Revista Aeroespaço 72

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N OT Í C I A S A n o

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PATRIOTISMO: SERVIR A PÁTRIA É A NOSSA ESSÊNCIA


NOTÍCIAS - Ano 16

n 0 72 | Setembro 2019 | www.decea.gov.br

04 REPORTAGEM Missão de Assistência Integrada Itinerante promove acolhimento e valorização por todo o País o objetivo do DECEA é atender às demandas sociais, psicológicas e de saúde do seu efetivo e respectivas famílias. 10 REPORTAGEM Departamento de Valores Programa de Fortalecimento de Valores promove ações que estimulam a adoção e a vivência prática de valores fundamentais para o DECEA e a FAB.

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ARTIGO Por uma vida com qualidade DECEA lança um olhar holístico, pontual e personalizado para cada componente do seu efetivo na implementação do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho.

18 ARTIGO DECEA: ADS-B na Bacia de Campos - uma história de sucesso A sinergia entre os representantes da comunidade ATM e a consolidação de um legítimo trabalho de decisão colaborativa garantem a segurança e a eficiência das operações aéreas.

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22 ARTIGO Conhecendo o Quadro de Oficiais Especialistas em Controle de Tráfego Aéreo (QOECTA) A história conta que a DEPV lutou pela reativação da formação do QOECTA, face aos sérios prejuízos que estavam sendo causados às áreas que dependiam do trabalho desses profissionais.

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25 ARTIGO A nova atmosfera e o novo controle do espaço aéreo O DECEA, na gestão do tráfego aéreo, está implementando procedimentos que ampliam a eficiência das operações em rota e nas Áreas de Controle Terminal. 28 REPORTAGEM Unidos em prol do esporte e da educação Projetos Sociais desenvolvidos nas organizações militares da FAB promovem inclusão social às crianças e jovens de todo o Brasil.

28 Expediente Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Coronel Aviador Reformado (MTB 38412 RJ) Coordenação de pauta e edição: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Redação: Denise Fontes (RJ 25254 JP) Telma Penteado (RJ 22794 JP) Projeto Gráfico/Diagramação: Aline da Silva Prete (MTB 38334 RJ)

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Fotos: Fábio Maciel (RJ 33110 RF) Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer Email: contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2101-6031 Editada em setembro - 2019

Nossa capa A 1º Tenente Charlene – na foto de Fábio Maciel – revela que servir a Pátria é a nossa essência


EDITORIAL

Fortalecimento de valores e Qualidade de Vida para todos

O

s novos tempos de fortalecimento de valores, de qualidade de vida e, principalmente, de

nosso valor do mês de setembro, que é o patriotismo. O outro é o Programa de Qualidade de Vida

integração trazem um reflexo positivo para todo o

no Trabalho, coordenado pelo Subdepartamento de

DECEA (efetivo e serviços prestados).

Administração (SDAD). A busca por qualidade de vida

Exemplos são retratados no conteúdo desta

de todos os colaboradores é a meta do DECEA, que

edição 72 da Aeroespaço, quando legitimamos o

compreende a relevância de sensibilizar o efetivo

trabalho de decisão colaborativa na garantia da

sobre a importância da mudança de hábitos para

segurança e da eficiência das operações aéreas na

adoção de uma vida mais saudável e equilibrada.

Bacia de Campos. O artigo registra um marco para o

No artigo “A nova atmosfera e o novo controle

gerenciamento do tráfego aéreo brasileiro, quando

do espaço aéreo”, o autor evidencia a importância

o DECEA operacionalizou a vigilância de¬pendente

da realização do monitoramento da utilização dos

automática por radiodifusão (ADS-B) no espaço aéreo

combustíveis e das emissões de gases de efeito

offshore da Bacia de Campos.

estufa. Valoriza, ainda, o trabalho do DECEA,

Fomos presenteados, em um artigo, com a

em conjunto com outras instituições, em prol de

história, de quase 70 anos, da criação do quadro de

melhorias e otimizações dos sistemas e processos

oficiais especialistas em controle de tráfego aéreo,

que envolvem a aviação. O artigo trata das ações de

profissionais que merecem ser valorizados pelas suas

mitigação adotadas no Brasil, que contribuirão para

trajetória e dedicação ao SISCEAB.

o aprimoramento da aviação atrelado ao menor

Destacamos, em uma reportagem, a Missão de Assistência Integrada Itinerante, que vem

impacto no meio ambiente. Na última reportagem desta edição,

promovendo acolhimento e valorização para o

promovemos os projetos sociais desenvolvidos nas

efetivo e sua família em todo o País, no atendimento

organizações militares do DECEA de inclusão social

às demandas sociais, psicológicas e de saúde nos

de crianças e jovens. A evolução não se restringe

Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEAs)

apenas ao comportamento dessas pessoas, reflete-

mais isolados.

se, também, no desempenho escolar desses alunos.

No DECEA, dois grandes projetos estão em

Consequentemente, a partir da convivência no

andamento. Um deles é o Programa de Fortalecimento

ambiente militar, questões de valores, patriotismo e

de Valores (PFV), que promove ações que estimulam a

honestidade são absorvidos por eles, que valorizam

adoção e a vivência prática de valores fundamentais.

a oportunidade ofertada pelas organizações para

O PFV está estampado em nossa capa, remetendo ao

alcançar um futuro promissor.

Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas Diretor-Geral do DECEA

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REPORTAGEM

Missão de Assistência Integrada Itinerante promove acolhimento e valorização por todo o País Por Denise Fontes

Macapá Santarém Imperatriz

Tefé

Fernando de Noronha

Cruzeiro do Sul Maceió Petrolina

Rio Branco Vilhena

Aracaju

Sinop Bom Jesus da Lapa Chapada dos Guimarães

Porto Seguro

Barra do Garças

Três Marias

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ARTIGO

A

ajuda vem do céu. E, mais do que bem-vinda, é imprescindível. Nos últimos três anos, foram contabilizados 7.369 atendimentos nas Missões de Assistência Integrada Itinerantes realizadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Na maioria, acontece em localidades carentes de recursos de saúde ou de difícil acesso, onde muitas vezes só é possível chegar a bordo de aeronaves. É o caso de Fernando de Noronha, onde a população da ilha pernambucana carece de profissionais e infraestrutura de saúde, impactando diretamente na vida dos militares e dependentes do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Fernando de Noronha (DTCEA-FN). No Destacamento de Cruzeiro do Sul (DTCEA-CZ), a cerca de 120 Km da fronteira com o Peru, situado no extremo ocidente do Brasil, a realidade não é diferente. A localidade é isolada e a deficiência na área de saúde é uma realidade para o efetivo e seus familiares. Por esta razão, em 2017, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por meio da Divisão de Assistência Integrada (DAIN) do Subdepartamento de Administração (SDAD), implantou a Missão de Assistência Integrada Itinerante com o objetivo de atender às demandas sociais, psicológicas e de saúde do seu efetivo e das suas respectivas famílias.

A iniciativa conta com o apoio do Comando-Geral do Pessoal (COMGEP) e da Diretoria de Saúde da Aeronáutica (DIRSA) na indicação de médicos, e do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) no transporte de profissionais e equipamentos. Para o chefe do SDAD do DECEA, Brigadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Junior, a realização da Missão de Assistência Integrada Itinerante é fundamental na promoção da saúde física e mental do efetivo e de seus dependentes, em especial dos Destacamentos mais isolados. “A saúde e o bem-estar do homem são indispensáveis para o desempenho profissional e, consequentemente, para prover um serviço de controle do espaço aéreo com mais eficiência”, pontua o oficial-general. Somente em 2019, já foram contemplados 17 Destacamentos, sendo três subordinados ao Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) – Três Marias, Barra do Garças e Chapada dos Guimarães; seis Destacamentos do CINDACTA III – Bom Jesus da Lapa, Fernando de Noronha, Porto Seguro, Petrolina, Maceió e Aracaju; e oito do CINDACTA IV – Sinop, Macapá, Santarém, Imperatriz, Vilhena, Tefé, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Durante a missão itinerante, uma equipe multidisciplinar presta atendimento nas áreas de clínica médica, cirurgia geral, oftalmologia, dermatologia,

Oftalmologia – uma das áreas mais procuradas durante a missão no DTCEA-FN

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otorrinolaringologia, cardiologia, ortopedia, ginecologia, pediatria, psicologia, assistência social e odontologia, atuando tanto no tratamento quanto em atividades de prevenção.

dos espaços para os atendimentos das demandas de saúde, a desmontagem dos equipamentos e a locomoção para outro Destacamento ou o retorno para a sede.

Os profissionais que trabalharam nas missões fazem parte dos Hospitais de Aeronáutica de Manaus (HAMN), Belém (HABE), Recife (HARF) e Brasília (HFAB); das Odontoclínicas de Aeronáutica de Recife (OARF) e Brasília (OABR); do Grupamento de Apoio de Manaus (GAP-MN), dos Esquadrões de Saúde de Salvador (ES-SV), Natal (ES-NT) e Lagoa Santa (ES-LS).

O apoio logístico prestado pelo COMAE foi fundamental para realizar o transporte das equipes de saúde, equipamentos e materiais médicos e odontológicos, permitindo chegar aos locais mais longínquos com rapidez e segurança.

Ao todo, 181 militares e civis estiveram envolvidos nas missões, em um trabalho de interação, parceria e comprometimento dos profissionais, viabilizando, assim, os resultados positivos.

Envolvimento e Mobilização A Missão de Assistência Integrada Itinerante varia de região para região, o que representa os desafios enfrentados e a capacidade de adaptação da organização. Cada Destacamento oferece um tipo de estrutura, de acordo com suas possibilidades. As ações são realizadas em Postos de Atendimento, na própria organização militar, em locais de órgãos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS) ou nas instalações do Exército Brasileiro. Para realizar a missão, foi necessário um grande trabalho de logística. Os Destacamentos providenciaram o deslocamento, a montagem, a organização

FAB ajuda a encurtar distâncias e atua no apoio ao transporte de profissionais e equipamentos

Participaram das missões, os Esquadrões Pastor (2º ETA) - Parnamirim (RN); Guará (6º ETA) - Brasília (DF); Cobra (7º ETA) - Manaus (AM); Tracajá (1º ETA) - Belém (PA). O Correio Aéreo Nacional (CAN) cumpre, também, um importante papel nas missões itinerantes. O apoio do CAN em Manaus, Belém, Recife e Brasília foi primordial para levar atendimento médico e odontológico em regiões de difícil acesso.

Parcerias Duas palavras sintetizam o estreitamento dessa relação: solidariedade e operacionalidade. A primeira caracteriza a devida assistência prestada aos militares e seus dependentes, já a segunda, diz respeito à pronta resposta nos atendimentos. Para o comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Tefé (DTCEA-TF), Tenente Especialista em Meteorologia Edson Queiroz de Oliveira, a missão para o efetivo é muito valiosa: “Eles se sentem valorizados e nós recebemos os bônus por tabela, pelo trabalho dos médicos, por representarem bem a instituição. Isso é retribuição. Os atendimentos, em sua maioria, foram para o pessoal do Exército Brasileiro, mas o que o EB faz pela Aeronáutica aqui em Tefé é impagável. Isso fortalece o relacionamento das três Forças Armadas, que se solidifica com essas missões”, revela. Em Tefé, o apoio estrutural foi dado pela 16ª Brigada de Infantaria de Selva, comandada pelo General de Brigada Carlos Feitosa Rodrigues. “As caravanas de saúde do EB são bem semelhantes às missões itinerantes da FAB, uma complementa a outra. Ambas trazem o atendimento de saúde na ponta da linha com especialistas que não há no posto médico da guarnição. Por isso, quando acontecem essas caravanas ou missões, o número de pacientes aumenta e torna-se importante

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Experiência prazerosa durante o atendimento da Capitão Alessandra em Barra do Garças

essa complementaridade. Nessas ocasiões, a família militar consegue entender que o apoio de saúde que é dado pelas Forças Armadas, de certa forma, é um conforto e dá credibilidade ao sistema” - ressalta. A integração entre a FAB e os órgãos públicos também foi um diferencial da Missão de Assistência Integrada Itinerante, a exemplo de Barra do Garças (MT), Chapada dos Guimarães (MT), Macapá (AP) e Vilhena (RO). No caso do DTCEA-VH, o DECEA contou com a parceria do Centro Especializado em Reabilitação Dr. Nazareno (CER), órgão público do Sistema Único de Saúde (SUS), que cedeu consultórios para os atendimentos médicos, odontológicos e psicológicos. Os atendimentos foram extensivos à população carente de Vilhena. A ação foi elogiada por desonerar as filas de espera para as especialidades e pela qualidade nos serviços oferecidos pelos militares da FAB. “O cidadão se sente acolhido e vejo como fator principal nessa parceria entre a Aeronáutica e a Prefeitura a disposição em ajudar o próximo”, relatou a secretária-executiva da Saúde em Vilhena, Sandramar Lemes do Nascimento. Em Macapá, um capitão médico do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Amapá se voluntariou para apoiar com atendimento em cirurgia-geral e cardiovascular. “Sabemos que o sistema público de saúde do País é precário, conseguir

uma consulta é bastante complicado. Então, se eu posso atender em parceria com outra Força, por que não me voluntariar? Isso é excepcional!" – declarou Prisco de Paiva Bezerra Segundo. Essas ações criam um ambiente harmonioso que reflete não só no plano social, como também no ambiente de trabalho. “Para o efetivo da saúde do Hospital de Aeronáutica de Manaus, participar dessas missões é muito mais do que praticar saúde, é poder tornar real o lema da Força Aérea: ‘Controlar, Defender, Integrar’. E não há sentimento melhor do que o advindo do cumprimento da missão, com o reconhecimento do público atendido. Ter a oportunidade de participar nos faz sentir orgulhosos por sermos profissionais da saúde e militares da Força Aérea Brasileira”, afirma a diretora interina do HAMN, Tenente-Coronel Médica Lúcia Félix.

Ações de promoção à saúde A missão não se restringiu apenas aos atendimentos médico e odontológico, também foram realizadas campanhas de vacinação, ações preventivas e palestras socioeducativas. Dentre os temas abordados destacam-se gerenciamento de estresse, prevenção ao suicídio, doenças sexualmente transmissíveis, valorização da vida e educação financeira. Os militares tiveram, também, a oportunidade de conhecer e esclarecer dúvidas sobre a concessão dos 7


fraturas na clavícula e em uma das costelas. O Sargento foi encaminhado imediatamente para o Hospital de Aeronáutica de Recife para fazer a cirurgia. “Estou muito feliz e agradecido por toda assistência que recebi de todos os profissionais envolvidos na missão”, destacou o militar com gratidão pelo atendimento.

Participação de dentistas, tanto no tratamento quanto em atividades de prevenção

Benefícios Sociais do Comando da Aeronáutica. Outras iniciativas também tiveram suas atenções voltadas ao efetivo. Visitas institucionais, credenciamentos de clínicas, laboratórios e hospitais e convênios com instituições de ensino, com a disponibilização de vagas para cursos oferecidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) para os soldados dos Destacamentos.

Resultados alcançados Os beneficiados com a Missão de Assistência Integrada Itinerante são cidadãos como o Sargento Jameson Vicente da Silva, da seção Técnica do Destacamento de Porto Seguro. Ele sofreu uma queda no ombro esquerdo e, graças à missão, foi atendido pela Tenente Ortopedista Fioretti, que diagnosticou

Foi oferecido acesso a diversos atendimentos médicos e ações de promoção à saúde

A precisão do GAD ao apontar obstáculos nas superfícies próximas a aeródromos é um dos ganhos operacionais da ferramenta

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Em Petrolina, um dos pacientes atendidos foi o Sargento Joel Souza dos Santos, para quem a missão fez toda a diferença. “Eu estava sofrendo bastante com um grave problema na perna e no quadril direito e precisava de cirurgia de artroplastia total para voltar a andar e melhorar minha qualidade de vida. A intervenção da Tenente Priscila Queiroz, assistente social do CINDACTA III, foi primordial para que finalmente fosse colocada a prótese no quadril. Só posso agradecer a todos que ajudaram a resolver o meu problema de saúde” – disse o graduado. Para a Tenente Priscila, a missão estreitou e fortaleceu o elo entre o Serviço Social e o efetivo de Petrolina. “A profissão do assistente social exige que nos coloquemos no lugar do outro e não nos limitemos diante das dificuldades. É assim, que enxergo a minha atividade, em prol do bem-estar do usuário. Na visita domiciliar, pude ver o sofrimento físico, psicológico e financeiro do Sargento Joel e de sua esposa, e estou feliz em poder ajudar em suas necessidades”, destaca a Tenente Priscila. Outro caso relevante foi o de Dona Heida, diagnosticada com pólipo endocervical - bem comum nas pacientes com idade entre 30 e 50 anos e em mulheres que já chegaram à menopausa. Heida é mãe do Soldado Bruno Amaral Macedo, do DTCEA-TF. A família já estava juntando dinheiro, cerca de 5 mil reais, para que ela fizesse o procedimento em Manaus. Mas a preocupação maior não era o custo do procedimento e das despesas da viagem, e sim as questões familiares. O soldado Amaral possui mais três irmãos menores, de dois, 10, e 14 anos, que dependem muito da mãe. O pai trabalha e não teria com quem deixar as crianças nesse período de afastamento da mãe. Após fazer uma ultrassonografia na paciente, a Tenente-Coronel Médica Rosieny Santos Soares Ferreira, ginecologista do HAMN, fez o procedimento de retirada do pólipo e, em menos de 45 minutos, tudo estava resolvido. "A missão itinerante do DECEA mostra que a FAB está preocupada com seus militares. Às vezes, o paciente tem um problema


pequeno, como foi o caso do pólipo que tratei com procedimento simples no consultório e, para a paciente o caso teria que ser resolvido em Manaus, gerando custo para a família" - revelou a médica. Para o diretor do Hospital de Aeronáutica de Recife, Coronel Médico Francisco Eliomar Gomes de Oliveira, essa experiência mudou a vida de muita gente: “A missão tem a finalidade de realizar medicina preventiva e curativa. Estamos aqui para apoiar os militares e seus familiares da melhor maneira possível, pois não existe nada mais importante do que a vida do ser humano”. O Sargento Fabio Brasil Foly, do Destacamento de Bom Jesus da Lapa, descreve a ação como um ato de valorização ao militar que serve em organizações distantes dos grandes centros. No seu depoimento, disse que para atendimento médico, tem que se deslocar para o Hospital da Força Aérea de Brasília (HFAB). “Por isto, esta missão é de suma importância, nos sentimos reconhecidos quando temos alguém olhando por nós”. A jornada de trabalho das equipes de atendimento foi intensa. Mas, ao final das missões, todos saíram plenamente satisfeitos com os resultados alcançados. E nos próximos meses, Destacamentos do Sul do País também serão contemplados com a Missão de Assistência Integrada Itinerante. “Para nós, que fazemos parte do Sistema de Saúde da Aeronáutica, atingir esses usuários é um misto de dever e de prazer, por estar levando o apoio a quem tão bem realiza seu trabalho,

Dentistas realizam diversos procedimentos

nos mais longínquos lugares de nosso imenso Brasil”, destaca o vice-diretor do Hospital de Aeronáutica de Brasília, Coronel Médico Laerte Moraes. Assim, a Missão Itinerante e os profissionais envolvidos acolhem os que precisam de apoio e essas ações têm valorizado o efetivo dos Destacamentos, que passa a entender melhor o conceito de apoio ao homem prestado pela FAB. Para o diretor-geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas, ações como essa ressaltam a missão institucional da Força Aérea Brasileira, de integração do território nacional. “A iniciativa faz com que o efetivo se sinta acolhido e valorizado, além de contribuir para qualidade de vida dos militares e seus dependentes" – ressalta o oficial-general.

Sargentos Jameson (DTCEA-PS) e Joel (DTCEA-PL) – beneficiados com a Missão de Assistência Integrada Itinerante 9


REPORTAGEM

Departamento de Valores Por Telma Penteado Fotos de Fábio Maciel

Quanto vale sua carreira? Quanto vale uma amizade? Qual o valor de uma medalha? E o de um abraço? Você se sente valorizado? Quem você valoriza? A sua palavra tem valor? E a sua vida?

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mos a quem os defendia. E, nos céus da Itália, vencemos. Nosso sangue brasileiro foi derramado em prol de algo muito valoroso.

P

ara o prédio onde você trabalha ser construído, antes de ter um terreno, antes de preparar o cimento e separar os tijolos, antes mesmo de contratar uma construtora, muito foi feito para que hoje você possa adentrar sua unidade, andar pelos corredores até à sua sala e começar seu dia de labuta. Muito foi feito tanto por aqui, quanto por aí, na sua vida. Posso ousar dizer que este exato momento em que você lê esta frase é, em verdade, o momento de uma união profunda. Agora, para que tudo isto esteja acontecendo, sua jornada de vida encontra uma jornada de muitas outras vidas: a de todos que mantêm este Sistema funcionando. Alguém um dia teve uma ideia. E quis realizar um sonho. Quis que algo acontecesse para que se criasse uma realidade. Era tempo de grandes mudanças numa escala global. Uma luta estava sendo travada. As metas eram distintas para grupos distintos, mas os verdadeiros valores eram um só. E nos uni-

Aqui, por nossas terras, o céu ganhava ainda mais proteção. Com o empenho de muitos, estávamos ainda mais seguros. Muitos anos se passaram até que você veio ao mundo! Foi recebido e educado segundo as escolhas da sua família e cresceu podendo seguir as suas próprias – mantendo as que já tinha incorporado e trazendo outras que passaram a fazer sentido através das suas experiências pessoais. Isso mesmo. As escolhas de outras pessoas edificaram tudo o que hoje existe. E as suas edificaram sua vida como ela é. E, se você está lendo este texto – esta espécie de carta –, é porque, certa vez, as suas decisões coincidiram com a deste Sistema. Pode até parecer óbvio, mas não negue... é bem curioso, não é? Em sintonia com as práticas da Força Aérea Brasileira (FAB), queremos que você pare um pouquinho o que estiver fazendo para atentar ao que serve de base para suas tomadas de decisão. Será que você está alinhado com a gente? Será que estamos alinhados contigo? Será que seus pensamentos estão alinhados com suas ações? Podemos, desde já, fazer um alerta: a falta de congruência e a falta de VALORES faz mal à saúde! Mas não se preocupe. Esta Organização está aqui justamente para te auxiliar. A cada mês traremos

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um VALOR para sua reflexão. E, dentro de cada mês, teremos mais quatro valores para intensificar o tratamento. O Programa de Fortalecimento de Valores (PFV) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), que foi implementado oficialmente no dia 26 de agosto - em homenagem ao Dia do Soldado (25/08) - é o reconhecimento de que ter um norte a seguir é fundamental tanto para o desenvolvimento de uma organização, quanto para o aprimoramento pessoal de cada membro que constitui seu efetivo. Amparado pelo Manual do Comando da Aeronáutica - MCA 909-1, o PFV tem por objetivo promover ações que estimulem a adoção e a vivência prática de valores fundamentais para o DECEA e para a FAB. Desta maneira, nossos CAPDC - Canais de Atendimento à Pessoa em Desenvolvimento Contínuo (a saber: Revista Aeroespaço, TV Mural, Intraer, dentre outros) trabalharão a cada mês um valor principal, que, por sua vez, será detalhado semanalmente junto com outros valores correlatos.

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A disseminação de conceitos e valores e o despertar do interesse pessoal ao que nos une como coletivo nos permitirão vivenciar um enriquecimento moral e manter a coesão deste complexo sistema para o qual prestamos grande parte de nossas energias. Serão como doses homeopáticas de sabedoria que farão, a um só tempo, conhecer mais sobre esta organização e sobre você mesmo! Veja mais:

Uso audiovisual Prepare-se para ler, ouvir e ver diversos materiais que deixarão você antenado com o que há de melhor na nossa Bolsa de VALORES.

Composição Reportagens, vídeos, palestras, debates, artigos, entrevistas e dicas de atividades que corroborem com este Norte que se pretende firmar. Cada semana, um tipo de abordagem para cada VALOR.


A quem é indicado A todos que desejam evoluir, buscar autoconhecimento e se alinhar com nossa organização.

Como funciona Tendo um tempo para trocar experiências e ampliar seus horizontes, procure nosso conteúdo em nossos sites e pronto! Já estará recebendo tudo aquilo que VALORIZA você.

Contraindicações Seu uso é contraindicado se não puder parar o trabalho que está fazendo e se não estiver podendo doar genuinamente sua atenção.

✈ Maior compreensão da vida ✈ Maior lucidez para tomadas de decisão ✈ Mais entrosamento com os colegas ✈ Aumento da autoestima

Efeitos colateriais Só foram percebidos efeitos colaterais nas pessoas que não usufruíram deste manancial de Valores, tais como: ✈ Falta de real propósito ✈ Falta de compreensão e tolerância ✈ Dispersão e sentimento de desconexão ✈ Baixa autoestima ✈ Falta de perspectivas

Posologia

Efeitos esperados ✈ Mais conhecimento ✈ Sentimento de leveza de alma

Os conteúdos estarão publicados na nossa Intraer e em edições da Revista Aeroespaço. Siga a tabela abaixo e ingira-os com constância e motivação.

Mês Valor Principal Valores Agregados Agosto

Integridade

responsabilidade, congruência, verdade e ética

Setembro

Patriotismo

cidadania, pertencimento, doação e reconhecimento

Outubro

Tradição

rituais, família, cultura e referências

Novembro

Comprometimento

espírito de corpo, lealdade, metas e motivação

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Valor do Mês : Patriotismo

“Brava Gente Brasileira, longe vá, temor servil; ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil. Ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil”. Assim, em 1822, Dom Pedro I e o poeta Evaristo da Veiga a um só tempo celebraram a Independência do Brasil e publicaram uma verdadeira ode à Pátria. Dizem os dicionários que a palavra Patriotismo vem do latim Patriota, que, por sua vez, vem do grego que significa “do mesmo país”. A princípio, a referência era ao solo, à terra, à região geográfica. Mas esta percepção tomou outro nível de abrangência quando, no século XVIII, abarcou não só o território, como também suas características culturais, seus costumes, tradições e, principalmente, sua história. Desta maneira, quando falamos em Patriotismo, falamos de uma identificação e de um amor a todo este universo riquíssimo e complexo, próprio da ação humana. Quando trazemos para a concepção do valor abordada pelo Manual do Comando da Aeronáutica - MCA 909-1, vemos que “Patriotismo é o amor das pessoas pelo país em que nascem, ao qual se prendem pelos sentimentos mais íntimos e profundos que possuem. O termo Pátria indica a terra natal ou adotiva de um ser humano, que se sente ligado por vínculos afetivos, culturais, valores e história”. É justamente nesta relação entre individual e coletivo – entre cidadão e Pátria – que se dá a concretização do valor em forma de ações, de condutas. Francis Bacon, filósofo, cientista, ensaísta inglês, considerado como o fundador da ciência moderna, argumentou que “o amor da pátria começa na família.” E sabemos disso. Afinal, a família é a primeira estrutura educacional com a qual temos contato em nossa tenra infância. Este sentimento será posteriormente sedimentado em outras instituições, como as escolas, por exemplo. A conexão entre indivíduo e coletivo, a compreensão dos conceitos de Nação, de Pátria, está intrinsecamente relacionada à esfera das emoções. “A noção de Pátria tem um forte potencial emocional evocativo, enfatizando a ideia de continuidade histórica de um povo por meio do sentimento do patrimônio comum de ideais, aspirações, 14

valores existenciais e comportamentos herdados dos antepassados, que devem ser considerados e enriquecidos para serem transmitidos às gerações vindouras”, comenta o MCA. Bandeira, hinos, brasão, riquezas naturais e imateriais de um povo. Há muito a que se orgulhar e mais ainda a se preservar. Sim, a Pátria faz por nós. Mas não só podemos, como devemos, fazer por ela. John Kennedy imortalizou a frase: “não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela”. A Pátria é a representação de um povo. Ela é o que fazemos dela. Lá na virada do século XIX para o XX, o jornalista e cronista Olavo Bilac, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, parecia descrever o que hoje muitos pensam: “o que me amedronta é a míngua de ideal que nos abate. Sem ideal, não há nobreza de alma, sem nobreza de alma, não há interesse, sem interesse, não há coesão, sem coesão não há Pátria”. Tal é o poder de um Valor. Tal é a sua grandeza e sua capacidade de nortear nossas ações. Não é só em ocasiões desportivas que devemos saudar o Brasil. É todo dia, a cada escolha moral, a cada atitude para com o outro, para o que é do coletivo. Servir a Pátria é nossa essência. Nossa missão por excelência.


ARTIGO

Por Telma Penteado Fotos de Fábio Maciel Ilustração: Aline Prete ©freepik

Por uma vida com qualidade T

em coisas na vida que não se pode dissociar. Uma delas é o indivíduo do coletivo, a outra, as pesso-

as da empresa. Parece óbvio dizer que uma empresa só existe porque é formada por indivíduos que nela trabalham, mas, na verdade, não é bem assim. Para muitos, a empresa é uma entidade distinta das pessoas; um organismo com vida própria com o qual cada profis-

que uma parte está atrelada à outra. Um é a exten-

sional estabelece uma relação.

são do outro e o que acomete uma pessoa, impacta

Quando vista desta maneira dissociada, a relação entre empresa e profissional se distancia, podendo implicar em grandes prejuízos de parte a parte.

no coletivo. Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é justamente a mensuração do grau de satisfação que o profis-

Comunicação, Recursos Humanos, Serviço Social,

sional (consultor, colaborador, civil ou militar) tem

Departamento Pessoal e outras áreas entram em

tanto com o local onde presta seu serviço, quanto em

ação para estreitar este laço e trazer a consciência de

relação às atividades que desempenha. 15


Motivação, foco, reconhecimento, engajamento, planos de crescimento profissional, sinergia, segurança e saúde, tudo isto (e muito mais) encontra acolhimento na Cultura Organizacional. Há exatos dez anos, em setembro de 2009, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) lançava sua primeira Pesquisa de Clima Organizacional (PCO), produzida e aplicada pela Assessoria de Comunicação Social (ASCOM). Realizada por amostragem, a PCO foi feita através de questionário eletrônico e de forma anônima, com o objetivo de conhecer a realidade dos militares para, com os dados levantados, desenvolver melhorias que promovessem bemestar e estimulassem a integração de cada profissional ao Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Desde então, as pesquisas vêm sendo aplicadas tanto para militares, quanto para civis, trazendo bons frutos e muitas melhorias. No final de 2018, outra pesquisa, coordenada pela Divisão de Assistência Integrada (DAIN) em conjunto com a ASCOM, voltou-se para as múltiplas demandas do ambiente de trabalho. A Pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho permitiu uma análise aprofundada das informações coletadas e culminou com a implantação de ações com foco no fortalecimento do bem-estar do efetivo e na melhoria do ambiente organizacional.

Placas de Energia Solar em Tiriós e Pesquisa de Clima Organizacional - tudo em prol do bem-estar

16

Assim, em 26 de agosto deste ano, atendendo à Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 1647, o Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT) foi implementado por pessoas para pessoas. Nela foi lançado um olhar holístico, pontual e personalizado para cada indivíduo. Embora trabalhando por um mesmo objetivo final, o PQVT é um universo singular com necessidades de atenção, prevenção e promoção que podem ser atendidos por quatro eixos: Físico, Emocional, Social e Espiritual, que balizam o Programa. Cabe destacar que com as mudanças advindas do recente processo de Reestruturação da Força Aérea, são observadas a criação de novas unidades, aliadas as demandas das áreas operacionais e de saúde. O crescimento da aviação no cenário mundial acarretando novas demandas, desenvolvimento de novas tecnologias e o surgimento de novos negócios colocam a todos – autoridades e profissionais da área do Controle do Espaço Aéreo – frente a novos desafios que, por mais estimulantes que sejam, podem, por vezes, exigir mais do que possamos lidar num primeiro momento. Somados à pressão da vida corrida que levamos, ao sedentarismo, à má alimentação, ao estresse e à ansiedade (que é tida como o mal do século), muitos são os vetores que, juntos, geram impactos em cada pessoa que, por sua vez, trazem estas impressões para sua performance no trabalho.


Ações do DECEA para Qualidade de Vida do Efetivo

Justamente, neste sentido, profissionais de áreas correlatas à dimensão humana no contexto institucional – como assistentes sociais e psicólogos – se reuniram para tratar do planejamento de mais ações que aprimorem o ambiente, a fim de impactar positivamente e no desempenho de cada um. Como bem destacou o chefe do SDAD, Brigadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Junior, "tais ações perpassam os valores da humanização, do respeito ao próximo, da família, da solidariedade e da ética”. Os temas abordados nestes estudos e os projetos por este grupo elaborados caracterizam-se por sua abrangência: - saúde física e mental: levada ao efetivo através das Missões de Assistência Integrada Itinerante e pelo Programa de Valorização da Vida (PVV); - ações de sustentabilidade: como a elaboração e a implementação dos Planos de Logística Sus-

tentável do DECEA e de suas unidades subordinadas, visando à prevenção de riscos e prejuízos ao meio ambiente e o estreitamento de vínculos entre os profissionais, seus familiares, a comunidade e o meio ambiente; - atendimento à pessoa com deficiência: com a promoção de palestras e debates de temas como o Autismo; e - identificação dos riscos ocupacionais no ambiente de trabalho: ações preventivas, promocionais e socioeducativas, que visam propiciar condições plenas de desenvolvimento humano no ambiente de trabalho. A busca por qualidade de vida de seus colaboradores é a meta do DECEA, que compreende a relevância de “sensibilizar o efetivo sobre a importância da mudança de hábitos para adoção de uma vida mais saudável e equilibrada”, conforme preconizado na ICA 164-7. Para saber mais sobre o PQVT, navegue pelo link disponível na Intraer do DECEA. Analisar continuadamente o ambiente de trabalho, atuar no gerenciamento dos pontos mais críticos e demonstrar a real preocupação com as necessidades de seu efetivo são metas deste Departamento. “Estudos como estes que fazemos através das Pesquisas de Clima Organizacional e do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho são fundamentais para nortear as nossas ações de comando voltadas para todos que atuam no SISCEAB, empregando horas preciosas de suas vidas, bem como colocando seus conhecimentos a serviço do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro”, declarou o Diretor-Geral do DECEA, TenenteBrigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas.

17


ARTIGO

DECEA: ADS-B

na Bacia de Campos uma história de sucesso Por Capitão Especialista em Comunicações Marcelo Mello Fagundes Fotos: PETROBRAS/DECEA

D

ia 8 de novembro de 2018 registrou um marco para o Gerenciamento do Tráfego Aéreo Brasileiro: o DECEA ope-

racionalizou a Vigilância Dependente Automática por Radiodifusão (ADS-B) no espaço aéreo offshore da Bacia de Campos. A região, relevante por sua concentração de petróleo, corresponde a uma área remota de cerca de 100 mil km2, subjacente à Área de Controle Terminal Macaé (TMA-ME), estendendo-se além de 120 NM da costa. As operações aéreas são realizadas por helicópteros voando de 500ft a 4500ft entre o continente Transporte de cargas e pessoas na região oceânica remota

e as plataformas de prospecção para o transporte de cargas e pessoas. A eficiência na provisão do Controle de Tráfego Aéreo (ATC) era limitada pelo alcance do RADAR PSR/SSR (primário e secundário de vigilância) instalado no aeroporto de Macaé e à aplicação de separações convencionais. Condições meteorológicas e de baixa visibilidade em alto mar aumentavam as preocupações relativas à manutenção da segurança operacional. A grande concentração de tráfego aéreo apontava para a necessidade de melhoria dos serviços de informações de voo e alerta existentes. A ADS-B OUT 1090ES (Extended Squitter) foi a solução para uma demanda operacional real. O sistema foi estrategicamente composto por duas estações de recepção no continente

Bacia petrolífera de Campos: um desafio

18

e quatro na área oceânica.


A ADS-B, juntamente com outras capacidades de comunicação, meteorologia e automação integradas no Controle de Aproximação Macaé (APP-ME), permitiu a aplicação de separações mínimas de até 5 NM. Foi criado um espaço aéreo exclusivo ADS-B para assegurar a homogeneidade do Gerenciamento de Tráfego Aéreo (ATM). O projeto foi desafiador por seu ineditismo, além de requerer alta coordenação para embarque nas unidades marítimas, conscientização dos usuários, desenvolvimento de novas regulamentações, capacitação das mais de 120 aeronaves de diferentes modelos de sete operadores, adequação do sistema ATC, capacitação de Controladores de Tráfego Aéreo (ATCO) e mantenedores, contínuo gerenciamento de risco à segurança operacional e estratégia pós-implementação. Oscilações econômicas e catástrofes como incêndios em plataformas impuseram alguns replanejamentos.

Limitação de cobertura RADAR Macaé

O sucesso alcançado deve-se à sinergia entre os representantes da Comunidade ATM, consolidando um legítimo trabalho de decisão colaborativa (CDM) entre os stakeholders, dentre eles, o DECEA, a Marinha do Brasil, a Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS), a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO), os operadores, a Agência Nacional de Aviação Civil ANAC e a indústria, com um propósito comum: garantir a segurança e eficiência das operações aéreas. 19


Diagramas de cobertura ADS-B à baixa altitude: seis estações implantadas

O projeto evidencia benefícios: a) aumento da consciência situacional em baixas altitudes e confiança aos usuários; b) maior agilidade e economia em missões de Busca e Salvamento (SAR); c) redução da carga de trabalho devido à significativa diminuição no tempo de uso do VHF-AM, dentre outras, para requisições de estimados e check de posição; d) maior capacidade de planejamento do APP-ME; e) navegação otimizada por autorizações de proas diretas, redução dos tempos de voo e consequente economia de combustível, estimada em

20

R$ MM 1.31/ano.

Estrutura do espaço aéreo na TMA-ME

Distribuição de plataformas e sistemas

ADS-B integrado no APP-ME


Programa de capacitação de recursos humanos: técnico e operacional

Atrasos em rota foram reduzidos em 43% e a pontualidade dos voos aumentou em 16% devido à maior regularidade das operações aéreas e redução de medidas de controle de fluxo. A indisponibilidade de 24h08min do sistema RADAR em 2019 causou um impacto insignificante. Cumpre-se uma etapa importante para a evolução do ATM global: a ADS-B é tecnologia habilitadora de conceitos futuros desenvolvidos pela Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO), operações baseadas em trajetória (TBO), e viabilizará planos de harmonização e compartilhamento de dados na região SAM (América do Sul). Com base nas lições aprendidas do projeto, a implementação da ADS-B continuará nas Bacias petrolíferas de Santos, Espírito Santo e sobre a área continental do território brasileiro.

ADS-B Bacia de Campos: comprometimento e coesão de esforços

A conscientização da comunidade ATM foi uma chave para o sucesso 21


ARTIGO

Conhecendo o Quadro de Oficiais Especialistas em Controle de Tráfego Aéreo (QOECTA) Por Tenente-Coronel Refm Liomar Leal Scovino

ci ty s a s n a k 1947 -

1961 - EOEG

1966 - EO EG

1976 - EOEG

22

R 1996 - EPCA


Introdução Ocorrida em 31 de agosto de 1950 e, apesar dos quase 70 anos desde a sua criação, o seu Histórico somente ficou conhecido em dezembro de 2018, quando consegui reunir as informações necessárias, quais sejam: Portarias do, à época, Ministro de Negócios da Aeronáutica do, então, Ministério da Aeronáutica, bem como o extrato do Almanaque dos Oficiais do Quadro em tela remetido pelo Centro de Documentação da Aeronáutica (CENDOC), todos inerentes à década de 1950 e, ainda, arquivos e narrativas dos oficiais que vivenciaram aquela época.

Especialistas e de infantaria de Guarda (EOEG), ativada em 1953. Com isso, passaram à condição de militares da ativa e foram incluídos, como precursores, no Quadro de Oficiais Especialistas em Controle de Tráfego Aéreo, criado em 1950, sendo eles, na época, os Tenentes Simões, Valente, Guimarães, Cassio, Barros, Moura, Jacob, Senna e Renor.

Formação De 1945 a 2018, 56 turmas foram formadas, assim distribuídas: Turmas

Ano/Data

Local/OM

Nº de formados

1945

Kansas City

3

1947

Kansas City

2

A sua descoberta, apesar do esforço desprendido, foi muito gratificante para mim e deixo como lembrança a esse singular Quadro, almejando que seja guardado e perpetuado nas memórias de todos os seus Integrantes.

1947

Kansas City

4

1955

Curitiba - PR

8

1955

Curitiba - PR

2

6ª a 31ª

1957 a 1982

Curitiba - PR

186

32ª a 35ª

1993 a 1996

EPCAR

29

“O tema remonta aos anos de 1944 a 1947, quando jovens brasileiros, civis, foram para os EUA com o intuito de realizar o Curso de Controle de Tráfego Aéreo, nível superior, na University Missouri - Kansas City.

36ª a 46ª

1997 a 2007

CIAAR

71

47ª a 56ª

2009 a 2018

CIAAR

106

Histórico

Após a conclusão, regressaram ao Brasil e, como no nosso País ainda não havia escolas de formação daquele gênero, a Aeronáutica os convocou como aspirantes da reserva para prestar Serviços na, então, Diretoria de Rotas Aéreas (DR), face à necessidade de se dar um início efetivo no controle de tráfego aéreo, bem como implementar o Serviço de Busca e Salvamento, cujo mérito é dedicado ao, então, Tenente Senna, pioneiro do referido Serviço no Brasil. Dentre os convocados, nove seguiram na vida militar e, para validar o curso no nosso País, foram submetidos a um estágio na Escola de Oficiais

Importante ressaltar que não houve formação nos anos 1946, 1948 a 1954, 1983 a 1992 e 2008. Conforme descrito acima, a 31ª turma foi a última formada em Curitiba, no ano de 1982. A partir daí, encerraram-se as atividades da Escola de Oficiais Especialistas e, no local, foi ativado o Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II). Foram dez anos sem formação e, ao longo desse período, a então Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV) foi recorrente na manifestação pela necessidade de reativar a formação de oficiais especialistas em controle de tráfego aéreo, face aos sérios prejuízos que estavam sendo causados às áreas que dependiam do trabalho desses profissionais. Isso só ocorreu quando o Tenente-Brigadeiro do Ar Sócrates da Costa Monteiro assumiu o, então, ministério da Aeronáutica, em 15 de março de 1990, oficial-general com raízes no Sistema de Proteção ao Voo (SPV). Com a divulgação da Portaria N° 591 - de 14 de

23


outubro de 1991 -, foram aprovadas as “Instruções para Recrutamento, Seleção e Estágio Preparatório para Inclusão no Quadro de Oficiais Especialistas em Controle de Tráfego Aéreo”, que disponibilizava 15 vagas e definia o Instituto de Proteção ao Voo (IPV), hoje Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), como local do estágio especializado. A fase final das quatro primeiras turmas, após a reativação, ocorreu na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). Posteriormente, a formação foi transferida para o Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR).

Conclusão Após a divulgação das peculiaridades do QOECTA, passamos a conhecê-lo um pouco mais, notadamente no que concerne ao seu histórico. Agora sabemos onde e quando tudo começou e, dessa forma, devemos nos sentir mais orgulhosos por pertencer a esse singular Quadro de Oficiais Especialistas em Controle de Tráfego Aéreo.

Tenente-Coronel Senna - precursor do Serviço de Busca e Salvamento no Brasil

1958 - EOEG

24

1968 - EOEG

1971 - EOEG


ARTIGO

A nova atmosfera e o novo controle do espaço aéreo Ederson Zanetti, Dr. Eng. Florestal Ricardo Jatobá, M.Sc. Eng. Florestal Foto: @lifeforstock

A

atmosfera terrestre é dividida

O topo da termosfera fica a 450 km

por cinco camadas: troposfera,

acima da superfície terrestre, com

estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera.

temperaturas que chegam a 2.0000 C. A exosfera, camada superior a

A troposfera – onde as condições cli-

900 km do solo, tem ar muito rare-

máticas acontecem, se estende apro-

feito e as moléculas de gás escapam

ximadamente, até 20 km do solo, no

constantemente para o espaço. O ar

equador, e aproximadamente 10 km

se torna mais rarefeito quanto mais

nos polos.

distante da superfície terrestre, a

A estratosfera chega a cerca de 50

composição (da atmosfera) baseia-

km do solo, com temperatura de 60 C

-se em 99% de nitrogênio e oxigênio

negativos na base. Na estratosfera

e com uma mistura de outros gases,

está o ozônio, que absorve os prejudi-

respondendo pelo restante. Dentre

ciais raios ultravioleta do sol.

eles, o dióxido de carbono é o que

0

O topo da mesosfera fica a quase 80

chama mais a atenção, já que repre-

km do solo, com temperaturas abaixo

senta algo em torno de 95 a 99% do

de 100 C negativos. A parte inferior é

total das emissões de gases de efeito

mais quente porque absorve calor da

estufa e sua permanência na atmos-

estratosfera.

fera é de pelo menos 100 anos.

0

A atmosfera terrestre é resultado de um equilíbrio cósmico dinâmico, que repete em seu interior a natureza sutil dos fenômenos que lhe dão origem, entre eles a composição de gases que forma a mistura planetária. Com a finalidade de manter o equilíbrio térmico na Terra, há uma camada de gases na troposfera que corrobora com a temperatura ideal, proporcionando vida nas diferentes regiões do planeta.

25


O plano, apresentando de forma voluntária, buscou atender à proposta da OACI, estabelecida pelas resoluções da 38ª Assembleia. Como resultado, evidenciou a importância da realização do monitoramento da utilização dos combustíveis e das emissões de gases de efeito estufa (GEE) gerados, bem como, do trabalho em conjunto das Instituições em prol de melhorias e otimizações dos sistemas e processos que envolvem a aviação e traz a descrição de ações de mitigação adotadas no país que contribuirão para o aprimoramento da aviação atrelado ao meEngenheiro Jatobá fala sobre o desenvolvimento de um plano de ação para o novo sistema de controle do espaço aéreo.

Os desafios

nor impacto no meio ambiente. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), a Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC), a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária

O espaço aéreo é a porção da atmosfera que se

(INFRAERO) e demais administradoras de aeroportos,

sobrepõe ao território, incluindo o território maríti-

além de empresas de linhas Aéreas e instituições

mo, indo do nível do solo, ou do mar, até 100 km de

de pesquisas buscam, dentro de suas atribuições de

altitude, onde o país detém o controle sobre a movi-

atuação, desenvolver ações conforme a tabela abaixo:

mentação de aeronaves. A atmosfera (e com ela o espaço aéreo) tem sido modificada pela queima de combustíveis fósseis, que terminam por modificar a composição de gases. A composição de gases na atmosfera, e no espaço aéreo, incluindo o vapor d’água, e as diferentes formas de uso da terra, em conjunto, resultam em uma série de fenômenos meteorológicos que ocorrem dentro dos seus limites. A capacidade da água dos oceanos e das nuvens de armazenar energia solar permite a regulação do clima e dos fenômenos meteorológicos. A energia é redistribuída pelas correntes atmosféricas (60%) e

Ações que promovem maior eficiência das operações e redução da queima de combustível e da emissão de gases de efeito estufa. GESTÃO DO TRÁFEGO AÉREO

Implementação de procedimentos que ampliam a eficiência das operações em rota e nas Áreas de Controle Terminal. DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE AERONAVES

Melhorias aerodinâmicas, eficiência de motores, uso de materiais leves etc.

oceânicas (40%) das regiões onde há excesso para

DESENVOLVIMENTO DE BIOCOMBUSTÍVEL PARA AVIAÇÃO

aquelas em que há déficit.

Ações de pesquisa e desenvolvimento para a criação de cadeia produtiva de biocombustível de aviação no Brasil.

O espaço aéreo como conhecíamos foi alterado pelo aumento dos gases poluentes, formando uma nova atmosfera, com uma composição modificada. Esta atmosfera apresenta alguns fatores que aumentam riscos de acidentes e de doenças, afetando o aumento de custos. No contexto nacional atual, apresentou-se à Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), em 2015, a 2ª edição do plano de ação para redução das emissões de gases de efeito estufa da aviação civil brasileira.

26

MELHORIAS OPERACIONAIS

AEROPORTOS

Fornecimento de ar condicionado e energia elétrica nas pontes de embarque (evita a queima de combustível das aeronaves em solo – uso de APUs – e reduz a emissão de gases de efeito estufa); prédios inteligentes (uso de energia renovável, lâmpadas LED, iluminação natural etc.)


As melhorias no gerenciamento do tráfego aéreo

já existentes, colaborando para consolidar aquelas em

permeiam no conceito ATM preconizado pela OACI,

desenvolvimento e integrando o esforço para obter as

referindo-se, além de tecnologias de navegação aé-

necessárias.

rea, a uma série de procedimentos coordenados que, em conjunto, propiciam maior eficiência nas operações de tráfego em toda e nas áreas de controle terminal. Tais medidas têm como resultado a diminuição no consumo de combustível e redução das emissões de GEE.

Com base neste amplo diagnóstico setorial, um plano de ação para o novo sistema de controle do espaço aéreo pode ser desenvolvido, buscando elencar medidas de adaptação e mitigação para a redução da emissão de poluentes atmosféricos, assim como avançar em outros temas relevantes, que devem emergir do levantamento.

Oportunidades

O desafio de adaptação e mitigação para a nova at-

Com indicação para aprimoramento do tema no futuro, no contexto relacionados a mitigação dos impactos gerados devido a produção de GEEs a partir da queima de combustíveis fosseis pela aviação, o estabelecimento da plataforma CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation) apresenta-se também

mosfera é global, necessitando de ações locais concertadas para ser superado. Da mesma forma que com as correntes atmosférica, as forças que vão buscar este mesmo alinhamento são sutis, representadas pelos gestores do espaço aéreo brasileiro, mas os seus efeitos na construção de uma sociedade mais justa deverão ser observados no dia-a-dia das cidades e seus aeroportos.

como uma ferramenta de trabalho. A CORSIA é uma ação da OACI de controle e redução de emissões dos GEEs. Por isso, tal plataforma surge da necessidade de demonstrar ação efetiva para combater as mudanças climáticas globais e sinaliza uma

O DECEA, em conjunto com outras instituições, trabalha em prol de melhorias e otimizações dos sistemas e processos que envolvem a aviação

oportunidade para precificar o carbono para diferentes alternativas tecnológicas de controle do espaço aéreo. Para fortalecer os instrumentos e ferramentas de gestão do espaço aéreo são necessários investimentos de vulto na pesquisa e no desenvolvimento (P&D) e no treinamento e na capacitação de pessoal. Um diagnóstico amplo dos fenômenos meteorológicos, da poluição atmosférica, dos acidentes eventuais e do espalhamento de doenças infectocontagiosas precisa ser realizado, considerando as condições apresentadas pela nova atmosfera.

Levando em consideração o ODS 13 (Objetivo 13 - tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos) da urgência de combater as mudanças climáticas globais, a implantação de uma plataforma que possa ser integrada ao CORSIA parece ser medida eficiente, alinhando as

ações locais nos aeroportos com o esforço global da OACI e Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Portanto, para compensar a diversificação da composição de gases na atmosfera, ao longo das escalas geológicas ocorre um processo de compensação das emissões de CO² pelo sequestro do gás realizado pelos sistemas terrestres e aquáticos. Temperatura e umidade agem em conjunto, possibilitando permanência de determinados gases nos sistemas terrestres e de outros na atmosfera, em uma composição equilibrada com as influências do sistema Universal. Para compensar o aumento do CO² na atmosfera cau-

Conclusão

sado pelo homem, os sistemas terrestres e aquáticos

Para que o estudo produza efeitos práticos, in-

não são suficientes e podem atingir um ponto de satu-

dicadores específicos de desempenho devem ser

ração, comprometendo o equilíbrio, havendo necessi-

desenvolvidos e empregados, utilizando medidas

dade de diminuir as emissões. 27


REPORTAGEM

Unidos em prol do esporte e da educação Por Denise Fontes Fotos: Fábio Maciel e Luiz Eduardo Perez

Projetos Sociais desenvolvidos nas organizações militares da FAB promovem inclusão social às crianças e jovens de todo o Brasil

N

o Caju, na comunidade carente situada na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro, o filho de Maria Elzimar, João Arthur, de 11 anos, participa de atividades esportivas e aulas de reforço escolar no Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ). Em outro ponto do País, no bairro do Cajuru, em Curitiba (PR), o estudante Gustavo da Silva, de 17 anos, sai de casa animado para mais um dia de treino para corrida de orientação no Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II). Em Recife (PE), o adolescente João Victor, de 11 anos, pratica várias modalidades esportivas e os primeiros contatos com os militares do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle

28

de Tráfego Aéreo (CINDACTA III) já despertam no estudante o sonho de seguir a carreira militar. Essas atividades fazem parte da rotina dessas e de várias crianças e adolescentes que participam do Programa Segundo Tempo - Forças no Esporte (PROFESP), uma iniciativa do ministério da Defesa (MD), em parceria com os ministérios da Cidadania (MDS); da Educação (MEC); da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), desenvolvido por organizações militares de norte a sul do País. O programa conta com o apoio de militares e civis do efetivo e de professores de educação física da rede pública de ensino, que desenvolvem atividades esportivas e complementares durante o contraturno escolar. São oferecidas


também aulas de reforço escolar, atividades socioeducativas, duas refeições balanceadas e transporte. Segundo o diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas, o objetivo do Forças no Esporte é democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte, como fator de formação da cidadania: “Temos percebido mudanças de valores e melhoria da autoestima desses jovens. Essas ações têm contribuído também para mudar a realidade de crianças e adolescentes das áreas de vulnerabilidade social, utilizando o esporte e a educação como instrumentos de transformação”.

Esquadrão Asa Branca Várias unidades, preocupadas com a inserção desses jovens no mercado de trabalho, oferecem ainda projetos profissionalizantes, como o Esquadrão Asa Branca, coordenado pelo Grupamento de Apoio de Recife (GAP-RF), que insere adolescentes, na faixa etária de 14 a 17 anos, em oficinas de auxiliar de escritório, elétrica, informática, telefonia, almoxarifado, garçonaria e musicalização. As atividades do projeto são desenvolvidas nas organizações militares da Guarnição de Aeronáutica de Recife, com duração de sete meses. “Os jovens são capacitados ao ingresso no mercado de trabalho, seja dentro ou fora da organização militar. É uma oportunidade única de aprendizado e um meio de integração social”, destaca a presidente da Associação Asa Branca, Jacilene de Lemos Andrade - Capitão da Reserva.

Participantes do Projeto cantam o Hino Nacional

A unidade disponibiliza a parte técnica e o acompanhamento das atividades por meio dos profissionais de Serviço Social. A área financeira é apoiada pela Associação Asa Branca, composta por esposas de militares, que se uniram em prol do projeto, como o apoio à realização de eventos ao longo do ano para arrecadação de fundos beneficentes. “O projeto oferece uma oportunidade de mudança na vida desses jovens. O contato com os militares é importante para assimilar disciplina, respeito e responsabilidade, valores importantes para a vida pessoal e profissional desses adolescentes”, revela a presidente de honra da Associação Asa Branca e esposa do comandante do CINDACTA III, Taciana Moury Fernandes Guimarães. Kauã Michel Ferreira dos Santos, 16 anos, pratica oficina de musicalização, desenvolvida por militares da Banda de Música do CINDACTA III e está feliz com o aprendizado de partituras e flauta. “Estou aproveitando muito essa chance e meu desejo é ser um militar da Aeronáutica”, almeja o jovem. O Sargento José Carlos Almeida de Oliveira, instrutor da oficina de musicalização, destaca que essas atividades ajudam no convívio social, na ampliação de seu universo e no desenvolvimento de suas potencialidades.

PROFESP - Núcleos CINDACTA II e III e PAME-RJ No CINDACTA III, o PROFESP atende a 350 crianças e adolescentes, na faixa etária de 11 a 17 anos, de sete escolas da rede estadual de ensino do Estado de Pernambuco. No Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Fernando de Noronha (DTCEA-FN), unidade subordinada à organização, 50 estudantes participam do projeto.

Alimentação balanceada faz parte do Programa 29


envolvimento com projetos sociais, principalmente, como aluno. “Aprendi a modalidade de xadrez e fundamentos importantes para me tornar o que sou hoje. Acredito que esses valores são fundamentais na vida das crianças que fazem parte desse Programa” – revela Adriano. O xadrez possibilita aos professores de educação física uma grande flexibilidade de ensino e de prática, proporcionando a interação de alunos de diferentes idades. Programa Forças no Esporte - Equipe do CINDACTA III

Segundo o Brigadeiro do Ar Cesar Faria Guimarães, o Programa Forças no Esporte é uma iniciativa importante para o desenvolvimento físico, moral e intelectual dos jovens. “O PROFESP reforça os valores, como a ética, o espírito de corpo e o civismo, permitindo que eles se integrem na sociedade e cresçam como verdadeiros cidadãos”, ressalta comandante do CINDACTA III. Do mesmo sentimento compartilha o coordenador do projeto, Coronel Aviador Carlos Caso Kazuhiko. “O programa é importante para o desenvolvimento e a formação desses estudantes. A iniciativa minimiza situações de riscos sociais, por meio da prática de atividades esportivas” – destaca o oficial. Sobre a potencialidade do esporte na formação de crianças e jovens, as opiniões não se dividem. Adriano Lima é professor de Educação Física da secretaria de Esporte do Estado de Pernambuco e instrutor do PROFESP no CINDACTA III. A relação com projetos sociais teve início na sua infância, bem como o amor pelos esportes. Já participou de diversas atividades, muito por conta do seu

Kauã participa da oficina de musicalização no CINDACTA III

Evolução Um dos resultados observados é a mudança de comportamento entre os adolescentes atendidos pelo projeto. “Os benefícios se estendem além do esporte, pois agrega disciplina, cooperação e respeito ao próximo, transformando o caráter do indivíduo”, destaca o professor de Educação Física José Victor Correa de Carvalho, da secretaria de Educação e Esporte do Estado de Pernambuco.

A evolução não se restringe apenas ao comportamento, reflete-se, ainda, no desempenho escolar. Daniel Rocha Fernandes foi um dos beneficiados pelo PROFESP. Em 2014, participou do Projeto Cajuzinho, no PAME-RJ, e hoje é aluno do Colégio Pedro II, instituição pública de excelência em educação integral e inclusiva, consoante com o mundo contemporâneo e as novas técnicas e tecnologias, comprometida com a formação de cidadãos, visando a uma sociedade ética e sustentável. “Tive a oportunidade de me preparar com professores altamente qualificados, sendo fundamentais para a minha aprovação no curso. Os exemplos e os ensinamentos adquiridos no convívio com a equipe do projeto na Aeronáutica me ajudaram a trilhar um caminho melhor para a minha vida”, revela o estudante. O vice-diretor do DECEA, Major-Brigadeiro do Ar Walcyr Josué de Castilho Araujo, também destaca a importância do projeto na vida dos estudantes. “Conseguimos transmitir às crianças e adolescentes, que estão nesse ambiente militar, questões de valores de patriotismo e de honestidade, além de dar oportunidade para que esses jovens tenham um futuro promissor” – ressalta o oficial-general.

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Parcerias Algumas das contrapartidas do Programa Forças no Esporte são as parcerias firmadas entre as unidades militares, instituições governamentais e setores da sociedade civil. “A integração entre o CINDACTA III e a secretaria de Educação e Esporte do Estado de Pernambuco é um exemplo de união de forças diversificadas em busca de agregar valor à sociedade pernambucana. Com essa parceria torna-se possível um amplo desenvolvimento de ações sustentáveis na formação de jovens em situação de vulnerabilidade social, bem como na difusão dos serviços prestados pela Unidade”, justifica o Brigadeiro Cesar. Com o objetivo de promover a inclusão social, as organizações militares também estão oferecendo oficinas profissionalizantes. A intenção é fornecer oportunidades para que esses jovens, ao atingirem a idade limite do programa, tenham chances de ingressar no mercado de trabalho.

No Projeto Cajuzinho, têm aulas de reforço escolar

“Participar do curso de gastronomia está sendo de grande valia para a minha carreira profissional”, afirma Ramon Mikael Luz da Rosa, 17 anos, aluno da oficina, que é fruto da parceria firmada entre o CINDACTA II e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Outras frentes de atuação já são delineadas pelo Programa Forças no Esporte. Uma delas é o incentivo ao ingresso no Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas, desenvolvido pelo Ministério da Defesa em parceria com o Ministério da Cidadania, para os talentos revelados pelo PROFESP. Um dos exemplos é Gustavo da Silva Amaral, do Núcleo do CINDACTA II. O jovem de 17 anos conquistou a primeira colocação no Campeonato Metropolitano de Orientação de Curitiba em 2018. Alcançou, em 2019, o primeiro lugar do Campeonato Brasileiro de Orientação da Modalidade Sprint. “O projeto me ajudou a crescer não só como atleta, mas também como cidadão. Hoje tenho suporte para atingir o meu objetivo de ser, no futuro, um atleta de alto rendimento da FAB”, declara Gustavo.

Gustavo, talento revelado pelo PROFESP do CINDACTA III

Equipe e alunos do Esquadrão Asa Branca em harmonia com a Banda de Música do CINDACTA III

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