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Estamos prontos para novos desafios. O país entrou na nova era do pré-sal impulsionando a indústria em direção ao futuro. Para a FMC Technologies Brasil, isso significa uma nova geração de equipamentos e serviços, com novas soluções tecnológicas e alto conteúdo local.

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ENCARTE ESPECIAL DESTA EDIÇÃO: MAPA BACIA DE SANTOS



sumário

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edição nº 97 set/out 2014

Entrevista exclusiva

com Luiz Braga, vice-presidente e diretor de Geomercado Regional para América Latina – CGG

Todas as empresas são importantes para a CGG no cenário Brasil

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Especial logística

Logística offshore: enormes desafios à frente 42 Infralog: logística repensada 52 Suporte no ar e em terra

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PD&I

Desafios e oportunidades em PD&I

Evento: Prévia Rio Oil & Gas 2014

Novo cenário geopolítico global é o tema da 17ª edição 70 Participação estrangeira 72 Arena de Responsabilidade Social

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Evento: Marintec

Produtividade e competitividade: os desafios da indústria naval

CONSELHO EDITORIAL Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti

78 Empresas apresentam serviços e boas soluções

Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão

artigos 22 Os estragos da nova matriz econômica, por Marcelo Castello Branco

26 Custo Total de Propriedade (TCO) – o desafio fundamental da gestão eficaz da cadeia de abastecimento, por Frank Wilhelm 112 Pequenas e médias empresas inovam com o marketing relacionado a causas, por Marcus Nakagawa 114 O desafio iminente da sustentabilidade, por Ariovaldo Caodaglio 116 O Fator Humano, por Wanderlei Passarella 120 Petróleo, desenvolvimento sustentável e segurança jurídica,

Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes José Fantine Josué Rocha Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros

por Luiz Gustavo Bezerra

134 Desafios do pré-sal na caracterização de reservatórios carbonáticos, por Jaqueline Lopes Saad, Daniel Martins Plucenio e Webster Ueipass Mohriak

136 Gerenciamento de projetos é estratégico, por Carlos Magno da Silva Xavier 140 Segurança de processos e análise de riscos, por Mário Fantazzini 144 Combate à corrupção: novas tendências e implicações para a indústria de energia, por Marilda Rosado de Sá Ribeiro e Carolina Araújo de Azevedo 146 O segmento onshore de E&P no Brasil, Grupo de pesquisa CNPq

Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

Ano XVI • Número 97 • set/out 2014 Foto: Cortesia Helibras

152 Gás natural no Brasil: desafios e oportunidades de negócios, por Ieda Gomes e Marcio Balthazar da Silveira

158 PSM promove o gerenciamento de riscos, por Altaira Pollis

seções

4 editorial 6 hot news 12 indicadores tn 64 eventos 84 perfil profissional 86 perfil empresa

99 caderno de sustentabilidade 124 pessoas 126 produtos e serviços 161 feiras e congressos 162 fino gosto 164 coffee break 167 opinião TN Petróleo 97

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editorial

Muitas expectativas

E

sse é o sentimento predominante no setor petrolífero, que ainda não viu acontecer o que era esperado para este ano: a retomada do crescimento da produção de petróleo (mais ainda, da economia) e, consequentemente, de toda a cadeia produtiva. O fato é que, a despeito de todas as injunções políticas que têm impactado sua gestão – e embora a Petrobras esteja empenhada em obter maior eficiência operacional em todas as suas atividades upstream – será difícil atingir a meta de 7,5% de crescimento da produção de óleo este ano, depois de uma elevação de pouco mais de 1% no primeiro semestre. No entanto, vários fatores sinalizam que é bem possível alcançar 2,5 milhões de barris de petróleo até o final de 2016. A começar pelo fato de a petroleira brasileira, em um cenário ainda de crise econômica mundial, ter sido a empresa integrada de energia a registrar maior aumento da produção neste primeiro semestre, em comparação com os resultados operacionais de dez companhias internacionais que atuam na exploração e produção de petróleo e gás, no refino e na distribuição de derivados. Outro fator é o alto índice de produtividade de poços do pré-sal, com média de 25 mil barris de petróleo por dia (bpd) por poço, bem acima de outros cenários offshore, como Mar do Norte (15 mil bpd) e Golfo do México (10 mil bpd). Tanto que duas plataformas já atingiram sua capacidade máxima em apenas quatro poços, quando inicialmente se acreditava que a marca seria alcançada com seis: o FPSO Cidade de São Paulo, no campo de Sapinhoá (120 mil bpd) e o FPSO Cidade de Angra dos Reis, no campo de Lula (100 mil bpd). Com mais de 582 mil barris de óleo equivalente diários (boe/dia) produzidos em julho, correspondendo a 25% da produção do país, o pré-sal deve superar a marca dos 700 mil boe/dia ainda este ano – tendo somado desde o início de sua produção, em 2008, até meados deste ano, o volume total de 360 milhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás). É com esses números que chegamos à 17ª edição da Rio Oil & Gas, maior evento de petróleo da América Latina e segundo maior do mundo, cientes de que as expectativas só vão se tornar realidade se superarmos alguns desafios, que dizem respeito a toda a cadeia de fornecedores de bens e serviços. Para começar, é preciso voltar o foco para a infraestrutura logística, tema de capa desta edição da TN Petróleo, que foi ouvir algumas das principais empresas e entidades do setor para fazer um painel dos desafios a serem superados para o desenvolvimento do pré-sal e de novas fronteiras exploratórias, como as águas ultraprofundas da bacia de Sergipe-Alagoas. Também é importante que a indústria naval avance na busca de competitividade para atender às demandas crescentes não somente por novas unidades de produção (plataformas), como também de embarcações de apoio offshore, sondas de perfuração, petroleiros e gaseiros, preocupação visível durante a Marintech South America– Navalshore 2014, realizada no Rio de Janeiro, e que reuniu os principais players do setor. São muitas, portanto, as expectativas. O que queremos é vê-las se tornarem realidade. Benício Biz Diretor da Benício Biz Editores

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Rua Buenos Aires, 2/406 Centro – CEP 20070 022 Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel/fax: 55 21 2224-1349 www.tnpetroleo.com.br tnpetroleo@tnpetroleo.com.br

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hot news

Novas áreas com acumulações marginais

Esta norma atribui à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a definição das empresas de pequeno e médio porte que serão beneficiadas por essa política e também versa sobre a realização de rodadas de licitação anuais, específicas para blocos em bacias maduras e de áreas inativas com acumulações marginais, que devem ser autorizadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A ANP, após amplo debate com a indústria petrolífera e a sociedade brasileira, definiu, por meio da Resolução ANP n. 32/2014, as empresas de pequeno e médio porte para efeito de enquadramento nas medidas de fomento à participação no setor de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural no país. Com o objetivo de contribuir com o mencionado contexto, e, adicionalmente, visando o bom andamento de processos de devolução de áreas perante a Agência, a ANP submeteu para consulta dez áreas com acumulações marginais. Estas áreas, distribuídas pelas bacias do Recôncavo (quatro), Espírito Santo (três), Tucano Sul (uma), Paraná (uma) e Barreirinhas (uma), ficarão disponíveis para consulta até o dia 03 de outubro de 2014. Assim sendo, as empresas que, após análise dos dados disponíveis, se interessarem por área(s), deverão apresentar a sua manifestação.

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Foto: Divulgação HRT

A política nacional de aumento da participação de empresas de pequeno e médio porte nas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural foi estabelecida por meio da Resolução CNPE n. 1/2013.

A manifestação de interesse deverá especificar a(s) área(s) e deverá ser formalizada com envio de correspondência à ANP, aos cuidados da Superintendência de Desenvolvimento e Produção, após a visualização de seus dados, que poderá ser feita nos escritórios da ANP no Rio de Janeiro ou Salvador, mediante prévio agendamento através do e-mail demandas_sdp@ anp.gov.br. Estarão disponíveis para visualização dados sísmicos e de poços, discriminados nos arquivos a seguir. É importante mencionar que as áreas que não forem objeto de manifestação de interesse seguirão os trâmites para sua devolução. Para

as outras, poderá ser feita indicação para licitação, abarcando tanto o formato de campos marginais, onde a produção é viabilizada pela reabilitação de poços, quanto o formato tradicional, onde as áreas serão inseridas em blocos exploratórios. Ressalta-se ainda que as áreas deverão ter sua viabilidade ambiental sustentada em manifestação conjunta da ANP e do órgão ambiental competente, conforme determinado no Inciso II do art. 2º da Resolução CNPE n. 1/2013 e que sua inclusão em futura rodada de licitação depende de aprovação pelo CNPE. A relação das áreas e suas descrições estão disponíveis em http:// www.anp.gov.br/?pg=71808.


A Petrobras tem investido em tecnologias que visam colocar no fundo do mar parte ou todo o sistema que hoje compõe uma plataforma de produção. A depender do desenvolvimento dessas linhas de pesquisa, as plataformas marítimas um dia poderão ser alocadas bem distantes do poço, em regiões mais rasas e próximas à costa, ou futuramente o petróleo e o gás poderão até ser enviados diretamente do poço para o litoral. Nesses estudos, estão presentes os conceitos “subsea to shore” e “subsea to somewhere”, que incluem processamento de líquidos e gases, transmissão e distribuição de energia no fundo do mar, além de sistemas remotos de operação e monitoramento dessas atividades. Hoje esses processos são feitos nas plataformas. O objetivo com as pesquisas é que um conjunto de tecnologias de sistemas submarinos esteja disponível para aplicação até 2020. A Petrobras já tem algumas soluções instaladas, como o primeiro sistema de separação submarina água-óleo no mundo em águas profundas.

Foto: Agência Petrobras

Redução do uso de plataformas

A tecnologia está instalada na P-37, no campo de Marlim, e uma bomba multifásica operante desde 2012 no campo de Barracuda, Bacia de Campos, interligada a um poço produtor da plataforma P-48. Esse equipamento é capaz de bombear grandes vazões de líquidos e, com isso, aumentar a produção de petróleo em até 6 mil barris por dia. Levar equipamentos para o fundo do mar possibilita aumento da produção porque as operações de processamento, tratamento, bombeamento e compressão de água, óleo e gás não ficam limitadas às dimensões da plataforma, além de proporcionar redução dos custos relacionados a essas atividades.

Vac-All firma parceria internacional A Vac-All Brasil fez parceria com empresa de grande experiência no mercado internacional de troca de recheios industriais, agregando conhecimento e experiência ao setor. A resposta imediata foi o aumento da confiabilidade de seus sistemas, a melhoria do custo/benefício dos seus projetos e atendimento às normas de qualidade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional. Segundo Jailson Rangel, engenheiro e diretor técnico da Vac-All Brasil, atuante nessa área há mais de 30 anos, foi imprescindível a busca

de tecnologia, para chegar a essa posição. A Vac-All Brasil, empresa brasileira especializada em troca de recheios nesses sistemas, utiliza equipamentos de ponta em suas operações, atendendo às UNs Petrobras (Rlam, Reduc, Rpbc, Fafen/Ba, Fafen/Se, Replan, Repar, Regap, Recap, Refap, Revap, Upgn, Tecarmo, Transpetro), Braskem, Oxiteno, Oleoquímica, Deten, Estireno, Unigel, Rhodia, e Lwart, entre outras, com reconhecido conceito de eficiência e segurança nos serviços executados.

Consórcio de Libra inicia perfuração do primeiro poço exploratório

A Petrobras informa que iniciou no dia 6 de agosto a perfuração do primeiro poço exploratório na área de Libra. Denominado 3-RJS-731. O poço está sendo perfurado pela sonda NS-36 (Schahin Cerrado). Esse é o primeiro de dois poços previstos na primeira fase do Programa Exploratório Mínimo (PEM), firmado com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O poço 3-RJS-731 atingirá a profundidade final (profundidade de água e sedimentos) de 5.850 m e está a cerca de 170 km da costa do estado do Rio de Janeiro e a aproximadamente 5 km a sudoeste do poço descobridor, 2-ANP2A-RJS. Durante a perfuração do poço serão realizados testes para adquirir informações necessárias ao desenvolvimento da produção de Libra. Além da perfuração desses dois poços, o PEM inclui também a realização de um levantamento sísmico 3D PSDM de toda a área do bloco, já concluído, e a realização de um Teste de Longa Duração, que será iniciado em dezembro de 2016. Todo o Programa Exploratório Mínimo será concluído até o final de 2017. O consórcio de Libra é formado pela Petrobras (operadora, com 40%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%), juntamente com a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).

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A Refinaria de Paulínia (Replan) inaugurou a última unidade que faltava para encerrar seu projeto de ampliação e modernização. A entrada em operação da Unidade de Tratamento de Gás Residual (UTGR) marca a conclusão de um dos maiores e mais complexos programas de modernização dentre as refinarias da Petrobras, com um investimento de mais de US$ 5 bilhões. Os novos equipamentos, além de sua importância ambiental em produzir derivados ainda mais limpos, porque melhoram a eficiência na recuperação do enxofre gerado no processo produtivo, têm também possibilitado o aumento da produção de diesel e gasolina, em função da integração e otimização com as demais unidades da refinaria. Inaugurada em 12 de maio de 1972, a Replan é a maior refinaria da compa-

Foto: Agência Petrobras

Refinaria de Paulínia inaugura unidade do projeto de modernização

nhia em capacidade de processamento de petróleo, equivalente a 415 mil barris/dia. Sua produção corresponde a 20% de todo o refino de petróleo no Brasil, processando aproximadamente 80% de petróleo nacional, grande parte da Bacia de Campos. Os principais produtos originados da Replan são diesel, gasolina, gás liquefeito de petróleo (GLP), óleos combustíveis, querosene de aviação (QAV), asfaltos e nafta

petroquímica, entre outros. A refinaria atende principalmente o interior de São Paulo, mas também Minas Gerais e estados do Centro-Oeste e Norte. Situada em Paulínia, a 118 km da capital paulista, sua localização facilita o escoamento da produção, pelo acesso às principais vias de transporte rodoviário, ferroviário e terminais aéreos do estado de São Paulo.

O Estaleiro Rio Grande 1 (ERG 1), no Rio Grande do Sul, é base para a construção de cascos de plataformas de petróleo. Atualmente, a P-66, que vai operar no pré-sal da Bacia de Santos, é a plataforma mais adiantada do estaleiro. E o avanço físico real acumulado de todas as atividades do Rio Grande chegou ao patamar de 97,15%. Até o final de 2016, estão na carteira do Estaleiro Rio Grande 1 a construção de cascos das plataformas, do tipo FPSO, denominados replicantes: P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71, P-72 e P-73. Os replicantes são construídos em série com conceito de repeti-

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Foto: Agência Petrobras

Estaleiro gaúcho é base para construção de cascos de plataformas

bilidade, ou seja, o mesmo projeto é executado várias vezes a fim de diminuir custos e prazos. Para cumprir os compromissos com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e incentivar a indústria naval brasileira, o projeto estabeleceu conteúdo nacional de 70% para cascos, média entre 69,5%

e 85,5% para módulos e 74% para as integrações. Em operação desde outubro de 2010, o Estaleiro Rio Grande 1 (ERG 1) ocupa uma área total de 430 mil m2 e tem o maior dique seco da América Latina, com 350 m de comprimento e 130 m de largura, o que possibilita a construção simultânea de dois FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de óleo e gás). Até 2020 a Petrobras vai investir US$ 100 bilhões na indústria naval por conta do crescimento das atividades de exploração e produção, principalmente em função do desenvolvimento de campos do pré-sal.


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hot news

O consórcio Schahin-Modec, contratado pela Petrobras para construir e operar o FPSO Cidade de Mangaratiba, deu início em 16 de agosto, à saída da unidade do estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis, (RJ). Este navio-plataforma vai operar na área de Iracema Sul, no campo de Lula, localizado no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, no litoral do estado do Rio de Janeiro. Com conteúdo local previsto de 65%, a construção e integração de módulos, no Brasil, envolveu quatro sites de obras no Rio de Janeiro, localizados em Itaguaí, Ilha do Fundão, Niterói, Angra dos Reis, além de um na Bahia. Ancorado a 240 km da costa, em águas com profundidade de 2.200 m, o Cidade de Mangaratiba será conectado a oito poços produtores e oito injetores, tendo capacidade para produzir 150 mil barris de óleo e comprimir 8 milhões de m3 de gás natural por dia, e para armazenar 1,6 milhão de barris de petróleo. Além disso, tem capacidade para injetar 240 mil barris de água por dia.

Foto: Agência Petrobras

FPSO Cidade de Mangaratiba deixa estaleiro rumo ao pré-sal

Características Profundidade de água de operação: 2.200 m Capacidade de produção de petróleo: 150 mil barris/dia Capacidade de tratamento de gás natural: 8 milhões m³/dia Alojamento: 150 pessoas Nº de empregos diretos: 2.500 A produção de petróleo deverá ser iniciada no quarto trimestre deste ano. FPSO (Floating Production Storage Offloading Unit) é a sigla

DO PRÉ AO PÓS-SAL, A INOVAÇÃO É MAIS PROFUNDA Nalco Champion, uma empresa Ecolab, fornece soluções para seus desafios em águas profundas. Combinamos um know-how inigualável com um portfólio de produtos químicos mais avançado tecnicamente e mais abrangente globalmente. Aplicado nas suas operações petrolíferas, as nossas soluções aumentam a produção de petróleo e as taxas de recuperação, garantem a integridade dos ativos e o cumprimento da legislação ambiental de forma segura e eficiente.

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em inglês que identifica uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás. São navios-plataforma com capacidade para separar o petróleo do gás e da água durante o processo de produção, armazená-lo nos tanques de carga para, finalmente, transferi-lo para navios petroleiros, que serão os responsáveis pelo seu transporte. Além disso, o gás produzido será exportado para terra via gasoduto. A área de Iracema Sul compõe a concessão BM-S-11, operada pela Petrobras (65%) em parceria com a BG E&P Brasil Ltda. (25%) e a Petrogal Brasil S.A (10%).


Foto: Agência Petrobras

Inmetro atesta biodiesel da Petrobras Parque produtor de biodiesel da Petrobras Biocombustível passa a ter certificação padronizada de acordo com exigências nacionais e internacionais. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) atestou a competência técnica do laboratório da Usina de Biodiesel de Montes Claros (MG) após verificação dos requisitos da NBR ISO 17025, norma que padroniza internacionalmente as atividades dos laboratórios de ensaio e calibração. A avaliação, concluída este mês, assegura a confiabilidade dos resultados das análises realizadas para certificação do biodiesel produzido na unidade. Com esta recomendação de acreditação, todo o parque produtor próprio de biodiesel da Petrobras Biocombustível incluindo as usinas de Candeias (BA) e de Quixadá (CE), que já foram avaliadas – passa a ter seu produto certificado de acordo com exigências nacionais e

internacionais, o que confere um valor diferenciado ao biodiesel. De acordo com Aline Andrade, gerente de Qualidade de Produtos e Processos da subsidiária, durante o processo de avaliação foi cumprida uma série de exigências técnicas, como a calibração e verificação de equipamentos, a rastreabilidade, que permite monitorar cada etapa das análises realizadas, e outras medidas que garantem mais credibilidade aos resultados emitidos. “Para atingir esta avaliação positiva do Inmetro, investimos na gestão e no controle dos processos laboratoriais, o que garantirá mais qualidade no acompanhamento de todo o processo produtivo, desde o recebimento de matérias-primas até a certificação dos produtos finais”, salienta a gerente.

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Produção industrial cresce 0,7% em julho

A produção total de petróleo e gás natural no Brasil no mês de julho atingiu 2,82 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia, sendo 2,267 milhões de barris diários de petróleo e 87,9 milhões de m³ de gás natural. O volume é o maior já registrado, superando o do mês anterior, quando a produção de petróleo e gás natural totalizou 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia. A produção de petróleo também superou a marca de 2,246 milhões de barris por dia, alcançada no mês anterior. Houve aumento de 1% na produção de petróleo em relação a junho de 2014 e de 14,8% na comparação com julho de 2013. A produção de gás natural superou em 1,5% a do mês anterior, de 86,6 milhões de m³ por dia, e em 12% a de julho de 2013. Pré-sal – A produção no pré-sal diminuiu 0,1% em relação ao mês anterior, totalizando 582,8 mil barris de óleo equivalente por dia, sendo 480,8 mil barris diários de petróleo e 16,2 milhões de m3 de gás natural por dia. A produção teve origem em 34 poços, localizados nos campos de Baleia Azul, Baleia Franca, Jubarte, Barracuda, Caratinga, Búzios, Linguado, Lula, Marlim Leste, Pampo, Sapinhoá, Trilha e nas áreas de Iara e Entorno de Iara. Campos produtores – Em torno de 90,7% da produção de petróleo e gás natural foram provenientes de campos operados pela Petro-

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Foto: Agência Petrobras

ANP divulga aumento na produção de óleo e gás em julho

bras. Aproximadamente 92,5% da produção de petróleo e 73,5% da produção de gás natural do Brasil foram extraídos de campos marítimos. O campo de Roncador, na Bacia de Campos, foi o de maior produção de petróleo, com média de 273,1 mil barris por dia. O maior produtor de gás natural foi o campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, com média diária de 6,8 milhões de m3. A plataforma P-52 (foto), localizada no campo de Roncador, produziu, através de 14 poços a ela interligados, cerca de 133,3 mil barris de óleo equivalente por dia e foi a unidade com maior produção. Os campos cujos contratos são de acumulações marginais produziram um total de 94,5 barris diários de petróleo e 2,2 mil m3 de gás natural por dia. Dentre esses campos, Bom Lugar, operado pela Alvopetro, foi o maior produtor de petróleo e gás natural, com 35,4 barris de óleo equivalente por dia.

A produção industrial brasileira cresceu 0,7% na passagem de junho para julho. É a primeira alta depois de cinco meses de queda, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados no dia 2 de setembro. A média anual, da participação da importação no consumo brasileiro de máquinas e equipamentos, saltou de 51% em 2008 para 72% em 2014. A produção nacional continua o processo de perda de seu market share, no consumo brasileiro. Mesmo com a melhora registrada nos últimos meses de 2014, o nível de participação continua sendo um dos menores da série histórica. Na comparação de julho deste ano com julho do ano passado, no entanto, a produção industrial teve queda de 3,6%. Recuos também foram registrados nos acumulados do ano (-2,8%) e dos últimos 12 meses (-1,2%). O avanço de junho para julho foi motivado por altas nos bens de consumo duráveis (20,3%) – máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (16,7%) – e bens de consumo semi e não duráveis (0,7%). Vinte dos 24 setores da indústria pesquisados tiveram crescimento na produção. Os principais impactos positivos vieram dos equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (44,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (8,5%). O segmento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos teve a maior alta da série histórica, iniciada em 2002, e interrompeu uma trajetória de quatro meses de quedas (que acumulou perda de 38,1%). Já os veículos automotores superaram queda de 18,1%, acumulada nos meses de maio e junho. Outros setores que tiveram contribuição importante para o crescimento da produção industrial foram outros equipamentos de transporte (31,3%), máquinas e equipamentos (7%), máquinas e materiais elétricos (13,1%), outros produtos químicos (2,4%), além de vestuário e acessórios (8,6%).


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A Agência Internacional de Energia (AIE) classificou como ‘excepcional’ o aumento da produção de petróleo no Brasil no segundo trimestre deste ano, em relatório mensal divulgado no dia 12 de agosto. Segundo o relatório da AIE, que está presente em 29 países, a produção de petróleo no Brasil atingiu a casa de 2,3 milhões de barris por dia (bpd) em junho. “Isso coroa um excelente trimestre para o setor”, com alta de 180 mil bpd no segundo trimestre de 2014 na comparação do ano passado, informa o relatório. De acordo com a agência, além da entrada em operação da P-62, no campo de Roncador, em maio, a conexão de um novo poço do pré-sal à plataforma P-48, no campo de Caratinga, o fim das operações de manutenção da P-51, em Marlim Sul, e um TLD (Teste de Longa Duração), em Iara Oeste, também contribuíram para o aumento da produção de maio e junho. Os campos de Roncador, Caratinga e Marlim Sul ficam na Bacia de Campos e Iara Oeste está localizado na Bacia de Santos. Todos são operados pela Petrobras. O relatório trata também da importância do Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos

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Foto: Agência Petrobras

IEA classifica produção brasileira de petróleo como “excepcional”

(Proef). Segundo o documento, o programa, uma iniciativa sistemática para manutenção da confiabilidade, integridade e segurança dos sistemas de produção, está rendendo resultados. A eficiência operacional das unidades de produção da companhia atingiu média acima de 91% em junho, o maior nível dos últimos anos. O relatório da Agência Internacional de Energia prevê que, com a entrada em operação da P-61, no campo de Papa-terra, na Bacia de Campos e com os FPSOs Cidade de Ilhabela (que vai operar em Sapinhoá, na Bacia de Santos) e Cidade de Mangaratiba (que vai operar em Iracema Sul, também na Bacia de Santos) entrando em operação até o fim de 2014, o aumento na produção

seja de cerca de 135 mil bpd na comparação com o ano passado. A Petrobras divulgou sua produção de julho, que atingiu recorde histórico, e também novo recorde de produção no pré-sal. A produção total de petróleo, incluída a parcela operada pela empresa para seus parceiros, no Brasil, chegou, em julho, a 2 milhões 152 mil bpd. A produção do pré-sal também atingiu novo recorde mensal no mês, chegando à média de 480 mil bpd. No dia 13 de julho, a produção da camada pré-sal das bacias de Santos e Campos atingiu a marca de 546 mil bpd, configurando um novo recorde diário, ultrapassando em 5% o recorde anterior, de 520 mil bpd, de 24 de junho. Esses volumes também incluem a parte operada pela Petrobras para seus parceiros.


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Balança tem superávit de US$ 1,168 bilhão em agosto A balança comercial brasileira teve superávit (exportações maiores que importações) de US$ 1,168 bilhão em agosto. Trata-se do sexto resultado positivo consecutivo em 2014. No acumulado do ano, a balança está superavitária em US$ 249 bilhões. De janeiro a agosto de 2013, havia déficit de US$ 3,7 bilhões. Apesar de positivo, o saldo de agosto é o menor para o mês desde 2001, quando houve superávit de US$ 634,2 milhões. O resultado no mês deveu-se a US$ 20,465 bilhões em exportações e US$ 19,297 bilhões em importações. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e de Comércio Exterior. Do lado das exportações, a média diária, que corresponde ao volume negociado por dia útil,

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TN Petróleo 97

ficou em US$ 974,5 milhões, 0,1% superior à registrada em agosto de 2013 e 2,6% menor que a de julho deste ano. Nas importações, a média ficou em US$ 918,3 milhões, 0,1% superior à do mesmo mês do ano passado e 1,5% inferior à de julho de 2014. Os principais responsáveis pelo aumento da receita com exportações em agosto foram os produtos manufaturados, cuja média diária negociada cresceu 3,8% ante o mesmo mês do ano passado. O item de maior valor foi uma plataforma de extração de petróleo, cuja negociação somou US$ 1,1 bilhão. A operação envolvendo a plataforma é considerada exportação ficta, sendo registrada como exportação sem que o produto deixe o território brasileiro. Ainda nesse grupo, aumentaram

os ganhos com laminados planos, óleos combustíveis, tubos de ferro fundido, óxidos e hidróxidos de alumínio, polímeros plásticos, máquinas para terraplanagem e medicamentos. No grupo dos básicos e semimanufaturados, houve queda da média diária, respectivamente de 3,3% e 1,8%. Na categoria dos itens básicos, diminuíram ganhos com milho em grão, minério de ferro, soja em grão e fumo em folhas. Já nos semi-industrializados, retrocedeu a arrecadação com açúcar bruto, celulose e alumínio bruto. Do lado das importações, cresceram as aquisições de combustíveis e lubrificantes (30,6%), mas caíram as compras brasileiras de bens de consumo (8,2%), bens de capital (7,3%) e matérias-primas e intermediários (1,1%).


PELO MUNDO México: As mudanças na avaliação do perfil de produção de líquidos do México são profundas: em 2013, a Agência Internacional de Energia (EIA) projetou um cenário em que a produção de óleo naquele país continuaria a declinar de 3,0 mb/d em 2010 para 1,8 mb/d em 2025 e, em seguida, lutaria para permanecer na faixa de 2,0-2,1 mb/d até 2040. No entanto, a revisão do relatório, que pressupõe a expectativa de sucesso na implantação das novas reformas, projeta que a produção mexicana poderá se estabilizar em 2,9 mb/d até 2020 e, em seguida, subir para 3,7 mb/d em 2040. China: De acordo com o relatório da EIA, a demanda chinesa de gás natural tende a crescer, na medida que o governo procura se afastar da dependência do carvão mineral em sua matriz energética em favor de combustíveis mais limpos. A maior empresa de gás natural da Rússia, Gazprom, assinou um acordo de 30 anos com a China National Petroleum Corporation, em maio, no qual fornecerá à China 38 bilhões de m3 (bcm), ou 1,3 trilhão de pés cúbicos (Tcf) por ano de gás natural a partir de 2018. A demanda pelo recurso deverá triplicar: de 5,2 Tcf em 2012 para 17,5 Tcf em 2040. Índia: Com a modernização da Índia e o crescente deslocamento de trabalhadores rurais para as grandes cidades, o país passou a depender de outras fontes de energia, como os combustíveis fósseis, em detrimento da biomassa e de

resíduos tradicionais. O governo recém-eleito na Índia enfrenta diversos desafios para atender à crescente demanda de energia do país: a garantia de abastecimento de energia a preços acessíveis, o desenvolvimento da infraestrutura e a construção de um ambiente propício para atrair investimentos para a produção de hidrocarbonetos. Arábia Saudita: As refinarias nos Estados Unidos, que importam petróleo leve da Arábia, esperam pagar um acréscimo de US$ 3,65 por barril através da Argus Sour Índice Crude (Asci). Enquanto os diferenciais para os EUA não mudaram de julho a agosto, a Aramco reduziu seus diferenciais para outros destinos, especialmente para a Europa. De acordo com empresa árabe, estas reduções refletem a reabertura antecipada dos terminais Ras Lanuf e Es Sider, na Líbia, o que poderia aumentar as exportações de petróleo daquele país para 500 mil barris por dia. Eles também refletem a intenção do petróleo saudita para se manterem competitivos nos mercados do sul da Europa. Azerbaijão: O Azerbaijão, um dos mais antigos países produtores de petróleo do mundo, é um importante fornecedor de petróleo e gás natural na região do Mar Cáspio, particularmente para os mercados europeus. Embora tradicionalmente tenha sido um prolífico produtor de petróleo, a importância do Azerbaijão como um fornecedor de gás natural crescerá no futuro, assim que desenvolverem os campos exploratórios e expandirem a infraestrutura para exportação do insumo. TN Petróleo 97

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indicadores tn

Fusões e aquisições em energia têm alta de 237% em 2014 O segmento de companhias de energia registrou forte alta no número de fusões e aquisições no primeiro semestre deste ano, quando foram contabilizadas 27 operações contra oito concretizadas no mesmo período de 2013. Esse montante representa um aumento de cerca de 237% no total de operações realizadas. Esses dados constam em uma pesquisa realizada, trimestralmente, pela KPMG com 43 setores da economia brasileira. Ainda segundo a pesquisa, das 27 transações realizadas no primeiro

1º semestre de 2014...........27 1º semestre de 2013.............8 Crescimento.................. 237% trimestre deste ano, 17 foram do tipo doméstico (entre empresas de capital brasileiro), seis CB1 uma do tipo CB2 e três CB4. CB1: Empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil; CB2: Empresa de capital

majoritário brasileiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no exterior; CB3: Empresa de capital majoritário brasileiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no Brasil; CB4: Empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de estrangeiros, capital de empresa estabelecida no Brasil; CB5: Empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no exterior.

Opep aponta produção maior de petróleo nos últimos cinco meses De acordo com o relatório mensal da entidade, o incremento da produção devese à retomada dos campos de exploração de petróleo na Líbia. Impulsionada pela reabertura de portos e campos de petróleo na Líbia, o relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) apontou que a produção de petróleo cresceu 167 mil bpd (barris de petróleo/dia), atingindo um total de 29,9 milhões bpd, a maior em cinco meses. A Opep informou que a produção líbia aumentou em 200 mil barris por dia no mês passado. Em julho, o governo líbio fechou um acordo com forças rebeldes para reabrir portos e campos de petróleo que estavam desativados há quase um ano, alimentando as esperanças de que o país eleve suas exportações da commodity. No entanto, a continuidade de conflitos no país pode comprometer novos incrementos na produção. Os problemas políticos em países-membros da Opep ocorrem em um momento em que a entidade já lida com a queda na participação

do mercado, diante principalmente do aumento da produção nos EUA. Enquanto isso, o Iraque, país que deveria ser responsável por dois terços dos futuros aumentos na produção do cartel, está mergulhado no caos: o avanço da onda de violência tem mantido a produção no norte do país isolada há vários meses. Embora continuem as operações no sul, onde se concentra a maior parte da produção iraquiana,

cresceram os temores esta semana em relação à região semiautônoma do Curdistão. No ano passado, a fatia da Opep na produção global ficou em 43,4%, ante 44,6% em 2012, de acordo com o relatório anual do grupo. Em 2014, a Opep prevê que a demanda por seu petróleo seja de 29,6 milhões de bpd, o que representa uma revisão para baixo de 100 mil bpd em relação à estimativa anterior.

The Art of BroadSeisTM

The ideal pre-salt exploration solution

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TN Petróleo 97

cgg.com/broadseis-art


TN Petr贸leo 97

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indicadores tn

PIB registra queda de 0,6% no segundo trimestre O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, teve queda de 0,6% no segundo semestre de 2014, em relação aos primeiros três meses do ano. O valor ficou em 1,27 trilhão. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (29) o indicador, que havia caído 0,2% no trimestre anterior. Já em 12 meses, com o dado do segundo trimestre, há um crescimento acumulado de 1,4%. O melhor desempenho neste trimestre foi registrado pelo

setor de agropecuária, que cresceu 0,2% em relação aos últimos três meses. O PIB da indústria caiu 1,5% e o de serviços, 0,5%, no período. Quando a comparação dos dados divulgados nesta sexta-feira ocorre com o segundo trimestre do ano passado, a queda atinge 0,9%, com agropecuária sem crescimento e indústria com recuo de 3,4% e serviços com alta de 0,2%. O único subsetor da indústria que teve resultado positivo no período foi o de extrativismo mineral, com avanço de 3,2%.

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural

DJ Oil & Gas (%)

Período de 02/2014 a 07/2014

23.06.2014

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Bacia de Campos

1.426,3

1.442,8

1.474,0

1.492,2

1.505,0

1.547,9

Outras (offshore)

295,9

284,0

260,7

283,9

304,9

303,6

Total offshore

1.722,2

1.726,8

1.734,6

1.776,1

1.809,9

1.851,4

Total onshore

201,3

199,1

197,9

199,3

198,2

198,0

1.923,5

1.925,9

1.932,5

1.975,3

2.008,0

2.049,5

Junho

Julho

Total Brasil

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Fevereiro

Março

Abril

Maio

Bacia de Campos 22.199,8 23.041,0 23.519,8 23.843,9

23.971,7 25.934,6

Outras (offshore) 25.238,9 24.939,4 24.025,7 24.917,6 26.030,9 25.772,4 Total offshore

47.438,8 47.980,4 47.545,5 48.761,5 50.002,6 51.707,0

Total onshore

16.646,0 16.379,8 16.457,9 16.669,9 16.408,2 16.584,4

Total Brasil

64.084,8 64.360,2 64.003,4 65.431,5 66.410,8 68.291,4 Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

115,3

126,9

128,9

121,0

113,8

120,1

15.828,3

16.921,5

2.632,7

2.698,7

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior

15.534,5

15.743,7 16.395,1 16.546,7

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior

2.533,2

2.550,3 2.560,5 2.605,3

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TN Petróleo 97

0.38 -0.02 Variação no período: -2.80%

bovespa (%) 23.06.2014

28.08.2014

-0.78 -1.08 Variação no período: 10.35%

dólar comercial* 23.06.2014

28.08.2014

2,218 2,241 euro comercial* 23.06.2014

28.08.2014

3,01 2,95 Variação no período: -2.56%

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).

28.08.2014

Variação no período: 0.52%

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior

Entre as quedas nas outras áreas, destacam-se a da indústria de transformação (-2,4%), a de construção civil (-2,9%) e a de eletricidade e gás, água esgoto e limpeza urbana (-1%). Já o setor de serviços teve recuo puxado pela queda do comércio, que chegou a 2,2%, e pelo resultado negativo do segmento de outros serviços (-0,8%). Serviços de informação tiveram o melhor desempenho, com alta de 1,1%, e também contribuíram positivamente o de atividades imobiliárias e aluguel, que subiu 0,6%.

Fonte: Petrobras

*Valor de venda, em R$


O governo federal ampliou de R$ 800 milhões para R$ 1,9 bilhão o valor das contratações envolvendo operações de crédito destinados ao saneamento econômico e financeiro das empresas estatais de energia elétrica. A medida, anunciada na semana passada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi publicada no Diário Oficial da União, em resolução do Banco Central. Por meio dela, a autoridade monetária pretende facilitar a reestruturação de dívidas dessas empresas. Assim, uma estatal do setor poderá alterar o perfil da sua dívida,

Foto: FreeImages

Estatais de energia podem contratar novas operações de crédito

negociando o pagamento em um prazo maior ou trocando o perfil de juros, de uma dívida com juros mais caros para uma com níveis mais baratos.

petrobras R$

ON 17,25 21,45

R$

R$

PN 18,30 22,80

Variação no período: 22.15%

Variação no período: 21.93%

VALE

ON

R$

R$

R$

R$

29,11 29,33 PNA 26,17 26,13 Variação no período: 1.18%

Variação no período: 1.36%

CPFL

BRASKEM

R$

R$

ON 12,75

R$

R$

13,79 PNA 14,95 15,35

Variação no período: 7.57%

Variação no período: 1.05%

petróleo brent (US$) 23.06.2014

114.12

28.08.2014

102.46

Variação no período: -10.76%

petróleo WTI (US$) 23.06.2014

106.17

“Mas nunca tive a filosofia do quanto pior, melhor. Para nós, seria bom que o nosso país estivesse crescendo, que tivéssemos investimento e não estivéssemos vivendo a ameaça de romper o tempo todo com o teto da meta da inflação e não estivéssemos ameaçando o emprego.” Marina Silva, candidata à presidente da República, 29/08/2014 – Agência Brasil

Período: 23.06.2014 a 28.08.2014 | ações ações ações ações

R$

FRASES

28.08.2014

94.55

Variação no período: -11.49%

“Teremos que revisar para baixo a expectativa no relatório (de receitas e despesas do Ministério do Planejamento) de setembro.” Guido Mantega, ministro da Fazenda, 29/08/2014 – O Globo

“Não houve, e com a graça de Deus não haverá nunca mais racionamento neste país.” Edison Lobão, ministro de Minas e Energia, 27/08/2014 – Agência Brasil

“Teoria não é solução para os problemas sociais do Brasil. O que se precisa fazer é arregaçar as mangas, melhorar a administração das verbas e aplicá-las diretamente onde a questão é mais urgente.” Antonio Ermínio de Moraes, empresário brasileiro, em depoimento a José Pastore, autor de sua biografia.

“Temos R$ 100 bilhões em entregas programadas até 2020 o que tornou o Brasil uma das principais carteiras de construção naval do mundo. O desafio agora é fortalecer a cadeia de suprimentos e a formação de mão de obra para atender esta demanda no país” Joris Van Wijk, diretor-geral da UBM Brazil, 13/08/2014 - Marintec South America – Navalshore

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indicadores tn

Os estragos da

nova matriz econômica Ao longo dos últimos anos, observou-se uma deterioração contínua da taxa de crescimento da economia brasileira concomitantemente a taxas de inflação ascendentes. Entender o fenômeno é fundamental para se debater quais os prováveis cenários econômicos que devem vigorar a depender do resultado da eleição presidencial e, consequentemente, das políticas econômicas que serão adotadas.

Marcelo Castello Branco fez graduação e mestrado em Economia na PUC-Rio e é sócio e economista-chefe da Saga Capital. No buy-side foi economista-chefe da Icatu Vanguarda, BR Investimentos (sócio fundador) e Fiducia Asset Management (sócio). No sell-side integrou o time de economistas do BTG Pactual, sendo responsável pela cobertura de México, Chile e Colômbia. Iniciou a carreira como analista de risco no Banco Icatu, e acumulou a função de gerente de Risco na BR Investimentos e na Fiducia.

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P

arece razoável começar a discussão pelo lançamento do que ficou conhecido como ‘nova matriz econômica’, em 2011, exatamente no primeiro ano do mandato presidencial de Dilma Rousseff. A ideia consistia em realizar um ajuste de parâmetros macroeconômicos que pareciam distorcidos como juros elevadíssimos e câmbio apreciado. Para promover este realinhamento, o Estado deveria ter papel mais ativo na economia através de intervenções e políticas protecionistas para setores específicos. Acelerou-se assim o processo de ruptura com os alicerces da estabilidade econômica em vigor desde 1999. Cabe lembrar que o Plano Real, que completou 20 anos no dia 1º de julho, logrou êxito no combate à inflação por meio da introdução de uma âncora cambial para coordenação das expectativas. Porém, em decorrência das crises cambiais do final dos anos 1990, houve o abandono do regime de câmbio monitorado em janeiro de 1999, passando a política econômica brasileira a orientar-se por um regime de câmbio flutuante, um sistema de metas de inflação para ancorar expectativas e a política de superávits primários preconizada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) de maio de 2000, no que ficou conhecido como ‘tripé de estabilidade econômica’. Assim, nos anos recentes, a combinação de um cenário doméstico de desaquecimento econômico com um pano de fundo de baixo crescimento global, ainda como desdobramento da crise de 2008, foi usada para justificar uma política de renúncias fiscais destinadas a incentivar o consumo e, deste modo, tentar promover a recuperação da economia. Ao mesmo tempo também foram adotadas medidas de estímulo ao crédito, com forte ativismo dos bancos públicos em novas concessões de financiamentos, imaginando-se que assim o crescimento econômico se restabeleceria. Em parte, o discurso oficial sugeria que o incremento nos gastos públicos seria financiado pelo aumento de arrecadação decorrente da recuperação econômica. Como o desempenho econômico permaneceu fraco, o resultado fiscal piorou progressivamente, ficando o superávit primário cada vez mais dependente de receitas extraordinárias, como o programa de refinanciamento de dívida (Refis) ou os leilões de concessões públicas (como por exemplo, exploração do pré-sal, aeroportos e 4G). Agrava o quadro a introdução de manobras contábeis entre o Tesouro Nacional, os bancos públicos como – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Brasil e do Fundo Soberano, bem como a postergação de despesas e antecipação de receitas como mecanismo de inflar os resultados fiscais. Mesmo assim, os dados mais recentes chegaram a registrar déficit primário para maio, o pior resultado para o mês em toda a história. Em consequência, mesmo com todas as receitas não recorrentes, o resultado primário acumulado em 12 meses segue muito abaixo do praticado desde a aprovação da LRF, ilustrando o expansionismo da política fiscal. Passando à política monetária, logo no início do governo, em 2011, o Banco Central retomou o ciclo de alta de juros interrompido pouco antes


das eleições presidenciais de 2010. Porém, rapidamente, as altas deram espaço a um agressivo e longo ciclo de cortes que levou a taxa Selic de 12,50% a.a. a 7,25% a.a., seu menor valor histórico, em novembro de 2012. Assim como no caso do desajuste fiscal, foram usados para justificar a flexibilização monetária tanto a desaceleração econômica doméstica quanto os mesmos argumentos sobre potenciais efeitos da crise global na economia brasileira como, por exemplo, um possível choque deflacionário vindo da Europa. Em teoria, juros mais baixos deveriam levar ao aumento do consumo e do investimento uma vez que reduz a poupança privada alterando assim o equilíbrio no mercado doméstico de bens e serviços. Porém, o governo também desejava intervir no setor externo da economia, induzindo uma depreciação da taxa de câmbio e, assim, juros mais baixos reduzem a atratividade de capital estrangeiro, o que contribuiria para a estratégia do governo, e reforçaria o estímulo ao crescimento econômico através do aumento da competitividade das exportações. Mas, a história que se segue não foi bem como previa o governo e, assim como houve fracasso na tentativa de estimular o crescimento do PIB, aqui

também a política de depreciação do câmbio não foi capaz de impedir a deterioração do saldo em conta corrente no balanço de pagamentos. E mais, acabou por contribuir para a elevação das pressões inflacionárias, como destacou o próprio BC em uma Ata de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom): “O Copom avalia que a depreciação e a volatilidade da taxa de câmbio verificadas nos últimos trimestres ensejam uma natural e esperada correção de preços relativos. (...) Importa destacar ainda que, para o Comitê, a citada depreciação cambial constitui fonte de pressão inflacionária em prazos mais curtos.” (Ata do Copom, 176ª Reunião, 18/07/2013) Our innovative mindset No entanmakes us freerunners in heart and soul; when to, o cenário appropriate or necessary, de ruptura do we push the envelope of crescimento our competencies. After all, global não se what matters in the end is the result: the perfect deck materializou that meets the highest e, apesar da standards in terms of gradual recufunctionality and durability. peração da ecoBolidt decks are rugged, shrink-resistant and able nomia global to withstand varying loads em curso, com and weather conditions. destaque para Bolidt, no limits. a participação www.bolidt.com das economias emergentes, o crescimento brasileiro revelou-se decepcionante, apontando para uma expansão média do PIB de 1,6% ao longo do governo Dilma, consequentemente aquém do observado nos mandatos dos governos FHC e Lula. É inequívoco, portanto, o fracasso deste novo mix de política econômica desenhado para estimular a expansão da economia.

No limits

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indicadores tn Em linhas gerais, as políticas de expansão de crédito sustentaram o consumo privado, favorecido também pelos ganhos de renda advindos de um mercado de trabalho aquecido. Contudo, uma parcela cada vez maior do consumo doméstico foi atendida pelo aumento das importações, o que levou ao fim do saldo comercial superavitário e aumento do déficit em conta corrente. Com respeito aos investimentos, também percebemos um resultado contrário ao desejado na medida em que como proporção do PIB houve o retrocesso de cerca de 20% de volta aos 18%. Para entender o fenômeno, podemos atribuir ao ativismo governamental em diversos setores da economia o aumento da desconfiança dos agentes privados com relação às regras do jogo, assim como explicar a baixíssima produtividade dos fatores de produção através da inexistência de políticas que estimulem a maior eficiência da economia como, por exemplo, investimentos em educação, infraestrutura ou reformas como a tributária ou previdenciária. Neste ambiente de baixo crescimento, seria razoável argumentar que, pelo menos, a inflação deveria ceder, porém mesmo diante de uma economia tão fraca, não houve qualquer sinal de convergência para a meta de inflação. Pelo contrário, pouco a pouco a inflação foi-se distanciando do centro da meta, acomodando-se próxima ao limite superior do intervalo de tolerância. De novo, em um erro que se parece repetir, o discurso oficial do governo e do próprio Banco Central, cada vez mais parece confundir o intervalo superior do intervalo de tolerância da inflação com a própria meta de inflação. Em decorrência, verifica-se a perda de credibilidade associada a esta postura permissiva com relação ao distanciamento da inflação do centro da meta e que decerto é um dos principais fatores para explicar esta nova dinâmica inflacionária marcada por elevada resiliência. Portanto, ao longo dos anos que se seguem à introdução da Nova Matriz Econômica houve a desancoragem das expectativas de inflação no horizonte relevante para a política monetária, ou seja, os agentes deixaram de acreditar no compromisso do Banco Central com o Regime de Metas de Inflação. Para ilustrar o processo de perda de credibilidade, verifica-se que a evolução das expectativas de inflação, medidas pelo Banco Central, que historicamente convergiam para o centro da meta em horizontes de 12 a 24 meses passam a flutuar de modo consistente

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acima de 4,5%. A mesma dinâmica também é percebida nas projeções do Banco Central em seus Relatórios Trimestrais de Inflação. Outra explicação para a resiliência da inflação está associada à combinação do baixo grau de investimento na economia com a produtividade dos fatores de produção deprimida, em especial da mão de obra, por força de sua baixa qualificação. Estes fatores sugerem que o produto potencial brasileiro, isto é, a capacidade de a economia crescer sem que se somem pressões de preços, é muito limitado. Assim, para que a inflação convirja à meta, o desaquecimento econômico que se deve contratar deve ser ainda maior que o efetivo dos últimos anos a fim de produzir desemprego e, só assim, um processo consistente de desinflação através da redução do ritmo de reajustes salariais. A elevada inflação de serviços, de cerca de 9%, muito acima da inflação geral, em torno de 6%, evidencia este ponto. Identificados os erros recentes na condução da política econômica, resta saber as implicações do resultado eleitoral para as diretrizes que serão seguidas a partir de 2015. Em caso de reeleição, é difícil acreditar que o governo alterará seu diagnóstico dos problemas que enfrenta a economia brasileira uma vez que após 3,5 anos continua atribuindo ao cenário internacional as agruras domésticas. Assim, ao persistir no erro de diagnóstico deve persistir também em políticas inadequadas que postergam os problemas e devem levar a mais quatro anos de baixo crescimento e inflação pressionada. Um cenário mais otimista pode ser traçado caso o governo reconheça seus erros e faça o ajuste necessário nas suas políticas. Porém, a probabilidade deste ajuste ocorrer é maior caso haja vitória da oposição. Neste caso, ajustes como liberação de preços administrados e flutuação cambial devem adicionar pressões inflacionárias, no curto prazo, cujos efeitos de segunda ordem devem ser mitigados por meio de juros mais restritivos e, por consequência, um nível de atividade ainda mais deprimido. Feitos os ajustes, criam-se condições para que a economia possa voltar à trajetória de crescimento com a recuperação da confiança dos agentes privados. Como sempre, não há soluções sem custos, e estes só tendem a crescer quando postergados como nos ensinam os últimos anos.


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indicadores tn

Custo Total de Propriedade (TCO) O desafio fundamental da gestão eficaz da cadeia de abastecimento A medida que a economia global continua desafiando os fluxos de receita, as empresas estão buscando formas criativas de reduzir custos e expandir as margens de lucro. Em alguns casos, abordagens inéditas e inovadoras são empregadas e, em outros, técnicas comprovadas, mas negligenciadas, estão sendo resgatadas e aplicadas. O custo total de propriedade (TCO) é uma dessas técnicas comprovadamente eficazes, mas que em geral são ignoradas.

O

Frank Wilhelm é presidente e fundador da International Supply Chain Solutions e recentemente estabeleceu uma parceria com a Inventure Management, especialistas em serviços estratégicos de desenvolvimento negócios.

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impacto da aplicação desta solução na redução de custos e na elevação de lucros entre as indústrias de capital intensivo é bastante significativo. Ainda assim, essa abordagem tem sido amplamente negligenciada por muitos membros do setor de produção de petróleo e gás, que teriam benefícios significativos com a adoção desse conceito. Para empresas do setor de capital intensivo, existe a oportunidade imediata de aumentar ainda mais o panorama de lucros e, ao mesmo tempo, melhorar sua vantagem competitiva. Em geral, cuida-se das considerações sobre custo de capital no momento da aquisição original, primeiramente envolvendo a organização compradora unida a outras organizações, como Engenharia e TI. Quase sempre são considerados nesse momento os ‘custos óbvios’, como preço de compra e acordos de manutenção/serviço. O processo conceitual costuma parar nesse ponto. De modo geral, inteiramente ignorados são os chamados custos ocultos e de ‘ciclo de vida’, que são bastante significativos. Eles incluem itens tais como: custos de aquisição, custos de atualização ao longo da vida útil do item, custos de configuração, custos de organização e implantação, custos de transporte, custos de preparação do local e instalação, custos operacionais, custos de gestão de mudanças como treinamento e orientação do usuário, custos de suporte de infraestrutura, seguros, custos ambientais, custos de depreciação e descarte, etc. Ao longo da vida útil, esses custos podem igualar ou exceder o preço de compra do equipamento. Para compreender totalmente os benefícios do processo de TCO, é necessário observar apenas alguns de diversos casos de êxito: • A Solvay Corporation reduziu sua estrutura de custos em 30% por meio da aplicação de processos de TCO. • A Wärtsilä Corporation observou uma redução de 65% nos custos de peças de reposição, bem como uma queda de 50%-55% nos custos de manutenção do ciclo de vida, como resultado de programas derivados de uma iniciativa mais ampla de TCO. • Benefícios como esses são bastante acessíveis e estão ao alcance daquelas empresas que desejam dedicar um investimento mínimo de tempo e


Elemento de Custo

Classificação (Pareto)

% do Total

Interno

Projeto

A

15%

X

Frete de Entrada

B

7%

Embalagem

B

5%

Armazenamento

B

3%

Preço de compra

A

63%

Inspeção

A

7%

Externo

Alvo

Risco

Proprietário

Comentários

12%

Alto

J.D

Precisa da aprovação da gerência

X

5%

Alto

P.L

X

3%

Médio

L.B

Baixo

D.M

Alto

C.V

Alto

R.F

X X X

Peça: capacitor de 0,01 MFD

Custo Atual: US$ 67

Nº da peça 10-1610-01

Meta de custo: US$ 52

Usado em: transporte síncrono

Fornecedor: United

recursos focados. Tais vantagens também podem ser concretizadas sem ruptura organizacional. De hábito, podemos esperar benefícios significativos nas amplas áreas de lucros e perdas: Capex, Opex, fluxo de caixa, valor presente líquido, lucros e lucros retidos. Acreditamos que a razão dessa falta de adoção efetiva dentro da indústria de petróleo e gás pode ser atribuída aos seguintes fatores: • Pouco conhecimento sobre os benefícios a serem concretizados. • Equívoco sobre o conceito geral de TCO e seu funcionamento, ou até mesmo limitado conhecimento básico da sua existência dentro da indústria, devido a outras prioridades. • Percepção de que se trata de um processo complexo e difícil. • Crença de que a empresa atual não detém o conhecimento necessário para executar essa iniciativa. • Confusão sobre quem seria o condutor/proprietário apropriado da iniciativa. • Visão do TCO como sendo um afastamento das operações normais e um processo que pode atrapalhar. • Dificuldade de medir ou atribuir resultados especificamente à iniciativa de TCO. Na verdade, nenhum desses aparentes obstáculos é válido, e o fato é que a adoção de um processo de TCO simples utilizando ferramentas básicas pode render economias significativas ao longo do ciclo de vida dos ativos. Chaves para o sucesso: Simplicidade – Este processo não precisa ser complicado. Embora seja possível adotar complexos modelos de custeio, comprar soluções de software exóticas, etc., nada disso é necessário. Há uma infinidade de complexos modelos de TCO, analítica e programas de software intrincados.

3%

Cooperação de operações

Organização de qualidade

Embora essas abordagens possam ser precisas e ter apelo junto aos membros da organização com maior orientação acadêmica, elas criam custos adicionais e, costumam não ser sustentáveis. Para que o processo tenha impacto, ele deve ser compreensível, reproduzível, executado com simplicidade e capaz de fazer parte do ritual da organização. Exemplo de uma matriz simples de custo, como se vê na tabela, é uma ferramenta inicial para conduzir reuniões, controlar o processo de TCO e relatar progresso à gerência sênior. Essa ‘Matriz de custos’ básica identifica os principais fatores do custo, atribui responsabilidade e determina metas. Trata-se de uma ferramenta simples, mas importante, que compõe a base do processo de TCO e substitui modelos de custeio desnecessariamente complexos. Envolvimento – Os indivíduos localizados em toda a empresa, que consomem o valor do ativo em questão ou são afetados pela existência dele, precisam ser envolvidos no processo de tomada de decisão. Esse trabalho em equipe na organização é um resultado inesperado, mas altamente benéfico, do processo. À medida que as metas subordinadas são identificadas, a liderança da organização é naturalmente reunida para garantir que os resultados de cada departamento estejam alinhados aos objetivos gerais do processo. Efetivamente, o processo de TCO elevará as compras ao nível de uma função corporativa, fazendo com que deixe de ser uma atividade isolada do departamento de compras. Ele ajuda a solucionar falhas de longo prazo nas compras de equipamento de capital envolvendo aquelas funções/partes interessadas que consomem o valor do ativo comprado ou, de alguma forma, são afetadas pela sua existência. Esse fato sozinho praticamente garante a compra de um item de maior custo-benefício e ‘agregamento’ de valor. O processo de TCO deve tornar-se parte integrante do processo de aquisição estratégica e uma atividade essencial de qualquer equipe de commodities. TN Petróleo 97

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indicadores tn

Medição – Medir resultados é importante para qualquer empreendimento como este. As pessoas precisam conhecer o impacto de seus esforços para continuarem motivadas e produtivas. Trata-se de um problema específico com os programas de TCO: o impacto pode ser drástico, mas os resultados serão dispersados em vários relatórios e documentos diferentes. O ‘agregamento’ dos números e a atribuição deles às atividades do esforço de TCO nem sempre é algo óbvio. Os métodos contábeis tradicionais não acomodam esse tipo de recuperação de dados. A contabilidade baseada na atividade prometia ser capaz de fazer isso, mas, como sabemos, a promessa nunca se materializou de fato. Ademais, é possível estimar o impacto por meio da aplicação de técnicas de rastreio inovadoras e preventivas, que devem fazer parte do arsenal de qualquer analista financeiro bem-sucedido. As metas devem ser realistas, mensuráveis e alcançáveis. Motivação – A liderança e a composição da equipe são vitais para a perpetuação do processo. O apoio da chefia é fundamental. No entanto, é ingenuidade pensar que um executivo do Conselho Administrativo tenha tempo de conduzir ou participar de reuniões. Sua contribuição precisa estar na motivação, no incentivo de participação e nos resultados. A função de liderança ativa deve vir de um “indivíduo comprometido” (mais provavelmente da organização compradora ou de uma área funcional importante como Engenharia, Operações ou TI). Organização – A natureza da equipe deve refletir o amplo espectro das funções que estão envolvidas com o ativo durante seu ciclo de vida e têm a base de conhecimento necessária para fazer contribuições de alto nível. Dependendo das características e da aplicação do ativo, uma equipe típica pode envolver, por exemplo: Compras, Desenvolvimento de novos produtos, Engenharia, Operações, Finanças, P&D, Qualidade, Instalações, TI, etc. As reuniões de TCO devem ser formais, documentadas e ter um protocolo de comunicação. As reuniões não precisam ser frequentes, mas devem gerar impacto e, por isso, requerem um pré-planejamento significativo por parte da liderança.

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TN Petróleo 97

As etapas do processo: • Apoio corporativo. • Seleção e orientação do líder da equipe. • Formação da equipe. • Identificação e classificação dos fatores de custo. • Brainstorming e seleção de estratégias. • Atribuição de responsabilidade. • Registro e relatórios de resultados. Como parte do processo de aquisição estratégica, essa abordagem de TCO é um método excelente para selecionar o melhor equipamento e o melhor fornecedor para atender às necessidades corporativas de lucro e confiabilidade de longo prazo. Conseguir uma economia substancial em qualquer empresa de capital intensivo é um processo simples, que pode ser executado com facilidade. A economia potencial gerada pelo TCO pode ser drástica. Uma economia facilmente alcançável de 5% em relação ao orçamento publicado de Capex da Petrobras para 2013-2017 resultaria em uma economia cumulativa de quase R$ 26 bilhões. A comparação da possível recompensa e do esforço necessário torna obrigatória a séria busca de um processo de ‘Custo total de propriedade’. Estabelecimento de metas e responsabilidade: • Medição e relatório dos resultados. • Formação da equipe. • Brainstorming estruturado. • Desenvolvimento do plano. Como parte do processo de aquisição estratégica, essa abordagem de TCO é um método excelente para selecionar o melhor equipamento e o melhor fornecedor para atender às necessidades corporativas de lucro e confiabilidade de longo prazo. Conseguir uma economia substancial em qualquer empresa de capital intensivo é um processo simples, que pode ser executado facilmente.


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entrevista exclusiva

Todas as empresas são importantes

para a CGG no cenário Brasil

por Beatriz Cardoso

Aumentar o market share da francesa CGG, uma das maiores companhias de geofísica do mundo de dados, é a grande missão do vice-presidente e diretor de Geomercado Regional para América Latina, Luiz Fernando Santana Braga, 60 anos. Apontar tendências tecnológicas e de mercado é outra tarefa a que ele se dedica, não somente como executivo, mas também como alguém que se autodenomina ‘nascido para a geociências’ e que tem uma relação quase atávica com o universo do petróleo. A começar pelo fato de ter nascido em Salvador, capital do estado que é considerado o berço da indústria petrolífera brasileira, a Bahia. E por ter descoberto a vocação quando ainda nem existia no Brasil um curso de geofísica, razão pela qual optou por estudar física e depois fazer mestrado na área, quando surgiu esta disciplina no meio universitário brasileiro. Nesta entrevista à TN Petróleo, Luiz Braga fala da profissão e das perspectivas da CGG, que atuou na aquisição de dados que resultou na descoberta do pré-sal, com relação ao mercado de óleo e gás no Brasil. TN Petróleo – Qual a sua principal tarefa ao assumir essa posição na América Latina? Luiz Fernando Santana Braga – Minha meta como vice-presidente e diretor de Geomercado para o Brasil e demais países da América Latina é desenvolver e orientar estratégias que visem aumentar seu market share, tornar a CGG mais conhecida em todas as áreas onde nossos clientes desenvolvem seus negócios de geociências e geoengenharia e, também, apontar tendências tecnológicas e de mercado. Tudo isso em suporte às inúmeras linhas de negócios da empresa. Além disso, o diretor de Geomercado deve funcionar como um ‘holofote’ da organização, iluminando as rotas e os destinos dos negócios. 30

TN Petróleo 97

Qual o peso do Brasil para a CGG (que opera no país desde 1961) na América Latina? E no mercado global? Após a 11ª rodada de licitações de blocos exploratórios, o Brasil passou a ser um dos poucos locais a oferecer grandes oportunidades de aquisição de dados. Junto ao México, o país representa o principal mercado de atividade sísmica offshore na América Latina. A CGG adquiriu a Fugro Geoscience em janeiro de 2013, após 13 anos depois de sua saída da companhia francesa para a Fugro. Como foi retornar à CGG? Foi muito confortável, embora a CGG já tivesse um perfil bem diferenciado daquele que eu vivenciara

quando gerente-geral de Aerogeo-física, ao fim dos anos 1990. Os principais atores da empresa já eram outros e eu também trazia agora uma experiência técnica e gerencial internacional que não tinha antes de trabalhar para a Fugro. Os quase cinco anos gerenciando um grupo global de desenvolvimento de negócios com base nos Estados Unidos me mostraram o potencial de valor agregável a qualquer negócio através da diversidade cultural. Bases educacionais e étnicas diversificadas podem potencializar um ambiente de soluções globais e criativas de alta competitividade – e este é o lado bom de se trabalhar para um grupo internacional. O lado ruim talvez seja sua volatilidade na manutenção de suas equipes


Luiz Braga, vice-presidente e diretor de Geomercado Regional para América Latina – CGG

Parece haver um consenso de que o cliente, quer seja uma empresa de petróleo ou um paciente médico, sente-se mais confortável em se consultar com um prestador de serviços ou um profissional que conheça não apenas o problema específico, objeto da consulta, mas também a cadeia de problemas e soluções associados ao

Foto: Divulgação

seu problema particular.

em resposta a mudanças sazonais nas condições locais e regionais de mercado. Aqui, assinale-se um ponto favorável para os países que dosam uma economia de mercado com a manutenção de suas empresas estatais para garantir distribuição justa de oportunidades e qualidade de vida a seus cidadãos. Essa aquisição tornou a CGG mais forte no mercado, uma vez que a empresa detinha expertise na área sísmica e a Fugro, na de geociências. Isso fortalece a

atuação da CGG e a coloca em uma situação diferenciada em relação aos concorrentes? Parece haver um consenso de que o cliente, quer seja uma empresa de petróleo ou um paciente médico, sente-se mais confortável em se consultar com um prestador de serviços ou um profissional que conheça não apenas o problema específico, objeto da consulta, mas também a cadeia de problemas e soluções associados ao seu problema particular. Assim, uma empresa que possui cultura sísmica e expertise em métodos não sísmi-

cos e em geologia estará mais apta a desenvolver e oferecer produtos e serviços tecnológicos de efeitos mais amplos. Na prática, a oferta de soluções que integram várias tecnologias ou diferentes linhas de negócios no mercado de geociências podem fugir da realidade. Por que ‘podem fugir da realidade’? O fator limitador é na maioria das vezes o humano, já que poucos profissionais de geociências militam no campo da multidisciplinaridade. Aqui, destacam-se as atividades TN Petróleo 97

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entrevista exclusiva de exploração de petróleo e gás, especialmente os intérpretes cuja atividade profissional requer uma capacidade ímpar de entender e integrar dados de naturezas diversas oriundos das ciências geológicas, geoquímicas e geofísicas sem prescindir de sólidos conceitos de engenharia de petróleo e computação. Outro fator limitador na oferta de soluções integradas é o seu maior risco operacional e financeiro, sobretudo quando se trata de operações de campo com tecnologias complexas em tempos prolongados. Poderia dar um exemplo da aplicação de uma solução integrada? Exemplo típico de solução integrada de alta complexidade tecnológica e alto risco operacional e financeiro são os projetos de monitoramento permanente de reservatórios ou PRM (Permanent Reservoir Monitoring), que exigem o acoplamento de nichos específicos de tecnologias e linhas de negócios. Entre elas a fabricação de sensores acústicos de fundo oceânico, assim como a

A ANP tem feito esforços significativos para diversificar nosso portfólio, mas a questão chave que continuará regulando a atratividade do Brasil será sempre a tão desejada estabilidade dos marcos regulatórios.

instalação e posicionamento preciso dos mesmos, utilizando robótica submarina; tecnologia complexa de geração de sinal acústico e operação dinâmica de detonação e registro; sistema de armazenamento de volumes extraordinários de dados

A liberdade da vocação A descoberta da vocação de Luiz Braga se dá em um episódio interessante que vale relembrar. “Isso ocorreu antes de 1973, ano de meu ingresso no curso de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Eu tinha um familiar que era preso político na Bahia, a quem fui visitar, e um outro preso político, geofísico e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) dividia a cela com ele. Embora o tempo de visita fosse curto e devesse ser prioritariamente dedicado à esposa que o visitava, esse professor empolgadamente preencheu minha curiosidade sobre a missão de um geofísico e os objetos de estudo da Geofísica”, lembra. “Saí daquele lugar convicto de que minha vocação era geofísica.” 32

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Mas o curso ainda não existia em nível de graduação no Brasil, razão pela qual Braga fez Física e, mais tarde, mestrado em Geofísica. Mais importante ainda foram os contatos que o professor passou para o jovem obter outras informações. “O primeiro da lista era o também professor José Alberto Dias, a quem conheci no dia seguinte em visita à Ufba e que se tornou meu marco de referência vocacional, tendo fundado a Sociedade Brasileira de Geofísica e criado os alicerces da Geofísica no Brasil”, pontua. Foi já como geofísico da Petrobras que ele ganhou uma bolsa de estudos da empresa para cursar o doutorado em Geociências na Oregon State University.

(Big Data); processamento destes dados time-lapse com intervalos de dias ou meses ao longo de mais de uma década. Apesar de a CGG ser possivelmente a única empresa apta a oferecer todas as tecnologias antes citadas e poder gerenciar um projeto integrado desta natureza, é nossa preferência que os contratos sejam modulares de modo a não transferir riscos financeiros associados a desempenho operacional de um módulo para outro. Você acredita que a reforma no setor de energia do México afasta muito os investidores estrangeiros ou o pré-sal e a expansão das fronteiras exploratórias no país ainda são um fator de atração incomum no cenário mundial? O México, sem dúvida, se tornará alvo interessante para os investidores na área de O&G e poderá competir com o Brasil. Estima-se um potencial de recursos de O&G cerca de quatro vezes maior que as reservas comprovadas e um portfólio bastante diversificado no que tange a exploração marítima e terrestre com volume de recursos convencionais e não convencionais que se equiparam. A ANP tem feito esforços significativos para diversificar nosso portfólio, mas a questão chave que continuará regulando a atratividade do Brasil será sempre a tão desejada estabilidade dos marcos regulatórios, uma política de conteúdo local realista, mais agilidade nos processos de licenças ambientais e um cronograma de leilões com licitações regulares no mínimo a cada dois anos. A CGG opera no Brasil há mais de cinco décadas (53 anos pelo menos). Isso significa que a empresa tem o maior conhecimento e banco de dados sísmicos sobre o país? A CGG foi a primeira a operar uma equipe sísmica no Brasil iniciando


Todas as empresas são importantes para a CGG no cenário Brasil suas atividades na Amazônia na década 1960. Desde sua origem, ela se caracteriza por ser uma empresa focada em avanços tecnológicos. Nisso, possivelmente, reside seu maior diferencial e fonte de sucesso. Ser a empresa de sísmica com maior experiência no Brasil é um marco importante, mas o nosso maior diferencial na atualidade está associado à tecnologia de ponta nos nichos tecnológicos onde atuamos e ao espectro amplo de tecnologias geocientíficas que oferecemos. Isso potencializa a geração de entregáveis mais próximos da solução almejada pelo cliente, reduzindo, assim, tempo e esforço das operadoras em busca de soluções otimizadas em seus programas de E&P. Quais as bacias brasileiras estudadas pela CGG? Quais tiveram um estudo mais aprofundado e por quê?

Estudos exploratórios são em sua maioria o core business das operadoras, cabendo às prestadoras de serviços fornecer dados e insumos tecnológicos a serem utilizados na pesquisa exploratória. Podemos falar das bacias com maior cobertura de dados sísmicos e não sísmicos. Assim, a CGG tem se destacado pelo enorme volume de dados de alta resolução espacial e precisão adquiridos e processados nas bacias marítimas brasileiras. Temos levantado dados tanto proprietários como multiclientes em todas estas bacias. Estes dados são processados em nosso Centro de Tecnologias do Rio de Janeiro, que inclui uma equipe de P&D. Temos o orgulho de ter desenvolvido o programa sísmico 3D na Bacia de Santos que possibilitou a descoberta e avaliação

das reservas de Libra. Mais recentemente, temos desenvolvido programas sísmicos com a tecnologia BroadSeis nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo e temos em curso um extensivo programa de aquisição sísmica BroadSeis nas bacias da Margem Equatorial Brasileira, principalmente na bacia da Foz do Amazonas e na bacia de Barreirinhas. Complementarmente à informação sísmica, temos cerca de 80% das bacias da margem continental brasileira cobertos com dados aeromagnéticos de alta resolução, estudos multiclientes desenvolvidos pela CGG-Robertson e dados e estudos de sensoriamento remoto produzidos pela CGG-NPA. Na área de reservatórios, temos a contribuição marcante da CGG Geosoftware e CGG-Geoconsulting trabalhando em sinergia com

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entrevista exclusiva os grupos de geofísica de reservatório das operadoras. A Petrobras continua sendo a grande cliente local? Quais são os outros clientes locais? Absolutamente todas as empresas de petróleo atuando no Brasil são nossos clientes e todas têm o mesmo grau de importância para a CGG, visto que nosso portfólio diversificado de produtos e serviços encontra ressonância tanto nas estatais como nas empresas internacionais e, também, nas empresas de menor porte. Quais as grandes descobertas da Petrobras, além de Tupi (hoje Lula), nas quais a CGG teve participação? É difícil de mensurar a abrangência do valor exploratório da CGG nas diversas descobertas, pois, ao longo dos últimos 15 anos, as principais empresas de aquisição de dados desenvolveram um número expressivo de novos levantamentos, e todos eles, cumulativamente, agregaram novos conhecimentos em todo o processo exploratório que culmina na descoberta. Libra foi um fato espetacular dado sua importância para o aumento de reservas do país, mas encontraremos a presença da CGG em quase todas as descobertas na margem leste brasileira. Hoje, há o consenso de que o aumento de qualidade no imageamento sísmico do pré-sal requer tecnologias broadband, uso de offset longos e técnicas de aquisição multiazimutes. Nessa direção, a CGG tem apresentado soluções tecnológicas criativas e muito eficazes. Libra foi leiloada com base nos dados da CGG? Contratada por quem? Os dados de Libra são oriundos de uma decisão estratégica de muito sucesso em que a CGG se antecipou adquirindo dados 3D não exclusivos de altíssima qualidade, tomando 34

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Os dados de Libra são oriundos de uma decisão estratégica de muito sucesso em que a CGG se antecipou adquirindo dados 3D não exclusivos de altíssima qualidade, tomando para si o risco do investimento. Trata-se de um caso de sucesso técnico e comercial.

para si o risco do investimento. Trata-se de um caso de sucesso técnico e comercial. Há alguns anos, você falou que a ANP não estava conseguindo ter um índice de atividade exploratória em larga escala, como a da Petrobras na época do monopólio. O que mudou? Acho que me referia aos tímidos investimentos da ANP àquela época para atrair investidores privados para áreas de novas fronteiras e bacias terrestres de modo geral. Já temos um cenário diferente a partir da 12ª rodada de licitações, com foco em áreas terrestres, mas ainda precisamos que a ANP aporte mais recursos para aquisição de dados e desenvolvimento de estudos nas bacias cujos sistemas petrolíferos ainda são pouco conhecidos. O que é a GeoConsulting dentro da CGG e qual seu papel? A Geoconsulting é a linha de negócios da CGG voltada para caracterização e desenvolvimento de reservatórios, estudos proprietários

ou multiclientes de bacias, e atividades de geologia de petróleo em geral. Esta linha de negócio engloba todos os serviços da Robertson e também serviços de sensoriamento remoto, incluindo monitoramento de vazamentos de óleo gás. O que são os serviços não sísmicos e qual sua importância na prospecção/exploração e na produção? Os serviços geofísicos não sísmicos englobam os levantamentos gravimétricos e magnetométricos, bem como os levantamentos eletromagnéticos para petróleo. Trata-se de dados complementares, de fundamental importância, cujo valor agregado é dependente da fase exploratória em que são usados. Estes dados, quando se antecipam ao levantamento sísmico, permitem o conhecimento do arcabouço estrutural da bacia, ao mesmo tempo identificando áreas com possíveis ocorrências de rochas vulcânicas ou de sal. Desta forma, otimizam o planejamento da aquisição sísmica, reduzindo custo e risco exploratório. Quando utilizados junto aos dados sísmicos, em fases avançadas da exploração, permitem a obtenção de modelos geológicos mais confiáveis e consequente redução de risco geológico na locação de poços. Os negócios da CGG no Brasil estão sendo cada vez mais impulsionados pela tecnologia BroadSeis. O que é essa tecnologia de banda larga que produz imagens de alta qualidade e por que ela vem sendo um grande diferencial nos negócios da empresa e também dos clientes? A tecnologia BroadSeis tem se mostrado superior a todas as demais tecnologias broadband existentes no mercado. Trata-se de mais um caso de sucesso tecnológico da CGG, validado por nossos clientes em quase


Todas as empresas são importantes para a CGG no cenário Brasil todas as bacias offshore do planeta. Uma imagem sísmica ideal seria aquela que produzisse uma imagem de espelho (seção geológica) não embaçada (sem ruídos) das estruturas abaixo da superfície. A tecnologia BroadSeis chega mais próximo deste ideal produzindo imagens de altíssima qualidade e dados que permitem melhor estimativas dos parâmetros petrofísicos de interesse para a caracterização e modelagem da dinâmica dos fluidos (água, óleo e gás) durante a produção do reservatório. O BroadSeis é mais adequado para que cenários: ambientes mais complexos, como o pré-sal, ou de grandes profundidades, como a bacia de Sergipe-Alagoas, em que os reservatórios superam os 5.000 m? Esta pergunta já contém parte da resposta. Sim, são nos ambientes geológicos complexos, a exemplo das estruturas do pré-sal localizadas a grandes profundidades, onde a sísmica BroadSeis traz contribuição marcante. O aumento do teor de frequências, em especial, o aumento das frequências muito baixas permite melhor estimativa dos parâmetros elásticos das rochas profundas no processo de inversão sísmica. O aumento do teor de altas frequências permite melhor imageamento das estruturas em níveis mais rasos da subsuperfície. Temos resultados que mostram o ganho de qualidade da sísmica BroadSeis quando comparada com a sísmica convencional em áreas onde rochas vulcânicas se intercalam nos sedimentos, a exemplo do que ocorre em porção do campo de Libra. Quais são as novas tecnologias em desenvolvimento e quais as mais relevantes para o cenário brasileiro? A tecnologia dos Nodes é sem dúvida a vedete do momento. Em localidades de águas profundas, ou em áreas de produção de petróleo,

localmente obstruídas pela presença de plataformas e em estruturas de engenharia no fundo oceânico, a aquisição sísmica convencional com cabos (streamers) é inoperante ou produz dados de baixa qualidade. Os Nodes são sensores desenvolvidos para registro remoto (sem cabos) instalados no fundo do mar. Sua instalação requer o uso de ROVs (Remotely Operated Vehicle) ou robôs submarinos operados por comando remoto a partir de navios. Encontra-se em desenvolvimento uma solução mista que consiste em conectar uma linha de Nodes através de um cabo, facilitando assim sua operacionalidade. A tecnologia é extremamente relevante para o cenário brasileiro, visto que o grande vulto de investimentos tem por meta o aumento de produção em águas profundas. É também a tecnologia mais apropriada para os projetos de aquisição 4D (time-lapse) e de PRM ou monitoramento permanente de reservatório. Os projetos/contratos multiclientes são hoje o melhor modelo? Por quê? Os projetos multiclientes reduzem as obrigações das operadoras e tornam seu custo mais baixo, daí o modelo preferido pelas companhias na fase inicial de exploração. Trata-se de um investimento de risco para as empresas de aquisição de dados (EADs) cujo sucesso depende de uma estratégia de mercado muito elaborada visando à recuperação do investimento em tempo mínimo. Atrasos no processo de licença ambiental têm sido fator negativo para as EADs. A frequência dos leilões e potencial exploratório da área podem contribuir positivamente para o sucesso do modelo de negócio multicliente. A CGG anunciou recentemente que estava reduzindo sua frota. Por quê? Isso não impacta os negócios da empresa?

Com a aquisição da divisão de geociências da Fugro, a CGG já planejava reduzir a frota desativando os barcos sísmicos mais antigos. Um ano e meio depois, estamos vivenciando uma redução significativa nos levantamentos sísmicos globais onde o descomissionamento de parte da frota se tornou imperativo. Todas as EADs estão adaptando sua frota à realidade atual do mercado global. A curva de mercado é menos profunda aqui no Brasil, mas pode se agravar se não tivermos leilão de blocos exploratórios em 2015. Qual o grande projeto de P&D que a CGG desenvolve hoje em parceria com a Petrobras? Qual o foco e perspectivas para esse projeto? Estas informações são sigilosas, mas podemos dizer que a CGG tem uma história de sucesso ao longo de quase cinco anos desenvolvendo projetos de P&D com a Petrobras. Estes, em sua maioria, voltados para a melhoria do imageamento sísmico. Estamos discutindo com a Petrobras uma carteira mais diversificada de projetos na área de geociências. O offshore continua sendo o foco central da CGG? Eu diria que a maior parte dos nossos recursos sísmicos continuará sendo voltada para o offshore, mas temos a nossa Divisão de Aerogeofísica e de Near-Surface que estarão dominantemente envolvidos em novos projetos nas bacias sedimentares onshore. Qual a perspectiva da CGG para os próximos anos, em relação ao Brasil? Queremos expandir todas as linhas de negócios da CGG com aumento de competitividade na aquisição sísmica 3D e 4D e nos tornarmos o fornecedor referência na aquisição sísmica com Nodes. Na área não sísmica, traremos inovação, principalmente com projetos integrados de aerogeofísica com a aquisição geofísica de superfície. TN Petróleo 97

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especial: logística

Logística offshore: enormes desafios à frente

Foto: Cortesia Navium

por Malu Fernandes

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Foto: Cortesia Shell Foto: Bia Cardoso

Foto: Cortesia Farstar Foto: Cortesia L铆der

Foto: Cortesia Helibras

por Beatriz Cardoso

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especial: logística

Q

uinto maior país do mundo em extensão territorial, o Brasil possui 38 bacias sedimentares, 29 delas com interesse para petróleo e gás natural, perfazendo 7,5 milhões de km2. Desses, 2,5 milhões de km2 estão localizados no mar, ao longo de 7.367 km da costa brasileira. Para além do pós-sal e pré-sal, em águas rasas, profundas e ultraprofundas, das bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, as principais produtoras do país, que responderam por mais de 90% da produção nacional, que foi de quase 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia em junho desse ano, há muito otimismo em relação a outras bacias da chamada Margem Leste. Formada ainda pelas bacias de Pernambuco-Paraíba, Sergipe-Alagoas, Almada-Camamu-Jacuípe, Cumuruxatiba-Jequitinhonha e Pelotas, a Margem Leste, com uma área sedimentar de cerca de 1,5 milhão de km 2, inclui bacias de nova fronteira e de elevado potencial, além das prolíficas províncias de Santos, Campos e Espírito Santo. Otimismo reforçado ainda mais pela confirmação do potencial de reservas descobertas no primeiro programa exploratório da Petrobras 38

TN Petróleo 97

Foto: Agência Petrobras

O Brasil enfrenta grandes desafios em infraestrutura logística para conseguir dar conta dos compromissos assumidos na área de petróleo e gás depois de sair de quase duas décadas de uma situação de monobacia – com os desenvolvimentos concentrados na Bacia de Campos – para uma frente exploratória mais ampla, com atividades de exploração e produção ao longo da costa brasileira.

em águas profundas na bacia de Sergipe-Alagoas, que podem reposicionar a produção nordestina no cenário nacional. Há também grandes expectativas em relação à chamada Margem Equatorial Brasileira, que vai do Rio Grande do Norte até o Amapá – e que compreende as bacias Potiguar, Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz do Amazonas. Com uma área sedimentar perto de 1 milhão de km2, por sua evolução geológica a região formadas por bacias de nova fronteira é considerada um play análogo ao da Margem Oeste Africana, que já rendeu importantes descobertas de acumulações de óleo leve. Os volumes in situ estimados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na margem equatorial, ainda a se explorar, são de quase

30 bilhões de barris de petróleo equivalente.

O desafio do pré-sal O chamado pré-sal brasileiro, que perpassa as três principais bacias produtoras brasileiras e se estende do sul da costa do Espírito Santo ao norte do estado do Paraná, precisará de gigantesca infraestrutura logística, considerando a distância dos campos em exploração ou produção em relação ao continente (300 km). O que demandará, no caso da produção de gás, o desenvolvimento de uma malha de gasodutos em regiões ainda deficitárias. O Brasil hoje ocupa a 60ª posição entre 80 países no ranking mundial de logística. É uma posição complexa para um país que precisa tanto tornar seus produtos competitivos. A boa notícia é que as empresas veem oportunidades nesses números e se estruturam para oferecer soluções alinhadas com os mais altos padrões de qualidade e segurança observados nos terminais marítimos do Golfo do México, da Escócia, da Noruega e da Dinamarca, referências mundiais no segmento. O Programa de Otimização de Infraestrutura Logística (Infralog), criado pela Petrobras em novembro de 2012, já possibilitou uma economia de R$ 800 milhões


Plataformas do pré-sal As grandes plataformas instaladas hoje na costa brasileira para operar o pré-sal estão muito distantes do continente, o que encarece a logística. Segundo o diretor de Petróleo e Gás da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Alberto Machado, o problema do pré-sal não é só a profundidade em que se encontram os reservatórios, é também distância. As empresas quebram a cabeça para reduzir custos logísticos nas futuras plataformas do pré-sal, que, em média, estarão três vezes mais distantes que as já existentes em outras bacias. O transporte de pessoal, cerca de 80 mil pessoas por mês, representa outro gargalo e, com as novas operações até 2017, esse número irá dobrar e o transporte de cargas passará de cerca de 1,4 milhão para 2,3 milhões de toneladas.

Porto Peterhead, Aberdeen - Escócia O porto Peterhead, localizado em Aberdeen, na Escócia, divide-se em duas bases, a norte e a sul: A base norte Breakwater é uma construção de granito com um deck de 18 m e profundidade mínima de 14 m. Para atender as embarcações, o porto conta com guindastes de até 500 toneladas de capacidade. Tem entre 13-15 berços, com comprimento de 240 m por largura de 17 m. Do total, dois berços permitem acomodar navios de até 250 m e 96 tpb. A base norte Jetty é uma construção de concreto que oferece mais dois berços para lidar com uma gama de tráfego, incluindo petroleiros, e embarcações de apoio offshore. Seu comprimento é de 122 m de comprimento por 15 m de largura, em uma profundidade mínima de 6 m. A base sul do porto de Peterhead foi projetada para facilitar a recuperação rápida e eficaz dos navios envolvidos no atendimento aos requisitos logísticos da indústria de petróleo e gás offshore. A base funciona como o centro de operações da Asco Peterhead e oferece um total de 12 berços para atender toda a base do porto Sul, Quebra-mar e Princess Royal Jetty. Dentro da base, há instalações de escritórios, armazenagem e cerca de 4,5 hectares de armazenamento aberto. Foto: Divulgação

em 2013, contribuindo para a redução de custo da petroleira em relação ao Plano de Negócios e Gestão 2012-2016. O montante de investimentos do PNG 20142018 já reflete os benefícios desse replanejamento. O Infralog faz parte de um conjunto dos chamados programas estruturantes da Petrobras, que têm “o objetivo de estabelecer novas referências de produtividade e gestão, rigor nos projetos de investimento, assegurando disciplina na utilização dos recursos financeiros do Plano de Negócios e Gestão”. Implantado no sentido de otimizar o planejamento, acompanhamento e gestão de projetos e ações para atender às necessidades de infraestrutura logística do Sistema Petrobras até 2020, as soluções atualmente propostas são mais simples que as anteriores, seja para execução própria ou de terceiros. E a meta de redução de investimentos próprios da Petrobras chega a US$ 5,9 bilhões com o Infralog, até o final desta década.

Foto: Divulgação

Logística offshore: enormes desafios à frente

Porto Fourchon, Lousiana - EUA O porto Fourchon localiza-se no delta do rio Mississipi, a 100 km de distância da cidade de Nova Orleans. É o principal terminal do Golfo do México, com 300 berços, em uma área que corresponde a 9.670 m². TN Petróleo 97

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especial: logística

a ineficiência do porto público é muito grande. Até 2020 haverá aumento de produção de 40% a 50%, de embarcações, de sondas, de todos os produtos do hipermercado e se ele não estiver preparado não atenderá a demanda. Para produzir mais, são necessários mais prestadores de serviços eficientes e rápidos. Ricardo Chagas, diretor-presidente da Edison Chouest no Brasil “Se não houver racionalidade nos custos da logística, os investimentos acabam não se pagando”, opina Machado, que é coordenador do MBA de Petróleo e Gás da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para ele, um exemplo de sucesso que o Brasil deveria buscar é o Porto de Fourchon, na Louisiana, que atende a todo o Golfo do México da parte americana. É o maior do mundo com mais de cem empresas atuando no mesmo local. O coordenador da FGV lembra que, no exterior, a preferência é por bases compartilhadas, já que reduzem substancialmente os custos. Machado cita também outra referência em termos de porto logístico, o de Peter Head, localizado em Aberdeen, na Escócia, e que atende às operações no Mar do Norte. “Existem ainda em estudo outras rotas para reduzir os custos logísticos, quer seja aumentando a automatização das plataformas, diminuindo sua tripulação, quer seja incrementando a utilização de equipamentos subsea, levando para o fundo do mar operações que hoje são realizadas nas plataformas”, complementa o especialista.

Hipermercado logístico De acordo com Ricardo Chagas, diretor-presidente da Edison Chouest no Brasil, com dois projetos simultâneos hoje, um no complexo industrial e portuário do superporto do Açu, da Prumo, no Norte Fluminense, e um no Espírito Santo, “99% das empresas no Golfo do México utilizam nossa infraestrutura portuária/logís40

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tica para atender as plataformas de perfuração, produção, ou seja, Chevron, Total, Petrobras América, BP, Shell, Esso, todas operam nas nossas bases”. É o conceito de uma garagem (slits): o barco entra de ré, carrega e descarrega pelo convés, bem como opera combustível, lama, óleo diesel e todos os produtos simultaneamente, o que otimiza o tempo – em seis horas uma embarcação é operada porque sem infraestrutura não se otimiza processo. “Fazendo uma analogia, a questão hoje é ter um hipermercado com todos os ingredientes, todas as facilidades em um mesmo local, isto é, combustível, óleo lubrificante, cimento, lama etc., do que propriamente um cais em um porto público para operar uma embarcação”, detalha Chagas. “Hoje, o que se vê é o jeitinho brasileiro, um cais com poucos metros acomodando três embarcações. Não há local apropriado para colocar uma base decente. Temos bases pequenas que os barcos ficam esperando porque não existe berço suficiente para atracar ”, salienta. Ele lembra que o preço de uma sonda lá fora é de US$ 1 bilhão a 1,5 bilhão, ou seja, ela não pode esperar. “Se ela tem de aguardar é porque há um gargalo logístico. É necessário ser eficiente em terra para que esta sonda não es-

pere por falta de combustível, por exemplo”, acrescenta o executivo da Edison Chouest. Para Chagas, “a ineficiência do porto público é muito grande. Até 2020 haverá aumento de produção de 40% a 50% de embarcações, de sondas, de todos os produtos do hipermercado e se ele não estiver preparado não atenderá a demanda. Para produzir mais, são necessários mais prestadores de serviços eficientes e rápidos”.

Indefinição preocupante A Petrobras ainda não decidiu onde será sua principal base de apoio logístico offshore nem para onde irá expandir as unidades existentes para atender as bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. “Hoje, se utiliza a Brasco, empresa de apoio logístico onshore e offshore do Grupo Wilson Sons, na Ilha da Conceição, em Niterói, e a Verolme, na Costa Verde fluminense. Em relação a transporte, a Petrobras está usando os aeroportos de Jacarepaguá, Macaé e Farol da Barra como bases da operação. Isso pode engargalar se não se fizer um planejamento adequado”, antecipa Machado. Ele também alerta para o fato de a Baía de Guanabara estar ficando congestionada. A capacidade de movimentação não é infinita. Há expectativa de que a Petrobras escolha essa Baía (quatro novos berços), Santos (dois berços), em São Paulo, e o Norte Fluminense (o restante), no estado do Rio, para receber novas bases de apoio logístico offshore. “Uma base tem que ser tão grande quanto atenda a um raio de economicidade”, sugere. Alberto Machado afirma que o desafio no curto prazo é adaptar as bases existentes, como foi feito no Nitshore, o porto de Niterói. “Era um porto normal, adaptado para base de apoio, mas não é a situação ideal porque tem muito assoreamento, o que obriga à dragagem constante e isso encarece muito. Barra do Furado, em Quissamã, também tem um problema seríssimo de assoreamento na entrada”, complementa.


Foto: Somafoto

Logística offshore: enormes desafios à frente

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No médio e longo prazo, conhecendo as futuras prospecções a partir dos resultados dos leilões, o especialista aponta que o desafio é construir bases de apoio que sejam projetadas para as novas necessidades ou até mesmo readaptar portos já existentes com foco em atender as demandas do mercado. “Tudo é uma questão e custo-benefício. Já falaram até em comprar porta-aviões e construir uma ilha para servir de base intermediária como ponto de apoio”, explica o representante da Abimaq, lembrando que, no futuro, existe a tendência de desabitar as plataformas por meio da automação. Outra tendência é ter os separadores, os compressores e tudo o mais que está nas plataformas embaixo da água. Desta forma, em seu ponto de vista, as plataformas podem ser colocadas mais perto da costa ou até mesmo na costa, construindo um hub grande a 150 km da costa e trazendo tudo por subsea, o que muda completamente a característica da base de apoio.

Programas estruturantes O assunto é complexo. Após um extenso e detalhado diagnóstico dos problemas operacionais da Petro-

Deadweight máximo: 5.000 ton Atracações: 440/mês Capacidade de estocagem água: 6.000 m³; óleo: 4.620 m³; granéis: 33.000 p³

bras, a empresa definiu prioridades e implementou ações estruturantes de curto e médio prazo para aprimorar os resultados econômico-financeiros da companhia. Os programas de Otimização de Custos Operacionais (Procop), de Aumentoda Eficiência Operacional da Bacia de Campos (Proef), de Desinvestimento (Prodesin) e de Otimização de Infraestrutura Logística (Infralog) são exemplos destas ações, cujas metas e indicadores foram estabelecidos pelas equipes de trabalho, aprovados pela diretoria colegiada e hoje são monitorados pela alta administração da companhia. Por meio do Proef, a companhia reverteu o quadro de forte queda de eficiência da Unidade Operacional Bacia de Campos, que chegou a 67% em abril de 2012, mês de início do programa, e retornou aos 78% em dezembro; o Procop estabeleceu 515 iniciativas de redução de custos que levarão à economia de R$ 32 bilhões entre 2013 e 2016; e, por meio do Infralog, racionalizou a carteira de projetos relativa aos portos, aeroportos, dutos e terminais para atendimento da produção e do mercado de petróleo e derivados previstos até 2020.

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Infralog:

logística repensada

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

especial: logística

O Infralog significa uma mudança na forma de a Petrobras planejar suas atividades em logística. A motivação inicial para a criação do Infralog foi atender aos limites de alavancagem e de financiabilidade da Petrobras, expressos no PNG 2012-2016, quando foi necessário padronizar, simplificar e otimizar os investimentos próprios da companhia.

E

ste desafio continua. Em uma empresa com forte presença nacional, atuando em todos os segmentos da indústria do petróleo, um segmento logístico integrado e eficiente se torna vital para a rentabilidade na operação de suas atividades e novos investimentos em exploração e produção de petróleo, em produção de derivados e na distribuição destes – no país ou para exportação. Assim, os passos são na direção de racionalização de atividades, com busca por sinergia entre projetos e ativos de diferentes áreas de negócio. A Petrobras busca terceiros e parcerias em atividades, principalmente consideradas não estratégicas. Há algumas licitações em andamento e outras ainda sendo preparadas. Como parte de suas atividades rotineiras, o Infralog monitora as demandas da Petrobras, e acom-

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panha os projetos e parcerias/terceirizações que permitem atender a estas demandas e monitora riscos que possam impactar as demandas ou os projetos. O programa envia informações completas e atualizadas para a Presidência mensalmente e uma comissão de gerentes executivos reúne-se de tempos em tempos para discutir o avanço das soluções propostas ou novas demandas.

Novas soluções Surgiram, desde o início do programa, novas soluções logísticas mais simples e mais econômicas, que evitaram novos investimentos, e houve fortalecimento na governança de planejamento, aprovação e acompanhamento dos novos projetos de logística. Em função de um longo período de monopólio da Petrobras, na maior parte dos segmentos da indústria do petróleo, e de

novas e recentes regulações para o setor logístico, a empresa admite que há dificuldades, conjunturais e pontuais, na formação de parcerias em novas soluções logísticas e de terceirização de atividades e investimentos considerados não estratégicos. O escopo do programa inclui atividades de logística em todo o Brasil, integradas com as áreas de exploração, produção e transporte de petróleo e gás natural, refino, comercialização e distribuição de derivados, garantindo de forma mais eficiente a segurança do abastecimento do mercado nacional e a viabilização das operações no Polo Pré-Sal. Há diferenças claras entre demandas associadas à exploração e à produção de petróleo. A demanda da exploração é mais inconstante. Uma mesma sonda pode ser atendida por


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portos diferentes ao longo do ano, porque muda de região conforme sua programação de perfuração. No entanto, não há diferença na infraestrutura necessária para atender a demandas de exploração ou de produção. Assim, trabalha-se mais com a distribuição regional da demanda – este sim, crucial para o custo de infraestrutura. Um porto ou aeroporto muito distante da plataforma, por exemplo, gera custos mais altos e pode acarretar dificuldades de suprimento. Em sua primeira fase, o programa mapeou as demandas logísticas da Companhia e todos os projetos necessários para atendê-las. Este portfólio de projetos foi criteriosamente analisado, em busca de soluções logísticas mais simples, capturando sinergias entre suas áreas, reduzindo investimentos e custos operacionais, à luz das condições legais e regulatórias vigentes. Como exemplos de soluções mais simples que permitem atender aos objetivos da Companhia com menor custo de investimento, podemos citar a substituição da construção de novos terminais pela ampliação de terminais existentes e desenvolvimento de soluções junto ao mercado para operações de exportação de petróleo. Estas soluções permitem passar as cargas destinadas à exportação de navios de posicionamento dinâmico (DP), do alívio de plataformas, para navios convencionais com menor custo total. Há alguns projetos no Infralog associados à adaptação de ativos existentes, ao invés da construção de novos. Um exemplo são projetos de inversão de dutos de derivados. Com o aumento da demanda nacional por derivados, áreas antes superavitárias em derivados se tornaram deficitárias. 44

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Foto: Cortesia Helibras

especial: logística

INFRALOG – O programa está estruturado em quatro grandes temas: as bases de apoio, com projetos e ações ligados à demanda por infraestrutura portuária e aeroportuária para apoio às atividades marítimas com foco nas bacias do Espírito Santo, de Campos e de Santos; a de destinação de líquidos de gás natural, com a busca de oportunidades para a melhor movimentação e aproveitamento dos líquidos oriundos do processamento de gás natural do pré-sal; a movimentação e exportação de petróleo; e o suprimento e distribuição de derivados e biocombustíveis. MOVIMENTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PETRÓLEO Objetivo Geral: Prover infraestrutura logística para movimentação de petróleo (para refino ou exportação). Objetivos Específicos: 1.1 – Suprir de petróleo o parque de refino existente com confiabilidade 1.2 – Suprir de petróleo o novo refino da Petrobras 1.3 – Adicionar capacidade de transbordo para viabilizar exportação de petróleo SUPRIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE DERIVADOS E BIOCOMBUSTÍVEIS Objetivos Gerais: Prover infraestrutura logística para garantir o escoamento da produção das refinarias da Petrobras e facilitar o atendimento à demanda nacional por derivados. Objetivos Específicos: 2.1 – Garantir o escoamento da produção das refinarias existentes, minimizando restrições de elenco causadas pela logística 2.2 – Prover infraestrutura para o escoamento da produção do novo refino da Petrobras BASES DE APOIO OFFSHORE Objetivo Geral: Prover infraestrutura logística de bases portuárias e aeroportuárias para atividades exploratórias e de produção do E&P. Objetivos Específicos: 3.1 – Garantir acesso a bases portuárias conforme demanda planejada pelo E&P 3.2 – Garantir acesso a bases aeroportuárias conforme demanda planejada pelo E&P DESTINAÇÃO DE LÍQUIDOS DE GÁS NATURAL Objetivo Geral: Viabilizar o escoamento/consumo da produção de líquidos do gás natural associado, permitindo a plena produção de óleo. Objetivos Específicos: 4.1 – Garantir a destinação da produção de GLP advindo de gás natural de UPGNs (Unidades de Processamento de Gás Natural) 4.2 – Garantir a destinação da produção de CO2 advindo de gás natural de UPGNs


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grupo chouest (brasil port), porto do açu - rj Ilustração: BR Offshore

Assim, dutos que foram construídos para levar a produção das refinarias para mercados mais distantes podem agora servir para apoiar as refinarias no atendimento dos mercados locais, trazendo produtos de outras refinarias do sistema Petrobras. Outro exemplo diz respeito à ampliação de capacidade de dutos. Os dutos existentes, ao invés de serem duplicados, podem ter sua capacidade ampliada pelo aumento de capacidade de bombeamento e do uso de produtos redutores de atrito. Estas medidas mais simples podem ser contratadas de terceiros e permitem adiar e/ou evitar um projeto de duplicação do duto. Na linha do compartilhamento de soluções com terceiros, a companhia partiu para a utilização de infraestrutura de terceiros em detrimento da construção de infraestrutura própria. A utilização parcial de portos e aeroportos existentes para apoio portuário e aeroportuário offshore, ao invés da construção de bases de apoio próprias e dedicadas, é um exemplo. Foram estabelecidos objetivos e metas que serão acompanhados de forma permanente. O Infralog representa uma nova forma de gerir os projetos na área de logística na Petrobras. A análise de forma integrada das soluções logísticas possibilitará o aproveitamento de sinergias e redução de custos de todos os negócios do Sistema Petrobras, além de abrir oportunidades para aumento dos investimentos em infraestrutura logística por parte de terceiros. As negociações com terceiros ainda não foram concluídas. A empresa espera a participação de terceiros na construção e operação de terminais e aeroportos, na instalação de bases de distribuição multicliente, na presta-

Ilustração: Grupo Chouest

especial: logística

Complexo Logístico e Industrial Farol barra do furado - rj ção de serviços de compressão/ própriada e deIlha terceiros termiParque Tecnológico do nos Fundão bombeamento, entre outros. nais de uso privado. Desta forma, possibilitamse investimentos na exploração Lei dos Portos desses terminais, por quaisquer Após a constituição do Infrainteressados, sem a obrigatorielog, foi publicada em 5 de junho dade da comprovação de carga de 2013, a Lei n. 12.815/2013, própria predominante. Esta mudenominada nova Lei dos Pordança fez com que novos modetos, dispondo sobre a exploração los de negócio pudessem ser prodireta e indireta pela União de postos pela Petrobras a terceiros, Portos e instalações portuárias e abrindo novas oportunidades sobre atividades desempenhadas de negociação para os projetos pelos operadores portuários, inmonitorados pelo Infralog. troduzindo alterações substanciais Para a companhia, a ampla no regime jurídico aplicável aos abertura do setor possibilitará portos e aos terminais. a entrada de novas empresas, A nova lei visa abrir o país o que aumentará a concorpara investimentos de terceiros rência e levará à redução de e aumentar a competitividade preços, assim como permitirá do setor de logística. Dentre as a ampliação e a modernização inovações trazidas com a nova da infraestrutura brasileira de Lei dos Portos, destaca-se o fim serviços portuários. da diferenciação entre carga


Logística offshore: enormes desafios à frente

“A nova Lei dos Portos fortaleceu o arcabouço regulatório no quais os terminais portuários de uso privativo estavam inseridos. Ao extinguir-se a necessidade da existência de carga própria para o investidor privado em um terminal privativo, fortaleceu-se o novo regime jurídico, abrindo novas oportunidades de investimentos privados no setor portuário”, elogiou Ricardo Vianna, presidente da BR Offshore.

Projetos em andamento A construção do Complexo Logístico e Industrial Farol / Barra do Furado, com cerca de 45% de suas obras já concluídos, e término previsto para o primeiro semestre de 2015, irá consolidar a região Norte Fluminense, em especial de Campos dos Goytacazes, “como um dos principais clusters da indústria offshore no país até 2020, repetindo o espetacular crescimen-

to que observamos em Macaé nos últimos 30 anos, após a implantação do Terminal de Imbetiba, pela Petrobras”, atesta Vianna. Para ele, as descobertas do pré-sal, aliadas às novas tecnologias subsea e sofisticação das embarcações de apoio offshore, exigem uma revisão dos principais conceitos utilizados até então para a definição adequada de atendimento da demanda logística offshore – crescente e com maior sofisticação. “O Infralog consolidou a relevância da necessidade de novos investimentos, criando oportunidades para novos players neste segmento, e ampliou as perspectivas de negócios para a BR Offshore”, acrescenta o presidente da empresa. A BR Offshore, uma holding de investimentos criada em 2010, avaliou diversas oportunidades de

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em Campos dos Goytacazes, se deu em função da grande vantagem competitiva que identificou na Barra do Furado quando comparada com outras localidades. “É onde estamos implantando o Terminal de Serviços e Logística da Barra do Furado S/A e o Estaleiro Barra do Furado S/A”, afirma o executivo. A área foi adquirida em 2011, antes mesmo do licenciamento ambiental do Complexo Logístico e Industrial Farol / Barra do Furado, que está sendo construído pelas prefeituras de Campos dos Goytacazes e de Quissamã, com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e do Governo Federal – via Secretaria Especial dos Portos, pois seus executivos entenderam que as vantagens de Barra do Furado eram evidentes. A construção de empreendimentos desta natureza requer uma coordenação eficiente e abrangente de todas as entidades envolvidas no processo de licenciamento e autorizações necessárias, sobretudo após a introdução da nova legis48

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Foto: Divulgação Itaoca Offshore

especial: logística

lação de portos, o que abriu novas oportunidades de investimentos para o setor privado. A identificação da demanda por serviços, e das melhores soluções competitivas para serem oferecidas aos clientes – todas as empresas envolvidas nas operações de exploração offshore – requereu intensas pesquisas e busca de soluções tanto no Brasil como no exterior.

Licença ambiental morosa Para os players do setor, há desafios de curto, médio e longo prazo. No curto prazo, a Itaoca Offshore via como maior desafio conseguir a Licença de Implantação (LI), o que aconteceu em 6 de agosto. A emissão da LI significa que o Instituto Estadual de Meio Ambiente aceitou a proposta de atendimento às necessidades socioambientais sugeridas pela empresa. No médio prazo, a Itaoca Offshore está otimista em relação à parte que irá financiar a construção da base já que existem recursos para

investimento em infraestrutura. O equity, a chamada de capital da empresa, será feita através do Modal, o banco que os assessora na aproximação com clientes investidores. O diretor de operações da Itaoca Offshore, Álvaro de Oliveira Júnior, diz que as obras devem começar no quarto trimestre de 2014. A expectativa é de que o nome da construtora responsável seja anunciado até o final de agosto. A localização permitirá que a Itaoca atenda à demanda de empresas que operam nas bacias de Campos e do Espírito Santo. O terminal da Itaoca terá 600 mil m² de área continental, além de 230 m de cais contínuo e mais 11 berços de atracação. A área de embarque offshore terá 40 mil m², com profundidade natural de 9,5 m. O custo do projeto é da ordem de R$ 450 milhões, sendo que de 30% a 40% desse total devem ser provenientes de parcerias com investidores privados e o restante financiado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou a Caixa Econômica Federal. A base da Itaoca Offshore vai gerar perto de 450 empregos diretos e 1.500 indiretos, quando estiver em plena atividade. Durante a construção, a previsão é de abertura de mil postos de trabalho. No longo prazo, a Itaoca Offshore quer se posicionar como detentora de estrutura inédita no Brasil, dedicada ao fornecimento de serviços e apoio logístico para o mercado petrolífero offshore no Sudeste brasileiro, particularmente nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. As empresas precisaram reforçar a infraestrutura logística. O Terminal de Serviços e Logística


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especial: logística

Classe mundial Com a perspectiva de necessidade de novos berços para as atividades de base de apoio logístico offshore, a Brasco, primeira empresa do Grupo Wilson Sons – e do Brasil – a alcançar o patamar de classe mundial em segurança, saiu na frente com a aquisição da Briclog em 2012. Com a nova base no Caju (RJ), a Brasco irá duplicar sua capacidade de atendimento às embarcações de apoio offshore, passando dos atuais quatro berços para oito. As duas bases estão estrategicamente posicionadas na Baía da Guanabara, oferecendo maior proximidade para atender as bacias de Campos e de Santos e em particular o campo de Libra, com forte perspectiva de demanda para os próximos anos. A Brasco investiu US$ 100 milhões na aquisição e obras de ampliação da base do Caju, que hoje conta com apenas um berço. Após a conclusão das obras, no primeiro semestre de 2015, serão cinco berços disponíveis além dos atuais três berços na base da empresa em Niterói que, recentemente, passou por obras 50

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brasco (base do cajú em niterói) - RJ

Foto: Divulgação Wilson, Sons

da Barra do Furado da BR Offshore, por exemplo, irá dobrar a capacidade da infraestrutura logística de apoio offshore na região Norte Fluminense. E o Centro de Manutenção e Reparos da Barra do Furado (nova denominação do Estaleiro Barra do Furado), com quatro posições em docas secas, deverá aumentar a capacidade de docagem em seco das embarcações de apoio offshore no estado do Rio de Janeiro em cerca de 30% da capacidade atual. Vai permitir ainda a realização de serviços de docagem em seco e manutenção das embarcações de apoio offshore em condições bastante competitivas com quaisquer outros estaleiros no Brasil e no exterior.

de modernização e infraestrutura – com reforço de cais e reforma no edifício administrativo. Além disso, “a Brasco Caju passa por obras para adequar sua infraestrutura ao projeto da companhia. Por serem Terminais de Uso Privado (TUP), as duas bases oferecem mais flexibilidade para as operações e, consequentemente, mais competitividade”, assegura Gilberto Cardarelli, diretor executivo da Brasco. Para a Brasco, o impacto do Infralog ocorreu basicamente no formato de contratação da Petrobras, em que, neste novo plano, o operador logístico, além de oferecer a prestação de serviço, disponibiliza também a base de apoio que será utilizada na operação. Com a perspectiva de nos próximos seis anos a Petrobras licitar entre 13 e 17 novos berços de atracação para

embarcações de apoio, a Brasco Caju se estrutura para estar apta a atender as necessidades da maior empresa do país tanto atualmente quanto no futuro.

Competitividade As oportunidades são gigantescas já que a descoberta do pré-sal colocará o Brasil entre os dez maiores produtores de petróleo e gás do mundo. Logo surgem cursos de olho na capacitação de mão de obra, ensinando disciplinas que ajudam a identificar sistemas e recursos relacionados à logística, entender o funcionamento dos diferentes componentes e agentes logísticos e conhecer as funções logísticas, gestão de estoques, abastecimento, compras, transporte, tráfico e armazenamento, entre outras. A logística, o déficit tecnológico e a falta de mão de obra qualificada são desafios reais porque diminuem a eficiência e a competitividade na exploração dessas reservas em águas profundas.


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especial: logística

Suporte no ar e em terra H

á uma demanda crescente de helicópteros para atender a indústria de óleo e gás nas chamadas movimentações offshore, assim como de empresas de transportes especializadas para equacionar desde questões alfandegárias até a entrega final de cargas de grande porte em portos de apoio. Na parte aérea, especialistas acreditam que poderão ser necessárias até cem novas aeronaves de asa rotativa (helicópteros) de grande porte (helicópteros) para os próximos anos, sendo que o Rio de Janeiro já registra aumento da frota acima da média nacional. Isso porque, desde 2005, todo o transporte de passageiros para as plataformas de exploração de óleo e gás é feito com o uso de helicópteros. E as estimativas são de que envolvam um milhão de passageiros ao ano e algo em torno de 170 aeronaves dedicadas.

Helicópteros especiais Ciente disso, a Helibras vem reforçando a produção de aeronaves para atendimento ao mercado offshore, tendo hoje mais de 50 helicópteros da marca Helibras/Airbus Helicopters em operação hoje no país. “A Helibras, ao se capacitar para fabricar o modelo de grande porte EC725 em virtude do contrato que estabeleceu com as Forças Armadas (fornecimento de 50 aero52

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Foto: Cortesia Helibras

Empresas aéreas e companhias especializadas em soluções logísticas asseguram a manutenção das operações offshore.

Helicópteros operando no offshore • 170 de médio e grande porte (previsão para 2020: mais de 270); • 1 milhão de passageiros por ano; • Mil profissionais envolvidos nas operações, • Principais empresas: Líder Aviação, Aeróleo, BHS, Helivia, Emar, Atlas; Fonte: Sindicato Nacional de Empresas de Táxi Aéreo

naves deste modelo), tornou-se apta a produzir o mesmo o modelo na versão civil, chamado EC225, ideal para atender as necessidades do mercado óleo & gás”, pontua o vice-presidente comercial e de marketing da Helibras,

François Arnaud. “Essa intenção já foi estudada no momento de trazer a nova linha de montagem ao Brasil, sabendose da capacidade de desenvolvimento da indústria de petróleo nacional”, acrescenta. O EC225, modelo que a Helibras está apta a produzir e a comercializar, pode transportar até 19 passageiros mais dois pilotos, dependendo da configuração. Ele oferece grande quantidade de itens de segurança de voo, dificilmente encontrados


Logística offshore: enormes desafios à frente

Brasil para operar o regime de despacho aduaneiro expresso ‘Linha Azul’, um procedimento especial de facilitação aduaneira para o despacho expresso nas operações de importação, exportação e trânsito, mediante habilitação prévia. Com o sistema, a tramitação de um item pela alfândega que levaria em média cinco dias para acontecer, cai para 24 horas. O principal benefício, sem dúvida, é

ções antes mesmo do prazo final estipulado para o serviço.

Frota ampliada Para ampliar suas operações offshore na Bacia de Santos, a Líder Aviação, maior empresa de aviação civil na América Latina, investiu R$ 10 milhões na construção de um novo hangar na cidade de Itanhaém, em São Paulo. Inaugurado em junho deste

Foto: Cortesia Transmagno

em aeronaves concorrentes, por se tratar de um dos mais modernos projetos do mundo. Além dele, um novo produto da Airbus Helicopters foi concebido particularmente para o mercado offshore e recebeu, no início deste ano, a certificação concedida pela European Aviation Safety Agency (Easa). Trata-se do EC175, desenvolvido pelos operadores offshore da Europa juntamente com a matriz francesa. Certificado na classe de sete toneladas, o helicóptero apresentou o seu excelente desempenho e as suas capacidades de missão para o setor de óleo & gás durante campanha de demonstração europeia, em maio deste ano na Inglaterra, Escócia e Noruega. A Airbus Helicopters também anunciou o aumento do peso máximo de decolagem do EC175, para até 7.800 kg, oferecendo um adicional significativo de 300 kg de carga útil, ou um raio de ação adicional de 40 NM. Esse peso estendido fornece mais flexibilidade operacional, particularmente para as exigentes operações de cargas do setor de óleo & gás e para as missões de transporte de passageiros em plataformas de petróleo que se localizam cada vez mais longe da costa. O EC175 é um helicóptero de categoria média de alta capacidade e acomoda com conforto 16 passageiros, oferecendo grande volume de cabine por pessoa. O excelente ambiente de bordo é realçado por níveis muito baixos de vibração e pelo voo suave mesmo em alta velocidade. Além dos produtos oferecidos a este segmento, a Helibras também está ampliando suas ofertas de suporte às operações e serviço ao cliente. A empresa recebeu a habilitação da Receita Federal do

a maior agilidade na importação de sobressalentes e peças de reposição para atender aos clientes. Além disso, a empresa está trabalhando para criar um depósito alfandegado de peças e ferramentais para as aeronaves utilizadas nas operações offshore a fim de garantir maior tempo de disponibilidade dos helicópteros e reparos mais ágeis. Desde 2012 a Helibras vem investindo cerca de R$ 66 milhões em peças e materiais para oferecer suporte às aeronaves que voam no país. Com esses investimentos mais o procedimento do ‘Linha Azul’, a Helibras terá capacidade de atender a 95% das solicita-

ano, o local possui 5.000 m2, sala Vip e capacidade para oito helicópteros; e dará suporte às operações da empresa nos setores de óleo e gás e atendimento aeroportuário. A Líder Aviação conta com 64 helicópteros dedicados a atender organizações como Petrobras, Shell e Chevron, nas principais bacias petrolíferas do país. “Nos últimos anos, as oportunidades no segmento de petróleo têm aumentado. Como somos o maior player do mercado, realizamos investimentos constantes para melhorar a qualidade e a capacidade do serviço”, afirma a TN Petróleo 97

53


Foto: Cortesia Transmagno

Foto: Cortesia Líder

especial: logística

superintendente da Líder, Junia Hermont. Para aprimorar cada vez mais a segurança das operações, a empresa acaba de adquirir um simulador S-92. O equipamento entra em operação ainda no segundo semestre de 2014 e é resultado de um aporte de cerca de US$ 10 milhões. Pilotos que operam para o setor offshore, até então obrigados a realizar treinamentos no exterior, passam a contar com o serviço no país, o que viabiliza capacitações cada vez mais frequentes.

Transporte estratégico Com mais de 30 anos de estrada, literalmente, a Transmagno Transportes Rodoviários consolidou

know-how na prestação de serviços portuários e correlacionados, como transporte de contêineres, cargas em regime aduaneiro, entre outras. “A Transmagno deixou de ser uma transportadora para ser tornar uma prestadora de serviços logísticos (PSL), exatamente por estar preparada para oferecer soluções em toda a cadeia de abastecimento”, destaca Paulo Paranhos, diretor-geral da Transmagno. “Isso significa dizer que podemos gerenciar estoques em armazéns próprios e de terceiros e administrar a movimentação das mercadorias, de acordo com a necessidade de nossos clientes”, acrescenta. A empresa sediada em Macaé, onde iniciou a operação da Petrobras, desde 1978 através da Jardinense, da qual a Transmagno é sucesso, ao longo dos anos consolidou seu conhecimento logístico para atuar principalmente dentro da cadeia de suprimentos das empresas de óleo e gás. “Temos um portfólio capaz de atender a todas as demandas exigidas pelo segmento, desde o transporte de pequenos volumes a

cargas excepcionais e indivisíveis de mais de 100 toneladas, produtos controlados, cargas em trânsito aduaneiro e locação de equipamentos de movimentação de cargas horizontais e verticais até 250 toneladas”, afirma o executivo. Graças a esta expertise, eles têm grandes organizações nacionais e multinacionais como clientes fidelizados, entre os quais a Transocean, Noble (Paragon), Brasdril, Shell, Seadrill, Statoil, Odebrecht, DOFSubsea, FMC, Aker Solutions, BP, Petrobras, Ensco. “Temos bases operacionais junto aos principais portos onde nossos clientes operam”, observa o gerente de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde (QSMS), Emerson Nascimento. A filial do Rio de Janeiro, no bairro do Caju, está próxima ao porto carioca e ao aeroporto internacional Tom Jobim, e, a de Guaxindiba, em Niterói, próximo aos portos offshore Nitshore e Brasco. Em Vila Velha (ES), a base da empresa está localizada estrategicamente na região dos principais portos de Vitória. Atenta ao incremento das atividades offshore, a empresa tem uma base na cidade de Guarulhos (SP), para suprir a demanda de peças fabricadas no parque industrial de São Paulo, e áreas em São João da Barra (RJ), que pode abrigar uma base para atender o porto do Açu e ainda em Magé, no Norte Fluminense, junto ao Arco Metropolitano, para atender a demanda proveniente do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), bem como dos portos localizados em Itaguaí.

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pd&i

Desafios e oportunidades em

PD&I

O estado do Rio caminha a passos largos para consolidar-se como polo internacional de pesquisa e desenvolvimento no setor de óleo e gás.

ilustração: Aker Solutions

por Felipe Salgado

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Foto: Agência Petrobras

D

iante do cenário promissor do Brasil, que atingiu produção de 2,3 milhões de barris/ dia de petróleo, classificada como excepcional pela Agência Internacional de Energia (AIE) devido à alta de 180 mil barris em um trimestre, é mais do que necessário reforçar o debate sobre o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), para assegurar a sustentabilidade da indústria. Foi com esse objetivo que a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis), do Rio de Janeiro, por meio do Rio Capital da Energia e Instituto de Energia da PUC-Rio, promoveu, em parceria com o seminário ‘Pesquisa & Desenvolvimento no Setor de óleo e Gás no Rio de Janeiro’, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no dia 4 de agosto. O debate em torno dos desafios e oportunidades de PD&I tecnológica na indústria de óleo e gás no Rio de Janeiro, que abriga hoje inúmeros centros de pesquisas desse setor, mobilizou autoridades, executivos dos setores público e privado e representantes de entidades dessa cadeia produtiva. O evento reuniu executivos para debater temas ligados aos desafios e oportunidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica no setor de óleo e gás no Rio de Janeiro. Os superintendentes da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Alfredo Renault e Carlos Camerini, representando o Instituto de Energia da PUCRio, destacaram em suas palestras os investimentos em P&D e o processo de gestão do conhecimento ligado às novas tecnologias

2.293 (0,7%)

Petrochina

1.314 (0,3%)

Shell Petrobras

1.143 (0,8%)

ExxonMobil

1.042 (0,2%)

Total

1.040 (0,4%)

Sinopec BP

771 (0,2%) 674 (0,2%)

de exploração e produção de petróleo e gás para aplicações subsea no Brasil, com ênfase no Rio de Janeiro. O estado fluminense, que responde por 83% da produção nacional do insumo, é o que mais atrai investimento em pesquisa nesse setor: um terço do que foi realizado em todo o

Investimento (US$ MM) em pd&i por empresa Fonte: Energy Evaluate, 2013

país, R$ 1,3 bilhão. Razão pela qual cerca de 50% das pesquisas brasileiras, com foco na indústria de óleo e gás, são realizados em instituições e centros de P&D localizados no Rio de Janeiro, que também possui um dos maiores tanques oceânicos do mundo, laboratório de P&D em tecnologia submarina e de computação de alto desempenho.

Transformar em números ‘Rio de Janeiro: centro da pesquisa e desenvolvimento tecnológico do setor petróleo e gás’ foi o tema da palestra apresentada por Renault, com o intuito TN Petróleo 97

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Foto: Hjalmar Otto Fjøsne/Aker Solutions

pd&i

30

Estimativa da obrigação de investimento em PD&I acumulada

25

Fonte: ANP

35

15 10 5

R$ Bilhões

20

-

1,40 2014

3,56 2015

5,99 2016

8,72

2017

12,03

2018

de “transformar em números algo que é sentimento de todos”, declarou. Ele destacou o cenário mundial de P&D, os baixos investimentos realizados em inovação e pesquisa no Brasil, além da frágil inserção do país na produção de patentes mundo afora. Mas destacou a importância da cláusula de investimento em pesquisa e desenvolvimento assinada entre a Petrobras, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e as empresas concessionárias, em 1998, que determina a obrigatoriedade do concessionário de investir o 58

TN Petróleo 97

15,78

2019

19,72

2020

23,53

2021

27,05

2022

30,23

2023

valor correspondente a 1% da receita bruta de determinado campo na realização de despesas qualificadas em pesquisa e desenvolvimento. Esta cláusula estabelece que o concessionário aplique, pelo menos, 50% deste valor em despesas qualificadas pela ANP na contratação de Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Nacionais, previamente credenciadas pela Agência. Nesses 16 anos, já foram direcionados para P&D nada menos que R$ 8,75 bilhões, dos R$ 8,48 desembolsados pela Petrobras, e R$ 264,2

milhões, pelas demais petroleiras atuantes no país. É bom lembrar que o volume de recursos alocados em PDI pela petroleira brasileira, posicionando-a em terceiro lugar no cenário mundial, depois da chinesa Petrochina e da angloholandesa Shell, representa o maior investimento feito por uma petroleira em referência a percentual destes recursos em relação à sua receita líquida: 0,8% (enquanto a chinesa desembolsa 0,7% de sua receita e a Shell, 0,3%).“A cláusula do 1% será o principal instrumento de onde virão mais recursos para pesquisa e inovação no setor de petróleo e gás, e o histórico desses valores, nos 15 anos em que os recursos foram alocados, são crescentes”, frisou Renault, sobre a cláusula de obrigatoriedade de investimento em P&D, ao falar sobre a situação do Rio de Janeiro no contexto nacional. A estimativa da ANP para a obrigação de investimento acumulado em P&D indica que o Brasil deverá receber R$ 30 bilhões até 2023. O compromisso atual é de que 92,2% desses recursos são provenientes da Petrobras, enquanto os 7,8% restantes são oriundos das demais concessionárias autorizadas a atuar no setor. “E a nossa expectativa é de que o Rio de Janeiro tenha destaque na captação destes investimentos. Atualmente, cerca de 33% dos recursos ficam aqui, dada a capacidade produtora do estado”, afirmou o pesquisador. O Rio de Janeiro tem 24% do total das instituições que participaram dos recursos de Pesquisa & Desenvolvimento. A UFRJ e a PUC-Rio são as instituições de ensino que mais se destacam na captação de recursos em pesquisa e de-


Alta disponibilidade e conteúdo local para ajudar a sua empresa a atingir os objetivos Todos os dias, você se depara com uma variedade de desafios: encontrar novas reservas e extrair mais a partir dos campos existentes; reduzir custos operacionais; atender regulamentações governamentais em diferentes regiões do mundo; menor disponibilidade de mão de obra qualificada. A Rockwell Automation tem soluções, serviços e conhecimento global para ajudá-lo a equacionar esses desafios. Fabricamos no Brasil os controladores ControlLogix, o SDCD PlantPAx e os inversores de frequência em média tensão PowerFlex 7000. Somos fornecedor qualificado pela Petrobras e ONIP, e nossos produtos contam com Certificado de Conteúdo Local exigido pelo ANP. As melhores soluções e serviços para o segmento de petróleo e gás. Esse é o nosso compromisso.

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pd&i

senvolvimento no setor tecnológico de óleo e gás no país. Através do Parque Tecnológico da Ilha Fundão, a área da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) já abriga pelo menos 15 grandes centros de empresas ligadas ao setor de petróleo e gás, como a Schumberger, Halliburton, FMC, GE, BG e Baker Hughes, em torno do Cenpes, da Petrobras, que já recebeu investimentos perto de US$ 1,3 bilhão até 2013.

Parque Tecnológico de Macaé Sobre a importância de parceria entre empresas, governos e universidades para estreitar a relação e o caminho de sucesso para o desenvolvimento tecnológico, Renault deu destaque ao projeto de implantação do Parque Tecnológico de Macaé, com previsão de início das operações de 2015. O desafio central do Parque é desenvolver pesquisa e inovação, formar recursos humanos qualificados e

Em uma parceria do CTC/PUC-Rio com a Onip e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), e apoio da Petrobras e da ANP, a PUC-Rio inaugurou os laboratórios em tecnologia 3D do projeto Fabricação Digital. A Petrobras aplicou R$ 10 milhões – provenientes da obrigatoriedade de 1% para investimentos em P&D – nos laboratórios mais modernos do país, para atender à demanda do desenvolvimento de produtos e protótipos para o setor de petróleo e gás. O processo é realizado por equipamentos de prototipagem 3D que conferem autonomia para a manufatura de peças e produtos a partir de imagens e arquivos digitais, evitando gastos com moldes, matrizes e linha de produção. Vinculados às áreas de Engenharia e Metrologia e o departamento de Artes & Design da PUC-Rio, os quatro laboratórios têm cerca de 30 equipamentos que podem oferecer à indústria sete técnicas de prototipagem em vários tipos de materiais, como titânio, alumínio, aço, náilon e outros plásticos de alta resistência, para a produção de protótipos e produtos. A utilização racional de matéria-prima, energia e investimento promove a sustentabilidade econômica, social, ambiental e tecnológica do projeto. De acordo com Camerini, o principal ganho tecnológico com o projeto é a redução do tempo e do custo para 60

TN Petróleo 97

Fotos: Divulgação PUC Rio

Fabricação digital

Braço robótico

Impressora 3DFormiga P-110 desenvolver os protótipos. “Antes, algo que estava sendo desenvolvido no Brasil tinha que ser mandado para o exterior para prototipar. Agora, as empresas menores não precisarão mais sofrer com os problemas de custo e tempo que esse processo traz”, afirmou.

atender às demandas tecnológicas regionais, a fim de tornar o sistema de produção regional em sistema de inovação. “O modelo do parque tecnológico procura fazer pelo lado do governo as indústrias se aproximarem da academia, montando o tripé tradicional dos parques tecnológicos”, disse. O modelo da Hélice Tríplice serviu como base conceitual adotada para o Parque Científico e Tecnológico de Macaé, na qual o relacionamento entre as esferas institucionais da indústria, governo e academia cria um espaço neutro de consenso que servirá como o motor do processo de inovação e desenvolvimento regional.

Estratégias tecnológicas Em seguida, Camerini iniciou a sua palestra enfatizando os projetos, os entraves e as oportunidades que o Brasil – particularmente o Rio de Janeiro – deverá adotar em termos de P&D para atender à crescente demanda da produção de petróleo e gás nos próximos anos. Camerini apresentou os números dos projetos de P&D das redes temáticas relacionadas à E&P, destacando que 78,26% destes projetos tiveram resultados transferíveis tecnologicamente (contra apenas 8,7% que não têm resultados transferíveis) e apenas 13,04% fracassaram. Os números são promissores: cerca de 40% dos projetos de P&D deram origem a tecnologias que foram aplicadas em E&P. E 82% dos projetos bem-sucedidos contaram com a participação de um parceiro em seu desenvolvimento, deixando clara a importância dos players desta indústria trabalharem em conjunto para superar desafios.


TN Petr贸leo 97

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pd&i

Falou sobre as estratégias tecnológicas desenvolvidas no médio e longo prazo pela Petrobras para expandir os limites de atuação exigidos pelo pré-sal (a agregação de valor, a diversificação da sua cadeia de produtos e a sustentabilidade de suas atividades) e a necessidade de planejar uma eficiente gestão integrada de operações offshore que possa superar os desafios impostos pelas condições de trabalho a 300 km da costa. Sobre o pré-sal, destacou o que tem sido feito em pesquisa e desenvolvimento com foco nas atividades de exploração, produção e otimização, os sistemas submarinos de produção, os reservatórios não convencionais, a logística offshore, os suprimentos e exportação de petróleo, derivados e o refino. Ressaltou ainda o foco em P&D da estatal sobre a agregação de valores na cadeia petroquímica, na produção de biocombustíveis, termoeletricidade e renováveis. Também apontou as inovações no setor de sustentabilidade, o tratamento de águas e efluentes, o controle de emissões de gases do efeito estufa, a eficiência energética e operacional. “Todo o processo é alinhado com o planejamento estratégico da Petrobras. Esse é um modelo que desenvolve a tecnologia de forma bastante harmônica, através de projetos e programas

montados fundamentalmente para o negócio da companhia”, lembrou Camerini. Ele se referia à estratégia de longo prazo da estatal, em que o desenvolvimento tecnológico da Petrobras se dá acoplado ao plano de negócios da empresa, com um estímulo muito forte aos projetos de alto risco e alta recompensa, a fim de estimular um ambiente propício para inovações radicais. “Isso significa que até 10% dos recursos de pesquisa e desenvolvimento são livres para os pesquisadores. Isso é normal em todas as grandes empresas de base tecnológica”, complementa. Inicialmente, o embrião da inovação surge nas universidades e centros de pesquisa, e a sua consolidação ocorre na indústria e nas companhias de serviço. Esta estratégia reduz em muito o tempo de transformação de novas tecnologias em aplicações industriais, através de um planejamento detalhado e acompanhamento rigoroso das atividades de desenvolvimento. “À medida que a Petrobras vai desenvolvendo tecnologia internamente ou com universidades, ela vai procurando os seus parceiros. Vêm demandas do campo, vêm demandas do futuro, iniciam-se as negociações com empresas, estabelecem-se memorandos de entendimento, projetos, contratos, e, por fim, a aplicação tecnológica em alguma

instalação da estatal”, disse o superintendente.

Seminários

objetivo mobilizar a sociedade e concentrar recursos em torno do debate sobre o desenvolvimento sustentável na área energética, fazendo do estado do Rio de Janeiro um centro de referência mundial em inovação tecnológica, eficiência energética e sustentabilidade ambiental. Os debates anteriores trataram de temas setoriais e relevan-

tes para a política energética do país (Matriz energética brasileira; Participações governamentais; Energia Nuclear). De acordo com a coordenadora do Programa Rio Capital da Energia, Maria Paula Martins, o tema do próximo encontro, que deve acontecer até o final do ano, será ‘Matriz energética no Rio de Janeiro’.

O seminário ‘Pesquisa & Desenvolvimento no setor de óleo e gás no Rio de Janeiro’ faz parte de uma série de cinco conferências promovidas pela parceria do Instituto de Energia da PUC-Rio com o Rio Capital da Energia, na sede da Firjan, que tem por 62

TN Petróleo 97

Sistemas submarinos Camerini analisou a tendência mundial do subsea factory como estratégica tecnológica que deverá suplantar a presença de plataformas offshore em 2030. O sistema subsea factory consiste na instalação e implementação de uma planta de processo no fundo do mar para produção, processamento submarino e transporte controlado de hidrocarbonetos. As novas possibilidades de produção e exploração de petróleo e gás apresentam diversas vantagens diante de condições ambientais cada vez mais desafiadoras dos campos offshore inexplorados. Ao contrário da plataforma, existem restrições de tamanho, peso e material que compõem os equipamentos, no fundo do mar não há preocupação com limitação de espaço tampouco peso dos equipamentos. Os fatores de restrição para ampliações de projeto na plataforma são reduzidos, assim como os custos de construção. Os custos operacionais também diminuem, em função da maior capacidade de automatização do processo industrial, além da maior otimização e recuperação dos poços, em função da proximidade dos equipamentos.


TN Petr贸leo 97

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eventos

Rio Oil & Gas Expo and Conference 2014

NOVO CENÁRIO

GEOPOLÍTICO

GLOBAL

O momento é histórico. No Brasil, após a descoberta do pré-sal, as pesquisas avançam para o desenvolvimento de novas tecnologias na exploração em águas profundas (e a distâncias maiores da costa), aumentando também a demanda por produtos, serviços e profissionais qualificados – uma nova era que se inaugura para as atividades offshore. por Mehane Albuquerque Ribeiro

N

o mundo, as mudanças na configuração geopolítica do petróleo e seus efeitos sobre os países produtores e consumidores criam diferentes perspectivas no mercado global, ampliam as discussões e determinam uma nova ordem energética. Em meio a todas essas transformações, acontece entre os dias 15 e 18 de setembro, no Riocentro, no Rio de Janeiro, a Rio Oil & Gas Expo and Conference 2014, realizada pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP). O tema desse ano – ‘Novo cenário geopolítico: superando os desafios’ – promete aquecer os debates, trazendo à tona outras questões relevantes: os novos rumos da produção energética mundial, provocados por 64

TN Petróleo 97

fatores como o crescimento da produção de recursos não convencionais (petróleo e gás de xisto); a abertura de novos mercados; a competitividade da indústria de óleo e gás no Brasil; a consolidação do modelo de partilha no pré-sal e a importância do gás natural na matriz energética brasileira. “Vivemos um momento interessante na indústria do petróleo e, por isso, precisamos trocar experiências e conhecimento no que diz respeito às mudanças de âmbito mundial, e também na capacitação de profissionais e sustentabilidade dos processos. O IBP é o principal agente para provocar esse diálogo

Foto: Ricardo Almeida

é o tema da 17ª edição

entre o Brasil e o restante do mundo”, destaca o presidente do instituto, João Carlos De Luca. Para o presidente do comitê organizador do evento, Maurício Figueiredo, essa edição da Rio Oil & Gas é um marco, justamente em razão das oportunidades de desenvolvimento que se abrem para a indústria nacional. “O Brasil vive uma fase que será lembrada no futuro como divisor de águas no setor da energia. O pré-sal ganha mais importância a cada ano que passa. Seu potencial cresce, quanto mais adquirimos conhecimento sobre os reservatórios. Em 2018, o pré-sal será responsável por mais


Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

de 50% da produção brasileira de petróleo”, afirma.

Números recordes Os números da Rio Oil & Gas Expo and Conference 2014 impressionam e superam os de 2012, quando completou 30 anos de existência. De acordo com o IBP, são 1.300 expositores em 39,5 mil m² de área, 14 pavilhões internacionais, 30 países, expectativa de público de 55 mil visitantes, 651 trabalhos inscritos para apresentação nas sessões técnicas da conferência, quatro mil congressistas, além de uma expectativa de negócios superior aos R$ 152,8 milhões registrados anteriormente. Mas não é o tamanho que torna o evento, realizado a cada dois anos, um dos principais do mundo e o maior da América Latina. A qualidade do conteúdo oferecido aos TN Petróleo 97

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eventos

participantes, as oportunidades de geração de novos negócios, a disseminação de tecnologias de ponta, o fomento à pesquisa e à inovação, as discussões sobre temas-chave e tendências, a presença de empresas de destaque, profissionais atuantes e especialistas – brasileiros e estrangeiros – e o lançamento de produtos e equipamentos conferem grande magnitude à feira, que alcança este ano sua 17ª edição.

Rio Oil & Gas 2014 1.300 expositores; 39,5 mil m2 de área; 14 pavilhões internacionais; 30 países; 55 mil visitantes; 651 trabalhos inscritos; 4 mil congressistas é a realização de almoços-palestra, patrocinados, com executivos das empresas Shell, Total, Petrobras e Pré-Sal Petróleo Brasil S/A (PPSA). Para Maurício Figueiredo, presidente do Comitê Organizador, entre os assuntos mais importantes que estão em pauta na Conferência, os reflexos das mudanças globais sobre o Brasil deverão estimular as discussões. “Temos palestrantes de peso e isso eleva o nível dos debates”, observa.

Conferência Na Conferência de 2014, a Rio Oil & Gas bate mais um recorde. Foram 651 trabalhos inscritos para as sessões técnicas, contra 586 na 16ª edição, em 2012. São 18 painéis, quatro palestras e quatro plenárias, sobre seis eixos temáticos: Exploração & Produção; Gás Natural e Energia; Abastecimento; Biocombustíveis; Segurança, Meio Ambiente, Saúde & Responsabilidade Social; Regulação, Direito e Economia. Representantes de organizações mundiais de peso marcarão presença nas plenárias. É o caso de Fatih Birol, diretor-chefe da Agência Internacional de Energia (IEA), e József Toth, presidente do Conselho Mundial de Petróleo (WPC, sigla em inglês). A novidade, segundo Milton Costa Filho, secretário-geral do IBP,

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Desafio Brasil A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, fará a palestra de abertura sobre o tema ‘Os desafios do Brasil na próxima década’. “O Brasil tem reservas e potencial suficientes para garantir o crescimento nos próximos dez anos. Pre-

cisamos insistir no caminho do planejamento e da previsibilidade de demandas para que a indústria brasileira e a sociedade como um todo possam se beneficiar desse grande desenvolvimento. E a Rio Oil & Gas é uma grande oportunidade para discutirmos o futuro do setor de petróleo e gás no país”, afirma ela, dando uma prévia de sua apresentação. Outro palestrante, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, é um dos nomes de destaque no painel ‘Matriz energética’. “Há várias questões importantes para a matriz energética: a expansão da oferta para atender a demanda esperada, os investimentos requeridos para garantir a expansão da oferta, a sustentabilidade energética e socioambiental do país. Em particular, a conformação da matriz energética será bastante influenciada pela trajetória do setor transporte e a definição da matriz elétrica”, destaca.

Biocombustíveis O setor de transporte do Brasil – que já havia se dinamizado com os veículos flexfuel (etanol e gasolina,

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em qualquer proporção) e bicombustíveis (GNV e etanol/gasolina), além do papel dos biocombustíveis – passará por profunda transformação tecnológica com os adventos dos veículos híbridos e elétricos (um processo de transformação global). O outro aspecto que influenciará bastante a matriz energética é a definição da matriz elétrica. As dificuldades de construção de obras de hidrelétricas com reservatórios plurianuais e o progressivo aproveitamento do potencial hídrico remanescente colocam um desafio para a expansão da oferta de eletricidade. Mesmo com o aproveitamento crescente de energias alternativas como a eólica, a biomassa e a solar, será preciso garantir a energia de backup, pois essas fontes estão sujeitas às vicissitudes da natureza.

E isso sem esquecer que os recursos de hidrocarbonetos produzidos do pré-sal terão também uma influência inquestionável sobre a matriz energética. A depender da disponibilidade e da competitividade, o gás natural poderá desempenhar papel decisivo na conformação da matriz energética. “Sobre o petróleo, além de garantir a autossuficiência, os recursos do pré-sal permitirão um excedente exportável (podendo atingir mais de 1 milhão bpd no final do decênio), que colocará o Brasil como um ator geopolítico expressivo e gerará renda que contribuirá para o desenvolvimento socioeconômico do país”, avalia Tolmasquim.

Malha de dutos O presidente da EPE destacou a importância da Rio Oil & Gas para

Rodada de Negócios A Rio Oil & Gas deste ano terá a tradicional Rodada de Negócios – promovida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) – evento simultâneo que também deve mobilizar as empresas do setor. O objetivo dos organizadores é superar a expectativa de novos negócios, que na última edição foi da ordem de R$ 152,8 milhões, segundo a Onip. A iniciativa abre novas oportunidades entre petroleiras e fornecedores. A Onip identifica e convida grandes empresas do setor – que funcionam como âncoras – para que informem suas demandas e, em parceria com o Sebrae, encontra fornecedores capazes de atender às necessidades do mercado. A parceria entre Onip e Sebrae é antiga. As Rodadas de Negócios já acontecem na Rio Oil & Gas desde 2004 e também ocorrem em outros eventos do setor, entre os quais a Fenashore, a Protection Offshore e a Brasil Offshore. Para Bruno Musso, superintendente da Onip, a expectativa é altamente

positiva. “Teremos este ano a maior Rodada de Negócios já realizada em edições da Rio Oil &Gas, com a participação de 35 empresas-âncora e, até o momento 244 empresas fornecedoras”, afirma. Ele lembra que o país tem pela frente o desenvolvimento dos campos gigantes do pré-sal, além de outras áreas também importantes, que representam oportunidades para dez, 20 anos. “A história da indústria do petróleo é marcada pela superação de desafios e dificuldades e é preciso considerar o atual momento sob esta perspectiva”, define. Antonio Batista, coordenador de Petróleo e Gás do Sebrae/RJ, diz que, além de promover a aproximação entre empresas e gerar expectativas de novos negócios, o Sebrae contribui ainda para a competitividade do segmento ao desenvolver e qualificar pequenas empresas para a cadeia de fornecedores, ajudando a fortalecer as relações entre as líderes e seus stakeholders.

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eventos

o setor energético brasileiro. “O evento não apenas é marcado por debates de alto nível sobre as perspectivas e desafios do setor, como oferece a oportunidade de interação entre tomadores de decisão na conferência e na feira, gerando negócios, disponibilizando informações e demonstrações das mais diversas soluções técnicas”, comenta o presidente da EPE. E quais seriam, na opinião de Tolmasquim, os desafios que o Brasil terá que enfrentar no futuro? Ele responde: “Desafios tecnológicos e logísticos para o aproveitamento dos recursos do pré-sal em função do ambiente de E&P (instalações e operações em águas ultraprofundas, suprimento e apoio de plataformas, tratamento e a disponibilização ao mercado do gás natural associado ao petróleo etc.)”. As áreas de capacitação de recursos humanos e desenvolvimento da cadeia de fornecedores no Brasil também são desafios relevantes, ressalta ele. Sem esquecer a exploração e a produção de recursos não convencionais (em particular, o gás natural) e a caracterização geo-lógica de bacias sedimentares em fronteira exploratória. E, “por fim, o desenvolvimento de uma malha de gasodutos de transporte ampla é um desafio que não pode deixar de ser mencionado. Naturalmente, o crescimento da malha de gasodutos de transporte dependerá da disponibilidade de gás natural a preços competitivos, que viabilize projetos atrativos para a interligação entre os pontos de demanda e de oferta. Não faltarão desafios, mas são mui-

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tas as oportunidades para a indústria”, garante.

Exposição reúne gigantes Uma grande variedade de petroleiras e empresas fornecedoras da indústria de óleo e gás mostrarão na exposição os novos produtos, serviços e as tecnologias recentes do setor, a um público que, a cada ano se torna mais diversificado, com a participação crescente de visitantes estrangeiros, estudantes e jovens profissionais. A British Petroleum (BP), por exemplo, apresentará, por meio de painéis e vídeos interativos, os negócios do grupo no Brasil e as soluções em tecnologia para E&P que utiliza. No estande haverá sessões conduzidas por especialistas em licenciamento ambiental, relacionamento com comunidades e preparação para resposta a emergências. As palestras ocorrerão em ciclos durante os quatro dias do evento e serão abertas a todos os visitantes. O presidente da BP no Brasil, Guillermo Quintero, frisa a importância de participar da Rio Oil & Gas: “É uma excelente oportunidade de nos relacionarmos com a indústria, mostrarmos um pouco mais sobre nossos negócios no Brasil e fortalecermos a parceria e o compromisso que selamos com o país. Desde que voltamos a atuar no setor de E&P brasileiro, temos construído nossa reputação com base em operações seguras, éticas e con-

fiáveis, e a participação em eventos como esse nos possibilita compartilhar a experiência que o Grupo BP adquiriu ao longo de mais de cem anos de atuação”, diz Quintero. A BP também marcará presença na Conferência. O gerente geral de mercados globais de energia, Mark Finley, fará a principal apresentação no painel ‘Matriz energética’: ele falará sobre os dados mundiais do Relatório Estatístico 2014, lançado pela BP em junho, dando ênfase aos resultados do Brasil.

Ação ambiental A Repsol Sinopec terá um estande institucional de 230 m² para divulgar suas atividades, desde a operação no bloco BM-C-33, no pré-sal da Bacia de Campos – onde foram feitas as descobertas de Pão de Açúcar, Seat e Gávea, que juntas apresentam estimativas in place de mais de 700 milhões de barris de óleo leve e mais de 3 trilhões de pés cúbicos de gás – até as atividades de responsabilidade social corporativa, como a parceria com a SOS Mata Atlântica e a Plataforma Educativa Repsol Sinopec. Esta divulgação será feita por meio de recursos tecnológicos como QR Code (que funciona como um código de barras lido pelo smartphone do visitante, e que dá acesso ao hotsite criado exclusivamente para a feira); NFC (outra forma de acesso a informações via smartphone, semelhante ao bluetooth); painéis touch screen; realidade aumentada (animações nos painéis ressaltando informações relevantes) e um tour com fotos 360° pelo


navio-sonda Ocean Rig Mylos, que está sendo utilizado nas operações no bloco BM-C-33. “É uma oportunidade para apresentar nossos negócios, com destaque para a operação no bloco BM-C-33, no pré-sal da Bacia de Campos, e nossos projetos na área de sustentabilidade. O estande da Repsol Sinopec está sendo montado de maneira a explicitar as linhas mestras de sua atuação, com ênfase no avanço tecnológico, no respeito ao meio ambiente e às comunidades, e na difusão de conhecimento e cidadania”, enfatiza Gabriela Simões, gerente de Comunicação e Relações Externas da Repsol Sinopec Brasil.

Novas tecnologias A Honeywell Process Solutions traz um estande institucional com as mais recentes tecnologias e soluções para a indústria de petróleo e gás. Segundo o gerente geral da empresa no Brasil, Francisco Casulli, são tecnologias utilizadas em operações offshore, nas áreas de perfuração, exploração, produção e proteção ambiental. “A Honeywell participa da Rio Oil & Gas 2014 reforçando a visão unificada de negócios e destacando como um portfólio completo faz a diferença na oferta de serviços aos nossos clientes e parceiros”, explica Casulli. A empresa apresentará na feira: soluções digitais; instrumentação de campo e sistemas integrados de controle e segurança Experion®; detecção de incêndio e sistemas de segurança; soluções de segurança para o trabalhador; sistemas industriais de detecção e controle de chama e gás; TN Petróleo 97

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eventos

tecnologias para a coleta de dados; soluções para terminais Honeywell Enraf; sistemas reguladores e medidores de gás da RMG; combustão, remoção de contaminantes, recuperação de LGN e soluções para GNL da UOP (empresa Honeywell); e soluções em sensores e switches. A Honeywell possui hoje cinco fábricas operando no Brasil e um escritório no Rio de Janeiro especialmente voltado para o atendimento do setor de petróleo e gás. “O Brasil é um país importante para nós. Além

da prospecção de novos clientes e parceiros, queremos demonstrar nossa expertise em oferecer soluções e tecnologias de ponta capazes de automatizar processos, promover segurança e melhor gestão das atividades offshore. Também é uma oportunidade para expor ao mercado nosso conhecimento sobre o setor, por meio das palestras, compartilhamento de experiências, cases e outras informações relevantes”, revela. A Honeywell participa da Conferência com a palestra ‘Como sele-

cionar o melhor método de controle de Injeção de Aditivos’, ministrada por Jack Kiefert, consultor de Engineerining Field Solutions (HPS). No estande, também serão ministradas palestras sobre o mesmo tema, além de outra sobre ‘Incertezas nas medições com Provadores de Vazão’, com Willian Louzavio.

Para reforçar a marca Participando pela terceira vez da feira, a Barra Energia mostrará o estágio atual das atividades da empresa

Participação estrangeira Os olhos do mundo inteiro estão voltados para a Rio Oil & Gas Expo and Conference 2014. Nesta 17ª edição, a exposição conta com a participação recorde de empresas estrangeiras, que representam 30 países, entre os quais: Reino Unido, Noruega, França, China, Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, Itália, Argentina, Áustria, Finlândia, Polônia, Cingapura e Holanda. Os Estados Unidos, através do US Commercial Service do Rio (vinculado ao Consulado-geral deste país no Brasil) e em parceria com a Kallman Worldwide – empresa que organiza oficialmente a participação de grupos de corporativos norte-americanos em eventos de grande porte – serão representados por 34 empresas. Alguns expositores têm marcas adiconais, o que pode elevar para 41 esse número, conforme explica Regina Cunha, Senior Commercial Specialist do US Commercial Service Rio. São empresas de engenharia, equipamentos como válvulas, sistemas autônomos de inspeção submarina (AUVs), trocadores de calor, compressores a gás, cabos submarinos de energia, sistemas de intervenção e controle de poços de petróleo, ferramentas para perfuração e outros. “Esse evento é uma excelente oportunidade para que as empresas americanas encontrem parceiros estratégicos no Brasil, compartilhem suas tecnologias avançadas, a vasta experiência internacional e, ao mesmo tempo, ajudem o Brasil a desenvolver sua indústria de petróleo e gás. Com as grandes descobertas de petróleo e o maior plano de investimento de exploração e desenvolvimento de médio prazo, o segmento brasileiro de petróleo e gás oferece excelentes oportunidades, que somadas às boas perspectivas 70

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da economia brasileira e à longa relação de amizade entre os dois países, tornam o Brasil um mercado ideal para as empresas americanas que buscam parcerias de longo prazo”, avalia a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde. A Alemanha, com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), está presente com 16 empresas, ocupando uma área de 320 m², que conta também com um lounge. Algumas dessas empresas já atuam no Brasil, outras querem entrar no mercado, considerado extremamente promissor. “A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha não é responsável diretamente pelo pavilhão alemão, mas presta apoio às empresas ali instaladas através de serviços como pesquisas de mercado, procura de representante comercial, procura de joint ventures, office in office, etc. O objetivo é gerar novos negócios entre empresas brasileiras e alemãs”, explica Thomas Olsinger, gerente de Comércio Exterior e Feiras da AHK, acrescentando que há outras empresas germânicas participando, com estandes localizados fora do Pavilhão da Alemanha, o que eleva ainda mais a participação deste país no evento.

Ele conta que a AHK pretende aproveitar a Rio Oil & Gas para lançar oficialmente no país a quarta edição atualizada do guia Petróleo & Gás no Brasil. Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero brasileiro, um manual prático bilíngue. O lançamento do guia será feito primeiramente na Alemanha, durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha (1 e 2 de setembro, em Hamburgo), e durante a feira naval SMM (9 a 12 de setembro, também em Hamburgo). O Reino Unido será representado por 32 empresas, de acordo com Clarisse Rocha, Head of Americas do Conselho britânico de energia (EIC). São empresas que atuam nas áreas de logística, geração de energia, produtos, equipamentos de última geração, engenharia e tecnologia, entre outros segmentos. “A presença de um grupo expressivo na Rio Oil & Gas demonstra o nível de interesse e confiança no mercado brasileiro. Das 32 empresas presentes no Pavilhão Britânico, somente nove não têm ainda presença no Brasil e algumas já contam inclusive com conteúdo local. Devido à exploração em águas profundas no Mar do Norte, as empresas britânicas desenvolveram tecnologia e serviços que têm muita afinidade com os desafios da exploração no pré-sal. Acreditamos que esta feira e os diversos eventos organizados em paralelo formarão um ambiente perfeito para essa aproximação”, afirma Clarisse.


nos blocos onde atuam. Para Cesar Cainelli, vice-presidente de exploração, o evento é um grande “potencializador” de networking e “catalisador” de negócios ou parcerias. “A Rio Oil & Gas é uma oportunidade para fortalecer nossa marca e consolidar nossa imagem. A participação da empresa nessas três edições demonstra que nossa história vem se solidificando e que estamos sempre investindo, apoiando e acreditando no desenvolvimento da indústria no Brasil. Estaremos à disposição dos visitantes, queremos trocar informações e gerar futuras parcerias estratégicas”, ressalta Cainelli.

Novos players Atuando no Brasil há apenas três anos, a italiana MEP Pellegri-

ni, fabricante de guindastes, faz sua estreia na Rio Oil & Gas 2014. As expectativas, segundo o engenheiro Alfredo Damiani, diretor-geral da empresa, são as melhores. Desde que chegou ao país, a empresa já fechou contratos com a Petrobras e com a Marinha do Brasil, fornecendo o equipamento para plataformas de petróleo e navios da esquadra nacional. Para Petrobras, a MEP já entregou cinco guindastes, tem outros três em produção e ainda mais dez na lista de encomendas até 2018. A sede é no Rio de Janeiro. São 18 funcionários brasileiros, quatro italianos, além de duas empresas construtoras terceirizadas. A MEP possui ainda dois canteiros de obras, onde produz os equipamentos, e um centro de formação de mão de obra e de operadores. “Nossos guindastes têm alguns diferenciais: não são

fabricados em série e são mais leves. Somos uma empresa artesanal e oferecemos um produto de qualidade, para aplicação específica, pelo mesmo preço que outros do mercado. Nosso produto é taylor made. Os clientes nos passam suas necessidades e nós produzimos de acordo com as especificações de cada um. A MEP é uma das empresas líderes neste segmento na Itália e em 2007 fabricamos o nosso milésimo guindaste”, conta Damiani. E mais: a MEP Pellegrini ganhou a licitação da Petrobras pelo bom exemplo de política para conteúdo local. “Por contrato, temos que produzir 50% do equipamento no Brasil. Mas já superamos essa meta e chegamos a 67%”, comemora, acrescentando que a empresa pretende investir mais ainda no país, apostando no potencial do mercado em expansão.

A base de apoio logístico offshore do Grupo Chouest (Brasil Port) encontra-se em construção no Porto do Açu e, ao final de todas as etapas de construção, poderá executar até 14 atracações simultâneas. Estima-se que a primeira etapa do projeto já estará entregue e operacional em março de 2015.

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eventos

Arena de Responsabilidade Social

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articipam da exposição na Arena de Responsabilidade Social o Instituto Abramundo, Cieds Brasil, AFS Intercultural Brasil, Solidariedade França Brasil, Dream Learn Work, Instituto Rogerio Steinberg, Instituto Empreender, Instituto Procidadania, Seed, Fundação Gol de Letra, Prosa da Minha Terra, Instituto Mar Adentro, Guitarra Violão e Flauta, Associação Cultural Cândido Portinari. As instituições são apoiadas pelas empresas: BG, Shell, BP, Tecnip, Statoil, Chevron, Petrobras, Schlumberger, QGOG, Grantierra, FMC e QGEP. Carlos Victal, gerente de Sustentabilidade do IBP, chama a atenção para o alcance social dos projetos e elogia as iniciativas, todas muito interessantes em sua opinião. É o caso do trabalho desenvolvido pelo Instituto Rogerio Steinberg, que tem seu foco nas crianças superdotadas, incapazes de se adaptar à metodologia de aprendizado tradicional que é aplicada nas escolas. A ONG desenvolve projetos para dar suporte de ensino a esses alunos, identificando-os, inclusive, na rede pública de educação. O Instituto Mar Adentro, por intermédio do Projeto Ilhas do

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Foto: Divulgação IBP

Dentro da programação da Rio Oil & Gas 2014 haverá um espaço reservado para a responsabilidade socioambiental, com 14 ONGs expondo, durante os quatro dias de feira, suas iniciativas sustentáveis ligadas à indústria. São projetos de educação, cultura, empreendedorismo, capacitação profissional, esporte e meio ambiente, apoiados por empresas do setor. Além da mostra, no dia 17 de setembro acontece o Fórum de Sustentabilidade.

Rio, coleta dados científicos para conservação e manejo ambiental do arquipélago das Cagarras, no litoral carioca. A Fundação Gol de Letra, criada pelos jogadores de futebol Raí e Leonardo, conjuga esporte e educação. O Dream Learn Work capacita jovens para o mercado de trabalho na área técnica de segurança. O Solidariedade França-Brasil desenvolve projetos em defesa dos direitos da criança e do adolescente. E a Associação Cultural Cândido Portinari divulga a vida e a obra do pintor brasileiro, exibindo reproduções de suas pinturas, que poderão ser apreciadas pelos visitantes da Rio Oil & Gas. No Fórum de Sustentabilidade, duas vertentes temáticas sustentam os debates, segundo Victal. A primeira delas é a construção

do legado da indústria de petróleo e gás, constituído por centros tecnológicos que estão surgindo em função da demanda por soluções inovadoras, como é o caso do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da UFRJ, e do Parque Tecnológico da Ilha do Fundão, entre outros. Esses centros, ressalta ele, estão sendo formados para suportar a demanda da indústria de petróleo e gás. Empresas como a BG, que estão se estabelecendo na Ilha do Fundão, poderiam, de acordo com Victal, a um custo menor, construir seus centros de pesquisa nos países de origem, mas o fato de optarem pelo Brasil é um ponto extremamente positivo para o país quanto à produção de conhecimento – nossa grande


herança do petróleo ou “legado de formação tecnológica”, conforme assinala o executivo do IBP. O segundo eixo temático do Fórum de Sustentabilidade será em torno das questões da mão de obra qualificada e de como as universidades estão preparando os profissionais para atuar no setor. E, ainda, se essa preparação está realmente adequada às necessidades da indústria hoje.

Profissional do Futuro O programa Profissional do Futuro, que surgiu em função da crescente demanda por mão de obra especializada em óleo e gás, promove, desde 2002, a integração entre estudantes e mercado. São esperados este ano cerca de 2.500 universitários, que participarão de palestras com líderes empresariais e de visitas guiadas aos estandes da exposição.

“O Profissional do Futuro é um projeto pelo qual temos carinho especial. Aqui no Brasil, ao contrário de países como os Estados Unidos, o assunto ‘petróleo e gás’ desperta, cada vez mais, o interesse dos jovens. Por isso, diante da carência de mão de obra especializada que a indústria enfrenta, essa é uma grande oportunidade de se informar e até conquistar uma vaga, visto que teremos estandes de empresas recrutadoras no local. O Profissional do Futuro é uma maneira de mostrar para os jovens a importância e a força da indústria de petróleo no país”, defende Maurício Figueiredo, presidente do Comitê Organizador da Rio Oil & Gas.

Para o diretor de Relações com Mercado do Sistema Firjan, Alexandre dos Reis, iniciativas como o projeto Profissional do Futuro são excelentes oportunidades para atualização sobre as tendências do mercado e sobre as novidades apresentadas pelas empresas locais e globais. “A inserção de novos talentos no mercado de trabalho é estratégica para renovação da indústria, e o Profissional do Futuro faz toda a diferença para atrair novos profissionais”, ressalta. Alexandre dos Reis explica que o Sistema Firjan, por meio do Senai-RJ, investe em cursos de formação e qualificação profissional, sempre atento às exigências do mercado. Somente no primeiro semestre de 2014, o Senai-RJ formou mais de 12 mil profissionais para atender à cadeia produtiva de petróleo e gás.

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eventos

Fotos: Banco de Imagens TN Petróleo

Marintec South America – 11ª Navalshore

Produtividade

e competitividade:

os desafios da indústria naval Lideranças empresariais, governamentais e especialistas promoveram debates na Marintec South America para tratar dos desafios e as oportunidades do setor nos próximos anos. por Felipe Salgado

D

iante da consolidação da indústria naval brasileira – a quarta carteira de encomendas de embarcações e a terceira de petroleiros no mundo –, foi realizada entre os dias 12 e 14 de agosto no Centro de Convenções SulAmérica, na cidade do Rio de Janeiro, a Marintec South America – 11ª Navalshore, o principal encontro

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Marintec South America

Expositores: 380 marcas Área: 11 mil m² Países: 40 Pavilhões Internacionais – 12 Visitantes: 18 mil Rodada de Negócios: 90

estratégico para a indústria naval e offshore da América Latina. O evento, voltado para a geração de negócios, tecnologia, melhores práticas e novos produtos e serviços para toda a cadeia, reuniu representantes de 17 países, 380 marcas expositoras e 12 pavilhões internacionais. A novidade ficou por conta do Espaço Inovação, ponto de encontro para empresas,


associações e universidades apresentarem inovações tecnológicas para o setor. Apesar da forte contração do ciclo econômico no país e as incertezas políticas diante do período eleitoral, a presença de empresas e representações internacionais na Marintec South America reforçou o momento positivo da indústria naval brasileira. Depois de quase duas décadas em vias de extinção no país, a construção naval cresce 19,5% ao ano desde 2004, graças às encomendas da Petrobras e investimentos que correspondem a cerca de R$ 150 bilhões. De acordo com o crescimento previsto pela estatal, a expansão da produção de petróleo e gás do pré-sal levará a indústria naval a faturar em torno de 17 bilhões de dólares até 2020. A cadeia que empregava apenas 1,9 mil trabalhadores há 14 anos, gera 78 mil postos de trabalho e as expectativas até 2017 apontam para a marca de cem mil oportunidades para acompanhar a demanda do setor.

Apesar da forte contração do ciclo econômico no país e as incertezas políticas diante do período eleitoral, a presença de empresas e representações internacionais na Marintec South America reforçou o momento positivo da indústria naval brasileira. Depois de quase duas décadas em vias de extinção no país, a construção naval cresce 19,5% ao ano desde 2004, graças às encomendas da Petrobras e investimentos que correspondem a cerca de R$ 150 bilhões. De acordo com os dados divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), a construção de quatro novos estaleiros exigirá a absorção de 30 mil profissionais nos próximos dois anos. Lideranças empresariais, governamentais e especialistas promoveram debates na feira para tratar dos desafios e as oportunidades do setor nos próximos anos. Foi consenso entre os participantes a necessidade de investimentos em formação e capacitação técnica de mão de obra,

a formulação de um novo modelo de negócios que favoreça a estruturação e o fortalecimento da cadeia integrada de fornecedores, e o desafio de aumentar a produtividade e competitividade da construção naval no cenário internacional. Investimentos em formação e qualificação de mão de obra – Após 15 anos de estagnação da indústria naval no país, a capacitação e especialização de mão de obra não acompanhou o ritmo de crescimento do setor. Atualmente, o TN Petróleo 97

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eventos

não for atendido na execução (como a temperatura e a velocidade), a falha não pode ser evitada”, disse o engenheiro José Luís Rodrigues da Cunha, no workshop ABS, que aconteceu durante o evento.

que ocorre é um descompasso entre a oferta de mercado e a demanda de profissionais, dificultando a maior inserção produtiva e competitiva do mercado brasileiro no cenário internacional. No âmbito do investimento público em formação de recursos humanos, não houve adoção de medidas e incentivos nos últimos dez anos para qualificação técnica em médio e longo prazo. Somente em 2011 foi criado o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), com o objetivo de ampliar a oferta de cursos técnicos de educação profissional e tecnológica. Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) incluiu 11 cursos de qualificação de mão de obra para o setor naval no Pronatec. O treinamento contempla o processo produtivo de

trabalho, normas operacionais e tipos de equipamentos específicos. Os módulos voltados para o setor naval e offshore já registraram mais de 130 mil matrículas desde 2011. A gerente de vendas da Kongsberg, Cinthya Eliza Lopes Zeballos Dias, uma das palestrantes do 2° painel da Marintec South America, disse que entre as demandas mais urgentes do setor estão os especialistas em automação e posicionamento dinâmico. Outra exigência imediata da indústria refere-se à mão de obra de soldadores. “Na soldagem, os problemas mais comuns são os de execução dos procedimentos corretos. Se algum dos requisitos necessários

Integrando a cadeia produtiva em clusters – Para atender ao desafio da demanda futura por 56 novas plataformas até 2030, com grande concentração de entregas até 2025, lideranças do Sinaval, da Associação Brasileira de Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav) e da Associação Brasileira de Empresas de Apoio Marítimo (Abeam) defenderam a criação de um modelo de negócios baseado na criação de polos navais, em que uma cadeia de serviços e fornecedores opere de forma contínua em torno da existência dos estaleiros. “Precisamos de um modelo de negócios que possibilite a construção local de um estoque de cascos de plataformas, em ação integrada entre estaleiros locais e internacionais”, destacou Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval. “Uma das soluções são projetos padronizados de sistemas de produção. No Brasil, já temos modelo

Plataforma de negócios e estímulo ao mercado naval e offshore Ao reunir os principais players do mercado, a Marintec South America consolida-se como uma plataforma para o incentivo de negócios, mercados, acordos e tendências de inovação tecnológica no setor da indústria naval. Durante o workshop ‘A indústria naval e offshore brasileira frente às principais indústrias mundiais’, que teve como objetivo abordar os principais desafios para a produtividade e a competitividade da indústria naval e offshore do Brasil sob a ótica dos países bem-sucedidos neste setor, 76

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como Noruega, Reino Unido e Japão, a Abenav e a Kita (Korea International Trade Association), organização privada de fomento às exportações e importações sul-coreanas, assinaram um acordo de cooperação para incentivar a troca de tecnologia e desenvolvimento de mercado entre o setor naval de ambos os países. A Coreia, que participou da Marintec South America pela primeira vez, detém 30% de market share da indústria naval mundial. Possui atividades offshore importantes, principalmente na construção de sondas e platafor-

mas de perfuração, além de expertises, materiais e equipamentos que interessam ao Brasil. “A cadeia de fornecimento sul-coreana é muito bem organizada e seu nível tecnológico é internacionalmente reconhecido. A indústria brasileira tem muito a ganhar com uma integração maior entre os dois países”, disse o presidente do Abenav, Augusto Mendonça.


de plataforma que são os replicantes em construção no Rio Grande do Sul”, complementou. O aumento da competitividade do setor de navipeças está fundamentalmente atrelado à queda dos prazos de produção, eficiência e desempenho dos processos de engenharia. Mas os fornecedores brasileiros queixam-se da perda da competência da engenharia nacional. O chamado Custo Brasil que onera a mão de obra, impostos e insumos, impedindo o produto nacional de concorrer em pé de igualdade com produtos importados, obriga os estaleiros a assumirem a condição de contratantes líderes que devem mobilizar sua rede de fornecedores e sistema de financiamento para a construção de diversos elementos que compõem sua cadeia produtiva. Antes concentrada no Sul e Sudeste do país, o crescimento da indústria naval e offshore promoveu a descentralização das atividades, reforçando o seu papel em estados do Norte e Nordeste. No Amazonas existem 80 estaleiros pequenos e de médio porte que geram oito mil empregos diretos para a indústria. Presente no Espaço Inovação com uma série de apresentações, a Superintendência

Mercado internacional aportando na indústria de construção naval brasileira O mercado internacional acompanha com interesse o potencial mercado naval brasileiro, ampliando cada vez mais sua presença no país. Países como Japão, Coreia do Sul, Noruega, Dinamarca, Reino Unido e os vizinhos argentinos estiveram presentes na feira, com a intenção de aprofundar as relações comerciais e de cooperação para oferecer soluções inovadoras que otimizem processos e aumentem a competitividade do setor. “O setor naval é uma indústria internacional e o nosso mercado naval vive um bom momento de investimento, planos ambiciosos de expansão da frota, com

papel estratégico na agenda do governo. As empresas internacionais trazem novas tecnologias e técnicas de execução, que podem acelerar o ritmo da indústria e colocá-la em um patamar excepcional. O segredo é combinar o conhecimento acumulado pela indústria internacional com algumas das excelentes práticas que já desenvolvemos na indústria nacional”, declarou o diretor da Victaulic, Daniel Röhe.

da Zona Franca de Manaus (Suframa) busca atrair o segmento de navipeças através de uma série de benefícios fiscais, entre eles a

redução integral do ICMS, para impulsionar o mercado local. Já o secretário da Indústria Naval e Portuária da Bahia, Carlos Costa, esteve na Marintec South America para buscar parceiros. “Nós temos participado do evento por conta do grande estaleiro que temos no estado, com capacidade para produzir navios e plataformas. Agora, o nosso foco é a criação de um polo de navipeças. Já temos a área, que fica ao lado do Estaleiro Paraguaçu, e esperamos encontrar parceiro aqui”, disse o secretário.

A Bravante, empresa do Grupo BTG Pactual, o maior banco de investimento da América Latina, é uma das principais empresas do mercado de Petróleo e Gás. Atuando ao longo da costa brasileira, o Grupo BRAVANTE fornece apoio logístico às embarcações offshore e serviços de proteção ambiental com eficácia, rapidez e qualidade. Descubra mais sobre a nossa empresa através do nosso site:

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Proteção - Ambiental – Hidroclean


eventos

Empresas apresentam serviços e boas soluções

Além de destacar os principais players mundiais, a Marintec South America promove o encontro de profissionais diretamente envolvidos em projetos e soluções da indústria naval.

A

expositora Brastech, empresa especializada na fabricação e manutenção de embarcações de apoio marítimo, inspeção e reparo de risers de perfuração, juntas telescópicas e flutuadores, apresentou na feira a embarcação de resgate construída no estaleiro da empresa. “A aplicação da embarcação se dá em navios e plataformas marítimas, com a finalidade de resgatar náufragos, rebocar balsas, apoiar operações com aeronaves e mergulhadores. A embarcação tem motor mecânico, movido a diesel, com capacidade de transportar até seis pessoas” disse Eduardo Inácio, gerente comercial da empresa. Outra expositora, a Wilhelmsen Ships Service, divisão do grupo norueguês Wilhelmsen, que atua há mais de 150 anos no mercado marítimo global, apresentou no evento o pacote de ser viços da empresa que compreende soluções de engenharia na indústria naval. “Atendemos certa de 2,2 mil portos em 125 países no mundo. Temos uma linha variada de químicos, gases, produtos e equipamentos para processos de solda, aplicações em se-

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gurança, serviços de agenciamento marítimo e soluções logísticas”, assegurou Álvaro Moraes, gerente comercial da empresa. “Os setores de gás e óleo são as grandes apostas da indústria” – a afirmação é do gerente de vendas da Demag, Samuel Caparrotti. A empresa, que atua no setor de movimentação interna de materiais com uma ampla e moderna linha de pontes rolantes, talhas, guindaste, acionamentos e componentes, lançou o produto KBK Aluline no evento. “O sistema de pontes rolantes leves KBK Aluline é ideal para a implementação de monovias que interligam postos de trabalho em linhas de produção em série. Essas pontes rolantes também podem ser telescópicas, permitindo acessar áreas que antes eram inacessíveis – por exemplo a lateral das linhas de montagem. O sistema KBK é considerado um dos melhores do mundo na área de pontes rolantes leves de concepção modular”, concluiu. Investimentos na indústria naval – De acordo com o Valor Econômico, o setor naval possui 400 projetos com financiamento aprovado. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mobilizou R$ 8 bilhões para embar-

cações da Transpetro só no primeiro semestre, além de R$ 3,41 bilhões destinados aos estaleiros onde serão construídos os navios da empresa; e realizou um estudo detalhado sobre investimentos previstos nos diversos setores da economia brasileira, concluindo que os maiores valores de investimentos serão no setor de petróleo e gás. “O BNDES participa da Marintec South America para reafirmar o compromisso de estar presente no desenvolvimento da indústria naval e offshore. Estamos investindo R$ 10 bilhões para impulsionar o segmento. Já temos cinco estaleiros funcionando e dois em construção. Nosso grande desafio atual é a construção dos naviossonda, mas acredito no potencial e solidez da nossa indústria”, disse o superintendente da Área de Insumos do BNDES, Rodrigo Barcellos. Com o objetivo de impulsionar o segmento naval no país, a Caixa Econômica esteve no evento. No momento, o banco analisa R$ 12 bilhões em projetos. “É uma honra e uma responsabilidade muito grande a Caixa participar da Marintec South America, evento que fomenta uma reflexão sobre a indústria naval. Temos R$ 5 bilhões já investidos e R$ 12 bilhões em projetos destinados para o setor. Temos visto um mercado bem maduro e consolidado”, afirmou o gerente regional da Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro, Rossano Macedo.


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eventos

Foto: Divulgação

Enaex 2014

redução de custos

para estimular o comércio exterior

Evento destaca a superação dos gargalos da logística de transportes para reduzir o Custo Brasil.

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33ª edição do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex) contou com dois dias de debates. Especialistas, autoridades governamentais e empresários abordaram os entraves e as propostas para a redução de custos no comércio exterior brasileiro. O encontro reuniu cerca de 2.500 participantes no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro. A carga tributária elevada, burocracia excessiva, a infraestrutura ineficiente, além de um custo financeiro com elevadas taxas praticadas foram os principais problemas indicados como entraves a um comércio internacional brasileiro mais eficiente, ágil e de baixo custo. A programação foi aberta com as discussões sobre as perspectivas para a evolução

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do comércio exterior de serviços. Os debates apontaram que o Brasil precisa estar preparado para negociar serviços, visando expandir as exportações. O financiamento e garantias às exportações para da impulso à competitividade também foram tema de debates, que mostrou que há necessidade de se aumentar a participação de instituições privadas para alavancar o financiamento das exportações brasileiras, hoje muito concentradas no Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). A superação dos gargalos da logística de transportes para reduzir custos foi outro tema que pautou os debates. O investimento em infraestrutura, a integração entre os diversos modais e estabilidade regulatória foram indicados como

fundamentais para uma logística eficiente e de baixo custo. O secretário executivo da Camex, André Alvim, encerrou os trabalhos do segundo dia do Enaex 2014 apresentando uma palestra sobre a agenda do órgão em prol da competitividade do comércio exterior brasileiro. Participaram ainda dessa mesa o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que fez um resumo das propostas do Enaex 2014; e José Augusto Fernandes, diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e vice-presidente da AEB, que falou sobre a relevância da Camex na agenda da competitividade do comércio exterior brasileiro.


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eventos

Petrotic – Seminário de Competitividade da Cadeia de Óleo e Gás

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para óleo e gás do país Promovido pela Assespro-RJ, seminário traz oportunidades de negócios, com a participação de grandes empresas do setor de óleo e gás.

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Fotos: Divulgação

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m sua quarta edição, o Petrotic / Seminário de Competitividade da Cadeia de Óleo e Gás e o Papel da TIC – aconteceu no dia 11 de agosto, na cidade do Rio, reunindo mais de 300 empresas. Foi uma iniciativa da Assespro-RJ (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia de Informação) em parceria com o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo). Firma-se como o maior evento do país entre empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e as do setor de óleo e gás (O&G) como Petrobras, British Petroleum e BG Group. O Petrotic debate as perspectivas da indústria de TIC para o setor de óleo e gás no país. Quer gerar contatos, direcionamentos entre demandas e ofertas, e negócios para as empresas. Atualmente, o Brasil produz dois milhões de barris/dia de petróleo, sendo o Rio de Janeiro responsável por mais de 80% desta produção. Entre os investimentos e atividades previstas, estão em curso cerca de US$ 240 bilhões somente da Petrobras para os próximos quatro anos. Este valor pode atingir US$ 400 bilhões com investimentos de outras empresas e instituições. O setor de tecnologia da informação é privilegiado. Extremamente inovador com alto valor agregado em seus produtos e serviços, o segmento possui interação e está embarcado em praticamente todos os equipamentos da cadeia produtiva de petróleo e

gás, garantindo demanda contínua de novas soluções. Com as novas prospecções em águas cada vez mais profundas será necessário o desenvolvimento de novas tecnologias, de equipamentos diferenciados, de materiais mais resistentes e, sobretudo, de softwares customizados para atender a essas novas exigências. O seminário é reconhecido como principal ponto de encontro de executivos da cadeia produtiva de O&G com o setor de TIC, em um ambiente voltado para o networking. Além de conhecer as principais soluções de TIC para o segmento, os participantes saberão para onde estão sendo canalizados os investimentos do setor. Criatividade e alta qualidade são características das empresas desenvolvedoras de software do Rio de Janeiro. Num dia de atividades, na parte da manhã, foram apresentadas minipalestras que abordaram temas de destaque nos dias de hoje como aplicações de TI de E&P, Big Data, Business Intelligence, Cloud Computing, aplicações mobile e segurança da informação em O&G. Também houve espa-

ço para estratégia tecnológica, gestão de conhecimento, gestão de risco, logística, consultoria em gestão, planejamento financeiro, serviços de infraestrutura e de telecomunicações. Na parte da tarde, foi realizado um “keynote speaker ” com Álvaro Adriano Martins, gerente-executivo de TIC da Petrobras. Entre os painéis, está o de Big Data, tema importante também em O&G já que, na indústria do petróleo, variedade e volume são parte do dia a dia da indústria. Com o aumento da complexidade das operações, o uso cada vez mais frequente de sensores e a necessidade crescente de automação, tornou-se urgente organizar, integrar e entender essa massa, de modo a extrair insights relevantes para a otimização de processos. O painel ‘Experiências de Big Data na indústria de petróleo’, com Luis Antônio Pereira de Araujo (gerente de arquitetura da TIC da Petrobras), Karin Breitman (Corporate VP & GM Brasil R&D Center da EMC), Américo da Silva Junior (especialista em Big Data, da Microsoft e UFRJ) se encarregará desta missão.


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perfil profissional

Um profissional

polivalente

A trajetória do pernambucano Marcos Antonio Lins da Costa Cintra, 42 anos, reflete, em boa parte, o currículo acadêmico de quem começou no jornalismo e acabou se tornando especialista na área de energia, especialmente no setor de petróleo e gás. Hoje como diretor de Relações Institucionais e Assuntos Regulatórios da Petra Energia, companhia brasileira que vem se destacando pela atuação onshore, seu perfil revela, além de muita versatilidade, grande dinamismo e expertise dentro do segmento.

por Beatriz Cardoso

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Fotos: Divulgação

ormado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), e com mestrado em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento do Instituto de Economia (IE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cintra ainda tem cursos de especialização em políticas energéticas em renomadas instituições de ensino, como o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead) e em Engenharia (Coppe), ambos da UFRJ, e Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Eu tinha desde cedo – com uns 14, 15 anos – certo fascínio pela política. O país vivia o processo de redemocratização, uma época de intenso debate, Diretas Já, depois eleição do Tancredo”, lembra ele. “Tudo aquilo me entusiasmava e na campanha presidencial de 1989 tive forte participação. Então escolhi jornalismo por acreditar que era uma forma de participar da política, de estar perto dela e dar alguma contribuição”, explica. Ainda estudante, no quinto período da faculdade, abriu, com um colega de curso, uma pequena empresa de assessoria de comunicação, que se tornou a terceira de Pernambuco e teve importantes clientes, como entidades empresariais, empresas e políticos. Foi convidado, em 1994, para atuar como secretário-geral de uma entidade representativa dos interesses dos produtores de etanol em Brasília. “Era um chamado sedutor para alguém com 24 anos e interessado por política e economia”, observa. “Então passei os clientes para funcionários e concorrentes e me mudei para Brasília, onde morei por três anos. Minha relação com o setor de energia vem de longe”, destaca.

Entrada no setor de petróleo Em 2002, Marcos Cintra foi convidado para trabalhar na então Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Era um universo inteiramente novo para mim. Tive que aprender coisas básicas... nunca havia escutado certas expressões técnicas usuais do setor, enfim, não dominava o assunto e muito menos sua gramática”, conta. “Minha primeira providência foi ler O petróleo, do Yergin. Fiquei fascinado com o setor e sua complexidade, com sua dinâmica econômica, com sua característica de premiar o risco, com seus gigantescos investimentos em P&D”, lembra. 84

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Para Cintra, a experiência na ANP lhe deu a clareza da importância do agente regulador. “É opinião consolidada na literatura e na vida prática das empresas que a existência de agência reguladora que atue com independência, capacidade técnica e isenção é fundamental para a estabilidade das regras do negócio”, avalia. “Como os agentes dessa indústria investem vultosos recursos em projetos arriscados e com previsão de longa maturação, um sistema regulatório não pode ser percebido como ambíguo e/ou contraditório, mas sim estável. Só assim será capaz de atrair e manter investimentos”, pontua.

Vida acadêmica Cintra conta que sempre teve gosto pelo estudo e certa obsessão de aprender. O que explica, na sua opinião, tantas especializações em diferentes áreas. Após três especializações, o mestrado surgiu, para ele, como um caminho natural para continuar a se aperfeiçoar. “O programa de Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento do Instituto de Economia da UFRJ, com seu caráter interdisciplinar, ao juntar economia, ciência política, sociologia, etc., foi uma escolha extraordinariamente feliz”, avalia Cintra, cuja dissertação buscou descobrir a percepção de atratividade do upstream brasileiro a partir de pesquisa de campo junto a 166 profissionais do setor presentes na Rio Oil & Gas. Seu orientador foi Helder Queiroz, professor do Instituto de Economia da UFRJ, membro do grupo de economia da energia da universidade e atual diretor da ANP, que, segundo Cintra, merece os mais altos elogios. “Foi um período de intenso aprendizado e grande crescimento profissional. O Helder foi orientador objetivo, pragmático, favorecido pela sua vasta experiência em pesquisa”, diz.

a seus interesses, um assunto que lhe motive fortemente”, ensina.

Novos desafios

Local de nascimento: Pernambuco Idade: 42 Hobby: Basicamente gosto de ler, trocar ideias, tomar um chope, viajar... essas coisas que a humanidade aprecia desde sempre. Música: Seria impossível escolher uma só música ou gênero. Livro: Só cabe repetir o clichê: é quase impossível escolher entre todos os meus livros favoritos. A saída é sempre citar o último: Por que as nações falham, de dois economistas, o Daron Acemoglu e o James Robinson. O livro trata das origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Eles refutam as explicações cultural, geográfica e política e argumentam que o desenvolvimento econômico é derivado da qualidade das instituições políticas e econômicas das nações. “Este ano pretendo repetir o levantamento, ampliar a amostragem e em seguida publicar o trabalho, de modo a que o setor possa conhecer um pouco mais suas qualidades e fragilidades e identificar os desafios para o aperfeiçoamento de sua atratividade”, adianta o engenheiro. Para Cintra, a vida acadêmica impõe sacrifícios desgastantes, mas plenamente compensados pelo aprendizado adquirido. “Antes de um desafio intelectual, é um desafio de disciplina e perseverança, de motivação, de interesse. Desse modo, para quem quer se aventurar nesse universo, recomenda-se encontrar um tema que responda

Na Petra Energia, Cintra tem atuado no planejamento e na execução dos contatos da empresa com órgãos governamentais, como as agências reguladoras e entidades representativas do setor, como o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip). “Nossa política de relações governamentais prevê diversas restrições, principalmente de natureza ética, para a interface entre os funcionários da companhia e as autoridades e funcionários do setor governamental. Então é tarefa importante comunicar-se eficaz, apropriada e eficientemente com as várias instâncias do governo. Isso é fundamental para que a gente possa promover a necessária confluência entre os interesses da companhia e o interesse público”, observa. Para os jovens profissionais que desejam ingressar no mercado de trabalho e que se identificam com o seu perfil, Cintra dá um conselho já consagrado: “Gaste o tempo necessário na reflexão, pense criteriosamente no que deseja fazer, escute a si mesmo, evite o caminho cômodo de seguir os outros, do modismo. Superada essa fase com bom senso, siga rápido um caminho de intenso aprendizado, seja perseverante, tenha dúvidas, mas não se distancie de seus propósitos. Enfim, há uma série de virtudes que todo profissional deve ter, mas eu destacaria a perseverança e um senso de propósito.” As horas vagas são dedicadas à leitura, troca de ideias em um chope com os amigos, viagens. TN Petróleo 97

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perfil empresa – Qualidados

Inteligência em Engenharia,

ESPECIALIZAÇÃO E INOVAÇÃO A Qualidados Engenharia, com mais de 20 anos de atuação, mantém uma trajetória de crescimento e sucesso que vem sendo reconhecida pelo mercado e por clientes. No último mês de agosto, conquistou pela sexta vez consecutiva lugar no Ranking “As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) que mais crescem no Brasil”, realizado pela Deloitte em parceria com a Revista Exame, ocupando a 62º posição nacional. E pela quarta vez, também consecutiva, figura entre os “500 Grandes da Construção - Ranking da Engenharia Brasileira”.

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ara a sócia e diretora de marketing da Qualidados, Jane Carvalho, o crescimento da organização nos últimos anos foi bastante estimulado pelas oportunidades oferecidas pela Petrobras, seu maior cliente, em função do plano de expansão da companhia e também favorecido pelo programa de apoio ao desenvolvimento da cadeia de fornecedores. “Isso tem sido de extrema importância para o desenvolvimento do mercado de Óleo e Gás no Brasil”, considera a gestora. No ano passado, a organização recebeu, pela terceira vez, o prêmio Programa Parceria Responsável (PPR), promovido pela Área de Abastecimento da Petrobras, reconhecimento do destaque em critérios que traduzem o que a petrolífera busca em seus fornecedores.

71 3339 2600 • qualidados.com.br RECONHECIMENTO PRêMios PArCErIA rESPONSáVEL PEtrObrAS 2008 / 2010 / 2012 500 GrANdES dA CONStruÇÃO (RANkiNG DA ENGENhARiA) DE 2011 A 2014 PMEs QuE MAIS CrESCEM NO brASIL (DEloittE/ExAME) DE 2009 A 2014

Inteligência em Engenharia – Composta por uma equipe formada por engenheiros, técnicos, analistas e consultores de alta qualificação, a Qualidados tem os serviços especializados como marca de seu portfólio. Com know-how para atender qualquer tipo de projeto na indústria, é especializada em Gerenciamento de Empreendimentos, Planejamento de Obras e Paradas de Manutenção, e Consultoria em Engenharia, incluindo Estudo de Construtibilidade e Gestão de Riscos. Além dos serviços de alta qualidade técnica em engenharia e manutenção em Óleo e Gás, a Qualidados também tem presença marcante nas indústrias Petroquímica, de Mineração e Siderurgia, Fertilizantes, Energia e Celulose.

Sobre Construtibilidade Construtibilidade pode ser definida como a aplicação e utilização adequada dos conhecimentos e das experiências da construção, durante as várias fases do ciclo de vida de um projeto, como instrumento de garantia do cumprimento dos seus objetivos, ou ainda, como uma ferramenta para garantir que a concepção do projeto facilitará a construção, procurando atingir os objetivos estabelecidos em segurança e com menor custo. 86

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Embora seja uma ferramenta de gestão cuja aplicação data da década de 50, a sua aplicabilidade no Brasil ainda é muito restrita, pois apesar da constante disseminação da metodologia, há ainda pouco conhecimento sobre o assunto. De acordo com o diretor de engenharia da Qualidados, Claudio Freitas, sob o ponto de vista metodológico, consiste em um processo de fácil aplicação. Observa ainda que “com a constante evolução das boas práticas de gerenciamento e da atuação cada vez mais intensa de auditorias nos projetos, através de organismos internacionais como o IPA, a necessidade da aplicação dos


Para manter o aprimoramento e a qualidade dos seus serviços, leva o tema Inovação para a pauta diária da empresa e permanece sempre atenta às novidades, em constante atualização para disponibilizar aos seus clientes as melhores práticas de mercado. Vem atuando, com pioneirismo no país, em projetos de engenharia com foco na Construtibilidade, prática vista como um elemento essencial em qualquer programa de aperfeiçoamento contínuo, visto que se encaixa no contexto das demais práticas de projeto, ampliando os fatores sustentabilidade, operabilidade e segurança. Segundo pesquisa realizada pelo CII (Construction Industry Institute), a empresa que aplicar corretamente a construtibilidade em seus diversos departamentos e áreas envolvidas nos projetos de construção poderá obter excelentes benefícios em relação a custo e duração: o custo do projeto pode ser reduzido em até 23% e a sua duração reduzida em até 10%.

Uma empresa com certificação e qualificação – O investimento em gestão também contribui para tornar a Qualidados uma empresa forte e consolidada. Desde 2001, tem realizado ações voltadas para garantir a credibilidade dos serviços prestados e não mede esforços para tal.

A certificação da ISO 14001 é um resultado disso. E a exigência, para a Qualidados, é grande, aponta Maurício Simões, sócio-diretor da empresa: “a norma tem seus requisitos que, para nós, são os mesmos cobrados para a Indústria. Por outro lado, isso nos ajuda a incorporar uma cultura de sustentabilidade, em consonância com os valores dos nossos clientes”. Para além das normas internacionais de padronização, a Qualidados também está atrelada aos critérios de Excelência da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), baseados nas melhores práticas do mundo em gestão. De acordo com Maurício, “é como se fosse um benchmarking, para saber como está a organização sob a luz das melhores práticas. A avaliação de cada uma é diferente e todas têm grande relevância”. A empresa é ainda, desde 2001, certificada pelo Bureau Veritas Certification (BV). Em 2013, conquistou a certificação ISO 9001, de Gestão de Qualidade e em 2006, implantou o Sistema de Gestão Integrada (SGI) que engloba as normas ISO 14001, de Gestão Ambiental, e OHSAS 18001, de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho.

conceitos de construtibilidade será cada vez maior”. A construtibilidade surge, então, para ajudar a preparar e instruir o projeto para a construção. “As decisões tomadas ao longo do ciclo de vida do projeto devem ser implementadas com a certeza de que tudo o que se projeta ou define deve ser construído. O conhecimento prévio do que se vai construir, as definições de cronogramas de execução e objetivos, aliados à análise das melhores práticas de construção serão de suma importância para a produtividade do empreendimento”, conclui Claudio Freitas. TN Petróleo 97

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perfil empresa – Fores

Fores fornece Laboratórios e Sistemas de Injeção Química para Cessão Onerosa

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ores Engineering é uma empresa italiana líder especializada em Engenharia, Construção, Integração e Fornecimento de Sistemas para a Indústria de Petróleo e Gás, tanto Off-shore quanto On-shore, tais como: Sistemas de Controle de Cabeça de Poço e Unidade de Potência Hidráulica, Sistemas de Análise e Laboratórios, Sistemas de Medição de Óleo & Gás, Sistemas de Injeção Química, Sistemas de Controle de Segurança, Sistemas de Telecomunicação e Salas de Controle Pré-fabricadas. Graças à longa experiência de seu pessoal qualificado, e profundo conhecimento da exigência técnica e capacidade de trabalhar em equipes internacionais, a Fores adquiriu forte credibilidade ao longo dos anos, tornando-se um dos principais fornecedores de várias companhias de petróleo, como a Petrobras, e EPC Contractors em todo o mundo. O escopo de fornecimento de três Laboratórios destinados a P-75, P-76 e P-77 serão executados de acordo com as especificações e normas técnicas solicitadas pela Petrobras. Isso inclui a engenharia e fornecimento de contêiner pré-fabricado completo com todos os sistemas auxiliares (Ar Condicionado, Detecção de Incêndio e Gás, Telecomunicação, Móveis, etc.) e com todos os instrumentos para a análise completamente pré-montado e pronto para o start Up. O escopo do fornecimento dos quatro Sistemas de Injeção Química destinados a P-74, P-75, P-76 e P-77, inclui, para cada FPSO, a engenharia e fornecimento para 21 tanques de aço inoxidável AISI 316L, completos com indicadores de nível e transmissores, 42 bombas tipo diafragma duplo de acordo com o código API675, com vazão a partir de 1 lt/hora até 5.000 lt/hora e uma pressão de descarga de até 225 barg, painel de controle, válvulas, transmissores e reguladores de vazão, válvulas de controle e todos os acessórios necessários para atingir o desempenho solicitado. Todo o equipamento será entregue completamente montado no skid e pronto para a instalação no módulo específico. Os sistemas serão capazes de injetar todos os produtos químicos necessários para a produção dos FPSOs. A empresa vai fornecer toda a assistência técnica para pré-comissionamento, comissionamento, start up e o treinamento de operadores. A concessão desses projetos confirmam o potencial da Fores na colaboração com os seus clientes, suas habilidades operacionais, a sua capacidade técnica de sinergia com a EPC brasileira e a tecnologia mais avançada nos Laboratórios e Sistemas de Injeção Química. O mercado brasileiro é desenvolvido por uma companhia nomeada Fores do Brasil Ltda, com sede no Rio de Janeiro, onde é gerenciado o contato mais próximo com os clientes. Fores Engineering e Fores do Brasil são integralmente detidas pelo Grupo Rosetti Marino, um EPC Contractor italiano que trabalha com Off-shore (Plataformas fixas, Plantas e Módulos), On-shore (Processos Industriais e Equipamentos) e Construção Naval (Supply Vessel, Anchor Handler) com um volume de negócios consolidado de cerca de 400 milhões de dólares.

EBR (Toyo Setal), QGI (Queiroz Galvão) e TTP76 (Consórcio Technip/Techint) atribuíram à Fores as ordens de compras para o fornecimento de Laboratórios e Pacotes de Injeção Química direcionadas para FPSO P-74, P-75, P-76 e P-77.

FORES DO BRASIL Rua da Assembleia, 10/sala 2111 Centro - 20011-000 Rio de Janeiro - RJ Tel. +55 21 2509.0991 Fax +55 21 2252.9952 e-mail fores.brasil@fores.it www.fores.it TN Petróleo 97

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perfil empresa – Oceaneering

DIVERSIFICAÇÃO

EM 50 ANOS

Em 2014 a Oceaneering completa meio século de atividades e foca na consolidação de suas linhas de negócios no Brasil Em 1964, uma dupla de mergulhadores de Morgan City, Louisiana, fundava uma pequena empresa que foi crescendo em torno do desenvolvimento de soluções inovadoras para aplicá-las em atividades de mergulho. Ao longo dos anos, a Oceaneering foi se expandindo para se tornar uma empresa conhecida pela sua diversidade de produtos e serviços, atuando em várias frentes e sobretudo na área de produção de petróleo offshore em todas as partes do mundo.

A

Oceaneering iniciou suas atividades no Brasil em 1994, quando adquiriu a Multiflex, e cinco anos depois instalou a fábrica de umbilicais em Niterói. Em 2001, foi inaugurada a unidade de ROV (veículos submarinos de operação remota) em Macaé, e posteriormente outras áreas de negócio vieram operar no Brasil, oferecendo novos produtos e serviços, como ferramentas para intervenção em instalações submarinas, gerenciamento de integridade de ativos, equipamentos submarinos, conectores Grayloc e válvulas Rotator.

OCEANEERING

Av.Rio Branco nº 123 – 14º Andar Centro - Rio de Janeiro - RJ Cep.20040-005 Tel: (21) 2517-7100 www.oceaneering.com 90

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Novos serviços de Gestão de Integridade de Ativos – Em 2013, a Oceaneering deu início no Brasil às atividades de Gestão de Integridade de Ativos a partir de um contrato do tipo frame agreement firmado com a Teekay Petrojarl. Os serviços de Gestão de Integridade utilizam o exclusivo programa Acet, e estão sendo executados nos FPSOs Cidade de Rio das Ostras e Piranema Spirit, localizados na Bacia de Campos e na de Sergipe-Alagoas, respectivamente. A partir da implementação dessas atividades e da prospecção de oportunidades, outros contratos foram assinados com a Petrobras e a Statoil. A estatal brasileira contratou os serviços de Engenharia de Manutenção e Confiabilidade, onde a Oceaneering atua com um sistema customizado especialmente para esta finalidade, com base na teoria da confiabilidade e análise de riscos. Os serviços contratados pela Statoil se destinam ao FPSO do


Fotos: Divulgação

campo de Peregrino e versam sobre Gerenciamento das Condições de Corrosão Externa, e também sobre Engenharia de Manuntenção e Confiabilidade. A unidade de Gestão de Integridade de Ativos está sediada no Rio de Janeiro, e dispõe de equipe multidisciplinar que conta com o apoio técnico da Oceaneering Asset Integrity da Noruega, principal detentora do know-how em gestão do ciclo de vida de ativos. Produtos e serviços submarinos – Um segmento importante dos negócios da Oceaneering é a fabricação de cabos umbilicais, utilizados na transmissão de energia elétrica de potência e controle, na injeção de produtos químicos e na transmissão de potência hidraúlica das unidades offshore de produção para as árvores de natal instaladas no fundo do mar. Os projetos em andamento destinados aos campos de Lula e Sapinhoá e P-58 garantem a fábrica em plena atividade, e no momento, trabalha-se para que novos contratos sejam conquistados a partir de demandas não só da Petrobras, mas também de outros clientes. Em adição aos umbilicais, a Oceaneering fornece outros produtos submarinos, tais como unidades de terminação de umbilicais (UTA), conectores horizontais e verticais e

flying leads, dentre outros equipamentos disponíveis sob consulta. Um outro segmento não menos valioso é o da prestação de serviços com ROVs (veículos submarinos operados remotamente). A frota de 38 veículos em operação no Brasil está alocada majoritariamente em serviços de apoio à perfuração e completação de poços. Espera-se que a intensificação das atividades exploratórias abra espaço para a ampliação dessa frota. Cabe mencionar que os ROVs da Oceaneering são de fabricação própria e agregam as tecnologias mais modernas disponíveis. Uma novidade para o próximo ano é a implantação de um curso avançado de ROV para técnicos de fora da empresa, a ser ministrado no Centro de TN Petróleo 97

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perfil empresa – Oceaneering

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Treinamento em Macaé. É uma forma de aproveitar as dependências e conhecimentos em ROV para oferecer treinamento ao público interessado, desde que haja compatibilidade com os requisitos mínimos de formação exigidos. Em adição aos serviços com ROVs, a Oceaneering disponibiliza para o mercado ferramentas para intervenções em equipamentos submarinos, sob o regime de aluguel ou de venda. Essa área vem se consolidando e é uma das apostas de crescimento significativo nos próximos anos. Perspectivas em Libra – O diretor executivo da Oceaneering no Brasil, Francesco Santoro, vê um cenário favorável para novas oportunidades com a retomada dos leilões do pré-sal e a 11ª rodada da ANP. Ele cita também o campo de Libra e o campo de Franco (complemento da cessão onerosa), que estarão em breve demandando do mercado supridor. Francesco está otimista com os novos contratos fechados na 11ª rodada para os blocos offshore na margem equatorial do Atântico. Segundo ele, o interesse de novos players numa região praticamente inexplorada é um sinal de que pode haver oportunidades diversificadas em vista. Um exemplo é a participação da Total, que está investindo alto no novo bloco e acreditando no potencial das reservas brasileiras.

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perfil empresa – Lufthansa

BRASIL: MERCADO

ESTRATÉGICo Nos últimos anos, qualquer passageiro antenado tem acompanhado um aumento substancial na quantidade de companhias aéreas que oferecem produtos de bordo que chegaram ao mercado para suprir a relevante demanda por um nível superior de conforto do que o atualmente oferecido na Classe Econômica, sem porém perder de vista tarifas atrativas.

S

Lufthansa

Rua Gomes de Carvalho, 1356/12o Andar CEP 04547-005 São Paulo-SP Tels.: 55 11 3048 5800 / 55 11 2169 8820 LH.com 94

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e, por um lado, a quantidade de empresas lançando seus produtos nesta linha chama a atenção, a qualidade – ou melhor – a diferença de qualidade entre eles é ainda mais considerável. Para uma análise criteriosa e justa, é importante antes de mais nada esclarecer que, apesar de muitas vezes serem utilizados indistintamente, os termos Economy Plus e Premium Economy não são meros sinônimos. Enquanto a Economy Plus supera a Classe Econômica somente no quesito “espaço adicional”, a Premium Economy voa mais longe: além de oferecer uma poltrona totalmente nova e diferente, agrega uma série de benefícios que pretendem enriquecer a experiência de viagem de forma mais abrangente. Além disso, é interessante notar que, mesmo dentro de cada uma destas categorias, existe um variado espectro – mais ou menos generoso - de produtos e serviços oferecidos pelas companhias aéreas. Benchmark no setor de viagens corporativas, no qual conforto a bordo não é simplesmente uma questão de luxo, mas sinônimo de produtividade; a empresa alemã Lufthansa recentemente anunciou a implementação desta nova classe de serviços em toda sua frota de longo-curso. As primeiras rotas já passarão a receber o produto a partir de dezembro de 2014 e ao longo de 2015 a remodelação de toda a frota deve estar concluída. O Brasil, considerado um mercado estratégico para a companhia – entre outros motivos pelo fato de abrigar a maior concentração de indústrias alemãs fora da Alemanha – será um dos primeiros países do mundo a receber este produto. Serão inicialmente 32 assentos diários na rota São Paulo-Frankfurt, seguidos em breve pelas demais rotas que a companhia opera no Brasil (Rio de Janeiro – Frankfurt e São Paulo – Munique). Logo no embarque, um welcome drink dá as boas-vindas ao passageiro, que é recebido por confortáveis poltronas – com até 50% mais espaço individual e 30% mais inclinação em comparação à classe econômica – equipadas com apoio individual para braços e pés, mesa rebatível e encosto reclinável. As refeições também ganharam um upgrade com menu à la carte e pratos servidos em louça. Para driblar o tédio durante o voo, a companhia disponibiliza um sistema de entretenimento touchscreen com controle remoto e telas aumentadas (11 a 12 polegadas), instaladas no encosto da poltrona à frente. Tomadas individuais no próprio assento dão mais comodidade a quem não abre dos gadgets. Por fim, caso deseje acessar a Business Class Lounge da Lufthansa no Aeroporto de Frankfurt, podem fazê-lo mediante o pagamento de uma taxa. Ou seja, uma Premium Economy (e não Economy Plus) para ninguém botar defeito!


Fotos: Divulgação

Grupo Lufthansa - É difícil ter a dimensão do que de fato representa o dia a dia desta força global no setor da aviação, cujos serviços vão muito além do transporte de passageiros – que de fato é o carro-chefe da empresa que além da companhia homônima abrange também a Swiss Air lines, Brussels, Austrian e German Wings – estendendo-se também para os ramos de logística (Lufthansa Cargo), manutenção de aeronaves (Lufthansa Technik), tecnologia da informação (Lufthansa Systems) e catering (LSG SkyChefs). Apesar dos mais de 2.700 pousos e decolagens, e de mais de 5 mil toneladas de carga carregadas diariamente sem mencionar os outros serviços, é interessante notar que a gigante continua focada nos detalhes, imprescindíveis para que, ano após ano, a empresa mantenha o reconhecimento internacional no que tange sua excelência de serviços em solo e a bordo, os mais altos padrões de segurança, bem como a pontualidade e a eficiência germânica. Se a excelência de serviço é padrão ao redor do globo, as demandas de seus passageiros definitivamente não são e a Lufthansa tem consciência disso. Portanto, empenha-se em oferecer serviços exclusivos e diversos que vão desde, por exemplo, jatos privados operan-

do para mais de mil destinos na Europa e América do Norte, passando por modernas UTIs montadas a bordo e chegando finalmente no setor de Oil&Gas, no qual a empresa vem se firmando como escolha frequente dos profissionais do setor. oil&energyclub – Ainda sob esta premissa de atender as mais variadas demandas de seus passageiros, a Lufthansa criou o programa de fidelidade para funcionários de empresas de produção de óleo ou extração de petróleo que fazem viagens regulares a destinos ligados a esta indústria. Membros do programa podem se beneficiar de uma séria de vantagens como hospedagem gratuita em casos de conexão superior a seis horas, refeições gratuitas no aeroporto, tarifas especiais para locação de carros, check-in prioritário, acesso a lounges, prioridade nas listas de espera de voos e maior franquia de bagagem. Mas a maior de todas as vantagens é a obtenção automática do status Frequent Traveller no maior programa de milhas da Europa, o Miles&More. Para se cadastrar, basta que o interessado contacte seu agente de viagens ou realize seu cadastro online através do www.lufthansa. com/O&Eregistration TN Petróleo 97

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perfil empresa – Evonik

Dutos leves e flexíveis

para transporte de petróleo

As empresas precisam ir cada vez mais fundo no leito marinho para desenvolver recursos inexplorados. E a tecnologia tem de acompanhar esses avanços. Por isso, os dutos flexíveis desempenham papel importante na produção offshore de petróleo e gás. A parte externa desses dutos precisa ser protegida contra a corrosão provocada pela água do mar e a parte interna contra a corrosão causada pelo petróleo, pelo gás e pela água. E, quanto maior a profundidade alcançada pelos produtores, tanto mais importante é a leveza do material dos dutos. É aí que o VESTAMID® NRG da Evonik pode ser de grande ajuda.

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EVONIK

Alameda Campinas, 579 - 3º ao 12º andar 01404-000 - São Paulo - SP - Brasil www.evonik.com.br 96

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Evonik Industries é uma das principais empresas mundiais de especialidades químicas. Com mais de 33.000 funcionários, a empresa atua em mais de 100 países no mundo inteiro. A Poliamida 12 (PA12) VESTAMID® NRG foi desenvolvida especificamente para tubulações de óleo e gás eficientes do ponto de vista energético. Essas poliamidas oferecem extraordinária resistência contra estresses mecânicos e fraturas por estresse, além de produtos químicos como o petróleo bruto. Graças a essas propriedades, elas podem ser usadas para proteger o exterior e o interior de tubulações onshore e offshore. VESTAMID® NRG foi o material escolhido para mais de 1.000 km de dutos flexíveis sem solda. A espessura desses tubos pode chegar, facilmente, a seis centímetros consistindo, muitas vezes, em ao menos oito camadas. Algumas delas são de aço, outras do polímero VESTAMID® NRG. Essas camadas de aço são usadas principalmente como reforço. O polímero assegura que não ocorram vazamentos nas tubulações. O material não é afetado pela água salgada, nem pelos constituintes do petróleo. É assim que a camada interna transporta com segurança o petróleo bruto através das tubulações. Do lado externo, outra camada do polímero protege o aço contra a ferrugem causada pela água do mar. Dutos flexíveis que possuem uma camada de pressão de VESTAMID® NRG oferecem um aumento potencial na temperatura de operação em comparação com materiais convencionais de poliamida. Nas mesmas temperaturas de projeto, esta vantagem aumenta de modo significativo a vida útil das tubulações, agregando valor ao resultado final. Por isso, os dutos com VESTAMID® NRG hoje são utilizados no mundo inteiro. Costa Brasileira, África Ocidental e Austrália são alguns exemplos. No entanto, quanto mais fundos são os poços, tanto mais crítico é o peso das tubulações. As tubulações flexíveis feitas de aço e VESTAMID® NRG estão sendo empregadas em poços a profundidades de até 2.500 metros. Em profundezas maiores, as tubulações se tornam muito pesadas. Para a produção de petróleo em profundidades extremas superiores a 2.500 metros, a Evonik está empenhada no desenvolvimento de um tubo compósito mais leve, em parceria com um produtor de tubulações. O material consiste inteiramente de VESTAMID® NRG e é reforçado com fibra de vidro. Outra


Um pouco mais sobre a Poliamida 12 VESTAMID® NRG – As poliamidas da linha VESTAMID® NRG são desenvolvidas para aplicações ligadas à produção de energia, sendo a indústria de Óleo e Gás o principal foco. Podem ser empregadas em aplicações como: - Revestimento tripla camada em Poliamida 12 para dutos metálicos composto de primer epóxi, adesivo e camada externa em Poliamida 12. Diferentemente dos revestimentos atuais de tripla camada de tubos metálicos, que utilizam os polímeros Polietileno ou Polipropileno nas camadas exteriores, a Poliamida 12 possui melhores propriedades mecânicas, como a resistência à propagação rápida e lenta de trincas, resistência a impacto, à abrasão e dureza, que proporcionam maior integridade ao revestimento externo durante as instalações, manuseio e transporte dos tubos, conferindo maior segurança e vida útil aos dutos. - Liner para dutos onshore: a Evonik, em parceria com empresas locais, oferece instalação de liners de Poliamida 12 em dutos metálicos onshore onde os liners são utilizados na reabilitação de dutos antigos enterrados. Geralmente, estes dutos apresentam problemas de corrosão e sua remoção, seguida de instalações de novos dutos, é um processo muito caro, que exige parada da produção e, algumas vezes, é impossível de ser realizado por questões ambientais. A instalação de liners (tubo termoplástico) nos tubos metálicos permite a reabilitação do sistema e estende a vida destes dutos por mais de 50 anos sem a necessidade de troca. Alternativa para dutos rígidos CRA e “clad“ offshore: os dutos metálicos utilizados em aplicações offshore são extremamente suscetíveis à corrosão, uma vez que os fluidos utilizados na extração do petróleo, bem como o próprio petróleo com água e outros gases, aceleram muito o processo de corrosão. A fim de se evitar o processo corrosivo destes dutos, ligas metálicas nobres como CRA e liners metálicos cladeados, são utilizados para evitar a corrosão. Os dutos de CRA são extremamente caros e de baixa disponibilidade no mundo inteiro. Os dutos cladeados, também de alto custo, são de difícil produção quando comparados aos dutos normais da aço carbono. Os liners de Poliamida 12 podem ser instalados em dutos novos de aço carbono, fazendo um revestimento interno destes dutos e os protegendo internamente contra a corrosão. Esta é uma alternativa de melhor custo-benefício em comparação as outras já citadas. Sistema multi camadas de Poliamida 12 e fluorpolímeros para mangueiras em umbilicais. Devido à baixa permeabilidade dos fluorpolímeros este sistema composto por duas camadas sendo, Poliamida 12 e fluorpolímero, dá maior segurança aos umbilicais uma vez que reduz a contaminação cruzada de um fluido com outro, provenientes da proximidade das mangueiras dos umbilicais.

Fotos: Divulgação

grande vantagem destes dutos é a não utilização de metal e, portanto, livres de corrosão e mais leves.

Tubulações para transporte e distribuição de gás com pressões até 18 bar: são tubulações 100% de Poliamida 12 e substituem as tubulações de aço no transporte e distribuição de gás natural com pressões de até 18 bar. Este tipo de tubulação é de mais fácil instalação e não necessita de controles de corrosão como proteção catódica ou outros revestimentos orgânicos. Vale destacar que VESTAMID® NRG atende e excede as normas relevantes da indústria de Oil & Gas. O VESTAMID® é a primeira poliamida a conseguir o certificado Lloyds (“Lloyds Certificate”) para aplicações em dutos flexíveis offshore. “Oferecemos polímeros de alta performance para a indústria de petróleo e gás e temos dedicado esforços, tempo e recursos no desenvolvimento de soluções que atendem as demandas técnicas deste mercado, aliando vantagens técnicas, competitivas e ambientais”, destaca Vitor Lavini, Chefe de Produto - Polímeros de Alta Performance América do Sul, da Evonik. TN Petróleo 97

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Ano 4 • nº 35 • setembro de 2014 • www.tnsustentavel.com.br

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem Editorial

A diferença que soma Diversidade é o tema da entrevista desta edição de nosso Caderno com a psicóloga Maria Aparecida Silva Bento, coordenadora executiva do Ceert (Centro de Estudos e Relações do Trabalho e Diversidade). Formada pela Universidade de São Paulo (USP) e professora de psicologia social da Universidade de Austin, no Texas (EUA), Cida Bento, como é mais conhecida, discorre sobre o tema abordado em vários de seus livros: o paradigma de tratar a diferença como algo que falta e, portanto, excludente, mas que, na verdade, soma e, portanto, inclui. Imperdível. Também trazemos a cobertura da terceira edição do projeto CNI Sustentabilidade, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no Rio de Janeiro, evento que reuniu 500 representantes empresariais, do governo, de universidades e organizações não governamentais para debater a gestão de resíduos sólidos no Brasil. Foram apresentadas boas práticas de gestão ambiental e preservação ambiental pelas empresas de pequeno porte, nesse encontro que mobiliza stakeholders importantes da sociedade brasileira. Iniciativas empresariais também nos mostram que os ‘diferentes’ (juntos) podem muito. A Shell reuniu representantes do governo, ONGs, acadêmicos e setor privado em torno da interdependência de alimentos, água e energia na edição brasileira da série Impulsionando o Progresso Juntos (Powering Progress Together) – iniciada em 2012, na Holanda. Acreditando que esses desafios podem ser solucionados com a cooperação entre as diversas partes da sociedade, o evento reúne alguns dos maiores pensadores do mundo em economia, negócios, governo e sociedade para discutir desafios energéticos futuros. E o artigo intitulado “O fator humano” fecha essa edição tão rica em exemplos mostrando que a verdadeira liderança é aquela que olha para a qualidade da equipe e promove o trabalho conjunto, que compreende as ‘luzes e sombras’ dos seres humanos para auxiliá-los em seu caminho de evolução e na busca de resultados amplos. Diferentes formas de pensar e ver geram opções e possibilitam múltiplas escolhas, diminuindo os conflitos e cobranças futuras, que acabam por atrapalhar os processos de mudança e desenvolvimento nas suas mais diversas instâncias. Você já pensou nisso? Boa reflexão e até a próxima!

Lia Medeiros, diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo

Sumário

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Empresas precisam esquecer diferenças e valorizar diversidade

Crescimento histórico em 2013

A importância do biogás para o desenvolvimento

RSE

Brazil Wind Power 2014

Congresso Internacional de Biogás

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suplemento especial

RSE

Empresas precisam esquecer diferenças e valorizar

diversidade

A doutora em psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP, professora de psicologia social da Universidade de Austin, no Texas (EUA), coordenadora executiva do Ceert (Centro de Estudos e Relações do Trabalho e Diversidade), e autora de vários livros, Maria Aparecida Silva Bento, 60 anos, abandonou em 1995 uma carreira de sucesso e um ótimo salário como executiva de Recursos Humanos da Companhia Energética de São Paulo para encontrar as respostas para essa pergunta. Ela será uma das palestrantes da Conferência Ethos 360°, que acontece nos dias 24 e 25 de setembro, no Golden Hall do World Trade Center (WTC) São Paulo, quando falará sobre políticas públicas de promoção de diversidade e também sobre como o RH das empresas podem favorecer a diversidade nas empresas, com o apoio da área de marketing. Cida Bento, como é mais conhecida, também é membro do Grupo Assessor da ONU Mulheres; da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia; é fellow da Ashoka; consultora no Projeto Valorização da Diversidade da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); consultora na área de diversidade em recursos humanos de várias empresas; líder Avina (ONG ambiental sueca); Líder Social no Fórum de Líderes Sociais e Empresariais, da Gazeta Mercantil (2002). Obteve o reconhecimento com a Medalha Anchieta e com o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo. Também ganhou o título de cidadã em 100

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Foto: Divulgação

Raça, gênero, deficiências físicas, orientação sexual. O que as empresas brasileiras pensam sobre a diversidade e como tratam internamente as questões ligadas a esses temas? por Mehane Albuquerque

Atlanta (EUA), em 1991. Em entrevista ao ‘Caderno de Sustentabilidade’, ela fala sobre as questões das minorias no âmbito corporativo e no mercado de trabalho, e diz como as empresas podem melhorar as relações com seus funcionários, compreendendo e tratando a diversidade como um valor humano. Caderno de Sustentabilidade – Como e por que surgiu o Ceert? Cida Bento – O Ceert surgiu há 24 anos. O foco, na ocasião, era o tratamento das questões de gênero e raça no trabalho. A ideia surgiu quando percebemos as dificuldades de ascensão e inserção, além das diferenças de salário entre homens e mulheres, negros e brancos. Como funciona o Ceert e que tipo de serviços presta às empresas? Prestamos consultoria e desenvolvemos ações de promoção de diversidade para empresas e organizações. Por

exemplo, estou coordenando atualmente o centro de diversidade do setor bancário no Brasil. É um trabalho que desenvolvemos para a Febraban desde 2008, e que conta com o apoio do sindicato da categoria. São mais ou menos 455 mil funcionários envolvidos e temos feito censos para averiguar diferenças de salários, ocupação de cargos, de homens e mulheres, negros e brancos. O último censo ajudou a incluir a igualdade com cláusula no acordo coletivo de trabalho e, além de raça, gênero e deficiência, foi considerada a questão LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). Como se dão essas ações na prática? Fazemos censos com perguntas sobre essas questões. Testamos, aplicamos e acompanhamos, incentivamos a interação com o apoio de campanhas internas, e com cartazes, folhetos, vídeos e um hotsite, em que o funcionário poderá entender por que é importante responder


às perguntas do questionário. Ajudamos as empresas a pensar essas questões, a aplicar instrumentos e a desenhar um plano de ação para promover a diversidade em seus segmentos. No caso do setor bancário, as mulheres brancas e negras do movimento sindical é que cobraram dos banqueiros, dizendo que não havia presença feminina e de negros em cargos de decisão. Foi assim que tudo começou, há algumas décadas. Só em 2004 elas conseguiram a primeira mesa de negociação com o sistema bancário. Então, o movimento sindical também tem um papel importante, discutindo com empregadores as formas de trazer essas questões para dentro das empresas. Outra coisa importante é o RH – a porta de entrada das empresas, e que realiza o recrutamento, a seleção e os processos de treinamento. O RH pode favorecer, e muito, a diversidade dentro das empresas, incluindo critérios que levem em conta essas questões na hora de recrutar e contratar. O Ceert atende alguma empresa do setor de petróleo e gás? Temos uma parceria com a Petrobras, no âmbito dos jovens. Nosso trabalho, porém, é mais sobre o significado da discriminação racial no conceito de proteção e defesa da criança e do adolescente. Ainda este mês vou discutir com funcionários da Petrobras, em São Paulo, a questão da saúde mental e da diversidade – dentro do escopo de um trabalho que fazemos desde 1994, no campo de saúde mental dos trabalhadores e diversidade. Naquela época, havia a tese de um engenheiro [Cidnei Luiz Bertussi, UFRJ, 1982], intitulada ‘Forte, preto e burro – o perfil dos trabalhadores das coquerias’. É uma tese muito interessante, com ligações com outros estudos que diziam que os negros tinham mais resistência para trabalhar em locais onde o calor era excessivo... Enfim, setores em geral insalubres adotaram como estereótipo que o negro resistia mais. A partir daí,

fomos descobrindo que os negros tinham algumas doenças, consideradas ‘doenças de preto’, mas que eram, na verdade, sequelas do tipo de trabalho e dos lugares que eles ocupavam dentro das fábricas. Como as empresas brasileiras tratam a diversidade hoje? Ainda com dificuldade, ainda preferindo trabalhar a diferença no lugar da diversidade. É muito mais fácil trabalhar as diferenças... Na verdade, o foco de diversidade no conceito relacionado a trabalho é a desigualdade. Significa: quais os segmentos que estão excluídos nas direções das empresas? Mulheres. Quem não tem conseguido maior inserção? Os negros. Então, a diversidade quando é relacionada à desigualdade tem a ver com os grupos que estão sendo excluídos ou sub-representados. Quais os maiores avanços e desafios nessa área hoje no Brasil? Os desafios são maiores que os avanços? Os avanços são maiores que os desafios. No caso da mulher, temos hoje uma inserção maior, com presença agora mais forte, porém, ainda inferior à dos homens. Nas pesquisas que tenho feito em empresas, as mulheres avançaram bem na escolarização. Elas estão mais prontas. Mas segundo o mercado, não ainda para ocupar os cargos de direção. A questão é que existem estereótipos difíceis de serem apagados. Temos na cabeça a ideia de que um sujeito que manda, que é bem-sucedido, que concebe, que está na vanguarda, é do sexo masculino e branco. Esse tipo de preconceito influencia todos os setores de uma empresa, afetando diretamente os profissionais dos recursos humanos que fazem a seleção de pessoal. Empresas de quais segmentos da economia se mostram preocupadas com a diversidade? As autarquias, principalmente. A Petrobras tem se destacado entre elas. Há, ainda, as empresas que par-

ticipam do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, uma das principais inciativas criadas nos últimos anos para a área do trabalho. Das empresas que aderiram, a maior parte é de autarquias, como Banco do Brasil, Caixa Econômica, Eletrobras. Agora as empresas privadas começaram a aderir também, e isso é bárbaro, porque a adesão implica fazer um censo para levantar a situação de negros e brancos, homens e mulheres, e desenhar um plano de ação para promover a diversidade. São mais de 40 grandes empresas que já aderiram ao programa. A lista completa está no site da Secretaria de Políticas para as Mulheres [da Presidência da República]. Como sensibilizar as empresas? O Ceert faz algum trabalho para mudar a mentalidade dos empresários? Sim, o Ceert faz, mas sentimos falta de uma ação mais incisiva do Ministério do Trabalho. O Estado brasileiro tem responsabilidade diante da situação de desigualdade. Promover a igualdade, desenvolver campanhas, incluir dados de cor e raça nos cadastros são previstos pela legislação. O governo tem que cobrar. Quais os países mais desenvolvidos na questão da promoção da diversidade? Estamos fazendo uma pesquisa, coordenada pelo Dr. Daniel Teixiera, do Ceert, justamente para levantar esses dados, mas ainda não está concluída. Uma das coisas apontadas pelo estudo é que empresas que atuam no Brasil mas têm suas matrizes no exterior possuem um bom programa de diversidade implantado em seus locais de origem, mas isso não acontece quando chegam aqui. Como o Brasil se posiciona nessa escala? O Brasil está entre os países mais desiguais do mundo em termos de gênero e raça. E os esforços que estão sendo feitos para mudar isso dentro das empresas estão apenas começando. TN Petróleo 97

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suplemento especial

Dow e Log-In inauguram armazém sustentável no Porto de Santos

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projeto foi desenhado de forma a atender aos princípios do sistema Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) para construções de baixo impacto ambiental e conta com diversas soluções sustentáveis da Dow. Os critérios de desempenho do Leed avaliam o uso dos recursos naturais, a redução na geração de resíduos e emissões, a viabilidade econômica e o respeito às comunidades do entorno do projeto, antes, durante e depois de suas obras. Diversas iniciativas foram adotadas para atingir estes objetivos: • Redução de mais de 40% no consumo de água, por meio do uso de dispositivos economizadores de água potável e por meio de coleta de águas pluviais para uso na operação das fábricas e também em vasos sanitários e mictórios. • Instalação de sistemas de iluminação e refrigeração automatizados e com alta eficiência energética, que reduzem em 13% do consumo de energia. • Sistema de aquecimento de água por meio de energia solar. • Utilização da solução da Dow Telhado Branco®, revestimento impermeabilizante que reduz os efeitos das ilhas de calor por meio do seu alto índice de refletância. Estudos mostram que esta solução confere ganho considerável em eficiência energética, reduzindo em até 5° a temperatura interior e em até 18° a

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Fotos: Divulgação

Utilizando a ciência e expertise da Dow, empresa do setor químico, a Log-In Logística Intermodal inaugurou um armazém com tecnologia de ponta e características sustentáveis no complexo fabril da Dow no Guarujá (SP). O espaço, que traz modernas estruturas e um conceito verde de baixo impacto ao meio ambiente, terá 5.500 m2 com capacidade para cinco mil posições pallet de carga seca, o que representa um volume aproximado de 4 mil toneladas de produtos Dow.

temperatura da superfície externa do telhado. O produto tem ainda alta durabilidade e resistência à exposição. • Utilização do verniz acrílico Primal RT 4040, revestimento 100% base água, pronto para aplicação, resistente à água e aos raios UV e que promove maior durabilidade e proteção de diversas superfícies, como concreto, e telhas de fibrocimento, concreto, e cerâmica. Possui ainda baixo teor de COVs (Compostos Orgânicos Voláteis), o que contribui para a melhor qualidade do ar e redução da poluição atmosférica. • Desenvolvimento e implementação de um plano de gerenciamento dos resíduos da construção, no qual todos os materiais utilizados foram triados

e encaminhados para reciclagem ou para reaproveitamento na obra. • 11,34% dos materiais usados tinham conteúdo reciclado. Além dos critérios do Leed, o espaço conta ainda com modernas técnicas de engenharia e segurança, como, por exemplo, pisos nivelados a laser e com sistema protendido (que garante maior resistência e redução de gastos com recuperação de juntas); sistema de armazenamento verticalizado com seis níveis de altura; vão livre entre colunas internas de 30 m; docas de carga e descarga com niveladores e portas automatizadas; galpão construído em módulos para contemplar futura expansão; sistema computadorizado de controle de estoque; sistema de combate a incêndio automatizado com rede de hidrantes e sprinklers e detectores de fumaça e infravermelho; além de uma Estação de Tratamento de Esgoto própria, que tratará 1.600 litros de esgoto por dia para prover água para fins industriais nas plantas da Dow no local.


Com o armazém, a Dow reduzirá seus custos com transporte ao mesmo tempo em que reduz sua pegada ambiental. No novo espaço, a Dow armazenará produtos como surfactantes (usados em produtos de limpeza, por exemplo), polióis (usados em espumas para colchões e estofados), e biocidas (soluções para controle microbiano) para os próximos anos, e reduzirá em 30 t/ano suas emissões de CO², graças ao uso mais eficiente de sua estrutura e à otimização do transporte de matérias-primas. “O desenvolvimento sustentável é a base das nossas relações com nossos stakeholders e um elemento essencial na visão da Dow e, portanto, deste complexo industrial”, diz Diego Arango, diretor industrial da Dow para o complexo do Guarujá. “Aliado ao conceito de baixo impacto ambiental deste armazém, estão os benefícios relacionados à localização estratégica do novo espaço, próximo ao maior porto da América Latina, em Santos, e a alguns de nossos principais clientes, o que nos proporcionará uma economia de cerca de R$ 1 milhão por ano”, completa o executivo. Dow e Log-In já atuam em parceria desde 2011, no terminal exclusivo da Log-In em São Francisco do Sul (SC). No novo projeto, além de ser responsável pela construção do espaço, a Log-In atuará como operador logístico,

recebendo a carga que chega de outras plantas da Dow ao redor do mundo, fazendo o descarregamento dos contêineres, armazenagem e posterior expedição para os clientes da Dow no Brasil. “A administração deste armazém é mais um passo na diversificação da nossa atuação, que vai muito além da navegação”, afirma Vital Jorge Lopes, presidente da Log-In. “A companhia oferece soluções logísticas integradas para movimentação de cargas na cabotagem e no Mercosul, por meio marítimo, complementado pelo modal rodoviário para serviços porta-a-porta”, diz Vital. A expertise da Log-In na movimentação portuária inclui a administração e armazenagem de carga

em um terminal portuário e dois terminais multimodais terrestres. No serviço de cabotagem, a companhia está presente em 14 portos no Brasil e Mercosul e opera uma frota de sete navios porta-contêineres. O modal é o que possui menor impacto ambiental, com ampla redução de CO2. A Log-In se uniu às empresas de desenvolvimento imobiliário Alianza e Brenv para construir o armazém. Na fase de construção, o empreendimento foi responsável pela contratação de cerca de 450 profissionais. A Log-In também será responsável pela administração do espaço durante a vigência do contrato. O empreendimento conta com uma equipe especializada responsável por sua operação, oriundos da região do Guarujá.

Há pouco mais de 170 anos, chegava ao porto do Rio de Janeiro o primeiro navio norueguês carregado de bacalhau, retornando em seguida à Noruega com café e açúcar do Brasil. Desde então os dois países celebram uma longa e duradoura relação comercial. Hoje, além do bacalhau, esta parceria se estende em outras áreas, como petróleo e gás, construção naval, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, pesca e alimentação. Mais de 100 empresas norueguesas estão presentes no Brasil, sendo a maior parte nos setores marítimo e petrolífero. Convidamos a todos para visitar o pavilhão norueguês na Rio Oil & Gas 2014, onde reuniremos cerca de 25 das principais empresas norueguesas que atuam no mercado brasileiro. Encontre-nos no pavilhão 4, estandes X37, X41, X47 e Y47. Mais informações nas páginas www.innovationnorway.no/brasil e www.nbcc.com.br.

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Brazil Wind Power 2014

Fotos: R2 Comunicações

suplemento especial

Crescimento histórico em 2013

Energia eólica:

A 5ª edição do Brazil Windpower, entre os dias 26 e 28 de agosto, no Rio de janeiro, celebrou a consolidação da fonte eólica na matriz de elétrica brasileira. Promovido anualmente pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) e Grupo CanalEnergia, o Brazil Windpower contou com palestras e debates sobre os temas mais relevantes e atuais relacionados ao setor, além de uma feira de negócios com a presença de, aproximadamente, 200 expositores, representados pelas principais empresas da cadeia produtiva da indústria de energia eólica. O evento também foi palco do lançamento de um estudo inédito realizado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), sobre o diagnóstico da indústria da energia eólica no Brasil.

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painel de abertura, dia 26 de agosto teve participações das principais autoridades governamentais do setor elétrico brasileiro: o ministro de Minas e Energias, Edison Lobão, o secretário-executivo de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, do diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp e diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino. Ao longo da programação do Brazil Windpower foram abordadas as políticas voltadas para o segmento eólico, a evolução da tecnologia e as estratégias empresariais da indústria. Debates sobre climatologia e os desafios da cadeia de suprimento enriqueceram ainda mais as discussões neste ano. A agenda também contou com painéis sobre

o mercado global de energia eólica, finanças, mercado livre, além dos tradicionais debates entre fabricantes e desenvolvedores. Um dos principais destaques da cerimônia de abertura do evento foi o lançamento do Mapeamento da Cadeia Produtiva da Indústria Eólica do País, realizado pela ABDI. O diagnóstico da indústria eólica no Brasil apresentou o atual panorama da produção brasileira e aponta as potencialidades do segmento. O trabalho revelou quais itens da cadeia produtiva da indústria eólica são produzidos no Brasil, quais são importados; assinala os gargalos produtivos e identifica potenciais fornecedores. A proposta do mapeamento é contribuir para a produção de informação e conhecimento, tendo em vista fomentar políticas públicas eficientes, com base em dados estatísticos e análise crítica.

Durante o Brazil Windpower, empreendedores, consultores, empresários, executivos, fabricantes, prestadores de serviços e os profissionais envolvidos com o segmento eólico, no Brasil e no mundo, tiveram a oportunidade de expor suas inovações e trocar experiências, além de estreitar relações e ampliar a rede de contatos estratégicos. O evento teve público estimado de cerca de 2 mil visitantes, que se distribuiu entre as palestras na plenária e visitas aos estandes. Em 2013, o País apresentou recorde de contratação eólica, confirmando o crescimento histórico nos últimos anos e a necessidade de grande ampliação do parque gerador e sistemas de transmissão para os próximos anos. A evolução da fonte eólica no País e os desafios relacionados à expansão foram analisados e

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suplemento especial

discutidos pelos principais tomadores de decisão no setor elétrico brasileiro. Segundo a presidente da ABEEólica, Elbia Melo (foto), o Brazil Windpower tem a característica de refletir o momento atual da indústria. Ela comentou que na edição passada, o contexto econômico, social e político do País e também do setor eólico eram muito diferentes dos dias atuais. “Havia naquele momento um certo pessimismo a respeito do segmento, pois o ano de 2012 tinha sido muito ruim para o setor elétrico como um todo e também para o eólico, no qual se contratou somente 560 MW entre

todas as fontes de energia disponíveis”, observa Elbia. Já o ano de 2013 fechou de maneira muito diferente para o setor eólico, pois foram vendidos 4.7 GW em leilões, ultrapassando a expectativa anual do segmento, que é em torno de 2 GW. Para a presidente da ABEEólica, o evento deste ano refletirá o otimismo, a realidade

e maturidade da indústria eólica brasileira. “Passamos por uma fase de inserção, em 2010/2011, quando foram realizadas as primeiras edições do Brazil Windpower. Em 2012, já estávamos com 2 GW instalados. Neste ano já estamos na fase de consolidação e sustentabilidade da indústria de energia eólica do Brasil, tendo em vista que encerraremos o ano de 2014 com 7 GW de capacidade instalada”, destaca Elbia. O Brasil ocupa, atualmente, a 10ª posição no ranking mundial de energia eólica e esta responde por 4% da matriz elétrica nacional, com perspectiva de chegar a 12% em 2020.

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Congresso Internacional de Biogás

a importância do biogás para o desenvolvimento Após dois dias de debates e apresentações, o Congresso Internacional de Biogás chegou ao fim no dia 14 de agosto, com a perspectiva de uma mudança no olhar dos governos e instituições internacionais a respeito do biogás como fonte de energia. Representantes de 16 países da América Latina participaram do encontro, que começou no dia 13, expondo experiências, sucessos e desafios do trabalho com o biogás. “Eventos como esse ajudam a fazer com que o olhar sobre o biogás deixe de ser pontual, estritamente energético”, avaliou Cícero Bley Jr., superintendente de Energias Renováveis da Itaipu Binacional. “Como o que interessa aos governos é uma produção de energia em grande escala, o biogás acabava sendo deixado de lado. Agora, já se sabe que, de um ponto de vista sistêmico, o biogás tem grande valor para o desenvolvimento.” No encerramento do Congresso, foi anunciada a elaboração de uma carta de recomendação com as propostas de políticas públicas para o biogás levantadas pelos participantes. O jornalista Washington Novaes será o responsável por reunir as sugestões dos grupos de trabalho em um único documento. A primeira versão deve ficar pronta até o final de agosto e os representantes das agências internacionais garantiram apoio na divulgação da versão final. As propostas para a carta de recomendação foram elaboradas por cinco grupos de trabalho e apresentadas pouco antes do encerramento. Cada grupo focou em um tema: políticas para programas de biogás; marco regulatório de

biogás; marco institucional do biogás; programas de capacitação em biogás e inclusão do biogás na agricultura familiar e desenvolvimento rural. “O que vimos nesse congresso foi o trabalho conjunto de pessoas muito capacitadas para abordar uma questão relacionada a muitas facetas”, disse Ricardo Dornelles, diretor do departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. “O biogás não é só energia, é também agricultura, pecuária, economia. Temos que trabalhar de forma colaborativa, para criar uma política ampla, homogênea e duradoura para o biogás.” Minoru Takada, diretor da iniciativa Sustainable Energy for All (SE4ALL) e conselheiro sênior para Políticas do secretário-geral da ONU, reforçou a importância da integração para fortalecer o investimento em energias renová-

veis. “Estamos formando uma força global a favor de um projeto que garantirá melhores condições de vida a milhares de pessoas em todo o mundo”, disse. O Seminário Internacional de Biogás reuniu ações da Força Tarefa 37 – Biogás-Espelho, criada em abril pela Agência Internacional de Energia (IEA), e teve o apoio da Itaipu Binacional, Organização Latino-Americana de Energia (Olade), escritório regional da FAO para América Latina e Caribe, Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura (IICA), Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), Ministério das Relações Exteriores e de Minas e Energia. TN Petróleo 97

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suplemento especial Resíduos Sólidos: Inovações e Tendências

Boas práticas de gestão ambiental em pequenas empresas Evento reuniu 500 representantes empresariais, do governo, de universidades e organizações não governamentais para debater a gestão de resíduos sólidos no Brasil

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mpresas de pequeno porte apresentaram boas práticas de gestão dos resíduos sólidos e de preservação ambiental na terceira edição do projeto CNI Sustentabilidade, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no dia 20 de agosto, no Rio de Janeiro. Com o tema Resíduos Sólidos: Inovações e Tendências, o evento reuniu mais de 500 participantes, entre representantes de indústrias, governo e sociedade civil para debater alternativas de implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, publicada em 2010. Os casos de sucesso integram o Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), realizado pela CNI em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com o objetivo de aumentar a competitividade de micros e pequenas empresas. Essas experiências, que estão relatadas na publicação Melhores Práticas em Ações Ambientais, têm em comum a possibilidade de serem adotadas em outros negócios país afora. Ao todo, são 14 casos de sucesso desenvolvidos por 300 empresas nos estados de Alagoas, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe.

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Na capital fluminense, por exemplo, 21 indústrias do setor gráfico foram capacitadas para receber o selo FSC (Forest Stewardship Council / Conselho Brasileiro de Manejo Florestal), o certificado de que o papel é produzido de forma ambientalmente sustentável, por meio do manejo florestal. Com o selo, as empresas atendem a uma série de exigências do mercado e ganham competitividade. “Por meio do Procompi, conseguimos a Certificação FSC, sobretudo, porque percebemos que algumas empresas de grande porte só compram com fornecedores que possuem esse selo”, disse o empresário Osmar Santos Filho, da Gráfica Onida.

e estopas contaminadas, ajudou as empresas a diminuir, em média, 12% a geração de resíduos, em 9% no consumo de energia elétrica e em 7% os custos totais. Outra experiência de sucesso vem do Ceará, onde indústrias de sorvete – setor que cresceu 150% na última década no estado – passaram a usar os insumos de forma mais racional. Empresários receberam capacitação e consultoria do Procompi para aumentar a produtividade e adotar medidas de redução do impacto ambiental no processo de produção. A partir das ações, conseguiram identificar usos potenciais para os resíduos antes descartados. O bagaço do coco usado para a produção de sorvetes passou a ser usado no fogo das caldeiras em que é fabricada a calda do sorvete. A água utilizada na produção, por sua vez, passou a ser reaproveitada para a limpeza da fábrica. O lixo é separado e reciclado.

Resultados positivos – No Paraná, 37 empresários do setor de reparação de veículos foram capacitados a adotar técnicas de gestão que aliam o aumento na competitividade à preservação ambiental. O uso racional de produtos como óleos lubrificantes, líquidos de limpeza do radiador

Competitividade – Os projetos apresentados no CNI Sustentabilidade foram executados pelas federações estaduais de indústrias, em parceria com o Sebrae, e contam com a participação dos sindicatos empresariais. Nos 14 anos de existência, o Procompi beneficiou 7,4 mil empresas de 23 setores.


Economista indiano defende emprego para redução da desigualdade

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economista indiano Deepak Nayyar, da Universidade de Jawaharlal Nehru, em Nova Delhi, durante palestra na FGV-Eesp (Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), falou da importância do emprego para a economia mundial, levando-se em conta não apenas países em desenvolvimento, mas também os industrializados. Para Nayyar, o emprego pode oferecer uma solução sustentável aos problemas associados ao menor crescimento e ao aumento rápido da desigualdade enfrentada pela economia mundial. É o caminho a seguir para estimular o crescimento e reduzir a desigualdade. Segun-

do o economista, as quedas do crescimento econômico e da criação de emprego estão associadas à piora da distribuição de renda. Ao mesmo tempo, uma deterioração da qualidade do emprego tem acentuado as desigualdades econômicas. Após a palestra, Nayyar lançou o livro A corrida pelo crescimento: Países em desenvolvimento na economia mundial, no qual avalia – sob a ótica da economia, das ciências sociais e das relações internacionais – os países em desenvolvimento des-

de o início do segundo milênio, quando todos estavam em um patamar similar. Mostra ainda que, de 1950 a 2010, somente 14 países subdesenvolvidos lograram o salto qualitativo para o emparelhamento (ou catch up, na linguagem dos economistas) com os mais ricos. E nem sempre esse crescimento se traduziu em desenvolvimento. Em sua visão, inovação tecnológica é crucial para que os países em desenvolvimento possam dar o salto que precisam. Segundo o economista, esta continua a ser a fronteira final que Coreia do Sul e Taiwan conseguiram cruzar, mas Índia, China e Brasil ainda precisam alcançar.

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suplemento especial

Debate sobre recursos naturais Shell reuniu representantes do governo, ONGs, acadêmicos e setor privado em torno da interdependência de alimentos, água e energia No dia 13 de agosto, a Shell realizou pela primeira vez no Brasil o evento Impulsionando o Progresso Juntos, na cidade do Rio de Janeiro, que discutiu a interligação entre alimentos, água e energia em um cenário de aumento da população e da crescente demanda pelos recursos naturais. A cooperação entre os diferentes setores da sociedade e a urgente necessidade de mudança nas discussões sobre recursos foram os principais pontos do encontro. As discussões de Impulsionando o Progresso Juntos foram iniciadas com a palestra “Os desafios da relação entre energia, água e alimentos e o papel do setor privado na promoção da economia verde”. Na sequência foram realizados painéis simultâneos sobre Energia, Água e Alimentos, que discutiram os temas considerando o contexto político, econômico e social em todo o mundo. Após as discussões temáticas, os moderadores de cada mesa apresentaram as conclusões dos grupos, e foi elaborado um documento com o objetivo de contribuir para decisões futuras de diversos setores. Cada um dos três temas foi discutido em mesas exclusivas, compostas por especialistas de cada setor. A questão energética foi debatida sob a visão de que a diversificada matriz brasileira – na qual se destaca a energia hídrica – pode ser mais bem aproveitada. A menor dependência dos recursos hídricos, a diversificação de fontes energéticas e um diálogo mais aprofundado entre sociedade e os setores público e privado também foram soluções apontadas pelo grupo. No painel “Água: o grande desafio do século XXI?”, comentou-se a privilegiada situação do Brasil, que conta com grande parte da água doce do mundo. A interligação com países vizinhos também ficou evidenciada, uma 110

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vez que boa parte das águas brasileiras não nasce no país. A cooperação entre as diferentes nações é, portanto, essencial para a manutenção dos recursos hídricos existentes. Outras medidas urgentes são o saneamento básico universal, a redução do desperdício e a diminuição da dependência do regime de chuvas, com o uso de reservatórios de água ou de águas subterrâneas, por exemplo. O envolvimento de toda a sociedade em torno da questão da água também foi lembrado através do conceito de “pegada hídrica” para bens de consumo. No painel “O futuro dos alimentos: como suprir a crescente população de forma responsável” falou-se sobre o desperdício de cerca de 30% dos alimentos produzidos no planeta. No cenário brasileiro, a tecnologia foi apontada como caminho para incrementar e transformar o processo produtivo. Foram citadas inovações como agricultura urbana – que amenizaria gargalos como falhas de logística e poderia reduzir o desperdício de alimentos graças à maior proximidade do consumidor final – e a manipulação genética, que poderia reduzir o uso de água pela agricultura, que atualmente responde por 70% do consumo do recurso no país.

O evento contou com a participação de representantes de empresas, ONGs, governo e acadêmicos. Entre os palestrantes estão especialistas internacionais, como Wim Thomas, chefe da Equipe de Análise Energética do Grupo de Cenários Globais da Shell, integrante do Conselho Mundial de Petróleo e do grupo de cenários de energia do Conselho Mundial de Energia; Kevin Noone, diretor da Secretaria Sueca de Ciências do Sistema Terrestre Ambiental, pesquisador do Instituto de Resiliência de Estocolmo, vice-presidente do Grupo Internacional de Agências de Fomento e vice-presidente do Conselho Transdisciplinar para o Programa Comum Europeu sobre Clima; e Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e coordenadora do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Sobre a série Impulsionando o Progresso Juntos – Iniciada em 2012 na Holanda, a série Impulsionando o Progresso Juntos (Powering Progress Together) reúne alguns dos maiores pensadores do mundo em economia, negócios, governo e sociedade para discutir desafios energéticos futuros, partindo do princípio de que o aumento da população global e da prosperidade econômica provocam maiores desafios sobre recursos vitais do mundo. A Shell acredita que esses desafios podem ser solucionados através da cooperação entre as diversas partes da sociedade, e por isso lançou a série Impulsionando o Progresso Juntos em todo o mundo com o objetivo de facilitar o diálogo sobre estes temas. Além da edição holandesa de 2012, outros eventos já foram realizados na Alemanha, Filipinas, Turquia e Estados Unidos.


Setor eólico ganha investimentos de 30 milhões de euros Andrade Gutierrez e Alstom anunciam joint venture para mercado eólico no Brasil.

Foto: Divulgação Alston

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Andrade Gutierrez, um dos maiores grupos de infraestrutura na América Latina, com operações em mais de 45 países ao redor do mundo, e a Alstom, fornecedora global de equipamentos e soluções para geração de energia, incluindo o mercado eólico, anunciam a criação de uma joint venture (TEN / Torres Eólicas do Nordeste) com o propósito de construir e operar uma fábrica na Bahia para produzir torres de aço para aerogeradores. A fábrica receberá investimentos de cerca de 30 milhões de euros e será composta 51% pela Andrade Gutierrez e 49% pela Alstom. A inauguração da planta está prevista para o segundo semestre de 2014 e a fábrica terá capacidade de produzir 200 torres metálicas por ano em uma área construída de cerca de 22.000 m² e em um terreno com cerca de 140.000 m². A fábrica vai gerar cerca de 250 empregos diretos e 600 indiretos que, em sua maioria, serão ocupados pela comunidade local. A unidade será instalada em Jacobina, cidade com 80 mil habitantes e a 350 km de Salvador. A cidade fica próxima aos principais projetos eólicos atuais e potenciais da região – cerca de 80% dos parques eólicos nacionais ficam na região Nordeste. “É muito

importante para os clientes locais contarem com fornecedores próximos de seus parques eólicos. Isso reduz os custos logísticos, tempo de entrega e aumenta a garantia de segurança no transporte deste grande equipamento. Isso traz ainda mais eficiência aos processos”, informa Marcos Costa, presidente da Alstom Brasil. Reconhecendo a importância da energia eólica para o mix energético brasileiro e seu enorme potencial de crescimento, a Andrade Gutierrez se reorganizou de forma diferenciada para se posicionar como integradora dessa indústria. A empresa é capaz de gerenciar as inúmeras interfaces dos diferentes serviços exigidos para a

construção de um parque eólico, e expandiu sua implementação para construir acessos, sistemas elétricos e de transmissão, instalação de aerogeradores, e agora a fabricação de torres. Assim, a empresa planeja aumentar o fornecimento de projetos com qualidade, cronogramas de operação garantidos e confiabilidade de custos. Esta será a terceira unidade eólica da Alstom na América Latina. A primeira foi inaugurada em 2011, em Camaçari, também na Bahia, para a fabricação de naceles, e a segunda foi inaugurada em 2013 em Canoas, Rio Grande do Sul, para a fabricação de torres para o mercado do sul do Brasil e países vizinhos como Argentina, Chile e Uruguai. A Alstom está contribuindo também para o desenvolvimento da cadeia de suprimentos de nacelles, torres, hubs e pás e se posiciona como um importante player na região. A Alstom já instalou mais de 2.600 aerogeradores em mais de 200 parques eólicos ao redor do mundo, fornecendo mais de 5.000 MW de energia. A Alstom projeta e fabrica aerogeradores onshore e offshore de 1,67 a 6 megawatts, além de fornecer soluções para todas as condições geográficas e climáticas.

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suplemento especial

Pequenas e médias empresas inovam com o

marketing relacionado a causas Marketing é uma palavra geralmente associada a todos os tipos de segmentos: moda, varejo, automóveis, B2B. Há os que a utilizam acompanhada de conceitos, como marketing de guerrilha, de luxo, digital, verde, entre outros. Assim, a palavra acabou se desgastando e aparecendo com a ideia de comunicação, sendo muitas vezes utilizada de forma errada na linguagem popular.

Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade e estilo de vida.

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e digitarmos, em um buscador da internet, a palavra marketing juntamente com pequenas e médias empresas, aparecerão milhares de consultorias, passo a passo, dez motivações disso e aquilo, marketing específico para a área e afins, etc. Mas como podemos associar esta palavra a causas? De acordo com o Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), o marketing relacionado a causas é uma forma de promover alianças estratégicas entre empresas e organizações da sociedade civil (OSCs), estimulando o investimento social e mobilizando consumidores e toda a sociedade a contribuírem com diferentes causas sociais. São ações que as empresas realizam em conjunto com uma ONG, governo ou movimento social para poder ter um ganha-ganha, financeiro e de visibilidade. Grandes empresas utilizam esta ferramenta para criar um elo emocional juntamente ao seu público-alvo e promover ainda mais o seu movimento de responsabilidade social corporativa. É lógico que este tipo de ferramenta não será utilizada se a empresa tem um ‘telhado de vidro’ muito fino. Ou seja, a empresa viabiliza lindos projetos de marketing relacionado a causas com grandes e famosas ONGs e não cuida do básico da sustentabilidade e da responsabilidade social. Sim, estou falando do cuidado com a gestão de resíduos, bom relacionamento com funcionários, fornecedores, gestão da água, respeito aos direitos humanos, respeito aos direitos trabalhistas, enfim, todos estes indicadores que estas grandes corporações colocam no seu relatório anual de sustentabilidade e/ou responsabilidade social corporativa. A base do marketing relacionado a causas é que a empresa tenha um mínimo de instrumentos e gestão dos seus ativos e projetos de desenvolvimento sustentável, caso contrário esta ação será somente uma falsa impressão que poderá ser um processo reverso de comunicação. Um exemplo bem atual de marketing relacionado a causas é a empresa de automóveis Hyundai, parceira da Copa do Mundo 2014. Ela escolheu seis instituições sociais para fazer o Fan Park Social Hyundai, um evento no qual criou uma área especial para exibição dos jogos do Brasil no torneio. A empresa ainda chamou o jogador Kaká para ser o embaixador da ação e convidar o pessoal das redes sociais para conhecer a ação e escolher uma das organizações para ganhar um carro da empresa. Lógico que uma pequena e média empresa não consegue fazer uma ação deste porte e com toda essa mídia, mas é possível inovar com o tema dentro de sua realidade. O primeiro passo é verificar qual o seu público e de que tipo de causa ele está mais próximo. Não é necessária uma grande pesquisa de mercado e sim uma conversa com algumas pessoas e, quem sabe, uma votação. Neste momento podem ser escolhidos uma ONG ou um grupo filantrópico nos arredores do estabelecimento ou indicado por alguém próximo. Certificar-se da idoneidade deste parceiro é fundamental! Pode ser até uma organização na qual o empreendedor esteja envolvido direta ou indiretamente. Com isso, deve-se estabelecer uma ação em que ambos ganhem e, se produzir retorno financeiro para ambos, melhor ainda. Para a pequena e média empresa o retorno de visibilidade já é bem bacana, até porque hoje grandes empresas que se dizem mais sustentáveis nas suas licitações já questionam o que seus fornecedores estão fazendo em termos de responsabilidade social corporativa. E qual pequena e média empresa não quer ser fornecedora de organizações como estas? Para a ONG, o ganho financeiro é fundamental para o aumento da sua atuação junto ao seu público beneficiário. Enfim, a busca pela inovação é uma necessidade diária no mundo das pequenas e médias empresas. Juntar este tema com o marketing e as causas é realmente um desafio. Mas quem não gosta de superar um desafio? Principalmente quando o objetivo é melhorar o mundo e a sociedade?


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suplemento especial

O desafio iminente

da sustentabilidade

O fato de numerosos municípios brasileiros não terem erradicado os lixões até 2 de agosto, descumprindo o prazo estabelecido pela Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, deixa em aberto um grande desafio ambiental. É muito importante acelerar o processo para recuperar esse atraso, considerando o significado da medida para a qualidade da vida.

Ariovaldo Caodaglio é cientista social, biólogo, estatístico e pós-graduado em meio ambiente, é presidente do Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo).

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lém disso, verificam-se avanços significativos nos serviços de limpeza pública e coleta que precisam ser devidamente acompanhados na ponta da deposição final. Um exemplo dessa melhoria observou-se por ocasião da Copa do Mundo. Em todo o Brasil, estima-se que foram geradas 15 mil toneladas adicionais de resíduos sólidos urbanos, incluindo o total inerente ao turismo, estádios e Fan Fests nas cidades-sede. Felizmente, essa grande demanda extraordinária foi atendida com eficácia, como se observa em alguns casos pontuais. As partidas realizadas na arena Mané Garrincha, no Distrito Federal, resultaram em mais de 43 toneladas. As cidades em que se estima maior geração total são Brasília (1.827,66 toneladas), São Paulo (1.681,20), Rio de Janeiro (1.616,63) e Fortaleza (1.467,16). A Vila Madalena, bairro da capital paulista que apresenta concentração de milhares de pessoas, incluindo torcedores estrangeiros, nos dias de jogo foi recoberta de resíduos após as partidas. Porém, os serviços de limpeza e coleta restabeleceram com agilidade a sua limpeza. Este caso específico de São Paulo é emblemático, pois na cidade já não existem lixões. Todo o rejeito tem sua disposição final em aterros sanitários, como define a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O município aprovou no início de 2014 seu Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que se encontra em execução e tem total aderência à Lei Federal de Saneamento Básico e às políticas nacionais da área; Mudanças do Clima; e Educação Ambiental. Dentre as medidas previstas, destacam-se: construção de aterros sanitários, estações de transbordo e ecopontos; expansão da coleta seletiva e de estações de triagem; e projetos pilotos de compostagem doméstica. Avanços tecnológicos disponibilizados pelas empresas concessionárias dos serviços de limpeza e coleta alinham a cidade ao que há de mais moderno. Incluem-se nisso equipamentos como uma estação de transbordo que opera à pressão negativa, garantindo o total tratamento do ar que vai para o entorno, e projetos pilotos de coleta mecanizada subterrânea e de superfície, com os mesmos equipamentos utilizados em Barcelona, na Espanha. Recentemente, inaugurou-se a primeira Central Mecanizada de Triagem, que traz ao país a mais avançada tecnologia hoje disponível (alemã, francesa e espanhola) para otimizar a reciclagem. É preciso disseminar esses avanços por todo o Brasil e agilizar a erradicação dos lixões, recuperando-se o tempo perdido. Tais providências garantirão grande avanço na área ambiental e melhoria das condições da vida nos centros urbanos. No tocante aos resíduos sólidos, já vencemos alguns desafios, mas precisamos recuperar o tempo perdido com o descumprimento do que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos.


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O Fator Humano É comum, em organizações empresariais intensivas em capital, considerar-se que mão-de-obra treinada e de bom nível escolar é a receita para o sucesso. Mas como, não é? Por trás dessa concepção está uma premissa, às vezes inconsciente, de que o fator humano é tão mecânico e ajustável quanto válvulas e dutos que se conectam a vasos de pressão, caldeiras e reatores!

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Wanderlei Passarella é mestre em Administração de Empresas e bacharel em Economia pela FEA-USP, e também Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da USP. Pós-graduado na Abordagem Transdisciplinar Holística, pela Unipaz/FSJT. Atualmente dirige a Synchron Participações e é coach de executivos. Foi diretor presidente da GPC Química S/A e da Petroflex S/A. Também foi diretor geral da Menasha Materials Handling South America e exerceu cargos gerenciais na Nitroquímica (Grupo Votorantim) e Ipiranga Química.

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or esse viés paradigmático, bastaria buscar pessoas qualificadas, estabelecer certas regras de trabalho, treinar e retreinar, chefiar de perto o que está ocorrendo e tudo fluirá conforme o planejado... Afinal, o maior investimento no ativo fixo é o principal fator de resultados. Nesse pesado investimento estaria a principal força competitiva, segundo esse viés. Mas, a realidade é diferente. Confundem-se várias coisas: pessoas qualificadas com pessoas motivadas; regras aprisionadoras com disciplina libertadora; e chefia intimidadora com liderança criativa. Em minha trajetória profissional como executivo em empresas químicas e petroquímicas, constatei que a real compreensão do papel das pessoas em empresas intensivas de capital é um dos principais fatores de sucesso: na estratégia, na execução, na segurança das operações, no esforço extra para encantar o cliente, na capacidade de competir globalmente e em muitos outros pontos. Infelizmente, o que vi e ainda vejo é considerarem as pessoas como parte do ativo (pessoas não são ativos, nem recursos); há uma distorção conceitual que leva aos erros e desrespeitos citados (qualificação x motivação, regras x disciplina, chefia x liderança). E que, via de regra, torna o negócio menos competitivo, mais difícil ou até inviável. A combinação de qualificação, regras e chefia (ao invés de motivação, disciplina e liderança) conduz a resultados de curto prazo, às vezes financeiramente interessantes, mas não sustentáveis ao longo do tempo. Essa sustentabilidade, definitivamente, depende de pessoas, em todos os níveis organizacionais, motivadas, competentes, disciplinadas e imbuídas do espírito de trabalho e liderança. A proposta é que se busquem pessoas qualificadas, sim. Porém a qualificação, per se, é condição necessária, mas não suficiente. Há pessoas muito bem formadas em ótimas escolas, que aperfeiçoaram suas mentes, mas não desenvolveram seus potenciais humanos. Além da qualificação, faz-se necessário um ambiente propício à motivação, para que as nossas capacidades potenciais latentes possam ser utilizadas. E aí está um nó atávico, porque “ninguém motiva ninguém”. Motivação não se consegue por decreto, nem por mecanismos exteriores. Ela vem de dentro dos corações dos profissionais, que se identificam com seu ambiente de trabalho, encontrando ali valores como confiança, relações construtivas, reconhecimento e oportunidades de desenvolvimento. O princípio ‘padrões de trabalho apoiados em regras’ é também uma forma de garantir qualidade. As normas ISO e mesmo os conceitos da


Gestão por Qualidade Total, tão bem elaborados por Deming e Juran no pós-guerra, são ferramentas poderosíssimas para se trabalhar a constância de propósitos e a garantia de menor índice de rejeitos e de defeitos. Assim, regras são importantes. Por outro lado, elas são cegas. É famosa a expressão shit-in, shit-out para designar que um corpo de regras pode cuspir para fora do sistema, de forma organizada e coesa, um bocado de coisas sem valor que entraram sem o menor descaramento no sistema e foram processadas resultando em nada. E também podem perpetuar uma vida no trabalho anacrônica e sem sentido. Marcus Buckingham tornou-se famoso ao publicar o livro Primeiro quebre todas as regras. Sim, porque regras existem para facilitar o trabalho, mas que, com o tempo, podem se tornar uma barreira. Elas estão do lado de fora tentando governar. em vez das regras, o que precisa ser ressaltado é que a verdadeira função da qualidade é a disciplina. Desta, poucos se atém, mas foi largamente preconizada pelos grandes mestres do espírito humano. A disciplina é libertadora e vem de dentro, enquanto as regras podem ser aprisionadoras e vêm de fora. Novamente um nó atávico: a disciplina dos grandes transformadores só se desenvolve se o ambiente valorizar o elemento humano e permitir experiências, erros e acertos, e um trabalho em equipe de boa envergadura!

A questão da chefia é, talvez, a mais complicada de todas. Porque chefes são nomeados, enquanto líderes emergem pelo respeito e legitimidade de sua influência construtiva. Mas, a contratação e a promoção de chefes ocorrem, na maioria das vezes, pela avaliação enviesada das qualificações técnicas e não pelo equilíbrio dinâmico entre competências técnicas e humanas. Contratamos chefes pela sua experiência e curriculum acadêmico, e os demitimos por suas incompetências relacionais e suas atitudes incongruentes! Chefes ilegítimos acabam tendo que se afirmar pelo poder e pela força. Pouquíssima atenção é dada, na maior parte dos casos, à identificação e desenvolvimento das potencialidades de Liderança das posições de comando. E digo aqui Liderança com “L” maiúsculo, aquela que desperta nos homens sua disposição de agir em prol de si e dos outros e permitir que todos possam superar suas limitações. Uma verdadeira liderança olha para a qualidade da equipe e promove o trabalho conjunto; compreende as luzes e sombras dos seres humanos, e os auxiliam em seu caminho de evolução e na busca de resultados amplos. Uma Liderança efetiva é composta por Líderes Integrais ao pé da letra. Eis aqui outro nó atávico! Assim, em função de tais mal-entendidos e desconhecimentos, as empresas continuam exploran-

Uma história fortalecida pelo tempo e renovada a cada dia:

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suplemento especial do seu potencial humano de forma subotimizada e acreditando no viés paradigmático do investimento nos ativos, como forma única e isolada de obtenção de resultados. É uma pena que, em pleno século XXI, ainda estejamos presos a esse círculo vicioso dos resultados em curto prazo e da formação lenta e gradual, pelas indisposições formadas no ambiente humano, de bolhas de destruição da capacidade de exploração do potencial latente. Em última instância, por conta de tais distorções conceituais, deixa-se de lado a possibilidade de obtenção da sustentabilidade verdadeira (e não aquela de fachada, para ganhar prêmios e maquiar a verdade). Mas, há como sair dessa falácia. Em primeiro lugar, quando acionistas e dirigentes compreenderem profundamente que uma empresa é um organismo sócio técnico. Assim, há um componente humano importante e não há como se pensar apenas no vetor técnico-financeiro. Resultado financeiro é uma consequência de um trabalho total bem feito. Se por um lado há riscos no processo empresarial, por outro lado não há como mitigar esses riscos encarando as pessoas como ativos ou recursos. Esse é o caminho para o fracasso em longo prazo. Ao mudar o enfoque e balancear o foco no investimento fixo e no investimento humano a chance de retorno

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aumenta, provavelmente, melhor do que uma simples poupança (quando há poucos riscos). Em segundo lugar, permitindo que a disciplina seja cultivada no âmago da organização. James Collins e Jerry Porras, em seu emblemático livro Feitas para Durar, preconizaram que o que torna uma empresa longeva é o foco em três dimensões: pensamento disciplinado, processos disciplinados e pessoas disciplinadas. Lembrando outra vez que só se consegue que as pessoas se disciplinem se estas assim o desejarem profundamente. Se elas enxergarem no ambiente de trabalho a oportunidade de sua libertação interior pela ação disciplinada que transforma o mundo e, consequentemente, a si mesmas. E, em terceiro lugar, a promoção da liderança verdadeira. Costumo dizer que os dois maiores acertos, no ambiente empresarial, são a escolha de um bom negócio para investir e a contratação/desenvolvimento de líderes efetivos. Não se trata de somente enviar os líderes para estudarem gestão, finanças, etc. Trata-se de desenvolvê-los em seu potencial de facilitar a eclosão de uma liderança autônoma, homens que atuem juntos em prol de um sentido e significado do trabalho e que busquem amplos resultados. É quando, finalmente, em toda a empresa se percebe uma atmosfera de Liderança Integral!


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Petróleo,

desenvolvimento sustentável e segurança jurídica

Interessante notar como a consciência global com a proteção do meio ambiente evoluiu significativamente ao longo das últimas décadas. Com a realização da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, em 2012, o conceito de desenvolvimento sustentável, cunhado pelo Relatório Brundtland em 1987, consolidou-se de modo definitivo, de tal forma que hoje já não é possível cogitar algum desenvolvimento não calcado em assegurar que as gerações futuras também possam usufruir dos recursos naturais.

Luiz Gustavo Bezerra é sócio responsável pela área ambiental de Tauil & Chequer Advogados associado a Mayer Brown LLP.

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H

oje, o meio ambiente começa a ser reconhecido por seu valor intrínseco, e já se fala até em novas formas de se medir a riqueza das nações, valorando-se a natureza e os serviços ambientais prestados, aqueles que garantem condições satisfatórias para a vida humana no planeta. O setor de energia, nesta esteira, cada vez menos pode ser visto de forma dissociada do meio ambiente. A viabilidade de qualquer projeto de energia passa por uma minuciosa avaliação de seus impactos ambientais. Na indústria do petróleo, por vezes, os desafios ambientais tornam-se questões jurídicas e o Direito Ambiental aplicado acaba sendo visto como um entrave. O Direito Ambiental na Indústria do Petróleo deve ser visto com as lentes do princípio do desenvolvimento sustentável, considerado por fundamental precedente do Supremo Tribunal Federal como “fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia”. Somente assim será possível resolver alguns dilemas de segurança jurídica hoje enfrentados por todos os atores da indústria petrolífera. Assim, um dos temas mais desafiadores é o da responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, não apenas para a indústria do petróleo e energia, mas para qualquer indústria de risco e intensivo uso de recursos naturais. O alcance da responsabilização civil por danos ao meio ambiente foi delineado em emblemático precedente de relatoria do ministro Herman Benjamin do Superior Tribunal de Justiça / STJ, que categoricamente afirma: “para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem”. A abrangência e elasticidade que nossos tribunais superiores têm conferido ao conceito do poluidor indireto e à configuração do nexo de causalidade para imputação de responsabilidade pela reparação de danos ao meio ambiente gera imensa insegurança jurídica, não somente para aqueles que efetivamente exercem a atividade de risco, mas também para todos os envolvidos na cadeia de produção, alcançando inclusive os seus financiadores. Seria possível aplicar a teoria do risco integral para imputar responsabilidade civil àqueles que financiam uma atividade? Ainda em relação ao tema, deve-se notar que a responsabilidade em matéria ambiental encontra sua principal base na Constituição Federal, em seu artigo 225, parágrafo 3º, que estabelece que “as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. Desta forma, a Constituição Federal prevê que a responsabilização por danos ao meio ambiente ocorre em três esferas independentes: civil, administrativa e criminal. Ocorre que a responsabilidade administrativa, na maioria das vezes, é confundida com a responsabilidade civil e as autoridades incumbidas da fiscalização ambiental, bem como órgãos julgadores, parecem desconhecer que a índole daquela é repressiva, em absoluta oposição a índole reparatória desta, cujo objetivo maior é a reparação de danos ao meio ambiente. Assim, a responsabilidade administrativa acaba sendo aferida de forma


objetiva e, por vezes, até solidária, em total dissonância com o previsto na legislação ambiental. Outro enorme desafio é encontrar limites para a aplicação do Princípio da Precaução, o qual determina que, mesmo em casos de incerteza científica sobre os potenciais impactos de uma determinada atividade ou tecnologia, devem ser adotadas medidas preventivas para evitá-los ou mitigá-los. Ocorre que, muitas vezes, Ministério Público e Judiciário o invocam indiscriminadamente, deturpando-o. Obras licenciadas acabam por ser paralisadas, licenças ambientais regularmente emitidas são suspensas, tudo porque o Ministério Público e o Judiciário utilizam este Princípio como verdadeira válvula de escape, sem considerar que o princípio do desenvolvimento sustentável integra o mesmo arcabouço jurídico que abriga o princípio da precaução. Não se está aqui a negar o Princípio da Precaução, efetivamente presente no ordenamento brasileiro e cuja importância é indiscutível, particularmente em uma indústria que a todo o tempo lida com o gerenciamento do risco ambiental. O objetivo aqui é refletir sobre a aplicação extrapolada deste princípio, que deve ser temperado pela proporcionalidade e razoabilidade, mas que só será adequadamente utilizado quando nosanuncio_oilgas_2014a.ai 1 8/29/14 3:24 PM so Judiciário obtiver formação especializada para aplicar o complexo Direito Ambiental.

A desregrada utilização do Princípio da Precaução gera a tendência de judicialização das questões ambientais, especialmente daquelas relacionadas ao licenciamento ambiental, e aqui já ingressamos em um outro desafio a ser vencido: tornar mais racional, célere e previsível o licenciamento ambiental. Neste ponto, com otimismo devemos celebrar a edição da Lei Complementar n. 140, do final de 2011, que fixou normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum, relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição e à preservação das florestas, da fauna e da flora. Além de estabelecer diretrizes para a cooperação entre os entes federativos, esta lei define, com base em critérios objetivos, as atribuições de cada um no que concerne à condução de processos de licenciamento ambiental. Elenca, assim, as hipóteses em que determinado licenciamento será de responsabilidade deste ou daquele ente federativo. É esta Lei que ratifica definitivamente que o licenciamento ambiental deve ocorrer em um único nível federativo. Além disso, introduz o que alguns já consideram um novo princípio do Direito Ambiental Brasileiro: o princípio do licenciador – fiscalizador primário, que em poucas palavras preconiza

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suplemento especial que a fiscalização deve ser exercida, primordialmente, pelo ente federativo que é o competente para licenciar. Sabemos que os conflitos de competência para o licenciamento ambiental, e mesmo para a fiscalização, não serão todos solucionados pelo recente diploma legal. Contudo, é inegável que a tão esperada lei complementar já incrementa a segurança jurídica das atividades empresariais na indústria do petróleo, do upstream ao downstream, abrangendo toda sua cadeia, inclusive a prestação de serviços. Ainda em relação ao licenciamento ambiental, outra desafiadora tendência que merece destaque é a de utilização de outros métodos de avaliação de impactos ambientais. No Brasil, ao longo das últimas décadas, tem imperado a utilização destas avaliações apenas para projetos considerados individualmente, sendo o Estudo Prévio de Impactos Ambientais, ou EIA, a mais ilustre, complexa e controversa delas. Todavia, mais recentemente, seja por imposição normativa, seja por exigência do Ministério Público, estas avaliações começam a ser utilizadas no planejamento, para aferir impactos agregados e estratégicos através das Avaliações Ambientais Estratégicas, Avaliações Ambientais Integradas e Avaliações Ambientais de Área Sedimentar. A tendência é que, com a multiplicação destas avaliações, torne-se mais seguro e menos penoso licenciar projetos específicos, que já contarão com um ponto de

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partida para se entender, por exemplo, as sensibilidades ambientais de determinada área sedimentar. Antes destas novas avaliações se consolidarem, muita discussão ainda haverá. Se de um lado se persegue mais segurança jurídica para toda a cadeia de petróleo e gás, por outro, esta indústria ainda engatinha na compreensão da extensão dos impactos ambientais de novas tecnologias, como o fraturamento hidráulico para a exploração do gás de xisto, objeto de projeto de lei que tramita no Congresso Nacional com o condão de impor uma moratória de cinco anos. Tampouco, há alternativas viáveis e soluções definitivas para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Certamente as questões jurídico-ambientais da indústria petrolífera são desafiadoras, sendo que apontamos aqui apenas alguns dos principais dilemas –­ entre os tantos enfrentados pelas empresas que se ocupam desde a exploração de óleo e gás até a distribuição dos derivados que movem a sociedade moderna. Os aspectos ambientais hoje impregnam a formulação de políticas públicas, e a noção de desenvolvimento só é plena através do desenvolvimento sustentável. Meio ambiente e sustentabilidade não são mais custos para a atividade empresarial, são oportunidades. Aquelas empresas que tiverem esta visão e se estruturarem para as décadas de economia verde que virão estarão em posição privilegiada.


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pessoas

Personalidade Brasil-Alemanha 2014

O presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes, acaba de ser homenageado na 20ª edição do prêmio Personalidades Brasil-Alemanha, iniciativa da Câmara Brasil-Alemanha, que desde 1995 atesta o reconhecimento público às pessoas que oferecem significativas contribuições para o fortalecimento econômico entre as duas nações. A cerimônia foi realizada no dia 31 de agosto, no Salão da Bolsa da Câmara de Comércio de

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Hamburgo, na Alemanha, às vésperas do 32º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, realizado na mesma cidade e no qual Roberto Cortes participou de um debate sobre o intercâmbio comercial entre os dois países. Em sua trajetória corporativa, Cortes se destaca pela experiência adquirida no setor automotivo. O executivo foi o primeiro brasileiro a presidir uma operação do Grupo Volkswagen na América do Sul e é o primeiro latino-americano a fazer parte da diretoria da divisão de veículos comerciais do grupo, além de integrar o management board do Grupo MAN. Em 1986, participou da criação da Autolatina, joint venture entre Ford e Volkswagen no Brasil; de 1989 a 1990 foi gerente-executivo de Estratégia de Negócios na matriz da Ford em Detroit, Estados Unidos. Com o fim da Autolatina, em 1994, foi convidado pela matriz da Volkswagen na Alemanha a assumir a posição de controller corporativo da empresa na América do Sul. Desde então, ocupou vários postos até chegar ao cargo atual, assumido em 2009, ano em que a MAN Latin America foi criada oficialmente. “Fico extremamente satisfeito em poder trazer esse prêmio para a MAN Latin America. Tenho uma proximidade muito forte com os fornecedores e conheço todos os revendedores pessoalmente, mais de 300 na América Latina. Nosso DNA é de relacionamento e isso também é outro fator importante para esse prêmio e para essa posição que a

nossa empresa ocupa no mercado”, disse Cortes sobre o reconhecimento do prêmio, considerado o mais alto concedido aos representantes da entidade. Como acontece em todas as edições, esta premiação destaca duas personalidades para representar os países. Nesta edição, Reinhold Festge, sócio-proprietário da Haver & Boecker e presidente da Iniciativa da Economia Alemã para a América Latina (LAI), esteve ao lado de Cortes para também receber as homenagens.

Prestígio no mercado Além da importante homenagem da Câmara Brasil-Alemanha, Cortes é constantemente reconhecido por sua trajetória por outras entidades. O presidente da MAN Latin America foi eleito Personalidade da Indústria Automotiva pela Editora Autodata em 2010 e “Líder do Brasil na Indústria Automotiva” no ano de 2011 em premiação promovida pelo Lide e pelo jornal Brasil Econômico. Cortes conquistou também em 2011 o título de Personalidade do Ano pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) e Personalidade de Vendas da América Latina em 2012 pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), filial Estados Unidos, em conjunto com a Federação Nacional das ADVBs (FENADVB). Em 2012 e 2014, foi eleito “Profissional de Montadora do Ano” pelos leitores da revista Automotive Business.


Lide cria unidade de energia e anuncia José Goldemberg como presidente O Lide – Grupo de Líderes Empresariais – anuncia a criação do Lide Energia, com o professor José Goldemberg no comando. A nova unidade de negócios, sonho antigo de João Doria Jr., presidente do Lide, colocará em pauta, durante os eventos, um tema muito relevante para o desenvolvimento econômico do Brasil: as diferentes fontes de energia aqui existentes. Físico, membro da Academia Brasileira de Ciência, ex-reitor da Universidade de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Física, Goldemberg – que também foi secretário de Ciência e Tecnologia e secretário de Meio Ambiente, em São Paulo, e ministro da Educação – se une a outros que fazem parte do corpo gestor do Lide: Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e presidente do Lide Internacional; Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e presidente do Lide Agronegócios; e Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil e presidente do Lide Cultura. “Trata-se de uma grande conquista para o Lide, que agora possui no seu Comitê de Gestão quatro ex-ministros de Estado, da melhor envergadura”, afirma João Doria Jr.

Fundado em junho de 2003, o Lide / Grupo de Líderes Empresariais tem 1.620 empresas filiadas (com as unidades regionais e internacionais), que representam 52% do PIB privado brasileiro. O objetivo do grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.

Global Maritime tem novo diretor de negócios no Brasil De olho no mercado de óleo e gás no Brasil, a Global Maritime, empresa norueguesa criada em 1979, oferece serviços de garantia em operações offshore (MWS), Dynamic Position – FMEA, investigação de acidentes no mar, análises de risco e segurança e visualização em 3D. Com o nome de Global Maritime Serviços Ltda, a responsabilidade de desenvolvimento de negócios no Brasil foi entregue ao engenheiro Samuel Barbosa, que atuou durante anos no mercado de certificação. TN Petróleo 97

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produtos e serviços

Enseada

Enseada Indústria Naval monta um dos mais altos guindastes do mundo A Enseada Indústria Naval montou um dos mais altos guindastes Goliath do mundo na unidade Paraguaçu, em Maragogipe (BA). O estaleiro, que tem como cliente a Sete Brasil, é responsável pela fabricação de seis navios-sonda de exploração do petróleo na camada pré-sal. A magnitude de um projeto desafiador como a construção das sondas, trouxe a necessidade de um investimento à altura em engenharia. Com peças de até 500 toneladas, o Goliath conta com uma equipe diversificada para sua montagem. São 64 profissionais de cinco nacionalidades diferentes que atuam em uma das maiores operações já realizadas no mundo para a montagem de um megaguindaste. A complexidade da montagem consiste no içamento de peças de grande volume em altitudes elevadas. Com 150 m, o equivalente a um prédio de 50 andares, e 143 m de comprimento, tamanho de um quarteirão e meio, o superguindaste é um pórtico de sete mil toneladas com capacidade de içar cargas de até 1.800 toneladas. O equipamento garante maior produtividade ao estaleiro, já que é capaz de montar megablocos. O Goliath permitirá erguer de uma só vez a torre de perfuração dos navios-sonda. Adquirido da empresa mundial Konecranes Finland Corporate, as peças estão sendo entregues em etapas em diferentes navios oriundos da Finlândia, China e Coreia do Sul. O equipamento estará completamente montado em agosto e iniciará a fase de testes e comissionamento em novembro. Formada pelas empresas Odebrecht, OAS UTC e a KHI (Kawasaki Heavy Industries Ltd.), a Enseada destina-se à construção e integra126

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Fotos: Divulgação

60 profissionais de cinco nacionalidades diferentes realizam operação.

ção de unidades offshore, como plataformas, navios especializados e unidades de perfuração. Sua matriz está localizada no município de Maragogipe (BA). Com 1,6 milhão de m2 de área, dos quais 400 mil são destinados à preservação ambiental, a Unidade Paraguaçu já é considerada um dos maiores estaleiros do país. Os investimentos da Enseada na Bahia são da ordem de R$ 2,6 bilhões, e sua carteira de contratos inclui a Sete Brasil. Atualmente, cerca de cinco mil trabalhadores atuam

na construção do empreendimento. Quando estiver operando a plena capacidade, poderá processar até 36 mil toneladas de aço por ano, trabalhando em regime de turno único, o que permite ampla margem de produção, construindo navios de altíssima especialização, que poderão ser fabricados simultaneamente. A empresa também atua no Estaleiro Inhaúma (RJ), que foi arrendado pela Petrobras em razão do contrato para conversão dos cascos de quatro navios tipo VLCC nas plataformas P-74, P-75, P-76 e P-77.


Sinop

Suporte da Red&White em tempo recorde O projeto consumiu apenas dez semanas. Resultados como integração, controle de processos e acesso às informações em tempo real já são perceptíveis. A Companhia Energética Sinop S/A (CES), detentora da concessão de exploração de energia gerada pela Usina Hidrelétrica Sinop, localizada no Mato Grosso do Sul, firmou parceria com a Red&White IT Solutions, empresa especializada em soluções gerenciais de TI, para implementação do ERP R&W Gold, que acelera e reduz os custos de implementação de sistemas de gestão SAP. A ideia de adquirir a solução desenvolvida pela Red&White surgiu devido à necessidade de organização dos processos, principalmente nas áreas financeira, fiscal, administrativa e de compras para garantir a exatidão das informações online e geração de relatórios concisos. O projeto, que foi realizado em tempo recorde com apenas dez semanas, teve início na última semana de maio e foi entregue em 1º de agosto de 2014. Com o objetivo de implantar uma solução que suportasse o seu crescimento, integrando suas áreas de negócios por meio de processos mapeados, aproveitando melhor os seus inúmeros recursos e, ainda, agilizando a tomada de decisão, a Companhia Energética Sinop adquiriu o ERP R&W Gold

para otimização de seu Back-Office, com os módulos de Gestão de Materiais e Estoque (MM), Gestão de Finanças (FI), Gestão de Ativos (AA) e Gestão de Controladoria (CO). Além disso, a equipe técnica da Red&White configurou a solução com o plano de contas específico da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) capaz de calcular as indenizações sobre os ativos de transmissão de eletricidade de acordo com as regras da reguladora. A Red&White também será responsável pela manutenção e suporte completo pós-implementação. Devido a metodologia da Red&White, que realizou workshops em vídeo e promoveu um overview das funcionalidades de cada área, os usuários não tiveram dificuldades para aderir ao novo sistema e, por isso, não

houve impacto na produção da Companhia Energética Sinop. A solução ER P R&W Gold – A Red&White investiu cerca de US$ 5 milhões no desenvolvimento do ERP R&W Gold, sistema com plataforma única de processos e informações centralizadas e integradas que oferece, em um só produto, os processos pré-configurados do SAP Business All-in-One Base Line e B.O (Business Objetc) integrados por meio de Builder Blocks com 97 funcionalidades e as melhores práticas de gestão utilizadas pela SAP. “Nossa solução traz melhorias nos processos das empresas, tornando-as mais competitivas, com informações confiáveis em tempo real permitindo melhor governabilidade. Todo o processo de implementação na Companhia Energética Sinop foi realizado com muito esmero para oferecer um software seguro e de alta qualidade”, finaliza Mariano Adsuara, diretor superintendente da Red&White.

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CTDUT

O novo laboratório do CTDUT visa possibilitar a pesquisa, o desenvolvimento de processos, novos equipamentos, ferramentas, estudos para melhoria do escoamento, sistemas de inspeção e de proteção, treinamento de operadores de dutos e terminais, entre outros testes e simulações. A construção do Oleoduto de Testes de 12” foi recentemente concluída e já está disponível para o mercado. Esse laboratório é composto de um circuito fechado de 12” com 2.700 m de extensão, ligado a um terminal para movimentação de água, óleo e gás inerte, possibilitando pesquisas e testes com fluidos multifásicos. A instalação permite a realização de pesquisas de avaliação de novos equipamentos e metodologias de transporte de fluidos em dutos aéreos e enterrados, além de testes e simulações para treinamento e qualificação de profissionais de operação e manutenção em ambiente seguro, minimizando assim acidentes ambientais e humanos, principal ameaça para as operadoras e transportadoras. O Oleoduto de Testes de 12” é de uso compartilhado, aberto a toda a comunidade dutoviária, atendendo a demanda de centros de pesquisas,

Fotos: Divulgação

Novo laboratório do CTDUT / Circuito Piloto de Oleoduto de Testes de 12”

universidades, transportadoras, distribuidoras, empresas que possuam dutos enterrados ou marítimos, além daquelas de fornecedoras de serviços e equipamentos na área dutoviária. O uso compartilhado permite que as equipes de pesquisas das empresas ou instituições interessadas participem de todos os testes e operações realizadas nos laboratórios do CTDUT, garantindo assim o efetivo controle da pesquisa, o entendimento dos resultados encontrados e o sigilo industrial dos testes realizados. O laboratório do CTDUT vai contribuir para maior segurança na operação de dutos – A operação

e manutenção dos dutos é um dos principais riscos para a integridade de dutos enterrados e submersos. O conhecimento e o desenvolvimento de técnicas são fundamentais para a manutenção da integridade da malha dutoviária, sujeita a diversidade de ambientes e riscos, e a interferências urbanas, em um cenário de constantes mudanças tecnológicas, climáticas, e de requisitos operacionais e de segurança pessoal, ambiental e patrimonial. Construído e instalado próximo ao Terminal de Transporte da Petrobras, em Duque de Caxias (RJ), estará conectado à Transpetro por meio do terminal terrestre, para recebimento e devolução dos líquidos utilizados, tornando o projeto ainda mais sofisticado. A unidade conta com três tanques que receberão diretamente o óleo que será utilizado nos testes e pesquisas. O duto acompanhará a faixa do Orbel II (Oleoduto Rio-Belo Horizonte II) e retornará ao CTDUT formando um circuito fechado, apresentando, em seu percurso, quebras de coluna com variação de altura que possibilitarão simulações mais próximas à realidade.

Wärtsilä

Wärtsilä fornecerá embarcação para o Estaleiro Rio Negro A Wärtsilä, líder global em soluções e serviços para o mercado marítimo e offshore, fechou contrato com o Estaleiro Rio Negro para fornecimento de equipamentos para um rebocador diesel elétrico 6000 BHP. A embarcação irá operar no rio Tapajós, entre Miritituba e Barcarena, no Pará, para o transporte de grãos pela Navegações Unidas Tapajós (Unitapajós) – uma joint venture entre a Amaggi e a Bunge Brasil. O acordo prevê a entrega dos equipamentos até o último trimestre deste ano. A embarcação, que será construída no Estaleiro Erin, em Manaus (AM), 128

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possuirá sistema de propulsão diesel elétrico, o que garante maior manobra e flexibilidade operacional. Com a tecnologia da Wärtsilä, é possível operar com apenas um gerador, em caso de pouca energia, o que ajuda na redução do consumo de combustível e otimiza o controle de carga. O contrato inclui a entrega de três grupos geradores de energia 9L20 (2000 KVA / 690 VCA) e serviço local. A parceria da empresa finlandesa com a Amaggi acontece há aproximadamente 23 anos – e mais de 20 embarcações da empresa já

possuem os motores da Wärtsilä, incluindo outros rebocadores. Além da parceria de longa data, a empresa possui uma base bem estabelecida na região Norte, com suporte integrado e manutenção local. “A Wärtsilä continua a expandir sua presença nas regiões Norte e Central do país. Isso nos ajuda a dar um suporte local ainda melhor aos clientes e, portanto, aumenta a confiabilidade em nossos serviços”, afirma Rodrigo Brito, gerente de vendas da divisão de Ship Power da empresa.


Fluke

Durante a 22ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética/ FenaSucro, o maior evento mundial em tecnologia e intercâmbio comercial para usinas e profissionais do setor, a Fluke, líder mundial em ferramentas de teste e medição, demonstrou a sua nova linha de analisadores de qualidade de energia e de termovisores. Focado em negócios, o evento reúne os principais fabricantes de equipamentos, produtos e serviços para a agroindústria da cana, além de milhares de visitantes técnicos e qualificados. Entre os importantes e mais recentes lançamentos que foram demonstrados durante a FenaSucro, destaque para o Fluke TI400, termovisor com tecnologia de foco automático pelo sistema LaserSharp, que detecta variações de temperatura que indicam problemas mecânicos ou elétricos, e a linha de analisadores de energia que tem como principal aplicação a análise dos parâmetros da rede elétrica visando detectar e corrigir problemas de eficiência energética. Termovisores e Analisadores – O resistente Ti400 da Fluke vem com o recurso LaserSharp de foco automático que utiliza um laser para identificar exatamente onde a câmera deve focalizar para obter sempre imagens com foco preciso. Além disso, o termovisor vem com conectividade sem fio para facilitar transferência de imagens diretamente para PCs, iPads ou

Foto: Divulgação

Fluke apresenta soluções inovadoras para o setor sucroenergético

iPhones, podendo então ser importadas para o software Fluke SmartView, conjunto profissional de ferramentas de análise e relatório para a otimização e análise das imagens infravermelhas e a produção de relatórios profissionais. Somente os Termovisores da Fluke contam com a tecnologia IR-Fusion patenteada, que mescla imagens infravermelhas e visuais em uma única exibição para melhor descobrir, diagnosticar e comunicar problemas. O Ti400 já vem habilitado para bluetooth e inclui conectividade sem fio com PCs, posicionamento e registro de GPS, streaming de vídeo, tela resistente sensível ao toque (capacitiva) para rápida navegação pelos menus, Sistema de Anotação de Foto IR-PhotoNotes, baterias inteligentes recarregáveis que podem ser trocadas em campo com indicadores do nível de carga e, ainda, medição de temperaturas elevadas de até 1.200°C.

Já a linha de analisadores de energia da Fluke tem como principal aplicação a análise dos diversos parâmetros da rede elétrica visando detectar e corrigir problemas de eficiência energética. O Analisador de Qualidade de Energia Trifásico Fluke 430 série II, principal ferramenta com algorítimo patenteado para medir desperdício de energia e quantificar custos, auxilia as empresas a reduzir o consumo de energia e melhorar o desempenho e duração de equipamentos eletromecânicos, fornecendo a justificação ROI para mitigar a distorção de qualidade de energia. Com a nova e patenteada função Unified Power do 430 série II, eletricistas, técnicos de concessionárias de energia, engenheiros eletricistas, técnicos de serviços em campo e consultores de energia podem automaticamente determinar o quanto de energia está sendo desperdiçado e calcular exatamente quais são os gastos extras de energia com uma única ferramenta.

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Termomecânica

Termomecânica inicia operações de novas linhas que aumentam em 45% sua capacidade A Termomecânica, líder no setor de transformação de metais não ferrosos, cobre e suas ligas em produtos semielaborados e acabados, anunciou no dia 13 de agosto que iniciou as operações de suas duas novas fábricas dentro da planta em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A expansão envolveu investimentos de R$ 300 milhões ao longo dos últimos três anos para aumentar em 45% a produção de tubos, chapas e laminados, produzidos em cobre e suas ligas. O empreendimento recebe apoio da Investe São Paulo, agência de promoção de investimentos ligada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. O objetivo da empresa é melhorar a eficiência e competitividade diante de seus principais concorrentes do mercado internacional. Isso reafirma sua posição como líder no mercado nacional e possibilita a prospecção de novos mercados, acompanhando o crescimento da demanda da indústria na América Latina e favorecendo, desta forma, as exportações. Nos últimos quatro anos, o volume exportado pela companhia saltou de 1,7% para 13,8% do volume total faturado. A meta é que até 2016 esse índice alcance a média anual de até 30%. “O apoio da Investe São Paulo é importante para viabilizar parte dos investimentos que permitem ampliar a capacidade produtiva, a

qualidade e a competitividade. São estes esforços realizados de forma contínua que mantém a Termomecânica na posição de liderança no mercado, buscando sempre a inovação e a excelência em produtos e serviços”, ressalta Regina Celi Venâncio, presidente da empresa. Com as novas linhas houve a manutenção de 70 postos de trabalho. Os investimentos englobaram obras de engenharia civil, aquisição de equipamentos com tecnologia de ponta, instalação e capacitação de mão de obra. A capacidade anual de produção passou de 90 mil para 130 mil toneladas. “Atendemos a Termomecânica principalmente em questões tributárias. Sabemos que fábrica já faz parte da história do ABC paulista, o que contribuiu bastante para o desenvolvimento da região

nos últimos 70 anos”, explica o presidente da Investe SP, Luciano Almeida. A expansão na área de tubos incluiu uma nova unidade de negócios com tecnologia de produção contínua, com maior agilidade – chamada cast & roll. Assim, a capacidade instalada desse maquinário alcança já 40 mil toneladas por ano, melhorando a qualidade dos produtos e reduzindo os prazos de entrega. No caso da nova linha de produção de laminados, que demandou investimentos de R$ 100 milhões (equipamentos e infraestrutura), a precisão e à tecnologia embarcada dos novos equipamentos adquiridos permitirão não só aumentar a produtividade e a capacidade instalada, mas também agregar valor ao produto final. Com isso, a Termomecânica passará a ofertar laminados com maior precisão das especificações técnicas, que antes precisavam ser importados em função das limitações do parque fabril dos produtores nacionais.

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PTI

A PTI (Power Transmission Industries do Brasil), empresa que atua no mercado brasileiro de acionamentos mecânicos e representa as marcas WDS, Transmotécnica e PTI Service, lançou a linha de acoplamentos Max Dynamic, composta pelos produtos Max Dynamic D, DS, HS e HT. Segundo o gerente de vendas de acoplamentos da PTI, Alessandro Cipriani, os acoplamentos são destinados a aplicações nos setores de papel e celulose, açúcar e álcool, têxtil, alimentício, indústrias químicas, entre outros, e possuem características técnicas que proporcionam diversos benefícios, como: segurança, praticidade e redução de custos. Em relação à segurança, Cipriani ressalta que os acoplamentos apresentam como benefício a redução de risco de incêndios, uma vez que não há contato metal-metal entre os eixos acionados e o acionador. Os produtos também são altamente resistentes a óleos, à corrosão e a maioria dos agentes químicos. Para garantir proteção ao equipamento, a alta flexibilidade do

Foto: Divulgação

PTI lança linha de aclopamentos Max Dinamyc

elemento de poliuretano absorve choques e aceita desalinhamentos angulares de até 4º, e paralelos até 4,8 mm. De acordo com Cipriani, os produtos permitem que a montagem e desmontagem seja realizada de forma rápida e prática, já que o elemento flexível, bipartido de forma longitudinal possibilita a remoção e instalação do acoplamento com facilidade, sem necessidade de movimentar os equipamentos acoplados. Outra facilidade é a praticidade relacionada à inspeção visual. “Para esta tarefa não é necessário desmontar o acoplamento, pois a inspeção do elemento pode ser feita, inclusive, no momento da

operação, com o auxílio de um estroboscópio”, explica. Os elementos Max Dynamic D, DS, HS e HT usam o mesmo cubo, o que gera um número menor de itens de reposição em estoque. Além disso, como os acoplamentos reduzem vibrações, proporcionam menor desgaste dos equipamentos acoplados, conferindo maior vida útil ao sistema. “Outra vantagem são os baixos custos de manutenção, uma vez que não há necessidade de lubrificação”, afirma Cipriani. O acoplamento Max Dynamic possui 15 tamanhos e sete tipos, admite torques de até 38.442 Nm e apresenta várias opções de fixação nos cubos. Para ambos os elementos, os cubos podem ser fornecidos com furação em bruto ou acabada, sendo todos eles reversíveis. Os parafusos de rosca métrica de alta resistência são autotravantes e os espaçadores revestidos para aumentar a resistência à corrosão, são conformados com furação pré-puncionada e satisfazem as normas ANSI, DIN e ISO, referentes à separação entre eixos.

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131


produtos e serviços

Petrobras

Para dar suporte e garantir a qualidade do fornecimento de energia aos seus vários poços de extração de petróleo espalhados na Colômbia, a Petrobras adquiriu o sistema de proteção de energia (UPS rotativa) da Euro-Diesel (ED), compostos pelos no-break KS®5, aptos a dar suporte em condições rigorosas de operação. O local escolhido para implantação do projeto piloto foi o Campo Guando, localizado a 100 km de Bogotá, onde o clima é tropical (quente e úmido), com temperaturas que podem chegar a 40°C. A Petrobras optou pela solução, considerando que os campos estão localizados em áreas remotas, onde o fornecimento de energia, em geral, não é de boa qualidade. Além disso, a extração do petróleo é executada de maneira convencional ou assistida pela injeção de água: neste caso, um poço de injeção é perfurado a certa distância do ‘cavalo mecânico’ e a água e o gás carbônico são injetados sob alta pressão – e qualquer interrupção de energia poderá causar perdas importantes na retirada do petróleo, podendo levar a perda total do poço. A carga crítica de um campo de extração de petróleo inclui equipamentos eletromecânicos (bombas, válvulas, compressores) acionados por reguladores, que geram harmônicas, com alterações permanentes na energia fornecida. Unidades em contêiner – A saída de energia no local foi avaliada em 500 kVA. Como a altitude não é elevada (cerca de 350 m), foi utilizado um motor a diesel sem redução de capacidade. A Petrobras selecionou dois opcionais em relação ao estator-alternador: um sistema de lubrificação automática dos mancais, para garantir a lubrificação permanente e reduzir a necessidade de manutenção no 132

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Foto e Imagem: Divulgação

Garantindo a operação

local; e um sistema de monitoração de vibração. Para evitar uma construção de grande porte numa área tão remota, a Petrobras adquiriu uma unidade em contêiner pronta para conexão ao sistema. A Euro Diesel instalou todo o sistema dentro de um contêiner de transporte marítimo, de 12 m. Os painéis de energia e de controle são separados do compartimento da máquina por uma parede de repartição para oferecer maior conforto aos operadores. Os compartimentos do contêiner são equipados com um sistema de detecção de incêndio. As bombas elétricas de abastecimento redundantes e as bombas manuais são montadas no tanque diário. As avaliações termográficas do painel de energia podem ser feitas por uma câmera infravermelha externa ao contêiner, através de uma abertura projetada na parede. A Petrobras também solicitou o fornecimento de barramentos com um filme plástico especial, para garantir que animais, como cobras, não entrem no contêiner pelas aberturas

de entrada de ar, e provoquem curto-circuito. Além do sistema de monitoração convencional, foi instalado um sistema externo de alarme. Caso os testes realizados em Campo Guando, em longo prazo, apresentem resultados positivos, a Petrobras pretende adquirir diversas unidades similares para este campo. A companhia também estuda uma alternativa baseada na construção de um centro de energia de média de tensão para proteger todos os poços no mesmo ponto. A Euro-Diesel é uma empresa multinacional, fornecedora de projetos turnkey de sistemas UPS Rotativa Diesel, e tem como objetivo garantir o fornecimento de energia e a continuidade dos negócios no mundo todo ao fornecer soluções inovadoras e serviço inigualável. Fundada em 1989 na Bélgica, a empresa possui filiais e distribuidores em importantes lugares do mundo. Com o intuito fornecer serviços de pré e de pós-venda a seus clientes com alto grau de excelência, a empresa se instalou no Brasil em 2011.


Wago

Chega ao Brasil nova linha 750 XTR Desenvolvida para operar em condições ambientais extremas, a família eXTReme do já consagrado WAGO I/O SYSTEM 750 suporta temperatura de trabalho de -40ºC até 70ºC, alta imunidade a interferência eletromagnética, isolação de 5 KV e vibração de até 5 g. Sucesso na Alemanha e destaque na Feira de Hannover, em abril, chega ao Brasil a nova linha 750 XTR (eXTReme), de CLP (Controlador Lógico Programável) e I/O remoto (módulos de entrada e saída), da Wago, empresa alemã especializada em conexões elétricas e automação. A família combina as características positivas do já consagrado WAGO I/O SYSTEM 750 com a robustez e durabilidade exigidas em ambientes com alta variação de temperatura, vibração e presença de interferências eletromagnéticas. Os componentes da linha 750 XTR suportam temperatura de operação que variam de -40°C a 70°C – muito além do que existe hoje disponível no mercado em produtos similares. Com essa característica, o sistema pode ser instalado em painéis sem o uso de ar-condicionado ou mesmo aquecimento, propiciando, assim, a redução dos custos de aquisição e manutenção. Para Marcos Salmi, diretor-geral da Wago, a novidade agrega ainda mais valor ao portfólio de produtos Wago

disponíveis no mercado brasileiro: “Recém-lançada na Alemanha, a linha eXTReme já é destaque no mercado europeu. Aqui, estamos certos, não será diferente.” Lista de vantagens – A linha 750 XTR da Wago agrega inúmeras vantagens em seu escopo e segue rigorasamente os padrões de testes, atendendo a normas nacionais e internacionais: pode ser aplicada em altitudes de até 5.000 m; suporta tensão de isolação de até 5 KV, de acordo com a norma EN 60870-2-1; e sua estrutura tem alta imunidade a interferência eletromagnética, garantindo operação segura e confiável mesmo em condições ambientais mais extremas. A lista não para por aí. Em condições de vibração mais agressivas, como acionamento de grandes motores, a nova série pode trabalhar com até 5 g (aceleração de 50 m/s2), baseada no

padrão EN60068-2-6. No quesito resistência a choque, os limites são 15 g (150 m/s2), de acordo com a norma EN60068-2-7, e 25 g (250 m/s2), em linha com a EN60068-2-29. Os controladores da linha XTR trabalham com os protocolos MODBUS TCP e com aqueles voltados para as aplicações de energia, como IEC 60870-5-101/103/104, IEC 61850 e IEC 61400-25. É, ainda, apropriada para aplicações que requerem hardwares mais robustos como, por exemplo, construção naval, indústria onshore/offshore, sistemas de energias renováveis ​​(energia eólica, fotovoltaica, biogás), sistemas de distribuição de energia, indústria petroquímica, indústria da água e esgoto, etc. Já os módulos são bastante compactos, podendo ser instalados em ambientes com pouco espaço e, em função das suas características técnicas, o sistema é preparado para oferecer alta disponibilidade e consequentemente elevada produtividade. A família 750 XTR é facilmente reconhecível por seus módulos cinza-escuros. E a tradicional tecnologia de conexão a mola Wago simplifica o manuseio do sistema, que acaba tornando-se mais rápido e prático.

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Serviços oferecidos aos clientes: Venda de torquímetros hidráulicos e tensionadores • Locação de torquímetros hidráulicos e tensionadores • Serviço de torqueamento e tensionamento com equipes totalmente treinadas e qualificadas • Manutenção de equipamentos hidráulicos de todos os fabricantes Ligue e solicite uma visita técnica Petróleo 97 133 Tel.: (21) 2453-2383 / (21) TN 3885-8272 / (21) 99996-9298 www.speedtorc.com.br • contato@speedtorc.com.br


reservatório

Desafios do pré-sal na caracterização de

reservatórios carbonáticos Proposta de ferramenta computacional para simulação de propriedades petrofísicas

Estima-se que cerca de 60% das reservas mundiais de óleo estão estocadas em reservatórios carbonáticos, grande parte desses volumes no Oriente Médio. Embora o potencial de estocagem dessas rochas seja conhecido, o desafio intrínseco a essas formações, com rede de poros complexa e heterogênea, é caracterizá-las e compreender seus mecanismos de produção.

O

Jaqueline Lopes Saad é gerente de Inovação e Negócios E & P na Concremat Engenharia & Tecnologia, Bacharel em Direito e Mestre em Economia e Gestão Estratégica pela Universidade de Paris IX/Dauphine, França.

Daniel Martins Plucenio é desenvolvedor científico na ESSS, Bacharel em Engenharia Mecânica, com mestrado em curso com foco na caracterização de rochas por análise de imagens na Universidade Federal de Santa Catarina.

Webster Ueipass Mohriak é consultor da Concremat Engenharia & Tecnologia e professor na Uerj; é bacharel em Geologia e doutor em Geologia pela Universidade de Oxford, Inglaterra.

134

TN Petróleo 97

s reservatórios carbonáticos do pré-sal associam dificuldades suplementares se comparados aos do Oriente Médio: encontram-se em águas ultraprofundas (lâmina d’água superior a 2.000 m) e sob espessa camada de sedimentos e sal (podendo atingir profundidades superiores a 5.000 m). Ou seja, um contexto petrofísico e geomecânico muito específico. A descrição e representação das heterogeneidades da rocha carbonática e comportamento dos fluidos óleo-gás-água no seu interior são um caminho crítico para análises que se traduzirão na estimativa da quantidade e qualidade de reservas, escolha da melhor estratégia de produção e, consequentemente, na predição do desempenho e bom gerenciamento de um campo petrolífero. É nesse cenário que duas empresas nacionais, Concremat Engenharia & Tecnologia e ESSS, especializadas na área de engenharia, desenvolverão, nos próximos três anos, uma ferramenta computacional para simulação de informações petrofísicas de carbonatos do pré-sal, a partir de imagens microtomográficas. Numa primeira etapa, a ferramenta caracterizará a rocha analisando propriedades, como porosidade, permeabilidade e curvas de pressão capilar. Com essa caracterização é possível, por exemplo, aprimorar modelos para realizar estimativa do volume de hidrocarbonetos, propor melhores localidades para perfuração de poços, obter previsão da produção e do deslocamento dos fluidos injetados em recuperações secundárias e, assim, otimizar a extração dos recursos existentes. Ou seja, é fator decisivo na condução das etapas de exploração e produção dos hidrocarbonetos. Hoje, os métodos experimentais ainda compõem a maior parte das técnicas utilizadas pela indústria de óleo e gás na caracterização de uma rocha. Porém, sabe-se que estão atrelados a essas técnicas a grande quantidade de tempo e recursos necessários para a realização dos ensaios em laboratório. Com isso, os métodos de análise de imagens vêm se mostrando gradativamente uma boa alternativa na complementação dos métodos e, principalmente, na busca pela redução de custos. Além disso, ainda apresenta outros benefícios relevantes, como a possibilidade de obtenção de diversas propriedades a partir de uma mesma amostra, assim como a repetibilidade e uniformidade das análises. De maneira geral, os métodos por análise de imagens para rochas siliciclásticas – formações geológicas que caracterizaram, até meados da década de 2000, a maior parte das acumulações de petróleo no Brasil – já possuem boa aceitação na indústria. O grande desafio é a utilização desses métodos para caracterização dos carbonatos do pré-sal, formação descoberta em 2006, quando foi realizada a perfuração do prospecto Tupi em águas profundas da Bacia de Campos.


Os resultados da operação indicaram a presença de uma rocha carbonática abaixo da seção evaporítica, até então desconhecida como reservatório de hidrocarbonetos. Essa rocha, identificada como carbonato microbial ou microbialito, corresponde a depósitos organo-sedimentares formados por organismos bênticos microbiais, que crescem conjuntamente com a acumulação de sedimentos detríticos e também envolvem precipitados químicos. A complexidade dos processos envolvidos na formação dessas rochas resulta na característica de alta heterogeneidade, tanto da forma quanto do tamanho dos poros. A variação abrange escalas do nanômetro até alguns centímetros. Assim, o método utilizado na análise por imagens deve ser capaz de compreender essas diferentes escalas espaciais. Os métodos empregados para cálculo das propriedades petrofísicas a partir da imagem se dividem em duas grandes vertentes: Método de Lattice-Boltzmman e Rede de Poros e Ligações. O Lattice-Boltzmman é uma classe de métodos conhecidos como fluidodinâmica computacional (CFD), os quais modelam os fenômenos físicos na escala mesoscópica, principalmente resolvendo as equações de Navier-Stokes. Esse método apresenta bons resultados, mas tem como desvantagens o alto custo computacional e o fato de permitir o uso de apenas uma escala espacial. Já o método de Rede de Poros e Ligações trabalha na construção de uma estrutura topologicamente equivalente ao sistema poroso da imagem, porém com geometria simplificada. Essa substituição permite a simplificação das equações de escoamento, sendo seu desafio a correta “imitação” da rocha porosa em sua natureza. O processo de extração da rede consiste em agrupar os voxels da imagem e classificá-los como integrantes de determinado poro ou ligação. A diferenciação dessas duas entidades é um dos fatores mais importantes e decisivos no método de extração para que a rede apresente boa representatividade do meio poroso original. Dentre os diversos métodos existentes, foi escolhida a implementação do algoritmo de esferas máximas por ser mais robusto – menos sensível a ruídos na imagem e a irregularidades na superfície dos grãos – e ter apresentado bons resultados na literatura. Para contemplar as diferentes escalas espaciais existentes nas amostras de carbonatos, serão obtidas não uma, mas um conjunto de imagens tridimensionais das amostras, cada uma com diferente resolução espacial. A partir de cada imagem, será extraída uma rede de poros e ligações. A ideia é então integrar essas diferentes redes em uma única rede multiescalar. Essa integração é realizada obtendo-se uma descrição de propriedades estatísticas de cada rede em sua escala singular. A rede integrada é gerada de forma estocástica. Um volume de interesse é preenchido com poros e ligações de maneira que se conservem as propriedades estatísticas obtidas anteriormente. O desafio reside na conexão entre os poros com origem de diferentes escalas. O resultado esperado é que a conectividade da rede

multiescalar seja consideravelmente maior do que aquela obtida das redes originais. Isso representa uma característica observada nos carbonatos: poros aparentemente desconectados estão na verdade ligados por estruturas porosas de escalas menores, não visíveis, até que se faça esta análise multiescalar. Por fim, com a rede gerada, as propriedades petrofísicas estáticas – que dependem apenas da geometria e topologia – podem ser calculadas, a exemplo da porosidade total, porosidade efetiva e da distribuição de tamanhos de poros. As propriedades petrofísicas de transporte – permeabilidade absoluta, permeabilidade relativa e pressão capilar – são calculadas a partir da simulação do escoamento de uma ou mais fases através da rede. Consideram-se como hipóteses regime permanente, escoamento laminar e fluido newtoniano, de forma que o fluxo nas gargantas possa ser modelado a partir da equação de Poiseulle generalizada, utilizando os fatores de forma calculados para cada elemento. Ao longo do desenvolvimento da ferramenta, as amostras analisadas via microtomografia – que incluirão diversas amostras com tipologias variadas de poros – serão testadas no Laboratório de Petrofísica da Concremat, para obter uma validação mais precisa dos resultados da simulação numérica. O projeto prevê a construção de passarelas de colaboração e instâncias de troca de boas práticas com Institutos de Ciência e Tecnologia atuantes nas disciplinas de Geologia, Instrumentação Nuclear, Engenharia Mecânica e Ciências dos Materiais – para otimização do entendimento do estado da arte e validação de métodos científicos – e com o segmento usuário dessas informações, operadoras e fornecedores, para validação dos requisitos técnicos necessários a sua aplicabilidade industrial. Apesar do escopo de entregáveis do projeto se limitar à simulação de propriedades petrofísicas na escala da rocha, a Concremat estuda a oportunidade de expandir seus estudos para a escala do reservatório, a exemplo do potencial de contribuição das investigações petrofísicas na integração sísmica-poço e modelagens petroelásticas no âmbito do monitoramento permanente da produção de hidrocarbonetos. Em função de seu caráter inovador e proposta de conteúdo local de 100%, o projeto foi selecionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no edital TI Maior e terá investimento de R$ 5,6 milhões, com R$ 3,7 milhões de subvenção. TN Petróleo 97

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gestão

Gerenciamento de projetos

é estratégico

Como melhorar esse processo nas empresas fornecedoras da indústria de petróleo Vivemos em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, o que tem levado as Organizações a viverem em permanente estado de mudança. Os projetos são ali utilizados para viabilizar tais mudanças.

N

o Brasil, em torno de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) são referentes à formação bruta de capital, o que dá anualmente cerca de R$ 800 milhões para projetos de investimentos. Porém, as Organizações não têm obtido os resultados esperados em seus projetos. Durante o estudo de benchmarking em gerenciamento de projetos, realizado no Brasil em 2013 pelas seções regionais do PMI (Project Management Institute), 61% das organizações relataram ter, sempre ou na maioria das vezes, problemas de prazo em seus projetos, 47% problemas de custo, 31% problemas de qualidade e 26% problemas de satisfação do cliente. Na indústria de petróleo, gás e petroquímica, 58% das organizações responderam que raramente alcançam os objetivos de tempo, custo, qualidade e satisfação do cliente, como pode ser visto na Figura 1. Verificamos, pelos números apresentados acima, que é necessário aumentar a maturidade no gerenciamento de Projetos. Para tanto, sugerimos que seja implementada nas Organizações uma sistemática que aborde as seguintes dimensões: pessoas, processos, governança e tecnologia. A Figura 3 apresenta essas dimensões de forma esquemática, que serão tratadas a seguir.

Carlos Magno da Silva Xavier é doutor pela Universidad Nacional de Rosário (Argentina) e mestre pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), tendo certificado Project Management Professional (PMP) pelo Project Management Institute (PMI) e sócio-diretor do Grupo Beware. Autor ou coautor de 13 livros nessa área, é professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas desde 2001.

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Processos – Processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas realizadas para obter um conjunto pré-especificado de produtos, resultados ou serviços. Uma metodologia de gerenciamento de projetos, programas e portfólio deve estabelecer os processos a serem utilizados na Organização. Segundo Kerzner (2001), o alcance da excelência em gerenciamento de projetos não é possível sem um processo repetitivo que possa ser utilizado em cada projeto. Esse processo repetitivo é a metodologia de gerenciamento de projetos. Para Charvat (2003), “uma metodologia é um conjunto de orientações e princípios que podem ser adaptados e aplicados em uma situação específica. Em ambien-


Figura 1

te de projetos essa orientação é Problemas mais comuns nos projetos (%) uma lista de coisas a fazer. Uma metodologia pode também ter uma 95 92 90 abordagem específica, modelos, 83 85 80 formulários e também check lists, 75 75 75 usados durante o ciclo de vida 70 67 65 do projeto”. Desta forma, uma 58 60 55 metodologia de gerenciamento de 50 50 50 50 45 42 projetos é um conjunto de proces40 33 33 33 33 sos, métodos e ferramentas para o 35 30 25 alcance dos objetivos do projeto. 25 20 17 17 Ela deve prover um roteiro (roa15 8 8 8 10 dmap) para o gerenciamento do 5 0 0 projeto. Equipes que não comparÓleo, gás e petroquímicas tilham uma metodologia tendem a Não cumprimento de prazos Desvio do orçamento Problemas de comunicação Escopo não ser ineficientes. definido apropriadamente Mudanças de escopo constantes Falta de suporte da alta gerência / Um exemplo de metodolopatrocinador Avaliacão dos riscos inapropriada Estimativas incorretas Recursos humanos gia é a Methodware®3, que foi insuficientes Constantes mudanças de prioridade ou a falta de prioridade Concorrência entre a rotina do dia-a-dia e as atividades do projeto A falta de uma metodologia Falta de uma ferramendivulgada no livro Metodologia ta de apoio Falta de competência para gerenciar projetos Falta de conhecimento técnico sobre a de gerenciamento de projetos – área de negócio da organização Problemas com fornecedores Retrabalho devido a falta de produMethodware® - 3ª edição (Xavier, tos de qualidade Responsabilidades e papéis indefinidos Os clientes não satisfeitos Outros 2014). Em 2010 ele foi premiado como o “Melhor Livro Brasileiro Frequência com que projetos realizados alcançam metas de prazo, de Gerenciamento de Projetos da qualidade e satisfação do cliente (interno ou externo) Década”. A metodologia Metho105 dware® possui uma versão sim100 95 plificada, a Basic Methodware® 90 85 (Xavier, 2011). 80 75 No caso de fornecedores da 70 67 indústria de petróleo, sugerimos 65 60 58 que a metodologia tenha um foco 56 55 53 50 na proposta, quando deve ser feito 45 o planejamento preliminar do pro40 40 35 35 33 jeto. A Figura 4 apresenta o road 30 30 map (mapa de processos) para essa 25 20 metodologia. 15 Tecnologia – A tecnologia é o ferramental de apoio e suporte para o gerenciamento de projetos. O software a ser utilizado depende da

10 5 0

6

6 0

Engenharia e EPC Sempre

0 0

Seguro

0

3

3

0

Fabricação

Na maior parte do tempo

Raramente

0

2

0

Mineração Petróleo, Gás e Petroquímica Nunca

2

Serviços

Figuras 2, 3 e 4 TN Petróleo 97

137


gestão 78%

de Projetos”; e a criação do “Escritório de Gerenciamento de Projetos”.

56%

33% 33%

33%

11%

11%

11%

0%

0% 0%

0%

0%

Óleo, gás e petroquímicas CA Clarity SAP x RPM

Project Builder Planview

SAP PS

HP PPM

Mineração MS-Project MS Project Server (EPM Solution, integrated database Primavera Systems Compuware Changepoint IBM RPM Internally developed software Outros

Figura 5

complexidade dos projetos e da maturidade da Organização em seu gerenciamento. A figura 5 apresenta os softwares de apoio ao gerenciamento de projetos mais utilizados no Brasil, na indústria de petróleo, gás e petroquímica, segundo o estudo de benchmarking em gerenciamento de projetos citado anteriormente neste artigo. Pessoas – As pessoas que irão trabalhar no gerenciamento de projetos devem ter conhecimento (é o saber teórico, tácito, existente na cabeça de cada indivíduo), habilidade (é o saber fazer, que depende da experiência prática de cada um), e atitude (é o querer fazer). A Organização deve estabelecer um Programa de Treinamento em Gerenciamento de Projetos, que capacite gerentes de projeto e equipes na utilização dos processos definidos para a Organização (metodologia) com a tecnologia de apoio (software) definida. Para os gerentes de projeto é fundamental também capacitações na gestão de pessoas e negociação. Governança – A palavra governança tem sido aplicada em vários contextos. Neste caso definiremos como o “conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como projetos devem ser gerenciados em uma Organização”. Consideramos fundamentais para a Governança: a emissão de uma “Política de Gerenciamento 138

TN Petróleo 97

Política de Gerenciamento de Projetos – É um documento corporativo que determina, para a Organização, a metodologia e a tecnologia a serem adotadas no gerenciamento dos seus projetos, assim como a estrutura do Escritório de Gerenciamento de Projetos. Deve estabelecer uma categorização para os projetos em função de sua complexidade (prazo, custo, tipicidade, transversalidade etc.), com uma matriz que associe a categoria de cada projeto à obrigatoriedade (ou não) de cada processo e/ou documento da metodologia. Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project Management Office – PMO) – É uma entidade organizacional à qual são atribuídas várias responsabilidades relacionadas ao gerenciamento coordenado dos projetos. Existem várias “funcionalidades” para esse escritório. O importante é que ele não seja tratado somente como um instrumento de relato de desempenho (“dedo duro”) dos projetos. A visão deve ser mais de um facilitador do que de um auditor, de forma a não criar uma rejeição ao seu trabalho. Duas estatísticas são preocupantes: 60% dos profissionais seniores de projetos questionam o valor do PMO (ESI, 2011); e 50% dos PMOs falham em sua primeira implementação (Michael Cooch apud Gale, 2011). Na pesquisa que temos citado neste artigo, na indústria de petróleo, gás e petroquímica, o percentual de falha apontado foi de 42%, sendo as principais razões: expectativa excessiva acerca do valor a ser gerado pelo PMO; falta de patrocínio da alta administração; e recursos insuficientes para operação do PMO. PMOs contribuem, em média, diretamente para as seguintes melhorias de desempenho: 31% de diminuição no fracasso de projetos; 21% de aumento de produtividade; 19% de projetos entregues adiante do prazo; 17% de redução de custos em projetos (PMI, 2011). O diferencial humano – Enfim, o gerenciamento de projetos é uma área de conhecimento que tem sido demandada cada vez com mais intensidade nos últimos anos. Para alcançar a maturidade nessa área devemos estabelecer uma sistemática que abranja as seguintes dimensões: processos, tecnologia, pessoas e governança. A implantação dessa sistemática em uma organização deve ser tratada como um projeto. Finalizamos com um comentário do Kerzner (2001): “São as pessoas e não as metodologias que gerenciam projetos. Uma metodologia não é mais que um pedaço de papel com instruções. O que transforma esse pedaço de papel em metodologia de sucesso é a forma como a Organização aceita e aplica a metodologia”.


Funções desempenhadas pelo PMO, de acordo com o estudo de benchmarking que temos citado neste artigo Informar o status dos projetos para a alta gerência 88,5% Conduzir auditorias de projetos 46,3% Monitorar e controlar o desempenho de projetos 88,1% Gerenciar um ou mais portfólios 46,3% Desenvolver e implementar a metodologia padrão 85,8% Implementar e gerenciar banco de dados de lições aprendidas 41,9% Promover o gerenciamento de projetos dentro da organização 74,9% Desenvolver e manter um quadro estratégico de projetos (project scoreboard) 37,8% Implementar e operar sistemas de informação dos projetos 64,0% Alocar recursos entre os projetos 36,4% Monitorar e controlar o desempenho do próprio PMO 64,0% Executar tarefas especializadas para os Gerentes de Projetos 36,1% Desenvolver as competências dos profissionais, incluindo treinamento 61,6% Gerenciar Interfaces de clientes 31,7% Gerenciar arquivos/acervos de documentação de projetos 60,3% Gerenciar um ou mais programas 30,7% Coordenar e integrar projetos de um portfólio 59,9% Mapear o relacionamento e o ambiente de projetos 28,6% Prover aconselhamento à alta gerência 57,5% Implementar e gerenciar banco de dados de riscos 27,3% Participar do planejamento estratégico 56,9% Recrutar, selecionar, avaliar e determinar salarios dos Gerentes de Projetos 17,4% Prover mentoring para os Gerentes de Projetos 55,2% Gerenciar os benefícios de programas 17,1% Conduzir revisões pós-gerenciamento do projeto (lições aprendidas) 49,4% Prover um conjunto de ferramentas sem o esforço de padronização 15,4% Identificar, selecionar e priorizar novos projetos 47,0% Referências CHARVAT, Jason. Project Management Methodologies. John Wiley & Sons, NJ, 2003. KERZNER, Harold. Project Management: A System Approach To Planning Scheduling And Controlling. John Wiley & Sons, 7ª ed, 2001. ESI International. The Global State of the PMO: Its Value, Effectiveness and Role as the Hub of Training. In PM Network, v. 25, n. 8, p. 72. Project Management Institute, 2011. GALE, Sarah. The PMO: Something Value, In PM Network, volume 25, n. 8, p. 34. Project Management Institute, 2011. PMI. The State of the PMO 2010 - PM Solutions, In PM Network, volume 25, n. 8, página 38. Project Management Institute, 2011 XAVIER, Carlos Magno da Silva e outros. Metodologia de Gerenciamento de Projetos – Methodware®. Brasport Livros e Multimídia Ltda, 3ª edição, 2014. ______. e Luiz Fernando da Silva Xavier. Metodologia Simplificada de Gerenciamento de Projetos – Basic Methodware®. Brasport, 2011.

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6 – 9 October 2014 | Mexico City Confirmed Speakers Include Froylán Gracia Galicia Executive Chief of Staff PEMEX

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gestão de segurança

Segurança de processos

e análise de riscos

A indústria de petróleo e gás enfrenta desafios únicos e particulares, destacando-se as preocupações com a segurança e a proteção das pessoas e do meio ambiente. Neste artigo, apresenta-se um histórico do conceito de Process Safety Management / PSM, criado na DuPont, e se destacam exemplos de como o PSM pode ajudar na gestão de segurança de processos, além de apresentar recursos disponíveis para a segurança de operadores.

O

que é PSM e por que ele deve existir? O termo PSM é formado pelas iniciais de Process Safety Management, ou seja, Gestão de Segurança de Processos. Embora muitos considerem que se trata de uma preocupação exclusiva da área de processamento químico, é importante esclarecer que os seus benefícios podem ser estendidos a qualquer tipo de “processo” produtivo, como uma fábrica de papel, uma mineradora, uma plataforma petrolífera, uma estação de tratamento de efluentes, etc. A necessidade de um processo estruturado de gestão de segurança, no qual se incluem Análises de Riscos (e uma série de outras ações), foi se mostrando cada vez mais importante e fundamental nas empresas, quando se notou que a simples gestão da produção e a “boa prática de projeto” não eram suficientes para assegurar a prevenção efetiva contra os altos riscos que são inerentes aos processos. Estes riscos mostraram-se capazes de produzir catástrofes terríveis, cuja análise posterior evidenciou a necessidade de se considerar a tecnologia, os equipamentos e as pessoas, de uma forma estruturada, abrangente e completa, dentro de um processo de gestão especial, para o adequado controle dos riscos, o que hoje se chama PSM. Process Safety Management não é, portanto, apenas uma sigla ou algo que se possa adquirir de um fornecedor como um item de prateleira, uma campanha, ou ainda uma função que se designe ao departamento de segurança. PSM é um processo de gestão, uma demanda viva e constante, como é permanente a necessidade de produção, o controle de custos, a manutenção. Embora o processo de PSM deva receber suporte das equipes “especializadas” em riscos, pertencentes ao SESMT de uma forma geral, a sua condução e gestão são feitas pela linha de mando, por meio de múltiplas ações e por todas as estruturas da empresa, como projeto, treinamento, manutenção, aquisição, contratos, processo, entre outros, capitaneadas pela alta liderança da corporação.

Mário Fantazzini é gerente de Produtos e Conteúdo da DuPont Sustainable Solutions. Engenheiro mecânico pela Universidade de São Paulo (Poli/USP) e com pós-graduação Lato Senso em Engenharia de Segurança pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), é autor de várias publicações na área e membro certificado da Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (Abho).

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Demanda pela gestão dos riscos de processos – Os que acreditam em processos de prevenção, quando bem alinhavada com a gestão e a consideração das pessoas como fatores essenciais de sucesso, sabem que todos os acidentes são previsíveis, e, portanto, podem ser evitados. As grandes explosões do início do século passado (Alemanha, 1921 e EUA, 1947), envolvendo nitrato de amônia (lamentavelmente, mais uma ocorreu em 2001, na França), e a onda crescente de catástrofes de processamento, como as de Feyzin (1966), Flixborough (1974), Bhopal (1984), Seveso (1976), assim como a do Brasil em Duque de Caxias (Rio de Janeiro, 1972), entre dezenas de outras, ao longo do século foram impelindo empresas, governos e suas entidades a desenvolverem mecanismos, ferramentas, normativas e sistemas de gestão capazes de lidar com o problema.


Grandes corporações estão aprendendo com suas próprias catástrofes (o mínimo que podemos fazer com o acidente é aprender com ele) e desenvolveram padrões internos para sua urgente necessidade. Governos criaram normativas e programas devido aos efeitos ao meio ambiente e comunidades vizinhas. Entidades de classe se anteciparam e geraram programas voluntários de gestão, como é caso da “Atuação Responsável” (Responsible Care). Um PSM bem elaborado dá conta do objetivo e se integra sinergicamente com qualquer outro programa preventivo desse leque de iniciativas que hoje presenciamos. Hoje, o PSM é uma obrigação legal nos Estados Unidos. Ou seja, a indústria deve possuir Process Safety Management, devenvolvê-lo, geri-lo e demonstrá-lo segundo a lei. Nessa mesma linha, a EPA (Environmental Protection Agency, EUA) também tornou obrigatório o Risk Management Program Rule, 1996, 40 CFR Part 68. PSM e os aspectos conceituais e culturais – Toda questão de segurança inicia-se nos princípios organizacionais, que estão acima das prioridades – estas podem mudar, mas os valores não. Para a DuPont, esse conceito está nos valores expressos por meio do compromisso com zero incidentes, respeito às pessoas, comportamento ético, cuidado com o meio ambiente, saúde e segurança. O contato com esses

valores explica o que vem depois: os princípios corporativos: missão, objetivos e procedimentos. A liderança é responsável por fazer com que a gestão da segurança de processos aconteça, por meio das normativas, dos profissionais e dos guardiões da tecnologia desenvolvida. O PSM é estruturado de tal forma que pode ser aplicado da mesma maneira em qualquer lugar, em qualquer ambiente. Isso foi extensivamente testado, uma vez que a DuPont possui negócios de fabricação de produtos químicos, de roupas de proteção, fabricação e implementação de blindagem de carros, sementes de milho e soja, fibras, eletrônicos, centros de pesquisa e o sistema de gerenciamento é o mesmo, incluindo os ambientes administrativos corporativos. Análise de riscos para ambientes corporativos não familiarizados com PSM – A Análise de Riscos de Processos (ARP) é uma ação multidisciplinar que identifica e analisa os riscos. No entanto, é um processo que pode não ser tão eficiente quando desenvolvido por grupos não familiarizados com tal metodologia. Apesar de tais grupos serem constituídos por profissionais experientes e conhecedores dos processos, podem não possuir disciplina e objetividade para um trabalho de bom rendimento. Claro, isso é importante para que a análise produzida seja abrangente, detalhada confor-

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gestão de segurança me exige a específica ferramenta e, mais importante, não se pode correr o risco de se “perder ” um risco ou cenário relevante. Além disso, há limitações de tempo em qualquer alocação de uma equipe de alto nível. Para garantir mais eficiência e agilidade, desenvolveu-se uma abordagem que pode produzir bons resultados nesses ambientes, que passamos a detalhar. Passo 1 – Preparação do Grupo • Definir o escopo do segmento e suas fronteiras. • Detalhar as instalações, equipamentos, procedimentos rotineiros e não rotineiros. • Reunir toda a documentação relevante do processo e do histórico de eventos de risco. • Realizar uma “aula” detalhada sobre o processo para todo o grupo. • Realizar um reconhecimento de campo com “olhos de análise de riscos”. Passo 2 – Formulação de Questionamento Estruturado • Cada participante é estimulado a manifestar “o que o preocupa”, sem um formato de questão especial. Pode-se manifestar sobre o que pensa ser risco, perigo (sem dores terminológicas nesta fase), evento, inquietude. Valoriza-se a percepção de cada um sem julgamento de mérito. As questões são simplesmente colecionadas, sem censura, comentários, justificativas e respostas. Trata-se da fase de questionamento da metodologia “What If ” (e se?). • Se as sessões forem bem conduzidas, haverá um grande conteúdo e riqueza de análise à medida que o grupo vai ganhando confiança da liberdade de produzir tantas questões quantas queira em cada tópico. Preocupações reais podem ser postas à mesa, assim como se abre um caminho indireto para que qualquer um possa manifestar seu desagrado com a segurança existente no processo. • O resultado desta etapa irá gerar grande quantidade de perguntas, demasiadas para serem analisadas em detalhe por meios formais (para cada pergunta, usualmente deve-se declarar o risco, entender causas e consequências, verificar as proteções existentes e propor recomendações, em consenso no grupo). Passo 3 – Filtragem Seletiva e Análise • O truque nesta abordagem está aqui. As perguntas serão filtradas nas sessões posteriores, considerando: • A pergunta foi feita por pura falta de informação. Agora ela pode ser respondida e se percebe que não há risco relevante envolvido. Tais perguntas são muitas vezes em proporção substancial e podem ser consideradas “superadas”, embora permaneçam registradas e farão

Exemplo de caso Mineradora: Um site de mineradora foi analisado, possuindo o mesmo perfil de baixa familiaridade com PSM/ARP. Um protocolo metodológico consolidado foi utilizado, produzindo os seguintes resultados: - 12 estudos paralelos de cinco sessões de meio período realizados; - 71 profissionais multidisciplinares foram treinados on the job; - 1.695 questões foram levantadas na fase de brainstorming; - 65 recomendações gerais produzidas; - 116 riscos relevantes analisados na APR; - 275 recomendações específicas foram produzidas na APR. parte do relatório. A decisão sobre a filtragem é inteiramente do grupo. • A pergunta representa necessidade de conformidade legal ou boa prática. Nesse caso, gerará automaticamente uma recomendação de ajuste de conformidade. • A questão respresenta um risco genuíno e avança para o próximo passo, sendo analisada por uma ferramenta tradicional, por exemplo, Análise Preliminar de Riscos (APR), associada a uma Matriz de Tolerabilidade de Riscos, de onde serão obtidas recomendações específicas para os riscos relevantes. Outras metodologias podem ser usadas, sequencialmente, como FMEA, HAZOP, LOPA. Auxiliando a proteção de operadores por meio de equipamentos de proteção individual/EPI – A segurança de processos é um pré-requisito para que as organizações atinjam excelência em segurança. Mas outro quesito de extrema importância é a garantia da proteção individual, especialmente em processos críticos em que há o envolvimento de substâncias ou energias de alto risco, como cáusticos, tóxicos, inflamáveis, químicos, térmicos e elétricos. Na sua trajetória, a DuPont supriu suas necessidades criando produtos e serviços novos que o mercado não possuía, como laboratórios de toxicologia, instrumentação para Higiene Ocupacional e, especialmente, roupas de proteção. Estas incluem produtos altamente especializados e eficazes para produtos químicos, de hermeticidade seletiva, para exposição a calor e chamas (roupas ignífugas em que a ação se dá pela própria fibra e não por impregnação) e, mais recentemente, produtos especiais para a radiação e temperatura extremas de arcos elétricos acidentais. A DuPont é top of mind nesta área entre empresas que utilizam tais vestimentas.

Bibliografia FANTAZZINI, Mario. O que é PSM? Revista Proteção, Proteção Publicações, 02 a 07/2011. ______. e FRANCISCO, Eduardo M. Benchmark em segurança. Revista C&I Controle & Instrumentação, ed. 87, Ano 2013. ______. e ______. Optimizing PHA work through combined methodologies. CCPS. Regional Conference on Process Safety, Buenos Aires, 2014 (a ser publicado).

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Revista TN Petróleo

Edição especial Retrospectiva 2014 opinião

Nova lei anticorrupção: qual será o impacto na esfera

trabalhista?, de Mariana Schmidt, especialista em Direito do Trabalho do escritório Ferreira & Schmidt Consultoria Jurídica.

Combustíveis em alta Mais aço para a indústria Capital de energia: São Paulo não quer parar

ESPECIAL: PNG 2014-2018

É HORA DE RECUPERAR

O QUE FOI PERDIDO A complexidade dos riscos marítimos, por Antonio Lleyda Dispute boards: a redução do risco de judicialização de conflitos com subcontratados, por Alexandre Sion, Giovanni Peluci Paiva e Mariana de Souza Galan Campos maduros, um ativo estratégico: análise do processo produtivo para campos de petróleo em reativação, por Eduardo Oliveira Telese, Ednildo Andrade Torres e Francisco Gaudêncio M. Freires Como as petroquímicas podem prosperar com o boom do LGN, por José de Sá

Entrevista exclusiva

Luiz Germano Bodanese, presidente da Gaia

A reinvenção da Gaia

opinião

Nova instrução normativa sobre o Repetro, de Paulo Cesar Rocha, diretor Executivo da LDC Comex

Fornecedores do Vale do Aço avançam no mercado de óleo e gás Desafio Brasil x China Sucata gera aço

ESPECIAL AÇO: UMA INDÚSTRIA DE AÇO QUE PRODUZ ÓLEO E GÁS

Ano XV • maio/junho 2014 • Nº 95 • www.tnpetroleo.com.br

ESPECIAL: AÇO

UMA INDÚSTRIA produz DE AÇO que óleo e gás Indústria naval e conteúdo local: muda a regra?, por Júlia Motta

Cobertura especial:

Regulação do setor de óleo & gás em Moçambique, por Henrique Rojas e Paulo Ragee Maré de incertezas exige executivos preparados, por Marcelo Lavall

Entrevista exclusiva

Nº 95

A impressão e o papel que seu anúncio merece! Não perca esta oportunidade. Anuncie agora!

Ano XV • mar/abr 2014 • Nº 94 • www.tnpetroleo.com.br

TN PETRÓLEO

Este é um ano muito especial para a TN Petróleo. Estamos entrando no 16º ano de experiência e conhecimento no mercado brasileiro de petróleo, gás e energias alternativas. A TN Petróleo é fonte indiscutível de informação para esse movimentado mercado. Mais do que apenas retratar os novos cenários da indústria, após a flexibilização do mercado, a TN Petróleo ajudou a mostrar a história de pioneirismo desse mercado e os novos desafios enfrentados pela indústria brasileira de petróleo. As páginas da revista sempre apresentam aos investidores estrangeiros e nacionais - as oportunidades e o imenso potencial de nosso país.

João Candido Gonçalves da Silva, diretor de Competitividade Naval da Enseada Indústria Naval

Uma enseada de grandes projetos

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Tels.: +55 21 2224 1349 / 21 3786 8245

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legislação

Combate à corrupção:

novas tendências e implicações para a indústria de energia

A entrada em vigor no Brasil, no dia 29 de janeiro de 2014, da nova lei anticorrupção, Lei n. 12.846/2013, está em sintonia com uma mudança na estratégia do combate à corrupção por parte dos Estados, antes muito focada na conduta dos indivíduos e nas punições de natureza criminal. A inovação está na imputação de responsabilidade objetiva na esfera administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

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Marilda Rosado de Sá Ribeiro é doutora em Direito Internacional pela USP, professora associada de Direito Internacional Privado da Uerj e sócia do escritório Marilda Rosado Advogados Associados. Carolina Araújo de Azevedo é doutoranda em Direito Internacional pela Uerj, LL.M. University of Oklahoma, professora substituta de Direito Internacional Privado da UFRJ, advogada do escritório Marilda Rosado Advogados Associados.

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preocupação quanto aos impactos da corrupção nas condições internacionais de competitividade, e a constatação de que não se trata de um problema local, mas um fenômeno transnacional que afeta todas as sociedades e economias, impulsionou um movimento internacional de combate à corrupção transfronteiriça, notadamente aquela realizada pelas pessoas jurídicas transnacionais. O resultado dessa preocupação se corporificou na ratificação e internalização de Convenções Internacionais anticorrupção pelos Estados e na edição de leis com alcance extraterritorial, a exemplo do Foreign Corrupt Practice Act (FCPA, 1977), UK Bribery Act (2010) e da própria Lei n. 12.846/2013. Todavia, foi apenas a partir dos escândalos corporativos como os que envolveram a Enron, WorldCom, Tyco, e Leman Brothers, ocorridos na década passada, é que os Estados decidiram conferir mais eficácia às políticas anticorrupção, e incentivar reformas de governança corporativa para reforçar a proteção dos interesses dos investidores nacionais e estrangeiros. Assim, estatísticas revelam que entre os anos de 1977 e 2000, uma média de três casos por ano foi objeto de processos no âmbito do FCPA, enquanto a partir do ano de 2001, esse número de casos subiu para 25 casos ao ano, com indicadores que continuam crescendo. É verdade que a edição da nova lei não diminuirá de imediato o “risco Brasil” para investimentos, risco traduzido por diversos índices como o Relatório Anual da Competitividade Mundial para 2012, o qual aponta o Brasil como sendo o último lugar no quesito ‘Burden of government regulation’. Esse quesito avalia justamente o custo envolvido no cumprimento de requisitos regulamentares, coleta de impostos, resposta às demandas de informações do governo, obstáculos administrativos decorrentes da burocracia pública. A responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas, no âmbito civil e administrativo, importa na possibilidade de punição independentemente de culpa. Dessa forma, uma vez comprovados os fatos, o resultado e o nexo causal entre eles, a pessoa jurídica poderá ser responsabilizada por atos lesivos praticados e que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da Administração Pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, tais


como: prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; comprovadamente financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos; os quais tenham sido praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. As multas aplicáveis podem variar de 0,1% a 20% do faturamento bruto do exercício anterior à instauração do processo por corrupção. Caso não seja possível se utilizar de tal critério, a multa poderá variar entre R$ 6 mil e R$ 60 milhões. Além da multa, a pessoa jurídica envolvida está suscetível de suspensão ou interdição parcial das atividades e dissolução compulsória, podendo ainda ter a decisão condenatória publicada em meio de comunicação de grande circulação, como forma de denegrir a imagem da empresa no mercado. Apesar das críticas por não haver exclusão de culpabilidade no caso das pessoas jurídicas que possuem um efetivo e eficaz programa de compliance, e que tomam todas as medidas possíveis para evitar a corrupção no âmbito de suas organizações, o novo contexto normativo assegura que os mesmos serão levados em consideração no momento da aplicação das penalidades pelos órgãos competentes, que podem pertencer tanto ao Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. Ainda segundo a nova lei, a autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência, com redução de até 2/3 do valor da multa aplicada, com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos na Lei que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo. Como condição para viabilizar a habilitação no acordo de leniência a pessoa jurídica de colaborar 1) na identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e 2) na obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração. As empresas também devem estar atentas ao fato de que o acordo de leniência é de iniciativa da pessoa jurídica e não da Administração Pública. Dessa forma, uma vez apurada internamente a conduta ilícita, a pessoa jurídica deverá tomar as medidas cabíveis para que seu envolvimento na questão cesse por completo a partir da propositura do acordo, passando então a cooperar plenamente nas investigações e no processo administrativo. Outro ponto de extrema importância para a indústria do petróleo e gás é a questão da responsabilidade solidária dos atos cometidos por sociedades consorciadas. Nos termos do artigo 4º, § 2º da Lei n. 12.846/13, as sociedades consorciadas, somente no âmbito do respectivo contrato, serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos

previstos na Lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado. Vale lembrar que a prática da Indústria do Petróleo consagrou um importante instrumento contratual, denominado Joint Operating Agreement (JOA). O JOA estabelece as bases para a partilha de direitos e responsabilidade entre as partes e para a condução das atividades do operador, que é a empresa do grupo ou associação designada pelas demais, para assumir a liderança nos contatos com o país hospedeiro e na condução das operações. Verifica-se, portanto, uma necessidade iminente de ajustar o JOA a fim de contemplar mecanismos de compliance no âmbito do consórcio a fim de afastar a aplicação da lei anticorrupção brasileira. Desse modo, caso não haja tais mecanismos, toda vez que no âmbito do respectivo contrato uma das sociedades consorciadas cometer uma das condutas tipificadas no artigo 5º da Lei n. 12.846/13 pode haver responsabilidade solidária das demais consorciadas no que se refere ao pagamento de multa e na reparação do dano causado, desde que haja um benefício em prol ou um interesse satisfeito no âmbito do contrato. Com efeito, embora a regulamentação da nova lei ainda não tenha sido promulgada pelo Poder Executivo Federal, as sociedades empresárias devem estar atentas para as implicações da referida legislação para desde já iniciar as adequações em seus JOAs a fim de responder à nova realidade. Recomenda-se ainda a realização de due diligence para a contratação dos terceiros com quem o operador pretende se relacionar, além de monitorar o fluxo de informações corporativas a fim de evitar sanções legais cabíveis. Apontamos, ainda, que a aplicação extraterritorial da Lei Anticorrupção brasileira, de competência da Controladoria-Geral da União (CGU), condena atos corruptos cometidos contra a administração pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior, por pessoa jurídica brasileira. Portanto, ainda que o ato não seja praticado no território nacional, a nova lei o alcançará a fim de punir a pessoa jurídica brasileira. Por fim, o grande impacto das novas mudanças econômico-sociais apontadas serão em breve sentidas em diversos países do mundo, e podem até mesmo impactar o investimento estrangeiro direto em países que, como o Brasil, estariam mais suscetíveis a enfrentar casos de corrupção. Nesse sentido, portanto, entendemos que a nova legislação brasileira deve gerar nos próximos anos uma mudança para melhor no doing business no Brasil. TN Petróleo 97

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e&p

O segmento

Série especial

onshore de E&P no Brasil

Uma visão crítica 2014 sobre as bases sociais e econômicas do novo marco regulatório Os autores deste trabalho discutem sobre o andamento da construção de um caminho para o segmento onshore de Exploração e Produção (E&P) no Brasil. É apresentada uma visão crítica de sustentabilidade e considerações sobre as medidas executadas pelas instituições governamentais até meados de 2014, após o estabelecimento do marco regulatório para as atividades de E&P no Brasil. A base legal é a Resolução CNPE n. 01/2013, de 07/02/2013, elaborada pelo Conselho Nacional de Política Energética, e aprovada pela Presidência da República. Esta Resolução, tanto na parte que trata das responsabilidades do Ministério de Minas e Energia (MME), como daquelas atribuídas à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), vem do cumprimento ao Art. 65, da Lei 12.351/2010, de 23/12/2010, estabelecendo a política e medidas específicas para aumentar a participação de empresas de pequeno e médio porte nas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural em bacias sedimentares terrestres, principalmente em áreas de bacias maduras e de áreas inativas com acumulações marginais. Este artigo é o primeiro de uma série exclusiva da revista TN Petróleo.

A Grupo de pesquisa Cnpq - grupo multidisciplinar de pesquisa aplicada e desenvolvimento tecnológico para produção de petróleo e gás em bacias maduras e campos marginais - Pcm2.

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ssim como o modelo brasileiro não pode ser apenas o do Pré-Sal, o país também não é formado apenas por grandes empresas operadoras e gigantes internacionais na área de serviços. Existe uma cadeia produtiva nacional, pequenos operadores, jovens profissionais entrando no mercado e, principalmente, municípios produtores e outros que poderiam estar produzindo, dependendo de uma dinâmica de oferta de oportunidades em bacias terrestres. Apesar da morosidade histórica do Governo, incompatível com a dinâmica do setor, existem indicativos de que os responsáveis por definir e regular diretrizes para o setor estão construindo um caminho nesta direção. Uma delas foi a retomada das rodadas de licitações de blocos exploratórios terrestres em 2013 pela ANP. De fato, a realização das rodadas R11 e a R12, e o resultado do processo de assinatura dos contratos atualizados até o primeiro semestre de 2014, indicam, pelo menos, que haverá aumento nas atividades de E&P por empresas de médio porte em curto prazo. Quanto ao fator crítico envolvendo a definição de “empresas de pequeno e médio porte”, houve progresso em 2014. Atendendo ao disposto na Resolução CNPE n. 1/2013, a ANP estabeleceu os critérios para a definição das empresas operadoras a serem beneficiadas por essa política (Resolução


ANP n. 32/2014, de 06/06/2014). Assim, foram atribuídas as seguintes definições para efeito de enquadramento nas medidas específicas da Resolução: a) Empresa de Pequeno Porte: é uma empresa independente ou pertencente a Grupo Societário, que tenha qualificação de Operador C ou D pela ANP, segundo as normas vigentes, que opere pelo menos um Contrato de Concessão e que, ao mesmo tempo, na qualidade de empresa independente ou Grupo Societário, tenha produção média anualizada inferior a 1.000 boe/d (mil barris de óleo equivalente por dia) de petróleo ou gás natural, no país e no exterior; b) Empresa de Médio Porte: é uma empresa independente ou pertencente a Grupo Societário, que tenha qualificação de Operador B ou C pela ANP, segundo as normas vigentes, que opere pelo menos um Contrato de Concessão e que, ao mesmo tempo, na qualidade de empresa independente ou Grupo Societário, tenha produção média anualizada inferior a 10.000 boe/d (dez mil barris de óleo equivalente por dia) de petróleo ou gás natural, no país e no exterior. Recentemente, a ANP colocou para Consulta Pública (22/07/2014), com a realização de Audiências Públicas (Resolução de Diretoria n. 655/2014), a proposta de revisão de normas regulatórias sobre Plano de Desenvolvimento. A proposta da ANP é diferenciar o tratamento dado a campos de grande e de pequena produção de petróleo e gás natural, reduzindo a burocracia para campos com produção inferior a cinco mil barris de óleo equivalente por dia. No tocante à outra ação regulatória, desde 04/08/2014 a ANP realiza Consulta para manifestação de interesse das empresas de E&P em dez áreas com acumulações marginais distribuídas pelas seguintes bacias: Recôncavo (quatro); Espírito Santo (três); Tucano Sul (uma); Paraná (uma); e Barreirinhas (uma). A consulta ficará disponível até o dia 03 de outubro de 2014, podendo ocorrer a inclusão destas áreas em futura rodada de licitações a depender de parecer ambiental favorável e de aprovação do certame pelo CNPE. Caso não haja interesse, as áreas poderão ser desativadas permanentemente. Também são aguardadas até o final de 2014, de acordo com a Agenda Regulatória 2014, divulgada pela ANP, revisões das normas regulatórias referentes ao acesso a dados técnicos digitais e às amostras de rochas do acervo da União. Portanto, é possível verificar que medidas estão sendo tomadas quanto aos aspectos econômicos (licitações e medidas específicas), em sintonia com os aspectos ambientais (licenciamento das atividades). No entanto, ainda é necessário alcançar a base para impulsão sustentável que determina o desenvolvimento social da população que está próxima às áreas onshore de E&P, geralmente áreas carentes, onde exerce importante papel. O aumento da participação de empresas de pequeno e médio porte nas atividades de E&P nas áreas ter-

Figura 1 – Principais áreas de impacto socioeconômico na Bacia Potiguar (Fonte: ANP/SDT/BDEP)

Figura 2 – Principais áreas de impacto socioeconômico na Bacia Sergipe-Alagoas, Sub-bacia de Alagoas (Fonte: ANP/SDT/BDEP)

restres de Bacias Maduras, além de completar a cadeia junto aos grandes grupos empresariais já instalados, propicia oportunidades de criação e desenvolvimento local e regional. A consolidação desse nicho específico de mercado considera que o fomento de um mercado para pequenos e médios produtores de petróleo e gás natural passa obrigatoriamente pelo prolongamento da atividade produtiva e acesso a novas áreas. Assim, faz-se necessário implementar políticas públicas que permitam fixar empresas independentes com raízes locais. Isso inclui a questão de comercialização de produtos, mas também de geração de empregos e capacitação desses funcionários. É também crítica a concessão de incentivos a novos empreendimentos para a efetiva promoção e recomposição da cadeia produtiva na região, priorizando assim o estabelecimento de empresas que atuem como fornecedores de bens e serviços locais. O resultado desse processo é o surgimento dos conhecidos Arranjos Produtivos Locais (APLs), que funcionam como polos de investimentos e promoção da atividade econômica, aumentando o número de pessoas beneficiadas da região (contratação de mão de obra; TN Petróleo 97

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e&p

Figura 3 – Principais áreas de impacto socioeconômico na Bacia Sergipe-Alagoas, Sub-bacia de Sergipe (Fonte: ANP/SDT/BDEP)

Figura 4 – Principais áreas de impacto socioeconômico na Bacia do Recôncavo e parte de Tucano Sul (Fonte: ANP/SDT/BDEP)

capacitação de pessoal local e regional; aumento de arrecadação, investimentos públicos e privados na instalação e manutenção de infraestrutura e demais utilidades), aumentando o bem-estar social da população. A Tabela 1 apresenta os estados que contêm as bacias produtoras terrestres consideradas maduras, listando suas principais áreas de impacto. Os municípios foram listados de acordo com a localização de blocos e campos terrestres em suas áreas de abrangência, com destaque para aqueles localizados nas Figuras 1 a 5. É certo que parte das empresas que se habilitaram e adquiriram concessões E&P de petróleo e gás natural não deveriam ter ingressado no negócio. Alguns eram aventureiros convictos, olhando um bloco exploratório em bacia madura, áreas inativas com pe148

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quenas acumulações ou um pequeno campo com rentabilidade marginal, como um negócio fácil sem necessidade de grandes investimentos. Outras empresas apostaram na contratação de serviços de consultorias que não sabiam como gerir um pequeno negócio de petróleo ou de gás natural. Quem pode culpá-los? Foi exatamente esta a mensagem captada pelos investidores durante as primeiras rodadas de licitação para execução das atividades de E&P em áreas com este porte, acreditando-se que as condições básicas de formação de um mercado de livre concorrência seriam implementadas sem uma política nacional específica, por meio somente de diretrizes de governo e regulação destas atividades pela ANP e órgãos estaduais de Meio Ambiente (OEMAs). Este cenário não ocorreu, tendo a realidade ficado longe da forma adequada. O cenário foi caracterizado pelo atraso e cancelamento de novos projetos nas áreas já concedidas de bacias maduras. Algumas dessas áreas estão agora em processo de devolução, não havendo garantias de comercialização do petróleo e do gás dos chamados concessionários independentes. A produção de campos de pequena produção operados por pequenos produtores, incluindo os chamados “nanicos”, também não encontrou um mercado para o escoamento garantido pelo governo, como ocorre para o setor de biocombustíveis. Assim, quem produz gás natural via gasoduto ainda precisa lidar com o monopólio das empresas estaduais, tudo bem diferente daquilo que ocorre com, por exemplo, os leilões de biodiesel no Setor de Biocombustíveis. Como, de fato, há uma política viva de fomento à participação de produtores no setor de biocombustíveis, as medidas estruturantes do mercado do biodiesel estão presentes e são acompanhadas e reguladas pelas instituições governamentais com efetividade e relativo sucesso quando incluídas juntas às outras variáveis deste mercado. Outro importante gargalo constatado está relacionado à ausência de planejamento de curto e médio prazo para oferta de novas áreas para exploração e produção, resultado da inexistência de uma política nacional efetiva para desenvolvimento desse nicho de atividade, tendo ficado restrita às diretrizes e resoluções do CNPE, que nem sempre foram possíveis ser implementadas pela ANP. Até 2013, as Rodadas de Licitações estavam paralisadas desde 2008, ademais do cancelamento da 8ª Rodada de 2006. Esta imprevisibilidade de acesso contínuo a novas áreas e a ausência de medidas estruturantes para criação de um mercado, não permitiu que as empresas independentes desenvolvessem suas atividades em escala, sendo uma das causas do fracasso desse modelo para pequenos e médios produtores, principalmente para os operadores de campos com pequenas acumulações. É incontestável que uma pequena empresa produtora em campos marginais, sem novos projetos, não tem expectativa de fazer crescer seu negócio. Pelo


Tabela 1 – Principais áreas de impacto socioeconômico nos estados que abrigam as bacias consideradas maduras do Brasil Estado

Principais áreas de impacto

Bahia

Alagoinhas, Araçás, Camaçari, Candeias, Cardeal da Silva, Catu, Entre Rios, Esplanada, Itanagra, Inhambupe, Itaparica, Mata de São João, Pojuca, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Sátiro Dias, Simões Filho, Teodoro Sampaio, Vera Cruz.

Rio Grande do Norte

Acu, Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Angicos, Apodi, Areia Branca, Augusto Severo, Caraúbas, Carnaubais, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Guamaré, Macau, Mossoró, Pendências, Porto Mangue, Serra do Mel, Upanema.

Sergipe-Alagoas

Coqueiro Seco, Maceió, Marechal Deodoro, Pilar, Rio Largo, Roteiro, São Miguel dos Campos, Satuba, Aracaju, Areia Branca, Capela, Carmópolis, Divina Pastora, General Maynard, Itaporanga, Japaratuba, Maruim, Pacatuba, Pirambu, Riachuelo, Rosário do Catete, Santo Amaro das Brotas, São Cristóvão, Siriri.

Espírito Santo

Conceição da Barra, Jaguari, Linhares, São Mateus.

Fonte: ANP, outubro de 2013 (mês de crédito participações governamentais: agosto de 2013)

contrário, como a produção de petróleo e gás natural, na maior parte do tempo, é declinante, com produção esperada de água cada vez maior, o operador tende a gastar mais para produzir menos. Sendo assim, novas ofertas de áreas são necessárias para manter o crescimento do negócio destas empresas. O aumento do fator de recuperação das jazidas também passa pela solução da interrupção de produção precoce pelo grande operador. Portanto, é evidente que a política nacional deve contemplar mecanismos de oferta permanente de áreas, com planejamento de oportunidades para produtores e de criação de um mercado de fornecedores de bens e serviços, locais ou regionais. Para que ofertar áreas com acumulações marginais? Para que atrair o interesse de produtores independentes nas bacias maduras? Para que todo esse esforço se o Brasil tem maiores perspectivas de retorno se concentrando em águas profundas e ultraprofundas, como ocorre atualmente nas áreas do Pré-Sal? A ausência de respostas contundentes a essas perguntas, por parte do Poder Executivo, gera bloqueio para o desenvolvimento de um mercado de produtores independentes de fato. Até o momento, as licitações para outorga de blocos exploratórios em bacias maduras e reabilitação de áreas inativas com acumulações marginais foram realizadas praticamente sem estudos de impactos socioeconômicos por parte da União. Nem mesmo consolidação de histórico confiável sobre as atividades de E&P foi realizado para estas áreas. Houve, por parte da ANP, esforços na execução de um Plano Plurianual de estudos das bacias sedimentares brasileiras e, adicionalmente, na tentativa, sem sucesso, de viabilizar um Banco de Rochas e de Campos-Escolas pelo Brasil. Apesar de sinais de que a ANP pretende apresentar um projeto nacional para recebimento e disponibilização de um Centro de Rochas e Fluidos, não temos certeza de que isto ocorrerá na celeridade que o assunto exige. A promoção do aproveitamento racional dos recursos energéticos é crucial para qualquer nação. Contudo, não pode ser ‘letra morta’ nas leis brasileiras. Sem

falar nos aspectos econômicos, que são de relação direta, quem vive em regiões produtoras do país sabe por que a produção deve ser prolongada ao máximo – com intuito de manter estável o nível da atividade econômica – e por que deveria ser estendida a outras regiões brasileiras. E não somente isso, os dividendos sociais dessas atividades são significativamente relevantes para o desenvolvimento, por exemplo, da educação e da saúde dessas localidades. Ironicamente, os estados e municípios direcionam quase todos os seus esforços na obtenção dos royalties do Pré-Sal, considerando somente o poder de gerar mudanças de quantias envolvidas. Enquanto isso, perde-se a oportunidade de lutar pelo desenvolvimento das atividades de E&P em seus próprios municípios, o que faria com que os recursos chegassem com agilidade por meio de investimentos e arrecadação de impostos sobre essas atividades (ISS, IPTU), além de gerar empregos diretos e indiretos, com possibilidade ainda de desenvolver um mercado de serviços locais (circulação local de moeda). Certamente existe uma bem intencionada atitude das instituições governamentais ligadas à área de petróleo e gás, mas, em sua maioria, sem a efetividade esperada na gestão pública. Isso ocorre apesar da crescente atuação de órgãos de controle interno (Controladoria Geral da União) e externo (Tribunal de Contas da União), por meio de auditorias em instituições do Poder Executivo, combinado com ações de órgãos públicos de representação da sociedade e de defesa da concorrência, na tentativa de aprimorar os resultados esperados das diversas diretrizes do Poder Executivo. O ambiente regulatório, mesmo reconhecendo um esforço para melhoria da gestão pública, como é o caso do projeto Gespública (Programa nacional de Gestão Pública e Desburocratização), não é adequado, sem análise dos impactos regulatórios na maioria de suas decisões, e claramente não atingiu o objetivo de reduzir a morosidade e a ineficiência dos serviços para níveis minimamente desejáveis, dos quais depende o Setor petrolífero nacional. TN Petróleo 97

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e&p

Figura 5 – Principais áreas de impacto socioeconômico na Bacia do Espírito Santo (Fonte: ANP/SDT/BDEP)

Devido ao grande número e complexidade das regras, gerenciar o trâmite de processos envolve múltiplos despachos e decisões, algumas delas subjetivas, as quais resultam em morosidade e ausência de isonomia no serviço público. Assim, não é possível negligenciar o impacto causado pela morosa burocracia brasileira no andamento de processos, no âmbito de um complexo modelo de governança do Setor de Petróleo e Gás, com participação de ministérios, reguladores, estatais, academia, controle interno e externo, representantes dos Municípios, Estados e da União, concorrenciais, criminais, judiciais, etc., tais como: MME, MMA, ANP, Ibama, OEMAs, IBGE, Inmetro, Petrobras, Universidades, CGU, TCU, TCEs, Câmara, Senado, AGU, Cade, MPF, PF, e Tribunais de Justiça. Por outro lado, além do efeito da citada morosidade dos processos, a regulação com regramentos muito específicos envolvendo o alcance de metas, via de regra, impede e retira os incentivos à inovação e soluções tecnológicas. A pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias estão mais bem postos em um ambiente com metas definidas, onde os caminhos ficam por conta do empreendedor. Assim, o superdetalhamento e a complexidade das regulamentações resultam, além do atraso na instrução dos processos, em ambiente inacessível a pequenos investidores e o fechamento das portas à inovação, principalmente devido à ausência de avaliação ex-ante e ex-post dos impactos regulatórios. Destaca-se, igualmente, que uma regulação técnica e específica demanda profissionais muito bem capacitados e experientes, ademais de uma fiscalização especializada frequente (mais funcionários especializados), o que não deixa de ser muito desafiador para uma jovem agência como a ANP, principal regulador do setor. 150

TN Petróleo 97

Em resumo, nestes 15 anos de processo de abertura do mercado brasileiro de petróleo e gás natural, sequer estiveram disponíveis os incentivos básicos para o fomento do setor de E&P terrestre em áreas de bacias maduras ou de área inativas com acumulações marginais (ver tabela da página seguinte). A ausência de políticas nacionais efetivas para o segmento do upstream onshore, sem dúvida alguma, é a maior causa das atuais dificuldades dos agentes econômicos envolvidos neste processo, dificultando a atração de investimentos e a criação de arranjos produtivos locais e, por conseguinte, de oportunidades relevantes para o mercado. Diante de um novo cenário, no qual uma política nacional para fomentar a participação de empresas de petróleo de pequeno e médio porte em bacias terrestres já se encontra assinada e publicada (Resolução CNPE n. 01/2013), tendo efeitos de um verdadeiro marco legal e regulatório para o Upstream Onshore no Brasil, cabem os seguintes questionamentos adicionais aos incentivos básicos mencionados: • Qual a participação das empresas de grande porte, inclusive as estatais, nesse cenário? • Como aumentar a participação de empresas de pequeno e médio porte? • Onde estão as oportunidades? • Quais os principais gargalos que irão ser mitigados? • Como ampliar o número e a qualidade de recursos humanos para o segmento? • Os fornecedores de serviços e equipamentos estão disponíveis e são adequados para a consolidação desse segmento? • Qual será o modelo regulatório específico e adequado ao mercado que se pretende desenvolver? • Quais são os investimentos mínimos necessários e como quantificá-los? • Como avaliar as reservas existentes de áreas de pequenas acumulações, no âmbito das áreas de bacias maduras e inativas com acumulação marginal e seus potenciais níveis de produção? • Com base em quais parâmetros são geridas a produção, a injeção e o descarte de água produzida? • Qual a previsão crível de curto e médio prazo de acesso a novas áreas para operadores de pequeno e médio porte? • Existem incentivos para a inovação ou mesmo para a aplicação de novas tecnologias? • Quais os impactos regulatórios das exigências e os pré-requisitos mínimos das licitações, planos, metas e qualificações a que devem estar submetidas às empresas? • Quais as melhores práticas internacionais da indústria para o segmento upstream onshore que serão aplicadas no Brasil? • As políticas direcionadas a produtores de pequeno e médio porte, além da regulação, deveriam alcançar operadores não concessionários, aqueles que produ-


Ausência de política nacional específica

Previsibilidade de ofertas de áreas e garantia de comercialização da produção.

Regulação com isonomia e simetria de informações entre os agentes.

Estudos técnicos suficientes sobre avaliação das áreas (dados de produção e reservas).

Pré-licenciamento ambiental antes da outorga ou um processo de licenciamento de cobertura de toda a bacia.

Requisitos adequados de qualificação das empresas e de garantia financeira das atividades.

Programas eficientes de capacitação local.

Linhas de financiamento para o setor.

Estudos de impactos socioeconômicos por parte do poder Processos de consulta pública de dados e informações eficiente e independente de ações internas da ANP, similar ao outorgante, voltados para áreas de atuação do pequeno sistema e-bid desta agência reguladora, que disponibiliza com produtor, além de outros estudos técnicos e ambientais. segurança os dados e informações aos licitantes via web. zem por meio de contratos de terceirização, ou de aquisição de dados em bases não exclusivas, ou mesmo de empresas de investimentos não operadoras? • Não seria razoável acreditar que as empresas terceirizadas seriam naturalmente os futuros concessionários/ operadores? Durante os contratos de terceirização as empresas se desenvolvem técnica e operacionalmente, e prosseguem, naturalmente, para a aquisição de suas próprias concessões (assim como ocorreu com a PetroRecôncavo)? • Onde está o banco de rochas e fluidos do Brasil, indispensável para o aumento da participação de empresas de pequeno e médio porte? • Qual a interação desejada entre universidade e indústria? • O que a sociedade perde com o cancelamento antecipado das atividades em bacias maduras ou campos marginais? • É de confiança a expectativa do pequeno e médio produtor quanto à política nacional divulgada recentemente para o segmento? • Quais os modelos de negócio e regulação existentes e como definir o mais adequado para os diferentes cenários? • Como integrar e acompanhar as questões sociais, econômicas, ambientais, regulatórias, comerciais, de infraestruturas? • Qual o modelo de governança neste novo cenário? • Como manter a atratividade do segmento upstream onshore? • Existirá ambiente favorável para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva específica? • É possível quebrar as amarras do “monopólio” na execução das atividades de E&P? • Qual o grau de confiança no sucesso da nova política nacional, advinda com a Resolução CNPE n. 01/2013? Considerações finais – Há muito por fazer na exploração e produção das bacias maduras brasileiras (Bacia Potiguar, Bacia de Sergipe-Alagoas, Bacia do Recôncavo e Bacia do Espírito Santo), no que diz respeito à

criação de um mercado com participação expressiva de empresas de pequeno e médio porte. É notório o retrocesso dos investimentos em parte delas nos últimos anos. O segmento ainda é tratado como se todos os players fossem do porte de uma empresa major, restringindo-se a diferenciação tão somente em raros regramentos regulatórios. Esse tratamento inadequado é verificado também nos conglomerados financeiros, nas grandes empresas de serviços nacionais e estrangeiras, pela Academia, incluindo Universidades e Instituições de Ciência e tecnologia (ICTs), etc. Tudo isso é parte de uma cultura estabelecida por décadas de monopólio na execução das atividades de E&P. Faz-se necessário, portanto, definir um novo modelo de governança institucional para a atração de investimentos públicos e privados (nacionais e internacionais), em que os benefícios e custos para a sociedade sejam de fato discutidos com o cidadão e, com este, definidos os padrões de sustentabilidade desse mercado. Os autores farão nas próximas edições desta revista uma análise do atual cenário de crise de confiança dos agentes privados na atratividade do segmento upstream onshore do Brasil, com detalhamento de casos. A metodologia do presente estudo procurou identificar as ações necessárias para solução de gargalos e recuperação da atração de investimentos para projetos de E&P. Isso é analisado no âmbito do novo marco regulatório da produção de petróleo e gás natural em áreas de bacias maduras terrestres para empresas de pequeno e médio porte, localizadas principalmente nas bacias Potiguar, Sergipe-Alagoas, Recôncavo e Espírito Santo, além de outras áreas com acumulações marginais. O estudo apontou ainda opções de caminhos para a consolidação do nicho de mercado de empresas de pequeno e médio porte. O texto transita ainda por aspectos relevantes de governança institucional, ambientais, segurança operacional, cenários de oportunidades (exploração e produção em condições convencionais e não convencionais) e também de riscos à sociedade e aos produtores de diferentes portes, com repercussão direta nos impactos socioeconômicos sobre a população de centenas de municípios brasileiros. TN Petróleo 97

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gás natural

Gás Natural no Brasil:

Desafios e oportunidades de negócios

O consumo de gás natural no Brasil vem crescendo a uma média anual de 12,5% desde a entrada em operação do gasoduto Bolívia-Brasil, em 1999. O crescimento do consumo inicialmente apoiou-se no setor industrial, o qual apostou no gás natural como o combustível por excelência para aumentar a qualidade de seus produtos, competir no mercado internacional e reduzir as emissões ambientais. Porém, nos últimos três anos a penetração do gás natural nas indústrias tem sido mais lenta, uma vez que o gás substituiu a quase totalidade do óleo combustível nas regiões servidas por redes de distribuição de gás canalizado.

N Ieda Gomes é graduada em Engenharia Química e com mestrados em Energia pela USP e em Engenharia Ambiental pela Ecole Polytechnique Federale de Lausanne (Suíça), e sócia-diretora da empresa de consultoria Energix Strategy Ltd.

Marcio Balthazar da Silveira é economista, trabalhou por 34 anos na Petrobras em óleo, gás natural e fertilizantes. Expertise em negociações internacionais e desenvolvimento de negócios em gás natural gás, LNG e governança corporativa.

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o período 2012-2014, o consumo de gás na geração de eletricidade duplicou, em virtude do período hidrológico desfavorável, com o consequente acionamento do parque de usinas termelétricas a gás natural. A mudança no perfil de consumo de gás natural, atualmente baseado em um setor que não oferece garantias firmes de consumo, tem gerado discussões e preocupações com relação ao custo e disponibilidade da oferta, uma vez que o Brasil tem importado volumes crescentes de Gás Natural Liquefeito (GNL), em contratos de curtíssimo prazo. Essas questões têm centralizado as discussões relativas à necessidade de uma política pública de longo prazo para o gás natural. Devido à sua modesta relevância no consumo total de gás natural, pouco se tem discutido sobre o papel do gás natural nos segmentos residencial, comercial e de transportes (GNV). Porém, esses segmentos concentram o maior número de consumidores de gás, atualmente superior a 2,5 milhões, e seu atendimento tem gerado investimentos expressivos na construção de redes de distribuição e instalação de equipamentos. Este artigo apresenta um panorama dos fundamentos da indústria do gás natural no Brasil e discorre sobre as barreiras e oportunidades de negócios particularmente nos segmentos de distribuição e consumo de gás. Reservas, produção e oferta – Apesar de terem duplicado, com relação aos primeiros anos da década de 2000, as reservas de gás natural mantiveram-se relativamente estagnadas no ultimo triênio em 459 bilhões de m³. O registro certamente está associado à descontinuidade na promoção de novas rodadas de exploração de petróleo e gás, com vistas à concessão para o desenvolvimento de novas áreas.


Na 12ª e última rodada de leilões realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em novembro de 2013, foram licitados 240 blocos de áreas exploratórias de óleo e gás em sete bacias sedimentares em terra, supõe-se, apenas para gás natural, que vão desde o Acre até São Paulo, passando por 12 estados brasileiros. A área compreendida para a Rodada totalizou 168 mil km². Desses blocos, 110 eram em novas fronteiras, com o objetivo de atrair investimentos para regiões ainda pouco conhecidas ou que tenham barreiras tecnológicas a serem vencidas. A realização do leilão nestas novas bacias produtoras de gás natural e de recursos petrolíferos convencionais e não convencionais visava trazer recursos tecnológicos e financeiros e promover uma diversificação e aumento da oferta no país. Criou-se uma expectativa de que isso pudesse resultar na mesma revolução energética que aconteceu nos Estados Unidos com a produção do gás não convencional e de que isto pudesse se traduzir em redução de preços ao mercado. No entanto, o fenômeno do gás não convencional americano resultou do somatório de condições únicas de proximidade e acesso à malha de transporte e de conhecimento tecnológico e disponibilidade de equipamentos. No âmbito local, nas atuais circunstâncias, é uma aposta que reúne todas as condições de se frustrar, ao menos enquanto alguns nós elementares não forem desatados na indústria de gás natural no Brasil. Voltada a 12ª Rodada predominantemente para campos com potencial apenas de gás natural, os futuros produtores selecionados, ainda que consigam superar as questões aqui apontadas, terão de lidar com um gargalo mais elementar que os unirá aos demais produtores independentes de gás natural no Brasil. Com um mercado consumidor 80% concentrado no Centro-Sul e o restante na região Norte/ Nordeste, os produtores de gás irão lidar com questões ainda não resolvidas de acesso à malha de gasodutos de transporte, um gargalo a impedir o acesso a este mercado. A questão assume uma dimensão ainda maior para aqueles que arrematarem as áreas remotas que foram licitadas nesta 12ª Rodada. A produção de gás natural ao longo dos últimos cinco anos apresentou um consistente crescimento médio de 6,1% ao ano, sendo que

Figura 1: Reservas de gás natural (em milhões de m3) Fonte: MME/BMA (maio 2014)

Figura 2: Produção e disponibilidade de gás natural (em milhões de m3) (*) janeiro-abril 2014 Fonte: ANP – dados estatísticos mensais (agosto 2014)

Figura 3: Produtores de gás natural no Brasil (em milhões de m3/dia) Fonte: MME (2014)

somente no primeiro quadrimestre de 2014 cresceu apenas 2,6% em relação à media observada em 2013. No mesmo período reduziu-se a 51,1 milhões de m³/dia a disponibilidade ao mercado do gás natural (equivalente a 7,6%) em razão de um aumento de 37,6% no volume reinjetado. Do volume total produzido (82,9 milhões de m³/d), 98,4% estão concentrados em dez concessionárias (a Petrobras responde por 81% do total). O gráfico a seguir apresenta a distribuição da produção nacioTN Petróleo 97

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gás natural nal dessas concessionárias; pelo menos cinco são parceiras da Petrobras. O mercado – O consumo de gás natural cresceu inicialmente a reboque da produção de gás associado ao petróleo na região Nordeste e no estado do Rio de Janeiro. Após longo período de estagnação, o consumo de gás natural foi impulsionado pela entrada em operação do gasoduto Bolívia-Brasil em 1999, com um crescimento médio anual de 12,5% no período 1998-2013. A produção doméstica de gás natural cresceu 8,5% no mesmo período; o déficit entre a produção comercial e o consumo atingiu 16,3 bilhões de m³ em 2013 – 44,6 Mm³/dia. O consumo de gás natural no quadrimestre janeiro-abril de 2014 apresentou um crescimento médio de 7,9% em relação à média de 2013, fortemente impulsionado pelo consumo na geração termelétrica, que cresceu 15,2%. Com isso a demanda para o segmento termelétrico já superou a demanda do segmento industrial e respondeu por 46,3% do volume comercializado. Evidentemente não se espera que esta tendência de crescimento na demanda de termelétricas se mantenha até o final do ano, já que tem sido fruto de uma atípica estiagem prolongada que levou os reservatórios a níveis de água mais reduzidos e ao despacho das usinas a gás. De qualquer forma, a movimentação no mercado de gás ao longo dos últimos meses alerta para dois indicadores importantes: primeiro, para a maior regularidade do despacho termelétrico e, o segundo, para a consequente ampliação na dependência de importações de GNL que evoluíram do equivalente a 0,7 milhão de m³/dia em 2009 a para 24,46 milhões de m³/dia somente em maio de 2014. O perfil de consumo de gás natural mostra uma importante mudança em função do crescimento do despacho termelétrico. Em maio de 2010, os segmentos industrial e de geração de eletricidade representavam, respectivamente, 58% e 19% do consumo; em maio de 2014 a geração de eletricidade cresceu para 42% enquanto que o setor industrial representava 37% do consumo. O uso de gás em veículos (GNV), que em 2010 representava 13% do consumo, caiu percentualmente para 6% enquanto que a cogeração passou de 6% para 4%. Como consequência do desequilíbrio entre demanda e oferta de gás doméstico, a importação de GNL já equivale a 40% das importações de gás natural e os valores de importação, em bases spot, 154

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Figura 4: Evolução da produção e consumo de gás natural (em bilhões de m3) Fonte: BP (2013)

Figura 5: Consumo de gás natural, participação por segmento (%) Fonte: BMA-MME. Dados elaborados

acabaram por refletir a opção e se elevaram de US$ 5,44/MMBtu (FOB) em 2009 para US$ 22,30/MMBtu (FOB) registrado em abril de 2014. Infraestrutura e contexto regional – À exceção do sistema estruturante em torno do gasoduto Bolívia-Brasil, a infraestrutura de gás natural no Brasil foi construída ao longo da costa do país. O sistema de transporte de gás é composto de duas artérias principais, o sistema Bolívia-Rio Grande do Sul e o sistema S.Paulo-Rio-Espírito Santo, interligado ao sistema Nordeste através do gasoduto Gasene. A região Norte conta com um único gasoduto interligando os campos terrestres de Urucu e Coari a Manaus. Os gasodutos de transporte totalizam 9.244 km e são todos operados pela Petrobras. O plano estratégico da estatal contempla a construção de três gasodutos marítimos de escoamento, interligando campos do pré-sal a estações de tratamento de gás no Rio de Janeiro e São Paulo e com capacidade total de 44 milhões m3/dia: Rota 1: 10 milhões m3/dia, interligando os campos de Lula e Mexilhão (pós-sal) à unidade de tratamento de gás em Carapicuíba (SP), em operação. Rota 2: 16 milhões m3/dia, interligando os campos da área norte do pré-sal da Bacia de Santos a Cabiúnas no Rio de Janeiro, em construção.


Rota 3: 18 milhões m3/dia, interligando os campos da área norte do pré-sal da Bacia de Santos ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em licitação. Existem três terminais de importação e regaseificação de GNL em operação, Pecém (CE), Guanabara (RJ) e Bahia. Os terminais foram construídos e são operados pela Petrobras com exclusividade, mas existem indícios de que a Petrobras estaria negociando capacidade ociosa nesses terminais para investidores interessados em importar GNL para abastecer usinas termelétricas propostas para o próximo leilão de geração em setembro de 2014. Diversos empreendedores privados têm estudado a possibilidade de construir terminais de GNL, mas os projetos não têm deslanchado, tendo em vista o descasamento entre os preços baixos e exigência de geração flexível por parte do setor elétrico brasileiro e as caracteristicas dos contratos de GNL, com elevado take or pay e preços mais elevados que os do gás doméstico. No Brasil, dois terços do gás ofertado ao mercado são comercializados pelas distribuidoras estaduais de gás canalizado. Das 27 concessionárias estaduais, cinco estão em fase pré-operacional porque não dispõem de suprimentos de gás natural, e outras três distribuem volumes simbólicos, em alguns casos, GNL transportado por caminhão. Na maioria dos estados, as concessionárias ou seguem um modelo de parceria Governo-Petrobras-investidor privado ou são completamente privadas. Os investidores privados são grupos nacionais ou internacionais, dentre os quais o Grupo Cosan, a Shell, a Gás Natural Fenosa, a Mitsui, a Termogas e indústrias catarinenses. Em junho de 2014, o sistema de distribuição de gás canalizado totalizava 26.300 km, dos quais dois terços estavam concentrados em dois estados: São Paulo, com 14.512 km e Rio de Janeiro, com 5.121 km. Entre 2003 e 2014, as concessionárias de gás canalizado construíram 16.944 km de redes de gás. Entre 2010 e 2014 foram construídos apenas 138 km de gasodutos de transporte, enquanto que o sistema de distribuição de gás cresceu 7.770 km no mesmo período. Em 2014 prevê-se a construção de apenas 11 km de gasoduto de transporte, através do Plano de Expansão da Malha de Transporte (Pemat). O modelo tarifário adotado em alguns estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, adota o critério de remuneração dos investimentos em distribuição a um custo médio ponderado de capital; no caso de São Paulo, as concessionárias eram

Figura 6: Evolução do perfil de consumo de gás natural (%) - MME

Figura 7: Importação de GNL e preços médios Fonte: Aliceweb - MDIC, maio/2014*FOB(Free on Board). BMA/MME

obrigadas a um programa mínimo de investimentos no período inicial do contrato de concessão. Apesar do seu peso pouco expressivo no consumo total de gás, os segmentos comercial e residencial representam 99,8% do número total de consumidores de gás canalizado. Hoje, existem quase 2,5 milhões de residências abastecidas com gás natural, um crescimento de 42% nos últimos quatro anos. Existem 1.624 postos de abastecimento de GNV e

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gás natural

Maio 2012

Junho 2014

Industrial

2.594

2.712

GNV (postos)

1.702

1.624

Residencial

1.753.065

2.493.352

Comercial

22.864

34.237

Ger. Eletricidade

16

29

Cogeração

47

74

Outros

18

5

Total

17.803.306

2.532.045

Tabela 1: Evolução do número de consumidores de gás canalizado no Brasil Fonte: (abegás, 2014)

o país conta com cerca de 1,75 milhão de veículos movidos a gás natural, até recentemente ocupando a quarta posição na frota mundial de GNV. Em que pese sua importância estratégica para reduzir a sobrecarga das redes de distribuição de eletricidade e sua maior eficiência global, o uso de gás em cogeração restringe-se a apenas 74 consumidores em todo o país e 4% do consumo total de gás natural. Obstáculos e barreiras à expansão do setor de gás – Apesar do expressivo crescimento do consumo de gás nos últimos dez anos e dos investimentos realizados pela Petrobras e concessionárias estaduais, o futuro do setor de gás natural no Brasil depende de decisões estratégicas de um pequeno número de agentes, particularmente no que tange às políticas públicas para o setor de energia. Criação de demanda firme que viabilize investimentos em oferta e infraestrutura. Isso passa pela avaliação do papel do gás na geração de eletricidade, de forma sustentável e inflexível, e também da política de preços e tributos para o segmento industrial visando dar maior competitividade à indústria brasileira. Definição de oferta de longo prazo, uma vez que, afora o gás associado do pré-sal, existe pouca visibilidade acerca da produção doméstica em outras formações e regiões. Assim, é fundamental que a ANP continue a financiar a exploração em bacias terrestres com o intuito de mapear as áreas mais promissoras para futuras rodadas de exploração de hidrocarbonetos. Massificação do consumo de gás para uso residencial visando assegurar a sustentabilidade institucional do setor. Isso depende da capacidade de investimento das concessionárias de gás, de programas de financiamento a juros baixos para 156

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Figura 8: Infraestrutura de gás natural no Brasil Fonte: abegás, 2014

gasap

cigás

rongás

gaspará

gasmar

cegás potigas pbgás gaspisa copergás algás sergas bahiagás mtgás goiasgás cebgas msgás

gasmig

compagas scgás sulgás

petrobras ceg rio ceg

comgás gas natural fenosa gás brasiliano

estados sem distribuidora

Figura 9: Mapa das distribuidoras de gás canalizado Fonte: Abegás

consumidores e concessionárias, da remoção de subsídios ao GLP e da imposição de metas mínimas por parte das agências reguladoras estaduais. Priorização do GNV, em conjunto com o etanol, como alternativa à importação de gasolina, tendo em vista que até 2020 dificilmente o país deixará de ser importador desse derivado de petróleo. Oportunidades de negócios – Apesar de a Petrobras estar direcionando 78% dos investimentos do plano 2014-2018 para o segmento upstream, ainda assim existem oportunidades de investimento no downstream, à medida que as concessionárias estaduais resolvam intensificar seus esforços na capilarização de redes e captura de consumidores residenciais e comerciais. Segundo a Abegás, até 2020 o número de consumidores de gás canalizado deverá chegar a 3,2 milhões e as redes de distribuição deverão totali-


zar 37,4 mil km, com investimentos por parte das concessionárias de cerca de R$ 2 bilhões por ano. A título de exemplo, a agência reguladora do estado de São Paulo (Arsesp) aprovou um plano de investimentos de R$ 2,4 bilhões para as três concessionárias estaduais para o período 20102015. No caso da Comgás, mais de R$ 5 bilhões foram investidos para ampliação e modernização da rede, desde a privatização da empresa em 1999. Somente no ano de 2013 a Comgás investiu R$ 852 milhões enquanto que a Companhia Estadual de Gás (CEG) e CEG Rio devem investir R$ 1,92 bilhão no período 2013-2017, em média, R$ 382 milhões por ano. A Petrobras planeja investir US$ 10,1 bilhões, cerca de R$ 23 bilhões, em projetos de gás e energia no período 2014-2018, a maior parte na construção de gasodutos marítimos para escoamento do pré-sal e em unidades de fertilizantes. Somados, os investimentos no segmento em transporte, escoamento da produção, distribuição e unidades de fertilizantes deverão totalizar R$ 37 bilhões até 2020. As projeções dos autores indicam uma demanda de gás firme/inflexível de 94 milhões de m³/d em 2020, podendo atingir 129 milhões de m³/d se computada a demanda termelétrica flexível. A adição de mais 700 mil consumidores e de mais 11 mil km de rede representam oportunidades de investimentos nas seguintes áreas: • Serviços de engenharia, construção e gerenciamento de redes de distribuição de gás e de instalação de ramais para consumidores. • Tubulações e conexões em aço soldado e polietileno, incluindo estações redutoras de pressão e sistemas de monitoramento à distância. • Fornecimento de equipamentos para conexão de novos consumidores, tais como medidores de vazão de gás, tubulações para ramais, medidores de vazão, queimadores e fogões, aquecedores de água e de ambiente. A título de exemplo,

Figura 10: Evolução da implantação de redes de distribuição de gás canalizado Fonte: http://www.abegas.org.br/site?page_id=839

Figura 11: Evolução dos sistemas de transporte e distribuição de gás Fonte: (abegas, 2014), (MME, 2014)

a Comgás instalou 652 mil medidores de gás no período 1999-2013. • Equipamentos de compressão, cilindros de alta pressão, kits automotivos e equipamentos de medição em postos automotivos para atendimento ao mercado de GNV. • Equipamentos para sistemas de cogeração. • Possíveis investimentos em geração terméletrica – turbinas, obras civis, geradores e sistemas ancilares – a depender da confirmação da participação de usinas termelétricas a gás nos leilões A-5 promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Bibliografia Abegás. 2014. Associacao das Empresas Brasileiras Distribuidoras de Gás Canalizado. Levantamento Estatistico Mensal. [Online] January de 2014. http://www.abegas.org.br/Site/?p=33951. BP. 2013. BP Statistical Review of World Energy 2012. 2013. Denatran. 2014. Frota Nacional de Veiculos Dezembro 2013. DENATRAN- Departamento Nacional de Transito. [Online] 2014. http://www. denatran.gov.br/frota2013.htm. Gomes, Ieda. 2014. Brazil: country of the future or has its time come for natural gas. Oxford : Oxford Institute for Energy Studies, 2014. IBP. 2013. Cenário de Oferta e Demanda de Gás Natural no Brasil - Revisão 2012. s.l. : Instituto Brasileiro de Petroleo, Gas Natural e Biocombustiveis, March de 2013. MME. 2014. Boletim Mensal de Acompanhamento da Industria do Gas Natural. Brasilia : Ministerio de Minas e Energia, 2014.

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apoio marítimo

PSM promove o

gerenciamento de riscos Uso de ferramentas analíticas para avaliar e gerenciar a segurança de processo nas operações de apoio marítimo offshore no Brasil.

A

Altaira Pollis é coordenadora de projetos do ABS Group Services do Brasil, no Rio de Janeiro, tem mais de dez anos de experiência em prestação de serviços para as indústrias de óleo e gás e de mineração, sendo especialista em estudos de análise de riscos, usando as metodologias como APR, Hazid e Bow-ties. É engenheira civil pela UFRJ e fez o mestrado em Sistemas de Gestão, na UFF/Latec.

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s partes interessadas da indústria de óleo e gás no Brasil reconhecem a necessidade de mitigar os riscos envolvidos em suas operações, particularmente no ambiente dinâmico no qual grande número de novas contratações é realizado para atender às necessidades de rápido crescimento de operações offshore. O fluxo de novos trabalhadores introduz riscos, porém o fato é que mesmo com uma tripulação experiente e capacitada, é crucial focar na melhoria dos sistemas de gestão de saúde e segurança. Para assegurar que os serviços são realizados de forma segura, deve haver uma ênfase na melhoria da compreensão dos principais perigos existentes, e devem existir processos em andamento que equilibram a competência da força de trabalho em relação ao nível de supervisão. A Gestão de Segurança de Processo (no inglês Process Safety Management / PSM) é uma ferramenta analítica que consiste em abordagens inter-relacionadas para gerenciar os riscos associados aos processos nas indústrias. O principal objetivo do PSM é reduzir a frequência e a gravidade dos incidentes. As normas e padrões que sustentam a ferramenta são compostos de procedimentos organizacionais e operacionais, guias para elaboração de projetos, programas de auditoria, e uma série de outros recursos. O ABS Group vem trabalhando com agências governamentais, indústrias e organizações comerciais, incluindo United Kingdom Health and Safety Executive (UK HSE), American Institute of Chemical Engineers (AIChE), American Petroleum Institute (API), American Chemistry Council (ACC), Center for Chemical Process Safety (CCPS), para desenvolver tecnologias que podem ser aplicadas para gerenciamento de riscos. No Brasil, o PSM tem sido usado para melhorar os indicadores-chave de desempenho em uma série de indústrias, incluindo a de petróleo e gás offshore. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e as tradicionais empresas de petróleo e gás têm promovido ativamente a aplicação do PSM. Benefícios da aplicação do PSM em embarcações de apoio marítimo – Um dos serviços mais relevantes que o ABS Group Services do Brasil tem desenvolvido no país é a análise das atividades offshore realizadas por embarcações de apoio marítimo. A grande frota de embarcações que opera no Brasil compreende ampla gama de tipos de navios, incluindo embarcações de apoio a plataformas (Platform Supply Vessel / PSV), de manuseio de âncoras, reboque e apoio (Anchor-Handling Tug and Supply / AHTS), manipuladora de linhas (Line Handler / LH), de recolhimento de óleo derramado (Oil Spill Recovery Vessel / OSRV), de suporte a ROV (ROV Support Vessel / RSV), de apoio a construção (Construction Support Vessels / CSV) e de lançamento de tubulação (Pipe Laying Support Vessel / PLSV).


A primeira etapa com foco na melhoria da segurança operacional foi identificar e definir as atividades realizadas por cada tipo de navio realizando um Mapeamento de Processos para definir os limites de fronteira do trabalho. O escopo básico inclui as atividades portuárias das embarcações de apoio marítimo (atracação, ancoragem e carga / descarga de produtos e equipamentos), navegação e atividades offshore (específicas para cada tipo de embarcação). É importante mencionar que, na aplicação do presente processo de análise de risco foi fundamental envolver profissionais que estão bem familiarizados com essas operações para obtenção de informações adequadas através da experiência da indústria. Uma vez que o mapa de processos foi elaborado para cada tipo de embarcação de apoio marítimo, a aplicação do PSM seguiu quatro etapas principais, incluindo a Análise Preliminar de Riscos (APR), a criação de uma lista de ‘eventos topos’, o desenvolvimento dos diagramas de bow-tie, e, finalmente, e atualização dos diagramas bow-tie quando aplicável. A metodologia de APR é usada para identificar os perigos, avaliar e classificar eventos de cenários acidentais que possam causar danos a pessoas, impacto ambiental, danos materiais e impacto a reputação de uma empresa. Esta técnica ajuda a identificar as causas e consequências e estabelece níveis de classificação que denotam a gravidade e frequência de um incidente, que são usados para determinar a classificação de risco de cada cenário. Além destes, as salvaguardas existentes são listadas, e as recomendações são consideradas, a fim de minimizar os riscos. Em seguida, com base nos resultados da APR, é compilada uma lista dos cenários indesejados mais significativos (Eventos Topo), que são eventos caracterizados pela perda de controle de um processo particular. Neste caso, os especialistas do ABS Group desenvolveram a lista de Eventos Topo após considerar a classificação dos cenários acidentais da APR e os equipamentos críticos em cada tipo de embarcação de apoio marítimo. Então, cada evento topo foi detalhado por meio da análise Bow-tie. O principal objetivo da técnica de aplicação de Bow-Tie é mostrar esquematicamente a relação entre os principais perigos identificados em um processo e para tratar através de uma avaliação de risco qualitativa da relação entre as ameaças, as consequências e os controles que podem ser aplicados para reduzir os riscos. A metodologia apresenta uma abordagem simples e pragmática para a identificação de riscos e fornece uma visualização eficaz que permite uma melhor comunicação dos riscos para todas as partes interessadas. Aplicando os diagramas Bow-tie – A análise de Bow-Tie é desenvolvida para cada evento topo identifi-

Uma análise típica dos riscos envolvidos na operação de embarcações de apoio offshore com foco em gestão de segurança de processo pode ser resumida em cinco etapas principais.

cado. O ABS Group aplica o software THESIS (The Health, Environment, and Safety Information System) para desenvolver o diagrama de Bow-Tie. Esta ferramenta pode ser usada para demonstrar o grau de eficácia do sistema de gestão de segurança de uma empresa e fornece dados necessários para realizar uma análise dos pontos fracos. Os diagramas de Bow-Tie podem demonstrar como os requisitos pertinentes dos elementos de um sistema de gestão da segurança são atendidos em relação ao controle e gestão de perigos e riscos. O lado esquerdo do diagrama de Bow-Tie mostra as ameaças e como a liberação de um perigo pode ser evitada por uma série de Barreiras. Esta informação é usada para a definição do correto Evento Topo, que é a última liberação de um perigo. Uma vez que um perigo é liberado, pode causar uma série de consequências – que são apresentadas no lado direito do diagrama de Bow-Tie, ilustrando o potencial desdobramento do Evento Topo. Para se entender uma análise Bow-Tie, é importante compreender a terminologia utilizada. De forma simples, um perigo é algo que tem o potencial de causar dano ou prejuízo para pessoas, meio ambiente, instalação ou imagem da empresa. Exemplos de perigos podem incluir situações como hidrocarbonetos sobre pressão, objetos em altura, eletricidade, objetos em movimento, etc. É importante entender que o perigo tem de ser liberado para causar um incidente. Um evento topo é o primeiro evento causado pela liberação de um perigo. Uma ameaça é algo que sozinha pode potencialmente liberar um perigo e causar um Evento Topo, ou uma cadeia de eventos (o incidente), resultando em várias consequências. As Barreiras são as medidas postas em prática para evitar uma ameaça de causar a liberação de um perigo. Em outras palavras, uma barreira ou um conjunto TN Petróleo 97

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apoio marítimo de barreiras impede que um Evento Topo ocorra. As barreiras podem ser identificadas como, por exemplo, critérios bem definidos de projeto, controles de engenharia, ou procedimentos que assegurem o perigo não seja liberado pela ameaça e se torne um Evento Topo. Para a análise de atividades das embarcações de apoio marítimo, algumas das importantes Barreiras identificadas pela equipe incluíram os controles de engenharia para sistemas de navegação, propulsão e posicionamento das embarcações, programas de inspeção e manutenção atualizados e controlados adequadamente, bem como adequados planejamento e comunicação para as atividades desenvolvidas em áreas offshore. Adicionalmente, a tripulação deve ser treinada em todos os procedimentos operacionais e de segurança para aplicar diariamente as melhores práticas para evitar a liberação de um perigo e a ocorrência de um Evento Topo. Uma vez que um Evento Topo é iniciado, ocorre, normalmente, uma série de consequências – cada uma delas pode ocorrer quando os vários controles posicionados no lado direito do diagrama de Bow-Tie não funcionam. Neste caso, esses controles são chamados de Medidas Mitigadoras. A razão para esta nomenclatura é que as Medidas Mitigadoras são destinadas a reduzir a extensão do Evento Topo. As Medidas Mitigadoras limitam a extensão do Evento Topo, uma vez que o mesmo ocorreu através do controle ou mitigação de suas consequências. Assim como as Barreiras, que impedem a ameaça de liberar o perigo, as Medidas Mitigadoras têm como objetivo parar ou minimizar a extensão das consequências. Os diagramas Bow-tie contemplam ainda os Fatores de Degradação e os Controles dos Fatores de Degradação. Os Fatores de Degradação podem reduzir a eficácia das Barreiras e das Medidas Mitigadoras. É necessário que haja uma série de Controles dos Fatores de Degradação aplicados para que as Medidas Mitigadoras e Barreiras possam ser eficazes na proteção do sistema. Os Controles dos Fatores de Degradação garantem que cada um desses Fatores seja gerenciado adequadamente para reduzir a probabilidade de que as Medidas Mitigadoras e Barreiras sejam ineficazes. Para a segurança das operações, as tripulações das embarcações de apoio marítimo têm que estar preparadas para a ocorrência de Eventos Topos, para que possam retomar o controle usando as medidas mitigadoras, como por exemplo, o sistema de detecção e combate a incêndios, ou possam ainda evitar algumas consequências, como através da aplicação de isolamento de áreas para trabalhos específicos. Ter um plano de emergência eficaz e um sistema de comunicação de emergência é crucial na gestão de situações de emergência, pois fornecem às equipes não só as 160

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A análise Bow-Tie é uma ferramenta muito adequada para gerenciar os cenários indesejados. Este diagrama mostra o processo geral usado para o desenvolvimento de uma análise Bow-Tie.

ferramentas para prevenir o escalonamento da consequência, mas também os processos que podem gerar soluções para os problemas. Estas medidas são verificadas através da análise dos diagramas de Bow-Tie. Mas, para que a abordagem se mantenha eficaz, é fundamental atualizar a análise periodicamente. Isso deve sempre ocorrer assim que os operadores relatam, através de sua significativa experiência, ocorrências de novos eventos ou alterações nos sistemas analisados. Dados adicionais podem iniciar uma atualização e podem ser gerados ou coletados a partir de relatórios de associações comerciais e informações publicadas em sites do setor. Mitigando os riscos através dos processos – Esta abordagem está bem estabelecida e aceita dentro das tradicionais indústrias de petróleo e gás e petroquímica e se tornou cada vez mais solicitada pelos órgãos reguladores. Também está sendo adotada por outros setores de negócios, incluindo mineração, transporte, finanças e outros, em que um sistema de gestão pode ser claramente estruturado através de um processo documentado para a gestão de riscos e a proteção das pessoas, do meio ambiente, recursos materiais e a reputação da empresa. Na verdade, qualquer tipo de indústria – ou processo que é exposto a riscos – podem se beneficiar desta ferramenta simples, mas poderosa.


feiras e congressos

Setembro 14 a 16 - Escócia Deep Offshore Technology International Local: Aberdeen, Escócia Tel.: +1 918 831 9161 Email: registration@pennwell.com www.deepoffshoretechnology.com

24 a 26 - Argentina 3rd World Shale Oil & Gas Local: Buenos Aires, Argentina Tel.: 44 207 978 0049 Email: CZuliani@thecwcgroup.com www.thecwcgroup.com

15 a 18 - Rio de Janeiro Rio Oil & Gas Local: Rio de Janeiro, RJ Tel.: + 55 21 2112-9000 Email: eventos@ibp.org.br www.ibp.org.br

Outubro

17 a 19 - Dinamarca IGRC 2014 Local: Copenhague, Dinamarca Tel.: +45 20401405 E-mail: pih@igrc2014.com www.igrc2014.com

28 a 30 - EUA Oil & Gas Pipeline Local: Houston, TX Tel.: +1 918 831 9523 Email: registration@pennwell.com www.oilandgaspipelineevent.com

1 e 2 - Trinidad & Tobago Energy Caribbean Conference Local: Trinidad & Tobago Tel.: +44 (0) 20 7017 5518 Email: energycustserv@informa The Official International Oil & Gas Meeting in Mexico www.ibcenergy.com Produced By

Official Supporter

Novembro Host Partner

30/09 a 02/10 - Canadá IPE/IPC – International Pipeline Conference 6 – 9 October 2014 | Mexico City 6 a 9 - México Local: Calgary, Canadá Confirmed Speakers Include Mexico Upstream Tel.: +1 (403) 209-3555 Local: Cidade do México, México E-mail: info@dmginfo.com Tel.: +1 918 831 9523 www.internationalpipelineconference.com To secure your participation contact: Elliott McGinn on +44 20 7978 0029 or email us mexicooilgas@thecwcgroup.com Email: registration@pennwell.com WWW.CWCMEXICOOILGAS.COM www.oilandgaspipelineevent.com Froylán Gracia Galicia Executive Chief of Staff PEMEX

Gustavo Hernández General Director PEMEX Exploration & Production

Fluvio Ruíz Alarcón Independent Board Member PEMEX

Hector Manosalva Rojas VP of E&P Ecopetrol

Elizabeth Eljuri Head of Latin America, Partner Norton Rose

Visit www.cwcmexicooilgas.com to view the full line-up of speakers

24 a 26 - Arábia Saudita Saoge 2014 Local: Dammam, Arábia Saudita +39 06 30883030 exhibition@saoge.org www.saoge.org

14 e 15 - EUA Deep Offshore Technology International Local: Houston, TX Tel.: 713 5706 576 Email: tangell@offsnet.com www.interventiongom.offsnetevents.com

10 a 12 - Rio de Janeiro Sobena 2014 Local: Rio de Janeiro, RJ Tel.: +971 2 6970 527 Email: jeanphilippe@dm www.sobena.org.br

10 a 13 - Emirados Árabes Adipec 2014 Local: Abu Dhabi, Emirados Árabes Tel.: +971 2 6970 527 Email: jeanphilippe@dmgeventsme.com www.adipec.com

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br TN Petróleo 97

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fino gosto

Livros

saborosos Todos para a cozinha (sem fingimento)

Três livros lançados recentemente despertaram a atenção e a curiosidade de quem está no metiê, escreve sobre a área ou simplesmente procura se atualizar sobre o assunto tão interessante quanto trivial: o ato de cozinhar.

O

por Orlando Santos

O primeiro, de Michael Pollan, uma das estrelas da última edição da Feira Internacional de Paraty, trata da questão que anda em desuso nos tempos modernos: as pessoas passam mais tempo vendo programas de comida na tevê do que praticando o ato importante de encarar o fogão. Dedicado à culinária brasileira, o livro do sociólogo Carlos Alberto Doria despertou tanta paixão na colunista de gastronomia Nina Horta, da Folha de S. Paulo, que ela simplesmente, em sua coluna, afirma categóri-

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ca que este é o livro do ano. Doria defende, em Formação da culinária brasileira, nosso rico patrimônio culinário, através da contribuição dos negros escravos, índios e portugueses, eliminando os preconceitos existentes. Com relação à obra de Pollan, a colunista de gastronomia de O Globo, Luciana Froes, diz que o autor, nas 400 páginas do livro, apresenta o resultado de inúmeras pesquisas, explora cozinhas alheias e redescobre sabores e valores esquecidos. A revista Veja dedica três páginas a Pollan e um alerta sobre a comida industrializada que está custando caro a todos nós, destacando, em especial, os quatro elementos da natureza – fogo, água, ar e terra – que servem de embasamento para Frutos do mar a criação de uma cozinha saudável. grelhado Lembra a revista, sem citar o título do livro (Pegando fogo: Por que cozinhar nos tornou humanos, edição brasileira de 2010) do antropólogo americano Richard Wrangham, que este, já nos anos 1990, sustentava a tese fantástica de que preparar alimentos representou uma vantagem de tamanha grandeza que passou a ser marca indissociável da biologia humana. Ex-chef executivo da Confeitaria Colombo, Renato Freire, outro estudioso do assunto e autor de A mágica na cozinha, fala em sua obra dos pratos ‘fingidos’, aqueles que utilizam ingredientes artificiais para melhorar de aspecto ou camuflar sabores de uma receita, em detrimento dos produtos originais/naturais. Enfim, como dizem praticamente todos os autores, é preciso reconquistar o território da cozinha e trazer

de volta sabores e paladares esquecidos pelo tempo e pela transculinária globalizante que invadiu todo o planeta – sem gosto e sem paladar. A culinária fingida de Renato Freire – “Entendo a culinária como um meio lúdico de lidar com as percepções sensoriais das pessoas. É possível imitar a aparência, o aroma, a textura e até mesmo o sabor de um prato por meio da substituição dos ingredientes principais da receita ou pela alteração da técnica de preparo original.” “O fundamento da culinária fingida é o uso de produtos e ingredientes naturais combinados de tal maneira que apresentem resultados visuais e/ou gustativos que aparentem ser o que na realidade não são. Fingir pela aparência é a maneira mais fácil e comum de imitar um produto; já a imitação pelo paladar é mais trabalhosa, principalmente se for feita sem a utilização de aromatizantes artificiais ou sintéticos.”

Gastronomia em alta Paralelamente ao lançamento de novos livros e à redescoberta do ato de cozinhar, eventos ligados à área gastronômica se multiplicam em várias regiões do país, possibilitando o surgimento de sucessivas gerações de novos chefs e a consagração dos que souberam introduzir sua marca pessoal, como por exemplo, Alex Atala, de São Paulo. Surgiram, com sucesso, as versões contemporâneas de antigos cardápios, com a introdução de produtos regionais, enriquecendo o sabor e o paladar dos pratos. Em Manaus, por exemplo, que está fervendo em matéria de culinária, o sushi de pirarucu é uma novidade consagrada, ao lado dos pratos típicos da região, cada vez mais saborosos. Em Minas, os novos chefs, em seus restaurantes ou no Mercado Central de Belo Horizonte, renovam a tradicional culinária mineira com aprovação geral. Assim tem sido em outras regiões do país. No Rio, patrocinado mais uma vez pelo jornal O Globo, o Rio Gastronomia reuniu este ano mais de 300 restaurantes e chefs consagrados, e ofereceu, no espaço charmoso do Jockey Club, cardápios especiais, aulas por conta do Senac, exibição de filmes e outras atrações ligadas ao ato de ver e comer. Um verdadeiro caldeirão de sabores com o melhor da gastronomia carioca. TN Petróleo 97

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Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

coffee break

Boghici, o pioneiro das artes

por Orlando Santos

n

Quando, em 2012, o apartamento da família Boghici pegou fogo em Copacabana, a imprensa, em sua totalidade, ficou preocupada com as inúmeras e valiosas obras de arte que podiam ter sido consumidas pelas chamas. 164

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Não era um apartamento comum e sim de Jean Boghici, o pioneiro da comercialização de obras de artes no país – e um dos seus maiores colecionadores. Entre os quadros que se perderam, duas obras-primas brasileiras, Samba, de Di Cavalcanti (foto na pág. 111), e A floresta, de Alberto Guignard. Mas a imprensa se espantou mais ainda com a reação de Jean, para quem, pior do que a perda dos quadros, o que mais lhe entristecia era a morte de um de seus gatos queridos. Os amigos, de longa data, contudo, não se surpreenderam com esta reação. Hoje,o romeno que adotou o Brasil como sua terra e em especial o Rio de Janeiro, passa boa parte de seu tempo na ponte aérea Rio-Paris, onde também tem um apartamento. Jean Boghici iniciou sua coleção dos anos 1960, comprando obras de artistas para formar um acervo com os mais importantes quadros de autores brasileiros, muitos até então desconhecidos do público. Alguns dos fatos marcantes da vida desse romeno de 86 anos completados em 2014, estão documentados na enciclopédia digital. Vinda para o Brasil – Colecionador, marchand e galerista, ele estudou engenharia na Romênia e, aos 19 anos, mudou-se para Paris. Ali, viveu sem documentos, dividindo um quarto de hotel com o secretário de Brancusi (1876-1957), o escritor americano James Baldwin (1924-1987)


e o antropólogo romeno Henri H. Stahl (1901-1991). Com esse último, decidiu vir para o Brasil, aonde chegam em 1949. Sem dinheiro e documentos, Boghici dorme algumas noites na praia de Copacabana e então segue para Belo Horizonte. Trabalha como eletricista na Casa Isnard e conhece Guignard (1896-1962), conforme relata no catálogo da exposição que mais tarde organiza sobre o artista. Muda-se para Governador Valadares, em Minas Gerais, para trabalhar na firma de engenharia Morris Knudsen. Faz desenhos fortemente expressionistas como temas tirados da miséria local. Segundo conta, é então que desenvolve o gosto por desenhar, animado também por uma exposição de Vincent Van Gogh (18531890), que vê em Paris, em 1948. De volta ao Rio, monta uma oficina de conserto de televisões e ao mesmo tempo trabalha como vitrinista numa loja de roupas para homens, a Ducal, de José Carvalho. Este, mais tarde torna-se sócio da Petite Galerie, onde Boghici tem sua primeira experiência como galerista, ao realizar a exposição do pintor primitivo Pedro Paulo Leal (1894-1968). Nesse período, assiste às aulas práticas que o pintor francês André Lhote (1885-1962) ministra no Rio a convite da Prefeitura da cidade. É contratado pela Fundação Cultural do Distrito Federal, cujo diretor é o poeta e crítico Ferreira Gullar (1930), para pesquisar arte popular brasileira. Junto com o cronista José Carlos de Oliveira (1934-1986), também contratado, ele percorre o Norte e o Nordeste do país adquirindo obras que formariam o acervo do Museu da Arte Popular de Brasília, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012). Quando o presidente Jânio Quadros (1917-1992) renuncia, em 1961, eles já haviam adquirido 40 caixas de obras brasileiras. A primeira galeria – Boghici inaugura, em 1961, a Galeria Relevo. Tem dois sócios, Jonas Prochovnic, vendedor de automóveis, e Eryma Carneiro, advogado tributarista – juntamente com o filho deste, Carlos Eryma. A inauguração ocorre em agosto, na avenida Copacabana, 252. Os sócios são ligados por uma rede de relações não apenas profissionais. Prochovnic é quem financia a galeria. Sua revendedora está localizada no mesmo prédio em Copacabana, onde moram Lygia Clark (1920-1988) e Giovanna Bonino, dona da galeria que representa a artista. Henri Stahl, antigo companheiro de quarto de Boghici, é sócio de Prochovnic na revendedora, e amigo de Carlos Eryma, cujo pai, já citado, Eryma Carneiro, é colecionador. O sobrinho deste, Evandro Carneiro, trabalha na galeria. O secretário da galeria é Matias Marcier, filho do pintor Emeric

Marcier (1916-1990), também romeno, cuja exposição inaugura o espaço. A primeira obra vendida por Boghici é uma urna marajoara pertencente a um frequentador da revendedora de Prochovnic. O comprador é o mecenas Raymundo Ottoni da Castro Maya (1894-1968), mais tarde cliente habitual da galeria. As obras das exposições vendem bem. Boghici investe em obras de artistas de sucesso já com galerias, como Alfredo Volpi (1896-1988), Di Cavalcanti (1897-1976), José Pancetti (1902-1958), Dacosta e Guignard. Ao mesmo tempo, na contracorrente, aposta nos artistas cariocas da nova figuração, quando a tendência dominante era o informalismo abstrato. É pela produção de artistas como Antônio Dias (1944), Rubens Gerchman (1942-2008) e Wanda Pimentel (1948) que ele se interessa. Arte brasileira em Paris – Em 1964, depois de uma exposição malsucedida de Antônio Dias, decide levar as obras para Paris, onde vende boa parte delas. A essa altura, Boghici se associa à marchand e jornalista Ceres Franco, que reside em Paris e ali mantém a galeria L’Oeil de Bouef. Nessa época, eles se aproximam dos jovens artistas ligados à Escola de Paris, como Guillaume Corneille (1922), Peter Foldès (1924), Michel Macréau, Antonio Berni (1905-1981) e Antonio Segui (1934). Parte desses artistas forma o contingente estrangeiro da mostra Opinião 65, que Boghici e Ceres organizam no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A inauguração acontece em agosto de 1965, com a participação de 29 artistas. Estão presentes, entre outros, os brasileiros Antônio Dias, Rubens TN Petróleo 97

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coffee break Gerchman, Carlos Vergara (1941), Hélio Oiticica (1937-1980), Ivan Freitas (1932), Ivan Serpa (19231973) e Roberto Magalhães (1940). Dentre os artistas estrangeiros estão Juan Genovés (1930), Wright Royston Adzak (1927), Alain Jacquet (1939-2008) e Gérard Tisserand (1934). O nome da exposição se deve ao show Opinião, realizado no ano anterior com a cantora Nara Leão (1942-1989), e se inspira em uma música do sambista Zé Keti (1921-1999). A exposição tem boa repercussão, tanto que enseja uma segunda edição em 1966, a Opinião 66, e serve de modelo para duas mostras realizadas na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. Entre outras coisas, é ali que Hélio Oiticica apresenta publicamente pela primeira vez seus parangolés. Alguns artistas participantes consideram que passaram a ser mais respeitados a partir de então. A Galeria Relevo inaugura a mostra Supermercado 66, com obras de pequeno tamanho de 90 artistas, a preços acessíveis e colocadas em sacos de papel. A Relevo expõe ainda Samuel Buri (1935), Giorgio Morandi (1890-1964) e o pintor chileno Nemésio Antunes. Mas, por volta de 1967, a atividade começa a declinar por conta da situação política e da dificuldade em renovar o contrato com o proprietário da loja. Volta ao mundo – Boghici fecha a galeria em 1969 e viaja pelo mundo. De volta ao Brasil, abre em 1979 uma nova galeria – desta vez com seu próprio nome. É inaugurada com uma mostra de Joaquim Torres-García e expõe artistas importantes, como Alexander Calder (1898-1976), Frans Krajcberg (1921), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), Maria Martins (1894-1973), Guignard e Marcier. Em 1980, apresenta a mostra Homenagem a Mário Pedrosa, por ocasião da volta de Pedrosa do exílio. O catálogo contém textos de escritores e críticos como Hélio Pellegrino (1924-1988), Clarival do Prado Valladares (1918-1983), Pierre Restany (1930-2003) e Ferreira Gullar. Outras coletivas notáveis foram 150 anos de Pintura no Brasil: Coleção Sérgio Fadel e Mestres da Pintura Chinesa do Século XX. Boghici também organiza eventos no Rio de Janeiro, fora da galeria. No Copacabana Palace, faz exposição Realismo poético do Rio de Janeiro séculos XIX e XX, na Obra de Gustavo Dall’ara e Jorge Eduardo. Na Casa França Brasil, organiza Missão Artística Francesa e Pintores Viajantes: França-Brasil no século XIX, pelos 200 anos da Revolução Francesa, e Cícero Dias 90 Anos: Oito Décadas de Pintura. Para a ECO92, idealiza a mostra Natureza: Quatro Séculos de Arte no Brasil, realizada no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). No ano passado, expôs mais obras no Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, e tem participado do ArtRio, no Cais do Porto. A galeria Jean Boghici conti166

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nua aberta no número 180 da rua Joana Angélica, em Ipanema, Rio de Janeiro, onde Jean passa boa parte do seu tempo quando está na cidade. Coleções de peso – Todas as pessoas envolvidas no mercado de arte são unânimes em afirmar que a participação pioneira de Jean na comercialização desse mercado a partir dos anos 1960 foi importante para desencadear uma estratégia inovadora de seu setor ainda incipiente. Pessoalmente ou à frente de suas galerias, Jean desenvolveu e estimulou um trabalho que possibilitou, entre outras coisas, o surgimento de artistas poucos conhecidos. Além disso, paralelamente, por indicação de Jean, vários colecionadores iniciantes foram enriquecendo os seus acervos particulares, e coleções de peso se formaram sob a tutela criteriosa desse romeno alegre e espirituoso. Guilherme Rodrigues, que herdou do pai Genaro, há mais de 50 anos, a técnica milenar da impressão litográfica utilizando pedras de calcário, conhece bastante Boghici, e dá o seu testemunho. Para Guilherme, além de possuir um dos maiores acervos de arte, Jean foi o responsável pela existência de algumas das melhores coleções de arte do nosso país, a partir do Rio, servindo como uma espécie de curador delas com seu aval pioneiro e criterioso.

Uma bela parceria Jean Boghici e Benicio Biz, da TN Petróleo, já se juntaram por mais de uma dezena de vezes para a criação e produção de livros e catálogos de arte – alguns deles esgotados. Talvez o mais importante de todos tenha sido sobre o pintor pernambucano Cícero Dias. A obra foi entregue pelos autores ao artista, em solenidade na sede da Unesco em Paris, pois Cícero era funcionário da entidade. Uma nova parceria está em curso, para a retomada desse trabalho, de fundamental importância para a iconografia da arte brasileira de todos os tempos.

Capa do livro Cícero Dias, lançado na Unesco em Paris, 1996 Patrocínio: Banco Icatu


de Marcelo Gattass, professor titular da PUC-Rio e diretor do Instituto Tecgraf/PUC-Rio.

opinião

Quase 40 anos de PD&I na cadeia de petróleo.

E agora? Para onde vamos?

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oje, quando se discute a nova regulamentação dos recursos da lei de participação especial, não se vê um estudo bem embasado do que a Petrobras e as Universidades brasileiras fizeram em termos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) na área de petróleo no Brasil. Está na nossa cultura sempre começar tudo do zero, admitindo que o que foi feito antes foi errado ou inexpressivo. Este pensamento, infelizmente, induz a desfazer o que existe e recomeçar, até que, mais adiante, surja novamente a ideia de fazer de novo e, com isto, fica-se preso a um ciclo perverso de ineficiência. É preciso olhar o passado para planejar o futuro. O ideal neste momento seria realizar um estudo sistemático de todas as inovações que nos permitiram chegar até aqui e, a partir dele, planejar o futuro. Na falta dessa visão global, considero relevante mostrar a minha experiência como professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e diretor do Instituto Tecgraf/PUC-Rio desde sua criação em 1987. O Instituto é um excelente exemplo de cooperação técnico-científica: fruto de uma longa e bem-sucedida parceria da Petrobras com a PUC-Rio, um trabalho conjunto que já gerou diversos sistemas computacionais utilizados na empresa em praticamente todas as suas áreas: sísmica, geologia, reservatórios, geomecânica, sistemas navais, engenharia, distribuição e logística e segurança e meio ambiente. Muitos dos projetos decorrentes da parceria são executados em consórcios com outras universidades nacionais, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e também com universidades estrangeiras, como a École des Mines, de Nancy, na França, além de empresas nacionais e internacionais. Ao olhar com isenção, ver-se-á que existe uma trajetória de sucesso. A Petrobras, que até bem pouco tempo representava quase 100% da indústria de petróleo no Brasil, desenvolveu, junto com universidades brasileiras e empresas de serviço nacionais e internacionais, tecnologias que apoiaram seu crescimento bem-sucedido e seguro, mesmo enfrentando situações adversas de exploração e produção. Na busca por petróleo em águas profundas, por exemplo, foram desenvolvidos sistemas de ancoragem de raio curto, com uso de pontos fixos de ancoragem do tipo estacas torpedo, que reduziram em quase 70% a extensão da

área de apoio de uma plataforma flutuante, diminuindo a interferência dela com outros sistemas de ancoragem e equipamentos submarinos no mesmo campo e com redução sensível de custos de instalação de plataformas e risers. Criou-se, também, uma técnica que permitiu reaproveitar os navios de transporte de petróleo, que se tornavam obsoletos com o crescimento de nossa produção interna, como plataformas fixas com uma economia de quase 80% no custo da unidade marítima. Isto somente na área naval. As inovações em outras áreas também foram importantes. A Petrobras desenvolveu novas técnicas de imageamento sísmico, e elas permitem visualizar estruturas geológicas complexas presentes apenas em nossa costa. Um exemplo notável foi a exploração de reservatórios alongados e de pouca espessura, dificilmente identificáveis com as técnicas convencionais da sísmica. Estes reservatórios, também, geraram desafios importantes. Eles forçaram, por exemplo, a utilização de poços especiais que, ao atingirem o reservatório, tornam-se horizontais para viabilizar a produção. Sem falar no desafio de construir poços atravessando camadas de sal: um processo inovador de modelagem computacional que tem permitido uma perfuração segura com elevada taxa de sucesso. As inovações mencionadas tratam dos desafios da exploração e produção, mas no que diz respeito à indústria de petróleo, é importante destacarmos a questão da segurança e a proteção do meio ambiente. O impacto da atividade petrolífera pode ser muito negativo se não for feito com técnica e responsabilidade. Apesar de a Petrobras ter sempre agido com seriedade, ocorreram alguns acidentes e sua prevenção demandou novas tecnologias. Após o desastre da plataforma P-36 e o vazamento na Baía de Guanabara seguiu-se um intenso processo de reavaliação que culminou com a criação de mecanismos de prevenção inovadores que efetivamente funcionaram. Mais ainda: a cultura de prevenção criada foi importante para prevenir a ocorrência de muitos outros tipos de acidentes. Vale destacar aqui a situação complexa de nossas bacias em que a rocha capeadora dos reservatórios pode perder a estanqueidade com a variação de pressão devido à produção e, com isso, permitir que o petróleo escape no fundo do mar. Um estudo complexo determinou, com base em critérios geomecânicos, as pressões seguras de operaTN Petróleo 97

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opinião ção de cada reservatório e conseguimos evitar sérios problemas ambientais. Poder-se-ia, também, continuar esta extensa lista de inovações, mas os exemplos citados já ilustram o papel importante da pesquisa, desenvolvimento e inovação nos sucessos do passado. E vou além: como a visão é pessoal, muitas inovações importantes de Universidades brasileiras com a Petrobras foram omitidas. Se deu tanto certo até agora, a questão que resta, então, é: por que mudar? A principal razão da mudança se deve às reestruturações que o setor de petróleo vem sofrendo no Brasil. O pré-sal trouxe uma reserva enorme que mudou o modelo de exploração para essa região, dando à Petrobras e à União maior protagonismo. Mesmo assim, hoje, além da Petrobras, diversas outras companhias de petróleo buscam explorar novos campos no pré-sal, isoladamente, ou em parceria com a estatal brasileira. Porém, o mais importante para a questão da pesquisa, desenvolvimento e inovação foi a vinda de quase todas as empresas globais de serviço do setor. Muitas delas com centros de pesquisa nacionais. A Petrobras, apesar de ainda ser a empresa mais importante do setor no Brasil, dividirá o papel de impulsionadora quase que isolada do desenvolvimento técnico-científico do país no setor de óleo e gás. Este ponto é extremamente importante, visto que a base do sucesso aqui descrito foi justamente este papel da Petrobras. Sem ele, as pesquisas em nossas Universidades estariam muito mais defasadas dos problemas nacionais. Estaríamos 100% focados em obter reconhecimento de nossos pares internacionais em problemas que, na sua quase totalidade, têm quase nenhuma relevância econômica para nossa sociedade.

Outro aspecto importante é o da transformação de conhecimento em bens. No modelo anterior, geralmente, a Petrobras se encarregava dos custos do desenvolvimento da pesquisa e tinha como benefício o uso exclusivo deste conhecimento em sua produção. No modelo atual, as empresas de serviço globais instaladas no país buscam soluções próprias e proprietária para todos os problemas tecnológicos do setor de óleo e gás. No mercado global existe a visão de que as empresas de serviços deveriam fazer todo o processo de exploração e produção, cabendo às petroleiras apenas o papel de gestoras. Muitas petrolíferas operam nesta hipótese, com um quadro muito reduzido de pessoal. Nesta visão, as Universidades e empresas nacionais de base tecnológica deveriam se posicionar como supridoras de pesquisa, desenvolvimento e inovação para estas empresas de serviço e não mais para as empresas de petróleo. Já tendo vivido este modelo de terceirização de P&D no passado, sei que ele será ruim para as universidades brasileiras. Defendemos que os recursos de Participação Especial sejam aplicados diretamente nas Universidades e ICTs nacionais e apenas em empresas de Base Tecnológica com DNA nacional, que trabalhem em parceria com elas. A parceria com as Universidades é importante para a fixação e a difusão do conhecimento e pela criação de uma cultura técnico-científica que não se perde quando aquele projeto acaba. Mais ainda: esses recursos deveriam ser aplicados por meio de projetos estruturantes definidos pelas operadoras de petróleo, direcionados para a solução dos hiatos tecnológicos atuais e futuros da Exploração e Produção de hidrocarbonetos no país com a menor burocracia possível.

Anunciantes da edição ABS .............................................. pág. 55 Aerodinâmica.............................. pág. 33 Agito Brasil.................................pág. 129 Altus.............................................pág. 109 ACE (Applied Consulting Engineers).. pág. 81 Arimar..........................................pág. 106 Barra Energia.............................. pág. 68 Bekaert Cifal............................... pág. 121 Bolidt............................................. pág. 23 BP Energy................................... 2ª Capa Bravante........................................pág. 77 Brazil Onshore 2014..................pág. 119 Câmara Consultoria......................pág. 11 Cashco.......................................... pág. 47 CdS Consultoria.........................pág. 122 CGG................................................pág. 18 China Brasil................................pág. 125 Coatingtec.....................................pág. 14 Condutec...................................... pág. 28 Costa Porto.................................pág. 130

DK-Lok...........................................pág. 12 Drager..........................................pág. 127 Edison Chouest............................ pág. 71 ENMAC.........................................pág. 118 SpeedTorc...................................pág. 133 Evonik........................................... pág. 95 FIMMEPE...................................... pág. 88 Firjan.............................................. pág. 15 FMC Technologies.......................pág. 01 Fores Engineering...................... pág. 89 Globalstar....................................pág. 124 Great Ocean.................................. pág. 17 Grupo Delp...................................pág. 117 IBP.................................................pág. 115 Icaterm.......................................... pág. 06 Innovation Norway....................pág. 104 International Registries............. pág. 29 Intertek.........................................pág. 131 JDR Gloval................................... pág. 24 Jereh.............................................. pág. 13

Kobelco......................................... pág. 25 Kongsberg.................................... pág. 05 Logan Oil Tools.............................pág. 67 Lufthansa...................................... pág. 94 MacLog Solutions....................... pág. 66 Mecan.............................................pág. 41 México Upstream.......................pág. 139 Mokveld......................................... pág. 45 Nalco Champion...........................pág. 10 Navium......................................... pág. 141 Oceaneering................................ pág. 90 Petrolab......................................... pág. 61 Poleoduto......................................pág. 73 Porta Cabos..................................pág. 16 Presserv....................................... pág. 33 PUC-RIO........................................ pág. 51 Qualidados................................... pág. 86 Quinto Simp. Evonik de Tecnologia..... pág. 83 Repsol Sinopec........................... pág. 63 Rexnord..................................... pág. 69

Rockwell Automation..................pág. 59 Rolls-Royce.................................pág. 105 Ropan............................................ pág. 111 Saoge 2014..................................pág. 113 SEW Eurodrive.............................pág. 79 Shell.............................................. pág. 43 Sobena 2014...............................pág. 123 Sosinil..........................................pág. 108 Teledyne........................................pág. 16 Tiger Rentank.............................. pág. 49 Tinoco Anticorrosão.................. pág. 54 United............................................. pág. 19 UTC Engenharia.......................... pág. 09 Vallourec...................................... 4ª Capa Vulkan........................................... pág. 08

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