Aeroespaço 34

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Testes de Conformidade do Ensaio do Algoritmo Criptográfico Brasileiro

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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA


Índice CNS/ATM GLOBAL: o futuro se torna presente

Reportagem Especial: Algoritmo Criptográfico Brasileiro

Seção: Notícias do SISCEAB Brasil sedia 15ª reunião do Grepecas

Seção: Notícias do SISCEAB CINDACTA III passa a controlar com tecnologia nacional

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Reportagem: Interface dos DTCEAs a Seção de Coordenação de Destacamentos -

Seção: Conhecendo o DTCEA Santarém - PA

Seção: Notícias do SISCEAB O SRPV-SP no GP Brasil de Fórmula 1

Seção: Notícias do SISCEAB Instalado o DVOR no DTCEA de Fortaleza

Nossa capa

Expediente

Testes de Conformidade do Ensaio do Algoritmo Criptográfico Brasileiro

Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

A capa desta edição retrata o Maj Av René, chefe de Operações do Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação (2º/6º GAv, de Anápolis) e o Ten Av Gustavo, líder de Esquadrão de Caça e chefe da seção de Guerra Eletrônica do Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (3º/3º GAv, de Campo Grande). No destaque eles tratam dos últimos detalhes da missão para a execução dos testes de conformidade do Ensaio do Algoritmo Criptográfico Brasileiro, realizado na Base Aérea de Campo Grande (BACG). Leia mais sobre este empreendimento tão significativo para a história da Força Aérea Brasileira e, conseqüentemente, para o País na reportagem especial nas páginas 12-20.

Diretor-Geral: Ten Brig Ar Ramon Borges Cardoso Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Cel Av R1 Redação: Daisy Meireles (RJ 21523-JP) Telma Penteado (RJ 22794-JP) Daniel Marinho (MTB 25768-RJ) Diagramação: Filipe Bastos (MTB 26888-DRT/RJ)

Fotografia & Capa:: Luiz Eduardo Perez (RJ 201930-RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer Email: esteves@ciscea.gov.br / aeroespaco@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 - Centro CEP 20021-130 - Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2123-6585 - Fax: (21) 2262-1691 Editado em novembro/2008 Fotolitos & Impressão: Ingrafoto


Editorial

E

screver o editorial da nossa revista é uma ação muito importante, pois precisamos falar de forma curta e criativa sobre o conteúdo das páginas que contam a nossa história. Porém, mesmo publicando parte de nossas atividades, estamos cientes de que muitas dessas ações e funções do DECEA ainda são desconhecidas do grande público. Por isso a importância da nossa revista Aeroespaço, que está em suas mãos para mantê-los informados sobre muitos dos projetos que estamos envolvidos e queremos que vocês sejam multiplicadores dessas informações para os seus pares. Saibam que estamos investindo muito para continuar acertando. Exemplos disso, leitores, podem ser encontrados na Reportagem Especial sobre os testes de conformidade do ensaio do Algoritmo Criptográfico Brasileiro (capa desta edição), realizados na Base Aérea de Campo Grande (BACG) e que é resultado de um investimento, no que hoje se revela como a consolidação de um patrimônio nacional com um futuro promissor de desenvolvimento científico e tecnológico para o Brasil. É mais um trabalho em conjunto envolvendo o DECEA, suas unidades subordinadas e outras Organizações Militares importantes no seio da FAB. Temos certeza de que - trabalhando juntos com todos aqueles que acreditam que se pode construir, através de um esforço significativo - alcançaremos o nosso objetivo. Ainda como exemplo do que estamos produzindo para o País, apresentamos nas páginas seguintes ao editorial, o CONOPS. Estamos falando de uma iniciativa que provê um serviço seguro e eficiente aos usuários do tráfego aéreo. Para finalizar, enfatizamos que todas essas ações divulgadas neste órgão informativo despertam o comprometimento de todos os integrantes do DECEA, o que muito nos emociona. Boa leitura!

Ten Brig Ar Ramon Borges Cardoso Diretor-Geral do DECEA


CNS/ATM GLOBAL: O futuro se torna presente

A Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) promoveu em setembro um fórum sobre a integração e harmonização dos programas NextGen (Next Generation) – nome dado ao planejamento para o desenvolvimento do Gerenciamento de Tráfego Aéreo nos Estados Unidos e que aqui chamamos de CONOPS (Concepção Operacional ATM Nacional) - e Sesar (Single European Sky ATM Research)- o mesmo planejamento, só que para a Região Européia - à estrutura global de gerenciamento de tráfego aéreo. O evento, que contou com a presença de cerca de 400 representantes dos diversos países signatários da Convenção de Chicago, permitiu a divulgação e discussão sobre os dois planos de modernização dos sistemas de navegação aérea. Durante a realização do fórum, houve exposições dos programas de países de destacada importância conjuntural, como Japão, China, Austrália, Canadá, Rússia e Brasil. O DECEA foi representado pelo Brig Ar Pompeu Brasil, presidente da CERNAI (Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional), e apresentou ao público do fórum o CONOPS, traduzindo a concepção brasileira para aplicação de iniciativas operacionais para fazer face

às necessidades de adequação ao conceito operacional ATM global da OACI. No Brasil, durante a realização da 15ª edição do GREPECAS (Grupo Regional de Planejamento e Execução no Caribe e América do Sul) – também organizado pela OACI - que aconteceu no Rio de Janeiro em outubro, com o objetivo de discutir medidas para a evolução do gerenciamento do tráfego aéreo, o CONOPS também foi apresentado pelo DECEA às delegações de todos os países do Caribe e América do Sul (região CAR/SAM).

A iniciativa do DECEA representou um esforço significativo do Brasil ao prover um serviço seguro e eficiente aos usuários do tráfego aéreo 4

Vamos mostrar, a seguir, as perspectivas do Brasil para o NextGen e para o Sesar. Porém, faz-se necessário, primeiramente, apresentar ao nosso público interno o CONOPS, que oferece um caminho para a gradual, coordenada, oportuna e efetiva introdução aos componentes do Conceito Global de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Operacional.

O que é CONOPS Este Conceito Operacional é baseado no Plano Global de Navegação Aérea (Air Navigation Global Plan), mais precisamente no Plano Global de Iniciativas (Global Plan Initiatives) e no planejamento da Região CAR/SAM (Caribe e América do Sul). Estamos falando de uma iniciativa que representa um esforço significativo do nosso País, ao prover um serviço seguro e eficiente aos usuários do tráfego aéreo, que transitam pelos 22 milhões de km2 de nosso território, o que representa uma atividade aérea de três milhões de vôos ao ano. Resumindo, os benefícios que se pretende alcançar através deste Conceito Operacional são: • assegurar a transição para o Sistema de Gerenciamento do Tráfego Aéreo Global; • aumentar o fluxo de tráfego aéreo pre-


visto para o Brasil e para as demais regiões de grande circulação; • reduzir os custos de execução, operação e manutenção da infra-estrutura de navegação aérea; • intensificar a disponibilidade dos serviços prestados, a integridade, a cobertura e comunicabilidade dentro do nosso espaço aéreo e, por extensão, dentro da Região CAR/SAM; • aumentar a eficiência das operações, introduzindo rotas diretas e serviços que permitam a execução do planejamento, de acordo com as necessidades dos operadores do sistema; e • assegurar a conformidade com os níveis de segurança operacional exigidos.

gation), usando os sistemas de navegação que incluem o GPS (Global Position System – Sistema de Posicionamento Global), Galileo e GLONASS, sem se limitar a estes; 3- fornecer um nível adequado de integridade para as operações aéreas em todas as fases do vôo; 4- fornecer uma operação integral (gate to gate) dentro do espaço aéreo; 5- fornecer a fiscalização das operações de acordo com as exigências do Gerenciamento de Tráfego Aéreo; 6- executar a transição para o ambiente

As atualizações exigidas que serão implementadas como novos conceitos e novas tecnologias estão sendo aprovadas pela OACI O primeiro aprimoramento tem previsão de ser entregue até 2010, de acordo com o desenvolvimento dos programas do NextGen e do Sesar e na experiência e nos trabalhos realizados pelos profissionais do ATM brasileiro. Os fatores que se seguem foram considerados como base do processo de transição do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) à capacidade almejada: 1- encontrar o nível exigido de segurança e de serviços para todos os usuários do sistema; 2- executar, na medida do possível, o RNAV dentro do espaço aéreo brasileiro em todas as fases do vôo e RNP (Required Navigation Performance - Performance Requerida de Navegação) para obter benefícios operacionais, através da Navegação Baseada na Performance (Performance Based Navi5

ATM, aplicando as transmissões de dados integradas; 7- executar a transição do ATS (Air Traffic System – Sistema de Tráfego Aéreo) para o ATM; 8- executar a transição do AIS (Air Information System – Sistema de Informações Aeronáuticas) para o AIM (Air Information Management – Gerenciamento de Informações Aeronáuticas), com capacidade digital em tempo real; 9- minimizar o impacto meteorológico nas atividades aeronáuticas, visando


manter, para IMC (Condições de Vôo por Instrumento), as mesmas capacidades do sistema como aquelas que prevalecem sob VMC (Pouso Visual Abaixo dos Níveis Mínimos); e 10- reduzir os custos operacionais, bem como os impactos no meio ambiente. Adiante estão apresentados apenas os detalhamentos das duas primeiras fases, uma vez que a terceira está prevista, por ser a longo prazo, para o período de 2016 a 2020.

A modernização do SISCEAB foi estabelecida por um planejamento modular, composto de três fases, todas devidamente previstas no plano orçamentário

Fase 1 a) ATM: • implementar as ferramentas de modelo e simulação de ATC (Air Traffic Control Controle de Tráfego Aéreo), visando validar as novas estruturas do espaço aéreo; • implementar as ferramentas de ATC e de cálculo de capacidade de aeródromo (Airport Capacity Calculation); • implementar as ferramentas de seqüência de aproximação e partida; • consolidar a capacidade para a execução de medidas estratégicas do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA); e • implementar o Tratamento Inicial do Plano de Vôo. b) COMUNICAÇÕES: • implementar os Serviços de Manipulação de Mensagens do ATS; • implementar o VDL (VHF Digital Link) Modalidade 2; • desenvolver, implementar e integrar a infra-estrutura de comunicações para dar suporte integral ao SISCEAB, com uma arquitetura aberta que possa absorver todos os serviços, atuais e futuros, exigidos pelo programa de transição do CNS/ATM (Comunicação, Navegação, Vigilância / Gerenciamento do Tráfego Aéreo); e • estudar e produzir os requerimentos técnicos e operacionais para a Região CAR/ SAM, permitindo a automatização do gerenciamento de tráfego aéreo em todas as unidades do Controle de Tráfego Aéreo. 6

c) NAVEGAÇÃO: • iniciar a implementação de estações GBAS (Ground Based Augmentation System – Sistema de Aumentação de Sinais Baseado em Solo) CAT 1 em aeroportos cuja demanda operacional as justifique (um protótipo já está sendo testado no Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão, no Rio de Janeiro); • introduzir em rota o RNAV-5; • implementar as Cartas de Saída por Instrumento (SID – Standard Instrument Departure) e as Cartas de Chegada Padrão por Instrumentos (STAR – Standard Terminal Arrival Route) RNAV-1 nas TMA de Brasília, Recife e São Paulo; • implementar o RNP APCH e APV Baro/VNAV de aproximação em todas as áreas de aeroporto; • implementar os procedimentos de aproximação RNP AR onde haja benefícios operacionais consistentes; • implementar uma ferramenta automatizada para os projetos de procedimentos de navegação aérea, visando atender às demandas de novos procedimentos, especialmente RNAV e RNP; e • adaptar a infra-estrutura do DME às exigências da OACI para navegação RNAV (DME/DME) nas TMA selecionadas. d) VIGILÂNCIA: • introduzir o Mode-S, ADS-B e/ou Multilateralização nas operações a pouca distância do mar da Bacia de Campos (uma área petrolífera com intensa atividade aero-


náutica) e em outras áreas similares; • introduzir o serviço ADS-C no corredor EUROSAM; • instalar uma plataforma de testes para a implementação do ADS-B dentro do espaço aéreo continental; e • fornecer a capacidade de fiscalização de movimento em superfície nos aeroportos selecionados, usando Multilateralização e/ ou ADS-B.

Fase 2 a) ATM: • implementar as ferramentas de Gerenciamento do Espaço Aéreo em tempo real; e • implementar as novas ferramentas de ATM Automatizado, como previsão de crise; conselho para resolução da crise, monitoração da conformidade da trajetória, integração funcional de sistemas de solo e de aeronaves, entre outros. b) COMUNICAÇÕES: • planejar a gradual desativação do VHF AM, devido à implementação do sistema de VDL, considerando, entretanto, a infraestrutura de apoio exigida; • implementar o ATM Automatizado na

Região CAR/SAM; e • introduzir o ATN nacional (Aeronautical Telecommunication Network - Rede de Telecomunicações Aeronáuticas). c) NAVEGAÇÃO: • introduzir o GBAS CAT II nos aeroportos selecionados; • iniciar a desativação dos auxílios à navegação aérea baseados em solo, mantendo somente a infra-estrutura de apoio; • implementar o RNP-2 em operações em rota; • implementar o SID/STAR RNAV-1 nas demais TMA; e • implementar os procedimentos de aproximação GLS nos principais aeroportos. d) VIGILÂNCIA: • introduzir a cobertura ADS-B em todo o espaço aéreo; • planejar a interrupção do uso do Radar Primário na aviação civil, onde não há nenhuma exigência operacional; e • planejar a interrupção da sobreposição da cobertura do Radar Secundário para operações em rota (supondo que os usuários estejam adequadamente equipados com o ADS-B).

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Reconhecendo que os elementos do Conceito Operacional do Gerenciamento de Tráfego Aéreo ultrapassam nossas fronteiras, o DECEA acredita que o sucesso deste empreendimento dependerá de uma cooperação global sem precedentes e, conseqüentemente, que a interoperabilidade de qualquer desenvolvimento futuro da NextGen e Sesar deve ser o foco de toda essa iniciativa, também global


INTERFACE DOS DTCEAs Por Daisy Meireles

A seção de Coordenação de Destacamentos criada com a finalidade de planejar, coordenar e fiscalizar as atividades dos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEAs) - é a interface entre os comandantes das organizaçõessede e os DTCEAs e – ainda - entre estes e as divisões Administrativas, Operacionais e Técnicas. Os coordenadores de Destacamentos dos CINDACTAs I, II, III e IV e do SRPV-SP vêm atuando como incentivadores dos comandantes de destacamentos, mediando conflitos e proporcionando ambientes que favorecem a participação, a comunicação, a interação e a prática de idéias.

Ten Cel Com R1 Walter AMÉRICO de Sá

CINDACTA I - 18 DTCEAs “Minha relação com os comandantes é muito boa e adequada ao momento que vivemos”

Maj QOEMET João Carlos HARTER da Paz

CINDACTA II – 15 DTCEAs “Estou muito empolgado com a nova função”

Cel Inf Osmar de F. CAMPOS

CINDACTA III - 10 DTCEAs “Sinto que o maior trabalho na coordenação é o apoio ao homem e à sua família”

Ten Cel Com JONAS Batista de Souza

CINDACTA IV – 27 DTCEAs “Conto com uma equipe bem disposta a cooperar”

Maj Av Carlos Alberto de Mattos BENTO

SRPV-SP - 09 DTCEAs “A experiência como comandante tem me auxiliado na atual função de coordenador” 8


A SEÇÃO DE COORDENAÇÃO DE DESTACAMENTOS A experiência como comandante e uma visão diferente Maj Bento – coordenador dos destacamentos do SRPV-SP - está fazendo mestrado no ITA e acumula o cargo de chefe da seção de Gerenciamento de Tráfego Aéreo da divisão de Operações. Bento ressalta que a função que exerce é relativamente nova para ele, e mesmo que muitas das rotinas não estejam bem assimiladas, diz que a experiência que teve como comandante de três destacamentos (Manaus, Santos e São Paulo) foi positiva para que o auxiliasse nas oportunidades em que participou de forma direta com os comandantes em situações rotineiras que ele já viveu. Já o Ten Cel Jonas, que atua também como elemento de coordenação dos projetos da CISCEA, já comandou três destacamentos (Rio Branco – efetivamente; Salvador e Eduardo Gomes, interinamente – por motivo de afastamento do comandante à época) e julga ser muito importante ter experiência de comando, mas pensa também que há que se ter habilidades e competências para coordenar. Jonas ocupa seu tempo dentro e fora do expediente, porque são muitos destacamentos (27 no CINDACTA IV), mas ele conta com uma equipe bem disposta a cooperar. O SO Queirós é o seu braço direito na coordenação e cuida das necessidades de material, infra-estrutura de obras e serviço. Alguns serviços na escala operacional de previsor meteorológico do CMV-CW

Uma visão com olhos experientes, cuidadosos e sábios. Com a experiência, os coordenadores disseminam valores, proporcionam inovações e até apontam direções aos comandantes de destacamentos

também ocupam o Maj Harter, que já comandou o DTCEA e o DESTAE (Destacamento de Aeronáutica) de Fernando de Noronha (PE). O coordenador do CINDACTA II diz que a experiência de comandante de destacamento trouxe uma nova visão para a sua atividade atual. Há uma troca de informações e conhecimentos constantes e confiáveis, fazendo com que o comandante do destacamento e o coordenador aprendam a lidar com as situações difíceis e imprevistos de uma forma mais equilibrada. Prova disso é atuação direta do coordenador como mediador, facilitador e incentivador, porque traz na bagagem a experiência de comandante. Isso pode trazer um resultado bem satisfatório. A prática da função exercida anteriormente pelos atuais coordenadores os torna desafiadores, investigadores do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual. O Cel F. Campos está como coordenador desde 2006 e aceitou o desafio de ter sob sua batuta os dez destacamentos do CINDACTA III nas 24h do dia. Sua primeira experiência no SISCEAB foi chefiando a RHU (2004 e 2005) do CINDACTA III, já que sempre foi da área do COMGAR (infantaria) e - mesmo não tendo experiência como comandante de DTCEA, ele tem a mesma visão do comandante do CINDACTA III, Cel Leão – que já esteve no comando do DTCEA Florianópolis. De Infantaria, o Cel F. Campos fica impressionado de como a sua especialidade se encaixou na coordenação dos destacamentos. Sua experiência em recursos humanos foi fundamental para apoiar o homem do DTCEA, pois suas atividades envolvem pessoal, legislação, consultas na área de segurança e defesa, vigilância eletrônica, disciplina, cerimonial e tudo o que se relaciona à sua especialidade. O Ten Cel Américo, que se dedica exclusivamente à coordenação dos destacamentos, não vê - mesmo não tendo exercido em sua carreira a função de 9

comandante de DTCEA – nisso uma barreira para coordenar os destacamentos. Ele ressalta que tem tido facilidade de interagir com os comandantes, além de ter acesso irrestrito às demais Divisões e principalmente com o comandante do CINDACTA I. E arrisca dizer: “considero o meu relacionamento com os 18 comandantes de destacamentos de bom para ótimo”.

O apoio ao homem Semestralmente, cada coordenador de DTCEA realiza uma reunião com todos os comandantes de destacamentos da sua área. A Divisão de Apoio ao Homem (DAPH) do DECEA sugere a participação dos assistentes sociais das seções de apoio ao homem das sedes nesses eventos, com a finalidade de apresentar os possíveis recursos - benefícios, programas e projetos que o DECEA e a SDEE/DIRINT dispõem - bem como a proposta para formação de elos sociais nos DTCEA e de que forma eles poderão operacionalizá-los. Um projeto pioneiro implantado no CINDACTA III há dois anos pela 1º Ten Elizângela (assistente social) visa à capacitação dos Elos Sociais e tem se revelado uma importante e rica estratégia para a facilitação do atendimento social ao efetivo destacado, estreitando - assim - as relações da Sede com os DTCEAs e agilizando os processos. A figura do elo social foi criada a partir da necessidade do apoio ao efetivo, situado em localidades distantes, e que não contam com as mesmas facilidades de acesso dos grandes centros, onde estão localizadas as sedes (Recife, São Paulo, Curitiba, Manaus e Brasília) e que possuem assistentes sociais para efetivarem o atendimento das demandas sociais intrínsecas ao apoio ao homem. O assistente social irá sensibilizar os comandantes dos DTCEAs sobre a importância deste contar com a figura do Elo Social para que as ações da Seção de Apoio ao Homem cheguem ao efetivo. A escolha do elo – respeitando-se o


No papel de gerência sobre os destacamentos, o coordenador é detentor de muitas informações, principalmente das necessidades apresentadas por cada comandante de Destacamento perfil, bem como as possibilidades e os limites de cada destacamento, é de vital importância, já que o assistente social terá nesse um parceiro para a operacionalização de suas ações. Na implantação desse projeto de multiplicadores, o importante é que cada DTCEA tenha - na figura do elo - um estreitamento com a sede, agilizando, assim, os processos de concessões de benefícios sociais previstos pelo PASIC 3 (ICA 161-1/2006), tais como fornecimento de cestas básicas e kit de material escolar, entrega de medicamentos e material de construção, dentre outros. A partir das demandas sociais coletivas apontadas em seu destacamento, o elo necessita estar apto a desenvolver projetos sociais que busquem maior desenvolvimento humano e qualidade de vida do efetivo, sempre sob a supervisão técnica das assistentes sociais das sedes. A DAPH está iniciando esse projeto nos outros CINDACTAs e SRPV-SP a partir de 2009. E, nessa via de mão dupla, tanto o coordenador poderá acionar a DAPH (através da seção de apoio ao homem de sua unidade), mediante alguma demanda apresentada, quanto a DAPH poderá solicitar ao coordenador a realização e/ou apoio em alguma ação. Exemplo dessa manifestação ocorreu no CINDACTA III. Todos os destacamentos tiveram visitas técnicas da 1º Ten Elizângela e das assistentes sociais da DAPH e a implantação de diversos programas de apoio ao homem. Nas primeiras viagens nas quais foi conhecer os DTCEAs e seu efetivo, o coordenador do CINDACTA III decidiu colocar uma meta na sua gestão: mudar o sentimento de abandono do destacamento. “Eles precisam confiar que existe uma voz aqui dentro do CINDACTA III

que vai lutar pelo que eles precisam” – promete F. Campos. “Sinto que o maior trabalho na coordenação é o apoio ao homem e à sua família. Por isso a transferência é uma batalha, tanto para o militar quanto para a sua família” – diz o coordenador – que acha importante a presença do assistente social e do psicólogo nessas visitas aos destacamentos. Ele faz questão de apresentar o novo comandante de destacamento às outras unidades militares da cidade em que ele vai morar, trabalhar e viver. “Isso é fundamental, para que ele tenha apoio e bom relacionamento com outras autoridades ao seu redor”, afirma. O Maj Harter conta que o apoio ao homem no CINDACTA II funciona muito bem, com visitas periódicas aos destacamentos, através da assistente social e do capelão. A seção de Coordenação dos Destacamentos atua efetivamente no intuito de minimizar as dificuldades, fazendo gestão aos diversos setores da Unidade. Ele - quando comandava o DTCEAFN - aprendeu muito com o Cel Candez (então comandante do CINDACTA III) na área de apoio ao homem e hoje, no CINDACTA II, vê no Cel Leônidas o mesmo empenho e a mesma visão. “Estou muito empolgado com a nova tarefa, pois noto uma grande preocupação do comandante em integrar os destacamentos ao dia-a-dia da sede”. Na área do CINDACTA IV, o fato de alguns destacamentos estarem bem distantes da sede, ainda há muitas dificuldades na área de apoio ao homem. São muitas atividades como controle de inspeção de saúde, plano de férias, saúde da família do comissionado e tantas outras questões – mas a coordenação conta com o apoio da seção de Psicologia, Saúde e Assistência Social.

Peculiaridades de cada OM No CINDACTA IV, a coordenação é responsável por 19 destacamentos com efetivo fixo, além de outros oito com efetivo comissionado e dez Unidades de Telecomunicações (UT). Os DTCEAs da Amazônia têm características diferenciadas das outras regiões. Alguns estão localizados em áreas de conflito (ambiental e drogas), outros em cidades muito pequenas, sem saneamento bási10

co e isso é muito complicado. Por este motivo não dá para manter um efetivo fixo, mas sim comissionado, que fica em períodos de 50 dias alternados. São cinco pessoas por DTCEA, somando 40 no total. Para o Ten Cel Américo, o Destacamento de Cachimbo é uma unidade atípica, por ter uma equipe formada de militares dos diversos Destacamentos do CINDACTA I, que são trocadas a cada período de 21 dias, comissionados por 179 dias. Na área do CINDACTA III, alguns destacamentos como Salvador, Fortaleza e Natal, que estão localizados em Bases Aéreas, têm melhor apoio. Situação bem diferente de Maceió, Porto Seguro, Aracaju e outros isolados. F. Campos relata que - nas primeiras visitas que fez aos destacamentos - algumas esposas dos comandantes vinham conversar com ele. Os problemas enfrentados com a mudança de cidade eram relatados para o coordenador. Ele ressalta – durante a entrevista - a importância da participação das mulheres na vida do destacamento. “É impressionante! Elas querem participar e entender de tudo o que se relaciona com assistência médica, educação para os filhos, PNR e tudo o que envolve a sua família”. Em geral, essa relação funciona bem porque ele - como coordenador - sempre se coloca à disposição da família do militar e percebeu, através da participação das esposas - que a vila é uma continuidade do destacamento. No SRPV-SP, o Maj Bento ressalta que a função é relativamente nova e que, muitas das rotinas ainda estão engatinhando.

Todos os problemas que existem em uma unidadesede são repetidos em um destacamento, só de que uma maneira mais enxuta

As especialidades dos Comandantes No CINDACTA I a coordenação está adequando os comandantes atuais por especialidades como previsto no


regimento interno, qual seja: destacamentos operacionais comandados por AV ou CTA e destacamentos técnicos por COM. “Atualmente ainda temos alguns destacamentos comandados por militares de outras especialidades. O DTCEA-TRM é comandado por um MET; no DTCEA-BW o comandante é um CTA, enquanto o DTCEA-GA tem um oficial MET como comandante. Um exemplo dessa adequação foi em Belo Horizonte. O comandante era do quadro de COM numa unidade operacional. Foi então sugerido (e apoiado pelo comandante do CINDACTA I) a troca por um oficial aviador no comando interinamente, o que resolveu o problema. O Cap Com foi designado para comandar um destacamento técnico em substituição a um Cap CTA, corrigindo outro problema. Avaliando a especialidade de um comandante, o Ten Cel Jonas diz que depende do destacamento. “Se tem órgão operacional, o comandante pode ser tanto CTA quanto COM. Nos destacamentos que são puramente técnicos, pode ser um COM. Mas – mesmo que o comandante não tenha – no caso desses sítios citados acima, especialidade em BCT, há no efetivo um ou mais CTA (da aérea operacional e que entende os procedimentos operacionais de tráfego aéreo). Porém, alguns desses destacamentos têm técnicos em seu efetivo, além do acompanhamento de um oficial. Acho sim, muito importante, que o oficial entenda do Sistema. Se o destacamento faz controle de tráfego aéreo deve ter no comando um controlador e um assessor técnico (especialista em comunicações)” – opina Jonas. Harter observa como coordenador que os oficiais recém-formados (seja no EAOF, seja no CFOE), salvo raríssimas exceções, apresentam determinadas dificuldades ao assumir um comando de DTCEA. Essa dificuldade deve-se ao fato de o militar não ter experiência como oficial. Neste caso, ele sugere não transferir oficiais recém-formados para os DTCEAs e, sim, para os CINDACTAS. “Creio que, após um período de dois ou três anos, já conhecendo o funcionamento da sede, maior amadurecimento como oficial, eles teriam melhores condições de assumir um comando de Destacamento”.

A união e os encontros O coordenador do CINDACTA I vem se empenhando para dar uma solução senão definitiva ao menos paliativa aos destacamentos sob sua responsabilidade. “São 18 comandantes e a nossa relação é muito boa e está adequada ao momento que vivemos, pois faço tudo o que está ao meu alcance como coordenador” – relata Américo, que sempre procura amenizar os problemas que chegam ao seu conhecimento. Previsto e normatizado, o CINDACTA I - duas vezes por ano – tem um encontro marcado com os comandantes dos Destacamentos. Oportunidade em que eles apresentam suas dificuldades e seus casos de sucesso. Em muitas situações, um destacamento já vivenciou o problema de outro e acaba por apresentar a solução – compartilhando as experiências e enriquecendo o encontro.

Esses encontros são importantes para avaliar a qualidade do serviço prestado e verificar o desempenho de cada destacamento – com o objetivo de corrigir os erros e dar continuidade ao que está dando certo Na área do CINDACTA III, F. Campos procura se inteirar dos PTA, das obras e de tudo o que se relaciona aos destacamentos. Para isso, ele conta com o apoio do Cel Leão (Comandante do CINDACTA III) para ter voz em todas as divisões e pedir ajuda administrativa, técnica e operacional. “Estou nesta função para interferir, sugerir e apoiar. Sou um facilitador para os destacamentos e me coloco 24h à disposição deles. Sou um pára-raio do comandante” – brada o coordenador – que afirma gostar do que realiza. Em Manaus, o CINDACTA IV já promoveu dois encontros com os comandantes. “No aniversário da OM, fazemos um encontro final, para o planejamento de 2009 e discutir assuntos gerais” – revela o coordenador. 11

Um relacionamento diário e muito proveitoso – é assim o contato dos comandantes dos destacamentos do CINDACTA II com o Maj Harter. Eles fazem contato telefônico quando existe alguma demanda ou necessitam de autorização para tomar determinada decisão e a coordenação dos destacamentos orienta ou intercede quando há algum assunto relacionado a uma divisão ou subdivisão da sede. Harter declara que muitos outros assuntos são resolvidos por correspondência (via malote) ou através da secretaria da coordenação, para assuntos menos urgentes. Sobre os encontros dos comandantes no CINDACTA II, Harter avalia: “Temos vários assuntos ao longo do ano para serem discutidos e essas reuniões também aproximam os comandantes dos outros setores da sede. Além disso, todo final de ano tem uma reunião geral para fazer um balanço”. Para integrar os efetivos dos destacamentos, foi promovido um torneio no CINDACTA II, em outubro passado, com a participação de 15 militares dos Destacamentos subordinados em diversas modalidades de esporte na sede, tais como, cabo de querra, natação, tiro etc. “Essa integração dá certo, pois aproxima os destacamentos” – afirma Harter. O coordenador do CINDACTA III faz um cronograma de visitas e tem um programa de atenção aos destacamentos, sempre em sintonia com a seção de Apoio ao Homem. Ele realiza duas reuniões exclusivas com os comandantes dos DTCEAs, independente de outras extraordinárias e esporádicas.

Todas essas ações despertam o comprometimento de todos os integrantes de destacamento na busca dos objetivos organizacionais, através do bom relacionamento profissional que persiste no sistema humano do SISCEAB


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Participante

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cia levância e abrangên nam e revelam a re sio es pr im te en a de Ensaio realm dos nesta Campanh perabilidade, e Os números envolvi FAB. timo teste de intero imbo. úl o é at ra so ur ec k na ão pr sta, Manaus e Cach do assunto Data Lin l foi de cinco meses, desde a sua miss mpo Grande, Boa Vi to na execução, mais de 60 Ca ta is, to ol to áp en An m : lvi os vo fic rá O en quan geog co diferentes sítios o no planejamento foi executada em cin s diretamente nesta campanha, tant es. o um total de Estiveram envolvido es e civis, de 14 diferentes organizaçõ dos tipos A29, E99 e R99, perfazend ar s milit nave profissionais, entre adas, não simultaneamente, 20 aero minhada, iliz ut m ra fo do a longa e árdua ca to um Ao de to en am ro vôo. enta o co mais de 50 horas de nta do iceberg! Esta Campanha repres ologia fomentado pelo DECEA. cn po te a de as o en absorçã E isto é ap icio do processo de in o m co , 00 20 em iniciada 12


Participante

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Instituição: DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo O Departamento de Controle do Espaço Aéreo, criado em 05 de outubro de 2001, é o órgão central do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Tem por missão planejar, gerenciar e controlar as atividades relacionadas com o controle do espaço aéreo, com a segurança da navegação aérea, com as teleco-

municações aeronáuticas e com a tecnologia da informação. Através do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), o DECEA forneceu apoio na configuração e na operação do Serviço de Enlace de Dados (AGDLIC).

Instituição: CISCEA Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo A CISCEA é uma organização do Comando da Aeronáutica, subordinada ao DECEA, que foi criada com a missão de desenvolver concepções, estudos, especificações, desenvolvimento de tecnologia e/ou equipamentos, aquisições, desapropriações, construções, instalações elétricas e atividades decorrentes e correlatas, necessárias à implantação de um determinado sistema no âmbito do SISCEAB. Assim, a CISCEA foi responsável pela implantação dos quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aérea (CINDACTA); pelos Centros de Controle de

Aproximação (APP); implantação de sistemas Radar; tratamento e visualização de dados Radar e sistemas de telecomunicações aeronáuticas. Esta Comissão coordenou e acompanhou os contratos com a Rohde & Schwarz, sendo o elo de interface com a empresa alemã; forneceu apoio para toda a coordenação e execução das atividades realizadas; coordenou os testes de conformidade, sendo por fim, a Organização que planejou e coordenou a Campanha de Ensaio do Algoritmo Criptográfico Brasileiro.

Instituição: CTA Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial Após muitos anos de estudos sobre a criação de uma escola de engenharia aeronáutica, em agosto de 1945, ficou definido o Plano Geral do Centro, considerandose o MIT como modelo para a organização do futuro Centro Técnico do Ministério da Aeronáutica. Em 1948, o programa de obras da Comissão de Organização do Centro Tecnológico da Aeronáutica (COCTA) foi iniciado, apesar dos grandes entraves, devido à insuficiência de recursos financeiros para realizar todas as construções no prazo previsto. Assim, com muito esforço, apesar da não concessão do crédito especial solicitado, desde fevereiro de 1947, e, ainda, apesar da política recessiva do Governo, a COCTA resolveu orientar a maior parte de suas atividades à conclusão das edificações indispensáveis ao funcionamento do ITA, onde já atuava a Superintendência

de Obras, que também cuidava das instalações do CTA. O plano estabelecia que o Centro Técnico seria constituído, como já vimos, por dois institutos científicos coordenados, tecnicamente autônomos, sendo um para o ensino técnico superior (ITA) e um para pesquisa e cooperação com a indústria de construção aeronáutica, com a aviação militar e com a aviação comercial (IPD). O primeiro Instituto criado, o ITA, de início teria a seu cargo, nos limites de suas possibilidades, todas as atividades do Centro. O CTA foi de suma importância para o Projeto do Algoritmo. Através do ITA e do Grupo de Acompanhamento e Controle da Embraer, o CTA foi o responsável pela interface do programa de implantação do Data Link nas aeronaves A29. 13


Participante

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Instituição: ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica O Instituto Tecnológico de Aeronáutica, criado pelo Decreto no 27.695, de 16 de janeiro de 1950, definido pela Lei nº 2.165, de 05 de janeiro de 1954. É uma instituição universitária especializada no Campo do Saber Aeroespacial, sob a jurisdição do Comando da Aeronáutica (COMAER). Tem por finalidade promover, por meio da educação, do ensino, da pesquisa e da extensão, o progresso das ciências

e das tecnologias relacionadas com o Campo Aeroespacial e a formação de profissionais de nível superior nas especializações de interesse do COMAER e do Setor Aeroespacial em geral. Com uma equipe de cinco professores das áreas de Matemática, Computação, Telecomunicações e Eletrônica, o ITA, juntamente com o CETUC (Centro de Estudos em Telecomunicações), efetivamente desenvolveu o Algoritmo.

Instituição: CETUC Centro de Estudos em Telecomunicações O Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC) é uma Unidade Complementar do Centro Técnico Científico, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O CETUC é responsável pela ênfase de Telecomunicações no Curso de Graduação em Engenharia Elétrica, e pelas áreas de concentração relacionadas a Telecomunicações no Programa de Pós-Graduação em Engenha-

ria Elétrica (Mestrado e Doutorado). Além disso, o Centro desenvolve projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de telecomunicações e oferece cursos de extensão, através da Coordenação de Cursos de Extensão da PUC-Rio (CCE). Uma equipe de quatro profissionais do Corpo Docente do CETUC se uniu à equipe de professores do ITA para o desenvolvimento do Algoritmo.

Instituição: III FAe Terceira Força Aérea A Terceira Força Aérea, localizada em Brasília (DF), é responsável pelas Unidades Aéreas de Caça da FAB, empregando os caças estratégicos e táticos, aeronaves de reconhecimento e de defesa aérea.

A III FAe participou com o apoio aéreo do 2º/6º GAv e do 3º/3º GAv, além do envio do pessoal de Inteligência na primeira e na quarta etapas dos testes.

Instituição: BACG Base Aérea de Campo Grande Ressaltamos também a intensa e importantíssima participação da Base Aérea de Campo Grande, com a qual a 14

equipe pode contar com apoio logístico, técnico e de recursos humanos.


Participante

s:

Instituição: 3º/3º GAv Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação O Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação, o Esquadrão Flecha, foi criado no dia 11 de fevereiro de 2004, na Base Aérea de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, absorvendo parte do efetivo e das aeronaves da extinta Segunda Esquadrilha de Ligação e Observação (2ª ELO), da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Uma de suas missões mais importantes é a vigilância da fronteira oeste do Brasil, uma imensa região aérea, que abrange as fronteiras com o Paraguai e Bolívia, complementando o trabalho do 1º/3º GAv, de Boa Vista,

em Roraima e o 2º/3º GAv, de Porto Velho, em Rondônia, que atuam no patrulhamento aéreo das fronteiras brasileiras. Outra importante missão do Esquadrão Flecha é a de ser uma unidade de formação de Líderes de Esquadrilhas de Caça da Força Aérea Brasileira. Sua atuação é em conjunto com outras unidades da FAB, como o 2º/6º GAv. No Projeto a atuação dos seus pilotos de caça foi primordial para a realização dos testes.

Instituição: 2º/6º GAv Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação O Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação, Esquadrão Guardião, foi criado pela Portaria Ministerial 010/ GM3, de 18 de janeiro de 1999. O Núcleo do 2°/6° GAv permaneceu, inicialmente, sediado junto às instalações do Comando-Geral do Ar, em Brasília, onde foram traçadas as primeiras diretrizes para a implantação da mais nova unidade da Força Aérea Brasileira. Incorporado à Base Aérea de Anápolis em 18 de janeiro de 2000, o 2º/6º GAv é a ponta de lança do Projeto SIVAM, constituindo-se num dos mais importantes elos na tarefa de vigiar e proteger a Amazônia, a mais estratégica região do nosso País.

Composto por duas esquadrilhas e operando cinco aeronaves E99 de Alerta Aéreo Antecipado e Controle e três R99 de Sensoriamento Remoto, o 2º/6º GAv é responsável por vasculhar o território brasileiro, coletando dados e informações que propiciam aos usuários do SIVAM a tomada de medidas corretivas, visando ao desenvolvimento sustentável da região e a proteção ao meio ambiente. O 2º/6º e o 3º/3º GAv - em parceria - forneceram o apoio aos testes através da disponibilização de seus pilotos e da realização dos planejamentos de vôo.

Instituição: COMGAR Comando-Geral de Operações Aéreas O Comando-Geral de Operações Aéreas é o responsável pelo preparo e emprego da Força. É o “braço armado” do Comando da Aeronáutica. Ele detém os principais meios aéreos e, em conseqüência, responsabiliza-se pela execução das Ações Militares Aeroespaciais do Comando da Aeronáutica. Ao COMGAR compete o comandamento, o planejamento, a direção, a fiscalização, a coordenação, a execução e a

avaliação do emprego de todas as Unidades da Força Aérea Brasileira. O COMGAR, através do Centro de Comando e Controle de Operações Aéreas (CCCOA), participou de todas as etapas com o carregamento da Chave Criptográfica e do Algoritmo e dos parâmetros de configuração (DATASET) dos rádios.

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Histórico da Missão

Histórico:

Conduzido e Coordenado pela Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) junto aos responsáveis pelo desenvolvimento do Algoritmo – ITA e PUC do Rio de Janeiro – a Campanha de Ensaio do Algoritmo Criptográfico Brasileiro teve como objetivo fazer a substituição do algoritmo suíço desenvolvido pela empresa Crypto AG por uma versão integralmente brasileira, contando, ainda, com salto de freqüência. A grande motivação deste projeto foi o fato de não haver segurança no compartilhamento de dados com a aplicação da chave criptográfica original. Já nas últimas etapas do Projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia) – que cumpriu o desafio de implantar ativos de vigilância ambiental e territorial em mais de 5.2 milhões de km² correspondentes a uma área predominantemente de floresta tropical densa, que compõe o equivalente a 62% do território nacional –, por volta de setembro de 2003, a Força Aérea Brasileira (FAB) se viu diante de uma questão de suma importância: como atender às comunicações militares em proveito da Defesa Aérea da Região Amazônica? Era imprescindível que o sistema a ser adquirido com recursos do Projeto contemplasse a possibilidade de sermos autônomos e invioláveis nessas comunicações. Após pesquisar e ponderar, a escolha recaiu sobre o Sistema de Data Link da Rohde & Schwarz Alemã. O sistema alemão que nos era oferecido incluía duas características atraentes: salto de freqüência e criptografia. Ao celebrarmos o contrato, no entanto, fizemos uma exigência: desejávamos um off set (uma cláusula) de transferência de tecnologia que nos permitisse preparar recursos humanos à altura do desafio de desenvolvermos nosso próprio modelo matemático que, por conseguinte, nos ensejaria alterar, ao sabor de nossos interesses, a base criptográfica e de salto de freqüência que estariam na matriz do modelo de comunicações, ao que os alemães concordaram. Era imprescindível nacionalizar o algoritmo e, para tanto, os profissionais envolvidos foram enviados para a Alemanha, onde puderam realizar estudos e adquirir conhecimento suficiente para capacitá-los a desenvolver um algoritmo essencialmente brasileiro que nos permitisse alterar a matriz das comunicações militares de defesa de nosso território, tornando-as invioláveis. De fato, mobilizaram-se três centros de excelência: o ComandoGeral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), através do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); os Especialistas do próprio Projeto SIVAM, através da CISCEA; e o Centro de Telecomunicações da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CETUC).

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Não se pode deixar de ressaltar aqui que este mega empreendimento, apesar de ser indiscutivelmente necessário, foi alvo de um certo ceticismo, muito por conta de sua magnitude e sua alta complexidade. A inteligência brasileira, no entanto, venceu todos os obstáculos em fevereiro de 2008, quando foram concluídos com sucesso todos os testes laboratoriais com o algoritmo brasileiro. O passo seguinte era testar sua eficácia na defesa aérea. Os testes foram realizados em quatro etapas que se estenderam ao longo de cinco meses, entre fevereiro e julho. A primeira etapa, chamada de Missão Precursora, foi realizada nas Bases Aéreas de Anápolis e de Campo Grande entre os dias 26 e 29 de fevereiro. A segunda, onde se realizaram os testes com as aeronaves R99 e E99 do Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação, deu-se no período de 10 a 14 de março, nas Bases Aéreas de Anápolis e de Boa Vista; no Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea de Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), em Manaus; e no Centro de Provas Brigadeiro Veloso (CPBV) de Cachimbo, no Pará. A terceira etapa da campanha de testes com as aeronaves A29 do Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação foi realizada na Base Aérea de Campo Grande durante os dias 06 a 11 de abril. Por fim, chegamos à quarta e última etapa. Sendo esta o Teste de Interoperabilidade das aeronaves R99, E99 e A29, é, sem dúvida, considerada a mais importante. Para ela foram precisos cinco dias de trabalhos ininterruptos, durante o período de 28 de julho a 1º de agosto, e o local escolhido foi, mais uma vez, a Base Aérea de Campo Grande (MS), escolhida por sua estrutura logística e estratégica. Como bem definiu o Comandante da Base Aérea de Campo Grande, Cel Av Ballatore, “a integração DataLink de Voz é um sonho, que virou realidade”. Segundo ele, “hoje não se entra num teatro de operações sem que haja segurança das informações. O mais importante é que a tecnologia que garantirá essa segurança é totalmente nossa. Não dependemos mais de outros países.” Vale ressaltar, ainda, que o 4º Teste de Conformidade, o da Interoperabilidade, último evento físico-financeiro do projeto SIVAM, possibilitou a resolução de problemas técnicos do Sistema de Data Link da FAB ligado ao rádio Rohde & Schwarz da série 6000 (adquirido por contrato não gerenciado pela CISCEA), e que culminou com o Recall (troca de hardware, software e firmware) dos rádios da série 6000 (que equipam as aeronaves A29, F5M, A1M), representando uma economia de mais de 3 milhões de reais, além de ganho operacional à Força Aérea Brasileira.


Histórico: Histórico da Criptografia A história da Criptografia, como veremos a seguir, remonta aos primórdios da civilização. Criptografia, que vem do grego kriptós, que significa escondido, oculto e grápho, significando grafia é, por fim, a arte de escrever em cifras, ou em códigos, de forma a permitir que somente o destinatário da mensagem possa decifrá-la e compreendê-la. Seu surgimento é tão antigo quanto o da própria escrita, estando presente, inclusive, no sistema de escrita hieroglífica dos egípcios. O povo romano, por sua vez, utilizava códigos secretos para comunicar planos de batalha. Ressaltamos que o mais interessante é que a tecnologia de criptografia não mudou muito até meados do século XX. Somente após a Segunda Guerra Mundial, com o advento do computador, esta área se desenvolveu francamente, incorporando cada vez mais complexos algoritmos matemáticos. Ainda durante a guerra, os ingleses ficaram conhecidos por seus esforços na decifração de códigos, tanto que esse trabalho criptográfico serviu de base para a ciência da computação moderna. Muitos devem conhecer a famosa máquina eletromecânica desenvolvida na Alemanha em 1918 por Arthur Scherbius - a Enigma. Ela levantou um grande interesse por parte da marinha de guerra alemã em 1926, quando passou a ser usada como seu principal meio de comunicação.

Enigma - desenvolvida em 1918 na Alemanha

Dez anos após a invenção da Enigma, em 1928, o exército elaborou sua própria versão, a Enigma G, que passou a ser usada por todo o exército alemão, tendo suas chaves trocadas mensalmente. A máquina funcionava com rotores. Primeiramente com três e depois com até oito rotores. Ao pressionar uma tecla, o primeiro rotor da esquerda avançava uma posição, o que ocasionava a rotação dos outros rotores à sua direita. Esse movimento contínuo dos rotores ocasionava em diferentes combinações na encriptação. A decodificação de uma mensagem criptografada por esta máquina era considerada uma tarefa praticamente impossível naquela época. Para conseguir decifrar as mensagens os Aliados tiveram que roubar a Enigma e realizar nela o que chamamos de Engenharia Reversa, que nada mais é do que usar a criatividade, o brainstorm, para, a partir de algo pronto, retirar todos os possíveis conceitos novos ali empregados. Em outras palavras, fazer engenharia reversa é desmontar uma máquina para ver como ela funciona. E foi justamente através da engenharia reversa feita a partir da Enigma, por exemplo, que os Aliados da Segunda Guerra Mundial desenvolveram e construíram sua própria máquina, a Colossus. Com o passar dos anos a criptografia passou a ser usada em larga escala, principalmente em tempos de guerra, a fim de esconder do inimigo as ações e movimentações realizadas. Criptografando suas mensagens um grupo impedia que outros grupos que não possuíssem a chave criptográfica em questão pudessem ter acesso às mesmas, o que acabava forçando-os a usar diversos métodos para quebrar os códigos de criptografia. E, como estamos aqui falando do Algoritmo Criptográfico Brasieleiro, vale aproveitar o momento para esmiuçar o que é um algoritimo. Em poucas palavras, podemos dizer que trata-se de um conjunto de processos para efetuar um cálculo. De acordo com o Dicionário Aurélio, algoritmo é o “conjunto de regras e operações bem definidas e ordenadas, destinadas à solução de um problema, ou de uma classe de problemas, em um número finito de etapas”.

Microchip criptográfico

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Relatórios: Ten Cel R1 Aristides Waldir Zanoni

Assistente da Reitoria do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Coordenador Técnico do Projeto de Substituição do Algoritmo

O Coordenador Zanoni começou a se envolver com o Projeto, no final de 1999, ainda no quadro de Oficiais Ativos da Força Aérea Brasileira (FAB) e em seguida foi chamado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), através da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) para coordenar as tratativas dos Contratos com a equipe de desenvolvimento do Algoritmo, composta, em parte, por professores doutores do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Sobre o Projeto, ele comenta que “na área de Defesa é fundamental deter um equipamento de segurança criptográfica, mas conhecendo o cadeado e sendo o dono da chave”. “A idéia era reunir um grupo heterogêneo de cinco professores doutores, Chefes de Departamento do ITA. São profissionais com profundo conhecimento e experiência na área. E o término bem sucedido dos testes de conformidade mostra que tivemos plenas condições de atingir nossas metas com

relação à missão que nos foi dada”, comenta Zanoni. Para o Coordenador “a satisfação maior é a contribuição que demos à Força Aérea Brasileira. A missão do ITA é formar profissionais de alto padrão de qualidade, e é com grande alegria que este Instituto foi além, abraçando este trabalho de grande envergadura: dotar o Comando da Aeronáutica de um bem de conhecimento nacional, o que, para nossa Defesa, é muito importante”. Ainda segundo Zanoni, um dos entraves de grandes projetos como este é a questão da disponibilidade. “O esforço dos vários comandos resultou na disponibilidade de recursos financeiros, materiais e humanos, de planejamento e de logística. E todo esse processo foi absolutamente transparente para toda a equipe”. Após o término da Campanha Zanoni diz que se despede com muita serenidade. “O convívio com os cientistas é um aprendizado não só profissional, mas também de vida. São formações diferentes, visões de mundo diferentes. Foi um sucesso em todos os sentidos. Não só o da missão em si, mas do relacionamento com a Academia dentro de um grupo de pesquisa muito seleto e com destaque internacional”. “A competência dos nossos profissionais está aí; mais do que comprovada”, conclui.

Prof Dr Weiler Alves Finamore

Professor Associado do Centro de Telecomunicações da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CETUC) De acordo com o Prof Weiler, o Algoritmo Criptográfico brasileiro é de suma importância para o País. “Do ponto de vista de segurança das comunicações e da transmissão, o desenvolvimento do Algoritmo elevou o nível de confiança no sistema, uma vez que o nível de ‘secretismo’ passa a ser garantido não só pela chave (que é secreta), mas também pelo ‘secretismo’ do algoritmo (hoje de conhecimento apenas da FAB)”. Segundo ele a participação do CETUC no desenvolvimento deste projeto “serviu para corroborar nossa certeza de que temos inteligência bastante no Brasil para dominar e se apropriar de tecnologias avançadas como esta, com benefícios diretos e indiretos muito importantes”. Dentre as premissas para que profissionais do CETUC aderissem ao empreendimento está, em primeiro lugar, a competência técnica. “Contou muito a tradição do CETUC como centro de pesquisas, mas foi também importante o tácito engajamento da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) como um todo em trabalhos

voltados para o progresso e bem estar do povo Brasileiro”, declara o professor. Para ele a etapa mais decisiva para o grupo que desenvolveu o projeto foi a de organizar no Brasil o ambiente de desenvolvimento para a realização do trabalho pretendido. Como etapa mais crítica, o professor cita a realização do curso (em Zug, na Suíça), onde os profissionais envolvidos puderam trocar idéias e fazer perguntas para procurar extrair o máximo de informações que pudessem facilitar o desenvolvimento do trabalho, sem, por outro lado, expor as idéias preliminares sobre as mudanças que consideravam viáveis de serem realizadas e pretendíamos introduzir para alterar o algoritmo original. “As organizações envolvidas no desenvolvimento do Algoritmo acumulam hoje uma experiência valiosa sobre a forma de realizar um empreendimento desta natureza (absorção de tecnologia) e têm uma visão clara de que as condições para o desenvolvimento de produtos e sistemas, de segurança das comunicações e transmissão, no próprio Brasil, é possível (e desejável do próprio ponto de vista de segurança)”, conclui Weiler.

Maj Av René de Moraes Lopes

Chefe de Operações do Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação (2º/6º GAv), de Anápolis A participação do 2º/6º GAv no desenvolvimento do Algoritmo Criptográfico Brasileiro foi empregar a competência dos recursos humanos (mantenedores e operadores) na implementação do algoritmo nos rádios, na operação dos hardwares e dos softwares aeroembarcados e na realização de sugestões de perfis de testes adequados a cada uma das três fases do empreendimento (E/R-99 X E/R18

99, E/R-99 X DLRS e E/R-99 X A-29), tanto no solo, como em vôo. Tal competência permitiu a superação das dificuldades técnicas que por vezes se apresentaram, bem como a realização dos testes, sempre de acordo com os cronogramas apresentados. O sucesso da campanha deveu-se na união de profissionais técnicos e operacionais que comprometidos com seus ideais atingiram o auge das suas convicções.


Relatórios: Maj Av Élvio Carlos Dutra e Silva Júnior

Chefe da Divisão de Logística da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) e Presidente da Comissão de Fiscalização do Projeto de Substituição do Algoritmo

O Maj Av Élvio, que desde 2002 presta serviços na CISCEA (logo após a conclusão do curso de Engenharia Eletrônica do ITA), foi o responsável pela coordenação, planejamento e execução da Campanha de Ensaio do Algoritmo Criptográfico Brasileiro, incluindo a fiscalização e aprovação dos testes realizados. Para ele, a escolha da Base Aérea de Campo Grande (BACG) como local de realização dos testes operacionais do Algoritmo se deu por esta ser “a sede do 3º/3º GAv (Esquadrão Flecha)”. “Neste contexto”, prossegue o Major, “este esquadrão foi incumbido pela III FAE por desenvolver táticas e doutrinas de emprego do subsistema de Data Link da aeronave A29, e difundi-las aos demais esquadrões que operam esta aeronave. Desta forma, o Esquadrão Flecha apoiou significativamente a CISCEA na condução dos testes em vôo”. E os motivos não param aí. “Logisticamente, destaca-se a já renomada qualidade do apoio oferecido pela BACG em eventos operacionais como este, destacando-se o envolvimento e comprometimento de todos os seus integrantes nesta missão. Outro ponto levado em consideração foi o Tráfego Aéreo menos intenso na região, que permitiu a condução dos testes em vôo sem interferências”, explica. Segundo o Maj Elvio, “este projeto tem elevada importância estratégica para o País, pois permite a proteção das telecomunicações nas faixas de V/UHF entre as aeronaves da FAB (A29, F5M, A1, etc), incluindo as aeronaves de Sensoriamento Remoto (E99) e Vigilância Aérea (R99). “Com o desenvolvimento deste algoritmo no Brasil”, comenta, “garante-se que nenhuma nação estrangeira conheça a forma como estas informações são codificadas (encriptadas), assegurando o sigilo de valiosíssimas e estratégicas informações sobre a Amazônia (coletadas pelas aeronaves R99), bem como impede a detecção das mensagens operacionais transmitidas por aeronaves da FAB em missões tipicamente militares, tais como a interceptação de aeronaves que possam vir a invadir o Espaço Aéreo Brasileiro (como, por exemplo, a de narcotraficantes)”. De acordo com Élvio, a etapa mais crítica do Projeto foi uma atividade não relacionada diretamente com os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento conduzidos pelo ITA e pelo CETUC. “Trata-se do teste de emissão do Certificado de Conformidade (CoC) do Algoritmo Link Separado, que constitui a matéria-prima utilizada pelas duas universidades na condução do Projeto de Substituição do Algoritmo (PSA)”.

Este teste é um evento contratual de responsabilidade da empresa alemã Rohde & Schwarz (R&S), fornecedora dos transceptores V/ UHF onde é instalado o Algoritmo Criptográfico Brasileiro (ACB). Ele permitiu que a CISCEA identificasse falhas de hardware e software dos rádios R&S, principalmente relacionadas à interoperabilidade em rede TDMA entre as séries 400 e 6000 (que equipam as aeronaves R99 e A29 respectivamente). As falhas encontradas provocaram um atraso de cerca de quatro anos no projeto, pois o mesmo só poderia ser concluído após as mesmas serem sanadas. “Para a FAB, este percalço acabou tendo um efeito positivo, pois este teste permitiu a identificação e correção de falhas não detectadas anteriormente, e que já se faziam sentir na operação do sistema nas aeronaves A29”, acrescenta. O teste CoC foi realizado quatro vezes, sendo a primeira em novembro de 2004, e a última em fevereiro de 2008, quando finalmente a empresa Rohde & Schwarz pôde comprovar a solução das diversas falhas apontadas pela CISCEA desde 2004. Como conseqüência direta do teste CoC, a empresa fará um recall (naturalmente sem custos para o Comando da Aeronáutica) de todos os rádios das séries 400 e 6000 vendidos a FAB, atualizando os softwares embarcados nestes rádios, e inclusive fazendo a troca de placas internas dos rádios da série 6000. Os investimentos foram grandes, mas representam um bom retorno operacional para a FAB. Além dos recursos alocados a dois instrumentos contratuais junto ao CTA/ITA e à PUC-Rio/CETUC, à CISCEA/ DECEA também investiu nas seguintes áreas: implantação do sistema de enlace de dados ponto a ponto do SIVAM (LINK-BR1), implantação da rede de distribuição de parâmetros criptográficos (SMNet), Estação Transportável da Enlace de Dados do GCC (T-DLRS), 27 treinamentos de operação do sistema (18 no Brasil e nove no exterior), sete cursos de mestrado e dois de doutorado na Alemanha, construção e equipagem do laboratório de pesquisas do ITA, entre outros. “Este investimento todo permitiu não apenas a conclusão com sucesso do PSA, mas também a capacitação profissional do País em um segmento de elevada importância política e estratégica, relacionada à criptografia”, comenta Élvio. “Como conseqüência direta da capacitação obtida neste projeto, tanto o ITA quanto à FAB já foram consultados por outras organizações para conduzir projetos relacionados à criptografia, o que comprova, mais uma vez, o valor inestimável dos nossos profissionais”, conclui. Deve-se, sobretudo, ressaltar o trabalho anônimo dos profissionais do ITA e da PUC que se dedicaram horas a fio no desenvolvimento do Algoritmo Criptográfico Brasileiro, e cujas identidades são preservadas por questões óbvias de segurança.

Cel Av Maximo Ballatore Holland

Atual Comandante da Base Aérea de Campo Grande O Cel Av Ballatore, durante a Campanha dos Testes do Algoritmo Criptográfico Brasileiro realizada no período de 28 de julho a 1º de agosto na Base Aérea de Campo Grande, ressaltou o privilégio de se poderem reunir profissionais

de equipes diferentes, heterogêneas e multidisciplinares, “colocando o cientista no avião”. “Estamos muito felizes em cumprir a nossa missão através do apoio prestado e, desta forma, participar do Projeto, fazendo parte desta história”.

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Relatórios: Ten Av Gustavo de Oliveira Pascotto

Líder de Esquadrão de Caça e Chefe da Seção de Guerra Eletrônica do Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (3º/3º GAv), de Campo Grande Servindo há três anos no 3º/3º GAv, o Ten Gustavo está envolvido com a Campanha de Testes do Algoritmo Criptográfico Brasileiro desde o início da mesma. “O grande salto do Esquadrão Data Link se deu este ano com nosso envolvimento na Cam-

panha de testes”, comenta. “Tudo o que esperávamos dos testes se concretizou tanto em solo, quanto em vôo. A missão teve 100% de sucesso”, conclui Gustavo.

uros: Projetos Fut O Link BR2 Aquisição e aplicação de conhecimento e trabalho de qualidade são rotina no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). O futuro nos chega cada vez mais veloz. E o que se vislumbra como desdobramento do trabalho ora realizado é o Link BR 2. Trata-se do Protocolo Universal de Comunicação de dados dentro do qual as comunicações e o envio de dados entre aeronaves terão a mesma agilidade e precisão do Link BR 1, desenvolvido pelo Projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia) para o E99. O Protocolo do Link BR 2, que se encontra em fase final de desenvolvimento por uma equipe de doze engenheiros da EMBRAER (sem contar com as equipes de gerenciamento e administração deste projeto), independe da camada física, o que significa dizer que operará em qualquer rádio. Para clarificar estes dados, faremos a seguinte analogia: Imagine que a camada do aplicativo (que no caso do algoritmo é o Link BR 2) é uma mensagem que você deseja encaminhar para um amigo. É o conteúdo de uma carta. A segunda camada, que no nosso caso é o Protocolo, seria o Correio, que recebe sua carta e separa num montante de outras cartas que serão levadas para uma mesma determinada região. Por fim, a camada física que é composta por bits (0 e 1) nos quais a mensagem se transformou, seria o carteiro. Num processo de decodificação de mensagens, a mesma entraria neste novo sistema ainda por meio de bits (nosso carteiro), sendo

Palavra do Ten Brig Ar Ramon

Departamento de Controle do Espaço Aéreo – DECEA

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levada à segunda camada que em nossa analogia é o porteiro do prédio e, por fim, chega ao aplicativo destinatário, nosso amigo para quem mandamos a carta. No laboratório da Embraer, onde o Link BR 2 está se desenvolvendo, existem dois ambientes: um simulado – no qual os computadores fazem o papel da camada física e outro emulado, com testes reais em dois rádios 400 (aplicados às aeronaves E99 e R99) e seis rádios 6000 (presentes nas aeronaves A29). Ressalta-se que esta equipe de engenheiros já estava se capacitando para o Link BR 2 através de outros projetos semelhantes, porém menos complexos. O projeto foi concebido dez meses antes da assinatura do seu contrato e teve como prazo de execução 25 meses. Ao final do projeto, todos os equipamentos e toda parte de infraestrutura (consoles, computadores, roteadores e até as cadeiras) serão entregues à FAB, conforme assinado no contrato. Durante os testes emulados os computadores integrados (slaves), em conjunto com o master acompanhavam as mensagens transmitidas pelos rádios ao longo de um período determinado de tempo. Algumas falhas foram propositadamente colocadas ao longo da transmissão de dados para que as mesmas pudessem ser analisadas e corrigidas. Passo a passo esta parceira vem sedimentando os caminhos para uma comunicação segura, mostrando que nossos profissionais estão mais do que capacitados para guarnecer a Força Aérea em sua nobre missão de proteger nosso Brasil.


DTCEA SANTARÉM - PA Conhecendo o

Por Daisy Meireles

Festa do Sairé

Radar Meteorológico 21

Encontro dos Rios Tapajós e Amazonas


O Destacamento Subordinado ao CINDACTA IV, o DTCEA-SN foi efetivado através da Portaria nº 45/2 EM, de 08 de outubro de 2001, com a finalidade de prover os meios necessários para o controle, a segurança e a defesa do tráfego aéreo na região oeste do Pará. No dia 8 de outubro de 2002 teve o seu recebimento e seu primeiro comandante foi o Ten Garcia. O DTCEA-SN possui os seguintes equipamentos: radar PSR/MSSR, radar meteorológico, VHF/SATCOM/PABX/ R&S, EMA, EMS, KF, ETA, Climatização, SEC e ILS. A vila militar Duas vilas apóiam o efetivo do Destacamento. A mais antiga pertence ao COMAR I. A nova abriga sete casas, atendendo a maioria dos militares. As duas vilas ficam na mesma rua, próximas ao hotel de trânsito. O espaço da vila comporta – além das casas confortáveis (com três quartos), uma churrasqueira e uma quadra de areia, onde os militares e seus dependentes se confraternizam. Da vila ao DTCEA são 15km – mas os militares têm apoio de viatura para o deslocamento de ida e volta.

• 3S SAD Lobato - 62,22% • 3S SEM Alexandre Gomes - 93,33% • 3S BMT Huguenin - 84,44% • 3S BMT Pinheiro - 97,77

O efetivo do DTCEA-SN

O Apoio ao Homem A assistência médica dos militares e seus dependentes, dos inativos, pensionistas e dependentes (que somam 53) é realizada pela Unimed Norte/Nordeste – que tem convênios com clínicas e consultórios. Porém, algumas especialidades não têm atendimento na cidade. Casos mais graves são atendidos no Hospital da Aeronáutica de Belém. Já os atendimentos odontológicos têm ressarcimento pelo COMAER. O Comandante O Cap QOEA Com Francisco José FALCÃO Leal tem 50 anos, é cearense, casado com Jaciara e pai de dois filhos: Diego e Daiane. Iniciou a vida militar na EEAR, em agosto de 76, concluindo o curso de formação de sargento em julho de 78. Foi classificado para o Cap Falcão SRPV-Recife (hoje CINDACTA III) com destino ao Núcleo de Proteção ao Vôo de Salvador. No final de 1994 foi transferido para o CINDACTA III, sendo encarregado do Laboratório de Informática. Matriculou-se, em março de 2001, no Estágio de Adaptação ao Oficialato, sendo nomeado 2º Tenente em maio de 2001. Dois meses depois, foi transferido para o SRPVMN (atual CINDACTA IV), onde atuou nas chefias das seções: Navegação (DT), Controle Operacional dos Sistemas, Controle de Ordem de Serviço, Garantias. Em fevereiro de 2006 assumiu o comando do Destacamento de Santarém. O Cap Falcão orgulha-se de ter participado da criação e ativação dos CINDACTAs III e IV. Dos principais cursos da carreira, ele destaca os de inspetor de manutenção do SISCEAB, o do RADAR LP-23M e o de Tratamento e Visualização do TA-10M. Preparando-se para uma nova mudança, o Cap Falcão, em janeiro de 2009, vai comandar o DTCEA de Petrolina (PE) – voltando ao CINDACTA III.

Casas confortáveis na vila de Santarém

O efetivo Além do Comandante, o Destacamento conta com 13 Sargentos, distribuídos nas seções Administrativa e Suprimento (01 SAD, 01 SEF); EMA (05 BMT) e Técnica (03 BET, 01 SEL, 01 SEM). Dez militares do DTCEA-SN participaram do treinamento anual de tiro - realizado em setembro, no estande de tiro do Oitavo Batalhão de Engenharia e Construção (8º BEC) do Exército. Cada participante teve direito a 45 tiros em três seqüências de 15, em três posições (deitado, de joelhos e em pé). Todos obtiveram bons resultados e estão orgulhosos pelo desempenho: • Cap QOEA COM Falcão - 77,77% • 1S BMT Sidnei - 84,44% • 2S BET Ruzene - 64,44% • 2S SEF Daniele Mota - 73,33% • 2S SEL Alex - 73,33% • 2S BMT Leandro - 93,33% 22


Santarém, a pérola do Tapajós Assim é conhecida a cidade de Santarém, onde a natureza é generosa e proporciona aos seus habitantes e turistas o espetáculo do encontro das águas dos rios Amazonas (marrons) e Tapajós (azuis). Outra atração da natureza na cidade é o belíssimo balneário de Altér do Chão – uma vila distante 30km, onde é realizada a festa religiosa e profana do Sairé no mês de setembro, quando acontece a disputa dos botos Cor de Rosa e Tucuxi - evento cultural que atrai muitos turistas para a região.

Sairé - festa religiosa e profana

de 274 mil habitantes, que enfrentam um clima quente e úmido, com temperatura média anual variando de 25º a 28°C. Apresenta pluviosidade média de 1.920 mm. As temperaturas mais elevadas ocorrem no período de junho a novembro e a época de maior precipitação pluviométrica é de dezembro a maio. Santarém possui uma estrutura razoável. A cidade tem um porto de intenso movimento e um aeroporto que opera com linhas domésticas regulares. A ligação da cidade com a Transamazônia é feita pela rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163). Tem agências dos mais importantes bancos do País (BB, CEF, Bradesco, Itaú, HSBC e outros) e operadoras de telefonia móvel e celular. Alguns hotéis suportam o volume de turistas, espalhados pelo Centro e pelas vilas vizinhas (onde se encontram as praias - cerca de 100km - de Ponta das Pedras, Altér do Chão e outras). O orla de Santarém tem vários bares e quiosques com comida regional de dar água na boca, como o tacacá, o pato no tucupi e os peixes da região (tucunaré, surubim, tambaqui), além do especial e famoso bolinho de piracuí (preparado com farinha de peixe).

O balneário de Altér do Chão

Em 2008 aconteceu a décima edição do Sairé. Os preparativos começam com a procura pelos troncos que servirão de mastros, na abertura da festa. Os troncos escolhidos são enfeitados com folhas, flores e frutos, levantados em competição acirrada entre homens e mulheres para ver qual grupo consegue levantar o mastro em primeiro lugar. Procissões, ladainhas, torneios esportivos também fazem parte da programação. A cerâmica tapajó é outra atração cultural de Santarém. No Centro Cultural João Fona (na orla da cidade) o visitante encontra algumas dessas peças. O Círio de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade, uma festa religiosa que reúne muitos devotos, acontece em novembro e movimenta bastante a cidade. O museu de Dica Frazão (Raimunda Rodrigues Frazão, 88 anos) é uma atração à parte. A artesã iniciou sua arte com a entrecasca de madeira, fornecida pelos índios munducurus, confeccionando roupas, flores, chapéus, leques e bolsas. Hoje trabalha também com penas de pato que cria em seu quintal, palhas de buriti, açaí, tucum e raiz de patchouli. Suas peças mais importantes estão replicadas no museu que leva o seu nome. Dentre elas, um vestido da rainha Fabíola, da Bélgica; toalhas de mesa do Papa João Paulo II e Juscelino Kubitschek e alguns vestidos de noiva e folclóricos. A cidade tem muitos colégios particulares de boa qualidade no ensino e muitas escolas públicas também. No ensino superior, Santarém tem seis instituições, dentre elas a Universidade Federal do Pará, a Estadual do Pará e a Universidade Luterana do Brasil e a Federal Rural da Amazônia. Em breve Santarém será a sede da Federal do Oeste do Pará. Distante 1.369 km de Belém, Santarém tem pouco mais

A artesã Dica Frazão 23


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NOTÍCIAS DO SISCEAB

Brasil sedia 15ª edição do Grepecas

Representantes de 23 países participaram da Reunião no Hotel Sheraton

Sob a coordenação do DECEA/ CERNAI, foi realizado, no período de 13 a 17 de outubro de 2008, no Hotel Sheraton (Rio de Janeiro) a 15ª Reunião do Grupo Regional de Planejamento e Execução para o Caribe e América do Sul (Grepecas) que teve a presença de 148 participantes (representantes de 23 países e sete organizações internacionais). Compareceram à cerimônia de abertura o Diretor-Geral do DECEA, Ten Brig Ar Ramon Borges Cardoso, e a Diretora Presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Paiva Vieira. “A administração brasileira não tem poupado esforços em prol da navegação aérea e do aprimoramento dos processos, sistemas e equipamentos empregados no gerenciamento do espaço aéreo em nossa área de responsabilidade” – declarou o Diretor-Geral do DECEA na cerimônia de abertura - e citou o Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA) e a Agência de Monitoração do Caribe e América do Sul (Carsamma) como exemplos significativos desses esforços. Uma vez mais - a quarta em seu período como presidente do Grepecas - os trabalhos da reunião foram presididos pelo Maj Brig R1 Normando Araújo de Medeiros e secretariado por José Miguel Ceppi, Diretor do Escritório da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) em Lima (Peru). Cinqüenta pessoas representaram a delegação brasileira, dentre elas o Maj Brig Ar Élcio Picchi (vice-diretor do DECEA), o Brig Ar José Roberto Machado e Silva (chefe do Subdepartamento de Operações – SDOP - do DECEA e membro do Bra-

sil no Grepecas), o Brig Ar Pompeu Brasil (presidente da CERNAI), o Brig Eng Castro (chefe do Subdepartamento Técnico – SDTE – do DECEA), bem como outros componentes do DECEA, do Cenipa, da Anac e da Infraero. Contando com uma extensa e complexa agenda, foram analisados diversos assuntos voltados para a melhoria da navegação aérea nas regiões CAR e SAM, destacando-se as atividades de coordenação CNS/ ATM, em nível inter e intra-regional, os informes dos subgrupos AVSEC/COMM (Aviation Security Committee – Comitê de Segurança de Aviação), AERMET (Aeronautical Meteorology Subgroup – Subgrupo Aeronáutico de Meteorologia), AGA/ AOP (Aerodromes and Ground Aids / Aerodrome Operational Planning Subgroup –

Aeródromos e Auxílios à navegação baseados em solo / Subgrupo Operacional do Planejamento de aeródromo), AIM (Aeronautical Information Management Subgroup – Subgrupo de Gerenciamento de Informações Aeronáuticas), CNS/ATM e aspectos institucionais. Outros assuntos de grande relevância para as duas regiões e que mereceram destaque no contexto da agenda, foram: a análise das atuais deficiências de caráter urgente, bem como os problemas específicos relacionados com o planejamento e a implantação da navegação aérea que, devidamente equacionados, trarão excelentes benefícios para a segurança, eficiência e fluidez do tráfego aéreo, nessas regiões. Após o término dos trabalhos diários do Grepecas, foram realizadas duas apre-

Assuntos ligados à melhoria da navegação aérea nas regiões CAR/SAM foram discutidos no evento, que reuniu 148 pessoas 24


sentações, uma destinada à divulgação do CONOPS brasileiro (saiba mais nas páginas 4 a 7 desta edição), apresentada pelo Maj Júlio, e outra focando a automação dos atuais ACC (Centros de Controle de Área) da Região SAM, realizada pelo Cel Eng Antonio Marcos (adjunto do Subdepartamento de Tecnologia da Informação – SDTI – do DECEA) e pelo representante da Atech Tecnologias Críticas, Eno Siewedt. No encerramento do evento, José Miguel Ceppi declarou que a 15ª edição do Grepecas talvez tenha sido uma das mais importantes realizadas nestes últimos anos, considerando os 50 trabalhos apresentados e analisados no transcurso da reunião. Tendo em vista ser esta a sua última participação como secretário do Grepecas e Diretor do Escritório de Lima nesse evento, Ceppi foi homenageado pelo DECEA durante o jantar de confraternização oferecido aos participantes da Reunião, ocasião em que o Brig Ar Roberto, representando o Diretor-Geral do DECEA, entregou-lhe uma placa como reconhecimento pelo excelente

CGNA e Carsamma são citados como exemplos pelo Diretor-Geral do DECEA (ao centro)

trabalho durante os seis anos em que esteve à frente do referido Escritório Regional. A cerimônia de encerramento foi presidida pelo Ten Brig Ar Ramon,

que agradeceu a participação de todos e elogiou o trabalho do Grepecas em prol do desenvolvimento da aviação nas duas regiões, exaltando seus feitos na integração dos países participantes.

O SRPV-SP no GP Brasil de Fórmula 1 O Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP) participou de um Exercício de Acidente Aeronáutico (EXEAC) no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, no último dia 21 de outubro, para aprimorar a segurança de suas ações no gerenciamento das operações aéreas de helicópteros durante o Grande Prêmio de Fórmula 1 do Brasil. A Divisão de Operações do SRPVSP disponibilizou uma equipe de especialistas em controle de tráfego aéreo e comunicações para participar de diversos exercícios simulados na EXEAC, tais como: bomba a bordo, interferência ilícita e pousos de emergência nos helipontos localizados no Autódromo. Assim, os especialistas puderam avaliar e treinar, a partir da Torre de Controle implantada no autódromo, os pontos vulneráveis das operações

A Torre de Controle implantada no autódromo e (abaixo) a equipe do SRPV-SP aprimorando a segurança aérea no GP do Brasil

áreas, e otimizar as ações operacionais corretivas para o bem-estar dos usuários que assistiram ao Grande Prêmio de Fórmula 1 – 2008, disputado no último dia 02 de novembro. 25


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NOTÍCIAS DO SISCEAB

CINDACTA III passa a controlar com tecnologia nacional No dia 20 de outubro, Dia Brig Ar Aquino, pelo coInternacional do Controlamandante e pelo chefe dor de Tráfego Aéreo, logo da Divisão de Operações após a benção do Capelão, do CINDACTA III, Cel Ten Cel Flávio dos Santos, Av Leão e Cel Av Pena, deu-se início a operação do respectivamente. novo sistema X-4000, de Adaptação das instavisualização e controle de lações, treinamento de aeronaves, no Centro de operadores, capacitação Controle de Área de Recidas equipes técnicas e a fe (ACC-RE) do Terceiro formação de 27 novos Centro Integrado de Defesa controladores fizeram Aérea e Controle do Tráfego parte das ações desenvolAéreo (CINDACTA III). vidas no ACC-RE desde As novas consoles X-4000 no ACC-RE - otimizando a segurança Esta tecnologia nacional março para que entrasse das operações faz parte de um conjunto de em operação exatamente atividades desenvolvidas para moderni- pela CISCEA (Comissão de Implan- no dia internacional do controlador zar e facilitar o trabalho dos controla- tação do Sistema de Controle do Es- de tráfego aéreo, que também foi dores, otimizando a segurança das ope- paço Aéreo) e marca uma nova fase marcado pela habilitação das duas rações, possibilitando – ainda - a im- no controle do espaço aéreo do Brasil, primeiras instrutoras controladoras plementação de novas funcionalidades que agora pode contar com seus quatro deste Centro, 3S BCT Aline Popiel no futuro, como o controle por satélite, centros de controle de área radar mo- e 3S BCT Iris Frazão Oliveira que, visualização da meteorologia na conso- dernizados. compondo as equipes, estarão opeO início da operação foi presen- rando com muita motivação as nole e informações aeronáuticas gerais. Este sistema está sendo implantado ciada pelo presidente da CISCEA, vas consoles X-4000 do ACC-RE.

Instalado o DVOR no DTCEA de Fortaleza Após as atividades de instalação e operacionalização do equipamento DVOR (VOR Doppler), gerenciadas pela CISCEA e acompanhadas pelo PAME-RJ, CINDACTA III e DTCEA-FZ, o DECEA disponibilizou para o serviço de controle do espaço aéreo, em 22 de outubro, o conjunto DVOR de Fortaleza. Registra-se que a história de operação do VOR convencional, o conjunto VOR585B/ Mais segurança, fluidez e qualidade com o novo DVOR DME596B, equipamentos até então em operação no DTCEA-FZ, remonta de 1982, opor- com a desmontagem do antigo shelter tunidade na qual possibilitou a abertu- do VOR, as atividades de implantação ra de novos horizontes para a atividade do DVOR em Fortaleza, composto pede controle do espaço aéreo. los equipamentos DVOR-432/DMEOutrossim, haja vista a necessidade 435, fabricados pela empresa Thales. de otimização dos serviços prestados, Em continuidade à labuta de operafoi iniciada, em 29 de abril de 2008, cionalização do DVOR do DTCEA26

FZ, houve diversas fases, dentre as quais se destacam as seguintes: a montagem do novo shelter, já com seus novos equipamentos associados, iniciada em 20 de maio de 2008; o recebimento técnico e logístico, sob responsabilidade da CISCEA, em 02 de outubro de 2008; o vôo de inspeção efetuado pela aeronave GEIV 53, em 11 de outubro de 2008; e, finalmente, a disponibilização do equipamento. De sobejo, fica a memória daqueles que trabalharam utilizando ou mantendo o saudoso equipamento VOR585B/DME-596B, mas a certeza de que o DVOR, assim como ocorreu com o VOR convencional no passado, trará mais segurança, fluidez e qualidade para a atividade de controle do espaço aéreo brasileiro.


DECEA inaugura novo portal na Internet Após quatro meses de pesquisas, produção de conteúdo, programação de dados, criação visual, redação - e outras demandas relacionadas aos processos de concepção, criação e produção -, está no ar o novo site de Internet do Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Desenvolvido pela Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) do DECEA, o novo veículo sela o início de uma nova fase para a instituição, no que diz respeito ao uso eficaz da mídia digital e das funcionalidades proporcionadas pelas novas tecnologias da informação na grande rede para a comunicação com o público externo. Por meio de uma plataforma de longo alcance e baixo custo, usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

(SISCEAB), militares, servidores civis, formadores de opinião, fornecedores, imprensa, estudantes, dentre outros poderão, a partir de agora, estabelecer contato permanente e serem facilmente atingidos por meio dos recursos da nova publicação digital. Trata-se de um importante instrumento para a promoção e divulgação institucional do DECEA. Um veículo prontamente planejado e desenvolvido para, em termos gerais, informar e esclarecer a toda sociedade brasileira o alto grau de eficiência e segurança de nossas atuações - freqüentemente tomadas como referência internacionalmente -; a magnitude de nossa infra-estrutura; nossa mão-de-obra qualificada; nossos sistemas e equipamentos de alta tecnologia e, sobretudo, a relevância estratégica do trabalho do DECEA para a soberania nacional.

Conheça os novos recursos do Portal do DECEA A comunicação por meio de um portal corporativo de Internet é uma tarefa estratégica. Nele há recursos e ferramentas disponíveis que foram planejados em função das necessidades detectadas e, sobretudo, dos objetivos de comunicação estabelecidos pela organização. Conheça os recursos oferecidos pelo Site: 1. Uma abrangente fonte de pesquisa e estudo sobre os serviços prestados à sociedade pelo DECEA. Disponibilização on-line de informações detalhadas e ilustradas, em linguagem clara e objetiva, sobre os serviços de Gerenciamento de Tráfego Aéreo, Cartografia Aeronáutica, Meteorologia Aeronáutica, Cartografia Aeronáutica, Busca e Salvamento, Tecnologia da Informação, Telecomunicações Aeronáuticas, Informações Aeronáuticas (AIS) e Inspeção em Vôo. 2. Conteúdo institucional completo e atualizado sobre o DECEA: estrutura organizacional; infra-estrutura de operação; atuação cotidiana; instalações físicas; Divisões, Subdepartamentos, Unidades e outras organizações militares; missão; valores; visão e história. 3. Uma página de conteúdo para cada uma das 15 organizações militares subordinadas ao DECEA. Cada uma fornece ao leitor, usuário, pesquisador, servidor, dentre outros, dados sobre sua respectiva área de atuação; estrutura organizacional e operacional; contatos, mapas e endereços; bem como o histórico de cada uma das OM. 4. Disponibilização de todos os sites de serviços e funcionalidades on-line tais como: Redemet, AIS Web etc. 5. Acesso a determinadas páginas de serviços internos através da Internet em ambiente restrito, acessível por meio de senha. 6. Banco de Artigos escritos por especialistas e servidores do DECEA, organizados por assunto e disponibilizados em PDF com a fotografia do autor. 7. Clipping Digital atualizado diariamente. As edições diárias serão arquivadas e poderão ser acessadas por

meio de mecanismos de busca interna no Site. 8. Disponibilização de todas as edições da Revista Aeroespaço em arquivos mais leves (formato PDF). 9. Disponibilização dos Vídeos Institucionais da organização e de suas unidades subordinadas, através da tecnologia de streaming media que possibilita a veiculação dos filmes em alta qualidade e tempo real. 10. Uma Galeria de Imagens continuamente alimentada por registros de eventos e acontecimentos históricos de nossa instituição. 11. Matérias, reportagens e tutoriais especiais - didático/ explicativos - sobre o SISCEAB; vídeos informativos; imagens, quadros-sínteses e fluxogramas interativos, dentre outros. 12. Outras funcionalidades. Visite o novo site: www.decea.gov.br 27



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