TN Petróleo 109

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OPINIÃO

A hora e a vez da manutenção e gestão de ativos de Rogério Arcuri Filho, presidente do Conselho da Abraman

Prévia Rio Oil & Gas 2016

EDIÇÃO ESPECIAL

Um novo ciclo para a indústria de petróleo no Brasil Cobertura Marintec 2016

Indústria naval quer ‘levantar ferros’

ESPECIAL: PNG PETROBRAS 2017-2021

SEGURANÇA REDOBRADA com investimentos reduzidos

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Paulo Stark, CEO da Siemens do Brasil

É preciso antever os desafios ARTIGOS

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Lidera de fato quem provoca transformações, por Wanderlei Passarella | Modelagem do flowmeter para estimativa da vazão de fluidos, por Ana Carolina Santos de

Oliveira, Claudiana Ferreira da Silva, Márcio Roberto de Andrade Araújo Filho, Sebastião Henrique Camilo da Silva e Wellington dos Santos de Araújo | Empresas do setor devem buscar o fly to quality, por Adriano Sartori | Alternativas para P&D em época de crise, por Keith Mackie e Arthur Braga | Construção de uma unidade experimental de um pig aquecedor movido a propulsão, por Jaqueline Novais da Silva, Nayara Mota Oliveira Souza e Orjana Clair Tacchi Géa

00 1 09 9 771415 889009

ISSN 1415889-2

Ano XVIII • setembro/outubro 2016 • Nº 109 • www.tnpetroleo.com.br




nossas redes sociais

sumário

edição nº 109 set/out 2016

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Entrevista exclusiva Paulo Stark, CEO da Siemens do Brasil

É preciso antever os desafios 22 Não devemos trocar o futuro pelo

lucro a curto prazo, com Rainer Brehm, diretor das divisões Process Industries and Drives e Power and Gas da Siemens

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42 46

Especial Plano de Negócios e Gestão 2017-2021

Segurança redobrada com investimentos reduzidos

Prévia Rio Oil & Gas 2016

Um novo ciclo para a indústria de petróleo no Brasil

Eventos Cobertura Marintec 2016

Indústria naval quer ‘levantar ferros’ 50 Eixo logístico Norte-Nordeste cria nova demanda


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CONSELHO EDITORIAL

Pefil profissional

Affonso Vianna Junior

Marcius Ferrari

Alexandre Castanhola Gurgel

Precisamos escrever uma nova história

Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart

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Gilberto Israel Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates

Coffee Break

João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes

Picasso Inédito

José Fantine Josué Rocha Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa

as várias artes do gênio

Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva

artigos 58 Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Lidera de fato quem provoca transformações, por Wanderlei Passarella 62 Modelagem do flowmeter para estimativa da vazão de fluidos, por Ana Carolina S. de Oliveira, Claudiana F. da Silva, Márcio Roberto de A. Araújo Filho, Sebastião Henrique C. da Silva e Wellington dos S. de Araújo

Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

68 Empresas do setor devem buscar o fly to quality, por Adriano Sartori 70 Alternativas para P&D em época de crise, por Keith Mackie e Arthur Braga 72 Construção de uma unidade experimental de um pig aquecedor movido a propulsão, por Jaqueline Novais da Silva, Nayara Mota Oliveira Souza e Orjana Clair Tacchi Géa

seções 4 editorial

55 caderno de sustentabilidade

6 hot news

60 produtos e serviços

12 indicadores tn

76 coffee break

46 eventos

78 feiras e congressos

52 perfil profissional

79 opinião

Ano XVII • Número 109 • set/out 2016 Foto: Agência Petrobras


editorial

“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer.”

Vamos içar velas? A frase, atribuída ao pensador e filósofo chinês Confúcio, nos faz refletir sobre o momento político e econômico em que o Brasil vive e no qual a indústria petrolífera passa pela maior crise de sua história. Chegamos ao final do ano com a sensação de que

2016 ‘não existiu’. E devemos isso ao marasmo que quase deixou à deriva o setor de óleo e gás, depois do boom ocorrido na última década, em que a cadeia produtiva foi alavancada, incluindo o setor naval e offshore. Mas não podemos ficar parados, aguardando que os ventos mudem de direção, em um mundo ainda em crise e com o petróleo a baixo preço. Estamos cientes de que a retomada da economia e da indústria de óleo e gás, que já respondeu por quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB), não se dará com a velocidade desejada. Contudo, acreditando na máxima de que depois da tempestade vem a bonança, temos de nos preparar para novos tempos. Não será um recomeço, pois temos uma indústria amadurecida e consolidada, mas um passo adiante, no sentido de superar os desafios e ganhar novo rumo. Foi com esse sentimento que os principais players e lideranças do setor naval e offshore se reuniram na Marintec, realizada em setembro no Rio de Janeiro. Essa também é a exepctativa da cadeia produtiva que se encontrará, mais uma vez, na Rio Oil & Gas, de 24 a 27 de outubro de 2016. Há muitos sinais positivos, avaliam os especialistas. Um deles é a revisão do Plano de Negócios da Petrobras, com seu escopo contemplando um programa de parcerias e desinvestimentos que pode gerar mais de US$ 40 bilhões em investimentos adicionais na próxima década. A aprovação da lei que retira a obrigatoriedade de a Petrobras atuar como operadora única e participar de todos os blocos exploratórios do pré-sal a serem leiloados nos próximos anos é vista como um grande atrativo para os investidores internacionais, sinalizando a possibilidade de uma diversificação do mercado, com atuação mais forte de outras operadoras. Por sua vez, a cadeia produtiva aguarda não somente essas licitações como também as de bens e serviços que serão demandadas no futuro, em um novo cenário que começamos a vislumbrar e que demandará a revisão de algumas políticas públicas de estímulo ao setor, como da flexibilização e alterações nas regras da política de Conteúdo Local. Diante disso, precisamos nos preparar para içar velas: planejar os investimentos, buscar a melhoria contínua, tanto de processos como de gestão, perseguir a produtividade com qualidade, para termos competitividade, estabelecer mecanismos de compliance. Enfim, ajustar ‘nosso barco’ para rumar em direção ao crescimento sustentável e não mais ficar ao sabor dos ventos. Benício Biz Diretor da Benício Biz Editores

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hot news

Aprovado o fim do operador único no pré-sal Mudança nas regras de exploração é positiva, segundo especialistas.

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Foto: Divulgação Câmara Federal

A

Câmara dos Deputados aprovou, no dia 5 de outubro, o texto -base do Projeto de Lei que desobriga a Petrobras de participar de todos os consórcios de exploração dos campos do présal – foram 292 votos a favor, 101 contra e uma abstenção. A decisão ocorreu após mais de seis horas de discussão. O projeto prevê que a estatal tenha o direito de escolher em quais campos de petróleo do pré-sal deverá investir. Pela legislação atual, a Petrobras atua como operadora única dos campos, com participação mínima de 30% nos consórcios. Agora, a empresa passará a ter o direito de abrir mão de campos que não julgar interessantes economicamente. A aprovação foi bem recebida pela cadeia produtiva de óleo e gás. Na avaliação de especialistas e empresários, essa medida é uma importante sinalização para o mercado internacional e abre possibilidade para novos investimentos no Brasil. A nova legislação viabilizará a atração de investimentos e a dinamização do mercado de petróleo e gás, crucial para o desenvolvimento econômico e social do país, com aumento da oferta de emprego e de renda. Segundo estudo do Sistema Firjan, as reservas do pré-sal representam um potencial de investimentos de US$ 420 bilhões até 2030 para desenvolvimento do pré-sal, cerca de US$ 390 bilhões em royalties e participações especiais e a geração de mais de um milhão de empregos. Alberto Machado, coordenador do MBA Executivo em Gestão de Negócios em Petróleo e Gás da Fundação Getúlio Vargas (FGV), defende o fim do operador único, argumen-

tando que, com a Petrobras sem condições de investir, o desenvolvimento dos campos do pré-sal seria impactado. “Se não produzirmos o petróleo do pré-sal, não teremos os benefícios dessa commodity, como, por exemplo, o de alimentar o fundo soberano e, por consequência, gerar mais investimentos em educação e saúde. Petróleo é um bem que só quando monetizado produz riquezas que serão usadas em benefício da sociedade”, afirma. De acordo com Rafael Véras, sócio do LL Advogados, a participação obrigatória da Petrobras sempre foi inconstitucional e inviável: “Inconstitucional, pois violava a política de Estado levada a efeito pela Emenda Constitucional n. 09, que teve, justamente, o propósito de flexibilizar o monopólio da indústria de E&P, além de criar privilégio para uma empresa estatal (sociedade de economia mista) não extensível às demais empresas do setor privado, o que é interditado pelo artigo 173, II, da CRFB. Inviável, posto que nunca foi comprovado que ela teria capacidade técnica e financeira para ter de explorar, obrigatoriamente, todas as áreas do pré-sal.” Para Fabrício Dantas, sócio de Vinhas e Redenschi Advogados, a Petrobras como operadora única

foi uma péssima ideia, tanto para o Brasil quanto para a petrolífera, pois gerava uma reserva de mercado que a empresa não estava preparada para gerenciar. “Em 2028, o campo do pós-sal acaba. A Petrobras como operadora única engessava o desenvolvimento do setor, assim como diminuía a segurança jurídica dos outros players. Além disso, a companhia não teria fôlego financeiro para investimentos do pré-sal”, avalia Dantas. As empresas de petróleo também defendem alterações na Política de Conteúdo Local. Para Alberto Machado, “é preciso tratar esse assunto com o devido cuidado, pois para alterar o conteúdo local como está hoje, é necessário que haja uma política industrial que viabilize a compra no país em condições competitivas e todos sabemos que o Brasil não é um país competitivo”. “Aqui, a contratação de bens e serviços, conforme acontece em países desenvolvidos como a Noruega e Reino Unido, deve ser usada para alavancar o desenvolvimento, gerar emprego e renda locais, além de oferecer às empresas brasileiras experiência em lidar com empresas estrangeiras, o que facilitaria a exportação desses bens e serviços posteriormente”, argumenta.


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hot news

Parceria entre o governo federal e o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) resultou no lançamento do Plano Nacional de Ação de Emergência para Fauna Impactada por Óleo (PAE-Fauna), no dia 4 de outubro, em Brasília. “O PAE-Fauna vem preencher a lacuna do Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional. Quero destacar a importância da parceria com o IBP, que fez um mapeamento inédito no Brasil”, disse o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Na ocasião, o IBP selou um trabalho de quatro anos em cooperação com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ao entregar o Mapeamento Ambiental para Resposta e Emergência no Mar (Marem). O novo banco de dados, uma iniciativa inédita no Brasil, foi oficialmente apresentado ao ministro. “Este é um momento especial na indústria do

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Foto: Stéferson Faria, Agência Petrobras

Indústria do petróleo entrega mapeamento ambiental ao governo

petróleo. Estamos muito satisfeitos e queremos avançar nessa parceria com o Ministério”, destacou o presidente do IBP, Jorge Camargo. Durante a apresentação do Marem, o secretário-executivo de Exploração e Produção do IBP, Antônio Guimarães, destacou que esse banco de dados é único no Brasil e permitirá avanços não apenas para a indústria do petróleo. A ferramenta permite o monitoramento de espécies de fauna presentes em toda a costa brasileira e áreas offshore vulneráveis a vazamentos acidentais de óleo, além do mapeamento das áreas e grupos prioritários à proteção. “O fruto dessas informações que disponibilizamos por meio do Marem já vem sendo utilizado em benefício do licenciamento ambiental. Também são acessados por universidades e ONGs”, acrescentou Guimarães. O secretário-executivo do IBP também destacou o investimento feito para concluir esse trabalho, que consumiu R$ 8 milhões. Criado com o objetivo de se integrar ao sistema de monitoramento do Ibama, esse banco de dados pode ser acessado de qualquer lugar do país e reúne mais de 70 mil registros fotográficos da fauna, além de ambientes e praias do Brasil. São 7.000 km de costa brasileira mapeados, 2.100 localidades e 19 cidades. Na ocasião, o Ibama apresentou o PAE-Fauna, que é dividido em três partes: Manual de Boas Práticas, o Mapeamento Ambiental para Resposta e Emergência no Mar (Marem) e o Plano do Ibama. “Tenho muito orgulho do que estou vendo”, afirmou Suely Araújo, presidente do Ibama. O Plano do Ibama estará aberto para consulta pública até 4 de dezembro de 2016.


A Prysmian no Brasil, fornecedora de cabos e sistemas para os setores de energia e telecomunicações, fechou contrato, no valor de US$ 1,4 milhão com a petrolífera indonésia Star Energy, para o fornecimento de sistemas de cabeamento de energia a ser instalado na plataforma de prospecção de gás Kakap PSC, localizada no Mar de Natuna, em Jacarta. O escopo do projeto inclui o fornecimento de cabeamento umbilical responsável pela comunicação da plataforma com o poço de gás, em uma profundidade de água de 135 m. A Prysmian vai fornecer dois sistemas umbilicais completos, com mais de 5 km de comprimento, incluindo engenharia, gerenciamento de projetos, auxiliares e testes. De acordo com Darcio Rossi, diretor de Exportação de Umbilicais e Flexíveis da Prysmian no Brasil, com base em Houston, o contrato na Indo-

nésia consolida a posição de liderança da empresa no mercado global e reflete a expertise brasileira em projetos offshore. “A Prysmian no Brasil é a única fabricante de umbilicais totalmente integrada, que produz quase todos os componentes, desde cabos elétricos, de potência, óticos e mangueiras termoplásticas, provendo assim um grande conhecimento e qualidade superior do produto”, afirma Rossi. A Prysmian Cabos e Sistemas detém toda a tecnologia de desenvolvimento e fabricação e, desde 1929, ano de sua fundação no Brasil, vem mantendo posição de liderança em soluções para cabos e sistemas em todo o mundo. Dividida em três unidades de negócio – Energia (cabos terrestres e submarinos para a transmissão de eletricidade e distribuição); Telecomunicações (cabos e fibras óticas para transmissão de dados, imagem e voz e cabos convencionais em cobre); e Oil & Gas (umbilicais, flexíveis, cabos downhole, onshore e

Foto: Divulgação

US$ 1,4 milhão em exportação para a Indonésia

offshore), o Grupo Prysmian está presente em todos os continentes. Na América Latina, a empresa conta com mais de mil colaboradores, responsáveis pela produção de cerca de 60 mil toneladas de cabos por ano. No Brasil, com 25% de market share, a companhia possui sete unidades fabris localizadas em Santo André, Sorocaba (três fábricas), ambas no estado de São Paulo, Vila Velha e Cariacica, situadas no estado do Espírito Santo, e em Joinville, no estado de Santa Catarina.

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hot news

Foto: Agência Petrobras

Novo processo de contratação para o FPSO do piloto de Libra

A Petrobras, operadora do Consórcio de Libra, confirma que deu início a um novo processo de contratação para o FPSO do Projeto Piloto de Libra. A companhia confirma o cancelamento do processo anterior, iniciado em 12 de agosto de 2015, pois resultou em proposta com preço superior aos adotados no mercado internacional e acima da expectativa da Petrobras e seus

parceiros. Nesse processo, foi exigido compromisso de conteúdo local conforme o Contrato de Partilha de Produção (CPP). O CPP prevê a possibilidade de pedido de isenção do cumprimento dos percentuais de conteúdo local (waiver) para casos de proposta com valor acima do praticado no mercado internacional. Esse mecanismo permite a execução do projeto de maneira competiti-

4ª Rodada de Acumulações Marginais: audiência pública em novembro A audiência pública para a 4ª Rodada de Acumulações Marginais (AM4) está prevista para o dia 21 de novembro. O pré-edital e a minuta de contrato de concessão divulgados no final de setembro pela ANP estão hoje submetidos à consulta pública. Das 13 áreas selecionadas após o processo de consulta de interesse realizado pela ANP este ano, dez serão

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va, assegurando os investimentos planejados no desenvolvimento do campo de Libra de maneira eficiente do ponto de vista de prazo, custo, qualidade e segurança. Diante disso, o Consórcio de Libra, em 30 de agosto de 2016, protocolou pedido de waiver na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para o FPSO. Em 16 de setembro de 2016, instaurou novo processo de contratação com requisitos de conteúdo local menores, que possibilitarão que parte da construção da unidade seja feita no Brasil, sem impactos no custo ou prazo do projeto. O Consórcio de Libra – formado pela Petrobras (operadora, com 40%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%), CNOOC (10%) e PPSA, na qualidade de gestora do contrato de partilha de produção – prevê para o segundo semestre de 2020 a entrada em operação do sistema de produção e, para tal, o FPSO deve ser contratado até o primeiro semestre de 2017.

oferecidas: Garça Branca, Rio Doce, Rio Mariricu (Bacia do Espírito Santo), Iraúna, Noroeste do Morro Rosado, Urutau (Bacia Potiguar), Araçás Leste, Itaparica, Jacumirim e Vale do Quiricó (Bacia do Recôncavo). Por questões técnicas e após manifestação dos órgãos ambientais, as áreas de Riacho Alazão, Conceição da Barra e Fazenda Sori não serão ofertadas nesta licitação. O pré-edital e a minuta de contrato estão disponíveis no endereço http://www.brasil-rounds.gov.br.


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indicadores tn

Opep promete cortar produção e petróleo sobe 5% Produção de países-membros da Opep e não membros – set/2014 a ago/2016 Produção de países-membros da Opep

mb/d (Opep) 34

Outros países produtores

mb/d (total) 97

à mais acentuada queda de preços já vista desde meados de 2014. Os preços do petróleo despencaram devido a uma oferta muito elevada, resultante da disparada de hidrocarbonetos de xisto americanos e da estratégia da Opep de manter sua produção para não perder fatias de mercado. O ministro de Energia do Catar, Mohamed Saleh Al-Sada, presidente da

Jul 16

Ago 16

Jun 16

Maio 16

Abril 16

Fev 16

Mar 16

Jan 16

Dez 15

Nov 15

Set 15

Out 15

Jul 15

Ago 15

Jun 15

Maio 15

90 Abril 15

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27 Fev 15

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28 Mar 15

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Jan 15

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Dez 14

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Set 14

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Out 14

Embora a redução seja seja modesta – de 33,24 milhões de barris por dia (bpd) para algo entre 32,5 a 33 milhões de bpd –, é o primeiro acordo desse gênero que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) faz desde 2008. O fato levou os preços a fecharem em alta no dia 28 de setembro. "A Opep tomou uma decisão excepcional hoje... Após dois anos e meio, a Organização alcançou consenso para gerir o mercado”, disse o ministro do Petróleo iraniano Bijan Zanganeh, que havia entrado repetidamente em rota de colisão com a Arábia Saudita em encontros anteriores. O quanto cada país vai produzir deverá ser decidido na próxima reunião formal da Opep em novembro, quando um convite para se unir aos cortes deverá ser estendido para países fora do grupo, como a Rússia, informa a Reuters. O acordo foi feito durante reunião informal da Opep, ocorrida em Argel, com o objetivo de conter o excesso de oferta no mercado global, que tem levado

Opep, disse que a reunião de Argel foi muito longa, mas histórica, afirmando que o nível de redução por país será definido antes da próxima reunião do cartel, prevista para 30 de novembro. A Reuters informa que, segundo duas fontes da Opep, uma vez atingidas as metas de produção, a entidade irá buscar cooperação de produtores de fora do grupo.

Recursos prioritários para o setor naval A Asgaard Navegação e a operadora de serviços portuários Wilson Sons receberam sinal verde para os pedidos de prioridade para utilização de recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), que no final de agosto aprovou R$ 1.293,10 bilhão para o financiamento de projetos da indústria naval brasileira. Desse total, R$ 976,84 milhões foram para projetos relacionados a apoio marítimo; R$ 202,86 milhões para apoio portuário; R$ 71,48 milhões para docagem e reparo; e R$ 41,92 milhões para navegação interior. Na mesma ocasião, foram referendadas as alterações de prioridade publicadas na resolução CDFMM n. 150. Com a publicação das prioridades concedidas pelo Conselho, as empresas postulantes estão habilitadas a contratar estes financiamentos junto aos agentes financeiros conveniados: BNDES, BB, CEF, BNB e Basa. 12

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A Asgaard Navegação conseguiu aprovação de R$ 515 milhões, dos quais R$ 415,5 milhões são para a construção de dois PSV-4.500, que devem ser construídos no estaleiro Vard Promar (PE). Outros R$ 100,9 milhões são para o OSRV-750 Asgaard Sophia. No entanto, fontes de mercado ainda consideram que a empresa terá dificuldades para conseguir as garantias junto aos agentes repassadores dos recursos para a construção das unidades. A Wilson Sons vai utilizar US$ 49,6 milhões na construção de seis rebocadores no estaleiro da empresa no Guarujá (SP). O uso depende da análise, aprovação e contratação de financiamento junto a um dos agentes financeiros do FMM e está sujeita ao plano de construções de embarcações da companhia. Também foram aprovados recursos para a Saveiros Camuyrano (Wilson

Sons), os quais serão utilizados em seis projetos de rebocadores, sendo quatro de 70 TTE (valor total de R$ 115,16 milhões) e duas de 80 TTE (R$ 87,7 milhões). A Camorim recebeu ainda suplementação de recursos no valor de R$ 11,38 milhões para construção de três rebocadores azimutais de 65 TTE. A BSCO Navegação teve aprovada suplementação de R$ 3,92 milhões para construção de dois crew boats P2. A CBO recebeu aprovação para o projeto de conversão do PSV 3.000 CBO Manoella para RSV, no valor de R$ 29,6 milhões e ainda de R$ 71,5 milhões para a docagem e reparo de dez embarcações de apoio marítimo: nove PSVs 3.000 (CBO Manoella, CBO Isabella, CBO Carolina, CBO Alessandra, CBO Renata, CBO Anna Gabriella, CBO Rio, CBO Vitória e CBO Atlântico) e um PSV 4.500 (CBO Arpoador).


ÍNDIA: O governo da Índia aprovou a compra de participações em dois campos de petróleo na Rússia por companhias estatais do país, pelo equivalente a mais de US$ 3 bilhões. O consórcio entre Oil India, Indian Oil e Bharat Petro Resources conseguiu permissão para a compra de uma fatia de 23,9% nos campos de Vankor, operados pela estatal russa Rosneft, pelo equivalente a US$ 2,02 bilhões, afirmou uma autoridade que não quis se identificar. O gabinete aprovou também a compra de 29,9% no campo de produção de Taas-Yuryakh por cerca de US$ 1,24 bilhão. Os negócios refletem o crescente interesse da Índia por ativos no exterior, em meio à queda

dos preços globais da commodity. O país é o terceiro maior consumidor de energia e importa cerca de 75% do que consome. REINO UNIDO: Uma carga de gás de xisto, procedente dos Estados Unidos, chegou no final de setembro pela primeira vez ao Reino Unido, onde existe uma grande oposição à técnica de fraturamento hidráulico, adotada para obter o combustível. Um petroleiro com 27.500 m3 de gás liquefeito descarregou o energético em Grangemouth, perto de Edimburgo e do Mar do Norte, cujo petróleo é cada vez mais caro de extrair e menos rentável. A empresa suíça responsável pela

Foto: Cortesia BP

PELO MUNDO

entrega, Ineos, investiu o equivalente a 2,6 bilhões de dólares para organizar o transporte regular de gás de xisto ao Reino Unido e Noruega com oito petroleiros. A cada três semanas uma nova carga deve chegar a Grangemouth. A extração de gás de xisto é permitida na Inglaterra com algumas restrições, mas ainda não existe a exploração comercial. Na Escócia, o governo regional adotou uma moratória.

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indicadores tn

A produção industrial nacional caiu em 11 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na passagem de julho para agosto deste ano. As quedas mais intensas foram observadas no Paraná (-8%), Espírito Santo (-6,4%), Amazonas (-5,7%) e em São Paulo (-5,4%), segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgada no dia 7 de outubro. Também tiveram quedas, ainda que abaixo da média nacional de 3,8%, os estados de Goiás (-2,9%),

Minas Gerais (-2,8%), Pernambuco (-2,7%), do Ceará (-2,4%), Rio de Janeiro (-1,3%), Rio Grande do Sul (-0,2%) e de Santa Catarina (-0,2%). Apenas a Bahia, com alta de 10,4%, o Pará, com 1,2%, e a Região Nordeste, com 0,8%, tiveram crescimento na produção em agosto, na comparação com julho. Nos demais tipos de comparação temporal, o IBGE também analisa o comportamento da indústria no estado de Mato Grosso. Em todas as comparações, 13 dos 15 locais pesquisados tiveram queda e dois tiveram alta na produção.

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural

22.07.2016

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Bacia de Campos

1.240,4

1.386,9

1.416,5

1.408,1

1.390,1

1.368,8

Outras (offshore)

518,3

465,9

561,7

616,5

630,1

678,4

Total offshore

1.758,7

1.852,8

1.978,2 2.024,6 2.020,2

2.047,1

Total onshore

179,0

181,9

1.937,7

2.034,7

Total Brasil

179,4

2.160,1 2.204,0

176,0

172,9

2.196,2 2.220,0

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Bacia de Campos 21.845,6 24.993,5 25.289,3 25.731,6 25.034,9 24.862,9 Outras (offshore) 28.209,2 30.552,3 33.063,8 35.880,7 37.194,2 37.552,1 Total offshore

50.054,9 55.545,8 58.353,0 61.612,3 62.229,0 62.414,9

Total onshore

17.697,1 17.966,7 18.030,7 17.207,5

Total Brasil

67.751,9 73.512,4 76.383,7 78.819,8 79.384,2 79.469,9 Março

Abril

Maio

Junho

17.155,1 17.055,0

Julho

Agosto

86,3

88,5

84,9

96,2

95,8

67,9

16.381,7 17.282,9 17.854,8 17.159,3 15.975,8

9.633,7

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior

2.546,6

2.687,2 2.830,5

2.896,9

2.885,4 2.844,4

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom). Fonte: Petrobras

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07.10.2016

0.29 -0.51 Variação no período: 2.10%

bovespa (%) 22.07.2016

07.10.2016

0.64 0.77 Variação no período: 7.89%

dólar comercial* 22.07.2016

07.10.2016

3.256 3.220 Variação no período: -1.59%

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior

O Espírito Santo teve as quedas mais acentuadas, de 23,9% na comparação com agosto de 2015, de 22,6% no acumulado do ano e de 18,6% no acumulado de 12 meses. O Pará foi o estado que teve as altas mais acentuadas na produção: 17% na comparação com agosto de 2015, 11,1% no acumulado do ano e 8,1% no acumulado de 12 meses.

DJ Oil & Gas (%)

Período de 03/2016 a 08/2016

181,9

Foto: FreeImages

Produção industrial cai em agosto em 11 dos 14 locais pesquisados pelo IBGE

euro comercial* 22.07.2016

07.10.2016

3.57 3.60 Variação no período: 0.01% *Valor de venda, em R$


TN Petrรณleo 109

15


indicadores tn

Nos próximos dois anos estaremos concentrados na recuperação da solidez financeira da Petrobras, como uma empresa integrada de energia com foco em óleo e gás. A nossa proposta é que a empresa tenha sido saneada, tenha padrões de governança e ética inquestionáveis para sustentar uma produção crescente.” Pedro Parente, presidente da Petrobras, 20/09/2016 – Agência Petrobras

“Um novo colapso dos preços do petróleo não seria catastró-

Pré-sal A produção do pré-sal, oriunda de 65 poços, foi de aproximadamente 1,099 milhão de barris de petróleo por dia (bbl/d) e 42,2 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural, totalizando aproximadamente 1,365 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), um aumento de 3,6% em relação ao mês anterior. A produção de petróleo no pré-sal superou os 1,060 milhão de barris diários obtidos em julho de 2016 e a de gás natural ultrapassou os 40,8 MMm3 produzidos em julho de 2016. A produção total também superou

Rússia, 02/10/2016 – Sputnik Brasil

petrobras R$

ON

Scott Shelton, especialista em commodities da ICAP – EUA, sobre a decisão da Opep de reduzir a produção, 29/09/2016 – Reuters

“Esse é o primeiro acordo da Opep em oito anos! O cartel provou que ainda é relevante, mesmo na era do xisto! Esse é o fim de uma guerra de produção e a Opep declara vitória.” Phil Flynn, analista sênior de energia da Price Futures Group, 29/09/2016 – Reuters

16

TN Petróleo 109

15,26

Variação no período: 28.78%

R$

R$

R$

Variação no período: 14.17%

CPFL

ON

R$

17,15 18,00 PNA 13,94 16,03 Variação no período: 3.45%

EUA já estão mais apertados do ficar mais apertado ainda.”

11,94

PN

R$

VALE

para isso. Os fundamentos dos que nós esperávamos, e deve

16,95

R$

Variação no período: 22.83%

Ninguém que eu conheço viu não parece estar posicionado

R$

ON 13,75

“Foi inesperado, com certeza. isso acontecendo. O mercado

o recorde do mês anterior, de 1,317 MMboe/d. Os poços do “pré-sal” são aqueles cuja produção é realizada no horizonte geológico denominado pré-sal, em campos localizados na área definida no inciso IV do caput do art. 2º da Lei nº 12.351, de 2010.

Período: 22.07.2016 a 0 7.10.2016 | ações ações ações ações

fico para a economia russa.” Elvira Nabiullina, presidente do Banco Central da

Foto: Agência Petrobras

FRASES

BRASKEM

R$

R$

11,36

R$

R$

11,02 PNA 19,31 24,39

Variação no período: -2.04%

Variação no período: 30.85%

petróleo brent (US$) 22.07.2016

45.69

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51.93

Variação no período: 12.40%

petróleo WTI (US$) 22.07.2016

44.19

07.10.2016

49.81

Variação no período: 11.31%


TN Petrรณleo 109

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entrevista exclusiva

É preciso antever os

desafios A partir dessa premissa a multinacional alemã Siemens vem consolidando uma trajetória sem fronteiras como provedora de soluções para os mais diversos segmentos, em todos os países em que atua. Inclusive no Brasil, onde completou 111 anos de atividades, posicionando-se como uma empresa que não tem medo de inovar.

“A pesquisa e a inovação fazem parte da origem, do DNA da Siemens, sempre com o propósito de impactar positivamente a vida das pessoas e a sociedade”, destaca Paulo Stark, CEO da Siemens do Brasil e líder do Comitê de Inovação da Câmara Brasil-Alemanha, apontando a digitalização, uma das ferramentas da indústria 4.0, como uma das tendências que vão contribuir decisivamente, entre outras, para o avanço do setor de óleo e gás. “A digitalização é capaz de levar a indústria a tal grau de flexibilidade e velocidade que vai mudar o mundo da ‘produção em massa’ para a ‘customização em massa’. E vai contribuir para a competitividade global das empresas”, afirma o executivo da Siemens, que inaugurou recentemente a primeira planta de digitalização de equipamentos para a indústria, na Suécia. TN Petróleo – Inovar é preciso. E a Siemens sempre apostou nisso. É difícil 18

TN Petróleo 109

inovar no Brasil ou o país é um ‘incentivo’ graça aos desafios que apresenta, possibilitando um bom campo de testes para a inovação? Paulo Stark – É preciso ir além do papel de provedores de tecnologia. Buscamos desenvolver com os clientes soluções para os desafios que eles enfrentam. Assim, um dos nossos pontos mais fortes é trabalhar com estudos de cenário, para acompanhar e antever os grandes desafios enfrentados pela sociedade. Só através da inovação e investimento seremos mais competitivos e poderemos utilizar melhor nossos recursos. Inclusive no setor de petróleo e gás. A vida média de um campo de petróleo é de 20 anos. É possível prolongar esse tempo, reduzir o custo de operação e ampliar a rentabilidade com o uso de tecnologia. Um uso já cristalizado é o bombeamento e injeção de água nos poços. A técnica aumenta a longevidade de campos que antes

por Beatriz Cardoso

seriam considerados extintos, o que garante aumento de produtividade em locais onde se fez alto investimento. O setor de subsea, as atividades relacionadas à exploração das reservas marítimas, são um exemplo claro de setor em que o país deve investir suas forças para inovar cada vez mais. E estamos investindo e criando soluções nessa direção. A Siemens é uma das pioneiras na questão da digitalização. Qual o impacto dessa tecnologia no mundo? Uma nova indústria está nascendo, baseada cada vez mais na produção flexível e eficiente, com alto grau de qualidade, pronta a atender a demanda de um consumidor cada vez mais exigente e exclusivo. Customização em massa é uma das demandas dessa nova Indústria. E digitalização é o grande aliado do setor, promovendo redução de custos e níveis mais elevados de qualidade.


Foto: Divulgação

Paulo Stark, CEO da Siemens do Brasil

Uma nova indústria está nascendo, baseada cada vez mais na produção flexível e eficiente, com alto grau de qualidade, pronta a atender a demanda de um consumidor cada vez mais exigente e exclusivo. Customização em massa é uma das demandas dessa nova Indústria.

O que vem a ser essa digitalização no âmbito da indústria? Digitalizar o ambiente industrial significa integrar as informações da fabricação, do design e da engenharia de produção num único modelo virtual, alimentado em tempo real com dados da produção e da engenharia. Isso é capaz de levar a indústria a tal grau de flexibilidade e velocidade que vai mudar o mundo da ‘produção em massa’ para a ‘customização em massa’. Investimentos serão otimizados, desperdícios minimizados e a qualidade poderá atingir níveis até

então inusitados. Um estudo realizado pela consultoria Booz & Company para World Economic Forum's Global de 2013 mostra que um aumento de 10% nos investimentos dos países em novas tecnologias associadas à digitalização resulta em aumento de 0,75% de PIB e diminuição de 1% na taxa de desemprego. Acho que isso seria muito bem-vindo para o Brasil. Qual a importância da digitalização para o Brasil? Temos que aumentar de modo significativo nossa produtividade para sermos

mais competitivos e participarmos mais incisivamente das cadeias globais. Para o Brasil e seu setor industrial, essa pode ser a oportunidade de saltarmos etapas, partindo direto para este novo modelo, evitando os investimentos altíssimos e recursivos que os desbravadores tiveram que fazer ao longo destes anos da era da automação, e investindo numa automação leve, flexível, eficiente e digital. Caso contrário, poderemos nos distanciar cada vez mais dos países desenvolvidos e retroagirmos economicamente, com altos custos sociais, desemprego e novas décadas perdidas. TN Petróleo 109

19


entrevista exclusiva

Dados da publicação Eurostat de 2013 sobre o PIB gerado por hora trabalhada mostram que na Alemanha esse índice é de 57 USD/hora. Nos Estados Unidos, 67 USD/hora, e no Brasil, é 10 USD/hora. Temos muito a recuperar... Por isso é importante que iniciativa privada e governo trabalhem juntos para criar uma agenda da Indústria 4.0 no Brasil. É fundamental fomentar essas iniciativas no sentido de aumentar a competitividade da indústria e integrar o país no círculo de nações que estão no caminho de uma manufatura integrada, com alta produtividade e valor agregado. A China está se modernizando, agregando valor à sua produção. Outros países como Itália, Reino Unido, Canadá e México seguem nessa direção. No Brasil vemos o interesse das indústrias em tornarem suas operações cada vez mais digitais, embora ainda falte uma compreensão maior sobre os benefícios que a adoção dessas tecnologias possa gerar. Existem indústrias de ponta, como a aeroespacial, automotiva, de petróleo e gás, utilizando a digitalização para aumentar a produtividade no Brasil. Mas ainda temos um longo caminho para que esta realidade chegue às médias e pequenas indústrias, podendo gerar impacto real não apenas na produtividade industrial, como em toda a economia do país. A Siemens já tem uma planta pioneira de impressão 3D na Suécia, para atender ao mercado global. O Brasil terá demanda para essa planta? O país poderia abrigar uma planta com essa tecnologia? Estamos no começo desse processo e ainda é cedo para prever todos os desdobramentos. Mas, logicamente, a demanda e a necessidade local têm influência nesse futuro e, claro, um dia deveremos contar com essa tecnologia aqui no Brasil. Nosso foco é na eletrificação, automação e digitalização das economias. O mundo 20

TN Petróleo 109

Somente produção flexível e eficiente, de alto grau de qualidade, garante à indústria atender a demanda de um consumidor cada vez mais exigente e exclusivo. Esse impacto se estende aos setores de energia, à indústria, incluindo a de petróleo e gás.

está se tornando cada vez mais digitalizado: nossa vida é permeada por produtos, serviços e processos que possuem forte dimensão digital, desde o smart phone até turbinas a gás, passando por equipamentos médicos e sistemas complexos na indústria e, também, na infraestrutura do Brasil. Esta tendência veio para ficar e promete trazer inúmeros benefícios para toda a sociedade. A digitalização chega ao chão de fábrica... Um grande exemplo recente disso foi da utilização de impressoras 3D para produção e manutenção de turbinas a gás. Essa tecnologia faz parte do conceito de manufatura aditiva (Additive Manufacturing). Ou seja, um processo que constrói peças de ligas metálicas, camada a camada, a partir de modelos CAD fatiados para formar objetos sólidos. Esta tecnologia está mudando a maneira como agem

os fabricantes, reduzindo o tempo de execução para o desenvolvimento de protótipos em até 90%. A Siemens é pioneira em Additive Manufacturing. Podemos acelerar o desenvolvimento de novos designs de turbinas a gás com aumento de eficiência e disponibilidade, levando esses avanços com mais rapidez aos nossos clientes. Essa flexibilidade na fabricação também possibilita à Siemens inovar, ficando mais próxima das necessidades dos clientes e também mais apta a fornecer peças sobressalentes sob encomenda. Qual a expectativa da Siemens em relação ao Brasil? O uso intensivo e a aplicação adequada de novas tecnologias são importantes para a retomada de setores cruciais para a economia do país, como energia, óleo e gás, naval, entre outras? Sim, sem sombra de dúvida. A integração entre sistemas digitais, mecânicos e de automação, preconizados pela chamada quarta revolução industrial, já está mudando a regra do jogo, criando novos modelos de negócio e estabelecendo novos paradigmas nos meios de produção. Junto com ela, novos termos se incorporam ao setor, como manufatura aditiva, big data e customização em massa, para ficarmos em apenas alguns deles. Por trás desses conceitos está a sobrevivência da indústria como fator relevante para as economias nacionais. Somente produção flexível e eficiente, de alto grau de qualidade, garante à indústria atender a demanda de um consumidor cada vez mais exigente e exclusivo. Esse impacto se estende aos setores de energia, à indústria, incluindo a de petróleo e gás – em todas as etapas, da exploração e produção ao refino. Esses setores já estão avançando bem na digitalização, vislumbrando as potenciais reduções de custo, aumento da confiabilidade e segurança para os trabalhadores e o meio ambiente. O poder disruptivo da quarta revolução industrial é evidente. Depende de nós


É preciso antever os desafios

enxergarmos as oportunidades e assumirmos a iniciativa de moldar o futuro de acordo com as lições do presente e do passado, garantindo um ambiente de desenvolvimento sustentável. A outra opção, de passividade, pode nos custar muito caro.

três horas diárias no transporte entre a casa e o trabalho, tempo que poderia ser aplicado em aumento de produtividade ou simplesmente no lazer ou repouso. Atacar o desperdício é uma prioridade e o Brasil pode ser protagonista de uma revolução energética.

Temos uma matriz energética diversificada, em relação a maioria dos países. De que forma a Siemens pode contribuir para que essa matriz seja ainda mais sustentável? Um dos graves problemas que temos no Brasil é o desperdício. Nosso país perde 40% de alimentos in natura e 17% da energia gerada. Além disso, 400 milhões de toneladas de biomassa não são aproveitadas, assim como todo o metano gerado pela pecuária. Esse desperdício pode ser mensurado também no cotidiano da população: o paulista e o carioca, por exemplo, perdem

Por quê? O Brasil tem fontes de energia abundantes próximas e distantes dos maiores centros consumidores, o que reforça a necessidade de investimentos em sistemas de transmissão, geração distribuída e smart-grids. Como país, temos de fazer muito para aumentar a eficiência energética, diminuindo o uso de combustíveis fósseis e passando a fontes elétricas de energia, muito mais eficientes. Aumentar a eficiência nos locais de consumo, assim como nas redes de transmissão e distribuição, é primordial. Trata-se de outro campo no qual a Siemens oferece

soluções de alto padrão, inclusive para vencer grandes distâncias, com mínimas perdas, contribuindo para atender à demanda, de forma responsável, com o recurso natural. Vocês têm investido forte em energias renováveis no Brasil? No segmento de geração, atuamos na implantação de 18 parques eólicos no país, totalizando mais de 470 MW: são 205 aerogeradores em operação em projetos localizados nos estados da Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. Também apostamos numa diversidade cada vez maior de fontes energéticas, como gás natural, biomassa, biogás e solar. Com a compra da área de turbinas a gás aeroderivadas e compressores da Rolls-Royce, tivemos uma grande ampliação, reforçando ainda mais nossa sólida posição na indústria energética.

TN Petróleo 109

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entrevista exclusiva

Foto: Divulgação

Não devemos trocar o futuro pelo lucro a curto prazo É citando o fundador da multinacional, Werner von Siemens que o diretor das divisões Process Industries and Drives e Power and Gas da Siemens, Rainer Brehm, reafirma a aposta da empresa no país.

TN Petróleo – No ano passado, quando vocês completaram 110 anos, a mensagem da campanha da empresa foi: ‘O que é importante para o Brasil, é importante para a Siemens’. Essa mensagem continua válida para a Siemens, mesmo diante da crise econômica e do setor de óleo e gás, no qual a empresa vinha ampliando a participação? Rainer Brehm – Sim, mais do que nunca. Participamos da implantação das primeiras linhas telefônicas, dos primeiros cabos de telégrafo que interligaram o país. Das primeiras usinas hidrelétricas, bondes elétricos, trens. De Itaipu, entre vários outros projetos de impacto. Em todos esses anos, o Brasil teve altos e baixos e 22

TN Petróleo 109

nem por isso nos afastamos daqui. Nossa visão é de médio e longo prazo e acreditamos que novamente o Brasil está num momento decisivo para o seu desenvolvimento e deve se preparar para dar um salto em seu desenvolvimento, de forma sustentável. Temos desafios nas áreas de energia, indústria, infraestrutura, saúde. E todas elas fazem parte do nosso portfólio. Com o setor de petróleo e gás não é diferente. Esse é um setor cíclico, mas os investimentos e projetos que irão ter impacto são de médio e longo prazo. Nosso país tem um enorme potencial e não podemos perder isso de vista. Quais as perspectivas da Siemens em relação ao setor de óleo e gás no Brasil? A questão energética deve assumir papel fundamental na retomada do crescimento do país nos próximos anos, e a Siemens está preparada para atender as diversas demandas do setor, seja na área das energias renováveis em suas diversas fontes, seja na otimização das tecnologias existentes, com produtos e sistemas de alta eficiência para as usinas termelétricas, como o gás natural. Também contemplamos a utilização de novas

tecnologias e conceitos de operação energética, como as turbinas a gás com partidas rápidas, o que pode auxiliar a inserção de energia adicional no grid, complementando a produção das energias renováveis, que, como sabemos, são intermitentes. Com esse mix, inserimos confiabilidade e estabilidade no sistema. As aquisições feitas na última década – da Dresser-Rand e do negócio de compressores e turbinas a gás da Rolls-Royce – eram parte de uma estratégia global de fortalecimento da Siemens no mercado de óleo e gás nos EUA. E no Brasil, como essas aquisições vêm contribuindo para ampliação dos negócios nesse mercado? A Siemens reforçou seu portfólio para o setor de Oil&Gas porque acredita no seu potencial, independente das flutuações de mercado. Hoje o nosso portfólio incorpora produtos e sistemas da Rolls-Royce e da Dresser Rand e a tecnologia de processos da Chemtech. A decisão de acrescentar tais variantes ao portfólio da Siemens mostrou-se acertada pelas perspectivas de mercado e pelo esperado desenvolvimento do segmento O&G no Brasil


Rainer Brehm, diretor das divisões Process Industries and Drives e Power and Gas da Siemens nos próximos anos. A eventual redução do mercado é fato temporário e de forma alguma vai afetar o planejamento da Siemens no médio e longo prazo. Ao contrário, estamos aproveitando o período para a preparação e estabelecimento de novas soluções que serão comprovadamente adequadas quando da retomada do mercado. A Siemens participa do desenvolvimento do projeto de uma megaplataforma para o campo de Libra – uma unidade flutuante de multicolunas (MCF), com capacidade de produzir 300 mil barris de óleo e processar 24 milhões de m³ de gás por dia. Como a Siemens se integrou a esse projeto inovador? Investimos continuamente em tecnologia no Brasil e nos beneficiamos da experiência global da Siemens em outros lugares, em es-

pecial no Atlântico Norte, nos quais consolidamos expertise na exploração e produção de petróleo em águas profundas. Conhecendo as tecnologias envolvidas nesse projeto, nada mais natural do que aproveitar a linha de produtos e sistemas da Siemens para sua otimização. Embora ele esteja protegido por termos de confidencialidade, podemos assegurar que o desenvolvimento se destaca pela adequada aplicação das diversas tecnologias envolvidas num projeto de alta complexidade, resultando num projeto de alta performance e confiabilidade. Como ficaria a questão conteúdo local nesse projeto? Vocês já concluíram estudo de viabilidade da técnica de fabricação em estaleiros brasileiros, com mão de obra nacional? O conceito adotado contempla a maciça utilização de fornece-

dores nacionais, sendo que já foi identificado um parceiro potencial que possui todas as condições para a fabricação local do casco da estrutura flutuante, além de possuir tecnologia e experiência que nos deixam bastante tranquilos e otimistas em atingir um elevado conteúdo nacional nesse caso. É importante destacar que no desenvolvimento do projeto estamos privilegiando a otimização e redução dos custos de toda a plataforma, chegando aos níveis internacionais de custo; isso porque sempre consideramos a permanência da exigência, por parte da Petrobras e ANP do chamado índice de nacionalização. Com o conceito da plataforma MCF, tal determinação pode ser mantida dando condições para que as tecnologias em questão permaneçam com empresas locais, assegurando a continuidade do know-how e mão de obra local.

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especial: png 2017-2021

Plano de Negรณcios e Gestรฃo 2017-2021

Seguranรงa redobrada com investimentos reduzidos por Beatriz Cardoso

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O Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 da Petrobras, com previsão de investimentos de US$ 74,1 bilhões – uma redução de 25% em relação ao anterior e o menor volume desde o Plano de 2006, de US$ 52,4 bilhões – traz em seu bojo a preocupação da direção com os aspectos relacionados à segurança, dentro de um cenário de contenção de gastos, cortes nos investimentos e necessidade de reduzir seu

Foto: Agência Petrobras

grau de endividamento.

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M

étrica é a palavra de ordem em u m a Pe t r o b r a s com um nível de endividamento considerável e que demandou redução nos investimentos previstos nos Planos Estratégico (PE) e de Negócios e Gestão (PNG) para o período de 2017 a 2021. O PNG aprovado dia 19 de setembro e divulgado à imprensa na manhã seguinte, soma US$ 74,1 bilhões em investimentos, o menor volume já apresentado desde 2006, depois de uma década de grandes descobertas, inúmeros projetos e muitas conquistas da estatal. Tempos de bonança que foram ‘varridos’ pelos ventos da crise financeira mundial deflagrada em 2008, os baixos preços do petróleo impostos pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a corrupção envolvendo empresários da cadeia produtiva de óleo e gás e executivos e gerentes da Petrobras – este último, fator decisivo na perda do grau de investimento da companhia (agora, especulativo), tendo a mesma

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TN Petróleo 109

Foto: Flavio Emanuel/Agência Petrobras

especial: png 2017-2021

Investimentos planejados em exploração e produção Total E&P US$ 60,6 bilhões

Desenvolvimento de produção + exploração

Desenvolvimento da produção

Pré-sal

76%

66%

Suporte operacional

13% 11% Exploração

seu endividamento agravado em função do custo de captação (ele saltou de 3,1% a.a., em 2013, para

Pós-sal

34% 8,6% a.a., em 2015, ano em que o pagamento de juros alcançou US$ 6,3 bilhões).


TN Petrรณleo 109

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especial: png 2017-2021

Segurança sempre A outra métrica definida tem relação direta com um aspecto operacional – a segurança. Essa bandeira foi levantada para alertar a todos os gestores, principalmente 28

TN Petróleo 109

Total de Taxa de Acidentes (%) 2011

3,2

2014

2015

2012

2,3 2,2

2013

2016 (primeiro semestre)

2,9 2,6

1,8 42%

Fonte: Apresentação Petrobras. 29 de agosto, 2016 – ONS.

os das áreas operacionais, de que é preciso redobrar a atenção com os procedimentos de segurança em tempos de recursos escassos – o que pode impactar atividades de manutenção e até projetos de modernização. Uma preocupação de caráter mais preventivo do que paliativo para um desempenho desfavorável nessa área. Os investimentos em segurança, meio ambiente e saúde (SMS) passaram de R$ 5,25 bilhões em 2011 para R$ 6,9 bilhões, em 2015, com resultados expressivos. A Taxa de Acidentados Registráveis (TAR) por milhão de homens-hora da estatal caiu quase 50% em cinco anos: de 3,2, em 2011, para 1,8 em 2016, como destacado por Pedro Parente no dia 29 de setembro, em sua apresentação na Offshore Northern Seas (ONS), realizada na Noruega. Chegar a 1,4 em 2018 representaria uma queda

Foto: Agência Petrobras

Para destacar essa preocupação com os juros crescentes, o PNG usou como referência os valores pagos em 2009, de US$ 1,7 bilhão – o que representaria uma alta de mais de 350% até 2015. Não utilizou o valor pago em 2010, de cerca de US$ 4 bilhões (mais que o dobro de 2009), quando a crise financeira no setor imobiliário norte-americano já havia contaminado a economia mundial. Levando em conta esse valor, a alta seria de pouco mais de 50%, sendo que, em 2016, o pagamento de juros alcança US$ 3,6 bilhões, de acordo com o PNG. Além de uma redução de 25% no volume de recursos em relação ao plano anterior, que era de US$ 98,4 bilhões, o plano estabelece 21 estratégias – elencadas e distribuídas entre as áreas de exploração e produção, refino e gás, desenvolvimento da produção e tecnologia, financeiro, corporativo, governança e conformidade – e 72 grandes iniciativas (não detalhadas em sua totalidade na apresentação). Uma das duas métricas prioritárias destacada no novo plano estratégico foca justamente na questão da financeira – baixar a alavancagem da dívida líquida/ Ebtida, de 5,3 para 2,5 até 2018. “Nos próximos dois anos estaremos concentrados na recuperação da solidez financeira da Petrobras, como uma empresa integrada de energia com foco em óleo e gás”, afirmou o presidente da petroleira, Pedro Parente.

de pouco mais de 22%, e não de 36%, como indica o PNG 20172021, que optou por usar o TAR de 2015, de 2,2, que resultaria em um percentual mais impactante, de 36% de redução até 2018. Duas semanas depois, no aniversário de fundação (3 de outubro), a estatal lançaria o programa Compromisso pela vida, anunciado no plano. “Não vamos macular as questões de segurança para


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especial: png 2017-2021

Redução de custos Gastos operacionais gerenciáveis (US$ bilhões)

PNG 2015-2019

142

PNG 2017-2021

Estimativa 2017-2021 PNG 2015-2019

153 142

126

RGN

E&P

53%

37% Demais áreas

10% atingir mos as metas financeiras. A vida vem em primeiro lugar ”, afirmou o gerente executivo de SMS da Petrobras, Luiz Valente. “As melhores práticas empresariais pressupõem tanto a boa 30

TN Petróleo 109

performance econômica, quanto a manutenção da integridade física de funcionários e instalações”, justificou ele.

Controle dos gastos As métricas financeiras e de segurança refletem uma realidade diferente daquela vivida pela empresa em passado recente, quando

os gestores tinham a curva S como referência única de gerenciamento, planejamento e controle de ampla carteira de projetos. E já tinham a segurança como prioridade – usando as máximas já conhecidas há mais de uma década, de ‘Zero acidentes’ e ‘Segurança em primeiro lugar’. Mas a curva S continua valendo para os empreendimentos que terão continuidade e os que ainda serão implementados nos próximos cinco anos. Os projetos são em menor número e o foco agora é exploração e produção, área que receberá 82% dos US$ 74,1 bilhões em investimentos previstos até 2021. Para 2017, o Capex é de US$ 19,2 bilhões em 2017, o que representa um média de US$ 13,7 bilhões para os demais anos abrangidos pelo PNG. “Uma das variáveis importantes desse plano não é só a escolha correta para cada real que vamos investir, mas a certeza de que aquele real investido retornará como rentabilidade para os seus acionistas”, afirmou o diretor Financeiro e de Relacionamento com os Investidores, Ivan Monteiro. Essa ‘escolha’ se reflete na redução dos investimentos de um ano para outro: no primeiro semestre de 2016, eles somaram R$ 24,9 bilhões contra os R$ 35,8 bilhões aplicados em 2015. Mais uma vez, o menor valor desde 2006, quando foram investidos R$ 20,8 bilhões nos primeiros seis meses do ano. Dos R$ 76,3 bilhões autorizados para aplicações da companhia em 2016, apenas um terço foi efetivado até meados deste ano. Mais de R$ 50 bilhões autorizados estão sob análise. Com uma gestão mais severa, a estatal pretende reduzir os gastos


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especial: png 2017-2021

Entrada das unidades de produção Concessão

Partilha

Cessão Onerosa

TARTARUGA VERDE E MESTIÇA

REVITALIZAÇÃO DE MARLIM MÓD. 1

REVITALIZAÇÃO DE MARLIM MÓD. 2

BERBIGÃO

LULA NORTE

LULA EXT. SUL

INTEGRADO PARQUE DAS BALEIAS

LULA SUL

BÚZIOS 1 BÚZIOS 2

BÚZIOS 4

BÚZIOS 5

ITAPU

TLD DE LIBRA

BÚZIOS 3

ATAPU 1

PILOTO LIBRA

LIBRA 2 NW

2018

operacionais. O Plano Estratégico prevê uma redução de 18% em relação à primeira estimativa (interna) para o período 2017-2021, passando de US$ 153 bilhões para US$ 126 bilhões. Um corte de cerca de R$ 27 bilhões em relação a uma estimativa que somente agora se tornou pública. Se a comparação for feita com o plano 2015-2019, que estava em vigor, a redução dos gastos operacionais é de cerca de R$ 16 bilhões, ou 11%. O conjunto de investimentos gerados a partir dos projetos da Petrobras, no entanto, é estimado em US$ 40 bilhões nos próximos dez anos, o que demonstra que, apesar do menor volume de investimentos, a companhia alavanca valores significativos por meio de sua atuação.

Acelerando a produção O segmento de Exploração e Produção absorverá a maior parte dos investimentos próprios da Petrobras, concentrando 82% dos TN Petróleo 109

2019

2020

2021

Foto: Flavio Emanuel/Agência Petrobras

2017

32

SÉPIA

recursos – US$ 60,6 bilhões, dos quais 76% no desenvolvimento da produção, 13% em suporte operacional e 11% em exploração. Do volume de recursos que serão alocados no desenvolvimento da produção, US$ 46 bilhões, mais da metade (66%) será direcionada para o pré-sal (nas áreas sob concessão, cessão onerosa e partilha – campo de Libra) e os 34% restantes para ativos no pós-sal. Grande parte dos recursos será alocada na implementação dos pro-

jetos de produção, que abrangem 19 plataformas, e que vão entrar em operação a partir de 2017 até o primeiro ano da próxima década. Desse total, pelo menos três unidades serão instaladas no campo de Libra, único em regime de partilha: o Teste de Longa Duração (TLD) em 2017, o piloto, em 2020, e, no ano seguinte, a plataforma de Libra NW (Libra 2). A carteira de projetos da Petrobras prevê para 2017 o primeiro óleo dos projetos de Tartaruga Ver-


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especial: png 2017-2021

Investimentos planejados em Refino e Gás Natural (RGN) Total RGN U$S 12,4 bilhões

RTC - Continuidade operacional

33%

24%

Foto: Agência Petrobras

RTC - Investimento de capital

de e Mestiça, no pós-sal da Bacia de Campos, além de Lula Norte e Lula Sul, no pré-sal da Bacia de Santos. No ano seguinte, entrarão em operação Berbigão, Lula Extremo Sul, todos no pré-sal. Nas áreas sob cessão onerosa, cinco plataformas do gigantesco campo de Búzios vão entrar em operação entre 2018 a 2020 – sendo que neste último ano começa também a produção de Sépia e, em 2021, a de Atapu. Os dois módulos do projeto de revitalização do campo de Marlim – por mais de duas décadas um dos maiores produtores da Petrobras – começam a operar em 2020 e 2021, na Bacia de Campos, onde o projeto integrado Parque das Baleias vai extrair o primeiro óleo no início da próxima década. A meta de produção no Brasil de óleo e líquido de gás natural foi fixada em 2,8 milhões de barris por dia (bpd) para 2021, considerando a entrada em operação de 19 sis34

TN Petróleo 109

25%

G&E Investimento de capital

G&E - Continuidade operacional

11%

7%

Outros (Petrobras Distribuidora, PBIO e P&D)

RTC: Refino, Transporte e Comercialização; G&E: Gás & Energia; PBIO: Petrobras Biocombustível; P&D: Pesquisa & Desenvolvimento.

temas de produção no período de 2010 a 2021. A sustentabilidade da curva de produção da estatal vem sendo garantida pela combinação de melhoras crescentes no desempenho operacional e a aplicação de novas tecnologias. Entre os avanços consolidados, está a redução do tempo médio de construção de um poço marítimo no pré-sal da Bacia de Santos, que em 2010 era de quase 152 dias e hoje leva 54 dias – uma velocidade três vezes maior em relação a 2010. Tanto que nos últimos seis anos foram perfurados 201 poços, uma média de 33,5 poços por ano, enquanto que em 2010 foram perfurados apenas três poços. A economia de recursos obtida com avanços desse tipo fez o custo médio de extração ficar abaixo de US$ 8 por barril de óleo equivalente (boe), muito inferior à média da indústria, que oscila em torno de US$ 15/boe. Sem falar na já conhecida alta produtividade dos

poços interligados aos sistemas de produção instalados no pré-sal: a média dos poços no pré-sal é de 26 mil barris por dia (bpd) – 30% a mais do que em 2010. De acordo com os dados de agosto, divulgados recentemente pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), há quatro poços com produção superior a 40 mil boe/dia (boed, petróleo e gás natural), que somam um total de 15 poços acima de 30 mil boed. No cômputo geral, 25 poços – mais de 10% do total em operação no pré-sal – produziram mais de 26 mil boed. Graças a essa produtividade, atualmente seis poços são suficientes para atingir a capacidade máxima da média de plataformas operando no pré-sal (de 150 mil barris). Buscando garantir a geração de valor estabelecida como um dos princípios de sua atuação, a Petrobras seguirá a estratégia de garantir a disciplina do uso de capital e


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especial: png 2017-2021

Parcerias e desinvestimentos Valor em US$ bilhões

15,1 2015-2016

19,5

Benefícios das parcerias • • • • •

Compartilhamento de riscos Desoneração de investimentos Aumento da capacidade de investimento na cadeia Intercâmbio tecnológico Fortalecimento da governança corporativa

O programa de parcerias e desinvestimentos da Petrobras alavanca investimentos adicionais que podem superar US$ 40 bilhões* nos próximos dez anos. 2017-2018 *Não considera investimentos de fornecedores no aumento da capacidade produtiva.

retorno aos acionistas em todos os projetos, com alta confiabilidade e previsibilidade. Também buscará garantir a sustentabilidade da produção de petróleo e gás pela incorporação de volumes já descobertos, mantendo a disciplina no uso de capital.

de Santos. Petrobras Distribuidora e Petrobras Biocombustíveis vão receber, em conjunto, pouco mais de US$ 860 milhões.

Em busca de parceiros

Dos US$ 12,4 bilhões que serão alocados na área de Refino e Gás Natural (17% do total), quase US$ 3 bilhões (24%) são investimento de capital em gás e energia, área que consumirá ainda US$ 1,36 bilhão (11%) na sua continuidade operacional. Já a área de Refino, Transporte e Comercialização (RTC) demandará US$ 4 bilhões (33%) para garantir sua continuidade operacional, enquanto que vai receber US$ 3,1 bilhões (25%) em investimento de capital para alguns projetos em andamento. Um deles é a unidade de Abatimento de Emissões (SNOX), em contratação pela estatal e que vai aumentar em 30% a capacidade do primeiro trem da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco. Parte dos recursos serão alocados na unidade de processamento de gás natural (UPGN) do Complexo 36

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Foto: Agência Petrobras

Refino e gás

Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), para o qual a Petrobras está buscando parceiros para concluir a refinaria, assim como para o segundo trem (planta completa de refino) da RNEST. Também está em estudo o projeto de ampliação da capacidade de processo da Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba (SP), que recebe o gás natural do pré-sal de Lula, e outros, assim como a implantação de gasoduto e UPGN da rota 3 do sistema de escoamento do pré-sal da Bacia

No dia seguinte à apresentação do plano à imprensa na sede da Petrobras, a diretoria da estatal foi até a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) para detalhar o plano e reafirmar que está em busca de parceiros para seus negócios. Um auditório lotado ouviu atentamente as explanações feitas por Pedro Parente e os diretores executivos Nelson Silva (Estratégia, Organização e Sistema de Gestão), Solange Guedes (Exploração e Produção), Hugo Repsold (Recursos Humanos, SMS e Serviços), Jorge Celestino (Refino e Gás Natural), Roberto Moro (Desenvolvimento da Produção & Tecnologia) e Ivan Monteiro (Financeira e Relacionamento com Investidores). Primeiro a falar depois do presidente da estatal, Nelson Silva frisou as vantagens de se fazer parcerias: através delas, são esperados investimentos adicionais de US$ 40 bilhões nos próximos dez anos. “São investimentos que deixam de


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especial: png 2017-2021

Fotos: Agência Petrobras

Campo de Lula: construção e interligação de poços mais rápida

2010

1

FPSO Cidade de Angra dos Reis

unidade

FPSO Cidade de Angra dos Reis

FPSO Cidade de Paraty

2016

6

FPSO Cidade de Saquarema

unidades

FPSO Cidade de Itaguaí

FPSO Cidade de Mangaratiba

FPSO Cidade de Maricá

60% ser feitos pela Petrobras e passam a ser feitos por parceiros”, disse. Segundo ele, há outros aspectos altamente positivos como o compartilhamento de riscos, o aumento da capacidade de investimento na cadeia produtiva, o intercâmbio tecnológico e o fortalecimento da governança corporativa. Ficou clara a posição de destaque de Nelson Silva na área de Estratégia e Gestão da reestruturação da companhia. Natália Azeredo, sócia-executiva da Dinamus Inteligência em Negócios, observou que ele foi o segundo a falar após o presidente e todos os diretores se referiram a ele ao falar de con38

TN Petróleo 109

Redução no tempo de construção e interligação de poços versas e compromisso assumidos por cada área. Nelson Silva foi complementado pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Ivan Monteiro, que elogiou as atuais parcerias na área de Exploração e Produção e afirmou que a busca por parceiros passará a ser uma política nossa, estendida a todas as áreas. “É uma declaração de humildade por parte da companhia reconhecer que não sabemos tudo, que precisamos de cola-

boração. Esse é o espírito desta diretoria. Vamos fazer e executar os projetos juntos e obter os melhores resultados possíveis para toda a sociedade.” Monteiro salientou que o objetivo é trazer parceiros que contribuam com a melhoria de governança, tecnologia, redução de riscos e aceleração na execução de projetos. “Não adianta nada ter petróleo no fundo do mar. Produzir, refinar, gerar empregos e impostos é o objetivo da empresa.” Já a diretora de E&P, Solange Guedes, que destacou três pontos importantes para a companhia – acordo firmado com Statoil, a recomposição de valores de exploração e ganhos de eficiência na produção do pré-sal –, sinalizou que a estatal está aberta a negociações na Bacia de Campos, Esse é o entendimento de Natália Azeredo, da Dinamus. “A diretora observou que há mais de 300 contratos de exploração e produção no Brasil e no exterior e que a intenção da companhia é ter uma carteira mais enxuta e de mais valor (ver gráfico na página 39), com foco nas operações offshore, que são o core da companhia. Interpretamos como tentativa de venda de parte dos ativos na Bacia de Campos e, consequentemente, risco de perda de relevância da região de Macaé”, assinala a executiva da Dinamus. Solange Guedes falou da questão do atraso na entrega das plataformas pelos estaleiros, como forte impacto na antecipação de Capex pela empresa, devido à falta de retorno no tempo previsto, já que as operações ainda não começaram. O diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino, deixou claro por que razão não foram incluídos novos projetos de sua área no PN:


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especial: png 2017-2021

Situação financeira da Petrobras Elevação do endividamento x geração operacional (US$ bilhões) 132 124

21 11

2015

2006 Geração operacional

Dívida bruta

Dívida líquida/Ebitda

2016 (1º semestre)

5,3 4,5

0,4 2006

2015

2016

“Estamos focados na manutenção da capacidade do parque de refino no Brasil”, disse, ressaltando que a busca por parcerias em refino e logística também será prioridade. Ele reiterou, ainda, que a companhia pretende encerrar as atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP (gás de cozinha), fertilizantes e petroquímica. A segurança foi o mote da apresentação de Hugo Repsold, que divulgou o programa Compromisso com a vida, destacando que ele vai atuar, também, na “dimensão comportamental”, a fim de reduzir acidentes. “A métrica (de redução) 40

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Foto: Stérfeson Faria/Agência Petrobras

(2º trimestre)

está apoiada em um programa que tem como objetivo apontar novos métodos, novas técnicas, mas, principalmente, dar uma abrangência muito maior aos conceitos e às nossas ações em relação à segurança”, declarou. E abordou, ainda, a redução de custos com pessoal: 9.270

empregados já aderiram ao Planos de Incentivo ao Desligamento Voluntário 2014-2016. Há mais 9.670 desligamentos previstos até meados de 2017. Desde dezembro de 2014, a empresa já reduziu em cerca de 114 mil o número de prestadores de serviços de obras e montagens, administrativos, de operação, de paradas programadas e funcionários contratados no exterior. Pedro Parente, falando em nome de João Elek (diretor de Governança, Risco e Conformidade), ressaltou a importância de restabelecer a credibilidade da empresa perante todos os stakeholders, não permitindo que outro episódio como a Operação Lava-Jato volte a ocorrer, porém sem perder a agilidade no processo decisório, lembrando as várias medidas que vêm sendo implementadas pela companhia, depois de aprovadas pelo Conselho de Administração. Parente repetiu, em outras palavras, o que está no informe divulgado no dia da apresentação do PNG: no horizonte do plano estratégico 2017/2021, a Petrobras terá consolidado sua recuperação financeira, com garantia de produção crescente e capacidade para elevar investimentos. No documento apresentado no dia 29 se lê: “O futuro de mais longo prazo desenha uma companhia com uma trajetória prudente e sustentável, guiada por lógica empresarial e ética, com visão de longo prazo nas áreas financeira, ambiental e social. Será uma das melhores empresas para se trabalhar e onde o mérito é a base de reconhecimento e desenvolvimento. A Petrobras continuará a ser a maior companhia integrada de energia, de petróleo e gás do Brasil e com crescente participação de energias alternativas.” É mesmo o que se espera de uma gigante do porte da Petrobras .


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negócios

Prévia Rio Oil & Gas 2016

Um novo ciclo para a

indústria de petróleo no Brasil por Cassiano Viana

Maior evento do setor de óleo e gás na América Latina, a 18ª edição da Rio Oil & Gas acontece em um momento de transição e reinvenção. A boa notícia é que as perspectivas são positivas.

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Fotos: TN Petróleo

C

om os olhos voltados para um novo cenário, que começa a se delinear a partir do próximo ano, a cadeia produtiva do petróleo e gás natural se reunirá na Rio Oil & Gas 2016 , de 24 a 27 de outubro, com expectativa de reaquecimento dessa indústria. “Estou otimista em relação ao sucesso do evento e o desenvolvimento do setor nos próximos anos. A ROG 2016 representa a retomada da indústria de óleo e gás no Brasil. Temos sinalizações claras de que medidas urgentes que podem destravar os investimentos nesta área, como a extensão do Repetro e a flexibilização das regras de conteúdo local, serão anunciadas nos próximos meses”, afirma Jorge Camargo, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que realiza o evento há mais de três décadas.

Ele frisa que a conferência vai proporcionar aos participantes um intenso debate sobre os principais aspectos para a restauração da competitividade da indústria, apresentando caminhos para alavancar investimentos e produção. “Um novo ciclo se desenha. Um período de transição, reinvenção. É o momento de discutir o futuro. E todas essas discussões vão emergir na Rio Oil&Gas”, reitera o dirigente, para complementar de forma otimista: “Estamos vivendo o

início de tempos ainda mais interessantes do que aqueles que vivenciamos no passado.”

Competitividade A expectativa positiva está refletida no tema da ROG deste ano: ‘Caminhos para uma indústria de petróleo competitiva’. A conferência centrará seus debates no atual cenário econômico, nos desafios e soluções para a retomada do setor, incluindo questões como os atuais patamares de


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negócios

Congresso – A edição deste ano bateu recorde no número de trabalhos técnicos inscritos e aprovados para apresentação. Ao todo, serão cerca de 700 trabalhos, comentados durante os quatro dias de evento. Na última edição, foram 652. preços, a nova configuração geopolítica global e formas de financiamento de projetos de óleo e gás. “A Rio Oil&Gas acontece quando várias medidas estão sendo tomadas para tornar o Brasil competitivo não apenas em sua geologia, mas especialmente quanto ao conteúdo local, às regras estáveis e maior diversidade de atores nos diversos segmentos da indústria do petróleo”, afirma o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Félix. Mais de cem palestrantes já estão confirmados, entre eles o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o consultor da Casa Branca, Alec Ross, além de executivos das principais empresas do setor, como o presidente da Petrobras, Pedro Parente, o presidente da Shell Brasil, André Araújo, o vice-presidente de Tecnologia da FMC, Bradley Beiter, o diretor-geral da Total E&P Brasil, Maxime Rabilloud, e o presidente da Statoil, Pål Eitrheim. Estão previstas, além dos já citados, a presença do presidente da República, Michel Temer, do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e da diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, entre outros executivos, autoridades e especialistas do setor. A edição deste ano teve seu tamanho reduzido, contando com apenas dois pavilhões, seguindo uma tendência global do setor – a própria Offshore Technology Conference, maior feira de tecnologia e negócios do mundo, 44

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realizada em Houston (EUA), em maio passado, não teve o mesmo tamanho dos eventos anteriores.

Eventos paralelos reforçam integração da cadeia produtiva A Rio Oil&Gas 2016 evoluiu para um formato multiplataforma, com vários eventos paralelos para aprofundar os debates de segmentos específicos. Assim, além da exposição e da conferência, nove eventos paralelos acontecem no Riocentro: WPC Future Leaders Forum, Encontro do Asfalto, Arena de Tecnologia, Arena de Sustentabilidade, Arena Financeira, Arena de Engenharia, Arena do Conhecimento, Arena de Compliance e Fórum Onshore. Dentre os paralelos, um dos destaques é o Future Leaders Forum (FLF), promovido pelo World Petroleum Council (WPC), e que acontece pela primeira vez no Brasil. Principal encontro global para jovens líderes da indústria de petróleo, o Fórum tem o objetivo de formar novas lideranças e fomentar o interesse de profissionais pelo setor de petróleo. O FLF já passou por países como China, Índia, França e Canadá, local da última edição – realizado em 2013, em Calgary, reuniu 1,5 mil congressistas de mais de 60 países e 130 palestrantes. Com o tema ‘Game changers: new leaders for a new competitive energy industry ’ (Agentes da

mudança: novos líderes para uma indústria de energia mais competitiva), a quinta edição do Fórum, no Brasil, reunirá mais de 70 palestrantes, entre presidentes, CEOs, CFOs e especialistas, para debater sobre liderança, tecnologia, inovação e sustentabilidade no setor. Já confirmaram presença nomes como Leonardo Junqueira, CEO da Repsol Sinopec; Eduardo Costa, CEO da Ouro Negro; Luiz Eduardo Rubião, CEO da Radix; Maryann T. Mannen, vice-presidente executiva e CFO da FMC Technologies; Liat Berger, vice-presidente de Recursos Humanos da Aker Solutions; Anelise Lara, gerente executiva de Aquisições e Desinvestimentos da Petrobras; e Mauro Andrade, vice-presidente de Supply Chain da Statoil.

Arena de Tecnologia: Para além do óleo e gás, uma provocação ao setor Outra grande atração da Rio Oil&Gas 2016 é a Arena de Tecnologia. Localizada no Pavilhão 3, ocupando 400 m2 e 26 expositores, o espaço acolherá iniciativas premiadas, sistemas disruptivos e tendências para o setor de energia, abordando temas que vão da robótica ao big data, passando pela cyber security, pelo futurismo, pela inovação e pelo empreendedorismo, entre outros. Seu público-alvo são startups, fundos de venture capital, investidores, aceleradoras, empresas de base tecnológica, universidades, instituições de fomento, dentre outras. Entre os destaques da Arena estão: os Startup Pitch, cada um com dez minutos para apresentar suas soluções inovadoras para potenciais investidores; a ExpoTech, uma vitrine tecnológica; área de exposição para a apresentação de produtos e serviços inovadores de empresas; e os Trend Talks, com exposição e debates sobre assuntos chaves para a inovação na indústria de óleo e gás.


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eventos

Cobertura Marintec 2016

Indústria naval quer

‘levantar ferros’ por Beatriz Cardoso

Navegar em águas menos turbulentas sem adernar em novas crises e com um horizonte mais límpido – não precisa nem ser mar de almirante – é o desejo da maioria absoluta dos representantes da cadeia produtiva naval e offshore, que se reuniram na 13ª edição da Marintec South America, realizada entre os dias 19 e 21 de setembro, no Rio de Janeiro. A expectativa é de bons ventos em 2017, quando se acredita que irá começar a retomada do setor a partir das novas licitações de plataformas, embarcações e blocos exploratórios (principalmente no pré-sal), além da flexibilização e alterações nas regras da política de conteúdo nacional e diversificação do mercado,

Foto: FreeImages

com atuação mais forte de outras operadoras.

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TN Petróleo 109


M

aior evento do setor naval e offshore da América Latina, a 13ª Marintec South America/Navalshore abriu as portas no mesmo dia em que a Petrobras aprovava seu novo Plano de Negócios, reduzindo em 25% os investimentos. A expectativa em torno do plano, que seria divulgado apenas no segundo dia, deu o tom da Marintec, que reuniu 380 marcas expositoras e recebeu 16 mil visitantes, entre empresários, gestores, especialistas e profissionais qualificados do setor naval. Mesmo com o corte nos investimentos, a manutenção de projetos estratégicos da Petrobras, que vai colocar 19 plataformas offshore em operação até o final e 2021, deixou mais otimistas os dirigentes de empresas e lideranças participantes do evento. A previsão é de que haverá uma retomada significativa do setor a partir do próximo ano, em função de novas rodadas de concessão de exploração do pré-sal para a iniciativa privada, mudanças previstas nas normas de Conteúdo Local (CL) e diversificação do mercado para além das demandas da Petrobras, como foco especial na competitividade internacional. Perspectiva que se refletiu na própria organização da Navalshore para o próximo ano. “Ultrapassamos o índice de renovação proposto para 2017 com mais de 50% das empresas expositoras confirmadas”, revelou o gerente do encontro, Renan Joel. “Este evento exerce um papel central para consolidar a indústria naval como vetor de desenvolvimento econômico do país”, ressaltou Jean-François Quentin, presidente da UBM Brazil, responsável pela organização da feira. Armadores, estaleiros, fabricantes e fornecedores nacionais e internacionais expuseram suas soluções para o mercado, ao mesmo tempo em que especialistas e os principais players do mercado discutiram o futuro

Números da 13ª Marintec South America • 380 marcas entre armadores, estaleiros, fabricantes e fornecedores nacionais e internacionais • Mais de 16 mil visitantes – profissionais e especialistas do setor naval e offshore • Cerca de 70 apresentações, entre painéis, palestras, debates, treinamentos

do segmento em seminários. Com cerca de 70 apresentações, entre painéis, debates, seminários, workshops e cursos, a Marintec possibilitou aos visitantes aferir as últimas tendências em pesquisa e desenvolvimento.

Evento múltiplo A programação deste ano se destacou pela multiplicidade de atividades. Foram realizadas as segundas edições do Fórum de Líderes da Construção Naval e do Seminário de Renovação da Frota Pesqueira, além dos tradicionais Seminário de Recrutamento e Seleção e os Treinamentos Técnicos Gratuitos para os profissionais do setor. A política de CL, atualmente exigindo que a produção de equipamentos nacionais atinja níveis entre 60% e 75%, foi um dos pontos tratados no Fórum de Líderes. Para

os especialistas, as regras tendem a trazer ganhos ao mercado, mas são necessárias algumas mudanças. “Não há como exigir que um construtor, por exemplo, construa navios nacionais se não há fabricantes de peças de qualidade no país”, aponta o superintendente do Estaleiro Renave, Luiz Eduardo de Almeida. Esta também é a posição do gerente administrativo do Estaleiro Marciate, Alberto Taborga: “Os estaleiros enfrentam dificuldades para encontrar peças no país e, quando conseguem, os preços são muito elevados ou os produtos demoram muito para serem entregues, o que acaba atrasando os trabalhos.” Já no seminário de recrutamento, Vanessa Zehetmeyer, head of business da Hays Brasil/Recrutamento e Seleção, fez um alerta: “Houve uma acomodação entre os profissionais TN Petróleo 109

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Fotos: Divulgação Marintec

eventos

foram detalhados os sistemas de proteção de arco-voltaico e os de retrofits avançados de turboalimentadores fornecidos ao mercado pela empresa.

Retomada do otimismo

do setor, que focaram na formação técnica e negligenciaram aspectos como competências em comunicação e negociação, os soft-skills. Em um mercado disputado, o recrutador exige mais do que os atributos técnicos, pois vislumbra um profissional que possa, também, assumir funções gerenciais”, disse ela, lembrando que, com os leilões previstos para 2017 na área do pré-sal, o mercado vai reaquecer e exigirá profissionais qualificados. As novidades ficaram por conta de eventos reunindo fornecedores de bens e serviços do setor. Na ‘Sessão de inovação do Reino Unido no setor marítimo’, realizada no primeiro dia de feira pela Foreing & Commonwealth Office UK, representantes da ASV Global, Chemco International,

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Dasic Marine, Griffon e Rolls-Royce discorreram sobre o panorama atual do setor naval britânico e as oportunidades de negócios que ele proporciona para as empresas brasileiras. Já o seminário ‘Considerações sobre a entrada no mercado brasileiro e suas oportunidades’, que ocorreu no segundo dia, teve o intuito de prestar assistência às companhias para aprofundarem o entendimento do ambiente de negócios brasileiro, as oportunidades e desafios existentes. Organizado pela M&O Partners, contou com as apresentações de representantes da Gerflor, da Rystad Energy e da própria M&O Partners. A ABB, uma das principais empresas dessa cadeia produtiva, promoveu o seminário ‘Turboalimentadores: segurança e alta performance’, no qual

Soluções em limpezas técnicas de tanques, silos, porões, e plantas industriais de embarcações e plataformas.

“As palestras em geral foram muito interessantes e concorridas, com destaque para a ‘Sessão de inovação do Reino Unido no setor marítimo’, simultânea ao Fórum, com lotação de público e muitas pessoas sem conseguirem participar”, destacou Andrea Cereijo, diretora executiva da Dinamus Consultoria, em visita à Marintec com o objetivo de reforçar seu networking e os projetos de estratégia e apoio comercial que oferece ao mercado. “Como percepção geral, apesar da redução do tamanho, o ambiente da feira estava aconchegante e a audiência acima do esperado para o atual momento do setor naval”, concluiu. Entre as empresas expositoras, a avaliação é positiva, como atesta o diretor da Wärtsilä, Luiz Barcellos. “A Marintec South America sempre nos dá um ânimo maior, pois, além de ser um evento tradicional, mostra o potencial do mercado naval, marítimo e offshore. A audiência é qualificada e a localização estratégica”, afirmou. O diretor de Vendas da SAAB do Brasil, Jen Möldrup, foi mais incisivo: “Saio desta edição da Marintec com boas perspectivas de formalizar novos negócios. Os encontros foram produtivos e o público que visita a feira é muito qualificado.” Além das empresas, as instituições reforçam o papel estratégico da feira. “A Marintec South America é um ótimo fórum para discutir e reavaliar nossos modelos de ges-

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Indústria naval quer ‘levantar ferros’

tão, levando em consideração novas formas de negociação comercial e compliance”, observou o superintendente executivo da CAIXA, Rossano Macedo e Silva. Ainda que defendendo novos investimentos, Erik Hannisdal, managing partner da M&O Partners, alertou para o chamado ‘custo Brasil’. “Isto é um obstáculo, mas há diversas formas de uma empresa internacional ter sucesso aqui. Um exemplo é iniciar a atuação por meio de uma subsidiária, para ter a facilidade de encontrar parceiros que conheçam a complexidade das leis e os desafios específicos que o país apresenta”, frisou.

Novidades O evento concentrou, também, lançamentos da indústria. A Brastech apresentou a balsa salva-vidas para seis pessoas, equipamento destinado a navios, barcos

de apoio e plataformas offshore. “Inflado com cilindros de alta pressão, em 15 segundos está pronto para atender situações de emergência. Possui, ainda, sinalizadores para o dia e noite e funciona como cabana inflável”, explicou o gerente comercial da empresa, Eduardo Inácio, destacando: “A Marintec é uma oportunidade única de mostrar como a Brastech pode atender variadas demandas dos setores marítimo, naval e offshore”, completou. As empresas que apostaram no lançamento de produtos também saíram com boas perspectivas de negócios. O Aveva Engage, software que auxilia na gestão e tomadas de decisão, foi um dos motivos do sucesso da participação da empresa na feira, na visão de André Oberziner, gerente de Vendas da Aveva. “Fizemos bons contatos com CEOs de estaleiros, empresas de navega-

ção e estamos aprofundando algumas iniciativas com a Marinha. A Marintec é uma excelente vitrine, pois conseguimos apresentar nossas soluções em um mesmo lugar para todo o mercado, o que exigiria, no dia a dia, 30 reuniões com cada cliente”, explicou. A norueguesa Vard Promar, que tem no Brasil um dos nove estaleiros em atividades no mundo, aproveitou o evento para anunciar uma novidade do complexo em operação em Suape (PE), desde 2013. “Mostramos para o mercado, principalmente do Sudeste, que estamos investindo no reparo de embarcações, pois identificamos grande potencial para isso no país”, explicou o chefe do Departamento Financeiro, Daniel Cunha. “Fizemos ótimos contatos e saímos com a sensação que dias melhores virão para o segmento naval, marítimo e offshore”, concluiu.

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eventos

Eixo logístico NorteNordeste cria nova demanda

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Foto: Laércio Lourenço

O

‘Encontro gestão no mercado de motores: navegação fluvial e apoio portuário’, promovido pela Ivens Consult Informação Estratégica e realizado pela primeira vez na Marintec, atraiu a atenção de dirigentes do setor no último dia do evento. “O mapa da geografia do trabalho no Brasil, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostra o avanço da urbanização promovida pela expansão de agronegócio em direção ao Norte, criando um corredor contínuo desde o Sudeste, e impulsionando a expansão dos portos do Nordeste”, disse Ivan Leão, diretor da consultoria. “Investimentos da iniciativa privada na exportação de grãos pelo sistema fluvial Madeira-Amazonas e Tapajós-Amazonas e a construção de frotas e de terminais portuários fluviais e marítimos são os indicadores desta mudança do eixo logístico em direção ao Norte e Nordeste”, complementou. A demanda por motores para os segmentos de transporte fluvial e de apoio portuário e o desenvolvimento desses setores nas regiões Norte e Nordeste, principalmente, foram os principais tópicos das palestras feitas por representantes de players dessa indústria. “O PIB mundial estimado em cerca de US$ 78 trilhões tem nos motores a base do transporte e a ge-

ração de força de tração de processos industriais. Caminhões e geração de energia são as principais aplicações dos motores. No Brasil, hoje, dois novos segmentos apresentam aumento de demanda: a navegação fluvial e o apoio portuário representado por rebocadores que realizam as manobras dos grandes navios nos portos. São segmentos pequenos no total do faturamento da indústria, mas, representam indicação da transformação em andamento”, ressaltou o diretor da Ivens. O consultor de vendas da Sotreq, representante da fabricante norte -americana de motores Caterpillar, Daniel Andrade, falou sobre os desafios aos fornecedores de motores. Segundo ele, o aumento da atividade no novo eixo logístico impõe desafios críticos à necessidade de presença local para oferecer cobertura à demanda da frota, estoque de peças no Brasil e expansão da rede de serviços técnicos especializados. “O atendimento será realizado com a utilização de novas tecnologias, como o moni-

toramento remoto com sistemas de telecomunicações do desempenho do motor, gestão da frota e manutenção por sistemas preditivos”, afirmou. O diretor de transporte da Cargill, Rodrigo Koelle, apresentou as estatísticas do aumento da demanda por grãos – mais 155 milhões de toneladas de milho e mais 96 milhões de toneladas de soja, até 2028. O Brasil, principal exportador de soja e segundo maior exportador de milho, é o que apresenta maiores condições de expansão da área plantada, em comparação com os EUA e Argentina, que também estão entre os maiores produtores de grãos. “As previsões são de aumento de 24 milhões de toneladas nas exportações de grãos do Brasil”, disse Rodrigo Koelle, destacando que é essencial que autoridades e empresários estejam atentos a essa nova demanda, para atuar de forma competitiva. “O novo eixo logístico pede soluções em três áreas principais: novas licitações de terminais portuários; conclusão da BR 163; Inclusão da Ferrogrão


Indústria naval quer ‘levantar ferros’

no PPI/ Programa de Parceria de Investimentos”, informou o executivo.

Oportunidades crescentes O presidente executivo da Companhia de Navegação da Amazônia (CNA), Rildo Oliveira, fez uma apresentação sobre a empresa que está em operação há 73 anos e é líder no transporte de combustíveis no rio Amazonas, com uma frota de 17 empurradores; 31 balsastanque de casco duplo e cinco balsas de carga geral. “A CNA utiliza recursos de última geração, como sistema de monitoramento da frota via rádio e satélite; mantém a frota conectada via internet; e promove contínuo treinamento de pessoal, implantando o conceito de gestão integrada com foco em segurança e respeito ao meio ambiente”, destaca, observando que o aumento da frota de transporte fluvial cria demanda para estaleiros, fornece-

dores de motores e pessoal técnico qualificado. O gerente de Manutenção da Wilson, Sons Rebocadores, Leandro Aversa, destacou as atividades da empresa, que tem uma frota de 75 rebocadores, com projetos da Damen Shipyard, construídos no Estaleiro do Grupo Wilson, Sons, em Guarujá (SP). “Nossos rebocadores realizaram 58.620 manobras, em 2015. Operamos em toda a costa brasileira e no rio Amazonas. Estamos investindo na construção de nove novos rebocadores, três para entrega no final de 2016 e seis para entrega até o final de 2017”, explicou Aversa. “Cerca de 75% da frota são dotados de motores MCP Caterpillar série 3500, com propulsores Schottel ou Rolls Royce”, destacou o executivo. Para ele, os maiores desafios do setor, hoje, são a capacitação tripulação, incluindo o conhecimento da gestão; conhecimento da

tecnologia aplicada; qualificação dos prestadores de serviços locais. “A migração da demanda para o Nordeste e Norte determina a busca por fornecedores com excelência na prestação de serviços, o que nos leva a parcerias com escolas técnicas”, enfatiza. Os estaleiros também têm oportunidades nesse mercado. A diretora industrial da Indústria Naval do Ceará (Inace), Flávia Barros, afirmou que o estaleiro está atuante na construção de empurradores fluviais e rebocadores portuários. “Estamos nos preparando para esta demanda. Fornecemos dois empurradores com nova concepção de projeto da Robert Allan, para a Cargill, e estão em construção quatro empurradores fluviais, para a Svitzer ”, disse a executiva, salientando que a presença do estaleiro no Nordeste é estratégica para atender esse novo mercado.

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perfil profissional

Precisamos escrever uma

nova história por Beatriz Cardoso

Com esse pensamento e mais de 30 anos de experiência no setor de óleo e gás, o engenheiro mecânico Marcius Ferrari aposta na retomada do setor para alavancar o crescimento do Brasil. “Acredito na capacidade dos profissionais brasileiros da indústria do petróleo. Por isso creio que, em breve, estaremos rumo ao crescimento”, afirma o carioca que já passou por algumas das principais empresas nacionais e internacionais da cadeia produtiva de óleo e

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gás. “Temos de estar prontos para aproveitar as oportunidades”, complementa.

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Marcius criou, em 2014, a Focus Assessoria e Consultoria Técnica de Engenharia, com o objetivo de auxiliar as empresas na gestão técnica e comercial de seus negócios. A trajetória profissional de Marcius Ferrari começa a se delinear ainda na pré-adolescência, mais precisamente no último ano do antigo ginasial, no Colégio Pedro II, no Humaitá, Zona Sul do Rio. “Era comum as Forças Armadas e as Forças Auxiliares fazerem propaganda e buscarem candidatos nas escolas. O I Plano de Construção Naval (1970) estava em andamento e já se falava no segundo plano”, lembra ele, observando que neste período o país tornou-se o segundo polo de construção naval mundial, atrás somente do Japão. O Brasil precisava de oficiais para tripular os navios em construção. Foi assim que, em 1973, aos 18 anos, estava formado como oficial de máquinas da Marinha Mercante. Nos três anos em que atuou na Marinha, foi um dos homens do comando (juntamente com o oficial de náutica) de navios tipo VLCC (Very Large Crude Carrier) da Frota Nacional de Petroleiros (Fronape). Ferrari descobriria o rumo da engenharia mecânica ‘embarcado’ para acabar ‘atracando’ em terra firme em um estaleiro, em 1975. Desde então, nunca mais saiu do mercado naval e offshore. A Ishikawajima, segundo Marcius, havia fechado um contrato com a Fronape para a construção de quatro VLCCs – que estão operando até hoje, já convertidos em FPSO (Floating Production Storage and Offloading), unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de hidrocarbo-


netos –, na Bacia de Campos. “O estaleiro precisava de profissionais no Departamento de Engenharia que conhecessem bem a praça de máquinas; fui contratado como projetista naval”, conta. Passar da praça de máquinas de um petroleiro para um estaleiro o levaria a fazer o curso de Engenharia Mecânica, na então Fundação Técnico-Educacional Souza (hoje Faculdade), na qual se formaria em 1980. “Sem dúvida, ser um oficial de máquinas da Marinha Mercante, trabalhando com construção mecânica, me levou a buscar uma formação em engenharia e continuar minha trajetória profissional”, afirma. Em 1978, iria para o Estaleiro Emaq, como inspetor de controle de qualidade, de onde sairia dois anos depois para ingressar na fabricante de equipamentos navais Mecanavi, para gerenciar as áreas de planejamento da produção compra e assistência técnica. Nos cinco anos em que ficou nesta empresa, ‘pegou gosto’ pelo setor de óleo e gás. “Após anos fabricando equipamentos de salvatagem (turcos de baleeiras) na Mecanavi, respondendo pela instalação e teste a bordo das plataformas fixas da Petrobras, ficou um gostinho prazeroso de ingressar na indústria de petróleo”, conta Marcius. Grande aprendizado – A oportunidade surgiu em 1985, quando foi chamado pela antiga CBV Indústria Mecânica, para ser gerente de Contrato e Planejamento, responsável pelos contratos com a Petrobras e demais clientes. Logo alçaria voo para a gerência de Administração de Venda, respondendo pelo estabelecimento e manutenção da política de preços, elaboração das propostas técnico-comerciais.

Música predileta?: Rock, ópera e música brasileira honesta.

dez árvores de natal molhadas para águas profundas”, conta Marcius, lembrando que sentiu aquele friozinho na barriga. Depois de 15 anos na empresa, na qual deu suporte técnico-comercial para as demais divisões da FMC no exterior, no processo de aquisição da CBV, ele partiria para um novo desafio. Era o ano de 2000 e a norueguesa Kvaerner Oilfield Products do Brasil estava querendo expandir seus negócios e procurava um profissional para colaborar nesta missão. Encontrou Marcius Ferrari a postos. “No início foi bem difícil, devido às diferenças culturais, mas, aos poucos, veio a adaptação e a vida fluiu”, diz, sorrindo. Na Kvaerner atuou como gerente de Vendas & Marketing, respondendo pelo planejamento e execução da comercialização e desenvolvimento técnico de sistemas submarinos de produção de petróleo. “Também estava à frente do desenvolvimento de novos negócios e novas tecnologias junto a duas unidades de negócios da Petrobras: Cenpes e Engenharia”, lembra Marcius.

Depois, assumiria a gerência comercial, coordenando todo o desenvolvimento comercial e técnico das vendas para área de E&P. Na CBV, comprada em 1997 pela FMC do Brasil, ele administraria, pela primeira vez, uma carteira de cerca de 50 milhões de dólares anuais e uma equipe de 20 funcionários e oito engenheiros de contrato. “Foi desafiador, mas a CBV sempre investiu no treinamento e aperfeiçoamento de seus profissionais, tornando - os muito bem preparados para desempenhar suas funções”, frisa o engenheiro. “Na Rio Oil & Gas de 1986 fechamos um contrato com a Petrobras para produzir

Rota internacional – Foi na Kvaerner que teve a oportunidade de morar fora do Brasil, em 2003. “A Petrobras queria desenvolver uma tecnologia para um drill pipe riser que pudesse ser operado pelas sondas existentes, com capacidade para atuar em lâmina d’água de 3.000 m”, explica. Com a parceria formada pela petroleira brasileira e a Kvaerner, Marcius foi indicado para integrar a equipe de trabalho em Houston, nos Estados Unidos, e coordenar as atividades de gestão comercial e técnica do projeto. Sobre a experiência inédita, de viver mais de um ano em outro país, diz que é como o alpinismo: “No início dá

Local e data de nascimento: Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1955. Estado civil: Casado e três filhos. Qual livro está lendo?: Minha luta, de Adolf Hitler (edição crítica publicada recentemente), O jogo interior do tênis, de Tim Gallwey (considerado um dos “pais” do coaching e relendo Arte da guerra, de Sun Tzu. Qual seu livro de cabeceira? Arte da guerra e Livro dos espíritos. O que gosta de fazer nas horas de folga?: Passear com a família, jogar tênis e fazer ginástica. Qual o seu hobby?: Fotografia.

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perfil profissional

medo, mas depois é só não olhar para baixo”, afiança. Cinco anos depois, ao sair da Kvaerner, as vendas anuais da empresa no Brasil alcançavam US$ 40 milhões, com um aumento de 35% do market share. “Foi um passo importante para consolidar os negócios da empresa no Brasil e abrir oportunidades de investimentos, que culminaram com a remodelação da fábrica”, complementa. Nesse período no grupo norueguês, ele fez pós-graduação em Engenharia de Petróleo (PUC-Rio, 1999) e, mais tarde, mestrado em Engenharia Mecânica, concentrando-se na área de Bombeamento Multifásico de Petróleo (PUC-Rio, 2003). Prestação de serviços – Em 2005, topou um pequeno desvio de rumo ao assumir a diretoria Comercial de Óleo & Gás e Processo do grupo Bureau Veritas Brasil, coordenando as atividades de vendas e desenvolvimentos de novos negócios na área de óleo e gás. “O maior desafio foi deixar de trabalhar com equipamentos e passar a atuar com prestação de serviço, propriamente dito: Certificação, Classificação Naval e Verificação de Conformidades”, explica. Nos cinco anos em que atuou na classificadora, contribui para os bons resultados alcançados no país: um crescimento orgânico de R$ 70 milhões para R$ 180 milhões e a Petrobras como principal cliente. “O Bureau Veritas é uma

grande empresa e isso me ajudou a consolidar esse resultado. Foi uma experiência que deixou saudades”, avalia. Em 2010, voltaria para lidar com equipamentos ao ser contratado pela Cameron para assumir a gerência geral da Divisão de Valves and Measurement no Brasil. Fui contratado para montar uma fábrica de válvulas, promessa de grande investimento”, lembra ele. Atuou na reorganização da divisão no Brasil, que em 2011 ganhou a área de Measurement e, em 2013, de Aftermarket. “Também foi restabelecida a certificação cadastral (CRCC) da Petrobras para todas as unidades no exterior das plantas fornecedoras de válvulas e medidores”, esclarece Marcius. Consultoria – Em 2014, com a mudança de rumo da empresa e do próprio mercado, que vivia sua pior crise, Marcius Ferrari decidiu criar seu próprio negócio: a Focus Assessoria e Consultoria Técnica de Engenharia. “A empresa surgiu após algumas consultorias técnicas e foi crescendo, tomando um rumo positivo a partir de uma rede de relacionamento criada em 35 anos de atuação na indústria”, diz Ferrari. Hoje, ele conta com a colaboração de dois amigos e sócios Edmundo Martins e Marcos Pessanha na difícil tarefa de enfrentar a crise econômica na indústria do petróleo no Brasil. “Infelizmente, não é a primeira crise de petró-

leo que atravessamos”, pontua, lembrando o terceiro choque do petróleo, no início dos anos 1990, com a derribada no preço internacional pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). “A Petrobras, que atingiu 600.000 barris/dia no final dos anos 1980, só teve aumento da produção em meados dos anos 1990. A falta de investimentos levou a indústria a uma situação caótica”, lembra. Ainda assim, o executivo aposta em tempos melhores. “Acredito na capacidade dos profissionais da indústria do petróleo no Brasil, para retomarmos o rumo do crescimento. Temos de estar preparados para aproveitar as oportunidades que surgirão, com seriedade, profissionalismo e honestidade. Precisamos escrever uma nova história”, frisa Ferrari. Para os que estão começando, ele explica a regra básica para garantir a resiliência profissional. “Estude, se aprimore cada dia mais. Trabalhe com afinco e dedicação e seja um exemplo para os futuros profissionais”, diz o engenheiro que sempre encontrou tempo para atuar em entidades setoriais. “Tenho orgulho de pertencer a Society Petroleum Engineering (SPE). Acredito que todos os engenheiros que atuam na indústria do petróleo deveriam ser associados. É uma oportunidade de aperfeiçoamento técnico e de criar uma rede e relacionamento”, garante.

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Ano 5 • nº 47 • outubro de 2016 • www.tnsustentavel.com.br

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem

Exportação: plástico verde da Braskem chega à Escandinávia em embalagem de suco orgânico aderiram ao código de conduta da Braskem), ao longo do seu ciclo o PE Verde fixa o dióxido de carbono proveniente da atmosfera, ao contrário da versão tradicional, ajudando a reduzir os níveis de gases de efeito estufa emitidos pela cadeia produtiva. O produto possui as mesmas características que o polietileno tradicional e pode ser reciclado na cadeia de reciclagem existente. Hoje, mais de 80 marcas, desde embalagem de alimentos até produtos de beleza, passando por ferramentas de jardinagem e componentes automotivos, são feitas de resina renovável. “A Braskem e seus distribuidores parceiros na Europa continuam engajados em fornecer soluções de qualidade com vantagens ambientais. O PE Verde garante a sustentabilidade em toda a cadeia do plástico, do campo até o produto final, por ser de uma fonte renovável que garante a captura de carbono”, afirmou Gustavo Sergi, diretor de Químicos Renováveis da Braskem. Foto: FDivulgação

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ustentabilidade e inovação. É com essa combinação que a Braskem, a maior produtora de resina termoplástica das Américas, expande suas parcerias com empresas que incorporam o plástico verde em seus produtos. Desta vez, a expansão ocorreu no mercado europeu com o grupo alemão Eckes-Granini, produtor de sucos orgânicos. O suco será engarrafado em embalagem feita de polietileno produzido a partir do etanol da cana-de-açúcar do Brasil, uma matéria-prima renovável. Para ajudar os consumidores a reconhecerem o produto, a Braskem criou o selo I’m greenTM, que garante a origem renovável da embalagem. Sob as marcas Brämhults e Valsølille, os sucos de maçã e cenoura orgânicos serão distribuídos pelos principais varejistas da Escandinávia e em aeroportos selecionados de países europeus, como Suécia, Dinamarca e Noruega. “Estamos felizes pelo fato de a Brämhults ter adotado o I’m green™ e todo o conceito de renovável. A opção, pioneira em nosso mercado, abriu novas áreas nas quais os materiais biodegradáveis têm menos alcance”, diz Bjarne Högström, re-

presentante de marketing e vendas de PE Verde da FKuR Polymers, na Escandinávia. “Somos uma empresa inovadora e pioneira no mercado de sucos, e sempre valorizamos atributos como alta qualidade, autenticidade e produtos naturais. Daí o desafio de encontrar a embalagem ideal. Há anos temos o projeto de utilizar garrafas de base biológica, e com o I’m green™ conseguimos atingir o nosso objetivo”, afirmou Stina Haglund, gerente de Marcas da Brämhults Nordic. De acordo com os resultados da análise de ciclo de vida (realizada de acordo com o ISO 14040, utilizando dados coletados de fornecedores que

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suplemento especial

Tecon Salvador movimenta carga eólica para o Rio Grande do Sul

Números gerais No acumulado do ano, a cabotagem também ganhou destaque nas demais operações do terminal. De janeiro a agosto deste ano, a movi56

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Foto: Divulgação

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estaque entre os portos do Nordeste no transporte de cargas de projeto (de grandes dimensões), o Tecon Salvador, terminal de contêineres administrado pelo Grupo Wilson Sons, vem registrando expressivo volume e regularidade na operação de equipamentos para a construção de parques eólicos no Brasil. De 2014 até setembro deste ano, o terminal movimentou cerca de 40 mil toneladas de grandes componentes. No final de setembro, uma nova carga da Acciona, fabricante de componentes eólicos, em Camaçari (BA), foi embarcada no navio Aliança Energia para Santa Vitória do Palmar (RS). Somente para este parque em terras gaúchas, o projeto soma em torno de 14 mil toneladas que serão movimentadas até março de 2017, num total de 69 aerogeradores completos (a primeira carga saiu em abril). O uso da cabotagem para o transporte desse tipo de carga torna a operação mais segura para o setor. Outra vantagem é a diminuição do tempo de exposição da carga (de alto valor) nas rodovias, contribuindo para desafogar as vias. Se fossem transportados pela rodovia, cada caminhão carregaria uma peça por vez, devido ao volume e ao peso.

mentação geral de cargas apresentou crescimento de 6,1% em relação a igual período de 2015. Arroz, químicos e petroquímicos, além de produtos de varejo e embalagens, foram os principais responsáveis pelo aumento dos números no ano. O diretor executivo do Tecon Salvador, Demir Lourenço, está otimista. “As perspectivas são boas para os próximos meses devido à entrada de novos clientes, do retorno de alguns antigos e também pelo aumento do market share”, destacou. Com 16 anos de atuação, o terminal é hoje uma das principais ferramentas de atração e retenção de investimentos para o estado da

Bahia. Possui uma área de 118.000 m², com capacidade para movimentar 530 mil TEU por ano. Com investimentos que somam R$ 300 milhões desde 2000, o terminal tornou-se apto a receber os maiores navios de contêineres do mundo, com um cais preferencial para cabotagem; aproximadamente 700 tomadas para contêineres refrigerados, além da referida capacidade e know-how para operar cargas de projeto. Além da ISO 9001, o terminal recebeu, em março, a certificação internacional ISO 14001, que dá diretrizes para a implementação de um sistema de gestão ambiental. O Grupo Wilson Sons é um dos maiores operadores integrados de logística portuária e marítima e soluções de cadeia de suprimento no mercado brasileiro, com mais de 175 anos de experiência.


Brasil: potencial eólico em terra pode ser seis vezes maior

por Noêmia Lopes | Agência Fapesp

Foto: Cortesia Alstom

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ma revisão do potencial eólico onshore (“em terra”) do Brasil, realizada em resposta ao aumento da altura das torres de geração energética, aponta que o país pode ter uma capacidade seis vezes maior de produzir energia a partir dos ventos do que o estimado no último grande levantamento nacional, o Atlas do potencial eólico brasileiro, lançado em 2001. A conclusão é de um estudo do subprojeto Energias Renováveis do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-Clima), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e foi apresentada durante a Conferência Internacional do INCT, realizada em São Paulo entre os dias 28 e 30 de setembro. “O Atlas do potencial eólico brasileiro foi feito com a estimativa do uso de torres de 50 m de altura. Hoje, temos torres acima de 100 m, que ampliam o potencial tecnicamente viável de exploração de 143 gigawatt para 880 gigawatt”, disse o coordenador da pesquisa, Ênio Bueno Pereira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Além disso, consideramos uma expansão das áreas que se tornam economicamente viáveis para a instalação das torres.” Embora no Brasil a produção de energia eólica ainda seja restrita, Pereira destaca que o país é o quarto

no mundo em termos de expansão da capacidade eólica instalada, perdendo apenas para China, Estados Unidos e Alemanha. “É um movimento importante, em um momento em que se busca a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, menor dependência de combustíveis fósseis e garantia de segurança energética”, disse. Ainda nesse campo, o subprojeto Energias Renováveis também estuda o potencial offshore (“em mar”), buscando avaliar a zona costeira brasileira, particularmente na região Nordeste; a viabilidade de exploração em áreas de reservatórios hidrelétricos; a previsão da capacidade de geração, visando aprimorar as estimativas calculadas em dias e horas de antecedência; e a densidade de potência estimada até o final do século. Modelos revelam tendência de aumento dos ventos em determinadas porções do norte da região Nordeste.

“Embora pareça uma notícia interessante, ventos intensos e rajadas nem sempre são bons para o sistema de geração de energia eólica, que pode sofrer danos estruturais”, disse Pereira. Outro aspecto ressaltado pelo pesquisador foi o potencial de geração de energia elétrica a partir da irradiação solar. “O pior nível de irradiação no Brasil – na região litorânea de Santa Catarina e do Paraná – é comparável aos melhores níveis de irradiação que se tem na Alemanha, o país que mais explora a energia fotovoltaica [na qual células solares convertem luz diretamente em eletricidade] no mundo.” A Rede Sonda, financiada parcialmente pelo INCT-Clima, coleta dados de irradiação no território nacional. Uma edição atualizada do Atlas brasileiro de energia solar, com informações obtidas pela Rede nos últimos 15 anos, deve ser lançada ainda neste ano. TN Petróleo 109

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suplemento especial

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade

Lidera de fato quem provoca transformações Será que os líderes são aqueles que ocupam cargos elevados, ou que se posicionam no topo da hierarquia social? Ou são aqueles que ajudam no processo de transformação pessoal, grupal ou empresarial independentemente da posição que ocupem em uma hierarquia?

Wanderlei Passarella é mestre em Administração de Empresas e bacharel em Economia pela FEA-USP, e também engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP; pós-graduado na Abordagem Transdisciplinar Holística, pela Unipaz/ FSJT. Atualmente dirige a Synchron Participações e é coach de executivos. Foi diretor presidente da GPC Química S/A e da Petroflex S/A. Também foi diretor-geral da Menasha Materials Handling South America e exerceu cargos gerenciais na Nitroquímica (Grupo Votorantim) e Ipiranga Química.

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ara embasar nossa tese, lançaremos mão de um recurso cada vez mais utilizado nas ciências sociais: o exemplo de um filme. Em nosso caso iremos nos referir ao aclamado A Festa de Babette. Mas, o que a teoria sobre liderança e este filme têm em comum? Se você ainda não o assistiu, te convido a conhecer a história através deste artigo e a refletir sobre o belo exemplo de liderança integral. Se já assistiu, aproveite para fazer uma releitura. Para ver o filme completo, pela internet, copie o link referenciado aqui no final deste artigo. Antes de tudo preciso dizer quem de fato era Babette, a personagem principal do filme. Ela era, entre outras coisas, uma líder excepcional e uma grande artista. Talvez antevendo que quem de fato exerce a maestria da liderança integral é, em essência, um artista. Ela era uma dessas pessoas que dominam sua arte não somente com os sentidos físicos, mas com suas emoções, sua análise estética e com seu espírito. Era uma artesã dos aromas e paladares. Dominava como ninguém essa habilidade. Foi uma grande chef, que trabalhou num dos mais afamados restaurantes de Paris, uma líder incomum, que propiciava a transmutação dos alimentos e catalisava a mudança construtiva a quem os absorvia. Fugida da França, devido aos horrores de uma guerra em seu país, ela se refugia na Dinamarca e passa a trabalhar como empregada doméstica de duas senhoras que a acolheram em troca de seus serviços. Com sua infinita simplicidade, ela se demonstra uma líder do mais alto calibre. Foi capaz de uma renúncia sem igual. Trabalhou calada, por anos a fio, sem nunca pedir e nem nunca se queixar. Aprendeu os pratos comuns aos quais suas patroas estavam acostumadas. Apenas esperou pacientemente a oportunidade de demonstrar qual era o potencial de transformação de sua arte. Sua equipe era um grupo de operários aguardando sua libertação das amarras do capitalismo? Ou vários cientistas que esperavam a chegada de quem iria conduzir seus esforços? Não! Como dito, ela representava o papel de uma simples empregada doméstica, servindo a suas patroas. Estas herdaram um grupo de fiéis de uma seita religiosa fundada por seu pai. E estes fiéis, direta ou indiretamente, também desfrutavam dos serviços de Babette. Em nosso entendimento, estes eram os membros de sua equipe. Esse seu time, então, era composto por pessoas presas a uma religião, cheias de regras de conduta e moral. Mas todos eles seres humanos, portadores de vícios e de erros e que, por terem a barreira externa da religiosidade, se acomodavam e não visitavam de fato seus interiores. Ali sim, poderiam encontrar a vastidão do espírito, e a possibilidade de uma verdadeira comunhão com o todo, com o mistério e com a ética dos que meditam e refletem criticamente sobre os acontecimentos de nossas vidas. É importante reafirmar que, por muitos anos, Babette viveu sua vida simples nos afazeres domésticos com as duas senhoras e os fiéis que frequentavam sua casa. Mas, eis que um dia Babette ganhou na loteria e pediu uma só coisa às suas patroas: que elas a deixassem preparar o jantar comemorativo ao cente-


nário de nascimento de seu pai, fundador da seita. As senhoras concordaram. Mas se arrependeram logo depois, ao verem os alimentos exóticos que Babette comprara. Através das lentes de seus preconceitos, viam naquilo um ultraje, coisa do mal. Não compreendiam que o mal não é o que entra na boca do homem, mas o que sai dela! Babette, num gesto de extremo desprendimento e amor à sua arte, gastou tudo o que ganhara para elaborar esse jantar primoroso. Os convidados, instruídos pelas anfitriãs para apenas comerem, sem emitirem quaisquer comentários, começaram a notar que algo diferente estava acontecendo com eles. A força imanente da alquimia dos sabores estava tocando fundo em todos os seus sentidos humanos. Eles já não se reprimiam e nem julgavam uns aos outros, como vinham fazendo. O deleite do momento invadia suas sensações físicas, realçava suas emoções mais virtuosas, como o bem-querer, o perdão e a compaixão, e acendia a luz de algo mais profundo em seus seres. Quando acabou o jantar, pela primeira vez desde que se conheceram eles fizeram uma roda e dançaram! A circularidade, símbolo eterno do insondável, da infinitude de nossos centros sagrados se expressou através deles. Foi o ponto alto, o êxtase, a verdadeira transmutação! Naquele momento, esses homens e mulheres sobrepujaram a religião, que os mantinha presos a regras morais vindas de fora para dentro e, finalmente, conheceram

a espiritualidade que tudo une, que de fato liberta e que vem de dentro pra fora. Que momento maravilhoso de pura numinosidade! Todos os chefes, em todos os âmbitos de atuação, deveriam ver esse filme. Quem sabe, se quando vissem o milagre dessa transformação, pudessem compreender o que de fato é liderança. Ah, e como precisamos disso em nossa pátria dilapidada! Quem sabe se nesse momento se acenda em seus íntimos uma luz nova e, como Babette, se inspirem para dar seu melhor. Assim, onde quer que estejam, há a esperança de que suas equipes também realizem um trabalho ímpar, automotivadas pelo exemplo do líder. E, ao mesmo tempo em que resultados amplos se concretizem, também encontrem a fonte de vida e de plenitude dentro deles mesmos! Portanto, Babette era a verdadeira líder daquela comunidade. Ela não tinha uma posição social ou econômica proeminente, mas tinha a sensibilidade para inspirar as mudanças que o grupo precisava. Não é possível mais ignorar que a liderança não precisa ser exercida por quem tem um cargo ou uma patente. Mas por quem tem a capacidade de conseguir a transmutação do chumbo em ouro, de inspirar as almas humanas para os grandes voos dos resultados amplos, em vários sentidos, para todos os participantes! Referência: www.youtube.com/watch?v=cEnOz4g0gvk

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produtos e serviços

Voith

são do gás extraído no processo de exploração, de forma que o mesmo possa retornar ao campo submarino para posterior extração. Com design compacto, que contribui para a economia de espaço nas plataformas, e robusto, fundamental para as condições difíceis do oceano Atlântico, o Vorecon oferece alta confiabilidade. Isso porque seu tempo médio entre falhas é de 48 anos, número mais de três vezes superior à média de equipamentos similares. Outro diferencial do produto é que, graças ao princípio hidrodinâmico de transmissão de potência, proporciona elevada eficiência energética. O FPSO Cidade de Saquarema tem capacidade de processar 150 mil barris/dia de petróleo, armazenar 1,6

Foto: Agência Petrobras

A Voith, por meio da divisão Voith Turbo – fornecedora de soluções para transmissão de potência –, comemorou o início da operação de dois variadores de velocidade da linha Vorecon em mais um navio-plataforma da Petrobras. Trata-se do FPSO (Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência de Petróleo) Cidade de Saquarema, que opera no campo de Lula, na área de Lula Central, no pré-sal da Bacia de Santos. “A Voith já soma oito Vorecons embarcados em plataformas que operam por contratos de leasing para a Petrobras. Trata-se de um reforço em nossa posição de liderança no mercado de óleo e gás da América Latina”, destaca Jorge Jappur, responsável pela divisão de Energia, Óleo & Gás. Além do Cidade de Saquarema, os outros navios-plataformas equipados com os Vorecons Voith são: Cidade de Ilhabela, Cidade de Paraty e Cidade de Maricá, todos do tipo FPSO. O Vorecon Voith é aplicado nos compressores responsáveis pela extração do petróleo das reservas abaixo da camada de sal. Sua função é, por meio de um motor elétrico, controlar a velocidade do compressor. Assim, mantém-se constante a pres-

Foto: Divulgação

Navio-plataforma do pré-sal inicia operação com Vorecons Voith

milhão de barris de óleo, e fazer o tratamento e a compressão de seis milhões de m³/dia de gás. A Voith Turbo, uma divisão do Grupo Voith GmbH, é especialista em soluções e sistemas inteligentes de transmissão, atendendo a diversos segmentos: petróleo e gás, energia, mineração e engenharia mecânica, tecnologia naval, veículos comerciais e ferroviários. Fundada em 1867, a Voith hoje tem mais de 20 mil colaboradores, gera R$ 14,8 bilhões em vendas e opera filiais em mais de 60 países no mundo inteiro, o que a coloca entre as maiores empresas familiares da Europa.

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Prumo

Terminal de Petróleo do Porto do Açu em operação

A primeira transferência de petróleo do Terminal de Petróleo (T-OIL) do Porto do Açu, desenvolvido em parceria pela Prumo e a alemã Oiltanking, atendeu a contrato fechado em meados do ano passado com a BG E&P Brasil Ltda., subsidiária da Royal Dutch Shell. O contrato prevê a movimentação de até 200 mil barris por dia, pelo período de 20 anos – o terminal tem capacidade para movimentar 1,2 milhão de barris por dia. As embarcações Bossa Nova Spirit e SKS Sinni fizeram o transbordo no T-OIL em área abrigada por um quebra-mar. Para garantir maior segurança à operação, ela é feita com um dos navios atracado e o outro a contrabordo, ambos cercados por barreiras de contenção a derrame no mar. Em agosto, o T-OIL recebeu a aprovação da Receita Federal para alfandegamento. A operação segura e rápida, que garante mais eficiência e a redução de custos para os clientes, vai ampliar a competitividade do petróleo brasileiro. Com 20,5 m de profundidade, 1.423,50 m de cais e mais de 70 mil m3 de área total, o T-Oil pode realizar simultaneamente três operações de transbordo entre navios atracados a contrabordo, conhecida como ship-to-ship. Inicialmente serão utilizados navios Suezmax e, partir

Foto: Divulgação

A Prumo inicia atividades de transbordo de petróleo depois de registrar lucro de R$ 55,9 milhões no segundo trimestre.

de 2018, com a dragagem do canal para até 25 m, o porto poderá receber navios da classe VLCC (Very Large Crude Carrier), que carregam até 320 mil toneladas. Os berços Norte e Central do terminal serão capacitados para transbordo entre navios tipo VLCC e Suezmax e o berço Sul, apenas para transbordo deste último tipo de embarcação. O Porto do Açu, localizado em São João da Barra (RJ), conta com 90 km², divididos em dois terminais: o Terminal 1 (T1 – terminal offshore) e o Terminal 2 (T2 – terminal onshore), além de área para instalação de unidades de empresas dos setores marítimo e industrial. No T1, está localizado o Terminal de Petróleo (T-OIL). O T2 é um terminal no entorno de um canal para navegação com 6,5

km de extensão, 300 m de largura e até 14,5 m de profundidade. As empresas Technip, NOV, InterMoor, Wartsila, Edison Chouest e BP-Prumo já estão operando suas unidades no terminal. A Prumo Logística, que opera o Porto do Açu, registrou um lucro de R$ 55,9 milhões e investimentos de R$ 152,03 milhões no segundo trimestre, com um Ebitda proforma acumulado (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 112,5 milhões, de janeiro a junho deste ano. O Capex estimado para o ano de 2016 é de R$ 750 milhões. Deste total, R$ 360 milhões serão investidos pela Açu Petróleo e R$ 390 milhões pela Porto do Açu e outras empresas controladas pela Prumo.

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flowmeter

Modelagem do flowmeter para estimativa da vazão de fluidos Esse trabalho foi realizado sob orientação dos professores Esp. Edilson Ponciano de Lima e Dr. Ernesto Vargas Bautista, do Centro Universitário Tiradentes (Unit).

A Ana Carolina Santos de Oliveira é graduanda em Engenharia de Petróleo, Centro Universitário Tiradentes-Unit.

Claudiana Ferreira da Silva é graduanda em Engenharia de Petróleo, Centro Universitário Tiradentes-Unit.

Márcio Roberto de Andrade Araújo Filho é graduando em Engenharia de Petróleo, Centro Universitário Tiradentes-Unit.

Sebastião Henrique Camilo da Silva é graduando em Engenharia de Petróleo, Centro Universitário Tiradentes-Unit.

Wellington dos Santos de Araújo é graduando em Engenharia de Petróleo, Centro Universitário Tiradentes-Unit.

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ferramenta de perfilagem de produção (Production Logging Tool - PLT) é aplicada na produção e injeção de poços e se constitui de vários dispositivos. Um deles é chamado Continuous Flowmeter, equipamento responsável por monitorar as taxas de fluxo em cada zona produtora ou injetora. Desenvolvemos um protótipo do flowmeter para medir uma relação entre potencial elétrico, rotações por minuto (RPM) e vazão com ar e água. Os resultados mostraram que o potencial elétrico e as RPM são proporcionais à taxa de fluxo. Isso significa que, quanto maior é o potencial eléctrico e a rotação, maior é a taxa de fluxo. Com o modelo físico do flowmeter foi possível encontrar a relação entre os três parâmetros descritos, a fim de prever e calcular as taxas de fluxo. O Continuous Flowmeter é um perfil de poço revestido que tem como objetivo monitorar as taxas de fluxo de fluido no poço. Este perfil consiste basicamente de uma ou mais hélices centralizadas, cuja velocidade de rotação é registrada continuamente dentro do poço. A rotação da(s) hélice(s) é função da velocidade de fluxo do fluido proveniente da zona produtora, da velocidade e do sentido de movimentação do cabo, descendo ou subindo, e da viscosidade dos fluidos (Thomas, 2001). Se a velocidade relativa entre a ferramenta e o fluido produzido fosse igual à zero, não haveria movimento relativo entre eles e, portanto, a velocidade do cabo seria a própria velocidade do fluido. Como seria bastante trabalhoso ou até não operacional ficar alterando a velocidade do cabo em cada trecho de interesse para se encontrar a rotação da hélice igual a zero, é muito mais simples se efetuar três manobras de descida e subida, com velocidades diferentes do cabo entre cada manobra, e plotá-los em um gráfico da rotação da hélice (RPS) em função da velocidade do cabo (Vcabo). Traçando-se uma reta pelos pontos obtidos, pode-se extrapolar e encontrar a velocidade do cabo que resultaria em rotação zero para cada trecho de interesse. A partir das velocidades de fluxo nos trechos de interesse, ou seja, entre os canhoneados abertos, determina-se, por diferença, a contribuição percentual de cada intervalo. Dessa forma, dependendo do modelo, o perfil flowmeter fornece medições de velocidade de fluido precisas, em situações complexas de completações e regimes de escoamento, e oferece flexibilidade para monitorar poços com diferentes ranges de velocidade. A Figura 1 apresenta uma seção mecânica do flowmeter, com o desenho das suas hélices, sendo aplicado de acordo com suas especificações quanto à pressão, temperatura, diâmetro, comprimento, peso, pontos do sensor, máxima velocidade do fluido e características do material (resistente à corrosão, por exemplo). O propósito deste estudo foi: 1) Entender o princípio básico de funcionamento do flowmeter e desenvolver um modelo físico utilizando a modelagem icônica.


2) Encontrar a relação entre a rotação da hélice por minuto e do potencial elétrico utilizando como fluido o ar. 3) Determinar a vazão por meio de um canal hidráulico através de um vertedouro e medir a voltagem. 4) Estabelecer uma constante da ferramenta para estimar a vazão a diferentes voltagens.

A Tabela 1 apresenta os materiais usados, os custos e as especificações. O Centro Universitário Tiradentes (Unit) forneceu parte dos materiais. Materiais

Custo (R$)

Especificação

Hastes de ferro

10,00

1,5 cm x 02 mm

01 Motor de Corrente Contínua (DC)

10,00

-

02 Hélices

Unit

Diâmetro 7,5 cm

01 Multímetro

Unit

-

-

-

5,50

-

Emprestado

-

01 Protoboard

UNIT

-

01 Tinta spray dourada metálica

16,50

-

01 Vertedor Parede Delgada

Unit

15 cm

02 Ímãs 01 Reed switch 01 Arduino Figura 1: Seção mecânica (hélices) do Continuous Flowmeter da Empresa Halliburton. Fonte: Halliburton, wireline & perforating, 2014.

Para tal, foram realizados dois testes. O primeiro usando ar para observar a relação entre a rotação da hélice versus a voltagem, e o segundo usando água para observar a relação entre a voltagem versus a vazão. Os resultados mostraram que o potencial elétrico e a rotação por minuto (RPM) são proporcionais à vazão, ou seja, quanto maior o potencial elétrico e as RPM, maior será a vazão, podendo assim estimar a passagem do fluido no reservatório. Portanto, a principal contribuição deste trabalho foi encontrar a relação entre a rotação da hélice, voltagem e vazão baseada na prototipagem da ferramenta do flowmeter.

Metodologia experimental 1 – Modelagem da ferramenta A modelagem do flowmeter baseou-se no Continuous Flowmeter Spinners da Empresa GE Oil & Gas e o desenho, considerando as falhas na montagem e funcionamento, foi realizado no programa Solidworks, conforme a Figura 2.

Figura 2: Desenho técnico do flowmeter.

Tabela 1: Materiais e Especificações para montagem do Flowmeter.

Inicialmente, as hastes de ferro foram montadas simulando as hélices da ferramenta, onde foram anexadas a um motor de corrente contínua. Também foi feito um modelo de proteção para a hélice utilizando as hastes de ferro, sendo pintada com uma tinta dourada metálica. Dois ímãs foram inseridos na hélice em abas alternadas. Como o perfil de avaliação do poço é um sensor elétrico, foi necessário montar um circuito elétrico. Para isso, utilizou-se o sistema Reed Switch e Protoboard junto com o Arduino 1.6.6 (ver Figura 3, na próxima página), onde para que cada vez que a hélice girasse o ímã fechasse o contato com o reed switch e mandasse um sinal para o programa Arduino 1.6.6. Nele, as RPM ou rotação da hélice (RPS) são contabilizadas. A Figura 4, na próxima página, apresenta o resultado final do modelo icônico do flowmeter para realização dos testes experimentais. 2 – Testes experimentais Dois testes com o flowmeter foram realizados para obter a relação entre a rotação da hélice por minuto e do potencial elétrico, logo após calibrar e medir a vazão. O primeiro teste foi utilizado como fluido o ar. Utilizando o protoboard e reed switch foram contabilizadas as RPM, usando o programa Arduino 1.6.6, conforme citado antes; e o multímetro que contabilizou a tensão elétrica. A tensão em termos técnicos é a “diferença de potencial elétrico entre dois pontos”, medido em volts (Morimoto). Quanto mais volts, mais energia pode fluir. TN Petróleo 109

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flowmeter

o fundo do poço e realizar a medição das vazões, através da ferramenta. Para isso, o flowmeter foi colocado no meio do canal hidráulico com um vertedor de parede delgada, conforme a Figura 6. Observa-se que o flowmeter foi colocado acima do topo do vertedor que tem uma altura de 15 cm a partir da base do canal (datum). Seguidamente, após ligar a bomba, espera-se que o fluxo, ao longo do canal, estabilize. Isso pode ser acompanhado com a leitura do multímetro. Após observar a estabilização, é realizada a medição de altura do líquido a montante do vertedor.

Figura 3: Protoboard conectado ao Arduino 1.6.6.

Figura 5: Canal hidráulico utilizado nos testes de medição das vazões com o flowmeter.

Figura 6: Calibração do flowmeter. Figura 4: Modelo Icônico do flowmeter.

No segundo teste foi utilizado como fluido a água em um canal hidráulico (Figura 5), onde foi obtida a tensão elétrica através do multímetro anexado ao flowmeter. O canal hidráulico é um equipamento desenvolvido especialmente para apoiar o ensino das matérias que tratam dos fluidos e seus escoamentos, assim como para apresentar os fenômenos reais em forma visual, o que torna mais fácil o entendimento dos fenômenos hidráulicos. O objetivo do canal foi simular a chegada dos fluidos do reservatório até 64

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Os dados obtidos foram analisados com base na fórmula do vertedor retangular de parede delgada e sem contrações (Fernandez et al.,2005), ver Equação 1, para obtenção da vazão:

Equação 1


Modelagem do flowmeter para estimativa da vazão de fluidos

Na qual: 1,84 é a constante utilizada para o vertedor tipo parede delgada; L é a largura do canal hidráulico em metros; H é a diferença da altura do vertedor com a lâmina d’água medida também em metros. A unidade da vazão resulta em litro por segundo (L/s). A Tabela 2 mostra os dados obtidos no canal hidráulico.

Observa-se também no Gráfico 2 que o coeficiente de Pearson (R2) melhora e para rotação zero, a tensão fica ainda mais próxima de zero (-0,2775). O valor da inclinação da curva calibrada (0,0137) indica que uma rotação da hélice que acontece em um minuto, provoca um potencial elétrico de 0,0137 mV.

Vertedor de parede delgada L (m)

H (m)

0,1

0,095

0,1

0,099

Tabela 2: Dados obtidos do canal hidráulico (Tensão, H e L).

Resultados e discussões 1 – Teste com ar Os resultados do primeiro teste podem ser observados no Gráfico 1. Este apresenta a tensão elétrica em função das RPM das hélices do flowmeter para o teste com ar. Observa-se que existe uma boa linearidade e proporcionalidade dos dados obtidos, ou seja, maior RPM da hélice, maior a tensão elétrica medida em milivolts (mV). Portanto, acredita-se que esta relação seja válida para qualquer outro fluido que possa ser usado no flowmeter.

Gráfico 1: Gráfico da rotação da hélice em função da Tensão Elétrica utilizando ar.

Observa-se também na Gráfico 1 que a equação da linha de tendência é confiável, já que, quando a rotação da hélice for zero, a tensão elétrica fica próximo de zero (-0,9752). Na realidade, se não existir rotação na hélice, a tensão é zero. Portanto, com o intuito de calibrar (corrigir) a equação da curva, foi adicionado um quinto dado, ou seja, rotação zero para tensão zero como se mostra no Gráfico 2.

Gráfico 2: Gráfico da rotação da hélice em função da Tensão Elétrica – Curva Calibrada.

Uma limitação do primeiro teste foi estimar ou calcular a vazão do ar a partir dos dados obtidos (RPM e voltagem) de uma equação que esteja em função do tipo de fluido, tipo de hélice, RPM e tensão. 2 – Teste com água No segundo teste, os resultados obtidos no canal hidráulico estão apresentados na Tabela 3. Observa-se que quanto maior é a tensão medida, igualmente maior é a vazão calculada. Portanto, existe também uma direta proporcionalidade entre estes dois parâmetros, assim como observado no primeiro teste entre RPM e tensão. Isto é, quanto maior é a rotação da hélice, maior é a tensão e consequentemente maior é a vazão que escoa através do flowmeter. Com os dados da Tabela 3 se obteve uma constante, relacionando a vazão e a tensão elétrica. Observa-se que as constantes de proporcionalidade não foram iguais apesar de serem próximas. Isto indica que a linearidade existe, mas precisa ser calibrada. Tensão (mV)

Q (L/s)

Q / V (L.mV/s)

17,50

5,39

0,31

20,50

5,73

0,28

Média

0,29

Tabela 3: Resultados obtidos através da calibração.

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flowmeter

Plotando os dados de vazão e tensão da Tabela 3, observa-se no Gráfico 2 que a equação da reta precisa ser calibrada já que, se o potencial elétrico medido fosse zero, a vazão seria de 3,4 L/s. Isto fisicamente não teria sentido já que quando a tensão é zero significa que não acontece rotação na hélice, ou seja, não existe fluxo sobre a hélice do flowmeter. Portanto, esta condição foi adicionada como terceiro ponto para obter a calibração da curva da vazão em função da tensão. Observa-se no mesmo Gráfico 3 que a equação da curva calibrada apesar de ter um menor valor do R2 mostra que quando a tensão for zero, a vazão ficará em um valor muito próximo de zero (0,0417 L/s). O interessante é que a inclinação da curva coincida muito bem com a constante (relação da vazão/tensão) calculada na Tabela 3 – nela, o valor da constante oscila entre 0,28 a 0,31 L.mV/s e inclinação da curva calibrada no valor de 0,2893 L.mV/s, próximo ou igual ao valor médio da constante calculada na Tabela 3. Portanto. a equação da curva calibrada é confiável para predizer a vazão de água que flui pela hélice do flowmeter. A inclinação desta curva indica que por cada litro que flui sobre a hélice da ferramenta, é gerado um potencial de 0,29 mV num segundo. Uma limitação do segundo teste foi obter mais dados de vazão e tensão no canal hidráulico. Esta

limitação foi dada por se ter disponível um único vertedor e a dificuldade de variar a altura do líquido em relação ao topo do vertedor. Os resultados mostraram que o potencial elétrico e as RPM são proporcionais à vazão, ou seja, quanto maior o potencial elétrico e as RPM, maior será a vazão, podendo assim estimar a passagem do fluido no reservatório. Portanto, a modelagem do flowmeter para estimativa da vazão de fluidos nos permitiu chegar a vazões para diferentes potenciais elétricos, possibilitando estimar as vazões em um mesmo poço. O perfil flowmeter corrido isoladamente, sem outras informações, somente pode informar a contribuição de cada intervalo, se o fluxo for com um único fluido, conforme testes realizados com ar e água. Caso esteja presente a produção de dois fluidos, mais um perfil é necessário para informar, além da contribuição de cada intervalo, qual a percentagem de cada fluido.

Recomendações A modelagem icônica da ferramenta flowmeter permitiu entender o princípio básico de funcionamento desse perfil de produção, o continuous flowmeter. Testes para determinação da vazão de fluidos foram realizados, quando foi observado que o potencial elétrico

Gráfico 3: Dados de vazão versus tensão e linearidade dos dados sem e com calibração.

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Modelagem do flowmeter para estimativa da vazão de fluidos

e as RPM são proporcionais à vazão, ou seja, quanto maior o potencial elétrico e as RPM, maior será a vazão. Além disso, após a calibração da ferramenta foi possível estimar a passagem do fluido no reservatório, atingindo o objetivo da ferramenta de medir a vazão total de produção (ou de injeção). E, por fim, através da ferramenta foi possível encontrar a relação entre a rotação da hélice, voltagem e vazão. A calibração das curvas obtidas foi importante para dar maior confiabilidade no cálculo de valores preditivos no flowmeter.

Para futura melhoria deste trabalho se recomenda: • Obter uma equação confiável para medir a vazão do ar e comparar com a vazão de água. • Procurar alternativas para obter maior quantidade de dados de vazão líquida e usar vários tipos de vertedores. • Realizar uma análise de sensibilidade com diferentes geometrias de hélice e/ou número de hélices. • Realizar a medição das RPM para líquidos. • Realizar a medição de vazão, tensão e RPM para fluidos bifásicos e trifásicos.

Referências Fernandez, M. F., Araujo, R., Ito, A. E., Netto, A., 2005. Manual de Hidraúlica. Editora Edgard Blucher Ltda. Capítulo 6 – Vertedores. Paz, E. F., 2010. Sistema baseado em medidor de pressão diferencial para determinação em linha de vazões de produção em poços de petróleo, Dissertação Universidade de São Paulo. Thomas, J.E., 2001. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. 2ª Edição. Editora Interciência. Disponível em www.halliburton.com (Acesso em Junho de 2016). https://www.geoilandgas.com/oilfield/wireline-technology/production-logging-flowmeter-spinners. Acesso em dezembro de 2015. Carlos, E. Morimoto, “Entendendo a eletricidade: tensão, corrente, watts e outros bichos”, http://www.hardware.com.br/dicas/entendendo -eletricidade.html. Acesso em Junho de 2016.

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geradores

Empresas do setor devem buscar o fly to quality Para especialista, o momento é de aproveitar as ofertas de alto padrão para melhorar a qualidade dos espaços ocupados, através de lajes mais eficientes e edifícios sustentáveis.

F

Adriano Sartori é vicepresidente da CBRE.

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oi notório o impacto que a crise do setor de óleo e gás gerou no mercado imobiliário corporativo da cidade. O Rio de Janeiro, apesar da diversidade de sua atividade econômica, sempre foi muito dependente da indústria do óleo e gás. Até meados de 2013, com a liderança da Petrobras, o setor representava cerca de 60% a 70% da absorção bruta anual de novos espaços na cidade e era grande responsável pelo sucessivo aumento da absorção líquida (que mede a diferença do volume ocupado do mercado). Nos últimos três anos, com a explosão da crise na indústria que extinguiu empregos e novos projetos, as empresas do setor foram na contramão e reduziram os espaços ocupados, ocasionando nova série histórica na absorção líquida, desta vez de decrescimento. Historicamente, sempre houve uma concentração dos escritórios em torno da Petrobras, cuja sede é no Centro da cidade. Hoje podemos dizer que isto não é mais uma regra. Apesar de o volume ocupado no Centro ainda ser considerável, as empresas de óleo e gás também estão distribuídas em grande número entre as regiões de Botafogo, Flamengo e Barra da Tijuca, que formam ao lado do Centro os principais polos do mercado de escritórios do Rio de Janeiro. Atualmente não existe um deslocamento específico de região no mercado de escritórios. Entre os anos de 2010 e 2012 vivenciamos um intenso movimento de migração de empresas para a região da Barra da Tijuca. Naquela época regiões como o Centro e Botafogo apresentavam uma taxa de vacância (espaços vagos disponíveis) entre 2% e 4%, além de um estoque muito antigo, o que levava as lajes de qualidade disponíveis a patamares de preço extremamente elevados. Já a Barra, um mercado em ascensão, aliava preço competitivo à qualidade. Hoje, com um mercado super-ofertado com produtos de qualidade na região central, não existe atratividade em deslocamento entre regiões, mas sim o chamado flight to quality que é um movimento onde os ocupantes aproveitam a variedade de ofertas de alto padrão para melhorar a qualidade dos espaços ocupados, através de lajes mais eficientes e edifícios sustentáveis. A CBRE possui um expertise muito grande de atuação junto às maiores empresas de petróleo e gás com operações no Brasil. Nos últimos cinco


anos, apenas no Rio de Janeiro, atuamos diretamente na movimentação de mais de 100.000 m² de escritórios para empresas do segmento, atendendo a nomes como Statoil, Chevron, British Petroleum, Schlumberger, Saipem, Repsol, Sinopec, Total, Modec, entre outras, além da própria Petrobras. Nossa expectativa é que a provável diminuição do protagonismo da Petrobras na exploração do pré-sal deve gerar uma reviravolta bastante positiva para o mercado. A flexibilidade do marco regulatório atrairá novos e valiosos investimentos para o setor, que podem ser cruciais na recuperação do nicho. Temos um potencial para geração de negócios muito alto daqui pra frente. Empresas do segmento, principalmente as multinacionais, buscam edifícios que atendam a um exigente padrão de especificações técnicas, segurança e localização. De uma forma geral, estamos falando dos edifícios classificados como Triple A. Com relação às especificações técnicas, são levadas em conta características como o ar-condicionado central, piso elevado, pé direito livre, tamanho e formato da laje (essencial ser regular e sem colunas), além de outros quesitos importantes como a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), vagas de garagem e grupos geradores. Os sistemas de segurança oferecidos pelo edifício fazem toda a diferença para as empresas deste setor e devem ser reflexo do que elas possuem em suas sedes ao redor do mundo. O prédio deve ter controle de acesso, catracas eletrônicas de conexão aos elevadores, sistema de CFTV e automação predial, sistemas completos de prevenção e combate a incêndio com pelo menos duas escadas de emergência (pressurizadas) e rotas de fuga independentes. O entorno precisa oferecer segurança e infraestrutura necessária para suprir todas as necessidades dos usuários, principalmente quando falamos de alimentação e proximidade ao transporte público. Um bom exemplo de produto que reúne estas características é o edifício Vista Guanabara. Idealizado pelas gestoras de investimentos imobiliários GTIS Partners e Autonomy, o edifício foi concebido para oferecer ao mercado de imóveis corporativos o mais alto padrão de qualidade e infraestrutura. Erguido sobre um terreno de 3.887 m², o Vista Guanabara conta com 27 pavimentos, 17 deles de escritórios com lajes de 1.700 m² a 1.800 m², e oito andares de garagem, com um total de 382 vagas, além de bicicletário. Com tecnologia de ponta e foco na sustentabilidade e eficiência do projeto, o Vista Guanabara possui pré-certificação LEED Gold, selo que garante padrões

internacionais de construção sustentável, vidros com controle solar para redução do calor no ambiente interno, alto isolamento acústico e monitoramento da qualidade do ar. O projeto do Vista Guanabara foi concebido pelo renomado escritório de arquitetura Kohn Pedersen Fox Associates (KPF) – responsável por obras emblemáticas como os arranha-céus PingAnInternational Financial Centre, Shanghai World Financial Center – ambos na China –, OneVanderbilt, e pelo complexo multiuso Hudson Yards – ambos nos Estados Unidos, e pela brasileira Arq&Urb Projetos. Localizado no ponto mais privilegiado do Boulevard Olímpico, os ocupantes do edifício têm mobilidade garantida pelo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), um meio de transporte eficiente que conecta a região portuária do Rio de Janeiro ao metrô, rede de ônibus, BRTs, trens, barcas e ao Aeroporto Santos Dumont. A região do Porto Maravilha em breve se tornará o mais importante polo empresarial do Rio de Janeiro. É nessa área que o Vista Guanabara oferece ao mercado o melhor e mais moderno edifício corporativo da cidade do Rio de Janeiro. TN Petróleo 109

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pesquisa e desenvolvimento

Alternativas para P&D em época de crise O

Keith Mackie é diretor de Projetos Estratégicos e Desenvolvimento Internacional da ITF Technology Support Services (TSS).

Arthur Braga é Country Manager Brazil da ITF Technology Support Services (TSS).

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s tempos desafiadores que a indústria de óleo & gás tem atravessado requerem que decisões apropriadas sejam tomadas para redução dos custos de produção, compatíveis com os atuais preços do petróleo no mercado. Entre diversas outras iniciativas adotadas no momento para reduzir custos, podemos incluir o desenvolvimento de novas tecnologias que executem tarefas necessárias em menor tempo ou com menos recursos envolvidos. Contudo, desenvolver novas tecnologias requer investimento financeiro, com certa margem de risco, e demanda tempo para que a solução esteja disponível no mercado, efetivamente reduzindo os custos de produção. E recursos financeiros andam escassos no momento até para gastos operacionais, não estando facilmente disponíveis para atividades de P&D. Criteriosa seleção de projetos e definição de abordagem são essenciais no momento e existem dois caminhos comuns para que estes objetivos sejam atingidos: trabalhar na forma de projetos cooperativos – JIP (Joint Industry Project) –, ou focando em projetos já próximos de apresentarem resultados em função do domínio existente das tecnologias envolvidas, ou seja, elevado TRL (Readiness Technology Level).1 Trabalhar sob o modelo de JIP possibilita o compartilhamento dos custos do projeto entre diversos parceiros que atuam de modo colaborativo e com larga utilização na indústria. Além disso, permite o compartilhamento do risco envolvido e das experiências individuais que cada empresa parceira possui sobre o problema e sua solução. Focar em projetos de elevado TRL permite que o produto resultante do projeto esteja disponível e trazendo redução de custos em um horizonte temporal compatível com as restrições orçamentárias atuais que a maioria das empresas vem atravessando. A organização de projetos compartilhados é a especialidade do ITF/ Industry Technology Facilitator, uma associação de operadoras e empresas de serviços em petróleo e gás, apta a gerar processos de compartilhamento de custos de pesquisa e desenvolvimento para solução de desafios 1 Uma descrição dos níveis de domínio da tecnologia TRL, conforme definido pela Agencia Espacial Americana (Nasa) e exemplos de chamadas de projetos cooperativos (JIP) já emitidas pelo ITF podem ser encontradas nos links https://www.nasa.gov/directorates/heo/scan/engineering/technology/txt_accordion1.html e http://itfenergy.com/calls-for-proposals/archived-calls.


comuns à indústria. Estruturado como uma organização sem fins lucrativos, o ITF já promoveu o lançamento de mais de 200 projetos cooperativos (JIP) globais, desde os estudos iniciais até sua introdução no mercado como produto. Operando internacionalmente, une seus membros, a comunidade de P&D e órgãos governamentais para encaminhar problemas regionais específicos, bem como define áreas de demandas tecnológicas sob uma perspectiva global, identificando oportunidades de transferência de tecnologia e conhecimento. O desenvolvimento de tecnologia pode ter várias origens. O ITF, tradicionalmente, estimula a comunidade de P&D a submeter propostas de projetos de inovação tecnológica que foquem desafios específicos das operadoras. O resultado é o financiamento colaborativo destes projetos. Em apoio ao processo tradicional de JIP, existem duas atividades complementares do ITF que têm expandido a capacidade de trazer novidades tecnológicas: o ITF Technology Support Services (TSS) e o ITF Innovation Network. O TSS compreende uma variedade de serviços tecnológicos, como organização de workshops, elaboração de roteiros tecnológicos (roadmapping), levantamento do cenário tecnológico, chamadas de projetos dedicadas e organização de redes. Disponível para qualquer indivíduo ou organização, incluindo empresas associadas, está firmemente centrado na tradição do ITF de incentivar e encorajar o desenvolvimento tecnológico em prol da indústria de petróleo e gás. Como exemplo de workshop em desafios tecnológicos, o ITF tem longa tradição de organização e condução de oficinas para identificar os desafios da tecnologia. Na condição de parceiro independente e confiável, trabalha com organizações individualmente para planejar e organizar workshops que irão permitir um melhor entendimento da amplitude dos desafios tecnológicos que eles estão enfrentando e permitir o início de um plano sobre como priorizar e focar nestes desafios. Um relatório detalhado que poderá ser usado como precursor para qualquer plano de priorização das ações será sempre fornecido como resultado mínimo deste processo. Adicionalmente, uma comparação entre as demandas tecnológicas identificadas, obtidas através de contribuições anônimas, fornecerá valiosas informações. Como parte do roadmapping desenvolvido recentemente para uma operadora, foi organizada uma série de workshops que agregaram nossa experiência e o conhecimento da indústria para sugerir planos de prio-

rizações que consideravam tanto o planejamento total do projeto como os recursos necessários. No fornecimento dos resultados de qualquer TSS, o ITF garante não comprometer a confidencialidade dos seus associados de nenhuma forma. Usando sua posição privilegiada na indústria para promover o desenvolvimento tecnológico, a empresa construiu uma reputação de agente de desenvolvimento tecnológico independente, confiável e honesto, mantendo esta reputação através do estabelecimento de acordos de confidencialidade claros e bem definidos. Já o ITF Innovation Network é uma plataforma interativa baseada na internet para que os desenvolvedores possam divulgar os benefícios de suas tecnologias diretamente aos usuários e à indústria de maneira geral. Para garantir que a tecnologia já está disponível para comercialização e implantação, os operadores requerem que os desenvolvedores apresentem subsídios sobre comercialização, segurança e riscos ambientais. Mas, apesar de os desenvolvedores, principalmente os pequenos e médios, terem conhecimento e espírito empreendedor para resolver tais desafios, eles precisam vencer numerosas barreiras relacionadas a garantir uma adoção inicial e condições de testes. O Innovation Network fornece uma plataforma interativa que permite aos desenvolvedores de tecnologia demonstrar seus projetos e inovações recentes, diretamente aos membros do ITF e à indústria em geral. A seção ‘Open Innovation Hub do Innovation Network’ é um portal para desenvolvedores mostrarem seus projetos recentes, tecnologias e resultados aos membros do ITF. Outras seções proveem acesso às chamadas do ITF e notícias relevantes. Aos associados do ITF está disponível acesso completo ao Innovation Network. Para outras empresas ou indivíduos, disponibiliza-se o acesso escalonado desde o nível básico, sem custo, até outros níveis mais completos. Como um suporte para todas as suas atividades, o ITF realiza anualmente, em Aberdeen, Escócia, o Technology Showcase, que disponilize uma plataforma para que os pesquisadores e desenvolvedores possam mostrar suas conquistas à indústria. Além da feira, há uma conferência com apresentações de alto nível feitas por operadoras, desenvolvedores e órgãos reguladores. Apresentadores do mundo inteiro, inclusive do Brasil, contribuíram para tornar o ITF Technology Showcase deste ano o melhor já realizado, com ações já em andamento para que o evento de 1º de março de 2017, com o tema ‘Tecnologia em ação’, seja ainda maior. TN Petróleo 109

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pesquisa e desenvolvimento

Construção de uma unidade experimental de um pig aquecedor movido a propulsão

H

Jaqueline Novais da Silva é aluna do 10º período de Engenharia de Petróleo pela Universidade Santa Cecília (Unisanta) – Santos, SP.

Nayara Mota Oliveira Souza é aluna do 10º período de Engenharia de Petróleo pela Universidade Santa Cecília (Unisanta) – Santos, SP.

Orjana Clair Tacchi Géa é aluna do 10º período de Engenharia de Petróleo pela Universidade Santa Cecília (Unisanta) – Santos, SP.

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oje há uma matriz energética mundial crescente que, mesmo se diversificando, ainda mostra grande dependência do petróleo. Além da crise econômica envolvendo o petróleo, a escassez de novas jazidas exige outra postura na linha de produção dos hidrocarbonetos. Aumentar a vida útil de um reservatório e garantir a elevação e escoamento do óleo e gás são fundamentais. Para isso, a busca de novas tecnologias deve ser efetiva para vencer as dificuldades que permeiam produções, como a do pré-sal. A maior parte do petróleo produzido no Brasil vem de águas profundas ou ultraprofundas e, uma vez iniciada a produção, surgem vários desafios para sua explotação. Entre esses, a deposição de parafina é um dos maiores problemas que atinge as operações offshore durante o processo de garantia do escoamento onde ocorre um processo de transferência de calor entre o óleo e o ambiente externo, imerso em águas geladas. A precipitação da parafina traz complicações podendo acarretar a perda de carga, diminuição da vazão, danos aos equipamentos, aumento do custo de remediação, obstrução das tubulações, ou mesmo a perda de linhas de produção, com grandes prejuízos econômicos e riscos ambientais. Hoje utilizam-se aditivos químicos, circulação de fluidos aquecidos, isolamento térmico, passagem de PIGs, mas ainda sim persistem os problemas com a concentração de parafina. O PIG “Pipeline Inspection Gauge” é um dispositivo cilíndrico utilizado com as mais diversas funções, como prevenção no acúmulo dos sólidos nos dutos, reconhecimento de falhas, remoção de gás e líquido, melhoria da eficiência de fluxo, transporte de inibidores de corrosão, entre outros. O PIG é considerado um dos recursos mais eficazes na manutenção e inspeção de tubulações de petróleo e seus derivados e sua importância se elevam na medida em que novas tecnologias surgem para agregar funções a ele. Existem alguns métodos que são utilizados na tentativa de transpor as obstruções por sólidos, contudo a maioria são de alto custo, dispensam muito tempo, quase sempre geram resíduos na operação e nem sempre são capazes de romper a parafina causando grandes prejuízos, deixando uma lacuna na criação de técnicas para solução deste percalço. Desta forma, este trabalho teve por objetivo construir uma unidade experimental de


um PIG, para romper os bloqueios de parafina de modo mais rápido e econômico que dos métodos existentes. O PIG proposto neste estudo tem a função de conduzir uma fonte de aquecimento até a barreira de parafina através de um hélice movida por uma propulsão pneumática. Seu abastecimento se dá por processo umbilical que conduz energia da rede até a fonte de aquecimento e ar comprimido para proporcionar torque a propulsão pneumática. A operação para liquefazer a parafina pode ser feita em curto espaço de tempo e com eficiência. Foram feitos três ensaios termodinâmicos no intuito de avaliar qual a melhor fonte de aquecimento para o PIG. Micro-ondas, ultrassom e resistência elétrica foram os dispositivos testados e seus resultados computados, como nas Figuras 1, 2 e 3. O micro-ondas tem sido estudado como potencial para aquecimentos mais profundos, além da superfície, o que potencializa seu desempenho positivo em uma deposição de parafina em tubulação. Segundo Fatykhov (2015), no caso de a tubulação ficar completamente bloqueada, o melhor método a ser utilizado é a energia de radiofrequência ou micro-ondas eletromagnéticas. Esse método é promissor, não só pelo custo benefício, mas também pela alta eficiência tecnológica e ecológica. De acordo com O’Donnell et al. (2011), a absorção do ultrassom pela parafina é muito maior do que em metal. O som é refletido entre interfaces do material com diferentes propriedades acústicas, proporcionando uma alta energia que se dissipa na parafina proporcionando fusão em uma retenção dentro da tubulação. Outros estudos foram feitos sobre o desempenho da aplicação da resistência elétrica em dutos petrolíferos.

Parafina Parafina e óleo

Parafina e água Parafina, salmoura e óleo

Parafina e salmoura

Figura 1: Comportamento da temperatura durante o aquecimento por micro-ondas

Figura 2: Comportamento da temperatura da parafina pura e em mistura, com chapa de aquecimento especificada.

Parafina Parafina e salmoura Parafina, salmoura e óleo

Parafina Parafina e salmoura Parafina, salmoura e óleo

Parafina e água Parafina e óleo

Parafina e água Parafina e óleo

Figura 3: Comportamento da temperatura de 2g de parafina durante o aquecimento por ultrassom.

O PIG foi construído e testado como transporte para carga de aquecimento e foi avaliado de forma positiva em seu desempenho, deixando algumas observações sobre melhorias em materiais e aerodinâmica. Entre os ensaios termodinâmicos observou-se que as soluções por ondas mecânicas e eletromagnéticas são as mais viáveis, como mostra a Tabela 1, cuja taxa de variação da temperatura com o tempo apresentou 830% de superioridade em relação ao ultrassom e de 952% com relação à chapa de aquecimento. Dentro do protótipo proposto com o objetivo de remover a parafina da malha de produção, o resultado foi alcançado sem deixar resíduos, em tempo inferior e com menor custo se comparado com as operações usadas com o mesmo fim na indústria de óleo e gás. O projeto gerou um produto de baixo custo, simples apliTN Petróleo 109

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pesquisa e desenvolvimento

cabilidade e que pode evitar sérios danos ambientais e perdas financeiras significativas nesse grave problema da indústria de óleo e gás. Tabela 1: Comparação dos dados experimentais através da taxa de variação de temperatura Experimento

Variação de temperatura (°C)

Variação de Tempo (s)

Taxa de Variação (°C/s)

Ultrassom Parafina

45,7

460,0

0,099

Parafina e água

31,1

460,0

0,068

Parafina e salmoura

22,2

460,0

0,048

Parafina e óleo

45,7

460,0

0,099

Parafina, salmoura e óleo

30,5

460,0

0,066

Chapa de aquecimento Parafina

9,2

240,0

0,038

Parafina e água

23,3

240,0

0,097

Parafina e salmoura

17,7

240,0

0,074

Parafina e óleo

20,1

240,0

0,084

Parafina, salmoura e óleo

9,4

240,0

0,039

Parafina

18,0

60,0

0,300

Parafina e água

77,6

60,0

1,293

Parafina e salmoura

34,3

60,0

0,572

Parafina e óleo

12,0

60,0

0,200

Parafina, salmoura e óleo

47,8

60,0

0,797

alimentação de 100-240 V. A segunda, um aparelho de micro-ondas com tensão 220 V, potência total de 1450 W e frequência de operação de 2450 MHz. E a terceira, uma chapa aquecedora redonda da marca Quimis, modelo Q310B, com plataforma de alumínio reforçado e temperatura máxima de 350°C. Todos os ensaios foram realizados com: a) parafina, b) parafina e água, c) parafina e salmoura, e) parafina e óleo, e f) parafina, óleo e salmoura. A construção da quarta unidade experimental, Figuras 4 e 5, foi referente a um PIG aquecedor movido pelo método pneumático, composto por uma minirretífica da marca Eda, modelo 8NJ, capacidade ¼”, pressão de ar de 90 psi e velocidade de 22.000 rpm, alimentada por um compressor de ar, modelo Motocompressor CMI-8, 120 psi, tensão de 220 V, da marca Motomil, com hélice náutico de três pás de aço, diâmetro de 140 mm de ponta a ponta, acoplado na saída de ar da retífica para propulsionar o PIG na tubulação. Na área triangular do instrumento, encontra-se o ambiente onde será disposto o equipamento para aquecimento da unidade, e assim, desobstruir o plug no duto.

Micro-ondas

Figura 4: Unidade experimental do PIG aquecedor com sistema de propulsão pneumática.

Fonte: Dados experimentais colhidos pelos autores.

As unidades experimentais foram compostas de parafina pura com densidade 0,90 g/cm³, ponto de fusão de 56,5ºC e coloração branca. Salmoura, salinidade de 170.000 mg/L. Óleo lubrificante Lubrax Gear 680 com dados nominais de densidade 917 kg/ m³ (20°C) e viscosidade 673 cSt (40°C), segundo o fornecedor. Um sensor digital para os termopares da marca Salcas, modelo Salvterm 704, sensor tipo J (Fe – Co), escala de 40ºC-500ºC, número de série 38.035, para medição de temperatura. Cronômetro digital da marca Unilab, para obter o tempo de aumento da temperatura. Sendo as unidades diferenciadas pela primeira dispor de um aparelho de ultrassom com frequência de operação e frequência ultrassônica de 50-60Hz e 1,7MHz, respectivamente, e tensão de 74

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Figura 5: Desenho técnico em 3D da unidade experimental do PIG aquecedor com sistema de propulsão pneumática.

Os estudos concluíram que o PIG desenvolvido transportará o transdutor de micro-ondas até a obstrução de parafina, já que este dentre os ensaios termodinâmicos, obteve taxa de variação de temperatura por tempo significativamente melhor entre os experimentos realizados,


Construção de uma unidade experimental de um pig aquecedor movido a propulsão

seguido do ultrassom e da resistência elétrica, nesta ordem. Desta forma, obtém-se o resultado esperado na busca de conseguir um dispositivo mais rápido e econômico,

mediante aos que são operados atualmente, contribuindo para que a elevação e escoamento da produção de petróleo possa fluir livre de bloqueios parafínicos.

Referências Tom O’Donnell, Theo Mallinson, Steve Barnes, and Jerry Hopple of Siemens Corporation Obstruction Remediation without the Ballistic Plug Effect. Disponível em http://www.rpsea.org/media/files/files/adb3404c/SSS-PR-Suggested_CTRs_Evaluation_Form_High_Intensity_Focused_Ultrasound-O-27Donnell-09-13-11.pdf. Acesso em 26 de setembro de 2016. Fatykhov, M.A. & Fatykhov, L.M. J Eng Phys Thermophy (2015). Microwave Electromagnetic Method of Melting the Paraffin Plug in an Open Coaxial System. Disponivel em http://link.springer.com/article/10.1007/s10891-015-1242-2. Acesso em 26 de setembro de 2016.

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inédito

As várias artes do gênio

Foto: Arnold newman

coffee break

por Orlando Santos

Quem se der ao trabalho de pesquisar as exposições e eventos culturais que acontecem no Rio neste início de primavera há de verificar, imediatamente, duas mostras que devem encher de orgulho a cidade, que continua sendo uma das grandes capitais da arte. Separadas por alguns poucos quarteirões e ambas no Centro do Rio, a exposição da Caixa Cultural, Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem, que abriga peças inéditas do patrimônio pessoal do artista, e O Triunfo da Cor: O Pós-Impressionismo, no Centro Cultural Banco do Brasil (veja artigo na TN Petróleo n. 108) atraem milhares de visitantes. A do mestre espanhol segue até o final de novembro, enquanto a do CCBB deixa a cidade ainda na primeira quinzena de outubro, se não houver, como tem acontecido, uma prorrogação, diante do interesse manifestado pelo público, moradores e turistas.

Picasso:

mão erudita, olho selvagem

Entrada franca CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galerias 2 e 3 Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô: Estação Carioca) Tel.: (21) 3980-3815 De 13 de setembro a 20 de novembro de 2016 De terça a domingo, das 10h às 21h

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Um artista múltiplo Celebrado como gênio cubista de obras-primas como As senhoritas de Avignon (1907), e Guernica (1937), o espanhol Pablo Picasso produziu milhares de peças nos mais variados suportes durante sua vasta carreira: pinturas, esculturas, desenhos, cerâmicas e gravuras. A exposição carioca traz grande registro fotográfico da vida deste artista múltiplo, inquieto e incansável. Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem reúne 138 obras, pertencentes ao Musée National Picasso-Paris. Organizada pelo Instituto Tomie Ohtake em conjunto com o referido Museu, a exposição tem curadoria


Imersão A exposição possibilita uma rara imersão do público no universo do artista espanhol, que viveu grande parte de sua vida na França. Das 138 obras expostas, 109 são de Picasso: 27 pinturas, 42 desenhos, 20 gravuras e 20 esculturas, incluindo 12 cerâmicas, em sua grande maioria nunca vistas no Brasil. Também integram a mostra 22 fotografias feitas por Andres Villers (1930-2016) em parceria com Picasso, e outras três de autoria de Pierre Manciet durante as filmagens de La vie commence demain (1949), de Nicole Védrès, no ateliê de Picasso em Furnas, Vallauris, na França. O filme, de 89 minutos, poderá ser visto pelo público, junto com dois outros: Guernica (1950), de Alain Resnais e Robert Hessens, com 13 minutos, abordando a obra-prima de Picasso, entre pinturas, desenhos e esculturas datadas de 1902 a 1949; e Le Mystère Picasso (1956), de Henri-Georges Clouzot, com 78 minutos, revelando seu processo criativo.

Foto: Divulgação/Musée National Picasso-Paris

Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Foto: Divulgação/Musée National Picasso-Paris

de Emilia Philippot, também curadora na instituição francesa, e está dividida em dez seções temáticas. As obras traçam um percurso cronológico e temático em torno de conjuntos que retratam as principais fases de Pablo Picasso, nascido em Málaga, em 25 de outubro de 1881, e morto em Mougins, França, em 8 de abril de 1973. A mostra percorre sua trajetória desde os anos de formação, com o óleo sobre tela L'Homme à la casquette (1895), até as últimas obras, como a gravura em metal Couple: femme et homme chien. Avec femme à la fleur (1972).

Laços afetivos A curadora Emilia Philippot destaca o fato de que as obras expostas revelam para o público a ligação íntima e pessoal que irriga toda a produção de Picasso, presente nos retratos íntimos da mãe do artista ou de seu primeiro filho, Paul, na celebração apaixonada da sensualidade feminina de Marie-Thèrèse Walter, e nas denúncias intransigentes dos males causados pelos conflitos contemporâneos, da Guerra Civil Espanhola ou da Ocupação da França pelas tropas alemãs. “Escolhemos aproveitar o caráter específico da coleção para esboçar um retrato do artista que questiona sua relação com a criação, entre fabricação e concepção, implantação e pensamento, mão e olho”, afirma Philippot. Estão presentes nos trabalhos as experiências vividas por Picasso. “Os laços afetivos do amante, as dúvidas do homem, as alegrias do pai de família, os compromissos do cidadão: tudo se introduzia em sua arte”, completa ela. Uma característica importante da exposição é que o acervo é composto por obras selecionadas e mantidas pelo artista ao longo de sua vida. São trabalhos que estiveram ao seu lado e pertencem ao Musée National Picasso-Paris, um dos mais importantes do mundo sobre o artista, formado por doações sucessivas dos herdeiros do pintor, em 1979 e 1990. Essa exposição inédita tem patrocínio da Arteris e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), com apoio da CAIXA, Prosegur e Repsol Sinopec Brasil, tendo sido realizada através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet). TN Petróleo 109

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feiras e congressos

2016 Outubro

18 a 19 – Inglaterra Oil and Money Local: Londres Tel.: +1 202 662 0712 Email: hfranssen@energyintel.com www.oilandmoney.com/

24/08 a 27 – Brasil Rio Oil and Gas Local: Rio de Janeiro Tel.: +55 (21) 2112.9000 www.riooilgas.com.br/

25 a 27 – EUA Oil and Gas Future Logistics Local: Houston, Texas Tel.: +1 212 537 5898 Email: info@hansonwade.com oilandgas-futurelogistics.com/

8 a 10 – EUA Deepwater Operations Conference Local: Galveston, TX Tel.: +1 713 963 6277 Email: saran@pennwell.com www.deepwateroperations.com

15 a 17 – Holanda The European Autumn Gas Conf. 2016 Local: Haia Tel.: +44 (0) 203 772 6022 Email: tomquinn@dmgevents.com www.theeagc.com

Novembro

7 a 10 – Emirados Árabes ADIPEC 2016 Conference Local: Abu Dhabi Tel.: +971 2 6970 517 goo.gl/Sba1Ka

Para Para divulgação divulgação de cursos de cursos e/oue/ou eventos, eventos, entre entre em em contato contato comcom a redação. a redação. Tel.:Tel.: 21 2224-1349 21 3786-8365 ou webmaster-tn ou laercio@tnpetroleo.com.br @tnpetroleo.com.br

Todos bem na foto! Para relembrar bons momentos dos grandes eventos do setor, acesse a nossa galeria de fotos no Flickr. Afinal de contas, recordar é viver!

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Rogério Arcuri Filho é presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (Abraman)

opinião

A hora e a vez da manutenção e gestão de ativos Em tempos de desaceleração da economia e, consequentemente, desaquecimento de setores da indústria, a área de manutenção e gestão de ativos passa a ter papel estratégico para a garantia da lucratividade e perenidade das empresas.

S

obretudo nos segmentos que possuem estruturas complexas e multiplicidade de processos, envolvendo atividades de risco e uso intensivo de tecnologia, como, por exemplo, a indústria de óleo e gás, com destaque para as operações offshore e de refino. É importante frisar as diferenças entre manutenção e gestão de ativos (GA), cujos princípios muitos ainda confundem. A GA não é um nome moderno para manutenção, nem seus gestores uma denominação modernista para os gerentes de manutenção. A GA amplia a responsabilidade da manutenção para focar o negócio como um todo, e não os sistemas, equipamentos e componentes per si, incorporando de forma acentuada os critérios econômico-financeiros como ROI, Ebitda, TSR, Capex, Opex, e outros, nas avaliações de risco e análises decisórias. Em um sistema de gestão de ativos (SGA), a manutenção evolui para se tornar um de seus pilares de sustentação, juntamente com as diversas dimensões tecnológicas, econômicas, estratégicas, organizacionais e as relativas às pessoas. De modo bem simplista, enquanto a GA é tudo aquilo que um ativo pode fazer por você, a manutenção é tudo aquilo que você pode fazer pelo ativo. Assim, a cultura de manutenção, que nem sempre foi valorizada ou vista como prioritária e estratégica, vem se consolidando no Brasil justamente nos setores de maior complexidade e criticidade, nos quais é mais clara a compreensão da importância crucial dessa atividade. Não somente para garantir as operações-fim – no caso do O&G, da extração de hidrocarbonetos à distribuição de derivados para o mercado –, como também a sustentabilidade do negócio. Em um cenário econômico crítico, agravado pela crise política da qual parecem surgir os primeiros sinais de melhora, a indústria brasileira passa por um dos piores momentos de sua história. A redução nos investimentos, em decorrência da crise e da necessidade de controlar os níveis de endividamento, tem levado

as empresas a desacelerar projetos, ao mesmo tempo em que precisam garantir os níveis de produção para atender à demanda do mercado doméstico. O Brasil tem um parque produtivo maduro, razão pela qual vive um duplo desafio. Primeiro, o de garantir a manutenção eficiente e eficaz das unidades fabris, plataformas offshore, refinarias, usinas, centrais e plantas industriais para que elas continuem operando na sua capacidade máxima, ao mesmo tempo em que deve implementar modernizações e melhorias para aumentar a produtividade, qualidade e competitividade, gerando produtos de maior valor agregado. Segundo, o de assegurar a preservação de inúmeros ativos que se encontram paralisados, desde peças e equipamentos a unidades inteiras adquiridas para os grandes projetos, de modo a que venham a funcionar perfeitamente quando se fizerem necessários. Por isso acreditamos que é a hora e a vez da manutenção e GA. É mais complexa a gestão em um ambiente de dificuldades econômicas e escassez de recursos, o que torna difícil a tomada de decisões – escolhas de tiro curto, baseadas quase exclusivamente na redução de custos, podem provocar impacto negativo no longo prazo, pela falta do adequado entendimento dos riscos que envolvem a performance futura dos ativos e a própria imagem corporativa. No momento da futura retomada, as organizações têm de estar bem preparadas para vivenciar um novo ciclo de crescimento, cabendo às lideranças inspiradoras da manutenção desenhar novos processos e qualificar seu pessoal para promover a gestão de mudanças, a integração organizacional, a construção de sólidas relações interdepartamentais, o fomento da sustentabilidade em todos os escalões e o alinhamento indissolúvel com as diretrizes estratégicas corporativas. Está comprovado, ao longo da história industrial, que todas as vezes que ocorreram as chamadas “crises” ou “ revoluções”, demandando adequação dos TN Petróleo 109

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opinião

processos e procedimentos inovadores e transformadores, a manutenção foi chamada a responder rapidamente às novas exigências vigentes. Isso obriga essa função a se modernizar e criar metodologias de ação para atender aos novos requisitos, gerando um “círculo virtuoso” de crescente melhoria e desenvolvimento, com cada avanço da manutenção atendendo a determinadas expectativas dos “clientes” que, com tais necessidades satisfeitas, passam a exigir mais da função, obrigando-a a novamente se reinventar, e assim por diante. Todas as disciplinas englobadas nos SGAs, pautados e modelados de acordo com os requisitos da série de Normas ISO 55000, são um fator valiosíssimo para a melhoria da eficiência e eficácia da manutenção. Dessa forma, a Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (Abraman) assumiu uma posição de vanguarda no incremento das correspondentes otimizações da disponibilidade, confiabilidade e performance das máquinas e equipamentos. Uma das fundadoras do Global Forum on Maintenance and Asset Management (GFMAM, Londres, 2009), que reúne 11 associações nacionais e federações de manutenção e GA dos cinco continentes), a Abraman tem se empenhado na disseminação destas disciplinas no Brasil, onde responde pela coordenação geral da CEE-251, a Comissão Especial da ABNT responsável, dentre outras atividades, pela tradução para o Português das Normas ISO 55000, quase em “tempo real”. Entretanto, nenhuma destas iniciativas irá frutificar se não houver o necessário investimento para garantir e preservar o maior patrimônio da função: o capital humano. Considerando que são as pessoas os principais agentes da manutenção, deve-se privilegiar o seu desenvolvimento técnico, social e emocional, valorizando-as e incentivando-as a desempenhar o papel de ‘Médicos de Sistemas e Máquinas’, se pensarmos na medicina como a ‘Manutenção do Ser Humano’. Os números do Documento Nacional 2015 (DN 2015), road map da Manutenção no Brasil (pesquisa realizada a cada dois anos pela Abraman em cerca de 25 setores produtivos, com mais de 40 indicadores em oito diferentes áreas de interesse da função) refletem a importância dessa valorização e capacitação dos profissionais da área. Na média nacional por setores, 30% da força de trabalho própria das empresas são empregados na manutenção, com os custos de pessoal (próprio mais contratado) representando quase 40% do total da função. Considerando o gasto total de manutenção no Brasil em 2015, de R$ 195 bilhões (calculado a partir do valor de 3,31% do custo de manutenção por faturamento 80

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tabulado sobre o PIB de 2015, de R$ 5,90 trilhões), estima-se que mais de R$ 78 bilhões foram gastos em capital humano nessa área. Antenada com esta realidade, a Abraman desenvolveu uma série de projetos para propiciar uma formação sólida e consistente dos profissionais, bem como sua atualização e aperfeiçoamento permanentes. Destacam-se os cursos de especialização de curta duração e as parcerias com renomadas universidades brasileiras para aplicação de programas de pós-graduação em Engenharia de Manutenção. O MBA-Engeman da UFRJ já formou cerca de 900 profissionais em 30 turmas e está em fase de conclusão a primeira turma do MBA em GA da Fundação Gorceix de Ouro Preto, modelado pela Abraman, em conformidade com a visão estratégica do GFMAM. O Programa de Qualificação e Certificação de Pessoal para Manutenção (PNQC) já certificou cerca de 18 mil profissionais de execução e supervisão em dez ocupações, após provas teóricas e práticas nos Centros de Exames de Qualificação credenciados. Recentemente, o PNQC foi adequado aos novos requisitos da Norma ABNT NBR ISO/IEC 17.024:2013 - Avaliação da Conformidade, resultando na renovação, pelo Inmetro, da acreditação da Abraman como Organismo de Certificação de Pessoas até janeiro/2019. Na mesma linha, a Abraman vem aplicando desde 2014, mediante acordo com a norte-americana SMRP, o exame em Português para obtenção da certificação Certified Maintenance and Reliability Professional (CMRP). E, como fruto da joint venture World Partners in Asset Management (WPiAM), firmada com a SMRP, o AM Council da Austrália, a Pemac do Canadá e o Iframi da França, a Abraman passou a aplicar o exame Certified Asset Management Assessor (Cama) para certificar a competência, conhecimento e compreensão de avaliadores na verificação da aderência dos SGAs aos requisitos das Normas ISO 55000. A Abraman está preparada para proporcionar aos profissionais de manutenção e gestão de ativos a capacitação necessária para enfrentar e superar os tempos críticos, tornando-os aptos a aproveitar as oportunidades que surgirem tanto agora, como na retomada do crescimento econômico que, cedo ou tarde, terá de ocorrer. Estas e outras reflexões estão na pauta do 31º Congresso Brasileiro de Manutenção e GA, realizado pela Abraman em conjunto com o IV Seminário Nacional de Manutenção e GA do Setor Elétrico, de 17 a 21 de outubro, em Curitiba (PR), sob o sugestivo lema ‘Manutenção, gestão de ativos e o desafio da escassez de recursos’. Um debate imprescindível.



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