Guia do estudante 2010

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Revista Brasileira de Tecnologia e Negócios de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

opinião

Ano XII • jul/ago 2010 • Número 73 (Suplemento Guia do Estudante) • www.tnpetroleo.com.br

A carreira do geofísico

de Paulo Buarque, professor do departamento de Geologia da UFF e membro do comitê gestor do CTPetro

Guia do

ESTUDANTE Segunda edição, 2010

Qualificação, eis a questão Entrevista exclusiva

NESTA EDIÇÃO A indústria do petróleo no Brasil Plataformas brasileiras Cenário do petróleo no mundo Pré-sal: o presente e o futuro do Brasil Bacias sedimentares brasileiras A logística do petróleo Malha dutoviária Parque de refino O beabá da exploração Sustentabilidade e recursos energéticos Personalidades da indústria do petróleo Indústria naval brasileira

José Renato Ferreira de Almeida coordenador executivo do Prominp

Prominp: qualificação é o desafio permanente ARTIGOS

MBA em quê?, por Bianca Machado Branco A difícil escolha da profissão, por João Batista Frazão (Não) Há vagas, por Jane Cláudia Queiroz dos Santos Engenharia está sempre na moda, por Marco Tulio Duarte Rodriguez


entrevista exclusiva José Renato Ferreira de Almeida, coordenador executivo do Prominp

qualificação é o desafio permanente Prominp:

ESSA É A PRIMEIRA de outras seleções que serão abertas até 2014 para atender a demanda levantada pela Petrobras de 207 mil vagas. O coordenador executivo do Prominp, José Renato Ferreira de Almeida, concedeu uma entrevista exclusiva para a TN Petróleo, na qual falou sobre o andamento do trabalho do Prominp na qualificação profissional para o setor de óleo e gás. TN Petróleo – Qual o balanço que o senhor faz da atuação do Prominp na qualificação do setor de óleo e gás? José Renato Ferreira de Almeida – O balanço é o mais positivo possível. Nos ciclos anteriores passaram pelo processo de qualificação 78 mil pessoas, sendo que cerca de 54 mil já estão qualificadas e o restante está se qualificando. Agora, estamos em uma nova fase com o 5º ciclo de seleção pública, com oferta de 28 mil vagas. O número de candidatos-vaga tem

crescido bastante. No 4º ciclo, tivemos quase dez candidatos para cada vaga oferecida. Como é feito o estudo dessa demanda de profissionais? Essa necessidade é levantada a partir dos investimentos que a Petrobras tem em cada região do país. Todo ano há uma atualização do plano de qualificação com base nestes números, que para o período 2010-2014 está em 207 mil pessoas em 17 estados. Esta seleção que estamos realizando já é para atender essa demanda. Existe uma concentração de vagas em estados como Rio de Janeiro, devido à intensa atividade petroleira offshore localizada na região. Como o Prominp trabalha a demanda dos outros estados? Isso é uma coisa que varia de acordo com o nível de investimentos de cada região. O Rio de Janeiro, por ter

TODO ANO HÁ UMA ATUALIZAÇÃO DO PLANO DE QUALIFICAÇÃO COM BASE NOS NOVOS INVESTIMENTOS DA PETROBRAS, QUE PARA O PERÍODO 2010-2014 ESTÁ EM 207 MIL PESSOAS EM 17 ESTADOS. ESTA SELEÇÃO QUE ESTAMOS REALIZANDO JÁ É PARA ATENDER ESSA DEMANDA.

uma grande quantidade de recursos empregados no setor de petróleo e gás, tem uma demanda maior de vagas. Mas, no Maranhão e no Ceará, por exemplo, a quantidade de vagas vai aumentar muito por causa das obras nas refinarias da Petrobras. Na entrevista para o Guia do Estudante de 2008, o senhor disse que 70% dos alunos treinados conseguiam entrar no mercado, e que o objetivo do Prominp era que esse número chegasse a 100%. Como está esse percentual? Esse número tem aumentado. Pelos que temos observado através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a média ficou em 80% de pessoal qualificado que conseguiu emprego com carteira assinada, o que é um número muito bom. Então, a inserção dos alunos treinados no mercado de trabalho é praticamente certa, muito por conta

da demanda reprimida de profissionais qualificados na área. Como está sendo a qualificação das micro e pequenas empresas, que precisam estar preparadas para atender tanto aos altos padrões de exigência do setor de óleo e gás, como também para receber esses novos profissionais qualificados? Tem sido feito um trabalho intenso e muito positivo com o Sebrae, para capacitá-las a atender aos níveis de exigência do mercado. Inclusive em

habilidades gerenciais e de gestão de finanças, por exemplo. Mais de três mil empresas já foram capacitadas. Além disso, nós realizamos mais de 50 Rodadas de Negócios, em que juntamos grandes empresas com essas pequenas, para que se criem oportunidades de negócios. Esse trabalho já resultou em um volume de negócios de R$ 2 bilhões no fornecimento de bens e serviços. Há hoje toda uma cadeia de formação de novos profissionais voltados para

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

por Rodrigo Miguez

Após quatro ciclos de seleção desde a sua criação, o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) cresceu junto com o setor de óleo/gás e naval, preparando profissionais para ingressar em um setor com imensas perspectivas e expectativas no país. O programa acaba de abrir o quinto ciclo que irá oferecer quase 28 mil vagas, em 13 estados, para cursos gratuitos em categorias profissionais de níveis básico, médio, técnico e superior.

o mercado de óleo e gás, incluindo as universidades, que agregaram cursos e especializações somente com o foco para o setor. Qual a avaliação do Prominp dessa corrida pela capacitação? Isso é muito importante, pois o setor de petróleo tem uma demanda muito grande de trabalhadores qualificados, nos níveis básico, técnicomédio e superior, nas mais diversas especialidades. Hoje, o mercado busca tanto aquele profissional em áreas específicas como Geologia e Enge-

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recursos humanos

Foto: Roberto Rosa, Consorcio Quip

Qualificação, eis a questão

A indústria vivencia uma demanda crescente por profissionais qualificados. Entretanto, a formação de recursos humanos tem sido o grande gargalo do setor. Apesar do número de graduados, as empresas reclamam da falta de profissionais aptos às suas necessidades.

por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

O Foto: Roberto Rosa, Consorcio Quip

mercado de construção naval, petróleo e gás brasileiro passa por grandes mudanças. Os cenários são otimistas, demandando profissionais das mais diversas áreas para garantir o aumento da capacidade produtiva dos estaleiros e petroleiras. Com as perspectivas de aumento da produção de petróleo no Brasil, principalmente após as descobertas do pré-sal, cursos voltados para a formação de mão de obra para o setor proliferaram em todo o país. Segundo o Ministério da Educação, nos últimos dois anos foram criados nada menos que cerca de cem novos cursos superiores destinados à capacitação para o setor de óleo, gás e indústria naval. São Paulo concentra a maior parte deles, seguido do Rio de Janeiro, mas também há oportunidades em estados como Espírito Santo, Amazonas e Bahia. A grande procura por profissionais, especialmente por parte de multinacionais, também tem impulsionado a expansão de treinamentos e cursos livres. A indústria do petróleo engloba as mais diversas atividades, desde a engenharia ao direito, passando pela medicina e pela administração de empresas, dentre outras. Com isso, vários cursos profissionalizantes e de graduação surgiram para atender não só as centenas de empresas nacionais e internacionais, mas também pessoas interessadas em ingressar no mercado de óleo e gás – com remunerações até 30% superiores ao que é pago em outros setores da economia. Em 1999, a PUC-Rio iniciou a turma de especialização em Engenharia de Petróleo, para graduados em Engenharia Plena, com o objetivo de formar profissionais em curto tempo (400 horas). Depois de ganhar experiência com as várias turmas, a instituição decidiu criar o curso de graduação em engenharia de petróleo, iniciado em 2005. Segundo

Recursos humanos demandados para o setor de petróleo SUPERIOR Engenheiro Químico Engenheiro Civil Engenheiro de Inspeção de Equipamentos Engenheiro de Instalações Marítimas Engenheiro de Manutenção Engenheiro de Materiais Engenheiro de Perfuração Engenheiro de Processamento de Petróleo Engenheiro de Produção Engenheiro de Reservatório Engenheiro de Telecomunicações Engenheiro Eletricista

Engenheiro Eletrônico Engenheiro Metalurgista Engenheiro Mecânico Engenheiro Naval Engenheiro Submarino Analistas Paleontólogo Geofísico Geólogo Químico de Lama Químico de Petróleo NÍVEL MÉDIO Eletricistas Instrumentistas

Técnicos de Laboratório Técnicos de Produção Técnicos de Suprimentos Técnicos de Processamento Técnicos de Instrumentação Técnicos de Manutenção Técnicos de Perfuração Inspetor de Equipamentos Inspetor de Ensaios não Destrutivos Operadores de Processo Operadores de Transferência e Estocagem Soldadores Sondadores Mecânicos

A pesquisa “Índice de Perspectivas Profissionais”, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), identificou as dez profissões no âmbito da indústria que apresentaram os maiores índices de perspectivas profissionais, quando foi realçado o potencial dos setores ligados a petróleo e petroquímica, construção civil e meio ambiente. Foi diagnosticado também na pesquisa que o curso técnico ou superior é considerado requisito preponderante para 91% das carreiras analisadas. Esse resultado reflete as mudanças tecnológicas no âmbito da indústria brasileira, que mudaram a natureza do trabalho operário. Cada vez mais, será necessário deter capacitação para lidar com processo de controle e equipamentos tecnologicamente complexos.

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história

Foto P-52: Steferson Faria, Agência Petrobras

Foto: Agência Petrobras

A indústria do petróleo no Brasil por Maria Fernanda Romero

A exploração do petróleo no Brasil teve início no século XIX, embora sem muito sucesso. Nada deixava antever a importância que esse recurso energético assumiria em pouco tempo

A história do petróleo no Brasil pode ser dividida em quatro fases distintas:

ou o nível de excelência que o país alcançaria na exploração e produção de petróleo e gás natural. No ranking da PFC Energy das 50 maiores empresas de energia do mundo com ações em bolsa, a Petrobras é a quarta companhia de energia, atrás apenas da PetroChina,

1) Até 1938, com as explorações sob o regime da livre iniciativa – período em que a primeira sondagem profunda foi realizada entre 1892 e 1896, no município de Bofete, estado de São Paulo, por Eugênio Ferreira Camargo.

Exxon e BHP Billiton. Já no levantamento do The World Factbook, compilado pela CIA (Central de Inteligência Americana), o Brasil ocupa a 13ª posição no ranking mundial de produtores, com produção diária de cerca de 2,4 milhões de barris. E mais, com a gigantesca descoberta do pré-sal, o país passará a ser o sexto maior produtor mundial de petróleo em 2030.

Foto: Divulgação

Pensilvânia, EUA, 1859. Início da produção industrial de petróleo. Cel. Edwin Drake, à direita na foto.

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2) Nacionalização das riquezas do nosso subsolo, pelo Governo e a criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938.

uando se fala em petróleo, muitas pessoas têm a errada impressão de que essa substância somente apareceu na história com a Revolução Industrial. Contudo, há relatos de usos de hidrocarbonetos 4000 anos antes de Cristo, com diferentes nomes: nafta da Pérsia, óleo de são Quirino, betume, entre outros. O nome como hoje é conhecido deriva-se do latim petra e oleum, que significam “pedra de óleo”, uma vez que a substância preenche os espaços entre os grãos de areia na rocha e em cavidades no subsolo, formando as jazidas ou reservas. Sacerdotes hebreus acendiam fogueiras utilizando petróleo como elemento de combustão, os egípcios o usavam para embalsamar seus mortos, muitos o usavam para manter acesas as tochas em pontas de lanças e flechas. Outros povos, incluindo os pré-colombianos, o aplicavam na impermeabilização de construções, embarcações e estradas. Assim, embora conhecido desde os primórdios da civilização, o petróleo só passou a ser utilizado comercialmente no século XVIII. E somente ganharia status de combustível e gerador de matéria-prima com a invenção e fortalecimento das fábricas, na chamada Revolução Industrial. A perfuração de poços, no entanto, só foi iniciada no século XIX, em Titusville, na Pensilvânia (EUA), em 1859, quando Edwin Drake criou uma bomba e perfurou o primeiro poço, para ampliar a produção desse energético, que, até então, era coletado a partir de exsudações naturais (ou seja, o petróleo aflorava na tera, em poças).

3) Estabelecimento do monopólio estatal, durante o governo de Getúlio Vargas que, em 3 de outubro de 1953, promulgou a Lei 2004, criando a Petrobras – fase marcante na história do nosso petróleo, pelo fato de a Petrobras ter nascido do debate democrático, atendendo aos anseios do povo brasileiro e defendida por diversos partidos políticos. 4) Mercado aberto, com o fim do monopólio, e a participação de pequenas, médias e grandes empresas nas atividades de exploração e produção de petróleo, principalmente em áreas offshore.

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exploração

Cenário do petróleo no mundo Nos últimos cinco anos, a indústria petrolífera tem passado por momentos importantes e históricos, com o valor do barril subindo de US$ 70, em 2005, para espantosos US$ 140 em 2008. Porém, no mesmo ano, em consequência do agravamento da crise financeira originada nos Estados Unidos, os preços

Foto: Keystone

mantém hoje, com pequenas variações.

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Foto: Cortesia British Petroleum

do petróleo caíram vertiginosamente, estabilizando em US$ 80, valor que se por Rodrigo Miguez

resultado de tudo isso foi uma onda de incertezas, especulações, dificuldades de financiamento e adiamento de projetos. Mas, além do fator cambial, a indústria do petróleo é alimentada de novas descobertas, já que estamos falando de um produto que um dia irá acabar, então, quanto mais aparecerem novos poços de petróleo, mais tempo a indústria vai permanecer viva. Em 2006, a Petrobras descobriu um gigantesco reservatório de petróleo e gás na camada do pré-sal, entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, com produção estimada de até 50 bilhões de barris. Estima-se que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhão de m³ de gás e óleo. O número supera em mais de cinco vezes as reservas atuais do país. Só no campo de Tupi (porção fluminense da Bacia de Santos), haveria cerca de 10 bilhões de barris de petróleo, o suficiente para elevar as reservas de petróleo e gás da Petrobras em até 60%. A descoberta gerou uma agitação não só econômica, mas política no Brasil. Teve início a discussão para mudanças da Lei do Petróleo, marco regulatório do setor no país e, até mesmo, cogitou-se a criação de uma nova companhia de petróleo estatal, para explorar a região. Para além de qualquer decisão do Governo Federal, essas novas reservas de petróleo irão fazer o país entrar no seleto grupo dos dez maiores produtores de petróleo, que hoje é composto por Arábia Saudita, Rússia, Estados Unidos, Irã, China, México, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Noruega.

Desastre ambiental No Golfo do México, a explosão da plataforma Deepwater Horizon, da britânica British Petroleum (BP), em 20 de abril, jogou milhões de litros de óleo no mar. Localizada a cerca de 80 km da costa de Louisiana, a Deepwater Horizon explodiu, matando 11 dos 126 trabalhadores presentes na unidade – esta afundou dois dias depois e o vazamento de cinco mil barris de óleo por dia desde então se espalha, ameaçando os estados da Louisiana, Flórida, Alabama e Mississipi. O acidente, o maior já registrado nos Estados Unidos desde o ocorrido com o Exxon Valdez, que derramou 40 milhões de litros de óleo no Alasca, acrescenta um novo e forte elemento de incerteza para a indústria mundial do petróleo. Para além dos prejuízos ambientais, foram aquecidas as críticas de grupos ambientalistas que veem a indústria de petróleo como a grande vilã, iniciou-se a discus-

são da necessidade de licenças ambientais rígidas e do controle cada vez maior da segurança da atividade offshore.

Outros acidentes O acidente da Deepwater Horizon não é o primeiro, nem está entre os piores envolvendo petróleo, mas promete ocupar posição de destaque no ranking dos desastres. Em março, o acidente com o navio petroleiro Exxon Valdez, nos Estados Unidos, completou 21 anos como um dos maiores vazamentos de petróleo da história. O navio naufragou no dia 24 de março de 1989 no estreito de Prince William, causando um derramamento de 42 mil toneladas de petróleo que se espalharam rapidamente por cerca de 28.000 km² de oceano e mais de 2.000 km da costa do Alasca. Os esforços para recolhimento e limpeza do óleo duraram três anos.

Com este vazamento, a indústria petroleira teve que rever suas práticas, adotando navios-tanque e procedimentos mais seguros, já que o acidente foi causado por uma sucessão de erros de sua tripulação. No entanto, o maior desastre até hoje é o do Ixtoc I, um superpetroleiro que explodiu em 1979 e derramou 454 mil toneladas de petróleo na baía de Campeche, no México. A enorme maré negra afetou, por mais de um ano, as costas de uma área de mais de 1.600 km². É preciso lembrar, também, que além destas tragédias causadas por acidentes, entre os maiores vazamentos de petróleo da história está o provocado pelo Governo do Iraque, que em janeiro de 1991 jogou no Golfo Pérsico mais de 1 milhão de toneladas de óleo dos poços do Kuwait, para dificultar o desembarque aliado – a mancha negra se estendeu por cerca de 3.200 km² e causou enormes danos ecológicos. Guia do Estudante 2010 27


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Liderança em Classificação e Certificação Offshore e-mail: absrio@eagle.org Tel: + 55 21 2276-3535

Exploração

Pré-sal: o presente e o futuro do Brasil

Ilustração: Agência Petrobras

exploração

CONSELHO EDITORIAL Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel André Gustavo Garcia Goulart Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Francisco Sedeño Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes José Fantine Josué Rocha

por Maria Fernanda Romero

Apesar de ter sido na exploração onshore que a história do petróleo começou no Brasil, é na exploração offshore que temos os grandes marcos deste setor, sendo o mais importante deles a descoberta do pré-sal, em uma gigantesca área que se estende de Santa Catarina até o Espírito Santo.

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Foto: Banco de Imagens BW

termo ‘pré-sal’ refere-se a um conjunto de rochas localizadas nas porções marinhas de grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a geração e acúmulo de Área: 800 km ao longo da costa brasileira, petróleo. Convencionou-se chamar de pré-sal porque do Espírito Santo a Santa Catarina, numa forma um intervalo de rochas que se estende por baixo área com 200 km de largura. Lâmina d’água: 1,5 mil m a 3 mil m. de uma extensa camada de sal, que em certas áreas da Área total em concessão: costa atinge espessuras de até 2.000 m. blocos exploratórios + campos em Utiliza-se o ‘pré’ porque, ao longo do tempo, essas rochas foram produção/desenvolvimento: 42.467 km² sendo depositadas antes da camada de sal. A profundidade total dessas (28,49%) de um total de 149.046 km². rochas, que é a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de Projeto de Lei 5.938/2009 – Fonte: ANP Espessura média de sal (pastoso): 2 mil m. petróleo abaixo da camada de sal, pode chegar a mais de 7.000 m. Distância da costa: 300 km, o que impõem Os primeiros resultados de volume estimado de óleo encontrado nas à Petrobras a mais desafiadora logística acumulações do pré-sal descobertas até agora apontam para volumes de apoio offshore de toda a sua história. muito expressivos. Para se ter uma ideia, só a reserva de Tupi, na Bacia de Santos, tem volumes recuperáveis estimados entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo equivalente (óleo mais gás). Já o campo de Guará, na mesma bacia, teria entre 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural. Com base no resultado dos poços até agora perfurados e testados, não há dúvida sobre a viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento comercial das acumulações descobertas. Os estudos técnicos já feitos para o desenvolvimento do pré-sal, associados à mobilização de recursos de serviços e equipamentos especializados e de logística, nos permitem garantir o sucesso dessa empreitada. Algumas etapas importantes dessa tarefa já foram vencidas: em maio de 2009 a Petrobras iniciou o teste de longa duração (TLD) da área de Tupi, com capacidade para processar até 15 mil barris diários de petróleo. Um mês depois, a Refinaria de Capuava (Recap), em São Paulo, refinou o primeiro volume de petróleo extraído da camada pré-sal da Bacia de

Teste de Longa Duração (TLD) em Tupi, na Bacia de Santos com o FPSO BW Cidade de São Vicente. Capacidades LDA ................................................................................................ 2.170 m Capacidade de processamento de óleo ............................. 30 mil bpd Range de óleo ....................................................................20o – 42o API Ancoragem ...................................................................................6 linhas Primeiro óleo .................................................................... maio de 2009

Ilustração: Agência Petrobras

Números do pré-sal

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Bacias sedimentares brasileiras A logística do petróleo Malha dutoviária Parque de refino O beabá da exploração Sustentabilidade e recursos energéticos Personalidades da indústria do petróleo

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indústria naval

Foto: Agência Petrobras

Indústria naval

Indústria naval brasileira

Após 20 anos de inatividade, a indústria naval brasileira está vindo com todo o gás para recuperar a posição de terceira maior do mundo. O Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, empresa de logística da Petrobras, e a construção de novos e importantes estaleiros pelo país mostram que a indústria naval tem tudo para reconquistar

Foto: Cortesia EISA

por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

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Brasil tem hoje a quinta maior carteira mundial de encomendas de petroleiros, em decorrência do Promef, que vai criar 40 mil empregos diretos. O programa prevê, em sua primeira fase (o governo já anunciou o Promef II), a construção de 49 navios. Para isso, a modernização dos estaleiros já existentes e a construção de novos, como o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, são primordiais para o novo momento do setor. O EAS está participando intensamente do Promef, tendo em sua carteira a construção de dez navios do tipo Suezmax. O primeiro deles, batizado de João Cândido, foi lançado no dia 7 de maio. Já o segundo navio do programa foi construído no histórico estaleiro Mauá, no Rio de Janeiro, e lançado no último dia 24 de junho. Seguindo a onda de construções de novos empreendimentos, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, já possui licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a realização das obras da sua implantação, que irá gerar 8 mil empregos diretos, consumirá R$ 2 bilhões e será destinado à produção de plataformas de petróleo de todos os tipos. O estaleiro será o segundo maior do Brasil, atrás apenas do EAS. Para dar conta de tantos investimentos, o setor naval irá necessitar de muita mão de obra especializada e para isso é preciso que as instituições de ensino estejam atentas ao momento vivido pela indústria e disponibilize vagas e cursos. Os cursos técnicos estão ganhando a atenção dos jovens que já veem na indústria naval uma boa oportunidade de começar uma carreira

Foto: Cortesia Estaleiro Atlântico Sul

Foto: Banco de Imagens Estaleiro Aliança

seu lugar no ranking mundial... e em ritmo acelerado.

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Ano XII • Número 73 • jul/ago 2010 Fotos: Agência Petrobras e CNI

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58 MBA em quê?, por Bianca Machado Branco

62 (Não) Há vagas, por Jane Cláudia Queiroz dos Santos 64 Engenharia está sempre na moda, por Marco Tulio Duarte Rodriguez

seções 68 cursos 71 feiras e congressos 72 opinião

nº 73

03 editorial 04 hot news 66 coffee break

GUIA DO ESTUDANTE: QUALIFICAÇÃO, EIS A QUESTÃO

60 A difícil escolha da profissão, por João Batista Frazão

TN PETRÓLEO

artigos

Ano XII • jul/ago 2010 • Número 73 (Suplemento Guia do Estudante) • www.tnpetroleo.com.br

opinião

brasileira

Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

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Pré-sal: o presente e o futuro do Brasil

A carreira do geofísico

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2 Guia do Estudante 2010


editorial

Rua do Rosário, 99/7º andar Centro – CEP 20041-004 Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel/fax: 55 21 3221-7500 www.tnpetroleo.com.br tnpetroleo@tnpetroleo.com.br DIRETOR EXECUTIVO Benício Biz beniciobiz@tnpetroleo.com.br DIRETORA DE NOVOS NEGÓCIOS Lia Medeiros (21 8241-1133) liamedeiros@tnpetroleo.com.br EDITORA Beatriz Cardoso (21 9617-2360) beatrizcardoso@tnpetroleo.com.br EDITOR DE ARTE, CULTURA E VARIEDADES Orlando Santos (21 9491-5468) REPÓRTERES Cassiano Viana (55 21 9187-7801) cassiano@tnpetroleo.com.br Maria Fernanda Romero (55 21 8867-0837) fernanda@tnpetroleo.com.br Rodrigo Miguez (21 9389-9059) rodrigo@tnpetroleo.com.br RELAÇÕES INTERNACIONAIS Dagmar Brasilio (21 9361-2876) dagmar.brasilio@tnpetroleo.com.br DESIGN GRÁFICO Benício Biz (21 3221-7500) beniciobiz@tnpetroleo.com.br PRODUÇÃO GRÁFICA E WEBMASTER Laércio Lourenço (21 3221-7506) webmaster-tn@tnpetroleo.com.br Marcos Salvador (21 3221-7510) marcossalvador@tnpetroleo.com.br REVISÃO Sonia Cardoso (21 3502-5659) DEPARTAMENTO COMERCIAL José Arteiro (21 9163-4344) josearteiro@tnpetroleo.com.br Cristina Pavan (21 9408-4897) cristinapavan@tnpetroleo.com.br

Lorraine Mendes (21 8311-2053) lorraine@tnpetroleo.com.br Bruna Guiso (21 7682-7074) bruna@tnpetroleo.com.br assinaturas Rodrigo Matias (21 3221-7506) matias@tnpetroleo.com.br CTP e IMPRESSÃO Walprint Gráfica DISTRIBUIÇÃO Benício Biz Editores Associados. Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores. TN Petróleo é dirigida a empresários, executivos, engenheiros, geólogos, técnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores do setor de petróleo. ENVIO DE RELEASES Sugestões de temas ou envio de matérias devem ser feitos via fax: 55 21 3221-7511 ou pelo e-mail tnpetroleo@tnpetroleo.com.br Filiada à

Novo cenário Estamos diante de mais um grande desafio: de um lado, o novo plano de negócios da Petrobras aponta investimentos da ordem de R$ 224 bilhões de dólares no período de 2010- 2014; de outro, há a escassez de mão de obra qualificada para a execução destes e outros projetos. Questões como inovação, competitividade, produtividade e ética estão hoje atreladas a uma nova realidade que surge no mercado de trabalho – a que agrega valor “às atividades” e “às pessoas”. E isso é muito bom! De olho na capacitação de pessoal, investindo na formação de profissionais que precisam estar cada vez mais qualificados para atender as demandas do mercado, as empresas estão fazendo sua parte. O foco é eficiência, segurança e qualidade no treinamento desses jovens. Manter-se informado, saber onde está sua melhor oportunidade de desenvolvimento na carreira são fatores chave para o crescimento do profissional que deseja fazer parte desse mercado emergente. Na matéria “Qualificação, eis a questão”, nossos jornalistas traçam um perfil da indústria do petróleo, englobando as mais diversas atividades, desde a engenharia ao direito, passando pela medicina e pela administração de empresas. Procuram, dessa forma, colaborar para a divulgação de cursos profissionalizantes e de graduação que surgiram não apenas para atender as centenas de empresas nacionais e internacionais, mas também para dar conta do interesse das pessoas em ingressar no mercado de óleo e gás – com remunerações até 30% superiores ao que é pago em outros setores da economia. Em entrevista exclusiva ao Guia do Estudante, José Renato Ferreira de Almeida, coordenador executivo do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), instituição que acaba de abrir quase 28 mil vagas, em 13 estados, fala sobre o desafio da qualificação para atender a demanda levantada pela Petrobras de 207 mil vagas. “Nosso horizonte está em 2014. De acordo com o Plano de Negócios da Petrobras, essa

demanda tem sido crescente nos últimos anos. Então, nossa expectativa é de que tenhamos muitos anos ainda de alta demanda de empregos e oportunidades para a indústria”, pontificou ele. O leitor encontrará, ainda, a história da indústria do petróleo no mundo e no Brasil, na qual se mostram as principais companhias atuantes e os números do pré-sal – assim como o detalhamento da sua gigantesca área, traçando um novo mapa do petróleo em nosso país. Fazemos um levantamento completo do parque de refino da Petrobras, incluindo localização, área, principais produtos e capacidade instalada de todas as refinarias brasileiras. E informamos sobre o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), localizado em Itaboraí (RJ) e que ocupa uma área de 45 milhões de m² com vistas a se tornar uma refinaria Premium, com capacidade de processar 300 mil barris de petróleo pesado por dia no campo de Marlim – o dobro da capacidade de produção prevista inicialmente, de 150 mil barris por dia! E mais: os investimentos do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota) da Transpetro, empresa de logística da Petrobras; a construção de novos e importantes estaleiros, gerando benefícios para o Brasil; e a geração de 40 mil empregos diretos e 160 mil indiretos/ano, na etapa de construção dos 49 navios correspondentes à primeira fase do programa. Enfim, um guia para quem não quer perder essa grande oportunidade que é hoje a indústria de óleo e gás. Esperamos que esta segunda edição do Guia do Estudante, publicação da Benício Biz Editores Associados desenvolvida exclusivamente para atender a demanda de informação por parte de futuros profissionais e empresas do setor de óleo e gás, cumpra seu papel, uma vez que a empresa atua e conhece este mercado há 12 anos e, certamente, ajudou a construir parte dessa história. Sejam bem-vindos a esse mundo de conhecimento e oportunidades! Lia Medeiros Diretora de Novos Negócios

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hot news

Pesquisa traz um panorama completo da indústria de petróleo e gás no mundo

Foto: Divulgação

Levantamento realizado pela consultoria Hays comparou salários pagos pelas empresas do setor, os cargos mais procurados e as tendências para os próximos anos. A pesquisa apontou o Brasil em oitavo lugar.

Uma pesquisa inédita realizada pela Hays, empresa global de recrutamento de executivos de alta e média gerências, revelou que as empresas brasileiras pagam em média US$ 72,5 mil anuais aos seus colaboradores em posições de gerência, ligeiramente abaixo da média mundial, de US$ 75 mil. O Brasil está em oitavo lugar, se comparado aos demais países pesquisados. “Há uma grande diferença entre os salários pagos pela indústria de alguns países, como a Austrália e a Indonésia, que chega a 400%. Por essa razão, não é difícil entender por que há tanta transferência de mão de obra pelo mundo”, comenta Alexia Franco, diretora da Hays no Rio de Janeiro, onde a divisão de petróleo e gás da empresa opera desde junho de 2009. Para a executiva, o mercado brasileiro está aquecido e vai crescer muito nos próximos anos, principalmente em função das recentes descobertas na camada de pré-sal. “Observamos que a disputa por profissionais especializados nesse setor está bastante acirrada. O Brasil não tem mão de obra qualificada na quantidade necessária para atender 4 Guia do Estudante 2010

a demanda interna”, afirma Alexia. Estima-se que haja um déficit de 207 mil trabalhadores qualificados no setor. Segundo a diretora da Hays, as empresas que atuam na indústria de petróleo e gás são mundiais e, por isso, as buscas por profissionais são realizadas de forma global. “Além do Brasil, atuamos no Oriente Médio, África, Europa, Ásia e Oceania. Por isso, os resultados da pesquisa nos ajudaram a entender o mercado como um todo, o que nos permite atender a contratos internacionais, prospectar profissionais em outros países e oferecer trabalhadores brasileiros para multinacionais”, diz a diretora. Como estratégia para reter talentos, as empresas lançam mão de vários tipos de benefícios. “As empresas do setor de petróleo e gás consultadas pela pesquisa oferecem benefícios de forma consistente. Mas os profissionais de grandes empresas globais recebem mais se compararmos com a média das indústrias (51% dos colaboradores têm plano de saúde, 50% recebem bônus, 47% têm ajuda de custo para moradia, 30% têm habitação paga pela em-

presa e 36% têm carro ou transporte também oferecidos pela empresa), analisa Alexia. Áreas mais aquecidas – A pesquisa apontou que os profissionais que serão mais demandados nos próximos meses pelo mercado de petróleo e gás no Brasil na cadeia de exploração (upstream) são: geólogos, geofísicos, especialistas em perfuração, especialistas em equipamentos e gerentes de projetos. No setor de distribuição (downstream), haverá uma procura crescente por profissionais da área de infraestrutura, para a construção de refinarias e gasodutos. “As empresas estão se consorciando para atuar em grandes projetos, por isso, as áreas de orçamento e planejamento de obras industriais estão em alta”, explica a diretora da Hays. No mundo, as regiões que abrirão mais oportunidades, segundo a pesquisa, são: Oriente Médio, África, Ásia, Austrália, Reino Unido e Norte da Europa, Leste Europeu e América do Sul. O levantamento também registrou otimismo entre os colaboradores da indústria de petróleo e gás para os próximos meses. A maioria dos entrevistados (75%) acredita que o mercado vai se recuperar em menos de 12 meses e apenas 15% descrevem sua confiança no mercado de trabalho no setor de forma negativa. A área de expertise Hays Oil & Gas no Brasil, radicada no Rio de Janeiro, é um dos dez polos mundiais da empresa e atende toda a América do Sul, em sintonia com outros escritórios da Hays no mundo. A equipe de consultores é 100% dedicada ao setor. “Nossa expectativa é fazer com que a divisão Hays Oil & Gas chegue a 30% do total de posições trabalhadas pela Hays no Rio de Janeiro e, em cinco anos, represente 50% do faturamento do escritório carioca”, diz Alexia Franco.


6ª Maratona Internacional de Engenharia

Programas de Estágio e Trainee Durante a faculdade, colocar em prática todo o aprendizado adquirido nas aulas é preponderante para a formação profissional de todo estudante. Por isso, estagiar em uma grande empresa é muito importante para o currículo de qualquer aluno que deseja se destacar no mercado de trabalho. Além disso,

Universidades participantes – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj); Universidade Federal Fluminense (UFF) ; Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); Instituto Militar de Engenharia (IME); Universidade de São Paulo (USP); Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop); Universidade Federal de Uberlândia (UFU); Universidade Federal da Bahia (Ufba); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade Federal do Paraná (UFPR); Universidad Nacional de Ingeniería (UNI – Peru); Universidad Nacional de Colombia (Unal – Colômbia); Universidad Nacional del Sur (UNS – Argentina); Instituto Tecnológico de Orizaba (México). des nessa segunda fase. Ganhará a competição a equipe que mais se aproximar da solução ideal para o

problema proposto”, explica a engenheira Andréia Abrahão, responsável pela organização do evento.

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

A Maratona Internacional Chemtech de Engenharia 2010, realizada durante a feira Rio Oil & Gas 2010 está em seu sexto ano de realização, sendo o segundo internacional. E já treinou mais de 700 estudantes em ferramentas de ponta durante a disputa. Apenas no ano passado, a Chemtech contratou 11 dos 14 finalistas que foram à Salvador para participar da Maratona de Engenharia durante o PSE’09 (10th International Symposium on Process System Engineering). São 23 universidades inscritas na competição representando o Brasil, Argentina, Peru, Colômbia e México (país estreante na Maratona). Cada instituição é representada por até dez alunos na primeira fase. Os estudantes selecionados participaram de um treinamento online e inteiramente gratuito oferecido pelos engenheiros da Chemtech, integrando técnicas de Visualização de Dados (DV) e Fluidodinâmica Computacional (CFD). Durante o treinamento houve chats semanais, exercícios e apostila teórica. “Na primeira fase de curso online, nosso objetivo foi fazer com que os alunos identificassem problemas operacionais em uma planta industrial e tomassem decisões. Agora, temos as dez melhores universida-

Foto: Divulgação

Evento acontece durante a feira Rio Oil & Gas 2010

go logo depois de formado é algo determinante, por isso, as vagas de trainee devem ser consideradas, pois são uma forma interessante de iniciar a carreira. Veja abaixo algumas empresas do setor que estão com inscrições abertas: Eletrobras – www.eletrobras.com Ipiranga – www.ipiranga.com.br Repsol – www.repsol.com/br_pt Petrobras – www.petrobras.com.br White Martins – www.praxair.com/sa/ br/bra.nsf Shell – www.shell.com.br/rh

terminar a faculdade como contratado ou conseguir o primeiro empre-

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hot news Mercado de trabalho: oportunidades

Chemtech recruta universitários por meio de curso de capacitação A Chemtech, empresa de consultoria e prestação de serviços em engenharia e TI, recruta universitários através do programa Trilha do Sucesso, um curso gratuito que tem o objetivo de capacitar os universitários formandos, recém-formados e estudantes de nível técnico para o ingresso no mercado

Criado há cinco anos pela empresa de consultoria de treinamento profissional de mesmo nome, o Trilha do Sucesso já passou por 13 cidades brasileiras e atendeu cerca de 1.300 pessoas. No curso, durante 16 horas (12 para o nível técnico) divididas em dois dias, os participantes passam por um verdadeiro processo de autoconhecimento, além de aprenderem a se comportar numa dinâmica de grupo e trabalharem a eficiência em entrevistas de emprego e processos seletivos. Todos têm o seu perfil traçado e enviado à Chemtech, que seleciona os mais adequados aos projetos e metas da empresa. “O nosso trabalho é de longo prazo, já que ensinamos as técnicas de inserção no mercado de trabalho. Se o estudante não se adequar à Chemtech agora, pode usar o que aprendeu aqui no futuro, inclusive em processos seletivos de outras empresas. Ninguém sai perdendo”, afirma o engenheiro químico Carlos Rosa, diretor do Trilha do Sucesso. Uma das ‘professoras’ do curso é a psicóloga Sílvia Sousa, responsável por passar aos universitários as principais definições de liderança, planejamento, prioridades, comunicação, trabalho em equipe etc. No entanto, para ela, o ensinamento mais importante e eficiente

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Foto: Divulgação

de trabalho, utilizando uma abordagem moderna e dinâmica.

é o autoconhecimento. “O curso abrange todos os aspectos: currículo, dinâmica de grupo, entrevista, entre outros. Fico impressionada como os estudantes passam a se conhecer melhor em tão pouco tempo, e como trabalham bem seus pontos fracos. A maioria tem dificuldade em falar em público e se expor... isso é uma novidade, no início, mas depois passam a ter foco, perdem a timidez e até fica difícil pararem de falar”, conta Sílvia. Pode-se dizer que o Trilha do Sucesso deu outro rumo à vida do engenheiro mecânico Bernardo Garrozi. Em novembro de 2007, ainda universitário, ele participou do curso em Florianópolis (SC) e acabou selecionado para um estágio na matriz da Chemtech, no Rio de Janeiro. Menos de um ano depois, teve que se mudar de vez,

pois foi contratado em definitivo pela empresa. “Era estudante da UFSC e vi um cartaz do Trilha do Sucesso no corredor da faculdade. Achei interessante e resolvi me inscrever. O curso nos passa muita confiança e nos ensina a fazer nosso marketing pessoal, revelando nossos pontos fortes. Muito do que aprendi eu levo até hoje para o meu dia a dia no trabalho”, diz Bernardo. Para participar do Trilha do Sucesso é necessário ter o coeficente de rendimento (CR) superior a 7,0 e estar cursando do 6º ao 8º período de todas as engenharias e ciência da computação. Os interessados devem acessar o site www.trilhadosucesso.com, verificar as datas e prazos, preencher o formulário e mandar seu histórico para trilhadosucesso@trilhadosucesso.com.


Aquecimento do mercado de engenharia chega aos profissionais em início de carreira

O aquecimento do mercado de engenharia e a demanda cada vez maior por profissionais qualificados na área fizeram com que as empresas buscassem profissionais menos experientes. A chamada “juniorização” da engenharia é revelada pelo Guia Salarial 2010-2011, da Robert Half, empresa mundial de recrutamento. Em cargos como o de gerente de projetos houve uma pequena queda no piso salarial, independente do porte da empresa. Enquanto no ano passado um engenheiro de aplicação/processos tinha um piso salarial de R$ 2,5 mil em empresas de pequeno porte e de R$ 3,5 mil em grandes empresas, hoje este se mantém entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil, respectivamente. “Existe uma grande necessidade de profissionais qualificados, e isso faz com que as empresas busquem engenheiros com pouca experiência ou recém-formados. Muitos terminam a

Foto: Divulgação

A necessidade de engenheiros qualificados é tão imediata que, segundo o Guia Salarial 2010-2011, da Robert Half, as empresas estão buscando cada vez mais executivos na base da pirâmide. Além disso, com o mercado aquecido, a remuneração para cargos em engenharia aumentaram.

faculdade já empregados”, afirma o gerente da divisão de engenharia da Robert Half, Roberto Britto (foto).

Sebrae lança site com perfil dos trabalhadores e das micro e pequenas empresas O Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lançou o MPE Data, um site que atualizará constantemente informações sobre micro e pequenas empresas, bem como sobre o trabalhador brasileiro. A nova ferramenta pretende agregar em um único ambiente dados que ajudem a entender a realidade dos negócios no país e, dessa forma, facilitar o trabalho de profissionais e estudiosos interessados em desenvolver políticas públicas. De acordo com o Sebrae, para a elaboração do MPE Data foram selecionados os indicadores mais deman-

dados na entidade, como a taxa de sobrevivência das empresas, o número de exportadoras, as empresas optantes pelo Simples, os empreendimentos informais e os empreendedores individuais formalizados. As informações são obtidas com os principais órgãos públicos e institutos de pesquisas nacionais e internacionais. Elas serão classificadas nacionalmente ou por unidade federativa. O lançamento do MPE Data será às 11 h na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), em Brasília. Na oportunidade, será lançada

Outra tendência que vem sendo observada no mercado, especialmente no segmento de infraestrutura, é a busca por profissionais já aposentados e que tenham bastante experiência em determinados tipos de obra, como hidrelétricas, por exemplo. Perfil gerencial – Para os engenheiros com perfil gerencial, há demanda por gerentes de logística e de qualidade, que podem ter salários de R$ 6 mil a 24,5 mil, e R$ 6 mil a R$ 18 mil, respectivamente. Na diretoria, o destaque é para o cargo de diretor industrial, profissional que pode ter um salário de R$ 20 mil a R$ 52 mil. “Com empresas cada vez mais enxutas, esse profissional precisa ter conhecimentos de áreas tão diversas quanto RH, logística, manutenção, produção e administrativa. É um executivo generalista e que acumula diversas atividades”, afirma Roberto Britto. também a terceira edição do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, com números de 2008 e 2009. O anuário é produzido em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Ele também ficará disponibilizado no novo site. O endereço é www.mpedata.com.br.

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entrevista exclusiva José Renato Ferreira de Almeida, coordenador executivo do Prominp

qualificação é o desafio permanente Prominp:

por Rodrigo Miguez

Após quatro ciclos de seleção desde a sua criação, o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) cresceu junto com o setor de óleo/gás e naval, preparando profissionais para ingressar em um setor com imensas perspectivas e expectativas no país. O programa acaba de abrir o quinto ciclo que irá oferecer quase 28 mil vagas, em 13 estados, para cursos gratuitos em categorias profissionais de níveis básico, médio, técnico e superior.

Essa é a primeira de outras seleções que serão abertas até 2014 para atender a demanda levantada pela Petrobras de 207 mil vagas. O coordenador executivo do Prominp, José Renato Ferreira de Almeida, concedeu uma entrevista exclusiva à TN Petróleo, na qual falou sobre o andamento do trabalho do Prominp na qualificação profissional para o setor de óleo e gás. TN Petróleo – Qual o balanço que o senhor faz da atuação do Prominp na qualificação do setor de óleo e gás? José Renato Ferreira de Almeida – O balanço é o mais positivo possível. Nos ciclos anteriores passaram pelo processo de qualificação 78 mil pessoas, sendo que cerca de 54 mil já estão qualificadas e o restante está se qualificando. Agora, estamos em uma nova fase com o quinto ciclo de seleção pública, com oferta de 28 mil vagas. O número de candidatos-vaga 8 Guia do Estudante 2010

tem crescido bastante. No quarto ciclo, tivemos quase dez candidatos para cada vaga oferecida. Como é feito o estudo dessa demanda de profissionais? Essa necessidade é levantada a partir dos investimentos que a Petrobras tem em cada região do país. Todo ano há uma atualização do plano de qualificação com base nestes números, que para o período 2010-2014 está em 207 mil pessoas em 17 estados. Esta seleção que estamos realizando já é para atender essa demanda. Existe uma concentração de vagas em estados como Rio de Janeiro, devido à intensa atividade petroleira offshore localizada na região. Como o Prominp trabalha a demanda dos outros estados? Isso é uma coisa que varia de acordo com o nível de investimentos de cada região. O Rio de Janeiro, por ter

uma grande quantidade de recursos empregados no setor de petróleo e gás, tem uma demanda maior de vagas. Mas, no Maranhão e no Ceará, por exemplo, a quantidade de vagas vai aumentar muito em função das obras nas refinarias da Petrobras. Na entrevista para o Guia do Estudante de 2008, o senhor disse que 70% dos alunos treinados conseguiam entrar no mercado, e que o objetivo do Prominp era que esse número chegasse a 100%. Como está esse percentual? Esse número tem aumentado. Pelo que temos observado através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a média ficou em 80% de pessoal qualificado que conseguiu emprego com carteira assinada, o que é um número muito bom. Então, a inserção dos alunos treinados no mercado de trabalho é praticamente certa, muito por conta


da demanda reprimida de profissionais qualificados na área. Como está sendo a qualificação das micro e pequenas empresas, que precisam estar preparadas para atender tanto aos altos padrões de exigência do setor de óleo e gás, como também para receber esses novos profissionais qualificados? Tem sido feito um trabalho intenso e muito positivo com o Sebrae, para capacitá-las a atender aos níveis de exigência do mercado. Inclusive em

habilidades gerenciais e de gestão de finanças, por exemplo. Mais de três mil empresas já foram capacitadas. Além disso, nós realizamos mais de 50 Rodadas de Negócios, em que juntamos grandes empresas com essas pequenas, para que se criem oportunidades de negócios. Esse trabalho já resultou em um volume de negócios de R$ 2 bilhões no fornecimento de bens e serviços. Há hoje toda uma cadeia de formação de novos profissionais voltados para

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Todo ano há uma atualização do plano de qualificação com base nos novos investimentos da Petrobras, que para o período 2010-2014 está em 207 mil pessoas em 17 estados. Esta seleção que estamos realizando já é para atender essa demanda.

o mercado de óleo e gás, incluindo as universidades, que agregaram cursos e especializações somente com o foco para o setor. Qual a avaliação do Prominp dessa corrida pela capacitação? Isso é muito importante, pois o setor de petróleo tem uma demanda muito grande de trabalhadores qualificados, nos níveis básico, técnicomédio e superior, nas mais diversas especialidades. Hoje, o mercado busca tanto aquele profissional em áreas específicas como geologia e engeGuia do Estudante 2010 9


entrevista exclusiva

Junto com o Sebrae, mais de três mil pequenas e médias empresas já foram capacitadas. Além disso, nós realizamos mais de 50 Rodadas de Negócios, em que juntamos grandes empresas com essas pequenas, para que se criem oportunidades de negócios. Esse trabalho já resultou em um volume de negócios de R$ 2 bilhões no fornecimento de bens e serviços. nharia, quanto o que irá trabalhar no setor de fabricação de equipamentos, na parte mecânica, que é um setor importante da cadeia produtiva do setor de óleo e gás. Como está a capacitação para o setor naval? No passado, houve uma queda de demanda muito grande devido ao desa-

quecimento do setor naval brasileiro, mas com a retomada da indústria nos últimos anos, temos formado muita gente nova para este mercado. Nós estamos fazendo um esforço importante para trazer profissionais que atuavam no setor antes e foram trabalhar em outra área, e também os novos, que estão conhecendo o setor. O nosso nível de preparação de pessoas e de

sua contratação para o setor naval tem sido bastante alto. Será exigida uma capacitação diferenciada para os profissionais que trabalharão nas plataformas de exploração do petróleo no pré-sal? Não. O pré-sal irá significar, para nós, um aumento de escala da necessidade de bens e serviços. Então, iremos precisar de mais plataformas, navios e, consequentemente, de mais pessoal. Para terminarmos, qual a expectativa do Prominp para os próximos anos? Nosso horizonte está em 2014, de acordo com o Plano de Negócios da Petrobras, mas essa demanda tem sido crescente nos últimos anos. Então, a nossa expectativa é de que tenhamos muitos anos ainda de alta demanda de emprego e oportunidades para a indústria.

Indústria naval brasileira. Um setor em expansão.

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Com um mar de oportunidades em sua proa e após anos de estagnação, o mercado naval brasileiro volta a ser uma realidade. De 2000 para cá, com os programas de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam) e o de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, a indústria da construção naval brasileira saltou de dois mil para 80 mil empregos diretos e indiretos, serão 146 embarcações de apoio marítimo e 49 navios, com um índice de 65% de conteúdo nacional no setor de navipeças. Participe! 10 Guia do Estudante 2010 Copyright 2010, Benício Biz Editores Associados | 55 21 3221-7500


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recursos humanos

Qualificação, eis a questão

A indústria vivencia uma demanda crescente por profissionais qualificados. Entretanto, a formação de recursos humanos tem sido o grande gargalo do setor. Apesar do número de graduados, as empresas reclamam da falta de profissionais aptos às suas necessidades.

por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

Foto: Roberto Rosa, Consorcio Quip

O

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mercado de construção naval, petróleo e gás brasileiro passa por grandes mudanças. Os cenários são otimistas, demandando profissionais das mais diversas áreas para garantir o aumento da capacidade produtiva dos estaleiros e petroleiras. Com as perspectivas de aumento da produção de petróleo no Brasil, principalmente após as descobertas do pré-sal, cursos voltados para a formação de mão de obra para o setor proliferaram em todo o país. Segundo o Ministério da Educação, nos últimos dois anos foram criados nada menos que cerca de cem novos cursos superiores destinados à capacitação para o setor de óleo, gás e indústria naval. São Paulo concentra a maior parte deles, seguido do Rio de Janeiro, mas também há oportunidades em estados como Espírito Santo, Amazonas e Bahia. A grande procura por profissionais, especialmente por parte de multinacionais, também tem impulsionado a expansão de treinamentos e cursos livres. A indústria do petróleo engloba as mais diversas atividades, desde a engenharia ao direito, passando pela medicina e pela administração de empresas, dentre outras. Com isso, vários cursos profissionalizantes e de graduação surgiram para atender não só as centenas de empresas nacionais e internacionais, mas também pessoas interessadas em ingressar no mercado de óleo e gás – com remunerações até 30% superiores ao que é pago em outros setores da economia. Em 1999, a PUC-Rio iniciou a turma de especialização em Engenharia de Petróleo, para graduados em Engenharia Plena, com o objetivo de formar profissionais em curto tempo (400 horas). Depois de ganhar experiência com as várias turmas, a instituição decidiu criar o curso de graduação em engenharia de petróleo, iniciado em 2005. Segundo


Foto: Roberto Rosa, Consorcio Quip

Recursos humanos demandados para o setor de petróleo superior Engenheiro Químico Engenheiro Civil Engenheiro de Inspeção de Equipamentos Engenheiro de Instalações Marítimas Engenheiro de Manutenção Engenheiro de Materiais Engenheiro de Perfuração Engenheiro de Processamento de Petróleo Engenheiro de Produção Engenheiro de Reservatório Engenheiro de Telecomunicações Engenheiro Eletricista

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A pesquisa “Índice de Perspectivas Profissionais”, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), identificou as dez profissões no âmbito da indústria que apresentaram os maiores índices de perspectivas profissionais, quando foi realçado o potencial dos setores ligados a petróleo e petroquímica, construção civil e meio ambiente. Foi diagnosticado também na pesquisa que o curso técnico ou superior é considerado requisito preponderante para 91% das carreiras analisadas. Esse resultado reflete as mudanças tecnológicas no âmbito da indústria brasileira, que mudaram a natureza do trabalho operário. Cada vez mais, será necessário deter capacitação para lidar com processo de controle e equipamentos tecnologicamente complexos.

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Sérgio da Fontoura, coordenador do referido curso, a procura pela especialização é grande. “Anualmente, recebemos cerca de 30 alunos para o curso de graduação e 40 alunos para a especialização em Engenharia de Petróleo para graduados”, afirma ele. “Nossa maior preocupação é garantir uma formação de alto nível para estes alunos e suprir o mercado com bons profissionais”, diz. A profissão de engenheiro de petróleo, por exemplo, está em franco crescimento. O salário médio inicial de R$ 2 mil e o interesse de empresas do porte de Petrobras, Ipiranga e Shell, fazem da engenharia de petróleo uma opção atrativa para quem pretende construir uma carreira profissional. Além de trabalhar com o estudo e análise de jazidas de petróleo, e projetos de extração do produto, o profissional dessa área pode trabalhar com outros combustíveis, como o gás natural.

Tecnólogos A maior parte dos cursos destinase à formação de tecnólogos, que têm diploma de curso superior, mas não título de bacharel. São cursos de menor duração do que uma graduação tradicional, voltados exclusivamente para o mercado de trabalho. O curso tem duração menor (média de dois anos) que a do bacharelado (quatro a cinco anos). No entanto,

Foto: Agência Petrobras

recursos humanos

com esta formação, os profissionais ainda não são aceitos nas inscrições para vagas de nível superior em concursos da Petrobras. A alternativa, nesse caso, é buscar trabalho em empresas terceirizadas. Cada curso de tecnologia em petróleo e gás prioriza áreas específicas, como técnica operacional, refino, processamento do petróleo, mineração, gestão em negócios, serviços em poços de petróleo, produção industrial, entre outras.

Indústria naval Pegando carona na necessidade de contratação do setor petrolífero, a indústria naval também está em fase de expansão e, consequentemente,

Curso superior é importante

A pesquisa intitulada “Índice de perspectivas profissionais”, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), identificou as dez profissões no âmbito da indústria que apresentaram os maiores índices de perspectivas profissionais, em que foi realçado o potencial dos setores ligados a petróleo e petroquímica, construção civil e meio ambiente. Foi diagnosticado também que o curso técnico ou superior é considerado requisito preponderante para 91% das carreiras analisadas. O resultado reflete as mudanças tecnológicas no âmbito da indústria brasileira, que mudaram a natureza do trabalho operário. Cada vez mais, será necessário deter capacitação para lidar com processo de controle e equipamentos tecnologicamente complexos. 14 Guia do Estudante 2010

chamando profissionais para trabalhar nos estaleiros e nas empresas da área. Estudo recente identificou a necessidade de qualificar mais 207 mil pessoas até 2013. A revitalização da indústria naval inaugura um período de oportunidades para os interessados em atuar na área. Por conta da construção de todos os navios do programa Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), da Transpetro, empresa de logística da Petrobras, é estimada a geração de 40 mil empregos diretos no Brasil. “No final da década de 1990, os cursos navais quase foram extintos, mas hoje, estão todos lotados”, recorda o coordenador do curso de construção naval da ETE Henrique Lage, Antônio Carlos De Jorge. De acordo com dados da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec), a demanda de profissionais no setor naval é de cerca de 16 mil pessoas, o que mostra que existem muitas oportunidades e quem quiser entrar nesse mercado tem que se qualificar. Por isso, a área de engenharia naval também está em alta, inclusive com relação aos salários que chegam em média a R$ 3 mil para iniciantes na carreira. O profissional formado nesta área tem um campo de trabalho bastante extenso, o que significa que terá oportunidades em diversas empresas. Entre a teoria e a práticas de fato, a demanda existe, porém, segundo Tertuliano Soares, coordenador pedagógico da Petrocenter, escola de logística, exploração e produção de petróleo e gás, é necessário diferenciar o contexto das duas cadeias produtivas no tocante a mão de obra. “Por um lado temos recursos humanos, porém, carentes de atualização profissional; por outro, a emergência de formar profissionais com alto nível de especialização em escolas técnicas e universidades”, aponta.


toda a cadeia produtiva de petróleo no Brasil até o ano de 2014. Investimentos esses na ordem de US$ 224 bilhões. As universidades, em sua maioria, desenvolvem os cursos de graduação para o atendimento das diferentes demandas industriais. Entretanto, as indústrias do segmento de Petróleo, Gás e Biocombustíveis necessitam de profissionais com formação especializada e linguagem técnica específica. Diante disso, os cursos de especialização do Ises são elaborados a partir de discussão com o setor produtivo e, assim, são incorporadas as necessidades técnicas específicas das indústrias. Além disso, as aulas são ministradas, em grande parte, por profissionais que atuam diretamente no setor,

o que reforça a imagem do Senai e do Ises como formador de mão de obra para a indústria.

O maior evento da Educação Profissional das Américas Criatividade, liderança, tomada de decisões. Conceitos que fazem parte do dia a dia no ensino do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Para premiar os alunos que se destacam em seus cursos, a entidade criou, em 2001, a Olimpíada do Conhecimento, maior evento de educação profissional das Américas. A Olimpíada é uma das principais vitrines profissionais do país, pois expõe o talento de jovens estudantes, incentiva o desenvolvimento de competências e ensina os alunos a superar desafios, aproximando-os da realidade do mercado de trabalho e do ambiente industrial. Os melhores colocados disputam uma vaga no WorldSkills, torneio internacional de educação profissional. Para o diretor-geral do Senai, José Manuel de Aguiar Martins, a Olimpíada do Conhecimento é mais que um torneio. É parte de um

Foto: Agência Petrobras

A indústria de construção naval brasileira absorve uma gama diversificada de profissionais, desde pintores a engenheiros navais especializados. De acordo com o especialista, o grande gargalo está nos profissionais de qualificação técnica de nível médio e alguns de nível básico como soldadores, eletricistas e instrumentadores. O candidato também deve estar pronto para mudar de domicílio e migrar para onde os parques industriais estão se instalando. “Atualmente a contração de determinado empregado implica a necessidade de o mesmo migrar de onde reside para outra localidade. O problema não é simplesmente a escassez de especialistas, mas o de estar disposto a migrar para outra região do país”, explica. Para o coordenador pedagógico da Petrocenter, cabe ao mercado contribuir para a solução desse problema. “A superação destes desafios está numa articulação entre os diversos atores do mercado com as escolas técnicas privadas, por exemplo”, avalia. “O fortalecimento das escolas privadas de educação profissional é a saída a curto prazo para que a sociedade tenha acesso a serviços educacionais de alto nível e as empresas tenham profissionais com currículos adequados às necessidades dos processos produtivos vigentes”, conclui. De acordo com o coordenador do Instituto Senai de Educação Superior (Ises), Caetano Moraes, nos últimos anos foram percebidas mudanças na área educacional, inclusive na formação especializada ou continuada. O Senai-RJ, por meio do Ises, desenvolve cursos de pós-graduação para atender a crescente demanda por profissionais da cadeia de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, tendo em vista a projeção de investimentos para

Foto: Agência Petrobras

qualificação – eis a questão

processo educacional que forma profissionais altamente qualificados, o que confere mais qualidade ao produto nacional. Aberta ao público, a Olimpíada é também um espaço de interação e troca de experiências entre a indústria, empresários, estudantes e a comunidade. Além das provas, palestras e exposições atraem mais de 80 mil alunos. Na Praça da Cidadania, programas do Serviço Social da Indústria (Sesi), como o Cozinha Brasil e a Biblioteca Móvel, entretêm os visitantes e oferecem cursos rápidos para a população. Guia do Estudante 2010 15


recursos humanos

entre os maiores do mundo Escassez de talentos no Brasil:

Empresas têm dificuldade para encontrar profissionais. Técnicos em produção, operações, engenharia e manutenção, principalmente os de nível médio, são os cargos com maior escassez de talentos.

O

Brasil é um dos países em que empregadores mais encontram dificuldades na hora de contratar. É o que revela a pesquisa sobre escassez de talentos realizada pela Manpower, consultoria internacional especializada em recursos humanos. Foram consultadas pela Manpower 35 mil empresas de 36 países. No Brasil, 64% dos entrevistados afirmam que faltam profissionais para preencher as vagas disponíveis – o segundo maior índice, somente atrás do Japão, com 76%. No mundo todo, 31% dos pesquisados disseram ter problemas para contratar por falta de mão de obra qualificada. A pesquisa também elaborou um ranking das profissões com maior incompatibilidade entre a qualificação disponível e o perfil demandado. No Brasil, onde a pesquisa é realizada pela primeira vez, os técnicos em produção, operações, engenharia e manutenção, principalmente os de nível médio, foram os mais citados, seguidos pelos trabalhadores de ofícios manuais e pelos operadores de produção (ver quadro ao lado). “O principal problema não 16 Guia do Estudante 2010

é o número de candidatos, mas a incompatibilidade de talentos. Não há pessoas habilitadas para realizar, de forma adequada, as tarefas demandadas”, afirma Pedro Guimarães, diretor comercial da Manpower no Brasil.

Capacidade e motivação para aprender Segundo Guimarães, os empregadores têm exigido, além da capacidade de realizar o trabalho para o qual foram contratados, que os candidatos possuam outras qualidades que agreguem valor à organização. “Isso se deve ao período atual de recuperação da economia mundial, em que empresas buscam fazer mais com menos tanto financeiramente quanto com sua mão de obra”, diz. “Nesse cenário, é preciso desenvolver melhor as habilidades e características profissionais para permanecer relevante no mercado”, afirma. O quadro atual apresenta desafios tanto para empregadores quanto para candidatos. Para Guimarães, as empresas devem fazer uma busca mais ampla para preencher as vagas abertas, em nichos antes inexplorados.

Os dez cargos com maior escassez de talentos no Brasil

1

Técnicos (produção, operações, engenharia e manutenção)

2

Trabalhadores de ofício manual (eletricistas, carpinteiros, etc.)

3

Operadores de Produção

4

Secretárias e Assistentes Administrativos

5

Operários

6

Engenheiros

7

Motoristas

8

Contadores e profissionais de finanças

9

Profissionais de TI

10

Representantes de Vendas

“Dessa maneira, as companhias podem atrair candidatos que, se não são exatamente aquilo que procuram, possuem potencial para serem treinados”, diz. “Desse ponto de vista, interessa menos a habilidade técnica e mais a capacidade e motivação para aprender ”, finaliza.


capacitação

O Uninter, grupo educacional paranaense, anunciou uma parceria com a Rede Petro/Paraná, associação de empresas paranaenses que operam no fornecimento do mercado de petróleo, gás e energia. O objetivo da parceria é capacitar por meio de cursos, todos os associados, proporcionando a qualidade desejada de profissionais das grandes companhias que operam o setor no Brasil, como a Petrobras. O projeto tem o objetivo de agregar valores aos bens e serviços produzidos no estado do Paraná, impulsionando a geração de empregos e renda. Assim, os colaboradores estarão aptos a atuar de acordo com as necessidades do mercado petroleiro. Segundo o diretor-executivo da Rede Petro/PR, Juarez Marcio Ma-

chado, essa parceria será essencial no desempenho das empresas paranaenses no processo de crescimento do mercado petroleiro que o Brasil vem passando. “Com a chegada do pré-sal e a entrada de outras companhias na cadeia produtiva de petróleo e gás no Brasil, as empresas prestadoras de serviços deverão compor um atendimento de ponta, com qualidade e capacitação. A parceria irá fortalecer a competitividade e melhorará ainda mais o desempenho de nossas empresas associadas”, afirma. O projeto oferecerá educação corporativa presencial e à distância, operada com a tecnologia já existente no sistema de ensino das instituições do grupo. Na cadeia produtiva do segmento de petróleo e gás, além da formatação de um curso de pós-graduação, está sendo lançada uma Aca-

Foto: Cortesia Senai

Parceria para

demia Virtual, que usa transmissão via satélite para qualquer localidade do território nacional dentro de usinas e fábricas, e o desenvolvimento de material para os treinamentos de alta repetição. O produto foi classificado como inovador pelo Manual de Oslo (Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica, no item 169 – Inovação de Marketing) e tirou nota 4 numa avaliação de 0 a 5.

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história

A indústria do petróleo no Brasil por Maria Fernanda Romero

A exploração do petróleo no Brasil teve início no século XIX, embora sem muito sucesso. Nada deixava antever a importância que esse recurso energético assumiria em pouco tempo ou o nível de excelência que o país alcançaria na exploração e produção de petróleo e gás natural. No ranking da PFC Energy das 50 maiores empresas de energia do mundo com ações em bolsa, a Petrobras é a quarta companhia de energia, atrás apenas da PetroChina, Exxon e BHP Billiton. Já no levantamento do The World Factbook, compilado pela CIA (Central de Inteligência Americana), o Brasil ocupa a 13ª posição no ranking mundial de produtores, com produção diária de cerca de 2,4 milhões de barris. E mais, com a gigantesca descoberta do pré-sal, o país passará a ser o sexto maior produtor mundial de petróleo em 2030.

Foto: Divulgação

Pensilvânia, EUA, 1859. Início da produção industrial de petróleo. Cel. Edwin Drake, à direita na foto.

18 Guia do Estudante 2010

Q

uando se fala em petróleo, muitas pessoas têm a errada impressão de que essa substância somente apareceu na história com a Revolução Industrial. Contudo, há relatos de usos de hidrocarbonetos 4000 anos antes de Cristo, com diferentes nomes: nafta da Pérsia, óleo de são Quirino, betume, entre outros. O nome como hoje é conhecido deriva-se do latim petra e oleum, que significam “pedra de óleo”, uma vez que a substância preenche os espaços entre os grãos de areia na rocha e em cavidades no subsolo, formando as jazidas ou reservas. Sacerdotes hebreus acendiam fogueiras utilizando petróleo como elemento de combustão, os egípcios o usavam para embalsamar seus mortos, muitos o usavam para manter acesas as tochas em pontas de lanças e flechas. Outros povos, incluindo os pré-colombianos, o aplicavam na impermeabilização de construções, embarcações e estradas. Assim, embora conhecido desde os primórdios da civilização, o petróleo só passou a ser utilizado comercialmente no século XVIII. E somente ganharia status de combustível e gerador de matéria-prima com a invenção e fortalecimento das fábricas, na chamada Revolução Industrial. A perfuração de poços, no entanto, só foi iniciada no século XIX, em Titusville, na Pensilvânia (EUA), em 1859, quando Edwin Drake criou uma bomba e perfurou o primeiro poço, para ampliar a produção desse energético, que, até então, era coletado a partir de exsudações naturais (ou seja, o petróleo aflorava na tera, em poças).


Foto P-52: Steferson Faria, Agência Petrobras

Foto: Agência Petrobras

A história do petróleo no Brasil pode ser dividida em quatro fases distintas: 1) Até 1938, com as explorações sob o regime da livre iniciativa – período em que a primeira sondagem profunda foi realizada entre 1892 e 1896, no município de Bofete, estado de São Paulo, por Eugênio Ferreira Camargo. 2) Nacionalização das riquezas do nosso subsolo, pelo Governo e a criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938. 3) Estabelecimento do monopólio estatal, durante o governo de Getúlio Vargas que, em 3 de outubro de 1953, promulgou a Lei 2004, criando a Petrobras – fase marcante na história do nosso petróleo, pelo fato de a Petrobras ter nascido do debate democrático, atendendo aos anseios do povo brasileiro e defendida por diversos partidos políticos. 4) Mercado aberto, com o fim do monopólio, e a participação de pequenas, médias e grandes empresas nas atividades de exploração e produção de petróleo, principalmente em áreas offshore.

Guia do Estudante 2010 19


O alto preço do óleo iluminante (principalmente de baleia) usado na época incentivou a substituição pelo petróleo e sua exploração em maior escala, o que só se tornaria possível com a perfuração de poços. A importância desse recurso energético foi definitivamente demonstrada na Primeira Guerra Mundial: a mecanização dos transportes que equipavam as tropas, movidos a combustível derivado de petróleo, fez com que o mundo reconhecesse que estava vivendo o ‘século do petróleo’. Começava assim a corrida pelo ‘ouro negro’.

Início da produção brasileira No Brasil, a existência do petróleo já era registrada desde os tempos do regime imperial, quando o marquês de Olinda cedeu a José Barros de Pimentel o direito de fazer a extração de betume nas margens do rio Maraú, na Bahia. Até as primeiras décadas do século XX, alguns estudiosos e exploradores anônimos tentaram perfurar alguns poços de petróleo sem obter êxito. Contudo, em 1930, o engenheiro agrônomo Manoel Inácio de Basto mudou essa situação. Com base no relato de populares, ele teve a informação de que os moradores de Lobato, bairro suburbano de Salvador, utilizavam uma “lama preta” como combustível de suas lamparinas. Instigado por tal notícia, realizou testes e experimentos que atestavam a existência de petróleo nessa localidade. Contudo, não possuía contatos influentes para angariar recursos para seguir adiante em sua jornada. Persistente, em 1932 conseguiu entregar ao presidente Getúlio Vargas um laudo técnico que atestava seu achado. A descoberta dessa riqueza levou a uma série de medidas institucionais do governo brasileiro durante os anos seguintes, até que, 20 Guia do Estudante 2010

Foto: Agência Petrobras

história

em 1938, a discussão sobre o uso e a exploração dos recursos do subsolo brasileiro resultou na criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Em suas primeiras ações, o conselho elaborou as diretrizes relacionadas à exploração de petróleo e determinou que as jazidas pertenciam à União. No ano seguinte, o primeiro poço perfurado confirmou a existência de petróleo no bairro de Lobato. Embora considerada uma reserva cuja exploração não teria rentabilidade comercial (ou seja, o custo de exploração não seria pago com o petróleo obtido), Lobato abriria o caminho para a criação de uma indústria brasileira. O governo determinou a realização de novas prospecções em busca de outras jazidas ao longo do território brasileiro. Em 1941, em Candeias, no Recôncavo Baiano, foi descoberto o primeiro campo comercial de petróleo do Brasil. Depois dele, outras descobertas se seguiriam, no Recôncavo e depois em Sergipe e Alagoas. Apesar das descobertas em pequena escala, o surgimento dessa nova riqueza incentivou, em 1953, a oficialização do monopólio estatal sobre a atividade petrolífera e a criação da empresa estatal Petróleo Brasileiro S/A, mais conhecida como Petrobras. Ao completar seu primeiro ano de existência, a Petrobras contava com uma produção de 2,7 mil barris por dia, menos de

3% das necessidades nacionais. Dois anos depois, superaria os 10 mil barris por dia.

Nas águas do petróleo Na década de 1960, novas medidas ampliaram o grau de atuação da Petrobras, que em 1966 supera a marca de 100 mil barris de produção diária. É a década em que a estatal decide sair de terra firme para se aventurar em alto-mar. Mas somente em 1968, com a descoberta do campo de Guaricema (SE), começaria a consolidar o início de sua trajetória na exploração offshore (ou seja, marítima). O fato decisivo que confirmou a vocação offshore foi a descoberta, em 1974, do campo de Garoupa, o primeiro na Bacia de Campos (RJ), que três anos depois entraria em atividade, elevando a produção nacional para 181 mil barris no final daquela década. Dia após dia, a Bacia de Campos tornava-se a mais importante província petrolífera brasileira. A partir de 1984, com as descobertas dos campos gigantes Albacora e Marlim, nas águas profundas da Bacia de Campos, seguidos pelos megacampos de Marlim Sul, Marlim Leste, Albacora Leste, Barracuda-Caratinga, culminando com a descoberta de Roncador, em 1996, a Petrobras mudou de patamar. Enquanto que no início da década de 1980, sua produção era de 213 mil bpd, a Petrobras encerraria a década (os áureos anos 1990, para a estatal) com mais de 1 milhão de barris por dia, cerca de 58% do consumo nacional, atingindo em 2002 a produção de 1,5 milhão de barris por dia, ou seja, 85% das necessidades do mercado brasileiro. Inicialmente, a companhia seguiu para o norte e o sul da Bacia de Campos, que já era conhecida,


a indústria do petróleo no brasil

e, depois, para as bacias de Santos, do Espírito Santo, Sergipe-Alagoas e outras áreas exploratórias. A estratégia deu certo. As descobertas não demoraram a aparecer: Jubarte, Cachalote e o Parque das Baleias, no norte da Bacia de Campos; Papa-terra no sul da mesma bacia; Mexilhão, Lagosta, Cavalo-marinho, Uruguá e Tambaú, na Bacia de Santos; Golfinho e Canapu, na Bacia do Espírito Santo; Piranema, em Sergipe-Alagoas; Manati, em Camamu-Almada, na Bahia; e uma série de outros campos. A estatal se consagrava – e ao país – como líder em tecnologia de exploração petrolífera em águas profundas e ultraprofundas.

Fim do monopólio Em 1997, durante o governo do presidente Fernando Henrique

Cardoso, surge a Lei do Petróleo, que extinguiu o monopólio estatal sobre a exploração petrolífera, atraindo empresas do setor privado e novos investimentos para o país. Na mesma época foi criada a então Agência Nacional do Petróleo (ANP), que substituiu a Petrobras enquanto órgão executor do gerenciamento do petróleo no país, e na nova tentativa de internacionalização do petróleo. Em 2003, a descoberta de outras bacias estabeleceu um novo período para a indústria petrolífera brasileira. A capacidade de produção de petróleo passou a suprir mais de 90% da demanda por esta fonte de energia e seus derivados no país. Em 2006, esse volume de produção atingiu patamares ainda mais elevados e conseguiu superar, pela primeira

vez, o valor da demanda total da nossa economia. A conquista da autossuficiência permitiu o desenvolvimento da economia e o aumento das vagas de emprego. No ano de 2007, o governo brasileiro anunciou a descoberta de um gigantesco campo de petróleo logo após uma camada de sal (chamada de pré-sal, pois, na geologia, as camadas vêm do centro da terra para a superfície). Encontradas a 7.000 m de profundidade, as jazidas, em excelente estado de conservação, devido ao sal que impediu o petróleo de escapar para outras camadas, podem mais do que dobrar as reservas brasileiras, hoje de 14,1 bilhões de barris, assegurando a produção crescente de petróleo e gás no país, que deve superar os 5 milhões de barris e petróleo e gás equivalente por dia em 2020.

Chevron – Em agosto de 2008, a Chevron assinou o acordo de transferência do negócio de distribuição de combustíveis para a Ultra Participações, passando a concentrar seus interesses no Brasil na área de exploração e produção de petróleo e no ramo de lubrificantes, que mantém a marca Texaco.

Galp – A Galp Energia foi constituída em 22 de abril de 1999, sob a denominação Galp/Petróleos e Gás de Portugal, de SGPS S/A, como resultado da reestruturação do setor energético em Portugal, para operar no setor petrolífero e do gás natural.

Exxon Mobil – Presente no Brasil desde 1912, a empresa é representada no país pela marca Esso, na área de exploração e produção de petróleo. Além disso, ela também atua no setor de Químicos com a Exxon Mobil Química.

OGX – Empresa de exploração e produção de petróleo e gás do empresário Eike Batista, a OGX foi criada em 2007 e vem se consolidando como uma das principais do setor no país, realizando descobertas de novos reservatórios de petróleo.

Foto SS Ocean Ambassador: Cortesia OGX

BG – Fundada em 1997, a British Group é uma empresa focada na exploração e produção de gás em vários países do mundo. Em 1999, a companhia adquiriu o controle da paulista Comgás, maior distribuidora de gás do país.

Foto FPSO Fluminense: Cortesia Shell

Principais companhias de petróleo que atuam no país

Petrobras – Fundada em 3 de outubro de 1953, a Petrobras é hoje uma das dez principais empresas do mundo. Para se ter uma ideia do crescimento da companhia, no início das operações, ela produziu 2.663 barris, e hoje, a produção é de 2 milhões de barris por dia. Shell – Atuando há quase cem anos no Brasil, a Shell é um ator importante na história da indústria petrolífera no Brasil. Em 1961, ela se nacionalizou e hoje é uma empresa brasileira de capital estrangeiro. Guia do Estudante 2010 21


plataformas

Plataformas brasileiras O ano de 1968 foi marcante para a história da exploração marítima de petróleo no Brasil, de Guaricema, a 60 m de profundidade. Nesta mesma época foi colocada em operação a primeira plataforma de perfuração construída no Brasil, a P-1.

O

início da exploração petrolífera brasileira foi feita em águas rasas (em torno de 100 m de profundidade), onde foram utilizadas plataformas do tipo fixa, que consistem em jaquetas, assentadas no fundo do oceano, onde são posicionadas as instalações de perfuração e produção: sonda, árvores de natal, separadores de oléo, gás e água, equipamentos de tratamento e bombas. Em 1974, foi descoberta a Bacia de Campos, que corresponde, hoje, a 80% da produção nacional de petróleo. O campo de Garoupa foi o primeiro descoberto na região, e a plafatorma fixa foi usada na extração do petróleo. Depois disso, em 1985, foi descoberto Albacora, o primeiro campo gigante do país, em águas além dos 200 m de profundidade. Que deu início ao ciclo brasileiro de extração de petróleo em águas profundas. Este ano, a Petrobras América tornou-se pioneira no setor, ao colocar o primeiro FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading ou Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Escoamento) na região do Golfo do México, nos campos de Cascade e Chinook. Denominado BW Pioneer, a embarcação tem 241 m de comprimento, 42 m de largura e 20,4 m de altura, está apto a processar 80 mil barris de óleo por dia e será instalado em uma lâmina d’água de 2.500 m. Hoje, a exploração de petróleo é feita basicamente em três tipos de sistemas definitivos de produção: as plataformas fixas, as semisubmersíveis e os FPSO. Porém, também estão em funcionamento as plataformas autoeleváveis e os navios-sonda.

22 Guia do Estudante 2010

Plataforma P-1, Guaricema, SE

por Maria Fernanda Romero

FPSO BW Pioneer, operando nos campos Cascade e Chinook, Golfo do México

Fixa de Garoupa, Bacia de Campos, RJ

Fotos: Agência Petrobras

quando foi descoberto em Sergipe o campo


Tipos de plataformas Mexilhão: módulos e principais equipamentos Helideck Acomodações e utilidades

Geração de energia Guindaste

Guindaste

Foto: Agência Petrobras

Plataformas Fixas – Foram as primeiras unidades utilizadas. Têm sido as preferidas nos campos localizados em lâminas d’água de até 300 m. Geralmente as plataformas fixas são constituídas de estruturas modulares de aço, instaladas no local de operação com estacas cravadas no fundo do mar. As plataformas fixas são projetadas para receber todos os equipamentos de perfuração, estocagem de materiais, alojamento de pessoal, bem como todas as instalações necessárias para a produção dos poços.

Planta de processo Jaqueta

Foto P-52: Nelson Perez/Agência Petrobras

Plataformas Semissubmersíveis – As plataformas semissubmersíveis são compostas de uma estrutura de um ou mais conveses, apoiada por colunas em flutuadores submersos. Uma unidade flutuante sofre movimentações devido à ação das ondas, correntes e ventos, com possibilidade de danificar os equipamentos a serem descidos no poço. Por isso, torna-se necessário que ela fique posicionada na superfície do mar, dentro de um círculo com raio de tolerância ditado pelos equipamentos de subsuperfície, operação esta a ser realizada em lâmina d’água. Dois tipos de sistema são responsáveis pelo posicionamento da unidade flutuante: o sistema de ancoragem e o sistema de posicionamento dinâmico. O sistema de ancoragem é constituído de oito a 12 âncoras e cabos e/ou correntes, atuando como molas que produzem esforços capazes de restaurar a posição do flutuante quando é modificada pela ação das ondas, ventos e correntes. No sistema de posicionamento dinâmico, P-52: módulos e principais equipamentos não existe ligação física Flare da plataforma com o fundo do mar, exceto a dos equiGeração Compressão de energia Separação/ pamentos de perfuração. de gás tratamento de óleo Remoção Sensores acústicos deterTratamento Torre de de sulfato telecomunicação de gás minam a deriva, e propulsores no casco acionados por computador restauram a posição da plataforma. Guindaste As plataformas semissubHelideck mersíveis podem ou não Casco ter propulsão própria. De qualquer forma, apresenAcomodações/ escritórios tam grande mobilidade, Spider deck sendo as preferidas para a perfuração de poços exploratórios. Guia do Estudante 2010 23


plataformas

Manifolds Offloading Geração Compressão de Gás de Energia Separação/ Tratamento Torre de de Óleo Telecomunicação

Ancoragem

Elétricos

Helideck

Foto: Agência Petrobras

Flare

Planta de Processo

Acomodações e Escritórios Utilidades Offloading

Ancoragem

Dessulfatação/ Injeção de Água

P-54: módulos e principais equipamentos

Foto: Rogério Reis, Agência Petrobras

FPSO – Os FPSOs (Floating, Production, Storage and Offloading) são navios com capacidade para processar e armazenar o petróleo, e prover a transferência do petróleo e/ou gás natural. No convés do navio, é instalada uma planta de processo para separar e tratar os fluidos produzidos pelos poços. Depois de separado da água e do gás, o petróleo é armazenado nos tanques do próprio navio. Os maiores FPSOs têm sua capacidade de processo em torno de 200 mil barris de petróleo por dia, com produção associada de gás de aproximadamente 2 milhões de m³ por dia.

Edições anteriores?

Navios-sonda – navios projetados para a perfuração de poços submarinos. Sua torre de perfuração localizase no centro do navio, onde uma abertura no casco permite a passagem da coluna de perfuração. O sistema de posicionamento do navio-sonda, composto por sensores acústicos, propulsores e computadores, anula os efeitos do vento, ondas e correntes que tendem a deslocar o navio de sua posição. (Foto FPSO Seillean)

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24 Guia do Estudante 2010


Guia do Estudante 2010 25


exploração

Cenário do petróleo no mundo Nos últimos cinco anos, a indústria petrolífera tem passado por momentos importantes e históricos, com o valor do barril subindo de US$ 70, em 2005, para espantosos US$ 140 em 2008. Porém, no mesmo ano, em consequência do agravamento da crise financeira originada nos Estados Unidos, os preços do petróleo caíram vertiginosamente, estabilizando em US$ 80, valor que se por Rodrigo Miguez mantém hoje, com pequenas variações.

Foto: Keystone

O

resultado de tudo isso foi uma onda de incertezas, especulações, dificuldades de financiamento e adiamento de projetos. Mas, além do fator cambial, a indústria do petróleo é alimentada de novas descobertas, já que estamos falando de um produto que um dia irá acabar, então, quanto mais aparecerem novos poços de petróleo, mais tempo a indústria vai permanecer viva. Em 2006, a Petrobras descobriu um gigantesco reservatório de petróleo e gás na camada do pré-sal, entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, com produção estimada de até 50 bilhões de barris. Estima-se que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhão de m³ de gás e óleo. O número supera em mais de cinco vezes as reservas atuais do país. Só no campo de Tupi (porção fluminense da Bacia de Santos), haveria cerca de 10 bilhões de barris de petróleo, o suficiente para elevar as reservas de petróleo e gás da Petrobras em até 60%. A descoberta gerou uma agitação não só econômica, mas política no Brasil. Teve início a discussão para mudanças da Lei do Petróleo, marco regulatório do setor no país e, até mesmo, cogitou-se a criação de uma nova companhia de petróleo estatal, para explorar a região. Para além de qualquer decisão do Governo Federal, essas novas reservas de petróleo irão fazer o país entrar no seleto grupo dos dez maiores produtores de petróleo, que hoje é composto por Arábia Saudita, Rússia, Estados Unidos, Irã, China, México, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Noruega.

Desastre ambiental No Golfo do México, a explosão da plataforma Deepwater Horizon, da britânica British Petroleum (BP), em 20 de abril, jogou milhões de litros de óleo no mar. 26 Guia do Estudante 2010


Outros acidentes O acidente da Deepwater Horizon não é o primeiro, nem está entre os piores envolvendo petróleo, mas promete ocupar posição de destaque no ranking dos desastres. Em março, o acidente com o navio petroleiro Exxon Valdez, nos Estados Unidos, completou

Foto: Cortesia British Petroleum

Localizada a cerca de 80 km da costa de Louisiana, a Deepwater Horizon explodiu, matando 11 dos 126 trabalhadores presentes na unidade – esta afundou dois dias depois e o vazamento de cinco mil barris de óleo por dia desde então se espalha, ameaçando os estados da Louisiana, Flórida, Alabama e Mississipi. O acidente, o maior já registrado nos Estados Unidos desde o ocorrido com o Exxon Valdez, que derramou 40 milhões de litros de óleo no Alasca, acrescenta um novo e forte elemento de incerteza para a indústria mundial do petróleo. Para além dos prejuízos ambientais, foram aquecidas as críticas de grupos ambientalistas que veem a indústria de petróleo como a grande vilã, iniciou-se a discussão da necessidade de licenças ambientais rígidas e do controle cada vez maior da segurança da atividade offshore.

21 anos como um dos maiores vazamentos de petróleo da história. O navio naufragou no dia 24 de março de 1989 no estreito de Prince William, causando um derramamento de 42 mil toneladas de petróleo que se espalharam rapidamente por cerca de 28.000 km² de oceano e mais de 2.000 km da costa do Alasca. Os esforços para recolhimento e limpeza do óleo duraram três anos. Com este vazamento, a indústria petroleira teve que rever suas práticas, adotando navios-tanque e procedimentos mais seguros, já que o acidente foi causado por uma sucessão de erros de sua tripulação. No entanto, o maior desastre até

hoje é o do Ixtoc I, um superpetroleiro que explodiu em 1979 e derramou 454 mil toneladas de petróleo na baía de Campeche, no México. A enorme maré negra afetou, por mais de um ano, as costas de uma área de mais de 1.600 km². É preciso lembrar, também, que além destas tragédias causadas por acidentes, entre os maiores vazamentos de petróleo da história está o provocado pelo Governo do Iraque, que em janeiro de 1991 jogou no Golfo Pérsico mais de 1 milhão de toneladas de óleo dos poços do Kuwait, para dificultar o desembarque aliado – a mancha negra se estendeu por cerca de 3.200 km² e causou enormes danos ecológicos.

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exploração

Pré-sal: o presente e o futuro do Brasil por Maria Fernanda Romero

Apesar de ter sido na exploração onshore que a história do petróleo começou no Brasil, é na exploração offshore que temos os grandes marcos deste setor, sendo o mais importante deles a descoberta do pré-sal, em uma gigantesca área que se estende de Santa Catarina até o Espírito Santo.

O

termo ‘pré-sal’ refere-se a um conjunto de rochas localizadas nas porções marinhas de grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a geração e acúmulo de Área: 800 km ao longo da costa brasileira, petróleo. Convencionou-se chamar de pré-sal porque do Espírito Santo a Santa Catarina, numa forma um intervalo de rochas que se estende por baixo área com 200 km de largura. Lâmina d’água: 1,5 mil m a 3 mil m. de uma extensa camada de sal, que em certas áreas da Área total em concessão: costa atinge espessuras de até 2.000 m. blocos exploratórios + campos em Utiliza-se o ‘pré’ porque, ao longo do tempo, essas rochas foram produção/desenvolvimento: 42.467 km² sendo depositadas antes da camada de sal. A profundidade total dessas (28,49%) de um total de 149.046 km². rochas, que é a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de Projeto de Lei 5.938/2009 – Fonte: ANP Espessura média de sal (pastoso): 2 mil m. petróleo abaixo da camada de sal, pode chegar a mais de 7.000 m. Distância da costa: 300 km, o que impõem Os primeiros resultados de volume estimado de óleo encontrado nas à Petrobras a mais desafiadora logística acumulações do pré-sal descobertas até agora apontam para volumes de apoio offshore de toda a sua história. muito expressivos. Para se ter uma ideia, só a reserva de Tupi, na Bacia de Santos, tem volumes recuperáveis estimados entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo equivalente (óleo mais gás). Já o campo de Guará, na mesma bacia, teria entre 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural. Com base no resultado dos poços até agora perfurados e testados, não há dúvida sobre a viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento comercial das acumulações descobertas. Os estudos técnicos já feitos para o desenvolvimento do pré-sal, associados à mobilização de recursos de serviços e equipamentos especializados e de logística, nos permitem garantir o sucesso dessa empreitada. Algumas etapas importantes dessa tarefa já foram vencidas: em maio de 2009 a Petrobras iniciou o teste de longa duração (TLD) da área de Tupi, com capacidade para processar até 15 mil barris diários de petróleo. Um mês depois, a Refinaria de Capuava (Recap), em São Paulo, refinou o primeiro volume de petróleo extraído da camada pré-sal da Bacia de Ilustração: Agência Petrobras

Números do pré-sal

28 Guia do Estudante 2010


Foto: Banco de Imagens BW

Ilustração: Agência Petrobras

Teste de Longa Duração (TLD) em Tupi, na Bacia de Santos com o FPSO BW Cidade de São Vicente. Capacidades LDA................................................................................................. 2.170 m Capacidade de processamento de óleo.............................. 30 mil bpd Range de óleo..................................................................... 20o – 42o API Ancoragem....................................................................................6 linhas Primeiro óleo..................................................................... maio de 2009

Guia do Estudante 2010 29


exploração

Santos. Um marco histórico na indústria petrolífera mundial.

Em 2004 foram perfurados alguns poços em busca de óleo na Bacia de Santos, onde já haviam sido identificadas, acima da camada de sal, rochas arenosas depositadas em águas profundas. Se fosse encontrado óleo, a ideia era aprofundar a perfuração até chegar ao pré-sal, local em que os técnicos acreditavam que seriam encontrados grandes reservatórios de petróleo. Em 2006, quando a perfuração já havia alcançado 7.600 m de profundidade a partir do nível do mar, foi encontrada uma acumulação gigante de gás e reservatórios de condensado de petróleo, um componente leve do petróleo. No mesmo ano, em outra perfuração feita na Bacia de Santos, a Petrobras e seus parceiros (empresas internacionais) fizeram nova descoberta, que mudaria definitivamente os rumos da exploração no Brasil. A pouco mais de 5.000 m de profundidade, a partir do leito do mar, veio a grande notícia: o poço no campo batizado de Tupi, apresentava indícios de óleo abaixo da camada de sal. O sucesso levou à perfuração de mais sete poços e em todos foram encontrados petróleo. As jazidas no pré-sal deixam a Petrobras em situação semelhante à vivida na década de 1980, quando foram descobertos os campos de Albacora e Marlim, em águas profundas da Bacia de Campos. Com aqueles campos, a estatal identificava um modelo exploratório de rochas que inauguraria um novo ciclo de importantes descobertas. Foi a era dos turbiditos, rochas-reservatórios que abriram novas perspectivas à produção de petróleo no Brasil. 30 Guia do Estudante 2010

Foto Plataforma de Mexilhão: Agência Petrobras

Como tudo começou

Com o pré-sal da Bacia de Santos, inaugura-se, agora, novo modelo, assentado na descoberta de óleo e gás em reservatórios carbonáticos, com características geológicas diferentes. É o início de um novo e promissor horizonte exploratório.

Novo marco regulatório O Governo brasileiro decidiu após a descoberta do pré-sal que o país precisava de uma legislação específica para regular a exploração destas reservas, mas esta história levantou um polêmica indescritível. O marco regulatório do présal foi entregue pelo Governo em agosto de 2009 está dividido em quatro grandes temas que estão sendo analisados separadamente: o modelo de exploração, a criação da Petro-Sal, a capitalização da Petrobras e a criação de um Fundo Social. As primeiras notícias de grandes jazidas foram divulgadas em novembro de 2007 pela Petrobras. Diante do tamanho muito maior do que as reservas então conhecidas e o risco mínimo de insucesso

na exploração, o governo federal montou, em julho de 2008, uma comissão de ministros que elaborou o marco do pré-sal. A justificativa do governo era de que o Brasil precisava de um plano para saber como conseguiria tirar o petróleo das jazidas, qual seria a melhor maneira de atrair investidores e envolver a Petrobras na exploração e também qual seria o destino de parte da verba arrecadada. Assim surgiram os quatro pilares do marco. São eles: • Mudança do modelo de exploração – até agora, o modelo de exploração de petróleo no país é o de concessão. O governo leiloa uma área e a empresa interessada paga royalties e taxas para o Estado, como a Participação Especial. No novo marco, o governo propõe a produção partilhada, em que as companhias envolvidas concordam em dar ao governo um percentual do petróleo produzido no campo. O sistema de partilha envolve leilões entre diferentes companhias, sendo que aquela que oferecer o maior percentual de petróleo para o governo vence o leilão. • Criação da Pré-Sal Petróleo – para executar os trâmites burocráticos do governo no sistema de partilha foi proposta a criação de uma empresa, a Pré-Sal Petróleo. A empresa será 100% estatal e vai tratar apenas de conferir se o que as empresas privadas estão repassando está correto, e vender este óleo. A nova empresa não irá fazer exploração. Ela irá monitorar as atividades sob o regime de partilha do petróleo e gás do pré-sal, inclusive participando dos consórcios que se apresentarem (tendo sempre a Petrobras como participante) para disputar a exploração de áreas do pré-sal. Entretanto, ela não participará da venda do petróleo. Os integrantes do Conselho de Administração Pré-Sal Petróleo te-


pré-sal: o presente e o futuro do brasil

rão mandato de quatro anos prorrogáveis por igual período. A proposta determina que a empresa disponibilize na internet suas demonstrações financeiras e estabelece que as decisões colegiadas da diretoria executiva sejam tomadas por maioria absoluta de seus membros quando pelo menos três quintos deles estiverem presentes. Inicialmente o nome da nova estatal seria Petro-Sal, mas já existia uma empresa com esse nome no Rio Grande do Norte. • Criação do Fundo Social – este fundo concentrará recursos governamentais relativos à arrecadação com a exploração de petróleo na região do pré-sal e será vinculado à Presidência da República. Funcionará como fonte para regular os recursos para a realização de projetos e programas nas áreas de combate à pobreza e desenvolvi-

mento da educação, da cultura, da ciência e tecnologia e da sustentabilidade ambiental. O fundo será composto por bônus de assinatura dos contratos de partilha; royalties da União, deduzidas as destinações específicas; será o resultado da comercialização do óleo e do gás que caberá à União na partilha e aplicações financeiras. Embora parte dos recursos do fundo já tenha destino certo, outra parte da verba poderá ser investida fora do país. • Capitalização da Petrobras – a Petrobras foi definida pelo governo como exploradora única do petróleo e gás no pré-sal. Ou seja, a estatal terá participação em todos os blocos que forem criados para obtenção dos recursos. Para isto, a empresa precisa de dinheiro para comprar equipamentos e investir em pesquisa.

O texto permite que a União repasse à Petrobras os direitos de exploração de reservas ainda não licitadas que contenham até cinco bilhões de barris de óleo equivalente (boe). A Petrobras vai pagar por esses direitos, por isso o nome de “cessão onerosa”. O projeto estipula duas operações principais. Uma é a cessão das reservas e a outra é a autorização para a União subscrever ações da Petrobras e emitir títulos para pagar por elas. Na prática, a Petrobras vai pagar com ações para a União o direito de explorar os blocos. O tamanho da capitalização depende das reservas que serão cedidas pela União à estatal e do valor do barril dessas reservas, que será definido por certificadoras. A Petrobras estimou entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões apenas a parte dos acionistas minoritários.


geologia

Bacias sedimentares

brasileiras

por Maria Fernanda Romero

Bacias são formações geológicas que ocupam a maior área do território brasileiro, estimando-se que totalizem cerca de 6.430.000 km², dos quais cerca de 4.880.000 km² (76%) em terra e 1.550.000 km² (24%) em plataforma continental – no leito marítimo que começa na linha de costa. No entanto, o jazimento de hidrocarbonetos (petróleo) só ocorre em condições muito específicas de formação dessas bacias.

32 Guia do Estudante 2010

Sala de visualização 3D principalmente as bacias do Solimões, Amazonas, Parnaíba, São Francisco, Parecis Alto Xingu e Paraná. A evolução das bacias marítimas brasileiras foi controlada por eventos subsequentes à separação mesozoica da América do Sul da África (fase rift), seguida da abertura do Atlântico Sul. Este evento gerou bacias denominadas do tipo rift, contendo rochas ricas em matéria orgânica, geradoras de petróleo, depositadas em antigos lagos. Esses depósitos

Foto: Agência Petrobras

D

a área de bacias sedimentares em terra, 4.513.450 km² (70%) são interiores e 384 mil e 600 km² estão na costa. Da área de bacias situadas no mar, há 776.460 km² com menos de 400 m de lâmina d’água e 761.690 km², mais de 400 m de lâmina d’água. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as áreas sedimentares brasileiras estão distribuídas ao longo de mais de 40 bacias, das quais 29 são consideradas as principais, sendo 15 marítimas. Atualmente, nove das bacias sedimentares brasileiras (Campos, Espírito Santo, Tucano, Recôncavo, Santos, Sergipe-Alagoas, Potiguar, Ceará e Solimões), totalizando 1.645.330 km² (25,6% da área total), são produtoras de petróleo. O arcabouço tectônico sedimentar brasileiro é formado basicamente por dois escudos cristalinos antigos, denominados Escudo das Guianas e Escudo Brasileiro; e por extensas depressões onde bacias sedimentares interiores proterozoicas e paleozoicas se formaram,

foram em seguida cobertos por depósitos de sal provenientes de mares rasos incipientes. Sobre os depósitos de sal, carbonatos foram depositados em ambiente de mar aberto e, então, recobertos por espessas seções de sedimentos clásticos formados principalmente por folhelhos e arenitos, à medida que o mar se aprofundava. Estes carbonatos e, mais importante, os arenitos turbidíticos depositados por extensas áreas,


Ilustração: ANP

Ilustração: FMC

Produção offshore

constituem-se nos principais reservatórios. Turbiditos são depósitos sedimentares transportados e depositados por fluxos de densidades originados por deslizamentos submarinos, e podem se constituir em excelentes reservatórios. As bacias marítimas são individualmente separadas por feições geológicas conhecidas como arcos, em geral relacionados a zonas de falhamentos e a depósitos vulcânicos.

Produção onshore

O que são rochas sedimentares? As rochas sedimentares são derivadas de restos e detritos de outras rochas preexistentes. O intemperismo faz com que as rochas magmáticas, metamórficas ou sedimentares estejam constantemente sendo

Ilustração: Agência Petrobras

Existem dois tipos de bacias petrolíferas: Onshore – aquela que ocorre quando a bacia encontra-se em terra. São originadas de antigas bacias sedimentares marinhas. Offshore – aquela que ocorre quando a bacia está na plataforma continental ou ao longo da margem continental. A maioria das bacias petrolíferas brasileiras encontra-se offshore. A exploração de petróleo onshore é muito reduzida no Brasil, devido ao baixo potencial de nossas bacias em terra. alteradas. O material resultante é transportado pela água, vento ou gelo e, por fim, depositado como sedimento. Deve haver, então, uma compactação ou cimentação do material para ele se transformar em rocha sedimentar. A maioria dos hidrocarbonetos explorada no mundo inteiro

provém de rochas sedimentares. Em termos de idade, praticamente 60% provêm de sedimentos cenozoicos, pouco mais de 25% de depósitos mesozoicos e cerca de 15% de sedimentos paleozoicos. No Brasil, a maior parte da produção está ligada a sedimentos mesozoicos. Guia do Estudante 2010 33


logística

A logística do petróleo

por Maria Fernanda Romero

A logística no setor de petróleo e gás é um fator estratégico, diante do grande potencial poluidor no caso de um acidente, sobretudo devido ao grande volume transportado. Além disso, é necessária a aplicação intensiva de tecnologias de informação e de ferramentas logísticas eficientes para que toda a cadeia de suprimentos possa estar total e definitivamente integrada.

Foto: Agência Petrobras

O

34 Guia do Estudante 2010

transporte de petróleo e derivados se dá em função do escoamento da produção dos campos petrolíferos até as refinarias, a distribuição dos derivados e o comércio exterior de óleo e derivados (importação e exportação). Para viabilizar estas atividades, tem-se a integração de meios de transporte e instalações, compreendendo os modais rodoviário, ferroviário, dutoviário, aquaviário e os terminais. No Brasil, as principais alternativas para o transporte do setor são por dutos ou por navegação de cabotagem através da atracação de naviostanques (NTs) nos portos. Pelo fato de os campos petrolíferos não serem localizados, necessariamente, próximos dos terminais e refinarias de óleo e gás, é necessário o transporte da produção por embarcações, caminhões, vagões, ou tubulações (oleodutos e gasodutos). Além disso, os produtos finais das estações e refinarias (gás natural, gás residual, GLP, gasolina, nafta, querosene, lubrificantes, resíduos pesados e outros destilados) são comercializados pelas distribuidoras, que têm a responsabilidade de oferecê-los, na forma original ou aditivada, ao consumidor final. A Frota Nacional de Petroleiros (Fronape), integrante do sistema Petrobras, é a maior transportadora de petróleo e derivados do Brasil. Atualmente, a frota é composta por nove navios transportadores de gases, 135 (54 da Petrobras) navios que transportam petróleo e derivados e nove navios DPs ou aliviadores atuando em campos petrolíferos. Além da frota da Transpetro, atuam no Brasil 36 graneleiros, 17 cargueiros, 10 porta-contâineres e nove químicos. No Brasil, a maior parte do petróleo produzido e dos produtos refinados é transportada por navios petroleiros até o destino final. A navegação marítima constitui-se, portanto, no principal meio de transporte de petróleo e derivados.

Passo a passo O petróleo extraído em alto-mar pode ser transportado por navios aliviadores ou dutos até os terminais marítimos brasileiros, de onde


seguem por dutos até as O caminho do petróleo no Brasil refinarias ou terminais de armazenagens para serem exportados. Os dutos são classificados em oleodutos Terminal Onshore (transporte de líquidos) Transporte e gasodutos (transporte de gases), terrestres (construídos em terra) ou submarinos (construConsumo final Offshore ídos no fundo do mar) – que escoam a produção das plataformas offshoRefinaria re diretamente para terMultipropósito – navio projetado e aéreo, de acordo com estudos minais ou refinarias, no para o transporte de carga em- desenvolvidos pela Coppead (Inscontinente. tituto de Pesquisa e Pós-graduação balada solta e contêineres. O transporte marítimo de petróleo e derivados pode ser efetu- Cisterna – navio utilizado para o da Universidade Federal do Rio de armazenamento da produção de Janeiro/UFRJ). ado por navios-tanque conhecidos O sistema portuário brasileiro petróleo. como petroleiros, ou por dutos submarinos instalados no leito mari- Barcaça – embarcações de me- é composto por 37 portos públicos, nor calado, para navegação em entre marítimos e fluviais. Existem nho. A frota mercante brasileira águas mais rasas, principalmente ainda 42 terminais de uso privativo é composta por embarcações de e três complexos portuários que em rios, no escoamento de petródiversos tipos, tais como: leo e no transporte de derivados operam sob concessão à iniciativa Cargueiro – navio especialmente privada. líquidos. projetado para transporte de todo Seja por dutos ou por navios, a tipo de carga embalada. Graneleiro – navio projetado para ligação destes modais com a ter- Terminais de armazenagem A função dos terminais de aro transporte de cargas a granel, ra se dá pelos portos e terminais podendo ser granel sólido ou marítimos localizados nas áreas mazenagem é viabilizar a movicosteiras, estando nestes últimos mentação de petróleo e seus delíquido. Tanque – navio projetado para concentrada a maior movimenta- rivados, e compreende o conjunto o transporte de líquidos a gra- ção de petróleo e derivados. Ou- de instalações utilizadas para o nel. Os tipos principais são os tras modalidades de transporte, recebimento, expedição e armazecomo rodoviário e o ferroviário, nagem de produtos da indústria de petroleiros, navio de transporte de produtos químicos e navio são ocasionalmente empregados petróleo podendo ser classificado para a transferência de petróleo e em marítimo, lacustre, fluvial ou de GNL. terrestre. Petroleiro – navio especialmente derivados. Os terminais são de extrema projetado para transporte de peSistema portuário brasileiro importância, principalmente na tróleo e derivados. Com uma costa de 8,5 mil km internalização de produtos para as Navio aliviador – um petroleiro que atraca na popa da FPSO navegáveis, o Brasil possui um regiões Centro-Oeste, Norte e Norpara receber petróleo que foi setor portuário que movimenta deste. Como tais regiões possuem armazenado em seus tanques e por ano cerca de 700 milhões de uma produção de derivados de petoneladas das mais diversas mer- tróleo muito baixa, ou inexistente, transportá-lo para terra. GLP – navio especialmente pro- cadorias, e responde, sozinho, a chegada de produtos só pode ser jetado para transporte de gás por mais de 90% das exportações. viabilizada pelos terminais. Para o O modal aquaviário possui um dos caso de importação de produtos, os liquefeito. Mineropetroleiro – navio desti- menores custos para o transporte terminais marítimos representam nado ao transporte de minério de cargas no Brasil, perdendo ape- o ponto de entrada dos derivados nas para o transporte dutoviário no Brasil. e petróleo. Guia do Estudante 2010 35


logística

Ilustração: Transpetro

Malha dutoviária

36 Guia do Estudante 2010


Guia do Estudante 2010 37


refinarias

Parque de refino

por Maria Fernanda Romero

Da extração do óleo até a venda dos derivados (combustíveis e lubrificantes) nos postos, o petróleo é submetido a diversos processos. O refino é o centro da cadeia do abastecimento – que começa com o transporte e resulta na comercialização final dos diversos derivados –, abrangendo as diferentes unidades industriais, conhecidas como refinarias, uma extensa rede de dutos, a frota de navios e os terminais marítimos. No seu plano de negócios para o período 2010-2014, a Petrobras prevê investimentos de US$ 73,6 bilhões na área de refino, transporte e comercialização. Com esses recursos, a estatal pretende ter capacidade de refinar 2,260 milhões de barris por dia em 2014, o que representa um aumento de 23,4% em relação à capacidade atual, de 1,831 milhão de barris por dia.

Foto: Agência Petrobras

O 38 Guia do Estudante 2010

desafio de processar a crescente produção de óleo brasileiro, que é, na sua maior parte, petróleo pesado, demandando um processo mais complexo de refino para gerar derivados de melhor qualidade e maior valor agregado, vem sendo vencido com investimentos contínuos e grandes avanços tecnológicos. Prova disso é que a Petrobras tem batido sucessivos recordes de processamento em suas refinarias, desenvolvendo tecnologia própria para que o petróleo nacional, de característica mais pesada, gere uma percentagem maior de produtos nobres, aumentando a rentabilidade do negócio. Mas afinal, como é o processo de refino? Nas refinarias, o petróleo é submetido a diversos processos pelos quais se obtém grande diversidade de derivados: gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha, gasolinas, naftas, óleo diesel, gasóleos, querosenes de aviação e de iluminação, óleo combustível, asfalto, lubrificantes, solventes, parafinas, coque de petróleo, enxofre, ureia, amônia, entre outros, além de resíduos. As parcelas dos derivados produzidos em determinada refinaria variam de acordo com o tipo de petróleo processado. Assim, petróleos mais leves dão maior quantidade de gasolina, GLP e naftas, que são produtos leves. Já os petróleos pesados resultam em maiores volumes de óleos combustíveis e asfaltos. No meio da cadeia estão os derivados médios, como o óleo diesel e o querosene. Algumas propriedades físicas gerais são utilizadas para identificação dos petróleos, como densidade relativa e viscosidade. Na comercialização,


Foto: Agência Petrobras

Refinarias - modernização e ampliação Refinarias e capacidades

Unidade

Capacidade adicionada (bpd)

Partida

Reduc 242 mil b/d

HDT (nafta) HDS (gasolina) HDT HCC

12.580 31.450 31.450 34.590

2009 2010 2011 2015

Regap 151 mil b/d

HDS (gasolina) HDT (nafta) HDT (diesel)

25.160 18.870 28.300

2010 2010 2011

Refap 189 mil b/d

HDS (gasolina) HDT

31.450 37.740

2010 2012

Rlam 323 mil b/d

HDS (gasolina) HDT

50.320 53.460

2010 2011

Repar 189 mil b/d

Revamp da U-2100 HDT (instáveis) Coqueamento HDT (nafta) HDS (gasolina)

18.870 37.740 31.450 18.870 31.450

2010 2010 2011 2010 2010

Revap 251 mil b/d

Coqueamento HDT (instáveis) HDT (nafta) HDS (gasolina) Reforma catalítica

31.450 37.740 18.870 44.030 9.430

2009 2009 2009 2010 2010

Replan 365 mil b/d

Revamp da U-200 HDT HDS (gasolina) Reforma catalítica

36.482 62.900 50.320 16.500

2009 2012 2010 2013

RPBC 170 mil b/d

HDS (gasolina) Revamp reforma catalítica HDT (nafta) HDT

31.450 3.460 13.800 62.900

2010 2010 2010 2012

Recap 53 mil b/d

HDS (gasolina) HDS (diesel)

12.480 25.160

2010 2010

Reman 46 mil b/d

HDT (diesel) HDS (nafta)

15.700 9.400

2012 2012

HDT (Unidade de Hidrotratamento) – Processo utilizado para aumentar a produção de diesel e a sua qualidade, reduzindo o teor de enxofre. HDS (Unidade de Dessulforização) – Processo utilizado para aumentar a produção de diesel e a sua qualidade, reduzindo o teor de enxofre. HCC (Unidade de Craqueamento Catalítico) – Processo de refino que converte óleos destilados pesados em frações leves de maior valor comercial, tais como gasolinas, gás liquefeito de petróleo (GLP) e naftas.

Guia do Estudante 2010 39


refinarias

Gases não aproveitados

Saída para os condensadores

Tamanho das moléculas

Esquema de destilação e refino do petróleo cru

Etileno Tubo de destilação

Óleo básico mineral

Gasolinas Querosene

Obturadores

Diesel Resíduo atmosférico

Entrada do petróleo cru

BPF – OC4 Vapores Reator de aquecimento

Nova destilação Asfalto Enxofre

o ponto predominante e altamente explorado é aquele que se refere ao teor de elementos leves, ou seja, que produzem derivados mais rentáveis comercialmente. O American Petroleum Institute (API) resolveu classificar os petróleos de maneira que não deixasse dúvidas quanto ao teor de elementos leves, e para tal adotou o grau API. Quanto maior o grau API do óleo, menor é a sua densidade relativa, o que equivale a dizer que o óleo é mais leve, portanto mais rico em voláteis (partes leves), ou seja, tem maior valor comercial. Quanto menor o grau API, maior sua densidade relativa – eis aí o óleo pesado. De acordo com as características geológicas do local da extração, o petróleo bruto pode variar quanto à sua composição química e ao seu aspecto. Há aqueles que possuem alto teor de enxofre, outros apresentam grandes concentrações de gás sulfídrico, por exemplo. Quanto ao aspecto, há petróleos pesados e viscosos, e outros leves e voláteis, segundo o número de átomos de carbono existentes em sua composição. Da mesma forma, o petróleo pode ter uma ampla gama de cores, desde o amarelo claro, semelhante à gasolina, chegando ao verde, ao marrom e ao preto. 40 Guia do Estudante 2010

Com tão grande variedade de tipos de matéria-prima, a tarefa inicial no processo de refino é conhecer exatamente o petróleo a ser processado, por meio de análises de laboratório. Existem, porém, refinarias já projetadas para refinar determinado tipo de petróleo.

Destilação atmosférica A primeira etapa do processo de refino é a destilação atmosférica, pela qual passa todo o óleo cru a ser beneficiado. Essa destilação se realiza em torres de dimensões variadas, que possuem, ao longo da coluna principal, uma série de pratos perfurados em várias alturas, um para cada fração desejada. O petróleo é preaquecido e introduzido na metade da torre de destilação. Como a parte de baixo da torre é mais quente, os hidrocarbonetos gasosos tendem a subir e se condensar ao passarem pelos pratos. Nessa etapa, são recolhidos como derivados da primeira destilação, principalmente, gás, gasolina, nafta e querosene. Essas frações, retiradas nas várias alturas da coluna, ainda necessitam de novos processamentos e tratamentos, para se transformarem em produtos ou servirem de carga para outros derivados mais nobres.

As frações mais pesadas do petróleo, que não foram separadas na primeira destilação, descem para o fundo da torre e vão constituir o resíduo ou a carga para uma segunda destilação, onde recebem mais calor, agora sob vácuo. O sistema é mais complexo, mas segue o mesmo processo dos pratos que recolhem as frações menos pesadas – praticamente o óleo diesel e o óleo combustível. Na parte de baixo, é recolhido novo resíduo, que será usado para produção de asfalto ou como óleo combustível pesado. A terceira etapa do refino consiste no craqueamento, que pode ser térmico ou catalítico. O princípio desses processos é o mesmo, e se baseia na quebra de moléculas longas e pesadas dos hidrocarbonetos, transformando-as em moléculas menores e mais leves. O craqueamento térmico exige pressões e temperaturas altíssimas para a quebra das moléculas, enquanto no catalítico o processo é realizado com a utilização de um produto chamado catalisador, substância que favorece a reação química, sem entrar como componente do produto. Uma série de outras unidades de processo transforma frações


parque de refino

Refinarias do Nordeste Além do Comperj, a Petrobras está construindo a Refinaria do Nordeste (RNEST) ou Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), com capacidade para processar 230 mil barris de petróleo/dia. Já estão previstas também a construção de duas refinarias Premium, para produzir derivados de elevada qualidade e baixo teor de enxofre a partir do processamento de petróleo pesado e ácido. O perfil de produção dessas refinarias volta-se basicamente para o diesel, com produção também de GLP, nafta,

óleo combustível, asfalto e QAV. Parte do coque produzido será consumida nas próprias unidades para geração de hidrogênio e energia. A Refinaria Premium I será construída no Maranhão e processará 600 mil bpd, com entrada em operação da primeira fase prevista para 2013, e da segunda para 2015. A Premium II será construída no

Foto: Agência Petrobras

pesadas do petróleo em produtos mais leves e colocam as frações destiladas nas especificações adequadas para consumo. Além das refinarias localizadas no Brasil, a Petrobras também possui duas na Bolívia, adquiridas em 1999 (Refinarias Guilhermo Elder Bell e Gualberto Villarroel). As unidades industriais da Petrobras se completam com duas fábricas de fertilizantes nitrogenados (Fafen), localizadas em Laranjeiras (SE) e em Camaçari (BA).Operam ainda no Brasil as refinarias Ipiranga, no Rio Grande do Sul, e Manguinhos, no Rio de Janeiro, ambas pertencentes a grupos privados. Em suas instalações de refino, a Petrobras tem capacidade para produzir cerca de 1 milhão 800 mil barris de derivados por dia, atendendo à demanda interna e gerando excedentes que são exportados. A participação do petróleo produzido no Brasil na carga das refinarias é de cerca de 70%; o restante representa petróleo importado para complementar o consumo brasileiro de derivados, que é de cerca de 1,69 milhão de barris por dia. Entre os principais fornecedores de petróleo ao Brasil estão a Nigéria, a Arábia Saudita, a Argentina e a Venezuela.

Ceará, no Complexo Industrial e Portuário de Pecém, com capacidade para processar 300 mil bpd, e início de operação da primeira fase projetado para 2014, e da segunda para 2016. Em 2008, a Petrobras comercializou 1.748 bpd de derivados de petróleo no mercado interno, um aumento de 1,3% em relação a 2007.

Comperj - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro Localização: Itaboraí, Rio de Janeiro Área: 45 milhões m²

A Petrobras anunciou que decidiu mudar o escopo do projeto da construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que agora vai se tornar uma refinaria premium com capacidade de processar 300 mil barris por dia de petróleo pesado do campo de Marlim – o dobro da capacidade de produção prevista inicialmente, de 150 mil barris por dia. O novo desenho prevê dois módulos de 150 mil barris. “Estamos avaliando o cenário para tornar o projeto mais competitivo”, disse Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da estatal. O Comperj é o maior empreendimento isolado da Petrobras no país, com investimentos que têm sofrido constantes elevações e pode chegar a R$ 25 bilhões na avaliação de fontes do mercado. A Petrobras já concluiu 60% da terraplanagem do terreno onde será construída a refinaria. A previsão é de que este ano comece a construção das estradas de acesso ao empreendimento. O cronograma

original está mantido para começar a produzir derivados em 2012. O Comperj será formado por uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos de primeira e segunda geração petroquímica. Além disso, haverá uma Central de Produção de Utilidades (CDPU), responsável pelo fornecimento de água, vapor e energia elétrica necessários para a operação de todo o Complexo. As empresas de terceira geração, atraídas pelo Comperj, que poderão se instalar também nos municípios vizinhos e ao longo do Arco Metropolitano (que ligará Itaboraí ao Porto de Itaguaí), serão responsáveis por transformar esses produtos petroquímicos de segunda geração em bens de consumo, tais como: componentes para as indústrias montadoras de automóveis, materiais cirúrgicos e linha branca como eletrodomésticos, dentre outros. Cabe ressaltar que a atração dessas indústrias depende também de uma maior atratividade por parte das esferas municipal e estadual. Guia do Estudante 2010 41


refinarias

Mapa do refino da Petrobras

Localização: Manaus/AM Área: 9,8 km² Principais produtos: GLP, nafta petroquímica, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, óleos combustíveis, óleo leve para turbina elétrica, óleo para geração de energia, asfalto Capacidade instalada: 46 mil bpd

Localização: Fortaleza/CE Área: 400 m² Principais produtos: asfaltos, óleos lubrificantes, gás natural, óleo combustível para navios, gás de cozinha e óleo amaciante de fibras Capacidade instalada: 6 mi l bpd

Localização: São Francisco do Conde/BA Área: 6,4 km² Principais produtos: apropano, propeno, isobutano, gás de cozinha, gasolina, nafta petroquímica, querosene, querosene de aviação, parafinas, óleos combustíveis e asfaltos. Capacidade instalada: 323 mil bpd

Regap - Refinaria Gabriel Passos

Reduc - Refinaria Duque de Caxias

Revap - Refinaria Henrique Lage

Localização: São José dos Campos/SP Área: 10,3 km² Principais produtos: gasolina, óleo diesel, querosene de aviação, GLP, asfalto e enxofre. Capacidade instalada: 251 mil bpd

Recap - Refinaria de Capuava

Replan - Refinaria de Paulínia

Repar - Refinaria Pres. Getúlio Vargas

Foto: Agência Petrobras

Foto: Agência Petrobras

Localização: Duque de Caxias/RJ Área: 13 km² Principais produtos: lubrificantes, gasolina, óleo diesel, querosene de aviação, GLP, bunker e nafta petroquímica. Capacidade instalada: 242 mil bpd.

Foto: Agência Petrobras

Localização: Betim/MG Área: 12,5 km² Principais produtos: gasolina, óleo diesel, querosene de aviação, GLP, aguarrás, asfaltos, coque e enxofre Capacidade instalada: 151 mil bpd

Foto: Bia Cardoso

Foto: Agência Petrobras

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Foto: Bia Cardoso

RLAM - Refinaria Landulpho Alves

Foto: Bia Cardoso

Lubnor - Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste

Foto: Agência Petrobras

Reman - Refinaria Isaac Sabbá

Localização: Mauá/SP Área: 3,7 km² Principais produtos: propeno, GLP, gasolina, óleo diesel metropolitano (com baixo teor de enxofre) e solventes especiais. Capacidade instalada: 53 mil bpd.

42 Guia do Estudante 2010

Localização: Paulínia/SP Área: 9,1 km² Principais produtos: diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene, coque e asfalto. Capacidade instalada: 365 mil bpd.

Localização: Araucária/PR Área: 10 km² Principais produtos: GLP, gasolina, óleo diesel, óleos combustíveis, querosene de aviação, asfaltos e nafta. Capacidade instalada: 189 mil bpd.


parque de refino

Foto: Agência Petrobras

RPBC - Refinaria Pres. Bernardes

Localização: Cubatão/SP Área: 7 km² Principais produtos: gasolina de aviação, diesel ecológico, gasolina Podium, componentes da gasolina da Fórmula 1, coque para exportação Capacidade instalada: 170 mil bpd

Foto: Bia Cardoso

Refap S/A - Ref. Alberto Pasqualini

Localização: Canoas/RS Área: 5,7 km² Principais produtos: óleo diesel, nafta petroquímica, gasolina, GLP, querosene de aviação, óleos combustíveis, bunker para navios, querosene, asfaltos e solventes. Capacidade instalada: 189 mil bpd.

Unidades em construção Comperj - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro Localização: Itaboraí - RJ Área: 45 milhões m² Capacidade instalada: 300 mil bpd de óleo pesado nacional Principais produtos: petroquímicos de 1ª geração – propeno, butadieno, benzeno, entre outros, e com uma capacidade de eteno da ordem de 1,3 milhão de toneladas/ano; petroquímicos de 2ª geração – estireno, etilenoglicol, polietilenos e polipropileno, entre outros.

Refinaria do Nordeste (RNEST) ou Refinaria Abreu e Lima Localização: Ipojuca (região metropolitana de Recife)/PE Área: 630 hectares Principais produtos: óleo diesel com baixíssimo teor de enxofre, GLP, nafta petroquímica, diesel, óleo combustível de bunker, coque (50% de baixo e 50% de alto teor de enxofre) Capacidade instalada: 230 mil barris de petróleo/dia

Guia do Estudante 2010 43


glossário

O beabá da exploração

o fluxo de produção de petróleo e gás, do poço até a plataforma, assim como o transporte de líquido e gás da plataforma para o poço para serem injetados nos reservatórios. Bacia – Depressão na qual se acumulam rochas sedimentares que podem conter petróleo e gás. CABEÇA DE POÇO (Subsea Wellhead) – Topo do poço, no leito do mar, ao qual são conectados os demais equipamentos. Campo de petróleo ou gás natural – Área produtora do petróleo ou do gás natural, a partir de um reservatório contínuo ou de mais de um reservatório, a profundidades variáveis, abrangendo instalações e equipamentos destinados à produção. 44 Guia do Estudante 2010

FPSO – Floating Production Storage and Offloading, plataforma offshore flutuante de produção, armazenamento e descarregamento de petróleo. FSO – Floating Storage and Offloading, plataforma offshore flutuante de armazenamento e descarregamento de petróleo, geralmente

interligada a uma FPSO ou outro tipo de unidade de produção. Ilustração: Divulgação

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

CAVALO DE PAU – Sistema de bombeamento utilizado no onshore composto de motor e redutor. Uma coluna de hastes transmite o movimento alternativo para o fundo do poço, acionando uma bomba que eleva os fluidos produzidos pelo reservatório para a superfície. Este método de elevação artificial é o mais utilizado em todo o mundo.

Foto P-50: Agência Petrobras

Foto: Cortesia ABB

Árvore de natal molhada (ANM) – Sistema submarino (subsea) posicionado no fundo do mar, na cabeça do poço, composto por válvulas que estão conectadas ao poço e à unidade de produção na superfície. Estas válvulas controlam

Manifold – Estrutura metálica apoiada no fundo do mar, que acomoda válvulas e acessórios. É conectada à árvore de natal molhada, além de outros sistemas de produção, de tubulações e risers. Mooring leg to anchor pile – Corrente de ancoragem conectada à plataforma de produção em um extremo e ao sistema de ancoragem no fundo do mar em seu outro extremo. Poço – Orifício perfurado no solo através do qual se busca obter petróleo ou gás natural. Poço descobridor – Como é chamado o poço responsável pela descoberta de uma nova área potencialmente produtora de petróleo e/ou gás natural, envolvendo uma ou mais jazidas. Poço injetor – É utilizado para a injeção de fluidos (gás ou água, principalmente) visando otimizar a recuperação (extração) de petróleo ou gás natural, ajudando também na manutenção das condições do reservatório. Poço produtor – Estrutura por meio da qual se produz o petróleo e o gás natural. Poço horizontal – É o poço direcional perfurado com a finalidade de atingir e/ou penetrar no objetivo


de- natal molhada e/ou manifold de produção à superfície, na unidade de produção, permitindo o fluxo de petróleo e do gás produzido.

Foto: Agência Petrobras

Foto: Divulgação Hytec

ROV (REMOTEDLY OPERATED VEHICLE) – Veículo de operação remota. Utilizado em conexões de manutenção de equipamentos em águas profundas. SEMISSUBMERSÍVEL – Plataforma especializada na extração e/ou produção de petróleo em águas profundas (foto da P-52 no alto). Umbilicais de controle (Control Umbilicals) – Umbilicais para controle eletrônico ou hidráulico de sistemas no fundo do mar, tais como válvulas, bombas e compressores. Estes sistemas poderão pertencer ou estar associados a árvores-de-natal submarinas e/ou manifold submarino.

Foto: Divulgação Wellstream

horizontalmente ou sub-horizontalmente. Embora mais caro, proporciona maior produtividade, uma vez que cria uma área de drenagem maior (ao longo do reservatório) para a produção de hidrocarbonetos. Poço vertical – Projetado para atingir os objetivos na posição vertical, adequado principalmente em reservatórios de maior espessura. Offshore – Sistema de produção de petróleo no mar, com custos elevados e alta tecnologia, tendo como principal desafio a profundidade da água, do poço e as condições encontradas em altas profundidades (temperatura, pressão, corrosão, etc.) sendo um limitante para águas ultraprofundas. Onshore – Sistema de produção de petróleo em terra. Foi o primeiro sistema a ser desenvolvido, com custos menores e engenharia menos complexa em relação à exploração submarina. RISER – Porção vertical de uma linha de escoamento para transporte do óleo/gás natural do poço até a plataforma.

Sonda de perfuração offshore contratada pela OGX Óleo e Gás.

Foto: Banco de Imagens TN Petróleo

Riser de injeção de gás (GasInjection Riser) – Conjunto de tubos flexíveis que conectam a unidade de produção e a árvorede-natal molhada e/ou manifold de produção, permitindo a injeção de gás no poço. Riser de produção (Production Riser) – Conjunto de tubos flexíveis que conectam a árvore-

Foto: Divulgação OGX Óleo e Gás

Ilustração: Divulgação

SONDA OU PLATAFORMA DE PERFURAÇÃO (DRILLING) – Equipamento utilizado para perfurar poços que permitam o acesso a reservatórios de petróleo ou gás natural. Dependendo da localização do reservatório, as sondas podem ser terrestres ou marítimas. Estas últimas são instaladas sobre uma base flutuante e podem ou não ter propulsão própria.

Sonda de perfuração onshore contratada pela UTC Engenharia.

Guia do Estudante 2010 45


exploração

Sustentabilidade e recursos energéticos As preocupações com o meio ambiente e o investimento em fontes renováveis e sustentáveis de energia são primordiais para o futuro do planeta. por Rodrigo Miguez

Foto: Bia Cardoso

O

Usina de Biodiesel de Guamaré, RN

46 Guia do Estudante 2010

aquecimento global – aumento da temperatura média dos oceanos e do ar verificado nas últimas décadas – trouxe para a sociedade a necessidade de debater e encontrar formas de garantir o desenvolvimento e a qualidade de vida sem agredir o meio ambiente. O movimento contra o aquecimento global, epicentro do problema das mudanças climáticas, ganhou força nos últimos anos, quando temas como a reciclagem de lixo, reutilização e reciclagem de embalagens plásticas e o uso racional de energia entraram definitivamente na pauta dos governos e começaram a se tornar mais conhecidos da população. Com isso, a sustentabilidade passou a ser uma palavra de ordem do mundo moderno, no que diz respeito, principalmente, à exploração e uso racional dos recursos planetários (naturais ou não) de forma a impactar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas e toda a biosfera que dele depende para existir. Uma das principais causas do aquecimento está relacionada à intensificação do efeito estufa decorrente do aumento na queima de gases de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás natural – que produzem gases como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), os quais retêm o calor proveniente das radiações solares, aumentando a temperatura. Assim, a sociedade como um todo precisa se preocupar, cada vez mais, com o quanto suas atividades afetam o meio ambiente. Essa preocupação, principalmente por parte da indústria e de outros segmentos do setor produtivo, está refletida nos diversos programas implementados na busca da ecoeficiência e da redução dos impactos no meio ambiente. O acidente que aconteceu em abril no Golfo do México, quando uma plataforma da British Petroleum (BP) explodiu e derramou milhões


Foto: Cortesia UNICA

Plantação de cana de açúcar, SP de litros de óleo no oceano, é a prova de que os investimentos em prevenção e os cuidados devem ser contínuos no setor de óleo e gás, já que esta é uma atividade em que o risco é permanente.

Além dos riscos ambientais, há o fato de que a energia é proveniente, na sua maioria, dos combustíveis fósseis, que não são renováveis e contribuem para agravar a poluição. Por isso, o mundo está envolvido na busca por novas, limpas e renováveis fontes de energia para que a dependência mundial por fontes fósseis, principalmente o petróleo, seja cada vez menor. O investimento em fontes energéticas renováveis e sustentáveis são primordiais para o futuro do planeta. As inovações na área de biocombustíveis – combustível de origem biológica não fóssil, em geral produzido a partir de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar, mamona, soja, canola, babaçu, mandioca, milho, beterraba – estão levando a indústria a se adaptar a esta nova realidade, desenvolvendo produtos ecologicamente

Foto: Paulo Cartolano

Fontes renováveis

Exemplo de veículo movido a hidrogênio

corretos e com a mesma qualidade dos antigos, que poluíam o meio ambiente. Junto com os biocombustíveis estão surgindo os veículos que emitem menos ou nada de CO2, como os automóveis movidos a eletricidade ou a hidrogênio, uma realidade na Europa e no Japão. O Brasil, exemplo de país que tem uma matriz energética diversificada, tem o maior caso de sucesso no uso de combustíveis mais

limpos em seus veículos, com os carros flex fuel, capazes de rodar com álcool, gasolina ou ambos misturados em quaisquer proporções. Hoje, praticamente 100% dos automóveis saem das fábricas com a opção de serem abastecidos com gasolina ou etanol. Produzido a partir da canade-açúcar, o etanol é o biocombustível preferido dos brasileiros, pois além de reduzir as emissões de gás carbônico na atmosfera, Guia do Estudante 2010 47


Foto: Banco de Imagens Keystone

exploração

tem um preço mais baixo em relação à gasolina.

Fontes alternativas A matriz energética brasileira está entre as mais limpas do mundo, com cerca de 46% de seu potencial de energia gerados por fontes renováveis, pelas hidrelétricas e de biomassa. Esse mercado está em plena fase de crescimento, com destaque para as fontes que não eram muito exploradas e começam a ter a sua devida atenção dos governos, como a energia eólica – gerada pelo vento – e solar. Para estimular os investimentos em fontes alternativas de energia, o governo, através da Eletrobrás (empresa de capital aberto, controlada pelo governo brasileiro, que atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica), criou, em 2002, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). O programa prevê a instalação de 144 usinas (já contratadas), que totalizariam 3.299,40 MW de capacidade instalada. 48 Guia do Estudante 2010

A energia eólica está presente no Rio Grande do Sul e no Nordeste, em especial no Ceará, onde há uma política de estímulo a esta fonte que é inesgotável e com grande potencial na região, conhecida pela grande quantidade de ventos que movem as famosas dunas. O leilão de energia eólica no ano passado, quando foram negociados cerca de 1.805 MW, mostra que a energia dos ventos está em crescimento e que os gargalos do setor, como a falta de equipamentos no país, irá ser suprida aos poucos conforme o mercado for aumentando. Outra fonte renovável de energia ainda pouco explorada pelo mercado brasileiro é a solar. Com cerca de 200 empresas fabricantes de produtos para Sistemas de Aquecimento Solar (SAS) e 670 mil m² instalados, a indústria nacional deste setor está ociosa, mas este panorama tende a mudar nos próximos anos. Hoje, a aplicação de aquecimento solar não se limita apenas a casas, estendendo-se a indústrias e prédios, em especial os novos. Os principais

mercados desse setor são Minas Gerais e São Paulo. “Graças à mudança dos conceitos, o investimento em energia solar é forte na construção civil. Arquitetos, engenheiros, projetistas e fabricantes começam a entender que não existe forma mais racional de aquecer a água do que utilizar o que nos é oferecido pela natureza”, afirma Marcelo Mesquita, gestor do departamento de aquecimento solar da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). Marcelo lembra que desde 2008 existe uma lei que obriga a instalação de aquecedores solares em novas construções comerciais e industriais.

Vastas possibilidades Quando pensamos em recursos renováveis, não imaginamos o quão vastas são as possibilidades de se obter energia por meio de outros materiais. A bioeletricidade – geração de energia a partir do aproveitamento de resíduos orgânicos –, por exemplo, a partir do bagaço de cana-deaçúcar, vem ganhando importância no mercado energético, com cerca de 30 usinas em funcionamento no país, distribuindo 544 MW de eletricidade. As pesquisas por novas fontes limpas e sustentáveis de energia irão atravessar as próximas décadas, e se o movimento prósustentabilidade se mantiver, deixando de ser um movimento para se tornar parte do hábito social e das companhias de energia, os níveis de CO2 irão se normalizar e a luta para controlar o aquecimento global será mais simples, até que, um dia, esse assunto fará parte do passado poluidor do ser humano com o meio ambiente.


notáveis

Personalidades da O setor petrolífero nacional revelou ao longo desses anos de exploração muitos nomes importantes que indústria do petróleo hoje são referência para qualquer pessoa que goste do assunto e também para quem é interessado na história do país e seu desenvolvimento. O reconhecimento que o Brasil tem hoje como grande produtor de petróleo se deve aos profissionais que se dedicaram a colocar a indústria no patamar em que se encontra hoje. Esses personagens tornaram-se ícones do petróleo no Brasil e serão sempre lembrados como pontos de referência. Monteiro Lobato – O famoso escritor de literatura infantil, mais conhecido pela sua obra O sítio do Pica-Pau Amarelo, também tinha um pé no petróleo. Tornou-se militante do petróleo brasileiro. Em uma de suas histórias, criou um personagem que descobria petróleo em uma cidade chamada Lobato, na Bahia. Curiosamente, foi exatamente naquela cidade que foi perfurado o primeiro poço de petróleo. Monteiro Lobato também escreveu o livro O escândalo do petróleo, em que denunciava aquilo que ele considerava interferência de multinacionais no atraso do desenvolvimento do setor do petróleo brasileiro.

Carlos Walter Marinho Campos – Quando falamos da Bacia de Campos, não podemos deixar de citar seu nome. Ele foi o percursor da primeira série da exploração de petróleo na região, no campo de Garoupa, onde se iniciaram os trabalhos na, hoje, maior província petrolífera do país. A seleção dos primeiros especialistas na prospecção em alto-mar foi ideia dele, bem como a concentração de investimentos em exploração na plataforma continental. Carlos Marinho era mineiro de Barbacena e trabalhou na Petrobras de 1954 a 1985, onde foi diretor da divisão de Exploração, do departamento de Exploração e Produção e do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, da Petrobras (Cenpes). A empresa, inclusive, o homenageou dando seu nome à base operacional da Bacia de Campos, em Macaé (RJ).

Walter Link – Contratado pela Petrobras na década de 1960, o geólogo americano ficou conhecido no cenário petrolífero nacional pelo seu “Relatório Link”, no qual deu conselhos para a exploração de petróleo no Brasil para a empresa, indicando quais os melhores caminhos a seguir para a extração com sucesso do óleo. Nos documentos, citou, por exemplo, que os investimentos da Petrobras deveriam estar na prospecção no mar e não da terra. Hoje, mais de 80% da produção de petróleo do Brasil vêm do mar.

Giuseppe Bacoccoli – Foi geólogo de petróleo e atuou por 34 anos na Petrobras, onde trabalhou no primeiro poço exploratório no Brasil, situado no Espírito Santo. Tido como um dos maiores especialistas da área de Exploração e Produção (E&P) do setor do petróleo no Brasil, Bacoccoli também participou do Programa de Recursos Humanos da ANP, junto à Coppe/UFRJ como pesquisador visitante. O geólogo escreveu ainda o livro O Dia do Dragão: ciência, arte e realidade no mundo do petróleo, no qual fala sobre sua experiência com E&P de petróleo.

Guia do Estudante 2010 49


indústria naval

Indústria naval

brasileira Após 20 anos de inatividade, a indústria naval brasileira está vindo com todo o gás para recuperar a posição de terceira maior do mundo. O Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, empresa de logística da Petrobras, e a construção de novos e importantes estaleiros pelo país mostram que a indústria naval tem tudo para reconquistar

Foto: Banco de Imagens Estaleiro Aliança

seu lugar no ranking mundial... e em ritmo acelerado.

50 Guia do Estudante 2010

O

por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

Brasil tem hoje a quinta maior carteira mundial de encomendas de petroleiros, em decorrência do Promef, que vai criar 40 mil empregos diretos. O programa prevê, em sua primeira fase (o governo já anunciou o Promef II), a construção de 49 navios. Para isso, a modernização dos estaleiros já existentes e a construção de novos, como o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, são primordiais para o novo momento do setor. O EAS está participando intensamente do Promef, tendo em sua carteira a construção de dez navios do tipo Suezmax. O primeiro deles, batizado de João Cândido, foi lançado no dia 7 de maio. Já o segundo navio do programa foi construído no histórico estaleiro Mauá, no Rio de Janeiro, e lançado no último dia 24 de junho. Seguindo a onda de construções de novos empreendimentos, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, já possui licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a realização das obras da sua implantação, que irá gerar 8 mil empregos diretos, consumirá R$ 2 bilhões e será destinado à produção de plataformas de petróleo de todos os tipos. O estaleiro será o segundo maior do Brasil, atrás apenas do EAS. Para dar conta de tantos investimentos, o setor naval irá necessitar de muita mão de obra especializada e para isso é preciso que as instituições de ensino estejam atentas ao momento vivido pela indústria e disponibilize vagas e cursos. Os cursos técnicos estão ganhando a atenção dos jovens que já veem na indústria naval uma boa oportunidade de começar uma carreira


Guia do Estudante 2010 51

Foto: Cortesia Estaleiro Atlântico Sul

Foto: Cortesia EISA

Foto: AgĂŞncia Petrobras


Fonte: Ivens Consult

indústria naval

Estaleiros

Estado

Processamento Área de aço (mil ton/ano) (mil m²)

BrasFels

RJ

50

410

1

3

2

Eisa

RJ

50

150

2

1

Mauá

RJ

40

334

1

1

4

Inhaúma

RJ

60

400

1

4

Atlântico Sul

PE

160

1,500

1

2

2

Rio Grande

RS

30

100

1

1

1

STX Brasil

RJ

15

120

1

1

1

Aliança

RJ

10

61

1

2

Wilson, Sons

SP

10

22

1

1

1

UTC

RJ

112

2

Renave–Enavi

RJ

40

200

4

1

Inace

CE

15

180

1

1

Itajaí

SC

15

177

1

1

SRD

RJ

15

85

1

1

Superpesa

RJ

10

96

São Miguel

RJ

5

21

1

Transnave

RJ

6

15

1

Rio Nave

RJ

50

150

2

Navship

SC

15

175

1

TWB

SC

10

78

1

Detroit

SC

10

90

1

Rio Maguari

PA

6

120

2

Cassinú

RJ

6

30

2

Mac Laren

RJ

6

30

Estaleiro da Bahia

BA

110

750

1

1

Quip

RS

70

promissora. A Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec) oferece os cursos de Construção Naval e Máquinas Navais, na Escola Técnica Henrique Lage, em Niterói. Segundo a instituição, a grande maioria dos alunos que fazem as aulas com o desejo de seguir na carreira de técnico consegue uma colocação no mercado de trabalho. “No final da década de 1990, os cursos navais foram quase extintos, mas hoje, estão todos lota52 Guia do Estudante 2010

Diques

Carreiras Cais

dos”, afirmou o coordenador do curso de Construção Naval da ETE Henrique Lage, Antônio Carlos De Jorge. Ele disse ainda que a demanda por profissionais na área é de cerca de 16 mil pessoas, o que mostra o número de oportunidades no mercado. “Quem se qualificar tem grandes chances de crescer profissionalmente no setor naval”, completou. Quem também está de olho no crescimento desta indústria é o setor de aço, que vem fazendo

investimentos robustos no país. A ThyssenKrupp CSA inaugurou em junho a sua fábrica no bairro de Santa Cruz no Rio de Janeiro, onde serão produzidas 5 milhões de placas de aço por ano e gerados aproximadamente 3.500 empregos. O setor tem ainda companhias importantes atuando no país, como Vale e Usiminas, o que aumenta as oportunidades de inserção no mercado de trabalho.

O início

Em 1846, Irineu Evangelista de Souza, 2 o Barão de Mauá, inau1 gurou o primeiro esta2 leiro do país, em Ponta da Areia, Niterói (RJ). 1 Construído com capital 4 privado de terceiros em uma modelagem de cap2 tação próxima ao project 1 finance moderno. 1 O estaleiro é considerado um marco do pro– cesso de industrialização 1 do país – construiu cerca 1 de um terço dos navios de guerra utilizados no 2 conflito com o Paraguai. 1 Em 1905 o estaleiro foi incorporado pela CCN (Cia. Comércio e Navegação). No segmento de construção naval ocorreram curtos períodos de atividade, especialmente na década de 1930, relacionados a encomendas pontuais e de curta duração.

Formação do parque industrial A construção naval com parque industrial moderno ocorre no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) que cria o Plano de Metas, a partir do Relató-


rio do Grupo Misto Cepal-BNDES. É um plano de cinco anos com intenso envolvimento do setor público no estímulo direto e indireto a investimento em infraestrutura e na indústria de bens de capital. O Plano de Metas criou a indústria automobilística, construiu a malha rodoviária e instalou a indústria de construção naval. A política de desenvolvimento da indústria naval brasileira tem seu ponto de partida com a Lei 3.381, de abril de 1958, conhecida como a Lei do Fundo de Marinha Mercante (FMM) com o objetivo de prover recursos para a renovação, ampliação e recuperação da frota mercante nacional; evitar a importação de navios; diminuir despesas com afretamento de navios estrangeiros; ­assegurar a continuidade das encomendas de navios e ­estimular a exportação de embarcações. A indústria naval seria para o Rio de Janeiro o que a indústria automobilística foi para São Paulo. Os recursos do FMM vêm do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), contribuição parafiscal cobrada sobre os fretes de importação. Na época foram criados também o Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (Geicon) e a Comissão de Marinha Mercante (CMM) que, posteriormente, viria a se transformar na Superintendência Nacional de Marinha Mercante (Sunamam). Com as novas medidas, a construção naval brasileira manteve uma atuação modesta e estável ao longo dos governos Jânio Quadros (1961), João Goulart (1961-1964), dos interregnos de Ranieri Mazilli (em 1961 e 1964) e do governo Castelo Branco (1964-1967).

Fase atual da construção naval A partir de 1997, a exploração de petróleo mundial em águas pro-

fundas provoca uma corrida aos estaleiros mundiais para a construção desses equipamentos. No mundo não existem plataformas ou navios de apoio marítimo preparados para essa nova realidade. A Petrobras, com um dos maiores programas mundiais de exploração em águas profundas, enfrenta filas nos estaleiros para a construção de seus equipamentos, principalmente navios de apoio marítimo que abastecem, rebocam e operam o complexo sistema de ancoragem das plataformas de perfuração e produção. Em 1998, surge a primeira experiência da construção local de navios de apoio marítimo da nova geração (PSV – Platform Supply Vessels) com a proposta da brasileira CBO (Cia. Brasileira de Offshore) à Petrobras para que as licitações para afretamento de serviços dos navios de apoio fossem

Foto: Cortesia WoodGroup

indústria naval brasileira

realizadas com antecedência suficiente para permitir que os navios fossem construídos no Brasil. A Petrobras concorda e a CBO contrata o estaleiro Promar 1, que estava dedicado a reparos, alugando as instalações do estaleiro MacLaren, em Niterói. A CBO vence a licitação no preço e na qualidade com

Promef Benefícios para o Brasil

Benefícios para a Petrobras

Geração de 40 mil empregos diretos e 160 Maior flexibilidade operacional. mil indiretos/ano, na etapa de construção dos 49 primeiros navios. Incremento imediato de diversos setores Redução dos custos com manutenção. industriais. Impacto positivo na balança de pagamen- Garantia do suprimento nacional diante tos (cerca de US$ 500 milhões/ano), pela de situações de crise. economia de divisas antes gastas com afretamento de navios junto a armadores estrangeiros. Revitalização da Marinha Mercante.

Redução do risco gerado pelas flutuações do frete e pela escassez de navios.

Implantação de nova base de crescimento, Captura do lucro obtido pelos armadocom impacto em diversos setores da eco- res estrangeiros que prestam serviços nomia e em diferentes regiões do país. ao sistema. Abertura de um novo nicho de comércio Garantia de logística de transporte exterior. para o crescimento interno e expansão internacional da empresa.

Guia do Estudante 2010 53


indústria naval

Sinaval – Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (www.sinaval.org.br) Sobena – Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (www.sobena.org.br) Femar – Fundação de Estudos do Mar (www.femar.com.br) FBTS – Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (www.fbts.com.br) Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (www.abimaq.org.br) Abinee – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (www.abinee.org.br) ABDIB – Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (www.abdib.org.br) Abitam – Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios (www.abitam.com.br) Fenavega – Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima (www.fenavega.com.br) Antaq – Agência Nacional de Transportes Aquaviários (www.antaq.gov.br) Abeam – Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (www.abeam.org.br)

navios construídos no Brasil, dando início a uma nova fase da construção naval brasileira, a fase voltada para a logística do petróleo. A frota de navios de apoio operando no Brasil que era 80% formada por navios de bandeira internacional, hoje já tem 50% de navios construídos no Brasil. A Petrobras passou a exigir que os navios que seriam afretados para apoio offshore deveriam ser construídos no Brasil. Como existia o FMM que financiava a construção a juros atraentes, as operadoras internacionais aderiram ao programa. Mais de 60 navios foram construídos de 2000 a 2009. O programa prossegue com a estimativa de demanda superior a 200 navios de apoio marítimo considerando o programa de exploração e produção da Petrobras e a relação de quatro navios de apoio marítimo para cada plataforma. A produção local dos navios tecnologicamente sofisticados desfez diversos mitos sobre alegadas deficiências da construção naval brasileira. Representantes de empresas estrangeiras alegam preço mais elevado dos estaleiros – geralmente as comparações são com a Coreia do Sul, Cingapura e China, países com forte apoio do governo ao setor naval.

Lançado em outubro de 2009 pela a Onip e a ABDI, além de outras entidades ligadas ao setor, o catálogo é um portal de divulgação e relacionamento integrado Foto: Agência Petrobras

por fornecedores nacionais

54 Guia do Estudante 2010

destinado a contratantes globais da indústria naval.

Com a qualidade dos estaleiros comprovada por encomendas de operadores internacionais, a Transpetro decide lançar o Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), obedecendo à decisão política do Governo Lula de usar o poder de compra do sistema Petrobras para gerar emprego e renda no setor de construção naval. Plataformas de petróleo e navios petroleiros passam a ser licitados para construção com índice crescente de conteúdo local.

Estágio das encomendas do Promef Dos 49 navios do Promef, 46 foram licitados, com 38 já contratados. Os últimos três navios estão em fase final de licitação. Planejado e construído em função das encomendas do Promef, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, Pernambuco, montará 22 navios para a Transpetro. Encomendas contratadas: dez navios Suezmax (160.000 toneladas de Porte Bruto/TPB) – Estaleiro Atlântico Sul, Suape (PE), US$ 1,2 bilhão; cinco navios Aframax (110.000 TPB) – Estaleiro Atlântico Sul, Suape (PE), US$ 693 milhões; quatro navios Panamax (73.000 TPB) – Eisa (RJ), US$ 468 milhões; quatro navios de produtos (48.000 TPB) – Estaleiro Mauá (RJ), US$

Foto: Banco de Imagens Stock.xcng, ONIP

Principais instituições ligadas ao setor naval


indústria naval brasileira

277 milhões; quatro navios aliviadores Suezmax DP (com posicionamento dinâmico) (160.00 TPB) – Estaleiro Atlântico Sul, Suape (PE), US$ 746 milhões; três navios aliviadores Aframax DP (com posicionamento dinâmico) (110.000 TPB) – Estaleiro Atlântico Sul, Suape (PE), US$ 477 milhões; três navios de bunker (óleo combustível marítimo) – Superpesa (RJ) - US$ 46 milhões; cinco navios de produtos, para transporte de derivados de petróleo – 30 mil TPB – Estaleiro Rio Nave (RJ), US$ 268 milhões Encomendas com o resultado definido, à espera da assinatura dos contratos: oito navios gaseiros (quatro de 7.000 m³, dois de 12.000 m³ e dois de 4.000 m³), para transporte de gás liquefeito de petróleo – Estaleiro Promar, US$ 536 milhões. Encomendas em fase final de licitação: três navios de produtos, para transporte de derivados de petróleo.

R$ 14,2 bilhões, dos quais 40%, em média, serão destinados ao setor de navipeças. Segundo as entidades promotoras, esse recurso, que não inclui os R$ 7,8 bilhões aprovados em 2008 e ainda não contratados, é triplicado quando chega ao setor, em função do efeito renda. Atualmente, já há grandes movimentações nesse sentido. Por exemplo, cada navio encomendado pela Transpetro é composto de

dois mil a três mil diferentes itens. Cerca de 70% das navipeças já são fabricadas no Brasil ou podem vir a ser fabricadas em um prazo relativamente curto. São itens como chapas e perfis de aço, tintas e solventes, amarras, tubulações, acessórios de casco, caldeiras, válvulas comuns e bombas centrífugas. Outros componentes – como guinchos de amarração, âncoras, guindastes e motores auxiliares – passam a ter viabilidade de produção no país a partir da encomenda da Transpetro.

Concessão de empréstimos e financiamentos do FMM (somente navios – o FMM não financia plataformas flutuantes) 2009

=

R$ 2,4 bilhões

2008

=

R$ 1,3 bilhão

2007

=

R$ 1,1 bilhão

2006

=

R$ 658 milhões

2005

=

R$ 465 milhões

2004

=

R$ 721 milhões

Catálogo de navipeças Lançado em outubro de 2009, o catálogo é um portal de divulgação e relacionamento integrado por fornecedores nacionais destinado a contratantes globais da indústria naval. Visa apresentar as empresas capacitadas para fornecimento de bens e serviços utilizados da proa a popa dos navios. Segundo

A perspectiva de crescimento da indústria naval brasileira, impulsionada pelos investimentos do setor de óleo e gás, exige ações na direção de se consolidar e ampliar a participação de players nacionais neste mercado. Com isso, percebeu-se a necessidade do crescimento da indústria de navipeças, que ampliará a participação de fornecedores brasileiros de equipamentos e máquinas. O setor de navipeças poderá movimentar mais de R$ 17 bilhões com as encomendas da indústria naval nos próximos anos. A estimativa é da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O cálculo foi baseado no último financiamento aprovado pelo Fundo de Marinha Mercante, em dezembro do ano passado, de

Foto: Cortesia Hyundai Shipyard

Indústria de navipeças

Construção naval mundial – junho 2009 Milhões de GT*

Participação %

Coreia do Sul

130

36

China

110

31

Japão

50

14

Europa

10

4

Outros

55

15

Total

360

100

*GT: Gross Tonnage (Arqueação Bruta)

Fonte: Estimativa SAJ

País

Guia do Estudante 2010 55


Foto Estaleiro Keppel Fels: Agência Petrobras

indústria naval

a Onip e a ABDI, com esta iniciativa contribui-se efetivamente para o aumento do conteúdo nacional nos empreendimentos da indústria naval. Além disso, agrega-se competitividade ao segmento e se fornece auxílio no cumprimento de metas previstas na Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para esse setor, como o aumento do uso de navipeças nacionais. O catálogo já cadastrou empresas de diversos segmentos, como o metalmecânico e eletroeletrônico, incluindo fornecedores tradicionais como Orteng, WEG e Renk Zanini. Outras 200 empresas estão em processo de cadastramento. Em uma segunda etapa o objetivo é agregar ações específicas na área de fomento à capacitação do setor, elaboração de diagnósticos e interlocução com empresas estrangeiras para o estabelecimento de parcerias. Até junho deste ano, as cinquenta 56 Guia do Estudante 2010

primeiras empresas aprovadas já foram cadastradas.

Construção naval mundial A Associação de Estaleiros do Japão (SAJ/Shipbuilders Association of Japan) estima em 360 milhões de GT (Gross Tonnage) o total da carteira de encomendas de navios nos estaleiros mundiais: A Europa (Alemanha, Inglaterra, França, Espanha e Polônia, em especial) foi predominante até a década de 1970. Perde posição para o Japão, na década de 1980. Na década de 1990, a Coreia do Sul supera o Japão e, na década 2000, a China começa a superar a Coreia do Sul.

A construção naval brasileira A carteira de encomendas de 28 estaleiros associados ao Sinaval tem em construção 132 empreendimentos, incluindo quatro plataformas de produção de petróleo, duas

plataformas de perfuração, navios petroleiros para a Transpetro e a venezuelana PDVSA, navios graneleiros e porta-contêineres para a Log In, navios de apoio marítimo, rebocadores de apoio portuário e comboios (balsas e empurradores) para transporte hidroviário.

O impacto da demanda por petróleo A construção naval brasileira destina-se à logística do petróleo (transporte, exploração, produção e serviços offshore). Por isso, a constatação das agências internacionais de que a demanda diária de petróleo já retornou aos 85 milhões de barris ao dia, com a estimativa de atingir 106 milhões de barris ao dia, em 2030, tem grande repercussão na demanda de navios e equipamentos offshore. O Brasil, os EUA (Golfo de México), a África, a Rússia e o Oriente Médio são as regiões em que a pro-


indústria naval brasileira

Perfil da Frota de Apoio Marítimo no Brasil Bandeira

AHTS

PSV

RSV

Mini Supply

LH

UT

Crewboat

OSRV

WSV

PLSV

Brasileira

16

58

4

10

23

8

6

7

0

0

Estrangeira

36

48

6

5

14

5

8

0

4

9

Total

52

96

10

15

37

13

14

7

4

9

Total Geral

267 embarcações

dução de petróleo pode aumentar para atender a demanda. Essa realidade abre enorme oportunidade para o setor de construção naval brasileiro de crescer e gerar empregos e renda localmente. “O Brasil está construindo capacidade produtiva capaz de atender à demanda atual e estimada de 28 sondas de perfuração, 150 navios petroleiros, 200 navios de apoio offshore e 150 plataformas de produção”, afirma o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha.

O segmento offshore Navios de apoio marítimo – A Petrobras apresentou durante o even-

to Offshore Technology Conference (OTC) 2010, realizado em maio desse ano, em Houston (EUA), a demanda por suprimentos críticos, entre eles os navios de apoio marítimo a plataformas de petróleo, previstos no 2º Plano de Renovação da Frota de Apoio Marítimo. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) divulga que existem 251 navios de apoio marítimo em operação no Brasil, sendo 137 navios de operadoras internacionais que faturam 55% das receitas de afretamento à Petrobras e 114 navios brasileiros. Existe espaço

Foto PSV Petrel: Cortesia Wilson,Sons

Foto AHTS Skandi Salvador: Cortesia Norskan

Obs.: Cerca de 40 embarcações operam para outras oil companies, fora da Petrobras. Tipos de embarcação: AHTS (Anchor Handlingand Tug Supply) – Manuseio de âncoras, reboque e suprimento; PSV (Platform Supply Vessel) – Embarcação de suprimento às plataformas; RSV-ROV (Support Vessel) – embarcacões equipadas com veículo de operação remota; MS (Mini Supridor); LH (Linehandling) – Manuseio de espias; UT (Utility Boat) – Supridores de cargas rápidas; CB (Crewboat) – Transporte de tripulantes para as plataformas; OSRV (Oil Spill Response Vessel) – combate a derramamento de óleo; WSV (Well Stimulation Vessel) – estimulação de poços; PLSV (Pipe Laying Support Vessel) – Construção e lançamento de linhas; DSV (Diving Support Vessel) – embarcações de suporte ao mergulho. Fonte: Abeam, março de 2010

para aumento da participação brasileira. Plataformas de petróleo – Na OTC 2010, a Petrobras apresentou o programa de construção de plataformas. No total são 53 unidades, sendo quatro já entregues, cinco em construção, 17 em licitação/contratação e 28 plataformas de perfuração que serão licitadas no segundo semestre de 2010. Guia do Estudante 2010 57


formação

MBA em quê? A partir da flexibilização do monopólio do petróleo e da sua regulamentação em 1995, a demanda por profissionais qualificados para trabalhar no setor petroquímico vem crescendo cada vez mais.

A

Bianca Machado Branco possui MBA em Gestão Empresarial e formação em Análise de Sistemas. Trabalha com tecnologia da informação desde 1998. Atualmente é coordenadora de projetos na ABC71.

58 Guia do Estudante 2010

s recentes descobertas das camadas de pré-sal no litoral brasileiro e as perspectivas de negócios a partir da exploração da Bacia de Santos têm aquecido a economia do país, movimentando inclusive o setor imobiliário. O objetivo de tornar o Brasil autossuficiente em petróleo aponta para a geração de 16 mil novos postos de trabalho ao longo da cadeia produtiva. As operadoras de petróleo necessitarão de bens e serviços, além de profissionais preparados, motivo pelo qual o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) está cadastrando fornecedores para atender a essa demanda e, em paralelo, vem oferecendo qualificação aos profissionais interessados. De outro lado, há o Cadfor, cadastro de fornecedores administrado pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), também com o intuito de organizar a cadeia de fornecimento para suprir a crescente demanda do setor de petróleo, gás e biocombustíveis. Nesse mercado em expansão, porém extremamente competitivo, os profissionais com visão de oportunidade de negócios serão os mais cobiçados pelas empresas desse segmento. Faltam técnicos especializados no mercado, é verdade. Contudo, faltam também profissionais de gestão com desenvoltura para lidar com as especificidades desta indústria tão complexa e dinâmica. Como decorrência disso, o setor da educação vislumbrou um novo nicho: o das especializações de negócios com foco em petróleo e gás, que têm em geral recebido o selo de MBA (Master of Business Administration). Mas como determinar se o curso oferecido é de fato um verdadeiro MBA ou um modismo oportunista? Entender o propósito do curso é um bom começo. Quando o MBA surgiu nos Estados Unidos há mais de 30 anos, a proposta era uma formação generalista em gestão empresarial. Porém, ao longo do tempo, essas três letrinhas se popularizaram e houve um boom de cursos que se desviaram da premissa original: nasciam assim os cursos de MBA com foco em áreas específicas. Junto com eles despontaram uma série de dúvidas, resumidas na pergunta “Vou fazer MBA em quê?” Hoje, quem pretende ingressar em um MBA se vê diante de questões que vão desde estudar no Brasil ou no exterior, optar pelo curso presencial ou no modelo EAD (Educação a Distância), escolher uma formação generalista ou especializada e assim por diante. Há muitas escolas de negócios no país que não ficam devendo nada às melhores escolas estrangeiras, por isso, quem decide estudar fora do Brasil o faz tendo em vista a experiência internacional. Da mesma forma, existem cursos EAD tão bons quanto os cursos presenciais e ainda com flexibilidade de horários, o que representa um grande atrativo para aqueles que viajam muito a trabalho ou têm uma rotina atribulada. Com isso, a escolha crucial passa a ser qual formação é a mais adequada ao ingressante no MBA: aquela que


propicia uma visão mais abrangente do mercado ou a que se concentra em um determinado segmento? Há um perfil e um momento profissional certo para cada modalidade. No início da carreira, quando o papel do profissional é mais técnico, operacional, e ele precisa conhecer melhor o segmento em que atua, o MBA específico é o mais indicado. O MBA generalista não seria tão bem aproveitado pela falta de experiência para trocar em sala de aula. À medida que a atuação vai se tornando mais estratégica, envolvendo tomada de decisões, o profissional sente a necessidade de ter uma visão mais ampla, generalista. Esse é o perfil do aluno de um MBA Executivo, voltado para um público com pelo menos sete anos de carreira. Para aqueles que escolherem o MBA específico, não faltam opções: MBA em petróleo e gás; em gestão de negócios em petróleo e gás; em engenharia de petróleo e gás; em engenharia de petróleo, gás e biocombustíveis; em direito do petróleo e gás; em gestão ambiental na indústria do petróleo, entre outros. E qual deve ser a formação do profissional que pretende entrar em um desses cursos? Não existe uma regra para isso, já que a cadeia produtiva nesse segmento emprega, direta e indiretamente, profissionais que atuam nas companhias de petróleo, nas operadoras ou em empresas fornecedoras, tais como: gestores, técnicos, consultores especializados, especialistas em comércio exterior, profissionais de meio ambiente, advogados e prestadores de serviços. Um profissional da área de meio ambiente, por exemplo, tem um papel crítico nessa indústria e precisa conhecer estratégias de desenvolvimento sustentável para evitar desastres ecológicos que, além do impacto ambiental, venham a depor contra a imagem da organização em que atua. Por outro lado, um profissional da área de tecnologia da informação, cuja empresa provê sistemas de gestão da qualidade para as companhias do setor de energia, seria muito valorizado se tivesse a habilidade de falar a língua dos seus clientes, mostrando estar “antenado” com a terminologia do setor para o qual ele presta serviços. Escolhida a vertente do MBA, o aluno deve ficar atento à grade curricular do curso. Ela deve mesclar matérias técnicas com disciplinas de administração e gerenciais. A intenção é formar um profissional com perfil interdisciplinar, ainda que com foco no setor petroquímico. Portanto, se o curso não abrange finanças, marketing, gestão de pessoas e aspectos de liderança, por exemplo, esse é um indicador de que o MBA é na realidade um curso de extensão ou de aperfeiçoamento e não possui um caráter de curso de gestão de negócios. Concluída a pós-graduação, é hora de colocar em prática os skills recém-adquiridos, mas de que maneira? Uma reclamação recorrente de jovens profissionais que cursam MBA é não ter a oportunidade de aplicar o que aprenderam. Há casos em que a especialização

está voltada para uma área diferente daquela em o aluno atua, pois ele tem como objetivo justamente uma mudança de rumo na carreira. Nessa situação as alternativas são duas: tentar mudar para a área desejada dentro da própria organização em que já se encontra ou buscar novos desafios no mercado de trabalho, que é bastante promissor. A situação mais comum, entretanto, é aquela em que o profissional quer utilizar o know-how adquirido no MBA nas atividades que ele já desenvolve, mas enfrenta resistência por parte da empresa. A resistência a mudanças é normal, tanto nas empresas do segmento de petróleo e gás assim como em companhias de qualquer outro setor. Mas, pressupondo que o aluno se dedicou ao curso e não se preocupou apenas em obter um diploma, ele não deve esmorecer diante do primeiro obstáculo. A aplicação dos conceitos aprendidos no MBA não depende da empresa em que se trabalha, depende da determinação de cada profissional. Não desanimar diante da oposição encontrada dentro das organizações e criar as próprias oportunidades é o melhor caminho para pôr em prática o aprendizado. Teve uma ideia inovadora? Reúna argumentos que a justifique, coloque-a no papel, busque apoiadores e apresente-a aos decisores da companhia. Isso mostra proatividade. Seu projeto não tem relação direta com as suas atividades e responsabilidades? Sinal de que o seu perfil é multidisciplinar e, no mínimo, demonstra interesse e comprometimento. E esses são atributos muito valorizados pelas empresas. Ter um MBA está deixando de ser um diferencial e tornando-se pré-requisito. Mas o título por si só não é garantia de sucesso, a atitude do profissional frente aos desafios é o que realmente conta. Títulos acadêmicos são importantes, mas propor soluções que agreguem valor a uma empresa é uma competência fundamental e pesa sempre mais do que um currículo acadêmico turbinado.

Fontes http://www.santosoffshore.com.br/detalhes-sala-imprensa-release-clipping. aspx?id=81 http://www.prominp.com.br/data/pages/8A954884253212CE01253227B93 51D5E.htm http://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/pos-graduacao/materia_433006.shtml http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-momento-certo-paracada-tipo-de-mba,471065,0.shtm http://uvaonline.uva.br/mkt/site/curso,77,100,__pos-graduacao_mba_em_ petroleo_e_gas_obejtivo.html http://www.capitalhumano-fgv.com.br/curso-MBA-Gest%C3%A3o-deNeg%C3%B3cios-em-Petr%C3%B3leo-e-G%C3%A1s-6.htm http://www.strong.com.br/modular/mba_petroleo.html http://www.universia.com.br/noticia/materia_clipping.jsp?not=24809 http://www.tnpetroleo.com.br http://www.cadfor.com.br/

Guia do Estudante 2010 59


mercado de trabalho

profissão A difícil escolha da

É comum que os jovens, quando da escolha da profissão, tenham muitas dúvidas, particularmente nos dias de hoje, quando é tão abundante a oferta de cursos profissionalizantes. Tanto no nível médio quanto no superior existe uma gama enorme de possibilidades e isso dificulta ainda mais a tomada de decisão.

S

João Batista Frazão é diretor-geral da Fraend/ Consultoria, Inspeção e Treinamento, que representa a Abendi (Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção) como OTR (Organismo de Treinamento Reconhecido). Tem 22 anos de experiência como técnico em estrutura naval, inspetor de soldagem e ensaios não destrutivos. Trabalhou em grandes empreendimentos nas refinarias da Petrobras, dentre outros segmentos.

60 Guia do Estudante 2010

e fôssemos nos reportar a um passado recente, marcado pelo chamado “milagre brasileiro” e a algumas reformas do ensino, poderíamos dizer que as coisas antes eram mais fáceis. Bastava, inicialmente, se decidir entre o clássico, o técnico ou o cientifico... e o jovem já iria encaminhar sua formação em nível de segundo grau, rumo à formação superior. Os investimentos ocorridos no referido período caracterizado como do “milagre brasileiro” também eram determinantes na escolha da profissão. O Brasil construía uma incipiente indústria de bens de capital e fabricação de equipamentos para a montagem de grandes complexos voltados para a produção de energia, siderurgia, petroquímica e mineração, levando a maioria dos jovens a escolherem cursos relacionados com esse tipo de indústria. De lá para cá, aconteceram muitas mudanças. O “milagre brasileiro” acabou dando lugar à chamada “década perdida”, quando praticamente desapareceu a perspectiva de colocação no mercado de trabalho após a colação de grau. O que se viu nestes anos foi um grande contingente de jovens formados, amargando filas de desemprego. No Brasil de hoje, após a estabilização da economia, começa a surgir um mercado consumidor importante, fazendo com que a indústria de bens duráveis e/ou de consumo inicie um crescimento contínuo e duradouro. Para dar sustentação a esse crescimento, há a necessidade de aumentar a oferta de energia, o que, aliado à autossuficiência na produção de petróleo e, mais recentemente, a descobertas de novos poços, além do petróleo existente na região do pré-sal, demandará profissionais na área de petróleo e gás. Podemos citar, entre esses profissionais, engenheiros das diversas modalidades e técnicos industriais. Além disso, a especialização passa a ser fundamental para o crescimento profissional. O Brasil adota o processo de qualificação e certificação de profissionais. Esse sistema é


Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

necessário para que haja rastreabilidade nos sistemas de qualidade das empresas. Grandes investimentos, para terem a garantia de retorno do capital investido, necessitam de profissionais habilitados, qualificados e certificados. É neste contexto que a Fraend vem atuando desde 2002. Prepara profissionais para a qualificação/certificação junto ao Sistema Nacional de Qualificação e Certificação (SNQC), dispondo, para tal, de uma estrutura composta de unidades operacionais espalhadas por quatro estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pernambuco), equipadas com modernos laboratórios e professores com alta especialização nas áreas em que atuam. No Rio de Janeiro, nossas unidades estão localizadas no bairro do Maracanã (na cidade do Rio de Janeiro), em Itaguaí, Macaé e Angra dos Reis. Nossa filosofia de ensino/aprendizagem busca atualização contínua de nossos docentes e o pleno atendimento dos diversos clientes que nos procuram. A formação profissional adquiriu uma nova dinâmica após o advento da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, n. 9.394/96), e a educação profissional a partir do Decreto-Lei n. 2.208/97, dando

grande autonomia às escolas técnicas e universidades na elaboração de seus currículos, na busca de adequar rapidamente os conteúdos e a titulação às necessidades de mercado que se alteram a partir da geração de novas tecnologias. A microeletrônica, tecnologia da informação, mecânica fina e a biotecnologia, entre outras, mudaram o perfil de grande parte das empresas e até mesmo as tecnologias mais tradicionais sofrem impacto com a aplicação das referidas tecnologias. Tal cenário requer das organizações que se dispõem, em qualquer nível, a atuar na preparação de pessoas, a firme determinação de andar sempre na vanguarda do conhecimento. Aparentemente, o Brasil está por fim seguindo sua vocação de ser um país desenvolvido e decerto aproveitará melhor suas riquezas naturais, agregando valor a estas de forma a aumentar sua posição no ranking dos mercados globais. Para isso, é necessário adequar e/ou gerar novas tecnologias. Portanto, temos um grande desafio para os próximos anos. Sociedade e instituições devem caminhar no sentido de dar suporte a este desenvolvimento para que nosso país seja sustentável do ponto de vista econômico, ambiental e social.

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preservar.

Guia do Estudante 2010 www.tnsustentavel.com.br

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formação profissional

NÃO

HÁ VAGAS Entender melhor o comportamento do mercado de trabalho é o grande desafio dos jovens que hoje concluem um curso de qualificação. Ainda é muito comum ouvirmos que não há vagas para contratação. Enquanto isso, as grandes indústrias afirmam que a vaga existe, o que falta é o profissional que possua o perfil técnico comportamental que a empresa necessita.

E

Jane Cláudia Queiroz dos Santos é geógrafa, formada pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e especialista em Gestão e Manejo Ambiental na Agroindústria pela Universidade Federal de Lavras (Ufla). Ela é consultora educacional da Apoio – Centro de Aperfeiçoamento Profissional, no município de Teixeira de Freitas (BA) e coordenadora geral da escola técnica Educandário Carlos Drummond de Andrade.

62 Guia do Estudante 2010

stá aí o papel fundamental da educação. Aproximar os dois interesses, preparando pessoas que buscam melhor qualidade de vida, crescimento e reconhecimento profissional para atender aos interesses das empresas contratantes. Engana-se, no entanto, aquele que acredita que o certificado de conclusão de curso é suficiente para fugir do trauma da ausência de vagas. Embora este seja um grande passo, é necessário um diferencial. É preciso um lapidar de habilidades, um desenvolvimento de competências e uma combinação de estilos. O profissional que se destaca é aquele que tem autoconfiança suficiente para arriscar, ou que possui o planejamento adequado para não se comprometer, e humildade bastante para continuar aprendendo. É este o perfil dos jovens talentos que ora estamos colocando no mercado. Trabalhamos com cursos técnicos no extremo sul baiano, onde as empresas passam por um processo de crescimento vertiginoso. Formar pessoas capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de produção, incentivar práticas ambientais adequadas e inovadoras, interagir com o grupo no qual estão inseridas, é o nosso grande compromisso. Após 22 anos de trabalho com educação, aceitamos um novo desafio: implantar um curso técnico em Petróleo e Gás em uma região não produtora. Muitas são as dificuldades que enfrentamos – por fatores geográficos – para conseguirmos estágio e emprego, já que as áreas mais próximas a fazer contratações são em São Mateus/ES e Macaé/RJ. Difícil também é conviver com a ausência de uma política governamental de incentivo à pesquisa no nível médio de ensino. Num país em que raras são as escolas com laboratório e, quando os têm, dificilmente são utilizados, o termo ‘pesquisa’ parece aos nossos jovens, oriundos de escola pública, estar mais relacionado aos nerds de filmes hollywoodianos. Fechamos o ciclo de obstáculos lembrando quão di-


Foto: Banco de Imagens Stock.xcng

fícil é quitar as mensalidades quando ainda se está em busca de uma oportunidade de trabalho. Bom seria se pudéssemos contar com a criação de planos de financiamento, como é o caso do Programa de Financiamento Estudantil (Fies), também no nível técnico. Para compensar tudo isso, só a surpresa das iniciativas que o talento consegue promover. E por acreditar que a persistência nos leva a horizontes mais amplos, incentivamos o desenvolvimento de novas ideias. É esse o principal objetivo da realização de um dos nossos projetos: a Mostra Técnico-cultural. Neste evento, realizado semestralmente, o ECDA (Educandário Carlos Drummond de Andrade) leva até a comunidade um pouco do aprendizado de nossos alunos, mostrando as áreas de atuação dos cursos oferecidos e estabelecendo parcerias com empresas de cada setor. Ao reproduzir sistemas de produção e conhecer os mecanismos de funcionamento de máquinas e equipamentos industriais, além de fixar a aprendizagem, o aluno tem condições de detectar problemas e apontar soluções que venham a contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços prestados pela empresa. Em nossa última Mostra, a montagem de uma sonda com sistema rotatório de perfuração, apresentada no semestre anterior, ganhou a companhia de uma plataforma mista de exploração de petróleo montada com fins pedagógicos. O grau de conhecimento demonstrado nas áreas de mecânica, soldagem, pintura, escala e desenho foi surpreendente. A tudo isso, somamos a capacidade de trabalho em equipe, a persistência para começar do zero (quando algo dava errado) e a autoconfiança de quem já entendeu que a melhor forma de completar a caminhada é ousar dar o primeiro passo. O resultado de dias extenuantes de trabalho e de muitos cálculos e madrugadas iluminadas pelo maçarico foi levado à praça principal da cidade para ser apresentado aos visitantes da exposição. Foi gratificante ver o grupo de curiosos que se aglomerava ao redor do trabalho para entender a engenhosidade do intento. Dentre eles, chamava a atenção o olhar de reconhecimento dos professores, dos profissionais de áreas correlatas e de alunos de cursos de graduação na área de petróleo e gás. Orgulhosos, nós da coordenação acompanhávamos o desenrolar dos fatos com a certeza de ter produzido bons frutos em nossa seara, mas com a convicção ainda maior de que algo deveria ser feito para que a semente voltasse a germinar em tempos futuros. Toda a prática adquirida nos embarques em plataformas por nosso coordenador técnico e compartilhada com nossos alunos no intuito de ver o trabalho concluído era agora recompensada. Em minutos, a explicação que antes parecia complexa e abstrata se materializava em peças, comandos, circuitos, procedimentos facilmente demonstrados na maquete de mais de três metros que se destacava no centro da praça.

De forma clara, os conceitos básicos de perfuração, separação primária e estocagem eram passados para os visitantes, bem como a explicação da funcionalidade dos equipamentos de manuseio da sonda, das diferentes estruturas de uma plataforma e do sistema de segurança necessário para aquele tipo de trabalho. Munidos de muita criatividade, parcos recursos para investimento e alta capacidade de reaproveitamento de materiais, nossos alunos fizeram sucata de ferro velho acabar virando peça fundamental para a montagem da maquete. Era um combinado de chapas, metalon, barras, cantoneiras, arames, cabos de aço e de PVC, colocados em movimento por motores de para-brisa e de ventoinhas encontrados em veículos de ferro-velho. O serviço se completava com o uso de redutor de potência e destorcedor de caixa de marcha retirados de um antigo caminhão Ford. Além de comprovarem a capacidade de execução de um trabalho, eles já abriam espaço para novos planejamentos. Já não parecia difícil pensar em fazer uma réplica de um FPSO (sigla de Floating Production Storage and Offloading, unidade offshore que produz, armazena e escoa hidrocarboneto) ou identificar uma possível alternativa para a redução da emissão de poluentes durante a queima do combustível fóssil. Se pairava alguma dúvida sobre a capacidade de as pessoas promoverem mudanças significativas para a empresa que os incentiva, apoia e orienta, fica a certeza de que mudança maior nossos alunos foram capazes de promover não só na carreira, mas na vida. São jovens talentos! E para este posto, podem divulgar: HÁ VAGAS, SEMPRE! Guia do Estudante 2010 63


formação

Engenharia está sempre na moda

A engenharia é considerada uma das carreiras mais consolidadas, ou seja, em geral, o profissional tem um salário justo, o mercado de trabalho é promissor e o trabalhador tem o reconhecimento da sociedade.

G

Marco Tulio Duarte Rodriguez é formado em Engenharia Química pela UFF, com mestrado pela Coppe/UFRJ; possui mais de 20 anos de experiência em projetos voltados para indústrias de processo nas áreas de óleo e gás, química e petroquímica, papel e celulose e metais e mineração. Atualmente, ocupa a função de diretor de engenharia da Chemtech Engenharia, uma empresa do grupo Siemens.

64 Guia do Estudante 2010

randes projetos de engenharia como a exploração das reservas de petróleo da camada pré-sal, as construções necessárias para realização da Copa do Mundo 2014 e, ainda, as necessidades urbanas das Olimpíadas de 2016 reforçam a importância da profissão. Em contrapartida, o mercado carece de mão de obra especializada. Principalmente no Rio de Janeiro, o que reflete a importância da indústria do petróleo. Depois de uma estagnação de quase três décadas no setor da engenharia, as perspectivas são positivas para a área. Entretanto, o estudante que decidiu tentar engenharia no vestibular precisa estar atento a alguns pontos que irão ajudar em sua formação. O engenheiro considerado de qualidade tem de aliar uma formação acadêmica sólida com a capacidade de inovar e de questionar na dose certa. Em outras palavras, o profissional não deve “reinventar a roda” o tempo todo, entretanto não precisa aceitar tudo que aprende na prática como algo verdadeiro e definitivo. Trocando em miúdos, o engenheiro nota dez utiliza o conhecimento técnico e o bom senso. A engenharia oferece um leque amplo de opções e especializações. Ao longo do curso, em geral, os veteranos apontam algumas matérias em “tese” como as primordiais para uma boa formação acadêmica. Um grande equívoco. Todas as disciplinas devem ser encaradas com carinho. Ao contrário do que muitos alunos pensam, no cotidiano de trabalho vão usar conhecimentos adquiridos das diversas matérias abordadas no curso. Hoje, existe espaço para bons profissionais em praticamente todas as especialidades da engenharia. O mercado possui demanda suficiente para absorver os formandos. O mais importante para o aluno é saber escolher a especialidade ou ênfase com que possui maior afinidade. Assim, ele se dedicará mais, terá um rendimento melhor, o que certamente irá ajudar no seu crescimento profissional.


Foto: Agência Petrobras

Outra preocupação muito comum aos alunos é o momento correto de começar a estagiar. Em princípio, a hora mais indicada para o início do estágio é no final do curso, mais especificamente nos dois últimos anos. Antes disso, o aluno ainda não possui conhecimento teórico necessário para tirar todo o proveito do estágio, além de poder prejudicar o rendimento na universidade, onde os primeiros anos são sempre mais difíceis.

Oportunidades Considerado um grande território potencial para exploração petrolífera, o Brasil solidifica-se a cada dia como um país com grandes oportunidades para os recém-formados e futuros engenheiros. O rápido crescimento por essa demanda deve-se muito ao crescimento do investimento em infraestrutura no país, em especial, a indústria do petróleo. Se mantivermos a previsão de investimentos em exploração, produção e refino de óleo e gás esta demanda permanecerá aquecida pelos próximos cinco a dez anos. Vale lembrar que, no estado do Rio de Janeiro, o piso salarial do engenheiro é de seis salários mínimos por seis horas trabalhadas e de nove salários mínimos por oito horas trabalhadas. Por conta do descompasso que existe na escolaridade brasileira estima-se já faltem mais de 20 mil engenheiros para atuar no país. Tal fato gera grande valorização salarial. As maiores demandas por engenheiros ainda ocorrem nos grandes centros industrializados do país, especificamente nas grandes cidades do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro). De maneira lenta, este quadro começa a mudar já que há um movimento de descentralização industrial. Grandes empreendimentos estão sendo planejados e construídos fora dos grandes centros, principalmente no Nordeste. O crescimento da agroindústria e dos combustíveis renováveis também deve gerar uma demanda em áreas agrícolas na região central do Brasil e no interior de alguns estados.

O crescimento da utilização de energias renováveis na matriz energética brasileira como a energia eólica torna-se um campo bastante interessante, principalmente pelo seu aspecto inovador. Tratando especificamente do estado do Rio de Janeiro, a maior demanda ainda está na capital, com exceção da indústria ligada à produção de petróleo que tem em Macaé, no Norte Fluminense, um grande centro de operações. É preciso lembrar também que a indústria naval está em plena fase de expansão no Brasil, recolocando o Rio de Janeiro como força num mercado em que já fora expoente. Este crescimento tem como força propulsora a indústria de petróleo e gás forte demandante de uma logística que puxa a indústria naval, mecânica, siderúrgica e outras especialidades. Falando-se em Rio de Janeiro, não se pode deixar de mencionar a indústria nuclear que teve recentemente definida sua retomada com a decisão da construção de Angra III, que demandará um expressivo número de engenheiros e outros tipos de profissionais, ao longo de sua construção nos próximos seis anos e posteriormente em fase de operação. Outro projeto no Rio de Janeiro que movimenta o mercado é a retomada da Petrobras no setor petroquímico com o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Programado para entrar em operação em 2013, o Complexo, segundo a Petrobras, prevê a geração de mais de 200 mil empregos diretos, indiretos e por “efeito-renda”, durante os cinco anos da obra e após a entrada em operação; todos em escala nacional. Em resumo, o cenário é positivo para os interessados na carreira de engenharia. Há diversas possibilidades e áreas de atuação. Dados do Ministério da Educação indicam que ingressam nas faculdades quase 154 mil engenheiros e saem, apenas, 47 mil. A economia nacional está aquecida. Os investimentos em infraestrutura e na área de óleo e gás devem manter a profissão de engenheiro em alta. Guia do Estudante 2010 65


coffee break

em ritmo de Hollywood

Foto: Divulgação

Quando em 1956 o diretor norte-americano George Stevens dirigiu um dos clássicos do cinema, o épico Assim caminha a humanidade, além das presenças marcantes de Elizabeth Taylor, Rock Hudson e o novato James Dean, o filme mostrou, pela primeira vez, o petróleo como elemento importante de uma trama cinematográfica. por Orlando Santos

Tanto que o “cavalo de pau” (como é chamado até hoje esse sistema de bombeio utilizado há mais de 70 anos na prospecção de petróleo) foi exibido na tela quase como um grande ator coadjuvante. Mais de meio século depois, a temática do petróleo continua servindo de pano de fundo para filmes que, mais além do romance, mesclam essa indústria com outros temas, que vão do nacionalismo exacerbado à espionagem, à polêmica CIA – a central de inteligência americana –, ao próprio esgotamento desse recurso energético não renovável, à criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e ao petróleo como ‘arma’ de pressão econômica e pivô de disputas internacionais e até guerras.

Sangue negro Cena de Assim caminha a humanidade (1956). Direção: George Stevens. Com Elizabeth Taylor, Rock Hudson e James Dean, entre outros.

66 Guia do Estudante 2010

Dois filmes recentes explorando a temática petrolífera ‘inundaram’ as plateias de todo o mundo: Syriana e Sangue negro. Com abordagens diferentes, eles mostram como o mundo do petróleo foi e continua sendo marcado por transações nebulosas, interesses conflitantes,


Sangue Negro (2007). Direção: Paul Thomas Anderson. Com Daniel Day-Lewis, Martin Stringer, Matthew Braden Stringer. Foto: Divulgação

corrupção e desapreço total às mais elementares regras ligadas à ética e à honestidade – e até bem recentemente, ao meio ambiente. Sangue negro, de Paul Thomas Anderson, filme, que deu a Daniel Day-Lewis o Oscar de melhor ator em 2008, mostra bem isso. Ambientado na virada do século XIX para o XX, na fronteira da Califórnia (EUA), o filme retrata a trajetória de um explorador de minas de prata derrotado, que de repente descobre a existência de uma pequena cidade no oeste onde o petróleo está transbordando do chão. Para conseguir seus objetivos e ser uma pessoa bem sucedida, ele vai eliminando ou estabelecendo alianças (até religiosas), e acumulando mais e mais riqueza. A série de conflitos que daí advém é inevitável, e o herói, antes arrogante e violento, agora é uma pessoa solitária e abandonada. As cenas da exploração do petróleo, de maneira rústica e quase artesanal, foram bem captadas pela belíssima fotografia de Robert Elswit, outro ganhador do Oscar. Ao contrário do Sangue negro, Syriana é ambientado nos anos recentes e mostra a guerra do petróleo em sua verdadeira dimensão – coisa rara quando se trata de filmagens produzidas em Hollywood. Verdadeiro thriller, escrito e dirigido por Stephen Gaghan, o título não é explicado durante o filme, mas, ao que tudo indica, tem relação com a Pax Syriana, termo utilizado nos estudos das relações internacionais no Oriente Médio, geralmente com relação aos esforços da Síria para influenciar seus vizinhos, particularmente o Líbano. Também se refere, nas comunidades de informação e comando mundial do negócio de

petróleo, à nova partilha política realizada pelos ganhadores da guerra nos territórios e populações situados sobre os lençóis de petróleo do Oriente Médio, logo após o término da Segunda Guerra Mundial. A sinopse do filme é clara: quando se trata de petróleo, todos os envolvidos estão contaminados pela sede de dinheiro e poder. Ninguém sai limpo. A obra é considerada ousada em sua crítica, sobretudo em se

tratando dos padrões saídos de Hollywood. No Brasil, o filme Ouro negro, de Isa Albuquerque, narra a aventura da descoberta do petróleo no país contada por pioneiros idealistas, tendo como ambientação a Alagoas de 1910. Paralelamente à busca do petróleo brasileiro, os personagens do filme vivem intensas histórias passionais, assassinato, em uma trama de paixões e sonhos e que tem como foco final o progresso nacional.

Documentários do History Channel A história do petróleo – O petróleo foi um marco e revolucionou a maneira com a qual a humanidade se posiciona no mundo. A mais importante e não renovável fonte de energia do planeta é tema deste documentário especial do The History Channel, que detalha, em quatro episódios, como esse recursos mudou o mundo e de que forma seu esgotamento e mau uso podem provocar mudanças mais drásticas ainda. A era de ouro das grandes companhias – aborda como a descoberta do uso da combustão do líquido foi aproveitada na Pensilvânia (EUA) em 1859, e discute a importância dos fundadores dessa história os americanos John Rockfeller, que dirigia a Standard Oil Company, e Henry Ford, o pioneiro dos carros populares. Nacionalismo do petróleo – mostra a relação do petróleo com os anos do pós-guerra e a expansão

econômica dos países industrializados na época. O motivo que levou Venezuela e Arábia Saudita a impulsionarem a criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), no auge do salto industrial, em 1960, também é destaque no episódio. O petróleo como arma – analisa a nacionalização das indústrias petrolíferas nos três membros mais radicais da Opep (Argélia, Líbia e Iraque), a partir dos anos 1970, rompendo com a tendência imperialista no mundo. Na década seguinte, a guerra entre Irã e Iraque provoca a segunda crise energética. O esgotamento do petróleo – mostra como a Guerra do Golfo coloca em destaque a situação delicada do mercado de hidrocarbonetos ante a possibilidade de uma nova crise energética. E destaca o fantasma de esgotamento do recurso e a busca de fontes alternativas de energia. Guia do Estudante 2010 67


formação

cursos UNIVERSIDADES FEDERAIS Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) www.ufrj.br Tel.: (21) 2562-2010 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Química; Engenharia Naval e Oceânica Pós-Graduação em: Engenharia de Máquinas Navais e Offshore; Engenharia Portuária; Engenharia de Confiabilidade em Sistemas Navais e Offshore; Engenharia de Sistemas Flutuantes Offshore e Pós-Graduação Executiva em Petróleo e Gás MBA: Gestão de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) Universidade Federal Fluminense (UFF) www.uff.br Tel.: (21) 2629-5205 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Metalúrgica; Engenharia Química; Geofísica; Química e Química Industrial Pós-Graduação em: Engenharia de Dutos e Engenharia de Petróleo e Gás Natural FUNCEFET Rio de Janeiro Tel.: (21) 3553-4112 www.funcefet-rj.com.br Macaé – Rio de Janeiro www.funcefet-macae.com.br Tel.: (22) 2762-9887/ 8823-5621 São Paulo Tel.: (11) 4063-7756 Pós-Graduação em: Engenharia de Construção Naval e Offshore; Engenharia de Inspeção e Manutenção na Indústria do Petróleo e Engenharia Submarina MBA Executivo em Petróleo e Gás MBA em Gestão Integrada em QSMS (Qualidade, Segurança, Meio 68 Guia do Estudante 2010

Ambiente e Saúde) na Indústria do Petróleo

Engenharia Química; Geologia e Química

Universidade Federal do Paraná (UFPR) www.ufpr.br Tel.: (41) 3360-5000 Curso Técnico de Petróleo - duração 3 anos Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Química; Engenharia Mecânica e Química; Geologia; Oceanografia; Engenharia Química Elétrica e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

Universidade Federal da Bahia (Ufba) www.ufba.br Tel.: (71) 3283-9703 Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica e Engenharia Química Pós Graduação em: Energia e Ambiente; Engenharia Elétrica; Engenharia Industrial; Engenharia Química (mestrado em Processos e Sistemas Químicos); Engenharia Química (doutorado em Processos e Sistemas Químicos); Geofísica; Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente; Geologia; Química e Engenharia de Automação e Controle (Mestrado)

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) www.ufmg.br Tel.: (31) 3409-5000 Graduação em: Engenharia de Controle e Automação; Engenharia Ambiental; Engenharia Mecânica; Engenharia Metalúrgica; Engenharia Química; Engenharia de Produção; Engenharia de Sistemas; Geologia e Química Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) www.ufrgs.br Tel.: (51) 3308-6000 Graduação em: Engenharia de Energia; Engenharia de Produção; Engenharia Química; Geologia e Química Universidade Federal do Rio Grande (Furg) www.furg.br Tel.: (53)3233.6500 Graduação em: Engenharia Civil Costeira e Portuária; Engenharia de Automação; Engenharia de Mecânica Naval e Engenharia Química Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) http://portal.ufes.br Tel.: (27) 4009-2203 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção;

Universidade Federal do Amazonas (UFAM) http://portal.ufam.edu.br/ Tel.: (92) 3305-4559 Graduação em: Engenharia de Gás e Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia de Materiais; Engenharia Mecânica; Engenharia Química; Geologia; Química Pós Graduação em: Química; Engenharia de Recursos da Amazônia Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Tel.: (84) 3215-3124 Graduação em: Geofísica; Química; em Química do Petróleo; Engenharia do Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia Mecânica; Engenharia Elétrica; Engenharia Química Universidade Federal do Ceará (UFC) www.ufc.br Tel.: (85) 3366 9410 Graduação em: Geologia; Química; Engenharia de Energias Renováveis; Engenharia de Petróleo; Engenharia


de Produção Mecânica; Engenharia Mecânica; Engenharia Química; Engenharia Elétrica; Engenharia de Gás Natural; Engenharia de Produção; Especialização em Engenharia Hidráulica e Ambiental Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) www.ufpe.br Tel.: (81) 2126.8000 Graduação em: Engenharia de Energia; Engenharia de Materiais; Engenharia Elétrica-Eletrônica; Engenharia Elétrica-Eletrotécnica; Engenharia Mecânica; Engenharia de Produção; Engenharia Química; Geologia e Química Industrial Pós Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Química e Tecnologias Energéticas e Nucleares Universidade Federal de Alagoas (UFAL) www.ufal.br Tel.: (82) 3214-1052 Graduação em: Engenharia Química e Engenharia Ambiental ESTADUAIS Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) www.uerj.br Tel.: (21) 2334-0652 Graduação em: Engenharia de Produção; Engenheria Química; Engenharia Mecânica e Química Pós-Graduação em: Engenharia de Petróleo e Gás Natural e Química Ambiental Universidade de São Paulo (Usp) www4.usp.br Tel.: (11) 3091-3414 Graduação em: Engenharia de Petróleo; Engenharia de Produção; Engenharia de Produção Mecânica; Engenharia Metalúrgica; Engenharia Mecatrônica; Engenharia Naval;

Engenharia Química; Engenharia Elétrica - Eletrônica e Sistemas de Energia e Automação; Engenharia Elétrica Com Ênfase em Automação e Controle; Engenharia Elétrica com ênfase em Energia e Automação Elétricas; Geofísica Pós Graduação em: Ciências da Engenharia Ambiental; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Geotecnia; Engenharia Química; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Naval e Oceânica ; Engenharia Química; Engenharia de Sistemas Logísticos

Universidade do Estado do Amazonas (Uea) www2.uea.edu.br Tel.: (92) 3214-5771 Graduação em: Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Mecatrônica; Engenharia Química; Automação Industrial; Mecânica Pós Graduação em: Engenharia de Segurança do Trabalho; Engenharia de Proudução com ênfase em Recursos Produtivos; Gestão e Tecnologia do Gás Natural; Processos e Tecnologias de Fabricação Mecânica

IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) www.ibp.org.br/cursos. Tel.: (21) 2112-9033/9034 • Planejamento, Orçamentação, Contratação e Gerência de Empreendimentos de Manutenção e Montagem – Rio de Janeiro. 32 horas. 13 a 16/09/2010 • Inspeção e Manutenção de Sistemas de Proteção Catódica de Dutos Terrestres (ABRACO) – Rio de Janeiro. 32 horas. 5 a 8/10/2010 • Interferência em Instrumentação – Maranhão. 16 horas. 25 e 26/10/2010 • Controle Regulatório Avançado e Sintonia de Controladores PID – Rio de Janeiro. 32 horas. 5 a 8/10/2010 • Aprovando Projetos de Automação com Bases Financeiras – Rio de Janeiro. 16 horas. 18 e 19/10/2010 • Básico de Instrumentação – 2ª turma – Pernambuco. 40 horas. 18 a 22/10/2010 • Segurança e Saúde em Laboratórios – São Paulo. 24 horas. 29/10 a 1º/11/2010 • Auditoria Interna em Laboratórios – Rio de Janeiro. 24 horas. 18 a 20/10/2010 • Técnicas de Gerenciamento de Projetos de E&P – Rio de Janeiro. 24 horas. 29/10 a 1º/11/2010

• Produção de Petróleo – Campos Maduros – Bahia. 16 horas. 23 e 24/09/2010 • Gerenciamento de Negócios de Exploração e Produção de Petróleo – Rio de Janeiro. 32 horas. 4 a 7/10/2010 • Gestão da Logística de Suprimento de Petróleo e Derivados (Módulo II) – Rio de Janeiro. 40 horas. 25 a 29/10/2010 • Análise de Investimento na Indústria Petroquímica – Rio de Janeiro. 40 horas. 18 a 22/10/2010 • Implementação e Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade com Base na NBR ISO 9001:2000, de Forma Integrada com a NBR ISO 14001, Gestão Ambiental, BS 8800 e OHSAS 18001, Saúde e Segurança no Trabalho e sua relação com Sistemas de Excelência em Gestão – Rio de Janeiro. 24 horas. 7 a 9/10/2010 • Comunicação Ambiental segundo a nova Norma ISO 14063 – Rio de Janeiro. 16 horas. 14 e 15/10/2010 • Auditor e Fiscal da Legislação de Segurança e Medicina do Trabalho – Rio de Janeiro. 32 horas. 4 a 7/10/2010 Guia do Estudante 2010 69


formação

Foto: Divulgação CNI

PARTICULARES Centro de Formação Profissional JFW www.jfw.com.br Tel: 0800-021-2000 Capacitação em: Petróleo e Gás. Duração: 8 meses (90 horas) Carga horária semanal: 3 horas

SENAI www.senai.br Tel.: (61) 3317-9000/9001 Técnico em Operação de Produção de Petróleo e Gás Natural – Campos e Niterói. Duração: 1.440 horas Técnico Industrial em Tecnologias Finais do Gás – Rio de Janeiro. Duração: 1.140 horas Pós-Graduação em: Automação Industrial dos Sistemas de Produção, Refino e Transporte – Rio de Janeiro. Duração: 400 horas; Especialização em Projetos de Automação em Instalações de Superfícies de Produção de Petróleo – Rio de Janeiro. Duração: 418 horas Curso Técnico de Petróleo e Gás – Acacuí (BA); Maracanaú (CE); Belo Horizonte e Contagem (MG); João Pessoa (PB); Cabo de S. Agostinho e Recife (PE); Campos, Duque de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis e Rio de Janeiro (RJ); Mossoró e Natal (RN); Porto Velho (RO); Caxias do Sul, Esteio e Porto Alegre (RS); Caçador, Capivari de Baixo, Criciúma, Itajaí, Joinville, São José, Tijucas, Tubarão (SC); Aracaju (SE), Campinas e São Paulo (SP)

70 Guia do Estudante 2010

Enprotec www.cursosenprotec.com.br Tel.: (21) 3705-7199 Cadeia Produtiva do Petróleo (1 ano) UGF (Universidade Gama Filho) www.ugf.br Tel.: (21) 2599-7100 Graduação em: Engenharia do Petróleo (duração de 5 anos); Tecnológica em Petróleo e Gás (3 anos) PUC-RIO (Pontifícia Universidade Católica) www.puc-rio.br Tel.: (21) 3527-1001 Graduação em: Engenharia do Petróleo (duração de 4,5 anos) Pós-Graduação em: Química Analítica do Petróleo; Engenharia de Petróleo; Engenharia de Dutos; Gás Natural; Estrutura da Indústria de Petróleo, Gás e Derivados Estácio www.estacio.br Tel.: (21) 3231-0000 Graduação em: Engenharia do Petróleo (duração de 5 anos); Tecnológica em Automação Industrial (duração de 3 anos); Tecnólogo em Petróleo e Gás (duração de 2,5 anos) Pós-Graduação em: Engenharia de Petróleo e Gás; Geologia e Geofísica de poço em reservatórios de Petróleo e Gás; Logística de Petróleo e Gás (estes com duração de 361 horas) e Engenharia Naval e Offshore (duração de 496 horas) Unisuam (Centro Universitário Augusto Motta) www.unisuam.edu.br Tel.: (21) 3882-9797 Graduação em: Engenharia de Petróleo (duração de 5 anos) Universidade Castelo Branco www.cursosoffshore.com.br Tel.: (21) 2253-2147 / (22) 2772-6788/2759-1164

Graduação em: Engenharia de Construção e Montagem de Tubulações Onshore e Offshore (19 meses); Engenharia de Construção Naval e Offshore (20 meses); Engenharia de Equipamentos na Indústria do Petróleo (19 meses); Engenharia de Inspeção e Manutenção de Equipamentos Onshore e Offshore (20 meses); Engenharia de Petróleo e Gás (19 meses); Engenharia Submarina (20 meses) MBA em: Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde Onshore e Offshore (19 meses); Engenharia e Gestão de Projetos, com ênfase em sistemas e equipamentos industriais e navais (20 meses). Todos os cursos em Macaé e no Rio de Janeiro UNIGRANRIO www.unigranrio.br Tel.: (21) 3882-9797 Graduação em: Engenharia de Petróleo e Gás; Tecnológica em Petróleo e Gás CENTRO de TREINAMENTO ESPECIALIZADO SIÃO www.cetessiao.com.br Tel.: (22) 2791-5058; 9933-7439 Soldador Eletrodo Revestido (6G) – Macaé; Soldador TIG – (6G, soldador com argônio) – Macaé PROJECT-EXPLO – SP www.project-explo.com.br Tel.: (11) 5589-4332 – Ramal: 217 Aperfeiçoamento em áreas classificadas: Elétrica, Instrumentação, Projetos, Montagens e Manutenção Datas: 14 e 16, 28 a 30 de setembro; 19 a 21, 28 a 30 de outubro; 9 a 11, 23 a 25 de novembro; 7 a 9, 14 a 16 de dezembro de 2010. Analista Técnico de Segurança Contra Explosões Datas: 14 a 16, 28 a 30 de setembro; 19 a 21, 28 a 30 de outubro; 9 a 11, 23 a 25 de novembro; 7 a 9, 14 a 16 de dezembro de 2010.


feiras e congressos

Setembro

12 a 16 – Canadá WEC – World Energy Congress Local: Montreal Tel.: + 1 (514) 397-1474 Fax: : +1 (514) 397-9114 www.wecmontreal2010.ca 13 a 16 – Brasil Rio Oil & Gas Expo Local: Rio de Janeiro Tel.: 55 21 2112-900 Fax: 55 21 2220-1596 congresso@ibp.org.br 19 a 22 – Itália SPE Annual Technical Local: Florença Tel.: 972 952 9393 Fax: 972 952 9435 spedal@spe.org www.napeexpo.com 20 a 21 – EUA NPRA Environmental Conference Local: San Antonio, Texas Tel.: 202 457 0480 Fax: 202 457 0486 info@npra.org www.npra.org 27/09 a 1o/10 – Itália IPLOCA Conference Local: Veneza Tel.: +41 22 306 02 30 Fax: +41 22 306 02 39 info@iploca.com www.iploca.com

Outubro

4 a 6 – Qatar Power-Gen Middle East Local: Doha Tel.: +44 (0)1992 656 610 Fax: : +44 (0)1992 656 700 www.power-gen-middleeast.com kelvinm@pennwell.com 5 a 7 – Brasil Usinagem 2010 Local: São Paulo Tel.: +55 11 3824-5300 Fax: +55 11 3666-9585 info@arandanet.com.br www.arandanet.com.br/eventos2010/ usinagem/index.html

5 a 8 – Casaquistão Kazakhstan International Oil & Gas Local: Almaty Tel.: +44 0 207 596 5000 Fax: +44 0 207 596 5106 oilgas@ite-exhibitions.com www.kioge.com/2010/ 10 a 13 – EUA NPRA Q&A and Technology Forum Local: Baltimore Tel.: +1 (202) 457 0480 Fax+1 (202) 457 0486 info@npra.org • www.npra.org 11 a 14 – Barém Petchem Arabia Annual Meeting Local: Manama Tel.: +44 0 1242 529 090 Fax: +44 0 1242 529 060 wra@theenergyexchange.co.uk 11 a 14 – Cingapura Downstream Asia 2010 Local: Manama Tel.: +44 0 1242 529 090 Fax: +44 0 1242 529 060 wra@theenergyexchange.co.uk 19 a 20 – Brasil Endutos Local: Rio de Janeiro Tel.: +55 11 5586 3197 Fax: +55 11 5581 1164 eventos@abendi.org.br www.abendi.org.br 25 a 29 – Brasil Sobena 2010–Exponaval Local: Rio de Janeiro Tel.: +55 21 2283-2482 sobena2010@sobena.org.br www.sobena2010.org.br

Novembro

1 a 3 – Emirados Árabes Unidos 2nd World Refining Technology Summit 2010 Local: Abu Dhabi Tel: 0091 98 1102 6635 Fax: 0091 98 1102 6635 m.shah@standardboard.com www.standardboard.com/wrts2010

1 a 5 – Africa do Sul 17th Africa Oil Week Local: Cidade do Cabo Tel: 0044 20 7434 9944 Fax: 0044 20 7439 8975 http://www.petro21.com/events/ index.cfm?id=498&tc=AU 2 a 3 – Casaquistão OilTech Mangystau 2010 Local: Aktau Tel: 00971 4433 2972 Fax: 00971 4438 0255 graeme.coombes@ite-exhibitions.com www.oiltech-mangystau.com/2010 3 a 4 – Estados Unidos Offshore Communications 2010 Local: Houston Tel: 001 301 354 1778 Fax: 001 301 340 7136 lfuller@accessintel.com www.offshorecoms.com/ 08 a 10 – Turquia Natural Gas Distribution Turkey 2010 Local: Ankara Tel: 00971 4 364 2975 Fax: 00971 4 364 2975 enquiry@iqpc.ae www.naturalgasdistributionturkey.com 29/11 a 2/12 – Espanha 11th Annual World LNG Summit 2010 Local: Barcelona Tel: 0044 20 7978 0000 Fax: 0044 207 978 0099 http://world.cwclng.com/ lng@thecwcgroup.com 30/11 a 3/12 – Mônaco DOT Manaco 2010 Local: Mônaco Tel: 0044 0 1992 656 647 Fax: 0044 0 1992 656 700 sneighbors@pennwell.com www.deepoffshoretechnology.com

Dezembro

12 a 15 – Egito Production Optimization North Africa 2010 Local: Cairo Tel: 00971 4 364 2975 Fax: 00971 4 363 1938 enquiry@iqpc.ae www.productionoptimizationafrica.com

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br

Guia do Estudante 2010 71


opinião de Paulo Buarque, professor do departamento de Geologia da UFF e membro do comitê gestor do CTPetro.

geofísico

A carreira do

A maior parte dos recursos minerais, principalmente o petróleo, é encontrada em profundidades muito além das alcançadas pelas observações da geologia de superfície. Para descobrir esses recursos, ou mesmo para entender os processos que ocorrem no interior do nosso planeta, é necessário obter e analisar informações sobre os contrastes existentes entre as propriedades físicas das rochas e dos minerais. Esses contrastes geram perturbações nos campos naturais da Terra (gravimétrico, magnético, radioativo) ou podem ser detectados com o uso de sinais (acústicos, elétricos e eletromagnéticos), produzidos pela própria natureza ou artificialmente pelo homem.

Foto: Divulgação

O

trabalho do geofísico consiste em coletar com equipamentos apropriados essas informações (em terra ou no mar, em poços e pelo ar), tratá-las convenientemente e interpretá-las com o auxílio do conhecimento geológico. Como as técnicas empregadas são, em geral, muito sofisticadas, e o volume de dados levantados é extremamente grande, o perfil desse profissional é interdisciplinar e exige conhecimentos de geologia, física, matemática e computação, além de disposição para trabalhar em equipe e, muitas vezes, durante longos períodos no campo. O desenvolvimento inicial das técnicas de geofísica foi relacionado com aplicações militares. A tentativa de localizar a posição dos grandes canhões da Primeira Guerra Mundial está na origem da sísmica de refração. Na Segunda Guerra Mundial foram desenvolvidos o sonar e o radar, para localizar submarinos e aeronaves. Entretanto, a partir dos anos 1960, os avanços da eletrônica e da computação permitiram a aquisição, o registro e o processamento digitais de grandes volumes de dados. Isso tornou possível um imageamento muito melhor e confiável do subsolo, que culminou com o advento da tomografia e das modernas salas de visualização em três dimensões. O estudo do interior da Terra, em si, é de grande interesse científico. Entretanto, a esmagadora maioria dos geofísicos atua na indústria de petróleo, especialmente no principal método para sua exploração, que é chamado de sísmica de reflexão. Ele consiste em provocar ondas acústicas, através de uma pequena detonação ou fonte de

72 Guia do Estudante 2010

vibração, que se propagam e são refletidas nas diversas camadas que compõem o interior da Terra e produzem o equivalente a uma sonografia da subsuperfície. Com isso, é possível detectar estruturas com potencial para gerar ou armazenar óleo e gás, como ocorreu na descoberta do pré-sal, por exemplo, mas não a sua ocorrência diretamente. A inexistência até hoje de um método que indique diretamente a ocorrência dos hidrocarbonetos resulta em grande número de poços perfurados “secos” ou com produção subcomercial, o que contribui para tornar a prospecção do petróleo uma atividade de grande risco econômico. É interessante notar que o estudo da refração das ondas sísmicas provocadas pelos terremotos permite determinar as divisões mais profundas da Terra. Outros métodos geofísicos, como a gravimetria e a magnetometria, embora usados com menor intensidade, são importantes tanto para a prospecção de petróleo quanto para a mineral. Os métodos elétricos e eletromagnéticos, que incluem também o radar e a ressonância magnética, são fundamentais para a busca de minerais metálicos, para a perfilagem de poços, em algumas aplicações em engenharia e para a geofísica ambiental. Esta última ganha cada vez mais importância, já que permite monitorar os recursos hídricos e a poluição. Outras aplicações estão relacionadas com a engenharia, tais como na construção civil (localização de materiais ou posicionamento de construções), no monitoramento de represas e até mesmo em pesquisas forenses. O geofísico é, portanto, um profissional que pode atuar na indústria de petróleo, na mineração, na prospecção de água subterrânea, na engenharia e no meio ambiente. Embora os bons técnicos desfrutem de alto conceito e sejam bem remunerados, a sua formação exige muitos anos de estudo e dedicação. Além disso, por atuar em mercados globalizados, o geofísico sofre a concorrência de profissionais de todas as partes do mundo e necessita de uma permanente atualização de seus conhecimentos.


EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO REFINO E DISTRIBUIÇÃO GEOFÍSICA E SÍSMICA DUTOS E TERMINAIS INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE BIOCOMBUSTÍVEIS E SUSTENTABILIDADE RECURSOS HUMANOS E GOVERNANÇA CORPORATIVA LEGISLAÇÃO E MERCADO

Informação de qualidade Sempre, sempre, sempre... Forship: gestão regulatória

ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES

O outro Brasil do petróleo Bahia: onde tudo começou Cadeia produtiva baiana Inovação para campos maduros Pequenos produtores, pequenos municípios e grandes esperanças, por Doneivan F. Ferreira

Entrevista exclusiva

Armando Comparato Jr, presidente da Prysmian América do Sul

A cara e a cruz: situação do parque supridor na Bahia, por Nicolás Honorato Cavadas

O Brasil é ótimo

Campos maduros e o governemnt take, por Thereza Aquino e Mauricio Aquino Sustentabilidade acontece quando se olha para o futuro, por Otavio Pontes A importância da logística enxuta nas corporações, por Aldo Albieri Demanda e produção de petróleo: a necessidade de gestão, por Ronald Carreteiro As oportunidades do mercado internacional de gás e óleo pós-crise, por Eduardo Sausen Mallmann Como atingir a excelência operacional, por Ailtom Nascimento

www.tnpetroleo.com.br | 55 21 3221-7500

Festa para o Almirante Negro Golfo do México: horizonte sombrio Licença ambiental para o Estaleiro do Paraguaçu

ESPECIAL: TECNOLOGIA SÍSMICA

Brasil:

um território inexplorado Novos desafios à regulação: a sobrevivência dos independentes, por Marilda Rosado O marco brasileiro, por Marcio Silva Pereira Acidente ambiental, por Maurício Green e Carlos Boeckh O contrato de partilha de produção: considerações sobre o regime tributário, por Gonçalo Falcão

Entrevista exclusiva

Tomaso Garzia Neto, presidente da Projemar

Engenharia é o nosso negócio

A economia brasileira e o apagão de talentos, por Alfredo José Assumpção Sistema óptico aprimora medição de tensões residuais em dutos enterrados, por Armando Albertazzi Gonçalves Jr. e Cesar Kanda Royalties do petróleo e tributação: ou um ou o outro, por Danny Warchavsky Guedes e Caroline Floriani Bruhn Mercado de biocombustíveis carece de regulação, por Liliam Fernanda Yoshikawa e Hilton Silva Alonso Junior C O B E R T U R A

Ano XII • mai/jun 2010 • Número 72 • www.tnpetroleo.com.br

opinião

opinião

O outro Brasil do petróleo – Parte 2

nº 72

nº 71

nº 70

Nas águas turbulentas do ISS, por André L. P. Teixeira, Bianca de S. Lanzarin e Tiago Guerra Machado

de Gabriel Aidar Abouchar, diretor de Mineração e Siderurgia da Abemi

ESPECIAL PN PETROBRAS 2010-2014: 224 BILHÕES DE DÓLARES EM INVESTIMENTOS

FMC: produção submersa

O futuro do aço brasileiro

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

SMS: a indústria já entende essa mensagem

Ano XII • mar/abr 2010 • Número 71 • www.tnpetroleo.com.br

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

opinião

E o tombo não foi tão grande assim

ESPECIAL TECNOLOGIA SÍSMICA: BRASIL, UM TERRITÓRIO INEXPLORADO

ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES – O OUTRO BRASIL DO PETRÓLEO

Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

de Alceu Mariano, presidente da Sobena – Sociedade Brasileira de Engenharia Naval

TN PETRÓLEO

TN PETRÓLEO

TN PETRÓLEO

Ano XII • jan/fev 2010 • Número 70 • www.tnpetroleo.com.br

Indústria naval: os próximos passos

A energia descriminada, de Antonio E. F. Muller, presidente da Abdan (Associação Brasileira do Desenvolvimento das Atividades Nucleares)

O outro Brasil do petróleo – Parte 3 Wärtsilä: com força total Lançado ao mar primeiro navio fluminense do Promef Primeiro porta-contêineres construído no Brasil

ESPECIAL: PLANO DE NEGÓCIOS DA PETROBRAS 2010-2014

224 bilhões

de dólares em

investimentos A hora do pré-sal e dos pequenos produtores de petróleo e gás, por Haroldo Lima Modalidades de transporte e escoamento de óleos não convencionais, por Clenilson da Silva Sousa Junior A evolução do licenciamento ambiental das atividades de E&P, por Maria Alice Doria

Entrevista exclusiva

John Forman, vice-presidente da HRT Oil & Gas

De volta ao Eldorado

CADERNO DE SUSTENTABILIDADE Michelin Challenge Bibendum: mobilidade sustentável Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade: diálogo necessário Conferência Internacional do Instituto Ethos 2010 Mais de 2 milhões para Piatam V

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