TN Petroleo Guia do Estudante 2008

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Álcool Na química, o álcool recebe o nome genérico de substâncias que têm grupos hidroxila (-OH) ligados a um átomo de carbono, mas para nós brasileiros é um velho companheiro e representa para os economistas a não-dependência do mercado externo de combustíveis à base de petróleo. Para os cientistas e ambientalistas é o chamado ‘combustível verde’. O álcool que produzimos é o etanol, vindo principalmente da cana-de-açúcar, mas outros álcoois, gerados a partir de diversas matérias-primas, também são alternativas interessantes. Fonte renovável de energia, sua queima em motores a explosão é menos poluente, se comparada com a queima dos derivados do petróleo. As primeiras experiências com a utilização do etanol em motores do ciclo Otto datam do início do século XX. Em 1912, alguns veículos foram com ele movimentados, em caráter experimental. Em 1931, o governo brasileiro autorizou a utilização do álcool em mistura à gasolina, em

Pró-Álcool

proporções entre 2% e 5%, respeitada a disponibilidade regional do produto. Em 1961 esse intervalo de mistura foi elevado para de 5% a 10%. Paralelamente ao processo das crises do petróleo, ao tempo em que o setor sucroalcooleiro acumulava ganhos de produtividade, as cotações do petróleo reassumiram trajetória ascendente (flutuando na casa dos US$ 25,00/barril entre 2000 e 2002). Com esses preços mais elevados e maior carga tributária sobre o combustível fóssil, o álcool recuperou sua atratividade, em especial nas bombas das regiões produtoras. Isso motivou a indústria automotiva a investir no desenvolvimento de um novo padrão tecnológico, o já citado flex-fuel. Esse novo padrão tecnológico entroniza o consumidor, que passa a decidir, soberanamente, sobre qual combustível deve abastecer seu carro, com base em considerações econômicas, ambientais e de desempenho do veículo. O Brasil é o país mais avançado, do ponto de vista tecnológico, na produção e no uso do

O álcool foi uma solução brasileira como alternativa ao hidrocarboneto, diante da segunda crise mundial do petróleo, no final da década de 1970. O PróÁlcool, projeto criado pelo governo federal como incentivo à produção deste combustível, gerou incentivos fiscais que reduziram impostos para a compra de veículos movidos a álcool. Foi o primeiro programa bem-sucedido de substituição, em larga escala, dos derivados de petróleo. Foi desenvolvido para evitar o aumento da dependência externa de divisas quando dos choques de preço do petróleo. De 1975 a 2000, foram produzidos cerca de 5,6 milhões de veículos a álcool hidratado. Acrescido a isso, o Programa substituiu por uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) um volume de gasolina pura consumida por uma frota superior a 10 milhões de veículos a gasolina, evitando, assim, nesse período, emissões de gás carbônico da ordem de 110 milhões de toneladas de carbono (contido no CO ), a importação de cerca de 550 milhões de barris de petróleo e, ainda, uma economia de divisas da ordem de 11,5 bilhões de dólares.

etanol como combustível, seguido pelos EUA, e, em menor escala, pela Argentina, Quênia, Malawi e outros. A produção mundial de álcool aproxima-se dos 40 bilhões de litros, dos quais presume-se que até 25 bilhões de litros sejam utilizados para fins energéticos. O Brasil responde por 15 bilhões de litros deste total. O álcool é utilizado em mistura com gasolina no Brasil, EUA, União Européia, México, Índia, Argentina, Colômbia e, mais recentemente, no Japão. O uso exclusivo de álcool como combustível está concentrado no Brasil. O álcool pode ser obtido de diversas formas de biomassa, sendo a cana-de-açúcar a realidade econômica atual. Investimentos portentosos estão sendo efetuados para viabilizar a produção de álcool a partir de celulose, sendo estimado que, em 2020, cerca de 30 bilhões de litros de álcool poderiam ser obtidos desta fonte, apenas nos EUA. O benefício ambiental associado ao uso de álcool é enorme, pois cerca de 2,3 t de CO 2 deixam de ser emitidas para cada tonelada de álcool combustível utilizado, sem considerar outras emissões, como o SO2. Apesar do pioneirismo de ter uma indústria tecnicamente qualificada, com os menores custos e um grande potencial para aumento da produção, alguns desafios estão colocados e exigem uma ação planejada e conjunta do governo federal com o setor privado. O primeiro, e talvez o maior dos desafios, diz respeito às dimensões do mercado mundial de combustíveis. Embora com apenas metade da cana o Brasil consiga substituir mais de 40% da gasolina consumida internamente, a produção mundial de etanol ainda é insignificante. TN Petróleo Estudante

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