Revista Aeroespaço 77

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Ano 20 • n° 77 | OUTUBRO • 2022 | www.decea.mil.br
Notícias Nova plataforma SARPAS NG facilita solicitações de voos de drones no brasil

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Notícias

Ano 20 • n° 77 - Outubro 2022

Solicitações para voos de DRONES cresceRAM 2.500% nos últimos cinco anos

Atento às demandas do setor, DECEA lança o SARPAS NG, versão aprimorada do sistema de autorização de voos de aeronaves não tripuladas.

EXPOSIÇÃO DECEA 80 ANOS GANHA VERSÃO ITINERANTE

No mês de junho, a mostra foi exibida em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ), e foi visitada por centenas de pessoas.

Tecnologia a serviço da Busca e Salvamento

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Dia do Controlador de Tráfego Aéreo: A história dos vigilantes dos céus

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Data foi escolhida em função do primeiro encontro dos profissionais desta especialidade em 1960.

Vinte anos do ingresso das primeiras MULHERES controladoras de tráfego aéreo da FAB

Militares seguem galgando novos degraus na carreira.

O Brasil foi reeleito membro do Grupo I do Conselho da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI)

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Votação é reconhecimento mundial do trabalho de excelência do país para o desenvolvimento econômico e a segurança na aviação.

URUGUAIANA E FERNANDO DE NORONHA SÃO CONTEMPLADAS COM ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS DE ALTITUDE AUTOMÁTICAS

Por trás de toda operação para encontrar e resgatar vidas, existe um intenso trabalho dos bastidores, que envolve uma rede integrada, monitorando possíveis incidentes 24 horas por dia. 24

Estações de sondagem trazem, de forma pioneira, a função automática no lançamento dos balões e atuarão em locais geograficamente remotos, de difícil acesso e em condições adversas.

PROFISSIONAL DESTAQUE: SUBOFICIAL GOUVÊA / PAME-RJ

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O militar executa seu trabalho na rede de tráfego aéreo (ATN-Br) de nova geração, baseada em IP, que representa uma significativa contribuição para a melhoria da segurança operacional e da capacidade do SISCEAB.

Nossa capa

Expediente

Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA

Projeto Gráfico/Diagramação:

Aline da Silva Prete (MTB 38334 RJ)

Fotografias: Fábio Maciel (RJ 33110 RF)

Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF)

Contatos: Home page: www.decea.mil.br Intraer: www.decea.intraer

Email: contato@decea.mil.br

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Nova plataforma SARPAS NG facilita solicitações de voos de drones no Brasil

JP)

Telefone: (21) 2101-6031

Editada em Outubro - 2022

produzido
Tenente-Brigadeiro
chefe da ASCOM/DECEA Major
Coordenação
2T
Redação: 2T
2T
Denise
por sua Assessoria de Comunicação Social - ASCOM Diretor-Geral:
do Ar João Tadeu Fiorentini
Aviador Douglas Luna Lopes da Costa
de pauta e edição:
Fernanda Pereira
Raphaela Valiñas Martorano
Fernanda Pereira
Fontes (RJ 25254 JP) Revisão: Luciene Alves (RJ 24431
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EDITORIAL

História, Inovações e Reconhecimento

Caros leitores, esta edição da Aeroespaço está com um novo design e traz informações sobre avanços tecnológicos e operacionais realizados pela Força Aérea Brasileira, por meio do DECEA, nesses últimos meses. Um deles ocorreu no último dia 20 de julho, quando tivemos a satisfação de lançar o SARPAS NG, uma versão inovadora do Sistema de Solicitação de Acesso de Aeronaves Remotamente Pilotadas, resultado de um trabalho de excelência do nosso Subdepartamento de Operações (SDOP).

Desde então, pilotos de drones de todo o Brasil passaram a ter mais facilidades ao solicitar autorizações para os sobrevoos. A matéria de capa desta edição trata do crescimento do uso dos drones no Brasil e dessa nova plataforma, que está alinhada ao objetivo de manter o aprimoramento constante dos serviços prestados pela FAB e pelo DECEA à sociedade.

Essa e outras ações mostram que estamos no caminho certo para manter os nossos equipamentos modernos e o Brasil em posição de destaque no cenário mundial da aviação. Uma trajetória de sucesso, que merece ser sempre exaltada.

Por esse motivo, levamos a Exposição DECEA 80 anos, que contou a história do nosso Departamento, para o público externo. Em junho, a mostra foi instalada em Brasília, no Congresso Nacional e no prédio do Comando da Aeronáutica, e exposta nos aeroportos do Rio de Janeiro, Santos-Dumont e Tom Jobim, recebendo centenas de visitantes. Esta edição mostra como foi essa viagem.

Nesta Aeroespaço, tratamos ainda de valorizar, como sempre fizemos, os nossos profissionais. No último dia 20 de outubro, celebramos o Dia do Controlador de Tráfego Aéreo e, para homenageá-los, contamos um pouco da história do surgimento dessa atividade no mundo e no nosso país. E, como o ingresso da primeira turma de mulheres controladoras na FAB completou 20 anos em 2022, apresentamos aqui a trajetória de sucesso de algumas dessas militares, que contribuem expressivamente para mantermos o fluxo e o ordenamento do espaço aéreo.

Desejo a todos uma boa leitura!

Tenente-Brigadeiro do Ar João Tadeu Fiorentini Diretor-Geral do DECEA

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Solicitações para voos de DRONES cresceram 2.500% nos últimos cinco anos

Atento às demandas do setor, DECEA lança o SARPAS NG, versão aprimorada do sistema de autorização de voos de aeronaves não tripuladas

Por 2T Fernanda pereira Fotos de Luiz Eduardo Perez Batista
DRONES 4 AEROESPAÇO

Os céus do Brasil estão tomados por novos ocupantes. Já há alguns anos, aviões tradicionais dividem espaço com um novo tipo de equipamento: as aeronaves não tripuladas, popularmente chamadas de DRONES. Nos últimos anos, no entanto, o número de solicitações de voos dessas aeronaves cresceu mais de 2.500%, alcançando a surpreendente marca de 242.753 pedidos em 2021 contra apenas 95 solicitações em 2016.

Só este ano, até o fim de setembro, O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), órgão da Força Aérea Brasileira responsável por autorizar os voos desses dispositivos, já recebeu mais de 200 mil requisições. De acordo com especialistas, 5 milhões de dispositivos desse tipo devem ser vendidos, por ano, até 2025, o que irá impulsionar ainda mais as solicitações de voo. Essa escalada tem criado demandas por mais planejamento e mais investimentos na área.

Atento a essa evolução e às novas necessidades, o DECEA tem se dedicado ao aprimoramento das ferramentas relativas ao monitoramento dos DRONES,

como o sistema digital pelo qual as autorizações são solicitadas pelos usuários, o SARPAS. Criado em 2016, o sistema já possui cerca de 90 mil usuários cadastrados.

DECEA lança SARPAS NG

No último dia 20 de julho, o DECEA lançou o SARPAS NG, uma versão atualizada que está proporcionando mais praticidade aos solicitantes. Uma das mudanças é a possibilidade de uso de login e senha únicos do Governo Federal, cadastrados no site www.gov.br. O sistema possui, ainda, uma ferramenta da análise preliminar do voo, que consiste na identificação de possíveis interferências entre a área selecionada e a zona de permissão de voo, a partir das coordenadas geográficas dos aeródromos e helipontos existentes.

Caso a área escolhida cause alguma interferência, o usuário poderá optar por utilizar as novas ferramentas de desenho avançado para alterar sua solicitação de Nova plataforma

sarpas

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de solicitação de voo de drones oferece mais praticidade aos usuários

modo a evitar tais interferências ou, ainda, cumprir determinadas condicionantes operacionais, eliminando possíveis conflitos.

Além disso, as empresas poderão cadastrar o CPF de uma pessoa responsável por gerenciar a conta da instituição. Esse elo facilitará o rastreamento e o controle das ações. Outro benefício para Pessoas Jurídicas é que a nova versão permite que o usuário selecione mais de uma aeronave para a mesma operação, proporcionando rapidez no processo de solicitação de voo para quem opera com mais de um equipamento.

A inclusão de uma equipe de pilotagem também foi aprimorada. Na versão anterior, era preciso sair do sistema e realizar um novo login com os dados do órgão, solicitando o voo por meio do CNPJ e designando um ID operacional responsável pela operação. Com o novo SARPAS é possível criar uma equipe colocando um ou mais pilotos como responsáveis pela operação, otimizando ainda mais o trabalho.

“Ao entregar um sistema aprimorado aos usuários, o DECEA reforça o compromisso para que as aeronaves não tripuladas possam compartilhar o espaço aéreo com aeronaves tripuladas em segurança. Nosso objetivo é informar e educar os operadores sobre a importância dessa atividade e os riscos de voos sem regis-

tros. Com a praticidade proporcionada pelo SARPAS NG, certamente, o número de cadastros no sistema deverá crescer pelo terceiro ano seguido. Nós seguimos acompanhando a evolução do setor para proporcionar a todos um serviço oportuno e de qualidade”, destacou o Brigadeiro do Ar Eduardo Miguel Soares, chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA.

Mais informações sobre o SARPAS NG estão disponíveis no site do DECEA: https://www.decea.mil.br/drone/. A página possui vídeos tutoriais com os temas: “Acesso ao SARPAS”; “Equipes SARPAS” e “Solicitação de Voo”. Também é possível consultar as principais legislações sobre o tema.

A regulamentação dos DRONES no Brasil

A Força Aérea Brasileira (FAB), que tem a responsabilidade de planejar, gerenciar e controlar o espaço aéreo do país por meio do DECEA, deu o primeiro passo para a regulamentação de voo de DRONES no Brasil. Em novembro de 2009, o órgão publicou a Circular de Informações Aeronáuticas (AIC) que versa sobre o tema e que, em 2015, foi revogada pela Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 100-40. O documento que regulamenta o Sistema de Aeronave Não Tripulada (Unmanned Aircraft Systems - UAS) e o Acesso ao Espaço Aéreo Brasileiro foi novamente atualizado em junho de 2020.

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DRONES, VANT ou RPAS?

Muitas são as nomenclaturas usadas para se referir a esse tipo de tecnologia, mas qual a diferença entre elas? Drone é o termo utilizado de forma coloquial e popular para se referir aos equipamentos remotamente pilotados. A tradução do termo para o Português é “zangão” e teve origem no tipo de ruído que esses equipamentos costumam produzir em voo, que lembra o som emitido por um zangão.

Por sua vez, VANT é a sigla de Veículo Aéreo Não Tripulado, tradução do termo Unmanned Aerial Vehicle (UAV). É usado para se referir a todo e qualquer equipamento que acesse o espaço aéreo sem que haja a presença de um ser humano a bordo. Este termo foi considerado obsoleto pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). A OACI criou a nomenclatura oficial Unmanned Aircraft Systems (UAS), cuja tradução significa Sistema de Aeronaves Não Tripuladas. O sistema, por sua vez, possui três subconjuntos, pilotados a partir de uma estação remota, entre eles: Remotely Piloted Aircraft (RPA), aeromodelos e autônomas.

Os aeromodelos são aqueles com finalidade recreativa. Já as aeronaves não tripuladas autônomas são aquelas nas quais não é mais possível intervir depois que o voo é iniciado. Esse tipo de equipamento não é regulamentado no Brasil e, consequentemente, seus usuários não podem solicitar autorizações de utilização do espaço aéreo. Todas as outras categorias são regulamentadas no país.

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ganha versão itinerante Exposição DECEA 80 anos

AExposição DECEA 80 anos, que conta a história do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, ganhou uma versão itinerante no último mês de junho. A mostra ficou disponível de forma gratuita para o público no Congresso Nacional e no Comando da Aeronáutica, ambos em Brasília, e nos aeroportos do Rio de Janeiro – SantosDumont e Tom Jobim.

A exposição levou ao público conhecimentos sobre o gerenciamento de tráfego aéreo da aviação civil e sobre a garantia da defesa aérea militar do nosso país. O Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar João Tadeu Fiorentini, explicou o objetivo desta iniciativa.

"O objetivo foi divulgar para a toda a sociedade a importância da estrutura da FAB e do DECEA, que remonta

seus 80 anos. Ao longo de sua história, o DECEA sempre garantiu o controle de todo o espaço aéreo brasileiro, em todo o território nacional e em parte do Oceano Atlântico. Neste momento, é justo que a sociedade conheça um pouco dessa estrutura, mostrando como ela foi montada e como chegou até os dias atuais", declarou o Oficial-General.

O Major Aviador Douglas Luna Lopes da Costa, chefe da Assessoria de Comunicação Social do DECEA e coordenador da exposição, comentou sobre o seu conteúdo. "A Exposição DECEA 80 anos foi apresentada para o nosso efetivo em janeiro deste ano, para que todos pudessem relembrar os feitos dos que nos antecederam e contribuíram para a construção de um sofisticado e moderno sistema de controle do espaço aéreo. Diante da aceitação dos militares, levamos a mostra para o público externo, em locais de grande circulação. Adaptamos a linguagem para que todos pudessem conhecer o trabalho realizado pelo DECEA e pelas nossas Unidades", destacou o Oficial.

No mês de junho, a mostra foi exibida em Brasília e no Rio de Janeiro, e visitada por centenas de pessoas
HISTÓRIA 8 AEROESPAÇO
Dezenas de pessoas visitaram a exposição no Aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro

A exposição contou com vídeos informativos, fotos históricas, maquetes e um totem interativo. Foi exibida, também, uma animação, questionando o visitante: “Você sabe o que acontece enquanto está voando?” – a resposta vinha em seguida, mostrando como os pilotos se comunicam com os diferentes centros de controle de tráfego aéreo subordinados ao DECEA, em cada uma das fases do voo, ou seja, durante a decolagem, em rota aérea e no pouso.

Em seguida, o visitante era convidado a ouvir o contato real entre um controlador e um piloto e a assistir ao vídeo comemorativo, que conta a trajetória do DECEA, desde a sua criação. Fotos históricas construíram uma narrativa desde os anos 40.

No conteúdo digital, um mapa mostrava a área de atuação dos quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), localizados em Brasília, Curitiba e Manaus e do Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE). O visitante podia acessar dados interessantes, como a quantidade de movimentos aéreos de cada região do País.

Centenas de pessoas aprovaram a experiência de conhecer um pouco mais sobre o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), como foi o caso da economista Andreia Rita de Abreu, moradora da cidade do Rio de Janeiro. "Eu estava em um voo há pouco e nunca

do COMAER e Congresso Nacional recebem a Exposição DECEA 80 Anos brasília 9 AEROESPAÇO
Prédio

tinha parado para pensar na quantidade de profissionais que trabalham nos bastidores do controle do espaço aéreo. Aprendi que os controladores de voo são militares da Força Aérea, conheci os equipamentos que utilizam e entendi a função do DECEA. Acho muito importante a sociedade saber mais sobre os órgãos públicos e suas atribuições”, declarou.

Para a realização da exposição histórica, o DECEA contou com o apoio logístico de outras Organizações Militares, como a Assessoria Parlamentar e de Relações Institucionais do Comandante da Aeronáutica (ASPAER); do CINDACTA I e do Grupamento de Apoio de Brasília (GAP-BR).

A mostra recebeu a visita de autoridades militares como o comandante do Terceiro Comando Aéreo Regional (COMAR III) e da Guarnição de Aeronáutica do Rio de Janeiro (GUARNAE-RJ), Major-Brigadeiro do Ar José Madureira Júnior, no Aeroporto Santos Dumont; o comandante da Guarnição de Aeronáutica do Galeão (GUARNAE-RJ), Major-Brigadeiro do Ar Fernando César da Costa e Silva Braga, no Aeroporto Tom Jobim; e o chefe da ASPAER, Brigadeiro do Ar Reginaldo Pontirolli, no Congresso Nacional.

O olhar atento do passageiro durante a mostra no Aeroporto Santos Dumont rio de janeiro
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Tecnologia a serviço da Busca e Salvamento

Por trás de toda operação para encontrar e resgatar vidas existe um intenso trabalho nos bastidores, que envolve uma rede integrada, monitorando possíveis incidentes 24 horas por dia

Em casos de acidentes aeronáuticos e marítimos, cabe ao Centro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC), localizado no Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), em Brasília (DF), verificar o sinal de alerta e transmiti-lo aos Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáuticos (ARCC), conhecidos como SALVAERO, e/ou Marítimo (SALVAMAR), que assumem a missão de prestar o Serviço de Busca e Salvamento. Os ARCC estão situados em Brasília (DF), Curitiba (PR), Recife (PE) e Manaus (AM).

As missões de Busca e Salvamento realizadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) acontecem em todo o território nacional, sobre o mar territorial e ainda em uma ampla área de águas internacionais do Atlântico. Por força de tratados internacionais, o Brasil é responsável por essas missões em uma área de mais de 22 milhões de quilômetros quadrados, quase três vezes a extensão continental do país (de 8,5 milhões de km²).

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SALVAERO

O SALVAERO tem a responsabilidade de coordenar as operações de busca e salvamento, em sua respectiva áerea de atuação, por meio de dados recebidos do BRMCC, órgãos de controle de tráfego aéreo ou por demanda do público em geral. Após o acionamento de todo esse sistema, podem ser designadas aeronaves, embarcações e grupos de solo para a missão de busca e salvamento.

Os alertas, oriundos de aeronaves ou embarcações são recebidos pelo sistema COSPAS-SARSAT. A rapidez na distribuição e na precisão das informações é determinante para que os Centros de Coordenação e Salvamento cumpram a missão e possam localizar e resgatar os sobreviventes o mais rápido possível.

Esse sistema funciona 24 horas por dia, a serviço da população nacional e também de estrangeiros que estejam na área de responsabilidade brasileira. "A aptidão técnica para a execução de uma tarefa é de fundamental importância para se maximizar a probabilidade de sucesso. Dentro da atividade de Busca e Salvamento, isso ganha um peso ainda maior por estarmos tratando de vidas

que podem estar em potencial estado de perigo. Logo, todos os elos responsáveis, seja pelo planejamento, coordenação ou execução das missões de Busca e Salvamento, devem se manter constantemente treinados e em condições de atuar 24 horas por dia, 7 dias por semana", afirma o chefe da Divisão de Busca e Salvamento (DSAR) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Major Aviador Bruno Vieira Passos.

Dados do Anuário SAR 2021

De acordo com o Anuário SAR (sigla do inglês Search and Rescue – Busca e Salvamento) 2021, elaborado pelo DECEA, foram resgatadas 50 vítimas com vida nos casos com a participação da Força Aérea Brasileira.

No ano de 2021, foram registrados 2.089 casos, sendo 2.066 resolvidos nas buscas por comunicações e 23 envolveram operações de buscas com o emprego de mais de 615 horas de voo. O relatório aponta ainda que o BRMCC recebeu 1.268 sinais de alerta, dos quais 15 foram reais e 858 foram sinais falsos de alerta.

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A estação MEOLUT possibilita o uso da tecnologia de ponta do sistema COSPAS-SARSAT em prol do serviço de busca e salvamento

O Brasil ocupa destaque no cenário internacional do programa, embora enfrente o obstáculo cultural dos falsos alertas. Um fator responsável por esses números são os acionamentos equivocados das balizas de emergência (Transmissores Localizadores de Emergência – ELT e EPIRB), equipamentos embarcados na grande maioria das aeronaves e embarcações, que são acionados em casos de emergência por uma ação voluntária ou por um impacto sofrido. O sinal captado por satélites é transmitido aos SALVAERO através do Centro Brasileiro de Controle de Missão.

Segundo o chefe do BRMCC, Capitão Aviador Paulo Ricardo Tavares Rodrigues, os sinais falsos são comuns devido aos testes nos equipamentos e acionamentos não intencionais. “Devido a esse número alto de falsos alertas, os Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáuticos investigam cada sinal de emergência, antes de deslocar as equipes de busca e salvamento. Os procedimentos incluem a comunicação com os proprietários de aeronaves, embarcações, aeroportos, clubes de aviação e outros meios”, revela o oficial.

Cada ELT ou PLB instalado ou transportado em aeronave brasileira deve ser registrado no BRMCC. Os operadores devem manter este registro atualizado, efetuando o cancelamento do equipamento, quando for o caso. Contudo, a falta de registro não impede seu funcionamento, mas dificulta os procedimentos.

O artigo 58 do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) prevê indenização à União por quem provocar a movimentação desnecessária de recursos de busca e salvamento por negligência, imprudência ou transgressão.

Sistema INFOSAR – Serviço simples, rápido e gratuito

De acordo com o chefe da Divisão de Busca e Salvamento do DECEA, os proprietários de aeronaves e embarcações que possuem balizas de emergência  ELT e EPIRB ou localizadores pessoais (PLB) devem registrar seu equipamento no INFOSAR, sistema do Comando da Aeronáutica destinado ao cadastro de balizas de emergência. "Desde janeiro de 2016, quando o sistema entrou em funcionamento, 8.192

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Sistema de Cadastro INFOSAR

Militares se revezam 24 horas por dia para monitorar cada ocorrência

usuários registraram suas balizas, das quais tiveram exclusões, atualizações de dados e inserções no sistema de registro”, esclarece o Major Vieira.

A evolução tecnológica é de extrema importância para aumentar a eficiência nos processos das atividades de naturezas diversas. “Quando colocamos a tecnologia para atuar a nosso favor dentro da atividade de busca e salvamento, conseguimos tornar o processo mais eficiente e consequentemente melhorar os resultados. Temos como exemplo os equipamentos embarcados das aeronaves e das embarcações que emitem um sinal de localização em situações de perigo e/ ou emergência de forma manual ou automática”, acrescenta o oficial.

Registro das balizas de emergência

O DECEA tem priorizado o trabalho de conscientização mediante campanhas de divulgação para destacar a importância do registro das balizas pelos proprietários de aeronaves e embarcações. Quando a baliza está

registrada, é possível identificar a natureza do sinal transmitido e agilizar o envio dos recursos de salvamento. Por meio do sistema INFOSAR, o usuário faz o cadastro, atualiza informações e visualiza todos os dados de suas balizas.

"Isso reduz muito o tempo de resposta e aumenta sobremaneira a probabilidade de sobrevida das vítimas.  A cada dia que passa a tecnologia nos auxilia mais a termos não só uma condição de utilização dos meios de forma mais segura, como também a respondermos, de forma mais eficiente, a uma condição de emergência”, ressalta o chefe da Divisão de Busca e Salvamento do DECEA.

O Brasil se destaca na América do Sul e figura entre os países que melhor se preparam para atender as vítimas de acidentes aeronáuticos e marítimos. Todos esses esforços combinados resultam em uma estrutura capaz de fazer frente aos desafios que se apresentam diariamente ao Serviço de Busca e Salvamento Aeronáutico.

Radiobalizas de Emergência

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Dia do Controlador de Tráfego Aéreo

A história dos vigilantes dos céuS

Em 20 de outubro, é celebrado o Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo. A data foi escolhida em função do primeiro encontro mundial dos profissionais dessa especialidade, ocorrido em 1960, na Grécia. No Brasil, esses profissionais monitoram e controlam 22 milhões de quilômetros quadrados – extensão que equivale à quase o dobro do território europeu. A maior parte deles, cerca de 4.300 controladores, atua na Força Aérea Brasileira (FAB), que presta o serviço por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, o DECEA. Outros tantos são subordinados à NAV Brasil e às Estações Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e Tráfego Aéreo (EPTA), que também compõem o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

“A FAB sempre esteve entre os pioneiros no serviço de navegação aérea no mundo. Ao longo dos anos, construímos uma estrutura de dimensões surpreendentes e características singulares. Nesta data comemorativa, exaltamos a figura desses profissionais, que ajudam a manter a segurança e a fluidez da aviação, essencial para as atividades econômicas e políticas do país e, consequentemente, para o bem-estar da nossa população”, destacou o Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar João Tadeu Fiorentini.

REPORTAGEM
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São Paulo

Os controladores participam de todas as etapas do voo, desde a decolagem das aeronaves, passando pelo percurso que elas seguem nas aerovias até o pouso. Eles orientam os procedimentos de subida e descida, prestam serviço de informações de voo e informam aos pilotos sobre condições meteorológicas, por exemplo.

Além de atuarem nas torres de controle dos aeroportos, também guarnecem os Controles de Aproximação, ordenando a sequência de pouso e mantendo a separação entre aeronaves que chegam e partem; e os Centros de Controle de Área, que cuidam do trecho de voo em rota.

Alguns desses profissionais, no entanto, trabalham controlando aeronaves em Operações Militares, responsáveis por identificar e interceptar aviões não autorizados ou, ainda, coordenando as atividades aéreas de busca e salvamento, que resgatam vítimas de acidentes e salvam vidas.

Mas como surgiu o controle do espaço aéreo no mundo e no Brasil? E como se deu a formação da atividade de monitoramento e controle no país?

A história dos vigilantes dos céus

No início do século XX, nos primórdios da aviação e antes do surgimento do controle do espaço aéreo, as aeronaves voavam apenas durante o dia. Isso porque pilotos e auxiliares precisavam da luz natural e da proximidade com o solo para se localizar e traçar as rotas dos voos. A topografia e as construções humanas que conseguiam observar a olho nu eram suas únicas referências para garantir que chegassem aos destinos pretendidos. Com o tempo, o voo noturno também passou a ser possível graças à indicação das rotas por meio de holofotes e luzes especiais, mas ainda em condições precárias de segurança.

No início da década de 20, os correios aéreos da Europa e dos Estados Unidos passaram a movimentar, cada vez mais, o espaço aéreo. Os voos começaram a se adensar, especialmente nas regiões dos terminais aéreos, hoje conhecidos como aeroportos.

Métodos, ainda primitivos, começaram a ser utilizados como uma tentativa de melhorar a fluidez do tráfego aéreo e evitar riscos de colisões e acidentes. Bandeiras coloridas e pistola de sinais luminosos eram utilizadas para sinalizar pousos e decolagens e ordenar arremetidas. A biruta, uma espécie de bandeira de pano em forma de cone, já começava a ser utilizada para indicar o sentido de deslocamento do vento. No entanto, nenhuma dessas medidas apresentava muita eficiência.

Os primeiros avanços ocorreram com a instalação de estações em solo, nas quais os técnicos tinham acesso a mapas e transmitiam informações aos pilotos, ainda que não muito precisas, por meio de aparelhos telegráficos. O próximo passo foi a utilização da comunicação por fonia em curtas distâncias, normalmente com alcance restrito à área dos aeroportos.

Já na época da Segunda Guerra Mundial, surgiram tecnologias que proporcionaram o avanço da

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comunicação aeronáutica a longas distâncias, além do advento do radar, que permitiu que as equipes em solo pudessem monitorar a progressão de cada aeronave nas rotas em tempo real.

“Uma breve revisita à história da aviação, nos traz clareza sobre a importância desses profissionais controladores, homens e mulheres, militares e civis, que mantêm seus olhares vigilantes no espaço aéreo em todo o mundo. Eles seguem se aperfeiçoando, adquirindo novos conhecimentos e contribuindo para a missão de integrar territórios e conectar pessoas”, destacou o Brigadeiro do Ar Eduardo Miguel Soares, chefe do Subdepartamento do DECEA.

Ordenamento do espaço aéreo

Na década de quarenta, a atividade começou a ser internacionalmente regulamentada e procedimentos foram padronizados em todo o mundo, a partir da criação da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Na mesma época, no Brasil, nascia o Ministério

da Aeronáutica (1941) e a Diretoria de Rotas Aéreas (DR), subordinada a ele, marcando o início do controle do espaço aéreo brasileiro. Esses órgãos voltaram seus esforços para a estrutura aeroportuária e para a criação das primeiras rotas aéreas.

Em 1972, a DR foi substituída pela Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV), responsável pela criação dos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA). Hoje, existem quatro no país, localizados em Brasília, Curitiba, Recife e Manaus, cada um responsável por uma área de atuação, além do Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE), que se dedica aos movimentos aéreos realizados no eixo Rio-São Paulo.

Já em 2001, a DEPV deu lugar ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), responsável pelo lançamento do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Nos últimos oitenta anos, essa estrutura foi ampliada de acordo com a demanda nacional, sempre acompanhando os avanços tecnológicos e a normatização internacional, até chegar ao patamar que conhecemos hoje e que mantém o Brasil e a Força Aérea Brasileira em posição de destaque na aviação mundial.

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Vinte anos do ingresso das primeiras mulheres controladoras de tráfego aéreo da FAB

CARREIRA FEMININA 18 AEROESPAÇO

AForça Aérea Brasileira (FAB) comemorou, em setembro deste ano, os quarenta anos de criação do primeiro Corpo Feminino da Reserva Aeronáutica (CRFA), que serviu de porta de entrada para as primeiras mulheres militares, oficiais e graduadas, nas fileiras da FAB em 1982. Desde então, elas seguem galgando novos degraus da carreira e ocupando espaços nas mais diversas especialidades e funções, incluindo as que envolvem o controle do espaço aéreo do nosso país. A primeira turma a formar mulheres controladoras de tráfego aéreo foi aberta em 2002, há 20 anos, na Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR), em Guaratinguetá (SP).

Dentre as formandas, estava a Primeiro-Sargento Helaine Baptista do Nascimento, hoje com 39 anos, que além de ser uma das mulheres pioneiras na função, seguiu fazendo história ao ser a também primeira a concluir o Curso de Operações Aéreas Militares e a obter o certificado LINCE, código vitalício que serve para a identificação do controlador de tráfego aéreo e o habilita para missões de combates militares, interceptando inclusive aeronaves invasoras e ilegais.

A graduada conta que tinha cerca de 18 anos quando leu no jornal que abriria vaga de sargento especialista para

mulher. Ela fez, então, um curso para se preparar para a prova de ingresso. Ao ser aprovada, teve que mudar do Rio de Janeiro, onde nasceu e cresceu, para Guaratinguetá, cidade do interior de São Paulo onde se localiza a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR).

“Tenho excelentes lembranças dessa época, especialmente das amizades que fiz e do clima de companheirismo que existia entre os alunos e alunas. No entanto, também me recordo que foi preciso muito esforço de todos nós para alcançarmos nossos objetivos. Tínhamos oito horas de aulas curriculares todos os dias, com disciplinas muito diferentes das que estávamos acostumados, como aulas de reconhecimento de aeronaves, de busca e salvamento, de meteorologia, de informações aeronáuticas, de radares e de Inglês. Além disso, ainda tínhamos educação física e precisávamos estudar muito, até de madrugada, para nos prepararmos para as provas”, relata.

Os alunos com as melhores notas tinham prioridade na escolha da unidade onde atuariam e, consequentemente, da localidade do Brasil onde iriam morar. “Eu sentia uma responsabilidade muito grande, porque sabia que o meu futuro estava dependendo apenas de mim”, declarou.

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A Primeiro-Sargento Helaine fez parte da primeira turma de mulheres controladoras e foi a primeira a ser capacitada para controlar operações aéreas militares

A escolha da Helaine foi atendida e a militar foi designada para o Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), em Curitiba, onde atuou por dez anos e onde obteve o LINCE. Atualmente, a sargento é auxiliar na Divisão de Operações Militares (DOPM) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Sua função é apoiar o planejamento e o controle das operações militares, contribuindo também para a construção do programa de formação dos novos controladores.

“Hoje, somos muitas mulheres nas mais diversas funções do DECEA, mas eu e minha família temos muito orgulho por eu ter feito parte dos primeiros passos das mulheres militares na carreira”, afirmou.

Já a Terceiro-Sargento Controladora de Tráfego Aéreo Ingrid Kelle da Silva Vidal, de 26 anos, ingressou na turma mais recente de formação de especialistas, em agosto de 2020. Dezoito anos separam sua história da trajetória da Sargento Helaine, mas os sonhos e a extrema dedicação as unem. Ingrid foi a primeira colocada em sua turma de formação.

“Eu sempre quis ser militar, mas não tinha nenhuma referência neste meio, não conhecia ninguém que tivesse seguido esta carreira. Então, entrei para a faculdade e cheguei a me formar em Química, mas mantive o sonho. Em 2019, eu prestei dois concursos para a área militar: um para a Escola de Sargentos das Armas (ESA), do Exército, e o outro para a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR). Passei em ambos. Escolhi a FAB porque sempre foi a Força de minha preferência e ingressei no ano seguinte”, contou a Sargento, que também optou pela formação na área de controle de tráfego aéreo.

Após a aprovação, a militar se mudou da cidade de Magé, no Rio de Janeiro, onde morava com os pais, para Guaratinguetá. “Essa mudança é difícil, porque até então eu nunca tinha precisado ficar longe da minha família”, disse.

Durante o curso, adotou um método diferente para garantir bons desempenhos nas provas. “Eu estudava muito, mas nunca fui de ficar estudando à noite toda, como os outros alunos faziam. Eu preferia usar os tempos de intervalo entre as aulas para recordar

A Terceiro-Sargento controladora Ingrid obteve a maior nota no curso de formação de Sargento 20 AEROESPAÇO

as matérias. Não saía da sala, ficava estudando. Então, à noite, eu conseguia dormir bem para estar descansada para as atividades do dia seguinte. Cada um tem um método de estudo, essa era o meu”, contou.

A estratégia da Sargento Ingrid deu certo. Ela teve a melhor nota final da sua turma no Curso de Formação de Sargento (CFS), tornando-se, assim, a “zero um”, termo comumente utilizado no meio militar para definir aquele de maior precedência hierárquica de uma turma ou de um grupo.

A boa colocação também permitiu que a recém-formada escolhesse a Organização Militar para a qual seria designada. Seu destino, assim como o de Helaine, foi o CINDACTA II, em Curitiba.

“A maior diferença que percebi quando vim morar em Curitiba foi o clima. Aqui é muito frio, especialmente no inverno, mas a qualidade de vida é muito alta. Estou morando a poucos metros de distância da

OM e gasto cerca de dez minutos no trajeto. Estou aprendendo muito, fazendo cursos e me capacitando. Eu me sinto muito realizada profissionalmente”, declarou Ingrid.

Mas, as recompensas pelo esforço não pararam por aí. A militar recebeu diversos prêmios: do DECEA, de empresas parceiras e até prêmios internacionais, de oito países diferentes. Um dos prêmios foi uma viagem de intercâmbio para a Espanha, de 1º a 26 de julho do ano passado.

“A entrega dos prêmios aconteceu na EEAR e meus pais puderam assistir, o que para mim foi motivo de muita felicidade. Vê-los emocionados não teve preço. Eu sei que eles também se orgulham, principalmente porque sou filha única e porque tudo o que aconteceu é resultado de uma inciativa minha, já que não tenho militares na família e eles nunca me cobraram nada”, destacou a Sargento.

A militar foi agraciada com diversos prêmios, dentre eles um curso de intercâmbio
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O Brasil foi reeleito membro do Grupo I do Conselho da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI)

REPORTAGEM 22 AEROESPAÇO
POR 2T Raphaela Valiñas Martorano Fotos: ANAC

A delegação do Brasil na 41ª Assembleia da OACI, em Montreal

OBrasil foi reeleito membro do Grupo I do Conselho da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) para o período de 2023 a 2025. A votação ocorreu no dia 1º de outubro durante a 41ª Assembleia da OACI, em Montreal (Canadá), realizada entre 27 de setembro e 7 de outubro. O país recebeu a maior votação entre os candidatos ao Grupo I, com total de 158 votos dos 170 possíveis, equivalente a 93%. A votação reforça a posição estratégica do Brasil no Conselho da OACI e assegura a continuidade da representação brasileira no maior fórum da aviação civil internacional.

A delegação do Brasil presente em Montreal é presidida pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Juliano Noman, e composta pelas altas autoridades do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e da Polícia Federal.

O diretor-presidente da ANAC, Juliano Noman, destacou que a reeleição comprova o reconhecimento mundial do trabalho que vem sendo feito pelo país para a aviação nacional e internacional. “O Brasil é um dos membros fundadores da OACI e tem sido sucessivamente eleito para ocupar o Grupo I do Conselho. Isso só reforça o nosso compromisso na busca pela excelência e comprova a importância do país para o desenvolvimento da aviação civil mundial”, ressaltou Noman.

Para o Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar João Tadeu Fiorentini, a reeleição do Brasil é motivo de comemoração. “O Grupo I é formado por 11 países que representam os Estados de maior importância no transporte aéreo. Esta nova reeleição é um orgulho para nós e reflete o reconhecimento internacional à contribuição do Brasil, através da Força Aérea Brasileira, para os trabalhos da OACI”, declarou o oficial-general.

Fundada em 1944, a OACI é a agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) para promoção do desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil internacional. O Brasil é um dos membros fundadores e dispõe de um representante permanente no Conselho da OACI, atualmente o embaixador Norberto Moretti. A Delegação Permanente Brasileira é chefiada pelo MRE e é assessorada tecnicamente pelo DECEA e pela ANAC.

A Assembleia é convocada a cada três anos pelo Conselho da Organização e tem como objetivo estipular as diretrizes a serem seguidas pela OACI no triênio seguinte, decidir sobre matérias encaminhadas pelo Conselho, revisar trabalhos técnicos, legais, econômicos e administrativos da Organização, entre outros.

A votação expressiva recebida pelo Brasil é resultado do trabalho conjunto entre MRE, ANAC, DECEA, CENIPA, SAC e Polícia Federal, e da atuação intensa das nossas representações diplomáticas.

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Uruguaiana e Fernando de Noronha recebem primeiras Estações Meteorológicas de Altitude Automáticas da américa Latina

As EMA-A têm capacidade de realizar 60 sondagens automáticas, sem a necessidade de reposição de suprimentos por técnicos

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Estações de sondagem trazem, de forma pioneira, a funcão automática no lançamento dos balões e atuarão em locais geograficamente remotos e nas mais diversas condições

Camille Barroso - 1º Tenente Relações-Públicas - ediçÃO: ASCOM/DECEA

ODepartamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por meio da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), finalizou a fase de testes de implantação e tornou operacionais duas Estações Meteorológicas de Altitude Automáticas (EMA-A), as primeiras da América Latina. Os contemplados foram os Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo de Uruguaiana (DTCEA-UG), localizado no Rio Grande do Sul (RS), e o de Fernando de Noronha (DTCEA-FN), em Pernambuco (PE).

A substituição das Estações Meteorológicas de Altitude (EMA) convencionais por um modelo automatizado (EMA-A) permite a otimização do efetivo de meteorologistas e maior disponibilidade de informações para a previsão e vigilância meteorológicas.

As EMA-A destinam-se a coletar e processar os dados meteorológicos, especialmente de temperatura, de umidade e de pressão, desde a superfície até níveis superiores da atmosfera, utilizando-se de sinais enviados por radiossonda lançada e acoplada a um balão meteorológico. A principal finalidade das EMA-A é melhorar os serviços meteorológicos de análise, vigilância e previsão nas áreas das FIR (Regiões de Informação de Voo, do inglês Flight Information Region), onde o acesso de recursos humanos se tornem inviáveis, além de desenvolver atividades operacionais automatizadas, com o intuito de promover o contínuo aperfeiçoamento da Meteorologia Aeronáutica no âmbito do SISCEAB.

O conceito de uma EMA-A representa o lançamento automático de balões de látex inflados por hidrogênio, portando verdadeiros laboratórios compactos, com radiossondas que capturam e transmitem, durante sua ascensão, informações que alimentam grandes bases de dados internacionais por meio de algoritmos complexos, que fazem previsões úteis para aviação mundial.

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Por Fotos de Luiz Carlos Teles Batista - Coronel Especialista em Meteorologia (Uruguaiana – RS) E Luiz Eduardo Perez Batista (Fernando de Noronha – PE)

Os valores de direção e de velocidade do vento, nos diversos níveis da atmosfera, são calculados a partir do posicionamento do balão meteorológico em função do tempo e das coordenadas vertical e horizontal. Esse processo chama-se radiossondagem, que é a principal fonte de dados do ar superior para a previsão de ventos e de temperaturas em altitude, turbulência, formação de gelo em aeronaves, cálculo da probabilidade de trovoadas, formação de nuvens, trilhas de condensação, avaliações do movimento e da dispersão de nuvens de cinzas vulcânicas e de nuvens radioativas. Também é fonte para emprego na área de pesquisa e de modelagem numérica do tempo, constituindo a principal fonte de insumos para as previsões meteorológicas.

Os balões são automaticamente lançados duas vezes por dia e podem atingir a altitude de 10 mil a 15 mil metros e se deslocar até 300 quilômetros do local de lançamento, dependendo da velocidade de vento e da direção, ainda com capacidade de serem monitorados pelo Sistema de Processamento em solo. Uma EMA-A tem a capacidade de realizar 60 sondagens automáticas, sem a necessidade de reposição de suprimentos por um técnico.

"As EMA-A instaladas oferecem uma alta capacidade de sondagem autônoma, podendo ficar até quatro semanas

desassistidas. Por meio do Sistema de Controle Remoto e Monitoração, os técnicos controlam as sondagens e realizam diagnósticos a distância, resultando na redução dos custos operacionais do sistema”, explicou o chefe da Divisão Técnica da CISCEA, Tenente-Coronel Engenheiro Gustavo Erivan Bezerra Lima.

Os esforços levados a efeito pelo DECEA sempre atenderam aos requisitos estabelecidos pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) em cooperação com a Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Nesse momento, também ficam evidentes os esforços de racionalização de meios, aumento da eficiência, reestruturação de processos produtivos e melhoria na prestação de serviços meteorógicos.

A implantação de Estações Meteorológicas de Altitude Automáticas possibilita a manutenção da prestação do Serviço de Meteorologia Aeronáutica, reduzindo a logística e a necessidade de fixação dos recursos humanos em locais remotos. Com isso, ocorre a gradual substituição do efetivo presencial por equipamentos e instrumentos com capacidade de prestar o serviço meteorológico de forma automatizada e com alta qualidade.

As estações de sondagem trazem, de forma pioneira, a funcionalidade de automaticidade no lançamento

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A visualização do sistema apresenta o status das bandejas carregadas com sondas

desses balões e atuarão em locais geograficamente remotos, de difícil acesso e nas condições mais adversas, com o mais alto nível de eficiência operacional e confiabilidade. Com essa implantação, a CISCEA ratifica sua missão de promover as atividades relacionadas com a implantação e a modernização de projetos voltados para o desenvolvimento do SISCEAB com equipamentos no estado da arte, promovendo o mais alto nível de eficiência operacional e confiabilidade. Tais ações estão em consonância com a visão da Força Aérea e do DECEA de ser reconhecido como referência global em segurança, fluidez e eficiência no gerenciamento e controle integrado do espaço aéreo.

A instrução para os técnicos de manutenção que vão operar as EMA-A naquelas localidades aconteceu em agosto, nos Destacamentos contemplados. Participaram da capacitação técnicos do Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ), do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II) e dos dois DTCEA beneficiados com o equipamento.

Em um futuro próximo, o DECEA deve prover mais EMA-A a outros Destacamentos, principalmente os localizados em áreas remotas, como os subordinados ao Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV).

implantação de EMA-A possibilita a manutenção da prestação do Serviço de Meteorologia Aeronáutica, reduzindo a logística e a necessidade de fixação dos recursos humanos em locais remotos
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Um profissional de excelência a serviço do PAME-RJ Suboficial GOUVÊA

Caráter, profissionalismo e comprometimento são características marcantes na vida do Suboficial Especialista em Eletrônica (BET) André de Souza Gouvêa. Ele é referência no trabalho que executa na nova geração de rede operacional de tráfego aéreo (ATN-Br), que representa uma importante melhoria para a segurança operacional e a capacidade do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

O Suboficial Gouvêa é o encarregado do Centro de Operações da Rede (NOC) ATN-Br do Centro de Gerenciamento Técnico (CGTEC) do SISCEAB, do Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ). A solução ATN-Br proporciona uma tecnologia de rede de gerenciamento de tráfego aéreo (ATM) abrangente, com entrega de altos níveis de disponibilidade, flexibilidade operacional e escalabilidade para atender às atuais e futuras demandas da gestão do tráfego aéreo brasileiro, contemplando ainda o benefício adicional de redução do custo de operação das redes de longa distância (WAN) do SISCEAB.

Por ASCOM/DECEA Fotos de Fábio Maciel e arquivo pessoal do entrevistado
PROFISSIONAL DESTAQUE 28 AEROESPAÇO

“No processo de migração da ATN-Br do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo e Telemática do Rio de Janeiro (DTCEATM-RJ) para o PAME-RJ, o então Sargento Gouvêa foi escolhido pelo seu legado e responsabilidade para assumir essa importante missão”, conta o chefe do CGTEC, Coronel da Reserva Elias Pereira dos Santos.

A caminhada do Suboficial Gouvêa começou, na Força Aérea Brasileira (FAB), em 1994, quando concluiu o curso de soldado especialista em eletrônica, aos 19 anos. Como Soldado de Primeira Classe (S1), iniciou a carreira na Base Aérea dos Afonsos (BAAF), sendo destacado para a Seção de Eletrônica do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT). Sua tarefa era a manutenção de equipamentos das aeronaves, desempenhada em uma bancada de testes.

Após dois anos, teve êxito na prova para Cabo e, após a conclusão do curso, foi designado para a Seção de Material do Esquadrão de Suprimento e Manutenção na

BAAF, mudando completamente as atividades de sua especialidade.

Em 1999, concluiu o Estágio de Adaptação à Graduação de Sargentos (EAGS). Depois de seis anos na BAAF, reiniciou sua carreira como graduado no Destacamento de Proteção ao Voo Telemática do Rio de Janeiro (DPV-TMRJ), que passou a se chamar DTCEATM-RJ. Permanecendo até 2020 naquela organização, passou a atuar na área de telefonia, antena de Estação Terrena de Transmissão via Satélite (TELESAT), enlace de dados e outras atividades satelitais.

“Eu estava inserido numa área de tecnologia, diferente de tudo o que já havia trabalhado. Manipulava a central telefônica, o que para mim era bem desafiador, mesmo que estivesse dentro do escopo da minha formação”, explica o Suboficial Gouvêa.

Em 2000, o DPV-TMRJ recebeu Terceiros Sargentos

Experiência e responsabilidade para assumir a Rede ATN-Br, ainda como 1º Sargento
CGTEC
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BET, recém-chegados da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR). Era muito raro, já que o efetivo era composto por Suboficiais e Primeiros-Sargentos muito experientes. Quem conta essa história é o Suboficial Cláudio de Souza Botelho, o militar mais antigo do DTCEATM-RJ. “Entre eles, cito o então Sargento Gouvêa, pois possuía o que faz nascer um profissional de excelência: envolvimento e vontade de aprender. Ele se destacou com facilidade na área de multiplexação, mas sua maestria, reconhecida pelos técnicos da FAB em todo o País, certamente foi na área de comunicação via satélite, na qual seu nome é referência até hoje. Eu tenho muita satisfação em conviver, por mais de 20 anos, com uma pessoa tão amiga, prestativa, profissional, respeitosa e, acima de tudo, que você pode sempre contar como ser humano”, relata o Suboficial Botelho.

No decorrer de mais de 20 anos como graduado e, agora como Suboficial, Gouvêa se destaca pela sua adaptabilidade e dedicação em buscar soluções inovadoras. “O ATN-Br surgiu quando trabalhávamos numa seção onde a essência, em termos de formação técnica, era eletrônica e telecomunicações, voltada para sistemas via satélite de rádio enlace. A ATN-Br tem mais a ver

com redes, para nós, era uma nova função, uma nova tecnologia”, relembra o Suboficial Alexandre de Souza Araújo, amigo desde os tempos da EEAR.

O empenho e a sabedoria do militar também chamavam a atenção dos superiores. É o que relata o ex-comandante do DTCEATM-RJ, no período de 2017 a 2020, o Capitão Cléber da Silva Rosa. “Quando cheguei ao Destacamento, Gouvêa já atuava no TELESAT. Ao longo do seu trabalho, ele se diferenciava na visão crítica abrangente dos problemas e na criatividade da proposição de soluções”, destaca.

Diante de seu comprometimento com o serviço e o espírito de liderança, o Suboficial Gouvêa foi indicado para integrar a equipe responsável pela implantação do ATN-Br, com grande êxito na função. Adicionalmente, durante aproximadamente dois anos da operação assistida do ATN-Br, o militar foi designado pelo Capitão Cléber para atuar como Encarregado Técnico, tarefa que ele desempenhou com a dedicação e excelência costumeiras.

Com a mudança da operação do Centro de Gerenciamento Nacional (CGN) do ATN-Br para o CGTEC no PAME-RJ, por determinação do Subdepartamento Técnico (SDTE) do Departamento

Agora como Suboficial, Gouvêa se destacou não só pela sua demonstração em lidar com o novo, mas também pela sua dedicação em buscar soluções inovadoras
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Curso de Formação de Cabos - 1996

de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o comandante do DTCEATM-RJ recebeu a incumbência de enviar uma equipe para atuar na implantação e no suporte à operação do CGN naquele local. “Ao apresentar o desafio ao então Sargento Gouvêa, ele prontamente se voluntariou para assumir um novo posto de trabalho. Após algum tempo, ao receber notícias dos oficiais responsáveis pelo CGTEC, todos foram unânimes em ressaltar a responsabilidade, o profissionalismo e a capacidade técnica dele. É uma segurança e um grande benefício para a FAB e para o DECEA poderem contar com um profissional com esse comprometimento”, declara o Capitão Cléber.

Segundo o Suboficial Gouvêa, foram muitos os desafios ao desempenhar suas atividades no NuCGTEC, mas ele se sente recompensado e orgulhoso do trabalho que faz. Ele cita, como exemplo, a integração desafiadora com o radar de Ponta Porã, inaugurado em julho de 2021: “A demanda é grande, mas sempre dá para fazer e é uma enorme satisfação”.

Um orgulho para a família

De fato, seu talento, sua determinação e sua competência são características marcantes. É o que relata o irmão do Sargento Gouvêa, o Tenente Especialista em Meteorologia Alexandre de Souza Gouvêa, da Divisão de Assistência Integrada do DECEA. “Sempre foi um profissional com incumbências de grande responsabilidade, desde o tempo em que atuou no DTCEATM-RJ, onde serviu a maior parte de sua carreira. É uma pessoa sensata e objetiva nas suas ações e muito amigo de todos".

Carioca, de 47 anos, Gouvêa é casado com Angélica, com quem tem dois filhos: Gabriel e Samuel, de 23 e 20 anos, respectivamente. “Agradeço por esse momento de reconhecimento profissional, principalmente, pela dedicação que ele tem em buscar mais conhecimento para que todos ao seu redor sejam afetados por meio do seu trabalho. Todos os esforços e méritos são dele, mas todos nós também ganhamos com isso, pois sentimos muito orgulho de fazer parte dessa história”, elogia a esposa.

Em 1999, no Estágio de Adaptação à Graduação de Sargentos (EAGS)
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Realizando sonhos juntos, como família
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