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Vista aérea do DTCEA Porto Seguro

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Reportagem Especial 30 anos de CISCEA

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Artigo PUBLICAÇÕES DECEA Se você nunca usou, ainda vai precisar...

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Quem é? Tenente-Coronel-Aviador Bertolino

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Artigo Segurança Operacional do SISCEAB Uma realidade intrínseca a toda atividade aqui realizada

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Artigo Comunicações no Comando da Aeronáutica

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Conhecendo o DTCEA-PS Porto Seguro -BA

Nossa capa

Expediente

Vista aérea do DTCEA Porto Seguro

Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

O DTCEA-PS completou 15 anos em 23 de agosto. O Destacamento está se preparando para receber, em 2011, o APP radar, que vai provocar um aumento no número do efetivo e construção de mais PNR em Porto Seguro.

Diretor-Geral: Ten Brig Ar Ramon Borges Cardoso Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Cel Av R1 Redação: Daisy Meireles (RJ 21523-JP) Daniel Marinho (RJ 25768-JP) Denise Fontes (DRT 043035/2003/70) Telma Penteado (RJ 22794 JP) Diagramação e ilustrações: Aline da Silva Prete Fotos: Luiz Eduardo Perez (RJ 201930-RF)

Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2101-6637 Fax: (21) 2262-1691 Editado em AGOSTO/2010 Fotolitos & Impressão: Ingrafoto


Editorial Incrementando a Intraer, apresentamos a nova ferramenta do nosso portal , nas páginas 12 e 13. “Publicações DECEA”, implementada desde março na intraer, é mais um recurso afinado ao conceito do Portal DECEA de racionalização dos fluxos da informação para seus usuários. Disponibilizados um passo a passo de como utilizar o link, tanto na intraer como na internet. A Reportagem Especial destaca – nesta edição - os 30 anos de atividade da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), organização que mantém a mesma vitalidade do início. A equipe da CISCEA, com sua capacidade técnica, implantou o maior projeto ambiental brasileiro, o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), e não deixou de lado o Projeto do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (SISCEA), modernizando e mantendo os órgãos de controle do espaço aéreo brasileiro. Depoimentos de funcionários enriquecem o texto e contam, de forma clara, a história da CISCEA. Na seção “Quem É?”, o entrevistado é o TenenteCoronel-Aviador Bertolino, Chefe da Divisão de Operações do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), OM que tem a responsabilidade de garantir a segurança do espaço aéreo brasileiro. A dedicação de 27 anos de carreira militar demonstram que o Tenente-Coronel Bertolino tem o trabalho como um prazer e não só como missão. Essa publicação é um reconhecimento e agradecimento do DECEA à importância do seu trabalho, não só no CGNA, mas em tudo o que tem sido feito em prol do gerenciamento do controle do espaço aéreo brasileiro por esse militar de destaque. O Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Porto Seguro (DTCEA-PS), em seu quinto comando, comemora,

em agosto, 15 anos. Prestes a receber um APP-Radar, o que vai mudar a infraestrutura do Destacamento e da vila, além de aumentar o efetivo, o DTCEA-PS segue cumprindo bem a sua missão e fazendo um bom trabalho na área de apoio ao homem. Todas essas informações podem ser lidas na seção Conhecendo o DTCEA, a partir da página 23. A Segurança Operacional do SISCEAB é outro tema de destaque nesta edição. Adquirir conhecimento vai exigir um esforço grande de todas as organizações. A mudança cultural envolve tempo e tudo aqui se reflete na questão da Segurança no âmbito do SISCEAB. Qual é o nosso nível de segurança? Como estamos garantindo a segurança do nosso Espaço Aéreo? Quais são os riscos e os óbices? Onde e por que estão ocorrendo? Com base nestas questões, poderemos criar indicadores para fazer as análises que se façam necessárias. A comunicação será a ferramenta-chave para a criação – e posterior e ininterrupta manutenção – da Cultura da Segurança Operacional do SISCEAB. Leia mais sobre esse novo conceito nas páginas 17 a 19. O articulista convidado é o Tenente-Coronel Campos. O Especialista em Comunicações fala da Doutrina de Telecomunicações no Comando da Aeronáutica como essencial, na medida em que se deseja eficiência, rapidez, segurança e eficácia nas Comunicações. Vale a pena ler o artigo “Comunicações no Comando da Aeronáutica”, que mostra preocupação com a desativação das Estações de Comunicações e mostra o potencial do graduado BCO atuando em várias áreas das Telecomunicações do COMAER. Tenham uma boa leitura e continuem colaborando com nossas publicações internas.

Tenente - Brigadeiro - do - Ar Ramon Borges Cardoso Diretor - Geral do DECEA


Reportagem Especial

Fotos: Arquivo CISCEA e Luiz Eduardo Perez

30 anos de CISCEA Há 30 anos, a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) atua com qualidade, vitalidade e pleno conhecimento da tecnologia aplicada no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Três décadas de trabalho e de realizações fazem da CISCEA o órgão executor da política do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), cumprindo sua missão de implantar projetos de interesse do SISCEAB, assim como de outras organizações do Comando da Aeronáutica (COMAER), sempre com eficácia e qualidade. Por Telma Penteado

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Foram 13 Presidentes. Cerca de 7.650 dias úteis de trabalho, uma média de 200 funcionários por ano (entre civis e militares), centenas e centenas de projetos implantados. Nascida no final do século XX, em pleno vigor no século XXI. Criada em 23 de julho de 1980, pela Portaria nº S-001/GM4, a CISCEA tem em seu currículo a implantação dos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA); dos Controles de Aproximação (APP); da implantação de todos os sistemas radar (incluindo o tratamento e a visualização dos dados) e os sistemas de telecomunicações aeronáuticas do SISCEAB. É o seu efetivo que desenvolve concepções, estudos, especificações; desenvolve tecnologia e/ou equipamentos; e realiza aquisições, desapropriações, construções, instalações elétricas e atividades decorrentes e

correlatas, necessárias à implantação de um determinado sistema no âmbito do SISCEAB. Sua estrutura comporta, além da Presidência e da Vice-Presidência, uma Assessoria de Controle Interno e cinco Divisões – a saber: Administrativa (DA), de Infraestrutura (DI), de Logística (DL), Operacional (DO) e Técnica (DT). Ainda no âmbito da Presidência e da Vice-Presidência estão diversas Assessorias, como a Jurídica, a de Planejamento, de Segurança, de Qualidade, de Normatização e de Tecnologia da Informação, Documentação e Apoio. Projetos, contratos e documentação são setores de grande destaque na CISCEA, o que evidencia e substancia toda a estrutura de Segurança da Informação, através do estudo da Tecnologia da Informação (TI). No que diz respeito à segurança, ressalta-se a latente preocupação com a Segurança Operacional, que atenda ao


Gerenciamento de Riscos e ao levantamento de indicadores de cada empreendimento da Comissão que, claro, não são poucos. Assim, com este panorama, apresentamos a CISCEA. Antes de seguirmos com a explanação da atual conjuntura desta Comissão, vamos voltar no tempo, para acompanhar mais de perto esta história repleta de aventuras, obstáculos e vitórias. Cenário: Rua Santa Luzia com Avenida Graça Aranha. Prédio Redondo, Rio de Janeiro. Estamos no início da década de 80. Os desafios são grandes, são muitos e foram lançados. Civis chegam da empresa ESCA – Engenharia de Sistemas de Controle e Automação S/A para prestar serviços nesta parceria com a CISCEA. E, para abraçar este empreendimento colossal, diversas frentes se abriram. Planejamentos, contratos, licitações, gerenciamento, orçamentos, arquivamento, acordos, legislações, recursos humanos, relações internacionais... a perder de vista a quantidade de sendas envolvidas neste processo. Como nada se realiza em projetos sem recursos financeiros, falemos, então, de números. Era o dia 8 de março

de 1982, quando a economista Denise Vale entrou para a CISCEA na área de Planejamento Físico e Financeiro. E, de lá pra cá, as mudanças foram a tônica, aliadas às adaptações realizadas com o único propósito de manter este organismo vivo e atuante. A missão é, em teoria, muito simples: gerir e executar em uma estrutura de projeto, tanto os recursos financeiros quanto físicos. Após quatro anos de estágio e mais um ano de trabalho como economista, atuando na área de pesquisa e planejamento orçamentário, especialmente na Assessoria da Presidência do Metrô Rio (estágio este que fez ao longo de sua faculdade de Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ), Denise, já com este know-how adquirido, viu na CISCEA uma nova e motivante oportunidade de trabalho. Com relação a tudo que aprendeu no Metrô Rio, ela logo apontou como diferencial a linguagem própria da Comissão. “A linguagem aeronáutica é bem mais complicada”, declarou Denise. Tudo aqui foi realmente um grande aprendizado para ela. Seu primeiro cargo na área de Gerência Financeira (GFIN), que era vinculada

"Temos certeza que atingiremos todas as nossas metas, mantendo sempre a mesma vitalidade, o mesmo elã e a mesma qualidade dos projetos” Presidente da CISCEA Brigadeiro-do-Ar Carlos Vuyk de Aquino

à área de Planejamento Físico Financeiro, foi de suma importância para o desenvolvimento de sua carreira, pois ela pôde começar seu trabalho numa estrutura nova que estava sendo criada. De fato, foi quando o Projeto do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (SISCEA) implementou sua primeira estrutura orçamentária para a implantação do CINDACTA II. À época, eram ainda poucos os contratos estabelecidos pela Comissão. “Eram quatro. Dois da Thompson, um da ESCA e outro da Rede de Comando”, recorda-se. “Hoje os valores são muito superiores e a quantidade de contratos também é significativamente maior. Gira em torno de mais de 110 contratos. O universo da Comissão aumentou muito”, conta. Dentre os projetos tocados pela CISCEA, o que Denise considera como sendo a experiência mais profunda foi, sem dúvida, o Projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), realizado de 1994 até 2005. Em meio ao clamor ambiental de projeção e interesse internacional, foi criado o SIVAM, tendo a responsabilidade de elaboração, implantação e execução do seu Projeto sido atribuída à CISCEA em 26 de maio de 1992 através da Portaria nº 444/GM3. “Nossa participação no SIVAM foi total. Começamos do zero”, recorda Denise. Quando ela chegou aqui na CISCEA em 1982, todos os contratos de financiamento já estavam negociados, fechados. Ela e sua equipe somente os gerenciava e executava. O Projeto SIVAM, por sua vez, estava iniciando e, por esta razão, sua participação foi muito maior e decisiva. Denise, como cada participante da equipe SIVAM, colaborou nas decisões tomadas à época. Quanto à sensação do passar do tempo, Denise é bem clara em sua análise: “naquela época, o futuro era eterno. Oito anos de projeto era muita coisa. Na verdade, o SIVAM acabou muito rápido, num piscar de olhos”. aeroesPaÇo

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As mudanças financeiras que ocorreram no País de 1985 a 1995 e que impactaram os acordos da CISCEA

MOEDA

Data

Observação

Exemplo

CRUZEIRO

16.08.1984

A Lei nº 7.214 extinguiu a fração do Cruzeiro denominada centavo.

Uma importância de Cr$ 4,75 (quatro cruzeiros e setenta e cinco centavos), passou a escrever-se Cr$ 4, eliminando-se a vírgula e os algarismos que a sucediam.

CRUZADO

28.02.1986

Cr$ 1.300.500 (um milhão, trezentos mil e quinhentos cruzeiros) passou a expressar-se Cz$ 1.300,50 (um mil e trezentos cruzados e cinquenta centavos).

16.01.1989

Cz$ 1.300,50 (um mil e trezentos cruzados e cinquenta centavos) passou a expressar-se NCz$ 1,30 (um cruzado novo e trinta centavos).

16.03.1990

NCz$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzados novos) passou a expressarse Cr$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzeiros).

01.08.1993

Cr$ 1.700.500,00 (um milhão, setecentos mil e quinhentos cruzeiros) passou a expressar-se CR$ 1.700,50 (um mil e setecentos cruzeiros reais e cinquenta centavos).

(sem centavos)

"O know-how que possuímos hoje nos permite encarar o futuro com brandura e muita capacidade”

Cr$ 1000 = Cz$1

Denise Vale

CRUZADO NOVO Foi em 1994 que Denise subiu ao posto de Gerente Financeira, cargo este que ocupa até hoje, porém hoje com o título de Coordenadoria Econômico Financeira. Foi ela quem geriu os contratos de financiamento e comerciais do Projeto SIVAM e até hoje gerencia financeiramente os contratos da CISCEA. Analisando o que foi o empreendimento SIVAM, ela avalia como sendo uma estrutura de projeto perfeita, exatamente como se aprende nos MBA’s, com começo, meio e fim. "Hoje nossa meta é manter a grande estrutura do espaço aéreo brasileiro que implementamos, funcionando 24 horas por dia 365 dias por ano", avalia Denise. Em termos de estrutura orçamentária, os recursos provenientes do DECEA são destinados à CISCEA, sendo a Divisão Administrativa (DA) da CISCEA responsável pela execução administrativa e financeira dos recursos, à qual a Coordenadoria Econômico Financeira está subordinada. “O Orçamento da CISCEA é executado de acordo com o Plano de Trabalho Anual, tendo a Divisão Administrativa a responsabilidade quanto às licitações, 6 aeroesPaÇo

(com centavos)

Cz$ 1000 = Ncz$1

CRUZEIRO

(com centavos) de NCz$ para Cr$

CRUZEIRO REAL (com centavos)

Cr$ 1000 = CR$ 1

REAL

(com centavos) R$ 2.750 = R$ 1

01.07.1994

A Medida Provisória nº 542 instituiu o REAL como unidade do sistema monetário com a equivalência de CR$ 2.750,00 (dois mil, setecentos e cinquenta cruzeiros reais), igual à paridade entre a URV e o Cruzeiro Real fixada para o dia 30.06.94.

CR$ 11.000.000,00 (onze milhões de cruzeiros reais) passou a expressar-se R$ 4.000,00 (quatro mil reais)

FONTE: Banco Central do Brasil


"Temos uma rotina de trabalho, sim, mas as tarefas são sempre novas e motivantes. A CISCEA é extremamente inebriante" Letícia Bartholini

implementação dos contratos, execução financeira e acompanhamento dos instrumentos contratuais, enfim, pelo processo administrativo desde a aquisição até a entrega do produto ao cliente final”, explica Denise. Este acompanhamento é feito de forma continuada, para que se possa certificar de que os contratos sejam executados em conformidade com o acordado contratualmente. É na Coordenação Econômica Financeira, que Denise gerencia a equipe onde são analisadas as necessidades orçamentárias para atender os compromissos da CISCEA, os reajustes, as garantias, os prazos e custos de cada instrumento contratual até o final da execução e entrega. E é justamente nesta averiguação que podemos constatar tanto o grau de dificuldade do empreendimento, quanto o de competência dos profissionais envolvidos no processo. Ressalta-se aqui o impacto das mudanças de moeda que ocorreram no País de 1985 a 1995. Época de grande oscilação de moeda, a equipe da então GFIN esteve sempre muito atenta às alterações impostas pelos Governos, que implicavam ora em alteração dos

reajustes, ora em congelamentos dos valores contratuais. “Nesses períodos tivemos que fazer aditivos em todos os contratos da CISCEA, para atualizá-los de acordo com as novas legislações. De um mês pro outro, os contratos tinham que ser todos ajustados. O Plano Real, por exemplo, consumiu muitas horas de trabalho intenso de toda a nossa equipe”. Denise esteve nos Estados Unidos na primeira viagem do Projeto SIVAM ao financiador estrangeiro Eximbank. “O SIVAM me deu oportunidades e muita realização profissional. Dificilmente eu teria uma experiência maior de projeto como eu tive aqui. O desafio era diário e a confiança era extrema”, conta Denise. De fato, nenhum dos profissionais envolvidos no SIVAM havia tido uma experiência daquele porte até então. Todos estavam trabalhando e aprendendo ao mesmo tempo. “Nós lutávamos pelos recursos orçamentarios”, prossegue Denise. “Convencendo a todos da necessidade de Projetos de Lei junto as equipes da Secretaria de Orçamento, da Secretaria do Tesouro Nacional, do Tribunal de Contas da União (TCU) e outras autoridades para que eles pudessem ver as dificuldades pelas quais passávamos para a implantação do SIVAM. A mobilização era extrema”. E o maior desafio era o convencimento ininterrupto das autoridades para poder manter o Projeto em andamento. Entre 1995 e 2005, foram muitas as mudanças de interesses, envolvendo, até mesmo, a troca de Governo. A tônica era manter o mesmo propósito do início ao fim do Projeto. “No inicio do Projeto SIVAM, éramos um ministério, o Ministério da Aeronáutica, em 1999 passamos de ministério a Comando. Então, tivemos que adaptar nossos processos ao Ministério da Defesa, sempre com o objetivo de manter o projeto até o fim. Nesse momento estávamos no meio do caminho”. A CISCEA/CCSIVAM não deixou de

cumprir suas metas neste tempo. Afinal, do SIVAM, nasceu o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), em Manaus. Até o ano de 2000, a CISCEA era subordinada diretamente ao Ministério da Aeronáutica e, como Comissão, tinha, desde sua criação, uma missão especial dentro de uma estrutura especial. Com a criação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a CISCEA passou a ser a ele subordinada. Com a mudança, todo trâmite de processos foi ajustado à nova estrutura, sem interomper nenhum processo. “Em todo o percurso a CISCEA sempre se mostrou capaz de dar conta dos desafios recebidos. O que me faz acreditar que quanto mais desafios, melhor nos desempenhamos, pois eles nos alimentam e nos renovam. Entendo que com o know-how que possuímos hoje nos permite encarar o futuro com brandura e muita capacidade”, declara Denise. Foi em abril de 1983 que Letícia Bartholini entrou para a Comissão. Formada em Administração de Empresas, ela foi primeiramente estagiária da área financeira, mais precisamente no setor de Contratos Internacionais. Junto com sua equipe, Letícia gerenciava o contrato da empresa francesa Thompson, fabricante dos radares instalados nos CINDACTAs. O CINDACTA I, em Brasília, estava recém-inaugurado. “Era fascinante o trabalho. Não víamos a hora passar”, relembra Letícia, que foi chamada para o setor de Contratos Nacionais assim que o contrato da Thompson se encerrou. Foi também nesta mesma época, por volta do final do ano de 1989, que o efetivo da CISCEA se mudou para as atuais instalações do complexo do Terceiro Comando Aéreo Regional (COMAR III). E foi nesta época que surgiu para aeroesPaÇo

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Letícia a oportunidade de trabalhar no Projeto SIVAM. Ao término do SIVAM, a administradora foi trabalhar na Gerência do Projeto CISCEA (GCEA), que era um setor novo, que estava nascendo dentro da Comissão. Sua estada neste setor aprimorou seus conhecimentos acerca de planejamento. Seu olhar é multidisciplinar. Na prática, ao longo destes anos de trabalho, Letícia passou por diversos setores dentro da área financeira, prestando serviço, inclusive, no setor jurídico, no que se referia às contratações. Uma curiosidade é que a maioria dos setores onde trabalhou estava ainda em formação quando ela entrou. “Eu tive essa oportunidade que é ímpar. Eu não peguei as coisas pela metade. Eu comecei junto com o setor”, conta. Assim se deu também com a Coordenação de Contratos, onde hoje ela trabalha como Coordenadora dos Contratos de Sistemas da Divisão Operacional (DO) da CISCEA. Segundo Letícia, o coordenador é, na verdade, um interlocutor. Como ela mesma define, ele não é aquele que vai dizer ao funcionário como ele deve trabalhar, mas é quem vai

"Este foi o meu primeiro emprego. Sempre tive oportunidade de aprimoramento profissional e apoio para realizar minhas tarefas" Filipe Bastos

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perguntar: “como posso te ajudar a fazer a sua tarefa?”. Diplomacia. Esta é sem dúvida uma característica sua que se aplica perfeitamente com seu cargo. “Lidar com sistemas é fácil. Lidar com pessoas é delicado, complexo”, diz. O contato com as pessoas é, para Letícia, sinônimo de crescimento. “Eu sou muito grata pelo meu trabalho. Adoro vir trabalhar. O meu trabalho não é rotineiro. Temos uma rotina de trabalho, sim, mas as tarefas são sempre novas e motivantes. A CISCEA é extremamente inebriante. É aqui que passamos a maior parte do nosso tempo. É a nossa realidade. Nossos colegas são a nossa família”, declara Letícia. E como toda família tem sua história, o que não falta é história a ser contada por uma família do tamanho desta Comissão. Quem nos conta um pedaço dela é o designer gráfico Filipe Bastos. Ele entrou na CISCEA em 1984, lá mesmo, no prédio redondo. Seu primeiro cargo foi de auxiliar administrativo no Centro de Documentação (CEDOC), localizado no 10º andar. Lá ele fazia de tudo: microfilmagem, arquivamento de plantas e mapas,

montagem de documentos técnicos, entre outras atividades. Ele ficou no setor até 1986. Então, seguindo sua natureza autodidata, ávido por conhecimento, Filipe quis se aprimorar. Os horizontes eram grandes e a estrutura da Comissão, um universo a ser explorado. Ele fez, então, cursos de especialização em desenho de arquitetura e acabou se transferindo para a área de Planejamento. Ressalta-se que não havia computador naquela época. Os equipamentos estavam ainda chegando e sendo implantados na Comissão – que sempre privilegiou a tecnologia de ponta. À época, todo o trabalho era feito manualmente em pranchetas e nanquim. E quando dois computadores foram encaminhados para sua seção, não demorou muito para Filipe perceber que o advento da informática logo abraçaria a área técnica. Assim sendo, começou a estudar o desenho técnico com o uso do computador. Curso do programa AutoCAD. E, como para ele mudanças são oportunidades, não houve qualquer resistência de sua parte – muito pelo contrário. Outro campo de seu interesse era o das Fotografias Técnicas. Naqueles primórdios da computação, ainda se tiravam fotos para transformar as imagens em slides para apresentações em retroprojetor. Na mudança para as atuais instalações da CISCEA, o setor técnico estava sempre na ponta. “Como fomos os primeiros a ter contato com os computadores e como não havia ainda um setor especializado em informática, eu e outros colegas dávamos apoio e assistência técnica aos demais funcionários até que o setor de informática foi estruturado”, conta Filipe. Ao longo do Projeto SIVAM muitas apresentações foram realizadas para diversas autoridades de inúmeras áreas do Governo Federal e da própria Aeronáutica. E naquele momento estas apresentações eram ilustradas com transpa-


"Nossa atuação está voltada para a saúde de nossos funcionários" Sandra Regina

rências feitas à mão. “Era um trabalho que demandava muito tempo. Por vezes, quando um dado saía errado, uma vírgula que fosse, tinha que fazer tudo de novo do início”, recorda-se. As transparências eram feitas no Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA). “Não era raro passar a noite trabalhando para cumprir a missão dentro do prazo”, conta ele. Do Setor de Planejamento, Filipe foi para a Assessoria de Comunicação Social (ASCOM), que surgiu em 1998 para atender ao SIVAM, dada a grandiosidade do Projeto e sua repercussão na mídia. De 1998 para 1999 Filipe criou o SIVAMZINHO, mascote da campanha usada no material escolar entregue às comunidades da Amazônia Legal Brasileira. “Fizemos uma campanha educacional que envolveu outros profissionais da nossa Assessoria voltados à área de pedagogia. Elaboramos uma historinha em quadrinhos com a mascote e fizemos kits escolares contendo um caderno pautado com o Hino Nacional e a história em quadrinhos, contando a missão e a trajetória do Projeto. Os cadernos eram entregues junto com lápis, borracha e régua”, conta Filipe. Numa segunda fase os kits incluíam também camisetas, bonés, cadernos

de atividades e mochilas. Chegamos aos anos 90 e design e computação estreitaram sobremaneira seus laços. “Quando adquirimos a primeira impressora a jato de tinta foi um salto”, relembra. “Salvávamos os arquivos eletronicamente e podíamos salvar diversas versões de cada peça criada e alterá-las quantas vezes desejássemos”. Os trabalhos eram feitos numa rapidez enorme e a impressão era quase que instantânea, ainda mais quando comparado ao passado, onde os textos eram datilografados e as imagens e fotos eram montadas e coladas à mão num papel junto com os textos. Num passo seguinte o material final era reproduzido e fazia-se a distribuição. A informatização do setor (e o mesmo se aplica a todos os setores que entraram na Era Digital) permitiu uma enorme economia de tempo e mão de obra. Para Filipe, o balanço destes anos de CISCEA é muito favorável. “Foi meu primeiro emprego. Cheguei aqui com 18 anos. Sempre tive aqui oportunidades de aprimoramento profissional e apoio para realizar minhas tarefas”. No mesmo ano que Filipe entrou na Comissão, entrou também o engenheiro civil Jorge Kushikawa. Ouvindo sua análise do trabalho realizado nestes 30 anos, vemos que multidisciplinaridade e tecnologia em prol do trabalho de alta qualidade é a base do trabalho aqui prestado. Sua primeira incumbência ao chegar aqui foi a de fazer o primeiro Planejamento do Cronograma do Projeto CISCEA, sob a coordenação do então Coronel-Aviador Edivino. Dentre suas atividades, estavam a realização do cronograma de implantação dos equipamentos da Thompson e a contratação e execução de obras da empresa Andrade Gutierrez S/A, em todos os complexos da CISCEA (estabelecimento das Regiões de Informação de Voo - FIR, que são hoje os Centros de Controle de Área - ACC), os CINDACTAs. Além dos planejamentos do Projeto SISCEA, Kushikawa foi também encar-

regado de trabalhar na área de implementação dos radares de Área Terminal, quando teve a oportunidade de realizar levantamento de campo por todo o País, instalando os radares TA-10 da Thompson. Ao longo dos anos, o engenheiro trabalhou na coordenação de infraestrutura; na fiscalização e na supervisão das obras civis do Projeto; no gerenciamento destas obras, entre tantas outras atividades. “Passar por diversos setores dentro da CISCEA foi maravilhoso e deu-me uma experiência enorme”, conta Kushikawa. Na fase que antecedeu o SIVAM, em 1992, ele pôde conhecer toda a região amazônica ao fazer os levantamentos de campo do Projeto. Foi nesta época que se fez a parte de infraestrutura, quando a Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA) foi contratada para realizar a instalação dos quatro radares LP23 (em Manaus, Boa Vista, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga). Nos anos seguintes, enquanto o SIVAM seguia sua implantação, Kushikawa participou das atividades da CISCEA, tais como os radares PAR de Pirassununga e Santa Maria; radares meteorológicos; radares na região nordeste (Porto Seguro, Petrolina e Bom Jesus da Lapa); modernização dos radares PAR, entre outros. Neste período, era Adjunto do Diretor de Infraestrutura e, na sequencia, trabalhou no Grupo de Controle (GCON), na Diretoria de Infraestrutura. Atualmente, Jorge Kushikawa é o Gerente de Projetos em Auxílios à Navegação Aérea. Assim como Filipe, ele se recorda muito bem de como era o trabalho antes da informatização. “Antes dos avanços tecnológicos, os erros eram apagados com gilete e borracha de areia!”, conta ele. Os novos softwares propiciaram o aumento da velocidade de execução das tarefas, mas, por outro lado, aumentaram a cobrança. É o imediatismo da nossa época. “O trabalho que era feito à mão, viga por viga, hoje é feito pelos softwares que facilitam enormemente os cálculos”. No aeroesPaÇo

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entanto, ele ressalta que de nada adianta o software se o profissional não tiver estudado muito o programa e o Projeto. Sejam os projetos pequenos ou grandes, a motivação é sempre muito grande e cativa a toda equipe. Um exemplo de um trabalho no qual esteve recentemente envolvido foram as obras do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Lagoa Santa (MG). “Num prazo de um ano fizemos 3.500 desenhos; realizamos a licitação e o gerenciamento das obras”. Como novas metas, Kushikawa cita a implantação dos auxílios à navegação aérea: Sistema de Pouso por Instrumentos (ILS), Rádio Farol Não-Direcional (NDB) e Doppler Radiofarol Omnidirecional em VHF (DVOR) em todo território nacional. “Sempre tive o comprometimento e o apoio das altas autoridades da Comissão. E, desta forma, trabalho com total suporte e tranquilidade”, conclui. Apoio e confiança não faltaram para Sandra Regina Antonio. Paulista, a assistente social entrou para a ESCA em 1983, onde trabalhou na área de Recursos Humanos, e veio para o Rio de Janeiro em 1986 para prestar serviço na área de Serviço Social da CISCEA. “Nosso escritório era na Rua da Quitanda. Depois nos mudamos para o prédio redondo e, em 1989, viemos para as atuais instalações”, recorda-se.

Finalização de Unidade de Vigilância em Macapá

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Na década de 90, ainda no Projeto SIVAM, com a saída da sua chefe, Débora Marzullo, Sandra assumiu a chefia do Setor de RH. Atualmente, Sandra é a Chefe do Setor de Benefícios e Apoio Social (SBS), que envolve a coordenação e a administração de contratos dos seguros de saúde, odontológico e de vida, além do atendimento aos funcionários para esclarecimento acerca da utilização destes benefícios. O Setor de Benefícios é subordinado à Gerência de Recursos Humanos da Organização Brasileira para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Controle do Espaço Aéreo (CTCEA) - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que contrata os funcionários civis da Comissão. Na época do Projeto SIVAM, Sandra trabalhou em diversas atividades, tais como Gestão de Pessoas, Folha de Pagamento e Seleção e Recrutamento de Pessoal. Na CTCEA ela pôde também executar tarefas na área de Treinamento com o objetivo de estruturar a nova empresa que abrigou os funcionários saídos do SIVAM após seu término. Assim que a OSCIP surgiu, havia apenas o Termo de Parceira (TP) com a CISCEA. Então, seu setor era denominado SBCT – Benefícios, Capacitação e Treinamento. Com a entrada de outros Termos de Parceria, um setor específico de treinamento foi estruturado e Sandra ficou focada nos benefícios. Ao longo destes anos de serviços na CISCEA, Sandra analisa que os Sistemas deram um salto com o avanço tecnológico. “Saí da ESCA, que já tinha uma

estrutura definida, e entrei para o Projeto SIVAM, onde, com toda a equipe, comecei do zero, desde a implantação de softwares, contratação de pessoal, folha de pagamento. Foi uma experiência maravilhosa. Aprendi muito e toda a equipe também. Tivemos que estudar muito sobre Legislação, uma vez que tínhamos a experiência da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o SIVAM exigiu uma Lei específica que gerou contratos específicos”, explica.

Uma equipe multidisciplinar formada por pessoas do RH e da informática foi escalada para implantar a estrutura de funcionários da CISCEA. “Viramos meses de madrugada montando a Folha de Pagamento”, lembrou Sandra. Era, de fato, um volume muito grande de pessoas. Sandra e sua equipe administraram todos os funcionários, inclusive os que ficavam fora de sede, nos diversos sítios do SIVAM sediados em toda a Amazônia Legal Brasileira. Em termos de tecnologia, Sandra garante que tudo melhorou muito. A área de RH avançou significativamente com os novos recursos adquiridos, tanto no que diz respeito aos softwares de trabalho (para elaboração de relatórios e arquivamento de documentação), quanto aos meios de comunicação com o efetivo, como a Intraer, por exemplo. Todo o trabalho do seu setor é exclusivo dos funcionários civis, uma vez que os militares têm um setor próprio com leis e normas de procedimento


Obras Civis do Projeto SIVAM

próprias. No entanto, todas as atividades que o SBS promove, como os programas nutricionais, por exemplo, envolvem todas as pessoas que trabalham na Comissão – civis e militares. Outros projetos tocados pelo Setor, além do atual Programa Nutricional, são voltados para vacinação e qualidade de vida. “Nossa atenção está voltada para a saúde dos nossos funcionários, que, por conta das atividades de trabalho somadas à falta de exercício e à má alimentação, têm apresentado alto nível de estresse, o que pode acarretar sérios problemas cardíacos”, comenta Sandra. Melhorar a qualidade de vida é primordial e a prevenção é base do trabalho. Portanto, motivação é palavra de ordem. E esta energia repleta de comprometimento é a força motriz que mantém viva a Comissão. Segundo o atual Presidente da CISCEA, Brigadeiro-do-Ar Carlos Vuyk de Aquino, a Comissão, para o DECEA, é um instrumento de modernidade. E a CISCEA para ela própria, é a Comissão que mantém a mesma vitalidade desde seu nascimento. O Brigadeiro comenta que a “Comissão não mudou muito es-

truturalmente, mas a grande diferença é que, no período de 1995 a 2005, o foco foi o SIVAM. A maioria dos nossos profissionais atendia ao SIVAM. A parte de Controle do Espaço Aéreo ficou bastante reduzida, mas sempre em ação”. Hoje, segundo o Presidente da CISCEA, 100% da energia estão carreadas para o Controle do Espaço Aéreo. “Na CISCEA, é bastante claro que o período até o término do Projeto SIVAM era fundamentalmente voltado para a implantação de órgãos de Controle de Espaço”, comenta. São 25 anos de implantação de órgãos de controle. E a partir de 2005, o grande esforço não é mais a implantação de órgãos, mas a modernização desses órgãos implantados neste último quarto de século. A CISCEA concebeu e implantou. Agora se vê voltada para a modernização e a manutenção deste enorme Sistema. “Esse é um dos nossos grandes desafios”, prossegue o Brigadeiro Aquino. “É fazer acontecer sem parar. Não deixamos de funcionar em nenhum momento”. Segundo ele, o próprio modelo da administração mudou com o tempo. O volume e a quantidade dos contratos mudaram. “Antes tínhamos um contrato gigantesco e complexo. Hoje temos de-

zenas de contratos menores, mais específicos. Agora estamos especificando cada vez mais o que antes montamos em grandes blocos”, explica. Para ele o efetivo é, sem sombra de dúvida, motivado por estar sempre lidando com novas demandas, novos desafios. “Não vemos pessoas entediadas com uma rotina maçante. Aqui não tem rotina. Sempre temos novos projetos para abraçar. A cada dia a Comissão se supera, as pessoas se superam. Ver tudo isso é muito gratificante. Os obstáculos sempre existem, mas sempre os transpomos”, declara. A CISCEA hoje já tem pleno conhecimento de toda a tecnologia com a qual trabalhará neste futuro próximo, que nos traz as reformulações do espaço aéreo de acordo com as Diretrizes da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI). Ainda assim, Aquino comenta que não se vê ninguém apreensivo com o que vem por aí. "A visão do novo não nos assusta - ela é simplesmente uma continuidade natural das atividades que executamos em nosso dia-a-dia. Temos certeza que atingiremos todas as nossas metas, mantendo sempre a mesma vitalidade, o mesmo elã e a mesma qualidade dos projetos na CISCEA”, finaliza. aeroesPaÇo 11


Publicações DECEA

Se você nunca usou, ainda vai precisar...

Por Daniel Marinho

MCAs, AICs, ICAs, DCAs, CIRTRAFs, CIAPs, FCAs, CIRTELs... haja sopa para tanta letra. E a lista completa é muito maior. São mais de 30 tipos diferentes de publicações relacionadas - direta ou indiretamente - ao Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Cada qual agrupando uma série de documentos que sofrem atualizações e alterações regularmente. Essa "sopa de letrinhas" é servida diariamente não só na mesa do Departamento de Controle do Espaço 12 aeroesPaÇo

Aéreo (DECEA), como também na de centenas de profissionais do ramo do transporte aéreo brasileiro, que, aliás, certamente dependeriam dessa "iguaria" para sobreviver. Onde procurar por cada uma dessas Publicações? Como encontrar documentações relacionadas? Como buscá-las por assunto? Como acompanhar atualizações e revogações? Em outras palavras, você já acessou o "Publicações DECEA" ?


Desenvolvido a partir de uma parceria entre a Divisão de Documentação (D-DOC) e a Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) do DECEA, o site "Publicações DECEA" foi projetado para simplificar o cotidiano de centenas de pessoas que precisam acessar as referidas fontes de informação com regularidade. Seu segredo está num sistema web inteligente - de interface objetiva e de fácil compreensão - que centraliza as publicações numa só plataforma e otimiza as buscas, agilizando o acompanhamento por parte dos usuários. Assim, as buscas às documentações, antes limitadas ao nome da mesma, podem agora também ser realizadas por assunto, tipo, origem ou data. É só ir ao site e clicar em um dos filtros de interesse. E nem precisa gastar pixel procurando pelas últimas novidades: as publicações mais recentes e as mais acessadas estarão sempre em destaque a um clique do mouse. Isso porque, à medida que novas publicações são aprovadas, elas vão sendo automaticamente visualizadas. Revogações ou outras alterações de qualquer ordem também são alocadas em menus de destaque na página inicial para facilitar a vida do usuário. Por outro lado, se o seu objetivo não é buscar um documento em particular, mas sim um índice geral, o site é capaz de gerar em PDF uma relação completa de todas as Publicações atualizadas até o exato instante da solicitação. Se depois disso tudo ainda não sobrar tempo para ficar acessando o "Publicações DECEA" e acompanhar as atualizações, não tem problema... O site faz isso por você! Basta ir ao ícone "Receba por e-mail" no topo do site e preencher o formulário específico para receber as publicações recém-cadastradas - de seu campo de interesse - e ser avisado quando as próximas estiverem para entrar em vigor.

Prefere receber por RSS? Então vá ao ícone ao lado e siga as instruções para saber como receber as novidades através de um agregador RSS e, se for o caso, aprender a utilizar este recurso. Prefere o Twitter? Mais uma vez: não tem problema! Há outro ícone também no topo do site que ensina como seguir as atualizações por meio do tão falado serviço de microblogging. Não há como ficar por fora! Mais uma solução web do Portal do DECEA, o site substitui a TCA 0-12 de 2009, que não será mais editada,

e passa a ser a fonte de informação oficial para referenciar todas as publicações convencionais e não convencionais aprovadas pelo DECEA. A nova ferramenta é mais um recurso afinado ao conceito do Portal DECEA de racionalização dos fluxos da informação para seus usuários. Está disponível em links próprios nas páginas iniciais dos Portais, ou através dos endereços: Rede Intraer: http://www.decea.intraer/publicacoes Internet: http://publicacoes.decea.gov.br

Disponível na Internet e na Intraer desde março de 2010, o Publicações DECEA já contabiliza, em cinco meses, mais de 110 mil acessos. Resultado um tanto expressivo para um site de conteúdo especializado recéminaugurado.Veja abaixo, no quadro estatístico, os resultados alcançados pela ferramenta.

Quadro Estatístico (*até 03/08/2010)

110.325 acessos 4727 downloads 20526 buscas realizadas 240 usuários assinantes 370.73 Mbytes de arquivos 315 publicações indexadas

aeroesPaÇo 13


Quem

é?

"O trabalho no CGNA não é apenas missão, é prazer e vocação"

Tenente - Coronel - Aviador Bertolino

Dedicação total ao controle do espaço aéreo Ser aviador. Esse era o sonho de Ary Rodrigues Bertolino desde a infância. Nascido no bairro de Olaria, zona norte do Rio de Janeiro, nosso entrevistado desta edição, hoje com 42 anos, é o Tenente-Coronel-Aviador Bertolino, Chefe da Divisão de Operações do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA). Entrevistado por Denise Fontes Fotos de Luiz Eduardo Perez e arquivo pessoal do entrevistado 14 aeroesPaÇo

Aos dez anos, Bertolino encantou-se com a aviação. Como cresceu próximo à Igreja Nossa Senhora da Penha, na cidade do Rio de Janeiro, acompanhou do alto da igreja por diversas vezes os aviões que decolavam do Aeroporto do Galeão (hoje Internacional Tom Jobim) e, desde aquela época, decidiu: queria ser militar! Aos 15 anos, entrou para a Força Aérea Brasileira (FAB). Em 1983 iniciou sua carreira militar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena (MG), fazendo o curso de oficial aviador até 1985. Formou-se na Academia da Força Aérea (AFA), em 1989, e logo seguiu para Natal (RN), onde fez o curso de piloto de transporte. Depois foi designado para trabalhar no Quarto Esquadrão de Transporte

Aéreo (4º ETA), sediado na Base Aérea de São Paulo (BASP), onde realizou o curso operacional de transporte de tropa. E, neste momento de sua vida, foi convidado para dar instrução no Comando Aéreo de Treinamento (CATRE), em Natal, onde dedicou dois anos de sua carreira. No entanto, foi exatamente neste ponto da sua carreira, que Bertolino viu sua vida sofrer uma reviravolta. Ele descobriu que tinha uma doença hereditária nos olhos, obrigando-se a pedir afastamento do voo. A partir daí, prosseguiu, buscando novos desafios em sua carreira militar. Resolveu fazer um curso de analista de sistema no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Ficou um ano estudando em São José dos Campos (SP) e, assim que ter-


minou o curso, em 1996, foi transferido para a extinta Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV), atual Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Bertolino conta que foi prestar serviço na DEPV como Tenente-Aviador, cujo posto ainda não existia na organização naquela época. Trabalhou na Subdiretoria de Operações (SDO) durante oito anos na área de Informações Aeronáuticas (AIS) – uma novidade na sua carreira. Em 2005, outra experiência que marcou sua trajetória: foi convidado para comandar o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL). Com a desativação do Serviço Regional de Proteção ao Voo do Rio de Janeiro (SRPV-RJ), muitos militares foram desviados para o DTCEA-GL, assim, o efetivo chegou a ter 327 profissionais, entre militares e civis sob o comando do então Major Bertolino. Este período de trabalho no DTCEA-GL durou um ano e meio. “A maior dificuldade que eu enfrentei quando cheguei ao Galeão foi a operação do Sistema X-4000, que era um software totalmente desenvolvido no Brasil”. A solução partiu do conhecimento técnico e da determinação de Bertolino em vencer mais este obstáculo. Mas o destino ainda lhe reservava outra surpresa. Em setembro de 2006, foi convidado pelo então Coronel-Aviador Guilherme Francisco de Freitas Lopes, à época Chefe do CGNA (hoje Coronel-Aviador da Reserva e assessor da chefia do CGNA) a comandar a Divisão Técnica da Unidade. Para Bertolino, seu trabalho no CGNA é a sua grande paixão e o seu maior desafio até o momento. Destacando os principais acontecimentos, ele relembra a crise enfrentada pelo controle de tráfego aéreo em 2006. “Sem dúvida foi a maior experiência da minha vida. Era duro ver aquelas informações nos telejornais, muitas vezes considerações e comentários que eram errôneos ou falsos

Fases da vida militar de Bertolino

Acima, a formatura do 3º ano da EPCAR e, na foto abaixo, formatura do 4º ano da AFA

ército

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Em 2005, Bertolino comandava o DTCEA-GL

e passamos a ser o maior incompetente do Brasil da noite para o dia”, relata. Assim, querendo enfrentar as dificuldades encontradas no complexo sistema de transporte aéreo, o trabalho em equipe foi fundamental. “O CGNA foi um combatente testado em combate, que conseguiu sobreviver à essa nossa guerra”, conta com grande emoção. Após assistir ao filme “O Gladiador”, de Ridley Scott (2000), Bertolino ficou impressionado como a história se parecia com o CGNA. Ele diz que aprendeu muito com os ensinamentos passados no filme, como o espírito de liderança, o equilíbrio e o trabalho em conjunto – que hoje retrata a realidade vivida pelo CGNA. "Aqui, os nossos guerreiros foram o Coronel-Aviador Freitas Lopes e o Coronel-Aviador Gustavo”, compara Bertolino. A fase difícil enfrentada pelo controle do tráfego aéreo em 2006, segundo o TenenteCoronel Bertolino, serviu de aprendizado para sua carreira. “O conhecimento adquirido no combate, a disciplina consciente e a correnteza de atitudes foram lições aprendidas durante aquele período” - conclui. Outro ponto por ele ressaltado foi o importante papel que o CGNA representa na atual organização do controle de tráfego aéreo, trabalhando ininterruptamente na monitoração da segurança, visando sempre o aumento da qualidade dos serviços prestados pelo Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). “Na equipe do CGNA há pessoas dedicadas e conscientes da grande responsabilidade que têm em mãos, que é garantir a segurança do espaço aéreo brasileiro. O trabalho no CGNA não é apenas nossa missão, é o nosso prazer, é nossa vocação”. Ele acredita ter conquistado inúmeras amizades em sua carreira, tanto os aeroesPaÇo 15


servidores civis quanto militares. Suas relações de trabalho sempre foram muito boas, porque ele sabe que isso depende muito de como nos comportamos com os outros. Como ele mesmo prega, “temos que tratar as pessoas da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados”. Parece que essa filosofia aplicada por ele no trabalho deu certo. Assim atesta o Chefe do CGNA, Tenente-Coronel-Aviador Fábio Almeida Esteves: “Ao conhecer um pouco mais de perto esse trabalhador obstinado, não é difícil perceber que sua personalidade possui um daqueles raros equilíbrios entre a sinceridade, o companheirismo, a lealdade e o respeito. A competência e o profissionalismo fizeram de Bertolino uma daquelas unanimidades do SISCEAB”. E o seu chefe não é o único a tecer elogios. De acordo com o Coronel-Aviador Gustavo Adolfo Camargo de Oliveira, Assessor do Vice-Diretor do DECEA: “Bertolino interage de forma alegre e distinta com as pessoas. A sua liderança marcante, o seu raciocínio rápido e uma rara capacidade intelectual lhe proporciona a completa apreensão dos assuntos, assim como também lhe garante a facilidade para resolver diferentes problemas. Estes talvez sejam os pontos que melhor caracterizam seu desempenho profissional” - confessa o amigo. A propósito, a qualidade de seu trabalho é atestada por aqueles que o conhecem. É o que relata o Coronel-Aviador da Reserva Freitas Lopes: “Tudo o que eu pensava do Bertolino veio a se confirmar naqueles seis meses em que trabalhamos juntos no CGNA. Agradeço a ele pelo incentivo que me deu em prosseguir na luta nos momentos de angústia, devido à impossibilidade de resolver o problema com as ferramentas que dispúnhamos. Agradeço, também, por nos ajudar a construir uma Unidade com credibilidade, útil e com grande capacidade de pronta resposta, hoje conhecida pelo DECEA, pelo Comando da Aeronáutica, pelo Brasil e pela Organização da Aviação Civil Internacional”. Nesses 27 anos de carreira, o TenenteCoronel Bertolino teve oportunidade de 16 aeroesPaÇo

participar de 30 missões internacionais pelo DECEA. Segundo ele, a mais importante foi a reunião com um grupo em Montreal (Canadá), sobre o uso aeronáutico da internet pública. “Foi um grupo composto por seis países (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália, Rússia e Brasil) e fui o único representante brasileiro a participar da missão, sendo o responsável pela revisão técnica do documento”, orgulhase Bertolino. Empreitada tão desafiadora

"Bertolino ajudou a construir um CGNA com credibilidade e grande capacidade de pronta resposta"

e de grande responsabilidade não poderia ser confiada à profissional menos capacitado. Para especializar-se, ele participou de alguns cursos de capacitação. “Procurei estudar muito e fiz os cursos de carreira, que me deram conhecimento na área de chefia, liderança, planejamento e visão estratégica”, declara. Com o conhecimento e a experiência adquirida em sua carreira, Bertolino de-

monstra muita satisfação quando divulga o trabalho realizado pelo CGNA em palestras que profere para grupos de pessoas que visitam a Unidade, no Rio de Janeiro. A importância do seu trabalho vem sendo reconhecido pelo SISCEAB. Ele foi agraciado com a Medalha de Prata, por 20 anos de relevantes serviços prestados à FAB, e com a Medalha do Mérito Cartográfico, pelo trabalho apresentado num Simpósio de Cartografia, realizado pela Sociedade Brasileira de Cartografia (SBC), em Belo Horizonte (MG), sobre base de dados de informações aeronáuticas, referente ao software de confecção de cartas aeronáuticas. De fato, seu talento, sua determinação e sua competência são características marcantes. Depois desta grande trajetória, Bertolino tem a FAB como sua segunda casa. Como podemos ver, ele dedica muitas horas ao seu trabalho, mas a família entende e tem orgulho de sua carreira. Casado com a vendedora Adriana há 15 anos, tem duas filhas, Renata e Beatriz, de 15 e 11 anos, respectivamente. No pouco tempo livre, Bertolino aproveita para fazer caminhadas, viagens, leitura de livros de história e, principalmente, se dedicar à família. “Meu marido é conhecedor de assuntos diversos e possuidor de mente e memória extraordinárias. Esse geminiano carioca não vacila, mostra-se sempre certeiro, pois possui intuição aguçada”, elogia a esposa. Seus pais, Nelson e Lúcia, sempre deram total apoio à sua escolha profissional e se orgulham da sua carreira. Eles foram seus maiores incentivadores e sempre o acompanharam em sua trajetória. Tanto amor e carinho dos pais resultaram em suas atitudes tão preocupadas em relação ao próximo. Todo o aprendizado do Tenente-Coronel Bertolino culminou em sólidos valores que ele aplica em sua vida profissional e pessoal. Ele é um exemplo de garra e força de vontade e nos ensina, com sua experiência, que o trabalho em sua vida é muito mais que dever, é motivação.


Segurança Operacional do SISCEAB Uma realidade intrínseca a toda atividade aqui realizada Por Telma Penteado – Foto: Luiz Eduardo Perez

Eram 16h30 de uma quinta-feira do mês de junho. “Dia 02 de agosto tem início a implantação do Pegasus”. Assim decretou Olavo Pantaleão, Diretor de Implantação de Projetos de uma empresa de Soluções em Tecnologia da Informação numa reunião com os demais diretores e coordenadores envolvidos no mais novo projeto da instituição. Tratava-se da substituição do software de monitoração da rede de transporte de cargas no Parque de Material de uma empresa de armazenamento de containeres no Rio de Janeiro. Quatro meses após o início da implantação foi o prazo estimado para que todo o novo sistema Pegasus já estivesse operante. No entanto, na manhã do dia 20 de outubro, o que se leu nas manchetes das principais mídias do Estado foi: “Projeto Pegasus parece não querer bater as asas”; “Caos em container – empresa do Rio muda software e acaba perdendo dados”, “Caso Pegasus: quando um projeto de qualidade torna-se o principal óbice de uma organização”. Outubro! Nem ao menos a empresa de Olavo havia chegado próximo ao prazo estipulado e os problemas começaram a surgir. Naquele momento, além das reuniões de rotina para o acompanhamento da implantação, Olavo e sua equipe tinham agora que lidar com a imprensa. E a imprensa,

que está sempre de olho, é implacável. Contatos foram feitos para cobrir todas as frentes. Todos querem respostas: clientes diretos e indiretos, funcionários, fornecedores e a própria sociedade. Com isso, Olavo não contou. Pensou certamente em todas as etapas do projeto – a situação, a demanda, a logística, o desenvolvimento do novo software e a devida implantação do mesmo. Para ele, nada tinha passado despercebido. Afinal, a sua empresa havia sido até certificada com a ISO! Mas imprensa? A equipe jamais descartou as não conformidades, porém, diante do que se pôde ver, não estava preparada para a repercussão de uma determinada falha ao longo do processo. E foi justamente este cerco da imprensa que desestruturou o Projeto. Ao buscar por dados e respostas, diversos jornalistas entraram em contato com diversos responsáveis pela implantação do novo software. Não havia um único responsável para lidar com a imprensa e, por esta razão, as informações fornecidas não estavam coerentes como um todo. E as mídias se alimentaram justamente destes dados complementares que se opunham um ao outro. O que teria dado errado? O que teria saído fora do programado? Estas perguntas martelaram na cabeça de Olavo. E quantos de nós, ao embarcar num determinado projeto – pessoal ou profissional, de pequeno ou grande

porte – deixamos escapar um ou outro ponto que, mais cedo ou mais tarde, pode se tornar um obstáculo significativo no caminho que traçamos para atingir nossas metas? Como proceder, então?! Segurança Operacional. Esta é a resposta. No âmbito do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), muito já foi dito e realizado acerca da Segurança da Informação. Sendo assim, muito já se pode compreender, por analogia, da fundamental importância da Segurança Operacional. Em novembro de 2001, durante a

Convenção de Chicago, A Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) editou uma emenda no Anexo 11, referente aos Serviços de Tráfego Aéreo, segundo a qual solicitou um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) pelos provedores de serviços de tráfego aéreo dos Estados Contratantes. Em 2006, foi publicada a primeira edição do Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional através do MSSO - DOC 9859. Resumindo, de acordo com o referido Manual, o SGSO é “um método sistemático e integrado aeroesPaÇo 17


para o gerenciamento da Segurança Operacional, que inclui a estrutura orgânica, as linhas de responsabilidade, as políticas e os procedimentos necessários para a manutenção da segurança operacional em um nível aceitável”.

CONCEITOS BÁSICOS DO SGSO

1]

Enfoque global na Segurança Operacional (SO) da organização, baseando-se na cultura organizacional de segurança.

2] Uso adequado dos instrumentos organizacionais para manter os níveis de segurança operacional. Aqui o foco principal deve estar concentrado nos riscos e seus possíveis efeitos nas atividades críticas para a segurança operacional. 3]

Adoção de um sistema formal de monitoramento do desempenho da segurança operacional. Isto é necessário para confirmar a aderência contínua por parte da organização, as suas políticas, aos seus objetivos, as suas metas e as suas normas de segurança operacional.

Como se vê, esta cultura da Segurança Operacional é de suma importância para o controle do espaço aéreo e, por extensão, para a aviação brasileira. Atendendo as recomendações da OACI, bem como as orientações constantes do Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Aviação Civil Brasileira, em 2009, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) aprovou a implantação do SGSO em sua estrutura, através da Diretriz DCA 63-3/2009. Tal Diretriz tem por objetivo “estabelecer os requisitos mínimos dos Sistemas de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO) previstos para os Provedores de Serviços de Navegação Aérea (PSNA)”. 18 aeroesPaÇo

Ainda neste documento, é preconizado que cada provedor “deverá desenvolver seus respectivos SGSO”. Ao DECEA coube a responsabilidade de analisar, aprovar e supervisionar os SGSO implantados nas Organizações Militares do SISCEAB. O foco de tais medidas está em que todas as atividades do SISCEAB sejam, conforme a Diretriz aprovada, “baseadas na destinação equilibrada de recursos e orientadas de forma a alcançar o mais alto nível de desempenho da Segurança Operacional, baseando-se no cumprimento das normas nacionais e internacionais”. Estabelecer e implantar processos de identificação de perigos e de gerenciamento de riscos, no que diz respeito à Segurança Operacional, é um dos compromissos do DECEA. Trata-se da busca pela mitigação dos riscos relativos à prestação dos Serviços de Navegação Aérea (ANS) “a um nível tão baixo como seja razoavelmente praticável”. É também um compromisso assumido a garantia de que todos os profissionais envolvidos no processo recebam as instruções necessárias e adequadas e que tenham, por extensão, a competência em matéria de Segurança Operacional no âmbito do SISCEAB. Foi na tarde do dia 5 de maio, que o Comitê de Segurança Operacional (CSO) realizou sua primeira reunião. A abertura do evento ficou a cargo do Presidente do CSO, o Diretor-Geral do DECEA (DGCEA), Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso, que ressaltou a necessidade de se adquirir o conhecimento profundo acerca de todo o processo de Segurança Operacional (SO). “Adquirir conhecimento vai exigir um esforço grande de todas as organizações. A mudança cultural envolve tempo e tudo aqui se reflete na questão da Segurança no âmbito SISCEAB”, declarou o DGCEA.

Qual é o nosso nível de segurança? Como estamos garantindo a segurança do nosso Espaço Aéreo? Quais são os riscos e os óbices? Onde e por que estão ocorrendo? "Com base nestes dados”, prosseguiu o Brigadeiro Ramon, “poderemos criar indicadores para fazer as análises que se façam necessárias”. “Temos que nos conhecer para que possamos trabalhar nas possíveis correções. E as ações devem ser priorizadas, frente à nossa realidade de recursos humanos e orçamentários”, comentou. O Brigadeiro Ramon lembrou, ainda, que “temos hoje as documentações necessárias e estamos ganhando a experiência da qual precisamos para refinar cada vez mais este processo de garantia da Segurança Operacional. Daremos um passo de cada vez, de acordo com nossas possibilidades. Não podemos correr mais do que somos capazes, deixando para trás partes importantes deste processo”. Além da Diretriz para a implementação do SGSO - a DCA 63-3 - o DECEA conta, ainda, com o Plano de Implementação de Sistemas de Gerenciamento da Segurança Operacional nas Organizações Subordinadas ao DECEA - o PCA 63-2. Abrindo sua apresentação ao Comitê, o Chefe da Assessoria de Segurança do Controle do Espaço Aéreo (ASEGCEA), Coronel-Aviador João Carlos Bieniek, definiu Segurança Operacional como sendo “o estado no qual o risco de lesões a pessoas ou danos a bens ou ao meio ambiente se reduz e se mantém em níveis aceitáveis por meio de um processo contínuo de identificação de perigo e gerenciamento de risco”. O Coronel Bieniek ressaltou que dentro do Programa de Segurança Operacional (PSO), no que se refere às peculiaridades do Brasil, está o Programa de Segurança Operacional


Específico (PSOE), que abarca as diretrizes relativas à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) através do Programa de Segurança Aeroportuária (PSA) e o Comando da Aeronáutica (COMAER), através do DECEA e do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), com seus Produtos e Serviços de Navegação Aérea (PSNA). A meta deste PSO é a diminuição de 10% ao ano no número de incidentes de tráfego aéreo ocorridos no ano anterior, calculado de acordo com os padrões internacionais. Tais padrões internacionais respaldam-se em indicadores que operam como balizas para o andamento do processo de implantação da Segurança Operacional. Esses indicadores permitem, entre tantas ações, identificar as condições potencialmente perigosas, indicar a necessidade de implementar ações para garantir a melhoria dos processos e, ainda, promover o acompanhamento contínuo do nível de Segurança Operacional. Por fim, o Coronel Bieniek disse que os indicadores permitem achar soluções. A implantação do (SGSO) será feita em quatro fases com previsões de prazos (ver tabela).

FASES

MEDIDAS

PRAZO PROPOSTO

Planejamento

Julho/2010

Processos relativos ao Gerenciamento dos Riscos

Setembro/2010

Processos Pró-ativos e Preditivos

Dezembro/2010

Garantia e Promoção da Segurança

Março/2011

Vale aqui ressaltar que as referidas fases não são necessariamente sequenciais. Na verdade, as ações de uma fase mais avançada têm início num período anterior. E, como vimos no exemplo do nosso personagem Olavo, a comunicação será a ferramenta-chave para a criação - e posterior e ininterrupta manutenção - da Cultura da Segurança Operacional. Como disse o DGCEA, é preciso gerar conhecimento. Falamos aqui de toda forma de conhecimento: interno (efetivo de todas as organizações) e externo (sociedade - como prestar contas). “São os riscos que estão aumentando ou estamos conhecendo melhor os riscos que nós já tínhamos? Aí reside a importância da comunicação”, declarou o Brigadeiro Ramon. Tal pergunta é primordial para qualquer processo. O conhecimento acerca do que se pretende fazer, dos “por quês” e onde se pretende fazer é que vai nortear cada ação, cada medida. Precisamos saber onde estamos e para onde vamos, se desejamos ter um gerenciamento efetivo e consciente de atividades e, num plano maior, de uma organização por inteiro. E esta Cultura de Segurança Operacional, como ressaltou

o Coronel Bieniek, se dará através um programa amplo de divulgação das diretrizes nas organizações do SISCEAB que inclua ferramentas como internet, banners, folders, cartazes, entre outras. Ainda segundo o DGCEA, a realização de workshops, a serem planejados pelo Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), deverá focar o fator humano. “Precisamos que as pessoas saibam executar as atividades às quais se prestam”, disse o Brigadeiro Ramon. Após esta primeira reunião, teve início a disseminação da cultura de SO pelas OM subordinadas ao DECEA. Através de encontros e palestras, a ASEGCEA está levando adiante todos os preceitos que nortearão a implantação do PSO no SISCEAB. A ideia é que a Segurança Operacional, com a identificação de perigos e com o gerenciamento de riscos, seja uma atividade intrínseca de todo e qualquer empreendimento dentre os Serviços de Navegação Aérea. Deve-se compreender que a concretização de um Projeto, para se ter sucesso, passa, necessariamente, pela Segurança Operacional. O próximo encontro do Comitê de Segurança Operacional tem data prevista para setembro deste ano.

Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon: “Temos hoje as documentações necessárias e estamos ganhando a experiência da qual precisamos para refinar cada vez mais este processo de garantia da Segurança Operacional" aeroesPaÇo 19


Artigo

Por Tenente-Coronel Especialista em Comunicações da Reserva Remunerada José Francisco de CAMPOS Filho

Comunicações no Comando da Aeronáutica A Doutrina de Telecomunicações no COMAER é essencial, na medida em que se deseja eficiência, rapidez, segurança e eficácia nas Comunicações Escrevi o artigo com o objetivo de alertar para a necessidade de normalização das atividades atinentes ao fluxo de mensagens administrativas e aeronáuticas, pois uma das maiores preocupações dos administradores é o trâmite de mensagens e documentos, a tempo de serem tomadas medidas necessárias à segurança e boa funcionalidade de qualquer Organização. Essa preocupação ocorre, também, não só nas Organizações pertencentes ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), mas, também, em todas do Comando da Aeronáutica (COMAER). Há que se ter em mente que qualquer documento - seja uma mensagem administrativa ou aeronáutica, um fax, um ofício ou mesmo uma simples Parte - precisa 20 aeroesPaÇo

sofrer um processo que envolve a elaboração, a confecção, a assinatura, o devido encaminhamento e, finalmente o acompanhamento até seu total processamento. No meio desse processo, encontrase um profissional formado e treinado na Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR) destinado a fazer com que os documentos, tramitando nas diversas Organizações Militares (OM) do COMAER, cheguem a seus destinos com segurança, eficiência e rapidez. Para tanto, além de outros ofícios, esse profissional possui habilidade para operar a Rede Administrativa de Comutação Automática de Mensagens (RACAM), com seus terminais localizados nas Estações de Comunicações (ECM), instaladas

nas OM do COMAER e a Rede de Telecomunicações Fixas Aeronáuticas (AFTN), cujo nó no Brasil é o Centro de Comutação Automática de Mensagens (CCAM), instaladas e operadas no âmbito do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Cabe salientar, que o CCAM está, gradativamente, sendo substituído por um Sistema de Tratamento de Mensagens Serviço de Tráfego Aéreo (AMHS) com maior capacidade de veiculação de mensagens. O profissional referido no terceiro parágrafo é o Graduado do Quadro de Suboficiais e Sargentos, da especialidade “Básico em Comunicações” (QSSBCO). Esse é o único especialista em atividade no COMAER, dentre todas as outras especialidades formadas


naquela Escola, que obtém, atualmente, o conhecimento necessário para facilitar a veiculação, o registro, o acompanhamento, o encaminhamento e o arquivamento de todas as mensagens veiculadas, tanto na RACAM como na AFTN, até o seu total processamento, finalizando com o conhecimento do conteúdo de cada mensagem pelo usuário ou autoridade competente. Alguém, certamente, alertará que esse conceito pertence ao passado. É verdade, muitos conceitos evoluíram, pois com o advento da Tecnologia da Informação (TI) , formar um profissional exclusivamente para operar um Sistema de Telecomunicações Administrativas ou mesmo uma Rede destinada às Telecomunicações Aeronáuticas, já não deve ser considerado. Depois de muito estudo e debate, o DECEA concluiu que a desativação das Estações de Telecomunicações é um fato irreversível, conforme consta do Plano do Comando da Aeronáutica (PCA) 102-1 de 2009 - Desativação das Estações de Telecomunicações. Não resta a menor dúvida. Hoje, com a evolução na área da TI, tudo se torna mais prático e fácil. Concordo plenamente, mas alguém também poderia indagar: E a rede denominada RACAM? Ora, ela vai continuar funcionando e seus terminais serão instalados nos Protocolos das Organizações, responderia outro. É verdade. Quem vai operar tais terminais ligados a essa Rede? A resposta é: os atuais profissionais que trabalham naqueles protocolos, ou mesmo nas secretarias. Afinal, a operação de um terminal da RACAM não é um bicho de sete cabeças. É fácil operar. Sem dúvida, muito fácil! Basta que se treinem adequadamente os “soldados” que, nas Organizações do COMAER são os profissionais que irão operar tais terminais. A dúvida está não na simples operação de transmitir ou receber mensagens, mas sim no processo de tramitação desses docu-

mentos, se eles estão sendo processados e encaminhados corretamente e - o mais importante - se estão sendo arquivados corretamente, seja por meio eletrônico ou físico. Considerando-se que os profissionais formados e capacitados para operar a rede RACAM estão sendo desmobilizados, conforme já citado, é de se pensar que parte desses graduados BCO, desviados para outras funções, sejam direcionados para atuar como supervisores na operação dos terminais instalados em outro local. Sim, porque a ECM acabou, mas o terminal RACAM, que era uma das essências da existência da ECM, não acabou, ou seja, foi simplesmente deslocado para outro recinto da OM, como o Protocolo Geral das Organizações.

"O graduado BCO tem potencial para atuar em várias áreas das Telecomunicações do COMAER" Assim, salvo outras concepções, a desativação das Estações de Comunicações, as famosas ECM ou antigas ZW, como muitos saudosos ainda as denominam, encerra um ciclo onde se utilizava um grande número de profissionais, trabalhando em escala de serviço em regime, muitas vezes, de 24 horas. No entanto, os terminais da RACAM, instalados em outros locais como secretarias e protocolos das Organizações, podem ou poderão, com o tempo, serem operados por profissionais não preparados para tal. É fácil operar um terminal de computador ligado a uma rede como os terminais ligados a RACAM. Alerto que o Protocolo Geral da Organização, ao receber o terminal RACAM, deverá fortalecer a sua equipe com, no mínimo, dois graduados da especialidade de Comunicações (BCO) ou civis

com a mesma formação. E qual deverá ser o perfil desses graduados, que serão denominados “protocolistas”? Na minha opinião, deverá ser um profissional que, além de possuir experiência, deverá ter domínio de todos os setores da Organização, ou seja, ele deverá conhecer as atividades dos vários setores para que possa, ao receber uma mensagem, encaminhá-la corretamente. A esse profissional cabe ressaltar que, além da operação da RACAM, poderá ou deverá conhecer o Sistema Informatizado de Gestão Arquivística e Documentos da Aeronáutica (SIGADAER), o qual provavelmente substituirá a RACAM, quando estiver totalmente implantado. Além de designado como “protocolista”, deverá atuar como supervisor das demais atividades do Protocolo Geral, tais como as desempenhadas pelos demais profissionais que atuam ou atuarão nesses recintos. Sendo repetitivo, é bom lembrar que saber encaminhar, distribuir, receber, dar destino à documentação e finalmente arquivar, é uma atividade de grande responsabilidade e que deve merecer atenção no que toca ao profissional que será designado para a função de “protocolista”. O administrador há de convir que “sofrerá” quando precisar localizar um documento que não tenha sido corretamente arquivado, seja no papel ou mesmo eletronicamente. Geralmente, o protocolo localizado nas OM do COMAER contém, em seu efetivo, soldados permanecendo ali muito pouco tempo, daí a necessidade de um profissional permanente que entenda do assunto e que possa orientá-los adequadamente. Esse profissional é e continua sendo o graduado oriundo da especialidade BCO. Não tenho dúvida de que o graduado BCO é um profissional que tem potencial para atuar em várias áreas das Telecomunicações do COMAER. É um profissional que conhece a articulação da comunicação, atuando em aeroesPaÇo 21


áreas que exigem muito a atividade de Comunicações, tais como Redes de Microcomputadores, de Comunicações e Controle, de Serviços de Busca e Salvamento, de Serviços de Inspeção em Voo e outros afins. No entanto, como já sugerido anteriormente, parte desses graduados que serão desmobilizados com a desativação das Estações de Telecomunicações poderia ser direcionado, para as atividades mencionadas. Teci alguns comentários, até o momento, sobre a operação de Estações de Telecomunicações Administrativas. Vale lembrar que o graduado do Quadro de Especialista em Comunicações (QSSBCO) não opera somente tais Estações. Ele atua também nas Estações de Telecomunicações Aeronáuticas, não só operando a Rede AFTN/AMHS como nas Estações que prestam o AFIS. E o que é o AFIS? Vejamos: AFIS é uma sigla em inglês que significa, em Português, Serviço de Informação de Voo de Aeródromo e objetiva proporcionar informações que assegurem a condução eficiente do tráfego aéreo nos aeródromos homologados ou registrados, que não disponham de um órgão ATC. O AFIS, seguindo normas e recomendações da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) é prestado por uma estação de telecomunicações aeronáutica localizada no aeródromo e identificada como "Rádio". No Brasil, a grande parte desse Serviço é operada pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). No entanto, na área do DECEA existem algumas localidades, como por exemplo: Fernando de Noronha (PE), no Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), Oiapoque (AP) e Tiriós (PA), no Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) e muitas outras que são, ainda, operadas por graduados BCO. Existe um documento do COMAER que trata da Licença, Certificado e Habilitação de Operador de Estação de 22 aeroesPaÇo

Telecomunicações Aeronáutica (ICA 102-7), o qual segue as normas e recomendações previstas no Anexo 1 da OACI. Considera-se importante preservar parte dos graduados BCO desmobilizados para continuar a prestar esses serviços.

"A desativação das Estações de Comunicações encerra um ciclo, onde se utilizava um grande número de profissionais, trabalhando em escala de serviço em regime, muitas vezes, de 24 horas" Já no Centro de Comutação Automática de Mensagens (CCAM), onde veiculam mensagens também de cunho aeronáutico, a atividade do graduado BCO pode ser realizada pelos graduados e/ou civis das especialidades que, originalmente já tratam as mensagens aeronáuticas regularmente, ou seja, os graduados da especialidade de Informações Aeronáuticas (AIS) e/ou os graduados da especialidade de Meteorologia (MET). Explico: esses graduados já conhecem profundamente o conteúdo das mensagens de sua responsabilidade e já estão bastante familiarizados com a operação de terminais conectados à rede de Telecomunicações Fixas Aeronáuticas (AFTN), cujo nó no Brasil é o CCAM. Além disso, o Plano de Desativação das Estações de Telecomunicações prevê um treinamento básico para esses novos operadores. Alguém pode indagar: “E em localidades em que haja um fluxo muito grande de mensagens, ao mesmo tempo em que haja um grande número de usuários da aviação solicitando brifins e afins para executarem seus voos? Poderão ocorrer acúmulos de serviço que venham a prejudicar o serviço de atendimento a tripulações de aeronaves usuários

dos Serviços de Informações Aeronáuticas e/ou Meteorologia?” É possível que não, pois esse tipo serviço está migrando para a automatização. O importante é que, em todos os casos, não se pode perder a Doutrina de Comunicações por parte daqueles que operam tais serviços. Para tanto é necessário que os documentos normalizadores do Serviço de Telecomunicações sejam revistos e que continuem a servir de balizadores da segurança, regularidade, eficiência e eficácia das atividades de Telecomunicações Administrativas e Aeronáuticas. Documentos como o atual Manual de Telecomunicações do Comando da Aeronáutica (MCA 102-7), editado em 02/04/2008, salvo melhor juízo, deverão ser de conhecimento desses “novos operadores”, pois, apesar de tudo estar praticamente automatizado, ali existem normas e procedimentos que necessitam ser seguidos. Certamente, com a nova ordem de ações em relação à operação dos terminais de redes destinados à veiculação de mensagens e documentos, haverá a necessidade de se revisar não só esse Manual, como outros existentes, reformulando, excluindo e/ou incluindo normas e procedimentos. Para concluir, é necessário, na minha visão, que se pense no resguardo de uma parte do contingente de graduados da especialidade de Comunicações (BCO) para os Serviços que não podem acabar e se destine outra parte para outras atividades, anteriormente citadas.

O autor é formado pela Escola de Oficiais Especialistas da Aeronáutica (EAOAR). No Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), atua na Subdiretoria de Ensino (SDE) como Chefe da Subdivisão de Cursos. É Instrutor e Assessor da SDE para assuntos de Telecomunicações no SISCEAB. Contato: campos@icea.intraer


Com um grito de guerra: “Axé, Brasil!” e um lema: “Soberania no berço da Pátria!”, o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Porto Seguro (DTCEA-PS) completou 15 anos, no último dia 23 de agosto. Segue sua missão, aguardando o APP radar, que vai provocar um aumento no número do efetivo, construção de mais PNR e trazer ao Controle de Tráfego Aéreo da região mais segurança e eficácia em função da maior precisão que será oferecida nas aproximações das aeronaves para o pouso das mesmas.

Conhecendo o

DTCEA - PS Porto Seguro (BA) Grupo Capoeira Arte Brasil Show

Por Daisy Meireles • Fotos de Luiz Eduardo Perez aeroesPaÇo 23


José Roberto Faiolo da Silva, Major Especialista em Comunicações, é o Comandante do DTCEA-PS O Comandante José Roberto Faiolo da Silva, Major Especialista em Comunicações, é o Comandante do DTCEA-PS desde março de 2009. A partir de 2007 passou a fazer parte do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Na área do Comando-Geral do Ar (COMGAR), serviu na Base Aérea de Anápolis (jan/77 a set/93), onde realizava a manutenção de equipamentos eletrônicos do Mirage como o Visor de tiro e do Calculador Doppler de Navegação. Em Barbacena (MG), fez curso para oficial especialista (set/93 a nov/94) na segunda turma, após a reabertura do Quadro, o qual estava fechado desde 1982. Serviu quatro anos na Base Aérea de Santa Cruz, ocasião em que participou da desativação da aeronave P-16, e realizou cursos de manutenção de equipamentos eletrônicos da aeronave AMX na Itália. Na Base Aérea de Santa Maria, foi responsável pela implantação da Seção de Eletrônica do Esquadrão de Suprimento e Manutenção (1999 a 2006). Nos dois anos seguintes, prestou serviço no Esquadrão Mangrulho (4°/1° GCC), entrando efetivamente para o SISCEAB, onde desempenhou as funções de Oficial de Comunicação Social, Chefe das Seções de Comando, de Material e de Pessoal. O Major Faiolo diz estar crescendo profissionalmente com as experiências adquiridas com o SISCEAB, tanto no 4°/ 1°GCC quanto no DTCEA-PS. “Tive um grande aprendizado com o Esquadrão Mangrulho, na instalação temporária do Radar Transportável TPS B-34 em 2007 nesta cidade de Porto Seguro em substituição ao radar existente na época. O 4º/ 1º GCC tem uma equipe fabulosa!”.

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O sítio Radar é cercado por mata nativa, rica em fauna e flora, possuindo, inclusive, parte de uma reserva florestal no seu interior

Natural de São Manuel, SP, Faiolo tem 52 anos e é casado há 28 anos com Anália, com quem tem três filhos. O primeiro seguiu a carreira militar: Hermes, de 26 anos, é Tenente da arma de Engenharia do Exército Brasileiro e esteve em missão de paz no Haiti. O segundo filho é Luciano, contabilista de 26 anos, mora em Porto Alegre. A caçula é Roberta, 21 anos, estuda arquitetura e urbanismo na Universidade Federal de Santa Maria. O DTCEA-PS já teve quatro outros comandantes: Luiz Sérgio Soares Macedo – Major Especialista em Comunicações (2006 - 2009); José Francisco Braun – Major - Aviador (2002 - 2004 / 2004 - 2005); João Vanderley Calazans – Major Especialista em Comunicações (2000 - 20001) e Odemir Junta Junior – Capitão-Aviador (1996-2000). Uma boa ideia do Major Faiolo em valorizar o efetivo foi colocar um quadro no corredor do Destacamento, com as tarjetas dos ex-integrantes do DTCEA. “Assim que são transferidos, colamos as tarjetas no quadro. Não temos fotos, mas eles serão agora, sempre lembrados por todos, assim como os ex-comandantes”. Na carreira civil, Faiolo é pós-graduado em Matemática (pura e superior) e cursou MBA em Gestão Pública. A História Ativado em 23 de agosto de 1995, no berço da Pátria, com a designação de Núcleo do Destacamento de Proteção ao Voo, Detecção e Telecomunicações de Porto Seguro (NUDPVDT-21), o DTCEA-PS está subordinado administrativa e operacionalmente ao Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA III) e tem a missão de manter em operação, 24 horas por dia, os serviços de proteção ao

voo alocados ao Destacamento e os meios técnicos do SISCEAB lá instalados. E, para que esta missão possa ser cumprida, devem ser executadas inúmeras atividades de cunho técnico-operacional como também administrativo. Além disto deve ser desempenhado pelo Destacamento o papel de representante da Aeronáutica junto à comunidade e autoridades na cidade de Porto Seguro e região. O DTCEA-PS é constituído por duas instalações físicas distantes 7km uma da outra. A primeira delas, o Sítio Radar, possui uma área de mais de 3km2, distando 7,5 km do centro de Porto Seguro, cercada por mata nativa, rica em fauna e flora, possuindo, inclusive, parte de uma reserva florestal no seu interior. É fácil ver sagui e bicho preguiça ao redor do Destacamento. Localizam-se no Sítio Radar, além das instalações do radar propriamente dito, sua antena e transmissor, a casa de força com dois grupos geradores de energia de emergência, oficinas da Seção Técnica, uma estação de VHF, uma central telefônica, um roteador da intranet do Comando da Aeronáutica, os equipamentos do sistema de recepção e transmissão de dados via satélite Telesat IV, a Garagem, o posto médico, o corpo da guarda, a Subseção de Infraestrutura, o Hotel de Trânsito, as 45 casas da Vila de Aeronáutica, o sistema de captação e distribuição de água e a administração e o Comando do DTCEA. A segunda área, denominada Sítio Operacional, localiza-se ao lado do terminal de passageiros do aeroporto Internacional de Porto Seguro. Neste Sítio localizam-se o prédio da Torre de Controle, a Seção Operacional, os serviços de proteção ao voo (Controle


No Sítio Operacional, a sala AIS

de Aproximação, Torre de Controle, Informações Aeronáuticas, Comunicações Aeronáuticas e Meteorologia Aeronáutica), a casa de força com dois grupos geradores de energia de emergência, o transmissor e a antena do NDB, os equipamentos da estação meteorológica de superfície, uma central telefônica, o sistema de gravação de voz das comunicações aeronáuticas, o roteador da rede de computadores do CINDACTA III e o sistema de transmissão de dados DATACOM. As Atividades Com relação aos serviços de proteção ao voo, a grande peculiaridade do DTCEAPS é o funcionamento com o número praticamente exato de operadores para cada escala operacional. Esta característica cria a necessidade de um planejamento de afastamentos (férias, licenças, pedidos de reserva, cursos etc.) muito eficiente para não comprometer a continuidade dos serviços. A forma de operação convencional do Controle de Aproximação (sem uso de radar), bem como a existência de NDB como auxílio à navegação e aproximação, exige dos operadores total domínio das regras de tráfego aéreo para garantia da segurança das operações. Aliás, a área operacional do DTCEA-PS tem Certificação de Qualidade, ISO 9001:2008 adquirida neste ano. Quem chefia a Seção de Operações é o Segundo Tenente do Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáutica em Controle de Tráfego Aéreo Jarbas, que tem sob sua coordenação 19 Controladores de Tráfego Aéreo (CTA), seis Especialistas em Informação Aeronáutica (AIS) e seis Especialistas em Meteorologia (MET) que trabalham respectivamente na Torre de Controle (TWR) e Controle de Apro-

A formatura militar do DTCEA-PS

ximação (APP), na Sala AIS e na Estação Meteorológica de Superfície (EMS). Dos 19 controladores, 15 são operadores habilitados em APP/TWR. Sendo que todos deverão fazer o curso para atuar no novo APP Radar, previsto para abril de 2011. A chefia da Seção Técnica está a cargo do Primeiro Tenente Especialista em Comunicações Euripedes. Oficinas Eletrônicas e Elétricas, Suprimento; Radar Primário; Radar Secundário; Informática; Telecomunicação (VHF, Satélite e Telesat) estão sob sua responsabilidade direta e de seus técnicos, sendo oito sargentos e seis soldados. Apesar da falsa impressão de que os equipamentos funcionam sozinhos, cabe dizer que os técnicos devem se desdobrar para, com os seus conhecimentos, monitorarem o funcionamento, identificarem falhas e executarem reparos nos mais diversos sistemas e equipamentos, desde o sistema Telesat e a rede de computadores até o funcionamento das centrais de climatização e dos motores diesel dos grupos geradores de emergência. As atividades administrativas envolvem o Destacamento em praticamente todos os ramos que são exercidos nas organizações de maior porte da Aeronáutica, como as Bases Aéreas e os CINDACTAs. Isso porque, como Unidade Militar que possui soldados no seu efetivo, deve o DTCEA-PS participar ativamente, duas vezes por ano, do processo de alistamento, seleção, incorporação e licenciamento de soldados. Atividade complexa e que envolve uma gama enorme de leis e regulamentos que precisam ser conhecidos e aplicados. Assim como representa uma oportunidade ímpar para os jovens da região. Quem chefia a Seção Administrativa do DTCEA-PS é o Segundo Tenente do Quadro

de Oficiais Especialistas da Aeronáutica em Comunicações Marcelo, que dá conta do Almoxarifado, da Garagem, da Guarda e Segurança, da Sargenteação, do Apoio ao Homem (elo social), da Secretaria Geral e da Secretaria do Comando. Ele administra, ainda, os 45 Próprios Nacionais Residenciais e o Hotel de Trânsito. O Destacamento atua como uma organização militar completa nos casos de envolvimento de seus militares, ou de outras organizações em trânsito por Porto Seguro, com problemas policiais na cidade. São exercidas as atribuições da autoridade militar previstas nos Códigos Penal Militar e de Processo Penal Militar, especialmente no que se refere ao impedimento de abusos por parte das autoridades policiais e a condução das ações decorrentes deste tipo de ocorrência. O DTCEA-PS possui viaturas para transporte de pessoal e veículos para serviços de manutenção como tratores e roçadeiras, assim, necessita de um complexo gerenciamento das atividades de controle e de utilização dessas viaturas, do consumo e aquisição de combustíveis e itens de reposição. Com a entrada em operação do novo APP Radar, aumentará a demanda tanto técnica quanto administrativa. Chegarão novos militares, e para isso foi preciso planejar o aumento da vila habitacional, mais 19 PNR, que vão ocupar boa parte do espaço verde do sítio Radar. Serão mais 40 sargentos (controladores de tráfego aéreo, administradores e técnicos). As Assistências Médica e Odontológica O DTCEA-PS presta e gerencia o atendimento médico para o efetivo e seus dependentes, como também para os beneficiários

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Construção inovadora da Vila, mesclando PNR, ambulatório médico, hotel de trânsito e Corpo da Guarda do Sistema de Saúde da Aeronáutica (SARAM) que residem na região, aproximadamente 245 pessoas. Acompanha, ainda, os contratos de credenciamento da SARAM com as clínicas da região autorizando os atendimentos e conferindo os dados de cobrança. Em até 72 horas, o militar ou seu dependente, após solicitar a GAB, tem autorização para o seu atendimento. Em casos de emergência são imediatamente atendidos. Há um ambulatório odontológico montado no DTCEA, e ele deve receber o dentista no final do ano. Há uma parceria do CINDACTA III com a Odontoclinica de Aeronáutica de Recife, permitindo três vezes ao ano, que dentistas venham ao destacamento para fazer atendimentos. No Destacamento o responsável pelo Ambulatório Médico é o Aspirante a Oficial Médico Abdias, que chegou em abril deste ano. Sua primeira missão foi atualizar os prontuários dos militares e suas famílias. Ele saiu em campo para conhecer cada família da vila, seus históricos de saúde, seus hábitos de higiene etc. Faz, em média, 50 atendimentos ambulatoriais por mês no DTCEA, dando enfase à saúde dos militares com ações preventivas de forma a antecipar-se aos possíveis problemas que possam colocá-los “fora de combate”. Abdias valoriza a atenção primária, de pequena e média complexidade. Triagem e medicina preventiva são procedimentos que ele faz, seguindo o exemplo de médico de família. Promove palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis e AIDS, incentiva a educação física para os militares após medição da pressão arterial evitando, assim, problemas durante os exercícios.

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Piscina, playground com espaço coberto para confraternização e churrasqueira compõem o espaço de lazer do efetivo e de seus familiares

O DTCEA vem organizando vacinações coletivas, como o caso da H1N1, com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde. O Aspirante Abdias presta serviço também no Hospital Estadual Luiz Eduardo Magalhães (Hospital de referência da região), o que facilita o atendimento médico dos militares e dependentes naquela Unidade. O efetivo e seus dependentes, usuários da SARAM residentes na região (militares da reserva, reformados e pensionistas) também são atendidos no Hospital UNIMED Nordeste autorizados através de GAB. Uma Vila Diferente A Vila de Aeronáutica de Porto Seguro é um capítulo à parte no contexto das atribuições do DTCEA-PS. Inicialmente pelo fato de ser uma vila mista onde residem o Comandante, os demais Oficiais, os Suboficiais e os Sargentos do Destacamento. Em segundo lugar pela sua construção inovadora mesclando os prédios do Ambulatório Médico, Hotel de Trânsito e Corpo da Guarda aos limites da vila residencial. Integra a área residencial uma área de lazer, gerenciada por uma Associação de Moradores (ASSOMA – Associação Suboficial Macambira), composta por piscina, playground, espaço coberto para confraternização e churrasqueira. Além de um campo de futebol e uma quadra de vôlei de areia, frequentemente utilizados pelos militares e seus dependentes, inclusive em períodos noturnos. Como representante do Gestor de Patrimônio do CINDACTA III na Vila de Aeronáutica de Porto Seguro, o Comandante do Destacamento desempenha as funções de entrega, recebimento e conservação de PNR, dentro dos limites dos recursos existentes. Deve também a administração da OM atuar

como uma verdadeira Prefeitura de Aeronáutica, aplicando a legislação pertinente sobre as obrigações e direitos dos permissionários bem como mantendo o bem estar social do conjunto habitacional e dirimindo os conflitos sociais de toda ordem existentes em uma coletividade como esta. As casas dos Suboficiais e Sargentos têm três quartos, um quintal amplo e uma edícula com dois quartos e um banheiro. Os oficiais e o comandante têm casas no mesmo padrão, acrescidas de uma suíte. Segundo o Major Faiolo, uma das vantagens é que o militar não tem problemas com deslocamento para o trabalho, além de morar em um condomínio fechado, com segurança, clube ao lado do trabalho e com pronto atendimento médico. O Apoio ao Homem As atividades da Seção de Apoio ao Homem geraram renda para a família do Terceiro Sargento Enfermeiro Cláudio de Souza Santos. Durante o projeto “Mulher, Arte e Renda”, em 2008, apoiado pelo CINDACTA III no DTCEA-PS, Rosana Conceição Ribeiro, esposa do militar, aproveitou a oportunidade. Fez em três meses vários cursos na área de gastronomia no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC): preparação de saladas, iguarias natalinas, salgados, doces finos e sobremesas. O projeto visava dar meios e condições para que os dependentes dos militares adquirissem conhecimentos, proporcionando, além do retorno financeiro, o retorno social, integrando-os junto à comunidade local. Rosana, após o curso, conseguiu inaugurar com auxílio do marido o restaurante “Ó Pai Ó”, no bairro Areião. Peixes e caldos são servidos com capricho para os clientes.


Grupo de Pagode “Sem Controle”

Daqui a um ano, quando for para a reserva, Cláudio pretende continuar morando em Porto Seguro. Soteropolitanos com força de vontade e habilidade para gastronomia, o casal vê oportunidade de crescimento na localidade. Quem, atualmente, coordena as atividades de apoio ao homem no Destacamento é a Sargento Rosa. Os eventos festivos, cursos para soldados e esposas dos militares, promover gincanas, aquisição de óculos e material escolar, além de outras atividades são cuidadosamente planejados e colocadas em prática por ela, que conta com o apoio do comandante e dos oficiais para atender o efetivo em suas necessidades. Rosa conta que três novos cursos para soldados estão sendo acertados com o SENAC: Promoção de Vendas, Atendimento ao Público e Rotinas de Escritório. Alguns já fizeram reciclagem, visando sempre o futuro desses jovens após o término do seu período de permanência na FAB. Sem perspectivas de emprego garantido, pelo menos estarão capacitados para trabalhar em sua cidade natal, que basicamente vive de turismo. Por isso, cursos específicos, como: Coquetéis e Drinques, Confecção de Saladas e Preparação de Café da Manhã, que duram em média de duas a três semanas, são os mais indicados. No concurso para Soldado de Primeira Classe e Cabo, o Sargento Pereira e a esposa do Sargento Fialho ensinam Matemática e Português para os soldados utilizando as instalações do DTCEA. A Sargento Rosa acredita que essa disponibilidade dos dois professores em ajudar os soldados, e a facilidade oferecida pelo Destacamento com a disponibilização da sala de aula, é muito

Em 2000, seis Sargentos das Especialidades BCT, BMT, SAD e SEF do DTCEA-PS, baianos, cariocas e potiguares formaram o Grupo de Pagode “Sem Controle”. Eles tocam nos eventos do Destacamento e em comemorações particulares das famílias que compõem o DTCEA de Porto Seguro. Figuram a alegria de servir à Força e à Nação, assim como a união dos militares do Destacamento, caracterizada pela diversidade das especialidades e das seções de trabalho dos integrantes do grupo.

válida, pois aproxima o efetivo e os ajuda a almejarem a galgar posições melhores na carreira militar. Fato materializado nas várias aprovações nos concursos para Soldado de Primeira Classe, Cabos e Sargentos da Aeronáutica. Educação, Cultura e Lazer O Instituto Federal da Bahia (com ensino médio técnico) - um dos colégios mais conceituados em Porto Seguro e que se localiza bem próximo ao Destacamento - e o Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães (ensino médio comum) são opções para quem tem filhos adolescentes. Além disso, há várias escolas particulares, municipais e estaduais de nível fundamental e médio. As escolas municipais têm ônibus que fazem o transporte dos alunos. Para o nível fundamental há duas escolas particulares de boa qualidade educacional. Na cidade de Eunápolis, a 50km de Porto Seguro, há faculdades, inclusive muitos militares fazem lá o seu curso superior. Outra opção é em Santa Cruz de Cabrália – município vizinho. “Berço do Brasil” - é assim considerada Porto Seguro. Museus, praças, igrejas, centros culturais são roteiros para quem quer conhecer a história do descobrimento do Brasil. Praias paradisíacas numa orla cercada de atrações musicais, comida baiana e bebidas típicas. Tôa Tôa, Axé Moi, Barramares, Ilha do Pirata, Alcatraz, Mamagaya, Bombordo e Ilha dos Aquários são os points da cidade durante a noite. Um shopping novo com cinema e diversas lojas da moda animam os moradores. À noite, muitas barracas de bebidas, restaurantes típicos, cocadas, tapioca e lojas de artesanato local movimentam a cidade no final do dia, sem hora para terminar. Os famo-

Torre de Controle do DTCEA-PS

sos drinques, como o Capeta, o Tira Chifre e o Quebra-Cama, são encontrados na famosa Passarela do Álcool. Na Costa do Descobrimento há muitas praias desertas, falésias, piscinas naturais em recifes de corais, areia clara como Trancoso e Arraial D’Ajuda. Não se pode deixar de visitar o Parque Marinho de Recife de Fora, o terceiro maior do País, com 20 km² de corais, assim como praticar mergulho. Em determinadas épocas do ano pode-se avistar as baleias e seus filhotes em passeios de barcos a três ou quatro milhas da costa. Em Santa Cruz de Cabrália e Coroa Vermelha, cidades vizinhas, encontram-se, também, belas praias e muita história para conhecer. A integração com outros militares Motivo de orgulho para o Comandante do Destacamento. Em maio deste ano, fizeram juntos a Segunda Marcha Militar com um percurso aproximado de 14Km através da mata que cerca o Destacamento, com a participação de 80 pessoas, firmando as raízes militares. Desta ação, participaram, além dos militares do DTCEA-PS, o Comando Tático Operacional da Polícia Militar, o Sexto Grupamento Bombeiro Militar, a SAMU e representante da Secretaria Municipal de Saúde. No dia do Descobrimento do Brasil houve um desfile militar, envolvendo a PM, a Marinha, os Bombeiros e o DTCEA-PS. “Divulgamos, assim, as atividades da Aeronáutica. O desfile chama a atenção do povo e eles se interessam pelas Forças Armadas. Cada uma, dentro das suas funções, tem a sua importância. Uma aliada à outra. Funcionamos como uma engrenagem e não podemos nos isolar” - finaliza o Comandante sobre a boa relação que o DTCEA mantém com a Marinha, Forças Auxiliares e entidades civis da Região.

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