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SISTEMA RADAR PAR-2000 TRANSPORTÁVEL - 5º/1º GCC

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Índice

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Reportagem Especial Brigadeiro Pequeno: um inestimável legado

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Conhecendo o futuro SISPLOG

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Artigo A instalação do Sistema de Modelagem Numérica WFR no ICEA

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Reportagem De Olho nos Céus

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Nossa capa O Sistema Radar PAR2000 Transportável do Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC - Esquadrão Zagal) auxiliou no monitoramento de tráfegos aéreos durante a operação de fiscalização da aviação geral no Rio de Janeiro (Janeiro/2013).

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Reportagem Controladores já treinam para a Copa: conheça o PROSIMA

Reportagem Comitiva do DECEA é destaque no Congresso Mundial de Gerenciamento de Tráfego Aéreo em Madri

Expediente Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Coronel Aviador Reformado Coordenação de pauta e edição: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Redação: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Telma Penteado (RJ 22794 JP) Daniel Marinho (RJ 25768 JP) Gisele Bastos (MTB 3833 PR) Diagramação/Projeto Gráfico: Filipe Bastos (RJ 26888 JD)

Fotos: Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF) e Fábio Maciel (RJ 33110 RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer Email: contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2123-6404 Fax: (21) 2262-1691 Editado em Março/2013 Impressão: Ingrafoto


Editorial Este editorial marca a minha despedida do DECEA. Há um ano - em 5 abril de 2012 - assumi a Direção-Geral e posso dizer que fui feliz convivendo com todos, homens e mulheres, civis e militares, atomizados por todas as regiões do Brasil e irmanados na garantia da segurança do fluxo do tráfego aéreo e da soberania do espaço aéreo brasileiro. Foi com muita satisfação que direta ou indiretamente participei das divulgações das ações do SISCEAB nesta nossa revista Aeroespaço que, afinal, contando com elevado conceito junto ao nosso efetivo, atingiu 89% de aprovação. A Pesquisa de Clima Organizacional (PCO) recémaplicada foi também objeto de minha apreciação. Os resultados revelaram um clima organizacional satisfatório, embora alguns aspectos ainda mereçam atenção por parte dos nossos Comandantes, Chefes e Diretores. O DECEA agora tem conhecimento sistemático da realidade institucional. Estamos nos conhecendo e isso torna possível o fortalecimento de nosso relacionamento profissional e o planejamento de ações que vão permitir mudar o que for necessário. O resultado final da PCO será publicado na próxima edição da Aeroespaço e já está disponível na nossa página na Intraer. Na Reportagem Especial, traçamos o perfil de um grande colaborador do SISCEAB, que nos deixou no dia 1º de janeiro deste ano: o Brigadeiro Pequeno. O grande legado do Brigadeiro Pequeno está sendo contado em detalhes. Suas grandes ideias, inovações e ações em prol do SISCEAB estão registradas nas páginas a seguir. A CISCEA, o CINDACTA II, o 1º GCC, o DECEA e o SISCEAB devem muito ao Brigadeiro Pequeno pelo crescimento na área de gerenciamento e essa foi a forma que encontramos para agradecer e homenagear esse grande e inesquecível líder e colaborador do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro. Nesta edição, contamos a participação do DECEA no Congresso Mundial de Gerenciamento de Tráfego Aéreo, em Madri, representando os interesses do Sistema. A cooperação do DECEA não se limitou à con-

ferência em ocasião em que se fizeram presentes 13 oficiais do SISCEAB – mas também a outros grupos de trabalhos, tais como a Conferência Global da CANSO de Operações de Gerenciamento de Tráfego Aéreo. Outra importante ação foi para a primeira operação de fiscalização da aviação geral que reuniu o DECEA, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e o Departamento de Polícia Federal (DPF) - que inaugurou um modelo integrado de fiscalização das operações, aeronaves, pilotos, empresas e profissionais envolvidos na manutenção de equipamentos. Uma grande iniciativa de destaque do DECEA, o PROSIMA - Programa de Simulação de Movimentos Aéreos também está inserida nesta edição. Promovido por meio de uma parceria entre o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), o PROSIMA, nos próximos dois anos, será dedicado especialmente a cenários estimados para a circulação aérea na ocasião dos jogos da Copa das Confederações e Copa do Mundo. Na área de planejamento, apresentamos aos leitores o SISPLOG, a transformação do Nexo num sistema integrado que possibilitará a reunião de todas as informações de planejamento, orçamento e gestão de todas as Unidades subordinadas num mesmo banco de dados, acessíveis via rede por meio de um único software. Isso permitirá que todos os agentes da administração disponham de informações atuais e consistentes em seus computadores, ajudando na antecipação de medidas para corrigir atrasos em projetos, identificação de interdependências, necessidades de replanejamentos, dentre outros benefícios. Enfim, estou convicto de que o sucesso do DECEA está garantido, bem como a continuidade dos processos já implementados, especialmente porque este Departamento conta com um efetivo de profissionais da melhor qualidade e comprometidos com o sucesso da missão. Despeço-me com a certeza de ter feito o meu melhor e me orgulho de ter feito parte desta valorosa equipe. Boa sorte a todos!

Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes Diretor-Geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo AEROESPAÇO 3


Reportagem Especial

Brigadeiro Pequeno:

Um inestimável

legado

Por Telma Penteado Fotos: Imagens de arquivo (ASCOM DECEA, CINDACTA II e 1º GCC)

Unanimidade. Para o dicionário da Língua Portuguesa, é a“qualidade de unânime; comunhão de ideias, opiniões ou pensamentos”. Para o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), é o Brigadeiro Pequeno. Se existe uma pessoa que consegue tocar o coração de muita gente, que é considerada um exemplo a ser seguido e evoca as melhores expressões de afeto e admiração, este alguém é o Brigadeiro do Ar Álvaro Moreira Pequeno. Considerado por todos como um homem gentil, cortês, culto, bemhumorado e de um profissionalismo exemplar, o Brigadeiro Pequeno deixou muito mais que saudade. Deixou estradas a serem trilhadas, mapas para guiar os caminhos e, sem sombra de dúvida, uma lacuna irreparável. Aspirante de 1965, Pequeno dedicou-se - no período de 1968 a 1980 - ao Primeiro Grupo de Aviação Embarcada (1º GAE), servindo 12 anos como Piloto de Equipagem de Combate, operando no navio-aeródromo Minas Gerais. Mostrando suas qualidades de organizador e planejador, foi responsável pela estruturação do novo Esquadrão e pela execução das operações aéreas de patrulha e antisubmarino com a Força Naval. Quem pode falar com muita propriedade sobre essa primeira fase da vida militar do Brigadeiro Pequeno é seu grande amigo Tenente-Coronel R1 Guilherme Valle Ferreira, com quem ele trabalhou em diversos momentos, inclusive na Assessoria de Planejamento, Orçamento e Gestão (APLOG), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). O Coronel Valle entrou para a Escola de Aeronáutica através de concurso, junto com mais uns 40 “paraquedistas”, como ele mesmo se intitula, uma vez que não fizeram a 4 AEROESPAÇO

Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). A turma do Pequeno era de veteranos e a turma do Valle era dos “bichos”, ou seja, eles seriam os valetes dos veteranos, tendo a função de “servi-los”. “Os bichos, por exemplo, tinham que, na alvorada, fazer a cama dos seus ‘amos’, enquanto eles iam tranquilamente se arrumar”, explica Valle. “A maioria de nós não tinha ideia do que era ser militar, pois, ao contrário dos demais, não tínhamos frequentado colégio militar nem éramos sargentos ou suboficiais. O Pequeno me escolheu para ser o seu ‘bicho’. Mas ele já era uma pessoa diferente. Eu nunca tive que arrumar a sua cama ou fazer qualquer trabalho para ele. Desde este momento, ele se tornou meu amigo. Pequeno passou a me ensinar tudo sobre o universo militar”, conta emocionado. De fato, Pequeno o ensinou sobre os estudos e sobre as práticas de voo. “Ele foi um grande instrutor”, comenta. Depois de se formarem Aspirantes – Pequeno em 1965 e


ele em 1966 – ficaram muito tempo separados, e só se reencontraram em 1971, no Grupo de Caça da Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro. Ali, Pequeno o apresentou à Aviação Embarcada. “Na primeira operação noturna real da Aviação Embarcada, ele me levou para ficar a bordo do navio aeródromo Minas Gerais, me convidando, inclusive para acompanhá-lo nos voos”. Pequeno já deixava suas marcas como grande gerenciador, já fazia sua história. E por estes atributos, de 1980 a 81, no posto de Major Aviador, comandou o Primeiro Esquadrão de Controle e Alarme (1º ECA), em Santa Cruz (RJ), onde elaborou requisitos técnicos e operacionais para aquisição de sistemas táticos de controle radar e de comunicações, planejou e coordenou manobras e exercícios do Comando Aerotático, e ainda implementou a Metodologia de Administração por Objetivos. Durante toda esta experiência, destaca-se sua verve empreendedora com a concepção e consequente implementação do Centro de Comunicações (CCOM) para funcionamento 24 horas em apoio aos Comandos Operacionais, sendo responsável por toda comunicação HF/SSB para qualquer ponto do Brasil e do exterior. Passo seguinte, Pequeno, já Tenente-Coronel, assumiu a Chefia da Seção de Logística do Estado-Maior do Primeiro Comando Aéreo Regional (COMAR I), onde prestou serviços entre 1982 e 1983. Falar do Pequeno é permitir-se não somente sentir o nó na garganta, como admirar-se ao relembrar suas façanhas, suas manias, seu legado. “Sentimento de tristeza pela perda e de satisfação por ter tido a oportunidade de conhecer alguém com grande qualidade de profissionalismo, de homem e, especialmente, de amigo”. Assim comenta o Major-Brigadeiro do Ar RF Normando Araujo de Medeiros, da Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional (CERNAI). Ambos trabalharam juntos em diversas ocasiões, tendo seu primeiro contato em 1985, quando o Brigadeiro Pequeno chegou à antiga Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV) – atual Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) – vindo do 1º ECA para ser designado como o terceiro Comandante do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), onde ficou até 1987. À época, o Brigadeiro Normando trabalhava na Diretoria Operacional da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA). A experiência no 1º GCC foi muito marcante não só para o Brigadeiro Normando. Quem nos conta um pouco deste período é o Tenente-Brigadeiro do Ar R1 Ramon Borges Cardoso, que foi Diretor-Geral do DECEA (DGCEA), no período de março de 2007 a abril de 2012. “A personalidade do Pequeno tem muitas facetas. Você pode vê-lo como profissional, como militar, amigo, torcedor do Flamengo. Especificamente no meu caso, o conheci em

1985 quando ele estava no 1º GCC e eu fui designado para ser o Operações. Nós trabalhamos muito na montagem do Grupo, que estava começando a receber seus equipamentos. Neste momento em que os Esquadrões estavam sendo estruturados, começamos a escrever muitas coisas juntos”, recorda-se o Brigadeiro Ramon. “O GCC deve muito ao Pequeno pela sua organização. Eu tive a oportunidade muitos anos depois, já como DGCEA, de trocar os equipamentos que nós havíamos comprado em 1985. Eles já estavam obsoletos e precisavam ser trocados realmente. E eu comentei com o Pequeno que depois de tantos anos, por coincidência, na minha vez de dirigir o DECEA, é que estava sendo feita a manutenção destes equipamentos”. Segundo Ramon, Pequeno sempre se pautou por um profissionalismo muito grande. Ele conhecia muito cada setor em que ia trabalhar. Quando tinha pouco conhecimento, sempre se esforçava para conhecer melhor. E fez isso em todos os setores. Em seu discurso de despedida do Comando do 1º GCC, em janeiro de 2013, o Tenente-Coronel Aviador Carlos Henrique Afonso Silva fez uma linda e merecida homenagem ao Brigadeiro Pequeno: “Permito-me escalonar todos os senhores e senhoras a um único integrante. Independentemente da crença de cada ouvinte, gostaria de comungar a convicção de ele está aqui presente, como esteve em diversas ocasiões de passagem de Comando anteriores e aniversários do Grupo. E, como certamente, ainda permanecerá em nossa rotina por sua exemplar capacidade de liderança e por sua indescritível habilidade visionária, dirijo-me humilde e respeitosamente ao terceiro Comandante do 1º GCC, Mestre 13, Brigadeiro do Ar Álvaro Moreira Pequeno. Figura que eu entendo como simbólica do que profissionalmente deveríamos buscar ser”. Era o ano 1988 quando Pequeno chegou à CISCEA para assumir, já no posto de Coronel, o cargo de Diretor de Operações. Durante o período que lá ficou, foram diversas as suas preciosas contribuições. Dentre as mais significativas estão a gestão operacional da concepção, configuração e implementação do Centro de Operação de Defesa Aérea (CODA), do Centro de Processamento Central do Segundo

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Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II) e do Centro de Coordenação do Poder Aeroespacial (CCPAB); a implantação na DEPV, de uma Assessoria de Operações Aéreas Militares; e o estabelecimento da Metodologia de Coordenação entre a Circulação Aérea Geral (CAG) e a Circulação Operacional Militar (COM) para a Força Aérea Brasileira (FAB) nas situações de manobras, exercícios, emergências e crise. A década de 1990 chegava e com ela vinham outros desafios em sua carreira militar. No dia 25 de janeiro de 1990, Pequeno foi designado Comandante do CINDACTA II, em Curitiba, ficando no posto até 29 de janeiro de 1992, quando outras oportunidades bateram à sua porta. Recordações e orgulho marcam o atual Comandante do CINDACTA II, Coronel Aviador Luiz Ricardo de Souza Nascimento. Seu primeiro contato com o Brigadeiro Pequeno foi no próprio Centro, quando Pequeno era o Comandante e ocupava o posto de Tenente-Coronel. Luiz Ricardo, ainda Tenente, fazia uma missão de helicóptero e foi até ao Comandante para se apresentar. “O que me chamou a atenção naquele dia foi a cordialidade, a gentileza com que ele nos tratou. Eu não vou me esquecer disso”, comenta Luiz Ricardo, que, no ano seguinte, entrou para o SISCEAB através do Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (2º/1º GCC - Esquadrão Aranha), de Canoas (RS). “Quando comecei a estudar as doutrinas e ler os documentos, vi que tudo era assinado pelo então TenenteCoronel Pequeno. E eu pensava como um coronel podia ter feito tanto pela Aeronáutica! Naquele momento eu já percebia que ele era uma pessoa diferenciada”. Uma passagem marcou seu comando no CINDACTA II e retrata sua cordialidade, sua vontade de estar próximo das pessoas e seu amor ao futebol. Ele mandou construir e inaugurou pessoalmente – jogando, inclusive – o campo de futebol na Vila dos Suboficiais e Sargentos. “Isso mostra a preocupação dele com o efetivo e a proximidade que ele buscava ter com os mais modernos”, reflete o atual Comandante. “Para mim é um privilégio estar sentado à essa mesa, nesta sala onde ele trabalhou. O Brigadeiro Pequeno sempre guardou com muito amor e carinho a Unidade que hoje eu me orgulho em comandar. Muito aprendi com ele e agradeço pelo exemplo e ensinamentos”, emociona-se. Dentre as suas atividades, destacam-se o projeto e a implantação do Centro de Comando e Controle destinado à atuação de um Estado-Maior de Comando Operacional designado para a área sul e o estabelecimento do Modelo de Funcionamento do Centro Operacional Integrado (COI), composto pelo Centro de Controle de Área (ACC), Centro de Operações Militares (COpM) e pelo Centro de Comando e Controle do Estado-Maior Operacional. Vale ressaltar que este Modelo, por sua excelência, foi aplicado nos demais CINDACTAs. Seguindo o rumo natural da carreira, novos horizon6 AEROESPAÇO

em ário do 1º ECA, ade do anivers id len so em o Pequen O então Major

Pequeno as sume o

Comando do 1º GCC, em 1985

mando Passagem de Co

1981


Apresentação co mo Comandante do GCC

º GCC Discurso em cerimônia no 1º/1

Brigadeiro Pequeno

participa de palestra

tes se abriram. Pequeno deixou o CINDACTA II para alçar novos voos. Entre os anos de 1993 e 1995, ainda como Coronel, ele chefiou a Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington (CABW). Por lá, como de costume, realizou uma reestruturação administrativa para trabalho por “unidades de negócio” e de todo o sistema de comunicações do prédio da Comissão, visando a ligação via dados, descentralizando mensagens via telex e fax através das posições da rede de microcomputadores. Voltando dos EUA, agora no posto de Brigadeiro do Ar, Pequeno foi prontamente designado como Subdiretor de Operações da DEPV, cargo que ocupou entre 1995 e 1997. Neste período, o Diretor-Geral era o Brigadeiro Normando. “Já como Diretor da DEPV tive a honra de tê-lo como meu Subdiretor de Operações. Planejamos os Programas de Trabalho decenal, quinquenal e anual. Foi um trabalho muito gratificante. E hoje, graças a esse trabalho, temos um planejamento de longo prazo”, declara Normando. Pequeno revisou a estrutura da Diretoria diminuindo o número de Divisões e redefinindo o papel da Divisão de Planejamento (D-PLAN) para o SISCEAB. Em 1996, Pequeno estabeleceu o Processo de Planejamento e Controle Integrado para todo o Sistema, aplicando, através de uma administração sistêmica englobando todos os órgãos subordinados à DEPV orientado pelo trinômio Objetivo – Processo – Resultado, visando a definição das ações, prazos e emprego de meios em todas as funções. É de sua autoria também a concepção e a configuração do SISSAR (Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico), ativado formalmente em 1997 e de um Órgão Operacional, o MCC, destacando-se todo o processo de capacitação e validação internacional na estrutura COSPAS/SARSAT, passando a ser designado Centro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC). Junto à CISCEA, Pequeno concebeu, implantou e ativou a célula de Defesa Aérea da Amazônia, órgão que, tempos depois, deu lugar ao COpM da região Amazônica. “Com o Pequeno tive também a honra de iniciar a concepção do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA)”, acrescenta o Brigadeiro Normando. Depois de visitar a Federal Aviation Administration (FAA), nos Estados Unidos, ele e seus companheiros de viagem trouxeram as concepções que fundamentariam o projeto do CGNA, que hoje é um ponto de referência do DECEA e do SISCEAB. Outro companheiro de longa data e que muito o acompanhou na CISCEA, é o Tenente-Coronel Daltro Menezes Machado, que, assim como o Tenente-Coronel Valle, presta serviço atualmente na Assessoria de Planejamento, Orçamento e Gestão (APLOG). “Nos conhecemos em meados da década de 1980. Ele gerenciava os Sistemas de Operações Militares e eu, os Sistemas de Controle de Tráfego Aéreo Civil. Trabalhar com o Pequeno sempre foi muito fácil, porque além de ser uma pessoa muito acessível e cooperadora, gostava de compartilhar suas ideias com os outros, tanto quanto gostava AEROESPAÇO 7


de saber das ideias dos outros. Desta forma, podia não só a estruturar o Termo de Parceria (TP) DECEA 01/2007. Coube ao firmar suas próprias ideias e convicções, como também coPequeno toda parte do CNS/ATM, enquanto Silveira se ocupou letar dados para, quando necessário, tomar decisões”, comenta da parte de Tarifação. o Coronel Menezes. “Aí, verdadeiramente, no dia-a-dia, eu vi o quanto ele era Foi neste momento que seu caminho cruzou com o do Macomprometido com o que fazia. Sempre muito educado, corjor-Brigadeiro do Ar R1 Luiz Paulo Moraes da Silveira, atual Ditês, trabalhava com muita coerência, buscando sempre resolretor-Geral da Organização Brasileira para o Desenvolvimento ver as questões do melhor modo possível. Assim ele foi consCientífico e Tecnológico do Controle do Espaço Aéreo (CTCEA). truindo sua equipe, que está aí até hoje, muito valiosa, de muito “O Pequeno é um companheirão que aprendi a admirar muiconhecimento”, declara. to a partir do momento que nós começamos a conviver proE a equipe do Pequeno usufruiu muito da sua dedicação. fissionalmente na antiga DEPV, pelos idos de 1990, quando fui Para essas pessoas ele passou muito do seu conhecimento adsubstituí-lo na CISCEA”. quirido ao longo da vida. “O Pequeno era um professor nato. Ele “Em outro momento eu era o Comandante do Primeiro se preocupava com a pessoa que estava ouvindo-o, para que Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéela entendesse tudo o que ele está falando. Assim, fez muitos reo (CINDACTA I), em Brasília, e ele era o Subdiretor de Opediscípulos. Era um entusiasta”, comenta Silveira. rações. Nas vindas ao Rio, eu tinha condições de conversar basPara que se possa compreender temas tão complexos como tante com ele e via o quanto era organizado e interessado no os que concernem ao SISCEAB, há que se estudar. E muito. E trabalho. Ele vestia mesmo a camisa do isso era um dos prazeres do Brigadeiro trabalho que ele fazia. O Pequeno era um Pequeno. Parece que a máxima “conheciapaixonado”, lembra o Brigadeiro Silveira. mento nunca é demais” lhe cai como uma Dentre suas recordações está a famosa luva. pasta com as canetas coloridas. Todos que Além dos cursos de carreira, o Brigaconviviam com o Brigadeiro Pequeno codeiro fez outros, que lhe deram conhecinheciam suas famosas canetas. Tudo o mento sobre gerenciamento e adminisque ele escrevia era registrado numa detração. Foi o primeiro colocado no Curso terminada cor, simbolizando um nível de de Estado-Maior e Superior de Comando importância, de urgência. E numa folha da Escola de Comando e Estado-Maior da de caderno, fazia a lista das tarefas a seAeronáutica (ECEMAR), em 1984. rem realizadas. No começo de cada uma, E outro exemplo de sua dedicação aos ele desenhava um quadradinho que era estudos é o Curso de Política, Estratégia e preenchido em etapas conforme o proAlta Administração do Exército, realizado gramado era realizado. Ele coloria até a em 1992 na Escola de Comando e Estadometade durante o andamento da tarefa Maior do Exército (ECEME). e fechava o referido quadradinho na sua Estudar e transmitir. Essa era uma conconclusão. Isto era sua forma de organiduta natural para ele. Como bem se reEntão Tenente-Coronel Pequeno zar ideias e melhor visualizar atividades corda o Brigadeiro Ramon: “Ele procurava durante seu gerenciamento. sempre passar estes conhecimentos para “Quando eu ia, como piloto, aos Estaas pessoas que estavam trabalhando com dos Unidos, trazia para ele um bloquinho de anotações que ele. Não segurava nada como conhecimento próprio. Queria tinham estes quadradinhos. Aí ele não tinha que desenhá-los. compartilhar toas as informações que tinha adquirido de modo Já estava pronto!”, diverte-se o Brigadeiro Ramon. que todos também crescessem profundamente”. De 1997 a 1999 o Brigadeiro Pequeno comandou a Segunda E eram todos mesmo, não importando ser civil ou militar, Força Aérea (FAe II) onde implementou o modelo de adminisnem mesmo de que patente. tração sistêmica. “Eu tive a honra de servir para o Brigadeiro Pequeno, mas Após um afastamento natural da carreira, Pequeno e o Brinão na ativa. Sempre admirei a forma dele trabalhar, de tratar gadeiro Silveira voltaram a se encontrar. Pequeno já estava na as pessoas”, comenta o Sargento R1 Carlos Argentino, que hoje reserva, desta vez trabalhando na concepção do projeto CNS/ trabalha na CTCEA. ATM (Comunication, Navegation Surveillance/Air Trafic ManageSomente depois de passar para a reserva, depois de 30 anos ment – Comunicação, Navegação, Vigilância/Gerenciamento de serviços prestados, Argentino pôde ter um contato mais de Tráfego Aéreo), juntamente com o Brigadeiro Normando. próximo com o Brigadeiro. “Ele era de uma dedicação total à “O Petit, como costumávamos chamá-lo, era super dedicado, FAB. Depois da sua família, a Força Aérea era sua vida. Com ele organizado e estava sempre pensando no planejamento futuaprendi a ter dedicação ao trabalho, a gostar do que faço. Eu ro. Sempre foi uma pessoa espetacular em todos os sentidos. me senti recompensado por trabalhar quase três anos com ele”, Sério, dedicado, planejador e, sobretudo, leal”, comenta Nordeclara emocionado. mando. E tendo por base sua cultura e sua inteligência muito acima Segundo o Brigadeiro Silveira, a aproximação com o Pequeda média, Pequeno exercia outro grande talento, o do empreno mesmo se deu ainda em 2006, quando juntos começaram endedorismo. Ele via além e para este além, ele criava. 8 AEROESPAÇO


“Tinha grande facilidade de criação. E eu acho difícil encontrar pessoas com criatividade. Você tem muita gente capaz de executar, mas criar, pensar em coisas novas, imaginar coisas que poderão ser utilizadas no futuro, é outra coisa. E ele tinha essa capacidade”, comenta Ramon. Outra característica é que ele não só tinha as ideias, como as registrava. Segundo Ramon, tudo ficava documentado. "O número de documentos e de normas que foram criados pelo Pequeno ao longo de sua carreira é muito grande. Vários anos depois de sua passagem pelo GCC, eu fui visitar o Esquadrão de Natal e, para minha surpresa, ainda estava em uso um Manual de Transporte do Radar que nós tínhamos trabalhado em 1985. As coisas ainda estavam funcionando”. “Eu queria fazer uma série de mudanças no DECEA e elas careciam de planejamento”, prossegue Ramon, “e o Pequeno foi uma das pessoas que trabalhou diretamente nestas concepções, trazendo uma visão estratégica, uma visão política ao Departamento, registrando, planejando a longo prazo”. Planejamento era algo que ele adorava. Tinha oportunidade de preparar, viajar pelo mundo inteiro e conhecer o que estava acontecendo, discutir com profissionais da área e fazer um amalgama de toda essa vivência, conhecimento e gerenciamento para ver o que serviria para o DECEA. Ramon, Bellon e pequeno - Curitiba/1996 Bom humor é mesmo uma das características, principalmente quando aliado a uma das suas grandes paixões, o futebol. Segundo o Brigadeiro Silveira, “seus olhos brilhavam sempre quando ele falava duas coisas sem ser de sua família: trabalho e o Flamengo”. De acordo com Ramon, ele procurava fazer com que o ambiente de trabalho fosse adequado, profissional, mas ao mesmo tempo fosse amigável. Para tanto, ele fazia sempre brincadeiras, colocando o tempero do futebol. Ser como o Flamengo, seu time do coração, era um elogio. “Você poderia jogar no meio de campo do Flamengo”, dizia ele para quem fizesse um ótimo trabalho. E o contrário procedia. Acho que nessas horas de avaliação todo mundo queria jogar no Mengão! E uma coisa era certa: Pequeno exigia a qualidade no trabalho de sua equipe. Se seu nível de qualidade era alto, o de sua equipe não podia deixar de ser. Todos têm que sair ganhando. Para seu colega e amigo Luis Augusto Bordallo,“falar do Pequeno é falar de um amigo que a gente quer muito. No ambiente de trabalho, ele era uma pessoa fora de curva. Uma pessoa que levava o trabalho como uma terapia e não como uma obrigação”.

Em momentos diferentes um teve a oportunidade de ser o chefe do outro. “Nós trocávamos ideias como se não houvesse hierarquia entre a gente”, explica. E sua organização não se restringia ao trabalho. Como Bordallo conta, Pequeno tinha um caderninho aonde anotava dados sobre os vinhos que tomava com amigos, como o nome, o tipo, a safra, características e outras informações pessoais como suas apreciações. Depois ele trocava esses dados com os amigos em reuniões muito agradáveis. O Bar Lagoa era um ponto de encontro tanto para relaxar, quanto para trabalhar. “Uma pessoa que nunca usou sua relação de amizade em benefício próprio. É uma pessoa amiga de quem eu sinto muita saudade”, diz Bordallo emocionado. “Pequeno era muito generoso. Sempre preocupado com a família e com os seus amigos”, atesta o Coronel Menezes. Emoção também marca o depoimento do Brigadeiro Silveira. “Não faz tanto tempo que ele nos deixou e já está fazendo muita falta em nossas conversas, em nossas reuniões. A vida vai deixando a gente perceber a falta de uma pessoa não no momento de sua partida, mas no diaa-dia. Nesse sentido, o Pequeno deixou um espaço muito grande. Até agora não conseguimos sequer substituí-lo no trabalho. A equipe está tocando os projetos, mas, na verdade, ele era 50% da equipe, se não fosse mais”. Com o Brigadeiro Ramon, a amizade ia além do trabalho. Ele e Pequeno saíam muito com suas respectivas namoradas Sônia e Vera e juntos compartilharam uma infinidade de momentos maravilhosos. E quando Ramon se casou, ele foi o padrinho e sua esposa Vera, a madrinha. “A nossa vida toda tivemos um relacionamento muito grande, mesmo quando ele foi ser Chefe da CAB Washington. Nosso relacionamento ultrapassou e muito o mero relacionamento formal. E se manteve assim independente das distâncias que a carreira militar nos impôs”, comenta. “O DECEA como um todo, como organização, deve muito ao que o Brigadeiro Pequeno fez em termos de crescimento na parte de gerenciamento. E todos nós temos certeza absoluta de que ele fez aquilo que estava dentro do seu alcance para poder melhorar o desempenho das organizações pelas quais ele passou. Essa capacidade profissional, essa criatividade que ele tinha fizeram com que ele fosse um destaque que vai ser sempre lembrado por todos”. Por todo o seu empenho, por todo o seu legado, obrigada, Brigadeiro Pequeno. Em nome de todo o SISCEAB, muito obrigada. AEROESPAÇO 9


Seção

Conhecendo o futuro

SISPLOG A transformação do Nexo

num sistema integrado de planejamento, orçamento e gestão

Por Daisy Meireles Fotos: Fábio Maciel

Num futuro bem próximo, o Nexo e as demais ferramentas informatizadas da Assessoria de Planejamento, Orçamento e Gestão (APLOG) estarão reunidas no SISPLOG - o Sistema Integrado de Planejamento, Orçamento e Gestão - que apoiará os processos de planejamento e controle do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e de suas organizações subordinadas. O Nexo, assim como seu sucedâneo, o SISPLOG é, antes de tudo, a consolidação de um método de trabalho que atende os dispositivos legais, regulamentares e normativos aplicáveis ao planejamento e gestão física e financeira do DECEA. Atualmente, todas as Unidades do DECEA já estão usando o módulo de Gerência de Projetos do Nexo com sucesso. A exploração plena de todas as funcionalidades do Nexo deverá ocorrer até o final deste ano, quando será realizado o treinamento de usuários e o será dado início ao uso em serviço das ferramentas do módulo de Gestão Administrativa, voltado para a gestão financeira. A transformação do Nexo num sistema integrado de planejamento, orçamento e gestão é objeto de um contrato entre o DECEA e a Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC), assinado em 1º de novembro de 2012. Sua finalidade principal é desenvolver o SISPLOG para uso de todas as organizações do DECEA, por meio da agregação de novas funcionalidades e aperfeiçoamento das funções atuais do Nexo - sistema este que foi desenvolvido originalmente para a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA). Os benefícios estratégicos a serem alcançados são o gerenciamento integrado do Plano Setorial (PLANSET), a padronização na gestão de projetos e o acompanhamento de contratos no DECEA e nas suas Organizações subordinadas 10 AEROESPAÇO

e, também, a capacitação da equipe do DECEA para a manutenção corretiva e evolutiva do sistema. Em dezembro de 2012, a APLOG reuniu os membros de sua equipe para a reunião inicial com a Fundação COPPETEC, quando foi discutida a implementação de novos requisitos no sistema Nexo de gerenciamento de projetos e gestão administrativa. A reunião contou com a presença do Vice-Diretor do DECEA, Major-Brigadeiro do Ar José Roberto Machado e Silva; do Coordenador do Projeto DECEA-COPPETEC, Professor Doutor Jano Moreira de Souza; do Gerente de Desenvolvimento do Projeto, Gustavo da Rocha Barreto Pinto; do Presidente da Comissão de Fiscalização do Contrato Tenente-Coronel Intendente Robson Gomes Patrocinio, de membros da referida Comissão e de outros funcionários e consultores da APLOG.

Reunião inicial DECEA/COPPETEC


O SISPLOG possui dados adequados para apoiar adoção de medidas para prevenir ocorrência de problemas ou limitar seus efeitos

SISPLOG O que é?

É um sistema integrado, acessível por meio da rede de dados do Comando da Aeronáutica, a conhecida Intraer. Todas as Unidades usuárias do Nexo já estão conectadas ao Sistema.

Qual a sua utilidade?

O evento tratou de apresentar aos participantes e beneficiários as informações básicas para a governança do contrato, tendo para isto abordado diversos assuntos: objeto, prazo, custo, apresentação da comissão de fiscalização e das equipes gestora e de desenvolvimento, gerenciamento de requisitos, principais desenvolvimentos, macrotarefas e disponibilização do ambiente de desenvolvimento. O Comando da Aeronáutica, neste ato representado pelo DECEA, sempre procurou estimular a parceria com instituições de ensino e pesquisa. E foi o que aconteceu nesse Projeto DECEA-COPPETEC, com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por outro lado, o Professor Jano afirmou que a Fundação COPPETEC procura desenvolver projetos com a sociedade e que a oportunidade de trabalhar em parceria com o DECEA estava sendo muito interessante: “Estamos oferecendo uma equipe técnica de competência, mas teremos um aprendizado comportamental, adquirindo seriedade e interagindo em um ambiente sadio e organizado” – afirmou o coordenador. O Major-Brigadeiro Roberto declarou que o DECEA tem ótimas experiências com a COPPETEC e citou o exemplo da parceria com a CISCEA. O contrato, que vigora até 30 de outubro de 2015, tem um custo de R$ 1.717.200,00. O investimento é alto, mas a responsabilidade do DECEA é sobre uma região de 22 milhões de quilômetros quadrados. “Não é uma simples contratação. É a troca de tecnologia em prol do desenvolvimento do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Nossa missão é grandiosa e a nossa expectativa é muito grande. Temos a certeza do sucesso desse projeto” – finalizou o Major-Brigadeiro Roberto.

Será usado para prover suporte físico e lógico a todos os processos de planejamento, orçamento e gestão do DECEA e suas Unidades subordinadas.

Como será desenvolvido?

Será desenvolvido por agregação de capacidades e funcionalidades ao atual banco de dados e os atuais módulos funcionais existentes no Nexo, cabendo destacar um Módulo de Planejamento destinado à elaboração do Plano Setorial e a inclusão de recursos de gestão que hoje são baseados em planilhas Excel, em especial o Relatório Diário, Conta Corrente e Fichas de Acompanhamento.

Quais os benefícios?

Possibilitará a reunião de todas as informações de planejamento, orçamento e gestão de todas as Unidades subordinadas num mesmo banco de dados, acessíveis via rede por meio de um único software. Isso permitirá que todos os agentes da administração disponham de informações atuais e consistentes em seus computadores, ajudando na antecipação de medidas para corrigir atrasos em projetos, identificação de interdependências, necessidades de replanejamentos, dentre outros benefícios.

Quais são as expectativas?

Os coordenadores da APLOG acreditam que a implementação do SISPLOG venha a concorrer de forma significativa para o aprimoramento dos processos de planejamento, orçamento e gestão física e financeira do Plano Setorial (PLANSET) e dos Programas de Trabalho, tanto do DECEA quanto de suas Unidades subordinadas, contribuindo - deste modo - para o aumento da eficiência das ações planejadas e da eficácia dos resultados alcançados.

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Reportagem

Controladores já treinam para a Copa:

conheça o

PROSIMA Se os treinos da seleção para a Copa do Mundo ainda não começaram, o mesmo não se pode dizer da preparação dos controladores de tráfego aéreo brasileiros para a maior festa do futebol mundial.

Por Daniel Marinho Fotos: Luiz Eduardo Perez Batista De novembro de 2012 até junho de 2014, cerca de 900 profissionais do controle brasileiro – que atuarão diretamente nas regiões abrangidas pelas 12 cidades-sede e outras regiões estratégicas – participarão de um intenso programa de capacitação voltado especialmente às particularidades do tráfego estimado para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. A iniciativa em destaque atende pelo nome de PROSIMA: Programa de Simulação de Movimentos Aéreos. O PROSIMA era até então realizado anualmente para a atualização técnica de controladores e a execução de simulações em tempo real de novas estruturas do espaço aéreo em geral. Nos próximos dois anos, entretanto, será dedicado especialmente a cenários estimados para a circulação aérea na ocasião dos jogos. Até o apito do juiz rolar a bola na abertura da Copa, em junho de 2014, controladores dos cinco Centros de Controle de Área (ACC) brasileiros – alocados nos quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) – de 12 Controles de Aproximação

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A importância do PROSIMA nesta edição de eventos específicos é fundamental, já que ela visa à coordenação entre os grandes órgãos (APP) e 20 Torres de Controle de Aeródromos (TWR) do País passarão pelo Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos. Lá, eles serão submetidos ao treinamento que, dentre outras características, leva em conta experiências de "cases" de grandes eventos internacionais recentes, tais como a Rio + 20, a Copa do Mundo de 2010 e as Olimpíadas de Londres. Executado por meio de uma parceria entre o ICEA e o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) – unidades subordinadas ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) – o treinamento envolve a simulação de tráfegos da circulação aérea civil e militar em áreas demarcadas para rotas aéreas, aproximações, tráfego de aeródromo e manobras. Para a Chefe da Subdiretoria de Ensino do ICEA, Tenente-Coronel Rosa Miranda, o destaque da realização desta edição especial do PROSIMA reside na oportunidade em treinar a coordenação e a integração entre diferentes órgãos operacionais – inclusive os da Circulação Aérea Geral (CAG) com os da Circulação Operacional Militar (COM) – no panorama estimado para a configuração dos fluxos de tráfego na ocasião dos jogos. “A importância do PROSIMA nesta edição de eventos específicos é fundamental, já que ela visa à coordenação entre os grandes órgãos. Poderemos treinar a coordenação entre circulação aérea e defesa aérea em Área Terminal; vamos poder envolver as Torres de Controle e treinar os procedimentos de decolagem e recolhimento das aeronaves de alerta nos cenários estimados

Controladores participam de instrução no ICEA

para o período", afirmou a oficial. Os controladores atuarão em contextos especialmente projetados, lidando, dentre outras tarefas inerentes à atividade, com substituições de posições operacionais, prestação de informações de tráfego aéreo, separações das aeronaves, coordenações de ação, registros de autorização e utilização de fraseologia específica. Do mesmo modo, os cenários simulados demandarão o uso não somente de técnicas de vigilância aérea convencional, como também de controle de tráfego de aeródromo, nas situações de excesso de demanda, contin-

gência e de ocorrências de incidentes de tráfego aéreo. Ou seja, o intuito é capacitá-los a toda sorte de situação – adaptadas, naturalmente, às demandas típicas de controle de tráfego e às ações de defesa aérea em eventos do gênero. Antecipando-se às demandas dos grandes eventos esportivos dos próximos anos, o PROSIMA é mais uma das iniciativas do DECEA, e de suas organizações subordinadas, de uma série de estratégias com vistas à preparação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) para a ocasião dos jogos. AEROESPAÇO 13


Seção

QUEM É?

Tenente

Odaguiri CINDACTA II

"Exemplo de fé e aprendizado" Entrevista por Telma Penteado Fotos: arquivo pessoal dos entrevistados

Realizar sonhos da infância é o desejo de muitos e a concretização de poucos. Felizmente, o Segundo Tenente Capelão Edson Kaoru Marques Odaguiri está neste segundo grupo. E mais que uma realização, o Capelão do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II) fez jus à sua garra e perseverança, transformando em realidade dois grandes sonhos. A ode à vida e a admiração pelo mais pesado que o ar se uniram por sua vontade e fazem de sua devoção o seu dia-a-dia. E é esta história que vamos contar agora. 14 AEROESPAÇO


“Desde a infância, gosto do fascínio pela vida e pelos feitos mais belos da humanidade. Considero-me existencialista e estou sempre preocupado em encontrar respostas aos aguçados problemas existenciais do ser humano”, comenta ele em um artigo publicado pelo CINDACTA II. A Igreja Católica faz parte de sua história de vida desde a infância. “Uma herança herdada de minha avó materna. Desde pequeno ia às missas e, certa vez, encheu-me o olhar as vestes litúrgicas do padre, uma túnica branca e uma estola verde por cima. O verde é minha cor, por isso, sou palmeirense!”, brinca. As histórias bíblicas também foram compondo seu universo e seus sonhos. “Fui crescendo e tudo o que se relacionava com alturas me estimulava a buscar mais. Passados os anos, já na adolescência, períodos de escolhas, tive várias orientações vocacionais proporcionadas por profissionais e religiosos, dos quais destaco os padres da Congregação Marianista de Bauru (SP). O Sacerdócio é dom de Deus. Ele me escolheu e me fez entender o que é ser padre. Ele escolheu o menor entre todos para manifestar sua misericórdia e maravilha aos que se acham perfeitos. Eu disse sim ao chamado do Senhor. Estou aqui e ofereço o Sacro-ofício em adoração a Deus por todas as pessoas entregues ao meu governo”. Somado a isto, ainda quando criança, admirava os aviões que passavam por cima de sua casa e “queria entender como poderia este objeto voar. Queria descobrir qual era o seu segredo”, relata o Padre. Nascido numa “tarde chuvosa de uma segunda-feira, dia 13 de dezembro de 1976”, como ele mesmo relata, Odaguiri é natural da cidade de Tupã, interior paulista. Realizou seus estudos na cidade de Marília e iniciou sua caminhada missionária passando por São José do Rio Preto (SP), onde lidou, já como professor e orientador pedagógico, com Educação e Ensino de Filosofia e Sociologia, Pedagogia Catequética e Formação Humana, no Departamento Regional de Ensino do Estado de São Paulo. Filho do caminhoneiro Reinaldo Eiti Odaguiri e de Ana Marques Odaguiri, o Padre Diocesano foi ordenado Sacerdote em 3 de janeiro de 2004. Em sua família, exemplos não faltam no meio militar e religioso. Seu tio, hoje na reserva, serviu na Polícia Militar do Estado de São Paulo e seu irmão, seguindo seus passos, se tornou também um Sacerdote. Um momento marcante aconteceu quando, com autorização do Bispo Diocesano de Marília, Dom Osvaldo Giuntini, o Padre atuou como Presbítero na Diocese de Vacaria (RS), período esse de grande valor para seu aprimoramento em sua jornada religiosa. “Pude fortalecer minha espiritualidade e missão. A partir desta última experiência, achei que estava preparado para assumir uma nova etapa espiritual, atendendo outro desejo de infância, o de ser aviador. Mas desta vez, com plena consciência, sei que não assumiria esta profissão enquanto piloto, mas poderia dedicar minha vida e missão mais am-

plamente em benefício de todos os pilotos, os militares que defendem e preservam o espaço aéreo brasileiro, suas famílias, suas escolas e grupos religiosos”, comenta. Durante muito tempo Odaguiri pensava: “um dia serei um Padre piloto”. Porém, conciliar estes dois universos não foi uma tarefa trivial e um sonho teve que ser realizado antes do outro. “Os estudos e o Ministério Sacerdotal exigiram de mim outras decisões. Passados sete anos, decidi abordar o sonho deixado para trás, pois sentia que algo faltava. Decidi, então, ingressar na Força Aérea”, declara. Foi assim que, em 2010, quando ainda exercia o Ministério Sacerdotal na Diocese de Vacaria, o Padre Odaguiri realizou o Concurso para Capelães da Força Aérea Brasileira (FAB), com as devidas autorizações dos bispos. Odaguiri entrou para a FAB em 31 de maio de 2011 e fez estágio de adaptação no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Belo Horizonte.

Missa realizada na Páscoa dos Militares

Ainda neste ano, em 16 de setembro, foi designado para a Capelania do CINDACTA II, como 2º Tenente do Quadro de Oficiais Capelães, um serviço de assistência religiosa em benefício dos militares, civis e seus familiares, prevista e garantida pela Constituição Federal de 1988, sob a Lei 6923 art. 2 e art. 22; regulamentado pelo Beato Papa João Paulo II na Constituição Apostólica Spirituali Militum Curae em vista da Assistência Espiritual aos Militares. Odaguiri, falando ainda sobre seu sonho de entrar para a Aeronáutica, relembra que seu avô materno sempre desejou em sua juventude ter ingressado nas Forças Armadas, uma vez que ele viveu períodos de revoluções e presenciou as duas guerras mundiais. Não o conseguindo, depositou seu desejo para seus filhos. Sua rotina no CINDACTA II segue o regulamento preconizado aos Capelães. “Obedecendo em primeiro lugar aos ensinamentos de Jesus, o Cristo, conforme está escrito em AEROESPAÇO 15


Mateus 28:19-20, oriento minha rotina. Me esforço para sobressair a figura de Jesus, seguindo o exemplo de São Paulo em Gálatas 2:20, e aproximar a todos do Senhor”. O Padre celebra as Santas Missas na Capela do Centro, além de fazer a administração de Batizados; Casamentos; Unção dos Enfermos; Confissões; Direções Espirituais; visita aos doentes e aos presos; bênçãos nas seções da OM; missões nos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) subordinados; orientar as famílias; oferecer a Doutrina Sagrada para Recrutas; manter a altivez da tropa; participar diariamente das formaturas de início de expediente; das comemorações previstas e dos exercícios. Odaguiri busca, enfim, se “fazer visível, para que através desta frágil figura, vejam a face do Cristo Forte, nosso refúgio e fortaleza”. E justamente nesta troca com pessoas, nesta escuta atenta ao outro, o Padre pode ir tecendo um tapete multicolorido de experiências e aprendizado. Esta rica e profunda relação que nutre com seus seguidores, beneficia a todos, trazendo compreensão, respostas, acolhimento e crescimento. “Aprendi a não ter medo de nada. Aprendi a humildade e a cautela. Aprendi a dedicar-me àquilo que realmente merece o influxo de meu esforço. A vida é dom de Deus que foi dada para ser construída em rocha firme. Nela se constitui o palco de inúmeras batalhas pessoais e sociais. Depende de mim e da benção de Deus vencê-las ou não”, pondera ao mostrar que a garra, o poder da escolha, a luta e a perseverança estão todos em nossas crenças e em nossas mãos. O ser humano e a família são instâncias de valor incomensurável para Odaguiri. “Desde minha infância tive que aprender a vencer a dor, a miséria, a fome, as limitações, os preconceitos, os desprezos, o sentimento de abandono e de orfandade. Agradeço a Deus pelas inúmeras pessoas que foram colocadas em minha vida como que anjos para me preservar. Deus tinha um propósito em minha vida e, acredito que Ele ainda tem. Tudo o que faço e vivo tem as marcas de todas estas experiências. Enfim, aprendi a amar e a defender uma instituição humana e divina, a família. Não aceito qualquer desculpa para que se destrua uma família. Dedico minha vida para que haja uma família, aquela que Deus sonha, regada de amor, sinceridade, co-responsabilidade”. Numa realidade onde as demandas são diversas e o tempo parece ser pouco para dar conta delas todas, é fácil perceber como as pessoas, em grande parte, vivenciam muito pouco sua interioridade. Questões mais profundas – e até filosóficas – sobre quem somos, o que desejamos, como nos portamos e para onde estamos levando nossas vidas perigam cair na obscuridade dos pensamentos absortos nas questões do dia-a-dia, do bate-pronto, do imediatismo que marca o século XXI. Assim, o discurso do Padre Odaguiri é marcado pela busca da consciência que todos devem ter acerca de suas responsabilidades e do legado que anseiam deixar para seus sucessores. Ser um militar num ambiente militar o permite falar a mesma língua, compartilhar da mesma visão de mundo e mais, acrescentar a tudo isso valores outros que visam aprimorar essas 16 AEROESPAÇO

Desde a infância, gosto do fascínio pela vida e pelos feitos mais belos da humanidade. Considerome existencialista e estou sempre preocupado em encontrar respostas aos aguçados problemas existenciais do ser humano.


pessoas, conectando-as com energias superiores e mais sutis. “Ele destaca que a importância de ser um com eles (os militares) é fundamental para que não se percam na ensoberbamento de afazeres. Sabemos que se nos dedicarmos apenas à materialidade das coisas, nosso eu interior enfraquece, perde sentido e envereda-se pela depressão. Por isso, parafraseando Santo Agostinho, para os militares sou Padre, com eles sou militar. Se os militares da FAB têm a nobre missão de defender a Pátria e o seu céu, devem ter suas vidas alicerçadas e salvaguardadas, com famílias estruturadas, estar de bem consigo e com os outros. Seguir a carreira militar é seguir a esteira certa da vida em benefício da nação brasileira”, conclui. E estar pronto para receber seus seguidores e com eles refletir sobre a vida é igualmente fundamental para o cumprimento de suas atividades. “Quando tenho horas vagas, gosto de dormir, de ler muito, de fazer exercícios. Enfim, me sentir vivo para iniciar sempre a missão. Assumi a responsabilidade de estar 24h de sobreaviso durante os sete dias semanais”, afirma o Padre. Odaguiri mantém uma excelente relação com o efetivo do CINDACTA II. Segundo ele, sua relação é alicerçada em comprometimento e companheirismo. "Busco me aproximar de todos, independentemente de correntes filosóficodoutrinais. Somos todos por uma mesma causa”. E o mesmo procede com o Comandante, Coronel Aviador Luiz Ricardo de Souza Nascimento, cujo relacionamento se baseia no comprometimento e na disponibilidade. Para falar sobre Odaguiri, pedimos umas palavras ao Comandante e assim ele começou: “antes de iniciar este depoimento busquei em minhas concepções um significado simples para ‘Padre’ e me veio ao coração o verso bíblico que diz: ‘Cristo andou por toda parte fazendo o bem’ (Atos dos Apóstolos 10:38). A definição que emergiu no meu interior naquele momento era: ser padre é alguém que, a exemplo de Jesus Cristo, passa a vida fazendo o bem”. “Ao observar o comportamento do nosso Capelão”, prosseguiu o Coronel Luiz Ricardo, “vi, no concreto, que ele não perde nenhuma oportunidade de fazer o bem: ao saudar as pessoas, ao sorrir e ao olhar em seus olhos, no abraço amigo, ao atendê-las em confissão, nas visitas às famílias e aos seus lares, ao estar com os mais carentes, com os enfermos e ao celebrar as Missas. A presença marcante do Padre Odaguiri esculpe em nós as marcas do amor e da devoção a Deus, marcas estas que se tornaram memoráveis a mim e a minha família quando ele oficiou o Sacramento do Batismo em meu filho Antônio Luiz, nascido aqui em Curitiba, em abril de 2012”. “Obrigado Padre Odaguiri! Continue sendo esse benfeitor e promotor da paz e do bem. Sua presença muito santifica esta grandiosa e importante Unidade Militar”, conclui o Comandante do CINDACTA II. 1) Batizado de Antônio Luis, filho do Comandante do CINDACTA II, Coronel Luiz Ricardo 2) 3S Segalla dirige o culto evangélico no auditório do centro 3) Confraternização com seus fiéis 4) Padre Odaguiri celebra a união da 3S Beatrice com o 3S Caralp

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Ser um exemplo para outras pessoas não é mesmo uma tarefa fácil. “Principalmente nos dias atuais quando tudo é relativizado”, pondera o Padre. Assim, além das palavras compartilhadas individualmente ou em suas celebrações, a postura no dia-a-dia também é fundamental para passar suas mensagens. “Procuro ser apenas um sinal de ânimo, daquele que desperta para Deus. Cultivo o sonho e me esforço para isto, de marcar a Igreja de Jesus com meu martírio. Ser exemplo é esforçar-se para que a altivez, o brilho e o sentido de humanidade permaneçam e conquistem novos espaços nas novas gerações nesta época de mudanças”. E ser um sinal de ânimo independe até da Fé. Odaguiri fala aos seus fiéis e a todos de bom coração, não importando a escolha religiosa. Receber a todos e trocar experiências é crescer. Quem pode muito bem nos falar sobre essa saudável mistura de visões, pensamentos e sentimentos é o 3º Sargento QESA SEF Paulo Cesar Segalla, do Comando do Centro. “Muitas pessoas podem pensar que o relacionamento entre um católico e um evangélico seria difícil, mas com o Padre Odaguiri é diferente. Apesar das diferenças doutrinárias temos conversas muito edificantes e que sempre derivam para o que Jesus nos ensinou”, comenta Segalla. Como exemplo desta interação ele cita a Páscoa dos Militares, quando Odaguiri coordenou a parte católica e ele, a evangélica. “Tivemos a presença de 1.500 pessoas no total. Percebo que o coração do Padre Odaguiri está direcionado a levar as pessoas a terem um encontro com o Cristo verdadeiro, este também é nosso objetivo. Padre, conte conosco e que Deus nos abençoe!”, celebra. Hoje, passado mais de um ano desde sua chegada ao CINDACTA II, o Padre Odaguiri é só alegria. Guardando um misto de sentimento de dever cumprido, motivação, felicidade e regozijo, ele encontrou o singular ponto de união entre o sacerdócio e a Caserna. “Hoje não piloto aviões, mas piloto uma nave (Igreja), com muitas pessoas a bordo (fiéis ou não), direcionando-as para Deus. Quero ser o animador de cada militar, para que ele recupere e mantenha a altivez do ser e a nobreza da fé. Quero também que, tal qual uma nave (mais pesada que o ar), todos sejam mais fortes do que as circunstâncias da vida e cortem os caminhos que levam a Deus, nossa terra prometida”. Muitos são os “passageiros” felizes com o piloto Odaguiri. A 3º Sargento SAD Beatrice Felix Rodrigues de Souza e Lima, da Divisão Administrativa, e o 3º Sargento SGS Lisandro Caralp, do Batalhão de Infantaria não economizam os elogios. “Logo que chegou à Unidade, o Padre Odaguiri nos acolheu em um dos momentos mais difíceis pelo qual passamos, que foi o falecimento de um integrante de nossa família. Ele nos deu apoio, consolando e acalentando os

nossos corações com fortes palavras e com seu jeito amoroso de irmão, amigo, pai, não nos abandonando em nenhum momento”, comenta Beatrice. “Desde então, sempre confraternizando e acompanhando os nossos passos no namoro, veio nos dar a honra de realizar a nossa cerimônia de casamento, a qual sem sua presença perderia grande parte do brilho. Apesar de alguns sacrifícios como o casamento ocorrer em outro Estado, no Rio de Janeiro, o Padre não hesitou em nos apoiar, e certamente mais uma vez veio demonstrar como servo de Deus a importância de amar e se dedicar aos outros”, comenta Caralp, mostrando que para semear amor, Odaguiri não tem fronteiras. Como mensagem aos nossos leitores o Padre Odaguiri ressalta a busca pelo brilho da vida. “Dediquem seus esforços por transformarem seus espaços de convivência em algo prazeroso. Evitem todo o mal. Evitem comentários inócuos, críticas gratuitas. Acima de qualquer coisa, cumpram com tudo o que está previsto para cada um fazer. Na verdade, este minha mensagem reflete uma preocupação: manter os valores humanos salvaguardados e, também, os valores militares na Força Aérea Brasileira. Diga a todos que Deus os ama muito, não vivam sozinhos como se ilhas fossem. Somos seres sociais, busquem ambientes saudáveis e serenos. Amizades alicerçadas no respeito, no comprometimento e na moral devem ser cultivadas. A vida é um treinamento constante. Só conquistará a eternidade quem coloca no sangue as melhores coisas e treina para vencer toda a luta. Deus abençoe a todos. Que Nossa Senhora de Loreto esteja presente em suas vidas para animá-los e mantê-los fiéis e leais a Jesus Cristo ao cumprirem suas nobres funções militares”.

Mensagem do Padre Odaguiri aos Controladores de Voo do CIND ACTA II

E u es tim o mu it o os Con trol ist o me sm o, to me i a de ci sã o ad ores de Vo o e, po r do ar me u se rv iç o de Sa ce rd otde me en ga ja r na F AB e re nc ia l pa ra o br ilhar de to do e de C ris to co mo re fe s. É um a honra pe ss oa l ol ha r qu e eu conh eç o as pe ss oa s qu pa ra os cé us e pe ns ar ma nt êm to do es se tr áfeg o aée cont ro la m tu do iss o e re o em fu nc iona me nt o se gu ro . Se eu fo sse um pi lo to , fi ca ria gu ro po r se r cont ro la do pela mu it o tra nq ui lo e se s pe ss oa s qu e tra ba lham no C IN D AC TA II.

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Artigo

E nasce o Ministério do Ar (II) Por Telma Penteado Extraído do livro "A História do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro"

Em 20 de janeiro de 1941, através do Decreto-Lei nº 2.961/41, criou-se, oficialmente, o Ministério da Aeronáutica. Com a missão de garantir a segurança nacional e promover o desenvolvimento tecnológico, econômico e social do Brasil, esta recém-nascida Força Aérea Brasileira (FAB) já tinha em sua alma a anseio de alçar voos mais altos. Preparação e aperfeiçoamento eram as palavras de ordem. Frente à importância do Ministério recém-nascido, fez-se premente definir quem o assumiria. De acordo com as palavras do Coronel Vieira, o candidato ao posto “teria a grande responsabilidade de amalgamar doutrinas e comportamentos de três origens distintas (Exército, Marinha e Ministério da Viação e Obras Públicas). Além disso, a conjuntura de guerra, na qual se processaria a integração e a afirmação da nova entidade, iria requerer do titular escolhido, sensibilidade política e habilidade estratégica nas decisões, para solucionar adequadamente os inúmeros problemas que fatalmente ocorreriam”. Para Getúlio, este homem era o Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho. Além de amigo pessoal do Presidente, já era atuante na política e sempre se mostrou entusiasta da aviação. Salgado Filho tomou posse em 23 de janeiro de 1941 e já como primeiro Ministro da Aeronáutica, prontamente instituiu o Estado-Maior, dividiu o território nacional em Zonas Aéreas (com o intuito de exercer “autoridade militar direta sobre todas as forças, serviços, estabelecimentos e atividades aeronáu-

Tripulação da Panair

ticas, dentro dos limites geográficos das respectivas zonas e do espaço aéreo a elas correspondente”, como prevê o Decreto que as instituiu), estabeleceu os Comandos Aéreos, as Diretorias e os Serviços de Proteção ao Voo. Caberia a ele harmonizar os interesses simultâneos de segurança nacional, desenvolvimento econômico, tecnológico e social que substanciavam o Poder Aéreo: Força Aérea, Aviação Civil, Infraestrutura e Indústria Aeronáutica e Formação de profissionais de Aeronáutica. A FAB se consolidava. Desde 25 de março de 41, com a criação da Escola de Aeronáutica através do Decreto-Lei nº 3.142, estavam extintas as Escolas de Aviação Naval e de Aviação

Aerom oça da Panai r do B rasil do Exército (antiga Escola de Aviação Militar). O primeiro Comandante da Escola de Aeronáutica foi o então Tenente-Coronel Aviador Armando de Souza e Mello Ararigbóia, que comandava a Escola de Aviação do Exército. A Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) foi criada no mesmo dia da Escola de Aeronáutica, pelo DecretoLei nº 3.141, e passou a funcionar nas mesmas dependências da extinta Escola de Aviação Naval, no Galeão (RJ), forAEROESPAÇO 19


mando mecânicos de avião, de rádio, de armamento e fotógrafos, em cursos que tinham a duração de dois anos. A aviação no Brasil prosperava. A posição geográfica do País e a imponência do tamanho do seu território logo passaram a ser foco das atenções dos Estados Unidos. Como descreve o historiador Dennison de Oliveira, “desde 1940 os Estados Unidos nos pressionavam para que fizessem uma ocupação preventiva do território nordestino e a instalação, ali, de bases aéreas que permitissem a escala para os voos rumo à África e ao Oriente. Ao mesmo tempo, pretendiam impedir que essa rota aérea e esses locais para bases fossem ocupados por países do Eixo. Em meados de 1941, seis meses antes da entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, essas bases e rotas aéreas já eram uma realidade”. E este território continental já contava com a nossa Força Aérea Brasileira, que passou a prestar o serviço de patrulhamento do litoral e a proteção de comboios no Atlântico Sul, em ações conjuntas com a Marinha do Brasil e dos Estados Unidos. Com este acordo entre os EUA e o Brasil, estabeleceu-se no Recife (PE) uma unidade mista de treinamento chamada USBATU (sigla em inglês de United States – Brazil Air Training Unity, Unidade de Treinamento Aéreo Brasil – Estados Unidos). Através desta Unidade a FAB pôde receber e colocar em uso as aeronaves recebidas, como os aviões Catalina, Hudson, Ventura, B-25 e os caças P-40. Ainda em outubro de 1941, o Ministro Salgado Filho criou oito Diretorias que tinham por objetivo informá-lo, superintender e inspecionar, administrativamente, os estabelecimentos, serviços e as atividades especializadas a elas subordinadas. Entre estas Diretorias estava a de Rotas Aéreas (DR). À época, o Departamento de Aviação Civil (DAC), subordinado ao Ministério da Viação e Obras Públicas, tinha por missão normatizar e controlar a aviação

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civil no País, tendo suas atividades significativamente ampliadas por conta do aumento do emprego da aviação como meio de transporte. Nesse ano o DAC passou a administrar diversos aeroportos e Serviços de Proteção ao Voo, criados pelo Ministro Salgado Filho. Através do Decreto-Lei nº 3.462, de 23 de julho de 1941, o Brasil dava mais outro passo de fundamental importância para seu desenvolvimento na aviação. A Panair do Brasil (representante da empresa de aviação Pan American no País) ganhou permissão do Governo, na figura do Ministério da Aeronáutica, para construir pistas de pouso em Macapá, em Belém, São Luiz, Fortaleza, Recife, Maceió e Salvador, e nas bases militares norte-americanas de Belém, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador, além de pavimentar estradas de acesso a essas bases.

Maj Av Nero M oura

Logo da FEB

Senta a Pua na Campanha da Itália


Maquete do ITA

O Ministério da Aeronáutica muito lucrou com estas obras. As pistas pavimentadas passaram a ser utilizadas pela FAB e pela aviação comercial, bem como suas facilidades, rádio, contra incêndio e outros serviços. Vale ressaltar que em 17 de janeiro de 1942, através do Decreto-Lei nº 8.561, o Departamento de Aviação Civil foi extinto, sendo transformado e renomeado para Diretoria de Aeronáutica Civil (mantendo a sigla DAC). A primeira organização da Força Aérea Brasileira foi determinada pelo Decreto-Lei nº 4.478, de 14 de julho de 1942, passando a vigorar em 15 de agosto do mesmo ano. A segunda organização da FAB data de 23 de março de 1944, e foi sancionada pelo Decreto-Lei nº 6.365. Para se ter ideia do investimento na Aviação Brasileira, entre os anos de 1942 e 45, foram adquiridos, além de outros materiais e veículos terrestres, 1.288 aviões. “Pode-se verificar”, comenta o Coronel João Vieira, “que o Ministro Salgado Filho, no início de sua administração, tinha uma série de providências simultâneas e paralelas a serem tomadas. No que se refere à Força, o seu esforço em

preparar pilotos, especialistas e artífices da ativa e da reserva; em comprar aviões para treinamento e, posteriormente, para combate e transporte; e em preparar infraestrutura, pessoal e material de apoio para operar todas essas atividades. Não há dúvida de que a guerra, a necessidade do americano de operar em nosso litoral e nosso próprio envolvimento no conflito muito concorreram e facilitaram essas providências”. Foi em agosto de 1943 que o Brasil organizou a famosa Força Expedicionária Brasileira (FEB) e, no ano seguinte, as tropas começaram a ser enviadas para a Itália em navios e com o auxílio da FAB. E foi em 43 que a FAB, percebendo a importância do conhecimento dos métodos modernos de controle de voo e apoio à navegação aérea, já aplicados nas Bases Aéreas de Belém e do Nordeste, mandou um grupo de pilotos e especialistas para os Estados Unidos, na Base de Quonset Point, perto de Boston, para realizar cursos nessas áreas. Naquela época nossos militares tinham pouco conhecimento e quase nenhuma prática de aproximação para pousos em condições meteorológicas adversas. Do grupo enviado aos EUA, formaram-se 36 pilotos e os especialis-

tas correspondentes a 18 tripulações, num total de 90 Oficiais e Sargentos. “Como se pôde verificar mais tarde, esses oficiais foram os responsáveis pela padronização de nossos esquadrões de transporte e pela elevação do nível de voo por instrumentos e de navegação”, conta o Coronel João Vieira. O Primeiro Grupo de Caça foi criado pelo Decreto nº 6.123, assinado por Getúlio Vargas, em 18 de dezembro de 1943 – quatro meses depois da estruturação da FEB. Seu primeiro Comandante foi o então Major Aviador Nero Moura que, ao lado de seus companheiros (32 homens recrutados, entre oficiais e sargentos, para formar sua equipe), enfrentou a delicada adaptação das aviações militar e naval, para dar vida ao Ministério da Aeronáutica e à Força Aérea Brasileira. Junto com seus homens, Nero Moura partiu para Orlando, nos EUA, em 3 de janeiro de 1944, com a finalidade de fazer cursos intensivos para o comando e a chefia na Escola de Tática Aérea do Exército Americano, com consequente enquadramento do seu pessoal no Teatro de Operações já em andamento na Itália. Um grupo de voluntários recebeu a parte prática dos treinamentos nos caças P-40 na cidade de Gainsville, na Flórida, enquanto outra parte seguiu para Albrook Field, no Panamá. Foi ali que surgiu o grito que consagrou nossos heróis de guerra: “Senta a Pua!”. Eram 6 de outubro de 1944 quando nossos combatentes desembarcaram em Livorno, para, de lá, rumarem para Tarquínia, onde se instalariam em acampamentos, integrando-se com o IV Esquadrão do 350º Grupo de Caça da Força Aérea Tática do Mediterrâneo. JAMBOCK foi denominado como código do 1º Grupo de Caça do Brasil ao chegar em Tarquínia e logo foi dividido em quatro esquadrilhas. Junto aos homens da FEB e do

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JAMBOCK, uniram-se os 30 homens da Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO), que teve por objetivo apoiar a artilharia do Exército Brasileiro, observando o campo de batalha e realizar missões de ligação. A 1ª ELO foi criada oficialmente em 20 de julho de 1944 e teve como Comandante o então Capitão Aviador João Afonso Fabrício Belloc. Para Dennison, “no contexto italiano de operações, o Brasil se destacou na tomada de Montese, em 14 de abril de 1945. Travava-se do primeiro dia da ‘Ofensiva da Primavera’, o esforço final para acabar com a guerra na Itália”. Segundo o relato do Major-Brigadeiro-do-Ar RF Rui Moreira Lima, um dos pilotos do Grupo de Caça, “uma das razões do nosso sucesso foi a identificação exata das referências no chão, no solo. Esse sentido foi tão desenvolvido em nós pelo tipo de navegação que fazíamos no Correio Aéreo”. O dia 22 de abril é o Dia da Aviação de Caça Brasileira. De acordo com o Brigadeiro Rui Moreira Lima, “a ofensiva do dia 22 de abril de 1945 foi o dia máximo do esforço, o dia de mais vitórias conseguidas no Teatro de Operações na Itália para nós do Primeiro Grupo de Caça. Nessa citação, um documento de 48 páginas feito pelos americanos, há um reconhecimento a nosso respeito de que realmente naquele Teatro de Operações o Primeiro Esquadrão de Caça Brasileiro foi o melhor daquele teatro”. O relato do recebimento da notícia do fim da guerra vem do também piloto, Major-Brigadeiro-do-Ar RF José Rebelo Meira de Vasconcelos. “O clima era de euforia total. A população toda na rua, com lenço branco... sentíamos quase os aplausos, estávamos nos sentindo no conforto de que toda aquela agonia tinha passado, estava terminando naquele momento”. Em 16 de julho de 1945, a Unidade pousou, vitoriosamente, no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Após o término da Guerra, muito havia a ser feito no Brasil no tocante à

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aviação. Uma das maiores tarefas do segundo Ministro da Aeronáutica empossado em 30 de outubro de 1945, Major-Brigadeiro do Ar Armando Figueira Trompowsky de Almeida, foi receber as bases aéreas dos norte-americanos, pois nossos efetivos ainda eram pequenos. Naquela ocasião, um grande número de oficiais da reserva saiu da FAB para ingressar em outras atividades da vida civil, principalmente na carreira de pilotos da Aviação Comercial, que teve um desenvolvimento significativo com o fim da guerra. Ainda em tempos de paz, o Ministro Trompowsky procurou adotar medidas para assegurar o reaparelhamento das Zonas Aéreas e das Bases Aéreas e suas Unidades. Tendo por meta suprir as deficiências da área de Proteção, o Ministro ativou e expandiu os Serviços de Proteção ao Voo. Cada sede de Zona Aérea pas-

sou a ter, então, um Serviço Regional de Proteção ao Voo (SRPV) formando um enorme sistema, tendo como órgão central a Diretoria de Rotas Aéreas. A Aviação Civil nacional e internacional crescia e se expandia a passos largos e os impactos desse desenvolvimento nos serviços prestados pela FAB passaram a ser foco das atenções de Trompowsky, que, frente à complexa e delicada conjuntura, criou através do Decreto nº 27.353, de 20 de outubro de 1949, a Comissão de Estudos à Navegação Aérea Internacional (CERNAI), que tem por missão tratar dos assuntos referentes à fixação e condução da política aérea brasileira no campo internacional. Vale ressaltar aqui que em 5 de abril de 1948 já havia sido aprovado, pelo Decreto nº 24.749, o Regulamento para o Serviço de Investigação de Acidentes Aeronáuticos. Além da alegria, nossos combatentes trouxeram uma nova era para nossas Forças Armadas.

Centro de Lançamento da Barreira do Inferno

P-47


Os equipamentos adquiridos com o término da Segunda Guerra Mundial, somados a todo conhecimento adquirido, permitiram que o Brasil desse um salto em sua conjuntura, tanto tática quanto estratégica, no que se refere à defesa nacional. Mais entusiasmados que nunca, os cursos de preparação de pilotos se aprimoravam. Em 21 de março de 1949, foi criado o Curso Preparatório de Cadetes do Ar (CPCAR). Até a criação do CPCAR, a Escola de Aeronáutica, situada no Campo dos Afonsos (RJ), ministrava um curso preparatório, chamado Curso Prévio da Escola de Aeronáutica. Foi em 29 de julho daquele ano que os alunos foram transferidos para Barbacena (MG). Em 21 de maio de 1950, a Escola passou a ser denominada Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). Mais adiante, em 10 de julho de 1969, nascia a Academia da Força Aérea (AFA), transferida definitivamente, em 1971, do Campo dos Afonsos para Pirassununga (SP). Ainda no que se refere à Proteção ao Voo no início da década de 50, a Diretoria de Rotas Aéreas, sob o comando do então Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro do Ar Nero Moura, desempenhou papel de fundamental relevância na organização inicial do Controle de Tráfego Aéreo Brasileiro. Para isso, o Ministro concedeu todo o apoio solicitado em matéria de recursos materiais e de pessoal especializado. A primeira travessia de um avião da FAB pelo Atlântico se deu em 1º de setembro de 1953, com uma aeronave B-17, pilotada pelo então Major Lagares, Comandante da Base Aérea do Recife. Na década de 50 houve um grande investimento na região amazônica e em ciência e tecnologia aeroespacial. Foram criados a Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Centro Tecnológico de

Aeronáutica (CTA) – atual Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), além da construção do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). Foi nessa época que a FAB construiu o campo de provas de Cachimbo (PA), com o objetivo de apoiar os aviões que trafegavam na rota Rio-Manaus. O local era inacessível por terra e foi um pequeno avião transportando os operários que fez o primeiro pouso na região em um campo natural onde só vivam indígenas. No início da década de 60, após detectar problemas operacionais nos equipamentos de Proteção ao Voo, o então Diretor-Geral das Rotas Aéreas, Major-Brigadeiro do Ar Joelmir Campos de Araripe Macedo, com o objetivo de eliminar as referidas deficiências, mandou instalar os primeiros radares de Controle de Tráfego Aéreo nos aeroportos, radiofaróis VOR (VHF Omnidirectional Range) e sistemas de aterragem por instrumentos, os ILS (Instrument Landing System). De acordo com documentos do INCAER, os créditos concedidos pelo Governo à Diretoria de Rotas Aéreas permitiram a modernização da Proteção ao Voo no Brasil. Em 31 de março de 1967, através do Decreto nº 60.521, foi implantada a reforma do Ministério da Aeronáutica, com a criação dos Grandes Comandos: Comando-Geral do Pessoal (COMGEP), Comando-Geral de Apoio (COMGAP), Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR), entre outros. Dois anos depois, através do Decreto-Lei de 19 de agosto de 1969, foi criada, em São José dos Campos (SP), a Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), cuja primeira missão foi a produção do avião Bandeirante. Outro ponto marcante da história da FAB nos leva ao ano de 1982, quando, em 1º de agosto, as mulheres passaram a integrar a FAB com a criação dos Quadros Femininos de Oficiais e Graduadas. A primeira turma de mulheres foi

convocada para o Estágio de Adaptação ao Quadro Feminino de Oficiais no Rio de Janeiro e no Quadro de Graduadas em Belo Horizonte (MG). Como bem se vê, a participação feminina na Força Aérea vem aumentando cada vez mais, com prestação de serviço não só nas áreas de saúde, administração, mas também na área operacional como pilotos.Em 2003 foram matriculadas as primeiras mulheres no Curso de Formação de Oficiais Aviadores na Academia da Força Aérea (AFA). Neste concurso foram aprovadas vinte mulheres, das quais, após quatro anos de estudos e prática, 11 concluíram o curso. Já como Aspirantes, estas militares puderam optar pelo tipo de aviação (caça, transporte, helicóptero, reconhecimento, entre outras), sendo encaminhadas para os centros de formação na respectiva aviação escolhida. A turma de 1982 abriu o caminho para que milhares de mulheres possam hoje exercer seu direito de servir à Força Aérea na manutenção da soberania nacional. O Ministério da Aeronáutica foi extinto em 1999, com a criação do Ministério da Defesa, que passou a ter subordinado a ele os Comandos da Aeronáutica, da Marinha e do Exército. Seu primeiro Comandante foi o TenenteBrigadeiro do Ar Walter Werner Bräuer. Mostrada a trajetória do Ministério da Aeronáutica até sua transformação para Comando, é chegada a hora de falar sobre a história do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, motivo central desta publicação. Evidente ficou a necessidade do registro de todas essas histórias contadas até aqui, uma vez que é o passado que justifica o presente e que nos fornece as ferramentas para se planejar o futuro que se deseja tornar realidade. Assim sendo, nossa viagem pelo tempo continua. Voltaremos a 1950, quando uma tecnologia trazida da Segunda Guerra mudou parâmetros e formou uma nova Era na Força Aérea Brasileira.

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Uma premente necessidade: o Ministério do Ar Texto original do Major-Aviador Lysias Augusto Rodrigues Fonte: O Jornal

O

telégrafo acaba de nos informar de que a França satisfez, por fim, o desejo de um selecionado núcleo de pilotos, que há muito vinha lutando, a fim de convencer as autoridades da necessidade inadiável de se organizar, nesse país, o Ministério do Ar. Quando há anos passados, o extraordinário senso de organização dos ingleses criou o Air Ministry, de todos os países surgiram críticas muitas e poucos elogios. O tempo, porém, veio provar que o tão decantado bom senso inglês era quem tinha razão, porque ligeiras modificações introduzidas nessa organização inicial eram um resultado muitíssimo superior ao esperado pelo mais sadio otimismo. No Brasil, grande é o número, senão a quase totalidade dos pilotos que têm estudado a questão do Ministério do Ar entre nós, e que lhes são completamente favoráveis. No Brasil, as aviações Militar, Naval, Civil e Comercial iniciam, apenas, as suas organizações, e infelizmente sem unidade de doutrina, sem uma diretiva única. Por que não começarmos já pelo caminho certo, aproveitando a experiência dos povos aeronauticamente em posição de destaque? A criação do Ministério do Ar se impõe, entre nós, como o único meio de conjugar esforços, dar uma diretiva única, capaz de nos dar a colocação, há muito perdida, de primeira potência aeronáutica da América do Sul. Um homem inteligente, enérgico e de boa vontade, nesse alto posto, poderia sulcar o Brasil de linhas aéreas, ligando-o, rapidamente, a todas as nações vizinhas do continente, afastando a causa de tantos males, a dificuldade e a demora das comunicações. As serras, os pantanais, as florestas, enfim, todos os grandes obstáculos naturais que põem entraves

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tremendos ao desenvolvimento das vias férreas e rodovias em nosso País, nenhum embaraço trariam à aviação. Os milhares de contos imprescindíveis às suas construções reduzem-se a quase nada no preparo dos campos de pouso. O tempo gasto em percorrê-las é tanto, em comparação ao tempo gasto por via aérea, que não há termo compatível de bem exprimir a enorme diferença. Do Rio a Corumbá, gastam-se, por via férrea, sete dias de viagem; um avião comercial acaba de fazer o mesmo percurso em pouco mais de dez horas. Do Rio a Assunción (Paraguai) gastam-se dez dias no mínimo, e Doolitte, o grande ás americano, acaba de fazê-lo em sete horas. Já é tempo de assumirmos uma atitude decisiva. Necessitamos despertar a consciência aeronáutica dos nossos patrícios, como já fizeram a Alemanha, a Argentina, a Rússia, os Estados Unidos e a Inglaterra; precisamos abrir Escolas de Aviação por toda a União; precisamos criar aeroportos, aeródromos e campos de pouso em cada cidade, aldeia ou vila nacional; precisamos ligar todos os nossos centros comerciais por linhas aéreas, bem como nossas capitais às capitais e cidades importantes dos países vizinhos; precisamos fundar fábricas de aviões de todos os tipos e de motores de todas as potências, lugares estes onde milhares de operários terão trabalho certo e bem remunerado; precisamos tornar conhecidas de todos os brasileiros as grandes, as reais vantagens, que advirão do progresso da aviação entre nós, não só para o País em geral, como para cada um em particular. A organização do Ministério do Ar, brasileiro, é atualmente a maior aspiração de todos os pilotos militares, navais e civis de nossa terra. Tê-lo-emos breve?


Artigo

A instalação do sistema de

Modelagem Numérica WFR no ICEA Por Capitão Especialista em Meteorologia MIGUEL Ângelo Vargas de Carvalho e Suboficial QSS BMT Roberto Tadeu de Araújo

Numa clara afirmação da sua aplicabilidade em diferentes áreas, em particular nas atividades aeronáuticas e aeroespaciais, o Weather Research and Forecasting (WRF) vem sendo amplamente empregado como ferramenta que representa o estado da arte na previsão numérica do tempo. Com a sua implementação, o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) consegue estar inserido no crescimento natural das pesquisas na área de previsão operacional do tempo, ao disponibilizar prognósticos das condições do tempo em alta resolução para todas as Regiões de Informação de Voo (FIR) do território brasileiro, com o objetivo de auxiliar os órgãos tomadores de decisão no gerenciamento do fluxo do tráfego aéreo. Introdução Um dos principais objetivos operacionais da meteorologia é a previsão do tempo com o intuito de determinar em um período futuro e com o máximo de exatidão possível como os fenômenos atmosféricos irão se comportar em um determinado local. A análise das condições do tempo é baseada em vários dados, atmosféricos e oceânicos, com possível relevância na previsão e coletados diariamente de várias estações meteorológicas distribuídas ao redor do mundo. Com o desenvolvimento tecnológico verificado nos últimos anos, tornou-se possível realizar o processamento dessas informações de forma otimizada e automática e gerar prognósticos de tempo por meio de sistemas denominados de modelos de Previsão Numérica de Tempo (PNT). Em suma, o modelo de PNT é um sistema desenvolvido em computador com a finalidade de simular o comportamento da atmosfera. Isto é possível, porque ele resolve um conjunto de equações matemáti-

cas baseadas nas leis físicas, aplicadas para atmosfera, de modo a prever o estado futuro da atmosfera partindo de condições iniciais observadas. As informações e os prognósticos meteorológicos confiáveis são ferramentas essenciais que possibilitam a segurança das operações aéreas, o conforto dos passageiros e o estabelecimento de rotas mais rápidas e econômicas para as aeronaves.

Weather Research and Forecasting (WRF) No Brasil, o responsável pelas informações e prognósticos meteorológicos para a aviação é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Por intermédio da Portaria DECEA 009/SDAD, de 06 de outubro de 2008, foi constituído o Grupo de Trabalho (GT) do Programa de Modelagem Numérica do Tempo (PMNT). Os participantes do GT são oriundos de diferentes organizações do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

(SISCEAB), da especialidade de Meteorologia, na sua maioria com curso de pós-graduação (nível Mestrado), ou com conhecimentos específicos da área da Tecnologia da Informação (TI). O PMNT visa proporcionar prognósticos de alta resolução para áreas de maior fluxo da navegação aérea nacional, o que possibilita um aumento do detalhamento das informações meteorológicas e da qualidade da previsão do tempo para o SISCEAB. O ICEA mantém operacionalmente a 5ª Geração do Modelo de Mesoescala (MM5). O GT, com o intuito de acompanhar os novos avanços na área de previsão numérica de tempo, escolheu o Weather Research and Forecasting (WRF) como o próximo modelo a ser implementado no ICEA. O WRF é a última geração de modelo numérico de previsão do tempo que servirá tanto para a operacionalidade dos centros meteorológicos como para as pesquisas atmosféricas. As características do modelo que mais se destacam são: os múltiplos núcleos dinâmiAEROESPAÇO 25


cos, sistema variável de assimilação de dados tridimensional e uma estrutura de software que permite o paralelismo computacional, bem como a extensibilidade do sistema. Pode ser instalado em diversas plataformas computacionais (p. ex. Linux), é muito portátil, flexível, de domínio público e disponibilizado gratuitamente pela internet. O modelo pode ser executado tanto para situações atmosféricas idealizadas como situações reais, em um espectro amplo de aplicações em escalas horizontais que variam de milhares de quilômetros a poucos metros. O sistema de modelagem do WRF compreende diversos componentes (Fig. 1). Os principais são: no pré-processamento o WRF Preprocessing System (WPS); inicialização do WRF (real); execução do WRF; e pós-processamento (ARWpost).

Figura 1

Instalação do Modelo WRF no ICEA O projeto de instalação do modelo WRF é desenvolvido no ICEA em parceria com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e o Centro Nacional de Meteorologia Aeronáutica (CNMA), sob a coordenação do GT de PMNT. No ICEA, a instalação do WRF foi realizada para quatro regiões (domínios, D1) diferentes com cobertura para todas as FIR do território brasileiro (Fig.2). Para cada domínio existe outro “aninhado” (D2), escolhido devido a sua importância para as atividades aeronáuticas e aeroespaciais, como o gerenciamento do fluxo do tráfego aéreo e lançamento de foguetes. A instalação do WRF foi realizada com sucesso nos quatros domínios selecionados, destacandose por (pela): a) oferecer os mais recentes avanços da física, modelagem numérica e assimilação de dados, pois pertence à última geração de modelos numéricos de previsão de tempo; b) aumentar a performance dos recursos computacionais, em virtude de possuir uma arquitetura de software pronta para o processamento paralelo; c) ausência de custos com a compra de licença para software, pois o WRF é disponibilizado gratuitamente e sua codificação é aberta; d) flexibilidade quanto a sua instalação e configuração. Exemplos de produtos gerados para o domínio principal da grade SUDESTE são mostrados na Figura 3. Maiores detalhes da instalação, bem como a visualização dos produtos gerados pelo modelo WRF podem ser encontrados na página do ICEA: www.icea.gov.br/climatologia/modelagemWRF.html 26 AEROESPAÇO

Figura 2

Figura 3


Reportagem

De olho

nos céus

Principais órgãos do setor aéreo se unem na observação de pilotos e aeronaves Por Gisele Bastos Fotos Luiz Eduardo Perez

A cidade maravilhosa foi o cenário escolhido para a primeira operação de fiscalização da aviação geral que reuniu o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e o Departamento de Polícia Federal (DPF). O Rio de Janeiro mantém um importante núcleo de aviação geral, com grande movimentação offshore e maior fluxo de operações nos finais de semana. Sob coordenação da Secretaria de Aviação Civil (SAC-PR), o planejamento para a operação começou em novembro do ano passado, com o objetivo de consolidar a doutrina de segurança operacional e de disciplina de voo na aviação geral brasileira. Nos três últimos anos, o movimento de voos de táxi aéreo, helicópteros e aeronaves de pequeno porte cresceu 12%. No período de 25 a 28 de janeiro, sete aeródromos que recebem voos não regulares foram monitorados: Aeroporto Santos Dumont; Aeroporto de Jacarepaguá; Heliponto da Lagoa; Heliponto do Recreio; Clube Esportivo de Voo (CEU); Clube da Aeronáutica e Aeroporto de Maricá. A operação inaugurou um modelo integrado de fiscalização das operações, aeronaves, pilotos, empresas e profissionais envolvidos na manutenção de equipamentos.

A atuação do DECEA O DECEA verificou o descumprimento de plano de voo, de altitudes previstas em rotas visuais, perfis horizontais de voo, altitudes de voo mínima sobre o mar (500 pés) e sobre áreas habitadas (1000 pés). Foi montado um ponto de Coordenação Geral e Informações Aeronáuticas (CCO DECEA), localizado na sede da ANAC, no aeroporto de Jacarepaguá, sendo a coordenação tática feita pelo Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) e Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA). Do local, foram monitoradas as informações radar em coordenação com as Torres de Jacarepaguá (TWR-JR) e Rio de Janeiro (TWR-RJ), assim como a coordenação por parte da TWR-JR com a Sala AIS (Serviço de Informações Aeronáuticas) do aeroporto e o Controle de Aproximação Rio de Janeiro (APP-RJ). Enquanto isso, nas salas AIS foram verificadas as informações lançadas em planos de voo e os dados dos pilotos no DCERTA, ou Decolagem Certa, um sistema informatizado de acompanhamento e verificação da regularidade de certificados e licenças de aeronaves, tripulações técnicas e aeródromos de AEROESPAÇO 27


Equipe do GCC em apoio à operação

destino, com base nos dados informados no plano de voo. Quanto aos equipamentos, uma console radar trouxe a síntese de seis radares integrados, além de uma console com informações radar móvel e uma central de comunicação com rede telefônica interna e externa. O coordenador da operação, Major Aviador Chrystian Alex Scherk Ciccacio, Chefe da Subdivisão de Planejamento e Gestão Operacionais do SRPV-SP, avaliou positivamente as atividades. Segundo ele, o efetivo planejamento da operação foi o principal fator de sucesso na condução da fiscalização conjunta. "Os protocolos de comunicação criados e padronizados em brifim facilitaram as comunicações entre as equipes da ANAC e do DECEA, além de trazer maior eficácia à ação dos fiscais, que estavam sempre munidos de informações prévias, advindas das salas AIS e dos órgãos de controle de tráfego aéreo, relativas às aeronaves abordadas", avaliou o oficial. Houve, ainda, um expressivo incremento na autuação de aeronaves com indícios de irregularidades de tráfego aéreo, atendendo as expectativas da operação.

O apoio do Esquadrão Zagal O Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC) - Esquadrão Zagal -, sediado em Fortaleza (CE), participou da operação com a disponibilização do seu sistema Radar (PAR-2000 Transportável), no monitoramento de tráfegos aéreos. As coordenações logísticas e operacionais começaram no dia 15 de janeiro, devido à distância entre as cidades de Fortaleza e do Rio de Janeiro. O transporte do radar foi realizado por uma aeronave Hércules C-130 do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT), marcando o primeiro deslocamento aéreo do PAR-2000T no Brasil. “É realmente um privilégio participar deste marco histórico do Esquadrão Zagal, liderando este corpo técnico altamente capacitado”, destacou o Capitão Especialista da Aeronáutica em Serviços (SVE) José Marinho Moreira, Oficial de Ligação de Comunicações e Eletrônica. A missão trouxe uma nova descoberta de utilização do sistema PAR-2000T, originariamente um radar de recolhimento de precisão. Após pesquisas e testes na sede do 5º/1º GCC, vislumbrou-se sua utilização apenas como um Posto Avançado 28 AEROESPAÇO

Fiscais da ANAC em ação no Aeroporto de Jacarepaguá

de Informações Radar (PAIR). “Tenho certeza de que esta nova funcionalidade do Sistema PAR-2000T será amplamente utilizada pelo DECEA e pela Força Aérea Brasileira como um todo”, comentou o Major Aviador João Spencer Ferreira da Costa Junior, Comandante do 5º/1º GCC.

A participação da ANAC A Agência Nacional de Aviação Civil tem a função de aprimorar a cultura de segurança operacional e a doutrina de voo na aviação geral por meio de ações de prevenção e fiscalização das operações. O doutrinamento de voo abrange não só o cumprimento da legislação vigente, mas a adoção de boas práticas como a capacitação dos profissionais de aviação civil, manutenção contínua das aeronaves e cumprimento do manual de operações da aeronave. A fiscalização sobre segurança é prioridade para a ANAC e vai além das ações observadas nos saguões dos aeroportos. A certificação e a manutenção das aeronaves operadas pelas empresas aéreas brasileiras são avaliadas por meio de um processo de vigilância continuada. Este processo é composto de análise de relatórios técnicos recebidos dos operadores e de fiscalizações programadas, não programadas e motivadas por denúncia, abrangendo auditorias nas empresas e inspeções nas aeronaves. Qualquer falha ou defeito que ocorra com as aeronaves é analisado, corrigido e acompanhado estatisticamente pelos operadores em relatórios mensais, que são encaminhados e utilizados pela ANAC nas fiscalizações. Durante o período de operação foram disponibilizados 75 servidores para fiscalização de aeronaves, pilotos e técnicos de manutenção. Foram realizadas 195 abordagens, destas, 25 apresentaram não conformidades. As irregularidades mais comuns foram a falta de documentação da aeronave, manutenção e problemas mecânicos.

Balanço final Os resultados da operação foram apresentados em coletiva de imprensa na sede da ANAC no Centro do Rio de Janeiro, no dia 28 de janeiro, com participação do então Ministro da SAC, Wagner Bittencourt [no dia 16 de março assumiu a pasta


Wellington Moreira Franco]; do Diretor-Presidente da ANAC, Marcelo Pacheco dos Guaranys; do Vice-Diretor do DECEA, Major-Brigadeiro do Ar José Roberto Machado e Silva e do Delegado de Polícia Federal, Marcelo Prudente. Na ocasião, Wagner Bittencourt explicou a importância desse novo modelo de sondagem: “A fiscalização coordenada entre os órgãos do setor busca não só o aumento da segurança operacional, que é nossa prioridade, mas também a adoção de melhores práticas na aviação geral. Estaremos presentes nos aeródromos para observar essa mudança de cultura”. Esta posição foi endossada pelo Diretor-Presidente da ANAC, que observou que esse tipo de ação é para que todas as empresas fiquem regularizadas. "O efeito da operação não é punir, mas garantir que a aviação seja operada com segurança", assegurou Guaranys. O DECEA fez o monitoramento do cumprimento das regras de tráfego aéreo e dos perfis de voo. Para a operação, foram deslocados 76 militares, que acompanharam em tempo real a movimentação de 1.048 aeronaves, sendo que 17 apresentaram algum tipo de irregularidade. As infrações de tráfego aéreo foram encaminhadas para a Junta de Julgamento da Aeronáutica (JJAER) para as devidas autuações, com direito à defesa. Elas serão julgadas em primeira instância, com direito a recurso e, em segunda instância, para aplicação de multa, dentre as providências administrativas cabíveis. Nos três dias de operação foram fiscalizados 1243 movimentos de aeronaves. As irregularidades representaram apenas 3,5% do total de operações fiscalizadas. Segundo o Major Ciccacio, a atividade integrada trouxe mais força à ação de fiscalização. "No caso do Rio de Janeiro, a atuação em diversos aeródromos, além da utilização do radar móvel, causou forte influência na condução das atividades aéreas e, consequentemente, maior preocupação ao fiel cumprimento das regras do ar" - finalizou.

Tenho certeza de que esta nova funcionalidade do Sistema PAR-2000T será amplamente utilizada pelo DECEA e pela FAB como um todo Major Spencer

Controle de Aproximação Rio de Janeiro no Aeroporto Tom Jobim

Fiscais conferem documentação da aeronave durante fiscalização

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Reportagem

Comitiva do DECEA é destaque no Congresso Mundial de Gerenciamento de Tráfego Aéreo em Madri Por: Daniel Marinho Fotos: Comitiva DECEA Uma delegação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e unidades subordinadas – na qual estiveram presentes o Diretor-Geral da organização, Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, o Chefe do Subepartamento de Operações, Brigadeiro do Ar José Alves Candez Neto, o Chefe do Subdepartamento Técnico, Brigadeiro Engenheiro Fernando César Pereira Santos, dentre outros oficiais – foi a Madri na segunda semana de fevereiro para representar os interesses do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) no Congresso Mundial de Gerenciamento de Tráfego Aéreo - World ATM Congress 2013. Promovido pela Organização dos Serviços de Navegação Aérea Civil (CANSO – Civil Air Navigation Services Organization) e pela Associação de Controle de Tráfego Aéreo (ATCA – Air Traffic Control Association), o evento reuniu, de 12 a 14 de fevereiro, cerca de cinco mil participantes de mais de 100 países. Unindo em um mesmo evento, uma conferência internacional, uma feira para empresas expositoras, módulos de grupos de trabalho e eventos sociais integradores, cerca de 350 delegados de importantes instituições, 160 empresas expositoras, especialistas de tráfego aéreo, fornecedores, dentre outros, encontraram-se na capital espanhola para discutir os assuntos afetos ao controle de tráfego aéreo A participação do DECEA não se limitou à conferência principal em si – ocasião em que se fizeram presentes 13 oficiais do SISCEAB – mas também a outros grupos de trabalhos, tais como a Conferência Global da CANSO de Operações de Gerenciamento de Tráfego Aéreo (CANSO Global ATM Operations Conference) – na qual, além do próprio Diretor-Geral do DECEA, participaram também os oficiais da área operacional do SISCEAB. Membro do Grupo de Trabalho de Benchmarking Global da CANSO, o Coronel Aviador da Reserva Jurandyr de Souza Fonseca, da Assessoria de Planejamento, Orçamento e Gestão (APLOG) 30 AEROESPAÇO

do DECEA, representou a organização em outro encontro da a Conferência, a 4 Reunião do Comitê Permanente de Política da CANSO (4th CANSO Policy Standing Committee Meeting). Nas palavras do Diretor-Geral da CANSO, Jeff Poole - recém - empossado em janeiro de 2013 -, a relevância do Congresso Mundial de Gerenciamento de Tráfego Aéreo reside na comunhão de interesses e objetivos almejados tanto por seus realizadores, quanto por seus convidados: "O Congresso foi desenhado pela indústria, para a indústria e os mais de cinco mil participantes corroboraram a relevância do mesmo. Este Congresso está consolidado como um evento de singular influencia para a comunidade ATM global. " A percepção positiva também foi compartilhada pelo Diretor-Geral do DECEA. Para o Tenente Brigadeiro Mendes o transporte aéreo é atualmente uma atividade globalizada, na qual seus membros atuam de modo interdependente, o que torna encontros do gênero ocasiões propícias para um intercâmbio de informações salutar. "É muito importante estar em sintonia com o que ocorre fora do País. A ideia de participar do Congresso em Madri faz parte de uma estratégia do DECEA de estar presente em todos eventos e fóruns de grande relevância que tratem de controle de tráfego aéreo(...) é onde se encontra a última palavra em tecnologia, onde se tem contato com os outros provedores de serviços de navegação aérea, fornecedores etc." No que tange à comitiva, o Brigadeiro ressaltou a participação dos representantes do SISCEAB e os resultados alcançados. "Destaco a excelente performance dos nossos profissionais, apresentando soluções e alternativas atualizadas, tecnicamente orientadas com o que há de mais moderno, e, como sempre, ouvidos, questionados, consultados e prestigiados nas decisões dos grupos - o que é muito importante e demonstra certa liderança do País na área."


Oficiais do DECEA reunidos no World ATM Congress 2013

Em contiguidade ao evento, ocorreu a cerimônia do IHS Jane's Air Traffic Control Awards. Realizada desde 2001, a premiação é atualmente reconhecida como uma das mais importantes do mundo no âmbito da atividade. Este ano, projetos das mais diversas organizações foram submetidos ao crivo de uma mesa julgadora composta por representantes da CANSO, FAA (Administração da Aviação Federal dos EUA), IATA (Associação do Transporte Aéreo Internacional), Eurocontrol e outras entidades. Dentre os projetos concorrentes, a bem-sucedida implementação da Navegação Baseada em Performance (PBN - Performance Based Navigation) nas terminais aéreas de Brasília e Recife rendeu ao DECEA uma indicação ao prêmio pela categoria “Eficiência Operacional”. Na ocasião, concorreram também a FAA - indicada pela recategorização das regras de separação de aeronaves no Aeroporto Internacional de Memphis - a, também norte-americana Midwest ATC Services - pela implantação da Separação Vertical Mínima Reduzida no Afeganistão - e, por fim, a provedora de serviços de navegação aérea Airways New Zealand - pela implementação do PBN no Sul neozelandês, que terminou por sagrar-se vencedora.

Você conhece a CANSO?

A Organização dos Serviços de Navegação Aérea Civil (CANSO – Civil Air Navigation Services Organization) é uma entidade de classe que congrega provedores de serviços de navegação aérea de todo o mundo. Seus membros respondem por cerca de 85% do tráfego aéreo mundial e, por meio dos grupos de trabalho da associação, constituem um importante espaço para o desenvolvimento de novas políticas para o setor, cujo maior objetivo é o aprimoramento contínuo e com segurança da navegação aérea. A Organização também representa as opiniões de seus membros nos fóruns de regulamentação e da indústria, inclusive a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), onde atua com o status de observador oficial. Para mais informações, acesse o site da entidade: www.canso.org

A indicação do DECEA ao prêmio, de todo modo, representa, mais uma vez, o reconhecimento dos órgãos internacionais às iniciativas brasileiras, chancelando o resultado positivo do esforço das equipes envolvidas com a implementação do PBN no Brasil, coordenadas pelo Subdepartamento de Operações do DECEA. Atualmente esses profissionais já dão continuidade ao projeto, dedicando-se à extensão da iniciativa às maiores terminais aéreas do País - São Paulo e Rio de Janeiro - programada ainda para 2013. Entre os principais benefícios da implantação do PBN, está a otimização de trajetos de navegação, que termina por proporcionar uma rota menor, melhor controlada e muito mais precisa, orientada por sistemas avançados de gestão de voo à bordo e satélites. A próxima edição do World ATM Congress ocorrerá também em Madri, no ano que vem, de 4 a 6 de março. A julgar pelo ritmo de implementação de novos projetos e inovações por parte do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, haverá novamente muitas razões para a participação dos nossos profissionais; seja nos grupos de trabalho, nas reuniões, nas conferências, ou, quem sabe, no palco da premiação.

A Navegação Baseada em Performance (PBN) nas Terminais Aéreas

Ao viabilizar à aeronave uma descida mais contínua e estabilizada nas terminais aéreas, a Navegação Baseada em Performance permite a otimização do trajeto e redução de tempo de voo nas aproximações, gerando economia de combustível e, em consequência, redução das emissões de gases nocivos ao meio ambiente. Do mesmo modo, o PBN torna exequível a utilização de mais rotas no mesmo espaço, com menores separações, gerando um aumento significativo de capacidade. Fenômenos que começarão a ser observados nas terminais aéreas onde o PBN for implementado. Para conhecer melhor a respeito do assunto, acesse o vídeo desenvolvido pela Assessoria de Comunicação Social do DECEA sobre o PBN, disponível na Internet: http://www.decea.gov.br/cnsatm/videos/mais-um-video

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