Aeroespaço Especial - CINDACTA IV

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FORMATURA DIÁRIA - CINDACTA IV AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 1


Índice

04 30

20 08

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10 12

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Administrando o maior CINDACTA do País

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Os olhos da Harpia na Amazônia Legal

do AMHS 24 Implantação no SISCEAB

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Coordenação de Destacamentos do CINDACTA IV

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Instrumento indispensável para a segurança da navegação aérea

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Missão: salvar

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Implantação de software livre no âmbito do CINDACTA IV aumenta economia e segurança das informações

A energia do CINDACTA IV

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A manutenção do olhar sobre a Amazônia está mantido

em treinamento e 20 10 Investimento capacitação é o segredo para manter o domínio do homem sobre a máquina

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Investimento multidisciplinar para garantir bem-estar e qualidade de vida

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Nossa capa Formatura diária CINDACTA IV Foto: S1 Anderson Arte: 3S BCT Estrázulas

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Os desafios gerenciais dos novos tempos

Expediente Revista Aeroespaço - Edição Especial Diretor-Geral: Ten Brig Ar Ramon Borges Cardoso Comandante do CINDACTA IV: Brig Ar Carlos Eurico Peclat dos Santos Assessor de Comunicação Social e Editor: Paullo Esteves - Cel Av R1 Colaboração: Daisy Meireles (RJ 21523-JP) Cap Av Ricardo 2T JOR Fernandes 3S BCT Estrázulas Diagramação: Filipe Bastos (MTB 26888-DRT/RJ) 3S BCT Estrázulas

Fotos: Luiz Eduardo Perez / S1 Anderson Contato: Home page: www.cindacta4.decea.gov.br Intraer: www.cindacta4.intraer Email: ajo@cindacta4.intraer Endereço: Av. do Turismo Nº 1350 Bairro Tarumã CEP 69 049 630 Manaus/AM Telefone: (92) 3652-5401 FAX: (92) 3652-5501 Editado em novembro/2009 Fotolitos & Impressão: Ingrafoto


Editorial

O

O gigante da Amazônia

s quatro anos do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), mais do que uma comemoração natalícia, é o coroamento de um trabalho da Força Aérea Brasileira que teve início em 1938, quando o controle do tráfego aéreo de toda a região amazônica era feito por uma única estação rádio-goniométrica da Panair, sediada em Belém (PA). Quando hoje celebramos uma malha de satélites, radares e todos os demais equipamentos de última geração que garantem a cobertura de 100% do espaço aéreo da Amazônia Legal, voltamos ao passado para reconhecer o esforço dos milhares de homens e mulheres que doaram sangue, suor e inteligência para hoje sermos o que somos. Na década de 90 ganharam corpo as razões estratégicas para o controle efetivo do espaço aéreo amazônico. Nessa época, os três CINDACTAs (I, II e III) existentes abarcavam apenas 40% do território nacional. Em 2006, com o funcionamento pleno das atividades do CINDACTA IV, viabilizou-se, enfim, o efetivo controle e vigilância de todo o espaço aéreo do País sob responsabilidade brasileira. Atualmente, mais de 300 mil movimentos aéreos recebem, anualmente, o apoio de serviços do CINDACTA IV, tais como gerenciamento de tráfego aéreo, defesa aérea, meteorologia aeronáutica, busca e salvamento, informações aeronáuticas, telecomunicações aeronáuticas etc., com excelência chancelada pelos principais órgãos internacionais. Essa é uma tarefa complexa e nada fácil. Nos 5,2 milhões de Km² de plena selva amazônica, que corresponde a 55% do território da Europa e 54% do território dos EUA, tudo é mais difícil. Não há infraestrutura urbana, de transporte, de saúde, educacional e industrial. O clima equatorial quente e úmido assola e os vazios demográficos isolam as populações. Em alguns lugares é impossível manter uma família destacada, pois não há nada para guarnecê-la, nem mesmo acesso terrestre e fluvial. Serviço básico como fornecimento de energia é precário, fazendo com que tenhamos de manter geradores a base de combustíveis. Isso sem se falar nas distâncias, que consomem horas de voo e dezenas de dias em barcos – o que não coaduna com a presteza e tempestividade com que temos de sanar as panes que possam comprometer a segurança do voo, tão bravamente conquistada. Mas qual é o tamanho da responsabilidade de administrar este gigante, com 27 destacamentos, dez unidades de telecomunicações e uma infinidade de equipamentos e pessoas? Como fazer com que os elos encontrem a sinergia necessária para que o CINDACTA IV alcance seus objetivos? Como cumprir a missão? Como manter o efetivo motivado para manter os mesmo índices de excelência alcançados? É isso que os artigos desta edição trazem, uma prova de como as engrenagens se encaixam para formar um grande sistema. Uma demonstração de que a soma de muitos setores forma uma estrutura, mas que somente o conjunto de ideias, atitudes e competência das pessoas é capaz de transformá-la em realidade. Desta forma, além de apresentar para o leitor um pouco mais da rotina e organização deste gigante amazônico, esta revista é uma homenagem a todos os militares e civis que construíram e constroem, diuturnamente, o CINDACTA IV. O aniversário é do CINDACTA IV, mas o presente é de vocês, de todo o povo brasileiro, que conta com um espaço aéreo defendido e controlado nos mais rigorosos padrões internacionais de segurança. A todos vocês o meu parabéns!

Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso Diretor-Geral do DECEA

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Entrevista

Administrando o maior CINDACTA do País Por Daisy Meireles O Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), com seus 27 Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) e dez Unidades de Telecomunicações (UT) subordinados, é responsável pela cobertura de tráfego aéreo em 5,2 milhões de km², que correspondem a 62% do território nacional. Para cumprir essa missão o Centro conta, além dos mais de 1600 militares que garantem segurança, fluidez e regularidade do tráfego aéreo civil e militar e a defesa aérea da pátria brasileira, com a firmeza e o empreendedorismo do Brigadeiro-do-Ar Carlos Eurico Peclat dos Santos, 51 anos. Com apenas quatro anos e em pleno processo de maturação, cada dia do CINDACTA IV é repleto de desafios para o seu comandante. Azeitar essa imensa engrenagem dissolvida em nove estados brasileiros, marcada pelas grandes distâncias, vazios demográficos, falta de infraestrutura educacional, saúde, transporte e severo clima equatorial úmido, típico da selva amazônica, torna singular o comando do Brigadeiro Peclat que conta, a seu favor, com a experiência administrativa adquirida como comandante do Grupo de Serviços de Base da Base Aérea de Salvador (BASV), como chefe da Divisão Administrativa da Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR) e como comandante da Base Aérea de Santa Cruz (BASC). Esse knowhow, sem dúvida, torna sua missão de comandar o maior CINDACTA do País um trabalho menos impactante. Durante a entrevista, ele agradece ao comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, e ao diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso, pela oportunidade ímpar em sua carreira, de estar no comando da Unidade que patrulha uma das maiores e mais cobiçadas riquezas do nosso País. A grandeza do CINDACTA IV e a enorme responsabilidade da missão que lhe cabe, tornam seu trabalho árduo, mas ao mesmo tempo recompensador e gratificante.

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AEROESPAÇO: O senhor sempre diz que tem o desejo de ver o CINDACTA IV como a melhor organização militar da FAB. O que tem sido feito no seu comando para que isso se torne realidade? A primeira providencia que estamos tomando, e que é a mais demorada e mais difícil, é motivar cada um dos integrantes do CINDACTA IV a transformar um desejo que é meu, pessoal, numa vontade coletiva. Sempre que possível, transmito o seguinte: “Tudo que merece ser feito, tem que ser bem feito”. Não desejo que ninguém seja o melhor do mundo no que faz, mas que faça o seu melhor. Também lembro que todos nós estamos na carreira militar, resumidamente, por dois motivos: porque gostamos ou porque precisamos. Em ambos os casos, temos motivos suficientes para trabalhar da melhor maneira possível. O que pretendo passar para o efetivo não é o aspecto competitivo de ser melhor Unidade que as outras, e sim que todos estejam conscientes da importância de seu papel dentro do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) e que, por isso, devem realizar seu trabalho da melhor forma. Isto é o que entendo por ser a melhor Unidade da Forca Aérea. É isso que nos fará evoluir como profissional e crescer como pessoa. É isso que nos dará a tranquilidade de, ao chegar em casa, após um dia de trabalho, olhar a família com o orgulho contido, sabendo que eles, também, podem se orgulhar de nosso trabalho. Afinal, é para ela e por ela que nos dedicamos profissionalmente.

“Nós fazemos as coisas acontecerem, saírem do campo das ideias e do papel para se tornarem reais” problemas de saúde, além de promover uma maior integração entre os componentes da Unidade. Na parte de infraestrutura foram feitas melhorias em algumas instalações como a criação da seção de Segurança e Defesa, ao lado do portão da guarda, redistribuição de ambientes para melhor atender as necessidades de vários setores e reforma no alojamento de apoio à seção de Instrução e Atualização Técnica (SIAT). Atualmente, foi terminada a obra de construção do Ginásio de Esportes, que - além da prática desportiva durante todo o ano, independente das condições climática adversas - permitirá ao comando efetuar reuniões com o efetivo, já que hoje não existe um lugar que o comporte. O Ginásio está servindo, também, com suas instalações às seções do Comando e parte dos órgãos de assessoria. Estão em fase de construção os prédios do Comando e dos alojamentos masculino e feminino para oficiais, suboficiais e sargentos, e um masculino para cabos e soldados. Este último irá suprir, em breve, uma deficiência latente de local de trabalho e acomodações.

AEROESPAÇO: Quais as reformas e os melhoramentos previstos em sua gestão como comandante deste Centro? E que benefícios trarão para o efetivo?

AEROESPAÇO: O apoio que o senhor deu à formação dos elos sociais do CINDACTA IV, assim como o investimento para os fatores humanos, é sinal da sua preocupação com o efetivo. O senhor parece ter uma visão direcionada para o bem-estar dos servidores.

Todas as reformas e melhoramentos realizados e ainda por realizar têm um único objetivo: o cumprimento da missão atribuída ao CINDACTA IV. Para cumpri-la, temos meios humanos e meios materiais. Assim como nossos equipamentos que custam dezenas de milhões de dólares precisam de manutenção, locais climatizados e o devido cuidado para seu perfeito funcionamento, os meios humanos, que não têm preço, necessitam de condições de trabalho adequadas para desempenhar seu papel profissional da melhor maneira possível. Somos parte de um programa maior do DECEA, visando o bem-estar do efetivo, que conta, no CINDACTA IV, com um excelente trabalho na área psicossocial. A obrigatoriedade da atividade física duas vezes por semana foi uma determinação que contribuiu muito para o bem-estar físico geral, com a diminuição de dispensas por

Sim, eu tenho enorme preocupação com o bem-estar do efetivo por ser ele responsável pelo cumprimento da missão da Organização. Pode parecer um pensamento egoísta e insensível, pois eu apoio ações que visam a melhoria do bem-estar do efetivo com o interesse de obter dele o que de melhor pode oferecer para a OM. É difícil manter esse pensamento todo o tempo. Embora para muitos a figura do comandante seja de uma pessoa distante e insensível, quero dizer que tenho os mesmos problemas que todo ser humano possui e que fazem parte da vida, como alegria, tristeza e preocupações. Aqui no CINDACTA IV eu cumpro minha obrigação de proporcionar ao efetivo as melhores condições possíveis que estão ao alcance do comandante, para que possa desempenhar bem o seu trabalho. Não posso negar que é uma parte prazerosa de minha missão. Porém, o lado humano do comanAEROESPAÇO - ESPECIALAEROESPAÇO CINDACTA IV 55


“Tenho uma característica pessoal de assumir os erros e deficiências do meu trabalho e procuro corrigi-los. Mas não fico à vontade quando o CINDACTA IV ou o SISCEAB é criticado demeritoriamente, sem justo motivo” dante não deixa de se preocupar com o mundo que o cerca e realiza um trabalho de Responsabilidade Social externo, junto com outros integrantes da Unidade, ajudando orfanatos, creches e até mesmo os funcionários mais humildes de empresas prestadoras de serviço.

A E R O E S PA Ç O : Como está sendo a transição do sistema atual para o CNS/ ATM? Estamos preparados? O DECEA possui uma estratégia para implementação do sistema CNS/ATM, conforme a Concepção Operacional ATM Nacional, documento que é a referência de planejamento na definição dos objetivos de implementação dos referidos sistemas para o SISCEAB. O Conceito Operacional ATM Global e o objetivo do ATM Nacional vão proporcionar um sistema de gerenciamento de tráfego aéreo interfuncional para toda a comunidade ATM durante as fases do voo que cumpram com os níveis estabelecidos de segurança operacional, proporcionando operações ótimas que sejam sustentáveis em relação ao meio ambiente e satisfaçam os requisitos nacionais de segurança da aviação. Dentre as diversas ações para aplicar o conceito CNS/ ATM, tem-se a confecção de procedimentos RNAV (GNSS) de aproximação e saída para todos os aeroportos internacionais do Brasil. Hoje, aproximadamente 80% das rotas superiores da FIRAZ são RNAV, as quais são compatíveis para a imediata transição para o CNS/ATM. Para comunicação de enlace de dados, exige-se o AMHS 6 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV

(Air Traffic Services Message Handling System), o qual já se encontra em fase final de implantação neste Centro.

A E R O E S PA Ç O : Qual o investimento para a elevação de nível na proficiência no inglês dos controladores de sua OM? Quais os resultados já constatados? O CINDACTA IV, em 2007, contratou 300 licenças do curso de inglês Englishtown do Brasil com acesso on-line através da internet. Em função da aprovação do Plano de Implementação dos Requisitos de Proficiência em Inglês para 2008/2010, houve aumento de usuários do curso e foi necessário aditivar, em 2008, mais 81 licenças. Tais licenças são destinadas a capacitar todos os controladores de tráfego aéreo, os operadores do serviço de informações aeronáuticas das salas AIS dos aeroportos internacionais, os operadores das estações-rádio, os operadores de Busca e Salvamento e os meteorologistas dos aeroportos internacionais. Com o aumento do número de operadores para cumprir a missão do CINDACTA IV, este Centro está providenciando a substituição do contrato atual por outro com aquisição de 450 licenças do referido curso, incluindo um intercâmbio internacional. De acordo com o último relatório expedido pelo curso, a elevação de nível dos controladores de tráfego aéreo, em relação ao início do curso, é de 80%, o que mostra que o CINDACTA IV está trabalhando para que se possa atingir, em 05 de março de 2011, a capacitação recomendada pela OACI na proficiência da língua inglesa.


AEROESPAÇO: Como funciona a relação do CINDACTA IV e o Centro Regional (CR) de Manaus do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), seu vizinho? E quais são as atividades conjuntas? Mantemos uma relação interdependente no plano operacional, já que diversos sensores instalados atendem aos dois Centros. O CR de Manaus possui um sistema denominado status monitor, o qual recebe o monitoramento dos sensores ligados ao projeto SIPAM, tais como Estações Meteorológicas de Superfície e Radares Meteorológicos. O CINDACTA IV repassa ao CR de Manaus a situação de síntese aérea, bem como os respectivos Planos de Voo, que são utilizados pelo setor de Coordenação e Inteligência daquele Centro. O CR MN também tem capacidade de tratar os dados de sensoriamento remoto da aeronave R-99, por intermédio das estações de data-link, cuja manutenção e operação são de responsabilidade do CINDACTA IV. Quanto à rede de radares meteorológicos, os de Porto Velho (RO), Cruzeiro do Sul (AC), Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, Tefé e Manaus (AM), Boa Vista (RR), Santarém e Belém (PA), Macapá (AP) e São Luís (MA) enviam dados meteorológicos brutos diretamente para o CR-MN, onde são tratados e utilizados para diversas finalidades. Para atender ao CINDACTA IV, o CR-MN filtra os dados de interesse e os envia para o Centro Meteorológico de Vi-

gilância (CMV AZ), que faz uso dos referidos produtos para previsão e vigilância das condições meteorológicas na área de sua jurisdição. Os produtos que chegam ao CMV são também fornecidos à REDEMET de informações meteorológicas oficial do DECEA, ficando disponíveis para consulta via intraer e internet. Os dados radares chegam ao CR através de um canal Embratel de 64Kbps e, do CR para o CINDACTA IV, via fibra ótica.

AEROESPAÇO: Qual o balanço que o senhor faz da sua gestão como comandante do CINDACTA IV e dos quatro anos da Unidade? Tem sido uma satisfação enorme poder contribuir para que o SISCEAB atinja suas metas. O CINDACTA IV, como órgão executor, tem por missão colocar em prática as estratégias estabelecidas, os planos concebidos, seguindo a política emanada do órgão central, o DECEA, na imensa Região Amazônica. Nós fazemos as coisas acontecerem, saírem do campo das ideias e do papel para se tornarem reais. Assim foi com todos os que me antecederam e com todos aqueles pioneiros que implantaram o controle do espaço aéreo na região e que trabalharam, durante anos, em condições muito mais difíceis que as atuais. Da mesma forma, com os que participaram da concretização do Projeto SIVAM/SIPAM e montaram toda a estrutura funcional e física, que hoje é conhecida como CINDACTA IV, com seus 27 Destacamentos espalhados pelos nove Estados da Federação que compõem a Amazônia Legal Brasileira. Embora com apenas quatro anos de existência, o CINDACTA IV tem a lhe sustentar e servir de norte um passado de tradição e glória, de dedicação e profissionalismo dos integrantes dos extintos Serviços Regionais de Proteção ao Voo de Manaus e Belém (SRPV-MN e SRPV-BE) e seus Destacamentos subordinados. A eles desejo transmitir meu reconhecimento pessoal pelo excelente trabalho realizado, esperando, ao término do meu comando, ter contribuído para a melhoria do que me foi por eles legado. Em especial, meu reconhecimento a todos os ex-comandantes do SRPV-MN, SRPV-BE e do CINDACTA IV, que tornaram mais ameno e prazeroso o meu comando. E, por fim, agradeço a Deus, que, em sua infinita bondade e sabedoria, me permitiu essa oportunidade profissional e não deixou que as dificuldades fossem maiores que a minha capacidade de superá-las. Isso fez aumentar, ainda mais, a minha fé inabalável que Nele tenho, e nos seus desígnios. AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 7


CDT

Coordenação de Destacamentos do CINDACTA IV O elo administrativo para apoiar os destacamentos responsáveis pela defesa da soberania de 62% do espaço aéreo brasileiro

Para efetuar a vigilância e o controle da circulação aérea geral, bem como conduzir com segurança as aeronaves que têm por missão a manutenção da integridade e da soberania do espaço aéreo na Amazônia Legal, o CINDACTA IV gerencia um Centro de Controle de Área (ACC), um Centro de Operações Militares (COpM), oito Controles de Aproximação (APP), dez Torres de Controle de Aeródromos (TWR), dez Unidades de Telecomunicações (UT), com rádios e transmissores, além de 27 Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) equipados com radares, estações e instrumentos de telecomunicações. Os destacamentos funcionam como subcentros operacionais, onde estão localizados os meios, sistemas e equipamentos que dão suporte operacional ao órgão central. Dentre os elos do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), o CINDACTA IV é o que possui o maior número de destacamentos, já que sua área de atuação cobre 5,2 milhões de Km² nos nove estados que compreendem a Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Roraima, representando 62% do território nacional. Desta forma, como suas instalações estão distribuídas por dezenas de municípios, distritos e nas mais remotas localidades da Floresta Amazônica, muitas das quais sem acesso terrestre ou fluvial, o Centro conta com a Coordenação de Destacamentos (CDT), responsável pelo atendimento das demandas dos diversos DTCEAs, levando em consideração as dificuldades logísticas ocasionadas pelo isolamento. Não é tarefa fácil exercer essa função de elo e mediador pelo fato dos DTCEAs e UTs possuírem características e demandas bem diferentes, seja por sua localização geográfica, função, número de efetivo e estrutura física de suas instalações. Além da extensão, é preciso administrar diferenças climáticas, vazios demográficos, florestas equatoriais que abrangem um terço do País, falta de infraestrutura de transportes, indústria de manutenção, recursos médicos etc. Para realizar sua tarefa, o CDT se utiliza do Plano de Missões Próprias (PMP), que faz o planejamento de envio e resgate 8 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV

de militares e cargas com o apoio do Primeiro, do Sexto e do Sétimo Comando Aéreo Regionais (COMAR I, COMAR VI e COMAR VII), que destinam mais de 2.500 horas de voo/ano para executar essas missões, utilizando aeronaves Bandeirante (C-95), Brasília (C-97), Caravan (C-98), Amazonas (C-105) e Hércules (C-130). Os Destacamentos e as Unidades de Telecomunicações do CINDACTA IV estão distribuídos conforme a área de atuação: COMAR I: DTCEA-SL, DTCEA-IZ, DTCEA-BE, DTCEASN, DTCEA-AA, DTCEA-MQ, DTCEA-TS, DTCEA-EK,

Distribuição do


DTCEA-OI, DTCEA-FX, UT-VZ, UT-HT, UT-MA e UT-TB. COMAR VI: DTCEA-SI, DTCEA-FA, DTCEA-EP e DTCEACC. COMAR VII: DTCEA-VH, DTCEA-GM, DTCEA-PV, DTCEA-RB, DTCEA-CZ, DTCEA-TF, DTCEA-TT, DTCEA-EG, DTCEA-MN, DTCEA-UA, DTCEA-MY, DTCEA-EI, DTCEA-BV, UT-BC, UT-CA, UT-JU, UT-UQ, UT-TK e UT-JP. Pelas grandes distâncias e características peculiares do ambiente de selva, alguns destacamentos não possuem efetivo fixo, uma vez que há falta de recursos mínimos para a manutenção de uma família no local, como escola, rede hospitalar, acessibilidade, opções de lazer etc. Nestes casos, o funcionamento dos equipamentos é monitorado pelo próprio Centro, através de programas e softwares de última geração que indicam ações de manutenção

os equipamentos

preventiva e corretiva na própria sede, bem como permitem configurações de forma remota.

O Papel da CDT A equipe do CDT é composta por um oficial superior, dois graduados e um cabo. De acordo com a RICA 21116 – de 2007, suas principais atribuições de apoio são: I - acompanhar, apoiar e propor soluções relativas aos problemas disciplinares, de acidentes e de saúde nos Destacamentos; II - auxiliar as Divisões do CINDACTA IV no planejamento de RH dos Destacamentos; III - controlar os anuários estatísticos gerados pelos Destacamentos, o relacionamento dos Destacamentos com os setores do CINDACTA IV; IV - coordenar e controlar o plano de férias dos Comandantes de Destacamento e propor suas substituições ao Subdepartamento de Administração do DECEA, de acordo com a legislação em vigor; V - elaborar e encaminhar à Vice-Direção do DECEA o Plano Anual de Missões, com previsão de apoio aéreo para a realização das missões de apoio e as inspeções nos Destacamentos; VI - emitir e controlar as Ordens de Serviços (OS) relativas ao pessoal dos Destacamentos e as missões geradas pela Seção; VII - fiscalizar os PAM/S para os Destacamentos; VIII - planejar, coordenar e acompanhar as inspeções e as ações decorrentes das inspeções aos Destacamentos; e IX - supervisionar as atividades, ações e eventos relacionados aos Destacamentos. Ten Cel QOE COM Jonas Batista de Souza Chefe da seção de Coordenação de Destacamentos Comando Na área do Cindacta IV desde 1999

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SIAT

Investimento em treinamento e capacitação é o segredo para manter o domínio do homem sobre a máquina

Visão da educação como investimento e não como gasto mantém a alta produtividade de um dos principais centros de estudo do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro Tendo em vista a constante evolução da interface homem/ máquina e do fluxo de aeronaves em vias comerciais e militares, a atividade de controle de tráfego aéreo exige constante treinamento, qualificação e especialização dos seus profissionais. Desta forma, a Seção de Instrução e Atualização Técnica (SIAT) do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) tem por função acompanhar e atualizar o conhecimento técnico do efetivo através de cursos, seminários, palestras e grupos de trabalhos para que todo o pessoal envolvido no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) mantenha-se atualizado e apto a realizar suas missões. Por ano são desenvolvidas mais de 50 atividades que buscam corporificar o binômio eficiência/eficácia, elevando o nível técnico e operacional dos profissionais para atuar nos equipamentos, cada vez mais sofisticados e complexos, e enfrentar os desafios impostos para a manutenção da soberania e do controle do espaço aéreo na região amazônica. O Comando do CINDACTA IV coaduna com esta visão e incentiva, apóia e orienta a realização de todos os cursos planejados para a sua área de jurisdição. É importante ressaltar esse incentivo porque,

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infelizmente, ainda hoje há correntes com uma visão estreita no que se refere a investimentos em educação profissional, treinamento e capacitação. Mesmo com a comprovação por meio de pesquisas e estatísticas que reforçam a relação positiva entre qualidade e produtividade, ainda persistem velhos paradigmas que veem educação como gasto, e não como investimento. Além dos cursos, a SIAT realiza também as várias edições da Avaliação Teórica Anual que envolve mais de 800 avaliados na área operacional. A partir desse ano, cerca de 350 pessoas foram avaliadas também na área técnica de todo o efetivo do CINDACTA IV (sede e destacamentos), e regional Norte da INFRAERO, num total de 30 localidades. Outra frente de trabalho da SIAT é o programa de proficiência da língua inglesa para o efetivo de controladores, comunicações e informações aeronáuticas. O sistema de treinamento é feito através de um curso on-line que, além da proficiência necessária preconizada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), desperta nos alunos o valor agregado de ser proficiente na língua inglesa, aumentando sua inteligibilidade de mundo e suas chances de empregabilidade.


Uma peculiaridade da região Norte que fez rever algumas estratégias da SIAT quanto à continuidade dos treinamentos e capacitações é a característica do efetivo da área do CINDACTA IV ser composta, em sua maioria, de Terceiros Sargentos (3S) recém-formados, com pouca ou nenhuma experiência anterior. Desta forma, é feito o treinamento de 30% desse efetivo ao longo de dois anos para que o militar possa adquirir a experiência necessária para seguir para os destacamentos subordinados. Outra característica é que os cursos contam, em sua maioria, com treinamentos práticos em equipamentos e sistemas instalados nos destacamentos e sítios remotos. Assim, as turmas devem ser pequenas e homogêneas para que se busque a qualidade da capacitação, e não a quantidade de capacitados. O objetivo da SIAT é gerar eficiência para uma administração útil do tempo, onde se espera que toda evolução seja incorporada a uma maior capacidade para captar, processar e tomar decisões. Como um dos produtos desse trabalho de reestruturação programática da SIAT, verifica-se os resultados positivos alcançados na inspeção externa realizada pela Assessoria de Segurança do Controle do Espaço Aéreo (ASEGCEA), em março deste ano. As verificações demonstraram a realização de um trabalho sério e a aprovação de todos os processos definidos e registrados. Esse reconhecimento reforça a crença no poder da capacitação, do treinamento específico, da qualificação, ou seja, o poder da educação para profissionais. Aliás, o significado de educação profissional exige muito mais do que simplesmente informações recebidas. Antes, passa pela formação dos objetivos da SIAT em sintonia com as suas possibilidades, para que se possa fazer a gestão entre o que é necessário e os recursos disponíveis, de forma que o resultado tenha significado prático.

É preciso sair do paradigma de que treinamento é despesa. Ao contrário, é investimento. Nesse momento, as organizações e seus diretores, comandantes e chefes caminham para a percepção de que a solução para o aumento da produtividade passa pela capacitação técnica e também comportamental de seu efetivo. Certamente a Força Aérea sentirá, em pouco tempo, o salto em qualidade e produtividade propulsionado pelo poder da educação.

Nos últimos três anos o número de cursos e alunos praticamente dobrou

Maj QFO Rosa Maria dos Santos Miranda Chefe da SIAT Divisão Administrativa Na área do Cindacta IV desde 2003

AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 11


Seção de Apoio ao Homem

Investimento multidisciplinar para garantir bem-estar e qualidade de vida Foco no fator humano é condição essencial para a segurança operacional e excelência dos serviços de defesa e proteção ao voo O sucesso da missão de patrulhar, controlar e defender o espaço aéreo brasileiro só é possível graças à ação do elemento humano. Cada atividade relacionada ao cumprimento deste objetivo é desenvolvida, mantida e operada por homens e mulheres altamente capacitados, sem os quais as mais valiosas máquinas e tecnologias de radares e telecomunicações nada valeriam. Mesmo sendo o elo decisivo do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), o capital intelectual é o mais vulnerável de todo o Sistema. Desta forma, a Seção de Apoio ao Homem do CINDACTA IV (SAH) desenvolve diversos programas para a manutenção do bem-estar psicossocial dos seus militares, de

forma a manter a competência, o vigor, o interesse e a vibração necessária para a boa qualidade do serviço prestado a todos os brasileiros. Com um corpo de militares formados nas áreas de psicologia, medicina e assistência social, a SAH trabalha de forma multidisciplinar para oferecer ao combatente o apoio irrestrito nas diversas áreas da vida que afetam seu desenvolvimento profissional. Como quase que a totalidade do efetivo é oriundo de outras regiões do País, foi criado o Projeto Integrar, que se propõe acolher os novos servidores do CINDACTA IV, através de atividades informativas e ambientações à cidade de Manaus. Já o Projeto Integrando as Crianças ao CINDACTA IV tem o objetivo de proporcionar a integração entre as crianças e o ambiente de trabalho de seus pais para que possam compreender a dinâmica do serviço, criando identidade e cumplicidade com o ofício de seus pais. Para levar as ações SAH para os Destacamentos, nasceu o Projeto Elos Sociais, que capacita um militar de cada DTCEA com o objetivo de implementar programas multidisciplinares e garantir o acesso de seu efetivo aos benefícios sociais, com mais autonomia para que os Destacamentos possam adequar seus temas às singularidades de cada região. O projeto vem

Projeto Integrar levando os os recém-chegados ao Teatro Amazonas 12 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV


Os Elos Sociais dos DTCEAs no CINDACTA IV

Projeto Cozinha Brasil em parceria com o Núcleo de serviço Social da Guarnição de Aeronáutica de Manaus

As crianças em forma no Projeto Integrando as Crianças ao CINDACTA IV

realizando atividades relevantes, como o DTCEA Tefé, que promoveu uma palestra para seu efetivo sobre DST/ AIDS, bem como sobre a importância da atividade física. Já o DTCEA Tabatinga realizou o evento “Portões Abertos” para os familiares, elaborando uma série de atividades para integrar seu efetivo. Em Boa Vista, o DTCEA fez parceria com a Base Aérea (BABV) para organizar uma colônia de férias para os filhos dos militares. Algumas atividades também são realizadas em parceria com o Núcleo de Serviço Social da Guarnição de Aeronáutica de Manaus, como o Projeto Cozinha Brasil e a Semana Cultural de Férias. O primeiro tem o objetivo de promover uma orientação sobre cardápios com alto valor nutritivo e baixo custo, favorecendo uma alimentação saudável. O segundo visa à integração dos filhos de militares e servidores civis com o espaço cultural, histórico e geográfico da cidade de Manaus. A equipe também dedica parte de suas atividades às ações de Saúde. São realizados atendimentos médicos e psicológicos, assim como palestras preventivas para o público interno, onde se procura divulgar informações relevantes para a qualidade de vida e dos serviços prestados pela instituição. Além da assessoria às atividades desenvolvidas pela Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes do Controle do Espaço Aéreo (SIPACEA) e do atendimento às demandas operacionais em prol da manutenção da Segurança Operacional, a SAH coordena o curso de Gerenciamento de Recursos de Equipe (APH 002). Preconizado pela Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), este curso tem por objetivo desenvolver um trabalho de equipe mais eficiente por meio de habilidades como comunicação, consciência situacional, liderança, gerenciamento de estresse, processo decisório e gerenciamento do erro. Mais conhecido como TRM, o curso possui na sua equipe membros das divisões: Operacional, Técnica e Administrativa, proporcionando aos principais órgãos de controle de tráfego aéreo e defesa aérea do CINDACTA IV, uma oportunidade de aprendizagem para a realização de um trabalho pautado em qualidade e excelência, que vê no elemento humano a base de sustentação de toda a missão desenvolvida pela Unidade.

Equipe da seção de Apoio ao Homem

Treinamento da equipe da CIPA

2ª Ten Psc Ortolan Cv ASS Julia 2ª Ten Psc Dewet 2ª Ten Med Cídia 1S SEF Balieiro Sd SNE Serra

AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 13


SDRHU

Gestão de Recursos Humanos Suprir necessidades com assistência profissional em todas as esferas administrativas faz desta subseção um instrumento indispensável para que todas as engrenagens do CINDACTA IV funcionem com o grau de excelência previsto Administrar com eficiência é trabalhar de forma responsável, ágil e transparente, fazendo de cada obstáculo uma nova superação. É com este espírito que a subdivisão de Recursos Humanos (SDRHU) da Divisão Administrativa (DA) do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) gerencia as matérias relacionadas à administração de pessoal, dando as garantias para que atuem de forma adequada no controle e proteção do espaço aéreo. A SDRHU é responsável pela gestão de pessoal da sede e de seus 27 Destacamentos subordinados, gerindo os interesses de aproximadamente 1,6 mil militares e civis. Para tal, é dividida em quatro seções, sendo elas: Seção de Apoio ao Homem, Seção de Pessoal Civil e Seção de Pessoal Militar, numa equipe composta por seis oficiais, dez graduados e 16 praças especiais. Toda atividade administrativa é realizada pela SDRHU, desde sua concepção e planejamento até a sua consecução, baseada nos critérios estabelecidos pelo Comando da Aeronáutica. A demanda de serviço é expressiva, dado o grande número de militares e destacamentos e as carências específicas da região Norte do País. É certo que a Seção conta com o apoio das Bases Aéreas onde há Destacamentos sediados, como é o caso de Boa Vista, Porto Velho e Belém. A Seção de Apoio ao Homem realiza programas e projetos com a finalidade de ajudar os militares e civis e encurtar a distância com os Destacamentos, garantindo a eles acesso a saúde e direitos sociais. A Seção de Pessoal Civil tem a missão de planejar e atender as necessidades dos 58 civis, orientando nas atividades diárias. Já a Seção de Pessoal Militar, mais complexa, se subdivide em sete subseções. A primeira é responsável por confeccionar portarias, conceder medalhas, punições e descontos internos. A segunda cuida dos boletins internos, recebendo os itens e conferindo-os para posterior publicação. A terceira faz apresentações, férias e dispensas em geral. A quarta tem a missão de fazer processos de reserva, auxílio pré-escolar, beneficiários e inspeção de saúde. A quinta faz desligamentos, auxílio fardamento e publica cursos feitos pelos militares. A sexta controla o efetivo, auxílio transporte e ajuda na Ficha de Avaliação de Graduados. E a sétima planeja toda movimen14 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV

A Seção de Recursos Humanos em atividade constante

tação dos militares do Centro e Destacamentos, além de fazer processos de exercícios anteriores, escalas de representação e comissões. O esforço e a dedicação individual dos integrantes desta Subdivisão são peças importantes para a continuidade dos trabalhos realizados por profissionais de outras áreas, fazendo com que cada um busque seu máximo, resultando na eficácia do controle e da proteção do espaço aéreo. Cada militar tem uma parcela de contribuição para o bom funcionamento deste Centro e a parte administrativa também é de suma importância, uma vez que atua como base para que os outros possam fazer seu trabalho com a certeza de seus direitos assegurados. A Subdivisão de Recursos Humanos, calcada nos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, conduz a gestão de pessoal de forma clara e precisa, suprindo as necessidades e proporcionando ao seu efetivo uma assistência profissional para que o apoio indispensável ao ser humano seja dado tempestivamente para o fiel funcionamento do CINDACTA IV. Ten Cel QFO Yara Nascimento de Souza Chefe da subdivisão de Recursos Humanos Divisão de Administração Na área do Cindacta IV desde 2008


Subdivisão de Gerenciamento de Tráfego Aéreo

Inovação administrativa facilita gestão de Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo Gestão unificada dos DTCEA-MN e DTCEA-EG aumenta o efetivo especializado do CINDACTA IV e facilita a prestação de serviços de manutenção preventiva e corretiva de equipamentos O CINDACTA IV é responsável por 19 destacamentos com efetivo fixo, oito destacamentos com efetivo comissionado e dez Unidades de Telecomunicações (UT) que concorrem para a execução do controle e defesa do espaço aéreo em toda região da Amazônia Legal. Na capital do Amazonas estão localizados os Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo de Manaus e Eduardo Gomes (DTCEA-MN e DTCEAEG, respectivamente), unidades militares de suma importância para o monitoramento estratégico de uma das mais cobiçadas regiões do País. O DTCEA-EG faz parte das instalações do Aeroporto Internacional de Manaus, cuja finalidade é prover os meios necessários para a prestação dos serviços de tráfego aéreo na terminal. O DTCEA-MN está localizado na Base Aérea de Manaus e é responsável pelo controle do tráfego aéreo no aeródromo militar que abriga os esquadrões aéreos: 7º ETA, 1º/9º GAv, 7º/8º GAv e 4º BAvEx.

Para simplificar a gestão dos Destacamentos e otimizar os serviços prestados pelos graduados especializados em eletrônica e eletricidade (BET e SEL) na sede, essas unidades passaram a ter um comando unificado e tiveram suas seções técnicas suprimidas, passando a ser assumidas pela Divisão Técnica do CINDACTA IV. Desta forma, os Destacamentos puderam se concentrar em suas atividades fins deixando as providências de suporte e infraestrutura com os chefes de cada Subdivisão do Centro Integrado. Estrategicamente, essa inovação administrativa ampliou o quadro de militares especialistas na sede do CINDACTA IV, aumentando sua capacidade de atender aos demais sítios para prestar serviços de manutenção corretiva e preventiva, além de sistematizar os procedimentos de gestão operacional com a unificação dos comandos do DTCEA-EG e DTCEA-MN, agora realizado pelo próprio Centro. O comandante escolhido para assumir essa nova empreitada foi o Capitão Especialista em Comunicações Marcelo Martins Soares, experiente oficial que já comandou os destacamentos de São Gabriel da Cachoeira, Petrolina e Fernando de Noronha. Mais uma vez, o arrojo e a vontade de quebrar paradigmas em prol da eficiência administrativa e da segurança das operações aéreas na Região de Voo Amazônica colocam o CINDACTA IV em posição de destaque, com grau de eficiência referendado pelos principais órgãos civis e militares do País. 1T QOE CTA Renato Wilson S.de Oliveira Chefe da subdivisão de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Divisão de Operações Na área do Cindacta IV desde 2003

AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 15


COpM4

Os olhos da Harpia na Amazônia Legal Há quatro anos a Célula de Defesa Aeroespacial da Amazônia (CEDAM) se transformava no maior Centro de Operações já existente no País. Seja em responsabilidade, área de fronteira, tráfegos desconhecidos, acionamentos reais ou número de operações militares, o COpM4 já nasceu gigante, do tamanho do Brasil. Os expressivos números que valorizam a Amazônia Legal vão ao encontro dos esforços empreendidos pelo governo brasileiro na proteção e preservação de tão valioso patrimônio. São necessárias algumas horas de voo para se efetuar o cruzamento destes céus em qualquer direção, o que significaria atravessar diversos países da Europa em pleno Brasil. Por dezenas de aerovias são transportados os últimos produtos da alta tecnologia, milhares de passageiros e cargas diversas, nos mais variados destinos doméstico e exterior. Embaixo predomina o verde. Acima, a responsabilidade de manter a soberania azul, onde predomina a paz e a segurança. A missão estabelecida no ano de 2002 para o então Serviço Regional de Proteção ao Voo de Manaus (SRPVMN) encerrava em si a resposta aos ecos que ainda se ouviam quanto à qualidade da defesa proporcionada ao valioso legado dos bandeirantes. Sem sombra de dúvida havia muito a ser feito. Desde a concepção da infraestrutura de detecção e comunicações até a complexa definição do efetivo responsável pela montagem, operação e manutenção dos equipamentos a serem instalados, muitos esforços foram empreendidos. A tarefa envolvia uma área física contornada por mais de dez mil quilômetros de fronteiras internacionais, três quintos do tamanho geográfico do Brasil, com apenas três por cento de densidade demográfica e a menor malha rodoviária das cinco regiões. A Célula de Defesa Aeroespacial da Amazônia (CEDAM) foi estabelecida nas instalações do então DPV-EG. Nascia o elo precursor do que viria a ser a maior estrutura planejada e desenvolvida para controle, identificação e classificação de alvos aéreos no Brasil. Em pouco tempo já eram ousados os passos que a CEDAM esboçava com vistas a cumprir a determinação do Comando de Defesa Aérea Brasileira (COMDABRA) para que a Defesa Aérea da Região Amazônica alcançasse os altos índices de confiabilidade das demais Regiões de Defesa Aérea do 16 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV

País. Impressionavam o vulto das Operações e Manobras propostas para o Teatro de Operações Amazônico diante da aparente fragilidade da CEDAM. Os Controladores de Operações Aéreas Militares (COAM), pioneiros daqueles dias, acreditavam que era possível fustigar as ameaças aéreas e controlar os vetores de interceptação mesmo sem contar com os inúmeros equipamentos que ainda se encontravam nos contêineres dos armazéns de suprimento. Em meio ao franco desenvolvimento da malha de radares e dos meios de telecomunicações, os óbices foram superados, paradigmas quebrados e novos horizontes abertos para as gerações vindouras. O dinamismo com que os fatos se sucederam suavizaram a rudez da geografia amazônica e atenuaram as dificuldades de transporte, de logística e de adequação dos protocolos para fundir em um mesmo ambiente gráfico os diversos softwares desenvolvidos para os radares. Em concordância com o ambiente de modernidade que deslumbrava a selva amazônica, surgiam nas telas dos consoles os plotes dos primeiros jatos brasileiros dotados de radares aeroembarcados. Eram os chamados R-99. Aeronaves de grande autonomia de voo com capacidade para detectar e enviar para as estações terrestres os dados oriundos dos radares Erieye e dos meios de imageamento espectral. Em combinação com os A-29 (Supertucano), os E-99 (AWACS) sediados em Anápolis-GO constituem a fórmula perfeita para a atividade de policiamento típica da Amazônia. O advento do datalink como forma de envio de informações captadas por uma plataforma aérea no ponto mais extremo da região amazônica até a sede em Manaus impulsionou a urgência em se especializar os técnicos que operavam os sistemas. Era o momento certo para a consolidação da estrutura que seria a solução definitiva para abrigar o layout já definido para a sala de controle das operações aéreas militares.


Fase de montagem do COpM4, do início da CEDAM ao Centro de Operações que gerencia os cenários de batalha na Região Norte

No início de 2005, já transferida para o prédio onde atualmente se encontra a sede do CINDACTA IV, a CEDAM se despedia da sua configuração original enquanto via nascer o mais novo dos Órgãos de Controle de Operações Aéreas Militares (OCOAM) do País. Dos seus gloriosos três consoles, os pioneiros da vigilância na Amazônia testemunharam a chegada das imensas caixas repletas de consoles, monitores, computadores, cabos e teclados, além de um incontável número de itens que não podiam ser identificados sem uma explicação dos técnicos. Em seguida, especialistas levantavam as placas do piso da sala e começavam a passar uma infinidade de cabos e tubos que mais tarde seriam as artérias de um avançado conjunto de consoles dotados do mais moderno software para visualização e controle de tráfego aéreo disponível para a Defesa Aérea. Paralelamente as manobras, exercícios e operações não deram trégua. Daqueles três consoles foram controlados todos os movimentos planejados e executados em uma das versões da grande Operação Timbó. Sem solução de continuidade houve a transição para a nova tecnologia instalada e atualizada até o dia de hoje. Em novembro de 2005 o SRPV-MN foi denominado CINDACTA IV. A CEDAM foi elevada à condição de Centro de Operações Militares (COpM). O Centro já nasceu emancipado em virtude das glórias da sua estrutura original. A primeira interceptação conduzida nos céus da Amazônia sob controle do COpM4 teve como alvo uma aeronave C-99 da Força Aérea Brasileira que conduzia o Diretor-Geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Tenente-Brigadeiro-do-Ar José Américo dos Santos, para Manaus, onde seriam inauguradas as novas instalações do CINDACTA IV. No dia 23/11/2005, os dois caçadores pilotando aeronaves A-29, Supertucano, do 2°/3° Grupo de Aviação sediado em Porto Velho-RO, foram vetorados e posicionaram-se na ala da aeronave que conduzia a autoridade, com toda a precisão que os novos equipamentos proporcionavam. Uma mensagem de boas-vindas foi transmitida pelo líder do elemento. Em virtude da condição visivelmente dissimilar entre as aeronaves envolvidas, um grande esforço de coordenação e muitos cálculos de ge-

ometria de interceptação foram exigidos. O sistema respondeu à altura já na sua estréia tanto em comunicações quanto em detecção. Nos anos seguintes, foram homologados os últimos radares que comporiam o modelo atual de síntese radar da Região de Voo Amazônica. Os softwares empregados nas gestões de interceptação e Circulação Operacional Militar foram constantemente atualizados e exaustivamente testados para a garantia da qualidade que as atividades cotidianas solicitavam. O efetivo do COpM4 cresceu em qualidade e quantidade enquanto a demanda pelos seus serviços também se avolumou. Os acontecimentos mais recentes da história da aviação brasileira demandaram ações de intervenção e participação ativa dos controladores do COpM4 na solução dos vários cenários. Bem-sucedidos e alvos de citações elogiosas por parte dos seus superiores, os referidos militares, conduzidos por líderes reconhecidos em décadas na atividade de Defesa Aérea, seguem altivos na busca pelos melhores índices possíveis de proficiências em sua missão. Em consonância com o comando do CINDACTA IV e pari passu com as determinações do COMDABRA, o COpM4 permanece como sentinela avançada no Norte do Brasil, atento a cada movimento aéreo no interior e nas fronteiras da sua jurisdição. Incansavelmente controla, vigia, classifica e identifica os movimentos aéreos que fazem sombra nestas matas. São homens e mulheres, aviadores, técnicos, controladores de tráfego aéreo e especialistas em comunicações, determinados a cumprir a sua parte para que se mantenha íntegro e colossal o maior e mais próspero País da América do Sul. 1T QOEA CTA Jerônimo Inácio Nunes Chefe do COpM4 Divisão de Operações Na área do Cindacta IV desde 2005

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METEOROLOGIA AERONÁUTICA

Instrumento indispensável para a segurança da navegação aérea Para acompanhar o deslocamento e a evolução de massas de ar, expedir previsões meteorológicas, divulgar mensagens regulares ou de alerta, entre outras atividades essenciais para a confiabilidade e segurança do tráfego aéreo, o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) conta com uma rede de 34 Estações Meteorológicas de Superfície (EMS), 14 Estações Meteorológicas de Altitude (EMA), 11 Radares Meteorológicos, 34 Centros Meteorológicos de Aeródromo (CMA) e um Centro Meteorológico de Vigilância (CMV). Radiosondagens: CINDACTA IV inicia processo de aquisição de Fly Balloon Quando estamos em pleno voo e o comandante da aeronave nos avisa as condições meteorológicas do trecho que se segue, mal nos damos conta de como esta informação foi trabalhada para chegar à cabine em auxílio aos pilotos. Para que os aeronavegantes possam saber as condições atmosféricas de determinada área, o CINDACTA

IV coleta dados do ar superior através de Estações Meteorológicas de Altitude EMA. Por meio de procedimentos técnicos de identificação de instabilidade atmosférica e a probabilidade de ocorrência de trovoadas. conhecido como índice K, o Centro Meteorológico de Vigilância Amazônico (CMV-AZ) classifica perfis atmosféricos específicos, identifica a área de instabilidade e as converte em mensagens de alerta aos pilotos, difundindo-as através do sistema VOLMET. Para que tal serviço possa ser executado na imensa área sob responsabilidade do CINDACTA IV, há uma rede composta por 14 EMA operando 365 dias por ano. Através de sondas transportadas por balões e em sintonia com satélites, essas EMA captam desde a superfície até o nível em que o balão meteorológico se rompe na atmosfera, valores de pressão, temperatura, umidade do ar, direção e velocidade do vento, por meio de cálculos que têm como parâmetro o posicionamento da sonda (representado por suas coordenadas

O CINDACTA IV As Estações Meteorológicas de Altitude (EMA) destinam-se a traçar o perfil atmosférico em termos de vento, pressão, temperatura e umidade do ar, desde a superfície até o nível mais elevado atingido pelo balão meteorológico sobre determinada localidade. Em suas instalações, geradores próprios produzem o hidrogênio mediante um processo eletroquímico. Este gás, menos denso que o ar, infla os balões de borracha que transportarão as sondas em ascensão ao longo da atmosfera. Os valores de pressão, temperatura e umidade são captados por sensores contidos na sonda. Já os dados de vento são estimados tendo por base o posicionamento da sonda, referenciado por satélites, em termos de suas coordenadas vertical e horizontal ao longo do tempo. Efetuado em solo o tratamento dos dados coletados, procede-se à confecção dos códigos TEMP e PILOT. Estes códigos possuem os valores necessários ao cálculo do índice K, que avalia o grau de instabilidade atmosférica e a probabilidade de ocorrência de trovoadas. Tão logo é concluída a sondagem, O TEMP e o PILOT são transmitidos ao Centro Meteorológico de Vigilância Amazônico (CMV-AZ) que, de posse dessas informações, identifica áreas sob turbulência severa bem como setores com maior probabilidade de formação de gelo sobre as aeronaves.

Estações Meteorológicas de Superfície

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Estações Meteorológicas de Altitude

As Estações Meteorológicas de Superfície (EMS) constituem a rede básica da meteorologia na área sob jurisdição do CINDACTA IV, com a função de coletar e processar os dados das mais diversas variáveis climatológicas. Nestas Estações, observadores meteorologistas registram, em formulários próprios, direção e velocidade do vento, visibilidade no aeródromo, fenômenos de tempo significativos, nebulosidade, temperaturas do ar e do ponto de orvalho, ajuste do altímetro e outros elementos que se coadunam em códigos denominados METAR e SPECI. Estes códigos são veiculados da EMS para o Banco Internacional de Dados Operacionais de Meteorologia (Banco OPMET), localizado em Brasília. O METAR é transmitido regularmente a cada hora cheia e o SPECI, quando houver alterações significativas nas condições de tempo reinantes. Esta transmissão é efetuada via INTRAER/ INTERNET através de uma chave de segurança ou, ainda, através de um Terminal de Assinantes do Centro de Comutação Automática de Mensagens (CCAM). Disponíveis no Banco OPMET, estes códigos podem ser consultados por qualquer usuário através da página da Rede de Dados Meteorológicos do Comando da Aeronáutica (REDEMET). Dentre os usuários destacam-se os Centros Meteorológicos de Aeródromo (CMA) e o Centro Meteorológico de Vigilância Amazônico (CMV-AZ). Além de tornar patentes aos usuários as características meteorológicas vigentes em determinado aeródromo, as EMS enriquecem a base de dados do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), fomentando-lhe o desenvolvimento das mais variadas pesquisas climatológicas.


vertical e horizontal) em função do tempo. Este processo de coleta e tratamento dos dados realizado por uma EMA chama-se radiossondagem, possibilitando que o Centro passe para os aeronavegantes informações preciosas sobre as condições do tempo, fundamentais para a segurança do voo. A radiossondagem envolve riscos em torno do manuseio do hidrogênio (H2), gás utilizado para inflar os balões, produzido por um gerador próprio instalado em cada Estação. Sendo um gás altamente inflamável, sua utilização requer uma série de procedimentos para minimizar a possibilidade de um incidente. Dentre estes procedimentos destaca-se a utilização de oxímetros, instrumentos que fazem a verificação contínua da taxa de oxigênio no tanque de hidrogênio. Além disso, os geradores de hidrogênio necessitam periodicamente de manutenções preventivas e, eventualmente, de manutenções corretivas que podem estender-se por mais de uma semana. Desta forma, visando cada vez mais mitigar riscos e estabelecer efetiva continuidade na realização das radiossondagens, o CINDACTA IV inicia processo de aquisição de Fly Balloon (gás hélio). Não sendo inflamável, o hélio constitui excelente alternativa para substituir futuramente os atuais geradores de hidrogênio e o dispêndio com sua manutenção.

As EMA estão localizadas em Manaus, Belém, Boa Vista, Porto Velho, Tiriós, Macapá, Manicoré, Rio Branco, Santarém, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, São Luís, Cruzeiro do Sul e Vilhena. São 14 sondagens simultâneas tendo o horário de 1200 UTC como referência e mais três de igual modo simultâneas, tendo o horário de 0000 UTC como referência. Além de fornecer informações pertinentes à vigilância meteorológica, as radiossondagens fornecem subsídios para as previsões de vento e temperatura em rota nos mais diversos níveis atmosféricos, sendo, portanto, indispensáveis ao planejamento e execução das atividades aéreas sobre a Amazônia.

Cap QOE MET Fábio de Oliveira Mota Chefe da subdivisão de Meteorologia Divisão de Operações Na área do Cindacta IV desde 2001

meteorológico Com a precípua missão de monitorar ininterruptamente as condições meteorológicas reinantes sobre a Região de Informação de Voo, o CMV-AZ diligencia pela segurança das operações aéreas em coordenação contínua com o Centro de Controle de Área Amazônico (ACC-AZ). O CMV-AZ recebe automaticamente do Banco OPMET os códigos METAR e SPECI provenientes das Estações Meteorológicas de Superfície e submete-os a criteriosa análise. Juntamente com os códigos TEMP e PILOT advindos das Estações Meteorológicas de Altitude e as imagens oriundas dos Radares Meteorológicos, tem-se no CMV-AZ uma gama de informações a serem trabalhadas com maior ou menor ênfase, conforme requeira a situação. O CMV-AZ recebe das aeronaves em pontos de aeronotificação dados meteorológicos que são convertidos em código AIREP e enviados ao Banco OPMET. Em contrapartida, reporta a estas aeronaves as mensagens de vigilância (SIGMET e AIRMET), os avisos de aeródromo e de cortante do vento e quaisquer outras informações meteorológicas solicitadas pela tripulação através da radiodifusão VOLMET. Além disso, o CMV-AZ confecciona previsões de área e aeródromo (GAMET e TAF) e atende às solicitações especiais do COpM4 para suporte às mais diversas missões militares. Não obstante as dimensões da Região de Informação de Voo (FIR), tem-se do CMV-AZ e demais órgãos de Meteorologia Aeronáutica do CINDACTA IV a operacionalidade necessária para guarnecer os céus da Amazônia.

Centro Meteorológico de Aeródromos

Centro Meteorológico de Vigilância

Sendo o elo entre o elemento que gera a informação e o seu usuário, o Centro Meteorológico de Aeródromo (CMA) é o responsável pelo atendimento pessoal às tripulações, intercambiando informações meteorológicas com os órgãos locais de Tráfego Aéreo e apoiando as operações aéreas de sua responsabilidade. Distribuídos nas classes I, II e III, os CMA desempenham papel primordial quanto ao planejamento de voo, explicitando aos aeronavegantes as mais diversas mensagens difundidas pela (REDEMET. Dentre estas mensagens destacam-se o METAR e o SPECI, gerados nas EMS, e as previsões e mensagens de vigilância confeccionados pelo CMV-AZ. Além destas mensagens, o CMA expõe cartas de tempo significativo (SIGWX), cartas de vento e temperatura em altitude e imagens de satélite meteorológico. Através da rede operacional de telefonia do SISCEAB, uma estreita relação é mantida com o CMV-AZ para dirimir dúvidas e garantir total proteção à navegação aérea.

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SAR

: o ã Miss

r a v sal

Contar a história da Busca e Salvamento (SAR do inglês Search and Rescue) no Brasil é conhecer um pouco da história dos acidentes na região amazônica e entender como um Salvaero com tão pouco tempo pode se tornar um dos mais importantes e experientes do Comando da Aeronáutica “Eu sabia que vocês viriam!”. Foi assim que o Capitão Velly recebeu o Capitão Guaranys e a equipe de resgate do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento, também conhecido como Para-SAR, durante a missão de busca e salvamento do acidente com o FAB 2068 em 1967, no qual morreram 20 pessoas. Essa missão, que ficou amplamente conhecida no âmbito da Aeronáutica, envolveu uma grande quantidade de meios aéreos e toda uma estrutura de resgate nunca antes vista, até as buscas do voo 447 da Air France neste ano. Nesses mais de 30 anos, muita coisa aconteceu para que o Serviço de Busca e Salvamento alcançasse os patamares de excelência que hoje possui. E essa história começa aqui, na região Norte do País. O serviço de Busca e Salvamento teve como marco inicial a participação do Brasil na primeira reunião da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), que tratou da criação do Anexo 12 à Convenção de Aviação Civil Internacional. Em dezembro de 1947, estabelece-se a Comissão Organizadora de Serviço de Busca e Salvamento, resultando na criação do Serviço de Busca e Salvamento Aeronáutico Nacional, efetivado em dezembro de 1950. Dentro da concepção do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), a Divisão de Busca e Salvamento (D-SAR) é responsável por gerenciar todas as atividades afins. Como executores deste processo estão os Centros de Coordenação de Salvamento (RCC, da sigla inglesa Rescue Coordination Center) distribuídos no Brasil entre: Amazônico, Recife, Brasília, Curitiba e Atlântico. Esses Centros também são chamados de Salvaero. O primeiro grande engajamento efetivo do SAR aconteceu em junho de 1967 em uma situação bem peculiar. A integridade do Campo de Provas Brigadeiro Veloso (CPBV), à época apenas um campo de pouso em Cachimbo, no estado do Pará, estava comprometida por uma revolta indígena. Um grupo do Pelotão de Infantaria da Aeronáutica da Guarnição de Belém foi deslocado a bordo do FAB 2068, um Douglas C-47, para guarnecer as instalações militares. No entanto, uma falha fatal do sistema de navegação, associada à cumplicidade da noite, levaram o FAB 2068 para o oeste, caindo próximo à cidade de Tefé. Como as buscas iniciais nada encontraram, a persistência da filosofia SAR fez com que a missão partisse para a deambulação, realizada por mais de 30 aeronaves que superaram mil horas de voo. Quando os destroços foram avistados, um helicóptero SH-1A foi utilizado e os cinco sobreviventes, de um total de 25 pessoas, foram resgatados, dentre eles o Capitão Velly, que dá início a matéria.

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“O fator humano foi sobremaneira o mais importante. A entrega e a disposição em cumprir a missão fizeram com que não se visse ninguém reclamando dos enxames de abelha, do calor avassalador ou da saudade de casa. Ainda lembro emocionado do comprometimento que envolveu aquela missão SAR” 1T Jerônimo Inácio Nunes

Outro acidente que marcou a história de aeronáutica brasileira foi o do voo Varig RG-254. Devido a problemas na navegação, o Boeing 737-200 que decolava de Marabá e iria para Belém, terminou por seguir em direção oeste e, após ficar sem combustível, fez um pouso forçado próximo ao município de São Félix do Xingu, na Serra do Cachimbo. Das 54 pessoas a bordo, 43 sobreviveram. Em 2004, um acidente envolvendo uma aeronave Brasília da empresa Rico Linhas Aéreas, que voava de Tefé para Manaus, caiu a 40 quilômetros do Aeroporto Eduardo Gomes, na capital. Muito embora os destroços do voo Rico 4815 fossem encontrados em menos de 24 horas, nenhuma das 33 pessoas a bordo sobreviveram. O resgate dos corpos demandou grande esforço dos esquadrões da FAB e Corpo de Bombeiros, pois o local é de mata densa e o acesso somente foi realizado por rapel. Em 2006, o Gol 1907 perdeu contato com o centro amazônico e caiu próximo na Serra do Cachimbo. A localização dos destroços da aeronave aconteceu antes de 24 horas, mas a operação de Busca e Resgate, coordenada pelo Salvaero Amazônico, se estendeu ao longo de 46 dias. A estrutura de apoio montada para a operação contou com helicópteros, aviões de transporte, hospital de campanha,

módulo de apoio a áreas remotas (MAPRE), e transformou a Fazenda Jarinã em um ponto de coordenação. O 1T Jerônimo Inácio Nunes, do CINDACTA IV, foi o Oficial de Coordenação de Busca e Salvamento na Cena (OSC) e afirma que jamais tinha visto tamanho envolvimento do fator humano em uma busca. Entre as milhares de pessoas envolvidas, as atividades de busca chegaram a contar com mais de 300 pessoas em um único dia, dada as dificuldades da região para o resgate. Entre as buscas, os resgates dos despojos e dos bens, bem como recolhimento de estruturas e caixas para perícia, as operações do acidente do GOL 1907 foram uma mostra da maturidade do Salvaero em missões desta natureza. A mata fechada, a umidade da floresta, a dificuldade de acesso, a abrangência da área, há toda uma especificidade da região amazônica que a torna ímpar nos processos de busca e salvamento. É dessa idiossincrasia que nascem as qualidades do Salvaero Amazônico, um órgão que é guarnecido 24 horas por dia, durante os 365 dias do ano, por uma rede de comunicação altamente capacitada e pessoal especializado em cumprir sua missão, fazendo com que tantos outros, assim como o Cap Velly, possam acreditar que, independente de onde estejam, podem realmente saber: o resgate chegará!

MMI: Uma missão silenciosa que salva vidas As missões de misericórdia (MMI) são aquelas em que o Comando da Aeronáutica proporciona meios aéreos para que enfermos sejam levados de locais desprovidos de atendimento médico para receberem tratamento adequado. Dadas as condições de algumas localidades da Amazônia, essas missões são muito comuns e ocorrem sob o gerenciamento do Salvaero Amazônico.

Em 2009

42 missões de misericórdia 45 pessoas atendidas 2T QOEA CTA Alexandre Oscar

Equipe do SAR aguardando uma missão no resgate da GOL1907

Chefe da subdivisão de Salvamento e Resgate Divisão de Operações Na área do Cindacta IV desde 2009

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AIS

Adaptações brasileiras no Serviço de Informações Aeronáuticas otimizam a prestação de serviço aos usuários Para acompanhar a crescente e complexa navegação aérea mundial, Brasil automatiza procedimentos e transfere funções da Sala ARO para a Sala AIS

Para suprir a carência de informações referentes às rotas, condição operacional de pistas e aeródromos, auxílios e advertências à navegação ou qualquer outra circunstância que possa interferir na segurança e regularidade das operações aéreas, foi concebido em 1953 o Serviço de Informações Aeronáuticas (AIS) pelos países signatários da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI). Com o incremento da aviação civil ocorrido no pós-guerra, a comunidade internacional sentiu a necessidade de se criar esse serviço para prover os aeronavegantes e os órgãos diretamente envolvidos com a segurança da navegação aérea com todas as informações necessárias à realização de voos bem planejados e, consequentemente, mais seguros. Dadas as suas dimensões continentais, o Brasil estruturou seu AIS com um órgão central no Subdepartamento de Operações (SDOP), órgãos operacionais divididos em vários Centros NOTAM (Notice to Airmen), um Centro Internacional (NOF), um Centro Geral (CGN) e cinco Centros Regionais (CRN-RF, CRN-BR, CRN-SP, CRN-CT, CRN-MN). Seguindo as orientações da OACI e do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, o AIS brasileiro vem automatizando alguns procedimentos para melhorar a prestação de serviços aos usuários da crescente navegação aérea mundial. Além do serviço de informação anterior e posterior ao voo e de seleção, compilação, processamento e divulgação da informação aeronáutica, o processamento de mensagens pertinentes ao Serviço de Tráfego Aéreo (ATS), tais como planos de voo, mensagens de atraso, modificação e cancelamento de voo, previstas na OACI como funções da Sala ARO (Centro de Notificação das Mensagens de Tráfego Aéreo), foi passado para a Sala AIS, que também tem a atribuição de confeccionar mensagens CONFAC (MOV e ISE). No âmbito do CINDACTA IV, o Serviço AIS é desempenhado pela subdivisão de Informações Aeronáuticas (Seção AIS), pelo Centro Regional de NOTAM e pelas Salas AIS jurisdicionadas. Cada um destes órgãos com atribuições específicas elencadas na legislação pertinente. A instalação de sistemas automatizados em todas as Salas AIS, o controle efetivo das inoperâncias e a 22 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV

busca incessante pela correção imediata das discrepâncias eventualmente encontradas denotam o esforço do CINDACTA IV em garantir uma aviação segura para todos os usuários. Recentemente, auditoria da OACI colocou a aviação brasileira entre as dez melhores do mundo devido ao auto grau de adequação às recomendações de segurança de voo e operações em terra preconizados pela Organização.

2T QOEA SIA Joseilton Bezerra Silva Chefe da subdivisão de Informações Aeronáuticas Divisão de Operações Na área do Cindacta IV desde 2003


A energia do CINDACTA IV

ENERGIA

Nos bastidores dos mais modernos equipamentos de controle de tráfego aéreo e defesa aérea, trabalha em silêncio o sistema que garante a funcionalidade ininterrupta do CINDACTA IV: as fontes de energia Ao se pensar em defesa aérea e controle de trafego aéreo, somos levados a imaginar radares, antenas de VHF e toda a gama de equipamentos ligados à transmissão de dados e voz, que compõem o sistema de comunicação do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), seus Destacamentos e Unidades de Telecomunicações (UT). Na realidade, existem vários setores que prestam serviços distintos, porém com igual importância, fazendo parte da enorme engrenagem responsável pelo efetivo controle no espaço aéreo na região Amazônica. O Sistema de energia elétrica representa uma área crítica quando o assunto é apoio à navegação aérea. Para garantir a qualidade do serviço esperado no âmbito do CINDACTA IV, esse sistema possui uma subestação de 69 KV, através da qual a Concessionária de Energia Elétrica garante energia de qualidade com o mínimo de interrupções possíveis. Caso as mesmas venham ocorrer, então a alimentação das cargas da Sala Técnica, Centro de Controle de Área (ACC), Centro de Operações Militares (COpM) e Banco de Dados será feita automaticamente por duas fontes Ininterruptas de Energia (UPS) de 500 KVA, que possuem dois bancos de baterias ligados em paralelo para que, decorridos 40 segundos de falta de energia, os dois Grupos Geradores entrem em ação para alimentar as cargas críticas e essenciais desse Centro. Além disso, todo o sistema vem recebendo melhorias. Com o passar dos anos, houve a substituição do antigo banco de baterias por dois novos, com maior confiabilidade e autonomia; foram implantadas a manutenção preditiva, com a aquisição de dois medidores de condutância e uma câmera de termovisão; foi incrementado o suporte logístico, através de empresas contratadas em licitações; e estão sendo disseminados cursos para os técnicos da sede e destacamentos subordinados ao CINDACTA IV. Como o serviço de fornecimento de energia elétrica não se restringe ao Centro, se estendendo aos Destacamentos e Unidades de Telecomunicações espalhados em nove estados da Federação, as especificidades de cada localidade exige uma logística diferente para a sua alimentação. Na maioria deles, o acesso se dá por via aérea ou fluvial, sendo este impraticável pela morosidade que se opõe a necessidade do pronto atendimento para o envio de combustível, ou mesmo de técnicos e suprimento de peças para realizar as manutenções preventivas e corretivas para

que as panes dos equipamentos perdurem o menor tempo possível. Os Destacamentos possuem efetivo fixo ou, no mínimo, técnicos por tempos determinado. Porém, as Unidades de Telecomunicações são desassistidas, não possuindo técnicos no local, em particular a UT de Surucucu, situada no extremo oeste de Roraima, que além da falta do profissional, não possui energia comercial disponível. Por essa razão, os Grupos Geradores funcionam com combustível, em regime contínuo, representando alto consumo desta fonte de energia. Objetivando minimizar os impactos de todas essas especificidades, o CINDACTA IV está analisando a viabilidade do emprego de sistemas híbridos para geração de energia elétrica. Considera-se um sistema híbrido aquele que utiliza conjuntamente mais de uma fonte de energia, dependendo da disponibilidade dos recursos energéticos locais. A opção pelo hibridismo é feita de modo que uma fonte complemente a eventual falta da outra. O CINDACTA IV está estudando a viabilidade de se adotar a energia solar. Dessa forma, com todas as melhorias implementadas no Sistema de Energia e as novas propostas de sistemas híbridos, o CINDACTA IV garante o cumprimento da missão na área de sua jurisdição mantendo todos os equipamentos funcionando diuturnamente para cumprir sua missão de controlar o tráfego aéreo e prover a segurança e a defesa da soberania aérea no Norte do Brasil. Maj QOECOM Luiz Carlos Castro Gomes Chefe da subdivisão de Navegação e Infraestrutura Divisão Técnica Na área do Cindacta IV desde 2005

AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 23


AMHS

Implantação do AMHS no SISCEAB O novo sistema de comutação de mensagens aumenta a capacidade de transmissão, fornece a possibilidade de anexar documentos e reforça a FAB no contexto digital O aumento do tráfego aéreo no cenário mundial há muito tem levado a uma exigência crítica do ponto de vista das comunicações de dados terra-terra. Nesse aspecto, em meados dos anos 80, a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) e toda a comunidade de aviação civil internacional identificaram as limitações quanto às funcionalidades e procedimentos nas comunicações aeronáuticas frente às perspectivas reais de aumento de tráfego aéreo para os próximos anos e formaram um Comitê para tratar do futuro dos sistemas de navegação aérea (Special Committee on Future Air Navigation Systems – FANS). O maior resultado alcançado pelo Comitê foi o conceito de um sistema de Comunicação, Navegação e Vigilância para auxiliar no Gerenciamento de Tráfego Aéreo – CNS/ATM, que caracterizava o uso das comunicações de dados por meio de satélite. A rede ATN (Aeronautical Telecommunication Network) é parte integrante do CNS/ATM e consiste em um complexo sistema, cuja definição deve atender tanto por eventos discretos (dados meteorológicos), quanto por eventos contínuos (aqueles associados com informações de voo). No Brasil, as comunicações entre órgãos que prestam serviçode tráfego aéreo (ATS) são basicamente obtidas através do uso de técnicas de voz e dados, ou seja, os controladores usam conexões telefônicas, ou, em alguns casos, chamadas de rádio para coordenar a transferência de aeronaves entre setores, seja dentro da mesma Região de Informação de Voo (FIR) ou entre FIR adjacentes. Planos de voo, mensagens meteorológicas e outras informações em texto são transmitidas usando a AFTN (Aeronautical Fixed Telecommunication Network), cujo nó no Brasil é conhecido como CCAM – Centro de Comutação Automática de Mensagens. Atualmente, existem dois Centros de Comutação no País, um em Manaus (CCAM-MN) e outro em Brasília (CCAM-BR), além de dois concentradores situados em Recife e Curitiba. Estes Centros são responsáveis por interligar diversos assinantes, bem como outros Centros, por meio de conexão assíncrona ponto a ponto, orientada a caractere. Em virtude desse sistema se mostrar obsoleto em 24 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV

Georgetown Bogotá

Paramarimbo Caiena

Lima

Atlanta CCAM-MN

Caracas

Madri Dakar

La Paz

CCAM-BR

Montevideo Assunção Bueno Aires

Via REDDIG Curitiba Via REDDIG Recife Via REDDIG Manaus Circuitos arrendados Usuários Centros

termos de custo e disponibilidade de suporte e sistemas de reposição, bem como outros aspectos tecnológicos envolvidos, a OACI estabeleceu recomendações, por meio do documentação específica, que trouxe a concepção da rede de comunicações aberta para a rede ATN, segundo os padrões da ISO (International Organization for Standardization) para o modelo OSI (Open Systems Interconnection). “9705NA/956 – Manual of Techinical Provisions for the Aeronautical Telecommunication Network”, subvolume III, 3ª Edição para um serviço AMHS (ATS Message Handling System). Diante da necessidade de acompanhar as exigências tecnológicas que se desenvolviam nesse cenário, o DECEA firmou o contrato com a Fundação Atech para dar início ao processo de modernização do CCAM. O resultado dessa iniciativa foi o novo Sistema de Tratamento de Mensagens Aeronáuticas (STMA), que compreende um conjunto de servidores, estações de trabalho, ativos de rede e outros recursos de


Centro de Tratamento de Mensagens Aeronáuticas a ser implantado em Manaus e Brasília

informática, todos interligados, responsáveis pela recepção, processamento, comutação, armazenamento e roteamento de mensagens inerente ao Serviço Fixo Aeronáutico (SFA). O STMA deverá se tornar um componente usuário da infraestrutura da rede ATN, aproveitando-se dos novos recursos, flexibilidade e capacidade oferecidas. Ele está definido dentro da concepção geral da ATN pela sigla AMHS e prevê uma implementação própria e independente. Mais especificamente, o AMHS implementa o padrão Message Handling System, conforme o protocolo definido pelas recomendações 10021 da ISO/IEC (International Organization for Standardization / International Electrotechinical Comission) e X.400 da CCITT (Consultative Committee of International Telegraph and Telephone) ou ITU-T (International Telecomunicações Union – Telecommunications Standards). Além disso, a solução escolhida é apoiada por um serviço de Diretórios, definido conforme as recomendações X.500 da ITU-T. O Terminal de Assinante, atualmente utilizado como usuário do CCAM, deverá sofrer processo de modernização, de maneira a contemplar as funcionalidades necessárias para a utilização como um terminal de acesso ao serviço AMHS. A concepção do STMA para atender as comunicações terrestres obedecerá aos mesmos moldes do CCAM e será ativado com dois Centro de Tratamento de Mensagens Aeronáuticas (CTMA) a serem implan-

tados em Brasília (CTMA-BR) e em Manaus (CTMAMN), sendo que não haverá distinção hierárquica entre eles.

Quadro comparativo AMHS Tamanho ilimitado para as mensagens. Maior capacidade de endereçamento. Maior velocidade de transmissão de mensagens. Permite a possibilidade de anexos (áudio, imagens, gráficos, binários etc). Arquitetura de SW e HW mais atual.

CCAM Tamanho da mensagem, até 2100 caracteres. Apenas três linhas de endereçamento. Velocidade limitada a 9600 bps. Não permite anexos, apenas textos no corpo das mensagens. Arquiteturas obsoletas e restritas. 1T QOE COM Rodrigo de Faria Barone Chefe da subdivisão de Telecomunicações Aeronáuticas Divisão de Operações Na área do CINDACTA IV desde 2007

AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 25


Gestão por processos Os desafios gerenciais dos novos tempos

Planejamento constante, investimento sistemático na qualidade dos processos e visão integrada das atividades produtivas garantem a excelência dos serviços de defesa aérea e tráfego aéreo prestados pelo CINDACTA IV

Falar sobre gestão por processos é quase sinônimo de falar sobre eficácia, eficiência, qualidade e redução de custos. Mas o que é um processo? Qual a relação entre processos e gestão da qualidade? No contexto atual, percebe-se que o tema “gestão da qualidade” é interpretado com base em uma diversidade de paradigmas que deixam de considerar um dos princípios fundamentais para a manutenção e melhoria da qualidade nas organizações: a gestão por processos. No conceito mais simples, o termo “processo” se define como um conjunto de atividades coordenadas que utiliza recursos para transformar entradas (insumos) em saídas (produtos). Por sua vez, a gestão por processos caracteriza-se pela direção e pelo controle de uma organização focada na integração dos diversos grupos de atividades interdependentes, necessárias à realização de sua atividade fim, configurando a visão sistêmica da organização. Contextualizando, o CINDACTA IV tem por finalidade prestar Serviços de Navegação Aérea, realizando-os através de uma malha de processos multidisciplinares. Segundo as premissas da gestão por processos, para que o CINDACTA IV cumpra sua missão com excelência, a integração deve ir além da relação existente entre o controle de tráfego aéreo e a defesa aérea. Todas as áreas de atuação devem interagir, abrangendo as esferas administrativa, operacional e técnica para que os serviços prestados à sociedade sejam aperfeiçoados continuamente. Num primeiro momento, entende-se que os serviços de navegação aérea são prestados pelos órgãos operacionais do

sistema. Entretanto, ao rastrear a dinâmica organizacional necessária à manutenção dessa atividade, percebe-se que existe um conjunto de esforços bastante abrangente para que os recursos necessários à execução dos processos operacionais nas áreas AIS, MET, ATS, COM, SAR e OPM sejam disponibilizados e mantidos adequadamente. À medida que os processos são vistos e gerenciados como tais, se torna evidente que não existe autossuficiência na área operacional. Para esta cumprir sua missão, é necessário planejar os recursos a serem empregados para manutenção e melhoria dos processos, capacitar e atualizar constantemente o efetivo de gestores e operadores de toda a organização, gerenciar a aquisição e a manutenção dos recursos de infraestrutura, equipamentos específicos, monitorar o desempenho dos processos objetivamente por meio de indicadores e agir preventivamente ou corretivamente para aperfeiçoamento contínuo da organização e de seus produtos, conforme representado na figura abaixo. Desta forma, para gerenciar adequadamente os processos organizacionais é necessário conhecêlos com profundidade, identificando os requisitos necessários à sua realização. Erro comum é a percepção estanque dos processos produtivos que, vistos separadamente, pouca relação tem com a atividade fim. Uma vez configurado tal cenário, a tendência natural é a otimização das diversas áreas isoladamente, o que pode gerar impactos prejudiciais ao sucesso da organização. A falta de visão sistêmica, aliada a uma preocupação das equipes apenas com suas áreas, menosprezando os clientes internos e externos, são alguns dos fatores que criam um con-

Sistema de gestão baseado em processos

26 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV


junto desalinhado de esforços, que podem fazer boas equipes caminharem em direções diferentes. O fato é que, ainda que os processos não sejam identificados e gerenciados como tais, eles existem e estão em operação. O CINDACTA IV, de acordo com as diretrizes emitidas pelo DECEA para a gestão da qualidade aplicada ao SISCEAB, tem investido sistematicamente na identificação e no aperfeiçoamento de diversos processos inseridos no contexto operacional, incluindo os níveis gerenciais e os operacionais no modelo multisite. Tal modelo consiste na organização de responsabilidades, considerando a hierarquia existente entre as funções e processos regionais realizados pela Sede e aqueles locais realizados pelos DTCEA, de cunho estritamente operacional. Dessa forma, o CINDACTA IV entende o seu papel como organização inserida no SISCEAB para cumprir e fazer cumprir os requisitos, políticas e diretrizes emitidas pelo Órgão Central, além de gerir e fiscalizar os Destacamentos de sua área de jurisdição, para que a provisão dos serviços de navegação aérea na FIR-AZ seja realizada com qualidade e segurança.

No trabalho a ser continuado para a implementação da qualidade com escopo regional, no modelo multisite, as ações a serem concluídas consistem basicamente na identificação dos processos relevantes de todas as áreas que impactam diretamente os serviços de navegação e defesa aérea e como estes devem ser operacionalizados com eficiência. Por fim, o modelo de gestão não deve ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação maior é assegurar melhores resultados e, nesse caminho, trata-se de uma mudança cultural, já que é necessária uma maior percepção das relações entre os diversos processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados, é preciso treinar e integrar os profissionais, visando gerar um fluxo de atividades mais equilibrado e controles mais robustos. É por causa desse último passo que a implantação da gestão por processos deve ser tratada de forma planejada e orientada em resultados de curto, médio e longo prazo, para que os processos e serviços fornecidos pelo CINDACTA IV mantenham seus reconhecidos níveis de excelência hoje, amanhã e sempre.

A gestão de processos no CINDACTA IV Premissas da gestão da qualidade do SISCEAB •A segurança operacional é suportada pela gestão da qualidade •Não há segurança operacional se não há qualidade nos processos organizacionais e seus resultados •Não existe qualidade sem o cumprimento dos requisitos para realização dos processos, sejam funcionais ou de negócio •Os requisitos para a operação de todos os processos realizados pelo CINDACTA IV estão declarados nas publicações do COMAER •A gestão da qualidade inicia-se com o planejamento •Não é possível planejar sem o controle do contexto organizacional •O controle do contexto organizacional possibilita a correta assessoria ao Comando para o tratamento de vulnerabilidades e para a implementação de melhorias, baseados na abordagem factual para a tomada de decisão

Questões a serem consideradas para o estabelecimento de uma gestão por processos •O dimensionamento de equipe é ideal para a execução e para o controle dos processos? •O suporte de ferramentas tecnológicas é adequado, principalmente para os processos não inseridos no contexto operacional, tendo em vista que os requisitos para estes processos em grande parte não possuem um nível de detalhe ideal declarado nas publicações? •Os métodos de monitoramento e controle de desempenho estão sendo utilizados? •Está satisfatório o nível de integração e interdependência entre os processos?

Passos para a implementação do processo 1. Tradução do negócio em processos: é importante definir quais são os processos mais relevantes para o CINDACTA IV e aqueles que os suportam. Isso é possível a partir do entendimento da visão estratégica, como se pretende atuar, quais os diferenciais atuais e os desejados para o futuro. Com isso, é possível construir o mapa geral de processos. 2. Mapeamento e detalhamento dos processos: a partir da definição do mapa geral de processos inicia-se a priorização dos processos que serão detalhados. O mapeamento estruturado com a definição de padrões de documentação permite uma análise de todo o potencial de integração e automação possível. De forma complementar, são identificados os atributos de cada processo, o que permite, por exemplo, realizar estudos sobre a viabilidade das atividades que o compõe, ou ainda dimensionar o tamanho da equipe que deverá realizá-lo. 3. Definição de indicadores de desempenho: o objetivo é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar e melhorar. Assim, tão importante quanto mapear os processos é definir os indicadores de 1T QOE MET desempenho, além dos modelos de controle a serem utilizados. Marcelo Barretto da Silva 4. Identificação de oportunidades de melhoria: a intenção é garantir um modelo de operação que não leve a refazer o trabalho, perda Chefe da subdivisão de de esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça risPlanejamento cos operacionais. Para tal, é necessário identificar as oportunidades Divisão de Operações de melhoria, que por sua vez seguem quatro alternativas básicas: Na área do Cindacta IV incrementar, simplificar, automatizar ou eliminar atividades. desde 2005

AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 27


Software Livre Implantação de software livre no âmbito do CINDACTA IV aumenta economia e segurança das informações Migração de sistema operacional proprietário para arquiteturas abertas diminui vulnerabilidades e rende economia de mais de R$ 500 mil em atividades não finalísticas

O Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) é reconhecido pelo seu pioneirismo na absorção de novas tecnologias. Como membro desse sistema, o CINDACTA IV, através de sua subdivisão de Tecnologia da Informação (STI), tem incorporado novas plataformas tecnológicas em uma busca contínua pela otimização de processos, economia de recursos e o aumento dos níveis de salvaguarda das informações. Uma dessas ações de maior destaque nos últimos tempos foi a implantação de software livre em todo o âmbito do CINDACTA IV. Por software livre entende-se um programa que pode ser usado, copiado, estudado e redistribuído sem nenhuma restrição. Seu uso está associado, normalmente, à economia de recursos, uma vez que a maioria das empresas e fundações que o desenvolve não cobra nenhum investimento inicial para o seu uso. Com a adoção do BROffice e a migração do sistema operacional para Ubuntu e Debian em estações de trabalho e servidores, respectivamente, o CINDACTA IV economizou R$ 550 mil em licenças. Esses dois fatos isolados já dão motivos suficientes para a adoção em larga escala de soluções de código aberto, pois seria necessário o uso de mais de meio milhão de reais em uma atividade não finalística, além de aumentar sobremaneira os níveis de segurança das informações, como veremos a seguir. O uso de software livre no governo Federal teve início em 2003 com a criação do Comitê Executivo do Governo Eletrônico, que tinha como uma de suas atribuições a gestão sobre software livre, bem como a racionalização da aquisição de licenças de softwares, colocando o assunto na pauta estratégica do País. 28 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV


Em 2005, o Comando da Aeronáutica regulou sua estratégia para o emprego de software livre. Em 2008, assinou protocolo que fazia com que a Força Aérea Brasileira se comprometesse a adotar em seu âmbito o formato OpenDocumentFormat (ODF) para todos os documentos e publicou instrução normativa que obrigou a existência de software livre no portal do governo federal antes de se decidir pela aquisição de software proprietário. Mais do que simples economia financeira, a adoção de sistemas abertos tem um significado mais amplo e estratégico quando analisado o domínio da dependabilidade dos sistemas de defesa, que consiste em sua capacidade de fornecer um serviço considerado confiável, ou seja, sem a presença de defeitos. Esse conceito é importante, pois garante que um sistema de defesa que é desenvolvido para operar em situações hostis não só funcione corretamente, mas também que não seja usado contra a própria Força. Existem diversos exemplos de eventos catastróficos gerados pela não obtenção de dependabilidade como Projeto Marte, Chernobyl, Hegeland Aviation, entre outros. Para uma compreensão completa dos aspectos relacionados à obtenção de dependabilidade através de arquiteturas abertas, é necessário o entendimento dado pelo Departamento de Defesa americano (DoD) sobre o assunto. Segundo o DoD, arquiteturas abertas são o conjunto de sistemas desenvolvidos usando padrões abertos e interfaces, software livre, tecnologia de desenvolvimento de sistemas de forma colaborativa e tecnologia para desenvolvimento ágil. A adoção de arquiteturas abertas influencia de forma decisiva no processo de obtenção de dependabilidade de um sistema crítico.

No CINDACTA IV esses aspectos foram levados em consideração na seleção das arquiteturas utilizadas (remoção dos protocolos proprietários existentes nos roteadores e switches), bem como na seleção de servidores de rede e de segurança. Nessa área foram removidos todos os servidores Windows administrativos do CINDACTA IV, feito este que minimizou a incidência de vírus e de vulnerabilidades. Outro aspecto positivo foi a implantação do SIGADAER, servidor desenvolvido pela Força Aérea Brasileira em parceria com o Exército Brasileiro, que possibilitará, em um futuro próximo, a integração eletrônica de documentos entre as organizações. Para aumentar o nível de segurança das informações, foi implantado o firewall PFSense, que permitiu a substituição do obsoleto CheckPoint existente, bem como proteger através de uma console única todos os serviços administrativos e operacionais do Centro. Outro fato importante foi a ativação do projeto OSSIM no CINDACTA IV. Com essa ferramenta a equipe de segurança do Centro terá uma capacidade ímpar de diagnosticar o estado da rede, podendo impedir em tempo real um ataque no momento em que ele estiver ocorrendo. O processo de migração do CINDACTA IV com prazo de término em janeiro de 2010 atingirá todas as estações, servidores e servidores administrativos, ou seja, cerca de mil estações de trabalho serão migradas para um sistema operacional livre. Também um serviço inovador de monitoramento de serviços na plataforma NAGIOS permitirá descobrir quando um serviço operacional iniciar seu processo de degradação, possibilitando assim que ele possa sofrer intervenção antes que ele entre em processo de paralisia. No contexto da FAB e do Brasil, o CINDACTA IV tem participado ativamente na comunidade de software livre. Seu comandante, o Brigadeiro-do-Ar Carlos Eurico Peclat dos Santos, ministrou uma palestra no I Fórum de Software Livre do COMAER. Também tem participado de diversos eventos nacionais fornecendo palestrantes (LATINOWARE, VOIPCENTER), além de ter uma equipe vinculada ao esforço coordenado pelo Subdepartamento de Tecnologia da Informação (SDTI) no processo de migração da FAB. A adoção de software livre é, antes de mais nada, uma determinação do governo. Porém, considerando os aspectos relacionados à atividade fim do CINDACTA IV: defesa, é uma necessidade estratégica. Dessa forma, o CINDACTA IV descobriu que para conseguir cumprir sua missão de gestão do tráfego aéreo e da defesa aérea em sua área de responsabilidade, é necessário que seus sistemas possuam um grau bastante alto de dependabilidade o que, conforme visto acima, somente é possível com o uso de soluções abertas. Maj QOAV Alexandre Barreto Chefe da subdivisão de Tecnologia da Informação Divisão Técnica Na área do Cindacta IV desde 2008

AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV 29


Radiodeterminação

A manutenção do olhar sobre a Amazônia A cobertura radar de 100% da Amazônia passa pela excelência de manter os sistemas no mais perfeito funcionamento A subdivisão de Radiodeterminação, subordinada à Divisão Técnica do CINDACTA IV, teve por predecessora a seção de Manutenção Radar do extinto SRPV-MN, que tinha sob sua demanda sete sistemas, dos quais cinco correspondiam a radares de rota (BE, MN, UA, TT, BV), e outros dois radares de aproximação (BE e MN). Grande mudança aconteceu com o advento do SIVAM, uma vez que, por meio desse projeto, foram implantados outros 20 sistemas de radares, entre equipamentos de controle e tráfego aéreo e defesa aérea, e outros dez voltados para fornecimento de informações meteorológicas, destinadas a órgãos militares e civis. Atualmente a Subdivisão de Radiodeterminação gerencia a operacionalidade e a manutenção dos 37 sistemas radares que cobrem a região da Amazônia Legal. Para tanto, conta com equipe de oficiais e graduados, em sede e sítios, treinados e em constante cooperação.

A formação do pessoal

Os idealizadores do Projeto SIVAM, diante das circunstâncias logísticas pertinentes à região amazônica e da complexidade dos sistemas a serem implantados, logo perceberam a grande relevância que a formação do pessoal técnico teria para a disponibilidade dos sistemas radar. Dessa forma, tão logo os primeiros sistemas foram instalados, no ano de 2000, deu-se início aos treinamentos, quando foi priorizada a formação de turmas de instrutores e mantenedores dos radares que viessem a ser irradiadores dos próximos cursos. O modelo do treinamento adotado levava em consideração não apenas o enfoque teórico, mas também prático, com atividades realizadas junto ao próprio equipamento em sítio. Ademais, cada sistema foi contemplado com Operação Assistida (OA) por seis meses. Durante a OA os técnicos tiveram a oportunidade de melhor conhecer os sistemas de detecção radar e desenvolver a confiança necessária para intervenções mais complexas e elaboradas, já que, à ocasião, os mesmos contavam com a presença de um representante do fabricante no local, com vistas a orientar e cumprir cronograma de atividades de exercícios (On-The-Job-Training), que incluíam a manutenção preventiva, detalhamento de procedimentos para isolação de falhas e substituição de módulos do equipamento radar. Durante os procedimentos descritos no OJT, além do aprendizado da manutenção em si, foram empreendidas atividades a fim de verificar a forma e 30 AEROESPAÇO - ESPECIAL CINDACTA IV

adequação de como os procedimentos de reparo vinham descritos nos manuais dos equipamentos. Todas as impropriedades detectadas e formalizadas durante a Operação Assistida foram, ao final, consolidadas e corrigidas pelos fabricantes nos manuais do equipamento.

Atualidade

Os 37 sistemas de radar sob a responsabilidade da Subdivisão de Radiodeterminação estão assim distribuídos: Tipo de Radar Primários

Secundários Meterológico

Equipamento

Quantidade de sistemas

LP23M

5

TA-10M

1

STAR 2000

1

ASR23SS

7

TPS-B34

6

RSM 970

5

Cossor MK2D

7

DWRS 8500

10

Como as atividades desenvolvidas nesses oito tipos de radar são de natureza distintas, a subdivisão de Radiodeterminação foi dividida nas seguintes seções: * Seção de Radar Primário Bidimensional, que contempla a manutenção preventiva e corretiva nível base nos radares primários Raytheon ASR23SS * Seção de Radar Secundário Autônomos, que executa as manutenções relativas aos radares Cossor MK2D * Seção de Radar Primário Tridimensional, que é responsável por manutenções sobre os radares Lockheed-Martin TPS-B34 * Seção de Radar Meteorológico, na qual estão lotados técnicos treinados para executar manutenções nos radares DWRS 8500 * Seção de Radar Valvulado, responsável pelos radares primários e secundários dos equipamentos remanescentes do SRPV-MN, a saber, LP23M, RSM970, TA10M e, mais recentemente, o Star 2000. Além das manutenções preventivas e corretivas em sítios, os militares que compõem as seções descritas também desempenham a importante função de fornecer orientação e suporte aos técni-


cos lotados nos Destacamentos; muitas vezes procedendo a verdadeiras manutenções à distância. Observa-se, hoje, que tal suporte otimiza os recursos operacionais e materiais da subdivisão. Adicionalmente à responsabilidade de manutenção nível base nesses sistemas, o CINDACTA IV também possui o encargo das manutenções nível parque nos sistemas ASR23SS, MK2D e TPSB-34. Assim, esses equipamentos têm seus módulos totalmente reparados no próprio CINDACTA IV, ou têm, excepcionalmente, sua manutenção inteiramente gerenciada pela Divisão Técnica, nos casos de itens que não são reparáveis nas respectivas oficinas. Para a realização das manutenções nível parque, a subdivisão de Radiodeterminação conta com bancadas específicas de reparo em módulos de radar, as quais foram implantadas no ano de 2004. Cada bancada é composta por equipamentos arranjados de forma a prover os sinais demandados pelos módulos em falha – alimentação, controle, entradas etc. Em alguns casos, as bancadas são formadas por módulos idênticos aos utilizados nos sítios. As oficinas contêm, ainda, um exemplar completo dos sistemas ASR23SS, Condor MK2D e TPS-B34 – as cha-

Substituição de componentes em carta do radar meteorológico

madas Cadeias Reduzidas, que se prestam a validar os módulos reparados nas bancadas. Ademais, as oficinas têm em seu acervo instrumentos de medição complexos e de alta precisão, cuja adequada utilização exige grau de conhecimento técnico elevado. DEPOT ASR23SS: a manutenção parque desse sistema é baseada em bancadas organizadas para análise dos principais módulos do transmissor e receptor do radar primário. Além dessas bancadas e da cadeia reduzida, há também uma estação digital, utilizada para testes lógicos nos módulos relacionados ao processador e monitoração do transmissor, facilitando sobremaneira a identificação e solução da falha. DEPOT MSSR: a oficina nível parque desse sistema contempla bancadas específicas para reparo em praticamente todos os módulos do radar secundário: processamento, transmissão, recepção; partes digitais e de potência; além de equipamentos acessórios, como o site monitor. Também conta com duas estações de testes lógicos e digitais,

para testes de placas relacionadas a controle de módulos de transmissão e recepção, bem como placas de processamento. Pelo fato de ser um sistema menos complexo do que o ASR23SS, a manutenção nível parque do MK2D contempla muito mais itens e apresenta maior nível de intervenção do que a manutenção daquele sistema. DEPOT TPS-B34: no caso do radar TPS-B34, a atividade de manutenção contempla o reparo na maioria dos módulos desses sistemas, cuja complexidade de manutenção se mostra em nível superior quando comparada aos demais sistemas. Além de toda essa estrutura para a reparação de módulos, a subdivisão conta ainda com o Laboratório de Solda Especial, disponibilizado à Divisão Técnica do CINDACTA IV. Ali, os técnicos podem se utilizar de estações de solda e material afim, capaz de atender às necessidades de substituição de componentes em módulos dos radares. A especialização na manutenção parque é premissa para o alcance de um trabalho eficiente. A política adotada em relação aos militares que ali trabalham é a de que o técnico de laboratório deve preferencialmente estar envolvido apenas com as atividades de bancada, evitando ao máximo o envolvimento com atividades de manutenção em sítio. Em que pese os grandes desafios enfrentados pela subdivisão, notadamente em relação à rotatividade de pessoal especializado e, ainda, à logística característica da região, o resultado do trabalho realizado pela equipe é notório, traduzido pela alta disponibilidade dos equipamentos nos órgãos operacionais. Não se trata, contudo, de uma mera coincidência. É possível identificar razões para tal. Estrategicamente, o investimento na capacitação técnica tem sido um dos pilares do bom desempenho da equipe, já que se tem buscado atingir a autonomia do pessoal de Destacamentos nas manutenções dos equipamentos. No lado humano, cabe ressaltar que a coesão e entrosamento da equipe é uma realidade, propiciando resultado de um ambiente de trabalho sério e desafiador. O perfil do técnico de radar contribui para isso, uma vez que são escolhidos para comporem a Radiodeterminação os militares que demonstram possuir habilidade para atuar em diversas áreas, dado que os sistemas gerenciados envolvem diversos segmentos de tecnologia, tais como rede de computadores, processadores de sinais, micro-ondas, eletromecânica etc. A manutenção do complexo sistema de radares da região amazônica é um trabalho árduo e desafiador. A subdivisão de Radiodeterminação do CINDACTA IV orgulha-se de conseguir fazê-lo. Cap QOENG Leonardo Alves Dias Chefe da subdivisão de Radares Divisão Técnica Na área do Cindacta IV desde 2003

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