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opinião

Indústria offshore: recursos, eficiência e competitividade, de Raul Sanson, vice-presidente do Sistema FIRJAN

A nova era energética cearense Etanol já está na segunda geração OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país Ano XV • nov/dez 2013 • Nº 92 • www.tnpetroleo.com.br

ESPECIAL PRIMEIRO LEILÃO DO PRÉ-SAL

LIBRA DE OURO DO PRÉ-SAL

BRASIL E CHINA AMPLIAM PARCERIA • PPSA ENTRA EM ATIVIDADE

Os riscos não seguráveis no segmento de energia eólica, por Roberto Zegarra Eficiência operacional & Gestão de ativos produtivos, por Jorge L. Videira Reflexão sobre a situação dos portos no Brasil, por Rogério Caffaro Detecção de gases tóxicos e inflamáveis, por Alvaro Maselli e Nathan de Medeiros

Entrevista exclusiva

Gerson de Mello Almada, presidente da Engevix Construções Oceânicas - Ecovix

A nau da competitividade da Engevix



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21 de Novembro. Aniversário do IBP e Dia da Indústria que Movimenta o Brasil. Para comemorar, o IBP está aprimorando seus espaços e processos para cumprir ainda melhor a missão de promover o crescimento da indústria de petróleo, gás e biocombustíveis no Brasil, de forma abrangente, responsável, inclusiva. Reunindo todos os que participam desse grande desafio no país. Se é o seu caso, aproveite para comemorar o seu dia. E saiba que pode contar com a gente. Porque, se esta é a sua indústria, esta é também a sua casa.


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56 anos

A casa da nossa indústria


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sumário

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edição nº 92 nov/dez 2013

entrevista exclusiva

Entrevista exclusiva

Foto: Divulagação

Gerson de Mello Almada, presidente da Engevix Construções Oceânicas - Ecovix

A nau da competitividade

DA ENGEVIX

com Gerson de Mello Almada, presidente da Engevix Construções Oceânicas (Ecovix)

OS OITO REPLICANTES SERÃO ENTREGUES ATÉ

por Beatriz Cardoso

MEADOS DE 2017 – VAMOS MANTER A META DE

A venda para um grupo de cinco companhias japonesas de 30% de participação da Ecovix é um reconhecimento da excelência da empresa brasileira de engenharia, que ainda no ‘berço’ ganhou o emblemático contrato de construção dos oito cascos das plataformas replicantes do pré-sal. Essa é a percepção de Gerson de Mello Almada, presidente da Engevix Construções Oceânicas (Ecovix), empresa criada há três anos com o objetivo de atender a demanda da Petrobras, que queria ver surgir no país uma verdadeira ‘fábrica’ de cascos de FPSOs (Floating Production Storage Offloading).

A Engevix é uma empresa tradicional da área de engenharia, com mais de 48 de atuação no Brasil, a maior parte dela na prestação de serviços. O que a levou a enveredar pela área naval? Gerson de Mello Almada – Na realidade, nós já tínhamos um bom portfólio de serviços em Macaé, na área de manutenção. Temos, há mais de dez anos, contrato de manutenção de 18 plataformas em operação na Bacia de Campos. Isso nos deu conhecimento e experiência suficientes para enfrentar um novo desafio, o pré-sal, e as demandas tecnológicas que surgem a partir dele. Quando a Petrobras divulgou que precisava construir FPSOs no país, fizemos uma parceria com a empresa sueca GVA, para desenvolver um projeto básico específico para os cascos. Todo o processo de desenvolvimento teve a participação das equipes técnicas das duas empresas. E acabamos ganhando o contrato com uma solução inovadora: não há nenhum FPSO no mundo com as características com as características dos cascos que estamos construindo. Por que decidiram criar uma nova empresa pra fazer isso? Por que não usar a Engevix Engenharia? Optamos por criar uma empresa específica, com todas as atribuições necessárias para atender as exigências deste mercado, desta indústria. Isso é bastante comum. Já estamos acostumados a usar a inteligência que temos na Engevix para criar novas empresas para atuar em áreas específicas. Temos uma equipe técnica muito boa. Por isso fomos rápido na resposta: ganhamos a concorrência em 2009 e em menos de dois anos tínhamos a Ecovix pronta para operar. E longe da base, que é em São Paulo... Rio Grande era o site que a Petrobras oferecia para quem ganhasse esse con trato (NR.: a estatal tinha contrato de locação do Estaleiro Rio Grande/ERG por dez anos). O que nós fizemos, após ganhar a concorrência, foi comprar a planta de Rio

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ENTREGAR UM CASCO

A POUCOS MESES de entregar o primeiro dos oitos cascos das unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo que vão ser instaladas na área do pré-sal, a Ecovix fecha contrato de compra e venda de ações com cinco sócios japoneses, capitaneados pela Mitsubishi Heavy Industries Ltd. (MHI), que ficará com metade da fatia negociada. O restante será dividido entre os estaleiros Imabari, Namura e Oshima Shipbuilding e a trading Mitsubishi Corporation. Estimado em U$ 305 milhões, o contrato se configura no maior investimento estrangeiro da indústria japonesa no setor naval, de acordo com o jornal japonês Nikkei. Gerson Almada, que não confirma o valor, afirma que já estava previsto nos planos da empresa ter um parceiro com competências complementares às da Engevix. “O trinômio competitividade, eficiência e produtividade foi o que nos levou a buscar um parceiro. Para nossa felicidade, depois de um ano de due dilligence, eles nos escolheram. O que representa uma chancela à forma como estávamos conduzindo nossos negócios”, frisa o executivo em entrevista exclusiva à TN Petróleo.

A CADA SEIS MESES, A PARTIR DO PRIMEIRO, A P-66, QUE SAIRÁ DO DIQUE SECO EM ABRIL DE 2014, PARA INTEGRAÇÃO

Grande (o ERG 1 e 2) da WTorre, e os terrenos adjacentes, que seriam usados na segunda fase do empreendimento (ERG3), adquiridos junto ao estado do Rio de Grande do Sul. Essas aquisições foram feitas em 2010, pela Engevix En genharia (75%) e a Funcef, fundo dos funcionários da Caixa Econômica Federal (25%). Com isso, estávamos aptos a atender as encomendas, inclusive de navios sondas. Qual o escopo do contrato dos oito re plicantes e das três sondas? No caso dos replicantes, o escopo básico é um pouco mais avançado, porque também estamos realizando boa parte dos serviços de integração nos cascos

(os módulos estão sob responsabilidade de outros consórcios). Já em relação aos navios sondas, fizemos uma parceria com a holandesa Gusto, para o projeto básico e vamos entregar tudo pronto. Mas foi a Ecovix que fez o detalhamento dos projetos tanto dos replicantes como das sondas. Qual a duração do contrato? Os oito replicantes serão entregues até meados de 2017 – vamos manter a meta de entregar um casco a cada seis meses, a partir do primeiro, a P-66, que sairá do dique seco em abril de 2014, para integração em maio. A P-67 também já começa a ‘pegar forma’: já está com todos os blocos prontos, devendo ser entrar logo no dique seco, para ser

Há outras encomendas do setor de óleo e gás? Temos forte atuação neste mercado. A Engevix Engenharia continua atuando em diversos projetos deste setor, na área de downstream, entre os quais o da Refinaria Abreu Lima, mais conhecida como refinaria do Nordeste (Rnest), e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Na área offshore, como já disse, realizamos a manutenção de plataformas. (NR.: Essa atuação foi

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A nau da competitividade da Engevix

EM MAIO.

entregue antes do fin sl do próximo ano. Em relação às sondas, devemos começar a entregar no primeiro semestre de 2016, concluindo a última em 2018. Em março já vamos começar o corte das chapas e toda a parte mecânica e de montagem. O projeto está acabado e já concluímos a parte de suprimento. Já contratamos 100% dos principais equipamentos e temos 70% do suprimento em casa.

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primeiro leilão do pré-sal

Primeiro leilão do pré-sal

Libra de ouro do pré-sal

Uma verdadeira mina de ouro negro, que se estende por mais da metade dos 1.500 km2 de área do campo de Libra, é a grande aposta dos cinco gigantes do setor de petróleo que venceram o primeiro leilão do pré-sal, realizado no dia 21 de outubro, no Rio de Janeiro. por Beatriz Cardoso e Maria Fernanda Romero

LIBRA DE OURO DO PRÉ-SAL

Ilustração: Agência Petrobras

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34 Brasil e China ampliam parceria

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36 PPSA entra em atividade

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Capital de energia

capital de energia

A NOVA ERA ENERGÉTICA

CEARENSE

Novas perspectivas se abrem para o Ceará com o início do processo de licitação das obras da Refinaria Premium II (previsto para abril de 2014), a ampliação do Porto de Pecém e os indícios de petróleo descobertos em outubro pela Petrobras na Bacia Potiguar, em águas profundas. Primeiro estado do país a ter um terminal de regaseificação de GNL (gás natural liquefeito), o Ceará está vivendo uma nova era no setor de energia, indo mais além do petróleo e gás natural, com projetos de biocombustíveis e de energia eólica. por Maria Fernanda Romero

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esde que a exploração em águas profundas se iniciou no ano passado, no litoral de Paracuru, o Ceará vem reafirmando sua vocação para o petróleo, dentro de uma trajetória iniciada há 37 anos e que vem ganhando um novo contorno após a 11ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Na tural e Biocombustíveis (ANP), no qual foram licitados 11 blocos. Dos seis blocos arrematados, cinco já tiveram os contratos de concessões assinados e o sexto foi mantido pela ANP, após a empresa OGX desistir do bloco CE-M-663 (que obteve o maior valor de bônus de assinatura). Um das dez bacias produtoras de petróleo e gás do Brasil, as atividades exploratórias realizadas nos últimos anos indicam potencial óleo leve. Na bacia do Ceará, há quatro campos produtores de petróleo operados pela Petrobras: Xaréu, Curimã, Espada e Atum. De acordo com dados da ANP, a produção da referida bacia, em dezembro de 2012, foi de 7.405 bbl/dia de petróleo e 92 Mm³/dia de gás natural. Apesar de nunca ter alcançado posição expressiva na produção petrolífera brasileira, após dez anos

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consecutivos de declínio, o Ceará voltou a registrar sinais de um leve crescimento na produção, nos três primeiros meses de 2013, tanto nos poços marítimos quanto nos terrestres. No primeiro trimestre deste ano, a bacia petrolífera do estado produziu 818,56 mil barris de petróleo, quantidade 23% superior aos 665,66 mil barris extraídos em igual período de 2012. Dos mares cearenses, a produ ção de petróleo, de janeiro a março, subiu para 719,05 mil barris, 33,44% a mais que os 538,85 mil explorados das bacias continentais cearenses, no ano passado. Já dos poços terrestres no estado, foram extraídos 99,51 mil barris, número 21,5% menor do que os 126,81 mil barris extraídos no primeiro trimestre de 2012. Apesar do incremento no volume, atualmente, de todo o óleo que é explorado no Brasil, apenas 0,31% é proveniente do território cearense.

No entanto, surgem novas expectativas com uma nova desco berta da Petrobras na parte cearense da Bacia Potiguar (que inclui também o Rio Grande do Norte), no bloco POT-M-665, anunciada em outubro. A descoberta foi feita pelo poço 1-BRSA-1175-CES, no prospecto Tango, o segundo perfurado na bacia marítima na área da costa do Ceará. Até o momento, só se explora petróleo na parte terrestre cearense da bacia Potiguar, na Fazenda Belém. O bloco é operado pela Petrobras, com 40% de participação, em parceria com a britânica BP, com outros 40%, e a portuguesa Petrogal, com os 20% restantes. Além destes, a Petrobras já perfurou outros dois poços marítimos na Bacia do Ceará, no litoral de Paracuru, que foram os primeiros do estado em águas profundas. O poço Pecém teve notificação de indícios de petróleo à ANP em agosto de 2012, a uma profundidade de 2.130 m de lâmina d’água, e o Canoa Quebrada, em dezembro do ano passado, a uma profundidade de 1.934 m de lâmina d’água.O avanço na área naval Há 45 anos no mercado naval e somente a seis na área offshore, a Indústria Naval Ceará – mais

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ETANOL JÁ ESTÁ NA por Beatriz Cardoso e Rodrigo Miguez

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40 Forte investimento estrangeiro 42 Pioneirismo na regaseificação 42 A tão sonhada refinaria

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Etanol já está na segunda geração

SEGUNDA GERAÇÃO

COM DUAS USINAS previstas para ser inauguradas nos próximos meses, e um projeto da Petrobras para dar a partida em 2015, o etanol de segunda geração (2G) se prepara para sair definitivamente dos laboratórios e ganhar o mercado de biocombustíveis, após uma década de pesquisas e muito investimento. Os avanços tecnológicos consolidados nos últimos anos o posicionam como a solução mais viável e sustentável para promover o aumento da produção desse energético para suprir a demanda crescente de etanol no Brasil e no mundo. A recuperação da produção e das vendas do etanol anidro e hidratado nos últimos meses também tem contribuído para a alavancagem dessa segunda geração – o etanol celulósico. Sem concorrências com o alimento, uma vez que a matéria-prima é justamente o resíduo agrícola – bagaço de cana-de-açúcar, palha de milho e trigo, entre outros – e culturas, como capim silvestre e gramíneas, o etanol celulósico vai reforçar a mais diversificada matriz energética do planeta. E confirma a vocação de pioneiro em biocombustíveis do Brasil, que em 1975 implantou Pro-álcool (Programa Nacional do Álcool), a primeira política governamental de produção de biocombustíveis no mundo. O país vai completar quatro décadas de etanol com ‘dupla geração’ na produção, fazendo a economia acelerar também movida a álcool.

A nova era energética cearense

Biocombustíveis

biocombustíveis

Foto: Michel Rios, GranBio

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A

estimativa do mercado de etanol anidro e hidratado é de uma produção de 27,17 bilhões de litros para a safra 2013/14, mostrando a recuperação desse energético depois de um período de retração nos dois últimos anos. A previsão é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que em julho desse ano fez um segundo levantamento da safra 2013/14

de cana-de-açúcar e de sua destinação para produção de açúcar e/ou álcool. Esse estudo é realizado no âmbito de um programa de cooperação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizado em julho passado. De acordo com a Conab, a produção de etanol total, que fechou em 23,64 bilhões de litros na safra 2012/13, vai ter um incremento de 3,53 bilhões de litros na nova safra, o que repre-

senta uma alta de 14,94%. Deste total, 12,02 bilhões de litros deverão ser de etanol anidro, e 15,16 bilhões de litros serão de etanol hidratado. Assim, o etanol anidro deverá ter um acréscimo de 21,96% na produção, e o etanol hidratado terá aumento de 9,93%, quando comparados com a produção de etanol da safra anterior. O que sinaliza a recuperação desse energético para os patamares TN Petróleo 92

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57 Etanol 2G já está em produção no mundo 58 Resíduo pode gerar uma revolução 60 Universidades ‘mergulham’ no etanol


eventos Cobertura OTC Brasil 2013

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CONSELHO EDITORIAL

OTC Brasil OTC Brasil 2013 reforça potencial de

OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país

OPORTuNidAdes NO PAís por Karolyna Gomes, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez. Fotos: Ricardo Almeida, Rudy Trindade e TN Petróleo

A segunda edição da OTC Brasil, que ganhou a parceria do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), confirma a posição do país como um grande player global de exploração e produção de petróleo e gás offshore. O evento recebeu mais de 15 mil visitantes, 400 expositores, 1.900 congressistas, 192 trabalhos técnicos, com um total de 35 países representados. O tema do evento, ‘De Norte a Sul: Um Mar de Oportunidades’, e a perspectiva de negócios de cerca de R$ 53 milhões para os próximos 12 meses, refletem a expectativa da indústria no mercado brasileiro. 54

G

rande responsável pelo crescimento dos negócios do setor de óleo e gás, o pré-sal e a produção em águas profundas foram dos temas centrais dos debates na OTC Brasil 2013, realizada entre os dias 29 e 32 de outubro, no Riocentro, no Rio de Janeiro (RJ). Com uma produção acumulada de 250 milhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás) desde 2008, os campos do pré-sal produzem diariamente 329 mil bpd, de acordo com o boletim de setembroda Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – cifra oito vezes maior do que a produção média do pré-sal no ano de 2010, quando foram produzidos 42 mil bpd.

“Já extraímos do pré-sal um volume maior do que toda a produção acumulada do campo de Garoupa, primeira descoberta da Petrobras na Bacia de Campos, em 1974, e que está em atividade até hoje”, destacou o gerente executivo de Exploração e Produção do pré-sal da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga. Ele comparou o volume já descoberto no pré-sal desta bacia com o de outras grandes descobertas offshore realizadas nos últimos anos no mundo. Segundo ele, o volume dos campos de Lula e Sapinhoá, mais o da Cessão Onerosa, é de quase 15,4 bilhões de barris de petróleo equivalente. Ou seja, uma vez e meia o volume recuperável do campo gigante de Kashagan, no Mar Cáspio,

e 15 vezes o volume recuperável do campo de Thunder Horse, nos EUA. Desde a descoberta, em 2006, até dezembro de 2012, já foram perfurados 37 poços exploratórios no pré-sal da Bacia de Santos, com índice de sucesso superior a 90%. Considerando toda a província do pré-sal, que se estende pelas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (região litorânea entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo), o índice de sucesso supera 80% e o número de poços até o ano passado chegou a 80. “Esses números são fantásticos”, afirmou Carlos Tadeu. Atualmente, seis plataformas produzem no pré-sal na Bacia de Campos e três na Bacia de Santos, além de duas plataformas itineran-

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Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes José Fantine Josué Rocha Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier

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do Sul comemora 50 80 Coreia anos de imigração no Brasil e

quer expandir negócios no país Rio Pipeline

eventos Cobertura Rio Pipeline 2013

Marcelo Costa Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

Mercado demanda maior

eFiCiênCia dutoviáRia por Karolyna Gomes, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

Apesar de ser o modal que apresenta o maior crescimento nos últimos oito anos, a malha dutoviária brasileira, com cerca de 20.000 km de extensão total, ainda é diminuta frente às dimensões do país. O setor também precisa avançar em aspectos cruciais, como eficiência logística e regulação, para atender a demanda crescente do setor de óleo e gás. Este e outros temas alimentaram os debates da 9ª edição da Rio Pipeline, que teve como foco a produtividade e a eficiência logística. 72

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aumento contínuo da produção de gás natural no país e as projeções em torno dos campos do pré-sal em fase de desenvolvimento, somados ao potencial de novos negócios decorrentes da retomada dos leilões de áreas exploratórias da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vão ter um forte impacto no setor de dutos nos próximos anos. A despeito do crescimento registrado nessa década, a malha dutoviária ainda é deficiente tan-

Fotos: tn Petróleo

84 to em extensão como em eficácia, para atender a um mercado em franca expansão – principalmente de gás natural – em um país de dimensões continentais como o Brasil. Ciente destes desafios, o mercado se reuniu mais uma vez na Rio Pipeline 2013 para debater o futuro do setor. O congresso, com cerca de 950 congressistas e 200 trabalhos técnicos, produzidos por profissionais de 20 países, dois painéis e quatro fóruns de debates, assim como a feira, com 150 expositores, que

recebeu mais de 2.200 visitantes, refletem o interesse nesse segmento que tem um enorme potencial de crescimento. Não foi à toa que o evento teve nada menos que 11 patrocinadores. “É incrível ver no que se tornou esse evento, o que nos traz uma responsabilidade ainda maior, para manter a mesma qualidade conquistada durante todos esses anos pela Rio Pipeline”, afirmou secretário executivo do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

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Mercado demanda maior eficiência dutoviária

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artigos 116 Os riscos não seguráveis no segmento de energia eólica, por Roberto Zegarra 134 Eficiência operacional & Gestão de ativos produtivos, por Jorge L. Videira 136 Reflexão sobre a situação dos portos no Brasil, por Rogério Caffaro 138 Detecção de gases tóxicos e inflamáveis, por Alvaro Maselli e Nathan de Medeiros

Ano XIV • Número 92 • nov/dez 2013 Ilustração: Agência Petrobras opinião

Indústria offshore: recursos, eficiência e competitividade, de Raul Sanson, vice-presidente do Sistema FIRJAN

A nova era energética cearense Etanol já está na segunda geração OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país Ano XV • nov/dez 2013 • Nº 92 • www.tnpetroleo.com.br

ESPECIAL PRIMEIRO LEILÃO DO PRÉ-SAL

LIBRA DE OURO

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DO PRÉ-SAL

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BRASIL E CHINA AMPLIAM PARCERIA • PPSA ENTRA EM ATIVIDADE

Os riscos não seguráveis no segmento de energia eólica, por Roberto Zegarra Eficiência operacional & Gestão de ativos produtivos, por Jorge L. Videira Reflexão sobre a situação dos portos no Brasil, por Rogério Caffaro Detecção de gases tóxicos e inflamáveis, por Alvaro Maselli e Nathan de Medeiros

Entrevista exclusiva

Gerson de Mello Almada, presidente da Engevix Construções Oceânicas - Ecovix

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editorial

Sob novo signo

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setor de petróleo e gás no Brasil encerra o ano de 2013 com nova perspectiva, depois da retomada efetiva das licitações de áreas exploratórias e do tão aguardado leilão do pré-sal. Marco histórico do início do novo regime de exploração no país, o de partilha, o primeiro leilão do pré-sal foi atípico, com um único consórcio pagando R$ 15 bilhões pelos direitos de explorar as reservas de 8 a 12 bilhões de barris de óleo recuperável do campo de Libra – volume que equivale a menos de um quarto do óleo in situ, que pelas estimativas da Gaffney Kline, está bem próximo de 60 bilhões de barris. A realização, em praticamente seis meses, de nada menos que três leilões, os quais geraram algo em torno de R$ 20 bilhões, cria expectativas de um aquecimento das demandas de bens e serviços, em todos os níveis. É bem verdade que, nos próximos anos, as atividades exploratórias deverão se concentrar em campanhas sísmicas e ações complementares, que não representam o grosso dos investimentos. Demandas e contratos de maior porte, relacionado às áreas agora licitadas devem ocorrer somente em quatro ou cinco anos. No entanto, há pressa, não apenas por parte da Petrobras mas de suas sócias, em agilizar nos diversos ativos, o desenvolvimento da produção do pré-sal, de forma a monetizar as grandes reservas nas quais investiram. Fator que, aliado à expectativa de reestabelecimento de leilões periódicos, leva a indústria a acreditar que o setor vai sair da inércia que marcou os últimos dois anos. Prova disso foi o sucesso da segunda edição da Offshore Technology Conference Brasil / OTC Brasil 2013, realizada com o apoio do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que comemorou 56 anos lançando uma campanha para transformar a data de 21 de novembro no dia nacional da indústria do petróleo. Além da parceria com a OTC, o IBP também conquistou para o Brasil outro evento de peso: o International Gas Union Research Conference (IGRC), organizado pela International Gas Union (IGU), que reúne os maiores produtores de gás do planeta. Mais além do petróleo e do pré-sal, o Brasil continua fiel à sua vocação energética, com uma das matrizes mais diversificadas do mundo. Está previsto para o primeiro semestre de 2014 a entrada em operação de duas plantas de etanol celulósico, denominado de segunda geração por utilizar o resíduo agrícola (palha de cana, milho, entre outras). Será mais um passo importante na busca da geração sustentável de energia para dar suporte ao desenvolvimento econômico a que todos aspiramos. Que venha 2014, o ano do cavalo no horóscopo chinês. Em 2013, deu Libra em dose dupla: a libriana Petrobras fez 60 anos e reuniu forças para arrematar o ambicionado bloco do pré-sal! Boa leitura!

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editorial

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hot news

IBP volta a defender regularidade das rodadas O IBP volta a defender a importância da continuidade da regularidade das rodadas de licitação de petróleo e gás no país. Segundo João Carlos de Luca, presidente da entidade, a falta de previsibilidade é uma condição que gera muita insegurança na indústria e, consequentemente, em sua aplicação de recursos. “Não há como desenvolver a indústria se não tivermos blocos. Então, uma das prioridades do nosso trabalho é ter a certeza que teremos regularidade. Temos que ter previsibilidade das rodadas de licitação para que a indústria local se planeje e possa atender melhor. Caso isso não ocorra, não conseguiremos ter sustentabilidade do setor e não conseguiremos desenvolver toda a cadeia de fornecedores, tão

importante”, indicou Antônio Guimarães, secretário executivo de E&P do IBP. Ele lembrou que existe uma portaria publicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), sobre um plano quinquenal de rodadas, para definir quais blocos podem ser ofertados e de que maneira isso será feito a cada cinco anos. No entanto, ela ainda não foi posta em prática. “Estamos aguardando e apoiamos que isso seja implementado. Quanto maior a regularidade, maior a confiabilidade”, afirmou. Guimarães informou ainda que o IBP está terminando um estudo com a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) sobre conteúdo local, uma análise de desenvolvimento

da indústria local a partir dos investimentos de E&P, tentando trazer uma visão diferenciada de como se pode contribuir para o desenvolvimento da indústria e do conteúdo local, em novo formato. No dia 21 de novembro, o IBP comemorou 56 anos de atividade. Com o novo slogan ‘A casa da nossa indústria’, a entidade também oficializou a data 21 de novembro como o dia da indústria do petróleo. Hoje, ela está passando por nova fase, composta não só de novas instalações e gestão, mas, atualmente, em fase final de elaboração do seu primeiro planejamento estratégico – com assessoria da consultoria Mackenzie –, que trará grandes mudanças, como mais profissionalização dos cursos, melhoria na comunicação, ênfase em estudos e estatísticas, atuação corporativa mais forte, e a criação de novos conselhos, dentre outros benefícios.

Brasil vai sediar importante evento de gás em 2017 O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) anunciou que venceu a disputa para o Brasil sediar, pela primeira vez, em 2017, o International Gas Union Research Conference (IGRC), evento técnico realizado pela IGU (International Gas Union), entidade que reúne os maiores produtores de gás do mundo. “Estamos muito felizes com essa conquista. O IGRC é um dos três principais eventos promovidos 8

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pela IGU”, afirmou Milton Costa Filho, secretário geral do IBP. O IGRC 2017 será realizado no Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro – sem data definida ainda. Milton Costa Filho informou que o IBP está se candidatando para trazer ao Brasil, em 2016, o Fórum Jovem do Congres-

so Mundial de Petróleo (World Petroleum Council / WPC), que foi realizado em outubro deste ano em Calgary, no Canadá. O resultado será divulgado em junho de 2014, durante o próximo WPC, que acontecerá em Moscou (Rússia).


Rolls-Royce fecha novo contrato com a Petrobras A Rolls-Royce fechou um novo contrato de serviços com a Petrobras, no valor aproximado de R$ 313 milhões. O acordo prevê o fornecimento de manutenção avançada e serviços de reparo para apoiar 15 unidades de geração de energia de turbinas industriais a gás, modelo Rolls-Royce RB211-G62, instaladas em quatro plataformas da petroleira que operam na área de petróleo rico, no pré-sal da Bacia de Campos. As quatro plataformas, que juntas podem produzir mais de 500 mil barris de petróleo por dia – ou 25% da produção total do Brasil – são dependentes de quase 375MW da energia gerada pelos equipamentos do grupo britânico. O Acordo de Serviço de Longo Prazo (LTSA, na sigla em inglês), tem um valor potencial de até R$ 498 milhões ao longo do seu período de renovação de cinco anos. “Nos últimos cinco anos, a avançada tecnologia de geração de energia e os serviços da Rolls-Royce nos ajudaram a superar nossos objetivos de produção de óleo e gás para essas importantes plataformas. Estamos satisfeitos em estreitar o relacionamento com o Grupo e esperamos manter os elevados níveis de eficiência e confiabilidade”, afirmou o gerente geral da Unidade Operacional da

Petrobras no Rio de Janeiro, Eberaldo de Almeida Neto. “A renovação do contrato de serviços reflete a excelente relação de trabalho que desenvolvemos no projeto com a Petrobras nos últimos anos”, comentou o presidente da Rolls-Royce para a América do Sul, Francisco Itzaina. Mais de cinquenta engenheiros e técnicos da Rolls-Royce estão trabalhando no projeto, a maioria baseada em tempo integral nas quatro plataformas de petróleo. A unidade de Energia da Rolls-Royce de Macaé, no Rio de Janeiro, dá suporte ao trabalho desses profissionais. Em 2014, o Grupo vai inaugurar uma nova unidade em Santa Cruz, destinada a instalação de pacotes, montagem e teste de turbinas a gás, também no Rio de Janeiro. O valor do investimento é de mais de R$ 227 milhões.

Pátria Investimentos constrói complexo logístico A gestora Pátria Investimentos irá construir um complexo logístico e industrial em Itatiaia, no Rio de Janeiro, com aporte estimado em R$ 200 milhões. A estrutura, que será erguida na margem da rodovia Presidente Dutra, terá galpões para locação e um terminal que vai integrar os transportes rodoviário e ferroviário. O empreendimento terá um perfil misto. Uma parte será construída no modelo sob medida, no qual o

projeto é encomendado pelo futuro inquilino já com a garantia de um contrato de aluguel de longo prazo. O restante do complexo será feito para livre locação. Os galpões irão ocupar uma área construída de 160.000 m2. A primeira etapa, de 30.000 m², deverá ser entregue em 2014. O projeto também terá um terminal rodoferroviário, além de um pátio de 50.000 m² para o recebimento de cargas em contêineres.

Petrobras assina compromisso indígena da refinaria A Petrobras assinou no dia 22 de novembro, em Fortaleza (CE), o termo de compromisso indígena da Refinaria Premium II, dentro do processo de licenciamento para as obras de implantação do empreendimento. O documento também foi assinado pelo Governo do Estado do Ceará, Fundação Nacional do Índio, Ministério Público Federal, Superintendência do Patrimônio da União e Comunidades Indígenas, e vai viabilizar a criação da reserva indígena Taba dos Anacés. Com a assinatura, a estatal se compromete a reembolsar a metade das despesas do governo do Ceará com a aquisição de terreno, pagamento de indenizações, construção de infraestrutura para a realocação das comunidades e criação da reserva indígena. O reembolso será limitado a R$ 15 milhões. A Refinaria Premium II será construída do município de Caucaia (CE), a 50 km de Fortaleza, no Complexo Industrial e Portuário de Pecém. O empreendimento terá capacidade de processar 300 mil barris de petróleo por dia, abastecendo o mercado nacional de derivados com baixo teor de enxofre. TN Petróleo 92

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PCH em Santa Catarina Junto da PCH Barra do Rio Chapéu (15,15 MW), entregue no início do ano, a usina se constitui como importante reforço para o suprimento de energia do estado. Paralelamente, a empresa já se prepara para iniciar a construção de sua terceira hidrelétrica em território catarinense: a PCH Santo Cristo, que somará outros 19,5 MW à matriz elétrica. A solenidade de inauguração contou com a presença do governador em exercício, Joares Ponticelli, prefeitos da região, representantes do Legislativo estadual e federal, da Embaixada e Consulado da Alemanha, além de executivos do banco de fomento alemão KfW. A PCH João Borges, em operação plena desde julho, aproveita o potencial hidrelétrico do rio Caveiras, entre os municípios de São José do Cerrito, Campo Belo do Sul e Lages, na região serrana. Já a PCH Barra do Rio Chapéu fica no rio Braço do Norte, entre as cidades de Santa Rosa de Lima e Rio Fortuna. Foram investidos R$ 141 milhões nessa usina, que tem capacidade para atender ao consumo de 128 mil habitantes. A PCH Santo Cristo será construída entre Capão Alto e Lages, aproveitando o potencial hidrelétrico do rio Pelotinhas. O investimento previsto é de cerca de R$ 183 milhões e a capacidade de atendimento é de 143 mil habitantes, aproximadamente. “Os investimentos em geração da Eletrosul em Santa Catarina estão alinhados à estratégia da empresa de se tornar referência em energias renováveis dentro do grupo Eletrobras e considera a vocação do estado para esse tipo de aproveitamento hidrelétrico, em razão das características hídricas e de relevo”, afirmou o presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto. 10

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Foto: Divulgação

O maior empreendimento de geração da Eletrosul, em Santa Catarina, em volume de recursos investidos até agora, foi inaugurado no dia 11 de novembro. A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) João Borges, que recebeu investimentos superiores a R$ 172 milhões, tem capacidade instalada de 19 megawatts (MW) – o suficiente para atender o consumo de cerca de 150 mil habitantes.

As duas PCHs já em operação são resultado do Acordo de Cooperação Brasil-Alemanha no Setor de Energia, firmado em 2008. As obras foram financiadas pelo banco de fomento KfW com recursos do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha. Ainda na linha de investimentos em energias alternativas e renováveis, a Eletrosul está construindo o Projeto Megawatt Solar – uma usina fotovoltaica de 1 megawatt-pico (MWp), instalada na cobertura do edifício-sede e estacionamentos da Eletrosul, em Florianópolis. O investimento é de R$ 9,5 milhões, parcialmente financiado pelo KfW. A maior usina solar integrada a um prédio público terá capacidade de abastecer perto de 570 residências, além de servir de base para pesquisas em geração fotovoltaica e estimular avanços no domínio da tecnologia no Brasil. “Com esses empreendimentos, a Eletrosul retoma sua participação no mercado de geração e se consolida como uma empresa de energias renováveis, ajudando a manter a matriz energética brasileira como uma das mais limpas do mundo”, acrescentou o diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio. Transmissão – Em empreendimentos de transmissão, não só para escoar a

energia dos novos empreendimentos de geração, mas para melhorar a integração de Santa Catarina com o Sistema Interligado Nacional (SIN) e atender ao aumento da demanda por energia no estado, a Eletrosul investiu e está investindo mais de R$ 1,23 bilhão. O montante considera obras já concluídas, realizadas a partir de 2003, e outras ainda em andamento, que têm previsão de término ainda para este ano, à exceção das ampliações das subestações Itajaí e Joinville Norte, cuja conclusão está prevista para 2014 e 2015, respectivamente. Parque gerador – A Eletrosul está investindo cerca de R$ 8 bilhões em obras de geração de energia, incluindo a participação em projetos estruturantes para o país, como a Hidrelétrica Jirau (3.750 MW), em Rondônia, e a Hidrelétrica Teles Pires (1.820 MW), entre o Pará e Mato Grosso. A empresa já concluiu a construção de outros três empreendimentos hidrelétricos – as usinas Passo São João (77 MW), no Rio Grande do Sul, Mauá (363 MW), no Paraná, e São Domingos (48 MW), em Mato Grosso do Sul – além das duas PCHs em Santa Catarina. Está investindo, ainda, em usinas eólicas no estado gaúcho, que somam 570 MW de capacidade. Considerando todos os investimentos, até 2015, a empresa terá 1,86 GW em ativos de geração.


Há 60 anos,

construindo uma grande história.

Toda construção precisa de uma estrutura sólida e confiável para crescer com segurança. Um país não é diferente. Por isso, parabenizamos a Petrobras pelos seus 60 anos e por ajudar o Brasil em seu crescimento sustentável.

A EBSE se orgulha em fazer parte desta história, sendo parceira da maior empresa brasileira, em projetos passados, vigentes e que ainda estão por vir.

Conte sempre com a gente, Petrobras.

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Centro de Excelência em EPC de portas abertas O Centro de Excelência em EPC (CE-EPC), formado pelas principais companhias petrolíferas, empresas de engenharia e a cadeia de fornecedores de bens e serviços para o setor de EPC, está abrindo suas portas para outros setores, principalmente aqueles com grandes projetos de capital. “Entendemos que a busca da excelência no setor de EPC não se restringe apenas à indústria de óleo e gás, que foi a principal fomentadora do centro. A questão da produtividade e da competitividade representa um desafio permanente para outros segmentos, como infraestrutura, mineração, energia, química e petroquímica, papel e celulose, entre outros”, destacou a presidente do CE-EPC, Renata Baruzzi.

Lembrando que o país tem hoje uma das maiores carteiras de projetos de infraestrutura em implantação no mundo, ela enfatiza que a união de forças dos diversos setores, que têm entre os seus principais desafios a implantação de grandes empreendimentos, vai resultar em benefícios para toda a cadeia epecista e, consequentemente, do país. “A disseminação das melhores práticas em EPC, os debates e estudos que vêm sendo promovidos dentro da entidade, assim como a divulgação de experiências bem-sucedidas na implantação de projetos de capital no país e no exterior, com certeza vão contribuir para o desenvolvimento do mercado como um todo”, frisa a executiva. Ela observa que o setor de EPC vai muito além das empresas dos segmentos de Engenharia (E), Suprimentos (Procurement) e Construção e Montagem Industrial (C). “Há uma enorme cadeia de fornecedores de

bens e serviços que tem impacto direto e indireto na implantação de um grande empreendimento”, observou Baruzzi. “Quanto mais disseminarmos os conceitos de excelência em todos os níveis dessa cadeia epecista, nos vários segmentos da indústria, mas fácil será o entendimento do valor dessas diretrizes para o sucesso do próprio negócio de cada empresa envolvida. Seja no setor de óleo e gás, seja no setor de mineração, ou de infraestrutura”, pontua a presidente do CE-EPC. E finaliza Renata Baruzzi: “O Brasil precisa ter uma cadeia epecista com a excelência e a competitividade que o país demanda para poder crescer de forma sustentável, reunindo os principais contratantes e empresas da cadeia, nos diversos setores da indústria, o Centro de Excelência em EPC poderá contribuir de forma decisiva para darmos este salto qualitativo.”

Fapesp e Secretaria de Energia cooperam em rede mundial A Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e a Secretaria de Energia do Estado de São Paulo assinaram, no dia 19 de novembro, protocolo de intenções para estabelecer cooperação nas áreas de energias renováveis, eficiência energética e conservação de energia em São Paulo. O trabalho terá início em 2014 com a implementação do Projeto Piloto para Cooperação em Pesquisa e Treinamento para a estruturação da Rede Mundial de Energias Renováveis, Eficiência e Conservação de Energia (Rede ER). A Fapesp será a instituição responsável pela coordenação acadêmica no estado e a Secretaria fará a coordenação geral da iniciativa. A Rede ER é um dos compromissos assumidos em abril de 2012 pela 12

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Sexta Cúpula de Líderes Regionais, realizada pela primeira vez no Brasil, no Palácio dos Bandeirantes – sede do governo paulista –, com a participação de outros seis estados-membros: Alta Áustria (Áustria), Baviera (Alemanha), Província do Cabo Ocidental (África do Sul), Geórgia (Estados Unidos), Quebec (Canadá) e Shandong (República Popular da China). As ações da Rede Mundial para o aumento da porcentagem de energia renovável no consumo total de energia, da sustentabilidade energética em escala global e da segurança no fornecimento envolvem a colaboração em pesquisa e inovação entre cientistas ligados a universidades e instituições de pesquisa e grupos de indústrias dos países-membros.

“A Rede favorece o crescimento da parcela de energia renovável na matriz energética. O governo do estado tem feito trabalho expressivo na área, em iniciativas como a implantação de parques eólicos em regiões do interior com capacidade de geração de energia sustentável”, disse José Aníbal, secretário de Energia do estado de São Paulo. A pesquisa prevista na fase de estruturação da Rede inclui temas como o desenvolvimento sustentável, difusão da cultura de tecnologia limpa no meio empresarial e entre instituições de governo, redução de emissões de CO2 em São Paulo e a ampliação de energias renováveis na matriz energética paulista de 55%, em 2010, para 69%, em 2020.


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Todas as imagens e perspectivas contidas neste material são meramente ilustrativas, podendo sofrer alterações, inclusive quanto à forma, cor, textura e tamanho. As unidades e áreas comuns serão entregues conforme memorial descritivo constante do Memorial de Incorporação, que prevalecerá em caso de conflito com qualquer outro material ou informação relativa ao empreendimento. A decoração e mobiliário das áreas comuns, previstos nas imagens do book, poderão ser modificados pela incorporadora, não sendo entregues os utensílios, adornos e acessórios eventualmente previstos nas imagens. O paisagismo apresentado nas perspectivas é uma sugestão e apresenta plantas em porte adulto, a ser atingido após a entrega do empreendimento. Engenheiro responsável: Alexandre Martins Souza - CREA: 156.322-D-RJ. Arquiteto do projeto legal: Luiz Othon Agnese Bezerra de Mello - CREA: 139.641-D. Incorporação e Construção: PELICANO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA - CNPJ: 13.002.128/0001-36. Memorial de Incorporação registrado em 20/03/2013, sob o R-11 da matrícula nº 50.907 do 3º Ofício do Registro de Imóveis do Rio de Janeiro. A Lei Municipal nº 101/2009 criou a Operação Urbana Consorciada da Área de Especial Interesse Urbanístico da Região Portuária do Rio de Janeiro, mais conhecida como Porto Maravilha. Mais informações: www.portomaravilha.com.br. *Informações detalhadas sobre as formas de aquisição, procure a sua empresa de venda.

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Os investimentos no setor de petróleo e gás, especialmente para exploração do pré-sal, criarão 46 mil empregos até 2015. Dessas vagas, 84%, ou 33,6 mil, serão ocupadas por técnicos ou profissionais de nível médio, em ocupações como soldador de tubulação, técnico petroquímico e encanador industrial. As informações são do Mapa do Trabalho Industrial, do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (Senai). Conforme o estudo, 60% das novas vagas serão para funções industriais. Isso ocorre porque a cadeia produtiva do petróleo e gás exige qualificação muito específica, como os soldado res subaquáticos, que precisam mergulhar centenas de metros no oceano para fazer reparos nos equipamentos de extração. Por isso, os profissionais são disputados pelo mercado e têm salários atraentes. Um técnico em mineração, responsável por supervisionar equipes durante o processo de extração, ganha, em média, R$ 11,1 mil ao mês em um mercado aquecido como o do Rio de Janeiro. Além disso, o número de trabalhadores em funções industriais é mais alto nesse setor do que a média dos outros setores da indústria. Para se ter uma ideia, uma única sonda de perfuração precisa de 150 a 200 profissionais industriais – altamente capacitados – para ser operada. Só para operadores e técnicos de petróleo e gás, em plata-

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Foto: Agência Petrobras

Pré-sal deve gerar 46 mil empregos até 2015

formas ou navios, serão abertas 12,5 mil vagas até 2015. “A demanda por profissionais qualificados já é alta nesse período de aquecimento para a exploração dos campos do pré-sal. Mas deve se ampliar nos próximos cinco anos, quando as novas plantas entrarem em produção”, prevê o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. Ele explica que grande parte das obras para o pré-sal ficará pronta no médio e longo prazos. O Senai incluiu esse tema no seu planejamento estratégico e lançará, em 2014, três novos cursos de especialização para técnicos em construção naval nas áreas de pintura, mecatrônica e mecânica ou eletrônica. Os novos profissionais aprenderão habilidades e conhecimentos das novas tecnologias do setor. Investimento japonês - A Agência de Cooperação Internacional do Japão

(Jica) investirá R$ 10 milhões para equipar com tecnologia de ponta, quatro unidades do Senai no Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul. O objetivo é capacitar, pelo menos, cem professores, que treinarão mão de obra para quatro estaleiros japoneses que estão se instalando no Brasil: o Ishikawajima-Harima Heavy Industries – que comprou 25% do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o Kawasaky Heavy Industries, que está negociando estaleiros em Salvador, o Mitsubishi Heavy Industry, e o Japan Maritime United. Um levantamento feito pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) aponta que já existem 390 obras em andamento ou com intenção de construção, que custarão R$ 150 bilhões. De acordo com o estudo, a demanda deve crescer principalmente no setor de maior valor agregado, como sondas de perfuração, navios de apoio marítimo e petroleiros.


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PMEs que utilizam a tecnologia crescem mais

O estudo do BCG, Ahead of the Curve: Lessons on Technology and Growth from Small Business Leaders (À frente da concorrência: Lições sobre tecnologia e crescimento das pequenas empresas líderes) constatou que se mais PMEs utilizassem tecnologias como software de produtividade, Internet e serviços baseados na nuvem, elas contribuiriam com um acréscimo de US$ 122 bilhões na economia brasileira e gerariam mais empregos, pois contratariam 2,5 milhões de funcionários a mais. Isso não inclui lucros potenciais na economia informal, estimada em 33% do PIB e 27% da mão de obra, de acordo com o Banco Mundial e com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). “As pequenas e médias empresas são fundamentais para o crescimento da economia local e nós queremos entender o impacto da tecnologia nestes negócios”, disse Victor Gureghian, gerente comercial de pequenas e médias empresas e distribuição da Microsoft Brasil. “Desde a crise econômica mundial, muitas economias têm lutado para retomar o forte crescimento econômico e para criar novos postos de trabalho. Esta pesquisa sugere que a maior utilização de soluções de TI pelas PMEs pode impulsionar o crescimento e o emprego”, assegurou. O BCG pesquisou cinco economias-chave – Brasil, Estados Unidos, Alemanha, China, e Índia – e constatou que de 2010 16

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a 2012 as PMEs líderes em tecnologia tiveram taxas de crescimento de receita 15 pontos percentuais maiores e criaram empregos quase duas vezes mais rápido que as PMEs com níveis inferiores de adoção de tecnologias. A adoção mais elevada de tecnologias poderia resultar em US$ 770 bilhões em receitas adicionais para PMEs nos cinco países pesquisados. Essa taxa de crescimento somaria cerca de 6,2 milhões de novos empregos somente nesses países. “No Brasil e em outras economias, as PMEs desempenham papel vital, frequentemente atuando como determinantes primários do crescimento de empregos e da economia”, diz Julio Bezerra, diretor do BCG e coautor do relatório: “Há uma grande oportunidade tanto para as PMEs quanto para legisladores ao redor do mundo. Mais empresas líderes em tecnologias ajudariam a criar economias mais vibrantes, uma vez que as líderes possuem excelência em inovação.” No caso do Brasil, as PMEs são responsáveis por 40% do PIB e 53% da taxa de emprego.

Foto: Depositphotos

As pequenas e médias empresas (PMEs) líderes na adoção das mais recentes tecnologias da informação (TI) superam em muito seus concorrentes no mercado, de acordo com a nova pesquisa realizada pelo The Boston Consulting Group (BCG), encomendada pela Microsoft. No Brasil, as empresas analisadas aumentaram sua receita anual em 16% e criaram novos empregos 11% mais rápido que empresas com níveis menores de adoção de tecnologia entre 2010 a 2012.

TI

O relatório de BCG ainda aponta que a mais recente onda de avanço tecnológico, tais como serviços em nuvem, aumenta as possibilidades de maior inovação e crescimento para os negócios, que passam a ter nestas tecnologias um motor para seu avanço no mercado. A pesquisa revelou que as PMEs líderes em tecnologia melhoraram sua produtividade, conectam-se com novos clientes e mercados, incluindo as diferentes regiões ou países, e tornam-se mais competitivas. Essas empresas empregam toda a gama de ferramentas disponíveis – de software de produtividade à conectividade com a Internet e serviços em nuvem.


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Demanda de petróleo deve crescer 1,2% em 2014, diz relatório da Opep Oferta deve acompanhar crescimento da demanda, puxado pelo boom do petróleo de xisto nos Estados Unidos e pela produção no Oriente Médio.

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Dez Nov1011

Em seu relatório mensal, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirmou que a demanda mundial de petróleo deve crescer em 2014 algo em torno de 1,04 milhão de barris por dia ou 1,2% em comparação com este ano, alcançando um valor de 90,78 milhões de barris por dia. Para 2013, a demanda mundial deve ficar em 89,78 milhões de barris por dia, 1% maior que o registrado em 2012. Já a demanda pelo petróleo da Opep em 2014 deve ser de 29,57 milhões de barris por dia (bpd), permanecendo a mesma estimativa anterior. De acordo com a Opep, a produção de petróleo dos países-membros vai permanecer superior à demanda global pelo produto do grupo no próximo ano. O relatório mensal da Organização reforça os sinais de que o aumento da oferta nos Estados Unidos, vivendo um boom do petróleo de xisto, e em outros países de fora da Opep vão afetar a participação de mercado em 2014. No documento, a entidade mostra que a oferta mundial de petróleo cresceu 480 mil barris em outubro para uma média de 90,37 milhões de barris por dia. Este é o último relatório antes de a Opep reunir-se em 4 de dezembro para decidir se vai mudar ZAP_Anúncio Rodapé_Nov 2013.pdf 1 11/11/2013 11:44:58 sua meta de produção nominal de

30 milhões de barris por dia. Com os preços do petróleo acima do nível desejado pela organização, 100 dólares por barril, não são esperadas grandes mudanças na política. Já sobre a oferta de petróleo no Brasil, a Opep espera um acréscimo de 30 mil barris este ano, para 2,63 milhões de barris por dia, mantendo os números do último mês. Com boas expectativas para o setor no

Frota própria com veículo monitorado via satélite.

país, a Opep prevê crescimento no quarto trimestre em comparação com o terceiro, devido ao bom desempenho das plataformas da Bacia de Campos que passaram por recente manutenção, além de novos descobrimentos pela Petrobras. Na visão da organização, a greve dos petroleiros no último mês não deve ter um impacto significativo no resultado final da produção. Quem também deve dar suporte ao crescimento da oferta de petróleo no Brasil é o início dos trabalhos da segunda fase do Parque das Conchas, no bloco BC-10. Além disso, a Opep ressalta a ida da plataforma P-55 para o campo de Roncador para ser instalada e iniciar o processo de produção. Os números trimestrais da produção no Brasil em 2013 devem ficar em 2,57 mb/d, 2,61 mb/d, 2.62 mb/d e 2.71 mb/d, respectivamente.

Containers padronizados, Sanitário, almoxarifado, acoplados e sobrepostos, refeitório, arquivo morto, conforme sua necessidade. bilheteria entre outros.


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Petrobras: importações e defasagem de preços impactam lucro O resultado obtido pela Petrobras nos três primeiros trimestres do ano poderia ter sido bem melhor não fossem o aumento das importações de derivados e a defasagem no preço dos derivados, este decorrente da depreciação cambial aliada ao aumento do preço internacional do petróleo. No terceiro trimestre, o lucro líquido foi de R$ 3,4 bilhões, 45% inferior ao do trimestre anterior, refletindo o menor lucro operacional, parcialmente compensado pelo melhor resultado financeiro. O resultado operacional desse período foi 51% menor que o segundo trimestre, devido justamente às importações e preços defasados. O que evitou um tombo no consolidado do ano até agora foi o aumento de 3% do resultado operacional – reflexo dos ganhos com a venda de ativos e menores baixas de poços secos e subcomerciais que compensaram as perdas com a defasagem de preços. Com isso, o Ebitda ajustado atingiu R$ 47 bilhões e 413 milhões, 14% superior aos três primeiros trimestres de 2012. Estes números deram respaldo à afirmação da presidente da companhia, Graça Foster, que havia assegurado ter recursos em caixa para

Foto: Agência Petrobras

O lucro líquido de R$ 17 bilhões e 289 milhões da petroleira brasileira, consolidado entre janeiro e setembro, ficou 29% acima do registrado no mesmo período de 2012.

‘bancar’ a participação da Petrobras no consórcio vencedor do primeiro leilão do pré-sal, o do campo de Libra, arrematado por R$ 15 bilhões – cabendo à estatal, no total, uma fatia de 40%, no valor de R$ 6 bilhões. Produção ainda não se recuperou – Em setembro, a produção de petróleo teve um crescimento de 3,7% e a de gás manteve-se nos mesmos patamares do mês anterior. No entanto, a produção consolidada de petróleo e gás natural entre janeiro de setembro, com uma média de 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia,

ainda está 2% abaixo da registrada em igual período no ano de 2012. Esse resultado reflete o declínio natural dos campos, a maior concentração de paradas programadas em 2013 e a venda de ativos no exterior. Com uma eficiência operacional maior nas unidades operacionais da companhia, a Petrobras conseguiu recuperar 65 mil barris por dia de produção neste trimestre por meio do Programa de Aumento de Eficiência Operacional da Bacia de Campos (Proef). Com dispêndios totais de US$ 1,3 bilhão desde sua implantação, as ações do Proef já contabilizam ganhos de US$ 1,5 bilhão em valor presente líquido (VPL). “Estamos com resultado operacional muito bom no terceiro trimestre. As paradas realizadas este ano, dentro do planejado, melhoraram a eficiência operacional e o potencial da plataforma”, disse Graça Foster. “Com essas ações, agregamos valor ao ativo da companhia que se tornar mais previsível. Assim, tomamos menos sustos e a produção vai ficando alinhada”, completou. Mesmo animada com os resultados operacionais, a presidente da Petrobras lembrou que os níveis de produção nesse trimestre não foram

Precificação visa equilibrar balança comercial A Petrobras criou uma metodologia de precificação do diesel e da gasolina, através da qual se tem maior previsibilidade do alinhamento dos preços domésticos aos internacionais. Apresentada ao Conselho de Administração no dia 25 de outubro, para ser avaliada no prazo de 30 dias, a metodologia contempla reajuste 20

TN Petróleo 92

automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida antes de sua implantação. Esse reajuste será baseado em variáveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado.

Também está previsto mecanismo que impede o repasse da volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico. A expectativa da petroleira é que essa fórmula de precificação do diesel e da gasolina dê maior previsibilidade à geração de caixa e redução dos índices de alavancagem da Petrobras.


maiores devido, principalmente, a alguns atrasos, como o do início da operação da P-63 (Papa-terra). Outro atraso destacado por Foster – de 275 dias (nove meses) – foi o da empresa norueguesa Subsea 7 na disponibilização dos Sistemas de Coleta Desacoplado (boiões), fabricados na China, para o FPSO Cidade de São Paulo. Com isso, a interligação do segundo poço produtor foi postergada de abril de 2013 para janeiro de 2014. Segundo a companhia, a área de Engenharia da Petrobras vem trabalhando para terminar o ano com nove unidades de produção entregues, as quais totalizam um milhão de barris por dia de capacidade. Até o terceiro trimestre, já haviam entrado em operação os FPSOs Cidade de São Paulo, Cidade de Paraty e Cidade de Itajaí (este último, entregue no final de 2012). Já estão na locação, mais ainda em fase de interligação dos sistemas sub-

marinos, a P-63 e a P-55, e a p-58, inaugurada oficialmente no dia 8 de novembro, iria ainda este mês para o norte do Parque das Baleias, na Bacia de Campos, litoral do Espírito Santo. A previsão da Petrobras era receber, antes de 31 de dezembro, a P-62, P-61 e o TAD (Tender Assisted Drilling) – que, segundo a estatal, estavam com 92,5% de avanço físico no final do terceiro trimestre. Foster afirmou que estas unidades vão contribuir para “o crescimento sustentado da produção em 2014”. Economia supera meta – No setor de refino da Petrobras, o terceiro trimestre revelou surpresas. Mesmo com paradas programadas para manutenção nas refinarias Reduc (RJ), Regap (MG) e Revap (SP), houve aumento na produção de diesel (+1,1%) e de gasolina (+2,1%) em relação ao trimestre anterior. A produção de derivados totalizou 2,1 milhões barris/dia na média dos nove meses, 7% superior ao mes-

mo período de 2012, com recorde mensal de processamento em julho. Entretanto, o consumo recorde de diesel no Brasil, superando um milhão de barris por dia (pico de 1,169 milhão bpd em 30 de agosto), levou ao aumento das importações, em período de forte depreciação do Real e de aumento do preço do petróleo, ampliando a defasagem dos preços domésticos em relação à paridade internacional. Com o Programa de Desinvestimento (Prodesin), a companhia totalizou US$ 4,8 bilhões no acumulado do ano. Já o Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop) alcançou economia de R$ 4,8 bilhões até setembro, superando, assim, a meta de R$ 3,9 bilhões em 2013. Graça Foster confirmou que com o caixa atual da companhia, a Petrobras irá terminar o ano de 2014 sem sustos, e sem a necessidade de captar recursos.

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indicadores tn

Planta piloto para aproveitamento energético de resíduo sólido O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apoiará com R$ 10,5 milhões a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), em projeto que busca desenvolver tecnologia nacional para tratamento e aproveitamento energético da Fração Orgânica dos Resíduos Sólidos Urbanos (Forsu). Os recursos, não reembolsáveis, correspondem a 90% do valor total do projeto e são provenientes

do BNDES Funtec (BNDES Fundo Tecnológico). O projeto prevê a construção e operação de uma planta-piloto da rota tecnológica de metanização anaeróbica “ via seca”. Esse método otimiza a produção de gás metano a partir do uso de bactérias cultivadas sem presença de oxigênio e sem adicionar água ao material tratado. Para isso, são utilizados biodigestores para

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural

DJ Oil & Gas (%)

Período de 04/2013 a 09/2013

16/set

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Abr

Maio

Jun

Jul

Ago

Set

Bacia de Campos 1.532,4

1.523,5

1.565,0

1.479,1

1.505,9

1.550,3

180,2

165,0

208,7

208,3

204,7

230,8

Total offshore

1.712,6

1.688,5

1.773,7

1.687,4

1.710,6

1.781,1

Total onshore

211,0

203,3

204,9

200,1

196,9

198,0

1.923,5

1.891,8

1.978,6

1.887,5

1.907,5

1.979,0

Jul

Ago

Set

Outras (offshore)

Total Brasil

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Abr

Maio

Jun

Bacia de Campos

24.892,4 24.721,9 24.407,1 23.385,3 23.105,7 23.739,5

Outras (offshore)

21.512,2 19.216,5 23.459,0 23.522,7 23.157,7 22.990,5

Total offshore

46.404,6 43.938,4 47.866,1 46.908,0 46.263,3 46.730,0

Total onshore

16.019,7 15.784,0 15.563,4 15.809,2 15.114,4 15.036,5

Total Brasil

62.424,2 59.722,4 63.429,6 62.717,1 61.377,7 61.766,5 Abr

Maio

Jun

Jul

Ago

Set

146,8

144,3

144,1

116,7

112,5

117,0

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior

15.241,8

15.128,3

15.419,0 15.617,7 15.842,4 15.710,4

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior

2.552,5

2.500,8

2.612,4

2.490,5

2.499,2

22

TN Petróleo 92

0.63 -0.82 Variação no período: 4.67%

bovespa (%) 16/set

18/nov

0.04 1.60 Variação no período: 0.90%

dólar comercial* 16/set

18/nov

2.284 2.263

2.576,9

euro comercial* 16/set

18/nov

3.04 3.05 Variação no período: 0.32%

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).

18/nov

Variação no período: -0.92%

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior

a degradação da matéria e geração de biogás. A Fundep tem como parceiras neste projeto a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Methanum Engenharia Ambiental, empresa especializada na tecnologia de metanização. A planta-piloto será abrigada pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), nas instalações da estação de transbordo do Caju, no Rio de Janeiro.

Fonte: Petrobras

*Valor de venda, em R$


Rio de Janeiro eleva participação no PIB do Brasil O estado do Rio de Janeiro elevou a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil entre 2010 e 2011, segundo mostram os resultados das Contas Regionais divulgado nesta sexta-feira (22) pelo IBGE. A fatia do estado no PIB nacional, que era de 10,8% em 2010, chegou a 11,2% em 2011, com ganho de 0,4 ponto percentual. O dado apurado pelo IBGE no Rio de Janeiro mostra um movimento bem diferente no caso da maior economia do país, o esta-

do de São Paulo, que no mesmo período perdeu participação no PIB nacional, caindo de 33,1% em 2010 para 32,6% em 2011, com recuo de 0,5 ponto percentual. Os dados do instituto mostram também um desempenho positivo da indústria fluminense. O setor apresentou o maior ganho de participação do setor industrial (extrativa, transformação e eletricidade), no total do PIB industrial do país, entre os estados da região Sudeste, entre 2010 e 2011, passando de 10,7% para 12,3%.

ações ações ações ações ações ações ações ações ações

petrobras 16/set

ON

18/nov

1.57

16/set

PN

3.78

R$ 17,44

1,77

R$ 20,34

R$ 18,45

18/nov

4,84

R$ 21,44

VALE

ON

16/set

18/nov

-0.31

1.03

R$ 35,43

R$ 36,25

ON

16/set

PNA -0,09 R$ 33,08

R$ 12,00

18/nov

2,07

R$ 33,07

nos próximos 35 anos, R$ 1 trilhão para o governo, estados e municípios, além de fortalecer a indústria naval brasileira.” Dilma Rousseff, presidente do Brasil 28/10/2013 - Agência Brasil

“As reservas do Campo de Franco podem chegar a volumes de petróleo estimados entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris.” Magda Chambriard, diretora-geral da ANP 14/11/2013 - Agência Brasil

“Antes do Promef, o setor agonizava com menos de 2 mil empregos e agora soma mais de 70 mil postos de trabalho.” Sérgio Machado, presidente da Transpetro - -

“Temos que ter previsibilidade das rodadas de licitação para que a indústria local se planeje e possa atender melhor. Caso

BRASKEM 16/set

18/nov

isso não ocorra não consegui-

-0,76 PNA 0.27

1.56

remos ter uma sustentabilidade

18/nov

0,08

“O campo de Libra vai render

18/11/2013 - Jornal do Commercio (PE)

CPFL 16/set

FRASES

R$ 13,00

R$ 18,63

R$ 20,84

no setor.” Antônio Guimarães, secretário-executivo do IBP -

petróleo brent (US$) 16/set

109.84

18/nov

108.28

Variação no período: -1.42%

105.36

devem fazer o que é necessário para parar o aquecimento global. Os que são historipoluir nossa atmosfera têm

18/nov

93.62

Variação no período: -11.13%

“Os setores público e privado

camente responsáveis por

petróleo WTI (US$) 16/set

22/11/2013 - TN Petróleo

uma obrigação clara de ser parte da solução.” Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e ambientalista - 21/11/2013 - Instituto Carbono Brasil

TN Petróleo 92

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entrevista exclusiva

A nau da competitividade

da Engevix

por Beatriz Cardoso

A venda para um grupo de cinco companhias japonesas de 30% de participação da Ecovix é um reconhecimento da excelência da empresa brasileira de engenharia, que ainda no ‘berço’ ganhou o emblemático contrato de construção dos oito cascos das plataformas replicantes do pré-sal. Essa é a percepção de Gerson de Mello Almada, presidente da Engevix Construções Oceânicas (Ecovix), empresa criada há três anos com o objetivo de atender a demanda da Petrobras, que queria ver surgir no país uma verdadeira ‘fábrica’ de cascos de FPSOs (Floating Production Storage Offloading).

A poucos meses de entregar o primeiro dos oitos cascos das unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo que vão ser instaladas na área do pré-sal, a Ecovix fecha contrato de compra e venda de ações com cinco sócios japoneses, capitaneados pela Mitsubishi Heavy Industries Ltd. (MHI), que ficará com metade da fatia negociada. O restante será dividido entre os estaleiros Imabari, Namura e Oshima Shipbuilding e a trading Mitsubishi Corporation. Estimado em U$ 305 milhões, o contrato se configura no maior investimento estrangeiro da indústria japonesa no setor naval, de acordo com o jornal japonês Nikkei. Gerson Almada, que não confirma o valor, assegura que já estava previsto nos planos da empresa ter um parceiro com competências complementares às da Engevix. “O trinômio competitividade, eficiência e produtividade foi o que nos levou a buscar um parceiro. Para nossa felicidade, depois de um ano de due dilligence, eles nos escolheram. O que representa uma chancela à forma como estávamos conduzindo nossos negócios”, frisa o executivo em entrevista exclusiva à TN Petróleo. TN Petróleo – A Engevix é uma empresa tradicional da área de engenharia, com mais de 48 anos de atuação no Brasil, a maior parte na prestação de serviços. O que a levou a enveredar pela área naval? Gerson de Mello Almada – Na realidade, nós já tínhamos um bom portfólio de serviços em Macaé, na área de manutenção. Temos, há mais de dez anos, contrato de manutenção de 18 plataformas em operação na Bacia de Campos. Isso nos deu conhecimento e experiência suficientes para enfrentar um novo desafio, o pré-sal, e as demandas tecnológicas que surgem a partir dele. Quando a Petrobras divulgou que precisava construir FPSOs no país, fizemos uma parceria com a empresa sueca GVA, para desenvolver um projeto básico específico para os cascos. Todo o processo de desenvolvimento teve a participação das equipes técnicas das duas empresas. E acabamos ganhando o contrato com uma solução inovadora: não há nenhum FPSO no mundo com as características dos cascos que estamos construindo. Por que decidiram criar uma nova empresa para fazer isso? Por que não usar a Engevix Engenharia? Optamos por criar uma empresa específica, com todas as atribuições necessárias para atender as exigências desta indústria. Isso é bastante comum. Já estamos acostumados a usar a inteligência que temos na Engevix para criar novas empresas para atuar em áreas específicas. Temos uma equipe técnica muito boa. Por isso fomos rápido na resposta: ganhamos a concorrência em 2009 e em menos de dois anos tínhamos a Ecovix pronta para operar. E longe da base, que é em São Paulo... Rio Grande era o site que a Petrobras oferecia para quem ganhasse esse contrato [NR.: a estatal tinha contrato de locação do Estaleiro Rio Grande/ERG por dez anos]. O que fizemos, após ganhar a concorrência, foi comprar a planta de Rio

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TN Petróleo 92


Foto: Divulagação

Gerson de Mello Almada, presidente da Engevix Construções Oceânicas (Ecovix)

Os oito replicantes serão entregues até meados de 2017 – vamos manter a meta de entregar um casco a cada seis meses, a partir do primeiro, a P-66, que sairá do dique seco em abril de 2014, para integração em maio.

Grande (o ERG 1 e 2) da WTorre, e os terrenos adjacentes, que seriam usados na segunda fase do empreendimento (ERG3), adquiridos junto ao estado do Rio de Grande do Sul. Essas aquisições foram feitas em 2010, pela Engevix Engenharia (75%) e a Funcef, fundo dos funcionários da Caixa Econômica Federal (25%). Com isso, estávamos aptos a atender as encomendas, inclusive de navios-sonda. Qual o escopo do contrato dos oito replicantes e das três sondas? No caso dos replicantes, o escopo básico é um pouco mais avançado, porque também estamos realizando boa parte dos serviços de integração nos cascos

(os módulos estão sob responsabilidade de outros consórcios). Já em relação aos navios-sonda, fizemos uma parceria com a holandesa Gusto, para o projeto básico e vamos entregar tudo pronto. Mas foi a Ecovix que fez o detalhamento dos projetos tanto dos replicantes como das sondas. Qual a duração do contrato? Os oito replicantes serão entregues até meados de 2017 – vamos manter a meta de entregar um casco a cada seis meses, a partir do primeiro, o da P-66, que sairá do dique seco em abril de 2014, para integração em maio. A P-67 também já começa a ‘pegar forma’: já está com todos os blocos prontos, devendo entrar logo no dique seco, para

ser entregue antes do fim do próximo ano. Em relação às sondas, devemos começar a entregar no primeiro semestre de 2016, concluindo a última em 2018. Em março já vamos começar o corte das chapas e toda a parte mecânica e de montagem. O projeto está acabado e já concluímos a parte de suprimento. Estão contratados 100% dos principais equipamentos e temos 70% do suprimento em casa. Há outras encomendas do setor de óleo e gás? Temos forte atuação neste mercado. A Engevix Engenharia continua atuando em diversos projetos deste setor, na área de downstream, entre os quais o da Refinaria Abreu Lima, mais conhecida como refinaria do Nordeste (Rnest), e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Na área offshore, como já disse, realizamos a manutenção de plataformas. [NR.: Essa atuação TN Petróleo 92

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entrevista exclusiva foi reforçada em 2009, quando a Engevix adquiriu as instalações de Macaé da Aibel Óleo e Gás, empresa norueguesa de serviços de reparo e manutenção] O senhor disse que a Ecovix está sold out até 2018. Ou seja, não tem mais como aceitar novas encomendas, mesmo com os ERG 1, 2 e 3 concluídos? Não é bem assim. No momento não temos espaço para atender qualquer outra demanda no dique seco. Mas podemos disputar novas encomendas, que devem entrar efetivamente em dois a tres anos, quando já teremos disponibilidade no estaleiro. Ou seja, o senhor tem possibilidades de disputar a construção de barcos de apoio mais sofisticados, de instalação de equipamentos submarinos, risers rígidos, dutos de grande porte, de apoio à operação de ROV (Remote Operate Vehicle) e outros? Vocês têm condições de construir estas embarcações? Temos condições sim, porque podemos usar as carreiras de lançamento e o cais do ERG2, que fica pronto em novembro de 2014. Daí poderei receber encomendas de PSV (Platform Supply Vessel), RSV (ROV

podemos disputar novas encomendas, que devem entrar efetivamente em dois a trÊs anos, quando já teremos disponibilidade no estaleiro.

Support Vessel), SV (Supply Vessel), e outros. Hoje, temos 75% dos investimentos concluídos na implantação do Estaleiro Rio grande. Dos R$ 2 bilhões previstos, já investimos R$ 1,5. O restante vai ser aplicado nos próximos anos.

Quais os maiores desafios enfrentados pela Ecovix no início? O desafio maior não foi a engenharia, porque já tínhamos um núcleo forte de engenharia naval dentro do Engevix, graças às atividades de reparo e manutenção offshore, em Macaé (RJ). O maior desafio foi treinar mão de obra para atuar na área, na região de Rio Grande. Encontramos recursos humanos com um perfil bem diferente do que tínhamos em Macaé. Assim, nos primeiros anos o grande desafio foi justamente formar pessoal, estabelecer padrões, procedimentos, contratar empresas, para poder atuar. E hoje? Um dos grandes desafios é a capacidade do mercado nacional de fornecer suprimentos com os índices de nacionalização exigidos. Temos que dar suporte às empresas fornecedoras e aos parceiros, orientar, apoiar a turma, dar sugestões. O retorno tem sido bem positivo, até hoje. Mas precisamos avançar mais ainda. Com uma boa montagem mostramos as oportunidades de aprendizagem, de crescimento. Agora, precisamos ter mais eficiência, produ-

Parceria visa eficiência e produtividade Fechada em outubro no Japão, mas anunciada oficialmente no Brasil no dia 19 de novembro, a parceria da Ecovix e o consórcio japonês visa, acima de tudo, assegurar a eficiência, produtividade e competitividade do estaleiro brasileiro no atendimento ao aquecido mercado offshore. Isto é um consenso entre os dois parceiros. “Otimizar os processos de controle, melhoria da produtividades e busca contínua da eficiência foram os três vetores que nortearam as nossas conversas”, afirmou Gerson Almada ao apresentar seus sócios, em coletiva realizada no Rio de Janeiro. “Vejo a indústria brasileira de construção naval com força e capacidade para fazer os projetos básicos. Mas falta eficiência em custo e em processos de trabalho. Construir o produto em tempo curto e correto, para entregar no prazo determinado, com custo competitivo, requer tecnologia. É isso que vamos 26

TN Petróleo 92

poder agregar ao empreendimento do ERG”, destacou Yoichi Kujirai, presidente e CEO de Aviação Comercial e Sistemas de Transportes da Mitsubishi Heavy Industries (MHI), que capitaneia o consórcio japonês. É o primeiro investimento realizado no mercado brasileiro por um consórcio de estaleiros japoneses – além da MHI, integra o grupo que ficou com 30% do capital da Ecovix a quinta maior empresa de construção naval do Japão, Imabari Shipbuilding, os estaleiros Namura Shipbuilding, que é líder de mercado, e Oshima Shipbuilding além da trading Mitsubishi Corporation. Os dois representantes do consórcio, Kujirai e o vice-presidente e CEO Regional para América Latina da Mitsubishi Corporation, Seiji Shiraki, explicaram na coletiva que o objetivo é aportar as tecnologias avançadas e a expertise operacional consolidadas pelo grupo,

para o empreendimento brasileiro que tem hoje uma sólida carteira de projetos. “Além do suporte tecnológico, que é a nossa principal diretriz, vamos dar apoio na gestão, enviando alguns executivos”, observou o CEO da MHI. “A nossa opção pela Ecovix se dá em função da nossa estratégia de crescimento, que é investir em um mercado com grande potencial de crescimento na indústria naval”, completou. Shiraki, que acompanhou o processo de due dilligence como CEO regional, afirmou que a Ecovix tem uma série de aspectos que coincide com o DNA da Mitsubishi. “Fizemos um estudo minuciosos de diversos empreendimentos e escolhemos a Ecovix por ser uma empresa que tem projetos sólidos, com uma forte atuação na área de engenharia. E confiamos nas pessoas que trabalham na administração e gestão dos negócios”.


a nau da competitividade da engevix

tividade, competitividade. Sabíamos, desde o início que precisávamos de um parceiro que complementasse nossas competências. Olhamos para vários lados e optamos pela expertise japonesa, pela experiência de uma empresa que há mais de cem anos atua na área de construção naval. O que representou para a Engevix/ Ecovix ter sido selecionado por um grupo japonês tão forte – cinco empresas, duas das quais do grupo Mitsubishi – para se tornar o primeiro grande investimento externo deles na área naval? O que isso significa? Ficamos muito felizes por eles terem decidido pela Ecovix, quando estavam avaliando empresas em toda a América Latina. Durante um ano eles aferiram tudo o que fazíamos, avaliaram nossa gestão e procedimentos. A decisão de investirem na Ecovix, depois de visitarem tantos estaleiros, representa uma chancela ao que estávamos fazendo. A Ecovix

Empreendedorismo no DNA Controlada pelo Grupo Jackson, holding que reúne o nome dos três executivos que compraram a empresa em 1997, Cristiano Kok, Gerson de Mello Almada e José Antunes Sobrinho, a Engevix teve um crescimento acelerado na última década. A holding controla além da empresa de engenharia Engevix, as subsidiárias Desenvix (geração de energia renovável) e Infravix (gerenciamento de infraestrutura). Criada em 2010 para atender a encomenda de oito cascos das unidades estacionárias de produção (UEPs) batizadas de replicantes, por terem um

projeto único de casco, a Ecovix ganhou, em 2012, contratos para fornecimento de serviços de engenharia, suprimentos e construção de três navios sonda para a Sete Brasil. Juntamente com a FUNCEF – Fundação dos Economiários Federais, o terceiro maior fundo de previdência da América Latina, a Ecovix também controla a RG Estaleiros, responsável pelo estaleiro Rio Grande, com mais de cinco mil profissionais, possui o maior dique seco do país e o maior pórtico de elevação e transporte de cargas, com capacidade para 2.000 toneladas.

recebeu a chancela de quatro estaleiros! Não poderia ser melhor.

Nossa visão de futuro é atender demandas locais e externas, inclusive de outros produtos. Queremos aproveitar a expertise que nossos parceiros têm na construção de outros tipos de embarcações externas, como as de GNL (Gás Natural Liquefeito). Ou seja, vemos um mundo de possibilidades.

Com essa parceria, quais as perspectivas de internacionalização do mercado da Ecovix? Vocês acreditam que vão poder disputar encomendas externas? Ou o foco é o mercado nacional?

TN Petróleo 92

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Ilustração: Agência Petrobras

primeiro leilão do pré-sal

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TN Petróleo 92


Uma verdadeira mina de ouro negro, que se estende por mais da metade dos 1.500 km2 de área do campo de Libra, é a grande aposta dos cinco gigantes do setor de petróleo que venceram o primeiro leilão do pré-sal, realizado no dia 21 de outubro, no Rio de Janeiro. por Beatriz Cardoso e Maria Fernanda Romero

do pré-sal TN Petróleo 92

29


Foto: Agência Brasil

primeiro leilão do pré-sal

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TN Petróleo 92

Foto: TN Petróleo

A

brasileira Petrobras, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total, e as estatais chinesas CNPC e CNOOC deram o lance mínimo de R$ 15 bilhões de bônus de assinatura, ofertando o índice referência de excedente de óleo de 41,65%, prevendo um investimento exploratório mínimo de R$ 610.903.087,00. Antes, já tinham pago R$ 2 milhões, cada uma, de taxa de participação e, uma vez formado o consórcio, feito um depósito de R$ 156 milhões de garantias (cotizado entre as participantes). Pagaram para ver e arremataram, sem concorrência, a cobiçada área na qual se estima haver de 8 a 12 bilhões de barris recuperáveis de petróleo. Ou seja, o volume que se acredita ser possível extrair, com as tecnologias atuais, de um prospecto que teria um volume de Óleo Original in Situ (OOIP) estimado entre 25 a 40 bilhões de barris, na avaliação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Uma visão bem mais conservadora do que a da consultoria Gaffney, Cline & Associates, uma das mais importantes do mundo na certificação de reservas de petróleo,

que indicou volumes de OOIP que variam de “16,32 bilhões (baixa estimativa) a 52,49 bilhões (alta estimativa), sendo a melhor estimativa de 31,49 bilhões de barris”, segundo relatório datado de 15 de setembro de 2010, intitulado ‘Exame e avaliação de dez descobertas e prospectos selecionados no play do pré-sal em águas profundas na Bacia de Santos, Brasil’, enviado à ANP. Os mais de 1.500 m de lâmina d’água e a necessidade de perfurar poços que atingem profundidades finais superiores a 5.500 m no subsolo não foram barreiras consideradas intransponíveis pelas petroleiras, três das quais – Petrobras, Total e Shell – com reconhecida expertise

em operações em águas profundas e em cenários severos, como o do pré-sal. Experiência à qual será somado o conhecimento e os recursos financeiros das estatais da segunda maior economia do mundo, a China National Petroleum Corporation (CNPC), segunda maior companhia petrolífera do mundo (as primeira é a norte-americana Exxom Mobil), e a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), ambas com forte experiência offshore. Recursos que serão transcendentais para a exploração e desenvolvimento da produção do prospecto de Libra que, segundo a diretora -geral da ANP, Magda Chambriard, deverá demandar em torno de US$


libra de ouro do pré-sal 400 bilhões ao longo dos 35 anos do contrato de partilha (incluindo o bônus de assinatura de R$ 15 bilhões). De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega – endossado pela presidente da Petrobras, Graça Foster –, em dois anos será extraído o primeiro petróleo de Libra, que atingirá o pico da produção em 2018. A indústria brasileira de bens e serviços para o setor de óleo e gás já trabalha com a perspectiva de ampliação de encomendas nos próximos anos com o leilão de Libra. A expectativa é grande no setor, embora nesta fase – logo após a assinatura dos contratos – os investimentos devam se concentrar em pesquisa e prospecção. A agência reguladora também projeta que o prospecto de Libra gere R$ 300 bilhões em royalties ao longo de 30 anos de produção e R$ 600 bilhões de lucro. Um valor bem atraente para as cinco parceiras que dividiram o bolo de forma equilibrada: cada uma das consorciadas estrangeiras – Shell e Total – ficou com 20%, assim como o governo da China, que controla as duas petroleiras chinesas, que ficaram com 10% cada. A Petrobras, que entrou com 10% no consórcio, totalizou 40% de participação, uma vez que 30% já estavam assegurados à petroleira brasileira pelas regras da partilha, assim como a operação do megaempreendimento. Libra deverá ter de nove a 18 plataformas, quase uma centena de poços produtores e outra centena de poços injetores, quando atingir a maturidade e, segundo a ANP, sua operação demandará de 60 a 90 barcos de apoio. A Petrobras vai desembolsar, até dezembro, quando o consórcio vencedor assinar o contrato, um total de R$ 6 bilhões – quase um terço do lucro líquido obtido nos três primeiros semestres deste ano. De acordo com a consultoria internacional IHS, uma das principais do setor, a Petrobras terá de arcar com investimentos de US$ 160 bilhões (40% do total previsto) ao longo dos anos. O pico de

Oferta vencedora

10%* 20% 20% 10%

10% Excedente em óleo: 41,65% Bônus de assinatura: R$ 15 bilhões Investimento exploratório mínimo: R$ 610.903.087,00

(*) + 30% de participação obrigatória mínima

Libra deverá ter de nove a 18 plataformas, quase uma centena de poços produtores e outra centena de poços injetores, quando atingir a maturidade e, segundo a ANP, sua operação demandará de 60 a 90 barcos de apoio.

investimentos em capital deverá ser em 2019, quando a IHS avalia que a Petrobras deverá desembolsar cerca de US$ 18 bilhões.

Leilão costurado Onze empresas se inscreveram e foram habilitadas para participar da disputa: CNOOC e CNPC (China), Ecopetrol (Colômbia), Mitsui & Co. (Japão), ONGC Videsh (Índia), Petrogal (Portugal), Petrobras (Brasil), Petronas (Malásia), Repsol/Sinopec (Espanha/China), Shell (Reino Unido/Holanda) e Total (França). A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, revelou que as empresas Mitsui e Petronas não depositaram na agência as garantias para participar do leilão no prazo estabelecido (7 de outubro). Sobravam nove na disputa, quando a indiana ONGC Vides, adquiriu da Petrobras, por US$ 529 milhões, mais 12% no bloco BC-10, no Parque das Conchas, Bacia de Campos, totalizando 27% de participação. O desembolso e a fatia do ativo foi o mote para a indiana se abster de novas despesas/investimentos no país. Ninguém confirma o que aconteceu até a véspera do leilão, mas na manhã do dia 21 de outubro, quando já havia sido paga pelo consórcio vencedor a garantia de R$ 156 milhões, a Ecopetrol não fez mais nenhuma manifestação e a Sinopec, que podia participar por meio de suas associadas locais, Repsol e Petrogal, também estavam fora do páreo, assim como as duas parceiras. Sobraram cinco – as que levaram Libra! Magda Chambriard revelou, após o leilão, que a petrolífera britânica British Petroleum (BP) demonstrou interesse em participar, mas declinou devido ao peso das multas em decorrência do vazamento no campo de Macondo em 2010, no Golfo do México. Com um processo TN Petróleo 92

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primeiro leilão do pré-sal ção deste petróleo no tempo mais rápido possível.”

1,4

Produção de Libra

Perspectivas otimistas

milhão de bpd em dez ou 15 anos

tão dispendioso, ele temia participar de Libra, dado o tamanho do investimento necessário. “O consórcio vencedor têm alta capacidade técnica e financeira e reúne cinco empresas que estão entre as maiores em valor de mercado do mundo. Sucesso maior era difícil de se imaginar ”, afirmou a executiva. Ela afirmou que a licitação é uma excelente oportunidade de aceleração do desenvolvimento industrial e do crescimento dos níveis de emprego e renda do país. “Dos royalties do pré-sal, 75% serão aplicados na educação e 25% na saúde”, lembrou. Segundo cálculos do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, Libra vai gerar receita de R$ 638 bilhões, ao longo de 35 anos, para as citadas áreas. Para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a exploração de Libra dá início a um novo tempo no Brasil. “Libra será um divisor de águas entre o passado e o futuro do setor de petróleo no país”, afirmou, lembrando que a licitação do bloco de Libra é a primeira experiência do Brasil no regime de partilha da produção. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também considerou um sucesso o leilão e garantiu que o governo está satisfeito com o resultado. “É o maior leilão do gênero que já fizemos aqui no Bra32

TN Petróleo 92

Libra: aspectos contratuais Programa Exploratório Mínimo: 1.547 km2 sísmica 3D; 2 poços exploratórios Duração do contrato: 35 anos Fase de exploração: 4 anos Conteúdo local: 37% na fase de Exploração; 55% na fase de Desenvolvimento (até 2021); 59% na fase de Desenvolvimento (pós 2021) Bônus de assinatura: R$ 15 bilhões Objetivo Exploratório: barremiano (Formação Itapema)

sil e espera-se que seja o maior por enquanto... no futuro ainda teremos novos leilões do pré-sal”, disse. O grupo que formou o consórcio é, segundo Mantega, “muito bem equilibrado. Há uma parceria público-privada com empresas de alto nível, que estão habilitadas para fazer a explora-

Chambriard prevê que o pico da produção do campo de Libra, em dez ou 15 anos, deverá alcançar 1,4 milhão de barris de petróleo por dia – quase o volume total da produção do estado do Rio de Janeiro, que em setembro foi de 1,490 milhão de barris/dia de óleo. Outro desafio para o consórcio será o escoamento do gás que será produzido. As estimativas são de que a produção de gás chegue a 20 milhões de m3/dia, o equivalente a dois terços das atuais importações da Bolívia. Contudo, como não existe gasoduto na área, a Petrobras já sinalizou que grande parte da produção de gás no pré-sal será reinjetada nos poços, frustrando setores da indústria. O programa exploratório de Libra prevê a perfuração de mais dois poços, 1.547 km2 de sísmica 3D e novos testes para delimitar a área do reservatório e outras características desta jazida, cuja rocha geradora está há mais de 5.000 m de profundidade no subsolo. A fase de exploração de Libra tem duração de quatro anos, com até 37% de conteúdo local. Este índice aumenta para 55% e 59% nas primeira e segunda etapa da fase de desenvolvimento (até 2021 e após 2021, respectivamente). Até agora, foram perfurados cinco poços na região deste prospecto, dois dos quais pela ANP, que contratou a Petrobras para essa tarefa: o primeiro teve um problema e foi abandonado e o segundo foi o poço descobridor 2-ANP-0002ARJS, em lâmina d’água de 2.200 m, que indica uma área total em torno de 500 km 2. Antes dessa campanha exploratória em 2010, já haviam sido perfurados três poços na área, em blocos então sob concessão da Shell e da Petrobras. O primeiro, um poço exploratório pioneiro perfurado pela Shell em 2001 (1-SHEL-5RJS), que atingiu 3.989 m de profundidade, não registrou nenhum


Poço descobridor: 2-ANP-0002A-RJS Área: 500 km 2 aprox. Lâmina d’água: 2.200 m

há possibilidade de realização da 13ª rodada de licitações em 2014 e informou que o governo não considera mudança de operador único para os próximos leilões.

Shell e Total comemoram participação

indício (poço seco). A Petrobras fez então um poço pioneiro adjacente (BRSA 451 RJS), encontrando alguns indícios de óleo a 3.414 m. Outro poço foi perfurado em um local mais distante (9 BRSA 716 RJS), com resultado similar. Eles fazem parte do estudo da ANP que registra terem sido perfurados um total de 323 poços exploratórios (entre públicos e confidenciais) na região da Bacia de Santos, dos quais 70 atingiram a seção pré-sal. Ou seja, pouco mais 20% do total atingiram essa camada, em profundidades bem maiores do que os poços perfurados até então. Nessa região também já foram coletados 137.000 km2 de dados sísmicos 3D confidenciais e 21.000 km2 de dados sísmicos 3D públicos por companhias que têm ativos no polígono do pré-sal. Chambriard apontou que serão necessários de dois a três anos para os próximos leilões do pré-sal. “O tamanho de Libra e a quantidade de recursos e equipamentos necessários para o campo inviabilizam outra rodada de pré-sal no ano que vem”, explicou. O ministro Lobão indicou ainda que

“A descoberta de petróleo em Libra, no Brasil, é uma das maiores acumulações de petróleo em águas profundas do mundo, e estamos ansio sos para aplicar nossa experiência global e tecnologia no apoio ao desenvolvimento exitoso dessa importante oportunidade”, afirmou o CEO do grupo Royal Dutch Shell, Peter Voser. A Shell pagará R$ 3 bilhões – equivalentes a 20% do total do bônus de assinatura de R$ 15 bilhões – e cumprirá o programa mínimo de trabalho para “declarar comercialidade” até o fim de 2017. O diretor-geral da petroleira francesa Total no Brasil, Dennis Palluat de Besset, afirmou que os recursos de US$ 1,4 bilhão (R$ 3 bilhões) pelos 20% do campo de Libra virão da França. Besset destacou que a companhia estudava participar no leilão desde a publicação do edital. Entretanto, a decisão final foi tomada depois de definidos os integrantes da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), a estatal que vai gerenciar a exploração do petróleo do pré-sal. Fala-se também que foi a Shell quem convenceu a petroleira francesa a participar. De acordo com Besset, o interesse da empresa francesa no país é muito grande. Com o leilão de hoje, a companhia tem um total de 13 blocos, ainda em fase de exploração no Brasil. No mundo, a empresa produz

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primeiro leilão do pré-sal 2,3 milhões de barris de óleo equivalente, sendo 1 milhão de barris de óleo equivalente na África.

CNPC e CNOOC se apressam para criar subsidiárias As estatais China National Petroleum Corporation (CNPC) e a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) iniciaram, logo após o leilão, a preparação dos documentos para registro de subsidiárias no Brasil. Sem atividade no país até agora, ao contrário das sócias, as duas precisarão constituir empresas brasileiras. Também será necessário transferir para o país o equivalente em dólares aos R$ 1,5 bilhão referentes ao bônus de assinatura devidos por cada uma (10% cada). Pela legislação tributária, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre operações de câmbio é de 0,38%. E se cada chinesa transferir ao Brasil o equivalente em dólares a R$ 1,777 bilhão necessários para pagar bônus e constituir empresa com patrimônio mínimo exigido, serão arrecadados ainda R$ 6,753 milhões em impostos. A maior preocupação das empresas com relação a prazos diz respeito

à burocracia para acertar os documentos das companhias chinesas na embaixada do Brasil em Pequim e, depois, fazer a tradução juramentada para o português, para então pedir o registro da empresa na Junta Comercial do Rio de Janeiro. A expectativa é de que o contrato de concessão seja assinado antes do fim de novembro, mas pode haver uma demora por questões burocráticas. Para o governo, contudo, o importante é que o bônus seja depositado na conta do Tesouro Nacional no prazo, mesmo se houver atraso na constituição das empresas.

Posicionamento do mercado Para Augusto Mendonça, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Constr ução Naval e Offshore (Abenav), o Brasil virou uma importante página de sua história com o leilão de Libra, abrindo as portas rumo ao primeiro mundo. “Não há dúvidas de que as consequências da

exploração do pré-sal mudarão em definitivo a vida dos brasileiros. Os estaleiros e seus fornecedores estão otimistas com a quantidade de investimentos provenientes da exploração e produção do campo de Libra. A previsão é que esses investimentos garantam a ocupação do setor em horizonte além de 2020”, apontou. Para o executivo, os percentuais de conteúdo local definidos no contrato de exploração de Libra vão garantir também que uma importante fatia desses recursos vá para a cadeia fornecedora, que hoje atende percentuais exigidos. “O principal desafio é atender toda essa demanda de forma competitiva: o momento é da industria nacional aproveitar a oportunidade e melhorar sua competitividade, de modo que possa atender toda a demanda do setor em termos de preço, boa qualidade e prazo”, enfatiza. Mendonça acredita que o período exploratório mínimo (PEM) para o campo de Libra é curto, se comparado aos contratos mapeados, e o risco exploratório é baixo, com isso pode-se prever que a construção das plataformas para Libra comece

Brasil e China firmaram no começo de novembro o Plano Decenal de Cooperação para o período de 2013 a 2022 em Cantão, na China. O plano havia sido acordado em 2012, na visita do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, ao Brasil. Na ocasião, foi feita uma avaliação positiva do contato bilateral, do desempenho nas áreas comercial, de investimentos e da cooperação em ciência, tecnologia, inovação, cultura e educação. As trocas entre os dois países atingiram US$ 80 bilhões em 2013. “A bem-vinda participação de empresas chinesas no consórcio para a exploração do Campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos abre importantes novas perspectivas para nossa atuação conjunta no setor de petróleo e gás. Estimulo a participação chinesa nesses empreendimentos, que haverão de 34

TN Petróleo 92

Foto: Agência Brasil

Brasil e China ampliam parceria fortalecer ainda mais nosso conhecimento e confiança mútuos, com ganhos compartilhados”, disse o vice-presidente Michel Temer. “Estamos abertos a investimentos chineses no Brasil, em especial nas áreas ferroviária, de portos, aeroportos e rodovias. Muitos desses projetos estão inseridos no contexto maior da integração física na América do Sul, o que os torna ainda mais atraentes para investimentos externos”, declarou o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang. A partir de Libra, o Brasil passa a ter as quatro maiores estatais chinesas com atividades no país considerando a sociedade da Sinochem com a Statoil no campo de Peregrino, na Bacia de Campos, e da Sinopec com a Petrogal e a Repsol em ativos brasileiros.


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Foto: Stéferson Faria, Agência Petrobras

primeiro leilão do pré-sal

em 2016, quando parte dos estaleiros vai iniciar uma fase de declínio na carteira atual de encomendas. A Abenav estima que Libra exigirá a construção de mais 13 plataformas e 50 embarcações de apoio. Já do ponto de vista da indústria de máquinas e equipamentos, o leilão representa um alento em

termos de encomendas futuras, as quais, entretanto, vão demorar para acontecer, pois, por mais que já exista uma reserva provável significativa a ser desenvolvida, a chegada do impacto da demanda ao setor só deve ocorrer depois de 2017. “Para a indústria nacional não existem maiores dificuldades no

atendimento às metas estabelecidas para conteúdo local, desde que haja um cuidado no desenvolvimento da engenharia básica, de modo que sejam especificados equipamentos passíveis de serem desenvolvidos no Brasil e que a indústria seja informada em tempo hábil para que possa estar preparada para o atendimento”, afir ma Alberto Machado Neto, diretor executivo de petróleo, gás natural, bioenergia e petroquímica da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Quanto à participação da China no consórcio, Machado avalia que é sempre uma preocupação a mais, pois certamente haverá pressão para a maximização de máquinas e equipamentos de origem chinesa, que têm menores custos e, em consequência, menores preços.

Tomou posse oficialmente, no dia 12 de novembro, a diretoria da estatal Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), que representará os interesses da União na exploração de campos sob o regime de partilha. O diretor-presidente da companhia, Oswaldo Pedrosa Júnior, disse que a empresa deverá, nos próximos meses, definir um regimento interno e ter um orçamento aprovado. Por enquanto, a estatal é composta apenas pelo presidente e outros três diretores. Segundo Pedrosa, como parceira do consórcio vencedor do campo de Libra, a PPSA buscará maximizar a produção onde seria possível antecipar o início da produção do petróleo do pré-sal, prevista para algo entre 2018 e 2019. “Em geral um empreendimento desse tipo, até que o primeiro óleo seja produzido, leva de quatro a cinco anos. Mas, nas avaliações de descoberta, se tiver um teste de longa duração, é possível que haja uma antecipação da produção. Então é muito cedo para saber o que o 36

TN Petróleo 92

Foto: Agência Brasil

PPSA entra em atividade

Da esquerda para a direita: Antonio Claudio Pereira da Silva, diretor de Administração, Controle e Finanças; Edson Yoshihito Nakagawa, diretor de Fiscalização; Oswaldo Pedrosa Junior, diretor-presidente; Edison Lobão, ministro de Minas e Energia e Marco Antônio Martins Almeida, secretário de Petróleo e Gás

consórcio e o operador vão determinar e projetar para a fase de exploração e desenvolvimento”, informou. Pedrosa explicou que o modelo de atuação da PPSA será inspirado em experiências similares mundo afora, quando são compostos consórcios para exploração e produção de campos. “A PPSA será um dos membros do consórcio, só que com 50% de direito de voto na maior parte das atividades que passam pela deliberação do comitê operacional, e vai também acompanhar

a execução de todas as atividades. E o propósito é comum a todos os consorciados: buscar sempre maximizar os benefícios de investimentos dessa natureza, como são os do pré-sal”, reforçou. No conselho de administração da companhia estão o presidente Marco Antônio Martins Almeida, secretário de Petróleo de Gás do ministério; Magda Chambriard, diretora-geral da ANP; e Antônio Henrique Silveira, ministro interino da Secretaria dos Portos, além do próprio Pedrosa.


Apesar das dificuldades do “Custo Brasil” e do pessimismo que rondam algumas reuniões técnicas e eventos do setor, o especialista no setor de óleo e gás da UHY Moreira-Auditores, Marcello Reis, indica que encontramos um cenário bastante promissor com o mercado bem aquecido, principalmente para aqueles gestores que dispõem de recursos para assumirem maiores riscos. “O leilão de Libra apontou ao mercado que, mesmo com risco exploratório relativamente baixo, as empresas concorrentes preferiram se unir em um consórcio para se fortalecer frente às incertezas do futuro no pré-sal”, comentou. Na avaliação de Antonio Müller, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), a realização do leilão por si só foi positiva, pois abre caminho para um novo ciclo de oportunidades para as empresas fornecedoras, especialmente na fase de produção. Nesse sentido, ressalta Müller, será fundamental que os índices de conteúdo local estabelecidos para o leilão sejam respeitados e fiscalizados. Pelas regras, o percentual mínimo de conteúdo nacional na fase exploratória é de 37%; na de desenvolvimento o índice é de 55% na primeira etapa e de 59% na segunda. “É importante que se dê continuidade aos investimentos em petróleo e gás, de forma a induzir o aumento da capacidade técnica e de produção das empresas fornecedoras, até mesmo para o atendimento das encomendas que virão”, afirma Müller. Ele considera estratégicos, por exemplo, os projetos das refinarias Premium I e Premium II, atualmente em avaliação pela Petrobras. Os empreendimentos são relevantes, acredita, tanto do ponto de vista do incremento dos negócios da cadeia produtiva, como – e sobretudo – para que o Brasil

passe a contar com um parque de refino equivalente à demanda interna atual e futura de derivados de petróleo. A competitividade dos fornecedores locais também é questão importante nesse cenário. Um dos pontos-chave é garantir que a indústria nacional tenha condições equivalentes de competição com as empresas estrangeiras. Segundo Müller, a redução do Custo Brasil – por meio da diminuição da carga tributária, dos encargos sobre a folha de salários e de investimentos destinados a superar os gargalos da deficiente infraestrutura brasileira – é condição essencial para melhorar a eficiência da indústria nacional. Os advogados Daniel Szyfman e Pedro Jardim, especialistas na área petróleo e gás do Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, acreditam que a obrigatoriedade da participação da Petrobras como operadora, e a adesão dela ao consórcio oferecem vantagem pouco isonômica. Ademais, a própria situação financeira da companhia pode gerar desconforto a potenciais investidores e futuros parceiros obrigatórios. “Estender a outras empresas o direito de serem operadores poderia contribuir para propiciar ao país e à própria Petrobras acesso a novos métodos e tecnologias, assim como acelerar o desenvolvimento da região do pré-sal, antecipando a geração de riquezas”, conclui. Na opinião dos advogados, a participação de mais empresas interessadas incrementaria a certeza de que o certame foi modelado de forma a estimular a concorrência, aumentando as chances de uma oferta vencedora ainda mais vantajosa para a União. “No processo de consulta pública deste primeiro leilão do pré-sal, a indústria apresentou diversas contribuições, que em sua maioria não foram aceitas. Um amplo debate entre os agentes públicos, do mercado e da sociedade a respeito das mudanças sugeridas poderia ser uma boa forma de iniciar o debate”, reforçaram. TN Petróleo 92

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Foto: Divulgação Inace

Foto: Divulgação Porto de Pecém

Fotos: Divulgação Governo do Estado do Ceará

capital de energia

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TN Petróleo 92


A nova era energética

cearense

Novas perspectivas se abrem para o Ceará com o início do processo de licitação das obras da Refinaria Premium II (previsto para abril de 2014), a ampliação do Porto de Pecém e os indícios de petróleo descobertos em outubro pela Petrobras na Bacia Potiguar, em águas profundas. Primeiro estado do país a ter um terminal de regaseificação de GNL (gás natural liquefeito), o Ceará está vivendo uma nova era no setor de energia, indo mais além do petróleo e gás natural, com projetos de biocombustíveis e de energia eólica. por Maria Fernanda Romero

D

esde que a exploração em águas profundas se iniciou no ano passado, no litoral de Paracuru, o Ceará vem reafirmando sua vocação para o petróleo, dentro de uma trajetória iniciada há 37 anos e que vem ganhando um novo contorno após a 11ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no qual foram licitados 11 blocos. Dos seis blocos arrematados, cinco já tiveram os contratos de concessões assinados e o sexto foi mantido pela ANP, após a empresa OGX desistir do bloco CE-M-663 (que obteve o maior valor de bônus de assinatura). Um das dez bacias produtoras de petróleo e gás do Brasil, as atividades exploratórias realizadas nos últimos anos indicam potencial óleo leve. Na bacia do Ceará, há quatro campos produtores de petróleo operados pela Petrobras: Xaréu, Curimã, Espada e Atum. De acordo com dados da ANP, a produção da referida bacia, em dezembro de 2012, foi de 7.405 bbl/dia de petróleo e 92 Mm³/dia de gás natural. Apesar de nunca ter alcançado posição expressiva na produção petrolífera brasileira, após dez anos

consecutivos de declínio, o Ceará voltou a registrar sinais de um leve crescimento na produção, nos três primeiros meses de 2013, tanto nos poços marítimos quanto nos terrestres. No primeiro trimestre deste ano, a bacia petrolífera do estado produziu 818,56 mil barris de petróleo, quantidade 23% superior aos 665,66 mil barris extraídos em igual período de 2012. Dos mares cearenses, a produção de petróleo, de janeiro a março, subiu para 719,05 mil barris, 33,44% a mais que os 538,85 mil explorados das bacias continentais cearenses, no ano passado. Já dos poços terrestres no estado, foram extraídos 99,51 mil barris, número 21,5% menor do que os 126,81 mil barris extraídos no primeiro trimestre de 2012. Apesar do incremento no volume, atualmente, de todo o óleo que é explorado no Brasil, apenas 0,31% é proveniente do território cearense.

No entanto, surgem novas expectativas com uma nova descoberta da Petrobras na parte cearense da Bacia Potiguar (que inclui também o Rio Grande do Norte), no bloco POT-M-665, anunciada em outubro. A descoberta foi feita pelo poço 1-BRSA-1175-CES, no prospecto Tango, o segundo perfurado na bacia marítima na área da costa do Ceará. Até o momento, só se explora petróleo na parte terrestre cearense da bacia Potiguar, na Fazenda Belém. O bloco é operado pela Petrobras, com 40% de participação, em parceria com a britânica BP, com outros 40%, e a portuguesa Petrogal, com os 20% restantes. Além destes, a Petrobras já perfurou outros dois poços marítimos na Bacia do Ceará, no litoral de Paracuru, que foram os primeiros do estado em águas profundas. O poço Pecém teve notificação de indícios de petróleo à ANP em agosto de 2012, a uma profundidade de 2.130 m de lâmina d’água, e o Canoa Quebrada, em dezembro do ano passado, a uma profundidade de 1.934 m de lâmina d’água.O avanço na área naval Há 45 anos no mercado naval e somente a seis na área offshore, a Indústria Naval Ceará – mais TN Petróleo 92

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capital de energia

Fortaleza

NÚMEROS DO ESTADO Municípios: 184 Área total: 148.920,472 km² Capital: Fortaleza População: 8.778.576 (estimativa 2013) Densidade demográfica: 57,72 hab/km² (2010) Alfabetizados: 81,24% (2010) Expectativa de vida: 75 anos IDH: 0,682 PIB: R$ 103.826 milhões (estimativa 2013) Renda per capita: R$ 7.687 (2009) Principais atividades: agropecuária, comércio, indústria, turismo e mineração.

Forte investimento estrangeiro No primeiro semestre de 2013, o Ceará foi o estado que mais recebeu investimentos estrangeiros efetuados por pessoa física no país. Segundo a Coordenação Geral de Imigração (CGIg), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ao todo, foram cerca de R$ 27,66 milhões injetados na economia local, ante R$ 15,60 milhões contabilizados em igual período do ano passado – crescimento de 77,3%.

Embora encabece o ranking em volume de recursos, o estado perde para São Paulo na atração de investidores, anotando 123 contra 132 que preferiram o estado do Sudeste, onde aplicaram R$ 25,3 milhões de janeiro a junho. Do volume de profissionais estrangeiros que foram autorizados pelo MTE a trabalhar no Ceará nos primeiros seis meses de 2013, os coreanos (182) encabeçam a lista, com os portugueses em segundo (100) e os espanhóis em terceiro (92).

conhecida como estaleiro Inace – já entregou nove embarcações, dentre elas, rebocadores, fast crew supply, fast supply vessel etc. Com

foco na construção e reparos navais, o Inace gera atualmente em torno de mil empregos diretos e mil indiretos no Ceará.

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TN Petróleo 92

O estaleiro está construindo duas embarcações que serão utilizadas na plataforma petrolífera da Bacia de Campos, na costa norte do Rio de Janeiro. Os barcos do tipo Diving Support Vessel (DSV) servem para apoiar serviços de mergulho e deverão ficar prontos até junho do próximo ano. O investimento total é de R$ 37,6 milhões, valor financiado pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM). As embarcações têm capacidade para 35 passageiros cada e ficarão na Bacia de Campos por, no mínimo, seis anos. Os equipamentos foram encomendados ao Inace pela empresa brasileira Geonavegação, do Grupo Georadar, que mantém contrato com a Petrobras para a construção de cinco embarcações de suporte marítimo e mergulho, dentre elas, os dois DSVs. Flávia de Barros, diretora do estaleiro Inace, acredita que a vantagem competitiva do mesmo é a tecnologia de elevador de navios, que facilita tirar e colocar os barcos na água, além do grande parque industrial dentro da capital (Fortaleza), que facilita as atividades do empreendimento. O estaleiro oferece treinamento mensalmente a mais ou menos 20 profissionais a serem contratados, proporcionando assim novos profissionais com mais qualificação para o mercado de trabalho. Segundo Barros, o Inace trabalha em parceria com o Sesi/Senai na formação profissional, realiza trabalhos sociais com a comunidade (tais como, escolinha de atletas futuros, curso de conclusão do ensino médio para os funcionários, promoção de palestras para a educação familiar e de conscientização tanto para a população como para os colaboradores do estaleiro, dentre outros).


Porto de Pecém O Terminal Portuário do Pecém é um dos grandes empreendimentos do Ceará. Ele iniciou suas operações em 2002, com serviço de navios porta-contêineres nas rotas dos Estados Unidos, América do Sul e Caribe e, hoje, é interligado aos principais portos mundiais com frequência semanal. Com o novo Terminal de Múltiplo Uso, o Porto do Pecém é capaz de movimentar até 750 mil contêineres por ano, operar simultaneamente com seis navios, e receber os maiores navios cargueiros do mundo. Segundo a CearáPortos (Companhia de Integração Portuária do Ceará), que administra o porto de Pecém, atualmente o porto está em fase de ampliação e o canteiro de obras está sendo instalado. O início da ampliação está dependendo apenas da licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Após o início, o prazo é de 30 meses para a conclusão. Além da movimentação de frutas e pescados, o porto tem uma grande movimentação de produtos têxteis e de calçados, e lidera a importação de clinker, matéria-prima para a fabricação de cimento – item em que é líder entre todos os portos brasileiros. O porto trabalha também com a importação de produtos siderúrgicos. Mais recentemente, importaram carvão para atender inicialmente as de-

Estaleiro Inace em números

Capacidade de processamento mensal...... 200 ton de aço ou 70 ton de alumínio Área total...........................................................................................................180.000 m² Área abrigada....................................................................................................... 8.000 m² Área descoberta................................................................................................ 67.000 m² Área abrigada para pintura............................................................................. 12.324 m² Área abrigada para tratamento......................................................................2.327 m²; Plataforma elevatória para docagem e lançamento...........................68 m x 16 m Sistema synchrolift........................................................................................12 guinchos Capacidade de elevação............................................................................. até 1200 ton Calado máximo...........................................................................................................3,6 m Cais de atracação extensão................................................................................. 350 m Calado máximo...........................................................................................................5,6 m Principais atividades...................................................... construção e reparos navais

Foto: Divulgação Porto de Pecém

De acordo com a diretora, os principais projetos trabalhados no momento para entrega em 2014 são: três cascos de alumínio para a Marimar, para duas embarcações UT 4000 e uma P5; dois cascos de aço para rebocadores de 70 toneladas da TugBrasil; dois cascos de aço para duas DSV da Geonavegação. Além de um Navio Hidroceanográfico Fluvial (NHoFlu) para a Marinha e dois cascos de alumínio para duas barcas da Setrans com entrega para 2015.

Foto: Divulgação Inace

A nova era energética cearense

Porto de Pecém em números

Área total............................................................................................................................. 1.300 m² Movimentação em 2012...................................................................................4,1 milhões tons Pátio de armazenagem............................................................................................380.000 m² Armazéns cobertos: .......... armazém 1, com 6.250 m²; armazém 2, com 10.000 m² Valor estimado da ampliação.........................................................................R$ 560 milhões Principais mercadorias: matérias-primas siderúrgicas como minério de ferro; produtos siderpurgicos acabados como chapas planas e bobinas; fertilizantes e cereais em granel; granéis líquidos e gasosos; pescados; frutas e calçados Equipamentos portuários: guindaste de múltiplo uso, descarregador de navio, dois guindastes Gottwald, esteira transportadora, quatro braços de carga e quatro balanças rodoviárias. mandas da termelétrica e depois da siderúrgica. A movimentação de cargas no porto cresceu 15% no primeiro semestre deste ano, movimentando 2,1 milhões

de toneladas. As importações tiveram aumento de 29%, enquanto as exportações decresceram em 38%, com variação positiva de 12% na movimentação de longo curso e de 31% na movimenTN Petróleo 92

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capital de energia

tação por cabotagem, em relação ao mesmo período do ano anterior. Nas importações, os combustíveis minerais registraram a movimentação de 816.000 toneladas, os produtos siderúrgicos com 379.000 toneladas e escória de alto forno granulada com 152.000 toneladas. No transporte de cabotagem foram exportadas 23.000 toneladas de partes de pás eólicas 21.000 toneladas de sal e 16.000 toneladas de produtos da indústria de moagem. Nas importações, as principais movimentações foram de produtos siderúrgicos com 53.000 toneladas, milho com 31.000 toneladas, arroz com 30.000 toneladas e combustíveis minerais, com 20.000 toneladas. Nos seis primeiros meses do ano, operaram no porto do Pecém 190 navios, sendo 94 com calado superior a 10 m e 96 com calado inferior a 10 m. Para a CearáPortos, o diferencial do Pecém é que ele é offshore, construído afastado da linha de costa e possui uma profundidade natural que chega a 17 m, sem a necessidade de dragagem. Além de uma estrutura moderna, as tarifas extremamente atrativas também são um fator decisivo apontado pelas empresas que chegam ao porto segundo a administradora.

Pioneirismo na regaseificação Em 2008, o Ceará ganhou o primeiro terminal de regaseificação de GNL do Brasil. Com capacidade de 7 milhões de m²/dia de gás natural, o terminal localizado dentro do Complexo Industrial e Portuário de Pecém, marcou o início da atuação da Petrobras como agente no mercado internacional GNL. De acordo com a estatal, com o GNL, o país ganhou maior flexibilidade e segurança na oferta de gás natural aos mercados térmico e não térmico. O gás processado em Pecém é usado, prioritariamente, para a geração de energia elétrica nas usinas TermoCeará (CE), TermoFortaleza (CE) e Jesus Soares Pereira (RN). Entre 2009 e 2012, foram regaseificados, em média, 2 milhões de m³ por dia. Este ano foram regaseificados 997 milhões de m³ até o início de outubro, em média 3,7 milhões por dia

Volumes de gás natural regaseificado no Terminal de GNL da Petrobras em Pecém 705 milhões de m³ (2012); 440 milhões de m³ (2011); 907 milhões de m³ (2010); 202 milhões de m³ (2009) Atualmente, Pecém trabalha com seis berços, mas já há um

A tão sonhada refinaria A refinaria Premium II, da Petrobras, é uma das maiores expectativas do estado. A grandiosa obra, que também será implantada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, pretende impulsionar o desenvolvimento do Ceará e do Nordeste. O projeto prevê uma refinaria com capacidade de processamento de 300 mil bpd. A estimativa é que comece a funcionar em 2017. Em outubro deste ano, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, informou que o Governo do Estado do Ceará e a Petrobras irão iniciar em abril de 2014 o processo de licitação para início das obras. As licitações, ainda sem valores definidos, devem abranger obras de infraestrutura, como abastecimento de água, de energia, tratamento de afluentes e 42

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Área: 1.900 hectares Principais vias de acesso: BR-222 e CE-085 Produção diária: 300 mil litros de barris Principais produtos: diesel, gás de cozinha, querosene de aviação, nafta petroquímica e coque desembarques. Hoje, o projeto está em fase conceitual e o projeto básico sairá em 2014. De acordo com Belchior, a multinacional chinesa Sinopec “está de namoro” com a Petrobras e poderá ser um dos possíveis parceiros no projeto. O governador do Ceará, Cid Gomes, declarou ainda que as obras na refinaria deverão ser iniciadas em 2014.

projeto em andamento para ampliar esse número para 16 berços até 2016. Pecém fica a seis dias da costa leste dos Estados Unidos e a sete dias da costa da Europa. Sua construção levou em conta também o que existe de mais moderno em termos de segurança ambiental em nível mundial para portos offshore. Para a manutenção da fauna e flora locais, um cinturão verde com 3.000 hectares de dunas e vegetação separa o terminal da área industrial, onde existem ainda uma Estação Ecológica e duas Áreas de Proteção Ambiental. Assim, combinando uma localização geográfica privilegiada, menor tempo de trânsito para os principais mercados importadores, infraestrutura de acesso terrestre adequada, localização fora dos grandes centros urbanos e custos operacionais reduzidos, o Terminal Portuário do Pecém oferece vantagens competitivas importantes para a logística do mercado globalizado, além de gerar empregos, renda e integração regional, valorizando a qualidade de vida da população e o respeito ao meio ambiente. Para a Petrobras, o projeto da refinaria é de grande importância para o equilíbrio da oferta e demanda de derivados no Brasil. A Premium II é considerada uma das maiores refinarias de petróleo do mundo e terá escala mundial, produzindo diesel, gás de cozinha, querosene de aviação, nafta petroquímica e coque. Seus produtos possuirão a qualidade prêmio, ou seja, seguem as especificações internacionais, que são de baixíssimos teores de enxofre, daí a designação de Premium. Uma faixa de dutos, com extensão prevista de 11 km, ligará a Refinaria Premium II ao Porto de Pecém. De acordo com a Petrobras, a produção de diesel servirá para exportação e para o mercado brasileiro. A produção de derivados será, principalmente, diesel e QAV (combustível de avião). Cerca de 90 mil empregos diretos e indiretos serão gerados com a instalação da refinaria.


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Porto de Fortaleza em números

Foto: Divulgação Porto de Fortaleza

capital de energia

Área de pátio: 13 mil m² Seis armazéns cobertos Cinco berços de atracação no cais comercial, variando de sete a 13 m de profundidade Dois berços de atracação no píer petroleiro com 13 m de profundidade 240 tomadas para contêiners refrigerados 2 câmaras frigoríficas 1 área para manuseio de cargas perigosas 1 armazém de segregação e esterilização Principais produtos: os derivados de petróleo - na categoria granel líquido, e o trigo e enxofre - na categoria granel sólido; castanha de caju, cera de carnaúba, metal, tecidos, frutas, trigo e malte Porto de Fortaleza Com mais de 70 anos de atividade, o Porto de Fortaleza, também conhecido como Porto do Mucuripe, é um dos terminais marítimos mais importantes e estratégicos do país. Sua localização privilegiada (na Enseada do Mucuripe, em Fortaleza), o torna um dos principais portos da região Nordeste, tendo como áreas de influência os Estados do Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Pernambuco e Bahia. Atende as rotas destinadas ou provenientes da Europa, Ásia e Américas, além dos demais portos brasileiros através da navegação de cabotagem. Mantém uma linha semanal para Algeciras, na Espanha (CMA CGM - Marfret), além de duas linhas de navegação por cabotagem, que é a navegação entre portos brasileiros (Log-In e Maestra). Recentemente, inaugurou uma rota direta para Cabo Verde, no continente africano. A nova rota deverá ser iniciada na primeira quinzena de dezembro, com exportação de produtos do Ceará e outras regiões do Nordeste para a África. 44

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O porto tem capacidade e infraestrutura para receber todos os tipos de navios, configurando-se como um porto de múltiplo uso. Segundo a Companhia Docas do Ceará (CDC), administradora do porto, atualmente está se construindo mais um berço para atracação de navios, ampliando sua área de armazenagem com mais 40 mil m² e instalando mais 260 tomadas frigoríficas. O Porto de Fortaleza integra-se a outros três modais: rodoviário (BR-l 16,BF.-221 BR-020, CE-085, CE-040 e CE-060), dutoviário (tubovias da Transpetro) e ferroviário (Transnordestina), facilitando a logística de cargas para os seus clientes. A importação de mercadorias é a principal vocação do porto representando 92% de tudo que é movimentado. As principais cargas importadas são os derivados de petróleo, na categoria granel líquido, e o trigo e enxofre, na categoria granel sólido. Também entre as vocações da pauta de importação estão o asfalto, cimento, produtos cerâmicos, aerogeradores – todos na categoria carga geral.

Na exportação, os destaques da pauta são as frutas (melão, manga, banana, uva, melancia, mamão, lima ácida, abacaxi e acerola) – que se enquadram na categoria carga geral. Junto com o Porto do Pecém, o Porto de Fortaleza faz do estado do Ceará um dos maiores exportadores de frutas do país. Também na pauta de exportação do porto estão a cera de carnaíba, a aguardente, o sal, o couro e produtos siderúrgicos. Segundo Paulo André Holanda, presidente da CDC, nos últimos anos foram investidos mais de R$ 350 milhões no Porto de Fortaleza em obras de manutenção, construção de infraestrutura, tecnologia da informação e aquisição de materiais. Dentre as ações mais importantes, o presidente cita a da construção do novo Terminal de Passageiros. O empreendimento, financiado com recursos do PAC Copa, envolve a construção de um cais de 350 m de extenção, uma estação de passageiros nos moldes do aeroporto (com restaurante, loja de conveniência, terminal bancário) e uma retroárea de 40 mil m². “Nos períodos de alta estação funcionará exclusivamente para o receptivo de cruzeiros. Nos períodos de baixa estação turística receberá navios de contêiner”, explica. Para Holanda, o Novo Terminal do Porto de Fortaleza vai fomentar o desenvolvimento da vocação turística da cidade, garantindo que navios de grande porte passem a atracar no Porto de Fortaleza – trazendo mais turistas para a cidade e movimentando a economia. “Como equipamento turístico vai estar aberto ao público da cidade para visitação, garantindo a melhoria


Foto: Divulgação Porto de Fortaleza

A nova era energética cearense

da relação Porto x Cidade. No quesito cargas, o equipamento atenderá a crescente demanda de navios de carga no porto, proporcionando a concretização de novos negócios”, indica. Quase tudo que se consome no Ceará em termos de bens básicos e produtos para as indústrias chega à cidade pelo Porto de Fortaleza. No acumulado de janeiro a outubro de 2013, a movimentação de mercadorias atingiu 4,1 milhões de toneladas no acumulado de 2013. O índice representou 10,6% a mais do valor movimentado entre janeiro e outubro de 2012. No quesito mercadorias em contêineres, o porto apresentou no período em análise movimento de 70.342 TEUs, registrando crescimento de 24,4% em relação ao mesmo período de 2012.

A expectativa da CDC é encerrar o ano de 2013 com a movimentação de 4,9 milhões de toneladas de mercadorias no Porto, superando os 4,5 milhões de toneladas registradas em 2012, que havia sido recorde. Apesar de toda a riqueza que circula dentro do Porto, a área onde está instalado é uma das regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é a comunidade do Serviluz. De acordo com o executivo, com o objetivo de minimizar essa desigualdade, a CDC criou o Centro Vocacional Tecnológico Portuário Manuel Dias Branco, tornando-se o único porto brasileiro a possuir um centro de capacitação vocacional que atende ao público

interno e externo. Neste espaço, a CDC realiza um importante trabalho de qualificação profissional e formação cidadã. Além de proporcionar qualificação, o CVT Portuário Manuel Dias Branco disponibiliza o espaço para a valorização de manifestações artísticas da música, dança e teatro. Fundado em outubro de 2010, já capacitou mais três mil pessoas, entre moradores do entorno, Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs), empregados da CDC e seus familiares em cursos de informática básica, inglês, soldagem, básico em secretariado, bombeiro hidráulico, qualidade no atendimento, espanhol, gestão empreendedora, entre outros.

As importações na indústria cearense apresentaram um crescimento de 35,7% no período de janeiro a setembro. Conforme dados do Panorama Industrial divulgados pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), foi observado um déficit na balança considerável, em vista da queda de 2,4% nas exportações do estado. Apenas três dos principais produtos destacados pelo estudo apresentaram crescimento nas exportações durante o acumulado dos nove primeiros meses do ano: frutas (6,73%); geradores, máquinas e aparelhos elétricos (2,99%); peixes e crustáceos (3,32%). Já o alto índice das importações foi puxado pelos

Foto: Divulgação Porto de Fortaleza

Importação na indústria cearense salta 35,7%

combustíveis e óleos (22,96%); ferro e aço (17,53%) e máquinas e metalmecânico (12%). Por outro lado, a produção industrial do Ceará obteve um crescimento de 5,1% durante o terceiro trimestre. O número é acima daqueles verificados na região Nordeste e no Brasil, que apresentaram

desempenhos de 1,0% e 0,8%, respectivamente. Este é o melhor resultado do estado desde o início do ano passado. No acumulado do ano, a variação do Ceará foi de 2,8%, também à frente do Brasil e do Nordeste, ambos com expansão de 1,6% para o período. Destacaram-se os crescimentos registrados nos setores de petróleo, derivados e álcool (23,5%) e calçados e couros (23,3%). O PIB (Produto Interno Bruto) cearense fechou o primeiro semestre com expansão de 2,95%, contra 2,6% do país. As quatro atividades que compõem o setor cresceram superior à média da economia. Com isso, a estimativa da participação do Ceará no PIB do Brasil é de 2,16%. TN Petróleo 92

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capital de energia

Polo de biodiesel: vocação diversificada

Extremamente importante tanto para o mercado nacional de biodiesel, quanto o mercado cearense, a Usina de Biodiesel de Quixadá, que completou cinco anos de operação em agosto deste ano, tem sido responsável pelo abastecimento de 80% da demanda produtiva, utilizando mão de obra totalmente regional. Segundo o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, Quixadá é recorde em qualidade de produção e tecnologia.

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xtremamente importante tanto para o mercado nacional de biodiesel quanto o mercado cearense, a Usina de Biodiesel de Quixadá, que completou cinco anos de operação em agosto deste ano, tem sido responsável pelo abastecimento de 80% da demanda produtiva, utilizando mão de obra totalmente regional. Segundo o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, Quixadá é recorde em qualidade de produção e tecnologia. A usina Quixadá participa da produção nacional de biodiesel, assegurando a mistura do B5 (5% de biodiesel + 95% de diesel) à oferta nacional, tendo produzido, em 2012, 63 milhões de litros de biodiesel. Cerca de 66% desta produção foram destinados ao atendimento da demanda do próprio estado e os outros 34% exportados para os outros estados circunvizinhos (MA, PI, RN, PB, PE), segundo Marcos Antonio Saldanha da Silva, gerente da Usina. Quixadá iniciou suas operações em 20 de agosto de 2008, com capacidade de produção inicial de 57 milhões de litros de biodiesel/ano. Já em 2009, com pequenas adaptações e melhorias operacionais, foi possível 46

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Usina de biodiesel de Quixadá em números

Área total .............................. 55.000 m² Capacidade de produção: 108,6 milhões de litros de biodiesel/ano Capacidade de filtração: 30 mil litros/ mês de óleo de cozinha Principais produtos: biodiesel, ácido graxo, glicerina e borra aumentar em 90% sua capacidade de produção, que hoje é de 108,6 milhões de litros/ano de biodiesel. O investimento inicial da usina foi próximo a R$ 100 milhões. Sua capacidade de produção anual é de 108,6 milhões de litros de biodiesel – em 2012 a produção foi de 62,5 milhões de litros. No processo de produção obtém-se, além do biodiesel (seu principal produto), o ácido graxo, a glicerina e a borra como coprodutos, que são comercializados em mercados específicos. Para Silva, a usina destaca-se pela sua elevada eficiência operacional e versatilidade, processando vários tipos de matéria-prima, tais como óleo de soja, sebo bovino, de palma, de algodão, além

de óleos e gorduras residuais de frituras (OGR). O gerente informou que no momento a usina vem procurando maximizar sua capacidade de produção de óleos refinados, além de buscar, através da sua Gerência de Suprimento Agrícola – ligada à Diretoria Agrícola (Dagri), e do Centro de Pesquisas & Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), em parceria com outras instituições (Nutec, Embrapa, ONGs), desenvolver fontes de matéria-prima no próprio Ceará e demais estados circunvizinhos, como a mamona, óleo de vísceras de peixe, óleo de cozinha (OGR) etc. “Isso tudo com o objetivo de em médio e longo prazos, ter o Ceará como o principal supridor de matéria-prima para a produção do biodiesel, que hoje vem de outros estados, e dessa forma gerar mais emprego e renda no seu entorno”, destaca. Segundo ele, a usina espera consolidar a atual capacidade de produção com otimizações de processos que os tornem cada vez mais competitivos. Atualmente, a usina oferece cerca de 200 empregos diretos e beneficia cerca de 30 mil famílias de agricultores que fornecem matéria-prima como grãos de soja que vêm do Centro-Oeste.

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capital de energia

Leilão de energia de reserva (energia eólica)/ 2013

Foto: Keystone

Cadastro 2º Leilão de Energia A-5/2013 (em dezembro) 73 projetos de energia eólica/ 1.734 MW 9 projetos de energia fotovoltaica/ 105 MW 1 projeto de termelétrica a gás natural/ 369 MW

Raio X da Termelétrica Energia Pecém

Localização: .............. São Gonçalo do Amarante Capacidade de Geração de Energia: 720 MW Energia Anual máxima que pode ser gerada: 6.307 Giga watts/hora Investimento total: R$ 3 bilhões ventos e das marés: tem usinas eólicas, solar e das marés que, somadas, produzem em torno de 524 megawatts (MW) de energia limpa. Esse número espera ser dobrado ainda em 2013, quando 542 MW do leilão de energia eólica realizado em 2009 estiverem implementados, fechando o ano em mais de 1.060 MW, o que representará mais de 66% de toda a energia consumida no Ceará atualmente – em torno de 1.600 MW. O estado tem 35% da potência nacional eólica, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). É o maior gerador de energia eólica do país, mas está prestes a perder esta posição para o Rio Grande do Norte. Hoje, o Ceará gera 588 megawatts em 19 parques eólicos. Somando os 24 que ainda estão em construção, serão mais 612 MW. Em contrato para ser construído serão mais 750 MW em 31 parques. De acordo com a Abeeólica, em termos de capacidade instalada, o 48

6 projetos contratados 113,2 MW de potência instalada 48,5 MW médios de garantia física R$ 115,90/MWh de preço médio

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Rio Grande do Norte está à frente do Ceará, mas em geração, o estado ainda se encontra em primeiro lugar. Não existem gargalos no setor, mas desafios como o transporte de equipamentos ou atrasos na construção de linhas de transmissão. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a sazonalidade dos ventos no estado do Ceará é complementar ao regime hídrico predominante na geração de energia do Brasil. Como 70% da produção de energia elétrica são provenientes de fontes hidrelétricas, o potencial eólico do Ceará é máximo justamente na estação em que os níveis dos reservatórios estão mais baixos. Com 25% de toda a capacidade de geração de energia elétrica a partir da força dos ventos no Brasil (143.000 MW), segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, nos próximos anos o potencial eólico do Ceará tende a aumentar. A capacidade é de 1.818 MV. Além disso, em outubro deste ano, o Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia/CE) anunciou a criação de uma agenda propositiva para popularizar o uso e a geração de mini e microenergia eólica e solar em território cearense. O desafio deve começar por empreendimentos industriais e comerciais, considerando o grande potencial de consumo, e mais tarde se estender às residências. Com a associação de nove empresas do setor de mini e microgeração de energia – formalizada na Federação das Indústrias do Estado do

Ceará (Fiec) – a expectativa do Sindienergia é que, durante a fase inicial do projeto, as recém-associadas atendam cerca de 1.500 clientes por ano, além de investir R$ 120 milhões na compra de materiais e na captação de mão de obra, por exemplo, para a execução dos serviços. As nove empresas são: B & Q Energia, Brasil Wind Service, Conpsys, Eco Soluções em Energia, FG Renováveis, IB Componentes, Satrix Energias Renováveis, Kwara Energia do Brasil e Gram Eollic Solar. No que se refere à energia solar, o Ceará apresentou cinco projetos para o primeiro leilão A-3, que ofertam até 105 megawatts (MW) de energia. O Ceará, nos últimos 10 anos, tem se firmado como centro de referência na geração de energia por fontes renováveis. Com isso, criou-se uma cadeia produtiva no setor de energia eólica e solar e, associado a isso, alguns centros de desenvolvimento que trabalham com pesquisa e desenvolvimento no setor. Recentes descobertas de reservas de gás e petróleo no litoral reativou o interesse das grandes produtoras do setor, lideradas pela Petrobras, em explorar as águas rasas da costa cearense. Assim, centros de pesquisa, principalmente ligados às universidades, estão em contínua parceria visando o desenvolvimento do setor. Outro tipo de setor beneficiado é o ensino especializado, notadamente cursos técnicos e de pós-graduação.


Foto: Senai

O Senai Ceará, através de suas nove unidades e dos Instituto Senai de Tecnologia (IST´s) e Instituto Senai de Inovação (ISI´s) que estão em estágio de implementação, tem promovido uma gama de cursos voltados para o setor, notadamente na parte técnica, visando formação de mão de obra para operação e manutenção das usinas em construção e em funcionamento. Além disso, com esses novos equipamentos, tem promovido a prestação de serviços especializados e realização de consultorias técnicas no setor. O Senai hoje é o maior player de ensino e prestação de serviço no setor. Aproveitando o seu potencial natural para geração de energias renováveis, o Ceará começa a dar os primeiros passos para formatação do modelo de negócio do seu Instituto Senai de Tecnologia de Energias Renováveis. Focado em fornecer serviços para a cadeia produtiva local, o instituto faz parte da estratégia de ampliação da oferta de serviços técnicos e tecnológicos às indústrias, por meio do Programa Senai de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira. Um dos destaques do Instituto é que as suas atividades terão a participação da instituição alemã de cooperação internacional do Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, que apoia o governo alemão nos domí-

Foto: Senai

A nova era energética cearense

nios da cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável e educação internacional. Inicialmente, o instituto, que vai oferecer serviços técnicos e tecnológicos para as indústrias de energias renováveis, já conta com estrutura-base do Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira – unidade do Senai na Barra do Ceará – que já atende demandas de educação profissional focada na área. O Instituto Senai de Energias Renováveis é um dos 61 institutos de tecnologia que o Senai vai criar até 2014 no país, dentro do Programa Senai de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira, que tem como principais objetivos estimular a inovação e o desenvolvimento tecnoló-

gico da indústria e elevar a oferta de educação profissional. Até 2014, o programa também ampliará e modernizará a estrutura física do Senai, com a reforma de escolas, a implantação de 23 institutos de inovação e a compra de 81 unidades móveis. Segundo Artur Guimarães, gerente do Instituto Senai de Tecnologia (IST) de Energias Renováveis, localizado em Fortaleza, o projeto está sendo executado e alguns equipamentos estão em instalação. “Já estamos em processo de contratação de pessoal especializado e finalizando o planejamento de execução das atividades. A perspectiva é que iniciemos as operações já no primeiro trimestre de 2014, atendendo a empresas, órgãos governamentais e sociedade”, reforçou. Guimarães comenta que até 2022 o estado vai dobrar a capacidade de geração de energia, necessitando de mais de 250 mil pessoas capacitadas para serem alocadas nos postos de trabalhos que estão sendo criados. Empresas de pequeno porte estão surgindo a fim de atenderem a demanda de serviços dos grandes fabricantes e, com isso, o setor ganha reforços de peso. “A parceria histórica do Senai com a indústria é essencial nesse caso, pois faz irá capitanear esse pessoal, treinar e direcionar para os postos de trabalhos existentes”, finaliza.

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Etanol já está na biocombustíveis

segunda geração por Beatriz Cardoso e Rodrigo Miguez

Foto: Michel Rios, GranBio

Com duas usinas previstas para ser inauguradas nos próximos meses, e um projeto da Petrobras para dar a partida em 2015, o etanol de segunda geração (2G) se prepara para sair definitivamente dos laboratórios e ganhar o mercado de biocombustíveis, após uma década de pesquisas e muito investimento. Os avanços tecnológicos consolidados nos últimos anos o posicionam como a solução mais viável e sustentável para promover o aumento da produção desse energético para suprir a demanda crescente de etanol no Brasil e no mundo. A recuperação da produção e das vendas do etanol anidro e hidratado nos últimos meses também tem contribuído para a alavancagem dessa segunda geração – o etanol celulósico. Sem concorrências com o alimento, uma vez que a matéria-prima é justamente o resíduo agrícola – bagaço de cana-de-açúcar, palha de milho e trigo, entre outros – e culturas, como capim silvestre e gramíneas, o etanol celulósico vai reforçar a mais diversificada matriz energética do planeta. E confirma a vocação de pioneiro em biocombustíveis do Brasil, que em 1975 implantou Pro-álcool (Programa Nacional do Álcool), a primeira política governamental de produção de biocombustíveis no mundo. O país vai completar quatro décadas de etanol com ‘dupla geração’ na produção, fazendo a economia acelerar também movida a álcool. 50

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A

estimativa do mercado de etanol anidro e hidratado é de uma produção de 27,17 bilhões de litros para a safra 2013/14, mostrando a recuperação desse energético depois de um período de retração nos dois últimos anos. A previsão é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que em julho desse ano fez um segundo levantamento da safra 2013/14

de cana-de-açúcar e de sua destinação para produção de açúcar e/ou álcool. Esse estudo é realizado no âmbito de um programa de cooperação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizado em julho passado. De acordo com a Conab, a produção de etanol total, que fechou em 23,64 bilhões de litros na safra 2012/13, vai ter um incremento de 3,53 bilhões de litros na nova safra, o que repre-

senta uma alta de 14,94%. Deste total, 12,02 bilhões de litros deverão ser de etanol anidro, e 15,16 bilhões de litros serão de etanol hidratado. Assim, o etanol anidro deverá ter um acréscimo de 21,96% na produção, e o etanol hidratado terá aumento de 9,93%, quando comparados com a produção de etanol da safra anterior. O que sinaliza a recuperação desse energético para os patamares TN Petróleo 92

51


biocombustíveis

de 2008 a 2010, os maiores picos de produção registrados no país, em função de alguns fatores que foram destacados pela diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, na posse do novo diretor da entidade, Waldyr Barroso, no dia 28 de outubro. Mostrando que o pré-sal não é a única prioridade da ANP, que comemora 15 anos de atuação, Chambriard lembrou que 2013 também foi positivo na área dos renováveis. “Houve uma evolução do mercado dos biocombustíveis, devido à queda de preço e desoneração fiscal do etanol, boa performance da atual safra de cana-de-açúcar, maior competitividade do biocombustível à base de cana frente à gasolina em estados-chave, como São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, pontuou. O novo diretor endossou as palavras da dirigente maior da ANP, ao afirmar que “o aumento da produção de petróleo, a retomada das rodadas, a construção de novas refinarias, a Lei do Gás, o etanol de segunda e terceira gerações, entre outros fatores, ampliam a nossa responsabilidade no papel da ANP”. “É importante sabermos do destaque do etanol entre as prioridades da ANP”, comemorou a presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina. Segundo ela, a atual safra de cana, a maior da história, ilustra claramente o forte compromisso dos produtores, “mesmo neste momento em que o setor enfrenta enormes desafios econômicos e financeiros”. Pesquisa divulgada em setembro pela Aliança Global de Combustíveis Renováveis (GRFA / Global Renewable Fuels Alliance), em Toronto, Ca52

TN Petróleo 92

A história da cana-de-açúcar Século 6 a.C. – A espécie é domesticada nas montanhas da ilha de Nova Guiné, no sudoeste do oceano Pacífico – a variedade mais fibrosa é usada em construções e a mais macia, como alimento 1532 – Trazida pelos portugueses, a cana-de-açúcar chega em terras brasileiras 1975 – Como medida de contenção para a crise do petróleo, o governo brasileiro anuncia o Programa Nacional do Álcool – Proálcool, que visava a diminuição, em larga escala, da dependência dos derivados de petróleo 2003 – Lançamento dos primeiros carros com motores flex fuel. Desde a introdução do carro flex até meados de 2012, O uso do etanol nos veículos flex possibilitou a redução de mais de 160 milhões de toneladas em emissões de CO2 2004 – Embraer lança o primeiro avião do mundo movido exclusivamente pelo etanol 2007 – O consumo de etanol supera o da gasolina em 34% em termos de volume no estado de São Paulo 2009 – Honda anuncia primeira motocicleta flex produzida em série no mundo 2011 – São Paulo recebe 60 ônibus movidos a etanol – alternativa mais sustentável para o transporte público 2012 – Anúncio da primeira fábrica de etanol de segunda geração pela GranBio, com investimentos de R$ 350 milhões e capacidade para produção de 82 milhões de litros. A planta, que ficará em Alagoas, será inaugurada em 2014 e deve aumentar em 35% a capacidade instalada na região

Ranking por estado na produção de etanol anidro e hidratado em 2012 (mil m³) São Paulo Goiás Minas Gerais

11.827,75 3.129,90 2.040,34

Mato Grosso do Sul

1.938,16

Paraná

1.311,64

Mato Grosso

977,58

Alagoas

600,64

Paraíba

333,82

Pernambuco

318,40

Espírito Santo

180,80

Bahia

169,11

Tocantins

159,06

Maranhão

158,92

Sergipe

146,43

Rio Grande do Norte

Brasil Fonte: MAPA/Sapcanao

89,81

23.540,06

nadá, indica um acréscimo de 1,5% na produção mundial de etanol em 2013, o que representa 2 bilhões de litros a mais de etanol no mundo em relação ao ano passado.

Arrancada brasileira Trata-se de uma tendência global, que tende a reforçar ainda mais a condição do Brasil como o segundo maior produtor do mundo de etanol, perdendo apenas para os Estados Unidos (onde o milho é a principal matéria-prima). Mas a arrancada brasileira na implantação das primeiras usinas de etanol celulósico poderá elevar o país a um novo patamar no cenário mundial de biocombustíveis. Um dos projetos mais consistentes e que será o primeiro a produzir etanol celulósico no Brasil é o da empresa GranBio. Criada há pouco mais de dois anos, a companhia está entre as pioneiras no segmento no país: foi a primeira a anunciar uma planta comercial de etanol de segunda geração no hemisfério Sul, que deve ser inaugurada até abril do próximo ano.


O etanol já está na segunda geração

Uso do solo no Brasil (milhões de hectares) Área total Protegida

Cultivável Outros

851 100%

330 39%

496 58%

Outros: 111 (34%)

Área cultivável

Pastagens: 159 (48%)

Cana-deaçúcar: 9,5 (2,9%)

Plantações: 60 (18%)

Cana-deaçúcar para o etanol: 9,5 (2,9%)

Liderança mundial O pico de produção da planta da GranBio deve ser atingido em 2015, mas os planos da empresa é chegar a bilhão de litros em 2020, com a construção de uma planta por ano. De acordo com Gradin, o investimento, em cada unidade, seria em torno de R$ 560 milhões. Embora os projetos iniciais sejam feitos em parceria com outras empresas, o executivo não descarta uma “abertura de capital” da empresa, que, em janeiro desse ano, ganhou um novo acionista minoritário: o Bndespar, braço de participações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), passou a deter 15% do capital total da companhia. Para ter um produto de melhor qualidade, a GranBio vai utilizar a cana-energia, obtida a partir do cruzamento genético de híbridos comerciais com tipos ancestrais de cana-de-açúcar. O resultado é uma cana mais robusta, com maior teor de fibra e potencial produtivo, que poderá ser plantada inclusive em áreas degradadas de pasto. Com parcerias tecnológicas com as italianas BetaRenewables e a Chemtex

26 3%

2.000 Km

A Bioflex Agroindustrial, empresa da GranBio, já recebeu autorização da ANP para a construção na zona rural de São Miguel dos Santos, em Alagoas, de uma planta de etanol 2G com capacidade para produzir 82 milhões de litros/anuais, o que fará dela uma das maiores do mundo. “Diziam que o Brasil não teria qualquer produção de etanol de segunda geração em 2015. Hoje, a expectativa é de uma produção de 168 milhões de litros, que ultrapassa a expectativa de produção da Europa”, afirmou Bernardo Gradin, CEO da GranBio. Os números foram apresentados pelo executivo na 13ª Conferência Internacional sobre açúcar e etanol da Datagro, realizada em 21 de outubro, em São Paulo.

Floresta Amazônica

CE

350 milhões de ha

RN PB PE AL SE

MT

2.500 Km

Cana-de-açúcar

GO MS

MG PR

Fonte: Icone, Esalq e IBGE

(que integram o Mossi Ghisolfi Group, o qual já deu a partida na primeira planta industrial de etanol 2G do mundo) e alianças com a dinamarquesa Novozymes e da holandesa Royal DSM, a GranBio pretende se tornar uma das líderes na produção do energético. “O etanol 2G é parte da solução para o déficit de etanol no Brasil. Aqui, temos as melhores condições

SP

90% da produção de cana-de-açucar concentrada nesta região para o desenvolvimento e produção de biomassa, o que coloca o país como candidato a protagonista da próxima revolução biotecnológica”, afirma Alan Hiltner, vice-presidente executivo da GranBio. Gradin vai mais longe: o Brasil pode assumir a liderança mundial em etanol, somada à produção de primeira e segunda geração deste biocombustível. Mesmo com os inTN Petróleo 92

53


biocombustíveis

Matriz energética no Brasil (%) Outras fontes renováveis

Parceria gigante Maior produtora de etanol de cana-de-açúcar do país (2 bilhões de litros por ano), a Raízen, joint venture instituída em junho de 2011 pela anglo-holandesa Shell e a brasileira Cosan, também vai dar a partida em uma usina de etanol de segunda geração. Com investimentos do BNDES de R$ 207,7 milhões, a unidade de etanol 2G da Raízen vai ser implantada junto à Usina Costa Pinto, em operação em Piracicaba (SP), onde a Cosan começou sua trajetória, há mais de 70 anos, na produção de açúcar e, posteriormente, etanol. Próximo a ela está também o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), principal instituição de pesquisa em cana-de-açúcar do mundo, do qual a Raizen é uma das sócias. Localizado em Piracicaba (SP), o CTC é referência no setor e busca o desenvolvimento contínuo da matéria-prima e o aumento da produtividade agrícola e industrial. Com capacidade anual de 40 milhões de litros, a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar, a nova planta terá um diferencial em relação às outras que estão surgindo no mercado brasileiro: vai estar integrada ao processo de produção do etanol 1G, englobando as etapas de pré-tratamento, hidrólise enzimática, fermentação e purificação. A perspectiva é de que entre em operação até o final de 2014. “O etanol celulósico é um componente importante na valoração na biomassa disponível no Brasil”, afirmou Marcelo do Amaral, gerente de Tecnologia e Inovação da Raízen. Quinta maior empresa em faturamento no setor sucroalcoleiro, a Raízen também produz anualmente 4 milhões de toneladas de açúcar e comercialização 1,8 milhão de MWh de energia elétrica. A empresa tem buscado associações que tornem ainda mais produtivos e competitivos seus negócios na área de etanol 2G. Daí sua participa54

TN Petróleo 92

Urânio

4,1

Carvão mineral e derivados

1,5

Fonte: Balanço Energético Brasileiro BEN, 2012

5,6

Gás natural

10,1

Petróleo e derivados

38,6

Lenha e carvão vegetal

9,7 Hidráulica

14,7

Cana-deaçúcar

15,7 Produção de energia no mundo (%) 44,2

13

13

8,6

55,8

87,8

7

91,4

Brasil

Mundo

UE-27

OCDE

Não renovável

Renovável

Fonte: Agência Internacional de Energia: World Energy Outlook, 2012; Key World Energy Statistics, 2012 e Eurostat, 2013)

ção em empresas como a canadense Iogen, empresa de biotecnologia com forte atuação no desenvolvimento de enzimas para produção desse ener-

Foto: Divulgação Raízen

vestimentos voltados para o mercado nacional, a empresa pretende exportar 50% da sua produção.

gético, e a norte-americana Codexis, líder em biocatálise, nas quais a Raízen detém 16% de participação. Atenta ao potencial do mercado brasileiro, em setembro a Raízen fechou acordo com a dinamarquesa Novozyme, que vai fornecer de enzimas a serem desenvolvidas especialmente para o processo integrado das operações da joint venture. O acordo prevê ainda fornecimento para uma possível segunda planta de etanol 2G da Raízen, que avalia a possibilidade


O etanol já está na segunda geração Tecnologias desenvolvidas pela American Process Inc. (API), empresa da qual a GranBio é sócia

GreenPower+

Foto: Michel Rios

Também conhecida como GP+, essa tecnologia também foi criada pela American Process Inc. (API) e tem como principal característica a utilização em plantas de etanol de primeira geração já existentes. Além disso, tem a vantagem de não exigir larga escala, altos investimentos e nem mesmo enzimas, o que reduz o custo final de produção. A tecnologia de baixo custo produz açúcar de celulose, extraindo somente as hemiceluloses (açúcares de cinco carbonos) da biomassa. O restante do material pode ser aproveitado para geração de energia eléctrica. A GP+ está sendo usada em escala comercial na Biorefinaria da API em Alpena, Michigan.

de criar unidades junto às 24 usinas existentes hoje no país. Com tanta demanda no Brasil, a Novozymes já anunciou que pretende aumentar a capacidade local, instalando uma fábrica especifica para a produção de enzimas para o processo de etanol 2G, que poderá ser a maior de todas.

Avap

Tecnologia altamente sofisticada, a AVAP foi desenvolvida pela American Process Inc. (API), empresa americana da qual a GranBio é sócia minoritária. A solução de pré-tratamento da API permite a produção de açúcar de celulose de baixo custo e em larga escala. Ela também atende às rigorosas especificações exigidas para a fabricação de bioquímicos. O sistema converte a celulose e a hemicelulose (açúcares de seis e cinco carbonos, respectivamente) da biomassa por meio de um processo que combina a utilização de produtos químicos e enzimas.

“O tamanho exato, a localização e os investimentos a serem feitos para esta fábrica de enzimas ainda serão decididos e dependem da estimativa de demanda para tecnologia de enzimas no país”, informa nota oficial da empresa que faturou US$ 2 bilhões em 2012, dos quais 10% na América Latina.

Petrobras Biocombustíveis Com quase dez anos de pesquisas em etanol celulósico, a Petrobras também quer marcar ponto na segunda geração. A subsidiária Petrobras Biocombustíveis participa hoje da gestão de sete usinas, que este ano devem moer de 25 milhões a 26 milhões de toneladas (considerando a

produção da companhia nas coligadas Guarani, Nova Fronteira e Total). O resultado final deverá alcançar 1,3 bilhão de litros de etanol produzidos neste ano – cerca de 30% mais que o total produzido no ano passado. A meta da companhia é responder por 15% do mercado brasileiro de etanol em 2017. Mais além de um plano de expansão da produção, a Petrobras Biocombustível tem projeto de construção de uma planta industrial para iniciar operação em 2015, de acordo com o CEO Mig u e l Ro s s e t o . TN Petróleo 92

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biocombustíveis

Importação de etanol 2011-2012 Regiões geográficas e países

Importação de etanol (m³) 2011

2012

12/11 %

América do Norte

1.099.623

553.198

-49,69

Estados Unidos

1.099.612

553.189

-49,69

10

9

-11,37

790

549

-30,48

88

135

52,60

-

21

..

Jamaica

285

369

29,65

Trinidad e Tobago

417

24

-94,24

36.489

139

-99,62

Alemanha

61

39

-36,03

Espanha

11

3

-72,51

1.674

5

-99,70

9

21

145,30

Holanda

17

-

..

Polônia

-

71

..

34.718

-

..

México Américas Central e do Sul Barbados Guiana

Europa

França Itália

Reino Unido Total

1.136.901

553.886

-51,28

Fonte: MDIC/Secex

Medidas aprovadas para o aumento da competitividade no uso do etanol Retorno da mistura de 25% do etanol anidro à gasolina a partir de 1º de maio – Desde outubro/2011 percentual de mistura fora reduzido para 20% Novas linhas de crédito para estocagem – Taxa efetiva de juros de 7,7% a.a. Penhor cedular e/ou alienação fiduciária do produto estocado na proporção de 1 litro em garantia para o valor do saldo devedor correspondente a 1 litro Desoneração do PIS/Cofins – sobre a venda no mercado interno de etanol (independentemente de sua especificação – anidro ou hidratado – e do destino – combustível ou outros fins) Prorrogação do Prorenova (Programa de apoio à renovação e implantação de novos canaviais) – Linha de financiamento do BNDES para renovação e ampliação do canavial, prorrogada até dezembro de 2013; Taxa de juros diferenciada e impactos positivos sobre produtividade agrícola. E, assim como a Raízen, buscará a integração da unidade de 2G com as de etanol de primeira geração, a fim de conciliar alta produtividade com baixo consumo de enzimas. Antes mesmo da pedra fundamental de uma usina, a estatal já colocou o etanol nas bombas: ela 56

TN Petróleo 92

alugou uma planta de demonstração nos Estados Unidos, para produzir 80 mil litros de etanol celulósico de forma experimental. O combustível foi utilizado para abastecer alguns veículos que rodaram durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvi-

O que é o etanol celulósico O etanol celulósico é um bioetanol feito de material que contém lignocelulose, como resíduos agrícolas (palha de cereal, resíduos de espiga de milho, bagaço de cana-de-açúcar) ou cultivos energéticos (gramínea miscanthus e capim silvestre). A lignocelulose proporciona suporte estrutural a plantas e consiste de celulose, hemicelulose e lignina. A composição exata pode variar conforme o tipo de planta. A celulose e a hemicelulose são compostos de cadeia longa, feitos de moléculas individuais de açúcar que devem ser divididas primeiro em monômeros de açúcar antes de serem fermentadas para a forma de etanol. mento Sustentável), realizada em meados de 2012. O processo, assim como a adequação da planta, foi acompanhado por pesquisadores do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), que desde 2004 desenvolve estudos nessa área, em parceria com instituições científicas e empresas de tecnologia nacionais e internacionais. O teste na Rio+20 apontou um rendimento de 300 litros de etanol por tonelada de bagaço seco e ainda assegurou para a estatal o Prêmio Brasil Ambiental 2012 na categoria Inovação. Agora, a Petrobras Biocombustível busca otimizar ainda mais o processo, com tecnologia própria, para cumprir a meta de produção comercial a partir de 2015. Em marco deste ano, o gerente de Gestão Tecnológica da Petrobras Biocombustível, João Norberto Noschang Neto, afirmou que a tecnologia da empresa já é uma realidade, durante a 9ª edição do Sugar & Ethanol Brazil 2013, realizada em São Paulo. “O projeto está em fase de detalhamento de engenharia. Estamos certos de que esse novo produto estará disponível para abastecer o mercado nacional de biocombustíveis”, afirmou. Segundo Noschang, a unidade está sendo projetada para ter uma produção mais eficiente e com preço competitivos.


O etanol já está na segunda geração

Foto: Cortesia Beta Renewables

Etanol 2G já está em produção no mundo

Assim como o Brasil, alguns países também estão avançando no desenvolvimento de tecnologias para produção do etanol celulósico, utilizando outros insumos que não a cana-de-açúcar. Os Estados Unidos estão usando a palha e o sabugo de milho; a Itália, a gramínea; a Dinamarca e a Finlândia, a palha do trigo; e, na Noruega, as pesquisas estão voltadas para o spruce, um tipo de pinheiro. Todas em escala experimental. A primeira planta comercial de etanol celulósico foi inaugurada pela Beta Renewables e a Novozymes, próxima a cidade de Crescentino, na província de Piemonte, na Itália. A usina utiliza resíduos como palha de trigo e arroz, assim como a cana-do-reino ou cana gigante, que cresce em áreas não adequadas para a agricultura, para produzir etanol celulósico. Fruto de investimentos de US$ 200 milhões, a planta é fruto de uma parceria firmada no ano passado entre as duas empresas. Pelo acordo, a Novozymes será a fornecedora preferencial de enzimas para os atuais e os futuros projetos da Beta Renewables na área de biocombustíveis celulósicos. Essa mesma tecnologia será utilizada pela GranBio. “O mercado de biocombustíveis apresenta oportunidades de transformação econômica, ambiental e social. Com esta inauguração estamos abrindo o caminho para a revolução verde na indústria química”, afirmou o presidente e CEO da Beta Renewa-

bles, Guido Ghisolfi. Já o CEO da Novozymes, Peder Nielsen, disse que a inauguração da usina é o começo de uma nova era para os biocombustíveis avançados. O pacote tecnológico completo para instalação de uma planta vem sendo oferecido pelo grupo químico suíço Clariant, que recentemente recebeu o certificado International Sustainability & Carbon Certification (ISCC) por sua planta de demonstração da tecnologia sunliquid™ em Straubing (Alemanha). Inaugurada em julho de 2012 e considerada a maior planta de demonstração de produção de etanol de 2ª geração, a unidade tem capacidade para produzir até 1.000 toneladas de etanol celulósico a partir de 4.500 toneladas de palha de trigo. O certificado confirma que o etanol celulósico de resíduos agrícolas produzido com a tecnologia sunliquid™ atende os critérios de sustentabilidade estabelecidos pelo European Renewable Energy Directive (RED). “A certificação da planta de Straubing é um passo a mais na comercialização da tecnologia sunliquid™”,

afirma Hariolf Kottmann, CEO da Clariant. “O biocombustível produzido em Straubing atende e supera os critérios de sustentabilidade definidos na RED e pode ser contabilizado em metas climáticas; este é um importante pré-requisito para estabelecer o processo no mercado europeu.” O certificado ISCC confirma a eficiência da tecnologia da Clariant, que proporciona uma redução de até 95% nas emissões de gases de efeito estufa – bem acima do valor padrão da redução de emissões de CO2, que é de 86%. Apenas o CO2 extraído da atmosfera e retido pela planta durante o crescimento é liberado ao longo da produção e da combustão do etanol. “Com base na atual disponibilidade de biomassa de bagaço, palhas e folhas de cana-de-açúcar, o Brasil pode aumentar a produção atual de etanol em mais de 50% com a conversão deste recurso de biomassa em etanol celulósico. Isso, sem contar com a biomassa que será gerada pela nova produção da cana, prevista para os próximos anos”, avalia Martin Mitchell, gerente de Desenvolvimento de Negócios para Américas da Clariant. Lembrando que a tecnologia é flexível para diferentes matérias-primas, conceitos de plantas ou produtos, o executivo afirma que o Brasil é um dos mercados mais importantes para a produção de etanol celulósico, por ser uma referência mundial no desenvolvimento e produção de combustíveis renováveis. “A Clariant está trazendo para o mercado brasileiro uma tecnologia com produção de enzima integrada ao processo, o que representa um grande diferencial em termos de eficiência e custo”, revela Mitchell, apostando neste diferencial para conquistar parceiros locais. TN Petróleo 92

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biocombustíveis

Resíduo pode gerar uma revolução Um dos grandes trunfos da evolução tecnológica do etanol celulósico é a possibilidade de se aumentar a produção, sem crescer a área plantada, já que o combustível é feito através da ‘quebra‘ das moléculas de celulose do bagaço e da palha da cana, resíduos que sobram da extração da cana. Com isso, o crescimento da demanda não baterá de frente com a produção e oferta de alimentos.

N

o estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão é de que o Brasil tenha um acréscimo de cerca de 314 mil hectares na área cultivada, equivalendo a 3,7% em relação à safra 2012/13, devido à expansão do plantio por parte de usinas já em funcionamento. Mas a expectativa é que boa parte das usinas invistam mais em renovação de canaviais do que em expansão de novas áreas cultivadas. Com o etanol celulósico, essa expansão não seria necessária. Para se ter ideia da capacidade do Brasil, somente de resíduos da extração de cana-de-açúcar, o país produz anualmente mais de 400 milhões de toneladas. Apesar dos muitos pontos positivos, a produção do etanol de segunda geração ainda tem alguns desafios a superar. “Hoje já se sabe como produzir etanol celulósico. O que falta é conseguir produzir esse combustível a um custo competitivo, pois o processo é muito mais complexo do que o do etanol de cana. Ou seja, é uma questão mais econômica do que tecnológica”, afirma Cristina Machado, pesquisadora da Embrapa Agroenergia, braço da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o segmento de bioenergéticos. Para Alfred Szwarc, consultor de tecnologia e meio ambiente da Unica, o momento é de otimismo. “Estamos muito próximos da etapa de produção industrial em grande escala ultrapassando a fase de produção em unidades piloto, e com custos que se aproximam da produção de primeira geração”, afirma.

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TN Petróleo 92

Segundo o consultor, a expectativa é de crescimento gradual da produção, seja pelo aumento da escala industrial, que deverá ocorrer com o refinamento das tecnologias, seja pelo aumento da quantidade de produtores que passarão a utilizar tecnologias 2G.

Financiamento é insumo básico Grande parte dessas novas usinas de etanol de segunda geração está sendo construída com recursos do BNDES, que possui hoje uma carteira de projetos ligados a esse novo setor da ordem de R$ 1,2 bilhão, sendo que 98% já estão aprovados ou contratados, como as plantas da Raízen e da GranBio. Além desses dois projetos, o BNDES contemplou também a planta de demonstração do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e o projeto para desenvolver o sistema de pré-tratamento da Metso. As empresas Dow e DSM também já fecharam contrato com o banco para investir em tecnologias para o mercado de etanol celulósico. “O BNDES espera que essas tecnologias atinjam viabilidade comercial em breve, o que deverá deflagrar um novo ciclo de investimentos no setor. A produção de biocombustíveis a partir de biomassa celulósica é o passo derradeiro para a afirmação das biorrefinarias, que deverão agregar outros produtos, como os químicos renováveis, ao portfólio

das empresas”, informou o departamento de biocombustíveis do banco. A maior parte destes projetos se desenvolvem no âmbito do Paiss (Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico), criado pelo BNDES e a Agência Brasileira de Inovação (Finep) para apoiar projetos que tragam inovação no uso do bagaço ou da palha de cana. Estão previstos mais de R$ 2 bilhões em recursos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) nos próximos anos.

P&D na segunda geração Se hoje o etanol de segunda geração está prestes a se tornar realidade, muito se deve aos investimentos em pesquisa e inovação feitos por empresas, universidades e instituições do governo, como é o caso da Embrapa, que tem um dos maiores acervos de pesquisa na área de etanol. Uma das instituições que virou referência internacional é o citado CTC, em Piracicaba (SP), um dos maiores centros de pesquisa da cana-de-açúcar, e o Núcleo de Absorção e Transferência de Tecnologia (Natt), pertencente a Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, em Maceió (AL). O CTC foi o primeiro a assinar contrato com o BNDES e a Finep, dentro do Paiss, assegurou mais de R$ 100 milhões para a construção de uma planta de etanol de segunda geração no município de São Manoel, no interior de São Paulo. A planta, que ganhou o mesmo nome da cidade, terá capacidade de produzir 3 milhões de litros por ano.


“Estamos na fase de detalhamento da engenharia do projeto, por meio de uma parceria com a Pöyry Engenharia. Já os principais equipamentos da planta foram selecionados e desenvolvidos por meio de parceria com a empresa austríaca Andritz”, adianta Robson Freitas, diretor de Negócios e Novas Tecnologias do CTC. A fase pré-comercial começa em 2014. Segundo o executivo, a companhia também está em negociação com as principais empresas internacionais fornecedoras das enzimas necessárias para uma das principais etapas do processo – a hidrólise enzimática. “O projeto do CTC tem dois grandes diferenciais: ter sido desenvolvido especificamente para a biomassa (bagaço e palha) da cana-de-açúcar e ser totalmente integrado com a produção de etanol de primeira geração já existente na usina”, afirma Gustavo Teixeira Leite, CEO da organização. “Dessa forma, o investimento necessário é bem menor, assim como o custo de produção do etanol de segunda geração. Ao todo, com todas as contratações, esta etapa do plano gira em torno dos 80 milhões de reais”, acrescenta. Nos últimos anos, muitos estudos foram realizados e grandes avanços consolidados graças ao CTC, como a redução da severidade no processo de pré-tratamento da biomassa, que aumentou a eficiência de recuperação da celulose e da pentose e reduziu a geração de inibidores no caldo hidrolisado. Os estudos também geraram melhorias significativas nos coquetéis de enzima, reduzindo seu custo, e também o aumento de eficiência de conversão da celulose em glicose. Na área de fermentação, o CTC continua suas pesquisas com cepas de leveduras na busca de microrganismos que consigam fermentar o C6 (celulose) e o C5 (pentose).

Embrapa: apoio governamental O Etanol 2G também já está nos laboratórios da Embrapa, uma das

Foto: Cortesia Clariant

O etanol já está na segunda geração

mais respeitadas instituições de pesquisa do Brasil, que vem trabalhando na busca pela melhor forma de produzir o biocombustível. De acordo com Cristina Machado, da Embrapa Agroenergia, a maior parte dos projetos da instituição está relacionada com a produção de insumos (biomassa, microrganismos e enzimas). Porém, também há projetos em andamento relacionados ao desenvolvimento de processos, desde pré-tratamento, hidrólise enzimática, fermentação de pentoses e hexoses, além do aproveitamento dos resíduos. “A Embrapa pretende contribuir para o desenvolvimento de processo sustentável na produção de etanol celulósico no Brasil, seja gerando biomassas mais adequadas, microrganismos mais robustos, extratos enzimáticos eficientes e alternativas para uso dos resíduos gerados nos processos”, afirmou Cristina. Vale destacar que a Embrapa tem investido bastante no conceito de biorrefinaria. Ou seja, a ideia não é apenas produzir etanol celulósico, e sim determinar diferentes usos

para a biomassa, como a produção de insumos químicos, dando, dessa forma, opções a essa nova indústria que está se formando. Na opinião de Alfred Szwarc, da Unica, a tecnologia do etanol celulósico está em linha com o conceito de biorrefinarias, que vê a produção de bioprodutos sendo feita de forma eficiente, em sinergia e com a mínima produção de rejeitos, reforçando ainda mais a sustentabilidade da indústria de biocombustíveis. Com os investimentos em tecnologia e inovação crescendo e o etanol de segunda geração cada vez mais viável, o Brasil tem tudo para liderar essa corrida tecnológica dos biocombustíveis. Para o professor Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Brasil, Estados Unidos e Europa serão as regiões importantes do etanol celulósico, principalmente no desenvolvimento das tecnologias. “Seja qual for a escala no futuro, Brasil e EUA deverão dominar a produção de etanol 2G”, avalia. “Se o etanol 2G de fato se consolidar no Brasil, o país terá dado um passo importante na transformação de ciência básica em tecnologia”, conclui Buckeridge. TN Petróleo 92

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biocombustíveis

Universidades ‘mergulham’ no etanol Trabalhando desde o início das pesquisas sobre etanol de segunda geração no Brasil, os laboratórios da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de São Paulo (USP) vêm se destacando no desenvolvimento de tecnologias para a futura produção do etanol 2G.

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Foto: Cortesia CTC

Foto: Cortesia USP

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m dos primeiros a realizar pesquisas, em 2007, foi o Laboratório de Tecnologia Enzimática (Enzitec), do Instituto de Química da UFRJ, que conseguiu produzir uma mistura enzimática tão eficiente para fazer a hidrólise quanto as enzimas comercializadas pelas principais empresas do mercado mundial. Pegando carona nessas pesquisas, foi inaugurado recentemente o Laboratório Bioetanol, no campus da UFRJ, que está iniciando testes em escala semipiloto de tecnologias brasileiras para todas as etapas de produção do bioetanol. Fruto de uma parceria entre a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) e o Instituto de Química, o laboratório vai fazer a produção das enzimas e as demais etapas de produção do etanol 2G. Um dos pontos-chave do processo é a produção das enzimas nas próprias usinas evitando o transporte por longas distâncias e permitindo a análise do ciclo de vida do novo processo. Outra contribuição da Coppe é a tecnologia de membranas da empresa PAM-Membranas Seletivas, que será empregada em diferentes etapas de separação e concentração dos biomateriais envolvidos no processo. Parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (INCT do Bioetanol), da USP, o Instituto de Biociências (IB) vem realizando diversas pesquisas com foco no ‘funcionamento’ da cana e da compreensão dos processos de hidrólise. Dentre as descobertas do IB estão diversas novas enzimas de micro-organismos e também da própria cana, que estão agora sendo estudadas para melhorar o processo de hidrólise, e

reduzir o custo do processo da segunda geração. De acordo com Marcos Buckeridge, professor e coordenador INCT do Bioetanol, até o momento já foram investidos no instituto R$ 12 milhões. “O objetivo principal almejado pelo INCT do Bioetanol é o de produzir informações básicas que impulsionem projetos aplicados e levem à produção das inovações tecnológicas necessárias para a indústria nascente do etanol 2G”, lembra o professor Marcos. Segundo ele, enquanto a pesquisa aplicada enfoca os problemas de curto prazo, o INCT do Bioetanol investiga problemas que, se resolvidos, torna-

rão viáveis as inovações no médio e longo prazo O INCT do Bioetanol desvendou também a estrutura química das paredes celulares da cana-de-açúcar, ou seja, dos polímeros a serem degradados para a produção do etanol 2G. Na planta de cana, foi descoberto grande número de genes relacionados aos processos de crescimento das plantas. Alguns destes genes já estão sendo ativados ou silenciados nas plantas de forma a tornar as variedades de cana brasileira mais bem adaptada ao uso em processos de etanol 2G. Como já dizia o velho slogan: em se plantando, tudo dá. Em qualquer geração de etanol!


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eventos Cobertura OTC Brasil 2013

OTC Brasil 2013 reforça potencial de

oportunidades no por Karolyna Gomes, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez. Fotos: Ricardo Almeida, Rudy Trindade e TN Petróleo

A segunda edição da OTC Brasil, que ganhou a parceria do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), confirma a posição do país como um grande player global de exploração e produção de petróleo e gás offshore. O evento recebeu mais de 15 mil visitantes, 400 expositores, 1.900 congressistas, 192 trabalhos técnicos, com um total de 35 países representados. O tema do evento, ‘De Norte a Sul: Um Mar de Oportunidades’, e a perspectiva de negócios de cerca de R$ 53 milhões para os próximos 12 meses, refletem a expectativa da indústria no mercado brasileiro. 62

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país

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rande responsável pelo crescimento dos negócios do setor de óleo e gás, o pré-sal e a produção em águas profundas foram dos temas centrais dos debates na OTC Brasil 2013, realizada entre os dias 29 e 32 de outubro, no Riocentro, no Rio de Janeiro (RJ). Com uma produção acumulada de 250 milhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás) desde 2008, os campos do pré-sal produzem diariamente 329 mil bpd, de acordo com o boletim de setembroda Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – cifra oito vezes maior do que a produção média do pré-sal no ano de 2010, quando foram produzidos 42 mil bpd.

“Já extraímos do pré-sal um volume maior do que toda a produção acumulada do campo de Garoupa, primeira descoberta da Petrobras na Bacia de Campos, em 1974, e que está em atividade até hoje”, destacou o gerente executivo de Exploração e Produção do pré-sal da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga. Ele comparou o volume já descoberto no pré-sal desta bacia com o de outras grandes descobertas offshore realizadas nos últimos anos no mundo. Segundo ele, o volume dos campos de Lula e Sapinhoá, mais o da Cessão Onerosa, é de quase 15,4 bilhões de barris de petróleo equivalente. Ou seja, uma vez e meia o volume recuperável do campo gigante de Kashagan, no Mar Cáspio,

e 15 vezes o volume recuperável do campo de Thunder Horse, nos EUA. Desde a descoberta, em 2006, até dezembro de 2012, já foram perfurados 37 poços exploratórios no pré-sal da Bacia de Santos, com índice de sucesso superior a 90%. Considerando toda a província do pré-sal, que se estende pelas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (região litorânea entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo), o índice de sucesso supera 80% e o número de poços até o ano passado chegou a 80. “Esses números são fantásticos”, afirmou Carlos Tadeu. Atualmente, seis plataformas produzem no pré-sal na Bacia de Campos e três na Bacia de Santos, além de duas plataformas itineranTN Petróleo 92

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eventos

o volume dos campos de Lula e Sapinhoá, mais o da Cessão Onerosa, é de quase 1 5 ,4 bilh ões de barris de petróleo equivalente. Ou seja, uma vez e meia o volume recuperável do campo gigante de Kashagan, no Mar Cáspio, e 15 vezes o volume recuperável do campo de Thunder Horse, nos EUA. Carlos Tadeu Fraga, gerente executivo de Exploração e Produção do pré-sal da Petrobras. tes que são utilizadas para testes de longa duração. A primeira plataforma a produzir no pré-sal foi a P-34, no campo de Baleia Franca, Bacia de Campos, em 2008. O primeiro sistema definitivo a entrar em operação no 64

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polo pré-sal da Bacia de Santos foi o Piloto de Lula, por meio do FPSO Cidade de Angra dos Reis, que hoje produz cerca de 100 mil barris por dia. Esse mar de oportunidades passa também por inúmeros novos desafios da indústria de óleo e gás, como o desenvolvimento constante de novas tecnologias. Foi o que disse Marcos Assayag, gerente executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e chairman do Comitê de Programação do evento, que se mostrou animado com mais uma edição da OTC Brasil. O cenário da indústria offshore é de produção mais simplificada e eficiente, com equipamentos compactos, gerenciamento integrado e mais operações no mar. “Hoje é um grande dia para a indústria brasileira de óleo e gás. Após 30 anos de exploração, temos novos e importantes desafios”, afirmou na cerimônia de abertura do evento. Já Wafik Beydoun, presidente do Comitê de Supervisão da OTC Brasil, ressaltou a importância da inserção do espaço Profissionais do Futuro, sempre presente nas edições da Rio Oil & Gas e que teve a sua primeira edição na OTC. O espaço foi palco de discussões sobre o futuro do setor, em especial nas áreas de engenharia, mas, além disso, foi um lugar para os jovens estudantes conhecerem mais as oportunidades da indústria de óleo e gás, em palestras sobre planejamento de carreira, qualificação profissional e o mercado.

Oportunidades de longo prazo O grande anúncio, logo no início dos trabalhos no Riocentro, foi que o atual presidente do IBP, João Carlos de Luca, será o chairman da próxima OTC Brasil, a ser realizada em 2015. A abertura contou ainda com a participação de Renato Berta-

ni, CEO da Barra Energia (na qual de Luca tem participação) e presidente do Conselho Mundial do Petróleo (WPC), além do presidente da Statoil Brasil, Thore Kristiansen, que destacaram as possibilidades de investimento e desafios para o setor no médio e longo prazo. Bertani destacou o trabalho da WPC na indústria e indicou que o maior objetivo do conselho é garantir a sustentabilidade como chave da produção, engajando todos os interessados nesse projeto. O executivo apresentou os números das reservas, da produção e dos recursos mundiais dos anos de 2000 e 2013. Destacou que em 2000, o mundo tinha 1 trilhão de barris em produção acumulada, 1,25 trilhão de barris em reservas, e 1 trilhão de barris em recursos. “Este ano, temos 1,4 trilhão de barris em produção acumulada, 1,65 trilhão de barris em reservas, e 1,7 trilhão de barris em recursos, sem incluir as reservas não convencionais. O mundo precisou de 150 anos para consumir um trilhão de barris, mas de apenas 13 anos para consumir outros 400 bilhões de barris”, ressaltou. Já Kristiansen deixou claro que o Brasil é um dos pontos focais da Statoil para os próximos anos, revelando inclusive que 70% dos escritórios da companhia contam com funcionários brasileiros. O campo de Peregrino, na Bacia de Campos, que a Statoil opera com 60% de participação, é a maior operação offshore da companhia fora da Noruega. A Statoil produz hoje 100 mil barris por dia no Brasil, e produz 669 mil de seu total aproximado de 2 milhões de barris fora da Noruega.


OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país Almoços reúnem grandes empresas offshore

Conteúdo Local: oportunidade para parcerias

A série de almoços-palestras foi a grande novidade dessa edição. Seguindo o modelo já utilizado anualmente pela OTC em Houston, os almoços contaram com apresentação de executivos e especialistas para discutir questões nacionais e internacionais do setor energético. A presidente da Petrobras, Graça Foster, abriu a série no primeiro dia do evento. E enfatizou que o foco da companhia nos próximos anos será no crescimento da produção tanto no pré-sal quanto no pós-sal para que a empresa alcance a meta de 4,2 milhões de barris por dia em 2020, quando o campo de Libra começará a produzir. Com um programa de R$ 147,5 bilhões que serão aplicados nos próximos cinco anos na área de Exploração e Produção, Graça afirmou que 2020 fechará um ciclo de investimentos que se iniciou com os Planos de Negócios elaborados pela companhia em 2008. Foster adiantou que os recursos a serem colocados no campo de Libra estarão nos próximos Planos de Negócios da companhia. “Nossa prioridade absoluta é a área de Exploração e Produção. Nos próximos seis anos, o ‘P’ será mais importante do que o ‘E’, disse. “A Petrobras vai dobrar de tamanho, isso é certo”, completou. Ela adiantou que o percentual exploratório da empresa é um dos melhores do mundo, com 65% de aproveitamento. Somente na área do pré-sal, de 13 poços perfurados, o sucesso tem sido de 100% de descobertas de hidrocarbonetos. E apresentou ainda o cronograma de algumas plataformas, como a P-63, já concluída, e a P-61, que ficará pronta em dezembro.

Os benefícios da produção nacional foram apresentados pelo assessor da presidência da Petrobras para Conteúdo Local, Paulo Alonso. O especialista abordou o panorama das questões tecnológicas – as que já foram superadas e as que hoje são oportunidades de negócios – no país, sobretudo as que incorporam inovação à cadeia de produção. Nesse cenário, “há enorme campo para investidores estrangeiros”, destacou Alonso. “A política de conteúdo local objetiva a geração de emprego, crescimento sustentável da economia, aumento da atratividade de investidores e crescimento da receita de impostos”, pontuou. Para as empresas de petróleo, continuou ele, os ganhos vêm da redução dos custos de operação, proximidade entre fornecedores e operadores, redução da dependência de mão de obra estrangeira, aumento da capacidade de inovação de fornecedores, além da redução dos custos de logística e disponibilidade de assistência técnica local. Pelo incremento de demandas geradas pelo pré-sal até 2020, Paulo Alonso fez um chamado aos fornecedores e projetistas estrangeiros da cadeia de petróleo e gás. “Em 2003, período inicial de implementação da atual política, a área de Exploração e Produção alcançava entre 49% a 53% de conteúdo local em sua operação. Hoje, já chegamos à faixa entre 55%

Nossa prioridade absoluta é a área de Exploração e Produção. Nos próximos seis anos, o ‘P’ será mais importante do que o ‘E’. Graça Foster, presidente da Petrobras. e 65%, em alguns casos até 73%, com tendência a crescimento dessa participação”, pontuou. Alonso frisou que a indústria multinacional deve estar atenta às oportunidades aí contidas, acrescentando que em cinco anos o país terá um parque industrial de classe mundial, capaz de não só suprir as necessidades internas, como também assumir projetos de petróleo e gás em qualquer parte do mundo. E citou como exemplo a árvore de

Cabos e produtos elétricos certificados para indústrias Offshore, Naval e Petroquímica

www.oakwellinc.com

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eventos

natal (equipamento instalado na cabeça do poço) como item que demonstra o acerto dessa orientação de atrair investimentos para o Brasil. O último certificado emitindo este equipamento alcançou 73% de fabricação nacional, informou. Sobre o processo de definição do percentual de conteúdo local da área de Libra, o executivo esclareceu que o valor foi estabelecido pelo governo com estreita colaboração da Petrobras e de instituições representativas dos fabricantes. “Estivemos reunidos em Brasília com o intuito de fornecer os elementos que o governo precisava para estabelecer o conteúdo local em Libra”, contou. “Os números apresentados pelo governo foram realmente sustentados pela Petro-

bras, outras companhias operadoras e instituições que representam a indústria no Brasil”, acrescentou. Esta política não é praticada apenas pelo Brasil – Rússia, Ucrânia, Nigéria, Moçambique, Tanzânia, México, Venezuela e Equador são alguns países que também atuam com diretrizes ditadas por políticas de conteúdo local. Paulo Alonso considera que, ao invés de representar entrave, essa orientação gera oportunidade de o capital produtivo de qualquer nacionalidade participar do processo de desenvolvimento da indústria local, seja diretamente ou por meio de parceria.

Indústria naval Já o almoço-palestra da Sete Brasil foi um dos mais requisitados no

último dia do evento. João Carlos Ferraz, presidente da companhia, detalhou todo o projeto de construção das 28 sondas de última geração que serão alugadas para a Petrobras. Ferraz informou que as sondas estão em construção em cinco estaleiros no país: Estaleiro Atlântico Sul (EAS), Brasfels, Jurong, Rio Grande e Enseada Paraguaçu. Entretanto, Ferraz informou que o EAS é o único que está com cronograma atrasado (7,8% de execução, contra 9,2% previstos). Os outros quatro estão adiantados. “Na média, a execução prevista até agora em cronograma era de

Pesquisadores cobram incentivos à criação de startups e incubadoras

O debate que abordou a distância entre as pesquisas universitárias e a aplicabilidade pela indústria reuniu representantes de renomados institutos de ensino do país. Na pauta do painel ‘Redes de tecnologia brasileira – Resultados alcançados’ foram apresentados oportunidades e desafios da produção do conhecimento com a chegada do pré-sal. Desde a publicação da Regulação n. 5 da ANP, em 2005, que estabelece as regras para aplicação de recursos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) pela indústria de óleo e gás, as empresas têm aumentado os investimentos destinados a instituições de ciência e tecnologia. Do montante total já aplicado por essas companhias, somente a Petrobras investiu cerca de US$ 2 bilhões. Porém, ainda existe uma grande distância entre academia e indústria, e a solução contempla o surgimento de empresas incubadoras, startups (com projetos ligados à pesquisa) ou spin-offs (nascidas de grupos de pesquisa). “Muitos alunos querem montar suas próprias empresas, mas não têm recursos e nem conseguem financiamento. Apenas a regulação da ANP não é 66

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suficiente. Precisamos ressaltar que existe este ‘gap’ entre as duas pontas: universidades e empresas”, afirma Cristina Maria Quintella, da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O discurso foi sustentado pelos participantes da mesa. Para o moderador do painel, o gerente de Relacionamento com a Comunidade de C&T, Eduardo Gomes, falta um elo nessa cadeia. “Hoje temos a Petrobras e as universidades. Está faltando a indústria para fechar o elo que levará o conhecimento gerado na academia para o mercado, com inovação. O que se entende é que está faltando uma flexibilização no regulamento da ANP que permita investimentos em parceria com universidades”, disse, complementando que a aproximação (indústria/academia) engloba incentivos para a carreira de pesquisador, com salários competitivos, organização, formalização e planejamento. O mesmo ponto foi defendido pelo professor Clovis Raimundo Maliska, da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para ele, é necessário que as universidades se associem a empresas de base tecnológica, e as duas juntas atendam às necessidades do cliente final. “O Brasil tem hoje grande capacidade para desenvolver conhecimento científico, mas a universidade não é apropriada para construir produtos. Por isso defendo essa parceria, que faz uma ponte entre conhecimento e geração de tecnologia. E atualmente temos todos os ingredientes – dinheiro, pesquisadores e oportunidades.” Foram apresentados vários exemplos bem-sucedidos de parcerias entre universidades e institutos de pesquisa e a Petrobras. Um deles, o LabOceano da Coppe-UFRJ, chama a atenção pela grandiosidade e inovação. Trata-se do tanque mais profundo do mundo (15 m), no qual foram feitos mais de cem ensaios para empresas do Brasil e do exterior.


OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país 8,8% e a realização é de 9,5%. A primeira sonda está programada para ser entregue em 2015. Serão nove até 2016, 15 entre 2017 e 2018 e outras cinco entre 2019 e 2020”, esclareceu. A média de afretamento da Sete Brasil para a Petrobras é de US$ 525 mil por sonda, por dia. O executivo lembrou ainda que há a 29ª sonda no portfólio da empresa sem contrato.

Segurança como ativo crucial Os novos procedimentos de perfuração nas operações offshore para uma melhor prevenção e contenção de acidentes graves foi um dos temas dos primeiros painéis que permeou as discussões da conferência. Steve Flynn, vice-presidente de saúde, segurança e meio ambiente da British Petroleum (BP), abriu o painel falando sobre segurança no processo de perfuração, capacidade de respostas e a mudança no pensamento das empresas quanto à questão da segurança. “A contenção de riscos deve estar no ‘coração’ das empresas”, enfatizou. O executivo apresentou os cinco focos de segurança da BP: desenvolvimento de liderança e cultura, capacidade organizacional, incorporação das OMS (Operating Management System) na forma de a empresa operar, gestão de riscos e o fortalecimento das checagens e balanços. Maria Lúcia de Fátima e Silva, gerente de Engenharia de Produção da Petrobras, comentou sobre a abordagem de segurança da empresa; apresentou o processo de segurança, operações integradas e os estudos que a empresa realiza na área. Ela indicou que em 20 anos, a estatal conseguiu diminuir o número de acidentes e danos em 90%. “Nosso processo de conscientização é fundamental para esse número, uma vez que abrange toda a empresa,

Da esquerda para a direita: Robin Pitblado, diretor de Gestão de Risco da Det Norske Veritas (DNV), Henrique Paula, ABS Consulting, Steve Flynn, vice-presidente de saúde, segurança e meio ambiente da British Petroleum (BP), Maria Lúcia de Fátima e Silva, gerente de Engenharia de Produção da Petrobras e Phil Murray, CEO da Petrotechnics

desde o presidente até os demais funcionários”, afirmou. Ainda no mesmo painel, Phil Murray, CEO da Petrotechnics, enfatizou que as empresas devem conhecer todos os riscos que podem envolver seus processos e que os funcionários também são responsáveis pela segurança. “As pessoas devem ter a capacidade de entender os riscos e o valor da segurança para elas e a empresa”, reforçou.

Já Robin Pitblado, diretor de Gestão de Risco da Det Norske Veritas (DNV), fez um balanço sobre o que mudou na segurança da exploração offshore após o desastre com a plataforma Piper Alpha, em 1988, que causou 167 mortes. Robin apresentou as mudanças no conhecimento de incêndios e explosões, além de diversos tipos de sistemas de gestão de riscos graves.

Estudantes otimistas Assim como na Rio Pipeline 2013, realizada em setembro, o IBP também organizou na OTC Brasil o Profissional do Futuro, uma programação específica voltada para os jovens que querem ingressar no mercado de óleo e gás. Com o apoio do CEU (Centro de Empreendedorismo Universitário), cerca de 1.300 estudantes de universidades, escolas técnicas e centros tecnológicos participaram e assistiram a uma série de palestras voltadas para a capacitação profissional e oportunidades do mercado de óleo e gás. O diretor do CEU, Alfredo Laufer, frisou a necessidade de aproveitar

eventos do gênero para acumular conhecimento técnico e também definir rumos profissionais. “O grande desafio é transformar conhecimento individual em coletivo, para aumentar a eficiência do trabalho. Há uma grande onda de incentivo ao empreendedorismo, por exemplo, mas acreditamos nele desde que venha com transpiração”, avalia Laufer.

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eventos

Os desafios offshore

são crescentes

Uma das principais características dessa edição da OTC Brasil foi a participação das principais companhias do setor que operam no país. A grande anfitriã do evento, a Petrobras, foi o centro das atenções, tanto pela sua produção no pré-sal, mas também pelo que virá nos próximos anos em termos de investimentos para tirar de mais de 7.000 m de profundidade os bilhões de barris que agora já têm o consórcio explorador, que venceu o 1º leilão do pré-sal.

E

m todos os painéis, almoços e apresentações onde havia representantes da Petrobras, o interesse foi imenso, em especial no primeiro dia, quando a presidente da Petrobras, Graça Foster, falou sobre o futuro da companhia nos próximos cinco anos. Com investimentos de peso no país, a francesa Total apresentou seus planos para a América do Sul. Segundo o presidente da Total Brasil, Denis Palluat de Besset, as oportunidades de exploração e produção são o foco da companhia, que se destacou na 11ª Rodada da ANP (realizada em maio deste ano) ao adquirir participações de 40% em cinco blocos na Bacia de Foz o Amazonas, 50% em um bloco na Bacia de Barreirinhas, 45% em um bloco na Bacia do Ceará e participações de 25% em três blocos na Bacia do Espírito Santo. Mas o grande destaque da companhia francesa, que também assumiu a operação do campo de Xerelete, no pré-sal da Bacia de Campos, é a sua participação de 20% no consórcio que arrematou o prospecto de Libra. “Estamos bastante satisfeitos de estar ao lado da Petrobras e faremos o possível para trazer nossas ideias e inovações para fazer de Libra um sucesso”, afirmou Besset, que também 68

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analisou o acesso a recursos humanos como um desafio, assim como os riscos exploratórios da região. A expansão da Total na América do Sul inclui um bloco offshore e dois onshore no Uruguai. A companhia também possui programa exploratório na Guiana Francesa, em uma área análoga a plays em Gana. “Estamos colocando um esforço grande no setor de exploração. Nosso desafio é enorme”, concluiu. A britânica British Petroleum (BP) exibiu em seu estande a réplica do seu sistema de capeamento de poços, equipamento composto por 250 peças, desenvolvido especialmente para fechamento emergencial de poços em águas profundas de até 3.000 m. O pacote também inclui ferramentas para dispersão do fluxo de óleo e remoção de detritos. A construção desse equipamento faz parte de uma série de ações que a BP tomou para fortalecer sua habilidade em prevenir e responder a eventuais incidentes dentro de cinco frentes: prevenção e segurança; contenção; poços de alívio; resposta ao vazamento; e gerenciamento de crise. Armazenado em Houston e mantido sempre em estado de prontidão para ser mobilizado, o Well Cap, como é conhecido, pode ser enviado em até dez dias por sete aviões de carga pesada para qualquer país onde a BP opera. Chegando ao local de destino, os componentes são enviados para o local do poço.

Em cada região em que atua, a BP também conta com embarcações complementares e outros equipamentos necessários para instalar e acionar o sistema de capeamento de poços. A empresa também participou do evento, por meio da Castrol Offshore, com uma apresentação sobre o recém-lançado lubrificante ecológico para o ambiente submarino.

Megaprojetos offshore Os desafios e as oportunidades dos megaprojetos offshore foram também destaques da OTC Brasil deste ano. Fernando Bortoli, da Petrobras, apresentou os projetos das plataformas P-61 e P-63 que serão utilizados no campo de Papa-terra. Além disso, ele citou as oito plataformas replicantes (P-66 a P-73) que estão sendo construídas para o pré-sal. Bortoli opina que elas representam um avanço para as próximas plataformas que serão feitas daqui para a frente, pois são fruto de aprendizado e primordiais para o ganho de tempo e eficiência nos projetos da Petrobras. Participante do consórcio de operação e construção dessas plataformas, a SBM Offshore mostrou alguns dos desafios que precisam ser superados nesses projetos. Segundo Philipe Levy, a tecnologia avançada necessária para o pré-sal, a


OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país obrigatoriedade do conteúdo local de 65% nos projetos, além do mercado de fornecedores limitado no Brasil são alguns dos problemas que as empresas precisam enfrentar. Os FPSOs estão sendo construídos em estaleiros parceiros da SBM para agilizar os processos. Para Levy, o FPSO Cidade de Ilha Bela é o projeto mais complexo já feito pela companhia, que além dele vai fazer os FPSOs Cidade de Maricá e Cidade de Saquarema. Esses dois últimos começarão a ser construídos em fevereiro do próximo ano. Serão feitos 12 a 14 módulos de produção e sua integração para cada FPSO, no estaleiro Brasa em Niterói (RJ), no prazo de 15 meses, em uma joint venture com o grupo Synergy. Ambas as plataformas irão operar na produção de petróleo no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, no bloco BM-S-11 cuja concessão é da Petrobras (65%), BG E&P Brasil (25%) e Petrogal.

Logística avançada Com uma demanda esperada para 2018 de 4,34 milhões de toneladas, em sua maior parte nas bacias de Campos e Santos, locais de exploração no pré-sal, a logística offshore se prepara para dar conta dessa alta na demanda por serviços. “O desenvolvimento da cadeia de fornecimento requer uma variedade e qualidade nos serviços”, afirmou Marcus D’Elia, gerente do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). Para ele, a diversificação da cadeia de suprimentos é um dos pontos para tornar as operações mais eficientes. Para dar conta de tamanha demanda prevista para os próximos cinco anos, a Petrobras trabalha hoje em cinco portos com 200 barcos de apoio para levar os equipamentos para as plataformas. Até 2018, o vo-

lume movimentado pela Petrobras deve aumentar em torno de 87%. De acordo com Nathália Sena, consultora técnica da estatal, dentre os desafios da logística offshore está o suporte aos novos projetos em cidades sem infraestrutura. A companhia possui um programa chamado Peolog (Programa de Excelência de Operações Logísticas) que já resultou, por exemplo, em aumento de 50% na pontualidade dos helicópteros que vão para as plataformas, além de 30% na redução do ciclo de trabalho das embarcações de apoio logístico. Uma das principais empresas do setor de óleo e gás em atuação no país, a Schlumberger tem sua própria rede de distribuição, com todo o controle sobre a operação do início, na fábrica, até o final, no cliente. Den-

tre as soluções de acompanhamento logístico utilizadas pela companhia estão o código de barras 2D, o RFID (Identificação por rádio frequência) e o GPS. “É importante sabermos que todo o processo está integrado e funcionando como o planejado”, completou Mario Faria, vice-presidente de Serviços Compartilhados na América Latina, da Schlumberger. De acordo Ana Correa, gerente de Recursos Humanos da SBM Offshore no Rio de Janeiro, atualmente o estaleiro Brasa está trabalhando nos módulos do FPSO Cidade de Ilhabela, que serão entregues no início de 2014. O navio vem da China para integração dos módulos no estaleiro. No Brasil a SBM Offshore possui cerca de 2.800 funcionários, 200 no TN Petróleo 92

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eventos

mundo inteiro hoje, e queremos que todos falem a mesma língua. A campanha global é muito mais do que promover o comprometimento, é promover o engajamento deles”, explica. O principal objetivo da campanha é unificar os funcionários. Ela busca manter um relacionamento entre todos os escritórios da empresa e integrá-los. Dentro dessa campanha, também são realizados treinamentos de segurança, planos de carreira internacional, de mobilidade de carreira dentro da empresa no Brasil, por exemplo, e uma série de outras ações de retenção de talentos. O projeto teve início em junho deste ano.

O objetivo é diminuir o tempo até o primeiro óleo e o custo total para extração de petróleo e gás em alto mar. É importante ter acesso às reservas, à tecnologia e aos mecanismos adequados de gestão para produzir de forma competitiva. José Formigli, diretor de Exploração e Produção da Petrobras escritório no Rio de Janeiro e mais 2.600 no estaleiro Brasa em Niterói. Correa comentou também que no momento a empresa está promovendo uma campanha de engajamento interno muito importante com seus funcionários. “A SBM Offshore nos últimos dois anos. Temos 8.100 funcionários no 70

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Mais recursos A necessidade de ampliação e estruturação da cadeia de fornecedores para atender a demandas como a exploração do campo de Libra é uma das principais preocupações do mercado de óleo e gás. Por isso, a abertura de linhas de exclusivas para essa cadeia foi palco de discussões na OTC. Roberto Zurli Machado, diretor de Infraestrutura e Estruturação de Projetos do BNDES, adiantou algumas das linhas de financiamento disponíveis pelo banco para o setor. Especificamente para a cadeia de fornecimento, a entidade dispõe hoje de R$ 4 bilhões, com foco em empresas de pequeno e médio porte, que têm mais dificuldade em obter crédito no mercado para crescer. “Nossa ideia é auxiliar o acesso ao crédito a essas empresas”, afirmou. A necessidade de apoiá-las é justamente para que se possa suprir a alta demanda por equipamentos e serviços que estão por vir com a exploração do petróleo no pré-sal. Os recursos são para capital de giro, expansão, modernização e construção de instalações, entre outros.

Além dessa linha, o Inova Petro, programa com recursos do BNDES e da Finep, é uma das opções para esse setor em crescimento. Com R$ 3 bilhões reservados, já foram disponibilizados R$ 350 milhões na primeira etapa e o segundo edital será lançado em breve, de acordo com Zurli. Já Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente de Atacado e Negócios Internacionais do Banco do Brasil, disse que o banco aumentou em 44,7% os recursos para o setor de óleo e gás e que somente este ano foram R$ 7 bilhões para o Fundo de Marinha Mercante, valor que deve crescer no próximo ano. O maior banco do país possui inclusive duas agências no Rio de Janeiro especializadas em atender aos clientes ligados ao setor de petróleo e gás. “Acho que os projetos no Brasil, principalmente na cadeia do óleo e gás devem ser pensados no médio e longo prazo”, afirmou Paulo.

Atlântico Sul, a grande fronteira A OTC Brasil 2013 contou com um painel especial dedicado às perspectivas de exploração e produção no Atlântico Sul. O debate apresentou os panoramas de novas fronteiras de exploração nos dois lados do Atlântico Sul, com ênfase especial na Margem Equatorial. José Formigli, diretor de Exploração e Produção da Petrobras, abriu o painel e destacou a importância do desenvolvimento de tecnologia offshore e capacidade de gerenciamento de riscos em grandes projetos, tanto de exploração quanto de produção. O objetivo, ressaltou ele, é diminuir o tempo até o primeiro óleo e o custo total para extração de petróleo e gás em alto mar. “É importante ter acesso às reservas, à tecnologia e aos mecanismos adequados de gestão para produzir de forma competitiva”, afirmou.


OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país Na ocasião, Formigli fez uma análise histórica da formação geológica do pré-sal na costa brasileira, explicando que a partir da experiência no pré-sal da Bacia de Santos e da semelhança geológica com a costa oeste da África, a Petrobras estuda, no outro lado do Atlântico, o potencial de áreas em Angola, Nigéria, Gabão, Namíbia e Benin. A estatal já produz 30 mil barris de petróleo por dia na Nigéria e em Angola, e os resultados do trabalho na costa africana também trazem aprendizado para a interpretação geológica da margem equatorial brasileira. O executivo ressaltou que, na área de exploração, os projetos no pós-sal têm grande importância e que a companhia “está muito otimista” com as perspectivas no Nordeste do país. A área chamada de ‘Sergipe Águas Profundas’ receberá o primeiro sistema de produção em 2018, com capacidade diária de produzir 100 mil barris de petróleo. “Temos

confiança de que outras oportunidades serão identificadas pelos profissionais da Exploração na Margem Equatorial”, finalizou. Malcolm Brown, vice-presidente executivo da BG, tratou do bem-sucedido desenvolvimento dos blocos BM-S-11 e BMS-9 da Bacia de Santos, onde a empresa detém 25% e 30% de participação, respectivamente; e comentou sobre a Bacia de Barreirinhas, onde a companhia arrematou dez blocos na 11ª Rodada de Licitações. A BG está revendo propostas para aquisição sísmica na região onde pretende começar em

2015. A fase de E&P, segundo ele, está agendada para 2016/2017. Já Eunice Carvalho, presidente da Chevron Brasil, apresentou o cenário da demanda mundial de energia – que irá aumentar 35% até 2035 – e falou da presença da petroleira no Brasil e na região destacando a liderança tecnológica da Chevron em áreas como sísmica, perfuração, desenvolvimento em água e recuperação de óleo pesado. Rocky Becker, vice-presidente para as Américas da ExxonMobil, e Oliver de Langavant, vice-presidente sênior de estratégica da Total, também participaram do painel e destacaram a necessidade de desenvolvimento tecnológico constante na exploração em águas profundas.

Rodada tem expectativa de negócios de R$ 53 milhões A Rodada de Negócios promovida pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), em parceria com o Sebrae-RJ,durante o evento reuniu 93 fornecedores inscritos e 17 empresas âncora e gerou uma expectativa de negócios de R$ 53 milhões para os próximos 12 meses. Durante dois dias foram realizadas 311 reuniões, com o objetivo de fomentar negócios e oferecer às grandes empresas a possibilidade de identificação de alternativas competitivas de fornecimento de bens e serviços no mercado doméstico. “As expectativas de negócios foram bastante pulverizadas e envolveram um número maior de micro e pequenas empresas, o que atende a um dos objetivos das rodadas, que é a promoção de negócios ao longo de toda a cadeia

de fornecimento”, disse o superintendente da Onip, Bruno Musso. Outro evento organizado pela Onip na OTC Brasil foi a Rodada Internacional, em cooperação com a Ubifrance e o Consulado Americano. Participaram oito empresas estrangeiras que se reuniram com possíveis parceiros nacionais, com o intuito de formar joint-ventures e/ou promover transferência tecnológica. A

rodada ocorreu dentro da feira, no dia 29, e foi considerada uma grande oportunidade pelos participantes. As 17 empresas âncora participantes foram: Baker Hughes, Delp, Estaleiro Eisa, Forship, G-Comex, GE Oil & Gas, MRM, Onesubsea do Brasil, Oceaneering Brasil, Petrobras UOBC, Petrobras Distribuidora, Saipem, Shell, Iesa Oleo e Gas, Technip, Transpetro e UTC. TN Petróleo 92

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eventos

Palco tecnológico As mais recentes tecnologias da indústria nacional e internacional no que se refere a equipamentos e serviços de sistemas de perfuração e poços offshore, estruturas flutuantes e produção submarina avançada estiveram presentes na feira, que contou com 400 empresas expositoras. A OTC Brasil é a vitrine ideal para lançamento de produtos e apresentação de cases de sucesso das companhias, como fizeram algumas empresas participantes desta segunda edição.

A

GE Oil & Gas anunciou na OTC Brasil 2013, o início das atividades de packaging e testes em Recife (PE) para seus equipamentos de turbomáquinas. Foram investidos US$ 20 milhões que se somam ao pacote de US$ 262 milhões da empresa no Brasil. A expectativa é gerar cerca de cem empregos diretos (entre contratados da GE e terceirizados) na região. João Geraldo Ferreira, presidente e CEO da GE Oil & Gas para a América Latina, considera que as atividades serão realizadas em uma instalação de 55.000 m² e serão dedicadas inicialmente a atender os quatro FPSOs da Petrobras na cessão onerosa do pré-sal da Bacia de Santos (P-74, P-75, 76-P e P-77). O contrato da GE com a Petrobras para fornecimento de equipamentos de turbomáquinas é no valor de US$ 500 milhões. Os equipamentos compreendem geradores de turbinas a gás, compressores de turbina a gás e motocompressores. “Outros locais foram considerados. Inicialmente iríamos realizar essas atividades no Complexo do Açu, pois Recife era nosso ‘plano B’. Definimos a cidade pernambucana por uma questão de tempo para atender o cliente, disponibilidade de terreno, cálculo de custos logísticos etc.”, afirmou o executivo. Com a nova operação, a empresa aumenta a parcela de produção lo72

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cal nos equipamentos utilizados em projetos onshore e offshore no país. O contrato também utiliza soluções de outros negócios da companhia, incluindo GE Power & Water e GE Power Conversion, que fornece motores, geradores e sistemas de controle de potência, também fabricados no Brasil.

Nova fábrica A Lord Corporation, referência global em adesivos estruturais, coatings e sistemas para controle de vibração e ruído, destacou na feira cinco áreas: juntas flexíveis, sistemas de sensoriamento, controle de vibração e movimento, dispositivos de balanceamento ativo e tecnologias químicas (adesivos e revestimentos). A companhia americana informou que o próximo ano será extremamente importante para a empresa. Com investimento de mais de US$ 20 milhões, a Lord vai iniciar a construção de nova fábrica em Itupeva

(São Paulo) e triplicar sua capacidade atual de 600 toneladas/mês. A empresa já opera uma fábrica em Jundiaí. Segundo Julio Perez, presidente da Lord para a América Latina, futuramente a fábrica em Itupeva, que ficará totalmente operacional em 2016, terá espaço e condições para a fabricação e montagem de soluções mecânicas voltadas para os segmentos aeroespacial, óleo e gás e energia, conforme com a estratégia regional para cada mercado. De acordo com Eric V. Ravinowich, presidente de Óleo e Gás e Equipamentos Industriais da Lord, a experiên-


OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país cia da empresa no setor aeroespacial contribui bastante para o setor de óleo e gás devido à semelhança da complexidade dos projetos em ambientes críticos. “Fornecemos para o setor de óleo e gás desde os anos 1970, mas temos grande expectativa com relação à demanda pelas nossas juntas flexíveis nos próximos anos, com o aumento da exploração de petróleo em águas profundas. As juntas flexíveis são extremamente importantes para a segurança das plataformas de petróleo, pois previnem rompimentos durante a exploração e produção, especialmente em ambientes com pressões e temperaturas muito altas”, explica. Os executivos informaram ainda que, em 2014, a Lord vai inaugurar escritórios na Colômbia e Costa Rica – a empresa está presente no México desde o final da década de 1980. Há 40 anos no Brasil, a companhia possui cerca de cem funcionários no país e escritórios em Curitiba, Porto Alegre, Caxias do Sul, São José dos

Campos e Rio de Janeiro. Situada em Cary (EUA), a Lord Corporation registrou em 2012 suas vendas globais em US$ 880 milhões.

Expertise consolidada Responsável pela engenharia e detalhamento de quatro dos seis FPSOs (Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Descarga) replicantes, contratados no país pela Petrobras e parceiros, a Chemtech levou para a OTC Brasil sua experiência aplicada em projetos que estão estruturando o aumento da produção do pré-sal brasileiro. De olho nas oportunidades que virão com a demanda por mais plataformas offshore, o diretor presidente da companhia, Gildeon Filho, confirma que as apostas da empresa estão direcionadas para o setor upstream. A empresa é responsável

pela engenharia e detalhamento dos FPSOs do campo de Lula: P-67 e P-70 (para o consórcio formado por Mendes Jr. e OSX); P-68 e P-71 (para o consórcio formado por Jurong Shipyard). “Também somos os responsáveis pelo detalhamento de dois módulos de geração e um módulo de desidratação de gás (para o consórcio DM Construtora-TKK Engenharia). Eles serão instalados nos quatro FPSOs e em mais duas unidades que estão sendo integradas pela Keppel Fiels”, destaca o executivo. Gildeon acrescenta que expectativa de crescimento do mercado engloba outras operadoras que já atuam no Brasil, ou até mesmo afretadoras. “A engenharia é um dos primeiros segmentos da cadeia a ser acionado. Estamos atentos ao desenvolvimento de novas tecnologias, além de acompanhar as demandas, também geradas pelos recentes leilões da ANP. Nosso esforço é para sermos a melhor opção para as companhias quando elas partirem para os investimentos”,

Missões internacionais Fomentar parcerias com as empresas brasileiras e ampliar o leque de oportunidades de negócios no país são o principal objetivo da participação estrangeira, cada vez maior, na OTC Brasil. Nesta edição, 35 países foram representados entre congressistas e feira, dentre eles Estados Unidos, Canadá, China, França, Holanda, Itália, Reino Unido, Alemanha e Noruega. Este ano, pela primeira vez, o Energy Industries Council (EIC/Conselho Britânico de Energia) organizou o pavilhão levou oito empresas de tecnologia de petróleo, gás e renováveis do Reino Unido para a feira. Já o Canadá contou apenas duas companhias no evento. De acordo com a agência pública francesa para o desenvolvimento internacional das empresas (Ubifrance), 27 empresas francesas, especializadas em segurança offshore participaram da feira. Foram fornecedores de equipamentos e de serviços de engenharia

em busca de parcerias comerciais e industriais no Brasil. Participaram do evento 16 empresas holandesas, representadas pela associação de fornecedores da indústria de petróleo e gás (IRO/The Association of Dutch Suppliers in the Oil and Gas), e pela associação holandesa de equipamentos marítimos (HME/Holland Marine Equipment Association).

A OTC Brasil 2013 também reuniu cerca de 25 empresas americanas, de sete estados dos EUA: Califórnia, Kansas, New Jersey, Nova York, Ohio, Oklahoma e Texas, que apresentaram tecnologias de última geração nas áreas de perfuração, exploração, produção e proteção ambiental do setor. A inauguração do pavilhão norte-americano contou com a presença de John Creamer, cônsul-geral dos EUA no Rio de Janeiro. TN Petróleo 92

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eventos de um sistema diferenciado, controlado à distância e com elevado nível de automatização, fato que o torna extremamente avançado perante os modelos utilizados até hoje”, informa a companhia. No mercado de petróleo e gás, uma das aplicações da tecnolo gia Parker é a dessalinização da água do mar, transformando-a em potável e própria para consumo humano. A água passa pelo sistema de osmose reversa com o objetivo de remover os sais e impurezas orgânicas e inorgânicas.

Controle offshore

diz, completando que a empresa se empenha em atuar com P&D para maximizar a eficiência de projetos.

Dessalinizador de água A Parker Hannifin, que desenvolve soluções para diversas áreas da engenharia, apresentou seu novo Skid de Produção de Água, equipamento que dessaliniza a água do mar, tornando-a própria tanto para processos industriais quanto para consumo humano. O equipamento apresenta tecnologias das marcas Sea Recovery e Village Marine, ambas pertencentes à Parker. O Skid pode atender a diferentes segmentos industriais, como o naval, o de petróleo e gás e o de indústrias químicas em geral, além dos mercados alimentício e de cogeração de energia, entre outros. 74

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De acordo com a Parker, o equipamento é o mais avançado sistema de filtração por osmose reversa já construído, e tem capacidade para produzir de 12 a 70 mil litros de água pura por dia, atendendo inclusive às exigências para o uso farmacêutico. Uma das vantagens do novo equipamento é sua característica modular, que o torna bem mais compacto que os convencionais. A solução Parker também proporciona tecnologia flexível de produção, ou seja, é possível aumentar ou diminuir a produção de água conforme a necessidade de aplicação. O equipamento é montado em um suporte protegido contra oxidação, testado em fábrica e requer menos paradas para manutenção do que os sistemas convencionais de purificação, proporcionando maior disponibilidade do equipamento. “Trata-se

Com mais de 50 anos de experiência, a Bosch Rexroth levou para esta edição da feira suas soluções de acionamento e controle para as mais diversas atividades do setor, como as operações de perfuração, descomissionamento e mineração subsea. As soluções variam de produtos padronizados, como motores e cilindros hidráulicos de grande porte, a sistemas completos como jack up e de compensação de ondas. Uma das soluções em destaque foi o MAHCS (Sistema Modular de Compensação Ativa do Movimento), que usa unidades sensoras e atuadoras para reduzir a movimentação indesejada das cargas em até 90%. Além de economizar energia, o sistema aumenta a produtividade e contribui para a segurança das operações. Em 2012, a empresa investiu mundialmente cerca de 374 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento. No Brasil, a Bosch Rexroth Ltda. possui uma sede em Atibaia/ SP, uma unidade fabril em Pomerode/SC, nove regionais de vendas próximas aos mais importantes mercados brasileiros e Distribuidores Autorizados situados nas principais cidades do país.

Rede elétrica subsea Atenta ao desenvolvimento tecnológico demandado pela produção de hidrocarbonetos em águas profundas, a Siemens apresentou seu sistema de eletrificação submarino que permite


OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país produção e processamento de óleo e gás a partir de módulos instalados a até 3.000 m de profundidade. A tecnologia, conhecida como Subsea Powergrid, tem entre suas características principais o aumento da capacidade de produção de um reservatório no leito do mar e a exploração de reservatórios de pequeno porte que, de outro modo, não seriam economicamente viáveis. “A Siemens decidiu desenvolver esse sistema de eletrificação com a intenção de possibilitar a instalação de sistemas de processamento no fundo do mar. Isso viabilizará o desenvolvimento de campos que não comportam uma plataforma, além de melhorar a recuperação de óleo no reservatório”, disse o diretor da divisão de Óleo e Gás da Siemens Brasil, Welter Benício. O executivo acrescentou que a companhia fez aquisições pontuais para incrementar a competência elétrica da tecnologia, e passou a ter os escopos mais críticos de um sistema de distribuição de energia. Welter Benício aponta que a tecnologia, que está sendo desenvolvida na Noruega, será testada em águas rasas antes de ter os sistemas completos funcionando em águas profundas. Outro destaque da Siemens na feira foi o Caminhão da Eficiência Energética, uma completa estrutura de soluções e tecnologias da companhia voltadas para a redução do consumo da energia elétrica em grandes indústrias. Os visitantes puderam conhecer a carreta itinerante de 30 m2 de área interna, onde são demonstradas tecnologias da companhia destinadas à eficiência energética aplicáveis em setores relevantes da economia nacional, como automotivo, alimentos e bebidas, químico, papel e celulose, metalurgia, mineração e petróleo e gás.

Lançada em 2012 no Rio de Janeiro, a carreta já percorreu mais de 20.000 km e visitou 37 cidades pelo Brasil.

Químicos de alta performance Na ocasião, a Evonik, uma das líderes mundiais em especialidades químicas, apresentou seus polímeros de alta performance, como a poliamida 12, que atende às condições críticas da exploração offshore e se mostra como uma solução cada vez mais procurada por este mercado. “Oferecemos polímeros de alta performance para a indústria de petróleo e gás e temos dedicado esforços, tempo e recursos no desenvolvimento de soluções que atendem as demandas técnicas deste mercado, aliando vantagens técnicas, competitivas e ambientais”, destaca Vitor Lavini, chefe de produto – polímeros de alta performance América do Sul, da Evonik. Segundo a Evonik, a poliamida 12 (PA12) Vestamid®, é indicada para aplicação em tubos flexíveis, na camada de barreira e na camada externa; em mangueiras multicamadas (MLT/Multi Layer Tubing) para umbilicais; em tubos de grande

diâmetro, para a distribuição de gás; e como liner em tubos metálicos. Um dos destaques da empresa na feira também foi o Vestamid NRG 1001, uma PA12 plastificada muito empregada na produção de risers e flow lines (dutos flexíveis) offshore. Esta grade de Vestamid NRG pode ser utilizada na camada de barreira, camada externa e para a produção das fitas antiatrito (anti wear tapes) que ficam entre as camadas metálicas. De acordo com a companhia, hoje já existem mais de 1.000 km de dutos flexíveis produzidos e instalados em todo o mundo com o Vestamid NRG 1001. Trata-se de uma poliamida de alta confiabilidade, que estende a vida útil das tubulações, por possuir uma elevada resistência à hidrólise, alta resistência mecânica e química. O Vestamid NRG atende e excede as normas relevantes da indústria de óleo e gás e é a primeira poliamida 12 a conseguir o Certificado Lloyds para aplicações em dutos flexíveis offshore.

Do reservatório ao posto Já a Clariant mostrou o resultado dos seus últimos investimentos em

Firjan foca na qualificação de novos profissionais Com investimentos em andamento no valor de R$ 100 milhões, fruto de uma parceria com a Petrobras, o Sistema Firjan está se preparando para deixar os profissionais do mercado aptos aos desafios e às demandas do setor offshore para os próximos dez anos. O órgão está ampliando em 4.000 m2 seu Centro de Treinamento, em Benfica (RJ), que terá mais 17 simuladores para treinamento. Além disso, o Centro de Tecnologia Senai/ Solda vai ganhar um novo laboratório de solda a laser, em uma parceria tecnológica com o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). O novo laboratório já vai estar disponível para o aperfeiçoamento dos profissionais em dezembro. “Nós vamos ter um laboratório de solda a laser com equipamentos

importados e que não existem no Brasil. Além disso, vamos investir também em trein a m e n t o ” , a f i rm o u Al ex a n d re dos Reis, diretor de Relações com o Mercado da Firjan. O Centro Avançado de Treinamento Operacional, em Benfica, será o maior da América Latina. A unidade terá ambientes com realidade aumentada, realidade virtual 3D e 4D e simuladores virtuais e físicos que ajudarão os projetos offshore com o uso de tecnologias para a manutenção assistida e operação à distância, por exemplo. TN Petróleo 92

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eventos novas tecnologias para o incremento da produção de petróleo no Brasil e no mundo. Carlos Tooge, vice-presidente da Clariant Oil & Mining Services para a América Latina, observou que agregar tecnologia e inovação ao portfólio da empresa é uma das estratégias da empresa. Recentemente, a Clariant inaugurou uma nova sede da divisão de Oil & Mining Services (OMS), no Texas, com um parque tecnológico dedicado aos segmentos Oil Ser-

vices, Refinery Services e Mining Solutions. A Clariant também entrou como sócia de uma companhia de simulação de reservatórios, localizada nos Estados Unidos. “Estamos incorporando continuamente conhecimento e tecnologia, de forma a desenvolver produtos cada vez mais inovadores para atender as diferentes demandas do setor de óleo e gás. Com a nova parceria, na empresa de simulação, fomos mais fun-

FMC acumula mais de 420 árvores de natal molhadas A norte-americana FMC Technologies, que produz equipamentos para a exploração e produção de petróleo e gás, comemorou na OTC Brasil as 400 árvores de natal fabricadas no país. O novo recorde contabilizou 420 árvores de natal molhadas e 40 manifolds entregues, números que entram para a história da empresa e do setor de óleo e gás do Brasil. A empresa se preparou para atender ao aumento da demanda com o pré-sal para a Petrobras e as operadoras privadas, aumentou sua capacidade de fabricação e investiu R$ 200 milhões nos últimos dois anos, inclusive para a expansão das áreas industriais: engenharia, fabricação, montagem, testes e bases de serviços. Ao mesmo tempo, investiu em desenvolvimento de tecnologia, pesquisa, criação de laboratórios, com a construção do mais moderno Centro de Tecnologia da FMC Technologies no mundo. Atualmente, todo o design, engenharia 76

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de desenvolvimento e testes de integração são desenvolvidos no Centro Tecnológico, no Parque Tecnológico do Rio de Janeiro. Durante o evento, a empresa levou para o seu estande um modelo em tamanho real da árvore de natal que está sendo construída e deve ser entregue em 2014 para ser utilizada no pré-sal. José Mauro Ferreira, diretor de Vendas e M a r ke t i n g d a e m p re s a , d i s s e que a expectativa é de que as encomendas de equipamentos e serviços comecem a ser feitas em 2016. A FMC Technologies também exibiu um mural interativo, com um telão touch screen no qual os visitantes puderam explorar como funcionam os equipamentos produzidos pela empresa.

do ainda na busca de soluções para a área de exploração e produção de petróleo e gás, de forma que vamos po der a t end er esta indústria do reservatório ao posto”, disse Carlos Tooge. De acordo com ele, o novo parque tecnológico de OMS dá suporte a todos os outros centros da Clariant no mundo, incluindo o de petróleo e gás no Rio de Janeiro, para antecipar soluções para a indústria mundial de petróleo. “A Clariant vê no mercado brasileiro um enorme potencial de demanda, principalmente para apoiar o incremento da produção. O setor vive hoje um período desafiador em termos tecnológicos e a Clariant está se preparando para isso”, afirmou. Na OTC Brasil, a Clariant destacou tecnologias desenvolvidas para o mercado de óleo e gás, em que o foco é o desenvolvimento de soluções para a produção de petróleo em temperaturas extremas, condições severas, águas profundas e ultraprofundas, e também pra óleos pesados e para ajudar as oil companies na revitalização de campos maduros. A empresa está desenvolvendo químicos para melhorar a lubrificação na perfuração, aumentando a produtividade e gerando redução de custo para as operadoras. “Temos exemplos de casos que passaram a produzir o dobro depois de usar os nossos produtos. Queremos oferecer soluções que deem o melhor custo-benefício para nossos clientes”, lembrou Carlos. Dentre as soluções de destaque no portfólio da Clariant estão a linha Liberate e de Water Injection Systems, que consiste em reter a água no duto deixando somente o óleo sair, aumentando, assim a produção de petróleo.

Certificações API A American Petroleum Institute (API) trouxe para a OTC Brasil os certificados para serem entregues a


OTC Brasil 2013 reforça potencial de oportunidades no país algumas empresas brasileiras do setor. A carioca Brastech, por exemplo, recebeu uma certificação pioneira no país: é a primeira prestadora de serviços do Brasil, especializada nos serviços de inspeção e reparo de risers de perfuração, flutuadores e juntas telescópicas, certificada pela API Spec Q1, ISO/TS 29001 e NBR ISO 9001. “Com o API, chegamos ao topo da excelência internacional para o setor de óleo e gás. Foi uma grande conquista para a nossa empresa e é um grande diferencial para o mercado. Com isso estamos empenhados em agregar mais qualidade aos nossos processos e propiciar ainda mais satisfação aos nossos clientes”, afirmou Roberto Chedid, diretor executivo da Brastech. De acordo com Chedid, o processo de mudanças para se enquadrar nas exigências das normas e práticas da API começou em setembro de 2012. Ao longo desse período a empresa aperfeiçoou seus processos. A partir de agora, com a certificação a companhia está pronta para atender o setor com as práticas exigidas pelo mercado internacional. “Com o início das explorações do pré-sal, a demanda por serviços de inspeção e reparo de risers, flutuadores e juntas telescópicas vai aumentar muito”, complementou o executivo. A Brastech atua no setor de petróleo e gás há 42 anos. Possui matriz no Rio de Janeiro e Unidade de Serviços na Zona Especial de Negócios (ZEN), em Rio das Ostras. Já o American Petroleum Institute (API) é líder no desenvolvimento de padrões de equipamentos e operacional para a indústria de petróleo e gás natural. São mais de 600 normas e práticas recomendadas para cada API, elaborada pelos principais especialistas do setor no mundo. Outra importante conquista foi obtida pela Lafarge, fabricante de materiais de construção, para fabricação de cimento para poços de petróleo. O documento recebido na feira atesta o alto padrão de qualidade da unidade para produzir cimento API Classe G (HSR/ Alta resistência a sulfatos) para a indústria brasilei-

Da esquerda para direita: Hugo Fazio, coordenador da conta de poços de petróleo da Larfage; Alexis Langlois, presidente da Lafarge; Roberto Chedid, diretor executivo da Brastech; Chip Evans, gerente de serviços globais da API; Roberto Chedid Filho, diretor de operações da Brastech; Leila Morais, gestora de qualidade da Brastech e Kellyn Jezierski, representante de marketing e vendas da API.

ra de petróleo e gás. O processo de certificação API na fábrica brasileira foi iniciado há um ano. “Esta certificação é um reconhecimento do alto grau de qualidade na fabricação de cimento em nossa unidade fluminense, que está apta para fornecer um produto específico para poços de petróleo. Com isso teremos a possibilidade de participar de projetos importantes, como o pré-sal, no quela os equipamentos e materiais são exigidos ao máximo de sua performance”, comentou Alexis Langlois, presidente da Lafarge Brasil. Segundo o executivo, a empresa investiu fortemente na linha de produção de sua fábrica de Cantagalo para industrializar o cimento Classe G de acordo com a Norma API 10A. A auditoria nas instalações da unidade foi chefiada pelo API e realizada no último mês de agosto. Fundada em 1981, a Lafarge possui uma fábrica em Cantagalo (RJ), que hoje produz cerca de 1 milhão de toneladas de cimento por ano das marcas Mauá – líder de vendas no estado do Rio de Janeiro – Campeão e Maxx Concreto.

Engenharia marca posição A Radix, empresa de engenharia e software, levou para a OTC Brasil deste ano os novos conceitos de Consultoria e Engenharia VIP. A equipe comercial apresentou ainda as soluções e serviços da empresa nas áreas de engenharia, controle e automação, TI industrial, desen-

volvimento de software e tecnologia para a indústria offshore. “O mercado está reconhecendo a importância da Engenharia VIP. Com estudos mais sofisticados, que permitem cálculos, simulações e avaliações complexas, é possível alcançar, por exemplo, produção mais eficiente com menor investimento. Em geral, quando se fala em engenharia, logo vem à mente projetos executivos. Com a engenharia VIP, é possível ir além desses projetos. Podemos otimizar e qualificar projetos, contribuindo para a tomada de decisões estratégicas das empresas”, analisa Luiz Eduardo Rubião, CEO da Radix. Mantendo a tradição de fomentar a relação com estudantes, a Radix realizou mais uma edição de sua competição para estudantes. Estes, vindos de diversas universidades parceiras da empresa, participaram de um quiz reunindo duplas de graduandos em engenharia para responder perguntas ligadas a temas como sustentabilidade, energias alternativas e offshore. A atividade foi dividida em duas eliminatórias e uma final, que foi realizada no estande da empresa. A dupla vencedora, Bernard Figueiredo e Vivian Freire, ganharam uma vaga de estágio na Radix. Os estudantes de TN Petróleo 92

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engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) do terceiro e segundo períodos, respectivamente, sagraram-se campeões do Quix Radix 2013. O segundo lugar ficou com Matheus Pereira e João Luis do Nascimento do Instituto Militar de Engenharia (IME).

Produção com precisão A Honeywell Process Solutions apresentou no seu estande a terceira versão do seu provador de vazão, que funciona como um calibrador das turbinas que fazem a medição fiscal do volume extraído de petróleo, e é utilizada por quase um terço dos FPSOs instalados no Brasil, ou seja, dos 33 FPSO instalados no Brasil, dez possuem o equipamento da Honeywell. “As características do petróleo extraído variam constantemente e a medição precisa é muito importante”, disse Willian Louzavio, executivo da divisão Engineered Field Solutions da Honeywell. “O provador de vazão faz a calibração constante do equipamento e garante uma medição mais precisa do que com outros equipamentos”, afirma. Lançado ao mesmo tempo dentro e fora do Brasil, o sistema utiliza um conjunto com medidores e computadores de vazão que verificam e fornecem um perfil de vazão para 78

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os medidores, possibilitando a personalização do sistema de medição de acordo com as características do fluido a ser medido em relação às mudanças de condições em alto-mar. Para garantir ao mercado a confiabilidade do produto, a solução da Honeywell é certificada pela resolução da ANP/Inmetro, que estabelece os requisitos das medições que serão efetuadas e depois auditadas pelo equipamento da companhia. A Expro, especializada em gerenciamento de poços de óleo e gás, onshore e offshore, comemorou seus 40 anos na OTC Brasil 2013. Atenta às demandas de prospecção e exploração no pré-sal, a Expro está investindo R$ 12 milhões na construção de uma nova base em Macaé, que ficará pronta em março. Recentemente, ampliou suas operações na Bahia, onde brevemente abrirá uma nova base de operações em Catu. Um dos equipamentos demonstrados durante o evento foi o CaTS, um sistema de telemetria sem cabo. A Expro acabou de fechar um contrato de quatro anos com uma petroleira, no valor de R$ 15 milhões, para implantar essa tecnologia em sete poços de prospecção de óleo e gás, a maioria na Bacia de Santos. O sistema monitora reservatórios, aumenta a segurança dos dados e otimiza o plano de desenvolvimento do campo. “A Expro estará presente na OTC, onde poderemos demonstrar as novas tecnologias que estamos trazendo para o Brasil. O ano de 2013 tem sido incrível para a empresa: comemoramos 40 anos, fechamos grandes

contratos e aumentamos em 21% o número de funcionários no país para atender à crescente demanda de nossas operações. A meta é duplicar o negócio na América Latina nos próximos três anos. Na Venezuela, acabamos de fechar um contrato de planta de produção, no valor de US$ 96 milhões”, explica Jean Moritz, diretor da empresa para a América Latina. Também estiveram em exposição a câmera HawkEye V, com tecnologia de ponta, e o ExACT, uma ferramenta multifuncional de fechamento de fundo e circulação para operações de drill stem testing (DST) ou tubing conveyed perforating (TCP). Além de outras tecnologias que foram demonstradas, como equipamentos de Well Testing, Chokes, Subsea e o medidor Clamp-On Sonar, da Expro Meters. Uma maquete no estande da companhia reforçou ainda a posição da Expro como maior fornecedora de Slickline do Brasil.

Segurança offshore Atuando há mais de cem anos no Brasil, a Lloyd’s Register está expandindo suas atividades no Brasil na área de energia, mais especificamente na área de drilling. Além disso, a companhia vem ampliando seus negócios fazendo fortes investimentos. Em setembro deste ano, a Lloyd’s adquiriu 75% da Senergy, uma empresa britânica, mas que atua de forma global no mercado. “Uma das chaves para o futuro do setor offshore está na segurança das operações, e essa é uma área onde nós atuamos com excelência. Queremos atestar que nossos clientes tenham as operações mais seguras, garantindo um ambiente tranquilo tanto para o mercado, mas principalmente para as pessoas que trabalham nas plataformas. É nisso que estamos focados”, afirmou Eric Flynn, diretor global de Marketing da Lloyd’s Register.


Presença dos amigos Sempre presente nos principais eventos realizados pela indústria de óleo e gás, a TN Petróleo se empenhou para realizar a melhor cobertura da segunda edição da OTC Brasil, que aconteceu no mês de outubro, na cidade do Rio de Janeiro. Para isso, sua equipe contou com mais de 15 pessoas: quatro jornalistas, cinco profissionais de venda, três fotógrafos, além do pessoal de apoio. Investindo sempre para cumprir sua principal missão, a de informar, a TN Petróleo reservou localiza-

ção estratégica para seu estande: ficamos ao lado do Pavilhão Alemão, em frente ao estande da BrasFels, e próximos a SBM Offshore, ABS e BP Petroleum. Durante todo o evento, um telão projetou um documentário sobre os 15 anos da TN Petróleo, além de uma seleção de imagens do pavilhão Brasil e de sua participação na OTC de Houston. Na área reservada, com 20 m², os diretores da revista, Benício Biz e Lia Medeiros, receberam com honra a visita de clientes, parceiros e amigos.

Sabah A.F Al-Shammari, SAPCO Group

Tathiana Campos e Alicia Perez, American Airlines

Judy Murray e Nancy Agin, ABS

Equipe TN Petróleo

Gerald Douglas e Darlene Morris, Oil States

Fernanda Brandão e Nadine Lopes, Consulado do Canadá

Estande TN Petróleo

João Carlos Pacheco, ABS

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eventos

Coreia do Sul comemora

50 anos de imigração no Brasil e quer expandir negócios no país

Em outubro deste ano, a Coreia do Sul completou 54 anos de relações diplomáticas com o Brasil. Além do intercâmbio cultural, o principal comércio entre os países se iniciou com os setores alimentício, naval, automobilístico, eletroeletrônico e de informática. Hoje, com cerca de 50 mil imigrantes coreanos no país e US$ 5,1 bilhões de investimentos no Brasil, os empresários sul-coreanos vêm buscar cooperação nas áreas de energias renováveis, construção de embarcações e sondas e tecnologia da informação. por Maria Fernanda Romero

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onsiderado um dos parceiros mais importantes economicamente para a Coreia do Sul, o Brasil é o país da América Latina em que os coreanos mais investem – o volume de comércio entre os países em 2012 somou US$ 16,372 bilhões (com aumento de 50% em comparação com 2008). Atualmente são 200 empresas coreanas em solo brasileiro. Além disso, 200 estudantes de graduação vinculados ao programa Ciência sem Fronteiras estudam na Coreia. “A Coreia é uma referência em ciência, tecnologia e inovação. Hoje, 82% dos estudantes são universitários e os 5% dos melhores alunos é que vão ser docentes”, ressaltou o ministro de Educação, Aloizio Mercadante, durante a assinatura do contrato da Coreia com o programa brasileiro. Nos últimos anos, o país se consolidou como um dos dez maiores investidores no Brasil, com estoque de mais de US$ 5 bilhões, em diversos setores e locais, tais como máquinas e equipamentos (US$ 80

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100 milhões em São Paulo), siderurgia (US$ 4,2 bilhões estimados no Ceará) e autopeças (US$ 250 milhões também em São Paulo). Dong-geum Lee, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Coreia (Kocham), diz que Brasil e Coreia vêm expandindo o intercâmbio não apenas na área comercial como na área do conhecimento e isso é muito importante. O representante da Kocham espera que a relação entre os países aumente ainda mais com os grandes investimentos que o Brasil tem feito em infraestrutura. Os principais produtos de exportação da Coreia do Sul no

ano passado não foram produtos eletrônicos ou metálicos, e sim combustíveis. Segundo dados do governo coreano, as exportações de produtos petrolíferos foram avaliadas em US$ 56,2 bilhões em 2012, impulsionadas pela alta dos preços dos combustíveis e um aumento na produção das refinarias de petróleo coreanas, que incluem três das dez maiores do mundo. Kwon Pyung-Oh, do Ministério do Comércio, Indústria e Ener-


gia da Coreia do Sul (Motie), informou que veio ao Brasil para discutir com os ministérios um acordo de cooperação industrial que englobe os setores de meio ambiente, energia, construção naval, tecnologia e indústria automobilística. A nação asiática é considerada uma das mais desenvolvidas do mundo, com infraestrutura muito eficiente e de alta tecnologia. O país é líder na construção naval e o sexto maior produtor de energia nuclear do mundo. No ranking Doing Business, do Banco Mundial, o país aparece em oitavo lugar, ante o 130º do Brasil na facilidade de se conduzir negócios.

Encontros de negócios Com o objetivo de estimular a transferência tecnológica e pesquisa conjunta entre as empresas brasileiras e coreanas, o escritório carioca da Kotra, divisão comercial da Embaixada da Coreia do Sul, organizou encontros neste ano. O Brasil-Korea Business Meetings, realizado em maio, trouxe empresários coreanos interessados em prospectar negócios com empresas brasileiras de diversos segmentos, dentre eles energia e óleo e gás. E em outubro, foi realizado o Fórum de Aliança Tecnológica Brasil-Coreia do Sul, com uma delegação (liderada pelo vice-ministro de Comércio, Indústria e Energia da República da Coreia, Jin-hyun Han) de 20 empresários e executivos das áreas de energias renováveis, eletricidade, meio ambiente, saneamento, óleo e gás, construção civil e naval, entre outros. De acordo com Giselle Otoya, da equipe de especialistas de mercados da Kotra, o Brasil é o país no qual as empresas coreanas mais têm buscado novos mercados, com grande interesse em expandir suas relações comerciais, através de parcerias estratégicas em termos tecnológicos e produtivos. Esses encontros contribuem, assim, para promover um aumento das inova-

ções e consequente elevação na competitividade das indústrias de ambos os países.

Tecnologias inovadoras A Frontics America, especializada em equipamentos de recuo

de ponta para medição e análise tecnológica, visitou o Brasil para apresentar seu principal produto para o setor de petróleo e gás, o AIS3000 (Advanced Indentation System 3000), sistema de recuo portátil para avaliação de tensões TN Petróleo 92

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eventos residuais. O equipamento mede a tensão e o estresse residual do duto em campo e ainda avalia a solda utilizada. Além de óleo e gás, o AIS3000 pode ser aplicado nas áreas industrial, de transporte, aço, construção, laboratórios e universidades. Nesses casos, ele inspeciona qualquer material metálico. Segundo a empresa, o equipamento é mais aplicado na área de laboratórios e universidades (39%), em plantas de energia e usinas (20%), óleo e gás (19%), e aço (15%). As principais vantagens do equipamento da Frontics são: análise da evolução da integridade estrutural, controle de qualidade e medição de vida útil. Dongseong Ro, gerente geral da Frontics America de Chicago, explicou que no setor de óleo e gás o equipamento costuma realizar inspeção em válvulas e dutos. Cerca de 25% dos testes são feitos em usinas e plantas industriais de energia e 24% em campos de petróleo e gás. De acordo com o executivo, o grande diferencial do equipamento é que a tecnologia realiza a inspeção em um dia e as similares existentes fazem o mesmo serviço em cerca de um mês; e sua aplicação é mais fácil, pois se adapta ao duto, não precisando retirá-lo do local no campo de petróleo para análise.

Há 13 anos no mercado, a companhia possui dois escritórios nos Estados Unidos e um em Chicago, no qual atende as demandas brasileiras. Eles contam com cerca de 18 funcionários na sua base na Coreia e 14 na área de pesquisa. Os principais clientes da Frontics America em petróleo e gás são: Shell, Exxon, GE Energy, Boeing, Chevron e ConocoPhillips. No Brasil, eles ainda não possuem clientes, mas já mantêm conversas com a Petrobras. “Nossa maior dificuldade em entrar no mercado brasileiro é a questão do conteúdo local, mas assim que fecharmos um contrato no país abriremos um escritório para atender a todos os quesitos”, enfatizou Dongseong Ro. Com o mesmo objetivo de se apresentar ao mercado brasileiro, a Myungshin America, fabricante de sistemas de energia inovadores, visitou o país pela primeira vez. A companhia trabalha na fabricação

de sistemas de controle, automação e de armazenamento de energia, com destaque para as baterias de lítio BESS (Battery Energy Storage System), que economizam energia e podem melhorar a eficiência através de alisamento ou de nivelamento de energia para fornecimento à rede. Fundada em 1999, a empresa possui escritório na Coreia e nos Estados Unidos.

Energia renovável Um dos participantes do fórum coreano realizado no Rio em outubro foi a Korea Electric Power Corporation (Kepco), maior concessionária de energia elétrica na Coreia do Sul, responsável pela geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e desenvolvimento de projetos de energia elétrica, incluindo energia nuclear e eólica. A companhia, que detém 93% da geração de eletricidade da Co-

INFORMAÇÃO DE QUALIDADE... A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na transmissão dos fatos; é preciso ser eficaz, saber onde prospectar a informação e ser ágil ao transformá-la em notícia.

...na ponta dos seus dedos www.tnpetroleo.com.br 82

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Coreia do Sul comemora 50 anos de imigração no Brasil e quer expandir negócios no país reia, tem o governo coreano como um dos principais controladores (51%). A Kepco tem capacidade instalada de 65.383 MW. No início de 2010, a empresa anunciou o investimento de mais de US$ 7 bilhões em seus negócios de smart grid em 2030 para fazer distribuição de energia elétrica mais eficiente e diminuir as emissões de gases de efeito estufa da Coreia. Nesta direção, Lee Hu-Young, gerente sênior do departamento de smart grid da Kepco, veio ao Brasil para falar um pouco sobre esse planejamento e buscar um intercâmbio de conhecimento e tecnologia nesta área. Já a fabricante coreana de lâmpadas Led, Hanil TNC apresentou a economia de energia através da utilização de energia solar e iluminação led. Jechan Lee, presidente da empresa, acredita que apesar do desafio de custos ainda, o Brasil deve desenvolver mais a energia solar e a utilização de iluminação led no país no curto prazo. “A Coreia tem desenvolvido muitas tecnologias nesta direção que têm proporcionado maior competitividade dos custos. Ambos são cruciais na busca por eficiência energética”, disse. Na ocasião, Woongate Chung, diretor de pesquisa do Instituto de Economia de Energia da Coreia (KEEI), afirmou que, até 2030, 11% da energia total do país serão provenientes de renováveis, numa medida que intitulou de ‘Crescimento Verde’. No mesmo painel, Ruberval Baldini, presidente da Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente (Abeama), apresentou as perspectivas para energia solar e eólica no Brasil hoje. Segundo Baldini, essas fontes de energia, aqui, ainda têm baixa representatividade, enquanto o mundo tem investido fortemente nelas. O desafio, de acordo com o especialista, é atingir de 0,2% a 2% da matriz energética nos próximos dois anos.

Construção naval A classificadora de navios, Korean Register of Shipping (KR),

também esteve no Brasil. Com escritório em São Paulo desde setembro de 2012, dessa vez a companhia trouxe para o fórum uma equipe maior para reuniões agendadas com companhias brasileiras. “No momento estamos em processo de implementação de projetos no Brasil com o pré-sal”, afirmou Junhoo Jeong, supervisor sênior da KR. A companhia estabelece requisitos mínimos quanto à qualidade de navios no que se refere à segurança das pessoas, da embarcação, da carga e do meio ambiente. Para apresentar o mercado naval brasileiro aos coreanos, Sergio Leal, secretário executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) traçou o potencial do mercado de construção naval nacional, que gerou cerca de 73,5 mil empregos diretos até junho deste ano – em 2012 foram aproximadamente 62 mil pessoas. “Hoje, os estaleiros brasileiros estão construindo 19 plataformas de produção de petróleo, sendo 14 delas totalmente construídas aqui e cinco cascos de plataformas convertidos em estaleiros internacionais. Fica clara a ênfase na construção local desses equipamentos, implantando no Brasil uma enorme capacidade industrial para atender a demanda de produção de petróleo offshore”, concluiu. A questão da legislação brasileira e as obrigações das corporações que se instalam no Brasil ficaram a cargo da advogada Esther Shin, sócia da Tauil & Chequer.

Grande aposta no Brasil Com grande expectativa no Brasil, a sul-coreana Posco E&C formalizou este mês a intenção de ser sócia de uma laminadora de aços

planos no Ceará, idealizado pela Aço Cearense, que está programado para produzir 3 milhões de toneladas de placas e deverá estar concluído até o final de agosto de 2015. De acordo com Junsuk Suh, gerente do escritório da Posco no Rio de Janeiro, a companhia fez seu primeiro contato na região da América Central e do Sul com o Brasil. Iniciou suas operações de negócios na América Central e do Sul completando a fábrica de pallets com capacidade de 4 milhões de toneladas perto do Porto de Tubarão, no sudeste, em 1998. A Hyundai Welding, especializada em soluções e tecnologias de soldagem, que já opera no Brasil há um ano com quatro escritórios em São Paulo, pretende ampliar os negócios no país. Atualmente a empresa, que está dentre as maiores do mundo em consumíveis e equipamentos de soldagem, vende seus produtos através de três distribuidoras paulistas. Segundo Yooho Seo, do departamento comercial da companhia no Brasil, a Hyundai Welding quer ampliar a participação na América Latina e o Brasil é o país da região em que a companhia mais aposta. Ainda sem contratos fechados no Brasil, a KG Cranes, fabricante de gruas, cabos de nicho elétrico e engrenagem de motores, veio ao país prospectar negócios diante do enorme potencial das demandas do setor energético e petrolífero. Fundada em 1968, a KG possui cerca de cem escritórios pelo mundo e na América do Sul apenas um no Chile. Sonny Jang, diretor geral da companhia, comentou que no momento a empresa está conversando com uma empresa brasileira e em breve deverá anunciar sua atuação no Brasil. TN Petróleo 92

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eventos Cobertura Rio Pipeline 2013

Mercado demanda maior

eficiência dutoviária por Karolyna Gomes, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

Apesar de ser o modal que apresenta o maior crescimento nos últimos oito anos, a malha dutoviária brasileira, com cerca de 20.000 km de extensão total, ainda é diminuta frente às dimensões do país. O setor também precisa avançar em aspectos cruciais, como eficiência logística e regulação, para atender a demanda crescente do setor de óleo e gás. Este e outros temas alimentaram os debates da 9ª edição da Rio Pipeline, que teve como foco a produtividade e a eficiência logística. 84

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Fotos: TN Petróleo

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aumento contínuo da produção de gás natural no país e as projeções em torno dos campos do pré-sal em fase de desenvolvimento, somados ao potencial de novos negócios decorrentes da retomada dos leilões de áreas exploratórias da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vão ter um forte impacto no setor de dutos nos próximos anos. A despeito do crescimento registrado nessa década, a malha dutoviária ainda é deficiente tan-

to em extensão como em eficácia, para atender a um mercado em franca expansão – principalmente de gás natural – em um país de dimensões continentais como o Brasil. Ciente destes desafios, o mercado se reuniu mais uma vez na Rio Pipeline 2013 para debater o futuro do setor. O congresso, com cerca de 950 congressistas e 200 trabalhos técnicos, produzidos por profissionais de 20 países, dois painéis e quatro fóruns de debates, assim como a feira, com 150 expositores, que

recebeu mais de 2.200 visitantes, refletem o interesse nesse segmento que tem um enorme potencial de crescimento. Não foi à toa que o evento teve nada menos que 11 patrocinadores. “É incrível ver no que se tornou esse evento, o que nos traz uma responsabilidade ainda maior, para manter a mesma qualidade conquistada durante todos esses anos pela Rio Pipeline”, afirmou secretário executivo do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis TN Petróleo 92

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eventos (IBP), Milton Costa Filho, frisando a importância do evento para o mercado de petróleo e gás. O dirigente apontou que o escoamento da produção, sobretudo das novas descobertas no pré-sal, está entre os principais desafios do setor dutoviário nacional, e estes passam por desenvolvimento tecnológico, criação de novos materiais e, mais ainda, mão de obra qualificada. A edição deste ano foi aberta com o painel ‘Inovação tecnológica’, do qual participaram representantes de renomados institutos de pesquisa e empresas do setor de dutos. Eles debateram os desafios tecnológicos, principalmente em águas ultraprofundas, onde as condições são mais adversas, não apenas na instalação como também na manutenção dos dutos submarinos. Para o presidente da Pipeline Research Council International (PRCI), Cliff Johnson, o setor de dutos precisa aumentar cada vez mais as pesquisas em inspeção, prevenção da corrosão e desenvolvimento de novos materiais, com foco na integridade dos ativos. “A indústria de dutos precisa reforçar os investimentos para ganhar cada vez mais força para crescer”, afirmou. O diretor presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fernando Landgraf, que participou do painel sobre inovação, apresentou algumas soluções desenvolvidas na instituição. Segundo ele, o uso de informação geográfica na instalação de dutos é essencial para reduzir o risco de acidentes, além de minimizar os impactos ambientais em locais de floresta, como a Serra do Mar, em São Paulo. Dentre as tecnologias desenvolvidas pelo IPT, ele destacou a solução de prevenção de corrosão AC em dutos, feita em parceria com a Petrobras, além do investimento na área de metrologia. 86

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Feira Área de Exposição: 2.223 m² Expositores: 150 Visitantes: 2.200 Conferência Congressistas: 950 Trabalhos: 200 Países: 20 Para Paulo Fernando Fleury, CEO do Instituto Ilos, que participou de uma das sessões de abertura da Rio Pipeline, o Brasil precisa investir mais em infraestrutura. “Precisamos reverter nossa matriz de transporte, que ainda está muito concentrada no modal rodoviário, mas o passivo que temos pelo não investimento nos anos anteriores é de tal ordem que o efeito acaba sendo pequeno”, afirmou. Fleury apontou que o modal dutoviário foi o que mais cresceu ao longo de oito anos, saindo de 15.000 km para 19.700 km. O crescimento foi de 30,7% no período de 2004 a 2012 (com um taxa de crescimento de 2% ao ano). Ele lembrou ainda que enquanto em 1975 cerca de 1,85% do Produto Interno Bruto (PIB) foi investido em transporte, em 2012 esse valor caiu para 0,42%. O menor investimento foi em 1980, com 0,15% do PIB em transporte. Atualmente, 66% da carga brasileira viajam de caminhão, o restante se divide entre os outros modais – aquaviário (11%), aéreo (0,05%), dutoviário (3%) e ferroviário (19%).

De acordo com estudos do Instituto Ilos, a logística brasileira avançou bastante no que se refere à gestão empresarial, no entanto a infraestrutura não acompanhou. “Hoje, a logística movimenta cerca de R$ 344 bilhões/ano e representa 8% do faturamento das empresas. As mil maiores empresas gastam R$ 173 bilhões/ano”, complementou. O transporte é o maior responsável pelos custos logísticos – representando mais de 70%. Em sua apresentação, o especialista mostrou que na última década, os gastos logísticos no país tiveram uma redução. De 2004 a 2010, esses valores caíram de 12,1% para 10,6%. Os EUA têm em média 7,7% do PIB em custos logísticos e o Brasil, 10,6% – quase 3% de diferença. Se tivéssemos a eficiência logística deles, economizaríamos mais de R$ 100 bi por ano de nosso PIB. O problema do Brasil não é ineficiência logística, é o mau uso da matriz de transporte”, ressaltou.

Regulação mais eficaz A melhoria dessa infraestrutura depende muito de uma regulação mais eficiente para a redução dos custos logísticos na ampliação da malha dutoviária nacional. Pensando nisso, a eficiência econômica na exploração e transporte das reservas brasileiras de óleo e gás foi tema do painel moderado por Antonio Eduardo Monteiro de Castro, gerente executivo da Estratégia Corporativa da Petrobras. Castro abriu as discussões indicando que a retomada dos leilões impõe o desafio do escoamento da produção das reservas licitadas – sobretudo o pré-sal – e da redução dos custos de transporte. “Quanto menor o custo do transporte, maior o valor das reservas”, frisou. Edmar de Almeida, professor do Instituto de Economia da Uni-


Mercado demanda maior eficiência dutoviária versidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), enfatizou que o governo ainda não encontrou uma forma clara de identificar 0as demandas por gás, uma vez que o planejamento a ser feito no âmbito da Lei do Gás deve estabelecer quais dutos devem ser construídos e a que tempo. O professor destacou que as mudanças promovidas com a Lei do Gás, em 2009, deram ao governo a atribuição de realizar o planejamento da expansão da malha de dutos, antes elaborado pela Petrobras, mas há uma dificuldade do próprio governo de entregar esse planejamento. A nova lei mudou ainda o sistema de autorização para o sistema de concessão de gasodutos, pelo período de 30 anos. Almeida considera que, para haver avanço na regulação dutoviária brasileira, é importante que o governo defina critérios e metas para a expansão do transporte via dutos. Entre os exemplos apontados por ele está a indefinição entre gasoduto de transporte e de distribuição – o que faz com que as distribuidoras de gás canalizado façam essa definição por meio de regras próprias.

O problema, segundo ele, existe no momento em que o duto precisa atravessar fronteiras da área de concessão, o que requer autorização da ANP. “A regulação deve avançar mais até mesmo para viabilizar o plano decenal de expansão da malha de gasodutos. Temos esse dilema importante na nossa regulação que precisa ser solucionado”, destacou. Julio Enrique Lopez Alonso, membro do Comitê de Dutos e Terminais da Arpel (Associação Regional de Empresas do Setor Petróleo, Gás e Biocombustíveis na América L atina e Caribe), a p r e s e nt ou a ex p e ri ê nc i a c o lombiana e ressaltou que esse aspecto foi ali observado, pois a Ecopetrol possuía o monopólio da malha de dutos. A partir de 2010, alertou, parte do problema se deu como resolvido com a integração vertical da malha com o restante da cadeia. “É necessário que o país foque em aspectos como a harmonia entre os processos ambientais e o desenvolvimento dos projetos, o envolvimento de parceiros-chave na cadeia, em especial as empresas de exploração e produção (E&P) e transporte, e a definição, pelo governo e agentes reguladores, do que é prioridade entre dois grandes projetos confluentes”, sugeriu.

Ainda no mesmo painel, Eduardo Autran de Almeida Junior, gerente executivo de Abastecimento e Logística da Petrobras, apresentou um panorama da logística de transporte dutoviário submarino de óleo e gás, destacando que atualmente as três rotas de escoamento da produção do pré-sal implementadas (Caraguatatuba, Cabiúnas e Comperj via Maricá) têm sido consideradas suficientes para atender à demanda, mas a estatal está desenvolvendo um projeto de monoboias para transbordo de petróleo através de navios também.

Compartilhando experiências As companhias operadoras da América Latina compartilharam suas experiências sobre vazamentos em dutos e terminais. De acordo com Alvaro Castañeda, coordenador do Comitê de Dutos e Terminais da Associação Regional de Empresas do Setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis na América Latina e Caribe (Arpel), que foi moderador do fórum realizado no segundo dia da conferência, o intercâmbio de boas práticas é o objetivo principal a ser perseguido, a fim de aprimorar ainda mais a redução de riscos de derrames. Enrique Rodriguez Betancourt, gerente de administração de infraestrutura e logística da mexicana Pemex e Lorenzo M. Martinez, tam-

Formação de engenheiros é desafio para a indústria de dutos, afirma Asme Em entrevista à TN Petróleo, Madiha Kotb, presidente da American Society of Mechanical Engineers (Asme), revelou que após os últimos acidentes da indústria de óleo e gás, o investimento das empresas em tecnologia dos dutos tem aumentado, o que tem sido bom para o mercado dutoviário em todo o mundo. De acordo com

ela, Brasil, Estados Unidos, Canadá e Oriente Médio seguem sendo os principais mercados para o setor. Porém, uma de suas maiores preocupações é que assim como no Brasil, o desenvolvimento da mão de obra local, especialmente na área de engenharia, segue sendo um dos grandes desafios para a indústria de dutos. “Nós formamos muitos engenheiros, mas percebemos que eles saem da universidade sem o conhecimento e a experiência necessária para ingressar no mercado”, analisou.

Para Madiha, é preciso realizar ações, em conjunto com os governos, para estimular os jovens a ingressarem na área de engenharia. “Temos que mostrar aos jovens como é o trabalho de engenheiro e as coisas positivas da profissão”, afirmou. Ela comentou ainda que a Asme é muito forte na promoção da engenharia, apoiando estudos e competições que envolvam tecnologia, como por exemplo, torneios de robótica, quando grupos brasileiros são muito fortes, ganhando prêmios todos os anos. TN Petróleo 92

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bém da Pemex, apresentaram um esquema de gerenciamento de integridade de dutos, formatado para cada um dos segmentos dutoviários da companhia, que possui 67.000 km de dutos. Segundo Betancourt, o sistema foi criado a partir de uma norma que estabeleceu a administração da integridade desses ativos, cujos pontos centrais são um software de gerenciamento de riscos, a criação de 23 equipes descentralizadas de contingência – situados em diversos pontos do país – e a realização de estudos de potenciais áreas vulneráveis a fim de estabelecer os centros de contingência. “Esses centros são capacitados em três níveis de atuação, fixados em função do grau de vazamento identificado, conforme as normas internacionais”, explicou. Outro esquema semelhante foi apresentado pela YPFB Transporte,

divisão de transporte da companhia boliviana YPF, que possui 6.000 km de dutos e 46 estações. Segundo Walter Sarmiento, gerente de HQSE (em português: qualidade, saúde, segurança e meio ambiente) da empresa, situações de risco elevado implicam na criação de controles e medidas administrativas que resultem em níveis baixos, porém praticáveis. O sistema de gerenciamento de riscos da empresa boliviana está baseado em aspectos como a verificação da integridade mecânica dos dutos, em revisões e auditorias nos processos e na criação de sistemas de análises e comunicação de incidentes, entre outros. Na mesma linha, Fernando Flechas, gerente de responsabilidade integral do Oleoduto Central (Ocensa) na Colômbia, destacou que aquele país estabeleceu o Plano Nacional de Contingências (PNC), que reúne, entre outras medidas, ferramentas

que permitem a elaboração de estratégias, planos de operação e computação de dados de campo. Assim como no México e na Bolívia, a Colômbia aposta na descentralização de equipes táticas de emergência e na divisão de responsabilidades. “Implantado desde 1999, o plano prevê a criação de comitês locais, de âmbito municipal, em atuação conjunta com o comitê nacional na Colômbia, a fim de reduzir ao máximo o impacto dos danos de eventuais vazamentos de hidrocarbonetos”, indicou. Na ocasião, Breno Calazans, gerente executivo de oleodutos da Transpetro, destacou que a companhia aposta no aprimoramento dos procedimentos para emergência, a fim de acelerar e melhorar a qualidade da tomada de decisões. Dentre os procedimentos estão: comunicação externa e interna, centro de controle de operação e sistemas

lizados na malha dutoviária. Os demais finalistas foram: Gas Transboliviano, Hindustan Petroleum Corporation Limited (HPCL) e Marinovation. O prêmio foi criado pela Divisão de Dutos (Pipeline Systems Division/PSD) da Asme. O GPA é concedido anualmente para a organização responsável pelo feito mais relevante na área de transporte dutoviário, conforme decisão de uma comissão julgadora formada por especialistas do segmento. Os critérios adotados incluem, entre outros, a avaliação do caráter inovador do projeto

e o avanço tecnológico para a área de transporte dutoviário. Na última edição do evento, ocorrida em 2011, a vencedora foi a Liderroll. Petrobras e CPTI/PUC-Rio também já conquistaram o prêmio, em 2006 e 2007, respectivamente. Na cerimônia de encerramento foram entregues menções honrosas para os melhores trabalhos técnicos apresentados na feira (ao todo 200 trabalhos de 17 temas diferentes). O vencedor foi João Ricardo Castro Neto, da LabPetro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o trabalho ‘Cutting-edge, multi-user, stereoscopic system for virtual inspection of pipes’. O Calgary Award, principal prêmio da Pipeline, foi conquistado pelo engenheiro de equipamentos da Petrobras Gilmar Zacca, pelo trabalho ‘Weldin and heat treatment of heavy wall API 5L X65 sour service pipes’, em coautoria de Marcy Saturno de Menezes, Andrês Fabrício Fischdick Acuña e Edgar Schneider, da Petrobras; Thiago Luiz da Silveira, da Sacs Construção e Montagem; e Celso Ribeiro de Araújo, da ACV Tecline.

Premiações O vencedor do Global Pipeline Award deste ano, prêmio mais importante na indústria mundial de dutos, promovido pela Asme (American Society of Mechanical Engineers), foi a PetroChina, com o projeto ‘Research on technologies for the preparation and application of nanometric pour point depressant in waxy crude oils’ – eferente a uma pesquisa para desenvolvimento de tecnologias utilizadas para elaboração e aplicação de pontos de escoamento nanométricos em óleos parafínicos. O engenheiro de pesquisa da PetroChina Pipeline, Lin Song, recebeu o prêmio representando a empresa e ressaltou o crescimento de seu país neste segmento. “É raro cientistas chineses terem este reconhecimento, principalmente nesta área, ficamos muito satisfeitos com a premiação”, disse. O Centro de Tecnologia em Dutos (CTDUT), do Brasil, foi um dos finalistas desta edição. O centro tecnológico, inaugurado em 2006, é um laboratório compartilhado destinado a testes de produtos, equipamentos e sistemas uti88

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exploração do pré-sal e também pelo regime de concessão atual do setor. Ainda segundo ele, a expectativa da indústria é de que a oferta de gás dobre com o pré-sal. Além disso, o crescimento do fornecimento de gás natural no país deve aumentar também com o GNL, que deve crescer para suprir a demanda térmica do país. Para Rogério, o preço do gás está alinhado com o resto do mundo, menos com os Estados Unidos, que com o avanço do shale gas viu o preço cair vertiginosamente nos últimos dois anos. Para o diretor da TBG, as perspectivas para o setor são a realização de novas rodadas de licitação, puxadas pelo ano cheio de rodadas feito pela ANP, incluindo a 12ª que se destinará ao setor de gás natural onshore. O executivo adiantou que o

contrato de gás com a Bolívia deve ser renovado em 2019. Com participação de 49% no volume de distribuição de gás no Brasil, a Petrobras apresentou o acompanhamento dos investimentos das empresas em que a estatal tem participação via Gaspetro – em um total de 20 das 27 companhias constituídas no Brasil. Fabrício Bomtempo, coordenador de Avaliação Técnico-Comercial de Gás e Energia da Petrobras, ressaltou o esforço que as distribuidoras têm feito para executar a extensão da rede de gasodutos, hoje com mais de 7.000 km. Com investimentos da ordem de R$ 400 milhões realizados ao longo de 2013, a Comgás obteve o maior percentual destes, com 41% do total da malha, seguida pela CEG (RJ), com 15%, e Gasmig (MG), com

Onip lança catálogo eletrônico de fornecedores de dutos

executivo, é de ter 50 a 60 empresas cadastradas por mês ao longo dos próximos dez meses. “Acreditamos chegar a cerca de 700 empresas cadastradas em um ano. Inclusive, a Transpetro já solicitou uma versão em inglês e espanhol desse catálogo”, afirma. Segundo o gerente da Onip, hoje o Brasil possui cerca de 22.000 km de dutos instalados e a perspectiva de crescimento para os próximos anos é muito grande, devido principalmente à demanda crescente de transporte dos derivados. “O transporte dutoviário é econômico e ambientalmente mais seguro que os demais. Ainda não conseguimos definir quanto exatamente o catálogo irá beneficiar o setor, mas em breve devemos estar computando isso”, complementa. Podem fazer o registro no catálogo empresas nacionais e internacionais, fabricantes de tubos e produtos menos complexos, até aquelas de segmentos mais especializados da área dutoviária. Este é o quarto catálogo que a Onip disponibiliza ao mercado de óleo e gás, os demais são o Cadastro Geral da organização, o Cadfor e o catálogo de navipeças.

preventivos de alerta. Todos são aplicados nas unidades da Transpetro, que incluem dutos e terminais, em consonância com as normas internacionais para o tema. A companhia possui três programas voltados para resposta de emergências: o Emergence Response Plan for the terminal or pipeline (PRE), o Plano de Emergência Regional (PER) e o Plano de Emergência Corporativo (PEC), além de usarem também o Centro de Defesa Ambiental (CDA) da Petrobras.

Malha em expansão Rogério Mattos, diretor superintendente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), afirmou durante o último painel da Rio Pipeline, que o Brasil está em uma situação de grande expansão de gasodutos, em especial devido à

A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) lançou durante a feira o catálogo eletrônico ‘Quem é Quem: Dutos’, voltado para os fornecedores de bens e serviços da indústria dutoviária brasileira. Patrocinado pela Transpetro, o catálogo já conta com uma lista de 64 empresas fornecedoras e está disponível no site da Onip para consulta e cadastramento dos fornecedores que atuam no segmento. Algumas das empresas cadastradas que receberam certificado durante o lançamento foram: Concremat Engenharia e Tecnologia, Contromation Internacional Automação Industrial e Forship. “Temos grandes oportunidades pela frente”, observa Antonio Prates, vice-presidente de Serviços de Consultoria da Forship. “A indústria dutoviária vive um momento de aquecimento, com a interligação 90

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de novos campos de petróleo e gás com terminais e refinarias, além do mercado potencial na área de transporte de biocombustíveis”, diz, lembrando que a Forship já faz parte do Cadastro Geral da Onip e do Cadfor (cadastro restrito a alguns dos maiores operadores de óleo e gás). De acordo com Jorge Bruno, gerente de Tecnologia da Onip, o catálogo possui uma versão mais dinâmica e reduz o risco de o pequeno fornecedor ou ‘novo entrante’ não ficar visível no mercado. A expectativa, segundo o


Mercado demanda maior eficiência dutoviária 13%. O recurso foi utilizado para a construção de 3.997 km de redes, o que representa 38% do total erguido no país este ano. Já o superintendente técnico da Mitsui Gás e Energia do Brasil, Junichi Akiyama, expôs a sua experiência com as interferências de terceiros em redes de distribuição de gás no Japão. Como também é funcionário da Tokyo Gas, Akiyama relatou a importância do programa da empresa implantado em Tóquio desde 1969, quando uma grande onda de acidentes por obras de terceiros preocupou autoridades e concessionárias do país. Com mais de 11 milhões de clientes e uma rede de 58.000 km, a Tokyo Gas adotou um sistema de notificação das obras realizadas por terceiros em rede de distribuição para evitar possíveis acidentes. O programa consiste em receber das concessionárias uma notificação das obras previstas, possibilitando assim a localização exata do gasoduto. Cada obra entra em um banco de dados detalhado da empresa e o local onde a obra será realizada recebe um selo de notificação da Tokyo Gas, atestando a demarcação correta do local. Apenas em 2011, 62.391 notificações foram registradas na cidade. E, segundo Akiyama, estudos realizados mostraram que as obras que mais possuem registro de danos à rede são as relacionadas à concessionária de água e de manutenção e melhorias em estradas.

Estudantes atentos A Rio Pipeline vem atraindo o interesse de um número cada vez maior de estudantes, não só pela relevância dos temas debatidos nos painéis e palestras técnicas que

compõem a programação, mas também pela expressiva participação das empresas atuantes na área. Diante disso, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e o Centro de Empreendedorismo Universitário (CEU) promoveram o programa Profissional do Futuro durante a feira. O Profissional do Futuro, que teve como objetivo atrair jovens profissionais para a indústria, visando atender a desafiadora demanda por mão de obra qualificada, acontece desde 2002 na Rio Oil & Gas e

nesta edição foi incorporado à Rio Pipeline. Segundo a organização da feira, participaram cerca de 424 jovens de 15 universidades e centros tecnológicos diferentes. Com programação desenvolvida pelo Comitê Jovem do IBP e pensada para gerar discussões em temas focados em carreira e desenvolvimento profissional, o Programa Profissional do Futuro abordou temas como a importância do respeito às diferenças para trabalhar no segmento de óleo e gás. Outra novidade deste ano foi a primeira competição de trabalhos para estudantes, o ‘Student Paper Contest’, que teve o objetivo de valorizar a contribuição da juventude para o evento. João Ricardo Castro Melo, bolsista do IBP e da Universidade Federal de Santa Catarina, foi o vencedor com o trabalho sobre um dispositivo de inspeção geométrica de dutos (PIG) a partir de um sensor óptico a laser. O estudante ganhou um curso de 40 horas no IBP em 2014.

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eventos

Expertises em exposição A Rio Pipeline é uma grande oportunidade para troca de experiências e já se tornou referência para o setor. Na exposição que acontece paralelamente ao evento, as empresas fornecedoras e prestadoras de serviço em dutos apresentaram suas soluções e inovações tecnológicas. Ao todo estiveram presentes 150 expositores, de 20 países.

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om estandes que sempre mostram cases inovadores, a Liderrol apresentou os maiores roletes já fabricados no mundo para suportação de tubulações. Criados e fabricados pela empresa, os equipamentos estão sendo usados na tubulação de água que alimenta a casa de força da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco. A tubulação, de 72 duas polegadas, precisou ser equipada com uma base especial para manter a acomodação do sistema e garantir a integridade dos dutos mesmo com o grande peso envolvido na operação. “As tubulações com grandes diâmetros merecem estudos específicos e tratamento diferenciado, expertise que só a Liderroll possui hoje no Brasil. Desenvolvemos este projeto durante alguns meses e já estamos trabalhando em outros, pensando em novos desafios que teremos pela frente”, disse Paulo Fernandes, presidente da Liderroll. Os roletes especiais, que terão peso médio de 1,8 tonelada cada, foram projetados em seis meses e fabricados em 120 dias. O projeto foi contratado em exclusividade com a Liderroll pela Alusa Engenharia, que assumiu junto à Petrobras o desafio de utilizar o novo conceito de suportação de dutos. Segundo Fernandes, a empresa está de olho no mercado internacional. “Estamos observando os cenários, e vemos oportunidades de negócios na Rússia, com dutos aparentes, e no Canadá, que deve ter uma grande demanda para tubulações em túneis”, explica.

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Da esquerda para direita: Benício Biz, Giovana Antonelli e Paulo Fernandes, presidente da Liderroll

qual é imprescindível a aplicação de soldas de qualidade. O equipamento de usinagem consegue avaliar a situação de cada tubo individualmente e desenvolver a melhor solução tanto para o diâmetro interno quanto para o externo, favorecendo a união e a soldabilidade entre os tubos. “Assim, a produção fica consideravelmente mais ágil e proporciona maior qualidade e rapidez nos processos posteriores de soldagens dos tubos”, completou Christian Hahne, gerente Comercial da Vallourec. Já o destaque da Vallourec na feira foi a apresentação da tecnologia de usinagem de ponta (end-truing) que permite atingir tolerâncias dimensionais muito restritas, requisitos indispensáveis para projetos de riser, no

Pavilhão tecnológico O Sistema Firjan e a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) coordenaram, em parceria, o Pavilhão Tecnológico da Rio Pi-


Mercado demanda maior eficiência dutoviária peline 2013. O espaço teve o objetivo de apresentar empresas de base tecnológica, suas novas tecnologias de produtos e serviços aplicáveis ao longo da cadeia de valor de petróleo e gás, especificamente no segmento de dutos. Estiveram no espaço as empresas Apolo Tubolars, Sacor Siderotécnica, Minds at Work Sistemas e Projetos, I-Dutto Soluções em Localização e Identificação Eletrônica, Prima-7S Integridade Estrutural, Virtualy Tecnologia de Simulação e PWR Mission, além do Sistema Firjan, que apresentou seu simulador de solda. O equipamento é usado nos cursos profissionalizantes de Solda do Senai-RJ e estará exposto na Rio Pipeline para demonstrar simulação da integridade estrutural de uma tubulação. Nas escolas do Senai, o simulador aumenta a confiabilidade do processo, diminuindo o tempo de aprendizado com garantia de segurança para os alunos. “Foi uma ótima oportunidade para que os demandantes de serviços nessa área conhecessem a capacidade de inovação da indústria fluminense”, afirmou Eloi Fernández y Fernández, diretor geral da Onip. Para Glícia Carnevale, gerente de Estratégias de Mercado Petróleo e Gás do Sistema Firjan, a Rio Pipeline é uma oportunidade para a troca de experiências e negócios entre as empresas da cadeia de valor de petróleo e gás, principalmente as de pequeno e médio porte. “A parceria do Sistema Firjan com a Onip cria uma oportunidade para que empresas da cadeia possam expor suas tecnologias e concentrar em um único local o que há de mais moderno em termos de produtos e serviços para atender as

demandas do segmento de transporte dutoviário. O objetivo é destacar a inovação que essas empresas já fornecem para o setor”, enfatiza.

Maior segurança na operação de dutos Entusiasmado por ter ficado entre os finalistas do Global Pipeline Award deste ano, o Centro de Tecnologia em Dutos (CTDUT) participou com um estande na Rio Pipeline deste ano destacando seu laboratório de proteção catódica e revestimentos (LPCR), que visa possibilitar o desenvolvimento de processos, novos equipamentos e tecnologias para a proteção de dutos. O principal objetivo do laboratório é apoiar projetos de P&D de empresas, universidades e centros de tecnologia. Paulo Cellular, diretor executivo do CTDUT, conta que a cadeia petrolífera brasileira ainda não tem uma visão que valorize espaços de desenvolvimento tecnológico desse tipo, entretanto vê perspectivas positivas para os próximos anos com a maior discussão de que a produtividade do país anda em baixa nessa direção. “Aqui no Brasil não se tem outro laboratório em escala real que realize esses testes. Nossa instalação permite ainda a realização de pesquisas de avaliação de revestimentos anticorrosivos em dutos, além de testes e simulações para treinamento e qualificação de profissionais de proteção catódica – técnica fundamental para minimizar os danos provocados pela corrosão externa, principal ameaça para a integridade dos dutos”, explica. De acordo com Cellular, o laboratório além de ser o mais completo do mundo para treinamento e qualificação de profissionais de proteção catódica, possui funcionalidades únicas para a área de pesquisa, como módulos climatizados para ensaios

de revestimentos em escala real e condições controladas, ambiente seguro para testes de novos materiais e equipamentos e estrutura de apoio logístico dedicada aos diversos serviços possíveis de serem executados. “No momento, o LPCR do CTDUT está se habilitando junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), a ser o primeiro Centro de Exames de Qualificação de Profissionais de Proteção Catódica no Brasil, de acordo com a Norma Brasileira ABNT NBR‑15653, baseada na norma ISO/ IEC 17024”, enfatiza. Construído e instalado em uma área de cerca de 1.400 m2, a unidade conta com um tanque de testes com 2 m de diâmetro, dois conjuntos de isolamento elétrico de tubulações dos tipos convencional e monobloco, 24 caixas para avaliação do efeito de proteção catódica sobre revestimentos anticorrosivos, um trilho de trem para simular interferência de ferrovias, entre outros equipamentos. Segundo o diretor, entre 2005 e 2006 o CTDUT era mais voltado para a malha dutoviária, hoje o centro busca serviços em dutos offshore também. A ideia é criar mais laboratórios destinados à área offshore. Cellular informou ainda que estão em plena construção as instalações do duto de testes de 12”, que poderá operar com óleo, etanol, gás inerte ou água, podendo também simular diversas combinações multifásicas. Com previsão de iniciar sua operação no primeiro trimestre de 2014, o CTUDT já está recebendo solicitações de propostas para utilização deste laboratório piloto, cuja expectativa, por ser único no mundo, é de ter grande demanda por reservas para períodos de testes. “Trata-se de um circuito piloto de duto e terminal para movimentação de petróleo, derivados, etanol, água e/ou gás inerte, em escala real (12” de diâmetro e 2.700 m de extensão), totalmente instrumentado, possibilitando a condução de pesquisa, desenvolvimento e testes de equipamentos, produtos, procedimenTN Petróleo 92

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eventos

tos operacionais e novas tecnologias relevantes para o setor dutoviário”, indica o executivo. Com as possibilidades de diversas configurações, o Loop poderá atender a demandas de testes e pesquisas com equipamentos de inspeção tipo PIGs, detectores de vazamento, proteção catódica, bombas, separadores, além de atender a treinamentos e certificações de pessoas e equipamentos. Dentre os ensaios e pesquisas, pode ser feito simulação de interface de batelada (deslocamento de um produto por outro em poliduto), teste de longa duração de PIG para medir desgaste e repetitividade, controle de velocidade de PIG e simulação e controle de vazamentos, sempre com total segurança humana e ambiental.

Monitoramento preciso Especializada na detecção e localização de vazamentos, a suíça Omnisens anunciou durante a Rio Pipeline a abertura de seu escritório no Rio de Janeiro. Segundo Fabien Ravet, gerente geral da companhia, responsável pelo desenvolvimento de negócios na América Latina, com a subsidiária a empresa se aproxima do mercado brasileiro, que está em plena expansão. “Oferecemos serviços de monitoramento às petroleiras e fabricantes de estruturas para a indústria offshore”, afirma. Com negócios já estruturados na Bahia, junto à fabricante de umbilicais MFX do Brasil, a Omnisens pretende ampliar negócios. A companhia atua com sistemas baseados em fibra óptica, que oferecem monitorização contínua. “O sistema pode detectar e localizar com precisão um evento de tensão ou de temperatura ao longo de uma distância superior a 60 km de um duto”, explica o executivo. “Eventos de intrusão são detectados e caracterizados, permitin94

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do que o operador tome as medidas apropriadas”, diz. Para detecção de vazamentos, erosão e intrusão, a empresa utiliza um cabo de telecomunicações de fibra óptica colocada perto do duto. A tecnologia é altamente sensível, e um sistema de informação geográfica (GIS) é capaz de enviar informações de movimento de terra ou deformação de gasoduto. O sistema de monitoramento Omnisens é ideal para novos gasodutos e pode ser adaptado a um projeto existente, ajudando a garantir uma operação segura e eficiente de dutos. “Para oferecer um serviço seguro para esse setor, que convive com riscos geológicos e climáticos, é preciso estar perto do cliente, oferecendo apoio necessário”, conclui Ravet. Também presente na feira, a TDW apresentou sua tecnologia para monitoramento de dutos offshore. Os ROVs (Remotely Operated Vehicle) fabricados pela empresa alcançam 2.000 m de profundidade. “O Brasil é um mercado importante para nós. Com certeza nossa tecnologia ajudará o país a solucionar muitos dos desafios atuais da exploração e produção de petróleo e gás”, diz o diretor da TDW para a América Latina, Juan Chacin. Segundo ele, a Rio Pipeline é o evento mais importante para os negócios da companhia no continente. “Sabemos de nosso compromisso com os clientes brasileiros. Nossa missão é focada em prover soluções a todos os operadores de dutos pressurizados”, assegurou.

Engenharia integrada Pela primeira vez juntas em um evento nacional sobre dutos, a Amec Kromav, especializada em engenharia e gerenciamento de projetos, visitou a Rio Pipeline e foi uma das apoiadoras do evento na categoria Diamond Sponsor. De acordo com Osvaldo R. Capmany,

diretor executivo da Amec Kromav, as companhias se associaram em setembro do ano passado e somente em 2015 participarão com um estande na feira, quando já estiverem operando em maior escala no Brasil. “Acreditamos que a indústria brasileira é muito promissora e por isso viemos. Queremos compartilhar com o mercado toda a experiência que a Amec tem nos 40 países em que atua – com destaque para a experiência no Golfo do México, África e Mar do Norte, onde detemos a maior parte do mercado, ao lado da expertise naval da Kromav”, indica. A experiência da Amec no exterior engloba todas as fases da atividade de óleo e gás, cobrindo downstream, midstream e upstream, mas por enquanto, no Brasil, a Amec Kromav está atuando mais fortemente na área de upstream, tendo participado das principais unidades de produção offshore da Petrobras nos últimos anos. “Junto com a Kromav hoje podemos trazer para os nossos clientes soluções integradas que resultam em mais eficiência, menor custo e maior segurança das unidades”, afirma o executivo. Capmany conta que a Amec Kromav tem investido pesado em pessoas no Brasil, e com isso está buscando uma sede no Rio de Janeiro para reunir todas as equipes, que no momento utilizam as instalações já existentes da Kromav na cidade. “Temos 200 funcionários atualmente no Brasil, mas a nossa expectativa é de 700 pessoas até 2017”, salienta. Luis Fajardo, gerente da Amec Kromav, comenta que todos os funcionários da Kromav foram aproveitados na associação com a Amec e


Mercado demanda maior eficiência dutoviária que o trabalho em conjunto das duas é de total integração. “A Kromav é muito boa no que faz, mas não tinha a magnitude da Amec para encarar os desafios que o mercado brasileiro estava começando a exigir”, diz.

Integridade A americana Weatherford, uma das maiores fornecedoras de serviços do setor, mostrou no seu estande este ano a sua linha de inspeção de dutos em pig, usado para verificar irregularidades no interior do duto, antecipando um possível reparo no equipamento e prolongando a vida útil do duto. De acordo com a empresa, a América Latina é ponto estratégico para os investimentos do grupo e o Brasil, principalmente pelas descobertas do pré-sal. Segundo Santiago Galisteo, gerente regional da Unidade de Negócios, esse potencial que a empresa vê no país levou-a a realizar investimentos na ampliação da base

de Macaé, importante polo para as operações da companhia no setor de óleo e gás. Se a empresa americana pensa no duto por dentro, a brasileira Pipeway quer manter a integridade do lado de fora do duto. Participando desde a primeira Rio Pipeline, a empresa apresentou o Opta Sense, tecnologia desenvolvida pela companhia para fazer o monitoramento do duto por fora, vistoriando sua via de passagem, ou seja, o equipamento avisa e classifica uma ameaça como máquinas e pessoas próximas ao duto, e envia mensagens para que técnicos possam verificar e evitar um problema maior para a integridade do mesmo. “O mercado vem recebendo com muito interesse os nossos produtos

e, assim como a Rio Pipeline, nós estamos crescendo ano após ano”, afirmou Raphael Miranda, coordenador comercial da Pipeway. Enquanto isso, a Tenaris levou para a Rio Pipeline seus tubos com alta resistência ao colapso, voltados para águas ultraprofundas, com espessura reduzida e tubos de aço mais leves, possibilitando reduzir o peso da coluna de tubos presos ao barco de lançamento, facilitando a viabilidade técnica e econômica do duto, além de reduzir o custo e tempo dos projetos. Para acompanhar o ritmo de projetos atendidos, a companhia anunciou investimentos de US$ 180 milhões em duas novas prensas para a fabricação de tubos, já instaladas na unidade produtiva de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. Isto permitirá a produção de tubos com espessura até 1,575 polegada, voltados para os desafios da exploração e produção offshore.

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Um refinado negociador Engenheiro químico que passou por todos os níveis hierárquicos da Petrobras, até alcançar a presidência, em 1988, Armando Guedes Coelho foi um dos principais responsáveis por algumas das principais conquistas na área de refino, entre as quais o domínio da tecnologia de craqueamento catalítico que possibilitou à estatal refinar óleo mais pesado. Assim, vê com certo pesar os atrasos na implantação de novas refinarias. “A área de refino entrou em um caminho fora do esquadro”, afirma o homem que soma mais de 40 anos de experiência no setor de energia, especialmente nas áreas de óleo e gás e petroquímico. Ele consolidou uma reputação como hábil negociador na década de 1970, quando, no Departamento Comercial da companhia, estabeleceu sólidas relações com dirigentes dos países árabes que integravam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), evitando o racionamento de combustíveis. “Foi um esforço enorme manter o suprimento brasileiro. Cheguei a ir para o Teerã 24 vezes em um ano”, recorda. por Karolyna Gomes

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Fotos: TN Petróleo

ma experiência e tanto para o engenheiro que se formou na Escola Nacional de Química (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ) em 1963, aos 24 anos, e nunca imaginou que acabaria comandando uma das mais importantes companhias petrolíferas do mundo: “Nem pensava em trabalhar nesse setor”, afirma. Foi por influência de um professor de ciências do curso científico que ele descobriu o gosto pela química. “Achei interessante associar química à engenharia”, diz Guedes, lembrando a opção pela engenharia química na hora de ingressar na faculdade. Mas o acaso começa bem antes, quando ele, aos 13 anos, deixou Goiás Velho em companhia da família que veio ao Rio devido a problemas de saúde do patriarca, e acabou fazendo da nova cidade sua morada definitiva. Na faculdade, ele começou a estagiar na indústria de cimento, onde acreditava que seguiria carreira. Foi nesse setor que fez o primeiro contato com a Petrobras, que começava a substituir importações e necessitava de produtos especiais para a cimentação de poços. “Realizei um trabalho muito interessante para a empresa, envolvendo 500 mil sacos de cimento”, lembra. Com o cargo garantido para quando se formasse, Guedes começou a namorar e, logo após a formatura, decidiu casar. Foi aí que tudo mudou. “Minha condição era continuar e no Rio. Mas, três dias antes do casamento, fui informado de que seria transferido para uma fábrica localizada entre Itaperuna e Campos. Como eles não respeitaram o acordo, pedi demissão”, conta. Casou desempregado, mas acabou recebendo um presente de casamento um pouco atrasado, quando estava em plena lua de mel, em São Paulo: havia passado no concurso, prestado tempos antes, para a Petrobras: “Foi realmente um acaso. Entrei nesse mercado e nunca mais saí”, conta. Especialização na Bahia – Daí em diante, foi uma sucessão de experiências. Em 1964, fez o curso de Refinação de Petróleo e Engenharia de Processamento no Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisa de Petróleo (Cenap), na Bahia, onde se destacou como o melhor aluno de sua turma.

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A instituição abrigou o núcleo que deu origem ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, o Cenpes. “O Cenap foi fundamental para iniciar o processo de aprendizado tecnológico, treinando e capacitando profissionais da empresa em cursos de altíssimo nível”, lembra Guedes, observando que, na época, a Petrobras tinha sua força no refino e no abastecimento. “Fui enviado para onde estavam os craques, a Sorbonne da Petrobras”, graceja. Depois de três anos e com a pós-graduação concluída, voltou ao Rio de Janeiro, onde vislumbrou a possibilidade de atuar em outras áreas da empresa: as áreas técnica e comercial. Acabou indo para o setor de logística, onde ficou responsável pela distribuição de derivados. “Fui chamado para ser chefe do setor. Talvez eu tenha sido a primeira pessoa com curso superior a trabalhar lá”, comenta. Seu olhar sistêmico logo identificou algumas atividades que poderiam ser executadas com mais eficiência. “Foi assim que consegui obter respeito. Reformulei toda a área de derivados. Criei um setor de comércio exterior, pois o Brasil importava GLP e exportava gasolina, o que deu uma configuração mais sustentável para o negócio. Ficamos mais fortes”, exulta. O reconhecimento viria na forma de um convite para ser gerente da área de combustíveis. Seis anos após ingressar na Petrobras, migrou para a chefia do departamento comercial – setor de destaque, pois lidava diretamente com as negociações de petróleo. “O momento financeiro era delicado para o país, que importava 80% do petróleo consumido internamente”, observa. Abastecimento garantido – Em 1973, quando a Opep quadruplicou o preço e reduziu as vendas de petróleo para os Estados Unidos e seus aliados na Europa – em retaliação ao apoio a Israel, na Guerra do Yom Kippur – surge a

Local de nascimento: Goiás Velho (antigo nome da capital, Goiânia) Idade: 74 anos Hobby: andar no calçadão da praia de Ipanema. “Faço isso há mais de 20 anos”. Música: “gosto de escutar Tom Jobim” Livro: “jornal é minha leitura regular” Melhor lugar para descansar: “tenho uma fazenda em Goiás, onde passo com minha família um período de dez a 20 dias por ano. Lá é como se fosse Petrópolis, mas com a separação das duas bacias do Brasil: a do Amazonas e a do Prata Filmes: “sempre gostei dos filmes épicos” primeira grande crise. “O corte era de 20%, o que gerou racionamento na Europa e nos EUA. Mas o Brasil passou incólume por esse momento, quando, mesmo sem dinheiro, conseguia manter seu abastecimento”, afirma Guedes. Naquele momento o país consumia em torno de um milhão de barris de petróleo por dia, e importava 800 mil barris. O cenário indicava que haveria racionamento. “Criamos boas relações com os árabes. E elaboramos um plano para criar um mercado adicional”, revela.

A Petrobras decidiu alugar duas refinarias na Sicília (Itália), que processavam algo em torno de 250 mil barris – cerca de 20% do consumo brasileiro. “Comprávamos petróleo do Oriente Médio para processar essas refinarias. Quando os árabes aplicaram o embargo, pegamos essa carga e distribuímos para o Brasil”, lembra. A estratégia foi um sucesso! A crise rendeu experiência e alguns ‘causos’ nas relações internacionais com o mundo árabe. “O networking não era fácil. Muitas vezes passávamos dificuldades. Já dormi até debaixo de uma escada na capital da Líbia, Trípole, sem ter para onde ir, durante as negociações mais tensas. Mas posso afirmar que uma das experiências mais incríveis da minha vida foi conviver com os árabes”, afirma. Entre os episódios marcantes, Armando Guedes lembra uma negociação no auge da crise, quando o mercado necessitava de mais 400 mil toneladas de petróleo. “Ninguém estava disposto a ceder nem uma gota”, recorda. Ele decidiu então tentar a sorte no Iraque, onde a Petrobras, por meio da Braspetro, havia realizado a maior descoberta de petróleo da década, em 1976: os campos gigantes de Majnoon e Nahr Umr, próximos à cidade de Basra, na fronteira com o Irã. “Desci do avião e fui direto para o escritório da companhia estatal iraquiana (State Oil Marketing Organization – SOMO), pois tinha boa relação com o CEO da empresa, Ramsy Sadam Al Husseim. Quando cheguei, mesmo havendo um grupo de japoneses o aguardando para uma reunião, consegui explicar nosso problema. Ele me olhou e disse que eu era louco, que não havia condição de o negócio acontecer, e que os japoneses estavam ali para comprar o petróleo”, diz Guedes. “Passados 15 minutos, o CEO abre a porta e diz aos japoneses: meus amigos, infelizmente o óleo que eu ia fornecer para vocês eu acabei de TN Petróleo 92

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perfil profissional especial entregar para o rapaz ali. E apontou para mim.” Maior produtora mundial de petróleo, a Arábia Saudita também se rendeu ao hábil negociador. O Brasil comprava petróleo árabe via empresas norte-americanas – Mobil, Exxom, Chevron, Texaco –, que formavam a então Arabian American Oil Company (Aramco). “Essas companhias exigiam o pagamento em dinheiro, e não dispúnhamos.” A saída foi estreitar relacionamento com o governo árabe, convidando o ministro do Petróleo, Ahmed Zaki Yamani, a vir ao Brasil. “Ele veio ao país em um Jumbo 747 particular. Aquilo era um luxo, tinha até sauna”, conta Guedes. Em uma segunda, eles literalmente ‘deram linha’ ao árabe, que acabou fisgado. “Fomos visitar Manaus e ele ficou tão impressionado com tanta água doce, que decidimos levá-lo para um passeio. Quando percebemos que ele ia querer pescar, compramos um tambaqui de um metro e meio, chamamos um mergulhador da Marinha e instruímos: ‘coloca o peixe no anzol do homem’. Quando o Yamani puxou e viu o que tinha pescado, quase enlouqueceu de felicidade”, lembra, rindo. O episódio rendeu o primeiro contrato assinado por uma estatal saudita fora daquele país. “Assinamos o contrato dentro da lancha!” A era de ouro do refino – Com a economia em expansão, a Petrobras decidiu reforçar o parque de refino, construindo praticamente todas as suas unidades nas décadas de 1970 e 1980 – Replan, Revap, Repar, Regap, Refap – passando a produzir derivados para abastecer o mercado interno. “Realizamos um feito incrível. Produzíamos querosene de aviação, lubrificante, diesel... Conseguimos desenvolver tecnologias importantes para esse setor”, comenta Armando Guedes, que ocupou a diretoria de refino durante nove anos, acumulando 98

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também, entre 1982 e 1986, a presidência da Petroquisa. Guedes tinha duas missões: fazer a reaproximação entre as empresas do segmento petroquímico e reduzir a produção de óleo combustível, de baixo valor agregado. “Participei do planejamento de um programa que chamamos ‘Fundo do Barril’. A ideia era pegar a fração mais pesada do óleo do fundo do barril de petróleo e transformá-la em produto de maior valor agregado, no caso, o diesel. O que se faz por craqueamento”. Como era uma tecnologia ainda não dominada, a Petrobras rastreou as exportações do petróleo produzido na Bahia e localizou uma refinaria norte-americana que processava aquele óleo. “Enviamos técnicos para descobrir de que forma faziam isso. Eles constataram que a refinaria craqueava o óleo para produzir gasolina. Resolvemos usar a mesma técnica, com o objetivo de produzir diesel. Porém, nos faltava conhecimento tecnológico, principalmente em relação ao catalisador”, conta. O passo seguinte foi entrar em contato com empresas que produziam catalisadores no mundo. Descobriu-se que as partes envolvidas nessa cadeia produtiva não se comunicavam: tanto o Centro de Tecnologia que idealizava um catalisador, como a fábrica que o produzia, e a refinaria que o utili-

zava. “Qualquer problema demorava a ser solucionado, pois existiam questões ligadas às patentes. Era uma caixa-preta.” A Petrobras decidiu unir as três partes desse arranjo - idealizador, fabricante e refinaria -, e desenvolve o projeto que a torna, até hoje, líder mundial no craqueamento de cargas pesadas, ao criar a então a Fabrica Carioca de Catalisadores (FCC), em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Com isso obteve uma redução da importação de lubrificantes – os básicos –, o que proporcionou uma queda de 30% a 40% nos preços. Quando a unidade da Reduc entrou em operação, houve nova redução substancial do volume importado. A estratégia trouxe uma enorme economia. “Os preços caíram mais de 50% no final da década de 1970.” O Cenpes também participou do projeto, criando um grupo dedicado à pesquisa da tecnologia de craqueamento. “Fazíamos de três a quatro reuniões por mês envolvendo todas as partes. O resultado foi impressionante: a Petrobras é hoje a maior conhecedora de craqueamento de carga pesada que existe no mundo”, afirma Armando Guedes, complementando que a tecnologia continua tendo valor no mercado, mesmo após a descoberta de reservas de óleo leve. Não é à toa que o primeiro módulo do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que está previsto para entrar em operação em agosto de 2016, segue exatamente esse conceito: craquear frações pesadas transformando o material em óleo diesel, nafta e produtos de maior valor agregado. Modelo de negócios – Um dos idealizadores do modelo estruturante de negócios seguido pela Petrobras, Armando Guedes acompanhou a criação das diversas subsidiárias da estatal, em cada segmento: a Petrobras Química SA (Petroquisa), Interbrás (comércio internacional), Petrobras Distribuidora (distribuição e comercializa-


um refinado negociador ção de combustíveis e derivados), a Petrofértil (responsável pela parte de fertilizantes), e a Petrobras Internacional (Braspetro). “Participei da idealização desse modelo, que abriu para a empresa uma importante janela para o futuro”, diz o engenheiro que chegou a presidir algumas dessas subsidiárias. No entanto, a ausência de resultados mais satisfatórios obrigou a estatal a prospectar novas possibilidades, buscando a melhoria da qualificação dos especialistas da área de geofísica e geologia e o aprendizado com empresas internacionais. “Surgiu a ideia de explorar no exterior. O objetivo era ver como as empresas desenvolviam esse setor, e aprender como era a formação geológica daqueles locais.” Com a Braspetro, mais além do negócio, a Petrobras deu a partida na capacitação externa de especialistas e técnicos, de forma a agregar conhecimento geológico ao país. Simultaneamente, foram assinados os primeiros contratos de risco, que permitiram que empresas estrangeiras atuassem no Brasil. “Foi difícil convencer o general Ernesto Geisel (presidente da estatal de 1969-1973) de que essa era uma ação estratégica que enriqueceria nossa mão de obra. Ele era uma pessoa extremamente nacionalista. Eu o vi assinando esses contratos e ele suava em bicas”, afirma Armando Guedes. Visão de futuro – No Brasil, a Petrobras também avançava para as águas do mar, em busca de petróleo, tendo iniciado operações na Bacia de Campos onde, em 1984, descobre Albacora, o primeiro campo gigante em águas profundas. Quatro anos depois, Armando Guedes torna-se o 20º dirigente da estatal, ao assumir a presidência no dia 21 de junho de 1988. No posto maior da petroleira, Guedes promove o Programa de

Ação no Setor de Petróleo (Pasp), visando tornar o Brasil autossuficiente na produção de hidrocarbonetos. “Na minha cabeça, se nós quiséssemos ser um país importante no setor de óleo e gás, não podíamos mais depender de importação”, comenta. A meta era ousada: mais do que dobrar a produção da época, que era de 500 mil barris de óleo equivalente por dia, e chegar a 1,5 milhão de barris de petróleo em sete anos. As ações do Pasp envolviam investimento pesado em exploração e produção. “Tínhamos de monetizar as grandes descobertas na Bacia de Campos. Não adianta ter reservas comprovadas e não monetizar”, diz. Por isso mesmo, ele considera o atual endividamento da Petrobras como parte de um dos melhores cenários de mercado, uma vez que a empresa adquiriu uma dívida para investir e proporcionar lucro. “Na área de produção, o lucro fica na faixa de 30% ou 40%, na de refino é de 12%, e na área de distribuição o valor varia entre 3% e 4%”, explica. Segundo dados do último Boletim da Produção da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), no último mês de setembro, a produção do país alcançou cerca de 2.094 milhões de barris de óleo/dia. Desse total, 1,6 milhão é extraído na Bacia de Campo, onde um campo descoberto em meados da década de 1980, Marlim, é o que tem maior produção, com uma média de 284,1 mil barris/dia. Novos desafios – Depois de quase um ano na presidência, Armando Guedes ainda ficou mais uma década na diretoria da estatal. Sua forte experiência no setor o levou a ocupar importantes cargos também fora da petroleira: foi presidente da FCC (1989/1990), membro do

conselho de administração das empresas petroquímicas União (PQU), Petroflex, Rio Polímeros e Polibrasil; diretor executivo da Suzano Petroquímica; e sócio da consultoria Energia do Rio. Hoje, é membro do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP); e presidente do Conselho Empresarial de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com visão estratégica, define o atual momento da área de refino da Petrobras como “um grande desafio”, já que o consumo interno segue crescendo e os projetos de novas refinarias estão atrasados. No ano passado, a empresa teve de lidar com o aumento expressivo da importação de gasolina e de derivados para suprir a demanda interna, o que se repetiu este ano. “O que falta é exatamente uma visão sistêmica, que aproveite as linhas de dutos já existentes de forma a melhorar a parte logística. A área de refino está em uma situação não muito favorável”, afirma, ao refletir sobre as mudanças estratégicas que envolveram os atrasos das refinarias do Maranhão e do Ceará. Na opinião do engenheiro químico, a companhia tem mão de obra qualificada e experiente para tocar os projetos e recuperar o bom desempenho. “Existe um grande problema de interferência política na empresa. Isso também atrapalha o desempenho.” Sobre o pré-sal, Armando Guedes se mostra contrário à Petrobras ser operadora única. “No passado, a união de conhecimentos com empresas internacionais levou a companhia a criar comparativos, e adquirimos uma experiência incrível superando desafios. Ter competidor é muito positivo”, conclui.

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Ano 4 • nº 30 • novembro de 2013 • www.tnsustentavel.com.br

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem Editorial

Cobrar ou conversar? São quase 15 anos de minha atuação no setor de responsabilidade social no mercado de petróleo e gás do Brasil. E nesse período, cheguei bem perto de ter a certeza de que o caminho para a aceitação plena, por parte das empresas, sobre a importância da Responsabilidade Social e da Sustentabilidade nos negócios só viria por meio do sistema de cobrança e punição. Legislação rigorosa, multas pesadas, dentre outras ações do gênero, eram o único caminho defendido por estudiosos e consultores do assunto. A mim, sempre restaram dúvidas, mas não conseguia ver outra alternativa de forma muito clara e palatável ao mundo dos negócios. Mas esta edição do Caderno de Sustentabilidade vem lançar um pouco de luz a esse pensamento que acredito também seja de outras pessoas e profissionais que, como eu, continuam a buscar o caminho da conciliação e da conversa como uma alternativa possível. Nossa entrevistada, Glaucia Terreo, instala essa proposição quando nos fala sobre a aprovação em setembro da lei que prevê que as empresas de capital aberto terão, obrigatoriamente, de apresentar relatório anual de sustentabilidade; e reconhece que é importante que as empresas adotem condutas sociais e gestão voltadas para a redução de impactos ambientais no Brasil. Ao mesmo tempo, ela nos mostra outra tendência que vem sendo adotada em outros países do mundo e, aqui, encabeçada pela BM&FBovespa que é o ‘Relate ou Explique’ – ou seja, o governo não obriga de vez a empresa, mas cria certo “constrangimento saudável” porque desse modo as empresas pensam: ou apresento um relato ou explico por que não quero falar das minhas informações ASG (Ambientais, Sociais e de Governança)... e o número de empresas que relatam ou explicam é grande!

Tal fato abre espaço para a reflexão que leva ao diálogo. E onde há reflexão e conversa as chances de mudança são muito maiores do que quando as ações são obrigatórias, punitivas e algumas vezes arbitrárias. A outra matéria que destaco nesta edição e que se coaduna com esse pensamento é a cobertura do Seminário de Responsabilidade do IBP, o qual traçou o cenário atual e as perspectivas futuras da relação do conteúdo local e desenvolvimento do setor de petróleo e gás no Brasil. Empresas, universidade, instituições e comunidade nos mostraram os diversos lados desse relacionamento entre o mercado de petróleo e seus públicos. A falta de clareza nos papéis desempenhados por esses públicos gera confusão e cobranças muitas vezes infundadas e que, por falta de mediações e conversas bem conduzidas, deixa espaços para julgamentos e arbitrariedades de todas as ordens. “Unir as entidades e incluir as excluídas nos processos anteriores, comprometer lideranças, buscar parceiros externos, prestar contas e ser transparente, compatibilizar com os objetivos da Resex, demonstrar capacidade e mostrar resultados” foram as palavras de Carlos Alberto Oliveira, da Reserva Extrativista de Canavieiras (Resex) sobre o sucesso da experiência da reserva com a atividade petrolífera e o relacionamento conquistado junto à Queiroz Galvão, que possui licença de operação para perfurar um poço de petróleo na região. Uma verdadeira relação de ganha-ganha! Boa leitura e até a próxima! Lia Medeiros Diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo

Sumário

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Exigência de relatório de sustentabilidade para empresas de capital aberto

Conteúdo e desenvolvimento local em debate no Rio

Plano Nacional de Contingências (PNC)

Entrevista especial com Glaucia Terreo, representante oficial da GRI no Brasil

Seminário de Responsabilidade Social Corporativa do IBP

Governo Federal

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suplemento especial Entrevista especial com Glaucia Terreo, representante oficial da GRI no Brasil

Exigência de

relatório de sustentabilidade

para empresas de capital aberto

Foi aprovada em setembro deste ano a lei que prevê que as empresas de capital aberto terão, obrigatoriamente, de apresentar relatório anual de sustentabilidade. A nova legislação propõe que as companhias informem as ações realizadas para reduzir impactos ambientais decorrentes de suas atividades, programas sociais implementados e boas práticas de governança corporativa adotadas. Em entrevista à TN Petróleo, Glaucia Terreo, representante oficial da Global Reporting Initiative (GRI) no Brasil, comenta a atual exigência dos relatórios e sobre a nova geração de diretrizes do sistema GRI.

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Foto: Gilson de Souza

TN Petróleo – Qual a importância dessa conquista para o mercado? Glaucia Terreo – É muito importante que as empresas adotem condutas sociais e gestão voltadas para a redução de impactos ambientais no Brasil. Em outros países, inclusive, os governos estão adotando uma regulação bem interessante, também, a “Relate ou Explique” – ou seja, o governo não obriga de vez a empresa, mas cria certo “constrangimento saudável” porque assim as empresas pensam: ou apresento um relato ou explico por que não quero falar das minhas informações ASG (Ambientais, Sociais e de Governança) – e no final acabam por relatar – ou seja, a regulação faz a empresa refletir sobre o tema. Aqui no Brasil, a BM&FBovespa adotou essa política e o número de empresas que relatam ou explicam é grande. É uma forma muito interessante de promover a reflexão e a Bolsa tem sido protagonista na formação desse tema dentro das empresas, com workshops para treinar e acompanhar as que

por Maria Fernanda Romero

tenham interesse em relatar, etc. Acredito que ações como esta e a aprovação desse projeto de obrigatoriedade dos relatórios impacta de maneira consistente o mercado, porque requer preparação e treinamento das empresas. Em outros países essa prática dos relatórios já é adotada pelas companhias, entretanto, no Brasil, apenas uma em cada cinco empre-

sas de capital aberto divulga esse tipo de relatório e, na maioria das vezes, faz isso apenas por exigência de investidores estrangeiros. Em sua opinião, por que isso acontece? Vejo a prática a todo vapor em nosso país. Entre as cem maiores listadas, 100% já praticam – e as listadas de forma geral já têm certa tradição em relato... é claro que precisamos avançar muito também na qualidade das informações, mas vejo como um dos grandes desafios para acessar as micros, pequenas e médias, que concentram a maior parte dos empregos no país. O engajamento dessas empresas vai promover uma mudança radical, para melhor, nesse cenário. Acredito que um dos grandes entraves seja o mito de que relatar informações ASG é complicado e caro. Mas muitos ficam admirados quando descobrem que muitas coisas eles já fazem, e outras são simples de fazer... E o documento final não precisa ser uma publicação com design gráfico superelaborado, mas com conteúdo e pode ser um pdf.


Que dificuldades as empresas encontram ao elaborar um relatório de sustentabilidade? Creio que a maior dificuldade é saber por onde começar e saber para que começar. A empresa precisa saber para que vai começar a trabalhar os temas: manutenção e ampliação de carteira de clientes, acesso a capital, retenção de talentos, motivação de empregados, melhora da gestão de riscos etc. A dificuldade surge por não conhecer direito para que serve trabalhar os temas ASG na empresa – que não será algo “verdinho e fofinho” mas sim, uma gestão mais robusta da organização (da porta para dentro) e de seus relacionamentos (da porta pra fora). Em muitas organizações, vejo também certa dificuldade da alta direção entender o que significa relatar ASG. Quando ela entende os temas e se envolve ou apoia o processo, o relato sai consistente. Esse entendimento promove maior integração entre as áreas no processo, o que é fundamental para o relato. Assim, o pessoal de Meio Ambiente, de Relações com Investidores, de Contabilidade, de Gestão de Pessoas etc. deve trabalhar junto no processo. Como a comunicação pode contribuir para que os relatórios reflitam cada vez mais a realidade das empresas? A comunicação faz parte do processo de relato e pode ajudar na estratégia da comunicação das informações – saber para quem e utilizar a linguagem adequada. Se é para um investidor, por exemplo, tem que contar que riscos e oportunidades a empresa trabalhou por meio de investimento “XYZ” em meio ambiente e não dizer: “gastei tanto no projeto XYZ”. O pessoal do outro lado quer saber de que maneira o valor investido vai voltar em função daquele projeto. Se se tratar

A finalidade da ONG GRI é promover a transparência. Enquanto as informações não forem claras, completas, o mercado, a economia, não vão funcionar direito. E a GRI acredita que essa transparência também promoverá a sustentabilidade.

de uma comunidade tradicional, talvez seja melhor uma reunião. Qual a vantagem das empresas que divulgam seu relatório de sustentabilidade? Da porta para dentro: gestão mais robusta, maior clareza para tomar decisões, visão de futuro, sistematização de informação, gestão integrada, etc. Da porta para fora: acesso a novos mercados, manutenção de clientes, acesso a investidores, etc. Ao mesmo tempo que ocorre a discussão sobre a obrigatoriedade da apresentação do relatório anual, a nova geração de diretrizes do sistema GRI é lançada para publicação de relatórios de sustentabilidade. O que vai mudar? A GRI G4 está com maior rigor técnico e mais prescritividade na questão da materialidade e dos limites do relatório. Alguns temas já existentes foram revisados – como mudanças climáticas, emissões e energia – procurando maior alinhamento com o Greenhouse Gas (GHG) Emissions Working Group e o Carbon Disclosure Project (CDP) e outro foi o tema Combate à corrupção. Dentro

de governança, os temas novos são remuneração e ética e integridade. Algo em total sintonia com os grandes desafios da sustentabilidade também aparece: cadeia de fornecedores, por exemplo. Outra novidade são os links que a GRI traz com iniciativas como o Pacto Global, as Diretrizes OCDE para Empresas Multinacionais e também com os Princípios de Direitos Humanos e Empresas da ONU. Qual as principais características da metodologia da GRI? É uma metodologia internacionalmente aceita e flexível o bastante para se adaptar a qualquer contexto. É também construída por pessoas de diversas origens geográficas e setores (empresas, Ongs, academia, consultoria, etc.). Um verdadeiro (e difícil) exercício de democracia. O que deve compor um relatório de sustentabilidade? E qual a finalidade? A finalidade da ONG GRI é promover a transparência. Enquanto as informações não forem claras, completas, o mercado, a economia, não vão funcionar direito. E a GRI acredita que essa transparência também promoverá a sustentabilidade. Um bom relato tem informações materiais, que contem (com números) como a empresa trabalha para gerenciar suas externalidades – e não apenas informações ufanistas. Você considera que a melhoria na comunicação com os diversos stakeholders da organização é importante para o aprimoramento da qualidade das informações dos relatórios? Isso é primordial e o que deve ser feito é melhorar os canais já existentes e nunca criar novos canais para a sustentabilidade. A sustentabilidade precisa ser intrínseca aos processos de gestão da organização, inclusive na comunicação também. TN Petróleo 92

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suplemento especial

Conteúdo e desenvolvimento local em debate no Rio Realizado no dia 12 de novembro no Rio, a sexta edição do Seminário de Responsabilidade Social Corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) traçou o cenário atual e as perspectivas futuras da relação do conteúdo e desenvolvimento local do por Maria Fernanda Romero setor de petróleo e gás no Brasil.

Conteúdo local Antônio Guimarães, secretário executivo de exploração e produção do IBP, fez a palestra de abertura, quando tratou da questão da sustentabilidade alinhada com o conteúdo local. Guimarães comentou que essa política de governo, em bases competitivas, é um bom negócio. “A busca pela maximização desse conteúdo em bases competitivas contribui para o desenvolvimento sustentável do país. Esse será nosso legado positivo. As empresas associadas do IBP apoiam isso”, afirmou. De acordo com ele, as companhias de petróleo podem contribuir 104

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Fotos: Divulgação IBP

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indústria do petróleo jamais poderá substituir o governo. A afirmação foi feita por Milton Costa Filho, secretário executivo do IBP, durante a abertura da sexta edição do Seminário de Responsabilidade Social Corporativa. “Nossas empresas têm que ser responsáveis no seu trabalho, devem ajudar, mas nunca substituir e fazer o trabalho do governo”, indicou. Nesta direção, Milton ressaltou que a relação das comunidades com a indústria do petróleo é extremamente importante, sobretudo pela oportunidade profissional envolvida. Na ocasião, o secretário executivo do IBP comentou também sobre a importância de atrair a juventude para a indústria. “Esses conceitos de responsabilidade social corporativa são muito importantes para que essa geração veja o quanto nossa indústria é responsável e atraente para eles”, concluiu.

para o desenvolvimento sustentável tendo compromisso de operar de forma sustentável, reduzindo seus impactos e entregando benefícios sociais duradouros e estabelecendo exemplos através das boas práticas comerciais e da ética nos negócios. “A questão do conteúdo local significa o valor adicional para as comunidades que acolhem as companhias de petróleo através da contratação, no país, de serviços e materiais, mão de obra direta e indireta através de contratados, subcontratados e fornecedores locais e do desenvolvimento empresarial e acesso a recursos financeiros”, explicou. Para Guimarães, o desafio é desenvolver nova capacidade não só de produção, mas capacitação de mão de obra. De acordo com ele, a indústria deve-se preocupar com a expectativa das comunidades, ONGs, investidores e governos, necessidade dos consumidores e com a transparência. Ainda pela manhã, o seminário contou com um painel sobre a re-

lação do setor de petróleo e gás e o desenvolvimento local, mediado por Edson Cunha, coordenador da Comissão de Sustentabilidade do IBP. Felipe Garcez, coordenador de itens críticos de conteúdo local da Petrobras, indicou que essa política é uma exigência do governo e é vista como uma vantagem competitiva para a companhia em toda a cadeia de valor de óleo e gás. Dentre os potenciais benefícios para o país ele citou: a geração de emprego e renda, diversificação da economia, ambiente seguro para atração de investidores, desenvolvimento de capacidade produtiva nacional, dentre outros; e para a Petrobras, a disponibilidade de assistência técnica local, maior garantia de fornecimento, aumento da capacidade de inovação dos fornecedores, redução de custos, estoques e riscos ligados à política externa. Projetos como o Progredir (voltado para fornecedores da Petrobras), Arranjos Produtivos Locais (APLs), convênio Sebrae e Plano


Nacional de Qualificação Profissional (PNQP), apresentados pelo coordenador, foram citados como ferramentas importantes que junto à forte demanda da Petrobras, suportam o fortalecimento do mercado fornecedor nacional, indutor de produção inclusiva e sustentável. Já César Gama, gerente de fabricação e conteúdo Nacional da Schlumberger Brasil pontuou que a companhia gostaria que os equipamentos refor mados no Brasil agregassem porcentagem de Conteúdo Nacional a fim de evitar que fossem exportados com tal finalidade. Além disso gostaria de ver uma evolução da metodologia na formula de medição do conteúdo nacional para que os investimentos relizados pela empresa no Brasil em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia fossem convertidos em créditos de Conteúdo Nacional. Outro item que deveria ser reconhecido como Conteúdo Nacional seriam componentes fabricados nacionalmente e exportados para serem utilizados na produção de equipamentos fora do país. A empresa desenvolveu fornecedores brasileiros para suprir a demanda de alguns componentes de seus equipamentos, como por exemplo bombas e motores elétricos de fornecedores de Santa Catarina, que são exportados para os Estados Unidos para montagem final. O produto final quando importado, mesmo com componentes produzidos no Brasil, é considerado 100% de Conteúdo Estrangeiro. Segundo Gama, de acordo com a cultura corporativa da Schlumberger, a companhia mantém um percentual de cerca de 15% de funcionários estrangeiros na maioria dos 80 países onde a empresa opera. No Brasil, assim com no resto do mundo, a prioridade é pela contratação de mão de obra nacional e de fornecedores locais.

Em 2010 a Schlumberger foi a primeira empresa de serviços a inaugurar seu centro de pesquisa, o BRGC (Brasil Research and Geoengineering Center) no Parque Tecnológico do Fundão, no Rio de Janeiro. A instalação conta com laboratórios dedicados ao estudo de fluidos de poço, avaliação de rocha e para processos de estimulação e cimentação. O centro ainda possui núcleos destinados ao desenvolvimento de softwares de exploração e para integração de dados sísmicos e dados de reservatório que também são exportados para todo o mundo. Atualmente são 120 pesquisadores no centro.

Desenvolvimento local Mediado por Lia Medeiros, diretora de comunicação da TN Petróleo e coordenadora da comissão de responsabilidade social do IBP, o segundo painel do evento abordou a visão pública das partes interessadas.

Rosélia Piquet, professora da Universidade Cândido Mendes, abriu o debate apresentando um estudo sobre os impactos das empresas do setor de petróleo e g á s n o N o rte Fluminense. Ela indicou que a região tornou-se muito importante não apenas para o estado do Rio de Janeiro, mas também para o Brasil – afinal, dos campos petrolíferos da região saem 80% do petróleo nacional e mais de 40% do gás. “A região ganhou destaque no cenário nacional, principalmente pelo grande volume de royalties que as prefeituras recebem, o que gerou uma demanda de qualificação de pessoal. Sem dúvida, com o petróleo, a região Norte Fluminense mudou”, afirmou.

Biodiversidade, cultura e responsabilidade social Nesta edição do seminário, a Tenaris, líder mundial em soluções tubulares para o mercado energético, apresentou uma análise da interface entre biodiversidade e cultura centrada em estudos que integram um projeto desenvolvido com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), de São Paulo. José Roberto Manna de Deus, consultor em biodiversidade e educação ambiental do setor de Desenvolvimento Social da Tenaris, comentou que a empresa considera o desenvolvimento local, fator preponderante na manutenção dos negócios por estar inserida na comunidade, utilizando seus recursos e a participação de sua população em seu quadro de funcionários. “Para a empresa e parceiros, o desenvolvimento se constrói com ações em três regiões geográficas: os espaços urbanos, rurais e silvestres, integrado a programas educativos”, disse. Para ele, o maior desafio é integrar o planejamento, a implantação de políticas públicas

de uso e a ocupação do território dos municípios. De acordo com o consultor, é necessário considerar nos projetos a interface de conhecimentos científicos entre a biodiversidade e a cultura. “A atividade cultural deve ser tratada como instrumento estratégico, que facilite a educação das comunidades para a utilização mais parcimoniosa dos recursos naturais”, frisou. Na ocasião, a historiadora e especialista em projetos culturais Claudinéli Moreira Ramos, da coordenadoria do projeto ‘Biodiversidade Cultura e Responsabilidade Social’, destacou a importância da cultura para a sustentabilidade e as sutis diferenças entre funções exclusivas de governo e as ações de interesse público que constituem a base da responsabilidade social quando empresas e sociedade civil atuam para o bem comum. TN Petróleo 92

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suplemento especial “A solução para Santos passa pela divisão da polarização com outras cidades da região e por uma política urbana que olhe mais o território e divida melhor a população no seu próprio município, para que não ocorra esse deslocamento regional, que pode ser ampliado ainda mais por conta principalmente do pré-sal”, disse.

Capacitação ainda é desafio

Entretanto, Rosélia alertou que mesmo diante desse cenário positivo, o destino da região parece incerto. Como as províncias de petróleo e gás apresentam um ciclo de vida – nascimento, crescimento, maturidade e declínio –, quando este se exaure as empresas líderes do setor, de modo geral, dirigem-se para áreas que apresentem novas descobertas em algum lugar do planeta. “Para as firmas de pequeno e médio porte que atuam como fornecedoras de produtos ou de serviços de alta competência tecnológica restaria a alternativa de tornarem-se fornecedoras globais para a indústria de petróleo, associando-se a grandes companhias multinacionais em novas províncias minerais, o que sem dúvida não é trivial”, concluiu a professora. O Instituto Pólis, através do Projeto Litoral Sustentável / Desenvolvimento com Inclusão Social, demonstrou como o planejamento pode mitigar os impactos negativos na cidade de Santos. Danielle Klintowitz, coordenadora de urbanismo do Instituto Pólis, apresentou a dinâmica da mobilidade urbana no Litoral Paulista, as questões locais e os impactos dos grandes projetos como a chegada do pré-sal na região, as ampliações dos portos de Santos e de São Sebastião, e da Rodovia dos Tamoios, que liga a capital paulista ao litoral norte. 106

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Ela comentou que Santos é um território de extrema produção de riqueza de petróleo nacional, mas não consegue aproveitar a mão de obra da região. A falta de capacitação básica regional, por exemplo, faz as empresas terem que buscar mão de obra em regiões próximas, impedindo assim o desenvolvimento e aproveitamento das comunidades.

Glícia Carnevale, gerente de estratégias de mercado de petróleo e gás do Sistema Firjan, tratou dos impactos e desafios da demanda do setor na área de capacitação, quando destacou que o maior desafio ainda é aumentar a mão de obra qualificada no país. De acordo com a gerente, o atendimento aos requisitos de conteúdo local cada vez maiores nos contratos de concessão só serão atingidos com o aumento de unidades de qualificação no Brasil. “Aumentando-se a mão de obra qualificada no país, diminui-se a necessidade de importação de trabalhadores”, afirmou. Carnevale apresentou iniciativas do Sistema Firjan nesta direção, quando qualifica profissionais em suas Unidades de Tecnologia.

Diálogo e relacionamento com as comunidades A Reserva Extrativista (Resex) de Canavieiras, situada no litoral sul da Bahia, levou ao seminário a visão das comunidades tradicionais que sofrem os impactos da presença do setor de petróleo e gás. Carlos Alberto Oliveira, representante da Resex, apresentou a experiência da reserva com a atividade petrolífera e o relacionamento conquistado com a empresa Queiroz Galvão, que possui licença de operação para perfurar um poço de petróleo na região. Dentre os desafios superados, Oliveira apontou: unir as entidades e incluir as excluídas nos processos anteriores, comprometer lideranças, buscar par-

ceiros externos, prestar contas e ser transparente, compatibilizar com os objetivos da Resex, demonstrar capacidade e mostrar resultados. Criada por Decreto Presidencial em 2006, a Resex de Canavieiras possui extensão de 100 mil hectares – sendo 85% mar e 15% formados por manguezais, rios e pequenas ilhas costeiras. A comunidade protege desde 2001 um dos principais manguezais da Bahia, que origina grande parte da produção de caranguejos do estado. De acordo com relatório do Centro de Estudos Socioambientais Pangea e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), elaborado para a criação da Resex, o município de Canavieiras é marcado por altos índices de corrupção e ‘crimes do colarinho branco’.


Plano Nacional de Contingências O governo federal anunciou, no dia 22 de outubro, o Plano Nacional de Contingências (PNC), que amplia salvaguardas contra desastres ambientais de grandes proporções provocados por derramamento de óleo no mar territorial e nos rios brasileiros. O documento foi aprovado pela presidente Dilma Rousseff, e apresentado pelos ministros Edison Lobão, das Minas e Energia, e Izabella Teixeira, do Meio Ambiente. Foto: Agência Brasil

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plano foi anunciado um dia após a realização do leilão na área de Libra, o primeiro na área do pré-sal. Sua criação estava prevista na Lei 9.966, de 2000, mas até hoje não tinha sido implementado. O PNC prevê ações que envolvem 17 ministérios e deve reduzir o tempo de resposta em caso de impactos ambientais relevantes, afetando principalmente a indústria do petróleo e seus derivados. “O Ministério do Meio Ambiente, Autoridade Nacional do PNC, terá 180 dias para publicar as normas que detalham a execução do plano”, disse a ministra Izabella Teixeira. O combate aos impactos ambientais em derramamentos de menores proporções já estão previstos no licenciamento. Os planos de área, adotados desde o ano 2000, sofreram modificações para atender aos acidentes de porte médio. Os empreendimentos sem plano de área passam a ser penalizados. O PNC terá um grupo de acompanhamento e avaliação, responsável pelas operações de mitigação dos efeitos da poluição por óleo, que será formado pelo Comando da Marinha, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O grupo vai implantar o plano, acompanhar a execução das medidas e assegurar a eficácia e rapidez das respostas dos responsáveis por um eventual acidente. “Esperamos nunca ter que acionar o plano”, afirmou o ministro Lobão.

Incidentes recentes – Acidentes com derramamento, como os do Campo do Frade, em 2011, não se enquadram no PNC, que requer critérios mais rigorosos quanto aos impactos. Até agora, somente o acidente ocorrido na Refinaria Presidente Vargas, no Paraná, que despejou 4 milhões de litros de óleo em dois rios, mobilizaria a estrutura criada pelo PNC. De acordo com o decreto, já publicado no Diário Oficial da União, o Ibama será responsável pela execução do PNC em caso de acidentes em rios de responsabilidade do governo federal. A Marinha cuidará dos derramamentos no mar e a ANP dos de impacto submarinos. Ação coordenada – O plano prevê uma ação coordenada de governo no acompanhamento das medidas a partir de uma avaliação prévia do tamanho do derramamento. A infraestrutura que possibilitará o acompanhamento das atividades

potencialmente poluidoras inclui o rastreamento por satélite, a fiscalização intensiva e a responsabilização de cada área pela sua atuação. Debatido no governo desde 1998, o PNC assegura a Convenção internacional da ONU que regula o assunto. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, o responsável direto pela despoluição é o próprio poluidor. Todas as despesas decorrentes das medidas para mitigar ou eliminar os impactos no meio ambiente correm por conta da empresa que explora hidrocarbonetos, beneficia o óleo e seus derivados e os distribui. As multas por danos causados ao meio ambiente podem chegar a R$ 50 milhões e os custos com as medidas para diminuir os impactos não isentam o poluidor do seu pagamento. “Esses valores estão sendo revistos pelo Ibama, já que em casos de empreendimentos de grande porte, podem ser considerados insignificantes”, acrescentou a ministra do Meio Ambiente. TN Petróleo 92

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suplemento especial

Unesp mapeia áreas sensíveis a derramamento de óleo

O estado de São Paulo é o único do país com costa mapeada com detalhes.

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m grupo de pesquisadores e alunos da Unesp de Rio Claro (SP) desenvolveu um projeto sobre sensibilidade ambiental para uma das áreas mais impactadas por vazamento de petróleo do país: o litoral paulista. Foram produzidas, ao todo, 127 cartas operacionais que contemplam a sensibilidade intrínseca do ambiente de forma a auxiliar a realização adequada da mobilização das equipes de limpeza, em caso de derramamentos. O projeto tem previsão de ser disponibilizado, a partir de 2014, na Biblioteca Digital da Unesp, para acesso livre. O projeto ‘Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo do litoral paulista’ identifica e mapeia as áreas sensíveis a derramamento de óleo na região e, a partir de uma classificação, produz Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo, conhecidas internacionalmente como Cartas SAO, que são instrumentos de apoio utilizados no planejamento e resposta aos vazamentos. Essas cartas abrangem três componentes: a classificação da sensibilidade dos ambientes por meio do Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL), os recursos biológicos que poderão ser impactados e os recursos socioeconômicos envolvidos. Os índices usados nas Cartas, numerados de 1 a 10, são armazenados em ordem crescente de sensibilidade. Com base no estudo foi possível constatar que no litoral de São Paulo – considerando a extensão dos ambientes na faixa sob o efeito das marés – predominam manguezais, que são ambientes altamente

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sensíveis, com ISL 10 (equivalente a 52%); seguidos pelas praias de areia fina, com ISL 3 (9%); planícies de maré lamosas, com ISL 9 (8%); e costões rochosos com matas, com ISL 6 (7%). De acordo com Paulina Setti Riedel, professora da Unesp de Rio Claro, e responsável pelo projeto, os resultados mostram que 60% da faixa costeira paulista apresenta altos índices de sensibilidade (entre 9 e 10). Os ambientes menos sensíveis (1 e 2) representam apenas 7% do total da linha de costa do estado, constituídos por costões rochosos, de estruturas artificiais de alta declividade, expostos à ação das ondas, além de costões rochosos lisos, de média a baixa declividade, também expostos. “As Cartas SAO detalhadas facilitam o trabalho de limpeza, uma vez que o óleo proveniente de um derramamen-

to pode atingir qualquer local do litoral”, explica a pesquisadora. A professora ressalta que desde 2004 diversas áreas do litoral brasileiro foram mapeadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). “Estes estudos envolveram extensas áreas e por isso foram realizados em escalas mais regionais, táticas e estratégicas, focando de forma detalhada principalmente as áreas portuárias e de maior pressão antrópica”, diz. Segundo previsão do MMA, nos próximos cinco anos serão mapeadas todas as bacias sedimentares marinhas do país, com seus ambientes costeiros. O Atlas desenvolvido pela Unesp usa como referência a normatização realizada pelo MMA, porém, por ter sido produzido em âmbito acadêmico e não vinculado a processos de licenciamento, complementa as Cartas já existentes do litoral paulista, por trabalhar com


Fotos: Divulgação Unesp

escalas mais detalhadas do que as normalmente produzidas. “Com este trabalho, o estado de São Paulo passa a ser o único do Brasil a possuir toda sua costa mapeada em detalhes”, explica Paulina. A área coberta pela pesquisa abrange a Baixada Santista, com o Porto de Santos, píeres, o Polo Petroquímico de Cubatão e uma extensa rede de oleodutos; o litoral norte do estado, onde estão o porto de São Sebastião e um dos maiores terminais marítimos de petróleo do país, o Terminal Almirante Barroso (Tebar), que recebe cerca de 51% de todo o petróleo que chega ao Brasil e o distribui para importantes refinarias da região Sudeste. Há ainda o litoral Sul, que sofre a influência do

porto de Paranaguá e as atividades decorrentes da exploração do pré-sal que podem atingir o litoral paulista. O trabalho foi desenvolvido no âmbito de um Programa de Recursos Humanos que é financiado pela Agência Nacional do Petróleo e também teve apoio parcial do CNPq. Participam do grupo os professores do

Campus da Unesp de Rio Claro, Paulina Setti Riedel, Dimas Dias Brito, além de João Carlos de Carvalho Milanelli, pesquisador associado do Centro de Geociências aplicadas ao Petróleo (UnesPetro), Arthur Wieczorek, ex-pesquisador visitante do Programa de Recursos Humanos, e alunos da graduação e da pós-graduação.

Primeiro voo comercial com biocombustível Foto: Divulgação Gol

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Gol Linhas Aéreas e a Amyris, empresa líder no segmento de combustíveis e químicos renováveis, assinaram um memorando de entendimentos que poderá resultar no início da utilização de bioquerosene renovável em voos comerciais a partir de 2014. A parceria foi celebrada com a realização do primeiro voo comercial com biocombustível da companhia e do Brasil. “Comprometida com uma aviação cada vez mais eficiente e sustentável, a companhia operou, durante a Rio+20, em 2012, o primeiro voo com biocombustível em caráter experimental. Foi um passo importante para direcionarmos ainda mais nosso trabalho e, hoje, avançarmos mais um estágio”, disse Adalberto Bogsan, vice-presidente técnico da Gol. O acordo prevê que Gol e Amyris trabalharão juntas para estruturar um programa de uso de combustível de aviação renovável, derivado de cana-de-açúcar, em voos comerciais, que

seria implementado após a conclusão das validações de especificações técnicas pela indústria aeronáutica e órgãos como a ASTM Internacional e a Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A parceria faz parte da Plataforma Brasileira do Bioquerosene e é uma iniciativa apoiada pela indústria e pelo governo para promover o uso de combustíveis renováveis na aviação. “A companhia apoia todas as iniciativas que buscam soluções para tornar a aviação brasileira cada vez mais sustentável”, explica Paulo Kakinoff, presidente da Gol. Ao longo deste ano, com medidas para redução de consumo de combustível, a companhia deixou de emitir mais de 30 mil toneladas de gases causadores do efeito estufa.

Segundo a Amyris, a análise do ciclo de vida indica que o combustível de aviação renovável fornecido pode reduzir as emissões de gás de efeito estufa em 80% ou mais, se comparado com o combustível convencional derivado de fonte fóssil. “Estamos comprometidos em trabalhar com a indústria de aviação para tornar os céus mais limpos, começando pelo Brasil, em 2014. Após o sucesso que obtivemos com nossos dois voos de demonstração e uma série de resultados de testes com múltiplos atores da indústria, estamos confiantes na validação pela indústria e ASTM e inclusão na regulamentação da ANP”, disse John Melo, presidente da Amyris. TN Petróleo 92

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suplemento especial

Firjan lança manual de gestão ambiental para MPEs

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Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) lançou em outubro um manual de gestão ambiental para micro e pequenas empresas (MPEs). O objetivo é mostrar que a gestão ambiental nada mais é do que uma adequação do dia a dia da empresa, e é simples e viável para empresas de menor porte. A publicação reúne os temas ambientais mais recorrentes e busca transmitir para as MPEs uma noção mais clara do papel delas para atuar de forma ambientalmente adequada em cada um deles. Carolina Zocolli, analista de meio ambiente do Sistema Firjan, conta que muitas empresas vêm evoluindo na gestão ambiental de suas atividades. Entretanto, em geral, as pioneiras são as empresas de maior porte, que têm mais recursos disponíveis – financeiros e humanos. No entanto, ela observa que empresas de menor porte vêm sendo cada vez mais cobradas por uma atuação ambientalmente adequada: devem estar licenciadas, gerir seus resíduos, minimizar as perdas de seus processos. De acordo com a analista, a Firjan planejou esse trabalho focado em micro e pequenas empresas porque as exigências ambientais direcionadas a empresas de menor porte são bastante diferentes das obriga-

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ções voltadas para as grandes empresas. Portanto, um trabalho com foco e linguagens adequadas ao pequeno empresário eram necessários para atender melhor a esse público. O Manual de Gestão Ambiental para Micro e Pequenas Empresas sintetiza as informações, faz referência às leis relacionadas e pode ser consultado pelo empresário a qualquer momento. Os principais tópicos nele abordados são o processo de licenciamento ambiental junto aos órgãos ambientais, a gestão dos resíduos, a atenção que se deve dar ao uso da água e à emissão de efluentes, o cuidado com armazenamento e gestão de produtos químicos e a gestão das emissões atmosféricas. Todos os tópicos interligados dão ao empresário uma boa noção de como iniciar a implantação de um sistema de gestão ambiental na sua atividade, adequado à sua realidade. Para Zocolli, o pequeno empresário ainda vê a gestão ambiental como mais uma burocracia, o que para ele não é prioridade. O que a Firjan quer mostrar é que, com menos esforço do que se imagina, é possível atentar para as questões ambientais relacionadas à atividade e tratá-las com medidas simples e, muitas vezes, pouco custosas. “A gestão ambiental nas MPEs ainda é um diferencial de mercado, e é preciso aproveitar esta oportunidade enquanto as cobranças a estas empresas ainda é menos rígida do que as cobranças a empresas de grande porte”, pontua.

A analista comenta ainda que as preocupações comuns da maioria das MPEs residem no licenciamento ambiental – no Rio de Janeiro, com cada vez mais municípios aptos a licenciar e fiscalizar, a cobrança para MPEs é cada vez maior – e na gestão de resíduos, que está mais que nunca em destaque, desde a publicação da Política Nacional de Resíduos em 2010. Grandes empresas também vêm exigindo de seus fornecedores a comprovação de uma gestão ambiental eficiente, então quem quer estar em dia com o mercado deve estar atento a isso. “Um exemplo bem atual e interessante vem do Comitê Olímpico Rio 2016. Para se cadastrar nas concorrências para se tornar um fornecedor dos Jogos Olímpicos, o Comitê faz uma série de exigências ambientais às empresas. Quem não estiver atento pode perde uma bela oportunidade”, finaliza. O manual está disponível para download no site da Firjan.


Volta ao mundo da energia

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assar três meses viajando pelo mundo conhecendo as operações de empresas e entidades do setor de energia e óleo e gás. Essa foi a experiência vivida por Pentti Itkonen, jovem trainee e estudante de engenharia da Metropolia University of Applied Sciences, que depois de muitas etapas, ganhou a chance de ser embaixador da energia no programa Vaasa Energy Ambassador, promovido pelo polo de energia e óleo e gás da região de Vassa, na Finlândia. A grande novidade do programa, que está no seu segundo ano de existência, é que todas as experiências do jovem estudante foram filmadas e registradas por um fotógrafo que viajou junto com Pentti e depois colocou tudo nas redes sociais, compartilhando, efetivamente, suas experiências ao redor do mundo. Depois de passar pelos Estados Unidos e Equador, o estudante finlandês desembarcou no Rio de Janeiro, onde conheceu a sede da empresa Wärtsilä, além da oficina de serviços da companhia, em Niterói. Durante a visita, Pentti conheceu uma embarcação equipada com pacotes de propulsão e motores fornecidos pela empresa. Essa dimensão global do Vassa Energy Ambassador começou apenas este ano. Os outros países que fizeram parte do roteiro foram Noruega, Espanha, Tunísia, Índia, Tailândia, China, Estados Unidos e Equador.

INSPEÇÃO

DE

Foto: Divulgação

Jovem finlandês Pentti Itkonen visita dez países em dez semanas como ‘embaixador da energia’ e conhece a indústria energética mundial, tudo documentado nas redes sociais.

Vindo da região escandinava líder em tecnologia para o setor de energia e a que mais emprega na Finlândia, Itkonen falou para a TN Petróleo sobre o processo seletivo para a empreitada e também sobre o que é estar vivendo algo que muitas pessoas gostariam de experimentar. Para chegar ao final, Pentti teve que passar por centenas de concorrentes; estes se reduziram a 15 e, por fim, a apenas cinco – entrevistados durante dois dias. “Tive que fazer a minha própria campanha nas redes sociais para conseguir chegar até a fase dos melhores”, conta o estudante, que também apresentou trabalhos sobre energia limpa.

FABRICAÇÃO

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Ao final do programa, o embaixador da energia teve um panorama sobre o setor energético no mundo. No Brasil, Pentti Itkonen disse que sua maior surpresa foi descobrir que temos a maior parte da energia elétrica proveniente de água: “Vocês têm muita sorte. Em matéria de fontes de energia, nós não temos nada”, afirmou. E disse ainda que já conhecia nosso histórico de exploração de petróleo e gás, e também dos biocombustíveis. Além da Wärtsilä, a campanha Vaasa Energy Ambassador conta com a participação da Universidade de Vaasa, Câmara de Comércio da Finlândia, Federação Finlandesa de Indústrias Tecnológicas e outras 19 entidades.

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Relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicou no final de setembro, parte de seu 5º Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas Globais. A primeira das quatro partes do relatório, lançada em Estocolmo, trata da ciência do clima e identifica quais as causas das mudanças e quais os cenários futuros para as mesmas.

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egundo o documento, o aquecimento global sem precedentes é um fato, e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são a principal causa. As mudanças climáticas provocadas por este aquecimento afetam o nível do mar, a temperatura e a acidez dos oceanos, extensão e espessura do gelo nos polos e disponibilidade de água no planeta. “Para estancar este processo é preciso reduzir drasticamente as emissões de GEE sob pena de chegarmos ao final deste século com o aumento médio de temperatura do planeta em até 5,8ºC (40% do que no início do século passado)”, alerta. Com o grande avanço dos modelos climáticos foi possível gerar mapas e análises específicas para as grandes regiões do planeta e as notícias para o Brasil não são alentadoras, como já havia sido adiantado pelo Relatório de Avaliação Nacional sobre Mudanças Climáticas publicado recentemente pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). O primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1), lançado no dia 9 de setembro pelo PBMC, indica que no Brasil o aumento de temperatura até 2100 será entre 1°C e 6°C, em comparação à registrada no fim do século 20. Como consequência, deverá diminuir significativamente a ocorrência de chuvas em grande parte das regiões central, Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, haverá um aumento do número de precipitações. Os impactos desses cenários serão objeto da segunda parte do

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relatório, a ser lançado em março de 2014, e as ações necessárias para mitigar as emissões e evitar os piores cenários serão objetivo da terceira parte do relatório a ser publicada em abril de 2014. As conclusões dessa que é a mais extensa, completa e profunda revisão do estado da ciência do clima já produzido deve ser peça fundamental para informar e dar subsídios para que os tomadores de decisão no setor público e privado estabeleçam ações para mitigar as emissões e adaptar as nossas atividades, negócios, infraestrutura e todos os aspectos de nossa vidas para as mudanças climáticas já “contratadas” para as próximas décadas.

Principais mensagens do relatório: Mudanças observadas no sistema climático 1. O aquecimento do sistema climático é inequívoco e muitas das mudanças observadas, desde os anos 1950, não têm precedentes, ao longo de décadas a milênios. A atmosfera e o oceano se aquecem, as quantidades de neve e gelo têm diminuído, o nível do mar subiu e as concentrações de gases de efeito estufa aumentaram. 2. Desde 1850, cada uma das três últimas décadas tem sido sucessivamente mais quente na superfície da Terra do que qualquer década anterior. No hemisfério Norte, 19832012 foi o período de 30 anos mais quente dos últimos 1.400 anos. 3. O aquecimento dos oceanos domina o aumento da energia arma-

zenada no sistema climático, o que representa mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010 e, por isso, o oceano superior (0-700 m) aqueceu. 4. Ao longo das duas últimas décadas, as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida têm perdido massa, geleiras continuaram a encolher em quase todo o mundo, e o gelo do mar Ártico e a cobertura de gelo na primavera do hemisfério Norte continuaram a diminuir em extensão. 5. A taxa de aumento do nível do mar desde meados do século 19 tem sido maior do que a taxa média durante os dois milênios anteriores. Durante o período de 1901-2010, o nível mundial do mar médio subiu 0,19 m. 6. As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) aumentaram para níveis sem precedentes, pelo menos nos últimos 800 mil anos. Concentrações de CO 2 aumentaram em 40% desde os tempos pré-industriais, principalmente a partir de emissões de combustíveis fósseis e, secundariamente, de emissões de mudança líquidas de uso da terra. O oceano absorveu cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitido, causando a acidificação do oceano. Mudanças observadas e o entendimento do sistema climático 7. O forçamento radioativo é positivo, e levou a uma absorção de energia pelo sistema climático. A maior contribuição para a radiativa total de


forçamento é causada pelo aumento da concentração atmosférica de CO2 desde 1750. 8. A influência humana sobre o sistema climático é clara. Isto é evidente a partir das crescentes concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, a forçante radiativa positiva, o aquecimento observado e a compreensão do sistema climático. 9. Os modelos climáticos melhoraram desde o IV relatório (AR4 – 2007). Os modelos reproduzem em escala continental os padrões de temperatura de superfície e as tendências observadas ao longo de muitas décadas, incluindo o aquecimento mais rápido desde meados do século 20 e o esfriamento imediatamente após grandes erupções vulcânicas. 10. Estudos observacionais e modelo de mudança de temperatura, reações climáticas e mudanças no balanço energético da Terra, juntos, oferecem confiança na magnitude do aquecimento global em resposta ao forçamento do passado e do futuro. 11. A influência humana foi detectada no aquecimento da atmosfera e do oceano, em mudanças no ciclo hidrológico global, em reduções em neve e gelo, na média global do aumento do nível do mar, e em mudanças em alguns eventos climáticos extremos. Esta evidência de influência humana tem crescido desde o AR4 (relatório anterior do IPCC). Cenários futuros 12. A manutenção das emissões de gases de efeito estufa provocará maior aquecimento e mudanças em todos os componentes do sistema climático. Para restringir ou limitar as alterações climáticas serão necessárias reduções substanciais e sustentadas de emissões destes gases.

13. A mudança de temperatura da superfície global para o final do século 21 será provavelmente superior a 1,5°C em relação a 1850-1900 para todos os cenários RCP (cenários representativos de caminhos/tendências), exceto o RCP2.6 O aquecimento vai continuar para além de 2100 em todos os cenários RCP, exceto o RCP2.6. O aquecimento continuará a apresentar variabilidade interanual ou interdécadas e não será uniforme regionalmente. 14. As mudanças no ciclo global da água em resposta ao aquecimento ao longo do século 21 não será uniforme. O contraste da precipitação entre as regiões úmidas e secas e entre as estações chuvosa e seca vai aumentar, embora possam acontecer exceções regionais. 15. O oceano global vai continuar a aquecer durante o século 21. O calor vai penetrar desde a superfície até o fundo do oceano e afetar a circulação oceânica. 16. É muito provável que a cobertura de gelo do mar Ártico continue a encolher e afinar e que na primavera do hemisfério Norte a cobertura de neve vá diminuir durante o século 21 com o aumento da temperatura média da superfície global. O volume global das geleiras vai diminuir ainda mais. 17. O nível médio do mar global vai continuar a subir durante o século 21. Em todos os cenários RCP, a taxa de aumento do nível do mar, muito

provavelmente, será superior à observada durante 1971-2010, devido ao aumento do aquecimento dos oceanos e o aumento da perda de massa das geleiras e camadas de gelo. 18. A mudança climática afetará os processos do ciclo de carbono de uma maneira que irá agravar o aumento de CO2 na atmosfera. Além disso, a absorção de carbono pelo oceano deve aumentar a acidificação do oceano. 19. Emissões cumulativas de CO2 em grande parte determinam o aquecimento superficial médio global até o final do século 21 e além. A maioria dos aspectos das alterações climáticas vai persistir por muitos séculos, mesmo que as emissões de CO2 cessem completamente. Isso representa um comprometimento multissecular substancial das mudanças climáticas criado pelas emissões passadas, presentes e futuras de CO2.

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FMC Technologies atinge recorde de

15 anos sem acidentes com afastamento

No dia 3 de novembro, a divisão de serviços submarinos da FMC Technologies no Brasil atingiu o marco de 15 anos sem acidentes em suas bases de serviço onshore. Segundo José Renato Marins, diretor de Serviços Submarinos, o marco atual é fruto de 15 anos de muitos programas e projetos que contemplam os cerca de mais de 500 funcionários em prol da importância da gestão correta do SMS no trabalho.

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Foto: Divulgação FMC

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gestão eficiente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) nas corporações é imprescindível em qualquer setor, mas especialmente na indústria de petróleo e gás. Devido à inerência do negócio, essa preocupação deve ser uma prática natural para os funcionários. Educar, capacitar e comprometer os trabalhadores com as questões de SMS é o trabalho diário das empresas deste setor como é o caso da FMC Technologies, fornecedora de equipamentos subsea. No Brasil desde 1956, a norte-americana está presente no estado do Rio de Janeiro com um centro de tecnologia no Parque Tecnológico, um complexo industrial e duas bases operacionais, uma em Vila Velha e outra em Macaé, e se destaca pela consistente cultura de SMS, sendo considerada hoje referência em segurança em todas as unidades da empresa no mundo. Entretanto, o cenário não foi sempre esse. Marins explica que há 15 anos a empresa não tinha uma cultura de SMS estabelecida nessa indústria como um todo. “Convivíamos em um ambiente em que os acidentes ocorriam com frequência, alguns deixando sequelas para os funcionários e suas famílias. Foi necessária uma mudança clara de cima para baixo, liderando pelo exemplo e com muito foco em educação e disciplina para

atingirmos um nível de consciência em que a Segurança, a Saúde e o Meio Ambiente passassem a ser um valor fundamental para as pessoas. Desenvolvemos uma cultura de segurança junto com a de qualidade e hoje observamos colaboradores atuantes, participativos e de fato comprometidos”, aponta Marins. O diretor da FMC Technologies comenta que o cuidado e a preocupação com a aplicação de SMS também se estende aos fornecedores, que são auditados e capacitados para atender a companhia e com os seus líderes, que recebem treinamento para se engajar na cultura de segurança. Dentre outras ações, há palestras de especialistas sobre segurança, uso

obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) com cores diferentes e personalizadas, treinamentos técnicos e de segurança com avaliação individual, reconhecimento dos funcionários que mais se destacam em SMS, dentre outros. São nove programas realizados na base de Macaé. Além de gerar conscientização, os programas buscam também estimular a interação entre novos e antigos colaboradores e disseminar os resultados relacionados com a segurança.

Programas de segurança da FMC Technologies Programa de Adaptação Inicial (Isap): Acompanhamento diário para novos colaboradores. Durante três meses, eles são acompanhados por um “padrinho”, também colaborador experiente, que os apresenta às políticas de segurança utilizadas na FMC


Technologies. Durante esse período, eles usam um capacete de cor laranja, são treinados e capacitados. No final do terceiro mês, o novo colaborador passa por um teste e, sendo aprovado, troca seu capacete e cordão do crachá de cor laranja pela cor padrão da empresa. Diálogo Diário de Segurança (DDS): Trata-se de uma iniciativa que abrange diariamente todos os colaboradores antes de começar o trabalho. Eles se reúnem e têm uma conversa focada na segurança, saúde e meio ambiente. Com base nos assuntos relevantes é realizado o planejamento de ações. Uma vez no mês, as ações são apresentadas no Diálogo Semanal de Segurança. Diálogo Semanal de Segurança (DSS): Conscientização através de palestras de QSMS. É um programa que estabelece, através de palestras semanais, a conscientização e a prevenção de todos os colaboradores. Programa Start: Programa de auditoria comportamental que se baseia na observação do comportamento e nas

técnicas de abordagens adequadas. Seu objetivo é promover o diálogo sobre segurança entre os colaboradores e, consequentemente, prevenir acidentes e incidentes através da conscientização da segurança. Ideia Brilhante de SMS: O programa trimestral reconhece ideias inovadoras que se destacam no corpo organizacional, primando pela qualidade e segurança. O colaborador que contribui com uma Ideia Brilhante recebe um certificado, como agradecimento por suas disposições em melhorar o ambiente de trabalho, segurança e os resultados ambientais. Funcionário Modelo de SMS: Estimula o funcionário a se tornar uma referência em qualidade, trabalhando em normas que fortalecem a execução do processo na sua jornada de trabalho representando o SMS dentro e fora da FMC Technologies. Os colaboradores contemplados recebem um certificado que fica exposto por três meses na empresa e depois entregue aos colaboradores.

Líder de SMS: Medida que objetiva identificar e incentivar o colaborador das empresas contratadas que atuam diretamente em nossa unidade a ser um membro (líder) que ajudará na disseminação da cultura de SMS no ambiente em que atua. Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes): Composta por membros eleitos e indicados pelos colaboradores da empresa com o objetivo de prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, tornando compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Programa 5S: É a base dos projetos de melhoria de processos e possui elementos essenciais para a redução do desperdício de materiais, tempo e espaço, além de melhorar a produtividade e manter um ambiente de trabalho seguro. Implementado nas áreas operacionais da FMC Technologies, o programa é mantido através de acompanhamento diário pelas áreas, com a realização de treinamentos e auditorias periódicas.

CTC/PUC-Rio ganham 6º Prêmio Petrobras de Tecnologia Os estudantes Márcio Santos Mundim e Ana Carolina Alves Abrêu representaram o Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio) no Prêmio Petrobras de Tecnologia. Pela quinta vez em seis edições, o CTC/ PUC-Rio se destaca na competição. Márcio e Ana Carolina concorreram com alunos de todas as universidades do país, em nove temas que se repetiram em três categorias (Graduação, Mestrado ou Doutorado), saindo 27 vencedores no final. Márcio Mundim, graduado em Engenharia Química, venceu no tema ‘Tecnologia de bioprodutos’ e recebeu como prêmio R$ 10 mil e uma bolsa de mestrado do CNPq. Já Ana Carolina, formada em Engenharia de Petróleo, mestre em Engenharia Elétrica e doutoranda na mesma área, concorreu na categoria Mestrado e levou o 1º lugar no tema ‘Tecnologia de per-

furação e de produção’, recebendo R$ 15 mil. Márcio Mundim venceu com o trabalho de conclusão de curso ‘Projeto de estação integrada para tratamento de vinhaça visando à obtenção simultânea de fertilizante e água de reuso’. O estudo trata do reaproveitamento da vinhaça (rejeito da indústria do álcool), transformando esse subproduto em fertilizante concentrado e em água de reuso. No trabalho, são feitos todos os dimensionamentos dos principais equipamentos, tanques e tubulações envolvidos no processo e uma Análise Econômica Preliminar do investimento da planta. Tendo como premissa de que com 1 kg de cana produz-se 80 litros de etanol (álcool) como produto e 1.040 litros de vinhaça como subproduto, o trabalho reiterou a importância do reaproveitamento do rejeito. Márcio hoje

faz um programa de dois anos como trainee na Statoil, empresa petrolífera norueguesa. A mestre Ana Carolina Abrêu está cursando doutorado em Engenharia Elétrica no CTC/PUC-Rio na área de Métodos de Apoio a Decisão. Seu trabalho ‘Otimização de cronogramas de ativação de poços de petróleo, considerando restrições técnicas e operacionais” desenvolve uma ferramenta de apoio ao especialista na escolha de cronogramas para a abertura de poços para o desenvolvimento de reservatórios de petróleo. Esse modelo baseia-se na técnica de Algoritmos Genéricos, para considerar as restrições técnicas, e utiliza o Valor Presente Líquido (VPL), para avaliar soluções. Com o prêmio, Ana Carolina planeja terminar seu doutorado e também fazer pós-doutorado. TN Petróleo 92

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Os riscos não seguráveis no segmento

de energia eólica

Como tudo na vida e no mundo, a mudança e a evolução sempre existiram e são constantes. Com os riscos e as ameaças não é diferente. Também mudam e evoluem constantemente.

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Roberto Zegarra é líder da Prática de Consultoria Estratégica, BCM, Crises, Supply Chain da Marsh para a América Latina.

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ovos riscos surgem principalmente devido a mudanças tecnológicas, regulamentações, legislações, concorrência, inovações, mudanças climáticas, entre outros fatores. Tudo isso gera desafio para as empresas, exigindo delas novas estratégias e gestão de riscos. Da mesma maneira, formas de controlar estes riscos e ameaças devem evoluir. Mas, infelizmente há uma defasagem entre a evolução dos riscos e a identificação dos mesmos. Existe um gap entre a evolução dos riscos e seus controles, a implementação dos controles e a medição de seus resultados com o objetivo de verificar se estes são eficazes. Para se ter ideia, grande parte das empresas não tem cobertura de seguros para 70% dos seus riscos. Na indústria de energia eólica não é diferente. Apenas 30% dos seus riscos são seguráveis. O leitor pode até imaginar que é um indicador exagerado. Porém, ao analisarmos o histórico das perdas já contabilizadas, e avaliarmos os riscos de milhares de empresas desse segmento no mundo todo, a nossa tese se confirma. A corretora de seguros Marsh Brasil realizou recentemente um estudo sobre riscos que envolveu cerca de 800 empresas de diversos segmentos, entre elas as de energia eólica. Os executivos da indústria eólica detalharam os diversos riscos envolvidos na atividade de seus negócios. Então, o que fazer, além de comprar um seguro para os riscos seguráveis e torcer para que tudo dê certo? A experiência mostra que uma boa estratégia e uma sistemática gestão de riscos (mais conhecida internacionalmente como Enterprise Risk Management/ ERM) são fundamentais para toda empresa que deseja assumir uma posição de liderança no mercado. Ou mesmo aquela empresa que deseja ter a tranquilidade de que seu planejamento de longo prazo não terá surpresas desagradáveis, levando à perda de mercado ou até mesmo à falência. O ERM permite que as empresas tomem consciência de todos os tipos de riscos aos quais estão sujeitas: riscos financeiros, políticos, ambientais, corporativos, operacionais, governamentais, tecnológicos, de mercado e da sua indústria. Ou seja, proporciona uma visão holística dos riscos e de seus impactos. Essa metodologia permite à empresa priorizar os riscos para que possa controlá-los da maneira mais eficiente possível. Dessa forma, permite que a empresa em questão tome medidas preventivas, controlando estes riscos de maneira proativa, que lhe permitirá assumir riscos calculados de modo consciente. O importante é que essa metodologia não deve ser encarada como um projeto, e sim como um processo, uma cultura dentro da empresa,


Ranking e escala de severidade dos riscos Riscos não seguráveis no segmento de Energia Eólica

Grau do risco

Atrasos na obtenção de permissões para projetos; atrasos na obtenção de licenciamento ambiental; Extremo controles considerados fracos observando a mitigação de ações de terceiros. Terceiros contratados com falta de experiência ou capacidade técnica para execução de projetos, reduzindo Extremo a habilidade para alcançar os padrões e objetivos técnicos esperados; empresas de construção civil de menor porte no mercado, com pouca ou sem experiência em eólica. Matéria-prima não disponível na quantidade ou qualidade necessária e exigida. Por exemplo: água para Extremo a construção, jazidas de brita e peças para montagem das redes de média tensão. Pessoal de projeto (da contratante) não suficientemente integrado com empreiteiras ou fornecedores; Extremo conflito entre contratado, contratante e fundiário que resulte em embargo e atraso de obra. Problema ambiental (2º nível) e problema técnico (3º nível). Informação geotécnica e outros dados insuficientes. Qualidade do vento não adequada a modelagem.

Extremo

Atrasos, deficiência e cancelamento de recursos financeiros, liquidez. Falta de recursos financeiros para Extremo seguir com a execução do projeto. Entrada de recursos através de financiamentos. Aumento do custo do capital/taxas de juros, afetando o futuro do retorno sobre o investimento ROI.

Extremo

Interferência do governo no processo de contratação de mão de obra local, afetando o custo.

Alto

Dano, interrupção ou atraso na construção devido a fortes ventos, furacões ou enchentes.

Alto

Inabilidade de lidar com custos acima do esperado de eventos não previstos.

Alto

Atraso na revisão da outorga concedida pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)

Alto

Cronogramas de execução que não podem ser cumpridos (resultando em atrasos, multas, custos mais Alto altos, etc.). Cronograma exequível, ainda com pouca margem de manobra. Comunicação deficiente entre equipe e equipe do projeto, consultores e fornecedores (falta de estrutura Alto integrada formal de comunicação). Indisponibilidade de mão de obra para comissionamento de aerogerador no caso de atraso do cronograma. Alto Controle forte, porém, de consequência pouco eficaz. Falta de supervisão do site ou dificuldades de interface.

Alto

Demora ou erro na instalação e montagem de equipamentos. Problemas no fornecimento da rede de Alto média tensão, subordinada ao fornecedor do BOP. Poluição sonora, uso de explosivo no processo de construção civil.

Alto

Indisponibilidade de mão de obra especializada.

Alto

Risco de contaminação do meio ambiente

Alto

Fonte: Corretora Marsh Brasil

aumentando a eficiência e permitindo que a prevenção faça parte do cotidiano de todos os seus processos. Por definição e prática ERM é identificação, avaliação e gestão dos riscos para proteger e aumentar o valor econômico da empresa. É uma metodologia focada 100% na prevenção. Para que de fato uma empresa tenha tranquilidade, a cultura de ERM deve existir. E por ‘cultura’ quero dizer que, todos dentro da organização são responsáveis pela identificação, monitoramento constante e controle dos riscos. A experiência nos mostra também que toda empresa 100% focada somente em produção e resultado financeiro, ficam cegas diante de vulnerabilidades e potenciais acidentes. E quando o risco se concretiza

é certo o prejuízo, paralisação da produção, acidentes com funcionários ou, no pior das hipóteses, fatalidades. Uma empresa com uma boa gestão de riscos incentivará todos os colaboradores a se integrarem à cultura de riscos e serem ‘donos’ dos processos de vigília dos riscos. Uma empresa com uma cultura de riscos em todos os níveis é mais competitiva, estável e resiliente, com capacidade de lidar com problemas, superar obstáculos e resistir às pressões em situações adversas. Ter um bom seguro na medida certa é fundamental para toda empresa. Porém, além do seguro, ter um sólido programa de gestão de risco é fundamental para se tornar uma empresa diferenciada e líder em seu segmento. TN Petróleo 92

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Presidente da Rnest recebe título da ASME

Foto: Agência Petrobras

Marcelino Guedes, presidente da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) foi promovido ao grau de Fellow pela American Society of Mechanical Engineers (Asme). A distinção significa um reconhecimento das realizações e contribuições prestadas à sociedade pelos profissionais da Engenharia Mecânica. Os associados que atingem este grau atuam na área de engenharia e são filiados à Asme há pelo menos dez anos. O reconhecimento ocorreu durante o International Mechanical Engineering Asme 2013, realizado em novembro na cidade de San Diego, na Califórnia (EUA). O engenheiro de equipamentos da Petrobras é o segundo brasileiro a receber tal distinção. Fundada em 1880, a Asme contribui para o desenvolvimento de soluções diante de grandes desafios na área de engenharia, promovendo o papel de tais profissionais nesta importante sociedade internacional.

Cenpes nomeia novo gerente executivo O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, passa a contar no final de novembro com novo gerente executivo, o engenheiro de petróleo André Lima Cordeiro. Após um ano e meio na gerência executiva do Cenpes, Marcos Assayag deixa o cargo para assumir a gerência executiva de Programas de Gestão de Investimentos em Sondas e Unidades Estacionárias de Produção do E&P (E&P-PGSU). Com 30 anos de Petrobras, André Cordeiro ocupava há um ano o cargo de gerente executivo para América, África e Eurásia, da área Internacional. Também já ocupou os cargos de diretor comercial da Transportadora Associada de Gás (TAG), empresa controlada pela Petrobras; gerente executivo de

Logística e Participações em Gás Natural da área de gás e energia; diretor econômico-financeiro da CEG-RIO S/A; e de diretor superintendente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil S/A (TBG). Além de sua trajetória mais recente na área de Gás & Energia, André Cordeiro também ocupou diversos cargos de chefia no E&P, com atuação na Bacia de Campos, em Urucu e na sede. Formado em Engenharia de Fortificação e Construção pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), André é formado em Geologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O engenheiro de equipamentos Marcos Assayag teve ampla trajetória no Centro de Pesquisas da Petrobras. Com formação em engenharia mecânica, ele está na

Petrobras desde 1975. Atuou em projetos de instalações e unidades operacionais, tendo também gerenciado o Procap, programa criado para desenvolver a capacidade tecnológica para produção em águas profundas e ultraprofundas. Antes de assumir a gerência executiva do Cenpes, Assayag ocupou a gerência geral de Engenharia Básica do Cenpes e a gerência do escritório de E&P da Petrobras em Londres. E assumiu a gerência executiva do Cenpes no dia 16 de maio de 2012. “Quis o destino que eu ficasse 13 anos e meio trabalhando na pesquisa, e 13 anos e meio trabalhando na engenharia básica. Como gerente executivo, minha gestão teve um objetivo claro, a busca de resultados para a companhia”, disse.

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pessoas

Nobuo Oguri ganha “Prêmio de Engenharia Mecânica Brasileira”

Foto: TN Petróleo

O engenheiro Nobuo Oguri ganhou durante o 22º Congresso Internacional de Engenharia Mecânica, o “Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira”, dado pela Associação Brasileira de Engenharia Mecânica. O prêmio foi um reconhecimento às suas contribuições para o desenvolvimento da engenharia mecânica no Brasil. O 22º Congresso Internacional de Engenharia Mecânica foi realizado entre os dias 3 e 6 de novembro, em Ribeirão Preto, São Paulo. “ Fiquei muito orgulhoso de ter recebido esse prêmio e agradeço a toda a organização do evento pela homenagem”, disse Nobuo. Um dos mais respeitados engenheiros navais do Brasil, Nobuo Oguri sempre foi um defensor da construção naval brasileira, tendo trabalhado em diversos estaleiros históricos como o Verolme, Ishibrás e Emaq. Hoje, ele trabalha como consultor para diversas empresas em todo o mundo.

DeepFlex nomeia Felipe Lamego para presidente e diretor executivo O engenheiro Felipe Lamego foi nomeado presidente global da Deepflex, única fabricante de dutos flexíveis sem costura não metálicos para aplicações em águas profundas no mundo, no lugar de Mike Kearney. Lamego respondia pela diretoria de Desenvolvimento de Negócios na empresa desde julho de 2012 e é o primeiro brasileiro a liderar a empresa. O executivo vê o Brasil como um mercado fundamental nos pla-

nos da Deepflex, já que cerca de 65% da demanda mundial de tubos flexíveis sem conexão deverão vir do país nos próximos anos. A empresa está em fase de qualificação de suas tecnologias junto à Petrobras, por meio de um processo que envolve mais de cinco mil testes individuais.

”Estamos ampliando em seis vezes a capacidade de fabricação da nossa planta nos Estados Unidos e já temos o plano de construir uma unidade no Brasil”, contou o novo presidente da Deepflex. O executivo é formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde também concluiu um mestrado em engenharia mecânica, além de ter pós-graduação em gerenciamento de projetos pela Universidade de Houston (EUA) e mestrado em administração de negócios pela Texas A&M University.

Schneider Electric Brasil anuncia nova vice-presidente de RH Leni Nunes é a nova vice-presidente de Recursos Humanos da Schneider Electric, multinacional francesa, especialista global em gestão de energia. Formada em psicologia, a executiva possui especializações no Brasil e no exterior, em instituições como 120

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Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, Fundação Dom Cabral/Insead e Cornell University, além de mestrado e doutorado na França. Nos últimos anos, trabalhou na Oxiteno, na Rhodia e na Votorantim Industrial, onde foi responsável pelo desenvolvimento de lideranças por mais de nove anos. Leni possui também livros publicados na área de gestão e expatriação de executivos.


A IMPRESSÃO E O PAPEL QUE O SEU ANÚNCIO MERECE!

TN Petróleo é uma mídia especializada com foco na geração de conhecimento e na disseminação da informação, um foro permanente de reflexão que, com ética e transparência, busca contribuir para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva de óleo e gás no Brasil.

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perfil empresa – Brastech

Excelência em

Qualidade Internacional Referência no setor de Petróleo e Gás na inspeção e reparo de risers de perfuração, flutuadores e juntas telescópicas, a Brastech é a primeira prestadora de serviços do Brasil a conquistar a certificação internacional API Spec Q1

D

Matriz Rua da Glória, 290, 11º andar Glória, Rio de Janeiro – RJ CEP: 20241-180 Tel.: +55 21 4009-0900 comercial@brastechnet.com.br Unidade de serviços Rodovia Amaral Peixoto, km 162 – ZEN Rua Químico de Petróleo, lotes 7, 8, 9, 14 e 15 Mar do Norte, Rio das Ostras – RJ CEP: 28899-008 comercial@brastechserv.com.br www.brastechnet.com.br www.brastechmarine.com.br 122

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urante a OTC Brasil 2013, a Brastech recebeu uma certificação pioneira no país. A empresa é a primeira prestadora de serviços do Brasil especializada na inspeção e reparo de risers de perfuração, flutuadores e juntas telescópicas, certificada pela API Spec Q1, ISO/TS 29001 e NBR ISO 9001. “Com a API, chegamos ao topo da excelência internacional para o setor de petróleo e gás. Foi uma grande conquista para a nossa empresa e é um grande diferencial para o mercado. Com isso estamos empenhados em agregar mais qualidade aos nossos processos e propiciar ainda mais satisfação aos nossos clientes” comemorou o diretor de Operações da Brastech, Roberto Chedid Filho. As normas da API ajudam os profissionais da indústria a melhorar a eficiência e a relação custo-eficácia de suas operações, em conformidade com requisitos legais e regulamentares, buscando salvaguardar a saúde e proteger o meio ambiente. O processo de mudança para se enquadrar às exigências das normas e práticas da API, começou em setembro de 2012. Ao longo desse ano, a Brastech aperfeiçoou os seus processos, desde o estudo das especificações até a análise no campo, passando pelo controle na execução dos serviços e na inspeção quando concluídos. A prática da qualidade está permitindo a racionalização dos processos produtivos e o consequente aumento da produtividade. A Brastech possui ampla gama de serviços/representações e expertise comprovada em diversos clientes do setor de óleo e gás. Há 41 anos atua com representações que envolvem comercialização de produtos, equipamentos e serviços para empresas que trabalham nas atividades de perfuração e produção offshore. Dentre os seus principais serviços estão: inspeção e reparo de risers de perfuração e juntas telescópicas, revitalização de flutuadores, abrangendo equipamentos subsea. A Brastech é uma empresa com 100% de capital nacional e possui matriz no Rio de Janeiro e Unidade de Serviços na Zona Especial de Negócios (ZEN), em Rio das Ostras. Futuro – Com o início das explorações no pré-sal, em função da maior profundidade para extração do petróleo, a demanda pelo serviço de inspeção e reparo de risers, flutuadores e juntas telescópicas aumentará significativamente. “Os próximos anos prometem. E através da API garantimos que estamos prontos para atender o setor com as práticas


Fotos: Divulgação

exigidas pelo mercado internacional”, garantiu o diretor de Operações. A empresa já trabalha para estar em conformidade com a nona edição da API Spec Q1, que está bem mais completa e com um número bem maior de práticas. Ações para racionalizar o uso dos recursos naturais durante o processo industrial são prioridades na Brastech. Por isso, em 2014, buscamos ainda a NBR ISO 14001. Já na área de saúde e segurança do trabalho o desafio é diretriz da norma OHSAS 18001. O objetivo é promover um ambiente de trabalho seguro e saudável através de uma estrutura que permita à Brastech identificar e controlar consistentemente seus riscos à saúde e segurança, reduzir o potencial de acidentes, auxiliar na conformidade legislativa e melhorar o desempenho geral. “Somos uma empresa genuinamente nacional, mas buscamos cada vez mais garantir padrões internacionais em nossos serviços. Essa busca pela melhoria é contínua e por isso estamos nos reciclando e aprimorando a cada dia” explicou Roberto Chedid Filho. Paralelo à busca por práticas globais, a Brastech está ampliando sua atual base, a fim de duplicar a capacidade de produção. Para isso, está investindo na construção de uma nova planta industrial, na contratação e capacitação de novos colaboradores e principalmente, na automação dos processos, que é um das metas da empresa. “Trabalhamos para chegar a um crescimento anual de 35%”, finaliza Chedid Filho. Marine – A Brastech também atua no segmento de salvaguarda, fabricando embarcações de resgate homologadas pela Marinha do Brasil, em conformidade com a Diretoria de Portos e Costas, atendendo as especificações Solas/ IMO. A empresa ainda é especializada na inspeção, reparo e manutenção de baleeiras, flutuadores de ROV, boias submarinas, defensas de encosto, tubulação em PRFV e revestimento anticorrosivo. Seguindo os requisitos das classificadoras ABS, BV, DNV e Lloyd’s Register, a Brastech desenvolve processos baseados em tecnologias internacionais. A Brastech Marine está em constante ampliação. Em 2014 ganhará uma nova base dedicada exclusivamente ao setor naval, náutico e offshore. A nova área será três vezes maior que a atual, possibilitando ainda mais infraestrutura e facilidade para a Brastech atuar em atividades relacionadas ao pré-sal e ao desenvolvimento e produção de novos campos. TN Petróleo 92

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perfil empresa – Canon

Canon: uma referência em

tecnologia

Investimentos e novidades no portfólio estão entre as estratégias da companhia para alcançar o topo do grupo de elite do setor e reforçar atuação em segmentos-chave

O

Avenida do Café, 277 - 6º andar Torre B - Vila Guarani - São Paulo, SP Cep 04311-000 Tel.: 11 4950-5050 www.canon.com.br 124

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mercado de tecnologia parece viver um constante boom de oportunidades e lançamentos em todo o mundo. Com uma previsão de crescimento robusta de 20% em 2013, esse setor virou uma espécie de jogo de tabuleiro em que cada movimento de peças pode ser potencial para os negócios e o posicionamento de uma empresa. Com o objetivo de aproveitar o aquecimento do setor, a Canon tem dado passos importantes buscando espaço entre as grandes corporações de tecnologias, com produtos de alta qualidade e conquistado novos mercados. A empresa japonesa atua em mais de 180 países e se destaca pelo desenvolvimento de tecnologias de gerenciamento de documentos e de imagem, bem como pela fabricação de uma ampla variedade de produtos que englobam desde câmeras, copiadoras e impressoras, até equipamentos ópticos para a indústria de semicondutores e lentes profissionais para broadcasting. Mercado e soluções – O desenvolvimento de soluções em linha com as necessidades de cada segmento e o reforço na imagem da marca foram as prioridades nos últimos lançamentos da Canon. Essa linha de ação tem gerado reflexo nas vendas e entre as áreas que mais se destacam está a de scanners, que teve crescimento de 40% em 2012 e está entre as principais apostas da empresa. Em outubro, foi lançado o scanner portátil imageFORMULA P-208, com conexão Wi-Fi e maior agilidade na digitalização de documentos. A solução é fácil de ser usada e prática porque ao ser conectada ao acessório WU-10, consegue enviar os arquivos digitalizados para sistemas iPhone e Android. Ainda no mesmo setor, e na modalidade de modelos compactos e portáteis, está o scanner P-215, que imprime 15 páginas por minuto e oferece suporte para digitalização de diversos documentos, inclusive rígidos, como cartões de crédito com alto relevo. Na área de impressoras, a Canon tem ampla expertise em modelos que ajudam na gestão de documentos e tem ampliado sua presença em mercados importantes como o de óleo e gás, engenharia e arquitetura, projetos e jurídica. “A indústria gráfica deixou de ser uma ‘duplicadora de papéis’ e ganhou um comportamento estratégico, assumindo, até mesmo, o gerenciamento de documentos. Diante disso, ter uma abordagem inteligente e eficaz faz toda a diferença para o sucesso dos negócios”, explica Luciano Quidicomo Neto, gerente sênior de Revendas da Canon. Os últimos lançamentos são ideais para escritórios de pequeno, médio e grande portes. Em Grandes Formatos, o novo modelo imagePROGRAF MFP M40 faz impressões, digitaliza, arquiva


Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

e distribui documentos. E o mais interessante é que estas tarefas são feitas com acesso à nuvem, que garante melhor armazenamento e administração de dados. Mirando o segmento corporativo, as multifuncionais imageRUNNER ADVANCE 500iF e 400iF ocupam pouco espaço e proporcionam melhor gerenciamento de documentos por meio da plataforma MEAP, que possibilita integração com outros sistemas e aplicativos, facilitando o fluxo de documentos nos escritórios. Esses novos modelos contam ainda com a possibilidade de uso da solução Equitrac Professional 5, que controla e tarifa o que foi impresso, copiado e digitalizado através da estrutura de cliente/caso e exporta essas despesas, de forma automática, para o sistema de faturamento existente. Um dos destaques da área de câmeras fotográficas, apresentado na PhotoImage Brasil, maior feira do segmento da América Latina, foi a nova tecnologia DAF, Dual Pixel CMOS Auto Focus (DAF), que tem como principal característica o ajuste automático e a otimização do foco na gravação de vídeos. Entre as câmeras que contarão com a tecnologia está a nova EOS 70D. Negócios em offshore – A Canon também está de olho no potencial do mercado de petróleo e gás que, segundo a Petrobras, deve crescer 4,5%, em média, ao ano, até 2021. De acordo com Fabiano Peres, supervisor de Revendas da Canon, esse setor é estratégico para a empresa e, por isso, a companhia tem investido muito na oferta de solução de alta qualidade para impressões únicas que garantam o máximo de resolução. Um exemplo de solução é a impressão de perfis de poços que exige alto detalhamento e riqueza de cores”, destaca Peres. A aposta da companhia é justamente em questões pouco exploradas por concorrentes, como a impressão de documentação de poços, que exige riqueza de cores e definição No entanto, os modelos disponíveis atualmente no mercado são monocromáticos. Para atender aos clientes e parceiros, a solução imagePROGRAF iPF605 foi desenvolvida para aplicações CAD, que realiza impressões rápidas de forma econômica, com alto nível de detalhes e cores, e é ideal para plantas e projetos ligados à engenharia e petróleo. Além disso, o equipamento dispensa o uso de papel especial para impressão. A expectativa da empresa é aumentar as vendas de 5% a 10% referentes às impressoras jato de tinta de

grande formato no Brasil com a oferta da solução para esse segmento. Sustentabilidade e Responsabilidade Social – Em 1988, a Canon introduziu sua filosofia corporativa Kyosei, que tem como objetivo fazer com que todas as pessoas, independentemente da cultura, costumes, língua ou etnia, possam viver em harmonia e trabalhar juntas para o bem comum. Dentro dessa linha de pensamento, a empresa mantém vários projetos que ajudam a construir uma sociedade harmoniosa. O respeito ao meio ambiente é uma das premissas da Canon e um exemplo disso é o selo Energy Star que atesta a economia de energia dos equipamentos. A logística reversa também é um dos diferenciais já que consiste na coleta de cartuchos usados que são destinados à reciclagem. Na área de responsabilidade social, são mantidos programas culturais, além da promoção de eventos literários. “Para nós, é crucial aliar o respeito à natureza a ações em prol de uma sociedade melhor. Nossos programas visam um futuro melhor para todos, a partir de mudanças práticas realizadas no presente. Os esforços ajudam a construir uma sociedade harmoniosa e pacífica, contribuindo com a conservação do meio ambiente, através da inovação tecnológica”, finaliza Jun Otsuka, presidente da Canon do Brasil. TN Petróleo 92

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perfil empresa – Tinôco

Elastômero Securit® 2 Tecnologia pioneira e líder na proteção anticorrosiva de Flanges e Válvulas A Tinôco Anticorrosão atua, desde 1961, no desenvolvimento de tecnologias que visam reduzir custos de manutenção e agregar valor para seus clientes.

C

Fundada em 1961 por Arnélio W. G. Tinôco

Rua São José, 46 / 807 CEP 20010-020 Centro, Rio de Janeiro, RJ Tel.: (55) 21 2215 4760 Tel/fax: (55) 21 2215 4759 mtinoco@tinocoanticorrosao.com.br

www.tinocoanticorrosao.com.br 126

TN Petróleo 92

om foco no mercado de proteção anticorrosiva de condições especiais e equipamentos considerados críticos, a empresa vem disponibilizando para o mercado brasileiro um revestimento 100% nacional: o Elastômero Securit® 2 Ecológico a Frio. Trata-se de um revestimento elastomérico, ecológico (à base de água), monocomponente, de fácil aplicação e elevado desempenho em ambientes corrosivos – atmosferas marítimas (névoa salina) e poluídas (SO2). Nestes ambientes, a maioria dos processos corrosivos ocorre por concentração iônica e aeração diferencial, a partir de frestas, parafusos, porcas, cantos vivos, contraventamentos e junções de materiais dissimilares – responsáveis pelo início de cerca de 50% dos processos corrosivos em plantas petroquímicas, industriais e unidades marítimas offshore. Esta solução pioneira foi desenvolvida pela Tinôco Anticorrosão contando com o apoio técnico da Petrobras, por meio do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) e da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Campos (UO-BC), e da Siderúrgica ArcelorMittal Tubarão. Liderança no segmento de atuação – O Elastômero Securit® 2 é uma tecnologia pioneira e líder no Brasil na proteção anticorrosiva de condições especiais e equipamentos considerados críticos, tais como flanges, válvulas, frestas, parafusos, porcas, cantos vivos, cordões de solda, suportes de tubulações, braçadeiras, grampos e junções de materiais dissimilares. Esta solução vem contribuindo de modo decisivo para a mudança de conceito na proteção anticorrosiva destas áreas, com o mercado adotando melhores práticas de prevenção e proteção contra corrosão. “As principais empresas do país percebem, comprovam e validam o alto valor agregado deste nosso produto pioneiro e inovador, o qual se encontra tecnicamente especificado em grandes empresas e projetos”, destaca Marcelo Tinôco, sócio-gerente da empresa. Ele pontua, entre os principais projetos, as plataformas de produção offshore da Petrobras (UO-BC e UO-Rio); plantas petroquímicas da Braskem; Siderúrgica ArcelorMittal Tubarão; terminais e unidades da Transpetro e Petrobras Gás&Energia; minas de potássio


Fotos: Divulgação

(Sergipe) e de Fosfato (Peru) da Vale; Termelétrica UTE Pecém II, do grupo MPX/Eneva; construção do complexo acrílico da Basf, no Polo Industrial de Camaçari (BA). Vantagens competitivas do Elastômero Securit® 2 – É o único produto com aplicações práticas de campo apresentando sete anos com bom desempenho, sem corrosão após período recorde de exposição, conforme evidenciado nas plataformas offshore da Petrobras UO-BC. “Com isso, proporciona redução relevante dos custos com manutenção e pintura dos ativos dos clientes, ao triplicar (e até quadruplicar) o tempo de vida útil da proteção anticorrosiva destas condições especiais e equipamentos considerados críticos”, observa Tinôco. E explica que estas áreas críticas apresentam corrosão num período relativamente curto, entre 6 e 18 meses, quando protegidos somente por tintas líquidas convencionais à base de resinas epóxi e poliuretano, que são rígidas. O Elastômero Securit® é um produto de fácil aplicação, reparo e remoção, não requerendo contratação de mão de obra especializada e utilização de equipamentos ou máquinas especiais, visto ser aplicado por meio de trincha ou pincel, disponível em todas as cores Norma Petrobras, Código Munsell e Ral. FPSO P-50 e a primeira exportação – Marcelo Tinôco comenta com muito orgulho sobre a primeira exportação da empresa, realizada para a Vale, em agosto/2013, para proteção anticorrosiva da Mina de Fosfatos Bayóvar-Misky Mayo, localizada no Deserto de Sechura, ao norte do Peru. Ele destaca ainda o fato de tal tecnologia ter sido utilizada em larga escala em uma das mais importantes campanhas de manutenção e pintura

FPSO P-50

porto de pecém - ce do Brasil no ano passado, realizada na Plataforma FPSO P-50, protegendo contra corrosão com o Elastômero Securit® 2 mais de cinco mil equipamentos, entre flanges, válvulas, frestas, cordões de solda, grampos, braçadeiras. Essa operação foi realizada durante campanha intensiva em que a Petrobras UO-Rio contratou os serviços de hotelaria do Flotel Reliance, que acoplado à plataforma FPSO P-50 acomodou por quinzena 174 profissionais da UTC, no período de maio a dezembro de 2012. Quebrando paradigmas– Neste ano de 2013 a Tinôco Anticorrosão contribuiu para mais uma TN Petróleo 92

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perfil empresa – Tinôco

TRANSPETRO

BRASKEM UNIB - BA importante mudança de conceito no Brasil, com as empresas MPX/Eneva, Basf e Vale Peru incorporando as melhores práticas de prevenção e proteção anticorrosiva ao utilizar o Elastômero Securit® 2 também nas fases de construção e montagem de novas plantas industriais, em obras novas, e não mais somente em seus planos de manutenção. Prep. Superfície (mínimo)

ST2/ST3 e/ou WJ-2

Elastômero Securit® 2

Demão

Novos clientes e projetos em 2014 – A área de refino da Petrobras também está adotando o conceito de melhores práticas de prevenção e proteção anticorrosiva para flanges, válvulas, parafusos, porcas, frestas e junções de materiais dissimilares. “A Tinôco Anticorrosão acredita que também poderá contribuir tecnicamente para a redução de custos com manutenção e pintura deste setor, considerando o bom desempenho do Elastômero Securit® 2 nas refinarias Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e Presidente Bernardes – Cubatão (RPBC), em São Paulo, ambas possuidoras de ambientes corrosivos bastante agressivos”, salientou o executivo. Outro importante projeto da Tinôco Anticorrosão para 2014 será garantir dez anos sem corrosão nos flanges e válvulas das novas plataformas e navios da Petrobras, embarcações que estão em fase de projeto, construção e montagem nos diversos estaleiros espalhados pelo país. “Levando em consideração que a Plataforma FPSO P-50, após apenas oito anos de construída, precisou passar em 2012 por uma campanha intensiva de manutenção e pintura que durou oito meses, pretendemos propor ao Setor de Engenharia da Petrobras que os flanges e válvulas das novas embarcações sejam revestidos com Elastômero Securit® 2, em complemento a pintura, na fase final de montagem dos módulos, ainda dentro dos estaleiros”, revela Marcelo Tinôco. “O objetivo é atingir garantia contratual de dez anos sem corrosão nestes equipamentos considerados críticos, resultando em uma relevante redução de custos com manutenção e pintura para a Petrobras”, conclui. O esquema completo de revestimento anticorrosivo – Elastômero Securit® 2 Ecológico a Frio – poderá acontecer dentro de um período de 14 horas, conforme informações técnicas contidas na tabela a seguir:

Espessura

Tempo de Re-pintura

EFU

EFS

Mínimo

Máximo

Primer

500 µm

200 µm

72 horas

T

Primer

500 µm

200 µm

4 horas

72 horas

T

Acabamento

190 µm

100 µm

8 horas

72 horas

T

Acabamento

190 µm

100 µm

2 horas

T

Temperatura máxima da superfície metálica: 100°C Umidade relativa do ar máxima: 95% Tinôco Anticorrosão é uma empresa associada à Abraco (Associação Brasileira de Corrosão / http://www.abraco.org.br/site/). 128

Método de Aplicação

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A TN Petróleo agradece os 15 anos de parceria! As representatives for the Norwegian government in Brazil, working with high-tech companies in the oil & gas sector, it is very important for us to keep updated. TN Petróleo offers quality information and articles on the current developments in this important sector to both Brazil and deourpecém Norway, porto and it has been pleasure to work with their knowledgeable journalists for a long time. We look forward to continuing so in the next 15 years. Helle Moen, director, Innovation Norway and Consul - Commercial Affairs, Royal Norwegian Consulate General

A TN Petróleo presta um excelente serviço à indústria do petróleo no Brasil com suas reportagens e análises de mercado. Felicito-a e a seus jornalistas por estes 15 anos de bom jornalismo especializado na área de óleo e gás. Que os próximos anos sejam ainda melhores e tragam boas notícias para todos os que se dedicam a esta indústria. Renato Cordeiro, gerente de Óleo e Gás do UK Trade& Investment no Brasil / Consulado Britânico do Rio de Janeiro

Sendo o Brasil um país com tanta atividade no setor de petróleo e gás, é muito bom poder contar com uma mídia especializada com tanta tradição como a TN Petróleo. Em especial, como o EIC atua com empresas britânicas, gostaria de destacar a iniciativa de divulgação de notícias em inglês, tanto no site como em versão impressa, que definitivamente facilita a entrada de empresas estrangeiras. Clarisse Rocha, Regional Manager do EIC – Conselho Britânico de Energia

-

Parabéns TN Petróleo pelos 15 anos de importantes registros das grandes mudanças empresariais e tecnológicas que ocorreram para o crescimento da indústria de petróleo e gás brasileira. Com uma linha editorial inovadora, objetiva, abrangente e atualizada, a TN Petróleo ce esteve sempre na liderança das informações, com destaque para as matérias sobre os desafios tecnológicos impostos à indústria para atender o crescimento de suas atividades no Brasil.

espaço, cobrindo fatos e eventos sobre o setor, sempre com competência. E o mais importante: abrindo com generosidade oportunidades para a publicação de matérias e artigos por profissionais que naquela época procuravam um espaço para expressar suas ideias. E particularmente estou inserido nesse contexto.

Marco Latgé,

Vi a TN Petróleo crescer ao longo desses anos e hoje é uma fonte importante de informação e consulta no segmento de óleo e gás. Parabéns, e mais 15 anos.

presidente da Sociedade Brasileira de Geologia, Regional RJ e ES.

As a global media agency acting on behalf of many major organizations in the Oil & Gas industry, JLA media hugely appreciates TN Petróleo as an excellent information source when it comes to the Brazilian market. We, and our clients, are extremely satisfied with the products that you publish and the cooperation that we have established over the years. For a local publishing partner who is well connected to the Oil & Gas sector, we recommend TN Petróleo very highly. Congratulations on your 15th anniversary! Debbi Bonner, Managing Director, JLA Media

Eu lembro muito bem quando a TN Petróleo começou a ser publicada no final dos anos 90... Naquela época estávamos todos muito envolvidos com a abertura das atividades de upstream no Brasil, revendo a Lei do Petróleo de 1997, procurando entender o contrato de concessão etc. Profissionais de diversas áreas começaram a trabalhar no mercado de petróleo e gás, e se ressentiam da ausência de publicações brasileiras especializadas no assunto. A TN Petróleo ocupou esse

Paulo Valois, advogado e sócio do escritório L.O.Baptista, Valois, Miranda, Ferreira & Agel

Antônio E.F. Müller, presidente da ABEMI

Nos últimos 15 anos o setor de petróleo teve marcos expressivos que geraram muitos ganhos para o Brasil, entre os quais se destacam: entrada de novos players, aumento de produção, políticas públicas, diversificação da cadeia de suprimentos, entre outros. Nesse período, a TN Petróleo teve um papel de protagonista, pois sua mídia impressa e digital de alta qualidade (formato e conteúdo) contribuíram diretamente para que profissionais, empresas e organizações do setor estivessem sempre bem informados e esclarecidos sobre o segmento. Antonio Batista, Coordenador de Petróleo e Gás do Sebrae RJ

O compromisso com a realidade e os desafios do setor nestes últimos 15 anos a credenciam como suporte para todas as gerações da indústria de petróleo e gás no Brasil. Parabéns! Mário Jorge C. dos Santos, presidente da Navium Engenharia, Navegação e Comércio

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produtos e serviços

Carboflex/Itaoca Offshore

A Carboflex e a Itaoca Offshore assinaram um protocolo de intenções para a constr ução de uma planta de produção de fluidos e granéis sólidos no terminal portuário que funcionará no litoral sul do Espírito Santo. “Ainda é o primeiro passo da nossa parceria. Mas assinala claramente que nossa empresa está se preparando estrategicamente para o novo ciclo de investimentos que o mercado brasileiro de petróleo e gás vai assistir nos próximos anos”, afirma Manoel

Cidreira, gerente geral de Negócios da Carboflex. As duas empresas são genuinamente brasileiras e a parceria entre elas permite o desenvolvimento de tecnologias e inovação no mercado local. “A parceria entre as duas empresas é um importante passo para o desenvolvimento econômico do país em uma área extremamente promissora, que já conta com players renomados interessados no potencial brasileiro”, afirma Álvaro

Foto: Divulgação

Carboflex e Itaoca Offshore se unem para produzir fluidos

de Oliveira, diretor de Operações da Itaoca Offshore. A opção por Itaoca – além da localização privilegiada – deve-se ao alto nível de especialização do terminal e de um direcionamento estratégico da Carboflex para fortalecer ainda mais sua atuação no mercado offshore.

OTZ Engenharia

A brasileira OTZ Engenharia, empresa multidisciplinar de projetos e consultoria, firmou recentemente parceria com a SeaTech Solutions, que atua em projetos da indústria naval. O objetivo da companhia cingapuriana é trazer para o Brasil serviços com tecnologia de ponta a preços competitivos no mercado interno. Em 2012, a OTZ já havia assinado contrato de parceria com a norueguesa NLI. Fundada em 1946, e desde 1974 atuando no mercado de óleo e gás norueguês, a empresa possui expertise diferenciada nas áreas offshore e subsea, com forte experiência em projetos conceituais, básicos, Feed e executivos. Além de trabalhos para navios de perfuração, a NLI esteve envolvida nos últimos quatro anos em projetos de 17 FPSOs. Para Marcelo Pereira, diretor da OTZ Engenharia, o objetivo destas e de todas as parcerias firmadas pela empresa é promover a troca de conhecimentos e consolidar a participação da OTZ em 132

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Foto: Divulgação OTZ

OTZ Engenharia investe em parcerias

Da esquerda para a direita, Marcelo Pereira, diretor da OTZ Engenharia; Miguel Kozlowski, consultor; e Sigve Barvik, diretor da NLI

alguns nichos de mercado. “Estamos investindo nessas parcerias desde 2010, quando realizamos nosso planejamento estratégico e decidimos ampliar nossa atuação para outros setores. Contar com a expertise de companhias estrangeiras, altamente qualificadas e que atuam nos principais mercados internacionais, é fundamental

tanto para nós quanto para nossos parceiros”, analisa. Com 11 anos de experiência no mercado, a OTZ Engenharia participa atualmente dos projetos de detalhamento de diversos módulos (geração de energia, tratamento de gás, e etc.) de FPSOs com a Chemtech, e espera em 2014 ampliar ainda mais sua atuação nesse nicho de mercado.


GE Oil & Gas

A GE Oil & Gas lançou no final de outubro novas tecnologias de tubo flexível para atender às condições específicas do petróleo da Bacia de Santos. O trabalho de pesquisa foi feito pela equipe da GE em Niterói (RJ). Como resultado, a companhia é agora uma das duas empresas credenciadas para fornecimento de tubos flexíveis que podem ser usados no local. Os novos tubos flexíveis da GE apresentam importantes avanços. Cada camada do tubo é feita com um material específico para garantir o transporte seguro e confiável de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. Os tubos flexíveis tradicionais apresentam tecnologias altamente avançadas e são capazes de lidar com correntes,

Foto: Divulgação GE

GE lança tecnologia de tubo flexível para a Bacia de Santos

temperaturas e pressões extremas. Os tubos desenvolvidos para a Bacia de Santos somam a essas características novos materiais projetados especificamente para suportar o ambiente mais ácido. No total, cerca de 70 profissionais trabalharam no projeto. As recentes inovações da GE em tubos flexíveis foram possíveis a partir da aquisição da Wellstream

Holdings, em 2011, que permitiu à GE Oil & Gas crescer ainda mais nos segmentos de produção, armazenamento e offloading para o mercado offshore em águas profundas, no Brasil e no mundo. O novo negócio é especializado em engenharia e fabricação de risers flexíveis de alta qualidade e produtos flowline para o transporte de petróleo e gás.

Tubos Ipiranga

A Refinaria Alberto Pasqualini, localizada na cidade de Canoas (RS), concluiu a montagem da Tocha III, que faz parte da ampliação do sistema Flare de Alívio de Pressão, fundamental para a segurança de indústrias e do meio ambiente. O sistema Flare implantado na refinaria é composto por um riser principal de 42”, com 97 m de comprimento, fabricado pela Tubos Ipiranga. Para a fabricação

dessa peça foi necessário levar em consideração fatores como localização, características dos gases, área disponível, velocidade do vento, nível de ruído, posição, radiação térmica, entre outros. “Cada Flare teve seu projeto próprio, adaptado às condições do cliente, sempre atendendo a relação custo x benefício. O riser vai trabalhar com gases que exigem complexas técnicas de fabricação e testes”, afirma Luiz Rafael Tobias, gerente de Fabricação da Tubos Ipiranga. O Flare fica constantemente aceso e é utilizado para o alívio

Foto: Divulgação

Riser para sistema Flare da Refinaria Alberto Pasqualini

de pressão das unidades industriais, a partir da queima segura de gases residuais do processo de refino. A ampliação desse sistema irá permitir a manutenção do equipamento sem alterar as condições operacionais da unidade. TN Petróleo 92

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metodologia

Eficiência operacional & Gestão de ativos produtivos A RCM (sigla do inglês: Reliability Centered Maintenance) é uma metodologia aplicada para planejamento e execução da engenharia de manutenção e gestão de ativos físicos (produtivos), desenvolvida inicialmente na indústria aeronáutica americana e, mais tarde, adaptada para diversas outras indústrias de aviação civil, óleo & gás, nuclear e/outros processos industriais de diversos segmentos.

Jorge L. Videira é economista, pós-graduado em Marketing pela PUC-Rio, MBA em Engenharia Industrial (UFRJ), MBA Marketing (Esade/Madri) e diversas especializações na FGV-RJ. Atualmente, é diretor comercial para a América do Sul, da Pragma Brasil Ltd., corporação de origem sul-africana.

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s corporações de classe mundial são aquelas que buscam a excelência nos serviços produtos de seu core business. Para buscar essa excelência, as corporações perseguem sempre inovações e procuram estar na vanguarda da aplicação de novas tecnologias em seu processo produtivo e, principalmente, na gestão do seu maior patrimônio – seus colaboradores, sejam externos (fornecedores, parceiros) ou internos. Tais empresas buscam, ainda, na área da engenharia de manutenção, os resultados de desempenho dos seus processos produtivos para garantir ganhos em produtividade e qualidade, simultaneamente a uma redução de custos de manutenção. Dessa forma, a manutenção passa a ser considerada uma função estratégica na corporação, que agrega valor para o acionista. É o que podemos definir atualmente (desde 2004) como: Gestão de Ativos Físicos (e/ou produtivos), focados na excelência operacional; já alinhados com a PAS 55 (futura ISO 55.000), que deve ser publicada em 2014 pelo BSI (British Standards Institution). Dentre outras metodologias internacionais (dos EUA, Japão, Europa e sul-africanas), adotadas por corporações de classe mundial, como forma de garantir a sua competitividade, está a prática da metodologia RCM, ou seja, Manutenção Centrada em Confiabilidade. A metodologia RCM, como é mais usualmente conhecida, é usada para determinar os requisitos de manutenção de qualquer ativo físico e/ou produtivo, no seu contexto operacional. Para isso, a metodologia analisa as funções e parâmetros de performance – e de que forma acontece a falha, o que está na raiz de cada falha, o que acontece quando ocorre a falha e o que deve ser feito para preveni-la. Como resultado, obtém-se um aumento da disponibilidade, o que permite um aumento de produtividade. Essa metodologia teve sua origem na década de 1960, na indústria aeronáutica dos EUA. Desde então, vem sendo aplicada com sucesso, primeiramente na indústria aeronáutica e, mais tarde, nas usinas nucleares, na geração hidro e termelétrica, refinarias de petróleo, plantas offshore, aviação civil e outras indústrias dos mais variados segmentos. A metodologia RCM é um processo usado para determinar o que deve ser feito para assegurar que qualquer ativo produtivo continue a fazer o que seus usuários querem que ele faça no seu contexto operacional presente, com máxima eficiência operacional produtiva. Para ser implementada, utiliza algumas indagações sobre cada ativo produtivo em revisão ou sob análise crítica, para que seja preservada a função do processo produtivo. A RCM vai direcionar o novo planejamento do programa de engenharia da manutenção, de modo a se estabelecer o nível de desempenho ótimo por quem aplica a metodologia. Os questionamentos básicos da metodologia RCM podem ser desenvolvidos, a saber: • Identificar os ativos e processos da planta que serão submetidos à metodologia RCM. • Decidir quais ativos são mais prováveis de se beneficiarem do processo RCM e, se assim for, exatamente como eles irão se beneficiar, na avaliação da criticidade para o processo produtivo.


• Definir as funções e parâmetros e metas de desempenho a atingir. • Antes que a metodologia RCM determine o que deve ser feito para assegurar que o ativo físico continue a fazer o que os seus usuários querem que ele faça, no seu contexto operacional atual deve-se fazer duas coisas: a) determinar o que o usuário quer que ele faça – Desempenho Desejado; b) assegurar que ele é capaz de fazer o que os seus usuários querem fazer – capacidade intrínseca – ou seja, ter a capacidade tecnológica processual produtiva. Cada item físico tem funções que podem ser classificadas em: Primárias: são as funções que justificam por que o item foi adquirido. Esta categoria de função cobre questões como velocidade, quantidade, capacidade de transporte, ou armazenagem, qualidade do produto e serviços ao cliente. Secundárias: são funções reconhecidas e desejadas para que o item faça além das suas funções principais. Os usuários também têm expectativas nas áreas de segurança, controle, conforto, economia, e outras mais.

Benefícios obtidos Os ganhos obtidos pela prática da Manutenção Centrada em Confiabilidade são vários, e podem ser: • Maior segurança e proteção ambiental: no conjunto de benefícios da RCM, a segurança operacional e a integridade do meio ambiente são os principais benefícios obtidos. E estes benefícios são o resultado das informações geradas pela RCM, para identificar todos os possíveis riscos de falha nos equipamentos. • Desempenho operacional melhorado: o desempenho operacional é melhorado porque os gestores do programa têm informações técnicas para escolher melhores práticas de manutenção para garantir uma maior disponibilidade dos equipamentos no sistema produtivo. • O aumento da disponibilidade dos equipamentos pode ser visto também como uma redução no tempo de reparo. • Melhor eficácia da manutenção: com as informações técnicas obtidas pela RCM, os gestores do programa podem adotar as melhores práticas de manutenção, para garantir que os recursos investidos na manutenção tenha o melhor retorno (ROI). Considera-se que a metodologia RCM, aplicada corretamente aos sistemas de manutenção existentes, reduza de 30% a 70% a quantidade do trabalho de rotina, (redução de HH) e intervenções de emergência na planta, e entre 10% e 30% o total de tarefas de manutenção e gestão de ativos produtivos. Vida útil dos ativos: a adoção das melhores práticas de manutenção garante que o equipamento faça tudo o que o seu usuário quer que ele faça, e que ele fique por mais tempo disponível no seu contexto operacional. O resultado dessa manutenção garante que cada componente do equipamento receba a manutenção

necessária para cumprir sua função e garanta uma vida mais longa do equipamento. Banco de dados: os registros gerados pela RCM proporcionam a obtenção de um excelente banco de dados para uso tanto pela manutenção como pela operação, estes dados fornecem informações para: identificar as necessidades de habilidades da equipe de manutenção, decidir qual a melhor política de estoques de peças sobressalentes e manter os fluxogramas dos processos, desenhos e manuais atualizados. Equipes – Motivação: as pessoas ficam mais motivadas para o trabalho quando participam da análise e soluções dos problemas. A metodologia RCM promove esta integração, quando reúne equipes multifuncionais para a análise e solução de problemas. Isto aumenta o grau de comprometimento e compartilhamento de toda a corporação na busca da melhor solução. Ganho social: os recursos naturais para as atividades industriais serão usados mais racionalmente, sem desperdício, e os possíveis acidentes com agressão ao meio ambiente serão evitados. Como conclusão, podemos dizer que as corporações de classe mundial são aquelas empresas capazes de competir no mercado globalizado, buscando os melhores níveis de desempenho no atendimento às demandas de seus clientes. Constituem empresas com alta qualidade de produto e serviços, custos competitivos, instalações confiáveis, alta disponibilidade do processo produtivo, respeito ao meio ambiente e alto índice de segurança. Uma empresa só será reconhecida como corporação de classe mundial se todos os seus departamentos também forem de classe mundial. O departamento de engenharia da manutenção, nessa empresa, está organizado para minimizar os custos da não eficácia no sistema produtivo, contribuindo para a competitividade dos produtos e serviços ofertados pela corporação. Para minimizar os custos da não eficácia, os departamentos de manutenção, nas empresas de classe mundial, buscam a melhoria contínua dos seus processos, simplesmente aplicando as melhores práticas conhecidas de gerenciamento da engenharia da manutenção e gestão de ativos físicos (produtivos). A metodologia RCM é de grande importância neste processo de melhoria contínua dos processos, assim como outras metodologias internacionais de excelente eficácia comprovadas mundialmente com diversos cases publicados. Nas corporações de classe mundial, as intervenções para manutenção nos ativos produtivos são vistas como uma oportunidade de se aumentar a produtividade, disponibilidade e a confiabilidade dos processos. Com essas questões, manter a disponibilidade das máquinas com confiabilidade operacional passou a ser um dos fatores que contribuem para uma maior competitividade entre as empresas, em mercados cada vez mais globalizados. TN Petróleo 92

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logística

Reflexão sobre a situação dos

portos no Brasil

Os portos de todo o mundo têm passado por grandes mudanças nas últimas décadas, com grandes investimentos no desenvolvimento de processos tecnológicos e modernização das operações, inclusive no que diz respeito ao estilo de gestão. “A história das nações é escrita com o trabalho de seus filhos, com a riqueza do seu solo e com o movimento dos seus portos.” (Sérgio Matte)

Rogério Caffaro é CEO da Triunfo Logística, operadora do Porto do Rio de Janeiro.

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H

istoricamente, o Brasil segue um modelo conservador de gestão voltado para a centralização das decisões portuárias, o que tem impedido que o país consiga modernizar suas estruturas, como as Companhias Docas, e diminuir os altos custos da mão de obra. É importante ressaltar que o problema das Companhias Docas, que administram os portos, não é falta de competência de seus profissionais, mas um modelo engessado que dificulta a solução de questões simples, devido à falta de autonomia. Muito do ganho de eficiência não depende de mais servidores, mas de mudanças de processos que hoje podem ser considerados até arcaicos. Considerando que 80% do nosso comércio passam pelos portos, precisamos investir muito para ir além e manter a competitividade. A Lei de Modernização dos Portos, sancionada em 25/02/93, permitiu a administração privada de terminais nos 34 portos públicos do país e o funcionamento de 129 terminais privativos, mas os desafios hoje continuam os mesmos, a busca pela redução de custos operacionais, atração de investimentos e aumento da eficiência. Essas questões são cruciais para a expansão sustentável no setor. Hoje já somos a sétima maior economia do mundo e movimentamos mais de 904 milhões de toneladas de carga em 2012. As filas quilométricas nos 34 portos do país são um retrato da situação limite da infraestrutura nacional. Um estudo divulgado pela Fundação Dom Cabral destacou a desconexão entre o custo para se exportar um contêiner no Brasil, que chega a US$ 1.790, 300% a mais que em Cingapura (US$ 456), o dobro da Alemanha (US$ 872) e 70% acima dos Estados Unidos (US$ 1.050). Além do custo, há filas de navios nos terminais e falta de capacidade para receber grandes embarcações. A burocracia também é um entrave e deixa que embarcações fiquem paradas dias e dias nos portos por falta de técnicos ou fiscais para desembaraçar a carga.

Operando 24 horas por dia – As empresas que administram portos públicos já operam no sistema 24 horas há muito tempo, mas as equipes de fiscalização trabalhavam apenas em horário comercial, salvo emergências. O Programa Porto 24 Horas, sistema de funcionamento ininterrupto, foi adotado recentemente nos portos de Santos, Rio de Janeiro, Vitória, Suape, Paranaguá, Rio Grande, Itajaí e Fortaleza, permitindo que essas equipes estejam integradas eletronicamente, em plantão durante sete dias na semana e 24 horas por dia para liberação de cargas, embarcações e veículos, melhorando o desempenho das operações de movimentação e nos locais de


O desafio da mão de obra – O Brasil vive um momento de franca expansão na área de infraestrutura e logística. Há empresas querendo investir – tanto do próprio país quanto do exterior –, há projetos e planejamento. Mas estamos assistindo à falta de mão de obra qualificada para dar conta dessa crescente e contínua demanda. Portanto, o maior desafio é este: mão de obra. E mais ainda, não só conseguir um profissional que saiba operar maquinários, gerir recursos, coordenar atividades e projetos, entre outras funções, como também mão de obra experiente, que agregue valores para a companhia. O Brasil é ‘a menina dos olhos’ do mundo nos últimos anos, o que deve se intensificar com a série de eventos sociais e esportivos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Sendo assim, quanto mais foco no país, mais qualidade – em termos de serviços – teremos que apresentar. E o profissional precisa acompanhar o ritmo dessas mudanças para que as empresas não desapontem. A conclusão, portanto, é de que é necessário ter profissionais cada vez mais – e mais bem – capacitados, que agreguem valor ao negócio. Mesmo com a aprovação da Medida Provisória dos Portos, ainda enfrentamos problemas de mão de obra. Todos os terminais do Rio, por exemplo, gastam cerca de R$ 30 milhões por ano com o Ogmo (Órgão Gestor de Mão de Obra e Trabalho Portuário, entidade administrada pelo sindicato patronal dos operadores portuários para gerenciar o fornecimento de mão de obra avulsa no trabalho portuário). O Ogmo mantém o registro e controla o cadastro de trabalhadores avulsos como conferentes, estivadores, vigias etc., direcionando-os de acordo com o pedido feito pelos operadores portuários. Com os desafios conhecidos em negociar questões relacionadas ao enxugamento de equipes, diminuição do quadro de colaboradores, escalação da mão de obra,

Foto: Sérgio Coelho

estocagem na retroárea dos portos, com a redução do tempo e consequente redução dos custos dos serviços, o que acarretará em ganhos efetivos da capacidade operacional em curto prazo. Um relatório da CNI mostra que a demora na liberação de cargas nos portos é 56% maior que a média mundial: 39 dias contra 25 dias. Com os práticos e os fiscais da Receita e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trabalhando imediatamente após a chegada de um navio, teremos ganhos de produtividade de 20% a 30%, sem a construção de novos terminais. Pelos cálculos da Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan), caso todos os portos entrassem em operação por 24 horas de forma eletrônica e com presença física nos portos, o processo burocrático para a liberação de cargas poderia ser concluído em um tempo médio de 2,7 dias – atualmente esse processo demora 5,5 dias.

etc. – a administração do Ogmo encarece as operações sem oferecer uma contrapartida consistente para as empresas que operam os portos públicos no país. E esse custo, por exemplo, não existe para portos totalmente privados, criando uma concorrência desleal que pode inviabilizar as empresas dos terminais privados em portos públicos. Investir para crescer – Executivos de empresas que operam em portos públicos reclamaram que a criação de novos terminais fora das áreas públicas provocaria um desequilíbrio no setor. Esses portos novos, segundo eles, exerceriam concorrência desleal porque teriam custos menores de mão de obra – pois a MP dá mais liberdade de contratação aos novos operadores – e poderiam usufruir da infraestrutura existente nas áreas próximas aos portos já estabelecidos. O importante agora é que o governo modernize suas estruturas nos portos públicos, para que os terminais concedidos possam competir com os portos privados, que nascerão com estruturas modernas e enxutas, possibilitando uma concorrência equilibrada entre as empresas que operam no país. Os investimentos de mais de R$ 54 bilhões em infraestrutura que estão previstos para os próximos anos – tanto por parte do governo quanto a iniciativa privada – serão essenciais para modernizar, aumentar a competitividade e desenvolver as operações das empresas que atuam no setor portuário local, elevando o comércio exterior brasileiro a novos patamares de excelência e sucesso. TN Petróleo 92

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segurança

Detecção

de gases tóxicos e inflamáveis A detecção de gases tóxicos e inflamáveis sempre cria uma discussão. Como fazer, onde colocar os detectores, utilizar detectores pontuais ou de visada, e que tecnologia selecionar?

Alvaro Maselli é diretor da Applied Consulting Engineers Ltda.

Nathan de Medeiros é consultor da Applied Consulting Engineers Ltda.

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U

ma aplicação com alocação de recursos em SMS se contrapõe a uma aplicação em área de produção, quando os investimentos estão diretamente relacionados a resultados. No caso de detecção de gases, há uma percepção enganosa de seu uso, pois em geral não está ligada diretamente à produção. Um fato é que a perda de patrimônio e vidas não é considerada em um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE), na indústria brasileira como um todo. Assim, esse tipo de aplicação nem sempre é valorizada, e a compra de sistemas simplificados acaba sendo preferida e a escolha pelo menor preço acontece, em detrimento de soluções mais robustas e seguras. O atendimento às normas legais é a única obrigatoriedade. No entanto, a perda de patrimônio é passível de mensuração e uso em EVTEs. Lamentavelmente, o valor da vida no Brasil ainda é subestimado pelas empresas. Um legado de nossa colonização e histórico de país que teve escravos como trabalhadores ainda valoriza pouco a vida. Estes custos são incomparavelmente menores ao custo da vida em outros países. Ainda assim, devemos cobrar como sociedade que estes sejam avaliados e mensurados, pois somente expondo os mesmos poderemos estar efetuando as correções de valores necessárias para ficarmos no mesmo patamar de outros países. É uma mudança de cultura necessária. Por meio da experiência adquirida em anos de coleta de informações sobre detectores pontuais e pessoais nas várias indústrias – incluindo alimentação, fármacos, etc., principalmente detectores de gases tóxicos –, observamos que estes são de difícil conservação em seu estado operacional conhecido. Tem em geral tempo de resposta lento, exigem manutenção periódica em tempo curto, em geral três meses. Podem simplesmente “apagar” sem aviso prévio. Muito poucas empresas fazem manutenção nessa periodicidade. A necessidade do uso de gases em área de produção ou sua retirada para o laboratório tem reflexo direto nas áreas produtivas. Com isso, os sistemas acabam ficando inoperantes, o que resulta em situação operacional inadequada. Pior, como os sensores indicam sinal mínimo de saída em caso de células saturadas, os operadores acabam por considerar o sistema operante e a área segura quando na verdade não está. Alternativas estão sendo trazidas pelos fabricantes, para que as deficiências sejam compensadas pela eletrônica. O que queremos dizer com isso? Vamos considerar dois cenários: gases inflamáveis e gases tóxicos. No segmento de inflamáveis, a alternativa de célula com tecnologia IR muito melhorou o desempenho da célula catalítica, permitindo seu uso de forma contínua sem o risco de saturação e perda do sensor. Ainda requer calibração e um posicionamento adequado. Seu preço mais caro ao da célula catalítica ainda restringe seu uso. A alternativa de visada para combustíveis ainda dispõe de duas tecnologias: a IR e a laser. A de IR, mais barata, se assemelha a um detector pontual com o transmissor e receptor separados. Essa tecnologia tem vá-


Fotos: Divulgação

rias vulnerabilidades decorrentes da própria tecnologia e também decorrentes de soluções de fabricantes. As restrições de tecnologia ocorrem porque, no espectro de frequência utilizado, várias substâncias ocorrem em simultâneo com os gases combustíveis e em muito maior quantidade como vapor, água, CO2, etc. Assim, a presença desses elementos ocasiona falsos alarmes, prejudicando a operação do sistema. Por outro lado, o alinhamento nesses sistemas é difícil e, conforme a solução do fabricante, o trabalho torna-se exaustivo. Por outro lado, a solução do sistema de visada a laser resolve todas as restrições do sistema de visada IR e ainda abre uma solução única para a detecção de gases tóxicos por visada. A tecnologia utilizada nesse caso é a de determinação do gás-alvo por leitura dos harmônicos específicos de um gás da sua transformada rápida de Fourier (FFT, do inglês Fast Fourier Transform, é um algoritmo eficiente para computar a Transformada Discreta de Fourier) até o quinto harmônico. Assim, o gás-alvo é determinado de forma única, sem confusão com qualquer outro gás existente no ambiente. O sistema fica imune a qualquer alarme falso. Torna-se uma solução confiável e de longo prazo e o sistema dispensa calibração e se torna o mais barato quando consideramos a vida do produto. É até mais barato que soluções pontuais em prazos maiores que cinco anos. As soluções para gases tóxicos ainda está restrita aos sensores eletroquímicos pontuais ou detector de visada com tecnologia a laser. Os pontuais com as restrições de calibração, troca de sensores e um fator que até não havia prestado muita atenção, o tempo de resposta. Um dos nossos clientes acompanhados desde 2007 e confiante em novas tecnologias, nos atendeu a uma sugestão do uso de uma nova tecnologia para detecção de gases tóxicos por visada, usando o princípio da FFT. Verificamos que na área já havia 30 detectores pontuais para detecção de H2S com tecnologia eletroquímica instalada. Todos indicando 4mA, ou seja, pelas leituras dos instrumentos não havia gases no local. No entanto, após a instalação dos novos detectores, estes passaram a acusar presença de gases. O princípio de análise de FFT, transformada rápida de Fourier, é utilizado até o quinto harmônico, como já explicado. Princípio idêntico ao de um espectrômetro, o que proporciona ao instrumento uma capacidade de detecção real de valores de concentração muito baixos na ordem de unidades de ppm para o H2S em tempo da ordem de segundos. Para outros gases, como o HCL, sua resolução é de PPB (partes por bilhão). A detecção de gás era observada em períodos curtos, da ordem de 1 segundo e períodos medidos de 30 segundos, em níveis elevados e de forma periódica. Analisando os resultados, percebemos que o período de aparecimento do gás era curto demais para que os detectores pontuais o detectassem. No entanto, não era

curto demais para saturarem suas células após certo período de surgimento do gás. Com isso, os detectores pontuais se tornaram ineficientes para sua função. Os de visada, com resposta rápida, apesar de serem em pequena quantidade, três unidades, passaram a dar respostas consistentes para o surgimento do gás, o que os 30 detectores anteriormente instalados eram incapazes de fazer. Hoje, a planta opera de forma segura e os vazamentos estão sendo corrigidos. Uma visão acertada do cliente para uma nova tecnologia fez a diferença. O espectro de gases na faixa de detecção do H2S é muito contaminado por vários outros gases e detectores de tecnologia não espectral acabam tendo muita dificuldade na detecção adequada dos gases tóxicos. Veja o quadro no alto coletado do site spectralcalc.com. Esta também é a razão da falha sistemática de detectores de visada que usam a detecção simples por IR. Os sensores eletroquímicos e catalíticos têm tecnologia antiga e são perecíveis. Suas vidas variam de um a três anos, e podem dar a falsa sensação de segurança. Sua operação exige um árduo e metódico trabalho de manutenção. Alguns fabricantes programaram um sistema de autoverificação das células sensoras para confirmar seu funcionamento e avaliar sua vida útil. É um projeto complexo e poucos fabricantes dominam essa tecnologia de forma confiável. Na maioria das vezes são implementados algoritmos de forma a que um sinal de confirmação de valor seja visualizado em TN Petróleo 92

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regime aduaneiro operação normal, e informações de erro sejam reportadas, o que é uma situação desejável para o usuário. A tecnologia de IR para sensor pontual, em geral utilizada para detecção pontual de inflamáveis, já é mais adequada no conceito de vida útil, mas também exige certo grau de manutenção. Estes instrumentos possuem um espelho interno para reflexão do feixe de IR. Os problemas gerados pela tecnologia são sujeira no espelho e desalinhamento do mesmo. Os sensores dessa tecnologia ainda necessitam de aquecimento para evitar condensação e, neste caso, a resistência de aquecimento é um item de baixa confiabilidade. A tecnologia de visada por FFT veio de fato criar uma alternativa confiável para uso em situações de proteção de patrimônio e da vida. Nesse caso, a detecção passa a ser robusta e de alta confiabilidade. No entanto, a tecnologia de visada também tem suas deficiências, como a obstrução ou sujeira na lente do laser, que é o ponto que pode causar problemas. É um instrumento de “óculos”. Felizmente, o fabricante conseguiu resolver essa dificuldade criando indicações ao usuário ao invés da geração de falsos alarmes. Ele sabe quando não está “enxergando” e avisa. No caso da sujeira ou obstrução, a tecnologia é tão robusta, que pode funcionar com obstrução de até 95%. Por fim, um aspecto deve ser analisado: filosofia de ação do fabricante sobre o produto. Uma vez que esse tipo de projeto é pouco valorizado, acaba por virar um mercado de commodities, no qual pouco valor se dá na diferenciação dos produtos. Esta acaba vindo pelas estratégias de marketing e não pelas qualidades técnicas. Já presenciamos situação em que o fabricante renova sua linha muito rapidamente. Tão rápido, que um produto que havia sido entregue ao cliente com defeito, sequer teve chance de reposição em garantia pelo mesmo modelo. Cria-se uma situação de guerra de preços. Como a tecnologia já caduca, naturalmente, as células catalíticas e eletroquímicas, os fabricantes se acham no direito de caducar o produto integralmente conforme sua comodidade. Alguns produtos mal chegam a ter seu período de maturação de produção. Com isso, o índice de defeitos pode chegar a assustadores 20%. Nos produtos de uso pessoal, a coisa é mais gritante, pois há produtos que são definitivamente descartáveis, sem chance sequer de recarregar uma bateria ou substituir qualquer parte. Em caso de qualquer ocorrência anômala, o destino é o lixo. Vendedores não qualificados vendem produtos incompletos, sem acessórios de autoteste e/ou sem a correta orientação para utilização dos equipamentos fornecidos. O usuário pensa que está protegido, mas na verdade sua vida está na dependência de uma questão de sorte, pois nenhuma verificação funcional foi efetuada naquele aparelho ao qual ele delega sua segurança e, em última instância, sua vida. Quantos aparelhos de detecção pessoal não vemos dentro de 140

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maletas e gavetas nas oficinas? E o usuário orgulhoso dependurando os mesmos em suas roupas e capacetes, diretamente destes pontos de guarda para o resguardo de suas vidas! Todas estas variáveis cobram de um usuário responsável uma análise e trabalho minucioso para aquisição destes tipos de equipamentos, conforme já exemplificado aqui. O que não se pode levar em consideração é somente o preço de compra, com certeza. O custo do ciclo de vida do produto é a referência a ser considerada, Capex + Opex e não somente Capex, além de aspectos técnicos como duração dos equipamentos, acessórios de verificação operacional tipo estações de teste, possibilidade ou não de substituição de células sensoras e baterias, e por fim – e não menos importante – facilidade de uso. Sumarizando, uma solução de detecção de gases por se tratar de proteção ao pessoal, ambiente e patrimônio deve privilegiar soluções de longo prazo e mais confiáveis, levando-se também em consideração o ambiente, ventos predominantes e dispersão local para vazamentos pequenos e sistemáticos. Locais abertos, em que o vento médio supera 5 km/h, este dificilmente acionará um detector pontual. Uma regra simples pode ser usada: locais confinados (pockets), detectores pontuais, locais abertos, visada e geral, solução espacial. Sobre esta já falamos. Trata-se de tecnologia recente, quando câmeras especiais são utilizadas para monitoração de uma região, ou espaço. Um software adequado realiza uma análise espectral nas informações recebidas e avalia a presença de gases e como a nuvem se expande e se desloca, podendo ser avaliado o deslocamento da pluma contaminante. Trata-se de solução adequada a regiões limites que margeiam comunidades ou regiões de risco ambiental. Concluímos, assim, que não se trata de aplicação que podemos considerar simplória, e vários estudos devem ser feitos para sua implantação, bem como devem ser analisadas e utilizadas várias das tecnologias em conjunto para se ter uma real eficácia do sistema. A variável ‘tempo de dispersão’ é outro ponto fundamental, uma vez que disparos rápidos de gases por eixos de válvulas ou bombas não são sempre detectados e são nocivos ao sistema como um todo. Para a localização física dos instrumentos, devemos não tão apenas considerar o estudo de dispersão, mas também o leiaute da planta e a circulação de pessoas para um posicionamento correto dos instrumentos. Planos de manutenção devem ser elaborados e principalmente seguidos e executados. A percepção do valor da vida e o respeito da mesma têm de ser melhorados. A capacidade produtiva deve levar em consideração as paradas para a manutenção como um todo. Todas as áreas devem conversar desde o início do Hazop. Tudo deve ser levado em consideração na implantação de um negócio, fábrica ou unidade operacional.


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as comidas que o poeta gostava de preparar


De tudo que escreveu e ainda se comenta sobre os cem anos de Vinicius de Moraes, completados no dia 19 de outubro, um aspecto é unânime em todas as páginas de revistas, jornais e portais, assim como nos programas especiais de televisão: trata-se de uma pessoa que sabia apreciar a vida. E, claro, essa identificação incluía também a relação do poeta com a culinária. mesmo que usava para se referir aos seus parceiros e amigos de vida e criação musical. Pois se, de acordo com o próprio autor, para se viver um grande amor era preciso concentração, o mesmo devotava quando cozinhava ou apenas saboreava um alimento. Dedicação e trabalho árduo (mas intensamente reconfortante) sempre presentes ao fazer o que mais amava: apreciar a vida. Sobre Vinicius: Vinicius de Moraes nasceu em 1913, no Rio de Janeiro. Cursou a Faculdade de Direito da rua do Catete... e a Universidade de Oxford, onde estudou língua e literatura inglesas. Em 1941 entrou para o Itamaraty, assumindo em 1946 seu primeiro posto diplomático: vice-cônsul em Los Angeles. Poeta, cronista e dramaturgo, em 1953 conheceu Antonio Carlos Jobim e iniciou um apaixonado envolvimento com a música brasileira, tornando-se um de seus maiores letristas. A lista de seus parceiros musicais é vasta, incluindo, além de Tom, Baden Powell, Chico Buarque, Carlos Lyra, Edu Lobo e Toquinho, entre outros. Morreu em 1980.

Franguinho de cerveja Prato simples e de fácil execução, o franguinho era um dos pratos preferidos de Vinicius de Moraes, que na cozinha se esmerava para receber os amigos. Fotos: Divulgação

V

Vinicius dedicava igual paixão a receitas, pratos e refeições. E isso desde a meninice. Segundo de quatro irmãos, carioca, foi criado à base de pudins e lombinhos, e era de todos o que mais apreciava os sabores da casa materna. As receitas da infância nunca abandonaram o imaginário do poeta, que nelas pensava para sentir conforto quando na solidão do estrangeiro, enquanto funcionário do Itamaraty. E depois, em toda sua vida, cultivando, aqui e ali, em várias partes do mundo, o prazer de experimentar as comidas regionais que faziam o encanto do seu aprendizado. O título do livro que reúne histórias apetitosas, Pois sou um bom cozinheiro, foi extraído de um dos seus versos de “Autorretrato”, poema que fez em 1956. Os pratos aparecem distribuídos em três capítulos: “Receitas de casa”, “Receitas de rua” e “Receitas da obra”. O livro enumera ainda o roteiro do poeta em restaurantes que ele frequentava, a maioria no Rio, como o Lamas, o Rio-Minho, Garota de Ipanema (antigo Veloso), a Polonesa, o Antiquarius e o Villarino, no Centro da cidade, onde Lúcio Rangel apresentou o poeta a Tom Jobim e João Gilberto. O último capítulo dedica-se a transpor a obra do poeta para a mesa. Chefs como Alex Atala, Flavia Quaresma e Laurent Suaudeau e Claude Troisgrois interpretam textos célebres (como “Receita de Mulher”) e os transformam em pratos deliciosos. Elaborado assim em três partes, Pois sou bom cozinheiro foi organizado pela família de Vinicius e conta com prefácio de sua irmã, Laetitia de Moraes. Revisitando memórias distintas, cada parte do livro fornece receitas das mais diversas épocas da vida do poeta: a infância num Rio de Janeiro quase interiorano, as cozinhas que frequentou e os bares e restaurantes em que mantinha cadeira cativa, além dos bocados de que mais gostava. Tudo maravilhosamente ilustrado com fotos, trechos de poemas e depoimentos. Surge, assim, um Vinicius de Moraes que refaz sua vida (e obra) através da comida. Dos pratos que lembravam sua infância e que ele trazia à memória ao sentir a profunda ausência do Brasil, Vinicius revivia em detalhes os vatapás e pudins que comia na casa da mãe e da avó, em descrições irretocáveis. Também das comidinhas favoritas que sabia cozinhar tão bem e descrevia com amor no diminutivo, o

Ingredientes: franguinho de leite (aproximadamente 800 g); 1 limão; ervas frescas de sua preferência picadas e em ramos (cheiro-verde, alecrim ou sálvia); sal a gosto; 1 colher de sopa de manteiga; 1 cebola pequena inteira; 1 lata de cerveja Preparo: Preaqueça o forno em temperatura média de 180°C. Lave bem o frango, esfregue-o com limão, depois com as ervas picadas, e tempere com sal. Espalhe a manteiga em toda a sua superfície e coloque a cebola inteira e os ramos de ervas dentro do frango. Acomode-o em uma assadeira e regue com um pouco da cerveja. Leve ao forno para assar. A cada 15 minutos, regue novamente com a cerveja. Repita a operação durante todo o processo de cocção que, dependendo do tamanho da ave, pode levar de 40 minutos a uma hora. TN Petróleo 92

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Infinity Mirror Room - Phalli’s Field, 1965

coffee break

Obsessão

Infinita por Orlando Santos

Yayoi Kusama Obsessão Infinita Curadoria: Philip Larrant-Smith e Frances Morris Produção: Instituto Tomie Ohtake Centro Cultural Banco do Brasil - RJ Rua Primeiro de Março, 66 – Centro Informações: (21) 3808-2020 Horário de visitação: de quarta a segunda, das 9 h às 21 h - Entrada franca

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Ao longo de seus 24 anos como centro cultural, comemorados agora em outubro, a rotunda do CCBB-RJ já abrigou muitas exposições emblemáticas e instigantes, como a de uma artista japonesa que instalou ali uma nave espacial com direito ao visitante entrar nela e experimentar situações sensoriais. De modo geral, a rotunda tem servido para o visitante ter uma percepção inicial da obra do artista em exposição e introduzi-lo, andares acima, ao conjunto de seus trabalhos.


Filled with the Brilliance of Life, 2011

Self-Obliteration, 1967

Foto: TN Petróleo

C

Com a recente exposição da artista japonesa Yayoi Kusama, não foi diferente. As oito gigantescas bolas coloridas penduradas no alto da rotunda e mais quatro instaladas no térreo servem como primeiro passo para o visitante ir se inteirando de sua obra. A visão se completa nos dois primeiros andares, onde estão 110 trabalhos da artista, realizados entre 1949 e 2012 – incluindo esculturas, pinturas, videoarte, instalações, entre elas a famosa Dots Obession (literalmente, obsessão por pontos). Esta exposição foi recorde de público em Malba, Buenos Aires, onde permaneceu por dois meses e meio. No Brasil, ficará no CCBB até 20 de janeiro de 2014. Yayoi Kusama é considerada, no panorama mundial das artes plásticas, uma de suas principais representantes, e esta é a primeira exposição mostrada ao público brasileiro. A obra, em seu conjunto, expressa uma pesquisa profunda do trabalho de uma das artistas mais originais e inventivas do pós-guerra. Produzida, em sua edição brasileira, pelo Instituto Tomie Ohtake, em colaboração com o estúdio da artista, a mostra tem curadoria de Philip Larrant-Smith (curador do Malba/ Fundación Constantini, Buenos Aires) e de Frances Morris (curadora da retrospectiva da Kusama na Tate Modern de Londres). Obsessão Infinita oferece um panorama do trabalho dessa artista mais proeminente do Japão atual e traça sua trajetória do privado ao público, da pintura à performance, do ateliê às ruas. Yayoi Kusama nasceu na cidade de Matsumoto, Japão, em 1929. Começou a realizar seus trabalhos poéticos e semiabstratos em papel nos anos 1940, antes de iniciar sua celebrada série Infinity Net (Rede infinita), no final dos anos 1950 e início dos 60. As pinturas primam pela originalidade e são caracterizadas pela repetição obsessiva de pequenos arcos pintados, aglutinados em padrões rítmicos maiores. A artista se mudou para Nova York em 1957, o que representou um divisor de águas em sua carreira – entrou em contato com Donald Judd, Andy Warhol, Claes Oldenberg e Joseph Cornell. A artista ganhou notoriedade com as delicadas esculturas, conhecidas como Accumulations (acumulações) e as performances e happenings, as quais se tornaram selos da subcultura marginal e chamaram a atenção das principais correntes críticas de então. Retornando ao Japão em 1973, Kusama optaria, quatro anos depois, por viver voluntariamente em uma instituição psiquiátrica. “O caráter psicológico singular e pronunciado de seu trabalho sempre foi

combinado com uma generosa dose de reinvenção e inovação formal, o que lhe permite dividir sua visão única com um público mais amplo, através do espaço infinitamente espelhado e da repetição obsessiva de pontos que caracteriza sua obra”, explicam os curadores no catálogo da exposição. Em seus trabalhos mais recentes, a artista renovou o contato com seus instintos mais radicais em instalações imersivas e peças colaborativas, que fizeram dela, com justiça, a artista viva mais celebrada do Japão. Essa é a opinião compartilhada dos curadores da mostra. TN Petróleo 92

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indicadores tn feiras e congressos

Dezembro

2 a 4 - México Latin Oil & Gas Deepwater Local: Cidade do México, México Tel.: 44 20 7978 0029 Email: emcginn@thecwcgroup.com www.thecwcgroup.com

2014 Março

11 a 13 - Paquistão Oil & Gas Asia Local: Karachi, Paquistão Tel.: (+92-21) 111-222-444, 3453 6321 Email: conferences@itifasia.com.pk www.itifasia.com.pk

19 a 21 - China Cippe 2014 Local: Pequim, China Tel: +86-10-58236581 Email: zhanghao@zhenweiexpo.com www.zhenweiexpo.com

24 a 27 - Coréia do Sul Gastech Conference & Exhibition Local: Goyang, Coréia do Sul Tel.: +44 (0) 203 615 2853 Email: paulsinclair@dmgevents.com www.dmgevents.com

Maio

25 a 28 - Malásia OTC Asia Local: Kuala Lumpur, Malásia Tel: +60.3.2182.3151 Email: ad@otcnet.org www.otcasia.org/2014

14 e 15 - Inglaterra World National Oil Companies Congress Local: Londres, Inglaterra Tel.: +44 (0)20 7092 1000 Email: enquiry.uk@terrapinn.com www.terrapinn.com

Abril

8 a 10 - Espanha MCE Deepwater development 2014 Local: Madri, Espanha Tel.: (281) 491-5900 Email: bo.howard@questoffshore.com www.questoffshore.com

5 a 8 - EUA Offshore Technology Conference Local: Houston, TX Tel.: +1.972.952.9494 www.otcnet.org

Junho

11 e 12 - Escócia 3rd Tight & Shale Gas Summit Local: Edimburgo, Escócia Tel.: + 44 (0)20 3141 0636 Email: mignacio@acieu.net www.acieu.net 8 a 11 - Brasil Santos Offshore Local: Santos, SP Tel.: + 55 11 3060 4742 Email: santosoffshore@ reedalcantaranews.com.br www.santosoffshore.com.br 15 a 19 - Rússia World Petroleum Congress Local: Moscou, Rússia Tel/fax.: +7 495 739 2854 Email: info@21wpc.com www.21wpc.com

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br 146

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de Raul Sanson, vice-presidente do Sistema Firjan - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

opinião

Indústria offshore: recursos, eficiência e competitividade

Após cinco anos sem licitações de áreas exploratórias, o leilão do campo de Libra, localizado em Santos (SP), trouxe nova perspectiva para a cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural no Brasil. De fato, o campo possui elevado potencial para descobertas de hidrocarbonetos, com suas reservas, estimadas de oito a 12 bilhões de barris de óleo recuperável, uma das maiores do pré-sal.

O

campo de Libra vem somar-se aos já licitados no pré-sal, que deverão responder pela maior parte dos investimentos em exploração e produção ao longo das próximas décadas. Quanto aos investimentos de curto prazo, a Petrobras prevê em seu Plano de Negócios 2013-2017 que a área de E&P destinará US$ 147,5 bilhões para o desenvolvimento de operações na camada pré-sal. A empresa estima que sejam produzidos diariamente mais de um milhão de barris de petróleo no pré-sal até 2017. No longo prazo, os valores são bastante significativos, já que a demanda por investimentos no pré-sal será de R$ 370 bilhões, considerando equipamentos, sistemas, serviços e materiais. Oportunidades gigantescas para a indústria, mas desafios igualmente grandes, sem dúvida. O estudo “Agenda de competitividade da cadeia produtiva de óleo e gás offshore no Brasil”, realizado pela Onip (Organizaçãpo Nacional da Indústria do Petróleo) em parceria com o Sistema Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro em 2010, mapeou os elos da cadeia, identificando o potencial de repercussão que esses investimentos têm sobre toda a indústria, ilustrado na figura. Caracterização da cadeia de fornecimento de bens e serviços offshore – O mapeamento, já à época, demonstrava a necessidade da adoção proativa de políticas públicas com foco na competitividade e desenvolvimento do setor frente a esses desafios. Dez políticas foram elencadas: geração e disseminação de conhecimento e inovação ao longo da cadeia; incremento da produtividade e aprimoramento de processos de produção local; fortalecimento das atividades industriais em três a cinco polos produtivos; estímulo à formação

1) Inclui todos os materiais e equipamentos para os quais a cadeia offshore é pouco representativa, ficando portanto fora da cadeia de fornecimento principal

de centros de excelência tecnológica nos polos produtivos; aumento da transparência quando às políticas de conteúdo local; fortalecimento do sistema empresarial nacional e de sua atuação internacional; atração de tecnologia e de investimentos de empresas internacionais; garantia da isonomia tributária, técnica e comercial entre competidores externos; estabelecimento de condições de financiamento e garantias competitivas internacionalmente; e acesso a matéria-prima, insumos e infraestrutura em condições competitivas. Um livro poderia ser escrito para abordar adequadamente esses pontos, mas, dentre todos, um pode ser destacado por apresentar a possibilidade de ser implementado sem grandes custos e com ganhos rápidos: a geração e disseminação da informação e do conhecimento e inovação ao longo da cadeia, que consiste na recuperação da engenharia básica, na aproximação do meio acadêmico com a indústria e na disseminação do conhecimento. TN Petróleo 92

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opinião Recuperar a engenharia básica é fundamental para a cadeia produtiva, em especial para a elaboração do projeto de detalhamento das construções. Isso permitirá que os projetos já sejam formatados de acordo com as especificações, normas e demais exigências brasileiras, facilitando assim o atendimento ao conteúdo local pelos contratantes e contratadas. Permitirá ainda que demandantes e fornecedores conversem sobre suas necessidades e coloquem demandas concretas, o que incentivará a indústria nacional a buscar as soluções. Essa busca passa, inexoravelmente, por P&D. Novos produtos, novas tecnologias, novos processos deverão ser criados – ou aperfeiçoados – e recursos precisarão ser direcionados para isso. De fato, esses recursos já existem – o CTPetro é um bom exemplo – bem como uma sistemática de distribuição, que hoje prioriza a academia. Entretanto, o tamanho e a proximidade do desafio que se coloca à frente requerem mudanças significativas nesse processo para garantir que os recursos sejam aplicados de forma eficaz e em escala adequada. A indústria precisa ser protagonista na utilização desses recursos. É a experiência do setor produtivo aliada ao conhecimento tecnológico que trará o desenvolvimento necessário para que a indústria offshore alcance o patamar de competitividade almejado pelo país. Dessa forma, academia e indústria precisam trabalhar em conjunto para que as lacunas existentes no setor produtivo sejam preenchidas por meio da capacidade de inovação e do saber das universidades. No entanto, é imperativo que seja o mercado, através da indústria, que indique o caminho a ser perseguido pela academia. Essa mudança inicia-se com a criação de institutos tecnológicos voltados para a pesquisa industrial aplicada nos polos produtivos, ligado, mas não necessariamente comandado, por universidades. Passa pela inserção da indústria em todos os estágios do processo de desenvolvimento tecnológico e nos programas de inovação liderados pelos operadores, culminando na amplificação do conhecimento setorial aplicado, o que se reverte em pro-

dutos e serviços de ponta capazes de atender as necessidades do setor em nível nacional e internacional. A Noruega é um exemplo no qual o investimento em P&D direcionado à indústria de petróleo e gás obteve grande sucesso, quando o governo foi – e é – o principal agente incentivador e financiador. O investimento em pesquisa no desenvolvimento tecnológico viabilizado pelo governo norueguês com foco no mercado levou o país à liderança na utilização de novas tecnologias para a cadeia offshore. No Brasil, notadamente no Rio de Janeiro, já há iniciativas nessa direção, em particular do Sistema Firjan através do Senai-RJ. Em recente evento da OTC, foram apresentadas soluções integradas na área de automação e simulação, de solda e ambiental que surgiram de demandas do mercado e oferecem claras vantagens competitivas à indústria. O Senai-RJ também firmou parceria com a Petrobras para a implantação de novo Centro Avançado de Treinamento Operacional para a área offshore (qualificação profissional e aplicação de projetos nas indústrias) e de novo Laboratório de Excelência em Tecnologia de Soldagem (pesquisa, desenvolvimento, qualificação e processos), ambos com início de funcionamento previsto para 2014. Está claro que o país precisa dar um salto para que a indústria consiga atender a demanda que já se avizinha. Aumentar a participação nacional no desenvolvimento de tecnologia aplicada e soluções de mercado é essencial para a apropriação máxima dos benefícios que o pré-sal pode trazer à nação. Os caminhos já estão traçados; o necessário agora é trilhá-los. O redirecionamento dos recursos de P&D para a indústria é o primeiro passo. Por fim, ressalta-se a importância de melhor coordenação das ações que produzirão políticas públicas dedicadas ao setor de óleo e gás, abrangendo todos os agentes da cadeia: indústrias, academia, governo, investidores. A articulação entre os agentes permitirá ampliar o debate sobre a atual situação e os desafios a serem enfrentados, com foco na melhoria da competitividade do setor de óleo e gás brasileiro.

Anunciantes da edição Aerodinâmica – pág. 27

Firjan – 4ª capa

Kongsberg – pág. 17

Sea Oil – pág. 49

Alimaq – pág. 14

IBP – pág. 2 e 3

Mecan – pág. 33

Sotreq – pág. 21

Baritech – pág. 113

Ilos – pág. 47

Brastec – pág. 122

Italbronze – pág. 35

Médicos sem fronteiras – pág.95 Teledyne – pág. 27 Telelok – pág. 7 Oakwell – pág. 65

Caixa Seguros – pág. 19

João Fortes – pág. 13

Plant Reliability – pág. 100

Tiger Rentank – 2ª capa e pág. 1

Canon – pág. 124

JRE Inspeções – pág. 111

Qualidados – pág. 130

Tinôco Anticorrosão – pág. 126

EBSE – pág. 11

Levent – pág. 67

WPC – pág. 61

Wilhelmsen ships – pág. 91

Ecopetrol – pág. 15

Kobelco – pág. 43

Santos Offshore – pág. 89

Zap Containers – pág. 18

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