40 anos do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC)

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"Destreza em controlar, arte de comunicar"

Edição comemorativa dos 40 anos do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC)

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Índice

Expediente

Palavras do DGCEA

Por: Tenente-Brigadeiro do Ar João Tadeu Fiorentini

3 Palavras do Comandante Por: Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Hennig

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Comandante do 1º GCC: Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Hennig

História do 1º GCC Por: Primeiro Tenente Engenheira Eletrônica Bianca

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Araújo Rangel Vilar

Comunicações por satélite

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Revista Comemorativa dos 40 anos do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle

Por: Capitão Engenheiro Fernando Antonio Paiva de Azevedo

Coordenação e Revisão: Aspirante Jornalista Fernanda Pereira - ASCOM/DECEA Revisão: Daisy Meirelles - ASCOM/DECEA - RJ 21523-JP Gisele Bastos - ASCOM/DECEA - MTB 3833 PR Apoio: Primeiro Tenente Engenheira Eletrônica Bianca Araújo Rangel Vilar Segundo Sargento TAR Marcelo de Paula Leonardo Projeto Gráfico e Diagramação Filipe Bastos (ASCOM/DECEA) - RJ 26888 JD Fotografias: Luiz Eduardo Perez (ASCOM/DECEA) - RJ 201930 RF Segundo Sargento Marcelo de Paula Leonardo

A evolução da radiodeterminação

Por: Capitão Engenheiro Adriano Vaz dos Santos

28 Operação Brumadinho

Por: Major Aviador Leonardo André Haberfeld Maia

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Suboficial BET Sérgio Luiz André de Oliveira Acervo fotográfico do 1º GCC Tratamento de imagens: Fábio Ribeiro Maciel (ASCOM/DECEA) - RJ 33110 RF Contatos: Intraer: www.1gcc.intraer/ Endereço: Ponta do Galeão, s/nº - Ilha do Governador CEP: 21941-520 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2101-5801 / 2101-5803 Editado em: Maio/2022

Capitão Anchieta: o baú de histórias

Impressão: Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ)

Por: Aspirante Jornalista Fernanda Pereira

36 Aprendizado constante e desenvolvimento garantido

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Por: Brigadeiro do Ar André Gustavo Fernandes Peçanha

PESACCON - Um projeto de futuro

Por: Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Hennig

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Capa: Foto aérea da sede do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), na Ponta do Galeão/RJ. Crédito: Primeiro Tenente Bianca Araújo Rangel Vilar Tratamento de imagens: Fábio Ribeiro Maciel


Palavras do DGCEA Uma boa construção depende de bons alicerces. Essa analogia explica a exata importância do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) para a Força Aérea Brasileira (FAB) e, em especial, para o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Sempre que há necessidade de emprego, é o efetivo do 1º GCC, o Grupo Mestre, que inicia as atividades, seja no planejamento à distância ou no teatro de operações. Neste caso, conta com o deslocamento de seus valorosos esquadrões: Profeta, Aranha, Morcego, Mangrulho e Zagal. O 1º GCC garante que as demais unidades operacionais da FAB tenham o suporte indispensável para o cumprimento da missão, porque se faz inimaginável uma operação militar sem um eficaz sistema de comunicações. O Grupo é, portanto, o pilar tecnológico que mantém e impulsiona a nossa Força e os nossos militares em direção ao propósito comum: manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria. Durante esses 40 anos, a unidade foi comandada e composta por grandes profissionais, oficiais e graduados, que em muito contribuíram para a sua reconhecida eficácia. Garantiram que, hoje, o 1º GCC estivesse equipado e em condições de pronto emprego, mesmo em situações extremas, como nas crises vivenciadas nas cidades de Brumadinho (MG) e Petrópolis (RJ), nos anos de 2019 e 2022, respectivamente. Nesta celebração tão especial, cumprimento o comandante do 1º GCC, o Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Henning, como forma de também saudar todos os comandantes que o antecederam. Faço, ainda, um agradecimento especial a todo o efetivo, homens e mulheres que o compõe, pelo empenho e pela disponibilidade, mesmo nas mais longas viagens, que os privam do convívio familiar, para que possam servir à nossa Pátria. O esforço de cada um de vocês se transforma em vitórias nos diversos capítulos da história do 1º GCC, que serão relembrados nessa revista comemorativa. Tenente-Brigadeiro do Ar João Tadeu Fiorentini Diretor-Geral do DECEA 3


Palavras do comandante Um passado que inspira os desafios do futuro Saber reconhecer a origem e seus feitos, nos permite compreender a essência e a missão de uma organização. Assim, inicio este texto falando brevemente sobre a história do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), a qual nos remete aos primórdios da Força Aérea Brasileira (FAB), quando os Jambocks, pilotos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa) atuaram no teatro de operações europeu durante a 2ª Guerra Mundial. Foi nesta ocasião que tiveram conhecimento da aplicação dessa inovação, o uso do radar, e os resultados proporcionados ao longo do conflito. Quando regressaram ao Brasil, com a missão de constituir a Força Aérea Brasileira (FAB), não esqueceram da importância de possuir unidades com a capacidade de empregar radares e sistemas de comunicações para detectar e controlar os novos caças, a fim de prover a defesa aérea do vasto espaço aéreo brasileiro. Com o objetivo de apoiar as atividades aéreas do 1º GAvCa e do 1º/14º GAv, surgiram respectivamente o Primeiro Esquadrão de Controle e Alarme (1º ECA), na Base Aérea de Santa Cruz, em 1950, e o Segundo Esquadrão de Controle e Alarme (2º ECA), na Base Aérea de Canoas em 1956. Estas organizações foram incorporadas ao 1º GCC no ano de sua criação, em 1982, tornando-se os primeiros esquadrões subordinados a esse Grupo, com a designação de 1º/1º GCC e 2º/1º GCC. Em seguida, somaram-se os novos 3º/1º GCC, 4º/1º GCC e 5º/1º GCC. Passaram-se 40 anos desde então. Quatro décadas nas quais diversas tecnologias de ponta foram sendo incorporadas ao acervo dos Esquadrões, aumentando assim a capacidade do Grupo em contribuir com a defesa aérea do Brasil e apoiar as mais diversas operações e exercícios militares. Poucos são os países que dispõem de uma Unidade como essa, equipada com modernos sistemas transportáveis de telecomunicações e de radares, além de diversos equipamentos para montagem de infraestrutura de Comando e Controle. Equipamentos e sistemas 4


que podem ser aplicados a qualquer tempo e em qualquer lugar, em uma gama diversificada de missões operacionais e situações de apoio ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e à Força Aérea Brasileira (FAB). Algumas delas são CRUZEX, ÁGATAS, OSTIUM, TÁPIOS, TÍNIAS, BVR, ESCUDOS, COMAEX, dentre tantos outros exercícios, operações e apoios que o 1º GCC esteve envolvido. Todos, de fato, sempre cumpridos, como a própria letra de nosso hino diz: “cada manobra é uma obra-prima”. Não podemos esquecer que toda essa trajetória de sucesso, nesses 40 anos, só foi possível graças aos abnegáveis homens e mulheres do passado e do presente que, com o mais alto profissionalismo, dedicação e amor pelo que fazem, souberam, a cada missão, muito bem representar e elevar o nome dessa organização nos mais diversos rincões de nosso País. Deixo aqui o sincero reconhecimento a todos que fizeram parte desta caminhada. Que essa admirável história sirva de inspiração para que lancemos um olhar altivo para o futuro, ciente de que há muito ainda a se fazer. Sempre em busca de equipamentos e soluções modernas, que acompanharão os desígnios de uma Força Aérea cada vez mais tecnológica, avançada e capaz de cumprir plenamente sua missão. Parabéns a todos os “Mestres”, “Profetas”, “Aranhas”, “Morcegos”, “Mangrulhos” e “Zagais” de ontem e de hoje. Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Hennig Comandante do 1º GCC

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História do 1º GCC

“Somos uma história em cada homem” Por: Primeiro Tenente Engenheira Bianca Araujo Rangel Vilar, Chefe da Seção de Comunicação Social

A história do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) teve o seu início marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial, quando a Força Aérea Brasileira se deparou com a necessidade de atualizar a condução das suas operações de defesa aérea, em decorrência da invenção que revolucionou a aviação militar: o radar. Em 1950, com uma concepção baseada nos sistemas de detecção e controle empregados com sucesso pela Força Aérea Aliada, foi criado o Primeiro Esquadrão de Controle e Alarme (1º ECA), sediado na Base Aérea de Santa Cruz, com a finalidade de apoiar o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa) em suas operações. Pouco tempo depois, em 1956, nos mesmos moldes, foi concebido o 2º ECA, na Base Aérea de Canoas, com a finalidade de apoiar o Primeiro Esquadrão do 14º Grupo de Aviação, o "Esquadrão Pampa". Flexibilidade, mobilidade, alcance, precisão e pronta-resposta foram características que marcaram estes Esquadrões que, desta forma, cumpriram com eficiência suas missões. Até que, em 8 de junho de 1982, através do fruto das experiências alcançadas em operações do sistema de controle aéreo do teatro, deu-se início ao Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC). 6

Com o objetivo de gerenciar as atividades relacionadas à instalação, operação e manutenção dos meios transportáveis de comunicação, controle e alarme aerotáticos, também possui uma incumbência muito além do papel descrito na heráldica desta missão. Seu codinome “Mestre” significa “o grande saber, perito ou versado em qualquer ciência ou arte”. Se buscarmos, ainda em outras etimologias, chegamos ao latim magister, representado por uma função ou posição máxima. Esses conceitos podem transcrever seu papel de suma importância em direcionar seus cinco esquadrões subordinados. Nas diversas missões empregadas, nas quais muitas vezes não se faz conhecida a função do 1º GCC, é o Mestre quem direciona o Profeta, o Aranha, o Morcego, o Mangrulho e o Zagal a tomarem seu rumo em prol do cumprimento da missão. Garantindo a destreza em controlar, com a arte de comunicar, tornando cada manobra uma obra-prima. Assim, reafirmamos o nosso lema: somos uma história em cada homem e, nas próximas páginas, contaremos um pouco mais dos 40 anos da nossa trajetória.


Esquadrão Morcego no execício operacional EXPECIALIZEX, em 2006, na Bahia

Controladores do 1º GCC no exercício Beyond Visual Range (BVR), em Canoas (RS), em 2018

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Linha do Tempo

1982 8 de junho - Criação do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle, ativado como Núcleo (NuGCC) e subordinado ao Comando Aerotático (COMAT).

1984 23 de junho - Chegada do Sistema de Controle de Aproximação de Precisão Transportável em Natal, procedentes da Itália, composto pelos radares Primário (ATCR-33), Secundário (SIR-7) e o PAR (2080).

25 de setembro

- Alteração de subordinação, passando para a Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo.

9 de outubro - O Primeiro e o Segundo Esquadrões de Controle e Alarme (1° ECA e 2° ECA) passam a ser subordinados ao NuGCC.

1985

17 de janeiro - Criação e ativação de Grupos de Comunica-

ções e Controle (1º GCC, 1º ECT, 1º NUECOM, 1º ECA e 2º ECA)

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1985

11 de setembro

- Mudança da denominação dos Esquadrões do 1° GCC: De Esquadrão de Comunicações para 1º/1º GCC; De 2º Esquadrão de Controle e Alarme para 2º/1º GCC; De Esquadrão de Controle para 3º/1º GCC; De 1º Esquadrão de Controle e Alarme para 4º/1º GCC.

1986 14 de janeiro

- Transporte do Equipamento MRCS-403: Partiu de Roma para o Brasil a carga que compunha o Sistema MRCS-403, através de Boeing 747 da Alitália, chegando ao Brasil pelo Aeroporto Internacional do Galeão, em 16 de janeiro de 1986.

15 de agosto - Ativação do Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC), com a finalidade de operar e manter, em nível orgânico, um Sistema de Controle de Aproximação de Precisão no aeródromo de Fortaleza (CE).

1987 22 de setembro - OPERAER 87 – Foi nesta operação que o 1º GCC teve seu Batismo de Fogo, sagrando-se vitorioso pela finalidade com que foi criado. No período de 9 a 22 de setembro de 1987, o 1º/1º GCC operou Postos de Comunicações em Manaus, Boa Vista, Oiapoque, Macapá, Belém e Normandia, além de deslocar sistemas para a Base Aérea de Boa Vista, com o sítio sede em Natal (RN) e Santa Maria (RS).

1997 26 de janeiro - Recebimento da Torre Móvel: de 26 a 31 de

janeiro de 1997, o 1º/1º GCC realizou, no ato do recebimento, em São José dos Campos (SP), a montagem e posterior desmontagem da Torre Móvel adquirida pelo 1º GCC.

2000 18 de dezembro

– Ocorreu a mudança de endereço do 1º GCC. Após longos anos sediado no prédio do Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), o 1º Grupo de Comunicações e Controle foi transferido para o prédio do Centro de Computação de Aeronáutica do Rio de Janeiro (CCA-RJ). Atualmente, está instalado na Ponta do Galeão, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.

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Linha do Tempo

2000 28 de dezembro – Pela primeira vez, desde a sua criação, o 1º GCC conseguiu desdobrar todos os seus Esquadrões subordinados para diversas regiões do País. Os deslocamentos ocorreram para apoiar o SISCEAB e o COMGAR e também em exercícios de mobilidade previstos no Programa de Trabalho Anual do Grupo.

2002 25 de janeiro – O 1º GCC passa a ser subordinado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).

2006 12 de julho – Participou da 6ª CIMEIRA, reunião dos Chefes

de Estado dos países de Língua Portuguesa, realizada na cidade de Bissau, em Guiné Bissau, no continente africano.

2009 11 de maio – Unidade foi transferida do edifício onde também funciona o CCA-RJ, na Ponta do Galeão, para o prédio provisório no DTCEA-GL.

2010 Janeiro – Apoio à ações de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), no Haiti, atingido por um terrível terremoto.

Agosto – O Esquadrão Zagal recebeu um novo Sistema de Controle de Aproximação de Precisão Transportável, o MGCA2000.

2012 23 de outubro – O 1° GCC é condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico.

2012 - O 2º/1º GCC recebeu o radar TPS-B34 imediatamente empregado na Operação FAEX, em Florianópolis, e na RIO+20

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2013 8 de janeiro - A Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) e o 1º GCC visitaram a área da 2ª FAE para definição do canteiro de obras da construção da nova sede do 1º GCC.

julho – Homologação do novo PAR 2000T do 3º/1º GCC

22 de julho – Lançamento da Pedra Fundamental de início das obras da sede definitiva do 1° GCC.

2014 2014 - O Esquadrão Mangrulho (4°/1° GCC) recebeu o sistema radar tridimensional americano TPS-B34, substituindo o sistema radar MRCS-403, desativado em 2011.

2015 Abril – Entra em operação a viatura Marruá, alocada no 1°/1° GCC e equipada com antena parabólica, bastidores técnicos capazes de fornecer links de Telecomunicações, gerador de energia elétrica, roteadores, switch e gateway de voz.

Agosto – Mudança para a sede definitiva nas dependências da Segunda Força Aérea (2ª FAe).

Dezembro - O 5º/1º GCC foi transferido, definitivamente, da Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) para a Base Aérea de Porto Velho (BAPV).

2017 2017 – Mudança na estrutura organizacional da unidade, com a criação das Divisões Administrativa, Técnica e Operacional, além da Seção de Planejamento, Orçamento e Gestão e da Assessoria de Controle Interno.

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Artigo A ativação do 1º GCC e sua subordinação à Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV)

Coronel Aviador Tacarijú Thomé de Paula Filho

O Primeiro Grupo de Comunicações de Controle (1º GCC) faz 40 anos em junho de 2022. Recebi o convite para a cerimônia e a minha memória foi, aos poucos, relembrando aqueles dias de começo, entre 1983 e 1984, quando comandava o ainda Núcleo do Grupo de Comunicações e Controle (NuGCC), subordinado ao então Comando Aerotático (COMAT). Não é fácil relembrar o que se passava na cabeça daquele jovem de quase 42 anos, sentado naquela cadeira, ainda em construção. Cabia à Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) o recebimento dos equipamentos e a construção dos sítios. A mim, cabia a burocracia de ativação e da absorção da unidade pela Aeronáutica, como a elaboração dos documentos relacionados aos regulamentos do GCC e das unidades subordinadas, efetivos, entre outros. Meditando sobre como seria a operação do GCC, concluí, inicialmente, que a subordinação ao COMAT seria inadequada sob o ponto de vista do apoio logístico. Um dia expliquei ao comandante do COMAT as razões da minha conclusão sobre a subordinação do GCC à então Diretoria 12

de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV). Minha fala foi solitária, tendo recebido inúmeras reprimendas de amigos e de militares mais antigos. Voltei para minha sala e comecei a rascunhar os argumentos de suporte àquela ideia. Sobre a minha mesa, havia alguns manuais do Air Tactic Control System da USAF. Este sistema foi idealizado para operar fora de sede, no estrangeiro. O pensamento de todos era que o GCC daria vida ao Sistema de Controle Aerotático (SCAT) da Aeronáutica, sendo, portanto, coerente sua subordinação ao COMAT. Mas, eu me perguntava como seria a operação no Brasil. Comecei a perceber que os defensores dos argumentos sobre a subordinação do GCC não tinham experiência nas relações logísticas entre a DEPV e o COMAT. Parecia que o meu argumento sobre as dificuldades logísticas não iria ter sucesso, apesar das experiências que tive ao comandar o Primeiro Esquadrão de Controle e Alarme (1º ECA), então subordinado ao COMAT. Foi então que comecei a explorar a questão operacional do SCAT/GCC. Nos anos de 1976 e 1977, eu servi na então Primeira Ala de Defesa Aérea (1ª ALADA), em Anápolis. Lá, conheci o Sistema de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (SISDACTA) e a capacidade do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), novidade tecnológica ainda distante de muitos oficiais da Aeronáutica. Tudo muito novo. Em 1978, fui transferido para comandar o 1º ECA. Naquele ano, fui chamado para compor o Estado-Maior Especialista da Manobra Real a ser realizada pelo COMAT. Lendo o relatório da Manobra do ano anterior, identifiquei enorme polêmica e conflitos de tráfego aéreo causados pela evolução da manobra. No âmbito da Direção da Manobra, percebi a enorme dificuldade de comunicação com as unidades aéreas envolvidas, em função da precariedade do sistema operado por equipamentos em HF dos ECA’s. O Tráfego Aéreo desconhecia os movimentos aéreos da Manobra. Durante uma reunião, lembrei os participantes das dificuldades de comunicação do ano anterior, assim como dos conflitos ocorridos no espaço aéreo. Conhecendo as possibilidades do CINDACTA I, sugeri que o Centro de Operações Militares (COPM) fizesse o papel de Centro Diretor


Aerotático (CDAT) da Manobra, o que, eventualmente, evitaria os conflitos com o Centro de Controle, na medida da integração já existente. Além disso, o sistema de telefonia, TF 2 e TF 3, assim como os teletipos, poderiam servir à Manobra, contornando as dificuldades do ano anterior. A proposta foi aceita pela DEPV, CINDACTA I e a Defesa Aérea. Viajei para Brasília, onde estruturei a participação do CINDACTA I junto com o chefe do COPM. Elaboramos um documento que foi apresentado à Direção da Manobra e, em seguida, aprovado. O plano era que o CINDACTA I fosse a Coronel Tacarijú (à direita) recebendo uma réplica do Radar Transportável MRCS-403 do cadeia principal de Comunicação e Conentão comandante do 1° GCC, Tenente-Coronel Aviador Servan, em 1997 trole, enquanto os equipamentos dos ECA’s ficariam como backups. Durante a Manobra, permaneci no COPM, acompanhando o sucesso Elaborei os documentos iniciais de ativação do GCC, com da operação e intervindo, de vez em quando, nas Ordens a subordinação à DEPV já neles efetuada. O Comandante Fragmentárias (OFRAG’s). do COMAT enviou-me ao Estado-Maior da Aeronáutica Quando assumi o NuGCC em 1983, essa experiência ocor(EMAER), para que eu explicasse os documentos de ativarida cinco anos antes estava viva na memória. O COPM havia ção e transferência de subordinação. se transformado em um CDAT, permitindo que eu visse como Apresentando os argumentos operacionais e logísticos um SCAT funcionava ao vivo. Tudo o que acontecia no Centro já descritos acima, bem como a analogia com o COPM e de Controle Aerotático (CCAT) e a emissão das OFRAG’s eram sua relação com a Defesa Aérea, embora fosse componenreplicadas no CDAT, permitindo o controle da operação e o te do CINDACTA e subordinado à DEPV. Tendo a aprovação evitar dos conflitos com o tráfego aéreo. do Comandante do COMAT e do Diretor da DEPV, tudo que Eu sabia das dificuldades logísticas causadas pela subordiapresentei foi aprovado. nação ao COMAT e sabia como funcionava um SCAT por viQuarenta anos depois, escrevendo estas memórias, fica vência própria. A questão, agora, era como evitar o conflito evidente para mim que a experiência no 1º ECA e no SCAT/ aéreo durante a operação do SCAT/GCC em nosso território. CINDACTA da Manobra Real de 1978 foram determinantes A experiência de estar no COPM durante a Manobra de 1978, para compor os argumentos sobre os primeiros passos do iluminou a necessidade de integração entre o SCAT/GCC e a GCC. O apoio integral à ideia proporcionado pelo ComanDefesa Aérea, quando aquele estivesse operando em territódante do COMAT e do Diretor da DEPV foram a base de rio nacional. força para minha ida ao EMAER. A lógica dos argumentos Sabendo que o CINDACTA I integrava o Tráfego Aéreo e Deapresentados foi mais forte do que a fala daqueles contráfesa Aérea e que a missão do COPM era voltada para a Defesa rios àquela ideia. Aérea, elaborei a ideia de o GCC ser subordinado à DEPV, com Foi uma época muito feliz e boa de se lembrar. De fato, a missão destinada ao COMAT. não tenho contato com o que se passa, hoje, no 1º GCC. No Na época, eu propus que o segundo CDAT fosse instalado em Santa Maria, possibilitando a criação de uma área de treientanto, imagino que funcione muito bem. Quanto a mim, namento operacional, na medida em que o primeiro CDAT gosto de pensar que “plantei uma árvore e escrevi um liseria instalado em Canoas, o que foi aceito. vro” na Aeronáutica. Que assim seja!

Coronel Aviador Tacarijú Thomé de Paula Filho Segundo Comandante do 1º GCC 13


O atual efetivo do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) conta com 65 militares de diversas especialidades. A equipe é comandada pelo Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Hennig. A unidade está instalada na Ponta do Galeão, no Rio de Janeiro. Além dos cinco esquadrões que se deslocam sob gerenciamento do Grupo Mestre, a Organização Militar conta com três divisões: Divisão de Administração, Divisão Técnica e Divisão de Operações.

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Símbolos Descrição heráldica do emblema Escudo Francês, com o chefe em blau (azul ultramar), representando um dos vários tons, dos metais dos equipamentos da Unidade, em função da prudência, da abnegação e do conhecimento, que os mesmos exigem do homem para sua operação, carregando, ainda, a sigla da Organização “1º GCC”, em prata (branco), ladeada à Destra e à Sinistra por duas estrelas cadentes também em prata, representando os dois antigos Esquadrões (1º ECA e 2º ECA) de onde surgiu o atual Grupo. Campo em blau (azul cerúleo), tendo à Destra, abaixo do Chefe, o Gládio Alado em jalne (amarelo), símbolo da Força Aérea Brasileira. A partir do Coração, surge uma radiação eletromagnética, em prata, simbolizando todo o ambiente aéreo, na detecção passiva e ativa dos senhores da Unidade ou na utilização de seus meios de comunicação. Sobreposto a mesma aparece um raio em goles (vermelho), significando este esmalte o espírito guerreiro.

Descrição heráldica do estandarte Estandarte com o campo em blau (azul ultramar), representando um dos tons dos vários metais dos equipamentos da Unidade, em função da prudência, da abnegação e do conhecimento que os mesmos exigem do homem para sua operação. Próximo a haste ou mastro destaca-se o emblema da Organização, criada em 1982, nos seus esmaltes. Sobrepõe-se ao campo um triângulo em jalne (amarelo), apontando para o horizonte, simbolizando o espírito guerreiro e a determinação de seguir em frente, rumo aos objetivos desejados. O esmalte amarelo representa, também, a firmeza no emprego dos meios utilizados para o real cumprimento das missões da Unidade, cujo nome 1º Grupo de Comunicações e Controle aparece no centro do estandarte em goles (vermelho). Contorna o estandarte nos seus três bordos livres, franjas em jalne (amarelo). 16


Canção Letra: 3S R1 Ricardo José Costa Maia Música: Ten R/R José Antônio da Cunha

Há no espaço um campo de batalha Onde as palavras geram decisões Pois até a colina e o mar Se rendem ao fiel cumprimento das missões Somos uma história em cada homem Que nutre o pleno zelo de escultor Cada manobra é uma obra-prima Fruto das mãos de um hábil operador Olhos que guardam sonhos Palavras que cruzam o ar Unificando a terra, o céu e o mar Primeiro GCC: Destreza em controlar Arte de comunicar

Missão Gerenciar as atividades relacionadas com a instalação, a operação e a manutenção dos meios transportáveis de comunicação, controle e alarme aerotáticos.

Visão Gerenciar as atividades relacionadas com a instalação, a operação e a manutenção dos meios transportáveis de comunicação, controle e alarme aerotáticos.

Valores Hierarquia, Disciplina, Patriotismo, Comprometimento, Profissionalismo, Segurança e Pronta-resposta. 17


Esquadrões

1º/1º GCC

Esquadrão Profeta O protagonismo na criação dos Sistemas Engine e Átrio nia, grafia à transmissão de dados), ficando o Sistema de Controle e Alarme a cargo dos demais esquadrões do 1º GCC. Atualmente, as comunicações são realizadas por fonia e transmissão de dados, nas faixas de frequências de HF, VHF, UHF, Banda C e Banda X, através de sistemas digitais que permitem criptografia de voz e dados.

Os Sistemas Engine e Átrio O Esquadrão Profeta está sempre na vanguarda dos enlaces de comunicações, seja por dados ou voz, e almeja alçar os voos de interoperabilidade entre os equipamentos das Forças Armadas, principalmente levando em consideração o emprego militar dos meios de forma degradada. Nesse intuito, o 1º/1º GCC visa fomentar o O Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comuniuso de enlace de dados com rádios HF de cações e Controle (1º/1º GCC), antes chamado de Primeifabricantes distintos, através de iniciativas como o Sistema ro Esquadrão de Controle e Alarme (1º ECA), iniciou suas Engine e o Sistema Átrio, ambos criados por um militar do operações em 6 de outubro de 1950. Ao longo do tempo, Esquadrão, o Suboficial Pablo Pontes Arraes. a forte característica de mobilidade demonstrada, permiO Sistema Engine visa fornecer a possibilidade de troca tiu a sua integração às operações, oferecendo radares de de mensagens, dados GNSS (Sistema Global de Navegação longo alcance, equipamentos HF, VHF, transceptores para por Satélite) e arquivos de mídia, usando um notebook cocomunicação terra-terra e terra-avião, nectado ao modem HF de qualquer rábem como a infraestrutura de geradodio empregado pelas Forças Armadas. res, viaturas, barracas e mobiliário de Já o Sistema Átrio visa tramitar dados campanha. Durante os contatos rádio de pista radar por HF em caso de deno ano de 1972, foi usada pela primeira gradação da Rede de Telecomunicavez, a terminologia “Profeta”, que seria mais tarde formalizada como o código ções Aeronáuticas. de chamada da unidade. Os estudos e testes permitiram Dez anos depois, o novo Grupo, deverificar a viabilidade da aplicação nominado Primeiro Grupo de Comunidos novos recursos, incrementando cações e Controle (1º GCC), absorveu o ações de agilidade e, sobretudo, imefetivo e o acervo material dos então 1º plementar a visão estratégica de pose 2º ECA. Com a nova estrutura, a últisuir um canal de comunicações indema etapa da transição foi concluída em pendente e de natureza alternativa, 1985, com a mudança para a denomicom o emprego de equipamentos do nação atual. acervo atual do esquadrão. Os sisteA partir daí, a unidade absorveu a mas foram submetidos às avaliações estrutura física, operacional, pessoal e Major Aviador Marcia Regina Laffratta do DECEA e do Estado-Maior da Aematerial do 1º ECA, direcionando suas Cardoso, comandante do 1º/1º GCC ronáutica (EMAER). atividades para as comunicações (fo18


Esquadrões

2º/1º GCC

Esquadrão Aranha Responsável pelo emprego de equipamentos aerotransportáveis de controle e alarme aéreo

O Segundo Esquadrão de Controle e Alarme (2° ECA) foi criatema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). do em Canoas (RS), no ano de 1956, inicialmente para apoiar Atualmente, os equipamentos aerotransportáveis são, o Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação basicamente, os equipamentos de comunicação, de extre(1º/14° GAv - Esquadrão Pampa) e começou suas atividades ma importância para o comando e controle, consoles de como uma unidade de controle aéreo e alarme antecipado, visualização radar, sistemas de tratamento de dados e o tendo como característica principal a mobilidade. radar transportável tridimensional TPS-B34. Com a criação do Primeiro Grupo de Comunicações e ConEsse radar foi recebido em março de 2012, porém, antes trole (1° GCC), o 2º ECA tornou-se subordinado daquele grupo mesmo de vir para o esquadrão, foi cumprir sua missão em e, em setembro de 1985, passou a denominar-se Segundo Esoperações como a FAEX 2012 e a RIO+20, chegando à sede quadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle. em 6 de julho de 2012. Desde então, o Esquadrão Aranha tem participado ativaInstalar, operar e manter os equipamentos aerotranspormente de operações militares e missões de apoio ao SISCEAB/ táveis de controle e alarme aéreo nos locais desprovidos de Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), como meios para estes fins, apoiando às unidades aéreas e antiaérena Copa do Mundo de Futebol em 2014, deslocado em as na missão de vigilância do espaço aéreo, essa é a missão do Presidente Prudente (SP); na Operação Ostium em 2017, Esquadrão Aranha. em Corumbá (MS); e no apoio prestado em Cascavel (PR) O 2º/1º GCC destaca os valores considerados essenciais para por quase um ano, com a ina organização, os quais devem cumbência de manter a malha ser vivenciados por todos os de detecção radar no sul do militares e civis da unidade. São Brasil. eles: hierarquia e disciplina, paVisando o aumento de sua triotismo, integridade, comprocapacidade operacional e conmetimento, profissionalismo, trapor-se às novas ameaças, o segurança, prontidão e pronta2º/1º GCC vislumbra o recebiresposta. Temos sempre como mento de um Radar de Defesa visão sermos reconhecido naAérea Móvel, o qual incremencionalmente pela excelência no tará sua capacidade de pronta emprego técnico-operacional -resposta e colocará o Brasil à de equipamentos aerotransfrente no cenário Sul-Americaportáveis de controle e alarme no, no que tange a Defesa Aérea e a garantia da soberania aéreo em operações militares e Major Aviador Diego Dias da Costa, do espaço aéreo. comandante do 2º/1º GCC demais necessidades do Sis19


Esquadrões

3º/1º GCC

Esquadrão Morcego Terceiro Esquadrão de uma linhagem de excelência Há exatos 37 anos, nos mea(OCOAM-S) em 2011, propiciando dos da década de 80, nascia o o aprimoramento do Morcego no terceiro membro da família GCC, controle das áreas de instrução o Terceiro Esquadrão do Primeiro aérea potiguares. Em 2012, subsGrupo de Comunicações e Contituiu seus radares por um sistetrole (3º/1º GCC), o Esquadrão ma integrado e moderno para o Morcego. Ao apoiar as operações controle do espaço aéreo em uma aéreas do então Centro de Aplicaárea terminal: o Mobile Ground ções Táticas e Recompletamento Controlled Approach (MGCA) de Equipagens (CATRE), este esPAR-2000T, de origem americaquadrão assumiu a responsabina, que o PAR-2000T possui, em lidade de prover o recolhimento um único sistema transportável, dos vetores que propiciavam a radares ASR (Primário), SSR (Seformação dos novos pilotos de cundário) e PAR, possibilitando o combate da Força Aérea Brasileira recolhimento de precisão radar Major Aviador Leonardo André Haberfeld Maia, (FAB), por intermédio de um raem múltiplas pistas de pouso. O comandante do 3º/1º GCC dar de aproximação de precisão novo sistema propiciou a capaci(PAR – Precision Approach Radar). Inicialmente, operou dade da realização PAR nas pistas do aeródromo de Natal, radares italianos ATCR-33 (Radar de Vigilância Primário a partir do sítio radar do 3º/1º GCC, e a viabilidade, em um - ASR), SIR-7 (Radar de Vigilância Secundário - SSR) e o único sistema, do estabelecimento de um APP (Controle PAR-2080, todos transportáveis, provendo a mobilidade Aproximação) quando desdobrado. de inerente a família GCC. Atualmente, ao aplicar as novas doutrinas de combate Logo em 1987, o 3º/1º GCC realizou seu primeiro desaéreo, como o BVR (Beyond Visual Range) e o controle a pardobramento operacional, apoiando, na Base Aérea de Boa tir de comunicações criptografadas, com o uso de sistemas Vista, a OPERAER-87. A partir de então, o Esquadrão Morde datalink, tem mantido sua missão precípua de “instalar, cego atuou em diversas operações e exercícios de vulto, operar e manter, em nível orgânico, um sistema transporcomo a Operação 500 Anos (Porto Seguro-BA), a Operatável de controle de aproximação de precisão”. Também ção PORAQUÊ (Manaus-AM), a COLBRA (São Gabriel da executa as missões secundárias de conduzir ações de conCachoeira-AM), dentre tantas outras. Em 2019, participou trole de terminal e de controle do espaço aéreo, em prol da Operação BRUMADINHO, enviando militares capacitada defesa aeroespacial em determinada zona de interesse dos nas coordenações de busca e salvamento. Ademais, o operacional. Nesse contexto, o Esquadrão Morcego tem 3º/1º GCC tem atuado constantemente na estruturação do buscado evoluir tecnologicamente e doutrinariamente Comando e Controle (C²) e no Controle do Espaço Aéreo para o emprego de suas capacidades em condições hostis, nos Exercícios CRUZEX. por intermédio da operação PAR remota e desenvolvendo Por estarem constantemente inseridos na formação dos estudos para a operação PAR em rodopista. pilotos de combate da FAB, os Morcegos buscam sempre Como membro da família GCC, o Esquadrão Morcego cumprir a missão com excelência. Com isso, o 3º/1º GCC tem por objetivo manter-se sempre alerta para prover certificou-se, em 2007, no Sistema de Gestão da Qualidao controle no ar e na aproximação, com destreza e prede (ISO9001) na prestação do serviço de aproximação de cisão técnica e operacional, visando ser um esquadrão precisão radar. Certificação essa mantida até os dias atuais. de excelência na condução de ações de controle do esEm seguida, o Esquadrão Morcego ativou um Órgão paço aéreo em prol da Defesa, do Controle e da Integrade Controle de Operações Aéreas Militares Subordinado ção de nossa Nação. 20


Esquadrões

4º/1º GCC

Esquadrão Mangrulho Moldado em têmpera de aço Em 17 janeiro de 1985, foi criado o Segundo Centro Integrado de Defesa Primeiro Esquadrão de Controle e AlarAérea e Controle de Tráfego Aéreo me (1º ECA), o qual no dia 11 de setem(CINDACTA II). bro do mesmo ano passou a denomiNo ano de 2013, ocorreu a substituinar-se Quarto Esquadrão do Primeiro ção do radar MRCS-403 pelo TPS-B34. Grupo de Comunicações e Controle A troca foi marcada pela complexa 4º/1º GCC - o Esquadrão Mangrulho. operação alicerçada num grande plaPor ter sua sede na Base Aérea de Santa nejamento estratégico, que transladou Maria (BASM), no Rio Grande do Sul, o o radar de Tefé (AM) até Santa Maria, Esquadrão herdou da cultura gaúcha a onde permanece até os dias atuais. O Major Aviador Bruno Olimpio de Morais Strafacci, comandante do 4º/1º GCC histórica imagem do vigilante montaequipamento está sempre pronto a do a cavalo que, atento, guardava as fronteiras do sul do Brasil cumprir sua missão de “instalar, operar e manter um Centro das invasões dos espanhóis. Tal imagem passou a compor o Diretor Aerotático (CDAT), em sede ou deslocado." emblema do esquadrão. Na regência do TPS-B34, o Esquadrão Mangrulho realizou O 4º/1º GCC nasceu para atender as necessidades de prono controle da primeira missão de interceptação com aeronata-resposta no que tange ao planejamento, instalação, operaves A-1 do Terceiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação ção e manutenção de meios transportáveis de Comunicações, (3º/10º GAv), em seu Shelter Operativo (OPS). O fato foi regisControle e Alarme, onde inexistam, ou forem insuficientes trado em 4 de março de 2013, ficando marcado nas páginas equipamentos fixos e pessoal qualificados para o atendimenda Força Aérea Brasileira (FAB). to das mais diversas missões e operações aéreas. Tendo como Dentre os feitos do novo sistema, destacam-se o primeiro principal missão operar um Centro Diretor Aerotático, o Esdeslocamento realizado, em 2015, para cidade de Torres (RS), quadrão Mangrulho recebeu, em 1986, seu primeiro Sistema onde o radar foi testado, monitorando a operação USABRA; o de Radar Tático Transportável, o MRCS-403, adquirido da emdeslocamento em 2018, para Caicó (RN), em prol do Exercício presa italiana Selênia. CRUZEX FLIGHT, contando com a participação de mais de 40 A operação SULEX I marcou a primeira participação do militares do 4º/1º GCC; e o deslocamento ocorrido em 2020, MRCS-403. Nos anos subsequentes, o esquadrão se fez presente em várias outras missões, sempre atendendo às necespara cidade de Campo Grande, onde o Esquadrão prestou sidades da Força Aérea Brasileira (FAB), em território nacional apoio na substituição do radar de rota de Jaraguari (MS), além ou fora dele. Dentre todas as participações deste radar, desde participar na operação TÁPIO. taca-se o primeiro deslocamento, saindo do Centro Diretor Nesta ocasião, o Esquadrão Mangrulho utilizou, pela primeiAerotático de Santa Maria (CDAT-SM) em direção à cidade de ra vez em sua história, a nova Torre Transportável para terreno Boa Vista (RR), onde operou integrado a Base Aérea daquela não preparado, aquisição que proporcionou ao sistema melocalidade, num desdobramento pioneiro e de dimensões eslhor alcance e eficiência operacional. Sob a responsabilidade tratégicas. do Esquadrão, foi montado um OCOAM-S/CDAT com controle Também vale mencionar a Operação PARBRA I, na cidade de voos reais a partir da localidade. Fechando com chave de de Concepción, no Paraguai, nos meses de maio e junho de ouro, foi utilizado pela primeira vez o KC-390 para a missão de 2005, quando pela primeira vez na história do Brasil, foi deslomobilidade do sistema radar no âmbito do 1° GCC. cado um radar para controle do espaço aéreo de outra nação. No mês de agosto de 2021, no CDAT-SM, foi concluída a Outro importante acontecimento foi o seu último desdobraobra da base da torre do TPS-B34. Iniciava-se, então, a última mento na Operação LAÇADOR, em direção à cidade de Santa fase para que o radar ocupasse seu lugar de destaque, de Cruz Sul (RS), em novembro de 2009. Nesta ocasião operou na função de Posto Auxiliar de Informação Radar (PAIR), remaior eficiência, onde permanece cumprindo a nobre missão alizando a transmissão dos dados, via satélite (TELESAT), ao de guardar as fronteiras do sul do Brasil. 21


Esquadrões

5º/1º GCC Esquadrão Zagal O pastor que conduz suas ovelhas por um caminho seguro O Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo Durante seus quase 36 anos de existênde Comunicações e Controle (5º/1º GCC) cia, o Zagal teve participação ímpar em foi criado em 15 de agosto de 1986, e inúmeras missões pelas cidades do Brasil, tem a missão de operar e manter, em níentre elas: Boa Vista (RR), Campo Grande vel orgânico, um Sistema de Controle de (MS), Santarém (PA), Porto Velho (RO), Rio Aproximação de Precisão Transportável. de Janeiro (RJ) e Canoas (RS). Em setemFoi batizado com o nome “Zagal”, que sigbro de 2014, sob uma nova concepção nifica “o pastor que conduz suas ovelhas estratégica, o Esquadrão Zagal teve a sua por um caminho seguro”, fazendo alusão sede transferida de Fortaleza (CE) para à trajetória de aproximação de uma aeroPorto Velho (RO), tornando-se um braço nave conduzida, mediante o controle do do 1° GCC nos sistemas de defesa da reoperador Zagal, ao pouso com extrema gião amazônica. segurança e precisão. No dia 2 de dezembro de 2015, o 5º/1º Primeiramente, foi instalado na Base GCC foi transferido definitivamente para Major Aviador Diego Almeida TeixeiAérea de Fortaleza (BAFZ), onde permaa Base Aérea de Porto Velho (BAPV). Até ra de Souza, comandante do 5º/1º GCC neceu por 29 anos. Desde a sua inauhoje, o Esquadrão Zagal opera utilizando guração, operou com equipamento de origem italiana, as instalações desta base, prestes a receber as instalações composto, basicamente, por um três radares: um Primário de sua nova sede, cujas obras foram iniciadas em 2 de feve(ATCR-33), um Secundário (SIR-7) e outro de Aproximação reiro de 2017. Além de prover o Controle de Aproximação de Precisão (PAR2080). Em agosto de 2010, o Esquadrão de Precisão Transportável para as aeronaves num teatro Zagal recebeu um novo Sistema de Controle de Aproxioperacional, o esquadrão, sob o acionamento do Mestre, mação de Precisão Transportável, de origem americana, atende as operações militares provendo acesso a INTRAER, o PAR 2000T. A nova tecnologia agregou mais mobilidade videoconferência e telefonia, através de enlaces via satélite e disponibilidade do esquadrão para o emprego na Força com outros órgãos operacionais do DECEA e enlaces com a Aérea Brasileira. Rede Operacional do Ministério da Defesa (ROD).

Nova sede do Esquadrão Zagal na Base Aérea de Porto Velho (RO)

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Divisões Comando

Divisão de Administração

Divisão Técnica

Divisão de Operações

Capitão Aviador Sergio Nunes Miranda

Major Especialista em Comunicações Wagner Walter de Souza Fialho

Major Aviador Renan dos Santos Cardozo

A Divisão de Administração, chefiada pelo Capitão Aviador Sergio Nunes Miranda, tem como finalidade controlar as atividades das áreas de recursos humanos, de apoio ao homem e de controle do patrimônio, referentes ao Grupo Mestre e aos esquadrões subordinados, além de selecionar, adquirir, divulgar e atualizar as publicações e as legislações do Comando da Aeronáutica (COMAER) e do Governo Federal, relacionadas às atividades da Divisão. Também participam do planejamento dos exercícios e operações militares, em conjunto com a Divisão de Operações e a Divisão Técnica.

A Divisão Técnica, chefiada pelo Major Especialista em Comunicações Wagner Walter de Souza Fialho, tem como finalidade acompanhar as atividades logísticas referentes ao suprimento técnico, manutenção e mobilidade dos equipamentos dos sistemas de radar, de telecomunicações, de elétrica, de eletromecânica, de climatização e de tecnologia da informação, pertencentes ao acervo do Grupo Mestre e dos esquadrões subordinados, em consonância com as normas, diretrizes e instruções pertinentes. Além disso, participa do planejamento dos exercícios e operações militares, em conjunto com a Divisão de Operações e a Divisão de Administração.

A Divisão de Operações, chefiada pelo Major Aviador Renan dos Santos Cardozo, tem como finalidade coordenar as atividades referentes ao emprego e à operação dos meios orgânicos, à doutrina, aos controles operacionais, e à Guerra Eletrônica, em consonância com as normas, diretrizes e instruções pertinentes, bem como participar do planejamento dos exercícios e operações militares, em conjunto com a Divisão de Administração e a Divisão Técnica.

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Comunicações por Satélite Por: Capitão Engenheiro Fernando Antonio Paiva de Azevedo - Chefe da Seção de Telecomunicações do 1º GCC As operações e os exercícios militares da Força Aérea Brasileira demandam grande fluxo de dados para a execução do ciclo de Comando e Controle e do emprego do Poder Aeroespacial. Em sítios nos quais a infraestrutura de comunicações é insuficiente ou inexistente, é comum só ser possível disponibilizar o volume de dados necessários através de enlaces por satélite. A missão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) de gerenciar as atividades relacionadas com a instalação, a operação e a manutenção dos meios transportáveis de Comunicações, Controle e Alarme Aerotático está intimamente relacionada às comunicações por satélite. Elas constituem um ramo fundamental das atividades, sendo empregadas em cerca de 95% das missões apoiadas. Em 2004, foi iniciado um processo de modernização no 1° GCC, objetivando ampliar seu escopo de atuação e sua capacidade em apoiar as demandas crescentes de fluxo de dados e voz nas operações e exercícios do Comando da Aeronáutica (COMAER). Como parte desse projeto, foram introduzidos os primeiros terminais satelitais transportáveis, esses capazes de se conectarem à rede TELESAT, uma ampla e eficiente rede de telecomunicações por satélite do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Essa rede opera na faixa de frequências da banda C, que é empregada como veículo para o tráfego de dados e voz utilizados no controle de tráfego aéreo civil e mili24

tar. Diante da nova capacidade de tráfego de dados adquiridos, as comunicações por satélite tornaram-se, rapidamente, parte fundamental das atividades do 1° GCC. Elas proporcionam o tráfego de maior volume de dados e voz, bem como a possibilidade de integrar novos dados como: sinal radar, telecomando de canais de comunicações terra-ar, acesso à rede interna do COMAER, a INTRAER, dentre outros que não eram possíveis com os recursos de comunicações existentes até o advento das comunicações por satélite. Após a introdução dos primeiros terminais da rede TELESAT, foram inseridos os terminais transportáveis do Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), gerenciados pelo Ministério da Defesa (MD) e capazes de proporcionar interoperabilidade entre as Forças Singulares, através da Rede Operacional de Defesa (ROD) e da rede telefônica SISCOMIS. A operação dos terminais transportáveis do SISCOMIS na banda X, faixa de frequência utilizada exclusivamente pelas Forças Armadas, adicionou nova capacidade de emprego ao COMAER e maior sinergia entre a Força Aérea e as demais Forças Singulares nas Operações Conjuntas, coordenadas pelo Ministério da Defesa.

Atualização constante A constante demanda de emprego de terminais satelitais, pelo aumento da capacidade de tráfego de dados e por maior mobilidade e flexibilidade, determinou o início


de um projeto de atualização das comunicações por satélite que se tornou permanente. Teve início em 2010, com a aquisição de quatro terminais com parábola de 2,4 metros de diâmetro, maior mobilidade e menor tempo de instalação. Na sequência, veio a adoção de modems satélite, com maior eficiência e gerando uma economia de metade dos recursos antes aplicados. Os primeiros testes dessa tecnologia na Força Aérea foram conduzidos pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1°/1° GCC) e pelo Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ), em 2011. Como consequência, foi possível quadruplicar a taxa de transmissão de dados dos enlaces disponibilizados às missões apoiadas e, em cenários com maior demanda, aumentar em até oito vezes. Em 2012, foram adquiridos mais quatro terminais satelitais, com parábola de 2,4 metros, esses construídos integralmente em fibra de carbono e customizados às necessidades do COMAER, conforme especificações técnicas elaboradas pelo 1°/1° GCC. Como o peso e o volume de transporte é cinco vezes menor do que dos demais terminais existentes, é possível o transporte por meio de qualquer aeronave da FAB e, até mesmo, por viaturas utilitárias de pequeno porte. Em 2014, foram recebidos dois terminais transportáveis com capacidade de conexão a rede de controle de tráfego aéreo brasileira, a ATN-Br. Eles permitiram o início do emprego de enlaces por demanda (DAMA), otimizando o uso dos recursos satelitais disponíveis e o tráfego de serviços da ATN-Br. No final daquele mesmo ano, foi concluído um projeto iniciado dois anos antes, para a integração de sistemas de comunicações e estação satelital a uma viatura robustecida, capaz de deslocar-se por estradas e terrenos de difícil acesso, o projeto Marruá. O sistema entrou em operação em 2015, e proporcionou nova capacidade ao 1° GCC por sua mobilidade e capacidade de emprego imediato de sofisticados sistemas de comunicações, em caso de acionamento. De 2015 a 2018, foi dada continuidade ao processo de aquisição de novos terminais satelitais, que permitiram a atualização dos equipamentos disponíveis em todos os esquadrões subordinados ao 1° GCC. Também foram recebidas mais duas estações com capacidade de conexão à rede ATN-Br.

Em 2018, foi iniciado estudo técnico com a finalidade de ampliar a capacidade dos modems satelitais do Grupo Mestre. Como resultado, a capacidade dos enlaces utilizando tecnologia de cancelamento adaptativo foi ampliada de 1 Mbps para 5 Mbps e novas técnicas de modulação, de compressão de dados e de aceleração TCP foram adotadas, acarretando maior eficiência no uso dos recursos satelitais e maior capacidade de tráfego de dados. Em 2022, enlaces de 10 Mbps estão se tornando usuais, refletindo a constante busca por maior velocidade de tráfego de dados, objetivando o melhor atendimento às necessidades operacionais do COMAER. A atualização dos terminais transportáveis do SISCOMIS, iniciada em 2016, cujos terminais que encontravam no final de seu ciclo de vida, foram substituídos por novos terminais. Em 2020, os modems e roteadores dos terminais transportáveis adjudicados ao 1° GCC foram atualizados com a finalidade de proporcionar maior capacidade de tráfego de dados. O acervo atual de terminais do SISCOMIS conta com três terminais transportáveis e um terminal leve no 1°/1° GCC, em Santa Cruz, no Rio de Janeiro (RJ); um terminal transportável no Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (2°/1° GCC), em Canoas (RS); dois terminais transportáveis no Quarto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (4°/1° GCC), em Santa Maria (RS) e um terminal transportável no Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5°/1° GCC), em Porto Velho (RO).

Momentos marcantes Nos cerca de 18 anos de operação das comunicações por satélite, no âmbito do 1° GCC, algumas missões deixaram sua marca na história da organização militar. Em 2010, o 1° GCC foi acionado para operar na cidade de Porto Príncipe, no Haiti, com a finalidade de prover comunicações por ocasião do terremoto que assolou o país. Prontamente foi mobilizada uma equipe de especialistas em comunicações para instalar, configurar e manter operacional um terminal satelital transportável do SISCOMIS. Em 2011, fortes chuvas causaram uma tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro que resultou na morte de mais de 900 pessoas. Poucas horas após acionado, o 1° 25


GCC enviou uma equipe de técnicos para atuar na localidade, onde um terminal satélite proporcionou acesso à INTRAER e à telefonia operacional com a finalidade de permitir a coordenação das saídas e chegadas das aeronaves envolvidas nas missões de busca e resgate. A Copa das Confederações 2013, a Copa do Mundo FIFA 2014, os Jogos Olímpicos 2016 e os Jogos Paralímpicos 2016 foram eventos que representaram um grande desafio, mas por outro lado, uma oportunidade ímpar de crescimento para as comunicações por satélite da unidade. Toda a capacidade de comunicação satelital da OM foi empregada em prol da estrutura de comunicações disponibilizada pelo DECEA. Através de enlaces por satélite, foram usados recursos operacionais como as imagens das aeronaves remotamente pilotadas (ARP), canais de comunicações terra-ar, comunicações e troca de dados com as aeronaves E-99 envolvidas, alternativa à infraestrutura de comunicações cabeada, acesso à Rede Operacional de Defesa, a telefonia e aos sistemas operacionais do Ministério da Defesa (MD). Os Exercícios Multinacionais CRUZEX, em particular as edições de 2008, 2010, 2013 e 2018, representam momentos de destaque na história do 1° GCC. Os serviços implementados permitiram a realização de complexas Missões Aéreas Compostas (Composite Air Operations – COMAO), envolvendo as diversas plataformas aéreas do Brasil e das nações amigas participantes. Mais recentemente, na CRUZEX de 2018, foram ativados sítios de comunicações em Sousa, no estado da Paraíba; Caicó, Assu e Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte; e São José do Egito, localizado no sertão de Pernambuco. Ao todo, foram 34 novos canais 26

de comunicações terra-ar exclusivos ao Exercício, além do enlace por satélite de maior capacidade, ativado com recursos próprios das Forças Armadas até aquele momento, com taxa de difusão de dados de 13 Mbps, dedicado a três posições de videoconferência em alta resolução (full HD), ativadas entre Natal e Recife. Em 2017, o 1° GCC participou da histórica primeira transmissão do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). A transmissão utilizou o terminal transportável número 20 (TT-20), do 5°/1° GCC, que estabeleceu enlace e possibilitou a realização de videoconferência entre o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), em Brasília e o shelter (barraca tática) operacional montado na cidade de Vilhena (RO). A citada videoconferência, que marcou o início da operação do SGDC, contou com a participação de diversas autoridades, dentre as quais o Ministro da Defesa e o Comandante de Aeronáutica. Em 2019, o DECEA, em um projeto pioneiro e inovador, inaugurou a primeira Torre de Controle Remota da América Latina, localizada no aeródromo de Santa Cruz. O evento de inauguração contou com o apoio do 1° GCC no estabelecimento de um enlace satélite de alta capacidade para a realização de videoconferência entre Santa Cruz (RJ) e Brasília. No ano de 2020, um enlace satelital permitiu disponibilizar os recursos de comunicações necessários à inauguração da estação radar de Corumbá e, em 2021, com o mesmo apoio, proveram os recursos de comunicações para a inauguração da estação radar de Ponta Porã. Dois momentos históricos para a vigilância e monitoramento de nosso


espaço aéreo e nossas fronteiras, que contaram com a contribuição das comunicações por satélite do 1° GCC. Neste ano de 2022, no qual o Grupo completa seus 40 anos de história, ele foi acionado para atuar em mais uma missão nobre e marcante, a montagem de uma estação rádio em apoio às atividades de busca e resgate decorrentes da enchente que devastou a cidade de Petrópolis (RJ). Mais uma vez, as comunicações por satélite foram primordiais para disponibilizar os serviços e informações operacionais necessários à coordenação da atividade aérea e ao cumprimento da missão com máxima segurança, eficiência e eficácia operacional.

O futuro da Comunicação por Satélite A informação é um ativo fundamental às atividades militares, capaz de fazer a diferença entre a vitória e a derrota, entre a vida e a morte. Os enlaces por satélite constituem um meio consagrado de comunicações de longa distância, com possibilidade de conectar dois ou mais pontos geograficamente distantes, além da linha de visada, e proporcionar elevadas taxas de transmissão de dados, da ordem de centenas de megabits por segundo. Dentre os projetos e perspectivas na área, destaca-se a ampliação da segurança das comunicações satelitais, através da adoção de medidas de proteção dos enlaces com o emprego de modems com criptografia, proporcionando uma camada adicional de segurança. Ainda nesta linha de atuação, também faz parte o emprego de modems com capacidade de operar com espalhamento espectral, técnica pela qual o sinal é transmitido utilizando uma faixa de frequência superior a necessária, com a finalidade de proporcionar resistência a ruído, interferência intencional (jamming) e monitoramento por terceiros (espionagem). Características indispensáveis para proteção dos valiosos dados operacionais. Apesar da ampla e bem estruturada rede satelital na banda C do DECEA, que atende com eficiência e eficácia a demanda das Operações e Exercícios, a expansão do emprego do SGDC no âmbito das missões do COMAER faz parte da perspectiva de futuro da unidade. Sendo assim, o SGDC passaria a ser empregado não somente nas Operações e Exercícios conjuntos do MD, através dos terminais trans-

portáveis (TT) do SISCOMIS, mas também nas Operações e Exercícios Singulares do COMAER, pelo uso dos terminais da banda C, adaptados para emprego na banda X. Esses terminais serão capazes de proporcionar acesso direto à infraestrutura de comunicações do COMAER, ampliando consideravelmente a capacidade das comunicações por satélite da Força Aérea, atualmente concentrada na infraestrutura da banda C. Intensificar o emprego das estações da rede ATN-Br e de técnicas de acesso por demanda também faz parte da visão do 1° GCC para a área, assim como iniciar o emprego de enlaces de alta capacidade na banda Ka (High Throughput Satellite – HTS), capazes de proporcionar taxa de transmissão de dados superiores a 25 Mbps, permitindo o fluxo de imagens em alta resolução e o acesso eficiente a serviços utilizando protocolo de transporte TCP (Transport Control Protocol). É imperativo, em consonância com os recursos financeiros disponíveis, atualizar continuamente o portfólio dos meios satelitais disponíveis e empregá-los com a maior eficiência possível, extraindo o máximo de suas potencialidades, sempre mantendo o foco no pleno atendimento à necessidade operacional e no adestramento dos recursos humanos. Desta forma, as comunicações por satélites continuarão a ser uma poderosa aliada ao cumprimento da missão de Defender, Controlar e Integrar nossa Nação.

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A evolução histórica da radiodeterminação no âmbito do 1ºGCC Por: Capitão Engenheiro Adriano Vaz dos Santos - Chefe da Seção de Radiodeterminação O que muitos desconhecem é que o emprego de radares na história do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) remete a um período pregresso a sua própria ativação, o que podemos definir como a sua “pré-história” e que, curiosamente, iniciou a partir do atual Esquadrão de Comunicações. Portanto, para conhecermos o advento do emprego dos radares no âmbito do Grupo Mestre, é necessário voltar às décadas de 1940 e 1950 e analisar o contexto da época. Durante a Segunda Guerra Mundial, o mundo testemunhou o surgimento do radar. A notícia inicial da existência do referido equipamento chegou ao público no dia 7 de dezembro de 1941, quando os japoneses atacaram Pearl Harbor. Na época, foi noticiado que um aparato havia detectado a aproximação de aeronaves não identificadas 30 minutos antes do ataque, porém esta informação não foi utilizada. Neste contexto, o mundo foi apresentado ao Radio Detection and Ranging (RADAR). Com o advento desta nova tecnologia, que provocou transformações radicais nos meios disponíveis para controle aéreo, foi constatada a necessidade de criar uma Organização Militar, dedicada ao emprego destes meios recém-adquiridos, dentre eles os radares transportáveis SP-1M e AN/TPS-1B, voltados para o emprego de controle e alarme antecipado, e o AN/TPN-12, projetado para aproximação de precisão, os pioneiros da história dos radares de Defesa Aérea no Brasil. Como consequência natural, foi criado, em 8 de junho de 1982, oriundo da concepção dos 1º ECA e 2º ECA, o 1º GCC. Por fim, em 15 de agosto de 1986, foi criado o mais novo dentre os esquadrões, o 5º/1º GCC. 28

O 2º/1º GCC e o 4º/1º GCC assumiram a responsabilidade de instalar, operar e manter um Centro Diretor Aerotático, em sede ou deslocado, e para cumprir esta missão, passaram a operar o Mobile Reporting and Control System 403 (MRCS-403), sistema radar transportável de defesa aérea, desenvolvido pela empresa italiana Selenia, que operava na faixa de frequência de banda S, alcance de detecção de até 250 NM e que podia ser montado em uma torre transportável própria, com 12 metros de altura. O 2º/1º GCC contava ainda com o Mobile Automatic Reporting Station 402 (MARS-402), conhecido como “Pluto”. Também fabricado pela empresa Selenia, tratava-se de um sistema transportável composto por um radar de vigilância para cobertura do espaço aéreo a baixa altura, com alcance de detecção de 60 NM, um shelter de operações e uma unidade de energia. O 3º/1º GCC e 5º/1º GCC, no mesmo período, passaram a operar o Mobile Ground Controlled Approach composto pelo radar primário para vigilância terminal ATCR-33, o radar secundário SIR-7 e o radar de aproximação de precisão PAR-2080. Os sistemas descritos anteriormente colaboraram sobremaneira para o êxito do cumprimento das missões dos referidos esquadrões por mais de 20 anos e, após o término da vida útil das respectivas equipagens, ocorreu o advento da segunda geração de radares do 1º GCC. Aos Esquadrões de Controle e Alarme foram incorporados os sistemas radares TPS-B34 oriundos do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Sinop-MT


e Tefé-AM), mobilizando o acervo técnico do 2º/1º GCC e do 4º/1º GCC, respectivamente. Este sistema foi modernizado no ano de 2014 e passou a incorporar um pacote com Medidas de Proteção Eletrônica. Devido ao fato do desempenho radar ser degradado devido ao retorno de solo do terreno adjacente, é interessante elevar a antena para obter uma melhor linha de visada, livre de obstáculos, o que acarreta na melhora da relação sinal/ruído e aumento da probabilidade de detecção de alvos que estejam voando a baixa altura. Visando cumprir com estes requisitos, o 1º GCC adquiriu, no ano de 2019, novas torres transportáveis para a elevação da antena do TPS-B34M, cuja principal característica é o menor esforço logístico para a sua operacionalização. Os Esquadrões de Controle, por sua vez, passaram a operar o moderno sistema PAR2000-T, recebidos entre os anos de 2010 e 2013, que conta com um radar primário com alcance de 30 NM, um radar secundário com alcance de 100 NM e um radar de aproximação de precisão com alcance de até 20 NM. Destaca-se que, no ano de 2015, o 5º/1º GCC foi definitivamente transferido da Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) para a Base Aérea de Porto Velho (BAPV). Esta mudança trouxe grandes desafios e, por conseguinte, grandes oportunidades de crescimento para o esquadrão, que passou a disponibilizar o serviço de controle de aproximação de precisão em uma região que possui condições meteorológicas desafiadoras para a condução das operações aéreas. Para cumprir missões desta envergadura, os equipamentos radares devem estar sempre em excelentes condições. Visando esta qualidade, o 1º GCC desenvolve pesquisa e estudos no sentido de avaliar as atuais carências. Nesta toada, estão em processo de contratação novos sistemas radares móveis de defesa aérea, modernização dos sistemas PAR atuais e a aquisição de novos radares em substituição aos atuais. O radar surgiu da necessidade do homem perceber, com antecedência, aquilo que ainda não podia ser percebido ou visto a olhos nus, da necessidade de antepor-se, de sobrepujar-se às ações adversárias, de estar na vanguarda. Estas características, que são intrínsecas ao sistema radar, podem ser perfeitamente estendidas à essência do 1º GCC, conhecido por ser uma Organização Militar (OM) que está sempre avante, que percebe com antecedência as necessidades de implementações tecnológicas, berço dos sistemas radares de Defesa Aérea no Brasil, no histórico 1º ECA, e que permanece honrando os esforços despendidos por homens e mulheres que construíram a história desta formidável unidade. 29


DACOM: os olhos da Defesa Aérea O Sistema de Defesa Aérea e Circulação Operacional Militar (DACOM) é a principal ferramenta de tecnologia da informação atualmente em uso no Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) e o 1° GCC inicia a implantação de sua modernização Por: Tenente Engenheiro Eletrônico Heber Figueiredo Junior - Chefe da Seção de Tecnologia da Informação O Sistema de Defesa Aérea e Circulação Operacional Militar (DACOM), desenvolvido na década de 90, é a principal ferramenta de tecnologia da informação atualmente em uso no Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), que exerce a supervisão e a coordenação das atividades de manutenção da soberania do espaço aéreo brasileiro. A Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) está trabalhando, desde o início de 2021, no projeto de sua modernização. Depois de mais de 20 anos, a CISCEA entende que é necessária a evolução do Sistema de forma a atender às novas diretrizes operacionais do SISDABRA. O processo de modernização do Sistema aconteceu numa data histórica para o País, quando a Força Aérea Brasileira (FAB) comemorou os seus 80 anos. E o DACOM faz parte dessa trajetória, contribuindo para o sucesso das missões das Forças Armadas. Uma das missões que se destacaram no ano de 2021, com o apoio do sistema, foi o Exercício Operacional PAREX 30

I, no Campo de Provas Brigadeiro Velloso (CPBV), na Serra do Cachimbo (PA), cujo objetivo foi treinar a mobilidade e a pronta-resposta da unidade frente aos acionamentos imprevistos. No mesmo ano, o sistema apoiou 105 militares do Batalhão de Combate Aéreo, organização subordinada ao Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra, na realização do Exercício do Componente de Combate Aéreo (CCAEx) na Base Aeréa Naval de São Pedro da Aldeia (RJ). O projeto de modernização visa a elaboração de conceitos operacionais e especificações técnicas que servirão de base para uma nova concepção sistêmica. Serão incorporadas ao sistema novas tecnologias e arquitetura modular à atual versão implantada, bem como o desenvolvimento de novas funcionalidades de apoio à decisão, pautadas na integração de dados e na troca de informações em um outro patamar de tecnologia. O objetivo é uma eficiente condução de missões de Defesa Aeroespacial e de Operações Aéreas Correntes. Além da adoção de conceitos de software modular e escalável, que possibilitem incorporar os novos recur-


sos computacionais do mercado e novos componentes para atender às necessidades identificadas ao longo desses 20 anos. A nova concepção visa tornar viável uma atuação institucional das Forças Armadas de forma integrada, proporcionando maior agilidade na tomada de decisão colaborativa para o preparo, articulação e emprego dos meios de combate para a Defesa Aeroespacial. O projeto trará benefícios voltados para um desempenho mais eficaz de diversos órgãos do SISDABRA, como os Centro de Operações Militares (COpM), o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) e o Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1ºGCC).

Os passos para implementação do projeto com as interações entre a CISCEA, a empresa contratada e os órgãos operacionais envolvidos diretamente na utilização do sistema já foram iniciados. No segundo semestre do ano de 2021, foram realizados os testes em voo com a aeronave do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) para interligação dos sistemas radares com o DACOM do 1°GCC para a sua homologação. Está previsto para o primeiro semestre de 2022 o treinamento por parte da empresa contratada e a entrega definitiva do Sistema para o Grupo Mestre e esquadrões subordinados.

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Operação Brumadinho Por: Major Aviador Leonardo André Haberfeld Maia - Comandante do Esquadrão Morcego Era tarde do dia 25 de janeiro de 2019, uma sexta-feira, e eu me preparava para, na segunda seguinte, comandar a tropa do 1º GCC na passagem de comando da unidade, já que estava assumindo a Divisão de Operações do Grupo. Recebi a ligação do Oficial de Operações do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC - Esquadrão Profeta), o Tenente Joebson, que me informou sobre um acidente em Minas Gerais. Ele já tinha solicitado aos militares do Esquadrão Profeta para se prepararem caso fossem acionados. O acompanhamento da conjuntura nacional é uma prática do GCC para ser capaz de prover uma pronta resposta se acionado. Naquele momento, inteirei-me do ocorrido e, consternado com o acidente, comecei a colocar de sobreaviso militares dos esquadrões subordinados para uma eventual necessidade de termos de realizar o controle do espaço aéreo na região de Brumadinho. À noite recebemos a ordem do Comandante do 1º GCC para deslocarmos equipes para a região e estabelecermos um Serviço de Informação de Voo de Aeródromo (AFIS), conhecido comumente como “Rádio”. Eu me voluntariei para liderar a missão, já que assumiria, na semana seguinte, a função de “Operações do Grupo", que colocaria militares em situações críticas de operação. Nada 32

mais correto do que eu tentar dar o exemplo na primeira missão do ano. Consegui contatar um elo da Polícia Militar de Minas Gerais que estava já no local do sinistro, o qual me informou que a situação era bem crítica em termos de estrutura, em virtude da destruição causada pelo acidente. Reunimo-nos, cada equipe em sua unidade (1º GCC e 1º/1º GCC), e prosseguimos para Brumadinho-MG, varando a madrugada na estrada. O objetivo era estarmos na região ao nascer do dia. Nesse trajeto, deparamo-nos com uma área destruída por um extenso rio de lama e uma ponte em pedaços. Ali, começamos a ter uma noção da dimensão do estrago causado pelo rompimento da barragem. Retornamos à estrada e prosseguimos por outro caminho. Ao chegarmos ao local, estabelecido como Centro da Operação, determinei à equipe que deveríamos constituir um AFIS na “Zona Quente” da Operação, no Córrego do Feijão, local próximo da barragem rompida, e outro AFIS e um Centro de Coordenação no ponto em que estávamos. Esse desmembramento da equipe em dois AFIS teve como embasamento experiências adquiridas pelo GCC durante a Operação Serrana, em 2011, e da operação em Linhares, em 2013. Ao longo do primeiro dia, estabelecemos as comunicações no AFIS instalado na Faculdade ASA, apoiando as


Missões

aproximações no heliponto da quadra de futebol. À tarde, recebemos o reforço de militares do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Confins (DTCEA – CF). Ao fim do dia, soube pelo Comandante do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) que eu tinha sido designado pelo Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) como Chefe do Centro de Operações Aéreas (COA) da missão, ao qual estavam subordinadas aeronaves de asas rotativas de grande porte das Forças Armadas, já localizadas em Belo Horizonte. Dessa forma, as estruturas do 1º GCC passaram a ser o COA da Operação Brumadinho. Apresentei-me ao Oficial de Supervisão Operacional (OSO) do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) na ocasião e inteirei-me das diretivas acerca das Ordens de Alerta dos “H-36” da Força Aérea Brasileira (FAB), do Exército Brasileiro (EB) e da Marinha do Brasil (MB). Na primeira noite, não foi possível dormir, pois precisávamos estabelecer, o quanto antes, o Plano de Controle e de Coordenação do Espaço Aéreo (PCCEA) para a Operação. Nessa madrugada, por volta das 5h, acionou-se o alarme de possibilidade de rompimento de outra barragem na região de Brumadinho. Ao chegar ao quartel-general, soubemos que, caso viesse a romper essa barragem, algumas famílias que estavam isoladas seriam atingidas. No mesmo momento, acionamos as tripulações dos helicópteros de grande porte para se deslocarem para Brumadinho. Com isso, estabelecemos que o campo de futebol externo da faculdade ASA seria o heliponto para os helicópteros de grande porte. A operação a cada momento se tornava mais complexa, muitas aeronaves pousavam e decolavam nos helipontos estabelecidos, aeronaves de diversos órgãos, federais, estaduais, inclusive privados, que queriam ajudar. Como parte do PCCEA, estabelecemos um Notice to Airman (NOTAM), criando uma área de exclusão da operação, na qual somente aeronaves tripuladas cadastradas por nós

estariam autorizadas a voar e as não tripuladas (drones) precisavam de autorização específica do COA. Lembro-me de, na ocasião, reunir-me com os militares do 1º GCC e do DTCEA-CF e falar para eles: “Nossa missão aqui é não deixar as aeronaves colidirem, não podemos gerar mais vítimas”. Com o aumento da complexidade, solicitou-se apoio ao 1º GCC, que encaminhou mais dois oficiais (Major Straffaci e Major Yuri), ambos do 3º/1º GCC e com cursos na área de busca e salvamento, para auxiliarem a condução das ações demandadas. As condições no terreno das buscas pelas vítimas pelo Corpo de Bombeiros eram bastante complicadas: a área coberta pela lama, ainda liquefeita, era bastante extensa e a destruição das vias de acesso impedia os bombeiros de acessarem os pontos de busca de forma célere. Nesse contexto, coordenou-se a viabilidade de utilização dos helicópteros de grande porte para apoio à infiltração e exfiltração dos militares envolvidos nas buscas e nos resgates, o que daria celeridade na alocação dos meios de buscas no terreno. No terceiro dia, recebemos a incumbência de coordenar a inserção de cerca de 135 militares israelenses no terreno para apoiar a busca das vítimas. Importante destacar que, quase que diariamente, as aeronaves do Ministério da Defesa realizavam resgates de equipes de busca que se encontravam em situação crítica de risco no terreno. Aeronaves de imprensa e voluntários solicitavam ininterruptamente acesso à área do sinistro. Esse fato demandou uma coordenação ininterrupta de “desconflitos” de voos, com base no NOTAM, para que fosse possível prover acessibilidade aos meios de comunicação e àqueles que queriam ajudar. Um ponto interessante foi a interação com a Polícia Militar e com entidades privadas para se debelar ações de curiosos com drones, que poderiam colocar em risco as operações aéreas. Ao longo da missão, diversos militares do 1º GCC se fizeram presentes, assumindo o COA Brumadinho e auxiliando nas buscas pelas vítimas da tragédia, como o Comandante

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do 1º/1º GCC à época, Tenente-Coronel Petrola; o Major Teixeira, dentre tantos outros, em especial dos esquadrões Profeta, Morcego e do Grupo Mestre. Os AFIS e os militares do GCC atuaram diuturnamente no estabelecimento do controle do espaço aéreo na Operação Brumadinho, durante os 29 dias de missão (entre 25 de janeiro e 22 de fevereiro). Ao todo, foram coordenadas pelo 1º GCC mais de 1500 infiltrações e exfiltrações no terreno, 8.883 movimentos aéreos (AFIS ASA: 2823; AFIS IGREJA: 6060), 156 horas de voo dos helicópteros das Forças Armadas e incontáveis horas de voo das diversas aeronaves que se fizeram presentes na ocasião, inclusive drones. Tudo isso em uma área de dimensões bastante restritas, com o apoio de diversas

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organizações às quais devemos agradecimento. Esse é o Grupo de Comunicações e Controle, sempre pronto para atender qualquer demanda que se faça presente, de forma rápida e assertiva. Naquela ocasião, apesar da tristeza presente no dia-a-dia da missão pelas vítimas da tragédia, o aprendizado foi muito grande e tivemos a certeza que fomos os guardiões, com os olhos e as palavras que cruzavam o ar, para que os anjos, que se colocavam em risco no terreno, pudessem atuar com a certeza de que cumpririam sua missão e regressariam para suas famílias. 1º GCC: Destreza em controlar, arte em comunicar. Braço Armado, DECEA Brasil!


Missões Operação Petrópolis Em fevereiro de 2022, a Prefeitura de Petrópolis decretou estado de calamidade pública, após desabamentos e alagamentos que provocaram centenas de mortes. No dia 17 daquele mês, 14 militares do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC - Esquadrão Profeta) se juntaram a operação aplicada pela Força Aérea naquela região. Com um caminhão e duas viaturas, ficaram responsáveis pela montagem de um Aerodrome

Flight Information Service (AFIS), ou Serviço de Informação de Voo de Aeródromo, que deu suporte às aeronaves que atuaram diretamente no socorro e apoio às vítimas. A tragédia foi provocada pela pior chuva já registrada no município desde 1932, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a fazer medições. O total, em um período de 24 horas, chegou a 259,8 milímetros. Mais de 200 pessoas morreram no desastre.

EXOP Carranca 2022 Por: Denise Fontes - ASCOM/DECEA A Força Aérea Brasileira (FAB) contou com o trabalho do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) no apoio ao Exercício Operacional de Busca e Salvamento EXOP Carranca. A operação logística realizada pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC – Esquadrão Profeta), unidade subordinada ao 1º GCC, teve início no dia 14 de abril, quando uma aeronave KC-390 levou oito toneladas de equipamentos para Florianópolis (SC). O 1º GCC ficou responsável pela montagem da estrutura operacional do Exercício, na Base Aérea de Florianópolis (BAFL), em Santa Catarina. A mobilização começou com um planejamento detalhado de todas as necessidades dos integrantes do Exercício. No que diz respeito às comunicações, por exemplo, todos os enlaces e conexões, desde um telefonema até um link de internet, os suportes de energia elétrica, ou mesmo a seleção de pessoal especializado para a manutenção dessas facilidades, foram fornecidos pelo Grupo. O Comandante do 1º GCC, Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Hennig, falou sobre a participação da Unidade no EXOP Carranca. "É mais uma oportunidade do Grupo empregar seus meios e militares a fim de fornecer o serviço de comunicações, comando e controle a todas as tripulações envolvidas e à Direção do Exercício (DIREX)”, disse. Durante o EXOP Carranca, foram ativados dois Subcentros de Salvamento, alocados em um shelter montado pelo 1° GCC, e funcionaram concomitantemente ao planeja-

mento e à coordenação das missões de Busca e Salvamento atendendo à demanda de voo da DIREX. “Foram deslocados diversos equipamentos, além de estrutura de apoio de modo a prover telefonia, rede intraer, computadores, rádios HF, cumprindo a missão do 1º GCC e participando desse importante treinamento de Busca e Salvamento da FAB”, acrescentou o Tenente-Coronel Hennig. Esse tipo de operação, com apoio fornecido pelo 1° GCC possibilitou o treinamento das equipes para atuarem de forma independente em qualquer parte do Brasil ou do mundo, como, por exemplo, em situações de calamidade pública e em desastres naturais. 35


Efetivo Capitão Anchieta: o baú de histórias Por: Aspirante Jornalista Fernanda Pereira - ASCOM/DECEA O avanço tecnológico é uma marca notória da história do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), mas não são os sistemas e equipamentos os únicos pilares dessa Organização Militar (OM). A engrenagem que mantém a unidade atuante e em constante evolução é composta, acima de tudo, por pessoas. Esse sempre foi o pensamento de um integrante em especial, o Capitão Carlos Alberto de Anchieta, 65 anos, ou apenas Capitão Anchieta, que dedicou 19 anos ao Grupo Mestre, sendo 14 deles à Seção de Comunicação Social. “Eu sempre entendi que o meu trabalho na Comunicação era contar a trajetória daqueles que construíam o 1º GCC, dia após dia, deixando de estar com seus familiares e abdicando do conforto de suas casas. Nas coberturas de missões e cerimônias, sempre tentei manter o foco no efetivo, nas pessoas, no que elas representam para a unidade. Para que, quando deixassem a Força Aérea, tivessem o seu legado registrado e pudessem ser reconhecidos pelos que os sucedessem”, conta o Capitão Anchieta. Ironicamente, ao deixar o serviço na ativa, o oficial percebeu que ele mesmo pouco tinha sido retratado nas publicações do 1º GCC. Isso porque estava sempre nos bastidores. Ainda assim, o significado do militar para a OM é perpetuado nas histórias que são contadas nas rodas de conversa, entre as diferentes gerações de militares do efetivo, e pelos casos que ele mesmo gosta, e muito, de contar. “Uma missão muito marcante foi a Cruzex II, que aconteceu em Canoas (RS). Passamos por muitas dificuldades. Teve um vendaval e faltou energia em uma grande área 36

do estado do Rio Grande do Sul. Mas, a estrutura que montamos permaneceu lá, a muitos metros de altura, com cerca de 100 pessoas, durante 50 dias”, relembra saudoso o oficial. Para definir uma missão de tamanho sucesso, o militar usa o seu famoso bordão: "beautiful"! Expressão que certamente todos que trabalharam com ele já ouviram. Costumava usá-la para quase tudo: fosse para elogiar pessoas e tarefas, fosse para incentivar e divertir a equipe, como explica o Segundo Sargento Marcelo de Paula Leonardo, seu colega de trabalho na Comunicação Social do 1º GCC por 14 anos. “Esse bordão é uma marca registrada e muito conhecido nos rincões da Força Aérea. Sempre era entoado ao final de uma missão bem-sucedida. O Capitão Anchieta, sempre dedicado, incansável, abnegado e excelente profissional, é uma daquelas pessoas que passam pelas nossas vidas deixando um pouco de si, norteando os nossos caminhos”, declara o sargento. A história do capitão no Grupo Mestre começou em 2002, quando, após quatro tentativas, passou na prova de oficial da Força Aérea. Escolheu trabalhar no Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC - Esquadrão Profeta), na época instalado em Santa Cruz. Chegou como Segundo Tenente e foi convidado pelo Tenente-Coronel Aviador Celson Jeronimo dos Santos para trabalhar no 1º GCC. “Comecei como chefe da Seção de Material. Eu fiz o primeiro gerador portátil colocado sobre rodas, em cima de uma plataforma móvel, o que conferia mobilidade e agilidade ao equipamento. Essa base com rodas, nos permite deslocar o equipamento com facilidade


em qualquer local, sem a ajuda de uma empilhadeira. Isso facilita operações em locais com condições adversas, como a Amazônia”, relata o capitão. E foram tantas as contribuições para o avanço do Grupo Mestre que o Capitão Anchieta e outros dois militares contemporâneos, o Capitão Sachini e o Capitão Ricardo, ficaram conhecidos como “Trio Balboa”, em referência ao

mesmo local. Quando estamos longe da família e com saudades, essa interação com os amigos é fundamental para cuidar do emocional da equipe”, conta o oficial. Esse pensamento coletivo foi que tornou o Capitão Anchieta uma referência, um líder para os demais integrantes do efetivo. A história do 1º GCC se entrelaça com a própria história de vida do militar. Suas digitais estão em muitas das conquistas do Grupo Mestre, inclusive o da sua sede. A princípio, a unidade migraria para Campo dos Afonsos, mas o oficial ficou sabendo sobre a disponibilidade de um térreo da Segunda Força Aérea (II FAE), na Ponta do Galeão. “Um amigo comentou comigo sobre aquela área, que continha um campo de futebol e muitas árvores, apenas. Informei ao Tenente-Coronel Maurício e fomos visitá-lo. Ele concordou que atendia bem às nossas necessidades e eu fiquei muito feliz porque era próximo da minha casa, já que moro na Ilha do Governador”. Em agosto de 2021, o Capitão Anchieta deixou o serviço ativo na Força Aérea para dedicar mais tempo à própria família - a esposa Luziete Santana de Anchieta e os dois filhos, Rômulo e Yasmim. O seu legado, no entanto, permanece enraizado no 1º GCC, tanto quanto a pedra fundamental da unidade que identifica a sede, que ele mesmo ajudou a escolher.

Trio "Balboa": Capitão Sachini, Capitão Anchieta e Capitão Ricardo

personagem Rocky Balboa, do filme de mesmo nome. Em comum, eles tinham a habilidade de fazer várias coisas e resolver todo o tipo de problema. “Nós éramos os primeiros a chegar e várias atividades eram desempenhadas por nós. Nos chamavam assim porque éramos ‘duros na queda’”, explica Anchieta. Uma dessas tarefas era participar de missões que treinavam novos integrantes para serem operadores aerotáticos. “A missão de treinamento que mais marcou minha carreira foi uma que realizamos no Pico do Couto, em 2003. Ficamos uma semana e havia muita névoa, muito frio. Um dos colegas se machucou, ficou com olho roxo e, para ele não se sentir constrangido, todos usamos uma fita adesiva no

Instrução aos operadores aerotáticos no Pico do Couto

Capitão Anchieta na Pedra Fundamental do 1º GCC

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Efetivo Os nomes da Seção de Comunicação Social do Grupo Mestre Por: Aspirante Jornalista Fernanda Pereira - ASCOM/DECEA

Durante 14 anos, o Capitão Anchieta contou com um importante reforço na Seção de Comunicação Social do 1º GCC: o agora Segundo Sargento Marcelo de Paula Leonardo, de 41 anos. O militar que ingressou na Força Aérea em 1999 como Soldado de Segunda Classe, foi convidado pelo então comandante, Coronel José Alves Candez Neto, para se apresentar no Grupo Mestre em julho de 2003. “O Capitão Anchieta disse que estavam precisando de fotógrafo e eu me voluntariei. Depois veio a demanda do Photoshop. Aprendi tudo sozinho, sem ter feito nenhum curso. Comecei na secretaria e, com o tempo, fui desenvolvendo as outras atividades de Comunicação. Viajei para muitas missões, sempre dando apoio e cobrindo para os canais do 1º GCC, inclusive escrevendo textos. A demanda na seção é variada e o orgulho de servir é muito grande”, conta. Segundo Sargento Marcelo de Paula Leonardo

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O cargo do Capitão Anchieta de Chefe da Seção de Comunicação Social foi transferido, no ano passado, para outra iniciante na Comunicação, a Primeiro Tenente Engenheira Eletrônica Bianca Araújo Rangel Vilar, de 40 anos. Ela, que se apresentou no 1º/1ºGCC em 2015, seguiu para o PAME-RJ, onde permaneceu até 2019, e em outubro de 2019, alcançou seu objetivo, sendo transferida para o Grupo Mestre e atuando como Adjunta da Seção de Telecomunicações, na Divisão Técnica. “Foi um desafio muito grande, por dois motivos. Primeiro, porque eu não tinha muito contato com o Tenente-Coronel Hennig e tive que aprender tudo sobre o jeito dele de trabalhar. Em segundo, porque eu nunca tinha trabalhado com nada parecido. Mas, quando me designaram eu disse que tentaria fazer o meu melhor como faço sempre. E me apaixonei pelo trabalho, porque nossa principal função é apresentar para a Força Aérea o que é, o que faz e qual a importância da nossa unidade”, contou a oficial. Primeiro Tenente Engenheira Eletrônica Bianca Araújo Rangel Vilar

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Efetivo A conquista feminina no 1º GCC Em 1982, elas chegaram pela primeira vez às escolas da Aeronáutica, formando-se Sargentos e Aspirantes a Oficial. De lá pra cá, as mulheres somam mais de dez mil militares no efetivo da Força Aérea Brasileira (FAB) e alcançaram o generalato, atuando nas mais diversas áreas, sejam administrativas, da saúde ou operacionais. Neste artigo, contaremos a história de duas mulheres que marcaram a história do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) com profissionalismo e amor à farda. Por: Marcelo de Paula Leonardo - Segundo Sargento TAR Edição: Aspirante Jornalista Fernanda Pereira - ASCOM DECEA; Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER)

A pioneira do Grupo Mestre A primeira mulher a ser designada para o 1º GCC foi a Primeiro Sargento Especialista em Administração Flávia Rodrigues de Souza Moreira. Formada em novembro de 2001, pela Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), ela foi classificada no Quarto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (4º/1º GCC - Esquadrão Mangrulho). No entanto, no ato de sua apresentação, foi designada para prestar serviço na Base Aérea de Santa Maria (BASM). Após completar dois anos naquela localidade, foi transferida para o Rio de Janeiro, chegando ao 1° GCC em maio de 2004. Primeiramente, exerceu a função de encarregada da Secretaria de Comando e, posteriormente, de auxiliar da Seção de Pessoal Militar. “Eu percebia que, no início, todos ficavam surpresos, porque não estavam acostumados a ver uma mulher na unidade, mas fui muito bem recebida por todos. Eu percebia o respeito e a consideração que tinham comigo, sempre com muito profissionalismo”, relembra a militar. Ela destaca que o 1° GCC foi a Organização Militar mais desafiadora por onde passou. Realizou o Curso de Operador Aerotático, cuja finalidade é capacitar o militar a

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Primeiro Sargento Flávia Rodrigues de Souza Moreira

operar equipamentos de comunicação HF transportáveis, ministrado pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1°/1° GCC - Esquadrão Profeta). A partir de então, participou de inúmeros Exercícios e Operações Militares. “Na minha especialidade, nunca imaginei que pudesse fazer algo tão diferente e especial na Força Aérea, como integrar as equipes de comunicação em uma operação militar, por todo esse País. Em todas as missões, outros militares questionavam se já tinha mulher Especialista em Comunicações na FAB. Isso demonstrava o quanto o 1° GCC era uma unidade diferenciada e o prazer enorme que eu tinha em pertencer ao Grupo”. A sargento destaca, ainda, suas participações em grandes operações, como a TIMBÓ, a SOLIMÕES e a PORAQUÊ, na região Norte e a CRUZEX, no Nordeste, dentre outras. Atualmente integrando o efetivo da Base Aérea dos Afonsos (BAAF), segue realizada por todo o aprendizado alcançado e sonhos concretizados ao longo dos seus 20 anos de serviço.


Comando feminino Com o passar do tempo, as mulheres foram ocupando novos espaços no GCC, a exemplo do que ocorre em toda a Força Aérea. A Major Aviadora Marcia Regina Lafratta Cardoso, aos 38 anos, tornou-se a primeira mulher a comandar uma unidade militar operacional da FAB, 1º/1° GCC. A passagem de comando ocorreu em janeiro de 2022, na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro, e o fato se somou às diversas conquistas da carreira da Major, que inspira outras militares e, também, mulheres civis que sonham em ingressar nas Forças Armadas. Em 2006, ela se formou Aspirante a Oficial na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), compondo a primeira turma de mulheres aviadoras da FAB. Nos anos seguintes, tornou-se a primeira mulher piloto de Busca e Salvamento da Força Aéres Brasileira (FAB). Ao longo da carreira, atuou em missões de grande relevância, como a busca de uma aeronave desaparecida em Boa Vista (RO), em 2011, e a missão humanitária de amparo às vítimas das chuvas no Espírito Santo, em 2014. “É gratificante poder ajudar a população. No caso de Boa Vista, lembro da emoção que senti

quando avistamos um sobrevivente e pudemos coordenar o seu regresso, a salvo, para a sua família. Aquela cena nunca sairá da minha cabeça”, relata a oficial. A Major Marcia foi promovida ao atual posto em 31 de agosto de 2019. Concluiu todos os cursos acadêmicos de carreira e diversos treinamentos operacionais. Possui cerca de 1.300 horas de voo e ocupou cargos de chefia de diversos setores nas OM pelas quais passou. Foi condecorada com a Medalha Militar de Bronze e a Medalha Mérito Santos-Dumont.

Major Aviadora Marcia Regina Lafratta Cardoso

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Artigo Aprendizado constante e desenvolvimento garantido Por: Brigadeiro do Ar André Gustavo Fernandes Peçanha - Chefe do Subdepartamento de Administração do DECEA

O Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1° GCC) e seus cinco esquadrões subordinados são unidades da Força Aérea Brasileira, mais especificamente do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), nas quais o Oficial e o Graduado possuem ampla possibilidade de crescimento profissional. Além disso, também são portas de entrada para o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). O desenvolvimento pessoal abrange três áreas básicas do controle do espaço aéreo: o técnico, o operacional e administrativo. Os militares que ingressam no GCC lidam diariamente com desafios, tecnologia, planejamento e execução, bem como aprendem a tomar decisões compartilhadas, contribuindo para a segurança do controle do espaço aéreo e para a satisfação dos usuários dos voos nos 22 milhões de quilômetros quadrados brasileiros. O crescimento individual e, consequentemente, coletivo é gradual e contínuo. Iniciamos o aprendizado da parte técnica, fundamental para o suporte de todas as conexões e redundâncias existentes no sistema e que permitem manutenção e troca de informações de segurança, que são fundamentais para os diversos Regionais e têm o objetivo de manter a consciência situacional dos controladores e permitir a fluidez das decolagens, voos de cruzeiro e pousos seguros. Em seguida, nos envolvemos com a parte operacional, que é cheia de detalhes e inovações, requerendo um estudo ininterrupto e uma visão de cenários futuros, capazes de conduzir o DECEA para voos cada vez mais integrados, sustentáveis e alinhados com as tecnologias no estado da arte. Tudo isso para que o usuário se sinta parte de algo maior e mais duradouro, conectado com as melhores práticas em uso. A terceira, e não menos importante área, é a administrativa, porque aqui os militares, com a bagagem de conhecimento adquirido nas áreas técnica e operacional, podem aprofundar pesquisas, planejar linhas de ação, capacitar pessoas, criar treinamentos, executar planos e programas, além de retroalimentar o sistema com o norte de aperfeiçoamento contínuo e certificado. Esse trabalho garante um voo alinhado com os grandes objetivos da alta direção, 42

Brigadeiro do Ar André Gustavo Fernandes Peçanha

logicamente pautados no desenvolvimento do Brasil e do mundo. Hoje, com 35 anos de serviço dedicados à Força Aérea Brasileira, e metade deste período labutando no SISCEAB, tenho a honra de poder agradecer todo conhecimento que foi dividido e potencializado entre todos os militares e civis, homens e mulheres, durante períodos diurnos e noturnos; no norte, no sul, no centro, no leste e no oeste, dentro e fora do País; em missões técnicas, operacionais e administrativas. Desde um simples rádio VHF até uma mega operação CRUZEX, o aprendizado compartilhado e objetivo garante o sucesso da operação diária do DECEA, mundialmente reconhecida, e contribui efetivamente para um Brasil de todos. É fundamental render uma homenagem, nestes 40 anos de história, a todos os precursores que com coragem, preparo e dedicação criaram um caminho sólido e seguro, de forma a apoiar todas as correções necessárias em função do surgimento de novas tecnologias, novas formas de operar, novos equipamentos e adequações administrativas transparentes, totalmente alinhadas com o DNA da Força Aérea e, consequentemente, do DECEA e de suas unidades subordinadas.


Efetivo Carreiras impulsionadas pelo 1º GCC Por: Aspirante Jornalista Fernanda Pereira - ASCOM/DECEA A possibilidade de crescimento “Entrei no esquadrão como uma profissional a partir da atuação no menina, com 20 anos, e saí como Primeiro Grupo de Comunicações uma mulher, pessoal e profissionale Controle (1º GCC), descrita pelo mente. Foi exigido bastante de mim: Brigadeiro Peçanha, no artigo ana necessidade de prontidão, de estar terior, é comprovada por várias sempre viajando e habilidade de histórias de ex-integrantes que trabalhar em equipe. Tudo isso foi tiveram a carreira impulsionada acrescentado ao meu modo de ser e após suas passagens pela unidame preparou para o desafio que esde. Isso se deve à preocupação tou vivendo hoje. O 1º GCC foi uma constante do Grupo Mestre em Segundo Sargento Gavazzi com seus pais, excelente escola e uma grande famíinvestir em capacitação, aperfeiJonatas e Belmira lia”, descreveu a Sargento. çoamento e atualização de seus profissionais. Esses são os casos No ano de 2007, com 19 anos, a das militares Segundo Sargento Angela Bitencourt Gavazzi recém-formada Terceiro Sargento Especialista em Eletrôe Segundo Sargento Kety Fuli. nica Kety Fuli se apresentava no Quarto Centro Integrado A Sargento Gavazzi, de 30 anos, saiu da Escola de Esde Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA pecialistas de Aeronáutica (EEAR) em dezembro de 2011, IV). Foi designada para o setor de áudio, onde conheceu quando tinha 20 anos de idade, e foi designada para atua Central de Áudio SITTI, que deu início a uma brilhante ar no Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Comutrajetória. Em 2009, devido à vasta experiência adquirida, nicações e Controle (2°/1° GCC). Para a recém-formada, o foi selecionada para realizar o curso da empresa desenvolassunto Defesa Aérea era muito novo e a militar precisou vedora do sistema, na Itália. consultar diversos conhecidos para entender do que se Em novembro de 2016, foi movimentada para o 1º GCC, tratava, antes de sua apresentação. E não foi essa a única com a finalidade de atuar na Seção de Telecomunicações. novidade que surgiu em sua vida nesta época. Moradora Com sua obstinação, espírito de corpo e vasto conhecimende Taubaté (SP), precisou mudar-se para Canoas (RS), onde fica a unidade, e se acostumar com a distância da família. to técnico, rapidamente conquistou apreço e reconheciNo Segundo Esquadrão, a graduada foi designada para o mento de todo o efetivo. Seu conhecimento profissional, curso de controladora de tráfego aéreo militar, em Manaus, aliado à sua capacidade de assessoramento e comproe para muitas outras viagens e capacitações. Em 2013, fez metimento proporcionaram ao 1º GCC e aos esquadrões um curso voltado para interceptação; em 2017, um curso subordinados, grande evolução nas áreas de gravação e para ser supervisora, adjunta do chefe controlador e, em distribuição de áudio através da execução de projetos, que 2018, foi para a Suécia fazer o treinamento no simulador. culminaram na implementação das duas primeiras cenPassou por diversas seções, como a de inteligência e a de trais de áudio transportáveis do Comando da Aeronáutica pessoal, sempre mantendo a ope(COMAER) e de soluções técnicas racionalidade, fazendo cursos de customizadas às necessidades das atualização, o que é uma diretriz operações e exercícios apoiados. do 1º GCC. Em janeiro de 2022, a sarOs projetos citados acarretaram gento Gavazzi passou a atuar nova capacidade de emprego aos na aviação civil, no Controle de Órgãos de Controle de Operações Aproximação (APP-SP), no CenAéreas Militares Subordinadas tro Regional de Controle do Es(OCOAM-S) dos Esquadrões e em paço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE). melhor logística para a instalaEm seu discurso de despedida do ção e operação de um OCOAM-S 1º GCC, ela enfatizou o quanto a desdobrado, permitindo a área passagem de dez anos pela unidaoperacional explorar novos cede foi importante para a conquista Segundo Sargento Kety Fuli nários de emprego. da nova posição. 43


Artigo As fases do Grupo Mestre Por: Terceiro Sargento Flavio Nunes Burgues - Seção de Suprimento Técnico

Eu me lembro com clareza do dia em que, trabalhando em uma rede de fast food aos 18 anos, recebi a notícia da minha aprovação no concurso para Soldado-de-PrimeiraClasse. A minha incorporação à Força Aérea Brasileira ocorreu em 2 de agosto de 1999, na Base Aérea de Santa Cruz, onde iniciei o curso de formação. Foram 4 meses de treinamento físico e técnico em Suprimento Técnico, a minha área de atuação e, ao término, fui designado para me apresentar no Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) que, na época, ocupava algumas salas do 4º andar do atual prédio do Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA). Logo na apresentação, pude perceber que aquela unidade, com uma estrutura tão pequena, continha um seleto grupo de pessoas, altamente capacitadas. Uma verdadeira família, através da qual tive o privilégio de absorver conhecimentos e valores que moldaram toda a minha vida profissional. Após dois anos da minha chegada, a unidade teve um grande desafio, que foi a mudança da sede para o atual prédio do Centro de Computação da Aeronáutica (CCA-RJ) e, posteriormente, para um prédio anexo no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL), que seria destinado ao seu Suprimento Técnico. Durante esse período, pude aprimorar meus conhecimentos e, ao participar de diversas Operações Militares como as operações CRUZEX, CSAR, Ágata entre outras, pude perceber a enorme evolução técnica do efetivo e a aquisição de novos equipamentos, mais modernos. Eles possibilitaram um enorme ganho operacional, fato que contrastava com a falta de espaço e estrutura física limitada para execução dos trabalhos. Até que, em agosto de 2015, fomos agraciados com a atual sede do Grupo, onde temos uma excelente estrutura para desempenhar nossas atividades diárias.

Terceiro Sargento Flavio Nunes Burgues

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Concomitante a todos esses eventos, no ano de 2005, fui promovido a Cabo. Em 2006, constituí uma família com minha esposa Graciane e, no ano de 2013, nasceu meu tesouro, minha princesa, minha filha Alice. Fui agraciado, em 2016, com a medalha Bartolomeu de Gusmão e, em 2022, ascendi à graduação atual de Terceiro Sargento. Minha trajetória pessoal, de crescimento e amadurecimento, segue paralelamente com a afirmação e protagonismo do 1° GCC. A unidade com seu efetivo, verdadeiramente, é o meu segundo lar! Só tenho a agradecer. Primeiramente, agradeço a Deus pelo privilégio de servir à Força Aérea Brasileira no 1º GCC, onde pude me desenvolver profissionalmente, realizando diversos cursos e participando de inúmeras operações militares. Agradeço ainda pelo apoio da minha família, que sempre entendeu que, para cumprir a missão, precisei me ausentar muitas vezes. E, por último, a todos os comandantes, chefes e companheiros de trabalho, que muito acrescentaram durante essa minha caminhada. Desejo a esta organização ímpar que o sucesso que hoje possui, com muito esforço, abnegação, dedicação e sacrifício, se estenda por mais 40 anos de muitas glórias.


Galeria de ex-comandantes Tenente-Coronel Av Ary Guimarães Pimenta De: 09 de julho de 1982 Até: 23 de dezembro de 1982

Tenente-Coronel Av Tacarijú Thomé de Paula Filho De: 23 de dezembro de 1982 Até: 17 de janeiro de 1985

Tenente-Coronel Av Álvaro Moreira Pequeno De: 17 de janeiro de 1985 Até: 1º de fevereiro de 1988

Tenente-Coronel Av Roberto Cardoso Vilarinho De: 1º de fevereiro de 1988 Até: 17 de janeiro de 1990

Tenente-Coronel Av Elias Miana De: 17 de janeiro de 1990 Até: 10 de janeiro de 1992

Tenente-Coronel Av Márcio Marques Soares De: 10 de janeiro de 1992 Até: 14 de janeiro de 1994

Tenente-Coronel Av Ronald Boabaid Rêgo De: 14 de janeiro de 1994 Até: 17 de janeiro de 1997

Tenente-Coronel Av Ricardo da Silva Servan De: 17 de janeiro de 1997 Até: 28 de janeiro de 1999

Tenente-Coronel Av Joanes Gregoratto De: 28 de janeiro de 1999 Até: 22 de janeiro de 2001

Tenente-Coronel Av Alexandre Carlos Santana Matta De: 22 de janeiro de 2001 Até: 4 de fevereiro de 2003

Tenente-Coronel Av José Alves Candez Neto De: 4 de fevereiro de 2003 Até: 28 de janeiro de 2005

Tenente-Coronel Av João Batista Oliveira Xavier De: 28 de janeiro de 2005 Até: 25 de janeiro de 2007

Tenente-Coronel Av Celson Jeronimo dos Santos De: 25 de janeiro de 2007 Até: 22 de janeiro de 2009

Tenente-Coronel Av Sérgio Luiz da Cunha Candea De: 22 de janeiro de 2009 Até: 14 de janeiro de 2011

Tenente-Coronel Av Carlos Henrique Afonso da Silva De: 14 de janeiro de 2011 té: 23 de janeiro de 2013

Tenente-Coronel Av André Gustavo Fernandes Peçanha De: 23 de janeiro de 2013 Até: 15 de janeiro de 2015

Tenente-Coronel Av Jorge Mauricio Motta De: 15 de janeiro de 2015 Até: 26 de janeiro de 2017

Coronel Av Cyro André Cruz De: 26 de janeiro de 2017 Até: 28 de janeiro de 2019

Tenente-Coronel Av Oscar Vinícius Pisco Rocha da Silva De: 28 de janeiro de 2019 Até: 21 de janeiro de 2021

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1º GCC e o futuro das operações militares Por: Major Aviador Renan dos Santos Cardozo- Chefe da Divisão de Operações Nos últimos anos, a Força Aérea Brasileira (FAB) tem aprimorado a sua estrutura organizacional, com foco em elevar as atividades operacionais. Ademais, com o advento de novos vetores como o F-39, conhecido como GRIPEN; do KC-390 e do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) e suas elevadas capacidades tecnológicas, fez-se necessário que todas as organizações, que suportam as operações desses novos vetores, busquem evoluir na mesma intensidade. Não obstante a esse aprimoramento, o Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) busca, incessantemente, acompanhar a evolução com foco na manutenção da soberania do espaço aéreo de nosso País, por meio do controle e alarme aerotáticos e comunicações aeronáuticas em campanha. No que tange às comunicações aeronáuticas, buscamos aprimorar nossos equipamentos e processos, por meio da capacitação de nosso efetivo para emprego do SGDC em sua máxima capacidade e com segurança das informações. 46

A já consagrada utilização das redes IP ganhará maior capacidade com a tecnologia 5G, onde poderemos atender com eficiência a demanda de novos sistemas em qualquer região do nosso País e, por que não, do planeta. A otimização das redes de contingência, por meio de comunicação em alta frequência (HF), encontra-se em pleno desenvolvimento no Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC - Esquadrão Profeta). Num futuro próximo, utilizaremos o "Hotel Fox" de maneira criptografada e com salto de frequência, em áudio e em texto. Seremos capazes, inclusive, de enviar qualquer dado de uma aeronave a qualquer centro de controle, de modo seguro e confiável, por meio do ENGINE, sistema que foi desenvolvido por militares do 1º/1º GCC. Nossos Esquadrões de Controle e Alarme (2º/1º GCC Esquadrão Aranha e 4º/1º GCC - Esquadrão Mangrulho) serão capazes de apoiar, de sede ou deslocados, os Centros de Operações Militares (COpM) em sua máxima capa-


Futuro cidade. Conseguiremos receber as sínteses de visualização dos radares espalhados nas Regiões de Defesa Aérea e compartilhar de suas frequências de controle. Com isso, seremos capazes de elevar nossa soberania aeroespacial e desenvolver táticas e técnicas com os novos vetores, aproximando cada vez mais o binômio piloto-controlador. Nossa meta é adquirir radares tridimensionais móveis, com elevada flexibilidade e mobilidade, sem prejuízo às tarefas de Força Aérea ou mesmo em apoio ao Estado em atividades humanitárias. Esses radares serão capazes de atuar em áreas de interesse da Força Aérea, em complemento ao sistema de radares existentes, ou até mesmo atuando como backups, em caso de contingência. Atualmente, estamos desenvolvendo a capacidade de operar remotamente nossos radares de aproximação de precisão (PAR- Precision Approch Radar), nos quais somente o radar e o corpo técnico necessário para a operação seriam deslocados, enquanto que o corpo operacional atuaria em sede, de forma segura e robusta. Com a homologação do "PAR remoto", em um futuro próximo, aumentaremos a flexibilidade e mobilidades desse sistema para qualquer operação militar. A aquisição de radares de precisão mais modernos para os Esquadrões de Controle (3º/1º GCC - Esquadrão Morcego e 5º/1º GCC - Esquadrão Zagal), elevará nossas capacidades de atuar em condições mais degradadas, conferindo o retorno seguro às equipagens aéreas, em aeródromos com pouca ou sem infraestrutura para tal. Ansiamos evoluir a doutrina e desenvolver novas capacidades de Guerra Eletrônica (GE) no Sistema de Controle de Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), por meio de campa-

nha e avaliações operacionais de nossos atuais e futuros radares em conjunto com o F-39. Além disso, buscamos entender e desenvolver doutrinas de Guerra Eletrônica voltadas às comunicações aeronáuticas, principalmente, as comunicações satélites por meio da banda X. Além disso, capacitar técnicos e operadores em GE deverá ser uma meta permanente para os próximos anos. Por meio do desenvolvimento e da aquisição do novo sistema de controle de tráfego militar (DACOM NG) e da implantação do LINK BR 2, seremos capazes de evoluir táticas e técnicas de emprego em combate de nossas aeronaves e artilharia antiaérea. E, nesse contexto, o desenvolvimento do fator humano (controladores e técnicos) é de fundamental importância para que possamos desenvolver doutrinas e boas práticas. A continuidade na capacitação em língua inglesa tem sido uma tônica no desenvolvimento de nosso fator humano. Desejamos ser referência para todos os demais órgãos de controle militares e projetamos operar, constantemente, em operações combinadas no Brasil ou exterior. Aprimorando essa capacidade, poderemos, inclusive, atuar em missões humanitárias da Organização das Nações Unidas (ONU) e em apoio a qualquer entidade estrangeira determinada pelo Estado Brasileiro. Por fim, reafirmamos a nossa missão de gerenciar as atividades relacionadas com a instalação, a operação e a manutenção dos meios transportáveis de comunicação, controle e alarme aerotáticos, tendo como norte a vontade e a perseverança de todos aqueles que já envergaram a bolacha do 1º GCC. Temos certeza de que as próximas gerações darão continuidade ao nosso legado por mais 40 anos.

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Futuro

Um projeto de futuro Por: Tenente-Coronel Aviador Diego Ilvo Hennig - Comandante do 1º GCC Os militares do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), do passado e do presente, sabem que a rotina nessa organização sempre foi muito atribulada e acelerada em virtude das diversas atividades operacionais, técnicas e administrativas. Porém, quando assumi o Comando, tinha como objetivo não somente desenvolver essas diversas tarefas e preservar o legado de meus antecessores, mas também poder fazer algo a mais pela unidade, conhecida nos jargões militares como “deixar meu tijolo”. Inspirado por uma frase de Peter Drucker: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”, entendi que estava na hora de planejarmos o futuro do GCC. Assim como o DECEA possui seus programas estratégicos voltados para a aviação civil, como o SIRIUS por exemplo, era preciso propor soluções de médio e longo prazos direcionadas para as operações militares, visando atender à atividade militar, com foco nos novos vetores e nas novas tecnologias a serem implantadas na Força Aérea Brasileira. Assim surgiu o Programa Estratégico de Sistemas Aplicados às Comunicações e Controle para as Operações Militares (PESACCOM). O programa tem o objetivo de planejar o desenvolvimento e/ou a aquisição de sistemas e equipamentos, o que colocará o 1º GCC e seus esquadrões subordinados em um nível tecnológico e operacional capaz de atender as necessidades da desejada “Força Aérea 100”. Dentro do Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER) e da DCA 11-45, “Concepção Estratégica Força Aérea 100”, existem diversas capacidades descritas que englobam a missão do 1º GCC, dentre elas novos radares de defesa aérea, sejam eles de vigilância, controle de interceptação, direção de tiro e aproximação de precisão; IFF mode 4; Link BR2; capacidade de guerra eletrônica; sistemas eficientes de comando e controle, entre outras. Neste planejamento, devido às características do 1º GCC, 48

as soluções devem estar calcadas em quatro importantes pilares: mobilidade, pronta-resposta, velocidade e confiabilidade. Além disso, é necessário uma preparação operacional e técnica para operar no padrão Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, também, visando a participação em missões da Organização das Nações Unidas (ONU). Os parágrafos abaixo são um breve relato sobre o que seria esse “futuro”, os quais foram concebidos com apoio da Divisão de Operações e Técnica. Um dos principais sistemas que aparelharão o 1º GCC é o Radar 3D Móvel, equipamento especificado ainda no Comando do Coronel Cyro, e que está mais próximo de ser adquirido pela Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), com previsão de licitação ainda este ano ou em 2023. Dentro das principais discriminações, que foram feitas a fim de atender a missão, estão a mobilidade, devendo ser transportado com uma “perna“ de C-130 ou KC-390; a detecção 3D de alvos a no mínimo 120NM; a capacidade de Guerra Eletrônica e duas posições de controle embarcadas no shelter. Existem radares deste tipo no mercado e alguns já empregados por Forças Aéreas no mundo. Algumas empresas estão em contato com a CISCEA e com o 1º GCC em vista de entender os requisitos e saber como poderão melhor atender às nossas necessidades.


duzi-los, descontinuando, assim, a cadeia logística desse equipamento. Desse modo, é primordial a aquisição de novos equipamentos para cumprir essa importante missão para a FAB.

Com objetivo de aumentar a pronta-resposta e a mobilidade de equipamentos de comunicação Terra-Ar-Terra, um dos projetos é possuir viaturas militares com os sistemas de comunicação já embarcados de modo a permitir, quando acionado, iniciar seu deslocamento, por meio aéreo ou rodoviário, até o Teatro de Operações (TO) e, assim, atender às necessidades da FAB com mais precisão e agilidade. São viaturas com maior robustez e já equipadas com rádios e antenas de V/UHF, DLRS, Estação Link BR2, SATCOM, rádio enlace, entre outros.

Vislumbra-se também viaturas similares à acima, porém com shelter acoplado onde poderá estar embarcada uma Célula de Comando e Controle ou um Órgão de Controle de Operações Aéreas Militares Subordinado (OCOAM-S), de acordo com a necessidade do TO.

Os atuais Mobile Ground-Controlled Aproach (MGCA) encontram-se em uma situação logística bastante degradada devido à empresa fabricante dos PAR-2000T deixar de pro-

Uma necessidade constante do DECEA, que antigamente era apoiada pelo 1º GCC, era a capacidade de instalar uma Torre de Controle nos locais desprovidos destes meios ou locais em que ela apresentasse algum problema. Desta forma, torna-se necessário um projeto para a aquisição deste tipo de equipamento com o objetivo de atender ao Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) ou ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), podendo até já imaginar uma Torre Remota Transportável em vista da constante evolução tecnológica nesse ramo e já presente em nosso Departamento. 49


As atividades do 1º GCC são realizadas com o constante emprego do ambiente eletromagnético, logo é preciso raciocinar com estruturas de Guerra Eletrônica com o objetivo de garantir as comunicações Terra-Ar e/ou Ar-Ar dos vetores da FAB, bem como impedir que o inimigo se utilize das comunicações livremente. Desta forma, uma capacidade importante é poder usar esse espectro, interferindo nas comunicações HF e V/UHF adversárias.

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O uso de sistemas satelitais é cada vez mais necessário, a fim de atender às operações militares em geral, principalmente em locais que não possuem estruturas físicas, somado ao fato do tráfego de dados necessários para se realizar um eficiente Comando e Controle, estar crescendo a cada ano. Deste modo, é necessário possuir sistemas que permitam esse incremento na banda de dados e o emprego dos satélites brasileiros de uso militar exclusivo, como o


Sistema Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC1) e o futuro SGDC2, este último ainda a ser lançado em órbita. Para isso, a aquisição de antenas satelitais com maior capacidade de tráfego de dados que operam na banda de frequência destes satélites, somado a uma maior mobilidade, deve ser planejada.

Outro projeto que irá agregar muita experiência operacional e técnica aos militares do 1º GCC é a participação de Oficiais e Graduados na Military Signal Units (Unidades de Sinais Militares) da ONU. O processo foi iniciado em 2022 junto ao Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) e, em curto prazo, agregará muitos frutos positivos em termos de doutrina técnica e operacional. Os dados acima foram somente uma amostra de uma ideia, ou posso dizer um sonho, que colocará o Grupo e seus esquadrões subordinados em um novo patamar de capacidades para o emprego militar. Este Programa ainda tem muito a ser desenvolvido nos próximos anos, podendo ser incorporadas novas doutrinas, sistemas e equipamentos, pois a tecnologia na aviação civil e militar possui uma evolução demasiadamente rápida, devendo os militares do 1º GCC estarem atentos a todas elas, de modo a aprimorarmos a semente aqui plantada e sempre buscarmos prestar um serviço de excelência à FAB e à nação brasileira.

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