Aeroespaço 18

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LABORATÓRIO DE METROLOGIA DO PAME-RJ

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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA


Nesta Edição 4

Estudantes de Tabatinga têm oportunidade de ver como funciona o controle do espaço aéreo

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CCA-SJ instala nova versão de cenário em simulador

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CINDACTA III recebe visita técnica da CISCEA Artigo: Por que planejar?

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Seção: Eu Não Sabia! - PAME-RJ - 32 anos

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Artigo: Windshear

Projeto Renascer no PAME-RJ - um céu de brigadeiro para nossas crianças Seção: Conhecendo o DTCEATM-RJ

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1º GCC completa 24 anos, reconhecendo a bravura de seu efetivo CCA-RJ ministra cursos na área de Tecnologia da Informação

Nossa Capa

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LABORATÓRIO DE METROLOGIA DO PAME-RJ A imagem que ilustra a edição 18 da nossa Aeroespaço foi colhida no ambiente interno do Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ), Organização do SISCEAB que tem por missão o apoio logístico de Suprimento e Manutenção a todos os equipamentos de radionavegação, tecomunicações, auxílios à navegação, metrologia e meteorologia, entre outros, e integrantes do acervo dos Regionais (CINDACTA I, II, III e IV, SRPV-SP, 1º GCC) e até da INFRAERO, bem como de impressão de Publicações Aeronáuticas. A foto mostra o Laboratório de Metrologia, onde se faz a aferição e a calibragem de todos os equipamentos que servem de auxílio à operacionalidade do SISCEAB. Congregando o que há de mais moderno na área, o Laboratório bem representa o que faz esta Unidade, qual seja, um trabalho meticuloso, de altíssima responsabilidade e com aplicação da mais moderna tecnologia. O PAME-RJ é objeto das seções “Eu não sabia!” e “Quem é?”.

Expediente Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA, produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Cel Av R1 Redação: Daisy Meireles (RJ 21523-JP) Telma Penteado (RJ 22794-JP)

Diagramação & Capa: Filipe Bastos (MTB 26888-DRT/RJ) Fotografia: Luiz Eduardo Perez (RJ 201930-RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer

E-mail: esteves@ciscea.gov.br ou aeroespaco@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 - Centro - 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2123-6585 Fax: (21) 2262-1691 Editado em julho/2006 Fotolitos & Impressão: Ingrafoto


Editorial

C

hegamos à metade de 2006. Vivemos, recentemente, as emoções da Copa do Mundo de Futebol e a Nação parecia estar com a respiração suspensa, enquanto, na Alemanha, desenvolviase a competição. Em matéria daqueles dias, um jornal da Capital Federal enfocou algumas profissões que, a despeito da paixão nacional pelo futebol, têm que abrir mão de assistir aos jogos e torcer pelo Brasil. Uma dessas profissões é a de controlador de tráfego aéreo, que foi o objeto da matéria. No entanto, os serviços de tráfego aéreo, desde a parte operacional, passando pelas atividades de gerência e manutenção dos meios físicos afins, também permanecem mobilizados todo o tempo e, também esses, sofreram a mesma restrição. Claro está que o que foi enfocado limitava-se ao controle do tráfego aéreo de Brasília, mas quando imaginamos que em todo o Território Nacional a atividade de controle do espaço aéreo permanecia “ligada”, muitos dos nossos companheiros se privaram da alegria e da emoção de assistir aos jogos e torcer por nossa seleção de futebol. Esta circunstância dá bem a dimensão do que usamos chamar de “matriz doutrinária”, que nos comporta e nos sustenta, indicando que, mais do que uma mera contingência de caráter regulamentar ou disciplinar, o entendimento coletivo da importância e da responsabilidade de nossas atribuições é que está à frente de nossas atitudes de ordem moral e psicológica. E isso é admirável! Quando não, pelo menos, digno de aplauso. Servimos, pois, ao Estado brasileiro e sabemos, com clareza, identificar a importância do nosso Sistema para a vida social, econômica e política do Brasil. Desta forma, contribuímos decisivamente para o grande esforço que, em tantas outras esferas da vida nacional, é dispendido para nos honrar como nação e como pátria. A seleção brasileira de futebol foi para a Alemanha fazer o que dela se esperava e, desafortunadamente, não passou às semi-finais. Nossa torcida, em jogos da Copa do Mundo, pode ser - eventualmente - “muda”, mas sempre consciente de nosso dever e responsabilidade. Nossos “craques” do SISCEAB aqui estão diluídos no anonimato do dia a dia, mas, se depender de esforço e competência, não há como perder este “jogo”. A Aeroespaço nº 18 aí está trazendo o PAME-RJ com destaque e muitas outras matérias também significantes. Aproveite.

Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho Diretor-Geral do DECEA

Cartas dos leitores Gostaria de parabenizar toda a equipe da ASCOM pela renovação da página do DECEA. Excelente idéia a colocação de acesso fácil das OM subordinadas ao Departamento, tornando o nosso trabalho mais rápido e eficaz. Há muito esperava por isso! Muito interessante, também, os novos links, como o acesso rápido aos boletins, por exemplo! Maravilha! Parabéns! Que vocês tenham sempre disposição e idéias maravilhosas, como estas, que facilitam a vida do usuário e tornam o serviço, não só das secretárias, mas de todo o efetivo do DECEA , mais rápido e eficiente. Felicidades a todos! Iza Maia Silva Barbosa Secretária do SDLO do DECEA

Inicialmente, quero parabenizar à Equipe da Revista Aeroespaço, pela qualidade das matérias apresentadas e pelo alto padrão de impressão. Meus agradecimentos pela remessa regular da revista, fato que tem me deixado em dia com as principais notícias do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) e sempre saudoso dos bons tempos nos quais participei das atividades da extinta Diretotia de Eletrônica e Proteção ao Vôo (DEPV). Maj Brig Ar R1 Luiz Barbedo Ex-Diretor da extinta DEPV


Estudantes de Tabatinga têm oportunidade de ver como funciona o controle do espaço aéreo

O passeio cultural ao DTCEA-TT deixou as crianças de Tabatinga alegres e bem informadas

Cento e trinta alunos das 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental da Escola Estadual Duque de Caxias, no município de Tabatinga, no Amazonas, tiveram a oportunidade de conhecer as instalações e equipamentos do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEATT) daquela localidade. A visita aconteceu no dia 06 de junho, quando a diretora Tânia Leda Luzeiro Castro agendou um passeio cultural para

os alunos, dando-lhes a oportunidade de conhecer o DTCEA de Tabatinga. Os alunos fizeram muitas perguntas ao Comandante do Destacamento, Ten Valadares, acerca das várias instalações e equipamentos que compõem o DTCEA-TT. Na oportuna ocasião, as crianças receberam informações em linguagem clara e compatível com o seu nível intelectual.

O Ten Valadares explicou o importante papel da Força Aérea Brasileira, assim como o do DTCEA-TT. Detalhou, também, o emprego de uma Estação de Superfície, do Radar de Tráfego Aéreo e do Radar Meteorológico. O passeio cultural foi encerrado na Estação Meteorológica de Altitude do Destacamento, onde o lançamento de um balão transbordou de alegria e fascinação os corações das crianças.

CCA-SJ participa do 7º Fórum Internacional Software Livre Durante quatro dias, o 1º Ten QCOA ANS José Oswaldo de Lima Filho, o 3S SIN Wagner dos Santos da Silva e o 3S SIN Cláudio Gonçalves Soares Júnior, militares do Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA-SJ), participaram do 7º Fórum Internacional Software Livre (FISL 7.0) em Porto Alegre (RS). O evento reuniu no Centro de Eventos FIERGS representantes de 24 paíAEROESPAÇO

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ses, que concentraram em Porto Alegre o que há de mais desenvolvido em software livre atualmente. A programação contou com diversas atividades, dentre elas 275 sessões de palestras, com a participação de 445 palestrantes. Política e filosofia de software livre, software livre no governo, grupos de usuários, software livre na educação, segurança, desenvolvimento, tópicos avan-

çados de programação em software livre, linguagens de programação, banco de dados, desktop, software livre e sua utilização no mundo, empresas envolvidas com software livre e seus casos de sucesso, desenvolvimento econômico e formas de expressão com software livre foram alguns dos assuntos apresentados durante a programação da sétima edição do Fórum, realizado de 19 a 22 de abril.


CCA-SJ instala nova versão de cenário em simulador A equipe de suporte ao treinamento virtual do Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA-SJ) esteve em Natal (RN), entre os dias 22 e 26 de maio, para instalação da segunda versão do cenário para o simulador da aeronave A-29, no Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAv). A versão anterior, que cobria uma área de aproximadamente 4.000Km2 (20 milhas a partir de Natal), recebeu uma evolução significativa com a ampliação de sua área de cobertura para 125.440Km2. A nova área, que abrange quase todo o estado do Rio Grande do Norte e parte da Paraíba, inclui os aeroportos de Natal e de Mossoró com iluminação para vôo noturno, 170 cidades do interior, centenas de quilômetros de estradas e rios, além de lagos, barragens, torres de antenas e diversos outros pontos de referência, totalizando 308 objetos precisamente localizados em todo o cenário. Este notável avanço atende a mais uma necessidade do 2º/5º GAv, que é a de proporcionar aos seus Aspirantes o

A nova versão do cenário atende a uma necessidade do 2º/5º GAv

Equipe do CCA-SJ (da direita para a esquerda): Ten Cel Laboissiere, Cap Eng Assis, Cap Eng Annoni e Ten Av Piterson

treinamento de navegação à baixa altura em simulador. O novo cenário foi testado e aprovado pelo Comandante do 2º/5º GAv e vem, uma vez mais, confirmar a capacidade

do CCA-SJ de superar desafios tecnológicos na área de software e o seu compromisso com a qualidade e o atendimento às necessidades da Força Aérea Brasileira.

CINDACTA I apóia Operação Vulcão e Aerocaldas 2006 No período de 18 a 26 de abril, o Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) apoiou o Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA-6) na Operação Vulcão II, realizada na cidade de Caldas Novas (GO), enviando controladores de tráfego aéreo, meteorologistas, especialistas em eletrônica e em serviço de informação aeronáutica. A finalidade da missão do ETA-6 era formar os novos pilotos em navegação à baixa altura, lançamento de fardos e

vôos de formatura básica, além de reciclar operacionalmente os demais pilotos do Esquadrão. Para isso, o CINDACTA I instalou o Serviço de Informação de Vôo e Alerta (AFIS), além de um NDB Portátil e uma Estação Meteorológica de Superfície. O apoio do CINDACTA I ao ETA-6 teve Nos dias seguintes (27 a 30 de aproveitamento para o Aerocaldas abril), num evento realizado na mesma cidade, o AEROCALDAS 2006, prestar seu apoio, fazendo aproveitaque reuniu pilotos civis de todo o Brasil, mento dos mesmos serviços e equipao CINDACTA I teve a oportunidade de mentos utilizados na Operação Vulcão.

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Visitas de inspeção do DECEA CINDACTA IV Dando continuidade às visitas de inspeção de 2006, uma comitiva do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), presidida pelo seu Diretor-Geral, Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, esteve no Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) nos dias 11 e 12 de maio. O Comandante do CINDACTA IV, Cel Av Eduardo An-

e Brig Ar Álvaro Luiz Pinheiro da Costa, respectivamente, e do Presidente do Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional (CERNAI), Brig Ar Rafael Rodrigues Filho; além de outros oficiais inspetores. O Maj Brig Pohlmann foi recebido com as honras militares de estilo, passando, em seguida, revista a tropa. Após a solenidade militar, o Cel Av José Alves Candez Neto, Comandante do CINDACTA III, ministrou palestra

Cel Carcavalo fala sobre a OM aos Oficiais do DECEA

Cel Candez fala sobre as atividades desenvolvidas pelo CINDACTA III

O DGCEA em visita de inspeção ao CINDACTA IV

Maj Brig Pohlmann passa em revista a tropa do CINDACTA III

tonio Carcavallo Filho, fez um brieffing para a comitiva, após as palavras do Ten Brig Vilarinho. Logo depois, a comitiva visitou as instalações da Organização, e o Cel Carcavallo finalizou com o debriefing.

para a comitiva do DECEA, Chefes dos Destacamentos subordinados e efetivo de oficiais sobre as atividades desenvolvidas pela Organização. Encerrada a palestra, a comitiva visitou diversas áreas do CINDACTA III, realizando reuniões setoriais de coordenação. Ao final da visita, o Vice-Diretor enalteceu os trabalhos realizados pelo CINDACTA III, destacando a importância deste Centro no âmbito do DECEA por contribuir com inovações pertinentes ao aperfeiçoamento e desenvolvimento do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

CINDACTA III Nos dias 6 e 7 de junho, foi a vez do CINDACTA III receber a visita de inspeção. A comitiva era composta do Vice-Diretor do DECEA, Maj Brig Ar Ailton dos Santos Pohlmann, e dos Chefes dos Subdepartamentos de Administração e Técnico, Brig Ar Antônio Carlos de Barros AEROESPAÇO

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CINDACTA III recebe visita técnica da CISCEA

Técnicos da CISCEA durante a visita ao CINDACTA III

O Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III) recebeu, na semana de 8 a 12 de maio, visita técnica da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), coordenada pelo seu Vice-presidente, Cel Av Walter Dias Fernandes Filho.

O objetivo da visita foi a atualização de dados e o levantamento de campo para a modernização de equipamentos, que consistirá na substituição da central de áudio e do Sistema de Tratamento e Visualização de Dados (STVD). A idéia é trocar o Sistema MITRA

pelo X-4000, implicando em enorme ganho operacional e técnico para todos os órgãos ATS (Serviço de Tráfego Aéreo), com repercussão direta na busca da excelência na prestação dos serviços de tráfego aéreo aos usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

CINDACTA IV participa de Seminário organizado pelo Ministério Público do Amazonas

O Seminário sobre Transporte Aéreo e Aquaviário e os Riscos Inerentes contou com a participação do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) . O evento, organizado pelo Ministério Público do Estado do Amazonas, ocorreu no período de 25 a 28 de abril, no Auditório Procurador de Justiça Carlos Alberto Bandeira de Araújo, em Manaus.

No segundo dia do evento, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) foram temas da palestra proferida pelo Cel Av Eduardo Antonio Carcavallo Filho, complementada pelo Ten Cel Av Leônidas de Araújo Medeiros Junior, respectivamente Comandante e Chefe da Divisão de Operações do CINDACTA IV. Da palestra

constaram o histórico, a estrutura organizacional e os serviços prestados pela Organização. Os participantes do evento tiveram a oportunidade de conhecer, no dia 28 de abril, as instalações do CINDACTA IV e do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo Eduardo Gomes (DTCEA-EG) como complemento da apresentação da Organização.

Os participantes do Seminário conheceram as instalações do CINDACTA IV AEROESPAÇO

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CINDACTA I recebe visitas de comitivas estrangeiras: Bolívia, Índia e Nigéria O Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) tem recebido diversas visitas internacionais, interessadas no exercício de suas atividades em manter seguro e confiável o fluxo do tráfego aéreo no quadrilátero Rio/São Paulo/ Belo Horizonte e Brasília. No dia 9 de maio, o General de Divisão Aérea Luis Trigo Antelo, ComandanteGeral da Força Aérea Boliviana e sua comitiva, composta de mais dois oficiais superiores, foi recepcionada pelo Cel Av Lúcio Nei Rivera da Silva, Comandante do CINDACTA I. No encerramento da visita, o Gen Trigo agradeceu a hospitalidade e elogiou o trabalho desenvolvido por este importante elo do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Dias depois, em 17 de maio, oficiais generais e oficiais superiores, componen-

tes do Colégio de Defesa Nacional da Índia, também foram conhecer as instalações do CINDACTA I. O General Rajeshwar Singh, Diretor do Colégio, agradeceu a hospitalidade e externou a satisfação de ter conhecido uma instituição do SISCEAB. Outra visita, também importante, aconteceu no dia 31 de maio, quando 21 membros do National Institute for Policy and Strategic Studies, da Nigéria, estiveram na Organização. Todas as comitivas que visitam o CINDACTA I assistem à palestra sobre a Organização e, na seqüência, conhecem alguns de seus órgãos operacionais. Bolívia, India e Nigéria comitivas são recebidas pelo Comandante do CINDACTA I

CINDACTA III comemora o Dia das Comunicações e o Dia Internacional do Serviço de Informações Aeronáuticas O Dia Nacional das Comunicações e o Dia Internacional do Serviço de Informações Aeronáuticas foi comemorado no Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III) no dia 10 de maio, com uma solenidade militar presidida pelo Cel Av Ronildo Ribeiro Moreira, Chefe do Estado-Maior do

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Segundo Comando Aéreo Regional (COMAR II). Houve a entrega de diplomas de Destaque Operacional aos militares que mais se sobressaíram no ano de 2005 nas especialidades de Comunicações e de Informações Aeronáuticas. À noite, foi oferecido um jantar de confraternização para o efetivo, autoridades e convidados.

Os especialistas comemoram o seu dia com o Comandante


Por que Planejar? CONQUISTE O SEU OBJETIVO

Será que você está preparado para viver no mundo atual? Você já se deu conta de quão rapidamente as coisas estão mudando e de como o mundo ficou pequeno? O mundo globalizado nos impôs grandes mudanças e de forma tão rápida, que é preciso estarmos sempre atualizados e preparados para enfrentá-las. Para tanto é preciso buscar as necessidades do mercado – no amplo sentido de usuários, clientes, comunidades, familiares, e até mesmo amigos – afim de não sermos enquadrados na expressão: você já era! Para que isso não aconteça é necessário traçar objetivos e estratégias para atingi-los. Você já fez o seu planejamento estratégico para o futuro? Você já analisou suas forças e fraquezas e comparou com diversos cenários possíveis? Quais as oportunidades que a vida pode trazer para você? Que ameaças podem comprometer seus planos? Com a ajuda de um profissional bem preparado, você identificará oportunidades e otimizará suas forças para que tenha as condições favoráveis de planejar para conquistar seus objetivos e ir mais longe. Mas, o que vem a ser Planejamento? Planejamento é a destinação de recursos avaliados, visando atingir determinados objetivos a curto, médio e longo prazos, num ambiente organizacional altamente competitivo e dinâmico. No entanto, faz-se necessário a participação das lideranças e uma visão generalizada da Organização em relação aos ambientes em que atua. Por que planejar? Para saber para onde; como e quando se deve caminhar. Sem isso, não se vai a lugar nenhum. Transferindo para um ambiente organizacional, inicialmente, deve-se fazer o levantamento de dados internos da Organização (sua trajetória; seu modelo de gestão; sua estrutura; seu ambiente; seus resultados nas áreas comercial e financeira, advindos das estratégias e operacionalização; sua qualificação técnica e evolução; e seus processos produtivos). Feita a coleta e a análise desses dados, os pontos fortes e os pontos fracos certamente serão identificados. Os pontos fortes serão, posteriormente, bastante explorados e terão o reforço de outros que serão desenvolvidos. Os pontos fracos deverão receber tratamento de choque para que sejam minimizados ou eliminados. Para a coleta e análise de dados do ambiente externo, devemos focar os fatores relacionados aos fornecedores, distribuidores, concorrentes, usuários e clientes, bem como as variáveis que impactam, ou poderão vir a impactar, a Organização, a exemplo da economia, da política, da legislação pertinente, da ciência e tecnologia, dos aspectos climáticos, da cultura, da demografia, da ecologia e etc.

GUALTER Alcoforado Nogueira - Cel Av R1

Consultor da Assessoria de Planejamento e Controle Gerencial da Vice-Direção do DECEA (APLAN-VICEA)

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Independentemente do estágio de desenvolvimento e para a sobrevivência de uma Organização é de vital importância a consecução de um planejamento estratégico que propicie uma análise racional das oportunidades oferecidas, de tal forma que se atenda, do melhor modo possível, os objetivos que se busca atingir. E qual a metodologia a aplicar? Existem diversas, mas o método ora proposto está baseado em estudos e aplicação prática do que está sendo realizado e aperfeiçoado ao longo dos anos, e consiste nas seguintes etapas: 1- sensibilização da equipe - que irá elaborar e implementar o planejamento estratégico, com a demonstração das necessidades, das vantagens e do papel de cada um dos participantes dessa equipe; 2- definição da missão - a razão de ser de uma Organização (porque ela existe e qual a sua função na sociedade); 3- identificação dos fatores chaves para o sucesso – caminho a ser seguido para o bom desempenho da Organização e dos quais depende o sucesso do planejamento estratégico; 4- diagnóstico estratégico ou auditoria de posição – que é a avaliação real da posição da Organização. Nesta etapa deverão ser considerados os aspectos internos e externos com dados consistentes e verdadeiros. Vale ressaltar que estes não poderão ser “maquiados”, “fabricados de última hora” ou “sonegados”, pois a base para as etapas seguintes será a partir dessa coleta e posterior análise; 5- definição de objetivos - nesta etapa deverão ser listados os objetivos a serem alcançados. Estes deverão ser qualitativos e quantificados, realísticos e desafiadores, dentro do período previsto do planejamento; 6- elaboração das estratégias - etapa em que deverão ser consideradas todas as etapas anteriores, caso contrário não haverá consonância; 7- planos de ação - implementam as estratégias através de instruções claras estabelecendo-se: o que, como, quando, quem será o responsável, quanto custará e o cronograma a ser seguido; e 8- controle - deverá ser freqüente para conferir se as ações estão sendo executadas. Esta é a etapa em que são medidos os desempenhos, checados os orçamentos, obtidas e analisadas as informações de cada gerente e, caso necessário, definidas as medidas para correção de rumo. A estruturação do processo de planejamento estratégico será eficiente, eficaz e efetivo para uma Organização, se der o suporte necessário para uma correta tomada de decisões. Deve ser enfatizado que a agilidade freqüente e contínua da Organização, em sintonia com as variáveis do seu ambiente, será a melhor forma de se minimizar a probabilidade de que as muAEROESPAÇO

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danças se constituam em surpresa. A flexibilidade do processo permitirá o benefício de oportunidades correntes ou futuras e a possibilidade de se prevenir de ameaças reais ou potenciais. A elaboração do planejamento estratégico compreende quatro fases: 1- formulação dos objetivos organizacionais - a organização define os objetivos globais que pretende alcançar a longo prazo e estabelece a ordem de importância e prioridade de objetivos; 2- análise interna das forças e limitações da organização - faz-se uma análise das condições internas da organização para permitir uma avaliação dos principais pontos fortes e fracos. Os pontos fortes constituem as forças propulsoras que facilitam o alcance dos objetivos organizacionais, no entanto, devem ser reforçados. Os pontos fracos constituem as limitações e forças restritivas que dificultam ou impedem o alcance desses objetivos e devem ser superados. Essa análise interna envolve: - análise dos recursos (financeiros, máquinas, equipamentos, matérias-primas, pessoal, tecnologia, etc.) de que a Organização dispõe para as suas operações atuais ou futuras; - análise da estrutura organizacional da Organização, seus aspectos positivos e negativos, divisão de trabalho entre subdepartamentos e unidades e como os objetivos organizacionais foram distribuídos em objetivos sistêmicos; -avaliação do desempenho da organização, em termos de produção, produtividade, inovação, crescimento, desenvolvimento dos negócios, prestação de serviços, etc; 3- análise externa - trata-se de uma análise do ambiente externo à Organização, ou seja, das condições externas que a rodeiam e que lhe impõem desafios e oportunidades. A análise externa envolve: mercados abrangidos pela Organização; características atuais e tendências futuras; oportunidades; perspectivas; concorrência ou competição, isto é, empresas que atuam no mercado, disputando os mesmos clientes, consumidores ou recursos; a conjuntura econômica; e as tendências políticas, sociais, culturais, legais etc., que afetam a sociedade e todas as demais Organizações; 4- formulação das alternativas estratégicas - nesta quarta fase do planejamento estratégico, formulam-se alternativas que a Organização pode adotar para alcançar os objetivos organizacionais pretendidos, tendo em vista as condições internas e externas. As alternativas estratégicas constituem os cursos de ação futura que a Organização pode adotar para atingir seus objetivos globais. De um modo genérico, o planejamento estratégico da Organização refere-se ao produto (bens que produz ou serviços que presta) ou ao mercado (onde coloca seus produtos ou bens ou onde presta seus serviços). O planejamento estratégico representa uma postura cuja essência é organizar, de maneira disciplinada, as suas maiores tarefas, de forma a manter uma eficiência operacional nos seus negócios para um futuro melhor e inovador.

DIRETRIZES ESTRATÉGICAS

Transportando tudo o que foi dito até o momento para o Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA, observase que Diretrizes Estratégicas traduzem os compromissos da Organização com a realização de sua missão e visão de futuro, tendo em vista as constantes evoluções das necessidades dos usuários e os balizamentos governamentais. Neste sentido, o DECEA parte da premissa de que é um instrumento do Estado Brasileiro para a regulação e o desenvolviAEROESPAÇO

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mento do controle do espaço aéreo brasileiro, bem como para o atendimento aos anseios dos usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), assumindo, como focos prioritários para atuação na década 2006-2015, algumas diretrizes estratégicas, abaixo exemplificadas, em conformidade com os Objetivos Específicos definidos pela Política de Aeronáutica para o Controle do Espaço Aéreo Brasileiro: 1- preservar a doutrina de emprego integrado dos meios do SISCEAB; 2- exercer o efetivo controle do espaço aéreo brasileiro; 3- assegurar a qualidade dos serviços prestados aos usuários, de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização de Aviação Civil Internacional (OACI); 4- definir indicadores que meçam o grau de efetividade dos serviços prestados pelo Sistema, com vistas a proporcionar parâmetros que possam avaliar o seu desempenho operacional e nortear as ações pertinentes; 5- participar dos planejamentos referentes à capacitação e elevação de nível dos recursos humanos envolvidos nas atividades relacionadas com a Circulação Aérea Geral (CAG) e com a Circulação Operacional Militar (COM); 6- preservar a integridade das áreas patrimoniais, sítios e instalações, principalmente as de uso exclusivo para o controle do espaço aéreo; 7- estabelecer convênios com áreas de interesse do Sistema, evitando-se a duplicação de esforços e adquirindo a experiência necessária ao desenvolvimento das atividades correlatas; 8- adquirir, implantar e manter equipamentos de navegação, de vigilância e de comunicações, em quantidade e tecnologia suficientes, para o atendimento das necessidades típicas do controle do espaço aéreo, sob a responsabilidade do País. O objetivo de hoje é resultado de uma concepção estratégica bem-sucedida desenvolvida no passado e das sucessivas ações operacionais que o implementaram. Em resumo, o sucesso de hoje foi idealizado no passado. No ritmo atual de mudanças, nada garante que ele se repetirá no futuro. Estrategicamente, o importante é garantir o potencial gerador dos objetivos futuros da organização. Qual o potencial que o DECEA tem de criar resultados positivos futuros permanentes? A resposta a esta pergunta é a própria concepção estratégica do negócio da organização que, para ser bem-sucedida, deverá obedecer à seguinte combinação de idéias: - idealizar uma nova forma de criar valor para os usuários – quais as atividades que a Organização deverá desempenhar e que possa produzir real valor a seus usuários? Que produtos e serviços a Organização deverá desenvolver? Enfim, saber qual é o seu negócio; - ser capaz de colocar em ação um conjunto de competências que agregam valor ao negócio – é a principal força da organização posta em funcionamento para criar o valor desejado para o usuário. Competência não é uma simples força, mas uma força que destaque a Organização da concorrência; e


- criar uma fórmula única (distinta) que permita apropriar-se de parte do valor criado – é a capacidade de a Organização operar um conjunto de competências capaz de produzir um resultado único, de tal forma que os competidores não consigam copiá-lo em curto prazo. Em conseqüência, o valor criado aos usuários gera um excedente que é apropriado pela Organização e pelos demais atores de influência.

SATISFAÇÃO DO USUÁRIO

Estabelecido o direcionamento estratégico e identificadas as necessidades e exigências dos usuários, definem-se os indicadores de desempenho para avaliar as performances das ações a serem implementadas. Em seguida, define-se um plano de ação, como meio de operacionalizar as diretrizes estabelecidas para os objetivos estratégicos definidos. A prioridade na busca da qualidade para o usuário é uma decorrência direta das tendências que apontam na direção de um público, cada vez mais exigente e consciente de seus direitos, em conjugação com o fortalecimento e diversificação de uma rede de equipamentos e serviços colocados a disposição. As necessidades dos usuários devem ser analisadas de forma a melhor identificar os problemas atuais e aqueles em potencial. O estudo do mercado de serviços deve evidenciar a diferenciação, a tendência da demanda, o ciclo de vida e as fontes de sucesso dos serviços a serem prestados. Um usuário consciente é, por si só, indutor do processo de melhoria da qualidade. Neste sentido, no horizonte 2006-2015, o DECEA deverá priorizar suas atividades na busca plena da satisfação do usuário, frente à crescente demanda da aviação mundial e ao desenvolvimento tecnológico de equipamentos e sistemas já em utilização no controle do espaço aéreo. Para o atendimento dos anseios dos usuários, anteriormente citados, indicadores necessitam serem criados com a finalidade de possibilitar a avaliação do desempenho da Organização, que visam facilitar o planejamento e o controle dos processos da Organização como um todo pelo estabelecimento de metas quantificadas e pela apuração dos desvios ocorridos, embasando a análise crítica dos resultados e dos processos de tomada de decisão, contribuindo para a melhoria contínua dos processos organizacionais. Indicadores são formas de representação quantificável de características de produtos e processos, utilizados para acompanhar os resultados ao longo do tempo. Os indicadores são parâmetros de avaliação de eficiência e eficácia dos processos adotados. São os seguintes os tipos de indicadores: - indicadores de qualidade (eficácia) - focam as medidas de satisfação dos usuários e as características do produto ou serviço; - indicadores de produtividade (eficiência) - medem a proporção de recursos consumidos em relação às saídas dos processos; - indicadores de capacidade - medem a capacidade de resposta de um processo - através da relação entre as saídas produzidas por unidade de tempo; e - indicadores estratégicos - informam “quanto” a organização se encontra na direção da consecução de sua

visão. Refletem o desempenho em relação aos fatores críticos de sucesso. Para utilizar o indicador de forma correta, é necessário estabelecer algumas perguntas, tais como: O que será medido? Qual a informação necessária? Quais são os valores de comparação ou referência (padrões)? Como será obtida a informação? E para responder a essas questões e tantas outras julgadas pertinentes, é de fundamental importância o conhecimento das condições e características qualitativas do indicador. As principais qualidades são as seguintes: - relevância - os valores fornecidos devem ser imprescindíveis para controlar, avaliar, tomar decisões, prestar contas e estabelecer ações corretivas; - pertinência - adequação do indicador para o que se quer medir e sua validade no tempo e no espaço; - objetividade - os cálculos devem considerar as magnitudes do valor. Não há possibilidades de interpretações erradas; - sensibilidade - a unidade de medição do indicador deve ser eficaz, para permitir identificar pequenas variações e se estas são de importância; - precisão - a margem de erro deve ser calculada e aceitável, ou seja, não deve distorcer a sua interpretação; e - custo-benefício - o custo para obter o resultado da aplicação do indicador deve ser menor que o benefício da informação que fornece e, ao mesmo tempo, fácil de calcular e de interpretar. Para alguns processos, somente a experiência poderá ajudar na fixação de valores considerados praticáveis para o estabelecimento de indicadores. Essa experiência, muitas vezes, vem de um número maior de dados como referência. Os resultados obtidos pelos indicadores vêm a confirmar se existe ou não a necessidade de que sejam revistos os processos de planejamento e execução das ações estabelecidas.

OS OBJETIVOS FORAM ALCANÇADOS?

Quais são os melhores caminhos para se chegar aos objetivos definidos, de tal forma que as metas possam ser alcançadas? Quando o Planejamento Estratégico é formal, isto é, quando existe um método para elaborá-lo, as discussões são precedidas de análises e informações que seguem um procedimento padronizado e ficam registrados. Os resultados são mais positivos, as avaliações mais simples e objetivas, e sempre será possível conhecer o caminho a ser seguido, em que ponto do caminho se está e também onde se está na meta considerada. O Planejamento Estratégico feito formalmente cria uma sistemática pela qual se pode avaliar o desempenho da Organização e de seus setores. Após estas abordagens terem sido feitas, se tem a essência do ato de planejar, tomando consciência de onde se está (presente) e aprendendo, com o passado, como e por que se chegou até um determinado ponto, especulando sobre os possíveis futuros e decidindo, na oportunidade desejada, onde se deseja e se pode chegar em cada um desses futuros (cenários) alternativos. Considerando que as Organizações estão cada vez mais dependentes do ambiente externo, os administradores do DECEA devem ter como objetivo a satisfação do usuário, estabelecendo metas, segundo indicadores de desempenho, decorrentes de planejamentos estratégicos eficientes que envolvam a organização como um todo, utilizando os fatores-chave de sucesso, aqui apresentados, com moral e ética, dentro de uma estrutura sustentável.

O difícil não é saber o como planejar. É conhecer o que se planeja e cumprir o que foi planejado. AEROESPAÇO

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WINDSHEAR

Histórico

Em termos de antecedentes na aviação, as chamadas “tesouras do vento” sempre existiram, porém, provavelmente, foi a partir do exame detalhado do Flight Recorder (caixa preta) de uma aeronave da Eastern Airlines que caiu a poucos metros da cabeceira 22L do Aeroporto John F. Kennedy (Nova Iorque), em junho de 1975, que se verificou a presença e a importância desse fenômeno como causa principal ou contribuinte de inúmeros acidentes aeronáuticos. A esse fato seguiram-se várias reaberturas de investigações de antigos acidentes aeronáuticos, inicialmente atribuídos a erros dos pilotos, mas que na realidade tinham esse importante fenômeno meteorológico por trás dos episódios.

Definição

Windshear, também denominado cortante do vento, gradiente de vento ou cisalhamento do vento, pode ser definida como uma variação na direção e/ou na velocidade do vento em uma dada distância, segundo a escala abaixo:

Origem

Suas causas podem ter várias origens: trovoadas, presença de cumulonimbus (nuvem de desenvolvimento vertical), virga (tipo de precipitação – chuva - que AEROESPAÇO

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ocorre na base de certas nuvens e que não chega ao solo), sistemas frontais, correntes de jato de baixos níveis, ventos fortes à superfície, brisas marítimas e terrestres, ondas de montanha, linhas de instabilidade e fortes inversões de temperatura, dentre outras. A presença de forJosé Carlos de Freitas mação de cumulo– SO BMT (à esquerda) nimbus (CB) é um e Martim Roberto Matschinske bom indicativo de – Cap QOEMET (à direita) que possa vir a exisDivisão de Meteorologia do DECEA tir uma cortante do vento, mas não necessariamente a ocorrência de um microburst (forte descendente do vento), pois somente cerca de 5% dos CB produzem tal fenômeno. A existência de virgas pode também ter Windshear associada, com a agravante de que, abaixo da virga, poder haver um microburst seco, ou seja, invisível, que pode ser denunciado por poeira soprada logo abaixo da nuvem. Inversão de temperatura entre os níveis de 2.000 e 4.000 pés com ventos acima de 25 nós de intensidade também podem ser um bom indicativo. Entrada de frentes frias pode também causar Windshear, embora com menor intensidade. Há casos em que os ventos em altitude sopram de NW (noroeste - típicos de sistemas pré-frontais) e, embora sua direção possa ser totalmente oposta à superfície, gerados por uma brisa, por exemplo.


Os pilotos não devem se espantar, caso a Torre de Controle coloque-os com vento de cauda na final, pois, nesses casos, um vento de proa estará ocorrendo à superfície. Em virtude de aproximação da frente fria, os ventos à superfície e em altitude tenderão a alinhar-se.

Nível de vôo mais perigoso

Em aviação, o fenômeno pode ocorrer em todas os níveis de vôo. Entretanto, é particularmente perigoso em baixos níveis, nas fases de aproximação, pouso e subida inicial, em face da limitação de altitude e de tempo para manobra das aeronaves. No Brasil, as Torres de Controle dos principais aeroportos estão instruídas a computarem todos os reportes de cortante do vento que ocorram da superfície até 2.000 pés (600 metros) de altura.

Efeitos sobre a aeronave

O cisalhamento do vento pode causar diferentes efeitos nas aeronaves, como turbulência, aumento ou diminuição da velocidade indicada, bruscas e perigosas variações nos indicadores de velocidade vertical (VSI), de altímetro e de ângulo de ataque, sendo estes instrumentos os mais afetados em uma situação de Windshear.

Como evitar o Windshear

Consultar as informações meteorológicas antes do vôo, junto aos Centros Meteorológicos, é o primeiro passo para não se ter surpresas desagradáveis. Cabe ao piloto, verificar de maneira criteriosa todos os fatores meteorológicos relacionados, antes de efetuar pouso ou decolagem, em situações potencialmente perigosas devido ao Windshear. Para o Aeroporto de Guarulhos, por exemplo, é importante analisar as cartas prognósticas de vento dos níveis de vôo FL050 (5.000 pés) e FL100 (10.000

pés) e a existência de ventos com velocidade de 20 a 25 nós (cerca de 40 a 50 km/hora) soprando no través das serras, pois estes podem indicar a existência de Windshear sobre o aeródromo. O setor mais favorável é o que estiver a sotavento da serra (lado contrário ao de onde vem o vento ou lado protegido do vento). Já para o Aeroporto de Florianópolis, uma boa condição para o surgimento de Windshear é a existência de uma componente de oeste, da superfície ao FL050, com velocidade persistente acima de 20 nós na região de Lajes-SC, estendendo-se até o litoral catarinense. Em termos práticos, as informações mais atualizadas que podem ser obtidas sobre o Windshear são provenientes de outros pilotos que, rotineiramente, reportam tais ocorrências aos Controladores de Tráfego Aéreo.

Estatísticas de ocorrência do fenômeno

Nos gráficos a seguir, estão apresentados os aeródromos com os respectivos totais reportados de cortante do vento no período 1999-2005. Como podemos constatar no gráfico abaixo, Guarulhos foi o aeródromo que apresentou um maior número de ocorrências de cortante do vento reportadas por aeronaves nos procedimentos de pouso e decolagem, atingindo 849 reportes. O segundo aeroporto brasileiro em reportes de cortante do vento é o de Florianópolis, chegando a 467 casos. Em ambos, a principal causa é a onda de montanha, que se forma sobre o alinhamento das serras existentes ao norte/noroeste do aeroporto de Guarulhos e a oeste de Florianópolis. Devemos considerar que, por ser um fenômeno meteorológico reportado por aeronaves, o aeródromo com maior movimento passa a ter, teoricamente, maior possibilidade de ocorrências relatadas.

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Eu não sabia!

PAME - RJ 32 anos ...são várias ruas, revestidas de paralelepípedos, verdadeiras artérias por onde a vida da Unidade “flui” ... Colaboração: Alexandre Prenazzi DISCACIATI - Maj Int

Um Pretérito mais-que-perfeito Sito no tradicional bairro do Caju (zona portuária e industrial da cidade do Rio de Janeiro) – que abriga a Casa de Banho de Dom João VI e o Arsenal de Guerra do Rio, organização do Exército Brasileiro – o Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ) é o órgão central de apoio logístico de suprimento e manutenção do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) e de impressão de publicações aeronáuticas. Sua história remonta ao ano de 1954, como Projeto Caju (subordinado à Diretoria de Rotas Aéreas); três anos depois, tornou-se Comando da Área Militar do Caju; 1958, Oficina Central Especializada da Diretoria de Rotas Aéreas (OCEDRA) – ativaram-se oficinas técnicas, incrementaram-se estágios de atualização; 1963-64, Núcleo de Parque de Eletrônica (NUPEL) – concede-se autonomia à Unidade, descentralizada da Diretoria de Rotas Aéreas e implanta-se o Laboratório de Aferição de Instrumentos; 1972, instituídos os parques de eletrônica (PERJ), subordinados à então Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo (DEPV), com funções de suprimento, manutenção, aferiAEROESPAÇO

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ção de instrumentos e impressão; 1974, passamos a PAMAER (Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica), com caráter industrial; 1983, novo regulamento redefine conceitos e atribuições (PAME-RJ – Parque de Material de Eletrônica do Rio de Janeiro); 1987 (PAME – Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica), novo regulamento retira caráter industrial da Unidade, o qual recupera em 1997; e, recentemente, 2005, PAME-RJ (Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro). De OCEDRA a PAME-RJ, a OM teve por Diretores: Ten Cel Av Paulo Victor; Cel Av Eiser; Cel Av Chaves; Cel Av Alcântara; Cel Av Mendonça; Cel Av Max Alvim; Cel Av Novellino; Cel Av Ion; Cel Av Nascimento; Cel Av Fonseca; Cel Av Alves; Cel Av Araújo; Cel Av Albuquerque; Cel Av Rodrigues Neto; Cel Eng Borges Neto; Cel Av Armando; Cel Av Peres; Cel Av Vivianni; Cel Av Pierantoni; Cel Av Júlio César; e o atual, Cel Av Conti. Numa metáfora bem apropriada às atividades do SISCEAB, dir-se-ia que, “se o Parque atualmente é um radar que detecta mais longe e mais alto, é porque ele descansa sobre os ombros desses gigantes de nosso passado”.

Atual Diretor O atual Diretor é o Cel Av Mauro Henrique Ramos Conti. Dentre suas várias funções, destacam-se o Comando do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC), a Chefia do Centro de Operações de Transporte Aéreo (COTA) da Quinta Força Aérea (FAe V), o Comando do Primeiro Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (1º/2º GT) e a Chefia da Divisão de Recursos Humanos (DRHU) do DECEA. Já voou as aeronaves T-23, T-25, AT-26 Xavante, P16 Tracker, EC-95 Bandeirante Laboratório, C-91 AVRO e C-99 (ERJ-145), tendo cerca de 4.800 horas de vôo.

Cel Av Conti


Suportes da Direção Subordinados diretamente ao Diretor do Parque, formando seu staff, estão: Assessoria de Controle Interno – fiscalização e controle administrativo; Assessoria de Gestão da Qualidade – busca da melhoria da qualidade de vida dos funcionários e produtividade; Assessoria Jurídica – trato dos assuntos de natureza jurídica e de investigação; Secretaria – trato de assuntos ligados à documentação, eventos, solenidades e comunicação social; Seção Comercial – comercialização de recursos ociosos e de publicações aeronáuticas; Seção de Prevenção de Acidentes – segurança e prevenção de acidentes; Seção de Informática – instalação e manutenção dos recursos de informática, rede interna e sistemas corporativos (SILOMS, SIAFI, SIGPES, SCI) e operacionais; e Companhia de Infantaria Isolada – defesa das instalações da OM, incluindo contra-incêndio. Apoiar o que apóia Tendo o Parque por missão o apoio de manutenção e suprimento às unidades do SISCEAB e às atividades relativas a publicações aeronáuticas - funções essas desempenhadas pela Divisão Técnica (DT) e pela Divisão de Publicações Aeronáuticas, respectivamente -, cabe à Divisão Administrativa (DA) a árdua e nobre tarefa de prestar apoio de pessoal, infra-estrutura, saúde, segurança e intendência a toda a unidade. A Subdivisão de Recursos Humanos (envolvendo pessoal militar e civil, assistência social e atualização técnica) gere o que alguns insistem em tratar como

patrimônio, mas que, em verdade, é um bem intangível, último diferencial, o “ser humano”. Somos (entre militares e civis) aproximadamente 670 pessoas. É mister ainda lembrar a responsabilidade social da OM junto à comunidade do bairro do Caju, materializada pelo Projeto Renascer (vide texto da pág. 19), o Projeto Reviver (cursos de informática para a terceira idade) e o Pré-vestibular (uma parceria entre o PAME-RJ, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro - FIRJAN - e a Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ).

...são ruas repletas de árvores, alamedas, sempre atapetadas com folhas dessas mesmas árvores...

Composta pelos setores de Finanças, Registro, Subsistência, Provisões e Serviços Especiais, a Subdivisão de Intendência busca o melhor equacionamento entre as disponibilidades de recursos e a satisfação da tropa, em consonância com normas e diretrizes do Comando da Aeronáutica (COMAER) e da Administração Pública. A Subdivisão de Procura e Compras se reveste de importância estratégica no Parque, haja vista seu caráter industrial, como principal elo de suporte logísAssessoria de Controle e tico do SISCEAB. Planejamento Sempre atento às

Subdivisão de Metrologia

constantes e rápidas mudanças da legislação e primando pelos princípios da legalidade, publicidade, impessoalidade, moralidade, igualdade e probidade administrativa, o setor busca minimizar custos e maximizar a qualidade dos serviços prestados. A Subdivisão de Saúde, em que pese ser unidade de 2º escalão dentro do Sistema de Saúde do COMAER, possui extrema importância na OM, dado seu caráter industrial; dessa forma, presta apoio preventivo à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CIPA); além disso, promove campanhas de prevenção de saúde interna e até mesmo (eventualmente) na comunidade do Caju. Conta com setores de Medicina Interna, Odontologia e Fisioterapia. Se, como se diz, nosso Parque é um verdadeiro “jardim urbano”, com suas árvores, flores e gramados, cabe à Subdivisão de Infra-estrutura (com seus setores de Engenharia, Patrimônio e Transporte), como seu principal desafio, cuidar desse “paraíso”, diuturnamente, bem como preservar e conservar nossos prédios e demais edificações. Apoio Logístico ao SISCEAB A Divisão Técnica (DT) possui como missão precípua manter, em alto nível, a disponibilidade de equipamentos de radiodeterminação, telecomunicações, auxílios à navegação, meteorologia e metrologia, que integram o acervo do SISCEAB, tendo por clientes principais os Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de AEROESPAÇO

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Subdivisão de Metrologia

Tráfego Aéreo (CINDACTAs I, II, III e IV), o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP), o Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), o Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) e, também, a Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), os Centros de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos, Rio de Janeiro e Brasília (CCA-SJ, CCA-RJ e CCA-BR), o Grupo Especial de Inspeção em Vôo (GEIV), o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (INFRAERO). Constitui-se, pois, a DT no “centro nervoso” para onde convergem todos os problemas de ordem logística, referentes à manutenção e ao suprimento (vide texto da pág. 18). A Assessoria de Planejamento e Controle é o setor que se pode chamar de “emergente” da Divisão Técnica: dotada recentemente de instalações e mobiliário novos, recebeu técnicos de manutenção e suprimento e tem desempenhado (em adição aos antigos afazeres) as funções de gerenciamento das aquisições (na praça local, na Comissão Aeronáutica AEROESPAÇO

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Brasileira em Washington - CABW - e no FMS - Foreigner Military Sales / Vendas para Militares Estrangeiros), a atualização e acompanhamento do Sistema de Controle de Inoperâncias (SCI) e o delineamento de equipamentos. Receber, armazenar, movimentar, fornecer, expedir, transferir materiais e equipamentos – conhecido mister do Suprimento Técnico; a Subdivisão de Suprimento, ao longo dos últimos dois comandos, entretanto, vem buscando superar esse modelo, a fim de conseguir acompanhar o vertiginoso e inexorável desenvolvimento tecnológico do setor de manutenção (seu cliente): realização do inventário do material estocado (contando inclusive com o imprescindível concurso de técnicos dos Regionais); implantação do código de barras; recebimento de novos equipamentos (microcomputadores); e a preparação para a iminente modernização e reforma de seu prédio, um dos mais antigos do PAME-RJ. Dentre todas as atividades desenvolvidas no Parque, sem dúvida, a manutenção se destaca; base de sua existência, o setor apóia o SISCEAB, executando intervenções mais complexas nos diversos equipamentos, o que inclui missões externas. A Subdivisão de Manutenção é formada pelos setores de Radiodeterminação e Sistemas de Testes, que têm como desafio atual acompanhar e rece-

Divisão de Publicações Aeronáuticas

ber o Projeto OPERA, de modernização dos conjuntos de recepção, tratamento de sinais e dados dos sistemas radar; Telecomunicações, responsável pela manutenção de equipamentos de radioenlace, VOR, DME, NDB, VHF e HF, gravadores de áudio, e, mais recentemente, TELESAT e ILS e central de Audiosoft; Eletromecânica, com atividades de mecânica de radares, antenas, torres metálicas, climatização, eletricidade, pintura e outros sistemas eletromecânicos; e Meteorolo-

...ademais, são gramados e jardins floridos e bem cuidados, sem nos esquecer dos altos e frondosos coqueiros ... gia, responsável por equipamentos de estações meteorológicas convencionais (barômetros de mercúrio e aneróides, psicômetros, anemômetros, higrotermógrafos, pluviógrafos), Estações Meteorológicas de Superfície (EMS 1 e 2), Estações Meteorológicas de Altitude (EMA) e também é o único órgão do COMAER a realizar tratamento de mercúrio. Embrião da Metrologia na Aeronáutica, criada em 1964 como Laboratório de


Divisão de Publicações Aeronáuticas

Aferição de Instrumentos (LAI), a atual Subdivisão de Metrologia tem por objetivo precípuo a garantia da rastreabilidade de todos os instrumentos e padrões eletro-eletrônicos, bem como da área dimensional do SISCEAB. Também chamado de Laboratório Regional de Calibração (LRC), apóia os Laboratórios Setoriais de Calibração(LSC) dos Regionais, e também organizações outras do COMAER, do Exército Brasileiro e da Marinha do Brasil e até do próprio Laboratório Central do Sistema de Metrologia Aeoroespacial (SISMETRA). Publicações Aeronáuticas Sendo conferido à DT o cumprimento da missão logística da unidade, à recémcriada Divisão de Publicações Aeronáuticas (PPAE) compete a outra missão da unidade: a confecção e distribuição de todas as publicações do SISCEAB, obedecendo a uma programação anual estabelecida pelo DECEA. As informações relativas às publicações aeronáuticas, utilizadas pela aviação civil e militar (AIP Brasil, AIP MAP, ROTAER, WAC, CNAV, entre outras), são elaboradas pelo ICA, conforme documentos cartográficos e estudos efetuados por diversos órgãos do SISCEAB, e são submetidas ao processo gráfico, o qual compreende as fases de montagem de fotolito, gravação das chapas fotossensíveis, preparação e corte dos papéis e sua impressão.

...como diz quem vê a Unidade da Ponte RioNiterói, o Parque é um ponto verde no meio do cinza do Caju ...

Ato contínuo, procede-se à dobragem, corte (em guilhotinas especiais), para depois ser procedido o acabamento, a embalagem e a distribuição.

A PPAE está atualmente dotada de três máquinas Off-set; duas dobradeiras; duas guilhotinas; três duplicadoras; uma copiadora; duas alceadeiras de pequeno porte para folhas soltas; uma gravadora e uma reveladora de chapas; e dois computadores de alta resolução para editoração. Ocupa uma área de 1.800 m2 construídos, 84% dos quais destinados ao setor operacional; o prédio da PPAE recebeu recentemente um grande investimento em obras de recuperação e adaptação, com vistas ao melhor cumprimento de sua atividade-fim. Para o ano de 2006, está prevista a aquisição de novos equipamentos gráficos. Parte das publicações da PPAE é destinada a assinantes Força Aérea Brasileira (FAB) e parte a demais assinantes, entre os quais estão os aeronavegantes brasileiros e estrangeiros, atendidos pela Seção Comercial do Parque, através de uma central de atendimento telefônico bilíngüe, estando em fase de implantação a loja virtual de pesquisa e compra (via Internet). Este é o nosso Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro, o qual completa 32 anos no dia 26 de Julho de 2006; uma história construída “com vontade no coração, trabalhando com união”, conforme letra de nosso Hino (http://www.pame.intraer/pame/hinodopame.php).

Avenidas do Parque

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PAME-RJ

O Braço Técnico do SISCEAB Quando cheguei ao Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ), após o término da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR), em julho de 2003, convidado pelo Diretor, Cel Av Júlio César Ribeiro Martins, não tinha idéia do tamanho do desafio que me aguardava. O Subdepartamento de Logística (SDLO) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) estava em acelerado processo de mudança de atribuições, assumindo o seu papel de Órgão Normatizador e Fiscalizador e necessitava de apoio. O PAME-RJ apresentava-se como opção para assumir as funções executivas, até então desenvolvidas por aquele Subdepartamento, sem prejudicar o atendimento de nível parque aos Regionais. Mas a Divisão Técnica também tinha seus próprios desafios: a equipe jovem e inexperiente não tinha a exata dimensão das suas novas atribuições. Grandes mudanças estavam em processamento dentro da própria Unidade, tais como: a implantação do Sistema Integrado de Logística de Materiais e Serviços (SILOMS) em substituição ao Sistema Automatizado de Gerência e Aprovisionamento (SAGA) e a estruturação dos setores de planejamento e a necessidade de implementar-se um inventário na Subdivisão de Suprimentos (TSUP) do PAME. Compreendi que eu e o Ten Cel Av Carcavallo, então Chefe da DT, tínhamos uma responsabilidade muito grande neste processo, visto que conhecíamos o DECEA, e havia pouco tempo para conscientizar toda a equipe, visando implementar as mudanças necessárias. Mas é nesse momento que surge o fator humano. A equipe inexperiente e jovem se supera, e, em pouco tempo, absorve o desafio de forma surpreendente, surgindo a tal “sinergia” no time. Não demorou para o DECEA reconhecer a importância do PAME-RJ, confiando, cada vez mais, novas atribuições à Divisão Técnica. Hoje, o Parque, sob a direção do Cel Av Mauro Henrique Ramos Conti, é uma Organização amadurecida e ciente de AEROESPAÇO

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FERNANDO Cesar Pereira Santos – Ten Cel Eng

suas responsabilidades dentro do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Nós, integrantes da Divisão Técnica, sabemos que não podemos recusar as solicitações que nos chegam, seja de um Regional, seja de um Sítio. Quando o DECEA (ou uma Unidade apoiada) procura o PAME-RJ, já foram esgotadas diversas alternativas, só restando o Órgão Central de Manutenção e Suprimento como última opção para a solução do problema. Só nos cabe, nessa hora, atender ao chamado, envidando todos os esforços necessários.

Hoje, o PAME-RJ é uma Organização Militar amadurecida e ciente de suas responsabilidades dentro do SISCEAB Algumas conquistas obtidas ao longo dos últimos anos precisam ser citadas, pois transformaram o PAME-RJ em referência logística do SISCEAB: a desativação do SAGA, em 2004, obrigando a migração para o SILOMS na área de suprimento técnico; a centralização das aquisições na Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington (CABW) no setor de planejamento, aumentando o controle e evitando desperdício de recursos; a elaboração, em conjunto com a DSUP (Divisão de Suprimentos do DECEA), do Plano de Suprimento do SISCEAB, revolucionando o controle da aquisição de materiais e serviços; a realização de reuniões de manutenção, a partir de junho de 2005, solucionando pendências de manutenção e melhorando a qualidade dos serviços prestados aos Órgãos Regionais; a realização de licitações para aquisição de equipamentos e serviços sob a coordenação das Divisões do SDTE (Subdepartamento

Chefe da Divisão Técnica do PAME-RJ

Técnico, nova designação do SDLO), permitindo que o DECEA execute o seu papel normatizador e fiscalizador; a ampliação do atendimento logístico, absorvendo tarefas nas áreas de telecomunicações (TELESAT, VHF Park Air) e auxílios à navegação (ILS), áreas em que o PAMERJ não atuava até 2004; a realização do inventário e reestruturação do armazém de suprimento técnico, modernizando o atendimento e controlando com maior eficiência; a realização do delineamento de todos os equipamentos em utilização no SISCEAB, com ajuda dos Regionais, permitindo a utilização plena do SILOMS nas áreas de planejamento e manutenção; a implantação de estação meteorológica portátil no Aeroporto de Brasília, visando atender a uma solicitação emergencial do DECEA; e a participação na modernização dos radares, sob a coordenação da DRAD (Divisão de Radar), permitindo a continuação da manutenção nível parque dos novos sistemas. Fazendo um balanço, após três anos, avalio que não foi tão difícil como imaginava. O apoio constante do DECEA e da Direção do PAME-RJ, através da área administrativa, permitiram que a Divisão Técnica executasse seu trabalho com tranqüilidade. E o que dizer da equipe? A melhor palavra que sintetiza a sua atuação é compromisso. Compromisso com o PAME-RJ e com o SISCEAB. Hoje, o profissional que trabalha no Parque sabe da sua importância dentro do contexto de Controle do Espaço Aéreo. A Divisão Técnica está ciente de que o desafio ainda não terminou. Muito há por fazer e o DECEA e os Regionais contam com o irrestrito apoio do PAME-RJ. Conforme palavras do Brig Ar Alvaro Luiz Pinheiro da Costa, Chefe do Subdepartamento Técnico do DECEA, durante recente inspeção à Unidade, “o PAME-RJ é o braço técnico do SISCEAB”. Estaremos sempre prontos, disponibilizando o melhor de nossa tecnologia e recursos humanos para apoiar de forma célere e eficaz as Organizações que compõem o Sistema.


Projeto Renascer no PAME-RJ

UM CÉU DE BRIGADEIRO PARA NOSSAS CRIANÇAS caminho que se constrói ao caminhar, onde o objetivo é fazer com que o aluno Sala de aula do Projeto Renascer no PAME-RJ aprenda a apreender”. Vivemos em um País onde o deÀ medida que os jovens interagem semprego, a falta de moradia, a deentre si e com a equipe, adquirem consestruturação familiar e a violência se ceitos de organização, hierarquia e litornaram lugar-comum. A ausência de mites, advindo uma mudança sensível políticas públicas sólidas dificulta a inquanto à escola e à família. O trabalho clusão de inúmeras crianças. Torna-se evidencia a importância de um progranecessário, então, buscarem-se aborma interinstitucional centrado na atendagens alternativas que propiciem sua ção integral, que estimula o potencial participação no processo de construe a curiosidade dos jovens, invertendo ção da cidadania. a lógica que torna a rua mais atraenO Projeto Renascer resultou de um te do que a escola e desmistificando convênio entre o Comando da Aeroteorias que rotulam tais jovens como náutica e a Prefeitura da Cidade do “fracassados”. Rio de Janeiro, que presta assistência O projeto é um verdadeiro sucesso. a jovens em situação social de risco. “O Parque de Material de Eletrônica Promovendo a inclusão de jovens de do Rio de Janeiro (PAME-RJ) é uma 13 a 18 anos, através de ações que unidade militar de nível intelectual visam ao resgate da auto-estima e a elevado, onde os adolescentes têm melhoria das condições de saúde e da oportunidade de melhor desenvolviqualidade de vida. O Projeto oferece mento, porque é no PAME-RJ que o educação sistemática com vista ao sucesso escolar, introdução ao ensino profissionalizante e atendimento médico e odontológico. É um programa de atenção integral, em que o grande objetivo é dar oportunidade para que os adolescentes desenvolvam suas potencialidades. Isso faz do programa um projeto bastante flexível, onde a unidade militar oferece aos adolescentes, em seu dia-adia, atividades diversas, inUm dia de passeio educativo dos alunos cluindo prática esportiva. “Um

Programa tem o mais baixo índice de evasão”, comenta a professora Vânia, coordenadora do Programa. Recentemente, o projeto foi ampliado, tendo a sua capacitação dobrada. Vinte novos alunos que residem próximo ao PAME-RJ foram incorporados ao Renascer, que agora conta com duas turmas - 20 alunos pela manhã e 20 à tarde. “O PAME-RJ prima pela organização e pelo trabalho. É um dos locais onde os melhores trabalhos são desenvolvidos. E, quando nós falhamos, pois nossa verba é sazonal, sempre recebemos apoio da Aeronáutica com recursos materiais para o perfeito funcionamento do programa. Cada novo Comandante que chega à Aeronáutica procura aprimorar o trabalho que o antecessor deixou, principalmente no PAME-RJ”, acrescenta Vânia. O ponto alto do programa é ele acontecer justamente dentro da organização militar, por causa das referências de hierarquia, respeito e disciplina. São adolescentes que moram nas comunidades onde as relações de poder e valores são outros. A maioria desses adolescentes só tem mães e a referência masculina é inexistente ou equivocada. Os adolescentes têm acesso a um mundo previsível, onde existem as hierarquias e as pessoas estudam para melhorar de vida - a oportunidade é de todos. Com isso, muitos deles buscam seguir a carreira militar. AEROESPAÇO

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Quem é?

Arlindo Coelho Alves

“Sou o Último Guerreiro” Falar sobre o Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ) com o seu Arlindo Coelho Alves é voltar no tempo, numa viagem de 50 anos. Aos 18 anos, Arlindo se alistou na Força Aérea Brasileira (FAB), sendo transferido, seis meses depois, da Base Aérea de Santa Cruz (BASC) para a gráfica da, então, Diretoria de Rotas Aéreas (DR), localizada, à época, no terceiro andar do Aeroporto Santos-Dumont, na cidade do Rio de Janeiro. Nesta fase de transição, Arlindo deu baixa do serviço obrigatório e passou a ser “celetista” - regido pela CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), tendo carteira assinada. Após a revolução de 1964, o então Presidente da República, João Goulart, decretou AEROESPAÇO

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que todo o efetivo dos órgãos federais, a partir de julho do referido ano,

DEDICAÇÃO: “trabalho com prazer e procuro fazer sempre o melhor possível”

passaria a ser estatutário. E assim foi feito. Arlindo passou, então, a ser um servidor público. Ainda no ano de 1957, a gráfica da

DR, por necessitar de mais recursos, maquinário moderno e espaço para executar suas missões, foi transferida para o Parque de Material do Caju, na época, chamado de Núcleo de Parque de Eletrônica (NUPEL). Lá ele prestou serviços na já extinta Seção de Imprensa Técnica – atual Divisão de Publicações Aeronáuticas. Começou sua carreira na função de cortador, na qual permaneceu por um ano. Depois, passou ao posto de impressor em Off-Set, cargo este que exerce até hoje. Convicto, declara sem pestanejar: “vou trabalhar até morrer. A vida continua”. Na sua vida profissional foi agraciado com a medalha Bartolomeu de Gusmão, em 1964, por haver prestado apreciáveis serviços à Aero-


EMPENHO: “se fosse preciso, trabalhava até aos sábados e domingos” náutica. Foi eleito, também, funcionário-padrão do PAME-RJ, em 1985. Esse reconhecimento da OM pelo seu trabalho foi muito importante. Arlindo sentiu-se muito valorizado. Ao fazer uma retrospectiva de sua carreira, conclui: “já tive derrotas e vitórias, mas isso são coisas da vida”. Muitas foram as modificações da rotina de trabalho com o passar do tempo. Surgiram trabalhos diferenciados, novas publicações e maiores tiragens. E para cumprir os prazos, o que não faltava era empenho de sua parte. “Se fosse preciso, trabalhava até aos sábados e domingos”, declara nosso entrevistado. Ao longo destes anos, o PAME-RJ passou por melhorias e revitalizações tecnológicas. Arlindo se entusiasma, quando fala da instalação dos aparelhos de ar-condicionado, há cerca de um ano. Segundo ele, o rendimento de todos melhorou bastante por conta do conforto que o ambiente de trabalho agora oferece. Há 35 anos ele trabalha com o mesmo equipamento – sempre muito bem cuidado e revitalizado para atender às demandas. No início, suas máquinas eram menores, próprias para trabalhos em folhas ofício e duplo ofício. Hoje, são equipamentos mais modernos e eficientes. Dentre suas atividades, estão as impressões de radionavegação, cartas

aeronáuticas, publicações diversas e serviços solicitados pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). “Eu sempre fui dedicado e caprichoso. Tenho cuidado com meu material de trabalho e com tudo o que faço. Trabalho com prazer e procuro fazer sempre o melhor possível”, declara. Ao fazer uma auto-avaliação, ele se define: “sou reservado, não gosto de bagunça, não fumo e não tomo bebida alcoólica. Meu refrigerante é água tônica. Também procuro não dar trabalho a ninguém. Acho que não tenho nada a perder, agindo dessa forma. Sempre fui assim”. Segundo Arlindo, as suas relações de trabalho são muito boas, mas isso depende muito de como nos comportamos com os outros. Como ele mesmo prega, “a gente tem que criar amigos no trabalho, não inimigos”. Parece que esta filosofia aplicada por ele no trabalho deu certo. Assim atesta o Chefe da Divisão de Publicações Aeronáuticas do PAME-RJ, Maj Av Nilson Stuckembruck: “falar do Arlindo é muito fácil, porque ele é extremamente profissional, responsável e cumpridor dos seus deveres. É sempre o primeiro a chegar e um dos últimos a sair, nunca deixa um trabalho para o dia seguinte. Os mais novos procuram se espelhar na conduta profissional exercida pelo

COMPORTAMENTO: “a gente tem que criar amigos no trabalho, não inimigos”

Arlindo, o que é muito importante para o desenvolvimento do setor”. Ainda de acordo com depoimento do Maj Nilson, Arlindo é um conselheiro e sempre tem uma palavra amiga para confortar os colegas do setor. No ano passado, eles fizeram uma comemoração simples durante a passagem do seu 69º aniversário. A emoção estava estampada no seu semblante, pois nunca havia sido feita qualquer comemoração em seu ambiente de trabalho. “Eu, como chefe, tive a real noção de quem era o Seu Arlindo, essa pessoa que tanto se doou pela FAB, seja trabalhando ou passando experiência para os mais novos. Acho que essa entrevista na revista do DECEA é um justo reconhecimento da Aeronáutica por esses mais de 50 anos de dedicação”, finaliza o Maj Nilson. E seu chefe não é o único a tecer elogios. De acordo com seu colega SO SML Eimar, “Arlindo é uma pessoa ímpar entre os nossos companheiros de trabalho. É o profissional mais responsável com quem já tive o prazer de trabalhar e me orgulho em dizer que colega igual a ele será difícil encontrar”. Dos colegas do início de sua carreira, ele é o único que permaneceu na gráfica até hoje. Por esta razão, ele mesmo, com orgulho, diz: “sou o último guerreiro”. Carioca, Arlindo mora há 30 anos na Ilha do Governador (bairro da cidade do Rio de Janeiro) e é casado há 42 anos com Helena Isnélia Alves, com quem tem quatro filhos e três netos. No que diz respeito à labuta, está na expectativa, neste ano de 2006, de comemorar jubileu de ouro no trabalho. E, para dar continuidade às comemorações, em 31 de agosto, ele completa 70 anos de idade. AEROESPAÇO

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Conhecendo o

DTCEATM-RJ As Peculiaridades O Destacamento de Controle do Espaço Aéreo e Telemática do Rio de Janeiro (DTCEATM-RJ) é um órgão atípico na estrutura do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), pois não possui órgãos de controle de tráfego aéreo, tais como Torre de Controle, nem auxílios meteorológicos. Tampouco existe, sob a sua responsabilidade, uma Sala de Informações Aeronáuticas (AIS). A finalidade precípua do Destacamento é prover serviços de telecomunicações às diversas organizações militares (OM) sediadas na cidade do Rio de Janeiro. Proporciona, ainda, a integração entre o complexo do Santos-Dumont ao Grupo de Apoio do Rio de Janeiro (GAP-RJ) com as Guarnições do Galeão, de Santa Cruz e dos Afonsos, através de um sistema de rádio digital, fibras óticas e equipamentos multiplex, permitindo, assim, o acesso à INTRAER, ramais da rede de Comando da Aeronáutica (RTCAER), assinantes SISCOMIS (Sistema de Comunicações Militares por Satélite). Além da atuação regional, o DTCEATM-RJ é responsável pelo gerenciamento de três sistemas em âmbito nacional: 1º - DATACOM - responsável pelo fornecimento de comunicações de dados, em VHF, para diversas empresas de aviação civil, nacional ou estrangeira. Pela prestação deste serviço, o (DECEA) arrecada cerca de US$1.000.000,00 anuais. 2º - TELESAT IBS - com sua estação central de transmissão via satélite e 24 estações remotas espalhadas pelo Brasil que também dão suporte à INTRAER. 3º – RACAM - com os seus centros Nacional e Regional localizados neste Destacamento, é o responsável pelo trâmite das mensagens administrativas (mensagem rádio) no âmbito do Comando da Aeronaútica (COMAER). Outra relevante função é o Gerenciamento das Redes de Longa Distância. Dentro deste escopo, são incluídas as funções de gerenciamento dos circuitos de dados e roteadores AEROESPAÇO

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que compõem a estrutura central da INTRAER em todo o Brasil e a manutenção local dos Roteadores e Switches das redes metropolitanas dos Afonsos, do Galeão e do SantosDumont. O DTCEATM-RJ presta, ainda, assessoria e faz a implantação do Sistema Telefônico VoIP (voz sobre protocolo IP), mantendo na Intraer (www.dtceatmrj.intraer) diversos catálogos para consulta, bem como, o procedimento a ser utilizado para dispor desta facilidade. O Histórico A Central Telefônica abrigava as centrais Telex com mesa de prioridades e as seguintes centrais telefônicas: TF-2 (telefonia operacional do sistema de controle de tráfego aéreo); Rede Telefônica de Comando da Aeronáutica (RTCAer); Rede Telefônica Administrativa, denominada de TF-5, englobando as seguintes Organizações: Terceiro Comando Aéreo Regional (COMAR III), Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo (extinta DEPV, hoje DECEA), Diretoria de MaAntena terial Aeronáutico (extinta de DIRMA – hoje DIRMAB Microondas – Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico), Departamento de Aviação Civil (extinto DAC – hoje ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil), Centro de Computação de Aeronáutica do Rio de Janeiro (CCA-RJ), Terceiro Serviço Regional de Aviação Civil (SERAC III) e Serviço Regional de Proteção ao Vôo do Rio de Janeiro (extinto


SRPV-RJ), utilizando os meios de comunicação do enlace de microondas da Sala Collins. A Central Telefônica e a Sala Collins exerciam conjuntamente o papel de sala técnica. Prestando manutenção no nível de 2º escalão (identificação e troca de placas eletrônicas), as equipes da Central Telefônica e da Sala Collins fizeram escola para os militares e técnicos recém-chegados ao setor. Ambas as salas funcionavam em regime H24 (vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana), garantindo, assim, a operacionalidade dos equipamentos e meios utilizados. O surgimento do Centro de Telecomunicações do Rio de Janeiro (CTRJ) deu-se com a construção da sala técnica no terraço do hangar do Grupo Especial de Inspeção em Vôo (GEIV). As equipes da Central Telefônica e da Sala Collins foram unificadas, e ambas foram gradativamente desativadas. Com o decorrer dos anos, novos equipamentos e sistemas foram implantados e ativados, tais como: Radioenlaces digitais; Central Telefônica da Rede de Telefônica de Comando da Aeronáutica; Central Telefônica da Rede Administrativa do DECEA e da Rede TF-3; Central Telefônica da Rede SISCOMIS; Estação Terrena de Transmissão Via Satélite (TELESAT); Processador Central do Sistema DATACOM (comunicação de dados em VHF com aeronaves comerciais); Rede Administrativa de Comutação Automática de Mensagens (RACAM - Regional Rio e Tandem); Telefonia Corporativa - Rede de Voz sob protocolo IP – VOIP; Roteadores de acesso à Rede de Longa Distância (INTRAER); e Sistema de Videoconferência. A constante aproximação entre a área de informática e os equipamentos de telecomunicações, além da distribuição diversificada dos equipamentos e sistemas de telecomunicações na área do Rio de Janeiro, levou à concepção de um setor que integrasse os diversos sistemas aos recursos técnicos e humanos adequados à sua manutenção e operacionalidade, possibilitando, desta forma, uma maior autonomia administrativa, operacional, técnica e logística que atendesse a complexidade, a natureza e as peculiaridades dos serviços a serem prestados. Desta concepção surgiu o DTCEATM-RJ, organização ímpar dentro da estrutura do COMAER. A Missão Ativado pela portaria Nº 509/GM3 de 10 de Agosto de 1998, e classificado na categoria especial, o DTCEATM-RJ assumiu as responsabilidades técnicas, administrativas e operacionais na integração da Informática com as Telecomunicações. Estes sistemas, cujos elos gerenciais centrais e remotos localizam-se no Rio de Janeiro, concentram num órgão especializado os recursos necessários para propiciar o melhor gerenciamento dos recursos de telecomunicações existentes. Com a desativação do SRPV-RJ, o DTCEATM-RJ ficou subordinado ao SRPV-SP, sendo apoiado pelo DECEA na parte de pagamento de pessoal e publicações de itens em Boletim Interno. O Efetivo O DTCEATM-RJ conta com seis oficiais, incluindo o Comandante, 58 graduados, cinco cabos, quatro soldados e três civis. Em 2005, o Destacamento absorveu os encargos relativos à manutenção elétrica e a operação da estação de

Sala técnica do Destacamento

telecomunicações ECM-C43, provocando um aumento de cerca de 81% em relação ao efetivo original. Cerca de 70% do efetivo trabalha sob o regime de escala ininterrupta, atendendo as necessidades técnicas-operacionais relativas aos serviços de supervisor RACAM, supervisor DATACOM, técnico-de-dia e equipe de operadores RACAM. O Apoio ao Homem Considerando o fato de que o DTCEATM-RJ está sediado na cidade do Rio de Janeiro, o efetivo dispõe das facilidades intrínsecas existentes em uma grande cidade. Quanto à moradia, existem duas vilas de próprios nacionais, uma localizada na Ilha do Governador e a outra em Marechal Hermes (Campos dos Afonsos). No que se refere ao apoio médico-hospitalar, estão à disposição: o Hospital de Aeronáutica dos Afonsos (HAAF), Hospital Central de Aeronáutica (HCA) e o Hospital da Força Aérea do Galeão (HFAG), além da Odontoclínica de Aeronáutica Santos-Dumont (OASD). Quanto ao lazer, o Rio de Janeiro proporciona uma gama variada de atrações, onde pontuam as praias, além da proximidade com cidades famosas de veraneio e serranas, tais como: como Cabo Frio, Angra os Reis, Teresópolis e Petrópolis, dentre outras. O Comandante O Maj Eng Alexandre Henrique Nogueira ingressou no COMAER em 06/08/1990, realizando o Estágio de Adaptação de Oficiais, no Centro de Instrução Especializada da Aeronáutica (CIEAR). Após o estágio, foi classificado no Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II). Em 1993, foi transferido para o Destacamento de Telecomunicações por SatéliMaj Eng Nogueira te (DTS), onde permaneceu até 2000. Neste ano, realizou o curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica (EAOAer), sendo transferido no ano seguinte para a antiga DEPV. Em 2002, assumiu o Comando do DTCEATM-RJ, permanecendo até hoje no cargo. Possui Mestrado em Engenharia Elétrica, com ênfase em Telecomunicações, pela Universidade de Brasília (UnB), além de outros cursos realizados no exterior. AEROESPAÇO

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1º GCC

completa 24 anos, reconhecendo a bravura de seu efetivo A cerimônia de comemoração do 24º aniversário do 1º Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) foi realizada na tarde do dia 08 de junho, no pátio da organização. Acompanhado pelo Comandante do 1º GCC, Ten Cel Av João Batista Oliveira Xavier, o Maj Brig Ar Ailton dos Santos Pohlmann, Vice-Diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), representando o DGCEA, Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, presidiu a cerimônia. Após a execução do Hino Nacional, foram entregues os Prêmios de Graduado-Padrão ao 2S Marcos Aurélio Ferreira de Souza; e de Praça-Padrão ao Soldado de 2ª Classe João Gabriel Machene. Os prêmios são concedidos àqueles que se destacaram em aspectos como dedicação à corporação, postura militar, trato com os demais integrantes, capacidade de liderança, eficácia no trabalho, iniciativa, trabalho em equipe e responsabilidade. Dando prosseguimento às homenagens, o 1º GCC agraciou o Cel Av R1 Sérgio Ney Perlingeiro e o Ten Cel Esp Com Carlos Alberto Soares Cordeiro. O Cel Perlingeiro prestou serviços na Força Aérea durante o período de março de 1962 a abril de 1997, dedicando-se integralmente à Aviação de Transporte, tendo voado mais de seis mil horas em diversas aeronaves. Atualmente, ele é Consultor de AEROESPAÇO

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O VICEA (à direita) cumprimenta o Comandante do 1º GCC

Planejamento da Divisão de Operações Militares do DECEA (D-OPM), dedicando-se à formação e manutenção de Recursos Humanos para a Defesa Aeroespacial e ao planejamento e gerenciamento de todas as manobras e exercícios dos quais participam as organizações do DECEA. Já o Ten Cel Cordeiro permaneceu no serviço ativo da Força Aérea de agosto de 1971 a setembro de 2001. Capacitado na área de Eletrônica e Telecomunicações, destacou-se por sua dedicação às atividades do 1º GCC. Ten Cel Cordeiro foi um dos fundadores do Esquadrão Mangrulho, participando efetivamente de sua implantação, como Chefe da Seção de Material e Oficial de Mobilidade, onde foi peça chave para o sucesso do primeiro desdobramento de radares móveis do GCC (na época para a cidade de Boa Vista). Na função de Chefe da Seção de Material do Grupo, dedicou mais de um terço de sua carreira e experiência no planejamento e gerenciamento das atividades de logística de todas as manobras executadas pelos Esquadrões subordinados. Seguindo a canção do 1º GCC, chegou o momento da leitura da Ordem do Dia. Em seu discurso, o Ten Cel Av Xavier relembrou as palavras que atribuiu aos seus Esquadrões no último aniversário da organização, que, à época, traduziam o momento vivido por seus respectivos efetivos. Neste ano,

focalizou as virtudes: “a primeira que me vem à mente é a extraordinária bravura e obsessão de seus homens e mulheres pelo correto cumprimento das missões, não importa onde, não importa quando, não importa como”. “Certamente”, prosseguiu, “tal sentimento foi herdado de nossos predecessores, fundadores dos primeiro e segundo ECA, Unidades forjadas no pós-guerra e cujas raízes nos sustentam até os dias atuais. O militar do GCC do século XXI ainda respira o combate, mesmo em tempos de paz. Não o quer, mas de forma alguma lhe tem temor, porque o sentimento de amor à Pátria é deveras maior”. À respeito da atual conjuntura da FAB, declarou que “estamos atravessando um momento histórico para a Força Aérea, onde paradigmas estão sendo quebrados, novos conceitos operacionais são testados e é neste cenário que se vislumbra o surgimento de uma Força mais moderna e preparada, capaz de se contrapor aos grandes desafios inerentes à Guerra Moderna”. Por fim, concluiu: “‘’destreza em controlar, arte de comunicar’ – mais do que um refrão, um sacerdócio para todo o efetivo do 1º GCC”. Fechando o evento, as autoridades presentes e o efetivo confraternizaram-se num coquetel oferecido no pátio da OM.


Diretor-Geral do DECEA recebe homenagem no

I Seminário sobre o Levantamento da Plataforma Continental Brasileira e Delimitação do Espaço Amazônico Durante os dias 04 e 05 de maio, foi realizado na Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN) o I Seminário sobre o Levantamento da Plataforma Continental Brasileira e Delimitação do Espaço Amazônico. As palestras foram ministradas por profissionais de grandes empresas e organizações, como a DHN, a Petrobras, a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), o Programa CYTED (Programa Íbero-americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento da Amazônia), o CENSIPAM (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia) e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). O evento foi encerrado pela palestra do Diretor-Geral do DECEA, Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, intitulada “O DECEA e sua participação no controle e na soberania do espaço aéreo brasileiro”. Ainda no evento, foi comemorado o Dia do Cartógrafo com a outorga

O Diretor-Geral do DECEA recebe a Outorga de Grande-Oficial da Ordem do Mérito Cartográfico-2006

da Ordem do Mérito Cartográfico - 2006. Dentre os agraciados, destacaram-se Oficiais do Exército, profissionais da área de Cartografia; e, também: Grande-Oficial: Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho (Diretor-Geral do DECEA) Comendadores: Brig Eng Roberto Souza de Oliveira (Chefe do

Subdepartamento de Tecnologia da Informação do DECEA) e Brig Eng R1 Rogério Ribeiro Machado(exChefe do Subdepartamento de Logística do DECEA) Cavaleiros: Eng Cart Mirian de Lourdes dos Reis Albuquerque Cajaraville (ICA) e 1º Ten QOEng Ralf Von Lasperg (ICA).

Efetivo do CINDACTA I doa sangue à Fundação Hemocentro de Brasília A Campanha de Doação Espontânea de Sangue promovida pela Fundação Hemocentro de Brasília – realizada no dia 16 de maio - contou com a participação do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de

Tráfego Aéreo (CINDACTA I). A finalidade da campanha foi atender à sociedade do Distrito Federal, por isso, foi montada uma unidade móvel da Fundação no interior do CINDACTA I, onde foram de-

senvolvidos os trabalhos de coleta. O efetivo da OM, de forma espontânea, atendeu a este ato de solidariedade humana, com um total de 35 doações, refletindo o excelente trabalho de captação. AEROESPAÇO

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CINDACTA IV promove I Curso de Primeiros Socorros Ministrado por instrutores do Hospital de Aeronáutica de Manaus (HAMN) e direcionado aos militares que prestam serviço de Comissionamento nos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEAs) subordinados ao Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) foi promovido o I Curso de Primeiros Socorros, que aconteceu nos dias 13 a 15 de março. Durante o Curso, os instrutores 1S SEF Edmundo, 2S SEF Salomon e CB SEF Albuquerque enfatizaram o suporte básico à vida, tendo em vista a realidade amazônica, suas distâncias e o tempo gasto para o socorro de segundo escalão. Trabalharam também os aspectos característicos da região como picada

de cobra e o cuidado com os animais peçonhentos. A atividade consistiu, ainda, na prática de utilização dos equipamentos de resgate e primeiros socorros que foram enviados pela Divisão de Apoio ao Homem (D-APH) do Departamento de Controle do Espaço O suporte básico à vida foi enfatizado durante o curso Aéreo (DECEA) para o CINDACTA IV distribuir aos Destacamentos subordinados. uma prática contínua, elevando A Seção de Saúde do CINDACTA assim - o espírito de cooperação e IV gerenciou as atividades relacioaprimorando seus militares para o nadas ao Curso, visando torná-lo cumprimento da missão.

CCA-RJ ministra cursos na área de Tecnologia da Informação O Centro de Computação da Aeronáutica do Rio de Janeiro (CCA-RJ), no período de 08 a 15 de maio, realizou em suas dependências os cursos Implementação e Gerenciamento do MS Exchange 2000 e Confecção de Sites para Intraer. O primeiro, ministrado pelo SO BCO Benílsio de Oliveira Melo, visou elevar o nível técnico e especializado dos alunos que exercem ou que venham a exercer atividades relacionadas com a administração de rede local e os serviços de Internet em suas respectivas unidades. A 1S SAD Patrícia Sales de Oliveira e o 2S BEI Alex Ribeiro Pereira foram as instrutoras do segundo curso, que teve o objetivo de proporcionar aos usuários os conhecimentos necessários ao desenvolvimento e à manutenção de websites na Intraer, apresentando as tecnologias e ferramentas atuais nesta área da tecnologia da informação.

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Alunos do Curso de Confecção de sites para INTRAER

Ainda no mês de maio, entre os dias 22 e 26, o CCA-RJ realizou o “Curso de Powerpoint”, sob a instrução do 3S QESA SEL Marcos Aurélio Basílio da Silva, cuja finalidade foi aprimorar os conhecimentos dos usuários em Powerpoint, visando um melhor desempenho em suas funções. No total, os cursos contaram com 46 alunos militares e cinco civis, inte-

grantes de diversas Organizações Militares do Comando da Aeronáutica. É importante ressaltar que, a partir deste ano, o CCA-RJ passou a disponibilizar o material didático de seus cursos em seu próprio site, sendo indispensável ao aluno inscrito fazer o download das apostilas diretamente pela Intraer no endereço eletrônico: www.ccarj.intraer.


CINDACTA IV recepciona comitivas da Força Aérea da Coréia do Sul, do COMAR II e do Colégio Interforças de Defesa da França O Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) vem, seguidamente, recebendo visitas de importantes comitivas. São pessoas e instituições interessadas em conhecer o “CINDACTA da Amazônia”, que consolidou o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), controlando, hoje, todo o tráfego aéreo da região. Ativado, oficialmente, em novembro de 2005, o CINDACTA IV é comandado atualmente pelo Cel Av Eduardo Antonio Carcavallo Filho. Uma dessas visitas, ocorrida no dia 19 de maio, foi da comitiva do General Sung Il Kim, Comandante da Força Aérea da Coréia do Sul, acompanhado da esposa e de três militares do seu país. Outra visita, não menos importante, da Força Aérea Brasileira, aconteceu no dia 26 de maio, quando um grupo, presidido pelo Maj Brig Ar Gilberto

Antônio Saboya Burnier, Comandante do Segundo Comando Aéreo Regional (COMAR II), também foi recebido no CINDACTA IV. No dia 07 de junho, uma comitiva de 95 pessoas (instrutores e estagiários) do Colégio Interforças de Defesa da França (CID), coordenada pelo General-de-Brigada-Aérea JeanMarc Journot, Diretor dos Estudos no CID, também esteve na OM. Todas as comitivas foram recebidas pelo Cel Carcavallo e assistiram a uma palestra sobre as atividades exercidas pelo CINDACTA IV e a sua integração com o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM). Tiveram, ainda, a oportunidade de conhecer o Centro de Controle de Área Amazônico (ACC-AZ), o Centro Meteorológico de Vigilância Amazônico (CMV-AZ) e a Sala de Monitoração dos Equipamentos.

Representantes da Força Aérea da Coréia do Sul e do COMAR II foram visitas ilustres, dentre muitas, que tiveram a oportunidade de conhecer o “CINDACTA da Amazônia”

CIPA do CCA-SJ promove palestras para alertar o efetivo Cerca de metade do efetivo do Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA-SJ) assistiu a palestras promovidas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CIPA) da Organização.

O primeiro tema apresentado foi “Noções de Primeiros Socorros”, palestra ministrada no dia 30 de março, pelo SO BMB Nery César Pacheco, membro da equipe de Busca e Salvamento (SAR) do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).

Outra palestra, apresentada ao efetivo no dia 06 de abril, foi “Como não comer fungos e bactérias”, ministrada pela Drª Helen Sandra Pereira da Silva, funcionária da Divisão de Saúde do CTA.

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