Guia estudante 2011 completo

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GUIA DO ESTUDANTE: NOVOS DESAFIOS NA ENGENHARIA DO PETRÓLEO nº 77

opinião Revista Brasileira de Tecnologia e Negócios de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

TN PETRÓLEO

Ano XIII • mar/abr 2011 • Número 77 (Suplemento Guia do Estudante) • www.tnpetroleo.com.br

A carreira do geofísico

de Paulo Buarque, professor do departamento de Geologia da UFF e membro do comitê gestor do CTPetro

Guia do

ESTUDANTE Te r c e i r a e d i ç ã o , 2 0 1 1

Novos desafios na engenharia do petróleo

Entrevista exclusiva

NESTA EDIÇÃO A indústria do petróleo no Brasil Plataformas brasileiras Cenário do petróleo no mundo Pré-sal: o presente e o futuro do Brasil Bacias sedimentares brasileiras A logística do petróleo Malha dutoviária Parque de refino O beabá da exploração Sustentabilidade e recursos energéticos Personalidades da indústria do petróleo Indústria naval brasileira

José Renato Ferreira de Almeida coordenador executivo do Prominp

Prominp: qualificação é o desafio permanente ARTIGOS

MBA em quê?, por Bianca Machado Branco A difícil escolha da profissão, por João Batista Frazão (Não) Há vagas, por Jane Cláudia Queiroz dos Santos Engenharia está sempre na moda, por Marco Tulio Duarte Rodriguez


sumário

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edição nº 77 (Suplemento Guia do Estudante) maio/jun 2011

Entrevista exclusiva

com Fábio Fares, engenheiro naval e vice-presidente do Grupo Forship

Maré de oportunidades

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Especial: Mercado de trabalho

Presença feminina no mercado de energia

Pesquisa e desenvolvimento

Pesquisa em parceria: os novos centros de P&D da cadeia produtiva de petróleo no Brasil 25 Cenpes é ampliado 26 IBM terá centro de pesquisa no Brasil 27 Suecos inauguram centro de P&D no Brasil em maio

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Formação

O profissional do refino 31 32

2 Guia do Estudante 2011

Falta de trabalhador qualificado afeta 69% das indústrias Pesquisa revela escassez de talentos no nível técnico


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Liderança em Classificação e Certificação Offshore e-mail: absrio@eagle.org Tel: + 55 21 2276-3535

Formação

CONSELHO EDITORIAL

Geofísica e a sísmica, o começo de tudo 36

SPE agiliza transição de estudantes para a indústria de E&P

38 Profissões

O engenheiro de petróleo: engenharia de de produção e

40 Profissões

Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel André Gustavo Garcia Goulart Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Francisco Sedeño Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes José Fantine Josué Rocha

Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa Márcio Giannini poço, Márcio Rocha Melo química Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

O profissional de projeto naval e offshore Ano XIII • Número 77 • maio/jun 2011

Fotos: Wilson,Sons e Agência Petrobras

artigos 48 A engenharia de petróleo como opção profissional, por Sergio Fontoura 51 Experiência internacional é diferencial na hora da contratação, por Cláudio Chalom 53 As questões-chave da economia da energia, por Helder Queiroz Pinto Junior

seções 03 editorial 04 hot news 42 eventos 46 produtos e serviços

55 cursos 58 feiras e congressos 59 opinião Guia do Estudante 2011 1


2 Guia do Estudante 2011


Foto: Agência Petrobras

editorial

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EDITORA Beatriz Cardoso (21 9617-2360) beatrizcardoso@tnpetroleo.com.br EDITOR DE ARTE, CULTURA E VARIEDADES Orlando Santos (21 9491-5468) REPÓRTERES Cassiano Viana (55 21 9187-7801) cassiano@tnpetroleo.com.br Maria Fernanda Romero (55 21 8867-0837) fernanda@tnpetroleo.com.br Rodrigo Miguez (21 9389-9059) rodrigo@tnpetroleo.com.br RELAÇÕES INTERNACIONAIS Dagmar Brasilio (21 9361-2876) dagmar.brasilio@tnpetroleo.com.br DESIGN GRÁFICO Benício Biz (21 3221-7500) beniciobiz@tnpetroleo.com.br PRODUÇÃO GRÁFICA E WEBMASTER Laércio Lourenço (21 3221-7506) webmaster-tn@tnpetroleo.com.br Marcos Salvador (21 3221-7510) marcossalvador@tnpetroleo.com.br REVISÃO Sonia Cardoso (21 3502-5659) DEPARTAMENTO COMERCIAL José Arteiro (21 9163-4344) josearteiro@tnpetroleo.com.br Cristina Pavan (21 9408-4897) cristinapavan@tnpetroleo.com.br

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DIRETORA DE NOVOS NEGÓCIOS Lia Medeiros (21 8241-1133) liamedeiros@tnpetroleo.com.br

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

DIRETOR EXECUTIVO Benício Biz beniciobiz@tnpetroleo.com.br

Mercado aquecido O crescimento de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, no ano passado, e o índice de 4,2% obtido no primeiro trimestre de 2011 reforçam as expectativas de que o mercado de trabalho vai continuar aquecido. Sobretudo no setor de petróleo e gás – e, consequentemente, em toda a cadeia produtiva, que engloba ainda a área de indústria naval e offshore. Está aí o fato de a atividade extrativista (que inclui exploração de petróleo e gás) ter sido a responsável pela alta do setor industrial, o qual, pela primeira vez em vários anos, superou agricultura e serviços, até então os maiores responsáveis pelo crescimento do PIB (ainda que pequeno) na última década. Todos esses números e índices apenas confirmam o que vem se delineando nos últimos anos: o crescimento da demanda por mão de obra qualificada, abrindo numerosas oportunidades de trabalho para aqueles que estão concluindo cursos técnicos nos mais distintos segmentos, assim como para os universitários que estão na época de escolher sua especialidade. Quem apostar nas indústrias petrolífera, naval e offshore vai ter um incrível leque de opções! Não apenas

as companhias de petróleo, como a Petrobras e outras que atuam no Brasil, estão sempre buscando profissionais qualificados, mas também todas as empresas que fornecem bens e serviços, dos mais simples itens às mais sofisticadas tecnologias, têm uma demanda em expansão. Na realidade, uma demanda prestes a explodir, se, como previsto, forem acelerados vários empreendimentos programados para os próximos cinco anos, quando o Brasil deverá mais do que dobrar a produção de petróleo e gás. O que demandará não somente uma infinidade de bens e serviços de todos os níveis, mas, principalmente, técnico e superior. Comprometida com o desenvolvimento do setor e com a geração e disseminação de conhecimento (que são ‘movidos’ a informação), a TN Petróleo publica uma nova edição do Guia do Estudante. Nosso objetivo é mostrar como funciona e quem são os profissionais que fazem rodar as engrenagens dessa indústria que, além de ajudar o país a crescer, tem investido pesado na qualificação e formação de novos profissionais. Eles serão bem-vindos! Lia Medeiros Diretora de Novos Negócios

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hot news

Chevron fecha acordo inédito com a PUC-Rio para investimento no curso de engenharia de petróleo Infraestrutura de laboratórios, bolsas de estudo e co-orientação de projetos estão entre os benefícios que serão oferecidos aos alunos da graduação. Recursos financeiros chegam a R$ 2 milhões. O presidente da Chevron Brasil Petróleo, George Buck, e o reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, durante a assinatura do acordo.

Em fevereiro, o presidente da Chevron Brasil Petróleo, George Buck, e o reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, assinaram um acordo de parceria para a formação de recursos humanos adequados à realidade do mercado da área de petróleo e gás. O apoio, inédito entre a universidade e a multinacional, é da ordem de R$ 2 milhões e válido pelos próximos três anos. Os recursos financeiros serão aplicados na concessão de bolsas de estudo, na criação de um programa de tutoria e no incremento das condições de ensaios experimentais em três laboratórios do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), com o objetivo de dar aos alunos o acesso a equipamentos de alta tecnologia e permitir uma formação acadêmica consistente e competitiva ao mercado de trabalho. “Por meio de parcerias como esta pretendemos colaborar 4 Guia do Estudante 2011

com o desenvolvimento dos alunos que optam pela área de petróleo e gás. É importante termos bons profissionais formados para fazer frente a uma demanda de mão de obra que é crescente em nosso mercado”, afirma George Buck. Serão concedidas 12 bolsas para alunos de graduação, a partir do quinto período, cuja elegibilidade considerará aqueles que apresentem destaque quanto ao grau do coeficiente de rendimento, com prioridade para alunos que apresentem dificuldades quanto ao custeio das mensalidades. No programa de Tutoria, os alunos contemplados terão um orientador científico, professor da PUC-Rio, e um mentor da Chevron, o que permitirá a transferência de conhecimentos e experiência no desenvolvimento e capacitação dos alunos. “É muito importante que o curso de Engenharia de Petróleo tenha esse tipo de janela para o aluno, com

temas vinculados à realidade do mercado. O co-orientador atua também na função de mentor, já que o trabalho será realizado no ambiente da Chevron e pode servir como um primeiro contato com a indústria, possibilitando melhor entendimento da aplicação da disciplina no mercado de óleo e gás”, explica Sérgio Fontoura, coordenador do curso de Engenharia de Petróleo da PUC-Rio. A compra de equipamentos contemplará três laboratórios diferentes, conforme o cronograma estabelecido até 2013: Mecânica das Rochas, Petrofísica e Fluidos de Perfuração e de Reservatórios. A implementação do projeto vai beneficiar, de imediato, os cerca de cem alunos do curso de Engenharia de Petróleo. Fontoura ressalta ainda que a parceria mostra aos alunos de graduação que quem souber aproveitar todos os demais recursos que a PUC-Rio oferece (excelente biblioteca na área, laboratórios e corpo docente qualificado) tem grandes chances de empregabilidade em um mercado tão competitivo. “Ao conciliar o universo acadêmico (com sua tradição na transferência do conhecimento) com o da indústria (que busca soluções e profissionais com características específicas), os alunos contam com um diferencial no currículo”, diz ele.


Petróleo fortalece o setor de franquias e a educação

A falta de mão de obra especializada para algumas áreas fez com que o empresário Samuel Pinheiro, proprietário da escola de capacitação em petróleo e gás Petrocenter, apostasse no ‘ouro negro’ para ampliar os negócios da empresa por meio de franquias. Segundo ele, a população, ainda mais a de classe baixa, ganha a oportunidade de entrar para o mercado e de aumentar vertiginosamente sua renda salarial. Este setor promove a inserção social e o desenvolvimento econômico do país. “O meu objetivo é levar o nosso know-how neste segmento e fortalecer ainda mais o Nordeste. Em dois anos, pretendo ter 50 franquias da Petrocenter em todo o território nacional”, completa Pinheiro. O investimento total do negócio pode ficar entre R$ 50 mil e 160 mil. Dependendo da administração, o retorno chega até em 18 meses. Para quem busca uma área de atuação e pensa em um negócio lucrativo, o segmento de petróleo e gás deve ser uma das opções. Existem muitas vagas e

Foto: Cortesia British Petroleum

A extração de petróleo no pré-sal é uma oportunidade para o Brasil diversificar sua economia, desenvolver-se tecnologicamente, gerar empregos e renda. Mas não é só o fortalecimento desses setores que está em evidência. O segmento de franquias e educação também observa a oportunidade latente.

salários altos, por isso a procura por cursos de especialização tem aumentado a cada dia, inclusive entre os jovens da classe C. Outra franquia que aposta no petróleo como meio de crescimento é o Curso Maxx. A escola preparatória para concursos públicos também aproveita a oportunidade gerada no setor para ingresso no mercado de trabalho e criou o modulo Petróleo e Gás com turmas de estudo para a prova do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural). Outra empresa que vem lucrando com as oportunidades geradas pelo petróleo é a Sampling Planejamento. Segundo o CEO da empresa, Fernando Quintella, somente na área de petróleo e gás, há necessi-

dade de 34 mil engenheiros, além de profissionais de nível técnico. O centro de treinamento aposta na tecnologia para formar profissionais. A empresa passou a utilizar o Centro de Simulação de Guindastes Portuário e Offshore, primeiro no Brasil com tecnologia 3D totalmente nacional desenvolvida pela empresa Virtualy. O cenário virtual conta com simuladores para operação em guindastes de diferentes modelos, entre eles, o Guindaste de Bordo, Portainer, Ponte Rolante, caminhões, além de um simulador de combate a incêndio. Os equipamentos emitem sons e condições meteorológicas com base em reproduções de ambientes dos portos brasileiros entre os quais estão o de Santos, do Rio de Janeiro e Portocel, no Espírito Santo.

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hot news

Parceria para capacitar alunos de engenharia deve ajudar a reduzir a falta de mão de obra especializada EPC Engenharia, Faculdade Pitágoras e Autodesk firmam parceria que vai atingir 12 mil alunos de engenharia e aproximar a teoria da prática de mercado. Quase dois terços dos empregadores brasileiros encontram dificuldades de selecionar pessoas qualificadas para preencher cargos disponíveis, segundo indica uma pesquisa realizada pela consultoria internacional de recursos humanos Manpower. De acordo com a pesquisa realizada este ano, que ouviu mais de 35 mil empregadores em 36 países, a escassez de mão de obra qualificada no Brasil só não é maior do que no Japão. Entre os empresários brasileiros, 64% disseram ter dificuldades para preencher suas vagas com profissionais qualificados – no Japão, esse percentual foi de 76%. Na média dos 36 países pesquisados, 31% dos empregadores disseram ter dificuldades em encontrar profissionais qualificados. No mercado de engenharia, a realidade não é diferente. E foi exatamente esse cenário uma das motivações para o estabelecimento da parceria entre EPC Engenharia, Autodesk e a Faculdade Pitágoras. O projeto prevê a utilização dos softwares da Autodesk nas disciplinas dos cursos de engenharia da Faculdade com o direcionamento da EPC para as necessidades do mercado. “Para isso, foram feitas reuniões entre os coordenadores de cursos da Faculdade Pitágoras e os gerentes de disciplinas da EPC, nas quais foram propostos ajustes nos conteúdos programáticos de algumas disciplinas e criação de matérias optativas voltadas para o segmento”, segundo o gestor estratégico de pessoas da EPC, Carlos Sícoli. O diretor de produção da EPC, Wilmar Ruas, acredita que, além 6 Guia do Estudante 2011

Representantes da EPC Engenharia, da Faculdade Pitágoras e da Autodesk durante do evento do acordo de parceria.

do interesse de capacitar novos profissionais, essa seja uma forma de cumprir a missão social da EPC de aproximar a empresa da faculdade. “Saímos da posição cômoda e espectadora de ficar só demandando e reclamando da falta de mão de obra qualificada. Temos que assumir nossa responsabilidade social e nos colocar como agente de mudança”, avaliou. Como será na prática – Por meio da parceria, os laboratórios de engenharia vão ser equipados com os softwares da Autodesk com aplicação no mercado de engenharia. Além disso, o aluno vai receber login e senha para fazer o download gratuito dos softwares no computador pessoal. De acordo com o gerente de marketing da Autodesk, Márcio R. Pinto, a utilização dos mais de 20 softwares da Autodesk vai permitir aos alunos da Faculdade Pitágoras manter relações com estudantes do mundo inteiro, promovendo troca de conhecimento e de experiências. Entre os softwares disponíveis estão Revit, Civil 3D, AutoCAD, Inventor e Navisworks. Cerca de 30 professores serão treinados por consultores da Autodesk até o final do ano. De início, serão beneficiados seis mil

estudantes das turmas de Belo Horizonte, Betim e Ipatinga. Aécio Lira, coordenador do Comitê Acadêmico do Conselho de Administração da Kroton Educacional, grupo detentor da Faculdade Pitágoras, acredita que, ao usar a tecnologia da Autodesk e o referencial de mercado da EPC, o grande beneficiário será o aluno, que vai ter acesso em casa e na faculdade a softwares de cunho profissional. “Começamos com três unidades, mas a meta é atingir, ao final de 2011, as 18 unidades do grupo que têm cursos de engenharia, alcançando 12 mil alunos”, explicou. Os coordenadores dos cursos de engenharia da Faculdade Pitágoras terão link direto com os gerentes das mesmas disciplinas da EPC para trocar experiências e discutir melhorias na grade curricular, com base nas reais necessidades do mercado. Wilmar informou que a EPC tem interesse em absorver os melhores alunos. “Vamos fomentar concursos e disputas para os estudantes para reduzir a distância entre o que é feito na empresa e o que é aprendido na faculdade. E queremos levar adiante o projeto. A EPC pretende levar esse modelo para outras faculdades”, destacou.


Degraus autossustentáveis para subir em postes Existem poucas maneiras de subir em um corpo cilíndrico de média ou grande altura. O trabalho pode ser feito com escadas convencionais (com ou sem apoio próprio) ou mesmo com o auxílio das mãos e pés. Sendo que as escadas convencionais não oferecem a aderência e a estabilidade necessárias, e a subida por meio de mãos e pés necessita de certo grau de conhecimento, equipamento de apoio e depende de grande esforço físico. Portanto, em qualquer uma das duas formas existentes hoje no mercado, não é possível garantir segurança alguma ao seu usuário, o que pode gerar diversas complicações, fraturas e machucados, podendo levá-los até a morte. O projeto desenvolvido pelo inventor Oliveira Marcos Vicente Moncada foi denominado “Degraus autossustentáveis para subida em corpos cilíndricos de média ou grande altura”, com o objetivo de promover maior agilidade e eficiência, diminuindo o esforço e o tempo, além de garantir a segurança do usuário em exercícios similares.

Os degraus possuem design estrutural leve para permitir sua mobilidade; sua estrutura adere com grande pressão ao corpo no qual estiver sendo usada, pressão produzida pela sua forma de alavanca; completa o apoio com pequenos ressaltos da corrente e da base inferior, além de ser completada por cordéis ligados a um cinto de utilidades que facilita o movimento de subida e descida. Segundo o inventor: “A estrutura dos degraus autossustentáveis foi elaborada de maneira simples e funcional, facilitando sua utilização, transporte e, até mesmo, sua acomodação. Este projeto torna-se indispensável em sítios, fazendas, estradas e quartéis!”, afirma. E agrega diversas vantagens, entre elas: praticidade, facilidade, agilidade, conforto, evita danos e acidentes,

Foto: Divulgação

Projeto promove maior agilidade, eficiência e segurança na hora de subir em corpos cilíndricos de média ou grande altura.

tudo isso com um excelente custo/ benefício. Por isso, Oliveira está em busca de parceiros para o desenvolvimento de modelos. Com patente requerida em todo o território brasileiro, o inventor busca negociá-la ou obter parceria entre empresas especializadas em equipamentos de segurança, para criar modelos, realizar testes e industrializá-la. Empresários interessados em investir no produto devem entrar em contato com a Associação Nacional dos Inventores, pelo telefone (11) 3873-3211.

Shell abre vagas para universitários e recém-formados O programa Novos Talentos, da Shell, vai recrutar, até o dia 27 de junho, recém-formados e universitários prestes a se formar interessados em trabalhar na empresa. O processo é destinado a jovens graduados entre dezembro de 2009 e dezembro de 2011. O salário varia a partir de R$ 4,5 mil, para oito horas diárias. Ao todo são 12 vagas, distribuídas entre os cursos de administração, economia, geologia, engenharia de petróleo, civil, mecânica, produção e química. Os selecionados vão atuar nos negócios de Exploração e Produção, Lubrificantes e Finanças da empresa. Uma das vagas será para trabalhar no escritório da Shell em São Paulo. As demais oportunidades são destinadas à sede e à fábrica da empresa no Rio de Janeiro. “Nossa grande vantagem em relação à maior parte dos programas de trainee do mercado é que, no Novos Talentos os

PROGRAMA NOVOS TALENTOS Processo seletivo – Inscrições online (até 27/06); Análise qualitativa da ficha de inscrição (2ª quinzena de junho); Testes de Inglês, Conhecimentos Gerais e Lógica - via internet (1ª quinzena de jullho); Laboratório de Competências (2ª quinzena de julho e 1ª quinzena de agosto); Entrevistas Individuais (2ª quinzena de agosto); Assessment Center: SRD - Shell Recruitment Day (a partir da 2ª quinzena de agosto). Exame Médico / Admissão (A partir da primeira quinzena de setembro). Início a partir de outubro. Para os candidatos que selecionados já entram como funcionários, com contrato por prazo indeterminado”, destaca a analista de Recursos Humanos da Shell, Luiza Corrêa. A empresa também oferece como vantagens a possibilidade de desenvol-

residem em local diferente da vaga, o início será a partir de janeiro Informações – Perfil do candidato: universitário ou recém-formado; Conclusão da graduação: dezembro de 2009 a dezembro de 2011; Inglês avançado; Conhecimentos no Pacote Office; Cursos: Administração, Economia,Geologia e Engenharias de Petróleo, Civil, Mecânica, Produção e Química; Inscrições até 27 de junho de 2011 Benefícios – Plano de Saúde Bradesco; Plano Odontológico Bradesco; Seguro de Vida; Tíquete Refeição; Adicional por tempo de serviço; Plano de Previdência Privada. ver uma carreira internacional, diversos treinamentos, horários flexíveis e a oportunidade de colaborar nos projetos sociais desenvolvidos pela Shell. As inscrições devem ser feitas pelo site www.shell.com.br/rh.

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

hot news

Curso sobre eficiência energética no Brasil Em meio às notícias de sobrecarga no sistema elétrico e apagões, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo, em parceria com a VDI-Brasil (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha), realizará, de maio a outubro, o curso de eficiência energética European Energy Manager (Eurem) em São Paulo. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha (BMWi) e da GIZ (Agência Alemã para Cooperação Internacional). Desenvolvido por engenheiros alemães e ministrado para mais de mil alunos da Europa desde 2003, o curso foi desenvolvido como um programa de treinamento para gestores de energia. Hoje, o Eurem

funciona regularmente e em alto nível, em 12 países europeus, como um curso de qualificação padrão na área de gestão de energia. A União Europeia (UE) tem como meta melhorar em 20% a eficiência energética até 2020 e a Alemanha tem papel importante nesse quadro. Além de aderir à meta da UE para 2020, o país desenvolveu um plano nacional com o objetivo de reduzir o consumo de energia em 80% até 2050, começando pelos sistemas de aquecimento e isolamento térmico das construções, que respondem sozinhos por 85% dos gastos com energia nos lares alemães. “Os esforços da Câmara e do Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha para implementar o curso no Brasil buscam au-

mentar a cooperação tecnológica Brasil-Alemanha, contribuir para melhorar a eficiência energética no Brasil e posicionar a Câmara como centro de competência e de especialistas em eficiência energética e energias renováveis”, afirma Ricardo Ernest Rose, diretor do Departamento de Meio Ambiente, Energias Renováveis e Eficiência Energética da Câmara Brasil-Alemanha. Com duração de seis meses e 350 horas, o Eurem foi totalmente adaptado à realidade brasileira a fim de ajudar profissionais de empresas instaladas no Brasil a implementar um moderno sistema de gestão de energia e aumentar a eficiência energética para, consequentemente, reduzir os custos de produção e contribuir de forma ativa na gestão ambiental. O curso destina-se a profissionais que estejam envolvidos com o tema da energia ou que pretendam adquirir conhecimentos para implantar projetos nessa área. O certificado de especialização é válido no Brasil e em toda União Europeia. Mais informações sobre o curso: http://www.ahkbrasil.com/ Eurem/.

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www.tnpetroleo.com.br 8 Guia do Estudante 2011


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entrevista exclusiva Fábio Fares, engenheiro naval e vice-presidente do Grupo Forship

Maré de

oportunidades por Cassiano Viana

Foi em águas muitas vezes turbulentas, de raras calmarias, em águas rasas e profundas que o engenheiro naval Fábio Fares consolidou uma trajetória bem-sucedida. Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-graduação em Engenharia de Sistemas de Computação (Coppe-UFRJ), Fares iniciou sua carreira no Lloyd Brasileiro, em 1976, e participou da fase áurea dos estaleiros nacionais, na década de 1970. Coordenou projetos ainda na Diretoria de Engenharia Naval da Marinha do Brasil (DEN) e viu a derrocada da indústria naval brasileira no início da década de 1990 até que decidiu criar sua própria empresa. Ao fundar a Forship Engenharia, em 1998, Fares deu um passo importante para criar uma nova cultura no Brasil: a da engenharia de comissionamento, processo de gestão primordial para o sucesso de qualquer empreendimento que abranja plantas industriais complexas – de parques industriais, refinarias e siderúrgicas a plataformas de petróleo. Hoje, comissionamento e Forship são palavras indissociáveis. Com sede no Rio de Janeiro e amplo portfólio de projetos em quase todos os conti10 Guia do Estudante 2011

nentes – Américas, Europa, África e Ásia –, a Forship tornou-se referência internacional nesse segmento. Mais ainda: uma empresa na medida certa para quem gosta de desafios. Nada mais natural que se tornasse uma aliada estratégica na formação de novos recursos humanos, em parceria com a Universidade Federal de Rio Grande (Furg), onde hoje está em expansão um novo polo da indústria naval. TN Petróleo – A Forship recentemente estabeleceu um protocolo de cooperação com a Universidade Federal de Rio Grande (Furg) para a realização de cursos e desenvolvimento de disciplinas relacionadas ao tema ‘comissionamento’. Qual a importância das parcerias entre empresas e universidades? Fábio Fares – A universidade sempre vai ter um papel fundamental na geração do conhecimento e no desenvolvimento do país. E por mais que se busque maior proximidade com a indústria, com as empresas, eu particularmente defendo que ela

– a Academia – não pode abrir mão do seu princípio conceitual independente. Já a empresa, por sua vez, deve ter o compromisso de treinar continuamente seus colaboradores, cumprindo um papel complementar na formação de quadros. A demanda por mão de obra qualificada motiva as empresas a buscarem profissionais nas universidades e escolas técnicas. Devido ao momento atual da economia, temos de contribuir para acelerar essa capacitação. Esse é o principal objetivo dessa parceria. Mas o ensino técnico, ao que parece, tem sido cada vez mais valorizado. Sim. Hoje temos melhores oportunidades de trabalho e boas remunerações para o profissional de nível médio. A quantidade de escolas técnicas sendo abertas nos últimos anos é bastante representativa. Num país estagnado, o profissional com nível superior tem mais oportunidades. Mas o país está crescendo, temos um cenário promissor pela frente. Hoje, há


Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

A universidade não é, na indústria do petróleo, gás, naval e offshore, o único caminho, o único percurso, ou uma regra para uma carreira bem-sucedida.

demanda tanto por profissionais técnicos como de nível superior. Se levarmos em consideração o universo de um epecista ou de uma construtora, para cada engenheiro você precisa de cinco a dez, ou mais, colaboradores técnicos. E qualquer investimento em educação, em qualquer nível, de uma escola técnica e profissionalizante ao universitário, é um grande negócio. A universidade continua sendo a porta de entrada?

A universidade não é, na indústria do petróleo, gás, naval e offshore, o único caminho, o único percurso, ou uma regra para uma carreira bem-sucedida. Temos muitos diretores na Forship que passaram, num primeiro momento, pelo nível técnico, Cefets e outras instituições, e que depois vieram a fazer engenharia; e também temos muitos técnicos de nível médio fazendo trajetórias muito bem-sucedidas profissionalmente. O ensino técnico hoje é valorizado, há maiores oportunidades e melhores salários e

condições de trabalhos que antigamente. O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) tem dado uma contribuição fantástica nesse sentido, não somente na valorização, mas também na formação de recursos para a indústria de óleo e gás em todas as áreas. Qual o tamanho do mercado de trabalho no setor? O Brasil vive um momento muito especial de desenvolvimento. E em Guia do Estudante 2011 11


entrevista exclusiva

O ideal é que a formação esteja sincronizada com a demanda real, não só a planejada. O estado brasileiro, historicamente, tem uma dívida enorme com a educação. De qualquer forma, há uma aceleração da qualificação de mão de obra. Governo, empresas e instituições de ensino estão todos se movendo nesse sentido. um país em crescimento, a engenharia é uma atividade de grande demanda. O mercado, porém, tem dois tamanhos: um que está no papel, no planejamento estratégico das empresas; e outro que está se traduzindo em realidade. E esse descompasso entre o previsto e o realizado vai influenciar diretamente na formação de recursos humanos. A perspectiva é de uma demanda crescente de mão de obra, mas esse processo ainda está lento, pois muitos projetos ainda não saíram no papel, o que acaba gerando certa ansiedade. Teremos ou não profissionais qualificados para tocarmos os projetos? Por outro lado, obviamente, as empresas precisam trabalhar de olho no futuro, nas demandas futuras. O ideal é que a formação esteja sincronizada com a demanda real, não só a planejada. O Estado brasileiro, historicamente, tem uma dívida enorme com a educação. De qualquer forma, há uma aceleração da qualificação de mão de obra. Governo, empresas e instituições de ensino estão todos se movendo nesse sentido. Para a engenharia, qual o impacto da falta de mão de obra? É terrível. Em primeiro lugar, porque a imprevisibilidade inflaciona os salários. Para o setor como um todo, isso é bem complicado, 12 Guia do Estudante 2011

principalmente para as empresas, levando em consideração a formação dos preços dos serviços. Fica difícil fechar a equação da competitividade. Fica complicado para o planejamento econômico das empresas definir qual o salário real dos profissionais. O outro ponto é a qualidade do trabalho, pois você acaba tendo profissionais qualificados mas inexperientes, ou alocando profissionais de outros setores. O que, por um lado, é um motivador de capacitação, uma vez que obriga as empresas a realizarem mais treinamentos. Por fim, há o risco de você não conseguir, de forma alguma, nem pelo salário mais absurdo, garantir em tempo hábil a mão de obra necessária para os projetos. Isso pode provocar o atraso de projetos, comprometer a capacidade de entrega do produto que você vendeu. Com isso, toda a cadeia sofre, do epecista ao operador, passando pelos fornecedores de bens e serviços. Na área de comissionamento, a Forship está iniciando a formação de profissionais no país? Evidentemente, o comissionamento já existe muito antes da Forship, mas não de maneira sistemática e empresarial. O comissionamento é a mistura de uma visão sistêmica de projeto

com teste e operação; precisa ter (e aplicar com disciplina) metodologia, procedimentos, capacidade de análise, conhecimento da planta no abstrato e ainda fazer ver isso ao vivo, no campo, operar, ter prazer em sujar a mão de graxa para cuidar da qualidade de cada objeto operacional. É preciso o conhecimento de projeto, mas é fundamental também ter um DNA de operador e sonhar com a operabilidade. O comissionamento é uma transição do papel para a operação. Trata-se de um profissional com vocação para fazer o encontro do abstrato com o concreto. O melhor perfil do engenheiro de comissionamento é aquele que tem uma formação técnica de background. O ideal é conseguir um encontro entre a formação superior com a formação técnica. O melhor perfil do técnico de comissionamento é aquele tem bom desempenho tanto no campo quanto no papel. E paixão: é um trabalho interessantíssimo tornar uma planta industrial pronta para operar, vê-la sair do papel e entregá-la ao operador em plenas condições de operabilidade. Qual o horizonte para o profissional de comissionamento no Brasil? O passado já era interessante. O presente é muito bom. Temos profissionais bem remunerados nessa área. Penso que o futuro é cada vez mais interessante, até mesmo pela demanda crescente por esse profissional, devido aos vários empreendimentos que estão sendo feitos ou programados. Além disso, a cultura de comissionamento vem se consolidando cada vez mais: as empresas e os epecistas trabalham mais e mais com a visão sistemática e conceitual que caracteriza a engenharia de comissionamento. Portanto, é uma área que tem tudo para continuar crescendo e remunerando bem seus profissionais.


de volta ao eldorado

Guia do Estudante 2011 13


mercado de trabalho

Foto: Agência Petrobras

Foto: Agência Petrobras

Foto: Cortesia Wilson,Sons

Presença

A participação da mulher no setor de energia, especialmente no segmento de petróleo e gás, já é uma realidade no Brasil há alguns anos. Hoje é comum ver mulheres desempenhando as mais variadas funções, de soldadoras nas plataformas ou nos campos terrestres até os mais altos cargos executivos. A sensibilidade e competência feminina já são reconhecidas no mercado de trabalho que, cada vez mais, tem dado uma posição de destaque às profissionais mulheres, sendo hoje um tema recorrente no setor de óleo e gás no mundo inteiro. 14 Guia do Estudante 2011


feminina

no mercado de energia por Maria Fernanda Romero

U

m levantamento realizado em 2010 pela Catho, em mais de cem mil empresas, revela que as mulheres ocupam cargos mais altos em empresas consideradas de pequeno porte (menos de 50 funcionários). Quase 30% dessas empresas em todo o país possuem mulheres em cargos de presidência ou gerência. No entanto, esse número cai para 12,86% quando consideradas as empresas que possuem acima de 1,5 mil funcionários. Outra pesquisa realizada um ano antes pela mesma empresa revelou a participação histórica das mulheres nos níveis hierárquicos mais altos: 20,56% em 2009, enquanto que em 1997 o número era de 10,39%. Foi o maior percentual registrado nos últimos 11 anos. Nos cargos de gerência, as mulheres mantêm tendência de crescimento gradativo. Para cargos de gerência e supervisão, os índices passaram de 15,61% para 32,03%, e de 28,85% para 44,68%, respectivamente. E ainda, constata-se maior participação feminina nos cargos de chefia (24,76% para 40,54%), en-

carregado (36,78% para 53,49%) e coordenador (36,95% para 53,89%), principalmente em empresas de grande e médio porte. Depois de Dilma Rousseff ter se tornado a primeira mulher a assumir a presidência do Brasil, o tema tem sido amplamente discutido no país – e este, no âmbito dos negócios, tem, nos últimos anos, olhado para as mulheres com outros olhos.

Petróleo na veia Para a diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriad, o setor de petróleo e gás precisa de pessoas competentes, criativas, com espírito de liderança e sem medo de assumir posições chaves e, segundo ela, as mulheres estão prontas para atuar muito bem neste mercado. Engenheira civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduada em engenharia química pela Coppe/UFRJ, Magda fez engenharia de reservatórios e avaliação de formações na Universidade Corporativa da

Petrobras. Entrou na Petrobras como engenheira estagiária em 1980, e ficou na estatal até 2002, passando pelas áreas de engenharia de reservatórios, atuando na supervisão e controle de projetos, área de produção e por último na área de novos negócios de exploração e produção, trabalhando na negociação de blocos exploratórios, campos de petróleo maduros e campos em desenvolvimento. Com grande experiência no setor, em 2002, a executiva foi para a ANP, onde se mantém até hoje. Entrou como assessora da diretoria, mas passou ainda pela superintendência de exploração (SEP), a superintendência de definição de blocos (SDB), atuou como coordenadora técnica no processo seletivo da ANP no segmento de exploração e produção de petróleo e gás natural, e hoje é diretora da entidade. “Na Petrobras, onde trabalhei por muitos anos, convivi com mulheres muito competentes. Sei que hoje muitas delas ocupam cargo de chefia. Aqui na ANP também tenho na minha equipe e em outros setores da agência um grupo de mulheres com todas as condições de desempenhar suas funções em Guia do Estudante 2011 15


mercado de trabalho

Na sua maioria, as mulheres são persistentes, dedicadas, corajosas e disciplinadas, e se cobram muito em suas funções, tanto como executivas quanto mães, por isso tendem a procurar, constantemente, desenvolvimento e aperfeiçoamento. Solange Aversa, gerente de Recursos Humanos da Companhia Brasileira de Offshore (CBO)

qualquer empresa privada, seja no Brasil ou no exterior ”, conta Magda. A executiva afirma ainda que assim como acontece com jovens do sexo masculino, as jovens mulheres que estão ingressando no mercado agora devem ser vistas como possíveis candidatas a cargos executivos. “Não se trata de privilegiar as mulheres simplesmente porque são mulheres, mas sim de investir no futuro da empresa ou da instituição pública, dando condições às jovens de crescerem profissionalmente, assumindo responsabilidades e desafios que no final das contas são os mesmos enfrentados pelos homens”, indica.

Da terra ao mar Nas indústrias pesadas, como a naval, ainda é comum se estranhar mulheres à frente de algumas atividades, mas a presença feminina é garantida. E elas não se encontram apenas na área de soldagem ou nas atividades mais pesadas, as mulheres também já são destaque em cargos altos do setor, como é o caso de Solange Aversa, gerente de Recursos Humanos da Companhia Brasileira de Offshore (CBO), braço de Navegação do Grupo Fischer. 16 Guia do Estudante 2011

Formada em filosofia, serviço social e psicologia, Solange diz que entrou no segmento meio por acaso. Sua história começou há 24 anos, quando, já formada, foi trabalhar como assistente social numa empresa de navegação e simplesmente se apaixonou em trabalhar com marítimos. “Naquela época, eles trabalhavam nove meses por três de descanso. Era uma vida dura e, durante este período, nasciam e morriam filhos, esposas, mães etc., o meio de comunicação era precário e eu participava ativamente dessa dolorosa atividade. Com o passar do tempo, senti a necessidade de cursar psicologia para aprimorar meus conhecimentos e para atender a esses seres profissionais especiais”, disse Solange, complementando que hoje não sabe fazer nada melhor do que lidar com o ser humano. Ela explica que ser uma mulher executiva é saber conviver com a dura jornada tripla: mãe, mulher, executiva, mas que apesar de tudo isso as mulheres conseguem se sair muito bem em suas atividades. “Em sua maioria, as mulheres são persistentes, dedicadas, corajosas e disciplinadas, e se cobram muito em suas funções, tanto como executivas quanto mães, por isso

tendem a procurar, constantemente, desenvolvimento e aperfeiçoamento”, aponta. E ela explica que é exatamente essa gestão competente e profissional acompanhada de dedicação, sensibilidade e intuição que faz a vantagem feminina no mercado de trabalho. “Esses atributos podem ser um diferencial no momento de tomar decisões, de liderar grupos e de pensar em um projeto”, afirma. Questionada sobre como lidar com o universo majoritariamente masculino, em estaleiros, e de marítimos, a gerente da CBO conta que não vê muitos problemas e que nunca passou por situação preconceituosa ou algum momento em que percebeu ser discriminada por ser mulher e/ou estar no cargo que está. “Para mim é muito fácil. Nunca tive problema sério... é bem verdade que às vezes existem divergências de opiniões e condutas, mas nada que não haveria, penso eu, se eu fosse do sexo masculino. Mas, é certo, utilizo o cargo contribuindo para humanizar o relacionamento entre as pessoas, formar líderes conscientes e criar uma comunidade com energia positiva”, ressalta, dizendo que sempre foi muito respeitada e solicitada do ponto de vista profissional. Para Solange, o maior desafio dessa atuação é manter uma equipe equilibrada sem espírito de competição e sim de união e enriquecimento, profissional e pessoal, num ambiente com homens (mais racionais e concretos) e mulheres (intuitivas, espiritualizadas e sensíveis), com atributos muito diferentes e que se completam. De acordo com a gerente, estamos numa nova etapa dentro da trajetória de conquistas das mulheres e que isto é sinal de que o mercado de trabalho está acompanhando a modernização dos conceitos e a ascensão profissional da


presença feminina no mercado de energia

mulher. “A sociedade hoje é mais sensível. Creio que as mulheres têm atributos da personalidade que podem ser um diferencial. A mulher é intuitiva, espiritualizada, consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo (isso já comprovado cientificamente) e não gosta de autoritarismo”, finaliza.

Eu me cobro muito e acabo me dando sempre objetivos bem altos. Acho que isso é um traço de muitas mulheres executivas. A situação é bem melhor hoje que na época da minha mãe, mas ainda há muito caminho pela frente. Estou segura de que nossas filhas viverão num mundo mais igualitário.

Desafiar o tempo A cobrança do tempo entre família e negócios é, para ela, o principal desafio do dia a dia. Economista, com mestrado em tecnologia da energia e do meio ambiente pelo Imperial College, Universidade de Londres, Inglaterra, Sylvie D’Apote é sócia diretora da Gas Energy S/A, empresa de assessoria nos setores de gás natural, petróleo e energia no Brasil e ConeSul e diz que sua maior preocupação é não se sentir sempre culpada por não dedicar tempo suficiente à família ou de não dedicar

Sylvie D’Apote, sócia diretora da Gas Energy S/A

energias suficientes ao trabalho. “Eu me cobro muito e acabo me dando sempre objetivos bem altos, por isso vivo estressada. Acho que isso é um traço de muitas mulheres executivas”, afirma Sylvie. Ela conta que é bem cansativo lidar com família e trabalho

ao mesmo tempo, e percebe que leva para o trabalho preocupações que seus colegas homens não têm. “Mas vejo também que há uma maior compreensão e aceitação pelos meus colegas homens das minhas duplas responsabilidades. Tenho a sorte de ter um marido


mercado de trabalho

Partindo do princípio de que homens e mulheres se equivalem intelectualmente, acho que a mulher, de modo geral, apresenta como vantagem um ótimo equilíbrio entre responsabilidade, organização e intuição, características fundamentais para um bom posicionamento no mercado de trabalho. Gilda Bouch, gerente Técnica da Gas Energy S/A

muito participativo em casa. Os homens estão mudando, certo?”, ressalta a executiva. Sylvie diz que sua entrada no mercado de energia foi uma mistura de acaso, no início, e de decisão, depois. Certa dose de acaso entrou na escolha do mestrado na Inglaterra. “Entre todos os cursos sobre economia e meio ambiente, escolhi este do Imperial College sobre energia e meio ambiente por ser multidisciplinar e muito mais aplicado que outros mestrados. Gostei muito do tema da energia e decidi ficar neste segmento como consultora. Estou até hoje, e não me arrependo”, assegura. A executiva considera que a situação atual de grande crescimento da mulher no mercado de trabalho, com a ascensão da primeira presidente mulher no Brasil, é a continuação de uma trajetória de pequenas conquistas do dia a dia durante anos e anos. E essa conquista vem lentamente levando as mulheres a ter igualdade de oportunidade com os homens. “Acho que a situação é bem melhor hoje que na época da minha mãe, mas ainda há muito caminho pela frente. Estou segura de que nossas filhas viverão num mundo mais igualitário, no qual uma mulher presidente ou CEO 18 Guia do Estudante 2011

de empresa serão a norma e não a exceção”, salienta Sylvie.

Mercado aquecido Como todos sabem, o setor de petróleo e gás é a bola de vez. É um segmento com uma característica que abre inúmeras oportunidades de desenvolvimento para profissionais de diferentes formações. Isso porque, desde a exploração do recurso natural, passando por toda a cadeia produtiva, até o consumo final dos derivados, existem várias atividades que geram oportunidades para engenheiros(as), geólogos(as), biólogos(as), economistas, projetistas, profissionais das áreas de comunicação, transporte, meio ambiente e serviços em geral. Para Gilda Bouch, gerente técnica da Gas Energy S/A, esse é um momento especial para pessoas formadas em engenharia, em especial, em engenharia química, na qual ela é formada. “Esta é uma modalidade de engenharia que possui amplo espectro de atuação. Além disso, os cursos de pós-graduação podem fornecer a especialidade desejada para atuar num segmento específico”, indica. Com mestrado em engenharia química na Coppe (Coordenadoria de Programas de Pós-graduação em

Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e MBA executivo na Coppead (Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Gilda acredita que a engenharia química é uma profissão promissora, mas que se encontra numa fase de maturidade e não de crescimento muito acelerado. Para ela, dentro deste mercado e de outros, as mulheres possuem vantagens como: responsabilidade, organização e intuição. “Partindo do princípio de que homens e mulheres se equivalem intelectualmente, acho que a mulher, de modo geral, apresenta como vantagem um ótimo equilíbrio dessas três características fundamentais para um bom posicionamento no mercado de trabalho”. Segundo a executiva, esses três elementos combinados resultam numa grande eficiência, com uma leveza que nem sempre o mundo masculino permite. “Creio que isso faz a diferença”, conclui. Diante de todas essas características positivas da mulher e da quebra de paradigmas, ela está crescendo e se destacando cada vez mais no mercado de trabalho. Gilda se lembra de um dos vários episódios preconceituosos por que passou no começo da careira: “Um colega (homem, óbvio) me disse a seguinte pérola: ‘Fulano da empresa Tal comentou que sua participação na reunião de negociação foi muito boa, pois teve a impressão que estava lidando com um homem.’ Depois do primeiro choque e revolta com o comentário, terminei por perceber que, na verdade, se tratava de um elogio”, conta a executiva. Embora tal episódio tenha ocorrido há mais de dez anos, Gilda considera que o cenário já mudou bastante, mas ainda se encontra esse tipo de reação, que mesmo como brincadeira tem um fundo


presença feminina no mercado de energia

de preconceito. “Nesses casos, o importante é a mulher se posicionar de forma correta e com firmeza para não permitir que o preconceito se estabeleça”, sugere.

O Brasil está passando por um momento especial e profissionais do ramo de óleo e gás estão sendo muito demandados. Estamos vivendo um momento especial e os jovens engenheiros e engenheiras, com certeza, não irão sofrer o que eu sofri na década de 1980. Há emprego para todos os bem qualificados.

Fazendo a diferença Realizada e bem sucedida profissionalmente, Cristina Pinho, gerente geral de Operações e Manutenção da Petrobras, defende – e muito – o crescimento feminino no mundo dos negócios, e ressalta: “A mulher pode contaminar de forma positiva o ambiente de trabalho com mais delicadeza, empatia pelo próximo e equilíbrio entre a jornada e a vida pessoal.” Segundo ela, hoje as mulheres são bem preparadas e muito dedicadas durante o período de estudos, assim como no trabalho. Além disso, reconhece ainda a contribuição da maturidade masculina, já que o homem passou a dar o devido valor à mulher e à sua competência, abrindo espaços em seus grupos antes fechados. “Temos também educado de forma diferente nossos filhos homens,

Cristina Pinho, gerente geral de Operações e Manutenção da Petrobras

dando o exemplo, mostrando que podemos e somos tão competentes quanto eles. E educando nossas filhas mulheres, mostrando que elas podem ser o que sonharem ser”, complementa. Apesar disso, a executiva lembra que já passou por alguns preconceitos em função de seu crescimento e ascensão profissional: “Há alguns anos percebi muito bem que um gerente meu subordinado tinha

Mais espaço e oportunidades no mercado Segundo Samuel Pinheiro, diretor da Petrocenter, centro de qualificação profissional especializado em petróleo e gás, hoje as mulheres apresentam 30% da demanda de alunos interessados nos cursos técnicos da instituição. A estimativa, de acordo com o executivo, representa que a mulher está cada vez mais conquistando espaço neste setor dominado pela figura masculina. Samuel considera que o esforço vale a pena, pois as oportunidades não param de crescer e as mulheres são bem-vindas ao setor. “Há incontáveis maneiras de inserir o sexo feminino nas atividades relacionadas ao petróleo, tanto que já existem empresas investindo na capacitação delas”, afirma.

Pinheiro conta que algumas empresas estão preferindo mulheres para trabalhar ao invés de homens. “As mulheres realmente têm preferência em setores da indústria, que exigem maior meticulosidade, trabalhos de acabamento em geral. Elas são vistas como organizadas e detalhistas. Nas contratações de cargos administrativos, as competências profissionais pesam mais na hora da contratação do que o sexo”, aponta. O diretor da Petrocenter indica ainda que a diferenciação por sexo está cada vez mais fora do contexto de trabalho em nossa sociedade. “Nosso país hoje é liderado por uma mulher e isso prova que a grande parte da população não tem restrição a ser liderado e/ou representado

muita dificuldade de me aceitar por eu ser mulher. Eu o transferi para outra unidade.” Formada em engenheira mecânica, Cristina diz que sempre gostou de física, mecânica e matemática e a escolha pela Petrobras foi natural, graças ao orgulho que a empresa já lhe despertava na época. Sobre o mercado de trabalho na sua área de formação, ela comenta que há forte demanda, mas por uma figura feminina. Além disso, as líderes femininas tendem a ter um talento natural para persuasão, item obrigatório para atingir os objetivos das organizações”, pontua. Segundo ele, o setor industrial, no geral, é dominado pela figura masculina e os cursos de engenharia, técnicos e operacionais da área de petróleo e gás ainda apresentam em sua maioria alunos do sexo masculino, mas já se observa que esta realidade vem mudando nos últimos anos. Para Pinheiro, hoje a mulher compete em igualdade com os homens. Isto representa a grande vantagem da mulher no mercado, pois as competências humanas e técnicas é que irão definir o sucesso do profissional. Desta forma, o executivo acredita que a vantagem não está relacionada ao sexo. Guia do Estudante 2011 19


mercado de trabalho

O olhar feminino é diferenciado numa negociação. Além de muito produtivas, nos preocupamos com um todo maior e temos muita competência técnica.

Gisela Forattin, diretora de Licenciamento Ambiental do Ibama

também uma boa oferta. De acordo com a executiva, em outras áreas, como naval ou metalúrgica, a procura é muito maior do que a oferta, mas o que é preocupante é o nível de qualidade do ensino. “O Brasil está passando por um momento especial e profissionais do ramo de óleo e gás estão sendo muito demandados. Estamos vivendo um momento especial e os jovens engenheiros e engenheiras, com certeza, não irão sofrer o que eu sofri na década de 1980. Há emprego para todos os bem qualificados”, pontua a gerente da Petrobras. Apesar da jornada tripla de mãe, mulher e executiva, Cristina afirma que é muito bom ser uma gerente que pode fazer diferença, sendo capaz de extrair o melhor de sua equipe e contribuir para o progresso e futuro da companhia. “Temos uma responsabilidade com a sociedade brasileira de preservar e perpetuar o sucesso desta empresa. A jornada ainda é tripla, mas agora com uma demanda mais suave: meus filhos não são mais bebês”, conta.

Experiência e dedicação Na área ambiental há 33 anos, Gisela Forattin, atual diretora de 20 Guia do Estudante 2011

licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), desde agosto do ano passado acredita que, com a valorização da mulher, a questão de gênero já é reconhecida no mundo corporativo. “De fato, estamos em uma nova etapa dentro da trajetória de conquistas da mulher, mas ainda faltam mulheres em postos de comando no Brasil. Mais espaços devem ser ocupados, valorizando a mulher e a competência técnica delas e não a indicação política”, acrescenta. Apaixonada pelo meio ambiente, Gisela sempre se identificou e direcionou sua carreira para a área de recursos hídricos. É formada em engenharia civil, com mestrado em Recursos Hídricos e Saneamento pela Coppe e pós-graduada em Limnologia pela USP (Universidade de São Paulo), de São Carlos. Atuou como superintendente de fiscalização e assessora técnica do diretor presidente da Agência Nacional de Águas (ANA). Também foi presidente da GWP Brasil (Global Water Partnership South America) e trabalhou na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).

“Já fui diretora do Ibama há dez anos e tenho um orgulho muito grande de estar onde estou agora. Tenho um leque de possibilidades de trabalho e agradeço a confiança da ministra Izabella Teixeira quanto ao meu papel nos destinos do nosso país”, diz Gisela. Casada há 33 anos e mãe de duas filhas, uma de 27 e outra de 23, a diretora do Ibama conta que dedica grande parte do seu tempo ao trabalho, mas não esquece do exercício e de sua saúde. “Estou vivendo um momento de muita produtividade na minha vida profissional, mas gostaria de ter mais tempo para mim”, aponta. Além da competência, sensibilidade de antecipar problemas e mais foco no trabalho, Gisela aponta como vantagem feminina no mercado de trabalho o fato de as mulheres serem mais observadoras e ouvir a todos, num negócio, por exemplo. “Não sou feminista, mas o olhar feminino é diferenciado numa negociação. Além de muito produtivas, nos preocupamos com um todo maior e temos muita competência técnica”, ressalta.

Por oportunidades iguais As mulheres estão conquistando grande espaço no mercado de trabalho no decorrer dos últimos anos. Ingrid Zech, engenheira química do Cenpes (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello), da Petrobras, reconhece isso, mas considera que diante disso, homens e mulheres devem ter oportunidades iguais, com os mesmos direitos. Porém, segundo ela, é inegável que homens e mulheres têm características diferentes. “Minha visão, que não é uma regra, é de que as mulheres são mais detalhistas, mais disciplinadas e mais agregadoras do ponto de vista social que os homens.


presença feminina no mercado de energia

Cabe às empresas tirar vantagem das características de cada um. Olhando pelo lado pessoal, a entrada da mulher no mercado de trabalho propiciou a abertura de seus horizontes e contribuiu para a estabilidade financeira das famílias, entre outras coisas”, destaca a executiva, que trabalha na gerência de Gás e Energias Renováveis da área de engenharia básica do Cenpes. A executiva comenta ainda que nunca foi discriminada ou vivenciou uma situação profissional de discriminação de ordem sexual ou racial e acredita que é porque trabalha num ambiente de altíssimo nível técnico, com pessoas de um patamar cultural muito elevado. Ingrid diz que sua escolha profissional deveu-se a “um caso de amor à primeira vista”. Ainda estudante do ensino médio, ela conta que ao fazer um passeio com a família até Camaçari, passou por dentro do polo petroquímico – na época ainda em seus primeiros passos – e se encantou com a torre de refrigeração da Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste S/A). “Eu me apaixonei por aquele monumento de concreto. Juntando ao fato de que sempre gostei de matemática e química, optar pela engenharia química foi um passo natural”, relembra. Já fazendo o curso escolhido, Ingrid pensava em trabalhar no polo petroquímico, porém, segundo ela, ir para o Sistema Petrobras aconteceu “meio no susto”: “Na época, o curso de especialização em engenharia de processamento petroquímico (Cenpeq) era oferecido apenas aos homens, na Bahia, onde eu estudava. Por sorte, começaram a aceitar mulheres exatamente no meu último ano de faculdade. Fiz o concurso e passei. Por meu de-

A entrada da mulher no mercado de trabalho propiciou a abertura de seus horizontes e contribuiu para a estabilidade financeira das famílias, entre outras coisas.

Ingrid Zech, engenheira química do Cenpes (Petrobras)

sempenho, recebi proposta para trabalhar na gerência técnica da Petroquisa, no Rio e, dez anos depois, fui para o Cenpes, onde estou até hoje”, afirma a engenheira da Petrobras. Sobre o cenário da mulher no mercado de trabalho, ela indica que o preconceito ainda existe e as estatísticas mostram isto, mas percebe que é cada vez menos presente em carreiras menos especializadas. “Lembro-me de que, ao me formar, não existiam mulheres na área de produção das fábricas. Hoje, elas estão presentes até mesmo nas plataformas de petróleo. Sem dúvida, termos uma mulher como presidente da República, eleita pelo voto popular, é uma prova irrefutável da mudança na forma de pensar da sociedade”, opina Ingrid. De acordo com a engenheira, apesar de todos os avanços, na maior parte das famílias a mulher continua sendo a maior responsável pelos filhos, por manter a engrenagem da casa funcionando, mesmo que muitas vezes o marido participe. “Isto sem poder deixar de lado sua feminilidade e seu lado profissional. A mulher é muito sacrificada. Fazer o supermercado, educar os filhos, fazer projeto,

enfim, ser mulher, mãe, esposa e profissional é muito complicado, mas na minha vida não cabe outra forma de agir”, indica. Hoje, com os filhos já criados, Ingrid diz que seu maior desafio é o profissional. “Depois de 28 anos de formada, passei a encarar uma nova atividade, envolvendo muito estudo e novas responsabilidades. Uma nova guinada profissional, que tem me estimulado muito”, diz. Sobre a forte demanda por profissionais na área de engenharia, a executiva considera que profissionalmente o momento é muito bom e que a situação econômica do país está muito favorável, sobretudo para o setor de petróleo e gás, que de acordo com ela, está fervilhante. “As empresas têm ido às universidades captar estagiários, já pensando em aproveitá-los após a formatura. Foi-se o tempo em que as pessoas se formavam e iam para o mestrado como falta de opção de emprego. Hoje, mestrado e doutorado são opções para quem quer se aprofundar na profissão. Para aqueles que já estão no mercado de trabalho, não é incomum receber propostas para mudança de emprego”, explica. Guia do Estudante 2011 21


p&d

Pesquisa em parceria:

os novos centros de P&D da cadeia produtiva de petróleo no Brasil

O ano de 2010 foi marcado pelo anúncio de criação de diversos centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país. O cenário otimista do setor de petróleo, gás e energia e as descobertas do pré-sal são os grandes propulsores dos olhares atentos das empresas nacionais e internacionais na expansão dos negócios nos setores.

22 Guia do Estudante 2011

Área: 8.000 m² Investimento: US$ 50 milhões Para o desenvolvimento de novas tecnologias de óleo e gás, principalmente para soluções para o pré-sal. Empresas instaladas: GE, Halliburton, FMC, Usiminas, Tenaris Confab e Baker Hughes.

Foto: Agência Petrobras

A

internacionalização desses centros começa a ser acelerada e ganha espaço maior no Brasil. São amplos laboratórios multinacionais que têm o objetivo de gerar conhecimento e desenvolver tecnologia para produtos inovadores destinados ao mercado ou a clientes específicos. A importância desses centros para o Brasil está no crescimento do nível da tecnologia produzida por empresas aqui e na contratação de centenas de pesquisadores brasileiros – em grande parte com doutorado. O estímulo à pesquisa e inovação nas áreas de petróleo, gás e energia tem sido constante nesses últimos anos no país. Por meio da pesquisa e inovação tecnológica, garante-se maior competitividade no mercado e, no caso do setor de petróleo e gás, tem-se também um auxílio no desenvolvimento da segurança para evitar os riscos nos processos exploratórios. Como o principal desafio em pesquisa e inovação ainda é a capacitação da cadeia de fornecedores, as empresas estão buscando criar seus próprios centros de P&D, para cada vez mais especializar e

por Maria Fernanda Romero


Foto: Agência Petrobras

aprimorar suas atividades, e capacitar seus funcionários. O Rio de Janeiro, em especial o Parque Tecnológico do estado, localizado na Ilha do Fundão, tem sido a ‘princesinha’ dos olhos das empresas. O local garante acesso privilegiado a laboratórios, profissionais de alta qualificação e novas oportunidades de negócios e é o local mais disputado para abrigar estes novos centros. De acordo com Maurício Guedes, diretor do Parque, mais de R$ 500 milhões de investimentos foram anunciados na Ilha do Fundão só em 2010. Outros fatores considerados fundamentais pelas empresas que justificam a instalação das mesmas no estado são: a localização estratégica; a infraestrutura; a facilidade de acesso a matérias-primas; as facilidades logísticas (ferrovias e portos); os polos de demanda (petróleo, construção naval, indústria automotiva etc.); as facilidades para a formação de mão de obra e para a expansão do parque instalado e o apoio institucional, especialmente por parte do Governo do Estado. Até 2014, diversas multinacionais terão centros de pesquisa operando na Ilha do Fundão. Terão como vizinhos o principal campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Cenpes (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello), da Petrobras. A primeira a anunciar seu centro de pesquisa no estado foi a FMC Technologies. A líder em soluções tecnológicas para a indústria de petróleo e gás informou, em junho do ano passado, a construção de um centro de tecnologia no Parque Tecnológico.

Parque Tecnológico do Rio de Janeiro Inaugurado em 2003, o Parque Tecnológico foi criado com o objetivo de estimular a interação entre a Universidade – seus alunos e corpo acadêmico – e empresas que trabalham com inovação. São 350.000 m², destinados a abrigar empresas de setores intensivos em diferentes áreas de conhecimento. Hoje, o Parque Tecnológico abriga cerca de seis empresas e mais três outras já estão em processo de licitação, com previsão de instalação ainda para este primeiro semestre de 2011. Para elas, o grande fator de atração para a implantação dos centros no Parque Tecnológico é o posicionamento estratégico, próximo ao aeroporto e a facilidade na interação com os universitários. Segundo Paulo Couto, vice-presidente de Tecnologia, Engenharia e Produtos Emergentes da FMC, a americana irá investir cerca de R$ 70 milhões só na infraestr utura do projeto. De acordo com o executivo, os investimentos em recursos humanos e tecnologia também são significativos. O centro da FMC vai empregar cerca de 300 engenheiros dedicados ao desenvolvimento de projetos e pesquisa de tecnologias submarinas para exploração de petróleo e gás no país, sobretudo para o pré-sal e o pós-sal. A unidade contará com centros de P&D, laboratórios de testes e qualificações, instalações para testes de integração e protótipos em escala real.

Com contrato de duração de 20 anos, esse será o primeiro centro de pesquisa da empresa no Brasil, que vai ocupar uma área de cerca de 20.000 m². Paulo Couto informou ainda que as obras estão sendo realizadas desde junho de 2010 e que o empreendimento deve estar em pleno funcionamento já em meados deste ano. Ainda no segundo semestre de 2010, em outubro, a petroleira Repsol anunciou o patrocínio de um dos cinco laboratórios especializados em petróleo e gás, do Centro Tecnológico 2 (CT2), da Fundação Coppetec, na Ilha do Fundão. A espanhola irá participar ativamente das pesquisas a serem desenvolvidas no Laboratório de Modelagem de Impactos e Ecogerenciamento de Reservatórios de Petróleo (LMIERP). Segundo a empresa, só no LMIERP devem trabalhar 50 pessoas, entre profesGuia do Estudante 2011 23


p&d

Centro de P&D da FMC Área: 20.000 m² Investimento: R$ 70 milhões (só em infraestrutura) Previsão de funcionamento: segundo semestre de 2011 Foco: laboratório de testes e qualificações, instalações para testes de integração e protótipos em escala real

Centro de Pesquisas em Geoengenharia da Schlumberger (BRGC) Área: 8.000 m² Investimento: US$ 50 milhões Foco: voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias em petróleo e gás, principalmente, no desenvolvimento de soluções para o pré-sal.

Centro de Tecnologia da Usiminas

Centro de Pesquisas em Geoengenharia da Schlumberger (BRGC) Centro Global de Pesquisas da GE Centro de P&D da FMC

Área: 3.600 m² Previsão de funcionamento: primeiro semestre de 2012 Foco: voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação de aços para os setores de petróleo e gás, naval e offshore, com foco nas demandas do pré-sal.

Centro de P&D da Halliburton e Tenaris Confab sores, administrativo e estudantes de pós-graduação. A inauguração foi realizada no mês de novembro. As linhas de pesquisa do laboratório construído pela Repsol estarão voltadas para temas como a preservação da biodiversidade nas operações de perfuração e exploração de petróleo; avaliação do ciclo de vida de insumos da indústria de petróleo; produção de biocombustíveis; logística ambiental em E&P; e modelagem ecoeficiente de reservatórios de petróleo. Mas foi em novembro do ano passado que a primeira empresa abriu seu centro de tecnologia para 24 Guia do Estudante 2011

o pré-sal na área do Parque Tecnológico, a multinacional Schlumberger. O empreendimento, que ocupa uma área de 8.000 m² no Parque, destina-se a pesquisas em geoengenharia e é o primeiro da empresa dedicado a atividades de exploração e produção de petróleo no hemisfério Sul. Cerca de 300 funcionários trabalham no local, entre cientistas, engenheiros e técnicos. Foram investidos US$ 50 milhões no projeto do Centro de Pesquisas em Geoengenharia da Schlumberger (BRGC). A unidade terá como foco o desenvolvimento de novas tec-

Área: 7.000 m² (Halliburton) e 4.000 m² (Tenaris Confab) Investimento: R$ 26 milhões (Halliburton) e R$ 36 milhões (Tenaris Confab) Previsão de funcionamento: final do segundo semestre de 2012 Foco: voltado para pesquisas em caracterização e o monitoramento de reservatórios; produtividade, construção e completação de poços de petróleo. nologias na área do petróleo e gás, principalmente, no desenvolvimento de soluções para os desafios técnicos encontrados nas águas profundas da costa


pesquisa em parceria: os novos centros de P&D da cadeia produtiva de petróleo no brasil

Foto: Agência Petrobras

Cenpes é ampliado

Em outubro de 2010, o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) expandiu sua capacidade de pesquisa para atender às demandas do pré-sal. O centro foi reinaugurado após duplicar sua estrutura, com investimento de US$ 700 milhões. Hoje, conta com 800 pesquisadores e 137 laboratórios. Com a expansão, o empreendimento da Petrobras passa a ser um dos maiores complexos de

pesquisa do mundo (com mais de 300.000 m²). Localizado no Rio de Janeiro, o Cenpes conta com diversos laboratórios destinados a atender as demandas tecnológicas das áreas de biotecnologia, fertilizantes, biocombustíveis, reuso de água, petroquímica e avaliação do meio ambiente nos locais em que a empresa opera ou pretende operar. Com a ampliação, o centro de pesquisas contará também com modernos laboratórios para aten-

der exclusivamenteà as demandas do pré-sal. Das dez alas de novos laboratórios, cinco são dedicadas ao pré-sal, com foco na caracterização de rochas e interação dessas rochas com os diversos fluidos presentes (petróleo, gás natural, água, CO2 etc.). Na ocasião, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, ressaltou que a ampliação gerou cerca de seis mil empregos diretos e 15 mil empregos indiretos durante a execução da obra.

brasileira. O centro vai integrar geociências e engenharia, a fim de aprimorar a produção e recuperação de petróleo e gás natural das reservas de petróleo em águas profundas na camada pré-sal da costa brasileira. Segundo a empresa, o BRGC vai operar a partir de três núcleos: o Centro de Pesquisas em Geoengenharia, que desenvolverá pesquisas em cooperação com clientes e universidades; o Centro de Tecnologia em Geoengenharia, que desenvolverá aplicações em software baseadas nas plataformas Ocean e Petrel, da Schlumberger e da WesternGeco; e a unidade WesternGeco GeoSolutions, que se dedicará ao desenvolvimento de soluções geofísicas otimizadas para a costa brasileira. Além destas unidades, o centro contará com três labo-

ratórios integrados para testes e avaliação de rochas e fluidos em ambientes controlados. No início de novembro do ano passado, a GE anunciou o novo Centro de Pesquisas Global, o quinto da empresa no mundo, que ficará localizado na Ilha de Bom Jesus, na Ilha do Fundão, dentro do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com investimentos de US$ 100 milhões, o centro de pesquisas terá como foco o desenvolvimento de tecnologias avançadas para as indústrias de óleo e gás, energias renováveis, mineração, transporte ferroviário e aviação. A construção do complexo, no qual trabalham cerca de 300 pesquisadores e engenheiros, começou este ano e a previsão é que as obras estejam concluídas no fim de 2012.

“Escolhemos o Rio de Janeiro por concentrar muitas qualidades como facilidades de acesso, logística, proximidade com nossos clientes e com as universidades”, afirmou João Geraldo Ferreira, presidente e CEO da GE Brasil, lembrando que cidades como Belo Horizonte, Campinas e São José dos Campos também estavam na disputa pelo empreendimento. Juntamente com o Centro de Pesquisas Global, a GE irá construir um Centro de Qualificação, com custo de US$ 50 milhões, com foco em treinamento e desenvolvimento dos funcionários. Durante o anúncio de instalação do Centro, a empresa assinou acordos de cooperação com órgãos do governo, universidades e companhias brasileiras. A Vale e a GE firmaram um termo de cooperação técnica focada em projetos de armazenamento, geração Guia do Estudante 2011 25


p&d

e distribuição de energia. Com o acordo, as duas empresas poderão compartilhar conhecimentos e experiências e trabalhar conjuntamente para compartilhar informações sobre as atividades do Centro de Pesquisas Global, para auxiliar no desenvolvimento de tecnologias e cooperar na identificação de áreas de P&D. Ainda em novembro, a Usiminas lançou a pedra fundamental

de seu centro de tecnologia no Parque Tecnológico. A siderúrgica ocupará uma área de 3.600 m² no Parque Tecnológico, localizado na Ilha da Cidade Universitária. O objetivo do projeto, que deve começar a operar no primeiro semestre de 2012, é desenvolver novas tecnologias de aplicação de aços para os setores de petróleo e gás, naval e offsho-

re, com foco no atendimento às demandas da exploração da camada pré-sal. E em dezembro de 2010, mais anúncio: as multinacionais Halliburton, prestadora de serviços para exploração e produção de petróleo, e a Tenaris Confab, fabricante de tubos de aço, assinaram contrato para a construção de unidades de pesquisa para o desenvolvimento de novas

IBM terá centro de pesquisa no Brasil

cionadas às áreas-foco em exploração de recursos naturais, semicondutores, evento de larga escala e ciências de serviço. “Na área de óleo e gás vamos nos concentrar em modelagem numérica de processos geológicos e geofísicos, como também em otimização de operações integradas para gestão de reservatórios. Estaremos muito envolvidos em desenvolvimento de tecnologia e processos que podem transformar nossas grandes cidades em ‘cidades inteligentes’, que aumentem de modo significativo a sustentabilidade com o aumento de eficiência de transporte, energia, e principalmente a gestão de eventos catastróficos como inundações, deslizamentos, etc.”, explica ele. Ulisses Mello conta que, no Brasil, a empresa ainda não possui contrato fechado na área de petróleo e gás, mas está discutindo parcerias estratégicas com companhias e universidades. Globalmente, a IBM já tem várias colaborações nessa área como, por exemplo, com a Statoil na área de operações integradas e com a Shell na área de gestão de reservatório em que desenvolve novas metodologias para incluir dados de sísmica 4D no processo de ajuste histórico. “O laboratório de pesquisa no Brasil é o nono da IBM no mundo e o primeiro do hemisfério Sul. Iremos trabalhar de forma integrada aos outros laboratórios globais que, em conjunto, têm perto de três mil pesquisadores, a maioria PhDs. Porém, é nossa intenção liderar as pesquisas na área de petróleo aqui do Brasil com o suporte dos laboratórios globais”, conclui.

Em junho do ano passado, a IBM anunciou a instalação de um centro no Brasil, no qual um dos focos de pesquisa serão as descobertas na área de recursos naturais, principalmente petróleo e gás. A exploração do petróleo na área do pré-sal deve gerar pesquisas específicas no centro da empresa, que requer desafios enormes na área de exploração, produção e logística. “Vamos atuar nessas áreas trazendo as nossas competências em modelagem e simulação de processos geológicos e sistemas de engenharia, computação de alto desempenho, campos digitais inteligentes, análise massiva de dados, otimização e logística”, diz Ulisses Mello, diretor da área de recursos naturais da IBM. Segundo o executivo, vários fatores pesaram na decisão da abertura do laboratório no Brasil, entre eles a maturidade do sistema educacional brasileiro, disponibilidade de talentos técnicos e riqueza do país em termos de recursos naturais, hídricos, além de megaeventos (Copa do Mundo e Olimpíadas) e política brasileira para o avanço de ciência e tecnologia. A IBM tem oito centros de pesquisa em seis países, reunindo mais de três mil cientistas e engenheiros. As negociações entre a empresa e o governo brasileiro duraram pouco menos de três meses. O centro era disputado

26 Guia do Estudante 2011

também pelo emirado de Abu Dhabi e pela Austrália. Três áreas do governo atuaram para trazer esse investimento para o país: o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Ministério de Ciência e Tecnologia e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Mello explica que a área de recursos naturais, também incluirá gestão avançada de água, minerais e agricultura, sobretudo para biocombustíveis e aponta outras áreas de focos importantes: “Sistemas humanos inteligentes, com ênfase em eventos de larga escala. O objetivo é desenvolver inovações que serão usadas nos grandes eventos esportivos que ocorrerão no Brasil, incluindo a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016; ciência de serviços, com foco no entendimento, modelagem e simulação de sistemas focados em qualidade, eficiência e produtividade; e dispositivos inteligentes que podem ser criados utilizando avanços na área de semicondutores.” De acordo com o executivo, o laboratório de pesquisa já está em operação desde seu anúncio, em junho de 2010. “As instalações de uma de suas sedes foram inauguradas oficialmente em março de 2011, no Rio de Janeiro. A sede de São Paulo será inaugurada em breve. Estamos contratando pesquisadores e já estamos discutindo parcerias estratégicas com companhias e universidades”, indica Mello. O laboratório de pesquisa irá se envolver com linhas de pesquisa rela-


pesquisa em parceria: os novos centros de P&D da cadeia produtiva de petróleo no brasil

Escola Politécnica da USP para desenvolvimento de projetos de pesquisa no setor de óleo e gás, parte do plano de investimento em P&D no país. “Além de parcerias com universidades e investimentos em infraestrutura, o Centro desenvolverá novas tecnologias e contribuirá para a formação de recursos humanos de alto nível em todo o país”, diz o presidente do conselho de administração do BG Group, Sir Robert Wilson, que veio ao Brasil na ocasião para anunciar o plano de investimentos da BG Brasil que alcança US$ 30 bilhões nesta década. A BG Global Technology Center (GTC) vai gerir os programas

de pesquisa que serão executados no Brasil. Pré-sal, perfuração, segurança operacional e meio ambiente estão entre as linhas de projetos a serem desenvolvidos. A previsão de investimentos da BG Brasil no programa é de US$ 1,5 bilhão até 2025. Segundo a empresa, o GTC será o epicentro da pesquisas do BG Group e irá atender todos os desafios tecnológicos do grupo em âmbito mundial. Os estudos realizados no Centro se concentrarão em pesquisa, desenvolvimento e aplicação de estudos e projetos realizados em parceria com a academia brasileira e prestadores de serviços instalados no Brasil.

Suecos inauguram centro de P&D no Brasil em maio O primeiro centro de P&D no Brasil da empresa sueca Saab será inaugurado em maio, em São Bernardo do Campo (SP). “Já temos 15 empresas e universidades participando do projeto. Nossa meta é inaugurar a unidade com pelo menos 20 integrantes”, informou o diretor técnico da Saab, Pontus De Laval. Segundo o executivo, a iniciativa da Saab tem como objetivo proporcionar tanto experiências de conhecimento (pesquisa) quanto corporativas (negócios). O centro de P&D para o Brasil foi

Foto: Arquivo ABDI

tecnologias para o setor de petróleo e gás, no Rio. O centro de pesquisa terá como foco a caracterização e o monitoramento de reservatórios; a produtividade, construção e completação de poços de petróleo. A previsão é que as obras sejam iniciadas no segundo semestre de 2011 e sejam concluídas até o final de 2012. Os investimentos podem chegar a R$ 42 milhões. A Halliburton, que ocupará terreno de 7.000 m², investirá de US$ 10 a 15 milhões (perto de R$ 26 milhões) na construção do centro e pretende desenvolver soluções para estimulação e performance de poços, área eletrônica e desenvolvimento de softwares em 3D e visualização. Já a Tenaris Confab ocupará terreno de 4.000 m², onde vai construir seu centro de pesquisas voltado para os setores de P&G, mineração, construção civil e automobilística. O objetivo é desenvolver novas tecnologias para soldagem de tubos, testes e simulações para tubos de grande diâmetro e estudos de revestimentos metálicos de polímeros. Além disso, haverá um setor para cuidar especificamente das conexões premium TenarisHydril, especialmente destinadas a operações de perfuração de poços de P&G. A empresa prevê investimento de cerca de US$ 21 milhões (cerca de R$ 36 milhões). Ademais, em março deste ano, o BG Group anunciou a instalação do Centro Tecnológico Mundial do grupo no Brasil como um primeiro passo para tornar o país provedor de soluções tecnológicas em nível global. O Centro será um gerenciador de projetos de acordo com as prioridades acordadas com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na ocasião, a BG assinou um protocolo de intenções com a

desenvolvido a partir de um modelo utilizado na Suécia, com base na cooperação entre indústria, academia e governo. “A ideia é instalar a unidade, identificar as necessidades da sociedade brasileira e desenvolver as soluções a partir desde diagnóstico”, completou. Ele informou ainda que as áreas de pesquisa provavelmente serão relacionadas a setores como defesa, segurança, transporte, logística, energia e meio ambiente. A previsão de investimento para financiar os projetos é de US$ 50 milhões. Guia do Estudante 2011 27


formação

O profissional

A

do refino

o sair do fundo do oceano, o petróleo cru é levado para refinarias de todo o país para ser submetido a um processo químico de limpeza para que estas produzam diversos derivados como lubrificantes, asfalto, diesel, gasolina, querosene, entre outros. A indústria de refino no Brasil está a pleno vapor, com grandes empreendimentos sendo impulsionados pela Petrobras, como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a Refinaria do Nordeste (RNEST) e duas refinarias Premium. Com isso, a estatal pretende aumentar a capacidade de refino de 1,8 milhão de barris para 2,2 milhões por dia. São grandes as oportunidades para quem quer ingressar no setor de refino, principalmente para os interessados na área de engenharia de petróleo e engenharia química. E a especialização também envolve trabalhadores de segurança do trabalho, manutenção e automação. Hoje, tanto universidades públicas quanto privadas oferecem vagas para cursos voltados para o mercado de petróleo. Em função da grande demanda do setor e de estudantes interessados na área, vem aumentando a cada ano o número de instituições que estão abrindo cursos tanto de graduação quanto de especialização.

28 Guia do Estudante 2011

Com grandes investimentos programados para os próximos anos, as refinarias são uma ótima oportunidade para quem quer entrar no mercado de óleo e gás e conhecer mais profundamente esta indústria.

Foto: Bia Cardoso

por Rodrigo Miguez


Pioneiro no Brasil, o curso de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) foi criado há 17 anos para aumentar a profissionalização na área de exploração de petróleo na Bacia de Campos. O curso combina a formação básica do engenheiro (matemática, física e química) com o domínio de informática e conhecimentos fundamentais de geofísica e geoquímica, engenharia de petróleo e petrofísica.

companhia é processar em média 2,5 mil barris por dia. Com isso, os produtores independentes de petróleo localizados na Bahia passam a contar com uma alternativa para a comercialização da produção, até então destinada à Petrobras, Manguinhos (RJ) e a refinaria paulista Univen, em Itupeva. “Os investidores nos pequenos campos de produção andaram desanimados com as dificuldades de venda de seu petróleo e acabaram reduzindo o ritmo. Acreditamos que, com a nossa entrada no mercado, este cenário deve mudar”, comentou Cyro Valentini Jr, da Dax Oil, em entrevista exclusiva à TN Petróleo no início do ano passado.

Trabalho em terra O dia a dia em uma refinaria é definido basicamente pelo recebimento das cargas e insumos programados, o planejamento e a execução dos diversos tipos de processamento industrial existentes e

Principais produtos das refinarias Asfalto; Diesel/óleo diesel; Nafta; Óleo combustível; Gasolina; Querosene e querosene de aviação; Gás Liquefeito de Petróleo (GLP); Óleos lubrificantes; Ceras de parafinas; Coque.

Foto: Agência Petrobras

Com a alta demanda por profissionais especializados nas mais diversas áreas, praticamente todos os engenheiros formados têm vaga garantida nas empresas do setor petrolífero que atuam na Bacia de Campos e em outras regiões produtoras do Brasil e do mundo. Além de ser uma área em expansão, a grande procura pelas profissões ligadas ao setor de petróleo também tem relação com os salários aplicados, em geral muito bons. Hoje, a remuneração média inicial em cargos técnicos de nível médio é de cerca de R$ 2.600, já na área de engenharia esses valores podem chegar a R$ 6.000. Percebendo o aumento da demanda do mercado de óleo e gás, as empresas privadas estão investindo no setor de refino, deixando para trás a ideia de muitos de que as oportunidades estão apenas na Petrobras. Hoje, as refinarias privadas atendem à demanda dos seus clientes com muita qualidade, ajudando no aumento dos negócios para os pequenos produtores de petróleo. Empresa fabricante de solventes, a Dax Oil inaugurou, no ano passado, sua unidade de refino de petróleo no Polo Petroquímico de Camaçari (BA). Com investimentos de R$ 20 milhões, a expectativa da

Foto: Bia Cardoso

Oportunidades profissionais

a movimentação e transporte dos produtos acabados. A alta tecnologia, a integração e o compromisso com a segurança, com o meio ambiente e com a saúde estão sempre presentes nas rotinas diárias. Como as refinarias produzem de forma contínua para atender às demandas do país e do mercado em geral, os regimes de trabalho são divididos entre administrativo e de turno. No regime administraGuia do Estudante 2011 29


formação

Profissões nas refinarias Engenheiro de Petróleo; Engenheiro Químico; Automação; Técnicos de Produção de Refino de Petróleo; Engenheiro de Processamento de Petróleo; Engenheiro de Equipamentos; Engenheiro de Segurança; Engenheiro de Meio Ambiente; Técnico e Instalações; Técnico Químico de Petróleo; Técnico de Segurança; Técnico Ambiental; Técnico de Suprimento de Bens e Serviços; Técnico de Projeto, Construção e Montagem; Técnico de Comercialização e Logística. tivo, além da operação dos processos, são realizadas atividades de acompanhamento da produção, manutenção e serviços administrativos de suporte aos processos industriais. No regime de turno, ocorre a operação dos processos industriais. Para atender a essa forte demanda de profissionais é necessário investimento em escolas técnicas voltadas para a cadeia produtiva de petróleo e gás em todo o Brasil. Juntamente com isso, o fomento às carreiras de nível superior ligados à área, para fazer com que os jovens possam cada vez mais se informar sobre

a importância e as vantagens do ensino médio profissionalizante e dos cursos técnicos necessários para se trabalhar na indústria. Os futuros profissionais de refinarias que têm interesse em ingressar na Petrobras, por exemplo, devem ficar atentos aos cargos de Técnico de Manutenção, Técnico de Operação, Técnico de Administração e Controle Jr. que foram os mais demandados no último processo seletivo público (PSP) da Petrobras, e possuem muitas oportunidades de crescimento profissional. Outra porta interessante para entrar no mercado das refinarias é através de programas de estágio,

Foto: Bia Cardoso

de Operação; Técnico de Manutenção; Técnico de Inspeção de Equipamentos

que são uma boa oportunidade de ganhar experiência, podendo até surgir uma vaga para efetivação na empresa. Há mais de 50 anos recebendo estagiários, a Refinaria Riograndense é uma referência no setor, sendo a origem da Ipiranga, e desde o seu início apoia o crescimento profissional de jovens estudantes. No ano passado, 30 estagiários passaram pela refinaria exercendo funções em áreas como produção, engenharia e meio ambiente. Com capacidade de processamento de 17 mil barris de petróleo por dia, a Refinaria Riograndense produz sobretudo gasolina, óleo diesel, bunker, asfalto, GLP e solventes.

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Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

Informação que repercute.

30 Guia do Estudante 2011


Falta de trabalhador qualificado afeta 69% das indústrias Praticamente sete em cada dez empresas industriais brasileiras enfrentam problemas de falta de trabalhador qualificado. A constatação é da Sondagem Especial pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). As empresas que têm tais dificuldades afirmam que a escassez de mão de obra qualificada prejudica a competitividade.

A

maioria das empresas enfrenta dificuldades com a falta de trabalhadores qualificados, o que prejudica o aumento da competitividade. De acordo com o estudo da CNI, das 1.616 empresas consultadas, 69% enfrentam dificuldades com a falta de trabalhadores qualificados. E mais, 78% das empresas que informam enfrentar o problema procuram capacitar o trabalhador dentro da própria empresa. Essa é a principal forma de lidar com a situação, revela o levantamento. No entanto, 52% das empresas industriais indicaram que a má qualidade na educação básica é uma das principais dificuldades que enfrentam para qualificar os trabalhadores. “O país precisa melhorar sua educação básica para aumentar a competitividade da indústria brasileira”, atesta o estudo. O problema atinge empresas de todos os setores da indústria de transformação e da indústria extrativa e prejudica, sobretudo, empresas de menor porte. O déficit atinge 70% das pequenas e médias empresas e 63% das grandes. “O problema é sentido da produção às vendas, passando

por pesquisa e desenvolvimento (P&D) e pela gerência da organização”, lê-se na publicação. A área de produção, contudo, é a mais afetada com a falta de engenheiros, técnicos e operadores. Nestas duas últimas categorias, o problema é ainda mais disseminado. Quase a totalidade das empresas que enfrentam a falta de trabalhadores qualificados tem dificuldade em encontrar técnicos (94%) e operadores (82%). “O que chama a atenção é que as empresas estão sentindo as mesmas dificuldades que os cursos de capacitação já tinham detectado, que é a pouca qualidade da educação básica”, disse o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, que divulgou a pesquisa. “As empresas hoje necessitam de trabalhadores versáteis, flexíveis, que precisam de educação e treinamento”, completou. De acordo com o diretor de Educação da Fundação Vanzolini, prof. Renato de Oliveira Moraes, devido ao crescimento da economia interna, o Brasil teve que alavancar sua produção e melhorar a qualidade de seus produtos para se tornar competitivo no mercado externo também. “Isso interferiu diretamente na quali-

ficação de nossos trabalhadores que, no passado, tiveram acesso à educação básica insuficiente. Neste primeiro momento, as empresas terão que apostar em programas de capacitação que incentivem o aperfeiçoamento de seus trabalhadores em diversos setores, explica. De acordo com Moraes, o que acontece também é que muitos profissionais assumem cargos mais elevados e pouco tempo depois percebem que é necessário adquirir conhecimentos de forma rápida. “Para levar conhecimentos a estes profissionais, a Fundação Vanzolini com atuação na área educacional criou sete novos cursos com enfoque nas áreas da indústria automotiva, sustentabilidade ambiental, tecnologia da informação e negócios. São eles: Gerência da Inteligência Competitiva; Gestão da Tecnologia da Informação; Gestão de Empreendimentos e Operações na Construção Civil; Gestão de Negócios e Operações em Serviços; Ecodesign – Design e Inovação para a Sustentabilidade Ambiental; Sustentabilidade na Cadeia Produtiva e Análise e Projeto de Negócios no Novo Setor Automotivo”, destaca Moraes. Para grupos de profissionais, é possível desenvolver as aulas do curso no formato ‘in company’, com programação específica para empresas de origens nacional e internacional. Guia do Estudante 2011 31


mão de obra

Pesquisa revela escassez de talentos no nível técnico Pesquisa da Manpower Brasil aponta que demanda do mercado é maior do que o número disponível de profissionais qualificados como técnicos e engenheiros. E mais: 57% dos empregadores brasileiros têm dificuldades para preencher vagas – a média global é de 34%. O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial da falta de mão de obra.

T

écnicos e engenheiros são as profissões com maior escassez de profissionais capacitados em comparação com a necessidade do mercado no Brasil, segundo pesquisa da ManPowerGroup. Este é o segundo ano em que o país participa. A pesquisa identificou que 57% dos 876 empregadores brasileiros ouvidos pelo estudo encontram dificuldade em preencher funções e posições importantes dentro de suas organizações. Esta é a sexta edição da Pesquisa de Escassez de Talentos realizada pelo ManpowerGroup, e revela que um em cada três empregadores do mundo se depara com diversos problemas na busca por talentos que ocupem os postos em aberto. No Brasil, os cargos com maior escassez de talentos são técnicos em produção, operações, engenharia e manutenção, seguidos por engenheiros e motoristas. Em comparação com os resultados do ano passado, a de técnico continua a ser a profissão com maior incompatibilidade entre a qualificação disponível e o perfil demandado. Trabalhadores

32 Guia do Estudante 2011

Ranking das dez profissões com maior escassez de talentos no Brasil em 2011 1. Técnicos 2. Engenheiros 3. Motoristas 4. Operários 5. Operadores de Produção 6. Representantes de Vendas 7. Secretárias e Assistentes Administrativos 8. Trabalhadores de Ofício Manual 9. Mecânicos 10. Contadores e Profissionais de Finanças de ofício manual e operadores de produção deixaram de ocupar o topo da lista e passaram, respectivamente, para a oitava e quinta posições do ranking de 2011. “Embora nem todos os empregadores tenham sentido os efeitos da escassez de talentos enfrentada globalmente, os fatores do mercado de trabalho atual apontam que é provável que em breve todos comecem a sentir essa pressão. As empresas precisam adotar uma ampla abordagem para garantir que eles tenham o talento necessário para alcançar seus objetivos de negócios. Enquanto o talento não

pode ser ‘fabricado’ em curto prazo, uma abrangente estratégia de capacitação de mão de obra deve assegurar os negócios da empresa, fazendo com que ela tenha os talentos necessários para viabilizar suas estratégias”, afirma o country manager da Manpower Brasil, Riccardo Barberis. O recente estudo do ManpowerGroup, ‘Fabricando talentos para a era do potencial humano’, faz recomendações de como os empregadores devem enfrentar o estigma da escassez de talentos, face ao grande número de trabalhadores disponíveis – incluindo uma estratégia completa de força de trabalho, atualizando os modelos de trabalho e as práticas das pessoas para refletir a realidade do século XXI e colaborar com todos os públicos. “O fato de as empresas estarem citando a falta de capacitação ou experiência como razão para a escassez de talentos deve chamar a atenção das organizações, governos e indivíduos”, completa Barberis. “É imprescindível que todos trabalhem juntos, de forma sistemática, ágil e sustentável, para lidar com o desequilíbrio no mercado entre oferta e demanda.”


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formação

Geofísica e a sísmica,

o começo de tudo Da exploração e modelagem de bacias ao desenvolvimento do campo e acompanhamento da produção por Cassiano Viana

34 Guia do Estudante 2011

Foto: Agência Petrobras

C

iência que estuda a estrutura, composição e dinâmica do planeta, sob a ótica da física, a Geofísica é uma das áreas mais importantes da indústria de petróleo e gás. Levando em consideração que a maior parte dos recursos minerais, principalmente o petróleo, é encontrada em profundidades muito além das alcançadas pelas

Geólogos da Petrobras atuando em plena Floresta Amazônica, na região de Urucu.


Links úteis

Foto: Divulgação

Universidade Federal da Bahia (Ufba) – www.ufba.br Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Unesp (Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita) – www.unesp.br Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – www.ufrgs.br/ufrgs Universidade de Brasília (UnB) – www.unb.br Curso de Graduação em Geofísica da Universidade Federal Fluminense (UFF) – www.proac.uff.br/geofisica Universidade Federal do Pará (Ufpa) – www.portal.ufpa.br

observações da geologia de superfície, o geofísico é um profissional bastante requisitado, atuando na exploração, no desenvolvimento e acompanhamento da produção. O estudo dos campos, a coleta e interpretação dos dados sísmicos estão entre as atividades principais da profissão. Outro ramo desta área é a utilização de métodos geofísicos no diagnóstico ambiental e monitoramento de impactos.

O trabalho do geofísico consiste em coletar, com auxílio de equipamentos apropriados, essas informações (em terra, no mar, em poços ou pelo ar), tratá-las convenientemente e interpretá-las com o auxílio do conhecimento geológico. Como as técnicas empregadas são, em geral, muito sofisticadas e o volume de dados levantados é muito grande, o perfil desse profissional é interdisciplinar e exige conhecimentos de geologia, física, matemática e computação, além de disposição para o trabalho em equipe e, muitas vezes, em longos períodos no campo. O mercado está em crescimento. O geofísico tem um campo de trabalho muito amplo e a demanda por esse tipo de profissional cresce ano a ano. Além do setor de petróleo & gás e da área acadêmica, empresas de construção civil, mineração, meio ambiente e geotecnia oferecem boas oportunidades para quem quer seguir a carreira. Segundo o Crea-SP, o salário inicial de um geofísico é de R$ 3.060,00 (por seis horas diárias). O primeiro curso de bacharelado em Geofísica no Brasil surgiu em 1984, no então chamado Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo, oferecendo 20 vagas e um currículo bastante amplo e denso. Até então, os geofísicos eram formados no exterior, em geral em nível de pós-graduação, e o mercado de trabalho praticamente desconhecia este profissional. Com o passar do tempo, novos cursos foram surgindo, dando ênfase às áreas ambiental, de exploração ou de geofísica bá-

sica. Atualmente, existem vários cursos no Brasil. Os profissionais formados na área têm se mostrado bem competitivos e produtivos no mercado nacional e internacional, e o número de instituições que oferecem o curso tende a crescer. Com duração média de quatro anos, matemática, estatística, física, geologia e sistemas computacionais são a base do currículo. Entre as disciplinas profissionalizantes estão prospecção de água, de petróleo e de recursos minerais. Há várias atividades práticas, tanto em campo quanto em laboratório. Elas são fundamentais na formação de profissionais aptos a trabalhar com monitoramento ambiental, na construção civil e na indústria do petróleo. É preciso também levar em consideração que, por atuar em mercados globalizados, o geofísico sofre a concorrência de profissionais de todas as partes do mundo e necessita de uma permanente atualização de seus conhecimentos. Os cursos de graduação em geofísica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da Universidade Federal do Pará (Ufpa) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) estão entre os mais tradicionais no país. Merecem destaque também os cursos do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp (Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita), do Instituto de Geociências da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e do Instituto de Geociências, da UnB (Universidade de Brasília). Guia do Estudante 2011 35


entidades

SPE agiliza transição de estudantes para a indústria de E&P Os estudantes que estão buscando carreira na indústria do petróleo, escolheram um trabalho muito importante – encontrar e produzir energia. Juntar-se à Sociedade de Engenheiros de Petróleo (Society of Petroleum Engineers/SPE), como estudante sócio, pode ajudá-los na opção por essa área, assim como facilitar o ingresso nesse mercado de trabalho.

O

s alunos que estão entrando na indústria de energia, agora e no futuro, terão a oportunidade de causar um impacto importante na sociedade moderna, pois a energia é essencial para a gestão do nosso mundo. “À medida que aumenta o consumo de energia, a qualidade de vida sobe – e mais pessoas têm condições de melhorar seu padrão de vida”, observa Alain Labastie, presidente da SPE. De acordo com a Agência Internacional de Energia, até 2030 a demanda mundial por energia será quase 40% maior do que hoje. Para alcançar esse crescimento, estão previstos para os próximos 20 anos mais de US$ 20 trilhões em investimentos globais, dos quais boa parte será direcionada para o desenvolvimento de tecnologia. Também é possível prever que um grande número de engenheiros que atuam na indústria de petróleo e gás vai se aposentar nos próxi-

36 Guia do Estudante 2011

História – Fundada em 1955, as organizações antecessoras a SPE datam do nascimento da indústria petrolífera, nos idos de 1880. Membros – Mais de 97 mil membros em 118 países, participam em 180 seções e 225 comunidades universitárias. Estão incluídos entre os membros da SPE mais de 25 mil estudantes participantes. Brasil – São mais de mil estudantes em nove universidades. mos cinco a dez anos. “Sempre converso com os alunos sobre a excelente oportunidade que é trabalhar em uma indústria que vai receber um volume tão grande de investimentos e na qual muitos dos profissionais de nível sênior irão se retirar do mercado nos próximos anos”, afirmou Labastie. Maior prova disso é que o número de jovens que estão começando nesse setor continua a crescer.

Atualmente, os sócios da SPU com idade inferior a 35 anos de idade já representa 23% do total. A SPE tem mais de 23.500 estudantes sócios na comunidade universitária (university chapters) em 52 países, de todas as partes do mundo – o que representa 20% a mais do que no ano passado. No Brasil, a SPE tem mais de mil estudantes sócios, em nove universidades. O complexo processo de decisão e a capacidade de gerir e explorar todas as possibilidades da tecnologia avançada que demanda hoje essa indústria exigem anos de experiência. Além das habilidades técnicas, destacada liderança e capacidade de comunicação são essenciais para o trabalho em equipes multidisciplinares. “O desenvolvimento de competências técnicas é uma ‘viagem ao longo da vida’. Trata-se de formação na prática, da experiência adquirida através de atribuições de trabalho, bem como da tutoria e da aprendizagem que pode ser incorporada por meio da participação em sociedades técnicas”, observa Alain Labastie. “Acredito firmemente que ser um participante ativo na SPE pode proporcionar


Foto: Divulgação SPE

oportunidades ilimitadas de aprender e ganhar o reconhecimento, que irá ajudar os alunos em suas carreiras profissionais”.

Acesso ao conhecimento Por que tornar-se um estudante sócio do SPE? Um dos benefícios mais importantes é o acesso aos recursos técnicos e profissionais da entidade. Cada comunidade (student chapter) é afiliada a uma seção, o que permite aos alunos interagir com os profissionais em exercício e se beneficiar da tecnologia de discussões que ocorrem nas reuniões de seção. Além de programas de bolsas, inclusive de pós-graduação – há um banco de dados sobre o assunto no site www.spe.org –, a SPE oferece oportunidades de desenvolvimento e qualificação aos seus filiados, como, por exemplo, a orientação profissional. A entidade dispõe também de um programa de orientação online (eMentoring online), por meio do qual os estudantes ficam conectados a um profissional jovem (com idade inferior a 35 anos) que pode servir como orientador nas questões da carreira. Os sócios estudantes

podem ainda participar de programas especiais de desenvolvimento oferecidas pela sua comunidade (by their chapter) e assistir às reuniões locais da SPE l quando são discutidos assuntos técnicos. Por meio do programa Professor Embaixador, jovens profissionais visitam as universidades e conversam com os sócios estudantes, partilhando experiências relacionadas à carreira, como graduação, especializações e pós-graduação, além de debater sobre as modernas tecnologias e a rotina de trabalho na E&P de petróleo e gás. A SPE realiza ainda competições estudantis regionais que se constituem em uma oportunidade ímpar para os alunos mostrarem suas pesquisas e habilidades analíticas, competindo com outros alunos em premiações regionais e internacionais. O último concurso para estudantes brasileiros aconteceu na Competição Regional América Latina /Caribe, realizada em 30 de novembro de 2010, em Lima, Peru. Participar em concursos regionais não só amplia as habilidades técnicas, como enriquece o currículo do aluno quando se candidata a empregos. A entidade também oferece oportunidades de capacitação em uma nova área – os alunos podem

praticar suas habilidades de gerenciamento de equipe, servindo como oficial em um comitê universitário ou como líder de um comitê de eventos. Para se qualificar como estudante sócio da SPE, o aluno universitário deve estar matriculado no curso de engenharia de petróleo ou em alguma área relacionada, ter pelo menos 30% de calendário acadêmico em tempo integral, estar buscando uma licenciatura ou pós-graduação, ou estudar em uma universidade na qual haja comitê estudantil estabelecido pela SPE. No Brasil, a SPE tem comitês de estudantes na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual do Norte Fluminense, Universidade Federal de Itajubá (MG), Universidade de Vila Velha UVV/ES, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2009, a Unicamp foi reconhecida como o Melhor Comitê Estudantil da SPE – foi o único comitê brasileiro a receber este prêmio internacional. A Society of Petroleum Engineers (SPE) é uma associação sem fins lucrativos cujos membros são profissionais envolvidos no desenvolvimento dos recursos energéticos e de produção. A SPE atende a 92 mil membros de mais de 117 países em todo o mundo. É um recurso fundamental para o conhecimento técnico relacionado à exploração de petróleo e gás e na indústria de produção e presta serviços através de suas publicações, conferências, workshops, fóruns e do site www. spe.org. Para mais informações, visite www.spe.org/students. Guia do Estudante 2011 37


profissões

O engenheiro de petróleo

Foto: Agência Petrobras

Engenharia de poço, de produção e química

Com o aquecimento da indústria de petróleo no Brasil, sobretudo após as descobertas das reservas na região do pré-sal, o país precisa investir até 2013 na qualificação de 207 mil profissionais de 185 categorias para atender à demanda da cadeia de fornecedores da indústria do petróleo. por Cassiano Viana

S

egundo estudo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), serão necessários pelo menos 15.421 profissionais da área engenharia, entre técnicos e de nível superior. Por ser de uma área que abrange todos os ramos relacionados à produção de hidrocarbonetos (óleo ou gás natural), além de atuar na exploração, o enge-

38 Guia do Estudante 2011

nheiro de petróleo é contratado para trabalhar em perfuração, transporte, instalação de sistemas submarinos, de gasodutos e no desenvolvimento de projetos. As atividades são divididas em geral em duas grandes áreas: upstream – atividades de exploração e produção; e downstream – atividades de refino e distribuição. A Engenharia de Petróleo é dividida em seis áreas básicas: Engenharia de reservatórios, Engenharia de perfuração,

Engenharia de completação, Processo de produção, Economia do petróleo e Tecnologia offshore. Com duração média de quatro anos, os cursos de Engenharia do Petróleo contam com aulas de cálculos, física, química, geologia, geometria, álgebra, lógica, estatística, mecânica e fenômenos de transporte, principalmente nos dois primeiros anos. A partir do terceiro ano, entram matérias mais específicas, como fontes alternativas de energia, técnicas de exploração e refino do petróleo, prospecção de petróleo, matérias ligadas à indústria do petróleo, engenharia de reservatório, métodos de elevação, ciências dos materiais, entre outras. Na grade curricular também há disciplinas ligadas à gestão do negócio, como marke-


No Brasil, o primeiro curso de Engenharia de Petróleo foi criado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) em seu Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo (Lenep). Em 1987, é criado o curso de pós-graduação em Engenharia de Petróleo da Unicamp, resultado de convênio de cooperação científica firmado com a Petrobras. Também em 1987 foi criado o Cepetro (Centro de Estudos de Petróleo). Em São Paulo, o primeiro curso de graduação na área de Engenharia de Petróleo foi criado pela USP, em 2002. ting, empreendedorismo, gestão ambiental e direito internacional. O engenheiro de petróleo é capacitado para atuar em diversos segmentos da cadeia produtiva do petróleo, desde a pesquisa de novas jazidas até a produção de petróleo e gás natural. Ele é habilitado também para fazer análise econômica e avaliação de reservatórios e para auxiliar em projetos de construção de plataformas e poços de petróleo. O campo de trabalho para esse profissional abrange: empresas de extração, de engenharia, consultoria, institutos de pesquisa e órgãos do governo. Cabe à Engenharia de Poços, por exemplo, a tarefa de perfurar, testar e equipar os poços para que esses atendam aos requisitos de exploração ou produção. Já a Engenharia de Produção de Petróleo está relacionada ao conjunto de tecnologias e técnicas que envolvem os processos de elevar e escoar a produção do fundo do poço, separação multifásica (óleo, gás e água) e produção, bem como os processos físico-químicos que promovem a separação das fases dentro de rigorosas especificações e posterior transporte da produção para os terminais. O engenheiro deve conhecer como ninguém o comportamento dos fluidos e suas propriedades para que escoamento destes seja feito através dos melhores métodos possíveis. O engenheiro de produção pode atuar tanto no setor in-

Links úteis Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo/Lenep – www.lenep.uenf.br UFF – www.uff.br/petroleo/depsobre.htm USP – www2.poli.usp.br Cepetro – www.cepetro.unicamp.br dustrial como no de serviços, realizando o planejamento, coordenação e controle dos processos produtivos. O curso de Engenharia de Produção lida com a interação de homens, materiais, equipamentos e processos, encarando-os como recursos para a realização da atividade produtiva. O curso dá ênfase às competências gerenciais, mas também trabalha as habilitações tecnológicas, de modo que o engenheiro possa atuar nos mais diversos níveis das organizações empresariais, desde o chão de fábrica até a administração. A Engenharia Química, por sua vez, é a área/profissão que se dedica à concepção, desenvolvimento, dimensionamento, melhoramento e aplicação dos processos e dos seus produtos. Na cadeia do petróleo, o engenheiro químico é responsável por todo o processamento que ocorre após o petróleo sair do poço. Assim, a partir da separação primária entre gás/óleo/água/ areia, que ocorre na boca do poço, até a produção de combustíveis e derivados são atividades sob a responsabilidade do engenheiro químico. Esse profissional, juntamente com o químico

industrial, é também responsável pelo acompanhamento da qualidade dos derivados produzidos nas refinarias. Após a descoberta do petróleo, o engenheiro de petróleo é o responsável por desenvolver o poço e acompanhar sua operação. O bacharel em Engenharia de Petróleo, ou engenheiro de petróleo, tem como campo de atividade os petroleiros, refinarias, plataformas marítimas e petroquímicas. Com seus conhecimentos em engenharia, geofísica, mineração e geologia, ele trabalha na descoberta de jazidas de petróleo e também em poços de gás natural. É da responsabilidade desse profissional desenvolver projetos que visem à exploração e à produção desses bens, sem prejuízo ao meio ambiente nem desperdício de material. Além disso, cuida do transporte do petróleo e seus derivados, desde o local da exploração até a chegada na refinaria. Esse especialista também pode atuar em consultorias ambientais e no setor de exportação e importação, fazendo pesquisas de preços de matérias-primas ou captando compradores. É requisito da profissão conhecer a legislação internacional que regula as atividades ligadas ao petróleo e seus derivados e, como a maior parte das empresas do setor é estrangeira, é necessário ter fluência em inglês. Os cursos de graduação do Departamento de Engenharia Química e de Petróleo, como os da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estão entre os principais no país. Guia do Estudante 2011 39


Foto: Bia Cardoso

profissões

Em seu auge, nos anos 1970, a indústria naval brasileira era considerada a segunda maior do mundo, ficando atrás apenas da japonesa. No entanto, em meados dos anos 1980, ela entrou em declínio, as atividades se estagnaram na década de 1990, muitos estaleiros fecharam e o setor passou mais de 20 anos sem receber encomendas.

O profissional de projeto naval e offshore

O

período de retomada começou em 2000, quando a Petrobras deu início à conversão, na Bacia de Campos, de dois navios petroleiros nas unidades de produção do tipo FPSO (Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Descarga), P-43 e P-48, destinadas aos campos de Barracuda

40 Guia do Estudante 2011

por Cassiano Viana

e Caratinga, respectivamente. Pouco tempo depois, o governo brasileiro orientou a Petrobras a construir, no Brasil, mais plataformas, dentre elas a P-51, P-52, P-53, P-54 e PRA-1. Hoje, o país conta com a quinta maior carteira de encomendas de navios petroleiros do mundo – em 2010, elas somaram 132 projetos (entre plataformas de petróleo, petroleiros, navios

graneleiros e porta-contêineres, rebocadores, balsas e empurradores). No setor de construção naval, o Brasil atualmente só fica atrás da Coreia, China e Japão. O volume de negócios é crescente. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), apenas a demanda da Petrobras para os próximos dez anos prevê a construção de 40 plataformas e sistemas de produção de petróleo, 400 embarcações de apoio marítimo e 70 navios-petroleiros para fazer o transporte entre as plataformas e os terminais localizados na costa. Para os próximos anos são esperadas novas contratações de plataformas, navios de apoio e petroleiros. A exploração de


Distribuição regional da produção e do emprego nos estaleiros do Brasil Posição

Estado

Empregos

Partic. %

Rio de Janeiro

25.987

46,31

Pernambuco

10.581

18,86

Amazonas

9.244

16,47

Rio Grande do Sul

5.500

9,80

Santa Catarina

1.958

3,49

Outros

2.842

5,07

56.112

100,00

Total geral disciplinas dos cursos oferecidos para os interessados. Entre os principais cursos de Engenharia Naval no país estão o da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe) – desenvolvida para atender a demanda do Complexo Industrial de Suape –, da Universidade Federal do Pará (Ufpa) e o curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Além disso, são várias as oportunidades para o nível técnico, passando por vagas para mecânicos, eletricistas, instrumentistas, técnico de tubulação, pintores, soldadores, montadores de andaime e alpinistas industriais. No Rio de Janeiro, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) oferece diversos cursos de qualificação e especialização na área. Entre os de qualificação estão: ajustador mecânico, montador de estruturas metálicas, caldeireiro, soldador de arame tubular, soldador de eletrodo revestido, soldador TIG, soldador MAG, soldador brasador oxicombustível e pintor industrial. As unidades que oferecem os cursos são o Centro de Tecnologia Senai-RJ de

Foto: Cortesia Projemar

novos reservatórios e o início de produção dos campos do pré-sal também abrem perspectivas de aumento de encomendas de embarcações e empregos para a indústria naval brasileira. Em 2010, havia 269 empreendimentos nos estaleiros associados ao Sinaval. Foram cerca de 56 mil empregos diretos que, somados aos 28 mil postos de trabalho da área náutica de lazer, o total chegava a 84 mil empregos diretos. No ano passado havia 13 estaleiros em processo de implantação, expansão ou modernização em diversas regiões do país. Um dos principais polos da indústria naval brasileira, o estado do Rio se prepara para uma nova expansão do setor. De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, nos próximos anos serão geradas mais de dez mil vagas em cinco estaleiros na capital, na Região Metropolitana e em cidades do interior. Há 13 estaleiros em implantação ou expansão/modernização em diversas regiões do Brasil. Logo, este é um mercado de trabalho em expansão e de grandes oportunidades. Os profissionais especialistas em engenharia naval e offshore devem estar preparados para participar de empreendimentos que se destinam ao projeto, construção, reparo, operação e manutenção de navios e plataformas oceânicas ligados à cadeia de prospecção, transporte, armazenagem e produção de petróleo em terra e em mar. Arquitetura naval e projeto de navios e plataformas, engenharia de sistemas, ergonomia, planejamento da produção offshore, teoria básica de estruturas navais offshore estão entre as principais

Solda, no Maracanã; o Centro de Tecnologia Senai-RJ Automação e Simulação, em Benfica; e as unidades de Niterói, São Gonçalo, Macaé, Jacarepaguá, Santa Cruz, Duque de Caxias, Campos, Barra Mansa. Já a Fundação de Apoio a Escola Técnica (Faetec) tem opções como encanador industrial, básico em caldeiraria, inspetor de solda nível I, instalação mecânica de motores marítimos, soldador, soldagem a maçarico, soldagem com eletrodo revestido, soldagem MIG-MAG, soldagem TIG, além do técnico em máquinas navais e técnico em construção naval. Esses e outros cursos são encontrados nas unidades de Campos, Santa Cruz, Niterói, São Gonçalo, São João de Meriti, Duque de Caxias e Rezende. Guia do Estudante 2011 41


eventos Sobena 49 anos

Uma trajetória de

sucesso

N

o dia 15 de março, a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena) completou 49 anos de atividade. E em maio, durante almoço comemorativo com algumas das principais autoridades e empresários do setor naval no Rio de Janeiro, homenageou profissionais que prestam serviços relevantes à engenharia naval brasileira e que se destacaram em suas atividades no ano passado. Foram homenageados como destaques da engenharia naval: Nelson Luiz Coelho Alves, engenheiro da Vale, e Carlos Eduardo Macedo, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Na ocasião, o engenheiro da Petrobras, Pedro José Barusco Filho, recebeu a placa da homenagem concedida a ele em 2010. O primeiro homenageado foi Carlos Eduardo Macedo, coronel aviador da reserva da Força Aérea Brasileira e atualmente funcionário do MDIC. Pós-graduado em gerência executiva em transporte e mobilização (Getram) pela Faculdade da Terra de Brasília (FTB); e em logística, pelo Certificate in Logistics to Executive Manager, da Universidade de Miami, Macedo já recebeu medalha da Ordem do Mérito Militar, da Força Aérea

42 Guia do Estudante 2011

Foto: Divulgação Sobena

No aniversário de 49 anos, Sobena homenageia profissionais que se destacaram no setor.

No alto, à esquerda: Alceu Mariano, presidente da Sobena, entrega placa a Carlos Eduardo Macedo, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). À direita: Sergio Garcia, diretor administrativo da Sobena e Nelson Luiz Coelho Alves, engenheiro da Vale. Ao lado: Luiz Felipe Assis, diretor técnico da Sobena e Pedro José Barusco Filho, engenheiro da Petrobras.

Brasileira (FAB), medalha do Mérito Mauá, do Ministério dos Transportes e medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro. Atualmente é coordenador-geral das Indústrias de Transporte Aéreo, Aeroespacial e Naval, na Secretaria do Desenvolvimento da Produção do MDIC. Com extenso currículo, desempenhou inúmeras funções ao longo de sua carreira: foi conselheiro no Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (CDFMM); representante no Grupo de Trabalho/Transporte Aquaviário da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (Decom) da Câmara dos Deputados; gestor da Política de Desenvolvimento da Competitividade da Indústria

Marítima e de Petróleo e Gás; representante do MDIC junto à gerência do Projeto H-XBR, com a responsabilidade da compensação e cooperação industrial; representante do MDIC no Comitê Gestor do Catálogo de Navipeças; representante do MDIC no Comitê da Rede de Inovação para Competitividade da Indústria Naval e Offshore (Ricino). Também foi homenageado o engenheiro da Vale, Nelson Luiz Coelho Alves. Formado em engenharia mecânica pela Universidade Gama Filho, tem MBA


executivo em gestão empresarial pela Fundação Dom Cabral, e vários cursos de especialização em shipping e gestão, assim como em construção naval no Brasil e no exterior. Quando ainda estudante, foi estagiário na Ishikawajima do Brasil Estaleiros S/A (Ishibras) e na Vale do Rio Doce Navegação S/A (Docenave). Trabalhou na Verolme Estaleiros Reunidos do Brasil S/A, nas áreas de estimativa, coordenação técnica e de contratos e no departamento de compras de máquinas/eletricidade da empresa, nas unidades do Rio de Janeiro e de Angra dos Reis. Desenvolveu diversas atividades ligadas à contratação de fretes, estudos de soluções logísticas de transporte marítimo, gerenciamento técnico da frota de navios graneleiros e rebocadores, projetos, contratação e acompanhamento da construção de navios de grande porte para transporte de minério e embarcações de apoio portuário, gerenciamento das operações de contêineres e diretor da área de transporte de contêineres. Em 2007 passou a integrar o quadro do departamento de navegação da Vale, no qual desempenhou funções de gerenciamento e coordenação nas áreas técnica da frota, de operações comerciais, de planejamento comercial de transporte marítimo internacional, de estimativa de custo e projeto básico de navios, de produção industrial na área de construção naval, e de compras de equipamentos para a construção naval. Nos últimos cinco anos, participou diretamente da contratação para construção de cinco navios porta-contêineres no Brasil, pela Log-In ao Estalei-

ro Eisa no Rio de Janeiro, com projeto da Projemar, assim como das 51 embarcações contratadas diretamente para Vale no Brasil, incluindo 15 rebocadores portuários azimutais, sendo 11 construídos no estaleiro Detroit, em Itajaí (SC), e outros quatro no estaleiro Santa Cruz, em Aracaju (SE), dois comboios fluviais formados por dois empurradores e 32 barcaças, em construção no estaleiro Rio-Maguari, no Pará, com projeto da Interocean, e dois catamarãs no estaleiro Arpoador, em Angra dos Reis, para transporte de funcionários do Terminal da Ilha Guaíba. Nelson também participou diretamente na contratação para construção em três estaleiros, na China e Coreia, de 19 navios mineraleiros de 400.000 dwt (Valemax) e quatro graneleiros de 180.000 dwt. Os Valemax de 400k são os maiores mineraleiros do mundo e o projeto básico foi encomendado à Projemar, valorizando uma vez mais a engenharia brasileira. A Projemar também foi contratada pela Vale para desenvolver o projeto de conversão de 12 VLCCs em VLOCs em estaleiros na China. E o homenageado de 2010, que recebeu uma placa na ocasião, foi o engenheiro Pedro Barusco, diretor de Operações da recém-formada companhia Sete Brasil. Formado em engenharia naval pela Universidade de São Paulo (USP), graduou-se mestre em engenharia oceânica na Coppe/UFRJ. Ingressou na Petrobras em janeiro de 1979, onde se aposentou recentemente. Durante esse período, ocupou várias posições na estatal, foi o primeiro engenheiro naval do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo

Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, gerente de engenharia naval no Cenpes e no departamento de produção, gerente de instalações marítimas de produção no E&P, e foi o primeiro – e até o momento o único – engenheiro naval a ocupar a função mais importante da engenharia aplicada na empresa, que é a de gerente executivo da engenharia da Petrobras. No Cenpes, teve a oportunidade de participar de projetos importantes ligados ao desenvolvimento de tecnologia de produção em águas profundas. No departamento de produção, conduziu a instalação de vários sistemas de produção em águas profundas, participou da investigação do acidente da P-36 e desenvolveu novos sistemas de offloading. Na engenharia da Petrobras, teve a oportunidade de conduzir projetos como a implantação do Gasoduto Nordeste-Sudeste, gasoduto Coari-Manaus, a construção de várias plataformas, como P-43/P-47/P-48/P-51/P-52/P-53/ P54/P-55/P-56/P-57/PRA-1/ Plataforma Fixa de Mexilhão, entre outras. Na área industrial, executou melhorias e ampliações em todas as refinarias do Brasil, além de ter iniciado a implantação das novas refinarias Renest (Refinaria Abreu e Lima)/Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro)/Premium 1 e Premium 2. Recentemente foi conduzido a diretor de Operações da Sete Brasil, empresa privada que já possui um contrato de construção das primeiras sete sondas marítimas de perfuração a serem construídas no Brasil e se prepara para contratar mais 21 unidades, todas para operar para a Petrobras. Guia do Estudante 2011 43


eventos 6ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia

Evento internacional incentiva carreira nos setores de

engenharia e tecnologia Com o patrocínio da DuPont, Promon Engenharia e CH2M Hill, o Brasil foi um dos países que receberam a 6ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia. O evento foi realizado no início de março.

44 Guia do Estudante 2011

Foto: Divulgação

A

cidade de São Paulo sediou a etapa brasileira da 6ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia, evento gratuito, promovido pela Engineers Week Foundation e que no Brasil é patrocinado pelas empresas DuPont, Promon Engenharia e CH2M Hill, com o apoio do Ligados na Facul, portal de educação destinado a jovens. Com o tema ‘Cultivando o Amanhã’, o evento teve por objetivo debater as perspectivas futuras de carreira nas áreas de engenharia e tecnologia, e o papel dos jovens profissionais nesse cenário. Com a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil, além dos crescentes investimentos em infraestrutura por conta do PAC e do pré-sal, a demanda por profissionais de engenharia e tecnologia tende a aumentar. Por essa razão, o evento também funcionou para esclarecer eventuais dúvidas sobre a carreira e para compartilhar as oportunidades que essas áreas oferecem. De acordo com Ana Paula Goes, gerente de Tecnologia da DuPont, o evento é global, mas na região já tem quatro anos de existência. “A cada ano temos visto uma audiência maior, motivando mais e mais jovens a seguir as carreiras de engenharia e tecnologia”, aponta.

A executiva conta que foi gratificante participar do evento, pois teve a oportunidade de mostrar aos jovens que estão se preparando para a universidade o quão fascinante é a carreira de engenharia, sua importância e o cenário de atual demanda por profissionais nesta área. “Além disso, eu, como engenheira, pude contar um pouco das vivências e experiências que venho desenvolvendo ao longo da minha

carreira e mostrar a todos que hoje em dia a engenharia deixou de ser uma profissão exercida somente por homens e que, cada vez mais, o número de mulheres em diferentes áreas da engenharia vem crescendo”, pontuou. Segundo Pablo Ibañez, diretor de operações da CH2M Hill, o Brasil vive um momento especial, com diversos projetos de infraestrutura sendo executados. “Projeções indicam que o país deve crescer de forma sustentada pelos próximos dez a 15 anos. Um dos desafios do país nesse processo de crescimento será a qualificação da mão de obra.


Na área de engenharia, o desafio é ainda maior, pois o número de profissionais formados atualmente, em torno 35 mil engenheiros por ano, é insuficiente e está muito abaixo do registrado em outros países com demandas semelhantes às nossas”, afirma. Para o executivo, a importância do evento é despertar nesses jovens a consciência de que eles podem contribuir muito para o desenvolvimento do Brasil ao optar pelas diferentes áreas da engenharia.

Fábio Marzionna, engenheiro civil da Promon, conta que achou o evento uma excelente oportunidade para a divulgação da engenharia para a geração que está na iminência de prestar vestibular e escolher uma carreira. “Além disso, a oportunidade de profissionais que desenvolveram sua carreira na área contarem suas experiências serviu de incentivo a quem está para escolher uma carreira e optar pela engenharia. A mesa-redonda realizada foi bem interessante, por colocar pessoas de diversas gerações nas mais diferenciadas fases da vida profissional para debater a engenharia, e a sua importância.

Creio que o evento cumpriu seu objetivo e como fruto trará mais profissionais à carreira da engenharia”, explica. No evento, após as palestras, foi realizada uma rodada de discussão, com mesa formada por estudantes, jovens engenheiros e profissionais experientes, liderada por Denilson Shikako, da fábrica de criatividade. A 6ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia teve duração de uma semana e ocorreu simultaneamente nos diversos países participantes, como Estados Unidos, China, Índia, México, Líbano, África do Sul e Reino Unido.

Em meio às notícias de sobrecarga no sistema elétrico e apagões, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo, em parceria com a VDI-Brasil (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha), realizará, de maio a outubro, o curso de eficiência energética European Energy Manager (Eurem) em São Paulo. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha (BMWi) e da GIZ (Agência Alemã para Cooperação Internacional). Desenvolvido por engenheiros alemães e ministrado para mais de mil alunos da Europa desde 2003, o curso foi desenvolvido como um programa de treinamento para gestores de energia. Hoje, o Eurem funciona regularmente e em alto nível, em 12 países europeus, como um curso de qualificação padrão na área de gestão de energia. A União Europeia (UE) tem como meta melhorar em 20% a eficiência energética até 2020 e a Alemanha tem papel importante nesse quadro. Além de aderir à meta da UE para

2020, o país desenvolveu um plano nacional com o objetivo de reduzir o consumo de energia em 80% até 2050, começando pelos sistemas de aquecimento e isolamento térmico das construções, que respondem sozinhos por 85% dos gastos com energia nos lares alemães. “Os esforços da Câmara e do Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha para implementar o curso no Brasil buscam aumentar a cooperação tecnológica Brasil-Alemanha, contribuir para melhorar a eficiência energética no Brasil e posicionar a Câmara como centro de competência e de especialistas em eficiência energética e energias renováveis”, afirma Ricardo Ernest Rose, diretor do Departamento de Meio Ambiente, Energias Renováveis e Eficiência Energética da Câmara Brasil-Alemanha. Com duração de seis meses e 350 horas, o Eurem foi totalmente

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

Curso sobre Eficiência Energética, European Energy Manager (Eurem), chega ao Brasil para treinar gestores de energia

adaptado à realidade brasileira a fim de ajudar profissionais de empresas instaladas no Brasil a implementar um moderno sistema de gestão de energia e aumentar a eficiência energética para, consequentemente, reduzir os custos de produção e contribuir de forma ativa na gestão ambiental. O curso destina-se a profissionais que estejam envolvidos com o tema da energia ou que pretendam adquirir conhecimentos para implantar projetos nessa área. O certificado de especialização é válido no Brasil e em toda União Europeia. Mais informações sobre o curso: http://www.ahkbrasil.com/ Eurem/. Guia do Estudante 2011 45


produtos e serviços

Universia reúne 24 aplicativos gratuitos para pesquisas e estudos Portal apresenta as ferramentas para compartilhar documentos, escrever, estudar e pesquisar. Sem custo e prontos para download, os interessados podem baixar disciplinas originárias dos cursos da graduação da Universidade. A Universia Brasil, maior rede iberoamericana de colaboração universitária, presente em 23 países, reuniu 24 aplicativos e programas de computador gratuitos para auxiliar quem deseja ajuda da tecnologia até para estudar. São ferramentas úteis para compartilhar arquivos, pesquisar, criar e armazenar documentos, escrever, etc. Além dos aplicativos direcionados para os estudos, a Universia separou algumas tecnologias fundamentais para desenvolvimento de projetos e gravação de aula. Todos os aplicativos podem ser encontrados no link: http:// noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2011/04/13/810882/ conheca-24-aplicativos-gratuitos-podem-ajudar-nos-estudos-e-pesquisas.html. Parceria com a Unicamp – A Universia Brasil e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) lançaram, em abril, o OpenCourseWare Unicamp, portal desenvolvido para hospedar conteúdos educacionais e digitais originários de cursos de graduação da Universidade. Por meio do site http:// www.ocw.unicamp.br/, os interessados ao redor do mundo podem baixar conteúdos gratuitamente. Com 12 disciplinas disponíveis e liberadas para uso do público, o objetivo do portal é oferecer conteúdos – apostilas, textos, fotos, vídeos, animações, entre outros materiais – para uso gratuito da sociedade. Além disso, o portal também terá função de aproximar 46 Guia do Estudante 2011

o público da produção técnico-científica da Unicamp, uma vez que haverá publicações das disciplinas. Para o diretor geral da Universia Brasil, Ricardo Fasti, que acompanhou o lançamento oficial do portal, trata-se de uma iniciativa inovadora, e a inovação é uma das características da Unicamp. “Essa ferramenta certamente mexerá com uma série de situações, inclusive com métodos pedagógicos. O desafio que fica aos professores é fazer com que os conteúdos de suas aulas também possam ser aprendidos a distância”, afirmou. Desenvolvida a partir de um acordo firmado com a Universia Brasil há cerca de dois anos, a Unicamp é a primeira universidade pública brasileira a utilizar o OpenCourseWare. “Muitos docentes já manifestaram o desejo de publicar conteúdos didáticos no portal. Nossa tarefa foi desenvolver uma plataforma com recursos de edição, respeitando o direito autoral”, explicou o

titular da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) da Unicamp, Marcelo Knobel. Idealizado pela PRG e GGTE (Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais), o portal vai funcionar como vitrine do que é produzido na Universidade. “Nossos docentes vão disponibilizar conteúdos de boa qualidade, que estarão disponíveis para download no mundo inteiro”, explicou o coordenador do GGTE, professor José Armando Valente. O acesso aos dados do portal é livre, sem custo para o internauta e sem necessidade de inscrição, mas é conveniente que o interessado esteja de acordo com os Termos de Uso da plataforma. Segundo Valente, o GGTE confere, junto ao professor, se os direitos autorais relativos aos conteúdos da aula foram observados, a fim de eliminar qualquer dúvida. Vale ressaltar que a plataforma não oferece assistência dos autores para tirar dúvidas, assim como não emite certificados ou diplomas. E, também, alguns materiais disponíveis podem não apresentar o amplo conteúdo das disciplinas. A ferramenta do OpenCourseWare Unicamp segue uma tendência mundial e amplia a relação entre universidade e sociedade, da mesma maneira como acontece na MIT (Massachusetts Institute of Technology). Interessados em conhecer a plataforma devem acessar o site http://www.ocw.unicamp.br/.


Quip qualifica soldadores A falta de mão de obra qualificada para a indústria naval, principalmente de soldadores, e a proposta de aproveitar trabalhadores na região das obras de construção de plataformas de

o serviço e reduz o tempo para capacitação em solda”, revela Finholdt. Segundo ele, na terceira turma, foram capacitados seis soldadores em 45 dias, metade do prazo inicial. E um sétimo trabalhador conseguiu se habilitar em 60 dias. O executivo observa que na escolinha da Quip os ministrantes dos cursos são da área naval, atuam na empresa, e conseguem preparar o soldador para o trabalho que é necessário nas obras de construção de plataformas. “Eles se qualificam fazendo soldagem específica para esta área. Os alunos têm aulas teóricas e práticas, sendo que para estas últimas há 15 cabines de solda disponíveis. Cada trabalhador tem uma cabine para treinar”, apontou. De acordo com Finholdt, a ideia é instalar a escolinha em outros projetos da Quip. Até fevereiro de 2011, a empresa contava com 204 soldadores que atuavam na construção da P-55, dos quais 134

Ilustrações P-55: Agência Petrobras

Iniciado em setembro de 2010, o projeto já qualificou três turmas de soldadores. A primeira formou 15 trabalhadores-alunos em 90 dias. A segunda turma, já com pré-seleção pelo simulador, capacitou 15 soldadores, mas em prazo ainda menor. A ‘escolinha de solda’, como assim o chamam, prepara mão de obra para realizar os processos de solda de que a empresa necessita. Mauri Finholdt, gestor de construção e montagem da Quip na P-55, conta que os participantes são pré-selecionados em um equipamento desenvolvido pela empresa. “Os estudantes passam por um simulador de habilidades em solda, equipamento controlado por computador, que mede a curva de habilidade do trabalhador aspirante a soldador”, diz. O equipamento foi desenvolvido internamente na empresa com o objetivo de selecionar candidatos que já apresentassem alguma aptidão para esse tipo de trabalho. O bom resultado deveu-se sobretudo ao simulador, que entrou em funcionamento ainda na primeira turma. “Esse equipamento mostra se a pessoa tem ou não aptidão para

Foto: Cortesia Quip

petróleo levaram a Quip S/A a montar uma escolinha de solda.

do Rio Grande, 24 de outros municípios do estado e 46 de outras unidades da Federação. Na montagem da plataforma são utilizados processos de soldagem eletrodo revestido, arame tubular e TIG.

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formação profissional

A engenharia de petróleo como opção profissional O ciclo atual de crescimento econômico do Brasil necessita dos mais variados tipos de engenheiros. Em particular, o setor de óleo e gás é um dos que mais se ressentem da falta de engenheiros especializados.

A

Sergio Fontoura é coordenador do curso de Engenharia de Petróleo do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio). Graduado em engenharia civil com doutorado em Mecânica das Rochas pela Universidade de Alberta, Canadá. É presidente do Comitê Brasileiro de Mecânica das Rochas. Atualmente coordena projeto que objetiva difundir a engenharia de petróleo entre alunos do ensino médio. É o responsável acadêmico na PUC-Rio por programa de intercâmbio com a Escola de Geologia de Nancy, e as Escolas de Minas de Nancy e St Etienne.

48 Guia do Estudante 2011

mudança estrutural do setor, ao ser promulgada a Lei do Petróleo em 1997, trouxe grande aumento das atividades, com a vinda de novas empresas operadoras para o Brasil e a consequente demanda por profissionais. As recentes descobertas de gigantescos campos de petróleo em camadas geologicamente complexas, e chamadas de pré-sal, aumentaram ainda mais a demanda por profissionais de engenharia de petróleo. Tais descobertas atraíram muitos investimentos no Brasil, país que se firma como uma das mais importantes áreas do mundo no setor de óleo e gás, com a consequente procura por profissionais. Mas, afinal, o que é um engenheiro de petróleo? O que faz um engenheiro de petróleo? A engenharia de petróleo é um ramo da engenharia reconhecido em 1973 pelo Conselho Federal de Educação (Confea). A designação ‘engenheiro de petróleo’ se aplica, em geral, aos profissionais de engenharia que atuam na área de exploração e produção (E&P). As atividades desenvolvidas por este profissional consistem de construção de poços, testes e extração do petróleo da rocha reservatório e elevação do óleo/gás até a unidade de separação e armazenamento. Estas atividades vêm em seguida à de exploração, comandada por geofísicos, geólogos e geoquímicos que têm por missão identificar os alvos no interior da crosta terrestre a serem investigados. Por tradição, em tempos anteriores ao Marco Regulatório de 1997, a formação do engenheiro de petróleo no Brasil ficava a cargo da empresa operadora estatal brasileira, a Petrobras. Os engenheiros aprovados em concurso público nacional eram treinados por profissionais da própria empresa em seu centro de formação em Salvador (BA). Este curso de formação, com duração de dois anos, funcionava como uma especialização e transformava engenheiros civis, mecânicos, elétricos, e outros, em engenheiros de petróleo. As atividades do setor de óleo e gás eram atendidas por estes profissionais e por engenheiros estrangeiros trazidos pelas empresas prestadoras de serviço. Aos poucos, o país vai respondendo ao desafio de formar recursos humanos para o setor e há, em 2011, em praticamente todas as regiões, cursos


Foto: Agência Petrobras

de graduação de engenheiros de petróleo. No entanto, a velocidade dos projetos e investimentos e a saída de profissionais por aposentadoria geram um déficit de especialistas no setor de óleo e gás. Os grandes desafios tecnológicos envolvidos com o desenvolvimento dos campos do pré-sal motivaram empresas de serviços especializados, tais como Schlumberger, Baker Hughes e Halliburton, a montarem Centros de Pesquisas no Brasil, no parque tecnológico da UFRJ, junto ao Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). Em resumo: a demanda atinge todos os níveis de formação: há carência de técnicos de nível médio, de engenheiros plenos e de pesquisadores. Há cursos de especialização para engenheiros de outras habilitações e que desejam mudar de área de atuação. O curso de graduação em Engenharia de Petróleo tem a duração média de cinco anos. Na grade curricular, o aluno passa por grupo de disciplinas fundamentais como cálculo, física, química, mecânica geral, mecânica dos fluidos e termodinâmica e geologia. Esta etapa equivale aos dois primeiros anos do curso. Na parte profissional, o aluno cursa disciplinas obrigatórias em engenharia de perfuração, engenharia de reservatório e engenharia de produção de petróleo e sistemas de produção offshore. Além disto, há disciplinas também obrigatórias de instrumentação, métodos experimentais, métodos numéricos em petróleo, mecânica de rochas, geofísica, petrofísica, ensaios em poços. Há ainda as disciplinas complementares de administração, legislação do setor de

óleo e gás, economia e avaliação financeira em projetos de desenvolvimento de campos de óleo e gás. Os cursos de graduação em Engenharia de Petróleo já começaram a ser avaliados pelo MEC através do Exame Nacional de Cursos (Enade), e já existe um ranking destes cursos, que deve ser consultado pelos interessados no momento da escolha da instituição na qual estudar. Os melhores cursos tendem a ser mais procurados pelas empresas para recrutamento de seus profissionais. Os cursos de especialização em geral possuem uma duração de dez meses, num equivalente a 400 horas, em média. São oferecidos por instituições com tradição em ensino superior e que têm provido o mercado com um grande número de engenheiros. O curso de especialização em engenharia de petróleo do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio) foi criado em 1999 e já formou cerca de 280 engenheiros que hoje ocupam posições em várias empresas do setor de óleo e gás. A indústria de óleo e gás tem participado da formação dos engenheiros com bolsas, convênios de cooperação para cessão do direito de uso de sofisticados programas computacionais para fins educacionais e de programa de estágios e tutorias. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) possui um extenso Programa de Recursos Humanos que distribui bolsas para alunos de graduação e pós-graduação em todo o país, formando uma grande rede de incentivo à entrada de profissionais no setor de óleo e gás. Associações como o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), a Society of PeGuia do Estudante 2011 49


Foto: Agência Petrobras

formação profissional

troleum Engineers (SPE) e empresas como a Petrobras e a Chevron possuem programas de bolsas para alunos de Engenharia de Petróleo.

Mercado de trabalho e condições As empresas multinacionais que atuam no setor de óleo e gás no Brasil têm adotado a saudável prática de contratação de profissionais brasileiros para seus quadros, aumentando a proporção de conteúdo local dos seus serviços. Assim sendo, o mercado de trabalho está muito aquecido. Talvez até demasiadamente aquecido. Os engenheiros de petróleo podem ser recrutados por empresas operadoras estrangeiras, como Chevron, Statoil, Shell e Devon, ou empresas brasileiras, tais como OGX e Queiroz Galvão. As grandes contratantes são as empresas de serviços: Transocean, Schlumberger, Baker Hughes, Halliburton, entre outras. Há oportunidades por concurso público para os quadros da Petrobras e da ANP. Os salários são elevados para os que se destacam em suas atividades. Há também oportunidades atra-

entes para muitos e que são bem remuneradas como desempenhar atividades em plataformas offshore, em regime de 14 dias embarcados e 14 dias de folga. Os salários são bem elevados. Os profissionais com perfil de pesquisa e que possuem cursos de pós-graduação são muito requisitados pelos institutos de pesquisa brasileiros que realizam estudos de pesquisa e desenvolvimento, principalmente com a Petrobras. Os centros de pesquisas de empresas estrangeiras também recrutam muitos destes profissionais. Não se pode pedir um cenário melhor que o atual. Há falta de profissionais, sim, e isto é um grande problema, mas é um problema ‘positivo’. Os jovens brasileiros estão diante de belíssimas oportunidades, devem buscá-las e ajudar na construção de nosso país. É necessário se preparar bem, pois a indústria de óleo e gás é extremamente competitiva e de alta tecnologia. Os profissionais mais desejados são os que possuem espírito inovador, conhecimentos, paixão por tecnologia e, sobretudo, que sabem aprender com rapidez. Consciência e responsabilidade social e ambiental também são fundamentais. A indústria de óleo e gás é uma das que mais investem em preservar o meio ambiente e seus profissionais são treinados à exaustão para garantirem a segurança das operações. O caráter multinacional da indústria faz com que os seus profissionais possuam muita facilidade de comunicação e interação com outras culturas e idiomas. O idioma da indústria é o inglês. Os alunos que buscam entrar no setor de óleo e gás devem investir muito em se tornar proficientes em outros idiomas – em particular em inglês. Para tal, uma opção importante é buscar instituições de ensino que ofereçam bons programas de intercâmbio internacional durante o curso de graduação. Muito importante é começar desde cedo a construir uma rede de contatos e se filiar a grupos e associações técnicas. A Society of Petroleum Engineers permite e encoraja a filiação de alunos no quadro de associados e promove muitos eventos de integração entre profissionais mais experientes e os mais jovens. As universidades de maior expressão possuem Capítulos Estudantis da SPE entre seus alunos, e estes promovem feiras e eventos de divulgação do setor. Por fim, há muita informação disponível aos interessados. Sugerimos consultar os portais da SPE (www. spe.org) e das grandes universidades brasileiras que oferecem cursos de Engenharia de Petróleo, assim como o ranking do MEC para os cursos.

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formação profissional

experiência internacional

é diferencial na hora da contratação A exploração de petróleo na camada do pré-sal vem atraindo investimento de muitas empresas multinacionais, principalmente na região da Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro. Grandes empresas multinacionais, como a FMC, Schlumberger e a Baker Hughes estão investindo milhões de dólares no Brasil em tecnologia para a exploração de petróleo na camada do pré-sal.

A

Petrobras estima que há necessidade de contratação de mais de 200 mil profissionais qualificados para trabalhar na área de petróleo até 2013. E neste campo existe grande variedade de áreas para os profissionais que desejam entrar neste setor, um dos que mais cresce na economia nacional. As opções vão desde técnicos para o trabalho nas plataformas (como em sondas de perfuração) até engenheiros, pilotos e cientistas. A escassez de profissionais especializados inflaciona o ‘mercado salarial’ e atrai cada vez mais candidatos para empregos no segmento de petróleo e gás. Neste cenário, além de possuir especialização na área de petróleo e gás, é fundamental que o candidato a uma vaga de emprego nesta área tenha fluência em idiomas estrangeiros, principalmente o inglês, e experiência internacional. Nove em cada dez profissionais da área de Recursos Humanos apontam a vivência no exterior como um dos principais fatores na contratação das empresas, ainda mais as multinacionais. Além de aprimorar o conhecimento da língua, a vivência no exterior proporciona melhor compreensão da cultura local e a oportunidade de tomar decisões importantes com maior independência. Isto é muito valorizado pelas empresas na contratação de mão de obra qualificada e é um diferencial importante no mercado de trabalho. Os idiomas mais procurados por aqueles que desejam estudar no exterior são o inglês, espanhol, francês, alemão e o italiano. No entanto, idiomas como o mandarim e o japonês vêm atraindo cada vez mais o interesse de estudantes que desejam aprender uma nova língua. Isto é um reflexo claro da globalização, que torna imprescindível não só o conhecimento de novas línguas, mas também de novas culturas. Os países mais procurados por estudantes brasileiros para a realização de programas de intercâmbio são os destinos de língua inglesa, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Irlanda.

Cláudio Chalom é diretor da BEX Intercâmbio do Rio de Janeiro.

Guia do Estudante 2011 51


De janeiro de 2009 para cá, o dólar americano desvalorizou cerca de 33% com relação ao real. Com a queda da moeda americana, os Estados Unidos, desde o ano passado, passaram a ser um dos destinos mais procurados para a realização de programas de intercâmbio no exterior. A exigência de vistos de entrada para este país ainda é um entrave a ser superado. A visita do presidente Barack Obama ao Brasil, em março deste ano, trouxe à tona a discussão sobre a eliminação de vistos de curta permanência para brasileiros, mas este pedido foi ignorado pelas autoridades de imigração americana, que acreditam que ainda não é o momento ideal para esta liberação. Com a descoberta do pré-sal, o Brasil passou a ser um futuro fornecedor estratégico de petróleo para os EUA, que depende muito de países do Oriente Médio e esta dependência causa desgastes no campo político e econômico ao governo americano. O número de intercambistas brasileiros também cresceu no Reino Unido, em função da queda da libra em relação a várias moedas. Nos últimos cinco anos, a libra esterlina se desvalorizou em quase 40% com relação ao real. Mesmo com as novas regras mais rígidas para a solicitação de vistos de estudantes, a Inglaterra ainda é um excelente destino para brasileiros, pois não exige visto de entrada para permanência inferior a seis meses. O Canadá é o país de língua inglesa com maior crescimento no número de estudantes brasileiros nos últimos dez anos. Apesar de, atualmente, os custos não serem tão mais baixos que os de programas de intercâmbio nos EUA, o Canadá é um destino muito popular entre estudantes brasileiros em razão da receptividade do povo canadense e suas belas cidades. Outro fato interessante é a possibilidade de aprender ou aperfeiçoar o francês, já que a província de Quebec adota o francês como o seu principal idioma. Montreal, que é a segunda maior cidade canadense, convive muito bem com os dois idiomas e o estudante brasileiro pode tirar proveito desta situação. A região de Calgary, na província de Alberta, chama a atenção pelo fato de ser o principal polo de empresas da área de petróleo e gás. A Irlanda começou a atrair mais estudantes brasileiros após as mudanças nas regras de vistos de estudantes para o Reino Unido. Este país não exige visto de entrada para brasileiros e permite que o estudante trabalhe legalmente em meio período durante a realização de seu curso. No mundo dos negócios, é imprescindível conhecer as diferenças culturais dos diversos países com quem o Brasil realiza transações comerciais, pois isto é um fator primordial para o bom andamento das negociações e acordos. Até mesmo em empresas multinacionais que possuem escritórios em diferentes países, é importante 52 Guia do Estudante 2011

Foto: Cortesia British Petroleum

formação profissional

entender estas diferenças culturais para que o relacionamento com colegas de trabalho e, principalmente, com executivos em cargos de chefia. Alguns conflitos de interesse podem surgir de diferenças culturais, o que ambos os negociadores devem ter em mente. O perigo está em localizar erradamente a origem desses conflitos. Um fabricante ocidental de máquinas agrícolas, por exemplo, ao negociar com distribuidores indianos não deve presumir, gratuitamente, que o conflito é devido a questões de preço. A ênfase do indiano na competição e na necessidade premente pode, muito possivelmente, derivar de uma visão do mundo baseada em sua experiência cultural de escassez e limitação de recursos. O conflito de interesses, neste caso, pode ser mais uma questão de experiências culturais de escassez e de fartura do que uma questão de preço para cada um dos contendores. Neste caso, como, aliás, na maioria dos casos de negociação, o requisito principal para o sucesso é a compreensão do ponto de vista do oponente. Devemos compreender com clareza o modo de pensar e de agir de pessoas de diferentes países para que possamos distinguir as divergências verdadeiras daquelas que decorrem de vieses culturais. Em qualquer negociação, os conflitos de interesses podem ou não estar baseados em diferenças culturais.


energia

As questões-chave da

economia da energia A segurança do abastecimento energético e a busca do desenvolvimento sustentável – com atenção justificadamente crescente para o tema dos impactos ambientais da produção e uso de energia – são objetivos da política energética de todos os países.

P

or esta razão, a energia ocupa papel de destaque no processo de definição das estratégias empresariais e na agenda de políticas governamentais. De fato, não há desenvolvimento econômico e social sem suprimento de energia. Contudo, a incorporação destes aspectos na agenda de política se traduz em fonte de incerteza com relação à evolução da matriz energética mundial e das tecnologias de produção e de uso de energia. O debate sobre as questões energéticas tem sido pautado, no plano internacional e nacional, sobre o futuro da produção e uso das fontes de energia e não pode ser mais dissociado das políticas que visam atingir estes três objetivos: a segurança do abastecimento energético, a redução da dependência energética dos Estados nacionais e a diminuição dos impactos das mudanças climáticas provocadas por gases do efeito estufa, em especial os oriundos da queima de combustíveis fósseis. Não há nada de trivial na compatibilização desses objetivos, os quais provavelmente apontam para uma crescente importância do binômio energia-tecnologia no processo de busca de soluções. No caso das indústrias de energia, existem externalidades negativas, ainda que em graus variados, na produção e uso de todas as formas de energia. Por esta razão, o Estado cumpre um papel fundamental tanto na definição de diretrizes de política energética, quanto na aplicação dos instrumentos econômicos e fiscais necessários à mitigação das externalidades e à garantia do abastecimento energético. No Brasil, por décadas, desde o primeiro choque do petróleo, o eixo condutor das políticas energéticas implementadas por governos muito diferentes foi a tentativa de alcançar a autossuficiência do petróleo. Este é um extraordinário traço comum das diretrizes governamentais para o setor energético brasileiro. Os resultados são largamente conhecidos. Ainda que o Brasil tenha que importar óleos leves para o equilíbrio do seu processo de refino, o grau de dependência líquida das importações de petróleo é, hoje, próximo de zero. E as possibilidades descortinadas com as importantes descobertas do pré-sal, mesmo com grandes desafios tecnológicos e institucionais a serem equacionados e superados, colocam o país numa privilegiada posição em matéria de dotação de recursos energéticos. Assim, no setor de energia no Brasil, as perspectivas de o país consolidar a posição de exportador líquido de petróleo e derivados, de gás natural

Autores: Helder Queiroz Pinto Junior (organizador); Edmar Fagundes de Almeida; José Vitor Bomtempo; Mariana Iooty e Ronaldo Goulart Bicalho. Editora Campus. Formato 17 cm x 24 cm. 346 páginas.

Helder Queiroz Pinto Junior é economista, formado pela UFRJ, com mestrado em Planejamento Energético pela Coppe/ UFRJ e doutorado pelo Instituto de Economia e Política de Energia da Universidade de Grenoble (França) e professor associado do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Guia do Estudante 2011 53


energia

e mesmo de biocombustíveis (em especial, etanol) condiciona no curto, médio e longo prazo as tendências setoriais de investimentos. Cabe observar, contudo, que a condição exportadora não está dada e deve ser construída, pois comporta riscos, e deve ser negociada nos campos político e comercial. Sua construção depende, assim, das diferentes formas de inserção internacional, e também da dinâmica da indústria mundial de energia. Estes riscos estão associados a uma série de questões sobre a evolução do setor de energia ao longo das próximas décadas, tanto em matéria de estratégias empresariais, quanto da efetividade da política energética nacional, bem como das novas políticas energéticas em curso em diferentes países, visando à redução de emissões. Neste sentido, importa destacar dois aspectos cruciais relativos a este tema e que implicam maior interdependência de políticas: 1. No plano internacional, parece claro que haverá uma tendência à ampliação do grau de interdependência das políticas energéticas nacionais. As alternativas de substituição dos combustíveis fósseis, em diferentes países, reduzem as possibilidades de viabilizar plenamente as oportunidades de exportação de carvão, de petróleo e de seus derivados dos países com maiores dotações de recursos energéticos. Decisões de investimento para ampliar a capacidade de oferta destes energéticos, hoje, comportam riscos maiores do que no passado, quando as incertezas ficavam circunscritas às elasticidades de preço e renda da demanda, condicionando as taxas esperadas de crescimento. 2. No plano nacional, dada a magnitude das reservas esperadas, o advento das descobertas do pré-sal se desdobra na necessidade de articulação da política energética com as políticas macroeconômica, ambiental, tecnológica, industrial, externa, de formação de recursos humanos, entre outras. Tal articulação terá que ser instituída a partir de bases inteiramente novas. No passado, como foi dito aqui, o norte das políticas energéticas foi a redução da dependência. A busca de uma participação relevante no cenário energético internacional exigirá arranjos institucionais, dispositivos regulatórios e instrumentos de política energética distintos daqueles usados no passado e adequados aos novos objetivos inerentes ao almejado status de exportador líquido de energia. Desse modo, a evolução do setor de energia no Brasil, no longo prazo, é tarefa de grande complexidade técnica, econômica e institucional na concepção e desenvolvimento dos projetos de expansão. Isto decorre das diferentes dimensões (tecnológica, financeira, ambiental) que influenciam as decisões de investimento, e do número crescente de atores econômicos envolvidos. 54 Guia do Estudante 2011

Estas complexas questões são em geral estudadas pela disciplina Economia da Energia. A Economia da Energia é, por definição, um ramo da economia aplicada que tenta oferecer elementos de resposta a estas questões, e busca conjugar a análise econômica com as dimensões técnica e político-institucional que abarcam os problemas energéticos. A abordagem privilegiada no livro Economia da energia está articulada em torno de três eixos principais de análise que constituem o subtítulo do livro: 1) os fundamentos teóricos e os instrumentos analíticos que contribuem para a compreensão da estrutura e da dinâmica do setor energético; 2) a evolução histórica das principais indústrias de energia; e 3) as diferentes formas de organização industrial e institucional do setor de energia, com particular ênfase no papel do Estado na regulação e formulação de políticas energéticas. Por se tratar, fundamentalmente, de uma área de Economia Aplicada, a Economia da Energia constitui um terreno fértil à utilização dos ensinamentos teóricos e empíricos da Ciência Econômica. Em suma, a Economia da Energia trata de cinco temas interdependentes, os quais contemplam uma série de relações econômicas fundamentais envolvendo empresas de energia, países, representados pelos Estados nacionais e consumidores. Estes temas estão associados: 1. às relações entre a oferta e demanda de energia e o crescimento econômico sustentável; 2. às condições econômicas e geopolíticas que governam as relações comerciais e de interconexão física da infraestrutura de energia entre diferentes países; 3. ao processo de formação de preços e os critérios que presidem as decisões de financiamento, de investimento e de consumo de energia; 4. ao papel do Estado na formulação das políticas de oferta e de demanda, do regime fiscal e/ou através da criação de empresas estatais; 5. ao papel das estratégias empresarias e das inovações tecnológicas, que configuram, em última instância, determinado padrão de concorrência nas indústrias energéticas. A partir desta abordagem, espera-se que, ao cabo da leitura, o leitor esteja em condições de analisar as principais questões de energia, as quais continuarão por muito tempo como cruciais para o desenvolvimento econômico e social de todos os países do mundo. O livro busca apresentar os problemas e os instrumentos de análise da disciplina Economia da Energia, buscando, nas últimas seções de cada capítulo, enfatizar os aspectos inerentes ao setor de energia no Brasil. Em suma, o livro pretende capacitar o leitor para a compreensão das diferentes dimensões que envolvem o tema Energia, bem como o entendimento das relações geopolíticas, das estratégias empresariais e as políticas energéticas de diferentes países.


cursos UNIVERSIDADES FEDERAIS Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) www.ufrj.br Tel.: (21) 2562-2010 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Química; Engenharia Naval e Oceânica Pós-Graduação em: Engenharia de Máquinas Navais e Offshore; Engenharia Portuária; Engenharia de Confiabilidade em Sistemas Navais e Offshore; Engenharia de Sistemas Flutuantes Offshore e Pós-Graduação Executiva em Petróleo e Gás MBA: Gestão de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) Universidade Federal Fluminense (UFF) www.uff.br Tel.: (21) 2629-5205 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Metalúrgica; Engenharia Química; Geofísica; Química e Química Industrial Pós-Graduação em: Engenharia de Dutos e Engenharia de Petróleo e Gás Natural FUNCEFET Rio de Janeiro Tel.: (21) 3553-4112 www.funcefet-rj.com.br Macaé – Rio de Janeiro www.funcefet-macae.com.br Tel.: (22) 2762-9887/ 8823-5621 São Paulo Tel.: (11) 4063-7756 Pós-Graduação em: Engenharia de Construção Naval e Offshore; Engenharia de Inspeção e Manutenção na Indústria do Petróleo e Engenharia Submarina MBA Executivo em Petróleo e Gás MBA em Gestão Integrada em QSMS (Qualidade, Segurança, Meio

Ambiente e Saúde) na Indústria do Petróleo

Engenharia Química; Geologia e Química

Universidade Federal do Paraná (UFPR) www.ufpr.br Tel.: (41) 3360-5000 Curso Técnico de Petróleo - duração 3 anos Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Química; Engenharia Mecânica e Química; Geologia; Oceanografia; Engenharia Química Elétrica e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Universidade Federal da Bahia (Ufba) www.ufba.br Tel.: (71) 3283-9703 Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica e Engenharia Química Pós Graduação em: Energia e Ambiente; Engenharia Elétrica; Engenharia Industrial; Engenharia Química (mestrado em Processos e Sistemas Químicos); Engenharia Química (doutorado em Processos e Sistemas Químicos); Geofísica; Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente; Geologia; Química e Engenharia de Automação e Controle (Mestrado)

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) www.ufmg.br Tel.: (31) 3409-5000 Graduação em: Engenharia de Controle e Automação; Engenharia Ambiental; Engenharia Mecânica; Engenharia Metalúrgica; Engenharia Química; Engenharia de Produção; Engenharia de Sistemas; Geologia e Química Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) www.ufrgs.br Tel.: (51) 3308-6000 Graduação em: Engenharia de Energia; Engenharia de Produção; Engenharia Química; Geologia e Química Universidade Federal do Rio Grande (Furg) www.furg.br Tel.: (53)3233.6500 Graduação em: Engenharia Civil Costeira e Portuária; Engenharia de Automação; Engenharia de Mecânica Naval e Engenharia Química Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) http://portal.ufes.br Tel.: (27) 4009-2203 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção;

Universidade Federal do Amazonas (UFAM) http://portal.ufam.edu.br/ Tel.: (92) 3305-4559 Graduação em: Engenharia de Gás e Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia de Materiais; Engenharia Mecânica; Engenharia Química; Geologia; Química Pós Graduação em: Química; Engenharia de Recursos da Amazônia Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Tel.: (84) 3215-3124 Graduação em: Geofísica; Química; em Química do Petróleo; Engenharia do Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Mecânica; Engenharia Elétrica; Engenharia Química Universidade Federal do Ceará (UFC) www.ufc.br Tel.: (85) 3366 9410 Graduação em: Geologia; Química; Engenharia de Energias Renováveis; Engenharia de Petróleo; Engenharia Guia do Estudante 2011 55


formação

de Produção Mecânica; Engenharia Mecânica; Engenharia Química; Engenharia Elétrica; Engenharia de Gás Natural; Engenharia de Produção; Especialização em Engenharia Hidráulica e Ambiental Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) www.ufpe.br Tel.: (81) 2126.8000 Graduação em: Engenharia de Energia; Engenharia de Materiais; Engenharia Elétrica-Eletrônica; Engenharia Elétrica-Eletrotécnica; Engenharia Mecânica; Engenharia de Produção; Engenharia Química; Geologia e Química Industrial Pós Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Química e Tecnologias Energéticas e Nucleares Universidade Federal de Alagoas (UFAL) www.ufal.br Tel.: (82) 3214-1052 Graduação em: Engenharia Química e Engenharia Ambiental ESTADUAIS Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) www.uerj.br Tel.: (21) 2334-0652 Graduação em: Engenharia de Produção; Engenheria Química; Engenharia Mecânica e Química Pós-Graduação em: Engenharia de Petróleo e Gás Natural e Química Ambiental Universidade de São Paulo (Usp) www4.usp.br Tel.: (11) 3091-3414 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia de Produção Mecânica; Engenharia Metalúrgica; Engenharia Mecatrônica; Engenharia Naval; 56 Guia do Estudante 2011

Engenharia Química; Engenharia Elétrica - Eletrônica e Sistemas de Energia e Automação; Engenharia Elétrica Com Ênfase em Automação e Controle; Engenharia Elétrica com ênfase em Energia e Automação Elétricas; Geofísica Pós Graduação em: Ciências da Engenharia Ambiental; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Geotecnia; Engenharia Química; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Naval e Oceânica ; Engenharia Química; Engenharia de Sistemas Logísticos

Universidade do Estado do Amazonas (Uea) www2.uea.edu.br Tel.: (92) 3214-5771 Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Mecatrônica; Engenharia Química; Automação Industrial; Mecânica Pós Graduação em: Engenharia de Segurança do Trabalho; Engenharia de Proudução com ênfase em Recursos Produtivos; Gestão e Tecnologia do Gás Natural; Processos e Tecnologias de Fabricação Mecânica

IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) www.ibp.org.br/cursos. Tel.: (21) 2112-9033/9034 • Planejamento, Orçamentação, Contratação e Gerência de Empreendimentos de Manutenção e Montagem – Rio de Janeiro. 32 horas. 13 a 16/09/2010 • Inspeção e Manutenção de Sistemas de Proteção Catódica de Dutos Terrestres (ABRACO) – Rio de Janeiro. 32 horas. 5 a 8/10/2010 • Interferência em Instrumentação – Maranhão. 16 horas. 25 e 26/10/2010 • Controle Regulatório Avançado e Sintonia de Controladores PID – Rio de Janeiro. 32 horas. 5 a 8/10/2010 • Aprovando Projetos de Automação com Bases Financeiras – Rio de Janeiro. 16 horas. 18 e 19/10/2010 • Básico de Instrumentação – 2ª turma – Pernambuco. 40 horas. 18 a 22/10/2010 • Segurança e Saúde em Laboratórios – São Paulo. 24 horas. 29/10 a 1º/11/2010 • Auditoria Interna em Laboratórios – Rio de Janeiro. 24 horas. 18 a 20/10/2010 • Técnicas de Gerenciamento de Projetos de E&P – Rio de Janeiro. 24 horas. 29/10 a 1º/11/2010

• Produção de Petróleo – Campos Maduros – Bahia. 16 horas. 23 e 24/09/2010 • Gerenciamento de Negócios de Exploração e Produção de Petróleo – Rio de Janeiro. 32 horas. 4 a 7/10/2010 • Gestão da Logística de Suprimento de Petróleo e Derivados (Módulo II) – Rio de Janeiro. 40 horas. 25 a 29/10/2010 • Análise de Investimento na Indústria Petroquímica – Rio de Janeiro. 40 horas. 18 a 22/10/2010 • Implementação e Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade com Base na NBR ISO 9001:2000, de Forma Integrada com a NBR ISO 14001, Gestão Ambiental, BS 8800 e OHSAS 18001, Saúde e Segurança no Trabalho e sua relação com Sistemas de Excelência em Gestão – Rio de Janeiro. 24 horas. 7 a 9/10/2010 • Comunicação Ambiental segundo a nova Norma ISO 14063 – Rio de Janeiro. 16 horas. 14 e 15/10/2010 • Auditor e Fiscal da Legislação de Segurança e Medicina do Trabalho – Rio de Janeiro. 32 horas. 4 a 7/10/2010


Foto: Divulgação CNI

PARTICULARES Centro de Formação Profissional JFW www.jfw.com.br Tel: 0800-021-2000 Capacitação em: Petróleo e Gás. Duração: 8 meses (90 horas) Carga horária semanal: 3 horas

SENAI www.senai.br Tel.: (61) 3317-9000/9001 Técnico em Operação de Produção de Petróleo e Gás Natural – Campos e Niterói. Duração: 1.440 horas Técnico Industrial em Tecnologias Finais do Gás – Rio de Janeiro. Duração: 1.140 horas Pós-Graduação em: Automação Industrial dos Sistemas de Produção, Refino e Transporte – Rio de Janeiro. Duração: 400 horas; Especialização em Projetos de Automação em Instalações de Superfícies de Produção de Petróleo – Rio de Janeiro. Duração: 418 horas Curso Técnico de Petróleo e Gás – Acacuí (BA); Maracanaú (CE); Belo Horizonte e Contagem (MG); João Pessoa (PB); Cabo de S. Agostinho e Recife (PE); Campos, Duque de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis e Rio de Janeiro (RJ); Mossoró e Natal (RN); Porto Velho (RO); Caxias do Sul, Esteio e Porto Alegre (RS); Caçador, Capivari de Baixo, Criciúma, Itajaí, Joinville, São José, Tijucas, Tubarão (SC); Aracaju (SE), Campinas e São Paulo (SP)

Enprotec www.cursosenprotec.com.br Tel.: (21) 3705-7199 Cadeia Produtiva do Petróleo (1 ano) UGF (Universidade Gama Filho) www.ugf.br Tel.: (21) 2599-7100 Graduação em: Engenharia do Petróleo (duração de 5 anos); Tecnológica em Petróleo e Gás (3 anos) PUC-RIO (Pontifícia Universidade Católica) www.puc-rio.br Tel.: (21) 3527-1001 Graduação em: Engenharia do Petróleo (duração de 4,5 anos) Pós-Graduação em: Química Analítica do Petróleo; Engenharia de Petróleo; Engenharia de Dutos; Gás Natural; Estrutura da Indústria de Petróleo, Gás e Derivados Estácio www.estacio.br Tel.: (21) 3231-0000 Graduação em: Engenharia do Petróleo (duração de 5 anos); Tecnológica em Automação Industrial (duração de 3 anos); Tecnólogo em Petróleo e Gás (duração de 2,5 anos) Pós-Graduação em: Engenharia de Petróleo e Gás; Geologia e Geofísica de poço em reservatórios de Petróleo e Gás; Logística de Petróleo e Gás (estes com duração de 361 horas) e Engenharia Naval e Offshore (duração de 496 horas) Unisuam (Centro Universitário Augusto Motta) www.unisuam.edu.br Tel.: (21) 3882-9797 Graduação em: Engenharia de Petróleo (duração de 5 anos) Universidade Castelo Branco www.cursosoffshore.com.br Tel.: (21) 2253-2147 / (22) 2772-6788/2759-1164

Graduação em: Engenharia de Construção e Montagem de Tubulações Onshore e Offshore (19 meses); Engenharia de Construção Naval e Offshore (20 meses); Engenharia de Equipamentos na Indústria do Petróleo (19 meses); Engenharia de Inspeção e Manutenção de Equipamentos Onshore e Offshore (20 meses); Engenharia de Petróleo e Gás (19 meses); Engenharia Submarina (20 meses) MBA em: Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde Onshore e Offshore (19 meses); Engenharia e Gestão de Projetos, com ênfase em sistemas e equipamentos industriais e navais (20 meses). Todos os cursos em Macaé e no Rio de Janeiro UNIGRANRIO www.unigranrio.br Tel.: (21) 3882-9797 Graduação em: Engenharia de Petróleo e Gás; Tecnológica em Petróleo e Gás CENTRO de TREINAMENTO ESPECIALIZADO SIÃO www.cetessiao.com.br Tel.: (22) 2791-5058; 9933-7439 Soldador Eletrodo Revestido (6G) – Macaé; Soldador TIG – (6G, soldador com argônio) – Macaé PROJECT-EXPLO – SP www.project-explo.com.br Tel.: (11) 5589-4332 – Ramal: 217 Aperfeiçoamento em áreas classificadas: Elétrica, Instrumentação, Projetos, Montagens e Manutenção Datas: 14 e 16, 28 a 30 de setembro; 19 a 21, 28 a 30 de outubro; 9 a 11, 23 a 25 de novembro; 7 a 9, 14 a 16 de dezembro de 2010. Analista Técnico de Segurança Contra Explosões Datas: 14 a 16, 28 a 30 de setembro; 19 a 21, 28 a 30 de outubro; 9 a 11, 23 a 25 de novembro; 7 a 9, 14 a 16 de dezembro de 2010. Guia do Estudante 2011 57


feiras e congressos

Junho

7 a 9 – Canadá Gas & Oil Expo & Conference North America Local: Calgary, Alberta Tel.: +1 (403) 209-3555 Fax: +1 (403) 245-8649 ryanmurray@dmgevents.com www.gasandoilexpo.com 7 a 9 – Nigéria Nigeria Oil & Gas Technology 2011 Local: Victoria Island Tel.: +44 20 7978-0000 CWCConferences@thecwcgroup.com www.cwcnogtech.com 7 a 9 – Alemanha NGV 2011 Local: Berlim Tel.: +54 11 4300-6137 info@ngv2011berlin.com www.ngv2011berlin.com 7 a 10 – Azerbaijão Caspian International Oil & Gas Exhibition & Conference 2011 Local: Baku Tel.: 0044 207 596-5091 Fax: 0044 207 596-5008 me.coombes@ite-exhibitions.com www.caspianoil-gas.com/2010/index.html 8 a 9 – China GAP & Coal Chemicals Conference Local: Pequim Tel.: (00XX336) 07 28 5247 Fax: (00XX331) 56 08 0351 management2011@gap-gasification.com www.gap-gasification.com 14 a 17 – Brasil Brasil Offshore 2011 Local: Macaé, RJ Tel.: 55 11 3060-4868 Fax: 55 11 3060-4953 contato@brasiloffshore.com www.brasiloffshore.com 20 a 22 – Brasil XI Conferência da ANPEI Local: Fortaleza, CE Tel.: 55 11 3842-3553 ou 55 85 3261-1111 anpei2011@ikone.com.br www.anpei.org.br

21 a 24 – Rússia 11th MIOGE 2011 Local: Moscou Tel.: 0044 207 596 5135 Fax: 0044 207 596 5135 trubetskaya@ite-expo.ru www.russianpetroleumcongress.com/2010/ 22 a 23 – Canadá Atlantic Canada Petroleum Show Local: Newfoundland Tel.: +1 (403) 209-3555 Fax: +1 (403) 245-8649 bettyshea@dmgevents.com www.atlanticcanadapetroleumshow.com

Agosto

1º a 3 – Colômbia Hola – Heavy Oil Latin America Congress Local: Bogotá Tel.: (888) 799-2545 Fax: +1 (403) 245-8649 sdcomercial@campetrol.org heavyoillatinamerica.com 15 a 18 – Brasil International Congress of the Brazilian Geophysical Society Local: Rio de Janiero Tel.: 918 497 5500 Fax: 918 497 5557 eventos@sbgf.org.br sys2.sbgf.org.br/congresso/ 17 a 19 – EUA NAPE Conference & Expo Local: Houston, TX Tel.: 972 993 9090 Fax: 972 993 9191 info@nape.com • www.nape.com 22 a 24 – China CIPPE 2011 - Shanghai Local: Xangai Tel.: +86 10 5823-6588/5823-6548 Fax: +86 10 5823-6567 cippe@zhenweiexpo.com sh.cippe.com.cn/cippeen/

Setembro

20 a 22 – Brasil Rio Pipeline Conference & Exposition 2011 Local: Rio de Janeiro Tel.: +55 21 2112-9077 Fax: +55 21 2220-1596 congressos@ibp.org.br www.riopipeline.com.br

Outubro

4 a 6 – Brasil OTC Brasil 2011 Local: Rio de Janeiro Tel.: 1 281 491-5908 Fax: 1 281 491-5902 info@otcbrasil.org www.otcbrasil.org 10 a 13 – Argentina Argentina Oil & Gas – AOG 2011 Local: Buenos Aires Tel.: +54 11 4322-5707 Fax: +54 11 4322-0916 aog@uniline.com.ar www.aog.com.ar 24 a 26 – Brasil Vitória Oil & Gas 2011 Local: Vitória, ES Tel.: +55 21 2112-9000 ibp@ibp.org.br www.ibp.org.br 25 a 26 – Brasil Pernanbuco Business 2009 Oil & Gas, Offshore, Shipbuilding Local: Recife Tel.: +55 21 2112-9077 Fax: +55 21 2220-1596 congressos@ibp.org.br www.ibp.org.br

Novembro

7 a 10 – Brasil NNO – Niterói Naval Offshore Local: Niterói, RJ Tel.: (55 21) 2215-3207 maria.jose@nno.com.br www.nno.com.br/ 10 a 12 – Argentina V ExpoGNC 2011 Local: Buenos Aires Tel.: +54 11 4300 6137 info@expognc.com www.expognc.com 28 a 30– Brasil Brazil Onshore 2011 Local: Natal, RN Tel.: (21) 2112-9000 ibp@ibp.org.br www.ibp.org.br

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br

58 Guia do Estudante 2011

www.tnsustentavel.com.br


opinião de Alberto Machado, diretor executivo de Petróleo, Gás, Bionergia e Petroquímica da Abimaq.

O conteúdo local e o dilema do primeiro emprego Na minha juventude, as principais escolhas profissionais eram a carreira militar para os homens e o magistério primário para as mulheres. Na década de 1970, o Brasil experimentou um período de crescimento: “este é um país que vai pra frente”, dizia o Governo Federal e muitos

M

uitos investimentos foram realizados e era o período em que as melhores oportunidades estavam nas carreiras técnicas, com ênfase nas engenharias mecânica, eletrônica, química e nuclear, entre outras menos cotadas. O sonho de muitos era trabalhar em uma empresa estatal e, sem dúvida, a Petrobras era uma das mais atraentes. Também havia muitas oportunidades na iniciativa privada. Dificilmente, um formando na área técnica ficava desempregado. Em seguida, já nos anos 1980 e 90, o Brasil entrou em uma rigorosa dieta de investimentos e as melhores oportunidades profissionais passaram a ser encontradas no serviço público, com ênfase nas áreas de Saúde e principalmente nas escolas de Direito, formação que abria excelentes oportunidades como ser juiz, procurador, promotor, defensor... Os salários eram atraentes e estavam associados a status, estabilidade, benefícios e menores cargas horárias nominais. Nesse período, o Brasil sofreu uma verdadeira ‘desengenheirização’. Por falta de oportunidades, a procura por cursos técnicos diminuiu, numerosas indústrias fecharam e muitos formados em carreiras técnicas foram buscar outras formas de sobrevivência. O Brasil perdeu muito de sua capacitação técnica. Mas, por mais elástico e voraz de funcionários que o Estado possa ser, num dado momento os jovens precisaram buscar outras possibilidades de colocação e, nesse aspecto, a geração que ora está entrando no mercado de trabalho tem fortes sinalizações de que muitas oportunidades estão surgindo para as carreiras técnicas.

Convivo no setor de petróleo e gás há mais de 40 anos e nunca tinha visto um período de tantas possibilidades. Existe uma forte demanda de mão de obra especializada e, ao mesmo tempo, enorme carência de pessoal qualificado. A formação brasileira em carreiras técnicas está muito aquém da verificada em países que concorrem conosco em termos de desenvolvimento, como é o caso do grupo dos emergentes designado como Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e da Coreia. Na fase atual, o Brasil, desse grupo, é o país que forma o menor número de profissionais nas carreiras técnicas, profissões fundamentais ao crescimento econômico, crescimento que, por exemplo, é claramente visível na Coreia, país que na década de 1960 simplesmente não existia em se tratando de indústrias. Vale acrescentar que as carreiras técnicas não se limitam às engenharias, pois incluem outras áreas do conhecimento, como geologia, geofísica, informática, profissionais de Marinha Mercante, entre outras. Embora apenas tenham sido citados exemplos de carreiras de terceiro grau, o mesmo ocorre com as de nível médio e operacional – e nesse último grupo estão incluídos soldadores, montadores, operadores de máquinas-ferramenta, caldeireiros, entre outras Guia do Estudante 2011 59

Foto: Divulgação

de nós vivemos isto.


opinião

profissões que são vitais para um país “colocar sua indústria para funcionar”. A maioria desses profissionais não se forma da noite para o dia, em muitos casos são necessários mais de cinco anos somente na formação acadêmica. A considerar as demandas previstas em investimentos e operações para os próximos anos, se nada for feito com urgência, o déficit será enorme e o Brasil acabará tendo que importar mão de obra estrangeira ou, o que é pior, terá que exportar as oportunidades. Para viabilizar a constituição desses quadros, antes da citada capacitação profissional, existe uma primeira missão que é motivar o jovem em idade produtiva a ingressar e investir em sua formação técnica. É preciso um trabalho de convencimento a partir da demonstração do caminho a ser seguido e do mundo de oportunidades que existem. Um jovem que mora em Macaé (RJ) até pode perceber isso, mas e um do interior do Maranhão ou do Ceará, onde esse setor ainda é pouco divulgado, será que já o percebe? Se eu quero ter um emprego de engenheiro, é necessário, antes de qualquer coisa, que eu me torne um engenheiro.

Como se sabe, formar um profissional não é tarefa simples, entretanto, mais complexo é o mecanismo de ingresso do profissional recém-formado no mercado de trabalho. E, nesse ponto, as medidas até então adotadas não têm se mostrado eficientes. Por outro lado, as oportunidades potenciais decorrentes dos investimentos previstos só irão se concretizar na medida dos valores que o país conseguir capturar para seu mercado interno. A indústria do petróleo cresce até em países sem qualquer industrialização, só que, nesse caso, o único benefício vem do petróleo pelo petróleo. Todos os empregos são gerados fora. Daí a relevância do trabalho que vem sendo desenvolvido em prol do aumento do conteúdo local. Conteúdo local implica emprego local e renda local. E as empresas só vão empregar se perceberem a real possibilidade de receberem encomendas. Concluindo, o fator mais importante, que são as demandas, nós já temos e, para concretizá-las com reais benefícios para o país, é necessário que cada um faça sua parte: que os jovens se interessem, os profissionais se qualifiquem, os empresários invistam e o governo crie condições para que o Brasil possa ter uma indústria competitiva.

Indústria naval brasileira. Um setor em expansão.

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Com um mar de oportunidades em sua proa e após anos de estagnação, o mercado naval brasileiro volta a ser uma realidade. De 2000 para cá, com os programas de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam) e o de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, a indústria da construção naval brasileira saltou de dois mil para 80 mil empregos diretos e indiretos, serão 146 embarcações de apoio marítimo e 49 navios, com um índice de 65% de conteúdo nacional no setor de navipeças. Participe! Copyright 2010, Benício Biz Editores Associados | 55 21 3221-7500

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