Versus Magazine #18 Fevereiro/Março 2012

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São nossas as músicas dos outros O termo cover é algo que já estamos habituados a ouvir nos dias de hoje, mas a verdade é que é uma prática com tantos anos quanto a comercialização de música. Mas então o que é um cover ou versão? Utilizando o termo português daqui em diante, uma versão é nada mais que uma nova interpretação de uma música partindo de um outro ponto de vista. É mais comum ver e ouvir bandas em começo de vida a interpretar músicas já conhecidas da população, como forma quer de encher tempo nas atuações ao vivo quer de ganhar alguma prática nos palcos e poder cair nas graças do público, afinal de contas há que começar em algum lado! No entanto, também não é incomum ouvir versões feitas por bandas que tenham já a sua história e legiões de fãs, estas normalmente interpretam músicas de artistas que as influenciaram a fazer música e podem ser consideradas como uma visita às raízes e ao porquê de fazer o que se faz. O facto de haver versões de músicas já existentes deve ser tomado como um ponto positivo e não negativo, deve ser visto como uma vista de olhos num baú cheio de pó e trazer novamente cá para fora as relíquias que se encontram com uma pequena pitada de uma essência diferente. Muitos poderão não pensar da mesma forma, mas se for para fazer uma versão que em nada difere da original mais vale não mexer uma palheta, e aí não se tratará de versões mas sim de réplicas ou imitações que nada acrescentam ao mundo da música nem adicionam pontos de vista alternativos à música em questão. No entanto o facto de tentar dar uma nova vida a uma música nem sempre dá certo e por vez-

es saem para o mundo dos vivos as maiores aberrações feitas pelo homem. Mas repare-se que o contrário também acontece, e acontece de tal forma que em certos casos as versões adaptadas e interpretadas por outros artistas são mais (re) conhecidas que as originais (exemplo disso é a versão de Jimi Hendrix da música “All Along The Watchtower”, original de Bob Dylan), e tal não tem que ser considerado um mau aspeto pois um ouvinte curioso irá decerto procurar a versão original e assim descobrir um artista que talvez não conhecesse anteriormente. Outro dos pontos positivos na criação de versões é a migração entre géneros, que muitas vezes leva a versão a ser considerada uma paródia bem conseguida ou apenas uma grande piada de mau gosto (note-se a versão de Children Of Bodom a “Oops I Did It Again”, original de Britney Spears). Talvez estas duas situações aconteçam mais nos mundos do Metal e do Punk que “pedem emprestadas” músicas ao mundo do Pop e lhes dão a volta por completo. Para além da mudança de género das diferentes versões de uma única música, é ainda comum modificar um pouco a melodia e até mesmo a letra, consoante a intenção dos artistas. Com isto em mente temos várias bandas cujo todo trabalho é à base de versões (como por exemplo Ten Masked Men ou Me First And The Gimme Gimmes) e ainda séries de álbuns compilatórios (sendo “Punk Goes…” uma das mais antigas e conhecidas). Como forma de apanhado, uma versão pode ser considerada um tributo, positivo ou negativo, ao artista original demonstrando assim a importância e o impacto que o seu trabalho tem nos artistas musicais e no mundo da música em geral. Daniel Guerreiro


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