TN Petróleo 104

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opinião

Quem é o dono do petróleo no Brasil?, de Evandro La Macchia, mestre em Engenharia de Produção na área de Gestão de Negócios pela Universidade Federal de Santa Catarina.

13ª Rodada de Licitações: o leilão das pequenas e médias empresas Coberturas especiais:

Riopipeline 2015 – Demanda por dutos irá aumentar para atender o pré-sal OTC Brasil 2015 – Produtividade e eficiência são os desafios do setor de O&G

Ano XVI • novembro/dezembro 2015 • Nº 104 • www.tnpetroleo.com.br

Terminal 2

Especial: Porto do Açu

Terminal 1

Um porto seguro

para as operações offshore Entrevista exclusiva

Alexandre Chequer, sócio da Mayer Brown e Tauil & Chequer Advogados

Temos um caos regulatório a equacionar Desenvolvimento

Humano

e

Sustentabilidade:

decisão

conjunta,

por Wanderlei Passarella | COP 21: mudanças climáticas e impactos na economia, por Ricardo Zibas | Segurança e confiabilidade em E&P: atualmente seriam importantes temas de pesquisa?, por Luiz Fernando Seixas de Oliveira e Márcio José das Chagas Moura | Mercado de gás natural e peak-shaving no Brasil, por Marcio Balthazar da Silveira | Túnel de fuga e à prova de explosão para FPSOs, por Ian Nash


nossas redes sociais

sumário

edição nº 104 nov/dez 2015

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Entrevista exclusiva

com Alexandre Chequer, sócio da Mayer Brown e Tauil & Chequer Advogados

Temos um caos regulatório a equacionar

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Especial Porto do Açu

Um porto seguro para as operações offshore 24 Movimentação de minério de ferro e bauxita

26

13ª Rodada de Licitações

O leilão das pequenas e médias empresas

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34

Rio Pipeline 2015

Demanda por dutos irá aumentar para atender o pré-sal Cobertura especial OTC Brasil 2015

Produtividade e eficiência são os desafios do setor de O&G 39 Empresas apresentam serviços e inovações tecnológicas 42 Lloyd’s Register do Brasil | Maior confiabilidade e segurança para a indústria de óleo e gás no Brasil 43 Oil & Gas Brasil Meeting


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3º CHC Brazil Safety & Quality Summit

Especialistas debatem segurança na aviação e setor de óleo e gás

CONSELHO EDITORIAL Affonso Vianna Junior

46

Alexandre Castanhola Gurgel Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira

Perfil profissional

Bruno Musso Colin Foster

Adhemar da Silva Freire Júnior

David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro

Cautelosa ousadia

Flávio Franceschetti Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes

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José Fantine Josué Rocha Luiz B. Rêgo

Fino Gosto

Luiz Eduardo Braga Xavier

O sabor e as cores do Japão

Marcelo Costa Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros

artigos 60 Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: Decisão conjunta, por Wanderlei Passarella 62 COP 21: mudanças climáticas e impactos na economia, por Ricardo Zibas

71 Segurança e confiabilidade em E&P: atualmente seriam importantes temas de pesquisa?, por Luiz Fernando Seixas de Oliveira e Márcio José das Chagas Moura

74 Mercado de gás natural e peak-shaving no Brasil, por Marcio Balthazar da Silveira

76 Túnel de fuga e à prova de explosão para FPSOs, por Ian Nash

seções 2 editorial

63 pessoas

4 hot news

65 produtos e serviços

8 indicadores tn

78 fino gosto

29 eventos 46 perfil profissional 51 caderno de sustentabilidade

80 coffee break 82 feiras e congressos 83 opinião

Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

Ano XVI • Número 104 • nov/dez 2015 Fotos: Prumo Logística


editorial

Precisamos de uma agenda para o futuro Estamos no final de um dos anos mais difíceis já enfrentados pela indústria de óleo e gás no país – e também no âmbito internacional, considerando os baixos preços do petróleo, que fizeram companhias do mundo inteiro rever seus investimentos. No nosso caso, a situação é agravada pela crise política e as sucessivas denúncias de corrupção. A despeito de tudo isso – inclusive da recessão que ronda o mundo – um país que está entre as oito maiores economias do planeta não pode ‘cair’ na inércia, tendo um parque industrial qualificado e com capacidade para atender aos mais distintos mercados, e uma cadeia produtiva de óleo e gás, naval e offshore que deu um salto evolutivo na última década, apoiado na política de conteúdo nacional. Some-se a isso o fato de o Brasil ter grandes reservas de petróleo e gás (o que, por si, representa um ativo de valor inquestionável para qualquer nação) e expertise para produzir hidrocarbonetos em novas fronteiras, mesmo tendo uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta. Problemas não são primazia do Brasil, nem mesmo na área de corrupção (vide ocorrências em outros setores). O que é necessário é estabelecer prioridades. E uma delas é uma agenda efetiva para o futuro, que vá mais além de propostas a serem implementadas por todos os atores econômicos, sem demagogia. Precisamos de ações e iniciativas, dentro de uma visão de curto, médio e longo prazo, que possam ser tocadas adiante, em um esforço conjunto do setor público e privado, e com o apoio e proatividade da sociedade organizada. Não basta protestar, é necessário descontruir o velho – a estrutura viciada – e construir o novo. E isso diz respeito a cada um de nós, inclusive à Benício Biz, que por meio de suas publicações impressas e digitais tem apoiado a indústria que produz, inova, cresce e propõe soluções sustentáveis. E que tem dado voz a todos aqueles que podem contribuir para disseminar e ampliar conhecimentos; e promovido e apoiado os debates em torno de questões relevantes para a indústria e o país. Temos resistido bravamente para não perdermos a independência, a objetividade e a própria capacidade de reconstrução. Vamos sair dessa! Benício Biz Diretor da Benício Biz Editores

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4ª EDIÇÃO

RESERVE SUA AGENDA 24 e 25 de Outubro de 2016 São Paulo - SP

Participação de Investidores e provedores de equipamentos e serviços Tendências e informações inovadoras e exclusivas do setor Networking qualificado com líderes do mercado eólico

Novas tecnologias e soluções para

os desafios do segmento Oportunidades de negócios e parcerias entre os players do mercado

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hot news

Parque Tecnológico da UFRJ abre chamada pública para novas empresas

Empresas saídas há menos de um ano de incubadoras de todo o país terão desconto de 50% nos primeiros 24 meses de contrato caso queiram se candidatar a um espaço no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que abriu edital para instalação de novas empresas, no formato de Chamada Pública com validade por um ano (até 1/10/2016), podendo ser renovado. Estão sendo oferecidos 808 m2 para ocupação de até 16 salas e 377 m2 de dois galpões (para aquelas que necessitem de uma estrutura para laboratório e/ou de uma planta-piloto). São candidatas em potencial as empresas que atuam na área de pesquisa e desenvolvimento, organizações sem fins lucrativos e demais companhias que mantenham ou pretendam estabelecer parcerias em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação com a UFRJ. As empresas serão classificadas de acordo com as seguintes modalidades e portes, com base na receita operacional bruta, conforme os seguintes critérios estipulados pelo BNDES: 1) micro, pequenas e médias empresas: receita operacional bruta anual menor ou igual a R$ 90 milhões; 2) média-grande e grande empresas: receita operacional bruta anual maior que R$ 90 milhões. Os valores do metro quadrado para o prédio em formato de salas comerciais e para galpões estão disponíveis no site www.parque. 4

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Foto: Genilson Araújo

Companhias de micro, pequeno e médio porte terão prioridade para ocupar até 16 salas e dois galpões.

ufrj.br. Dentro deste custo operacional, além da oferta da infraestrutura urbanística, as empresas terão acesso a serviços de assessoria de gestão de negócios, comunicação, ampliação de networking e articulação corporativa (integração das empresas com universidade e entre empresas de pequeno porte com grandes, dos setores em que atuam). As médias-grandes e grandes empresas que se inte-

ressarem pelo espaço somente poderão ocupar área de até 400 m2 de extensão. As interessadas devem apresentar documentação e proposta descritas na Chamada Pública. As propostas serão qualificadas pela Comissão de Avaliação do Conselho Diretor do Parque, formada por representantes da UFRJ e da Fundação Coppetec, instituição gestora do Parque.

Sob novo comando

Universidade e demais agentes promotores de inovação e empreendedorismo, além de atrair novos atores para o ambiente. Mestre e doutor em Engenharia Química pela Coppe/UFRJ, Pinto é professor titular da UFRJ, onde ingressou como docente no Programa de Engenharia Química da Coppe (1992). Com pós-doutorado na área de reatores químicos (2000), ele foi diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Coppe (2013 a 2015) e da Fundação Coppetec (2011 a 2015). Desde setembro de 2015 ocupava a diretoria de Assuntos Acadêmicos da instituição.

Após 20 anos à frente do Parque e da Incubadora de Empresas da Coppe/ UFRJ, Mauricio Guedes, idealizador desse empreendimento emblemático, passa o bastão ao professor José Carlos Pinto, que tomou posse como diretor executivo no dia 16 de novembro. Ele tem a missão de conduzir o relacionamento entre as 46 empresas instaladas no Parque, a


Príncipe da Noruega conhece projeto de robótica da parceria Petrobras-Statoil Robô Doris foi desenvolvido para inspeção remota de instalações offshore. O príncipe da Noruega, Haakon Magno, e uma comitiva de autoridades daquele país, visitaram as instalações do Centro de Pesquisas da Petrobras, no dia 17 de novembro, onde assistiram a uma demonstração do protótipo do robô Doris, realizada sob condições industriais simuladas. O projeto é fruto de uma cooperação entre a Petrobras e a petroleira norueguesa Statoil. Desenvolvido em parceria também com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o sistema robótico móvel para inspeção remota de instalações offshore permite um monitoramento frequente com possibilidade de pequenas intervenções em áreas com estrutura complexa e pouca acessibilidade. Trata-se de um veículo teleoperado cuja movimentação se dá por meio de trilhos. Ele é capaz de captar e analisar áudio, vídeo, imagens térmicas, vibração e composição atmosférica. Possui processamento inteligente para diag-

nóstico e alarmes. E pode ser instalado em plataformas que já se encontram em operação, sem necessidade de re-projeto. Ainda não há previsão para testes de campo com o robô Doris. No mesmo dia, a Coppe/UFRJ recebeu uma delegação norueguesa liderada pelo vice-ministro de Educação e Pesquisa, Bjørn Haugstad. Acompanhado por representantes das principais universidades daquele país, ele participou de um seminário sobre pesquisas desenvolvidas na instituição. Recebida pelo diretor da Coppe, Edson Watanabe, e demais membros da diretoria, a delegação conheceu ainda o Trem de Levitação Magnética (Maglev-Cobra) da Coppe e o LabOceano, que abriga o tanque oceânico mais profundo do mundo, utilizando como meio de transporte um ônibus híbrido a hidrogênio (H2+2), primeiro veículo a hidrogênio produzido no Brasil.

Foto: Divulgação

Foto: Agência Petrobras

Murilo Ferreira renuncia à presidência do Conselho de Administração da Petrobras

A Petrobras informou no dia 30 de novembro a renúncia do presidente de seu Conselho de Administração, Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, de licença do colegiado desde 14 de setembro de 2015, quando o conselheiro Luiz Nélson Guedes de Carvalho passou a ocupar a presidência em exercício. De acordo com a Petrobras, Luiz Nélson continuará na presidência do conselho pelo menos até a próxima reunião ordinária do colegiado, que analisará a questão. A estatal não revelou quando foi encaminhado o pedido e nem quando ocorrerá a reunião, mas informou que “fatos julgados relevantes sobre o tema serão oportunamente comunicados ao mercado”. Desde abril, Murilo Ferreira acumulava as funções de presidente do Conselho de Administração da Petrobras e de diretor-presidente da Vale S/A (nomeado em maio de 2011). TN Petróleo 104

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hot news

A Tenaris inaugurou, no dia 24 de novembro, um avançado e especializado laboratório de corrosão, em sua planta produtiva em Pindamonhangaba/SP. Com investimento de US$ 2,8 milhões, construído numa área de 180 m² de infraestrutura, o laboratório terá como foco a realização de testes para a qualificação e certificação de tubos e acessórios para aplicação em ambientes ácidos (sour service) de exploração e produção de óleo e gás. O novo espaço conta com avançada tecnologia de monitoramento e controle que garante a integração dos modernos equipamentos de ensaio com os sistemas de segurança e controle ambiental. Com esta expansão, a Tenaris cria um centro de excelência em inovação, apto a desenvolver novos materiais, rea-

Foto: Divulgação

Tenaris inaugura laboratório de corrosão para atender projetos offshore

lizar testes normatizados de longa duração e garantir a qualidade dos projetos já implantados ou em fase de implantação pelas empresas parceiras e outros players do setor. O Laboratório de Corrosão soma-se aos investimentos da Tenaris no Brasil, que busca oferecer recursos de excelência, alta tecnologia

e inovação às operações do setor energético brasileiro e mundial. No Rio de Janeiro, por exemplo, a empresa inaugurou ano passado seu quinto centro de P&D no mundo, visando o desenvolvimento tecnológico de áreas como a do pré-sal, que possui características específicas de corrosão.

Sebrae/RS firma parceria com Marinha do Brasil para estimular aquisição de bens e serviços de micro e pequenas empresas. Com volume previsto de R$ 4,9 milhões em expectativa de negócios para os próximos 12 meses, a 8ª Rodada de Negócios, da Feira Polo Naval, em Rio Grande (RS) sinaliza boas perspectivas para o setor em 2016. O evento, promovido pelo Sebrae/RS no dia 10 de novembro, mobilizou grandes compradores, microempresas e empreendimentos de pequeno porte. “Em um momento de incertezas no Brasil, as rodadas superaram as expectativas”, avalia a gerente da Regional Sul do Sebrae/RS, Rosâni Boeira da Silva, destacando que 6

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o evento foi ampliado e reuniu 21 compradoras. “Além das empresas do Polo Naval, convidamos corporações do segmento de fertilizantes, logística e energia, e ainda órgãos públicos”, informou. Um total de 132 micro e pequenas empresas vendedoras participaram da rodada, que teve nada menos que 819 reuniões. Entre os compradores estavam o Centro de Intendência da Marinha de Rio Grande; a Foton,

Foto: Divulgação

Rodada de Negócios do Polo Naval supera expectativas

de Guaíba; a Fundação Universidade de Rio Grande (FURG); a Refinaria de Petróleo Riograndense; o Tecon Rio Grande; a Yara Fertilizantes, de Rio Grande; e a CPMC/Celulose Riograndense Ltda. O Centro de Intendência da Marinha em Rio Grande (CeIMRG) e o Sebrae/RS firmaram um acordo de cooperação no qual se comprometem a adotar ações que promovam um ambiente favorável aos pequenos negócios. “A medida vai ampliar o mercado para as micro e pequenas empresas como fornecedoras da Marinha”, conclui Rosâni.


Declaração de Comercialidade da área de Sépia Leste, no pré-sal da Bacia de Santos A Petrobras apresentou à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a Declaração de Comercialidade da acumulação de petróleo localizada na porção noroeste do Plano de Avaliação da Descoberta (PAD) de Júpiter – Bloco BM-S-24, no pré-sal da Bacia de Santos. Na declaração encaminhada à ANP, o consórcio formado pela Petrobras (80%) em parceria com a Petrogal Brasil S/A (20%) sugeriu que o novo campo seja denominado Sépia Leste. O volume recuperável total estimado para este campo é de 130 milhões de barris de óleo equivalente (boe). O campo Sépia Leste está localizado a 250 km da costa do estado do Rio de Janeiro e em profundidade d’água de 2.165 m. Durante a atividade exploratória foi constatada a extensão da

acumulação do campo de Sépia (Cessão Onerosa) para a área de Sépia Leste, caracterizando uma mesma jazida de petróleo. O campo de Sépia foi declarado comercialmente viável pela Petrobras em setembro de 2014 e apresenta reservatórios de excelentes características de porosidade e permeabilidade, com óleo de boa qualidade (26º API). Atualmente, o consórcio do BM-S-24 e a Petrobras (operadora do Campo de Sépia) discutem a unitização da jazida composta pelos campos de Sépia e de Sépia Leste, por meio de um Acordo de Individualização da Produção (AIP). O processo de unitização consiste na viabilização, por um projeto único, do desenvolvimento e da produção de uma jazida que se estende por áreas de concessão pertencentes a concessionários diferentes.

Campo Sépia Leste

Sépia

PAD-BRSA559A

Júpiter

Tratando-se de uma única jazida, a produção do Campo de Sépia Leste será feita pelo mesmo sistema a ser utilizado no Campo de Sépia, que entrará em operação em 2019. O consórcio do BM-S-24 tem até fevereiro de 2016 para concluir a avaliação da descoberta do restante da área que compõe o PAD de Júpiter.

Novo poço confirma descoberta em águas profundas da Bacia Potiguar

Ilustração: Agência Petrobras

A Petrobras informa que a perfuração de um poço de extensão comprovou a descoberta dessa acumulação, a primeira em águas profundas da Bacia Potiguar. O poço 3-BRSA-1317-RNS, informalmente conhecido como Pitu Norte 1, é o primeiro de extensão na área do Plano de Avaliação da Descoberta (PAD) e está localizado a 60 km do litoral do estado do Rio Grande do Norte, em profundidade de água de 1.844 m, com profundidade final de 4.200 m. A descoberta foi comprovada por meio de análise de perfis e de amostras de fluido, que serão re-analisadas em laboratório. A Petrobras é a operadora da concessão BM-POT-17, com 40% de participação, em parceria com a BP (40%) e a Petrogal (20%). TN Petróleo 104

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indicadores tn

Foto: Divulgação

GE conclui aquisição dos negócios de energia da Alstom

A conclusão da transação acontece após a aprovação regulatória da operação em mais de 20 países e regiões, incluindo a União Europeia, EUA, Brasil, China, Índia e Japão. Trata-se da maior aquisição industrial da história da GE. Em 2014, a GE fechou acordo com a Alstom para a compra dos negócios de energia por € 12,35 bilhões. Após ajustes relacionados à criação de joint-ventures em junho de 2014 (que contemplam os negócios de energias renováveis, grid e nuclear), mudanças na estrutura do acordo, remediações e caixa líquido no fechamento, bem como efeitos do câmbio, o preço final da compra foi fixado em € 9,7 bilhões (perto de US$ 10,6 bilhões). A GE espera que o acordo gere entre US$ 0,05 e US$ 0,08 em lucro por ação já em 2016 e US$ 0,15 e 0,20 em lucro por ação até 2018. A empresa tem por objetivo atingir US$ 3 bilhões em sinergias de custos no quinto ano das operações da nova estrutura e crescimento robusto dos negócios. A estratégia econômica permanece a mesma anunciada em abril de 2014. 8

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“A conclusão da aquisição dos negócios de energia da Alstom é mais um passo significativo na transformação da GE. As tecnologias complementares, a capacidade de atuação global, a base instalada e o talento dos profissionais vindos da Alstom contribuirão para fortalecer nosso crescimento industrial ao redor do mundo. Já estamos prontos para trabalhar juntos e para entregar uma das ofertas de tecnologia mais abrangentes no setor da energia para nossos clientes”, diz Jeff Immelt, presidente e CEO Global da GE. Os clientes vão perceber benefícios imediatos a partir da combinação da GE e da Alstom já em projetos atuais, como: PSEG Sewaren (central de ciclo combinado em Nova Jersey/EUA): turbina a gás GE 7HA + gerador de vapor de recuperação de calor (HRSG) Alstom. Punjab Pakistan Bhikki (central de ciclo combinado no Paquistão): duas

turbinas a gás GE 9HA + turbina a vapor Alstom. Usinas de energia Exelon (projetos de energia no Texas/EUA): quatro turbinas a gás GE 7HA + quatro Alstom HRSGs. Chempark (projeto de energia combinada de calor em Leverkussen, na Alemanha): turbina a gás GE 9HA. A GE e a Alstom são os licitantes preferenciais para um projeto de usina de ciclo combinado na Ásia que usaria duas turbinas a gás GE 7HA, duas Alstom HRSGs e um gerador de vapor da Alstom. A Alstom é a licitante preferencial para um projeto de turbinas a vapor Arabelle em dois reatores nucleares no Reino Unido, é licitante preferencial para caldeiras, turbinas a vapor e geradores em projeto de carvão limpo no Oriente Médio. E emitiu com sucesso o primeiro transformador de potência na Índia (800 kV High Voltage Direct Current – HVDC) para o projeto Champa-Kurukshetra. A GE também anuncia a conclusão da venda de seu negócio de sinalização ferroviária à Alstom por cerca de US$ 800 milhões. E segue em linha com sua estratégia para se tornar uma empresa mais simples e mais focada em seus negócios industriais. Além da aquisição da Alstom, está adiantada em relação ao seu plano de deixar o negócio financeiro – já com US$ 126 bilhões em acordos de venda da GE Capital firmados. Recentemente, também foi anunciada a formação da GE Digital, consolidando todas as capacidades digitais da companhia para oferecer aos clientes as melhores soluções industriais e softwares. Graças a todas essas mudanças e transformações, a GE continua ganhando mercado e entregando fortes resultados financeiros.


Entidades do setor de óleo e gás propõem agenda mínima Coalizão apresentará ao governo propostas sobre calendário fixo de rodadas de licitação, ajustes no modelo de partilha, no licenciamento ambiental e na política industrial para o setor. Reunidas com o objetivo de promover investimentos em óleo e gás no país, 23 entidades de todos os elos da cadeia lançaram em outubro, numa iniciativa inédita, o documento ‘Agenda mínima para o setor de petróleo’, em evento realizado na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Com propostas a serem levadas ao governo para aprimorar regras, normas e políticas de apoio, a ‘Agenda mínima’ visa contribuir para superar a difícil fase por que atravessa o setor e sugere iniciativas para tornar o Brasil mais atrativo a investimentos e para desenvolver a indústria de fornecedores de forma competitiva. O diretor geral da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), Eloi Fernández y Fernández, ressaltou que a adoção dessa agenda irá “melhorar o ambiente de negócios do setor”. O executivo apresentou as principais pro postas a serem encaminhadas ao governo, como a regularidade de leilões de blocos de exploração de

óleo e gás, a multiplicidade de operadores no pré-sal (um ajuste no modelo de partilha) e mudanças na política industrial para o setor, com regras mais simples de conteúdo local focadas em segmentos estratégicos. Fernández afirmou que o documento deve ser apresentado ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, na próxima semana. Para o presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Jorge Camargo, a união “inédita” das entidades ocorre “em um momento especial de crise, oportuno para oferecer propostas concretas e objetivas” para ajudar a fomentar o setor. “Toda crise é uma oportunidade e não desperdiçamos esse momento, com essa ampla convergência a fim de oferecer propostas para pavimentar o crescimento.” O Brasil, diz Camargo, tem um potencial muito grande com as descobertas do pré-sal (40% de todo o petróleo offshore encontrado no mundo nos últimos anos), mas precisa fazer ajustes em pontos importantes para o setor se tornar mais competitivo. E citou que o Brasil deve receber investimento de cerca de US$ 25 bilhões em 2016, fatia relativamente

pequena diante dos US$ 700 bilhões estimados para o mundo todo. Feitos os ajustes propostos, o país poderá atrair mais recursos e ter uma participação de até 10% nos investimentos globais, de acordo com Camargo. Durante a apresentação, o presidente do Conselho Deliberativo da Onip e presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, ressaltou a importância do setor de petróleo e gás para a economia, principalmente em tempos de crise, já que é um segmento que não depende apenas do mercado interno. “Com o petróleo, temos enorme potencial para a exportação. Isso evidentemente carrega uma gigantesca cadeia produtiva, já instalada no país. São empresas brasileiras e estrangeiras que apostaram e continuam apostando no setor e que trouxeram tecnologia e centros de pesquisa. A ‘Agenda mínima’ é uma oportunidade e um caminho para sair dessa pasmaceira de investimentos, sobretudo, se criarmos uma janela para o exterior”, afirmou Vieira.

Fusões e aquisições em óleo e gás têm o pior terceiro trimestre dos últimos cinco anos O número de fusões e aquisições em óleo e gás realizadas no terceiro trimestre é o pior dos últimos cinco anos. De julho a setembro foi feita apenas uma transação, enquanto no mesmo período de 2014 foram fechadas quatro. Essa é uma das conclusões da pesquisa realizada pela KPMG. Na comparação dos nove meses desse ano, também foi registrada uma queda drástica em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em 2015, houve

apenas cinco negociações concretizadas contra 19 no acumulado de 2014. “A queda nas fusões e aquisições é reflexo do momento que o setor está vivendo. No cenário externo, houve uma queda significativa do preço do Brent, o que acabou mexendo com a rentabilidade de várias empresas. Já no contexto interno, incertezas políticas, escassez de fontes de financiamento e o contexto da Operação Lava-Jato tiveram impacto direto em toda indústria e afetaram, inclusive,

a cadeia de fornecedores. Por outro lado, esses fatores de instabilidade do segmento e a desvalorização do real frente ao dólar se tornaram atraentes para os investidores estrangeiros que estão buscando opções de negócios no Brasil”, analisa o sócio da KPMG, Paulo Guilherme Coimbra. TN Petróleo 104

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Relatório confidencial da Opep vê parcela de mercado encolhendo até 2019

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Segundo a Agência Reuters, a OrProdução de países-membros da Opep e não membros – nov/2013 a out/2015 ganização dos Países Exportadores de Produção de Outros países Petróleo (Opep), em um relatório inter- mb/d (Opep) mb/d (total) países-membros da Opep produtores no, afirmou que a demanda global por 32 96 petróleo permanecerá sob pressão nos 31 95 próximos anos, o que alimenta o debate 30 94 sobre sua estratégia de defesa da parcela 29 93 de mercado em vez dos preços. 28 92 O esboço do relatório de estratégia da 27 91 Opep, no longo prazo, ainda de acordo com 26 90 89 a Reuters, estima que a oferta de petróleo 25 do grupo – que tem uma meta de produção de 30 milhões de barris por dia (bpd) – cairá levemente diante do nível de 2015 até 2019, a menos que a produção rival desacelere o grupo adotou tal política, a produção ximos seis a 12 meses” é uma das recocom mais rapidez que o esperado. do grupo subiu, mas os preços se apromendações do Irã: “O teto de produção da O relatório de 44 páginas, marcado Opep deve ser estabelecido por intervalos fundaram em seu colapso, atingindo as como confidencial, inclui um anexo conde seis a 12 meses.” receitas do petróleo. Os ministros do petróleo da Opep O relatório vê apenas uma leve retendo comentários de dois membros, Irã e vão se encontrar em 4 de dezembro para Argélia, sugerindo o retorno da Opep à sua cuperação ao longo dos próximos anos decidir se estenderão sua estratégia antiga política de sustentação de preços no preço do petróleo, o qual caiu para de permitir a queda dos preços para a um nível desejado, ajustando a oferta. mais do que a metade (50 dólares por desacelerar a oferta de maior custo dos “Atingir um acordo sobre um preço barril), desde junho de 2014 em função rivais. Desde novembro de 2014, quando justo e razoável para o petróleo nos próda ampla oferta.

Petrobras tem lucro líquido de R$ 2,1 milhões nos nove meses de 2015 O resultado negativo é 29,6% menor do que o prejuízo de R$ 5,339 bilhões acumulado de julho a setembro de 2014. Segundo a Petrobras, entre janeiro e setembro, o balanço ainda é positivo, com lucro de R$ 2,102 bilhões, o que representa queda de 58,1% sobre o mesmo período do ano passado. De acordo com a empresa, o prejuízo foi decorrente do aumento das despesas financeiras líquidas em função da desvalorização cambial e do acréscimo nas despesas com juros. O resultado operacional ficou em R$ 5,8 bilhões, com redução de 39% na comparação com o segundo trimestre de 2015. Os números decorrem do menor lucro bruto e maior despesa com contingências judiciais, especialmente com pro10

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Foto: Agência Pretrobras

No terceiro trimestre de 2015, a companhia apresentou prejuízo de R$ 3.759 milhões.

cessos trabalhistas e tributários, que somaram R$ 2,3 bilhões. Os investimentos totalizaram R$ 55,5 bilhões, 11% menor que o mesmo período de 2014. O segmento de Exploração e Produção no Brasil concentrou 78% dos recursos. Em dólares, os investimentos atingiram US$ 17,5 bilhões,

36% abaixo do mesmo período de 2014 (US$ 27,3 bilhões). Houve impacto ainda de maiores gastos com baixas de poços secos e/ou subcomerciais, da ordem de R$ 668 milhões, e maiores gastos com devolução de campos à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).


eua: A produção do shale gas/oil dos EUA, que impulsionou um período de expansão de seis anos na produção de petróleo do país, cairá em 600 mil barris por dia (bpd) em 2016, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). A oferta total de petróleo dos EUA deverá aumentar em 830 mil bpd, impulsionada pelas formações de folhelho do Texas e de Dakota do Norte. arÁbia saudita: Apesar da crise financeira que aflige o reino saudita, o país está determinado a assegurar sua cota de produção no mercado global. O maior exportador de petróleo do mundo vai produzir o suficiente para atender a demanda de seus clientes, indicando que não está disposto a mudar de rumo antes da próxima reunião em Viena com o cartel dos produtores da Opep. “A única coisa a fazer agora é deixar o mercado cumprir o seu trabalho”, disse Khalid al-Falih, presidente da estatal Saudi Arabian Oil Company (Saudi Aramco). RÚSSIA: O país está enfrentando a concorrência

Foto: Cortesia Saudi Aramco

PELO MUNDO

na Europa, depois que a Arábia Saudita reduziu o preço para compradores da região noroeste do continente europeu e começou a vender a mercados consolidados dos russos, como a Polônia. Venezuela: De acordo com o ministro do Petróleo, Eulogio Del Pino, a Venezuela está exortando a Opep a adotar um “preço de equilíbrio” que cubra o custo dos novos investimentos em capacidade de produção. “Não podemos permitir que o mercado continue controlando o preço”, disse Del Pino. “Os princípios da Opep eram de agir sobre o preço do petróleo bruto e nós precisamos retomar estes princípios." Noruega: Investidores de private equity estão

comprando ativos do setor de petróleo da Noruega, atingido pela crise, e apostando em uma recuperação nos preços do barril, cortando acordos com empresas de energia cujo foco está em outros locais. irã: O país lançou um modelo aprimorado para seus contratos de longo prazo de petróleo com o objetivo de atrair US$ 30 bilhões em investimentos estrangeiros, caso as sanções internacionais sejam suspensas sob um acordo nuclear alcançado neste ano. O governo iraniano disse ainda que as empresas norte-americanas seriam bem-vindas a participar. O novo modelo de contrato substitui o anterior no qual os contratantes pagavam os custos de investimento iniciais em troca de receitas provenientes do petróleo produzido sob o acordo.

TN Petróleo 104

11


indicadores tn

Crise no setor vai deixar de gerar R$ 62 bi A crise no setor de petróleo vai deixar de gerar R$ 62 bilhões em renda para o país até 2019. O número foi apresentado pelo Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ. De acordo com o estudo, a queda no preço do petróleo fez com que as principais petroleiras revissem seus investimentos no Brasil. No ano passado, quando a crise começou, houve uma redução de 16% dos investimentos no setor, que passaram de R$ 104 bilhões, em 2013, para R$ 87 bilhões em 2014. Já em 2015, o montante de investimento anunciado pelas petroleiras redu-

ziu de US$ 236,7 bilhões para US$ 130,3 bilhões – a queda é de 45% e o impacto na renda nacional, de R$ 12,4 bilhões por ano. Os prejuízos causados pela crise afetam ainda a geração de emprego e as receitas de estados e municípios dependentes dos royalties, principalmente no Rio de Janeiro. Em agosto de 2015, o repasse para o estado foi de R$ 200 milhões, o que, apesar do aumento em relação ao mês anterior, representa R$ 69 milhões a menos do que o mesmo período de 2014. No primeiro semestre, a queda de arrecadação nos municípios produ-

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural

DJ Oil & Gas (%)

Período de 05/2015 a 10/2015

11.09.2015

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Maio

Junho

Julho

Bacia de Campos

1.476,7

1.436,2

Outras (offshore)

444,1

Total offshore Total onshore Total Brasil

Agosto Setembro

Outubro

1.480,7

1.519,5

1.390,4

1.442,1

462,9

472,7

498,6

480,4

471,4

1.920,7

1.899,1

1.953,4

2.018,1

1.870,7

1.913,5

190,2

188,7

188,6

187,6

187,5

187,0

2.111,0

2.087,8

2.142,0

2.205,7 2.058,3

2.100,5

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Maio

Junho

Julho

Agosto Setembro

Outubro

Bacia de Campos 25.336,1 24.687,6 26.326,2 27.187,5 25.162,1 25.196,2 Outras (offshore) 31.069,3 32.008,6 30.350,5 31.949,4 31.804,2 32.146,3 Total offshore

56.405,4 56.696,2 56.676,7 59.136,9 56.966,3 57.342,5

Total onshore Total Brasil

17.187,8

17.190,1 17.847,4 17.390,3 18.063,3 18.045,1

73.593,3 73.886,2 74.524,0 77.182,0 75.029,6 74.732,8 Maio

Junho

Julho

Agosto Setembro

Outubro

101,4

101,9

95,9

101,2

96,8

99,5

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior

15.326,7 15.424,8 15.078,1 15.416,4 15.491,0 16.133,0

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior

2.765,5

2.745,2

2.795,3

2.883,1

2.718,1 2.765,0

12

TN Petróleo 104

-0.84 2.30 Variação no período: 8.66%

bovespa (%) 11.09.2015

24.11.2015

-0.22 0.28 Variação no período: 4.38%

dólar comercial* 11.09.2015

24.11.2015

3.870 3.699 euro comercial* 11.09.2015

24.11.2015

4.38 3.93 Variação no período: -8.96%

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).

24.11.2015

Variação no período: -3.25%

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior

tores foi de 25% em relação a igual período de 2014. “Essa queda se deve, sobretudo, à redução da cotação do petróleo no mercado internacional. O preço do Brent passou de uma média de US$ 110 no primeiro trimestre de 2014 para menos de US$ 50 em agosto de 2015”, explicou o economista do GEE, Marcelo Colomer. O estudo revela ainda que houve uma queda de 26% na criação

Fonte: Petrobras

*Valor de venda, em R$


de vagas de empregos no setor em cinco anos. Os mais atingidos serão os empregados do setor de serviços, que responde por 34,65% do total de empregos diretos criados pela indústria e por 18,52% dos indiretos. De acordo com levantamento realizado pelo professor Rodrigo Leandro, da FGV, o número de demitidos no setor no primeiro semestre desse ano ultrapassa 30 mil pessoas. Para o secretário executivo do IBP, Milton Costa Filho, os dados são preocupantes e é preciso construir uma agenda positiva na tentativa de atrair novamente os investimentos para o país. “O último leilão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natu-

ral e Biocombustíveis (ANP) reforçou a preocupação, com a participação de poucos atores. Precisamos rever algumas questões regulatórias para fazer do Brasil um país mais atrativo aos investimentos das companhias, ainda mais neste momento de crise, quando elas estão mais seletivas.” Em contrapartida, o cenário favorece a balança comercial. Segundo o estudo, o saldo comercial da área de petróleo melhora em função da redução da demanda, provocada pela crise e pelos aumentos de preços.

Período: 11.09.2015 a 24.11.2015 | ações ações ações ações

petrobras

ON

R$

R$

8,81

10,45

R$

7,66

PN

Variação no período: 15.82%

R$

8,50

Variação no período: 10.24%

VALE R$

R$

R$

R$

ON 19,45 14,47 PNA 15,67 12,03 Variação no período: -28.91%

Variação no período: -26.22%

CPFL

BRASKEM

R$

R$

R$

R$

ON 12,64 10,90 PNA 15,25 25,59 Variação no período: -15.84%

Variação no período: 50.74%

petróleo brent (US$) 11.09.2015

48.14

24.11.2015

45.92

Variação no período: -4.65%

petróleo WTI (US$) 11.09.2015

44.63

24.11.2015

42.72

Variação no período: -5.53%

FRASES

“A expectativa é que o mercado retorne para uma situação de maior equilíbrio em 2016... Como ocorreu em ciclos anteriores, a indústria vai superar o atual. Na verdade, os ciclos têm ajudado a tornar (o mercado) cada vez mais resistente e eficiente.” Abdalla Salem el-Badri, secretário-geral da Opep, 9/11/2015.

“Seria um grande erro nossa atenção com a segurança do suprimento de petróleo estar ligada à trajetória de curto prazo dos preços.” Fatih Birol, diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), 26/10/2015 – Reuters.

“Se as políticas governamentais oriundas da COP 21, e do que vier depois, forem levadas a cabo, anteciparemos em cinco anos, pelo menos, a penetração de renováveis na matriz energética global e, ao mesmo tempo, reduziremos o ritmo do aumento da demanda por energia.” Clarissa Lins, economista e sócia da Catavento, 23/11/2015 – Tendências para o Setor de Energia no Longo Prazo, IBP.

“Antes de 2005, o petróleo nunca ficou acima dos US$ 50 e foi neste período que a Petrobras desenvolveu alguns de seus campos gigantes.” Anelise Lara, gerente executiva do projeto de Libra, 29/10/2015 – Folha de São Paulo.

“Se dermos espaço para a Petrobras respirar, tenho confiança que ela vai conseguir superar a fase atual e continuar fazendo coisas essenciais para o Brasil.” Joaquim Levy, ministro da Fazenda, 23/11/2015 – Valor Econômico.

TN Petróleo 104

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entrevista exclusiva

Temos um

caos regulatório a equacionar

por Felipe Salgado

Quem afirma é o advogado Alexandre Chequer, sócio de Mayer Brown e Tauil & Chequer Advogados, associado a Mayer Brown. Colíder do grupo de Energia do Mayer Brown e líder global do grupo de petróleo e gás, Chequer faz uma análise crítica do marco regulatório brasileiro nesse setor, afirmando que é necessário derrubar entraves para que a cadeia produtiva possa retomar o crescimento iniciado nos anos 2000. Com forte atuação na área de fusões e aquisições, joint ventures e desenvolvimento de projetos e infraestrutura, o advogado consolidou um portfólio de casos nessa área, tanto no Brasil como no exterior, posicionando-se com um dos principais experts jurídicos da indústria de óleo e gás, tendo realizado análises de risco político e regulatório, gestão de investimentos e estruturação de financiamentos na indústria energética para investidores internacionais – dentre os quais a petroleira China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), na sua habilitação na primeira Rodada do pré-sal. TN Petróleo – Em novembro, celebraremos os 20 anos da flexibilização do monopólio do petróleo no Brasil. Em sua avaliação, quais foram os ganhos que essa abertura assegurou à indústria de O&G? Alexandre Chequer – O ápice de todo esse processo culminou com a descoberta do pré-sal. Até ali, tudo estava dando certo e o Brasil era e foi 14

TN Petróleo 104

um modelo a ser seguido, como a Colômbia, e mais recentemente o México. De repente, criamos um regime (o de partilha) que atrasou nossa indústria em dez, 20 anos. Com essa mudança, perdemos uma oportunidade histórica de crescimento da indústria de petróleo e gás, impactando o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva do setor. Foi um grande erro em todos os sentidos, que prejudicou a indústria como um todo. O que ainda precisa ser reformulado nessa regulação, uma vez que ainda vigora o monopólio em outras atividades (refino, por exemplo)? No âmbito da regulação do downstream, não há monopólio de direito. Mas, de fato, ele existe. Hoje, a Petrobras controla 98% a 99% da capacidade do refino instalada no país. Com a necessidade de caixa da companhia combinada com queda dos preços do petróleo, acho que seria mais factível para a companhia vender ativos de downstream do que upstream. Faria mais sentido ela tirar esse peso das costas em relação ao re-

fino de petróleo no país, implementando uma concorrência que seria benéfica e diminuiria o poder do governo de controlar o preço dos combustíveis. Enfim, a regulação não precisa ser reformulada: basta dar continuidade ao que vinha sendo feito até 2007. As coisas deveriam ser mais simples. O Brasil tem hoje três regimes de exploração e produção de óleo e gás. Quais as vantagens e desvantagens desse modelo misto? Esse modelo misto é um caos regulatório. Certamente virará case sobre o que não deve ser feito. Existe uma série de projetos que não estão avançando porque as empresas não se entendem com o governo em relação ao plano de desenvolvimento de alguns campos que se estendem para fora da área de concessão – o que chamamos de unitização. O caos regulatório trazido pelos três regimes está travando o desenvolvimento da indústria em áreas já com descobertas comerciais e afastando os investidores para novos projetos.


Alexandre Chequer, sócio da Mayer Brown e Tauil & Chequer Advogados

O caos regulatório trazido pelos três regimes está travando o desenvolvimento da indústria em áreas já com descobertas comerciais e afastando os investidores para novos projetos.

Qual a sua avaliação do projeto de lei que visa alterar as regras da exploração do pré-sal? O modelo de concessão consolidou o aumento da produção ao longo dos anos. De repente, as regras mudaram, os preços do petróleo caíram e o país tornou-se menos atraente devido ao caos regulatório e ao baixo preço do petróleo. Então, seria melhor voltarmos para o modelo que deu certo. Considero uma grande bobagem a afirmação do governo de que somente o regime do pré-sal pode garantir e preservar receitas para educação. Ora, o governo não precisa mudar o regime para arrecadar mais. Basta aumentar a participação especial e vincular esses recursos à educação. Assim, terá retorno com a

atividade econômica – além do que vai aumentar o interesse dos investidores com relação ao Brasil. É bom lembrar que foi sob o regime de concessão que tivemos as maiores descobertas de petróleo no mundo nos últimos 30 anos. Fomos vítimas do nosso próprio sucesso devido a uma visão equivocada. É possível combinar um arranjo jurídico-regulatório que tire a obrigatoriedade da empresa de operar e ter 30%, mas que lhe confira preferência em suas escolhas? Do ponto de vista jurídico, não acho legal, muito menos prudente, estabelecer uma base jurídica para conceder privilégios à Petrobras, uma sociedade de economia mista que possui o controle

majoritário do governo. Como companhia aberta com ações negociadas na bolsa de valores, ela deve ser tratada como qualquer outra empresa. Aliás, é assim que a Lei a trata, com exceção do regime jurídico do pré-sal. Reitero que tenho minhas dúvidas com relação à legalidade dessa estrutura. Além disso, conferir preferência a ela pode gerar insegurança aos competidores e à própria Petrobras, que poderá ser obrigada a investir onde não tem interesse. Organizar algo intermediário, em que a Petrobras teria preferência, não condiz com as melhores práticas e nem com a posição dela na indústria. Isso afasta investidores e diminui o valor dos ativos. Quando alguma empresa tem interesse em alguma área e decide participar de TN Petróleo 104

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entrevista exclusiva

O processo judicial nos EUA é algo muito sério. A legislação norte-americana protege os investidores de informações que eventualmente foram prestadas e que não condiziam com a realidade.

uma licitação, ela faz investimentos, compra pacote de dados sísmicos, emprega recursos e pessoas para realizar a análise. Uma sociedade de economia mista com ações negociadas em bolsa não deveria gozar de tal privilégio. O processo de unitização é um dos pontos mais complexos da regulação do setor. A Shell, por exemplo, descobriu uma acumulação de petróleo em sua zona de concessão que avança para uma região do pré-sal. A quem pertence o direito de comercialidade da área? A descoberta de Gato do Mato é emblemática. Essa área está sob regime de concessão e se estende para a do pré-sal. Considerando que já houve a descoberta e não existe mais o risco exploratório, o governo deveria licitar essa área o mais rápido possível e arrecadar muito dinheiro com o bônus de assinatura com a empresa que ganhasse o direito de exploração. Assim, a Shell teria um sócio para fazer os investimentos necessários para o campo de Gato do Mato começar a produzir petróleo. Isso é que gera riqueza. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), nos últimos três anos o descumprimento das regras de conteúdo 16

TN Petróleo 104

local gerou multas de R$ 315 milhões. A maior parte é questionada judicialmente, sobretudo pela Petrobras, responsável por 42% do volume total das multas. Em sua opinião, os critérios de controle local são falhos? O que pode ser aprimorado? Sou a favor do conteúdo local como política de Estado desde que a dose/ implementação seja razoável. Os níveis de exigência de conteúdo deveriam ser progressivos. O que aconteceu foi que as empresas acabaram não conseguindo cumprir as exigências pela falta da capacidade da indústria local de entregar bens e serviços a custos razoáveis. Isso acabou gerando o ônus das multas. Em alguns casos, era mais barato para a empresa pagar a multa do que cumprir as exigências de conteúdo local. A política do governo com relação ao conteúdo local falhou e deve ser revista, como já está sendo. Como vê a questão do conteúdo local como critério de leilão e regra inserida nos contratos? Seria mais fácil estabelecer conteúdos mínimos, condizentes com a realidade, arrecadando mais com a venda dos direitos de exploração e produção. Como eu disse, não adianta o governo exigir altos níveis de conteúdo local sem criar

condições e/ou estrutura para atender essa demanda. Isso criou um impasse na indústria local e boa parte das empresas não conseguiram cumprir as regras, inclusive a Petrobras. A divisão dos royalties do petróleo tem gerado muita polêmica. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) impede que uma nova lei fira o direito adquirido dos produtores. Esse imbróglio envolve diversas questões e interesses. Poderia esclarecer o cerne dessa confusão e como o mesmo se estabeleceu? Considero essa tentativa um golpe nos estados produtores, que afeta a credibilidade do país por falta de transparência e critério das regras. A confusão começa com a inserção do regime de partilha. Os governadores de estados não produtores cresceram o olho com relação à participação dos royalties. Acho que houve uma inabilidade política muito grande. Os estados do Nordeste poderiam ter sido trazidos para o lado do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, na medida em que grandes descobertas estão sendo feitas hoje na margem equatorial. E a discussão estaria encerrada. Obviamente, parto da premissa de que os políticos teriam uma visão de médio e longo prazo, mas as coisas não funcionam assim no Brasil. A criação do fundo soberano tem sido partidarizado e ideologizado. Seu objetivo é separar parte da renda petrolífera para revertê-la em setores sociais (combate à pobreza, fomento à educação, ciência, tecnologia e meio ambiente). Os fins já existem, mas faltam os meios. Estão claras as regras acerca da divisão e aplicação de renda para cada uma das finalidades? Não sei se esse fundo de R$ 15 bilhões está capitalizado ou não. O que eu sei é que eu não vi, até agora, nenhum tipo de aplicação desse fundo soberano. A maior preocupação do governo é cobrir o rombo que ele criou no orçamento – o famoso ajuste fiscal. Acho engraçado


Temos um caos regulatório a equacionar

quando começam a enxergar o Brasil como a Noruega. Ouvi isso de membros graduados do governo. Nossas necessidades são imediatas e precisamos dar conta delas agora. Não podemos nos dar ao luxo de criar fundos e nos compararmos à Noruega, que tem a maior ou a segunda maior renda per capita do mundo. Temos que consertar o presente para organizarmos o futuro. A Petrobras é alvo de diversas ações coletivas movidas por investidores lesados por informações financeiras incorretas e enganosas divulgadas no mercado. O que a empresa pode esperar desses processos judiciais? O processo judicial nos EUA é algo muito sério. A legislação norte-americana protege os investidores de informações que eventualmente foram prestadas e que não condiziam com a realidade. Caso seja comprovada essa conduta, a Petrobras será condenada a

indenizar os investidores lesados. Além disso, existe a ação conduzida pelo governo americano no que se refere às práticas de corrupção – previstas na Lei Anticorrupção dos Estados Unidos, Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) e que deverá ser muito mais contundente do que aquelas movidas pelos investidores do ponto de vista reputacional e, eventualmente, do ponto de vista financeiro. Existe uma série de exemplos com outras grandes corporações em situação similar à da Petrobras. Em audiência na corte federal de Nova York, o advogado da Petrobras Roger Cooper culpou a fraude de alguns indivíduos e disse que a empresa não poderia ser responsabilizada pelas ações indevidas dessas pessoas. Essa defesa tem sustentação e legitimidade jurídica? Os indivíduos a que ele se refere são os diretores indicados pelo acionista controlador. A companhia

responde perante os investidores e os diretores responderão perante a companhia. Obviamente, a companhia vai acionar, ou já acionou, esses indivíduos. Por ter ações negociadas na bolsa de Nova York, a Petrobras está sujeita às leis dos Estados Unidos. Essa seria a lógica, mas não me sinto apto a dar opinião sobre isso. Quais são os riscos que a Petrobras corre em termos financeiros (no civil e no penal) por causa desse processo nos EUA? Em se comprovando os crimes, o governo norte-americano aplicará multas com base na FCPA. Como há também as ações dos investidores, que reivindicam indenizações, fica difícil mensurar o montante do prejuízo financeiro que poderá ser imputado à companhia. Mas existem casos em que empresas foram condenadas a pagar até US$ 1 bilhão nos casos de corrupção.

TN Petróleo 104

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especial: porto do açu

1

2

3

Detalhe

Terminal 2

3 - Edison Chouest e Petrobras

1 - Wärtsilä

2 - Technip e NOV

Um porto seguro por Felipe Salgado

para as operações offshore

18

TN Petróleo 104


4 5 6

4 - Correia transportadora

Terminal 1

5 - Carregador de navios

6 - Terminal de Petróleo (TOIL)

Um dos maiores empreendimentos do país, o complexo logístico industrial do Porto do Açu está pronto para iniciar a prestação de serviços à indústria offshore. Sua localização estratégica, no Norte Fluminense, possibilitará reduzir custos operacionais das atividades de exploração e produção de hidrocarbonetos nas bacias de Campos, Espírito Santo e no pré-sal brasileiro. TN Petróleo 104

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especial: porto do açu

20

TN Petróleo 104

Raio de atuação do porto Brasil

Bacia do Espírito Santo

Bacia de Campos

R$ 5,5 bi

R$ 950 mi

Prumo

EDISON CHOUEST

Investimentos – Total R$ 11,2 bilhões

TECHNIP

R$ 650 mi

R$ 360 mi

NOV

R$ 3,3 bi

R$ 400 mi

ANGLOAMERICAN

BP

C

om o término da primeira fase das obras dos terminais 1 e 2 (T1 e T2), o Porto do Açu, da Prumo Logística, prepara-se agora para iniciar a prestação de serviços à indústria petrolífera – uma vez que vem operando para o setor de mineração desde outubro do ano passado. Com retroárea de 90 km², que representa cerca de 20% do território do município de São João da Barra, no Norte Fluminense, o empreendimento é considerado um dos maiores investimentos das Américas em infraestrutura portuária. O T1 é um terminal offshore com capacidade para receber navios de grande porte, como Capesize (220 mil toneladas) e VLCC (320 mil toneladas). Já o T2 é um terminal onshore instalado no entorno de um canal para navegação, que já conta com 13 km de cais, 6,5 km de extensão e 300 m de largura. Em junho, a Oiltanking assinou contrato de US$ 200 milhões para a compra de 20% da subsidiária Açu Petróleo, responsável pelo desenvolvimento do Terminal de Petróleo (TOIL). Com a aquisição, a empresa alemã vai gerenciar as operações de transbordo no terminal, com capacidade para movimentar até 1,2 milhão de barris por dia (bpd) e receber os maiores navios em uso atualmente no transporte de petróleo (os VLCCs, em inglês: very large crude carrier). O TOIL, instalado no T1, compartilhará a infraestrutura com o terminal de minério de ferro (Ferroport), uma joint venture entre a Prumo (50%) e a mineradora britânica Anglo American (50%), com capacidade para movimentar 26,5 milhões de toneladas por ano. Com capacidade para armazenar de 7 a 10 milhões de barris de petróleo, o TOIL deve iniciar

Wärtsilä – r$ 50 mi

operação até agosto de 2016 com o transbordo de 200 mil bpd produzidos pela BG Brasil/Shell de suas participações em campos do pré-sal. O contrato de 20 anos, assinado com a petroleira no início de junho deste ano, prevê ainda a possibilidade de expansão para 320 mil bpd. “Oferecemos às empresas operações de transbordo e, no futuro, armazenamento de petróleo, blending e unidade de tratamento.

Acreditamos que o terminal terá grande impacto positivo na logística e economia do setor de petróleo no Brasil”, afirma Daan Vos, diretor-geral da Oiltanking. O T1 abriga uma área para as atividades offshore de exploração e produção de óleo e gás natural, com 3,2 km²


Um porto seguro para as operações offshore

da área total com infraestrutura instalada para montagem e integração de módulos das plataformas offshore de produção e armazenamento de petróleo do tipo FPSO (Floating Production, Storage and Offloading).

Maior base de apoio offshore do mundo Em abril, a Edison Chouest Offshore (ECO), uma das empresas instaladas no complexo do Açu, ampliou em 220 m o cais de sua unidade, que vai servir como base de apoio logístico offshore e de estaleiro de reparos navais para suas próprias embarcações. Com área total de 597.400 m², 1.030 m de frente de cais e 15 berços de atracação, passará a ser a maior base de apoio offshore do mundo – a previsão é de que movimente 10.800 embarcações/ano e de que

sejam investidos R$ 950 milhões no desenvolvimento da unidade. A Petrobras assinou um contrato com a empresa americana para uso de seis berços (número total deles no porto de Macaé), com operação prevista para novembro deste ano – outros nove estão em negociação. “O início da operação do porto e a conclusão desta etapa de obra proporciona uma procura crescente das empresas de petróleo por soluções que aumentem a produtividade e reduzam seus custos de operação. O Porto do Açu é essa solução”, destaca Eduardo Parente, presidente da Prumo. A operação do terminal de transbordo de petróleo é um exemplo de alternativa que o Porto do Açu

oferece aos produtores de petróleo, que atualmente precisam realizar este tipo de operação no Uruguai ou no Caribe. Na operação ship to ship, o óleo é transportado de navios aliviadores para embarcações convencionais, reduzindo o frete de exportação do petróleo brasileiro e integrando o desafio do pré-sal, que demanda a utilização de navios Service Point Shipping Tool. “A expansão da base no Porto do Açu nos prepara para atender as demandas dos atuais clientes e também do pré-sal. A extração de petróleo, nos campos offshore, é fundamental para o desenvolvimento do nosso país”, disse Ricardo Chagas, diretor da Edison Chouest.

TN Petróleo 104

21


Além do aumento de segurança e competitividade do pré-sal, a empresa destaca como principais benefícios que essa infraestrutura vai possibilitar ao setor petrolífero: a redução de até 60% do frete de exportação, com muito mais segurança, no transbordo de petróleo abrigado; e a minimização de gargalos de infraestrutura para esse setor. Dentre as vantagens do complexo está o fato de ser a única opção com atracação na costa brasileira, com porto com profundidade mínima de 10 m, estaleiro de reparo naval, que permitirá a nacionalização de uma série de serviços, além de ser o porto mais próximo da Bacia de Campos com heliporto.

Cadeia produtiva ‘ancorada’ no Açu As unidades industriais da Wärtsilä , Technip, Intermoor e National Oilwell Varco (NOV) já estão em operação no Açu. Em março,

Foto: Cortesia Wärtsilä

especial: porto do açu

a finlandesa Wärtsilä instalou sua primeira planta industrial nacional de montagem e produção de grupos geradores e propulsores azimutais. Com 4 km² de área construída e investimentos de €20 milhões, a planta industrial já entregou seis grupos de geradores ao estaleiro Jurong, em Cingapura, e o primeiro par de thrusters ao estaleiro Jurong, em Aracruz (ES). “O investimento na fábrica fortalece nossa presença no país para

atender a crescente demanda pelos produtos e serviços da Wärtsilä, além de cumprir as exigências de conteúdo local, sobretudo na indústria offshore”, destaca Robson Campos, presidente da Wärtsilä Brasil, que vai oferecer soluções e serviços nas áreas de energia e propulsão marítima.

mo combustível. Para isso, o calor existente nos gases de exaustão das turbinas a gás é recuperado, produzindo o vapor necessário para o acionamento da turbina a vapor. A utilização do Ciclo Combinado contribui para o aumento da eficiência na geração de energia e proporciona a produção de eletricidade com custos reduzidos. A termelétrica usará como matéria-prima o gás natural, que será transportado do Terminal GNL do Porto do Açu até a UTE pelo gasoduto, que terá cerca de 2,5 km de extensão.

“A instalação da termelétrica significa uma importante oportunidade para o estado do Rio de Janeiro alcançar a autossuficiência de oferta energética. No atual cenário brasileiro, com a demanda de energia aumentando de modo significativo, é necessário ampliar a oferta disponível, sobretudo a gerada por meios mais sustentáveis, como o gás”, explica Décio Oddone, diretor de Projetos de Óleo e Gás da Prumo. O investimento previsto para o projeto é de R$ 6,2 bilhões, com previsão de geração de cinco mil empregos na construção das duas unidades e 262 empregos diretos na operação das unidades.

Instalação de termelétrica Em setembro, a Prumo apresentou ao Inea (Instituto Estadual do Ambiente) os estudos ambientais (EIA/Rima) para a instalação de usina termelétrica a gás no Porto do Açu. A UTE será instalada em área de 40 hectares e será dividida em duas unidades geradoras de energia elétrica, que juntas terão capacidade de produzir 3.100 MW. A UTE está localizada estrategicamente dentro de uma área industrial, próxima a um terminal GNL já licenciado e a uma subestação de energia. A térmica operará com Ciclo Combinado, que usa turbinas a gás e vapor associadas em uma única planta, ambos gerando energia elétrica a partir da queima do mes22

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Outras vantagens competitivas A Prumo criou uma joint venture com a britânica BP: a BP Prumo, para comercialização de combustível marítimo no Porto do Açu, fornecendo aos clientes do porto uma alternativa competitiva para reduzir os custos de suas operações offshore. Ela vai importar, exportar, armazenar, distribuir e/ou comercializar combustíveis marítimos, sob a marca da BP Marine. Este centro de abastecimento deverá atender as demandas de navios de variados portes e atividades, como PSVs (Platform Supply

Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Com 500 m de frente de cais e 289.800 m² de área total, para apoio à indústria offshore, com área para armazenagem e teste de material, a unidade da francesa Technip possui capacidade para produzir dutos submarinos de até 22 polegadas de diâmetro interno para atender as demandas do pré-sal. A planta ocupa a área de 29.300 m² no canal do T2 e também irá oferecer soluções e serviços nas áreas de energia e propulsão marítima. O contrato terá a duração de 30 anos (renováveis por mais 30). A primeira operação comercial no canal do T2 aconteceu em 2014, quando o navio Happy Dynamic veio da China e atracou no cais da fábrica da NOV – líder mundial no fornecimento dos principais componentes mecânicos para sondas de perfuração –, carregando um guindaste para movimentação os carretéis de tubos flexíveis. A empresa tem uma unidade de produção de tubos flexíveis para apoio à indústria offshore com 210 m de frente de cais e 121.905 m² de área total. Com capacidade para produzir de 220 km a 250 km de dutos flexíveis por ano, além de área para armazenagem e teste de material, a unidade recebeu investimento da ordem de US$ 200 milhões.

Foto: Divulgação

Um porto seguro para as operações offshore

Vessels), navios de cabotagem e de longo curso, por combustíveis como diesel marítimo (MGO/Marine Gas Oil) e bunker (IFO/Intermediate Fuel Oil). A previsão é de que a unidade, que ocupará uma área de mais de 215.000 m², comece a operar no primeiro trimestre de 2016. Também está no complexo outro grupo francês, a Vallourec, que fornece soluções tubulares Premium, principalmente para o mercado de energia (óleo e gás, powergen). A empresa assinou contrato para instalação de uma base logística no polo metalmecânico, em área de 150.000 m², destinada ao atendimento das companhias de petróleo que atuam na Bacia de Campos, através da armazenagem e fornecimento “just in time” de tubos e serviços especializados.

A InterMoor, empresa integrante do Grupo Acteon, também vai instalar uma base de apoio logístico e serviços especializados à indústria de óleo e gás, com 90 m de frente de cais e 52.302 m² de área total. Outra integrante do empreendimento é a Marca Ambiental, especializada em multitecnologias para o gerenciamento integrado de resíduos, localizada no município de Cariacica (ES). Sua central de tratamento, instalada em área de mais de 2 milhões de m², está preparada e licenciada para receber resíduos Classes I e II A, B de municípios, indústrias, portos, aeroportos, de estabelecimentos de serviços de saúde, entre outros.

Contrato para instalação de hotel no Porto do Açu A Prumo assinou em maio um contrato com a incorporadora carioca Inter Rio para a instalação de um hotel no Porto do Açu. O empreendimento, que ocupará uma área de 10.649 m² entre a entrada dos Terminais 1 e 2, contará com 200 quartos, divididos em dez andares. A unidade é o primeiro empreendimento de um centro de conveniência (mixed use) que está sendo desenvolvido no Complexo Industrial, e terá salas comerciais, serviços de conveniência e 200 quartos em padrão standard, com cerca de 20 m² cada. O centro de conveniência será instalado na área total de 250 mil m² e a previsão é de que atenda a demanda das empresas e dos trabalhadores do complexo, gerando cem empregos na operação. Por meio de uma parceria com a Inter Rio, a Prumo será proprietária de 22 quartos. TN Petróleo 104

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indicadores tn açu especial: porto do

Movimentação de minério de ferro e bauxita Com 17 km de cais, 90 km² de retroárea e profundidade de até 24 m, o porto tem capacidade para receber até 47 embarcações simultaneamente.

Foto: Divulgação

O contrato com a Votorantim prevê a movimentação de 300 mil toneladas por ano de bauxita e coque. O T-MULT deve movimentar 2 milhões de toneladas de bauxita por ano. Nos dois primeiros embarques foram exportados mais de 75 mil toneladas de bauxita. Atualmente, o volume estocado no pátio do T-MULT corresponde a 15 mil toneladas.

O

T1 possui uma ponte de acesso de 3 km de extensão, nove píeres para movimentação de minério de ferro e petróleo, canal de acesso e bacia de evolução. Dos nove berços para atracação de navios, quatro são dedicados ao minério de ferro, que podem movimentar até 100 milhões de toneladas por ano. Em outubro de 2014, ocorreu o carregamento do primeiro navio, o Key Light, com 80 mil toneladas da commodity. A Anglo American é a empresa que opera minério de ferro no T1 – proprietária das minas em Serra do Sapo, em Minas Gerais. Esse minério é processado e bombeado (mistura de 60% de minério de ferro e 40% de água) através de um mineroduto – que possui 550 km de extensão, atravessa 33 municípios e tem duas estações de bombeamento – até o Porto do Açu. Da saída da filtra-

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TN Petróleo 104

gem até o embarque final deste minério, a responsabilidade é de uma empresa chamada Ferroport, joint-venture entre Prumo e Anglo American (50% cada). O contrato assinado é de 25 anos com volume garantido com a Anglo American (26,5 milhões de toneladas por ano a US$ 7/tonelada).

Único porto na região Sudeste a operar bauxita A primeira operação do Terminal Multicargas (T-MULT) ocorreu em setembro. A Votorantim Metais exportou 33 mil toneladas da bauxita extraída de sua unidade em Miraí (MG) para a China. O navio Turquoise Ocean, da Libéria, atracou no T-MULT, em sua primeira operação – operação esta que fez parte do comissionamento do terminal. Durante o embarque, foram ajustados os tempos da operação e dos equipamentos.

T-MULT Com dois berços instalados em 500 m de cais, o T-MULT – localizado no T2 – tem capacidade para movimentar 4 milhões de toneladas por ano (entre granéis sólidos e carga geral). Com 14,5 m de profundidade, o terminal pode receber navios do tipo Panamax. Ademais, o terminal conta com três pátios com capacidade estática de armazenamento superior a 100 mil toneladas de granéis sólidos e mais de 20 mil toneladas de carga geral. No terminal serão instalados dois guindastes MHC, duas empilhadeiras de pátio, duas moegas com capacidade nominal de 360 toneladas por hora cada, e duas balanças rodoviárias. Com possibilidade de expansão para 1.200 m de cais, o T-MULT também operará carvão, clínquer, fertilizantes, rochas ornamentais, contêineres e veículos, além de contar com acesso ferroviário, previsto no Plano de Logística e Infraestrutura do Governo Federal.


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TN Petróleo 104

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leilão anp

13ª Rodada de Licitações

O leilão das pequenas e médias empresas Com volume total de R$ 340 milhões, entre bônus de assinatura e investimentos mínimos, rodada sem pré-sal teve 37 blocos arrematados, dos quais 35 em terra e dois no mar. por Felipe Salgado

A

13ª Rodada de Licitações de blocos exploratórios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada no dia 7 de outubro, gerou R$ 121.109.596,73 em bônus de as-

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TN Petróleo 104

sinatura e previsão de investimentos na ordem de R$ 216.042.000,00 referente ao Programa Exploratório Mínimo a ser cumprido pelas empresas que fizeram lances. O que soma quase R$ 340 milhões em investimentos para os próximos anos.

Apenas 17 das 37 empresas habilitadas fizeram ofertas por 37 blocos em nove setores (com área total de 33.617,83 km²), distribuídos em quatro bacias sedimentares: Parnaíba, Potiguar, Recôncavo e sub-bacia de Sergipe-Alagoas. O conteúdo local médio foi de 73,14% para a fase de exploração do contrato de concessão e de 79,51% para a fase de desenvolvimento. A assinatura dos contratos será realizada no dia 23 de dezembro de 2015. Os blocos arrematados representam em torno de 14% dos 266 blocos ofertados em 22 setores de dez bacias sedimentares brasileiras, num total de cerca de 125.000 km2, localizados em 12 estados brasileiros. Não houve ofertas para áreas das bacias do Amazonas, Camamu-Almada, Campos, Espírito Santo, Jacuípe, Pelotas. “Nesse cenário, temos a política de oferecer operação de negócios


Blocos Arrematados Empresa

Alvopetro

Como operadora

Como não-operadora

Pem Ofertado (UT)*

3,264,300.00

Bônus Ofertado (R$) 463,132.80

Total Comprometido (R$)*

4

0

BPMB Parnaíba

1

2

3,249

14,619,150.00

2,041,595.70

16,660,745.70

GDF Suez E&P Brasil

0

6

5,293

23,817,150.00

2,349,379.20

26,166,529.20

Geopar - Geosol

0

1

591

2,660,850.00

135,000.00

2,795,850.00

Geopark Brasil

4

0

3,342

15,037,650.00

1,308,800.00

16,346,450.00

Imetame Energia

4

0

2,868

12,906,000.00

1,710,000.00

14,616,000.00

Oil M&S Perfurações

2

0

400

1,800,000.00

350,000.00

2,150,000.00

OP Energia

3

0

1,387

6,241,500.00

1,808,125.75

8,049,625.75

Parnaíba GN

6

0

15,338

69,020,550.00

7,314,200.00

76,334,750.00

Parnaíba

0

1

618

2,782,350.00

615,255.30

3,397,605.30

Petrosynergy

1

0

1,000

4,500,000.00

309,408.00

4,809,408.00

Phoenix

0

2

309

1,390,500.00

236,000.00

1,626,500.00

Queiroz Galvão E&P

2

0

300

36,600,000.00

100,003,699.98

136,603,699.98

Tarmar Energia

5

0

1,275

5,737,500.00

746,000.00

6,483,500.00

Tek Óleo e Gás

1

0

2,173

9,778,500.00

201,000.00

9,979,500.00

UTC E&P

3

0

490

2,205,000.00

407,000.00

2,612,000.00

Vipetro

1

0

818

3,681,000.00

1,111,000.00

4,792,000.00

40,176

216,042,000.00

121,109,596.73

337,151,596.73

Total de Empresas Vencedoras: 17

725

Investimento Mìnimo Previsto (R$)*

3,727,432.80

* Valores ponderados segundo a participação da empresa nos consórcios vencedores

para pequenas e médias empresas. Por isso consideramos o resultado do leilão altamente positivo nessas bacias maduras”, avaliou Magda Chambriard, diretora-geral da ANP. Ela destacou o interesse na exploração de gás natural na bacia do Parnaíba (Maranhão). “Essa bacia começa a despontar como uma nova fronteira terrestre, reforçando a ideia da busca por gás natural não associado em terra. Isso é resultado da continuidade da política que viemos implementando nos últimos anos. É bastante positivo termos 17 empresas participantes do leilão, sendo 11 delas nacionais. Houve protagonismo de empresas brasileiras”, completou.

Grupos da Lava-Jato fazem lances O número de empresas brasileiras vencedoras também foi apontado por Magda como um dos pontos importantes do leilão,

sendo o maior valor de bônus de assinatura, de R$ 63,8 milhões, oferecido pelo bloco SSEAL-M-351, da bacia Sergipe-Alagoas, pela empresa Queiroz Galvão Exploração e Produção S/A – que ficou com os dois únicos blocos arrematados nessa área, entre os dez ofertados. A QGEP não foi a única pertencente a grupos empresariais envolvidos na operação Lava-Jato que fez lances nesse leilão. A outra foi a UTC E&P, que arrematou três blocos dos seis blocos concedidos na bacia Potiguar. Além da bacia do Parnaíba (na qual foram arrematados 11 dos 22 blocos ofertados), também atraiu investidores a bacia do Recôncavo, que registrou o maior ágio do bônus de assinatura – de 387,51%, para o bloco REC-T-212, pago pela

empresa Imetame. Ela que ficou com três dos 18 blocos arrematados nessa bacia, dos quais quatro pelo consórcio formado pela canadense Alvopetro e a francesa GDF Suez, e cinco pela brasileira Tarmar. Os outros seis blocos foram concedidos a grupos internacionais. TN Petróleo 104

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leilão anp

As grandes

apostas A Queiroz Galvão Exploração e Produção pagou apenas R$ 150 acima do bônus mínimo nas duas áreas arrematadas e mesmo assim foi responsável por 82% (ou R$ 100 milhões) do total de bônus de assinatura arrecadado pelo governo. “Das independentes brasileiras, a QGEP é a que tem a melhor situação financeira porque captou R$ 1,5 bilhão com a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês)”, disse Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A Parnaíba Gás Natural (ex-OGX Maranhão, outrora um braço da petroleira de Eike Batista) ficou com seis blocos, quatro em parceria com a GDF Suez e dois com a BPMB Parnaíba, da BTG Pactual. O mesmo grupo que chegou a apoiar Batista e acabou desistindo de dar cobertura financeira ao empresário mas que, ao que tudo indica, não esqueceu as ‘tacadas certeiras’ que o mesmo deu naquela bacia, que agora atrai investidores estrangeiros.

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TN Petróleo 104

Ausência da Petrobras Como já havia sinalizado o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, na apresentação do Plano de Negócios e Gestão 20152019, em junho, a estatal ficou de fora do leilão, aumentando o quadro de incertezas. Sinal claro de que a empresa está priorizando a solução de sua situação financeira e concentrando-se em seu portfólio. Isso pode ter afastado as petroleiras estrangeiras, que anseiam em realizar parcerias com a companhia. “Estou na ANP há 13 anos, e perdi a conta de quantas vezes recebi empresas estrangeiras querendo se associar à Petrobras”, afirmou Magda. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, afirmou que o governo pretende realizar licitações a cada dois anos. “Assumimos o compromisso com a indústria do petróleo, com operadoras e prestadoras de serviços, de que iríamos ofertar áreas pelo menos a cada dois anos, para que as empresas mantivessem suas operações, com as equipes de geologia e exploração funcionando no Brasil, possibi-

litando às prestadoras de serviços exploratórios dar continuidade às suas atividades”, afirmou. O resultado abaixo das expectativas não representa um ponto fora da curva. Afinal, a queda do preço de petróleo, aliada aos efeitos da operação Lava-Jato tornam o cenário pouco favorável à atração de investimentos no setor. Não foi diferente com o certame realizado no México em julho, o primeiro que contou com a participação da iniciativa privada após a quebra do monopólio estatal. Na ocasião, o leilão não atraiu as gigantes petrolíferas do setor. O secretário-executivo de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Antônio Guimarães, apontou entraves que podem ter desestimulado os investimentos. Segundo ele, o contrato de concessão foi “o pior de todos os tempos” porque trouxe incertezas ao incluir em seu escopo a definição de campo de produção de óleo e gás – e não na legislação específica do setor. “Isso trouxe uma insegurança regulatória muito grande e provavelmente afastou investimentos”, apontou.


eventos

Rio Pipeline 2015

Demanda por dutos irá aumentar para atender o pré-sal

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A Rio Pipeline Conference & Exposition chega à 10ª edição comemorando 20 anos. Promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), o evento debateu o papel dos dutos submarinos no desenvolvimento do pré-sal. por Felipe Salgado

C

onsiderada a segunda maior conferência da área de dutos no mundo, a Rio Pipeline foi realizada entre os dias 22 e 24 de setembro, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro. Durante três dias, os participantes tiveram uma programação ampla, com exposição, cursos, workshops, painéis e eventos paralelos. Além do tema central referente às tecnologias subsea, também foram abordados temas relativos à montagem, operação, inspeção,

manutenção e modelos de negócios para atração de investimentos com vistas à construção de novos dutos para derivados no Brasil. Ao todo, 70 empresas marcaram presença no evento, que teve Rosen, T.D.Williamson, Tenaris, Petrobras, TBG e Smart Tech como patrocinadores.

Potencial brasileiro A cerimônia de abertura contou com a presença de representantes e executivos de instituições e empresas do setor. “Vislumbramos um

grande potencial de desenvolvimento da cadeia produtiva e, em particular, do segmento de dutos submarinos, que irá requerer novas tecnologias e soluções para expansão da malha”, afirmou o gerente executivo de Abastecimento, Petroquímica e Biocombustíveis do IBP, Ernani Filgueiras. Com uma produção diária devendo ultrapassar a marca de 2,8 TN Petróleo 104

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eventos

milhões de barris de petróleo por dia (bpd) em 2020, o pré-sal brasileiro promete alavancar o setor de dutos no país. Estimativas da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA) indicam que 6,8 mil quilômetros de dutos submarinos serão necessários para atender a demanda. O presidente da Transpetro, Antônio Rubens Silva Silvino, disse que o braço logístico da Petrobras, que opera atualmente 14.000 km de dutos terrestres e aquaviários, vai investir R$ 1,7 bilhão nos próximos cinco anos. Os recursos serão distribuídos em vários segmentos, desde a frota de navios, docagem e segurança, meio ambiente e saúde (SMS) à melhoria da gestão dos ativos – em especial a malha dutoviária. Em relação ao corte nos investimentos e à crise no setor, Silvino afirma que a questão da financiabilidade e otimização dos recursos são prioridades: “Estamos nos preparando para sair muito mais fortes dessa crise que vivemos”, afiançou.

Principais desafios Para o gerente geral de Dutos da Shell nas Américas, Luís Cosme, a questão operacional é um ponto chave: “Temos o desafio de equilibrar projetos levando em consideração fatores como pressão, temperatura e profundidade. Com investimento em inovação, precisamos entregar crescimento com base em redução de custos e recuperação de ativos”, afirmou. O dirigente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro), Paulo Cesar Martins, afirma que o país superou dificuldades do passado e agora se prepara para um novo momento. 30

TN Petróleo 104

“Gargalos de engenharia e cadeia de suprimentos foram vencidos. Temos um parque industrial de primeira classe para o pré-sal e estamos prontos para uma demanda três vezes maior que a atual. É preciso trabalhar com visão estratégica para aumentar a competitividade”, afirmou o presidente da entidade que reúne cerca de 50 empresas associadas. Na visão da Petrobras, o crescimento da produtividade se dá por meio do investimento em três pilares: “Trabalhar tecnologia operacional, qualificação de p e s s oal e p adronização de processos são os pontos cruciais dessa indústria”, avaliou Cristina Pinho, gerente executiva de serviços de Exploração & Produção da Petrobras. Um dos temas prioritários do evento, a questão da manutenção e inspeção de dutos foi abordada em palestras e trabalhos técnicos; e ainda na exposição, quando as empresas apresentaram as mais modernas tecnologias para garantir a segurança e a integridade desses ativos estratégicos. “A tecnologia de inspeção é fundamental para garantir a segurança e integridade dos dutos, além de cumprimento de regulamentos. Graças a ela é possível antecipar o comportamento do duto, entender a performance do material e as possíveis falhas de operação”, disse Hermann Rosen, presidente do grupo que leva seu nome, em participação no painel “Inspeção e Manutenção: Evolução e Desafios”.


Demanda por dutos irá aumentar para atender o pré-sal

Profissional do Futuro A entrada no mercado de trabalho foi um dos principais assuntos do Profissional do Futuro. Mais de 400 estudantes acompanharam as duas sessões do programa, que ressaltou as oportunidades de carreira no setor. Participaram do debate o gerente de Qualificação Profissional da Petrobras, Marcelino Guedes, o presidente da Pipeway, Guto Silva, e Alessandra Simões, sócia da UpHill. Investir na qualificação e definição de uma área de interesse para concentrar esforços é uma necessidade: “Pense desde o iní-

cio em ser especialista. Escolha um segmento e faça cursos que se adequem a esse projeto. Domine o inglês. O que faz a empresa contratar um profissional é a capacidade que ele demonstra em dar retorno ao investimento”, apontou Guedes. Na segunda sessão do dia, participaram dos debates o vice-presidente Comercial e Marketing da Subsea 7, Felix Rachid, o gerente do Centro Nacional de Controle Operacional de Gasodutos da Transpetro, Eduardo Merçon, e a coordenadora de RH da Radix, Claudia Pittioni.

Premiação No último dia (24), foram entregues prêmios ao reconhecimento de projetos inovadores do setor e

documentos técnicos do evento. Dos 177 trabalhos apresentados na conferência, a comissão técnica avaliou e premiou 17 deles com menções honrosas. Estão distribuídos em diversas áreas, como automação, sistemas supervisórios e medição, confiabilidade e avaliação de risco, logística e operação, meio ambiente e segurança operacional. Durante o almoço de premiação, também foram entregues o Calgary Award, destinado ao melhor trabalho técnico apresentado na International Pipeline Conference (IPC), no Canadá, e o Global Pipeline Award (GPA), premiação da Divisão de Sistemas de Dutos (PSD) da Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos (Asme).

ANP apresenta nova regulamentação para sistemas submarinos O superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Marcelo Mafra, apresentou no evento a nova

proposta de regulamento técnico para sistemas submarinos. As novas regras estabelecem o Sistema de Gerenciamento de Sistemas Submarinos (SGSS), e o Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poços (SGIP), que está em fase de consulta pública. Focados em gestão de segurança aliada a performance, os

novos tópicos do regulamento absorvem mudanças geradas por inovações tecnológicas. Foram adotados requisitos padronizados a serem seguidos por todas as empresas, tais como: integridade mínima, critérios para a seleção de contratados, auditoria interna e investigação de acidentes, extensão de vida útil, etc. TN Petróleo 104

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eventos

Startups prospectam o mercado subsea A novidade deste ano foi o pavilhão de startups intitulado “Invenção para Inovação”, que reservou espaço para 15 empresas apresentarem novidades.

Entre elas está a easySubsea, residente da incubadora da Coppe/UFRJ, que apresentou soluções inovadoras em controle, automação e monitoração petrolífera. Com alto teor de conteúdo local, seus produtos e serviços são utilizados durante toda a etapa de produção de um poço de petróleo e escoamento. A empresa já recebeu fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e está captando recursos pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para o desenvolvimento de soluções em comunicação sem fio subsea. Também está recebendo apoio do Serviço de Brasileiro de Apoio às Pequenas e Microempresas (Sebrae) para prototipagem de produtos e depósito de patentes junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Em 2015, a startup foi uma das vencedoras do prêmio Engie Brasil de Inovação 2015, que visa fomentar a criatividade em32

TN Petróleo 104

Sistema de Inspeção e Medição de Altura de Solda, da Insfor

preendedora no setor de energia. “Nosso maior diferencial é a capacidade de desenvolver circuitos de processamento de sinais de sensores e protocolos de comunicação para ambientes subsea e downhole”, afirma Rhuan Barreto, diretor de Operações da easySubsea. Insfor – Com soluções em robótica de alta tecnologia, a Insfor apresentou o Sistema de Inspeção e Medição de Altura de Solda, que ajuda a identificar possíveis problemas de vazamento em dutos. A startup criada em 2011 por egressos da PUC-Rio, dedica-se a levar soluções inovadoras dos laboratórios de pesquisa para o mercado.

“Com a experiência obtida em anos com trabalhos com robótica, eletrônica, mecânica e programação, é possível direcionar o espírito criativo dos laboratórios, adequando às necessidades do mercado”, avalia Daniel Freitas, um dos fundadores da Insfor. A utilização da tecnologia de impressão 3D para a fabricação de protótipos é outro diferencial da empresa, assim como a aplicação das tecnologias FDM, sinterização por laser de náilon e metais (alumínio, aço inox e até titânio).


Ativatec – A Ativatec é uma empresa de robótica submarina com foco em tecnologias de inspeção, intervenção e monitoração de equipamentos de produção em águas profundas, que desenvolve equipamentos com tecnologia nacional. Seu principal cliente é a Petrobras – a estatal utiliza as soluções para garantir a manutenção e integridade de dutos e equipamentos submarinos, permitindo a continuidade e segurança da produção de óleo em águas profundas. Incubada na Coppe/UFRJ, a Ativatec está desenvolvendo, em parceria com a PUC-Rio, um Scanner de Ultrassom com Alta Resolução de Dutos Submarinos no pré-sal para profundidade de 3.000 m e um Sistema Autônomo para Monitoramento e Alarme de Vazamentos de Hidrocarbonetos. Com a Faperj, a startup está construindo um Manipulador Robótico Flexível Submarino para inspeção em locais de difícil acesso, como no interior de manifolds submarinos. A empresa já recebeu três prêmios Inventores da Petrobras referentes a patentes depositadas em conjunto na área subsea,

e dois prêmios tecnológicos por trabalhos apresentados nos congressos internacionais Rio Oil & Gas e Rio Pipeline. “O mercado subsea no Brasil é o mais promissor do mundo. E a Petrobras tem de reconhecer e confiar na capacidade das empresas de base tecnológica nacional para que o mercado não seja explorado totalmente pelas multinacionais estrangeiras”, frisa Daniel Camerini, sócio-diretor da Ativatec. Engset-NAV – Sediada na incubadora da Coppe/UFRJ, a empresa dá suporte à engenharia apoiada em computação móvel. Sua principal solução é o NAV (Núcleo Avançado de Visualização), voltado para grandes empreendimentos de construção civil, indústria de óleo e gás, naval, mineração e hidrelétricas que buscam otimizar processos de fiscalização, comissionamento, manutenção, fiscalização e melhoria na gestão equipamentos e recursos humanos.

Um dos módulos que fazem parte da solução NAV é o Sistema de Reconhecimento Geométrico. Apoiando-se na visão computacional, o técnico pode ir a campo e simplesmente apontar a câmera de um smartphone ou um tablet em direção às peças que pretende reconhecer. A tecnologia se aplica, por exemplo, às peças tubulares de grande porte e difícil manuseio utilizadas na indústria de óleo e gás, pois estas acabam por se misturar. Assim, o software certifica por imagem que a peça a ser despachada é a correta, evitando perdas e atrasos nos processos. “Visamos desenvolver novas soluções com base nas tendências tecnológicas projetadas para os próximos dois, três anos. Dessa forma, procuramos lançar produtos inovadores. Nosso grande diferencial é a capacidade de adaptação de nossas soluções às demandas dos clientes”, pontua o sócio-diretor da Engset-NAV, Gerson Cunha.

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cobertura especial OTC Brasil 2015

Produtividade e

eficiência

são os desafios do setor de O&G Em tempos de barril de petróleo a preço baixo, a 3ª edição da OTC Brasil debateu a necessidade do investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para a indústria de óleo e gás superar desafios, otimizar custos e aumentar a eficiência operacional e a produtividade. por Felipe Salgado

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itrine tecnológica e fórum de debates, a Offshore Technology Conference, realizada entre os dias 27 e 29 de outubro, no Centro de Convenções do Riocentro, no Rio de Janeiro, teve como tema ‘O Atlântico: de leste a oeste – um oceano de inovações’, reiterando aquilo que foi o mote de sua criação: a necessidade de a indústria de óleo e gás natural investir continuamente em PD&I para garantir sua sustentabilidade. Afinal, o evento que há três anos é realizado no Brasil, em parceria com Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), foi criado por 12 entidades norte-americanas da área de engenharia e organizações científicas como uma resposta à necessidade crescente de novas tecnologias de exploração e desenvolvimento das reservas de petróleo e gás em ambiente offshore.

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Área total.......................... 6 mil m² Visitantes................................ 8 mil Empresas...................................160 Países........................................... 16 Pavilhões internacionais............. 7 Sessões técnicas.......................39 Painéis......................................... 12 Trabalhos técnicos.................. 226 A conferência reuniu 1.355 profissionais do setor e de universidades brasileiras, especialistas, executivos de oil companies, e empresas fornecedoras, além de instituições, com o objetivo de discutir tendências, soluções e processos que viabilizem e otimizem a produção de hidrocarbonetos em cenários offshore.

A exposição realizada em simultâneo com a conferência, também foi uma oportunidade para as empresas dessa cadeia produtiva prospectarem novos negócios e parcerias. O OTC Brasil 2015 teve representantes de 16 países, entre empresas e instituições, e recebeu cerca de oito mil visitantes. A exploração e desenvolvimento em águas profundas e ultraprofundas, caracterização de reservatórios, tecnologias subsea, estruturas avançadas de produção (flutuantes e submarinas), com destaque para as aplicações no pré-sal e ênfase na segurança e eficiência do setor foram os temas abordados no evento que teve ampla programação: 39 sessões técnicas, 12 painéis e quatro almoços-palestra, com a presença de 160 empresas, sete pavilhões internacionais e 226


Foto: Divulgação IBP

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trabalhos técnicos, cobrindo tópicos em geociências, sistemas de perfuração, processamento submarino. Uma novidade este ano foi a ‘Universidade R&D Showcase’, exposição que reuniu 11 universidades e centros de pesquisa brasileiros para apresentar as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas para a indústria. Além

disso, foi montada uma área para startups brasileiras mostrarem seus produtos e serviços. Outro destaque foi o programa Profissional do Futuro, com a participação de mais de 400 estudantes universitários brasileiros.

“Este é um evento muito importante para o setor, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. A conferência é o local ideal para compartilhar conhecimentos técnicos e as melhores práticas. Ficamos muito satisfeitos por realizar com sucesso a terceira edição da OTC Brasil, no Rio de Janeiro”, destacou o presidente da OTC, Joe Fowler.

Premiação para o pré-sal Embora tenha cancelado a presença na feira, a Petrobras recebeu, no dia 28, a primeira premiação entregue na OTC Brasil, durante almoço-palestra que teve como tema ‘Desenvolvimento do pré-sal brasileiro e as inovações tecnológicas em águas ultraprofundas na Petrobras’, apresentado pela diretora de Exploração e Produção da estatal, Solange Guedes. Na ocasião, Solange falou sobre a redução significativa de mais de 50% do tempo de construção dos poços do pré-sal desde 2010 e o custo de produção por barril nesta camada – de US$ 9 em comparação com a média das principais majors, de US$ 15. Ela também destacou a alta produtividade dos poços do pré-sal, o fato de a produção ter triplicado em 30 meses e a alta eficiência operacional, de 92,4%, na média dos últimos três anos. “A Petrobras atingiu uma combinação única de custos, produtividade e eficiência”, explicou. A empresa Subsea 7 também foi premiada na categoria Corporativa pelo projeto Buoy Supporting Risers (Boia de Sustentação de Risers), desenvolvido em parceria com a Petrobras. A tecnologia BSR é um sistema inovador composto por uma boia submersa que isola o movimento dos risers (dutos) rígidos dos movimentos das plataformas instaladas em águas ultraprofundas, aumentando sua vida útil. O prêmio foi recebido pelo vice-presidente da empresa, Vitor Bomfim. “Este foi, sem dúvida, o projeto mais intenso da 36

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Entrega do Spotlight on New Technologies Award para a FMC Technologies

Antonio Capeleiro Pinto (Petrobras) e Vitor Bomfim (Subsea 7) empresa realizado no Brasil. Mas não é uma coincidência, afinal temos décadas de investimentos em engenharia submarina”, declarou. Na parte da tarde, Joe Fowler entregou o Spotlight on New Technologies Award para a FMC Technologies, pelo projeto Ligas com Memória de Formato para Equipamentos Submarinos, tecnologia utilizada na área de perfuração e completação que tem por objetivo retirar e controlar o fluxo do fluido desde o poço até a plataforma. O vice-presidente de Engenharia e Tecnologias da FMC,

Paulo Couto, recebeu o prêmio e fez uma demonstração da tecnologia vencedora. “A inovação é utilizada em outros setores, como o automotivo, mas é sua primeira aplicação na indústria do petróleo e gás”, disse Couto. João Carlos de Luca, presidente do Comitê Consultivo da OTC Brasil, entregou o prêmio individual do Distinguished Achievement Award para o engenheiro Antonio Capeleiro Pinto, agraciado pela contribuição para o desenvolvimento técnico e gerenciamento dos campos de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. Capeleiro é especialista na área de engenharia de reservatórios e concepção de planos de desenvolvimento de campos offshore da Petrobras e nos últimos nove anos tem atuado nas áreas do pré-sal da Bacia de Santos. “A Petrobras possibilitou que eu alcançasse todos os meus sonhos. Após 33 anos na companhia, tenho que agradecer aos profissionais competentes que trabalharam comigo em cada desafio”, disse Antonio Pinto.


Produtividade e eficiência são os desafios do setor de O&G Conteúdo local e SMS Na abertura do evento, a presidente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, afirmou que o governo estuda introduzir mudanças e aprimorar as regras do conteúdo local por meio de um decreto. “Não vou adiantar nada do decreto, é uma questão do governo. O que posso dizer é que estamos trabalhando nisso”, disse. “As decisões que poderiam ter sido tomadas para tornar o ambiente favorável foram adiadas e eclodiram no momento de crise”, avaliou Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Ela afirma que a questão dos créditos de conteúdo local deve ser avaliada com cuidado. “Devemos criar uma filosofia de progressão invertida para quem quer iniciar algo do zero. A metodologia de estabelecer um índice máximo não pode servir apenas para agregar valor ao que já foi feito.” Já o diretor de Petróleo, Gás, Bionergia e Petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado, afirmou que “o conteúdo local favoreceu epecistas e estaleiros, mas não a indústria de máquinas e equipamentos.” No dia 27, o ex-diretor de E&P da Petrobras, José Formigli, me-

diou o painel ‘Caminhos para uma indústria competitiva’, com a presença do presidente do IBP, Jorge Camargo, e o diretor-presidente da Barra Energia, João Carlos de Luca, quando se discutiu o papel crucial da inovação tecnológica e ambos lançaram uma interrogativa que contempla os dilemas da indústria: “Como fornecer energia para o planeta com segurança de abastecimento, preço acessível e de forma sustentável?” O presidente do IBP destacou o papel da tecnologia como motor das transformações. “No cenário atual, há uma oferta excedente de petróleo no mercado e, portanto, segurança de abastecimento. Graças a essa oferta, os preços despencaram. E isso só foi possível por meio da revolução tecnológica de extração das fontes não convencionais (shale gas/oil) nos EUA”, frisou.

Petrobras como operadora única Na palestra do dia 29, o secretário-geral do IBP, Milton Costa Filho, mediou o debate com o prefeito de Macaé e presidente da Ompetro (Organização dos Municípios Produtores de Petróleo), Dr. Aluízio (PMDB-RJ), que analisou

os sinais da crise do município. De acordo com o prefeito, grandes empresas estão indo embora do país por não terem perspectiva de atuação no setor. “A crise chegou da forma mais drástica e sofrida – que é o desemprego”, afirmou. Costa Filho ainda destacou que a questão do papel exercido pela Petrobras como operadora única deve ser enfrentada e revisada. Em sua opinião, essa decisão não cabe mais no atual contexto da companhia. “O grande erro é colocar na mão de um único ente a exploração e produção de petróleo”, disse.

Profissional do Futuro O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) promoveu a segunda edição do Profissional do Futuro, programa de relacionamento com estudantes e universidades, durante a OTC Brasil 2015. O programa, criado há 13 anos pelo IBP, busca apresentar de maneira dinâmica a indústria do petróleo e gás aos jovens estudantes. Com o tema “Conversas petroleiras: um bate-papo sobre energia, carreiras, crises e oportunidades”, a programação desse ano teve um TN Petróleo 104

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eventos

formato inovador: um bate-papo descontraído entre executivos, futuros líderes do setor, especialistas em recursos humanos e estudantes. Os estudantes tiveram a oportunidade de participar do programa em três sessões, duas no dia 28 e uma no dia 29.

WEPC e OTC Brasil 2015

Rodada tem expectativa de negócios de R$ 222,5 milhões Um levantamento feito após a Rodada e Negócios, promovida pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), mostrou que 91% das reuniões foram avaliadas pelas âncoras como sendo acima da média, com ótima e boa expectativa de negócios para os próximos 12 meses. A rodada contou com 20 empresas âncoras – Alphatec, Nuclep, Delp, FMC, Sotreq, Oil States, Shell Materiais, Queiroz Galvão, UTC, Schlumberger, Teekay, Subsea 7, Wärtsilä Brasil, Shell Serviços, Techint, GE Óleo e Gás, Expro, Halliburton, Transpetro e Petrobras UO-BC –, 113 fornecedores e foram realizadas 445 reuniões em dois dias de rodada. A partir da compilação de dados feita no último dia da Rodada de Negócios, a expectativa é gerar, em um ano, 222 milhões e 500 mil reais contra os R$ 196 milhões da edição de 2013.

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O terceiro dia de trabalho (27/10) foi integrado com o primeiro dia de atividades da OTC Brasil. Os participantes acompanharam os debates sobre ‘Políticas públicas e pesquisa e desenvolvimento para setor de óleo e gás’ e ‘Projetos de transformação urbana’. No seminário sobre transformação urbana, foram apresentados projetos do Rio de Janeiro financiados com parcerias público-privadas. No segundo painel, as cidades de Karamay, Halifax, Esbjerg e Daqing debateram os desafios de realizar transformações

de infraestrutura nas cidades para melhorar a qualidade de vida e estimular o desenvolvimento de negócios. No tema de P&D, Brasil, Noruega e Estados Unidos abriram o primeiro painel apresentando o cenário do mercado regional e uma visão de futuro. No segundo painel, quatro dos principais representantes da pesquisa científica do Brasil na área de óleo e gás debateram os desafios de integração da indústria de óleo e gás com a área de pesquisa e desenvolvimento das universidades. No dia 28/10, a WECP encerrou seu encontro anual com a reunião do Comitê Diretor nas instalações da Firjan. Na pauta, a discussão sobre as tendências globais da matriz energética. Ainda durante a reunião, foi realizada a transição da presidência da entidade, das mãos de Christine Helgø (Stavanger) para Michael Savage (Halifax).

World Energy Cities Partnership e OTC realizam eventos integrados A 20ª edição do encontro anual da World Energy Cities Partnership (WECP), entidade que reúne 23 cidades de 19 dos principais países produtores de petróleo do mundo, avaliou o cenário atual do mercado brasileiro. Representantes de instituições setoriais do Brasil, Jorge Camargo, presidente do IBP, e Paulo Martins, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (AbesPetro), destacaram o volume de reservas comprovadas e os investimentos que já estão sendo realizados como razões de reforço de confiança na indústria local. O ponto de vista das companhias internacionais reuniu no painel An-

dré Araújo, presidente da Shell do Brasil, Gilberto Peralta, presidente da GE Brasil, Stephane Vignet, presidente da Schlumberger Brasil e Pål Ertrheim, presidente da Statoil. O debate girou em torno da redução de custos – com padronização e integração de sistemas – e da defesa de mais investimento em inovação. “Existe uma tendência para desacelerar os poços durante os tempos de crise, mas inovação reduz custos a longo prazo”, declarou o presidente da Schlumberger Brasil. Ao final do evento, Maurício Guedes, diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, fez apresentação sobre o desenvolvimento da área de inovação no Brasil.


Empresas apresentam serviços e inovações tecnológicas Além de destacar os principais players mundiais, a OTC Brasil promove o encontro de profissionais diretamente envolvidos em projetos e soluções inovadoras para a indústria.

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ma das maiores fornecedoras da indústria mundial de petróleo, a francesa Technip apresentou as principais novidades tecnológicas do segmento de tubos flexíveis, entre elas a utilização de fibra de carbono na produção. O uso deste material compósito – a fibra de carbono – em linhas flexíveis permite a redução da tensão de topo exercida nas embarcações offshore e a extensão do uso de configuração em catenária livre nas aplicações em lâminas d’água ultraprofundas. Quando comparado a armaduras de tensão padrão, as de fibra de carbono são cinco vezes mais leves e duas vezes mais resistentes que as em aço-carbono.

Os tubos flexíveis vêm, cada vez mais, se mostrando uma solução técnico-econômica extremamente adequada ao pré-sal, principalmente para atender as condições de grandes profundidades, que ultrapassam 2.000 m, e a presença de fluidos com alto teor de contaminantes.

Halliburton – O grupo norteamericano aproveitou a OTC Brasil para anunciar que duas instalações brasileiras– Macaé e Rio de Janeiro – e nove linhas de negócios da empresa receberam a Certificação de Especificação Q2 do American Petroleum Institute (API), uma norma de certificação avançada do setor para empresas que prestam serviços na área de petróleo e gás natural.

Entrega da Certificação de Especificação Q2 do American Petroleum Institute (API) à Halliburton.

Segundo a Halliburton, elas são as primeiras instalações a receber essa certificação na América Latina. As linhas de negócio que obtiveram a certificação são Fluidos, Cimentação, Completação, Brocas e Serviços, Estimulação, Controle e Prevenção de Poço, Perfuração, Avaliação de Formações e Perfilagem e Canhoneio. “A Certificação de Especificação Q2 do API é um marco para a indústria e um reconhecimento do compromisso da Halliburton com a melhoria da eficiência operacional por meio da execução impecável de nossos serviços”, declarou Daniel Casale, gerente de Operações da Halliburton para o Brasil. A Halliburton foi a primeira empresa a alcançar essa norma quando sua linha de serviço de fluidos de perfuração, Baroid, recebeu a certificação, em julho de

2014, por sua atuação no Golfo do México. Duas instalações da empresa na Indonésia foram as primeiras do hemisfério oriental a receber a certificação.

DNV GL – A DNV GL lançou o BOP RDT, Retrieval Decision Tool, uma ferramenta em tempo real, baseada em métodos de conhecimento de riscos. O novo sistema funciona como suporte na decisão de recuperação de BOP (blowout preventer) e permite que os operadores determinem quando repará-los após a detecção de falhas de componentes. Desenvolvido no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento empresa no Rio de Janeiro, a ferramenta BOP RDT fornece um sistema de apoio à decisão bastante abrangente, que utiliza métodos qualitativos e quantitativos para auxiliar o processo de tomada de decisão, reduzindo substancialmente o seu grau de subjetividade. TN Petróleo 104

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eventos

Experion® Orion Console, da Honeywell.

“Qualquer falha em um BOP durante a perfuração é, sem dúvida, motivo de preocupação”, afirma Luiz Fernando Oliveira, desenvolvedor da ferramenta e gerente do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da DNV GL no Rio de Janeiro. Isso porque retirar um BOP do leito marinho após a detecção de qualquer falha é uma operação necessária, porém dispendiosa, que pode atingir valores superiores a US$ 2 milhões de dólares. Este custo pode facilmente dobrar em regiões de águas ultraprofundas, como o Brasil, África Ocidental e Golfo do México. Portanto, seu principal objetivo é maximizar a disponibilidade operacional da sonda, reduzir o Opex (Operational Expenditure), e sobretudo manter as margens de segurança em níveis aceitáveis.

Honeywell – A Honeywell Process Solutions (HPS) apresentou a plataforma Experion ® Orion Console, solução tecnológica para salas de controle de indústrias de vários segmentos. A solução fornece um sistema de controle projetado para unificar todos os recursos envolvidos no processo produtivo em um único painel/tela, aumentando a produtividade do processo. Segundo a empresa, foi 40

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projetada a partir da observação da atuação dos operadores de plantas, visando oferecer uma única tela de todo o ambiente de trabalho que ele deve controlar, proporcionando respostas mais eficazes e menor desgaste humano. O objetivo da HPS foi trazer a sala de controle para o futuro por meio de um design ergonômico arrojado, monitores displays melhores, e atendendo as necessidades de se garantir uma maior mobilidade aos operadores das plantas.“O Experion Orion muda significativamente o conceito de ‘operações nas fábricas’, transformando os operadores de processos em operadores mais eficientes. Isso significa que os operadores poderão entender não apenas como a planta funciona, mas também fazê-las funcionarem de forma mais eficiente e rentável”, pontua Francisco Casulli, presidente da HPS no Brasil e diretor de Vendas da divisão para a América Latina. Segundo ele, a participação na OTC Brasil foi muito estratégica para a Honeywell. “É uma ótima oportunidade para fazermos contato com os nossos clientes e discutirmos as tendências para o setor petróleo e gás, especialmente

para o Brasil, um mercado muito estratégico para nós”, conclui.

Sandvik – A Sandvik Materials Techology (SMT) é uma fornecedora global de aços inoxidáveis, materiais especiais de liga leve e soluções de aquecimento industrial para as indústrias nuclear, de petróleo e gás, petroquímica e aeroespacial. A empresa inaugurou em outubro seu Hub para América do Sul, no Rio de Janeiro, composto por um centro de serviços de Linhas de Controle, centro de vendas e estoque para melhor atender as necessidades de clientes como a Petrobras. No ano passado, a multinacional dobrou o tamanho de sua equipe dedicada ao mercado de O&G. Em 2015, a Sandvik assinou um contrato com a Petrobras como fornecedora de linhas de controle sem costura para o mercado subsea, com o objetivo de atender a exploração e produção de hidrocarbonetos no pré-sal. “A expansão na América do Sul é parte da nossa estratégia para reforçar a posição no mercado de petróleo e gás e o Brasil é um mercado com oportunidades muito interessantes. Investimos anualmente cerca de R$ 1,3 bilhão em pesquisa e desenvolvimento para atendermos as necessidades da indústria e de nossos clientes” ressalta Matts Peterson, gerente de produtos de óleo e gás da Sandvik.


Produtividade e eficiência são os desafios do setor de O&G

Na feira, a empresa apresentou os produtos Hot Isostatically Pressed (HIP) e Powder Metallurgy (PM) – itens com propriedades únicas (isotrópicos) para os clientes que trabalham com infraestrutura subsea. “Estes materiais conferem força e menos risco de rachaduras causadas por estresse, são excelentes, pois são opções confiáveis e de baixo custo. O outro forte benefício do material powder-metallurgic HIP é que ele é produzido de maneira a permitir customização em qualquer forma para atender exatamente a necessidade dos clientes” afirmou Matts.

Petrec – Incubada no Parque Tecnológico da UFRJ, a Petrec apresentou na OTC Brasil sua proposta de terceirização de serviços integrados de geologia e geofísica. A empresa disponibiliza serviços de processamento e interpretação conjunta de dados geofísicos através da infraestrutura computacional e utilização de softwares comerciais. A partir da metodologia da Petrofísica Computacional – que se baseia na digitalização de amostras de rocha através de ensaios não destrutivos de tomografia de raios X –, a Petrec desenvolveu um workflow completo para extrair importantes propriedades, tais como a porosidade, permeabilidade, parâmetros elétricos e propriedades elásticas para a caracterização de reservatórios convencionais e não convencionais. “Nosso diferencial competitivo está na junção de uma equipe multidisciplinar composta por geólogos, geofísicos e engenheiros. Desta forma, conseguimos

agregar tecnologias de ponta ao processamento e interpretação geofísica”, destaca Josias Silva, diretor da Petrec.

Radix – Apostando no potencial de negócios da OTC, a Radix – Engenharia e Software colocou uma equipe de 40 profissionais à disposição do público no estande, para apresentar os projetos e soluções no segmento offshore e, ainda, conversar sobre como a empresa se reinventou neste momento delicado da economia. Uma das atrações da empresa foram os robôs fabricados por equipes acadêmicas patrocinadas pela empresa, como a RioBotz, da PUC-Rio, equipe campeã do mundial deste ano. A Radix aproveitou o evento ainda para apresentar projetos universitários, apoiados por ela, sobre temas relacionados à sustentabilidade, como Gestão de Resíduos Sólidos, Eficiência Energética e Recursos Hídricos. “Estamos vivendo um momento difícil, mas sabemos que existe muita coisa a ser feita e que tanto a Petrobras quanto as outras empresas do setor ainda têm seus desafios. Há alguns projetos novos que continuam acontecendo e existem unidades em operação

que precisam de melhorias, adaptações operacionais e também de investimentos nas áreas de eficiência energética, segurança, meio ambiente e saúde”, observou Luiz Eduardo Rubião, presidente da Radix, afirmando que a empresa soube se reinventar e ampliou seu portfólio de serviços. “É isto que mostramos na OTC: nossa capacidade de se reinventar ”, conclui.

Teledyne – Presente há 15 anos no Brasil, o conglomerado norteamericano, Teledyne, possui uma divisão especializada em serviços de petróleo e gás e pesquisa o c e a n o g r á f i c a , a Te l e d y n e Marine, que fornece tecnologia submarina para a Petrobras, como sensores para monitoramento de corrosão, temperatura e pressão. “Aproveitamos a feira para manter nossos clientes bem informados sobre as nossas tecnologias, buscando sempre o aprimoramento e a qualidade dos nossos serviços” afirmou Howard Painter, vicepresidente de Desenvolvimento de Negócios da Teledyne. TN Petróleo 104

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eventos Lloyd’s Register do Brasil

Maior confiabilidade e segurança para a indústria de óleo e gás no Brasil

Reconhecida internacionalmente como uma das maiores empresas certificadoras do mundo, a Lloyd’s Register do Brasil possui uma área voltada para energia (Lloyd’s Energy) e, além de classificar e certificar instalações e produtos, oferece outros serviços e novas tecnologias que ajudam as indústrias, a de petróleo e gás entre elas, a operar com mais eficiência e segurança. Conformidade, gerenciamento de ativos, SMS e treinamento profissional são alguns dos serviços que a empresa oferece no Brasil. “As organizações precisam de assessoria e suporte nos quais possam confiar. A reputação do Lloyd’s Register foi construída ao longo de mais de 250 anos, a partir de uma atuação decisiva na proteção da vida humana e de bens em todo o mundo”, ressalta John Wishart, CEO de Energia da empresa. TN Petróleo – Há quanto tempo o Lloyd’s Register opera no Brasil? Jonh Wishart – É uma longa história. Estamos no Brasil desde 1888. O Lloyd’s Register começou em uma loja de café em Londres, a cafeteria Edward Lloyd, por volta de 1760, ou seja, há 255 anos! Por isso, tivemos nosso primeiro supervisor no Brasil em 1888. Estamos felizes em estar aqui desde então. Entre os serviços prestados pelo Lloyd’s Register do Brasil, quais são os que têm mais demanda no país hoje? Nós prestamos vários serviços. A inspeção de equipamentos sob pressão, o cumprimento de regulações, e outros serviços relacionados à QSMS (qualidade, segurança, meio ambiente e saúde) têm sido bastante requisitados, assim como atividades mais amplas envolvendo conhecimento técnico, avaliação de capacidades e alinhamento das ações com 42

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estudos de segurança. Estamos começando a fazer o trabalho de integridade de ativos – como são mantidos e os cuidados para garantir que atendam a regras e padrões de segurança. Atuamos em uma área ampla e executamos diferentes atividades. Queremos oferecer outros serviços no Brasil. Mas não é simples, porque trabalhamos em um ambiente global, que compartilha recursos especializados de uma área para outra. Alguns regimes fiscais não nos permitem trabalhar de forma tão ágil. No cenário competitivo, se você estiver usando conhecimento de fora, tem de pagar mais imposto sobre ele. Então, estamos planejando treinar os profissionais no Reino Unido para voltar e trabalhar aqui e criando condições para adequar nossos serviços ao ambiente em que trabalhamos. Quais são os principais clientes no Brasil? Temos uma carteira de clientes bem variada, mas fazemos trabalhos para a Petrobras, Statoil, BG, BW, Technip e Odebrecht, entre outras. No caso da Odebrecht, na área de perfuração, prestamos vários serviços, inclusive treinamento de pessoal. Estamos trabalhando para atrair outros clientes que operam no país. Por isso, procuramos fazer um bom trabalho, seja em grandes ou pequenos serviços. Neste momento em que tantas empresas estrangeiras do setor de petróleo e gás

estão se instalando e operando no país, que tipo de serviço o Lloyd’s Register do Brasil oferece a essas companhias? A operação no Brasil é vista como uma atividade em alta. Muitos de nossos clientes internacionais têm essa visão, e querem entrar como parceiros da Petrobras ou de outras empresas. Nós estamos aqui, conhecemos o país e podemos oferecer tudo o que eles precisam para operar com segurança e dentro das normas brasileiras. Se eles precisam dos nossos serviços lá fora, precisarão mais ainda aqui no Brasil. Prestamos orientação também em relação à conformidade, disposições legislativas e regulações. Eu não diria que as leis no Brasil são muito diferentes de outros países, mas são ligeiramente diferentes, os processos são diferentes. Os códigos e as normas são semelhantes ao redor do mundo, mas existem especificidades e coisas que devem ser feitas de forma particular. É importante seguir esses processos, mas para as empresas que chegam aqui nem sempre é fácil entender essas diferenças de imediato. Quais os planos do Lloyd’s Register para expandir suas operações no Brasil? Quais os próximos passos? Queremos trazer mais de nossa atividade na gestão de ativos; já fazemos esse serviço em todo o mundo, tanto em terra, quanto offshore. Queremos trazer para cá e aumentar nossa pegada no Brasil. Vivemos um momento em que a indústria está em baixa e esperamos para ver o que vai acontecer. Mas estamos ansiosos para trazer para o Brasil todos os serviços que prestamos em outros países, para ajudar a Petrobras e outras companhias – as estrangeiras inclusive – a produzir petróleo e gás de forma segura e eficiente, e para reduzir o Capex e o Opex.


Oil & Gas Brasil Meeting

O

subsecretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Energia do Estado do Rio de Janeiro (Sedeis), Marcelo Vertis, abriu o evento – que teve apoio da TN Petróleo – no dia 28/10 e falou sobre os desafios atuais, ressaltando que o país continua sendo boa opção para investimentos com muitas oportunidades de negócios. “O estado do Rio tem um posicionamento forte no desenvolvimento do setor e o pré-sal é pro-

Foto: Alexandre Maciel

Em sua segunda edição, o encontro global de energia Oil e Gas Brasil Meeting reuniu cerca de 300 empresários brasileiros e diversos parceiros internacionais – consulados, câmaras de comércio e delegações de países como Estados Unidos, Noruega, Reino Unido, Israel e Holanda – para discutir novas oportunidades de negócio e promover relacionamento.

vavelmente a fronteira mais promissora da indústria offshore mundial”, assegurou ele. O vice-presidente Comercial e Estratégia da BG Brasil, Marcelo Menicucci (foto), falou sobre a importância estratégica do portfólio da petroleira britânica no país. Ressaltou que “a BG Brasil mantém um trabalho contínuo, em conjunto com a Petrobras, para otimizar a produção dos campos na Bacia de Santos e abrir novos mercados para as reservas de pré-sal, onde a empresa é a segunda maior produtora”. Também participaram empresas como GE, Odebrecht, FMC

Technologies, Andrade Gutierrez, Edison Chouest, Rolls-Royce, Tenaris e o grupo argentino Indalo, que arrematou três blocos onshore na 13ª Rodada de Leilões. “Em um momento de oportunidades escassas e com empresas fazendo redução de custos para buscar equilíbrio financeiro, o evento foi fundamental para que pudéssemos ter um ambiente para trocar ideias e ver que existem possibilidades de negócio”, afirmou Márcio Robles, Country Manager da Oil States do Brasil. Para a Zoom Out Comunicação, organizadora do encontro, o mais importante foi conseguir reunir executivos do setor e criar oportunidades de negócio. “No momento que estamos vivendo, procuramos fazer algo inovador para promover um ambiente otimista e promissor”, afirmou o diretor da empresa, Wamilton Falcão.

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Foto: Anthony Pecchi

eventos

3º CHC Brazil Safety & Quality Summit

Especialistas debatem segurança na

aviação e setor de óleo e gás Estudiosos de segurança nacional e internacional discutem melhores práticas e processos na indústria petrolífera durante o 3º CHC Brazil Safety & Quality Summit.

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BHS (Brazilian Helicopter Services), subsidiária brasileira da canadense CHC Helicopter, líder global em serviços de helicópteros, e da empresa operadora do CHC Group Ltd., trouxe para o Brasil importantes especialistas de segurança durante a terceira edição do CHC Brazil Safety & Quality Summit, no Rio de Janeiro. O evento, realizado nos dias 22 e 23 de outubro, restrito a convidados e com um público de mais de 150 pessoas, reuniu profissionais e lideranças de setores da aviação geral, aviação offshore, óleo e gás, entre outros. Duncan Trapp, vice-presidente de Safety Quality da CHC, abriu a sessão plenária do primeiro dia lembrando que “o mais importante para as empresas de transporte de pessoas por helicóptero é levar todos de volta para

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casa com segurança, e é isso que move a CHC na busca diária pela melhoria de seus processos”. O diretor regional das Américas da CHC, Tomas Salazar, falou na sequência e reforçou que o tema segurança não deve ser um diferencial competitivo no mercado, mas sim um item essencial para todas as empresas de transporte aéreo: “Meu sonho é ter zero acidente no transporte aéreo de helicópteros nos próximos anos.” O diretor fundador da Baines Simmons Limited, Keven Baines, especialista em regulação na aviação, conformidade e segurança de gestão, com parcerias com organizações mundiais de aviação civil e de defesa, ressaltou a importância do envolvimento de qualquer empresa no processo de segurança, principalmente das lideranças. “Para alcançar boa performance

no sistema de segurança é preciso envolver também as lideranças da corporação”, salientou ele. Baines também citou as etapas que as empresas precisam seguir na busca por excelência operacional: compreensão do cenário; construção dos processos; operação do planejamento; aprimoramento do projeto; e excelência nos resultados. Seguir esses passos, trabalhar com uma liderança ativa e atuante, ciente de que é preciso ter capacidade de assumir e controlar os riscos da operação, e ter uma cultura organizacional aberta potencializam as chances de êxito da área de segurança. No período da tarde, três dos principais operadores de aviação offshore do país compartilharam suas melhores práticas em segurança. O gerente geral de operações da CHC Brasil /BHS, Ricardo Maltez, abriu o painel no qual abordou a importância da cultura de reportar as ocorrências. Segundo ele, a CHC Brasil vem trabalhando para “elevar


a cultura de reportes para o próximo nível”. A empresa realiza pesquisas internas para identificar os principais fatores que levam seus colaboradores a não reportarem possíveis falhas na operação e, assim, consegue trabalhar para melhorar seus números. Campanhas internas de comunicação, como o Follow Procedures, programa formal de reconhecimento da equipe, envolvimento de toda a alta gestão na cadeia e o estudo de casos de outras empresas do setor são algumas das ações que a CHC Brasil realiza na busca pelo aprimoramento da segurança em todos os procedimentos. Representando a Omni Táxi Aéreo, Virgínio Augusto Corrieri de Castro, da área de Segurança em Voo, explicou brevemente como a empresa utiliza o Losa (Line Operations Safety Audit, ou Auditorias de Segurança das Operações) e cada passo que deve ser seguido para que o processo seja bem executado. “Além de identificarmos erros e ameaças durante o voo, toda empresa que aplica o Losa também precisa do apoio do cliente, pois é preciso analisar todo o processo”, lembrou Castro. Jorge Luiz França Alves, gerente de segurança da Líder Aviação, falou sobre o tema ‘Disciplina operacional’ e, assim como Ricardo Maltez, apresentou algumas campanhas de boas práticas realizadas pela empresa com seus colaboradores, além de campanhas de segurança e cuidado, uso correto de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), e atualização constante da TV Corporativa.

O especialista em aviação, Keven Baines, dissertou sobre ‘Compliance/ Conformance vs. Performance’, apontando que algumas premissas básicas quando se fala em aviação são extremamente necessárias para se obter boa performance, como seguir as regras. “Pode parecer ingênuo, mas observar a maneira que executamos determinada tarefa quando não há ninguém olhando é muito importante. As regras precisam ser seguidas em qualquer circunstância.” De acordo com Baines, o relatório não basta, é preciso haver uma investigação sobre cada um deles e como resultado uma intervenção no processo, se for o caso, para que haja um constante aprimoramento dos procedimentos. O gerenciamento do sistema de riscos também é muito importante, pois a partir dele é possível gerar feedback e promover o desenvolvimento de nova metodologia, quando preciso. Professor e membro permanente do Departamento de Fatores e Sistemas Humanos na Universidade Aeronáutica de Embry-Riddle, Dr. Scott Shappell, também marcou presença no evento. Com 20 anos de experiência na Marinha dos Estados Unidos na área de Psicologia Experimental Aeroespacial, Shappell explanou sobre o comportamento humano e como isso interfere na área de segurança das empresas aéreas.

Seu principal tema para debate foi a diferença entre erros e violações. O professor esclarece que os erros, quando não resultam da violação das regras, não devem ser punitivos. “Todos nós erramos, seja por falta de informação, conhecimento ou experiência. Aqueles que já contam com todos esses itens também podem errar por falta de atenção, memória ou técnica. Isso é normal do ser humano. A punição só funciona quando o erro se torna algo recorrente ou quando há uma violação, seja ela rotineira (a mais grave) ou excepcional”, explicou ele. A legislação brasileira, normas de voo e órgãos de fiscalização na aviação foram temas abordados durante a palestra do brigadeiro Carlos Alberto da Conceição, gerente da McLarens Aviation no Brasil. Para ele, segurança de voo deve ser sempre incluída na missão de todas as empresas atuantes no setor. “Na prevenção de acidentes não deve haver segredos nem bandeiras. Informação é o maior bem para se prevenir um acidente aéreo”, salientou. A última apresentação do evento foi a do diretor de operações de Helicópteros e Aeronaves da Losa Collaborative, Stephen Ingham. Voltada especialmente para pilotos, a palestra abordou os procedimentos do Losa. O objetivo foi mostrar a importância do procedimento de auditoria e seus reais resultados, salientando que todas as análises geradas a partir desse processo são anônimas e não punitivas. “Um trabalho de auditoria do Losa leva em torno de oito meses para ser realizado, e é algo que envolve toda a empresa, desde os pilotos até os técnicos de manutenção e clientes. Trata-se de um diagnóstico, por si só ele não promove soluções, não existe uma ciência exata”, ressaltou Ingham. O 3º CHC Brazil Safety & Quality Summit foi patrocinado pela Willis, Heli-One, AgustaWestland, McLarens Aviation, Safran Turbomeca, Expeditors, Helibras Airbus Helicopters, AGS Logística, CAE, Kennedys e AIG. TN Petróleo 104

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perfil profissional

Cautelosa

ousadia Fotos: Bia Cardoso

Vencer a timidez é um dos desafios do brasileiro Adhemar da Silva Freire Júnior, que, reservadamente e sem alardes, tornou-se uma figura conhecida e respeitada na indústria de óleo e gás. Além de presença obrigatória na maioria dos eventos desse setor realizado no Brasil, ele também costuma receber empresários e especialistas brasileiros que participam de missões à Noruega ou que vão a feiras internacionais de óleo e gás, naval e offshore. Foi essa experiência de mais de 30 anos que o levou, em janeiro de 2013, a ser escolhido para comandar a seção Brasil da Intsok – Norwegian Oil and Gas Partners, instituição norueguesa que está presente fisicamente em 17 países considerados mercapor Beatriz Cardoso dos estratégicos para a indústria daquele país.

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Comandar a seção de uma organização internacional que atua em todos os continentes era algo que passava longe da cabeça do tímido jovem de 18 anos, que em 1981 saiu da cidade natal, Barra de Piraí, no Sul Fluminense, para cursar engenharia mecânica na Universidade Gama Filho, na capital. Aos 52 anos, o engenheiro mecânico e bacharel em direito – “curso que todo cidadão deveria fazer, pois o ajuda a viver sua cidadania na plenitude” –, que fala fluentemente inglês, espanhol e estuda norueguês, conclui um MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. O menino do interior, que sempre teve rédea curta em casa, com ousadia e discrição vem escrevendo uma trajetória de sucesso em um seleto mercado de trabalho. “Meu pai, que era fiscal ferroviário e não teve muita oportunidade de estudar, sempre me incentivou e a minha irmã, Susana, a ir para a universidade”, lembra Adhemar. A mãe, Zilma, fiscal da Previdência Social, apoiava o marido, também Adhemar, nessa decisão. Foi assim que o tímido barrense foi para o Rio, cursar a universidade. “A timidez é algo natural em quem veio do interior e via a capital quase como um outro país”, diz rindo. A opção pela engenharia mecânica foi a única divergência com o pai, que preferia que ele estudasse engenharia elétrica. “Como meu pai trabalhava na rede ferroviária, eu tinha certa curiosidade pela mecânica”, diz ele, lembrando um episódio que marcou sua infância: “Um dia, meu pai, ao parar no sinal vermelho, perto de casa, fez soar o apito do trem no qual estava realizando o trabalho de fiscalização. Fui correndo ver e meu pai me levou para conhecer o trem. Fiquei encantado com aquele maquinário. Isso é algo que nunca esqueci”, confessa Adhemar.


Desvio de caminho – O encanto o levou, na época em que cursava engenharia, a sonhar com um estágio na rede ferroviária. Como as oportunidades eram poucas em um país que estava deixando de lado este importante modal de transporte, ele se inscreveu no Centro Integrado Empresa Escola (Ciee), onde todos os estudantes buscavam oportunidades de estágio na área que havia escolhido. Foi lá que Adhemar acabou sendo desviado para o setor que marcou sua trajetória – ele saiu dos trilhos, mas não descarrilou na profissão. “Minha ficha foi parar na Petrobras, onde passei pelo meu primeiro processo de seleção. Fui escolhido para ser o estagiário da antiga Divisão Regional de Completação, Restauração e Estimulação de Poços (Dircres), onde fiquei 11 meses”, diz ele, contando que auxiliava nas atividades do setor de Completação, Avaliação e Intervenção de poços (Dicres/Secople). “Acabei trabalhando toda minha vida nesse setor”, diz sorrindo, citando dois grandes mestres – os engenheiros de petróleo Toshio Kakihara, hoje aposentado, e Tadachi Takashina, ainda no E&P da Petrobras. Foram eles que o ajudaram, inclusive, a seguir nesse mercado de trabalho, indicando-o, após o período de estágio, para a brasileira Engemaq Comércio e Indústria Ltda, onde ingressou em julho de 1985. Como assistente técnico, era responsável pelo preparo de propostas técnicas e comerciais e pela avaliação de toda a documentação técnica exigida nos editais para compor os envelopes de propostas a serem enviados aos clientes da empresa brasileira. “Vivenciei o início de um processo no qual a Petrobras adotou a política de incentivar as empresas brasileiras a nacionalizarem equipamentos – no caso da Engemaq, de completação de poço, em um período delicado, com alta inflação e várias crises econômicas”, lembra. “Foi o primeiro conteúdo local, sem política ou regulamento,

Local de nascimento: Barra do Piraí (RJ) Estado civil: Solteiro, mas com dois companheiros inseparáveis: uma boxer, Tuta, e um Golden retriever, o Dunga. “O mais querido, que faleceu, era um dog alemão, o Cascata”, lembra, com pesar. Hobby: gastronomia. Um bom cozinheiro. “Dizem que meu yakisoba, minha paella e meu churrasco são bons. E que meu bacalhau é melhor ainda.” Também adora plantas, os animais e a natureza. Leitura: devora todos os jornais e revistas, principalmente na Internet. “Sou um homem conectado.” Música: jazz, MPB e clássica. O que gosta de fazer quando não está trabalhando? Viajar para conhecer outras culturas, que é fundamental. Time? Fluminense, mas sem ser doente.

e sim uma iniciativa da Petrobras de desenvolver uma indústria local para reduzir custos, uma vez que era tudo importado e pago em dólares, além de incentivar outras empresas a fazerem o mesmo”, observa. Chão de fábrica – Em agosto de 1986, quando se formou, foi convidado pela empresa para ser o supervisor comercial e engenheiro assistente da fábrica em Caxias do Sul (RS), onde ficaria por três anos. “Era uma empresa gaúcha, daí o convite. Claro que dava um friozinho na barriga. Mas sempre acreditei em mim. Nunca duvidei de minha capacidade e, ainda que eu tivesse meus momentos de timidez e estivesse em processo de aprendizado, encarei tudo como parte da minha formação”, afirma. Ele diz que, na fábrica gaúcha, teve a oportunidade de trabalhar de

perto no chamado chão de fábrica, embora respondesse pela coordenação das atividades do setor comercial no preparo de propostas técnico-comerciais para as companhias de petróleo, em especial para a Petrobras. Era ele também quem acompanhava os inspetores da estatal nas visitas de inspeção à fábrica, assim como pela coordenação junto aos diversos setores para regularização de divergências encontradas, visando o despacho e faturamento da mercadoria com aprovação técnica pelo cliente. “Eu buscava a cooperação de todos os setores da fábrica envolvidos na produção das mercadorias com fins a mitigar potenciais riscos de atraso na fabricação/entrega ou ainda causar danos para a companhia”, explica o engenheiro, lembrando-se da estratégia para receber em tempos de alta inflação. “Se atrasasse mais de um dia, as perdas financeiras seriam enormes e íamos ter problemas para cumprir com os pagamentos. Por isso quando tinha faturamentos de grande porte a fazer, saía com as notas fiscais debaixo do braço, pegava um avião até o Rio, um carro da empresa e seguia para Macaé, para protocolar a nota, economizando uns dez dias de trâmite”, conta ele. Daí começava a contar os 30 dias para receber. Adhemar vivenciou também os avanços da petroleira brasileira em águas profundas. “Na época, eram os 600 m. Os equipamentos, gigantescos. A Engemaq forneceu muitos risers de completação, um dos primeiros fabricados no Brasil para a Petrobras e para grandes campos que estão produzindo até hoje”, recorda. E lembra um episódio interessante, na época em que participaram pela primeira vez da Rio Oil & Gas, lá pelos idos de 1988. A Engemaq selecionou alguns equipamentos para expor no estande. “Montamos tudo quando uma pessoa da Petrobras, passando no local, avisou que um equipamento estava de cabeça para baixo (sentido inverso de como é utilizado no poço). Tivemos que TN Petróleo 104

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perfil profissional inverter a posição antes que chamasse a atenção de outros visitantes da feira”, conta rindo. “Isso faz parte da aprendizagem.” Novos desafios – Em outubro de 1989 voltou ao Rio para assumir como gerente de filial da Engemaq, continuando à frente de todo o processo de elaboração e propostas e participação em licitações da estatal em todo o Brasil. “Eu era muito jovem, tinha apenas 26 anos, mas com experiência consolidada nessa área”, pontua. No total foram nove anos na Engemaq, de onde saiu em novembro de 1994, já então com ‘um pé’ no curso de direito, que concluiria em 1998, no Instituto Metodista Bennett, no Rio de Janeiro. “Acredito que essa formação é importante para qualquer pessoa, embora eu tenha feito por questões profissionais, pois sempre trabalhei na área comercial e de marketing, nas quais a pessoa precisa conhecer os termos jurídicos, as questões contratuais. Essa formação dá um ganho em termos comerciais e até mesmo para minimizar os riscos, permite um olhar técnico, comercial e jurídico dos negócios, ao mesmo tempo”, afiança. No final de 1994, sob a forte crise gerada na era Collor, a Engemaq propôs a ele que abrisse um negócio próprio para representá-la. “Várias empresas viviam momentos difíceis e ela decidiu fechar a filial do Rio, mas não podia ficar sem suporte da minha equipe (eram quatro pessoas além de mim)”, enumera Adhemar. Decidiu criar a Terratek Assessoria e Representações Ltda, em dezembro de 1994 (que manteria ativa até o final de 2000) para representar a Engemaq e outros potenciais parceiros. Ele foi representante comercial exclusivo da empresa Engemaq para o Sul-Sudeste até agosto 1995, quando a fábrica foi comprada pelo grupo Energy Ventures Incorporation (EVI), que adquiriu outras empresas no Brasil. “Representei a empresa até 1998, quando a EVI incorporou a We48

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atherford, mantendo o nome – graças à força dele no mercado mundial. Passei então a responder pela representação comercial nas vendas da Weatherford para toda a região Sul-Sudeste e assessoria comercial para a região Norte-Nordeste até 2000. E tive participação ativa na integração das empresas adquiridas pela EVI, como a Engemaq, Marservice e a Irmãos Geremias, para unificação em uma só corporação”, afirma. Freire Junior também deu seu aporte no start up de vendas e distribuição de produtos de empresas estrangeiras no Brasil, acompanhando a qualificação e promovendo a inclusão nos cadastros dos clientes, em especial a Petrobras. E teve participação determinante na constituição da Weatherford no Brasil a partir de 2000, inclusive compartilhando o escritório da Terratek, quando se iniciou a chegada dos primeiros executivos estrangeiros da Weatherford para trabalhar no Brasil. No universo dos gigantes – Em janeiro de 2001, a multinacional norte-americana do setor de óleo e gás Weatherford, disse que queria atuar por conta própria. Mas que gostaria de ter Adhemar em seu quadro. Ele decidiu aceitar o desafio, acabando por alçar voos internacionais. Ingressou como gerente de Desenvolvimento de Negócios com a tarefa de fortalecer a posição da empresa como fornecedor no mercado local. Além de promover novas linhas do portfólio da companhia, ele cuidava do relacionamento com clientes e da qualificação de produtos na Petrobras para inclusão no cadastro e participação em licitações públicas. “Sinto que dei uma contribuição efetiva no start up da Weatherford , ampliando sua participação no mercado brasileiro e, consequentemente, aumentando as receitas, além de atuar na negociação de contratos”, avalia o engenheiro. Um ano depois, assumiria a gerência de Operações Norte-Nordeste (Completion Systems),

coordenando as atividades das bases operacionais e de serviços da empresa norte-americana em Salvador (BA), Aracaju (SE) e Mossoró (RN), com um orçamento anual da ordem de US$ 20 milhões. “Fomos responsáveis pela introdução de novas tecnologias na região, que faziam parte do portfólio da companhia fora do Brasil”, diz Adhemar, que se reportava diretamente ao country manager e comandava uma equipe de 40 colaboradores. Em 2003, assumiu como District Manager na área de completação e sistemas de produção do Sul-Sudeste da Weatherford, respondendo pelas áreas comercial e operacional da empresa, com foco na área offshore de completação de poços e elevação artificial, respondendo pela definição de estratégias comerciais com valores na ordem de US$ 40 milhões. “Fornecíamos equipamentos e serviços para as bacias do Espírito Santo e de Campos. Havia um trabalho intenso, pois foi a época de grandes descobertas, de ativos que continuam a produzir até hoje”, recorda. Também cuidava do acompanhamento junto à gerência operacional das equipes onshore e offshore (embarcados); pelo gerenciamento dos contratos globais de longo prazo e contratos individuais (compras spot) e das equipes de operações; além de representante da empresa junto a organizações e instituições, entre as quais o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib). América Latina – Adhemar ficou dois anos nessa posição, até ser nomeado, em julho de 2005, gerente para a América Latina de Linha de Produto (Flow Control). “Eu era responsável pelo desenvolvimento da linha de produto na América Latina, com ênfase no Brasil, Argentina, Colômbia, Trinidad-Tobago


Cautelosa ousadia e Venezuela”, lembra. E também gerenciava um orçamento anual de US$ 30 milhões em receitas, sendo o primeiro brasileiro a ocupar essa posição na multinacional. Reportava suas atividades diretamente aos vice-presidentes regional (América Latina) e mundial da linha de produtos Flow Control (Houston-USA). E ainda cuidava da movimentação e transferência de ativos e colaboradores entre as operações nos países, auxiliando os country managers de cada país na preparação e elaboração do orçamento anual, assim como na estratégia do negócio e na avaliação de performances dos colaboradores. Em meados do ano seguinte, 2006, assumiu como Country Manager/Completion and Production Systems, tendo sob sua responsabilidade a administração de quatro áreas operacionais e três fábricas no Brasil, e o acompanhamento, incentivo e garantia de recursos para as gerências atingirem as metas e a performance financeira de cada base de operação ou fábrica, além do planejamento financeiro anual, trimestral e mensal. Sob a alçada de Adhemar estava ainda a gestão de todos os procedimentos e metas de QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde), visando a melhoria contínua da qualidade, nível zero de acidentes e redução de impactos ambientais. Com um orçamento anual de US$ 80 milhões, respondendo diretamente ao vice-presidente regional (América Latina), o engenheiro barrense encerraria com sucesso uma trajetória de sete anos na Weatherford, de onde saiu em 2007 para assumir um novo desafio. De volta as origens – Em meados de 2007, Freire Junior foi chamado para assumir um cargo na brasileira Lupatech, detentora de vários negócios, com foco principalmente no setor de petróleo e gás. Fornecedora de válvulas industriais e de equipamentos e serviços, ela

Oriente Médio e Ásia. “Nessa função, atuei fortemente na identificação e implementação de novos negócios no mercado externo para a linha de equipamentos de completação de poços e tubos revestidos, buscando a internacionalização destas linhas e com a ambição de tornar a empresa menos dependente do mercado local”, complementa Adhemar – ele ficou na Lupatech até o final de 2012.

havia feito em 2006 um IPO (Initial public offering), primeira oferta pública de ações, para se capitalizar. “A companhia começou a investir na aquisição de empresas do setor de óleo e gás, como a Gasoil, Petroima, Tecval, entre outras. Eles me convidaram para trabalhar em mais um start up”, lembra Adhemar, que assumiu a gerência comercial da Lupatech Equipamentos e Serviços para Petróleo Ltda em julho de 2007. Ele ficou responsável pelos negócios da empresa na região Sul-Sudeste, em especial no segmento de operações offshore. Fazia o acompanhamento e orientação de todos os processos de cotação junto à engenharia e áreas de suporte comercial e gerenciamento de riscos comerciais e técnicos através de seleção de processos de licitação. “Também cuidava da negociação de condições técnicas e comerciais com os clientes; acompanhamento do andamento das cláusulas contratuais; definição de estratégias comerciais e de precificação visando o aumento na participação de mercado e rentabilidade do negócio”, explica o engenheiro. Em maio de 2010, foi nomeado gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais, passando a negociar as parcerias com empresas estrangeiras, além de promover a transferência de tecnologia com pagamento de royalties. Também era responsável pelo desenvolvimento de representantes comerciais e distribuidores em países da América do Sul,

Novos horizontes – Com 30 anos de experiência na indústria de óleo e gás, trabalhando em companhias nacionais e multinacionais, com grande conhecimento em gerenciamento empresarial nas áreas de completação e produção de poços de petróleo, Adhemar Freire Junior tinha o perfil adequado para qualquer multinacional. Some-se a isso a expertise consolidada em marketing, vendas, inteligência empresarial, desenvolvimento de negócios e parcerias, além de conhecimentos multidisciplinares em finanças, contabilidade, planejamento, análise de resultado, custos e grande conhecimento da legislação brasileira – em especial, as trabalhista, tributária e de comércio exterior. “No decorrer desses anos, desenvolvi e implementei estratégias para condução das equipes operacionais e de vendas, buscando a melhoria contínua da lucratividade (lucro operacional/Ebitda) e participação no mercado, planejamento de orçamento anual (Budget) e redução de custos”, complementa o engenheiro mecânico. Foi com essa bagagem que ele se aventurou a disputar um cargo que ficaria vago na instituição norueguesa Intsok. “Vi que eu possuía o perfil profissional que eles procuravam. E que seria um novo desafio, o qual me obrigaria a conhecer outro universo, pois eu vivia no ‘mundo do poço’, atuando sempre em negócios a ele relacionados”, conta Adhemar, sorrindo. Desde janeiro de 2013 na seção Brasil da Intsok, ele diz que o mais TN Petróleo 104

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perfil profissional desafiante e instigante foi a oportunidade de trabalhar com outras empresas da área de E&P – “mais além do poço”, enfatiza, rindo –, que vão desde o segmento de sísmica ao de descomissionamento, construção offshore, perfuração, entre outros. Aprendizagem contínua – “Nessa função, ampliei minha visão de negócio para a área de E&P em toda a sua cadeia de valor e de suprimentos, assim como adquiri relevante experiência no aconselhamento e consultoria para empresas norueguesas com interesse em iniciar, ampliar ou manter relações comerciais com o Brasil na área do upstream offshore”, diz Adhemar. Segundo ele, o mais importante é a aprendizagem contínua que vem tendo, ganhando conhecimento em diversas áreas de atuação dentro do segmento de E&P offshore no qual a Noruega se destaca, tais como drilling (sondas de perfuração), UEP (unidade estacionária de produção, como são chamadas tecnicamente as plataformas offshore), tecnologia submarina, soluções para uma produção limpa, sistemas de segurança etc. “Penso que a ausência de medo é que me possibilitou construir essa trajetória”, explica, com simplicidade. “Embora fosse um mundo novo, entrei nele sem medo, como sempre fiz. Acredito que é importante se jogar, ser aberto aos desafios”, afirma. Ele acredita que contribui para o bom desempenho na Intsok a experiência de gestão adquirida em todos esses anos nas empresas em que atuou. “Do chão de fábrica ao contato com o cliente, no atendimento direto, passando pelo comercial e a gestão de uma grande empresa multinacional”, acrescenta. Realismo sem retoques – Também é de grande valia a atuação que teve no start up de outras empresas. “Aqui auxilio no start up de uma empresa em outro cenário: meu 50

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papel não é de operacionalizar e sim aconselhar, dar suporte, indicar os caminhos. É o que se espera de mim nesse trabalho”, diz ele. Adhemar destaca que as empresas querem ‘ouvir o que precisam saber’ e não o que querem ou desejariam ter. “Atendemos a diversas demandas, desde empresas interessadas em se estabelecer, ou em processos de avaliação e aceitação do mercado local para o produto deles, como também organizações que já têm parceiros locais ou que já atuam, sozinhas, no mercado brasileiro. Mesmo as empresas já estabelecidas consultam a Intsok”, aponta. Daí a importância em ter alguém para aconselhar, mostrar a realidade sem retoques mas de forma objetiva, transparente e honesta. “Estamos sempre em busca do resultado positivo para a empresa. Ao mostrarmos que não existe mercado para ela ou que ela não está pronta para atuar nesse, essa apresentação da realidade pode ser um incentivo, uma maneira de criar novos sonhos”, conclui. De acordo com ele, das 250 empresas (que chegam a quase 300 com as subsidiárias) que integram o Intsok, cerca de 86 estão, de alguma maneira, presentes no mercado brasileiro. “Nunca imaginei que aquele garoto que jogava bolinha de gude e soltava pipa com os amigos, em Barra do Piraí, estaria aqui, dando consultoria a empresas norueguesas”, diz, sorrindo, Adhemar. O segredo de tal sucesso, para ele, é que o mais importante é vencer as próprias barreiras pessoais. “Sem vaidades, pois o que traz estes ganhos são as conquistas ao longo da vida, o conhecimento adquirido. Quando a vaidade começa a tomar conta de uma pessoa, ela se perde”, alerta o country manager da Intsok Brasil. O que o estimula é saber que ainda há muito a aprender, a viver. “Quando se tem essa visão, se está mais aberto ao novo. Isso é que me encanta: me dar esse direito de

viver como a juventude, de utilizar uma ferramenta como o face time – que permite realizar chamadas de vídeo e de áudio para o iPhone – para reuniões ‘intercontinentais’ e achar o máximo”, finaliza. O que faz a Intsok – Fornece consultoria e aconselhamento para empresas norueguesas que fazem parte do networking da entidade e que possuem interesse em iniciar, ampliar ou manter relações comerciais com o Brasil. “Trabalho em parceria e colaboração com o Consulado Real da Noruega no Rio de Janeiro, com a Innovation Norway, com a Associação Brasileira de Armadores Noruegueses (Abran) e com a Câmara de Comércio Noruega-Brasil”, conta Adhemar Freire. “Trabalho em parceria e colaboração com o Consulado Real da Noruega no Rio de Janeiro, com a Innovation Norway, com a Associação Brasileira de Armadores Noruegueses (Abran) e com a Câmara de Comércio Noruega-Brasil”, conta Adhemar Freire. É responsável pela organização de workshops, seminários e encontros para networking para dar visibilidade para as empresas norueguesas e fornecer oportunidade para que possam explorar o mercado apresentando tecnologias, soluções e sistemas já utilizados na Noruega e em outros mercados. A Intsok também promove a capacitação e portfólio de produtos e serviços dessas empresas junto ao mercado brasileiro, entre companhias de petróleo nacionais (NOCs) e internacionais (IOCs), aos órgãos reguladores como a ANP e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, assim como junto às principais prestadoras de serviço nas áreas de perfuração, completação, intervenção e de sistemas submarinos (subsea). Adicionalmente, oferece suporte para a entrada/acesso ao mercado, compartilha informações mercadológicas e orienta na solução de problemas.


Ano 4 • nº 42 • novembro de 2015 • www.tnsustentavel.com.br

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem Editorial

Hora de refletir e agir... ainda dá tempo! Enquanto fechávamos esta edição, a 21ª Conferência Internacional do Clima (COP-21) começava em Paris, trazendo muitos questionamentos, mas também a esperança de que o mundo vai poder caminhar mais rápido para uma economia de baixo carbono. Pouco antes, fomos vítimas da pior tragédia ambiental no país: o rompimento da barragem de resíduos tóxicos da empresa Samarco, em Mariana/MG. A impressão que temos, com tantas notícias e acontecimentos ruins, é de que o mundo está perto do fim. Por tudo isso, o momento não requer apenas uma grande reflexão, mas uma mudança pra valer, que seja protagonizada não apenas por dirigentes de países, políticos e empresas-líderes da economia, mas por todos nós. Ainda dá tempo! É possível, ainda, evitar o aquecimento global e suas terríveis consequências climáticas. Existem pessoas trabalhando arduamente para isso. Na opinião de alguns especialistas em meio ambiente, como é o caso do advogado, consultor e ex-deputado federal Fabio Feldmann – o entrevistado desta edição –, o rompimento da barragem em Mariana deverá ser um divisor de águas no modo como as empresas avaliam e mitigam seus riscos, colocando a questão da segurança ambiental entre os principais pontos a serem discutidos daqui para a frente. As pesquisas em energia solar no país avançam. Sorte! Segundo dados do Plano Decenal de Energia Elétrica, até 2024 a geração fotovoltaica no Brasil será da ordem de 7.000 MW. Na matéria, apresentamos o ‘coletor solar híbrido’, que gera energia e aquece água, desenvolvido pela Sunlution e pela E2solar, empresas brasileiras. E falamos da iniciativa da GE ao criar a Current, empresa do grupo que atuará nas áreas de LED, solar, armazenamento de energia e veículos elétricos. A edição traz ainda um artigo sobre os impactos das mudanças climáticas na economia e outro sobre sustentabilidade e desenvolvimento humano. Boa leitura! Lia Medeiros, diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo liamedeiros@tnpetroleo.com.br

Sumário

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Brasil precisa tratar meio ambiente como tema estratégico

Entra em operação o parque eólico de Dois Riachos

Empresas brasileiras criam placa solar híbrida

Entrevista com Fabio Feldmann

Energia renovável

Tecnologia

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suplemento especial

Brasil precisa tratar

meio ambiente como tema estratégico

Apesar de o Brasil possuir organismos e leis para gerir e cuidar do patrimônio ambiental que possui, o não cumprimento dessas mesmas leis e o descaso com o tema por parte de governos, empresas e da própria sociedade colocam em risco todas as conquistas alcançadas até agora em termos de redução de emissões, desmatamento e conservação da biodiversidade. Enquanto as mudanças climáticas avançam com rapidez, deixando estragos e evidenciando que governos, empresas e população não estão preparados para enfrentá-la, o país é abalado por uma tragédia ambiental sem precedentes, na barragem de resíduos da mineradora Samarco, em Mariana (MG). “É preciso que haja um grande diálogo, colocando temas sérios como esse em discussão. A partir de agora, muita coisa terá de mudar. É preciso rever leis, aplicá-las com mais rigor, cobrar dos responsáveis, rever medidas e ações, principalmente em função das mudanças do clima, para evitar que novas tragédias aconteçam”, diz o ex-deputado federal do Partido Verde (PV), Fábio Feldmann, que hoje deixou a política partidária e atua como consultor na área ambiental, participando de seminários e conferências sobre o tema. 52

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por Mehane Albuquerque Ribeiro

Formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Feldmann trabalha na área do meio ambiente desde 1970, como militante, fundador e conselheiro de organizações não governamentais – o SOS Mata Atlântica, entre elas – além de parlamentar, secretário estadual e consultor. Ainda pelo PV, foi candidato ao governo de São Paulo nas eleições de 2010. Deputado federal eleito para três mandatos, um de seus principais projetos de lei, aprovado em 1993, trata da redução de emissão de poluentes por veículos automotores. Outros projetos aprovados incluem a Lei da Mata Atlântica, em 2006; a Política Nacional de Educação Ambiental, em 1999; e a Lei de Acesso Público à Informação, em 2003. Foi relator da Convenção sobre Biodiversidade e

de projetos como o da Lei Antitruste, de 1994, e da Política Nacional de Recursos Hídricos, aprovada em 1997. Foi presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Minorias e Meio Ambiente na Câmara. Atuou ainda como relator adjunto da revisão constitucional para as matérias relativas ao meio ambiente, defesa do consumidor, minorias e abuso do poder econômico. Feldmann recebeu o Prêmio Global 500 das Nações Unidas em 1990, em reconhecimento à sua luta em favor do meio ambiente. Foi o criador, junto com outros advogados, da Sub-comissão do Meio Ambiente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, a primeira do Brasil. Como secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo, deu prioridade à implantação da Agenda 21, introduzindo temas como: apoio às organizações não governamentais, consumidor


Foto: Divulgaçâo

e meio ambiente, controle ambiental, gestão ambiental descentralizada, mudanças climáticas globais, prevenção à redução da camada de ozônio, conservação da biodiversidade, recursos hídricos, resíduos sólidos e educação ambiental. Também foi um dos principais articuladores do movimento da sociedade civil contra a comercialização do diesel sujo pela Petrobras, conseguindo importante vitória junto ao Conar e à Bovespa, no sentido de pressionar a estatal brasileira a cumprir a lei. Como secretário executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade, foi um dos principais responsáveis pela elaboração e articulação da Política Estadual do Clima, que institui uma redução de 20% nas emissões de São Paulo até 2020 e serve de

modelo e incentivo a outros estados que queiram também atuar mais fortemente nesta área. Atuou também na elaboração da Política Nacional de Mudanças Climáticas, sancionada pelo presidente Lula em dezembro do ano passado. É membro do Climate Change Advisory Board, do Deutsche Bank, do conselho consultivo do Fundo Itaú Ecomudanças e do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), dentre outros. Em 2009, se tornou o curador da primeira biblioteca especializada em meio ambiente da prefeitura, a Biblioteca temática sobre Meio Ambiente Raul Bopp, localizada no Parque da Aclimação. Em entrevista exclusiva ao Caderno de Sustentabilidade, Fabio Feldmann fala sobre os problemas socioambientais que o Brasil enfrenta hoje.

Caderno de Sustentabilidade – Você foi um dos autores do projeto da Lei nº 9.966, de 2000, que dispõe sobre a prevenção, controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias químicas em portos, instalações portuárias, plataformas, navios e instalações de apoio em águas nacionais. Quais mudanças a lei provocou nesse setor no Brasil? Você diria que foi um marco para a questão da segurança na área de petróleo no Brasil? Fabio Feldmann – Foi criada a legislação para tratar do assunto porque havia muitos acidentes. Alguns problemas podiam ser facilmente resolvidos, como no caso de São Sebastião, no litoral paulista, que era só mudar o ponto de fundeio das embarcações, pois os cascos batiam nas pedras, causando vazamentos nos tanques. O Brasil diminuiu em muito o número de acidentes no setor depois da Lei, especialmente em relação a navios. Antes, as empresas contratavam navios com bandeiras estrangeiras, sucateados, de firmas de terceira categoria... eram mais baratos. Isso mudou. As empresas passaram a se preocupar muito mais com segurança, não só pela legislação, mas porque também aprenderam com seus erros e prejuízos financeiros. Mas ainda hoje as pessoas desprezam a possibilidade de acidentes, ainda mais os ambientais. A tragédia de Mariana, com o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, comprova isso. O que houve em Minas Gerais vai mudar muito a postura em relação a questões de risco e segurança. Todas as instalações que oferecem risco no Brasil terão que ser revistas. No Capítulo VI da Constituição Federal de 1988, no artigo 225, de sua autoria, ficou pela primeira vez estabelecido no país que: toda obra ou atividade causadora de degradação ambiental deve apresentar previamente um estudo de impacto TN Petróleo 104

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(EIA/Rima). Porém, muitas obras e instalações de grande porte acabam obtendo licença, apesar de apresentarem estes estudos mal elaborados, projetos criticados por cientistas e outros setores da sociedade, além de impactos socioambientais que deveriam ser evitados. Como mudar isso? Antes da Lei, havia uma resolução do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente), que já exigia EIA/ Rima, mas que só ganhou força depois que a Constituição tratou da matéria. A partir daí, o licenciamento passou a ser considerado um entrave para algumas empresas que tiveram de se adequar às regras. Existem muitas distorções, mas o que vale ressaltar é que quando há um bom processo de licenciamento – quando a empresa apresenta um estudo bem elaborado e cumpre as condicionantes exigidas pelo órgão licenciador – o risco de acidentes diminui muito. É isso que as empresas precisam entender. Mas existem várias obras de grande porte rejeitadas por diferentes setores da sociedade e que, mesmo assim, hoje estão em curso. As hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia, e Belo Monte, no Pará, são exemplos... Apesar da Lei e de todo o rigor que se espera no processo de licenciamento de grandes obras, temos que analisar caso a caso. Em relação a Belo Monte, Jirau e das outras hidrelétricas na Amazônia, houve claramente uma grande desconsideração pelos aspectos socioambientais e pelas populações da floresta. Agora, veja o caso da Samarco. Já imaginou o prejuízo que a empresa teve com isso? Vai ter de pagar indenização de milhões, a imagem sai muito arranhada e para sempre. O rompimento da barragem foi um conjunto de erros. Não havia plano de contingência, a defesa civil era despreparada, e houve falta de comunicação entre os envolvidos, além de informação confusa 54

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O Brasil foi o país que mais cumpriu com as metas de biodiversidade no mundo. O que mais criou unidades de conservação e áreas protegidas. Mas nós sabemos da precariedade existente nas unidades de conservação. São muitos problemas: falta de infraestrutura, de regulação fundiária...

para a população. É preciso investigar a causa, pois a empresa possui todas as licenças ambientais exigidas. Por isso digo que tudo precisa ser revisto. Um dos grandes temas da segurança do clima é a questão das barragens e reservatórios de rejeitos, especialmente barragens construídas dentro da chamada ‘série histórica’, que é de um tempo em que não havia fenômenos climáticos tão extremos. Com a mudança do clima, elas não serão mais suficientes em períodos de anormalidade. No caso das hidrelétricas, quando há uma chuva torrencial e o volume de água ultrapassa os níveis de segurança, as comportas são abertas e a água retida é liberada. Vai inundar tudo em volta e causar prejuízos materiais, porém nem se compara aos danos causados por resíduos tóxicos, se houver rompimento em uma barragem de mineração, como aconteceu em Mariana.

No caso da mineração, além das feridas abertas no solo para a extração, há também os reservatórios de rejeitos, muitas vezes próximos a mananciais, sem falar nos garimpos clandestinos. Como o Brasil poderia resolver a questão da mineração? É possível tornar o setor mais seguro e sustentável? Nas instalações de grandes mineradoras é possível identificar o proprietário, ou o culpado, em caso de acidente. Isso já não acontece nos garimpos. Ter uma grande mineradora, porém, não é uma garantia de segurança, especialmente se ela estiver em área próxima a mananciais ou unidades de conservação. Havia uma proposta de seguro ambiental no Código de Mineração que foi suprimida. Agora, depois da tragédia de Mariana, vai ter que voltar. O Código de Mineração, aliás, foi aprovado sem nenhum cuidado com as questões socioambientais. Depois do que houve em Mariana terá que ser revisto com muito cuidado, levando em conta a questão do seguro ambiental, da análise dos riscos, da proximidade de cursos d’água ou de áreas de preservação. E deverá aumentar o grau de exigências em segurança. O Congresso Nacional nunca teve uma bancada ruralista com tanto espaço de atuação como hoje, além de uma ruralista no ministério da Agricultura. Somadas a isso, temos a expansão das fronteiras agrícolas sobre áreas de floresta e a redução de Unidades de Conservação (UC) em função disso. Até que ponto o fortalecimento desse grupo político pode afetar as metas de redução de emissões, desmatamento e combate à perda da biodiversidade que o Brasil deve e precisa ter? Os ruralistas já tiveram mais força e espaço, mas agora a situação mudou. A bancada ruralista criou uma armadilha para si mesma ao querer mudar novamente o Cadastro Ambiental Rural (CAR) – que traz medidas positivas


para os problemas ambientais e fundiários no Brasil – e ao causar tanta polêmica na criação do Código Florestal. Agora os ruralistas não querem o CAR e a população, por sua vez, quer a implantação do Código Florestal para que o Brasil atinja as metas de redução de desmatamento e de recuperação de APPs (Áreas de Preservação Permanente). O jogo se inverteu. Em 1997, você foi relator da Lei n. 9.433, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, uma das leis mais modernas do mundo sobre o tema. Um dos pontos trata da prevenção contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrente do mau uso dos recursos. Passamos por uma crise de abastecimento em função da seca, mas que tem a má gestão da água – não só no estado, mas em outros também – como agravante. Parece que os gestores não estão levando em conta os riscos do clima e tampouco se esforçando para administrar de forma eficiente os recursos... A Lei vai fazer 20 anos e trouxe pontos positivos, como a criação da Agência Nacional de Águas (ANA), mas não funcionou. Ela envolve a participação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, de Comitês de Bacias Hidrográficas, da sociedade civil, da academia, do setor empresarial, mas o fato é que o modelo não funciona. Por incapacidade de prever ou de exigir a tomada de medidas necessárias diante de problemas como o da seca, por exemplo. Os comitês de bacias deveriam acompanhar o monitoramento e a gestão das águas, mas não fizeram isso. Foram incapazes de prever a crise hídrica. A ideia era ter metas de qualidade e quantidade. Cada bacia hidrográfica deveria ter uma meta de redução da poluição, de melhoria da qualidade da água, de eliminação do esgoto, em um espaço de tempo específico. Mas rigorosamente nada foi feito. A questão é saber

as razões de o plano ter falhado. O Fernando Gabeira escreveu um artigo que compara o Sistema Nacional de Recursos Hídricos a um conjunto habitacional vazio. É uma imagem que traduz exatamente o que acontece. Você participou da elaboração da Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica, ratificada pelo Congresso Nacional, e que entrou em vigor em 1994. O Brasil tem cumprido os compromissos assumidos na área de proteção à biodiversidade? O Brasil foi o país que mais cumpriu as metas de biodiversidade no mundo. O que mais criou unidades de conservação e áreas protegidas. Mas nós sabemos da precariedade existente nas unidades de conservação. São muitos problemas: falta de infraestrutura, de regulação fundiária... Algumas foram criadas apenas no papel, e não possuem meios para se manter. É aquele velho ditado: “casa de ferreiro, espeto de pau”. Estamos às vésperas da COP-21. Em sua opinião, como tem sido a participação do Brasil nas negociações climáticas? Poderia ser mais ousada, em termos de compromissos e metas? O Brasil poderia ser mais ousado, mas objetivamente a proposta brasileira é melhor que a da Índia, China

e Estados Unidos. Nossa proposta é boa, mas pode ser melhorada. Ainda assim, se comparada a outros países, é muito audaciosa. Acho que desta vez teremos um acordo climático que talvez não seja ainda o ideal, mas que abre caminho para uma solução. Em Quioto, por exemplo, nem todos os países – os principais emissores, como China e Estados Unidos – foram signatários. E mesmo os que aderiram, apresentaram metas tímidas de redução de CO2, que era de 5%, em média. Em Paris a adesão de países foi maior e hoje a percepção sobre a dimensão do problema é outra. O papel do Brasil é influenciar outros países a adotar metas mais ambiciosas. Qual o maior desafio para o Brasil na área de meio ambiente? A sociedade, assim como os governantes, compreenderem que o meio ambiente é uma questão estratégica para o futuro e para o desenvolvimento do Brasil. Enquanto os temas socioambientais forem considerados periféricos e marginais, vamos enfrentar muitas dificuldades. Só vamos poder caminhar na direção correta quando eles forem considerados estratégicos. Com as mudanças climáticas, o Brasil tem de fazer logo a transição para uma economia de baixo carbono. Ou nosso futuro estará comprometido. TN Petróleo 104

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Entra em operação o parque eólico de Dois Riachos A Enel Green Power (EGP) conectou à rede o parque eólico de Dois Riachos, localizado na Bahia. Trata-se da primeira parte do complexo de 118 MW de energia eólica de Serra Azul a entrar em operação.

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om capacidade instalada de 30 MW, Dois Riachos será capaz de gerar mais de 140 GWh por ano, o equivalente às necessidades de energia de mais de 70 mil domicílios brasileiros, e evitará a emissão anual de cerca de 14.000 toneladas de CO2 para a atmosfera. O complexo de energia eólica de Serra Azul será composto por outros três parques eólicos: Damascena (30 MW), Maniçoba (30 MW) e Esperança (28 MW). Quando em operação, o complexo será capaz de gerar mais de 500 GWh por ano – igual ao consumo de cerca de 280 mil domicílios brasileiros – evitando a emissão de mais de 50.000 toneladas de CO2. Serra Azul é de propriedade do Parque Eólico Serra Azul Ltda, subsidiária da Enel Brasil Participações Ltda. A energia gerada pelo complexo será principalmente vendida por meio de contratos de fornecimento de energia no mercado regulado. A EGP está investindo perto de 220 milhões de dólares na construção de Serra Azul, em linha com as metas de crescimento estabelecidas em seu plano estratégico atual. Este investimento é parcialmente financiado com empréstimos da International Finance Corporation, membro do Grupo Banco Mundial, e do Itaú Unibanco S/A. Ambos os empréstimos estão relacionados com a construção de parques eólicos no Nordeste do Brasil.

Geração de energia pelos ventos bate novo recorde A geração eólica no Brasil bateu novo recorde. No dia 2/11, a geração eólica no Sistema Interligado Nacional (SIN) alcançou 4.215 MW médios, superando os 3.921,5 MW médios gerados no dia 9 de agosto deste ano, e atingindo marca recorde. A energia gerada pelos ventos no feriado de Finados em todo o Brasil é suficiente para abastecer aproximadamente 18,5 milhões de unidades consumidoras residenciais, com base no consumo de energia elétrica residencial de 164 kWh/mês. Contribuiu para esse resultado principalmente a geração eólica na região

Nordeste, onde também foi superado recorde anterior, com 3.198 MW médios gerados pelos ventos. As usinas eólicas brasileiras aumentaram em 98,2% a produção acumulada de energia nos últimos 12 meses, considerando o período de setembro/2014 a agosto/2015, quando comparado com o mesmo período anterior. De acordo com dados do último Boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico, do MME, a geração média em agosto de 2015 foi de 3.364 MW médios frente aos 1.865 MW médios alcançados no mesmo mês do ano anterior.


Pneus marcam próximo passo para entender o papel do guaiúle na indústria Bridgestone revela primeiros pneus feitos inteiramente de componentes de borracha natural de guaiúle.

Foto: Divulgação

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Bridgestone Corporation anuncia que fabricou com sucesso pneus de passeio com 100% dos componentes de borracha natural derivados do guaiúle (arbusto da família Asteraceae, nativo do deserto de Chihuahua, no México e sudoeste dos Estados Unidos). Fabricados no Centro Técnico da Bridgestone no Japão, os pneus são particularmente únicos porque foram construídos usando a borracha natural de guaiúle cultivado pela Bridgestone no Centro de Pesquisas de Processo de Bioborracha em Mesa, Arizona, nos Estados Unidos. Em um esforço global, a Bridgestone fabricou pneus de passeio similares em sua fábrica em Roma, Itália, na metade deste ano. Na fabricação dos referidos pneus, todos os principais componentes de borracha natural – incluindo a rodagem, lateral e enchimento de talão – foram substituídos por borracha natural extraída do guaiúle cultivado e colhido pela Bridgestone. É esperado que a demanda por pneus aumente em conjunto com o crescimento da população global e o avanço de motorização em nações em desenvolvimento. Hoje, cerca de 90% de toda a borracha natural são colhidos da árvore seringueira, que cresce principalmente em regiões tropicais no Sudoeste da Ásia. O objetivo da Bridgestone, maior empresa de pneus e borracha do mundo,

no investimento e na pesquisa e desenvolvimento de novas fontes sustentáveis de borracha é aliviar a superconcentração de produção de borracha natural em certas regiões. A borracha natural é a principal matéria-prima utilizada para fabricar pneus ao redor do mundo e é consumida em grandes quantidades. Futuros esforços de pesquisa da Bridgestone serão focados na otimização do teor de borracha natural em cada arbusto de guaiúle, assim como na avaliação de aplicações em uma ampla gama de tipos de pneus e compostos de borracha. A borracha natural feita de guaiúle é um biomaterial derivado de planta similar à borracha natural extraída da árvore seringueira. Como o guaiúle cresce em regiões áridas, o oposto de regiões tropicais onde a árvore seringueira é encontrada, o

desenvolvimento adicional dessa borracha é esperado para contribuir com a diversificação de fontes de borracha natural. Depois de comprar um lote de terreno agrícola em Eloy, Arizona, com uma área de 114 hectares, ou quase 281 acres, o Grupo Bridgestone montou uma fazenda de pesquisa para empregar práticas de reprodução avançadas e desenvolver técnicas de cultivo de guaiúle. A Fazenda de Pesquisa de Agro-operações Bridgestone começou a funcionar em setembro de 2013. Um ano depois (setembro de 2014) a empresa abriu o Centro de Pesquisas de Processo de Bioborracha e estabeleceu no local todos os processos necessários para desenvolver borracha natural de guaiúle para uso em pneus, incluindo pesquisa e desenvolvimento, produção experimental e fabricação. TN Petróleo 104

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Sunlution, empresa brasileira de geração distribuída – solar e híbrida – e a E2solar, fabricante e desenvolvedora de soluções solares térmicas fotovoltaicas, criaram o coletor solar híbrido para gerar energia e aquecer a água. A previsão de negócios com a parceria é da ordem de R$ 10 milhões no próximo ano. A placa capta os raios solares e gera energia elétrica na forma fotovoltaica para aquecer torneiras, chuveiros e piscinas. A produção de eletricidade ocorre por meio de placas metálicas de dimensões de 2 m x 0,80 (1,60 m²), com 140 Wp. “O sistema aproveita a incidência de raios solares na parte externa de residências, comércios

e indústrias e é capaz de aquecer, além da piscina, a água do chuveiro e de torneiras, quase sem nenhuma perda de eficiência térmica”, afirma Orestes Gonçalves, diretor da Sunlution. As empresas informam que o novo produto estará disponível no varejo ainda este ano, com baixo custo de instalação e manutenção para o uso residencial. A Sunlution é uma empresa brasileira na área de microgeração solar e eólica, com atuação nas áreas de produtos pessoais, micro e minigeração solar e hí-

Nova startup Current para transformar o setor de energia A GE anunciou sua nova empresa, a Current, a primeira empresa de energia que integra os negócios de LED, solar, armazenamento de energia e veículo elétrico da GE à sua plataforma de força industrial Predix, para identificar e oferecer soluções mais econômicas e eficientes em termos de energia, exigidas pelos clientes de hoje e do futuro. Maryrose Sylvester, que como presidente e CEO da GE Lighting liderou a transformação de uma das empresas mais emblemáticas da empresa, estará no comando do novo empreendimento. A Current terá o apoio do balanço e expertise de financiamento da GE e está comprometida com o avanço bem-sucedido de soluções de tecnologia com certificação Ecomagination, novos modelos de negócios e solu58

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ções Predix para o setor de energia. E começará com mais de US$ 1 bilhão em receitas, aproveitando o legado em energia e as profundas raízes em tecnologia da GE. Além disso, trará ao mercado uma oferta holística de energia como serviço, que não existe na indústria hoje, incluindo hardware habilitado para sensores, softwares, execução, gestão de produtos e soluções de financiamento. Por meio do Predix, a GE irá analisar o consumo de energia e fornecer aos clientes dados sobre padrões e necessidades, juntamente com recomendações para aumentar a eficiência – desde a redução dos níveis de energia até a geração de energia no local, criação de novos fluxos de receita para os clientes através da utilização de sensores e sistemas em rede em edifícios.

Foto: Divulgação

Empresas brasileiras criam placa entre Sunlution e E2solar gera solar híbrida Parceria placa solar que gera energia e aquece água.

brida, usinas de geração solar de médio e grande porte, iluminação pública e projetos de eficiência energética. Com a tecnologia exclusiva de placas fotovoltaicas flexíveis trazida dos Estados Unidos, Alemanha e China, a empresa tem o objetivo de expandir o mercado de geração distribuída no país para empreendedores e consumidores finais. Estas soluções avançadas vão ajudar os clientes a economizar cerca de 10% a 20% em suas contas de energia, e ajudar os parceiros de serviços públicos a gerenciar melhor sua carga distribuída. Vários clientes importantes, incluindo Walgreens, Simon Property Group, Hilton Worldwide, JPMorgan Chase, Hospital Corporation of America (HCA), Intel e Trane, uma marca Ingersoll Rand, estão testando as soluções da Current para transformar suas operações, promover a eficiência energética e reduzir custos. A sede da Current será em Boston (EUA), área metropolitana de Massachussetts, com presença adicional no Vale do Silício. A empresa deverá criar cerca de 200 novos postos de trabalho com foco em software, comercialização de resultados e gestão de produtos de energia ao longo dos próximos anos. As operações já foram iniciadas e continuarão a aumentar em 2016.


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prognóstico positivo é do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho. O engenheiro eletricista est e ve p re s e nte no 23º Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), evento realizado entre 8 e 21 de outubro, em Foz do Iguaçu (RS). Entre outros temas, o executivo falou sobre a expansão do sistema energético nacional no horizonte decenal 2015/2024. Ele reconhece que o Brasil enfrenta hoje problemas conjunturais no setor elétrico mas, se comparado a outros países, tem uma situação privilegiada: tamanho continental, grande potencial de matriz diversificada a ser explorada e energia limpa e renovável em abundância. Enquanto a matriz energética do mundo hoje é composta por 81% de combustíveis fósseis, no Brasil esse índice é de 59%. A participação de fontes primárias (energias renováveis) no território nacional é de 39,4%, enquanto nos demais países é de apenas 13,6%. Em sua palestra, Ventura lembra que, em 1979, a matriz energética brasileira era composta por 50,4% de petróleo, 0,9% de gás natural, 4,8% de carvão mineral, 8,9% hidráulica, 7,3% de cana-de-açúcar e 27,8% de outras fontes. Já a matriz de energia elétrica apresentava o seguinte panorama: 92% de base hidráulica, 4,2% petróleo, 1,9% carvão, 0,9% carvão e 1,0% outros. O Brasil importava naquele ano 45% da energia con-

sumida, enquanto em 1970 a importação correspondia a 27%. A dependência brasileira foi diminuindo pouco a pouco. Em 1990, passou para 30%. A desejada autossuficiência, perseguida pelo Brasil em 1970, foi sendo alcançada por ações estratégicas da Petrobras, entre elas investimentos em grandes e médias usinas e prospecção de petróleo no mar. Mais recentemente, vieram os investimentos no pré-sal, o que permitirá que já a partir de 2019 o país seja autossuficiente e, em 2024, exportador de energia, segundo Altino Ventura Filho. A produção de petróleo, diz o secretário, saltará dos atuais 2,3 milhões de barris\dia para 5,1 milhões de barris\dia em 2024, um crescimento estimado de 8,5% ao ano. Com isso, o Brasil terá um superávit, em 2024, de 2,2 milhões de barris\dia. Em gás natural, a produção atual, de 87,4 milhões de m3/dia, deverá saltar para 172 milhões de m3/dia em 2024, um aumento de 7% ao ano. Mesmo assim, continuaremos precisando importar gás, mas em pequena quantidade (9 milhões de m3/dia). A produção atual de etanol, de 28,5 milhões de m3, deverá subir em 2024 para 43,9 milhões de m3, um crescimento de 4,4 % ao ano, o que permitirá ao Brasil exportar em torno de 1,8 milhão de m3 naquele ano. Já a produção de biodiesel passará dos atuais de 3,4 milhões de m3 para 5,6 milhões de m3, com crescimento de 5,1% ao ano. Isso

Ilustração: Vecteezy.com

Perfil energético de importador para exportador

garantirá a mistura de 7% de biodisel ao diesel fóssil. Os investimentos previstos em petróleo e energia, segundo Ventura Filho, somam R$ 993 bilhões. Em eletricidade, serão R$ 376 bilhões e em biocombustíveis outros R$ 39 bilhões. Total: R$ 1,408 trilhão. A expansão prevista para a produção primária de energia possibilitará um superávit de 24% sobre a demanda total de energia, revertendo os atuais déficits, próximos de 13%. O potencial hidrelétrico brasileiro, de 260.000 MW, está entre o 3º e 4º do mundo. Atualmente, conta-se com segurança com 150.000 MW, montante necessário até o final do quinquênio 2025/2030 (função do cenário energético e socioambiental futuro). Após o aproveitamento viável, para 2030, o governo brasileiro trabalhará ainda com outras frentes: programa térmico (operação de base); gás natural (outros usos, matéria-prima na indústria, oferta e preço); nuclear (aceitação pública, resíduos, segurança e outros); carvão mineral (queima limpa, gases de efeito estufa e captura do carbono); Fontes Energéticas Renováveis Eólica Biomassa (bagaço de cana-de-açúcar); solar fotovoltaica; lixo urbano; e eficiência energética com avanços tecnológicos. TN Petróleo 104

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Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade

Decisão conjunta

Muitas empresas enfrentam hoje o desafio de gerenciar crises multidimensionais, principalmente na esfera econômica. A retração de demanda e a perda de credibilidade na capacidade de os agentes políticos resolverem as mazelas estruturais do país trazem um impacto significativo aos negócios.

Wanderlei Passarella é mestre em Administração de Empresas e bacharel em Economia pela FEA-USP, e também engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP; pós-graduado na Abordagem Transdisciplinar Holística, pela Unipaz/ FSJT. Atualmente dirige a Synchron Participações e é coach de executivos. Foi diretor presidente da GPC Química S/A e da Petroflex S/A. Também foi diretor geral da Menasha Materials Handling South America e exerceu cargos gerenciais na Nitroquímica (Grupo Votorantim) e Ipiranga Química.

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ma consequência curiosa dessa retração é o chamado ‘efeito-chicote’. Esse fenômeno é a exacerbação de uma pequena perturbação, que se propaga e se transforma em grande oscilação. Sempre que um fato novo modifica as condições de um regime estável, esse fato, mesmo que pequeno, pode trazer amplitudes inesperadas. Parece que é o que estamos observando agora na economia brasileira. Diversas pequenas perturbações, que vieram se somando ao longo dos últimos anos, trouxeram disrupturas severas aos negócios. Diante desse quadro, as lideranças se perguntam como mobilizar novamente o seu grupo para deliberar as respostas adequadas aos desafios multidisciplinares a serem enfrentados. É claro que cada caso é um caso, e não se pode generalizar. Mas, via de regra, as empresas carecem de mecanismos de tomada de decisão em conjunto que valorizem o potencial de cada um e que tragam visões diferentes e criativas para a solução dos problemas. Em um caso muito peculiar, no final da década de 2010, participamos da direção de uma empresa em extrema dificuldade financeira, devido a investimentos históricos sem retorno, e com uma dívida muito grande em relação a sua geração de caixa. Ela foi pega na crise de 2008, com vários bancos pedindo resgate de suas linhas de crédito. A empresa passou a dever para seus fornecedores, quase quebrou, e ficou três anos (até meados de 2011) executando um plano de salvação que incluía a gestão diária de caixa, venda de ativos não operacionais, fechamento de unidades, emissão de ações em grupo privado, redução de custos, e outros. Entretanto, em pleno turbilhão de um caso de crise extrema, observamos um turnover de pessoal muito baixo, na casa de 2% anuais. Alguns headhunters nos perguntaram como conseguimos isso, já que tentaram convidar alguns de nossos profissionais para novos desafios e não conseguiram. De fato, a resposta a essa pergunta não é tão simples, e podemos dizer que uma série de fatores foram os responsáveis pelo bom clima interno, apesar das enormes dificuldades externas. Um dos pontos foi nossa obsessão em propiciar ‘fatores higiênicos’ – salários, condições de trabalho, ambiente físico, etc. – adequados à nossa equipe (de acordo com o preconizado por Frederick Herzberg) e um equilíbrio destes com os chamados ‘fatores motivacionais’ – reconhecimento, qualidade de supervisão, meritocracia, etc. Talvez a atitude mais importante que procuramos desenvolver nesse período tenha sido a prática de um sistema de reuniões (presenciais e por videoconferências) com todos os níveis hierárquicos da empresa, para que eles acompanhassem de forma aberta e transparente o que estava ocorrendo e, ao mesmo tempo, pudessem participar das decisões principais, com suas visões, sugestões e contribuições. É claro que um processo desse tipo é mais difícil de ser conduzido, mas traz resultados impressionantes, entre eles: alinhamento da equipe, senso de pertencimento, ganho de responsabilida-


de e clima de abertura com participação. Em um episódio memorável, conseguimos não parar uma de nossas unidades devido à ação de um de nossos porteiros, que convidou o motorista do caminhão de um fornecedor para tomar café e explicou por que ele deveria nos aguardar até que resolvêssemos uma importante pendência... Talvez o resultado mais efetivo desse ambiente de tomada de decisão conjunta seja a qualidade da decisão em si. É sabido que “duas ou mais cabeças pensam melhor que uma”, mas a prática dessa máxima no ambiente organizacional tem ficado constantemente relegada a um segundo plano, o que pode ser uma séria inversão de valores. Durante os últimos anos, temos praticado uma dinâmica muito esclarecedora com nossos alunos e com os executivos que passam por nossos desenvolvimentos gerenciais. Em primeiro lugar, pedimos que eles ouçam atentamente a leitura de uma reportagem. Em seguida, pedimos que respondam individualmente a um questionário sobre o que ouviram. E, por fim, pedimos que se reúnam em grupos e respondam coletivamente ao questionário. Anotamos as respostas certas, individuais e dos grupos. O que observamos é uma leve melhora percentual nas notas (1,5%) quando discutem em grupo. Mas, em um segundo momento, discutimos antecipadamente sobre o que é trabalhar em equipe. Esclarecemos como funciona de fato uma equipe que trabalha e toma decisões em conjunto. Aqui vai um resumo do que é debatido nesse momento. 1º – O processo decisório melhora quando: • As pessoas se preparam. Se os membros do grupo estiverem mal preparados, sem informações sobre o assunto, a decisão muito provavelmente será pior do que se houver preparação prévia. • A equipe está treinada. Se os membros se conscientizarem do valor do grupo, da riqueza da diversidade e da importância de ouvir atentamente cada contribuição individual. • O facilitador do trabalho, em caso de haver um, está convicto de que o processo deve seguir o confronto x consenso. Confronto de ideias e não de egos, seguido de um consenso, uma decisão conjunta, sobre os rumos de ação. E, então, a busca pelo construto coletivo (a construção coletiva de um caminho) é algo desejado e valorizado. 2º – O trabalho de equipe pode ser desperdiçado quando ocorrerem algumas situações comuns, que devem ser sobrepujadas: • Quando uma pessoa está mais próxima da resposta ou solução desejada, mas os outros membros da equipe o deixam de lado.

• Quando um elemento é mais impositivo, tentando fazer valer sua opinião ‘a qualquer preço’. • Quando algumas pessoas não estão interessadas em defender seus pontos de vista e concordam facilmente com qualquer posição. • Quando as pessoas não despertam para o fato de que é preciso mudar quando o outro mostra fatos sólidos, ou uma argumentação mais concreta e sensata. • Quando o grupo não se prepara para ouvir e escutar, e um espírito de grupo não é formado. Os povos ancestrais utilizavam um ‘bastão falador’ – quem o possuísse poderia falar enquanto os outros deveriam ouvir, e assim por diante. Após esses esclarecimentos, realizamos um segundo round, passando um pequeno filme e de novo o questionário individual e depois em grupo. O que se observa, então, é uma expressiva melhora nas notas (38%)! A figura abaixo ilustra o quanto se consegue de avanço por meio dessa metodologia, aplicada a centenas de pessoas.

Conclusões • O trabalho em equipe é importante porque tenta extrair o melhor de cada um. • Cada pessoa retém na memória fatos mais afeitos a suas preferências, histórias de vidas, etc. • E ainda, entra em questão a diversidade de atributos, personalidades e experiências. • Assim, uma equipe transdisciplinar, se as pessoas estiverem preparadas para tal, tem maior probabilidade de resolver, criar, inovar do que uma equipe composta por pessoas com estilos, personalidades e conhecimentos semelhantes. Assim, a chave para a formação de uma boa equipe é a diversidade, porém que todos tenham algo em comum: a capacidade de respeitar as diferenças e a vontade de chegar mais perto da verdade. A liderança tem papel crucial em atuar para que esse ambiente de decisão conjunta possa evoluir na empresa. No final das contas, em um paralelo estatístico aproximado, estaremos deixando 38% de lucros na mesa, se assim não o fizermos! TN Petróleo 104

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suplemento especial

COP 21

Ilustração: Freepik.com

Nas últimas décadas, os avisos da natureza apontam a necessidade de a sociedade dar atenção a questões relacionadas às mudanças climáticas no planeta.

Ricardo Zibas é sócio-diretor responsável pela Prática de Sustentabilidade da KPMG no Brasil e América Latina.

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C

Mudanças climáticas e impactos na economia

om este pano de fundo, as Nações Unidas organizam uma reunião anual com as principais autoridades governamentais de diversos países para discutir sobre como devemos lidar com as mudanças climáticas, que apresentam consequências aparentemente cada vez mais drásticas, tais como secas prolongadas, tempestades, derretimento dos polos e aumento do nível dos oceanos. A próxima Conference of the Parties (COP), em sua 21ª edição, marcada para acontecer entre 30 de novembro até o dia 11 de dezembro deste ano, em Paris, será uma das mais importantes já realizadas. As chances de sucesso agora são mais altas, já que todos os países signatários da ‘Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima’ (United Nations Framework Convention on Climate Change/UNFCCC) antecipadamente concordaram em assinar um tratado vinculante até 2015, para reduzir suas emissões de gases causadores de efeito estufa. O que favorece essa convicção positiva são os novos posicionamentos do mercado quanto ao tema. Uma delas foi a modificação nos cenários políticos dos dois maiores emissores de gases de efeito estufa no mundo, Estados Unidos e China, os quais flexibilizaram as negociações e no ano passado anunciaram que irão cortar suas emissões de gases até 2025 e 2030, respectivamente. Além disso, houve uma drástica redução nos custos das tecnologias capazes de diminuir tais emissões ao meio ambiente, isso em razão do aumento de projetos de energia renováveis disponíveis e pela maior facilidade em financiar a aquisição desses recursos – como é o caso dos títulos verdes (green bonds) e do financiamento coletivo (crowdfunding). A grande questão, aqui, é de que maneira os novos comprometimentos, com os quais as nações estão se dispondo a cumprir no decorrer dos próximos anos, afetarão as empresas e a economia. Há previsão de que as atividades intensivas na emissão de carbono (como, por exemplo, as que geram energia a partir da queima de derivados de petróleo) se tornarão mais caras e as organizações terão de lidar com regulamentações mais rigorosas, preços de carbono menos acessíveis e metas de corte mais rígidas de emissões de gases. Contudo, os efeitos da mudança do clima obrigarão as empresas a estabelecerem um plano de resiliência para lidar e adaptar as atividades em detrimento dos impactos, como escassez de água, clima extremo, migrações populacionais e instabilidade social. Na contramão disso, no entanto, vantagens surgirão, como, obviamente, a de tornar-se uma empresa de emissões reduzidas de poluentes; e oportunidades também estarão em vista, criadas pelo crescimento da economia sustentável embasada em energias renováveis. Apesar das rigorosas consequências que já afetam o meio ambiente, medidas urgentes são necessárias para lidar agora com essa questão, e os governos em todo o mundo, com o auxílio das empresas e da sociedade civil, precisarão trabalhar para dissociar as emissões de gases de efeito estufa do crescimento econômico e direcionar o mundo para uma economia de baixo carbono. Assim, o caminho para uma atividade perene e sustentável é que as organizações e seus administradores apliquem tempo e experiência para o aprimoramento no desenvolvimento ambiental e social das empresas; isso inclui tornar permanente a mensuração e a redução das emissões de carbono, bem como a preparação e divulgação de informações transparentes e confiáveis sobre tais emissões, apresentando à sociedade e ao mercado a contribuição da empresa na minimização dos efeitos das mudanças climáticas.


pessoas

Claudia Rabello cria a empresa de consultoria OGE A OGE tem por objetivo dar suporte às empresas do setor de óleo e gás em assuntos regulatórios e relações governamentais e também atuar em projetos de comunicação, marketing e capacitação. Claudia Rabello tem 16 anos de experiência na indústria do petróleo no Brasil, dos quais 11 deles atuando na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), nas áreas de Promoção de Licitações, Relações Institucionais e Comunicação. Como superintendente de Promoção de Licitações na ANP, foi responsável pelo planejamento, coordenação, elaboração de edital e contrato das três licitações realizadas em 2013, além da modelagem das licitações de transporte de gás natural. Como superintendente de Promoção de Licitações da ANP coordenou a realização da 11ª e da 12ª rodadas de concessão de blocos e a 1ª licitação de partilha de produção (Libra), em maio, outubro e novembro de 2013, respectivamente. Além das licitações de E&P, foi sob sua gestão que a ANP elaborou a modelagem de licitações de transporte de gás natural. Afora prestar serviços diretamente às empresas do setor de óleo e gás, a OGE também fechou acor-

do com Tauil & Chequer associado a Mayer Brown Advogados para atuação conjunta. Claudia iniciou suas atividades na indústria do petróleo na consultoria multidisciplinar Expetro, em 1999, no braço de desenvolvimento profissional e marketing do Grupo e, em 2004, foi contratada pela ANP. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, com diploma de MBA pelo Ibmec/RJ e pós-graduada em Gestão de Óleo e Gás pela Coppe/ UFRJ, foi um dos principais nomes responsáveis pelas três licitações de E&P acima mencionadas, realizadas no Brasil em 2013. Atuar na atração de investimentos para o a indústria brasileira de petróleo era uma de suas atribuições na Agência. Claudia recepcionou comitivas estrangeiras e representou a ANP em eventos nacionais e estrangeiros, divulgando e acreditando, verdadeiramente, no potencial da indústria brasileira de petróleo. E por acreditar, tomou a iniciativa de criar a OGE óleo. gás. energia, onde aplica os conhecimentos e a experiência adquirida ao longo desses 16 anos. Ela é uma apaixonada pelo segmento e enxerga boas perspectivas de crescimento. “O Brasil tem menos de 10% de suas bacias

CTDUT indica seu novo Conselho Executivo O Centro de Tecnologia em Dutos (CTDUT) elegeu para presidente Marcelino Guedes Gomes, da Petrobras, sucedendo Raimar van den Bylaardt, do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que permaneceu quase dez anos na presidência do Centro e esteve à frente do desenvolvimento de diversos laboratórios, entre eles

o recente Oleoduto de Testes de 12”, único Loop multifásico, em escala real, de que se tem conhecimento. O novo Conselho foi escolhido em Assembleia Geral no último dia 13 de outubro e será composto de seis membros dos associados fundadores, três membros representando os associados mantenedores e dois membros da comunidade, indicados pela Assembleia. Conselho Executivo – Triênio 2015-2018 Representantes dos Associados Fundadores: Marcelino Guedes Ferreira

sedimentares exploradas e já chegou em um patamar respeitável na geopolítica do petróleo. Imagine quando explorar os 90% restantes! É nisso que estou apostando”, diz Claudia, ao comentar sobre a abertura da empresa. Defensora da realização de Rodadas de Licitações de concessão de blocos anualmente e do aprimoramento da política de conteúdo local, acredita que o momento atual está favorável para os ajustes que aumentarão a competitividade do Brasil na atração de investimentos para o setor... e cita Churchill: “o pessimista vê dificuldade em cada oportunidade, o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”. Mosqueira Gomes – Petrobras (presidente); Eduardo Fernando Gomes dos Santos – Petrobras; Luiz Fernando Alzuguir Azevedo – PUC-Rio; José Luiz de França Freire – PUC-Rio; Walmir Gomes dos Santos – Transpetro; Claudio de Brito Garcia – Transpetro Representantes dos Associados Mantenedores: Geraldo Luiz Rochocz – Radix; Raimar van den Bylaardt – IBP; Mauro Chaves Barreto – IEC Membros da Comunidade indicados pela Assembleia: Rogério Amaury de Medeiros – Finep; João Sergio Vereza Mariano – Shell Brasil (vice-presidente). TN Petróleo 104

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Foto: Roberto Filho

pessoas

World Energy Cities Partnership elege novo presidente

Durante a 20ª edição da reunião geral da World Energy Cities Partnership (WECP), o Comitê Diretor deu as boas-vindas a seu novo presidente eleito: Mike Savage, prefeito de Halifax (Canadá) – seu mandato de dois anos começa em janeiro de 2016. “Estou honrado em poder servir como presidente da World Energy Cities Partnership”, disse Savage. “Esse é o mais importante fórum para conectar players globais de energia. As 23 cidades-membro trazem experi-

ências ímpares e estarei sempre à procura de seus conselhos enquanto vamos atrás de oportunidades na economia de energia que passa por mudanças”, completou. O prefeito Mike Savage tem sido um líder ativo na WECP desde outubro de 2012. Ele facilitou diversas parcerias dentro da WECP, incluindo um acordo de colaboração entre Halifax e Aberdeen (Escócia), no qual as cidades se unem para a identificação de oportunidades mútuas nas áreas de óleo e gás, energia renovável, desenvolvimento sustentável e educação. Membros do Comitê da WECP também agradeceram à presidente Christine Sagen Helgø, prefeita de Stavanger (Noruega) pela dedicação durante os últimos dois anos. Ela foi reconhecida por expandir a base de membros, com a adição de Cidade do Cabo (África do Sul) e Kuala Lumpur (Malásia). Sua liderança também fortaleceu

os elos entre universidades e pesquisadores, especificamente na formação de um acordo de cooperação entre universidades em Stavanger, Houston (EUA), St. John’s (Canadá) e Aberdeen para recursos no Ártico. A prefeita Helgø desejou sorte ao prefeito Savage e indicou seu apoio contínuo à organização. A edição desse ano da reunião anual da WECP foi realizada pela Rio Negócios, agência oficial de atração de investimentos do Rio de Janeiro. Três temas foram a pauta: o desenvolvimento da indústria de óleo e gás, transformação urbana e as políticas públicas para apoiar pesquisa e desenvolvimento. Os prefeitos das cidades-membro funcionam como o Comitê da WECP, que é servido por um secretariado em Houston, EUA. Os novos oficiais eleitos são: Mike Savage, prefeito de Halifax, Canadá (presidente); Patricia de Lille, prefeita de Cidade do Cabo, África do Sul (vice-presidente); Andy Icken (secretário-geral); e Janet Moore (tesoureira).

Sua trajetória profissional inclui cargos de liderança em grupos como Itaú Unibanco, Ambev, GOL – neste último foi diretor de Recursos Humanos e Sustentabilidade – e Allis, na qual era diretor executivo de Gente e Gestão.

Formado em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário FEI, Thomé possui especialização em Engenharia de Qualidade pela Unicamp, MBA em Finanças pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e participou do Programa Executivo de RH oferecido pela Universidade de Michigan (EUA). A escolha de Thomé para o cargo está em linha com as diretrizes do Programa de Transformação da CPFL Energia, que tem por objetivo implementar uma nova cultura corporativa voltada para a inovação e a colaboração entre as diversas áreas da companhia com foco na sustentabilidade empresarial.

CPFL Energia anuncia novo diretor de Gestão de Pessoas e Performance Luiz Thomé irá se reportar ao vice-presidente de Planejamento e Gestão Empresarial, Wagner Schneider de Freitas, que acumulava o cargo interinamente desde maio deste ano. O executivo tem grande experiência nas áreas de cultura organizacional, relações trabalhistas, gestão de projetos, aquisições, reestruturação de processos e sistemas de qualidade. 64

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produtos e serviços

Hirsa

Empresa obtém NBR ISO 17025

Na contramão do mercado, a brasileira Hirsa/Sistemas de Automação e Controle dedicou um ano e meio e investiu R$ 1,8 milhão em equipamentos, treinamento e pessoal, para obter a acreditação na NBR ISO 17025, que será obrigatória a partir de dezembro de 2015 para todos os laboratórios de medição que prestam serviços ao mercado de óleo e gás natural. Com isso, passou a integrar o seleto grupo da Rede Brasileira de Calibração (RBC). “A decisão de investir tal volume de recursos em um cenário crítico, principalmente no mercado de óleo e gás, mostrou-se acertada, pois obtivemos acreditações, de uma vez só, para cinco grandezas básicas do sistema de medição de setor: vazão, pressão, temperatura, dimensional e massa específica”, comemora o presidente da Hirsa, Hiram Freitas. Essa acreditação atende a resolução conjunta n. 1 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), publicada em 10 de junho de 2013, que estabelece o novo Regulamento Técnico de Medição de Petróleo e Gás Natural. “A Hirsa se posiciona entre as empresas com melhor Capacidade de Medição e Calibração (CMC) do Brasil nas grandezas em que está acreditada. Ou seja, está qualificada para assegurar uma das menores incertezas do país na medição dos equipamentos de seus clientes”, complementa o executivo. Medição chega até o consumidor final – Os sistemas de medição do setor petrolífero abrangem desde o poço produtor de óleo e gás até a saída do

Foto: Agência Petrobras

Empresa do setor de automação e controle investiu R$ 1,8 milhão para obter acreditação que será obrigatória a partir de dezembro.

derivado (combustível) na bomba de gasolina, passando pelo escoamento e transporte na malha de dutos, distribuição de gás natural e entrada e saída de produtos nas refinarias. É por meio dos instrumentos que integram esse sistema de medição, por exemplo, que se estabelece não apenas a produção de um campo e de todos os ativos de uma companhia petrolífera, como também os valores de royalties e participações especiais pagos a União, Estados e Municípios. Eles também asseguram que o gás natural transportado pela malha de gasodutos esteja nas condições adequadas, dentro das normas estabelecidas pela ANP, em termos de pressão, pureza etc. Ao consumidor final, vai garantir que o volume de combustível que está abastecendo seu veículo no posto está na medida mais aproximada (99,99%) daquela apresentada na bomba. “As petroleiras em geral contam com sistemas próprios de gestão metrológica. No entanto, o core business dessas empresas é a produção, o refino e o transporte, e não a metrologia ou a gestão metrológica”, explica Matheus Freitas. Razão pela qual a Hirsa desenvolveu um sistema próprio de gestão integrada, que atende às normas das ISOs 9.001 (qualidade), 14001 (Meio Ambiente)

e a OSHA 18001 (Segurança Ocupacional e Saúde), além da ISO 10.012 (Gestão de Medição) e, agora, a ISO/ IEC 17025, de acreditação dos seus laboratórios. “A conformidade com a lei, evitando multas pesadas e a garantia da medição correta para os dois lados – o de quem vende e o de quem compra, ou de quem entrega e de quem recebe produto – são ganhos que o nosso sistema de gestão integrada oferece aos clientes”, acrescenta o diretor de Operações. Com mais de 34 anos de atuação na área de automação e controle para diversos segmentos da indústria, a Hirsa tem participação em diversos projetos de grande porte no setor de óleo e gás do Brasil. Atualmente tem contratos de gestão metrológica e serviços de assistência técnica em plataformas das bacias de Campos, como as unidades de produção P-38, P-40, P-43, P-48, P-51, P-56, PRA-1, FPSO-Marlim Sul (MLS) e o FSO Cidade de Macaé – este, com capacidade para armazenar 2,5 milhões de barris, é um dos maiores do mundo neste tipo em operação. TN Petróleo 104

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produtos e serviços

ABB

350 km de cabeamento submarino trazem energia renovável aos gigantescos compressores que prolongarão a vida útil do campo de gás da Statoil no Mar do Norte. A ABB entregou seu segundo sistema de fonte de alimentação costeira para a plataforma Troll A, a maior plataforma offshore de gás do mundo, operada pela Statoil e localizada no Mar do Norte, cerca de 70 km a oeste da usina de tratamento de gás onshore Kollsnes, próxima a Bergen. Como ocorreu com o primeiro sistema, o objetivo é servir de fonte de alimentação para dois compressores que foram equipados no lado superior da plataforma para compensar a pressão decrescente no reservatório. Os módulos de 3.000 toneladas do compressor foram equipados no ano passado e começaram a operar em outubro deste ano. A energia elétrica é entregue por meio da tecnologia HVDC Light da ABB, que coleta a corrente alternada (CA) da rede elétrica nacional da Noruega, converte em corrente contínua (CC), e transmite-a para a plataforma usando uma série de cabos de 70 km de comprimento. Quando a energia elétrica chega à plataforma Troll A, ela é convertida de volta para CA a fim de fazer a operação dos compressores. A ABB forneceu estações de conversores onshore e offshore, e colocou dois pares de cabos CC e um cabo trifásico CA para outras exigências elétricas. E, ainda, forneceu motores de alta tensão de 50 megawatts (MW)/60 quilovolts (kV) que farão a operação dos compressores. “Este projeto é um marco importante para a ABB, pois os nossos produtos estão permitindo um aumento de produção e protegendo a entrega de gás natural para o mercado eu66

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ropeu. Através da fonte de alimentação costeira, o aumento da recuperação pode ser concretizado de forma sustentável e lucrativa”, disse Per Erik Holsten, diretor de Petróleo, Gás e Produtos Químicos da ABB. A energia elétrica onshore possui uma série de vantagens em relação à geração de energia offshore. Noventa e cinco por cento da energia elétrica da Noruega provêm de fontes renováveis, portanto, a operação no campo Troll será uma operação de baixo consumo de carbono. Um sistema de fonte de alimentação costeira possui um nível superior de eficiência e confiabilidade, com uma quantidade menor de peças móveis necessitando manutenção. Evitar a geração por turbinas térmicas a gás das turbinas offshore significa maior disponibilidade de gás para venda e uma economia de espaço altamente valiosa e significativa na plataforma. Desde que apresentou os cabos HVDC ao mercado na década de

Fotos: Cortesia ABB

Sistema de alimentação costeira de energia submarina para plataforma Troll A

1950, a ABB tem sido responsável por cerca da metade da base instalada global. Nas indústrias petrolíferas e de gás, a ABB foi pioneira em fonte de alimentação costeira, e foi premiada recentemente com contrato para conexão de 100 MW/80 kV para o desenvolvimento do campo de petróleo Johan Sverdrup, 150 km a oeste de Stavanger. O campo de petróleo e gás natural Troll foi descoberto em 1979 e se tornou comercialmente viável em 1983. A plataforma Troll A, com seus 472m de altura, é a estrutura mais alta já movimentada pela humanidade. A produção de gás se iniciou em 1996 e naquele momento as necessidades elétricas da plataforma foram satisfeitas por um cabo CA de 20 megawatts fornecido pela ABB.


Wärtsilä

Nova unidade móvel de GNL A Wärtsilä, líder global em soluções energéticas de ciclo de vida completo para mercados marítimos e de geração de energia, lança o Wärtsilä Mobile LNG, um novo conceito de regaseificação e armazenamento de gás natural liquefeito. A unidade móvel proporciona flexibilidade para atender demandas de pequena e média escala em locais onde são insuficientes as opções de bases terrestres de GNL. O novo projeto, desenvolvido em conjunto pelas divisões Energy Solutions e Marine Solutions da empresa, será apresentado na exposição e conferência Gastech, que acontece de 27 a 30 de outubro, em Cingapura. O Wärtsilä Mobile LNG pode ser combinado com uma usina de energia instalada em barcaça com capacidade de produção de até 250 MW, assim como também pode ser usado para fornecer gás natural a plantas geradoras convencionais em terra. Com a unidade móvel será possível disponibilizar o GNL para novos segmentos de consumidores, beneficiando tanto empresas de energia como consumidores finais.

Foto: Divulgação

Wärtsilä Mobile LNG atende demandas de pequena e média escala.

-presidente de Flow e Gas Solutions da Wärtsilä Marine Solutions. O projeto foi desenvolvido para locais onde gasodutos e terminais de recepção de GNL de grande escala não são viáveis, ou para regiões com menor demanda. O Wärtsilä Mobile LNG representa a solução ideal para áreas de águas rasas nas quais o acesso de grandes embarcações não seria possível sem a construção de um cais ou operações de dragagem. Comparado à construção dos terminais convencionais em terra, sem as condições ideais de solo e uma infraestrutura pouco desenvolvida, a unidade móvel pode representar um investimento significativamente mais baixo e de fornecimento mais rápido.

Além disso, a flexibilidade de deslocamento da base possibilita levar energia limpa para áreas com pouco ou nenhum acesso à rede nacional de eletricidade. “Nossas soluções são compatíveis com toda a cadeia de valor do gás, desde a perfuração e produção ao fornecimento, liquefação, regaseificação, armazenamento e produção de energia. Esse é um passo importante em direção à expansão da nossa oferta de infraestruturas de GNL. A maioria das instalações existentes atende a grandes clientes, enquanto que o Wärtsilä Mobile LNG oferece uma opção móvel e flexível para pequenas e médias demandas”, afirma Timo Koponen, vice-

MacLog Solutions conquista a representação da Osbit Power Criada com o objetivo de representar empresas estrangeiras para o fornecimento de produtos e serviços no segmento de Exploração e Produção (E&P), a MacLog Solutions conquistou a representação da Osbit Power, que atua no desenvolvimento e instalação de dutos flexíveis e umbilicais. A empresa inglesa é uma das principais fornecedoras de sistemas Walk to

Work (Gangways) para o mercado offshore. A linha de equipamentos MaXcess utiliza tecnologia patenteada para permitir transferências seguras entre navios de apoio, plataformas e floatels. A Osbit está fabricando os Intervention Tension Frames (ITFs) dos dois navios da Helix (Siem Helix 1 e 2), que estarão operando no Brasil em 2016 na intervenção de poços para a Petrobras.

Foto: Divulgação

MacLog Solutions

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produtos e serviços

Clariant Oil Services

HOSTAFRAC™ SF 13213 traz solução para fluidos de fratura O inovador sistema químico permite um retorno mais rápido e eficiente do fluido de fratura. Composto por tensoativos não tóxicos, derivados de fontes sustentáveis, com amidas à base de açúcar, esse produto recebeu o selo EcoTain® por sua excelência em sustentabilidade. A Clariant, uma das empresas líderes mundiais em especialidades químicas, anuncia o novo HOSTAFRAC™ SF 13213, uma inovação química para o fluxo de retorno do fluido utilizado nas operações de fraturamento hidráulico. O novo tensoativo derivado de açúcar diminui drasticamente a tensão superficial da interface do fluido, aumentando de modo significativo o retorno dele após o fraturamento hidráulico. O HOSTAFRAC™ SF 13213 reduz com eficiência o dano causado pela tendência dos fluidos de fratura de formar emulsões no reservatório. Embora somente 13% do fluido usado durante o processo de fraturamento hidráulico possam ser recuperados sem a ajuda de aditivos de refluxo, a inovação eleva esses níveis de recuperação de fluido em até 87%.

categoria e contribuem para os esforços de sustentabilidade da Clariant e de seus clientes. “A utilização de açúcares como fontes sustentáveis nesse avançado sistema representa uma solução de última geração e um passo importante em termos de sustentabilidade no processo de fraturamento hidráulico”, declara o Dr. Jonathan Wylde, diretor global de inovação da Clariant Oil Services. “Esse desenvolvimento de fato fará diferença nas operações de nossos clientes, ao proporcionar uma solução química de alta performance que também aprimora o perfil ambiental de suas operações.”

Por oferecer excelentes vantagens sustentáveis, o inovador sistema – não tóxico – recebeu o selo de sustentabilidade EcoTain® da Clariant. Os produtos com esse selo passaram por um processo sistemático e detalhado de avaliação, que utiliza 36 critérios considerando as três dimensões da sustentabilidade: social, ambiental e econômica. Os produtos EcoTain® superam em muito os padrões de sustentabilidade do mercado, oferecem melhor desempenho na

Registros de levantamento sísmico Espec na Bacia do Recôncavo A Georadar iniciou no dia 18 de outubro a coleta dos primeiros registros de aquisição de dados sísmicos não exclusivos na Bacia do Recôncavo, após a emissão do licenciamento ambiental, emitido pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia, em 2 de setembro de 2015. O projeto, com a duração estimada em 120 dias, conta com cerca 350 profissionais, além do apoio de 35 veículos para o transporte terrestre. A campanha abrange os municípios de Alagoinhas, Araçás e Entre Rios, na Bahia, para a 68

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aquisição referente a 81 km² de sísmica 3D, com 4.045 registros. “A atuação de nossas equipes na região do Recôncavo representa um momento importante nos serviços prestados pela Georadar, um retorno a áreas de bacias maduras do nordeste brasileiro. O estudo para geração de dados ESPEC, não exclusivos, está em linha com a nova estratégia da empresa de ampliação de mercado e oferta da expertise em sísmica para produtores e exploradores de óleo e gás interessados

Fotos: Cortesia Georadar

Georadar

nas áreas prospectadas”, avalia Ricardo Savini, presidente da Georadar. Uma vez finalizada a aquisição sísmica de propriedade da Georadar, licenças de uso do volume sísmico 3D serão disponibilizadas à Imetame Energia de acordo com negociação já concluída.


Travelers

Aposta no mercado brasileiro Segunda maior seguradora norte-americana adquire 95% da paranaense J. Malucelli Seguros, de olho no potencial de nosso mercado emergente. O enorme potencial do mercado de seguros no Brasil, que hoje corresponde a cerca de 5% do Produto Interno bruto (PIB), atraiu para o país a centenária Travelers, segunda maior seguradora norte-americana, com um faturamento de US$ 27 bilhões em 2014. Ela adquiriu 95% da divisão de seguros de Riscos Patrimoniais e de Responsabilidades do grupo paranaense J. Malucelli, à qual estava associada desde 2010. Com isso, passou a ter exclusividade na comercialização das linhas de negócios destes seguros sob sua marca no Brasil. “O Brasil é o primeiro país escolhido pela empresa para iniciar seu processo de internacionalização. Trata-se de um mercado promissor, que tem capacidade de crescimento por ser uma economia emergente”, pontuou Leonardo Semenovitch, executivo que lidera a operação da Travelers. Essa internacionalização da empresa centenária se deve ao

fato de o mercado dos Estados Unidos ser maduro, sem muito espaço para crescer. “É bem verdade que o cenário brasileiro é diferente daquele que vislumbramos em 2010, quando começamos nossa parceria com a J. Malucelli. Mas nossos objetivos são de longo prazo. Por isso decidimos assumir o controle acionário da parceira, para lançar produtos com a nossa marca”, acrescenta Semenovitch. A expectativa é conquistar uma parcela significativa de um mercado com potencial de expansão, mas que hoje ainda representa pouco mais de 5% do PIB no Brasil, contra 10% nos Estados Unidos e 15% na Inglaterra. A Travelers Companies começa a operar no Brasil com foco no mercado

corporativo – ainda que nos Estados Unidos tenha uma posição de liderança no mercado de seguros para veículos, residências e empresas. “Dentro desse contexto, acredito que nossos produtos vão poder atender a muitas empresas da cadeia produtiva de óleo e gás, naval e offshore”, conclui o executivo. Isso não se aplicaria a grandes empreendimentos, como plataformas offshore e refinarias, que em geral são atendidas por seguradoras específicas, que buscam diminuir seus riscos compartilhando com outras, por meio do resseguro. Em seus 160 anos de atividades, a Travelers consolidou um denso portfólio, incluindo apólices emblemáticas, como a do primeiro automóvel e do primeiro avião fabricado nos Estados Unidos, além dos astronautas da Apolo 11 e de um seleto grupo de viajantes do Titanic, incluindo financistas do empreendimento que naufragou.

Onip – Cetip

A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e a Cetip S/A- Mercados Organizados firmaram, em 2 de outubro, protocolo de cooperação técnica. Com este acordo, a Onip formaliza o intuito de contratar a Cetip como empresa de infraestrutura para a implementação do registro de Certificados de Investimento Local (CIL). O acordo possibilita que as duas empresas possam atuar com agilidade se a regulamentação do segmento passar a incluir no cálculo do Conteúdo Local os investimentos realizados pela indústria.

Foto: Agência Petrobras

Parceria de cooperação técnica

A iniciativa da Onip é inspirada nos atuais Certificados de Conteúdo Local (CCL) e também alinhada às sinalizações recentes do Governo

Federal quanto à necessidade de aprimoramentos nas atuais políticas de conteúdo local no setor de óleo e gás. A ideia da Onip é permitir que sejam computados como conteúdo local investimentos realizados em áreas prioritárias definidas pelo Governo. Dessa forma, espera-se um aumento no nível de investimentos para atendimento das obrigações de conteúdo local das companhias de petróleo, ampliando a cooperação entre fornecedores e investidores e contribuindo para o aumento dos níveis de emprego e renda locais. TN Petróleo 104

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produtos e serviços

Forship

ENI homologa tecnologia do grupo brasileiro Forship HMSWeb© passa a integrar a qualified vendor list da petroleira italiana. A HMSWeb Tecnologia da Informação, subsidiária do grupo brasileiro Forship, teve sua ferramenta de gestão da engenharia do comissionamento, o HMSWeb©, homologada pela petrolífera italiana Ente Nazionale Idrocarburi (ENI). As norte-americanas Chevron e ExxonMobil já qualificaram a solução, que teve sua versão mobile apresentada em maio, na OTC, em Houston (EUA). “Passamos por um processo rigoroso de qualificação, para avaliação e inclusão de nossa tecnologia na qualified vendor list (cadastro de fornecedores) da ENI. O HMSWeb© foi qualificado como uma tecnologia de informação apta a atender aos parceiros comerciais da ENI em seus empreendimentos no mundo inteiro”, comemora o diretor executivo da HMSWeb, Luciano Gaete. A homologação reforça ainda mais a estratégia de internacionalização da Forship, que tem

forte atuação em mercados emergentes como os da África, onde vem participando de projetos em distintos países. A ENI registrou recentemente a maior descoberta de jazidas de gás natural no Mediterrâneo, no Egito, e tem vários ativos em exploração ou desenvolvimento em Moçambique, na costa leste daquele continente. “Além dos atributos técnicos e funcionais do HMSWeb, somos a única solução de ponta disponibilizada também no idioma português”, acrescenta Gaete. O software HMSWeb© é a solução desenvolvida pela HMSWeb Tecnologia da Informação, uma empresa do Grupo Forship, para a gestão completa do processo de completação mecânica, comissionamento e qualidade. A tecnologia é 100%

web e móvel e facilita o gerenciamento, controle, certificação e verificação de todas as atividades relacionadas ao processo de comissionamento e executadas durante o desenvolvimento de um projeto industrial. O Grupo Forship oferece soluções e serviços de engenharia para plantas industriais dos setores de óleo e gás, petroquímico, naval, energia, mineração, infraestrutura e indústria em geral. Referência em comissionamento, a empresa destaca-se também pelo desenvolvimento e implantação de tecnologia de ponta, assim como pelo fornecimento de serviços de Operação & Manutenção, Construção & Montagem e Consultoria Técnica. Com sede no Rio de Janeiro, a Forship tem atuado em projetos nas Américas, Europa, África e Ásia, com o reconhecimento de mais de cem clientes nacionais e internacionais que utilizam os serviços do Grupo.

Vextrom

Soluções para atmosferas explosivas Especialista em materiais elétricos para atmosferas explosivas, com foco na consolidação de um portfólio de produtos que alie melhor desempenho com o mais alto grau de segurança, a Vextrom vem ampliando seu portfólio de soluções. Criada em 2014, a empresa é fornecedora de ampla gama de produtos para diversos segmentos de mercado, entre os quais a indústria de óleo & gás (onshore e offshore), naval, mineração, química e petroquímica, de açúcar & álcool, siderurgia, metalurgia, alimentícia, farmacêutica, papel & celulose, entre outras. Para o diretor Marcos Vergani, a Vextrom já está consolidada no segmento de 70

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óleo e gás, fornecendo soluções de tecnologia de ponta para atmosferas explosivas – razão pela qual o executivo acredita no potencial de crescimento da jovem empresa no mercado, mesmo em tempos de crise. “Estamos sempre atentos à demanda atual. Dispomos de soluções inovadoras, algumas ainda inéditas no Brasil, que além de garantirem a segurança de pessoas e do ambiente, proporcionam redução de custo nas operações”, afirma o executi-

vo. Ele lembra ainda que a Vextrom tem parcerias com diversos parceiros fabricantes de equipamentos, que possibilitam oferecer um portfólio de diferentes linhas de produtos.“Também dispomos de um excelente serviço de pronta-entrega, pois nosso centro de estoque está localizado estrategicamente em São Paulo”. Com um portfólio de produtos inovadores, com tecnologias exclusivas, a Vextrom oferece soluções sob medida para empresas das áreas de engenharia, construção e montagem e integradoras, tanto em novos projetos como na atualização, manutenção e reposição de peças em instalações já existentes (MRO).


confiabilidade

Segurança e confiabilidade em E&P:

Atualmente seriam importantes temas de pesquisa? Com os registros de acidentes ocorridos nas atividades de E&P nos últimos anos, principalmente relacionados a “acidentes de grandes consequências”, típicos de falhas em segurança de processo, dificilmente alguém responderia negativamente à pergunta no título deste artigo.

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esponder negativamente equivaleria a dizer que já conhecemos o suficiente sobre os métodos, técnicas e processos necessários para a garantia de altos níveis de segurança e confiabilidade nas referidas atividades. Mesmo que assim o fosse, como segurança e confiabilidade são áreas de grande interesse social, seria imprescindível continuar a melhorá-las com métodos e técnicas inovadoras. Mas os resultados das investigações dos grandes acidentes acontecidos recentemente (ver figura, p.72) deixaram bastante evidente a existência de grandes deficiências nessas áreas. É bem verdade que a quase totalidade dos operadores proclamam em seus documentos e sites a grande importância da “produção com segurança e confiabilidade”. Colocam este lema como um “valor” perene da empresa e não apenas como uma prioridade (que poderia ser passageira). Considerando então que haja consenso sobre a importância da segurança e confiabilidade, então por que esta importância não está sendo levada em conta nas propostas de projetos de PD&I submetidas pelas empresas operadoras à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)? Antes de discutir esta questão, tomamos a liberdade de fazer uma breve apresentação da Associação Brasileira de Análise de Risco, Segurança de Processo e Confiabilidade (Abrisco), da qual temos a honra de ser, respectivamente, os atuais presidente e 1º vice-presidente. A Abrisco é uma associação que congrega profissionais brasileiros das três áreas incluídas no seu nome, com o objetivo principal de promover o avanço, o desenvolvimento e a implementação dessas áreas em todos os setores da indústria brasileira. Entre seus associados destacam-se importantes membros da academia (universidades e institutos de pesquisa), de entidades governamentais, de empresas dos mais diversos setores industriais (notadamente os de óleo & gás e nuclear) e das principais empresas de consultoria que trabalham nas áreas de interesse. Dentre os objetivos mais importantes da Abrisco, destaca-se o seguinte: “promover atividades relacionadas à Análise de Risco, Segurança de Processo e Confiabilidade, e engajar seus membros na organização de eventos e na cooperação com entidades nacionais e internacionais visando a pesquisa e disseminação de conhecimentos relativos às áreas de interesse da Associação.” Dentre vários temas de interesse no âmbito da Abrisco, estamos começando a discutir a questão do desenvolvimento de pesquisas nas áreas de

Luiz Fernando Seixas de Oliveira é especialista em risco e confiabilidade com mais de 30 anos de experiência no Brasil e no exterior, tendo sido um dos pioneiros na introdução e aplicação de análise de risco e confiabilidade no Brasil. PhD pela UC Berkeley (CA, EUA) em 1979. É Vice-Presidente da DNV GL, responsável pela gerência do Centro de P&D no Rio de Janeiro.

Márcio José das Chagas Moura é professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe). Pesquisador do Centro de Estudos e Ensaios em Riscos e Modelagem Ambiental (Ceerma), membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP-Ufpe, nível 6 da Capes) e coordenador do Programa de Formação de Recursos Humanos PRH-47 da ANP, e, atualmente 1º vice-presidente no mandato 2015-2016 da Associação Brasileira de Análise de Risco, Segurança de Processo e Confiabilidade (Abrisco)

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confiabilidade

Grandes acidentes em instalações offshore em vários países

segurança e confiabilidade, particularmente na área de óleo e gás, em função da obrigação de investimento estabelecida pela ANP para as empresas produtoras do setor. De fato, desde sua criação, esta obrigação tem gerado e destinado uma quantidade realmente expressiva de recursos para o desenvolvimento de pesquisas nesta área. Segundo dados da ANP, de 1998 a 2014, foram gerados mais de 10 bilhões de reais. Com o significativo incremento esperado da produção de petróleo offshore, este investimento continuará aumentando nos próximos anos, apesar da grande redução do preço do petróleo. Isto certamente será um importante fator de crescimento, tanto em qualidade como em quantidade, das pesquisas realizadas em nosso país, algo que realmente é fundamental para o desenvolvimento econômico do setor. No entanto, fazendo uma análise dos projetos de P&D aprovados pela ANP desde 2013 (quando a Agência começou a divulgar os projetos no seu Boletim de P&D) até maio de 2015, constatamos que, de cerca de R$ 1,1 bilhão destinados aos projetos aprovados, apenas 0,5% (R$ 4,7 milhões) envolve explicitamente pesquisa nas áreas de segurança e confiabilidade. Mesmo considerando a imprecisão desta avaliação, baseada unicamente na análise dos títulos dos projetos, este percentual nos parece extremamente baixo, quase irrisório. Considerando que dentro das regras atualmente em vigor os projetos são gerados pelas empresas, sen72

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do a ANP apenas responsável pela qualificação e aprovação dos mesmos quanto ao seu enquadramento nas regras da “cláusula do 1%”, fica então a pergunta já mencionada: por que as empresas não estão submetendo projetos de P&D relacio­nados à segurança e confiabilidade das instalações de petróleo? Pode-se pensar em três respostas distintas: primeira, de fato não consideram a segurança e a confiabilidade como itens importantes; segunda, consideram importantes, mas não como temas atuais de pesquisa, pois entendem que talvez não haja muito mais a se aprender sobre eles; e terceira, pensam que não há grupos de pesquisa capacitados para desenvolver pesquisas sobre segurança e confiabilidade no Brasil. Pessoalmente, descartamos a primeira razão, pois estamos certos de que as grandes empresas de petróleo conhecem e dão grande importância aos temas. É verdade que algumas têm dado muita ênfase à segurança ocupacional e relativamente pouca importância à segurança de processo, fator este que tem sido visto como grande contribuinte para a ocorrência de alguns dos maiores acidentes indicados na figura aqui reproduzida. A terceira razão não é de todo verdadeira, pois basta olhar para a relação de associados da Abrisco para se contar certamente mais de dez grupos nacionais de pesquisa envolvidos nos temas segurança e confiabilidade, particularmente na área de segurança de processo, trabalhando em importantes universidades brasileiras, bem como grupos que lidam com as grandes empresas de consultoria do setor. Portanto, descartadas a primeira e a terceira razões, fica nossa dúvida sobre a possibilidade de que a segunda seja aquela que tenha norteado o referido comportamento das empresas de petróleo no Brasil. Embora não haja espaço neste pequeno artigo para discorrermos sobre cada tema, deixamos aqui a sugestão de alguns temas, dentre os inúmeros, que são hoje objetos de importantes pesquisas envolvendo segurança e confiabilidade de atividades de E&P sendo realizadas em diversos países do mundo, inclusive no Brasil (não há qualquer ordem de prioridade ou importância na relação a seguir). • Riscos geológicos para dutos e outras instalações submarinas; métodos para previsão e detecção precoce das condições de subsuperfície e dos perigos geológicos. • Sistemas de Perfuração e Completação – redução de riscos operacionais e sistemas de suporte para decisões operacionais envolvendo segurança e confiabilidade. • Instalações de Superfície e Umbilicais – melhorias de sistemas e desempenho para ambientes extremos (águas ultraprofundas, por exemplo); aspectos de se-


Segurança e confiabilidade em E&P: atualmente seriam importantes temas de pesquisa?

gurança e confiabilidade no envelhecimento e extensão de vida de instalações offshore. • Confiabilidade de Sistemas Submarinos – melhoria da confiabilidade dos sistemas por meio de automação e tecnologia avançada; métodos de gestão de integridade de sistemas submarinos, incluindo dutos rígidos e flexíveis. • Detecção rápida e Caracterização In Situ – Melhora das condições de segurança da perfuração em águas profundas através do aumento do entendimento da dinâmica de fluidos multifásicos de misturas de hidrocarbonetos. • Métodos de avaliação dos riscos envolvidos em diferentes alternativas para o descomissionamento de instalações offshore; idem para fechamento e abandono de poços. • Cultura de segurança e erros humanos; o papel da liderança na cultura de segurança das empresas; avaliação da cultura de segurança em todos os aspectos do trabalho na organização; desenvolvimento de empresas de alta confiabilidade (high reliability organizations); complexidade interorganizacional e risco de acidentes maiores. • Gestão dinâmica de barreiras de segurança; desenvolvimento de modelos de suporte à decisão envolvendo riscos operacionais em instalações offshore; sistemas de avaliação de risco online e em tempo real. • Gestão integrada de operações e soluções inteligentes para o desenvolvimento, visualização e integração de processos de trabalho confiáveis; segurança e confiabilidade em operações remotas de unidades offshore.

• Análise quantitativa de riscos de instalações offshore usando CFD (Computational Fluid Dynamics); aplicação à dispersão de gás, incêndios e explosões; métodos probabilísticos para avaliação das consequências de eventos de green water em FPSOs. • Avaliação das consequências de vazamentos de produtos criogênicos para as estruturas de instalações offshore; idem para os efeitos de vazamentos de CO2 em alta pressão. Muitos dos temas aqui assinalados serão objeto de discussão em painéis de especia­listas e de várias apresentações técnicas a serem realizadas no Congresso da Abrisco 2015, a ser sediado, de 23 a 25 de novembro, nas instalações da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no Centro do Rio de Janeiro (maiores detalhes no hotsite do evento www.abrisco2015psam.com.br). Para terminar, gostaríamos de citar um pequeno trecho extraído do Relatório da Comissão Presidencial sobre o Acidente de Macondo, que diz: “A exploração e produção de petróleo em águas profundas, particularmente na fronteira da experiência, envolvem riscos para os quais nem a indústria nem o governo tem se preparado adequadamente, mas para os quais podem e devem estar preparados no futuro”. O investimento em pesquisa em temas relativos à segurança e confiabilidade, como os aqui identificados, é de fundamental importância para garantir um bom nível de preparação das empresas e instituições atuantes nas atividades de E&P na plataforma continental brasileira.

Navegue no melhor do setor naval e offshore. Notícias do Brasil e do mundo, matérias especiais, informações técnicas e de negócios, ou seja, uma infinidade de dados para auxiliar você no dia-a-dia a tomar decisões precisas sobre novos projetos. Um espaço para troca de idéias e experiências que ajudem a desenvolver ainda mais este importante setor. Eis é a principal meta do Portal Naval.

Acesse: www.portalnaval.com.br TN Petróleo 104

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matriz energética

Mercado de gás natural

e peak-shaving no Brasil

A Petrobras sempre arcou com o suprimento de óleo, gás natural e derivados ao mercado nacional. No início dos anos 2000, a partir dos sinais de esgotamento da geração hidrelétrica, foi dado novo impulso à geração termelétrica, com a instituição do PPT (programa prioritário de termeletricidade). Surgia mais uma incumbência da Petrobras, instada a garantir gás natural em condições especiais para viabilizar novas usinas, que complementariam o suprimento de energia do país.

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Marcio Balthazar da Silveira é sócio da NatGas Economics.

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e lá para cá, pouco se avançou em uma solução para viabilizar a participação de outros agentes no suprimento de gás natural às termelétricas, que têm custo de geração mais elevado, de maneira a equacionar uma matriz energética hidrotérmica sustentável. Autoridades responsáveis pelo planejamento energético do país atuam de forma reativa à questão, administrando crises pluviométricas e adiando uma solução definitiva, deixando todos os riscos para a Petrobras, a União e o contribuinte. De crise em crise, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, principal mercado de energia do Brasil, que responde por 70% da capacidade de armazenamento da energia hídrica, atingiu níveis especialmente críticos. Com isso, as termelétricas contribuíram com quase 20% da geração em 2014, distorcendo o princípio de que teriam a função de back-up do sistema. Para qualquer produtor de petróleo e gás natural como a Petrobras, demandas incertas implicam riscos operacionais e, portanto, custos mais elevados. No controle de quase 100% do transporte de gás natural, a estatal acomodou esse risco, inicialmente, com o armazenamento nos próprios gasodutos. Com o crescimento do mercado consumidor essa alternativa foi se esgotando, levando à criação de uma estrutura voltada para a importação de gás natural liquefeito (GNL) em terminais flutuantes no Ceará, Rio de Janeiro e Bahia. A Petrobras passou a assumir um duplo risco. Em uma ponta, para o negócio de exploração e produção no qual a continuidade operacional é fundamental. Na outra ponta, um risco de mercado, dado que precisa garantir suprimento a uma demanda cuja maior característica é justamente a descontinuidade. A movimentação de GNL envolve elevados investimentos que se estendem da produção e liquefação do gás, transporte, regaseificação, até a inserção no sistema de gasodutos. Uma cadeia de eventos que demanda escala, regularidade de suprimento, o que explica por que a contratação de GNL é tradicionalmente baseada em contratos de longo prazo.


Foto: Agência Petrobras

Países que são tradicionais consumidores de GNL contratam o insumo em bases previsíveis e programadas. Volumes destinados ao mercado spot em geral são fruto de excedentes contratuais. Esse mercado vem crescendo, mas na proporção da ampliação do mercado total de GNL. Excetuando o Brasil e a Argentina, nenhum país no mundo importa GNL em bases ininterruptas, em função da imprevisibilidade dos custos da commodity, que flutua à mercê das circunstâncias do mercado. Confiar na importação de GNL em bases ininterruptas para abastecer termelétricas no Brasil significa assumir um risco relevante de suprimento. Corresponde a operar num regime sobre o qual não se tem controle de disponibilidade a um preço razoavelmente previsível. À medida que o mercado de gás no Brasil cresce, será crucial modular e flexibilizar a demanda junto ao sistema de transporte. Afinal, as expectativas de produção são relevantes e muito pouco se fez no sentido de operar os picos decorrentes das flutuações de demanda do setor termelétrico. Como a Petrobras concentra o portfólio de suprimento, naturalmente essas questões parecem adorme-

cidas já que riscos e custos vão sendo diluídos junto ao mercado. Por consequência, os preços praticados para o gás natural não refletem condições de flexibilidade, penalizando consumidores industriais mais estáveis em relação à demanda variável do setor elétrico. A única iniciativa até hoje no sentido de dotar o mercado de uma unidade de modulação de picos e vales ocorreu com a implantação de uma unidade de liquefação e armazenamento de GNL em Paulínia (SP), conhecida como Gemini, com o propósito de capturar volumes não consumidos pelo mercado. No mundo, a estocagem de gás natural é um recurso logístico que visa otimizar e dar confiabilidade à malha de gasodutos. Os estoques atenuam os efeitos da variação nos níveis de produção e demanda, otimizando volumes movimentados e reduzindo perdas por ociosidade do sistema. No momento em que o Gemini é questionado na Justiça por supostas práticas anticoncorrenciais e que a Petrobras busca formas de maximizar a venda de ativos que não estão no core business da companhia, é oportuno observar a vocação dessa instalação como uma planta de peak-shaving, nos moldes dos sistemas de armazenamento instalados mundo afora. Com uma simples expansão na capacidade de estocagem, a unidade tem potencial para se tornar em breve em um grande hub de gás natural para a região Sul-Sudeste. Peak-Shaving em Paulínia. Uma sugestão A continuidade operacional das regiões produtoras de petróleo e gás natural dependem da regularidade do fluxo de escoamento. A insuficiência de unidades de estocagem e modulação de oferta junto ao sistema de transporte pode resultar em interrupções operacionais e perdas por descontinuidades na demanda de gás natural. Contudo, a decisão de investir em unidades de peak-shaving tem que vir acompanhada de duas precondições. Uma delas é a garantia de livre acesso ao sistema de transporte mediante a cobrança de uma tarifa regulada por uma autoridade independente. A outra é a criação de um mercado livre para a comercialização de gás, acessível a qualquer agente interessado. Certamente novos atores, como produtores de petróleo e gás, comercializadores, consumidores, distribuidoras de gás canalizado e agentes financeiros poderão ingressar neste mercado compartilhando riscos que hoje são integralmente absorvidos pela Petrobras. Fonte: NatGas Economics TN Petróleo 104

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tecnologia

Túnel de fuga

e à prova de explosão para FPSOs O conceito de ter um túnel de fuga que se estendesse ao longo do comprimento do navio foi originado pela BP para atender a requisitos rigorosos de segurança para a unidade offshore.

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m túnel de fuga e à de prova de explosão confeccionado em SPS (Sistema Sandwich Plate) para o FPSO Quad204 de propriedade da petroleira inglesa BP foi construído e montado na Hyundai Heavy Industry na Coreia do Sul em 2013. De crise em crise, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, principal mercado de energia do Brasil, que responde por 70% da capacidade de armazenamento da energia hídrica, atingiu níveis especialmente críticos. Com isso, as termelétricas contribuíram com quase 20% da geração em 2014, distorcendo o princípio de que teriam a função de back-up do sistema. A especificação do projeto exigia que esse túnel fosse projetado para o Mar do Norte (cargas marítimas ecológicas e movimentações de navios), para operar em condições limite acidentais associadas a explosão e incêndio, a fim de permitir que o pessoal possa ser evacuado com segurança durante o período mínimo de uma hora, de qualquer parte do navio e por múltiplos pontos de acesso. Isso significa que o túnel precisa resistir a uma pressão de explosão de 2 bar seguido de um jato de fogo (J30) e hidrocarboneto (H60) que atinge temperaturas de 1.150oC.

Materiais compósitos

Ian Nash é gerente de negócios SPS para usos marítimos e offshore.

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O SPS é um material compósito estrutural, feito de placas paralelas em aço ou aço inoxidável ligadas por um núcleo de elastômero em poliuretano. O núcleo fornece total suporte às placas evitando ondulações das mesmas e permitindo a obtenção de rendimento máximo em termos de flexão, compressão e cisalhamento em combinação com as altas pressões laterais. O SPS possui comprovadamente capacidade de absorção da energia gerada em impacto, explosão e balística. Tem sido utilizado como proteção lateral em FPSOs, como piso na área de carga pesada em convés e na construção de área circundada e protegida contra pirataria. O Lloyd’s Register introduziu o SPS na indústria marítima pela primeira vez no ano 2000, identificando na época que essa é “a primeira nova tecnologia de materiais em engenharia pesada em 150 anos”. A IE (Intelligent Engineering Ltd), inventor e proprietário do SPS, já investiu mais de 300 homens/ano com desenvolvimento em testes para comprovações de todos os aspectos relacionados ao seu desempenho, economia, segurança e sustentabilidade em laboratórios internacionalmente reconhecidos. Mais de 400 projetos foram executados em todo o mundo, todos aprovados pelas sociedades classificadoras, estados de bandeiras (flag states), e as autoridades pertinentes nacionais e estaduais através dos seus comitês executivos de Saúde e Segurança para estruturas de engenharia civil. O SPS é superior ao aço endurecido. Ele elimina a necessidade de reforços, tornando as estruturas mais simplificadas, mais leves, com melhor aproveitamento de espaço e maior resistência à fadiga e à corrosão assim minimizando a necessidade de manutenção durante sua vida útil.


Atributos e características principais do túnel • Um tubo de forma retangular com cantos arredondados para permitir que as pressões de explosão passem sobre e ao redor do túnel com maior facilidade, assim minimizando as cargas de arrasto. • Uma superfície interior lisa e limpa no piso e nas paredes que fornece um espaço desobstruído para facilitar a circulação de pessoal (sem nenhum reforço secundário projetado para dentro do túnel). • Ao contrário de estruturas de aço convencionais, que possuem uma camada de PFP (como rockwool) e que é suscetível de ser danificado ou desalojado durante uma explosão comprometendo assim a resistência ao fogo, as placas SPS são construídas para ter resistência ao fogo inerente que permitirá uma eficácia total. • Corrediças de náilon que permitem que as seções interiores do túnel possam expandir ou contrair livremente em relação ao seu eixo. • Alívios de pressão nos selos de água fazem a vedação entre as seções dos túneis exterior e interior.

Análises e testes Cada aspecto do projeto do túnel de fuga em SPS foi submetido a uma verificação extensa. Todo o trabalho técnico foi submetido à avaliação independente e aprovação pelo Lloyd’s Register. Para verificar a resis-

Foto: Divulgação

Embora as estruturas que utilizam o SPS tenham sido projetadas para cargas padrão, a construção possui inerente resistência à perfurações, explosão, balística e ao fogo. Também tem sido utilizado para modificar estruturas navais para reduzir ruído e vibração. O projeto consiste em dois túneis em SPS, concêntricos, separados por um espaço de ar onde o túnel externo é a camada principal de sacrifício, uma vez que absorve o impacto a qualquer explosão e fornece a requerida resistência a fogo. A placa exterior desta camada principal é feita de aço inoxidável que fornece a resistência e a barreira necessárias contra a erosão provocada por incêndios e jatos de alta pressão. O espaço entre os dois túneis (interno e externo) em SPS permite que o plástico se deforme, fornecendo uma barreira térmica de proteção contra o fogo. O túnel interior é uma camada de proteção secundária que proporciona a passagem de fuga e é isolada do túnel externo. Sob as condições padrão de carga em acidentes, ela não é afetada e permanece fria ao toque. Este túnel é pressurizado (pressão de ar interno positivo) para impedir a penetração de fumaça e gases perigosos.

Túnel de fuga do FPSO Quad204 O túnel de fuga em SPS consiste em cinco pontos de acesso à câmara a vácuo ligados por quatro seções (3035 m de comprimento cada uma) e se estende desde a extremidade dianteira da plataforma de processo até a zona de acomodação na popa (onde fica localizado o ponto de fuga) totalizando 152 m de comprimento. O túnel é montado e colocado acima de quatro módulos de topsides, conforme demonstrado na figura abaixo. O adaptação foi concluída a bordo. tência à explosão, foram conduzidos ensaios em escala real e testes na instalação especializada em Spadeadam operada pela GL-Noble Denton. Para demonstrar conformidade a 12 hidrocarbonetos e jatos de fogo, que são os mais onerosos utilizados na indústria, os testes/ensaios foram realizados no UK Building Research Establishment e em Spadeadam. O Lloyd’s Register emitiu os certificados H60, H120, J45 e J60 para a estrutura do túnel de fuga em SPS. Ficou comprovado que o SPS é uma tecnologia seguraa, totalmente testada e aprovada, que oferece vantagens significativas sobre as soluções convencionais, além de conduzir a uma construção simplificada, mais rápida, e proporcionar uma montagem mais eficiente. Com superior resistência a impacto e perfurações, fornece excelente proteção contra danos causados por queda de objetos, colisões e outros eventos ALS (acidental limits states). A proteção reforçada e built-in contra incêndio, balística e explosão proporciona maior segurança para a tripulação e para a proteção dos equipamentos. Enfim, o SPS melhora a vida útil das estruturas e minimiza as necessidades de manutenção devido à simplificação, à área reduzida de revestimento e à redução dos detalhes propensos à fadiga. TN Petróleo 104

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fino gosto

O sabor e as cores do Japão por Orlando Santos

O empresário Antônio Rodrigues, criador da bem-sucedida Rede Belmonte, não para de surpreender. Quando todo mundo acreditava que ele já tinha se dado por satisfeito em criar boas opções no entorno da Praça XV (Cais do Oriente, Belmonte, Bar do Gengibre), revitalizando o polo gastronômico da área, eis que o cearense retira da cartola um novo empreendimento no centro histórico do Rio.

Para ver mais fotos desta matéria, use o leitor de QR Code do seu smartphone aqui:

UMAI Culinária Japonesa Rua do Rosário, 36 – Centro Tel.: (21) 2253-2282 78

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Salmão Brulle Bifun de Frutos do Mar

Teishoku

Mini sashimi

Katsuroll

A mais nova realização, o restaurante de culinária japonesa Umai, abriu as portas na rua do Rosário, onde durante algum tempo funcionou o restaurante Lampadosa. Depois de ampla e demorada reforma, o prédio foi adaptado para abrigar apreciadores da comida japonesa em seus três espaços. Para levar a cabo esta empreitada, Antônio cercou-se da consultoria do chef japonês Takashi Kanamura, que elaborou todo o cardápio e está diariamente na casa ajudando a receber os clientes. É ele quem explica que a palavra ‘umai’ pode ser traduzida como coisa saborosa, diferente, gostosa. Parte do cardápio elaborado por Takashi é amplo nas opções para quem já conhece a comida oriental ou deseja se aventurar nessa saborosa culinária. São pratos rápidos, de sabores diferenciados e que resumem toda a gastronomia de uma das culinárias mais interessantes e saborosas do planeta – em especial entre os jovens. É só experimentar para conferir, garante o chef. Aromas orientais – O Umai abriu as portas em outubro para levar o melhor dos sabores e aromas orientais ao público que percorre o polo cultural da cidade durante a semana e os familiares que passeiam pelos museus nos finais de semana. Como entrada há as habituais opções: sunomono, shiitake ou shimeji, missoshiru, harumaki de legumes, ikafurai e tartar de salmão ou atum, entre outros. Como prato principal, estão os apreciados robata, as duplas, os combos e ainda bifun, yakisoba de legumes e teppan – itens sempre utilizados com muita criatividade. Para finalizar, as sugestões de sobremesas: harumakis de banana com sorvete, de nutela com castanha de caju e sorvete ou o julieta com sorvete. Um cardápio clássico para os amantes da culinária japonesa, mas com um toque diferenciado do chef. O destaque das bebidas fica para as cervejas japonesas Kirin Ichiban e a Sapporo, assim como os tradicionais saquês Azuma Kirin Dourado, o Hakushika Tradicional e o especial Sake Hakushika Gold, com flocos de ouro. Entre os não alcoólicos, há o tradicionalíssimo banchá, típico chá verde servido nas refeições orientais. O ambiente caprichado está em harmonia com a alta gastronomia. Com muitos detalhes orientais, as paredes são cobertas por mais de 50 fotos sobre a cultura no Japão: vestimentas, alimentação, paisagens e rituais. O espaço conta ainda com o cantinho do tatame; uma área premium muito aconchegante para reunir a galera e fazer a refeição nas clássicas mesas baixas. Tudo pensado pela decoradora Cristiana Lefèvre. TN Petróleo 104

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coffee break

A arte/denúncia de

Krajcberg por Orlando Santos

Pela vigésima primeira vez, personalidades do mundo inteiro estarão reunidos – agora em Paris – para debater a questão da sobrevivência do planeta, e nenhum grito tem ecoado com tanta intensidade, há décadas, do que a posição mais do que engajada do artista Frans Krajcberg.

Chemin du Montparnasse/ Espace Krajcberg 21 Avenue du Maine Paris, França De terça a domingo: 14 às 18h – entrada franca +33 9 50 58 42 22 www.espacekrajcberg.com/ 80

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Durante muitos anos este polonês naturalizado brasileiro tem denunciado a destruição sistemática do planeta, em especial a Amazônia, por aquilo que ele chega a considerar um verdadeiro massacre. Ainda mais por se tratar, no caso da Amazônia, de uma floresta única em nosso sistema. A conferência do clima em Paris será uma grande oportunidade para mais uma vez Krajcberg emitir seu grito de revolta. E ele será ouvido tanto na capital francesa quanto no Rio de Janeiro, através de eventos simultâneos, sempre com a presença deste homem que aos 94 anos, encontra forças para denunciar e debater questões vitais à sobrevivência da Terra. Até meados de dezembro, Paris vai sediar a 21ª Conferência do Clima (COP 21), com a presença de chefes de Estado e de governo dos 196 países-membros da ONU, mas, em âmbito local, as atenções no Brasil estarão voltadas para a realização do Grito para o Planeta, que acontecerá simultaneamente ao evento na capital francesa – à frente, tanto no Rio como em Paris, ninguém mais que Krajcberg! Na França, ele tem o Espace Krajcberg, dedicado à sua obra. Há décadas suas esculturas produzidas a partir de troncos e raízes calcinadas pelos incêndios que derrubam densas áreas verdes para transformá-las em pastos fazem parte de todo um engaja-

Foto das obras: Divulgação Espace Krajcberg

O planeta pede socorro


Foto: Felipe Gesteira

mento do artista para denunciar o agravamento da situação. No Grito do Planeta, no Rio (no Jardim Botânico) ou em Paris (no Museu do Quai Branly), esta denúncia terá grande repercussão mundial. O Grito do Planeta contará com a participação de outros artistas, como Cildo Meireles, Tunga, Ernesto Neto e Oskar Metsavaht. Em ambos, uma vasta programação inclui mostra de filmes de realizadores indígenas e debates.

As propostas apresentadas em nível mundial, todo mundo reconhece, será, como sempre, insuficientes para frear o aquecimento e a destruição do planeta. Mas nada será mais encorajador do que a luta constante – e até certo ponto dramática – travada por este artista chamado Frans Krajcberg.

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feiras e congressos

2016 Janeiro

13 a 14 - Holanda The Future of Aromatics 2016 Local: Amsterdam, Holanda Tel.: +44 (0)20 3141 0624 Email: sfawcett@acieu.net www.wplgroup.com/aci/conferences/ eu-cam3.asp

18 a 21 - Abu Dhabi Energysummit Local: Abu Dhabi Tel.: +971 2 491 76 15Email: fitriani. hidayat@reedexpo.ae www.worldfutureenergysummit.com

26 a 28 - Paquistão Oil & Gas Asia Exhibition Local: Karachi, Paquistão Tel.: (92-21) 111-222-444 Email: snow@cegexpo.cn www.ogpoasia.com/index.htm

Março 26 a 28 - Nigéria Offshore West Africa 2016 Local: Lagos, Nigéria Tel.: +234 802 223 2864 Email: deleo@Pennwell.com www.offshorewestafrica.com/index.html

Fevereiro

3 a 6 - Iraque Basra Oil & Gas Conference & Exhibition 2016 Local: Basra, Iraque Tel.: +90 212 356 00 56 Email: info@basraoilgas.com www.basraoilgas.com

10 a 11 - Peru Peru Energia 2016 Local: Lima, Peru Tel.: (511) 605-2780 Email: doblet@doblet.com.pe www.expoenergiaperu.com/

3 a 5 - Índia Iptex – International Power Transmission Expo 2016 Local: Mumbai, Índia Tel.: +91 80 25357028 Email: info@virgo-comm.com www.iptexpo.com

8 a 10 - Barém GEO 2016 Local: Manama, Barém Tel.: +44 207 840 2136 Email: aridgway@oesallworld.com http://geo2016.com/

22 a 24 - EUA Subsea Tieback Forum 2016 Local: San Antonio, TX Tel.: +1 918 832 9245 Email: lgasaway@pennwell.com www.subseatiebackforum.com/

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de Evandro La Macchia, é mestre em Engenharia de Produção na área de Gestão de Negócios pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutorando em Engenharia – Sistemas de Gestão Sustentáveis na Universidade Federal Fluminense (UFF.)

Quem é o

opinião

dono do petróleo no Brasil?

A Constituição brasileira determina em seus artigos 176 e 177 que “as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União”.

E

stabelece ainda que “Constituem monopólio da União: I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos.” Por este mineral pertencer à União, a Constituição lhe garantiu, ainda, a liberdade de “contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades” da indústria do petróleo (Emenda Constitucional n. 9, de 1995). Assim, por garantia constitucional, “O petróleo é nosso”. A decisão da liberdade de contratar se deu sob a influência dos ventos democráticos que sopraram no país no final dos anos 1980. Vale lembrar que entre 1953 e 1995, além de monopólio, as atividades da indústria do petróleo deveriam ser exercidas apenas pela Petrobras. Uma empresa mista, de capital público e privado, controlada pelo Estado, criada para o exercício do monopólio pelo então presidente Getúlio Vargas. Ele entendia que essas atividades deveriam ser exercidas unicamente pelo Estado, declarando que a empresa seria “constituída com capital, técnica e trabalho exclusivamente brasileiros” (Lei 2004/53). O país seguiu sob o autoritarismo estatal por longo período. Em 1988, porém, foi formalmente inaugurada nossa caminhada democrática. E a indústria do petróleo passou também a ser influenciada por este novo momento. Mas, a despeito das orientações de nossa Carta Magna, em 1995, dando plena liberdade à Nação de contratar empresas privadas e estatais, ainda no final no ano de 2014 a Petrobras era a responsável por 91% da operação de exploração e produção de óleo do país. E por quase 100% das atividades do refino, da logística primária dos líquidos e gás natural, e da importação e exportação de petróleo, gás natural e de derivados combustíveis (ANP 2015). Permanece uma espécie de monopólio da indústria no Brasil. Acadêmicos de renome internacional, como Mark Armstrong e David Sappington, em artigo “Regulation,

Competition, and Liberalization”, publicado no Journal of Economic Literature (vol. XLIV, p. 325–366, June 2006), destacam que o caminho entre o monopólio e a liberalização de um mercado é longo e difícil de ser atingido. Os autores sugerem que regulações antimonopólio devem ser consideradas, pelo menos no período de implantação das liberdades de empreendimento – uma das conquistas das democracias. Seguindo em direção contrária à liberdade de contratar, em 2010, por meio da Lei 12.351, que estabeleceu o regime de Partilha de Produção, foi determinado que as operações de exploração e produção de petróleo, em áreas definidas como especiais, como as do pré-sal, deveriam ser novamente monopólio da empresa Petrobras. Foi transferido, como nos anos 1950, um monopólio que é da Nação para a empresa Petrobras. Na prática, enquanto durar esta Lei, perde o país sua liberdade de contratar outros operadores. Perde também o seu direito de contratar, para as ditas áreas especiais, empresas nacionais ou estrangeiras, ou consócios formados pelas mesmas em que não conste a participação da Petrobras em pelo menos 30%. Nota-se, também, a perda de liberdade da Petrobras. A despeito do que pense seu Conselho de Acionistas ou sua diretoria, a empresa passou a ser obrigada por lei a participar de todos os leilões das áreas especiais, de ter 30% de participação no consórcio ganhador, independente de concordar ou não com o conjunto de empresas que o formam, e de ser sempre o operador de tais áreas. Sabemos que a escolha de sócios é uma das liberdades mais prezadas pelas organizações empresariais. Estas obrigações impostas a Petrobras se dão independentemente das condições econômicas, financeiras e operacionais vividas pela empresa. É sempre bom lembrar que, apesar de ter como controladora a União, a Petrobras tem 54% de outros donos (dados da TN Petróleo 104

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opinião

Petrobras, 2015) que, ao que me consta, nunca foram consultados sobre tais imposições. No leilão realizado em 7 de outubro deste ano, para áreas sob o regime de Concessão, a Petrobras exerceu sua liberdade de não participação, opção esta que não lhe é dada nos leilões do regime de partilha. Perdem também as empresas de petróleo, nacionais ou estrangeiras, quando não têm liberdade de participar individualmente ou em consórcios sem a presença da Petrobras, em novas áreas especiais oferecidas. Estas também são obrigadas a ter a empresa Petrobras sempre como operadora das áreas concedidas. Destaca-se que, na formação de consórcios de exploração e produção da indústria de petróleo, duas variáveis são caras às empresas: a decisão de quem vai ser sócio e de quem será o operador. Talvez aqui se tenha uma boa explicação para o fato de apenas um consórcio, capitaneado pela Petrobras, ter feito uma oferta no primeiro leilão sob o regime de Partilha da Produção, ocorrido em 2013, tendo sido cedida pela Nação a área, por valor mínimo. Isso ocorreu a despeito do altíssimo potencial de produção e baixo risco geológico da área oferecida, de Libra (ANP). Fica a pergunta: o que o cidadão brasileiro ganha com este retrocesso? Desde os anos 1970, estudos da academia têm demonstrado que os exercícios de monopólio por empresas estatais, não obrigatoriamente atendem aos interesses das nações. O professor Michael Ross, da Universidade da Califórnia, alerta que o atendimento a interesses destas empresas, governos, grupos ou indivíduos, pode não significar o atendimento aos interesses das nações. Neste caso, pode-se transformar o petróleo, ao invés de bênção, em uma verdadeira maldição.

É interessante notarmos que não vemos em países produtores de petróleo regidos por Estados com virtudes democráticas, tais como Canadá, Estados Unidos, Escócia, Inglaterra, Austrália, Noruega, exercícios de monopólio como o recém instalado no Brasil. Prevalece nestes países a liberdade em contratar a exploração e produção. Hoje se debate no Congresso Nacional essa operação monopolista da Petrobras nos campos do pré-sal, em área concedida sob o regime de Partilha, com foco na obrigatoriedade de a Petrobras deter pelo menos 30% de todo e qualquer consórcio que se apresente para este fim em futuros leilões. Neste caso, a Nação é obrigada a contratar a Petrobras, seja individualmente ou em consórcios, tendo a mesma como operadora. A discussão se acentua, dadas as fortes restrições financeiras e de investimento sofridas pela empresa. Os leilões das áreas especiais, cedidas sob o regime de Partilha, não poderão ocorrer enquanto a Petrobras não apresentar condições operacionais, econômicas e financeiras. Em sentido contrário às restrições aqui apresentadas, segundo relatório da Agência Internacional de Energia, World Energy Outlook 2013 (IEA 2013), em capítulo dedicado ao Brasil, a Agência indicou que o país tem potencial geológico para descobrir reservas de até 120 bilhões de barris de óleo equivalentes e estimou potencial de produção de 6 milhões de barris por dia em 2035. Está novamente colocada a questão se o desenvolvimento do potencial de riquezas ficará subordinado às dimensões e restrições vividas pela Petrobras ou se a Nação terá a liberdade garantida pela Constituição de contratar a operação de outras empresas. A verdadeira discussão que devemos ter é: quem é o dono do petróleo no Brasil?

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