Aeroespaço edição 70

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PROJETO AGILE GRU - Aeroporto Internacional de São Paulo


Notícias - Ano 15

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Reportagem AGILE-GRU O Projeto é resultado do trabalho conjunto entre DECEA, GRU Airport, INFRAERO, ABEAR e IATA no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos/SP.

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REPORTAGEM Vigilância eletrônica No CINDACTA II, a meta é a padronização dos equipamentos em um processo de melhoria contínua, permitindo maior produtividade, redução de custos e otimização dos recursos.

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REPORTAGEM ADS-B obrigatório na Bacia de Campos Iniciativa viabiliza uma série de benefícios operacionais, que antes era inviável com os radares, dada a baixa altitude desse tipo de operação.

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Reportagem Heranças militares A família Codinhoto reproduz a história de outras que dedicam sua vida à Nação brasileira nas Forças Armadas.

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Reportagem Um por todos, todos por um DECEA apresenta sua missão, seus valores e sua visão. A definição destas três premissas é o ponto de partida de todo empreendimento que se deseja fazer.

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Reportagem A saúde veio do céu Desde 2017, a Missão de Assistência Integrada Itinerante atende às demandas sociais, psicológicas e de saúde do efetivo e seus dependentes.

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Seção Conhecendo o DTCEA- TRM Em Minas Gerais, na Serra do Dilúvio, o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Três Marias (DTCEATRM) cumpre sua missão desde maio de 1975.

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04

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Expediente Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Coronel Aviador Reformado (MTB 38412 RJ) Coordenação de pauta e edição: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Redação: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) Denise Fontes (RJ 25254 JP) Gisele Bastos (MTB 3833 PR) Daniel Marinho (MTB 25768 RJ) Telma Penteado (RJ 22794 JP)

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Projeto Gráfico/Diagramação: Aline da Silva Prete (MTB 38334 RJ) Fotos: Fábio Maciel (RJ 33110 RF) Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF) Contatos: Home page: www.decea.gov.br Intraer: www.decea.intraer Email: contato@decea.gov.br Endereço: Av. General Justo, 160 Centro - CEP 20021-130 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2101-6031 Editada em dezembro - 2018

Nossa capa Na foto de Fábio Maciel, o Aeroporto Internacional de São Paulo inicia a Operação Segregada sob Condições Meteorológicas Visuais (VMC).


Editorial DECEA e as alterações operacionais em benefício do usuário do transporte aéreo

U

m procedimento inédito no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, entrou em vigor, no dia 6 de dezembro: a Operação Segregada sob Condições Meteorológicas Visuais. Esta é mais uma alteração que promove o melhor fluxo de aeronaves, trazendo benefícios tanto para a comunidade aeroportuária quanto para os usuários do transporte aéreo. O assunto é tema da reportagem de capa. O conceito Agile GRU traz resultados de um trabalho em conjunto, envolvendo profissionais altamente capacitados e contribui com a segurança operacional do tráfego aéreo. Em outra reportagem, informamos o início da operação ADS-B, quando somente helicópteros apropriadamente equipados com a tecnologia estão autorizados a ingressar no espaço aéreo sobre a Bacia de Campos. A iniciativa viabiliza uma série de benefícios operacionais, incluindo a visualização de todos os voos de helicópteros da região na tela dos controladores, o que antes era inviável com os radares, dada a baixa altitude desse tipo de operação. Esse recurso propicia melhorias determinantes para a vigilância aérea e tem menor custo de aquisição e manutenção. Ainda nesta 70ª edição, a divulgação do projeto de comunicação que vem reproduzir a Missão, a Visão e os Valores do DECEA – pontos de partida de todos os empreendimentos que desejamos realizar. É importante que todos saibam que devemos, constantemente, validar essas premissas, tanto na esfera estratégica, quanto na tática e na operacional. Na seção Conhecendo o DTCEA, demos foco ao Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Três Marias, em Minas Gerais. Um pôr do sol lindo e banhada pelo Rio São Francisco, a cidade mineira é retratada nas páginas 26-31 – mostrando ao leitor como é o ambiente operacional do Destacamento ativado em 1975, as peculiaridades, os be-

nefícios sociais, as condições médico-odontológicas, a vila habitacional e as opções de educação e lazer do município. Destacamos, ainda, a Missão de Assistência Integrada Itinerante, um trabalho que atende às demandas sociais, psicológicas e de saúde do efetivo, bem como as dos seus respectivos dependentes. A missão mostra o impacto no rendimento dos profissionais e a relevância com que o DECEA presta para a questão vai além do caráter organizacional. Em busca de eficiência, o DECEA investiu também na padronização dos equipamentos de vigilância eletrônica das organizações do SISCEAB. Foram assinadas duas portarias, que atribuem ao CINDACTA II a competência de projetar, implantar e modernizar os sistemas de proteção e monitoramento das instalações das unidades. Esse monitoramento tem como meta a padronização dos equipamentos em um processo de melhoria contínua, permitindo maior produtividade, redução de custos e otimização dos recursos. Próximo ao Natal e na expectativa de um ano promissor, damos ênfase à família aeronáutica, focalizando nesta edição uma linhagem de militares apaixonados pela FAB e totalmente envolvidos com a missão. Baseados na formatura de uma graduada, contamos a história da família Codinhoto. Pai, filhos e neta militares mostram como a paixão e o compromisso com a FAB fazem a diferença, mantendo as bases sólidas, com gerações que engrandecem a Força Aérea Brasileira. Somos todos DECEA, somos todos FAB no controle, na defesa e na integração. Feliz Natal e que tenhamos um ano novo comprometido com a nossa missão, nossa visão e nossos valores.

Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas Diretor-Geral do DECEA

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REPORTAGEM

AGILE GRU Por Denise Fontes Fotos de Fábio Maciel

Entrou em vigor, no dia 6 de dezembro, um procedimento inédito no Aeroporto Internacional de São Paulo: a Operação Segregada sob Condições Meteorológicas Visuais (VMC)

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A

iniciativa é pioneira em aeroportos brasileiros em pistas paralelas com separação entre eixos inferior à 760 metros, conforme preconizado no anexo 14 da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) para operações segregadas sob VMC. O Aeroporto Internacional de São Paulo possui duas longas pistas paralelas, distantes suficientemente uma da outra, ao alcance visual de uma torre. Não há melhor meio de pousar e decolar o maior número de aeronaves num mesmo aeroporto do que dispondo de pistas lado a lado. O projeto envolveu várias etapas, desde a elaboração de novos procedimentos de navegação aérea, confecção de novas cartas aeronáuticas até a homologação dos procedimentos, confirmando em voo os parâmetros de segurança e navegabilidade.

Tomada de Decisão Colaborativa O Projeto Agile GRU é resultado do trabalho conjunto entre o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o Aeroporto Internacional de São Paulo (GRU Airport), a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO), a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) e a International Air Transporte Association (IATA).

O diretor-geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas, explica que a iniciativa prioriza o processo de tomada de decisão colaborativa (conhecida pela sigla CDM, do inglês Collaborative Decision Making), no qual todos os envolvidos participam ativamente de todos as etapas do projeto: “O objetivo é aumentar a eficiência e a capacidade aérea, além de melhorar a qualidade dos serviços prestados no Aeroporto Internacional de São Paulo”. O Tenente-Brigadeiro Domingues destaca, ainda, que a operação está alinhada com os objetivos estratégicos de desenvolvimento sustentável da OACI. “O novo procedimento proporcionará melhorias ao gerenciamento do tráfego aéreo, contribuindo para a redução no consumo de combustível, menos emissão de poluentes, além da otimização do trabalho dos controladores e da tripulação, mantendo os mesmos níveis de segurança”, pontua o oficial-general. De acordo com o diretor de operações da GRU Airport, Cesar Augusto Borges Tuna, o projeto é um marco na construção de um relacionamento baseado no CDM: “O DECEA, por meio do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) já emprega esse conceito, mas envolvendo os stakeholders é inédito e servirá de modelo para a implementação de novas soluções para o setor.

Foco na Tomada de Decisão Colaborativa com a participação dos envolvidos em todas as etapas do projeto

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Desde 2014, a GRU Airport vem desenvolvendo atividades que visam melhorar o fluxo de aeronaves em busca de uma gestão mais eficiente da infraestrutura”. A integração dos diversos stakeholders foi elogiada, também, pelo diretor assistente de Segurança Operacional e Operações de Voo da IATA, Júlio Cesar de Souza Pereira, que ressaltou os benefícios da operação: “A expectativa é que os voos internacionais ganhem agilidade operacional, resultando em menor tempo de espera em voo e no solo, redução do consumo de combustível e da emissão de CO², assim como operações mais previsíveis com melhoria da pontualidade das chegadas e partidas”. Torre de Controle Guarulhos (TWR-GRU)

Para o diretor de Segurança e Operações de Voo da ABEAR, Ronaldo Jenkins, foi de extrema importância participar de forma ativa do Agile GRU. “A assessoria técnica, por meio da atuação de especialistas das empresas aéreas associadas, incluiu a garantia da segurança operacional, além do apoio na elaboração de documentos e procedimentos de sustentação do projeto”, afirma Jenkins.

Treinamento Virtual Para gerenciar as operações segregadas no Aeroporto Internacional de São Paulo, 227 controladores de tráfego aéreo (ATCO) da Torre de Controle Guarulhos (TWR-GRU) e do Controle de Aproximação São Paulo (APP-SP) passaram Controle de Aproximação São Paulo (APP-SP)

Foram capacitados 227 controladores da TWR-GRU e do APP-SP , totalizando 4.820 horas de exercícios nos simuladores do ICEA

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por treinamento nos Laboratórios de Simulação do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos (SP), totalizando 4.820 horas de exercícios. O treinamento foi praticado no Simulador de Torre de Controle 3D e contemplou cenários que retrataram diversas situações bem próximas ao controle de tráfego aéreo real, além de aplicar e treinar a fraseologia específica para operação usada na comunicação entre controlador e piloto. “Todos os ATCOs foram devidamente capacitados, por meio do método de simulação em tempo real, para que estivessem preparados para os novos procedimentos, garantindo a segurança das operações”, destaca o presidente CEO da INFRAERO, Antônio Claret de Oliveira. Contingência, alta demanda de tráfego, separação para pouso e arremetida simultânea com decolagem foram algumas das situações vivenciadas pelos profissionais do APP-SP. O treinamento foi elaborado com base em boas práticas aplicadas por outros países e adaptadas à realidade brasileira.

Implementação da operação segregada sob VMC O piloto tomará ciência da ativação da operação através da informação veiculada no Serviço Automático de Informação de Terminal por meio de Data Link (D-ATIS), que indicará os mínimos meteorológicos, o procedimento de aproximação a ser utilizado e o início e o término da operação. No caso de ocorrência de uma arremetida coincidente com uma decolagem, será aplicada a separação visual por parte do piloto, até que as trajetórias se tornem divergentes. As tripulações devem estar atentas às intervenções táticas por parte dos ATCOs. O APP-SP poderá proporcionar separação mínima de três milhas entre as aeronaves em aproximação, respeitando sempre os mínimos previstos para esteira de turbulência. Já no caso das decolagens, alguns procedimentos de saída foram modificados para melhor atender a operação. Apesar de ser novidade no País, alguns aeroportos

A Operação Segregada sob VMC promoverá o melhor fluxo de chegadas e partidas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos

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ao longo do mundo já aplicam esse tipo de operação e apresentam bons índices de segurança e aumento no fluxo de tráfego aéreo.

Benefícios Mais do que decolar e pousar ao mesmo tempo, a operação que dá independência às duas pistas aumentará a capacidade de funcionamento do aeroporto, especialmente nos horários com maior movimento aéreo. O percentual de tempo em condições meteorológicas visuais é de 75%, o que torna viável esse tipo de procedimento. É um dos principais hubs da América Latina e a principal porta de entrada do Brasil no modal aéreo. Por dia, são cerca de 830 movimentos aéreos, entre pousos e decolagens. Em média, 92 voos chegam e partem para cidades do Brasil e do exterior, de acordo com dados da Concessionária GRU Airport. “As Operações Segregadas sob Condições Meteorológicas Visuais promoverão o melhor fluxo de aeronaves chegando e partindo deste aeroporto,

O Aeroporto Internacional de São Paulo é o maior do País e o mais movimentado da América do Sul em número de passageiros, com média de 40 milhões de usuários por ano.

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resultando em ganhos à comunidade aeroportuária e aos usuários do sistema. O conceito Agile GRU é resultado de anos de intensos estudos e pesquisas, envolvendo profissionais altamente capacitados e incluindo o benchmarking no Aeroporto Internacional de San Francisco (SFO), contribuindo com a implantação segura e eficiente do procedimento”, destaca o presidente CEO da INFRAERO, Antônio Claret de Oliveira.

Documentação Agile GRU Orientações gerais sobre a implantação da Operação Segregada sob Condições Meteorológicas Visuais (VMC) no Aeroporto Internacional de São Paulo podem ser conferidas na Circular de Informação Aeronáutica (AIC) N° 45/2018, já disponível para consulta no Portal AISWEB (www.aisweb.aer.mil.br). O DECEA designou um setor para atender às dúvidas dos usuários, por meio do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC-DECEA). Para assistir aos vídeos e obter mais informações sobre o Agile GRU, acesse o portal DECEA (www.decea.gov.br).


REPORTAGEM

Vigilância Eletrônica Tecnologia a serviço da segurança e da eficiência na gestão pública

Por Denise Fontes Fotos de Fábio Maciel

O monitoramento tem como meta a padronização dos equipamentos em um processo de melhoria contínua, permitindo maior produtividade, redução de custos e otimização dos recursos

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m busca dessa eficiência, o Departamento de Controle do Es-

paço Aéreo (DECEA) investiu na padronização dos equipamentos de vigilância eletrônica das organizações do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Foram assinadas duas Portarias, que atri-

pamentos de vigilância eletrônica. O desenvolvimento e a implantação de projetos para as organizações do DECEA são atribuídos ao CINDACTA II, pois é uma Unidade que conta com pessoal munido de vasta experiência no assunto.

buem ao Segundo Centro Integrado

“A centralização no CINDACTA II

de Defesa Aérea e Controle de Tráfego

proporciona ganhos de escala na

Aéreo (CINDACTA II) a competência

aquisição de equipamentos padro-

de projetar, implantar e modernizar

nizados, bem como em sua manu-

os sistemas de proteção e monitora-

tenção, sendo referência para toda

mento das instalações das unidades.

a atividade de Vigilância Eletrônica

As Portarias estabelecem, também,

da Força Aérea Brasileira (FAB), não

que o CINDACTA II providencie a ca-

sendo raras as oportunidades em que

pacitação de recursos humanos, a re-

recebemos solicitação de apoio por

alização de auditorias e inspeções e

parte de organizações de outros Co-

atue como parque logístico de equi-

mandos Setoriais”, relata o chefe do 9


capacitação teórica e prática para implantação e manutenção nos equipamentos, bem como padronização dos procedimentos a serem adotados em relação à segurança das instalações. O soldado Alexsander Soares Fastino foi integrante do efetivo do CINDACTA II por cinco anos e fez o curso de vigilância eletrônica. “O conhecimento que absorvi foi fundamental para minha carreira, facilitando meu ingresso no mercado de trabalho”, reconhece Fastino, que após dar baixa do serviço militar foi

Capacitação dos militares visa o manuseio e a manutenção dos sistemas de vigilância eletrônica

aprovado no concurso para soldado da Polícia Militar do Paraná (PMPR). Outro ponto importante foi o investimento no desenvolvimento de padrão de equipamentos e de uma rotina de instalação para atender não só ao CINDACTA II, mas também aos seus Destacamentos

Subdepartamento de Administração do DECEA, Bri-

de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) subordinados.

gadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Junior. O processo de padronização tem o objetivo de proporcionar economia de recursos, além de capacitar os militares das organizações para realizarem a operação, o manuseio e a manutenção dos sistemas de vigilância eletrônica, de acordo com o vice-diretor do DECEA, Major-Brigadeiro do

Estreitando laços com os órgãos públicos Além do apoio às diversas organizações do Comando da Aeronáutica (COMAER), foi também implantado sistemas de segurança para várias instituições públicas, como Exército, PMPR e Guarda Municipal de Curitiba (GMG).

Ar Leonidas de Araújo Medeiros Junior. “A ideia é

Em novembro de 2013, cerca de 30 integrantes da

garantir o monitoramento, visando à segurança das

GMG participaram do curso de vigilância eletrônica

instalações, do efetivo e dos equipamentos”, revela o

ministrado pelo CINDACTA II. O cronograma incluiu

oficial-general.

aulas de eletricidade e eletrônica, aterramento, circuito fechado de TV, câmeras e lentes, redes, direito

Histórico A Seção de Vigilância Eletrônica (SVE) foi criada em

os alunos recuperaram 56 câmeras de segurança da capital paranaense.

2001, com a chegada do Sargento Antonio Marcos Paes

As aulas fizeram parte da ampliação do sistema de

ao Batalhão de Infantaria (BINFA 55), que - com o proces-

segurança para a Copa do Mundo de 2014. Curitiba foi

so de Reestruturação da FAB - foi renomeado Esquadrão

uma das cidades-sede do evento e o Centro de Coorde-

de Segurança e Defesa de Curitiba.

nação de Defesa de Área estava sob a responsabilida-

O emprego do Sistema de Segurança Eletrônica no

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de imagens, instalação e manutenção. Após o curso,

de da FAB.

CINDACTA II consiste na integração da vigilância com

“Temos uma grande interação com esses órgãos,

o monitoramento de imagens pelo circuito fechado de

compartilhando informações, trocando experiências

TV, o controle de acesso eletrônico e uma central de

e estreitando relações institucionais”, afirma o co-

alarmes de instrução, que juntos direcionam as ações

mandante interino do CINDACTA II, Coronel Aviador

de uma Força de Reação.

Marcos Kentaro Adachi.

Foram, também, ministrados diversos cursos, for-

Essa parceria com a PMPR resultou na operaciona-

mando mais de 500 profissionais e proporcionando

lização do sistema de videomonitoramento do Centro


Integrado de Comando e Controle Móvel (CICCM), que

próprios militares. A unidade atua tanto em eventos

presta apoio em grandes eventos sob a responsabili-

externos como nos exercícios da FAB, aumentando a

dade da PMPR. “Foi um importante aprendizado para

segurança de suas atividades”, explica o comandante

o efetivo, contribuindo para integração entre a FAB e

do Esquadrão de Segurança e Defesa de Curitiba,

a Polícia Militar e o aperfeiçoamento de nossas ativi-

Major de Infantaria Alexis Cezar Lins da Silva.

dades”, relata o chefe do setor de Novas Tecnologias da PMPR, Capitão Ricardo Schwambach.

O sistema de vigilância eletrônica já foi empregado na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, sendo aplicado em apoio às

Experiências em grandes eventos

organizações militares responsáveis pela defesa do

Criado em 2009, o projeto do módulo móvel de

competições. “Proporcionamos a visualização em

vigilância eletrônica foi referência nos grandes

tempo real de diversos pontos do local para tomada

eventos e se destacou pelo emprego de alta

de decisões pelo Comando e Controle, garantindo a

tecnologia. A unidade é equipada com câmeras fixas

segurança dos eventos”, esclarece o Sargento Paes,

e com rotação de 360 graus (speed dome) e telas

um dos responsáveis pela montagem da unidade mó-

para monitoramento de áreas estratégicas, capaz de

vel de vigilância.

espaço aéreo no Rio de Janeiro, durante o período das

funcionar 24 horas, nos mesmos moldes de uma sala

O emprego de tecnologia promove economia de

de vigilância física. Conta, ainda, com postes móveis

recursos humanos e financeiros, além de elevar o

de vigilância, que podem ser instalados a uma

índice de confiabilidade nas medidas de Seguran-

distância de 12 Km da viatura e com capacidade de

ça e Defesa. “A combinação de recursos humanos e

enviar, por meio de links com as antenas da viatura,

tecnológicos é que garante o nível adequado de se-

as imagens captadas para os monitores de dentro

gurança, de pessoal e equipamentos, para o eficiente

do veículo. “O projeto traz muita economicidade,

controle do espaço aéreo brasileiro”, afirma o Briga-

pois é possível montar a viatura e treinar os

deiro Sérgio Bastos.

Interação da FAB com a Polícia Militar do Paraná garantiu o apoio em grandes eventos

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REPORTAGEM

ADS-B obrigatório na Bacia de Campos Por Daniel Marinho

A implementação do ADS-B (Automatic Dependent Surveillance – Broadcast / Vigilância Aérea Dependente Automática por Radiodifusão) é fruto de um empreendimento do Programa SIRIUS Brasil do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).

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esde o dia 8 de novembro, somente helicópteros apropriadamente equipados com a tecnologia ADS-B estão autorizados a ingressar no espaço aéreo sobre a Bacia de Campos. A iniciativa tem por intuito viabilizar uma série de benefícios operacionais, entre eles a visualização de todos os voos de helicópteros da região na tela dos controladores de tráfego aéreo, o que antes era inviável com os radares, dada a baixa altitude desse tipo de operação.

"O recurso propicia melhorias determinantes para a vigilância aérea e fornece mais informações sobre os voos do que o radar. De menor custo de aquisição e manutenção, é especialmente eficaz em áreas onde a cobertura radar é limitada ou inexistente", ressaltou o assessor de gerenciamento de tráfego aéreo do empreendimento, Capitão Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Sérgio Kebach Martins. O contínuo crescimento da aviação offshore terminou por exigir uma utilização mais otimizada do espaço aéreo do local. Responsável por mais de 80% da extração de petróleo no País, a Bacia de Campos abrange 115 mil km2 de área, onde dezenas de plataformas marítimas extraem cerca de 1,5 milhão de barris de óleo e 22 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A magnitude desta produção exige naturalmente uma operação logística de grandes proporções, o que se reflete no transporte aéreo de pessoal e mercadorias entre o continente e as plataformas: cerca de 120 voos diários. Esse tráfego intenso é exclusivamente composto por aeronaves de asa rotativa, helicópteros de grande porte que voam grandes distâncias entre a costa fluminense e as plataformas. Dado o tipo de tráfego (sobre o oceano e de baixa altitude), estes voos estavam fora do alcance do radar. Foto: Geraldo Falcão

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ADS-B é especialmente eficaz para voos de baixa altitude São, ao todo, seis estações receptoras de sinais ADS-B. Quatro no mar, instaladas sobre plataformas marítimas, e duas em terra firme. Elas estão integradas ao Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo (SAGITARIO), utilizado pelos controladores nos Controles de Aproximação (APP) do DECEA. A partir desta interface, os profissionais conseguem monitorar uma série de informações dos voos: identificação, altitude, velocidade, direção, localização. Tudo em tempo real. O alcance da frequência de comunicação do Controle de Aproximação Macaé (APP-ME) com os pilotos também será estendido. Com a absorção das áreas até então utilizadas por rádios de comunicação descentralizadas, o Serviço de Informação de Voo (FIS – Flight Information Service) do APP agora se estenderá aos setores de Albacora, Marlim e Enchova. Abrangerão todos os oito setores da Área de Controle Terminal de Macaé (TMA-ME). Além da extensão do alcance da vigilância aérea (Radar e ADS-B) e do Serviço de Informação de Voo (comunicações VHF), a reestruturação da TMA-ME também propiciará, por conseguinte, uma série de benefícios, entre eles, o aumento da consciência situacional dos pilotos, da regularidade das operações aéreas e da acessibilidade às plataformas. Isso, sem mencionar o aprimoramento das informações meteorológicas com a disponibilização de oito novas Estações Meteorológicas de Superfície Automática (EMS-A).

Aviso aos Navegantes Para divulgar as novas regras aos usuários e pilotos de helicópteros que operam na região, o DECEA vem promovendo uma série de eventos e desenvolvendo conteúdos informativos. Nos dias 8 e 9 de outubro, a organização promoveu, em conjunto com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), o "Workshop – Reestruturação dos Serviços de Navegação Aérea na Bacia de Campos,” no município de Macaé, RJ. Na ocasião, o gerente do empreendimento “Melhoria dos Serviços de Navegação Aérea nas Bacias Petrolíferas - Aéreas Oceânicas", do Programa Sirius Brasil, Major Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Robson Carlos Pereira da Silva, orientou os profissionais da indústria offshore de Macaé quanto à reestruturação do espaço aéreo da Bacia de Campos, ao aprimoramento dos serviços prestados e, sobretudo, aos procedimentos exigidos a partir do início da entrada em vigor das novas regras.

Foto: André Mota de Souza

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O Capitão Kebach, por sua vez, dedicou uma palestra para explicar em detalhes todos os itens da Circular de Informações Aeronáuticas Nº 47 de 2018, documento oficial do DECEA que disciplina toda a reestruturação da TMA-ME. A AIC 47/18, que entrou em vigor no dia 8 de novembro de 2018, às 4h AM, hora local, complementando a AIC 40/17, dispõe sobre a ampliação da cobertura VHF e o provimento dos novos serviços de Meteorologia, onde estão relacionadas as orientações importantes aos pilotos, tais como a nova setorização da Terminal, as regras do espaço aéreo exclusivo ADS-B, as novas frequências de comunicação e a fraseologia adequada para uso do recurso.

Início das operações Autoridades do DECEA e da Infraero visitaram as instalações da Estação Prestadora de Serviços de Telecomunicações de Tráfego Aéreo (EPTA) de Macaé, no dia 14/11, para chancelar o início efetivo da operação ADS-B na Bacia de Campos. No evento, o diretor-geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas, esteve acompanhado do superintendente de Gestão de Navegação Aérea da Infraero, Marcus Vinicius do Amaral Gurgel; do chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA, Brigadeiro do Ar Ary Rodrigues Bertolino; do vice-presidente da Comissão de Implantação do

Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), Coronel Aviador Álvaro Wolnei Guimarães; entre outros profissionais do DECEA, que atuaram diretamente na implementação do projeto. Recebida pelo gerente da EPTA Macaé, Ulisses Dias de Lima Areas, e pelo superintendente do Aeroporto de Macaé, Wagner Martins Chaves, a comitiva assistiu a uma breve apresentação do 1º Tenente Marcelo Mello Fagundes, especialista em Comunicações, a respeito do histórico de implementação do empreendimento e visitou o APP-ME para verificar in loco os primeiros resultados e benefícios advindos do uso da ADS-B na região. Para o diretor-geral do DECEA, esta é a conquista de um projeto inédito e pioneiro na América do Sul, onde todos os esforços, desde a sua concepção em 2009, consolidam-se, agora, na concretização material da implementação do conceito Communication Navigation Surveillance/Air Traffic Management (CNS-ATM) na Terminal Macaé. "Esta implementação, de grande importância para pilotos e profissionais que se deslocam todos os dias para as mais distantes plataformas marítimas, permitirá a prestação de um serviço de excelência no tráfego aéreo offshore, garantindo vigilância à baixa altitude, comunicação eficiente, otimização das rotas, produtos meteorológicos representativos, acessibilidade às plataformas e, sobretudo, aumento da segurança nas operações aéreas de nossos usuários", afirmou o oficial-general.

Autoridades do DECEA e da Infraero chancelam o início da Operação ADS-B na Bacia de Campos Foto: Fábio Maciel

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REPORTAGEM

Heranças militares

A família Codinhoto reproduz a história de muitas outras que dedicam sua vida à Nação brasileira nas Forças Armadas Por Gisele Bastos Fotos de Marcelo Alves

Como um filme com final feliz, cada um a seu tempo reviveu momentos da infância e a trajetória vitoriosa da família Codinhoto na FAB.

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xemplo de caráter, disciplina e comprometimento foram características determinantes na vida do Suboficial Valdir Codinhoto, especialista da turma de 1960. Natural de Palestina, município ao norte de São Paulo, soube multiplicar em sua vida virtudes e padrões de comportamento, que permaneceram e ultrapassaram os portões da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), onde se formou em mecânica de aviões, e da Academia da Força Aérea (AFA), onde serviu por 23 anos. Os preceitos da Força Aérea Brasileira (FAB), sem dúvida, foram regras de conduta em sua vida. Sua experiência foi tão notável, que seus passos foram seguidos por dois de seus quatro filhos e por sua neta. Todos, sem exceção, foram inspirados

pela dedicação ao serviço, eficiência, honra, responsabilidade, dignidade, civismo e lealdade, alguns dos valores previstos na atividade militar, traços incontestáveis de seu caráter. O ano de 2018 reservou um momento de grande alegria para o Suboficial Codinhoto, quando sua família se reuniu para a cerimônia de conclusão do Curso de Formação de Sargentos. Sua neta, a 3º Sargento Bruna Nardeli formou-se na modalidade Básico em Controle de Tráfego Aéreo. A jovem de 22 anos é a única filha de Valmir, o caçula do Suboficial Codinhoto. Um dos tios, o Suboficial Vander Codinhoto, do efetivo do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Fortaleza (DTCEA-FZ), foi um dos maiores incentivadores da sobrinha, junto com o seu 15


irmão mais velho, o comandante da EEAR, Brigadeiro do Ar Valdir Eduardo Tuckumantel Codinhoto. Era sua primeira formatura desde que assumiu a EEAR, no início de 2018, e a solenidade reuniu toda a sua família. O oficial-general descreveu seu sentimento com a palavra “continuidade”... de poder ter mais um membro da família entrando para a FAB. “Procuro passar para a Bruna o que aprendi, incentivando e mostrando o quanto a Força Aérea Brasileira é especial. Meu desejo é de que a 3º Sargento Bruna Nardeli abra o coração, neste início de carreira, e consiga ver o que nós vimos e vivemos”, declarou o Brigadeiro Codinhoto. Como um filme com final feliz, cada um a seu tempo reviveu momentos da infância e a trajetória vitoriosa da família Codinhoto na FAB.

De pai para filho Esta história começou a ser escrita nos anos 60, na AFA, onde o patriarca trabalhava na manutenção de aviões. Sua formação incluiu cursos na especialização e acompanhamento em missões no exterior. Sempre que surgia uma oportunidade, os filhos mais velhos, Valdir e Vander, faziam visitas à Academia e, ainda meninos, tiveram a oportunidade de voar de helicóptero. Vem destas memórias o desejo do filho mais velho de seguir o ofício de piloto da Força Aérea Brasileira. “A cidade de Pirassununga é pequena, os aviões voavam o tempo todo, este som caracterizou a minha infância”, lembra o Brigadeiro Codinhoto. Além desta referência, o primogênito observava o comportamento e a postura do pai e dos colegas de trabalho. “Admirava aquelas pessoas pela correção e pela segurança. Tenho certeza que vem deles a motivação para seguir a carreira que escolhi”, revela. Sua lembrança mais nítida é de quando o pai chegava do trabalho fardado, com uma pasta preta debaixo do braço. “Normalmente pegávamos aquela pasta da mão dele e ele ainda ficava um tempinho com a farda, conversando com os filhos na cozinha ou na sala. Esta é a imagem mais forte que tenho, a do meu pai fardado”. Aos 15 anos, o adolescente Valdir participava da seleção para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), instituição militar de ensino médio localizada em Barbacena (MG), que prepara para o Curso de Oficiais Aviadores.

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Prestes a ingressar na AFA, seu pai mudou os rumos deste percurso. Com o objetivo de não interferir nem influenciar as escolhas do aprendiz, decidiu ficar longe e pediu transferência para Campo Grande (MS). “Passei cinco anos lá, até meu filho se formar, não quis atrapalhar, considerando a vivência de outros colegas. Acho que no fim das contas meu filho teve liberdade. Ele nasceu e foi criado em Pirassununga, era conhecido de todos, mas posso dizer que ele se formou por ele mesmo”, conta com orgulho o precursor dos Codinhotos na FAB.

Ofício nas horas vagas O segundo filho enveredou para outra área, a de eletrônica, porque este também era um ofício do pai. Nas horas vagas, ele consertava e fazia reparos em televisores. Em Campo Grande, Vander fez curso preparatório para a EEAR e no primeiro concurso foi aprovado para estudar Eletrônica. “Ajudava meu pai desde pequenininho, com uns 9 anos de idade a consertar TV. Adorava a função, mas também gostava da área militar, de ver meu pai fardado, e meu irmão, que entrou muito cedo na Força. Como gostava muito de eletrônica, optei pela Escola de Especialistas”, relembrou o Suboficial Vander. Em 1987, prestou o concurso e, aos 18 anos, entrou para a turma Amarela 88. Quando se formou, optou por uma unidade operacional, o Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (2°/1° GCC – Esquadrão Aranha), localizado em Canoas, Rio Grande do Sul. Após seis anos, voltou à terra natal, onde permaneceu por 14 anos no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Pirassununga (DTCEA-YS). O Suboficial Vander relata que seu pai teve influência na escolha de sua profissão, principalmente por sua conduta de integridade em casa e por estar sempre pronto para a atividade militar. “Lembro do exemplo de compromisso dele com a Força e da Kombi que vinha buscá-lo em casa, quando era acionado para missões fora do expediente. Meu pai estava sempre pronto para o trabalho”, descreve. Esta conduta foi a mesma que inspirou a neta Bruna a entrar para a EEAR e realizar o sonho de infância. “O que me fez querer entrar para a escola foi a minha família, meu avô, meus dois tios. A determinação de sempre fazer bem feito, não para mostrar que isso é bom, mas como deve ser. A dedicacão deles foi meu exemplo", relata a jovem militar.


E, para Bruna, se tornar graduada, tal como seu avô, foi decisivo na sua opção. “Sempre fui muito apegada com ele. Por ser um graduado e ter frequentado o berço de especialistas são razões que me motivaram nessa escolha”, confessa. Bruna optou por uma área que atua nos bastidores da aviação, uma profissão que muitos não conhecem, mas que considera maravilhosa, o controle de tráfego aéreo. “É uma profissão única, vou cuidar de vidas de modo indireto. Fiz a escolha certa, me identifiquei como controladora. É muito gratificante, pois me apaixonei pela profissão e quero seguir a carreira para o resto da minha vida”, confidencia.

Histórias de vida O primeiro passo deste caminho começou a ser delineado em seu estágio probatório no Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), em Curitiba (PR). Para cada um destes personagens da vida real, a Força Aérea Brasileira conta a história de homens e mulheres abnegados que decidiram servir à Pátria e honrar a Bandeira onde quer que estejam. O avô Codinhoto celebrou a formatura da neta como um dia de vitória e reencontro com a família. “Na FAB só fiz amigos, no Brasil

inteiro, no exterior, onde vou tenho amigos”. A comemoração ganhou contornos especiais porque o seu primogênito está comandando a Escola onde ele, um dos filhos e, agora, sua neta se formaram. “Não tenho como expressar meu contentamento, isso para mim é a vida”, descreveu o Suboficial Codinhoto, emocionado. O Brigadeiro Codinhoto reconhece seu apreço pela EEAR, apesar de não ter sido aluno. “Durante a minha infância e no decorrer da minha carreira convivi com pessoas desse berço dos especialistas”, diz o oficial-general, plenamente realizado com a profissão de aviador. No cargo de comandante percebeu de onde vem a paixão que tem pela FAB, especialmente pela EEAR: “A Força Aérea representa a minha vida", declarou o Brigadeiro Codinhoto. "São mais de 30 anos e, resumindo, sinto orgulho. Tudo começou com o meu pai, depois meu irmão, em seguida eu e agora com minha sobrinha”, disse sob forte comoção o Suboficial Vander. A família Codinhoto provou que quando o fundamento contém bases sólidas, de convicção, de crenças, de cultura e tradições, as novas gerações se perpetuam e continuam a engrandecer o nome da Força Aérea Brasileira e a missão de “manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria”.

O Suboficial Codinhoto ao lado dos quatro filhos e da sobrinha Bruna

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Reportagem

Um por todos, todos por um Por Telma Penteado

Ter uma missão é ter um norte, ter claro para onde se quer ir. É ela que dá vida à uma organização, mostrando a todos a que se destina o trabalho realizado. 18

Q

uando falamos de mostrar a missão a todos, não nos limita-

SDOP

“um por todos, todos por um”. Ter consciência do que se faz, para

mos às pessoas que não fazem parte

que se faz, porque e como é o que tra-

de uma determinada empresa. Fa-

rá maior propriedade no andamento

lamos, também, aos que nela traba-

das atividades.

lham. Pode parecer estranho que se faça necessário participar os membros de uma instituição da sua própria missão. Mas acredite, é fundamental que se faça.

Envolverá a todos e trará, por extensão, motivação. Afinal, temos que saber que camisa estamos vestindo! E quanto mais nos afinizamos com a missão da nossa empresa, mais

A missão de uma organização é

orgulho temos em fazer parte dela.

também a missão de cada profissio-

Cada conquista, cada vitória da orga-

nal; no melhor da máxima que diz

nização, é uma vitória nossa.


sempre fiéis às suas consciências.

Por este motivo, o Departamento de

tar e coordenam seu funcionamento

Controle do Espaço Aéreo (DECEA),

regular e harmônico, traduzindo-se

SEGURANÇA é um conceito subjeti-

órgão central do Sistema de Controle

no perfeito cumprimento do dever

vo, que representa o estado de percep-

do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB),

por parte de todos e de cada um dos

ção das pessoas com relação a perdas.

vem divulgar sua Missão, sua Visão e

componentes desse organismo.

No campo aeronáutico, segundo a

seus Valores.

PATRIOTISMO é o sentimento de

Organização da Aviação Civil Inter-

A definição destas três premissas

orgulho, amor e devoção incondicio-

nacional (OACI), segurança é o “esta-

é o ponto de partida de todo empre-

nal ao Brasil, aos símbolos, às insti-

do no qual o risco de ferir pessoas ou

endimento que se deseja fazer. E todo

tuições e ao nosso povo. É a razão do

causar danos em coisas se limita a (ou

novo projeto deverá ser constante-

amor dos que querem servir ao País e

está mantido em, ou abaixo de) um ní-

mente validado pelas mesmas, tanto

serem solidários com a Nação, tradu-

vel aceitável, por meio de um processo

na esfera estratégica, quanto na táti-

zindo-se no compromisso permanen-

contínuo de identificação de perigos e

ca e operacional.

te de fidelidade e devoção à Pátria, em

gerenciamento de riscos” (DOC 9859/

quaisquer circunstâncias.

OACI). Para que a segurança seja ma-

A Missão

INTEGRIDADE é um traço de caráter

ximizada é necessário que todos cul-

Como dissemos, a missão está rela-

que exprime a vontade de fazer o que

tuem atitudes preventivas nas suas

cionada ao objetivo fundamental da

é correto em qualquer circunstância.

atividades, sejam elas operacionais ou

organização e, no caso do DECEA, a

É a bússola moral, a voz interior que

administrativas.

sua Missão é:

deve conduzir todas as ações de seus

Para o chefe do Subdepartamento

“Contribuir para a garantia da

indivíduos na prática dos deveres,

de Administração (SDAD), Brigadeiro

sabedoria nacional, por meio do ge-

segundo os princípios de ética militar,

do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos

renciamento do Sistema de Contro-

associados ainda com honestidade e

Júnior, “muito mais do que a definição

le do Espaço Aéreo Brasileiro”

responsabilidade.

e a divulgação desses conceitos, é pre-

- de acordo com o Decreto nº 7.245, de 28 de julho de 2010

A Visão

COMPROMETIMENTO, em sua es-

ciso que todo o efetivo do DECEA in-

sência, é a demonstração de satis-

ternalize e pratique esses valores por

fação por pertencer à Instituição,

meio de atitudes diárias, tanto com o

externada por oferta cotidiana de

público interno, quanto o externo”.

É o que diz respeito ao futuro, ao

entusiasmo, motivação profissio-

que se deseja alcançar. Este Departa-

nal, espírito de sacrifício, gosto

mento tem como Visão:

pelo trabalho bem feito, dedicação

“Ser reconhecido como referência

integral à missão e aos seus compa-

global em segurança, fluidez e efici-

nheiros, trabalho em equipe e leal-

ência no gerenciamento e controle

dade ao País e aos irmãos de farda.

integrado do espaço aéreo”

Os Valores

Um por todos, todos por um. Todos somos DECEA. Somos todos Força Aérea!

PROFISSIONALISMO é o sentimento que deve estar presente na alma do militar, não devendo pros-

Por fim, os valores descrevem como

perar a cobiça e o delírio de promo-

todos os integrantes devem atuar

ver-se nem a omissão, a covardia,

no seu dia-a-dia, enquanto buscam

a maledicência, sequer a inércia, o

realizar a visão empresarial. Referem-

comodismo e muito menos a osten-

se à crenças e atitudes que trazem a

tação, a vaidade ou a prepotência. A

identidade da organização. Estes são

Força Aérea Brasileira é forte pelas

os Valores do DECEA:

virtudes de desprendimento, solida-

DISCIPLINA é a rigorosa observân-

riedade e idealismo dos seus homens

cia e o acatamento integral das leis,

e mulheres, que fizeram o juramento

regulamentos, normas e disposições

de bem servir com eficiência e pro-

que fundamentam o organismo mili-

fissionalismo, na paz e na guerra,

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REPORTAGEM

A saúde veio do céu Reportagem e fotos de Telma Penteado

Onze semanas, cinco Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA), 143 profissionais da área de saúde, 3.678 atendimentos realizados. Reconhecimento.

O

lhar para o futuro e empreender a partir das lições aprendidas no

passar de mais de 77 anos de história é o modus operandi do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). O trabalho realizado e o serviço pres-

tado pelos militares e civis do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) coloca o Brasil em posição de destaque no cenário da aviação mundial. Quando falamos de Controle de Tráfego Aéreo, falamos de tecnologia de ponta, excelência e inovação. No entanto, acima de tudo, falamos de pessoas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é definida como “um estado de completo bem-es-

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tar físico, mental e social, e não consistente apenas da ausência de doença ou de enfermidade”. Entendemos, assim, que o estado de saúde das pessoas se amplia para “o bem-estar mental e sua interação no meio social”. Compreender a saúde envolve o entendimento das condições física e mental de cada indivíduo, bem como a observação dos ambientes onde cada um está inserido – tanto em termos de moradia, quanto de trabalho. Ainda assim, este olhar atento, por si só, não resolve questões desta natureza. Há que se receber as demandas, analisá-las e efetivar o atendimento propriamente dito. Infelizmente, esta logística nem sempre flui como se deseja. E muitas pesso-


as, por diversos motivos (como veremos a seguir), acabam não conseguindo resolver suas questões de saúde. E quem tem dor, tem pressa. Embora saibamos que o bem-estar (ou a ausência dele) impacta no rendimento dos profissionais, a relevância que o DECEA presta para a questão vai além do caráter organizacional, empresarial. Aqui, saúde é mesmo uma questão humanitária. Pensando assim, desde 2017, o Subdepartamento de Administração (SDAD), por meio da Divisão de Assistência Integrada (DAIN), deu início à Missão de Assistência Integrada Itinerante, com o objetivo de atender às demandas sociais, psicológicas e de saúde do seu efetivo, bem como as dos seus respectivos dependentes. Da primeira viagem até a última, finalizada em agosto de 2018, foram contemplados 14 Destacamentos, sendo nove do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) – sediado em Manaus (AM), e cinco do CINDACTA III, localizado em Recife (PE), nos quais equipes multidisciplinares de Saúde atenderam demandas nas áreas de clínica médica, cirurgia geral, oftalmologia, dermatologia, otorrinolaringologia, cardiologia, ortopedia, ginecologia, pediatria, odontologia, psicologia e assistência social.

muitas outras iniciativas no sentido de melhorar nossos equipamento e procedimentos operacionais e, com esta missão integrada de saúde, damos a devida assistência aquilo que nos é mais importante: os nossos recursos humanos e seus familiares", comenta. Os profissionais envolvidos nas missões fazem parte dos Hospitais da Aeronáutica de Manaus (HAMN), de Belém (HABE) e do Recife (HARF); da Odontoclínica de Recife (OARF); dos Esqua-

CINDACTA

DTCEA Vilhena (RO)

Macapá (AP)

Tefé (AM)

Santarém (PA)

drões de Saúde das Bases Aéreas de Salvador (ES-SV) e de Natal (ES-NT). Cada Destacamento ofereceu um tipo de estrutura, de acordo com suas possibilidades. Alguns já possuíam Postos de Atendimento, enquanto outros adaptaram quartos dos Hotéis de Trânsito ou, ainda, conseguiram a doação do espaço em Clínicas Odontológicas particulares da cidade e o apoio de órgãos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), como o Centro Especializado em Reabilitação

Profissionais

Período

Atendimentos

10

10 a 16

303

10 a 15

321

21 a 23

107

18 a 20

114

14 a 19

389

18 a 22

289

23 a 25

109

18 a 22

145

20 a 23

220

24 a 27 JUN/2018

124

29 a 31

34

28 e 19

28

02 a 03

42

11

31 AGO a 01

44

14

04 a 06

74

24 a 27

199

28 e 29

116

29 JUL a 01

132

01 a 04

140

06 a 08

186

08 a 11

260

13 a 18

302

11 11 15 10 12 11 15

IV

Rio Branco (AC) Conceição do Araguaia (MT)

11 13 11 11

Sinop (MT)

Segundo o comandante do CINDACTA III, Brigadeiro do Ar Walcyr Josué de Castilho Araujo, missões como esta são da mais alta importância: "Temos

Imperatriz (MA)

Cruzeiro do Sul (AC) Petrolina (PE) Bom Jesus da Lapa (BA)

III

Fernando de Noronha (PE) Maceió (AL) Porto Seguro (BA)

14

11 13

17

SET/2017 JUN/2018 AGO/2017 JUN/2018 AGO/2017 JUN/2018 AGO/2017 JUN/2018 AGO/2017

AGO/2017 AGO/2017 JUL/2018 SET/2017

JUL/2018 AGO/2017 JUN/2018 AGO/2018 AGO/2018

16

AGO/2018 AGO/2018

13

AGO/2018

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motivação, drogas, paternidade responsável, doenças sexualmente transmissíveis, gerenciamento de estresse e o fortalecimento dos vínculos familiares. As campanhas de vacinação atenderam 124 pessoas e preveniram contra febre amarela, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) e Hepatite B.

Major Luciana atende no DTCEA-MO

Dr. Nazareno. O que importou foi fazer acontecer. Em termos de logística da missão, o padrão foi o deslocamento, a montagem e a organização dos espaços de assistência, o atendimento efetivo das demandas, a desmontagem dos equipamentos e da locomoção para outro destacamento ou o retorno para a sede. Campanhas de vacinação, ações preventivas e palestras socioeducativas também fizeram parte da missão, sendo todas muito bem recebidas. As palestras foram ministradas por psicólogas e assistentes sociais dos CINDACTAs e por profissionais das localidades que se dispuseram a contribuir, como os dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e da Polícia Federal (PF). Dentre os temas abordados destacam-se educação financeira, planejamento do orçamento familiar, Conferência das carteiras de vacinação

No Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Vilhena (DTCEA-VH), por exemplo, foram oferecidos testes para análise de HIV, hepatite B e C e sífilis, tendo os resultados entregues 50 minutos depois da coleta. As localidades atendidas estão fisicamente muito afastadas dos grandes centros de saúde, como os Hospitais e Odontoclínicas de Aeronáutica. A rede de hospitais públicos apresenta restrições de especialidades, sem falar na demora do atendimento, que obriga os pacientes a esperarem por muito tempo por uma consulta (semanas ou até meses). No que diz respeito às clínicas particulares, há a questão do credenciamento, que nem todas possuem. Quem conhece bem esta verdadeira saga pela busca de atendimento é a Sargento Marilene Castro da Silva, do Destacamento de Petrolina (DTCEA-PL). A mãe da Isabela e da Júlia não conseguia atendimento particular nem no Sistema Único de Saúde (SUS), o que era mais complicado ainda - tanto por conta de marcação de consulta, quanto pela mistura de pacientes, que representavam, muitas vezes, um potencial perigo de contaminação. “Minha filha, que já está com imunidade baixa por causa da pneumonia, ficaria exposta com a proximidade de pessoas com meningite, rubéola... é um grande risco. Com esta equipe multidisciplinar, tivemos um excelente atendimento e ainda poderemos ter um acompanhamento”, elogiou a graduada. Para o Tenente Davy Andersson de Andrade, comandante do DTCEA-VH, a missão foi de grande importância, uma vez que a organização de saúde da Aeronáutica mais próxima da cidade está em Porto Velho, que fica a 700km de distância. Cabe aqui já ressaltar que esta questão do isolamento em relação aos órgãos de saúde da Aeronáutica não é incomum, como veremos nos depoimentos. Muitos são os Destacamentos que se encontram nesta situação e todos comentam sobre as dificuldades de deslocamento. São muitas horas (em alguns casos, dias) de viagem, exigindo maiores logísticas, afastamento do trabalho por mais tempo e maiores investimentos de recursos.

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“Essas missões mostram as dificuldades que os militares enfrentam. Com a ajuda, o esforço e os equipamentos trazidos pelos integrantes da Missão Itinerante podemos fazer uma grande diferença”, analisou o 2º Tenente Médico Luiz Felipe Schiacininato, participante da etapa que contemplou o DTCEA Vilhena. Quem bem explicou o passo a passo da rotina de atendimentos em localidades afastadas dos grandes centros, foi o Tenente Médico Thiago Souza, do Posto de Saúde do DTCEA Maceió. Todos os atendimentos devem ser feitos via Guia de Apresentação de Beneficiários (GAB), que precisa ser auditada pelo Hospital de Aeronáutica para que o usuário venha a ser atendido pelo especialista no Destacamento. “De fato, todos os militares e seus dependentes desta região têm acesso direto ao HARF e à OARF, mas a questão é a dificuldade de deslocamento para Recife, que depende de uma logística que demanda dias para a viagem e para as consultas e se torna muito dispendiosa. O usuário vem se consultar comigo aqui no Destacamento. Eu analiso a necessidade de uma avaliação com um especialista, solicito este encaminhamento, que é digitalizado e enviado para a auditoria do Fundo de Saúde da Aeronáutica (FUNSA) do HARF”, explicou o médico. A equipe de auditores, por sua vez, avalia a GAB e retorna para o DTCEA, que imprime e informa ao beneficiário que a mesma tem validade de 30 dias. Desta forma, o usuário busca sua GAB no Posto Médico do Destacamento e tem 30 dias para se consultar com o especialista. Este procedimento tem funcionado, segundo o médico. No entanto, existem casos que precisam ser vistos pela

Odontoclínicas fazem centenas de procedimentos em cada DTCEA

Oftalmologia - uma das áreas mais procuradas

equipe de Recife, exigindo o deslocamento para a cidade. “Uma missão de assistência integrada como esta contribui em muito para a diminuição da demanda tanto para atendimento via GAB em Maceió, quanto para casos que necessitem deslocamento para o HARF” – conclui o tenente médico. Até mesmo as autoridades locais das cidades por onde a Missão passou agradeceram a iniciativa, destacando que estes atendimentos desoneraram filas de espera nos serviços públicos e puderam, inclusive, ofertar serviços que eles mesmos não dispõem. A Drª Natália Campello, gestora de média complexidade do Hospital São Lucas, em Fernando de Noronha, possui uma visão peculiar das conjunturas pelas quais passa a saúde na ilha. Com relação à vinda dos profissionais da missão, Natália se coloca bem otimista. “Fernando de Noronha é muito diferente de outros municípios e autarquias. O que acontece aqui é que não conseguimos que os moradores da ilha, usuários do SUS, possam ir para outras cidades, como acontece no continente”. O fato é que, quando alguém não consegue um determinado profissional de saúde numa localidade, pode buscar em outra nas proximidades. Isso não é uma realidade para os ilhéus. Então, quando a gente tem uma parceria e recebe um atendimento externo para nos ajudar e complementar o atendimento que prestamos aqui, é muito válido”, diz a gestora, bem otimista. Ser resolutivo no atendimento – ou seja, buscar concluir a consulta até o desfecho por meios locais – é uma forma, inclusive, de agilizar e apoiar uma missão como

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Nada mais esclarecedor do que falar com quem participou diretamente desta iniciativa, seja como profissional de saúde, seja como paciente. Se pudesse resumir tudo em duas palavras, seriam reconhecimento e aprendizado.

Equipes HARF e OARF no DTCEA-PL

esta. Vemos que se trata de uma via de mão dupla. E não podemos falar de resoluções sem mencionar uma figura importantíssima no processo, que é a do Elo Social. Cada DTCEA tem o seu e todos eles foram treinados pelas assistentes sociais dos CINDACTAs aos quais estão subordinados. Os elos sociais são interfaces entre o efetivo (e seus dependentes) e as autoridades. Para falar da relevância deste papel, a palavra vai para a Tenente Tunísia Mayra Procópio Silva, do DTCEA-MO: “Ser um Elo Social é muito importante, pois estamos longe da sede. Através do nosso trabalho podemos deixar o Serviço Social do CINDACTA III ciente das necessidades do nosso efetivo. Assim, tanto orientamos, quanto somos orientados por eles”. “Resolver um problema de saúde é o que todo mundo quer. Principalmente estar bem física e psicologicamente. Inclusive, foi ótimo a psicóloga do CINDACTA III, Tenente Manuela Brandão, ter vindo, porque este trabalho é fundamental para a saúde do controlador de tráfego aéreo”, comenta a Tenente Tunísia.

Equipe HAMN

O reconhecimento vem tanto do entendimento de todos, de que estão sendo vistos pelas autoridades que idealizaram e realizaram a Missão de Assistência Integrada – e, neste contexto, identificam a necessidade e a urgência, quanto da visão que todos tiveram sobre o sucesso da empreitada, confirmando que todo o esforço valeu a pena. Maria Eunice Ferreira de Melo é mãe de militar do DTCEA-FN. Nascida na ilha, esta é a primeira vez que recebe atendimento em uma missão de assistência integrada. Foi consultada por dermatologista, dentista e oftalmologista. “Nós somos muito carentes dessas especialidades aqui na ilha, até nas especialidades encontradas no SUS. Espero que tenham mais missões integradas. Estou muito satisfeita”. No Destacamento de Maceió uma das histórias chamou atenção. É a do Suboficial Cleiton Nery Ferraz, para quem a vinda destes profissionais de múltiplas especialidades fez toda a diferença. “No meu caso, por exemplo, foi a retirada de um cisto, que surgiu em decorrência de um acidente de trabalho. Eu já estava buscando resolver o problema há mais de cinco anos sem sucesso. Eu ia a um especialista e ele me encaminhava para outro, que, por sua vez, me recomendava um terceiro. Hoje, com esta equipe multidisciplinar, resolveram na hora com uma cirurgia”. Excelente trabalho. Análise e tomada de decisões em conjunto. “Seria bom que o DECEA incentivasse essas ações com maior frequência ou assiduidade”. O Suboficial Ferraz explicou que se nada fosse resolvido, com o passar do tempo o cisto poderia evoluir até para um câncer. Ações periódicas permitem detecção e erradicação de anomalias que podem se agravar no futuro, tornando-se letais. Segundo o comandante do Destacamento de Bom Jesus da Lapa (DTCEA-LP), o Capitão SVA Fábio de Almeida Gomes, esta foi a primeira missão deste porte na Unidade, tanto no que diz respeito à quantidade de profissionais, quanto à amplitude de especialidades médicas.

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“Nosso efetivo pode perceber e compreender o cuidado que o comando tem com os destacamentos afastados. E acaba suprindo a carência que esta cidade pequena tem. Nós não temos hospital militar aqui, fazendo com que os que necessitam de tratamentos viajem 12 horas até Brasília para receberem atendimentos médicos. Eu aproveitei a oportunidade para conversar com os familiares e vi que todos ficaram encantados com os atendimentos desta equipe médica altamente profissional e dedicada. Foi unânime o desejo de que tenham mais missões como esta”, comentou. Para quem atendeu, a emoção também foi garantida. O 2º Tenente Médico Isaac Holanda Abreu, pediatra, se sentiu realizado. “Saio desta experiência com a sensação que, de fato, pude ajudar pessoas em suas necessidades, o que me traz um sentimento de gratidão e satisfação em ter feito parte desta missão”. Representando a OARF, a Major Cíntia de Medeiros Nogueira, que atendeu com sua equipe de quatro oficiais dentistas e um auxiliar odontológico aos Destacamentos de Petrolina e Lapa, a missão proporcionou duas grandes oportunidades: “levar o sentimento de valorização ao militar servindo em destacamentos distantes dos grandes centros, contribuindo para a sua saúde e qualidade de vida; e, para nós, militares do quadro de saúde envolvidos, a possibilidade de estreitar as distâncias dessa grande Dimensão 22 que a Força Aérea Brasileira (FAB) abraçou, defende e busca integrar todos os dias”. A Major Dentista Joice Mara Becker, que também presta serviço na OARF, coordenou a Missão nos Destacamentos de Fernando de Noronha e de Maceió. Ela considera que a palavra “doação” seja a melhor forma de definir estas missões, pois os integrantes doam seu tempo e seu conhecimento especializado e, sobretudo, prestam solidariedade ao próximo. Passamos a palavra agora para um oficial que nos traz a visão não só de um militar da área de Saúde, mas de alguém que compreende que esta experiência muda a vida de todos.

Equipes HARF, ES-SV e ES-NT no DTCEA-PS

que temos condições de apoiar. Então, que façamos valer essa escolha, não pelo número, mas pelo próximo. E que ele possa, por sua vez, exercer a sua função, o seu trabalho e produzir sem nenhum empecilho de saúde”. O Tenente-Coronel Eliomar tem uma esperança, de que os jovens militares que chegam à Força Aérea, no HARF, continuem a trabalhar, enxergando têm o dever de fazer valer a qualidade do corpo de espírito em apoiar os militares na área da saúde. “São poucas as oportunidades de se fazer uma missão como esta. Dêem o melhor para ter algo para contar no futuro. Cada um deve fazer a sua história, para que amanhã tenhamos exemplos melhores do que temos hoje”, conclui. Seguindo o cronograma de atividades da Missão de Assistência Integrada Itinerante, três Destacamentos do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) foram atendidos pelas equipes multidisciplinares do Hospital de Aeronáutica de Brasília (HABR) – DTCEAs Três Marias, Barra do Garças e Chapada dos Guimarães, em novembro deste ano.

Equipes HARF e OARF no DTCEA FN

Este é o depoimento do diretor do Hospital de Aeronáutica de Recife, Tenente-Coronel Médico Francisco Eliomar Gomes de Oliveira: “Gostaria que o nosso efetivo, do ponto de vista dos militares de especialidades da saúde, tenha em mente que é fundamental apoiar o ser humano da melhor maneira possível, pois cuidamos de vidas, o que tem um significado muito especial. Mostra

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Seção

Conhecendo o

DTCEA-TRM Três Marias (MG) Por Daisy Meireles Fotos de Fabio Maciel

Na Serra do Dilúvio, vista do pôr do sol no DTCEA-TRM 26


O Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Três Marias (DTCEA-TRM) foi ativado em maio de 1975, ainda como Destacamento de Proteção ao Voo, Detecção e Telecomunicações (DPV-DT 33). Só em 27 de fevereiro de 2003, passou a ser chamado de DTCEA-TRM. O Destacamento é subordinado ao Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) e está localizado no Km 252 da BR-040, na Serra do Dilúvio, em São Gonçalo do Abaeté, Minas Gerais. O efetivo, além de suas atividades operacionais e técnicas, faz manutenções nas três Estações de Apoio ao Controle do Espaço Aéreo (EACEA), duas

Manutenção da Antena de Telecomunicações

em Araxá e uma em Montes Claros. Provê, ainda, os meios necessários para o bom funcionamento do

Sistema

de

Radiodeterminação,

Detecção

e Telecomunicações que viabilizam a perfeita integração com o CINDACTA I. Executa, também, as atividades operacionais, técnicas e administrativas, diretamente vinculadas ao Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), na área definida como de sua responsabilidade.

Sistema Radar (antigo e novo) ilustram o cenário do DTCEA-TRM

Formatura militar do efetivo do DTCEA-TRM 27


O 1° Tenente Marcos Aurélio Lopes Calisto, especialista em Meteorologia Aeronáutica, é o comandante do DTCEA-TRM desde 2017

(CFOE/2010) e Especialização em Meteorologia Aeronáutica (MET/001-2012), de Operador de Centros Meteorológicos e Básico de Inteligência. Na carreira militar atuou como Oficial Previsor no Centro Nacional em Meteorologia Aeronáutica (CNMA), no Centro de Vigilância Meteorológica de Brasília (CMV-BS) e no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), Adjunto da Subseção de Radar Meteorológico do CMV-BS e Chefe do Centro Meteorológico Militar de Brasília, além de Instrutor do Curso de Especialização do Meteorologia Aeronáutica no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e Adjunto ao Chefe da Subseção de Pesquisa e Desenvolvimento do CNMA.

O comandante Natural de Maracanaú, Ceará, o Tenente Calisto

A primeira manutenção corretiva do Brasil foi no

tem 46 anos. É casado com Regina Beatriz e tem

Radar LP23, instalado na década de 1970 – e o pri-

três filhas: Júlia, Letícia e Ana Beatriz.

meiro a entrar em funcionamento no DTCEA-TRM.

Praça de 8 agosto de 1994, foi promovido ao atual posto em 25 de dezembro de 2013. Sua carreira militar teve início na Base Aérea de Fortaleza. Possui três graduações pela Universidade Estadual do Ceará (Ciências, Física e Matemática) e tem cursos militares de Especialização de Soldados (Mecânica de Aeronaves), Formação de Sargentos - Especialidade em Meteorologia (CFS/1997), Formação de Oficiais Especialistas em Meteorologia

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Peculiaridades

Grupo gerador do DTCEA-TRM

O sistema radar, constituído de radares primário (TRS2230) e secundário (RS870), foi instalado no DTCEA-TRM na década de 1980 e substituiu o Radar LP23. Posteriormente, o radar secundário RS870 foi substituído pelo RSM970S. O TRS2230 é utilizado para o controle e a defesa do espaço aéreo e tem como característica principal a detecção do alvo, independente de sua vontade. A instalação dos novos radares LP23SST e RS-

DVOR/DME da EACEA-VAX (Araxá-MG)


M970S ocorreu em 2012 e está em funcionamento desde abril de 2013. O princípio de funcionamento é

O efetivo do DTCEA-TRM à frente do radar, símbolo do Controle e da Defesa do espaço aéreo

o mesmo do TRS2230, porém é bidimensional.

Vila Habitacional O Núcleo Habitacional da Aeronáutica (NHA) de Três Marias está localizado no Km 279 da Rodovia BR-040, distante pouco mais de 4 km do centro da cidade. São 21 casas para graduados e mais quatro para oficiais. No NHA, o militar conta com um posto médico-

Posto médico/odontológico

Núcleo Habitacional da Aeronáutica e Clube Eduardo Gomes de Três Marias (na foto acima)

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Clube Náutico oferece passeios de barco pelo Lago de Três Marias

odontológico, capela e o Clube Eduardo Gomes, que tem piscina, salão de festa e sauna. Duas praças e um hotel de trânsito, composto por sete quartos com capacidade para hospedar 24 pessoas, além de duas casas destinadas para hospedagem de oficial superior estão inseridos no NHA.

Programas Sociais O efetivo do DTCEA-TRM e seus dependentes

Educação O ensino fundamental e médio de Três Marias conta com escolas estaduais, municipais e particulares, além do SENAI, que oferece cursos técnicos. Há três universidades em cidades mais próximas de Três Marias, que são frequentadas por militares do DTCEA-TRM. Em Curvelo, a 130km, há o CEFET e a PUC. Já em Patos de Minas, a 180km, há três faculdades: UNIPAM, FPM e

contam com o Serviço Social do CINDACTA I,

FIMOM. A mais distante é em Paracatu, cerca

por meio da concessão de benefícios sociais nas

de 220km, onde há duas outras instituições de

áreas de saúde e educação (com ressarcimentos

ensino: FIMOM e Atenas.

de gastos com medicamentos, óculos, material e uniforme escolar).

Em Três Marias, o nível das águas do Rio São Francisco é preocupação ambiental constante 30

Pintado na brasa, uma suculenta posta de surubim é iguaria típica da região


As bordadeiras de Andrequicé retratam nos tecidos o Rio São Francsico e a vida sertanista

Igreja Nossa Senhora das Mercês, em Andrequicé

A cidade Três Marias tem um clima tropical quente e semiúmido e abriga pouco mais de 35 mil habitantes. A rodovia de acesso, BR-040, liga Três Marias à capital mineira em 271km e à Brasília por 469km. A região é marcada por campos, cerrados e veredas - conhecida como oásis do sertão, cenário para a obra “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. As atrações turísticas são passeios de barco pelas águas doces do Lago de Três Marias e pelo Rio São Francisco, pesca amadora e os esportes náuticos oferecidos pelos clubes da cidade.

Cachoeira do Riachão é uma das atrações de Três Marias

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