Revista Viração - Edição 93 - Fevereiro/2013

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Ewerton Maia

E eu com isso?!

Nã o estás à

venda!

ea Do trabalho forçado à exploração sexual: desd ana permanece antiguidade, o paradigma da escravidão hum Elizabeth Lucena e Ewerton Maia, do Virajovem Manaus (AM)*

D

esde os tempos primórdios, o ser humano vem explorando seus semelhantes. O tráfico de seres humanos é uma prática que está ligada a tempos antigos e, nos tempos modernos, acabou por ganhar um amplo espaço quase sem ser notado, ou seja, virou um gigante camuflado de outros crimes que têm maior propagação. A expansão desse ato ilícito ocorre em todo o mundo e leva homens, mulheres e crianças a trabalharem em condições desumanas, sendo tratados como mercadorias. No Brasil, essa prática inicia-se já com a chegada dos portugueses, que fizeram uso do trabalho indígena. A partir daí, no século 16, o negro foi, forçadamente, trazido para preencher esse papel de força de trabalho compulsória e somente no século 19 é que foi assinada a Lei Áurea, que os libertou da escravidão. Porém, mesmo após tantos anos, ainda é devastadora a dimensão desse fenômeno, usado hoje em dia,

principalmente, para fins de exploração sexual, trabalho escravo, transporte de drogas, comércio de órgãos, entre outras práticas desumanas. Para viabilizar essas situações, os traficantes de seres humanos dispõem de métodos desumanos: ameaçam e coagem as pessoas, principalmente as que vivem desprovidas de condições dignas de vida – pobreza, desemprego, fome, falta de moradia etc. Hoje em dia, esse tipo de crime tornou-se conhecido como “escravidão contemporânea” e, diferente de como acontecia em tempos antigos, atualmente é combinado com outros crimes, tomando diferentes proporções como, por exemplo: exploração infanto-juvenil, conflitos civis, trabalho forçado, pedofilia, migração ilegal e prostituição sob coerção. Na maioria das vezes as vítimas do tráfico de pessoas no Brasil, em sua maioria, são jovens, negras, solteiras, de baixa renda e com pouca escolaridade. Os aliciadores são, muitas das vezes, homens adultos, com alto nível de escolaridade, que trabalham em casas de show, bares e

agências de encontros e se usam da falta de perspectiva das pessoas para enganálas com promessas de emprego e bons salários, fazendo-as acreditar numa possibilidade de melhorar de vida. Porém, o tráfico de pessoas agride os direitos humanos e vem crescendo devastadoramente em todo o mundo, pois as investigações contra ele ainda são muito fragilizadas. Para combatê-lo é preciso que as pessoas tenham mais informações, visto que esse tipo de crime permanece escondido, com pouca divulgação. É necessário que haja intervenções para combatê-lo e que a população fique alerta para esse tipo de situação. Para isso, o Ministério da Justiça criou um serviço telefônico gratuito para denunciar quadrilhas de tráfico de pessoas. No Brasil, basta discar 100. A denúncia também pode ser feita via internet, através do email: disquedenuncia@sedh.gov.br. O sigilo é garantido. V *Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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