Revista Viração - Edição 93 - Fevereiro/2013

Page 30

No Escurinho

Nas trilhas da geração "beat" Walter Salles aborda o Filme dirigido pelo brasileiro 50 r da juventude dos anos 19 comportamento transgresso Sérgio Rizzo, crítico de cinema*

U

ma das principais inspirações do movimento de contracultura dos anos 1960, a geração beat foi assim batizada para caracterizar um grupo de escritores norte-americanos ligados – na vida e na obra – a atitudes transgressoras nos anos 1950, como o consumo de drogas e a liberdade sexual. Jack Kerouac (1922-1969) foi seu principal representante, em virtude da repercussão do romance On the Road – Pé na Estrada, publicado em 1957 e que faz referências a outros personagens dessa geração. Durante muitos anos, acreditou-se que a aguardada versão cinematográfica de On the Road seria dirigida por Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão, Apocalypse Now), que havia comprado os diretos de adaptação. Outro nome ligado ao projeto foi o do também norte-americano Gus van Sant (Elefante, Paranoid Park). Mas aconteceu o inesperado: o projeto foi parar nas mãos de dois estrangeiros, o diretor brasileiro Walter Salles (Central do Brasil, Linha de Passe) e o roteirista porto-riquenho José Rivera (Cartas para Julieta), graças ao êxito internacional de Diários de Motocicleta (2004), sobre a juventude de Che Guevara. Coppola apadrinhou a escolha da dupla e manteve-se apenas como produtor executivo de Na Estrada. A imprensa de diversos países foi generosa com a adaptação, mas o público ficou muito aquém do esperado. A aventura existencial de Kerouac já não exerce apelo sobre os jovens de hoje? No Brasil, o lançamento em DVD pode ajudar na busca por respostas. No filme, um jovem escritor (Sam Riley) e um de seus melhores amigos (Garrett Hedlund) viajam pelos Estados

30 Revista Viração • Ano 10 • Edição 93

Unidos dos anos 1950. O primeiro admira a liberdade do segundo, cujo comportamento desrespeita os padrões conservadores da época. Mas, com o tempo, a relação entre os dois se torna mais complexa e envolve também outros personagens. Por fim, o escritor usa o amigo como inspiração para um romance. Salles (que realizou um documentário sobre o livro antes de rodar o filme) e Rivera procuram recriar o estado de espírito da geração norte-americana do pós-segunda Guerra Mundial. Assim como a obra de Kerouac, eles fazem uma espécie de inventário poético dos desejos e incertezas da juventude – provavelmente a juventude de qualquer lugar ou período.

V

de ritor e um jovem esc s m u lo e , e p No film s viajam res amigo o lh e 0 m 5 9 s 1 seu anos nidos dos Estados U

* www.sergiorizzo.com.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.