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Especial: Pré-sal

Todos querem o

Pré-sal

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sumário

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edição nº 106 mar/abr 2016

Entrevista exclusiva

com Pål Eitrheim, presidente da Statoil Brasil

A vitória da Statoil no óleo pesado

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Especial Pré-sal

Todos querem o pré-sal 24 Libra: milhões de barris 26 A mudança no marco do pré-sal

34

Perfil profissional

Eduardo Costa

Uma questão de postura


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CONSELHO EDITORIAL

Caderno de Sustentabilidade

Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel

Entrevista: Fabricio Soler

Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso

Direito ambiental e sustentabilidade no setor de energia

Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão

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Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes

Coffee Break

José Fantine Josué Rocha Luiz B. Rêgo

Israel Pedrosa

Luiz Eduardo Braga Xavier

O Brasil nas cartas do tarô

Marcelo Costa Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves

artigos

Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer

46 Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Líderes, a força do exemplo, por Wanderlei Passarella

Samuel Barbosa

52 Modificação de reologia avançada para fluidos de

completação utilizando hidroxietilcelulose em pasta,

106

por Thiago Alonso

Ano XVII • Número 106 • mar/abr 2016 Foto: Agência Petrobras OPINIÃO

SPE, suporte durante a desaceleração da indústria de Mark Rubin, diretor executivo e vice-presidente executivo da SPE

Libra: milhões de barris A mudança no marco do pré-sal Evento:

UK Energy in Brazil

Ano XVII • março/abril 2016 • Nº 106 • www.tnpetroleo.com.br

seções

ESPECIAL: PRÉ-SAL

Todos querem o

48 pessoas

4 hot news

49 produtos e serviços

6 indicadores tn 34 perfil profissional 39 caderno de sustentabilidade

PRÉ-SAL

56 coffee break 58 feiras e congressos 59 opinião

TN PETRÓLEO | MAR/ABR 2016

30 eventos

ESPECIAL – PRÉ-SAL

EDRA

2 editorial

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Pål Eitrheim, presidente da Statoil Brasil

A vitória da Statoil no óleo pesado ARTIGOS

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Líderes, a Força do Exemplo, por Wanderlei Passarella | Modificação de reologia avançada para fluidos de

completação utilizando hidroxietilcelulose em pasta, por Thiago Alonso


editorial

O ‘sal’ do mar Parafraseando a bíblia – quando diz que o homem é o sal da terra –, acredito que não existe nada que represente mais a essência da indústria brasileira do petróleo do que a palavra ‘sal’. Não por qualquer analogia com os hidrocarbonetos, também minerais, que vêm sendo explorados pelo homem desde o século XIX, criando riquezas e fomentando guerras – algumas delas no campo econômico, como a manutenção pela Opep dos preços baixos do petróleo nos dois últimos anos. O fato é que, no Brasil, o termo ‘sal’ passou a fazer toda a diferença para o setor de óleo e gás, que passou a ser denominado em função do ‘pós’ e do ‘pré’. Tanto em se tratando de camadas geológicas, como também em relação à mudança de patamar da indústria brasileira no cenário mundial. Hoje, o Brasil é uma potência em termos de reservas petrolíferas em função do pré-sal. E com um potencial ainda não mensurado, uma vez que mais de dois terços dessa nova fronteira, que se estende por três bacias, sequer estão sob exploração. E reconhecido internacionalmente por sua expertise em águas profundas, consolidada no pós-sal, que possibilitou avanços incríveis no pré-sal. O certo é que temos, mesmo nesse momento crítico, enorme potencial geológico, que extrapola o pré-sal. Também é certo que as oil companies do mundo inteiro têm interesse em aferir de perto essa riqueza, que se ‘esconde’ não apenas sob águas profundas como também em terra firme – como vem comprovando a Bacia do Parnaíba. “Estão sendo perdidas muitas oportunidades em outras fronteiras, principalmente no pós-sal”, afirmou a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, no UK Energy, evento que reuniu companhias da cadeia produtiva de óleo e gás do Reino Unido. O sucesso da Statoil no Brasil, onde se posiciona entre as grandes produtoras do país, graças a um ativo – e de óleo pesado –, o campo de Peregrino, o maior empreendimento da companhia fora da Noruega e que já produziu 100 milhões de barris. “Nenhum outro ativo da Statoil em todo o mundo tem a experiência de Peregrino em óleo pesado. Alcançar um resultado desses em cinco anos de operação é sem dúvida uma grande conquista”, afirma Pål Eitrheim, presidente da Statoil do Brasil e vice-presidente sênior de desenvolvimento da produção internacional da Statoil América do Sul. Assim, a aposta no pré-sal, mais do que um grande negócio, no qual os ganhos vêm superando todas as expectativas, deve ser vista como o caminho para o futuro dessa indústria, que teve uma evolução sem par na última década. Também será, sem dúvida, fator crucial para que a Petrobras, que vive um de seus piores momentos, possa dar um passo adiante e superar sua maior crise. É nisso que o Brasil precisa acreditar.

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hot news

Um dos papéis principais da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio de Janeiro é a promoção do intercâmbio entre empresas brasileiras e alemãs. Apesar da crise atual, não restam dúvidas de que o segmento de petróleo, gás e naval oferece muitas oportunidades de negócio. Baseando nisso, a Câmara Brasil-Alemanha lançou uma publicação atualizada e completa sobre as oportunidades no segmento de petróleo e gás. Essa 5ª versão com o titulo Doing Business in the Oil & Gas Sector: Opportunities for German Companies foi lançada, pela primeira vez, em língua inglesa. Trata-se de um manual prático, mostrando o potencial de fazer negócios nesse segmento para investidores estrangeiros. Gerhard Haase, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio de Janeiro, destacou que desde 2006 o Brasil vem despontando como importante produtor mundial do petróleo, sobretudo depois das grandes descobertas do pré-sal offshore. “A crise do segmento atual não alterou o interesse da empresas alemãs no mercado brasileiro e, pelo contrário, oferece boas oportunidades de fazer negócio para empresas corajosas”, acrescentou Haase. Conforme Thomas Olsinger, gerente de Marketing e Vendas da Câmara

Foto: Divulgação

Câmara Brasil-Alemanha lança Guia sobre Oportunidades no Segmento de Petróleo & Gás

Alemã, a publicação foi desenvolvida em parceria com outras Câmaras Alemãs no mundo com atuação forte no segmento de petróleo e gás. “Contribuíram com capítulos próprios, nesse publicação, as Câmaras Alemãs nos Estados Unidos, México, Noruega, Rússia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes, além da Câmara do Rio de Janeiro” destacou Olsinger. Em abril de 2016, a publicação vai ser lançada na Alemanha, durante a feira Hannover Messe. Trata-se da maior feira industrial do mundo, com foco na inovação e indústria 4.0, ou seja, uma plataforma excelente. O lançamento acontecerá durante um seminário sobre petróleo & gás,

que está sendo organizado pela Câmara Brasil-Alemanha, no dia 27 de abril. A publicação é distribuída gratuitamente na versão impressa e, principalmente, na versão eletrônica (informações: Thomas Olsinger - thomas@ahk.com.br ). Principais parceiros nessa publicação são Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Apex-Brasil, GTAI (Agência Alemã de Promoção de Exportações e Investimentos) e TN Petróleo. Além disso, participaram como parceiras as empresas MAN Diesel & Turbo, Wintershall, Raytheon, Reed Exhibitions, Hamburg Messe e Alliance for Integrity.

Solange Ferreira assumiu a diretoria que coordena as atividades da SPE na América Latina e Caribe Na reestruturação da entidade de engenheiros do petróleo fundada em 1957, a diretoria passa a ser uma ligação direta estratégica da SPE com a América Latina, trabalhando em estreita 4

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colaboração com todas as áreas para garantir a boa execução de programas e iniciativas na região. Com mestrado em Estudos de Gestão Internacional da Universidade do Texas, em Dallas (EUA), Solange Ferreira é formada, no Brasil, em Comunicação Social

com habilitação em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas (SP). Tem, ainda, graduação em Gestão de Convenções e Reuniões da George Brown College de arte e tecnologia aplicadas, Toronto (Canadá).


Alphatec realiza projeto novo heliponto da plataforma P-53

A substituição do heliponto da P-53 representa um desafio não só de engenharia em si, mas de logística, técnicas de construção e gerenciamento, enfim, é um empreendimento desafiador como um todo para a Alphatec. Começa com seu pioneirismo, pois não existe registro de outro projeto com essas características. Já foi substituído um heliponto com a plataforma em operação, mas por etapas, e nunca a estrutura completa. Esse projeto trata da montagem de uma estrutura inteira, com cerca de 200 toneladas, mais de 25 m de altura e que será transportada completa, do canteiro no Porto de Arraial do Cabo/RJ, até a Plataforma P-53 onde será edificada com o apoio de um guindaste-balsa da Petrobras. Este é um projeto com grande número de interfaces, a engenharia executada por uma empresa subcontratada na cidade do Rio de Janeiro, a fabricação na Alphatec – em Macaé, a montagem no Porto do Forno em Arraial do Cabo e a instalação na Plataforma P-53, além da aquisição do topo da estrutura realizada com uma empresa especializada na Holanda, o que exige da equipe Alphatec uma especial atenção na gestão dessas interfaces’’, disse Wagner Garcia, gerente do projeto. Durante as fases de engenharia e suprimentos, nos deparamos com

questões que exigiram decisões rápidas e criativas de nossa equipe, como a substituição de alguns materiais e revisões de projeto provocadas por aspectos de mercado, sem prejuízo da integridade da estrutura em si. Além disso, tivemos de nos adequar a essas soluções, adotando as melhores práticas de mitigação de desvios e, por que não, correndo certos riscos visando não comprometer o nosso cronograma’’, finaliza Wagner. Hoje o projeto está em sua fase final de fabricação e pintura, conduzida nas instalações da Alphatec. Nesta fase, os desafios estão relacionados à necessidade de adequar o tamanho das peças pré-fabricadas com a capacidade de movimentação dessas estruturas entre a fábrica e o Porto. Além da fabricação, está em pleno andamento a montagem da estrutura no Porto do Forno em Arraial do Cabo, o que representa novo desafio, pois a condução do projeto está sendo realizada numa cidade turística, praiana e isso requer soluções de aspecto logístico bastante diversificadas. A previsão de envio da estrutura para o mar é até o final de abril e o novo heliponto da P-53 será homologado pelas autoridades competentes já no mês de maio, quando estará em plena operação.

Foto: ANP

Foto: Agência Petrobras

Aurélio Amaral toma posse como diretor da ANP

O novo diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral, tomou posse no dia 14 abril, em cerimônia no Rio de Janeiro. Aurélio ocupará a Diretoria 1 da Agência, com mandato de quatro anos, ficando responsável pelas superintendências de Abastecimento, Fiscalização do Abastecimento, Biocombustíveis e Qualidade de Produtos, e Definição de Blocos. Aurélio Amaral está na ANP desde 2009. Inicialmente, exerceu o cargo de assessor de diretoria. Em 2010, assumiu a coordenação do escritório da ANP em São Paulo. Foi superintendente-adjunto de Fiscalização de Abastecimento de 2011 a 2012, quando foi nomeado Superintendente de Abastecimento da Agência, cargo que exercia até a nomeação como diretor. Aurélio é advogado formado pela Faculdade de Direito de São Bernardo (São Bernardo do Campo, SP). TN Petróleo 105

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indicadores tn

ANP consolida o marco regulatório de gás natural

A referida Resolução disciplina a oferta de serviços de transporte pelos operadores de gasodutos, com destaque para a troca operacional (swap), novidade introduzida pelo Decreto n. 7.382/2010 (que regulamentou a Lei do Gás e que contribuirá com o aumento da eficiência do sistema). O novo regulamento não inclui os sistemas de escoamento de plataformas, mas apenas as redes de transporte de gás para uso final. Além disso, foram aprimorados os procedimentos aplicáveis à cessão de capacidade contratada e à Chamada Pública para contratação dessa capacidade, tendo sido revogadas as Resoluções ANP n. 27 e 28, de 2005. Com essa publicação, a ANP consolida o marco regulatório do gás natural deflagrado pela Lei n.

Foto: Agência Petrobras

A ANP publicou, dia 18 de março, a Resolução ANP n. 11/2016, a qual regulamenta o acesso de terceiros aos gasodutos de transporte, visando contribuir para o desenvolvimento do mercado de gás no Brasil por meio de maior transparência, concorrência na comercialização e entrada de novos agentes.

11.909/2009 (Lei do Gás), com foco para a atividade de transporte de gás natural, destacando-se as Resoluções ANP n. 44/2011 (Declaração de utilidade pública), n. 50/2011 (Operação de terminais GNL), n. 51/2011 (Autoprodutor e Autoimportador), n. 2/2011 (Comer-

Conselho da Usiminas aprova proposta de aumento de capital de R$ 1 bilhão De acordo com fato relevante divulgado pela Usiminas no dia 11 de março, o Conselho de Administração da empresa aprovou proposta de aumento de capital no valor de R$ 1 bilhão mediante a emissão de 200 milhões de novas ações ordinárias, ao preço de emissão de R$ 5 por papel. O aumento de capital é considerado essencial para evitar que a maior produtora de aços planos do Brasil seja forçada a pedir recuperação judicial diante de sua frágil situação financeira. A proposta será submetida à Assembleia Geral Extraordinária da companhia, ainda a ser convocada, 6

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e está condicionada à celebração de acordo pela Usiminas com seus principais credores. Durante reunião do Conselho da siderúrgica foram discutidas duas propostas de aumento de capital: a vencedora, apresentada pela japonesa Nippon Steel, e outra sugerida pela ítalo-argentina Techint. Os dois grupos dividem o controle da siderúrgica brasileira. O compromisso do grupo Nippon Steel de subscrever até R$ 1 bilhão na operação também está condicionado à celebração de acordos com credores que devem prever o alongamento da dívida e a concessão de prazo de carência.

cialização), n. 42/2012 (Compartilhamento de faixas de servidão), n. 37/2013 (Ampliação de capacidade), n. 51/2013 (Carregamento), n. 15/2014 (Critérios para tarifa de transporte), n. 39/2014 (Procedimentos licitatórios) e n. 52/2015 (Construção e operação de instalações de movimentação). A proposta da Techint ainda voltará a ser apresentada na assembleia para discutir o aumento de capital. A proposta prevê aumento de capital de até R$ 563 milhões, mediante emissão de até 100 milhões de ações ordinárias e até 100 milhões de ações preferenciais classe A, ao preço de R$ 4,35 por ação ordinária e R$ 1,28 por ação preferencial classe A. A siderúrgica informou que seu Conselho também aprovou a efetivação de aumento do capital no limite do autorizado pelo estatuto social, por meio de subscrição privada, no valor de até R$ 64,88 milhões. A operação ocorrerá mediante emissão de até 50,7 milhões de ações preferenciais classe A, ao preço de R$ 1,28 por ação.


Apenas no quarto trimestre de 2015, o prejuízo da empresa foi de R$ 36,938 bilhões. No terceiro trimestre, as perdas somaram R$ 3,8 bilhões. No primeiro e no segundo trimestres, houve lucro, respectivamente, de R$ 5,3 bilhões e de R$ 500 milhões, o que levou a um saldo de R$ 2 bilhões no ano. O prejuízo do último trimestre, no entanto, anulou o resultado positivo que vinha sendo registrado ao longo do ano. Entre as causas do prejuízo, a empresa cita “o impairment (ajuste) de ativos e de investimentos, principalmente em função do declínio dos preços do petróleo e incremento nas taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento (R$ 49,748 bilhões) e despesas de juros e perda cambial (R$ 32,908 bilhões)”. O prejuízo operacional ficou em R$ 12,4 bilhões, o que significa queda de 42%, se comparado com

Foto: Agência Petrobras

Petrobras tem prejuízo de R$ 34,83 bilhões em 2015

o ano anterior. Os investimentos somaram R$ 76,3 bilhões, representando redução de 12% em relação a 2014. De acordo com a companhia, a queda dos preços do petróleo provocou impacto negativo no resultado da empresa, que apontou ainda a desvalorização cambial como influência negativa. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse que, apesar do resultado contábil negativo, a empresa teve

Shell inicia operação na terceira fase do Parque das Conchas A Shell e seus sócios anunciaram no dia 14 de março início da produção de petróleo da Fase 3 de desenvolvimento do Parque das Conchas (BC-10), em águas profundas na Bacia de Campos. A fase final do projeto deverá atingir um volume médio de produção de 20 mil barris de óleo equivalente por dia – neste bloco que já produziu mais de 100 milhões de barris desde 2009. “A entrega antecipada e segura desta produção é um exemplo de nossa eficiência em águas profundas”, declarou Wael Sawan, vice-presidente executivo da Shell para Águas Profundas. “Com este projeto realizado em fases, nós, uma vez mais,

Foto: Cortesia Shell

Primeiro óleo foi extraído antes do previsto, otimizando a capacidade de produção no bloco.

demonstramos o valor que vemos na padronização de processos, sinergias a partir de relações contratuais e o uso estratégico de novas tecnologias. Este primeiro óleo, assim como outras oportunidades subsea em nosso portfólio em águas

um resultado gerencial positivo. O executivo afirma que, depois de oito anos, a companhia apresentou geração de fluxo de caixa positivo e as despesas administrativas recuaram de modo significativo. “Mesmo em ano tão difícil, como foi 2015, com a valorização do dólar frente ao real, tivemos um recuo forte em nossa dívida líquida e uma disciplina muito forte, não só de capital, mas em uma busca de eficiência muito grande.” profundas, apresenta vantagens de custo em seu desenvolvimento e contribuirá para o forte crescimento esperado da produção offshore para o Brasil”, completa. Operado pela Shell (50%) em parceria com ONGC (27%) e QPI (23%), a terceira fase do Parque das Conchas compreende cinco poços produtores em dois campos na Bacia de Campos (Massa e Argonauta O-Sul), além de dois poços injetores de água. Os poços estão localizados em profundidades superiores a 1.800 m e estão ligados ao FPSO Espírito Santo, localizado a mais de 150 km da costa brasileira. A Fase 3 do Parque das Conchas é o mais recente dos grandes projetos da Shell em águas profundas, segmento que também inclui o projeto Stones, localizado no Golfo do México, cujo primeiro óleo está planejado para meados deste ano, e o projeto Appomattox, em construção. TN Petróleo 105

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indicadores tn

Porto do Açu já recebeu R$ 10 bilhões em investimentos A Prumo Logística divulgou hoje o resultado de 2015, com o investimento de R$ 1,3 bilhão no Porto do Açu. Somando o investimento realizado desde 2007, já foram aplicados R$ 10 bilhões no empreendimento. Deste montante, R$ 6,3 bilhões foram investidos pela Porto do Açu Operações (subsidiária da Prumo Logística), e R$ 3,7 bilhões pela Ferroport (joint venture formada pela Prumo e a Anglo American) e pela Anglo American. Os valores não contabilizam os juros capitalizados. Em 2015, foram investidos R$ 1,3 bilhão no Porto do Açu. Deste total, R$ 900 milhões (não incluindo juros capitalizados) foram aplicados, principalmente, nas obras do Terminal de Petróleo (T-OIL), Terminal Multicargas (T-MULT), no desenvolvimento do Terminal 2 (T2), e na infraestrutura geral do empreendimento. O montante restante foi aplicado no desenvolvimento do Terminal 1 (T1), com a construção do quebra-mar, o aprofundamento da dragagem para 20,5 m de profundidade e projetos de melhoria de planta e eficiência operacional da planta do terminal de minério de ferro. No ano, a Prumo apresentou receita líquida de R$ 101,6 milhões. O incremento verificado em relação a 2014, quando a receita líquida foi de R$ 71,9 milhões, refere-se sobretudo aos novos contratos assinados. As despesas administrativas foram de R$ 140,8 milhões, cerca de R$ 25,7 milhões acima do ano anterior. Os principais aumentos em relação a 2014 referem-se às 8

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Foto: Divulgação Porto do Açu

Montante foi aplicado desde 2007 na infraestrutura do empreendimento; somente em 2015 foram investidos R$ 1,3 bilhão.

despesas com pessoal para fazer frente ao início das atividades dos terminais e nas linhas de Serviços de Terceiros – despesas estas referentes à contratação de consultorias para as operações financeiras e societárias ocorridas ao longo de 2015. A partir de dezembro de 2015, a Prumo alterou a classificação contábil da empresa Ferroport, que antes era contabilizada como uma operação em conjunto (Joint Operation) para empreendimento controlado em conjunto (Joint Venture). Com esta alteração contábil, o resultado da Ferroport deixou de ser consolidado proporcionalmente e passou a ser reconhecido por equivalência patrimonial. Com esta nova contabilização, o Ebitda consolidado da Prumo ficou em R$ 14,5 milhões negativos. Se levarmos em consideração a regra contábil aplicada anteriormente, o Ebitda consolidado alcançou o montante de R$ 148,2 milhões. Este valor está relacionado em especial à contribuição da Ferroport relativa à sua operação de serviços portuários para o carregamento de minério de ferro da Anglo American referente ao contrato

de Take or Pay existente. No último trimestre de 2015, o Ebitda alcançou R$ 12,2 milhões impactado sobretudo por despesas administrativas extraordinárias não recorrentes incorridas no último trimestre. Já o resultado financeiro foi impactado pelo início das operações, uma vez que parte das despesas financeiras deixou de ser capitalizada e passou a transitar pelas demonstrações de resultado. Além disso, a emissão de um título de dívida no exterior no montante de U$ 200 milhões e o pagamento de comissões financeiras relacionadas à conclusão da negociação do alongamento da dívida de curto prazo contribuíram para o aumento das despesas financeiras. Com isto, o resultado financeiro líquido consolidado em 2015 foi negativo em R$ 254,6 milhões. As despesas financeiras foram de R$ 431,9 milhões, compostas em grande parte por juros, corretagens e variação monetária. As receitas financeiras foram de R$ 177,3 milhões, compostas de juros sobre mútuo, rendimentos sobre aplicações financeiras e juros. O prejuízo líquido em 2015 foi de R$ 216,9 milhões.


Argus Rio Crude Conference 9-11 de maio, 2016 Sofitel Copacabana Rio de Janeiro, Brasil

O Argus Rio Crude Conference é o único evento focado na produção e distribuição de petróleo na América Latina, onde os participantes do setor podem dividir suas experiências e entender a complexibilidade dos preços, dificuldades de logística e considerações comerciais sobre a produção latino–americana. No seu terceiro ano, a conferência traz os mais conceituados líderes que influenciam o mercado. A agenda inclui assuntos importantes e ideias de como melhor capitalizar o crescimento de oportunidades na América Latina.

Para informações sobre a programação, palestrantes e inscrição, visite o site: www.argusmedia.com/RCC

Petroleum illuminating the markets

Market Reporting Consulting Events TN Petróleo 105

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indicadores tn

Opep vê menor demanda por seu petróleo em 2016 em função do aumento de oferta global

Fev 16

Mar 16

Jan 16

Dez 15

Nov 15

Set 15

Out 15

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Ago 15

Jun 15

Maio 15

Abril 15

Fev 15

Mar 15

Jan 15

Dez 14

Nov 14

Set 14

Out 14

Jul 14

Ago 14

Jun 14

Maio 14

Abril 14

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) previu em Produção de países-membros da Opep e não membros – abr/2014 a mar/2016 março que a demanda global por seu Produção de Outros países mb/d (Opep) mb/d (total) países-membros da Opep produtores petróleo em 2016 seria menor do que 33 97 se pensava antes com rivais provando 32 96 serem mais resistentes a preços bai31 95 xos, aumentando o excesso de oferta no 30 94 mercado. Apesar de ainda haver maior 29 93 oferta de petróleo do que a demanda 28 92 diária, o preço do barril se recuperou em 27 91 fevereiro diante da perspectiva de um 26 90 breve reequilíbrio no mercado e, como estimou a entidade, do fim da sequência de queda das cotações. “Após três meses de fortes baicorresponderá a 33,4% do total utilizado, xas, os contratos futuros do petróleo A demanda por petróleo da Opep contra 31,9% de 2015. se recuperaram no meio de fatores será, em média, de 31,52 milhões de O relatório aponta para um excesso positivos que motivaram especulações barris por dia (bpd) neste ano, disse de oferta de 760 mil bpd em 2016 se sobre um possível equilíbrio em breve o grupo em relatório mensal. A Opep o grupo mantiver o bombeamento no no mercado”, analisou a Opep em seu produziu 32,28 milhões de bpd em femesmo nível de fevereiro, ante 720 mil relatório de março. “Isso sugere que vereiro, afirmou o grupo, citando fontes bpd previstos. A queda da produção é os 20 meses de preço baixo poderiam secundárias, 175 mil bpd menos que especialmente alta nos Estados Unidos, estar chegando ao fim”, destacou o em janeiro. Levando em consideração o que representa mais da metade de toda documento, no qual se afirma que o os dados da demanda mundial, que a redução da exploração dos países não barril da Opep se valorizou 8,4% em fesubirá para 94,23 milhões de barris membros da Opep. diários neste ano, o petróleo da Opep vereiro, a primeira alta em três meses.

O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, acumulava, em fevereiro deste ano, queda de 4,1% em um período de 12 meses. É a 14ª taxa negativa. As informações são do Monitor do PIB, divulgado hoje (15) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O PIB teve, em fevereiro, recuo de 1,79% na comparação com janeiro deste ano e de 3,7% na comparação com fevereiro do ano passado. O PIB também acumulou perda de 1,1% no trimestre encerrado em fevereiro, em comparação com o trimestre encerrado em novembro de 2015, informou a FGV. Na taxa acumulada em 12 meses, sete das 12 atividades produtivas pesquisadas tiveram queda, com 10

TN Petróleo 105

Foto: Agência Brasil

PIB acumula queda de 4,1% em 12 meses

destaque para a indústria de transformação (-10%), comércio (-9,3%) e construção (-7,1%). Cinco atividades tiveram alta neste período: agropecuária (1,2%), indústria extrativa mineral (1,7%), eletricidade (0,3%), intermediação financeira (0,2%) e serviços imobiliários (0,4%).

Em termos de demanda, o pior resultado foi observado na formação bruta de capital fixo, ou seja, os investimentos, com queda de 15%. O consumo das famílias recuou 4,3% e o consumo de governo, 0,8%. As exportações acumulam alta de 9% e as importações, queda de 16%.


eua: De acordo o relatório da empresa de serviços de petróleo Baker Hughes, as petroleiras norte-americanas reduziram o número de sondas de exploração de petróleo em operação pela terceira semana consecutiva, para o menor nível desde novembro de 2009. Rússia: A produção de petróleo da Rússia deverá cair em abril, disseram fontes, enquanto o ministro de Energia do país expressou esperança de que os países produtores possam fechar acordo sobre o congelamento da produção em um encontro em Doha. EQUADOR: Produtores de petróleo da América Latina (Equador, Venezuela, Colômbia e México) se reuniram em Quito, na sede da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), com o objetivo de estudar formas de elevar os preços da commodity em meio à superoferta. Angola: Devido a queda dos preços do petróleo, o governo de Angola pediu resgate ao Fundo Monetário Internacional

Foto: Cortesia BP

PELO MUNDO

(FMI) pela segunda vez em sete anos. Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, atrás da Nigéria. Iraque: O país ampliou a produção de petróleo para um nível recorde em março, antes da reunião de integrantes da Opep e outros produtores no Catar para discutir o congelamento da produção e assim diminuir o excesso do produto no mercado global. irã: A nação persa vendeu mais de 14 milhões de barris de petróleo à Europa desde o fim das sanções impostas ao país em janeiro. Segundo a agência EFE, antes das imposições contra o Irã por seu programa nuclear, a Europa comprava cerca de 800 mil barris diários do país.

ARGENTINA: A elevação da mistura de etanol à gasolina de 10% para 12% (E12) na Argentina é mais uma demonstração da importância estratégica deste biocombustível no cenário mundial. Indutor de desenvolvimento econômico e forte redutor de emissões de CO2, um dos principais causadores do aquecimento global, o etanol cada vez mais se credencia para se transformar em uma commodity global. CANADÁ: A Finep e o National Research Council (NRC), do Canadá, assinaram na último dia 5 de abril, um Memorando de Entendimento com o objetivo de compartilhar melhores práticas no apoio à Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) industrial e fomentar a cooperação para promover e facilitar projetos bilaterais.

TN Petróleo 105

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indicadores tn

Medidas de estímulo à indústria de petróleo e gás podem destravar US$ 120 bilhões em investimentos O Diário Oficial da União publicou, no dia 9 de março, a resolução 02/2016 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A Resolução traz diretrizes para diversos órgãos públicos, e será desdobrada em iniciativas posteriores. Mas o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, crê que haverá impactos positivos imediatos sobre a cadeia de petróleo. “Várias decisões de investimentos em poços antigos, por exemplo, estavam paralisadas, pois o tempo restante da concessão não permitiria a recuperação do valor aplicado. Com a prorrogação das concessões da Rodada Zero, que é uma das medidas, esses investimentos poderão ser retomados rapidamente pelas empresas, beneficiando toda a cadeia do setor”, previu o executivo.

As medidas visam incentivar a atividade, com impacto positivo na economia local, gerando emprego e renda e valorizando os recursos energéticos nacionais. “Entendo que o objetivo da medida é dar sinais de destravamento do imobilizado setor de petróleo, aliando ação com as limitações de investimento e desinvestimentos da Petrobras” avaliou Evandro La Macchia, especialista e consultor do setor de óleo e gás. São quatro as medidas determinadas pelo CNPE: 1. Autoriza a prorrogação dos prazos dos contratos de concessão firmados por ocasião

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural

10.02.2016

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Outubro Novembro Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Bacia de Campos

1.390,4

1.442,1

1.426,4

1.491,7

1.332,4

1.328,9

Outras (offshore)

480,4

471,4

469,3

501,5

483,1

488,8

Total offshore

1.870,7

1.913,5

1.895,7

1.993,1

1.815,5

1.817,7

Total onshore

187,5

187,0

175,7

185,2

185,0

184,2

2.058,3

2.100,5

2.071,4

2.178,4 2.000,5

2.001,9

Total Brasil

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Setembro

Outubro Novembro Dezembro

Janeiro Fevereiro

Bacia de Campos 25.162,1 25.196,2 24.387,3 25.090,8 22.738,6 23.417,5 Outras (offshore) 31.804,2 32.146,3 30.681,5 33.903,4 33.416,6 33.745,4 Total offshore

56.966,3 57.342,5 55.068,7 58.994,2 56.155,1 57.162,9

Total onshore

18.063,3 17.390,3 16.653,3 17.676,8 17.904,3 18.206,4

oal Brasil

75.029,6 74.732,8 71.722,0 76.671,0 74.059,4 75.369,3 Setembro

Outubro Novembro Dezembro

Janeiro Fevereiro

96,8

99,5

95,8

96,3

92,1

84,3

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior

15.491,0 16.133,0 15.974,8 16.199,3 15.457,0 16.001,9

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior

2.718,1

2.765,0

2.712,4

2.852,3

2.649,3 2.654,5

12

TN Petróleo 105

-0.57 -1.27 Variação no período: 16.79 %

bovespa (%) 10.02.2016

15.04.2016

-0.53 1.56 Variação no período: 31.13 %

dólar comercial* 10.02.2016

15.04.2016

3.928 3.533 euro comercial* 10.02.2016

15.04.2016

4.43 3.98 Variação no período: -9.15 %

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).

15.04.2016

Variação no período: -9.07 %

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior

2. Determina que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) inicie o processo de extinção das concessões dos campos que estejam parados há mais de seis meses e que não tenham sua produção retomada nos próximos 12 meses, diretamente, ou pela transferência dos direitos para uma terceira empresa capacitada a fazê-lo. Tal ação beneficia diretamente os estados do Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte.

DJ Oil & Gas (%)

Período de 09/2015 a 02/2016 Setembro

da Rodada Zero, desde que haja a viabilidade para a continuidade da produção após o término do prazo original. A resolução define que as empresas efetuem investimentos complementares para estimular a produção nestes campos. Essa prorrogação será por prazo compatível com o novo plano de investimentos e produção, limitada a 27 anos. Tal medida visa possibilitar a realização de investimentos em campos maduros, cuja concessão se encerra a partir de 2025.

Fonte: Petrobras

*Valor de venda, em R$


Foto: Agência Petrobras

ramento) é fundamental, pois a maioria dos investimentos no setor de petróleo e gás se concretiza anos após a tomada de decisão.

3. Propõe a prorrogação do prazo de vigência do Repetro (regime aduaneiro especial para pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e de gás natural), um regime tributário especial que desonera o investimento no setor de óleo e gás. Esse Regime, previsto no Decreto 6.579, de 05/02/2009, tinha vigência até 31/12/2020. A prorrogação desse regime no momento atual (pouco mais de quatro anos antes de seu encer-

4. Determina que o Ministério de Minas e Energia realize estudos necessários à contratação, sob o Regime de Partilha, das áreas unitizáveis que extrapolem os blocos concedidos, nos termos da Lei 12.351/2010. A justificativa é de que nos últimos anos foram identificadas várias descobertas que se estendem para além dos limites das áreas contratadas, restringindo a atuação dos concessionários. Parte dessas jazidas encontra-se em áreas não contratadas e, portanto, de propriedade da União. Como a União não pode assumir o risco da atividade exploratória, nem pode realizar os investimentos necessários, parcela importante dessas descobertas permanece inativa, até que ocorra a contratação de um novo agente para desenvolvê-las em parceria com o contratado da área adjacente.

Período: 10.02.2016 a 15.04.2016 | ações ações ações ações

petrobras

ON

R$

R$

6,12

11,92

R$

4,31

PN

Variação no período: 86.54 %

R$

9,69

Variação no período: 113.44 %

VALE R$

R$

ON 10,20 18,60 PNA 7,73

ON

R$

14,29

Variação no período: 83.44 %

CPFL

BRASKEM

R$

R$

R$

R$

11,65 12,63 PNA 23,31 24,65 Variação no período: 11.28 %

Variação no período: 3.09 %

petróleo brent (US$) 10.02.2016

30.84

15.04.2016

43.10

Variação no período: 42.15 %

petróleo WTI (US$) 10.02.2016

27.45

“A empresa demonstra transparência em relação ao resgate da credibilidade.” Aldemir Bendine, presidente da Petrobras, sobre os resultados de 2015, 21/03/2016 – O Estado de São Paulo.

“Apesar dos desafios da indústria, do preço de barril, o objetivo é continuar investindo no país que tem reservas importantes.” André Araújo, presidente da Shell Brasil, 22/03/2016 – A Gazeta).

“Em 2016, há expectativa de que Estados Unidos, México, Reino Unido, Casaquistão, Azerbaijão, China, Iêmen e Colômbia tenham os maiores declínios, enquanto Brasil, Canadá, Malásia, Omã e Austrália verão os maiores crescimentos.” Relatório da Organização dos Países Exportado-

R$

Variação no período: 81.82 %

FRASES

15.04.2016

40.36

Variação no período: 44.45 %

res de Petróleo (Opep), abril de 2016.

“Temos duas vertentes possíveis: sermos autossuficientes em derivados, como já fomos, ou não construir nenhuma refinaria e importar tudo o que for preciso. Certamente vai acontecer alguma coisa no meio, vai ser um mix entre as duas [vertentes]. Essa é discussão que temos que travar ao longo deste ano.” Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, 13/04/2016. Folha de São Paulo.

“O governo estuda adequar o valor a ser pago pelo excedente da cessão onerosa, pela Petrobras, ao novo patamar de preço do petróleo, o que deve gerar economia à empresa.” Marco Antônio Almeida, secretário-executivo de Petróleo do Ministério de Minas e Energia (MME), 14/04/2016 – Jornal do Commércio.

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entrevista exclusiva

A vitória da Statoil

no óleo pesado Pelos seus resultados, muito além do esperado, o campo de Peregrino, na Bacia de Campos, maior empreendimento internacional da Statoil como operadora, já ganhou o cinturão de ouro na categoria peso-pesado – ou melhor, óleo pesado. Principal projeto (até agora) no Brasil, Peregrino assegurou à petroleira norueguesa não apenas quebras de paradigmas como também uma posição de destaque: extraindo óleo pesado de um único ativo, a Statoil foi a segunda maior produtora de hidrocarbonetos no Brasil como operadora e ocupa a quinta posição como concessionária – sendo que as demais, como exceção da Petrobras, operam, essencialmente com óleo bem mais leve.

Alcançar um resultado desses em cinco anos de operação é sem dúvida uma grande conquista. Para Pål Eitrheim, presidente da Statoil Brasil e vice-presidente sênior de desenvolvimento da produção internacional da Statoil América do Sul, é um passo natural na estratégia de expansão da petroleira que hoje atua em mais de 30 países, com força total nas Américas. “O Brasil se encaixa perfeitamente na estratégia e capacidade da empresa”, afirma. TN Petróleo – Qual a importância do Brasil para a estratégia de crescimento orgânico da Statoil e de expansão global? Pål Eitrheim – A Statoil vê o Brasil como uma região estratégica para um crescimento sustentável no longo prazo. O país se encaixa perfeitamente na estratégia e capacidade da empresa. Temos atividades em toda a cadeia de valor, desde a exploração até a produção. É aqui que operamos o maior campo de petróleo fora da Noruega (Peregrino), onde já atingimos a marca de 100 milhões de barris produzidos desde 2011, 14

TN Petróleo 105

quando iniciamos a produção. Temos hoje cerca de mil pessoas envolvidas em nossas operações onshore e offshore. O Brasil tem sido o destino de boa parte dos investimentos internacionais da Statoil e estamos trabalhando para que continue sendo nos próximos anos. Em agosto de 2015, a Statoil comemorou 100 milhões de barris produzidos em Peregrino, depois de pouco mais de quatro anos de atuação neste campo. Qual a importância deste marco para a Statoil? Vocês nunca haviam obtido um volume desses em igual período em outros ativos? Ou é por que se trata de um reservatório complexo, com o óleo mais pesado já produzido no offshore brasileiro? Esse é sem dúvida um dos principais marcos da Statoil desde que a empresa começou suas atividades no país, há exatos 15 anos. É um marco inédito no Brasil: um reservatório com óleo muito pesado e o desafio é extrair até 100 mil barris por dia. Antes disso, Peregrino já havia comemorado outro marco histórico no projeto, atingindo, simultaneamente,

por Beatriz Cardoso

em 2014, metas de produção, eficiência, custo e segurança. Quais os grandes desafios superados pela Statoil em Peregrino, que representam um marco para a Statoil ou para a indústria offshore global? Poderia pontuar as principais tecnologias e soluções aplicadas para produzir esse petróleo pesado com tanto êxito em Peregrino? Nenhum outro ativo da Statoil em todo o mundo tem a experiência de Peregrino com a extração de petróleo pesado, de alta viscosidade, elevação artificial e uso de bombas elétricas submersíveis (ESPs), que são essenciais para a extração desse óleo. Essa expertise nós vamos aplicar em outros campos de óleo pesado da Statoil. Na área de perfuração e completação de poços, o grande êxito da empresa em Peregrino é termos poços de longa extensão com o uso exclusivo de lama base água. O poço A-29 (7-PRG-49H-RJS), concluído em 2015, é horizontal e o mais longo perfurado no Brasil até então, com 8.080 m de profundidade total (extensão), o que é um marco também para a Statoil. Estamos


Pål Eitrheim, presidente da Statoil Brasil

Foto: Jonas Kussama

trabalhando duro para elevar o fator de recuperação do reservatório. Já conseguimos ultrapassar a estimativa inicial de 10% e nossa ambição é chegar aos 30%, por meio de diversas tecnologias, entre as quais podemos citar os polímeros.

Nenhum outro ativo da Statoil em todo o mundo tem a experiência de Peregrino com a extração de petróleo pesado, de alta viscosidade, elevação artificial e uso de

Com uma reserva estimada entre 300 e 600 milhões de barris de petróleo recuperável, de 14º na escala API, Peregrino continua sendo o maior campo produtor operado pela Statoil fora da Noruega, respondendo por cerca de 12% da produção internacional da companhia? A produção diária atual da Statoil fora da plataforma continental norueguesa é de 740 mil barris/dia, aproximadamente. O Brasil responde por cerca de 90-100 mil barris/dia dessa produção. Qual a perspectiva de aumento da produção de Peregrino com a execução do Plano de Desenvolvimento da Segunda Fase do Campo de Peregrino, que prevê investimentos de US$ 3,5 bilhões, incluindo uma nova plataforma de perfuração (WHP C)? A segunda etapa do projeto vai permitir a extensão da vida útil do campo. Ela prevê uma nova plataforma do tipo well head (a WHP-C), com uma unidade de perfuração, ligada ao FPSO Peregrino através da WHP-A (em operação), que irá adicionar cerca de 250 milhões de barris em reservas recuperáveis para o campo de Peregrino. A expectativa é ampliar a produção, aumentando o número de poços a partir de uma nova área, que hoje não é acessível, com as plataformas A e B. Ao todo, deverão ser perfurados no desenvolvimento da Fase II 22 poços – 15 produtores e sete injetores de água. Durante o último ano, reduzimos o custo em 35% e melhoramos o breakeven1 de cerca de US$ 70/ bbl para abaixo de US$ 45/bbl.

bombas elétricas submersíveis (ESPs).

1 Break even point é o ponto de equilíbrio: o momento a partir do qual um projeto de investimento gera fluxos de caixa suficientes para justificar sua existência. É a partir do momento em que se atinge o break even que um projeto começa a ser rentável.

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entrevista exclusiva

Além da WHP, que outras soluções vocês pretendem usar nessa fase II? Irão incorporar soluções utilizadas pela empresa no Mar do Norte e de Barents? Em Peregrino Fase II, devemos usar a experiência adquirida com a primeira etapa de desenvolvimento do campo, adotando soluções de engenharia simples e padronizadas, fartamente utilizadas no Brasil e no mercado internacional, em combinação com a experiência da Statoil na caracterização e gestão do reservatório. Qual a previsão de produção do primeiro óleo dessa fase II? Qual a expectativa de volume de pico? A previsão de produção do primeiro óleo da Fase II de Peregrino é para o final desta década. A segunda etapa do projeto vai permitir a extensão da vida útil de Peregrino: qual a projeção atual e para quanto irá? O projeto inicial do Peregrino prevê a exploração do reservatório original até 2034. A segunda fase de desenvolvimento tem seu período de licença até 2040, mas vemos um potencial de manter Peregrino produzindo até 2050. De que forma esse projeto vai beneficiar a cadeia produtiva local? Qual o índice de conteúdo local possível nessa fase II em Peregrino? A contratação de engenharia e construção de equipamentos irá abranger fornecedores locais, gerando empregos e impostos também no Brasil. O índice de conteúdo local da Fase II é de 38% e nós temos um planejamento para atingir essa meta. Vocês têm parceria com a chinesa Sinochem (40% de participação em Peregrino) e agora fizeram uma parceira global com a Repsol Sinopec (hispano-chinesa). Essa relação com empresas/ investidores chineses é importante para a estratégia da Statoil no Brasil, em especial no pré-sal? A Statoil já era parceira da Repsol Sinopec no projeto do BM-C-33 16

TN Petróleo 105

O projeto inicial do Peregrino prevê a exploração do reservatório original até 2034. A segunda fase de desenvolvimento tem seu período de licença até 2040, mas vemos um potencial de manter Peregrino produzindo até 2050.

e continuará sendo. Isso não mudou. Apenas a operação será conduzida pela Statoil a partir do momento de aprovação pela ANP. Por meio dessa parceria, a Statoil vai assumir a operação do BM-C-33, que compreende os poços Pão de Açúcar, Gávea e Seat, já com descobertas informadas. Em 2012, o consórcio comunicou que os recursos do bloco eram estimados em cerca de 700 milhões de barris de petróleo leve e 3 trilhões de pés cúbicos de gás. A campanha de avaliação contínua irá esclarecer o potencial descoberto. Qual a expectativa de iniciar produção nesse ativo no pré-sal? No momento ainda estamos na fase de appraisal, fazendo avaliação das três descobertas realizadas no BM-C-33 (Pão de Açúcar, Gávea e Seat). É prematuro anunciarmos expectativa de início de produção agora. Temos muito trabalho duro pela frente para definir as soluções mais competitivas e rentáveis. Quais as principais soluções/tecnologias de que dispõem e que poderão

ser utilizadas no desenvolvimento deste campo do pré-sal? O consórcio está trabalhando para amadurecer nosso entendimento a respeito do reservatório para alcançar a estratégia de drenagem mais eficaz. Dada a profundidade da água, é mais provável que optaremos por um desenvolvimento subsea. O tratamento de gás é também uma questão-chave – em que especificações o gás deve ser tratado e onde colocar a unidade de tratamento de gás. O plano é usar tecnologias existentes, estendidas, conforme necessário, para as condições específicas de profundidade de água e reservatórios. Conceitos enxutos que buscam a simplificação e padronização são palavras-chave neste contexto. Vamos ter de trabalhar em estreita colaboração com os fornecedores para buscar as melhores soluções, tanto em termos de qualidade e segurança, mas também em termos comerciais. Em quantos ativos no Brasil a Statoil poderá atuar por meio dessa parceria com a Repsol Sinopec? O BM-C-33 é atualmente o único ativo onde somos parceiros da Repsol Sinopec. Quais são os ativos que a Statoil considera prioritários no momento, no Brasil? O país continua sendo uma das três regiões chaves para a ação global da Statoil? Por quê? Nossa prioridade são os ativos que estamos desenvolvendo no momento: além de Peregrino Fase I e Fase II, temos descobertas de classe mundial no BMC-33 na Bacia de Campos. Além disso, temos os blocos na Bacia do Espírito Santo, onde estamos amadurecendo prospectos para a campanha de perfuração. Quanto a Statoil direcionou de recursos obrigatórios em PDI para instituições brasileiras? Vocês pretendem ampliar os investimentos em PDI em parceria com instituições nacionais?


A vitória da Statoil no óleo pesado

Entre 2009 e 2015, nós investimos R$ 87 milhões em instituições brasileiras. A Statoil continua investindo em PDI junto a estas instituições mesmo sem a obrigação de investimento. A Statoil firmou um contrato com a Clariant para fornecimento de produtos químicos a serem usados no processo de produção para tratar óleo, água e gás do campo de Peregrino. Por que essa parceria com a Clariant é estratégica? Que tipo de químicos da Clariant são cruciais para o desenvolvimento desse campo? Há algum serviço específico incluído nesse contrato? O contrato com a Clariant é estratégico, pois esta é uma das principais fornecedoras de produtos químicos para a Statoil em todo o mundo. Além do fornecimento desses produtos (desemulsificante, inibidor de corrosão, inibidor de incrustração, biocida, antiespumante), o contrato inclui tam-

bém serviços de análise laboratorial e suporte técnico. Vocês também fizeram contrato de operação, manutenção e modificação com o Wood Group para as duas plataformas fixas (WHP) denominadas Alfa e Bravo e de serviços de modificação para ambas as unidades e também para o FPSO Peregrino. Pretendem estender essa parceria com a empresa, que opera as duas plataformas da Statoil desde 2009, para a nova unidade na fase II? Está muito cedo para falar sobre isso; ainda estamos na fase de engenharia. No BM-C-47, também com a Sinochem, um poço exploratório foi perfurado em 2011, resultando na descoberta do prospecto Peregrino Sul. O último poço exploratório do compromisso firme foi perfurado no primeiro trimestre de 2014. Em dezembro de 2013, a Statoil apresentou à ANP a declaração de co-

mercialidade do campo de Pitangola, que compreende parte desta concessão. Qual a previsão de desenvolvimento desse campo? Pitangola faz parte do projeto do Peregrino Fase II e, portanto, será desenvolvido em breve. Poderia fazer um briefing geral atualizando as ações na Bacia do Espírito Santo? No caso dos blocos da 11ª Rodada que adquirimos, todos na Bacia do Espírito Santo, estamos na fase de definição dos prospectos a serem perfurados, após termos concluído a aquisição e avaliação sísmica de mais de 8.000 km² de área. Agora, estamos na fase de planejamento para a campanha de perfuração. No caso dos blocos do Espírito Santo onde foram feitas as descobertas de Indra (BM-ES-32) e São Bernardo (BM-ES-22A), essas áreas ainda estão na fase de appraisal.

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especial pré-sal

Todos querem o Parece que pouco importam os baixos preços do barril do petróleo no mercado internacional nem os desafios tecnológicos e logísticos para explorar essa nova fronteira descoberta há menos de dez anos. 18

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pr茅-sal por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado

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especial pré-sal

O pré-sal vem se confirmando, a despeito Infraestrutura e das opiniões divergentes, como um dos mais logística do pré-sal importantes e atrativos negócios da indústria mundial de óleo e gás. plataformas Prova disso foi o esforço redobrado de de perfuração diversas organizações, entidades, partidos políticos, governadores e prefeitos para que finalmente fosse votado e aprovado o projeto embarcações de lei 131/2015, que flexibiliza o regime de de apoio partilha. A retirada da obrigatoriedade de a estatal operar ou participar com pelo menos 30% dos investimentos em consórcios de PLSV exploração em futuros leilões também vinha sendo defendida, ainda que discretamente, pelas companhias petrolíferas internacionais – inclusive as que ainda não têm maior atuação helicópteros no Brasil. Tal empenho em alterar o marco regulatório, esse trabalho contribuiu para estabelecer novos padrões em perfumesmo em um cenário crítico, tanto do ponto Todo ração e completação, sistemas submarinos e sistemas de ancoragem das plataformas para toda a indústria de óleo e gás. de vista da indústria petrolífera quanto na área política, se deve ao ‘desempenho’ do pré-sal, que tem superado expectativas e derrubado as mais funestas projeções de custos altíssimos e desafios tecnológicos e logísticos comparáveis à ida do homem à Lua. Respondendo por ¼ da produção total da Petrobras no Brasil, em menos de oito anos de exploração, o pré-sal confirma o acerto da estatal ao apostar nessa nova fronteira. Nesse período, a petroleira colocou em operação, a cada nove meses (em média), um grande sistema de produção, que abrange o conjunto de poços produtores e injetores, sistemas submarinos e de superfície (plataformas) para extração diária de um milhão de óleo e gás natural (boed). A estatal também acelerou a curva de aprendizagem, inclusive dos parceiros e fornecedores de equipamentos e serviços, e reduziu o custo de extração, hoje abaixo de US$ 8,5 por boe – quase a metade da média da estatal, de US$ 14,6 por barril, e das demais empresas do setor (US$ 15 por barril). Números e fatos que fazem do pré-sal brasileiro um dos cenários mais atrativos da indústria mundial do petróleo. Na mira dos investidores internacionais, o pré-sal é apontado como a luz no fim do túnel para a Petrobras e um negócio onde quem entrar no jogo só tem a ganhar.

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Todos querem o pré-sal

R

esponsável por mais de 50% da produção de petróleo do pré-sal, que em fevereiro deste ano alcançou 873,8 mil barris/dia (crescimento de 6% em relação a janeiro), o campo de Lula, na Bacia de Santos, tornou-se o grande indicador da indústria petrolífera para essa nova fronteira. Mais ainda: uma referência para investidores, analistas e tomadores de decisão que há oito anos não tinham um horizonte tão promissor em relação à chamada camada do pré-sal. Ao grande volume de petróleo encontrado inicialmente nessa área, então chamada Tupi, se contrapunha uma série de desafios tecnológicos e logísticos: reservas em águas ultraprofundas, a quase 5.000 m no subsolo, abaixo de uma camada de sal de 2.000 m, e a 300 km da costa. Entre a descoberta, em julho de 2006, e a confirmação da reserva gigantesca do campo de Lula, em novembro de 2007, ao primeiro óleo extraído na área, em 1º de maio de 2009 – por meio de um teste de longa duração (TLD), realizado pelo FPSO BW Cidade de São Vicente –, foram feitas muitas especulações, projeções e prognósticos (muitas vezes alarmistas) sobre a viabilidade dessa nova fronteira. Os grandes volumes estimados no pré-sal, jamais pensados em um Brasil que vivia há mais de meio século na dependência das importações de petróleo, chegavam até mesmo a ser questionados por brasileiros. “O petróleo do pré-sal só existe na campanha do Governo”, chegou a afirmar um analista econômico, em um jornal de grande circulação. A primeira produção do pré-sal no campo de Jubarte, na Bacia de Campos, em setembro de 2008, foi vista como “um tiquinho de óleo” por outro jornalista de uma revista

Linha do tempo dos fpsos na Bacia de Santos Out/2010 FPSO Cidade de Angra dos Reis piloto de Lula Jan/2013 FPSO Cidade de São Paulo

piloto de Sapinhoá

Jun/2013 FPSO Cidade de Paraty

piloto de Lula Ne

Out/2014 FPSO Cidade de Mangaratiba

Lula/Iracema Sul

Nov/014 FPSO Cidade de Ilha Bela Sapinhoá Norte Jul/2015 FPSO Cidade de Itaguaí

Lula/Iracema Norte

Fev/2016 FPSO Cidade de Maricá

Lula Alto

semanal. Especialistas do setor, como Adriano Pires, afirmavam que a produção inicial do TLD de Tupi evidenciava “o grande risco” do pré-sal. Houve até mesmo especulações de que explorar o pré-sal custaria mais de um trilhão de reais – valor de Produto Interno Bruto de alguns países.

Lula lidera produção O campo de Lula acabou por ‘afogar ’ a descrença em milhões de barris de petróleo. Desde agosto de 2015 ele lidera a produção de petróleo no Brasil – superando Marlim e Roncadores, na Bacia

de Campos, que se revezaram no primeiro lugar por mais de uma década. Esses dois campos, por sinal, estão ‘revitalizados’ pelo pré-sal que está sendo explorado abaixo do reservatório do pós-sal. A produção média de petróleo no campo de Lula alcançou 443 mil barris por dia (bpd) em fevereiro deste ano – perto de 52% da produção total do pré-sal (874 mil bpd). Lula também é o maior produtor de gás natural, com produção média de 20,4 milhões de metros cúbicos/ dia (m³/d) em dezembro – de um total de 34,6 milhões de m³/d extraídos no pré-sal. A Petrobras é a TN Petróleo 105

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especial pré-sal

Grandes desafios da Petrobras

Pré-sal

Ilustração: Agência Petrobras

Bacia de Campos

operadora (65%), em consórcio formado com a BG E&P Brasil (25%) e a Petrogal Brasil (10%). A expectativa da Petrobras é adicionar mais 300 mil barris/dia à produção nacional de óleo este ano, com a entrada em operação do FPSO Cidade de Maricá, em Lula Alto, em fevereiro passado (sétimo grande sistema definitivo de produção do pré-sal da Bacia de Santos) e do FPSO Cidade de Saquarema, que está em processo de integração, no estaleiro Brasa, em Niterói, que vai produzir na área de Lula Central, até o final do ano. Lula também é o maior exportador, assegurando bom resultado na balança comercial brasileira, uma vez que seu óleo tem boa aceitação no mercado internacional. Ao todo, o volume exportado deste campo somou 59,1 milhões de barris de petróleo em 2015 (média de cerca 162 mil bpd). Esses valores levam em consideração também a parte dos parceiros da estatal no campo. Essa marca consolida uma tendência de mudança do perfil da 22

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Custo de produção do barril de óleo cru/país (US$) Reino Unido.................................... 52.50 Brasil............................................... 48.80 Canadá.............................................41.00 EUA.................................................. 36.20 Noruega........................................... 36.10 Angola............................................. 35.40 Colômbia..........................................35.30 Nigéria.............................................. 31.60 China................................................29.90 México...............................................29.10 Cazaquistão.....................................27.80 Líbia................................................. 23.80 Venezuela........................................23.50 Argélia............................................. 20.40 Rússia............................................... 17.20 Irã......................................................12.60 Emirados Árabes............................ 12.30 Iraque............................................... 10.70 Arábia Saudita.................................. 9.90 Kwait...................................................8.50

cesta de exportação de petróleo do Brasil, até então predominantemente de óleos pesados. A crescente participação do óleo leve de Lula eleva a proporção de petróleos médios ou de média densidade – como o encontrado majoritariamente na área do pré-sal da Bacia de

Santos. Em 2015, a proporção de óleos médios no nosso mix de exportação atingiu 37%. Em fevereiro, a produção de petróleo e gás natural operada pela Petrobras na camada do pré-sal cresceu 6,1% em relação ao mês anterior, atingindo 1,091 milhão de boed. Esse volume é novo recorde mensal, superando o anterior alcançado em dezembro de 2015 (1,090 milhão de boed). Em janeiro, a produção de petróleo e gás no pré-sal foi de 1,029 milhão de boed. A produção de petróleo, em fevereiro, cresceu 6,2% em relação ao mês anterior, chegando à média diária de 874 mil bpd. No dia 15 daquele mês, a Petrobras registrou novo recorde diário de produção, atingindo o volume de 954 mil bpd. Em janeiro, a produção foi de 822 mil bpd. A entrada em operação do navio-plataforma Cidade de Maricá, instalado na área de Lula Alto, no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, contribuiu para esses resultados. Essa unidade, do tipo FPSO (plataforma flutuante que produz, armazena e transfere óleo)


Todos querem o pré-sal

tem capacidade de produzir até 150 mil bpd.

Primeiro óleo de Lapa A Petrobras também prevê para este ano a partida no projeto Lapa, do Consórcio BM-S-9, com o FPSO Cidade de Caraguatatuba, previsto para entrar em operação no segundo semestre. Será o 11º navio que a Modec vai fornecer e operar no Brasil. Com volume recuperável total estimado em 459 milhões de boe, Lapa (antigo Carioca), que teve comercialidade declarada em dezembro de 2013, é operado pela Petrobras (com 45%) em parceria com as empresas BG E&P Brasil (30%) e Repsol Sinopec Brasil (25%). Localizado a 270 km da costa do estado de São Paulo e em profundidade d’água em torno de 2.140 m, o campo tem reservatórios com óleo de boa qualidade (em

Plataformas de produção na Bacia de Santos Plataforma

Campo

Tipo

Dynamic Producer (FDPDY)

A594 – Guará

Flutuante SP

FPSO Cidade de Angra dos Reis (FPCAR)

Lula

Flutuante RJ

Plataforma de Merluza (PMLZ)

Merluza, Lagosta

Fixa

SP

Plataforma de Mexilhão (PMXL)

Mexilhão

Fixa

SP

BW Cidade de São Vicente (FPCSV)

Lula

Flutuante RJ

FPSO Cidade de Santos (FPCST)

Uruguá

Flutuante RJ

FPSO Cidade de Paraty

Lula

Flutuante RJ

FPSO Cidade de Itajaí

Baúna

Flutuante SP

FPSO Cidade de São Paulo

Sapinhoá

Flutuante SP

FPSO Cidade de Mangaratiba

Lula

Flutuante RJ

FPSO Cidade de Itaguaí

Lula

Flutuante RJ

FPSO Cidade de Maricá

Lula Alto

Flutuante RJ

torno 26º API), e tem o primeiro óleo previsto para final de 2016 desde o Plano de Negócio e Gestão 2013-2017 da estatal. Para se ter uma ideia do quão importante é esse campo, ele está no mesmo bloco (BM-S-9) no qual

UF

já entrou em produção Sapinhoá, por meio dos navios FPSOs Cidade de São Paulo e Cidade de Ilha Bela. Desde janeiro do ano passado até fevereiro deste ano, essas plataformas produziram um total de mais de 2,5 milhões de barris de óleo.

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especial pré-sal

Libra:

milhões de barris

Enquanto Lula e os demais campos sob regime de concessão no présal vêm superando as expectativas e continuam a atrair os olhares dos investidores do mundo inteiro para o mercado brasileiro de petróleo, Libra, único sob regime de partilha, promete acirrar, e muito, os interesses em conflito nesse jogo.

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Ilustração: Agência Petrobras

E

m nota divulgada em 21 de março, a Petrobras informa que o quinto poço perfurado pelo consórcio confirma a qualidade do óleo leve (28º API) e uma coluna de óleo de 301 m de espessura. Seria a maior coluna até agora descoberta pelo consórcio formado pela estatal e as petroleiras estrangeiras Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%) – e que está perfurando um sexto poço. Esta coluna é um pouco menor do que a mencionada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), quando contratou a Petrobras para perfurar um poço de forma a aferir o potencial da área antes do leilão. Pouco mais de um mês após o leilão do pré-sal, em 2013, a diretora-geral da Agência, Magda Chambriard, afirmou que a coluna encontrada naquele poço era de 326 m de espessura. Independentemente de ser 301 ou 326, esta ‘espessura’ equivale à altura do famoso Chrysler Building (319 m),

inaugurado em 1930 em Nova York, a primeira estrutura a superar a torre Eiffel (301 m), entregue ao povo parisiense em 31 de março de 1889, em homenagem ao centenário da Queda da Bastilha. Os dois poços que indicaram tais espessuras de coluna de óleo, ambicionadas por qualquer petroleira do planeta, foram perfurados na parte noroeste do campo de Libra, que tem 1.500 km2 – representando apenas 1% dos 149.000 km2 do polígono do pré-sal. Se fizermos uma linha imaginária, para mensurar essa parte de Libra na qual os poços foram perfurados, ela abrange-

ria quase 40% da área total do campo – em torno de 600 km2 a 650 km2 – uma vez e meia a Baía da Guanabara (412 km2), no Rio de Janeiro. Imagine-se o que representa um reservatório com tal dimensão e espessura superior a 300 m em vários pontos – pouco abaixo do Pão de Açúcar, que tem 396 m. Se novos poços confirmarem estas espessuras, seja em um reservatório único ou mais de um, apenas nessa parte, as estimativas de reserva do campo de Libra podem dar um salto. Chambriard já havia sinalizado isso em 2013, ao falar que os primeiros estudos da ANP indicavam um volume in situ (total de óleo ou gás existente em uma região) de 26 bilhões a 42 bilhões de barris de óleo equivalente (boe, a soma do óleo e do gás natural). “Está mais para 46 bilhões”, chegou a comentar a diretora-geral da ANP antes do leilão – o que levou ao acirramento das posições em torno da questão do regime de partilha e culminou com a aprovação, na Câmara dos Deputados, do projeto de José Serra, com o substitutivo de Romero Jucá, pelo qual o


CNPE pode dar ou não preferência à Petrobras em uma cessão futura. O fato é que as majors, que tiveram de reduzir seus investimentos devido aos baixos preços do petróleo, querem alocar recursos em ativos ou empreendimentos que assegurem maior volumes de produção, para garantir o retorno financeiro possível em tempos de crise. Mais ainda: querem ativos de maior longevidade, com potencial inclusive de extensão dessa vida útil, e maior produtividade. O que o pré-sal vem mostrando a cada dia, uma vez que não há queda na produtividade nos grandes sistemas de desenvolvimento instalados até agora. Hoje, 15 poços com alta produtividade, em três campos do pré-sal (Lula e Sapinhoá, na Bacia de Santos, e Roncador, na de Campos) produzem mais de 600 mil barris/dia de óleo. E um terço da produção nacional de gás, que é de 97,7 milhões de m 3, é produzido por 26 poços em seis campos dessas duas bacias (Roncador e Jubarte, em Campos, Lula, Sapinhoá, Mexilhão e Uruguá, em Santos). Quanto à longevidade, é inegável que o pré-sal, que

Foto: Divulgação

Foto: Shell

Todos querem o pré-sal

revitaliza a madura Bacia de Campos, tem enorme potencial para uma produção estendida. As petroleiras que ambicionam o pré-sal sabem que os avanços nos últimos dez anos facilitam bastante o caminho. Sobretudo se se considera a queda no custo de extração, hoje abaixo de US$ 8,5 por boe – quase a metade da média da estatal (US$ 14,6 por barril), e das demais empresas do setor (em torno de US$ 15 por barril). As tecnologias disponíveis, testadas nos últimos sete anos em cenários bem severos, asseguraram uma produção de mais de um milhão de barris e previsão de que será possível extrair pelo menos 30% a 35% do volume in situ (o chamado fator de recuperação) – que equivale de 8 bilhões a 14 bilhões de boe em Libra e 5 bilhões a 10 bilhões em Lula. A curva acelerada de aprendizagem, que possibilitou resultados considerados quase impossíveis no passado, leva as petroleiras que estão atuando nessa nova fronteira a crer que poderão ampliar esse fator de recuperação, o que, no caso da Petrobras, gira entre 30% e 40%, enquanto a média mundial é de 30%.

Se fosse possível aumentar em 10% esse fator de recuperação, somente em Libra e Lula (considerando as reservas descobertas até agora) significaria algo em torno de 5 bilhões a 9 bilhões de boe (quase um novo campo de Lula), o que poderia elevar a vida produtiva média de um campo, de 20 para 30 a 35 anos... ou mais. Imagine-se, estão, a expectativa que há em relação aos campos da cessão onerosa, nos quais a Petrobras tem direito a extrair até 5 bilhões de boe. Chambriard, na época do primeiro leilão do pré-sal, chegou a afirmar que os indícios registrados em Franco (atual campo de Búzios) sinalizavam volumes de óleo que poderiam, inclusive, ser superiores a Libra e Lula. Resta saber se a Petrobras terá direito ou preferência na continuidade da exploração dessas áreas, após retirar os volumes contratados em troca da capitalização da empresa. Enfim, os dados estão lançados. E o jogo é pesado nessa indústria, principalmente considerando o enorme potencial do pré-sal, do qual menos de 30% estão sob algum regime de exploração. TN Petróleo 105

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especial pré-sal

A mudança no marco do pré-sal Dependendo ainda da aprovação da Câmara dos Deputados, para ser sancionada pela presidência da República, o projeto de lei que flexibiliza o marco regulatório do pré-sal cria distintas expectativas.

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Foto: Cortesia Shell

A

decisão alivia a pressão e impacto econômico sobre a estatal, que fica desobrigada de alocar recursos em todos os projetos nessa fronteira. E abre possibilidades de atração de novos investimentos no setor, dando mais fôlego à cadeia produtiva, paralisada pela Lava-Jato e os preços do petróleo. De acordo com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a flexibilização é um passo crucial para incentivar investimentos privados, retomar a atividade da cadeia produtiva, gerar empregos e tirar o setor de óleo e gás da grave crise. Tomando como base de cálculo a referência dos campos de Libra e Lula, ambos situados no pré-sal da Bacia de Santos, a entidade avalia que a mudança do marco regulatório tem o potencial de destravar US$ 420 bilhões em investimentos, US$ 390 bilhões em arrecadação (que incluem bônus de assinatura, pagamento de royalties sobre produção e comercialização do óleo excedente) e geração de mais de um milhão de empregos até 2030. “A paralisia dos leilões dos campos do pré-sal por conta de uma legislação que atribui à Petrobras um papel que hoje ela não consegue

cumprir deixa de dinamizar a indústria e a economia. Portanto, a questão que fica é: o que gera valor para a sociedade? O óleo não remunerado ou sua monetização?”, indaga Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval do Sistema Firjan.

Riqueza estratégica Alguns atestam que o modelo de concessão em tempos de baixa cotação dos preços do petróleo favoreceria somente as petroleiras estrangeiras, pois este regime é utilizado quando existe um risco exploratório muito grande (o que não é o caso do pré-sal). E que a questão da Petrobras como operadora única é de grande importância estratégica para o desenvolvimento industrial do país à medida que a empresa deve comandar a gestão da engenharia de projetos, definindo tecnologias, equipamentos e estabelecendo os padrões de segurança operacional. “Não há dúvida de que a Petrobras é a empresa mais preparada no

mundo para comandar este desafio. A empresa oferece as melhores condições de operar os campos do pré-sal por ser a única detentora da tecnologia de desenvolvimento de campos produtores em águas ultraprofundas”, afirma o geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras e um dos principais responsáveis pela descoberta do pré-sal em 2006. Ele destaca também a capacidade logística e operacional da companhia: “Não podemos esquecer a inigualável competitividade da estatal em termos de logística operacional a 300 km da costa marítima, que a faz praticar custos de extração bastante reduzidos, cerca de US$ 8/por barril.” Outros afirmam que a lógica da partilha não se enquadra mais na realidade financeira da Petrobras, já que os altos níveis de endivida-


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especial pré-sal

mento da companhia restringem sua capacidade de investimento, e que, portanto, a cadeia produtiva e o país não podem ficar reféns de seu malogro. Além disso, existem áreas em que a Petrobras não se interessaria nem se tivesse recursos para investir. Isso, por si só, justificaria a revogação de sua obrigatoriedade e a prerrogativa aprovada (foi acatado substitutivo à lei) de a empresa escolher se quer ser operadora do campo ou se prefere se abster da exploração mínima de 30%, preferência que lhe será conferida pelo Conselho Nacional de Pesquisa Energética (CNPE). “A Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) defende a implantação do projeto por acreditar que os investimentos vão aumentar. Países e grandes multinacionais do setor de petróleo precisam comprar reservas porque os reservatórios depletam cerca de 10% ao ano. A possibilidade de a Petrobras honrar o compromisso de participação obrigatória é muita pequena, inclusive não está previsto no Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 da companhia. Ela pode participar, se quiser. Mas precisamos abrir o mercado para que ele não fique viciado nos critérios da estatal”, frisa Alberto Machado, diretor de Petróleo, Gás, Bionergia e Petroquímica da Abimaq. Também existem aqueles que não veem o regime contratual da partilha como o grande problema, mas a questão do operador único como maior entrave ao desenvolvimento da indústria e de novas áreas de produção: “O regime de exploração atual não é, 28

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em si, o problema. Mas daqui para a frente temos que rever essa regra do operador único. A própria Petrobras representa hoje uma barreira, porque os leilões perdem competitividade e ficam sempre sujeitos à condição financeira da empresa” avalia Helder Queiroz, ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

Remando contra a maré Além do projeto de lei que prevê a mudança das regras de exploração do pré-sal, o Poder Executivo sancionou, em 10 de março, a resolução 02/2016 do CNPE que determina a adoção de quatro medidas que podem mobilizar investimentos na ordem de US$ 120 bilhões. Dentre elas estão: a prorrogação dos prazos dos contratos de concessão firmados por ocasião da Rodada Zero – desde que as empresas efetuem investimentos complementares para estimular a produção nestes campos; o início do processo de extinção pela ANP das concessões dos campos que estejam parados há mais de seis meses e que não tenham sua produção retomada nos próximos 12 meses; a prorrogação do prazo de vigência do Repetro (regime tributário especial que desonera o investimento no setor de óleo e gás); e estudos necessários do Ministério de Minas e Energia para contratação, sob o regime de partilha, das áreas unitizáveis que extrapolem os blocos concedidos. Enquanto novas medidas de regulação e estímulos à indústria de óleo e gás vêm sendo adotadas para tornar o ambiente de negócios mais atraente para os investidores, o Governo do Estado do Rio de Janeiro aprovou, em dezembro de 2015, duas leis que aumentam a tributação do setor de óleo e gás: a Lei n. 7183/2015, que dispõe sobre a incidência de ICMS na extração de petróleo e gás, e a Lei n. 7182/2015,

que institui a Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra e Exploração e Aproveitamento de Petróleo e Gás (TFPG). “As novas exações fiscais adotadas pelo estado do Rio de Janeiro estão em desacordo com as políticas públicas que estão sendo adotadas em outros países em um contexto de US$ 40 o barril (vide o Reino Unido, que eliminou a chamada Petroleum Revenue Tax em janeiro de 2016). A TFPG é de discutível constitucionalidade, pois não ao cabe ao estado do Rio de Janeiro exercer esse tipo de atividade offshore, cuja competência é exclusiva do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)”, sentencia Paulo Valois, advogado, sócio do escritório L.O. Baptista, Schmidt, Valois, Miranda, Ferreira, Agel. A Constituição Federal e a Lei Complementar 140/2011 dispõem que apenas o Governo Federal tem jurisdição sobre o mar territorial – onde as jazidas estão localizadas. Mesmo que essa tese precedente não seja aceita, a nova taxa deve ser considerada inconstitucional em razão da base de cálculo adotada. De acordo com o Código Tributário Nacional, com a jurisprudência e doutrina consolidada, as taxas ambientais devem ser equivalentes ao custo da atividade estatal a ser desenvolvida. A Lei Estadual estabeleceu o valor de R$ 2,70/barril sem mesmo detalhar a atividade de fiscalização a ser realizada. Sobre a cobrança de ICMS, Valois também alega inconstitucionalidade: “Por não haver circulação de mercadoria no processo de extração petrolífera, não haverá fato gerador desse imposto” conclui.


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eventos

UK Energy in Brazil Empresários do Reino Unido e especialistas brasileiros do setor de óleo e gás se reúnem no Rio de Janeiro.

O

setor de petróleo e gás foi tema de debates, palestras e rodadas de negócios no UK Energy in Brazil 2016, realizado no dia 8 de março, no Rio de Janeiro, pela Missão Diplomática Britânica no Brasil e pelo UK Trade and Investment (Ukti). “Não há prova maior da atratividade do Brasil para novos investimentos na área de petróleo que a aquisição da BG pela Shell”, destacou o embaixador britânico Alex Ellis na abertura do evento, que reuniu empresários do Reino Unido e especialistas brasileiros do setor de energia. “Ter acionistas globais de uma empresa com a reputação da Shell endossando uma fusão dessa natureza é um voto de confiança no Brasil, assim como um reconhecimento da qualidade dos ativos que há aqui. É também um incentivo para atrair outros investimentos estrangeiros ao país”, afirmou. O embaixador lembrou que a indústria de petróleo e gás não opera no curto prazo, tem altos e baixos, e sofre variações de custos e preços, como agora. “Justamente por isso é preciso ter sempre em vista o horizonte do médio e longo prazo”, disse Ellis. “O Brasil é um parceiro prioritário para o Reino Unido no setor de energia.

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Não estamos aqui apenas para hoje. Estamos para amanhã e depois de amanhã. Nos momentos bons e nos momentos difíceis”, assegurou. Ellis coordenou o debate de abertura do evento, que teve a participação do secretário de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, a diretora executiva da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard; o presidente da Shell, André Araújo; e o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Jorge Camargo. André Araújo reiterou a aposta de longo prazo da Shell no Brasil, lembrando que está sendo iniciada a terceira fase no Parque das Conchas, na Bacia de Campos, com investimentos da ordem de US$ 1 bilhão e previsão de oito novos poços, que deverá ampliar em até 27 mil barris por dia a produção do BC10, onde estão estes ativos da Shell. “É um resultado muito importante para a operação da Shell no Brasil.

Tivemos resultados melhores do que na segunda fase do BC-10”, afirmou. Jorge Camargo disse acreditar que as grandes empresas globais e também nacionais, atraídas principalmente pelo potencial do pré-sal, estão dispostas a investir no Brasil, mas é preciso criar condições para que esses investimentos, de fato, aconteçam. “Existe uma série de oportunidades para aumentar a atratividade do país. Elas passam por aprimoramentos nas regras de conteúdo local, a necessidade de múltiplos operadores, ajustes na cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e, principalmente, a regularidade dos leilões”, explicou. Para o executivo, com uma forte cadeia de fornecedores, o Reino Unido pode contribuir muito para os investimentos no Brasil, sobretudo no pré-sal. “Eventos como o UK Energy in Brazil são extremamente importantes, pois geram oportunidades para a troca de experiências, apresentação de casos de sucesso de operadoras e fornecedores, além de


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eventos permitir e facilitar o desenvolvimento de negócios entre empresas dos dois países”, afirmou. Magda Chambriard chamou a atenção para o fato de que há um subaproveitamento dos campos produtores de petróleo na região de pós-sal. “O que a gente precisa vai bem além do pré-sal”, afirmou, destacando que estão sendo perdidas oportunidades de geração de emprego porque as empresas estão focadas no pré-sal. Chambriard foi endossada pelo secretário de Petróleo e Gás Natural do MME, que defendeu mais investimentos em outras áreas fora do pré-sal. “O pré-sal é estratégico para o Brasil, mas, do ponto de vista regional, campos maduros são também relevantes porque geram demandas atendidas por fornecedores locais”, afirmou Marco Aurélio. Ou seja: um cenário mais do que conhecido pelos empresários do Reino Unidos, que vêm ajudando as companhias petrolíferas a reverter o declínio dos campos maduros do Mar do Norte.

Ingleses apostam no potencial brasileiro Ao todo, 18 empresas e cerca de 200 empresários do Reino Unido e do Brasil ligados ao segmento participaram do UK Energy in Brazil 2016. O encontro teve na programação workshops, reuniões individuais entre empresas do Brasil e Reino Unido e espaço para networking. Atualmente, 200 empresas britânicas do setor de óleo e gás atuam no Brasil. Nos últimos dois anos foram gerados 2 bilhões de libras (cerca de R$12 bi) em negócios com empresas britânicas no Brasil na área de petróleo e gás, com apoio da Missão Britânica. O sucesso da parceria entre o Reino Unido e o Brasil no setor de 32

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energia se deve a um envolvimento integral que vai além das conhecidas parcerias comerciais. Projetos que visam o compartilhamento de conhecimento têm ganhado cada vez mais espaço, potencializados pelo memorando de entendimento para a cooperação no setor de energia, assinado por ambos os países em 2006. O interesse acadêmico também é considerável – apenas em 2015, o Reino Unido recebeu 11 mil estudantes brasileiros pelo programa Ciência Sem Fronteiras, muitos deles ligados ao setor de óleo e gás. “O mercado não está estagnado. Embora a Petrobras tenha cortado investimentos, o desenvolvimento das reservas do pré-sal ainda é uma prioridade para o país, e o mercado vai se recuperar, eventualmente. A situação atual que o Brasil enfrenta é uma boa oportunidade para investir em eficiência e produtividade, em especial tendo em vista as exigências de conteúdo local”, comentou Clarisse Rocha, chefe para as Américas do EIC/Energy Industries Council (da sigla em inglês de Conselho Britânico de Energia) – associação que presta suporte às companhias do Reino Unido na realização de negócios internacionais, nas áreas de petróleo e gás e geração de energia. “Com consideráveis reservas offshore em águas profundas e ultraprofundas, o Brasil é um mercado-chave para as empresas subsea do Reino Unido”, conta Neil Gordon, chefe executivo do Subsea UK, entidade que representa a indústria subsea britânica, dentro e fora do Reino Unido. “Há um bom tempo o país é conhecido por oferecer uma série de oportunidades no setor de petróleo e gás”, afirmou Nicola Sartini, diretor regional do Scottish Development International (SDI) para a América Latina. Hoje, o SDI apoia cerca de 50 empresas escocesas baseadas ou fazendo negócios no Brasil com um compromisso de longo

prazo no país. “Mas acreditamos que há espaço de sobra para explorarmos juntos”, contou. Para Sartini, eventos como o UK Energy in Brazil são fundamentais para fazer contatos e ampliar a rede de relacionamentos com atores estratégicos locais. “O apoio de um excelente grupo de especialistas no mercado faz toda a diferença quando se trata de ser apresentado às empresas, fazer novas conexões e adquirir conhecimento sobre as necessidades da indústria, sobre as lacunas na cadeia de fornecedores e para entender o potencial e o ambiente de negócios no país”, explica. “Eventos como o UK Energy in Brazil possibilitam que os agentes essenciais se conheçam, ou seja, as empresas e organizações brasileiras e britânicas”, comentou Matt Woods, cônsul-geral adjunto e diretor do Ukti no Rio de Janeiro. “Nosso trabalho é ajudar todas as empresas, sem favoritismos. Tentamos cobrir todas as questões para que a empresa tenha sucesso aqui no Brasil, aconselhando sobre inteligência de mercado, organizando visitas, facilitando apresentações entre interessados e com questões com o governo, se necessário”, explicou. Para Wood, o setor de petróleo e gás sem dúvida tem atraído empresários britânicos. “Temos grandes empresas como a Shell – agora a segunda maior petroleira mundial –, e grandes empresas fornecedoras como Rolls Royce, Wood Group e Amec Foster Wheeler. Mas também existe um número significativo de empresas britânicas de pequeno e médio porte. Mesmo as empresas pequenas têm trazido tecnologias inovadoras implementadas no Mar do Norte para o offshore brasileiro. Temos mais de 200 empresas britânicas atuando nos segmentos de petróleo e gás e indústria naval no Brasil. E acreditamos que há espaço para muito mais”, concluiu Wood.


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perfil profissional

Uma questão de

postura

Atuar com a cabeça de dono do negócio – mesmo quando está na condição de empregado – tem sido um dos diferenciais na carreira do engenheiro de produção e telecomunicações Eduardo Antonio Augusto da Costa, CEO da Ouro Negro S/A, empresa de tecnologia que atua na área de energia, principalmente de óleo e gás. Essa postura o ajudou a compreender e ter uma visão mais abrangente do negócio das empresas em que trabalhou, levando-o a firmar posição na defesa dos interesses empresariais mesmo quando desagradava aos colegas de níveis hierárquicos mais altos. “Fui criado desde cedo ouvindo meus pais, comerciantes, conversando sobre os negócios, desafios, problemas, soluções. Por isso, me acostumei a pensar como um parceiro de negócios nas empresas em que atuava. Queria ver resultados tanto como os donos ou acionistas”, diz o engenheiro de 38 anos, hoje à frente da empresa criada em 2010, reunindo quatro spin-offs de laboratórios da PUC-Rio desenvolvedores de projetos de P&D com

Fotos: TN Petróleo

foco em aplicações industriais, particularmente para o setor de petróleo e gás.

por Beatriz Cardoso

De uma escola técnica a CEO da Ouro Negro S/A, é singular a trajetória profissional do carioca Eduardo Costa, lapidada por MBS no exterior, estudo das artes, projetos sociais e... mergulho. Tal junção de coisas contribuiu para moldar quem ele é hoje: acima de tudo, um empreendedor, mas que busca ter uma visão mais holística do mundo, sem perder o foco nos negócios. Filho de comerciantes portugueses e, por isso, tendo vivido por um tempo em Portugal quando ainda criança, na década de 1980, ele lembra o choque cultural que sofreu ao voltar com 11 anos para o Brasil. “Tive uma infância no paraíso, pois vivi os primeiros anos em uma quinta, na região rural de Viseu. Imagine o que isso significava na vida de um garoto: só ia para casa na hora de comer e dormir”, lembra. Quando concluiu o ensino básico, os pais decidiram que era hora de direcioná-lo para um curso profissionalizante, pois não sabiam como seria o futuro em um meio com altos e baixos como o comércio. Foi assim que Costa foi fazer o segundo grau no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ).

Engenheiro não por acaso “Fui fazer eletrotécnica por influência de seu Antonio e dona Prazeres, meus pais. Minha mãe dizia que não sabia como ia ser 34

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o futuro e se eles conseguiriam dar suporte para eu fazer faculdade... daí o curso técnico. Não sei se seria engenheiro hoje se não tivesse feito o Cefet. Poderia ser advogado ou ter outra profissão. Tinha uma paixão muito grande por biologia marinha e gostava também de artes”, confessa Eduardo. Ainda por pressão da mãe, acabou saindo da escola técnica direto para a Pontifícia Universidade Católica (PUC), em 1997, onde se formou em Engenharia de Produção e Telecomunicações (2002) e ainda fez mestrado de Engenharia de Produção (2004-2006). Nessa época, já estava trabalhando na Embratel, onde iniciou como estagiário em 2001, sendo admitido no ano seguinte, após concluir o curso, assumindo a função de gerente de produto, dando suporte principalmente às áreas de marketing e vendas da empresa. “Telecomunicações foi uma orientação do mercado; parecia que ia ‘bombar ’ naquela época. Foi um momento importante de transição de uma formação técnica para a área de negócios”, afirma. Na PUC, no entanto, Costa havia tomado gosto por outros itens. Inquieto e curioso, ele fez iniciação cientifica em física, na área de nanotecnologia, quando esta sequer tinha a definição atual. “Depois fui ser monitor de uma cadeira de instrumentação eletrônica. Achei que ia ser monitor de física 3, 4, mas me colocaram no Departamento de Engenharia Mecânica (DEM)”, diz Costa.

Gavea Sensors Foi no DEM que ele acabou conhecendo dois professores que iriam mudar sua vida: o físico Luiz Carlos Guedes Valente, então professor visitante, e o engenheiro mecânico Arthur Martins Barbosa Braga, titular do departamento. Eles criaram o Laboratório de Sensores

Estado civil: Casado com Bianca, desde 2008. Filhos: Miguel, 5 anos. Leitura: Gosto de ler tudo. Agora estou lendo Hereges, do cubano Leonardo Padura... muito legal, porque envolve arte. Gosto também de romance, filosofia etc. O que gosta de fazer nas horas de folga? Viajar é tudo de bom. Mas também gosto de ouvir música, tomar uma cerveja com amigos (sou sócio de uma cervejaria, a Green Lab). E adoro ficar sem fazer nada. A ociosidade é importante, pois é muito produtiva. Hobby: Mergulho e arte. Objetivo maior profissional e pessoal: Criar impacto. Um conselho para toda vida: Nunca abra mão das opções de escolha.

a Fibra Óptica (LSFO), mais tarde participante ativo de projetos financiados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Petrobras. “Tivemos uma sinergia muito boa”, conta Eduardo Costa. “Mas eu queria ir para o mercado”, pontua. Ficou pouco mais de dois anos na Embratel, quando foi chamado pelos dois professores. “Eu havia dito a eles que se o projeto que eles estavam desenvolvendo, na área de sensores de fibra óptica para uso em poços, virasse uma empresa, eu queria participar”, explica. Foi assim, em março de 2003, que ele ‘colocou o pé’ no setor de petróleo e gás, ao ingressar na Gavea Sensors Sistemas de Medição Ltda., um spin-off do LSFO, que

teve projetos de PD&I apoiados pela Finep e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e foi pioneira no desenvolvimento e comercialização de sensores a fibra óptica no Brasil. “Eu disse que preferia ficar na área comercial, de negócios, pois queria me envolver com tudo”, salienta. Segundo ele, logo viram a oportunidade de trabalhar também com outros setores, como a indústria aeroespacial – desenvolveram projeto com a Embraer – e construção civil – instalando sensores em barragens, pontes, etc. “Foi uma grande aprendizagem”, avalia, lembrando que depois de dois anos como incubada na PUC-Rio, a Gavea Sensors decidiu se emancipar, instalando-se em São Cristóvão. Com toda a estrutura da fábrica montada, tornou-se necessário levantar capital para seguir adiante. Foi nesse processo que acabou por ser incorporada, em 2008, pela Lupatech.

Choque de cultura De acordo com o engenheiro, a mudança foi gigantesca, tanto quanto à cultura como ao relacionamento profissional. “Tenho uma forma de ser, uma postura, difícil de mudar, em qualquer empresa onde eu vá trabalhar: minha visão é sempre a de dono. Olho sempre para a empresa buscando aquilo que vai fazer com que ela dê certo, avançar. Isso gera apoio, mas também muito conflito”, reconhece. Essa postura se deve à experiência de vida de Eduardo, que sempre via seus pais discutindo o rumo dos negócios em casa, as questões financeiras, a visão dos empregados, a logística, as expectativas futuras. “Isso está na minha formação como pessoa”, frisa, complementando: “Na Gavea Sensors, havia o Braga e o Guedes como mentores. Na Lupatech, que na época incorporou também outras empresas, havia ouTN Petróleo 105

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perfil profissional

tras pessoas com posição de chefia. E diferentes culturas reunidas em uma só organização.” Para o engenheiro, a complexidade de fazer a integração em um processo de crescimento por aquisição e não apenas orgânico foi o grande aprendizado. “Mais tarde, ao fazer um MBA, descobri que, para mais de 50% dos executivos, entrevistados em uma pesquisa, a integração cultural está no cerne do sucesso das fusões e aquisições. Cerca de 25% deles disseram que negligenciar a integração cultural representa a principal razão do fracasso”, revela.

Uma guinada de 180 graus Foi no período em que estava na Lupatech que Eduardo deu vazão a outra paixão: mergulhou no mundo das artes, dando os primeiros passos como colecionador. “Isso mudou certamente a minha forma de pensar e mesmo a minha pessoa. Chegou um momento em que eu precisava de algo menos estruturado, menos cartesiano, para poder olhar o mundo de forma mais orgânica, não tão compartimentada, mais interdependente. “A arte teve um papel importante no que eu sou hoje, na minha maneira de pensar e agir”, exulta. Isto certamente pode tê-lo influenciado na decisão de sair da Lupatech, em maio de 2011, para trabalhar com um amigo que havia feito um MBA nos Estados Unidos e estava montando um novo negócio na área de tecnologia. “Fiquei somente quatro meses, pois, depois de conversas com este amigo, senti vontade de fazer uma reciclagem”, conta. Foi assim que em setembro de 2012 ele embarcou com a mulher, Bianca, para Barcelona, na Espanha, para fazer um MBA na Escola Superior de Administração e Direção de Empresas (Esade)/ Business School Barcelona. “Es36

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colhi o Esade por ter um foco maior no empreendedorismo e também por ter um MBA multicultural – havia pessoas de nada menos que 51 nacionalidades no meu MBA”, exclama. Lá, junto com amigos-sócios – uma catalã, um belga e um marfinense (da Costa do Marfim) –, começou a desenvolver trabalhos, inclusive para clientes no Brasil, e até na área social. “Começamos com uma consultoria para um Instituto Ozires Pontes, no Ceará, que tinha um projeto de revitalização da comunidade com foco em crianças e adolescentes. “Desenvolvemos com eles um projeto para tornar esse instituto sustentável, que existe até hoje: o Juá Experience, voltado para o desenvolvimento de lideranças comunitárias.

De volta pra casa Costa já estava há mais de dois anos em Barcelona quando, mais uma vez, os antigos mento-

res surgem em cena para dar nova guinada em sua vida. Eles o convidam para ser diretor executivo da empresa criada em 2010, reunindo quatro spin-off da área de tecnologia, com foco no mercado de óleo e gás. “O mundo realmente dá voltas. A Ouro Negro é como a continuidade de uma experiência anterior. Até o bairro onde está instalada é o mesmo, assim como as pessoas, a cultura”, diz o engenheiro que voltou para o Brasil em janeiro de 2015. No mesmo mês assumia posição na empresa, na qual cuida da parte operacional e de negócios, enquanto os sócios-fundadores e antigos mentores, Braga e Guedes, atuam mais na orientação tecnológica, na parte estratégica. No primeiro momento, ele afirma que o mais importante foi olhar de dentro para fora. “No início, fizemos uma introjeção, olhando para dentro da empresa e vendo o que ela precisava para avançar e se consolidar. Alinhamos a visão, resgatamos e fortalecemos valores, redesenhamos a estrutura e os processos e fortalecemos a governança corporativa”, afirma o CEO. Somente no final de 2015 é que a direção começaria a olhar para fora, do ponto de vista comercial, tanto em relação ao Brasil como a internacionalização da empresa. “Ela não nasceu para ser uma empresa local e sim global. Esse é o fundamento de uma empresa de tecnologia e está reiterado na nossa visão e missão, assim como no planejamento estratégico”, frisa Eduardo Costa.

Valores coletivos Ele revela que um dos trabalhos mais importantes realizados no primeiro ano na Ouro Negro foi justamente a revisão do planejamento estratégico, de sua missão


Uma questão de postura

e visão, dos seus valores, usando o Balanced Scorecard (BSC) e com a participação de todos para construir uma cultura organizacional. “A cultura é o conjunto de modos de pensar, sentir e agir, que são compartilhados por uma organização, proporcionam um senso de identidade, e tornam possível a sustentabilidade, dando sentido à atuação de seus colaboradores. Os valores são as concepções centrais de uma cultura e são determinantes, por sua vez, na direção de escolha e, consequentemente, do compromisso com a ação, tendo em vista as necessidades de curto prazo e os objetivos de médio e longo prazo. Daí a importância de alinharmos isso de forma coletiva”, preconiza o CEO. E mais, segundo ele, este é um dos aspectos que devem ser observados pelas empresas,

principalmente em cenários críticos mundiais, como o atual. “Na crise, muitas organizações deixam de lado seus valores, em função das necessidades que precisam ser atendidas no curto prazo. O que pode resultar na falta de perspectiva de futuro da empresa”, avalia. É com esse olhar, voltado para o futuro sem perder de vista o passado, destacando sempre o que foi aprendido e os valores da empresa, que Eduardo Costa investe e aposta tudo no crescimento da Ouro Negro. “O risco e o retorno caminham lado a lado. Olhando o que está acontecendo no mercado, acredito que a Ouro Negro vive um momento muito especial”, analisa o CEO. Ele opina não haver segredo, ou receita de sucesso. O objetivo sempre é crescer de forma lucrativa. “O negócio não pode

ser conduzido apenas com uma visão romântica, nem tampouco de forma apenas pragmática. Meu amigo, o artista plástico Carlos Vergara, fala que temos dois olhos: um é pragmático, para nos alertar do perigo e permitir nossa sobrevivência, o outro é bobo, para ver a poesia. Um deve ser para aferir o bottom line, as perspectivas; o outro, para ver as oportunidades!”, afirma. Eduardo Costa observa que cada empresa monta sua estratégia e busca se diferenciar: “Elas sobrevivem porque oferecem algo diferenciado. Mas há algo que é transversal a todas as empresas: a credibilidade. E isso está associado aos valores e se reflete tanto na confiabilidade dos produtos quanto na credibilidade da condução dos negócios”, pontifica. “A prioridade deve estar na conduta”, conclui.

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Ano 5 • nº 44 • abril de 2016 • www.tnsustentavel.com.br

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem Editorial

Meio ambiente e energia, uma preocupação constante Fabricio Soler, um dos autores do livro Direito ambiental e sustentabilidade, mestre em Direito Ambiental e consultor do Banco Mundial, conversou com o Caderno de Sustentabilidade sobre as leis que regulam os processos de instalação e operação de empresas geradoras de energia, e também sobre gestão de resíduos sólidos, assunto presente em várias outras publicações das quais participa como coautor. No capítulo intitulado “Direito ambiental e energia” do referido livro, ele apresenta, de forma objetiva, uma síntese das principais matérias e/ou temas que perpassam os procedimentos de licenciamento ambiental de empreendimentos do setor elétrico. Soler nos concede uma breve entrevista. Vale uma boa leitura! O Caderno traz ainda matéria sobre a primeira usina solar flutuante que será construída no reservatório da Eletronorte de Balbina, no Amazonas. O empreendimento terá a capacidade de geração 5 MW e envolve as empresas Sunlution e WEG, e aproveita a infraestrutura existente nas instalações hidrelétricas para produzir energia com geração solar. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulga que, atualmente, 34 países precisam de assistência externa para suprir as necessidades alimentares de suas populações. A produção agrícola desses países – incluindo 27 nações africanas – foi severamente afetada por secas, enchentes ou conflitos civis. A agência da ONU também alerta para a situação da Coreia do Norte, onde uma produção menor afetará a segurança alimentar de famílias que já mantinham níveis extremamente reduzidos de consumo. Na maior parte da Ásia, estima-se que as safras de trigo e outros grãos serão volumosas. Boa leitura! Lia Medeiros, diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo liamedeiros@tnpetroleo.com.br

Sumário

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Direito ambiental e sustentabilidade no setor de energia

Brasil ganha primeira usina solar flutuante em reservatórios de hidrelétricas do mundo

34 países precisam de ajuda externa para alimentar suas populações

Entrevista com Fabricio Soler

Energia solar

FAO

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suplemento especial

Direito ambiental e sustentabilidade

no setor de energia Um dos autores do livro Direito ambiental e sustentabilidade, lançado recentemente pela Editora Manole, o mestre em Direito Ambiental e consultor do Banco Mundial, Fabricio Soler, assina um capítulo em que fala sobre direto ambiental e energia. O tema hoje está presente na mesa de debates de diferentes setores da indústria de energia no país, e envolve, principalmente, as questões ligadas ao licenciamento ambiental. Sócio responsável pelo Departamento de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Felsberg Advogados, Soler é especialista em Gestão Ambiental e Negócios do Setor Energético pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP e possui MBA Executivo em Infraestrutura pela FGV.

Com vasta experiência em licenciamento ambiental de empreendimentos complexos do setor elétrico, Fabricio Soler também é presidente da Comissão de Direito da Energia da Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo. O especialista conversou com o Caderno de Sustentabilidade sobre as leis que regulam os processos de instalação e operação de empresas geradoras de energia, e também sobre gestão de resíduos sólidos, assunto presente em vários livros que participa como coautor. Confira a entrevista: Caderno de Sustentabilidade – No livro Direito ambiental e sustentabilidade, lançado no início de março, você assina um capítulo intitulado Direito ambiental e energia. Quais os principais tópicos ressaltados? Fabricio Soler – O capítulo apresenta, de forma objetiva, uma síntese 40

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por Mehane Albuquerque Ribeiro

das principais matérias e/ou temas que perpassam os procedimentos de licenciamento ambiental de empreendimentos do setor elétrico, como por exemplo: Avaliação Ambiental Integrada, Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima), Audiência Pública, Mudanças Climáticas, Recursos Hídricos, Segurança de Barragens, Área de Preservação Permanente, Unidade de Conservação, Compensação Ambiental, Flora, Fauna, Saúde Pública, Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Arqueológico, Cadastro Socioeconômico, Comunidades Tradicionais, Quilombolas, Questões Indígenas, dentre outros. O texto faz alusão ao termo de referência emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e os Recursos Naturais Renováveis para elaboração de EIA/Rima, que, em geral, requer a apresentação de coletânea dos instrumentos legais e

normativos aplicáveis a essa tipologia de empreendimento, em âmbitos federal, estadual e municipal, bem como a correspondente análise das implicações jurídico-ambientais. O que falta nas leis brasileiras de licenciamento ambiental para que grandes empreendimentos do setor de energia consigam aliar seus objetivos de lucro e de atendimento às demandas do país por mais geração energética; contemplando a preservação do meio ambiente, e sem causar danos à vida das pessoas? Temos o exemplo das hidrelétricas na Amazônia e dos impactos que estão provocando no sistema hidrológico da região e aos povos da floresta, os quais provavelmente não estavam descritos em seus EIA/Rimas. Isso, sem falar no descumprimento de várias condicionantes, com aplicações de multas


Foto: Divulgação

a Portaria DNPM n. 526/2013 que estabelece a periodicidade de atualização e revisão, a qualificação do responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração etc.

ao longo das obras. Como isso poderia ter sido evitado? Em que pese o Brasil já dispor de robusto arcabouço jurídico voltado para a proteção do meio ambiente, talvez se faça necessário editar norma destinada a regular impactos socioambientais, visando, especialmente, correlacionar as contrapartidas exigidas dos empreendedores aos efetivos impactos negativos das atividades. Essa medida teria por finalidade minimizar os reflexos do caráter paternalista dos procedimentos de licenciamento ambiental que, nos dias atuais, se prestam a tábuas de salvação para vários anos, senão décadas de omissão do poder público para com os sistemas de saúde, saneamento, educação, segurança, dentre outras áreas prioritárias de qualquer gestão pública. Em síntese, os licenciamentos foram se tornando ao longo dos anos o fio condutor da ausência de política públicas em especial pela incapacidade de o poder público (federal, estadual e municipal) executar sua parte e assim sobrecarregar o empreendedor. Tivemos recentemente a tragédia de Mariana, fato emblemático considerado o pior acidente ambiental no Brasil. Depois

de Mariana e suas consequências, as regras de licenciamento para atividades que geram grandes quantidades de rejeitos, como é o caso da mineração, na sua opinião, precisariam ser revistas? O que deveria ser levado em conta em termos legais para evitar tragédias como essa? Particularmente, entendo dispensável a publicação de novas normas em decorrência de Mariana. A revisão de algumas, talvez. Mas o que deve ocorrer é o aperfeiçoamento e reforço do enforcement, da fiscalização, do efetivo em campo, da infraestrutura disponível para órgãos competentes aplicarem a legislação ambiental vigente. O Brasil dispõe de uma Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei Federal n. 12.334/2010) e de outras tantas normas regulamentares, a exemplo da Portaria DNPM n. 416/2012 que cria o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração e dispõe sobre o Plano de Segurança, Revisão Periódica de Segurança e Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração; a Resolução CNRH n. 143/2012, que estabelece critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo volume do reservatório;

Com o surgimento cada vez intenso de usinas solares e parques eólicos no país, houve um aumento também de pedidos de licenciamento ambiental para estes novos empreendimentos. O que os órgãos licenciadores exigem dessas empresas? Há alguma exigência específica? Com várias empresas estrangeiras se instalando no país, o que elas devem fazer para se adequar às regulações e normas brasileiras? Considerando que os empreendimentos de energia eólica se apresentam como de baixo potencial poluidor e têm um papel imprescindível na contribuição para uma matriz energética nacional mais limpa, bem como a necessidade de consolidar uma economia de baixo consumo de carbono na geração de energia elétrica, em linha com a Política Nacional sobre Mudança do Clima, o Conama, por meio da Resolução n. 462/2014, estabeleceu critérios e procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica a partir de fonte eólica. Essa Resolução traz o conteúdo mínimo para a elaboração de Relatório Simplificado de Licenciamento e para termo de referência para Estudos de Impactos Ambientais (EIA), que integram os procedimentos ordinários para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica proveniente de fonte eólica enquadrados como de significativo potencial de impacto ambiental. Quanto às usinas solares, notamos que a regulamentação se dá, por ora, apenas em âmbito estadual, a exemplo da Deliberação Normativa n. 202, de 03/06/2015, do Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais, que trata da elaboração de estudos ambientais visando o licenciamento ambiental de Usinas Solares Fotovoltaicas. TN Petróleo 105

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suplemento especial

As empresas de geração de energia estão mais conscientes quanto a adoção de medidas preventivas para os riscos jurídico-ambientais? Quais setores da indústria geradora de energia estão mais sujeitas esses riscos e por quê? Em sua opinião, quais as vantagens das empresas que consideram e mitigam esses riscos? O que elas precisam fazer nesse sentido? Certamente, o setor de energia está muito engajado na adoção de medidas acautelatórias de riscos jurídico-ambientais, especialmente aquelas empresas dos segmentos hidro e termelétrico. Questões envolvendo o Novo Código Florestal, gestão de reservatórios, controle de emissões atmosféricas, patrimônio histórico, dentre outras, já estão bem assimiladas pelo setor, resultando em menor exposição ao risco de penalidades administrativas (multa, suspensão de atividade etc.), ações civis públicas e processos criminais de caráter ambiental. Isso é possível com equipes técnicas de meio ambiente devidamente estruturadas e especializadas em gestão e energia, além de uma atuação estreita entre profissionais técnicos e da área jurídica, permitindo intercâmbio permanente de informações voltadas para a melhoria contínua de performances. O Brasil possui um arcabouço legal que dê conta dos problemas ambientais que possui? O que poderia ser melhorado em nossas leis? Positivo. O Brasil dispõe de consistente arcabouço legal destinado a proteção do ambiente. Por outro lado, precisamos melhorar a infraestrutura de controle e fiscalização, com mais profissionais, equipamentos de ponta, veículos adaptados, sistemas digitais etc. Com as mudanças climáticas em curso, provocando ciclos de seca mais intensos, cheias, tempestades, perdas na agricultura, as leis ambientais precisarão ser revistas? Os riscos jurídico-ambientais aumentam? A revisão das normas ambientais deve ocorrer de forma permanente, pois os riscos jurídico-ambientais podem se alterar 42

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O Brasil dispõe de consistente arcabouço legal destinado À proteção do ambiente. Por outro lado, precisamos melhorar a infraestrutura de controle e fiscalização, com mais profissionais, equipamentos de ponta, veículos adaptados, sistemas digitais etc.

conforme o momento, bastando lembrar que o ano passado foi marcado pela intricada questão da escassez de recursos hídricos. Você é coautor de quatro livros sobre resíduos sólidos. Depois da Lei 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a destinação adequada ainda é menor do que o esperado. O que pode melhorar? Infelizmente, melhoramos pouco desde a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010. O Brasil ainda carece de dezenas de aterros sanitários ambientalmente licenciados, de instalação de unidades de tratamento térmico e recuperação de energia, do fortalecimento e valorização da indústria recicladora e, sem dúvida, da eliminação dos nefastos lixões com a consequente recuperação ambiental dessas áreas. Desde sua criação, em 2010, quais os avanços trazidos pela PNRS ao Brasil? O que não deu certo e por quê?

Os principais avanços podem ser traduzidos pela elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos elaborados pela União, estados e municípios, implementação e operacionalização de sistemas de logística reversa por intermédio de Acordos Setoriais, bem como pelo envolvimento das cooperativas de catadores de materiais recicláveis na gestão pública e privada. A frustação em torno da PNRS consiste na persistência dos lixões, o que é inconcebível! Enfrentamos dificuldades de toda ordem na Política Nacional de Resíduos Sólidos, a exemplo da insuficiência de recursos junto às Prefeituras, a ausência de cobranças pelos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos (taxa do lixo ou taxa de saneamento), a dificuldade em se estabelecer programas de regionalização, consórcio e compartilhamento na gestão, deficiência do sistema de educação e conscientização ambiental, inexistência de incentivos tributários e benefícios fiscais para a cadeia da reciclagem, entre tantos outros obstáculos. A geração de energia a partir do lixo (com a criação de usinas para este fim), e o incentivo ao crescimento do setor de reciclagem podem melhorar esse quadro? Temos que avançar nesse ponto, inobstante posicionamentos contrários, por vezes ideológicos, pois o uso de tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos é previsto expressamente na Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas ainda carece de disciplina específica mediante ato conjunto dos Ministérios do Meio Ambiente, de Minas e Energia e das Cidades. O estado de São Paulo, por sua vez, já conta com a Resolução SMA n. 79/2009 estabelecendo condições operacionais, limites de emissão, critérios de controle e monitoramento para disciplinar o processo de licenciamento do aproveitamento energético dos processos de tratamento térmico de resíduos sólidos, em Usina de Recuperação de Energia (URE), para atender o critério de melhor


Empresas, governos e sociedade no Brasil estão mais conscientes em relação à produção, destinação correta, reciclagem e reaproveitamento de resíduos? Poderia classificar como razoável a conscientização desses agentes para com a PNRS. Ainda temos um longo percurso pela frente, mas a largada já foi dada! Temos que trabalhar na incorporação fática e não apenas teórica dos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, levando a cabo, por exemplo: a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos; a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; e o respeito às diversidades locais e regionais. Quais empresas no Brasil você considera destaque em termos de responsabilidade na produção, destinação e reaproveitamento de seus resíduos? Gostaria de compartilhar a satisfação de estar envolvido em dezenas de projetos inovadores relacionados à Política Nacional de Resíduos Sólidos, projetos esses desenvolvidos por empresas de pequeno, médio e grande porte e startups, e que envolvem: plataforma digital de comercialização de resíduos; instalação de operação de pontos de entrega voluntários (pontos limpos); consultoria

em desenvolvimento de novos materiais e produtos com reciclados; aplicativos destinados a melhorar o gerenciamento; soluções ambientais para sistemas de logística reversa; suporte à capacitação e melhoria de produtividade de cooperativas; programas de responsabilidade pós-consumo; consultoria em planos de gerenciamento de resíduos sólidos. É possível mudar a mentalidade destes atores (empresas, governos e sociedade) para que assumam a responsabilidade compartilhada que está prevista na Lei 12.305/10? Com certeza é possível mudar a mentalidade, contudo, não somente pela via do comando e controle, ou seja, mediante fiscalização e autuação com aplicação de penalidade, mas sim por meio da instituição de incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, bem como medidas indutoras e linhas de financiamento voltadas à prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo produtivo; desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de vida; estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa; desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis aos resíduos sólidos; e desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos. A questão do lixo é, antes de mais nada, um problema que depende de ações locais. Municípios e estados brasileiros estão gerenciando seus resíduos a contento e exigindo de empresas que elaborem igualmente seus respectivos planos de gerenciamento de resíduos? Como o PNRS vem sendo executado na prática? Empresas que geram resíduos industriais, da construção civil, de mineração, de transporte, dentre outros, têm obrigação, pela PNRS, de elaborar seu respectivo Plano de Gerenciamento de

Foto: FreeImages.com

tecnologia prática disponível, de modo a minimizar os impactos deletérios à saúde pública e ao meio ambiente.

Resíduos Sólidos (PGRS). Notamos que alguns estados têm exigido a apresentação do PGRS no processo de renovação e/ou emissão da licença ambiental de operação, o que poderá impulsionar a elaboração dessa importante ferramenta que descreve o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. O que você diria a um jovem advogado interessado em se especializar em direito ambiental? É uma carreira em ascensão no Brasil? Vá em frente e não se limite a graduação em Direito, procure por palestras, cursos de extensão, especialização, mestrado e doutorado em Direito Ambiental. Inclusive, atualmente, noto uma segmentação dentro da área de meio ambiente e por consequência advogados com profundo conhecimento em nichos como energia, biodiversidade, contencioso, resíduos sólidos, áreas contaminadas, fauna, flora, infraestrutura, mudanças climáticas, recursos hídricos, penal ambiental, entre outros. Sendo assim, é sem dúvida uma carreira promissora! TN Petróleo 105

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Fotos: Divulgação

suplemento especial

Brasil ganha primeira usina solar flutuante em reservatórios de hidrelétricas do mundo Projeto será construído no reservatório da Eletronorte de Balbina, no Amazonas, e deve gerar energia ainda em 2016. A brasileira Sunlution, em parceria com a Weg, vai instalar planta de 5 megawatts para geração fotovoltaica sobre flutuadores.

O

ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, lançou no dia 4 de março a primeira usina solar flutuante do mundo em um reservatório de hidrelétrica no Brasil. O empreendimento terá capacidade de geração de 5 megawatts (MW) e será construído pela Sunlution, empresa brasileira de geração solar e híbrida e geração em usinas solares de médio e grande porte, em parceria com a fabricante de equipamentos WEG, no reservatório da Eletronorte de Balbina, no Amazonas. Trata-se do programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Eletronorte para captação de projeto de geração complementar de energia solar de 5 megawatts (MW). O escopo do projeto inclui o fornecimento pela Sunlution de flutuadores com placas fotovoltaicas para o reservatório de Balbina e estudos da otimização da operação de duas fontes de energia (hidrelétrica e solar) utilizando a mesma infraestrutura. Os participantes do projeto foram definidos em chamada pública, a que resultou na escolha do grupo formado pela Universidade

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Da esquerda para direita: o presidente da Eletronorte, Tito Cardoso de Oliveira Neto; o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto; o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga e o diretor da Sunlution, Orestes Gonçalves.

Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe), Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Ufpe (Fade) e Fundação de Apoio Rio Solimões (Unisol), além das empresas WEG e Sunlution. A construção da usina tem um período total de 36 meses e está dividida em duas etapas: a instalação de 1 MW ainda em 2016 e os 4 MW no restante do período estimado. O contrato foi assinado pela Sunlution no dia 15/12/2015 durante lançamento do Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) do Ministério das Minas e Energia (MME). Para participar do projeto, a Sunlution se uniu à Ciel et Terre International, fabricante francesa dos

flutuadores solares, e criou a joint venture Ciel et Terre Brasil. A proposta, segundo o diretor da Sunlution, Orestes Gonçalves, é participar dos leilões anunciados de geração solar. “A ideia é aproveitar a infraestrutura existentes nas instalações hidrelétricas para produzir energia com geração solar ” ressalta ele. “Como a estrutura está toda pronta, não há necessidade de se investir em transmissão ou em subestação, como acontece em muitos projetos eólicos, por exemplo”, conclui. Estudos feitos pelo governo indicam que há o potencial de mais de 15 mil MW nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras no curto prazo. A Ciel et Terre Brasil deve inaugurar sua operação fabril no país para produção local dos flutuadores.


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Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) informou que, atualmente, 34 países precisam de assistência externa para suprir as necessidades alimentares de suas populações. A produção agrícola desses países – incluindo 27 nações africanas – foi severamente afetada por secas, enchentes ou conflitos civis. Segundo o relatório da agência da ONU, divulgado no dia 9 de março, estiagens associadas ao El Niño terão impacto negativo nas safras de 2016 em países do sul da África, mas também de outras partes do continente, como é o caso da Etiópia. Entre as nações que precisam de apoio internacional estão Djibuti, Chade, República do Congo, Malauí, Mali, Níger, Mauritânia, Burkina Faso, Lessoto, Madagascar, entre outras. A expectativa é de que períodos de aridez, não necessariamente associados ao El Niño, também afetem o Marrocos e a Argélia. A FAO destacou que conflitos persistentes no Iraque, na Síria, no Iêmen, no Afeganistão, na Somália e na República Centro-Africana (RCA) estão prejudicando o setor agrícola e agravando as crises humanitárias já existentes nesses territórios. Na maioria dos casos, confrontos acabam tendo desdobramentos para nações vizinhas, como Camarões e República Democrática do Congo, que recebem refugiados da RCA. A agência da ONU também alertou para a situação da Coreia do Norte, onde uma produção menor afetará a segurança alimentar

Foto: Giulio Napolitano/FAO

FAO: 34 países precisam de ajuda externa para alimentar suas populações

de famílias que já mantinham níveis extremamente reduzidos de consumo. Na maior parte da Ásia, estima-se que as safras de trigo e outros grãos serão volumosas. As mulheres são as mais afetadas pela escassez de alimentos em todo o mundo – “As mulheres somam 70% das pessoas que passam fome no mundo e são desproporcionalmente afetadas pela má nutrição, embora sejam responsáveis por mais da metade da produção global de comida”, constatou a relatora especial da ONU sobre o direito à alimentação, Hilal Elver. A especialista independente apresentou sua avaliação ao Conselho de Direitos Humanos na véspera do alerta emitido pela FAO, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Segundo Elver, a discriminação de gênero atinge as mulheres em muitos níveis, colocando obstáculos a seu acesso a alimentos ao longo de toda a vida. Em países onde a mulher possui um status social “inferior ” ao do homem, é comum que elas recebam

menos comida durante as refeições, apontou a relatora. A segregação baseada em gênero com frequência vem acompanhada de outras formas de discriminação, envolvendo etnias, religiões, diferenças entre classes sociais e castas. Hoje, as mulheres envolvidas na produção de alimentos enfrentam dificuldades para manter a renda de suas famílias devido à crescente competição com produtos agrícolas importados, aos preços reduzidos e à desvalorização das commodities no mercado internacional. Elver recomendou a implementação de políticas sensíveis às questões de gênero por parte dos governos. Para a especialista, é necessário garantir os direitos à terra e reforçar o acesso de mulheres e meninas à educação e à proteção social, além de garantir a participação delas em processos decisórios. TN Petróleo 105

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suplemento especial

Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade

Líderes: a força do exemplo Há tempos penso em escrever sobre a arte de amar, no ambiente profissional, e na sua correlação com a capacidade de um líder verdadeiro inspirar pelo exemplo edificante. Creio que neste momento de questionamentos sobre a situação brasileira tal texto possa ser útil. Faço uso da palavra de diversos mestres do conhecimento para, em seguida, elaborar uma síntese do que entendo por amor aplicado ao universo profissional e à liderança. É importante visitarmos as palavras dos expoentes nas diversas áreas do pensamento humano para mantermos uma perspectiva transdisciplinar e fugirmos da unilateralidade que dogmatiza e discrimina.

Wanderlei Passarella é mestre em Administração de Empresas e bacharel em Economia pela FEA-USP, e também engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP; pós-graduado na Abordagem Transdisciplinar Holística, pela Unipaz/ FSJT. Atualmente dirige a Synchron Participações e é coach de executivos. Foi diretor-presidente da GPC Química S/A e da Petroflex S/A. Também foi diretor-geral da Menasha Materials Handling South America e exerceu cargos gerenciais na Nitroquímica (Grupo Votorantim) e Ipiranga Química.

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P

ara alguns filósofos, amor é uma panaceia para a humanidade e o caminho para a verdadeira libertação: “Uma palavra nos liberta de todo o peso e da dor da vida: essa palavra é amor” – Sófocles; “Há apenas um remédio para o amor, que é amar mais” – Henry David Thoreau. Para renomados cientistas, como Einstein e Leibniz, o amor é um vetor para o outro e para o mundo: “Amor é encontrar a própria felicidade na felicidade alheia” – Wilhelm Leibniz; “Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembre-se. Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele você conquistará o mundo” – Albert Einstein. Já para determinados psicanalistas, o amor é um sentimento íntimo e uma energia de transformação humana: “O amor é a única resposta sã e satisfatória ao problema da existência humana” – Erich Fromm; "O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas; se houver alguma reação, ambas serão transformadas” – Carl Jung. Artistas de renome, como Carlos Drummond de Andrade e Myrtes Mathias, retratam o amor como síntese, maturidade e sabedoria: “Amor, amor é síntese, uma integração de dados: não há o que tirar nem pôr” – Myrtes Mathias; “Amor é o que se aprende no limite, depois de arquivar toda a ciência herdada, ouvida. Amor começa tarde” – Carlos Drummond. Os mestres do espírito, estes são muito profundos, especialmente em se tratando de amor. Para eles, o amor é a força primordial que tudo constrói no mundo. “Jamais, em todo o mundo, o ódio acabou com o ódio; o que acaba com o ódio é o amor” – Buda. “Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo; aqui está toda a Lei e os Profetas” – Cristo. O que se conclui como síntese desse passeio pelas visões desses homens brilhantes? Conclui-se que amor é energia criativa, energia de construção. Um sentimento de querer bem a si, ao outro e ao todo. Amor é força de transformação rumo ao que houver de melhor em nosso entendimento. E nessa compreensão talvez esteja a chave da liderança verdadeira e autêntica. A tese em relevo aqui é que os líderes, que realmente fazem a diferença, são pessoas capazes de amar em profundidade e, com isso, constroem e transformam os seus empreendimentos, alinhando as almas em prol do bem comum. Partindo dessa tese, se encontram diversos corolários, ou consequências construtivas, que descrevem o que esses líderes conseguem com a força do amor. Sobre cinco deles aponto a seguir: 1. Líderes não mandam: Pela força de sua autoridade, pela confiança que inspiram e pela competência que demonstram, eles são naturalmente seguidos; não precisam impor ou mandar. A capacidade de demonstrar apreço verdadeiro, e amar seu trabalho, desperta o que os outros têm de melhor para a construção do que for necessário. Em nossas vidas profissionais temos observado diversos chefes que precisam mandar e centralizar neles as decisões, seguir a cartilha restritiva do comando e controle; no fundo eles têm medo de perder mais do que o amor por


construir. Estão onde estão pelas circunstâncias. Eles nunca fizeram ou fazem a diferença! 2. Liderança é um fenômeno conjunto: Em complemento ao que foi descrito no primeiro corolário, o que se observa é que líderes verdadeiros ajudam a desenvolver uma atmosfera em que a liderança é um fenômeno de equipe. Amam a atmosfera de colaboração sincera e de criação conjunta (capacidade de amar em profundidade). Então, decisões importantes são tomadas em consenso, a competência de cada membro é levada em consideração e o todo se transforma em algo maior que a soma das partes. Em nossas aulas sobre liderança observamos profissionais que começaram as aulas descrentes em si mesmos, pensando nos líderes como pessoas carrancudas e autoritárias. Mas, quando descobriram que liderança é fenômeno conjunto, realizaram seus potenciais de líderes com certa facilidade até. Não é preciso ser o que não se é! 3. Líderes desenvolvem líderes: como liderança é algo ligado a questões de sentimentos nobres, sobre a capacidade de amar a si próprio em primeira instância (e se autoliderar pela vida) e sobre a capacidade de amar ao próximo, os líderes verdadeiros se autodesenvolvem e atuam concretamente na direção do desenvolvimento pleno daqueles que o circundam. Aqui começa o exemplo a ser um potente instrumento de catálise. Os que veem essa postura altruísta de firme convicção pela evolução constante do caráter (e da ética) desse líder se sentem envolvidos e comprometidos a procurar fazer o mesmo. O resultado é que sua presença construtiva e o seu exemplo de postura geram um ciclo virtuoso. 4. Onde há líderes há grandes resultados: Algumas pessoas ainda confundem essa capacidade de amar do líder (verdadeiro e integral) com uma atuação paternalista (de dar tapas nas costas e proteger seu pessoal a qualquer custo) e com uma postura relaxada (deixar tudo acontecer de forma frouxa). Esse é o maior engano. Líderes que amam são determinados e procuram ser justos. Os resultados estão em sua mira constantemente, mas o perseguem de forma consequente e ponderada. Não existe um líder verdadeiro sem grandes resultados alcançados, exatamente por serem capazes de amar de forma firme e obstinada. Amam realizar, e esse é o legado concreto que procuram deixar. 5. Líderes são exemplos: finalmente, aqui é o ponto de chegada. Por tudo isso que foi relatado acima, os líderes são exemplos a seguir. E é isso que faz com que outros o sigam de bom grado. Porque percebem que sua energia de amor é realizadora e

que se o observarem e aprenderem com ele, irão se transformar construtivamente. Sentem que ao seu lado são capazes de produzir mudanças positivas e duradouras. E sabem que isso acontecerá de forma equilibrada e justa, pois se algo der errado não haverá um culpado, um bode expiatório. Por outro lado, se tudo ocorrer bem, o mérito e os ganhos serão de todos. Há melhor definição de amor do que essa? Resta-nos outra pergunta: por que estamos nessa situação tão complicada na política, na ética e na economia aqui no Brasil? Simples, porque por influência de alguns elementos culturais de nossa história, não desenvolvemos suficientes líderes verdadeiros. O que temos, infelizmente, é uma maioria de oportunistas que não estão preparados para agir de forma solidária (ou não querem) a si mesmo, aos outros e ao país! Não aprenderam a amar de fato. A História, também, tem nos mostrado exemplos muito fortes desses líderes amantes, dessas personalidades determinadas e éticas, que buscam resultados superiores para todos e o fazem de forma que os fins não justifiquem os meios. Entre muitos podemos citar Mandela, Gandhi, Joana D’Arc, Madre Teresa, Martin Luther King. Não iremos nos ater a analisar o quanto eles alcançaram de resultados e nem o quanto eles foram capazes de amar, com esse apelo profundo que mencionamos no início deste artigo. Creio que essas demonstrações são desnecessárias pela ampla divulgação do perfil e realizações desses homens. Apenas uma colocação relevante: em algumas palestras que tenho proferido, pessoas se insurgem contra esses líderes, dizendo que também fizeram coisas reprováveis; no que rebato com apenas dois argumentos. Primeiro, eles foram humanos, e nenhum ser humano é perfeito. Segundo, que vale a máxima: “conhece-se a árvore pelos frutos”. Você é capaz de descrever os frutos de cada um desses grandes seres humanos e líderes? Falamos sobre amor, sobre a amplitude de uma capacidade humana, quando alguns talvez esperassem alguma receita específica sobre como liderar. Para se transformar em líder é preciso antes transformar a sua pessoa, a sua alma. E o amor talvez seja a capacidade máxima para a transformação de qualquer pessoa, inclusive para a função de liderança. Quando se alcança a plenitude dessa capacidade, que é inerente a todos nós, então começamos a liderar de fato e nos tornamos um exemplo. Talvez seja esse passo que ainda temos vergonha de mencionar no universo do trabalho e que pode ser tão urgente e necessário! TN Petróleo 105

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pessoas

Georadar tem novo diretor de Projetos Estratégicos

O executivo Luis Antonio da Silva Flores assume a recém-criada Diretoria de Projetos Estratégicos. Luis Flores, formado em Química no Rio de Janeiro, especializou-se em fluidos de perfuração, completação e químicos de produção para poços de óleo e gás, além de equipamentos de controle de sólidos e gestão de resíduos de Perfuração. Ao longo de 30 anos de experiência, ocupou diversas posições em companhias como Baroid, M-I SWACO e Schlumberger. Com experiência nas áreas de Gestão Operacional, Administração e Finanças, Novos Negócios, Desenvolvimento Corporativo, Controle Ambiental, Operações de Perfuração e Completação de Poços, atuou em países como Estados Unidos, México, Trinidad & Tobago, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Argentina, Chile e Brasil. “Vejo minha entrada na Georadar como um desafio muito interessante, quando terei a oportunidade de formar uma equipe para promover e desenvolver novos projetos com a intenção de gerar valor, diversificando o portfólio de negócios e a internacionalização da corporação”, avalia o executivo.

Cleber Morais é o novo presidente da Schneider Electric no Brasil A Schneider Electric, líder em gestão de energia e automação, anunciou a chegada do engenheiro Cleber Morais para presidente da unidade brasileira. O executivo passa a liderar a operação que reúne dez fábricas, 13 filiais comerciais, um centro de Pesquisa & Desenvolvimento, além da sede administrativa em São Paulo. São mais de três mil empregados em todo o país. “A Schneider Electric é uma das líderes globais na transformação do mercado a que estamos assistindo, e é desafiador participar desse processo”, 48

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afirma Cleber Morais. “A estratégia de negócio Life is on, baseada em eficiência energética, sustentabilidade, conectividade e segurança e confiabilidade para atender mundialmente os mercados residencial, predial, data centers, energia, infraestrutura e indústrias mostra o protagonismo da companhia nesse mundo cada vez mais conectado”, complementa. Com mais de 25 anos de experiência, o executivo foi presidente da Bematech nos últimos quatro anos e meio e ocupou posições de liderança de empresas como Avaya, Sun Microsystems e IBM. Graduado em Engenharia Eletrônica, Cleber Morais tem extensão pela Harvard Business School e pela Fundação Dom Cabral.


produtos e serviços

Siemens

A Siemens lançou no mercado mundial um novo drive desenvolvido exclusivamente para uso offshore. O equipamento, desenvolvido no centro de competência da Siemens em Jundiaí/SP, pode ser utilizado em plataformas marítimas e é capaz de operar diante das mais severas condições enfrentadas neste ambiente. Para atender as demandas do mercado, a Siemens passou dois anos desenvolvendo o novo Sinamics Perfect Harmony 6SR4 FP, um conversor de frequência (drive) para uso em alto-mar. O equipamento recebeu uma série de melhorias especiais para suportar as severas condições do ambiente marítimo, como uma pintura especial, elementos

de fixação em aço inoxidável, e cabos livres de halogênio. A empresa já produzia equipamentos para uso nestes ambientes, porém eles eram adaptados para cada projeto Esta experiência comprovada no mercado offshore de óleo e gás foi crucial para o desenvolvimento desta nova solução, que aumenta a segurança das operações de extração marítima de petróleo. Com a consolidação deste projeto, a fábrica de conversores da Siemens em Jundiaí passa a

Foto: Cortesia Siemens

Novo drive para uso offshore

ser a referência e a responsável pelo desenvolvimento deste produto para todos os projetos da Siemens no mundo.

Total

Total Lubrificantes desenvolve produtos para o segmento de graxas especiais Se alguém ouvir falar em lubrificantes pastosos compostos ou de alta viscosidade pode não saber de imediato do que se trata. Na verdade, eles são popularmente conhecidos como graxas. Além de aplicação no setor automotivo, também são utilizadas em diversos segmentos. “O mercado de lubrificantes voltados para a indústria vive um processo de transformação. Nos últimos anos, tanto as graxas quanto os óleos utilizados nos mais variados equipamentos instalados nas fábricas brasileiras vêm ganhando importância estratégica, deixando, inclusive, de serem vistos como produtos ‘secundários’”,

informa o representante do Departamento Técnico da Total Lubrificantes do Brasil, Fabio Silva. E esta nova percepção tem contribuído para impulsionar a produção das chamadas graxas especiais. Fabio explica que esta classificação ocorre quando o produto atende a algumas características de aplicações específicas como, por exemplo, temperaturas extremas (alta ou baixa); condições ambientais (água, vapor, contaminantes sólidos, etc.); velocidades rotacionais extremas (altas ou baixas) e requerimentos especiais em processos industriais. Para o especialista, neste contexto, o mercado de graxas especiais vive uma perspectiva de crescimento. Estimativas indicam que, hoje, este produto representa 10% do mercado brasileiro de lubrificantes industriais (número entre 1 milhão e 1,5 milhão de barris anuais)..

Além disso, nos últimos anos, as graxas especiais têm tido diversos avanços tecnológicos, cujo objetivo é atender as condições severas e específicas de cada processo produtivo. “Os maiores avanços estão na produção de graxas com viscosidades de óleo base com um range maior, o que é importante para diversos segmentos e aplicações. Outro avanço está relacionado à evolução da diversidade de espessantes. Isto colabora, por exemplo, para melhorar a proteção contra a corrosão, ajuda a suportar maiores cargas, a reduzir a vibração e a compatibilidade em contato eventual com alimentos e, por fim, também estão mais próximas de serem consideradas ecologicamente adequadas por atenderem os requisitos de órgãos especiais como OECD 301-B (Organization for Economic Cooperation and Development) e EAL Grease (Environmentally Acceptable Lubricants)”, explica o especialista. TN Petróleo 105

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produtos e serviços

Hornbeck Offshore Navegação

No dia 31 de março, a Hornbeck Offshore Navegação apresentou no porto do Rio de Janeiro o Hos Brass Ring, embarcação de apoio offshore do tipo DP-2, de bandeira brasileira, d a c l a s s e H o s m a x 3 1 0 E Q H. A embarcação é a nona unidade de um total de dez construídas pela empresa a partir de um novo modelo de produção de navios para apoio a plataformas offshore, e o maior da frota da empresa no Brasil. Trata-se de um versátil navio de suprimento, suporte à acomodação e reparo de embarcações que satisfaz a múltiplas exigências do trabalho em plataformas. Com 92 m de comprimento e motorização elétrica a diesel, tem velocidade de cruzeiro de 10 nós e atinge velocidade máxima de 12 nós. A embarcação pode ser empregada na recuperação de óleo derramado no mar. Para isso dispõe de tanques próprios no deck inferior com capacidade total de 3.400 m3. Além do convés principal que tem 703 m2 de

Foto: Cortesia Hornbeck Offshore Navegação

Lançada ao mar embarcação de apoio

área, o navio conta com um mezzanino com 310 m2 de área, apropriado para armazenamento de material adicional ou outro uso específico, como para abrigar um ROV (veículo remotamente operado), usado para trabalhos submarinos. Seu helideck mede 21 m de diâmetro e tem classificação Sikorsky S-92 (12 t), NORMAM-27,

CAP437. Tem 23 quartos de estadia, certificados para receber até 72 pessoas. A capacidade total de passageiros a bordo pode chegar a 130, com a instalação de anexos de hospedagem. A embarcação é dotada, ainda, de uma completa academia de ginástica, de escritório para reuniões e uma sala de conferência e treinamento.

Cortec Corporation

A Cortec Corporation, acaba de lançar no Brasil a sua linha de revestimentos temporários ECOLINE todos feitos com matéria-prima vegetal. Os revestimento temporários da Cortec foram desenvolvidos para preservar ativos industriais contra os efeitos malignos da corrosão – basta aplicar o produto sobre o equipamento a ser protegido; pode ser aplicado em superfícies limpas, pintadas ou usinadas e pronto. Este produto forma uma película semi-secativa, cerosa sob a superfície metálica e irá proteger a mesma por um período de até cinco anos. Para sua remoção basta utilizar um desengraxante e água. 50

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Foto: Cortesia Cortec Corporation

Revestimentos temporários

Por ser um produto de matéria-prima vegetal, esta linha de produtos é totalmente biodegradável e atóxica, o que facilita muito o descarte de resíduos, que neste caso não são tóxicos. Todos os produtos da Cortec Corporation são desenvolvidos utilizando uma tecnologia de inibidores voláteis

de corrosão, chamados de VpCI (Vapor Phase Corrosion Inhibitors), são inibidores anticorrosivos de última geração, capazes de proteger superfícies metálicas por muito tempo sem corrosão. No Brasil, todos os produtos da Cortec Corporation são distribuídos pela Presserv do Brasil.


Altus

Em 2016, a Altus passou a ter como foco a exportação de produtos para a América Latina e Europa. Para ampliar sua visibilidade e expandir seu alcance nessas regiões, a companhia está em busca de parceiros e novos representantes. Com o objetivo de intensificar essa procura, a partir de maio, Fernando Trein, diretor de Marketing Internacional, estará locado em Malmo, cidade do extremo sul da Suécia. De lá, ele poderá mapear novas oportunidades e avançar nas negociações com empresas de países como Rússia, Israel, Eslovênia, Portugal, França, entre outros. Hoje, o acesso da empresa ao mercado europeu se dá através da Beijer Electronics, companhia sueca com a qual a Altus mantém uma parceria há dez anos. Muito da certeza de que a exportação é um fator decisivo para a prosperidade da empresa nos próximos anos se dá pelos resultados alcançados por meio desta associação. Um exemplo disto é a campanha Let’s Talk About Future, um road tour organizado entre as duas empresas que levou os produtos Altus para mais de 1.500 clientes e prospects da região escandinava, aumentando

Foto: Cortesia Altus

Investimentos ampliados em exportação

a visibilidade da marca brasileira no mercado nórdico. Na outra ponta do plano, Mario Weiser, diretor de Novos Negócios, tem a tarefa de identificar novos parceiros, integradores e oportunidades de negócio nos vizinhos latino-americanos. O embrião deste processo já havia sido lançado em 1997, com a inauguração da Altus Argentina, primeira representação da empresa na América do Sul, e, agora, com o novo plano de internacionalização da marca, esse projeto começa a crescer e a ganhar destaque. “Com

o alinhamento do novo plano de internacionalização da empresa, no final de 2015, passamos a buscar novos integradores e representantes pelos países vizinhos. Desde então, já fechamos parcerias com empresas da Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Peru e México”, informou Weiser. O novo conjunto de estratégias tem como objetivo acelerar o processo de internacionalização da Altus, difundindo a marca e posicionando a empresa como fornecedora global de produtos e serviços.

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produção

Modificação de reologia avançada para fluidos de completação utilizando hidroxietilcelulose em pasta

F

Thiago Alonso é gerente associado de Serviços Técnicos na Dow Chemical. Publicou mais de 14 trabalhos em conferências técnicas patrocinadas pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), IAPG (Instituto Argentino del Petróleo e Gás) e SPE (Society of Petroleum Engineers) e detém uma patente norte-americana (WO 2012068099 A1) sobre o desenvolvimento de um agente inovador de quebra de emulsões. É graduado e mestre em Engenharia Química pela escola Politécnica da Universidade de São Paulo com foco na síntese de adutos gerados por resinas epóxi e poliglicóis e está terminando seu doutorado também em Engenharia Química. Tem certificação Black Belt na metodologia Six Sigma.

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luidos de completação são amplamente utilizados nos momentos finais da produção de um poço. Essas substâncias, que devem ser límpidas e livres de sólidos, são empregadas para controlar os poços durante o processo de completação. O poço é preparado para não prejudicar a permeabilidade da formação e promover uma densidade capaz de oferecer maior pressão hidrostática devido à coluna de líquido existente. Em geral, utilizam-se salmouras de 8,4 a 19,2 libras/galão contendo sais como KCl, NaCl e CaCl2, entre outros. Para melhorar a capacidade de remoção de detritos residuais de fluidos de perfuração e da operação de cimentação, modificadores de reologia são vez por outra adicionados ao sistema, o que leva a um aumento na viscosidade e, consequentemente, melhores características de limpeza e suspensão do fluido. Os modificadores de reologia utilizados para esse tipo de aplicação costumam compreender polímeros solúveis em água à base de hidroxietilcelulose (HEC) e carboxietilcelulose (CMC), entre outros. Porém, dada sua resistência à degradação mediante altas temperaturas e pressão, o HEC é o produto mais utilizado. Esses polímeros precisam ser bem hidratados para gerarem o efeito desejado de aumento de viscosidade. Para hidratar totalmente, o polímero deve ser “desenrolado” para que seus grupos funcionais ativos, junto com a cadeia do polímero, fiquem expostos ao substrato, nesse caso, à salmoura da completação. Durante a etapa de mistura/adição, quando se inicia a agitação e dispersão, um filme de solução de polímero concentrado se forma em torno das partículas sólidas. Isso faz com que se tornem “pegajosas” e se unam, formando agregados ou aglomerações. Tais aglomerações, conhecidas como fisheyes, reduzem a eficácia da hidratação e, por consequência, a modificação reológica. Versões de HEC em pasta em solventes polares foram desenvolvidas para facilitar a dispersão do polímero e acelerar o processo de “desenrolamento” das moléculas nas salmouras. A pasta fluida pré-dispersa reduz a formação de fisheyes e, com isso, uma quantidade maior de polímero é incorporada à solução. Neste estudo, uma pasta de HEC produzida segundo as mesmas condições de agitação gerou uma viscosidade maior que a apresentada pelo HEC em pó. Essas diferenças no desempenho basearam-se em medições feitas com um reômetro FANN 35A e validação visual de quantidades maiores ou menores de fisheyes, conforme mostrado nas fotos da página 55. Uma pasta de HEC em salmoura de NaCl gerou uma viscosidade quase 20 vezes maior para velocidades rotacionais de 200, 300 e 600 RPM.


Aplicações Os fluidos de completação são utilizados logo após a operação de cementação. Eles são empregados no poço para facilitar as operações finais antes do início da produção como, por exemplo, colocação de linhas de produção, packers, válvulas de fundo de poço ou perfurações na zona de canhoneado. Tais fluidos não devem conter sólidos e são utilizados para controlar o poço durante o processo de completação. São preparados para não prejudicar a permeabilidade da formação e promover densidade capaz de oferecer uma pressão hidrostática superior à pressão estática do reservatório. Os fluidos de completação em geral são salmouras (cloretos, brometos e formiatos), porém, na teoria, podem ser qualquer um com densidade e características de fluxo adequadas. Eles devem ser quimicamente compatíveis com a formação e com os fluidos do reservatório e, de maneira geral, são submetidos a várias filtrações para evitar o ingresso de sólidos na área próxima à boca do poço. Viscosificantes são às vezes utilizados nos processos de completação ou recondicionamento. Esses agentes, que costumam compreender polímeros orgânicos solúveis em água, são utilizados em baixas concentrações, proporcionam viscosidade e, em alguns casos, podem apresentar gelificação e controle sobre a perda de fluido em uma variedade de composições de águas e salmouras, facilitando a manutenção de fluidos de baixo teor de sólidos. Entre os viscosificantes convencionais estão a Goma Xantana, a Carboximetilcelulose (CMC), o Polímero de Poliacrilamida parcialmente hidrolisada (PHPA) e o Hidroxietilcelulose (HEC), entre outros. Os três primeiros polímeros não são muito estáveis mediante altas temperaturas e pressão na área da boca do poço, o que leva à geração de resíduos de degradação na formação. Além disso, a alta salinidade das soluções acabam afetando sua hidratação. Já o HEC é altamente estável a altas temperaturas e à degradação por cisalhamento, não prejudicando a formação. Apesar de o HEC ser a melhor opção de viscosificante para completação e workover, a aplicação de sua versão em pó demanda um cisalhamento considerável para que se consiga o desempenho desejado. O alto cisalhamento reduz o tamanho das partículas e auxilia a dispersão, criando uma área de superfície maior, o que faz com que as moléculas “desenrolem” e hidratem com mais facilidade, aumentando a viscosidade do ambiente aquoso. Por vezes, devido à formação de fisheyes, são necessários longos períodos de agitação para que se alcance o desempenho desejado, o que

pode afetar negativamente a produtividade geral. Assim sendo, melhorar o tempo de dispersão e as etapas de aplicação pode gerar redução de custos e maior valor para o resultado final.

Materiais e métodos Salmouras saturadas de completação foram simuladas em laboratório com sais de NaCl, KCl e CaCl2. O pH foi ajustado para 9,0 para garantir uma melhor hidratação do HEC. Para a salmoura de NaCl, foram dissolvidos 50 g de NaCl em 250 mL de água destilada. O pH foi ajustado para 9,01 por meio da adição de 0,34 g de NaOH (0,1M). Para a salmoura de KCl, foram adicionados 37,5 g de KCl em 250 mL de água destilada. O pH foi ajustado para 9,01 por meio da adição de 0,15 g de NaOH (0,1M). Para a salmoura de CaCl2, foram dissolvidos 67,5 g de CaCl2 em 250 mL de água destilada. O pH foi ajustado para 9,00 por meio da adição de 0,497 g de HCl (0,1M). Uma formulação exclusiva de uma versão de HEC em pasta (XB 81101.00) experimental da Dow Chemical foi desenvolvida com solventes não inflamáveis e biodegradáveis com dispersantes e antiespumantes especiais. O conteúdo ativo de HEC nesse sistema é de cerca de 36% em peso. O mesmo grau de HEC foi utilizado neste estudo para a formulação do fluido de completação em pó e em pasta para fins de comparação de seu comportamento reológico. Para a dispersão dos HECs, utilizou-se um misturador Hamilton Beach. Cada salmoura formulada foi colocada em um copo misturador e, em seguida, adicionou-se uma massa adequada tanto de HEC em pó quanto em pasta. O tempo total de mistura para ambas as amostras foi de 10 minutos. Por fim, o material foi colocado em um béquer de 600 mL e os seguintes parâmetros foram visualmente analisados: formação de gel, formação de espuma e dispersão. Após a análise visual, foram realizadas medições de reologia utilizando-se um reômetro FANN 35 A (Rotor R1, Bob B1, Torsão F1) em temperatura ambiente (25ºC).

Resultados Os dados reológicos foram medidos utilizando-se uma formulação de HEC em pasta (XB 81101.00) exclusiva da Dow Chemical comparada a uma formulação de HEC em pó comum. A quantidade de agente viscosificante ativo foi a mesma para todas as amostras preparadas. Como o conteúdo ativo de HEC na formulação em pasta é de cerca de 36%, a quantidade de HEC em pó utilizada foi de 4 g em 250 mL de salTN Petróleo 105

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produção

350 300 250 200 150 100 50 0

20

KCl (powder)

15

KCl (Slurry)

10 5 0 100 200 300 400 500 600

Velocidade Rotacional (RPM) Figura 3. Dados reológicos para a salmoura de KCl

rável na viscosidade da salmoura de cloreto de cálcio mediante altas velocidades rotacionais. Em velocidades mais baixas de 3 e 6 RPM, o XB 81101.00 gerou uma viscosidade 220% maior do que a da versão em pó. Os resultados referentes aos dados reológicos na salmoura de cloreto de sódio podem ser observados na Figura 2. No caso da salmoura de cloreto de sódio, o HEC em pó não levou a um aumento considerável na visSalmoura de Cloreto de Sódio

Leitura FANN 35A

25

0

CaCl2 (Slurry)

Figura 1. Dados reológicos para a salmoura de CaCl2

No caso da salmoura de cloreto de potássio, mais uma vez o HEC em pó não levou a um aumento considerável na viscosidade do sistema estudado em nenhuma velocidade rotacional. Já o HEC em pasta gerou um aumento da viscosidade muito maior. Na velocidade de 300 RPM, a viscosidade gerada pelo XB 81101.00 foi 580% superior à do HEC em pó. Com relação ao aumento da viscosidade do sistema, o desempenho do HEC líquido foi muito superior ao da HEC em pó tanto na salmoura de KCl quanto na de NaCl. Em outro estudo, as massas adicionadas de ambos os viscosificantes permaneceram iguais. A massa da formulação XB 81101.00 e do HEC em pó manteve-se em 4 g, o que significa que, nesse caso, a quantidade de viscosificante ativo para o sistema em pasta seria 64% menor do que para a HEC em pó.

NaCl (powder)

Dados Reológicos

NaCl (Slurry)

0 100 200 300 400 500 600

Velocidade Rotacional (RPM) Figura 2. Dados reológicos para a salmoura de NaCl

cosidade do sistema estudado em nenhuma velocidade rotacional. Porém, o HEC em pasta gerou grande aumento na viscosidade, mesmo em velocidades rotacionais mais baixas. Na velocidade de 300 RPM, a viscosidade gerada pela XB 81101.00 foi 2200% superior à da HEC em pó. 54

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CaCl2 (powder)

0 200 400 600 Velocidade Rotacional (RPM)

140 120 100 80 60 40 20 0

Salmoura de Cloreto de Potássio

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Leitura FANN 35A

Salmoura de Cloreto de Cálcio

Os resultados referentes aos dados reológicos na salmoura de cloreto de potássio podem ser observados na Figura 3.

Leitura FANN 35A

moura e a de HEC em pasta, de 11 g em 250 mL de salmoura. Os resultados referentes aos dados reológicos na salmoura de cloreto de cálcio podem ser observados na Figura 1. Como pode ser observado na Figura 1, tanto o HEC em pó quanto em pasta geraram um aumento conside-

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KCl (powder)

25

KCl (Slurry)

15

NaCl (powder)

5

NaCl (Slurry)

-5

0 100 200 300 400 500 600

Velocidade Rotacional (RPM) Figura 4. Dados reológicos para as salmouras de KCl e NaCl para a mesma massa de HEC em pó e em pasta


Modificação de reologia avançada para fluidos de completação

Mesmo com ingrediente ativo equivalente bem inferior, a maior capacidade de dispersão do HEC em pasta garantiu maior viscosidade se comparado ao HEC em pó. Para a solução de KCl e para a solução de NaCl, a viscosidade obtida pelo XB 81101.00 a uma velocidade de 300 RPM foi 100% e 600% maior, respectivamente, se comparada ao HEC em pó. Os resultados observados para a salmoura de NaCl foram bem superiores para o HEC líquido devido sobretudo à formação de fisheyes, o que pode ser observado na Figura 5.

Figura 5. Solução de NaCl com viscosificante com HEC em pó (à esquerda) e em pasta (à direita)

Os fisheyes reduziram a capacidade de hidratação total do polímero adicionado à solução, criando uma camada externa similar a uma parede de gel que impediu que o pó interno entrasse em contato com a solução e, com isso, aumentasse a viscosidade total do sistema. Ao que tudo indica, salmouras monovalentes dificultam a solubilização do HEC em pó, demandando mais energia de mistura e tempo para uma melhor hidratação.

Viscosidade Este trabalho traz uma comparação do comportamento reológico do HEC em pó e HEC em pasta dispersos em salmouras de completação saturadas de CaCl2, NaCl e KCl. Em todos os sistemas estudados, a versão líquida do HEC aumentou consideravelmente a viscosidade, quando comparada à versão em pó. Para a salmoura de CaCl2, a principal vantagem reológica do HEC foi observada em baixas velocidades rotacionais e o desempenho de ambos os produtos foram similares para as velocidades mais altas. Porém, no caso da salmoura de NaCl, a viscosidade obtida para a mesma massa equivalente de viscosificante ativo para ambos os produtos foi muito superior para o HEC líquido, cerca de 2200% maior a uma velocidade de 300 RPM. Quando se utilizou a mesma massa de HEC em pó e líquido, o que resultou em uma quantidade reduzida de massa equivalente de viscosificante, cerca de 64% em peso menor para a versão em pasta, a viscosidade obtida foi 600% superior da versão em pasta comparado ao pó a uma velocidade de 300 RPM. Resultados similares foram obtidos para a salmoura de KCl, na qual o HEC em pasta levou a um aumento de 580% na viscosidade a uma velocidade de 300 RPM comparada à versão em pó, sendo que, no caso da mesma massa de pasta e pó, o aumento na viscosidade foi de cerca de 100%. O principal fator que contribuiu para a diferença no aumento da reologia para o HEC em pasta e HEC em pó está relacionado à formação de fisheyes, que reduzem a quantidade de polímero livre disponível na solução capaz de hidratar e aumentar a viscosidade das salmouras.

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coffee break

Israel Pedrosa

O Brasil nas

cartas do tarô

No dia 18 de abril completaria 90 anos o pintor, pesquisador, professor universitário, escritor e livreiro brasileiro Israel Pedrosa, falecido em fevereiro passado... ele não disfarçava certo contentamento por ter nascido no mesmo dia e mês de Monteiro Lobato... e também no interior, como Lobato, mas em Minas Gerais, na pequena cidade da Zona da Mata, Alto Jequitibá, entre Manhuaçu e Manhumirim, região servida pela Estrada de Ferro Leopoldina durante quase todo o século XX. Foi o autor do best seller sobre a teoria das cores, Da cor à cor inexistente, reeditado pela Senac Nacional em 2015.

por Léo Christiano

Em ‘depoimento’ montado com base em seus escritos, Pedrosa revela como surgiu a ideia de pintar o Brasil através das cartas do tarô. Na manhã do meu aniversário, em 1985, meu filho Igor ofertou-me um minucioso estudo que acabara de realizar sobre cada uma das cartas do tarô, com farta informação bibliográfica. Incluía estudos do poeta italiano Petrarca (século XIV), o mesmo que inventou a forma de poesia em soneto (14 versos) consagrada ad eternum. – Isto vai facilitar seu trabalho – disse meu filho. Foi então que assumi comigo o compromisso e o desafio de realizar a obra. Aos poucos, fui-me encantando com as formas e significados daquelas cartas, na medida em que me convencia de que por ali desfilavam, silenciosamente, as situações extremas da condição humana. Tal como ocorrera anos atrás – depois de pintar por quase 30 anos retratos, paisagens, cenas históricas e populares – cheguei à conclusão de que a pintura realizada por mim não eram aqueles quadros, mas os milhares de simples estudos e anotações de cores abandonados pelo caminho e que buscavam o domínio do fenômeno da cor inexistente. 56

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Como predestinado cromonauta, viajando no âmago da cor, alimentando-me de fosforescências, crepitações e mutações cromáticas, utilizei-me nestas cartas de surpreendentes efeitos visuais, num infinito diálogo lírico com as cores. A obra de Israel Pedrosa exerceu e ainda vai exercer crescente influência sobre boa parte dos nossos pintores, cenógrafos, figurinistas, artistas gráficos e industriais, programadores e comunicadores visuais, sendo divulgada em numerosos livros de arte e didáticos, dicionários, enciclopédias, revistas, jornais, nas tevês e em filmes.

Agora, vejo que todo o meu aprendizado e curiosidade geral eram, sim, os preparativos para a realização deste tarô, contando e cantando a meu modo o Brasil que vi e vivi.

O aprendiz do novo – Sobre a longa e rica trajetória de Pedrosa, Jacob Klintowitz publicou, em 1979, o livro A cor inexistente e o aprendiz do novo. Seus trabalhos fazem parte de acervos dos principais museus do país, galerias de arte, instituições culturais e coleções particulares nacionais e do exterior. As 22 telas que contam a história dos mitos brasileiros por meio das cartas do tarô foram expostas em Paris, na Sala do Brasil da Feira Internacional de Arte Contemporânea, Grand Palais, em julho de 1989, com o maior índice de visitação e sucesso. Prefeitos de algumas cidades tentaram fazer a exposição itinerante pelo interior da França, mas a vontade deles não veio acompanhada do seguro das obras e outras pequenas despesas. No Brasil, o Tarô brasileiro de Pedrosa ganhou três exposições, todas no Rio de Janeiro: na Galeria Realidade; no Centro Cultural da Justiça Federal (Niterói); e no Museu Imperial (Petrópolis).

Personagens emblemáticos do Tarô brasileiro O Prestidigitador (Carta 1) é Carlos Drummond de Andrade. Representa o homem em presença da natureza criadora voltado para a busca das sensações. Dos maiores poetas da língua portuguesa de todos os tempos, mágico transfigurador das palavras e emérito revelador dos mais recônditos estágios do sentimento humano. A Papisa (Carta 2) é Rachel de Queiroz. Representa fé ou religiosidade, mistério, grande riqueza de ideias, ambiguidade e vínculos com o poder. Escritora do ciclo do romance nordestino, figura fundamental do nosso modernismo, foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. A Imperatriz (Carta 3) é Amélia de Leuchtenberg, segunda mulher de D. Pedro I, bela, audaz e inteligente, que aos 17 anos abandonou as cortes europeias e atravessou o oceano rumo ao desconhecido para unir-se ao marido com quem casara por procuração. O Imperador (Carta 4) é D. Pedro I, proclamador da Independência e criador do Império brasileiro. É um dos símbolos maiores de nossa nacionalidade. A carta indica ação e poder de realização. Representa as energias necessárias para as criações humanas. TN Petróleo 105

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feiras e congressos

2016 Maio

Junho

Agosto

2 a 5 – EUA OTC 2016 Local: Houston, TX Tel.: +1.972.952.9494 Email: meetings@otcnet.org http://2016.otcnet.org/

10 a 12 – Quênia 5th Oil&Gas East Africa 2016 Local: Houston, TX Tel.: +254 791 966 333 Email: expo@expogr.com www.expogr.com/kenyaoil/

2 a 3 – EUA GTL Technology Forum 2016 Local: Houston, TX Tel.: +1 (713) 520–4475 Email: Melissa.Smith@GulfPub.com http://goo.gl/vd4k64

9 a 11 – Brasil Argus Rio Oil Conference 2016 Local: Rio de Janeiro Tel.: + 1 713 360-7586 Email: giuliana.braga@argusmedia.com http://www.canadalngexport.com/

14 – Londres SPE London Annual Conference Local: Westminster Tel.: +44 207 299 3309 Email: formslondon@spe.org www.spe.org/events/lond/2016/

29/08 a 1º/09 – Noruega ONS 2016 Local: Stavanger Tel.: 47 51 84 90 40 Email: info@ons.no www.ons.no/2016/conference/

10 a 12 – Canadá Canada LNG Export Local: Vancouver Tel.: +44 (0)203 772 6038 Email: DamianHoward@dmgevents.com www.canadalngexport.com

28 a 29 – China FLNG World Congress Local: Cingapura Tel.: +65 6722 9399 Email: rani.kuppusamy@fpsonetwork.com www.flngworldcongress.com

30 a 31 – EUA 2016 IADC Asset Integrity & Reliability Local: Houston, TX Tel.: +1 (713) 292-1945 Email: info@iadc.org http://goo.gl/Bcfrlc

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 2224-1349 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br

Todos bem na foto! Para relembrar bons momentos dos grandes eventos do setor, acesse a nossa galeria de fotos no Flickr. Afinal de contas, recordar é viver!

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Mark Rubin, é diretor executivo e vice-presidente executivo da SPE, e responsável pela gestão global da SPE

SPE

opinião

suporte durante a desaceleração da indústria

A SPE é uma associação profissional sem fins lucrativos cujos membros estão envolvidos no desenvolvimento e produção de recursos energéticos. A entidade atende mais de 168 mil membros em 144 países no mundo inteiro. É um recurso fundamental para o conhecimento técnico relacionado com a exploração e produção da indústria de petróleo e gás e presta serviços por meio de suas publicações, eventos, cursos de treinamento e recursos on-line.

A

Sociedade de Engenheiros de Petróleo (SPE), desde sua criação, em 1957, tem buscado dar suporte aos seus membros nos momentos de altos e baixos da indústria de petróleo e gás. Cíclicos por natureza, os negócios dessa indústria passam hoje por uma desaceleração, a despeito do esforço incansável nas atividades de exploração e produção, com o objetivo de encontrar e incorporar novas reservas, assim como no desenvolvimento de tecnologias que possibilitem explorar estes recursos de forma sustentável. Em cada ciclo, a SPE tem dado total suporte a essa indústria. Falo isso respaldado na minha experiência pessoal como engenheiro de petróleo – vivi e sobrevivi à crise dos anos 1980, já como membro da SPE. Quando a indústria passa por um momento de recessão, as empresas reagem. Isso pode resultar em demissões, na redução de orçamentos, no aumento de fusões e aquisições, entre outros acontecimentos tão comuns nesses períodos recessivos. Tudo isso parece muito lógico, cartesiano, mas quando é você que está sob o fogo cruzado, os obstáculos podem parecer insuperáveis. Sei disso muito bem, pois me encontrei nesse dilema em 1987, quando estava desempregado devido a uma desaceleração do setor. Em um período em que eram escassas as vagas de emprego para engenheiro de petróleo, busquei os contatos que angariei como membro da SPE, especialmente através de minha seção local. Participei da Conferência Técnica e Exposição Anual da SPE (ATCE), interagi com colegas do setor e acabei por encontrar uma nova

oportunidade por meio destes contatos. Tal experiência me fez valorizar ainda mais minha filiação à SPE, pois vivenciei o valor e os benefícios tangíveis por ela oferecidos. Hoje, como CEO da SPE, ainda acredito no compromisso que a entidade tem em apoiar seus associados. A SPE existe para servir aos nossos associados ao longo de suas carreiras (ou trajetórias profissionais). Estamos aqui para dar suporte a todos, sejam eles engenheiros experientes, jovens profissionais ou estudantes. À proporção que a indústria reage, queremos que nossos membros saibam que a SPE é proativa, tanto em recursos como em programas criados para atender às necessidades de cada um. A SPE implementou algumas ações específicas para dar suporte aos nossos associados nesse período desafiador. Vamos a elas: Lançamos um novo quadro de empregos, sobretudo na indústria de petróleo e gás, que pode auxiliar àqueles que estão em busca de trabalho – www.spe.org/industry/job. Nossos membros podem solicitar isenção de contribuição em caso de desemprego ou em função de estarem enfrentando alguma dificuldade financeira. Disponibilizamos cerca de cem seminários virtuais gratuitos anualmente, com tópicos que visam promover a melhoria das habilidades de nossos associados – webevents.spe.org. Temos programas de orientação para jovens profissionais que não tenham passado por essa situação antes, de desaceleração do setor. TN Petróleo 105

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opinião

Indicamos o PetroWiki como a forma ideal para que os membros aposentados ou desempregados se mantenham envolvidos e possam compartilhar seus conhecimentos – http://petrowiki.org/PetroWiki. Oferecemos ainda uma ferramenta gratuita online, de gestão de competência, para auxiliar nossos associados a avaliarem sua capacitação profissional. Essa ferramenta dispõe de 22 modelos de competência de trabalho que abrangem geociências, engenharia de reservatório, engenharia de poço, engenharia de produção e operações, engenharia de projetos e instalações e HSE. Os membros poderão usar os resultados obtidos na autoavaliação para gerar um plano de desenvolvimento individual visando preencher lacunas de competência. O acesso a um plano de desenvolvimento sob medida pode servir como recurso

importante para aqueles que desejam manter suas habilidades atuais e credenciais compatíveis com as normas em vigor – www.spe.org/training/cmt. Dispomos de uma equipe dedicada para atender aos nossos associados da América Latina e a região do Caribe, liderada pela diretora recém-empossada Solange Ferreira. E ainda criamos um canal direto com o CEO (ceo@spe.org) para quem quiser compartilhar suas ideias a respeito de outras formas de a SPE ajudar seus membros durante a crise. O número de sondas pode diminuir, mas a demanda por inovação em petróleo e gás, principalmente nas atividades de E&P, continua crescendo! Assim como os contratos da indústria, a SPE existe para oferecer serviços e recursos de forma eficiente e eficaz a seus membros.

INFORMAÇÃO DE QUALIDADE. Na ponta dos seus dedos

A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na transmissão dos fatos; é preciso ser eficaz, saber onde prospectar a informação e ser ágil ao transformá-la em notícia.

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Bem-vindo às nossas páginas. Obrigado por escolher a TN Petróleo!

Mais do que apenas informar sobre os novos cenários de petróleo e gás, a TN Petróleo ajuda a mostrar a história de pioneirismo desse mercado e os novos desafios enfrentados pela indústria brasileira do setor. As páginas da revista sempre apresentam aos

investidores – nacionais e estrangeiros – as oportunidades e o imenso potencial de nosso país. A impressão e o papel que seu anúncio merece! Não perca esta oportunidade. ANuNcie AgOrA!

contato

Tels.: +55 21 2224 1349 | 21 3786 8245

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