Design de Comunicação Visual

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design de comunicação visual aline rebeca flor


Ă­ndice


índice

elementos básicos tipografia cor infografia

4 12 20 28

introdução análise pesquisa proposta


elementos básicos introdução 4

proposta número

um


elementos básicos introdução 5

elementos básicos de comunicação visual Sempre que se desenha, se pinta ou se esculpe algo, a substância visual da obra é obtida a partir de um conjunto básico de elementos. Os elementos básicos de comunicação visual constituem a substância básica daquilo que vemos e o seu número é reduzido: ponto, linha, contorno, direcção, tom, cor, textura, dimensão, escala e movimento. Ainda que sejam poucos elementos, constituem a matéria-prima de toda a informação visual que está formada por opções e por combinações selectivas. A estrutura do trabalho visual é a força que determina que elementos visuais se encontram presentes e com que ênfase.

técnicas e estratégias de comunicação visual O conteúdo e a forma são os componentes básicos de todos os meios – na música, na poesia, na dança – e, aqui principalmente referido, na comunicação visual. As técnicas de comunicação visual oferecem ao designer um vasto leque de meios para a expressão do conteúdo. Existem em forma de pares sobre um espectro contínuo, ou como aproximações contrárias ao significado. Seria impossível enumerar aqui todas as técnicas visuais disponíveis ou atribuir definições rigorosas ás mesmas. Neste caso, como em todo o conjunto da estrutura dos meios visuais, a interpretação pessoal é um factor muito importante.

proposta número

um


elementos bĂĄsicos anĂĄlise 6

proposta nĂşmero

um


elementos básicos análise 7

Tomo como exemplo esta composição abstracta, onde Piet Mondrian “anda à volta” precisamente de dois elementos básicos da comunicação que intitulam a obra: linha e cor. Nesta altura, começa já a explorar as formas geométricas que caracterizaram o seu trabalho posterior (pelo qual ficou conhecido), utilizando a linha, que aqui é recta, horizontal ou vertical, havendo só em alguns pontos linhas curvas – isto confere equilíbrio à composição, mesmo quando, ao contrário das suas obras posteriores, Mondrian utiliza uma linha que não é perfeitamente recta, mas desenhada “à mão livre”. O traço é forte no centro da tela, desvanecendose perto das bordas – efeito obtido com recurso à mudança de tonalidade, em que o preto vai ficando cada vez mais claro. Este efeito nas bordas gera uma certa textura devido à semelhança das cores da linha e do preenchimento. Quanto ao outro elemento, a cor, predominam as muito claras, entre o amarelo e (especialmente) o azul. Estas são usadas para preencher algumas das formas quadriláteras criadas pelo cruzamento das várias linhas. Existe uma certa neutralidade na utilização das cores, uma vez que não há nenhuma forma preenchida com cores demasiado fortes que sobressaiam. Dentro das outras técnicas de comunicação visual observáveis na composição, nota-se também uma certa unidade, pois não há elementos que estejam marcadamente separados do motivo que ocupa toda a tela. De uma forma geral, é uma composição harmoniosa, que transmite uma sensação de calma (principalmente pela cor azul predominante) mas, ao mesmo tempo, forte (devido ao traço negro carregado no centro).

proposta número

um


elementos bĂĄsicos pesquisa 8

proposta nĂşmero

um


elementos básicos pesquisa 9

Conforme foi sugerido, procurei observar com mais atenção as coisas à minha volta em busca dos elementos básicos da comunicação visual que podem ser encontrados, procedendo à recolha fotográfica. Notei que tenha uma certa tendência para padrões – os elementos de comunicação visual são mais facilmente identificados quando se repetem várias vezes num mesmo contexto, pelo que senti que deveria desenvolver o meu trabalho para conseguir encontrá-los com a mesma facilidade quando aparecem isolados (ou sem se repetirem muitas vezes). Além da recolha fotográfica, procurei algumas composições que correspondessem às ideias que tinha para a proposta de trabalho. Nestas, predominam o recurso ao contorno/silhueta e à cor no preenchimento dos mesmos. Em seguida, prossegui para alguns exercícios, utilizando especialmente a linha e a silhueta. Entretanto, continuei a tirar fotografias e, ao analisar as minhas fotos, mudei algumas ideias e a primeira alteração prática foi a escolha da música: New Breath, de Kap Bambino. Muito enérgica e imprevisível, implicava mudanças um pouco radicais nos conceitos que tinha em mente para a composição: as cores deveriam ser mais fortes, o equilíbrio daria lugar a instabilidade e muito mais movimento (através da substituição das silhuetas por contornos sem preenchimento). A alteração das curves aumentou o protagonismo da figura em primeiro plano, e a alteração da matiz do fundo dissipou ainda mais a figura em segundo plano. A reprodução continuada do contorno transmite uma ideia de movimento e a utilização de cores diferentes nalguns desses contornos completam o cenário quase caótico transmitido pela própria música.

proposta número

um


elementos bĂĄsicos proposta 10

proposta nĂşmero

um


elementos básicos proposta 11

Escolhi basear-me na Technologic, uma música dos Daft Punk que descreve as muitas tarefas que podem ser realizadas por máquinas, pela tecnologia, pelo digital, com uma parte musical ao estilo electrónico. Tecnologia. Tecno + logia. Estudo do ofício, da técnica. O conhecimento dos materiais e da forma como trabalhar com eles permite-nos criar ferramentas que facilitam as nossas acções quotidianas. A tecnologia criada pelo Homem evoluiu de tal forma que as máquinas por nós construídas conseguem fazer mais, cada vez mais, aumentando as suas capacidades exponencialmente. Continua a ser preciso haver uma mão humana que faça a máquina trabalhar. Nós, a vida, damos vida à máquina. E, no entanto, a máquina nos domina, no sentido de cada vez mais dependermos dela. A criação depende do criador, mas ao mesmo tempo subjuga-o. A escolha da cor baseou-se nesse pressuposto. Uma música chamada Technologic não poderia ser colorida, mas a preto e branco, uma vez que a tecnologia não tem a vida que a cor transmite. A tecnologia digital, que predomina no texto da música, é binária. 10011010010101. Da mesma forma, não faria sentido recorrer a texturas, que não são mais do que nuances que a tecnologia, por si só, não possui. A figura a preto representa o Homem. A cinza, a tecnologia. Apesar de ser uma sombra do que nós somos, uma criação nossa, ela domina-nos através da necessidade que dela fomos criando ao longo do tempo. Não só dos utensílios do dia-a-dia, mas também de toda a tecnologia digital que é aperfeiçoada alucinantemente. Cada vez menos confiamos nas nossas próprias capacidades, depositanto a nossa confiança em tudo o que a tecnologia pode fazer por nós. E, no fim, – penso – quem perde somos nós.

proposta número

um


tipografia introdução 12

proposta número

dois


tipografia introdução 13

a tipografia No século XV, coincidindo com o conjunto de mudanças provocadas pelo Renascimento e pelas teorias Humanistas, Gutenberg desenvolveu a impressão através de caracteres móveis, provocando uma verdadeira revolução, sobretudo a nível cultural, intelectual e económico. A impressão tipográfica “consumou a primeira aliança histórica entre a máquina e a cultura para a difusão desta última”, tendo levado Victor Hugo a afirmar que, “até Gutenberg, a arquitectura é a escrita principal, a escrita universal. Esse livro granítico, iniciado no oriente, continuado pela Antiguidade grega e romana, escreve a sua última página na Idade Média. A arquitectura foi, até ao século XV, o principal registo da Humanidade”. O interesse despertado, em toda a Europa, pelo estudo das ciências exactas, pelo conhecimento da Matemática, Física, Química e Mecânica, assim como pelos textos clássicos levaram a cabo um grande desenvolvimento da indústria da impressão, transformando o livro num objecto de culto. “No século XV, tudo se transforma, o pensamento humano descobre um meio de se perpetuar (...) A arquitectura é destronada. Às letras de pedra de Orfeu sucedem-se as letras de chumbo de Gutenberg. O livro acabará com o edifício. A invenção da tipografia é o maior acontecimento da história”[Zapf, 1954].

proposta número

dois


tipografia anĂĄlise 14

proposta nĂşmero

dois


tipografia análise 15

Tomo como exemplo o vídeo Choose (Trainspotting), que consiste na apresentação de palavras que vão mudando à medida que um texto é falado, acompanhado de uma música com ritmo enérgico, retirado de um excerto do filme com esse nome. No início do texto, as palavras moldam-se às figuras que representam (por exemplo, uma máquina de lavar roupa a abanar). O autor também joga com espaços positivos e negativos, palavras destacadas em que o contorno negro desenha objectos, palavras repetidas várias vezes formando figuras. As letras alternam entre diferentes tipos de serifa, de acordo com a palavra (objecto) que (d)escrevem e também com a composição em si (repetição de palavras, etc). As letras são pretas e o fundo vai-se alterando, sempre recorrendo a cores suaves, com muito brilho: laranja claro, azul claro, verde claro, rosa claro. No final do vídeo, as letras que entretanto se amontoavam até quase o topo do campo visual desmoronam, havendo uma movimentação da câmara para o amontoado de letras – o negro. Choose life. Achei o vídeo interessante pela forma como joga com as letras, a manipulação do kerning para criar formas coesas, andando de um lado para o outro, transmitindo dinâmicas. Toma partido das nuances de cada serifa, brinca com as letras e traduz a energia da música e a agressividade do texto, e gostei bastante do efeito conseguido. Choose Life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourselves. Choose your future. Choose life.

proposta número

dois


tipografia pesquisa 16

proposta nĂşmero

dois


tipografia pesquisa 17

A minha pesquisa por exemplos de tipografia começou pelos vídeos disponibilizados pelo professor. Apesar de ter gostado de vários dos exemplos e de me terem ajudado a compreender o quanto as letras podem transmitir outras mensagens além do texto que compõem, concluí que deveria procurar composições para além dos exemplos animados. Procurando na Internet, encontrei alguns exemplos bastante interessantes, mas nenhum deles me pareceu encaixar muito nas ideias que tinha para o trabalho. No entanto, dois aspectos influenciaram os meus projectos de tipografia. Em primeiro lugar, a recolha fotográfica que fiz, da qual acho pertinente incluir na memória descritiva os exemplos recolhidos da exposição de Bethan Haasod em Serralves. Tratava-se de quadros espalhados ao longo de um corredor, em que, em cada um, as letras são distribuídas de forma diferente consoante as diferentes mensagens que a autora queria passar. Os exemplos apresentados são os que considerei mais influentes na minha proposta: a organização das letras construindo formas, a sua distribuição dentro do campo de forma a sugerir novos significados, a utilização de elementos da comunicação, nomeadamente a cor, para complementar ou modificar a semântica da composição. Os aspectos técnicos da tipografia são bastante úteis, pois o conhecimento da forma de construção das letras é um princípio quase básico para podermos manipular aspectos funcionais e estéticos. Por isso, penso que me ajudou muito ver os vídeos disponibilizados pelo docente sobre os elementos da tipografia, assim como as técnicas utilizadas na criação de composições.

proposta número

dois


tipografia proposta 18

proposta nĂşmero

dois


tipografia proposta 19

ricardo reis

A composição à volta dos versos de Ricardo Reis foi a primeira em que comecei a trabalhar. A minha ideia era construir o contorno de um casal à beira-rio, o autor e a “pagã triste e com flores no regaço” à sombra de uma árvore. Recorrendo ao texto de apoio, utilizei as letras como pontos que compõem as linhas e construí os contornos das figuras. A fonte escolhida foi Monotype Corsiva, uma letra serifada que me pareceu delicada e elegante, muito à imagem que tenho de Ricardo Reis. À esquerda na composição, a árvore foi toda preenchida por letras, para haver algum contraste com as figuras. A raíz continua ao longo do contorno do casal, terminando, à direita, com uma ondulação correspondente ao rio perto do qual eles repousam, em cujo final se encontram as últimas palavras dos versos, que se desvanecem.

álvaro de campos

O meu trabalho sobre Álvaro de Campos partiu do conceito de espaço negativo. A ideia baseou-se em construir toda uma área poluída visualmente e incluir nela um espaço limpo, de contraste. Utilizei a fonte Square 721 BT, sem serifa, para corresponder ao modernismo do heterónimo, que defende a tecnologia e exalta a máquina. Preenchi o contorno de uma roda dentada com o texto de apoio em preto e, utilizando esse elemento como brush, repeti-o várias vezes, preenchendo todo o campo e insistindo nalguns pontos de forma a se perceber a forma da roda dentada. Com a mesma brush, mas em branco e num tamanho menor, insisti numa das áreas mais escuras, de forma a se poder ler bem o texto que compõe a roda dentada. Em seguida, criei um rectângulo branco de contraste com a mancha negra envolvente, escrevendo nele os versos que estiveram na base da composição, todos alinhados à esquerda numa mesma linha, com a indicação do nome do autor em baixo, à direita. A escolha de uma composição toda a preto e branco realça o contraste que eu pretendia criar, além de serem as cores que, pela ausência de matiz, melhor traduzem a ausência de vida que associo às máquinas.

alberto caeiro

Para este heterónimo quis criar uma composição que, apesar de não possuir elementos figurativos, se mostrasse harmoniosa, suave. Recorri à fonte Monotype Corsiva, pois, tal como em Ricardo Reis, queria que a letra fosse delicada e algo fluída, lembrando a Natureza. Criei um bloco de texto à direita, ocupando cerca de dois terços do campo, utilizando uma tonalidade muito clara de verde e reduzindo o leading até os acendentes e descendentes das letras se tocarem. Utilizando a expressão “coisa a coisa”, criei um jogo com o espaço positivo, e também entre as própias palavras: o “a” posiciona-se, numa tonalidade um pouco mais clara, abaixo da última letra de “coisa”, ambas no espaço à esquerda. A terceira palavra, preenchida a branco, situa-se uma pouco abaixo, no espaço preenchido com as letras verdes, aproveitando o contraste que estas permitem devido ao leading. Um pouco abaixo, os versos de base da composição estão inseridos no fluxo de texto, com um tamanho de letra e espaçamento entre linhas um pouco maior e uma cor mais escura. Apliquei um efeito de sombra à expressão “coisa a coisa” para ganhar destaque neste seu contexto original. O nome do autor aparece mais abaixo, também num tipo de letra maior e uma tonalidade mais escura, posicionando as palavras em linhas diferentes para criar o mesmo efeito da expressão em destaque, “coisa a coisa”.

proposta número

dois


cor

introdução 20

proposta número

três


cor

introdução 21

a cor A cor é uma sensação, produto da recolha de dados pelos cones na imagem retiniana. Dados esses tratados depois pelo cérebro, dando origem à percepção, processo em que são relacionados com outros elementos de informação visual, como o brilho, a forma e o movimento, e também, através da memória com informação geneticamente herdada, com experiências sensoriais vividas, bem como com elementos adquiridos de natureza cultural. Para o Sapiens Sapiens, de que é característica a capacidade de manipular de forma altamente elaborada representações simbólicas dos elementos da realidade e de conservar e comunicar os resultados dessa actividade cerebral, as cores funcionam como signos relacionados com a linguagem e com o conhecimento em geral.

proposta número

três


cor

análise 22

proposta número

três


cor

análise 23

A cor é um dos elementos da comunicação visual que consegue transmitir mais significado simbólico, que pode ser diferente nas diferentes sociedades. Escolhi tomar como exemplo a cor vermelha, que acho particularmente interessante. É uma cor quente, forte, que prende a atenção. É utilizada na sinalização de trânsito, por exemplo, nos sinais que indicam perigo e proibição. O vermelho é também a cor do sangue. Ligadas a isto estão várias associações a sentimentos fortes, como a paixão e a ira. Dentro da paixão, uma simples questão de contextualização pode alterar o seu significado: o vermelho pode estar associado tanto ao amor no seu sentido mais puro como à luxúria e a sensualidade. O vermelho, assim como outras cores quentes, é ligado também a sentimentos de alegria e euforia. No Natal, por exemplo, é a cor de eleição para os enfeites, para além da sua óbvia associação à figura do Pai Natal, que, por sua vez, foi influenciado pela... Coca-Cola. No entanto, o que mais me atrai quanto à cor vermelha é a sua semântica no campo político. Vermelho é a cor dos bravos, da guerra. Foi adoptada pelo comunismo, pela revolução, significado que até hoje lhe continua intrínseco, e continua a ser utilizada nas suas bandeiras e em símbolos de partidos esquerdistas e revolucionários. No entanto, também nações tradicionalmente capitalistas utilizam a cor nas suas bandeiras, como símbolo da luta pela liberdade, a coragem dos seus nacionais ou o sangue derramado pelos seus patriotas. Ainda nesta linha, apesar de ser reconhecidamente uma cor de esquerda, é utilizada também por grupos de extrema-direita, precisamente pelo significado de poder a ela associado.

proposta número

três


cor

pesquisa 24

proposta nĂşmero

trĂŞs


cor

pesquisa 25

Na recolha de exemplos para o trabalho, chamou-me a atenção particularmente os significados mais profundos das cores, mais do que a sua simples utilização com fins estéticos. Encontrei vários exemplos relacionados com socialização de género, em que rapazes e raparigas são educados de forma diferente – o que também passa pela cor que são associadas a cada sexo. As raparigas, mesmo em desenhos animados, são vestidas com cores mais quentes, especialmente cor-de-rosa, vermelho, e, por vezes, tons arroxeados. Nos rapazes, por outro lado, predominam os verdes, azuis e castanhos, recorrendo-se também ao vermelho, associado à bravura e virilidade. Uma nova situação que encontrei foram as cores que, especialmente em Portugal, distinguem os clubes. Apesar do resultado de uma mudança de cor não ser de todo mau do ponto de vista estético, cada uma das cores tem uma significância já impregnada na mente dos portugueses. Outro exemplo de semântica de cores existentes na sociedade é nas cores dos partidos. Conforme referi no artigo de análise, os partidos de esquerda adoptam o vermelho, a cor da revolução. Já no lado mais conservador a aposta faz-se em cores com associações mais elitistas, como o azul e o amarelo. Na cultura popular ainda encontrei vários exemplos da utilização da cor como forma de contextualizar o significado de símbolos e personagens. Na saga Star Wars, por exemplo, as figuras “do mal” possuem sabres de luz vermelha, enquanto que os “de bem” possuem sabres azuis, roxos e, especialmente, verdes – cor que é personificada na personagem do Mestre Yoda. A capa do filme Adeus, Lenine! possui letras vermelhas, associadas ao seu contexto, pois retrata acontecimentos inerentes à queda do Muro de Berlim e do regime comunista. Na película O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, a cor vermelha significa vida, e aparece sempre associada à personagem: na roupa, nos objectos que utiliza, no lugar onde mora. Da mesma forma, a personagem do Capuchinho Vermelho, dos contos para crianças, tem essa cor associada à sua alegria infantil, pueril. Donnie Darko, personagem central do filme homónimo, está, ao longo de toda a obra, associado à cor azul, de fantasia, do futuro, do frio, da solidão. Por fim, o exemplo do filme The Darjeeling Limited, que é todo feito à volta de elementos quentes e frios, laranjas e azuis, positivo e negativo.

proposta número

três


cor

proposta 26

proposta nĂşmero

trĂŞs


cor

proposta 27

cruz suástica A cruz suástica é um dos símbolos mais conhecidos do nazismo, regime que vigorou na Alemanha liderado por Hitler e que ficou conhecido pelo Holocausto, terrível repressão exercida contra judeus e outros grupos minoritários – para o trabalho, importa saber que um desses grupos era o de homossexuais, que eram considerados pessoas inferiores. Resolvi fazer um “pequeno” trocadilho, substituindo o vermelho do símbolo nazi pelas listras coloridas da bandeira do Orgulho Gay. Assim, cria-se uma contradição visual óbvia, ao associar a cruz suástica a um símbolo que a sua ideologia rejeita.

praça tiananmen A China é um país de regime comunista, implantado em meados do século XX por Mao Tsé-Tung. A praça Tiananmen é um dos símbolos máximos desse regime, com as suas cores vermelhas da revolução e o retrato do Grande Timoneiro. Ao alterar os elementos vermelhos para cores frias, nomeadamente verde e azul, é retirada à imagem toda a sua significância revolucionária.

ctt O símbolo dos CTT Correios de Portugal é conhecido em todo o país pela sua cor vermelha, tornando-se fácil de reconhecer as suas lojas e também os seus marcos do correio. O vermelho transmite força e, desta forma, os CTT firmaram-se como uma instituição de confiança também através das cores do seu símbolo. A minha proposta foi alterar o vermelho pelo roxo, uma cor menos sóbria e mais associada a elites. Assim, o Correio muda a sua imagem de serviço público para a de um capricho para quem pode.

proposta número

três


infografia introdução 28

proposta número

quatro


infografia

introdução 29

a infografia A infografia com sua base gráfica, que existe tanto no meio impresso, no audiovisual, no eletrónico-digital, É o manancial expressivo do infojornalismo. Existirá onde houver necessidade de se organizar a informação textual na sua dimensão gráfico-visual numa página. Por que envolve processos gráficos de diferentes meios, o infojornalismo é um processo de semioticização da escrita gráfica no jornalismo. Por conseguinte, “implica uma maneira de trabalhar que potencializa esse género visual impresso renascido com a ajuda de jornalistas munidos de uma cultura visual adequada para saber em cada momento que é o mais infograficamente conveniente.” (De Pablos 1999: 43).

proposta número

quatro


infografia anĂĄlise 30

proposta nĂşmero

quatro


infografia

análise 31

Escolhi como exemplo de análise mapas de sistemas de metro, que são um bom exemplo de como a infografia pode simplificar a visualização da informaçao. Verifica-se um padrão nos vários exemplos: a utilização de cores distintas para cada linha e a presença de linhas rectas e oblíquas – estas últimas sempre num ângulo de 45º, o único percebido perfeitamente pelo olho humano. As estações são marcadas com pontos, acompanhados do seu nome. Estas infografias utilizam, portanto, diferentes elementos básicos da comunicação visual para transmitir a sua mensagem.

proposta número

quatro


infografia pesquisa 32

proposta nĂşmero

quatro


infografia

pesquisa 33

Procurei infografias em vários sites, procedendo à recolha daquelas que me pareciam mais interessantes e visualmente apelativas. Uma vez que não tinha ainda escolhido a notícia, optei por procurar exemplos que me interessassem (mais do que apenas visualmente funcionais), como causas globais e infografias feitas em língua portuguesa. Analisando a minha recolha, noto um tom mais leve nas infografias escolhidas, que acabou por se reflectir na minha proposta final. A dificuldade maior no meu trabalho foi precisamente encontrar uma notícia que fosse interessante do ponto de vista jornalístico e que me permitisse criar uma solução visual que, de facto, melhorasse a percepção da informação.

proposta número

quatro


infografia proposta 34

proposta nĂşmero

quatro


infografia

proposta 35

A minha infografia baseia-se numa notícia do site do jornal britânico The Guardian sobre o consumo de álcool entre os ingleses. Apesar de não ser uma notícia próxima em termos de localização, achei interessante para o meu projecto por apontar os jornalistas como os profissionais que mais bebem em Inglaterra. A notícia era acerca de um estudo realizado em Inglaterra, que quantificou quanto bebiam os profissionais de algumas áreas, tais como comunicação social, informática e educação, indicando qual era a quantidade recomendada. A ideia de elaborar a infografia surgir precisamente da minha dificuldade em assimilar a informação contida na notícia. A minha ideia foi criar personagens para cada profissão e colocar junto a cada um uma bebida alcoólica, no tamanho à escala que correspondesse à dose que, segundo o estudo, os profissionais daquela área bebem. Em baixo, alguns dados como qual é a dose recomendada e a quanto esta equivale em termos práticos. As personagens foram recolhidas do site Meegos.com, assim como os desenhos das bebidas.Os objectos característicos de cada profissão foram buscados à Internet, em buscas a sites aleatórios. Optei pela fonte Arial Narrow, sem serifa, pois permitia uma boa leitura dos dados e condizia com o aspecto leve dos bonequinhos. Da mesma forma, a escolha das caixas azuis teve o objectivo de manter a composição mais leve, mais clean, sem tirar demasiado destaque das figuras essenciais da infografia.

proposta número

quatro


design de comunicação visual aline rebeca flor


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