de que a expectativa do artista é a de ser surpreendido pela superação dos limites do programa que criou, quando os jogadores produzem as intervenções urbanas e fundam novos lugares. Mesmo que não se tenha percorrido realmente os “lugares” dessas ações urbanas já realizadas, pode-se vivenciá-las, em algum grau, no espaço virtual. Novamente, e atualizando provocações de potencial filosófico já apresentadas em outra intervenção urbana que propôs, Polaroides (In)Visíveis, em 2005, (LISBOA, 2013, b), (BLOOMFIELD, 2008), o artista preocupouse com o desvelamento, formas de produção e apreensão de imagens contemporâneas, promovidas e capturadas pelos sentidos, notadamente, as das paisagens urbanas. Em Lugar, por meio da dimensão lúdica, os participantes podem registrar, física e subjetivamente, os sentidos que os lugares têm para eles. No entanto, as interpretações, assim como as apreensões destes espaços não são definitivas. São arquivos em permanentes edificações e desmoronamentos. Aquilo que supostamente está “ali”, por operações executadas pelos enquadramentos subjetivos e fotográficos - as inclusões, as exclusões, e os papéis jogados pela memória e pelos sentidos -, colocam os lugares em situação de permutação, entre “ser”, “deixar de ser”, ou “vir a ser”, para os jogadores. Tânia Bittencourt Bloomfield

Doutora em Geografia, pela Universidade Federal do Paraná - UFPR; Mestre em Geografia, UFPR. Pós-graduada no curso de Especialização em História da Arte do Século XX, Escola de Música e Belas-Artes do Paraná – EMBAP. Licenciada em História, UnB; em Educação Artística, UFPR. Professora do Departamento de Artes da UFPR, desde 1998. Artista visual com exposições realizadas no Brasil e no exterior.


referências

AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Papirus, 1994. 111 p. BENKO, Georges B. Local versus Global in Social Analysis: Some Reflexions. In: KUKLINSKI, A. Globality versus Locality. Warsaw, Institute of Space Economy / University of Warsaw, 1990, p. 63-66. BLOOMFIELD, Tânia Bittencourt. Paisagens Urbanas e Lugares: Uma Abordagem de Geografia Cultural para a Intervenção Urbana Polaroides (In)Visíveis, de Tom Lisboa, em Curitiba. Trabalho apresentado no 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas – ANPAP, Florianópolis, SC, 2008. CARERI, Francesco. Walkscapes: el andar como práctica estética. 1. ed., 5ª. Impressão. Barcelona, Espanha: Editorial Gustavo Gili, 2007. 203 p. Land & ScapeSeries. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia. Vol. 2. 1 ed., 5ª. Reimpressão: 2008. São Paulo: Editora 34, 1995. JACQUES, Paola Berenstein. Apresentação. In: JACQUES, Paola Berenstein (org.). Apologia da Deriva: escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. 160 p. p 13-36. LISBOA, Tom. Ação Urbana “Lugar” propõe Jogo Perceptivo dentro da Cidade. Disponível em:< http://www.sintomnizado. com.br/lugartextorelease.htm> . Acesso em: 10 maio 2013, a. LISBOA, Tom. Polaroides (In)Visíveis. Disponível em: <http:// www.sintomnizado.com.br/tomlisboa.htm> . Acesso em: 10 maio 2013, b. MASSEY, Doreen. Pelo Espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. 312 p. RELPH, Edward C. As bases fenomenológicas da Geografia. Geografia, Rio Claro, SP, v. 4, n. 7, p. 1-25, 1979. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 384 p. TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983.


a experiência de lugar

Certa vez, logo depois de me registrar em um hotel de Buenos Aires, a recepcionista me presenteou com quatro mapas do bairro de Palermo Soho: um de gastronomia, um de design, um de vestuário e outro de espaços culturais. Como não possuía nenhum outro guia que me orientasse, tentei utilizá-los como referência nos primeiros dias. Minha primeira sensação, por mais contraditória que seja, foi a de estar complemente perdido pelo excesso de anúncios contidos em cada um deles. Posteriormente, percebi que os mapas eram incompletos, porque lugares novos haviam inaugurado e outros não estavam sequer mencionados. Deste modo, aprendi que a melhor maneira de vivenciar este novo espaço era me perder por suas ruas e utilizar o mapa apenas para voltar ao hotel.

(Tom Lisboa)

O trajeto de cada L não é influenciado pela presença de pontos turísticos. Na maioria dos casos, o que me interessa é o traçado, as curvas do próprio desenho. Esta abordagem que busca trazer à tona uma cidade que não está nos cartões-postais aproximou LUGAR da Geografia Humanista. Nas palavras do geógrafo João Batista Ferreira de Mello: “Pausa, movimento e morada conferem ao mundo vivido a distinção de lugar. As experiências nos locais de habitação, trabalho, divertimento, estudo e dos fluxos transformam os espaços em lugares, carregam em si experiência, logo, poesia, emoção (...) Assim, o lugar é recortado emocionalmente nas experiências cotidianas.” Neste sentido, LUGAR é uma ação onde relações sociais se desenvolvem, experiências adquirem diferentes significados e onde a relação com o espaço urbano é transformada.

Isso aconteceu em 2006, mas esta lembrança serve para ilustrar uma situação eminentemente contemporânea: a diferença entre informação e experiência. De acordo com o filósofo Jorge Larrosa Bondía, “Walter Benjamin, já observava a pobreza de experiências que caracteriza o nosso mundo. Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara. Em primeiro lugar pelo excesso de informação. A informação não é experiência. E mais, a informação não deixa lugar para a experiência, ela é quase o contrário da experiência, quase uma antiexperiência.” Uma vez me perguntaram qual seria o sentido de fazer a ação urbana LUGAR “se já estava tudo no Google Street View”. Levando-se em conta a hipótese surreal que um mapa correspondesse ponto a ponto e em tempo real ao espaço físico que representa, de nada ele serviria se não houvesse uma intenção exploratória. O trajeto do L é um recorte em um lugar com infinitas possibilidades de apreensão. Na verdade, é o contraponto ideal ao espaço urbano e virtual saturados de informação. LUGAR resgata a figura do flâneur, este observador apaixonado que, nas palavras de Charles Baudelaire, tem prazer em “ver o mundo, estar no centro do mundo e permanecer oculto no mundo”. Não fosse a presença das câmeras que sempre causam a curiosidade do público, quem realiza a ação urbana LUGAR passeia anônimo e não deixa nenhum rastro. Apenas transforma a experiência vivenciada em imagem fotográfica.

O hibridismo é outro ponto que me interessa neste projeto. Apesar de ter como produto final um aplicativo na internet, eu acredito que “a esquina” é o que mais sintetiza o conceito de interatividade em LUGAR. De modo bem denotativo, esquina é o local onde duas ruas se encontram. Só que para mim, ela tem um significado a mais: ponto de encontro. É em cada uma das 20 esquinas que compõem cada L que eu interajo com o espaço para fazer as fotos e onde, sempre que possível, divido o olhar com outros fotógrafos. Articulada com a internet, LUGAR é construída a partir desta importante rede de relações off-line. Como bem coloca Christine Mello sobre criações coletivas na atualidade: “O contexto de trabalho é a rede e o conteúdo, o modo como a obra é construída nesse ambiente virtual. (...) O artista não está isolado no processo criativo, é na co-presença e na troca com o outro que a obra se realiza. Deslocamentos da autori a, trânsitos contínuos.” LUGAR é uma ação para ser vivida, experienciada. Longe de propor uma visão totalizante, percorrer estas fotografias revelam mais sobre o fotógrafo do que o próprio lugar retratado. O escritor Marcel Proust chega mesmo a afirmar que os lugares que conhecemos sequer pertencem ao mundo do espaço. “[Eles] Não passam de uma delgada fatia em meio às impressões contíguas que formavam nossa vida de então; a recordação de uma certa imagem não é mais que saudade de um determinado instante; e as casas, os caminhos, as avenidas, infelizmente são fugitivos como os anos”.


bibliografia

BAUDELAIRE, Charles. O pintor da vida moderna. In: A modernidade de Baudelaire. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação . n. 19 (Jan/ Fev/Mar/Abr), 2002. p. 20-28. MELLO, Christine. [Texto da curadoria Núcleo Net Arte Brasil] In: 25ª BIENAL DE SÃO PAULO – Iconografias Metropolitanas. São Paulo: Fundação Bienal, 2002. MELLO, J. B. F. DE. Geografia Humanística: a perspectiva da experiência vivida e uma crítica radical ao Positivismo. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, n. 52, p. 91-115, 1990 PROUST, Marcel. No caminho de Swamm; À sombra das moças em flor. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.


A viagem é realizada para fazer as fotos e descobrir o que há naquele lugar.

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Depois que o L é desenhado, eu especifico 20 pontos de parada para fazer as fotos. Estes pontos de parada sempre coincidem com esquinas.

As fotos e o L são transferidos para um aplicativo na internet.

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A ação urbana LUGAR teve início em Tóquio, em 2008. Idealizada como um projeto aberto, LUGAR pode ser realizada por qualquer pessoa, desde que observadas algumas regras, tais como: o trajeto do L (de LUGAR) é desenhado por mim; cada L terá 20 pontos de parada para realizar as fotos; em cada ponto é possível fazer no máximo quatro fotos; as fotos são publicadas no formato quadrado; o fotógrafo é responsável pela escolha da técnica e das fotos que serão exibidas no site. Até receber o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, em 2012, a ação urbana LUGAR foi realizada em 34 cidades, de 10 países e contou com a participação de mais de 200 pessoas. Com o apoio da FUNARTE, coloquei em prática um desejo antigo: conhecer o interior do Paraná, estado em que estou radicado desde 1987. Nesta nova etapa, denominada ação urbana LUGAR: PARANÁ, foram visitadas 20 cidades e tive a oportunidade de fotografar com outros 40 fotógrafos. Além do site interativo, em que é possível fazer passeios virtuais pelos L´s, foi publicado um livro e desenvolvido um blog com fotos dos bastidores do processo e das viagens.

(Tom Lisboa)

breve histórico

etapas da ação urbana lugar

Com o auxílio do Google Maps, eu procuro um lugar para desenhar o L (de LUGAR).

Ação urbana LUGAR: PARANÁ www.sintomnizado.com.br/parana BLOG acaourbanalugarparana.blogspot.com Outras cidades da ação urbana LUGAR www.sinTOMnizado.com.br/lugar


sintomnizado.com.br/ MFantonina_ponto01.htm Área: 876km² População: 18.891 (IBGE/2010) Latitude 25°25’44” S Longitude 48°42’43” W

Fotógrafos: Carolina Beê, Chris Beardsmore, Douglas Ribeiro, Lais Pinheiro, Marcel Fernandes, Tom Lisboa

antonina

New York: 7.815km Cidade do Cabo: 6.450km Londres: 9.791km Tóquio: 18.641km

Antonina foi fundada em 12 de setembro de 1714. Sua origem está relacionada à construção da Capela Nossa Senhora do Pilar e ao culto religioso. Por isso, durante décadas, a cidade foi chamada de Capela e seus habitantes de capelistas. O nome Antonina, uma homenagem ao Príncipe Dom Antônio, de Portugal, surgiu apenas em 1797. Etimologicamente, existem duas fontes para a palavra Antonina: do latim “antonius”, que significa inestimável; e do grego “antheos”, traduzido como flor. A estação ferroviária, construída em 1916, é um marco da época em que a cidade se destacava como o maior produtor de mate do Brasil. Hoje a estação serve como sede da Secretaria Municipal de Turismo. Outra construção secular é a Igreja de São Benedito. Segundo histórias contadas de geração após geração, a igreja serviu de refúgio religioso dos escravos da região. Para eles, São Benedito era o protetor contra os maus tratos cometidos pelo homem branco. Atualmente, seu desenvolvimento econômico se deve a dois motivos principais: à reativação do sistema portuário e à atividade turística. Na Baía de Antonina, os ecoesportes são praticados em lugares como a Ponta da Pita, Prainha e Rio do Nunes. Podemos citar também o Pico do Paraná, que é o local mais alto do Sul do Brasil, com 1.963 metros, e o rafting nas corredeiras do Rio Cachoeira. A gastronomia é outro ponto forte. Os restaurantes da cidade oferecem frutos do mar e o barreado, prato típico da cidade. Antonina é uma cidade festiva, tendo o carnaval de rua mais animado do Estado.

O lugar é um mundo de significado organizado. (Yi-Fu Tuan)


sintomnizado.com.br/ MFapucarana_ponto01.htm Área: 558 km² População: 120.884 (IBGE/2010) Latitude: 23°33”03’ S Longitude: 51°27”39’ W

Fotógrafo: Tom Lisboa

apucarana

New York: 7.526km Cidade do Cabo: 6.793km Londres: 9.740km Tóquio: 18.310km

Apucarana foi projetada para ser um polo de produção agrícola destinado a abastecer núcleos maiores, como os de Londrina e Maringá. Seus colonizadores teriam chegado por volta de 1930, mas foi somente em 28 de janeiro de 1944 que Apucarana foi elevada a município. Apucarana é um nome de origem tupi-gurani, usado pelos índios guaianases, que significa semelhante à própria floresta. A cidade é também conhecida como a “Capital nacional do boné”. Com uma produção de quase 2.000.000 de bonés por mês, a cidade é responsável por 80% da produção nacional. As cerejeiras, vistas em poucos locais do Brasil, devido às condições climáticas, são um dos símbolos de Apucarana. Utilizada para arborização de parques e praças, esta árvore floresce apenas uma vez ao ano e, nessa época, a cidade é palco da Festa da Cerejeira, que ocorre no mês de junho. A Catedral Nossa Senhora de Lourdes, cuja construção foi iniciada na década de 50, é o cartão postal da cidade e tem como curiosidade ser a única catedral do Brasil a ter a imagem de uma santa no topo de sua torre principal. Mesmo com o declínio após o ciclo de geadas dos anos 1960 e 1970, o café ainda é o produto agrícola que mais gera renda no município. A soja ocupa um lugar de destaque, sendo apenas lentamente superada pelo milho em anos recentes.

Cada pessoa está rodeada por “camadas” concêntricas de espaço vivido (...) tais como o lugar do nascimento do homem, ou as cenas de seu primeiro amor. (Anne Buttimer) 13


sintomnizado.com.br/ MFarapongas_ponto01.htm Área: 381 km² População: 104.161 (IBGE/2010) Latitude: 23° 25’ 08” S Longitude: 51° 25” 26” W

Fotógrafos: Weslen Cavallaro e Tom Lisboa.

arapongas

New York: 7.513km Cidade do Cabo: 6.796km Londres: 9.726km Tóquio: 18.300km

Antes de ser oficializado como município, em 10 de outubro de 1947, Arapongas fez parte do território de Londrina e Rolândia. Seu nome é uma homenagem ao pássaro homônimo que emite um forte som metálico, uma espécie comum na região. Aliás, as referências aos pássaros são encontradas por toda a cidade, desde sua bandeira até os nomes das 487 ruas. Não por acaso o município é também conhecido como a “Cidade dos Passarinhos”. A população de Arapongas tem forte tradição religiosa e, por isso, algumas igrejas fazem parte do patrimônio culturalreligioso. Uma delas é a Capela do Campinho, restaurada no ano de 2000, visando à conservação da história dos colonizadores de Arapongas. De inspiração barroca, em tons de ouro, azulejos portugueses e telhas coloniais, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus foi construída na década de 70 pelos imigrantes japoneses, na Colônia Esperança. Atualmente Arapongas, conta com uma forte economia. Esse desenvolvimento se deve principalmente à agricultura e seu polo moveleiro, que é o segundo maior do Brasil. A previsão é que Arapongas atinja o nível que hoje se encontra a sua cidade vizinha, Apucarana, no ano de 2015 e o de Londrina em 2028. É uma das cidades que mais cresce no estado.

Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. (Milton Santos).


sintomnizado.com.br/ MFcampolargo_ponto01.htm Área: 1.249 km² População: 112.486 (IBGE/2010) Latitude: 25º 27’34’’S Longitude: 49º 31’40’’W

Fotógrafos: Marillê Vanin e Tom Lisboa.

campo largo

New York: 7.790km Cidade do Cabo: 6.523km Londres: 9.833km Tóquio: 18.597km

Não se sabe ao certo a época em que teve início o desbravamento do território de Campo Largo. Sabe-se, porém, que a primeira pessoa a habitar o local foi o português Coronel Antonio Luiz. Apesar de ter sido fundada em 2 de abril de 1870, sua emancipação aconteceu apenas em 23 de fevereiro de 1871. Atualmente, Campo Largo integra a Região Metropolitana de Curitiba e inclui ainda quatro distritos (Bateias, Três Córregos, São Silvestre, e Ferraria). Seu nome tem denominação de origem geográfica, proveniente da largueza dos horizontes da região dos Campos Gerais. A Igreja Nossa Senhora da Piedade, construída em 1821, chama atenção pela sua arquitetura em estilo gótico, assim como pela pintura interior, feita por Anacleto Garbaccio, artista italiano que residiu em Campo Largo por 18 meses. Em seu interior há um órgão de 5 m de altura, 3,12 m de comprimento e 3 m de profundidade, que possui apenas mais um exemplar no Brasil, na cidade de Uberlândia (MG). Atualmente o município também é chamado de “Capital da Louça” devida à expressiva produção e exportação desse material. É sede de importantes empresas como a Incepa, Porcelana Schmidt, Germer e Lorenzetti, cujos produtos são conhecidos internacionalmente. O município sedia, também, uma das fontes de água mineral mais conhecidas do país, a Ouro Fino.

A cidade é o lugar do olhar. (Massimo Canivacci)

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sintomnizado.com.br/ MFcascavel_ponto01.htm Área: 2.100 km² População: 292.372 (IBGE/2012) Latitude: 24° 57’ 21” S Longitude: 53° 27’ 18” W

Fotógrafos: Laysmara Carneiro Edoardo, Tays Villaca e Tom Lisboa.

cascavel

New York: 7.614km Cidade do Cabo: 6.902km Londres: 9.976km Tóquio: 18.300km

Fundada em 14 de novembro de 1951, Cascavel, em menos de seis décadas, passou de um ponto de parada e descanso de viajantes, para o maior município do Oeste do Paraná e um dos maiores polos econômicos da região Sul do Brasil. Não por acaso é também recebeu a alcunha de “Capital do Oeste” e “Metrópole do Mercosul”. Segundo a crença popular, a origem de seu nome se deve aos tropeiros que durante uma noite, às margens de um riacho, ouviram o forte guizo de uma cobra cascavel. Após localizar o animal, mataram-no, fazendo com que o local fosse chamado de “Pouso da Cascavel”. Em dezembro de 2012 foi anunciada a implantação do Centro Nacional de Alto Rendimento em Atletismo do Sul do Brasil, que deverá ser o quinto instalado no País e um dos mais modernos. O espaço vai impulsionar a modalidade com tecnologia de ponta usada no aperfeiçoamento de atletas e técnicos visando a Olimpíada no Rio de Janeiro, em 2016. Cascavel teve seu desenvolvimento planejado, o que lhe deu ruas largas e bairros bem distribuídos. O principal setor econômico é o agronegócio. Responsável por 26% do total da produção de grãos do Estado, os principais produtos cultivados são soja, trigo, milho, arroz, algodão e feijão. Destaca-se, ainda, na avicultura, bovinocultura, suinocultura e ovinocultura.

Você não está apenas viajando através do espaço ou cruzando-o, você o está modificando um pouco. (Doreen Massey).


sintomnizado.com.br/ MFcuritiba_ponto01.htm Área 434 km² População 1.764.540 (IBGE/2011) Latitude: 25º25’48’’ S Longitude: 49º16’15’’ W

Fotógrafos: Ary Portugal, Chris Beardsmore, Jean Rodri e Tom Lisboa.

curitiba

New York: 7.795km Cidade do Cabo: 6.501km Londres: 9.817km Tóquio: 18.609km

Curitiba, capital do estado do Paraná foi fundada em 29 de março de 1693. Sua Região Metropolitana, formada por 29 municípios, a torna a oitava mais populosa do Brasil. A hipótese mais aceita para a origem de seu nome é que deriva da expressão indígena “curi’i ty(b) ba”, que em língua guarani significa “muito pinhão”. Curitiba também é conhecida pelas expressões “Cidade Modelo”, “Capital Ecológica do Brasil”, “Capital Universitária” e “Capital das Araucárias”. Em 1853, tornou-se a capital da recém-emancipada província do Paraná. Ao longo do século XIX, recebeu uma grande quantidade de imigrantes europeus na maioria alemães, poloneses, ucranianos e italianos, que contribuíram para a diversidade cultural que permanece até hoje. Curitiba é local de nascença, residência e principal inspiração do contista Dalton Trevisan (1925) e do controverso escritor, poeta e compositor Paulo Leminski (1944-1989). Abriga vários festivais anuais, entre eles o Festival de Teatro de Curitiba e a Oficina de Música de Curitiba. É sede do Museu Oscar Niemeyer, eleito em 2012, um dos 20 museus mais belos do mundo. O Índice Mastercard de Mercados Emergentes 2008 indicou Curitiba na 49ª colocação entre as cidades com maior influência global. Com um parque industrial de 43 milhões de metros quadrados, a região metropolitana de Curitiba atraiu grandes empresas como ExxonMobil, Kraft Foods, Siemens, Johnson Controls e HSBC, bem como grandes empresas locais - O Boticário e Positivo Informática. Além de centro comercial e cultural, a cidade possui um importante e diversificado parque industrial, incluindo o segundo maior polo automotivo do país e o principal terminal aeroviário internacional da Região Sul, o Aeroporto Internacional Afonso Pena.

Uma relação profunda com os lugares é tão necessária, e talvez tão inevitável quanto uma relação próxima com as pessoas. (Edward Relph) 17


sintomnizado.com.br/ MFfozdoiguacu_ponto01.htm Área: 617 km² População: 255.718 (IBGE/2012) Latitude: 25° 32’ 49” S Longitude: 54° 35’ 11” W

Fotógrafos: Jess Dias, Maicon Rodrigo Rugeri e Tom Lisboa.

foz do iguaçu

New York: 7.645km Cidade do Cabo: 6.975km Londres: 10.090km Tóquio: 18.265km

Foz do Iguaçu, fundada em 10 de junho de 1914, é o segundo maior destino de turistas estrangeiros no país e o primeiro da Região Sul. Seu nome, de origem guarani, significa Água Grande e, por estar na confluência dos Rios Paraná e Iguaçu, recebeu o nome de Foz do Iguaçu. É considerada uma das cidades mais multiculturais do Brasil, abrigando aproximadamente 72 grupos étnicos em sua população. Dentre eles os principais são os italianos, alemães, hispânicos (argentinos e paraguaios), chineses, ucranianos, japoneses, e libaneses, que possuem na cidade a segunda maior comunidade libanesa do Brasil. Com a inauguração da Ponte Internacional da Amizade (Brasil - Paraguai) em 1965 e inauguração da BR-277, ligando Foz do Iguaçu a Curitiba e ao litoral, em 1969, Foz do Iguaçu teve seu desenvolvimento acelerado, intensificando seu comércio, principalmente com a cidade paraguaia de Puerto Presidente Strossner (atual Ciudad del Este). A cidade é conhecida internacionalmente por suas atrações turísticas. A área das Cataratas do Iguaçu é um conjunto de 275 quedas de água localizada entre o Parque Nacional do Iguaçu (Paraná/Brasil) e o Parque Nacional Iguazú (Missiones/ Argentina). A área total de ambos os parques nacionais corresponde a 250 mil hectares de floresta subtropical e é considerada Patrimônio Natural da Humanidade. Outro local importante é a Hidrelétrica Binacional de Itaipu, segunda maior hidrelétrica do mundo em produção anual de energia e considerada a 7ª maravilha do mundo moderno.

Quanto mais os lugares se mundializam, mais se tornam singulares e específicos, isto é, únicos. (Milton Santos)


sintomnizado.com.br/ MFfranciscobeltrao_ponto01.htm Área: 735 km² População: 80.727 (IBGE/2012) Latitude: 26° 04’ 51” S Longitude: 53° 03’ 18” W

Fotógrafos: Alcimar Paulo Freisleben, Dionelli Mussoi, Leandra Francischett, Lu Berlese e Tom Lisboa.

francisco beltrão

New York: 7.745km Cidade do Cabo: 6.811km Londres: 10.064km Tóquio: 18.418km.

Os primeiros habitantes de Francisco Beltrão datam de 1922, no entanto, somente nos anos 1940 o processo de povoamento foi intensificado com a afluência de gaúchos e catarinenses, fato que reflete até hoje na cultura da cidade. A data oficial de sua fundação é 14 de dezembro de 1952, ao ser desmembrada do município de Clevelândia. Inicialmente chamada de “Vila Marrecas”, por estar localizada às margens do Rio Marrecas, seu nome atual é uma homenagem ao engenheiro, secretário de estado e colonizador do Paraná Francisco Gutierrez Beltrão (18751939). Francisco Beltrão também é conhecido como “Coração do Sudoeste” por ser um importante centro populacional e industrial desta região. O município foi palco da Revolta dos Posseiros (ou Revolta dos Colonos), um levante organizado por colonos que teve seu auge em outubro de 1957, quando armados de espingardas, facões e foices os agricultores tomaram suas terras e expulsaram as companhias contratadas pelo governo. Há quem considere a revolta como o único levante agrário armado vitorioso na história do Brasil. Em 2009 foi feito o documentário A Revolta, de João Marcelo Gomes e Aly Muritiba, com dezenas de depoimentos pessoais dos que viveram pessoalmente essa tragédia. Na economia beltronense as atividades que mais geram empregos são a indústria de produtos alimentícios, a indústria têxtil, o comércio varejista e a administração pública. Entre os anos de 2000 e 2007 o PIB do município apresentou uma expansão real de 43,62%, acima da média do estado e do país, no mesmo período.

Os lugares (...) não passam de uma delgada fatia em meio às impressões contíguas que formavam nossa vida de então. (Marcel Proust) 19


sintomnizado.com.br/ MFguarapuava_ponto01.htm Área: 3.115 km² População: 168.212 (IBGE/2011) Latitude: 25º 23’ 26” S Longitude: 51º 27’ 15” W

Fotógrafos: Carolina Beê, Chris Beardsmore, Douglas Ribeiro, Lais Pinheiro, Marcel Fernandes, Tom Lisboa

guarapuava

New York: 7.721km Cidade do Cabo: 6.700km Londres: 9.919km Tóquio: 18.471km

Em 1810, ano de sua fundação, Guarapuava era um dos maiores municípios do Brasil com extensão territorial de 175.000 km². Sua área correspondia a mais da metade de todo o estado do Paraná e fazia fronteira com o Paraguai, a Argentina e o Rio Grande do Sul. Guarapuava é conhecida pela diversidade étnica. Além de imigrantes portugueses, espanhóis, italianos, poloneses, alemães e ucranianos, a cidade era o coração da tribo Guarani, que se estendia pelo Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina. No entanto, estes indígenas foram praticamente exterminados no processo de colonização e restaram apenas alguns vestígios de sua cultura. Por volta de 1950, o município recebeu imigrantes denominados suábios do Danúbio (Donauschwaben). Com o apoio do então governador do Paraná, Bento Munhoz da Rocha, estas famílias que viviam em abrigos para refugiados durante a Segunda Guerra Mundial, foram alocadas em áreas ao sul de Guarapuava. No passado, a cidade abrigou também um grande número de escravos, razão pela qual encontramos aqui o único quilombo do estado: o Paiol de Telha, fundado em 1860. Entre suas principais atrações turísticas está o Parque Municipal São Francisco da Esperança, uma área preservada que conta com um dos maiores saltos do Brasil, com 196 metros de queda d’água. Sua economia é diversificada e vem recebendo investimentos em todas as áreas. A cidade se destaca no segmento agrícola, madeireiro e de produção de grãos, especialmente o milho. Outros setores que estão em pleno desenvolvimento são a indústria alimentícia e a de papel.

Compreender uma cidade significa colher fragmentos e lançar entre eles estranhas pontes. (Massimo Canivacci)


sintomnizado.com.br/ MFirati_ponto01.htm Área: 999 km² População: 56.288 (IBGE/2010) Latitude: 25° 28’ 01” S Longitude: 50° 39’ 03” W

Fotógrafos: Chris Beardsmore e Tom Lisboa

irati

New York: 7.754km Cidade do Cabo: 6.624km Londres: 9.887km Tóquio: 18.529km

A região de que faz parte o Município de Irati teria sido inicialmente povoada, pelos índios Iratins, ramo dos Tupis que habitavam o Paraná. A partir de 1890, famílias procedentes de Campo Largo, Assungui de Cima e Lapa fixaram-se naquela área, fundando o povoado de Covalzinho, que se tornaria mais tarde a sede de Irati, nome adotado em 1899. De acordo com os registros encontrados, o nome Irati tem origem no vocábulo Tupi: ira = mel e ty = rio, portanto rio ou região de mel. Em 15 de julho de 1907, Irati comemora a data de sua fundação. A partir de seu desenvolvimento urbano, uma grande quantidade de famílias estrangeiras migraram para este local, especialmente polonesas e ucranianas, que até hoje procuram manter os costumes e tradições de seus antepassados. Devido à grande quantidade de belezas naturais que possui, é reconhecida pela EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo) como uma cidade com ótimo potencial turístico. Aqui encontramos a maior imagem de Nossa Senhora das Graças do mundo, com 22 metros de altura. Erigida em 1957 para celebrar os 50 anos da cidade, o local recebe hoje excursões religiosas e turistas de todo o país. Já o Centro de Tradições Willy Laars sedia o maior rodeio crioulo do Paraná, que reúne, em seus três dias de festa, aproximadamente 100 mil pessoas. A força de sua economia se traduz em um PIB de R$ 640 milhões, distribuída 58% no comércio e serviços, 26% na indústria e 16% na pecuária (IBGE/2008). Além da atividade industrial, o município se destaca na produção de milho, soja, feijão, fumo, madeira, criação de aves, suínos e bovinos.

Lugar é uma porção da face da terra identificada por um nome. (Milton Santos)

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sintomnizado.com.br/ MFjacarezinho_ponto01.htm Área: 602 km² População: 39.093 (IBGE/2010) Latitude: 23°09’ 39” S Longitude: 49°58’ 08” W

Fotógrafo: Tom Lisboa.

jacarezinho

New York: 7.534km Cidade do Cabo: 6.676km Londres: 9.629km Tóquio: 18.359km

As primeiras tentativas de colonização foram feitas por fluminenses, paulistas e mineiros por volta de 1898. Inicialmente, a cidade foi chamada de Nova Alcântara. Em 03 de março de 1903, recebeu a denominação atual. Há duas versões para a origem de seu nome. A primeira é que a cidade recebeu o nome do rio que banha seu território, um lugar que ficou conhecido pela grande quantidade de pequenos jacarés. A segunda é que o desbravador Antonio Calixto, que morava no bairro Jacarezinho, no Rio de Janeiro, decidiu dar o mesmo nome à nova localidade. No município, um dos principais atrativos é a Igreja Matriz Nossa Senhora Imaculada Conceição. O destaque da igreja fica por conta dos afrescos datados de 1956, produzidos pelo artista modernista Eugênio Sigaud, que ocupam uma área de 600 metros quadrados. Misturando o religioso e o profano, as imagens retratam passagens do velho testamento com pessoas da própria comunidade, como fazendeiros, comerciantes e coroinhas. Desde sua fundação, Jacarezinho se destaca pela agricultura. O solo fértil proporcionou ao município destaque na produção cafeeira durante boa parte no século XX. Com a chegada do ciclo da cana e a instalação de usinas desse segmento, suas terras foram tomadas pelos canaviais que hoje representam a maior parte da produção agrícola. Merece ainda destaque sua geografia privilegiada, ideal para a prática do parapente, o que fez com que a cidade recebesse várias etapas do campeonato brasileiro do esporte.

Quanto mais instável e surpreendedor for o espaço, tanto mais surpreendido será o indivíduo, e tanto mais eficaz a operação da descoberta. (Milton Santos).


sintomnizado.com.br/ MFlapa_ponto01.htm Área: 2.045 km² População: 44.936 (IBGE/2010) Latitude: 25º46’ 11” S Longitude: 49º42’ 57” W

Fotógrafos: Chris Beardsmore e Tom Lisboa.

lapa

New York: 7.816km Cidade do Cabo: 6.598km Londres: 9.827km Tóquio: 18.613km

A cidade da Lapa foi fundada em 7 de março de 1872. Seu nome provém do vocábulo pré-céltico lappa, que significa grande pedra que forma um abrigo. O município é conhecido historicamente por causa do famoso Cerco da Lapa, um memorável episódio militar ocorrido durante a Revolução Federalista (1894). Foi nesta cidade que ocorreu um sangrento confronto entre as tropas republicanas, com 639 homens, chamados Pica-paus, e os Maragatos, com 3 mil combatentes, contrários ao sistema presidencialista de governo. A Lapa resistiu ao ataque por 26 dias, mas sucumbiu ante ao maior número do exército Maragato. Desde 2009, a Lapa investe cada vez mais em novos pontos turísticos. Entre eles está a restauração do Parque do Monge, que tem como objetivo transformá-lo no segundo maior parque de turismo do Paraná. Este parque abriga a Gruta do Monge, um importante local de peregrinação religiosa que atrai fiéis de todo o Brasil. A tradição musical da Lapa é muito grande e se destaca por manter a antiga tradição de fazer serestas, que acontecem sempre no segundo sábado de cada mês. Detém hoje uma das maiores áreas plantadas de pêssego, ameixa e nectarina do Paraná , próprias para o abastecimento de empresas que fabricam doces, sucos e geleias. A pecuária possui papel preponderante na economia e, por isso, é reconhecida como um importante polo na produção de leite. Além de ajudar o abastecimento de Curitiba e região metropolitana, serve às cooperativas de laticínios para produção de queijos, iogurtes e bebidas lácteas.

Qualquer paisagem é composta não apenas por aquilo que está à frente dos nossos olhos, mas também por aquilo que se esconde em nossas mentes. (Donald Meinig) 23


sintomnizado.com.br/ MFlaranjeirasdosul_ponto01.htm Área: 671 km² População: 30.783 (IBGE/2010) Latitude: 25° 24’ 28” S Longitude: 52° 24’ 57” W

Fotógrafos: Lu Berlese, Tania Elisa Boldrini e Tom Lisboa.

laranjeiras do sul

New York: 7.693km Cidade do Cabo: 6.786km Londres: 9.968km Tóquio: 18.409km

De acordo com as anotações do Padre Francisco das Chagas Lima, mais conhecido como Padre Chagas, até meados do século XVIII, a imensa região entre a Vila de Guarapuava e a Colônia Militar de Foz do Iguaçu era um inóspito sertão habitado por índios arredios e extremamente selvagens. A localidade onde hoje se situa Laranjeiras do Sul começou a se formar com a criação de um distrito policial entre os municípios de Foz do Iguaçu e Guarapuava, em 1898. Entre 1943 e 1946 foi a capital do Território Federal do Iguaçu criado pelo presidente Getúlio Vargas, e tinha como objetivo manter a soberania nacional sobre as regiões de fronteira. Com o fim deste território foi elevado à condição de município com o nome de Iguaçu. Em 1947, recebeu a denominação de Laranjeiras do Sul, em homenagem ao capitão médico Dr. Laranjeiras. Na praça Governador Garcez, no centro da cidade, encontramos uma incomum e polêmica quadra de Xadrez Humano. A obra, que fez parte da revitalização da Praça do Cristo, tem cerca de 900 metros quadrados e, inicialmente, seria usada para o ensino do xadrez nas escolas, quando os alunos tomariam o lugar das peças do jogo. No entanto, até hoje o projeto do Xadrez Humano não se concretizou e a população desconhece sua finalidade. Mesmo com uma economia em que a indústria é responsável por mais de 77% do Produto Interno Bruto municipal, ainda não é possível afirmar que Laranjeiras do Sul seja um polo industrial.

A essência do lugar é a de ser o centro das ações e das intenções, onde são experimentados os eventos mais significativos de nossa existência. (Edward Relph)


sintomnizado.com.br/ MFlondrina_ponto01.htm Área: 1.651 km² População: 515.707 (IBGE/2012) Latitude: 23°08’ 47” S Longitude: 50°52’ 23” W

londrina

Londrina é a segunda cidade mais populosa do Paraná e foi fundada em 10 de dezembro de 1934.

Fotógrafos: Denise da S. de Oliveira, Dudu Schnaider, Lucas Dark, Mariana de Fátima Pereira, Milena Cláudia G. dos Santos, Nelson F. de Araujo Neto, Patrícia A. Caldana Pereira e Tom Lisboa.

New York: 7.508km Cidade do Cabo: 6.779km Londres: 9.701km Tóquio: 18.304km

Além da facilidade em adquirir terrenos, o que chamava a atenção dos compradores era a qualidade da terra, chamada “Terra Roxa”, um tipo de solo vermelho muito fértil, ideal para o cultivo de café, algodão, cana-de-açúcar e laranja. Por isso, pessoas de todo o Brasil (principalmente paulistas, gaúchos e mineiros) e do exterior (Alemanha, Itália e Japão) foram procurar trabalho no Norte do Paraná.

No entanto, foi em 1924, com a vinda da Companhia de Terras Norte do Paraná, subsidiária da firma inglesa Paraná Plantations Ltda., que aconteceu o primeiro grande impulso ao processo desenvolvimentista na região norte. A grande novidade introduzida pela Companhia e que lhe valeria o slogan de “a mais notável obra da colonização que o Brasil já viu”, foi oferecer aos trabalhadores sem posses a oportunidade de adquirirem pequenos lotes de terra. Os ingleses promoveram, desta forma, uma verdadeira reforma agrária, sem intervenção do Estado.

Por causa da névoa característica da mata da região, os ingleses perceberam semelhanças com a neblina da cidade de Londres, e a fim de homenagear suas origens chamaram o local de “Londrina”. Atualmente, para fomentar o crescimento do setor industrial e comercial, o município está se equipando para dar suporte às novas e atuais empresas, com a implantação do Terminal de Cargas Alfandegárias (Porto Seco), novos condomínios industriais, aeroporto internacional, parque tecnológico e diversos incentivos.

E, no entanto, se tudo se move, onde está o aqui? (Doreen Massey).

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sintomnizado.com.br/ MFmaringa_ponto01.htm Área: 487 km² População: 367.410 (IBGE/2011) Latitude: 23° 25’ 30” S Longitude: 51° 56’ 20” W

Fotógrafos: Ademir Kimura e Tom Lisboa.

maringá

New York: 7.497km Cidade do Cabo: 6.842km Londres: 9.752km Tóquio: 18.270km

O povoamento desta região iniciou-se por volta de 1938, mas foi apenas a partir dos primeiros anos da década de 40, que começaram a ser erguidas as primeiras edificações propriamente urbanas em Maringá.A data de fundação do município é comemorada no dia 10 de maio de 1947. A cidade foi planejada pelo arquiteto e urbanista paulista Jorge Macedo Vieira (1894-1978), responsável por projetos como o do bairro Jardim Paulista, da cidade de São Paulo. Esse arquiteto, que jamais esteve em Maringá, desenhou um projeto considerado, em 1945, um dos mais arrojados e modernos, privilegiando largas avenidas, muitas praças e espaços para árvores. A origem de seu nome é incerta. A versão mais aceita é que foi inspirada pela canção Maringá, de Joubert de Carvalho (1900-1977). Por este motivo e por abrigar o maior festival de música do Sul do Brasil, o Femucic, recebeu o apelido de “Cidade Canção”. No entanto, a cidade também é conhecida como “Cidade Verde”, por possuir uma alta de concentração de área verde, cerca de 26,65m² por habitante. Sua Catedral, de forma cônica e inspirada pelo formato do satélite russo Sputnik, possui um diâmetro externo de 50 metros e uma nave circular, com diâmetro interno de 38 metros. Apresenta 114 metros de altura e é o 10.º monumento mais alto do mundo e o primeiro da América do sul. Hoje, o município apresenta diversificada produção agrícola, composta de soja, algodão, milho, cana-de-açúcar, trigo sendo também grande produtora do bicho-da-seda. Os setores industriais de mais destaque são os de alimentação, confecção, agroindústria e metal-mecânico.

Os lugares humanos variam grandemente em tamanho. Uma poltrona perto da lareira é um lugar, mas também o é um estado-nação. (Yi-Fu Tuan)


sintomnizado.com.br/ MFpitanga_ponto01.htm Área: 1.663 km² População: 32.645 (IBGE/2010) Latitude: 24° 45’ 21” S Longitude: 51° 45’ 41” W

Fotógrafos: Lu Berlese e Tom Lisboa.

pitanga

New York: 7.643km Cidade do Cabo: 6.761km Londres: 9.873km Tóquio: 18.396km

Os primeiros moradores registrados em Pitanga são de 1914 e, por volta de 1940, já tinha aproximadamente 13.000 habitantes e constava em seus arquivos aproximadamente 2.000 registros de nascidos na “cidade”. Em 28 de janeiro de 1944 foi alçada à condição de município. Há muita controvérsia sobre o nome da cidade de Pitanga. Uma das versões diz que quando os colonos acampavam nesta região tinham por hábito ficar à sombra de uma pitangueira; outros contam que quando os colonos estavam se aproximando da cidade avistavam no alto de uma serra três arvores de pitanga. A única certeza é sobre seu significado: de origem tupi (ubapitanga) e que quer dizer “fruto vermelho da pitangueira”. De forte tradição ucraniana, os primeiros imigrantes chegaram em 1924, provenientes da cidade de Prudentópolis. Até hoje, na Paróquia Nossa senhora de Glória, a celebração da Divina Liturgia é feita na língua ucraniana. Apenas aos sábados ela é feita em português. Suas principais indústrias são a de madeira e a de papelão. Em 2012, devido ao grande potencial para a geração de gás natural que permanecia inexplorado, a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) escolheu o campo de Barra Bonita, em Pitanga, que tem comprovada a existência de pelo menos 500 milhões de metros cúbicos, para desenvolver suas pesquisas. O principal objetivo é atuar em pequenos campos para ganhar experiência e, na sequência, participar da exploração de grandes reservas.

Nenhum espaço existe se não for fecundado. (Raduan Nassar)

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sintomnizado.com.br/ MFpontagrossa_ponto01.htm Área: 2.112 km² População: 314.681 (IBGE /2010) Latitude: 25º 05’ 42” S Longitude: 50º 09’ 43” W

Fotógrafo: Tom Lisboa.

ponta grossa

New York: 7.731km Cidade do Cabo: 6.525km Londres: 9.872km Tóquio: 18.526km

Ponta Grossa está localizada quase no centro do Paraná, distante 103 quilômetros da capital. É o núcleo de uma das regiões mais populosas do estado, conhecida como Campos Gerais, e detém um dos maiores parque industriais. Por este motivo, a cidade também é conhecida como “Princesa dos Campos”. O nome Ponta Grossa é de origem geográfica, e refere-se a uma colina de grande diâmetro coberta por um capão de mato. Essa colina podia ser vista de longa distância por todos aqueles que viajavam pela região. Existem relatos de que os tropeiros quando estavam chegando aos arredores, referiamse ao lugar afirmando: “Estamos próximos ao Capão da Ponta Grossa”. Aqui se estabeleceram ucranianos, alemães, poloneses, italianos, russos, sírios e libaneses entre tantos outros que contribuíram para o crescimento da cidade, bem como no seu desenvolvimento social, político, econômico e cultural. A economia de Ponta Grossa teve três grandes impulsos durante o século XX. O primeiro em meados de 1900, com a instalação da ferrovia; o segundo, na década de 70 com a instalação de grandes indústrias da área alimentícia e moageira; e o terceiro, na segunda metade da década de 1990, com a instalação de grandes empresas nacionais do setor logístico de serviços.

O lugar é (...) também o teatro insubstituível das paixões humanas. (Milton Santos).


sintomnizado.com.br/ MFsaomateusdosul_ponto01.htm Área: 1.342 km² População: 41.257 (IBGE/2010) Latitude: 25° 52’ 26” S Longitude: 50° 22’ 58” W

Apesar de ser conhecida como Capital do Xisto, Capital Polonesa do Paraná e Capital da Erva-Mate, a origem do nome São Mateus do Sul é desconhecida. Uma das possíveis versões aponta a coincidência da data de sua fundação, 21 de setembro de 1908, com a celebração do dia do apóstolo São Mateus. São Mateus do Sul é sede de um dos núcleos da BRASPOL, entidade de Representação Central da Comunidade Polonesa no Brasil. Criado em maio de 1991, ele promove todos os anos, no mês de agosto a Tradycje Polskie com o objetivo de preservar a cultura e as tradições polonesas no município e região. A partir do final da década de 60, o município teve seu crescimento acelerado com a implantação de uma usina experimental para o aproveitamento do Xisto, pela Petrobrás. Com a exploração industrial deste minério, São Mateus do Sul passou a se destacar pela produção de insumos energéticos e matérias-primas (óleo, nafta, gás industrial e enxofre) para os mais diversos setores da indústria e pela produção de revestimentos cerâmicos de alta qualidade.

Fotógrafos: Chris Beardsmore e Tom Lisboa.

são mateus do sul

New York: 7.806km Cidade do Cabo: 6.580km Londres: 9.914km Tóquio: 18.582km

Lugar é uma mistura singular de vistas, sons e cheiros, uma harmonia ímpar de ritmos naturais e artificiais (...) Sentir um lugar é registrar pelos nossos músculos e ossos. (Yi-Fu Tuan) 29


sintomnizado.com.br/ MFtoledo_ponto01.htm Área: 1.197 km² População: 122.502 (IBGE/2012) Latitude: 24° 42’ 50” S Longitude: 53° 44’ 34” W

Fotógrafos: Bruno Raffi e Tom Lisboa.

toledo

New York: 7.580km Cidade do Cabo: 6.940km Londres: 9.968km Tóquio: 18.261km

Fundada em 14 de dezembro de 1951, Toledo teve como atividade inicial a extração de madeira para atender aos mercados da Argentina e Uruguai. A origem de seu nome é geográfica e provém do Rio Arroio Toledo, que passa ao lado da cidade. O município prepara-se para a “Indústria do Terceiro Milênio”, com várias opções de turismo, lazer, gastronomia, cultura, esporte e eventos de negócios. Conta com belezas naturais, como saltos, cachoeiras, trilhas ecológicas no Rio São Francisco e o Parque Ecológico Diva Paim Barth, um tradicional ponto de encontro da população. Inserido no Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), Toledo possui todos os selos da EMBRATUR que o credenciam como Município com potencialidade e prioridade para o desenvolvimento turístico. Toledo forma com Cascavel um eixo de desenvolvimento ligado ao agronegócio. Impulsionado pelo seu solo fértil e plano, tornou-se um dos maiores produtores de grãos do estado. Por ser um importante centro de suinocultura, faz parte de seu calendário, há mais de três décadas, a Festa do Porco Assado no Rolete. O prato é tão popular, que a cidade também é conhecida como a “Cidade do Porco no Rolete”. Desse prato surgiram mais dezessete diferentes Festas Populares, consolidando o seu título de Polo Gastronômico.

As experiências nos locais de habitação, divertimento, estudo e dos fluxos transformam os espaços em lugares, carregam em si experiência, logo, poesia, emoção.” (João Baptista Ferreira de Mello).


sintomnizado.com.br/ MFumuarama_ponto01.htm Área: 1.232 km² População: 102.704 (IBGE/2011) Latitude: 23° 45’ 57” S Longitude: 53° 19’30” W

Fotógrafos: Marli Knap, Rodrigo Sanches Rosa e Tom Lisboa.

umuarama

New York: 7.491km Cidade do Cabo: 6.950km Londres: 9.854km Tóquio: 18.211km

Umuarama quer dizer “lugar alto, ensolarado, onde os amigos se encontram”. O nome deriva dos elementos tupis embu: lugar; ara: dia, luz, claridade; e ama: sufixo coletivo que indica muitos, reunião, ajuntamento de pessoas ou coisas. Por este motivo também é conhecida como a “Capital da Amizade”. A data de sua fundação é 10 de junho de 1955. A cidade é referência em saúde no estado do Paraná. Apesar de não dispor de um hospital municipal ou regional, os três hospitais públicos credenciados pelo SUS - Sistema Único de Saúde - atendem com eficiência a demanda local e regional, inclusive nas áreas de média e alta complexidade. Em 2008, o empresário Edson Ferrarin construiu, na entrada do município, uma réplica da Torre Eiffel. Orçada na época em R$ 180 mil, a réplica tem 30 toneladas de ferro e altura de um prédio de 11 andares. A proporção desta torre é simétrica à original. Enquanto a torre francesa tem 324 metros de altura e 120 metros de base, a paranaense tem 32,4 metros e 12 metros, respectivamente. Umuarama ficou em terceiro lugar entre as cidades que mais geraram empregos no estado do Paraná no primeiro semestre de 2011, perdendo apenas para Curitiba e Ponta Grossa. Além do expressivo crescimento da construção civil, Umuarama também apresenta números econômicos consideráveis, tais como: segundo maior polo moveleiro do Paraná, maior produtor de carne do estado e um centro universitário com mais de cem cursos.

Chegar a um novo lugar quer dizer associar-se, de alguma forma ligar-se à coleção de estórias entrelaçadas das quais aquele lugar é feito. (Doreen Massey). 31


referências

créditos e agradecimentos

Concepção, coordenação, pesquisa, site, textos das cidades: Tom Lisboa Fotos: Ademir Kimura, Alcimar Paulo Freisleben, Ary Portugal, Bruno Raffi, Carolina Beê, Chris Beardsmore, Denise Oliveira, Dionelli Mussoi, Douglas Ribeiro, Dudu Schnaider, Jean Rodri, Jess Dias, Laís Pinheiro, Laysmara Carneiro Edoardo, Leandra Francischett, Lu Berlese, Lucas Dark, Maicon Rodrigo Lugeri, Mariana Ferreira, Marillê Vanin, Marli Knap, Milena dos Santos, Nelson de Araujo Neto, Patrícia Pereira, Rodrigo Sanches Rosa, Tania Elisa Boldrini, Tays Villaca, Tom Lisboa, Weslen Cavallaro.

Tradução: Denize Correa Araujo, Chris Beardsmore, Thalita Uba. Design gráfico do livro: Marco Duran Revisão de texto: Neida Maria da Conceição Padilha Agradecimentos Adriano Trentin, Chris Beardsmore, Denize Correa Araujo, Juliana Perrela, Mauro Picini, SESC, Tania Bloomfield. Um agradecimento especial a todos os fotógrafos que participaram do projeto.

http://www.antonina.pr.gov.br/

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http://folhadeapucarana.blogspot.com.br/p/historia-deapucarana_13

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http://www.sppert.com.br/Brasil/Paran%C3%A1/Laranjeiras_do_Sul/ http://www.saomateusdosul.pr.gov.br http://www.toledo.pr.gov.br http://www.trilhadobrasil.com.br/cidade.php?cod=190; http://www.umuarama.pr.gov.br wikepedia (adaptado)

“Municípios Paranaenses Origens e Significados de Seus Nomes”, de João Carlos Vicente http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Produtos_DGEO/Divisas_ Municipais/Origens_Significados_nomes_municipios_pr.pdf


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