TCC - Capítulo II do livro "As novas cantoras do Brasil"

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As Novas Cantoras do Brasil

As Novas Cantoras do Brasil Uma biografia de Karina Buhr, Tulipa Ruiz e Roberta Sá

Projeto de Pesquisa do Projeto Experimental apresentado como exigência para a obtenção parcial do título de Bacharel em Jornalismo do Curso de Comunicação Social da Universidade Paulista.

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As Novas Cantoras do Brasil

As Novas Cantoras do Brasil Uma biografia de Karina Buhr, Tulipa Ruiz e Roberta Sรก

Aline Peralta Iara Vasques Renata Rocha 2|P รก gin a


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“Vida que cai em mim Bem vinda seja Nessa tarde que passa mansa E despreocupada comigo” Bem Vindas – Karina Buhr

Capítulo II ****

Bem Vinda Seja... Karina Buhr nasceu em Salvador, é filha de pai baiano e mãe pernambucana. Aos 8 anos, com a separação dos pais, foi morar em Recife e atualmente reside em São Paulo. É cantora, compositora, ilustradora e atriz. Não veio de uma família de músicos. Apenas seu avô materno – vindo da Alemanha para Recife em 1935, com 18 anos – tocava órgão em uma igreja na época que chegou ao Brasil, tempos difíceis que antecediam a Segunda Guerra Mundial. Quando o avô veio para o país como seminarista, tinha vontade de se tornar padre, mas ao conhecer a avó de Karina – uma corista da igreja – se apaixonou e desistiu da batina, dando início da família Buhr. Karina tem mais dois irmãos, Priscilla e Alexandre Buhr. Karina e Alexandre nasceram em Salvador do primeiro casamento de sua mãe, já Priscilla veio depois, quando eles já tinham voltado para Recife, de outra união. 3|P á gin a


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Segundo Priscilla, seus irmãos sempre se deram bem e brincavam o tempo todo. “Karina sempre foi ligada à arte, ouvia música, dançava e eu ficava imitando. Lembro que eu gostava muito ficar dançando com ela, pegava seus vestidos, me maquiava e ficava horas brincando de ser Karina, temos um bocado de fotos assim” conta. Karina sempre gostou de música, mas a princípio apenas por diversão. Quando pequena, esperava todo mudo sair de casa, só para ligar o som no último volume e ficar dançando e cantando na sala. Priscilla conta que foi nessa época em que Karina começou a fazer seus desenhos, feitos apenas com grafite, os achava muito bonitos e pegava escondido alguns para colorir: “No começo Karina se „arretava‟, mas no final das contas acabava achando bonitinho” brinca. As irmãs Buhr cresceram, os gostos foram mudando e as duas tomaram rumos diferentes: Priscilla se interessou por Jornalismo e Fotografia, já Karina continuou com música, começando a tocar em maracatus em Recife e Olinda. “Minha irmã sempre foi artista, desde pequena. Nossa mãe sempre nos estimulou e ela começou a se destacar”, revela Pricilla. O pai queria que fosse juíza, Karina queria entrar para algum bloco da cidade. Tentou cursar uma faculdade, entre suas opções incluíam Direito, Letras e até Artes Plásticas, mas não fez nenhuma. Entrou em um conservatório para aprender bateria, mas seu professor insistia na ideia de que 4|P á gin a


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ela deveria ter escolhido algo mais feminino, como o balé, mas Karina não lhe deu ouvidos. Desde cedo conviveu com esse paradigma, de ser mulher e que querer fazer algo que até então era considerado “coisa de homem”. Em entrevista ao jornalista Bruno Torturra, à Revista TPM de abril de 2012, Karina explica: “É um pensamento pesado, arraigado, de que mulher é pra namorar, casar, dançar balé... mas não é igual”. Aos 16 anos, teve seu primeiro contato efetivo com a música, no início dos anos 90, época de ebulição musical de Pernambuco, com o surgimento Mangue Beat, importante movimento que surgiu em Recife, quando duas influentes bandas da época, Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A resolveram misturar música pop internacional (rap, música eletrônica e o rock neopsicodélico) ao regionalismo da música de pernambucana, como o coco, a ciranda, o maracatu e o caboclinho. Segundo o jornalista José Flávio Jr, a cidade de Pernambuco, de certa forma, é a São Paulo do Nordeste e há muita gente interessada em música de vanguarda, escrevendo e lendo sobre música. “O resultado disso é uma cena cerebral, em um local com vocação para o baile, para a festa, mas em meio a essa mistura acabam surgindo artistas híbridos, como Chico Science & Nação Zumbi, que possuíam discurso próprio e também apelo para fazer dançar”, diz.

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Enquanto Karina se envolvia cada vez mais com música, fazendo parte de algumas bandas da cidade, Priscilla se dedicava ao jornalismo, e a paixão por cinema e logo pela fotografia. Quando Priscilla resolveu fazer seu primeiro curso de fotografia teve total apoio e incentivo da irmã, tanto que sua primeira câmera foi um presente dela: “Karina estava gravando o segundo disco com o Comadre Fulozinha quando me presenteou com uma Praktica, da antiga Alemanha Oriental, que tinha sido do pai dela e foi com essa câmera que aprendi a fotografar”. O primeiro trabalho de Priscilla como fotógrafa profissional não poderia ser diferente, tinha que ser relacionado à irmã: “Karina precisava de fotos de divulgação para o disco do Comadre, e me instigou a fazer as fotos. Eu estava bem no começo, cheia de inseguranças, mas ela me apoiou, me deu uma super força e eu consegui fazer as fotos”, conta. Esse momento foi sem dúvida um divisor de águas para ambas, Karina continuou com o Comadre Fulozinha e Priscilla se dedicou de vez à fotografia e até hoje as duas mantém a parceria: “Temos uma ligação muito forte e sempre que posso fotografo seus shows e é uma reação de troca muito bonita, eu amo fotografá-la!”, finaliza.

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